desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡Ão... · c957 cruz, dennis...

72
UFOP - CETEC - UEMG REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS UFOP – CETEC – UEMG Pós-Graduação em Engenharia de Materiais Dissertação de Mestrado “Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica” Autor: Dennis Coelho Cruz Designer Industrial Orientador: Prof. Dr. Adilson Rodrigues da Costa Engº. Metalurgista Ouro Preto, 24 de março de 2006.

Upload: lekien

Post on 08-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

UFOP - CETEC - UEMG

REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

UFOP – CETEC – UEMG

Pós-Graduação em Engenharia de Materiais

Dissertação de Mestrado

“Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria

mínero-metalúrgica”

Autor: Dennis Coelho Cruz

Designer Industrial

Orientador: Prof. Dr. Adilson Rodrigues da Costa

Engº. Metalurgista

Ouro Preto, 24 de março de 2006.

Page 2: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

UFOP - CETEC - UEMG

REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

UFOP – CETEC – UEMG

Dennis Coelho Cruz

“Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria

mínero-metalúrgica”

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da

REDEMAT, como parte integrante dos requisitos

para a obtenção do título de Mestre em Engenharia

de Materiais.

Área de concentração: Engenharia de Superfície

Orientador: Prof. Dr. Adilson Rodrigues da Costa

Ouro Preto, 24 de março de 2006.

Page 3: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica. [manuscrito]. / Dennis Coelho Cruz. – 2006. xiii, 56f.: il. color., grafs. , tabs. Orientador: Prof. Dr. Adilson Rodrigues da Costa. Área de concentração: Engenharia de Superfícies. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Rede Temática em Engenharia de Materiais -UFOP/CETEC/UEMG. 1. Superfícies (Tecnologia) - Teses. 2. Poliuretano - Teses. 3.

Desgaste

mecânico - Teses. I.Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de

Minas.

Catalogação: [email protected]

Page 4: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica
Page 5: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Você vê coisas; e você diz: "Por quê?"

Mas um designer sonha coisas que nunca existiram; e diz: "Por quê não?"

(George Bernard Shaw, designer de produto britânico)

“Quinze anos atrás, as empresas competiam em preço. Hoje em qualidade. Amanhã será no design”.

(Robert Hayes, professor, Harvard Business School)

ii

Page 6: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, Prof. Dr. Adilson Rodrigues da Costa, pela ajuda e paciência durante

todas as etapas do trabalho que entendeu e compreendeu da melhor forma as minhas

dificuldades.

Aos funcionários do Laboratório de Engenharia de Superfícies e Técnicas Afins (LESTA), Sr.

Osvaldo e Edvaldo, pelo auxílio no desenvolvimento de recursos para os ensaios e entre

outros projetos.

Aos examinadores da banca de defesa, Prof. Dra. Maria Aparecida Pinto, Prof. Dr Flavio

Sandro Lays Cassino e Engº M. Sc. Ricardo Mattioli Silva, pelas sugestões para o trabalho.

Aos funcionários e Laboratórios da Escola de Minas da UFOP na ajuda das análises.

Dedico este trabalho às pessoas mais especiais da minha vida, aos meus pais, Geraldo e Lúcia,

minhas irmãs, Milene e Kelen, à sobrinha Amanda e familiares, e em especial à minha noiva,

Vívian, pelo apoio nas horas difíceis e que me incentivou a desenvolver um trabalho de

Mestrado.

iii

Page 7: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

ÍNDICE 1 – Introdução 1 2 – Objetivos 2 3 – Revisão Bibliográfica 3 3.1 – Nomenclaturas das partes de um transportador de correia 3 3.2 – Raspadores para correias transportadoras 5 3.3 – Lâmina dos raspadores e suas características 6 3.3.1 – Elastômeros 7 3.3.2 – Processo de fabricação 9 3.4 – Dureza 11 3.5 – Densidade 12 3.6 – Módulo de Elasticidade 13 3.7 – Mecanismos de Desgaste 14 3.7.1 – Ensaios de abrasão 19 3.7.2 – Quantificação da taxa de desgaste 20 3.7.3 – Desgaste em materiais metálicos 22 4 – Materiais e Métodos 23 4.1 – Etapas do Trabalho 23 4.2 – Amostras de poliuretano 24 4.2.1 – Amostras de referência 24 4.3 – Máquina de ensaio de desgaste por abrasão 25 4.3.1 – Descrição da Máquina de ensaio de desgaste 25 4.3.3 – Parâmetros dos ensaios 29 4.3.3 – Ensaio Superficial Multiponto 30 4.4 – Caracterização das superfícies das amostras (Calotas) 30

iv

Page 8: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

4.5 – Estudo superficial das amostras 30 4.6 – Cálculo do material retirado 30 4.7 – Material abrasivo 31 5 – Resultados e Discussões 32 5.1 – Resultados do levantamento da densidade pelo método de Arquimedes 32 5.2 – Resultados do levantamento da dureza 33 5.3 – Resultados dos ensaios de desgaste na máquina de abrasão 34 5.3.1 – Análise superficial 34 5.3.2 – Análise da microestrutura 36 5.3.3 – Cálculo das perdas de massa 40 5.3.4 – Comportamento das amostras 41 5.3.5 – Energia dissipada pelo Tribosistema 45 5.3.6 - Cálculo da taxa de desgaste (Método de Archard) 46 6 – Conclusões 47 7 – Sugestões para trabalhos futuros 49 8 – Referências bibliográficas 50 9 - Anexos 54

v

Page 9: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 Vista Geral de um transportador de correia (adaptado) 3 Figura 3.2 Detalhe da correia transportadora e suas camadas (adaptado) 3 Figura 3.3 Detalhe do tambor de acionamento e seus componentes 4 Figura 3.4 Detalhe de posicionamento do rolete de retorno 4 Figura 3.5 Situação típica de uma área embaixo de uma correia

transportadora 5

Figura 3.6 Detalhe de um raspador: a) lâminas; b) molas de tensionamento 5 Figura 3.7 Esquema de localização dos raspadores primário e secundário 6 Figura 3.8 Alguns modelos de lâminas para raspadores disponíveis no

mercado 6

Figura 3.9 Estrutura química básica da borracha natural 7 Figura 3.10 Grupo característico dos uretanos 8 Figura 3.11 Reação do isocianato com álcool formando o grupo uretano 8 Figura 3.12 Representação esquemática da estrutura de fases (domínios) nos

PU´s 9

Figura 3.13 Reação de obtenção de prepolímero 9 Figura 3.14 Esquema das etapas do processo de fabricação da lâmina: (1)

aquecimento e adição de desmoldante na matriz; (2) vazamento do material para a matriz; (3) cura em estufa; (4) desmolde da lâmina; (5) retorno da lâmina para a estufa; (6) lâmina pronta.

10

Figura 3.15 Esquema de um durômetro 11 Figura 3.16 Dureza de alguns materiais poliméricos 12 Figura 3.17 Aspecto do material após ensaio de risco com diamante 60º -

Modo I (adaptado) 14

Figura 3.18 Aspecto do material após ensaio de risco com diamante 60º -

Modo II (adaptado) 15

vi

Page 10: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Figura 3.19 Aspecto do material após ensaio de risco com diamante 60º - Modo III (adaptado)

15

Figura 3.20 Aspecto do material após ensaio de risco com diamante 60º -

Modo IV (adaptado) 15

Figura 3.21 Aspecto do material após ensaio de risco com diamante 60º -

Modo V (adaptado) 16

Figura 3.22 Diagrama Esquemático da variação dos mecanismos de abrasão e

fadiga com o módulo elástico dos polímeros (adaptado) 17

Figura 3.23 Relação aproximada entre taxa de desgaste e a dureza dos

poliuretanos (adaptado) 19

Figura 4.1 a) Posição do corte na base da lâmina; b) das amostras prontas

para ensaio 24

Figura 4.2 Máquina de Ensaio de desgaste por Abrasão 25 Figura 4.3 a) Platô com amostra apoiada na esfera (detalhe do sentido

do giro); b) detalhe da suspensão abrasiva 26

Figura 4.4 Esquema de forças atuantes na Máquina, em condição de

equilíbrio 27

Figura 4.5 Esquema de forças atuantes na Máquina, em condições dinâmicas

do sistema 27

Figura 4.6 Detalhe de uma calota típica 28 Figura 4.7 Vista Lateral dos componentes da Máquina 29 Figura 4.8 Esquema do ensaio superficial multiponto 30 Figura 4.9 Fotomicrografia da suspensão diamantada 31 Figura 4.10 Gráfico da distribuição média dos diâmetros das partículas de

diamante (em mícrons) versus Freqüência (%) 31

Figura 5.1 Montagem experimental baseada no método de Arquimedes para

determinação da densidade das amostras de PU 32

Figura 5.2 Durômetro utilizado nas medições 33

vii

Page 11: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Figura 5.3 a) Fotomicrografia da amostra LJ, em destaque para marca de desgaste, no ensaio de 30 min (35x); b) detalhe da Figura 3.13: Modo V

34

Figura 5.4 Superfície de uma borracha natural após ensaio de abrasão com

interface dura mostrando um padrão abrasivo de estrias. O ensaio foi da direita para a esquerda, como mostra a seta (adaptado).

