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Design para sistema de transporte de estudantes
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Universidade de São Paulo
Faculdade de Arquitetura e UrbanismoCurso de Design
Sérgio Yoshinobu Tamanaha
Orientador Professor Dr. Marcelo Oliveira
São Paulo 2014
Design para sistema de transporte de estudantes
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Sérgio Yoshinobu Tamanaha
Design para sistema de transporte de estudantes
Trabalho de Conclusão de Curso
Universidade de São PauloFaculdade de Arquitetura e UrbanismoCurso de Design
Aprovado em: / /
Banca Examinadora
Prof. Dr.: Instituição: Julgamento: Assinatura:
Prof. Dr.: Instituição: Julgamento: Assinatura:
Prof. Dr.: Instituição: Julgamento: Assinatura:
Prof. Dr.: Instituição: Julgamento: Assinatura:
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TAMANAHA, Sérgio Yoshinobu. Design para sistema de trans-porte de estudantes 2014. 136 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
Este trabalho consiste na pesquisa, levantamento de infor-mações sobre os sistemas de transporte escolar e projeto de veículo atrelado ao serviço. Traz a análise do cenário urbano com enfoque nos problemas de mobilidade da cidade de São Paulo. Contempla um breve estudo sobre a formação de sua estrutura urbana, bem como o impacto do período escolar no atual cenário.
Estuda a situação geral atual do sistema de transporte escolar no Brasil, trazendo dados gerais, legislação e os programas públicos referentes ao sistema. Destaca a importância das relações sociais envolvidas no transporte de estudantes, a influência do transporte coletivo no processo de socialização e formação de valores de um indivíduo. Aborda a necessidade do uso do carro e seu valor para seus donos. Questiona sobre a in-fluência do transporte escolar para a formação de uma cultura de mobilidade nas gerações futuras.
Propõe, por fim, um serviço estruturado de acordo com as ex-pectativas do usuário e um projeto de veículo desenvolvido de acordo com tal demanda.
Palavras Chave: Transporte Escolar. Cidade. Mobilidade Urbana. Mudança Social.
Resumo
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Agradecimentos
Aos Professores Artur Mausbach e Marcelo Oliveira pela orientação cuidadosa e atenciosa e por tudo que aprendi. Ao professor André Leme Fleury pelas conversas e orien-tações que contribuíram para a contrução deste trabalho. Aos meus familiares pelo carinho e pela paciência que tiveram comigo nesta reta final e por toda a ajuda para terminar este trabalho. Aos amigos e colegas pela amizade, compreensão, pelo aprendizado e crescimento no dia-a-dia e pela oportunidade de conviver com pessoas maravilhosas. Aos transportadores escolares Nando e Nice pelas conversas e informações fundamentais para a realização deste trabalho. Agradecimentos especiais a Mariana Izukawa, Juliana Tiemi e Mardem Pires pelas conversas, opiniões, referências, enfim, por toda a ajuda na realização deste projeto.
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1. Introdução 2. Mobilidade Urbana 2.1. Mobilidade em São Paulo 2.2. Impacto do período escolar no trânsito de São Paulo3. Transporte escolar no Brasil 3.1. A legislação 3.2. Os programas públicos4. Breve reflexão sociológica do transporte escolar 4.1. Por que as pessoas preferem usar o veículo privado?5. Estudos de Caso6. Identificação e descrição da oportunidade7. Caracterização geral do Segmento de Mercado8. Levantamento de Informações em campo9. QFD - Quality Function Deployment10. Planejamento do Serviço 10.1. Descrição do Serviço 10.2. Modelagem do serviço (Blue Print)11. Considerações sobre o serviço12. Desenvovimento do produto 12.1. Exterior 12.2. Interior13. Detalhamento da proposta14. Considerações finais15. Referências
Índice
131517
2127283033
374165677987959697
106109110 117125 135 136
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1. Introdução
O transporte terrestre foi o primeiro modo de deslocamento
conhecido pelo Homem, primeiro pela sua própria locomoção natural
e depois pelos animais que domesticou e utilizou como meio de trans-
porte. Mais tarde, a medida em que se desenvolveu intelectualmente,
começou a deslocar-se utilizando mecanismos inventados, como trenós
e, com a invenção da roda, através de carroças, bicicletas, motos, carros,
ônibus e outros.
Viver em uma cidade é estar constantemente em movimen-
to. Nos deslocamos fisicamente o tempo todo para satisfazer nossas
necessidades e realizar nossas atividades rotineiras: vamos ao trabalho,
a escola, ao cinema, ao shopping. Conseguimos com isso achar novas
maneiras de nos reinventar e nos construir como seres sociais. Fazemos
isso por todo o território urbano.
Ao longo do tempo, os empregos e as facilidades do mundo
moderno se concentraram nas cidades, com isso, se concentraram tam-
bém os maiores problemas de mobilidade. Estar em um determinado
lugar em uma determinada hora, passou a ser um grande desafio. As
atividades cotidianas passaram a se encaixar dentro de agendas deter-
minadas por espaços físicos e de tempo.
O crescimento urbano trouxe consigo a necessidade de se
mover por distâncias cada vez maiores, fazendo do automóvel um gran-
de aliado em termos de rapidez e praticidade. Ele propiciou liberdade
individual e flexibilidade para ir mais longe e se tornou a maneira mais
confortável de se viajar, construindo toda uma simbologia a sua volta.
Em contrapartida, a facilidade de deslocamento e o desenvolvimento
dos transportes também promoveram o crescimento urbano, se consti-
tuindo em um ciclo de interdependência.
Entretanto, o aumento da concentração de automóveis gerou
congestionamentos, poluição e estresse. Milhões de automóveis não
são capazes de transitar com a mesma eficiência que outrora. Encon-
tramos aqui uma grande contradição: o automóvel, símbolo da liberda-
de se tornou uma prisão sobre rodas e a cidade scom todo seu caráter
dinâmico é repleta de filas e trânsito lento.
Neste cenário, as viagens dentro de cidades como São Paulo
passam a necessitar de um planejamento maior. Embora as pessoas se-
jam responsáveis pela escolha de seus deslocamentos, eles são também
determinados pelas demandas familiares. As crianças, por exemplo,
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se adaptam às necessidades dos adultos que trabalham. Uma mãe ou
pai, em contrapartida, frequentemente organiza seu deslocamento
considerando os horários das atividades das crianças. Desse modo, as
viagens são condicionadas por fatores externos na forma de disponibi-
lidade de “janelas de tempo” intercaladas entre várias atividades do dia.
A correria do dia a dia faz com que acompanhar os próprios
filhos em suas atividades seja uma tarefa difícil. Surgem então servi-
ços como o transporte escolar, com o objetivo de ajudar as pessoas a
“ganhar tempo”, uma vez que ao cumprir sua função principal, uma
van escolar abre espaço para os pais seguirem com suas outras obriga-
ções sociais. Muitos pais veem na praticidade do transporte escolar, um
meio seguro de resolver a necessidade de deslocamento de sua família
sem prejudicar os horários fixos, como o trabalho e a escola.
“Tem-se a impressão de que, ocupados demais com seus afazeres específicos, pais e
professores, por um ligeiro período do dia, concedem aos filhos e alunos um tempo li-
vre, de caos e desordem para alguns, mas de extravaso de criatividade para outros”
(PAPPEN 2004, pg. 28)
Os estudantes, por outro lado, têm no deslocamento para a
escola, um ambiente propício para a troca de papéis sociais, ou seja, a
socialização. Através dessa socialização é possível ver um processo de
aprendizagem e a construção de identidades sociais. Na rotina da van
escolar, os estudantes reproduzem suas experiências diárias em seus
pequenos grupos sociais. O transporte escolar é também uma escola.
“(...) os alunos tornam o ônibus escolar de lugar de regramentos em lugar de liber-
dade, na medida mesmo em que desenvolvem sua espontaneidade, que tanto pode
divertir como transmitir uma informação, um recado.” (PAPPEN 2004, pg. 45).
Numa sociedade que a cada dia vem sofrendo mais com o
transporte individual, o transporte coletivo escolar pode ser também
uma grande ferramenta para o nascimento de uma “cultura de mobi-
lidade” baseada no equilíbrio entre as necessidades de deslocamento
individual e a busca por reproduzir nossas identidades no confuso
ambiente urbano.
Este trabalho trará uma análise das relações sociais de estu-
dantes e uma visão geral do transporte escolar brasileiro a partir de
uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana,
tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta
pesquisa é formar uma base de informações que direcionem a uma
proposta de serviço e veículo destinados ao transporte escolar
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2. Mobilidade urbana
Quando se olha para o cenário nacional, se observa que a
maioria das metrópoles brasileiras mesclam o tráfego local com o trá-
fego de passagem. As vias acabam comportando automóveis, motos,
ônibus e caminhões junto com pedestres e veículos de tração humana
e animal. São veículos e tipos de tráfego com objetivos, velocidades e
alcances distintos, ou seja, “naturalmente” conflitantes e incompatíveis.
Na busca de acomodar o crescente volume de veículos pri-
vados, houve uma transformação das vias coletoras de bairro em vias
arteriais. O que temos hoje é uma malha viária marcada pelo alastra-
mento de congestionamentos, pelo aumento de emissões poluentes e
pela perda de atratividade do transporte coletivo.
Outro fator importante é que a ascensão econômica fez com
que diferentes estratos da população brasileira pedisse por uma oferta
diferenciada de imóveis, ou seja, o aumento de renda da população vem
se refletindo diretamente na construção civil. Novos bairros e condomí-
nios foram criados e as cidades vêm se desenvolvendo muitas vezes sem
o planejamento necessário.
O volume de automóveis particulares também aumentou.
Devido ao crédito facilitado, parte da população que sempre utilizou
o transporte coletivo, passou a ter também condições de possuir seu
carro particular. Novos imóveis e novos veículos trouxeram novas
rotas que pressionam a estrutura urbana. Esta, em contrapartida, não
se adapta com a velocidade e qualidade exigida.
“(...)Novos imóveis – sejam eles residenciais, comerciais ou para serviços, ou mesmo
mistos – surgem em praticamente todos os bairros, alterando suas densidades e exer-
cendo pressão sobre as infraestruturas instaladas. Os deslocamentos antes pendulares
bairro-centro, onde então residiam e trabalhavam nossos habitantes, agora se dão
em múltiplas direções. O aumento da renda também proporcionou a motorização de
uma parcela significativa dos então usuários cativos do transporte coletivo, através da
aquisição de autos e motos. Assim, multiplicam-se as origens e os destinos das viagens,
cresce a demanda pelo transporte privado e cai a demanda pelo transporte coletivo.”
(LINDAU, EMBARQ Brasil: Mobilidade Urbana).
As redes viárias não conseguem crescer na mesma velocidade
dos novos empreendimentos imobiliários e do volume crescente de
veículos. Além disso, se investe pouco na adequação de uma infraestru-
Figura 1. Fila de carros em São Paulo
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tura de transportes que recupere a escala humana do ambiente urbano.
As autoridades ainda apostam na construção de vias de trânsito rápido
para resolver temporariamente problemas localizados de congestiona-
mento. (ROLNIK; KLINTOWITZ, 2011).
Com os mesmos problemas e “soluções” agora chegando às
periferias, as crianças, por exemplo, são condenadas a compartilhar o
pouco espaço disponível em seus bairros com veículos que se deslo-
cam em velocidades cada vez maiores. A nova configuração da cidade
trouxe grandes barreiras físicas para os pedestres, como as vias rápidas
e as novas construções em forma de condomínios. Houve um esvazia-
mento do espaço público e o consequente diminuição de segurança.
“A modernização trouxe mudanças significativas nos padrões de viagem, aumen-
tando as atividades, as distâncias e os custos, tanto os diretos (pagamento pelos no-
vos serviços), quanto os indiretos, relativos aos meios de transporte necessários para
atender a essas novas necessidades. Agora, as crianças de classe média frequentam
escolas privadas, muitas vezes localizadas longe de suas casas, requerendo acompa-
nhamento de adultos.”
(VASCONCELLOS, 2000, pg. 112 e 113).
A falta de segurança criou medo na sociedade que buscou se
isolar, a todo custo, da “selvageria da cidade”. Esse comportamento
trouxe mudanças nas maneiras de se morar e se deslocar. Casas, esco-
las e carros se tornaram sinônimos de escudos. Mercados se criaram
ao redor desse novo “modo de se viver” e a classe média se reproduziu
nesse contexto.
Durante décadas, as políticas de transporte se preocuparam
em mover a maior quantidade possível de veículos da forma mais
rápida possível. Hoje, os grandes centros urbanos enfrentam o desa-
fio de tornar mais eficiente, seguro e confortável o fluxo das pessoas
pela cidade, além de melhorar a qualidade do ambiente de circulação
como um todo.
Figura 2. Muro alto separando condomínio da cidade, Barra Funda - São Paulo
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A cidade que não pode parar também não consegue andar.
São Paulo é a maior metrópole do país e possui a maior população do
hemisfério sul e, como outras grandes cidades do mundo, possui gra-
ves problemas de mobilidade. Esses problemas podem ser entendidos
analisando os fatos históricos que levaram a sua configuração atual.
A cidade oferece uma estrutura urbana que privilegia o veículo
privado. Essa afirmação pode ser explicada quando se estuda o pro-
cesso de planejamento de transportes usado até hoje. Ele foi baseado
na ideologia da mobilidade irrestrita, mas foram usados, na maioria
das vezes, critérios de avaliação econômica baseados na valorização do
tempo em função do salário das pessoas, o que favorece aqueles que
tem maior acesso o automóvel particular, em detrimento do transporte
coletivo e do deslocamento a pé. (VASCONCELLOS, 2000)
O resultado é uma cidade que possui um único meio “efi-
ciente” de se locomover: o carro. O desenho da malha de vias de São
Paulo vem tentando se adaptar ao crescente volume de veículos, mas
sua expansão se deu de forma desorganizada e sem o devido planeja-
mento.
2.1. Mobilidade em São Paulo
Figura 3. Trânsito no Corredor norte-sul da cidade de São Paulo (Foto: JF DIORIO/Estadão)
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Segundo Gasperini (1972, apud MAUSBACH p. 40, 2003),
“Durante Séculos, com o crescimento das aglomerações urbanas, esta trama foi se
ampliando, seguindo os mesmos princípios das trilhas dos burros, alastrando-se pe-
los subúrbios, invadindo campos, conquistando colinas, numa sequência inexorável e
contínua que atinge hoje escalas metropolitanas”.
A circulação urbana sempre foi determinante para a formação
dos espaços públicos. O desenho da cidade é muitas vezes pensado a
partir das vias, que são os espaços mais imediatos ligados as residências
e espaços habitáveis. Desde o início de sua construção, a cidade de São
Paulo teve raros momentos de crescimento devidamente planejado.
São Paulo nasceu como um ponto de ligação através de
estradas e rios que atendiam aos colonizadores, conectando o litoral ao
interior. A cidade cresceu a partir de seu “Triângulo” original formado
pela Praça da Sé, Largo de São Bento e Largo de São Francisco, e se
expandiu para o outro lado do Anhangabaú. Posteriormente surgiram
faixas de industrialização ao longo das ferrovias.
A partir daí, com as profundas transformações econômicas
causadas pela produção cafeeira, a cidade se expandiu com ferrovias,
bondes, estações e galpões. São Paulo se tornou o centro de comércio
e negócios do país.
Na década de 1930, o então prefeito Prestes Maia apresenta o
Estudo de um Plano de Avenidas para a Cidade de São Paulo. Com o
objetivo de descongestionar o centro da cidade, o plano propunha um
sistema envolvendo um anel viário no entorno do centro e transposto
por vias radiais que expandiriam a cidade em direção a periferia.
A cidade se desenvolveu através de propostas de loteamen-
to isolados. Estes loteamentos não se adaptavam mais a topografia
da região, mas atendia a um mercado imobiliário especulador. Dessa
maneira, a malha viária cresceu complexa e sem planejamento, limitada
pelos eixos radiais da cidade. O processo de loteamento não foi seguido
de um projeto de interligação entre eles. Os barros surgiram de forma
isolada.
“São Paulo se tornou uma colcha de retalhos de tecidos urbanos com diferentes
desenhos e pouca integração. Esta situação veio intensificar o uso e a importância
dos eixos radiais e circulares, que se tornaram os poucos caminhos identificáveis na
confusão urbana” (MAUSBACH, 2003, pg.49)
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A estrutura urbana de São Paulo ficou caracterizada por vias
convergentes no centro, traçados inesperados e diversos bairros inter-
ligados de forma deficiente, muitas vezes obrigando o cidadão a passar
pelo centro para atravessar a cidade.
Hoje, a cidade de São Paulo tem cerca de 11,4 milhões de
habitantes – sua população aumentou cerca de 8% entre 2001 e 2012.
Sua frota de veículos é de 4,8 milhões de automóveis e aumentou
60,1% entre 2003 e 2012. Foram mais de 2,5 milhões de veículos
novos nas ruas, 1,5 milhão de carros particulares e 510 mil motocicle-
tas. Na média, são quase 22 mil veículos por mês (730 por dia) a mais
(LAMAS, 2013).
Este cenário é reflexo da recente expansão de crédito e re-
dução de impostos para a indústria automotiva. Houve uma série de
quebras de recorde na venda de veículos. Como as vias não aumentam
na mesma velocidade, o resultado é a população tendo muito mais
dificuldades para se deslocar.
Entre 2002 e 2011, segundo a prefeitura de São Paulo, o
número de usuários de transporte coletivo cresceu cerca de 86%. É um
aumento de 2,8 milhões para 5,2 milhões de pessoas por dia (LAMAS,
2013), mostrando que a ascensão econômica, além do aumento da
compra de veículos, também gera maior acessibilidade aos serviços e
produtos que a cidade oferece. Um fator determinante para este au-
mento foi a implementação do Bilhete Único. No mesmo período, no
entanto, houve um aumento de apenas 50% na extensão e no número
de estações do metrô com a construção de mais uma linha.
Figura 4. Plano de Avenidas
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Outro ponto importante a se considerar é que existem defici-
ências no equipamento urbano. Na cidade temos cerca de 35 mil qui-
lômetros de calçadas pouco convidativas para caminhadas. Em 1985,
o então prefeito Jânio Quadros tornou os moradores responsáveis
diretos pelas calçadas paulistanas. A falta de manutenção é penalizada
com multa, no entanto, a fiscalização praticamente não existe (LA-
MAS, 2013).
Na década de 1990, outro agravante à deterioração do trans-
porte público se deve a configuração da política pública de transporte
urbano em um plano secundária – já que a constituição de 1988 afir-
mava que o transporte urbano era assunto de tutela municipal.
No mesmo momento, as empresas de ônibus urbanos avançaram o seu
fortalecimento enquanto oligopólio local, impondo sobre as adminis-
trações locais. Tal cenário gerou a crise do transporte urbano nacional,
marcada pela deterioração do sistema de calçadas, do transporte público,
do transporte a pé e de bicicleta.
Portanto, é possível compreender que a própria configuração da
cidade gera os gargalos que inviabilizam os deslocamentos nos horários de
maior movimento. Os planejamentos se mostraram fracassados ao pri-
vilegiarem resultados a curto prazo, sem considerar problemas futuros.
Favoreceram os transportes motorizados particulares e o crescimento
desordenado das cidades. O resultado da configuração urbana atual
paulistana é uma necessidade ampliada de serviços, rotas e espaços
físicos eficientes estruturalmente, tanto do ponto de vista do design
quanto da acessibilidade.
Figura 5: Calçada mal preservada em São Paulo.
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2.1.2. O Impacto do período escolar no trânsito de São Paulo
A escola pode ser considerada o segundo maior motivo de
deslocamentos diários na cidade, perdendo apenas para o trabalho. O
período de volta às aulas, no início e no meio do ano, causa um grande
impacto no trânsito das grandes cidades. Nesses dias, os maiores pro-
blemas podem ser vistos facilmente: o aumento do número de carros
nas vias, formas irregulares de estacionamento e a famosa “fila-dupla”
são as principais causas dos transtornos nessa época.
Outro ponto é a taxa de ocupação dos veículos, o número é de
cerca de 1,4 pessoa por carro em São Paulo (VOITH, 2011). A maioria
dos pais leva 1 ou 2 crianças, o que já é mais do que a média, no entanto,
caronas são raras. Dessa maneira, o uso do carro pode ser considerado
irresponsável, já que mesmo os menores carros populares são capazes de
transportar cinco pessoas.
Os gráficos abaixo mostram a diferenças nas médias de con-
gestionamento ao longo de um ano. É possível ver que os meses de
férias de janeiro e julho mostraram queda de vias congestionadas.
Gráfico 1. Média de trânsito lento em São Paulo em 2011 (CET)
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Os horários das escolas são bem próximos, o que provoca o
deslocamento da maioria dos estudantes ao mesmo tempo. Além disso,
muitos pais que trabalham durante todo o ano tiram férias no mesmo
período que seus filhos, o que contribui ainda mais para o aumento na
quantidade de veículos no período de volta às aulas. Segundo o Maplink,
isso é comprovado pois existe um pico de congestionamento no período
entre 18 e 20 horas. Pela manhã, o aumento de trânsito lento é distribuí-
do, ou seja, durante a manhã as pessoas saem de carro para a escola, cau-
sando o pico das 7 horas, e para o trabalho, causando uma distribuição
maior dos períodos de lentidão de acordo com seus horários de entrada
(VILELA, 2011).
