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DIABETES VIVER EM EQUILÍBRIO É POSSÍVEL A CURA DA DIABETES? DIABÉTICO EM VIAGEM DICAS E CONSELHOS ÚTEIS PRODUTOS LIGHT MITO OU VERDADE? ESTRATÉGIAS PARA COMER NO VERÃO GLICEMIA QUANDO TESTAR? RECEITAS PARA AS FÉRIAS PROPRIEDADE DA A.P.D.P. – Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal DIABETES – Viver em Equilíbrio Nº 59 Terceiro trimestre de 2011 Nº 59 Terceiro trimestre de 2011 • € 3,99 (Cont.) NAS CRIANÇAS ALIMENTAÇÃO COM DIABETES

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Page 1: DIABETES - apdp.pt · PDF file54 Entrevista a João Braga O cantor de fado conta-nos como vive com a diabetes. 4 Diabetes ÍNDICE DE CONTEÚDOS 03 EDITORIAL 08 CORREIO DO LEITOR

DIABETESVIVER EM EQUILÍBRIO

É POSSÍVEL A CURA

DA DIABETES?

DIABÉTICO EM VIAGEM

DICAS E CONSELHOS ÚTEIS

PRODUTOS LIGHT

MITO OU VERDADE?

ESTRATÉGIAS

PARA COMER NO VERÃO

GLICEMIA

QUANDO TESTAR?RECEITAS

PARA AS FÉRIAS

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Nº 59 • Terceiro trimestre de 2011 • € 3,99 (Cont.)

NAS CRIANÇASALIMENTAÇÃO

COM DIABETESNAS CRIANÇASALIMENTAÇÃO

COM DIABETES COM DIABETES

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EDITORIAL

Diabetes 3

D epois da mudança que empreendemos no último nú-mero da revista, pensamos que o resultado foi en-corajador. Uma imagem mais aberta, uma maior

variedade e abrangência de temas abordados, uma complemen-taridade entre a vida associativa, a informação científi ca e os conteúdos mais práticos e úteis às pessoas com diabetes e seus familiares. Ou mesmo a todos os que estejam interessados em saber um pouco mais sobre a doença que inundou este século. No seu 85º Aniversário, a Associação foi distinguida com a Meda-lha de Ouro do Ministério da Saúde pelo trabalho desenvolvido em prol da diabetes. Foi um prémio pelo empenho que temos tido ao longo de todos estes anos em melhorar as condições de assistência aos diabéticos, que dela necessitam.Como estamos no Verão, nesta edição optámos por seleccionar assuntos relacionados. Cuidados a ter em viagem, nutrição e ali-

mentação adequadas. Aproveitámos também a oportunidade de ter entre nós o Dr. Ramon Gomis, reputado investigador espa-nhol na área molecular em Diabetes, para ouvirmos a sua pers-pectiva sobre como poderá evoluir a ciência na procura de uma eventual cura para a doença. A fi gura que resolvemos destacar este trimestre, para falar da sua experiência de vida com a Diabe-tes, foi o fadista João Braga. Um depoimento que aqui queremos realçar pela sua frontalidade. Como complemento, optámos por escolher para Diabético Ilustre um guitarrista, Carlos Paredes, um dos maiores virtuosos de sempre da guitarra portuguesa. Es-peremos que os temas vão de encontro aos nossos leitores e pos-sam acompanhar-vos nos tempos de lazer. Boas férias.

APDP«A DOENÇAQUE INUNDOU ESTE SÉCULO»

Pedro Matos Editor

«NO SEU 85ºANIVERSÁRIO A

ASSOCIAÇÃO FOI DISTINGUIDA

COM A MEDALHA DE OURO DO

MINISTÉRIO DA SAÚDE.»

«ESPERAMOS QUE OS TEMAS SEJAM

ÚTEIS AOS NOSSOS LEITORES »

Por opção do autor, o conteúdo da presente página não se encontra conforme as normas do Acordo Ortográfi co.

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54 Entrevista a João BragaO cantor de fado conta-nos como vive com a diabetes.

4 Diabetes

ÍNDICE DE CONTEÚDOS

03 EDITORIAL

08 CORREIO DO LEITOR

10 CONSULTÓRIO

Espaço para esclarecimento das suas dúvidas.

14 IMAGENS DO CORPO HUMANO

16 DESCODIFICADOR CIENTÍFICO

Mitos relacionados com a diabetes.

17 ATUALIDADE

A atualidade no mundo sobre a diabetes relacionada com bem-estar, exercício e nutrição.

30 NUTRIÇÃO INFANTIL

Estratégias para uma alimentação saudável na infância.

36 COMER BEM NAS FÉRIAS

Conselhos práticos para ajudar as famílias a implemen-tarem um estilo de vida saudável nas férias.

42 DIABÉTICO EM VIAGEM

Reportagem com o testemunho de pessoas com diabe-tes e com recomendações para planear uma viagem.

49 CURA DA DIABETES - QUE FUTURO?

Da descoberta da insulina às novas investigações,na esperança de desvendar a cura.

54 ENTREVISTA A JOÃO BRAGA

O fadista português conta como a diabetes faz parte da sua vida há já 23 anos.

59 CULINÁRIA

Quatro receitas deliciosas para um verão em pleno.

69 A SUA APDP

Espaço de notícias e agenda da APDP.

78 DIABÉTICO ILUSTRE

Homenagem a Carlos Paredes.

81 MENSAGEM DO PRESIDENTE

Estatísticas colocam diabetes na ordem do dia.

ConsultórioEspaço para colocar

as suas dúvidasacerca da diabetes.

10

DESCODIFICADOR CIENTÍFICO

Mitos relacionados com a diabetes.

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30Nutrição infantilAs estratégias para prevenir a obesidade nos mais novos.

59Culinária

Receitasapetitosas para um

verão saudável.

49 A cura da diabetesAs últimas conquistas da investigação.

78O perfi l do ilustre diabético

Carlos Paredes.

Diabetes 5

CO

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BO

RA

DO

RES

LUÍS GARDETE

Presidente da APDP

MARIA JOÃO AFONSO

Nutricionista

PEDRO MATOS

Médico Cardiologista e Editor da Revista

JOSÉ BOAVIDA

Presidente da SociedadePortuguesa de Diabetologia

ANA LOPES PEREIRA

Nutricionista

LÚCIA NARCISO

Dietista

RÁMON GÓMIS

Investigador

JOÃO FILIPE RAPOSO

Diretor clínico da APDP

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6 Diabetes

FICHA TÉCNICA

DIABETES – VIVER EM EQUILÍBRIO

Diretor Luís Gardete Correia

Editor Pedro Matos

Coordenação editorial Violante Assude

Conselho Científi co

Luís Gardete Correia, João Filipe Raposo, João Nunes Corrêa,

José Manuel Boavida, Pedro Matos, João Nabais, Ana Mesquita,

Lurdes Serrabulho

Secretariado Carla Trincheiras, Cristina Silva e Sónia Silva

Tel. 213 816 112 Fax 213 859 371

E-mail [email protected]

Internet www.apdp.pt

PROPRIEDADE

APDP – Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal

Sede Social: Rua do Salitre, 118-120 - 1250-203 LISBOA

EDIÇÃO

GOODY S.A.

Sede Social Avenida Infante D. Henrique, Nº 306, Lote 6,

R/C – 1950-421 Lisboa

Tel. 218 621 530

Diretor Geral António Nunes

Assessor da Direção Geral Fernando Vasconcelos

Coordenadora Editorial Violante Assude

E-mail [email protected]

Redação Ana Margarida Marques, Maria João Pratt

Revisão Catarina Almeida, Inês Gonçalves, Marta Pinho, Rita Santos

Coordenador de Produção Externa António Galveia

Coordenação de Produção Interna Paulo Oliveira

Coordenador de Circulação Carlos Nunes

Fotografi a Joana Clara, Mafalda Melo, Paulo Andrade, Pedro Vilela

Banco de imagens Dreamstime, Getty Images, Agência Lusa,

Science Photo Library

Editora de Arte Sofi a Marques

Paginação Sofi a Marques, Cláudia Correia

PUBLICIDADE

GOODY S.A.

Coordenadora Geral Comercial

Maria Alcoforado

Tel. 218 621 546 Fax 218 621 495

E-mail [email protected]

Account

Fátima Eiras

Tel. 218 621 491 Fax 218 621 495

E-mail [email protected]

TIRAGEM E IMPRESSÃO

Tiragem 22.000 exemplares

Pré-Impressão e Impressão Sogapal

Estrada das Palmeiras, Queluz de Baixo

2745-578 Barcarena.

Inscrição na ERC 101391

Depósito Legal 101662/96

ISSN 0873-45DX

ESTATUTO EDITORIAL

A revista Diabetes – Viver em Equilíbrio, compromete-se a respeitar

os princípios deontológicos da imprensa e a ética profi ssional, de

modo a não poder prosseguir apenas fi ns comerciais, nem abusar

da boa-fé dos leitores, encobrindo ou deturpando a informação.

QUEM SOMOS

A APDP é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, funda-

da em 13 de Maio de 1926 por Ernesto Roma, reconhecida como

a mais antiga Associação de Diabéticos do mundo e é Decana da

Federação Internacional de Diabetes (IDF)

A NOSSA MISSÃO

A APDP desenvolve as suas atividades, quer na luta contra a dia-

betes procurando conhecer melhor a doença e explorando novas

formas de tratamento, como também no apoio à pessoa com

diabetes, criando estruturas capazes de dar resposta aos diversos

problemas que envolvem a diabetes.

DIREÇÃO

Presidente: Luís Gardete Correia

Diretor Clínico: João Filipe Raposo

Tesoureiro: José Alberto Ferraria Neto

Vogais: João Valente Nabais

Luís Filipe Nazaré

Sede Social

Rua do Salitre, 118-120 - 1250-203 LISBOA

Tel.: 213 816 100 – Fax: 213 859 371

E-mail: [email protected]

Internet: www.apdp.pt

Contribuinte n.º 500 851 875

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8 Diabetes

CORREIO DO LEITOR

“Como eu, muitas outras pessoas veem-se obrigadas a apren-der sobre a terapêutica. No início foi difícil, mas tenho agora mais confiança na capacidade de me autocuidar.”

Carla Esteves, Setúbal

01 Aprender sobre a insulina “É bom falar com os profissionais e com outras pessoas”

Tenho diabetes tipo 2 e iniciei a administração de insu-lina há pouco tempo. Como eu, muitas outras pessoas veem-se obrigadas a aprender sobre a terapêutica. No início foi difícil, mas tenho agora mais confiança na capacidade de me autocuidar. É bom falar com os profissionais e com outras pessoas na nossa situação. Facilita-nos muito.

CARLA ESTEVES Setúbal

02 Retinopatia diabética “Seria interessante saber o que acon-tece para ocorrerem lesões na vista”

Penso que é urgente que as pessoas saibam mais sobre como prevenir problemas relacionados com a retinopatia diabética. É um problema grave, mas que pode ser prevenido, e por isso seria interessante saber o que acontece para ocorrerem lesões na vista do diabético e o que fazer para prevenir as complicações com a visão.

MIGUEL SOARESOeiras

03 Viver com otimismo “Tirar o melhor partido da vida”

O melhor que fiz foi deixar de querer ser perfeito e encarar esta realidade como mais uma com que tenho lidar. Já estamos todos os dias condicionados com regras, temos de tirar o melhor partido da vida, sem querermos fazer sempre tudo bem e sem errar. É um peso que ninguém devia carregar.

ANTÓNIO SILVA Torres Novas

04 Diagnóstico precoce Complicações da diabetes tipo 2

A diabetes tipo 2 foi-me diagnosticada há 12 anos. Já havia um longo histórico de diabetes na minha família. Enquanto adolescente e depois mais tarde, tive fre-quentemente infeções (bronquites, sinusites). Estava quase sempre doente. Nestes últimos 12 anos, tenho vi-giado os níveis de açúcar no sangue e tive apenas uma infeção. Nas visitas ao médico que fazia quando me encontrava doente, nunca falhei um teste de glucose no sangue e, por isso, acho que pode não ser a melhor forma de diagnosticar a diabetes tipo 2 em todas as pes-soas. No meu caso, acredito que vivi complicações da diabetes – todas aquelas infeções – antes de saber qual era a minha doença. Descobri muito mais tarde que tinha diabetes e tenho a certeza de que há muitas outras pessoas na mesma situação. Os diagnósticos precoces poderão ajudar essas pessoas.

ANA PINHEIRO Lisboa

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Diabetes 9 Diabetes 9

Que impacto tem

a diabetes nas

suas fi nanças?

“Apesar de só tomar um medicamento, duas ve-zes ao dia, os gastos ultrapassam os € 200 por ano. O que acresce ainda mais a despesa é, sem dúvi-da, a alimentação e as consultas.”

Cecília LopesTORRES NOVAS

“As minhas fi nanças até ao momento não sofre-ram alterações. Gasta-se mais de um lado, mas poupa-se nos doces.”

Gonçalo CalçadaALCANENA

Quanto à alimentação, sai mais caro, pois peque-nas coisas boas da vida sem açúcar ou com aspar-tame são signifi cativamente mais caras.”

Pedro FerreiraLISBOA

“Mais caros são os testers para o controlo individu-al diário, mas também não é nada por aí além.”

Jorge VieiraPORTO

pPergunta da APDP

PERGUNTA DA APDP PARA A PRÓXIMA EDIÇÃO:

COMO A SUA FAMÍLIA O AJUDA

A LIDAR COM A DIABETES?

PARTICIPE E PARTILHE A SUA OPINIÃO:Envie-nos o seu testemunho com o seu nome completo, para o e-mail [email protected], com o assunto “Pergunta da APDP”, ou por correio para a morada: Av. infante D. Henrique nº 306, Lote 6, R/C - 1950-421 Lisboa.

p05 Exercício físico e diabetes “Os principais conselhos sobre a atividade física e como agir”

Descobri que tenho diabetes tipo 2 há relativamente pouco tempo. Sei que o meu organismo não consegue utilizar efi cazmente a insulina produzida. Uma dieta equilibrada e a prática de exercício foram-me recomendadas, mas penso que há pouca informação sobre qual o tipo de exercício que se deve e pode fazer. Na minha opinião, acho que valeria a pena um artigo sobre os principais conselhos relacionados com a atividade física e como agir para melhor controlar a glicemia, assim como quais as modalidades desportivas mais adequadas para os diabéticos.

SOFIA PEREIRA Almada

06 Pratos vegetarianos “Incluo também muitas verduras nas saladas”

Há já um ano e meio que sigo, por opção individual, um plano de dieta vegetariano e com hidratos de carbono. Embora coma muitos hidratos de carbono, tais como feijões, grãos e fruta, incluo também muitas verduras nas saladas. A verdade é que os resultados têm sido muito posi-tivos e satisfatórios, além de que me tenho sentido realmente muito bem comigo próprio.Enquanto vegetariano que sou, creio ser importante haver mais informação neste sentido, agradecendo a divulgação de artigos científi cos e receitas de pratos alternativos. Penso que só assim as pessoas podem fi car alertadas para esta situação.

BEATRIZ JESUSÉvora

ESCREVA-NOS!

Inspire-se na nossa revista e envie-nos o seu testemunho sobre a experiência de viver com a diabetes, ou sobre algum dos nossos artigos, juntamente com o seu nome completo para o e-mail [email protected], com o assunto “Correio do Leitor”, ou para a morada Av. Infante D. Henrique nº 306, Lote 6, R/C - 1950-421 Lisboa.

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10 Diabetes

CONSULTÓRIO

João Filipe Raposo, Endocrinologista e Diretor Clínico da APDP, responde:

A insulina é uma hormona produzida no pâncreas e libertada no sangue em resposta à presença dos nutrientes que absorvemos no intestino durante

a digestão. O nutriente de que se fala mais é geralmente a glicose (um açúcar simples), mas outros também conseguem aumentar a resposta de insulina.

Só com a insulina é possível a maior parte das células do nosso corpo (especialmente os músculos e o tecido adiposo) utilizar a glicose que existe no sangue. Esta glicose é fundamental para a produção de energia de que o corpo precisa para as atividades diárias.

Se houver muita glicose em circulação (porque comemos muito) há mais insulina em circulação (porque o pâncreas produz mais) e pode entrar mais glicose para dentro das células para produzir mais energia. Se fazemos muita atividade física, gastamos essa energia. Se fazemos pouca atividade, armazenamos essa energia sobre a forma de gordura. Uma das razões principais para a existência de tão grande número de pessoas com excesso de peso e obesidade advém deste mecanismo.

Na diabetes tipo 1, como não há produção de insulina, as pessoas necessitam de insulina para sobreviver e deverão aprender a administrar a insulina de acordo com a quantidade de comida que ingerem e com a atividade física que fazem. Se este processo estiver bem afinado, se as pessoas comerem muito, deverão administrar mais insulina. Se fizerem mais atividade física não aumentam de peso, se fizerem pouca atividade física vão aumentar de peso.

As pessoas com diabetes tipo 2 poderão necessitar de utilizar insulina para ter os valores de glicemia mais

controlados. Como a diabetes tipo 2 está geralmente associada a obesidade e esta está associada a maior dificuldade de ação da insulina (insulino-resistência) são geralmente necessárias doses mais elevadas de insulina para manter os níveis de açúcar no sangue controlados.

