diagnÓstico da gestÃo de resÍduos sÓlidos do municÍpio de delfim moreira (mg)

Upload: gucunha

Post on 20-Feb-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    1/105

    Universidade Federal de ItajubInstituto de Recursos Naturais

    DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS

    SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA

    (MG)

    Gustavo Carvalho Cunha

    Itajub - MGNovembro / 2013

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    2/105

    DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOSDE DELFIM MOREIRA (MG)

    Gustavo Carvalho Cunha

    Monografia submetida banca examinadora doTrabalho Final de Graduao apresentado Universidade Federal de Itajub, como parte dosrequisitos para a obteno do ttulo deEngenheiro Ambiental.

    Orientador(a): Prof. Ana Paula Silva Figueiredo

    Co-orientador(a): Prof. Regina Mambeli Barros

    Itajub - MGNovembro / 2013

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    3/105

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    4/105

    Dedico este trabalho aos meus Pais, meu irmo e minha Gabi, queparticiparam dos momentos mais importantes da minha vida at agora eos enriqueceram tanto.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    5/105

    Agradecimentos

    Agradeo,

    pela amizade e disponibilidade, aos funcionrios da prefeitura Adilson Felix Da Silva,Aureliano Pedro Assis Xavier, Carla Maria Coura Alkmin Maximo, Angela PaulaMarcondes Alves, Marcia Aparecida Coura Oliveira, Jose Carlos Fernandes eReginaldo Cendreto e Benedito (Ben!);

    pela amizade, disponibilidade, ateno e dedicao ao trabalho, s funcionrias daprefeitura Juliane Aparecida Coura e Mnica Sene.

    pela amizade, braos fortes e incansveis, aos meus heris do cotidiano, cujaimportncia to pouco reconhecida. Me refiro aos coletadores de resduos dacoleta domiciliar, Fabiano Dos Santos De Oliveira e Walter Ribeiro, alm do valentemotorista Juvenal Rodrigues Da Silva;

    pela amizade e enorme disponibilidade, ao Microempreendedor Luiz Andr da Silvae seu irmo Roberto da Silva, pessoas que admiro e aonde encontrei sempreacolhimento nas empreitadas mais difceis deste trabalho. Sem esquecer de toda aturma bem humorada que partilhou conosco destas empreitadas: o Rafael, o Getlioe outros camaradas;

    pela coragem e dedicao, aos alunos da Fundao ROGE, Luiz Felipe e Gabriel;

    pela pacincia, carinho e compreenso, minha querida orientadora professora AnaPaula Figueiredo;

    pela amizade, confiana nos meus ideais e trabalho e tambm pela parceria, professora Sylvia da Silveira Nunes;

    pela ateno, disponibilidade e companheirismo, aos professores Marcos EduardoCarneiro Bernardes e Regina Mambeli Barros;

    pela dedicao e profissionalismo, aos demais professores do Instituto de RecursosNaturais, em especial ao professor Marcelo Ribeiro Barison.

    pelo companheirismo, compreenso, amor, carinho e tantas coisas mais, minhaamada Gabriela Ramos Moraes;

    pelo carinho, amor incondicional e inabalvel, por seus investimentos incansveis nomeu crescimento, pela compreenso e outras tantas coisas, aos meu Pais, Maria deLourdes Furtado Carvalho Cunha e Eduardo Jos Lima Cunha e ao meu irmoGuilherme Carvalho Cunha.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    6/105

    No escrevo mais a caneta: minhas ferramentas agora so outras:

    A enxada e a p, a foice e a picareta, meus ouvidos, meus olhos, meu corpo.

    Os outros que escrevem em mim.

    Fernando Braga da Costa

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    7/105

    RESUMO

    O presente trabalho consiste na elaborao do diagnstico da gestode resduos slidos do municpio de Delfim Moreira (MG). Osresultados deste diagnstico do origem a um instrumento para queos gestores responsveis pelo setor de limpeza urbana possamintervir nesta gesto, estabelecer metas e adapt-la conforme aspolticas pblicas em vigor. Para a execuo deste trabalhoprocedeu-se uma reviso bibliogrfica, pesquisa documental, almda anlise de relatrios de controle interno da prefeitura municipal deDelfim Moreira. Realizaram-se ainda entrevistas com os secretrios

    municipais envolvidos com o setor de limpeza urbana com auxlio deformulrios, aos funcionrios e outros executores dos servios delimpeza urbana no municpio. Procedeu-se o acompanhamentopresencial de atividades de limpeza urbana, principalmente a coletade resduos e materiais reciclveis, a caracterizao dos resduosgerados no municpio e a organizao institucional do plano degesto integrada de resduos slidos envolvendo o poder pblico e asociedade civil. Muitos aspectos considerados neste trabalhoapontaram para deficincias na gesto de resduos slidos municipal.Entretanto, o perfil aqui traado aponta para as direes de uma

    nova gesto a ser implementada com a elaborao de um Plano deGesto Integrada de Resduos Slidos atualizada com o contextoatual.

    Palavras-chave: Diagnstico de Gesto de Resduos Slidos.Caracterizao de Resduos Slidos. Cenrios de Gesto deResduos Slidos. Organizao de Catadores de Material Reciclvel.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    8/105

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Hierarquia da gesto de resduos slidos.................................................................... 15Figura 2 - Divisas do municpio de Delfim Moreira....................................................................... 22

    Figura 3 - Mapa limites da APA Serra da Mantiqueira (FONTE: Fundao Mantiqueira, 2013)............................................................................................................................................................... 23

    Figura 4Qualidade do Saneamento Bsico no Municpio (IBGE, 2010)............................... 24Figura 5 - Uso do solo em Delfim Moreira (IBGE, 2006)............................................................. 25Figura 6 - PIB de Delfim Moreira (IBGE, 2010)............................................................................. 26Figura 7Composio de Resduos de Delfim Moreira em 2007 (DELFIM MOREIRA, 2007)............................................................................................................................................................... 28

    Figura 8 - Mapa da coleta domiciliar de Delfim Moreira (elaborado com base do maparodovirio municipal de 1991).......................................................................................................... 55

    Figura 9 - Coletadores em condio de risco durante a coleta domiciliar do setor 4. ............. 56

    Figura 10 - Trator de coleta de bens inservveis ........................................................................... 58Figura 11 - Composio dos resduos urbanos............................................................................. 63

    Figura 12 - Classificao quanto a reciclabilidade dos resduos urbanos ................................ 64Figura 13 - Composio dos resduos rurais................................................................................. 65Figura 14 - Classificao quanto a reciclabilidade dos resduos................................................ 66

    Figura 15 - Comparativo de composio de resduos urbanos e rurais .................................... 67Figura 16 - Composio dos resduos do municpio de Delfim Moreira .................................... 67Figura 17 - Classificao quanto a reciclabilidade dos resduos do municpio........................ 68

    Figura 18 Srie Histrica de Gerao de Resduos de Delfim Moreira ..................................... 68

    Figura 19 - Descarte inadequado na margem de crrego Tabuo. ........................................... 70Figura 20 - Recuperao de materiais reciclveis em Delfim Moreira...................................... 71

    Figura 21 - Comparativo entre Receitas e Despesas por Exerccio.......................................... 76

    Figura 22 - Local inapropriado de armazenamento de reciclveis............................................. 81Figura 23 - Recicladores atendidos pela prefeitura municipal, em local cedido para aseparao dos reciclveis................................................................................................................. 82

    Figura 24 - Reunio dos grupos diretor e de sustentao........................................................... 82

    Figura 25- Srie Histrica da Populao de Delfim Moreira (IBGE).......................................... 83Figura 26 - Projeo da Populao em 20 anos........................................................................... 85Figura 27 - Estimativa de gerao de resduos e de reciclveis, em toneladas/ano.............. 86

    Figura 28 - Dficit de coleta domiciliar, em toneladas/ano.......................................................... 87

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    9/105

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Contedo mnimo de um PGIRS.................................................................................. 20Tabela 1 - Contedo mnimo de um PGIRS.................................................................................. 21

    Tabela 2 - Itens do PGIRS contemplados em 2007..................................................................... 27Tabela 2 - Itens do PGIRS contemplados em 2007..................................................................... 28Tabela 3 - Classes de Materiais de Interesse em RS.................................................................. 42Tabela 4 - Mtodos de Projeo e Respectivos Parmetros (QASIM, 2000).......................... 47

    Tabela 5 - Rotas de Coleta Domiciliar............................................................................................ 53Tabela 5 - Rotas de Coleta Domiciliar............................................................................................ 54Tabela 6 - Estimativa de atendimento da coleta domiciliar em Delfim Moreira - DATASUS2013...................................................................................................................................................... 57Tabela 7 - Microreas de Atendimento Bsico Sade .............................................................. 59Tabela 8 - Rodovias de Delfim Moreira.......................................................................................... 60

    Tabela 8 Rodovias de Delfim Moreira............................................................................................. 61Tabela 9 - Composio de Resduos do Setor 1........................................................................... 62Tabela 10 - Ficha de coleta dos resduos rurais........................................................................... 64Tabela 11 - Mdias anuais de RS destinados ao Aterro Sanitrio pelo municpio de DelfimMoreira................................................................................................................................................. 69

    Tabela 12 - Gerao Per capitaUrbana de Resduos Slidos................................................... 69Tabela 13 Gerao de RSS na UBS de Delfim Moreira.............................................................. 73Tabela 14 - Demonstrativo das Receitas do Municpio em R$ ................................................... 75

    Tabela 15 - Comparativo entre Receitas e Despesas por Exerccio.......................................... 76

    Tabela 16 - Taxa de Limpeza Pblica............................................................................................. 76Tabela 17 - Despesas por unidade oramentria de Limpeza Urbana ..................................... 77

    Tabela 18 - Despesas com a Limpeza Pblica............................................................................. 78Tabela 19 - Taxas do CIMASAS (Empenhos da Prefeitura dos anos de referncia) .............. 80Tabela 20 - Aplicao dos Mtodos de Projeo de Populao ................................................ 84

