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DIA MUNDIAL DO PATRIMÔNIO AUDIOVISUAL 27 de outubro de 2011 A Cinemateca Brasileira e a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo reúnem-se mais uma vez para celebrar o Dia Mundial do Patrimônio Audiovisual (World Day of Audiovisual Heritage). Instituída pela 33ª Conferência Geral da UNESCO, a data é comemorada por cinematecas e arquivos fílmicos de todo mundo, com o apoio da Federação Internacional dos Arquivos de Filmes – FIAF, e busca chamar a atenção da sociedade civil e dos governos para a necessidade de preservação dos materiais fílmicos, televisivos e radiofônicos ao redor do mundo. Este ano, o tema sugerido pela UNESCO – “Audiovisual heritage: see, hear and learn” – serve de ponto de partida para que a Cinemateca apresente novamente ao público da Mostra Internacional de Cinema parte do resultado de seus trabalhos de restauro e preservação do patrimônio audiovisual brasileiro. Com curadoria da Cinemateca, a programação do Dia Mundial do Patrimônio Audiovisual exibe, em cópias restauradas, alguns clássicos de nossa filmografia como O puritano da Rua Augusta (1966), comédia de Mazzaropi realizada sob os embalos do movimento musical da Jovem Guarda, com a participação da cantora Elza Soares, O leão de sete cabeças (1970), primeiro filme de Glauber Rocha rodado no exílio, uma epopeia sobre o colonialismo euro-americano na África, Xica da Silva (1970), de Carlos Diegues, centrado na trajetória de uma personagem mítica da historiografia brasileira, e Cabra marcado para morrer (1984), de Eduardo Coutinho, obra-prima do documentário político brasileiro. O puritano da Rua Augusta, Xica da Silva e Cabra marcado para morrer foram restaurados no âmbito do Programa de Restauro Cinemateca Brasileira – Petrobras. Sob a coordenação técnica da Cinemateca Brasileira, O leão de sete cabeças foi restaurado por iniciativa do Tempo Glauber, com o patrocínio do Fundo de Cultura da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura, e com o apoio da Associação Baiana de Cinema e Vídeo (ABCV) e da Cineteca Nazionale di Roma. Completando a celebração do Dia Mundial do Patrimônio Audiovisual, a Cinemateca também preparou uma homenagem aos 70 anos da Atlântida Cinematográfica, produtora carioca fundada em 1941 por iniciativa de Moacir Fenelon e José Carlos Burle, realizadora de nossas famosas chanchadas – nome dado às comédias carnavalescas estreladas por Oscarito e Grande Otelo, entre outros astros do rádio e do cinema popular brasileiro. Serão apresentadas quatro das mais célebres produções da Atlântida – Carnaval Atlântida (1952), de José Carlos Burle, as paródias ao cinema americano Matar ou correr e Nem Sansão nem Dalila, ambas lançadas em 1954 e dirigidas por Carlos Manga, e O Homem do Sputnik (1959), também de Manga, um dos principais cineastas da empresa. A homenagem à Atlântida também marca a aquisição do acervo da produtora pelo Ministério da Cultura e o esforço da Cinemateca Brasileira em preservá-lo e difundi-lo nas melhores condições técnicas para o grande público.

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DIA MUNDIAL DO PATRIMÔNIO AUDIOVISUAL

27 de outubro de 2011

A Cinemateca Brasileira e a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo reúnem-se mais uma vez

para celebrar o Dia Mundial do Patrimônio Audiovisual (World Day of Audiovisual Heritage).

Instituída pela 33ª Conferência Geral da UNESCO, a data é comemorada por cinematecas e arquivos

fílmicos de todo mundo, com o apoio da Federação Internacional dos Arquivos de Filmes – FIAF, e

busca chamar a atenção da sociedade civil e dos governos para a necessidade de preservação dos

materiais fílmicos, televisivos e radiofônicos ao redor do mundo. Este ano, o tema sugerido pela

UNESCO – “Audiovisual heritage: see, hear and learn” – serve de ponto de partida para que a

Cinemateca apresente novamente ao público da Mostra Internacional de Cinema parte do resultado

de seus trabalhos de restauro e preservação do patrimônio audiovisual brasileiro.