34

Figura 5.5 Amostras após 30min: a) AM (25x); b) AZ (25x); c) AC (25x). 35 Figura 5.6 Poliuretano LJ, ensaio 120min (200x) 35 Figura 5.7 Fotomicrografia da superfície do PU-LJ, antes dos ensaios (750x) 36 Figura 5.8 Fotomicrografia da superfície do PU VD, após ensaio de 30min

(4000x) 37

Figura 5.9 Partícula incrustada próxima a uma falha (7000x) 37 Figura 5.10 Análise química qualitativa da partícula da figura 5.8 38 Figura 5.11 Detalhe de uma partícula de diamante incrustada na amostra AZ,

ao lado de uma microtrinca. 39

Figura 5.12 Esquema de uma partícula de diamante sob ação da esfera 39 Figura 5.13 Amostras VD e AC: a) Amostra VD – ensaio 60min (25x); b)

Amostra AC – ensaio 60min (25x); c) Amostra VD – ensaio 90min (25x); d) Amostra AC – ensaio 90min (25x); e) Amostra VD – ensaio 120min (25x); f) Amostra AC – ensaio 120min (25x)

41

Figura 5.14 Gráfico comparativo da Perda de Massa VD e AC 42 Figura 5.15 Gráfico da Perda de Massa das amostras analisadas 42 Figura 5.16 Anisotropia do desgaste do poliuretano VD 43 Figura 5.17 Gráfico do ensaio superficial multiponto. 43 Figura 5.18 Fotomicrografia de uma amostra PU fraturada 44 Figura 5.19 Fotomicrografia da borracha natural fraturada 44 Figura 5.20 Gráfico do Trabalho versus Volume de material retirado. 45 Figura 5.21 Variação do coeficiente de desgaste k versus tempo 46

viii

Page 12: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 Módulo de Young de Poliuretanos Elastômeros de dureza 55 a 95

Shore A 13

Tabela 3.2 Relação do Módulo de Young de alguns materiais 13 Tabela 3.3 Faixa dos valores de k e suas classes (adaptado) 21 Tabela 5.1 Densidade das Amostras 32 Tabela 5.2 Dureza das Amostras 33 Tabela 5.3 Dados para o cálculo do volume de material retirado 40 Tabela 5.4 Valores do coeficiente de desgaste k para as amostras de PU 46 Tabela 9.1 Dados utilizados e obtidos no ensaio de desgaste abrasivo 54 Tabela 9.2 Valores encontrados para a Força Normal, de acordo com o

ângulo. 55

Tabela 9.3 Distância percorrida 55 Tabela 9.4 Valores do Trabalho para cada tempo de ensaio 55 Tabela 9.5 Perda de massa em m3 das amostras de poliuretano 56 Tabela 9.6 Valores do coeficiente de desgaste para as amostras de PU 56

ix

Page 13: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

LISTA DE NOTAÇÕES

N = Força Normal P = Peso do Platô R = Raio da esfera F = Carga aplicada d = Distância da esfera a base do platô

= Espessura do platô

L = Comprimento total do platô L’ = Distância da base do platô até o ponto de içamento da carga F RA = Reação da dobradiça TA = Componente da reação da dobradiça FA = Força de Atrito α = Ângulo do platô β = Ângulo da carga aplicada com o platô

= Ângulo da componente de F com a mesma

ω = Aceleração angular µ = Coeficiente de atrito

TC = Transportador de correia PU = Poliuretano

V = Volume de material retirado (desgastado) k = Coeficiente de desgaste H = Dureza do material E = Módulo de Young

AM = Amostra Amarela AZ = Amostra Azul VD = Amostra Verde LJ = Amostra Laranja

AC = Amostra Acrílico BR = Amostra Nylon (Branca)

r = Raio da calota esférica SBR = Borracha de butadieno-estireno EPR = Borracha de etileno-propileno

EPDM = Borracha de etileno-propileno-monômero diênico PET = Polietileno Treftalato

PMMA = Polimetilmetacrilato PVD = “Physical Vapor Deposition” ou Deposição física em fase de vapor

x

Page 14: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

TÍTULO

DESGASTE POR ABRASÃO DE POLIURETANO UTILIZADO NA INDÚSTRIA

MÍNERO-METALÚRGICA

xi

Page 15: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

ABSTRACT

The use of polyurethane in the mineral industry is in process of market expansion. In its main

use, belt cleaners and scraper, this polymer has shown a good wear resistance when it effects

the cleanness of conveyor belt.

This work is an attempt of if knowing the different wear mechanisms through the abrasion

test searching to correlate them with typical situations such as the blade of the belt cleaners.

The results of the experiments had allowed to evidence the properties of polyurethane under

the point of view of the wear, as well as had suggested to establish a hierarchy for the

different studied polyurethane.

xii

Page 16: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

RESUMO

A utilização do poliuretano na indústria mineral está em processo de expansão de mercado.

Na sua principal utilização, raspadores e limpadores de correias transportadoras, esse

polímero tem mostrado uma boa resistência ao desgaste quando efetua a limpeza de correias

transportadoras.

Esse trabalho é uma tentativa de se conhecer os diversos mecanismos de desgaste através do

ensaio de abrasão, buscando correlacioná-los com situações típicas como, por exemplo, a

lâmina dos raspadores.

Os resultados dos experimentos permitiram-nos evidenciar as propriedades dos poliuretanos

sob o ponto de vista do desgaste, bem como sugeriram-nos estabelecer uma hierarquia para os

diferentes poliuretanos estudados.

xiii

Page 17: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

1 – Introdução:

No setor mínero-metalúrgico observa-se que a utilização de correias transportadoras em

borracha tem sido a solução adequada no transporte de matérias-primas, reduzindo a

quantidade de caminhões e o custo deste tipo de serviço.

Em 2004, o principal produto desse setor, o minério de ferro, vendeu 200 milhões de

toneladas, de acordo com a Agência Estado, e espera-se ter um aumento de até 8% em 2005.

Para acompanhar esse ritmo, as empresas produtoras têm investido no sistema de transporte

para aumentar suas vendas e atender ao mercado.

Devido ao grande movimento de materiais, as correias acumulam sujeiras nas suas lonas e ao

soltarem-se, espalham-se ao longo do transportador, acumulando-se em roletes de retorno e

entradas de “shoot” de descarga. Tudo isso provoca acidentes e travamentos da correia e uma

parada imprevista para manutenção acarreta prejuízos na linha de produção.

Existem no mercado diversas empresas nacionais e multinacionais que utilizam produtos que

efetuam a limpeza dessas correias, como raspadores e limpadores. Esses componentes ou

peças são lâminas que efetuam a raspagem do material agarrado à lona evitando futuros

problemas.

A lâmina com um formato de “dente de pá carregadeira” é fabricada em poliuretano. Esta

lâmina sofre intenso desgaste durante o processo de limpeza e, após um determinado tempo, é

necessária a sua troca, numa parada programada e preventiva. Como ainda não se conhece

uma maneira eficaz de se reutilizar a sobra desse polímero, o seu destino é o lixo.

Para se conseguir operar as transportadoras sem muitas paradas é evidente que se deve

conhecer como os mecanismos de desgaste que atuam nesse poliuretano, a fim de propor

melhorias, com auxílio das ferramentas do design industrial (conceituação, projeto e

viabilidade econômica), para uma maior vida útil, além de minimizar o custo de fabricação e

matérias-primas. Pode-se, também, selecionar ou desenvolver novos materiais com

características superiores, o que ajudará na redução do valor do produto final, tornando-o mais

acessível e competitivo.