    Tabela 21 - Projeo da Populao para 20 anos........................................................................ 84Tabela 22 - Projeo da gerao de resduos para 20 anos...................................................... 88Tabela 23 - Projeo de Custos de Aterramento em 20 anos.................................................... 89

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    10/105

    LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS

    ABNTAssociao Brasileira de Normas Tcnicas

    ABRELPE - Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e ResduosEspeciais

    ANVISAAgncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    APArea de preservao ambiental

    CETEC - Fundao Centro Tecnolgico de Minas Gerais

    CIMASAS - Consrcio Intermunicipal dos Municpios da Microrregio do Alto

    Sapuca para Aterro SanitrioCONAMAConselho Nacional do Meio Ambiente

    DATASUSDepartamento de Informtica do Sistema nico de Sade

    EPIEquipamento Proteo Individual

    FPMFundo de Participao dos Municpios

    FUNASAFundao Nacional de Sade

    IBGEInstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IEFInstituto Estadual de Florestas

    LULimpeza Urbana

    LPLimpeza Pblica

    MEIMicroempreendedor Individual

    PGIRSPlano de gesto integrada de resduos slidos

    PNRSPoltica Nacional de resduos slidos

    PWc - PricewaterhouseCoopers

    RSresduos slidos

    SEMAD - Secretaria de Estado de Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel

    SINIS - Sistema de informao de saneamento sobre saneamento

    SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

    WtEWaste-to-Energy Plants

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    11/105

    Sumrio

    INTRODUO.................................................................................................................................... 12

    1. REVISO BIBLIOGRFICA........................................................................................................ 14

    1.1 POLTICAS NACIONAL DE RESDUOS SLIDOS.......................................................... 14

    1.2 PLANOS DE GESTO INTEGRADA DE RESDUOS SLIDOS.................................... 17

    1.3 ELABORAES DO PGIRS NA ESFERA MUNICIPAL................................................... 20

    DELFIM MOREIRA........................................................................................................................ 21

    1.3.2 DELFIM MOREIRA E O PLANO DE GESTO INTEGRADA DE RESDUOSSLIDOS..................................................................................................................................... 27

    1.4 SOBRE O SISTEMA DE IMPLANTAO DA LOGSTICA REVERSA.......................... 29

    1.5 LEGISLAO E NORMAS COMPLEMENTARES............................................................ 30

    1.5.1 Resduos de Embalagens de Agrotxicos.................................................................... 30

    1.5.2 Resduos de Servios de Sade.................................................................................... 31

    1.6 ORGANIZAESDE RECICLADORES.............................................................................. 33

    1.5.1 Associao........................................................................................................................ 33

    1.5.2 Cooperativa....................................................................................................................... 35

    1.5.3 Microempreendedores Individuais (MEIs).................................................................... 37

    2. METODOLOGIA............................................................................................................................. 39

    2.1 DIAGNSTICO TCNICO OPERACIONAL....................................................................... 39

    Caracterizao de Resduos Slidos...................................................................................... 40

    Levantamento preliminar de dados......................................................................................... 40

    Procedimento de Coleta de Amostras - Caractersticas qualitativas ................................. 41

    Composio gravimtrica dos Resduos Slidos do municpio.......................................... 43

    Caractersticas Quantitativas.................................................................................................... 432.2 DIAGNSTICO GERENCIAL................................................................................................ 46

    O Diagnstico gerencial trata as questes jurdicas e financeiras da limpeza urbana... 46

    Informaes Jurdicas................................................................................................................ 46

    Informaes Financeiras........................................................................................................... 46

    2.3 DIAGNSTICO SOCIAL........................................................................................................ 47

    2.4 CENRIO DO PLANO DE GESTO INTEGRADO DE RESDUOS SLIDOS............ 47

    2.4.1 Projeo populacional...................................................................................................... 47

    2.4.2 Estimativa da Gerao de Resduos para um Cenrio de 20 Anos ......................... 49

    2.4.3 Projeo dos Custos com Aterramento........................................................................ 50

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    12/105

    2.5 INTEGRAO ENTRE SOCIEDADE CIVIL E PODER PBLICO.................................. 51

    3. RESULTADOS E DISCUSSO................................................................................................... 53

    3.1 Diagnstico Tcnico Operacional...................................................................................... 53

    3.1.1 Levantamento das rotas de coleta domiciliar............................................................... 53

    3.1.2 Problemas detectados no atual plano de coletas........................................................ 56

    3.1.3 Caracterizao dos Resduos destinados ao Aterro Sanitrio.................................. 61

    Coleta de Amostras.................................................................................................................... 61

    Agrupamento Urbano................................................................................................................. 62

    Agrupamento Rural.................................................................................................................... 64

    Aterro Sanitrio CIMASAS........................................................................................................ 68

    Gerao Per capitaUrbana....................................................................................................... 69Resduos de Servios de Sade (RSS).................................................................................. 71

    Resduos de Construo Civil e Bens Inservveis, restos de podas e carcaas deanimais......................................................................................................................................... 73

    Resduos Sujeitos Logstica Reversa.................................................................................. 73

    Estimativa da Gerao total de resduos domsticos no municpio................................... 74

    Proporo de reciclveis total.................................................................................................. 74

    3.2 DIAGNSTICO GERENCIAL................................................................................................ 75

    Informaes Jurdicas................................................................................................................ 75

    Informaes Financeiras........................................................................................................... 75

    Custos de Operao do CIMASAS.......................................................................................... 79

    3.3 DIAGNSTICO SOCIAL........................................................................................................ 80

    3.4 INTEGRAO ENTRE SOCIEDADE CIVIL E PODER PBLICO.................................. 81

    3.5 CENRIO DO PLANO DE GESTO DE RESDUOS SLIDOS.................................... 83

    Srie Histrica da Populao em Delfim Moreira.................................................................. 83

    Estimativa da Gerao de Resduos para um Cenrio de 20 Anos................................... 85

    Projeo dos Custos com Aterramento.................................................................................. 87

    CONCLUSO..................................................................................................................................... 90

    Sugesto para trabalhos Futuros..................................................................................................... 94

    Referncias Bibliogrficas................................................................................................................. 95

    Anexo A................................................................................................................................................ 99

    Anexo B.............................................................................................................................................. 101

    Anexo C............................................................................................................................................. 102Anexo D............................................................................................................................................. 104

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    13/105

    12

    INTRODUO

    O diagnstico de Gesto de Resduos de suma importncia para aadequao dos Municpios Lei 12.305 de 2010 que institui a Poltica Nacional de

    Resduos Slidos (BRASIL, 2010a). O diagnstico reflete as condies atuais da

    Gesto, onde so reconhecidas falhas ou avanos da operao de limpeza urbana e

    sobretudo a qualidade deste servio no atendimento s premissas de proteo do

    meio ambiente.

    O resultado do diagnstico serve de subsdio e guia na elaborao do plano

    de gesto de resduos a ser estabelecido no municpio, em que reside o principalobjetivo do presente trabalho: traar o Diagnstico da Gesto dos resduos slidos

    na cidade de Delfim MoreiraMG.

    Como objetivos especficos, procurou-se identificar a quantidade e

    composio dos resduos slidos gerados no municpio, definir os grupos

    representativos geradores de resduos slidos, discriminar a quantidade e

    composio dos resduos slidos gerados por estes grupos e apontar a destinao

    dos resduos slidos gerados. Alm disso, o trabalho denomina as pessoas fsicas e

    jurdicas envolvidas com coleta seletiva no municpio e discrimina as informaes

    jurdicas e financeiras referentes limpeza pblica. Neste trabalho estima-se a

    gerao de resduosper capitaurbana e municipal, compara a gerao de resduos

    slidosper capitaurbana e do municpio com a do Estado de Minas Gerais e a do

    Brasil, contrasta a composio dos resduos slidos gerados por cada grupo

    representativo e verifica a abrangncia do servio da prefeitura em relao

    destinao ambientalmente adequada de resduos slidos. Como proposio, este

    trabalho estima a gerao de resduos atual e a prev, para um perodo de vinte

    anos, alm de analisar o custo de aterramento sanitrio para trs cenrios de

    qualidade de servio de coleta diferentes, avalia possveis formas de organizao

    (formalizada) das pessoas envolvidas com a coleta seletiva, prope um modelo de

    organizao de trabalho para as pessoas envolvidas com a coleta seletiva e,

    finalmente, prope programas de melhorias para o servio de limpeza pblica.

    Um diagnstico de gesto de resduos slidos de um municpio consiste em

    apresentar a condio, a qualidade e o planejamento dos servios de limpeza

    prestados pelo poder pblico em um municpio, bem como a sua adequao s

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    14/105

    13

    exigncias legais, sobretudo aquelas apontadas pela Poltica Nacional de Resduos

    Slidos. Para a sistematizao deste diagnstico, a Fundao Centro Tecnolgica

    de Minas Gerais (CETEC) sugere a diviso em trs frentes de trabalho: Tcnico

    Operacional, Gerencial e Social. Estas frentes se referem respectivamente

    operao e planejamento da limpeza urbana, s questes jurdicas e financeiras da

    limpeza urbana, a identificao e situao das pessoas jurdicas ou fsicas

    envolvidas com a recuperao de materiais reciclveis dos resduos municipais. O

    nvel de detalhamento aplicado a cada etapa do diagnstico foi elaborado visando

    ao atendimento s exigncias legais e demais aspectos prprios de gesto de

    resduos slidos sugeridos pelas bibliografias consultadas.

    A estrutura do trabalho foi estabelecida em quatro captulos. Inicialmente coma Reviso Bibliogrfica, que rene a abordagem do tema do trabalho por outros

    autores, com especial interesse no contexto poltico ambiental. Este captulo

    seguido pela Metodologia, em que descreve detalhadamente o material e os

    mtodos para o desenvolvimento da pesquisa. O captulo de Resultados e

    Discusso apresenta os resultados obtidos com o emprego da metodologia aplicada

    de forma crtica. O captulo final rene concluses acerca dos resultados e possveis

    intervenes na gesto de resduos slidos do municpio.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    15/105

    14

    1. REVISO BIBLIOGRFICA

    1.1 POLTICA NACIONAL DE RESDUOS SLIDOS

    A Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS) uma poltica pblica

    instituda pela lei 12.305, de 2 de agosto de 2010 (BRASIL 2010a), e

    regulamentada pelo decreto no. 7.404, de 23 dezembro de 2010. Esta tem como

    foco a gesto de resduos slidos.

