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DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM XANXARÉ, SANTA CATARINA, BRASIL: POSSIBILIDADES PARA UM FIM MAIS SUSTENTÁVEL SPADOTTO, Aryane (1) e BATISTA, Geovani Rafael (2) (1)Arquiteta e Urbanista. FAU/UNOESC – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus de Xanxerê. [email protected] (2) Graduando em Arquitetura e Urbanismo, FAU/UNOESC – faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus de Xanxerê. [email protected] Resumo Este trabalho buscou estudar novas estratégias de redução e destinação de resíduos da construção civil, bem como tomar conhecimento sobre o que vem sendo feito com o entulho gerado no município de Xanxerê (distância de 1678 km da capital nacional - Brasília), Santa Catarina, Brasil, para que assim fosse possível propor uma melhor destinação final aos resíduos sólidos de construção. Para isso foram realizadas pesquisas de campo com o uso de questionários de apoio em órgãos municipais, associações de catadores e empresas da cidade que possuem ligação direta ou indireta quanto a produção de resíduos da construção civil no município. Além destes levantamentos de dados, foram estudadas estratégias adotadas em outras cidades brasileiras e em outros países, assim como a legislação vigente, para compreender a viabilidade de implantação destas estratégias na cidade de Xanxerê. Com este estudo foi possível identificar as estratégias em relação aos resíduos adotadas pelo município, possibilitando-se assim a adoção de novas abordagens ao problema. para um maior controle sobre os resíduos gerados na cidade e na adoção de maneiras mais adequadas para uma destinação final mais sustentável. Palavras-chave: Resíduos da Construção Civil, Destino mais Sustentável para Resíduos.

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DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM XANXARÉ, SANTA CATARINA, BRASIL: POSSIBILIDADES PARA UM FIM MAIS SUSTENTÁVEL

SPADOTTO, Aryane (1) e BATISTA, Geovani Rafael (2)

(1)Arquiteta e Urbanista. FAU/UNOESC – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus de Xanxerê. [email protected]

(2) Graduando em Arquitetura e Urbanismo, FAU/UNOESC – faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus de Xanxerê. [email protected]

Resumo

Este trabalho buscou estudar novas estratégias de redução e destinação de

resíduos da construção civil, bem como tomar conhecimento sobre o que vem

sendo feito com o entulho gerado no município de Xanxerê (distância de 1678

km da capital nacional - Brasília), Santa Catarina, Brasil, para que assim fosse

possível propor uma melhor destinação final aos resíduos sólidos de

construção. Para isso foram realizadas pesquisas de campo com o uso de

questionários de apoio em órgãos municipais, associações de catadores e

empresas da cidade que possuem ligação direta ou indireta quanto a produção

de resíduos da construção civil no município. Além destes levantamentos de

dados, foram estudadas estratégias adotadas em outras cidades brasileiras e

em outros países, assim como a legislação vigente, para compreender a

viabilidade de implantação destas estratégias na cidade de Xanxerê. Com este

estudo foi possível identificar as estratégias em relação aos resíduos adotadas

pelo município, possibilitando-se assim a adoção de novas abordagens ao

problema. para um maior controle sobre os resíduos gerados na cidade e na

adoção de maneiras mais adequadas para uma destinação final mais

sustentável.

Palavras-chave: Resíduos da Construção Civil, Destino mais Sustentável para

Resíduos.

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Abstract

This paper has as its objective the study of new strategies for the reduction and

the destination of construction waste, as well as to acknowledge what is being

done with the waste produced in the city of Xanxare (distance of 580 km. from

the State Capital, Florionopolis), Santa Catarina, Brazil, in order to propose

actions for a better destination of solid waste from construction. In order to

achieve this, a field survey was carried out with the use of support

questionnaires , interviewing authorities, collectors’ associations and

companies, which have a direct or indirect link to the production of construction

waste in the city. Furthermore, strategies adopted in other Brazilian cities and

abroad were also studied, as well as the existing legislation, in order to

understand the feasibility of using such strategies in Xanxare. With this study it

was possible to identify the current strategies relative to waste destination

adopted by the city, allowing the adoption of new approaches to the problem, so

as to exercise a better control over the construction waste produced in the city

and to adopt adequate ways to ensure a more sustainable final destination.

