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Centro Espírita Léon Denis 19 o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JOANNA DE ÂNGELIS Tema: “DEVERES DOS PAIS” 11 de novembro de 2018 Joanna de Ângelis

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Centro Espírita Léon Denis

19o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE

JOANNA DE ÂNGELIS

Tema:

“DEVERES DOS PAIS”

11 de novembro de 2018

Joanna d

e Â

ngelis

Informações Gerais

8h às 8h30min Chegada / Recepção 8h30min às 9h Abertura e Sensibilização 9h às 9h10min Deslocamento 9h10min às 10h30min Estudo

10h30min às 10h45min Intervalo 10h45min às 12h50min Estudo 12h50min às 12h55min Deslocamento para o salão 12h55min às 13h Encerramento

CENTROS PARTICIPANTES

LOCAL DATA DA

REALIZAÇÃO

Centro Espírita Léon Denis

Bento Ribeiro

11 de novembro

Núcleo Espírita Léon Denis

Campo Grande

18 de novembro

Centro Espírita Antonio de Aquino

Magalhães Bastos

25 de novembro

Centro Espírita Irmão Clarêncio

Vila da Penha

25 de novembro

Centro Espírita Bezerra de Menezes

Duque de Caxias

25 de novembro

Núcleo Espírita Antonio de Aquino

Bangu

2 de dezembro

Coordenação Geral: Andrea Marques Organização de Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro Finalização: Setor Editorial do CELD

Histórico do Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis

1o Seminário Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2000 Tema Central: A Conquista de Si Mesmo

2o Seminário Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2001 Tema Central: Referenciais para Identificação do Si

3o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2002 Tema Central: Os Níveis de Consciência e suas Consequências na Sociedade

4o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2003 Tema Central: A Conquista do Si

5o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2004 Tema Central: O Ser Emocional

6o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2005 Tema Central: A Reencarnação

7o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2006 Tema Central: A Lei de Amor na Reprogramação Mental

8o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2007 Tema Central: O Amor e a Consciência da Imortalidade

9o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2008 Tema Central: A Consciência de Deus em Nós

10o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2009 Tema Central: A Consciência de Deus em Nós

11o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2010 Tema: A Consciência de Deus na Reconstrução do Lar

12o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2011 Tema: A Consciência de Deus em Nós

13o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2012 Tema: Jesus e a Família no Pensamento de Joanna de Ângelis

14o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis — 2013 Tema: A Reencarnação e a Família no Pensamento de Joanna de Ângelis

15o Encontro sobre Joanna de Ângelis — 2014 Tema: Vida em Família

16o Encontro sobre Joanna de Ângelis — 2015 Tema: O Matrimônio

17o Encontro sobre Joanna de Ângelis — 2016 Tema: O Espiritismo no Lar

18o Encontro sobre Joanna de Ângelis — 2017 Tema: Laços Eternos

SUMÁRIO

Objetivos .............................................................................................. 5

Joanna de Ângelis (Vida e Obra) ......................................................... 6

Introdução ............................................................................................ 7

Meditemos ........................................................................................... 8

1o Bloco de ideias: Os vínculos reencarnacionistas e a infância

� Como se formam as famílias ..................................................... 9

� Compromissos assumidos antes do berço .............................. 10

� Quem estamos recebendo como filhos ................................... 11

� A criança na visão espírita ...................................................... 12

� Traumas na infância ................................................................ 14

2o Bloco de ideias: O dever dos pais perante a prole

� Maternidade e Paternidade: uma importante missão .............. 15

� A tarefa dos pais ..................................................................... 17

� A influência dos pais sobre os filhos ....................................... 18

� Os equívocos na missão dos pais ........................................... 19

3o Bloco de ideias: Educação – Fonte de Bênção

� A tarefa moralizadora da Educação ........................................ 21

� Construindo hábitos ................................................................ 22

� A pedagogia de Jesus e a educação pelo Evangelho ............. 23

� Espiritismo e Educação ........................................................... 24

� O papel dos pais na educação dos filhos ................................ 25

� Educar com e pelo Amor ......................................................... 27

� Educação no lar ...................................................................... 28

� Joanna de Cusa ...................................................................... 29

� Conclusão ............................................................................... 33

� Referências Bibliográficas ....................................................... 34

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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OBJETIVOS

GERAL:

• Refletir sobre as responsabilidades e deveres dos pais na educação e no desenvolvimento moral dos filhos.

ESPECÍFICOS:

• Reconhecer o fortalecimento dos laços de família através da

reencarnação; • analisar os vínculos existentes entre pais e filhos antes do

renascimento; • identificar os filhos na visão da Doutrina Espírita; • identificar a infância como período relevante para a aprendizagem; • entender que as experiências traumáticas na infância representam

fatores de risco significativos na vida adulta; • compreender a importante missão dos pais perante Deus; • perceber a necessidade da mudança de objetivos existenciais como

relevante na tarefa dos pais; • reconhecer a grande tarefa dos pais no que tange aos valores

morais da educação do espírito; • entender a influência do comportamento dos pais como atenuante

ou agravante das imperfeições gravadas no íntimo dos filhos; • entender a educação como recurso de moralização do espírito; • identificar Jesus como maior modelo de educador da humanidade; • reconhecer na Doutrina Espírita os recursos facilitadores para o

processo educativo do espírito; • perceber o papel indispensável dos pais na educação ético-moral

dos filhos; • refletir o amor como fonte no desenvolvimento moral do espírito; • compreender o papel da educação no lar, na formação do caráter do

espírito.

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Joanna de Ângelis (Vida e Obra)

Anjo da caridade e misericórdia. Assim é definida Joanna de Ângelis, mentora espiritual do médium Divaldo Franco. Ela iniciou sua atuação em benefício da humanidade, desde antes da morte de Cristo, tornando-se missionária do Mestre por várias encarnações posteriores.

Em sua obra mediúnica Joanna de Ângelis trata de temas

filosóficos, psicológicos e existenciais, fruto de suas passagens pela Terra e do trabalho desenvolvido por ela no mundo espiritual.

Exemplos de humanidade, humildade e heroísmo, as vidas de

Joanna de Ângelis nos trazem a mais pura expressão do amor, visando a educação moral e o consolo de inúmeras pessoas.

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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INTRODUÇÃO

Segundo Joanna de Ângelis, a família tornou-se a célula máter do

organismo social onde se desenvolvem os sentimentos, a inteligência, e o espírito desperta para as realizações superiores da vida.

Por isso, toda vez que a família se desestrutura a sociedade cambaleia, a cultura degenera, a civilização se corrompe.

