insuficiÊncia renal crÔnica em pequenos … · senilidade, febre, septicemia, hepatopatias,...

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM PEQUENOS ANIMAIS Carolina Bellodi Rio de Janeiro, ago. 2008

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM PEQUENOS

ANIMAIS

Carolina Bellodi

Rio de Janeiro, ago. 2008

CAROLINA BELLODI

Aluna do curso de especialização do Instituto Qualittas-UCB

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Trabalho monográfico de conclusão do curso de

especialização (TCC), apresentado à UCB como

requisito parcial para obtenção do título de

especialista em Clínica Médica de Pequenos

Animais, sob orientação da Prof. Dr.Francis

Flossi

Rio de Janeiro, ago. 2008

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Elaborado por Carolina Bellodi

Aluna do curso de especialização Qualittas-UCB

Foi analisado e aprovado com grau .......................

Rio de Janeiro, de de .

_________________________________

Membro

__________________________________

Membro

___________________________________

Membro

Rio de Janeiro, ago. 2008

Dedico este trabalho primeiramente à DEUS e aos

meus pais por terem me proporcionado tanto carinho

nas horas que mais precisei.

Agradeço novamente à minha família,

pelas horas difíceis em que passamos, aos

meus novos amigos e professores.

Para adquirir conhecimento é

preciso estudar, mas para

adquirir sabedoria é preciso

observar.

(Marlin Vos Savant)

Resumo

A insuficiência renal crônica (IRC) é uma patologia freqüente em nossos animais de

estimação, sendo definida como uma falência renal, que persiste por um período

prolongado de tempo, de meses a anos, que independente da causa primaria apresenta

lesões renais irreversíveis causando o declíneo de sua função. Devido a essa elevada

casuística e pela verificação da progressão e morte dos animais, o referido tema despertou

grande interesse. Visto que doenças como Erlichiose, Leptospirose, Cinomose,

Leishmaniose Visceral Canina entre outras, são cada vez mais diagnosticadas em nosso dia

a dia buscou-se essa necessidade. O objetivo principal deste trabalho é enfatizar o

diagnóstico precoce e demonstrar as armas possíveis para evitar a progressão da doença

para a fase terminal, preservando a função renal residual e mantendo a qualidade de vida

dos animais afetados

SUMÁRIO

Página

Epígrafe...........................................................................................................i

Resumo............................................................................................................ii

Considerações Iniciais......................................................................................1

Etiologia...........................................................................................................2

Causas potenciais de insuficiência renal em cães e gatos................................3

Patogenia..........................................................................................................6

Sinais Clínicos..................................................................................................8

1. Sistema Digestório............................................................................8

2. Sistema Urinário...............................................................................10

3. Sistema Cardiovascular....................................................................11

4. Complexo Neuromuscular................................................................11

5. Oculares.............................................................................................12

6. Hemorrágicos....................................................................................12

Achados Laboratoriais......................................................................................13

Tratamento........................................................................................................18

Diagnóstico........................................................................................................33

Conclusão..........................................................................................................34

Anexos...............................................................................................................36

Anexo I..............................................................................................................37

Anexo II..........................................................................................................38

Refêrencias Bibliográficas..............................................................................40

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A insuficiência renal pode ocorrer de duas maneiras, como insuficiência renal aguda

(IRA) ou insuficiência renal crônica (IRC) (POPPL; GONZÁLEZ; SILVA, 2004). Sendo

que a IRC é a forma de maior prevalência da afecção renal em cães e gatos (BROWN et al,

1997; POLZIN et al, 1997). A insuficiência renal ocorre quando aproximadamente 75% dos

néfrons de ambos os rins não funcionam adequadamente (NELSON; COUTO, 2001). Na

IRA os sinais clínicos referentes a azotemia não são identificáveis, isto é devido à

capacidade de reserva dos rins, proporcionando menores conseqüências para o animal. No

estagio final da IRC, são identificados sinais clínicos da uremia e esta associada com

elevada mortalidade (BROWN et al, 1997). A IRA resulta de redução súbita da taxa de

filtração glomerular (TFG) e de acumulo de substancias nitrogenadas no sangue (azotemia),

geralmente causadas por agentes nefrotóxicos ou por comprometimento do fluxo sanguíneo

renal, podendo ser reversível (NELSON; COUTO, 2001; POPPL; GONZALEZ; SILVA,

2004). Quando o quadro clínico esta instalado sendo lesão renal primária, a função renal

tende a se estabilizar por um período, tendo que ser observada e tratada, pois progride

constantemente por semanas e as vezes meses, contribuindo assim para a instalação do

quadro de insuficiência renal crônica (IRC) (GIOVANNI, 2003). Essa por sua vez, deixa a

função renal estável, podendo progredir, e é freqüentemente caracterizada como uma

patologia irreversível. O tratamento tem como objetivo reduzir as conseqüências clínicas de

um funcionamento inadequado dos rins e diminuir o acometimento de áreas inalteradas.

Não existe tratamento capaz de corrigir certas lesões renais já ocorridas, pois são

irreversíveis e este nobre órgão não tem o poder de sofrer regeneração. A IR foi

identificada com maior freqüência nos gatos da raça Maine Coon, Abissínio, Siamês,

Russian Blue e Birmanes ( POLZIN et al, 1997). A incidência de IR tem correlação

positiva com a idade do animal. O diagnóstico da patologia ocorre com maior freqüência

entre 6 a 7 anos em cães e entre 7 a 8 anos em gatos (LUSTOZA; KOGIKA, 2003). A IR é

aparentemente mais freqüente em gatos do que em cães (BROWN, et al, 1997).

ETIOLOGIA

A etiologia da IRC pode ser congênita, familiar ou adquirida (LUSTOZA,

KOGIKA, 2003). A suspeita das causas congênitas ou familiares é evidenciada de acordo

com a raça, história familiar, idade de surgimento da afecção ou da IR, ou através de

achados radiográficos e ultra-sonográficos, como por exemplo, na patologia renal

policística em gatos (POLZIN, et al, 1997). A insuficiência renal adquirida pode resultar de

lesões glomerulares, tubulares, intersticiais e ou da vasculatura renal (POLZIN, et al, 1997),

que podem ser devidos a fatores pré-renais (fluxo reduzido – POPPL, GONZALEZ;

SILVA, 2004; da hipertensão sistêmica – BROWN, et al, 1997) de fatores renais

(glomerulonefrite, pielonefrite) e pós-renais (obstrução do trato inferior – POPPL,

GONZALEZ; SILVA, 2004). Os rins podem manter uma pressão adequada por mecanismo

de auto regulação, desde que a pressão arterial exceda 60mmHg (NELSON; COUTO,

2001). A localização da lesão pode ser verificada através de exames laboratoriais como

urinálise, mensuração das enzimas Gama-glutamiltranspeptidase (GGT), N-acetil-beta-D-

glicosaminidase (NAG) (GRAUER; LENE, 1997) e biopsias renais detectando lesões sem

estagio inicial da doença (POLZIN, et al, 1997). A enzima GGT e NAG urinaria

demonstraram ser indicadores sensíveis de lesão tubular. Estas enzimas estão presentes nos

túbulos proximais dos néfrons e normalmente um aumento de duas a três vezes superior ao

valor basal o que indica lesão do epitélio tubular. Em afecções causadas pela administração

da gentamicina, o primeiro marcador da lesão e disfunção renal foi o aumento de GGT

urinária. Em um outro estudo realizado o aumento da NAG correlacionou-se com as lesões

morfológicas presentes, detectando antes do início da azotemia. A urina devera ser coletada

por 24 horas para detecção quantitativa apropriada das enzimas (GRAUER; LANE, 1997).

Entretanto, uma lesão glomerular grave resulta no aumento da filtração glomerular das

enzimas séricas, promovendo a enzimúria (GRAUER; LANE, 1997).

Existem ainda diversos fatores predisponentes e ou desencadeantes como

senilidade, febre, septicemia, hepatopatias, diabetes mellitus, uso de aminoglicosideos

(gentamicina) e AINES (antiinflamatórios não esteroidais), anestésicos, nefrotoxinas e

intoxicação por metais pesados (POPPL, GONZALEZ; SILVA, 2004). As principais

causas de IRC são os distúrbios glomerulares primários (NELSON; COUTO, 2001).

Causas potenciais de insuficiência renal em cães e gatos

• Distúrbios imunológicos

Lupus eritematoso sistêmico

Glomerulonefrite

Vasculite (peritonite infecciosa felina PIF)

• Amiloidose

• Neoplasia

Primaria

Secundaria (NELSON; COUTO, 2001).

• Substâncias nefrotóxicas

Antimicrobianos

Aminoglicosideos

Cefalosporinas (GRAUER; LENE, 1997; NELSON; COUTO, 2001).

Quinolonas

Nafcilina (NELSON; COUTO, 2001).

Polimixinas

Sulfonamidas

Tetraciclinas

Antifúngicos

Anfotericina B

Anti-helminticos

Tiacetarsamida (GRAUER; LENE, 1997; NELSON; COUTO, 2001).

Analgésicos

Piroxicam

Naproxeno (NELSO; COUTO, 2001).

Acetaminoprofeno

Aspirina (GRAUER; LANE, 1997).

Fenilbutazona

Ibuprofeno (POLZIN et al, 1997; NELSON; COUTO, 2001).

Metais pesados

Chumbo

Mercúrio

Cádmio

Cromo (GRAUER; LANE, 1997; NELSON; COUTO, 2001).

Arsênico

Tálio (GRAUER; LANE, 1997).

Compostos orgânicos

Etilenoglicol

Tetracloreto de carbono

Clorofórmio

Pesticidas

Herbicidas

Solventes

Pigmentos

Hemoglobina

Mioglobina

Agentes intravenosos

Contrastes radiográficos

Quimioterápicos

Cisplatina

Metotrexato

Doxorrubicina (GRAUER; LANE, 1997; NELSON; COUTO, 2001).

Adriamicina

Azatioprina (GRAUER; LANE, 1997).

Anestésicos

Meoxiflurano (GRAUER; LANE, 1997; NELSON; COUTO, 2001).

Diversos

Hipercalemia (NELSON; COUTO, 2001).

Veneno de serpente (GRAUER E LENE, 1997; NELSON; COUTO, 2001).

Veneno de abelha

Quelantes

Penicilamina (GRAUER; LANE, 1997).