    As regras previstas pela PNRS, segundo Bittar (2011), foram consideradas

    uma revoluo na legislao ambiental brasileira e tramitaram na Cmara dos

    Deputados por quase 20 anos. Teve incio com o projeto de lei PL 203/91, que

    tratava da classificao de resduos de servios de sade. A partir da prosseguiu-se

    a incorporao de mais de 100 projetos de lei (PL) ao PL 203/91, que versavam

    sobre a criao de uma poltica nacional e discorriam sobre resduos especiais,

    como pilhas, baterias e pneus, reciclagem, entre outros. Este texto constituiu o

    esboo da PNRS.

    Esta poltica nacional prev a elaborao de planos integrados nas esferas

    federal, estadual e municipal, contando tambm com a participao de empresasprivadas cuja gerao de resduos se destaque pela quantidade ou qualidade, como

    sugerem os termos da lei no artigo 20, alm de outras disposies, conforme

    descrito em seu artigo primeiro:

    A poltica nacional de resduos slidos (PNRS) estabeleceprincpios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gesto egerenciamento dos resduos slidos, as responsabilidades dosgeradores, do poder pblico, e dos consumidores, bem como osinstrumentos econmicos aplicveis. (MINISTRIO DO MEIO

    AMBIENTE, 2011).

    Est estruturada entre disposies gerais, definio da poltica nacional de

    resduos slidos, diretrizes aplicveis aos resduos slidos, responsabilidades dos

    geradores e do poder pblico e, finalmente, disposies transitrias e finais.

    Entre as definies estabelecidas na PNRS, faz-se a diferenciao entre

    rejeitos e resduos. A PNRS no artigo 3, inciso XV, distingue rejeitos como resduos

    slidos cujas possibilidades de recuperao, reutilizao ou reciclagem sejam

    inviveis economicamente, restando apenas a disposio ambientalmente adequada(BRASIL, 2010).

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    16/105

    15

    A definio de resduos slidos (RS), em contraposio de rejeitos,

    abordada no inciso XVI do artigo 3 da PNRS que dispe:

    resduos slidos: material, substncia, objeto ou bem descartado

    resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinaofinal se procede, se prope proceder ou se est obrigado a proceder,nos estados slido ou semisslido, bem como gases contidos emrecipientes e lquidos cujas particularidades tornem invivel o seulanamento na rede pblica de esgotos ou em corpos dgua, ouexijam para isso solues tcnica ou economicamente inviveis emface da melhor tecnologia disponvel.

    A diferenciao, na PNRS, entre rejeitos e resduos slidos estimula o

    reaproveitamento e a reciclagem de materiais. Adicionalmente, o manejo de RS

    obrigatoriamente posicionado conforme uma hierarquia em sua gesto desde a no

    gerao, a reduo a reutilizao, a reciclagem, o tratamento e finalmente a

    disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos. Esta diretriz corrobora o

    estmulo recuperao de materiais.

    A Figura 1 mostra a hierarquia na gesto de resduos slidos, que deve ser

    seguida quando de sua implementao. Pode-se observar que esta consiste nos

    conceitos de no gerao, reduo, reutilizao, reciclagem, tratamento e, por fim, a

    disposio final.

    Figura 1 - Hierarquia da gesto de resduos slidos

    Nogerao

    evitar odesperdcio

    Reduo reduzir o

    consumo

    Reutilizaoutilizao de retornveis,

    ou utilizao do materialem novas funes

    Reciclagemreincorporao de materiaisj processados na cadeia deproduo

    Tratamentoestabilizao de materiais instveis,

    ou reativos, aproveitamentoenergtico,entre outras tcnicas

    Disposiofinal

    aterramentosanitrio

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    17/105

    16

    A disposio final ambientalmente adequada definida na PNRS como

    aterramento ordenado de rejeitos. Entretanto, deve-se salientar que alguns materiais

    no reciclveis destinados a aterramentos podem servir para a gerao de energia,

    uma proposta internacionalmente conhecida como Waste-to-Energy (WtE) Plants

    (BARROS, 2012). De acordo esta autora, em determinadas condies, unidades

    como estas podem representar uma economia de custos 190 L de gasolina por

    tonelada de resduos.

    A PNRS articula-se ainda com outras polticas pblicas, alm da poltica

    nacional sobre mudanas climticas, como a Lei Federal de Saneamento Bsico, Lei

    11.445 de 2007 (BRASIL, 2007), a Lei Federal de Consrcios Pblicos, Lei 11.107

    de 2005 (BRASIL, 2005), o Plano de Acelerao do Crescimento (PAC) e o PlanoBrasil sem Misria.

    A Lei Federal de Saneamento Bsico, no tocante limpeza urbana e o

    manejo de resduos slidos, estabelece estes servios como pblicos, includas

    nestes as atividades de coleta, transbordo e transporte dos resduos; triagem para

    fins de reuso ou reciclagem; tratamento, incluindo compostagem, e disposio final

    dos resduos.

    A Lei federal de Consrcios Pblicos regulamenta a prestao de serviospblicos de forma regionalizada por meio de consrcios pblicos. Este mecanismo

    incentivado e priorizado pela PNRS com intuito de promover um salto de qualidade

    na gesto de resduos slidos e convidar municpios de menor porte a dividirem

    esforos para solues de gesto em escala mais adequada (Ministrio do Meio

    Ambiente, 2011).

    O Plano de Acelerao do Crescimento do governo federal disponibiliza quota

    de recursos destinada a atender os servios de saneamento bsico, entre eles alimpeza urbana e o manejo de resduos slidos. Para municpios com menos de 50

    mil habitantes, estes recursos so disponibilizados via Fundao Nacional de Sade

    (FUNASA), sendo justificada a atuao desta fundao vinculada ao Ministrio da

    Sade, em funo do controle de doenas e outros agravos relacionados gesto

    de RS (FUNASA, 2013).

    O plano Brasil Sem Misria comunga interesses com a PNRS, prevendo

    apoio organizao produtiva de catadores e a programas de coleta seletiva que os

    inclua, objetivando melhora nas condies de trabalho, viabilizao de infraestrutura

    e redes de comrcio. Vale comentar que os recursos do PAC tambm incluem apoio

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    18/105

    17

    aos catadores. Estes so importantes instrumentos econmicos que fomentam a

    incluso produtiva de pessoas fsicas de baixa renda no manejo de resduos slidos

    de que trata a PNRS nos artigos 18 (pargrafo primeiro, inciso II) e 19 (inciso XI). A

    PNRS estabelece tambm acesso prioritrio de recurso da Unio s solues de

    manejo que promovam tal incluso, conforme disposto no artigo 42 (inciso III).

    A PNRS reconhece ainda o ciclo de vida dos produtos como sendo as etapas

    de desenvolvimento, obteno de matrias-primas e insumos, o processo produtivo,

    o consumo e a disposio final. Neste contexto, a responsabilidade compartilhada

    pelo ciclo de vida de produtos proposta na PNRS atribuda a produtores,

    distribuidores e consumidores na forma de uma rede sobre a qual ficam aplicadas as

    diretrizes da poltica hierarquia de gesto ilustrada na figura 1. Um dosinstrumentos criados para o controle da responsabilidade compartilhada a logstica

    reversa, estabelecida de forma a garantir a restituio de resduos para o setor

    empresarial para que este aja em favor da reutilizao, reciclagem ou disposio

    final adequada deste.

    Conquanto a PNRS apresente toda esta gama de articulaes e instrumentos

    econmicos, o acesso a estes recursos est condicionado elaborao de um

    Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos (PGIRS), como determinado nocaput do artigo 18 da PNRS. Outra motivao para adequao dos municpios

    elaborao do PGIRS decorre de multas previstas no artigo 61 do decreto federal

    6.514, de 2008 (BRASIL, 2008), por infraes citadas na PNRS referentes

    disposies inadequadas de RS, ou pelo descumprimento de outras exigncias

    colocadas pela PNRS, como a implantao da logstica reversa. As referidas multas

    podem variar de cinco mil (5.000,00) cinquenta milhes (50.000.000,00) de reais,

    sem prejuzo de outra legislao aplicvel.

    1.2 PLANOS DE GESTO INTEGRADA DE RESDUOS SLIDOS

    O Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos (PGIRS) um documento

    exigido pela PNRS que versa sobre os detalhes da gesto de resduos slidos da

    federao, dos estados e municpios,elaborados sob os princpios desta recentepoltica pblica. Desta forma, a elaborao do PGIRS segue uma srie de

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    19/105

    18

    exigncias, previstas na PNRS, na busca pela adequao de cada uma das esferas

    do poder pblico PNRS. Aos municpios foi dado um prazo de elaborao deste

    documento de dois anos aps a sano da PNRS, expirado por conseguinte em 2

    de agosto de 2012.

    Para o plano de gesto integrado de municpios, a PNRS aponta no artigo 19

    o contedo mnimo de um plano de gesto integrada municipal de resduos slidos

    na forma de 19 itens. De forma resumida so considerados: diagnstico da situao

    dos resduos, rea de disposio final ambientalmente adequada, possibilidade de

    solues consorciadas entre municpios, identificao dos resduos e geradores

    sujeitos a plano de gesto especfico, procedimentos operacionais da limpeza

    urbana, indicadores de desempenho do plano, regras para o transporte de resduos,definio de responsabilidades no gerenciamento dos resduos, programas de

    capacitao tcnica, programas de educao ambiental, programas de incluso da

    fora de trabalho de pessoas de baixa renda, mecanismos de valorizao dos RS,

    metas de reduo, reutilizao e recuperao de materiais, limites da participao

    do poder pblico, controle e fiscalizao da operao do plano, aes preventivas e

    corretivas, identificao e saneamento de passivos ambientais, periodicidade de

    reviso do plano.H tambm a possibilidade de uma configurao simplificada do PGIRS

    agraciada a municpios que apresentem menos de vinte mil habitantes na apurao

    mais recente do IBGE. O contedo mnimo desta verso apontado no artigo 51 do

    decreto federal 7.404 (BRASIL, 2010b). No entanto, municpios deste porte

    integrantes de reas de especial interesse turstico, ou inseridos na rea de

    influncia de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de

    mbito regional ou nacional, ou ainda cujo territrio abranja, total ou parcialmente,unidades de conservao ficam condicionados elaborao do PGIRS conforme os

    itens dispostos acima como contedo mnimo, de acordo com o disposto no

    pargrafo segundo do referido artigo.