Em 2016 estudamos o tema “Espiritismo no Lar”, colocamos como

foco principal que a presença de Jesus no lar é vida para o lar e reconhecemos que o Evangelho, através da Doutrina Espírita, é o roteiro infalível para a felicidade vindoura. Além disso, identificamos os benefícios do Culto do Evangelho no Lar e concluimos que os benefícios deste culto se estende além do lar.

Em 2017, estudamos o tema “Laços Eternos”, propomos como essen-

cial, reconhecer que a reencarnação estreita, os vínculos de amor, tornando-os laços eternos. Também, refletimos sobre a complexidade da planificação familiar à luz da Doutrina Espírita; compreendemos o que são laços eternos e identificamos na educação o labor produtivo de ensinar a viver. Concluímos sobre a importância dos ensinamentos de Jesus na construção dos laços eternos do espírito na união familiar.

Este ano de 2018, estudando o tema “Deveres dos Pais”, percebemos

as responsabilidades e os deveres dos pais na educação e no desenvolvi-mento moral dos filhos e teremos a oportunidade de analisar e refletir junto aos encontristas o compromisso dos pais, assumido perante a família, antes do berço, a relevante tarefa dos pais no desenvolvimento da educação ético-moral dos filhos, a importância de educar com e pelo amor, sabendo que temos como modelo e Mestre, Jesus.

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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MEDITEMOS

(...) Ó espíritas! Compreendei agora o grande papel da humanidade.

Compreendei que, quando gerais um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; tomai conhecimento dos vossos deveres, e usai todo o vosso amor na tarefa de aproximar essa alma de Deus; essa é a missão que vos foi confiada, e pela qual recebereis a recompensa se ela for cumprida fielmente.

Vossos cuidados, e a educação que lhe derdes, a ajudarão a

aperfeiçoar-se e a construir o seu bem-estar futuro. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe, Deus perguntará: “Que fizeste da criança que foi entregue aos teus cuidados”? Se permaneceu atrasada por vossa culpa, tereis como castigo vê-la entre os espíritos sofredores, quando dependia de vós que ela fosse feliz. Então vós mesmos, maltratados pelos remorsos, pedireis para reparar a vossa falta, solicitareis uma nova encarnação, para vós e para ela, em que ireis cercá-la de cuidados mais atentos, e ela, cheia de reconhecimento, vos cercará com o seu amor.

(...)

A tarefa não é tão difícil quanto poderíeis pensar, ela não exige o

saber do mundo. Tanto o ignorante quanto o sábio podem desempenhá-la, e o Espiritismo veio facilitar esse desempenho fazendo com que se conheces-sem as causas das imperfeições do ser humano. (...)

Santo Agostinho

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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1o Bloco de ideias: Os vínculos reencarnacionistas e a infância

Objetivos Específicos:

• Reconhecer o fortalecimento dos laços de família através da reencar-nação;

• analisar os vínculos existentes entre pais e filhos antes do renasci-mento;

• identificar os filhos na visão da Doutrina Espírita; • identificar a infância como período relevante para a aprendizagem; • entender que as experiências traumáticas na infância representam

fatores de risco significativos na vida adulta.

Como se formam as famílias

Existe um planejamento

reencarnatório?

No estado errante e antes de retomar uma nova existência corporal, o Espírito tem a consciência e a previsão das coisas que lhe aconte-cerão durante a vida? “Ele próprio escolhe o gênero de provas que quer experimentar e é nisso que consiste o seu livre-arbítrio.”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 258.)

Se o Espírito escolhe o gênero de prova a que deve se submeter, daí se segue que todas as tribulações que experimentamos na vida foram previstas e escolhidas por nós? “Todas, não é bem a palavra, pois não quer dizer que escolhestes e previstes tudo o que vos acontece no mundo, até as mínimas coisas; escolhestes o gênero de prova, os detalhes são consequência da posição e, frequentemente, de vossas próprias ações. (...)”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 259.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Uma constelação familiar é constituída por espíritos afins, seja pelas realizações nobilitantes do amor ou através dos graves compromissos perturbadores a que se vincularam em outras existências. Igualmente pode organizar-se com alguns outros espíritos que se candidatam à afetividade, em ensaio para a ampliação dos sentimentos afetivos em torno da sociedade em geral, compondo a sociedade universal.

Consultados os mapas das responsabilidades pessoais, são-lhes apresentados pelos Guias espirituais aqueles que deverão constituir-lhes a prole, em cuja convivência desenvolverão os sentimentos de amor e proporão as pautas para o processo de crescimento espiritual, no qual todos deverão atingir as metas que perseguem.

Preparados, portanto, antecipadamente, esses futuros genitores deli-neiam os programas de autoiluminação, de responsabilidade perante a vida, exercitando a paciência e o amor para o êxito do empreendimento, conscien-tizando-se das altas responsabilidades que irão assumir.

Reencarnados, avançam, às vezes, por caminhos diferentes até o momento do reencontro, quando se identificam afetuosamente, vinculando-se e providenciando a união conjugal indispensável à organização da família.

Nem sempre, porém, os planos cuidadosamente elaborados conse-guem desenvolver-se conforme seria ideal, dentro da programação estabe-lecida, em face da precipitação emocional e do desajuste psicológico, como decorrência da precipitação e imaturidade sexual, que invariavelmente se transforma em conflito tanto quanto em insatisfação.

Compreensivelmente, sabe-se que muitos espíritos que renascem no mesmo lar nem sempre são credores da mesma afetividade, no entanto, essa é a oportunidade de união e de reparação, harmonizando os senti-mentos num mesmo tom vibratório de afetividade.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 3, “Os Genitores”.)

Compromissos assumidos antes do berço

O que a Doutrina Espírita fala sobre o

vínculo dos filhos com os pais antes da reencarnação?

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Os pais assumem desde antes do berço com aqueles que receberão na condição de filhos compromissos e deveres que devem ser exercidos, desde que serão, também, por sua vez, meios de redenção pessoal perante a consciência individual e a Cósmica que rege os fenômenos da vida, nos quais todos estamos mergulhados.

Diante dele, frágil de aparência, tem em mente que se trata de um espírito comprometido com a retaguarda, que recomeça a experiência a penates, e que muito depende de ti.

(Joanna de Ângelis. SOS Família, cap. 14, “Deveres dos Pais”.)

Comprometidos antes do renascimento, em face de deveres inadiá-veis, os espíritos que irão constituir o grupo familiar assumem responsa-bilidades perante a futura prole, elaborando planos e projetos que se devem concretizar quando na organização carnal, de modo a atender o impositivo da evolução.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 3, “Os Genitores”.)

Quem estamos recebendo como filhos

Quem são os filhos sob a ótica da

Doutrina Espírita?

