determinantes da informalidade urbana

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESA CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESA FRANCISCO DA CHAGA MATOS DETERMINANTES DA INFORMALIDADE URBANA NA REGIÂO METROPOLITANA DE SÃO LUÍS-MA Rio de Janeiro 2010

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DETERMINANTES DA INFORMALIDADE URBANA NAREGIÂO METROPOLITANA DE SÃO LUÍS-MA

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Page 1: Determinantes da Informalidade Urbana

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMP RESA

CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESA

FRANCISCO DA CHAGA MATOS

DETERMINANTES DA INFORMALIDADE URBANA NA

REGIÂO METROPOLITANA DE SÃO LUÍS-MA

Rio de Janeiro

2010

Page 2: Determinantes da Informalidade Urbana

FRANCISCO DA CHAGA MATOS

DETERMINANTES DA INFORMALIDADE URBANA NA

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO LUÍS-MA

Dissertação para obtenção do grau de mestre apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresa. Área de concentração: Administração de Empresas. Orientador: Prof. Dr. Francisco Marcelo G. Barone do Nascimento Co-Orientador: Profª. Drª.Deborah Moraes Zouain

Rio de Janeiro

2010

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Page 5: Determinantes da Informalidade Urbana

A minha mãe Rosmilda Matos, pela oportunidade de me conceder a vida, pois sem ela, nada disso aconteceria. As minhas filhas, Nádia, Danielle e Juliana verdadeiras fontes de inspiração da minha luta e das conquistas.

Em memória: A minha avó, minha tia Honorina e Maria Mirtes, maiores incentivadoras das minhas lutas, exemplo de honestidade, tenacidade, criatividade, dedicação e capacidade de organizar arranjos produtivos, que antes de tudo fizeram de mim uma pessoa determinada e capaz de enfrentar os desafios da vida.

Page 6: Determinantes da Informalidade Urbana

AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo que tem me possibilitado.

A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), pela oportunidade a mim

concedida em realizar mais este sonho.

À Fundação Getulio Vargas - FGV e aos Coordenadores da Escola

Brasileira de Administração Pública e de Empresa - EBAPE pela ação criativa de

descentralização das atividades acadêmicas de pós-graduação da instituição

possibilitando a brasileiros não residentes nos locais de suas unidades de

instalações, participarem de seus cursos.

Aos meus orientadores Prof. Dr. Francisco Barone e Profª. Dr. Deborah

Zouain pela dedicação, paciência e abnegação com que tratam seus alunos,

dedicando parte significativa de seus preciosos tempos na missão de passar

conhecimento e ensinamentos.

Aos colegas de curso, principalmente aqueles com os quais enfrentei

exaustivas jornadas de estudos aos sábados, domingos e feriados até altas horas da

madrugada que de forma incansável enfrentaram esta jornada, com muita

responsabilidade e dedicação, motivo fundamental para permanecermos até o fim

de mais este desafio.

Aos servidores da UEMA/CCSA pelo apoio dado para concretização

desta jornada imprescindível para cada um dos mestrandos, com o sacrifício de

algumas de suas horas de folga.

À minha família pelas renuncias que tive que fazer para dar-me apoio

nesta empreitada.

Por fim, a todas as pessoas que de forma direta ou indireta contribuíram

para mais esta conquista. De todo coração, muito obrigado.

Page 7: Determinantes da Informalidade Urbana

“Ninguém que se importa com a humanidade deve estar satisfeito com um mundo em que algumas centenas de milhões de pessoas desfrutam do acesso a todos os recursos do planeta, ao passo que outros bilhões enfrentam dificuldades simplesmente para sobreviver”. Muhammad Yunus

Page 8: Determinantes da Informalidade Urbana

RESUMO

O presente trabalho é o resultado da pesquisa realizada junto aos

trabalhadores informais da região metropolitana da cidade de São Luís capital do

estado do Maranhão, com objetivo traçar um perfil atual deste trabalhador. Para o

levantamento dos dados foi considerada uma amostra composta por um total de 93

pessoas atuantes neste ramo de atividade, levantada aleatoriamente. O

procedimento metodológico usado para a coleta dos dados foi a aplicação de

questionário semi- aberto com questões norteadoras para o pesquisador e o

pesquisado. Por meio da análise das respostas foi possível perceber que o

trabalhador informal da cidade é em sua maioria pessoas do sexo masculino, com

maior concentração de idade variando entre trinta e um e cinqüenta anos, casados

ou em união estável, com baixo nível de escolaridade quase que 50% no máximo

com o ensino fundamental, a renda grande maioria (92,5%) chega ao máximo a três

salários mínimos, em um universo onde o maior salário não ultrapassa os cinco

salários. De certa forma é um agente econômico que apesar da certeza de sua

insegurança em relação à seguridade social, em sua maioria gosta do que faz, são

pessoas independentes, empreendedoras, encontram sempre alternativas para

soluções dos problemas imediatos e não pensam em deixar seu trabalho em

atividades informais.

Palavras-chave: Trabalho informal. São Luís, Maranh ão.

Page 9: Determinantes da Informalidade Urbana

ABSTRACT

This work is the result of research conducted for informal workers in the

metropolitan region of São Luís do Maranhão state capital, aiming to draw a profile of

current workers. For the data were considered a sample consisting of a total of 93

people working in this field of activity, raised at random. The methodological

procedure used to collect data was the application of semi-open with guiding

questions to the researcher and researched. Through the analysis of responses was

possible to notice that the employee's informal town is mostly males, with a higher

concentration of ages ranging from thirty-one and fifty years old, married or in stable,

low education level almost that 50% maximum on elementary education, income vast

majority (92.5%) reaches the maximum of three minimum wages, in a universe where

higher salary does not exceed five salaries. In some ways it is an economic agent

that despite the certainty of his insecurity in relation to social security, mostly likes

what he does, people are independent entrepreneurs, are always alternative

solutions to immediate problems and not think about leaving his work in informal

activities.

Keywords: Informal work. São Luís, Maranhão.

Page 10: Determinantes da Informalidade Urbana

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Evolução da PEA, população ocupada, população desemprega- e taxa de ocupação no Estado do Maranhão entre 1992 e 2006(mil pessoas).................................................................................................................

29

Trabalhadores informais por sexo e faixa etária.................................................... 36

Origem territorial.................................................................................................... 41

Propriedade da residência..................................................................................... 41

Energia elétrica...................................................................................................... 42

Água encanada...................................................................................................... 43

Esgotamento sanitário........................................................................................... 43

Ruas asfaltadas..................................................................................................... 44

Tipos de construção............................................................................................... 44

Telefone fixo........................................................................................................... 45

Telefone celular...................................................................................................... 46

Computador............................................................................................................ 46

Internet................................................................................................................... 47

Proprietários de carro............................................................................................. 47

Sempre trabalhou por conta própria...................................................................... 48

Reposta de trabalho em outras atividades............................................................. 49

Motivo de trabalhar por conta própria.................................................................... 49

Pontos positivos..................................................................................................... 50

Pontos negativos.................................................................................................... 51

Acha que trabalha muito........................................................................................ 51

Gosta do que faz.................................................................................................... 52

Por que gosta do que faz....................................................................................... 53

Dificuldade para realizar o trabalho....................................................................... 53

Page 11: Determinantes da Informalidade Urbana

Quais as dificuldades............................................................................................. 54

Conhecimentos necessários.................................................................................. 55

Há quanto tempo na atividade............................................................................... 55

Quando pretende parar.......................................................................................... 56

Page 12: Determinantes da Informalidade Urbana

LISTA DE SIGLAS

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CACED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CODEFAT- Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LBA - Legião Brasileira de Assistência

OIT - Organização Internacional do Trabalho

PATRA - Programa de Apoio ao Trabalhador Autônomo de Baixa Renda

PEA - População Economicamente Ativa

PME - Pesquisa Mensal de Emprego

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SINE - Sistema Nacional de Emprego

SUDENE - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

Page 13: Determinantes da Informalidade Urbana

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 13

2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................. ........................................... 17

2.1 A relação emprego x trabalho................... .............................................. 18

2.2 Globalização e o mercado de trabalho........... ........................................ 20

2.2.1 No mundo................................................................................................... 20

2.2.2 No Brasil..................................................................................................... 21

2.3 Economia formal e economia informal no Brasil.. ................................ 24

2.3.1 Política de salário mínimo no Brasil: fator de desestímulo para o trabalho

formal?........................................................................................................ 26

2.4 O trabalho no estado do Maranhão............... .......................................... 27

3 METODOLOGIA...................................... ................................................... 31

3.1 Tipos da pesquisa.............................. ...................................................... 31

3.2 Universo e amostra............................. ..................................................... 32

3.3 Coleta de dados................................ ........................................................ 32

3.4 Tratamento de dados............................ ................................................... 33

3.5 Limitações do método........................... ................................................... 33

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES DA PESQUISA.............. ....................... 35

4.1 Características pessoais e relação familiar.... ....................................... 35

4.1.1 Sexo e idade............................................................................................... 35

4.1.2 Sexo e situação civil................................................................................... 36

4.1.3 Sexo e escolaridade................................................................................... 37

4.1.4 Número de filhos......................................................................................... 38

4.1.5 Renda familiar............................................................................................. 39

4.1.5.1 A renda familiar é suficiente para suprir as necessidades da família......... 40

4.2 Da moradia..................................... ........................................................... 40

4.2.1 Residência.................................................................................................. 42

4.3 Das condições de trabalho...................... ................................................ 48

5 CONCLUSÃO........................................ .................................................... 57

REFERÊNCIAS.......................................................................................... 61

APÊNDICE................................................................................................. 64

Page 14: Determinantes da Informalidade Urbana

13

1 INTRODUÇÃO

A economia brasileira nos últimos 50 anos tem passado por profundas

transformações, que merecem ser observadas com mais atenção a partir de pontos

específicos, como por exemplo: a década de 1950 foi marcada por um forte avanço

no setor industrial, com a implantação da indústria automobilística, as décadas de

1960 e 70 se caracterizaram como períodos de reestruturação e de forte

crescimento econômico, com a taxa média de crescimento do Produto Interno Bruto

(PIB) situando-se acima dos 7% ao ano, bem acima da taxa de crescimento

populacional. Neste intervalo de tempo está situado o período que ficou conhecido

como o “Milagre Econômico”.

No período do Milagre Econômico apesar do forte crescimento da

economia, houve também um aumento significativo na concentração de renda do

país, isso porque, o crescimento efetivo da renda não foi distribuído entre os

cidadãos.

Já a década seguinte, dos 1980 e início dos anos 90, a situação foi

completamente diferente, a taxa de crescimento econômico situou-se na casa dos

1,5% ao ano, para um crescimento populacional em torno de 2,1% ao ano, o que

provocou uma redução no PIB per capita do país. Ficando esta conhecida como

sendo a década perdida.

A década de 80 também ficou caracterizada como um período de

transição política com a passagem da administração do país das mãos do poder

militar para o poder civil, abertura e anistia para políticos cassados pelo regime

militar.

O período foi marcado por muitos desajustes econômicos, o que levou os

gestores da época a editarem e implantarem vários planos de estabilização

econômica.