Abaixo, o trânsito de São Paulo em julho de 2013. (Grafico 3) eo trânsito de São Paulo em agosto de 2013. (Gráfico 4).
Gráfico 2. Média de trânsito lento em São Paulo em 2012 (CET)
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Um dos motivos que leva o excesso de veículos particulares é
que os pais querem ter certeza de que seus filhos cheguem em segurança
sem a necessidade de descer de seus veículos, por isso, fazem questão
de entregá-los diretamente na porta das escolas. Como todos acabam
pensando de maneira semelhante, as vagas de estacionamento se tornam
raras e a fila dupla aparece.
De fato, a infração mais comum nessas regiões é a parada em
fila dupla. A penalidade é multa de R$ 127,69 e 5 pontos (infração de
natureza grave) na carteira nacional de habilitação segundo o Código de
Trânsito Brasileiro (CTB). Outra contravenção constante nesse período
é o uso do celular ao volante de pais procurando os filhos na saída da
escola.
Figura 6: Fila dupla em frente ao Colégio Arquidicesano. Fiscal tenta organizar o trânsito. (Foto: Cida Souza)
Abaixo, cones organizam fila para embarque na saída do Colégio Palmares, na zona oeste da Capital (fig. 7 e 8).
Em algumas escolas, ocorre a apropriação temporária de uma faixa da
via com o uso de cones. Este recurso acaba demarcando que apenas os
motoristas que vão fazer o embarque e o desembarque têm direito a usar
aquela faixa. Nesses casos, a quantidade de veículos excede a capacida-
de da via e a prática se torna necessária para que o impacto seja menor.
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A região com maior concentração de escolas particulares está
no bairro dos Jardins, na zona oeste da cidade. Entre as escolas que
geram maior impacto no trânsito na capital estão o Colégio e Univer-
sidade Mackenzie, Colégio Rio Branco, Colégio Renascença, FAAP,
Colégio São Luís, Colégio Dante Alighieri, Colégio Britânico, Escola
Mobile, Escola Viva, Colégio Bandeirantes, Colégio Arquidiocesano,
Colégio Santa Maria e EMEF José Amadei (SÃO PAULO (muni-
cípio), 2013). Portanto, o impacto no trânsito independe da escola
ser pública ou particular, o que gera o trânsito é o modo que os pais
veem como ideal para levar seus filhos. O transtorno também não é
restrito a determinados bairros, uma vez que longe do centro também
é possível encontrar o problema, mesmo que em escala menor.
Para agir diante de tal cenário, a CET, desenvolve um pla-
nejamento específico para o período de volta as aulas – as primeiras
semanas de fevereiro e de agosto. O objetivo é propiciar segurança
dos estudantes na travessia e minimizar o impacto no trânsito, discipli-
nando o embarque e desembarque de alunos. Os agentes de trânsito
operacionalizam a entrada e saída de estudantes, monitoram o desem-
penho do trânsito e fiscalizam as ações dos motoristas nos arredores
das escolas. Além disso, a CET desenvolve um treinamento específico
com funcionários de algumas escolas para orientar sobre algumas
ações básicas de tráfego.
O Metrô estima que durante o período de aulas são transpor-
tados 200 mil passageiros a mais do que no período de férias, embora,
o número de trens no horário de pico é sempre o mesmo de 103 com-
posições das 7h às 9h e das 17h às 19h, contra os 68 trens circulando
nas linhas nos outros horários. Em 2012 foram transportados 3,7
milhões de usuários em média nos dias úteis (CAVALLINI, 2007).
Abaixo, agente da CET na operação “Volta às Aulas” (fig.9) e funcionário orienta na travesia da rua em frente ao Colégio Rio Branco (fig. 10). (Fotos. Junior Lago/UOL)
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A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, a CPTM,
estima um acréscimo de 5% no número de passageiros, no mesmo
período. A CPTM transporta, atualmente, mais de 2,7 milhões de pas-
sageiros por dia, atendendo 22 municípios
(CAVALLINI, 2007).
É nítido o impacto do período escolar nos deslocamentos di-
ários dos paulistanos nos últimos anos, no entanto, os maiores proble-
mas não dizem respeito ao excesso de pessoas se movendo pela cidade,
mas a falta de organização e consciência de alguns motoristas aliada às
deficiências de estrutura viária para comportar o volume de veículos
maior no mesmo local e ao mesmo tempo.
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O transporte escolar é uma modalidade de transporte coletivo
privado ou público com o objetivo de transportar crianças e jovens entre
suas casas e a escola. O serviço pode envolver diversos tipos de veículos
de acordo com a necessidade de trafegabilidade. Na cidade é fornecido
por vans ou ônibus com ou sem adaptações. Tal serviço beneficia os
estudantes na medida em que é um transporte exclusivo e seguro.
Segundo dados do Censo da Educação Básica de 2012,
pesquisa feita pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais), o transporte rodoviário é o mais comum no país.:
6,59 milhões de estudantes usam o transporte público (ônibus ou de
micro-ônibus), 1.227.988 estudantes usam carro ou moto, 802,8 mil
estudantes vão para a escola em vans e 39.437 usam bicicletas para se
locomover no trajeto até a escola. Apenas 15.930 alunos vão para a
escola de metrô ou trem e 545.968 estudantes usam embarcações para
frequentarem a escola. (CAPUCHINHO, 2013).
Em áreas urbanas, no entanto, o transporte escolar costuma
ser menos requisitado, pois nas cidades geralmente há boa oferta no
transporte público, com linhas regulares de ônibus, trens e metrô. Os
municípios oferecem o bilhete estudantil como forma de garantir o
transporte dos alunos. Na cidade de São Paulo, o passe é vendido aos
estudantes por um preço inferior ao da passagem comum. Logicamen-
te, a demanda pelo serviço de vans nessas áreas é diretamente influen-
ciada pela qualidade dos outros meios de transporte.
Os estados e municípios podem oferecer essa alternativa, mas
o transporte deveria ser gratuito para os alunos que moram a mais de
2 km da escola ou em áreas de difícil acesso. Em São Paulo, o decreto
nº 1060 de 07/10/1948, regulamenta a concessão de passes escolares
para o sistema de transporte coletivo urbano do município e o decreto
nº 11.276 de 30/08/1974, regulamenta a concessão para o sistema de
transporte coletivo sobre trilhos (SÃO PAULO (município), 2012).
Em áreas urbanas, os principais problemas enfrentados pelo
transporte escolar é a falta de segurança, o grande tráfego de veícu-
los nas ruas e outras questões adversas como a própria geografia da
cidade. Tais fatores são determinantes para a escolha do modo de
transporte. Em São Paulo, por exemplo, temos o relevo caracterizado
por diversos morros. Em linha reta, um estudante poderia estar a um
quilômetro da escola, mas é preciso dar uma volta maior para superar
3. O Transporte escolar no Brasil
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o obstáculo, aumentando o trajeto a ser percorrido e o tempo de viagem.
Podemos ver que o volume de estudantes transportados por
veículos particulares é grande, principalmente se comparármos com
o volume de estudantes transportados por vans, o que indica certa
preferência de pais pelo transporte em veículos privados. Tal escolha é
decorrente dos problemas estruturais e da própria geografia das cida-
des. Ela gera problemas para o próprio transporte escolar que encontra
nas ruas a disputa por espaço no deslocamento e no estacionamento de
veículos.
3.1 A Legislação
Normas e Leis são de grande importância para a segurança,
desempenho e adequação humana de um produto de design. Dentre
as leis relevantes para o sistema de transporte escolar, existem desde
normas de como transportar uma criança (levando em consideração
idade e peso), até leis específicas de identificação de veículo e condutor
da van escolar.
Quanto ao modo como se deve transportar as crianças, o Có-
digo Brasileiro de Trânsito determina que com até 10 anos de idade, as
crianças devem ser transportadas no banco traseiro, utilizando sempre
o cinto de segurança ou algum dispositivo de retenção (as conhecidas
cadeirinhas).
Os bebês com até um ano de idade devem ser transportados
em assento tipo concha, virado no sentido contrário ao do veículo,
ou seja, para trás. Até os 4 anos, a criança deve ser acomodada na
cadeirinha. Entre 4 e 7 anos precisam utilizar o assento de elevação,
o chamado booster que permite o uso do cinto de segurança original
do veículo. A partir dos 10 anos, podem se acomodar fazendo o uso
apenas do cinto em qualquer assento de passageiro do veículo.
O curioso, porém, é que a resolução isenta os veículos esco-
lares da obrigação de utilização dos dispositivos de retenção. Algumas
prefeituras e Estados, no entanto, podem exigir equipamentos com-
![Page 29: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/29.jpg)
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plementares, como é o caso de Minas Gerais, que exige a colocação
das cadeirinhas.
No caso de transporte escolar, a legislação determina as
especificações dos veículos e o treinamento especial dos condutores.
O transporte é regulamentado de maneira complementar pelo Depar-
tamento Estadual de Trânsito (Detran) e fiscalizado pelos municípios.
Alguns Estados instituem regras específicas, como é o caso do Rio de
Janeiro, que exige portas nos dois lados das vans e ônibus escolares,
além de um segundo adulto além do motorista, para monitorar as
crianças (PEREIRA, 2013).
O Código de Trânsito Brasileiro proíbe o transporte escolar
em motocicleta, carro de passeio irregulares e caminhões. Excepcional-
mente, é autorizado o uso de veículos com tração nas quatro rodas em
estradas de difícil acesso, desde que adaptadas ao transporte de alunos.
Entre as medidas de segurança exigidas no transporte escolar
estão a presença de cintos de segurança em número igual à lotação do
veículo, a existência de tacógrafo – aparelho que monitora o tempo de
uso, distância percorrida e velocidade desenvolvida pelo veículo – e a
realização de inspeções semestrais para verificação dos equipamentos
obrigatórios e de segurança, além das vistorias comuns exigidas pelo
Detran. Além disso, o número de crianças transportadas não pode ser
maior do que o número de assentos (cintos de segurança) e o moto-
rista deve ter mais de 21 anos e estar habilitado a dirigir veículos de
transporte de passageiros categoria D (PEREIRA, 2013).
Fato importante a se considerar é que grande parte dos veículos
que circulam no país com esse fim são projetados para as ruas pavimen-
tadas das cidades. A incompatibilidade deles com estradas rurais é a prin-
cipal responsável (direta ou indiretamente) por acidentes e transtornos,
como a incapacidade de transitar em algumas estradas que só permitem
o acesso de veículos menores ou com tração nas quatro rodas.
A legislação é generalista e pode passar por cima de necessida-
des exclusivas de certos modelos de transporte. Localidades diferentes
precisam de veículos e serviços específicos. Mesmo em áreas urbanas,
as vans destinadas ao transporte escolar acabam, em sua maioria, sen-
do veículos adaptados às leis e não aos usuários.
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3.2 Os Programas Públicos
Em algumas regiões do Brasil o transporte escolar não chega.
Isso se deve pelo fato de a localidade não estar na rota de ônibus
públicos ou por falta de condições de trafegabilidade. Muitas vezes, a
população é carente e a escola fica distante das residências e o trans-
porte escolar é a única garantia de acesso a educação.
Com a prioridade no desenvolvimento da educação básica,
o governo federal criou o Plano de Desenvolvimento da Educação –
PDE, incluindo metas de qualidade, programas específicos e ajuda a
municípios com baixos indicadores de ensino. O Ministério da Edu-
cação trabalha atualmente com dois programas voltados ao transporte
de estudantes: o Caminho da Escola e o Programa Nacional de Apoio
ao Transporte Escolar (Pnate) que visam atender alunos moradores da
zona rural.
O Caminho da Escola foi criado em 2007 e consiste na
concessão para estados e municípios, pelo Banco Nacional de Desen-
volvimento Econômico e Social (BNDES), de linha de crédito para a
compra e renovação da frota de veículos. Visa também à padronização
dos veículos, à redução dos preços dos veículos e ao aumento da trans-
parência nas licitações.
A partir de 2010, a oferta por parte do governo federal de
embarcações escolares para uso nas regiões onde só existe transporte
fluvial solucionou em parte o problema da falta de trafegabilidade. Para
percorrer distâncias diárias de 3 a 15 km para chegar à escola ou ao
ônibus escolar, o programa também oferece bicicletas padronizadas de
baixo custo concebidas em dois tamanhos, aro 20 e aro 26. A bicicleta
escolar tem especificações que lhe garantem resistência maior que a
das bicicletas comuns, como o quadro reforçado.
Desde que foi implantado, o programa possibilitou o melhor
acesso e maior permanência dos alunos a educação básica pública,
permitiu uma maior padronização da frota de transporte escolar, bem
como sua ampliação e renovação. De 2008 a 2012, o programa aten-
deu 4.725 municípios e foram entregues 25.889 ônibus escolares, com
investimentos de R$ 5,2 bilhões. O programa também mobilizou o
FNDE a buscar soluções para a concepção de veículo escolar acessível
considerado exclusivo, até então inexistente no mercado nacional.
(CAMINHO DA ESCOLA, 2013)
Abaixo, embarcação escolar (fig.11) e bicicletas fornecidas pelo programa Caminho da Escola(fig. 12).
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O Pnate foi instituído em 2004 e consiste na transferência de
recursos financeiros sem necessidade de convênio para custear despesas
com manutenção, combustível, seguro, licenciamento, impostos e taxas
do veículo utilizado para o transporte de alunos da educação básica
pública e residentes em área rural. Serve, também, para o pagamento de
serviços contratados junto a terceiros para o transporte escolar.
O cálculo do recurso se baseia na quantidade de alunos da
zona rural transportados e informados no censo escolar do ano an-
terior. O valor per capita/ano varia entre R$ 120,73 e R$ 172,24, de
acordo com a área rural do município, a população rural e a posição do
município na linha de pobreza. (FNDE)
![Page 32: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/32.jpg)
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![Page 33: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/33.jpg)
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4. Breve reflexão sociológica do transporte escolar
Para se entender a lógica do transporte urbano não basta
apenas analisar como as pessoas são transportadas. O enfoque socio-
lógico aqui apresentado é uma busca por uma análise mais completa,
além dos dados coletados, em relação as viagens, as condições sociais,
políticas e econômicas que condicionam as decisões dos envolvidos.
Acrescenta ao estudo, uma análise geral da distribuição de poder na
sociedade e seu impacto na maneira como as pessoas se apropriam das
vias e dos meios de transporte. É uma avaliação mais abrangente das
relações sociais que condicionam o trânsito.
“Portanto, a procura de uma “sociologia do transporte” deve ser feita dentro da
perspectiva mais ampla da “sociologia do espaço”, não como um espaço geográfico
“natural” mas como um espaço produzido pelo homem, o “ambiente construído”:
o espaço (como design) deve ser considerado como um elemento das forças produti-
vas da sociedade, um quarto domínio de relações sociais, ao lado da produção, do
consumo e da troca (LEFEBVRE, 1979, apud VASCONCELLOS, 1996,
pg.16).”
Assim, podemos dizer que a circulação é condicionada por
fatores sociais, econômicos, políticos e culturais que variam entre
sociedades diferentes e está relacionada às necessidades de reprodução
de certos grupos sociais. Portanto, o posicionamento de um indivíduo
é reflexo de todas as experiências sociais vivenciadas por ele ao longo
de sua vida.
Atualmente, nossas ações e relações na sociedade estão se
alterando profundamente pela globalização. Isso vem pressionando
para uma redefinição de aspectos íntimos e pessoais de nossas vidas e
estimulando a iniciativa individual em detrimento de valores coletivos.
A intensificação da visão individualista de homem e mundo torna os
vínculos sociais cada vez mais flexíveis e intangíveis, na medida em que
a sociedade passa a se configurar através de infinitas macrodefinições.
O interesse deste trabalho é estudar o processo de interação
entre pessoas e ambiente, se aprofundando na análise dos valores
simbólicos de estudantes em seus papéis sociais. Tais papéis são aqui
considerados como o modo como as pessoas “se constroem” dentro do
processo de socialização.
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34
Este trabalho busca por referências para o design através da
análise da relação dos estudantes com o transporte escolar, da manifesta-
ção de sua identidade construída e reproduzida em casa, na escola e em
seu deslocamento espacial. Tal identidade é construída na representação
de seus papéis sociais, ou seja, através de funções sociais assumidas pelo
indivíduo pelos quais se relaciona com seu ambiente.
A palavra ônibus tem origem no latim omnibus e tem o sig-
nificado de “para todos”. O termo é usado desde o século XIX para
designar veículos de transporte coletivo de tração animal com funções
muito próximas aos transportes coletivos de hoje.
O uso destes coletivos para o transporte escolar tem grande
importância na formação de valores de uma determinada sociedade,
pois no transporte escolar se desencadeia uma série de ações individuais
e coletivas que facilitam a inclusão de um estudante em um determina-
do grupo. Tal qual a escola, o transporte escolar é uma das primeiras
experiências de assimilação social de uma criança.
“As lições de participação, organização e de cidadania podem ser primeiro aprendi-
das dentro do ônibus, em trocas de ideias, na leitura de convites dirigidos aos pais,
nos relatos de casos de ajuda entre pessoas, na acolhida de colegas vítima de maus
tratos, à solidariedade na feitura de tarefas, etc. O ônibus escolar pode ser a imagem
do grupo social ao qual presta serviço.” (PAPPEN, 2004, pg. 33)
Durante a permanência no transporte escolar, os estudantes
transcendem as suas experiências individuais e compartilham informa-
ções e conhecimentos trazidos do ambiente familiar e escolar. Pode-
mos entender o cenário da van escolar como um lugar da reprodução
de grupos sociais, tal como ocorre em todo o ambiente de circulação
– segundo Vasconcellos, o ambiente de circulação como a soma entre
sistemas de circulação e ambiente construído (1996).
“Ao compartilhar emoções, pensamentos, linguagens compartilham-se heranças
culturais, conflitos, sonhos e projetos de futuro. tudo o que possa tornar parte de um
todo semelhante em tudo.” (PAPPEN, 2004, pg. 16)
É importante observar que depender do uso do transporte es-
colar, faz da van o ambiente diário durante todo o ano letivo. Seu uso
pode ser comparado a de um pátio de escola. Nesse ambiente, visões
de mundo, concepções de sociedade e experiências individuais podem
ser diariamente expressas e apreendidas, ou seja, o processo de apren-
dizagem é inerente ao processo de socialização.
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Dentro desta lógica é possível dizer que um dos principais fa-
tores que contribuem para a defesa de um transporte coletivo escolar é
o fato dele possibilitar a vinda de alunos de lugares distantes e diferen-
tes. A aproximação de estudantes de lugares diversos causa mudanças
nos hábitos e elabora novas perspectivas, a medida que os estudantes
começam a perceber-se de maneira ambígua, prendendo-se a suas
ideias ao mesmo tempo em que se espelham na cultura do outro.
O ônibus escolar é, portanto, um local de encontros.
Em levantamento de campo, foi constatado que o interior da
van é um espaço em que alguns alunos tendem a se relacionar de forma
mais intensa, formando pequenos grupos dentro do coletivo maior.
Geralmente, estudar na mesma sala, morar próximos e possuir a mes-
ma idade, aproximam os estudantes. Estes pequenos grupos sociais
acabam transmitindo uma “herança cultural” aos seus integrantes e
preparando-os para a posterior incorporação na sociedade.
Um estudante de 14 anos, por exemplo, considerou que ir à
escola de van “dá mais liberdade”. Esta afirmação pode ser entendida
como um momento em que se tem a sensação de responsabilidade
pelos seus próprios atos, quando se pode desenvolver certa autonomia,
uma vez que não há o reforço de pais e professores encaminhando a
formação de suas identidades.
Tal como qualquer outro transporte coletivo, o ônibus escolar
iguala todos em um mesmo lugar e situação por certo período de tempo.
Faz com que o estudante tenha a primeira aproximação com a consciên-
cia do social, do coletivo e do papel do indivíduo em sociedade.
Sendo assim, outro ponto importante ao se estudar
a dinâmica do transporte escolar se refere às ações definidas pelas
autoridades que determinam a operação do sistema. Se dentro de um
ônibus escolar existe um ambiente de contradições, conflitos e interes-
ses antagônicos que permitem o debate e a construção de ideologias,
ao tratar todos os alunos de modo igual, prezando pela eficiência fun-
cional, o serviço de transporte escolar atual - desde as autoridades que
determinam leis e normas, as empresas que constroem os veículos e até
mesmo o transportador - desconhece a riqueza dessas diferenças. Pode-
-se concluir que as instituições responsáveis consideram a van apenas
como objeto funcional eficiente para transportar uma determinada
quantidade de alunos.
Ao cumprir seu objetivo de transportar, o ônibus escolar tam-
bém propicia encontros em que ocorrem conflitos pautados na diversi-
dade e, consequentemente, gera o aprendizado: “a diferença e a incerteza
podem criar uma nova solidariedade. Dessa fragilidade concebida surge a mudança
dos direcionamentos éticos que estão na base da convivência.” (MELUCCI, 2001,
apud PAPPEN 2004, pg. 105).