Com curadoria da Cinemateca, a programação do Dia Mundial do Patrimônio Audiovisual exibe, em

cópias restauradas, alguns clássicos de nossa filmografia como O puritano da Rua Augusta (1966),

comédia de Mazzaropi realizada sob os embalos do movimento musical da Jovem Guarda, com a

participação da cantora Elza Soares, O leão de sete cabeças (1970), primeiro filme de Glauber Rocha

rodado no exílio, uma epopeia sobre o colonialismo euro-americano na África, Xica da Silva (1970),

de Carlos Diegues, centrado na trajetória de uma personagem mítica da historiografia brasileira, e

Cabra marcado para morrer (1984), de Eduardo Coutinho, obra-prima do documentário político

brasileiro. O puritano da Rua Augusta, Xica da Silva e Cabra marcado para morrer foram restaurados

no âmbito do Programa de Restauro Cinemateca Brasileira – Petrobras. Sob a coordenação técnica

da Cinemateca Brasileira, O leão de sete cabeças foi restaurado por iniciativa do Tempo Glauber, com

o patrocínio do Fundo de Cultura da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura, e com o apoio da

Associação Baiana de Cinema e Vídeo (ABCV) e da Cineteca Nazionale di Roma.

Completando a celebração do Dia Mundial do Patrimônio Audiovisual, a Cinemateca também

preparou uma homenagem aos 70 anos da Atlântida Cinematográfica, produtora carioca fundada em

1941 por iniciativa de Moacir Fenelon e José Carlos Burle, realizadora de nossas famosas chanchadas

– nome dado às comédias carnavalescas estreladas por Oscarito e Grande Otelo, entre outros astros

do rádio e do cinema popular brasileiro. Serão apresentadas quatro das mais célebres produções da

Atlântida – Carnaval Atlântida (1952), de José Carlos Burle, as paródias ao cinema americano Matar

ou correr e Nem Sansão nem Dalila, ambas lançadas em 1954 e dirigidas por Carlos Manga, e O

Homem do Sputnik (1959), também de Manga, um dos principais cineastas da empresa. A

homenagem à Atlântida também marca a aquisição do acervo da produtora pelo Ministério da

Cultura e o esforço da Cinemateca Brasileira em preservá-lo e difundi-lo nas melhores condições

técnicas para o grande público.

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Programação

27.10 | Quinta-feira

Sala Cinemateca BNDES

20h20 Cabra marcado para morrer

Cinesesc

15h50 O homem do Sputnik

19h40 O leão de sete cabeças

Vão livre do MASP

19h30 O puritano da rua Augusta

MIS – Museu da Imagem e do Som

14h00 Carnaval Atlântida

15h50 Matar ou Correr

17h50 Nem Sansão nem Dalila

19h40 Xica da Silva

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Fichas Técnicas e Sinopses

Clássicos do Cinema Brasileiro Restaurados

Cabra marcado para morrer

Rio de Janeiro, 1984, 35mm, cor/pb, 119’

Direção: Eduardo Coutinho

Roteiro: Eduardo Coutinho

Fotografia: Fernando Duarte e Edgar Moura

Montagem: Eduardo Escorel

Música: Rogério Rossini

Produtores: Eduardo Coutinho e Zelito Viana

Produção: CPC – Centro Popular de Cultura da UNE,

MPC – Movimento de Cultura Popular de Pernambuco

e Mapa Filmes

Narrativa semi-documental sobre a vida de João Pedro Teixeira, líder camponês da Paraíba

assassinado em 1962. A produção do filme foi interrompida em 1964, em razão do golpe militar.

Dezessete anos depois, o cineasta recolheu os depoimentos dos camponeses que trabalharam nas

primeiras filmagens. Parte da história das Ligas camponesas de Galiléia e de Sapé e a vida de João

Pedro surgem através das palavras de sua viúva, Elizabeth Teixeira, que fala sobre a sua trajetória

nesses 20 anos e das dificuldades da família perseguida pela ditadura militar.