Esse trabalho procurou buscar informações relativas aos elementos que atuam nas lâminas de

raspadores, em laboratório, através de ensaios de desgaste por abrasão em amostras cedidas

pelo setor mineral e metalúrgico. Foram observados em microscópio as características

superficiais e estruturais do poliuretano após os ensaios. A analise dos diversos

comportamentos das amostras pode-se correlacioná-las e definir as mais apropriadas para o

uso em lâminas de raspadores de correia. 1

Page 18: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

2 – Objetivos:

O objetivo deste trabalho foi estudar, em laboratório, o comportamento tribológico do

poliuretano ao desgaste abrasivo quando utilizado na forma de lâminas de raspadores de

correia transportadora. Para atingir a meta limitou-se os parâmetros de campo para os ensaios

laboratoriais, o que possibilitou comparar e hierarquizar as amostras disponíveis para o

estudo. A importância de se conhecer como os elementos abrasivos atuam sobre esse material

contribuirá para um maior entendimento de seu comportamento em desgaste com o objetivo

de melhorar seu desempenho. Além disso, não foram encontrados registros de trabalhos no

Brasil sobre o assunto do modo como foram abordados neste trabalho. No exterior existem

diversos estudos que estão em aberto aguardando informações que ajudem a compreender

melhor o material ou que possibilitem a pesquisa e o desenvolvimento de materiais de menor

custo e, se possível, com propriedades superiores ao estudado.

2

Page 19: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

3 – Revisão Bibliográfica:

3.1 – Nomenclaturas das partes de um transportador de correia Por definição um transportador de correia (TC) é um conjunto de componentes mecânicos,

elétricos e estruturas metálicas, consistindo em um dispositivo horizontal ou inclinado

destinado à movimentação ou transporte de materiais a granel, através de uma correia

contínua com movimento reversível ou não (figura 3.1). [1]

Figura 3.1 – Vista Geral de um transportador de correia (adaptado) [1]

A correia transportadora é destinada a formar uma superfície de sustentação sobre a qual

será assentado o material a ser transportado. A cobertura superior (figura 3.2) é uma camada

fabricada em borracha ou uma composição de outros materiais, que reveste a carcaça (parte

de sustentação da correia, composta por lonas sintéticas, cabos de aço e ou combinação) e

protege-a contra abrasão, intempéries, impacto e corte.[1]

Figura 3.2 – Detalhe da correia transportadora e suas camadas (adaptado). [1]

3

Page 20: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Para ter o deslocamento do material sob a cobertura superior, o tambor de acionamento

(figura 3.3) é responsável pela transmissão de uma força necessária para a movimentação

desta e o tambor livre recebe tração proveniente do seu contato com a correia, apoiada em

roletes destinados a suportar, guiar e conformar a mesma. O rolete de retorno (figura 3.4) é

responsável em apoiar o lado do retorno da correia.[1]

Figura 3.3 – Detalhe do tambor de acionamento e seus componentes.

Figura 3.4 – Detalhe de posicionamento do rolete de retorno.

O material é direcionado e descarregado em outro transportador, pilha ou silo por meio de

“shoot” ou calha (figura 3.1).[1]

4

Page 21: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

3.2 – Raspadores para correias transportadoras

O transporte de materiais em correias de borracha sempre foi um problema para muitas

empresas. A falta ou ineficiência de um sistema de limpeza ou vedação da correia é um dos

agentes causadores de muita sujeira, como mostra a figura 3.5.

Figura 3.5 – Situação típica de uma área embaixo

de uma correia transportadora.

Os raspadores são mecanismos que atuam por meio de molas, constituídos de lâminas

individuais, removíveis e substituíveis montadas em uma estrutura, normalmente em aço, que

realizam a limpeza da cobertura da correia retirando o material aderido à mesma. (figura 3.6)

Figura 3.6 – Detalhe de um raspador: a) lâminas; b) molas de tensionamento.

a

b

As molas (Figura 3.6 - item b) são montadas no interior de caixas que exercem a pressão da

lâmina na lona. Quando o efeito da raspagem é nulo ajusta-se a pressão delas.

A boa eficiência do raspador será dada pela sua posição de instalação, ou seja, mais próximo

do tambor ou mais afastado o que, conseqüentemente, definirá a posição de contato da lâmina

na lona.

5

Page 22: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Em alguns locais esses raspadores, denominados primários, não são suficientes para realizar a

limpeza, por isso acrescenta-se um raspador secundário que ficará localizado no retorno da

correia após a área do tambor (figura 3.7).

Figura 3.7 – Esquema de localização dos raspadores primário e secundário.

O raspador direciona o material transportado para uma calha de transferência ou “shoot” que

por sua vez deposita-o em silos ou em uma outra correia transportadora. Esse direcionamento

evita o acúmulo de material ao longo do transportador e também na calha. 3.3 – Lâmina dos raspadores e suas características A borracha desempenha um papel importante na movimentação de minérios, carvão, coque,

sinter, e outros materiais, onde é aplicada nas correias transportadoras associada a outros

polímeros, tais como poliéster e nylon, acrescentado de uma carcaça de cabo de aço que lhe

confere resistência à tração.

Para minimizar o desgaste de um material de alto custo, tal como a correia, utiliza-se as

lâminas que são fabricadas em elastômero de poliuretano (PU). A figura 3.8 mostra alguns

modelos de lâminas de raspadores.

Figura 3.8 – Alguns modelos de lâminas para raspadores disponíveis no mercado.

6

Page 23: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

3.3.1 – Elastômeros Na nomenclatura de polímeros, o termo molécula polimérica rígida é aplicado a alguns

materiais líquidos cristalinos como, por exemplo, fibras de aramida, e por outro lado, existem

outros materiais, em que a molécula polimérica é uma cadeia muito longa e flexível que pode

mudar a sua forma facilmente, mediante a aplicação de uma carga, e retornar a sua forma

inicial, devido às muitas vibrações independentes e rotações dos átomos que compõem a

cadeia. Quando o número de configurações é muito grande e as cadeias formam uma rede,

esse polímero recebe o nome de “elastômero”.[2]

Os elastômeros apresentam elevada reversibilidade às deformações mecânicas e alongamentos

não lineares (5-700%) em resposta a uma tensão aplicada. A alta mobilidade da cadeia é o

fator que os diferencia dos vidros e polímeros cristalinos, visto que a deformação destes

depende de um desenrolamento e alinhamento das cadeias macromoleculares longas e

flexíveis e a aplicação de uma grande força, devido ao módulo elástico ser muito alto. [2]

Popularmente conhecem-se os materiais elastoméricos como “borrachas”. Estas se

caracterizam por terem esse comportamento intermediário entre os termorrígidos (polímeros

rígidos e frágeis, sendo muito estáveis a variações de temperatura) e os termoplásticos

(polímeros maleáveis e que podem ser fundidos diversas vezes).[3, 4] Um exemplo é a

borracha natural, cuja fórmula química é mostrada na figura 3.9.

Figura 3.9: Estrutura química básica da borracha natural

Outra característica dessas borrachas é que, sob a ação do calor, não se fundem. Porém, elas

apresentam uma maior mobilidade nas cadeias moleculares, o que lhes conferem um certo

grau de escoamento sob ação do calor. Isto se deve ao fato de o nível de reticulação das

cadeias poliméricas ser menor que nos termorrígidos. [3]

As borrachas comuns são: borracha natural, copolímero butadieno-estireno (borracha SBR),

polibutadieno, borracha butílica, borracha de etileno-propileno (EPR), borracha de etileno-

propileno-monômero diênico (EPDM), borracha nitrílica (copolímero butadieno-acrilonitrila)

e o policloropreno. As borrachas especiais são: elastômeros fluorados, elastômeros de

7

Page 24: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

silicone, elastômeros de poliuretanos, elastômeros de polietileno clorossulfonados,

elastômeros de polissulfetos (ou borrachas polissulfídicas) e elastômeros termoplásticos. [5]

O termo Poliuretano é a denominação aplicada a um grupo de polímeros obtidos a partir de

poliisocianatos e polialcóois (polióis). [6]

Os uretanos são formados pela reação de adição entre um isocianato, composto que contém o

grupo -N = C = O e um hidrogênio ácido (H +) existente em um outro composto. Esta reação

de adição ocorre através da dupla ligação C – N, e a mais importante reação ocorre entre um

isocianato e um composto que contenha o grupo –OH (hidroxila), formando ácidos ésteres

carbâmicos, denominados uretanos, cujo grupo característico é mostrado na figura 3.10. [6]

Figura 3.10: Grupo característico dos uretanos [6]

Existem diversas reações dos isocianatos, que são importantes na química do poliuretano,

dentre elas, destaca-se a figura 3.11: [6]

Figura 3.11: Reação do isocianato com álcool formando o grupo uretano. [6]

O PU é conhecido pelas suas excelentes propriedades mecânicas tais como resistência

mecânica, à abrasão, a óleos e alta resiliência. Durante a reação de polimerização, há a

formação de copolímeros compostos por blocos de segmentos flexíveis e segmentos rígidos

ligados em compostos de uretano. Os segmentos flexíveis são formados por polióis e

responsáveis pela flexibilidade e estiramento do elastômero. De acordo com Vilar [7], toda

propriedade flexível a baixas temperaturas é controlada pelos segmentos flexíveis e também

resistência a solventes, água, ácidos, bases e intempéries. Por outro lado, os segmentos rígidos

são derivados da reação de isocianatos e extensores de cadeia e, contribuem no travamento e

8

Page 25: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

na ligação das cadeias poliméricas - tendendo a se aglomerar em domínios (figura 3.12) - que

agem como precipitado e fornecem ao material rigidez e resistência mecânica. [7,8,9]

Figura 3.12 – Representação esquemática da estrutura de fases (domínios) nos PU´s. [7]

Vilar [7] menciona que o PU ao ser submetido a um esforço único, tende a se deformar, mas

algumas partes distendem e retornam ao tamanho natural (segmentos flexíveis) enquanto

outras se deformam permanentemente (segmentos rígidos). Esse comportamento pode ser

atribuído à redistribuição de tensões sofridas devido ao deslizamento das cadeias poliméricas

e posteriormente a uma regeneração de ligações de hidrogênio. Quando o PU é resfriado há

um aumento na dureza e uma redução da elasticidade provocada pela cristalização dos

segmentos flexíveis.