• Isquemia renal

Desidratação

Hemorragia

Hipovolemia

Anestesia profunda

Hipotensão

Sepse

AINE (redução da formação renal de prostaglandina)

Hipertermia

Hipotermia

Queimaduras

Traumatismo

Trombose vascular renal

Microtrmbos

Reações transfusionais

• Causas inflamatórias ou infecciosas

Pielonefrite

Leptospirose

Urólitos renais

• Distúrbios hereditários congênitos

Hipoplasia ou displasia renal

Rins policísticos

Nefropatia familiar (Lhasa Apso, Shih Tzu, Elkhound Norueguês, Rottweiller,

Montanhês da Berna, Chow Chow, Newfoundland, Bull Terrier, Pembroke

Welsh Corgi, Shar pei Chinês, Doberman, Pincher, Salmoyeda, Golden

Retriver, Poodle Standard, Softcoated Wheaten Terrier, Cocker Spaniel,

Beagle, Keeshound, Bedlington Terrier, Basenji, Gatos Abissinios)

• Obstrução das vias de excreção urinárias

• Idiopáticas (NELSON, COUTO, 2001).

PATOGENIA

A incapacidade de identificação da causa primaria da IR é devida à

interdependência funcional de estruturas renais. A interdependência é observada através de

uma lesão inicial em determinada localização do néfron que progride para as estruturas

adjacentes, ocasionando alterações morfológicas e sinais clínicos semelhantes a patologias

divergentes. Então, uma lesão irreversível progressiva acometendo determinada região do

néfron, será responsável pela danificação das partes remanescentes inicialmente inalteradas

(NELSON; COUTO, 2001; POLZIN et al, 1997). Exemplos desses processos são as lesões

primárias glomerulares progressivas que causam hipoperfusão dos capilares peritubulares

que promoverão hipertrofia, degeneração, necrose tubular, e posteriormente (POLZIN et al,

1997) reparo por tecido conjuntivo fibroso (NELSON; COUTO, 2001). Da mesma forma

uma pielonefrite progressiva generalizada acarretará nas mesmas alterações morfológicas,

portanto verifica-se que ao avaliar um animal com doença generalizada avançada, o

estabelecimento da etiologia será praticamente impossível através do exame

histopatológico (POLZIN et al, 1997). As alterações funcionais e estruturais podem ser

identificadas nas primeiras fases das doenças renais progressivas generalizadas, podendo

determinar a etiologia e ou a localização da lesão inicial em uma ou mais estruturas dos

néfrons. Após a injuria renal são observadas alterações compensatórias e adaptativas como

hipertrofia e hiperplasia dos néfrons parcialmente e totalmente normais ( POLZIN et al,

1997), no entanto, quando os néfrons hipertrofiados não conseguem mais manter a função

renal adequada, ocorre IR (NELSON; COUTO, 2001). Após um determinado período,

essas são substituídas por alterações destrutivas de gravidade variável como atrofia,

inflamação, fibrose e mineralização. Essas alterações microscópicas e macroscópicas

impossibilitam a identificação etiológica, por serem comuns a diversas patologias em

estagio avanço (POLZIN et al, 1997). As mudanças adaptativas compensatórias ocorridas

no inicio da injuria renal podem reduzir ou elevar a TFG. Quando excessivas ou mal

adaptativas provocam feedback positivo sobre a disfunção renal, ou seja, promovem um

circulo vicioso. A estabilidade da TFG não detém a progressão da injuria, representa o

equilíbrio entre os fatores adaptativos (BROWN et al, 1997). As alterações adaptativas que

aumentam a TFG predominam na fase inicial e fatores que reduzem a TFG predominam na

fase tardia da doença. A progressão da doença para fase terminal da IRC foi verificada

quando o limiar das alterações sofreu redução abrupta da massa renal desenvolveram severa

disfunção renal e apresentaram evolução para uremia, mas não foram todos os animais que

obtiveram a progressão, apenas aproximadamente 50% destes. A minoria dos animais

submetidos a nefrectomia leve a moderada desenvolveu doença renal progressiva. Foi

observado que uma leve IR favorece o aumento TFG (BROWN et al, 1997). Para ocorrer

progressão pra a fase final da IRC não é necessário estar ativa a causa responsável pelo

inicio da afecção (FINCO et al, 1999; POLZIN et al, 1997). A afecção renal ativa responde

ao tratamento e sempre devera ser diagnosticada e tratada, pois contribui para a progressão

da IRC. As afecções renais responsivas à terapia específica são: pielonefrite séptica,

obstrução urinária crônica, nefrolitíase, linfoma renal felino e algumas alterações

imunomediadas (POLZIN et al, 1997). A inflamação renal provocada pela deposição de

imunocomplexos é uma das varias causas da progressão da doença, esta pode ser controlada

através do uso de antiinflamatórios e ácidos graxos poliinsaturados – ômega-3 (BROWN,

2002). A progressão da doença é induzida quando há leve azotemia, apresentando

concentração sérica de creatinina de 2 a 4 mg/dl (FINCO, 1999). A IRC pode provocar

pancreatite urêmica, onde é verificado aumento na atividade sérica da amilase e lipase

pancreáticas (POPPL, GONZALEZ, SILVA, 2004).

SINAIS CLÍNICOS

A disfunção renal incipiente é caracterizada por fatores compensatórios, então não

há azotemia. A TFG declina lentamente e após alguns meses surgem os sinais clínicos

(BROWN, 2002). Os sinais clínicos iniciais e evolutivos podem variar dependendo da

natureza, gravidade, duração, velocidade da progressão, presença de outra patologia não

relacionada, idade, espécie e administração concomitante de medicamentos. A anorexia é

geralmente a primeira anormalidade observada pelos proprietários (POLZIN et al, 1997). A

desidratação, anorexia, depressão e perda de peso são geralmente os sinais mais freqüentes

em gatos, entretanto a poliúria e a polidpsia compensatória são os principais sinais clínicos

observados nos cães. Isso ocorre devido ao tipo de vida dos felinos e pela maior capacidade

de concentrar a urina observada nessa espécie (SPARKES, 1992). Geralmente a uremia é o

estagio clinico final no qual todas as alterações progressivas generalizadas confluem

(POLZIN et al, 1997).Com o comprometimento de excreção de substancias tóxicas através

dos rins, ocorre um acumulo de componentes nitrogenados não protéicos, na circulação

sanguínea e assim os achados clínicos e laboratoriais na ICR refletem o estado urêmico do

paciente, dando característica polissistemica a IRC, com o comprometimento de diversos

sitemas.

1. SISTEMA DIGESTÓRIO

As alterações gastrintestinais são as mais comuns e importantes da uremia. A anorexia e

redução do peso são achados comuns e inespecíficos, que podem ser um dos sinais

precoces da uremia.

A causa da anorexia é multifatorial:

Poliúria e polidpsia descompensada: causada pela redução da reabsorção tubular de

água e vomito acarretando em desidratação e anorexia

Hipocalcemia decorrente da deficiência da reabsorção tubular do potássio e ingestão

inadequada de potássio, levando a anorexia, astenia muscular, vomito crônico e nefropatia.

Acidose metabólica devida à deficiência da filtração glomerular de catabolitos ácidos,

da secreção tubular do íon hidrogênio e da reabsorção tubular de bicarbonato, provocando

anorexia, vomito, hipocalcemia e desmineralização óssea.

Anemia arregenerativa basicamente causada pela deficiência da produção renal de

eritropoitina acarretando em anorexia, astenia e intolerância ao frio.

Hipergastrinemia decorrente da redução da eliminação renal de gastrina sérica, levando

a anorexia, vomito decorrente da hiperacidez.

Hiperparatormonemia devido ao hiperparatireoidismo secundário renal causando

interferência na liberação de insulina que por sua vez provoca hiperglicemia leve e

conseqüentemente inapetência

Retenção de substancias catabólicas (guanidinas) causando estimulação de

quimiorreceptores do centro bulbar do vomito, promovendo anorexia.

Retenção de uréia decorrente da redução da filtração glomerular e da degradação de

uréia a amônia por bactérias orais produtoras de urease (especialmente no tártaro) levando a

estomatite cáustica

O apetite também pode estar reduzido devido a maior seletividade, e, além disso, pode

ser intermitente ao longo do dia. A reeducação do peso é provocada pela ingestão

inadequada de calorias, pelos efeitos catabólicos da uremia e pela má absorção intestinal

urêmica. O vomito é freqüente nos casos de uremia. As toxinas urêmicas estimulam o

centro do vomito no bulbo. Apesar de ser uma boa manifestação precoce de IRA, o vomito

pode não estar presente até os estágios mais avançados da IRC, principalmente se o

tratamento clinico reduziu os sinais sistêmicos, mas geralmente a gravidade dos episódios

tem correlação positiva com a azotemia. O vomito é mais freqüente em cães do que em

gatos. A hematemese é devida à gastrite urêmica e pode ser ulcerativa (POLZIN et al,

1997). A gastropatia urêmica é causada por vários fatores como, o aumento da secreção de

acido clorídrico (HCL), erosões causadas pela amônia produzida através da uréase

bacteriana, alterações vasculares acarretando em isquemia, reconstituição inadequada da

mucosa gástrica, refluxo biliar devido à disfunção pilórica que pode ser provocada

indiretamente pelo aumento da gastrina sérica. A elevação da gastrina sérica estimula as

células parietais da mucosa gástrica a secretarem maiores quantidades de hidrogênio por

um período prolongado. A hiperpalidez causa inflamação, ulceração, hemorragia gástrica e

o contato do acido clorídrico e da pepsina com a mucosa provoca liberação de histamina

estimulando novamente as células parietais. A IRC grave pode provocar estomatite urêmica

principalmente causada pela amônia, caracterizada por ulcerações, coloração acastanhada

da língua, necrose e esfacelamento da parte rostral da língua, hálito urêmico e ressecamento

das mucosas ou xerostomia. Os pacientes com IRC grave podem apresentar diarréia

causada por enterocolite urêmica, mas é menos comum que a gastrite. Geralmente é

hemorrágica e que inicialmente pode ser indetectavel. A intussuscepção é uma complicação

da enterocolite. Nos felinos a complicação mais comum é a constipação, que também pode

ser um sinal inicial de desidratação (POLZIN et al, 1997).

2. SITEMA URINÁRIO

A simples presença isolada de oligúria ou poliúria não determina o tipo de IR, pois pode

haver IRA não oligúria e a poliúria pode estar sinalizando o inicio da lesão renal.

Determinados cães que foram tratados com gentamicina ou cisplatina desenvolveram IRA e

apresentaram poliúria (GRAUER; LANE, 1997).

