determinação da direção de chegada (doa) de um sinal...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ELETRÔNICA E COMPUTAÇÃO Determinação da Direção de Chegada (DOA) de um Sinal Sonoro usando o microcontrolador Arduino Autor: _________________________________________________ Bernardo Ferreira da Silva Orientador: _________________________________________________ Prof. Ricardo Rhomberg Martins, DSc Examinador: _________________________________________________ Prof. Felipe Maia Galvão França, PhD. Examinador: _________________________________________________ Prof. Alessandro Jacoud Peixoto, DSc DEL Agosto de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA

DEPARTAMENTO DE ELETRÔNICA E COMPUTAÇÃO

Determinação da Direção de Chegada (DOA)

de um Sinal Sonoro usando o

microcontrolador Arduino

Autor: _________________________________________________

Bernardo Ferreira da Silva

Orientador: _________________________________________________

Prof. Ricardo Rhomberg Martins, DSc

Examinador: _________________________________________________

Prof. Felipe Maia Galvão França, PhD.

Examinador: _________________________________________________

Prof. Alessandro Jacoud Peixoto, DSc

DEL

Agosto de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola Politécnica – Departamento de Eletrônica e de Computação

Centro de Tecnologia, bloco H, sala H-217, Cidade Universitária

Rio de Janeiro – RJ CEP 21949-900

Este exemplar é de propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que poderá

incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma

de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas

deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser

fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde3 que sem finalidade comercial

e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s)

orientador(es).

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais e irmãos, que em todos os momentos difíceis de minha vida, têm

intercedido pelo meu sucesso e felicidade.

A pessoa mais especial deste mundo, Jessica Freitas, por todo amor, carinho,

compreensão e incentivo, dedico-lhe essa conquista com gratidão e amor.

Ao meu filho, Miguel, razão da minha vida e motivo maior de todo meu esforço nesta reta

final de conclusão de curso.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Professor Ricardo Rhomberg Martins, DSc., pela paciência, pelas

sugestões, por ter acreditado na realização desta pesquisa e confiado em meus ideais.

Ao professor e coordenador do Departamento de Engenharia Eletrônica e Computação,

Carlos José Ribas D'Avila, por todo o apoio nos momentos difíceis e ajuda no desembaraço de

assuntos acadêmicos.

Ao meu amigo Leonardo Vladimir Fernandes Barbosa, por todo o incentivo nesses

longos anos de graduação.

A minha médica psiquiatra, Dra. Silvia Mariama, que me ajudou na cura de problemas

durante o curso.

Ao meu primo Diego Garcia Barroso, pelo incentivo com os estudos e com concursos

bem sucedidos.

A todos meus amigo e primos, que são muito importantes na minha vida e que

fortaleceram os laços da igualdade, num ambiente fraterno e respeitoso. Jamais lhes

esquecerei.

Aos professores, colegas e todos os integrantes do curso de graduação, que direta ou

indiretamente contribuíram para a conclusão desse trabalho.

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RESUMO

A importância da determinação da direção de chegada de um sinal, no que diz respeito

às novas tecnologias de telecomunicações está diretamente relacionada ao recente surgimento

das chamadas Antenas Inteligentes ou Adaptativas (Smart Antennas). [1]

Tais antenas estão começando a ganhar imensa popularidade uma vez que houve um

gigantesco crescimento de novas formas de comunicação sem fio. Este crescimento foi

facilitado e proporcionado pelo avanço da capacidade dos novos sistemas de processamento

de sinal e pelo interesse global nas aplicações de banda larga sem fio.

São várias as formas de aplicações interessantes em que as Antenas Adaptativas

podem ser utilizadas visando seu aperfeiçoamento: Aumento das velocidades de

comunicação, expansão da largura de banda, melhora nas taxas sinal/ruído e nos sistemas de

comunicações MIMO. A comunidade militar e de defesa também se beneficia desta

tecnologia quando a mesma é utilizada para comunicações seguras, sistemas de radar MIMO,

localização de direção, etc.

Sendo assim, neste Trabalho de Conclusão de Curso pretende-se explicar algumas

técnicas de como determinar a direção de chegada de um sinal (DOA). Para tanto, descreverei

de forma sucinta tais métodos, além de expor exemplos práticos com a ajuda de um micro

controlador Arduino e algoritmos computacionais via MatLab.

Antes de chegar ao propósito principal deste projeto, introduzirei teorias importantes

para o entendimento dos fenômenos de recepção de sinais por antenas e escreverei

brevemente sobre o que é o Arduino.

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Sumário

RESUMO ........................................................................................................................................... i

LISTA DE ABREVIAÇÕES .............................................................................................................. v

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................... vii

1 Introdução .................................................................................................................................. 1

1.1 Motivação .......................................................................................................................... 1

1.2 Objetivo do Trabalho .......................................................................................................... 1

1.3 Descrição do Trabalho ........................................................................................................ 1

2 Revisão de Eletromagnetismo e Antenas [2] ............................................................................... 3

2.1 Ondas ................................................................................................................................. 3

2.1.1 De Coulomb à 1ª Equação de Maxwell ........................................................................ 3

2.1.2 De Biot e Savart à 3ª Equação de Maxwell .................................................................. 5

2.1.3 De Biot e Savart à 4a Equação de Maxwell passando por Ampère ................................ 7

2.1.4 De Faraday à 2a. Equação de Maxwell .......................................................................10

2.1.5 Equação de Ondas ......................................................................................................12

2.1.6 Cálculo dos campos elétrico e magnético irradiados por um dipolo infinitesimal ........26

2.2 Diagrama de irradiação ......................................................................................................27

2.3 Tipos de antenas ................................................................................................................29

3 Processamento Adaptativo de Sinais Eletromagnéticos ..............................................................35

3.1 Introdução .........................................................................................................................35

3.2 Compreensão física do assunto ..........................................................................................35

3.3 Compreensão Física do assunto usando ondas eletromagnéticas .........................................38

3.4 Um aperfeiçoamento no sistema anterior ............................................................................41

4 O Arduino .................................................................................................................................43

4.1 O que há em uma placa de Arduino? ..................................................................................43

4.2 Conectando um receptor de sinal na entrada analógica do Arduino .....................................45

4.3 Arduino e Matlab ...............................................................................................................48

5 Descobrindo a DOA com o Arduino ..........................................................................................49

6 Determinando a DOA com o Matlab .........................................................................................53

6.1 Primeiro programa: Determinando a DOA com o mesmo algoritmo usado no Arduino .......53

6.2 Segundo programa: Determinando a DOA por um método alternativo (deslocamento de um

sinal em relação ao outro fazendo o produto escalar entre eles em cada posição)............................58

6.3 Terceiro programa: Determinando o Diagrama de Irradiação de um conjunto pelo método do

Atraso e Soma (Delay-and-Sum) considerando a Potência irradiada...............................................60

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7 Conclusões ................................................................................................................................63

Referências Bibliográficas ................................................................................................................64

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

DOA – Direction of Arrival (Direção de chegada).

MIMO – Multiple-Input and Multiple-Output (Múltiplas Entradas e Múltiplas

Saídas).

Div – Divergente.

Rot – Rotacional.

FEM – Força Eletromotriz.

UHF – Ultra High Frequency.

LED – Light Emitting Diode (Diodo emissor de luz).

GPS – Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global).

GSM – Global System for Mobile Communications (Sistema Global para

Comunicações).

USB – Universal Serial Bus (Porta Serial Universal).

RAM – Random Access Memory (Memória de Acesso Randômico).

EEPROM – Electrically-Erasable Programmable Read-Only Memory –

(Memória de Apenas Leitura Programável e Apagável Eletricamente).

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PC – Personal Computer (Computador Pessoal).

GND – Ground (Terra).

DC – Direct Corrent.

AC – Alternating Corrent.

Hz – Hertz.

uF – Micro Faradays.

nF – Nano Faradays.

Rad – Radianos.

SDMA – Space-Division Multiple Access (Acesso Múltiplo por Divisão

Espacial).

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Sistema com duas cargas elétricas.

Figura 2 – O campo magnético B em qualquer ponto à esquerda do fio.

Figura 3 – Orientação das linhas de campo magnético geradas por uma corrente

entrando no plano da página.

Figura 4 – Experiência onde limalhas de ferro foram salpicadas sobre uma

cartolina e se agrupam em círculos concêntricos quando uma corrente percorre o

fio central.

Figura 5 – Campo resultante da simplificação de E tem apenas componente em

x.

Figura 6 – O campo magnético associado a este campo elétrico só tem

componentes na direção y.

Figura 7 – Campo elétrico existente numa linha de transmissão paralela.

Figura 8 – Campo elétrico existente num cabo coaxial.

Figura 9 – Dipolo.

Figura 10 – Dipolo infinitesimal.

Figura 11 – Dipolo infinitesimal com todos os pontos da integração.

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Figura 12 – Diagrama de derivadas, integrais e rotacionais.

Figura 13 – Diagrama de irradiação de um dipolo de 0,8 λ.

Figura 14 – Diagrama de irradiação de um dipolo de 1,25 λ.

Figura 15 – Os dois diagramas juntos para efeitos de comparação.

Figura 16 – Monopolo real da faixa de UHF.

Figura 17 – Diagrama de Irradiação tridimensional de um dipolo.

Figura 18 – Montagens práticas de antenas Yagi.

Figura 19 – Yagi: Diagrama de irradiação típico.

Figura 20 – Log-periódica real. O tubo de cima alimenta alguns dipolos e o de

baixo outros (realização prática da alimentação cruzada).

Figura 21 – Log-Periódica: diagrama de irradiação típico.

Figura 22 – Antenas parabólicas reais.

Figura 23 – Ângulo de elevação de uma Parabólica.

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Figura 24 – Exemplo de conjunto de parabólicas.

Figura 25 – Exemplos de antenas refletoras.

Figura 26 – Exemplos de antenas de abertura.

Figura 27 – Exemplo de antena-lente. A velocidade da onda é menor no

plástico.

Figura 28 – Representação da onda gerada por uma série de gotas que caem na

superfície de uma bacia a intervalos regulares de tempo.

Figura 29 – Gotas simultâneas caindo com a mesma frequência.

Figura 30 – “Diagrama de Irradiação” das gotas que caem em fase.