3.3.2 – Processo de fabricação

A fabricação das lâminas dos raspadores é realizada pelo processo de vazamento em moldes

abertos. Para esse processo, as matérias-primas líquidas utilizadas são: poliol, diisocianato,

agente de cura ou catalisador e corantes.

No processo de duas etapas as reações químicas do poliol, com excesso de isocianato formam

um prepolímero com terminação -NCO. Esse teor de -NCO livre é que ajudará na formação

de ligações cruzadas (figura 3.12). O prepolímero (figura 3.13) é aquecido e com uma bomba

de vácuo, retira-se as bolhas de ar existentes. [7]

Uma outra matéria-prima importante é o agente de cura, que é aquecido e depois é misturado

com o prepolímero em um agitador para evitar formação de bolhas proveniente da reação

entre ambos. [7]

Figura 3.13 - Reação de obtenção de prepolímero [7]

9

Page 26: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

O molde em aço é aquecido e suas paredes recebem um desmoldante a base de resina

polimérica de silicone. A mistura do agente de cura, prepolímero e corante, é vazada para esse

molde e em seguida colocado em estufa para que se processe a cura. Desmolda-se a peça e

esta retorna para a estufa para finalizar a cura, onde as propriedades finais são atingidas. Esse

processo dura aproximadamente 24 horas, e varia dependendo das condições de tratamento

térmico.(figura 3.14)

Figura 3.14 – Esquema das etapas do processo de fabricação da lâmina: (1) aquecimento e

adição de desmoldante na matriz; (2) vazamento do material para a matriz; (3) cura em estufa;

(4) desmolde da lâmina; (5) retorno da lâmina para a estufa; (6) lâmina pronta.

1 2 3

4

6 5

10

Page 27: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

3.4 –Dureza

Quando um PU possuir um elevado percentual de segmentos rígido e alto número de ligações

cruzadas, este será um material de maior dureza. Além disso, é comum ter pequenas variações

da dureza devido às imperfeições do material.[7]

Para caracterizar a dureza desse polímero, utiliza-se o teste da dureza Shore, conforme figura

3.15, numa escala de 0 a 100 e a leitura é adimensional.

Figura 3.15 – Esquema de um durômetro [7]

A escala Shore mostra a resistência do material à indentação e o valor encontrado não está

correlacionado a outras propriedades ou características fundamentais do material. Para

medição existem as escalas Shore A – para borrachas macias e elastômeros - e Shore D – para

borrachas mais duras.[10]

O teste de dureza com durômetro Shore não serve para prever comportamentos como força ou

resistência ao risco, abrasão ou desgaste e também não deve ser utilizado separadamente para

especificação de produtos.[10]

11

Page 28: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Os valores mais comuns de dureza para os materiais poliméricos podem ser encontrados na

tabela da figura 3.16.

Figura 3.16 – Dureza de alguns materiais poliméricos.[11]

3.5 – Densidade

Para qualquer material de massa “m” e volume “v”, sabe-se que a sua densidade é dada pela

relação entre a massa do corpo e seu volume.

m (3.1)

Um método simples para o cálc

corpo imerso, total ou parcial

gravitacional, fica sob a ação de

fluido; esta força é denominada

deslocado pelo corpo.[12]

Incorporando aperfeiçoamentos

determinar a densidade de uma a

mesmo material) com massa m2

d =

V

ulo da densidade de um material é o de Arquimedes. Todo

mente, num fluido em equilíbrio, dentro de um campo

uma força vertical, com sentido ascendente, aplicada pelo

empuxo (E), cuja intensidade é igual à do peso do fluido

ao experimento de Arquimedes, Ratcliffe (1965) conseguiu

mostra com uma massa m1 e uma amostra de referência (do

diferente de m1, quando imersas em líquido de densidade

12

Page 29: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

desconhecida. Ratcliffe relacionou numa equação as densidades da amostra e amostra de

referência antes e depois das trocas de temperaturas no líquido de um sistema no vácuo

composto por uma balança ligada por um fio de tungstênio e um gancho na ponta - onde é

fixada a amostra – imerso num recipiente de cobre contendo um líquido qualquer. As tensões

do fio, medidas em intervalos fixos de tempo, determinam os pesos da amostra para a

equação, independente da densidade do líquido. [13]

3.6 – Módulo de Elasticidade

Quando um corpo sólido é submetido a uma tensão, dentro do limite elástico este se deforma

e se recupera após cessar a tensão. Esses sólidos com comportamento elástico obedecem à Lei

de Hooke (1678), que estabelece que a relação entre tensão e deformação é igual a uma

constante de proporcionalidade chamada de Módulo de Young (E), conforme equação

3.2.[14]

σ ε (3.2)E =

Para os poliuretanos o valor de E pode variar de 5.2 a 35.2MPa, conforme a tabela 3.1, e para

uma melhor referência dos valores anteriores, é apresentada a tabela 3.2..

Tabela 3.1. – Módulo de Young de Poliuretanos Elastômeros de dureza 55 a 95 Shore A [15]

Dureza Shore A 55 65 73 80 85 90 95

MPa 5.2 5.2 12.4 27.6 33.8 35.2 69 Módulo de

Young psi 750 750 1800 4000 4900 5100 10000

Tabela 3.2. – Módulo de Young de alguns materiais [4]

Material GPa 10 6 psi

Aço 1020 207 30 Aço Inoxidável 304 193 28 Diamante (natural) 700-1200 102-174 Polietileno Tereftalato – PET 2,76 – 4,14 0,40 – 0,55 Polimetil metacrilato – PMMA (Acrílico) 2,24 – 3,24 0,325 – 0,470

13

Page 30: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

3.7 – Mecanismos de Desgaste

No setor industrial é comum existir materiais que sofrem desgaste para proteger um outro

material de custo elevado que receberia essa ação.

Lumbab [16] define desgaste como a remoção de material de contato entre duas superfícies

resultante do movimento entre as mesmas. Essa remoção acarreta a perda de massa da peça

utilizada e posteriormente causará danos ao equipamento.

Stoeterau [17] explica que para se entender o processo de desgaste deve-se conhecer as

variáveis envolvidas: dureza, tenacidade, módulo de elasticidade, propriedades relativas à

fadiga, estrutura e composição das superfícies de contato.

Budinski [18] sugeriu diversos modelos para desgaste com base no ensaio a risco usando uma

ponta de diamante com ângulo de 60º e raio de 200µm (figuras 3.17 a 3.21).

As respostas de materiais, como alguns metais e carbeto cementado, obedecem ao modo I

(figura 3.17) por formarem sulcos e estrias, explicado pela dureza do material.

Figura 3.17 – Aspecto do material após ensaio de risco com

diamante 60º - Modo I (adaptado) [18]

14

Page 31: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Os materiais de matriz polimérica reforçado com fibras estão propícios a formar um sulco

irregular coberto com partículas da superfície sobre a mesma (figura 3.18).

Figura 3.18 – Aspecto do material após ensaio de risco com

diamante 60º - Modo II (adaptado) [18]

Os materiais poliméricos sem fibras tendem a produzir sulco de largura irregular e ondulado,

devido ao processo de deformação superficial (figura 3.19)

Figura 3.19 – Aspecto do material após ensaio de risco com

diamante 60º - Modo III (adaptado) [18] O modelo IV (figura 3.20) apresenta o comportamento de materiais fibrosos acrescentando de

outras fibras e formam sulcos irregulares com partículas soltas sobre a superfície (modo I e II

juntos).