A poliúria, polidpsia e algumas vezes a noctúria são as primeiras manifestações da IRC

que são provocadas pela incapacidade de concentrar a urina, é devida a vários fatores como,

alteração da arquitetura medular, do sistema contra corrente e resposta deficiente ao

hormônio antidiurético (ADH). Esse ultimo pode ser causado pelo aumento da velocidade

do fluxo tubular prejudicando a reabsorção de liquido e pela redução da permeabilidade a

água na parte distal do néfron em animais urêmicos.

A polidpsia é um mecanismo compensatório a poliúria e quando a ingestão de liquido

não acompanha a perda urinaria ocorre desidratação (POLZIN et al, 1997).

3. SISTEMA CARDIOVASCULAR

Hipertensão Arterial

A hipertensão arterial é uma das complicações mais comuns da IRC. Os cães que

apresentam distúrbios glomerular parecem ser mais predispostos à hipertensão.

A hipertensão pode ser verificada facilmente quando existem manifestações oculares,

caso contrario geralmente não é percebida. A hipertensão arterial é multifatorial, causada

pela retenção de sódio (Na) através da avaliação do sistema renina-angiotensina-

aldosterona, pelo aumento do volume do liquido extra celular (LEC), pela elevação da

norepinefrina, redução da atividade de vasodilatadores intrínsecos, aumento do debito

cardíaco (DC), elevação da resistência vascular periférica total e pelo hiperparatireoidismo

secundário renal. O aumento continuo da pressão arterial acarreta em lesões graves de

pequenas artérias e arteríolias, provocando isquemia e hemorragias renais, oculares,

cardiovasculares e cerebrais (POLZIN et al, 1997). A hipertensão arterial ocorre em 60 –

70% dos gatos com IRC (SPARKES, 1992) e em 58 – 93% dos cães com a mesma

patologia (FIORAVANTI, 2002).

Alterações cardíacas

Alterações cardíacas decorrentes da hipertensão arterial podem ser comuns, dentre elas

cita-se a hipertrofia do ventrículo esquerdo e insuficiência cardíaca que ocorre somente

quando há distúrbio cardíaco pré existente.

4. COMPLEXO NEUROMUSCULAR

Os pacientes urêmicos podem apresentar apatia, letargia, sonolência, tremores,

desequilíbrio, mioclonia, convulsões, estupor e coma.No inicio da uremia os pacientes

podem apresentar depressão e em alguns casos estupor, coma ou convulsão. Nos

pacientes com IRC avançada os sinais neurológicos podem ser episódicos, variando de um

dia para o outro (POLZIN et al, 1997). A maioria dos sinais clínicos neurológicos parece

ser causada pelos efeitos das toxinas urêmicas ou do hiperparatireoidismo. A hipocalcemia

pode provocar tremores, mioclonia e tetania. Em seres humanos foi verificada uma

encefalopatia hipertensiva relacionada ao aumento grave e agudo da pressão arterial e à

hemorragia cerebral, causando sinais agudos de episódios convulsivos, alterações

comportamentais, déficits isolados de nervos cranianos e morte. As conseqüências mais

comuns de hipocalemia em gatos são anorexia e a redução do funcionamento renal

(POLZIN et al, 1997). A hipocalcemia pode provocar polimiopatia hipocalcemia

especialmente em gatos, caracterizada por ventroflexão cervical, dificuldade na

deambulação (POLZIN et al, 1997; SPARKES, 1992) podem apresentar também astenia

muscular flácida generalizadas e leves arritmias. As toxinas urêmicas derivadas da

proteína alimentar causam disfunção muscular devido à redução do potencial de membrana

das fibras musculares (POLZIN et al, 1997).

5. OCULARES

O exame de fundo de olho devera ser realizado em todos os pacientes com IRC para

verificar a existência da hipertensão arterial. Os achados oftalmoscópicos podem ser:

redução de reflexos pupilares, papiledema, tortuosidade das artérias retinianas (POLZIN et

al, 1997), hemorragia e descolamento da retina (BROWN, 2002; POLZIN et al, 1997). A

retinopatia ocorre devido à hipertensão prolongada da vasculatura retiniana, provocando

vasoconstrição continua das arteríolas locais. Entretanto esse evento promove oclusão das

arteríolas podendo acarretar em isquemia e conseqüentemente degeneração da retina. A

degeneração das células vasculares leva a transudação de plasma e sangue para os tecidos

subjacentes. A uremia avançada comumente é observada congestão dos vasos da esclera e

conjuntiva (POLZIN, et al, 1997).

6. HEMORRÁGICOS

A uremia também pode ser caracterizada por contusões, hemorragias do trato

digestório, sangramento gengival ou por hemorragias subseqüentes a punção venosa. A

hemorragia do trato digestório pode acarretar em perdas sanguíneas significativas, levando

à anemia e a exacerbação da azotemia e uremia. A hemorragia é devido à alteração do

funcionamento das plaquetas e de anormalidades da interação entre plaquetas e ou parede

vascular, sem, no entanto haver alteração na quantidade de plaquetas e nos fatores da

coagulação. Em seres humanos o teste de tempo de sangramento é indicado como melhor

prova de triagem para avaliação de pacientes urêmicos ou com tendência hemorrágica.

ACHADOS LABORATORIAIS

• Acidose metabólica

A maioria dos gatos com IRC apresenta acidose metabólica, que ocorre devido à

incapacidade dos rins em excretar hidrogênio e reabsorver bicarbonato através dos túbulos

renais. À medida que a quantidade de massa renal funcional diminui no paciente com IRC,

a excreção do hidrogênio permanece mantida pelo aumento da quantidade de amônio

excretado pelos néfrons sobreviventes. Mas, a capacidade de excretar amônia é perdida

devido a características progressiva da doença, acarretando em acidose metabólica

(POLZIN et al, 1997). Teoricamente dietas hipoproteicas reduzem a quantidade de amônia

disponível para a excreção do hidrogênio, mas na pratica o que ocorre é a minimização da

acidose (FIORAVANTI, 2002). A dieta é muito importante porque pode provocar o

desenvolvimento da acidose. A constituição dos aminoácidos da dieta interfere no pH final

da parte absorvida. Na acidose metabólica crônica iatrogênica foram observadas varias

alterações como, aumento da excreção urinaria de cálcio (Ca), desmineralização óssea,

hipocalcemia, afecção renal e depleção de taurina (POLZIN et al, 1997). A acidose

metabólica pode causar catabolismo protéico mediado pelo cortisol, provocando

desnutrição protéica. Isso ocorre com intuito de aumentar a fonte de nitrogênio (N) para a

síntese hepática de glutamina, que é o substrato para a formação de amônia renal e

subseqüente excreção de hidrogênio. Existem varias outras causas de desnutrição protéica,

dentre elas cita-se a hiporexia, excessiva restrição protéica na dieta, disfunção hormonal e

metabolismo energético anormal (POLZIN et al, 1997). A amoniagenese renal pode ativar a

cascata do complemento provocando novas lesões renais (BROWN, 2002). A uremia pode

levar a redução da síntese protéica, esses efeitos combinados com a proteólise da acidose

provocam elevação do nitrogênio sanguíneo derivado da uréia (BUN). A alcalinização

reverte à degradação protéica associada à acidose. Os pacientes com equilíbrio acido básico

normal apresentam boa resposta à dieta hipoproteica, mas quando a acidose esta presente

isto pode ser prejudicial.

• anemia

A anemia tende a ser normocítica normocromica arregenerativa progressiva em pacientes

com IRC moderada à avançada. Os sinais clínicos da anemia são: mucosas hipocromicas,

fadiga, apatia, astenia e anorexia. O grau da anemia varia de acordo com a idade, espécie,

etiologia renal, afecções concomitantes, entretanto a gravidade e progressão da anemia

correlacionando-se com o grau de IR. Apesar da anemia ser multifatorial, a diferença de

eritropoitina é a principal causa apontada. Os fatores que contribuem para esse sinal clinico

são: redução do tempo de vida dos eritrócitos, deficiência nutricional, substancias

inibitórias da eritropoiese no plasma urêmico, perda de sangue e mielofibrose. Os rins

sintetizam eritropoitina em resposta a hipóxia tecidual intra-renal causada pela redução da

capacidade do transporte de oxigênio ou pela redução da concentração de oxigênio, ou seja,

anemia e hipóxia respectivamente (POLZIN et al, 1997). Muitos pacientes com IRC

apresentam deficiência relativa de eritropoitina, visto que os níveis plasmáticos estão

reduzidos, mas dentro da normalidade, quando comparados a pacientes com o mesmo grau

de anemia não são urêmicos. A redução da massa renal, a alteração do local de interação

entre o estimulo hipóxico e a resposta, e o aumento da proteólise plasmática, foram

hipóteses propostas para esclarecimento da deficiência da eritropoitina.

• Azotemia

O termo azotemia refere-se ao excesso de uréia, creatinina e outros compostos

nitrogenados no sangue. A redução da TFG promove o acumulo de compostos nitrogenados

no sangue, pois os produtos da degradação protéica não são filtrados pelos rins. Essa

retenção pode ser agravada ainda mais pela deficiência secretória tubular, por fatores que

levam a hipoperfusão renal, pelo aumento do catabolismo protéico e pela produção de

alguns compostos como a guanidinas (sintetizadas quando a dieta é hipoproteica). Acredita-

se que os catabolitos protéicos contribuam significativamente para a produção dos sinais

clínicos urêmicos e para as anormalidades laboratoriais. A uréia formada pelo nitrogênio,

derivado do catabolismo dos aminoácidos. Esta substancia pode ser excretada pelos rins,

retida no liquido corporal ou metabolizada em amônia e dióxido de carbono pelas bactérias

no trato digestório. A mensuração do BUN é importante porque esta relacionada com a

quantidade de proteína dietética e na IR correlaciona-se os sinais clínicos da uremia, isto é,

o BUN pode ser considerado como uma medida das toxinas urêmicas retidas, e sua redução

é o objetivo do tratamento. É interessante enfatizar que a elevação moderada do BUN não

está associada com sinais urêmicos quando a função renal esta normal. A avaliação do

BUN deve ser utilizada simultaneamente com a creatinina, principalmente em pacientes

que estejam consumindo dietas hipoproteicas. A relação BUN e creatinina sérica devera

declinar ao reduzir a proteína alimentar. O aumento dessa relação em pacientes que estão

consumindo dietas hipoproteicas pode sugerir pouca cooperação na ingestão das refeições,

aumento do catabolismo das proteínas, hemorragia do trato digestório, desidratação ou

redução da massa muscular (POLZIN et al, 1997). O aumento da concentração do BUN

também pode ser provocado por hemorragias do trato digestório, pelo aumento do

catabolismo protéico quando há infecção, pirexia, queimaduras e inanição, pela redução do

DU (debito urinário) nos casos pré-renais, como na desidratação, por exemplo, pelo uso de

certos medicamentos como corticóides e azatioprina, por aumentarem o catabolismo

protéico e pela tetraciclina porque reduz a síntese de proteínas. A concentração do BUN

pode estar diminuída nos casos de desvio portossistêmico, insuficiência hepática e no

fornecimento de dietas hipoproteicas. A detecção isolada do BUN não é medida confiável

para determinara TFG, visto que existem varias interferências extra-renais. A determinação

da creatinina sérica é mais precisa para a avaliação da função renal. A creatina é um

produto da degradação da fosfocreatina muscular e é excretada quase que exclusivamente

pela filtração glomerular. A produção diária de creatinina é determinada pela massa

muscular do paciente, uma vez que pacientes muito musculosos ou com massa muscular

reduzida podem apresentar função renal subestimada causada pela maior produção sérica

de creatinina ou superestimada respectivamente (POLZIN et al, 1997).