    Em qualquer um dos formatos possveis de elaborao do PGIRS,

    imprescindvel o planejamento de reas de disposio final de rejeitos

    ambientalmente adequadas. Para o cumprimento deste requisito bsico, foi

    determinado um prazo de quatro anos aps a vigncia da PNRS, ou seja, at 2 de

    agosto de 2014.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    20/105

    19

    Os princpios deste plano so bem descritos por Mesquita Jnior (2007) que

    reflete a respeito do longo caminho percorrido pelos resduos, desde sua gerao

    at disposio final, com o envolvimento dos diversos atores envolvidos no

    processo. Neste contexto, o autor aponta que o carter difuso do manejo de

    resduos slidos deve ser conduzido por meio de uma gesto participativa,

    envolvendo o poder pblico e sociedade civil, contendo a os atores anteriormente

    mencionados, de forma a formular e implementar polticas pblicas, programas e

    projetos em conjunto. Esta proposta resume bem o conceito de gesto integrada

    proposta na PNRS.

    O PGIRS extrapola ainda o carter meramente tcnico e operacional do

    manejo de RS, mas prope que este seja realizado nas consideraes do conceitode desenvolvimento sustentvel: aquele que satisfaz as necessidades do presente

    sem comprometer a capacidade das futuras geraes satisfazerem suas prprias

    necessidades(ONU, 1987).

    Alm da variante ambiental, emerge na PNRS, o fator social, por meio da

    incluso de pessoas de baixa renda e/ou baixa escolaridade, nos mecanismos de

    gerao de renda proveniente do PGIRS,abordados no artigo 19 da PNRS, inciso XI,

    bem como art.44 do decreto no. 7.404 (BRASIL, 2010b), inciso II, nos quaissubentende-se a participao destes em associaes ou cooperativas de materiais

    reciclveis e possveis agentes atuantes na logstica reversa de produtos.

    Um terceiro fator que transparece na aplicao do PGIRS o econmico. A

    proposio de incorporao de material reciclvel na produo industrial, programas

    de reduo de material em embalagens e produtos, so exemplos inspirados na

    gesto integrada que promovem uma valorizao econmica dos resduos slidos e

    subsidiam a ao das variantes sociais e ambientais mencionadas.Outro fator a atribuio de responsabilidade a outros atores externos ao

    poder pblico na manuteno e execuo do manejo de RS, como os grandes

    geradores que devem apresentar plano de gerenciamento de resduos slidos.

    Limites de atuao no manejo de RS so delineados no PGIRS por meio da

    atribuio de responsabilidades aos geradores de RS subdivididos em duas

    categorias: consumidores e setor empresarial.

    Aos consumidores, isto , pequenos geradores, obriga-se, de acordo com o

    artigo 6 do decreto federal 7.404 (BRASIL, 2010b), o correto acondicionamento de

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    21/105

    20

    RS no atendimento sistemas de coleta seletiva e logstica reversa devidamente

    estabelecidos nos planos de gesto.

    Ao setor empresarial cabe o planejamento e a execuo de planos de

    gerenciamento de resduos slidos (PGRS) provenientes de suas atividades,

    isentando o Poder Pblico Municipal (PPM) desta poro do manejo de RS.

    Entretanto, nem todos os geradores do setor empresarial so obrigados

    elaborao do PGRS, mas apenas aqueles que se enquadrem nas determinaes

    do artigo 20 da PNRS. O que remete aos geradores que exeram as seguintes

    atividades: de saneamento pblico (excetuando varrio de rua e resduos

    domiciliares), industriais, de servios de sade, de minerao, geradoras de RS

    perigosos, geradoras de RS com composio ou volume incomparveis a RSdomiciliares, de construo civil, terminais de transporte e agrossilvopastoris

    (quando exigido por rgo competente).

    Outro limite de atuao do PPM se refere s atividades comerciais oriundas

    da recuperao de materiais sob pena de improbidade administrativa. Este

    impedimento, por outro lado, abre espao para a j mencionada incluso produtiva

    de pessoas de baixa renda no manejo de RS.

    Salienta-se que, por determinao da PNRS, a ausncia do PGIRS em ummunicpio acarreta em corte de recursos federais a serem aplicados em resduos

    slidos.

    1.3 ELABORAES DO PGIRS NA ESFERA MUNICIPAL

    A seguir, na tabela 1, apresentam-se todos os itens que compe o contedo

    mnimo do PGIRS. A tabela foi elaborada com base na PNRS (BRASIL, 2010a).

    Tabela 1 - Contedo mnimo de um PGIRS

    Contedo Descrio

    Diagnstico da situao dos resduos Origem, volume, caracterizao,destinao e disposio final

    rea de disposio final ambientalmenteadequada

    reas que obedeam o plano diretor domunicpio e o zoneamento ambiental

    Possibilidade de solues consorciadas Objetivo de reduzir custos e melhorar agesto. Deve evitar riscos ambientais

    Identificao de resduos e geradoressujeitos a PGRS

    Resduos perigosos, indstrias,minerao, construo civil, terminais detransporte, agrossilvopastoris, etc. Ouaqueles sujeitos a implantao dalogstica reversa

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    22/105

    21

    Tabela 2 - Contedo mnimo de um PGIRS

    Procedimentos Operacionais Regras e especificaes mnimas para a

    execuo dos servios de LU e manejode RSIndicadores de Desempenho Informao sistematizada que aponte a

    qualidade dos servios de LU e manejode RS

    Regras para o transporte Regras livres e aquelas determinadaspelo Sisnama e SNVS

    Definio de responsabilidades Implementao e operacionalizao dosPGRS cargo do poder pblico(saneamento, terminais de transporte,etc.)

    Programas e Aes de capacitao

    tcnica

    Adequao de pessoas envolvidas no

    PGIRS as diretrizes e princpios desteplanoProgramas e Aes de Educaoambiental (EA)

    Promoo da informao sobre ahierarquia da gesto de RS (no gerao,reduo, etc.)

    Programas e aes para gruposinteressados

    Incluso produtiva de pessoas de baixarenda no PGIRS

    Mecanismos para criao de fontes denegcios

    Valorizao dos RS, e consequentecriao de emprego e renda

    Sistema de Clculo de custos Dimensionamento dos custos e sistemade cobrana

    Metas Melhoria dos indicadores para reduo,

    reutilizao, coleta seletiva, reciclagem,etc.

    Limites do PPM Nvel de participao na coleta seletiva elogstica reversa

    Fiscalizao Verificao da implementao eoperacionalizao dos PGRS e logsticareversa

    Aes preventivas e corretivas Controle, manuteno e preveno doPGIRS

    Identificao de passivos ambientais reas degradadas por atividadesirregulares no manejo de RS. Realizarmedidas saneadoras

    Periodicidade de reviso Adequar ao perodo de vigncia do planoplurianual municipal

    As informaes reunidas nestes itens devem ser remetidas no Sistema

    Nacional de Informaes sobre a Gesto de Resduos Slidos (SINIR).

    DELFIM MOREIRA

    Delfim Moreira um municpio localizado na regio sul de Minas Gerais,referenciado pelo Instituto de Geografia Aplicada de Minas Gerais (IGA) com latitude

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    23/105

    22

    -22,5089 m e longitude -45,2800 m. A figura2mostra a localizao do municpio.

    Pode se verificar, atravs do mapa, que este faz divisas com os municpios de

    Marmelpolis, Virgnia, Maria da F, Itajub e Wenceslau Braz, e, ainda, com

    Piquete e Campos do Jordo, no Estado de So Paulo.

    Figura 2 - Divisas do municpio de Delfim Moreira

    As caractersticas topogrficas informadas pelo IBGE so: relevo 5.0% plano,

    10.0% ondulado e 85% montanhoso. Altitude mxima: 2.013.0 m, localizada no

    Morro do Chapu e a mnima de 1.156,0 m, localizada na foz do Ribeiro do Salto.

    As caractersticas meteorolgicas so: temperatura mxima anual de 23,3 oC

    e mnima 10,1 oC. O ndice mdio pluviomtrico anual de 1.738,6 mm

    Os principais rios so o Rio de Bicas e o Rio Santo Antnio.

    Localizada no bioma mata atlntica, a cidade apresenta uma extenso

    territorial de 408,473 km2, integralmente inseridos na rea de preservao ambiental

    (APA) da Serra da Mantiqueira.A APA Serra da Mantiqueira foi criada em 3 de junho de 1985 pelo Decreto

    Federal no.91.304 (BRASIL, 1985), com rea total de 4228,73 km2. Foi criada para

    ...garantir a conservao do conjunto paisagstico e da culturaregional, tem por objetivo proteger e preservar:a) parte de uma das maiores cadeias montanhosas do sudestebrasileiro;b) a flora endmica e andina;c) os remanescentes dos bosques de araucria;d) a continuidade da cobertura vegetal do espigo central e das

    manchas de vegetaoprimitiva;e) a vida selvagem, principalmente as espcies ameaadas deextino.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    24/105

    23

    A APASerra da Mantiqueira localiza-se entre os municpios de Aiuruoca,

    Alagoa, Baependi, Bocaiana de Minas, Delfim Moreira, Itanhandu, ltamonte,

    Liberdade, Marmelpolis, Passa Quatro, Passa Vinte, Piranguu, Pouso Alto, Santa

    Rita do Jacutinga, Virgnia e Wenceslau Brs, no Estado de Minas Gerais; Campos

    do Jordo, Cruzeiro, Lavrinha, Pindamonhangaba, Piquete, Santo Antonio do Pinhal

    e Queluz, no Estado de So Paulo e Resende no Estado do Rio de Janeiro

    (BRASIL, 1985). A figura 3 ilustra a localizao da APA Serra da Mantiqueira.