Figura 3.20 – Aspecto do material após ensaio de risco com

diamante 60º - Modo IV (adaptado) [18] 15

Page 32: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

A marca de atrito é vista no modelo V (figura 3.21), explicado por não formar sulcos e estrias,

uma característica dos poliuretanos e Stellite (mais macio que o aço ferramenta).

Figura 3.21 – Aspecto do material após ensaio de risco com

diamante 60º - Modo V (adaptado) [18]

Budinski [18] confrontou esses modelos com a resistência à abrasão dos materiais testados

obtendo um tipo de poliuretano que apresentou uma resistência maior do que os metais e

compósitos.

De acordo com Hutchings [19] o desgaste depende da rugosidade da superfície dos materiais

envolvidos, que possibilitará a fixação de partículas abrasivas na mesma e resultando em

deformações plásticas – pode ser denominado como desgaste por abrasão – ou deformações

elásticas, pode ser associado com fadiga. Chou et al. [20] confirmam que as partículas

abrasivas são responsáveis pela iniciação e propagação de trincas, influenciando na taxa de

desgaste.

Zum Gahr [21] explica que o desgaste abrasivo pode ser causado por partículas duras

movimentando na superfície de sólidos promovendo a retirada de material. Ele acrescenta que

a resistência a esse tipo de desgaste é devido à dureza da superfície do material, apesar de que

muitos modelos em geral mostram que a capacidade de deformação ou resistência à fratura

dessa superfície é mais importante do que a dureza propriamente dita.

A adição de uma partícula dura entre duas superfícies macias atua como elemento de segunda

fase, auxiliando na resistência ao desgaste do material. Em materiais compósitos, essas

partículas quando adicionadas na matriz aumentam a dureza da superfície. [21, 22]

16

Page 33: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Em polímeros com propriedades de elastômeros (borrachas e poliuretanos), o gráfico da

figura 3.22 destaca a proporção da contribuição do mecanismo de desgaste por fadiga e

abrasão no fenômeno de desgaste como um todo. A deformação por contato, devido ao baixo

módulo elástico dos elastômeros, será totalmente elástica e o mecanismo de desgaste por

fadiga irá prevalecer. [19]

Figura 3.22 – Diagrama Esquemático da variação dos mecanismos de abrasão e fadiga com o módulo elástico dos polímeros.(adaptado) [19]

Bernstein e Zaimovsky [23] explicam que o desgaste por fadiga (ou fadiga por contato)

aparece na forma de pequenos buracos e microrachaduras na superfície, resultando

posteriormente em danos que ao se acumularem na superfície levam ao desenvolvimento de

fraturas no material. Eles complementam que esse tipo de desgaste é associado à fratura da

superfície, que ocorre somente depois de um certo tempo, principalmente quando é aplicada

uma força de contato entre duas superfícies por rolagem, porém em baixa rotação, em

conjunto com repetidas deformações plásticas. DiBenedetto [22] explica que depois de

milhões de rotações, com esta força atuante, e com deformação plástica, não tendo nenhum

dano, surgirão rapidamente pequenas trincas de fadiga na superfície nos próximos contatos

entre as superfícies.

Trezona et al. [24] identificaram dois modos diferentes de desgaste abrasivo em que as

partículas abrasivas criam ao se movimentarem entre duas superfícies. Os autores sugerem os

seguintes conceitos, de acordo com a natureza do movimento das partículas na região de

contato: 17

Page 34: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

• Desgaste abrasivo por sulcamento ou a dois corpos: as partículas não têm movimento

em relação à superfície agente e, é caracterizado por produzir sulcos finos e paralelos à

direção de movimentação das partículas abrasivas;

• Desgaste abrasivo por rolagem (“rolling”) ou a três corpos: as partículas rolam entre

as duas superfícies, e esse desgaste mostra áreas de grandes deformações plásticas,

pontos de indentações e sem direcionamento.

Trezona e Hutchings [25] sugeriram uma teoria acerca das estrias encontradas em diversos

materiais, por meio de teste de desgaste por abrasão: a presença de estrias e indentações pode

ser explicada pela passagem da partícula abrasiva no interior da calota esférica e a mesma

endentou por diversas vezes na superfície, por ação da carga aplicada à esfera, ou como

também outras partículas do mesmo tamanho ou menor.

Roco [26] cita um outro mecanismo de desgaste que atua em conjunto com os anteriores:

desgaste por laminação. A interação da rugosidade de dois materiais em movimento provoca

deformações plásticas acarretando danos à superfície do material, iniciando o arrancamento

de fragmentos, formação de buracos e lascas.

Evans et al e Hutchings [27,28] explicam que os resultados obtidos de desgaste abrasivo em

metais devem ser relacionados com a rugosidade da superfície e para os polímeros devem ser

estabelecidos com o inverso de sua dureza. Eles acrescentam que essa relação pode ser devido

à importância da deformação plástica durante os testes, que propicia o crescimento de linhas

de fadiga similar em metais.

Trofimovich et al [29] questionou a importância da estrutura do poliuretano na avaliação do

desempenho em desgaste contra uma superfície metálica polida. Eles sugeriram que a baixa

resistência do PU ocorre em regiões de grande quantidade dos segmentos rígidos ou em

espaços com blocos rígidos formando uma rede de fase dura, similar à estrutura dos ferros

fundidos brancos de duas fases.

Thomas, Bhowmick e Uchiyama [30,31,32] mostraram que o desgaste por fadiga dos

elastômeros cobre a superfície com marcas de desgaste em um padrão perpendicular à direção

de rolamento e esses padrões são iniciados por microfadigas devido a força de atrito entre o

abrasivo e a superfície.

Kurachenkov et al. [33] mencionaram que os materiais macios são altamente elásticos

permitindo uma deformação elastoplástica da superfície. Em função disto, a ação repetitiva

das partículas abrasivas contribuirá para o sulcamento e formação de rebarbas que se

quebrarão por fadiga, aumentando o desgaste do material. A redução do desgaste acontecerá

quando as partículas abrasivas fixarem-se na superfície do material tornando-o mais duro. 18

Page 35: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Shipway e Ngao [34] concluíram que a taxa de desgaste aumenta com a dureza do polímero,

uma relação não encontrada por Budinski nos materiais similares estudados [17]. Eles

observaram também que polímeros de alta dureza estão ligados com o baixo alongamento à

fratura, tornando um fator predominante no comportamento de teste de abrasão.

Pitman [35] propôs uma relação entre a taxa de desgaste e dureza Shore para poliuretanos

com dureza de 60A a 100A, como mostrado na figura 3.23.

Figura 3.23 – Relação aproximada entre taxa de desgaste e dureza dos poliuretanos

(adaptado) [35]

O perfil descrito pela figura 3.23 pode ser separado em três regiões:

• Região A – a taxa de desgaste decresce com o aumento da dureza (60A-75A),

explicado pela propriedade mecânica ineficiente de poliuretanos desta faixa;

• Região B – a taxa de desgaste é aproximadamente independente da dureza (75A-95A),

onde não há significante efeito no desempenho da taxa de desgaste;

• Região C – a taxa de desgaste aumenta com o aumento da dureza (95A-65D), devido

às variações na temperatura do material que auxiliam no crescente

Pitman [35] complementa que a maioria dos poliuretanos com matriz de poliéter com dureza

entre 75A e 95A apresentam maior resistência à abrasão e fora dessa faixa a taxa de desgaste

tende a aumentar.

3.7.1 - Ensaios de abrasão

Com a finalidade de conhecer o desempenho de superfícies ou revestimentos, com relação à

resistência ao desgaste são utilizadas técnicas tradicionais como o teste “pino sobre disco” ou

19

Page 36: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

do disco de borracha com areia seca. A utilização destes métodos em revestimentos finos e

duros trazem dificuldades na execução dos testes, pois a espessura do filme restringe a

profundidade de material que pode ser removido antes do filme ser perfurado. Isso torna a

medição da massa retirada ineficiente e, nem mesmo técnicas como a perfilometria podem ser

usadas para medir com precisão o desgaste de uma peça com acabamento superficial

modificado. [36]

O ensaio desgaste por abrasão (microabrasão) pelo método da esfera tornou-se popular como

o método de teste para superfícies de Engenharia dos Materiais. Neste processo muitas são as

vantagens em relação aos testes convencionais incluindo:

• Ensaios com volumes pequenos de material e filmes finos;

• Equipamentos de baixo custo;

• Versatilidade. [36]

Gee et al. [36] explicam que estão sendo feitos grandes esforços para padronizar o ensaio de

desgaste abrasivo pelo método esfera nos Estados Unidos e Europa. Padronizando-se o ensaio

de desgaste por microabrasão ter-se-ão reprodutibilidade e repetibilidade das medições da

resistência ao desgaste dos materiais em qualquer lugar e, também, poder-se-á determinar

com mais clareza as características das superfícies estudadas.