• Hiperfosfatemia

A hiperfosfatemia é uns dos distúrbios regulatórios mais comuns da IRC e não é

observada em pacientes com afecções renais não azotêmicos (POLZIN et al, 1997). Mas

segundo outro autor a dosagem sérica de fósforo é um indicativo precoce de alteração renal

e estará elevado antes da ocorrência da azotemia (POPPL; GONZÁLES; SILVA, 2004). O

fósforo é absorvido pelo trato digestório e excretado principalmente pelos rins. Se a

quantidade de fósforo ingerido permanecer constante e houver redução da TFG ocorrera

retenção do mesmo e hiperfosfatemia. Nos estágios iniciais da insuficiência renal a

concentração sérica de fosfato é normal, porque ocorre um aumento compensatório na

excreção de fosfato pelos néfrons residuais. Essa adaptação é realizada pelo

hiperparatireoidismo secundário renal, o aumento do paratormônio (PTH) favorece a

excreção renal de fosfato através da redução da sua absorção no túbulo proximal. Quando a

TFG declina abaixo 20% do normal, este efeito adaptativo torna-se esgotado, ocorrendo

então a hiperfosfatemia. A concentração sérica de fósforo acompanha paralelamente a

concentração do BUN (POLZIN et al, 1997).

• Hiperparatireoidismo secundário renal

A osteodistrofia fibrosa renal é a manifestação mais comum do

hiperparatireoidismo, acomete com maior freqüência pacientes jovens, porque o osso em

crescimento, metabolicamente ativo, é susceptível aos efeitos do PTH. Os ossos do crânio

são mais afetados pela desmineralização, onde os tentes tornam-se moveis e a mandíbula

pode ficar encurvada ou distorcida, devido à proliferação de tecido conjuntivo. As fraturas

patológicas são raras e quando ocorrem geralmente afetam a mandíbula. A osteodistrofia

renal grave pode provocar também descalcificação do esqueleto, lesões ósseas císticas,

dores ósseas e retardo do crescimento. A calcificação de tecidos moles é outra complicação

do hiperparatireoidismo e da hiperfosfatemia. Este problema não é raro em cães e gatos

com IRC, e afeta com maior freqüência os pulmões, rins, artérias, estomago e o miocárdio.

A deficiência de calcitriol é fundamental para o desenvolvimento do hiperparatireoidismo,

pois é uma vitamina que limita a síntese de PTH (POLZIN et al, 1997). O calcitriol é

formado através da ação enzimática da 1-alfa-hidroxilase renal, promovidos pela ação do

PTH (BROWN, 2002). Inicialmente o hiperparatireoidismo aumenta a atividade da 1-alfa-

hidroxilase, restaurando assim os níveis fisiológicos de calcitriol. Entretanto, devido à

característica progressiva da IRC, células tubulares renais residuais tornam-se inviáveis e

acabam limitando a capacidade de síntese do calcitriol e, subseqüentemente, os seus níveis

tornam-se baixos. A deficiência de calcitriol provoca resistência do esqueleto ao PTH e

persistência de sua secreção, mesmo quando as concentrações plasmáticas de cálcio

ionizado estão normais ou elevadas (POLZIN et al, 1997). O hiperparatireoidismo funciona

como uma “toxina urêmica” (BROWN, PLOZIN et al, 1997) promovendo efeitos tóxicos

no cérebro caracterizando por apatia e letargia (POLZIN et al, 1997) e contribuindo para a

progressão da doença (BROWN, 2002). Provoca também a imunossupressão

(CAVALCANTI; SOUZA, 2004; POLZIN et al, 1997) relacionada com a redução da

fagocitose (CAVALCANTI; SOUZA, 2004), disfunção do miocárdio e da musculatura

esquelética, redução do apetite e do metabolismo de energia (POLZIN et al, 1997).

• Hipocalemia

A hipocalemia é freqüente nos gatos e menos observada nos cães, sendo

considerada como aplicação hiatrogênica da fluidoterapia nessa ultima espécie (POLZIN et

al, 1997). Para alguns autores a hipocalcemia não é freqüente em pacientes com IRC

poliúrica e recomendam dietas com conteúdo normal de potássio (FIORAVANTI, 2002). O

potássio exerce duas funções principais: atua no metabolismo celular e no potencial de

membrana. Devido a este ultimo é que os sinais clínicos se manifestam como disfunção

neuromuscular. A hipocalcemia aumenta a magnitude do potencial em repouso,

hiperpolarizando a membrana celular e tornando-a menos sensível aos estímulos excitantes.

Os sinais clínicos podem ser astenia muscular generalizada e dor associadas a polimiopatia

hipocalcemica. A atividade da creatinina quinase (CK) pode estar elevada nos casos de

polimiopatia hipocalcemica. A alteração no metabolismo celular provoca redução da

síntese protéica, refletindo na perda de peso (POLZIN et al, 1997). A deficiência crônica de

potássio em gatos com IRC pode induzir declínio funcional reversível na velocidade de

filtração glomerular (POLZIN et al, 1997; FIORAVANTI, 2002), pois se verificou

melhoria da função renal após a suplementação de potássio (POLZIN et al, 1997;

SPARKES; FIORAVANTI, 2002). Os mecanismos envolvidos no desenvolvimento da

hipocalcemia em gatos com IRC não foram elucidados. Não foi verificado se as perdas

urinarias de potássio provocam hipocalcemia. A ingestão inadequada de potássio, dietas

acidificantes e dietas com baixo teor de magnésio parecem demonstrar ser um fator

importante na promoção da hipocalcemia. A quantidade de potássio requerida é diretamente

proporcional à quantidade protéica alimentar (POLZIN et al, 1997). A hipocalcemia pode

ser uma causa e não conseqüência da IRC em gatos (POLZIN et al, 1997; FIORAVANTI,

2002), mas este achado esta limitado à experimentação (POLZIN et al, 1997). Foi

verificada ocorrência de hipercalcemia em 6,2% dos gatos (FIORAVANTI, 2002).

• Proteinúria

A quantidade urinária de proteína esta aumentada em cães e gatos com IRC.

Freqüentemente a proteinúria esta aumentada de 1,5 a 2 vezes ou mais acima do valor

fisiológico, sendo influenciada pela ingestão de proteína na alimentação. A proteinúria nos

casos de IRC pode estar relacionada a alterações hemodinâmicas e não a lesões

glomerulares. Isto é percebido porque a magnitude da proteinúria pode variar rapidamente

quando a ingestão de proteína na alimentação é aumentada ou diminuída (POLZIN et al,

1997). A proteína da dieta é considerada muito importante para a regulação da

hiperfiltração. A hiperfiltração é explicada pelo aumento da TFG, provocada pelo aumento

da pressão intraglomerular (PIG), conseqüentemente ocorre sobrecarga nos néfrons

residuais e progressão da doença (TESCHNER, BAHNER; HEIDLAND, 1987). A

hipertensão e hipertrofia glomerular, proteinúria e oxidação promovem a progressão da

doença (FINCO, 19999). A redução da ingestão de proteína na alimentação parece reduzir a

proteinúria em pacientes com IRC através da redução da hipertensão glomerular. A

restrição protéica parece melhorar a capacidade da barreira glomerular em limitar a

passagem das proteínas, de acordo com seu diâmetro, através de mecanismos

independentes da estrutura glomerular. Além disso, a redução de proteína alimentar pode

diminuir a proteinúria ao reduzir a proporção do filtrado glomerular que permeia uma via

alternativa. Os aumentos agudos na proteinúria associados à ingestão de granes quantidades

de proteína podem ter origem hemodinâmica e a magnitude desta proteinúria permanece

estável. É mais provável que os aumentos progressivos na proteinúria decorrentes em caos

de fornecimento de dieta cronicamente rica em proteína, representem desenvolvimento de

lesões estruturais glomerulares. A magnitude crescente da proteinúria pode preceder o

declínio do funcionamento renal na IRC (POLZIN et al, 1997).

TRATAMENTO

O tratamento clinico da IRC consiste do tratamento auxiliar e sintomático,

objetivando-se a correlação de deficiências e excessos do equilíbrio dos líquidos,

eletrólitos, vitaminas, minerais, equilíbrio acido básico, endócrino e nutricional,

minimizando assim as conseqüências clinicas e fisiopatológicas da redução do

funcionamento renal e conseqüentemente a característica progressiva da afecção (POLZIN

et al, 1997). O tratamento não interrompe e não elimina completamente as lesões

responsáveis pela IRC, mesmo sendo especifico. O tratamento conservador será mais

benéfico quando associado à terapia especifica direcionada para limitação da deterioração

progressiva renal e da insuficiência, objetivando eliminar afecções renais ativas. Além

disso, distúrbios extra-renais devem ser investigados e corrigidos reduzindo assim, o

agravamento ou a precipitação de uma crise urêmica. A hemodiálise, a diálise peritonial e o

transplante renal são tratamentos de escolha para IRC avançada, mas possuem elevado

custo financeiro. O tratamento clinico conservador delimita-se aos pacientes compensados,

que são capazes de alimentar e aceitar medicação via oral. Este deve ser individualizado,

relacionado com as necessidades de cada paciente, baseando-se nos achados clínicos e

laboratoriais. A avaliação clinica e laboratorial devera ser seriada para determinação de

modificações no tratamento, adequando a terapia ao paciente, pois a IRC é progressiva e

dinâmica (POLZIN et al, 1997).

