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Fabíola Regina Fernandes Pereira DIABETES MELITO EM PEQUENOS ANIMAIS Monografia apresentada ao curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médica Veterinária. Professora Orientadora Dra. Tais M. Rocha Moreira Orientador Profissional Dra. Débora Schrappe CURITIBA 2006

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Fabíola Regina Fernandes Pereira

DIABETES MELITO EM PEQUENOS ANIMAIS

Monografia apresentada ao curso de Medicina

Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da

Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como

requisito parcial para a obtenção do título de Médica

Veterinária.

Professora Orientadora Dra. Tais M. Rocha Moreira

Orientador Profissional Dra. Débora Schrappe

CURITIBA

2006

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 01

2 HISTÓRIA DO DIABETES ............................................................................... 02

3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS ENDÓCRINO ........................... 05

4 EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................. 08

5 ETIOLOGIA ...................................................................................................... 09

6 CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................ 11

6.1 DIABETES MELITO TIPO I ........................................................................... 11

6.2 DIABETES MELITO TIPO II ......................................................................... 12

6.3 DIABETES MELITO SECUNDÁRIO ............................................................. 13

7 FISIOPATOLOGIA ........................................................................................... 14

8 SINAIS CLÍNICOS ............................................................................................ 21

9 DIAGNÓSTICO ................................................................................................ 22

10 TRATAMENTO ............................................................................................... 28

10.1 FLUIDOTERAPIA ........................................................................................ 30

10.2 MANEJO ALIMENTAR ................................................................................ 31

10.3 AGENTES HIPOGLICÊMICOS ORAIS ....................................................... 35

10.4 INSULINOTERAPIA .................................................................................... 37

11 COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO DO DIABETES ................................ 42

12 PROGNÓSTICO ............................................................................................. 44

13 CONCLUSÃO ................................................................................................. 45

REFERÊNCIAS 47

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - COMPLICAÇÕES QUE PODEM OCORRER NO DM ............. 21

QUADRO 2 - RAÇÕES COMERCIAIS PARA CÃES DIABÉTICOS E

VALORES APROXIMADOS DE SUA CONSTITUIÇÃO ..........

33

QUADRO 3 - PRINCIPAIS HIPOGLICEMIANTES ORAIS ............................. 36

QUADRO 4 - PRINCIPAIS INSULINAS DISPONÍVEIS NO MERCADO ........ 38

QUADRO 5 - TEMPO DE AÇÃO DAS PRINCIPAIS INSULINAS .................. 38

ii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - HOMEOSTASE DA GLICOSE ..................................................... 07

FIGURA 2 - CÃO COM CATARATA BILATERAL SECUNDÁRIO AO DM ...... 15

FIGURA 3 - CÃO COM CATARATA UNILATERAL SECUNDÁRIO AO DM ... 16

FIGURA 4 - APARELHO PARA DOSAGEM DE GLICOSE SANGUÍNEA ...... 24

iii

LISTA DE ABREVIATURAS ACM Amido cru de mandioca

ACT Amido cru de trigo

AGM Amido gelatinizado de mandioca

AGL Ácidos Graxos Livres

AGT Amido gelatinizado de trigo

BID Duas vezes ao dia

CAD Cetoacidose

DAG Diacilglicerol

DM Diabetes Mellitus

DMDI Diabetes Mellitus Dependente de Insulina

DMNDI Diabetes Mellitus não Dependente de Insulina

d.C Depois de Cristo

EV Endovenosa

GLUT Transportador de glicose

IM Intramuscular

IMMC interdigestive Migratory Motor Complex

mEq/l Miliequivalente por litro

mEq/kg Miliequivalente por kilograma

MS Matéria seca

NaCl Cloreto de Sódio

NPH Insulina Protamina Neutra de Hagedorn

PD Polidipsia

PKC Proteína quinase C

PO Via oral

PU Poliúria

PZI Insulina Protamina-zinco

RN Rio Grande do Norte

SC Subcutânea

TTGIV Teste de tolerância à glicose intravenosa

TTGO Teste de tolerância à glicose oral

U/kg Unidade por kilograma

iv

VLDL Lipoproteínas de densidade muito baixa

VO Via oral

v

RESUMO

Diabetes Melito é uma das endocrinopatias mais comuns em cães, é caracterizada por alteração no metabolismo da glicose. Alguns fatores são predisponentes como a idade e obesidade. Dentre os sinais clínicos estão a poliúria, polidipsia, perda de peso e fraqueza. Para estabelecer o diagnóstico, deve-se obter uma avaliação laboratorial completa, incluindo contagem sanguínea, quadro bioquímico sérico, ensaio sérico de lipase e urinálise com cultura bacteriana. Dentre os tratamentos estão a fluidoterapia para corrigir a desidratação; o manejo alimentar para redução de peso e regularizar as flutuações pós-prandiais; uso de agentes hipoglicêmicos orais para diminuir a glicemia e insulinoterapia que é utilizada de acordo com o paciente e suas necessidades. Palavras-chave: diabetes melito; glicose; insulinoterapia.

vi

ABSTRACT

Diabetes Melito is one of the endocrinopathy most common in dogs, is characterized by alteration in the metabolism of the glucose. Some factors are predisponent as the age and obesity. Amongst the clinical signals they are the polyuria, polydipsia, loss of weight and weakness. To establish the diagnosis, a complete laboratorial evaluation must be gotten, including counting, picture serum biochemical, serum assay of lipase and urinaly with bacterial culture sanguineous. Amongst the treatments they are the fluid terapy to correct the dehydration; the alimentary handling for weight reduction and to regularize the fluctuations postprandial; use of verbal hipoglicemy agents to diminish the glicemy and insulinoterapy that is used in accordance with the patient and its necessities.

Key words: diabetes melito; glucose; insulinoterapy.

vii

1

1 INTRODUÇÃO

O Diabetes Melito (DM) é uma doença bastante comum, podendo atingir

cerca de 5% da população de animais que freqüentam clínicas e hospitais

veterinários. Esta ocorre quando o indivíduo não consegue mais produzir

adequadamente um hormônio chamado insulina, que normalmente seria produzida

pelo pâncreas. A falta de insulina faz com que os músculos, o fígado e a gordura

corpórea não consigam mais captar a glicose sanguínea para produzir energia e

esta glicose não aproveitada acaba acumulando na circulação (JERICÓ, 2006).

Visando manter a glicemia constante, o pâncreas também produz outro

hormônio antagônico à insulina, denominado glucagon. Ou seja, quando o nível de

glicemia cai, mais glucagon é secretado visando restabelecer o nível de glicose na

circulação (KGMM, 1999).

O pâncreas é o órgão responsável pela produção da insulina que é

responsável pela regulação da glicemia. Para que as células das diversas partes do

corpo possam realizar o processo de respiração aeróbia, utilizam glicose como fonte

de energia, é necessário que a glicose esteja presente no interior da célula.

Portanto, as células possuem receptores de insulina, que quando acionados abrem

a canais de membrana celular para a entrada da glicose presente na circulação

sanguínea. Uma alteração na produção de insulina resulta em altos níveis de glicose

no sangue, já que a mesma não é devidamente dirigida ao interior das células.

Este trabalho tem o objetivo de reunir os principais dados referentes DM com

o intuito de informar e alertar para um diagnóstico preciso e sendo assim, a

instituição de um tratamento adequado.

2

2 HISTÓRIA DO DIABETES

O DM já era conhecido antes da era cristã. No papiro de Ebers descoberto no

Egito, correspondente ao século XV antes de Cristo, já se descrevem sintomas em

humanos que parecem corresponder ao diabetes. Foi Areteu da Capadócia quem,

no século II da era cristã, deu a esta afecção o nome de diabetes, que em grego

significa sifão, referindo-se ao seu sintoma mais chamativo que é a eliminação

exagerada de água pelo rim, expressando que a água entrava e saía do organismo

do diabético sem fixar-se nele causando polidipsia e poliúria, características da

doença e por ele avaliadas por esta ordem.

No século II Galeno, contemporâneo de Areteu da Capadócia, também se

referiu ao diabetes, atribuindo-a à incapacidade dos rins em reter água como

deveriam. Nos séculos posteriores não se encontram nos escritos médicos

referências a esta enfermidade até que, no século XI, Avicena fala com clara

precisão desta afecção em seu famoso Cânon da Medicina. Após um longo intervalo

foi Thomas Willis quem, em 1679, fez uma descrição da diabetes magistral para a

época, ficando desde então reconhecida por sua sintomatologia como entidade

clínica. Foi ele quem, referindo-se ao sabor doce da urina, lhe deu o nome de DM

referente sabor de mel, apesar de esse fato já ter sido registado cerca de mil anos

antes na Índia, por volta do ano 500 d.C. Em 1775 Dopson identificou a presença de

glicose na urina. Frank, por essa altura também, classificou o diabetes em duas

formas: DM (ou vera) e Insipidus, esta sem apresentar urina doce. A primeira

observação feita através de uma necrópsia em um diabético foi realizada por Cawley

e publicada no London Medical Journal em 1788. Quase na mesma época o inglês

John Rollo, atribuindo à doença uma causa gástrica, conseguiu melhorias notáveis

3

com um regime rico em proteínas e gorduras e limitado em hidratos de carbono. Os

primeiros trabalhos experimentais relacionados com o metabolismo dos glicídios

foram realizados por Claude Bernard, o qual descobriu, em 1848, o glicogênio

hepático e provocou a aparição de glicose na urina excitando os centros bulbares.