Figura 31 – “Diagrama de Irradiação” de duas gotas que caem fora de fase.

Figura 32 – Configuração do conjunto que rejeita o sinal vindo de uma

determinada direção.

Figura 33 – Recepção do sinal de forma aperfeiçoada.

Figura 34 – Placa Arduino Duemilanove.

Figura 35 – Sinal senoidal em um osciloscópio.

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Figura 36 – Circuito do esquema de recepção de sinais pelo Arduino.

Figura 37 – Sinal amplificado com offset de 2.5V que entra no Arduino.

Figura 38 – Código simples para apresentação dos dados que chegam à entrada

analógica do Arduino.

Figura 39 – Script de Matlab para capturar os dados recebidos na porta serial.

Figura 40 – Módulo do Produto Escalar x Ângulo em Graus.

Figura 41 – Senoides defasadas plotadas no Matlab.

Figura 42 – Resultados obtidos no Matlab.

Figura 43 – Senoides de 140hz.

Figura 44 – Senoides de 160hz.

Figura 45 – Senoides de 180Hz.

Figura 46 – Parte do arquivo com os dados do sinal de 140hz.

Figura 47 – Sinais de 140hz plotados no Matlab

Figura 48 – Sinais de 160hz plotados no Matlab

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Figura 49 – Sinais de 180hz plotados no Matlab.

Figura 50 – Senoides defasadas de N amostras.

Figura 51 – Estrutura ‘Beamforming’ clássica.

Figura 52 – Diagrama de Irradiação da energia de saída em função de θ para o

sinal de 180Hz.

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1 Introdução

1.1 Motivação

Este trabalho foi elaborado pela necessidade da consolidação de material didático para

a disciplina Antenas, relativo às técnicas de determinação da direção de chegada de um sinal

com o auxílio de um microcontrolador.

Este estudo é fruto dos crescentes e numerosos benefícios trazidos com o advento das

Antenas Adaptativas. Tal estudo envolve o conhecimento e entendimento de muitas outras

disciplinas e tópicos relacionados, tais como eletromagnetismo, antenas, propagação,

comunicações, processos randômicos, teoria adaptativa, estimação espectral e processamento

de sinais.

Não há uma disciplina única em engenharia que possa providenciar o crescimento e

evolução rápidos deste tipo de tecnologia. O assunto de Antenas Adaptativas transcende

aplicações específicas e assim requer um tratamento global.

1.2 Objetivo do Trabalho

O objetivo geral deste trabalho é propor uma análise metodológica para a concepção

de um sistema capaz de determinar o ângulo ou direção de chegada de um sinal qualquer em

uma antena.

1.3 Descrição do Trabalho

Este trabalho está estruturado em 06 (seis) capítulos, configurados da seguinte forma:

Capítulo 1 – Introdução: apresentação do assunto, descrevendo-se a motivação e o

objetivo do estudo.

Capítulo 2 – Revisão de Eletromagnetismo e Antenas: revisão dos principais

tópicos de eletromagnetismo e antenas relacionados ao estudo das Antenas Adaptativas.

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Capítulo 3 – Processamento Adaptativo de Sinais Eletromagnéticos: são descritas

as teorias e técnicas para a recepção e processamento dos sinais eletromagnéticos recebidos

por antenas.

Capítulo 4 – O Arduino: a placa do microcontrolador é apresentada, juntamente com

técnicas de recepção dos sinais pela entrada analógica e métodos de integração com o Matlab.

Capítulo 5 – Descobrindo a DOA com o Arduino: o programa feito em C, rodando

no Arduino, para determinação da direção de chegada é apresentado.

Capítulo 6 - Determinando a DOA com o Matlab: são apresentados três algoritmos

distintos para a determinação da direção de chegada de um sinal, com o intuito de comprovar

os resultados obtidos com o Arduino.

Capítulo 7 – Conclusões: são apresentadas informações relevantes e relacionadas às

atuais técnicas de determinação da DOA e às Antenas Adaptativas.

Ao final encontra-se a bibliografia consultada.

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2 Revisão de Eletromagnetismo e Antenas [2]

2.1 Ondas

A título de início de nosso estudo, vamos chegar à equação de ondas a partir das

equações básicas do eletromagnetismo. A mesma equação poderia ser gerada a partir de bases

mecânicas (caso das ondas sonoras).

2.1.1 De Coulomb à 1ª Equação de Maxwell

Ficou constando na história a contribuição de Coulomb que pode ser expressa em

forma de equação como:

2

21

r

qqKF ou

2

21

04

1

r

qqF

onde 12

0 1085.8

Em forma de palavras, a força que se estabelece entre duas cargas elétricas é

diretamente proporcional aos seus valores e inversamente proporcional ao quadrado da

distância entre elas.

Figura 1 – Sistema com duas cargas elétricas

Se as cargas tiverem mesmo sinal, como na figura 1, as forças são de repulsão. Caso

contrário elas serão de atração.

A semelhança desta lei com a da gravitação universal de Newton (massa atrai massa

na razão direta de seus valores e inversa do quadrado da distância) é evidente.

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Campo Eletrostático

Se admitirmos que uma das cargas da figura 1 (por exemplo q2) é apenas uma “carga

de teste”, podemos dizer que, no lugar onde ela estava, q1 cria um campo a que se dá o nome

de eletrostático (por oposição ao campo eletrodinâmico a ser analisado mais adiante) que é

dado pelo valor da Força dividido por q2.

2

1

04

1

r

qE

Vê-se que, por definição, campo eletrostático é “aquilo que, multiplicado por carga, dá

força”. Esta é uma interpretação interessante porque normalmente estamos mais

familiarizados com “forças”, às quais somos sensíveis, do que com “campos”, sejam eles de

que naturezas forem.

Fica faltando definir uma carga elétrica. Por ora basta admitir que carga é “aquilo que

cria campo eletrostático”.

Com a definição de campo acima, conclui-se ser ele uma grandeza vetorial, admitindo-

se que a carga seja escalar.

Como não é interessante que o sentido da força resultante da exposição do campo à

“carga de teste” dependa do sinal da mesma, admite-se que esta seja sempre positiva.

Consequentemente, cargas positivas criam campo “para fora” e cargas negativas criam

campo “para dentro”, o que pode ser visualizado na figura abaixo.

Outra definição que será útil daqui a pouco é a da densidade volumétrica de cargas

(ou seja, carga dividida pelo volume por ela ocupado):

dv

dq o que implica em: qdv.

Teorema de Gauss

Em palavras o teorema de Gauss afirma que a integral de volume do divergente de um

campo iguala a integral do mesmo campo ao longo da superfície que fecha aquele volume.

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Pode-se chegar a ele através da própria definição de divergente. Se o divergente de um

campo é a quantidade de campo que nasce num volume dsE. dividida pelo próprio volume,

uma integração de volume dos dois lados leva ao teorema de Gauss.

Em forma de equação:

. E = dvdsE /. dsEdvE .. (teorema de Gauss) (I)

Se as operações indicadas forem feitas sobre uma esfera que tenha uma carga no

centro, considerando que a única variável envolvida na expressão do campo é o raio r,

EdsEdsE. 4 r2

00

12

2

1

0

44

1

dvqr

r

q

ou seja:

dsEdv .0

(II)

donde, comparando-se (I) com (II):

0

.

E (1

a equação de Maxwell)

Notar que o caminho inverso é verdadeiro, isto é, estipulando-se a 1a Equação de

Maxwell, chega-se, através do teorema de Gauss, à equação de Coulomb.

2.1.2 De Biot e Savart à 3ª Equação de Maxwell

A lei de Biot e Savart diz que o campo magnético gerado pela corrente que passa por

um fio pode ser dado por:

2

0 .

4 r

adliB r

, onde μo = 4 π 10

-7

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Notar que ela não apresenta grandes novidades porque desde o ensino fundamental já

sabemos que corrente cria campo magnético (as célebres experiências de uma bússola

próxima de um fio no qual se faz passar corrente...).

Matematicamente sim que ela permite exprimir uma coisa interessante: o módulo, a

direção e o sentido deste campo.

Apesar dela se aplicar a qualquer geometria do fio, aqui vamos nos limitar à análise do

campo criado por um fio retilíneo. Para aproveitar simetrias vamos admitir que este fio é

infinito.

Figura 2 - O campo magnético B em qualquer ponto à esquerda do fio,

em (a) é perpendicular à linha radial tracejada e está dirigido para dentro da página, no sentido das pontas dos quatro dedos, como indicado pelo

símbolo x. Já em (b) está dirigido para fora da página.

O valor do campo gerado a uma distância R do fio pode ser calculado por:

2

0

4 r

adliB r

Lembrando-se da definição de linha de campo (linha contínua que é tangente ao

campo magnético em cada ponto de espaço) nota-se que todas elas serão sempre “fechadas”,

isto é, não começarão, não nascerão em nenhum lugar do espaço.

Como o divergente de um campo é a integral de superfície fechada de um campo,

dividida pelo volume encerrado por esta superfície, nota-se que ele é sempre nulo no caso do

campo magnético (pode-se resumir dizendo que o campo magnético não “nasce” em nenhum

“ponto” do espaço, seu jeito de começar a existir é diferente do campo eletrostático que nasce

nas cargas elétricas).

Matematicamente pode-se escrever: ZeroBdiv

(3a. Equação de Maxwell).

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2.1.3 De Biot e Savart à 4a Equação de Maxwell passando por Ampère

À lei de Ampère chega-se “olhando” o campo magnético gerado por uma corrente de

outro ponto de vista (como se a corrente furasse o papel ou a tela em que você está lendo este

texto). Mais uma vez chamamos a atenção para o fato de que os desenhos poderiam ser

genéricos, mas não acrescentariam nada a não ser dificuldade de entendimento.

Figura 3 - Orientação das linhas de campo magnético geradas

por uma corrente entrando no plano da página.

Figura 4 - Experiência onde limalhas de ferro foram

salpicadas sobre uma cartolina e se agrupam em círculos

concêntricos quando uma corrente percorre o fio central.

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Pode-se notar que a integral de B ao longo de um círculo que envolva a corrente iguala

o valor desta multiplicado por o.

dlB . = dlB = oi/(2r) dl = oi/(2r) .2r dlB . = oi (Lei de Ampère)

Se a circunferência fosse feita junto do fio, seu perímetro envolveria exatamente a área

da secção reta do mesmo.