• Redução da ingestão de proteínas na alimentação

A redução controlada da quantidade de proteínas não essenciais promove uma

redução da produção de resíduos nitrogenados que provocam uremia. Muitos dos sinais

clínicos associados à uremia podem ser melhorados com a formulação de dietas contendo

quantidade reduzida de proteínas (POLZIN et al, 1997; FIORAVANTI, 2002; VOLHARD,

1918) de alta qualidade e com máximo de calorias não protéicas (POLZIN et al, 1997;

FIORAVANTI, 2002), mas o funcionamento renal pode permanecer inalterado ou

diminuído (POLZIN et al, 1997), no entanto, a função renal residual pode ser preservada

(FIORAVANTI, 2002; KABI, 2003). A restrição protéica pode provocar deficiência dos

aminoácidos essenciais, por isso a suplementação desses aminoácidos deve ser

considerados (GIORDANO, 1963). Ainda não existem comprovações, mas parece que a

redução da ingestão de proteínas antes da manifestação dos sinais clínicos da IRC pode

evitar o surgimento dos mesmos (POLZIN e al, 1997). Outros autores não comprovaram

que a restrição de proteínas no estagio inicial da doença é benéfica (POPPL, GONZALES,

SILVA, 2004) e em gatos não azotêmicos e esta não é recomendada (VEADO,

PALHARES, SERAKIDES, 2002). A redução excessiva da ingestão de proteínas pode ter

varias conseqüências nutricionais, por isso a monitoração do paciente e a escolha da

formulação adequada são essenciais (POLZIN et al, 1997). A limitação da ingestão de

proteínas é recomendada em pacientes com IRC que apresentam sinais clínicos evidentes

ou quando a concentração sérica de creatinina é superior a 1,5-2,0 mg/dl (POLZIN et al,

1997). A maioria dos autores cita que a restrição protéica deve ser iniciada quando o BUN

estiver entre 60 a 80 mg/dl (FIORAVANTI, 2002). A redução do conteúdo protéico

alimentar deve levar em consideração a desnutrição, as alterações bioquímicas e clinicas da

uremia (POLZIN et al, 1997). Os níveis ideais de proteína não são bem determinados, a

recomendação para cães com IRC media a moderada é de 2-2,2 gramas de proteínas de alta

qualidade por quilo por dia. Para gatos é recomendado 3,3-3,5 gramas de proteína por quilo

por dia (FIORAVANTI, 2002). No entanto, a quantidade da proteína na alimentação devera

ser ajustada com as necessidades individuais (POLZIN et al, 1997). Quando houver

desnutrição o aumento da quantidade de proteínas devera ser levado em consideração, do

mesmo modo quando não são percebidas melhorias dos sinais clínicos e bioquímicos, a

ingestão de proteína na alimentação poderá ser cuidadosamente reduzida. A decisão

dependera da avaliação clinica do paciente, mas o equilíbrio entre a desnutrição e os sinais

clínicos deverão ser preservados. O objetivo da limitação não é promover a queda do BUN

isoladamente (POLZIN et al, 1997). Não existe evidencia que a restrição de proteínas em

gatos retarda a progressão da doença (SPARKES, 1992). A redução da proteinúria reflete

na diminuição da poliúria e da polidpsia (FIORAVANTI, 2002).

• Ingestão de calorias

A energia alimentar é tão importante quanto a proteína na dieta para manutenção do

equilíbrio do nitrogênio e prevenção da desnutrição protéica. O teor da ingestão calórica

total devera ser suficiente para cada paciente, assim sendo um paciente desnutrido devera

receber quantidades elevadas de calorias durante um certo período (POLZIN et al, 1997).

As gorduras e carboidratos devem ser usados para fornecer todos os requerimentos

calóricos dos cães e gatos, promovendo desta forma a redução do catabolismo, perda de

peso e o acumulo de resíduos nitrogenados (FIORAVANTI, 2002).

• Anorexia

A redução alimentar terapêutica de proteínas, fósforo, sódio e metabólitos ácidos é o

principal foco de tratamento da IR, mas acarreta redução da palatabilidade e exacerbação da

hiporexia. Alternativas para aumentar a palatabilidade dos alimentos devem ser realizadas,

porem os fatores metabólicos que contribuem para a anorexia deverão ser corrigidos

primeiramente. Os pacientes que apresentam catabolismo protéico e não consomem os

nutrientes diários necessários podem apresentar intenso consumo de proteínas endógenas,

que por sua vez aumentam a produção dos resíduos protéicos contribuindo para anorexia

(POLZIN et al, 1997). A hipergastrinemia poderá ser interrompida pela administração de

antagonistas dos receptores H2, como a cimetidina e ranitidina. Em cães com a cimetidina

poderá ser administrada na dosagem de 5 mg/kg 8-12h IV (via endovenosa) ou VO (via

oral) e após 2-4 semanas a freqüência devera ser reduzida para SID (uma vez ao dia)

durante 2-3 semanas. Em gatos a dose inicial é de 2,5-5mg/kg 8-12h. Para redução da

bradicardia provocada pela via IV o agente poderá ser diluído em solução salina e

administrado lentamente. A ranitidina é mais potente que a cimetidina e pode ser utilizada

na dose de 0,5-2mg/kg BID (duas vezes ao dia). Devido à excreção renal de ambas as

drogas o uso da dosagem mais baixa devera ser considerado. A utilização do sucralfato

pode ser uma medida adicional, pois cria uma camada protetora sobre a superfície da

mucosa gástrica. A dose empírica do sucralfato é de 0,25-1g de 8-12h, que devera ser

administrado 30 minutos após a utilização de outro medicamento VO, pois pode interferir

na ação do ultimo. É importante enfatizar que a utilização prolongada de sucralfato pode

acarretar em aumento do alumínio sérico. Como alternativa ou suplementação das drogas

citadas acima a metoclopramida poderá ser administrada, objetivando minimizar a ação das

toxinas urêmicas no bulbo. A dosagem de metoclopramida é de 0,2-0,4mg de 6-8h VO ou

SC (via subcutânea) (POLZIN et al, 1997) ou de 0,01-0,02mg/kg/h para infusão continua

(POLZIN et al, 1997; VIANA, 2003).As doses mais baixas deverão ter prioridade porque a

metoclopramida é eliminada pelos rins e se houver hiperdosagem pode causar sonolência,

desorientação, tremores, espasmo muscular e redução dos limiares convulsivos. Segundo

VIANA (2003), a dose de cimetidina para caninos e felinos na IR é de 2,5-5,0mg/kg BID,

IV, VO ou IM (via intramuscular); a dose de metoclopramida para caninos e felinos sem

dosagem especifica para IR é de 0,2-0,5mg/kg IV, IM SC ou VO de 6-8h e a de ranitidina é

de 1-2mg/kg SC ou VO 8-12h. A anorexia, náusea e vomito também podem ser induzidos

pelo uso concomitante de outros medicamentos, pois o paciente com IR geralmente

apresenta intolerância a algumas drogas. São exemplos captopril, enalapril, sulfa-

trimetoprim, digoxina e tetraciclina. Foi observado em seres humanos alguns medicamentos

que poderiam contribuir para a anorexia através da redução do paladar e do olfato, estes são

a ampicilina, sulfonamidas, tetraciclinas, aminoglicosideos, alopurinol, D-penicilina e o

captopril. Se for necessária a administração de algum medicamento que provoque

intolerância devera ser cautelosa e não rotineira. Os pacientes com IR podem apresentar

deficiência de vitaminas do complexo B decorrentes da hiporexia, vomito, diarréia e talvez

através de perdas associadas à poliúria. A deficiência de certas vitaminas do complexo B

causam anorexia, portanto a suplementação adequada é indicada. Gatos normais

apresentam necessidade 8 vezes maior que cães.

• Melhora da palatabilidade da dieta

A mudança para uma determinada dieta devera ser realizada ao longo de 1 a 2

semanas. Novos sabores e texturas devem ser introduzidos na tentativa de melhorar a

palatabilidade e a ingestão dos alimentos. Serão benéficas as escolhas de novas dietas com

a mesma textura e sabor dos alimentos pode melhorar sua palatabilidade.

A gordura animal, manteiga, ricota desidratada, alho, caldo de carne e de marisco

são flavorizantes que podem ser adicionados na alimentação, melhorando a palatabilidade.

Pacientes com anorexia ou náusea deverão ser alimentados varias vezes ao dia e

com pequenas quantidades. A minimização da distensão do estomago diminuirá as

secreções gástricas e a náusea. O fornecimento de pequenas quantidades de alimento

minimizara a elevação pós-prandial dos nutrientes absorvidos e desta forma os catabolitos

protéicos (POLZIN et al, 1997).

• Medicamentos estimulantes do apetite

Os fabricantes de agentes anabolizantes afirmam que estes aumentam o apetite, mas

não foi experimentalmente comprovado (POLZIN et al, 1997). Os corticóides também não

possuem efeito benéfico, muito pelo contrário, favorecem o catabolismo, prejudicam a

regeneração da mucosa gástrica e favorecem a hiperfiltração glomerular. Eles podem

aumentar o apetite, mas o efeito final não acarreta em ganho de peso. Os

benzodiazepínicos, como o diazepam e o oxazepam possuem efeito benéfico na

estimulação do apetite em animais com IR. Ocasionalmente os benzodiazepínicos podem

estimular inicialmente o apetite, de modo que a lambedura e a mastigação estimularão os

mecanismos humorais e neurológicos do apetite. O diazepam pode ser administrado na

dosagem de 0,2mg/kg (no máximo 5mg/paciente) VO, IM, IV, BID (POLZIN et al, 1997) e

só os felinos respondem sua administração (LUSTOZA; KOGIKA, 2003). O oxazepam

pode ser administrado na dosagem de 2,5mg/paciente felino (POLZIN et al, 1997). A

utilização dos benzodiazepínicos em pacientes deprimidos devera ser cautelosa, no intuito

de não administrar dosagens excessivas (LUSTOZA; KOGIKA, 2003).

• Modificação das dosagens dos medicamentos

A eliminação renal dos medicamentos fica reduzida nos casos de IR, prolongando a

meia vida dos medicamentos. Além disso, a distribuição, ligação as proteínas e

biotransformação hepática dos medicamentos podem estar alteradas. Um acúmulo

excessivo do medicamento poderá causar efeitos colaterais. Os medicamentos nefrotóxicos

e os que possuem excreção renal devem ser evitados. As alterações na eliminação dos

medicamentos parecem acompanhar as mudanças na TFG, por isso a depuração do

medicamento pode ser estimada pela mensuração da eliminação de creatinina (Ecr). A

creatinina urinaria devera ser mensurada para ser incorporada aos cálculos existentes

(POLZIN et al, 1997).