Na metade do século XIX, o grande clínico francês Bouchardat assinalou a

importância da obesidade e da vida sedentária na origem da diabetes e traçou as

normas para o tratamento dietético, basendo-a na restrição dos glicídios e no baixo

valor calórico da dieta. Os trabalhos clínicos e anatômico-patológicos adquiriram

grande importância em fins do século XIX, nas mãos de Frerichs, Cantani, Naunyn,

Lanceraux, etc, tendo culminado em experiências de pancreatectomia em cães,

realizadas por Mering y Mikowski em 1889.

A busca do suposto hormônio produzido pelas Ilhotas de Langerhans, células

do pâncreas descritas em 1869 por Paul Langerhans, iniciou-se de imediato. Hedon,

Gley, Laguessee Sabolev estiveram muito próximos do almejado triunfo, o qual foi

conseguido pelos jovens canadenses Banting e Charles Best, que conseguiram, em

1921, isolar a insulina e demonstrar seu efeito hipoglicêmico. Esta descoberta

significou uma das maiores conquistas médicas do século XX, porque transformou

as expectativas e a vida dos diabéticos e ampliou horizontes no campo experimental

e biológico para o estudo da diabetes e do metabolismo dos glicídios.

Posteriormente, o transplante de pâncreas passou a ser considerado uma

alternativa viável à insulina para o tratamento do DM tipo. O primeiro transplante de

pâncreas com essa finalidade foi realizado em 1966, na universidade de Manitoba.

Uma linha mais recente de pesquisa na Medicina tem buscado fazer o

transplante apenas das ilhotas de Langerhans. O procedimento é simples, tem

poucas complicações e exige uma hospitalização de curta duração. O grande

4

problema é a obtenção das células, que são originárias de cadáveres. São

necessários em média três doadores para se conseguir um número razoável de

células.

Em felinos, a primeira descrição data de 1927 (ANDRADE, 2002).

O DM é uma enfermidade cuja incidência vem crescendo muito na clínica de

pequenos animais nas últimas décadas, principalmente na população felina. Em

1960, um em cada 1500 gatos apresentava a doença; já em 1990, esta relação

subiu para um em cada 250, alcançando a incidência em caninos (MAZZAFERRO et

al., 2003).

O aumento na incidência desta patologia endócrina está associado à obesidade

e também ao mau uso das práticas nutricionais. Cães e gatos, além de divergentes

física e morfologicamente, também o são em termos metabólicos. Assim, requerem

níveis diferenciados de proteínas, gorduras e carboidratos alimentares. Um manejo

mal elaborado entre estes nutrientes pode causar sérios distúrbios metabólicos,

dentre os quais a diabetes melito ocorre freqüentemente (MAZZAFERRO et al.,

2003).

5

3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS ENDÓCRINO

O pâncreas é uma glândula com atividade exócrina, através da produção e

secreção de enzimas digestivas; e endócrina, através da síntese e secreção de

hormônios. Esta última função pancreática é exercida por agrupamentos de células

diferenciadas, chamados Ilhotas de Langerhans, que secretam diversos tipos de

substâncias, a saber: (CINGOLANI et al., 2004):

Insulina: responde à maior parte da secreção pancreática endócrina, o que

corresponde a 60% da secreção, sendo sintetizada pelas células β ou pancreáticas,

as quais ocupam a porção central das Ilhotas. O hormônio tem função principal no

controle da glicemia, com caráter hipoglicemiante, sendo secretada fisiologicamente

em situações de hiperglicemia.

Glucagon: produzido pelas células α que ocupam a periferia e o contorno dos

capilares pancreáticos, atua conjunta e antagonicamente com a insulina no controle

da glicemia. Responde a 25% da secreção pancreática.

Somatostatina: secretada pelas células δ pancreáticas, respondem a 10% da

secreção. Estas células apresentam estreita relação com as células α na sua

localização, sendo 20 vezes mais numerosas no neonato do que no adulto. Sua

função é inibir as demais secreções pancreáticas.

Polipeptídio pancreático: secretado pelas células PP, também encontradas

rodeando os capilares e na periferia das ilhotas, porém mais profundamente que as

células A e D, responde apenas a 5% da secreção, atuando de forma regulatória

após a alimentação e causando redução no apetite.

6

Síntese e secreção

A insulina constitui-se em uma molécula formada por duas cadeias

polipeptídicas (A e B) ligadas por duas pontes dissulfeto. Tanto a seqüência de

aminoácidos que compõem as cadeias como a estrutura tridimensional são

altamente estáveis, as variações entre espécies ocorrendo ao nível da região

carboxi-terminal da cadeia B, sendo esta região responsável pelas respostas

antigênicas induzidas pela insulina. Em solução, formam-se facilmente agregados,

sendo o hormônio encontrado na forma hexamérica no interior de grânulos no

interior da célula B onde é sintetizado e armazenado (SIBERNAGL e

DESPOPOULOS, 2003).

A síntese de insulina ocorre no retículo endoplasmático rugoso das células β,

a partir da pré-pró-insulina que, ao direcionar-se ao complexo de Golgi é convertida

em pró-insulina. A partir da atuação de enzimas – endopeptidase e exopeptidase –

ocorre a clivagem da molécula em insulina e peptídeo C. A insulina é armazenada

em grânulos, enquanto que o último, sem efeito biológico conhecido, sofre

degradação hepática.

Para a secreção insulínica é necessário que um estímulo, através do líquido

extracelular, chegue às células β pancreáticas e, dada a sua interação com a

membrana plasmática, desencadeie uma série de sinais intracelulares, dos quais o

aumento dos níveis intra-citoplasmáticos de cálcio é o principal. A partir da

fosforilação de enzimas e componentes de organelas ocorre, em última instância, a

exocitose dos grânulos, culminando com a atuação hormonal nos tecidos-alvos. O

principal estímulo à secreção de insulina em cães é a glicose e em gatos, a arginina.

Outras substâncias que estimulam a secreção de insulina são: aminoácidos, corpos

cetônicos, ácidos graxos, hormônios gastrintestinais, catecolaminas, potássio,

7

corticotrofina, glucagon, glicocorticóides, hormônios sexuais, hormônios tireoidianos,

entre outros (GUYTON e HALL, 1998).

Ações da insulina

Uma vez no líquido extracelular, a insulina atinge as células alvo através da

ligação com seu receptor. A internalização do complexo induz um sistema de

transdução, que leva à mobilização e ativação dos transportadores da glicose

(GLUT), ativação de enzimas que participam da síntese de glicogênio, lipídeos e

proteínas envolvidos no controle da expressão gênica, o que resulta na entrada de

glicose na célula e fosforilação oxidativa, glicogênese, lipogênese e proteogênese.

Em conjunto com o glucagon, a insulina realiza uma regulação estreita na

glicemia, a cada momento (Figura 1).

FIGURA 1 – HOMEOSTASE DA GLICOSE.

Fonte: GUYTON e HALL, 1998.

8

4 EPIDEMIOLOGIA

A prevalência de DM em cães é relatada entre 1:100 e 1:500 (0,2 a 1%). Em

um período de 30 anos foi relatada uma prevalência de 1:270. Observou-se uma

baixa prevalência de DM, talvez em decorrência das diferenças entre as populações

caninas. Atualmente, o modo de vida dos animais, que resulta em aumento de peso,

decréscimo de atividades físicas, aumento de estresse psicológico e maior

expectativa de vida deverá causar um dramático aumento na incidência de DM. A

raça Poodle é uma das raças com maior probabilidade de desenvolver DM, sendo

que os cruzamentos seletivos dos três tipos de Poodle diminui a predisposição do

Poodle standard à DM e predispõe os Poodle toy e miniatura. Das outras raças com

diagnóstico de DM encontradas, apenas o Fox está entre os cães com maior risco

de diabetes. É citada predisposição familiar dos Rottweiler ao desenvolvimento de

DM e uma maior prevalência na raça Pinscher.

A idade ao diagnóstico de DM encontrada (pico de incidência aos 10 anos)

aproxima-se da citada por outros autores: picos de prevalência entre 7 e 9 anos e

entre 10 e 15 anos. As fêmeas caninas têm duas vezes mais probabilidade de

desenvolver DM que os machos, o que está relacionado com o antagonismo crônico

à insulina sofrido pelas cadelas durante o diestro. No presente estudo observou-se

uma prevalência quase trinta vezes maior em fêmeas que em machos (POPPL e

GONZALEZ, 2005).

A maioria dos cães tem 4 a 14 anos de idade na época do diagnóstico,

havendo maior prevalência naqueles entre 7 e 9 anos. O diabete juvenil é raro e

ocorre em cães com menos de 1 ano de idade. As fêmeas são acometidas 2 vezes

mais que os machos (NELSON et al, 1998).

9

5 ETIOLOGIA

Os agentes etiológicos que predispõem o surgimento do DM são

multifatoriais, dentre os mais comuns observam-se período de estro, uso de alguns

fármacos como glicocorticóides, contraceptivos orais, fenitoína, injeções de

progesterona, obesidade, senilidade, predisposição genética raças como Poodle

Miniatura, Scottsh Terrier, Samoyeda, King Charles Spaniel e Rottweiler, pancreatite

crônica recidivante, traumatismos no pâncreas, neoplasias, redução idiopática do

número de células ß funcionais, síndrome de Cushing, hiperfunção da hipófise

anterior ou do córtex adrenal, ou qualquer fator que cause degeneração das ilhotas

de Langerhans.

