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A QUEDA DE AÇÚCAR NO SANGUE PODE SER FATAL. ATIVIDADES NA ÁGUA PARA CONTROLAR A GLICEMIA @momentodiabetes ISSN 2525-6971 R$ 14,90 Fevereiro a Março 2019 Ano 3 - n o 15 Tudo o que você precisa saber para EVITAR ou tratar a hipoglicemia Participar de pesquisas clínicas pode mudar a sua vida e o futuro do tratamento Arco-íris no prato: as cores dos alimentos indicam os benefícios que eles oferecem à saúde Manjar com calda de maracujá, Pudim de chia, Ravioli de beterraba, Tomate recheado e muito mais 12 Receıtas to das com contage m de carboidrato DOUTOR, MEU DIABETES É DO TIPO MAIS FORTE? APROVEITE O MELHOR DAS FESTAS DE ANIVERSÁRIO A QUEDA DE AÇÚCAR NO SANGUE PODE SER FATAL. SOS SOS HIPO HIPO Kids

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Page 1: Diabetes tipo1, Diabetes tipo 2, Sintomas de …...diabetes tipo 1 que estavam com menos de 40 mg/dL e continuavam brincando e pulando”, comenta. O auditor de sistemas aposentado

a QUeDa De aÇÚcar No SaNgUe poDe Ser FaTal.

aTiViDaDeS Na ÁgUa para coNTrolar a glicemia

@momentodiabetes

ISS

N 2

525-

6971

R$ 14,90Fevereiro aMarço 2019Ano 3 - no 15

Tudo o que você precisa saber para eViTar ou

tratar a hipoglicemia

Participar de pesquisas clínicas pode mudar a sua vida e o futuro do tratamento

Arco-íris no prato: as cores dos alimentos indicam os benefícios que eles oferecem à saúde

Manjar com calda de maracujá, Pudim de chia,

Ravioli de beterraba, Tomate recheado e muito mais

12Receıtas

todas com contagem de carboidrato

DOUTOR, meU DiaBeTeS É DO TIPO maiS ForTe?

APROVEITE O MELHOR DAS

FESTAS DE ANIVERSÁRIO

a QUeDa De aÇÚcar No SaNgUe poDe Ser FaTal.

SOSSOShipohipo

Kids

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A queda de açúcar no sangue provoca sintomas como visão embaçada, fraqueza, tontura e desmaio. Saber como identifi cá-la e tratá-la pode salvar vidaPOR LETÍCIA MARTINS

caiU A glicemiaSOCORRO!capa

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O que acontece com o carro se ele ficar sem combustível no meio da rua? Certamente irá parar de funcionar, precisará ser empurrado ou que alguém traga gasolina até ele. Com o nosso corpo acontece algo semelhante. Sem a quantidade de gasosa ideal, esta máquina feita de

carne e osso não conseguirá cumprir suas atividades e terá dificuldade para se manter em pé.

O principal combustível que nos fornece energia para realizar os processos biológicos e metabólicos é a glicose, encontrada em boa parte da alimentação. Por isso que, ao ficarmos muito tempo sem comer, os níveis de açúcar no sangue começam a baixar, causando um desequilíbrio no organismo. Esse processo é chamado de hipoglicemia. Na tentativa de poupar energia para que possamos continuar ativos, nosso cérebro vai reduzindo a potência de alguns órgãos. Assim, muita gente, quando está em hipo, sente a visão ficar turva, tem dificuldade de se concentrar e bate aquela moleza. Quando o período em jejum é longo demais, o cenário se agrava e a pessoa pode convulsionar, desmaiar e até entrar em coma. É o corpo pedindo socorro. Se não atendido a tempo, a máquina desliga.