![Page 36: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/36.jpg)
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A partir do momento que compartilhamos experiências,
desde nossas primeiras relações sociais, nós criamos a sociedade em
nosso entorno. Portanto, a relação entre a mudança social e o aprender é
fundamental para o ser humano transformar sua realidade.
Essa relação nos coloca diante de um universo dinâmico em
que as coisas não são definitivas, estamos sempre construindo nosso
mundo e sendo reconstruído por ele. Esses momentos de definição de
valores, principalmente quando se trata de uma nova geração, são essenciais
para a formação de uma nova cultura, para a quebra de certos preconceitos
e para a formação da consciência do transporte como solução e não mais
como problema.
No mundo globalizado, a competição individual faz com que
o coletivo passe a ser relacionado a algo atrasado e isso se reflete em
como a sociedade escolhe sua maneira de viver e se deslocar. Neste
sentido, o transporte escolar é uma grande oportunidade de “escola
de trânsito”. Numa van escolar se brinca, se conhece, se aprende. É
uma primeira noção de autonomia para a criança em que ela formará, a
partir de suas experiências, o ideal de mundo que lhe for apresentado.
Enquanto crianças crescerem seguindo o “medo” de seus pais
e entendendo que a solução segura para se deslocar é o veículo priva-
do, o problema de trânsito não mudará e a ideia de “escolha natural”
pelo carro continuará ganhando força em detrimento de soluções de
transporte coletivo.
A mudança de valores éticos e morais não é uma tarefa fácil,
a medida em que eles estão relacionados com reações emotivas e pode
haver formas de resistências. No entanto, as mudanças de caráter tec-
nológico podem modificar hábitos, costumes e, até mesmo, nas formas
de ver o mundo, uma vez que o acesso à informação pode trazer novos
horizontes.
O transporte coletivo precisa passar pelas duas mudanças. Um
produto de design para o transporte escolar pode prover os dois tipos
de mudança se olhar para as necessidades e comportamentos dos usuá-
rios do serviço, a medida que, um novo veículo também pode promo-
ver um novo uso do transporte e do espaço público, modificando o
conceito de mobilidade existente.
![Page 37: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/37.jpg)
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4.1. Por que as pessoas preferem usar o veículo privado?
O carro privado é um modo de transporte muito ineficiente. Essa
afirmação é verdadeira quando se olha para sua ocupação, que geral-
mente é muito baixa. Um veículo, seja ele qual for, ocupa determinado
espaço no ambiente urbano e este espaço influencia diretamente nos
congestionamentos das vias. A lógica é simples: quanto mais passageiros
dentro de um mesmo veículo, menos espaço é ocupado na cidade por
pessoa:
“No caso de São Paulo, por exemplo, enquanto os automóveis apresentam uma
ocupação média de 1,5 pessoas - o que dá uma taxa de consumo estático de
4,6m2/pessoa, considerando área de 7 m2 para o veículo, os ônibus apresentam
uma taxa de consumo estático de 0,6 m2/pessoa (considerando 30 m2 por ônibus).
A relação entre as taxas de consumo estático é, portanto, de 1:8.” (VASCON-
CELLOS, 2000, pg. 42)
É possível ver que uma pessoa se deslocando de automóvel
consome cerca de oito vezes o espaço de uma pessoa se deslocando
de ônibus, mesmo sem considerar as distâncias de deslocamento em
horário de pico. Desta maneira, um veículo coletivo, desde que usado
de maneira eficiente, acaba gerando menos transtornos que veículos
privados que geralmente transporta apenas seu proprietário.
A princípio, a escolha pelo automóvel se dá pela avaliação
racional de necessidades de deslocamento frente a condicionantes
econômicos e de tempo, e frente ao desempenho das tecnologias e
eficiência dos transporte disponíveis.
Primeiramente, os carros oferecem maior flexibilidade para
se adaptar a diferentes tipos de viagens se comparado ao transporte
público. Para os motoristas, esperar nos pontos de ônibus, fazer bal-
deações, se preocupar em perder a condução e chegar atrasado para
um compromisso parecem ser os principais entraves para utilizar o
transporte público.
A decisão por usar um carro no lugar do transporte público
parece estar relacionado com a necessidade de controlar o ambiente
físico e social durante a viagem. Os usuários experimentam sensações
de excitação, liberdade e poder.
Outro fator importante é saber que o carro também simboliza
uma auto expressão, ou seja, é parte de uma construção de identidade
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e cria uma sensação de pertencimento a certos grupos sociais. Muitos
dos motoristas preferem usar seus veículos pelo fato de pensar que
dirigir um carro “veste” melhor do que o transporte público. O carro
funciona como meio de comunicar esses conceitos para os outros na
mesma maneira que se espelha para o dono.
As pessoas consideram os seus pertences como extensões de-
las mesmas. Quando um objeto evoca sensações prazerosas, maior é a
ligação entre usuário e objeto. Na sociedade atual, onde o sucesso pes-
soal está ligado a conquista de bens materiais, a ligação entre usuário
e suas posses é muito forte, ainda mais se tais objetos refletirem uma
identidade e trouxerem boas sensações. O carro ainda parece atender a
muitos desses aspectos.
Figura 13. Propaganda do Chevrolet Cruze. O carro como experiência emocional.
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No caso da escola, com o aumento da violência urbana e
o próprio comportamento “segregador” da cidade, ela se torna um
invólucro seguro para os filhos, ou seja, segue a mesma lógica de um
condomínio: a insegurança da cidade faz com que as pessoas se isolem
dentro de suas pequenas redomas funcionais – o total controle da situ-
ação. Neste cenário, um veículo particular acaba proporcionando uma
sensação de segurança que pais tanto querem para seus filhos.
Se considerarmos todos esses fatores, também veremos que a
identidade ligada ao veículo está relacionada com o “levar o filho a es-
cola”. Os pais não têm mais a necessidade de apenas levar seus filhos,
mas de saber que estão fazendo isso da mesma maneira que os outros
pais (grupo social) considera como ideal – de SUV, parando necessaria-
mente na frente do portão da escola.
O automóvel passa a ser, portanto, instrumento vital para a
classe média à sua afirmação social como classe. Por trás de pessoas
estão seres políticos com uma visão definida da sociedade. A sensação
de “naturalidade” da necessidade pelo veículo privado é causada por
uma reafirmação constante da própria sociedade. Na medida em que
tais ideais mudam, o transporte também pode mudar.
“...a visão do automóvel como símbolo de status é superficial: a sua escolha não
decorre de um “desejo natural” das pessoas, mas da percepção de que ele constitui
um meio essencial para a reprodução das classes médias criadas pela modernização
capitalista.” (VASCONCELLOS, 1996, pg. 28)
Dentro das relações sociais, as pessoas precisam refazer-se
constantemente e prover as condições de reprodução de seus de-
pendentes. Suas atividades correspondem a desejos e se referem ao
processo de sua reprodução, ou seja, seu nível de consumo e o padrão
de deslocamentos não são fixados por fatores biológicos.
“...a tentativa de trocar o automóvel pelo ônibus, ou por transporte não motorizado,
tornaria impraticável a rede de atividades da família de classe média, dificultando
ou impedindo a realização de atividades que são consideradas necessárias para a
sua reprodução como classe média: para aceitar estas mudanças de transporte, a
família precisaria mudar o local de trabalho do pai, colocar as crianças em escolas
públicas do bairro, fazer compras nas proximidades, desistir do lazer noturno e,
dependendo das consequências para a sua renda, demitir a empregada. Procedendo
assim, elas não mais pertenceriam à “classe média”, exatamente o que eles não
poderiam aceitar.” (VASCONCELLOS, 2000, pg.115)
![Page 40: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/40.jpg)
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A demanda por automóveis é também consequência das con-
dições sociais e políticas específicas que moldaram o espaço e a oferta
de transporte. Tal demanda vai além do “desejo natural e generalizado
do consumidor”. Está relacionado à própria existência da classe média
que vê o automóvel como mecanismo essencial para sua reprodução,
estabelecendo uma relação de sustentação mútua com a indústria auto-
motiva.
Sendo assim, a oferta maior ou menor de meios de transporte
não corresponde a nenhum “desejo natural” das pessoas, mas sim às
condições específicas vivenciadas por elas. Portanto, se as condições
mudarem, o comportamento das pessoas mudará. As “necessidades”
até então aparentemente imutáveis podem ser substituídas por outras e
o novo meio de transporte pode se tornar dominante.
Muitas mudanças no cenário urbano ocorreram pelo fato do
carro se tornar um produto de consumo desejado. O carro se tornou
tão importante que algumas pessoas não conseguiriam fazer suas ativi-
dades diárias sem ter um carro disponível 24 horas por dia. Transportar
os filhos em um veículo privado é garantir controle sobre a viagem e
sentir segurança no deslocamento, ao mesmo tempo em que afirmam
sua posição social.
![Page 41: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/41.jpg)
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5. Estudo de Caso
O estudo de caso apresentado neste capítulo foi uma ma-
neira de se estruturar, através de abordagens específicas, a coleta de
dados sobre o universo do transporte escolar dentro da mobilidade
urbana. Os estudos a seguir têm o objetivo de encontrar informações
importantes para o desenvolvimento de um projeto relacionado com o
transporte escolar. Foram observados veículos, empresas, conceitos e
serviços de modo a destacar inovações e deficiências no modo atual de
operação do transporte escolar.
Tal metodologia busca o entendimento de casos pontuais
para criar uma quantidade de referencias necessárias para a continui-
dade do projeto. Nessa parte da pesquisa, são estudadas diversas abor-
dagens da questão do transporte de estudantes. Para tanto, os estudos
de caso foram divididos em três grupos: serviços, modos de desloca-
mento e veículos.
O primeiro grupo apresenta uma análise geral do serviço de
vans escolares. As informações foram obtidas através de conversas não
estruturadas com os transportadores, estudantes e pais de estudantes.
Em seguida, foi estudado o serviço municipal de São Paulo. Por fim,
uma breve descrição do serviço americano – os famosos Yellow Buses–
com ênfase nos atributos relevantes ao serviço prestado no Brasil.
No segundo grupo, foram citados alguns dos projetos de
rotas escolares a pé. Veremos como a prática existe no mundo, suas
vantagens e seus impactos no ambiente urbano, bem como a relação
do estudante com as pessoas e o ambiente em que vive. No estudo do
Carona Brasil SchoolRun, veremos uma tentativa nacional de promo-
ver a prática da carona com um serviço virtual de organização.
No terceiro grupo, foram estudados alguns veículos destina-
dos ao transporte escolar urbano como vans e micro ônibus. Fazem
parte dessa categoria, vans como a KIA Besta, Jinbei Topic, Mercedes-
-Benz Sprinter, entre outros. Foram analisados os modelos FIAT
Ducato, o modelo mais comum para o serviço e o Volare EscolarBus,
por sua especificidade em relação ao seu projeto. Por fim, veremos um
conceito de veículo para o uso coletivo na cidade: o Rinspeed Micro-
max, como uma nova maneira de se organizar as viagens através do
armazenamento de informações baseado na computação em nuvem.
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Na correria do dia a dia, o transporte escolar aparece como
uma grande ajuda ao viabilizar o deslocamento dos alunos, uma vez que
o horário e os locais de trabalho de seus pais muitas vezes não possibi-
litam que ambos façam o mesmo trajeto.
Nos próximos parágrafos, veremos algumas informações ob-
tidas através de um breve estudo em campo. Foram consultados alguns
usuários de transporte escolar, transportadores e pais que os contrata-
ram. A pesquisa foi realizada através de conversas abertas, buscando
elucidar questões sobre o funcionamento básico do serviço. O serviço
analisado é oferecido por pessoa física, empresas e também por escolas
que cobram junto com a mensalidade do aluno.
A primeira constatação ao se observar o serviço é que o trans-
porte escolar motorizado nem sempre é necessário quando se considera
somente as distâncias. A falta de condições físicas das vias e a inse-
gurança acaba motivando os pais a contratarem este tipo de serviço –
insegurança referente a violência e às ruas cheias de carros.
Os pais geralmente escolhem a van por indicação de outros
pais ou mesmo da escola. Muitos se certificam se o transportador age
de maneira correta e até seguem o veículo nos primeiros dias. Outro
ponto determinante na escolha é o preço, já que é mais uma despesa
no final do mês.
Outro fator apontado por eles é o horário de entrada e saída
nas escolas coincidir com os horários de pico no trânsito. Com isso, é
determinante para eles que o transporte já tenha uma rota próxima de suas
casas, já que maiores distâncias aumentam o tempo de percurso e a chance
de pegar uma via congestionada.
O primeiro aspecto que se destaca na relação do aluno com o
serviço é a organização. O transporte escolar não pode atrasar a entra-
da do aluno, portanto, os horários são bem definidos. Se o serviço não
possuir horários rígidos, o estudante acaba sofrendo com o desgaste
de passar muito tempo esperando ou no trânsito. Para o aluno, acordar
cedo e ficar muito tempo dentro de uma van causa sonolência, o que
prejudica a concentração durante as aulas.
Segundo os próprios estudantes, dentro do veículo é possível
encontrar os mais agitados e falantes, esses são geralmente os mais no-
vos, e os mais calados que apenas usam seus fones de ouvido e pouco
5.1. Serviços
5.1.1. Serviço de van escolar particular
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interagem dentro do transporte. Na maioria das vezes, não há uma
determinação de lugares para cada estudante, eles acabam definindo
com o passar dos dias.
Outro ponto relatado por eles é o fato de ser comum al-
gum aluno acabar se sentando incorretamente no banco, fincando de
joelhos sobre o assento para poder “conversar melhor” com o colega
que está atrás. Isso demostra uma incompatibilidade do veículo com o
comportamento do usuário.
De acordo com os transportadores, existe uma demanda de
transporte escolar por alunos de escolas privadas localizadas em área ur-
bana, principalmente por causa de novas escolas que abrem na periferia.
São atendidos por esses profissionais estudantes de várias ida-
des. No transporte se misturam alunos do ensino infantil, fundamental
e médio, além de alguns professores que as vezes podem pegar carona.
Existem também transportadores que, em casos específicos, servem a
estudantes do ensino superior.
Uma das recomendações dos “perueiros” ao aluno é de man-
ter seus materiais organizados e esperar sempre na mesma hora. Outra
recomendação é que o aluno se dirija para a saída da escola logo após a
batida do sinal para evitar atrasos na viagem dos outros alunos.
Parte da organização das empresas maiores vem do plane-
jamento da rota, alocando os veículos de acordo com os endereços
das crianças. Quando colegas de mesma turma ou escola, que moram
próximos, contratam a mesma empresa ou “perueiro”, geram maior
economia e agilidade, pois o transporte se mantém na mesma área com
um trajeto rápido e sem desvios. Isso gera benefícios aos usuários que
têm um transporte eficiente a disposição e às empresas que reduzem o
custo e ganham em agilidade dos concorrentes.
Outro fator que influencia no serviço é a estrutura da própria
escola. Ao observar alguns colégios, pôde ser constatado que a maio-
ria não tem um bolsão definido para o embarque e desembarque, o
que diminuiria os riscos de acidentes, infrações e congestionamentos.
Outros estabelecimentos, no entanto, possuem uma organização prévia
das saídas de seus alunos, com chamada por microfone.
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A Prefeitura de São Paulo disponibiliza um programa de trans-
porte escolar gratuito que atende crianças com até 12 anos, matriculados
nas escolas municipais de educação infantil (EMEI) e de ensino funda-
mental (EMEF).
Os veículos do Transporte Escolar Gratuito (TEG) são sempre
identificados com a marca do programa em suas portas. Geralmente,
são operados por pessoas físicas, mas existem condutores vinculados a
cooperativas e a empresas do setor. (SÃO PAULO (município), 2013).
Cada transportador leva cerca de 20 crianças por viagem, com a ajuda de
um monitor. O serviço é realizado de maneira semelhante ao particular.
Têm direito ao TEG estudantes matriculados em unidade
localizada a mais de dois quilômetros de suas residências; alunos que
tenham uma barreira física reconhecida no caminho (linha de trem, rio,
avenida movimentada e não sinalizada); alunos portadores de necessi-
dades especiais e alunos com problemas crônicos de saúde. Nos dois
últimos casos, os alunos têm o direito ao transporte independentemen-
te da idade e da distância entre a casa e a unidade escolar. Nas Escolas
Municipais de Educação Especial (EMEE), não há restrição de faixa
etária nem de distância para o atendimento.
O cadastramento das crianças que necessitam do transporte
escolar gratuito é feito através das Coordenadorias de Educação, insta-
ladas nas subprefeituras da cidade. Os critérios priorizam o atendimen-
to dos alunos: portadores de necessidades especiais; com problemas
crônicos de saúde; de menor faixa etária; de menor renda familiar; que
residam a uma maior distância da escola. (SÃO PAULO (município),
2013).
5.1.2. O serviço municipal em São Paulo
Abaixo, identificação do programa TEG na porta de uma van (fig.14) e van acessível do programa (fig.15)
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Ao lado, o layout do veículo adaptado e do veículo convencional proposto pela prefeitura (fig. 16 e fig. 17).(fonte: SPTRANS)
Segundo Manual de Padrão Técnico de Veículos para o Transporte
Escolar Gratuito, o veículo convencional deve ter entre 15 e 19 lugares
destinados aos passageiros, conforme previsto na Portaria DETRAN
nº 503 de 16/03/2009. O veículo acessível deve ter no mínimo 10
lugares, sendo dois deles áreas reservadas para cadeirantes. (SPTRANS,
2010).
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5.1.3. Yellow Buses - o ônibus escolar americano
Os Yellow Buses (ônibus amarelos) escolares são um ícone
da cultura norte americana. Sua funcionalidade também se destaca
quando analisado o serviço a que presta. Nos Estados Unidos, algo em
torno de 480,000 ônibus fazem 10 milhões de viagens por dia letivo e
transportam cerca de 26 milhões de alunos em suas atividades escola-
res. (AMERICAN..., 2013)
Sua origem remonta ao ano de 1827, quando o inglês George
Shilibber construiu a primeira carroceria puxada a cavalos com capaci-
dade para até 25 crianças, destinada ao transporte de alunos da Quaker
School, em Londres (GUEDES JR, 2011). Mas foi nos Estados Unidos
e no Canadá que esse veículo foi difundido. Seu uso como transporte
escolar passou a ser obrigatório na década de 30 do século passado.
Foi a Gillig Bros que inventou e patenteou o design de um veículo
fechado com janelas de vidro. Conhecido como o “California top”, o pro-
jeto de Gillig contou com um telhado de metal ligeiramente curvo e janelas
separadas por pilares em intervalos regulares (THEOBALD, 2013).
Figura 18: Ônibus Escolar Americano (Foto: Blue Bird/Divulgação)
Figura 19: Veículo fechado Gillig “California Top” (Imagens: Coachbuilt)
![Page 47: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/47.jpg)
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Acima, bancos antes (fig. 20)e depois das normas (fig. 21)
A Wayne Works foi uma das primeiras a introduzir o desenho em
ônibus escolares. Durante a década de 1930, o desenho foi rapidamente
adotado pela indústria de ônibus escolares. A partir daí, eles deixaram
de ser veículos adaptados de outros chassis e passaram a fazer parte de
um indústria exclusiva.
(THEOBALD, 2004).
Em 1977, o governo federal dos Estados Unidos impôs uma
série de normas de segurança que mudou a concepção e construção
dos veículos amarelos. Nos assentos, foi empregado um estofamento de
maior espessura na parte frontal e traseira. As chapas de metal se tor-
naram mais espessas para melhorar resistência ao choque. Há cintos de
segurança, mas nos Estados Unidos o uso não é obrigatório. Segundo
a agência do governo americano National Transportation Safety Board,
os ônibus escolares são mais seguros do que os carros, mesmo eles não
sendo equipados com cintos de segurança. (AMERICAN..., 2013).
Hoje, existe uma legislação específica para a sua fabricação e
utilização do veículo. A tonalidade amarela, por exemplo, é batizada
oficialmente como “national school bus chrome yellow” e é obrigatória
por lei para fins de maior visibilidade e segurança, sendo proibido que
um ônibus convencional a utilize em mais de 50% da carroceria. Foi
desenvolvida em 1939 e foi escolhida por ser de fácil percepção mesmo
à visão periférica dos motoristas.
Outro ponto importante é que lá veículos escolares têm prio-
ridade. Toda vez que param, o motorista do veículo ao lado tem que
fazer o mesmo para garantir a segurança de uma possível travessia de
pedestre. Na lateral esquerda do ônibus existem placas de “Stop” que se
abrem para avisar aos motoristas que estudantes estão desembarcando.
O sistema de transporte escolar americano trata com seriedade
a questão da necessidade de deslocamento dos alunos. Sua fácil iden-
tificação permite colocar o ônibus escolar com prioridade sobre os
demais veículos, assim, é possível “controlar” o comportamento dos
demais motoristas.
Figura 22. Placa na lateral do ônibus sinaliza demais motoristas e promove segurança na travessia.
![Page 48: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/48.jpg)
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Os ônibus amarelos são produzidos por diversas empresas em quatro
versões diferentes:
TypeA (Cutaway): ônibus montado sobre chassis de vans que pos-
suem cabines prontas. Possui de 16 a 36 lugares.