Uma pessoa com diabetes que utilize insulina e que tenha excesso de peso e queira perder peso tem geralmente de comer menos calorias do que habitualmente e fazer mais atividade física. Se fizer estas alterações necessita de menos insulina e os valores de glicemia até poderão estar mais equilibrados.

Se a mesma pessoa com obesidade e a utilizar insulina simplesmente diminuir a dose de insulina e mantiver tudo o resto, terá níveis mais elevados de açúcar no sangue (o que poderá trazer consequências graves de saúde), que levarão a perda de açúcar pela urina com mais água (urina-se muito), o que levará a desidratação e a uma “falsa” e perigosa perda de peso.

Caso deseje perder peso e utilize insulina discuta com a sua equipa de saúde quais os passos apropriados a seguir.

«As pessoa deverão aprender a administrar a insulina de acordo com a quantidade de comida que ingerem e com a atividade física que fazem.»

01 Devo alterar a insulina para perDer peso?Joana Marques, Lisboa

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Diabetes 11

João Filipe Raposo, Endocrinologista e Diretor Clínico da APDP, responde:

H oje em dia há muitos dispositivos para determinação de glicemia, todos de fácil utilização, exigindo pequenas quantidades de sangue e de rápida

resposta. Tais dispositivos têm algumas características que os diferenciam entre si e que poderão estar mais adaptados a pessoas com diabetes com diferentes necessidades (por exemplo, visores de maiores dimensões para pessoas com dificuldades visuais ou até aparelhos que falam).

O Serviço Nacional de Saúde comparticipa as tiras teste em 85% e em 100% as lancetas (as agulhas que servem para fazer a picada no dedo).

A necessidade de pesquisar glicemias deverá ser discutida com a sua equipa de saúde. Esta necessidade dependerá da sua motivação e disponibilidade, da sua situação clínica, da terapêutica que efetua e dos riscos de ter hipoglicemias (níveis baixos de glicemia).

Em princípio, uma pessoa que faça terapêutica com insulina ou com comprimidos de sulfonilureias (classe de comprimidos para diabetes) deverá pesquisar a glicemia frequentemente e em alturas diferentes do dia. Outros medicamentos para a diabetes têm menor risco de hipoglicemias e por isso poderá não haver necessidade de pesquisar as glicemias.

Há, no entanto, uma razão importante para uma pessoa com diabetes pesquisar as suas glicemias e que é o autocontrolo. O resultado da glicemia poderá ser uma poderosa arma na educação em relação à alimentação e à atividade física, independentemente da terapêutica medicamentosa. Pesquisando a glicemia antes e 1,5 a duas horas depois de uma refeição, poderá ser avaliada a resposta do organismo em relação àquela refeição (e

esta variação tem características próprias para cada um), e o mesmo acontece em relação à atividade física. Neste contexto, a pesquisa de glicemias torna-se essencial e poderá estar associada a um melhor controlo da sua diabetes.

Até há poucas décadas era quase impossível uma pessoa saber o seu valor de açúcar no sangue (glicemia) sem ter de ir fazer uma análise ao laboratório e esperar alguns dias pelo resultado. Depois apareceram testes rápidos para pesquisar a presença de açúcar (glicose) na urina. Partia-se do princípio que, se aparecesse glicose na urina, isso significava que os níveis de glicemia estariam elevados, e quanto maior a glicemia maior a quantidade de glicose na urina (glicosúria). Na década de 1980 surgem os testes para determinação de glicemia.

«O resultado da glicemia poderá ser uma poderosa arma na educação em relação à alimentação e à atividade física, inde-pendentemente da terapêutica medicamentosa.»

02 Deveria testar a minha glicemia?João Henriques, Faro

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12 Diabetes

CONSULTÓRIO

João Filipe Raposo, Endocrinologista e Diretor Clínico da APDP, responde:

A diabetes está bem compensada quando os valores de glicemia estão dentro de valores recomendados para cada pessoa, seja em jejum (e antes das

refeições) – quando os valores estão mais baixos, ou 1,5 a duas horas depois das refeições – quando os valores sobem.

As pessoas sem diabetes têm glicemias de jejum inferiores a 110 mg/dL e geralmente depois de uma refeição os valores não sobem além de 140 mg/dL. O ideal no tratamento da diabetes seria que os valores fossem semelhantes. Muitas vezes tal não é possível, porque a alimentação é desequilibrada e a atividade física é reduzida, ou ainda porque a terapêutica não é adequada (tipo e dose de medicamentos).

Por outro lado, quanto mais perto dos valores ideais se estiver maior é a probabilidade de ter valores baixos de açúcar no sangue (hipoglicemias). São geralmente as hipoglicemias que dão sintomas na diabetes (fome, tremor, sudação, visão turva, sensação de desmaio, ...) e são muitas vezes um motivo que leva as pessoas com diabetes a preferirem ter valores de glicemia um pouco mais altos.

O exercício tem múltiplos efeitos benéficos na diabetes e que também se traduzem numa redução das glicemias, por isso o risco de ter hipoglicemias durante o exercício é maior. Sabendo isso, é importante prevenir o seu aparecimento.

Se não costuma fazer exercício e vai agora iniciar é importante vigiar mais vezes as suas glicemias – é importante verificar o valor antes do exercício e depois de 30 em 30 minutos se for exercício mais intenso ou de hora a hora se for exercício mais tranquilo. É importante também saber que o efeito do exercício nas glicemias se prolonga

muitas horas depois de este já ter terminado, e por isso é também importante saber as glicemias nas três a seis 6 horas posteriores. Estes conselhos são também importantes para as pessoas que fazem regularmente exercício e que costumam ter os valores bem controlados. Como é evidente, sempre que durante a prática de exercício sinta que os seus valores de glicemia possam estar a descer, deverá interromper a atividade e medir a sua glicemia. Se não conseguir medir a glicemia, atue como se se tratasse de uma hipoglicemia e ingira açúcar ou glucose.

Se o exercício for prolongado ou intenso poderá ser importante reforçar a ingestão de hidratos de carbono antes da atividade (hidratos de carbono de absorção intermédia ou lenta) e por vezes durante (geralmente hidratos de carbono de absorção rápida).

Discuta com o seu médico a necessidade de adaptar a sua medicação nos dias em que faz atividade física – por vezes é necessário reduzir a dose de insulina prévia ao exercício ou a dose de alguns comprimidos.

«Sempre que durante a prática de exercício sinta que os seus valores de glicemia possam estar a descer, deverá interrom-per a atividade e medir a sua glicemia.»

03 como posso controlar a baixa glicemia

enquanto faço exercício?Francisco Cardoso, Setúbal

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Imagens do corpo humano

14 diabetes

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RETINA Película fotográfica

Milhões120

Este é o admirável mundo da retina, visto à lente de um microscópio. A retina é a membrana interna sensorial do globo ocular (olho) onde se formam as imagens. É uma fina camada no fundo do olho, rica em pequenos vasos sanguíneos e nervos. Tem a capacidade incrível de funcionar como uma verdadeira película fotográfica, onde as imagens são projetadas a caminho do cérebro. Quando a pessoa com diabetes tem lesões na retina, chama-se retinopatia diabética. As lesões resultam sobretudo de alterações naqueles pequenos vasos, dificultando a passagem do sangue e, por consequência, o transporte de oxigénio e nutrientes às várias zonas. Numa fase inicial, os vasos deixam passar fluidos, ficam frágeis e dilatam nalguns pontos, mas geralmente não existem alterações na visão. A visão altera-se quando os fluidos, ou o sangue, no caso de haver uma hemorragia, que resulta da ruptura de um vaso, atingem a mácula, zona da retina onde se forma a imagem.

PrevençãoPara prevenir lesões graves na retina, aconselha-se realizar um exame periódico (anual) chamado fundoscopia, o controlo rigoroso da diabetes, da tensão arterial, dos lípidos ou gorduras e, ainda, não fumar.

É o número de fotorrecetores em cada retina, que são constituídos por cones (na imagem, a cor amarela) e por bastonetes (a cor verde), os quais são responsáveis por libertar moléculas neurotransmissoras.

diabetes 15

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ADRENALINA

Hormona de stress produzida nas glândulas suprarrenais e que além de ações aumenta o nível de glicemia.

AMILASE

Enzima produzida na saliva e no pâncreas. A amílase decompõe os amidos da alimentação em açúcares mais simples.

ANGIOGRAFIA FLUORESCEÍNICA

Técnica especial de fotografi a para visualização dos vasos sanguíneos da retina, no fundo do olho.

ANOREXIA NERVOSA

Doença psiquiátrica caracterizada por uma grande redução da alimentação, com um emagrecimento acentuado.

CICLAMATO

Adoçante que não fornece qualquer energia.

CORTISONA/CORTISOL Hormona de stress produzida na glândula suprarrenal.

FRUTOSAMINA

Análise no sangue que mede a quantidade de glucose ligada às proteínas. É uma medida da média dos valores da glicemia, durante as últimas duas a três semanas.

FRUTOSE

Açúcar simples que existe na fruta, no mel e em alguns vegetais. Sinónimo de levulose.

HIPÓFISE Pequena glândula situada sob o cérebro onde são produzidas muitas das mais importantes hormonas do organismo.

LIMIAR RENAL Nível de glucose no sangue, acima do qual aparece glucose na urina.

PÓS-PRANDIAL

Após a refeição.

SACARINA

Adoçante que não fornece qualquer energia.

PALAVRAS DIFÍCEIS

MITO: “A pessoa com diabetes deve evitar caminhar

para não provocar irritação na pele dos pés.”

FACTO:Os pés são um ponto vulnerável da pessoa que tem diabetes, pelo que deve haver, da sua parte, uma atenção diária e cuidada com essa região. Contudo, esses cuidados não devem ser, de todo, mo-tivo para as pessoas deixarem de caminhar, pois andar a pé é algo que faz muito bem à saúde. É uma questão de optar por um calçado confortável, com o tamanho adequado e usar sempre meias. Caso surjam áreas vermelhas de irritação no pé, devem ser tratadas de imediato com o médico assistente.

MITOS

MITO: “O mel e o açúcar mascavado são naturais, por-

tanto podem ser usados como alternativa ao açúcar

branco.”

FACTO: Estes produtos são considerados, erradamente, como alternativas ao açúcar branco. Pese o facto de serem alimentos naturais, o mel e o açúcar mascavado também incluem na sua constituição sacarose. Este tipo de açúcar pode ser encontrado noutros alimentos como açúcar de cana ou de beterraba, açúcar refi nado e açúcar em pó. Desaconselha-se, assim, o seu uso generalizado como substituto do açúcar comum.

MITO: “Os produtos dietéticos, por serem do tipo 'diet'

ou light, podem ser consumidos à vontade.”

FACTO: Nem sempre. É um erro comum das pessoas pensar que se pode comer todos os produtos deste género. Assim, é importante ler sempre os rótulos dos produtos com atenção para confi rmar se incluem ou não açúcar, a quantidade de hidratos de carbono e de calorias. Imaginemos que o fabricante informa que um produto “não tem adição de açúcar”, nem sempre se dá o caso de estar completamente isento deste tipo de componente, já que o produto poderá conter açucares naturais de frutas, por exemplo. Fonte: Diabetes Tipo 2, Um Guia de Apoio e Orientação,

APDP, Lidel

DESCODIFICADOR CIENTÍFICO

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Um estudo internacional sobre a prevalência mundial da diabetes, publicado na revista Lancet, alerta para a “epidemia” desta doença crónica, cujos números disparam: no planeta, há já 347 milhões de pacientes. As estatísticas indicam que, nos últimos 30 anos, duplicou o número de adultos atingidos pela doença. A pesquisa divulgada pela publicação científica, publicada online a 25 de junho de 2011, coloca mais uma vez na ordem do dia o fenómeno desta doença em

crescimento. O número estimado já ultrapassa as previsões para o ano 2010 de 285 milhões de diabéticos. É dramático o aumento de pessoas com excesso de peso e com obesidade na atualidade, o que está a produzir efeitos colaterais ao nível da esperança média de vida e dos custos de saúde a nível mundial.

retrato dadiabetes no mundo

18 DIABETES 22 BEM-ESTAR 26 nuTRIção 28 EXERCÍCIoA atualidade no mundo sobre a Diabetes

Diabetes 17

ATUALIDADE Diabetes

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ATUALIDADE DIAbETEs

6 - 11É o número recomendado de

quilos que uma mulher com

excesso de peso deve ganhar

durante a gravidez, segundo

o Institute of Medicine.

É o número recomendado de qui-

los que uma mulher com obesidade

deve ganhar durante a gravidez, se-

gundo o Institute of Medicine.

Fonte: news.health.com Fonte: news.health.com

18 Diabetes

vaciNa contra a obesidadeEstá em estudo uma vacina contra a obesidade, levado a cabo por uma equipa de investigadores portugueses do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, liderada pela endocrinologista Mariana Monteiro. A vacina atua através da supressão da atividade de uma hormo-na estimulante do apetite, chamada grelina. A experiência foi

feita com ratinhos de laboratório, tendo a vacina produzido efeitos em termos de redução da vontade de ingestão de ali-mentos e de aumento do gasto de calorias. A notícia, que tem corrido mundo, é avançada, no dia 6 de junho, no Medical News Today, tendo como fonte a Sociedade de Endocrinologia (endo-society.org).

5 - 9

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5 - 9«Não comer muitos doces é uma boa regra para todas as crianças, inde-pendentemente de terem ou não diabetes. Esta situação deveria ser igual para as famílias sem diabetes, já que são os pais que decidem as regras a aplicar. O mais importante é que as crianças que têm diabetes sintam que, no que diz respeito aos doces, recebam o mesmo tratamen-to que os amigos sem diabetes e os irmãos.»

Dr. Ragnar Hanas,Diabetes Tipo 1 em Crianças,Adolescentes e Jovens Adultos, Lidel

Uma dieta rica em gorduras e pobre em hidratos de carbono poderá reparar lesões nos rins, de acordo com uma experiência feita com ratinhos diabéti-cos, refere a BBC com base num estudo do jornal médico PLoS One. Segundo o site nhs.uk, a investigação avaliou o efeito do funcionamento dos rins, após uma dieta que consistiu em 87 por cento de gordura, cinco por cento de hidratos de carbono e oito por cento de proteínas, comparada com uma dieta dita normal, rica em hidratos de carbono, em ratos com diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2. Os ratinhos que tiveram uma quantidade anormal de proteína na urina, indicando uma redução da função renal, mostraram uma melhoria do funcionamento dos rins durante oito semanas após o início da dieta. Esta investigação preliminar carece de mais estudos, revelando, con-tudo, que uma dieta com mais gorduras e menos hidratos de carbono está associada a alguns benefícios, como a melhoria da função renal, pelo menos feita em animais.

dieta Pode melhorar funcionamento dos RiNs

40por cento da popula-

ção mundial com dia-

betes vive na China.

Fonte: Artigo Lancet, 25 de junho de 2011

«Não comer muitos doces é uma boa dieta Pode

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ATUALIDADE DIAbETEs

20 Diabetes

Frequentemente indicada para pacientes com diabetes tipo 2, a cirurgia de perda de peso tem sido apontada como um meio para melhorar o con-trolo do açúcar no sangue. Mas à luz da ciência, nunca se percebeu muito bem como é que este processo se desenvolvia. Um estudo recente dá novas pistas, diz o health.usnews.com, citando um artigo de 27 de abril do Science Translational Medicine. Ao que se apurou, este tipo de cirur-gia, a qual reduz em muito o estômago, provoca alterações também na junção entre o estômago e o intestino delgado, o que leva a uma redução muito acentuada do nível de circulação de ácidos de amina, diretamente relacionada com a diabetes.

Um estudo recente sugere que a cirurgia de perda de peso em pessoas obesas com diabetes pode diminuir o risco da doença de Alzheimer. Embora os resultados não sejam ainda conclusivos, um grupo de investi-gadores da State University of New York, em Buffalo, nos Estados Unidos, aponta que os pacientes, quando examinados seis meses após a cirur-gia, apresentam uma expressão menor dos genes apontados como os percursores dos detritos que dificultam a atividade do cérebro na doença de Alzheimer, segundo informa o healthday.com, no dia 5 de junho, com base numa notícia avançada pela Sociedade de Endocrinologia (endo-society.org)

Novas Pistas sobre controlo da diabetes

Risco de alzheimeR pode ser diminuído

Terapia hormonalpode aumentar diabetesOs homens com cancro na próstata podem ter o risco aumentado de desenvolver diabetes. A probabilidade foi avançada na 93.ª reunião anual de Boston da Sociedade de Endocrinologia (endo-society.org), avança a United Press International. A conclusão é retirada de um estudo que compa-rou o comportamento de um grupo de 38 homens com cancro na próstata, que recebeu uma terapia hormonal com o fim de bloquear a produção ou a ação das hormonas masculinas, e outro de 36 homens com cancro na próstata que, por estarem num estado menos avançado, não receberam o mesmo tratamento. O primeiro grupo teve duas vezes a probabilidade aumentada de ter diabe-tes. Ambos foram acompanhados no Philippine General Hospital, em Manila, nas Filipinas, entre 2004 e 2010.