Vale ressaltar que qualquer pessoa, em qualquer idade, com ou sem diabetes está sujeito a ter uma hipoglicemia, mas o risco é maior em indivíduos com diabetes, idosos e crianças com até 7 anos de idade, pois podem ter mais dificuldade de notar e reconhecer os sintomas.Não existe um consenso sobre o nível exato de glicose no sangue considerado hipo. Fato é que abaixo de 70 mg/dL já começa a preocupação e os sinais podem aparecer e abaixo de 50 mg/dL é considerado hipoglicemia grave. Veja alguns de sintomas na próxima página.

Do grego:Hypo = menosGlykys = doce

Haîma = sangue Imag

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Sinais e sintomasHipoglicemia severaAbaixo de 50 mg/dL

• Discurso confuso• Agressividade• Inconsciência• Convulsões• Coma

Hipoglicemia moderadaEntre 50 e 60 mg/dL

• Tontura• Visão turva• Formigamento

nas mãos• Raciocínio lento• Cefaleia• Irritabilidade• Choro• Andar descoordenado• Sonolência

Hipoglicemia leveEntre 60 e 70 mg/dL

• Fome• Palidez• Fraqueza• Tremores• Ansiedade• Taquicardia• Suor intenso

O endocrinologista pediátrico Th iago Santos Hirose, que atua em Ribeirão Preto (SP) e Uberaba (MG), destaca que esses sintomas não são regra para todo mundo. Tem gente que tem vários, enquanto outros só percebem um ou outro sinal. “Tem ainda pacientes que só passam mal quando a glicemia fi ca bem mais baixa e há aqueles que não sentem nada, o que chamamos de hipoglicemia assintomática. Já atendi crianças com diabetes tipo 1 que estavam com menos de 40 mg/dL e continuavam brincando e pulando”, comenta.O auditor de sistemas aposentado Edvaldo Furtado Appolinário, de 68 anos, se lembra apenas de dois episódios graves de hipoglicemia em 30 anos de diagnóstico do diabetes tipo 2 (DM2). Um deles aconteceu em 2014, quando Edvaldo estava no centro de Indaiatuba (SP). “Após cinco minutos dirigindo, senti minha vista embaçar e o corpo mole. Consegui estacionar e uma pedestre que passava por ali me perguntou se

eu estava bem. Respondi que não, que provavelmente estava com hipo. Por sorte, ela trabalhava ali perto e conhecia uma funcionária que também era diabética. Correu até a empresa e emprestou o glicosímetro da colega. Medi e deu 35 mg/dL”, conta. Depois disso, a moça ajudou Edvaldo a ir até o local de trabalho dela, onde ele tomou água com açúcar e aguardou a glicemia subir.Imaginou o perigo de acidente de trânsito por causa de uma hipo? Sem falar no risco que o motorista corre de ser acusado de embriaguez ao volante e até sofrer preconceito. O professor de jiu jitsu Diogo André Monteiro de Sales, de 31 anos, vivenciou uma cena lamentável dessa na cidade maravilhosa, onde mora. Diabético tipo 1 há 20 anos, estava dirigindo quando percebeu que estava vendo todas as imagens dobradas, mas não pensou na hora que poderia ser hipo. O veículo passou com tudo no quebra-molas e só foi parar na calçada.

Há pacientes que só passam mal

quando a glicemia fi ca bem baixa,

enquanto outros não sentem nada.

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peitar de hipoglicemia, deve-se fa-zer o teste de glicemia”, orienta Ana Salgado Rodrigues, endocrinolo-gista que atende na Associação dos Diabéticos da Lagoa (Adila), no Rio de Janeiro. Se o teste der abaixo de 70 mg/dL, melhor corrigir. Veja abaixo como fazer a correção.Doutor Th iago Hirose também res-salta a importância de sempre fazer a ponta de dedo para confi rmar a hipo, pois alguns sintomas dela são parecidos com os da hiperglicemia. “Esse é o procedimento correto, adotado inclusive no pronto-socor-ro dos hospitais. Às vezes, o diabé-tico chega muito mal, com visão turva, sonolência, apatia. O fun-cionário aplica soro glicosado, mas a glicemia do paciente já estava em 500 mg/dL. O risco é alto”, diz.