O DM é classificado de acordo com os mecanismos fisiológicos e alterações

patológicas que afetam as células ß, porém, em alguns casos raros, as células ß das

ilhotas são normais e o Diabetes resulta da supressão da atividade da insulina por

algum fator não pancreático. Qualquer que seja o caso, o pâncreas sempre está

envolvido. Se não for afetado primariamente , quando as células ß são destruídas, o

pâncreas será afetado secundariamente pelos altos níveis de glicose sanguínea,

apresentando histologicamente hiperplasia de células ß.

O diabetes pode ser classificado em três tipos: DM I ou DM dependente de

insulina (DMDI), DM II ou DM não dependente de insulina (DMNDI) e DM secundário

ou transitório (OLIVEIRA, 2003).

Segundo SWENSON e REECE (1996), os animais herbívoros são mais

resistentes e podem viver por períodos mais longos sem insulina.

Outro fator predisponente ao DM é a idade avançada, sendo elevada

freqüência de ocorrência em animais idosos nos quais acarreta complicações

10

macrovasculares (doença cardiovascular, cérebro-vascular e de vasos periféricos) e

microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia). Essas complicações

contribuem para a queda da qualidade de vida dos idosos (FARIA et al., 2005).

11

6 CLASSIFICAÇÃO

6.1 DIABETES MELITO TIPO I

É a forma mais comumente encontrada no cão e no gato. Caracteriza-se por

hipoinsulinemia e elevação mínima ou inexistente na insulina endógena após a

administração de um segretagogo de insulina, como a glicose.

Dentre os fatores que podem estimular esta enfermidade, pode-se encontrar

ileíte, pancreatite, doenças e fármacos antagonistas da insulina, tais como,

hiperadrenocorticismo, aumento do hormônio do crescimento e progesterona.

A perda da função das células ß é irreversível e torna obrigatório o tratamento

de insulina a longo prazo para manter o controle glicêmico (OLIVEIRA, 2003).

A maior parte dos cães diabéticos é insulino-dependente, porém muito gatos

não podem ser classificados claramente por portadores de DMDI. Em muitos casos,

esta determinação só é possível mediante triagem terapêutica e dietética

(ANDRADE, 2002).

O DM tipo I é uma doença inflamatória auto-imune que acomete milhares de

cães em todo mundo, qualidade de vida e sobrevida dos mesmos, e que está

associada a alterações nos níveis das proteínas plasmáticas. Os níveis das

proteínas plasmáticas também são alterados pelo tratamento com tamoxifeno, uma

vez que o mesmo induz uma série de alterações hepáticas que pode levar ao

comprometimento da síntese protéica, visto que a maioria das proteínas plasmáticas

são sintetizadas pelo fígado, com exceção das imunoglobulinas (SILVA et al., 2005).

O DM I tem sido entendido como uma doença auto-imune órgão-específica,

resultante da destruição seletiva das células ß pancreáticas, produtoras de insulina,

12

por infiltração progressiva de células inflamatórias, possivelmente provocada por

linfócitos T citotóxicos auto-reativos. As manifestações clínicas do distúrbio

metabólico surgem quando cerca de 80% das células ß tenham sido destruídas

(FERNANDES, 1999).

6.2 DIABETES MELITO TIPO II

É uma forma raramente encontrada nos cães, mas aproximadamente 20%

dos gatos apresentam este tipo de diabetes. Neste caso a destruição das células ß

não constitui a alteração predominante, mas sim ocorre prejuízo da secreção de

insulina por parte das células ß, resistência à insulina nos tecidos responsivos à

insulina e/ou alteração da produção de glicose hepática.

Como as células ß mantém um pouco da função secretora de insulina, a

hiperglicemia tende a ser suave, a cetoacidose torna-se incomum e a necessidade

de insulinoterapia torna-se variável (OLIVEIRA, 2003).

Conforme ZAGURY (2000), os diabéticos tipo II têm maior risco de

desenvolver doença macrovascular, incluindo arteriosclerose, doença coronariana e

cerebrovascular, que não podem ser explicadas apenas pelos já conhecidos fatores

de risco, como a hipertensão arterial.

No DM tipo II, a secreção de insulina, em resposta ao estímulo provocado por

uma refeição, está comprometida e consequentemente ocorre hiperglicemia pós-

prandial maior que as do não diabéticos. A elevação pós-prandial aguda exagerada

da glicemia ativa mecanismos que podem ser responsabilizados pelas lesões

vasculares. Essa hiperglicemia, muitas vezes, até três vezes maior que a do não

diabético, aumenta o estresse oxidativo, promovendo vasoconstrição e alterações

13

endoteliais, o glicogênio presente nas proteínas, que compromete o colágeno da

parede vascular e a proteína quinase C nas células vasculares, que está relacionada

com arteriosclerose e permeabilidade vascular.

O DM II, é uma síndrome heterogênea que resulta de defeitos da secreção e

da ação da insulina. Fatores genéticos e fatores ambientais estão envolvidos na

patogênese do DM II interferindo em ambos estes mecanismos. A importância da

hereditariedade no DM II se apóia em vários fatos, entre o quais: a concordância

entre gêmeos monozigóticos para o DM II é de 50 a 80%, sendo muito superior à

observada entre gêmeos dizigóticos (menos de 20%); estudos epidemiológicos

demonstram haver uma grande variação na prevalência do DM II em diferentes

grupos étnicos, desde valores baixos como 1% em algumas populações orientais até

cerca de 50% em grupos isolados como os índios Pima do Arizona; resultados

positivos de numerosos estudos genéticos.

No atual momento se conhece alguns genes causadores das formas

monogênicas de DM II. No entanto, na grande maioria dos casos de DM II, a

hiperglicemia é secundária a defeitos em um grande grupo de genes (formas

poligênicas), sem que se conheçam ainda quantos e quais os genes envolvidos

(REIS e VELHO, 2002).

6.3 DIABETES MELITO SECUNDÁRIO

Caracteriza-se por ser transitório, subclínico e induzido por uma variedade de

fatores como pancreatite, acromegalia, hiperadrenocorticismo, fármacos

(glicocorticóides) ou gestação (ANDRADE, 2002).

14

7 FISIOPATOLOGIA

Conforme OLIVEIRA (2003), os sinais clínicos não se desenvolvem até que a

hiperglicemia resulte em glicosúria e sempre irão depender da gravidade da

cetoacidose.

Devido à hiperglicemia, os rins não conseguem mais reabsorver toda a

glicose, então o excesso é excretado pela urina. Uma vez que a glicosúria envolve

necessariamente a perda de água e de eletrólitos; ocorre poliúria, desidratação e

hemoconcentração.

A deficiência de insulina tem efeito marcado sobre o metabolismo de gordura.

A gordura é usada pelo animal normal como meio de armazenar energia alimentar.

O fígado e o tecido adiposo convertem carboidratos em gordura para armazenagem.

No animal privado de insulina, a utilização de glicose é deprimida e o animal é

forçado a mobilizar gordura dos depósitos corporais para fornecer energia para a

função celular. O tecido adiposo catabolizado e os ácidos graxos resultantes são

oxidados, primariamente no fígado, em dois carbonos da acetil coenzima A e esta,

quando acumulada, é convertida em ácido acetoacético, ß-hidroxibutírico e acetona,

constituindo os corpos cetônicos. A cetonemia e cetonúria resultante, contribuem

para a perda urinária de sódio, aumentando a desidratação, e causando o odor

cetônico. Devido à intensa desidratação o animal apresentará polidipsia e devido à

falta de energia, apresentará polifagia.

A diminuição da glicose resultante da deficiência de insulina causa um

aumento marcante na gliconeogênese, o que deve envolver um aumento significante

no catabolismo das proteínas. A degradação de aminoácidos levará ao quadro de

azotemia, e então ao desencadeamento do vômito.

15

A catarata é um sinal que aparecerá muito rapidamente, isto porque o

cristalino é permeável à glicose (conforme Figura 2 e Figura 3), convertendo-a em

frutose e sorbitol, que permanecem nas células levando a um acúmulo osmótico de

água, instumescência e agregação de proteínas, causando então a opacidade que

caracteriza a catarata (OLIVEIRA, 2003).

FIGURA 2 – CÃO COM CATARATA

BILATERAL

SECUNDÁRIO AO DM.

Fonte: ThePetCenter, 2005.

16

FIGURA 3 – CÃO COM CATARATA UNILATERAL

SECUNDÁRIO AO DM.

Fonte: DUARTE, 2006.

A deficiência relativa ou absoluta da secreção de insulina impede que os

tecidos periféricos utilizem glicose, aminoácidos e ácido graxos, levando a um

estado de intenso catabolismo. A glicose que vem da dieta ou da gliconeogênese

hepática, em caso de hipoinsulinemia, acumula-se na circulação, causando

hiperglicemia que excederá a capacidade de reabsorção das células tubulares

renais para a glicose (acima de 180 a 220mg/dl) presente no ultrafiltrado glomerular,

o que resulta em glicosúria. A glicosúria provoca diurese osmótica, causando

poliúria. Surge a polidipsia compensatória que impede a desidratação. A quantidade

de glicose que entra no centro da saciedade na região ventromedial do hipotálamo

está diminuída por causa da hipoinsulinemia. A quantidade de glicose que ingressa

nas células nessa região do cérebro afeta diretamente a sensação de fome. No cão

diabético com deficiência relativa ou absoluta de insulina, a glicose não ingressa

nestas células e o centro da saciedade não é inibido, dessa forma o animal torna-se

polifágico.