Type B (Integrated): ônibus com cabine inteira montada sobre chassi.
Possui o compartimento do motor localizado parcialmente no interior do
habitáculo ao lado do motorista. O capô é significativamente menor
do que a dos outros modelos. Possui entre 30 e 36 lugares.
Type C (Conventional): ônibus tradicional montado sobre chassi
de caminhão, geralmente produzido pela própria fabricante de ônibus.
Podem ter a frente de pequenos caminhões. Possui de 36 a 78 lugares.
Type D (Transit-style): ônibus montado sobre chassi exclusivo.
Possui a porta a frente do eixo dianteiro. São semelhantes aos nossos
ônibus convencionais e podem ter motores dianteiros ou traseiros.
(SCHOOL...,2013).
Figura 23. Type A
Figura 25. Type C Figura 26. Type D
Figura 24. Type B
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49
Pensando no problema do trânsito nos arredores das escolas,
foram criados em todo o mundo, programas de caminhos escolares
com o objetivo de fomentar a ida à escola dos estudantes à pé. As
rotas funcionam como as de um transporte escolar comum, ou seja,
elas têm uma partida inicial e paradas intermediárias. A diferença é a
presença de guias que estimulam o contato das crianças com os outros
cidadãos e com as vias públicas.
The Walking School Bus Programa em ação na Inglaterra que busca estimular não só a
ida de estudantes a pé como também o contato deles com as pessoas e
a localidade em que vivem. Esse novo “meio de transporte” é organi-
zado de maneira informal, pelos próprios pais ou através de programas
estruturados pela escola ou pelo município. O programa Pedibus, na
Itália, funciona de maneira semelhante.
Os passageiros do Walking School Bus costumam usar
jaquetas ou coletes refletivos para aumentar a visibilidade e seguran-
ça durante o percurso. Nos Estados Unidos, a ideia tem o apoio do
governo, que estimula e capacita as iniciativas por meio do programa
Safe Routes to School.
5.2. Modos de deslocamento
5.2.1. Programa de rotas escolares a pé
Figura 27: The Walking School Bus
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Figura 28: Programa Cien Pies
No Japão Os estudantes japoneses do primário vão à escola em grupos
divididos por ruas e regiões onde moram os alunos. Em cada grupo
tem um líder que geralmente é um aluno mais velho, da 5ª ou 6ª série e
que vai guiando e tomando conta das crianças menores desde o ponto
de partida de manhã até a volta para casa.
Segundo a educação japonesa, desde pequeno se ensina que o
mais velho deve cuidar do mais novo e o mais novo deve obedecer ao
mais velho. E essa relação se estende pela vida toda. Outras pessoas do
bairro também ajudam a garantir que as crianças cheguem em seguran-
ça até a escola, geralmente são os idosos da região ou os membros das
associações de pais e mestres.
Cien Pies É outro exemplo da pequena cidade de Godella, na área
metropolitana de Valência, na Espanha. O interessante desse exemplo
é que a iniciativa vai além da questão do trânsito, ela surge com uma
série de outros propósitos pensados para a busca de melhoria das re-
lações sociais da população com a humanização das ruas, das vias e de
toda a comunidade.
![Page 51: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/51.jpg)
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Para não ultrapassar os 2,5 km de distância até a escola, o
planejamento conta com um ponto de partida da rota em local central
onde os pais podem deixar os seu filhos aos cuidados de um monitor
especializado que guiará os estudantes até a escola. Os monitores são
registrados pela escola, e contam com a ajuda de outros dois voluntá-
rios para guiar o grupo de cerca de 30 estudantes. No caso do proje-
to Cien Pies, os voluntários são pessoas aposentadas que vivem nas
redondezas ou mães de alguns alunos que dispõem de tempo.
A viagem não chega a alcançar 30 minutos de caminhada. A rota é
pensada em conjunto com a prefeitura da localidade e conta com a co-
laboração de comerciantes e moradores da região. Assim, no trajeto até
a escola, os alunos têm acesso, de forma lúdica, a informações históri-
cas, culturais, além de contato com os próprios comerciantes.
Nesses projetos, os alunos além de realizarem uma atividade
física saudável e sustentável, ainda aproveitam o caminho da rota
para aprender sobre cidadania e cultura urbana. Com isso, é possível
“dispersar” o congestionamento, uma vez que todos pais não têm que
levar seus filhos para o mesmo lugar. Sem falar do ganho que eles vão
ter ao se relacionar com alunos de outras séries que estudam no mes-
mo colégio. A viagem para a escola pode ser considerada “a primeira
lição do dia” da escola.
A introdução de dinâmicas de uso do espaço público esti-
mula a melhoria desse espaço. Tais projetos acabam limitando o uso
do transporte privado, melhorando as condições de locomoção dos
pedestres e ciclistas, além de melhorar a segurança pública. Durante
o deslocamento, as crianças se exercitam, conversam, aprendem e se
acostumam com a ideia de se deslocar pela cidade sem o uso do carro.
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O SchoolRun é uma solução corporativa do portal Carona
Brasil que proporciona um serviço de organização de caronas. Cria
grupos fechados de compartilhamento de carros de famílias conhe-
cidas (school carpools). Foi pensado especialmente para auxiliar pais,
professores e funcionários da escola a compartilharem viagens com
trajetos semelhantes.
O Carona Brasil é um portal virtual com ideal socioambiental
que busca alternativas para o trânsito e a poluição. O grupo utiliza a
Internet e conecta pessoas com interesse comum pela carona. Funda-
do em 2008, teve o propósito inicial de aumentar a taxa de ocupação
dos veículos que trafegam apenas com o motorista, encorajando e dis-
ponibilizando uma ferramenta online para as pessoas compartilharem
suas jornadas de carro.
O sistema oferecido pelo portal traz benefícios para questões
estruturais da escola, busca diminuir o congestionamento no entorno
da escola, os riscos de acidente e os problemas com vagas de estacio-
namento. Tem como ideal a diminuição também a emissão de poluen-
tes na região e incentiva os pais e funcionários a utilizarem melhor seus
veículos, além de estimular as relações sociais entre a comunidade, a
confiança mútua e a responsabilidade social. (CARONA BRASIL)
Funciona por meio da tecnologia GeoWeb que é um formato
de organização de dados baseado na referência espacial de cada informa-
ção. Por medida de segurança, pode ser utilizada somente por pais com
filhos na mesma escola. Os trajetos só são visualizados por esse grupo
restrito. Achando pais que estejam próximos, o usuário se comunica com
eles utilizando o centro de mensagens do portal Carona Brasil.
A implantação do sistema pode ser feita pelas escolas, poden-
do ser implantado no site ou na intranet do estabelecimento de ensino.
A escola pode determinar parâmetros de segurança, como acesso pelo
número de matrícula, número de registro, senha enviada a sistemas de
e-mail interno, etc. Os alunos e funcionários da escola cadastram-se e
registram seus trajetos.
5.2.2. O sistema de organização Carona Brasil SchoolRun
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5.3. Veículos
5.3.1. Vans
As vans de transporte escolar são reconhecidas nas ruas pela
sua identidade corporativa representada pela faixa amarela em sua
lateral e traseira com o termo “escolar” escrito em preto, excetuando o
caso de veículos amarelos, em que as cores são invertidas. Não existe
lei que regulamente a cor do veículo, que pode ser qualquer uma desde
que se use a faixa lateral.
Tais veículos, em sua maioria, apresentam um conforto seme-
lhante ao dos carros privados. A maioria vem de grandes fabricantes
com a cultura de design como FIAT e Mercedes-Benz. Seu design é
próximo ao dos automóveis e possuem certa coerência formal.
Devido ao seu uso em diferentes serviços, desde o transporte
de cargas até o transporte de pessoas em situações diversas, as vans
acabam pecando em alguns atributos funcionais por não servir a um
uso específico. No entanto, o cenário vem mudando, algumas empre-
sas vêm fazendo parcerias com implementadores de atributos exclusi-
vos para o transporte escolar.
Existem em circulação nas cidades, embora em minoria, vans
importadas asiáticas como a Topic e a Besta. São veículos desenvol-
vidos para frete e traslados, e possuem padrões de espaço não condi-
zentes com a realidade nacional. São mais baixas e possuem a porta
menor. Hoje, essas vans são mais raras e podem ser consideradas de
um “momento anterior” ao que vivemos, já que, com a KIA mudando
seu público-alvo no mercado nacional e a Topic da falida Asia Motors
passada para a chinesa Jinbei, elas perderam mercado e foram sucate-
adas. Os modelos mais atuais ainda vendem pelo preço competitivo,
mas perdem mercado para modelos mais flexíveis e adaptados as
necessidades brasileiras.
Já os modelos da FIAT e Mercedes-Benz, bem como o Ford
Transit e o Renaut Master, vêm ganhando o mercado deixado pelas
vans asiáticas. Com uma rede de serviço maior e com marcas já conso-
lidadas no mercado, elas têm em seu favor um menor custo de manu-
tenção e a confiança de seu comprador que já conhece essas marcas de
outros tempos e produtos.
Figura 29. Kia BestaFigura 30. Peugeot Boxer
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Esse segundo grupo é composto por veículos maiores, com
maior espaço interno, podendo concorrer inclusive na categoria Mi-
niônibus. As dimensões são maiores na largura, proporcionando maior
capacidade para passageiros e na altura, proporcionando maior área livre.
Figura 31. Dimensões básicas interior Kia Besta e Fiat Ducato Multi
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55
5.3.1.1. O FIAT Ducato
É um dos modelos de vans mais usados atualmente para o
serviço de transporte escolar. A Ducato é uma van comercial leve
desenvolvida em parceria com a PSA, grupo formado por Peugeot e
Citroën, estas duas marcas também vendem o modelo com os nomes
Boxer e Jumper, respectivamente.
O modelo nasceu em 1981 para substituir o Fiat 242. Sua
primeira geração também foi comercializada como Alfa Romeo AR6.
A segunda geração do Ducato chegou ao mercado em 1994 e a terceira
em 2006. No Brasil, o Ducato ainda é comercializado em sua segunda
geração nas versões Cargo, Multi e Minibus.
É o atual líder de vendas em sua categoria e possui uma boa
combinação de funcionalidade, economia e praticidade. Por ser um
veículo bastante comum no mercado e ter fabricação nacional, seus
proprietários conseguem achar peças facilmente. A estética da Ducato
traz a assinatura do conceituado designer italiano Giorgetto Giugiaro,
em colaboração com o Centro Estilo Fiat Auto. Suas linhas transmitem
robustez e destacam a racionalidade da forma e função do veículo.
Existe uma versão Multi Teto Alto específica para transfor-
mação, como no caso de transporte escolar, em que os bancos são
modificados para atender aos estudantes. A versão Multi Teto Alto de
12m³, conta com entre-eixos de 3.700 mm e pode ser usada tanto para
transportar carga quanto para transportar passageiros. Ela permite
diversas configurações, e permite ao consumidor decidir como dispor
os elementos no interior do veículo.
Figura 32. Ilustração Fiat Ducato.Estudo de proporção
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56
Outro ponto importante é a parceria da Fiat com empresas
implementadoras que fazem a montagem de veículos específicos,
como o Fiat Ducato Escolar com capacidade de transporte de até 19
crianças mais o condutor.
O veículo é adaptado por empresas como Greencar e Revescap.
As modificações partem da instalação de novos bancos com acaba-
mento em courvin e estrutura tubular; cintos de segurança homolo-
gados; extintor de incêndio; limitadores de abertura das janelas para
10 cm; acabamento antiderrapante no piso da porta lateral; estribo
metálico na lateral da porta de correr; além de adesivos refletivos.
Embora possibilite a montagem de acordo com a necessidade
para a van escolar, as adaptações da van não inovam no que se refere
ao layout interno. Os bancos parecem ser redimensionados não pelas
medidas antropométricas das crianças, mas apenas para aumentar a
capacidade do veículo.
A disposição dos bancos seguem um desenho tradicional, em
que se procura acomodar a maior quantidade de lugares dentro do
habitáculo do veículo. Esta configuração não atende, por exemplo, aos
estudantes que buscam na van escolar um ambiente de socialização. A
disposição convencional do transportes coletivos acaba promovendo
um posicionamento passivo dos passageiros.
Quando se olha para o serviços como o transporte escolar,
pode se considerar a Ducato uma “evolução natural” das antigas vans
asiáticas importadas. Por ser um modelo vendido por uma grande rede
já consolidada no mercado, a Ducato teve em seu favor, a confiabilida-
de e a fácil manutenção.
Ao lado, Ducato Multi (fig.32)(Imagem: Fiat/Divulgação)
Abaixo, corredor de um modelo adaptado ao transporte escolar. passagem prejudicada pela caixa de roda (fig.34) e estribo metálico que diminui a altura do degrau original (fig. 35)
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No entanto, o modelo ainda carrega algumas deficiências
comuns das vans. Sua “versatilidade” no uso acaba jogando contra as
necessidades específicas de determinados serviços como o transporte
escolar. Pode-se dizer que ao se adaptar a “todos os serviços”, a van
não serve completamente a nenhum deles.
Figura 36. Bancos dianteiros adaptados para três passageiros
Figura 37. Disposição de Layout adaptado. Modelo com corredor “em diagonal” e bancos sobre a caixa de roda.
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58
5.3.2. Micro-ônibus e Miniônibus
Os micro-ônibus e miniônibus geralmente seguem o desenho
dos ônibus rodoviários maiores. Possuem linhas arredondadas em sua
dianteira e para-brisas mais aerodinâmicos. Também possuem a mesma
identidade das vans no serviço de transporte escolar.
Esse tipo de veículo se tornou comum nas ruas de São Paulo
quando em 1998, a prefeitura buscou legalizar as lotações (serviços clan-
destinos de transporte coletivo), colocando em circulação micro-ônibus
para ocupar essas rotas alternativas, ou seja, para o sistema vascular na
periferia da cidade.
São mais altos do que as vans e possibilitam a viagem em pé
- exceto no caso de transporte escolar que é proibido por lei. Nesses
veículos há mais espaço para carregar mochilas e malas, existindo na
maioria dos casos um espaço específico para elas.
São indicadas para o transporte escolar por ser um serviço
com número de passageiros determinado. São mais espaçosas e mais
confortáveis nesse sentido. Ao contrário das vans, a porta pode ser
aberta pelo condutor sem que ele saia de seu posto, o que facilita o
embarque e desembarque.
No entanto, por terem dimensões maiores que as vans, pos-
suem maior dificuldade no estacionamento e no deslocamento por vias
congestionadas, embora sendo de fácil manobra. Alcança boas velocida-
des, mas não chega a ter a agilidade de um automóvel, o que o prejudica
em situações de trânsito lento.
Possuem maior ruído interno se comparado com os outros
veículos menores, mas não chega a ser um grande problema. Hoje,
muitos desses modelos possuem os mesmos sistemas de isolamento
sonoro que os automóveis e aparelho de ar condicionado que permite
que o barulho do motor fique “do lado de fora”.
Fazem parte desse grupo, modelos como o Marcopolo Senior,
Volare EscolarBus e o NeoBus/Iveco City Class.
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5.3.2.1. Volare Escolarbus Figura 38. Ilustração Volare Escolarbus V5. Estudo de proporção
Acima, capô do motor (fig, 39), protetor de mochilas sob o banco(fig. 40) e descansa pé (fig.41)(Imagens. Volare/Divulgação)
A Volare é a marca da associação entre Marcopolo e Agra-
le que produz micro-ônibus e miniônibus para transporte turístico,
executivo e urbano de passageiros. Atualmente é uma das líderes de
mercado no Brasil e na América Latina na produção de micro-ônibus.
A linha de produtos Volare nasceu em 1998 da demanda de mercado
por um veículo ágil, seguro, econômico e confortável no transporte
coletivo de passageiros.
A linha do produtos atual possui versões Limusine, Executivo,
Urbano, Auto Escola e Escolarbus. O grande diferencial em relação as
outras empresas de ônibus é flexibilidade em desenvolver versões espe-
ciais como ambulâncias e carros escolares, atendendo as necessidades
de cada cliente.
É pioneira no desenvolvimento de miniônibus para aplicação
de transporte escolar no Brasil. A empresa possui o modelo Escolar-
bus, o primeiro veículo brasileiro desenvolvido especialmente para o
transporte escolar.
Na tradicional cor amarela, possui dirigibilidade mais fácil
comparado a de ônibus, bom espaço interno, acesso ao posto do
motorista facilitado pelo rebaixamento do capô do motor, saídas de
emergência no teto, laterais e traseira. Possui espaço específico para
mochilas e protetor para mochilas em baixo dos assentos. Os assentos
possuem revestimento em vinil, que facilita a limpeza. Alguns ítens são
disponíveis apenas como opcionais como o descansa braço e descansa
pés. (VOLARE, 2013)
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60
O Volare Escolarbus foi lançado de maneira pioneira em
1999. A empresa forneceu mais de 5 mil unidades para o Programa
Caminho da Escola do governo federal, desde 2008.
(CONSÓRCIO..., 2013).
Para atender ao programa federal para o deslocamento de es-
tudantes na zona rural, a Volare lançou o primeiro miniônibus escolar
com tração nas quatro rodas. O modelo 4X4 foi desenvolvido para
trafegar em locais de acesso difícil, muitas vezes sem estradas, onde um
veículo com tração convencional não tem condições de ser utilizado.
O modelo possui características que facilitam a sua condução. O
Escolarbus 4X4 tem ângulos de ataque e saída maiores, estepe no baga-
geiro traseiro, proteção especial para o cárter do motor e para o tanque de
combustível. Possui carroceria mais alta, suspensão reforçada e espelhos
retrovisores que permitem total visualização em torno do veículo, o que
proporciona maior facilidade e segurança em manobras e deslocamentos.
Com 6.785 mm de comprimento, o modelo conta com cintos
de segurança individuais, limitador de velocidade regulado para 70 km/h,
Figura 42. Volare Escolarbus 4x4.(Imagem. Volare/Divulgação)
Figura 43. Porta-mochilas acima das janelas(Imagem. Volare/Divulgação)
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porta-cadernos atrás de cada poltrona, espaço para mochilas, cronota-
cógrafo com GPS e bloqueador de ignição, que não permite a partida
do motor com o veículo engatado. Tem capacidade para transportar 26
alunos, espaço para cadeira de rodas e dispõe de rampa para embarque
e desembarque de passageiros portadores de necessidades especiais.
O Volare Escolarbus 4X4 conta com um conjunto “power-
train” (motor + transmissão) diferente dos modelos convencionais.
Possui novo eixo dianteiro tracionado e sistema de transmissão com a
opção de utilização somente da tração nas rodas traseiras, 4x4 e
4X4 com reduzida (VOLARE, 2013).
A empresa se caracteriza por desenvolver veículos adaptados a
condições específicas dentro de serviços específicos. Os modelos Esco-
larbus se destacam em relação as vans por ter um projeto para transporte
escolar, diferentemente de uma simples adaptação de um espaço para carga.
Para o transporte escolar, o Escolarbus é um veículo que se
destaca por ter seu desenvolvimento pensado em seu uso. No entanto,
apesar de propor inovações mecânicas como a tração 4x4, o Escolar-
bus não necessariamente atende ao usuário. Porta-mochilas e porta-
-cadernos não são necessariamente soluções pensadas para o estudan-
te. Sua configuração interna, assim como nas vans, é tradicional. Um
veículo, para ser escolar, deve contemplar outros aspectos do design,
como necessidades ergonômicas e sociais. Um ônibus escolar tem que
ser mais do que um veículo fabricado na cor amarela.
Abaixo, porta-cadernos atrás dos bancos (fig.44), interior do Escolarbus 4x4 (fig. 45) e local reservado para cadeira de rodas (fig. 46).
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O Micromax é um veículo conceito da empresa suiça Rinspe-
ed apresentado no Salão do Automóvel de Genebra de 2013. Se trata
de um veículo suburbano que mescla o transporte pessoal e público
de forma inteligente. A Rinspeed é uma empresa especializada em
design automotivo fundada em 1979 por Frank Rinderknecht.
No projeto Micromax a empresa fez uma parceria com a
fabricante de sistemas de multimídia automotivos Harman e intro-
duziu sua visão de uma “Urban Swarm” (enxame urbano), conceito
de comunidade baseada na computação em nuvem. Um sistema de
geolocalização calcula as rotas, a velocidade da viagem e ainda sugere
opções de passeios pela redondeza. Ele também alerta o motorista
sobre a proximidade de outro microMAX na região, para uma possível
transferência de passageiros.
O sistema permite o acesso fácil às funções de navegação em
tempo real. Com base na informação de todos os veículos ligados ao
“enxame”, o sistema pode alterar as rotas dinamicamente de acordo
com o tráfego. Os donos do microMAX pertenceriam a uma comuni-
dade interligada pela nuvem.
É um conceito de mobilidade inteligente e eco-friendly que
combina os benefícios do transporte pessoal com os benefícios do
táxis, serviços de compartilhamento de carro e de carona, bem como
os oferecidos pelo transporte público.
Figura 47. Rinspeed microMAX.(imagem: Rinspeed/Divulgação)
5.3.3. Veículo Conceito: Rinspeed Micromax
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Todos os veículos seriam usados com a máxima flexibilidade
por pessoas dirigindo, por passageiros regulares em caronas, mas tam-
bém por pessoas que procuram in loco passeios ou tem uma necessi-
dade de transporte individuais em determinado momento.