Mesmo passando por sérios problemas de ordem econômica na década

de oitenta, a economia brasileira ainda foi capaz de gerar novos postos de trabalho,

só que estes eram de qualidade questionáveis, o que pode ser comprovado pelas

baixas taxas de desemprego do período, algo em torno 3,0% a 5,5%, menor que as

registradas em alguns países desenvolvidos.

Page 15: Determinantes da Informalidade Urbana

14

Por conta da baixa qualidade dos postos de trabalho com carteira

assinada criados na década de 80 e dos baixos salários pagos aos empregados,

ocorre uma transição da força de trabalho, principalmente para os trabalhadores de

menor qualificação ou menos escolaridade passando estes trabalhadores a

ingressarem com maior intensidade em atividades informais.

O termo trabalho informal é empregado, frequentemente, “para

representar proprietários e trabalhadores que participam da produção em unidades

produtivas micro ou pequenas, onde a relação capital–trabalho não se encontra bem

estabelecidas” (CACCIAMALI, 2000, p. 153). Entretanto, em países em desenvolvi-

mento, observa-se que uma parcela expressiva de trabalhadores recorre a este tipo

de trabalho.

O trabalho informal é induzido, segundo Cacciamali (2000), por, pelo

menos quatro motivos: racionamento dos empregos assalariados e ausência de

políticas públicas compensatórias; oportunidade de ganhos superiores àqueles de

empregos assalariados de baixa e média qualificação; expansão de atividades de

serviços e estratégia de sobrevivência implementada pelos indivíduos que

apresentam dificuldades de reemprego ou de ingresso no mercado de trabalho,

como forma de atender suas necessidades básicas e manter sua própria

sobrevivência.

De acordo com Cacciamali (2000) o ponto de partida para delimitar o

setor informal são as unidades econômicas, orientadas para o mercado, entre as

quais sobressai o fato de que a pessoa detentora do negócio exerce,

simultaneamente, as funções de patrão e de empregado, sem distinção de

atividades de gestão e de produção.

Esta modalidade de trabalho vem despertando interesses em críticos,

economistas e pesquisadores de vários ramos das ciências e, assim como pode dar

idéia de comércio de rua ou ambulante, praticado por pessoas que normalmente se

utilizam de sonegação fiscal e evasão de divisas, de uma maneira geral, podem ser

pensadas como reflexos das mudanças ocorridas no país no âmbito econômico,

social e político. O que leva a esta ansiedade em mensurar o setor informal, é

justamente a ausência de informações oficiais sobre o setor.

O trabalho informal é uma situação vivenciada diariamente por milhares

de trabalhadores, que levados pela necessidade de se manterem ocupados e

gerarem renda para sua manutenção e de suas famílias, encontram neste ramo de

Page 16: Determinantes da Informalidade Urbana

15

atividade econômica a ocupação e a renda, se não a desejada, a necessária para

satisfação de suas principais necessidades.

É comum, quando se pensa em trabalhador informal, focar os olhares em

pessoas com baixa escolaridade e desqualificadas profissionalmente e que por

estes motivos encontram muitas dificuldades em colocarem-se no mercado dos

empregos formais, nem sempre é assim.

Na realidade, o trabalho informal se apresenta como uma alternativa a

milhões de trabalhadores que não conseguem se colocar no mercado formal.

Normalmente, no imaginário das pessoas, está que trabalhadores

informais são só vendedores ambulantes, e prestadores de pequenos serviços como

operários das mais diversas profissões, artesões e trabalhadores da zona urbana,

como: guardadores de vagas em estacionamentos, lavadores de carros e outros

prestadores de pequenos serviços nas regiões metropolitanas.

Na realidade, o comércio ambulante em sua grande maioria é uma

atividade informal e paralela, isso ocorre porque, para sua implementação exige um

volume pequeno de imobilizações e recursos financeiros para giro e uma vez

estruturados e em operação estes negócios não pagam tributos e comercializam na

maioria das transações produtos baratos de qualidade não muito confiáveis. Se

constituem opções de compra principalmente para pessoas com menor poder

aquisitivo.

Com objetivo de contribuir para o enriquecimento do debate acerca da

questão do trabalho informal, objetivou-se responder ao seguinte problema de

pesquisa: Quais os fatores determinantes da informalidade urbana na região

metropolitana de São Luís do Maranhão?

Neste caso, a preocupação básica é ter um melhor entendimento sobre o

crescimento permanente do número de pessoas que vêm se dedicando ao exercício

de atividades informais na cidade de São Luis.

Para responder ao questionamento levantado pelo problema especifico

para caso da região metropolitana da cidade de São Luís, este trabalho foi

organizado em quatro capítulos da seguinte forma: No primeiro capítulo é feita uma

breve introdução. No segundo será apresentada uma breve revisão de literatura

sobre o setor informal, com o objetivo de se traçar um esboço sobre as definições de

informalidade, com comentário sobre a relação emprego x trabalho, a globalização e

o mercado de trabalho, o mercado de trabalho no Brasil, economia formal e informal

Page 17: Determinantes da Informalidade Urbana

16

no Brasil e o trabalho no Estado do Maranhão. O terceiro capítulo trata da

metodologia utilizada no desenvolvimento do trabalho. No quarto capítulo serão

apresentados os dados da pesquisa de campo com o respectivo tratamento, a

análise destes dados e a conclusão do trabalho.

Os dados coletados servirão para levantar informações sobre

características dos trabalhadores informais, tais como: ocupação principal,

composição da renda média, escolaridade, faixa etária das pessoas que atuam no

setor, gênero e condição na família.

Por fim, será apresentada a análise feita sobre os dados coletados, com

sugestões e a conclusão deste trabalho.

Page 18: Determinantes da Informalidade Urbana

17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para Gomes (2009), uma das características fundamentais do capitalismo

é a forma de organização do trabalho com a utilização de dois insumos básicos:

força de trabalho e meio de produção. Na forma mais comum de trabalho informal,

como forma de auto-emprego, o sujeito detém a força de trabalho e os

equipamentos e insumos necessários à produção.

Pamplona (2001) afirma que a autonomia e o controle do processo

produtivo são características fundamentais no conceito do auto-emprego. A

autonomia no trabalho constitui-se item relevante nessa categoria de emprego no

qual o proprietário do negócio estabelece seus próprios horários e forma de trabalho,

que Perulli apud Gomes (2009) dividiu os trabalhadores segundo a relação

empregatícia: o trabalhador subordinado e o trabalhador independente.

No entender de Chicarelli (2009, p. 1)

[...] Quando se fala em trabalho informal, logo pensamos em artistas, cabeleireiros ou camelôs, vendedores ambulantes que se alojam nas ruas, vendendo desde artesanato, comidas até produtos importados, CD e DVD piratas, mas a informalidade também está presente em diversos outros setores se considerarmos algumas empresas sem condições de assumir com todos os encargos, não assinam a carteira de trabalho de seus funcionários. E na mesma condição citamos empregados domésticos, professores particulares, músicos, taxistas, etc.

O termo setor informal passa a fazer parte do jargão oficial a partir de

meados dos anos 70, aparecendo como “um novo instrumento explicativo para um

velho fenômeno: a existência de atividades econômicas de baixa produtividade e

que se desenvolviam as margens da legislação e nas franjas do mercado”

(THEODORO, 2000, p. 7).

O trabalho informal proporciona uma renda de acordo com a produção,

pois o sujeito atua “por sua própria conta e risco, sujeito a volatilidade nas receitas”

(PARKER apud GOMES, 2009, p.17).

A remuneração de um empregado informal é diferenciada da

remuneração de um assalariado pela sua volatilidade, riscos e oportunidades de

ganho, suscetível, portanto, às oscilações da demanda (PAMPLONA, 2001).

Page 19: Determinantes da Informalidade Urbana

18

2.1 A relação emprego x trabalho

Emprego e trabalho, para muitas pessoas, estas duas palavras são

sinônimas, mas não são, são palavras que muito embora estejam muito

relacionadas, têm significados diferentes. O trabalho é atividade que existe desde

que o homem precisou transformar a natureza para adaptar-se ao espaço por ele

ocupado, desde o momento em que precisou usar utensílios e criou ferramentas e

equipamentos para ajudá-lo na transformação da natureza. O emprego é algo muito

mais novo que trabalho, surgiu basicamente com o advento da Revolução Industrial,

é uma transação econômica que envolve o Capital e o Trabalho. O empregado

enquanto proprietário da força de trabalho vende esta ao dono do capital, recebe

pagamentos em forma de salários com os quais adquire os bens e serviços que

necessita. O dono do capital por sua vez, utiliza o trabalho dos trabalhadores para

desenvolver o processo de produção e atingir os objetivos na produção de bens e

serviços. Buscando-se o conceito de dicionários especializados para estas duas

palavras, obtêm-se:

a) Trabalho:

Do dicionário do Pensamento social do Século XX, trabalho é o

esforço humano dotado de um propósito e envolve a

transformação da natureza através do dispêndio de capacidades

físicas e mentais.

b) Emprego:

É a relação, estável, e mais ou menos duradora, que existe entre

quem organiza e quem realiza o trabalho. É uma espécie de

contrato no qual o possuidor dos meios de produção paga pelo

trabalho de outros, que não são possuidores de meios de

produção.

O trabalho é essencial para o funcionamento das sociedades. É

responsável pela produção de todos os bens e serviços necessários à satisfação

das necessidades das pessoas. O conceito, a classificação e o valor atribuído ao

trabalho são específicos para cada grupo social, e por questões culturais, cada

sociedade cria conceitos próprios e atribui-lhe valor de acordo com seus princípios.

Page 20: Determinantes da Informalidade Urbana

19

Para avaliar os efeitos sobre o emprego e a distribuição de renda das

estratégias de rápido crescimento empreendidas por alguns países em

desenvolvimento, no ano de 1969, foi lançado pela OIT o Programa Mundial de

Emprego. Após a implantação do Programa concluiu-se que o padrão de

crescimento econômico substitutivo de importações, rápido e intensivo em capital,

demandava em insuficiente oferta de emprego (CACCIAMALI, 2000).

A autora ressalta, ainda, baseada em estudos da OIT de 1972, algumas

características próprias do trabalho informal, tais como:

a) propriedade familiar do empreendimento;

b) origem e aporte próprio dos recursos;

c) pequena escala de produção;

d) facilidade de ingresso;

e) uso intensivo do fator trabalho e de tecnologia adaptada;

f) aquisição das qualificações profissionais à parte do sistema escolar de

ensino;

g) participação em mercados competitivos e não regulamentados pelo

Estado.

De acordo com o entendimento de Sethuraman (1976), a diferença entre

trabalho informal por conta própria e uma pequena empresa é que o primeiro busca

permanecer em atividade primordialmente em virtude da manutenção da ocupação

do proprietário, enquanto a segunda tem um aporte de capital e uma organização

que lhe permite auferir lucros. Para o autor, o nível médio de produtividade e o valor

adicionado por trabalhador podem ser considerados critérios para distinguir estes

dois grupos.

O que distingue os trabalhadores com e sem carteira de trabalho

assinada é o seu relacionamento com o governo em termos de pagamento de

impostos sobre a folha de pagamento, especialmente a previdência social.

Enquanto 95% dos trabalhadores registrados contribuem para a previdência, apenas

5% dos assalariados informais fazem esta contribuição (NERI, 2002).