Keywords: Waste; Sustainable Waste Destination

Introdução Em panoramas gerais, sabe-se que a construção civil é responsável por gerar

grandes quantidades de resíduos sólidos. Especificamente no Brasil, a

produção de entulho proveniente da construção civil é estimada em 685 000

000 toneladas. Não somente o descarte de resíduos, mas também alterações

no meio ambiente são causadas pela construção civil. Estes acontecem desde

as etapas iniciais de processos de extração de matérias-primas e durante toda

vida útil de cada edificação (FRAGA, 2006).

No Brasil a preocupação com os resíduos da construção civil é recente.

Processos de reciclagem são conhecidos desde a antiguidade, e na Europa 2

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foram utilizados em sua reconstrução após a Segunda Guerra Mundial. No final

da década de 1960 foram implantadas políticas de gestão de resíduos nos

Estados Unidos da América. Para Jhon e Agopyan (2000): “[...] a reciclagem de

resíduos de construção encontra-se em estágio relativamente avançado seja

no aspecto de redução de sua geração durante a atividade de construção,

políticas públicas para o manuseio dos resíduos e ainda tecnologias para a

reciclagem” (JHON; AGOPYAN, 2000, p. 2).

Um grande problema enfrentado atualmente na área de reciclagem de entulhos

é a falta de conhecimento sobre as tecnologias existentes e a transmissão

destas entre países que poderiam ser aplicadas. A reciclagem e reutilização do

entulho são inevitáveis para a melhoria do desenvolvimento das cidades, e visa

não apenas reduzir os custos monetários, mas também preservar os recursos

naturais, além de diminuir áreas de contaminação, já que há falta de lugares

adequados ou soluções que absorvam esta demanda de produção

(ALCANTARA, 2005).

Para que sejam adotados novos procedimentos de gestão dos resíduos é

necessário que haja estudos para diagnosticar a quantidade e as

características dos resíduos da construção civil gerados nos municípios, pois

cada região utiliza de processos construtivos e materiais diferentes na

construção.

Com isso, é necessário que cada região avalie os resíduos produzidos, para

que assim possam-se propor soluções eficientes de redução e destinação dos

mesmos. Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizado levantamento de

dados, na cidade de Xanxerê, Santa Catarina, Brasil, para o conhecimento dos

principais tipos de entulhos gerados na construção civil.

Para tanto, foi necessário o estudo de temas relacionados à produção e

destinação de resíduos da construção civil, bem como formas de classificação,

diminuição e reaproveitamento dos mesmos, legislação vigente, dentre outros.

Conhecendo o atual destino dos materiais, elaborando análises, levantamentos

e estudos de características dos resíduos de construção civil originados na

cidade de Xanxerê, torna-se possível a elaboração de propostas para a

destinação final mais sustentável dos materiais provenientes de resíduos da

construção civil no município.

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Dados Atuais A construção civil é uma atividade de suma importância para o

desenvolvimento econômico e social em todo o mundo. A importância do setor

pode ser vista através de indicadores econômicos, como em 2002 que sua

participação no Produto Interno Bruto brasileiro correspondeu a 8% (BRASIL,

2005a). No entanto a atividade é grande geradora de impactos ambientais.

Desde a extração e consumo de recursos, na alteração de ambientes até a

geração de resíduos (PINTO, 2005).

Os problemas enfrentados com a produção de resíduos sólidos de construção

e demolição são o desconhecimento dos volumes gerados e dos impactos que

causam, dos custos envolvidos e quais as possibilidades de reaproveitamento

(PINTO, 1999). Sendo então a correta gestão destes resíduos o principal

problema enfrentado pela maioria das cidades.

O conceito de desenvolvimento sustentável e a globalização causaram o

aumento na busca de novas e melhores técnicas para uso na produção de

materiais da construção civil e reaproveitamento de RCD (Resíduos de

Construção e Demolição), bem como maior preocupação em relação à

destinação correta destes em todo o mundo. A reciclagem de RCD existe

desde a antiguidade, no entanto apenas recentemente vem sendo utilizada

como material da construção civil. Este método foi inicialmente utilizado na

Europa, após a Segunda Guerra Mundial para a reconstrução de algumas

cidades. Atualmente a Holanda é líder absoluta na reciclagem de RCD,

chegando a atingir em torno de 90% a fração de material reciclado (ÂNGULO;

ZORDAN; JOHN, 2007).