O leão de sete cabeças (Der leone have sept cabeças)

Itália/França, 1970, 35mm, cor, 95’

Direção: Glauber Rocha

Roteiro: Glauber Rocha e Gianni Amico

Fotografia: Guido Cosulich

Montagem: Eduardo Escorel e Glauber Rocha

Elenco: Rada Rassimov, Jean-Pierre Léaud, Giulio

Brogi, Hugo Carvana, Gabriele Tinti, René Koldhoffer,

Bayack, Miguel Samba

Produtores: Gianni Barcelloni e Claude Antoine

Produção: Polifilm – Roma e Claude Antoine Filmes –

Paris

O guerrilheiro latino-americano Pablo e o líder negro Zumbi unem-se para libertar o continente

africano do jugo dos colonizadores. Durante sua luta, enfrentam um mercenário alemão que,

auxiliado por um agente norte-americano e seu assessor português, governa em nome de uma

misteriosa mulher chamada Marlene. Enquanto isso, a epopeia dos dois heróis é observada por um

onipresente pregador messiânico que anuncia a chegada da besta capaz de derrotar os santos e a

vinda dos insurgentes como emissários da justiça divina.

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O puritano da Rua Augusta

São Paulo, 1966, 35mm, pb, 95’

Direção: Amácio Mazzaropi

Roteiro: Amácio Mazzaropi

Fotografia: Giorgio Attili

Montagem: Mauro Alice

Música: Hector Lagna Fietta

Elenco: Amácio Mazzaropi, Marly Marley,

Marina Freire, Elizabeth Hartmann, Gladys,

Julia Kovacs, Marlene Rocha, Elza Soares

Produtor: Amácio Mazzaropi

Produção: PAM Filmes – Produções Amácio

Mazzaropi

Industrial puritano e conservador critica os hábitos modernos de seus filhos, fãs de rock n’roll, e a

rotina da esposa, uma madame que passa os dias entre encontros fúteis e chás beneficentes. Porta

voz dos bons costumes, ele adere a uma liga moralizante, mas por conta dos conflitos com os

parentes, adoece e vai parar num asilo. Tempos depois, já curado e disposto a se vingar, ele coloca

em ação um plano de “modernização” pessoal para lidar com a esposa e os filhos.

Xica da Silva

Rio de Janeiro, 1976, 35mm, cor, 114’

Direção: Carlos Diegues

Roteiro: Carlos Diegues e João Felicio dos

Santos, a partir do romance Memórias do

distrito de Diamantina, de João Felicio dos Santos

Fotografia: José Medeiros

Montagem: Mair Tavares

Música: Roberto Menescal e Jorge Ben

Elenco: Zezé Motta, Walmor Chagas, Altair Lima,

Elke Maravilha, Stepan Nercessian, Rodolfo

Arena, José Wilker, Marcus Vinicius

Produtor: Jarbas Barbosa

Produção: J.B. Produções Cinematográficas Ltda., Distrifilmes Ltda.

Na segunda metade do século XVIII, a escrava negra Xica da Silva torna-se o centro das atenções no

Distrito Diamantino, onde estão as minas mais ricas do país. João Fernandes, representante da Coroa

Portuguesa, apaixona-se por Xica e a transforma na Rainha do Diamante, satisfazendo todos os seus

desejos extravagantes. Alertado pelos inimigos do casal, o Rei de Portugal envia um emissário a fim

de impedir que os poderes políticos de Xica na colônia cresçam.

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Atlântida 70 anos

Carnaval Atlântida

Rio de Janeiro, 1952, 35mm, pb, 92’

Direção: José Carlos Burle

Roteiro: José Carlos Burle, Berliet Jr. e Victor Lima

Fotografia: Amleto Daissé

Montagem: Wilson Monteiro

Música: Lirio Panicalli

Elenco: Oscarito, Grande Otelo, Cyll Farney, Eliana,

José Lewgoy, Colé, Renato Restier, Wilson Grey

Produtor: Guido Martinelli

Produção: Atlântida Empresa Cinematográfica do Brasil S.A.

