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IBSN: 0000.0000.000 Página 1 A ALTITUDE COMO UM DOS FATORES DETERMINANTES PARA AS TEMPERATURAS NA ÁREA URBANA DE GUARAPUAVA, PR 1 . Claudiane da Costa (a) , Aparecido Ribeiro de Andrade (b) (a) Departamento de geografia / Universidade Estadual do Centro-Oeste, [email protected] (b) Departamento de geografia / Universidade Estadual do Centro-Oeste, [email protected]. Eixo: A climatologia no contexto dos estudos da paisagem e socioambientais Resumo O clima de uma cidade é determinado por vários fatores em razão da sua posição geográfica, a presente pesquisa teve objetivo analisar a relação da temperatura com a altitude na área urbana de Guarapuava. A partir de coleta de dados em pontos de monitoramento de acordo a variação de altitude, foi possível a realização da pesquisa. A coleta dos dados aconteceu no período de dezembro de 2015 a novembro de 2016. Com o intuito de contemplar as quatro estações do ano, para a análise temporal e sazonal. Levando-se em consideração que o verão e inverno tem características marcantes, já o outono e a primavera, em virtude de serem estações transitórias, possuem características menos definidas. A cobertura do solo principalmente nas cidade evidenciada em várias pesquisas demostra que tem uma grande influência nas temperaturas, assim estes foi um dos fatores levados em consideração nos pontos em que somente a altitude não explicava a temperatura. Palavras chave: Altitude, temperatura, cobertura do solo. 1. Introdução A dinâmica climática de uma região a até mesmo local é influenciada por vários aspectos geográficos, meteorológicos e ainda a ação antrópica. Nas cidades este último fator traz consequências significativas, como o aumento nas temperaturas e na precipitação. É nas grandes metrópoles que concentram-se a maioria das pesquisas a respeito de clima urbano. Sendo assim, as médias e pequenas cidades ainda têm poucas pesquisas ligadas, mas há já alguns estudos realizados os mesmos são importantes e necessários, para compreender a dinâmica do clima destas cidades, se ocorreram mudanças na dinâmica do clima local e qual sua relevância atual e a médio e longo prazo. Assim, pesquisas realizadas nestas cidades podem ajudar a prevenir possíveis alterações na dinâmica climática local. (MENDONÇA, 2003). Entender o clima de uma cidade quais são os fatores que determinam sua dinâmica é importante para encontrar um padrão a partir deste é possível localizar pontos que não o 1 Este artigo é resultante da análise parcial dos resultados da dissertação de mestrado da primeira autora, intitulada Dinâmica Climática Na Área Urbana de Guarapuava-Pr no Período de Dezembro/2015 à Novembro/2016. Defendida e aprovada em março de 2017.

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IBSN: 0000.0000.000 Página 1

A ALTITUDE COMO UM DOS FATORES DETERMINANTES PARA AS

TEMPERATURAS NA ÁREA URBANA DE GUARAPUAVA, PR1.

Claudiane da Costa (a), Aparecido Ribeiro de Andrade (b)

(a) Departamento de geografia / Universidade Estadual do Centro-Oeste, [email protected] (b) Departamento de geografia / Universidade Estadual do Centro-Oeste, [email protected].

Eixo: A climatologia no contexto dos estudos da paisagem e socioambientais

Resumo

O clima de uma cidade é determinado por vários fatores em razão da sua posição geográfica, a presente pesquisa

teve objetivo analisar a relação da temperatura com a altitude na área urbana de Guarapuava. A partir de coleta

de dados em pontos de monitoramento de acordo a variação de altitude, foi possível a realização da pesquisa. A

coleta dos dados aconteceu no período de dezembro de 2015 a novembro de 2016. Com o intuito de contemplar

as quatro estações do ano, para a análise temporal e sazonal. Levando-se em consideração que o verão e inverno

tem características marcantes, já o outono e a primavera, em virtude de serem estações transitórias, possuem

características menos definidas. A cobertura do solo principalmente nas cidade evidenciada em várias pesquisas

demostra que tem uma grande influência nas temperaturas, assim estes foi um dos fatores levados em

consideração nos pontos em que somente a altitude não explicava a temperatura.

Palavras chave: Altitude, temperatura, cobertura do solo.