“Desci do carro ao mesmo tempo que uma viatura policial chegou. Os policiais me abordaram e fi caram questionando se eu estava drogado ou bêbado, mas eu não conseguia explicar nada no momento”, conta.Diogo foi salvo por um amigo que passou no local e logo percebeu que o professor estava tendo uma crise de hipoglicemia. “Meu amigo explicou a situação aos policiais, que me colocaram no carro e me levaram para casa”, completa.Quer ver outra situação que con-funde? Mamães e papais podem se identifi car com esse caso. Crianças que já haviam parado de fazer xixi na cama, mas, de repente, voltaram a molhar o lençol à noite. Atenção: pesadelos podem ser sinal de hipo. É melhor checar. “Sempre que sus-

Antes de falarmos sobre a hipo-glicemia assintomática, citada há pouco pelo doutor Thiago, pre-cisamos entender que não é só a falta de alimento que derruba a taxa de glicose no sangue. “No caso de quem tem diabetes, a principal causa de hipoglicemia é atrasar ou pular uma refeição. Mas há outros fatores e todos os pacientes precisam conhecê-los”, declara doutora Ana.Entre as causas mais comuns de hi-poglicemia estão:• praticar muita atividade física sem

se alimentar bem;• doses de insulina além do necessário;• uso de alguns tipos de medicamen-

tos orais;• consumo de álcool em excesso ou

sem ter se alimentado antes.

SOS HIPOPARA TraTar UMA hipoglicemia leVe É PRECISO iNgerir IMEDIATAMENTE 15 g DE carBoiDraToS SimpleS, QUE PODEM SER:

ou • um copo de 200 ml de

refrigerante comum (não diet)

• uma colher (sopa) de mel (exceto para crianças menores

de um ano)

• uma colher (sopa) de açúcar

dissolvido em água

• três sachês de açúcar (cada um com 5 g)

• três balas mastigáveis (cada uma com 5 g)

• um copo de 200 ml de

suco de laranja integral

ou

ouou

ou

• três balas

dissolvido em água

ou

• uma colher (sopa) de açúcar

É importante sempre medir

a glicemia para confi rmar

a hipo, pois alguns sintomas

são parecidos com os da

hiperglicemia.

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Em uma crise hipoglicêmica acompanhada de convulsões ou desmaios, jamais aplique

insulina, pois ela vai reduzir ainda mais o nível de glicose no sangue. Não dê comida ou

bebida pela boca ao paciente. No máximo e com cuidado para não obstruir as vias aéreas,

pode-se passar um pouco de açúcar nas gengivas dele. Vire a cabeça da pessoa de

lado e proteja com cuidado, enquanto injeta glUcagoN ou chama a ambulância.

Um dos maiores equívocos é comer chocolate para reverter uma hipoglicemia. Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), em São Paulo, explica que esse alimento não é indicado, porque ele tem gordura, que retarda a subida da glicose no sangue. “A pessoa come um pedacinho de chocolate, mas não melhora. Come dois, e nada. Come a barra inteira e a glicemia não sobe. Quando vai ver, ela está com 200 ou 300 mg/dL. O ideal mesmo é um carboidrato simples”, orienta.Outro erro comum é perceber que a glicemia está baixando e almoçar, em vez de fazer a correção com o carboidrato simples. A refeição mista também leva tempo para ser absorvida e terá o mesmo desfecho do chocolate: hiperglicemia inesperada.

POR QUE CHOCOLATE

É fundamental medir a glicemia depois de 15 minutos e, se ela ainda estiver baixa, repetir a operação. Assim que a taxa voltar ao normal, faça um pequeno lanche.Para tratar uma hipoglicemia abaixo de 50 mg/dL, o paciente pode usar até 30 g de carboidrato simples e esperar meia hora para fazer a ponta de dedo.