Um aplicativo especial desenvolvido pela Harman possibilita o
acesso ao novo conceito de veículo a todos os participantes da comu-
nidade. Viajantes em potencial só precisariam digitar o seu destino.
Como o sistema tem informações sobre rotas, destinos, velocidades
de viagem e de ocupação de todos os veículos, ele calcula potenciais
oportunidades de passeio em tempo real e, se necessário, determina as
opções de transferência. Isso cria um sistema de transporte eficiente,
flexível e conveniente, com máxima capacidade e sem tempos de espe-
ra, sem planejamento prévio e sem desvios.
Um ponto interessante do conceito é a fácil entrada no ve-
ículo, além da livre circulação em seu interior. No lugar dos bancos,
são colocados locais com cinto de segurança para as pessoas apenas
encostarem e se apoiarem. O veículo possui 2,2 metros de altura e 3,6
metros de comprimento e acomoda um motorista e três passageiros.
O microMAX é totalmente elétrico e pensado para viagens a curtas
distâncias.
Figura 48. Interior do microMAX(imagem: Rinspeed/Divulgação)
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64
5.4. Conclusão do estudo de caso
Analisar os serviços e veículos pode trazer informações espe-
cíficas de como o sistema de transporte funciona como um todo. Os
modelos existentes nos mostram as qualidades e os defeitos, os novos
conceitos geram ideias para pensar de modo inovador.
No caso do ônibus escolar americano, por exemplo, ao ana-
lisar o veículo pela sua história e sua configuração atual, bem como o
serviço que ele presta, pode-se perceber a evolução de um modelo que
se tornou ícone mundial e perceber em que estágio dessa evolução o
modelo nacional se encontra.
Podemos ver que o problema de mobilidade pode ter outras
soluções além do veículo em si, mas através de um uso sistêmico de
produtos e serviços. Para muitas questões abordadas nesta pesquisa,
pode-se ver que nem sempre é necessário um veículo, mas o conjunto
de todas as questões de locomoção, de socialização e organização ine-
rentes ao transporte escolar.
Os veículos analisados fazem parte da realidade nacional. Suas
características definem o que é o transporte escolar atual e mostram um
pouco da lógica do veículo destinado a um serviço. Os estudos de caso
propiciaram compreender multiplas visões de um mesmo assunto através
de uma abordagem ampla.
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65
6. Identificação e descrição da oportunidade
Ao analisarmos o cenário das grandes cidades como São
Paulo, podemos ver as grandes deficiências de mobilidade que seus
habitantes enfrentam. O trânsito congestionado, o estresse e a perda
de tempo são situações comuns nesse cenário.
O automóvel é visto como um grande vilão nesse sentido.
Sua baixa taxa de ocupação e o volume crescente fizeram com que
o carro, antes um meio flexível de transporte, se tornasse pratica-
mente imóvel no trânsito caótico das cidades. Sua função deixou de
ser cumprida com eficiência, no entanto, seu valor quanto meio de
representação social não.
O veículo particular alcançou valores sociais que foram sendo
passados de geração para geração. Os pais, participantes de uma classe
média, são incapazes de perceber o quão dominados estão pela concep-
ção de uma única modalidade de transporte pessoal. Por isso, acabam
passando esse modelo de relacionamento com a cidade para seus filhos,
gerando um ciclo que conduz à falta de uma cultura de mobilidade.
O transporte escolar como conhecemos, é de extrema impor-
tância para reverter esse quadro. Os estudantes, tenham eles sete ou
dezessete anos, são capazes, em suas atividades diárias, de construir o
mundo em sua volta. No simples deslocamento de suas casas para a
escola, através de seus conhecimentos e dos acontecimentos por eles
vivenciados, os alunos podem discutir, debater e tirar suas próprias
conclusões sobre os problemas vivenciados no dia a dia.
O transporte escolar, nesse caso, é uma escola onde os envolvi-
dos, através de seus papéis sociais, podem entender o valor da coletivi-
dade em um ambiente urbano. Ao aprender a se socializar, o estudante
aprende também o que é o diverso, o que é o todo e o que é o indivíduo.
Para atravessar distâncias maiores é preciso um transporte, mas
o deslocamento também é feito a pé. Em ambos os casos existe o es-
paço de aprendizagem e de convivência social. O design, como estudo,
pode oferecer soluções que vão além de um veículo, mas um modo que
envolve diversas atividades importantes na formação de uma pessoa.
As informações levantadas em pesquisa levam a conclusão que
o complexo problema de mobilidade é consequência de uma série de
fatores sociais, políticos e econômicos. O modo como são usados os
veículos e o espaço público mostram que o carro privado está enraizado
nos costumes da classe média paulistana.
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66
O transporte escolar entendido como ambiente coletivo tem
capacidade de se figurar como um local de aprendizado e troca de expe-
riências e pode trazer novos conceitos às gerações mais novas.
Desta maneira, o projeto a ser desenvolvido deve, em um
primeiro momento, contemplar uma análise mais profunda do serviço
atual com o objetivo de se obter os primeiros requisitos, observando as
relações envolvidas nas viagens.
O produto desse projeto deverá estar em sintonia com uma
nova maneira se organizar este serviço. O projeto não deve levar
em consideração somente custos ou capacidade, mas ser pautado na
experiência social de seus clientes e suas necessidades frente ao cenário
caótico urbano.
O projeto a ser desenvolvido deverá servir de meio de mudan-
ça de valores, contribuído para o pensamento no transporte coletivo.
O grande desafio está em desenvolver um modo de se locomover que
contemple um ambiente de convívio, de transporte e de inserção no
ambiente urbano.
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67
7. Caracterização geral do Segmento de Mercado
7.1. Panorama do transporte escolar
Como vimos anteriormente, o transporte escolar em São
Paulo é uma modalidade de transporte coletivo privado que se propõe
a transportar crianças e jovens entre suas casas e a escola. O serviço é
oferecido por autônomos, empresas ou escolas (no sistema de auto-
gestão) e a Prefeitura Municipal de São Paulo por meio do Transporte
Escolar Gratuito (TEG). O preço desse serviço não é tabelado pela
Prefeitura. (SÃO PAULO (município), 2014)
Em pesquisa feita em dezembro de 2013, o Instituto de Pesquisas
Datafolha aponta para um preço médio do serviço na Grande São Paulo
de R$ 179, referente à mensalidade para uma criança, que inclui ida e volta
entre residência e escola. A pesquisa também constatou uma variação de
340% entre o maior e o menor valor, R$ 440 e R$ 100, respectivamente.
(DATAFOLHA, 2013).
A escolha por determinadas empresas ou transportadores é
feita de acordo com vagas, rotas, proximidade com a escola e custo/
benefício. A concorrência é alta e os transportadores trabalham de ma-
neira semelhante desde que o serviço começou a ser implantado com
os primeiros veículos coletivos.
Como vimos, a escola é o segundo maior motivador de via-
gens em São Paulo, perdendo apenas para o trabalho. Durante período
de aulas, há um grande impacto no trânsito com o aumento do núme-
ro de carros nas ruas e formas irregulares de estacionamento. Outro
fator relacionado ao trânsito diz respeito aos horários das escolas que,
em geral, são muito próximos, o que propicia afunilamentos e restringe
o atendimento e pleno funcionamento do tranporte escolar, já que o
transportador fica restrito a escolher determinadas rotas e escolas.
A Pesquisa de Mobilidade na Região metropolitana de São
Paulo do Metrô de dezembro de 2013 aponta para um aumento de
51% no total de viagens diárias por transporte escolar entre 2007 e
2012, de 1,32 milhão para 2,01 milhões. A pesquisa ainda aponta que
as viagens por motivo educação cresceram 6% (lembrando que as
matrículas escolares tiveram crescimento de 2%).
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68
Tanto os estudantes usuários deste serviço quanto os pais que
os contratam, apontam destaques positivos em relação a este tipo de
transporte como a comodidade e a segurança, ainda que os veículos em-
pregados permitam certos questionamentos quanto a sua funcionalidade
para o transporte coletivo.
Existe aqui uma certa dubiedade quanto à segurança, pois ao
mesmo tempo em que a confiança no transportador faz com que os
pais contratem do serviço, os veículos adaptados para o transporte de
pessoas faz com que eles duvidem dessa segurança, como a falta do
uso do cinto de segurança e o transporte de crianças em pé.
No entanto, como mencionado anteriormente, os veículos uti-
lizados no serviço passaram a ser substituídos. Alguns fatores contri-
buíram para isso, como a saída ou mudança de empresas montadoras
de vans no Brasil, que gerou um encarecimento na manutenção e falta
de peças de reposição.
Houve também, em São Paulo, a introdução da inspeção
veicular obrigatória, que provou que muitas vans a diesel estavam
poluindo além do limite. Os veículos que as substituiram são veículos
utilitários também usados em outros serviços, principalmente para o
transporte de carga. Para o transporte de pessoas e para o transporte
de crianças, o interior do veículo é modificado. É sobre essas caracte-
rísticas que o presente projeto se debruçará.
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7.2. Clientes
De acordo com o Censo Escolar de Educação Básica de 2012,
o Estado de São Paulo possui 9.914 escolas particulares de educação
básica, sendo a maioria de 4.350 especializadas no ensino infantil.
Dessas escolas, apenas 45 encontram-se em território rural. O mes-
mo censo aponta para cerca de 2 milhões de alunos matriculados em
escolas particulares, sendo 900 mil na capital paulista. (SÃO PAULO
(Estado),2012) Houve um crescimento de 110.563 alunos de 2011 para
2012, 5,5% mais alunos. (PRADO, 2014)
O censo mostra ainda 12.493 escolas municipais com 3,8 mi-
lhões de alunos, 5.830 escolas estaduais com 4,5 milhões de alunos e 27
escolas federais com 8.518 alunos. O território paulista ainda é o carro-
-chefe da educação no Brasil. (PRADO, 2014)
Já, mais recente, segundo a Pesquisa de Mobilidade na Re-
gião metropolitana de São Paulo do Metrô de dezembro de 2013, as
matrículas escolares cresceram 2% de 2007 a 2012, de 5,2 milhões para
cerca de 5,4 milhões. (PRADO, 2014)
Portanto, o aumento da demanda vinda de novas escolas em
uma cidade que cresceu nos últimos anos, tanto em área, quanto em
poder de consumo de seus cidadãos, além de uso de uma frota nova
trazendo um novo questionamento sobre a evolução do transporte em
vans, abre caminho para propor um novo veículo que poderá substituir
os empregados atualmente.
Levando em consideração que a ascenção social leva a uma
maior demanda pelo uso do transporte particular, a revisão do servi-
ço de transporte escolar atual é necessária, com a busca de uma boa
reação de qualidade e preço em relação a seu concorrente.
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7.3. Concorrente: Carro Particular
Em São Paulo, a taxa de ocupação de um veículo particular
é de cerca de 1,4 pessoa (VOITCH, 2011), pouco para carros que em
média acomodam 5 pessoas.
Segundo a Pesquisa de mobilidade na RMSP realizada pelo
Metrô de 2012, a frota de veículos particulares cresceu 18% de 2007
a 2012, de 3,6 milhões para 4,2 milhões em 2012, excluindo frotas de
empresas, táxis e ônibus). A mesma pesquisa aponta um aumento na
taxa de motorização de 184 para 212 automóveis particulares por 1000
habitantes, além do aumento de 19% no número de viagens por dia
com automóveis (de 10,5 milhões para 12,6 milhões). (2013)
O carro particular é mais utilizado devido a sua comodidade
e flexibilidade, estando disponível ao usuário o tempo todo. Isso dá ao
motorista a sensação de controle do tempo e do percurso a ser feito. Tal
cenário dificilmente seria atingido por um transporte coletivo. A facili-
dade de crédito também impulsiona aqueles que sonham comprar este
bem de valor, além da falta de qualidade e credibilidade dos transporte
públicos em São Paulo.
Como vimos anteriormente, o carro particular também propor-
ciona a sensação de segurança que tranquiliza pais na hora de se deslocar. O
veículo passa a funcionar como uma “bolha segura” frente a selvageria da
cidade. Além disso, existe também a própria afirmação/reprodução social
como classe média, onde o veículo em que se chega no trabalho ou escola
determina o pertencimento a tal grupo ou sociedade.
O problema que encontramos aqui é o excesso de carros nas
ruas em determinados períodos do dia, talvez a principal insatisfação
do paulistano. Como demostrado anteriormente, os horários escolares
também contribuem para esta situação, no entanto o carro particular
nunca será descartado, mas alguns esforços podem ser feitos para
reduzir seu uso e trazer mais equilíbrio às ruas da cidade.
![Page 71: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/71.jpg)
71
7.4. Novo entrante: Bicicleta
O número de usuários de bicicletas vem crescendo a cada
dia. Em São Paulo, a construção de ciclovias passou a ser o centro das
atenções das autoridades que viram neste meio de locomoção, uma
alternativa para a situação atual da cidade. De 2007 a 2012, o número
de viagens diárias de bicicletas sofreu aumento de 7%, de cerca de 310
mil para 333 mil segundo a Pesquisa de mobilidade na RMSP realizada
pelo Metrô. (2013)
O tempo médio de viagem de bicicleta apontado pela Pes-
quisa de mobilidade do Metropolitano de São Paulo 2012 é de 27
minutos, frente a 31 minutos do transporte individual (carro, táxi ou
moto), a 67 minutos do transporte coletivo (metrô, ônibus, transpor-
te escolar, fretado, etc.) e a 15 minutos do deslocamento a pé (entre
origem e destino).
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, ocorreram no ano de
2013, 712 acidentes envolvendo bicicletas, 35 fatais (cerca de 4,9%). O nú-
mero é pequeno se comparado aos 514 pedestres e 603 motociclistas/pas-
sageiros vítimas fatais de acidentes, no entanto, os valores não se comparam
se levar em consideração o uso desses modos. A bicicleta ainda é um modo
arriscado de se deslocar.
São Paulo possui ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. A ciclovia
é uma pista de uso exclusivo para a circulação de bicicletas com sina-
lização vertical e horizontal (placas e pintura do solo). É separada da
via de automotores na calçada, no canteiro central ou na própria pista
por onde circula o tráfego geral. A cidade conta com 82,41 de malha
cicloviária (agosto de 2014), sendo 74,61 km de ciclovias, 3,3 km de
ciclofaixa definitiva na região de Moema e 4,5 km de calçadas compar-
tilhadas. (SÃO PAULO (município), 2014)
As ciclofaixas, diferentemente das ciclovias, não possuem
separação física em relação à via de tráfego geral, geralmente são
implantadas em vias arteriais e coletoras e localizam-se nas bordas da
pista por onde passam os veículos automotores. As ciclofaixas de lazer
funcionam das 07 às 16h, em domingos e feriados e totalizam 120,8
km espalhados pela cidade. (SÃO PAULO (município), 2014)
A cidade também possui 58 km de ciclorrotas, ruas usadas
por ciclistas que circulam junto com o tráfego geral. As vias recebem
sinalização vertical e pintura de solo, indicando aos motoristas que
a atenção deve ser redobrada e a velocidade reduzida para 30km/h.
(SÃO PAULO (município), 2014)
![Page 72: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/72.jpg)
72
A Prefeitura de São Paulo pretende ampliar em 400 quilôme-
tros de vias destinadas a bicicletas até o final do ano de 2015, conec-
tando-as a outros modais de transporte, como terminais de ônibus,
equipamentos públicos, escolas, praças, parques e locais de trabalho.
(SÃO PAULO (município), 2014)
A bicicleta também é permitida no metrô de segunda a sexta
a partir das 20h30, aos sábados a partir das 14h e aos domingos e
feriados das 04h40 à meia-noite. Desde que entrem no máximo 4 bici-
cletas por trem e sempre no último vagão. Existem bicicletários em 12
estações do metrô. (SÃO PAULO (município), 2014)
Figura 49. Ciclovias em Construção na Cidade de São Paulo(imagem: Município/Divulgação)
![Page 73: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/73.jpg)
73
Em São Paulo, a municipal autárquica São Paulo Transporte,
a SPTrans, é responsável por planejar e gerir o sistema de transporte
público por ônibus, Micro-ônibus, vans e trólebus. As concessionária
operam as linhas sob sua supervisão em nove zonas, cada qual com
uma cor diferente e operada por um consórcio e uma cooperativa, e os
veículos seguem o mesmo padrão de cores. (SPTrans, 2014)
A frota paulistana compreende 15 mil ônibus operando em
1.314 linhas, sendo 832 operando por meio de concessão e 482 ope-
rando com permissão. São transportados quase 3 bilhões de passagei-
ros por ano. Existem cerca de 119,4km de corredores exclusivos de
ônibus e cerca de 412,44 km de faixas de ônibus, totalizando 531,84
km. (SÃO PAULO (município), 2014)
A grande vantagem de usar este sistema encontra-se na inte-
gração com outros modais de transporte, como trens e metrô, graças
ao Bilhete Único - cartão que armazena valores em reais para a utili-
zação do transporte público. Usuários estudantes e idosos podem ter
desconto e isenção da passagem respectivamente, além de possibilitar a
qualquer empregador, o serviço de vale-transporte. (SPTrans, 2014)
As desvantagens aparecem ao se olhar para a qualidade do
serviço. A lotação é excedida todos os dias em horários de pico,
comprometendo segurança e conforto do usuário. A demora e não
regularidade dos intervalos entre ônibus é também uma grande queixa
dos usuários, que deixam de aproveitar melhor seu tempo enquanto
aguardam o transporte. O número excessivo de baldeações também
afeta sua qualidade.
7.5. Substituto: Ônibus urbano
Figura 50. Zonas de operação(imagem: SPTrans/Divulgação)
![Page 74: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/74.jpg)
74
7.6. Matriz de avaliação de valor
A matriz de avaliação de valor é parte das ferramentas forne-
cidas pelo livro “A Estratégia do Oceano Azul”. O livro é baseado na
teoria de que existem os oceanos vermelho e azul, cada um represen-
tando um tipo de mercado. O oceano vermelho representa o mercado
existente e conhecido onde a competitividade entre empresas é alta, o
ambiente é hostil e a todo momento a sobrevivência é ameaçada. Em
contrapartida, o oceano azul é menor e representa mercados ainda não
alcançados, um movimento de criação de demandas. A competitivida-
de é irrelevante já que as “regras do jogo” ainda não foram definidas.
A Matriz da Avaliação de Valor é tanto um instrumento de
diagnóstico como um modelo para o desenvolvimento da estraté-
gia de oceano azul. Nela, se inserem os atributos atuais de um setor,
buscando captar a situação atual e o que os clientes recebem das
ofertas existentes. Num segundo momento, o propósito é de mudar
fundamentalmente a matriz de avaliação de valor do setor, a empresa
passa a reorientar seu foco estratégico, de concorrentes para setores
alternativos, e de clientes para não-clientes do setor. Assim utilizam-se
os quatro métodos chaves para cada atributo encontrado: ELIMINAR
- REDUZIR - ELEVAR – CRIAR. Surge então uma nova curva.
Eliminar
Veículos adaptados
Elevar
SegurançaEspaço internoConfortoPadronização (veículo singular)
Reduzir
Ociosidade CapacidadeTempo de espera e viagemCusto de manutençãoEmissão de poluentes
Criar
Ambiente diferenciado (diversão, aventura e crescimento)Desenho atraente Percurso planejado Comunicação mais próxima com clientes
Como fornecer um serviço de transporte escolar que seja pontual,
seguro, que permita melhor convívio social entre os passageiros?
![Page 75: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/75.jpg)
75
1 2 3 4
Carro particular
Ônibus urbano
Escolar atual
Novo serviço
7.6.1. Matriz da Avaliação de Valor
![Page 76: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/76.jpg)
76
Para compreender melhor o funcionamento de um serviço
de transporte escolar e poder propor novas ideias no planejamento do
novo serviço, utilizaremos a seguir o modelo de negócios Canvas. A
princípio é uma matriz para ser utilizada na definição de novos ne-
gócios. Por ser um modo visual e simplificado, o modelo garante um
entendimento rápido das peças-chave de um serviço.
A matriz permite esboçar modelos de negócios novos ou
existentes, bem como organizar qualquer projeto. Os tópicos a seguir
foram definidos com as informações adquiridas até o momento, tra-
zendo uma primeira base para a posterior modelagem do serviço final.
Parcerias-ChaveParceria com a fabricante do veículo
Parceria com as escolas.
Parceria com escolas, empresas, cursos e academias na
publicidade e divulgação.
Parcerias com oficinas mecânicas, “lava-rápido” e garagens.
Parceria com a Prefeitura do Município de São Paulo
Atividades-chavesTransporte coletivo privado de estudantes.
Gestão de rotas e logística.
Comunicação com o cliente
Recursos-chaveFísicos: veículos, centros de manutenção, central de atendimento ao
cliente, TI.
Intelectuais: marca, patentes do veículo, base de dados dos clientes
Humanos: transportadores, monitores e atendentes bem treinados.
Valores propostosÉ transporte alternativo ao carro particular e ao transporte público.
É seguro por levar da porta de casa até a porta da escola.
É tão confortável e confiável quanto o carro particular.