“Os laços de família não são destruídos pela reencarnação, como pensam certas pessoas. Ao contrário, eles são fortalecidos e apertados: é o princípio oposto que os destrói. No espaço, os Espíritos formam grupos ou famílias unidos pela afeição, simpatia e identidade de inclinações. Esses Espíritos, felizes por estarem juntos, se procuram; a encarnação só os separa momentaneamente, visto que, após retornarem à erraticidade, eles se reencontram como amigos ao retornarem de uma viagem. Muitas vezes, também, seguem juntos na mesma encarnação, em que são reunidos na mesma família, ou no mesmo círculo, trabalhando juntos para o seu mútuo adiantamento. (...)”

(Allan Kardec.O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IV, item 18.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Os filhos — esse patrimônio superior que a Divindade concede por empréstimo —, através dos liames que a consanguinidade enseja, facultam o reajustamento emocional de espíritos antipáticos entre si, a sublimação de afeições entre os que já se amam, o caldeamento de experiências e o delinear de programas de difícil estruturação evolutiva, pelo que merecem todo um investimento de amor, de vigilância e de sacrifício por parte dos genitores.

(Joanna de Ângelis. SOS Família, cap. 14, “Deveres dos Pais”.) Desafetos graves mergulham nas vestes carnais, a fim de recomeçar a

experiência evolutiva, nos braços e na ternura dos seus antigos algozes ou de suas vítimas desditosas, experienciando vivências de reparação, mediante a compaixão e a ternura, que propiciam encantamento, renovação e paz. (...)

A convivência entre filhos e pais é recurso psicoterapêutico valioso, trabalhando o inconsciente de ambos, de maneira a serem superadas as reminiscências negativas que possam ressumar. Programando a reconci-liação e o bem-estar através do amor incessante, delineador da felicidade do grupo.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 4, “Os Filhos”.)

A criança na visão Espírita

A criança é argila moldável, aguardando as mãos do diligente oleiro que lhe dará forma e conteúdo.

Os instintos que caracterizam o ser infantil devem ser orientados desde os primeiros momentos após a vida intrauterina, trabalhando-os e disciplinando-os de forma que não se sobreponham aos sentimentos de amor e de respeito que devem viger na constelação familiar.

É certo que, no corpo infantil encontra-se, normalmente, um espírito com alta carga de vivências, nem sempre dignificantes, merecendo, por isso mesmo, salutar orientação desde muito cedo e de equilíbrio direcionador para as ações saudáveis.

Assumida a responsabilidade perante a

prole, há um melhor período para aprendizagem?

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Desde o seu renascimento o espírito reflete na infância as caracte-rísticas que lhe são próprias, através do comportamento espontâneo, capri-choso ou não, reflexivo ou automático.

São-lhe insculpidos, nessa oportunidade, os hábitos, a ordem, a arrumação ou os desequilíbrios que irão formar a sua personalidade harmô-nica ou indisciplinada, tornando-se difícil reparar quaisquer danos posterior-mente, porque os hábitos são uma segunda natureza em a natureza de cada qual.

Ao invés de coibir-se a criança nas suas manifestações no lar, em nome da educação, deve-se estimulá-la a ser autêntica, evitando-se a dissi-mulação e a hipocrisia, por cujos mecanismos psicológicos agrada aos adultos, ocultando a sua realidade, a sua sensibilidade.

Construir na criança um ser novo, é trabalhar pela paz da socie-

dade.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 10, “Educação e Paz na Família”.)

O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto? “Pode sê-lo mais ainda, se mais tiver progredido; são somente os órgãos imperfeitos que o impedem de se manifestar. Ele age de acordo com o instrumento com o auxílio do qual pode manifestar-se.”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 379.)

Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pelo estado de infância? “O Espírito, encarnando para se aperfeiçoar, é mais sensível, durante esse tempo, às impressões que recebe e que podem ajudar no seu aperfeiçoamento, para o qual devem contribuir aqueles que estão encar-regados de sua educação.”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 383.)

“(...) Desde pequenina, a criança manifesta seus instintos bons ou maus que traz de existências anteriores, é preciso que os pais se dediquem a estudá-los. Todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho. Observai, pois, os menores sinais que possam revelar o germe desses vícios, e tratai de combatê-los logo, não deixando que criem raízes profundas. (...)”

Santo Agostinho

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9.)

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Traumas na infância

Trauma (psicanálise junguiana): choque emocional intenso acompanhado, muitas vezes, de repressão e uma cisão da personalidade.

(Lamartine Palhano Jr. Dicionário de Filosofia Espírita.) Compreensivelmente, sabe-se que muitos espíritos que renascem no

mesmo lar, nem sempre são credores da mesma afetividade, no entanto, essa é a oportunidade de união e de reparação, harmonizando os senti-mentos num mesmo tom vibratório de afetividade.

Infelizmente, a imaturidade psicológica de muitos adultos que se tornam pais, leva-os a comportamentos infantis, procurando manter os mesmos hábitos de antes da constituição da prole.

Prosseguem mantendo as atitudes irresponsáveis de antes ou transferindo as suas frustrações para os filhos, oferecendo-lhes satisfações inoportunas e levando-os a assumirem compromissos levianos e frívolos, mais vinculados aos prazeres sensoriais, sem os correspondentes deveres para com o desenvolvimento da inteligência, da moral, da saúde mental.

Muitas mães transferem para as filhas ainda pequenas as angústias e frustrações, tornando-as modelos infantis, que imitam os adultos, roubando-lhes a infância, tirando-lhes as abençoadas oportunidades de viver a quadra de construção de valores significativos, precipitando-lhes o desenvolvimento da sensualidade, do erotismo, do desrespeito pelo corpo e pela vida.

Sendo a infância tão primordial na formação do Ser, há experiências que representem fatores de risco significativos na vida adulta?

“(...) Durante o tempo em que seus instintos permanecem adormecidos, ele (Espírito) é mais dócil e, por isso mesmo, mais acessível às impressões que podem modificar sua natureza e fazer com que progrida, o que torna mais fácil a tarefa que pertence aos pais. (...)”

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VIII, item 4.)

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Pais masculinos inescrupulosos iniciam os filhos nos vícios que lhes exornam a personalidade, de cedo condicionando-os ao tabaco, ao álcool, à agressividade, ao desrespeito no lar e, posteriormente, na sociedade.

Outros tantos, adornam os filhos como se fossem objetos de exibição, e dessa forma exibem-se a si mesmos através deles, chamando a atenção para a aparência sem maior preocupação com o caráter, com a realização íntima.

Os filhos são responsabilidades sérias que não podem ser descar-tadas sem as consequências correspondentes.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 3, “Os Genitores”.)