    Figura 3 - Mapa limites da APA Serra da Mantiqueira (FONTE: Fundao Mantiqueira, 2013)

    O municpio contribui, portanto, com aproximadamente 9,6% da rea da APA

    da Serra da Mantiqueira, ilustrada na figura 3.

    As questes de saneamento bsico como o plano de PGIRS, alm de atender

    a legislao e as polticas pblicas aplicveis, so essenciais para a proteo

    ambiental na forma descrita pelo decreto de instituio da APA. Entretanto, no

    Censo realizado em 2010 pelo IBGE (IBGE, 2010), o levantamento resultou em um

    cenrio ainda precrio com relao ao saneamento bsico. Pode ser observada uma

    grande ocorrncia de domiclios com sistema de saneamento inadequado ou semi-

    adequado, como ilustrado na figura 4. A classificao feita pelo IBGE leva em

    considerao o atendimento aos servios de saneamento bsico, isto ,

    abastecimento de gua, limpeza urbana e manejo de RS, esgotamento sanitrio e

    drenagem urbana. Desta forma, o sistema de saneamento bsico considerado

    adequado quando todos os servios de saneamento so prestados ao domiclio;

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    25/105

    24

    semi-adequados, quando pelo menos um servio prestado ao domiclio;

    inadequado, quando h a inexistncia destes servios no domiclio.

    29,80%

    9,00%

    4,16%42,84%

    14,26%

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

    adequado semi-adequado inadequado

    NmerodeDomiclios

    Domiclios por Tipo de Saneamento

    Urbana Rural

    Figura 4Qualidade do Saneamento Bsico no Municpio (IBGE, 2010)

    A populao residente no municpio em 2010 totaliza 7.971 pessoas,

    distribudas conforme a proporo de 37,95% na zona urbana e 62,05% na zona

    rural (IBGE, 2010). Esta proporo indica possveis dificuldades logsticas na gesto

    de RS.

    Quanto ao uso do solo no municpio, em adaptao aos dados do

    recenseamento de 2010 do IBGE, excetuando-se reas no informadas, apresenta-

    se a seguinte situao ilustrada na figura 5.

    O municpio no apresenta um setor industrial desenvolvido, como pode sernotado na distribuio do Produto Interno Bruto (PIB) de do municpio, revelado pela

    figura 6.

    As atividades industriais predominantes so laticnios, serrarias e

    aquiculturas. No setor de servios destacam-se empreendimentos tursticos como

    pousadas, bares e restaurantes.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    26/105

    25

    Figura 5 - Uso do solo em Delfim Moreira (IBGE, 2006)

    0.02%

    0.07%

    0.20%

    0.22% 0.27% 1.99%

    2.75%

    2.80% 3.42%

    3.87%

    8.16%

    14.27%

    27.09%

    34.87%

    Uso do Solo

    Terras degradadas (erodidas, desertificadas, salinizadas, etc.)

    Tanques - lagos, audes e/ou rea de guas pblicas para explorao da aquicultura

    Lavouras - permanentes

    Terras inaproveitveis para agricultura ou pecuria

    Pastagens - plantadas degradadas

    Construes - benfeitorias ou caminhos

    Lavouras - rea plantada com forrageiras para corte

    Matas e/ou florestas - naturais (exclusive APP e as em sistemas agroflorestais)

    Lavouras - temporrias

    Matas e/ou florestas - florestas plantadas com essncias florestais

    Pastagens - plantadas em boas condies

    Sistemas agroflorestais - espcies florestais, lavouras e pastejo

    Pastagens - naturais

    Matas e/ou florestas - APP e RL

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    27/105

    26

    Figura 6 - PIB de Delfim Moreira (IBGE, 2010)

    A distribuio do PIB especialmente importante no atendimento ao artigo 20

    da PNRS (BRASIL, 2010a), que discrimina que os seguintes geradores de resduos

    slidos esto sujeitos elaborao de um plano de gerenciamento de resduos

    slidos:

    Servios pblicos de Saneamento Bsico;

    Indstrias;

    Servios de Sade;

    Mineraes;

    Comrcio ou Prestao de Servio que gere resduos perigosos;

    Comrcio ou Prestao de Servio que gere resduos que por sua

    natureza, composio ou volume no sejam equiparveis a resduosdomiciliares;

    Empresas de Construo Civil;

    Portos, aeroportos, terminais alfandegrios, rodovirios e ferrovirios e

    passagens de fronteira;

    Atividades agrossilvopastoris (se exigido por rgo competente do

    Sisnama, do SNVS ou do Suasa);

    0

    5,000

    10,000

    15,000

    20,000

    25,000

    30,000

    35,000

    Agropecuria Indstria Servios

    PIB de Delfim Moreira (2010)

    Valor adicionado em R$

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    28/105

    27

    1.3.2 DELFIM MOREIRA E O PLANO DE GESTO INTEGRADA DE RESDUOSSLIDOS

    O municpio elaborou um plano de PGIRS em 2007, por ocasio de sua

    integrao ao Consrcio Intermunicipal dos Municpios da Microrregio do Alto

    Sapuca para Aterro Sanitrio (CIMASAS), no ano de 2006. A elaborao deste

    plano se deu com o apoio tcnico da Fundao Centro Tecnolgico de Minas Gerais

    (CETEC), mas escrito sob responsabilidade da prpria prefeitura municipal(DELFIM

    MOREIRA, 2007).Portanto, este plano foi desenvolvido anteriormente

    promulgao da PNRS e encontra-se inadequado e desatualizado para os

    propsitos desta Lei. Apesar de que alguns critrios levantados na elaborao deste

    documento j antecipassem alguns itens bsicos de um PGIRS, conforme ilustra a

    tabela 2, elaborada com base em DELFIM MOREIRA (2007) e a PNRS (BRASIL,

    2010a).

    Tabela 3 - Itens do PGIRS contemplados em 2007.

    Contedo Consta no PGIRS20071*

    No constano PGIRS

    20072Diagnstico da situao dos resduos Xrea de disposio finalambientalmente adequada

    X

    Possibilidade de soluesconsorciadas

    X

    Identificao de resduos e geradoressujeitos a PGRS

    X

    Procedimentos Operacionais XIndicadores de Desempenho XRegras para o transporte XDefinio de responsabilidades X

    Programas e Aes de capacitaotcnica XProgramas e Aes de Educaoambiental (EA)

    X

    Programas e aes para gruposinteressados

    X

    Mecanismos para criao de fontes denegcios

    X

    Sistema de Clculo de custos XMetas XLimites do PPM X

    1DELFIM MOREIRA (2007)2BRASIL (2010a)

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    29/105

    28

    Tabela 4 - Itens do PGIRS contemplados em 2007.

    Fiscalizao XAes preventivas e corretivas X

    Identificao de passivos ambientais XPeriodicidade de reviso X

    Em funo do porte populacional do municpio, este seria elegvel

    elaborao de PGIRS com contedo simplificado conforme disposto no artigo 19,

    pargrafo segundo. Entretanto, a restrio colocada no pargrafo terceiro, j

    anteriormente mencionado, impede esta simplificao ao municpio de Delfim

    Moreira, por localizar-se este integralmente em rea de preservao ambiental.

    Desta forma, todos os itens listados na tabela acima so obrigatrios.Uma descrio destes itens realizada em 2007 apontada a seguir:

    A caracterizao dos resduos do municpio foi realizada com o apoio tcnico

    da CETEC. A metodologia utilizada foi o quarteamento. Detalhes como local do

    ensaio no foram citados. A figura 7 ilustra a composio dos resduos amostrados

    na ocasio.

    As categorias acima podem ser resumidas em reciclveis, 40,3% e no

    reciclveis 59,7%.

    A rea de disposio final de resduos adequada foi contemplada com a

    adeso do municpio ao consrcio CIMASAS. A construo do aterro sanitrio

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    45%

    50%Caraterizao de Resduos realizada em 2007

    Figura 7Composio de Resduos de Delfim Moreira em 2007 (DELFIMMOREIRA, 2007)

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    30/105

    29

    consorciado localizado na cidade de Itajub (MG), municpio integrante do consrcio,

    se deu por meio de um convnio entre os consorciados3.

    Consolidado para operao em 2010, o aterro apresenta uma rea de560.000 m protegido por canaletas para drenagem de guas pluviais e vida til de

    18 anos, sem projeto de expanso. Conta em 2013 com trs funcionrios diretos do

    consrcio, secretrio executivo, fiscal da balana operacional e engenheiro

    encarregado oficial. Outros 11 funcionrios so contratados de terceiros: 3 ajudantes

    gerais, um operador de mquinas pesadas, um operador de mquinas leves, um

    motorista para veculos de at 9 toneladas, quatro vigias.O maquinrio utilizado no

    aterro consiste de trator de esteira, caminho basco e retroescavadeira. O

    recobrimento dos resduos dirio. O chorume drenado e destinado para estao

    de tratamento composta por tanque anaerbio e lagoa de estabilizao. Resduos de

    zoonoses so aterrados juntos ao macio.

    Os programas e aes para grupos interessados foi celebrado no PGIRS por

    meio de oficinas que reuniram os catadores de material reciclvel atuantes na

    poca, alm da elaborao de projetos de obras civis que atenderiam uma

    associao de recicladores. Outros programas foram citados no documento comoprojetos pontuais de educao ambiental realizados em escolas municipais, sem

    que fosse prevista a continuidade destes.