Rutherford et al [37] verificaram que o teste da esfera de aço duro com micropartículas

abrasivas tem sido usado para analisar a resistência de filmes finos produzidos por PVD (de 1

a 5µm), compósitos de fibra de vidro e revestimentos com tintas além de metais, cerâmicas e

vidros. Eles acrescentam que com o desenvolvimento teórico do ensaio é possível obter

resultados de desgaste não só em superfícies planas, mas também em superfícies curvas, o que

permite sua aplicabilidade para ensaios em componentes de engenharia tais como em brocas

helicoidais, mancais, pás de turbina e próteses médicas.

3.7.2 – Quantificação da taxa de desgaste

Muitos experimentos têm revelado que o desgaste é um fenômeno complexo. Existem

inúmeras maneiras de se estimar a taxa de desgaste de um tribosistema e nesse cálculo deve-

se levar em consideração a influência de diversos parâmetros como: distância, velocidade,

carga aplicada, composição química do material e propriedades da superfície. A comparação

do desgaste é importante na análise de falhas ou em estudos de componentes desgastados de

um sistema. [38]

20
Page 37: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

A forma mais comumente utilizada para quantificar a taxa de desgaste abrasivo, na interface

de dois corpos em movimento entre si, foi formulada por Archard, onde a taxa de desgaste de

alguns materiais pode variar linearmente com a carga aplicada, mesmo que esta seja

excessiva, num longo período de ensaio. [38]

A equação que correlaciona os dados apresentados acima pode ser escrita como:

F x d H

(3.3)V = k x

Essa equação é conhecida como “Equação de Archard”, onde V é o volume desgastado, F é a

carga normal aplicada, d é a distância percorrida e H é a dureza da superfície mais macia. A

constante k é o coeficiente de desgaste que mede quanto o tribossistema é severo e através

dele é possível estabelecer com mais precisão, a vida útil dos elementos que participam do

tribossistema. [39]

Hutchings [19] explica que alguns materiais como os elastômeros, têm problemas em definir

o valor de k, desde que a dureza H não possa ser determinada.

O valor da constante k é determinado experimentalmente e, dependendo do valor, os

tribossistemas podem ser classificados, conforme a tabela 3.3.

Tabela 3.3 – Faixa dos valores de k e suas classes (adaptado) [40]

k (10-15 m3/Nm) Classe Exemplo

0,0001 – 0,001 0

0,001 – 0,01 1

0,01 – 0,1 2

0,1 – 1 3

1 - 10 4

10 - 100 5

100 – 1000 6

1000 – 10000 7

Classe 2/3: Teflon reforçado com bronze - aço temperado, seco. Classe 3: Plásticos de alta resistência ao desgaste - aço temperado, carga moderada, seco. Classe 4: Bronze (Pb) – aço temperado, após pré-desgaste, lubrificado com óleo de alta viscosidade. Classe 7: Esmerilhamento

Segundo Hutchings [19], os modelos de desgaste foram originalmente desenvolvidos para

metais, mas podem ser aplicados a outros materiais.

A partir da equação (3.3) pode-se deduzir uma relação entre o módulo de Young e a dureza do

material. A relação E/H varia entre diferentes classes de materiais. Os polímeros têm baixos

21

Page 38: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

valores de E/H e resistência ao desgaste, mesmo comparada aos metais de mesma dureza, pois

eles favorecem às deformações por microcorte do que microssulcamentos e o resultado

corresponde a uma boa porcentagem de rebarbas do volume de material retirado. [19]

3.7.3 – Desgaste em materiais metálicos

Nos materiais metálicos em geral, o desgaste depende da condição tribológica atuante.

Nesses materiais, normalmente, quanto maior a dureza, maior é a resistência ao desgaste,

apesar de não haver uma correlação simples e direta entre estas duas propriedades. [41]

Os ferros fundidos cinzentos com regiões coquilhadas, têm elevada dureza, podendo ser

aplicados em condições onde se necessita elevada resistência ao desgaste, desde que não haja

solicitado muito critica ao impacto, pois estes materiais possuem elementos formadores de

carbonetos em sua composição. [41]

Os ferros fundidos com matrizes martensíticas proporcionam maior resistência ao desgaste do

que matrizes perlíticas, em decorrência da elevada dureza da martensita. A presença de

austenita residual não constitui problema, desde que não haja transformação para martensita

durante a aplicação. [41]

Em outros produtos, é comum a utilização de revestimentos que auxiliam na redução do

desgaste. Os anéis de cilindro de pistão utilizados em motores Diesel, por exemplo, são

fabricados em aço ou ferro fundido nodular com revestimento antidesgaste, composto por

uma liga a base de molibdênio, níquel e cromo aplicado por plasma, ou cromo duro

depositado eletroliticamente. [42]

22

Page 39: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

4 – Materiais e Métodos:

Serão apresentados neste capítulo os equipamentos utilizados nesse trabalho e a metodologia

de trabalho criada para alcançar o objetivo.

O principal objeto de estudo é o componente de reposição dos raspadores, a lâmina, que é

uma peça de fundamental importância no processo de limpeza das correias transportadoras.

4.1. Etapas do Trabalho

Este trabalho foi dividido nas seguintes etapas.

Na primeira etapa procurou-se descrever o produto a ser tratado: as matérias-primas, o

processo de fabricação e o funcionamento. Para esse estudo, algumas lâminas foram cedidas

por empresas do setor mineral e metalúrgico.

A segunda etapa consistiu na realização de um conjunto de ensaios de desgaste no

Laboratório de Engenharia de Superfícies e Técnicas Afins, da Escola de Minas –

Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Na terceira etapa analisou-se as amostras dos experimentos realizados através de

micrografias, com auxílio do Laboratório de Microscopia Ótica da Escola de Minas – UFOP.

Na quarta etapa, examinou-se, com mais detalhes as microestruturas das amostras através de

microscopia quantitativa e qualitativa, utilizando-se os equipamentos disponíveis no

MICROLAB (Microscopia Eletrônica de Varredura e Microanálise) do Departamento de

Geologia – UFOP.

A quinta etapa consistiu em analisar e correlacionar os dados obtidos nas etapas anteriores.

23

Page 40: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

4.2 – Amostras de poliuretano

As amostras foram cedidas por empresas do setor metalúrgico e mineral e são peças que

terminaram sua vida útil e seguiram para sucata.

A fim de facilitar a utilização das mesmas na máquina de abrasão, elas foram cortadas,

conforme figura 4.1a, com dimensões de 15x15x7mm3 (figura 4.1b) que é adequado para uso

na máquina de ensaio de abrasão, e também, com um mesmo padrão de acabamento

superficial. Nessas dimensões foi possível realizar quatro ensaios de abrasão em cada peça.

Figura 4.1: a) Posição do corte na base da lâmina; b) das amostras prontas para o ensaio.

a

b

As peças foram identificadas por letras de modo a diferenciá-las resguardando sua origem

(AM - Amarela, AZ - Azul, VD - Verde, LJ - Laranja).

4.2.1 – Amostras de referência

Para analisar os materiais estudados optou-se por compará-los com materiais de baixa

resistência ao desgaste abrasivo. O polimetilmetacrilato (acrílico) transparente, designado

pelas letras AC, e o poliamida (nylon), BR, apresentam estas propriedades.

24

Page 41: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

4.3. Máquina de ensaio de desgaste por abrasão

4.31. Descrição da máquina de ensaio de desgaste A máquina de ensaio de desgaste por abrasão (figura 4.2), originalmente, foi idealizada para

fazer medições de espessura de filmes finos pelo ensaio desgaste por abrasão com esfera. Ela

é composta por:

• um motor bidirecional que pode ter sua velocidade controlada por um potenciômetro;

• no final do eixo do motor há uma esfera de aço 52100 cromo classe 3 de diâmetro 17

mm;

• um platô, onde é fixada a amostra, com regulagem de inclinação;

• controle do contato da esfera com a amostra por meio de uma carga.

Figura 4.2 – Máquina de Ensaio de desgaste por Abrasão

25

Page 42: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Com a amostra fixada ao platô, a esfera gira sobre a amostra e é feito, ao mesmo tempo, um

gotejamento entre as duas superfícies produzindo sobre a superfície da amostra uma calota

esférica (figura 4.3). Ao final do ensaio mede-se o diâmetro da calota esférica e calcula-se o

volume de material desgastado.

a

b

Figura 4.3 - a) Platô com amostra apoiada na esfera (detalhe do sentido do giro); b) detalhe da suspensão abrasiva.

Dessa maneira, a máquina foi adaptada para representar um conjunto de parâmetros das

condições reais em escala reduzida do desgaste das lâminas dos raspadores, com ensaios em

pequenas áreas.