Joanna de Ângelis evidencia os compromissos assumidos antes do berço e a importância da infância como a fase primordial para aquisição dos hábitos salutares que orientarão o progresso moral e intelectual do espírito.

Qual é o dever dos pais diante dessa tarefa?

2o Bloco de ideias: O dever dos pais perante a prole Objetivos específicos:

• Compreender a importante missão dos pais perante Deus; • perceber a necessidade da mudança de objetivos existenciais como

relevante na tarefa dos pais; • reconhecer a grande tarefa dos pais no que tange aos valores

morais da educação do espírito; • entender a influência do comportamento dos pais como atenuante

ou agravante das imperfeições gravadas no íntimo dos filhos.

Maternidade e Paternidade: uma importante missão

O que é missão?

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Missão: função ou poder que se confere a alguém para relizar algo, encargo, incumbência. Na Codificação espírita existem referências às missões de diferentes categorias, a iniciar pela missão de Allan Kardec, e outras como a dos espíritos, a dos homens de bem, a dos espíritas, a dos pais, a dos encarnados, etc.

(Lamartine Palhano Jr. Dicionário de Filosofia Espírita.)

A união conjugal propiciatória da prole edificada em requisitos legais e morais constitui motivo relevante, que não deve ser confundida com as experiências do prazer, que se podem abandonar em face de qualquer conjuntura que exige reflexão, entendimento e renúncia de algum ou de ambos nubentes.

(Joanna de Ângelis. SOS Família, cap. 14, “Deveres dos Pais”.)

Desde quando nasce um filho, os genitores são convidados pela vida a uma mudança de objetivos existenciais.

O amadurecimento psicológico, mediante a consciência do dever, na aquisição do trabalho digno que confere segurança à prole, torna-se impositivo imediato, mesmo antes de ser assumido o compromisso familiar.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 3, “Os Genitores”.)

Pode-se considerar a paternidade como uma missão? “É, sem contestação, uma missão; é, ao mesmo tempo, um dever muito grande e que compromete o homem, mais do que ele pensa, com relação à sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou a criança sob a tutela de seus pais, para que estes o dirijam no caminho do bem, e facilitou-lhes a tarefa, dando-lhe uma organização débil e delicada que o torna acessível a todas as impressões; (...)”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 582.)

“(...) Ó espíritas! Compreendei agora o grande papel da humanidade. Compreendei que, quando gerais um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; tomai conhecimento dos vossos deveres, e usai todo o vosso amor na tarefa de aproximar essa alma de Deus; essa é a missão que vos foi confiada, e pela qual recebereis a recompensa se ela for cumprida fielmente. (...)”

Santo Agostinho

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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A tarefa dos pais

Aos pais cabe a grave e operosa tarefa de autopreparação para o

sublime cometimento, graças ao qual se desenvolvem, num incessante crescendo, os valores intelecto-morais, preparando-os para as inestimáveis conquistas da paz e da felicidade que almejam.

Desse modo, a disciplina moral na conduta dos parceiros — cônjuges ou não — é fator de relevante significado para a organização familiar, ensejando identificação de sentimentos entre os membros que a constituirão.

Eis por que o amor é fundamental para um legítimo relacionamento afetivo, nunca podendo ser descartado, nem substituído por desvios de comportamento ou dolo moral, envolvendo um ou outro membro da parceria.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 3, “Os Genitores”.)

Meditando com Joanna de Ângelis sobre a tarefa dos pais

� Plasma, na personalidade em delineamento do filhinho, os hábitos salutares.

� Diante dele, frágil de aparência, tem em mente que se trata de um espírito comprometido com a retaguarda, que recomeça a experiência com dificuldades, e que muito depende de ti.

� Fala-lhe de Deus sem cessar e ilumina-lhe a consciência com a flama da fé rutilante, que lhe deve lucilar no íntimo como farol de bênçãos para todas as circunstâncias.

� Os pais educam para a sociedade quanto para si mesmos. � Não te poupes esforços na educação dos filhos.

(Joanna de Ângelis. SOS Família, cap. 14, “Deveres dos Pais”.)

Qual é a importante tarefa dos pais?

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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A influência dos pais sobre os filhos

A conduta dos genitores no relacionamento, de maneira equivalente

sofre alteração para melhor, porque educar é oferecer exemplos, desde que o educando copie, com mais facilidade, as lições vivas que lhe são apresen-tadas antes que as teorias com que é informado.

Se os exemplos no lar são fecundos de amor, de respeito e de paciência, os filhos tornam-se afáveis, dignos e gentis, exceção feita àqueles que são portadores de transtornos de conduta ou vítimas de fenômenos teratológicos, por impositivo expiatório necessário.

Mesmo, nesses casos, as vibrações defluentes da conduta dos pais contribuem grandemente para a pacificação e o equilíbrio possível desses espíritos em luta de sublimação pelo cadinho das reparações inadiáveis.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 3, “Os Genitores”.) Fenômenos Teratológico: relativo à ciência que se ocupa do desenvol-vimento anormal e das malformações congênitas.

(Fonte Internet: https://www.dicionarioinformal.com.br)

Os pais influenciam no comportamento

dos filhos?

Nenhuma influência exerce o Espírito dos pais sobre o de seu filho, após o nascimento? “Influencia muito grande; como vos dissemos, os Espíritos devem colaborar para o progresso um dos outros. Pois bem! O Espírito dos pais tem por missão desenvolver o de seus filhos pela educação; é para eles uma tarefa: serão culpados, se nisso falirem.”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 208.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Os equívocos na missão dos pais

Certamente, em muitas famílias, os fatores de desequilíbrio são dos indivíduos imaturos ou autoritários que descarregam os tormentos de que são vítimas, naqueles que, indefesos, encontram-se sob a sua guarda. Tal comportamento não é responsabilidade da família, em si mesma, porquanto, ao invés de acusação indevida, seria ideal que fossem trabalhados os fatores que geram desequilíbrios, corrigindo e orientando os membros que a constituem.

Enquanto a sociedade, em geral, permanecer guindada aos interesses imediatistas, especialmente no que diz respeito às sensações, a afetividade expressando-se através dos impulsos malconduzidos, os resultados das uniões sexuais serão sempre frustrantes.

O excesso de liberdade moral que viceja na atualidade e as apetitosas ofertas do prazer, facultam experiências irresponsáveis por falta do necessário amadurecimento psicológico para os cometimentos sexuais, que se fazem apressados e extravagantes.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 1, “Os Primeiros Passos”.) Considerando-se os modernos padrões de tolerância para com as

condutas morais permissivas, esses adultos lamentam não mais poder fruir dos prazeres enganosos, ignorando as novas responsabilidades, a fim de se manterem distantes dos novos deveres que lhes cumpre atender.