Lembrando-se da definição de densidade superficial de corrente, conclui-se que

dsJdlB .. 0

Que, comparada com o teorema de Stokes ( dsBdlB ... ) permite concluir que:

JB 0

Ou, definindo-se 0/BH :

JH

(1a. versão da 4a Eq.de Maxwell)

2.1.3.1 Equação da Continuidade e 4a. Lei de Maxwell

A equação da continuidade fala de um conceito bastante óbvio (que as cargas que

compõem a corrente elétrica saem de algum lugar), mas que deve ser explicitado

matematicamente para chegar a ser útil.

Para chegar a tal expressão, vamos começar imaginando uma região do espaço (que

pode ter qualquer formato, mas que fica mais fácil de imaginar e desenhar se for um volume

esférico) que contenha uma densidade volumétrica de cargas . Como nós vamos querer

analisar sua evolução ao longo do tempo, podemos explicitar isto escrevendo (t).

A densidade superficial de corrente saindo de tal volume vai ser denominada J, sendo

representada por um vetor que aponta para fora do volume e de igual módulo ao longo de toda

a superfície. Podemos então escrever:

idsJ .

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9

'

Mas a corrente é uma variação de carga ao longo do tempo: i = dq/dt, (aqui se fala da

carga que atravessa a superfície).

Como não se admite o aumento ou a diminuição da quantidade de carga existente no

sistema analisado, a carga que sai do volume “deixa de estar dentro dele”, podendo ser

representada por uma diminuição da densidade volumétrica de carga no seu interior. Ou seja,

i = - dq/dt (aqui se fala da carga total envolvida pela esfera) = dt

dvd

.

Logo,

dvdtddsJ /.

que, comparada com o teorema de Gauss, leva a concluir que:

Div J = dt

dJ

.

(equação da continuidade)

Conclusão bastante espontânea, uma vez que ela apenas explicita o fato de que, de

uma região cuja densidade volumétrica de cargas esteja diminuindo, partem linhas de campo

de corrente (ou, dito de outra forma, a corrente nasce nas regiões das quais saem cargas).

2.1.3.2 Inconsistência na 1a. versão da 4a. equação de Maxwell

Se lembrarmos que div(rot H) = 0)( H , e aplicarmos isto à 4a equação no

jeito como ela está escrita até agora, chega-se a uma inconsistência:

Div J = J. 0 ,

que não está adequada à equação da continuidade na qual temos mais confiança por ser mais

espontânea.

2.1.3.3 Solução dada por Maxwell

Ao chegar à incongruência da qual se falou no item anterior, Maxwell propôs que se

somasse um fator à expressão anteriormente escrita da sua 4a. Equação:

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10

'

Rot H = x H = J + X

Agora temos:

. ( J + X ) = 0 ou . J + . X = 0 ,

ou, aplicando a equação da continuidade:

-dt

d + . X = 0 ,

donde se conclui que:

. X = + dt

d ,

eliminando a inconsistência.

Como de acordo com a 1a Equação de Maxwell ( . E =

o

), que, derivada dos dois

lados em relação ao tempo, pode ser escrita como . (o dt

dE) =

dt

d, conclui-se que:

x H = J + o dt

dE

(forma definitiva da 4a. Equação de Maxwell)

2.1.4 De Faraday à 2a. Equação de Maxwell

A lei de Faraday foi descoberta quando ele tentava demonstrar que, se uma corrente

cria campo magnético (Biot e Savart), o contrário também deve ser verdadeiro (um campo

magnético deve gerar uma corrente).

“Diz a lenda” que, ao montar dois circuitos acoplados (por exemplo, duas espiras

concêntricas) e fazendo passar uma corrente num deles (de modo a criar com o primeiro um

campo magnético que atravessasse o outro) ele não obteve sucesso. Porém, ao desligar a

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11

'

corrente do 1º circuito, notou “uma piscada” na lâmpada ligada ao outro. Ao religar o

primeiro, notou novamente o mesmo efeito no 2º.

Depois de repetir várias vezes a experiência, chegou à conclusão de que não era o

campo magnético que gerava a corrente, mas a sua variação no tempo. Como a corrente no

segundo circuito pode ser considerada como consequência de uma Força Eletromotriz (FEM)

neste, Faraday escreveu inicialmente:

dt

dFEM

, onde é o fluxo do campo magnético ( = dsB )

Deve-se a um contemporâneo dele (Lenz) a percepção de que o campo gerado na 2ª

espira é sempre no sentido de tentar diminuir aquele que o criou. Daí surgiu o que se chamou

de lei de Lenz (prestar atenção no sinal de menos):

dt

dsBd

dt

dFEM

Num texto sobre eletromagnetismo em geral deveríamos analisar outras maneiras de

se conseguir uma FEM diferente de zero (ds/dt diferente de zero, ângulo entre B e ds variando

no tempo) mas no caso de Antenas, a única possibilidade de interesse é dB/dt diferente de

zero, permitindo que nos restrinjamos a:

ds

dt

dBFEM

Se nos lembrarmos que toda FEM é a integral de linha de um campo elétrico não

estático (campo Eletrodinâmico por contraste com o Eletrostático analisado na 1ª. equação de

Maxwell), podemos escrever:

ds

dt

dBdlE

Se escrevermos o teorema de Stokes para o campo Eletrodinâmico acima,

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12

'

dsExdlE , conclui-se que:

dt

dBEx (2ª. Equação de Maxwell)

Notar, mais uma vez, que o caminho inverso também é possível.

2.1.5 Equação de Ondas

Vamos começar fazendo notar que estamos escrevendo a equação de ondas para uma

região que não contenha cargas e portanto = zero e J = zero.

Sendo assim, as equações de Maxwell em rotacional se reduzem a:

dt

dHxE 0 e

dt

dExH 0

Se lembrarmos da definição de rotacional de um campo vetorial, veremos que as

expressões acima “escondem” derivadas relativas a x, y e z de campos que podem ter

componentes nas direções x, y e z (ou seja, nove parcelas para cada rotacional, em

coordenadas cartesianas).

Como primeira aproximação, com a finalidade de tornar mais didática a dedução da

equação de ondas, vamos admitir que o campo elétrico (mais explicitamente o campo

eletrodinâmico) do qual estamos falando tenha apenas uma componente na direção x: Ex.

Eliminamos assim as componentes Ey, Ez e suas respectivas variações em função de x, y e z.

Ainda por cima vamos admitir que Ex varia somente em função de z, eliminando assim

suas variações em função de x e y. É claro que não existe na natureza um campo assim porque

ele implicaria em frentes de onda infinitas por não ser função de x e y. Daqui a pouco vamos

ver alguns campos reais que se aproximam desta simplificação.

Se desenharmos o campo resultante das simplificações feitas acima:

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13

'

Figura 5 – Campo resultante da simplificação de E tem apenas componente em x.

Concluímos imediatamente que o campo H só pode ter componente em y (cuja

variação longitudinal no tempo será o rotacional de E com o sinal trocado) e variar em função

de z.

Figura 6 - O campo magnético associado a este campo elétrico só tem

componentes na direção y

Donde podemos escrever:

dt

dH

dz

dE yx0

e

dt

dE

dz

dHxy

0 (o sinal de menos vem da expressão do rotacional )

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14

'

Devemos juntar as duas para exprimir matematicamente um fenômeno no qual os dois

campos estão associados na natureza. Uma maneira simples de o fazer é derivar a 1a equação

em relação a z mais uma vez como forma de obter a 2a equação no seu lado direito:

td

zd

dHd

zd

Edy

x

02

2

A qual, substituída a 2a equação, nos fornece:

2

2

002

2

td

Ed

zd

Ed xx

(equação de onda escrita para o campo eletrodinâmico)

A equação de ondas também pode ser chamada de equação de Helmholtz em

homenagem a quem primeiro a derivou.

2.1.5.1 Solução da equação de ondas sem incluir as fontes dos campos

Lembrando que a solução de uma equação diferencial é uma função que a torna

verdadeira, podemos testar, por exemplo, a função cosseno por ser ela do tipo que, derivada

duas vezes, pode se enquadrar na equação de ondas.

Temos de admitir um cosseno que seja função de z e t para poder derivá-lo em função

das duas. E devemos acrescentar algumas constantes que tornarão a solução mais genérica:

Ex(z,t) = Eo cos(t + z),

Donde: dEx/dz= - Eo sen(t + z) e d2Ex/dz

2= -

2Eo cos(t + z)

De forma semelhante, dEx/dt= - Eo sen(t + z) e d2Ex/dt

2= -

2Eo cos(t + z)

Que, substituídas na equação de ondas, revelam que o co-seno realmente pode ser uma

solução e permite tirar algumas conclusões:

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15

'

2Eo cos(t + z) = oo (-

2Eo cos(t + z))

O fato de Eo poder ser “cortado” indica que qualquer amplitude para a função cosseno

seria solução.

Nota-se também que, se = oo , a expressão é solução da equação de ondas.

Isto significa que, escolhida uma frequência, fica determinado. De fato, se lembrarmos que

1/ oo é a velocidade da luz, e que = 2f, vemos que outra expressão para é: = 2/,

mostrando que ele está associado ao comprimento de onda que fica determinado quando

escolhida a frequência.

O fato de haver dois ’s, indica que uma solução completa para a equação é:

Ex(z,t) = E+ cos(t + z) + E- cos(t - z)

Onde uma das parcelas é interpretada como uma onda que caminha na direção de z e a

outra na direção oposta a z.

2.1.5.2 Dois exemplos de Aplicações

Começamos a resolver a equação de ondas assumindo que o campo elétrico teria

apenas uma componente na direção x, Ex , variando sua amplitude apenas em função de z . No

desenvolvimento do raciocínio comentamos que este campo não existe na realidade física

porque implicaria em frentes de onda infinitas.

Não parece difícil admitir que, se a nossa opção fosse por um campo que tivesse

apenas uma componente na direção y, Ey, variando sua amplitude apenas em função de z, a

resposta que obteríamos seria do tipo:

Ey (z,t) = Ey+ cos(t + z) + Ey - cos(t - z)

Variações de amplitude em função de x e y levariam a um desenvolvimento mais

trabalhoso e não acrescentariam nada de novo.