1. Introdução

A dinâmica climática de uma região a até mesmo local é influenciada por vários aspectos

geográficos, meteorológicos e ainda a ação antrópica. Nas cidades este último fator traz

consequências significativas, como o aumento nas temperaturas e na precipitação. É nas

grandes metrópoles que concentram-se a maioria das pesquisas a respeito de clima urbano.

Sendo assim, as médias e pequenas cidades ainda têm poucas pesquisas ligadas, mas há

já alguns estudos realizados os mesmos são importantes e necessários, para compreender a

dinâmica do clima destas cidades, se ocorreram mudanças na dinâmica do clima local e qual

sua relevância atual e a médio e longo prazo. Assim, pesquisas realizadas nestas cidades

podem ajudar a prevenir possíveis alterações na dinâmica climática local. (MENDONÇA,

2003).

Entender o clima de uma cidade quais são os fatores que determinam sua dinâmica é

importante para encontrar um padrão a partir deste é possível localizar pontos que não o

1 Este artigo é resultante da análise parcial dos resultados da dissertação de mestrado da primeira autora, intitulada

Dinâmica Climática Na Área Urbana de Guarapuava-Pr no Período de Dezembro/2015 à Novembro/2016.

Defendida e aprovada em março de 2017.

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seguem e analisar quais são os fatores que estão sobressaindo, se está mudança de

comportamento é positiva ou negativa.

A partir desta problemática, de entender o clima local a presente pesquisa teve como

objetivo principal analisar a relação das temperaturas com a altitude e a cobertura do solo, a

partir de pontos de monitoramento espacializados pela malha urbana da cidade no período de

dezembro de 2015 a novembro de 2016.

1.1. Referencial teórico

O estado do Paraná, situado na região Sul do Brasil, apresenta características peculiares

em relação ao clima. De acordo com Simões (1954 apud BALDO, 2006) o estado do Paraná

classifica-se como sendo uma região de transição entre dois diferentes regimes: o clima

tropical, que predomina desde planalto paulista até o norte e o clima mesotérmico úmido, que

caracteriza de modo geral, a região sul do Brasil e que pode denominar-se de clima

subtropical.

Estas características regionais climáticas na qual se configura a cidade onde foi realizada

a pesquisa é resultante de um conjunto de fatores, alguns de ordem “estática” como a orografia

e outros de ordem “dinâmica” - sistemas atmosféricos, que, associados, interagem

simultaneamente (NIMER, 1989 apud BALDO, 2006).

A partir dessas considerações as temperaturas resultam da combinação de vários fatores

climáticos como a latitude e a longitude, mas quando trata-se das temperaturas em pequenas

escalas como a local a altitude é um dos fatores de relevância significativa, pois normalmente

decresce com a elevação da altitude numa proporção de aproximadamente 1 ºC/100m

(gradiente adiabático do ar seco). Isto acontece devido uma massa de ar seco em ascensão está

sujeita a pressão cada vez menor, aumentando seu volume e diminuindo a temperatura. Mas

como este gradiente térmico depende da saturação do ar, o decréscimo da temperatura média

com a altitude se situa em torno de 1 ºC a cada 180 metros. No Estado do Paraná, com clima

subtropical ocorre a alteração média de 0,5 ºC para cada 100 (DURY, 1972, MAACK,1981,

apud FRITZSONS, 2008).

Ainda no que se refere o clima das cidades além dos fatores naturais que condicionam

a dinâmica das temperaturas a ação antrópica também tem influência, nessa perspectiva,

Sant’Anna neto (2002) descreve que a elevação da temperatura nas áreas urbanas ocorre em

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função de vários fatores, como a verticalização das construções as quais criam um verdadeiro

“labirinto de refletores”, em que a energia proveniente do sol é refletida pelos edifícios,

aquecendo o ar. Além disto, a diminuição da evaporação ocorre pela redução de áreas verdes

e canalização de córregos, além da captura das águas pluviais, acarretando na atmosfera uma

pequena capacidade de resfriamento do ar.

Dessa forma o clima local da área urbana de Guarapuava apresenta sua dinâmica

totalmente ligada a fatores regionais como a orografia da Escarpa da Serra da Esperança, mas

também resulta da sua altitude ao longo da malha urbana a qual tem uma variação de mais que

100 metros do ponto mais baixo para o mais alto. Além disto, a cobertura do solo deve ser

também pode influenciar é com base principalmente nestes dois últimos fatores que a pesquisa

foi desenvolvida.