Pensam que, tornando-se fornecedores dos recursos que mantêm o lar, já estão sacrificados em demasia para novos comprometimentos e renúncias.

Se um filho se desvia para o mal, apesar dos cuidados de seus pais, são estes responsáveis por isso? “Não; porém, quanto maiores as disposições do filho para o mal, mais pesada é a tarefa e maior será o mérito, se eles conseguirem desviá-lo do mau caminho.”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 583.)

“(...) Quando os pais fazem tudo o que devem para o adiantamento moral de seus filhos, porém, mesmo assim, não alcançam êxito, eles não têm de que se lamentar e sua consciência pode ficar tranquila. (...)”

Santo Agostinho

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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(...)

Enquanto não surja uma consciência doméstica fundamentada no amor responsável e profundo, sem os pieguismos da imaturidade psicológica dos indivíduos desajustados, a família sofrerá hipertrofia de valores morais, tombando na anarquia e no despautério que vêm caracterizando a sociedade contemporânea.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 3, “Os Genitores”.)

“(...) Quando os pais têm filhos que lhes causam desgostos, não serão desculpáveis por não sentirem por eles a ternura que sentiriam, em caso contrário? “Não, porque é um encargo que lhes foi confiado e a missão deles é fazer todos os esforços para conduzi-los ao bem (ver questões 582 e 583). Mas esses desgostos são, muitas vezes, a consequência do mau costume a que se habituaram, desde o berço; colhem, então, o que semearam.(...)”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 892.)

“(...) Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não combateram suas más tendências no princípio! Por fraqueza ou indiferença, deixaram se desenvolver neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade que secam o coração; depois, mais tarde, recolhendo o que semearam, se espantam e se afligem pela sua falta de respeito e ingratidão desses filhos. (...)”

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 4.)

“(...) Certos pais, é verdade, menosprezam seus deveres, e não são para os filhos o que deveriam sê-lo; mas cabe a Deus puni-los e não aos seus filhos; não cabe a estes censurá-los, porque talvez eles próprios merecessem que fosse assim. Se a caridade estabelece como lei retribuir o mal com o bem, ser indulgente para com as imperfeições alheias, não maldizer o próximo, esquecer e perdoar os erros, amar mesmo aos inimigos, quanto essa obrigação é maior ainda com relação aos pais? Os filhos devem, pois, tomar por regra de conduta para com os pais, todos os preceitos de Jesus concernentes ao próximo. (...)”

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 3.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Joanna de Ângelis nos lembra do dever dos pais no desenvolvimento

da educação moral dos filhos e nos adverte sobre o esforço e a dedicação necessários para desempenhar tal tarefa.

Como a Benfeitora Espiritual nos instrui para realizar essa tarefa com

eficácia? 3o Bloco de ideias: Educação – Fonte de Bênção Objetivos específicos:

• Entender a educação como recurso de moralização do espírito; • identificar Jesus como maior modelo de educador da humanidade; • reconhecer na Doutrina Espírita os recursos facilitadores para o

processo educativo do espírito; • perceber o papel indispensável dos pais na educação ético-moral dos

filhos; • refletir o amor como fonte no desenvolvimento moral do espírito; • compreender o papel da educação no lar na formação do caráter do

espírito.

A tarefa moralizadora da Educação

Educação: ato ou efeito de educar (se), num processo de desenvol-vimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual, social espiritual. (...)

(Lamartine Palhano Jr. Dicionário de Filosofia Espírita.)

O que é Educação?

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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A palavra “Educação”, em português, vem de “Educar”, a origem desta por sua vez, é do Latim EDUCARE que é um derivado de EX, que significa “fora” ou “exterior” e DUCERE, que tem o significado de “guiar”, “instruir”, “conduzir”. Ou seja, em latim, educação tinha o significado literal de “guiar para fora” e pode ser entendido que se conduzia tanto para o mundo exterior quanto para fora de si mesmo.

(Fonte Internet: https://www.gramatica.net.br)

Construindo hábitos

As tendências que promanam do passado em forma de inclinações e desejos, se transformam em hábitos salutares ou prejudiciais quando não encontram a vigilância e os mecanismos da educação, pautando os métodos de disciplina e correção. Sob o impulso do atavismo que se prende nas faixas primevas, das quais a longo esforço o espírito empreende a marcha da libertação, os impulsos violentos e a comodidade que não se interessa pelos esforços de aprimoramento moral amolentam a individualidade ressurgindo como falhas graves de personalidade.

A educação exerce um papel preponderante, porque faculta os meios para uma melhor identificação de valores e seleção deles, lapidando as arestas embrutecidas do eu.

A tarefa da educação deve começar de dentro para fora e não somente nos comportamentos da moral social, da aparência, produzindo efeitos poderosos, de profundidade.

“(...) Há um elemento que quase não se faz pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de uma teoria: é a educação; não, a educação intelectual, mas a educação moral; tampouco a educação moral, através dos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, a que incute hábitos, pois a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. (...)”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 685. N. K.)

“(...) A educação, se for bem compreendida, é a chave do progresso moral; quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á corrigi-los, como se orienta o crescimento de plantas novas; esta arte, porém, requer muito tato, muita experiência e uma profunda observação; é um grave erro acreditar que basta ter conhecimento, para exercê-la com proveito. (...)”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 917. N.K.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Encontrando ínsitas no Espírito as tendências, compete à educação a tarefa de desenvolver as que se apresentam positivas e corrigir as inclina-ções que induzem à queda moral, à repetição dos erros e das manifestações mais vis que as conquistas da razão ensinaram a superar.

Além do ensino puro e simples dos valores pedagógicos, a educação deve esclarecer os benefícios que resultam da aprendizagem, da fixação dos seus implementos culturais, morais e espirituais. Por isso, e sobretudo, a tarefa da educação há que ser moralizadora, a fim de promover o homem não apenas no meio social, antes preparando-o para a sociedade essencial, que é aquela preexistente ao berço donde ele veio e sobrevivente ao túmulo para onde se dirige.

(Joanna de Ângelis. SOS Família, cap. 22, “Necessidade de Evolução”.)

A pedagogia de Jesus e a educação pelo Evangelho

Qual é a Pedagogia de Jesus?

“(...) Cabe à educação combater essas más tendências; ela o fará, eficazmente, quando estiver baseada no estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que regem esta natureza moral, chegar-se-á a modificá-la, como se modifica a inteligência pela instrução, e o temperamento, pela higiene. (...)”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 872.)