O platô (dimensões 61x39.5x6mm) é fixado numa dobradiça que permite o controle de sua

inclinação. O contato esfera-amostra é mantido pela ação de uma carga aplicada na parte

superior do platô.

26

Page 43: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

O esquema de forças atuantes na máquina de ensaio de desgaste por abrasão, em condição de

equilíbrio (figura 4.4), permite que se determine a força Normal, pela equação (4.1), que atua

sobre o platô ou sobre a amostra, a partir de parâmetros mensuráveis (peso e ângulo do platô,

entre outros).[43]

(4.1)

Figura 4.4 - Esquema de forças atuantes na Máquina, em condição de equilíbrio. [43]

A figura 4.5 e a equação (4.2) referem-se ao esquema de forças atuantes em condições

dinâmicas do sistema. [43]

(4.2)

Figura 4.5: Esquema das forças atuantes na máquina em condições dinâmicas do sistema [43]

27

Page 44: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

No final do teste, tem-se uma calota esférica (Figura 4.6) e a observação no microscópio ótico

permite medir o diâmetro da mesma e calcular, com o auxílio da equação 4.3, o volume de

material retirado da amostra sob ação abrasiva. [44]

Figura 4.6: Detalhe de uma calota típica

(4.3)

Onde: r= raio da calota esférica; R= raio da esfera [44]

Com os resultados pode-se determinar a taxa de desgaste do material testado.

28

Page 45: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

4.3.2 – Parâmetros dos ensaios

No início e fim de cada ensaio, a amostra foi pesada numa balança analítica (precisão 10-4g),

marca Gehaka, modelo AG 200. Isso permitiu que fosse calculada a perda de massa do

material.

Foram realizados experimentos de abrasão na máquina descrita previamente, a fim de obter

dados do desgaste das amostras apresentadas.

Os parâmetros utilizados na máquina podem ser assim descritos (figura 4.7):

Inclinação do platô (α): 60º

Carga aplicada: 54,34g

Tempo de duração do ensaio: 30, 60, 90 e 120min

Gotejamento de suspensão abrasiva: a cada 20min desde o início do teste.

Figura 4.7 – Vista Lateral dos componentes da Máquina

29

Page 46: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

4.3.3 – Ensaio Superficial Multiponto

Pode-se verificar o comportamento do desgaste em diversos pontos superficiais da amostra

com o ensaio superficial multiponto, como esquematizado na figura 4.8, e em qualquer

direção, por exemplo, nas direções “x” e “y” do plano cartesiano.

4.4 – Determi

Para realizar a m

de desgaste abra

Leica, modelo D

se registrasse as i

4.5 – Caracter

A fim de verific

equipamento de

5510, acoplado c

de material sólido

4.6 – Cálculo

O cálculo do vo

valores encontra

amostras.

Calota

Figura 4.8: Esquema do ensaio superficial multiponto.

nação do diâmetro da calota esférica

edição do diâmetro da projeção da calota esférica formada, a partir do ensaio

sivo, na superfície da amostra, utilizou-se um microscópio óptico marca

MRX com uma máquina fotográfica da marca JVC acoplada, permitindo que

magens.

ização das superfícies das amostras (Calotas)

ar a existência ou não de substâncias aderidas nas amostras, utilizou-se um

Microscopia Eletrônica de Varredura (M.E.V.) da marca Jeol, modelo JSM

om um EDS Thermo, que permite identificar com rapidez e eficiência o tipo

aderido.

do material retirado

lume de material retirado da amostra foi feito através da equação (4.3). Os

dos foram comparados com aqueles obtidos a partir das pesagens das

30

Page 47: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

4.7 – Material abrasivo

Para material abrasivo preparou-se uma suspensão aquosa diamantada, a partir de uma pasta

de diamante comercial utilizada para polimento metalográfico. A concentração da mesma era

de 4,53g/ml. A figura 4.9 mostra uma fotomicrografia das partículas.

Figura 4.9: Fotomicrografia das partículas (50x).

Com o auxílio do software Quantikov [41] realizou-se a análise quantitativa da suspensão

abrasiva que resultou no gráfico (figura 4.10) da distribuição dos tamanhos das partículas.

Diâmetros (mícron)

Figura 4.10: Gráfico da distribuição média dos diâmetros das partículas de diamante (em mícrons) versus Freqüência (%).

31

Page 48: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

5 – Resultados e Discussões Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos dos experimentos e algumas

características das amostras que foram necessários para o entendimento. É importante

ressaltar, que o levantamento de algumas características do poliuretano foram primordiais

para a discussão sobre as características tribológicas do sistema.

5.1 – Resultados do levantamento da densidade pelo método de Arquimedes

Uma das características importantes de qualquer material é a densidade. Através dela pode-se

obter, utilizando a equação (4.3), o volume de material retirado.

A figura 5.1 ilustra uma montagem experimental baseada no método de Arquimedes para

determinação da densidade das amostras de PU e a tabela 5.1 os valores encontrados de cada

material.

Figura 5.1 – Montagem experimental baseada no método de

Arquimedes para determinação da densidade das amostras de PU

Tabela 5.1 – Densidade das Amostras

Amostra Densidade (g/cm3)

VD (PU) 1,25

AM (PU) 1,14

LJ (PU) 1,01

AZ (PU) 1,04

BR (nylon) 1,13 [45]

AC (acrílico) 1,18 [45]

32

Page 49: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

5.2 – Resultados do levantamento da dureza

Para obter a dureza das amostras de PU utilizou-se um durômetro modelo Teclock Hardness

Testes GS-706, figura 5.2. A tabela 5.2. mostra as durezas encontradas.

Figura 5.2 – Durômetro utilizado nas

medições.

Tabela 5.2 – Dureza das Amostras

Amostra Dureza

VD (PU) 77 – 80 Shore A

AM (PU) 85 – 87 Shore A

LJ (PU) 75 Shore A

AZ (PU) 88 Shore A

BR (nylon) 120 Rockwell “A” [45]

AC (acrílico) 90 Rockwell “A” [45]

33

Page 50: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

5.3 – Resultados dos ensaios de desgaste na máquina de abrasão

5.3.1 – Análise superficial

Os modelos de desgaste apresentados por Budinski [18] (figura 5.3b) [18] foram

comprovados pelo tipo de rastro deixado na amostra LJ (figura 5.3) e pode-se acrescentar que

a amostra de dureza intermediária (75 Shore A) mostra o mesmo padrão.

a b Figura 5.3: a) Fotomicrografia da amostra LJ, em destaque para a marca de desgaste

no ensaio de 30 min (35x); b) detalhe da Figura 3.13: Modo V. Outro ponto importante nessa amostra é o padrão de estrias formado após o ensaio, que

demonstrou similaridade com a borracha natural (figura 5.4) apresentada por Hutchings [19].

Figura 5.4: Superfície de uma borracha natural após ensaio de abrasão com interface dura

mostrando um padrão abrasivo de estrias. O ensaio foi da direita para a esquerda, como mostra a seta (adaptado). [19]

34

Page 51: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Em contraponto à amostra LJ, a AM e AZ exibiram padrões diferentes (figura 5.5a e 5.5b) na

forma de sulcos com o rastro da passagem da partícula abrasiva – tipo de mecanismo

identificado por Trezona e Hutchings [30]. Já a amostra AC (figura 5.5c) mostrou sulcos mais

uniformes e fracos – devido a alta elasticidade - e uma calota com bordas mais definidas.

Figura 5.5: Amostras após 30min: a) AM (25x); b) AZ (25x); c) AC (25x).

b a

c

Verificou-se que o PU não apresenta uma padronização no tipo de desgaste, mesmo em

ensaios mais longos (120min). Como mostra a figura 5.6, a amostra LJ exibiu marcas de

arrancamento de material e sulcos do desgaste abrasivo, similar ao descrito por Trezona et al

[24].

Figura 5.6: Poliuretano LJ, ensaio 120min (200x)

35

Page 52: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

5.3.2 – Análise da microestrutura A analise da microestrutura das amostras foi possível após a metalização da superfície, para se

obter uma superfície condutora de eletricidade e calor. No caso utilizou-se ouro e prata.

O equipamento utilizado foi um microscópio eletrônico de varredura (MEV) equipado com

um EDS Thermo, operando com um potencial de aceleração de 20kV e aumento de até 3000

vezes.

A fotomicrografia da figura 5.7 exibe a superfície da amostra LJ que é muito propícia à

fixação de partículas nas suas irregularidades.