1.1.1. Área de estudo

O município de Guarapuava está localizado na região Centro-Sul do Estado do Paraná

(Figura 1) a área urbana abrange 73,368 KM² e, com 26 bairros.

Figura 1: Mapa de localização da área de estudo.

Fonte: Secretária de habitação e urbanismo de Guarapuava, 2015. Organização: Costa, C. 2015.

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A população rural de Guarapuava a partir de 1980 começou a diminuir. Em

contrapartida, a população urbana aumentou de acordo com o último censo demográfico

realizado em 2010 a área urbana conta com 152.993 mil habitantes e a área rural com 14.335

mil habitantes, (IBGE, 2015).

O clima de Guarapuava segundo a classificação de Köppen pode ser descrito como

subtropical mesotérmico-úmido, ficando na zona extratropical do Paraná e sem estação seca

definida. Tendo como fatores decisivos para definição da variabilidade da precipitação e

temperatura, a altitude e o afastamento do mar, (THOMAZ e VESTENA, 2003).

Analisando mensalmente a temperatura e a precipitação de Guarapuava a figura 2

demonstra que os meses mais chuvosos são janeiro, outubro e dezembro acima de 180

milímetros e o mês com menos chuva é agosto com a média de 93 milímetros. As temperaturas

são amenas quase em todas as estações do ano abaixo dos 30° C, com exceção do inverno,

que se destaca por temperaturas baixas.

Figura 2: Climograma de Guarapuava período de 1976 a 2016

Fonte: IAPAR, 2016. Organização: COSTA, C. 2013

2. Materiais e métodos

Para o desenvolvimento da pesquisa primeiro houve a escolha dos pontos a partir da

altitude dentro do perímetro urbano de acordo com a figura 3.

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Figura 3: Mapa Hipsométrico da área urbana de Guarapuava.

Fonte: Costa, C, 2015

Após analisar as diferentes altitudes da malha urbana forma instalados equipamentos de

monitoramento da temperatura do ar sendo 15 sensores de temperatura (5 da marca HOBO e

10 da marca PERCEPTEC, modelo DHT2000, figura 4 a e b), programados para coleta de

dados no intervalo de 60 minutos.

(a) Sensores de temperatura da

HOBO (b) Sensores de temperatura

PERCEPTEC

Figura 4: Sensores de temperatura.

Fonte: Costa, C. 2016

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Todos os equipamentos foram instalados em uma altura de 1,50 metros do solo. Após

a instalação dos equipamentos em saídas de campo (em média de duas a três vezes por mês),

houve a coleta dos dados conforme a necessidade de atualização.

Para a proteção dos sensores de temperatura foram utilizados 5 abrigos, próprios para

os data-loggers PERCEPTEC, os quais estavam disponíveis no Laboratório de Climatologia

da UNICENTRO-PR. Além destes, foram confeccionados mais 5 abrigos para os sensores da

PERCEPTEC utilizando canos de policloreto de Vinila, (que é um dos tipos de plástico

usualmente conhecido como PVC). Para os abrigos dos sensores da marca HOBO utilizou-

se 5 de pratos de plástico para a confecção de cada abrigo, na cor cinza, a qual não absorve a

temperatura do ar. Além dos pratos foram utilizados três parafusos, ruela e porcas para fixar

no último e pequenos pedaços de cano que separavam os pratos os quais proporcionam ao

sensor um ambiente parecido com os outros confeccionados (Figura 5 a, b e c).

(a) - Abrigo para os data-loggers

percepetc disponíveis no

laboratório de climatologia.

(b)- Abrigo confeccionado a

partir de PVC.

(c) Abrigo confeccionado

com pratos de plásticos.

Figura 1: Abrigo para os sensores de temperatura.

Fonte: Costa, C., 2016.

2.1. Procedimentos de análises dos dados

Após as coletas dos dados em campo, estes foram analisados e selecionados no

gabinete, a relação entre as temperaturas e a altitude. Os dias representativos foram

selecionados a partir de uma primeira análise, por meio da qual foram elaborados gráficos

diários para a temperatura máxima, mínima e média utilizando o Microsoft Office Excel®.