Leis e regulamentações rigorosas, com aplicações firmes e bem fiscalizadas,

são uma das estratégias que contribuiu na redução da quantidade de resíduos

gerados e a destinação final irregular em diversos países. Punições severas e

o apoio da sociedade em exigir de empresas que atuem de maneira

responsável com o meio ambiente fizeram com que em países como a Bélgica,

Japão, Holanda e Dinamarca, a reciclagem e o reaproveitamento sejam

destaque em suas agendas políticas. Já no Reino Unido houve diminuição

significativa da quantidade de resíduos de concreto gerados através da

cobrança de taxas sobre a deposição. Esta ação incentivou usinas de concreto

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pré-misturado a controlar e reduzir o volume de resíduos (BUTTLER;

CORREA; RAMALHO, 2009).

Impactos Gerados A destinação de resíduos sólidos da construção civil, assim como sua correta

gestão, são pontos de difícil resolução, tendo em vista o pensamento de menor

impacto ao meio ambiente e ao setor socioeconômico.

É crescente o volume dos RCD (Resíduos de Construção e Demolição),

perante o aumento da população, da necessidade de consumo e da falta de

preocupação em relação à preservação dos recursos (AEC, 2011).

No Brasil atualmente se produz, um montante diário de 241.614 toneladas de

resíduos sólidos urbanos, estes dispostos, quase que em sua totalidade, a céu

aberto (ALCANTARA, 2005, p.26), e segundo Pinto (2005) isto evidencia, falta

de efetividade ou, em alguns casos, a inexistência de políticas públicas que

disciplinam e ordenam o destino dos resíduos da construção civil nas cidades

que, associada ao descompromisso dos geradores no manejo e,

principalmente, na destinação dos resíduos, provocam grandes impactos

ambientais.

O poder público municipal deve exercer um papel fundamental para disciplinar

o fluxo dos resíduos, utilizando instrumentos para regular especialmente a

geração dos detritos provenientes de eventos informais (PINTO, 2005).

Não somente a incorreta gestão dos RCD é proveniente do setor de

construção, mas também outros impactos ambientais de poluição, como

exemplo cita-se a indústria de cimento do Brasil, onde é responsável por 6% do

total CO² gerado em âmbito nacional (JOHN, 2000).

Embora segundo Ângulo, Zordan e John (2007), a maior experiência brasileira

na área da reciclagem de resíduos de construção é a conduzida pela indústria

cimenteira, que recicla, principalmente, escórias de alto forno básicas e cinzas

volantes, estima-se que em 1996, a indústria cimenteira brasileira reduziu a

geração de CO2 em 29%, e uma economia de combustível de 28%, com a

adoção da reciclagem desses componentes.

Conforme Schneider (2003), “os principais impactos sanitários e ambientais

relacionados aos RCD talvez sejam aqueles associados às deposições

irregulares”, uma vez que, os resíduos da construção civil podem apresentar

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resquícios de óleo de maquinários utilizados na construção, pinturas e

asbestos de telhas de cimento amianto, por exemplo, que são considerados

resíduos perigosos. Além de que o acúmulo dos RCD em lugar inadequado

pode atrair resíduos não inertes, tornando o local nicho ecológico de muitas

espécies de vetores de patogênicos, como ratos, baratas, moscas, vermes,

bactérias, fungos e vírus.

A falta de locais apropriados para deposição dos resíduos faz com que

materiais sejam acumulados em áreas urbanas, desvalorizando essas áreas e

sendo custosos para posterior saneamento, causando problemas ambientais.

Os resíduos de construção e demolição representam um total que fica entre

41% e 70% da massa total dos resíduos sólidos urbanos brasileiros (PINTO,

1999). A quantidade de resíduos gerados por um município é, normalmente,

diretamente proporcional ao seu grau de desenvolvimento, sendo resultado das

maiores atividades econômicas e dos hábitos de consumo decorrentes, assim,

é provável que os problemas relacionados com a gestão de resíduos sejam

mais intensos nas vinte e seis regiões metropolitanas do país, onde vivem

pouco mais de 40% da população brasileira (SCHNEIDER, 2003).

A remoção destes resíduos acumulados irregularmente onera os cofres

públicos municipais. As estimativas de Pinto (1999) variaram entre US$5,4/ton

e US$14,8/ton de RCD recolhido para diferentes cidades e técnicas de

recolhimento. A Prefeitura Municipal de São Paulo recolhe diariamente 4 mil

toneladas de entulho, a um custo mensal de R$ 4,5 milhões, o que permite

estimar um custo de US$30/ton (JOHN; AGOPYAN,2001).