Problemas cardíacos em adolescentesNovos indicadores revelam que podem emergir muito cedo, na adolescência, problemas cardíacos em pacientes com diabetes tipo 2, de acordo com novos dados divulgados em junho, 93.ª reunião anual de Boston da Sociedade de Endocrinologia (endo-society.org). Sabe-se que a diabetes pode limitar a capacidade normal de funcionamento do coração e que tal incapacidade pode ocorrer em idades precoces. O estudo foi conduzido pela endocrinologista Teresa Pinto, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, baseado na obser-vação de valores díspares entre adolescentes com excesso de peso e com o peso normal, com e sem a diabetes tipo 2.

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ATUALIDADE BEM-ESTAR

22 Diabetes

Um estudo de dezembro da publicação Family Relations revela que os cônjuges de pessoas com diabetes também experienciam stress, frustração e ansiedade por terem de lidar com a doença dos cônjuges. De acordo com o site forecast.diabetes.org, a investigação envolveu 185 casais, com idades aproximadas a 50 anos, que responderam a um questionário sobre o stress relacionado com a diabetes. No fi nal, os autores do estudo concluíram que há pouca diferença em termos de atitude mental entre a pessoa que tem diabetes e o seu cônjuge.

diabetes também causa stress

nos cÔnJuges

PARTILHAR A SUA EXPERIÊNCIA COM OS OUTROSQue a forma como nos comportamos socialmen-te infl uencia a nossa saúde, já nós sabemos, mas como é o que o faz, é o que a ciência tem procurado apurar. De acordo com um recente artigo, de junho, do jornal Obesity, citado pelo site latimes.com, com pessoas com excesso de peso ou obesas, com a intenção de perder peso, podem aprender muito e podem benefi ciar da companhia de outras pessoas que se encontrem na mesma situação que elas. Embora estudos prévios já tenham confi rmado o oposto, é essa a conclusão apurada pela equipa a cargo desta investigação, que envolveu 288 pessoas, com ida-des entre 18 e 25 anos, as quais responderam a muitas perguntas relacionadas com o seu peso, o peso do seu parceiro/parceira, amigos próximos, familiares e colegas. O grupo foi também ques-tionado sobre quantas pessoas da sua rede social estavam a tentar perder peso e se eles próprios queriam perder peso.

eXPerimente

«O futuro de uma pessoa diabética é hoje muito mais radiante do que nunca. Os avanços terapêuticos signifi cam que agora compreendemos a necessidade crucial de um cuidado continuado da diabetes. O controlo da glicemia é muito mais fácil com as modernas terapias (...)».

David Matthews, Diabetes, Texto Editores

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4As pessoas de

meia-idade

têm quase

quatro vezes

mais o risco

de demência

quando sofrem

de obesidade.

Fonte: Estudo Karolinska Institute

vida na cidade relacionada com doenças mentaisAs pessoas que vivem no campo são mais felizes, informa o nhs.uk com base num artigo do Daily Mail. O artigo refere que os moradores da cidade agem de forma diferente das pessoas que vivem em meios rurais, tendo, por consequên-cia, mais probabilidade de sofrer de doenças mentais.

Este facto baseia-se numa pesquisa alemã que comparou o comportamento da atividade do cérebro em resposta ao stress das pessoas que habitam na cidade e no campo. A notícia tem origem num estudo publicado online no jornal científico Nature.

As crianças que veem os seus pais a beber têm uma probabili-dade duas vezes superior de elas próprias beberem com regu-laridade, refere o nhs.uk com base num artigo do BBC News. A conclusão é de um estudo que resultou de um inquérito conduzido por uma instituição, Joseph Rowntree Foundation, levado a cabo em escolas de Inglaterra, e que envolveu 5700 jovens, com idades entre os 13-14 e os 15-16 anos. A informa-ção recolhida foi baseada em alguns fatores que influenciam o consumo de álcool segundo os autores, nomeadamente a família, média e o meio envolvente dos jovens.

hábitos dos pais influenciam filhos

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ATUALIDADE BEM-ESTAR

24 Diabetes

Os ingleses estão a viver mais do que antes, apesar de continuar a ser preo-cupante o facto dos seus problemas de saúde estarem relacionados com a obesidade. Segundo o Daily Mail, citado pelo nhs.uk, a esperança média de vida subiu para 80 anos, mais oito anos do que as estatísticas apontavam em 1970. O artigo tem origem na publicação de um estudo do International Journal of Epidemiology.

As crianças que não conseguem dormir o suficiente têm um risco aumenta-do de ter excesso de peso. A conclusão é de um estudo publicado online no British Medical Journal, a 17 de março de 2011, com o objetivo de determinar se a redução do número de horas de sono pode estar associada à composi-ção corporal e ao risco de aumento de peso.

O aumento de peso e a obesidade infantil não são o único problema das crianças que passam horas entretidas com videojogos e com telemó-veis. O risco de problemas graves nas articula-ções é também aumentado perante este tipo de comportamento tão característico das gerações atuais. O apelo foi feito por um professor, Yusuf Yazici, do NYU Hospital for Joint Diseases, numa apresentação Annual Congress of the Europe-an League Against Rheumatism, refere o site telegraph.co.uk. ingleses

vivem cada vez mais

sono na infância e excesso de peso

risco de artrite

em crianças

4,2É a percentagem de

doentes com diag-

nóstico de retinopa-

tia diabética

Fonte: Observatório Nacional de Saúde (2009)

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ATUALIDADE NUTRIÇÃO

26 Diabetes

Os benefícios da vitamina D vão além do facto de ser um excelente composto orgânico que promove a absorção de cálcio e que é essen-cial para o desenvolvimento normal dos ossos. Produzida pelo corpo como resposta à luz solar, a vitamina D encontra-se naturalmente presente em alimentos como os ovos, o atum e o salmão. Agora, cientistas descobriram que níveis baixos de vitamina D a circular na corrente sanguínea podem estar relacionados com um risco mais elevado de se desenvolver a doença da diabetes, refere um estudo que envolveu cinco mil adultos australianos, publicado online, no Diabetes Care, em março, conforme avança recentemente a agência noticiosa Reuters.

Tão frequentemente associadas à descida do risco de diabetes, ata-ques cardíacos, e mesmo a alguns tipos de cancro, as fibras são agora sugeridas, num novo estudo, como verdadeiros antídotos contra vá-rias causas de morte. As pessoas que ingerem quantidades elevadas de fibras, de forma continuada, por mais de nove anos, têm 22 por cento de risco mais reduzido de morte do que aquelas que comem menos fibras. Doenças infeciosas, doenças cardíacas e respiratórias podem ser prevenidas graças à ingestão de fibras, as quais podem ser encontradas em alimentos tais como feijões, grãos, ervilhas ou sementes de linhaça. A conclusão é retirada de um estudo publicado no Archives of Internal Medicine, em fevereiro, revela o site forecast.diabetes.org.

Vitamina D previne risco de diabetes

Os benefíciOs fabulosos das fibras

4COMER UMA MAÇÃ COM CASCA, POR DIA.Um químico constituinte da pele da maçã (ácido ursólico) está a ser apontado como um grande aliado contra a atrofia muscular, uma condição frequente de pessoas envelhecidas e doentes, além de que também ajuda a con-trolar os níveis de colesterol e de açúcar no sangue. Em todo o caso, os resultados não são conclusivos, pois a investigação baseia-se em testes feitos em animais, noticia ainda o Daily Mail, em dailymail.co.uk.

eXPeRimente

Leite materno previne obesidade O risco de uma criança se tornar obesa é elevado quando a sua mãe teve diabetes gestacional, mas um estudo veio provar que o aleitamento mater-no durante, pelo menos, seis meses, pode neutra-lizar esse mesmo risco. As crianças de mães com diabetes que são amamentadas nos seus primei-ros seis meses de vida não têm necessariamente de ser, entre os seis e os 13 anos, crianças com maior excesso de peso do que as outras crianças. A investigação carece agora de um estudo mais aprofundado para apurar se este efeito protetor se prolonga na idade adulta. A amamentação por menos de seis meses não revela benefícios em termos de prevenção da obesidade, segundo o Diabetes Care, em fevereiro, de acordo com o site forecast.diabetes.org.

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4O risco de um

obeso ter diabe-

tes é quatro vezes

mais do que um

indivíduo com ex-

cesso de peso.

Fonte: Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes, 2009

Diabetes 27

café pode prevenir Diabetes Um estudo realizado com mais de 700 mulheres com e sem diabetes apu-rou que o café aumenta os níveis de uma proteína no sangue que regula a testosterona e o estrogénio, hormonas que os cientistas pensam contribuir para a diabetes tipo 2, por aumentar a resistência à insulina e a obesidade. A equipa de investigadores chegou à conclusão de que as mulheres que beberam quatro ou mais chávenas de café por dia tiveram níveis mais altos daquela proteína do que as que não beberam e, portanto, têm menos pro-babilidade de desenvolver diabetes, consideram num estudo publicado em janeiro no Diabetes, referido no site forecast.diabetes.org.

Um estudo feito com animais apurou que progenitores com uma dieta rica em gorduras podem aumentar o risco de os seus filhos desenvolverem diabetes, segundo o site forecast.diabetes.org. Um estudo da publicação Nature aponta que até a esta investigação, pensava-se que os genes eram imutáveis de pais para filhos. Agora pensa-se que os genes possam modificar-se ao longo da vida: embora a sequência de ADN não mude, estes podem sofrer uma pequena alteração para outros caminhos, o que afeta a mensagem genética. O estudo sugere que os estilos de vida, tais como optar por uma dieta rica em gorduras, pode influenciar a mensagem genética através do esperma e, logo, condicionar a saúde futura dos filhos.

O mote é dado por um grupo de investigadores que estudou mais de 12 mil pessoas ao longo de seis anos. A equipa apurou que consumir gorduras trans aumenta o risco de depressão, enquanto o consumo de gorduras monossatura-das e polinsaturadas produz precisamente o efeito contrário. As gorduras trans encontram-se em alimentos processados, como refeições pré-confecionadas, bolachas, biscoitos, bolos, em margarinas, com gordura hidrogenada, e na chamada fast-food, por exemplo batatas fritas. Em vez disso, as gorduras como o azeite e as azeitonas, os frutos oleaginosos (amêndoas, amendoins), o óleo de girassol, milho, soja e o peixe, estão associadas a um risco significativamen-te mais baixo de depressão, prova o estudo de janeiro do PLoS ONE, citado pelo site forecast.diabetes.org.

estilOs De ViDa podem influenciar os genes

O que cOmemOs afeta a nossa disposição

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ATUALIDADE ExERcícIO

28 Diabetes

É o primeiro piloto com diabetes a participar no campeonato americano Indy Car Series. Foi em 2007 que Charlie Kimball, 26 anos, descobriu ter diabetes tipo 1, altura em que o seu médico lhe propôs abandonar as pistas de carros. Em vez disso, o anglo-americano, hoje já transformado num herói mundial, decidiu não desistir e continuar o sonho de brilhar como piloto profissional. No carro, durante os treinos e as corridas, para controlar a sua diabetes, tem um dispositivo com um medidor de glicémia, que aponta os dados no visor do volante. Além disso, e enquanto os outros pilotos têm um líquido isotónico no cockpit, o jovem tem consigo um recipiente com sumo de laranja para o caso de o índice de glicose descer. Mais informações no site oficial charliekimball.com.

Um estudo sugere que o exercício pode ser uma forma de tornar mais lento o envelheci-mento, segundo o site forecast.diabetes.org, citando um artigo, publicado em fevereiro, no Proceedings of the National Academy of Sciences. Ratinhos que foram programados geneticamente para envelhecer de forma prematura foram sujeitos a um teste contra a velhice ao correrem numa roda, três vezes por semana, durante cinco meses. Os seus pares, que não foram sujeitos a tanto exercício, demonstraram um mais rápido envelhe-cimento e acumularam defeitos numa parte especializada da célula dos organismos uni-celulares, chamada mitocondria, a qual tem a forma de grão, existe nas células vegetais ou animais, e que desempenha uma função importante nos fenómenos de respiração e nas reações energéticas da célula. A deterioração da mitocondria ocorre naturalmente nas pessoas envelhecidas, o que leva alguns investigadores a assumir uma nova teoria de que este processo é a causa primeira para os efeitos do envelhecimento. Se o exercí-cio pôde ajudar a manter sadia a mitocondria nestes ratinhos, talvez possa prolongar a juventude nas pessoas ativas, acreditam os cientistas.

PilOtO Desafia diabetes a alta velocidade

eXeRcíciO PODe PROlOngaR juVentuDe

Nadar melhora a saúde do coração Nadar pode ser uma forma de exer-cício adequada para as pessoas com mais idade, excesso de peso, ou artrite, mas uma investigação foi levada a cabo para compreender se poderá ajudar também na preven-ção de doenças cardíacas. Segundo a publicação The American Journal of Cardiology, citada na página forecast.diabetes.org, um estudo comparou pessoas sedentárias com outras que têm o hábito de nadar ou correr com regularidade, em média, quatro vezes por semana, e de forma continuada, nos últimos nove anos. Os investigadores confirmaram que nadar melhora realmente a saúde do coração, oferecendo frequentemente os mesmos benefícios do que correr.

Treinopersonalizado pode ser benéficoUm programa estruturado com exercícios ajuda as pessoas com diabetes tipo 2 a reduzir os seus níveis de açúcar no sangue, de forma mais eficaz do que se apenas receberem conselhos sobre como conseguir uma boa forma física. A mesma equipa de investigadores também concluiu que optar pelo treino de exercício regular por longos períodos de tempo é mais benéfico para descer os níveis de açúcar. Embora o impacto do exercício na saúde seja sempre positivo, o ideal para o controlo da glucose é que as pessoas consigam treinar mais de 150 minutos por se-mana, informa o site healthfinder.gov, com base num artigo, de maio, do Journal of the American Medical Association.

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30 Diabetes

NUTRIÇÃO

COMO PREVENIR A OBESIDADE INFANTIL

Os principais conselhos para as famílias ajudarem as suas crianças a prevenir e a combater os perigos do excesso de peso.

A obesidade é um problema de saúde crescente em vários países. Em Portugal sabe-se que um em cada dois portugueses tem peso a mais. Estes

dados preocupantes referem-se à população adulta, que provavelmente foi ganhando peso de forma

progressiva ao longo da vida, com uma infância e adolescência longe das televisões, dos

computadores, da fast-food, das embalagens com brindes e dos snacks a toda a hora. Ou

seja, crianças ativas, com uma alimentação saudável, mas que ao longo do tempo a

sociedade favoreceu nelas a aquisição de um estilo de vida menos saudável. E a situação atual das crianças portuguesas? Os números são alarmantes. Estudos

recentes indicam que cerca de 30% das crianças portuguesas têm peso a mais. Portugal é um dos países da Europa com maior prevalência de obesidade infantil. Como serão estas crianças na sua vida adulta com a manutenção deste estilo de vida? Quais as consequências

NUTRIÇÃO

30 Diabetes

COMO PREVENIR A OBESIDADE INFANTIL

Os principais conselhos para as famílias ajudarem as suas crianças a prevenir e a combater os perigos do excesso de peso.

A obesidade é um problema de saúde crescente em vários países. Em Portugal sabe-se que um em cada dois portugueses tem peso a mais. Estes

dados preocupantes referem-se à população adulta, que provavelmente foi ganhando peso de forma

progressiva ao longo da vida, com uma infância e adolescência longe das televisões, dos

computadores, da fast-food, das embalagens com brindes e dos snacks a toda a hora. Ou

seja, crianças ativas, com uma alimentação saudável, mas que ao longo do tempo a

sociedade favoreceu nelas a aquisição de um estilo de vida menos saudável. E a situação atual das crianças portuguesas? Os números são alarmantes. Estudos

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Diabetes 31

Por: Ana Lopes Pereira, Nutricionista APDP

da obesidade infantil? Valerá a pena alertar para este problema de saúde potencialmente incapacitante, mas que é possível prevenir e tratar, e quanto mais cedo, melhor!

O QUE SIGNIFICA EXCESSO DE PESO E OBESIDADE

Quando a ingestão energética é superior à energia que se gasta com a atividade física do dia-a-dia, o excesso de calorias é armazenado sob a forma de gordura no tecido adiposo do nosso organismo. A obesidade infantil resulta de um desequilíbrio entre as calorias dos alimentos e bebidas que a criança ingere e as calorias que a criança gasta com a atividade física e para assegurar um crescimento, desenvolvimento e metabolismo normais. O resultado deste desequilíbrio é uma acumulação anormal de gordura no corpo, com consequências negativas para a saúde.

Para saber se a criança ou adolescente apresenta peso excessivo, consulte um profi ssional de saúde qualifi cado, como um pediatra ou médico especializado, que avaliará a situação para verifi car se existe, de facto, um problema e as suas causas. Em função disso fará o seguimento e encaminhamento necessários.