Page 21: Determinantes da Informalidade Urbana

20

2.2 Globalização e o mercado de trabalho

2.2.1 No mundo

Após a Segunda Guerra Mundial houve uma diminuição no número de

empregos, especialmente em países europeus, relacionado ao crescimento

econômico nos países industrializados nos anos 80. Estima-se que 7,8% da

população economicamente ativa estava desempregada. Por outro lado,

[...] houve o crescimento de ocupações temporárias e/ou empregos com vínculos contratuais instáveis, a expansão da terceirização e a redução das jornadas diárias de trabalho indicam que o sistema produtivo não vem demandando trabalho assalariado suficiente para fornecer empregos estáveis em período integral para todos, ou seja, indicam a expansão do desemprego estrutural (BOYER, 1988, p. 3).

As justificativas apontadas por Cacciamali et al (1995) para explicar este

fenômeno são: novo padrão de competição mundial – liderada por países asiáticos,

que se apóiam num baixo custo de mão-de-obra, combinado à tecnologia avançada

e domínio da eletrônica; crescente aplicação de tecnologia da informação e da

microeletrônica à produção, elevando os ganhos de produtividade e aplicação de

novos métodos de organização da produção e do trabalho.

Nos países europeus foi constatado que as taxas de desemprego são

maiores e a desigualdade salarial é menor, portanto, a criação de empregos vem

sendo estimulada por meio de novas formas de contrato de trabalho, que

redirecionam o trabalho assalariado para empregos temporários e, em muitos

países, constituem um componente expressivo da criação de empregos para jovens

e mulheres (CACCIAMALI, 2000).

Em países em desenvolvimento como o nosso, além da falta de

informações padronizadas e sistematizadas sobre a estrutura do emprego, a

situação difere quanto à absorção de mão-de-obra no setor secundário da

economia, podendo-se observar o crescimento do setor terciário na geração de

novos empregos. Prescinde-se, entretanto, de estudos mais precisos (CACCIAMALI,

2000).

Page 22: Determinantes da Informalidade Urbana

21

Na América Latina estão sendo implementadas reformas estruturais micro

e macroeconômicas, na tentativa de ampliar a economia e o dinamismo econômico.

De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), de cada

100 empregos gerados entre 1990 e 1995, 84 correspondiam ao setor informal. Do

total de 16 milhões de empregos gerados na América Latina no período 1990-1994,

cerca de 14,4 milhões corresponderam ao setor informal, ocupando 56% do total da

região (CEPAL, 1997).

Para Cacciamali (2000, p. 8)

[...] no caso da América Latina renovam-se as relações de trabalho sob a égide do binômio qualidade-produtividade que podem resultar em melhores condições de trabalho, treinamento contínuo e benefícios indiretos associados, muitas vezes, a uma maior intensidade de trabalho. Em paralelo, recria-se o trabalho em domicílio, o trabalho temporário organizado, em maior ou menor escala, através de firmas locadoras de mão-de-obra, algumas delas especializadas por ocupações (construção civil, limpeza, segurança, digitação, enfermeiras, etc.) ou subcontratadas diretamente na montagem de bens, produção de serviços, distribuição de bens através do comércio de rua ou ambulante, etc. Essa plêiade de relações de trabalho (criadas ou recriadas) reflete um único fenômeno que está sendo engendrado pela dinâmica empresarial, especialmente das grandes empresas.

Nos Estados Unidos também tem havido desemprego, observado a partir

da década de 80, embora inferior ao nível de desemprego europeu. O país vem

apresentando um aumento do número de famílias pobres (CACCIAMALI et al.,

1995).

Cacciamali et al. (1995) enfatiza ainda o fato de que o processo de

globalização acarreta mudanças que já vêm sendo experimentadas nos dias atuais,

tornando-se necessário um sistema de políticas públicas que permita acompanhar o

crescimento econômico sem, contudo, aumentar a taxa de desemprego.

2.2.2 No Brasil

Nos últimos 30 anos as políticas e programas de apoio ao setor informal

foram introduzidas por intermédio do IPEA, SUDENE, SINE, SEBRAE, CODEFAT E

BNDES (THEODORO, 2000).

Na análise política governamental dos anos 70, a existência de atividades

no setor informal era tida como algo passageiro, manifestado pelas intensas e

Page 23: Determinantes da Informalidade Urbana

22

rápidas transformações que estavam sendo feitas nos países em desenvolvimento.

Como afirma Souza (1980), baseado na opinião de dois dos maiores estudiosos do

setor informal brasileiro, Paulo Renato de Souza e Victor Tokman, que chegaram a

prever um horizonte mínimo de três gerações para que o informal desaparecesse

em países como o Brasil.

Para a cúpula governamental

o Informal era, de todo modo, um mal a ser combatido e o mote de ação do Estado era sua formalização. Isso significaria, grosso modo, adotar ações de fomento à regularização dos empreendimentos e/ou atividades e incremento da renda. (THEODORO, 2000).

Nesse momento, destaca-se a ação de dois órgãos de importância para o

setor econômico brasileiro: o Conselho Nacional de Recursos Hídricos/ Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada (CNRH/IPEA) que introduziu a idéia da existência de

um setor informal e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste(SUDENE)

que elaborou programas de grande porte para a área do Nordeste, com destaque

para o Programa de Apoio ao Trabalhador Autônomo de Baixa Renda (PATRA),

“baseado em um diagnóstico que mostrava os limites da política de industrialização

regional na geração dos empregos necessários” (THEODORO, 2000, p.11).

As estatísticas baseadas em crescimento médio anual acima de 11% entre 1967 e 1973 não lograra reverter o subemprego sobretudo no meio urbano. Mais grave ainda era o horizonte que se delineava para os anos subsequentes. O processo de urbanização em franca expansão sinalizava o aumento da taxa de atividade, o que apontaria, de acordo com as estimativas do CNRH/IPEA à época, para um incremento em cerca de 11 milhões de trabalhadores naquela década (SANTOS, 1990, p.10).

O início dos anos 80 foi marcado por uma forte recessão acompanhada

de uma elevada retração da ocupação em geral e do emprego formal assalariado

registrado. Período que corresponde de 1980 a 1983 houve queda de 38% na

construção civil, 16,45% na indústria de transformação e 6% no número de

empregos formais com registro em carteira (LACERDA; CACCIAMALI, 1992).

Com o término do regime militar, o Brasil sofria com a recessão, aumento

da taxa de desemprego e das atividades do setor informal, com um elevado

crescimento inflacionário. O setor informal passou, então, a ser visto como algo

transitório, mas que precisava ser apoiado em suas características básicas para que

pudesse absorver parcelas crescentes da força de trabalho, mudando a ótica

econômica para uma ótica social.

Page 24: Determinantes da Informalidade Urbana

23

Para Theodoro (2000, p.13)

Não se trata mais, portanto, de formalizar o informal, mas de aproveitar suas características e potencialidades para enfrentar o desemprego, um dos pilares do resgate da cidadania, de acordo com o novo discurso oficial

Foram criados, então, alguns programas voltados para assistência ao

trabalhador informal:

A segunda metade dos anos 80 vai assistir à criação de um grande número de programas de apoio ao informal com a participação de diversos organismos governamentais, assim como de ONG. Instituições como a LBA e seu MUP (Programa de Apoio a Unidades Produtivas), Ministério do Interior, organismos financeiros como a Caixa Econômica Federal (com o Pro-Autônomo) e o Banco do Brasil (com o FUNDEC), e até mesmo a Presidência da República por intermédio da SEAC (Secretaria de Ação Comunitária), fizeram-se presentes no apoio ao informal (THEODORO, 2000, p. 13).

Em 1989, de acordo com o PNAD, a maioria dos trabalhadores ativos era

assalariada (66%) e outros trabalhavam à margem da regulamentação do mercado

de trabalho (23,2%). Estima-se que relações não registradas no interior destes três

grupos atingiriam 15,5 milhões de pessoas ou 78% do conjunto das três categorias

(CACCIAMALI et al., 1995).

Em 1990, os programas lançados pelo Governo estavam praticamente

proscritos por terem chegado à exaustão – exceção feita às ações da Legião

Brasileira de Assistência (LBA). Após o impeachment do Presidente Collor, no ano

de 1992, uma abordagem subsidiária aparece como paradigma para a ação do

Estado em termos de políticas sociais, inclusive o apoio ao setor informal, motivado

pela mobilização nacional contra a fome e a miséria (THEODORO, 2000).

Nos anos 90 o Estado vai tratar a questão do informal basicamente por intermédio

de três instituições e seus respectivos programas, a saber:

a Comunidade Solidária e o Programa Banco do Povo, o Ministério do Trabalho/ CODEFAT com o PROGER e o BNDES e seus programas: o BNDES-Trabalhador e o BNDES-Solidário [...]. O PROGER, por exemplo, originalmente concebido para apoiar atividades do setor informal, teve uma dotação de recursos, em 1996, da ordem de R$ 860 milhões, mas somente uma parte residual foi destinada ao setor informal. A maior parte foi direcionada a pequenas empresas e, em um segundo momento, a empreendimentos rurais: PROGER-Rural e PRONAF (THEODORO, 2000, p.15).

A questão do trabalho informal ganha, a cada dia, mais importância

devido ao crescimento do número de trabalhadores informais e o menor número de

contribuintes para a previdência (MENEZES FILHO; MENDES; ALMEIDA, 2004).

Page 25: Determinantes da Informalidade Urbana

24

No entendimento de Chicarelli (2009, p.1) há uma explicação para o

volume do trabalho informal em demasia, muitas vezes, em pequenos comércios e

nos serviços que não exigem alto grau de escolaridade:

No Brasil, até a década de 80, os postos de trabalho destruídos pelas crises eram recriados nos períodos de crescimento econômico. A partir dos anos 90, grande parte dos postos de trabalho eliminada só ressurgiria na informalidade, isto é, ocupados por trabalhadores sem carteira assinada. Os trabalhadores informais representariam, então, a parcela ativa do exército industrial constituída pelos sem trabalho. Diante das dificuldades de conseguirem um novo emprego (ou mesmo o primeiro emprego), eles acabariam sujeitados a ganhar a vida de qualquer modo. Por isso, se submeteriam a longas jornadas de trabalho e baixas remunerações em atividades geralmente irregulares e ocasionais de pequena ou nenhuma qualificação técnica.

Estudo de Cacciamali (2000, p.18) sugere que “as recentes mudanças na

estrutura de produção apontam para um ajuste heterogêneo no mercado de

trabalho”, indicando aumento do número de trabalhadores sem registro em carteira

em todas as regiões do país.

Para Cacciamali et al. (1995).

[...] as atuais políticas de apoio ao setor informal e as políticas de formação de empresas sociais e cooperativas têm como objetivo aumentar a renda das famílias envolvidas nessas atividades, por meio da oferta de diferentes tipos de treinamento gerencial.

Theodoro (2000) enfatiza que atualmente o governo administra a questão

do informal como algo que deve ser administrado com o mínimo de conflitos

possíveis, o que outrora foi sintoma indesejável e passageiro da transição rumo ao

desenvolvimento, depois visto por um lado social de combate à pobreza.

2.3 Economia formal e economia informal no Brasil

Alguns órgãos nacionais e internacionais sinalizam o contínuo

crescimento do trabalho informal na América Latina e no Brasil, em detrimento ao

trabalho protegido por legislações específicas. Convém ressaltar, entretanto, que o

crescimento da informalidade do trabalho se inscreve em um período marcado pelo

desemprego contínuo no mercado formal (CHICARELLI, 2009).