No caSo De Uma hipoglicemia SeVera, se o paciente estiver inconsciente ou com convulsão, outra pessoa terá que tomar providências.Uma dessas medidas pode ser aplicar glucagon, hormônio que estimula o fígado a liberar glicose armazenada na corrente sanguínea. É importante orientar também sua família sobre essa possibilidade. Caso a pessoa que esteja com você não saiba como aplicar ou não saiba o que fazer, a melhor medida é chamar uma ambulância. Ah! Outra coisa: um episódio como esse deve ser informado à sua equipe médica.

não pode?

gengivas dele. Vire a cabeça da pessoa de lado e proteja com cuidado, enquanto injeta

ou chama a ambulância.

Atenção:

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Um dos maiores equívocos é comer chocolate para reverter uma hipoglicemia. Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), em São Paulo, explica que esse alimento não é indicado, porque ele tem gordura, que retarda a subida da glicose no sangue. “A pessoa come um pedacinho de chocolate, mas não melhora. Come dois, e nada. Come a barra inteira e a glicemia não sobe. Quando vai ver, ela está com 200 ou 300 mg/dL. O ideal mesmo é um carboidrato simples”, orienta.Outro erro comum é perceber que a glicemia está baixando e almoçar, em vez de fazer a correção com o carboidrato simples. A refeição mista também leva tempo para ser absorvida e terá o mesmo desfecho do chocolate: hiperglicemia inesperada.

POR QUE CHOCOLATE

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HIPOGLICEMIA ASSINTOMÁTICA

Quando uma pessoa que não tem diabetes entra em hipoglicemia, o corpo dela rapidamente libera alguns hormônios contrarreguladores, respondendo com al-guns sintomas, como sudorese, tremedeiras nas mãos, sensação de desmaio e fome. Assim, a atitude automá-tica é comer algo para reverter a situação.No caso de quem tem diabetes tipo 1 (DM1) há al-gum tempo e já teve vários episódios de hipo, por exemplo, esse mecanismo de defesa fi ca comprome-tido e o corpo deixa de lançar mão dos hormônios contrarreguladores. “É como se o corpo dessa pessoa tivesse se acostumado às hipoglicemias. É por isso que há muitos pacientes com DM1 que não apresen-tam sintomas quando a glicemia está em 30 mg/dL”, esclarece Tarissa Petry.E é aí que mora o perigo, pois se não há fumaça, ninguém suspeita de fogo. “O risco é a glicemia

baixar demais e a pessoa entrar em hipo severa”, alerta Tarissa.Para prevenir a hipoglicemia assintomática,

o recomendado é fazer o controle glicêmico mais rigoroso, ou seja, monitorar a glicemia pelo menos antes das refeições e duas horas depois. Segundo a médica do HAOC, hoje existem dispositivos que facilitam esse monitoramento, como o sensor de glicose Libre, da Abbott, que é instalado no subcutâneo. A pessoa pode medir várias vezes

a glicemia ao dia escaneando o aparelho, sem necessitar furar o dedo todas as vezes. Adotar uma

nova terapia também pode ajudar. “Ao paciente que tem hipoglicemia assintomática, nós recomendamos muito mais medidas ou mesmo o uso da bomba de infusão de insulina com sensor”, diz Tarissa.Instalada no corpo do paciente por meio de um cateter, a bomba de insulina injeta microdoses do hormônio de maneira contínua. Um modelo já lançado no Brasil (MiniMed 640G, da Medtronic), tem uma tecnologia mais avançada, na qual a bomba se comunica com um sensor de glicose e, ao prever

uma hipoglicemia, ela interrompe automaticamente a liberação da insulina 30 minutos antes. “Com isso, muitos episódios de hipoglicemia podem ser evitados e salvar a vida do paciente”, afi rma a endocrinologista.

Ao paciente que não tem sintomas, são recomendadas mais medidas e até

o uso de bomba de insulina

com sensor.