OS PERIGOS PARA AS CRIANÇAS

As crianças com excesso de peso ou obesidade têm uma pior qualidade de vida, associada a uma baixa autoestima, depressão e outros problemas psicológicos. Além disso, sabe-se que a obesidade está relacionada com o aparecimento precoce de uma série de outras doenças, como a diabetes tipo 2, a hipertensão arterial, colesterol elevado, doença cardiovascular, doenças respiratórias, entre outros problemas de saúde.

A gravidade do excesso de peso e da obesidade nas crianças e adolescentes está também associada a uma maior probabilidade de este problema permanecer na vida adulta, com as consequências já referidas. Tanto que a Organização Mundial de Saúde refere que «pela primeira vez na história, esta geração de crianças pode ser a primeira a viver menos tempo do que a dos seus pais».

AS CAUSAS DA OBESIDADE

Tanto os genes como o ambiente contribuem para o risco de excesso de peso e de obesidade. Sabe-se que a hereditariedade pode infl uenciar este risco, não só pela herança genética, mas também pela aquisição dos hábitos alimentares da família. O risco da criança ter peso excessivo aumenta cerca de 50% quando um dos progenitores é obeso e 80% quando essa doença afeta os dois progenitores.

Mas são os fatores ambientais, principalmente o comportamento alimentar e a atividade física, os grandes responsáveis pelo desenvolvimento desta doença.

Muita coisa mudou no nosso estilo de vida nos últimos 20 anos, em especial o facto de se praticar uma alimentação cada vez mais calórica, rica em açúcares e gordura, associada a um aumento do sedentarismo.

CRIAR HÁBITOS SAUDÁVEIS

Cada vez mais crianças e adolescentes têm hábitos desregulados, caracterizados por um petiscar constante de alimentos muito calóricos e pobres em substâncias reguladoras, sem a estrutura alimentar tradicional de refeições como o pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar.

O chamado “lixo alimentar” – alimentos com excesso de gordura e açúcar e pobres em vitaminas, minerais, fi bras, antioxidantes e outros nutrientes reguladores – está em expansão e muito direcionado às crianças e aos adolescentes. A crescente variedade de alimentos disponíveis no mercado e as novas técnicas de publicidade e marketing, como as garrafas, caixas, sacos, embalagens com brindes de cores e design de cultura jovem são os principais atrativos deste lixo alimentar, o que difi culta a correta escolha alimentar de quem os compra, prepara ou consome.

Mas não nos podemos esquecer que nesta fase da

ESTRATÉGIASFazer uma alimentação que inclua diariamente

vegetais e fruta.

Tomar diariamente um pequeno-almoço saudável.

Promover as refeições em família (todos juntos à

mesa), e sem televisão.

Adequar o tamanho das doses servidas e comer

devagar.

Limitar a ingestão de refrigerantes, sumos açucara-

dos e alimentos com elevado valor calórico.

Limitar as refeições fora de casa, principalmente

em restaurantes de comida rápida.

Limitar o tempo a ver televisão ou ao computador

a menos do que duas horas por dia

Ter um estilo de vida ativo.

î

CERCA DE 30% DAS CRIANÇAS

PORTUGUESAS TÊM PESO A MAIS.

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32 Diabetes

NUTRIÇÃO

vida é normal a procura de novos alimentos e de querer variar e explorar sabores diferentes. O verdadeiro problema assenta na procura quase diária deste tipo de alimentos e bebidas (refrigerantes, bolos, bolachas, sobremesas, folhados, chocolates e outras guloseimas), como se tratasse de um dia de festa. A repetição ou o facto de se tornar um hábito é que é perigoso para a saúde, uma vez que não só contribui para um aumento progressivo do peso, como também poderá levar a carências de outros nutrientes. Há pessoas com excesso de peso ou mesmo obesidade, mas que apresentam defi ciências de vitaminas e minerais.

E as crianças e adolescentes, como se encontram em fase de crescimento, são mais sensíveis às carências e desequilíbrios alimentares, e por isso muito mais dependentes de uma alimentação saudável. Ao problema do excesso de calorias ingeridas junta-se o facto de os portugueses fazerem parte dos países da Europa com maior nível de inatividade física. O aumento da industrialização, da urbanização e da utilização de aparelhos domésticos automáticos em substituição de atividades mais manuais tem contribuído para um estilo de vida mais sedentário.

Atualmente os mais novos têm passatempos muito pouco ativos: ver televisão, jogos de vídeo, Internet, o que leva a um gasto energético muito baixo num momento em que existe maior disponibilidade de alimentos e calorias.

COMO PREVENIR

A adoção de hábitos de vida saudáveis é a melhor medida para prevenir e tratar o excesso de peso e a obesidade infantil.

É preciso que as crianças aprendam desde cedo a fazer uma alimentação saudável e a praticar exercício físico, mas para isso é necessário o envolvimento da família, da escola e da comunidade. Logo desde a gravidez, a mãe deve ter o peso adequado à fase de gestação. Após o nascimento da criança, recomenda-se o aleitamento materno exclusivo até aos seis meses de forma a reduzir o risco de obesidade na criança.

Ao integrar a criança no padrão alimentar da família destaca-se o facto de os pais serem modelos para as crianças, desenvolvendo hábitos semelhantes aos que observam. É, por isso, fundamental que a alimentação da família siga os princípios de uma alimentação saudável.

RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES

Os alimentos devem distribuir-se ao longo do dia, por cinco a seis refeições diárias e é de evitar que a criança fi que mais de três horas sem comer.O pequeno-almoço é uma refeição fundamental para a criança, nunca devendo ser omitido. O leite, acompanhado de pão, deve fazer parte desta refeição, assim como poderá também incluir fruta. A meio da manhã deve ser fornecida uma pequena refeição, como pão ou uma peça de fruta ou leite ou iogurte não açucarado.

As duas principais refeições (almoço e jantar) devem começar com uma sopa de legumes. Os vegetais devem fazer parte da sopa e do prato. Para terminar, uma peça de fruta fresca.

O consumo de carne deve ser moderado, sendo de retirar as gorduras visíveis e de preferir o peixe uma vez por dia.

As gorduras devem ser utilizadas com moderação, preferindo o azeite na confeção e tempero dos alimentos.

Ao lanche não devem faltar o leite ou derivados, o pão e a fruta.

A água é a bebida mais adequada tanto para as refeições principais como para qualquer outra altura do dia.

RECOMENDAÇÕES DE ATIVIDADE FÍSICA

A prática de atividade física nas crianças e adolescentes traz benefícios não só para o peso corporal mas também para o estado de saúde geral. Além disso, sabe-se que crianças ativas têm uma maior probabilidade de continuarem fi sicamente ativas durante a adolescência e provavelmente também durante a vida adulta. Em geral, recomenda-se

EM GERAL, RECOMENDA-SE CERCA

DE 60 MINUTOS POR DIA OU MAIS

DE ATIVIDADE FÍSICA MODERADA A

INTENSA.

DICAS PARA OS PAIS E AVÓSEvitar utilizar os alimentos como recompensas,

prémios ou castigos quando as crianças se portam

melhor ou pior. Existe uma associação entre os

alimentos e as emoções, pelo que pode levar a que

as crianças recorram, em alturas de maior stress

ou ansiedade, a certos alimentos como sensação

de bem-estar e prazer, o que contribui para o

aumento do peso.

Atenção às quantidades. As crianças não

necessitam da mesma quantidade do que um

adulto. Dar às crianças quantidades exageradas de

alimentos pode distorcer o seu mecanismo normal

de saciedade e habituá-las a doses muito maiores

de alimentos do que seria normal para a sua idade,

contribuindo para um peso excessivo.

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Diabetes 33

cerca de 60 minutos por dia ou mais de atividade física moderada a intensa, seja estruturada ou informal, e adequada ao desenvolvimento físico em que a criança ou adolescente se encontra. Quando se fala em atividade física, trata-se de actividades simples como passear, brincar, andar de bicicleta, patins, nadar, dançar, correr, praticar desportos individuais ou de equipa, entre outros, o importante é que a criança e/ou família goste, para que possa fazer parte do dia-a-dia.

O QUE A TV DIZ PARA AS CRIANÇAS COMEREM

Um estudo da Deco ProTeste, publicado em 2005, verifi cou que cerca de 45% da publicidade na programação infantil

era referente a alimentos e bebidas, na sua maioria prejudiciais para a saúde, ricos em gordura, sal e açúcar. Verifi cou também que anúncios que encorajam o consumo de fruta, vegetais e peixe eram inexistentes.

O excesso de anúncios sobre alimentos de alto teor energético é classifi cado, pela Organização Mundial de Saúde, como um dos fatores de risco para o excesso de peso e obesidade.

Ver televisão durante longos períodos de tempo é uma atividade sedentária e leva a uma maior exposição à publicidade de produtos alimentares. Além disso, está frequentemente associada à ingestão de alimentos tipo snack, ricos em gordura, sal e açúcar (bolachas, batatas fritas, chocolates, bolos).

Uma boa notícia chegou em 2009 quando 26 empresas de alimentos e bebidas se comprometeram a alterar a sua publicidade dirigida a crianças, apoiando um conjunto de esforços de promoção de estilos de vida saudável. Não passa pela proibição da publicidade, mas sim de restringir no horário em que há uma maior audiência de crianças

VER TELEVISÃO POR LONGOS PERÍODOS DE TEMPO LEVA A UMA

MAIOR EXPOSIÇÃO À PUBLICIDADE DE PRODUTOS ALIMENTARES.

OS DOCES DEVEM SER UMA EXCEÇÃO, E NÃO A REGRA.

É FUNDAMENTAL PROPORCIONAR UMA

ALIMENTAÇÃO VARIADA ÀS CRIANÇAS.

HÁ PESSOAS COM EXCESSO

DE PESO OU MESMO OBESIDADE,

MAS QUE APRESENTAM DEFICIÊNCIAS

DE VITAMINAS E MINERAIS.

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NUTRIÇÃO

menores de 12 anos, os produtos que tenham na sua composição excesso de sal, açúcar ou gordura. É um bom começo, mas não nos podemos esquecer dos adolescentes ou que existem outras horas do dia em que muitas crianças também assistem televisão.

As mensagens nutricionais podem ser mal interpretadas pelos mais novos e levar a comportamentos errados. É fundamental reduzir o tempo que as crianças passam a ver televisão e que as famílias e as escolas adotem uma atitude crítica face à publicidade e ajudem as crianças a interpretar as mensagens publicitárias.

ALERTA PARA A OBESIDADE INFANTIL

Nos últimos anos tem havido uma preocupação crescente na sociedade relativamente à obesidade infantil. Verifi ca-se um aumento dos programas de promoção de estilos de vida saudáveis dirigidos às crianças. Têm

sido, assim, muitos os esforços no sentido de promover a saúde. É o caso da Plataforma Contra a Obesidade, que tem incentivado e contribuído para o estabelecimento de parcerias entre várias entidades, como os hospitais, escolas, cuidados de saúde primários, associações, autarquias, entre outros, fundamentais para a implementação destes programas de prevenção, contribuindo, assim, para o controlo do crescimento da epidemia da obesidade.

OS BONS HÁBITOS EM CASA

Mas não se esqueça que em casa também é muito importante fomentar um estilo de vida saudável, com a adoção de hábitos alimentares equilibrados e a prática de atividade física diária. As famílias devem estar, pois, sensíveis à criação de novos hábitos alimentares, para enfrentar o fl agelo da obesidade cada vez mais eminente nas sociedades modernas. Sabe-se que estas são as medidas mais efi cazes para a prevenção do excesso de peso e da obesidade, que devem envolver toda a família, podendo iniciar-se em qualquer idade e quanto mais cedo melhor!

A ALIMENTAÇÃO DA FAMÍLIA DEVE SEGUIR HÁBITOS SAUDÁVEIS,

DANDO O EXEMPLO ÀS CRIANÇAS.

O PEQUENO-ALMOÇO É ESSENCIAL,

NÃO DEVENDO SER OMITIDO.

COMER EM CASA AJUDA A FOMENTAR

ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS.

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Comer bem nas férias©

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Diabetes 37

Por: maria João Pratt

O calor chegou e, por esta altura, é também possível comer de uma forma saudável. As escolhas alimentares devem ser, no verão, tão cautelosas

quanto o são ao longo do ano. Mas é importante lembrar que, mesmo os alimentos mais saudáveis, como as frutas, devem ser consumidos com moderação, pois podem aumentar os níveis de glucose no sangue.

Lúcia Narciso, dietista da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), relembra as normas básicas da alimentação. Como explica, a ingestão de alimentos açucarados, com alto teor de gordura, e as refeições abundantes e em número reduzido (duas a três por dia) são comportamentos alimentares totalmente desaconselhados em todas as estações do ano. O verão não é exceção, garante.

PrinciPais estratégias

Com planeamento, é possível tirar partido do bom tempo, para uma alimentação prazeirosa, sem necessariamente interferir com o controlo e a gestão dos níveis de glucose no sangue. Basta, para tal, respeitar algumas normas básicas.

Em primeiro lugar, é importante planear refeições a intervalos regulares, já que “saltar” refeições faz com que sintamos ainda mais fome, o que aumenta a probabilidade de comer demasiado na refeição seguinte.

É essencial ter cuidado com os sumos de uma forma em geral, pois contêm açúcares, sejam naturais ou adicionados. Por norma, estes últimos estão identifi cados com o rótulo «bebida de fruta», «cocktail de fruta» ou «punch de fruta». Há que ter o cuidado de evitar estas bebidas, dando

preferência à água, que é reguladora de todo o corpo, sobretudo quando as temperaturas são altas.

O verão é geralmente mais propício a encontros com familiares e amigos, muitos deles passados à mesa. Quando souber que vai ter uma refeição menos saudável, recomenda-se que tente ingerir poucos alimentos ricos em gordura, e se ingerir doces, procure reduzir os hidratos de carbono no prato. Considere estas refeições uma exceção.

Antes de uma festa, faça um pequeno lanche. Uma peça de fruta ou um iogurte com pão e bolachas são um bom exemplo. Por outro lado, sempre que possível, começe a refeição por uma salada ou sopa.

Os grelhados podem ser uma opção muito saudável, por

CONSELHOS PRÁTICOS:prefi ra a água aos sumos de fruta ou açucarados.

os grelhados podem ser uma opção muito sau-

dável.

Antes de uma festa, faça um pequeno lanche para

evitar comer demasiado.

se sabe que vai ter uma refeição numa ocasião

especial, planeie o que vai comer.

Fora de casa, assegure que leva consigo alimentos

frescos, nutritivos e água para se hidratar.

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COMER BEMNAS FÉRIASTer diabetes não impede as pessoas de desfrutarem de uma grande variedade de alimentos, mesmo durante o verão.

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constituírem um método de cozinhar com pouca gordura. Mas atenção, os grelhados não devem estar queimados, pois, dessa forma, são muito prejudiciais para a saúde. O frango, peixe, tofu e espetadas de carne, de peixe e de vegetais são boas opções para grelhar. Inclua saladas

ou legumes, não esquecendo as massas ou arroz, grão ou feijão ou, na ausência destes, o pão de mistura ou integral.

Na praia ou noutro local fora de casa, leve consigo alimentos frescos e água. Os lanches devem ser planifi cados e divididos previamente, para evitar comer em excesso.

É também essencial tirar partido do bom tempo e procurar manter-se ativo. Aproveite para, durante as férias, fazer caminhadas ou nadar, pois podem ser formas

interessantes de desfrutar do bom tempo, gerindo, assim, melhor os níveis de glucose no sangue.

cuidados com as crianÇas

Todas as crianças precisam de energia para assegurar o crescimento e o desenvolvimento. E as crianças com diabetes não são exceção.

Como tal, durante o verão, elas devem também manter o estilo de alimentação saudável que praticam no resto do ano. Mas uma vez que o calor aperta, há que ter atenção para as crianças não cometerem demasiados excessos. Não signifi ca que não possam comer gelados, por exemplo, afi rma Lúcia Narciso. «As crianças com diabetes podem comer um gelado, por exemplo, no fi nal da refeição ou ao lanche, sempre acompanhado de um alimento com hidratos de carbono de absorção lenta», aconselha a dietista da APDP.

Também há que ter especial atenção aos refrigerantes, explicando às crianças que estes devem ser evitados, mesmo durante esta época de calor.

é imPortante mantermo-nos ativos,

mas tamBém relaXar em Boa comPanhia.

os grelhados sÃo oPÇÕes

saudáveis Para consumir no verÃo.

as crianÇas devem ser motivadas

a comer alimentos saudáveis

«é essenciAl tirAr proveito do bom

tempo e ser-se Ativo. Aproveite pArA

FAZer cAminhAdAs»

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Comer bem nas férias

as frutas devem ser consumidas

de forma moderada.

os idosos e as grávidas

Na estação do verão, os idosos devem ter todos os cuidados básicos com a sua alimentação, e lembrar-se da importância de se hidratarem ao longo do dia.

Também como qualquer grávida, a futura mãe, seja ou não diabética, deve ter especial cuidado com os alimentos crus.

No verão, as refeições mais leves e frescas são as que sabem melhor e, portanto, as saladas são geralmente os pratos de eleição. É, assim, necessário lavar bem as frutas e as verduras e certificar-se que, fora de casa, os alimentos a consumir também são bem lavados.