A cistite é outra complicação comum do DM. Glicose na urina promove

crescimento de bactérias como Escherichia coli e Proteus sp (ANDRADE, 2002).

17

Existem muitas alterações metabólicas no DM, mas a característica central é

a hiperglicemia. Deve-se à entrada reduzida de glicose em células de tecido adiposo

e músculo e à maior produção de glicose pelo fígado. Assim há um excesso de

glicose extracelular, mas uma deficiência de glicose intracelular ou inanição no meio

de fartura (SWENSON e REECE, 1996).

Segundo GONZALEZ (2005), dieta rica em gordura e com baixo teor de

carboidratos pode predispor ao desenvolvimento do DM. Cães alimentados com

dietas ricas em gordura diminuem a sensibilidade periférica à insulina e têm redução

no transporte de insulina para o sistema nervoso central, causando inibição no

centro da saciedade no hipotálamo e estimulação do centro da fome. A redução na

captação de insulina pelo SNC é conseqüência do ganho de peso. Postula-se que a

liberação de ácido graxos livres (AGL) reduz a captação de glicose no músculo e a

secreção de insulina, ao tempo que aumenta a produção hepática de glicose. Os

AGL também estão associados à reduzida fosforilação de mensageiros

intracelulares que resultam em menor resposta à insulina.

A falta de exercícios, obesidade e estressores ambientais são considerados

importantes fatores no desenvolvimento de DM em cães.

Conforme HOSKINS (1997), os filhotes caninos com DM juvenil exibem uma

taxa de crescimento menor em comparação com os filhotes normais da mesma

ninhada, quando examinados entre 2 e 6 meses de idade. Segue-se a perda de

peso conforme a desordem se agrava. Geralmente há fome excessiva e fezes moles

ou diarréicas. A poliúria e polidipsia compensadora podem ser observadas pelo

proprietário ou suspeitas com base na assadura do períneo pela urina.

No DM, o acometimento da motilidade gástrica é progressivo. Inicialmente

ocorre a perda da fase III do IMMC (Interdigestive Migratory Motor Complex),

18

levando à retenção de alimentos sólidos não-digeríveis, predispondo a formação de

bezoares. Posteriormente, observa-se a diminuição da contratibilidade antral com

retenção de sólidos digeríveis. A retenção de líquidos é mais tardia, relevando

deficiência na motilidade da porção proximal do estômago. Além das alterações

motoras, nota-se diminuição da secreção ácida, possivelmente devido à neuropatia

autonômica. A gastrite atrófica auto-imune, presente com relativa freqüência nos

diabético tipo I, também pode levar à hipocloridria, contribuindo para o distúrbio de

esvaziamento gástrico (CESARINI et al, 1997).

Em um estudo no Rio Grande do Norte com cães, foi observado que entre os

efeitos deletérios do excesso de peso os mais prevalentes são as doenças do

aparelho locomotor (discopatias, ruptura de ligamento cruzado e osteoartrites),

prejuízos à resposta imunológica e aumento da incidência de DM II (FARIA et al,

2005).

Na avaliação de concentrações séricas de insulina nos quadros

endotoxêmicos, foi observado sua redução, que foi creditada à ação de mecanismos

de contra-regulação endógena entre insulina e glicose (hipoinsulinemia secundária à

hipoglicemia), ou ainda como conseqüência da inibição da secreção insulínica pela

ação de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina) liberadas durante o processo

endotoxêmico (KOGIKA et al, 2001).

Por outro lado, também a hipersecreção insulínica nos quadros de

endotoxemia é descrita e esta constitui-se em um dos achados mais graves e

consistentes no quadro endotoxêmico, capaz de contribuir para o agravamento da

hipoglicemia e piora do quadro clínico, resultando na morte do animal. A avaliação

conjunta das concentrações séricas absolutas de insulina e glicose, bem como das

19

relações insulina/glicose, deve ser realizada com o objetivo de detectar a ocorrência

de hipersecreção insulínica absoluta e/ou relativa (KOGIKA et al, 2001).

Outras complicação do DM é a neuropatia autonômica que se inicia com

degeneração de pequenas fibras nervosas de ambos os ramos simpático e

parassimpático. As manifestações clínicas são diversas e incluem hipotensão

postural, taquicardia persistente, gastroparesia, atonia da bexiga e diarréia noturna

decorrente de incontinência fecal. Essas manifestações clínicas levam em poucos

anos a uma alta taxa de mortalidade.

Diversos estudos mostram que a variabilidade da freqüência cardíaca é um

importante método para verificar a neuropatia autonômica nos pacientes com

diabetes. Nesses pacientes ocorre uma redução da variabilidade da freqüência

cardíaca que está diretamente relacionada a um pior prognóstico, como também

pode preceder o diagnóstico clinico da neuropatia autonômica (IRIGOYEN et al,

2004).

O transporte de glicose para as células de mamíferos é essencial para a

sobrevivência. Grande parte da glicose circulante no estado pós-absortivo é captada

por órgãos independentes da insulina: cérebro (50%) e órgãos esplânicos (25%),

sendo que apenas o restante (25%) é utilizado em tecidos dependentes de insulina,

principalmente a musculatura esquelética e em segundo lugar, o tecido adiposo. No

entanto, qualquer desequilíbrio nesta captação de glicose periférica pode levar à

intolerância à glicose ou mesmo ao DM. A principal forma de entrada de glicose nas

células é através de difusão facilitada, com participação de proteínas de membrana

específicas, tais como GLUT-1 e GLUT-4. A insulina age no receptor localizado na

membrana plasmática, desencadeando uma cascata de sinais intracelulares,

envolvendo principalmente reações de fosforilação citosólica, provocando a

20

translocação das vesículas contendo GLUT-4, que finalmente captam a glicose

circulante para o interior da célula (PEREIRA et al, 2003).

Os resultados de vários estudos, em pacientes com DM I e DM II,

demonstrando a relação direta entre os níveis de hiperglicemia cronicamente

mantida e as complicações micro e macrovasculares, suportam que a hiperglicemia

é o fator determinante inicial principal na patogênese das complicações do DM. O

aumento de glicose intra-celular é o principal determinante do dano tecidual causado

pelo DM, dano este que pode ser reversível quando restaurada a condição de

normoglicemia, ou irreversível, mesmo revertida a hiperglicemia, pois se originou de

alterações cumulativas em macro-moléculas de vida longa (SCHAAN, 2003).

21

8 SINAIS CLÍNICOS

Conforme ANDRADE (2002), a suspeita de DM é baseada nos sinais clínicos

e clássicos de poliúria, polidpsia, polifagia, anorexia, vômitos, perda de peso, além

de persistente hiperglicemia de jejum (acima de 200mg/dl), porém existem outros

sinais que fazem parte do quadro clínico.

QUADRO 1 – COMPLICAÇÕES QUE PODEM OCORRER DM.

Complicação Manifestação clínica

Cetoacidose Vômito, depressão, colapso, taquipnéia.

Catarata Cegueira

Retinopatia Lesões oftalmoscópicas

Neuropatia Fraqueza

Pancreatite Vômito, dor abdominal

Insuficiência pancreática exócrina Diarréia, perda de peso

Lipidose hepática Hepatomegalia

Glomerulonefrite Insuficiência renal oligúrica

Infecções bacterianas urinárias Cistite, pielonefrite

Infecções bacterianas respiratórias Pneumonia (tosse, dispnéia e febre)

Infecções bacterianas cutâneas Piodermite

Fonte: OLIVEIRA, 2003.

22

9 DIAGNÓSTICO

O hemograma geralmente estará sem alterações no cão diabético não

complicado. Pode estar presente policitemia de leve intensidade, se o animal estiver

desidratado. Elevação dos leucócitos pode ocorrer devido a um processo infeccioso

ou por inflamação grave, especialmente se houver pancreatite. A presença de

neutrófilos tóxicos ou degenerativos, ou desvio significativo à esquerda, acarreta

embasamento à presença de processo infeccioso como causa da leucocitose.

No exame bioquímico, o achado principal é a hiperglicemia. A concentração

de uréia sanguínea e de creatinina pode estar normal do diabetes não complicado, e

uma elevação nesses parâmetros pode ser devido à insuficiência renal primária, ou

a uremia pré-renal secundária a uma desidratação grave ou moderada. Para

diferenciar se a uremia é pré-renal ou por insuficiência renal primária, deve-se

avaliar a densidade específica da urina. Antes do início do tratamento, o fosfato e o

potássio podem estar em concentrações iniciais normais ou aumentadas. Após o

início do tratamento, a hipocalemia pode aparecer devido à diurese osmótica, ao

vômito, à diarréia e a má nutrição, assim como hipofosfatemia secundária à diurese

osmótica, as perdas gastrintestinais e à falta de ingestão de fosfato. Ocorre aumento

na concentração sanguínea de triglicerídeos, colesterol, lipoproteínas, quilomícrons

e ácidos graxos livres. O aumento de triglicerídeos é responsável pela lipemia. A

elevação destes constituintes se deve à diminuição do movimento dos triglicerídeos

plasmáticos até os depósitos de tecido adiposo, à redução da degradação hepática

do colesterol e ao aumento da produção hepática de lipoproteínas de densidade

muito baixa (VLDL). A enzima lipoproteína lípase auxilia no metabolismo das VLDL

ricas em triglicerídeos e dos quilomícrons. Sem insulina, a lipoproteína lípase deixa

23

de ser ativada, ocorrendo então a lipemia. Apesar de muito pouco descrita em cães,

a lipemia a longo prazo pode causar distúrbios vasculares como arteriosclerose.