A partir da primeira análise observou-se que existia um padrão, que na maioria dos

dias ele se repetia, em virtude disso foi selecionado apenas um dia, representativo estação do

ano. As médias das temperaturas não foram levadas em consideração, pois sempre

acompanhavam o padrão da máximas ou da mínimas. Como toda a pesquisa acontecem

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imprevistos como os equipamentos, assim os dia em que apresentaram problemas foram

retirados da análise.

3. Resultados e Discussões

Referente o verão foi selecionado o dia 30 de Janeiro, pois este representava o padrão

encontrado para esta estação, assim é possível observar na figura 6 que a maioria temperaturas

máximas encontraram-se nos pontos de menor altitude, mas há algumas exceções como no

ponto localizado no bairro Jardim das Américas com a menor altitude, não é o ponto com a

maior temperatura máxima, e o ponto do bairro Boqueirão também não demostra o mesmo

padrão, dessa forma percebe-se a cobertura do solo tem influência em relação as temperaturas.

Além destes, o bairro Alto da XV também diferencia-se.

Figura 6: Gráfico de variabilidade das temperaturas máximas e mínimas para o dia 30 de Janeiro de 2016.

Em relação a esses dois pontos que destacam-se, ou seja, não seguem o padrão, os

mesmos ficam na periferia da área urbana com pouca impermeabilização, as ruas não tem

asfalto a vegetação com arbustos ainda é considerável comparando com os demais bairros,

além disto o principal rio da cidade passa por pelo bairro Jardim das Américas, sem

canalização ou grande interferência antrópica, estes fatores auxiliam na amenização da

temperaturas, figura 7.

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Figura 7: Bairro Jardim das Américas área de instalação do ponto de monitoramento.

O ponto de monitoramento localizado no bairro Alto da XV, que também destacou-se

fica em ponto alto, mas, apenas com vegetação rasteira e ocorre a impermeabilização do solo

com asfalto, casas e calçadas o que influencia nas temperaturas.

A partir dos dados coletados e analisados do verão, observou-se que as maiores

temperaturas máximas estão localizadas nos pontos de menores altitudes e as menores

temperaturas máximas nos pontos de maior altitude, as temperaturas mínimas quando não tem

uma homogeneização pela precipitação que esteve presente na maioria dos dias do verão para

esta pesquisa, seguem o mesmo padrão das máximas nos pontos de menor altitudes, elas são

maiores e nos pontos de maior altitude são menores.

Além da influência da altitude bastante evidente, o tipo de cobertura do solo que também

desempenha um papel importante no controle das temperaturas, o que pôde ser observado em

alguns pontos destacados.

Para o outono foi selecionado o dia 06 de abril (Figura 8) as temperaturas estiveram

elevadas, para esta estação a qual em Guarapuava normalmente não acontece chegando

próximo aos 36°C. A influência da altitude se fez presente, assim como no verão. Os mesmos

pontos que destacaram de na estação anterior continuam em destaque com influência da

cobertura de solo. Além das análises já realizadas outras aqui merecem atenção. Como a

amplitude térmica.

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Figura 82: Gráfico de variabilidade das temperaturas máximas e mínimas para o dia 06 de Abril de 2016.

Observou-se que no ponto Jardim da Américas a amplitude térmica (noite/dia), se

demonstra maior que nos demais. O ponto localizado na Vila Carli também obteve este mesmo

comportamento, figura 9. Não segue a temperatura máxima ao contrário, sua temperatura

mínima acaba diminuindo em relação aos outros pontos. Esta diferenciação em relação ao

verão resulta da cobertura do solo, e também de outro fator importante, que são os ventos

locais chamados catabáticos, o qual também ocorre no verão, mas com menos intensidade.

Figura 3: Ponto de monitoramento no bairro Vila Carli.

De acordo com Borsato (2016), os ventos locais surgem com mais evidência nos dias

em que ventos regionais de grande escala estão mais fracos, e também há baixa nebulosidade,

o que aconteceu no outono ao contrário do verão.

O outono, em relação ao verão por ser uma estação de transição entre duas estações

bem definidas em termos de temperatura, a mesma não obtém um padrão específico. O

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primeiro mês permanece parecido com o verão, o segundo destaca-se por apresentar

amplitudes maiores, e o terceiro mês temperaturas menores devido à proximidade com o

inverno. Por mais que alguns pontos tenham uma análise com relação a ação antrópica a

altitude sobressai como um fator determinante.