É ágil por ter rota planejada de acordo com a melhor relação entre as
distâncias e locais de moradia.
É prático por poder escolher rotas de acordo com necessidades (preço,
tempo de viagem, motorista de confiança)
7.7. Matriz Canvas
![Page 77: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/77.jpg)
77
Custo estruturalRepasse aos transportadores, salário dos monitores, atendentes e de-
mais funcionários
Combustível/Energia
Manutenção e Limpeza
CanaisAtravés de site integrado a aplicativo, onde o cliente poderá se cadas-
trar, gerenciar rotas, dar opiniões e críticas, trocar informações com
outros pais, etc.
O transporte será divulgado nos murais das escolas, cursos e acade-
mias.
O próprio veículo, singular, divulgará o serviço.
Possíveis clientes poderão ter informações próximo de horários de
entrada e saída nas escolas.
Segmento de Clientes O serviço atende a um mercado específico. Fornece transporte majo-
ritariamente a escolas de bairros periféricos de São Paulo. Os clientes
são geralmente de classe média e moram em bairros próximos.
Os estudantes possuem entorno de 7 a 17 anos e frequentam o ensino
fundamental e médio.
Relacionamento com o clienteAssistência pessoal através de central de atendimento, ou autosserviço
por site e aplicativo.
Comunidade online entre os próprios pais para troca de informações,
resolução de problemas.
O principal contato do estudante com o serviço se faz pelo motorista
e pelo monitor, responsáveis por zelar pela segurança dos passageiros e
garantir o embarque de todos.
Fluxo de receitasPreço fixo através de taxa de utilização: o valor é calculado de acordo
com o tempo de viagem (quanto maior, mais barato) em relação ao
número de passageiros (quanto maior, mais barato) em dias utilizados.
Escolas, academias, cursos e empresas poderão contratar publicidade
tanto no veículo quanto no site. Poderá gerar descontos para seus
alunos ou clientes.
Cobranças mensais através de boleto, cartões, etc.
![Page 78: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/78.jpg)
78
Matriz Canvas
Parcerias-chave
Relacionamento com
o clienteFluxo de receitas
Atividades-chave
Recursos-chave
Valores propostos
Custo Estrutural
Canais
Segmento de clientes
Parceria com a fabricante do
veículo
Parceria com as escolas na pre-
ferência pelo serviço.
Parceria com escolas, em
presas, cursos e academ
ias na publicida-de e divulgação.
Parcerias com oficinas m
ecâni-cas, postos de “lava-rápido” e garagens.
Parceria com a Prefeitura do
Município de São Paulo (Trans-
porte Escolar G
ratuito)Físico: veículos, centros de m
anutenção, central de atendi-m
ento, TI.
Intelectuais: marca, patentes do
veículo, dados de clientes.
Hum
ano: operadores bem
treinados.
Assistência pessoal através de central de atendim
ento ou auto-serviço por site integrado a aplicativo.
Com
unidade online para troca de informações, resolução de problem
as.
O principal contado do estudante com
o serviço se faz pelo motorista e pelo m
onitor, responsá-veis por zelar pela segurança dos passageiros e garantir o em
barque de todos.
Preço fixo através de taxa de utilização: o valor é calculado de acordo com o tem
po de viagem
(quanto maior, m
ais barato) em relação ao núm
ero de passageiros (quanto maior, m
ais barato) em
dias utilizados.
Escolas, academ
ias, cursos e empresas poderão contratar publicidade tanto no veículo quanto
no site. Poderá gerar descontos para seus alunos ou clientes.
Cobranças m
ensais boleto, cartões, etc.
Site integrado a aplicativo,
Divulgação em
murais de esco-
las, cursos e academias.
O próprio veículo, singular,
divulgará o serviço.
Operadores nas escolas.
Transporte coletivo de estu-dantes.
Gestão de rotas
Com
unicação constante via site e aplicativo
É transporte alternativo ao
carro particular e ao transporte público.
É seguro por levar da porta de
casa até a porta da escola.
É tão confortável e confiável
quanto o carro particular.
É ágil por ter rota planejada de
acordo com a m
elhor relação entre as distânicas e locais de m
oradia.
É prático por poder escolher
rotas de acordo com necessida-
des (preço, tempo de viagem
, m
otorista. etc.)
Repasse aos transportadores,
salário dos monitores, atenden-
tes e demais funcionários
Com
bustível/Energia
Manutenção e Lim
peza
O serviço atende a um
mercado
específico. Fornece transporte m
ajoritariamente a escolas de
bairros periféricos de São Paulo.
Os clientes são geralm
ente de classe m
édia e moram
em bair-
ros próximos.
Os estudantes possuem
entorno de 7 a 17 anos e frequentam
o ensino fundam
ental e médio.
![Page 79: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/79.jpg)
79
Até o momento, para coletar informações sobre as questões
que tangem o sistema de transporte escolar em São Paulo, foi realizada
uma pesquisa a respeito do transporte e da mobilidade em um cená-
rio geral. Nesta pesquisa foram utilizados como referências dados de
diversas instituições como a SPTrans, CET e a própria Prefeitura de
São Paulo, e bibliografia específica. Em seguida, a pesquisa foi focada
no transporte escolar em si, como funciona e quais as implicações
legais para o seu funcionamento. Nesta etapa foi importante a pesquisa
realizada pelo INEP e os dados levantados em 2012 sobre o transporte
escolar brasileiro que mostrou as modalidades de transporte escolar
existentes e os programas públicos direcionados ao serviço.
Para além das informações disponíveis, é necessário um
levantamento em campo. Portanto, foram realizados duas abordagens
distintas: a primeira consistiu em uma primeira aproximação com
transportadores, estudantes e pais de maneira informal; a segunda
abordagem. que será mostrada a seguir, consistiu na entrevista estru-
turada com os envolvidos. As entrevistas foram realizadas em campo
nas Zonas Norte e Oeste da Capital paulistana, em escolas dos bairros
Casa Verde, Limão, Jardim Bonfigliori.
8. Levantamento de Informações em campo
8.1. Técnica para Levantamento de Informações em campo
![Page 80: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/80.jpg)
80
8.2. Questionário
A.) Geral_Qual sua idade?
_A que distância você/seu filho(a) mora do local de estudo?
-menos de 2 km
-de 2 a 4 km
-de 4 a 6 km
-mais de 6 km
_Qual meio utiliza para ir/levar o filho(a) a escola?
-a pé
-bicicleta
-ônibus
-metrô
-carro/moto
-escolar
_Com que frequencia usa cada um deste(s) meio(s) de transporte,
pensando em ir a escola?
-Todos os dias
-de 3 a 4 vezes na semana
-2 a 3 vezes por semana
-1 vez por semana
_Faz todo o trajeto com o mesmo meio? Se não, qual outro meio você
costuma utilizar junto ao primeiro?
-a pé
-bicicleta
-ônibus
-metrô
-carro/moto
-escolar
_Quais os pontos positivos e negativos no transporte que você/seu
filho(a) utiliza?
B.) Para usuários de transporte escolar_Quanto tempo você/seu filho(a) leva para chegar ao destino? Como
você qualificaria esse tempo? (em minutos)
_No transporte que você/seu filho(a) usa, tem monitor(a)?
_Se sim, ele(a) tem um assento próprio? costuma ir na frente com o
motorista ou atrás com os passageiros?
_Qual a importância do monitor na sua opinião?
![Page 81: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/81.jpg)
81
1. Apenas para estudantes_O que você costuma fazer enquanto se desloca?
-ouve música
-lê livros ou revistas
-joga algum jogo eletrônico / mexe no celular
-conversa com os amigos
-conversa com o motorista ou monitor
-cochila
-observa o caminho
_Quais são os atributos mais importantes para você em um transporte
escolar?
-limpeza
-temperatura
-conforto
-espaço
-segurança
-rapidez
-prudência
-conectividade
_Há alguma atividade que você gostaria de poder realizar durante o
percurso?
_Qual o tipo de material que você carrega
-mochila
-mala de rodinha
-fichário
-lancheira
_Como você carrega seu material?
-no colo
-no porta-bagagens
-no chão
2. Apenas para responsáveis_O que te levou a contratar o serviço?
-horários não batem
-não possuo carro/habilitação
-é prático pois tenho tempo para outras atividades
-é um transporte mais seguro do que o público
-meu filho(a) prefere ir sozinho(a) a escola
-quero que meu filho(a) aprenda a ser mais independente
_Como você conheceu o serviço que seu filho(a) utiliza?
-por recomendação da própria escola
-por recomendação de outro pai ou mãe
![Page 82: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/82.jpg)
82
-por guias de serviços ou classificados
-outro motivo
_Como é feito o pagamento do serviço?
-cheque diretamente para o motorista
-depósito bancário
-boleto bancário
-dinheiro diretamente para o motorista
-outro
_Quem faz o pagamento?
-eu mesmo
-meu filho(a) diretamente para o motorista
_Desta maneira, você recebe de volta:
-cupom fiscal
-comprovante de pagamento não fiscal
-apenas um agradecimento
_Quais são os atributos mais importantes para você em um transporte
escolar?
-limpeza
-temperatura
-conforto
-espaço
-segurança
-rapidez
-prudência
-conectividade
-preço
C.) Para usuários de outros meios_Qual os pontos positivos e negativos dos transportes que você/seu
filho(a) usa, em relação ao transporte escolar?
_Quanto tempo você/seu filho(a) leva para chegar ao destino? Como
você qualificaria esse tempo? (em minutos)
_O que te leva a não contratar o serviço de transporte escolar?
-falta de vagas
-muito caro
-aproveito que estou indo para o trabalho
-moro perto
-acho mais prático do modo que faço
-revezo com outros pais e dou carona
_Você contrataria um serviço de transporte escolar?
D.) Para transportadores e monitores
_É autônomo ou trabalha para uma empresa ou escola?
![Page 83: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/83.jpg)
83
_Quais os principais causadores de atrasos no serviço?
(qualifique de 1 a 5, sendo 1 o que menos atrapalha)
-aluno não está no local combinado (porta, saída da
escola, etc.)
-aluno não avisa que vai faltar
-trânsito congestionado
-falta de vagas na porta das escolas
-dificuldade para manobrar o veículo
(tamanho do veículo, da rua, das vagas, etc.)
_Qual o veículo que você utiliza?
_Quais são os principais pontos positivos e negativos que você pode
dizer sobre seu veículo em relação ao serviço?
_Já fez alguma adaptação no veículo?
_Quantos lugares possui?
_Transporta na lotação máxima?
_Quando é feito a manutenção e limpeza?
_O que acontece se o veículo quebra durante o serviço?
_No período de férias, qual uso é dado ao veículo?
_Já teve algum problema com as portas do veículo?
_É comum ter que levantar durante o percurso ou chamar atenção de
algum passageiro?
_Você consegue ver todos os ocupantes do veículo?
![Page 84: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/84.jpg)
84
8.3. resultados obtidos
Com o intuito de se obter informações sobre o funcionamen-
to e as relações envolvidas no transporte escolar, um questionário foi
aplicado na porta da escola. Como a segurança das crianças é um fator
comum entre todos os envolvidos, o primeiro contato foi recebido com
desconfiança, sendo vetado qualquer registro fotográfico ou audiovisual
dentro dos veículos.
Em paralelo a abordagem com os transportadores e monito-
res, foi realizada uma abordagem com os usuários (estudantes) e clien-
tes (responsáveis). Esta se deu através da aplicação de um questionário
individualmente. Por fim, para avaliar a importância do transporte
escolar e a opinião sobre outros meios de transporte destinados a esse
fim, foram realizadas entrevistas com demais usuários. Foram obtidos
resultados de 42 pessoas de diferentes faixas etárias, condições sociais
e locais de moradia.
Cerca de 40% dos usuários reside a mais de 6 km e 32% entre
4 e 6 km. Os pais dizem contratar o serviço de transporte escolar por
causa dos horários/locais de trabalho e escola que não coincidem, por
ser mais seguro que o transporte público ou então por não ter habilita-
ção ou carro. Conhecem o serviço principalmente por recomendação
da própria escola, que possui a lista de contatos dos transportadores.
O pagamento é realizado pelos pais diretamente ao transpor-
tador ou pode ser feito pelo estudante, se mais velho. Pagam em torno
de R$ 250 a R$ 320 e geralmente não recebem nota fiscal, apenas um
recibo comercial.
Os usuários de transporte escolar levam em média 45 minutos
para chegar aos seus destinos, sendo 15 minutos o mais rápido e 75
minutos o mais demorado. A maior parte dos transportes escolares pos-
sui monitor, que os usuários julgam importante por causa de crianças
menores, pois garante sua segurança e evita distrações ao motorista.
A maioria observa o caminho durante a viagem, seguido de
ouvir música, “mexer no celular” e conversar com os colegas. Julgam o
conforto e espaço como os principais atributos de um veículo e gosta-
riam de algum tipo de conectividade ou possibilidade de carregar seus
gadgets (games, celulares, mp3 player).
A maioria carrega o material em mochilas, mas algumas crian-
ças usam a mala de rodinhas, o que pede certa “manobra” no interior
do veículo, pois elas são mais difíceis de se carregar e acabam ocupan-
do parte do espaço das pernas.
![Page 85: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/85.jpg)
85
Entre os mais velhos, é possível ver que o material também
é dividido entre mochila e fichário, geralmente, carregados no colo. É
possível ver também que eles se sentem incomodados quanto ao ruído
interno e as músicas que são colocadas no sistema de som do ônibus.
Além de, às vezes, sentir vergonha por ir a escola de van escolar.
Entre os outros meios de transporte, o carro particular aparece
com maior frequência, principalmente quando os filhos aproveitam a carona
dos pais na ida ao trabalho. Ir a pé para a escola também aparece com maior
frequência, pois para alguns pais a proximidade da escola é um quesito im-
portante na hora de definir o local de estudo do filho.
Enquanto usuários de veículos particulares geralmente consi-
deram utilizar o meio mais prático para tal função, embora reclamem
do trânsito congestionado na porta da escola, os usuários de transpor-
te público julgam o transporte escolar como tendo um custo-benefício
ruim, tendo em mente o fato de ser uma conta a mais no fim do mês.
Entre os transportadores, a maior parte é de autônomos que
possui uma ou duas vans que operam, geralmente, na mesma escola.
Dizem que os atrasos no serviço são raros, mas quando ocorrem é
devido a algum passageiro que se atrasa ou não avisa que vai faltar. O
trânsito congestionado atrapalha às vezes, mas como o caminho é o
mesmo todo o dia, é possível evitar os gargalos. Quanto a cobrança,
um terço dos entrevistados alegaram receber via cheque, mediante
emissão de um recibo comercial ou através de boleto bancário.
Durante a viagem, ter que chamar a atenção de alguma criança
é comum, mas nada fora do controle do transportador ou monitor. Este,
por sua vez, é necessário, pois é difícil para o motorista prestar atenção
no trânsito tendo que olhar para cada um de seus passageiros. A visua-
lização dos passageiros também é prejudicada pela própria distribuição
dos bancos do veículo.
Outro ponto de atenção é a porta lateral da van, nenhum en-
trevistado disse ter acontecido algum acidente, já que o monitor sempre
fica atento. No entanto, o fato da porta desses veículos sempre ser do
lado direito causa certos riscos no embarque e desembarque, como é o
caso dos transportadores que atendem o Colégio Van Gogh no bairro
do Limão na Zona Norte de São Paulo, onde a via deixou de ser de
duas mãos, fazendo todos os veículos pararem do lado esquerdo.
Com relação aos veículos, a maioria dos transportadores uti-
liza vans como a Ducato ou Topic. Foi possível constatar que muitos
dos veículos eram novos com no máximo 3 anos de uso.
Os usuários da Ducato se dizem satisfeitos, embora às vezes
não haja consenso quanto a certos aspectos como: a facilidade de ma-
nobrar, custos e necessidade de manutenção. Apontam como positivos
![Page 86: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/86.jpg)
86
a boa dirigibilidade e conforto para os passageiros, o bom custo bene-
fício, pois tanto o preço, peças e seguro são mais baratos se compara-
dos a uma Mercedes-Benz Sprinter que eles julgam ser uma excelente
van. Pesa como ponto negativo o atendimento ruim nas concessioná-
rias, a necessidade de manutenção frequente e a revenda. Já os usuários
da van Topic, se queixaram da manutenção cara e da quebra frequente,
além do atendimento ruim das autorizadas.
Um fato interessante foi a opinião de um dos transportadores
que considerou vans como a Ducato melhor, pois o motorista se senta
atrás do eixo dianteiro e não em cima como a Kombi, veículo que possui
em momento anterior. Segundo ele, esse foi um dos motivos na escolha
do veículo, considerando que seria a causa de dores nas costas.
Por fim, a maioria diz não se importar com o “design” do veí-
culo” e diz ter feito alguma alteração no veículo, em geral, a adaptação
do layout interno e acessórios previstos em lei como o estribo lateral e
as faixas refletivas.
A manutenção e limpeza geralmente é feita no fim de semana
ou nos intervalos entre corridas. Durante períodos de férias escolares,
os veículos geralmente ficam ociosos, muitos transportadores alegam
que a manutenção já é muito frequente com o uso diário das vans.
![Page 87: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/87.jpg)
87
Neste capítulo serão evidenciados as necessidades levantadas
por usuários do serviço de transporte escolar atual. Foram ouvidos
transportadores, monitores, estudantes e pais. O objetivo é sintetizar
as principais necessidades apontadas durante entrevistas e agrupar em
tópicos seguindo sua natureza.
Transportadores/Monitores
Segurança
- Poder visualizar todos os passageiros durante a viagem;
- Assento para o monitor virado para os passageiros;
- Ter portas nos dois lados do veículo;
- Ser fácil de manobrar e estacionar;
- Fácil identificação dos comandos;
- Ter o controle das portas;
- Poder parar o veículo próximo da porta;
Conforto
- Ter boa circulação de ar ou ar-condicionado;
- Facilidade de acesso para a área de trabalho;
- Ter vaga garantida na frente da escola;
Manutenção
- Fácil manutenção;
- Bancos e assoalho de fácil limpeza;
- Materiais do interior que não risquem com facilidade;
9. QFD - Quality Function Deployment
9.1. Desdobramentos da voz do cliente (Qualidade exigida)
O Desdobramento da Função Qualidade é uma ferramenta de qua-
lidade que possibilita “ouvir” a voz do cliente e organizar de modo a
facilitar a análise. Na prática, o QFD corresponde a uma matriz em
que colocamos os requisitos dos usuários coletados em levantamento
e confrontamos com requisitos de projeto.
![Page 88: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/88.jpg)
88
Economia
- Preço de veículo e manutenção menores;
- Veículos mais econômicos;
- Manter autonomia dos transportadores;
Serviço
- Garantir que as crianças estejam no local esperando
Visualização
- Ter visual moderno;
Estudantes/Pais
Segurança
- Acompanhamento do monitor para crianças menores;
- Garantir a segurança na calçada e no caminho a pé;
- Número de vagas condizente com o tamanho do veículo;
- Conhecer bem o transportador/monitor
- Veículo que ofereça segurança às crianças menores;
- Estar sempre limpo;
- Mais locais de apoio para embarque e desembarque;
- Ter certeza de que o filho está seguro;
Conforto
- Corredores mais espaçosos;
- Velocidade do veículo de acordo com a via;
- Ter tomadas para carregar celulares e jogos portáteis;
Manutenção
- Interior durável e de fácil limpeza;
Economia
- Pagar pelo uso e não por um rateio;
- Melhor custo/benefício em relação a outras alternativas;
Serviço
- Transportadores pacientes e que gostem de crianças;
- Saber quando o veículo está chegando;
- Ter contrato e receber comprovante de pagamento;
Visualização
- Fácil identificação do veículo;
- Ter visual moderno
![Page 89: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/89.jpg)
89
9.2. Especificação dos principais atributos do serviço (qualidade planejada)
Pensar em diversos tamanhos de malas e mochilas;
Utilizar energia renováveis;
Utilizar materiais de fácil limpeza;
Ter dimensões semelhante as vans de hoje;
Possuir alertas sonoros para avisar pedestres ao redor do veículo;
Melhorar atendimento e relacionamento com cliente;
Permitir o tráfego por vias íngremes e estreitas;
Permitir boa visualização do entorno;
Experiência de transporte coletivo semelhante ao público;
Ter bancos que acomodem estudantes de todos os tamanhos;
Pensar em layout interno que permita o uso individual e/ou a conversa;
Possibilitar que os pais saibam onde o veículo está em tempo real;
Ter desenho que siga a indústria automotiva;
Veículo padronizado singular;
Ter mais de uma porta no veículo;
Rotas planejadas inteligentes;
Integração com outros modais de transporte;
Gerar interesse no serviço pelo status;
Diminuir ociosidade do veículo;
Previsibilidade de manutenção;
Conectividade;
Interior visível pelo lado de fora;
Incentivar a sociabilidade entre os passageiros;
A seguir, confrontamos a “voz do cliente” com os principais
atributos pensados para a melhoria do serviço e do veículo. As duas
primeiras matrizes dizem respeito às necessidades dos estudantes e de
seus pais. As duas últimas matrizes correspondem às necessidades de
transportadores (condutores) e monitores.