• Hiperfosfatemia

A restrição de fósforo é recomendada para todos os cãs no intuito de reatar a

progressão da doença (BROWN, 2002). A minimização da retenção de fósforo pode limitar

o hiperparatireoidismo secundário renal, (BROWN, POLZIN et al, 1997) a osteodistrofia

renal, calcificação dos tecidos moles e a progressão da insuficiência renal (POLZIN et al,

1997), principalmente devido a nefrocalcinose (BROWN, 2002). A hiperfosfatemia é

tratada pela restrição da ingestão de fósforo na alimentação e ou pela administração oral de

agentes ligadores do fósforo intestinal. Na IRC incipiente e moderada as concentrações

séricas de fósforo podem ser normalizadas pela sua restrição na alimentação. A

concentração de fósforo na ração é proporcional ao seu conteúdo protéico (POLZIN et al,

1997). As dietas terapêuticas caninas devem conter aproximadamente 0,25% de fósforo na

MS (matéria seca), fornecendo cerca de 34-42mg/kg/dia (BROWN, 2002). As dietas

terapêuticas para gatos podem conter no máximo 0,5% de fósforo na MS, fornecendo

0,9mg/kcal de fósforo (POLZIN et al, 1997). Outros autores recomendam uma restrição

inicial de fósforo para 0,4% de MS e para manutenção 1-2% (FIORAVANTI, 2002). A

monitorização da dieta da atividade do PTH plasmático e a mensuração das concentrações

séricas de fósforo são métodos para aferir a eficácia terapêutica, porem a primeira é pouco

pratica por ser onerosa (POLZIN et al, 1997). As concentrações séricas de fósforo devem

ser mensuradas após 2-4 semanas de restrição da dieta (BROWN, POLZIN et al, 1997),

para a verificação da normofosfatemia (BROWN, 2002). O material devera ser coletado

após um jejum de 12 horas para evitar interferências pós prandiais. A hemólise devera ser

evitada por causa da grande quantidade de fósforo presente nas hemácias (POLZIN et al,

1997). A medida que a IR torna mais avançada a restrição de fósforo na dieta torna-se

ineficiente, necessitando da inclusão da administração de agentes ligadores do fósforo

intestinal (ALFIs) na dieta, que deverão ser fornecidos como alimento, ou antes, da

refeição. Esses agentes tornam inabsorvíveis o fósforo da dieta e contido na saliva, bile e

sucos intestinais. Os ALFIs parecem ser ineficazes quando a quantidade de fósforo na dieta

é superior a 2g/dia em seres humanos. Os ALFIs podem ser a base de alumínio como,

hidróxido de alumínio, carbonato de alumínio e óxido de alumínio (30-90mg/kg/dia) ou a

base de cálcio (dose inicial: 60-90mg/kg/dia) carbonato de cálcio (90-150 mg/kg/dia) e

citrato de cálcio. Para reduzir os efeitos colaterais do uso isolado de um ALFI recomenda-

se a utilização simultânea das duas bases, exceto a utilização conjunta com o citrato de

cálcio, pois este promove absorção de alumínio (POLZIN et al, 1997). Encefalopatia,

anemia microcítica e osteopatias, principalmente osteomalácea, (BROWN, POLZIN et al,

1997), em seres humanos foram relacionados à intoxicação por alumínio. Os ALFIs a base

de cálcio parecem ser mais eficazes, mas podem provocar hipercalcemia clinica, portanto, a

monitorização da concentração sérica de cálcio devera ser realizada. A terapia poderá ser

avaliada mediante a mensuração seriada da concentração sérica de fósforo a intervalos de

10-14 dias, se ainda persistir a hiperfosfatemia a dosagem dos ALFIs poderá ser

aumentada.

A normalização da concentração sérica de fósforo não devera ser interpretada como

indicativa que a atividade plasmática do PTH se encontra dentro dos limites. A mensuração

da excreção fracionada do fósforo (Efp) pode servir como estimativa clinica da atividade

plasmática de PTH. Nem sempre a excreção fracionada pode ser calculada a partir das

concentrações séricas e urinarias de fósforo e creatinina simultaneamente coletadas.

Efp = [URINAp] [SOROcr]

[SOROp] [URINAcr]

Geralmente cães normais apresentam Efp inferior a 0,1. valores de Efp inferiores a

0,3 foram considerados como evidencia de controle adequado da retenção de fósforo. Não

foi estabelecido se a excreção fracionada de fósforo representa vantagem para a

determinação da avaliação terapêutica (POLZIN et al, 1997).

• Hipocalcemia

A suplementação oral de cálcio devera ser administrada em pacientes com

hipocalcemia nítida, sinais clínicos ou radiográficos de osteodistrofia evidentes e quando a

ingestão de cálcio na dieta é inadequada (COBURN; SLATOPOLSKY, 1991). Entretanto,

recomenda-se que a suplementação de calcitriol seja iniciada precocemente na IRC

(LUSTOZA; KOGIKA, 2003, VEADO, PALHARES; SERAKIDES, 2002), em baixas

doses, para prevenir a hiperplasia da paratireóide e conseqüentemente um HPSR de difícil

controle (FIORAVANTI, 2002). A suplementação de calcitriol só poderá ser realizada

quando a concentração do fósforo sérico estiver normalizada (abaixo de 6mg/dl)

(FIORAVANTI, 2002), pois a hiperfosfatemia e suplementação de cálcio promoverão

calcificação de tecidos moles (COBURN; SLATOPOLSKY, 1991). A administração de

calcitriol e a redução de fósforo na dieta limitam rapidamente o HPRS (POLZIN et al,

1997), a dose recomendada é de 0,7-1,4mg/kg/dia, VO, para cães (BROWN, 2002) e gatos,

em momento diferente da alimentação (BROWN, 2002; POLZIN et al, 1997), pois também

ocorre o aumento da absorção intestinal de fósforo (POLZIN et al, 1997). Na realidade o

momento ideal para a suplementação pode evitar a osteodistrofia fibrosa e outros sinais

clínicos do HPSR, mas podem ocorrer efeitos diversos como, hipercalcemia e distúrbios

gastrintestinais (principalmente em altas dosagens) (COBURN; SLATOPOLSKY, 1991).

Os ALFIs e os suplementos de cálcio podem ser utilizados para minimizar a hipocalcemia

suprimir o HPSR (COBURN, SLATOPOLSKY, 1991). A mal absorção pode ser

contornada através da suplementação. O carbonato de cálcio é o suplemento preferível por

ser bem tolerado e barato (COBURN, SLATOPOLSKY, 1991), além disso, poderá ser

usado para alcalinização. Inicialmente deve ser utilizado na dosagem de 100mg/kg/dia. O

suplemento deve ser administrado em pequenas quantidades varias vezes ao dia para que

sua absorção seja maximizada e para minimizar os efeitos colaterais gastrintestinais (DOW,

FETTMAN, 1992). As concentrações séricas de cálcio e fósforo devem ser monitoradas a

cada 7-14 dias e após a estabilização devem ser monitoradas mensalmente (DOW,

FETTMAN, 1992), para prevenir o surgimento da hipercalcemia (BROWN, 2002). A

suplementação de cálcio ou de calcitriol devera ser suspensa se ocorrer hipercalcemia. A

administração de calcitriol reduz a anorexia (POLZIN et al, 1997).

• Hipocalemia

A administração parenteral apresenta maior risco para o favorecimento de

hipercalcemia heterogênica (DOW, FETTMAN, 1992). O gluconato de potássio é a

apresentação de escolha para a suplementação oral de gatos, na dosagem de 2-

6mEq/gato/dia, sendo que a fraqueza muscular desaparece dentro de 5 dias, daí em diante a

dosagem devera ser de acordo com o quadro clinico e dosagens séricas do mesmo. O citrato

de potássio proporciona alcalinização (POLZIN et al, 1997). A suplementação com baixas

doses orais 2mEq/dia é recomendada para gatos com IRC que apresentam concentração

sérica inferior a 4,5mEq/L, para que ocorra estabilização da função renal (POLZIN et al,

19970, pois a hipocalcemia pode reduzir o funcionamento renal (POLZIN et al, 1997;

FIORAVANTI, 2002) e promover acidose metabólica (POLZIN et al, 1997). Dietas

acidificantes e pobres em magnésio não devem ser administradas em gatos com IRC, pois

podem acarretar em hipocalemia (ROSE, 1989). A intensa fluidoterapia pode provocar

hipocalemia em pacientes anteriormente com concentrações séricas normais. Os fluidos

devem ser suplementados para evitar a indução da hipocalemia, devem possuir 13-

20mEq/L, na velocidade máxima de 0,5mEq/kg/h (ROSE, 1989).

• Acidose metabólica

Os benefícios da normalização do pH sanguíneo são: melhora da anorexia, letargia,

vomito, fraqueza muscular, redução da perda de peso (ROSE, 1989), do catabolismo

protéico e deste modo promovendo a adaptação à restrição de proteínas na dieta (MITCH,

1991), redução dos efeitos resultantes da amoniagenese renal (e conseqüentemente a

progressão da doença), limitação e desmineralização e inibição do crescimento e aumento

da contratilidade do miocárdio (POLZIN et al, 1997). A terapia de alcalinização oral é

indicada quando a concentração sérica de bicarbonato esta inferior ou igual a 17mEq/L , a

mensuração do pH sanguíneo também pode ser determinada pela quantidade sérica de CO2,

os tubos devem ser completamente cheios e não devem ser expostos ao ar, pois isso pode

provocar resultado falso negativo (JAMES et al, 1993). O bicarbonato de sódio oral é o

agente de escolha, a dosagem pode variar, pois o efeito do HCL sobre o agente é

imprevisível. A dosagem inicial sugerida é de 8-12mg/kg BID ou TID. É indicado

administração de doses menores e freqüentes para evitar variações do pH sanguíneo. A

eficiência da terapia é verificada pela mensuração do pH sanguíneo após 10-14 dias do

inicio da terapia, o material deve ser coletado antes da administração do agente (POLZIN et

al, 1997). A substituição das proteínas de origem animal por proteínas vegetais reduz a

produção de hidrogênio (BROWN, 2002).

• Desidratação

A correção da desidratação é de suma importância, pois esta alteração promove

hipoperfusão renal, conseqüentemente lesão renal adicional e maior concentração das

substancias tóxicas retidas, precipitando uma crise urêmica. O caldo de marisco, de atum,

podem ser utilizados como aromatizantes para aumentar o consumo de água, mas a

administração deve ser cautelosa, pois podem conter eletrólitos indesejáveis, como o sódio.