As enzimas pancreáticas lipase e amilase estarão aumentadas em animais

com pancreatite concomitante e podem estar aumentadas também tanto na

azotemia pré-renal quanto na insuficiência renal primária.

Na urinálise poderá ser observados glicosúria, cetonúria, proteinúria e

bacteriúria, com ou sem piúria, com hematúria associada. Geralmente o paciente

com diabetes não complicado apresenta-se com glicosúria, mas sem cetonúria.

Entretanto, o diabético sadio pode apresentar pequenas quantidades de corpos

cetônicos na urina. Animais diabéticos jovens com menos de 8 semanas de idade

podem não apresentar glicosúria por causa da imaturidade da função tubular renal.

A proteinúria pode ser resultado da infecção do trato urinário ou da lesão no

glomérulo secundária ao rompimento da membrana basal (ANDRADE, 2002).

Existem vários tipos de fitas que medem glicose na urina: Glicofita Plus®,

Diastix®, Glukotest®, outras medem glicose e cetona na urina: Gluketur-test® e Keto-

diastix®. Teoricamente, elas são iguais, na prática, elas podem apresentar resultados

um pouco diferentes. Para que o resultado seja confiável, é muito importante

observar o prazo de validade das fitas. O prazo de validade, sem abrir o frasco, vem

marcado pelo fabricante. Após aberto o frasco, a validade é, geralmente, de 60 a 90

dias. Em termos de custo, o ideal é usar fitas que só meçam glicosúria (Glicofita

Plus®, Diastix®, Glukotest®). Quando for importante dosar cetona e glicose na urina,

use fitas do tipo Keto-diastix® ou Gluketur® (MINICUCCI, 2005).

Existem hoje diversas marcas de fitas para medida de glicemia, cada uma

delas serve para um tipo especial de aparelho. Algumas também, podem ser usadas

sem aparelhos, são as fitas: Haemoglukotest®, Glucostix® e Glucofilm®. Os testes

24

são fáceis de fazer: com uso de aparelhos especiais — glicosímetros, ou sem

aparelhos, comparando os valores obtidos com a escala de cores, marcadas no

frasco. Hoje em dia devido aos custos sempre praticamente iguais entre as fitas para

leitura sem aparelho e as usadas nos aparelhos, a dificuldade em se achar fitas para

leitura visual, e a superioridade das medidas de glicemia com aparelhos, o melhor é

sempre que possível usá-los (MINICUCCI, 2005).

Os aparelhos existentes no Brasil são de uso fácil e preço acessível. Existem

muitas marcas de glicosímetros (Figura 4) de boa qualidade, com preços

semelhantes e razoáveis. Os resultados da medida de glicemia capilar quando feitas

com glicosímetros, são quase iguais aos obtidos em laboratórios, desde que a

técnica de medida e a calibração do aparelho estejam corretas (MINICUCCI, 2005).

FIGURA 4 – APARELHO PARA DOSAGEM DE GLICOSE

SANGUÍNEA.

Fonte: MINICUCCI, 2005.

É uma doença que afeta cães de meia idade ou idosos. Fitas-testes

apropriadas para dosar glicose na urina e glucômetro permitem a rápida confirmação

do DM. A glicemia de jejum normal no cão é de 70 a 110mg/dl e o achado de valores

25

de jejum acima de 200mg/dl é considerado DM. Pode haver hiperglicemia de 120 a

200mg/dl quando o animal teve uma dieta rica em açúcar que pode ser ocasionada

pela secreção excessiva ou a administração exógena de quaisquer dos hormônios

diabetogênicos. A glicosúria surge quando a concentração sanguínea de glicose

excede o limiar renal, ou seja, quando a concentração sanguínea de glicose é de

180 a 220mg/dl. Podem ocorrer episódios de hiperglicemia quando é lançada

adrenalina na corrente sanguínea em situações estressantes (ANDRADE, 2002).

A concentração de glicose no sangue pode estar extremamente elevada sem

que seja detectada a glicose na urina, se for rápida essa hiperglicemia e qualquer

perda de glicose seja diluída em grande volume de urina. O exame de urina não

deve ser o único exame realizado para fechar o diagnóstico de diabetes, porque o

animal pode ter glicosúria renal primária, um defeito que compromete a reabsorção

de glicose. Achados de cetonúria estabelecem cetoacidose diabética. Caso não

ocorra cetonúria, mas havendo suspeita de cetoacidose diabética, o soro poderá ser

testado com pastilhas Acetest®. A hiperglicemia e a glicosúria estarão presentes em

todos os cães diabéticos independentemente do tipo de DM.

O teste de tolerância à glicose intravenosa é valioso nos casos duvidosos,

principalmente naqueles em que os níveis de glicose sanguínea estão entre 120 e

175mmol/l e ocorre glicosúria sem hiperglicemia aparente, ou quando não ocorre

glicosúria consistente (ou mesmo devido a uma história familiar de DM). Entretanto

não é necessário esse teste como rotina, além de poder precipitar cetoacidose em

animais nitidamente diabéticos. O teste de tolerância à glicose oral (TTGO) é

relativamente simples e geralmente fornece uma clara distinção entre cães

diabéticos e normais. Após 12 horas de jejum, é administrada ao cão glicose de

forma oral dissolvida em água. Se o cão não consumir voluntariamente, um tubo

26

gástrico deve ser empregado, sob efeito de anestesia. Logo antes da administração

de glicose e 30, 60, 120 e 180 minutos após, o sangue é coletado para

determinação de glicemia. Em cães normais, o valor máximo é obtido após 30 a 60

minutos, e os níveis voltam ao valor basal em 120 minutos. Geralmente o valor

máximo está por volta de 160mg/100mL ou 8,9mmol/l. nos diabéticos, os valores

estão acima de 150mg/100mL ou 8,3mmol/l após 1 hora e não abaixam rapidamente

(ANDRADE, 2002).

O teste de tolerância à glicose intravenosa (TTGIV) consiste em injeção de

glicose 0,5mg/kg de forma lenta (pelo menos 30 segundos) em uma solução estéril a

50%. Um aumento imediato nos níveis de glicose sanguínea acima de

300mg/100mL ou 16,6mmol irá ocorrer em minutos e no cão normal os valores

basais voltarão ao normal em aproximadamente 1 hora; no cão diabético, isso não

ocorrerá por aproximadamente 2 a 3 horas. O diagnóstico de DM pode ser baseado

no tempo que os níveis de glicemia levam para serem reduzidos pela metade após a

administração de glicose. O teste de TTGIV não deve ser realizado em animais

anestesiados devido ao fluxo sanguíneo reduzido no pâncreas e à conseqüente

diminuição na liberação de insulina.

O diagnóstico diferencial deve ser feito, pois os sinais da doença não são

patognomônicos. Dentre as principais doenças pode-se citar insuficiência renal

crônica, cirrose hepática, colangite, colângio-hepatite, piometra, estresse, cio,

medicamentos, parasitismo, insuficiência pancreática exócrina, enterite linfocítica-

plasmocítica e neoplasia (ANDRADE, 2002).

Recomenda-se uma avaliação clínico-patológica detalhada assim que o

diagnóstico de DM for estabelecido, durante o qual o clínico deve estar alerta para a

presença de qualquer doença que possa causar ou contribuir para a intolerância a

27

carboidratos tal como hiperadrenocorticismo, resultar de intolerância a carboidratos,

cistite bacteriana ou demandar modificação no tratamento como pancreatite

(NELSON et al, 1998).

28

10 TRATAMENTO

Os objetivos principais do tratamento inicial no diabetes são proporcionar uma

quantidade adequada de insulina para normalizar o metabolismo intermediário,

restaurar as perdas hídricas e eletrolíticas, corrigir a acidose e identificar os fatores

precipitantes. O importante é não forçar o retorno à normalidade muito rapidamente,

sendo que este processo deve levar de 36-48 horas.

Os objetivos gerais do tratamento são: fazer o paciente sentir-se bem;

controlar poliúria/polidipsia (PU/PD); evitar as graves complicações de DM, tais

como cetoacidose e catarata; e evitar hipoglicemia induzida por insulina. Os fatores

a serem considerados em relação ao tratamento são a insulina, a dieta e o exercício,

senso os dois primeiros itens, em geral, os mais importantes (LORENZ et al., 1996)

O DM I traduz-se na destruição total ou quase completa das células ß. Este é

o tipo de diabetes conhecido nos cães. Tal como o nome implica os cães com este

tipo de diabetes necessitam de injeções de insulina para estabilizar o açúcar

sanguíneo. DM II é diferente, uma vez que algumas das células produtoras de

insulina ainda permanecem funcionais. No entanto, a quantidade de insulina

produzida é insuficiente, há um atraso na resposta para a sua produção, e os tecidos

corporais dos cães são-lhe relativamente resistentes. Como o DM II não ocorre em

cães, a medicação oral não é apropriada para o tratamento (ALMEIDA, 2006).