    1.4 SOBRE O SISTEMA DE IMPLANTAO DA LOGSTICA REVERSA

    Os sistemas de implantao da logstica reversa so organizados atendendo

    a instrumentos implementados pelo artigo 15 do decreto 7.404 (BRASIL, 2010b):

    acordos setoriais: atos de natureza contratual, firmados entre o Poder Pblico

    e os fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, visando a

    implantao da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

    3A saber os municpios de Itajub, Piranguinho, Piranguu, Delfim Moreira, Wenceslau Braz eSo Jos do Alegre, e o governo do estado, representado pela Secretaria de Estado deDesenvolvimento Regional e Poltica Urbana (SEDRU). A SEDRU foi responsvel por um repasse novalor de R$ 400.000,00 de origem do governo estadual, sobre o qual foi acordada restituio porparte dos consorciados com a finalizao das obras do aterro. A contrapartida dos consorciados ficou

    estabelecida em um valor estimado de R$ 251.871,42 rateados entre os consorciados conforme aproporo populacional de cada municpio integrante.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    31/105

    30

    regulamentosexpedidos pelo Poder Pblico: regulamento, veiculado por

    decreto editado pelo Poder Executivo, avaliadas previamente a viabilidade

    tcnica e econmica da logstica reversa, alm de prvia consulta pblica.

    termos de compromisso, na ausncia do item anterior, regulamento expedido

    pelo Poder Pblico, este pode celebrar termos de compromisso com os

    fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, visando o

    estabelecimento de sistema de logstica reversa.

    No pargrafo primeiro deste artigo, fica estabelecida a possibilidade de

    compra de produtos ou embalagens usadas e institudos postos de entrega de

    resduos reutilizveis e reciclveis, devendo ser priorizada, especialmente no caso

    de embalagens ps-consumo, com a participao prioritria de cooperativas ou

    outras formas de associaes de catadores de materiais reciclveis ou reutilizveis.

    1.5 LEGISLAO E NORMAS COMPLEMENTARES

    1.5.1 Resduos de Embalagens de Agrotxicos

    A PNRS faz meno lei 7.802 de 11 de julho de 1989 (BRASIL, 1989) e ao

    decreto 4.074 de 4 de janeiro de 2002 (BRASIL, 2002), que regulamenta a lei

    anterior com legislaes especficas para as determinaes referentes logstica

    reversa de agrotxicos, seus resduos e embalagens. Esta coleo de leis dispe

    sobre a pesquisa, a experimentao, a produo, a embalagem e rotulagem, o

    transporte, o armazenamento, a comercializao, a propaganda comercial, a

    utilizao, a importao, a exportao, o destino final dos resduos e embalagens, o

    registro, a classificao, o controle, a inspeo e a fiscalizao de agrotxicos, seus

    componentes e afins, e d outras providncias.

    No que se refere logstica reversa e o destino final de resduos e

    embalagens de agrotxicos, podem-se citar os seguintes artigos do decreto 4.074.

    No artigo 42, o inciso II obriga os comerciantes de produtos agrotxicos e

    afins a manterem uma relao disponvel fiscalizao do estoque existente, nome

    comercial dos produtos e quantidades comercializadas acompanhados dos

    respectivos receiturios. Esta relao pode ser um importante registro para o

    controle da logstica reversa dos resduos aqui discutidos.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    32/105

    31

    No artigo 54 do referido decreto, ficam os estabelecimentos comerciais

    obrigados a dispor de instalaes adequadas para recebimento e armazenamento

    das embalagens vazias devolvidas pelos usurios, at que sejam recolhidas pelas

    respectivas empresas titulares do registro, produtoras e comercializadoras,

    responsveis pela destinao final dessas embalagens.

    O artigo 55 imputa aos estabelecimentos comerciais, postos de recebimento e

    centros de recolhimento de embalagens vazias a fornecer comprovante de

    recebimento das embalagens onde devero constar, no mnimo: nome da pessoa

    fsica ou jurdica que efetuou a devoluo; data do recebimento; alm de

    quantidades e tipos de embalagens recebidas.

    O artigo 6 da lei 7.802 pargrafo 1 decreta que o fracionamento e areembalagem de agrotxicos e afins com o objetivo de comercializao somente

    podero ser realizados pela empresa produtora. No pargrafo 2 obriga aos usurios

    de agrotxicos a efetuarem a devoluo das embalagens vazias dos produtos aos

    estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, conforme as instrues

    previstas nas bulas. O prazo da devoluo de um ano da data da compra. Se

    estas embalagens forem rgidas e contiverem formulaes miscveis ou dispersveis

    em gua, estas devero ser submetidas pelo usurio a uma lavagem trpliceconforme instrues da respectiva bula, assim como disposto no pargrafo 4. O

    artigo 13 da lei 7.802 exige que a venda de agrotxicos seja feita atravs de

    receiturio prprio. Ao que disposto nesta lei deve se atentar para as alteraes

    desta propostas pela Lei 9974 de 6 de junho de 2000 (BARROS, 2012).

    Em adio s legislaes mencionadas, as resolues CONAMA 334 de 2003

    e 316 de 2002, dispem, respectivamente sobre os procedimentos de licenciamento

    ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de embalagens vazias deagrotxicos e sobre procedimentos e critrios para funcionamento de sistemas de

    tratamento trmico de resduos (BARROS, 2012).

    1.5.2 Resduos de Servios de Sade

    Os resduos de servios de sade so regulamentados principalmente pela

    Resoluo da Diretoria Colegiada (RDC) no. 306, de 7 de dezembro de 2004 da

    Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria(ANVISA). No escopo do presente

    trabalho abordar Planos de Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    33/105

    32

    (PGRSS). Entretanto, normas bsicas que atendero ao tpico caracterizao de

    resduos de servios de sadesero citadas.

    As normas aqui citadas abrangem todos os servios relacionados com

    atendimento sade humana ou animal.

    O item 1.2.1 da referida resoluo, exige que os resduos slidos sejam

    acondicionados em saco de material resistentes a ruptura, vazamento, e aes de

    punctura e respeitados os limites de peso. proibido o esvaziamento e o

    reaproveitamento destes sacos. Estes devem atender norma NBR 9191/2000 da

    ABNT.

    O item 1.2.2 aponta que os sacos devem estar contidos em recipientes de

    material lavvel, resistentes punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de

    sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e ser resistente

    ao tombamento.

    Item 1.3.1 exige que os sacos devem ser identificados nos recipientes de

    coleta interna e externa, e nos recipientes de transporte interna e externa e nos

    locais de armazenamento. As formas de identificao so estabelecidas pela NBR-

    7500 da ABNT.

    O item 1.4 determina que o transporte interno de resduos deve ser realizado

    em horrios de baixo fluxo de pessoas e atividades.

    O item 1.5 discorre sobre o armazenamento temporrio e recomenda que as

    salas de armazenamento tenham paredes lisas e lavveis e o piso resistente ao

    trfego dos recipientes coletores. Devem possuir tambm iluminao artificial e rea

    suficiente para o armazenamento. No permitida a retirada de sacos e abertura de

    recipientes ali armazenados.

    O item 1.6 define o tratamento como a aplicao de mtodo, tcnica ou

    processo que modifique as caractersticas dos riscos inerentes aos resduos,

    reduzindo ou eliminando o risco de contaminao, de acidentes ocupacionais ou

    dano ao meio ambiente.

    O item 1.7 trata do armazenamento externo. Neste caso no permitida a

    manuteno de sacos fora dos recipientes ali estacionados. Deve ser ambiente

    exclusivo e com acesso facilitado para os veculos coletores.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    34/105

    33

    Normas para coleta e transporte externos so regidas pela NBR 12.810

    (ABNT, 1993) e alguns itens desta norma so citados abaixo.

    O item 4.3 discorre sobre a empresa e/ou municipalidade responsvel pelacoleta externa dos resduos de servios de sade e que devem possuir um servio

    de apoio que proporcione aos seus funcionrios as seguintes condies:

    a) higienizao e manuteno dos veculos;

    b) lavagem e desinfeco dos EPI (equipamentos

    de proteo individual);

    c) higienizao corporal.

    O item 5.1 trata dos equipamento de proteo individual (EPIs) de coleta

    interna.

    O item 5.2 trata dos equipamentos de coleta externa, enquanto o item

    5.2.2discorre sobre os contineres da coleta externa, o item 5.2.3 trata do veculo

    coletor e o item 5.2.3.2 sobre acidentes no transporte.

    1.6 ORGANIZAESDE RECICLADORES

    Em atendimento ao privilgio cedido pela PNRS s pessoas de baixa renda

    na participao da coleta seletiva alguns tipos de organizao destes vem sendo

    sugeridos (Ministrio do Meio Ambiente, 2011), principalmente associaes e

    cooperativas. Uma descrio sucinta destes modelos colocada a seguir.

    1.5.1 Associao

    As associaes so definidas pela lei 10.406, de janeiro de 2002 (BRASIL,2002b) que institui o Cdigo Civil. As associaes so constitudas pela unio de

    pessoas que se organizam para fins no econmicos. No h, entre associados,

    direitos e obrigaes recprocos.

    O carter de no possuir finalidade econmica traz empecilhos atividade de

    venda de reciclveis, por serem impugnadas a emisso de notas fiscais. Isso

    relegaria as associaes de recicladores a informalidade e restrio de mercado. A

    operao de uma associao luz da constituio poderia implicar na presena dos

    chamados atravessadores, pessoas jurdicas que efetuam a compra, por um baixo

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    35/105

    34

    valor, do material processado na associao e funciona como intermedirio do

    escoamento deste produto s empresas de reciclagem.

    O artigo 54 do Cdigo Civil exige que seja estabelecido um estatuto que deve

    conter: a denominao, os fins e a sede da associao; os requisitos para a

    admisso, demisso e excluso dos associados; os direitos e deveres dos

    associados; as fontes de recursos para sua manuteno; o modo de constituio e

    de funcionamento dos rgos deliberativos; as condies para a alterao das

    disposies estatutrias e para a dissoluo; a forma de gesto administrativa e de

    aprovao das respectivas contas.

    O artigo 55 delibera que os associados devem ter iguais direitos, mas o

    estatuto poder instituir categorias com vantagens especiais. Esta caracterstica bastante valorizada em organizao de recicladores.