Para atribuir valores quantitativos aos requisitos apresentados,
foram utilizados o sinal de “+” para requisitos que atendam a neces-
sidade do cliente e “-” para requisitos que contradizem a requisitos
apontados pelo cliente. Quanto maior a soma de “+”, maior a relevân-
cia do requisito para o projeto.
![Page 90: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/90.jpg)
Estudantes / Pais
QFD- Q
uality Function
Deployment
Pensar em diversos tamanhos de malas e mochilas
Utilizar energias renováveis
Utilizar materiais de fácil limpeza
Ter dimensões semelhantes as vans de hoje
Possuir alertas sonoros para avisar pedestres ao redor do veículo
Melhorar atendimento e relaciona-mento com cliente
Permitir o tráfego por vias íngre-mes e estreitas
Permitir boa visualização do en-torno
Experiência de transporte coletivo semelhante ao público
Ter bancos que acomodem estu-dantes de todos os tamanhos
Pensar em layout que permita o uso individual ou a conversa
Possibilitar que os pais saibam onde o veículo está em tempo realTer desenho que siga a indústria
automotiva
Veículo padronizado singular
Ter mais de uma porta no veículo
Rotas planejadas inteligentes
Integração com outros modais de transporte
Gerar interesse no serviço pelo status
Diminuir ociosidade do veículo
Previsibilidade de manutenção
Conectividade
Interior visível pelo lado de fora
Incentivar a sociabilidade entre os passageiros
Segurança
Acompanham
ento do monitor
em para crianças m
enores+
++
++
+Veículo deve parar o m
ais pró-xim
o da porta da escola+
++
+Núm
ero de vagas condizente com
o tamanho do veículo
+-
++
++
Conhecer bem o transportador
e monitor
++
++
Veículo que ofereça segurança às crianças m
enores+
++
Ter bancos seguros para todas as idades
++
++
++
+M
ais locais de apoio para em-
barque e desembarque
+Ter certeza de que o filho está
seguro+
++
++
++
+
Conforto
Corredores mais espaçosos
+-
++
+-
++
Velocidade do veículo de acor-do com
a via+
++
+Ter tom
adas para carregar celu-lares e jogos portáteis
++
++
+
![Page 91: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/91.jpg)
Estudantes / Pais
QFD- Q
uality Function
Deployment
Pensar em diversos tamanhos de malas e mochilas
Utilizar energias renováveis
Utilizar materiais de fácil limpeza
Ter dimensões semelhantes as vans de hoje
Possuir alertas sonoros para avisar pedestres ao redor do veículo
Melhorar treinamento dos opera-dores do serviço
Permitir o tráfego por vias íngre-mes e estreitas
Permitir boa visualização do en-torno
Experiência de transporte coletivo semelhante ao público
Ter bancos que acomodem estu-dantes de todos os tamanhos
Pensar em layout que permita o uso individual ou a conversa
Possibilitar que os pais saibam onde o veículo está em tempo realTer desenho que siga a indústria
automotiva
Veículo padronizado singular
Ter mais de uma porta no veículo
Rotas planejadas inteligentes
Integração com outros modais de transporte
Gerar interesse no serviço pelo status
Diminuir ociosidade do veículo
Previsibilidade de manutenção
Conectividade
Interior visível pelo lado de fora
Incentivar a sociabilidade entre os passageiros
Man.
Interior durável e de fácil lim
peza+
++
Economia
Pagar pelo uso e não por um
rateio+
++
+M
elhor custo/benefício em
relação a outras alternativas+
+-
++
Serviço
Transportadores pacientes e que gostem
de crianças+
++
+Ter contrato e receber com
pro-vante de pagam
ento+
+Saber quando o veículo está
chegando+
++
+
Visu.
Fácil identificação do veículo+
++
+Ter visual m
oderno+
++
++
![Page 92: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/92.jpg)
Transportadores/Monitores
QFD- Q
uality Function
Deployment
Pensar em diversos tamanhos de malas e mochilas
Utilizar energias renováveis
Utilizar materiais de fácil limpeza
Ter dimensões semelhantes as vans de hoje
Possuir alertas sonoros para avisar pedestres ao redor do veículo
Melhorar atendimento e relaciona-mento com cliente
Permitir o tráfego por vias íngre-mes e estreitas
Permitir boa visualização do en-torno
Experiência de transporte coletivo semelhante ao público
Ter bancos que acomodem estu-dantes de todos os tamanhos
Pensar em layout que permita o uso individual ou a conversa
Possibilitar que os pais saibam onde o veículo está em tempo realTer desenho que siga a indústria
automotiva
Veículo padronizado singular
Ter mais de uma porta no veículo
Rotas planejadas inteligentes
Integração com outros modais de transporte
Gerar interesse no serviço pelo status
Diminuir ociosidade do veículo
Previsibilidade de manutenção
Conectividade
Interior visível pelo lado de fora
Incentivar a sociabilidade entre os passageiros
Segurança
Poder visualizar todos os pas-sageiros durante a viagem
+-
++
+Assento para o m
onitor virado para os passageiros
-+
+Ter portas nos dois lados do
veículo+
++
++
+Ser fácil de m
anobrar e esta-cionar
++
+Fácil identificação dos com
an-dos
++
++
Ter o controle das portas+
Poder parar o veículo próximo
da porta+
++
+
Conforto
Ter boa circulação de ar ou ar--condicionado
++
Facilidade de acesso para a área de trabalho
+Ter vaga garantida na frente da
escola+
++
![Page 93: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/93.jpg)
Transportadores/Monitores
QFD- Q
uality Function
Deployment
Pensar em diversos tamanhos de malas e mochilas
Utilizar energias renováveis
Utilizar materiais de fácil limpeza
Ter dimensões semelhantes as vans de hoje
Possuir alertas sonoros para avisar pedestres ao redor do veículo
Melhorar treinamento dos opera-dores do serviço
Permitir o tráfego por vias íngre-mes e estreitas
Permitir boa visualização do en-torno
Experiência de transporte coletivo semelhante ao público
Ter bancos que acomodem estu-dantes de todos os tamanhos
Pensar em layout que permita o uso individual ou a conversa
Possibilitar que os pais saibam onde o veículo está em tempo real
Terdesenho que siga a indústria automotiva
Veículo padronizado singular
Ter mais de uma porta no veículo
Rotas planejadas inteligentes
Integração com outros modais de transporte
Gerar interesse no serviço pelo status
Diminuir ociosidade do veículo
Previsibilidade de manutenção
Conectividade
Interior visível pelo lado de fora
Incentivar a sociabilidade entre os passageiros
Man.
Fácil manutenção
++
+Bancos e assoalho de fácil
limpeza
+M
ateriais do interior que não risquem
com facilidade
++
++
Economia
Preço de veículo e manutenção
menores
-+
+
Veículos mais econôm
icos+
++
Manter autonom
ia dos trans-portadores
+
Serv.Garatir que as crianças estejam
no local esperando+
++
Vis.
Ter visual moderno
++
++
+
![Page 94: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/94.jpg)
94
9.3. Resultados obtidos pelo QFD
Imprescindíveis (soma igual a 7, 8 e 9)
-Melhorar atendimento e relacionamento com cliente;
-Permitir boa visualização do entorno;
-Ter bancos que acomodem estudantes de todos os
tamanhos;
-Pensar em layout interno que permita o uso individual
e/ou a conversa;
-Possibilitar que os pais saibam onde o veículo está em
tempo real;
-Veículo padronizado singular;
-Rotas planejadas inteligentes;
-Conectividade;
Necessários (soma igual a 4, 5 e 6)
-Pensar em diversos tamanhos de malas e mochilas;
-Utilizar materiais de fácil limpeza;
-Possuir alertas sonoros para avisar pedestres ao redor
do veículo;
-Permitir o tráfego por vias íngremes e estreitas;
-Experiência de transporte coletivo semelhante ao público;
-Ter desenho que siga a indústria automotiva;
-Ter mais de uma porta no veículo;
-Gerar interesse no serviço pelo status;
-Previsibilidade de manutenção;
-Interior visível pelo lado de fora;
-Incentivar a sociabilidade entre os passageiros;
Desejáveis (soma igual 1, 2, 3)
-Utilizar energia renováveis;
-Ter dimensões semelhante as vans de hoje;
-Integração com outros modais de transporte;
-Diminuir ociosidade do veículo;
![Page 95: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/95.jpg)
95
10. Planejamento do Serviço
Após um estudo sobre os problemas de mobilidade na cidade
de São Paulo, é possível ver que o transporte escolar, muito embora
participe do conjunto de modos urbanos, aparece de forma passiva no
trânsito urbano. Sua importância frente ao uso coletivo da cidade e aos
picos de trânsito no entorno de escolas, não aparece nas discussões
sobre mobilidade.
Além disso, através da pesquisa realizada, e através do levan-
tamento da voz do cliente, foi constatado que o serviço de transporte
escolar oferecido é bastante homogêneo entre as diversas empresas e
aparece com a mesma operação a bastante tempo. Ao se olhar para o
plano teórico, o serviço funciona bem, mas na prática foram encontra-
dos alguns problemas como:
• o pagamento sem emissão de nota fiscal;
• o valor afixado é rateado entre os transportados;.
• o atraso de algum passageiro, comprometendo a viagem;
• o veículo com apenas um acesso para passageiros;
• ambiente interno não condizente com o uso;
No entanto, a versatilidade e confiança dos pais no serviço e
a garantia do transporte na porta de casa são características que deve-
rão ser mantidas. Será considerado também o relacionamento entre os
passageiros: a liberdade de escolha por lugares, a interação entre eles, a
individualidade, o recreio, etc.
O passageiro é o foco principal do serviço. São usuários que
podem ter desde 7 até 17 anos, estudantes do ensino fundamental e
médio. Ao utilizar o serviço, o passageiro interage com ele em três di-
ferentes esferas: uma representada pelo transportador e monitor, outra
pelos demais passageiros, e a terceira pelo veículo.
O serviço possuirá um sistema computacional que agenciará
os veículos e rotas seguindo a necessidade e manterá os dados do usuá-
rio e percurso para um sistema de pagamento flexível.
![Page 96: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/96.jpg)
96
O serviço se propõe a deslocar estudantes de suas casas
para as escolas e vice e versa, de maneira exata, pontual e segu-
ra. A seguir estão listadas as principais características desejadas para
este serviço, que também servirão de base para o projeto do veículo.
1. Quantos clientes serão atendidos?
Em torno de 15 pessoas por veículo;
2. Quais as características comuns dos segmentos de cliente mais
importante?
Crianças e jovens estudantes;
Pais que não dispõem de tempo para levar os filhos;
3. Quais dimensões podem ser usadas para classificar estes clientes?
Pessoas que querem conforto, segurança e praticidade;
4. Quais os critérios mais importantes para os clientes?
Confiança em quem está dirigindo;
Segurança;
Comodidade;
Baixo tempo de espera;
Previsibilidade;
Independência;
Pagamento pelo percurso;
5. Como esses elementos devem ser percebidos pelo cliente?
Confiança em quem está dirigindo: Contato próximo entre
cliente e funcionário, e canal de comunicação aprimorado;
Segurança: Veículo singular, conectividade, operadores bem
treinados;
Comodidade: Interior do veículo pensado no uso
Baixo tempo de espera: Rotas planejadas, regularidade nos
horários;
Previsibilidade: Rotas planejadas, regularidade nos horários;
Independência: Interior do veículo pensado nos estu
dantes mais jovens e mais velhos;
Pagamento pelo percurso: Sistema de identificação de
embarque e desembarque;
10.1.Descrição do Serviço
![Page 97: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/97.jpg)
97
6. Como o cliente deve perceber o conceito de serviço?
Um novo jeito de se relacionar com pessoas;
Uma alternativa de transporte tão confortável quanto o carro;
Uma alternativa mais cômoda e segura ao transporte público;
Uma maneira de ajudar a diminuir o número de carros;
Preço de acordo com o uso;
Espaço mais confortável e layout interno aprimorado;
7. Quais são os elementos importantes da estratégia de divulgação?
Site e aplicativo de celular;
Parceria com as escolas, empresas, cursos e academias;
Projeto e programa visual do veículo;
8. Em quais deles está concentrado o maior esforço?
Projeto de veículo pensado no transporte escolar.
10.2. Modelagem do serviço (Blue Print)
O blueprint do serviço é uma representação esquemática visual
do processo de prestação de serviço, mapeando a experiência e possi-
bilitando uma melhor visualização da relação entre cliente/passageiro
e transportador; e suas atividades/ações. Com isso podemos ver o
processo, o cliente e a relação com o produto.
O blueprint permite uma descrição simplifcada dos elementos
críticos de um serviço como o tempo, sequências de ações e processos.
Especifica os eventos que acontecem no espaço-tempo da interação
com o cliente e também as ações que estão fora da visibilidade para os
usuários, mas que são fundamentais para o bom desempenho do serviço.
A blueprint mostra as principais etapas que do cliente/
usuário e mostra as principais ações ao longo do uso do serviço. A
cada passo, as evidências, representadas na primeira linha da tabela,
determinam objetos, produtos ou equipamentos necessários para
que o serviço funcione. Esta linha define alguns requisitos básicos ao
veículo a ser projetado.
Para um melhor processo da modelagem do serviço, neste
capítulo serão montados duas blueprints: o primeiro representando
a situação de contrato do serviço e o segundo representando os pro-
cessos diários.
![Page 98: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/98.jpg)
98
10.2.1. Blue print - Primeiro contato com
o serviço
Evidências Publicidade
SiteBanco de dados.
Site
App Store, iTunes, Google
Store
TelaAplicativo
TelaPagam
ento e Rotas
Tela Confirma-
çãoSm
artphone, telefone
ClienteConhece o sis-
tema
Acessa o siteSe cadastra
Download do
aplicativo
Instala o apli-cativo e inicia configuração
inicial
Escolhe o transportador/
rota disponível
Contrata o transportador
Liga para trans-portador
Contato On
stage
Propaganda, site, com
unica-ção visual do
veículo
Apresentação em
Site,FAQ
Pedido de dados
Processo e confirm
ação de dow
nload
Pedido de da-dos e geolocali-
zação
Mostra opções
de transporta-dores, rotas e
preços
Confirma con-
tratação
Transportador soluciona qual-
quer dúvida
Contato Back stage
Registra no sistem
aRegistra no
sistema
Registra no sistem
a
Calcula preço de acordo com
o percurso e
número
de passageiros
Registra no sistem
a
Transportador acessa dados
do novo cliente
Processos de apoio
Internet, redes sociais, escolas
Internet, site
Aplicativo, in-ternet, banco de dados, opera-dora de cartão
Servidor, inter-net
Aplicativo, internet, banco
de dados
Aplicativo, in-ternet, controle
de frota, GPS
Aplicativo, in-ternet, banco
de dados
Operadora de telefonia
![Page 99: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/99.jpg)
99
10.2.2. Blue print - Processos diários
Evidências Garagem
Garagem
Luz no painel do veículo, calçada
Smartphone
VeículoSinalização do veículo
Corredor, Bancos,Espaço entre os bancos
Corredor, Porta-baga-
gens, Sensor de
cintos.
Bancos, cinto de
segurançaSensor de
cintos.
Janela, Mp3
player, Smar-
tphone, Revis-ta, Livro, etc.
Corredor, Bancos,
Espaço entre os bancos
ClienteSai de casa
Espera m
otoristaEm
barcaEscolhe
seu lugar
Se acomo-
da, Aco-m
oda sua bagagem
.
Afivela os cintos
Observa o exterior, con-versa com
os colegas, ouve
música, lê
livro, etc.
Contato On
stage
Motorista
se identifi-ca e retira
veículo
Motoris-
ta sai da garagem
e inicia
percurso
Motoris-
ta avista residência
e pára veículo
Aviso quan-do o veículo
estiver chegando
Sinaliza em-
barqueIdentifica em
barque
Sinaliza cintos não afivelados
Inicia trajetoAvisa outro usuário da
chegada
Veículo chega no próxim
o usuário.
Contato Back stage
Processos de apoio
Sistema
identifica transporta-
dor
Aviso do lado da rua a se parar
Aplicativo,internet
Sistema
de regis-tro de
embarque
e percur-so
Alerta ao m
otorista de cintos
não afivela-dos
Sistema
identifica os cintos de segurança afivelados
Aplicativo
![Page 100: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/100.jpg)
100
Corredor, Bancos,Espaço entre os bancos
Corredor, Por-ta-bagagens,
Exterior do veículo, por-ta da escola
Pátio, Smar-
tphone
Sistema de
audio da escola
Exterior do veícu-lo, sinali-
zação
Veículo,Portas,
Corredor, Bancos,
Espaço entre os bancos
Porta-baga-gens, Ban-
cos, Sensor de cintos.
Bancos, cinto de seguran-
ça, Sensor de cintos.
Espera os colegas
desembar-
carem
Retira baga-gem
Desembarca
Entra na escola
Se dirige a saída da
escola
Ouve a
notificação da escola
Localiza veículo
Embarca
Escolhe seu lugar
Se acomo-
da, Aco-m
oda sua bagagem
.
Afivela os cintos
Veículo chega a escola
Sinaliza parada e desem
barque
Se encaminha
para manuten-
ção e limpeza
Veículo pára em
zona reservada
Aguarda passageiros
Veículo sinaliza nom
e do transpor-
tador
Identifica em
barque
Aguarda o em
barque de todos
Sinaliza cintos não afivelados
Inicia trajeto
Sistema identi-
fica desembar-
que e avisa aos pais e a escola
Aviso de veículo
aguardando e tem
po de espera
Escola orga-niza saída dos alunos por grupos
Sistema
identifica em
barque e avisa aos pais
e a escola
Alerta ao m
otorista de cintos não afivelados
Sistema iden-
tifica os cintos de segurança
afivelados
![Page 101: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/101.jpg)
101
Janela, Mp3
player, Smar-
tphone, Revista, Livro, etc.
Painel do veículo
Corredor, Por-ta-bagagens, Sinalização
Exterior do veí-culo
Garagem
Observa o exterior, conversa com
os colegas, ouve m
ú-sica, lê livro, etc.
Se prepara para desem
-barcar
Retira baga-gem
Desembarca
Entra em sua casa
Se dirige para a prim
eira residên-cia
Motoris-
ta avista residência e pára veículo
Veículo sina-liza desem
-barque
Veículo segue para outras resi-
dências
Motorista finaliza
percurso e mano-
bra na garagem
Aviso aos pais da chegada
Aviso ao mo-
torista do lado da rua a
se parar
Sistema iden-
tifica desem-
barque
Sistema de regis-
tro de embarque
e percurso
![Page 102: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/102.jpg)
102
10.4. Elementos de qualidade do serviço
Através de feedbacks dado por pais e estudantes e outros mo-
dos de monitoramento da qualidade do serviço de transporte escolar,
alguns elementos são fundamentais de serem observados para evitar
possíveis erros. Para a realização com excelência do serviço, podemos
citar alguns desses elementos, tais como: segurança, conveniência,
confiabilidade, reputação e pontualidade.
10.3. Principais evidências físicas
• Site e computador: comunicação com o serviço, feedback, recla-
mações, dúvidas, etc.
• Aplicativo smartphone: principal elemento depois do veículo
dentro do sistema. Canal direto com o principal usuário (estudan-
te) quando ele não estiver dentro do veículo. Com ele são dados
os avisos, informações, horários, planejamento, cadastro e canal de
feedback.
• Veículo: elemento principal do sistema, simboliza, sinaliza e exe-
cuta o serviço. Veículo exclusivo para o serviço.
• Janelas com boa vista externa: possibilita distração aos passa-
geiros durante a viagem, melhora a visualização para o motorista,
permite que pais vejam os filhos dentro do veículo.
• Portas: para melhor fncionamento do serviço é necessário veículo
com portas dos dois lados.
• Bancos: principal elemento da ergonomia do veículo. Possibilita a
interação entre os viajantes e proporciona o conforto necessário.
• Central de manutenção e limpeza: fundamental para garantir a
qualidade do serviço.
• Central de atendimento: Canal fundamental de comunicação
clientes e novos clientes
• Motor Híbrido: economia, inovação, tecnologia e sustentabilidade.
![Page 103: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/103.jpg)
103
Segurança• os operadores estão sempre atentos com os equipamentos de
segurança do veículo?
• o veículo está sempre em ordem em relação a manutenção dos
equipamentos de segurança?
• o transportador respeita as normas de segurança no trânsito?
• a sinalização externa “escolar” é de fácil visualização?
• o veículo transmite segurança?
Conveniência• o aplicativo funciona como o previsto?
• os avisos de chegada antecipam a chegada do veículo no tempo
certo?
• a rota determinada faz sentido com localidade de moradia do
estudante?
• é valido o custo-benefício do sistema?
• o veículo possibilita a interação entre os passageiros?
• o ambiente interno do veículo é bem iluminado e ventilado?
Confiabilidade• o transportador segue a rota e é pontual na chegada?
• os pais, transportador e monitor mantém uma relação de comuni-
cação?
• o veículo está sempre em ordem e manutenção, limpeza em dia?
• o convívio entre estudantes, monitor e transportador é bom?
• o sistema de feedback ajuda nos problemas que aparecem?
• algum usuário foi esquecido?
Reputação• existem reclamações no site?
• houve muitos problemas no entendimento do funcionamento do
sistema e do processo de cadastro?