Há pelo menos duas estruturas físicas, a linha de transmissão paralela e o cabo coaxial

que, enquanto considerados feitos de condutores perfeitos, admitiriam campos cujas

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16

'

componentes estariam apenas nas direções x e y (variando suas amplitudes em função de x e y

além de z).

Abaixo se mostram os desenhos dos campos elétricos nas duas estruturas citadas, a

título de aplicação do que acaba de ser visto.

Figura 7 - Campo elétrico existente numa linha de transmissão paralela

Figura 8 - Campo elétrico existente num cabo coaxial

2.1.5.3 Solução da equação de ondas incluindo as fontes dos campos

Se vamos analisar as “fontes dos campos”, a primeira coisa a fazer é “ressuscitar” o J

da segunda equação em rotacional que foi eliminado justamente porque no item anterior não

nos interessava analisar as fontes do campo analisado. Fica claro que, na realidade, ao

falarmos de “fontes de um campo” estamos falando da corrente que o cria...

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17

'

dt

dHE o

e

dt

dEJH o

Em segundo lugar vamos “esconder” a variação das funções no tempo passando a

trabalhar no domínio da frequência. Para tanto basta substituir as derivadas em relação ao

tempo por j. Não será demais lembrar que as demais variáveis passam a representar números

complexos cujo módulo é a amplitude dos sinais (que passam a ser puramente senoidais) e

cuja fase representa o atraso (ou o avanço) do mesmo em relação a uma dada referência:

HjE o

e

EjJH o

Em terceiro lugar vamos deixar claro de que tipo de fonte estamos falando e qual é a

sua localização no espaço. Na parte analítica deste texto pretendemos falar apenas de antenas

simples, de um tipo chamado dipolo.

Um dipolo é um tubo (ou bastão) de braços de igual comprimento, que se considera

colocado simetricamente em relação à origem de um sistema de coordenadas, como se pode

ver na figura a seguir.

Figura 9 - Dipolo

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18

'

Apesar de estarmos falando do tipo mais simples de antena que existe, ainda assim,

para efeito de análise matemática, ele é considerado complexo por ser muito extenso. Vamos,

portanto, nos restringir a um “elemento de corrente” como o que se vê no desenho abaixo, e

imaginar o dipolo composto por uma infinidade destes elementos.

Imediatamente se pensa que o efeito de um dipolo real poderá ser obtido por

integração dos efeitos destes dipolos infinitesimais. Daqui a pouco será útil lembrar que esta

integração será feita na região em que se encontra o dipolo (origem do sistema de

coordenadas).

Figura 10 – Dipolo infinitesimal

Por outro lado, a região em que os campos elétrico e magnético se relacionam por

rotacionais, fica fora da origem.

Isto posto, percebe-se que serão necessárias integrações (como sugere a figura abaixo)

feitas na região que contém as fontes e derivadas em função de posições (isto é, rotacionais)

na região em que se calculam os campos. As duas operações poderiam ser feitas

simultaneamente, mas não é esta a maneira mais habitual de fazê-lo.

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19

'

Figura 11 – Dipolo infinitesimal com todos os pontos da integração

Normalmente se trabalha com campos matemáticos chamados potenciais (vetor e

escalar) que são obtidos através de integrações feitas na região que contém as fontes dos

campos. Depois, através de rotacionais, se obtêm os campos a partir dos potenciais calculados

na região de interesse. O que fica dito pode ser representado pela figura abaixo

Figura 12 – Diagrama de derivadas, integrais e rotacionais

Vamos definir o Potencial Vetor A como o campo cujo rotacional é o campo

magnético. Assim:

BA

O Potencial Vetor é um campo puramente matemático. Ele só está sendo inventado

para facilitar o cálculo de B, do qual depois tiraremos E. Ficaremos devendo

(temporariamente) a definição do seu divergente porque toda vez que se define um campo

vetorial devem-se falar das suas duas fontes.

Se multiplicarmos a segunda equação em rotacional por o, obteremos:

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20

'

EjJH o o o o ou EjJB o o o

Usando a recém obtida definição de A:

EjJA o o o

Se lembramos da definição de Laplaciano de um campo vetorial:

AAA )( .2 [ ==> AAA 2)( . ] ,

podemos escrever:

EjJAA o o o2).( ,

ou

EjJAA o o o2 ).( (III)

A outra equação em rotacional não fica indiferente à definição do Potencial Vetor.

Vamos aproveitar isto para definir o Potencial Escalar .

)( AjBjHjE o ==> zeroAjE )( .

Lembrando de que na eletrostática se costuma definir um potencial escalar porque

zeroE , podemos generalizar aquela definição:

AjE

Dizemos que se trata de uma generalização porque, lembrando que j no domínio da

frequência corresponde a uma derivada no tempo, podemos dizer que esta definição se aplica

ao caso estático (porque nele dA/dt = zero).

Da equação anterior tiramos:

AjE

que, substituída em (III), fornece:

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21

'

)().( o o2 AjjJAA o

ou

AAjJA oo o2

oo2 ).(

ou, definindo (como se disse acima), o. ojA , e o o22 :

JAA o22

(equação de onda para o potencial vetor A, incluindo a fonte dos campos)

Não devemos estranhar a definição dada ao divergente de A. Ele é um campo

puramente matemático. Podemos definir suas fontes da maneira que mais nos ajudar...

Se olharmos agora para o desenho que mostra qual é a fonte que estamos tratando e

notarmos que do lado esquerdo da última equação existe uma constante multiplicando o vetor

A que, somado ao laplaciano do mesmo vetor se iguala a J, concluímos duas coisas:

1) A fonte é tão pequena que existe simetria esférica no problema. Isto nos leva a usar

coordenadas esféricas na sua solução (que não será função de nem de ).

2) Se J aponta na direção z, A aponta na mesma direção.

Ou seja:

zzz JAA o22

Que pode ser escrita usando apenas escalares, uma vez que estamos tratando de

vetores de uma única direção [Collin 1985]

JAA o22

O Laplaciano de um escalar em coordenadas esféricas, usando as simetrias notadas no

problema, permite escrever a equação acima como segue:

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22

'

JAdr

drdArd

ro

2

2

2]

)([

1

Se procurarmos inicialmente uma solução que atenda a equação acima na região em

que não há fontes (todo o espaço, excetuada a origem), podemos escrever:

zeroAdr

drdArd

r 2

2

2][

)(1

Multiplicando os dois lados por r2

zeroArdr

drdArd

22

2

][)(

Admitindo que A seja do tipo r

F , o que implica em que

2

)(

r

Fdr

dFr

dr

dA

, simplificam-se os r2

zeror

Fr

dr

Fdr

dFrd

22

)(

ou:

zerorFdr

dF

dr

Fdr

dr

dF 2

2

2

. Onde se anulam os dr

dF .

Dividindo os dois lados por r, temos:

zeroFdr

Fd 2

2

2

Desta vez, para solução duma equação na qual a derivada segunda de uma função

somada à própria função dá zero, escolheremos uma exponencial.

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23

'

rjKeCF

O que fornece : rjKer

CA (a rigor deveríamos admitir também a solução com

expoente positivo mas ela representaria uma onda dirigindo-se para a origem, o que não faz

sentido no presente caso).

Esta solução é válida para todo o espaço, exceto na origem. Se quisermos incluí-la,

temos de fazer uma adequação de fronteiras...isto pode ser conseguido fazendo-se a integral

de volume dos dois lados da equação sobre uma esfera de raio ro e fazendo ro tender a zero:

dvJdvAA ][][ o22

zeroo r zeroo r

Sendo A um escalar, pode-se considerar )(2 A , donde:

dvJAdvdvA ][)( o2 ][

zeroo r zeroo r

Usando-se o teorema da divergência ( VdsVdv ) na 1a. integral, vem:

dvJAdvAds ][ o2 ][

zeroo r zeroo r

Considerando-se que o potencial vetor é função apenas de r (devido à simetria esférica

do problema); temos:

ds = r2 sendd , como elemento de área e

dv = r2 sendddr , como elemento de volume em coordenadas esféricas e

dv = ds.dl no lado direito:

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24

'

dsdlJdrddsenArKddsenrdr

dA][ o

222 ][

zeroo r zeroo r

Substituindo rjKer

CA , (solução obtida para pontos externos à fonte), vem:

dldsJdrddsenrer

CKddsenr

dr

er

Cd

rjK

rjK

][)( o222 ][

zeroo r zeroo r

Uma vez que 2

])([

r

eejKrC

dr

er

Cd rjKrjK

rjK

, vem:

dldsJdrddsenrer

CKddsenr

r

eejKrC rjKrjKrjK

][)(])([

o222

2][

zeroo r zeroo r

Em que se eliminam os r2 da 1ª. parte do lado esquerdo. Pode notar que a segunda

integral do lado esquerdo tende a zero quando o raio tende a zero.

Considerando-se ainda que IJds , vem:

dlIddseneejKrC rjKrjKo])([

zeroo r

A 1a parcela dentro dos colchetes tende a zero quando r tende a zero. A segunda, no

entanto, tende a - 1. Logo, ficamos com:

dlIddsenC o

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25

'

Como CddsenC 4 , vem: - 4 π C = - μo I dl

4

o dlIC

e

rjKer

dlIA ]

4[

o

Vamos lembrar que rjKer

CA foi a solução que encontramos para o espaço livre.

Nas últimas passagens encontramos o valor da constante C que a adapta à existência de uma

fonte infinitesimal colocada na origem do sistema de coordenadas.

Do resultado a que chegamos se conclui que a amplitude de A cai com r (como

havíamos suposto), mas a interpretação mais interessante vem da expressão acima convertida

para o domínio do tempo (o que se faz multiplicando-a por e -jt

e pegando a parte real do

resultado):

)cos(]4

[)(o

Krtr

dlItA

Onde vemos que um elemento de corrente emite uma onda na qual, não só a amplitude

decai com a distância, mas se afasta da origem, uma vez que, para manter (t - Kr) constante

à medida em que o tempo passa, r tem de crescer.

Voltando à expressão rjKer

dlIA ]

4[

o

e lembrando que ela é a amplitude de um

vetor que aponta na direção z, podemos expressar:

rjKz e

r

dlIA ]

4[

o

Notar, desde logo, que um aumento de I dl (ou mais propriamente da integral de I dl)

vai aumentar a amplitude de A.