Page 26: Determinantes da Informalidade Urbana

25

No Brasil, considera-se formal o contrato com registro em carteira de

trabalho, e informal a situação empregatícia em que deixa de existir este padrão

contratual.

Gondim (2006), por sua vez, considera o setor formal como “aquele

constituído por postos ocupacionais disponíveis nas organizações formais e de

serviços, que são requeridos pelos grupos de maior renda.”

Em contrapartida, o setor informal:

É o resultado do excedente da força de trabalho não incorporado ao setor formal, incluindo os trabalhadores por conta própria, os serviços domésticos, e os ocupados (patrões e empregados) em pequenas empresas não constituídas formalmente (GONDIM, 2006).

Na opinião de Noronha (2003), o conceito de “informalidade” refere-se a

fenômenos demasiadamente diversos para serem agregados em um só conceito,

como a literatura internacional vem apontando.

Em uma abordagem típica brasileira, o trabalho informal era

frequentemente classificado como subemprego ou precarização do trabalho por se

tratar de modalidade considerada destorcida dos padrões estabelecidos pelas leis

trabalhistas.

O crescimento do trabalho, de acordo com alguns economistas, está

ligado à pressão competitiva que a abertura da economia causou no setor industrial.

Ramos apud Camargo (2004 p. 2) afirma que “para ganhar competitividade na mão-

de-obra, ou se reduzem os encargos trabalhistas, o que não ocorreu, ou burla-se a

legislação”, no caso de se recorrer ao trabalho informal. Outro fator importante

destacado por Camargo (2004), é que no Brasil a demanda de mão-de-obra mudou,

com maior utilização de trabalho qualificado e a qualificação profissional foi

melhorada, mas não tanto quanto a demanda exigiu.

Entretanto, estudo realizado por Menezes Filho, Mendes e Almeida (2004)

comparando o nível salarial entre os trabalhadores do setor formal com os

trabalhadores informais apontou que condicionalmente ao nível de escolaridade, a

remuneração no setor informal supera o setor formal, mesmo levando em conta a

proteção legal gozada pelos trabalhadores com registro em carteira.

Durante a década de 90 houve uma tendência crescente da

informatização do trabalho devido ao aumento do desemprego e da queda da renda

do trabalhador brasileiro. Em janeiro de 2004, o percentual de empregados com

Page 27: Determinantes da Informalidade Urbana

26

registro em carteira, nas seis maiores regiões metropolitanas caiu para 39,7%,

inferior ao mesmo mês do ano anterior, quando foi de 40,52% (CAMARGO, 2004).

Ulyssea (2006) enfatiza que há correntes de autores que argumentam

que a informalidade não está necessariamente ligada à precariedade de postos de

trabalho, ao contrário, ela pode estar associada a uma elevação do bem-estar, não

se constituindo em fator de preocupação.

A questão salarial é outro importante viés a ser discutido e analisado,

embora a escolha deva levar em conta características e benefícios associados a

cada posto de trabalho.

Aproximadamente metade dos trabalhadores no Brasil, atualmente,

desenvolvem atividades informais, não tendo, portanto, direitos trabalhistas

garantidos, nem condições de garantias futuras (CHICARELLI, 2009).

2.3.1 Política de salário mínimo no Brasil: fator de desestímulo para o trabalho

formal

Ulyssea (2004) atribui à rigidez contratual e os custos impostos pela

legislação trabalhista como uma das principais causas da informalidade no Brasil,

incentivando, portanto, trabalhadores e empregadores à informalidade e as

principais fontes de incentivo citadas pelo autor são: o Fundo de Garantia por Tempo

de Serviço (FGTS), o seguro-desemprego e o funcionamento da Justiça do

Trabalho.

Em 1936 foram introduzidos no Brasil diversos direitos trabalhistas, dentre

eles podemos ressaltar a obrigatoriedade de um salário mínimo. Seu valor foi

estabelecido visando atender às necessidades básicas do indivíduo e tinha como

objetivo melhor distribuição de emprego e renda, redução da pobreza e equilíbrio

inflacionário (FOGUEL, 1997).

Para a fixação do valor salarial, o país foi dividido em vinte e duas regiões

que, por sua vez, foram subdivididas em 50 sub-regiões. Fixou-se, então, para cada

sub-região um valor mínimo salarial. Nas regiões metropolitanas foram estabelecidos

salários maiores, levando em conta o custo de vida (BRASIL, 2000).

Page 28: Determinantes da Informalidade Urbana

27

Em estudo realizado por Lucas (2006), avaliando a evolução do salário

mínimo no período de 1940 a 2005, foi observado que o valor estipulado pelas

políticas públicas apresentou oscilações durante todo o período, chegando a

alcançar grandes declínios entre 1940 e 1950 e aumento real a partir da década de

90.

É importante ressaltar, segundo o mesmo estudo, que, a partir de 1951,

novamente sob o regime de Getúlio Vargas, foi assinado um Decreto aumentando o

valor do salário mínimo, tornando os reajustes mais freqüentes a partir de então.

Foguel (1997) acrescenta que, na segunda metade da década de 50, devido a

pressões sindicais, estímulo à industrialização e o caráter mais social do governo

neste período foi a fase de maior valor em termos reais da história do país.

Hodiernamente observa-se

[...] uma provável influência do preconceito e do favorecimento no mercado de trabalho: a taxa de desemprego cai para as pessoas das classes média e média-alta que têm mais de nove anos de estudo, mas se mantém elevada para os da classe baixa que têm aquele mesmo nível de escolaridade (CAMARGO, 2004).

Como conseqüência do aumento do valor do salário mínimo tem-se o

aumento do poder de compra, embora o país tenha apresentado, ao longo do

tempo, momentos de instabilidade de preços, modificações da estrutura salarial e

variação na freqüência dos reajustes (POCHMANM, 2005).

As leis trabalhistas são referências para todo o país e continuam sendo

privilegiadas pela sociedade, mesmo porque a arrecadação contribui com a

previdência do trabalhador.

2.4 O trabalho no estado do Maranhão

O Estado do Maranhão é o 8º do Brasil em extensão territorial medindo

333,4 mil Km², sua capital encontra-se situada em uma ilha no extremo norte, possui

217 municípios, população em torno de 6,3 milhões, a cidade de São Luís, a capital

é intitulada de cidade dos azulejos e casarões, assim denominada devido à sua

riqueza arquitetônica de influência lusitana, embora tenha sido fundada por

Page 29: Determinantes da Informalidade Urbana

28

franceses no ano de 1612. Possui área de 827Km2, e, segundo IBGE (2007), sua

população está estimada em 957.515 habitantes.

A classe trabalhadora na capital, segundo consta no site oficial do

governo, é constituída de 263.326; destes, 242.345 assalariados, com renda mensal

média de 3,2 salários mínimos.

A Secretaria de Estado do Trabalho e Economia Solidária tem como uma

de suas principais atribuições, a política de promover a inserção do maior número

possível de maranhenses no mercado de trabalho.

De acordo com o Ministério de Trabalho e Emprego, através de dados do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CACED), o Maranhão foi o

estado que apresentou o maior crescimento em relação a criação de emprego no

ano de 2008. Os números de empregos criados no estado foram de 19.334 novos

postos criados, em relação ao ano de 2007, o valor representou um crescimento de

7,19%. Os números colocam o estado em primeiro lugar no ranking nacional de

criação de empregos celetistas no Brasil e apresenta a melhor média para o estado

desde o começo do CECAD.

Mesmo diante de dados tão animadores, a quantidade de emprego

informal no estado e principalmente na capital só tem aumentado.

São Luís, em função dos grandes projetos que tem recebido nos últimos

30 trinta anos tem recebido também uma quantidade muito grande de imigrantes,

tanto do interior do estado como procedentes de outros unidades da federação, boa

parte dessas pessoas vêm sem nenhuma estrutura, sem escolaridade adequada e

sem formação profissional, o que vêm provocando um crescimento repentino e

desordenado da cidade, com a conseqüente favelização na periferia.

Parte significativa dos trabalhadores informais encontram-se no meio

deste contingente populacional, levados pela necessidade de sobrevivência, buscam

no trabalho informal a forma de ocupação de sua capacidade de trabalho para gerar

a renda indispensável para o seu sustento e de suas famílias.

Na tabela a seguir, mostra-se a evolução da População Economicamente

Ativa (PEA) do Maranhão no período 1992 a 2006, com destaque para a população

ocupada e população desocupada, urbana e rural.

Page 30: Determinantes da Informalidade Urbana

29

Tabela 1 - Evolução da PEA, população ocupada, população desempregada e taxa de ocupação no Estado do Maranhão entre 1992 e 2006(mil pessoas).

ANOS DE INFORMAÇÃO ANALISE VERTICAL

INDICADORES 1992 2006 1992 2006

ANALISE HORIZONTAL

% TOTAL

% MÉDIA A.A.

PEA 2.349.806,0 3.307.721,0 100,00 100,00 40,77 2,31 PEA urbana 886.716,0 2.151.606,0 37,74 65,05 142,65 6,09 PEA Rural 1.463.090,0 1.156.115,0 62,26 34,95 -20,98 -1,56 População Ocupada 2.294.849,0 2.759.460,0 97,66 83,42 20,25 1,24

População Ocupada Urbana 843.405,0 1.718.468,0 35,89 51,95 103,75 4,86

População Ocupada Rural 1.451.444,0 1.040.992,0 61,77 31,47 -28,28 -2,19 População Desempregada 54.957,0 548.261,0 2,34 16,58 897,62 16,57 População Desempregada Urbana 43.311,0 433.138,0 1,84 13,09 900,06 16,59 População Desempregada Rural 11.646,0 115.123,0 0,50 3,48 888,52 16,50

Fonte: IBGE - PNAD (1992 E 2006).

Observando-se os dados da pesquisa da PNAD (IBGE,2007) (TABELA 1),

percebe-se que a população desempregada total em 1992 correspondia a algo em

torno de 2,34% da PEA, já em 2006 esse número avança para 16,58%, se for levado

em consideração separadamente a população urbana e a população rural

desempregada, em relação a PEA no mesmo período, nota-se que em 1992 apenas

1,84% da população urbana era desempregada e 0,5% da rural, para o ano de 2006

estes números cresceram de forma alarmante passando a população urbana

desempregada a corresponder a 13,09% da PEA e a rural respondendo por 3,48%

respectivamente, estas taxas se multiplicaram em mais de 7 vezes no período

analisado. Ainda com relação aos dados da pesquisa verifica-se que a PEA do

período cresceu a uma taxa média de 2,31% ao ano, enquanto a população

ocupada geral cresceu apenas a uma taxa de 1,24%; este pequeno crescimento na

taxa de ocupação provoca uma intensa pressão sobre o mercado de trabalho no

estado.

Percebe-se também nos dados, que o crescimento médio no nível de

ocupação na zona urbana de 4,86% no período, é mais que o dobro do crescimento

da PEA, no entanto, na zona rural há uma queda no nível de ocupação da ordem de

-2,19% o que reflete diretamente na baixa taxa de crescimento da ocupação global.