Oliveira (2006) afirma que os cães diabéticos têm glucose excessiva no

sangue, logo estará também presente na urina. Existe uma realidade, o nível de

glucose sanguínea não pode ser normalizado sem tratamento. Embora o cão possa

passar um dia ou mais sem tratamento e não entrar em crise, o mesmo deve ser

encarado como uma parte da rotina diária. O tratamento quase sempre requer

29

algumas alterações na dieta e a administração de insulina. O cão será hospitalizado

por alguns dias para lidar com a crise imediata e para começar o processo de

regulação. A crise imediata só é grande se o cão estiver tão doente que tenha

deixado de comer e beber durante vários dias. Os cães neste estado, denominado

cetoacidose, podem requerer uma semana ou mais de hospitalização com bastantes

testes laboratoriais. Caso contrário, a hospitalização inicial poderá ser apenas por

um dia ou dois, para que se possam realizar alguns testes e iniciar o tratamento.

Nessa altura, o cão irá para casa e será administrada a medicação. No princípio do

tratamento são necessárias consultas de controle cada 3-7 dias para monitorizar os

progressos. Poderá levar um mês ou mais para alcançar uma boa regulação. É

importante que preste bastante atenção às instruções relacionadas com a

administração da medicação, dieta, e à monitorização em casa. Outra complicação

que poderá surgir, é a hipoglicemia, que se for severa, pode ser fatal.

A maior parte dos cães diabéticos necessita de uma ou duas injeções diárias

de insulina. Têm que ser alimentados com a mesma comida, em igual quantidade e

no mesmo horário, todos os dias. Se por acaso o proprietário se ausentar, o cão terá

de ter assistência adequada enquanto estiver fora. Estes fatores deverão ser

considerados cuidadosamente antes de decidir tratar um cão diabético. O tratamento

envolve a administração consistente de medicação, alimentação, além de um estilo

de vida estável e livre de stress. Para melhor o conseguir, é preferível que o cão viva

dentro de casa a maior parte do tempo. Embora não seja essencial, isto fará com

que inúmeras variáveis incontroláveis que podem causar a alteração da regulação,

desapareçam. O primeiro passo no tratamento será alterar a dieta do cão,

observada no item manejo alimentar (OLIVEIRA, 2006).

30

10.1 FLUIDOTERAPIA

Deve-se corrigir a desidratação usando, preferencialmente solução de NaCl

0,9 %, evitando o Ringer Lactato, visto que o lactato é precursor da glicose

(OLIVEIRA, 2003).

A terapia com bicarbonato torna-se geralmente desnecessária quando o

bicarbonato plasmático for de 12mEq/l ou maior, especialmente se o paciente estiver

alerta (OLIVEIRA, 2003).

Deve-se corrigir a acidose metabólica lentamente na circulação periférica,

evitando, portanto alterações importantes no pH do fluido cerebroespinhal

(OLIVEIRA, 2003).

A cetoacidose (CAD) é uma complicação do DM e deve ser considerada uma

emergência médica. Em ordem de importância quanto ao tratamento, deve-se

realizar: fluidoterapia com salina a 0,9%, insulinoterapia intramuscular (IM) ou

endovenosa (EV), suplementação de eletrólitos (potássio e magnésio) e reversão da

acidose metabólica. O diagnóstico de CAD é confirmado por meio dos achados de

concentrações sanguíneas ou urinárias aumentadas de corpos cetônicos por

comprimidos de nitroprussiato – fitas diagnósticas - Acetest®, e na urina através do

keto - Diastix®. É tratável com reposição hidroelétrolítica, insulina e correção do fator

desencadeante. 1

A correção da depleção do volume sem a administração de insulina pode

diminuir a glicose plasmática, mas não corrige a acidose. Os líquidos aumentam a

filtração glomerular e, portanto, a excreção da glicose, diminuindo a excreção dos

hormônios diabetogênicos que estimulam a hiperglicemia. Porém a administração de

1 keto - Diastix®: Tiras reagentes que permitem monitorar os níveis de glicose no sangue, através de leitura visual ou instrumental. Fabricante: Bayer.

31

líquidos sem a administração de insulina não diminui as concentrações de

acetoacetato e ß-hidroxibutirato, que são os responsáveis pela cetoacidose.

A melhora da perfusão renal promove a eliminação dos cetoácidos, e a

insulinoterapia diminui drasticamente a produção desses metabólitos por interromper

a lipólise e o aporte de ácidos graxos livres (OLIVEIRA, 2003).

Na fluidoterapia, a composição do líquido a ser administrado e a velocidade

dependerão do quadro eletrolítico do animal, da sua glicemia e da osmolaridade.

Com raras exceções, todos os cães com CAD têm deficiências significativas de

sódio corporal total. Acredita-se que a perda de sódio pela urina resulte da diurese

osmótica induzida pela glicosúria e cetonúria, e da deficiência da insulina. A insulina

incrementa a absorção de sódio pelos rins, e sua ausência resulta na depleção do

sódio. A hiperglucagonemia, o vômito e a diarréia também contribuem para a perda

de sódio. A diurese osmótica da cetoacidose diabética com a excreção de

cetoácidos sob a forma de sais de sódio também podem reduzir a concentração

sérica de sódio. A concentração sérica de potássio não reflete a quantidade

corpórea total. O potássio encontra-se depletado na cetoacidose diabética devido à

acidose, à diurese e a vômitos. O líquido intravenoso de escolha é o cloreto de sódio

a 0,9% com suplementação apropriada de potássio, não excedendo 0,5 mEq/kg de

peso corporal de potássio (ANDRADE, 2002).

10.2 MANEJO ALIMENTAR

O tratamento dietético é recomendado para todos os tipos de DM. Esse

tratamento deve corrigir a obesidade em dois a quatro meses, manter a consistência

do conteúdo calórico dos alimentos (Quadro 2) e fornecer dieta que minimize as

32

flutuações pós-prandiais na glicemia. Para isso, deverão ser fornecidos ao animal

alimentos enlatados e rações conglomeradas e desidratadas, contendo carboidratos

complexos, e evitar alimentos moles e hidratados como carnes, frutas e legumes,

devido aos efeitos hiperglicêmicos dos dissacarídeos e do propileno glicol presentes.

Dietas contendo teores elevados de fibra promovem perda de peso, minimizam as

flutuações pelo trato gastrintestinal e melhoram o controle da hiperglicemia. Apesar

de essas dietas ricas em fibras trazerem o benefício do controle glicêmico,

frequentemente podem ocorrer complicações decorrentes delas. Pode existir

dificuldade quanto à disponibilidade e ao custo, à menor aceitação pelo animal

devido à palatabilidade e alguns efeitos colaterais como freqüência excessiva de

defecação, hipoglicemia após uma a duas semanas de consumo da dieta e

constipação (ANDRADE, 2002).

Cães diabéticos magros devem receber essas dietas ricas em fibras com

cautela, por terem baixa densidade calórica, o que pode interferir no ganho de peso.

Para esses cães, geralmente o ganho de peso depende do restabelecimento do

controle glicêmico por meio da insulinoterapia e do fornecimento de uma dieta mais

rica em calorias que em fibras. Assim que o paciente tiver adquirido seu peso

corporal normal, a dieta rica em fibras poderá ser oferecida. A alimentação deve ser

fornecida quando a insulina ainda estiver metabolicamente ativa na circulação, para

não haver aumento significativo da glicemia pós-prandial, caso contrário haverá

aumento da glicemia em 1 a 2 horas após a refeição. As refeições devem ser feitas

em pequenas quantidades e diversas vezes ao dia, ao invés de uma única refeição

volumosa, minimizando o efeito hiperglicemiante de cada refeição. O intervalo de

alimentação dependerá do tipo de insulina utilizada e do horário de administração

(ANDRADE, 2002).

33

QUADRO 2 – RAÇÕES COMERCIAIS PARA CÃES DIABÉTICOS E VALORES APROXIMADOS DE

SUA CONSTITUIÇÃO.

Produto Tipo Calorias

(Kcal)

Gordura* Proteína* Fibra

bruta*

Tipo de

fibra

Hill’s Pet Nutrition Seca 223 6,9 16,7 16,8 Insolúvel

Eukanuba Veterinary Diets

Fórmula Glicose Control

úmida 347 12,0 16,5 13,5 Insolúvel

Seca 253 8,0 29,0 2,9 Solúvel

Purina-Fórmula Canine Diet

Seca

276

6,0

22,8

15,2

Mista

Waltham Veterinary Diet Úmida 204 8,4 44,1 19,2 Mista

Seca 223 7,5 20,0 4,5 Mista

*Base seca.

Fonte: OLIVEIRA, 2003.

Recomendações para o tratamento dietético do DM:

-aumento da quantidade de fibras;

-aumento da quantidade de carboidratos digeríveis;

-redução da quantidade de gorduras;

-quantidade adequadas de proteínas (cão: 15-20% MS);

-oferecer rações úmidas e/ou secas; evitar dietas com monossacarídeos,

dissacarídeos e propilenoglicol;

-média de ingestão calórica diária no paciente geriátrico (40-60 kcal/kg);

-ajustar a ingestão calórica diária para cada animal;

-eliminar obesidade, aumento de exercícios diários; reduzir a ingestão calórica

diária; oferecer dieta com densidade calórica reduzida, pobre em gordura, rica em

fibra ou com densidade calórica reduzida, pobre em gordura e pobre em fibras ,

utilizada para perda de peso;

34

-protocolo de alimentação: oferecer alimento no período de ação da insulina;

oferecer alimento junto com cada injeção de insulina, no caso de tratamento 2 vezes

ao dia, e 8 a 10 horas após a injeção de insulina no caso de tratamento 1 vez ao dia;

permitir que cães comam em pequena quantidade continuem a fazer isso durante

todo o dia e à noite (NELSON et al., 1998).