Uma vez que estamos tratando de funções senoidais, um aumento da sua amplitude

implica num aumento da sua derivada.

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26

'

Consequentemente um aumento da integral de I dl fará crescer o campo magnético que

é uma derivada espacial de A. Crescendo o campo magnético, cresce também o elétrico que

também é uma derivada espacial daquele.

2.1.6 Cálculo dos campos elétrico e magnético irradiados por um dipolo infinitesimal

Para calcular o xAz e consequentemente o campo B, temos de expressar as

componentes de Az nas direções de r e (a projeção de um vetor az na direção é nula):

Ar = Az cos θ = rjKer

dlI

cos

4][

o

rA- rjKesen

r

dlI

][

4

o

e

Aθ = - Az sen θ = - rjKesenr

dlI

][

4

o

r

rAjω rjKesen

r

dlI

][

4

o

B = x A =

a

A

r

rA

r

r

1=

aesenj

rr

dlI rjK

1

4

o

A qual, para pontos nos quais r >> 1, região chamada “de campo distante” se

simplifica:

B =

aesen

r

dlIj rjK

4

o H =

aesen

r

dlIj rjK

4

Seguindo raciocínio semelhante, usando Ej

xH

o

, chega-se a:

E =

aesen

r

dlIj rjK

o

o

4

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27

'

Notar que, na região de campo distante,

o

o

H

E chamada impedância

intrínseca do vácuo. Esta relação é válida para qualquer tipo de antena, desde que

considerados os campos na região distante.

Outra relação genérica que fica patente é: rE H S , chamado vetor de Poynting

ou densidade superficial de potência, uma vez que a sua unidade é 2

V A W

m m m , que

demonstra que a antena de fato “irradia”, isto é, emite campos elétrico e magnético na direção

radial.

2.2 Diagrama de irradiação

Figura 13 - Diagrama de irradiação de um dipolo de 0,8 λ

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28

'

Figura 14 - diagrama de irradiação de um dipolo de 1,25 λ

Figura 15 - Os dois diagramas juntos para efeitos de comparação

Podemos definir diagrama de irradiação como “qualquer demonstração gráfica das

propriedades de irradiação de uma antena em função apenas de variáveis de direção”. Ou seja,

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29

'

o diagrama de irradiação não pode ser função da distância do ponto considerado até a antena.

Por causa disto eles são feitos na região de campo distante e “escalados” de modo que o

máximo da irradiação seja sempre tangente ao círculo máximo do diagrama e tomado como

referência de direções (ela passa a ser o “zero graus” da escala de direções).

2.3 Tipos de antenas

Além dos dipolos, existem também os monopolos (metade de um dipolo) como

componentes de uma classe à qual se poderia dar o nome de antenas de fios.

Figura 16 - Monopolo real da faixa de UHF

Figura 17 - Diagrama de Irradiação tridimensional de um dipolo.

Uma outra classe de antenas pode ser genericamente chamada de conjuntos. Os

conjuntos mais fáceis de serem vistos no dia-a-dia são as antenas compostas por vários

dipolos (as “espinhas de peixe”), mas eles podem ser compostos por diversos tipos de

elementos.

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Num conjunto Yagi, apenas um elemento é alimentado (o 2o. da esquerda para a

direita). Os demais são chamados parasitas porque re-irradiam o que recebem do alimentado.

O resultado final é a soma do que irradiam todos os elementos. Este tipo de antena se

caracteriza pelo alto ganho e estreita faixa de frequências em que trabalham (as dimensões

dos dipolos e as distâncias entre eles são função do comprimento de onda para o qual a antena

é projetada. Consequentemente ela fica “amarrada” a uma determinada frequência).

Figura 18 - Montagens práticas de antenas Yagi

Figura 19 - Yagi: Diagrama de irradiação típico

Num conjunto log-periódico, todos os elementos são alimentados de forma cruzada

como se pode ver na figura acima. Ela se caracteriza por não ter um ganho tão alto quanto o

de uma Yagi, mas tem uma faixa de frequências de trabalho bem ampla (pode-se pensar que,

em cada trecho desta faixa, um dos dipolos vai “trabalhar bem” enquanto os demais vão

“atrapalhar pouco”). Suas dimensões e espaçamentos decaem de forma logarítmica, daí o

nome dado a este tipo de conjunto.

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Figura 20 - Log-periódica real. O tubo de cima alimenta alguns

dipolos e o de baixo outros (realização prática da alimentação cruzada)

Figura 21 - Log-Periódica: diagrama de irradiação típico

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No caminho inverso a parabólica funciona como uma receptora de alta receptividade

(também chamada de área efetiva de recepção como veremos adiante).

Figura 22 - Antenas parabólicas reais

Pares de parabólicas são usados para ligações ponto a ponto em que se necessita de

grande concentração da energia, tais como links de satélites. Neste caso concreto, como a

maioria das comunicações é feita com satélites geoestacionários, a elevação da antena (ver

figura abaixo) varia com a latitude do local.

No Equador a antena fica voltada “para cima” na vertical. À medida que se afasta do

Equador, o ângulo de elevação vai diminuindo.

Figura 23 – Ângulo de elevação de uma Parabólica

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O ganho de uma parabólica está relacionado com o diâmetro da sua “boca”.

Figura 24 - Exemplo de conjunto de parabólicas

(DiSEqC = Digital Satellite Equipment Control)

Outros tipos de antenas refletoras podem ter refletores planos, ou formando um “canto” de

90° em cujo interior se coloca um dipolo.

Figura 25 - Exemplos de antenas refletoras

Existem também as antenas de abertura, ou cornetas. As cornetas usadas na prática

também podem ter secção reta circular ou elíptica.

Figura 26 - Exemplos de antenas de abertura

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No caso das antenas refletoras e das de abertura seria muito difícil determinar as

correntes existentes na estrutura para, depois, calcular a irradiação destas. Prefere-se então

calcular o efeito de uma antena deste tipo a partir do campo conhecido existente em alguma

região.

Antenas-lente Como acontece com os raios de luz, os das ondas eletromagnéticas também

têm suas direções alteradas ao passar pela separação de meios em que elas têm velocidades

diferentes. Desta forma existem antenas feitas de materiais plásticos (nos quais a velocidade

da onda normalmente é menor que no ar por causa do seu elevado ε, vamos lembrar que, a

grosso modo, a velocidade de uma onda é proporcional ao inverso da raiz de µε). Uma

aplicação típica para este tipo de antena é nas “bocas” dos guias que alimentam parabólicas

(no lugar das habituais cornetas) com a vantagem de que, além de proporcionar cobertura para

todo o paraboloide, mantém a entrada tampada, livre da entrada de chuva e outras sujeiras

que, ao longo do tempo, prejudicariam o funcionamento do sistema.

Um exemplo deste tipo de antena pode ser visto na figura a seguir:

Figura 27 - Exemplo de antena-lente. A velocidade da onda é menor no plástico

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3 Processamento Adaptativo de Sinais Eletromagnéticos

3.1 Introdução

Passaremos a estudar um dos temas de maior atualidade no campo das Antenas. As

antenas adaptativas são elementos extremamente promissores e já estão sendo usadas em

sistemas de telefonia móvel, radares, e aviões não tripulados.

Este tipo de sistema é sempre composto por um conjunto de antenas. No caso das

transmissoras a sua alimentação é adequadamente defasada de modo a se construir um

determinado diagrama de irradiação. No caso das receptoras os sinais recebidos é que são

adequadamente defasados para, por exemplo, receber melhor sinais vindos de determinada

direção.

Nunca é demais lembrar que o que um sistema faz na transmissão ele faz também na

recepção (desde que na mesma frequência, claro). Sem nos demorarmos em demonstrações

matemáticas complicadas, basta pensar que, se não fosse assim nenhum radar funcionaria

porque eles usam uma única antena para transmitir e receber os pulsos irradiados e recebidos

em momentos diferentes que podem ser considerados como indo e vindo da mesma direção,

uma vez que a velocidade de giro (mecânica) do sistema é muito menor que a da propagação

das ondas eletromagnéticas (mesmo que estas tenham de caminhar uma distância muito

grande). Estas grandezas devem ser levadas em consideração no projeto e na implementação

de qualquer radar para definir o tamanho (duração) do seu pulso e a sua FRP (Frequência de

Repetição de pulsos).

3.2 Compreensão física do assunto

A figura abaixo representa a conhecida onda que se forma quando gotas caem a

intervalos regulares de tempo em uma bacia com água:

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Figura 28 - Representação da onda gerada por uma série de gotas

que caem na superfície de uma bacia a intervalos regulares de tempo

Comecemos imaginando uma cuba d’água na qual caem duas séries de gotas a espaços

iguais de tempo (mesma frequência) e simultâneas (em fase).

As ondas originadas em cada ponto em que caem gotas se propagarão com

velocidades iguais, uma vez que esta depende apenas do meio de propagação que é o mesmo

para as duas (a água). Elas levarão sempre tempos iguais para chegarem a qualquer ponto da

mediana que passa pelo ponto central da reta que une os dois pontos em que caem gotas como

se pode ver na figura abaixo:

Figura 29 - Gotas simultâneas caindo com a mesma frequência

Na direção da mediana as duas chegarão sempre em fase e, portanto somando-se.

Quando houver uma crista de uma haverá uma crista da outra. Quando houver um vale de

uma haverá um vale da outra... Logo, nesta direção elas se somam e a amplitude resultante

das duas será o dobro da de cada uma isolada.

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À medida que nos afastamos desta direção particular a simultaneidade diminui e, em

consequência, a interferência construtiva entre ambas, acarretando menores amplitudes na

resultante. Aproveitando o que já sabemos sobre diagramas de irradiação, poderíamos resumir

o que foi dito na figura que segue:

Figura 30 - “Diagrama de Irradiação” das gotas que caem em fase.

Se, no entanto, uma das gotas cair um pouco atrasada em relação à outra, a primeira

onda caminhará mais até atingir um ponto em que esteja em fase com a que saiu do ponto em

que cai a segunda gota (simplesmente porque saiu antes). Consequentemente o diagrama de

irradiação “dá uma inclinada” como pode ser visto na figura a seguir:

Figura 31 - “Diagrama de Irradiação” de duas gotas que caem fora de fase.