Page 31: Determinantes da Informalidade Urbana

30

Com relação a população desocupada, os dados refletem taxa média de

crescimento de 16,59% para a população economicamente ativa urbana e 16,50%

para a mesma população rural. Os números mostram que houve um fortíssimo e

acelerado crescimento do nível de desocupação, tanto na zona urbana, quanto na

zona rural.

O reflexo do crescimento da PEA em índice significativamente maior que

o crescimento no nível de ocupação, o crescimento da população desocupada na

zona rural, e o crescimento de forma acelerada no nível de desocupação na zona

urbana quanto na zona rural, a princípio, têm provocado um contínuo processo de

migração de pessoas da zona rural para a zona urbana, aumentando a demanda por

emprego na zona urbana.

Acredita-se que o elevado nível de desemprego tem levado as pessoas a

buscarem alternativas de geração de renda e que estas só têm encontrado

oportunidade de ocupação no mercado informal.

Page 32: Determinantes da Informalidade Urbana

31

3 METODOLOGIA

3.1 Tipos da pesquisa

Quanto ao tipo de pesquisa, este trabalho seguirá as taxionomias

propostas por Vergara (2007), que distingue dois tipos de pesquisas:

a) quanto aos fins: será descritiva, explicativa e aplicada.

• descritiva, porque se pretende expor sobre as principais

características do trabalho informal na região metropolitana da

Cidade de São Luís, estabelecer um relacionamento entre o trabalho

autônomo informal e emprego formal com contrato de trabalho

assinado;

• explicativa, porque tem como objetivo buscar explicações que levem

a um melhor entendimento sobre os principais fatores que causam o

grande índice do trabalho informal na zona urbana de São Luís;

• aplicada, concluída a pesquisa, seu resultado poderá servir de base

para tomada de decisão pelos gestores públicos, no que diz respeito

a elaboração e promoção de políticas públicas que venham atender

algumas das necessidades básicas apresentadas como problemas

pelos trabalhadores informais com atuação na cidade.

b) quanto aos meios: a pesquisa será bibliográfica e de campo.

• a pesquisa bibliográfica, para fundamentação teórica e

metodológica do trabalho foram feitos estudos sistemáticos em

referências bibliográficas e artigos conhecidos e publicados em:

livros, revistas especializadas, dissertações, teses e na internet.

• A pesquisa de campo será realizada no local de desenvolvimento

das atividades dos trabalhadores informais, através de entrevistas

e aplicação de questionários para coleta de dados.

Page 33: Determinantes da Informalidade Urbana

32

3.2 Universo e amostra

O universo a ser investigado são os trabalhadores informais da cidade de

São Luís, a amostra é composta por trabalhadores dos setores informais que atuam

na região metropolitana da cidade, mais especificamente os da região do centro

comercial da cidade, região essa que compreende todas as ruas, travessas, praças

e os camelódromos, espaços especialmente construídos ou adaptados para que

estes trabalhadores pudessem desenvolver suas atividades de forma mais

organizada e segura no antigo centro comercial da cidade.

3.3 Coleta de dados

Os dados serão levantados a partir de um conjunto de instrumentos e

ações, a serem desenvolvidas, tais como:

a) em primeiro lugar será feito levantamento bibliográfico, em material

estritamente voltado para o assunto, material este composto por: livros,

revistas, periódicos, pesquisas, artigos acadêmicos, dissertações e

teses, sobre os quais se fará exaustiva leitura para aprofundar os

conhecimentos e melhor fundamentar o conteúdo do trabalho;

b) Pesquisa de campo, com observação participante onde se pretende

passar algum tempo no ambiente de trabalho dos pesquisados.

Aplicação de questionário misto, parte fechada e algumas questões

com respostas livres, onde os dados serão coletados e buscar-se-á

conteúdo com vistas a responder o principal questionamento desta

pesquisa.

Page 34: Determinantes da Informalidade Urbana

33

3.4 Tratamento de dados

Os dados levantados na coleta através da aplicação dos questionários e

nas observações em loco serão tratados com procedimentos científicos, visando dar

suporte à conclusão da pesquisa, seguindo os métodos considerados mais

adequados.

A bibliografia examinada fundamentará o referencial teórico do trabalho

baseado na definição de conceitos, objetivos e aspectos sobre o trabalho no setor

informal, mais importante. Estes pontos serão de extrema relevância para

consolidação do entendimento das causas e efeitos do desenvolvimento das

atividades do trabalhador informal.

Os dados coletados serão reunidos e manipulados, permitindo

comparações e cruzamentos de informações fundamentais, tais como: idade,

gênero, renda, tipo de negócio praticado, etc. Com estes, serão geradas tabelas e

gráficos, que tornarão as análises mais fáceis de entendimento, no qual se

visualizará as causas e principais motivadores da atuação de trabalhadores no setor

informal.

3.5 Limitações do método

Este trabalho, como todo e qualquer trabalho científico, tem muitas

limitações, e entre elas listar-se-á a seguir algumas:

a) o espaço físico da área da pesquisa que se restringirá a região do

centro comercial da área urbana da cidade de São Luís;

b) o tamanho da amostra da pesquisa, relativamente muito pequena em

relação ao universo de trabalhadores informais que atuam na região

metropolitana da cidade;

c) diante da limitação do tempo e disponibilidade dos recursos para a

pesquisa, toda atenção será voltada exclusivamente para levantar uma

quantidade mínima de dados para que através deles se possa chegar a

alguma conclusão;

Page 35: Determinantes da Informalidade Urbana

34

d) a abrangência do estudo, que de forma alguma tem a pretensão de

esgotar o assunto, tem a especifica finalidade de ajudar a entender o

fenômeno do crescimento exponencial do trabalho informal nos

grandes centros urbanos a partir da realidade identificada na região do

centro comercial da cidade velha de São Luís.

Page 36: Determinantes da Informalidade Urbana

35

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES DA PESQUISA

Esta pesquisa foi realizada no período de 25 a 30 de março de 2010, com

a aplicação de um questionário semi-aberto entre a população composta por

vendedores ambulantes que atuam na região central da cidade de São Luís do

Maranhão. Procurou-se explorar três aspectos de fundamental importância para o

entendimento do processo de desenvolvimento e sobrevivência do trabalhador

informal na cidade: o 1º aspecto explorado foi o correspondente às características

pessoais e relação de família, no qual se procura saber: gênero, idade, estado civil,

nº de filhos, a escolaridade, a quantidade de pessoas residentes na casa; o 2º

aspecto trata das condições de moradia, no qual se busca saber: situação da

residência (própria, alugada ou outros) quantidade de cômodos, região geográfica

da cidade onde a residência está e a origem da pessoa; por fim o 3º e último aspecto

trata das condições de trabalho no qual procura-se saber se aquele trabalhador

sempre trabalhou no setor informal, se não, os motivos que levaram estas pessoas

a aderirem ao trabalho informal, o grau de satisfação destas com o tipo de trabalho

que desenvolvem, e do ponto de vista deste trabalhador ou da trabalhadora quais os

pontos positivos e os pontos negativos que vêem em suas situações de trabalho.

A seguir serão apresentadas as principais questões com uma

condensação das respostas mais expressivas dadas pelos pesquisados.

4.1 Características pessoais e relação familiar

4.1.1 Sexo e idade

A primeira questão tratou de examinar o sexo e a idade das pessoas que

se encontram em atividade no trabalho informal, dividindo-se o grupo dos

pesquisados por faixa etária, com os seguintes intervalos nas faixas em anos: 16 a

20, 21 a 30, 31 a 40, 41 a 50 acima de 50 anos. Esta situação está apresentada na

Tabela 2.

Page 37: Determinantes da Informalidade Urbana

36

Tabela 2 – Trabalhadores informais por sexo e faixa etária.

HOMENS MULHERES TOTAL P OR FAIXA

(%) FAIXA

ETÁRIA QUANT (%) QUANT (%) QUANT. HOMENS MULHERES

16 a 20 11 16,4 4 15,4 15 73,3 26,7 21 a 30 8 11,9 8 30,8 16 50,0 50,0 31 a 40 26 38,8 5 19,2 31 83,9 16,1 41 a 50 19 28,4 7 26,9 26 73,1 26,9

Acima de 50 3 4,5 2 7,7 5 60,0 40,0

TOTAL 67 100,0 26 100,0 93

A taxa relativa de partição mostra o perfil da força de trabalho no mercado

informal da região central de São Luís, no que diz respeito a sexo e idade, a

pesquisa mostra também que quase em todas as faixas etárias há uma

predominância do elemento do sexo masculino, com exceção da faixa entre 21 e 30

anos que acontece um empate entre a quantidade de homens e de mulheres em

atividade.

Percebe-se também, com base nos dados da pesquisa, que na primeira

faixa 16 a 20 e nas faixas de idade mais avançadas 31 a 40 anos e 41 a 50 anos os

homens representam percentuais muito mais expressivos do que nas demais faixas,

em relação ao conjunto e chegam a corresponder a aproximadamente 84% dos

pesquisados na faixa de 31 a 40 e 73% na faixa de 41 a 50. A partir destes dados

pode-se tirar algumas conclusões com relação a esta forte concentração masculina

no trabalho informal nessas faixas etárias, como por exemplo: a necessidade de

gerar renda, as responsabilidades familiares, a falta de oportunidade de ingressar no

mercado formal, a baixa escolaridade, o desejo de autonomia, o trabalhador se

sente mais seguro no que diz respeito a desenvolvimento de atividades

profissionais, deixar de ter patrão, a possibilidade de obter remuneração maior do

que se estivesse empregado.

4.1.2 Sexo e situação civil

Outra questão que o estudo procurou saber foi a situação civil do

trabalhador informal por sexo, na qual se estabeleceu cinco situações, que foram:

Page 38: Determinantes da Informalidade Urbana

37

solteiros, casados, viviam com companheiro(a), viúvos, divorciados ou separados,

para esta pergunta, as respostas foram: 31% dos homens e 57,7% das mulheres

afirmaram serem solteiros; já na classificação dos casados 43,3% dos homens e

23,1% das mulheres também afirmaram serem casados; convivendo com

companheiro(a) as respostas a esta questão foram que 16,4% dos homens e 15,4%

das mulheres afirmaram que vivem nessa condição, estes foram os números mais

expressivos. Em se tratando da situação de viúvos, divorciados ou separados as

respostas foram 3,0% dos homens afirmaram ser viúvos e 6,0% disseram ser

divorciados ou separados, entre as mulheres não foi encontrado nenhum caso em

que a mesma fosse viúva e só 3,8% estavam na situação de divorciadas ou

separadas.

Com relação ao estado cível, percebeu-se que a maior parte dos

entrevistados masculinos estão casados, correspondendo a 43,3% dos pesquisados,

enquanto que as mulheres estão mais concentradas no grupo dos solteiros com

57,7% das pesquisadas pertencendo a este grupo.

4.1.3 Sexo e escolaridade

Neste item, o objetivo foi saber o nível de escolaridade e qual a relação

que pode ser estabelecida entre o grau de escolaridade e o exercício do trabalho no

setor informal como forma de ocupação do tempo e de geração de renda.

Com este fim, foi feita uma escala de nivelamento da escolaridade dos

pesquisados, e as questões colocadas foram: nenhuma escolaridade, ensino

fundamental incompleto, ensino fundamental completo, 2ª grau incompleto, 2º grau

completo, o 3º grau incompleto e 3º grau completo.