“Amar o próximo como a si mesmo; fazer aos outros o que desejamos que os outros façam por nós” é a expressão mais completa da caridade, pois resume todos os deveres para com o próximo. Não pode haver guia mais seguro a esse respeito do que tomar como medida do que se deve fazer aos outros, o mesmo que desejamos para nós. (...)”

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 4.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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“Vinde a mim”, — assentiu Jesus —, porque eu “Sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, não delegando a outrem a tarefa de viver o ensino, mas a si mesmo se impondo o impostergável dever de testemunhar a excelência das lições de comprovados feitos.

Sintetizou em todos os passos e ensinamentos a função dupla de Mestre — educador e pedagogo —, aquele que permeia pelo compor-tamento, dando vitalidade à técnica de que se utiliza, na mais eficiente metodologia, que é a da vivência.

Nesse sentido, o Evangelho é, quiçá, dos mais respeitados repositórios metodológicos de educação e da maior expressão de filosofia educacional.

Não raro, os textos evangélicos propõem a conduta e elucidam o porquê da propositura, seus efeitos, suas razões. Em voz imperativa, suas advertências culminam em consolação, conforto, que expressam os objetivos que todos colimam.

Não se limitando os seus ensinos a um breve período da vida, e sim prevendo-lhe a totalidade, propõe uma dieta comportamental sem os pieguis-mos nem os rigores exagerados que defluem do próprio conteúdo do ensino.

(Joanna de Ângelis. SOS Família, cap. 22, “Necessidade de Evolução”.)

Espiritismo e Educação

Todos os cidadãos, dessa forma, devem unir-se em favor do ideal comum, que é o da educação. Jamais haverá uma sociedade feliz, se não for cuidado o ministério sublime da educação integral, aquela que acompanha o espírito na sua complexidade e nas suas necessidades evolutivas.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 10, “Educação e Paz na Família”.) Educação, pois, da mente, do corpo, da alma, como processo de

adaptação aos superiores degraus da vida espiritual para onde se segue.

“(...) O Cristo foi o iniciador da moral mais pura, mais sublime; da moral evangélico-cristã que deve renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que deve fazer jorrar de todos os corações humanos a caridade e o amor ao próximo, e criar, entre todos os homens, uma solidariedade comum; enfim, de uma moral que há de transformar a Terra, e dela fazer uma morada para espíritos superiores aos que hoje a habitam. (...)

Um espírito isralelita

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. I, item 9.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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A educação, disciplinando e enriquecendo de preciosos recursos o ser, alça-o à vida, tranquilo e ditoso, sem ligações com as regiões inferiores donde procede. Fascinado pelo tropismo da verdade que é sabedoria e amor, após as injunções iniciais, mais fácil se lhe torna ascender, adquirir a felicidade.

(Joanna de Ângelis. SOS Família, cap. 22, “Necessidade de Evolução”.)

Nesse sentido, o conhecimento do Espiritismo, que leva o homem a uma vivência coerente com a dignidade, é a terapia preventiva como curadora para os males que ora afligem a quase todos e, em especial, estiolando a vida infantojuvenil que surge, risonha, sendo jogada nas tribulações e misérias para as quais ainda não se encontra preparada, nem tem condições de compreender assumindo, antes do tempo, compor-tamentos adultos, alucinados e infelizes.

(Benedita Fernandes. SOS Família, cap. 20, “Alienação Infantil e Educação”.) Por educar, entenda-se, também, a técnica

de disciplinar o pensamento e a vontade, a fim de o educando penetrar-se de realizações que desdobrem as inatas manifestações da natureza animal, adormecidas, dilatando o campo íntimo para as conquistas mais nobres do sentimento e da psique.

Pedagogos eminentes, os Espíritos Superiores ensinam as regras do

bom comportamento aos homens, como educadores que exemplificam depois de haverem passado pelas mesmas faixas de sombra, ignorância e dor, de que já se libertaram.

(Joanna de Ângelis. SOS Família, cap. 22, “Necessidade de Evolução”.)

O papel dos pais na educação dos filhos

Qual é o papel indispensável dos pais na educação ético-moral dos

filhos?

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Esse trabalho é relevante e indispensável, nunca devendo ser

transferido totalmente para a escola, encarregada, essencialmente, da instrução, na qual se devem incutir os hábitos saudáveis através da conduta dos mestres São, no entanto, os pais, os mais nobres educadores, tanto para o crescimento ético-moral dos aprendizes quanto para os gravames que os levam aos desequilíbrios de todo porte que tomam conta desses dias de sombra e perversidade.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 10, “Educação e Paz na Família”.)

A criança é mais que um ser em formação. Trata-se de um universo individuali-zado, um somatório de valores que aos pais e educadores cabe penetrar para bem desenvol-ver e conduzir.

(Manoel Philomeno de Miranda. SOS Família, cap. 19, “Personalidades Parasitas”.)

O decálogo mosaico aborda o mandamento, no qual a Lei Divina impõe o amor e o respeito ao pai e à mãe, no entanto, é do Soberano Código o impositivo de que os pais devem esforçar-se por merecer o respeito e o amor da prole, através da sua conduta em relação à mesma.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 3, “Os Genitores”.) Nunca se deve transferir para mais tarde o mister de educar-se, corrigir-

se ou educar e corrigir. O que agora não se faça, neste particular, ressurgirá complicado, em posição diversa, com agravantes de mais difícil remoção.

(Joanna de Ângelis. SOS Família, cap. 22, “Necessidade de Evolução”.)

“(...) A tarefa não é tão difícil quanto poderíeis pensar, ela não exige o saber do mundo. Tanto o ignorante quanto o sábio podem desempenhá-la, e o Espiritismo veio facilitar esse desempenho fazendo com que se conhecessem as causas das imperfeições do ser humano. (...)”

Santo Agostinho

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Educar com e pelo Amor

Educar com e pelo amor constitui o método mais eficaz para

conseguir-se o equilíbrio na família, reunindo todos os membros numa interdependência afetuosa, ao mesmo tempo sem paixões individualistas ou geradoras de vinculações doentias.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 10, “Educação e Paz na Família”.) No compromisso do amor, estão evidentes o companheirismo, o

diálogo franco, a solidariedade, a indulgência e a energia moral de que necessitam os filhos, no longo processo da aquisição dos valores éticos, espirituais, intelectuais e sociais.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 14, “Deveres dos Pais”.)

A Educação e o Amor devem

caminhar juntos?

“O amor é de essência divina e, do primeiro ao último de vós, todos possuís, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. É um fato que pudestes constatar muitas vezes: o homem mais abjeto, mais vil, mais criminoso tem por um ser, ou por um objeto qualquer, uma afeição viva e ardente, à prova de tudo o que tente diminuí-la, e alcançando muitas vezes proporções sublimes. (...)”