A Lei da Política Nacional de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007) assinala

a necessidade dos Municípios elaborarem seus Planos de Saneamento,

incluindo o abastecimento de água, efluentes sanitário, manejo de águas

pluviais e dos resíduos sólidos, a mesma lei indica a obrigatoriedade da

participação da população na elaboração do Plano. “A participação de todos os

segmentos da sociedade faz com que o plano seja de todos e permita a

implantação e manutenção de um sistema sustentável que atenda de fato às

demandas da comunidade” (MESQUITA JUNIOR, 2007).

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Legislação Criada, no dia 5 de julho de 2002, a Resolução nº307 do CONAMA (Conselho

Nacional do Meio Ambiente), que leva em consideração a Lei de Crimes

Ambientais, de fevereiro de 1998, em que prevê penalidades a quem dispõe

resíduos de maneira discordante a legislação, e, também, o Estatuto da Cidade

- Leinº 10.257, de 10 de julho de 2001, para tratar dos resíduos da construção

civil.

Essa resolução define e classifica os tipos de resíduos gerados nas obras, bem

como estabelece possíveis destinos para os mesmos, além de atribuir

responsabilidades aos poderes públicos municipais e aos geradores de

resíduos. O Art. 2º da Resolução CONAMA nº 307 define:

I. Resíduos da construção civil: são os provenientes

de construções, reformas, reparos e demolições de

obras de construção civil, e os resultantes da

preparação e da escavação de terrenos, tais como:

tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos,

rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,

pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações,

fiação elétrica etc., comumente chamados de

entulhos de obras, caliça ou metralha;

II. Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas,

públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou

empreendimentos que gerem os resíduos definidos

nesta Resolução;

O Art. 3º classifica os resíduos da construção em quatro grupos, o primeiro,

Classe A, diz respeito a todo e qualquer tipo de material que possa ser

reciclado e reutilizado como agregado, a exemplo de: restos de tijolos,

argamassa, pedras, concreto, etc., os resíduos da Classe B, são materiais que

podem ser reciclados, porém, destinados a outros usos, como: plásticos,

papel/papelão, metais, vidros, madeiras, etc., na Classe C, se enquadram

materiais que não possuem processos de reciclagem ou reutilização, devido a

inviabilidade financeira ou ausência de tecnologia para isso, do último grupo,

Classe D, faz parte resíduos, vindos do processo de construção, diretamente

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nocivos a saúde humana, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou

materiais contaminados resultantes de demolições, reformas e reparos de

clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.

Esta mesma resolução define como principal responsável, pelo destino dos

resíduos, o próprio gerador, porém, cabe a administração dos municípios o

gerenciamento, bem como a viabilização de meios para a disposição correta

desses materiais. Segundo a resolução:

Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo

prioritário a não geração de resíduos e,

secundariamente, a redução, a reutilização, a

reciclagem e a destinação final.

[...]

Art. 5º É instrumento para a implementação da

gestão dos resíduos da construção civil o Plano

Integrado de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil, a ser elaborado pelos Municípios e

pelo Distrito Federal, o qual deverá incorporar:

I- Programa Municipal de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil,

II- Projetos de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil

No Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, os

municípios devem incluir:

I- As diretrizes técnicas e procedimentos para o

Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos

da Construção Civil e para os Projetos de

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a

serem elaborados pelos grandes geradores,

possibilitando o exercício das responsabilidades de

todos os geradores.

II. O cadastramento de áreas, públicas ou privadas,

aptas para recebimento, triagem e armazenamento

temporário de pequenos volumes, em conformidade

com o porte da área urbana municipal, possibilitando

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a destinação posterior dos resíduos oriundos de

pequenos geradores às áreas de beneficiamento;

III O estabelecimento de processos de licenciamento

para as áreas de beneficiamento e de disposição

final de resíduos;

IV. A proibição da disposição dos resíduos de

construção em áreas não licenciadas;

V. O incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis

ou reciclados no ciclo produtivo;

VI. A definição de critérios para o cadastramento de

transportadores;

VII Ações de orientação, de fiscalização e de

controle dos agentes envolvidos;

VIII. Ações educativas visando reduzir a geração de

resíduos e possibilitar a sua segregação

A resolução prevê ainda a forma como deverão ser destinados os resíduos:

Art. 10 Os resíduos da construção civil deverão ser

destinados das seguintes formas:

I. classe A - deverão ser reutilizados ou reciclados

na forma de agregados, ou encaminhados a áreas

de aterro de resíduos da construção civil, sendo

dispostos de modo a permitir a sua utilização ou

reciclagem futura;

II. classe B - deverão ser reutilizados, reciclados ou

encaminhados a áreas de armazenamento

temporário, sendo dispostos de modo a permitir a

sua utilização ou reciclagem futura;

III. classe C - deverão ser armazenados,

transportados e destinados em conformidade com as

normas técnicas especificas.

IV classe D - deverão ser armazenados,

transportados, reutilizados e destinados em

conformidade com as normas técnicas especificas.

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A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui, desde julho de

2004, cinco normas técnicas (NBR 15.112, 15.113, 15.114, 15.115) que tratam

do assunto, estabelecendo diretrizes para o manejo e uso correto de resíduos

da construção civil.

Redução e reciclagem. A partir da década de 1980 foram realizados os primeiros estudos de

processos de reciclagem de resíduos da construção civil. Em paralelo,

começou a ser utilizado um equipamento de pequeno porte chamado de

masseira-moinho, que faz a moagem de resíduos como argamassa e alvenaria,

permitindo sua reutilização como revestimento (PINTO, 1999. p. 93). O uso da

masseira-moinho traz bons resultados. Como a diminuição de perdas, redução

dos custos, gerenciamento de resíduos e diminui a quantidade e os impactos

causados pelo RCD (PINTO, 1999. p. 94).

Já no Brasil o uso de equipamentos de maior porte teve início na década de

1990, com a implantação de instalações em alguns municípios, sendo

adquiridos devidamente com plano de ações ou sem nenhum preparo. Em que,

dependendo do caso não trazendo resultados (PINTO, 1999. p. 94).

A reciclagem do entulho torna-se cada vez mais inevitável, pois somente nos

EUA estima-se que sejam gerados 7% do montante total gerado mundialmente

que é de cerca de 900 x 106 toneladas/ano de resíduos de construção e

demolição. Não sendo reciclada grande parte desse volume (BUTTLER;

CORRÊA; RAMALHO, 2009).

A primeira usina de reciclagem e reaproveitamento dos resíduos de construção

civil implantada com plano de gestão em Santa Catarina foi no município de

Balneário Camboriú. Esta foi criada pela atuação do Sindicato da Construção

Civil. Atualmente, dos 5.507 municípios brasileiros apenas 39 prefeituras

possui plano de gerenciamento dos resíduos da construção civil normatizado

(ADMIN, 2011).

Manejo e Gestão de Resíduos de Construção e Demolição. Segundo Pinto e Gonzáles (2005), a maioria dos municípios brasileiros já

possui sistemas de manejo, pelo menos na fase da coleta dos resíduos

domiciliares e de serviço de saúde. Já aos resíduos de construção e

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demolição, por não serem putrescíveis, acaba-se por aceitar a não

responsabilização dos geradores e o aumento dos lugares de deposições

irregulares, entretanto, a qualidade de vida urbana é, igualmente, afetada.

Como afirma Pinto (1999), existem duas medidas atuantes em relação ao

manejo de RCD: a gestão corretiva e a diferenciada. A gestão corretiva

caracteriza-se por ações emergenciais, e, portanto, onerosas ao poder público.

É este sistema que se faz presente na maioria dos municípios brasileiros, uma

vez que, as medidas são efetivas após a ocorrência da deposição em locais

inadequados, feitas através da limpeza do local. A gestão diferenciada, por sua

vez, valoriza ações preventivas elaboradas por meio de planejamento, e vem

sendo implantada em algumas cidades, principalmente, nas últimas décadas.

O programa de ações da gestão diferenciada sustenta-se por diretrizes básicas

que devem ser seguidas para um resultado satisfatório. Um fator de grande

importância na Gestão Diferenciada dos RCD é que essas diretrizes sejam

aplicadas de forma unificada, assim, permitindo a integração entre os agentes

(geradores e coletores, públicos e privados), com os processos que devem ser

articulados: coleta extensiva de resíduos, reciclagem eficiente da mais ampla

gama de tipos possível, uso intenso de resíduos reciclados em obras e serviços

públicos e privados (PINTO, 1999).