As respostas a este questionamento foram: nenhuma escolaridade 4,5%

dos homens consultados e 7,7% das mulheres; com o do ensino fundamental

incompleto 22,4% dos homens e 15,4% das mulheres; com o ensino fundamental

completo as respostas foram que 20,9% dos homens e 7,7% das mulheres; com o 2º

grau incompleto 17,9% dos homens e 26,9% das mulheres; para o 2º grau completo

os homens responderam com 34,3% e as mulheres com 42,3%.

Page 39: Determinantes da Informalidade Urbana

38

Desta forma, considerando-se de baixa escolaridade as pessoas com

nível escolar até o ensino fundamental incompleto, percebeu-se entre os

pesquisados a existência de um número significativo de pessoas com este nível

escolaridade, correspondendo a 26,9% dos homens e 23,1% das mulheres, atuando

nas atividades do setor informal. Enquanto isso, os maiores índices em grupos

individuais concentra-se nos indivíduos com o segundo grau completo, respondendo

os homens com 34,3% com este grau de escolaridade e as mulheres com 42,3%, o

que pode ser considerado um nível educacional bom para o tipo de atividade

profissional exercida.

Foi perguntado também sobre quem tinha qualquer formação em nível de

terceiro grau e nenhum entre os pesquisados declarou ter curso a nível de terceiro

grau, ainda que estes estivessem incompletos.

Na pesquisa foi interrogado também sobre o grau de escolaridade das

esposas ou esposos, companheiro, do pai e da mãe do pesquisado com o objetivo

de se avaliar o grau de influência destas pessoas sobre àquelas e suas atividades

de trabalho.

4.1.4 Número de filhos

Com este questionamento, procurou-se saber qual o número de filhos dos

trabalhadores informais pesquisados, estabeleceu-se uma escala de nível gradativo

variando entre: 0, 1, 2 e mais de 2 filhos; as respostas em termos percentuais foram

as seguintes: nenhum filho, 34,3% dos homens, enquanto isso, entre as mulheres o

percentual para esta indagação foi de 53,8%, a segunda opção de respostas nesta

questão foi para 1 filho, o que foi respondido positivamente por 10,4% dos homens e

19,2% das mulheres, dois filhos 31,3% dos homens responderam ter dois filhos e

19,2% da mulheres; para interrogação quanto a quem tinha mais de dois filhos

23,9% dos homens responderam afirmativamente e entre as mulheres a resposta

para este questionamento foi de 7,7%.

A pesquisa procurou saber também a quantidade de pessoas residentes

em cada domicílio e o número de pessoas sem renda por faixa etária, para avaliar

Page 40: Determinantes da Informalidade Urbana

39

qual o grau de comprometimento e dependência do nível de renda gerada por cada

trabalhador informal.

No que diz respeito a quantidade de pessoas residentes; foi apurado que

em média as residências dos pesquisados abrigam algo em torno de quatro

pessoas. Quanto ao número de pessoas sem trabalho foi apurado que a maior parte

destas pessoas estão em uma faixa etária variando entre 16 e 25 anos o que cor-

responde a 63% das respostas dos que afirmaram ter gente sem trabalho em suas

casas.

4.1.5 Renda familiar

Com relação à renda familiar, procurou-se saber qual o nível de ganho

das pessoas, nas atividades desenvolvidas por elas, estabeleceu-se uma escala

salarial com faixa de renda com a variação a seguir: zero a um salário mínimo-SM,

acima de um SM, até dois SM, acima de dois, até três SM, acima de três, até quatro

SM, acima de quatro, até cinco, e acima de cinco salários mínimos.

As respostas ao questionamento para cada uma das faixas de renda

desta questão foram às seguintes: para o ganho de até um SM 20,9% dos homens e

19,2% das mulheres afirmaram está com a renda situada nesta faixa; na faixa de

mais de um, até dois SM as respostas foram que 55,2% dos homens e 53,8% das

mulheres; na faixa de ganho de mais de dois, até três SM 16,4% dos homens e

19,2% das mulheres; na faixa acima de três até quatro SM as respostas foram que

4,5% dos homens e 3,8% das mulheres; para a faixa acima de quatro, até cinco SM

as respostas foram que 3,0% dos homens e 3,8% das mulheres; nenhum dos

pesquisados, homem ou mulher, assumiu ter renda mensal superior a cinco salários

mínimos.

Page 41: Determinantes da Informalidade Urbana

40

4.1.5.1 A renda familiar é suficiente para suprir as necessidades da família

Em resposta a esta questão, 41% dos pesquisados disseram que sim,

que o nível de renda que ganham é suficiente para suprir suas necessidades e de

suas famílias e alguns chegaram mesmo a afirmar que do que ganham, ainda

conseguem economizar um pouquinho para suprir alguma eventualidade, já para a

maioria dos pesquisados, 59%, o que estão ganhando não é suficiente para suprir

as necessidades da família, o que as vezes lhes obrigam a buscar outros meios para

complementar a renda, tais como: trabalhar em outros pontos, aos sábados,

domingos e feriados ou nos eventos que acontecem com freqüência na cidade e

regiões vizinhas.

Mas, mesmo para os que disseram que a renda que estavam ganhando

não era suficiente para suprir suas necessidades e de suas famílias, a grande

maioria se mostrou satisfeita com a situação de trabalho que desenvolvem,

preferindo este tipo de atividade, a um emprego formal, para ganhar o mesmo tanto

alcançado no setor informal.

4.2 Da moradia

Nas questões sobre moradia, procurou-se saber pontos fundamentais

sobre as condições de moradia dos trabalhadores do setor informal, tais como: os

bairros onde moram, a origem da pessoa (local de onde vieram), o tipo da residência

(própria, alugada, outros), os serviços públicos que atendem as residências, tais

como: luz elétrica, água encanada e esgoto sanitário, tipo de material usado na

construção de suas casas. E outros itens de menor importância, mas também muito

necessários, como a existência de telefone fixo na residência ou público nas

proximidades, e pavimentação nas ruas.

Bairro onde mora? Quanto a esta questão, os bairros com maior

incidência de respostas apontadas pelos pesquisados foram: Anjo da Guarda, São

Raimundo, Coroadinho, Vila Embratel, Cidade Operária, Santa Clara, Vila Vitória,

Bom Jesus, Sá Viana e Santa Bárbara.

Page 42: Determinantes da Informalidade Urbana

41

Todos os bairros citados são geograficamente situados nas regiões

periféricas da ilha de São Luís, uns ficam mais próximos da região central da cidade,

onde os trabalhadores informais desenvolvem suas atividades, por exemplo: Sá

Viana, Anjo da Guarda, Vila Embratel. Outros ficam mais afastados do centro como:

São Raimundo, Cidade Operária, Santa Bárbara.

Gráfico 1 – Origem territorial.

De onde você veio? Nesta questão, a pesquisa procurou saber qual a

origem (GRÁFICO 1) dos trabalhadores informais com atuação na cidade e as

respostas foram que 44% dos pesquisados disseram ser originários da própria

cidade São Luís, 50% afirmaram ser procedentes de outras cidades do interior do

estado do Maranhão e apenas 6% das pessoas disseram que vieram de outras

Unidades da Federação.

Gráfico 2 - Propriedade da residência

Page 43: Determinantes da Informalidade Urbana

42

4.2.1 Residência

Outro ponto que a pesquisa procurou saber, foi quanto à propriedade da

residência, e as respostas a esta questão foram que 80% dos pesquisados residem

em casa própria, 15% residem em imóveis alugados e cinco por cento afirmaram

morarem em imóveis cedidos ou de favores com parentes ou amigos.

Na pesquisa, também foram levantados dados quanto à quantidade de

cômodos que existiam nas residências dos pesquisados e as respostas mais

expressivas foram três cômodos, correspondendo a 22% dos entrevistados, para

imóveis com quatro cômodos 25% dos entrevistados responderam positivamente e

para imóveis com cinco a resposta foi positiva para 21% dos pesquisados

(GRÁFICO,2).

A pesquisa procurou saber, em relação às residências, quais dos serviços

públicos essenciais como energia elétrica, água encanada e esgoto sanitário eram

prestados nas unidades residenciais, e o primeiro entre os serviços que foram

consultados foi o atendimento com energia elétrica, 100% dos pesquisados

responderam que sim, suas moradias eram atendidas por este serviço (GRÁFICO,

3).

Gráfico 3 - Energia elétrica.

Page 44: Determinantes da Informalidade Urbana

43

Com relação aos serviços de fornecimento de água encanada, 99% dos

pesquisados afirmaram ser atendidos por este serviço público, o que está sendo

demonstrado no (GRÁFICO 4).

Apesar de ainda existir entre os pesquisados, residências que ainda não

são atendidas por este serviço público, o percentual é muito pequeno em relação ao

universo, o que pode se considerar uma situação satisfatória.

Gráfico 4 - Água encanada

Com relação aos serviços de esgoto sanitário, as respostas não foram tão

animadoras, praticamente aconteceu um empate entre os que disseram que suas

residências não são atendidas e os que afirmaram ter suas residências atendidas ou

seja, 49% dos pesquisados disseram sim, e 51% disseram que não (GRÁFICO 5).

Gráfico 5 - Esgotamento sanitário.

Page 45: Determinantes da Informalidade Urbana

44

Ao serem questionadas sobre a situação de pavimentação das ruas onde

se encontram suas casas, as respostas foram as seguintes, 71% dos pesquisados

afirmaram que sim, mas nem sempre o estado de conservação do pavimento é

satisfatório, normalmente é feito com asfalto de baixa qualidade e com as primeiras

chuvas de cada período logo se danificam. Já 29% afirmaram que não e,

normalmente enfrentam um excesso de poeira nos períodos sem chuvas ou lamas

nos períodos chuvosos o que dificulta o acesso a suas moradias (GRÁFICO 6).

Gráfico 6 - Ruas asfaltadas.

Quanto ao tipo de construção de suas casas, quase uma unanimidade,

97% dos pesquisados afirmaram ser suas residências construídas de alvenaria. Um

por cento afirmou ser suas casas de madeira e 2% disseram que os materiais com

os quais suas casas estão construídas é um misto de alvenaria e madeira

(GRÁFICO 7).

Gráfico 7 -Tipos de construção.

Page 46: Determinantes da Informalidade Urbana

45

Com relação a existência de telefones fixos nas residências, apenas 28%

dos pesquisados afirmaram que dispunham de tal serviço, já 72% dos pesquisados

afirmaram que não dispõem do serviço de telefonia fixa em suas residências. Dentre

os que não dispõem de telefones fixos, foram encontrados os que não tinham

porque não queriam, os que não tinham porque as concessionárias dos serviços não

conseguiam disponibilizar referido serviços nos locais de suas residências e outros

por acharem que o serviços são caros e não são tão práticos (GRÁFICO 8).

Gráfico 8 - Telefone fixo.

Com relação ao serviço de telefonia móvel, 95,95% dos entrevistados

responderam que tinham ao seu dispor pelo menos uma linha de telefone celular e

só quatro por cento dos pesquisados disseram não dispor de uma linha de telefone

celular (Gráfico 9).