    O artigo 56 ressalta que a qualidade de associado intransmissvel, se o

    estatuto no dispuser o contrrio. E que se o associado for titular de quota ou frao

    ideal do patrimnio da associao, a transferncia daquela no importar, de per si,

    na atribuio da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo

    disposio diversa do estatuto.

    O artigo 57 trata da excluso de um associado, que deve ocorrer apenashavendo justa causa, reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa

    e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Interessante item que atua na

    proteo de trabalhadores em grupos muitas vezes diversos, compostos por

    pessoas acostumadas ao trabalho individual e a costumes distintos.

    O artigo 58 protege os associados de serem impedidos de exercerem direito

    ou funo que lhes tenham sido legalmente conferidos, excetuando ressalvas

    previstas por lei ou pelo estatuto. Outro item importante na organizao destescatadores evitando inferiorizao de membros ou assdios morais.

    A destituio de administradores ou alteraes de estatuto somente so

    permitidas atravs de assemblia geral, cujo qurum mnimo, estabelecido pelo

    estatuto seja atingido, mesma condio atribuda eleio de administradores.

    O artigo 61 discorre sobre a dissoluo da associao, caso em que o

    remanescente do seu patrimnio lquido, depois de deduzidas, se for o caso, as

    quotas ou fraes ideais referidas no pargrafo nico do art. 56, ser destinado

    entidade de fins no econmicos designada no estatuto, ou, omisso este, por

    deliberao dos associados, instituio municipal, estadual ou federal, de fins

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    36/105

    35

    idnticos ou semelhantes. Este artigo estabelece uma restrio importante ao

    modelo de associao. Caso a associao almeje a constituio posterior de uma

    cooperativa, o patrimnio alcanado pela associao no poder ser transferido

    para esta, uma vez que as cooperativas tm finalidades econmicas, como ficar

    mais claro em tpico especfico que se seguir.

    1.5.2 Cooperativa

    As cooperativas so regidas pela Lei 5.764, 16 de dezembro de

    2001(BRASIL, 2001), que institui a poltica nacional do cooperativismo. As

    sociedades cooperativas renem as pessoas que reciprocamente se obrigam a

    contribuir com bens ou servios para o exerccio de uma atividade econmica, deproveito comum, sem objetivo de lucro. Esta caracterstica torna a constituio de

    uma cooperativa mais adequada para a operao das atividades de recicladores.

    A adeso a uma cooperativa voluntria, podendo esta ter um nmero

    ilimitado de associados, salvo impossibilidade tcnica de prestao de servios.

    A variabilidade do capital representada por quotas-partes, cujo nmero

    limitado para cada associado e exclusivo para associados. Entretanto o qurum para

    funcionamento e deliberao da Assemblia Geral baseado apenas no nmero deassociados, independente do capital que estes possuam. Fica, portanto, garantida a

    igualdade de direito de voto tanto prezada para organizaes de recicladores.

    O retorno das sobras lquidas do exerccio, lembrando que este modelo no

    tem por finalidade gerar lucro, proporcional s operaes realizadas pelo

    associado, entretanto esta resoluo pode ser alterada em Assemblia Geral. Este

    item da lei 5.764/2001 ao mesmo tempo em que pode evitar conflitos e justificar a

    partilha de retornos financeiros instituio, representa tambm uma prtica de

    trabalho um tanto arcaica que pode levar exausto do trabalhador, sobretudo

    considerando o baixo valor dos materiais processados. Ainda assim, a remunerao

    do trabalhador tem ganhos pela formalidade da sua operao, o que amplia o

    mercado de atuao e elimina intermedirios, alm de agregar valor por possibilitar

    a venda compartilhada de produtos.

    Outra caracterstica interessante a neutralidade poltica e indiscriminao

    religiosa, racial e social. Interessante por, via de regra, se tratar da organizao de

    um grupo heterogneo.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    37/105

    36

    O inciso X do artigo 4 assegura a prestao de assistncia aos associados,

    e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa. Um grande

    ganho na operao destas pessoas, muitas delas experimentadas na informalidade

    sem qualquer auxlio ou benefcio.

    Outras regras, infelizmente, criam barreiras para a criao de cooperativas

    para a atividade aqui proposta. Uma delas tratada pelo artigo 6, inciso 1,

    instituindo o nmero mnimo de 20 associados para a constituio de uma

    cooperativa singular, a unidade bsica de sociedade cooperativa.

    A cooperativa deve, assim como associao, estabelecer um estatuto

    contendo: a denominao, sede, prazo de durao, rea de ao, objeto da

    sociedade, fixao do exerccio social e da data do levantamento do balano geral;os direitos e deveres dos associados, natureza de suas responsabilidades e as

    condies de admisso, demisso, eliminao e excluso e as normas para sua

    representao nas Assemblias Gerais; o capital mnimo, o valor da quota-parte, o

    mnimo de quotas-partes a ser subscrito pelo associado, o modo de integralizao

    das quotas-partes, bem como as condies de sua retirada nos casos de demisso,

    eliminao ou de excluso do associado; a forma de devoluo das sobras

    registradas aos associados, ou do rateio das perdas apuradas por insuficincia decontribuio para cobertura das despesas da sociedade; o modo de administrao e

    fiscalizao, estabelecendo os respectivos rgos, com definio de suas

    atribuies, poderes e funcionamento, a representao ativa e passiva da sociedade

    em juzo ou fora dele, o prazo do mandato, bem como o processo de substituio

    dos administradores e conselheiros fiscais; as formalidades de convocao das

    Assemblias Gerais e a maioria requerida para a sua instalao e validade de suas

    deliberaes, vedado o direito de voto aos que nelas tiverem interesse particularsem priv-los da participao nos debates; os casos de dissoluo voluntria da

    sociedade; o modo e o processo de alienao ou onerao de bens imveis da

    sociedade; o modo de reformar o estatuto; o nmero mnimo de associados.

    O artigo 28 traz outra interessante contribuio a este modelo aplicado aos

    recicladores, a criao imperiosa de um fundo de Assistncia Tcnica, Educacional

    e Social, destinado prestao de assistncia aos associados, seus familiares e,

    quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa, constitudo de 5%

    (cinco por cento), pelo menos, das sobras lquidas apuradas no exerccio. Alm

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    38/105

    37

    disso, deve-se prever um fundo de reserva de 10% das sobras lquidas para

    eventuais perdas ou prejuzos e a manuteno das atividades da sociedade.

    O artigo 90 estabelece que no existe vnculo empregatcio entre ela e seus

    associados. Item que refora a cooperativismo e evita a figura do patro entre

    cooperados. Com relao aos empregados das cooperativas, incorrem as mesmas

    leis trabalhistas e previdencirias aplicadas a empresas.

    As organizaes Associao e Cooperativa atraem o interesse de

    organizaes no governamentais, instituies de educao e religiosas. Alm disso

    podem se candidatar editais de financiamento do FUNASA j anteriormente

    citados e poderem prestar servios ao Governo. Podem tambm receber a bolsa

    reciclagem, programa de incentivo financeiro do governo do Estado de Minas Geraispela lei 19.823, de novembro de 2011, exclusiva para catadores de materiais

    reciclveis inscritos em associaes ou cooperativas.

    1.5.3 Microempreendedores Individuais (MEIs)

    Esta categoria representa uma outra forma de evitar a informalidade,

    resultado do ajustamento da Lei complementar 123 de 2009, qual confere

    categoria a optar pelo recolhimento dos impostos e contribuies abrangidos peloSimples Nacional em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por

    ele auferida no ms, desde que esta no seja superior R$ 60.000,00.

    As contribuies mencionadas anteriormente so referentes contribuio

    mensal para seguridade social (COFINS), com custo fixado em 5% do salrio

    mnimo (R$ 33,90 em 2013); Imposto sobre Operaes Relativas Circulao de

    Mercadorias e Sobre Prestaes de Servios de Transporte Interestadual e

    Intermunicipal e de Comunicao (ICMS), fixado em R$ 1,00/ms e Imposto sobre

    Servios de Qualquer Natureza (ISS) fixados em R$ 5,00/ms. O total de

    contribuio resulta em um encargo de R$ 39,90/ms.

    Os benefcios provenientes deste cadastro so a formalidade, que permite a

    venda de servios e mercadoria ao governo e iniciativa privada. Assim como a

    cobertura previdenciria garantida pela contribuio da seguridade social, previsto

    no artigo 201 da Constituio Federal, isto , cobertura dos eventos de doena,

    invalidez, morte e idade avanada; proteo maternidade, especialmente

    gestante; proteo ao trabalhador em situao de desemprego involuntrio; penso

    por morte do segurado, homem ou mulher, ao cnjuge ou companheiro e

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    39/105

    38

    dependentes; auxlio-doena, aposentadoria por idade, salrio-maternidade aps

    carncia, penso e auxilio recluso, alm da reduzida carga tributria, fixada em R$

    6,00 mensais.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    40/105

    39

    2. METODOLOGIA

    Em 2006, com o objetivo de cumprir o objetivo de diagnstico da Gesto de

    Resduos Slidos do municpio de Delfim Moreira, este foi dividido em 3 frentes detrabalho, de acordo com a metodologia proposta por Fundao Centro Tecnolgica

    de Minas Gerais (CETEC) (2006): Diagnstico Tcnico Operacional, Diagnstico

    Gerencial e Diagnstico Social.

    Um diagnstico de gesto de resduos slidos de um municpio consiste em

    apresentar a condio, a qualidade e o planejamento dos servios de limpeza

    prestados pelo poder pblico em um municpio, bem como a sua adequao s

    exigncias legais, sobretudo aquelas apontadas pela PNRS. Para a sistematizaodeste diagnstico, a CETEC (2006) sugere as trs frentes de trabalho. Estas frentes

    se referem respectivamente operao e planejamento da limpeza urbana, s

    questes jurdicas e financeiras da limpeza urbana, a identificao e situao das

    pessoas jurdica ou fsica envolvidas com a recuperao de materiais reciclveis dos

    resduos municipais. O nvel de detalhamento aplicado a cada etapa do diagnstico

    foi elaborado visando ao atendimento s exigncias legais e demais aspectos

    prprios de gesto de resduos slidos sugeridos pelas bibliografias consultadas. Os

    resultados destes diagnsticos do origem a um instrumento para os gestores

    responsveis pelo setor de limpeza urbana intervirem nesta gesto, estabelecerem

    metas e finalmente adapt-la conforme as polticas pblicas em vigor.