Fénelon

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 9.)

“(...) Pois bem, para praticar a lei de amor tal como Deus quer, é preciso que, gradativamente, passeis a amar todos os vossos irmãos indistinta-mente. a tarefa será longa e difícil, porém, ela se realizará; Deus assim quer, e a lei de amor é o primeiro e o mais importante preceito da vossa nova doutrina, porque é ela que deve, um dia, matar o egoísmo(...)”

Fénelon

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 9.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Educação no lar

O lar é, portanto, a sublime escola de

dignificação humana, onde se aprimoram os sentimentos e se orientam os conhecimen-tos intelectuais ao lado daqueles de natu-reza moral, para o real desenvolvimento humano.

No lar começa o incomparável labor de edificação moral de todos os membros que o constituem, mediante as experiências e comportamentos dos pais, que infundirão exemplos demonstrativos do valor do conhecimento, do caráter, da honra, da convivência doméstica, representando os segmentos sociais da vida em comum com os demais membros da humanidade.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 10, “Educação e Paz na Família”.) O lar, portanto, quando se perverte, ameaça a estrutura da sociedade. O lar, no entanto, sustenta-se nos pilotis vigorosos que são os genito-

res, deles dependendo a sua edificação ou o seu soçobro.

(Joanna de Ângelis. Constelação Familiar, cap. 3, “Os Genitores”.)

“(...) Os efeitos da lei de amor são o aperfeiçoamento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrestre. Os mais rebeldes e os mais cheios de vícios deverão se transformar quando virem os benefícios produzidos por esta prática: ‘Não façais aos outros o que não quereis que vos seja feito, mas ao contrário, fazei a eles todo o bem que está ao vosso alcance.’ (...)”

Fénelon

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 9.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Como o exemplo de Joanna de Cusa pode nos inspirar?

Joanna de Cusa

“Entre a multidão que invariavelmente acompanhava a Jesus nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjugavam interesses vitais de comerciantes e de pescadores.

Joana possuía verdadeira fé; contudo, não conseguiu forrar-se às amarguras domésticas, porque seu companheiro de lutas não aceitava as claridades do Evangelho. Considerando seus dissabores íntimos, a nobre dama procurou o Messias, numa ocasião em que ele descansava em casa de Simão, e lhe expôs a longa série de suas contrariedades e padecimentos. O esposo não tolerava a doutrina do Mestre. Alto funcionário de Herodes, em perene contato com os representantes do Império, repartia as suas preferências religiosas, ora com os interesses da comunidade judaica, ora com os deuses romanos, o que lhe permitia viver em tranquilidade fácil e rendosa. Joana confessou ao Mestre os seus temores, suas lutas e desgostos no ambiente doméstico, expondo suas amarguras em face das divergências religiosas existentes entre ela e o companheiro. Após ouvir-lhe a longa exposição, Jesus lhe ponderou:

— Joana, só há um Deus, que é o Nosso Pai, e só existe uma fé para as nossas relações com o seu amor. Certas manifestações religiosas, no mundo, muitas vezes não passam de vícios populares nos hábitos exteriores. Todos os templos da Terra são de pedra; eu venho, em nome de Deus, abrir o templo da fé viva no coração dos homens. Entre o sincero discípulo do Evangelho e os erros milenários do mundo, começa a travar-se o combate sem sangue da redenção espiritual. Agradece ao Pai o haver-te julgado digna do bom trabalho, desde agora. Teu esposo não te compreende a alma sensível?

Compreender-te-á um dia. Leviano e indiferente? Ama-o, mesmo assim. Não te acharias ligada a ele se não houvesse para isso razão justa. Servindo-o com amorosa dedicação, estarás cumprindo a vontade de Deus. Falas-me de teus receios e de tuas dúvidas. Deves, pelo Evangelho, amá-lo ainda mais. Os sãos não precisam de médico. Além disso, não poderemos colher uvas nos abrolhos, mas podemos amanhar o solo que produziu cardos envenenados, a fim de cultivarmos nele mesmo a videira maravilhosa do amor e da vida.

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Joana deixava entrever no brilho suave dos olhos a íntima satisfação que aqueles esclarecimentos lhe causavam; mas, paten- teando todo o seu estado d’alma, interrogou:

— Mestre, vossa palavra me alivia o espírito atormentado; entretanto, sinto dificuldade extrema para um entendimento recíproco no ambiente do meu lar. Não julgais acertado que lute por impor os vossos princípios? Agindo assim, não estarei reformando o meu esposo para o céu e para o vosso reino?

O Cristo sorriu serenamente e retrucou: “— Quem sentirá mais dificuldade em estender as mãos

fraternas, será o que atingiu as margens seguras do conhecimento com o Pai, ou aquele que ainda se debate entre as ondas da ignorância ou da desolação, da inconstância ou da indolência do espírito? Quanto à imposição das ideias” — continuou Jesus, acentuando a importância de suas palavras —, “por que motivo Deus não impõe a sua verdade e o seu amor aos tiranos da Terra? Por que não fulmina com um raio o conquistador desalmado que espalha a miséria e a destruição, com as forças sinistras da guerra? A sabedoria celeste não extermina as paixões: transforma-as. Aquele que semeou o mundo de cadáveres desperta, às vezes, para Deus, apenas com uma lágrima. O Pai não impõe a reforma a seus filhos: esclarece-os no momento oportuno. Joana, o apostolado do Evangelho é o de colaboração com o céu, nos grandes princípios da redenção. Sê fiel a Deus, amando o teu companheiro do mundo, como se fora teu filho. Não percas tempo em discutir o que não seja razoável. Deus não trava contendas com as suas criaturas e trabalha em silêncio, por toda a Criação. Vai!... Esforça-te também no silêncio e, quando convocada ao esclarecimento, fala o verbo doce ou enérgico da salvação, segundo as circunstâncias! Volta ao lar e ama o teu companheiro como o material divino que o céu colocou em tuas mãos para que talhes uma obra de vida, sabedoria e amor!...” Joana de Cusa experimentava um brando alívio no coração. Enviando a Jesus um olhar de carinhoso agradecimento, ainda lhe ouviu as últimas palavras:

“— Vai, filha!... Sê fiel!” *

Desde esse dia, memorável para a sua existência, a mulher de Cusa experimentou na alma a claridade constante de uma resignação sempre pronta ao bom trabalho e sempre ativa para a compreensão de Deus. Como se o ensinamento do Mestre estivesse agora gravado indelevelmente em sua alma, considerou que, antes de ser esposa na Terra, já era filha daquele Pai que, do Céu, lhe conhecia a generosidade e os sacrifícios. Seu espírito divisou em todos os labores uma luz sa- grada e oculta. Procurou esquecer todas as características inferiores do companheiro, para observar somente o que possuía ele de bom,

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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desenvolvendo, nas menores oportunidades, o embrião vacilante de suas virtudes eternas. Mais tarde, o céu lhe enviou um filhinho, que veio duplicar os seus trabalhos; ela, porém, sem olvidar as recomendações de fidelidade que Jesus lhe havia feito, transformava suas dores num hino de triunfo silencioso em cada dia.