Em (a) a gota da esquerda está atrasada, ao contrário do que acontece em (b).

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Esta é a ideia física que está por trás do assunto que estamos estudando: vamos ver de

que modo alterar a diferença de fase entre duas ou mais antenas de modo a obter alguma

vantagem no processo (por exemplo, um diagrama de irradiação de particular interesse).

3.3 Compreensão Física do assunto usando ondas eletromagnéticas

Esta(s) diferença(s) de fase é (são) conseguida(s) com a inserção de atrasadores dos

sinais em que isto seja interessante. Matematicamente estes atrasadores são simbolizados por

multiplicadores inseridos no circuito. Vale a pena lembrar que, pelo menos no domínio da

frequência, (em que os multiplicadores são representados por números complexos) os

atrasadores são conseguidos pelo produto de um sinal por um número complexo de fase

negativa.

Um exemplo simples serve para ilustrar a existência e o cálculo de um conjunto de

pesos (multiplicadores) W1 a W4 que permitirão a recepção do sinal de uma determinada

direção ao mesmo tempo em que rejeitarão um ruído que chegue de outra direção (por

enquanto suposta conhecida). O exemplo é ilustrado pela figura a seguir:

Figura 32 - Configuração do conjunto que rejeita o sinal vindo de uma determinada direção

Chamemos o sinal que vem da direção desejada de “piloto”, p(t)=Psen(ωot), onde

ωo=2πf. Chamemos o outro sinal (ruído) de n(t)=Nsen(ωot), incidindo no conjunto a um ângulo

de π/6 radianos. Assume-se que o sinal e o ruído têm exatamente a mesma frequência fo. No

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conjunto há duas antenas omnidirecionais afastadas de λ/2 uma da outra. Tomaremos como

referência de tempos (e fases) o ponto médio da reta que une as duas antenas.

O sinal recebido por cada antena é repassado para dois pesos variáveis sendo que um

deles é precedido por um atrasador de 1/(4fo) = T/4 = 90º = π/2, (dependendo da variável que

interesse usar em cada momento). Depois os quatro sinais são somados para formar a saída do

conjunto.

Estamos em condições de estudar o problema de obter um conjunto de pesos que

aceitem p(t) e rejeitem n(t). Note que, para qualquer conjunto de pesos não nulos a saída será

do tipo Asen(ωot+α) e existem algumas soluções que fazem a saída ser p(t). Entretanto a saída

deve ser independente da amplitude e da fase do ruído para que este seja rejeitado.

Satisfazendo estas duas condições, chegamos a um conjunto único de pesos.

A saída do conjunto em função do piloto (notar que ele vem da direção de 0º, tomada

como referência de direções, não causando, portanto, diferenças de fase devidas a diferenças

de percursos até as antenas) é:

S(t) = P[(w1 + w3) senωot + (w2 + w4) sen(ωot – π/2)],

onde os w’s são pesos e ω é a frequência angular.

Para que esta saída seja exatamente igual ao sinal desejado p(t)=Psen(ωot) é necessário

que

W1 + W3 = 1

W2 + W4 = 0

Com respeito ao ponto intermediário entre as antenas, as fases relativas do ruído nas

duas antenas são: ±[1/(4fo) sen π /6 = ±1/(8fo) = ± λo/8c, que correspondem a uma mudança de

fase de ± π/4 na frequência fo.

Outra maneira de descobrir a defasagem entre os ruídos que chegam às antenas e o que

chega ao ponto de referência (intermediário entre elas), notando que a diferença de percursos

vale λ/4 sen(π/6), o que implica em uma defasagem de sen ( a defasagem causada

por um percurso de λ/4 é /2 por uma simples regra de três, uma vez que a distância λ

causaria 2 de defasagem). Numa delas o ruído vai chegar antes de chegar ao ponto de

referência (implicando em avanço, ou seja, fase positiva) e na outra depois (implicando em

atraso, ou seja, fase negativa).

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A saída correspondente a um ruído que chega em um ângulo de π/6 com relação à

direção de referência é:

N[W1sen(ωot – π/4)+W2sen(ωot - 3π/4)+W3sen(ωot + π/4) + W4sen(ωot – π/4)]

O sinal ligado a W1 estará atrasado de π/4 em relação ao que chega no centro

geométrico do conjunto. Ao sinal ligado em W2 soma-se ainda um atraso de π/2. O sinal

ligado a W3 estará adiantado de π/4 e ao ligado a W4 soma-se um atraso (portanto negativo)

de π/2 àquele.

Uma vez que sen(ωot + π/4) = sen(ωot - 3π/4 + π) = - sen(ωot + π/4) pode-se escrever:

N[W1sen(ωot – π/4)+W2sen(ωot - 3π/4) - W3sen(ωot - π/4) + W4sen(ωot – π/4)]

Para esta resposta ser nula é necessário que:

W1 + W4 = 0

W2 – W3 = 0

O conjunto de pesos que satisfaz os requerimentos do sinal e do ruído pode ser

encontrado resolvendo as equações acima. A solução é:

w1 = ½; w2 = ½; w3 = ½ e w4 = -1/2.

Com estes pesos o conjunto terá o comportamento desejado aceitando o sinal de uma

determinada direção e rejeitando o ruído que chega de outra direção, mesmo que este tenha a

mesma frequência do sinal.

O método descrito é mais ilustrativo que prático. Ele seria útil num caso com poucos

sinais de ruído, de mesma frequência e cujas direções de chegada fossem conhecidas a priori.

Um sistema prático não pode depender de informação detalhada sobre o número e a natureza

dos sinais de ruído incidentes.

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3.4 Um aperfeiçoamento no sistema anterior

Supondo agora que haja um único sinal interferente (chamado de ruído na figura a

seguir), cuja direção se pretenda determinar, de igual frequência que a de um sinal desejado

(chamado de Piloto), podemos, didaticamente, fazer o seguinte raciocínio:

Figura 33 – Recepção do sinal de forma aperfeiçoada

Sabemos que um sinal que incida no conjunto fazendo um ângulo de 90º (notar que

estamos usando agora a reta suporte que une as antenas como referência de direções para que

se note que isto é arbitrário) estará em fase nas duas antenas.

Se ele chegar fazendo um ângulo de 60º, podemos pensar em W1 = 1 e obrigar W2 a

atrasar o sinal que incide na antena da direita de 2(d/).cos 60º (se a distância percorrida a

mais pelo sinal que incide na antena 1 fosse o atraso seria de 2sendo d.cos o atraso será

proporcional).

Isto seria conseguido fazendo W2 = e –j(d/) cos60º. Para entender isto, basta lembrar que

o sinal incidente, por exemplo cos ot, pode ser representado por ejot e, depois dele passar

pelo sistema, considerar apenas a parte real do resultado. Como (e–j(d/) cos60º)x(ejot) =

ej(ot-(d/) cos 60º), a parte real do resultado seria cos(ot - (d/cos60º), ou seja, o sinal original

atrasado de 60º.

Por comparação, conclui-se que se o sinal chegar fazendo um ângulo W2 deveria ser

ej(d/)cos para se conseguir a soma de dois sinais em fase na saída do sistema.

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Para se descobrir a direção de chegada de um sinal pode-se, por exemplo, fazer

variar de grau em grau (ou seja, variar W2 continuamente) analisando a saída do sistema até

que ela seja máxima.

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4 O Arduino

“Um Arduino é um microcontrolador de placa única e um conjunto de software para

programá-lo. O hardware consiste em um projeto simples de hardware livre para o

controlador, com um processador Atmel AVR e suporte embutido de entrada/saída. O

software consiste de uma linguagem de programação padrão e do bootloader que roda na

placa.” [3]

Simplificando, podemos dizer que se trata de um dispositivo eletrônico programável

que tem a função de controlar os dispositivos conectados a ele. Um exemplo básico e clássico

seria sua utilização para monitorar a acendimento automático de luz em ambientes comerciais.

Basta conectar um sensor de presença em sua entrada e a lâmpada em sua saída. [4]

Outros exemplos de projetos interessantes seriam conecta-lo a LEDs, displays

(mostradores) de matriz de pontos, botões, interruptores, motores, sensores de temperatura,

sensores de pressão, sensores de distância, receptores GPS, receptores GSM, Antenas, etc.

São vastos os tipos de aplicações possíveis.

Um importante e vantajoso atributo do Arduino é o fato do mesmo ser totalmente

“open source”, além de ser considerado como tecnologia ou plataforma embarcada, ou seja,

caso queira-se transformar um projeto em algo permanente, basta retirar o chip e coloca-lo em

uma placa de circuito impresso.

Dentre as inúmeras variações, destacam-se o Arduino Uno. Este utiliza um chip

Atmega8U2, que além das vantagens econômicas, sobressai-se por possuir uma tecnologia

mais amigável e de fácil acesso para iniciantes. Ao conecta-lo a um computador via USB, o

mesmo é reconhecido como um dispositivo, assim como um pendrive. Neste projeto, a versão

utilizada será o Arduino Uno.

4.1 O que há em uma placa de Arduino?

O coração do Arduino é o microcontrolador. Praticamente todo o resto está ligado às

estradas e saídas analógica, digital, de energia e comunicação com o computador. Ele possui

tudo que um computador comum tem. Um processador, uma memória RAM de alguns

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kilobytes, uma EEPROM ou uma memória FLASH para programarmos e pinos de entrada e

saída.

As entradas podem ler ambos os sinais digital e analógico. Isto permite conectar

diferentes tipos de sensores nele. As saídas também podem ser analógica e digital. Sendo

assim, podemos setar um pino como ligado ou desligado (0V ou 5V) ou podemos usar a saída

para controlar dispositivos de maior potência como motores.

A figura abaixo apresenta uma placa Arduino típica:

Figura 34 – Placa Arduino Duemilanove

Conectores de Energia: O primeiro pino é o de Reset. Ele reinicia a placa, assim como

acontece quando reiniciamos nosso PC. O resto dos pinos desta seção fornecem

diferentes valores de voltagem (3.3, 5, GND e 9).

A próxima seção de conectores são as Entradas Analógicas numeradas de 0 a 5. Estes

seis pinos podem ser usados para medir a voltagem conectadas a eles e então estes

valores serão usados na programação. Mesmo nomeados como entradas analógicas,

estes pinos também podem ser usados como entradas ou saídas digitais, mas por

padrão, elas vêm configuradas com entradas analógicas.