Os possuidores de telefone celular disseram ainda que o aparelho

funciona como um perfeito aliado no desenvolvimento de suas atividades,

possibilitando-lhes estabelecer contatos mais rápidos com seus fornecedores, seus

clientes e outros contatos de seus interesses.

Page 47: Determinantes da Informalidade Urbana

46

Gráfico 9 - Telefone celular.

Perguntados se tinham em suas residências computador, apenas 11%

dos pesquisados afirmaram possuir-la; a grande maioria, 89% afirmaram não dispor

deste utensílio em suas residências, mas consideravam como um objeto de grande

utilidade, tanto para o trabalho como para a aprendizagem (Gráfico 10).

Gráfico 10 – Computador.

Perguntados se tinham internet, só 5,5% dos pesquisados responderam

positivamente (GRÁFICO,11).

Page 48: Determinantes da Informalidade Urbana

47

Gráfico 11 – Internet.

A pesquisa procurou saber também, entre os pesquisados que tinha

carro. Só 4% responderam afirmativamente a essa pergunta, e 96% disseram que

não tinham carro (GRÁFICO,12).

Gráfico 12 - Proprietários de carro.

Page 49: Determinantes da Informalidade Urbana

48

4.3 Das condições de trabalho

Outra preocupação da pesquisa foi examinar as condições de trabalho

dos pesquisados, na qual se procurou saber: se as pessoas sempre trabalharam por

conta própria e no setor informal, no caso de terem tido outros tipos de atividades,

qual o tipo de trabalho anterior, porque resolveram entrar para setor informal, saber

dos próprios trabalhadores informais quais os pontos positivos e negativos no tipo de

trabalho que desenvolvem, qual o grau de satisfação pessoal, quais as dificuldades

que enfrentam para desenvolver suas atividades.

Questionados sobre, se sempre trabalharam por conta própria, 73,7% dos

pesquisados responderam que sim, sempre trabalhou por conta própria e em

atividades do setor informal, já 26,3% respondeu que não, antes de decidirem

trabalhar por conta própria em atividades do setor informal, foram empregados e

após perderem seus empregos e procurarem e não conseguirem nova colocação no

mercado formal, resolveram buscar alternativas de geração de emprego e renda o

que só conseguiram encontrar no setor informal (GRÁFICO,13).

Gráfico 13 - Sempre trabalhou por conta própria.

Nos casos em que as respostas dos pesquisados foram negativas, ou

seja, que antes de trabalharem no setor informal foram empregados, procurou-se

saber onde estes trabalhadores desenvolveram suas atividades e as respostas

foram muitas, e do conjunto, extraiu-se as mais freqüentes e representativas,

Page 50: Determinantes da Informalidade Urbana

49

empregada(o) doméstica(o) com 12,5%; atendente comercial, repositor de estoque

em supermercado, vendedor(a) de lojas, roça, operário ou auxiliar na construção

civil e outras atividades em comércios, todos com cerca de 6,3% das respostas

(GRÁFICO,14).

Gráfico 14 - Resposta de trabalho em outras atividades.

Questionados sobre os motivos que lhes levaram a decidir trabalhar no

setor informal, diversos foram os apontados para justificarem suas opções pelo

trabalho informal, entre os principais estão: a necessidade de ter uma fonte de renda

para adquirir os bens para satisfazer suas necessidades básicas, com um percentual

de 24,0%; falta de oportunidades no mercado de trabalho convencional

correspondendo a 20,0% das respostas; desemprego correspondendo 19,0% das

respostas; desejo de autonomia 6,0%; conveniência correspondendo a 6,0% e

herança familiar com um percentual de 5,0% (GRÁFICO 15).

Gráfico 15 - Motivo de trabalhar por conta própria.

Page 51: Determinantes da Informalidade Urbana

50

Quando questionados sobre os pontos positivos em trabalhar no setor

informal, as respostas mais freqüentes a esta questão foram: ter autonomia com

30,0% das repostas; ser seu próprio chefe com 20,9% das respostas, flexibilidade de

horários, também com 20,9% das respostas e renda constante com 13,6% das

respostas (GRÁFICO 16).

O conjunto de respostas autonomia, ser seu próprio chefe e flexibilidade

de horário obteve juntas um total de 71,8% das respostas dadas, todas elas com um

forte cunho de desejo de independência no que diz respeito ao desenvolvimento de

atividades ocupacionais geradoras de renda, que de certa forma corresponde a livre

ação no desempenho de atividades, sendo o trabalhador seu próprio patrão, não

tendo que dar satisfação dos seus atos a um superior.

Gráfico 16 - Pontos positivos.

Quando questionados sobre os pontos negativos em trabalhar por conta

própria, os pesquisados deram como respostas mais freqüentes, as seguintes: não

ter os benefícios da seguridade social como tem um empregado com carteira

assinada, entre estes benefícios estão o salário certo no final do mês, horário pré-

estabelecido de trabalho, férias, décimo terceiro salário, FGTS, aposentadoria

garantida após de um certo tempo de trabalho; não ter renda fixa, insegurança, as

adversidades climáticas( sol, chuva,...), a própria informalidade e a sazonalidade,

foram os principais pontos negativos apontados pelos pesquisados (GRÁFICO,17).

Page 52: Determinantes da Informalidade Urbana

51

Gráfico 17 - Pontos negativos.

Quando questionados se trabalhavam muito na atividade que

desenvolvem, as respostas foram: 58,5% dos pesquisados foi que sim, acham que o

trabalhador informal trabalha muito e muito mais do que se fosse empregado,

normalmente começam a jornada muito cedo da manhã, às vezes na madrugada e

termina muito tarde, sendo comum uma jornada diária de 12 a 14 horas; já para

37,4% dos pesquisados,o trabalho não é tanto assim, talvez seja proporcional ao

que desenvolveriam se fossem empregados, com uma diferença, que no caso

trabalham para si próprio, e os ganhos provenientes do esforço serão todos seus; e

para 4,1% dos pesquisados a situação é foi indiferente (GRÁFICO 18).

Gráfico 18 - Acha que trabalha muito.

Page 53: Determinantes da Informalidade Urbana

52

Quando perguntados se gostam do que fazem as respostas foram de uma

forma muito convictas que sim, 89,9% dos pesquisados disseram que sim, gostavam

muito do que fazem pelos mais diversos motivos, tais como: o resultado do que

fazem é para si mesmos, sabem que no dia em que não trabalham nada ganham,

não ter a quem dar satisfação dos seus atos. Já 6,1% dos pesquisados mostraram-

se insatisfeitos, apesar de estarem tirando de suas atividades os recursos

necessário para sobreviverem, não gostam do tipo de trabalho no setor informal,

gostariam de atuar em outra atividade e de preferência no trabalho formal; para

4,0% dos entrevistados a situação é indiferente (GRÁFICO,19).

Gráfico 19 - Gosta do que faz.

Como a grande maioria dos pesquisados afirmaram que gostam do que

fazem, a pesquisa procurou saber por que gostam? e as respostas foram: é aqui que

tiro minha fonte de renda com 33,3% das respostas; sou meu próprio chefe, não

tenho ninguém para me mandar ou me dar ordens, se faço ganho, se não faço não

ganho, estas para 15,7% dos pesquisados; gosto de trabalhar e tenho neste tipo de

trabalho uma grande satisfação, foi a resposta de 9,8% dos pesquisados; gosto de

trabalhar com vendas foi a resposta de 5,9% dos pesquisados e também para 5,9%

foi com o que sempre trabalhou (GRÁFICO, 20).

Page 54: Determinantes da Informalidade Urbana

53

Gráfico 20 - Por que gosta do que faz.

Tem alguma dificuldade para realização de seu trabalho? Para 16,8%

dos pesquisados sim, existem algumas dificuldades para a realização de seus

trabalhos, que serão apresentadas em itens mais a frente; já para a grande maioria,

faixa representada por 83,2% dos pesquisados, não existe nenhuma dificuldade

para realização de seus trabalhos e as que aparecem são rapidamente resolvidas.

Diante disso, sentem satisfação de estarem trabalhando com e como querem, fazem

o que gostam com prazer e por isso não têm do que reclamar (GRÁFICO,21).

Gráfico 21 - Dificuldade para realizar o trabalho.

Para os pesquisados que disseram que têm dificuldade para realização

de seus trabalhos, foram perguntadas quais as principais dificuldades, e elas foram

apontadas: o clima, o trabalho na ilegalidade (o que leva a perda de mercadorias por

Page 55: Determinantes da Informalidade Urbana

54

apreensão ou ao pagamento de subornos a agentes públicos), não ter renda fixa,

falta de conforto, a discriminação exercida por parte considerável das pessoas,

dificuldade em adquirir mercadorias, dificuldades de conseguir crédito para financiar

suas atividades, insegurança para si e para suas mercadorias, local para

armazenamento das mercadorias não vendidas, deslocamento pessoal e de

mercadorias, lidar com pessoas, doenças e a sazonalidade (GRÁFICO,22) .

Gráfico 22 – Quais as dificuldades.

Quais os conhecimentos gostariam, ou acham que deveriam obter para

realizar melhor seu trabalho? As respostas a estas perguntas foram: melhorar a

formação pessoal com a participação em cursos de administração para 21,1% dos

pesquisados; também para outros 21,1% dos pesquisados o conhecimento que têm

é suficiente, não lhes falta nada para desenvolverem melhor o seu trabalho; já para

15,4% faltam-lhes o ensino médio; para 7,7% faltam-lhes cursos de técnicas de

vendas, e para 5,8% faltam-lhes cursos na área de gestão financeira; e também

para 5,8%, faltam-lhes conhecimento melhor de matemática e principalmente de

matemática comercial (GRÁFICO, 23).

Um curso de gerenciamento de pequenos negócios também foi apontado

pelos pesquisados como tipo de qualificação que alguns trabalhadores do setor

informal gostariam de ter.

Page 56: Determinantes da Informalidade Urbana

55

Gráfico 23 - Conhecimentos necessários.

A pesquisa procurou saber a quanto tempo os pesquisados estão atuando

no setor informal como alternativa à empregabilidade e as resposta foram, as

seguintes: até seis meses para 3,0% dos pesquisados; mais de seis meses até um

ano: 12,1%; mais de um ano até dois anos: 13,1%; já a grande maioria, 71,7%

responderam que encontram-se em atividades do setor informal há mais de dois

anos (GRÁFICO,24).

Gráfico 24 - Há quanto tempo na atividade.

Quando pretende parar? Nesta questão procurou-se saber quando os

trabalhadores do setor informal pretendiam parar de atuar neste tipo de atividade, as

respostas básicas a esta questão foram três: não sei, com 37,0% dos pesquisados;

Page 57: Determinantes da Informalidade Urbana

56

nunca, foi a resposta de 30,9% dos pesquisados e quando conseguir um emprego

melhor foi a resposta de 22,2% dos pesquisados (GRÁFICO,25).

Gráfico 25 - Quando pretende parar.

Page 58: Determinantes da Informalidade Urbana

57

5 CONCLUSÃO

Este trabalho teve entre seus objetivos principais: identificar o perfil dos

trabalhadores informais que atuam na zona urbana da cidade de São Luís; saber

quais os motivos que levaram estas pessoas a buscarem como alternativa de

trabalhado o setor informal; saber destes trabalhadores como eles vêem a situação

na qual se encontram; analisar o ambiente de trabalho destes trabalhadores; ver

qual o sentimento deles com relação ao futuro quanto à sua seguridade e de sua

família; estabelecer uma relação de rendimentos entre o trabalhador informal e o

trabalhador formal empregado com carteira de trabalho assinada.