A diferenciação integral após a captação dos resíduos caracteriza-se pela

separação de toda a gama de resíduos que são descartados, inevitavelmente,

junto aos detritos de construção e demolição, como restos de podas, madeiras,

embalagens e rejeitos. Esse princípio permite interromper a irracionalidade da

gestão corretiva, que, por não contar com soluções efetivas de descarte,

“obriga a miscigenação dos resíduos sólidos, impossibilitando qualquer outro

processo que não seja seu aterramento (PINTO, 1999)”.

Levantamento de Dados. Para desenvolvimento do trabalho realizou-se uma pesquisa de campo a fim de

conhecer a situação atual do município em relação aos resíduos de construção

civil. Nesta etapa da pesquisa, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas

nos seguintes órgãos: Prefeitura Municipal de Xanxerê, Continental Obras e

Serviços, cinco empresas da construção civil (COMAX, Engemix, Paulino

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Construtora, Planta e Obra e EG Projetos) e com a Associação dos

Recicladores Xanxerê Amigos da Natureza – ARXAN.

Segundo informações da Prefeitura Municipal de Xanxerê - Secretaria de

Políticas Ambientais, no município de Xanxerê os órgãos responsáveis pela

fiscalização do destino dos materiais de construção civil são a Secretaria

Municipal de Políticas Ambientais e a Vigilância Sanitária.

Conforme a resolução nº 307 do CONAMA, municípios e empresas geradoras

de grandes quantidades de resíduos devem possuir um plano de

gerenciamento dos mesmos. Porém, atualmente a prefeitura municipal de

Xanxerê não possui plano de gerenciamento de resíduos para fornecer aos

pequenos geradores, bem como controlar os resíduos gerados na cidade.

Empresas privadas que necessitam de plano de gerenciamento de resíduos

próprio não são definidas pela prefeitura, nem controladas ou fiscalizadas. O

plano é elaborado por iniciativa da própria empresa, ou pelo tipo de resíduo

gerado. As leis seguidas pela prefeitura para o gerenciamento dos resíduos da

construção, e de outras áreas, são os padrões ISO (Organização Internacional

para Padronização). Esses padrões definem para cada tipo de material a

composição e o destino adequado.

A prefeitura municipal é que recolhe os entulhos destinados em locais

impróprios, que chegam a 05 toneladas por mês, o restante é de

responsabilidade da empresa Continental Obras e Serviços (contratada via

licitação, empresa especializada, para os Serviços de Coleta, Medição,

Transporte, Tratamento e Destinação Final de resíduos sólidos produzidos no

município de Xanxerê).

Os locais impróprios em que depositam os resíduos são principalmente em

áreas verdes do município, terrenos baldios, próximo a cursos d’água e

mananciais.

Segundo a empresa Continental o município de Xanxerê possui aterro próprio

para a destinação de resíduos de construção e demolição, licenciado pelos

órgãos ambientais e está localizado, no interior do município. Porém não é feito

controle sobre qual é a maior fonte produtora dos resíduos encaminhados ao

aterro, se construções novas, reformas ou demolições. A quantidade estimada

de entulho varia de 40 a 50 toneladas por dia conforme a época do ano e as

condições climáticas.

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Não é feita a classificação e seleção de materiais, pois diz ser inviável a

seleção para reciclagem pela baixa quantidade de resíduos gerados e o alto

custo de equipamentos. O entulho destinado em locais impróprios, segundo o

representante da empresa é de responsabilidade da prefeitura.

Atualmente a cidade não conta com nenhuma empresa que compre, ou receba

resíduos de construção civil do município para reciclagem.

Em relação aos valores que seriam cobrados por material de entulho

selecionado, o custo seria de aproximadamente 70% do custo de mercado de

algum material semelhante. Como por exemplo, a areia, agregado miúdo, custa

R$ 100,00 reais o metro cúbico, a mesma quantidade de pó de entulho, que

poderia substituir a areia, custaria R$ 70,00 reais o metro cúbico. Atualmente o

aterro recebe apenas entulho oriundo do município de Xanxerê, onde a “caixa”

custa para o gerador R$ 75,00 reais.