O leite não deve ser utilizado porque contem grande quantidade de fosfato. A administração

parenteral crônica devera conter dextrose, solução eletrolítica balanceada, encontrada na

solução de Ringer Lactato com cloreto de potássio. A administração prolongada de Ringer

Lactato ou cloreto de sódio 0,95 pode provocar hipernatremia, pois estas soluções não

fornecem água livre em quantidade suficiente (POLZIN et al, 1997).

• Hipertensão

O diagnóstico de hipertensão deve ser realizado para a instituição da terapia anti

hipertensiva. A mensuração da pressão arterial (PA) deve ser realizado em 3 momentos e a

pressão arterial média possui maior precisão. Animais com sinais clínicos evidentes e com

valores indicativos podem ser tratados imediatamente (POLZIN et al,1997). A PA pode ser

aferida por métodos invasivos, indiretamente através de Doppler (GRANDY et al, 1992) ou

pela oscilometria (HUNTER et al, 1990) da artéria coxígea (BROWN, 2002). Pressões

sistólicas acima de 184 mmHg em cães, 165 mmHg em gatos e diastólicas acima de 130 em

cães e 124 em gatos são consideradas elevadas pelo métodos de oscilometria. Outros

autores citam cães que possuem pressão superior a 160/95 e 180/120 em gatos são

considerados hipertensos (LITTMAN, 1992). O tratamento é necessário somente quando a

PA esta acima de 200 mmHg e a pressão diastólicas acima de 110 mmHg. A pressão

normal do cão e do gato situa entre 150 e 90 mmHg (BROWN, 2002). A normalização da

PA reverte muitas manifestações oculares provocadas pela hipertensão (LOTE;

SAUNDERS, 1991) e alguns sinais neurológicos. Em seres humanos a normalização esta

associada com o retardo da progressão da IR (POLZIN et al, 1997). O tratamento deve ser

gradativo e iniciando-se pelo tratamento dietético e se necessário complementando pelo

farmacológico (BROWN, 2002; POLZIN et al, 1997).

Tratamento dietético da hipertensão

A restrição de sódio na alimentação deve ser gradual, realizada ao longo de 1-2

semanas. Se a terapia for estabelecida rapidamente pode provocar desidratação (POLZIN

et al,1997) e, além disso, ao longo da progressão da doença, o rim perde gradualmente a sua

capacidade de adaptação (FIORAVANTI, 2002). A ingestão diária de sódio devera ser

reduzida para 0,1-0,3% da dieta na MS (10-40mg/kg/dia) (WEISFELDT; GUERCI, 1991).

A restrição da proteína na dieta pode reduzir ou evitar a hipertensão renal (BROWN, 2002;

POLZIN et al, 1997), pois a ingestão excessiva de proteínas acarreta no aumento da PA e

dos capilares glomerulares. A hipertensão glomerular pode promover glomeruloesclerose,

hipotrofia glomerular, glomeronefrite proliferativa (WEISFELDT; GUERCI, 1991) e

degeneração tubular (MASCHIO et al, 1991). A suplementação com ácidos graxos

poliinsaturados (Omega 3) previne a deteriorização da filtração glomerular e preserva a

estrutura renal (BROWN, FINCO ; BROWN, 1998), através da redução da hipertensão

glomerular (BROWN, 2002). Entretanto, a suplementação com Omega 6 promove a

progressão da doença (BROWN, FINCO ; BROWN, 1998). A quantidade sugerida de

Omega 3 é de 0,5-1 g para cada 100 kcal ingerida (BROWN, 2002).

Tratamento farmacológico

Não existe contra indicação do uso simultâneo e agentes hipertensivos, exceto a

utilização de medicamentos do mesmo grupo farmacológico (BROWN, 2002)

• Inibidores de ECA (enzima conversora da angiotensina)

Esses medicamentos podem diminuir a perfusão renal, causando necrose tubular e

provocando a progressão da doença. Pode ocorrer hipercalemia se o potássio estiver sendo

administrado concomitantemente. Outros efeitos colaterais como vomito, diarréia,

mielosssupressão e convulsões podem ser observados. As doses desses medicamentos

devem ser reduzidas, pois estes possuem eliminação renal (POLZIN et al, 1997). O

enalapril e o benazepril podem ser administrados na dosagem de 0,5mg/kg, VO, SID ou

BID e 0,25-0,5mg/kg, VO, SID ou BID respectivamente (BROWN, 2002)

• Bloqueadores de canais de cálcio

O propranolol, antagonista dos receptores beta 1 e 2 e a prostatina 1mg/10kg, VO,

TID ou SID, (BROWN, 2002; POLZIN et al, 1997) antagonista vascular alfa 1 são

utilizados na terapia anti hipertensiva (BROWN, 2002). O propranolol é um agente

cronotrópico e inotrópico negativo, conseqüentemente ocorre diminuição do debito

cardíaco e conseqüentemente da PA, alem disso, ele reduz o tônus simpático e a liberação

de renina. Pode ocorrer hipotensão devido ao bloqueio excessivo dos receptores, mas não é

comum. O uso concomitante de diuréticos pode ser necessário porque o propranolol causa

retenção de sódio e água. Pode ocorrer hipercalcemia em decorrência da inibição da renina.

Devido as interferências na função cardíaca este medicamento é contra indicado em

pacientes cardiopatas e em pacientes com distúrbio pulmonar, pois provoca

broncoespasmo. Outros efeitos colaterais podem ser observadas como intolerância à

glicose, diarréia, constipação e trombocitopenia. A utilização dos antagonistas seletivos

como o atenolol é mais vantajoso, a redução da PA é realizada através da vasodilatação das

arteríolas periféricas (POLZIN et al, 1997).

• Anemia

A suplementação de ferro, ingestão de níveis adequados de proteína e calorias

contribuem para a amenização da anemia, assim como a riboflavina (vitamina B2),

colamina, folato e piridoxina devem ser considerados. A deficiência de nutrientes pode ser

decorrente da ingestão inadequada, hemorragias gastrintestinais inaparentes, absorção

inadequada. A hipersegmentação de polimorfonucleares sanguineos pode indicar

deficiência de cianocobalamina ou folato. A suplementação com sulfato ferroso VO é a

mais indicada, mas dextranas de ferro podem ser utilizadas em ultimo caso, pois devem

provocar choque anafilático e sobrecarga de ferro. As doses iniciais de sulfato ferroso são

50-100mg/dia para gatos e 10-300mg/dia para cães que devem ser bem fracionadas, pois

pode provocar diarréia e outras disfunções gastrintestinais (POLZIN et al, 1997). A

utilização de anabolizantes pode ser benéfica em pacientes levemente afetados, mas esta

sendo substituída pela administração da eritropoitina recombinante humana (POLZIN et al,

1997). Os anabolizantes não são muito eficientes (SPARKES, 1992). A transfusão de papa

de hemácias ou sangue integral pode ser realizada em pacientes que necessitam de rápida

correção de sua anemia, podem ser repetidas se necessário, mas com cautela. Transfusões

repetidas aumentam o risco de reações e a transferência de agentes infecciosos. O teste de

reação cruzada sempre devera ser realizado. O hematócrito alvo deve estar abaixo do limite

inferior fisiológico, pois podem ocorrer complicações devido ao aumento rápido de volume

e viscosidade, como por exemplo sobrecarga circulatória, hiperensão e convulsões.

A eritropoitina recombinante humana ou epoetina pode ser utilizada para o

tratamento da anemia. A estrutura da proteína da eritropoitina é semelhante entre as

espécies, cães e gatos apresentam boa resposta a administração (POLZIN et al, 1997) A

utilização da epoetina promove aumento dose-dependente do hematócrito, na primeira

semana de tratamento ocorre reticulose temporária e moderada na maioria dos animais. A

elevação do hematócrito até em níveis próximos fisiológicos leva cerca de 2-8 semanas,

dependendo do hematócrito inicial e da dose utilizada. Observa-se melhora do quadro

clinico através do aumento do apetite, peso corporal e pela redução da apatia (POLZIN et

al, 1997). As vias EV e SC podem ser efetivas, mas a utilização da via SC permite

prolongamento sérico maior do medicamento, permitindo menor freqüência de utilização

(POLZIN et al, 1997). São recomendadas doses iniciais de 50-150U/kg, SC, TID,

geralmente a dose inicial é de 100U/kg (POLZIN et al, 1997; SPARKES, 1992), com

monitorização semanal, até que o hematócrito alvo seja atingido. Animais com anemia

grave (hematócrito inferior a 14%) podem receber 150U/kg na primeira semana. Em

pacientes hipertensos ou com anemia moderada a dosagem de 50U/kg três vezes por

semana pode ajudar a prevenir a elevação da PA. A monitorização do hematócrito devera

ser realizada para o ajuste da dose e do intervalo (POLZIN et al, 1997). A resistência a

eritropoitina deve ser suspeitada em animais que necessitam valores superiores a 150U/kg

(POLZIN et al, 1997). Todos os pacientes tratados devem receber simultaneamente

suplementação com ferro, pois a eritropoese estimulada aumenta a demanda de ferro

(POLZIN et al, 1997; SPARKES, 1992). Os efeitos colaterais podem ser observados como

anemia refrataria, devido ao desenvolvimento de anticorpos neutralizantes contra a

epoetina, perda de sangue, hemólise ou deficiência de ferro, policitemia, vomito,

convulsões, devido a encefalopatia hipertensiva e urêmica, reações cutâneas acompanhadas

de febre, hipertensão que é provocada pelo aumento da resistência vascular periférica e

complicações cardíacas (POLZIN et al, 1997; SPARKES, 1992). A terapia

imunossupressora não é efetiva contra a formação de anticorpos neutralizantes (POLZIN et

al, 1997).

• Alfa-cetoanálogos

Essas substâncias reduzem a formação dos catabolitos nitrogenados e suprem

simultaneamente o requerimento de aminoácidos essenciais. Não possuem nitrogênio em

sua formula, captam o nitrogênio proveniente da dieta hipoproteica transformando-o em

aminoácido essencial, reduzindo a formação da uréia (KABI, 2003). Os cetoanálogos tem

capacidade de estimular a síntese protéica, inibir a degradação protéica (JAHN et al, 1992),

reduzir a acidose metabólica (GOTCH, SARGENT, KEEN, 1982), previne ou reduz a

osteodistrofia renal (LAFAGE et al, 1992). Os aminoácidos de cadeia ramificada contidos

no ketosteril não estimulam a hiperfiltração como os outros aminoácidos, então a

progressão da doença pode ser retardada (LANG et al, 1995). O uso do ketosteril associado

a dietas hipoproteicas reduziu a progressão da IRC (TESCHAN et al, 1998). O ketosteril

não pode ser administrado nos casos de hipercalcemia (KABI, 2003) e a dose preconizada é

de 1 tablete/5kg (D`AMICO et al, 1994). O uso de cetoanálogos associados a dieta

hipoproteica demonstrou eficiência no combate à progressão da azotemia causada pela

Leishmaniose, além disso, o estado nutricional foi mantido e houve melhora no quadro

clinico, favorecendo o tratamento da causa primaria (MAGALHÃES et al, 2002).