Dois malandros cariocas, Piro e Miro, apresentam ao Dr. Cecílio B. de Milho, produtor da Acrópoles

Filmes, o argumento de uma chanchada. O produtor, que sonha fazer um épico sobre Helena de

Tróia, recusa o argumento, mas termina por empregá-los como faxineiros do estúdio. Em seguida,

decidido a realizar seu filme, Cecílio contrata o professor Xenofontes, especialista em mitologia

grega, para ajudar na realização do épico. A partir daí, os dois malandros entram em conflito com o

nobre sábio e, depois de muitas confusões, o filme de Cecílio B. de Milho acaba virando uma festiva

comédia carnavalesca.

Matar ou Correr

Rio de Janeiro, 1954, 35mm, pb, 100’

Direção: Carlos Manga

Roteiro: Amleto Daissé e Victor Lima

Fotografia: Amleto Daissé

Montagem: Wilson Monteiro

Música: Lirio Panicalli

Elenco: Oscarito, Grande Otelo, José Lewgoy,

Renato Restier, Wilson Viana, John Herbert,

Inalda de Carvalho, Wilson Grey

Produtor: Vinicius Silva

Produção: Atlântida Empresa Cinematográfica do Brasil S.A.

Uma cidadezinha do Velho Oeste é aterrorizada pelos desmandos do bandido Jesse Gordon. Certo

dia, de passagem pelo lugar, os forasteiros Kid Bolha e Cisco Kada deparam-se com o vilão e,

acidentalmente, o nocauteiam. Em gratidão a esse gesto heróico, os moradores de City Down

nomeiam Kid Bolha seu novo xerife. No entanto, tempos depois, Jesse Gordon escapa da prisão.

Sedento por vingança, o bandoleiro ameaça atemorizar a cidade e acabar com o xerife Kid Bolha.

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Nem Sansão nem Dalila

Rio de Janeiro, 1954, 35mm, pb, 90’

Direção: Carlos Manga

Roteiro: Victor Lima

Fotografia: Amleto Daissé

Montagem: Waldemar Noya e Carlos Manga

Música: Luís Bonfá

Elenco: Oscarito, Fada Santoro, Cyll Farney,

Eliana Macedo, Carlos Cotrim, Wilson Grey,

Wilson Viana, Ricardo Luna

Produtor: J. B. Tanko

Produção: Atlântida Empresa Cinematográfica do Brasil S.A.

Através de uma máquina do tempo, o barbeiro Horácio é transportado para o século IV a.C, no reino

de Gaza. Lá conhece Sansão, cuja força descomunal vem de uma milagrosa peruca. Ao trocar a

peruca de Sansão por um isqueiro, Horácio transforma-se num homem forte e poderoso, passando a

reinar em Gaza. A partir desse momento, ele é obrigado a lidar com as manobras dos políticos locais,

que procuram, por meio da sedutora Dalila, arrancar seus poderes mágicos.

O homem do Sputnik

Rio de Janeiro, 1959, 35mm, pb, 98’

Direção: Carlos Manga

Roteiro: José Cajado Filho

Fotografia: Ozen Sermet

Montagem: Waldemar Noya

Música: Radamés Gnatalli

Elenco: Oscarito, Cyll Farney, Zezé Macedo,

Neide Aparecida, Alberto Perez, Norma Bengell,

Heloísa Helena, Hamilton Ferreira

Produtor: Cyll Farney

Produção: Atlântida Empresa Cinematográfica do Brasil S.A.

Numa noite de temporal, Anastácio e Cleci, um casal de caipiras, é surpreendido por um barulho no

galinheiro. Para ver o que aconteceu, Anastácio sai de casa e encontra, em meio às galinhas, um

misterioso globo metálico. No dia seguinte, Cleci lê uma notícia sobre a queda do satélite russo

Sputnik e reconhece na fotografia um objeto semelhante ao que caiu no seu quintal. Disposto a

ganhar algum dinheiro, Anastácio dirige-se a uma casa de penhores e com o auxílio de uma

funcionária do lugar, a informação sobre o satélite chega às mãos de um inescrupuloso jornalista e a

partir daí espalha-se pelos jornais. Anastácio e Cleci transformam-se em celebridades e passam a ser

assediados por autoridades russas, americanas e francesas que querem reaver a todo custo o valioso

objeto.