Como refere a dietista da APDP, existem diferenças entre uma mulher grávida com diabetes e uma grávida com diabetes gestacional. Nesta última, a diabetes aparece pela primeira vez quando a mulher engravida e desaparece quando o bebé nasce.

«No caso de uma mulher com diabetes que quer ter um bebé, deve falar com o seu médico antes de engravidar para delinear a forma como vai monitorizar e controlar os seus níveis de glucose e fazer qualquer adaptação necessária na alimentação», explica Lúcia Narciso.

Contudo, a especialista lembra que, em ambos os casos, há um aumento do risco de problemas, tanto para o bebé como para a mãe.

Para ajudar a reduzir tal risco, a grávida deve seguir o plano de alimentação definido para a sua situação específica, além da importância de realizar exercício físico, testar os níveis de glucose e tomar os medicamentos que sejam eventualmente prescritos pelo médico assistente.

«A diminuição dos níveis de

hidrAtAção pode cAusAr sérios

problemAs de sAúde.»

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BeBer água é essencial

A hidratação é fundamental, sobretudo na época do verão.«A diminuição dos níveis de hidratação pode causar sérios problemas de saúde», alerta a dietista da APDP, Lúcia Narciso.

«No caso da diabetes tipo 2, a falta de hidratação pode elevar a glicemia e conduzir a um quadro grave que exija mesmo internamento hospitalar», previne ainda.Estar bem hidratado pode ajudar a evitar flutuações nos níveis de glucose no sangue, bem como complicações relacionadas com as temperaturas elevadas, como a exaustão pelo calor e os golpes de calor.

Não há quantidades específicas de água a ser ingerida, mas Lúcia Narciso aconselha um mínimo de 1,5 L de água por dia.

As crianças, e não só, têm por vezes alguma resistência a beber água. Um truque, para o caso de haver dificuldades em ingerir água, é acrescentar umas gotas de limão ou algumas folhas de hortelã. Deve-se evitar as bebidas alcoólicas ou as bebidas com cafeína, pois, ao terem uma ação diurética, promovem a excreção de urina, o que pode elevar o risco de desidratação.

hidratos de carBono

«Os hidratos de carbono são os principais nutrientes que elevam a glucose sanguínea», acrescenta Lúcia Narciso.

Na quantidade adequada, existem alguns alimentos, ricos em hidratos de carbono, que são fulcrais para ajudar a manter controlados os níveis de glucose no sangue. «Estes alimentos são ricos em hidratos de carbono, o que não significa que devam ser eliminados da alimentação», explica Lúcia Narciso. «O truque consiste em manter controlados os níveis de glucose no sangue e estar atento à quantidade de alimentos que se ingere», adiciona a profissional da APDP.

Desta forma, e cumprindo os requisitos básicos para uma alimentação equilibrada e variada, deixa de haver motivos para não desfrutar, em pleno, da época balnear, mantendo um estilo de vida saudável. Comer de tudo, mas em quantidades moderadas é a máxima recomendada.

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Diabético em viagem

Com a informação certa do que é necessário levar na mala de viagem, será mais fácil planear tudo com a máxima segurança.

COMPORTAMENTO DiAbéTiCO EM viAgEM

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P refiro as viagens de aventura, gostava de ir aos Himalaias. Possivelmente é uma viagem que não irei fazer agora que sei que tenho diabetes, mas já me pus a

pensar como haveria de preparar uma possível ida.» O sonho é de Gonçalo Calçada, 30 anos, engenheiro civil, natural de Alcanena. Descobriu que tinha diabetes tipo 1 há dois anos, quando estava a trabalhar em Angola. Foi o momento em que percebeu que precisava de repensar muito a sério a sua vida: «Sabia que tinha de regressar a casa, pois, com o diagnóstico da diabetes, precisava de um acompanhamento que dificilmente teria em África.» Mas mudar não significa deixar a paixão pela aventura de sair de mochila às costas, já que o “bichinho” pelas viagens se mantém: «Não faço restrições de viagens dentro da Europa, a não ser o tempo em que posso ficar fora, não mais de um mês (tempo máximo em que a insulina se mantém conservada).» Por se considerar uma pessoa despreocupada, mas também cumpridor e acostumado a antecipar as dificuldades, o jovem afirma não sentir que a sua vida seja limitada pela diabetes, valendo-lhe a sua paz de espírito e muito optimismo.

objetivo: gozar a viagem

Não é o único. Pedro Ferreira, 30 anos, Diretor de Serviços, descobriu que tem diabetes tipo 2 há apenas um ano e meio. É também um entusiasta no que diz respeito às saídas de casa: «Desde que a pessoa tenha a medicação consigo, não vejo qualquer problema em viajar.» Em viagens longas não se esquece de levar sempre snacks ligeiros, por exemplo bolachas sem açúcar ou fruta e água ou sumos, sem açúcar adicionado. «Geralmente não existem grandes dificuldades, embora por vezes seja complicado seguir o plano de dieta diário definido, pois como estamos em viagem, tentamos aproveitar o máximo para fazer o que queremos fazer e “saltar” algumas refeições intermédias», afirma.

Afinal, o segredo está num planeamento atempado, refere Sónia Pratas, médica endocrinologista da APDP e autora do artigo «Vai viajar?», ed. 55, que nos ajuda a compreender como organizar uma viagem em pleno, aproveitando a estadia ao máximo, mas sem abdicar dos cuidados de saúde.

LocaL de destino

Obtenha informações sobre as características do local para onde vai: condições de alojamento, saneamento, hábitos alimentares e ainda acessos a serviços de saúde e à medicação, sobretudo se faz tratamento com insulina.

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Por: Ana Margarida Marques

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documentos necessÁrios

Com antecedência, organize uma pasta com a documentação que deve levar consigo. Assim, deve ter, por escrito, informação sobre a medicação que está a fazer (medicação oral ou insulina); um documento que o identifi que em como tem diabetes (poderá ser fornecido pela APDP), disponível em várias línguas, para o caso de necessitar de recorrer a uma instituição de saúde fora do país; o Cartão Europeu de Saúde, que permite, dentro da União Europeia, a isenção de quaisquer despesas de saúde em instituições; e, por fi m, uma declaração que justifi ca o transporte de material e medicação relacionados com a diabetes (o transporte de líquidos e agulhas pode levantar problemas), dada pelo seu médico assistente, obrigatória para poder viajar de avião.

Leve uma mala de primeiros socorros com medicação, incluindo para enjoos, vómitos, dores, febre, diarreia e, nalguns casos, antibióticos para o caso de infeções dentárias ou urinárias.

Se está a pensar seguir um plano de vacinação especial antes de realizar a viagem, não existem restrições especiais para as pessoas com diabetes em relação às imunizações habitualmente recomendadas para pessoas que se desloquem para locais de risco.

temPeraturas muito aLtas ou baiXas

No caso de ser insulinodependente, há que ter atenção ao local da injeção de insulina, se estiverem temperaturas altas (por exemplo, na praia). Se a pele está mais quente, altera a velocidade de absorção da insulina, podendo provocar uma hipoglicemia inesperada em pouco tempo. Os glucómetros, assim como as tiras reativas de medição da glicemia, quando expostos a altas ou muito baixas temperaturas, também podem dar resultados errados.

gerir as reFeiÇÕes

Se há uma certeza quando viajamos, é o facto de que nunca temos horas para comer. Assim, em viagem, é normal que algumas refeições sejam feitas em horários pouco habituais. Uma solução possível passa por levar pequenas quantidades de alimentos que possam antecipar situações imprevistas. Uma pequena bagagem de mão deve incluir sempre pacotes de açúcar e embalagens de bolachas. É muito importante assegurar que a água que se ingere é potável, sendo altamente aconselhável o uso de águas engarrafadas (mesmo na lavagem dos dentes), assim como cerveja ou vinho engarrafado. Não se deve usar cubos

de gelo nas bebidas. A fruta deve ser sempre bem lavada e descascada. Evitar molhos, mariscos e buffets frios.

Em viagem, os horários e os esforços físicos irregulares obrigam a um autocontrolo mais atento das glicemias, uma vez que o risco de hipoglicemia é maior.

doente no estrangeiro

As medidas medicamentosas que se devem tomar no caso de doença aguda são as mesmas que se tomam quando as pessoas não estão a viajar. Citando a endocrinologista da APDP Sónia Pratas, «em caso de vómitos ou diarreia a pessoa com diabetes deve compreender que é

«PreFiro AS viAgeNS De AveNTurA,

goSTAvA De ir AoS hiMAlAiAS.»

goNçAlo CAlçADA, eNgeNheiro Civil

de gelo nas bebidas. A fruta deve ser sempre bem lavada

" se há uma certeza quando viajamos, é o facto

de que nunca temos horas para comer."

Cuidados a ter: beba água, sumos, cerveja ou vinho sempre en-

garrafados

Não use cubos de gelo

Coma produtos vegetais sempre cozinhados

Descasque sempre a fruta

evite molhos

evite mariscos

evite comer buffets frios

lave os dentes com água engarrafada

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fundamental não interromper a administração de insulina (poderá eventualmente diminuir as doses) e a ingestão de alimentos ricos em hidratos de carbono, recorrendo a uma alimentação mais líquida, intensificando o autocontrolo glicémico e pesquisando a acetona na urina, se tiver indicação para tal».

se viajar de automóveL

Se viajar de automóvel, aconselha-se a usar uma mala térmica que conserve a insulina, nunca em exposição direta ao sol. A insulina cristalina fica turva, quando alterada pelo calor, e as suspensões adquirem um aspeto granular e de coloração acastanhada. Nestas condições, não devem ser jamais usadas pelo paciente. O mesmo pode acontecer se viajar no inverno e não acondicionar bem a insulina.

a pessoa com a diabetes deve tomar precauções

para agir em caso de hipoglicemias.

COMPORTAMENTO DiAbéTiCO EM viAgEM

Conduzir em segurança: Tenha sempre alimentos consigo, coma regular-

mente.

Controle regularmente a sua glicemia.

Ao mínimo sinal de hipoglicemia, pare e consu-

ma alimentos com hidratos de carbono de ação

rápida.

Se tem hipoglicemias não sentidas frequentemen-

te, evite guiar e fale com o seu médico.

Não beba álcool, nem mesmo em pequena quan-

tidade

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Muitas pessoas com diabetes têm acidentes ou experimentam situações de risco quando se encontram com a glicemia baixa. A ocorrência de hipoglicemias durante a condução tem sido a causa de graves acidentes, e mesmo as pequenas hipoglicemias alteram a capacidade de conduzir em segurança. Valores de 60 a 70 mg% de glicemia podem já perturbar a capacidade de reação, a atenção, a memória e alteram a possibilidade de tomar decisões rápidas. É frequente a indecisão na manipulação do volante, na rapidez de travagem serem causas de condução instável.

Assim, é essencial que o condutor faça um controlo regular da glicemia e que tenha sempre alimentos no seu automóvel para comer, tais como biscoitos, fruta e sumos de fruta. Ao mínimo sinal de hipoglicemia, é importante que a pessoa com diabetes pare e ingira alimentos com hidratos de carbono de ação rápida. Se a pessoa tem hipoglicemias não sentidas frequentemente, deve evitar conduzir e discutir a situação com o seu médico. Qualquer esforço adicional irá levar a um reforço alimentar, como por exemplo mudar a pneu. Caso ocorra uma hipoglicemia enquanto conduz, pare o veículo logo que possa, tire a chave da ignição e passe para o lugar ao lado. É importante tomar imediatamente açúcar ou uma bebida açucarada e, de seguida, um hidrato de carbono de absorção lenta, por exemplo, biscoitos ou pão. Verifique a glicemia. Deve reiniciar a condução só uma hora após a glicemia estar acima de 120 mg%. Não se deve beber álcool, mesmo em pequenas quantidades.

se viajar de avião

A insulina deve ser transportada e armazenada num local que esteja à temperatura ambiente, evitando exposição a temperaturas superiores a 25-30 graus e inferiores a dez graus. Assim, a insulina não deve ser transportada em congeladores nem no porão dos aviões. Se a pessoa estiver medicada com insulina e viajar de avião, deverá levar, na bagagem de cabine, seringas, os cartuxos de insulina, caneta de insulina suplente, o aparelho de medição da glicemia (glucómetro), glucagon e pacotes de açúcar.

Além disso, deve transportar mais do que uma caneta, mais do que um glucómetro, assim como seringas que já tragam agulha acoplada. O material deve estar dividido em diferentes bagagens para precaver a perda de alguma mala durante a viagem. As seringas são a alternativa às canetas, caso se estraguem, extraviem ou partam. Boa viagem!

«DeSDe que A PeSSoA TeNhA A

MeDiCAção CoNSigo, Não vejo

quAlquer ProbleMA eM viAjAr.»

PeDro FerreirA, DireTor De ServiçoS

o que levar na malade mão:

Alimentos tipo snack, incluindo pacotes de açúcar

Medicação

Caneta e seringas, no caso de administrar insulina

Tiras reativas para determinação de glicemia

e acetona

glucómetro e lancetas

embalagem de glucagon

insulina

Cartão com a informação de que tem diabetes

Declaração que justifica o transporte de material

Cartão europeu de Saúde

e noutra bagagem:

Seringas, agulhas e caneta suplente

Mais recargas com insulina

glucómetro e lancetas suplentes

restante medicação

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InvestIgação Por: Ana Margarida Marques ©

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A curA dA diAbetes: Que Futuro? A ciência tem procurado respostas para pôr fim à diabetes. O desafio é complexo, mas há esperança para desvendar a cura.

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durante muitos anos, pensou-se que não haveria respostas para a cura da diabetes. A posição clássica dos médicos era de proporcionar melhores

condições de vida às pessoas com diabetes, educá-las e ajudá-las a prevenir as complicações da doença. Hoje, há já perspetivas diferentes que defendem, não a tese da inevitabilidade da medicação crónica, mas de uma possível cura, seja ela por vacina, por transplante de órgãos ou transplante de células. Quem o diz é o endocrinologista José Manuel Boavida, certo de que a cura poderá não estar à vista, mas deve continuar a ser motivo de otimismo para quem lida com esta doença. Segundo o médico, «temos, hoje, alguns exemplos concretos de avanços, como é o caso dos transplantes de pâncreas», levando a que pessoas com diabetes deixem de administrar insulina ao fi m de 15 ou mais anos. «Mas se a cura tem sido uma mensagem de esperança, ela ainda é extremamente complexa», diz.

MUDANÇA DE PARADIGMA

Passavam cinco anos da descoberta da insulina quando Ernesto Roma e um conjunto de benfeitores, em 1926, criaram a mais antiga associação de apoio àqueles que tinham diabetes, mas poucos recursos para se tratar. Nascia aquela que é hoje reconhecida como sendo a mais antiga associação de diabéticos do mundo, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), decana da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Na altura, com a descoberta da insulina, pensou-se que tinha sido desvendada a cura da diabetes. «Só passados 15, 20 anos da descoberta da insulina é que se começou a perceber que a insulina não

50 Diabetes

InvestIgação

PASSADOS 90 ANOS DA DESCOBERTA

DA INSULINA, MUITAS PESSOAS COM

DIABETES CONTINUAM A NECESSITAR

DELA PARA SOBREVIVER.

RÁMON GÓMIS«Temos de fabricar células-mãe que sejam resistentes à memória do diabético.»

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A regeneração celular no pâncreas

tem sido uma grande aposta da

ciência para a cura da diabetes.

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curava as pessoas, prolongava a vida às pessoas», afi rma o diabetologista, acrescentando que as complicações da doença acontecem pelo facto de precisamente as pessoas com diabetes conseguirem viver mais tempo.

Atualmente, cresce o sonho para a cura da doença. Um passo de gigante foi dado por uma organização de pais de crianças com diabetes, a Juvenile Diabetes Research Foundation International (JDRF), fundada em 1970 e que tem conseguido fundos capazes de apoiar esta causa. A JRDF é, hoje, a líder da grande investigação mundial para a cura da diabetes.

«Recordo-me que, em 1989, um cientista português que vivia nos EUA, e que tínhamos convidado para vir fazer uma palestra a Portugal, dizia que, no ano 2000, nos iríamos rir dos “bárbaros” que faziam as pessoas injetar-se cinco e seis vezes por dia», diz José Manuel Boavida. «É preciso dizer que já estamos em 2011 e as pessoas continuam a fazê-lo».

Estamos mais próximos da cura da diabetes tipo 1, cujo fenómeno é de origem mais conhecida e precisa do que a diabetes tipo 2, acredita o endocrionologista.

É que, na diabetes tipo 1, acontece um fenómeno imunológico da rejeição das células produtoras de insulina. «Portanto, se formos capazes de evitar este fenómeno ou de regenerar estas células, encontraremos a cura.» Já a diabetes tipo 2 tem a ver com a regulação de toda a energia do organismo e com a própria sobrevivência. Como aproveitamos a alimentação, a armazenamos, a gerimos. «Estamos muito mais longe de encontrar um medicamento efi caz no controlo e regulação do metabolismo dos açucares», refere. Há ainda outra questão fundamental, o facto de que não houve uma modifi cação dos genes ao nível da doença. «Há 50 anos a diabetes era uma doença rara. O que mudou não foram os genes, mas os estilos de vida das pessoas». É aí que reside a grande diferença.