À partir dos resultados de trabalho realizado através da avaliação dietética de

amidos pelas respostas glicêmica e insulinêmica em cães, o perfil pós-prandial da

insulinemia evidenciou quatro diferenças entre regimes adotados. A resposta

insulêmica dos regimes AGT (amido gelatinizado de trigo) e ACM (amido cru de

milho) foram menos pronunciadas que os demais regimes. Esse comportamento

pode ser relacionado com a viscosidade do regime AGT e com a resistência ao

ataque enzimático do ACM.

Estes resultados sugerem que o regime AGT, nas condições estudadas, deve

ser preferido aos demais por minimizar a resposta insulínica pós-prandial e manter a

euglicemia. Essas conclusões podem ser de grande interesse para o manejo

dietético de algumas doenças nutricionais comuns em cães, tal como obesidade e

diabetes (SILVEIRA et al., 2004).

Em relação a gatos, não existe tantas especificações quanto ao manejo

alimentar. Faltam muitas informações sobre a ideal relação carboidrato / gordura /

proteína para gatos diabéticos (MAZZAFERRO et al, 2003). Sabe-se que o

metabolismo da glicose é diferenciado para esta espécie. Felinos utilizam muito

melhor a energia proveniente de aminoácidos, e até mesmo de gorduras, do que de

carboidratos, portanto estes devem estar presentes em baixo teor na dieta. Arginina

é um melhor estimulante da insulina de que a glicose, em gatos, e a manutenção da

glicemia ocorre de forma mais adequada com alimentos ricos em proteínas e pobres

35

em carboidratos. Além disso, gatos não apresentam oscilação de glicemia pós-

prandial (MARTIN e RAND, 2000).

10.3 AGENTES HIPOGLICÊMICOS ORAIS

Para utilizar estes fármacos como tratamento é necessária capacidade

secretora de insulina endógena por parte das células ß. Entre eles encontram-se:

• Sulfoniluréias: glipizida, nome comercial Glucotrol®. Dose de 2,5 a 5mg VO

12/12h. Utilizada mais para felinos, esta droga estimula diretamente a secreção de

insulina e apresenta muitos efeitos adversos, o que torna seu uso um tanto restrito.

Os efeitos adversos mais comumente encontrados são gastrintestinais, como

vômitos. O tratamento com sulfoniluréias não tem sido eficaz na maioria dos cães

diabéticos, talvez devido à elevada incidência de DMDI nessa espécie. Para que

esse grupo de drogas seja eficaz, tem que existir alguma capacidade secretória de

insulina pelo pâncreas. São usadas para controlar a hiperglicemia de pacientes com

DMNDI, que não conseguem atingir o controle adequado apenas com as

modificações da dieta (OLIVEIRA, 2003).

As sulfoniluréias têm dois efeitos o principal, que é pancreático, por estimular

diretamente a excreção de insulina pelas células ß do pâncreas, e o extra-

pancreático que melhora a sensibilidade dos tecidos à insulina circulante, por meio

do aumento da ligação da insulina aos seus receptores, ou de melhor ação após

ligação, inibição da gliconeogênese hepática, aumento da utilização da glicose

hepática e diminuição da extração da insulina hepática (ANDRADE, 2002).

• Acarbose: Dose de 12,5 a 25mg VO 12/12h. Utilizado mais para cães, atua

por inibição enzimática da α-amilase e α-glicosidade diminuindo a absorção de

36

glicose. Os efeitos adversos mais comumente encontrados são os gastrintestinais,

como diarréia (OLIVEIRA, 2003).

QUADRO 3 – PRINCIPAIS HIPOGLICEMIANTES ORAIS.

Nome farmacológico Nome comercial Apresentação

Glipizida minidiab® Caixa com 30 comps./5 mg

Gliclazida

diamicron®

Caixa com 20 e 60 comps./80 ,g

Clorpropamida

diabinese®

Frasco com 30 e 100 comps./250 mg

clorpropamida® Caixa com 100 comps./250 mg

Metformina

glifage®

Caixa com 30 comps./850 mg

Glucoformin

glucoformin®

Caixa com 30 comps./500 mg

Caixa com 30 comps./850 mg

Acarbose

glucobay®

Caixa com 30 comps./50 mg

Caixa com 60 comps./100 mg

Glibenclamida

lisaglucon®

Caixa com 20 e 100 comps./5 mg

aglucil® Caixa com 30 comps./5 mg

daonil® Caixa com 30 comps./5 mg

euglucon® Caixa com 30 comps./5 mg

Fonte: ANDRADE, 2002.

Muitas espécies de plantas têm sido usadas etnofarmacologicamente ou

experimentalmente para tratar o DM. Estas plantas representam mais de 725

gêneros em 183 famílias, estendendo-se fisiologicamente das algas marinhas e

fungos para plantas (NEGRI, 2005).

37

O DM II afeta em torno de 20% dos felinos. Neste caso, os hipoglicemiantes

orais são um adjuvante à dieta. Infelizmente estas drogas produzem uma série de

efeitos colaterais, geralmente associado à sua hepatotoxicidade. Os mais

conhecidos são a metformina (reduz a liberação de glicose hepática), podendo ser

utilizada a uma menor dose, de 2-10mg/kg - BID para minimizar tais efeitos;

acarbose, um inibidor da enzima α glicosidase, diminui a absorção intestinal de

carboidratos pode ser utilizada na dose de 12,5-25mg/kg com as refeições; o uso de

metais vanádio e cromo estão sendo investigados, devido à sua eficácia no uso

humano, já que podem atravessar os receptores de insulina e estimular diretamente

o metabolismo da glicose na célula (ZERBÉ, 2001).

10.4 INSULINOTERAPIA

A seqüência de aminoácidos da insulina do cão é idêntica à do suíno e difere

em apenas um aminoácido da insulina humana. A insulina de origem bovina difere

de três aminoácidos da canina e é a mais similar à insulina do gato, diferindo em

apenas um aminoácido. Essas diferenças na estrutura da insulina entre as espécies

são importantes, pois o uso de insulinas heterólogas pode levar à formação de

anticorpos contra a insulina exógena. Anticorpos anti-insulina alteram a

farmacocinética da insulina, podendo prolongar sua ação ou reduzir sua efetividade.

Os tipos de insulina disponíveis (Quadro 4 e 5) também variam de acordo com o

início e duração de sua ação e são classificados em insulina de ação rápida, curta,

intermediária e longa. Os análogos da insulina, lispro e aspart, são de ação rápida. A

regular é uma insulina de ação curta. As de ação intermediária incluem a lenta, a

NPH e a PZI. A insulina ultralenta e a glargina (outro análogo de insulina) são

38

insulinas de longa ação. Preparações com uma mistura predeterminada de insulina

intermediária e insulina de ação curta ou rápida (eg, 70% NPH/30% regular) também

estão disponíveis. Nos pequenos animais a absorção da insulina é mais rápida do

que em seres humanos, o que torna o seu tempo de ação mais curto. O fato de que

cães e gatos possuem menos tecido adiposo em seu subcutâneo talvez seja a razão

para que isto aconteça.

QUADRO 4 – PRINCIPAIS INSULINAS DISPONÍVEIS NO MERCADO.

Nome farmacológico Nome comercial Apresentação

Insulina regular ou simples Insulina regular Iolin R® Todas as insulinas são

encontradas em frasco de 10

mL com 100 UI/mL

Insulina NPH ou isófana Monolin R®

Insulina NPH®

Insulina protamina-zinco ou PZI Monotard MC®

Fonte: DUARTE,1998.

QUADRO 5 - TEMPO DE AÇÃO DAS PRINCIPAIS INSULINAS.

Duração da ação Insulina regular ou

simples

Insulina NPH ou

Isófana

Insulina NPH

Protamina-zinco

Início da ação 30 minutos 1 a 2 horas 3 a 4 horas

Pico da ação 2 a 4 horas 8 a 12 horas 14 a 20 horas

Término da ação 6 a 8 horas 24 a 36 horas 24 a 48 horas

Fonte: DUARTE,1998.

As insulinas de ação intermediária são as mais comumente utilizadas no

tratamento a longo prazo do animal diabético. Elas contêm substâncias que

retardam sua absorção, prolongando, assim, a duração da ação, devendo ser

39

administradas exclusivamente pela via subcutânea. A insulina regular é, geralmente,

utilizada no tratamento de quadros graves de diabetes, como a cetoacidose

diabética, e pode ser administrada pelas vias SC, IM e IV.

A insulina lenta é considerada a insulina de escolha para o tratamento inicial

de cães. A insulina PZI é considerada a melhor insulina para gatos, no entanto, ela

não está disponível comercialmente no Brasil e geralmente opta-se pela insulina

NPH mista (80% bovina/20% suína). Essas afirmações estão baseadas em alguns

estudos de farmacocinética e estudos comparativos entre diferentes tipos de insulina

em pequenos animais. Infelizmente o número de animais envolvidos nesses estudos

é pequeno. Com base em dois estudos, envolvendo um maior número de animais

concluiu-se que o tipo de insulina não influência o controle glicêmico de cães e gatos

diabéticos. A insulina Ultralenta pode ter absorção subcutânea inadequada ou muito

vagarosa e sua eficácia é ruim. Isso ocorre em aproximadamente 25% dos felinos.

Há alguns meses tem havido dificuldade em se encontrar a insulina Ultralenta no

mercado, embora sua fabricação não tenha sido descontinuada oficialmente.