Os anos passaram e o esforço perseverante lhe multiplicou os bens da fé, na marcha laboriosa do conhecimento e da vida. As perse- guições políticas desabaram sobre a existência do seu companheiro. Joana, contudo, se mantinha firme. Torturado pelas ideias odiosas de vingança, pelas dívidas insolváveis, pelas vaidades feridas, pelas moléstias que lhe verminaram o corpo, o ex-intendente de Ântipas voltou ao plano espiritual, numa noite de sombras tempestuosas. Sua esposa, todavia, suportou os dissabores mais amargos, fiel aos seus ideais divinos edificados na confiança sincera. Premida pelas necessidades mais duras, a nobre dama de Cafarnaum procurou trabalho para se manter com o filhinho que Deus lhe confiara. Algumas amigas lhe chamaram a atenção, tomadas de respeito humano. Joana, no entanto, buscou esclarecê-las, alegando que Jesus igualmente havia trabalhado, calejando as mãos nos serrotes de modesta carpintaria e que, submetendo-se ela a uma situação de subalternidade no mundo, se dedicara primeiramente ao Cristo, de quem se havia feito escrava devotada. Cheia de alegria sincera, a viúva de Cusa esqueceu o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão. Mais tarde, quando a neve das experiências do mundo lhe alvejou os primeiros anéis da fronte, uma galera romana a conduzia em seu bojo, na qualidade de serva humilde.

* No ano 68, quando as perseguições ao Cristianismo iam intensas,

vamos encontrar, num dos espetáculos sucessivos do circo, uma velha discípula do Senhor amarrada ao poste do martírio, ao lado de um homem novo, que era seu filho.

Ante o vozerio do povo, foram ordenadas as primeiras flage-lações.

“— Abjura!...” — exclama um executor das ordens imperiais, de olhar cruel e sombrio.

A antiga discípula do Senhor contempla o céu, sem uma palavra de negação ou de queixa. Então o açoite vibra sobre o rapaz seminu, que exclama, entre lágrimas:

“— Repudia a Jesus, minha mãe!... Não vês que nos perdemos?! Abjura!.. por mim, que sou teu filho!”

Pela primeira vez, dos olhos da mártir corre a fonte abundante das lágrimas. As rogativas do filho são espadas de angústia que lhe retalham o coração.

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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“— Abjura!... Abjura!” Joana ouve aqueles gritos, recordando a existência inteira. O

lar risonho e festivo, as horas de ventura, os desgostos domésticos, as emoções maternais, os fracassos do esposo, sua desesperação e sua morte, a viuvez, a desolação e as necessidades mais duras... Em seguida, ante os apelos desesperados do filhinho, recordou que Maria também fora mãe e, vendo o seu Jesus crucificado no madeiro da infâmia, soubera conformar-se com os desígnios divinos. Acima de todas as recordações, como alegria suprema de sua vida, pareceu-lhe ouvir ainda o Mestre, em casa de Pedro, a lhe dizer: “— Vai filha! Sê fiel!" Então, possuída de força sobre-humana, a viúva de Cusa contemplou a primeira vítima ensanguentada e, fixando no jovem um olhar profundo e inexprimível, na sua dor e na sua ternura, exclamou firmemente:

“— Cala-te, meu filho! Jesus era puro e não desdenhou o sacri- fício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todas as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a Deus!”

A esse tempo, com os aplausos delirantes do povo, os verdugos lhe incendiavam, em derredor, achas de lenha embebidas em resina inflamável. Em poucos instantes, as labaredas lamberam-lhe o corpo envelhecido. Joana de Cusa contemplou com serenidade a massa de povo que lhe não entendia o sacrifício. Os gemidos de dor lhe morriam abafados no peito opresso. Os algozes da mártir cercaram-lhe de impropérios a fogueira:

“— O teu Cristo soube apenas ensinar-te a morrer?” Perguntou um dos verdugos. A velha discípula, concentrando

a sua capacidade de resistência, teve ainda forças para murmurar: “— Não apenas a morrer, mas também a vos amar!...” Nesse instante, sentiu que a mão consoladora do Mestre lhe

tocava suavemente os ombros, e lhe escutou a voz carinhosa e ines-quecível: “Tem bom ânimo!... Joana Eu aqui estou!...”

(Humberto de Campos. Boa Nova, cap. 15, “Joana de Cusa”.)

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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Refletindo com Joanna de Ângelis

Ao tomar conhecimento dessa narrativa de Humberto de Campos a respeito da mulher de Cusa, natural sermos tomados de imensa emoção pelo sacrifício e coragem frente aos verdugos que lhe tomaram a vida física. Todavia, destacamos que seu maior sacrifício, foi seu compromisso e fidelidade com o Cristo, não somente neste momento extremo, mas durante cada momento de sua vida pública e privada ao seguir assertivamente as elucidações do Mestre.

É com essa vivência, com a fé, a resignação e a vontade

talhadas na alma que nossa benfeitora traz valiosos ensinamentos e nos convoca a vivenciar o Espiritismo no lar, criando laços eternos, demonstrando assim a possibilidade de uma renovada convivência familiar sob à luz do Espiritismo.

19o Encontro Espírita sobre Joanna de Ângelis Tema: “Deveres dos Pais”

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ÂNGELIS, Joanna de. Constelação Familiar. Psicografado por Divaldo P. Franco,

3. ed. Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, Bahia; 2016. ÂNGELIS, Joanna de. E outros Espíritos. SOS Família. Psicografado por Divaldo

P. Franco, 1. ed. Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, Bahia; 1994. CARNEIRO, Celeste. A Veneranda Joanna de Ângelis. 4.ed. Livraria Espírita

Alvorada Editora, Salvador, Bahia; 1995. CAMPOS, Humberto de. Boa Nova. Psicografado por Francisco Cândido Xavier,

20. ed. FEB. Rio de Janeiro. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, 1.ed. CELD. Rio de

Janeiro; 2001.

_________. O Livro dos Espíritos. 1. ed. CELD. Rio de Janeiro; 2009. PALHANO JR., Lamartine. Dicionário de Filosofia Espírita. 2. ed. CELD. Rio de

Janeiro; 2004.

ANOTAÇÕES __________________________________________________________________________

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