INVESTIGAÇÃO PROGRIDE

Nos tempos atuais, a investigação ganha terreno no campo dos transplantes, da regeneração celular e no desenvolvimento de uma vacina contra a doença.

Em Espanha, têm sido conduzidas experiências neste sentido, como nos conta o endocrinologista espanhol

Rámon Gomis, que estuda de perto as questões da diabetes e da obesidade e, em particular, as alterações moleculares e metabólicas que ocorrem nas células beta, as responsáveis por produzir e libertar a insulina no corpo.

O investigador analisa possíveis formas de manter a plasticidade (a propriedade de um corpo mudar de forma de modo irreversível) das células beta nos ilhéus pancreáticos, onde a insulina é produzida. Há 20 anos a seguir o rasto da diabetes, Rámon Gomis acredita que haverá um grande avanço na medicina, em geral, com a revolução da biologia, e que o futuro é a medicina vir a oferecer às pessoas um diagnóstico personalizado.

Numa palestra sobre a importância da física na evolução da medicina, realizada na Escola de Diabetes, por ocasião do 85.º aniversário da APDP, mencionou o grande desafi o

O IDEAL SERIA PRODUZIR CÉLU-

LAS-MÃE QUE PUDESSEM FABRICAR

INSULINA, MAS CONSEGUIR TAMBÉM

REPARAR AS CÉLULAS MORTAS.

JOSÉ MANUEL BOAVIDA

«Há 50 anos a diabetes era uma doença rara. O que mudou não foram os genes, mas os estilos de vida das pessoas.»

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InvestIgação

atual da ciência para a descoberta da cura da doença crónica: «Pensávamos que o problema da diabetes era a insulina [hoje existem sofi sticados difusores de insulina, com sensores e sistemas desenvolvidos para controlar e regular a insulina], mas a diabetes não é uma doença da insulina, mas da célula que fabrica a insulina. E para solucionar o problema da doença, é preciso reparar a célula que está lesionada.»

Assim, a terapia celular tem sido um motivo de grande debate. Mas ainda continua a haver muitos desafi os pela frente, continua o também coordenador da investigação em diabetes do Instituto de Saúde Carlos III, de Madrid: «O que é importante encontrar são células, embrionárias ou adultas, que sejam fáceis de obter, e que não necessitemos de doadores para transplantes, que sejamos capazes de saber quais as causas da diabetes e que seja conseguida a descoberta para a vacina da diabetes tipo 1».

A par da regeneração de células, em estudo está o desenvolvimento de uma vacina que se imponha ao fl agelo atual de uma doença que afeta já mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. «É importante que a vacina seja universal, barata, que possa ser uma solução imediata para as populações e que sejamos capazes de, em relação àquelas células que não existem no diabético, replicá-las e conseguir que haja um equilíbrio entre a sua destruição/morte e regeneração».

Sobre o transplante do pâncreas, o investigador tem a seguinte opinião: «Se nos faltam as células beta, porquê transplantar todo o pâncreas?»

O FUTURO NO HORIZONTE

A seu ver, o ideal será produzir células-mãe que possam fabricar insulina, mas conseguir também reparar as células mortas, desempenhando um papel único de regulação da condição da pessoa com diabetes. No caso de uma pessoa com diabetes tipo 1, há uma destruição maciça das células produtoras de insulina do pâncreas pelo sistema de defesa do organismo, que podem ser substituídas por um tempo, mas não

«SE NOS FALTAM AS CÉLULAS

BETA, PORQUÊ TRANSPLAN-

TAR TODO O PÂNCREAS?»

A investigação ganha terreno em várias frentes

no sentido de procurar a cura da diabetes.

A terapia celular tem sido uma

grande aposta da ciência.

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IDEIAS-CHAVECom a descoberta da insulina em 1921,

pensou-se que tinha sido desvendada a cura

da diabetes.

Hoje, sabe-se que a solução não está na insu-

lina, mas na reparação de células que fabricam

a insulina ou na possibilidade de evitar a sua

destruição.

A terapia celular como resposta à diabetes tem

gerado grande debate.

A par da regeneração de células, está em

estudo o desenvolvimento de uma vacina

para a diabetes.

Os transplantes de pâncreas têm sido outra

aposta no campo da medicina.

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para sempre, refere Rámon Gómis, num exclusivo à revista Diabetes – Viver em Equilíbrio: «As células-mãe poderão ser uma ajuda muito importante, mas temos de fabricar células-mães que sejam resistentes à memória imunológica do diabético.»

Os desafi os são muitos, mas não são impossíveis, garante o investigador, que vê o futuro com franco otimismo: «A vacina para a diabetes é um desafi o muito importante.» A regressão da diabetes é complexa,

mas a ciência também tem avançado muito nos últimos anos. «Temos de encontrar uma vacina que bloqueie a destruição das células beta, mas que não bloqueie outros sistemas de defesa do organismo», refere o endocrinologista, licenciado e doutorado pela Universidade de Barcelona há mais de 35 anos.

Sobre a diabetes tipo 2, diz que a aposta deve continuar a ser a prevenção: «Não quero enganar-me, mas provavelmente não há mais a fazer do que prevenir a obesidade e aumentar o exercício e, neste sentido, há muitos anos que as sociedades europeias têm feito campanhas.» Fica acesa uma «chama de esperança» para a cura da diabetes.

«TEMOS DE ENCONTRAR UMA VA-

CINA QUE BLOQUEIE A DESTRUIÇÃO

DAS CÉLULAS BETA.»

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ENTREVISTA

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Começou a fumar aos oito anos, quando andava no colégio São João de Brito. «Barbas de milho», conta. Em jovem, andava sempre com um cigarro no queixo.

Aos 33, deixou o vício de lado. Um ano depois, lidou, «o pior possível», com o facto de ter ganho muito peso – «quase 40 kg!». Mais tarde, surge o diagnóstico da diabetes. Hoje, com 66 anos, o fadista João Braga, um rosto conhecido do grande público, considera-se um «óptimo doente».

Quando foi que descobriu ter diabetes?Em tempos, eu era aquilo a que se chamava um heavy smoker. Cheguei a fumar 80 cigarros por dia. Um dia comecei a ficar com a voz velada e fui ao médico. Ele, que era um bocado brusco a falar, e que me recebeu, aos 80 anos, com um cigarrinho ao canto da boca e um enfisema, disse-me: «O senhor, ou fuma, ou canta. Agora escolha!» Pregou-me um susto de todo o tamanho. Isto foi em 19 de janeiro de 1978, num rés-do-chão da Av. da Liberdade. Aquela imagem do sangue a gelar-nos as veias é uma sensação estranhíssima.

Portanto, conseguiu deixar de fumar?Nunca mais peguei num cigarro. Compreendo os vícios todos dos seres humanos, o do tabaco não compreendo

muito bem. A minha geração começou a fumar toda, ou quase toda, porque naquele tempo, nos filmes, quer eles, quer elas, em qualquer situação em que se encontrassem, estavam a fumar (num bar, num restaurante, na cama, no teatro…). Estávamos a ver um filme e só queríamos que chegasse o intervalo, para dar umas passas e imitar os atores a fumar.

Teve muitas dificuldades depois da escolha que fez?Tinham-me dito para ter cuidado para não engordar e eu andei um ano a gozar com quem me tinha dito isso, porque não engordei um grama. Nessa altura, pesava 85 kg, tenho 1,87 m, era um tipo magro, mas depois, entre 1979 e 1988, engordei 40 kg, ou mais, porque passei de 85 kg para 125 kg.

Como explica, hoje, a razão de tal desordem?Eu nasci e cresci com uma sentença de não chegar a homem. Quando eu tinha uns dois anos, a Matilde, lá de casa, escondeu umas guloseimas na cozinha. Consegui chegar até ao sítio onde estavam, mas desequilibrei-me e caí de costas. Fiz uma coisa muito chata nos rins, chamada nefrite. O Dr. Carlos Salazar Sousa, que era o meu pediatra, disse aos meus pais que o caso era gravíssimo: «Este rapaz

EntrEvista a joão bragaO homem que diz viver bem com a diabetes, confiando no apoio dos especialistas de saúde: «Nunca houve nenhum médico que me ensinasse como devia cantar o fado!»

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Texto: Ana Margarida Marques Fotografias: Pedro Vilela

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tem de ter muito cuidado, senão não chega a homem.» Isto foi-me transmitido quando eu tinha oito anos. Foi um bocado apavorante. Quando cresci, percebi o motivo de os meus pais me terem dito aquilo (era para me alertar para a minha condição precária de saúde). Mas o efeito foi ao contrário. Em vez de tomar juízo, pensei: «Se não chego a homem, deixa-me cá safar enquanto cá ando!»

E foi o que aconteceu?Cometi excessos, e se calhar foi isso que me fez chegar, não a homem, mas a velho (risos)!

Foi nessa altura que apareceu a diabetes tipo 2?Como sempre achei que ia viver pouco, estava sempre a “chatear” o Dr. Melo e Castro. Tinha uma dorzinha, não sei onde, e lá o ia “chatear”. Fazia exames e nunca tinha nada. Uma vez, estávamos em fi nais de 1987, comecei a levantar-me a meio da noite com frequência para ir fazer xixi, depois comecei com a boca muito seca e fui-me queixar destes sintomas. Mandou-me fazer análises e quando lá cheguei, ele disse-me (irónico): «Olhe, meu caro, parabéns, até que enfi m que você está doente!»

Foi assim que me deu a notícia: «É diabético!» E depois explicou-me: «O pâncreas estava habituado a trabalhar para uma determinada massa física e, de repente, o volume da massa aumentou em 50% e fi cou preguiçoso.» E eu perguntei: «Mas deixou de trabalhar?» «Não, mas está a trabalhar muito devagarinho.» Isto foi há 23 anos.

Como reagiu quando soube que tinha diabetes?Sabia algumas coisas sobre o assunto, de amigos e amigas, de parentes, que tinham já desabafado comigo. Um dos meus melhores amigos é diabético desde a adolescência, é insulinodependente, portanto tinha já umas luzes sobre aquilo e sabia que podia ter praticamente a mesma qualidade de vida, se tivesse cuidado.

Considera-se uma pessoa cautelosa com a sua doença?Devo dizer que sou um pouco radical nestas coisas e sou um ótimo doente, porque faço tudo o que os médicos me dizem. Eles é que estudaram! A mim, nunca houve um médico que me ensinasse como devia cantar o fado. Confi o nos médicos e não me tenho dado mal com isso.

O que mudou na sua vida desde então? Já não fumava, mas acho que foi por ter deixado de fumar que fi quei diabético, porque também não tive cuidado. Mea culpa! Se tivesse tido cuidado, tinha engordado, mas

«O diabético tem de viver como os

outros todos, mas, em vez de viver

desconfi ado, tem de viver alerta.»

ENTREVISTA

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«JOGUEI ANDEBOL, VOLEIBOL,

BASQUETEBOL, E FIZ ATLETISMO.»

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não aquela brutalidade, além de que gastei uma fortuna no alfaiate. Tive de mudar o guarda-roupa todo [risos]. Lidei o pior possível...

Que hábitos foram alterados na sua vida diária?Hoje, a única coisa que eu consumo com algum açúcar é o vinho. Porque nunca mais comi um doce. Não transgrido, nem um bocadinho. Havia coisas de que eu gostava muito, que era crepes suzette, trouxas de ovos e pastéis de nata, mas nunca mais comi nada disso. Os únicos doces que como, muito raramente, e o último devo dizer que comi há uns três meses, é aqueles chocolates com frutose, próprios para diabéticos.

Não sente falta de comer doces?Às vezes sinto. E quando faço a picada no dedo, que não faço todos os dias, mas devia fazer, e o açúcar está baixo, sobretudo à noite, tenho na mesa de cabeceira uma tablete, para não adormecer com açúcar baixo, pois disseram-me que é perigoso.

Que outros cuidados inclui na sua rotina?Já fi z muito exercício, andar a pé em plano é o melhor que se pode fazer. É algo que se deve fazer de uma forma continuada. Toda a gente devia andar a pé todos os dias, em vez de estar a ver a televisão, telenovelas, big brothers e coisas do género.

Considera ter uma relação especial com a comida?Não gosto de comer muito, mas gosto de comer bem. Não embarco em modas, devo dizer. Gosto de bacalhau com grau e não gosto de bacalhau com natas. Tudo quanto é coisas com enfeites não me atrai.

É homem que gosta de ter prazer na vida; como vive os momentos à mesa?O meu pequeno-almoço é leite de soja, duas torradas com compota, tolerada por diabéticos, e um kiwi. Ao almoço como sopa, duas torradas com queijo branco e com pouca gordura, uma laranja e depois uma tigela com gelatina diet. Isto todos os santos dias… Na primavera, verão, inverno e outono! O jantar é à la carte, em casa ou fora, pois como de tudo, mas em poucas quantidades. É a única refeição em que bebo álcool, vinho tinto. Com dois copos, fi co mais do que servido.

JOÃO DE OLIVEIRA E COSTA BRAGA

é conhecido, sobretudo, por cantar o fado. É também intérprete de outros estilos musicais, além de um amante fervoroso da escrita. Fundou uma revista, a Musicalíssimo (1970), da qual foi editor. Foi cronista em diversas revistas e jornais. Chegou a participar em animadas tertúlias desportivas no pequeno ecrã, em representação do seu clube, o Sporting Clube de Portugal. Tem um livro publicado, Ai Este Meu Coração (2006), e está já a preparar um segundo livro.

«TODA A GENTE DEVIA ANDAR A PÉ

TODOS OS DIAS, EM VEZ DE ESTAR A

VER TELEVISÃO, TELENOVELAS, BIG

BROTHERS.»

«Não gosto de comer muito,

mas gosto de comer bem.»

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ENTREVISTA

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Aprecia muito estar sentado à mesa. Não é difícil ter tantas restrições alimentares?Não faço esforço, porque como aquilo que me apetece comer. Gosto de comer com vontade de comer mais. Não gosto de fi car, aquela palavra muito feia, “cheio”! É como tudo na vida e como nos espetáculos. Sempre que pedem “bis”, eu nunca dou. Gosto de sair da mesa com vontade de comer, e de sair do palco com vontade de cantar. Sou vidrado no Fernando Pessoa, e há um poema em que ele diz “ter é tardar”. E é exatamente isso!

Participou em programas televisivos de futebol. É uma pessoa dada ao desporto?Divertia-me imenso nos debates em que participei com o Artur Semedo, na TVi, há 16 anos, o Bang-Bang. Nunca levei aquilo a sério, estava sempre no gozo! O futebol é o contrário da minha fé, porque está mais no campo da irracionalidade. Sou sportinguista por herança, por imposição do meu pai, e depois por escolha, pois decidi continuar a ser do Sporting. Quando crescemos, fomos viver para uma terra muito pacata, que era Cascais e o Estoril. O meu pai não imaginava que aquilo era muito pior do que Lisboa, eram programas por todo o lado. Aos 14 anos, já me escapulia pela janela, eu e os meus irmãos.

Ao contrário dos tempos que correm, fazia desporto na sua juventude?Eu era o “n.º 8” do Campeonato da Mocidade Portuguesa. Joguei andebol, voleibol, basquetebol, e fi z atletismo, que é a modalidade desportiva de que eu mais gosto.

Fora do colégio, continuou a praticar desporto?Nem por isso. Eu estava a estudar Direito. Já cantava uma data de coisas. Com 12 ou 13 anos, cantava bossa nova e eu perdi a cabeça com aquilo, foi a minha grande primeira paixão musical! Quanto mais fui cantando fado, menos gostei. Eu aprendi com a Amália muitas coisas e uma delas foi que, em Portugal, há muito pouca gente a cantar fado e há muita a cantar “fuado”, porque têm, do fado, uma noção paroquial, bairrista, mas o fado tem outras interpretações.

Falou-nos sobre poesia, fado, futebol…E já agora Fátima! [risos]… Eu olho para a religião desta maneira: a minha fé é racional. Andei a visitar as “capelinhas” todas, tive a minha fase do budismo, do

maometismo, do judaísmo, de tudo o que possa imaginar. Do fi m da adolescência até aos 30 anos, não andei com um cajado armado em peregrino, mas mergulhei fortemente nestas coisas, porque como achava que ia morrer dali a pouco tempo, quis saber para onde ia, no outro mundo.

Que conselhos pode dar às pessoas para viver a diabetes com essa alegria?Ter uma doença não é o fi m do mundo. A primeira coisa a interiorizar é que vamos ter de viver com isto, porque não há cura. O diabético tem de viver como os outros todos, mas, em vez de viver desconfi ado, tem de viver alerta. Ser desconfi ado é outra coisa, é algo que nos tira completamente o prazer de viver. O bem máximo da vida é a própria vida, a saúde é mais uma coisa com que temos de lidar. Como muitas outras!

«GOSTO DE SAIR DA MESA COM

VONTADE DE COMER, E DE SAIR DO

PALCO COM VONTADE DE CANTAR.»

maometismo, do judaísmo, de tudo o que possa imaginar.