Em entrevista com demais empresas da cidade, relacionadas a construção civil

(COMAX, Engemix, Paulino Construtora, Planta e Obra e EG Projetos)

atualmente nenhuma das empresas entrevistadas possui plano de

gerenciamento de resíduos. Todas responderam que não possuem um plano

por “escrito”, mas que seguem as leis federais, estaduais e municipais

vigentes. Apesar das empresas não possuírem o plano, a maioria controla a

quantidade de entulho produzido. Este controle é feito pelo mestre de obras,

fiscalizando o andamento da obra para que não ocorram erros de execução,

que causaria demolições, e com a distribuição de “baias” para que os materiais

sejam armazenados separadamente.

As estratégias adotadas para diminuir a produção de entulho é investir na

qualificação da mão-de-obra, para que ocorram menos erros, organização do

canteiro, treinamento e conscientização dos funcionários. Nenhuma das

empresas recicla os materiais, mas o reutilizam. Uma delas utiliza argamassas

e tijolos como base de aterro, outra peneira resíduo do reboco e o utiliza no

contra piso. A madeira é totalmente reutilizada, como forma ou escora, ou

quando em pedaços menores como madeira para queima.

Materiais, como papel e plásticos, são separados para catadores, e o que não

é possível reaproveitar é encaminhado para a Continental, que leva para aterro

licenciado.

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Na cidade de Xanxerê existem aproximadamente 100 catadores de materiais

recicláveis, e, os principais materiais recolhidos são papéis, papelão, plásticos,

vidros, alumínio, cobre e ferro. A quantidade média de material coletado em

Xanxerê é de 40 toneladas mensais. Em supermercados e lojas, é que são

encontrados resíduos em maior quantidade. Já nas residências em volume

menor, e na maioria das vezes misturados com lixo orgânico.

Os materiais chegam misturados à associação de catadores, e então são

selecionados conforme cada tipo de material. Em obras de construção civil o

único material normalmente recolhido é o papel dos sacos de cimento. E

somente quando já estão separados para a coleta. Os materiais recolhidos são

encaminhados após a seleção para diversas empresas.

Como utilizar os resíduos de construção Com o aumento da preocupação com o uso de materiais sustentáveis,

reciclagem e a redução da produção de resíduos de construção civil, houve

maior investimento em tecnologia e pesquisas de novas formas de

reaproveitamento e produção destes materiais.

Algumas recomendações de como reduzir a quantidade de entulhos produzidos

e reutilizá-los na mesma obra são apontadas por Fraga (2006), como:

· No assentamento de batentes;

· Assentamento de esquadrias;

· Assentamento de blocos cerâmicos;

· Embonecamento de tubulações;

· Remendos e emendas em alvenaria;

· Enchimento de degraus e escadarias.

As recomendações apontadas por Fraga (2006) são de fácil aplicação tanto em

obras de pequeno porte como de grande porte devido às simples formas de

utilização.

Outras estratégias desenvolvidas com o objetivo de atenuar o impacto

ambiental negativo ou diminuir custos operacionais são ações aplicadas desde

a produção dos materiais de construção, considerando a possibilidade de

reciclagem até a sua completa eliminação.

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Um dos materiais que passou a ter um destino final sustentável foi o gesso. Em

que, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall

desenvolveu uma cartilha que mostra passo a passo seu processo de

reciclagem, do recebimento, a correta armazenagem, até soluções para

utilização correta (BEZERRA, 2011).

Em Santa Catarina outro resíduo que passou a ser reutilizado foi o originado na

maricultura. Pesquisadores da Universidade do Sul de Santa Catarina,

UNISUL, em parceria com a empresa de Biguaçu Blocaus Pré-Fabricados

desenvolveram um “bloco verde” utilizando cascas de ostras e mariscos como

agregados na fabricação (BATISTA et al, 2009).

Além de estratégias voltadas e reciclagem e reutilização de materiais surge o

ecodesign. O ecodesign tem como objetivo desenvolver projetos visando o

meio ambiente, pensando na redução do impacto ambiental causado pelos

produtos durante o processo de produção, consumo de matérias primas, uso

de energia, vida útil e destinação final (BARRA, PASCHOARELLI, RENÓFIO,

2006).