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Acordar às três, quatro horas da madrugada todos os dias para medir a glicemia do � lho Enrique Formaggi, de 12 anos, que tem DM1 desde 1 ano e meio de idade. Durante oito anos e meio, esta foi a rotina da carioca Talita Tierno, que vivia preocupada com a possibilidade de o pequeno sofrer uma hipo enquanto dormia e não ter ninguém por perto para ajudar. “O diabetes é uma caixinha de surpresas, né? Enrique tinha muita hipoglicemia de madrugada e foi parar no hospital algumas vezes, com convulsão. Já � agrei ele com uma hipo de 14, dormindo, como se nada tivesse acontecendo. Me apavorei”, lembra.Assim como Talita, inúmeras mães-pâncreas não conseguem ter um sono tranquilo. De acordo com a médica Tarissa Petry, a hipoglicemia noturna acontece principalmente por erro na administração da insulina. Geralmente, o paciente com DM1 que não utiliza bomba de insulina faz o tratamento com dois tipos de insulina: lenta e rápida. Se ele aplicar uma dose extra de insulina antes de ir dormir, o hormônio vai agir durante a noite e reduzir a glicemia mais do que deveria.“Há pessoas com diabetes hiperlábil, que tem mais tendência de baixar e subir a glicemia, ou seja, a variabilidade glicêmica é muito maior”, destaca a doutora Tarissa. “Para esses pacientes, o controle rigoroso é a melhor maneira de se prevenir, porque o médico poderá ajustar as doses.”

HIPOGLICEMIA NOTURNA

A hipoglicemia noturna é o grande medo das mães que

têm fi lhos com DM1.

TRATAMENTOÉ importante medir a glicemia da criança antes de ela ir para cama. A glicemia ideal nesses casos varia conforme o paciente. “Geralmente orientamos uma taxa um pouquinho acima do que a glicemia de jejum, mas cada paciente tem um alvo específi co de acordo com a própria meta. Isso deve ser alinhado junto com o seu médico”, esclarece a médica Ana Salgado Rodrigues, da Adila.Não pular a ceia é outra recomen-dação vital, pois o lanchinho depois do jantar, antes de dormir, evita as hipos noturnas. Isso vale tanto para os baixinhos quanto para os adultos.Mudar a terapia também pode ser um caminho para evitar o problema. Desde que o fi lho colocou bomba de insulina, Talita dorme tranquila. “Já faz dois anos que o Enrique não tem uma hipoglicemia séria. Aliás, ele pratica jiu jitsu e nunca teve uma hipo durante os treinos ou em luta”, comemora a mãe.

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Além de todos os transtornos gerados pela baixa de glicose de sangue, os pacientes com diabetes ainda precisam lidar com outro problema: a hiperglicemia de rebote, que é uma alta da taxa de açúcar de sangue depois de tratar a hipo. “Geralmente, no momento da hipoglicemia, o paciente fica tão incomodado com os sintomas que acaba comendo demais e tem uma hiperglicemia de rebote”, destaca o médico Thiago Hirose.Doutora Tarissa Petry completa: “Isso é ruim, porque leva a uma variabilidade glicêmica: índices muito baixos e depois muito altos”. Essa variabilidade glicêmica não reflete na hemoglobina glicada (exame feito em laboratório que verifica a média das glicemias no período de três meses) e aí que o perigo se esconde, pois a longo prazo, as hipoglicemias seguidas de hiperglicemias de rebote podem gerar complicações para a saúde do paciente.Tais efeitos ainda estão sendo estudados pela me-dicina, por isso a doutora Tarissa reforça: é pre-ciso analisar não somente a hemoglobina glicada, como também o gráfi co do controle glicêmico.

Hiperglicemia de rebote

O grá� co mostra que a glicemia do paciente estava acima de 150 mg/dL às 13h. Ele aplicou a insulina rápida para corrigir, mas não comeu. Fez uma hipoglicemia importante de 30 mg/dL e, desesperado, comeu muito, se enchendo de carboidrato. Uma hora depois, a glicemia subiu para 300 mg/dL. O correto seria ingerir 15 g de carboidrato simples e aguardar de 10 a 15 minutos para a glicemia subir.