A primeira preocupação da pesquisa foi procurar saber o que pode ser

entendido por trabalho informal, foi percebido, inicialmente com base na bibliografia

pesquisada algumas conceituações, por exemplo, de acordo com o IBGE, na

Economia Informal Urbana de 2003, “para esta pesquisa o ponto de partida para

delimitar o âmbito do trabalho informal é a unidade econômica- entendida como

unidade de produção e não o trabalhador individual ou ocupação por ele exercida”.

Ainda com base na pesquisa do IBGE, fazem parte do setor informal às

unidades econômicas não-agrícolas que produzem bens e serviços com o principal

objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas. Estas

unidades econômicas se caracterizam pela produção em pequena escala, pelo baixo

nível de organização e pela quase inexistência de separação entre capital e

trabalho, enquanto fatores de produção.

De acordo com o trabalho do IBGE (2007)

[...] a ausência de registro na carteira de trabalho não servem de critério para a definição do trabalho informal. A pesquisa conclui que pertencem ao setor informal todas as unidades econômicas de propriedade de trabalhadores por conta própria e de empregadores com até cinco empregados. Moradores de áreas urbanas.

O conceito usado pelo IBGE para o trabalho informal não é unanimidade

entre pesquisadores. Entre os consultados para elaboração deste trabalho

encontrou-se outros conceitos que se julgou ter mais a ver com a situação dos

trabalhadores que responderam as perguntas dos questionários aplicados neste

trabalho.

Page 59: Determinantes da Informalidade Urbana

58

Foi visto que para alguns autores o trabalho informal é:

a) a existência de atividade econômica com baixa produtividade,

desenvolvidas às margens da legislação e nas franjas do mercado;

b) conta própria e autônomos com baixa renda;

c) empregado sem carteira assinada;

d) trabalhador com carteira assinada de empresa com até cinco

empregados;

e) proprietários de empresas com até cinco empregados;

f) proprietária de pequenas empresas sem registros nos órgãos

competentes.

Os conceitos acima mencionados, nem de longe, encerram o conjunto de

proposições conceituais que podem aparecer para conceituar o trabalho informal,

mas percebeu-se que entre os apontados é possível encontrar alguns que

expliquem melhor, ou dêem uma compreensão para situação do universo de

trabalhadores entrevistados.

Para a identificação do perfil do trabalhador informal que atua na zona

urbana de São Luís, foi procurado saber através da pesquisa sobre as

características, tais como: o gênero, a faixa etária, situação civil, o grau de

escolaridade e situação de moradia.

Na análise das respostas a estas questões após o recolhimento e

tabulação dos dados dos questionários aplicados em um grupo de 93 trabalhadores,

escolhidos aleatoriamente na região de grande concentração de trabalhadores com

vendas ambulantes da cidade de São Luís, constatou-se o seguinte: que com

relação ao gênero a grande maioria dos trabalhadores informais da cidade está

representada por elementos do sexo masculino, correspondendo a participação

destes a 72,0% entre os pesquisados, enquanto que as representantes do sexo

feminino conta com algo em torno de 28,0% deste mesmo universo de pessoas.

Com relação a faixa etária, foi considerado para efeito da pesquisa o

intervalo de idade das pessoas variando entre 16 e mais de 50 anos, dividindo-se

este intervalo em 5 subintervalos com seus limites definidos da seguinte forma: 16 a

20 anos, 21 a 30, 31 a 40, 41 a 50 e acima de 50 anos.

Com esta classificação, olhando os dados da pesquisa por gênero

percebeu-se que entre os homens a maior concentração de trabalhadores informais

esta situada na faixa etária que vai dos 31 aos 40 anos de idade, respondendo esta

Page 60: Determinantes da Informalidade Urbana

59

por 38,8% do universo de pesquisa, seguida da faixa que se situa entre 41 e 50

anos com um percentual de 28,4%. Juntando-se os dois intervalos, constata-se que

eles correspondem 67,2% do total de trabalhadores informais do sexo masculino em

atividade na cidade de São Luís.

Com isso, é reforçado o sentimento de que no setor informal está o

trabalhador mais idoso, que de certa forma já acumulou experiência e recursos

financeiros com o fim de criar e tocar seu próprio negócio. Mas encontra-se também

nesta faixa etária o trabalhador que perdeu o emprego e não conseguiu retornar ao

setor formal.

Com relação às mulheres, a maior concentração percentual situa-se na

faixa etária entre 21 e 30 anos que responde por 30,8% das pesquisadas, seguidas

das do intervalo situado entre 41 e 50 anos, correspondendo a 26,9% das

pesquisadas. Juntando-se os dois intervalos encontra-se o montante de 57,7% entre

as pesquisadas.

Os números acima apresentados mostram que o grande contingente de

pessoas ocupadas com o trabalho informal, tanto homens, quanto mulheres, são

pessoas com idade variando entre 21e 50 anos, pessoas que estão em sua plena

capacidade produtiva, que de certa forma não estão sendo absorvidas pelo mercado

de trabalho formal.

Foi detectado também, que parte significativa das pessoas que compõem

o grupo de maior presença do contingente de indivíduos ocupados com o trabalho

informal antes tiveram outras experiências de trabalho como trabalhadores

empregados, que por perda natural ou induzidas do emprego com registro em

carteira e a falta de oportunidade para colocar-se de volta no mercado formal, levou-

as a buscar alternativas de ocupação de sua força de trabalho e de geração de

renda, diante das circunstâncias só foram encontrar saída para esta situação no

setor informal.

A situação descrita encontra abrigo perfeito nas conclusões e conceitos

expressos por Chicarelli (2009, p. 3) que diz “a partir dos anos 90, grande parte dos

postos de trabalhos eliminados só ressurgiriam na informalidade, isto é, ocupados

por trabalhadores sem carteira assinada”.

Como foi constatado, os trabalhadores informais por conta própria

continuam em grande parte sendo um contingente que não quer mudar para um

emprego formal, estes trabalhadores desinteressados em mudança, a principio, não

Page 61: Determinantes da Informalidade Urbana

60

compõem oferta de mão-de-obra que esteja imediatamente disponível para ser

incorporada a postos de trabalho de empresas organizadas. A própria inserção

informal destes trabalhadores não decorre diretamente dos movimentos cíclicos da

economia, nem de não atenderem as exigências necessárias aos postos de trabalho

das empresas: a história de vida familiar, a experiência profissional pregressa como

assalariado ou a divisão do trabalho no núcleo familiar, entre outros, determina a

condição de trabalhador informal.

Page 62: Determinantes da Informalidade Urbana

61

REFERÊNCIAS

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APÊNDICE

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APÊNDICE A - Questionário pesquisa de campo com trabalhadores informais na

zona urbana região metropolitana de São Luís

Ramo de atividade:.................................................. Data ......./......../.......... 01-Idade ( ) 16 a 20 ( ) 21 a 30 ( ) 31 a 40 ( ) 41 a 50 ( ) acima de 50 anos 02 – Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino 03 – Situação civil ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Companheiro/a ( ) Viúvo ( ) Separado/divorciado 04 – Escolaridade do entrevistado ( ) Nenhuma ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) completo ( ) 2º grau incompleto ( ) completo ( ) 3º grau incompleto ( ) completo ( ) Pós-graduação 05 – Escolaridade da esposa(o)/companheira(o) ( ) Nenhuma ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) completo ( ) 2º grau incompleto ( ) completo ( ) 3º grau incompleto ( ) completo ( ) Pós graduação 06 – Escolaridade do pai ( ) Nenhuma ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) completo ( ) 2º grau incompleto ( ) completo ( ) 3º grau incompleto ( ) completo ( ) Pós-graduação 07 – Escolaridade da mãe

( ) Nenhuma ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) completo ( ) 2º grau incompleto ( ) completo ( ) 3º grau incompleto ( ) completo ( ) Pós-graduação 08 – Número de Filhos ( ) Não tem filhos ( ) um ( ) dois Mais?.............. 09 – Quantidade de pessoas residentes no domicílio por faixa etária

0 a 6 anos 7 a14 anos 15 a 25 anos 26 a 40 anos 41 a 50 anos Acima de 50 anos

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10 – Número de pessoas da família sem trabalho, por faixa etária

16 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos 26 a 40 anos 46 a 55 anos Acima de 55 anos Total

11 – Qual a renda familiar? ( ) Até um SM ( ) 1 a 2 SM ( ) 2 a 3 SM ( )3 a 4 SM ( ) 4 a 5 SM ( ) 5 a 6 SM ( ) Acima de 6 SM 12 – A renda familiar é suficiente para suprir as necessidades da família ( ) Sim ( ) Não Da moradia 13 – Qual o bairro que você mora? ................................................................................................................ 14 – De onde você veio? ( ) Nasceu em São Luís ( ) Veio de outras cidades do Estado ( ) Veio de outros Estados 15 – Residência ( ) Mora em casa própria ( ) Alugada ( )Cedida ( ) Outras 16 – Quantos cômodos têm a residência? ( ) Um ( ) Dois ( ) Três ( ) Quatro ( ) Cinco ( ) Seis ( ) Mais de seis 17 – Sua residência tem energia elétrica? ( ) Sim ( ) Não 16 – Sua residência tem água encanada? ( ) Sim ( ) Não 19 – Sua residência tem rede de esgoto? ( ) Sim ( ) Não 20 – Sua rua é asfaltada? ( ) Sim ( ) Não 21 – Qual o tipo de construção de sua casa? ( ) Alvenaria ( ) Madeira ( ) Mista ( ) Outros 22 – Tem telefone Fixo: ( )sim ( )não, Celular: ( )sim ( )não 23 – Em sua residência tem:

Computador: ( )sim ( )não, Internet: ( )sim ( )não 24 – Você tem carro ( )sim ( )não

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Das condições de trabalho 25 – Sempre trabalhou por conta própria? ( ) Sim ( ) Não 26 – Se não, onde? .......................................................................... ............................................................................................... 27 – Por que resolveu trabalhar por conta própria? ................................................................................................... ................................................................................................... ................................................................................................... 28 – Dê no máximo três pontos positivos em trabalhar por conta própria? ................................................................................................... ................................................................................................... ................................................................................................... 29 – Dê no máximo três pontos negativos? ................................................................................................... ................................................................................................... ................................................................................................... 30 – Neste atividade você acha que trabalha muito? ( ) Sim ( ) Não ( ) Indiferente 31 – Você gosta do que faz? ( ) Sim ( ) Não ( ) Indiferente 32 – Por quê? .................................................................... ................................................................... 33 – Tem alguma dificuldade para realização de seu trabalho? ( ) Sim ( ) Não 34 – Se sim, quais? ..................................................................................................... ..................................................................................................... 35 – Quais os conhecimentos gostaria, ou acha que deveria obter para realizar melhor seu trabalho? ..................................................................................................... ..................................................................................................... ..................................................................................................... 36 – Há quanto tempo está nessa atividade? ( ) Até 6 meses ( ) + de 6 meses a 1 ano ( ) + de 1 ano a 2 anos ( ) + de 2 anos 37 – Quando pretende parar? ................................................................................................... ...................................................................................................