O cantor aconselha as pessoas

a viverem com bom senso e prazer.

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CULINÁRIA

60 C reme de Beringelas

62 Salada de feijão com nozes

64 Massada de peixe

66 Semi-frio de morango

PRAZER E SABOR Receitas para uma alimentação saudável

60 C reme de Beringelas

62 Salada de feijão com nozesSalada de feijão com nozes

64 64 64 Massada de peixe

66 Semi-frio de morango

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CULINÁRIA

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Composição nutricional

média por pessoa

P Calorias 96 kcalP H. Carbono 10 g

P Proteínas 2 gP Gordura 5 g

Preparação1. Lave, descasque e corte a batata, as cenouras, as beringelas, a cebola e os alhos aos pedaços (não é necessário descascar totalmente as beringelas, pode re-tirar apenas as extremidades).

2. Coloque os legumes cortados numa panela e adi-cione uma colher de chá de sal. Junte água até cobrir os legumes.

3. Deixe cozer durante cerca de 30 minutos. Quando os legumes estiverem cozidos, retire a panela do lume e tri-ture tudo com uma varinha mágica.

4. Junte 2 colheres de sopa de azeite e misture bem.

5. Enfeite os pratos com um pouco de salsa picada e pode servir a sopa quente ou fria.

Ingredientes

Para 4 pessoas

P 2 beringelas P 1 batata média

P 2 cenourasP 1 cebolaP 2 dentes de alhoP 2 colheres (sopa) de azeiteP 1 colher (chá) de salP 1 molho de salsa

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Por: Ana Lopes Pereira, Nutricionista da APDP

C reme de Beringelas

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CULINÁRIA

Salada de feijão com nozes

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Diabetes 63

Composição nutricional

média por pessoa

P Calorias 181 kcalP H. Carbono 17 g

P Proteínas 10 gP Gordura 8 g

Preparação1. Coloque o feijão num escorredor e lave com água corrente.

2. Lave e pique os tomates e a cebola.

3. Coloque tudo numa taça e misture.

4. Tempere com a colher de azeite, o vinagre e a pimen-ta preta a gosto.

5. No fi nal espalhe por cima da salada o miolo de noz partido aos pedaços e sirva fria.

Ingredientes

Para 4 pessoas

P 1 lata de 400 g de feijão encarnadoP 2 tomates

P 1 cebolaP 1 colher (sopa) de azeiteP 30 g de miolo de nozP Vinagre q.b.P Pimenta preta q.b.

Nota: Esta salada pode ser útil para o verão, por ser uma re-feição leve e de rápida preparação, para alternar com os pratos mais tradicionais. A cebola frita é uma sugestão de decoração.

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64 Diabetes

CULINÁRIA

Preparação1. Coloque num tacho grande o azeite, a cebola picada, os tomates cortados aos cubos, o pimento cortado às ti-ras, os alhos picados e uma folha de louro. Leve ao lume com tampa e deixe cozinhar cerca de 5 minutos.

2. Junte 1 dl de vinho branco e uma colher de chá de sal e deixe cozinhar mais 5 minutos.

3. Adicione água qb (cerca de 1,5 L) e deixe ferver.

4. Quanto estiver a ferver junte o peixe. Assim que estiv-er cozinhado, retire o peixe do tacho e guarde à parte.

5. Deixe o caldo voltar a ferver, junte a massa e deixe cozer cerca de 5 minutos.

6. Coloque no tacho o peixe já cozinhado e os coentros picados e deixe apurar mais 5 minutos.

7. Retire do lume e sirva em pratos fundos.

Ingredientes

Para 4 pessoas

P 170 g (em cru) de massa cotovelosP 400 g de lombinhos de tamboril e pescadaP 3 tomatesP ½ pimento verdeP 2 dentes de alhoP 1 dl de vinho brancoP 3 colheres (sopa) de azeiteP 1 molho de coentrosP 1 folha de louroP 1 colher (de chá) de sal

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Diabetes 65

Composição nutricional

média por pessoa

P Calorias 323 kcalP H. Carbono 34 g

P Proteínas 24 gP Gordura 10 g

Massada de Peixe

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CULINÁRIA

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Semi-friode Morango

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Diabetes 67

Preparação1. Lavar e arranjar os morangos.

2. Junte numa taça os morangos, o iogurte e os queijos frescos e triture tudo..

3. Bata as claras em castelo, acrescentando o adoçante em pó aos poucos.

4. Junte tudo, misturando delicadamente, e leve ao frio até solidifi car.

Ingredientes

Para 4 pessoas

P 1 iogurte natural magro

P 5 colheres (sopa) de adoçante em póP 2 queijos frescos magros pequenosP 3 claras de ovoP 500 g de morangos

Composição nutricional

média por pessoa

P Calorias 77 kcalP H. Carbono 9 g

P Proteínas 8 gP Gordura 1 g

Semi-friode Morango

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É este o lema da campanha à qual aderiram diversas empresas. O objetivo é imple-mentar a primeira Escola de Diabetes em Portugal, e no mundo, destinada à for-mação de doentes, cuidadores e profissionais de saúde. No dia 13 de maio, no 85º aniversário da Associação Protectora de Diabéticos de Portugal (APDP), foram apre-sentados os novos mecenas que, em 2010, aderiram a esta campanha, tornando possível o arranque do funcionamento daquela que é a primeira Escola de Diabetes

do mundo. Bial, Fundação AstraZeneca, Grupo Barraqueiro, Herdade do Esporão, Lusoforma, Medinfar e Takeda (Mecenas Azul); Lilly e Roche Sistemas de Diagnósticos (Mecenas Ouro); assim como Frederico Valsassina Arquitectos, Fundação Calouste Gulbenkian e Museu do Pão (Mecenas Platina) são algumas das empresas e organizações que se associaram à causa. Além disso, juntam-se a esta iniciativa, para ajudar a APDP, cem empresas, marcas, organizações, pessoas a título individual e entidades nacionais.

A SUA APDPNotícias da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal

«CEM MECEnas unidos pEla diabEtEs»

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A SUA APDP NOTÍCIAS

70 Diabetes

A Associação Protectora de Diabéticos de Portugal (APDP) comemorou 85 anos de existência no passado dia 13 de maio.

A abertura da cerimónia foi feita pelo seu presidente, Luís Gardete Correia, tendo sido sucedida da entrega de diplomas aos mecenas 2010/2011 (ver página 69) e da assinatura do Livro de Honra 100 Mecenas. A campanha teve por objetivo tornar possível a existência daquela que já é a primeira Escola de Diabetes a nível internacional.

A iniciativa torna-se uma importante mais-valia para a Fundação Ernesto Roma, que continua a promover cursos de formação e projetos de investigação, com o intuito de, cada vez mais, informar a sociedade civil e científi ca acerca da diabetes, desenvolvendo o espírito da mensagem do fundador da APDP,

Ernesto Roma. «Numa altura de crise é também quando a sociedade civil é mais desafi ada para responder às necessidades atuais», avança José Manuel Boavida, presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) e Coordenador do Plano Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes (PNCD).

PRÉMIOS E PALESTRAS

A ocasião do 85.º aniversário foi também pretexto para atribuir as medalhas comemorativas aos associados da APDP com mais de 50 anos de diabetes, e para a entrega do Prémio Ernesto Roma 2010/2011. O vencedor deste último prémio foi o trabalho da autoria de Ana B. Fernandes, Rita S. Patarrão e

Almeida Santos, Presidente

da Assembleia Geral da APDP,

a entregar uma medalha.

A mais antiga associação de diabéticos

85.º ANIVERSÁRIODA APDP

A mais antiga associação de diabéticos

Francisco George, Diretor-Geral

da Saúde, esteve presente

no evento.

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Foi inaugurada a Unidade Ótica da Associação Protectora de Diabéticos de Portugal (APDP), também no passado dia 13 de maio, por altura do seu 85º aniversário. A nova unidade constitui um serviço de qualidade, com preços mais acessíveis a prestar aos sócios, familiares e pessoas ali assistidas.

A APDP tinha já um departamento de oftalmologia, preparado para dar resposta às necessidades da consulta onde o doente é vigiado e tratado. Equipado com diversos postos de observação, angiógrafo e lasers, funciona em ambulatório, recorrendo os oftalmologistas a uma unidade hospitalar próxima para a realização de tratamentos cirúrgicos. Agora, a ótica vem dar ainda mais comodidade a quem recorre a este serviço.

Assistência ao doente

Inaugurada Unidade Ótica

Diabetes 71

M. Paula Macedo, intitulado Hepatic Insulin Sensitizing Substance (HISS) – Target Organs.

Teve lugar ainda a conferência A importância da Física na Evolução da Medicina, por Ramón Gómis, Coordenador da Investigação em Diabetes do Instituto de Saúde Carlos III, em Madrid. O endocrinologista conduziu uma palestra animada acerca dos grandes acontecimentos que marcam a história e a atualidade científi ca da diabetes, desde a descoberta da insulina aos novos desafi os trazidos pela investigação moderna.

As comemorações terminaram com um cocktail e ainda um concerto, Ensemble Peregrinação, sob a direção de Teresita Marques, da Escola de Música do Conservatório Nacional.

M. Paula Macedo, intitulado Hepatic Insulin Sensitizing

Maria Barroso marcou presença

na qualidade de associada.

Na inauguração, José Boavida,

presidente da SPD, e João

Raposo, Diretor Clínico da APDP.

Texto: Ana Margarida Marques Fotografi as: Pedro Vilela

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Uma das maiores necessidades sentidas a nível nacional é o rastreio da retinopatia. Neste sentido, a Associação Protectora de Diabéticos de Portugal (APDP) tem, ao abrigo de um acordo de cooperação com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I.P (ARSLVT), três equipas no terreno a fazer um rastreio da retinopatia diabética.

Os utentes deverão informar-se acerca da data do rastreio junto dos seus Centros de Saúde ou contactando a APDP. O rastreio abrange neste momento todos os Centros de Saúde dos Agrupamentos Oeste Norte e Oeste Sul, Ribatejo, Lezíria e Serra d’Aire.

Neste ano de 2011, vai ser estendido aos Centros de Saúde dos Agrupamentos da Península de Setúbal – Arco Ribeirinho, Seixal-Sesimbra, Setúbal-Palmela e Almada, e em Lisboa aos Centros de Saúde do Agrupamento de Lisboa-Oriental.

A QUEM SE DIRIGE

Devem efetuar este rastreio, anualmente, todas as pessoas com diabetes que já não estejam a ser acompanhadas em consultas de oftalmologia.

O exame é um procedimento simples e rápido, consistindo na realização de quatro fotografi as aos olhos. Um oftalmologista faz a leitura e o relatório das imagens e, se necessário, convocará a pessoa para posterior consulta. Não existem custos por parte dos utentes associados a este exame ou aos eventuais tratamentos necessários.

A APDP tem, desde o seu início, um departamento especializado nas complicações da diabetes na área da oftalmologia. Além das consultas, realizam-se neste departamento todos os exames especializados necessários, tratamentos por fotocoagulação (laser) e cirurgias.

A retinopatia diabética, doença de uma parte do olho (a retina), é uma das complicações mais frequentes na diabetes. Se não for detetada precocemente, poderá evoluir para formas mais graves que podem terminar em cegueira. A causa mais frequente da cegueira nos países desenvolvidos é a diabetes.

A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) recebeu, pela ocasião do seu aniversário, no dia 13 de maio de 2011, a Medalha de Ouro dos Serviços Distintos do Ministério da Saúde. Como foi referido na cerimónia, a atribuição desta medalha a uma instituição é muito «rara», tendo sido de grande importância este reconhecimento junto da mais antiga associação do mundo para as pessoas com diabetes. «Nos seus 85 anos, a associação está preparada para continuar esta luta [diabetes]. A atribuição da medalha do Ministério da Saúde é animadora», refere o presidente da APDP, Luís Gardete Correia.

Rastreio nacional

PREVENIR

A RETINOPATIA DIABÉTICA

Medalha de Ouro

APDP RECEBEMENÇÃO HONROSA

72 Diabetes

Luís Gardete Correia, presidente

da APDP, mostrou-se honrado

pela congratulação.

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A SUA APDP NOTÍCIAS

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F oi este o meu sentimento interior quando no anfi teatro da Faculdade de Medicina do Hospital de Santa Maria na abertura de Sessão Clínica para que fora convidado

ouvi, do Diretor da Faculdade, a notícia: «Faleceu o Prof. Pedro Lisboa!».

A sua exuberância, clareza de exposição e o inato jeito pedagógico com que ensinava as crianças a vigiarem elas próprias o nível de glicemia, e se autoinjectarem com a dose calculada de insulina, eram espectaculares. Se as crianças são capazes (perguntava eu), não serão os adultos sufi cientemente crescidos para automedirem a tensão arterial e automodifi carem a dose dos medicamentos, de acordo com a orientação do seu médico de família? Automedicação supervisionada!

Pedro Eurico Lisboa foi também o primeiro a quem vi dar aulas de educação para a saúde dos seus doentes. Diariamente, na Consulta de Diabetes do Hospital de Santa Maria, subia para um banco e pregava uma verdadeira homilia científi ca aos 20 ou 30 doentes que aguardavam consulta.

Recordo constantemente uma das suas mais claras explicações para o sucesso da mediatização da saúde na TV. A primeira vez que o convidei a juntar-se a mim, numa das minhas palestras de promoção da saúde, veio dizer-me logo de manhã: «Ó Fernando, mal dormi esta noite a pensar! É que cheguei à conclusão de que teria de viver 400 anos para dar esta lição a todas as pessoas que me vão ouvir hoje na TV!»

Recordação inesquecível o seu Doutoramento: à boa maneira coimbrã, o catedrático de fora desdenhou e criticou (exageradamente, no meu entender) o seu trabalho de longos anos (possivelmente, dizem, para provocar e enriquecer a

discussão), mas ele, e os seus, sentiram-se amachucados. E depois de, na minha intervenção, ter dado o testemunho pessoal da sua perseverança, da sua luta e do imenso trabalho que eu vira crescer ao longo dos anos, veio-me agradecer comovido: «Ó Fernando, estavam lá os meus fi lhos e a minha mulher: fi caram em lágrimas, orgulhosos e perdoaram-me todo o tempo que lhes tinha roubado.»

Nas sessões (científi cas), confessavas-te eterno estudante: «Eu sou o estudante mais velho que todos, aqui estou e quero perguntar o que os outros não tiveram coragem de fazer: explique lá... isto ou aquilo!»

Seguias na discussão o exemplo inesquecível do saudoso Prof. Armando Ducla Soares, o exímio comentador que tanto enriquecia as sessões quando falava.

E estou a ver o Pedro, no dia em que apresentaram um caso de leucemia aguda numa criança, depois de curada, levantar-se, voltar-se para uma centena de alunos e gritar: «Vocês percebem o que estão a ver? Isto é um milagre! Antigamente este diagnóstico era um horror, morte certa e uma tragédia para a família toda. E hoje 80 por cento são curados! Acreditem que é um milagre da Medicina!»

Adeus, Pedro. Não só Ele, também tu fi zeste milagres!

Homenagem ao professor Eurico Lisboa (1924-2011)

Diabetes 73

A SUA APDP OPINIÃO Uma crónica de Fernando Pádua

«FOI TAMBÉM O PRIMEIRO A QUEM

VI DAR AULAS DE EDUCAÇÃO PARA

A SAÚDE DOS SEUS DOENTES.»

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lara

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A SUA APDP ANTEVISÃO

Vai ter lugar, de 12 a 16 de setembro, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, o 47º Annual Meeting da European Association for the Study of Diabetes

(EASD). Sob os auspícios da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), este evento será o maior congresso médico realizado em Portugal, estando previsto receber cerca de 20 mil pessoas de todos os grupos profi ssionais e também pessoas com diabetes.

Prevê-se uma grande afl uência, já que são esperados mais de 18 mil congressistas e serão apresentadas cerca de 1500 comunicações sobre a forma de posters e comunicações orais.

A inauguração do congresso da EASD será feita no dia 12, segunda-feira, ao fi m da tarde, no Parque das Nações,

num auditório com capacidade para mais de 4500 pessoas, onde serão feitos os discursos de abertura, nomeadamente pelo presidente da EASD, Ulf Smith, e pelo presidente do Congresso, Luís Gardete Correia, que preside também à APDP.

OUTRAS INICIATIVAS

As sessões científi cas começam no dia 13 de setembro, terça-feira, e prolongar-se-ão até dia 16. Na reunião da EASD, vão estar presentes os mais importantes nomes da ciência médica das várias especialidades e a indústria farmacêutica internacional.

Haverá uma Aldeia das Associações, onde a APDP estará representada como associação anfi triã, bem como diversas iniciativas inscritas no espírito desta reunião à escala internacional.

Está ainda previsto o Dia da APDP, com uma visita guiada àquela associação, na Rua do Salitre, em Lisboa, fundada por Ernesto Roma, em 1926. O Museu da Diabetes abrirá portas quem quiser conhecer a evolução da doença desde 1920.

Este evento poderá ser o momento para mostrar o que se faz em Portugal nas áreas relacionadas com a diabetes e suas complicações: investigação básica, clínica, epidemiológica, económica, social, entre outras, conforme informa a página online da APDP.