300

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13h 14h 15hHorário

Glicemia mg/dl

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Vimos que fi car com a glicemia abaixo do normal provoca de mal-estar a sérios danos para a saúde imediatamente. Com receio disso, muita gente, principalmente quem tem diabetes tipo 2 (DM2), acaba deixando a glicemia acima da meta. A doutora Ana Salgado Rodrigues afi rma que esse extremo também é ruim para o organismo. “A diferença é que as complicações da hiperglicemia aparecem no longo prazo, como problemas nos rins, olhos e membros inferiores”, diz a médica da Adila, que também atua na Casa de Saúde São José, na capital carioca. “Por esta razão, é importante que as pessoas com

por oUTro laDo, Tem a hiperDM2 meçam a glicemia pelo menos uma vez por semana, sempre que não se sentirem bem ou alterarem a medicação”, orienta a endocrinologista.É o que tem feito a auxiliar de cozinha Nina Lopes de Souza, de 36 anos, que descobriu o diabetes tipo 2 há um ano. Na época, a hemoglobina glicada dela estava em 13%, valor considerado muito alto. “Procuro seguir sempre à risca as recomendações médicas. Tenho medo das complicações da doença, de que aconteça comigo o que aconteceu com minha avó e meu tio, que morreram com complicações do diabetes. Quando faleceram, minha avó estava cega e

por oUTro laDo, Tem a hiperDM2 meçam a glicemia pelo menos uma vez por semana, sempre que

faleceram, minha avó estava cega e

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Hora de abastecer

A dupla vai bem pois une a proteína do leite às fi bras e os carboidratos da aveia, fazendo a glicemia subir lentamente.

LEITE

AVEIA +

As oleaginosas possuem proteína e gordura, que tornam a absorção da frutose mais lenta no organismo. A frutose, vale lembrar, é o açúcar presente nas frutas.FRUTAS

CASTANHAS +

Essa combinação pode ser substituída pelo biscoito de arroz integral e queijo cotta-ge ou outros tipos magros.TORRADA

INTEGRALQUEIJO BRANCO +

Se uma das causas da hipoglicemia noturna é o jejum prolongado, você pode fazer da alimentação uma boa aliada na prevenção desse problema.Um lanchinho antes de dormir é bastante indicado para prevenir a hipoglicemia. “No horário noturno, sugerimos uma combina-ção de alimentos que tenham carboidratos complexos. A ideia é prevenir o pico glicê-mico. A quantidade vai depender da meta glicêmica da pessoa, da glicemia que ela apresenta nesse horário e de um tratamento individualizado”, explica a nutricionista Maristela Bassi Strufaldi, membro da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).A profi ssional esclarece ainda que não existe nenhum alimento proibido no período da noite (nem durante o dia, na verdade). “É possível consumir carboidratos, proteínas, gorduras saudáveis e fi bras à noite, mas é importante fazer as escolhas saudáveis e personalizadas para a rotina da pessoa”, afi rma.Combinar alimentos com carboidratos complexos, que são aque-les de lenta absorção, com alimentos que são fontes de proteína é uma boa dica para a ceia. Maristela cita alguns exemplos:

Hora de abastecers da hipoglicemia noturna

é o jejum prolongado, você pode fazer da alimentação uma boa aliada na prevenção

Um lanchinho antes de dormir é bastante “No

horário noturno, sugerimos uma combina-ção de alimentos que tenham carboidratos complexos. A ideia é prevenir o pico glicê-mico. A quantidade vai depender da meta glicêmica da pessoa, da glicemia que ela apresenta nesse horário e de um tratamento

Ter uma identifi cação médica sempre com você pode ser muito útil no caso de um episódio grave de hipoglicemia, de um acidente ou outra emergência. O acessório pode informar que você tem diabetes, se usa insulina ou não, se é alérgico a algum medicamento, entre outros dados.