Por último vêm os conectores digitais. Numerados de 0 a 13, estes podem ser usados

tanto como entrada quanto saída com os valores 0V e 5V.

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4.2 Conectando um receptor de sinal na entrada analógica do Arduino

Quando analisamos uma onda senoidal através de um osciloscópio, vemos algo como

na figura abaixo:

Figura 35 – Sinal senoidal em um osciloscópio

A amplitude do sinal é a distância entre a voltagem central e seu valor máximo ou

mínimo. No caso da figura 35, a onda possui uma amplitude de 2V de pico, ou seja, +2V de

máximo e -2V de mínimo.

Isto se torna um problema quando tentamos analisar este tipo de sinal na entrada

analógica do Arduino, uma vez que o mesmo pode medir apenas voltagens positivas entre 0V

e 5V. Caso tentemos analisar valores negativos com o Arduino, ele medirá como sendo 0V e a

onda ficará grampeada neste valor inferior. [5]

Sendo assim, um circuito como o da figura abaixo foi utilizado neste projeto para a

recepção dos sinais senoidais através do Arduino:

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Figura 36 – Circuito do esquema de recepção de sinais pelo Arduino

O sinal (Vin) que chega é amplificado com o auxílio do amplificador não inversor com

ganho ajustável, composto por um Amplificador Operacional, um potenciômetro de 10K

ohms e um resistor de 100K ohms. Os capacitores de 10uF e 47nF têm a função de eliminar

qualquer tipo de interferência DC do sinal amplificado e o divisor resistivo formado pelos

dois resistores de 100K ohms adicionam um offset de 2.5V na entrada. Sendo assim, o sinal

que entra no Arduino seria bem parecido com o da figura 37.

Figura 37 – Sinal amplificado com offset de 2.5V que entra no Arduino

Ao carregar o código da figura 38 no Arduino, exibimos na interface serial em que o

Arduino está conectado (PC, Laptop, etc) os dados recebidos na entrada analógica A0.

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Figura 38 – Código simples para apresentação dos dados

que chegam na entrada analógica do Arduino

Os valores da variável “incomingSignal” estarão no intervalo de 0 a 1023, o que

significa que ao entrar no Arduino, o sinal é convertido digitalmente em outro de 10bits.

Sendo assim, teríamos a seguinte correspondência:

Analógico Digital

0.0V 0

2.5V 512

5.0V 1023

Fica evidente que os valores não se limitam a apenas estes três e a quantidade de dados

entre estes intervalos dependerá muito da taxa de amostragem com que os valores analógicos

serão convertidos para digital pelo Arduino.

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4.3 Arduino e Matlab

No que tange este projeto, esta comunicação poderia ser feita de forma simples. Os

valores “printados” na porta serial via Arduino seriam capturados pelo Matlab, utilizando a

linha de comando apresentada na figura 39.

Figura 39 – Script de Matlab para capturar os dados recebidos na porta serial

Como se pode ver, seriam capturadas 100 amostras vindas do Arduino!

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5 Descobrindo a DOA com o Arduino

Este foi o objetivo maior deste projeto. Trata-se do programa em C rodando no

Arduino. Os comentários nele constantes são bem explicativos.

int analogPin1 = 0; // 1a. entrada analógica int analogPin2 = 2; // 2a. entrada analógica int primeira_vez = 1;

int i = 1; // contador do while que vai calcular a média dos valores de entrada int k1 = 0; // contador do número de picos que serão encontrados int sinal_original_um[100]; int sinal_original_dois[100]; int contador_de_medidas; float pi = 3.1415; float valor_temporario_de_pico_sinal_um = 0; float valor_temporario_de_pico_sinal_dois = 0;

float Media_do_sinal_um = 0; float Media_do_sinal_dois = 0; float Media_valdois = 0; float soma_sinal_um = 0; float soma_sinal_dois = 0; float sinal_um_sem_media =0; unsigned long tempo_primeiro_pico; unsigned long tempo_segundo_pico;

float periodo; float frequencia; unsigned long time1[100]; unsigned long time2[100]; void setup() { Serial.begin(9600); // setup serial }

void loop() { // Colhe 100 amostras de cada uma das entradas if (primeira_vez == 1) // verifica se é a primeira vez que está passando por aqui { while (i<=100) { sinal_original_um[i] = analogRead(analogPin1); // lê 100 valores da 1a. entrada

time1[i] = micros(); sinal_original_dois[i] = analogRead(analogPin2); // lê 100 valores da 2a. entrada time2[i] = micros(); i++; } // calcula valor de pico e valor médio de cada sinal // calcula período, frequência do sinal um e diferença de // tempos entre os dois sinais

i=1; int derivada_um = 0; int derivada_dois = 0; int contador_de_picos_um =0; int contador_de_picos_dois =0; float valor_de_pico_sinal_um [10]; float valor_de_pico_sinal_dois [10]; float tempo_do_pico_um [10];

float tempo_do_pico_dois [10]; float Diferenca_de_tempos; float Diferenca_relativa_de_tempos; float Direcao_de_chegada;

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As figuras abaixo ilustram os sinais recebidos pelo Arduino. A atenuação do sinal em

vermelho é decorrente do circuito responsável pela defasagem “forçada” que foi criada entre

os sinais. Os resultados obtidos na saída serial do Arduino estão abaixo de cada figura.

while (i<=100) { if (sinal_original_um[i-1] <= sinal_original_um[i] && sinal_original_um[i] > sinal_original_um[i+1]) { contador_de_picos_um = contador_de_picos_um +1; tempo_do_pico_um [contador_de_picos_um] = time1[i]; }

if (sinal_original_dois[i-1] <= sinal_original_dois[i] && sinal_original_dois[i] > sinal_original_dois[i+1]) { contador_de_picos_dois = contador_de_picos_dois +1; tempo_do_pico_dois [contador_de_picos_dois] = time2[i]; } i++; }

periodo = tempo_do_pico_um [2] - tempo_do_pico_um [1]; Serial.print ("periodo = "); Serial.println (periodo); frequencia = 1000000.0/periodo; // lembrar que o período está em microsegundos Serial.print ("frequencia = "); Serial.println (frequencia);

Diferenca_de_tempos = tempo_do_pico_dois [1] - tempo_do_pico_um [1]; // Supondo que a distância entre os microfones equivalha a lambda/2 ==> T/2 // que a diferença de tempos haja sido causada apenas pela diferença de percursos // tomando a reta que contem os microfones como referência de ângulos Direcao_de_chegada_rad = acos(Diferenca_de_tempos/(periodo/2)); // (diferença de tempos / tempo necessário para percorrer // a distância entre as antenas que é a hipotenusa do triângulo que contem as duas grandezas)

Serial.print ("Direcao de chegada do sinal = "); Serial.print(180*Direcao_de_chegada_rad/npi); Serial.println (" graus"); primeira_vez = 0; // avisa que já passou pela amostragem } // fecha o if primeira_vez

} // fecha o void loop()

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Figura 43 – Senoides de 140hz.

Período = 6968.00

Frequência = 143.51

Diferença relativa de tempos = 0.23

Direção de chegada do sinal = 61.90 graus

Figura 44 – Senoides de 160hz.

Período = 6000.00

Frequência = 166.67

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Diferença relativa de tempos = 0.26

Direção de chegada do sinal = 58.67 graus

Figura 45 – Senoides de 180Hz.

Período = 5520.00

Frequência = 181.16

Diferença relativa de tempos = 0.24

Direção de chegada do sinal = 61.43 graus

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6 Determinando a DOA com o Matlab

Para fins de comparação e confirmação dos resultados obtidos com o Arduino,

podemos agora programar alguns algoritmos de determinação da direção de chegada de um

sinal através do Matlab.

Seria interessante utilizar os mesmos dados de entrada analisados com o Arduino.

Sendo assim, foram gerados arquivos de texto com os logs das amostras tratadas para os

sinais de 140hz, 160hz e 180hz. Estes arquivos contêm apenas uma linha e N*5 colunas, onde

N representa o número de amostras de cada sinal num determinado intervalo de tempo.

Figura 46 – Parte do arquivo com os dados do sinal de 140hz.

Como pode ser visualizado na figura 46, a primeira coluna contém o índice das

primeiras amostras, a segunda coluna contém o valor do primeiro sinal, a terceira coluna

contém o instante do primeiro sinal, a quarta coluna contém o valor do segundo sinal e a

quinta coluna contém o instante do segundo sinal. A partir daí vemos as amostras

subsequentes respeitando o mesmo padrão.

6.1 Primeiro programa: Determinando a DOA com o mesmo

algoritmo usado no Arduino

Primeiramente parece interessante utilizarmos o poder computacional do Matlab para

simularmos e plotarmos os resultados obtidos via Arduino. Sendo assim, abaixo será

apresentado um programa que utiliza o mesmo algoritmo implementado no microcontrolador.