A última vez que a mais antiga associação de doentes com diabetes do mundo realizou uma reunião a esta dimensão foi em 1989.

APDP ANFITRIÃ DE ENCONTRO MUNDIALVem aí o 47º Annual Meeting da European Association for the Study of Diabetes (EASD), evento organizado pela APDP, de 12 a 16 de setembro, no Parque das Nações, em Lisboa.

Antevisão da 47ª reunião anual da EASD

«NO EVENTO, VÃO ESTAR PRESENTES

OS MAIS IMPORTANTES NOMES DA

CIÊNCIA MÉDICA DAS VÁRIAS ESPE-

CIALIDADES».

74 Diabetes

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ao nível da Organização Mundial de Saúde (OMS). A nível europeu, a discussão foi feita em Oslo, onde Portugal esteve representado. Depois da Declaração de Oslo, já foi realizada uma reunião mundial em Moscovo, para alertar para a necessidade de dar realce a esta iniciativa, colocando na ordem do dia o problema das doenças crónicas não transmissíveis.

«É uma mudança de paradigma que existe neste momento e a FID tem tido um papel absolutamente fulcral. Portugal tem desde o primeiro dia apoiado com enorme empenho esta iniciativa e é essencial que se faça representar na

Cimeira da ONU ao mais alto nível. Até pela tradição internacional que tem tido na luta contra a diabetes, nomeadamente aquando da Resolução da ONU sobre ela». Neste ponto de viragem, coloca-se uma questão: a ONU vai ou não arranjar dinheiro para enfrentar o problema das doenças não-transmissíveis? «Existem lóbis instalados em grandes grupos em áreas propagadoras destas doenças» – o do tabaco, do álcool e de todos os setores ligados à alimentação e ao automóvel, refere ainda.

Por: Ana Margarida Marques

Tem sido forte a mobilização, iniciada por várias organizações a nível mundial, contra aquelas que são as “novas” doenças deste milénio. De tal forma

que serão pretexto para a realização de uma cimeira internacional, ao nível da Organização das Nações Unidas (ONU), colocando no centro do debate da saúde mundial as doenças crónicas não transmissíveis: diabetes, cancro, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias. «Mais de quatro mil organizações não-governamentais foram recebidas pela Assembleia Geral da ONU, o que não era esperado», avança José Manuel Boavida, coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes (PNPCD). A iniciativa nasce de uma ação conjunta de várias entidades, incluindo da International Diabetes Federation (IDF).

MOBILIZAÇÃO GLOBAL

Existem quatro fatores de risco associados a estas doenças. São eles: o tabaco, o álcool, a alimentação hipercalórica e a vida sedentária. «Se formos a ver que os frutos e os vegetais aumentaram o preço 200%, que hoje é mais barato comer comida pré-feita do que comer comida em casa, que o preço dos refrigerantes não aumenta há mais de dez anos, não podemos considerar que este é um problema individual das pessoas, mas um problema da sociedade», avança José Manuel Boavida, continuando: «É contra esta organização da sociedade que este movimento se vem impor.»

As organizações representativas das doenças não--infecciosas constituem entre si uma forte aliança, de tal forma que se fala, hoje, num novo paradigma das sociedades modernas. «As doenças crónicas não transmissíveis são hoje responsáveis por mais de 70 por cento das mortes, em todo o mundo e, portanto, não é possível continuar a pensar nelas afastadas das grandes prioridade de saúde, nomeadamente dos objetivos para o milénio», adiciona. A mobilização global que se tem feito sentir recentemente levou a que houvesse diversas reuniões, em todo o globo,

FORTE APELO CONTRA DOENÇAS CRÓNICASA diabetes, o cancro, as doenças cardiovasculares e respiratórias são, hoje, responsáveis por 70% das mortes em todo o globo.

Alerta já é mundial

«PORTUGAL TEM DESDE O PRIMEIRO

DIA APOIADO ESTA INICIATIVA E É ES-

SENCIAL QUE SE FAÇA REPRESENTAR

NA CIMEIRA DA ONU»

JOSÉ MANUEL BOAVDA

A ALIMENTAÇÃO CALÓRICA É UM

DOS GRANDES FATORES DE RISCO.

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PESSOAS COM DIABETES E FAMILIARES

SESSÕES EDUCATIVAS PARA PESSOAS COM DIABETES TIPO 2

> Datas: 18, 19, 20 de maio (14-18h; 09h30-17h; 14-18h)

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

CURSO PARA PAIS DE CRIANÇAS COM DIABETES TIPO 1

> Datas: 14 de outubro (09h30-17h30)

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

CURSO DE CUIDADOS ÀS PESSOAS IDOSAS COM DIABETES

> Datas: 13 de outubro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

GRUPOS DE INSULINOTERAPIA

> Datas: 13 de outubro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

ATIVIDADE FÍSICA PARA PESSOAS COM DIABETES TIPO 2

> Datas: 9 de setembro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

SÁBADOS DESPORTIVOS

> Datas: 10 de setembro; 4 de outubro (15h-17h30)

> Local: Parque da Quinta das Conchas

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

PROFISSIONAIS DE SAÚDEEVENTOS NACIONAIS

47.ª REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO EUROPEIA PARA

O ESTUDO DA DIABETES (EASD)

> Datas: 12 a 16 de setembro

> Local: Parque das Nações, em Lisboa

> http://www.easd2011-lisbon.org/

CURSO INTEGRADO DE DIABETES

> Datas: 10 a 12 de outubro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

CURSO PREVENIR E CONTROLAR A DIABETES

> Destinatários: Médicos

> Datas: 24 a 28 de outubro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

CURSO PREVENIR E CONTROLAR A DIABETES

> Destinatários: Enfermeiros

> Datas: 26 a 30 de setembro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

INSULINOTERAPIA NA DIABETES TIPO 2

> Datas: 19 a 20 de setembro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

ACONSELHAMENTO ALIMENTAR EM DIABETES

> Destinatários: Médicos e Enfermeiros

> Datas: 22 a 23 de setembro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

76 Diabetes

Os eventos no país e no mundo dirigidos às pessoas

com diabetes, às famílias e aos profi ssionais de saúde

especializados na área.

AGENDA

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PÉ DIABÉTICO

> Datas: 10 a 14 de outubro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

PSICOPEDAGOGIA NO DOENTE CRÓNICO

> Datas: 10, 11, 17, 18, 24 e 25 de outubro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

CURSO AVANÇADO DIABETOLOGIA CLÍNICA

> Destinatários: Médicos

> Datas: 17 a 21 de outubro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

CURSO DE IMPLEMENTAÇÃO DE PROGRAMAS

DE PREVENÇÃO DA DIABETES MELLITUS TIPO 2

> Datas: 30 de setembro

> Local: Rua do Sol ao Rato, 11 – 1250-Lisboa

> Tel.: 213 816 140 > Tlm.: 936 186 340

> E-mail: [email protected]

> www.apdp.pt

EVENTOS INTERNACIONAIS

14TH ANNUAL ENDOCRINOLOGY

& METABOLISM BOARD REVIEW

> Datas: 9 a 11 de setembro

> Local: Ohio, EUA

> www.clevelandclinicmeded.com

EUROPEAN THYROID ASSOCIATION 35TH ANNUAL

MEETING

> Datas: 10 a 14 de setembro

> Local: Kharkov, Polónia

> www.eta2011.com

10TH CPD SERIES: DIABETES ASIA 2011

> Datas: 5 a 9 de outubro

> Local: Selangor, Malaysia

> www.diabetesmalaysia.com.my

3RD EGYPTIAN DIABETIC FOOT CONFERENCE

> Datas: 6 a 7 de outubro

> Local: Cairo, Egito

> www.esdf.me

DIABETES EDUCATOR COURSE

> Datas: 17 a 20 de outubro

> Local: Vancouver, Canadá

> www.interprofessional.ubc.ca or

37TH ANNUAL MEETING OF THE INTERNATIONAL SOCIETY

FOR PEDIATRIC AND ADOLESCENT DIABETES (ISPAD)

> Datas: 19 a 22 de outubro

> Local: Miami, EUA

> http://2011.ispad.org

2011 CARDIOMETABOLIC HEALTH CONGRESS

> Datas: 19 a 22 de outubro

> Local: Boston, EUA

> http://2011.ispad.org

PESSOAS COM DIABETESE PROFISSIONAIS DE SAÚDE

5.º FÓRUM DA DIABETES

> Datas: 19 de novembro

> Local: Centro Nacional de Exposições CNEMA, Santarém

> www.forum-diabetes.net

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Carlos Paredes foi um dos mais conceituados e famosos guitarristas portugueses de todos os tempos. Nasceu em Coimbra, no ano de 1925, e faleceu em Lisboa

em 2004. Filho de um conhecido guitarrista, Artur Paredes, e com vários elementos da família dedicados à música, aprendeu a tocar guitarra e violino, aos 4 anos de idade, na sua terra natal. Em 1934, vem para Lisboa, abandona o violino e dedica-se, por influência e orientação do seu pai, exclusivamente à guitarra. Numa das suas últimas entrevistas, recordando o passado, atribuía também a duas professoras a cultura musical que possuía.

Em 1939, inicia uma colaboração com a então Emissora Nacional, ao mesmo tempo que termina com êxito os seus estudos secundários.

Em 1943, inscreve-se no Instituto Superior Técnico no curso de engenharia, que acaba por não terminar. Nesta época, frequenta um curso de Canto na Juventude Musical Portuguesa e emprega-se como funcionário administrativo no Hospital de S. José em Lisboa.

Em 1957, aparece já com o primeiro disco gravado, “Carlos Paredes”.

Militante do Partido Comunista Português é preso, em 1958, pela PIDE, por denúncia de um colega. Após cerca de um ano, é libertado e expulso da função pública. Terá, durante este período, composto e organizado muito do que mais tarde viria a constituir o seu vasto repertório.

Em 1962, o realizador Paulo Rocha convida-o para compor a banda sonora do filme “Verdes anos”, contribuindo fortemente para o sucesso deste clássico da filmografia portuguesa.

A partir daí toca com muitos artistas, como Carlos do Carmo e Adriano Corrêa de Oliveira, entre outros. Escreve várias músicas para filmes e grava o seu primeiro LP, “Guitarra Portuguesa”.

Após o 25 de abril, recusa ser tratado como herói e mantém, como era seu hábito, uma atitude de humildade, transmitindo sempre em cada contacto uma enorme simpatia e afetividade. Mesmo na doença e nas hospitalizações a

A SUA APDP DIABÉTICO ILUSTRE

78 Diabetes

«Após o 25 de Abril, recusA ser trA-

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CARLOS PAREDES

SÍMBOLO DAGUITARRA PORTUGUESA

O homem que se tornou num símbolo nacional, consagrado um dos mais conceituados músicos de todos os tempos.

Diabetes 79

Uma crónica de Luís Gardete Correia

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que foi obrigado, ele era de uma enorme simpatia e afetividade no relacionamento com o pessoal de saúde, irradiando sempre uma palavra agradável.

Percorre o país em espetáculos, muitos dos quais apresentados de forma graciosa, apoiando inúmeros movimentos de solidariedade na angariação de fundos. Reintegrado nas suas funções no Hospital de S. José, não abandona nunca a sua profi ssão de arquivista de radiografi as.

Carlos Paredes foi na sua carreira um músico amador sempre pronto a colaborar com todos os que lhe pediam apoio com a sua presença e fazia-o sempre de uma forma benévola. Em 1990 foi-lhe atribuido um subsídio de mérito pelo então Secretário de Estado da Cultura, Santana Lopes, para mais tarde ser condecorado com a Ordem Militar de Santiago pelo Presidente da República, Mário Soares.

Casou duas vezes, a segunda das quais com Cecília de Melo, com quem gravou em 1970 o album “Meu País”. Foi pai de 6 fi lhos, não tendo nenhum deles seguido a sua carreira musical.Em 1983, inicia a colaboração com Luísa Amaro, enveredando pelo ramo clássico, e é com a Luísa Amaro, que vê explorado esse caminho. É com ela também que partilha o resto da sua vida.

Vários discos são entretanto editados, hoje reunidos numa obra completa de 8 CD.Uma doença do sistema nervoso central – mielopatia – impediu-o de tocar nos seus últimos 11 anos de vida.

Faleceu a 23 de julho de 2004, tendo sido decretado Luto Nacional.

«mesmo nA doenÇA e nAs

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Carlos Paredes apoiou vários movimentos

de solidariedade na angariação de fundos.

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80 Diabetes

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MENSAGEM DO PRESIDENTEMENSAGEM DO PRESIDENTE

Diabetes 81

E screvo esta página após a publicação, numa das mais prestigia-das revistas médicas internacionais, de um trabalho, que alerta para o facto de a população com diabetes ter duplicado nos úl-

timos 30 anos. E diz mais: cerca de 300 milhões de pessoas no mundo têm diabetes e este número irá aumentar para mais de 500 milhões, no espaço de uma geração.

Sendo os números relativos à prevalência da diabetes em Portugal no passado limitados à autoavaliação em sede do Inquérito Nacional de Saúde, apenas os dados mais recentes do Estudo da Prevalência da Diabetes em Portugal e do Relatório do Observatório da Diabetes 2009 podem fazer-nos acreditar que, também em Portugal o número de pessoas com diabetes terá duplicado.

Continuando este caminho, em 2030 (nos homens e na OCDE, talvez mais cedo noutras populações) metade da população portuguesa com mais de 20 anos de idade terá diabetes. Sabendo que mais de 90% são pessoas com diabetes tipo 2, e embora a esta situação não seja alheio, naturalmente, o progressivo envelhecimento da nossa população, pensamos de imediato na enorme responsabilidade na adoção de es-tilos de vida mais saudáveis.

Em setembro os principais líderes mundiais irão ter uma oportu-nidade única para enfrentar com sucesso esta epidemia e de outras doenças crónicas que matam e incapacitam milhões de pessoas, com largas repercussões humanas, sociais e económicas. A Cimeira de Alto Nível da ONU sobre as doenças crónicas será uma oportunidade única para se enfrentar este desafi o, em nome das pessoas de todo o mundo e das gerações vindouras.

As quatro maiores doenças crónicas – diabetes, cancro, doença car-diovascular e doenças respiratórias – são as maiores responsáveis pela mortalidade no mundo. Calcula-se que cerca de 35 milhões de pessoas

APDPESTATÍSTICASCOLOCAM DIABETES NA ORDEM DO DIA

luís gardete Correia presidente da ApDp

«AS DOENçAS CRÓNICAS SãO

AS MAIORES RESpONSÁvEIS

pElA MORTAlIDADE NO

MUNDO.»

«O NÚMERO DE pESSOAS COM DIABETES

TERÁ DUplICADO.»

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MENSAGEM DO PRESIDENTE

morram todos os anos por doenças crónicas e quase metade dessas mor-tes poderia ser evitada através da modificação dos hábitos relacionados com o tabaco, o álcool, o sedentarismo e a alimentação.

Identificadas as causas, poderia parecer fácil alterar este panorama, através da correcção de comportamentos de risco e de estilos de vida. Mas não! Tudo isto implica empenhamentos, mobilizações e investi-mentos com resultados a médio e longo prazo, o que dificulta muito a apreciação da sua aparente rentabilidade para quem quer ver resultados imediatos. Implica estruturas de educação, no urbanismo, nos acordos com a indústria e com o comércio, que nem sempre entendem ou que-rem ver os alcances das medidas com receio de comprometer as suas mais fáceis rentabilidades.

Recordo aqui um outro estudo, apresentado há dias no Congresso da Associação Americana de Diabetes, em que se comparava as populações com diabetes tipo 1, nascidas no inúcio da década de 1950, com popula-ções nascidas depois de 1965, mostrando que as segundas apresentavam uma esperança de vida superior em 15 anos. Estes resultados deveras animadores e reconfortantes mostram ganhos enormes – 15 anos na es-perança de vida – resultados de uma grande melhoria nos cuidados às pessoas com diabetes e aos avanços médicos no diagnóstico e tratamen-to disponíveis desde então.

A diabetes, porém, também irá aumentar fruto da crise económica e financeira que estamos a atravessar, a exemplo do que se tem passa-do noutros países. A menor disponibilidade financeira das famílias arras-ta-as para uma alimentação do tipo fast food, mais barata e de elevado valor calórico.

Precisa-se um bom programa de prevenção e controlo da diabetes para inverter ou, pelo menos, suster esta avalanche! A Associação e a Funda-ção Ernesto Roma têm tido um papel de relevo em termos da formação em estilos de vida mais saudáveis das pessoas de bairros de população carenciada na área de Lisboa, Loures, Cascais e Sintra, em parceria com as estruturas municipais e alguns Centros de Saúde. É também a nossa contribuição, saindo de portas, para a prevenção da doença.

APDP

«A DIABETES IRÁ AUMENTAR, FRUTO

DA CRISE ECONÓMICA E FINANCEIRA.»

«NECESSITAMOS DE UM BOM

pROgRAMA DE pREvENçãO

E CONTROlO pARA INvERTER,

OU SUSTER, A DIABETES.»

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