Para o inverno o dia 24 de julho foi escolhido como representativo. Nesse dia as

temperaturas máximas permanecem nos pontos de menor altitude (Figura 10), também

constata-se as maiores amplitudes térmicas nos mesmos. Destaca-se que a influência do tipo

de cobertura do solo nos pontos localizados nos bairros Jardim da América, São Cristóvão e

Alto da XV, as quais já ocorriam no verão e outono, continuam no inverno. As temperaturas

mínimas abaixo de 10°C, típicas do inverno de Guarapuava estão evidentes no mês de julho e

variam de acordo com a altitude.

Figura 4: Gráfico de variabilidade espacial das temperaturas máximas e mínimas para o dia 24de Julho.

O inverno em Guarapuava referente ao período da pesquisa caracteriza-se por maiores

amplitudes térmicas, influenciadas pelo principalmente pela altitude, mas em alguns pontos

devido ao tipo uso e ocupação do solo e cobertura do mesmo. E ainda a atuação marcante dos

ventos catabáticos ou brisas de montanhas. Estes ventos ocorrem na cidade devido as

diferenciações de altitude ao longo da malha urbana, quando o ponto mais alto estava

localizado a 1.142 metros de altitude e o ponto com menor altitude localizava-se a 1.023

metros.

A primavera é uma estação de transição do inverno para o verão. No mês de outubro

no dia 15 figura 11 as temperaturas máximas ficaram entre 20°C e 26 °C. Neste mês os pontos

de maior altitude concentram as temperaturas mais baixas e os pontos de menor altitude as

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temperaturas mais altas, não houve diferença significativa em relação as outras estações

somente na amplitude térmica já não está tão presente quanto na estação anterior (inverno).

Figura 11: Gráfico de variabilidade espacial das temperaturas máximas e mínimas para o dia 15 de Outubro.

A primavera última estação analisada percebeu-se que as características da mesma são

menos marcantes, assim como houve no outono, no início semelhantes com o inverno e

conforme a temperatura vai aumentando, começa a apresentar características parecidas com o

verão, com menores amplitudes térmicas. A partir da análise das quatro estações foi possível

observar a altitude como fator determinante.

4. Considerações finais

A partir dos resultados obtidos e da análise das temperaturas em relação a altitude na

área urbana de Guarapuava nas quatro estações conclui-se que:

Em todas as estações do ano (verão, outono, inverno e primavera) a altitude é um fator

determinante na maioria dos pontos de monitoramento.

A ação antrópica, a preservação da vegetação em alguns pontos ainda que com pouca

relevância sobressai amenizando as temperaturas.

A área central a qual tem maior impermeabilidade não destacou com maiores

temperaturas, isto deve-se a altitude e também a arborização das praças centrais e a dois

corpos hídricos (lagoa das lágrimas e lago) são essenciais na regulação das temperaturas.

Por fim, ainda que altitude seja um dos fatores determinantes é necessário atentar-se

para os pontos que demostraram-se diferenciação, ou seja que a cobertura do solo está

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influenciando, tanto para a preservação da vegetação existente quanto para o incentivo nos

demais bairros.

Referências Bibliográficas

BALDO, M. C. Variabilidade pluviométrica e a dinâmica atmosférica na bacia

hidrográfica do rio Ivaí – Pr. Tese (Doutorado) Universidade Estadual Paulista. São Paulo,

2006

BORSATO, V. A. A dinâmica climática do Brasil e massas de ares. 1.ed. Curitiba, Pr:

CVR, 2016

FRITZSONS, E; MANTOVANI, L. E; AGUIAR, A. V. Relação entre altitude e temperatura:

uma contribuição ao zoneamento climático no estado do Paraná. REA – Revista de estudos

ambientais v.10, n. 1, p. 49-64, jan./jun. 2008.

IBGE, Instituto brasileiro de geografia e estatística. Banco de dados sobre população de

Guarapuava urbana e rural. Disponível em:

<http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=410940>. Acesso em 2015.

MENDONÇA, F. O estudo do clima urbano no Brasil. In MENDONCA, F. e MONTEIRO,

C. A. F. (org.) Clima Urbano. São Paulo: Contexto, 2003.

SANT’ANNA NETO, J. l.(org) O clima das cidades brasileiras. Presidente Prudente,

2002

THOMAZ, E. L. VESTENA, L. R. Aspectos climáticos de Guarapuava-PR Guarapuava:

UNICENTRO. 2003 PR.