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clear all;

clc;

%Lendo os dados do arquivo de texto referente ao sinal recebido x = importdata(arquivo.txt');

%O conteúdo do arquivo é do tipo: %'1 456 272.00 492 392.00 2 560 512.00 493 632.00 ...' %onde o primeiro termo ('1') se refere ao número da amostra %o segundo termo se refere ao valor da amostra na entrada A0 %o terceiro termo se refere ao instante da amostra na entrada A0 %o quarto termo se refere ao valor da amostra na entrada A1 %o quinto termo se refere ao instante da amostra na entrada A1 %a partir daí temos as próximas amostras onde o padrão se repete

%Carregando os dados do arquivo em variáveis i=1; j=1; while i<length(x) X(j)=x(i+1); %Matriz com os valores das amostras na entrada A0 t1(j)=x(i+2);%Matriz com os instantes das amostras na entrada A0 Y(j)=x(i+3); %Matriz com os valores das amostras na entrada A1 t2(j)=x(i+4);%Matriz com os instantes das amostras na entrada A1 j=j+1; i=i+5; end

%Eliminando repetições desnecessárias que podem atrapalhar a

%determinação da DOA for i=1:length(Y)-1 if Y(i)==Y(i+1) Y(i+1)=Y(i)+1; end end for i=1:length(X)-1 if X(i)==X(i+1) X(i+1)=X(i)+1; end end

%Determinando os pontos no tempo onde há máximo em cada senoide j=1; for i=2:(length(X)-1) if (X(i-1)<X(i))&&(X(i)>X(i+1)) MAX_X(j) = t1(i); j=j+1; end end j=1; for i=2:(length(Y)-1) if (Y(i-1)<Y(i))&&(Y(i)>Y(i+1)) MAX_Y(j) = t2(i); j=j+1; end

end

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Os resultados obtidos foram:

%Tendo os pontos de máximo de cada senoide, determina-se o periodo

médio periodo=0; for i=2:(length(MAX_X)) periodo=periodo+MAX_X(i)-MAX_X(i-1); end periodo=periodo*0.000001/(i-1); %O tempo está em microssegundos frequencia = 1/periodo;

%Apenas para saber que matriz é maior if(length(MAX_X)>=length(MAX_Y)) limite=length(MAX_Y); else limite=length(MAX_X); end

%Determinando a fase e diferença de tempo dos dois sinais fase=0; for i=1:limite fase=fase+MAX_Y(i)-MAX_X(i); end fase=fase/limite; diferencaTempo=fase*0.000001;

%Plotando os sinais e apresentando os resultados plot(t1,X, 'r', t2,Y, 'g')

xlabel('t', 'Color', 'b')

ylabel('Sinais defasados', 'Color', 'b')

fase=(diferencaTempo/periodo)*2*pi

DOA=acosd(2*diferencaTempo/periodo)

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Figura 47 – Sinais de 140hz plotados no Matlab

Frequência = 143.2938Hz.

Fase =1.4790rad.

DOA = 61.9158º.

Figura 48 – Sinais de 160hz plotados no Matlab

Frequência = 164.1138Hz.

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Fase = 1.5529rad.

DOA = 60.3757º.

Figura 49 – Sinais de 180hz plotados no Matlab

Frequência = 184.7063Hz.

Fase = 1.5366rad.

DOA = 60.7184º.

Abaixo, temos uma tabela comparando os valores encontrados com este método tanto

no Arduino como no Matlab, para os sinais de 140Hz, 160Hz e 180Hz:

140Hz 160Hz 180Hz

Fase DOA Fase DOA Fase DOA

Com o

Arduino

1.44rad 61.90º 1.62rad 58.67º 1.51rad 61.43º

Com o

Matlab

1.48rad 61.92º 1.55rad 60.37º 1.54rad 60.72º

Tabela 1 – Comparativo entre o mesmo método implementado no Arduino e Matlab.

Como era previsto, os resultados são quase idênticos aos encontrados com o Arduino.

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6.2 Segundo programa: Determinando a DOA por um método

alternativo (deslocamento de um sinal em relação ao outro

fazendo o produto escalar entre eles em cada posição)

Este método alternativo tem o intuito de verificar os resultados obtidos com o

Arduino.

Ele consiste no princípio de deslocar um dos sinais e manter o outro “parado”. Em

alguma posição do deslocamento eles ficarão em fase. Se continuarmos deslocando o sinal,

em outra posição relativa eles ficarão defasados de 180º. Como pode ser visto na figura 50,

se resolvermos deslocar o sinal em verde e mantivermos o sinal em vermelho parado, quando

este deslocamento for de N amostras, teremos os sinais em fase. Com esta informação

determina-se a defasagem Φ entre eles.

Ao continuarmos o deslocamento, fica fácil de entender que quando este for de N+M,

os sinais estarão defasados de 180º, ou seja, T= π.

Figura 50 – Senoides defasadas de N amostras

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Sendo os sinais verde e vermelho vetores X(k)=A.sen(kt) e Y(k)=B.sen(kt+Φ),

respectivamente, onde k corresponde à amostra atual, podemos fazer o produto escalar entre

eles a cada deslocamento de X(k) de uma em uma amostra. Este produto escalar será máximo

quando eles estiverem em fase e mínimo quando estiverem defasados de 180º. Uma simples

relação matemática nos daria o valor de Φ.

O programa em Matlab que implementa este método de determinação da defasagem de

dois sinais é:

% ALGORITMO QUE DESCOBRE A FASE ATRAVÉS DO DESLOCAMENTO DO PRIMEIRO

%SINAL EM 360º, FAZENDO O PRODUTO ESCALAR COM O 2º SINAL

% O primeiro pico do produto escalar mostrará quando estiverem em fase,

%daí basta determinar quantas amostras há do início a este primeiro pico. Esta

%será a defasagem dos sinais.

%Sendo X E Y os vetores que contém as amostras dos sinais defasados.

%Deslocando X de 360º e realizando o produto escalar dos dois sinais

Y=transpose(Y);

for i=1:length(X)

ProdScalar(i)=X*Y;

k=X(length(X));

for j=1:length(X)-1

X(length(X)-j+1)=X(length(X)-j);

end

X(1)=k;

end

%Achando o primeiro ponto de máximo do produto escalar, ou seja, quando os dois

%sinais entram em fase

for i=2:(length(ProdScalar))

if (ProdScalar(i-1)<ProdScalar(i))&&(ProdScalar(i)>ProdScalar(i+1))

break;

end

end

pontoMax=i;

%Achando o primeiro ponto de mínimo do produto escalar para termos a noção de

%quanto vale meio período do sinal

for i=2:(length(ProdScalar))

if (ProdScalar(i-1)>ProdScalar(i))&&(ProdScalar(i)<ProdScalar(i+1))

break;

end

end

pontoMin=i;

%Sabendo os primeiros pontos de máximo e mínimo do produto escalar, basta fazer

%uma simples regra de 3 onde a distância do ponto de máximo ao ponto de mínimo

%corresponde a 180º de fase e a distância da origem ao ponto de máximo corresponde

%à fase desejada

disp('Fase dos sinais e DOA encontrados por um método alternativo:');

fase=pontoMax*pi/(pontoMin-pontoMax)

DOA= acosd(fase2/pi)

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A tabela a seguir apresenta os resultados obtidos por este método, comparando com os

resultados do Arduino:

140Hz 160Hz 180Hz

Fase DOA Fase DOA Fase DOA

Método do

Arduino

1.44rad 61.90º 1.62rad 58.67º 1.51rad 61.43º

Método

Alternativo

1.47rad 62.18º 1.45rad 62.51º 1.71rad 56.94º

Tabela 2 – Resultado comparativo entre os métodos Arduino x Alternativo

6.3 Terceiro programa: Determinando o Diagrama de Irradiação de

um conjunto pelo método do Atraso e Soma (Delay-and-Sum)

considerando a Potência irradiada.

Figura 51 – Estrutura ‘Beamforming’ clássica

Segundo Rias Muhamed [6] este método, também chamado de Método

‘Beamforming’ Clássico ou Método de Fourier, é uma das técnicas mais simples de

determinação da direção de chegada (DOA) de um sinal. Deve-se, no entanto, lembrar que o

diagrama de irradiação e o de recepção de uma antena (normalizados) são idênticos numa

mesma frequência. A seguir trata-se de um ou de outro indistintamente.

y(k) na figura 51 é dado pela soma linear dos sinais recebidos, multiplicados pelos

respectivos pesos w,

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A potência total de saída pode ser expressa por

Onde é a matriz de autocorrelação de x(k).

Sendo os pesos w=a(θ), onde a(θ) é composto pelos vetores das defasagens de cada

sinal, temos a nova relação

Portanto, tendo uma estimativa da autocorrelação das entradas e dos vetores a(θ) para

cada θ desejado, é possível estimar a potência de saída em função de θ. A potência de saída

em função do ângulo θ é comumente denominada Espectro Espacial.

Um programa que apresenta o Diagrama de Irradiação é:

Resultados obtidos:

O resultado obtido para a onda de 180Hz foi:

%Sabendo a priori o valor da fase dos sinais, temos a(θ) dados por

a=[1 ; exp(1i*fase)];

prodacum=zeros(2);

for k=1:200

% cálculo da autocorrelaçao de X

Z=exp(1i*omega*k)*a;

Zt=conj(Z);

for linha = 1:length(Z),

for col = 1:length(Z),

prod(linha,col) = Z(linha)*Zt(col);

end

end

prodacum = prodacum + prod;

end

Rxx = prodacum/k;

% Calculando P(θ)

for teta=1:180

tetaRad=teta*pi/180;

phi(teta) = tetaRad;

a=[1 ; exp(1i*pi*cos(tetaRad))];

Pot(teta)=ctranspose(a)*Rxx*a;

end

polar(phi, Pot);

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Figura 52 – Diagrama de Irradiação da energia de saída em função de θ para o sinal de 180Hz.

Este método serviu apenas para termos uma noção visual e didática de como fica o

Diagrama de Irradiação da energia de saída em função de θ.

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7 Conclusões

Conforme descrito no Capítulo 1, o objetivo deste trabalho foi propor uma análise

metodológica para a concepção de um sistema capaz de determinar o ângulo ou direção de

chegada de um sinal sonoro.

Foi implementado um algoritmo no domínio do tempo que rodou num Arduino e

seus resultados foram validados através de uma metodologia diferente (deslocamento de

amostras fazendo o produto escalar dos vetores a cada posição) no Matlab.

Foi apresentado também um algoritmo para se traçar um diagrama de irradiação em

função da potência irradiada.

Por fim, no que tange o programa rodando no Arduino diretamente, foi observado que

as respostas foram rápidas e precisas. Isto prova que esta tecnologia pode ser empregada em

diversas aplicações de controle em tempo real.

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Referências Bibliográficas

[1] GROSS, Frank B. - Smart Antennas for Wireless Communications with

MATLAB, McGraw-Hill, 2005.

[2] MARTINS, Ricardo Rhomberg, Apostila do Curso de Antenas e

Processamento, v.14.

[3] CONTEÚDO aberto. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em:

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Arduino > Acesso em: 8 out 2013.

[4] MCROBERTS, Michael – Arduino Básico, Novatec Editora Ltda. 2011.

[5] MONK, Simon – 30 Arduino Projects for th Evil Genius, McGraw-Hill,

2010.

[6] MUHAMED, Rias – Direction of Arrival Estimation using Antenna Arrays,

Master of Science in Electrical Engineering, Virginia Polytechnic Institute and

State University, 1996.