DICAS DE ACESSÓRIOS:• Cartão de identifi cação;• Colares;• Pulseiras;• Tatuagens.

Para evitar a hipoglicemia, os especialistas da matéria orientam:• Faça o teste de ponta de dedo com regularidade e sempre que tiver algum sintoma de hipoglicemia. • Faça a correção correta da hipoglicemia.• Não adianta medir e guardar essa in-formação só para você. Por isso, leve os resultados na próxima consulta e converse com seu médico. Ele poderá fazer os ajustes na dose de insulina ou do medicamento.• Troque uma ideia também com seu nutricionista. Às vezes, uma dica de alimentação pode fazer a diferença!

iDeNTiFiQUe-Se

Prevenção

meu tio havia amputado um dos dedos dos pés”, desabafa.Nina começou tomando dois tipos de medicamento oral, depois passou a aplicar 28 unidades de insulina pela manhã. Com o tempo e conforme os resultados do controle glicêmico, o médico foi ajustando a quantidade e o tipo de insulina. Quando concedeu entrevista para esta reportagem, em dezembro, Nina havia acabado de sair da consulta médica: sua hemoglobina estava em 5,3% (número ótimo para ela) e recebeu alta da insulina.

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Planejamento contaPara quem trabalha fora de casa, tem vários compromissos exter-nos e uma vida agitada, vale uma dica de ouro: planejar as refei-ções e os lanches. O que não vale é fi car horas sem comer por falta de tempo, certo? (Se tem dúvida, volte para o início dessa matéria na página 32). E assim como um carro não funciona bem com gasolina ruim, escolher alimentos de boa qualidade é fundamental. Suges-tões práticas: frutas, biscoitos integrais, castanhas, barras de castanhas, sempre preferindo alimentos naturais, mi-nimamente processados. No caso dos in-dustrializados, escolher aqueles com o menor teor de sódio e maior quan-tidade de fibra. “Além des-ses lanches práticos, é bom ter na bolsa opções de carboidrato simples para correção de hipoglicemia”, alerta Maristela Strufaldi. Con-fira as recomendações na página 35.

Combinar alimentos com

carboidratos complexos e proteína é

uma boa dica para a ceia.

De olho nos exercícios físicosPor fi m, não podemos nos esquecer que hipoglicemias podem aconte-cer durante e após uma atividade física, quando o gasto de energia é maior. “O pré-treino é um mo-mento importante: a pessoa deve fazer a monitorização da glicemia e ingerir algum lanche se necessário. Para corrigir hipoglicemia durante a atividade física, pode-se utilizar carboidratos em gel, maltodextrina e bananas desidratadas, por exem-plo”, explica Maristela Strufaldi.A nutri destaca ainda a importância de consumir carboidratos em doses personalizadas e procurar sempre a ajuda de profi ssionais de saúde para montar uma estratégia nutricional e médica que previna hipoglicemias. Com boa informação, dá para preve-nir os episódios de hipoglicemia e se exercitar sem medo.

A primeira refeição do dia tem um papel importan-tíssimo na prevenção de hipos. Ela está associada ao controle da saciedade e da glicemia. Logo, ela precisa ser bem reforçada, saudável e balanceada entre macro e micro nutrientes. “O café da manhã é uma grande refeição, isto é, uma refeição principal, por isso é fundamental que ela seja composta por fontes de pro-teína, por exemplo, iogurte, queijo, leite e ovos; porção de carboidrato, proveniente de pão, cereal e frutas, e gordu-ras boas, que são encontra-

das em frutas, como abacate, além do ovo já citado”, reco-menda Maristela Strufaldi.

Não esqueça do café da manhã

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castanhas, sempre preferindo alimentos naturais, mi-nimamente processados. No caso dos in-dustrializados, escolher aqueles com o menor teor de sódio e maior quan-tidade de fibra. “Além des-ses lanches práticos, é bom ter na bolsa opções de carboidrato simples para correção de hipoglicemia”, alerta Maristela Strufaldi. Con-fira as recomendações na

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