    Foi criada uma projeo de 20 anos para a populao e gerao de resduos

    para o municpio, para a qual foram criados 3 cenrios de gesto dos RS (Ministrio

    do Meio Ambiente, 2011). Para a gesto dos RS municipais e a elaborao do

    PGIRS foi sugerido o trabalho paritrio entre a sociedade civil e o poder pblico

    municipal (Ministrio do Meio Ambiente, 2011).

    2.1 DIAGNSTICO TCNICO OPERACIONAL

    O diagnstico Tcnico Operacional pode ser interpretado como um relatrio

    que descreve a operao da gesto de resduos slidos, ou seja, o planejamento e a

    qualidade da limpeza pblica, que se trata das operaes de varrio, limpeza de

    vias pblicas, limpeza de logradouros e terrenos baldios, limpeza de bocas de lobo,coleta domiciliar de resduos, coleta seletiva de resduos e destinao final de

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    41/105

    40

    resduos. Para estas atividades procurou-se aplicar formulrios (em anexo)

    elaborados com base na pesquisa documental de leis anteriormente citadas e

    sugestes de CETEC (2006), DAlmeida e Vilhena (2010) e Barros (2012).

    Caracterizao de Resduos Slidos

    Outra responsabilidade do Diagnstico Tcnico Operacional recai sobre a

    caracterizao dos resduos gerados no municpio. A caracterizao de RS tem por

    objetivo traar a composio e quantificao dos RS gerados no municpio. Esta

    informao est relacionada a fatores como nmero de habitantes do municpio,

    poder aquisitivo da populao, condies climticas, hbitos e costumes da

    populao, nvel educacional, entre outros. De posse das informaes levantadas nacaracterizao possvel realizar prognsticos de cenrios futuros concernentes

    gesto de resduos slidos (DALMEIDA e VILHENA, 2010e BARROS 2012). Para a

    realizao desta caracterizao necessrio um levantamento preliminar de dados

    para conferir representatividade dos resultados. A etapa seguinte a caracterizao

    propriamente com a coleta de amostras de resduos slidos.

    Levantamento preliminar de dados

    De acordo com DAlmeida e Vilhena (2010), a amostragem em todos os

    setores de coleta pode se tornar onerosa e sugerem que sejam feitos agrupamentos

    dos setores. CETEC (2006) afirma que, em cidades de pequeno porte, h a

    possibilidade de analisar todos os resduos produzidos.

    Reunindo informaes de ambas as bibliografias supracitadas, apontam-se as

    seguintes formas de agrupamento de setores: caractersticas das edificaes,

    densidade populacional, poder aquisitivo, costumes da populao, tipo de

    acondicionamento e principais atividades desenvolvidas.

    Leme e Jia (apudGonalves, 2007), propem amostragem por residncia,

    no qual seleciona-se um nmero representativo de residncias distribudas em

    diferentes setores. As coletas devem ser realizadas em um nico ms de inverno e

    novamente em um nico ms de vero.

    Segundo Ministrio do Meio Ambiente (2011), sugere-se o levantamento de

    dados scio-econmicos de forma a agrupar a populao cujos resduos sero

    amostrados.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    42/105

    41

    Procedimento de Coleta de Amostras - Caractersticas qualitativas

    Segundo DAlmeida e Vilhena (2010), recomenda-se a caracterizao de

    aspectos fsicos dos resduos slidos seguindo a metodologia descrita, na qual

    entende-se por quarteamento o processo de reduo do volume e homogeneizao

    de resduos para obteno da amostra final. Esta operao, assim como descrita

    na norma ABNT NBR 10007 (ABNT, 2004), realizada dividindo-se o amontoado de

    resduos em quatro montes de igual tamanho dispostos de maneira simtrica. Dois

    montes opostos so descartados e os remanescentes so misturados e submetidos

    um novo quarteamento at que se obtenha o volume final desejado.

    As amostras foram coletadas ao final de cada itinerrio escolhido de coleta

    nos dias 29 e 30 de julho. Descarregou-se o caminho sobre uma lona e seguiram-

    se as operaes previstas de quarteamento segundo metodologia da descrita por

    D`Almeida e Vilhena (2010):

    Preparao prvia

    1) Em rea reservada no local do ensaio fez-se o recobrimento do solo com

    quatro lonas de dimenso de 6 m por 6 m.2) Dispe-se a balana, devidamente calibrada, em local nivelado.

    3) Procede-se a pesagem e etiquetagem de tambores.

    4) Disponibiliza-se para o preenchimento a ficha de coleta presente no anexo A

    Ensaio

    1) Descarregar caminho ao final da coleta em local previamente escolhido

    (pavimentado ou coberto por lona)

    2) Rompimento dos receptculos

    3) Homogeneizao

    4) Quarteamento

    5) Coleta na pilha restante de quatro amostras de 100 litros com o auxlio de

    tambores.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    43/105

    42

    As quatro amostras finais so retiradas da pilha de amostragem da seguinte

    maneira: uma na parte superior e central da pilha e as trs restantes na base da

    pilha de forma a manter certa equidistncia entre os pontos amostrados.

    As amostras coletadas nos tambores de 100 l foram encaminhadas a triagem.

    A triagem realizada conforme um plano de amostragem previamente

    estabelecido (Anexo D). O plano de amostragem consiste em uma planilha

    estabelecendo as classes de materiais a serem averiguadas conforme sua

    proporo em massa. As classes de interesse so listadas na tabela 3.

    Tabela 5 - Classes de Materiais de Interesse em RS

    Matria Orgnica Pode ser reduzida com aplicao

    de tcnicas de compostagem

    Compostvel

    Material proveniente deinstalaes sanitrias ebanheiros domsticos

    Difcil reduo, possvelcampanha em favor de fraldas depano

    No reciclvel

    Trapos, roupas e calados Pode ser reduzido comcampanhas de doaes de roupas

    No Reciclvel

    Rejeitos Irredutveis No reciclvel

    Papel Pode ser reduzido atravs decampanha de coleta seletiva

    Reciclvel

    Plstico Filme Pode ser reduzido atravs decampanha de coleta seletiva.Separado do plstico filme pordistino de preo e uso.

    Reciclvel

    Plstico Duro Pode ser reduzido atravs decampanha de coleta seletiva

    Reciclvel

    Metais no ferrosos Pode ser reduzido atravs decampanha de coleta seletivaSeparado dos metais ferrosos pordistino de preo e uso

    Reciclvel

    Metais Ferrosos Pode ser reduzido atravs decampanha de coleta seletiva

    Reciclvel

    Tetrapak Pode ser reduzido atravs de

    campanha de coleta seletiva.Muitas vezes vendido em conjuntocom papel misturado porapresentar preo semelhante

    Reciclvel

    Vidro Pode ser reduzido atravs decampanha de coleta seletiva.Dificuldades pela diferena decores e pelas caractersticasperfurocortantes

    Reciclvel

    Borracha Pode ser reduzido por programasde reutilizao ou incorporaoem outros produtos (asfalto)

    Reciclvel

    Isopor No usualmentecomercializado como produtoreciclvel

    Reciclvel

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    44/105

    43

    Composio gravimtrica dos Resduos Slidos do municpio

    A composio gravimtrica de resduos calculada utilizando-se a massa das

    diferentes classes de materiais, que podem ser representadas em porcentagens

    relativas massa total da amostra (D`Almeida e Vilhena, 2010). A frmula (1)

    apresenta o clculo da proporo de material presente na amostra avaliada de cada

    classe e que seria destinada ao aterro sanitrio. J a frmula 2 apresenta o volume

    de materiais das classes reciclveis.

    (%) =

    =

    100(1)

    =

    =

    (2)

    Caractersticas Quantitativas

    A quantidade de resduos geradas no municpio foi estimada principalmente

    pelas caractersticas e volume dos resduos que so destinados ao aterro sanitrio,

    pois esta forma de destinao apresenta-se consolidada no municpio e atende a

    maior parte da populao, poro esta denominada aqui de estimativa de

    atendimento da coleta domiciliar. Entretanto, existem outras formas de destinao

    de resduos no municpio, como a reciclagem e disposies inadequadas, que foramtambm consideradas para a estimativa de gerao de resduos do municpio.

    A quantidade de resduos aterradas pelo municpio quantificada atravs de

    relatrios do CIMASAS responsvel pelo aterramento dos resduos do Municpio.

    Estes relatrios so empenhados na prefeitura e constam das quantidades dirias

    aterrados pelo consrcio. A compilao destes resultados permite a construo de

    uma srie histrica que remonta as contribuies do municpio desde o incio da

    operao deste aterro sanitrio.

  • 7/24/2019 DIAGNSTICO DA GESTO DE RESDUOS SLIDOS DO MUNICPIO DE DELFIM MOREIRA (MG)

    45/105

    44

    A estimativa de atendimento da coleta domiciliar prestada pela prefeitura foi

    obtida por consulta direta ao Departamento de Informtica do Sistema nico de

    Sade(DATASUS), que conta com o Sistema de Informao da Ateno Bsica

    (SIAB) no qual so fornecidos pelos agentes de sade informaes, entre outras, da

    situao de saneamento de todos os domiclios do municpio.

    A recuperao de reciclveis concentrada em apenas um empreendimento

    na cidade. Trata-se de uma microempresa de MEI, constituda em um galpo, que

    realiza toda a atividade comercial de reciclveis do municpio. As estimativas de

    recuperao de reciclveis foram obtidas de notas de vendas realizadas pelo galpo

    distribuidores de reciclveis. A poro da populao que atendida pelo servio

    no formalizado de recuperao de reciclveis, ainda incipiente, a mesma porodaquela que atendida pela coleta domiciliar, pois os executores deste servio

    utilizam as mesmas rotas utilizadas por aquela.

    De posse das es