As insulinas de tipos diferentes têm propriedades farmacológicas distintas. As

diferenças no local de injeção e a resposta individual do paciente podem afetar o

início, pico e duração da sua ação. Em todos os casos, a dosagem deve ser

individualizada e equilibrada com a nutrição e grau de atividade física do animal.

As doses iniciais de insulina variam de 0,25 a 1 U/kg a cada 12 horas. Os

ajustes na insulinoterapia e horários de alimentação são individualizados e baseados

na correção da PU/PD e a manutenção do peso corpóreo ideal, além da

mensuração periódica da glicemia e da avaliação de proteínas glicadas. Quaisquer

recomendações para o tratamento do animal devem ser avaliadas levando em

40

consideração o estilo de vida do proprietário e sua disposição e habilidade em aderir

ao plano de tratamento (DUARTE, 1998).

A terapia com insulina pode ser feita com vários tipos de insulina. A insulina

comercial é classificada de acordo com sua disponibilidade, duração e intensidade

de ação, em seguida à administração subcutânea. Insulina regular ou simples é de

curta duração e indicada nos casos de emergência, como a cetoacidose. Tem ação

imediata após administração intramuscular ou subcutânea. Deve ser usada quando

se consegue determinar a glicemia por meio de um glucômetro para evitar

hipoglicemia iatrogênica.

Além de reter sódio, a relação insulina/glucagon é responsável pela

modulação das enzimas do metabolismo de carboidratos e lipídeos, de modo que

uma alta relação insulina/glucagon, geralmente no período pós-absortivo, exacerba

as vias de síntese de glicogênio e lipídeos, ao passo que uma baixa relação

insulina/glucagon levaria o organismo a ativar vias de liberação de energia como

lipóslise e gliconeogênese. Dessa forma, o animal que conseguir manter a relação

insulina/glucagon predominantemente baixa dificilmente terá problemas, como

obesidade, diabetes, doenças cardíacas e respiratórias (JUNIOR, 2005).

Informações sobre o comportamento glicêmico e insulinêmico pós-prandiais

podem ser de grande interesse no manejo de DM não insulinodependente (o qual

cursa com alteração da tolerância aos carboidratos e ação insulínica), bem como

nas diabetes insulinodependente, pela redução na flutuação glicêmica e

sincronização do aumento da glicose com a administração de insulina (SILVEIRA et

al, 2004).

As insulinas disponíveis no mercado dividem-se quanto à espécie de origem

em animais como suíno, bovina e humana. A insulina de origem bovina apresenta

41

três aminoácidos diferentes da insulina humana, respectivamente com alanina e

valina nas posições 8 e 10 da cadeia A, e com alanina na posição 30 da cadeia B. A

de origem suína apresenta apenas um aminoácido diferente da humana, é a alanina

na posição 30 da cadeia B. As insulinas humanas disponíveis atualmente são

obtidas pela tecnologia do DNA recombinante em bactérias ou fungos como

Escherichia coli e Saccharomyces cerevisae, respectivamente e apresentam uma

seqüência de aminoácidos igual à humana. Podem também ser obtidas pela troca

de aminoácido para transformar a insulina suína na mesma seqüência de

aminoácidos da insulina humana.

Quanto ao tempo de ação, dividem-se em insulina de ação curta,

intermediária, como as insulinas NPH e Lenta, e Ultralenta. Existem ainda os

análogos de insulina com perfil de ação ultra-rápido, representado pelas insulinas

lispro e aspart. O análogo de insulina lispro é obtido pela inversão dos aminoácidos

lisina e prolina nas posições 28 e 29 da cadeia B. Esta mudança diminui a formação

de polímeros, o que torna a preparação insulínica de absorção mais rápida. O

análogo aspart é obtido com a substituição da prolina pelo ácido aspártico na

posição B28, o que torna sua absorção também mais rápida. Análogos de ação

prolongada estão sendo lançados no mercado como a insulina glargina, em que a

substituição da asparagina por glicina na posição A2 1 e a adição de duas moléculas

de arginina na posição B30 torna este análogo uma preparação de ação prolongada

e sem pico (SILVEIRA et al., 2004).

11 COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO DO DIABETES

42

O conhecido fenômeno de Somogyi ocorre devido a administração de altas

doses de insulina. A administração de hiperdosagem de insulina no paciente

provocando uma hipoglicemia geralmente subclínica mais grave, seguida por

hiperglicemia. Quando a concentração de glicose cai para níveis abaixo de 60mg/dl,

diversos mecanismos fisiológicos começam a elevá-la de volta aos níveis normais e

eventualmente, acima do normal. Até a manhã seguinte, a concentração glicêmica

pode estar extremamente elevada - 400-800mg/dl – cães (OLIVEIRA, 2003).

As complicações da insulinoterapia geralmente estão relacionadas com a

persistência ou recidiva de poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso, hipoglicemia

ou qualquer outro sinal sistêmico. As principais complicações podem ser divididas

em quatro fatores:

Hipoglicemia: embora se esteja tratando um quadro de hiperglicemia, não se

deseja ter hipoglicemia. Os sinais de hipoglicemia incluem fraqueza, letargia,

inclinação da cabeça, ataxia, convulsões e coma.

Os sinais clínicos aparecem de acordo com a velocidade de declínio da

glicose plasmática, bem como do grau de hipoglicemia. Geralmente os sinais

aparecem em decorrência de aumentos repentinos na dosagem de insulina, em

animais sob exercício constante e no animal inapetente.

O tratamento consiste na administração de glicose pelo proprietário na forma

de alimento como água açucarada e mel. Devem ser feitos reajustes na

insulinoterapia.

Recidiva dos sinais clínicos: fatores como data de vencimento da insulina,

forma de diluição, forma de administração pelo proprietário, uso de fitas de dosagem

de insulina vencidas e forma de conservação da insulina devem ser pesquisados,

pois podem interferir na resposta à insulinoterapia (OLIVEIRA, 2003).

43

Resistência à insulina: é um problema em que a quantidade normal de

insulina produz resposta subnormal. A suspeita da instalação de resistência

insulínica deve ocorrer quando a dose utilizada para controle glicêmico for maior que

1,5 U/kg e se todas as concentrações glicêmicas forem superiores a 300mg/dl.

A resistência à insulina pode resultar de problemas ocorrentes antes da

interação da insulina com seu receptor, isto é, pré-receptor, problema do receptor ou

em etapas distais à interação da insulina com seu receptor, ou seja, pós-receptor.

Os problemas ocorrentes em pré-receptor reduzem a concentração da insulina livre

metabolicamente ativa, podendo ser aumento da degradação da insulina e a

presença de anticorpos ligadores de insulina. Problemas em receptor são:

alterações na concentração e afinidade de ligação de receptor e anticorpos anti-

receptores da insulina. Os problemas ocorrentes em pós-receptor são de difícil

diferenciação clínica com relação aos problemas de receptor da insulina;

frequentemente ocorre a coexistência de problemas tanto em receptor, quanto em

pós-receptor. Em cães, as anormalidade em pós-receptor são comumente atribuíveis

à obesidade ou a distúrbios causadores de secreção excessiva de hormônios

diabetogênicos (ANDRADE, 2002).

12 PROGNÓSTICO

44

O prognóstico depende de um número de fatores. A recuperação do cão vai

depender da disposição do proprietário em seguir o tratamento, da capacidade do

animal de responder à insulina, da idade do cão no início da doença, da presença de

outras afecções simultâneas e do aparecimento de complicações do diabetes. Com

cuidado e dedicação do proprietário, consultas periódicas e um trabalho de equipe

entre o dono e o médico veterinário, muitos cães diabéticos podem levar uma vida

saúdavel por vários anos (BERNSTEIN, 2004).

13 CONCLUSÃO

45

O DM é freqüente na espécie canina e ocorre mais nas fêmeas do que nos

machos. Em algumas raças como Poodle, Dachshund, Schnauzer anão, Beagle,

Golden Retriever, Spitz, Samoieda, observam-se predisposições genéticas que

favorecem o desenvolvimento da doença.

Clinicamente caracteriza-se pela manifestação de uma síndrome que

apresenta poliúria e polidipsia: o cão urina e bebe mais do que o normal. Esta

síndrome costuma ser acompanhada de emagrecimento, apesar do aumento do

apetite.

A estas manifestações, clássicas, do DM, podem-se acrescentar problemas

cutâneos, em particular alopecia e piodermite; problemas oculares dominados pelo

aparecimento de uma catarata; problemas urinários diferentes da poliúria, que

costumam traduzir-se numa infecção; e, aumento do volume hepático, revelado pela

palpação abdominal.

O acompanhamento da doença nunca se deve basear na pesquisa de açúcar

na urina, pois os erros de interpretação, algumas vezes consideráveis, podem

induzir em erro no tratamento e levar a injetar doses de insulina capazes de

provocar a morte do animal. Uma coleta mensal de sangue permite um

acompanhamento seguro da evolução da doença.

Apesar do melhor conhecimento dos mecanismos do DM no cão e dos

exames modernos, o tratamento da doença no cão continua sendo difícil, exige

muita atenção por parte do veterinário e, principalmente, do dono, que será obrigado

a aplicar, todos os dias, a injeção de insulina e a dar comida em horários

determinados. Infelizmente, existem muitos fatores capazes de quebrar o equilíbrio

estabelecido. Portanto, é um tratamento que exige perseverança.

46

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