Muitas cidades brasileiras desenvolveram diferentes estratégias em busca do

desenvolvimento sustentável. Na cidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul,

foi elaborado o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos de Construção,

além de um web site para cadastro de dados e controle dos resíduos

(KARPINSKI, et al, 2008). Em Salvador, Bahia, foi implantado um projeto de

gestão diferenciada de entulho para resolver problemas de deposição de

entulho em locais inapropriados. Com este projeto foram gerados postos de

descarte de entulho (PDE) para pequenos geradores e bases de descarte de

entulho (BDE) para grandes geradores. Desta forma levando os resíduos

descartados a um destino final adequado (SALVADOR, 1997, 1999; BLOISI,

2002; CARNEIRO, BRUM e CASSA, 2001; apud AZEVEDO; KIPERSTOCK;

MORAES, 2007, pg. 2-3).

Na Holanda 90% dos resíduos de construção e demolição são reciclados, o

restante é encaminhado para incineração e aterro. Para conseguir atingir esses

índices foram elaboradas regulamentações municipais, ambientais e um

decreto de materiais de construção. Além da proibição de disposição

(BLUMENSCHEIN, 2001).

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Implantação de estratégias de redução e reciclagem dos resíduos de construção civil no município de Xanxerê – Conclusão Com a realização de pesquisas, levantamento de dados e entrevistas com

funcionários da Prefeitura Municipal de Xanxerê foi possível constatar que

atualmente a cidade não possui um plano de gestão para os resíduos de

construção civil, e as medidas adotadas são corretivas e não preventivas.

É importante iniciar com a implantação de estratégias que visam à melhor

gestão dos resíduos revisando e inserindo novas leis e regulamentações no

município. Considerando que estas são determinantes no modo de agir dos

geradores, administradores e moradores da cidade.

O esquema a seguir mostra a ordem de aplicação das estratégias:

Esquema 1: Ordem de aplicação das estratégias. Fonte: os autores.

A definição da ordem de aplicação das estratégias se deu considerando a

influência sobre as pessoas que vivem na sociedade, em que a legislação

seguida de conscientização faz com que a população passe a exigir das

empresas e administradores atitudes e posicionamentos adequados em

relação à produção e destinação dos resíduos.

As estratégias legais são as únicas que dependem unicamente do poder

público para que entrem em vigor e sejam efetivadas dentro do município. O

esquema a seguir mostra estas estratégias:

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Esquema 2: Estratégias legais. Fonte: os autores.

Já para a conscientização da população e envolvidos é necessário

essencialmente de publicidade e divulgação de informações sobre o descarte

correto do entulho e as ações adotadas no município. Xanxerê possui uma

emissora de televisão que pode ter papel importante e de grande contribuição

na divulgação das normas, guias e tudo que estiver relacionado com a gestão e

o manejo dos resíduos sólidos de construção civil.

O esquema a seguir mostra as estratégias encontradas com a finalidade de

conscientização:

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Esquema 3: Estratégias de conscientização dos envolvidos e população. Fonte: os autores.

As estratégias de redução dependem principalmente da atuação da mão de

obra, e de iniciativas como a escolha de materiais que usam menos energia na

produção e técnicas construtivas que gerem pouco ou nenhum desperdício.

As estratégias encontradas para a redução da produção de resíduos de

construção civil e que podem ser adotadas no município de Xanxerê estão no

esquema a seguir:

Esquema 4: Estratégias de redução.

Fonte: os autores.

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Estratégias comuns de reciclagem tornar-se-iam difíceis de serem implantadas,

devido ao alto investimento necessário para aplicação, sendo o investimento

apenas compensável de forma que a produção de entulho fosse igual ou maior

a 1000 toneladas por dia, diferentemente das estratégias descritas

anteriormente, onde são mínimos ou zerados os empecilhos para implantação.

As estratégias de reciclagem que podem ser adotadas no município estão no

esquema a seguir:

Esquema 5: Estratégias de reciclagem. Fonte: os autores.

Tendo em vista todos os pontos listados e mostrados nos esquemas de

implantação de estratégias de redução e reciclagem dos resíduos de

construção civil no município de Xanxerê, com a adoção de estratégias de

conscientização, redução e reciclagem, é possível possibilitar um destino mais

sustentável aos resíduos sólidos de construção e demolição para a cidade

pesquisada.

Ações estas que podem e devem ser ampliadas conforme o crescimento e

desenvolvimento da cidade, que por sua vez está diretamente ligado a

produção e quantidade de resíduos sólidos de RCD, assim, será possível

manter ou tornar a cidade livre de problemas causados por deposições

irregulares de entulho, tornando ou mantendo o município uma cidade mais

sustentável.

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