• existe alguma queixa em relação aos colaboradores do serviço?
• as notícias veiculadas na mídia sobre o serviço são boas ou ruins?
• a ação dos passageiros corresponde ao planejamento do serviço?
• os pais divulgam o serviço no boca a boca?
Pontualidade• o sistema online está ajudando a logística das viagens?
• o transportador segue a rota pré-definida?
• os passageiros conseguem embarcar na hora certa?
![Page 104: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/104.jpg)
104
Serviço Esperado
Serviço Fornecido
Comunicação externa aos
clientes
Especificações da qualidade do
serviço
Gerência das percepções e
expectativas do cliente
10.5. Indicadores para monitoramento da qualidade (5 gaps) e sistemas de controle
Com o intuito de levantar relações com possíveis falhas do
serviço proposto, pensando em sua prática, foram utilizados 5 Gaps,
para então, propor soluções para tais falhas.
O modelo de GAP tem como critérios de avaliação, os “gaps”
que são as diferença entre as perspectivas do cliente e o que é real-
mente oferecido pelo serviço. De acordo com os idealizadores Para-
suraman, Zeithaml e Berry(1988), os usuários avaliam a qualidade do
serviço comparando seus desejos com aquilo que obtém. As “lacunas”
entre as expectativas e as percepções de qualidade são as maiores res-
ponsáveis pelas deficiências na qualidade do serviço.
Através de modelos de monitoramento de qualidade é possí-
vel prever certas ações e situações, conduzindo para um processo de
design que compreenda o uso futuro, resuldando em um produto que
traduza melhor as necessiadades do usuário.
cliente
GAP 1
GAP 5 GAP 3 GAP 2
GAP 4
fornecedor
Gap1 - expectativas do cliente x monitoramento das percepções
do cliente: representa a falha na compreensão dos problemas e as
expectativas do cliente. Devem ser aprimorados os canais de comuni-
cação entre a fornecedora do serviço com seu cliente.
• Como garantir que o serviço seja avaliado e os pais a participarem
da melhora no serviço?
Solução:
Atrelar a emissão de boleto bancário ou cupom fiscal mensal a uma
avaliação do serviço prestado.
Através o portal online do serviço, permitir a troca de informações
entre os usuários e deixar claro os canais de comunicação possíveis
(telefone, rede social, e-mail, etc.).
![Page 105: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/105.jpg)
105
Gap2 - monitoramento das percepções do cliente x especifica-
ções do serviço: diz respeito a como garantir a qualidade do serviço.
O estudo das qualidades do serviço perante as exigências do usuário é
uma medida a ser tomada.
• Como garantir que o transporte chegue até o destino pontualmen-
te e com segurança?
Solução:
Através de aplicativo que mantém transportador, estudante, escola e
pais em comunicação sobre: rotas, possíveis desvios na rota, chegadas
e saídas, avisos de falta do aluno, etc.
Possibilitar o monitoramento do tráfego pelo transportador para que
ele possa fazer a melhor escolha quanto ao caminho.
Permitir que o transportador informe sobre vias constantemente con-
gestionadas para que as rotas sejam criadas evitando-as.
Gap3 - especificações do serviço x serviço fornecido: representa a
falha que aparece quando os colaboradores do serviço não respeitam
as especificações de funcionamento do mesmo. Também diz respeito a
garantia de pleno funcionamento do produto.
• Como garantir que o veículo esteja sempre em perfeitas condições?
Solução:
Trazer a bordo informações de manutenção preventiva. Permitir que
os pais possam ver o veículo e comunicar possíveis deficiências na
limpeza ou conservação.
• Como garantir o funcionamento do serviço de acordo com as
especificações?
Solução:
Através do treinamento dos funcionários e da atenção ao feedback dos
clientes. Todos os operadores teriam cadastro no sistema e poderiam
ser avaliados individualmente. O sistema permitiria pontuação de repu-
tação, o que daria incentivo para realizar as tarefas da melhor maneira
possível.
Gap4 - serviço fornecido x comunicação externa: representa como
garantir o funcionamento das atividades por trás do funcionamento do
serviço principal (como a manutenção, estacionamento e limpeza), de
modo a garantir o serviço divulgado.
• Como garantir que o veículo seja reparado, limpo de forma ade-
quada?
Solução:
Através de uma central especializada no veículo, ou a parceria com ofi-
![Page 106: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/106.jpg)
106
11. Considerações sobre o serviço
Como é possível ver através do modelo Blueprint, a essência
deste novo serviço de transporte escolar é semelhante a atual. Este
projeto procurou focar na ampliação e melhoria do serviço já concebi-
do em aspectos pontuais, não em sua remodelação total.
Pela perspectiva do transportador, sua independência seria
mantida. O sistema, que inclui todos os equipamentos e veículo, seria
disponibilizado a pessoas jurídicas na forma de franquia. Uma maneira
de garantir uniformidade na prática e reduzir os riscos aos investidores.
Além disso, não entraria em concorrência direta com o transporte atu-
al e poderia atrair os atuais transportadores a um modelo estável, com
fornecedores e parceiros confiáveis e uma apresentação mais facilmen-
te reconhecida por seus clientes.
O novo serviço contraria com uma maior organização, visto
que todos os franqueados estariam sob um mesmo “guarda-chuva”.
O contato com o cliente seria facilitado através de menos canais e o
controle do fluxo de receita controlado de maneira uniforme.
cina especializada que garantirá o bom treinamento dos funcionários
para realizar o conserto/limpeza.
Através de sistema computadorizado do veículo que determine a
região do problema e sinalize aos funcionários da manutenção, bem
como guarde o histórico que revisões anteriores.
Gap5 - serviço fornecido x expectativas do cliente: determina o
nível de satisfação do cliente com o que lhe é servido. Interfere direta-
mente no sucesso ou fracasso do serviço.
• Como prover um serviço que atenda minimamente as exigências
do cliente?
Solução:
Analisando as expectativas em comparação com o serviço fornecido,
expectativas gerenciais e os canais de comunicação. Colocando em
prática as soluções encontradas e posteriormente, realizando novo
levantamento de demanda sobre o serviço em questão.
![Page 107: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/107.jpg)
107
Novas interfaces garantirão a qualidade do serviço fornecido.
Com o uso de tecnologias atuais que não são usadas de maneira
eficiente no serviço atual, como site e aplicativo em celular. O novo
conceito busca se apropriar dos mecanismos utilizados pelas pessoas
hoje e alinhar ao uso do transporte escolar.
O site será a base de contato com os novos clientes e possíveis
cliente. É o local de primeiro contato com o serviço. Onde o usuário
poderá se cadastrar, obter informações sobre o funcionamento do
serviço e obter contato com transportadores específicos.
Além disso, a internet também proveria o uso de aplicativo,
um meio de se obter informações instantâneas de localização de veícu-
lo e estudante. Uma maneira de se agilizar o processo de deslocamento
e evitar atrasos, mantendo todos os clientes informados dos horários
de chegada e partida, outro quesito fundamental para um modelo de
transporte mais eficiente.
O conceito também prevê a interligação com redes sociais
existentes como uma maneira de aproximar os clientes com os trans-
portadores e entre eles mesmos, garantindo boa convivência, seguran-
ça para os pais e uma reprodução de novas idéias e melhorias constan-
tes no serviço.Abaixo, algumas telas do site e do aplicativo
![Page 108: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/108.jpg)
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![Page 109: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/109.jpg)
109
12. Desenvovimento do produto
Neste capítulo, toda a fase de pesquisa, detalhamento de
necessidades de usuários e projeto de serviço será evidenciada e
aplicada na proposição de um novo veículo destinado ao serviço de
transporte escolar.
O desenho foi a principal ferramenta para se estudar formas,
proporções e gerar conceitos que atendessem as necessidades do usuá-
rio e do serviço. Para além das propostas iniciais, foi necessário escolher
um chassi existente como parâmetro, permitindo o foco em ideias mais
relevantes ao uso específico de transporte escolar. Permitiu um melhor
dimensionamento e facilitou escolhas mecânicas técnicas, uma vez que
medidas com altura e entre-eixos já não eram mais desconhecidas. O
modelo escolhido foi o Volksbus 8-120 OD da Volkswagen.
Para tanto, foi levado em consideração os veículos da marca
Volare, empresa estudada anteriormente que possui veículo destinado
ao transporte escolar. Era preciso então, analisar toda a identidade que
uma marca de veículos poderia comunicar e alinhar com os dados obti-
dos no primeiro momento de levantamento de dados.
![Page 110: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/110.jpg)
110
12.1. Exterior
Para o desenho do exterior foi necessário criar uma lógica que
guiasse as primeiras ideias a formar um conceito sólido. Era necessário
transmitir ideias de robustez e segurança ao mesmo passo que deveria
transmitir transparência e jovialidade. Os primeiros desenhos aparece-
rem como forma de estudo, pensando em como aliar tais conceitos ao
“lugar de se reproduzir socialmente” necessário. Como configurar um
novo veículo de transporte coletivo trazendo a percepção de um “salão
de convivência”.
Ao escolher a marca Volare, foi possível construir uma linha
de pensamento entorno do desenho de seus produtos. Foi pensado
então na identidade “v” que sintetizaria a idéia Volare, de voar, da
dualidade entre liberdade e racionalidade, proteção e emoção. A partir
daí era preciso confrontar as necessidades levantadas em pesquisa com
a forma e identidade da marca.
Figuras 51, 52 e 53: Identidade Volare
![Page 111: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/111.jpg)
111
12.1.1. Desenhos de Desenvolvimento
![Page 112: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/112.jpg)
112
![Page 113: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/113.jpg)
113
12.1.2. Refinamento do Conceito
Ao lado, o detalhamento de faróisAbaixo, o detalhamento de lanternas e rodas
![Page 114: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/114.jpg)
114
12.1.3. Conceito Final
Após a fase de experimentação da forma e do desenho, o
conceito final resultante foi um veículo que representasse de forma
distinta o transporte escolar. Na dianteira, a identidade da marca foi
representada pelo “v” da grade. Para garantir boa visualização, foi
proposto um para-brisa panorâmico. A mesma idéia foi empregada
em toda a lateral, assim, a boa visualização do entorno foi a forma
mais adequada para transmitir transparência. A estrutura de colunas
acentuadas e os para-choques de formas marcantes garantiram o visual
robusto necessário. A identificação amarela foi assimilada aos detalhes
do veículo, garantindo um alinhamento da sinalização com a identida-
de do veículo.
![Page 115: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/115.jpg)
115
Assim, foi possível trazer a leveza do conceito “v” em con-
sonância com a segurança e estabilidade que os pais tanto priorizam
na escolha de um transporte para seus filhos. Além disso, um veículo
coletivo projetado pensando não somente em quantidade de passagei-
ros assegura também o apelo emocional que o serviço a ser prestado
necessita. Contratar um transporte escolar não é apenas carregar pes-
soas, é cumprir sua função de maneira humana, atendendo a desejos e
necessidades específicas de seus usuários.
![Page 116: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/116.jpg)
116
![Page 117: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/117.jpg)
117
12.2. Interior
Seguindo a mesma lógica de pensamento, a partir da identida-
de da marca Volare, foram geradas algumas ideias de painéis e bancos
a partir do desenho do exterior. A identidade “v” foi considerada no
detalhamento do painel de modo a configurar um interior singular,
pensado para o veículo.
No desenho do painel foi pensado na necessidade de visuali-
zação do motorista. Visto que um dos elementos fundamentais de seu
exterior é um para-brisa pensado na maximização da visualização, era
necessário que o conjunto de comandos fosse resumido em uma área
menor, trazendo os comandos para próximo do motorista, configuran-
do tudo centralizado na coluna de direção e liberando espaço para uma
boa visão a sua frente.
Em relação aos bancos, era necessário pensar em como aliar
uma identidade “v” que gera formas facetadas e rígidas, com o confor-
to e simplicidade exigido pelo serviço. De formas agressivas, o projeto
foi se encaminhando para a simplificação pensando no arredondamen-
to de quinas e suavização das curvas, mas sem deixar de lado a coerên-
cia formal com o conjunto.
12.2.1. Desenhos de Desenvolvimento
Ao lado, as primeiras ideias de painel
![Page 118: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/118.jpg)
118
![Page 119: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/119.jpg)
119
12.2.2. Disposição dos Bancos - desenvolvimento
![Page 120: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/120.jpg)
120
![Page 121: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/121.jpg)
121
12.2.3. Refinamento do Conceito
![Page 122: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/122.jpg)
122
12.2.2. Conceito Final
Ao se projetar o painel, foi pensado em maneiras de se agru-
par os comandos do veículo e concentrar ao máximo as operações
dentro da cabine. Desde o suporte, até os botões, o painel foi desenha-
do para refletir a identidade exterior.
O comando de transmissão também foi pensado de maneira
que ficasse mais próximo do motorista. Os comandos de ventilação e
luzes foram implantados do lado esquerdo do painel, concentrando no
lado direito e apenas os comandos principais do veículo e do serviço,
como tela multimídia em que o motorista operaria o sistema de rotas do
serviço e o sistema de geolocalização. Volante e alavancas, bem como
todo o resto do painel, seguiram o conceito geral do veículo.
Quanto aos assentos, embora a identidade “v” fosse elemen-
to fundamental a se repetir no interior do veículo, era preciso que os
bancos fossem e parecessem confortáveis, o que entrava em conflito
com a forma “v” que muitas vezes transmite agressividade ou enrije-
cimento. Além disso, era necessário que os bancos fossem simples, de
fácil assimilação dos passageiros e de fácil limpeza. Foi desenhado então
um banco simplificado, com poucos cortes, diferenciado apenas por
costuras de “rolos” que garantisse conforto e estabilidade.
Era necessário que os bancos fossem de cor escura com
poucos detalhes coloridos, uma vez que a limpeza deveria ser facilitada
e cores claras são mais suscetíveis a manchas. O amarelo foi reservado
apenas a detalhes de costura.
O suporte do banco foi desenhado para comtrapor ao peso
visual e formal do próprio banco. Em alumínio, o suporte mantém o
banco “flutuando” e abrange um porta-bagagens pensado de forma a
ter fácil acesso e minimizar possíveis esquecimentos de objetos.
![Page 123: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/123.jpg)
123
![Page 124: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/124.jpg)
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![Page 125: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/125.jpg)
125
13. Detalhamento da proposta
Interior
O conceito de um salão aberto propiciou uma configuração
em que fosse levado em consideração os momentos de conversa e
troca entre os passageiros. Na parte traseira foi pensada uma área que
possibilitasse melhor a socialibilização, a disposição dos bancos per-
mite uma relação mais agradável entre passageiros. Já na parte frontal,
a disposição em fila foi mantida, atendendo a usuários que prezam
por sua individualidade. Na região central, próximo das portas, quatro
bancos centralizados podem ser usados pelo monitor e por passageiros
que requerem maior atenção do monitor.
![Page 126: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/126.jpg)
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Portas
As portas foram pensadas para serem grandes e transparentes, de
modo a transmitir a sensação de lugar aberto, amplitude, como em
pátios de escolas. Tal elemento foi pensado como forma de transição
entre o ambiente escolar e o ambiente urbano. Embarcar é se preparar
para uma mudança.
É também na porta que o letreiro identificando transporte escolar se
acende. É constituída de um letreiro digital de led programado para
comunicar “escolar”.
![Page 127: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/127.jpg)
127
![Page 128: Design para sistema de transporte de estudantes...uma breve contextualização dos problemas de mobilidade urbana, tendo como objeto de estudo a cidade de São Paulo. O objetivo desta](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022071215/6045cabbc398cc416a0059d1/html5/thumbnails/128.jpg)
128
Dimensões Básicas
2200
820
200
484270 232 265
11321132
275
274
115
1245
414
450
450
735
872
Dimensões do interior do veículo
Escala 1:50Valores em mm
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2790
1700
250
2200
2510
6600
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3400
8371150
1000
Dimensões do exterior do veículo
Escala 1:50Valores em mm
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Renderizações
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Modelo físico
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133
13.1. Sistemas e componentes
Chassi tipo Escada
Esse cnceito utilizaria da mesma estrutura comum aos micro-
-ônibus atuais, onde o chassi é separado da carroceria. Sua principal
vantagem a flexibilidade de aplicações, ou seja, a possibilidade de mon-
tar sobre o mesmo chassi diversos tipos de carroceria diferentes.
Como o próprio nome diz, este chassi se assemelha a forma de
uma escada, sendo constituído por um par de vigas longitudinais, que
seguem o comprimento do veículo, conhecidas como longarinas, ligadas
entre si por uma série de vigas transversais, as chamadas transversinas.
Neste tipo de chassi são utilizadas seções fechadas do tipo
“C” nas longarinas e transversinas, oferecendo maior rigidez à estrutu-
ra. Sua configuração versátil também facilita na fixação de suportes e
componentes do veículo. A utilização de tubos retangulares é predo-
minante neste tipo de estrutura, pois para mesma espessura de parede
e sob carregamento puro de flexão, um tubo retangular é mais rígido
do que um tubo circular. No entanto, perde em capacidade de torção.
(Happian-Smithl, 2002)
Motor híbrido
O motor híbrido é um motor a combustão interna aliado a
um motor elétrico que permite reduzir o esforço do primeiro e assim
reduzir o consumo e emissões. Nele, a partida é dada utilizando um
motor comum, mas o ônibus utiliza um motor elétrico para se locomo-
ver e para as funcionalidades periféricas e o restante dos equipamentos
do veículo. Diferentemente do motor comum a combustão, no sistema
híbrido, o motor a combustão desliga-se automaticamente quando o
veículo pára, em um congestionamento por exemplo, apenas o elétrico
funciona para manter alguns equipamentos.. Há economia de combus-
tível e diminuição de emissão de poluentes, já que o motor elétrico faz
parte do trabalho.
Para aumentar a capacidade de fornecimento de energia para
o motor elétrico, existe também um conjunto de baterias, cuja função
é armazenar e fornecer energia quando necessário. Esta configuração
permite que se utilize um motor a combustão de menor potência.
Todo o sistema é gerenciado eletronicamente, garantindo sincronia
entre os elementos do conjunto propulsor.
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Suspensão
A suspensão escolhida para o veículo é a suspensão pneumáti-
ca. Também chamada de suspensão a ar, ela absorve melhor as irregu-
laridades das pistas, a altura do veículo permanece a mesma indepen-
dente da carga transportada e proporciona maior suavidade na direção.
Neste sistema, são colocadas bolsas no lugar das molas do veí-
culo. Ao ser acionado, o sistema segura o ar dentro delas fazendo assim
com que o veículo levante, quando o sistema é acionado novamente o
ar é jogado para fora fazendo com que o veículo se rebaixe. O sistema
prevê uma válvula controlada eletronicamente e sensores que detectam
desnivelamento e ajustam a posição do veículo automaticamente.
Sinalização
Compreende os letreiros digitais de led nas laterais do veículo
comunicado veículo escolar, bem como o nome do transportador e
da escola a ser servida. A informação será estática, não misturando
com nenhuma outra informação, garantindo a boa identificação pelos
demais elementos do trânsito. Será luminoso para permitir a leitura em
diversos períodos do dia.
As cores do veículo se resumem em amarelo e cinza. O veí-
culo será predominantemente cinza, apenas com faixas amarelas que
contornam as janelas e portas. Este tipo de configuração permitirá um
desenho singular e uma assimilação direta com o transporte escolar.
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14. Considerações finais
Ao desenvolver um projeto de transporte escolar, é possível
compreender certas características específicas deste universo. Ele é
parte de um complexo sistema de transporte urbano, mas suas pecu-
liaridades, muitas vezes despercebidas no cenário geral, tornam suas
deficiências e necessidades uma grande área para estudo do design.
Quando olhamos para o contexto atual, percebemos maneiras
e adequações entre pessoas e produtos, nos deparamos com a cons-
trução de comportamentos e atitudes a partir de objetos, ou seja, um
reflexo de produtos de design em seus usuários.
Em contrapartida, ao se pensar em design, focamos em enten-
der as pessoas que utilizam certo serviço ou produto, desenvolvemos
artifícios que atendam as demandas de um público, e o resultado espe-
lha as necessidades e as relações entre seus usuários. Desta maneira, se
por um lado um objeto é capaz de determinar certas características nas
pessoas que as usam, o ônibus escolar pode ser também a imagem do
grupo de usuários o ao qual presta serviço.
Alinhado com as reais necessidades dos usuários, percebidas
na fase de pesquisa e estudo do serviço, o veículo apresentado tem
como objetivo garantir maior segurança, conforto e agilidade às via-
gens. O resultado foi um veículo equilibrado, singular e inovador nos
quesitos em que a inovação se mostrou necessária ou mesmo tempo
que conservador, garantindo boa assimilação de usuários atuais.
O projeto não pode ser resumido apenas no produto gerado.
Toda a pesquisa e as questões levantadas são de fundamental impor-
tância para a superação de certos paradigmas. O conceito apresentado
aqui, não busca somar ao cenário urbano apenas mais um veículo, mas
indicar que o processo de design de um produto, mesmo atendendo a
problemas específicos, pode levantar questões que abrangem inúmeras
soluções. Transporte escolar não diz respeito apenas a veículo e pesso-
as, mas a cidade, a sociedade e a valores.
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