• Diálise peritonial

Para haver a maximização da troca, o dialiazado deverá ser aquecido à temperatura

corporal e uma solução hipertônica de glicose deverá ser adicionada. As soluções

comerciais (Peridral®) são as de escolha, mas Ringer Lactato com glicose a 2%

acrescentada pode ser utilizada, inicialmente pode ser drenada de 1-1h (na drenagem da

primeira dose não será coletado todo conteúdo administrado, pois parte foi absorvida). Para

cada litro de dializado devera ser acrescentada 1000 unidades de heparina para prevenir

obstrução fibrinosa do cateter, a dose de dializado é de 40ml/kg. A medida em que há

melhora do quadro do paciente a freqüência do procedimento pode ser reduzida para TID

ou QID. As complicações mais comuns são peritonite e alterações cardiovasculares e

respiratória. Um fluido turvo com contagem de leucócitos superior a 100-200mm³ é

indicativo peritonite. Para prevenção de peritonite poderá ser acrescentado 1g de ampicilina

em 2L de dializado. A administração do dializado devera ser lenta para reduzir as possíveis

alterações cardiovasculares e respiratórias (BISTNER, FORD, RAFFE, 2002).

• Acupuntura

A acupuntura vem demonstrando que é uma excelente arma no tratamento da IRC

no controle de seus sintomas, retardando a velocidade da degeneração renal. Animais

tratados com associações da medicina ocidental e da medicina tradicional chinesa se

recuperam mais rapidamente e se mantém em melhores condições do que animais apenas

tratados pelo método convencional (BERNSTEIN, 2004).

• Hemodiálise

Esse procedimento promove a correção de desequilíbrios hidroeletrolíticos e

anormalidades ácido-básicas. Além disso, pode ser utilizado para o tratamento de

intoxicações agudas e no pré e pós-operatório do transplante renal (VEADO et al, 2002). O

acetaminofeno, acido acetil-salicílico, barbitúricos, digoxina, etilenoglicol, carbonato de

lítio, paraquat, diquat, hidrato de clora e teofilina podem ser depurados pela hemodiálise

(MELO et al, 2000). É indicada para pacientes urêmicos que apresentaram resposta

insuficiente as outras terapias (ELLIOT, 2000). A eficiência do tratamento esta

correlacionada com a função renal residual e com o estado catabólico do paciente, então

este deve ser instituído o mais precoce possível, entretanto o consumo de proteína também

influencia no sucesso do tratamento (COWGILL, LAGNTON, 1996). Cuidados com a

adequação do material ao tamanho do animal e o limite da velocidade do fluxo devem ser

tomados para reduzir o risco de complicações como hipotensão e a síndrome de

desequilíbrio durante o procedimento (MASHITA, 1994). A síndrome do desequilíbrio é

causada pela rápida remoção da uréia em pacientes severamente urêmicos (ELLIOT, 2000).

A hipotensão é mais freqüente em animais pequenos, porque o volume sanguíneo

extracorpóreo é grande. Os animais podem apresentar hipóxia e dispnéia resultantes de

agregação plaquetária na microvasculatura pulmonar e ou pela formação de trombos

(COWGILL, LAGNTON, 1996). A contaminação do material pode provocar sepse em

animais debilitados (COWGILL, LAGNTON, 1996; ELLIOT, 2000). O numero de sessões

necessárias varia em relação ao quadro clinico do paciente, como por exemplo, em

pacientes nefropatas crônicos (creatinina sérica entre 8-10mg/dl e uréia sérica até

100mg/dl), recomenda-se diálise intermitente, 1-2 vezes por semana (ELLIOT, 2000

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de IRC em cães pode ser definido como aumento da uréia plasmática

de origem renal, que tem uma duração superior a 2 semanas. O diagnóstico pode ser

estabelecido pela ausência de desidratação, hipotensão sistêmica e hipoproteinemia e pela

ausência de causas pós-renais como obstrução. A presença de urina concentrada, densidade

maior que 1.030, não confirma a azotemia de origem renal, a não ser que uma marcada

proteinúria esteja presente (BROWN, 2002). Os parâmetros para o estabelecimento da

cronicidade são: duração dos sinais clínicos, anemia normocítica normocrômica não

arregenerativa e a presença de alterações ósseas. A mensuração seriada da creatinina sérica

é útil para avaliar as alterações da função renal ao longo do tempo (BROWN, 2002). A

determinação da TFG é fundamental para a avaliação do estagio da IR. Os métodos mais

comuns são a determinação do clearance de insulina e do clearance de creatinina

(GOODSHIP, MITCH, 1988). A IRC geralmente esta associada com rins reduzidos de

tamanho, irregulares, mas podem também estar aumentados na Doença renal policística,

nos Linfomas renais, (SPARKES, 1992) e em processos obstrutivos (CHEW, BARTHEZ,

1988). Alterações na urinálise podem ocorrer antes das observadas na bioquímica sérica. A

densidade urinaria é a única prova real de função renal na urinálise. Em cães a presença de

azotemia e densidade urinaria menor que 1.030 são indicativos de IRC (densidade normal

1.018-1.025). A glicosúria sem hiperglicemia é mais freqüente na IRA. A proteinúria de

origem renal ocorre em varias patologias renais. A presença isolada de eritrócitos,

leucócitos e bactérias não significa a existência de distúrbio renal, exceto quando cilindros

estão presentes. Algum cilindro hialino ou granuloso pode ser encontrado sem nenhum

significado, mas a ausência de cilindrúria não exclui uma doença renal. A ausência de

azotemia também não exclui a presença de doença renal (CHEW, BARTHEZ, 1988). O

teste de microalbuminúria vem demonstrando grande eficiência no sentido de fazer um

diagnóstico precoce antes do surgimento de sintomas. O exame microalbuminúria não

mostra se há aumento de uréia, creatinina ou a função renal em si. A microalbuminúria nos

da uma estimativa de quanto do percentual do parênquima renal já esta afetado

(BERNSTEIN, 2004).

A função glomerular também pode ser avaliada pela administração endovenosa de

insulina e sua posterior dosagem em tempos fixos (POPPL, GONZÁLEZ, SILVA, 2004).

A quantificação da enzimúria principalmente da GGT é útil para o diagnostico da IR

incipiente, pois esta presente antes do acometimento de 75% dos rins, isto é, esta presente

antes da azotemia (POPPL, GONZÁLEZ, SILVA, 2004).

O exame radiográfico pode demonstrar o tamanho, forma dos rins, presença de

calcificação. Os rins de cães normais são de 2-3.0 vezes maior que a medida longitudinal de

L2 e nos gatos é de 2-3.0 vezes. Rins de tamanho normal não excluem doença renal

(CHEW, BARTHEZ, 1988). A ultra-sonografia nas patologias renais demonstra aumento

de ecogenicidade do córtex e perda da definição cortico-medular. O córtex deve ser

hipoecóico em relação ao baço e hipo ou isoecóico em relação ao fígado. O cortes de

felinos pode ser fisiologicamente hiperecóico por causa do tecido adiposo (CHEW,

BARTHEZ, 1988). O local ideal para realização da biópsia renal guiada por ultra-

sonografia é o polo caudal do rim esquerdo, a penetração com a agulha deve ser oblíqua

para evitar a pelve e os grandes vasos. A agulha deve ser mantida tangencialmente á

superfície renal para obtenção de maior massa cortical possível. Durante 12 horas após o

procedimento o animal devera receber fluidoterapia para prevenir a formação de possíveis

coágulos na pelve renal. O material para a histopatologia deve ser conservado em formol e

amostras para imunopatologia deve ser conservadas em solução de Michel (CHEW,

BARTHEZ, 1988).

CONCLUSÃO

Os testes de rotina (dosagem de uréia e creatinina séricas) devem ser substituídos

por provas mais sensíveis que determinam o diagnóstico precoce da IRC, visto que na fase

compensada da mesma não existe azotemia. Isso contribuirá significativamente para a

redução da mortalidade, além disso, o tratamento será menos oneroso e trabalhoso. A IRC

não deveria ser caracterizada pela perda funcional de 75% dos néfrons, pois a presença de

alterações adaptativas parece anteceder essa perda. Provas de função renal devem ser

realizadas rotineiramente quando o paciente atinge a idade susceptível .

A pesquisa da etiologia da IR deverá ser determinada sempre que possível,

promovendo desta maneira tratamento especifico e a possível limitação da progressão da

doença. A realização de biópsias renais com maior freqüência deve ser considerada. Todos

os fatores que provocam a progressão da IR devem ser extinguidos através do tratamento.

A instituição para tratamento correto devera ser sempre baseada nas alterações

laboratoriais, pois estas variam bastante entre os pacientes. Porém não dispomos de todos

os instrumentos para determinação do tratamento, como por exemplo, a gasometria.

Melhores técnicas para mensuração da PA devem ser instauradas para se tornarem mais

disponíveis. O efeito do diazepam, para aumentar o apetite, é observado somente nos

gatos.o uso de medicamentos anti-hipertensivos deverão ser monitorados para não

promover mais prejuízos a função renal, isto pode ser realizado através de provas de

função. Pesquisas para estabelecer o melhor momento da realização de certos tratamentos

devem ser realizadas.

O cálculo para o ajuste das doses dos medicamentos não foi mencionado por ser

pouco viável, pois depende da quantidade de creatinina sérica e urinaria excretada, e estas

quantidades podem variar. Muitos veterinários administram a metade da dose dos

medicamentos para pacientes com IR, é considerado um método empírico e quantidade

exata e o intervalo entre as doses devem ser estudados.

ANEXOS

ANEXO I – imagem ultra-sonográfica rim cão normal com sua ecogenicidade normal

Fonte: IVI (Instituto Veterinário de imagem)

ANEXO II - Rins e seus artefatos

Rim corte coronal

Fonte: IVI

Rim corte longitudinal

Fonte: IVI

Rim corte transversal (figuras fonte- Instituto Veterinário de Imagem – IVI)

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