Figura 5.7: Fotomicrografia da superfície do PU-LJ, antes dos ensaios (750x)

36

Page 53: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Foi detectada a presença de partículas de diamante que ficaram incrustadas após o ensaio de

desgaste, fato pelo qual as amostras ganharam peso depois dos experimentos e,

conseqüentemente, não foi possível obter a quantidade de material retirado a partir das

pesagens.

Nas figuras 5.8 e 5.9 observa-se, em destaque, a presença da partícula de diamante.

Figura 5.8 – Fotomicrografia da superfície do PU VD, após ensaio de 30min (4000x).

Figura 5.9 – Partícula incrustada próxima a uma falha (7000x)

37

Page 54: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

A confirmação da presença da partícula é mostrada pela figura 5.10 (destaque para o teor

elevado em Carbono) que apresenta os dados do EDS e também pela morfologia, que se

assemelha à fotomicrografia da figura 4.9. Como mencionado anteriormente, a presença de

Au e Ag na análise é devido à metalização da amostra (em círculo).

Figura 5.10 – Análise química qualitativa da partícula da figura 5.8.

38

Page 55: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Outro fato observado é a presença de partículas de diamante cravadas na superfície do

material com microtrinca (figura 5.11).

Figura 5.11 – Detalhe de uma partícula de diamante incrustada na

amostra AZ, ao lado de uma microtrinca.

Esse fato pode estar associado à ação da esfera sobre a partícula, onde esta é forçada sobre a

superfície do material criando trincas que podem estar associadas à fadiga, como mostra a

figura 5.12. A confirmação da tendência à formação de microtrincas é apresentada pelo

gráfico da figura 3.14 (Seção 3.7) e também pelo baixo módulo de Young apresentado na

tabela 3.1 (Seção 3.6).

Figura 5.12: Esquema de uma partícula de diamante sob ação da esfera.

microtrincas

39

Page 56: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

5.3.3 –Cálculo das perdas de massa

Nessa etapa utilizou-se um microscópio ótico para obter os diâmetros aproximados das

calotas. A tabela 5.3 mostra os dados obtidos necessários para o cálculo do volume de

material retirado da amostra, através da equação (4.3). O anexo 1 (Seção 9) mostra os

parâmetros utilizados e diâmetros aproximados, em pré-medição.

Tabela 5.3 – Dados para o cálculo do volume de material retirado

* Rockwell “A”

TEMPO DENS. DUREZA DIÂM. CALOTA VOLUME PERDA DE

MASSA AMOSTRA (MAT.) (min) (g/cm3) (Shore A) (mm) (m3) (g)

VD1 (PU) 30 1,25 77-80 2,09 0,000111 0,000138435 VD1 (PU) 60 1,25 77-80 2,13 0,000119 0,000149371 VD1 (PU) 90 1,25 77-80 2,13 0,000119 0,000149371 VD1 (PU) 120 1,25 77-80 2,09 0,000111 0,000138435 LJ1 (PU) 30 1,01 75 1,93 8,05E-05 8,12788E-05 LJ1 (PU) 60 1,01 75 2,23 0,000144 0,000145077 LJ1 (PU) 90 1,01 75 2,27 0,000154 0,000155803 LJ1 (PU) 120 1,01 75 2,15 0,000124 0,000125302 AZ (PU) 30 1,04 88 2,47 0,000216 0,000225141 AZ (PU) 60 1,04 88 2,01 9,47E-05 9,84926E-05 AZ (PU) 90 1,04 88 2,03 9,85E-05 0,000102481 AZ (PU) 120 1,04 88 1,93 8,05E-05 8,369297E-05

AM1 (PU) 30 1,14 85-87 2,82 0,000369 0,000420223 AM1 (PU) 60 1,14 85-87 2,50 0,000115 0,000136346 AM1 (PU) 90 1,14 85-87 3,64 0,00103 0,001173875 AM1 (PU) 120 1,14 85-87 4,50 0,002426 0,002765302 LJ2 (PU) 30 1,01 75 1,88 7,24E-05 7,31615E-05 LJ2 (PU) 60 1,01 75 2,90 0,000412 0,000416607 LJ2 (PU) 90 1,01 75 3,57 0,000952 0,000961709 LJ2 (PU) 120 1,01 75 3,79 0,001212 0,001223968 VD2 (PU) 30 1,25 77-80 2,53 0,000238 0,000297974 VD2 (PU) 60 1,25 77-80 2,85 0,000385 0,00048079 VD2 (PU) 90 1,25 77-80 2,42 0,000199 0,000249276 VD2 (PU) 120 1,25 77-80 2,39 0,00019 0,000237103

AC (PMMA) 30 1,185 90* 2,11 0,000213 0,000252387 AC (PMMA) 60 1,185 90* 2,46 0,00027 0,000320093 AC (PMMA) 90 1,185 90* 2,61 0,001417 0,00167958 AC (PMMA) 120 1,185 90* 3,94 0,000115 0,000136346 BR (NYLON) 30 1,4 120* 1,64 4,19E-05 5,86687E-05 BR (NYLON) 60 1,4 120* 1,59 5,18249E-05 BR (NYLON) 90 1,4 120* 1,72 5,07E-05 7,10037E-05

3,7E-05

40

Page 57: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Verificou-se que há uma compensação entre dureza e densidade das amostras AZ e VD, que

apresentam volume de material retirado muito próximos.

5.3.4– Comportamento das amostras No ensaio de desgaste por abrasão, utilizando os parâmetros apresentados na Seção 4.3. os

poliuretanos apresentaram comportamentos distintos entre eles e também em relação ao

material de referência (figura 5.13).

Figura 5.13. - Amostras VD e AC

a) Amostra VD – ensaio 60min (25x) b) Amostra AC – ensaio 60min (25x)

c) Amostra VD – ensaio 90min (25x) d) Amostra AC – ensaio 90min (25x)

e) Amostra VD – ensaio 120min (25x) f) Amostra AC – ensaio 120min (25x)

41

Page 58: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

Esperava-se que a amostra VD (figura 5.13e) apresentasse, em 90 e 120min, uma calota maior

que as anteriores, mas o comportamento foi oposto, o que pode estar relacionado à anisotropia

do material. Esse comportamento é apresentado no gráfico da figura 5.14.

0,0001

0,001

0,0130 60 90 120

Tempo (min)

Volu

me

de m

ater

ial r

etira

do (g

)

VDAC

Figura 5.14 – Gráfico comparativo da Perda de Massa VD x AC

O comportamento similar foi observado nas outras amostras, VD1, LJ1, AZ, VD2, como

mostra o gráfico da figura 5.15.

0,00001

0,0001

0,001

0,0130 60 90 120

Tempo (min)

Volu

me

de m

ater

ial r

etira

do (g

)

VD1

LJ1

AZ

AM1

BR

LJ2

VD2

AC

Figura 5.15 – Gráfico da Perda de Massa das amostras analisadas

42

Page 59: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

A razão mais provável para tal diferenciação, explicada por Trofimovich et al. [27], é a

irregularidade na distribuição dos segmentos rígidos na estrutura. Almeida [9] explica que, é

difícil conseguir uma distribuição homogênea de blocos rígidos, pois a formação deles ocorre

na reação de polimerização.

A comprovação da falta de organização dos blocos foi feita através do ensaio superficial

multiponto na amostra VD. A figura 5.16 apresenta a amostra com as calotas obtidas, nos

ensaios com tempo de 30min cada.

Figura 5.1

30mm

30m

m

y

No gráfico da Figura 5.17, s

“y”, onde verifica a presença

0,00

0,00

0,00

0,00

0,0

0,00

0,00

0,00

Volu

me

de m

ater

ial r

etira

do (m

3)

Figura 5

6: Anisotropia do desgaste do poliuretano VD.

x

ão apresentados os pontos relativos aos ensaios nas direções “x” e

de uma modulação segundo as direções dos eixos “x” e “y”.

px1

px2

px3

px4

px5

px6

py1py2

py3

py4

0

002

004

006

008

001

012

014

016

Tempo de 30 min - Amostra VD

.17: Gráfico do ensaio superficial multiponto.

43

Page 60: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

A fim de se evidenciar a presença dos segmentos rígidos, Almeida et al. [9] realizaram

estudos sobre a morfologia e o desempenho mecânico de poliuretanos, principalmente quanto

a presença desses segmentos rígidos. A figura 5.18 apresenta uma fotomicrografia,

apresentada por Almeida et al. [9], de uma amostra de poliuretano após um ensaio de tração e

após ser fraturada criogenicamente (super-resfriada). Observa-se que, somente a textura da

superfície de fratura é aparente, ficando difícil visualizar a separação das fases.

Figura 5.18: Fotomicrografia de uma amostra de PU fraturada.[9]

Napolitano et al [47] apresentaram uma micrografia da borracha natural (figura 5.19) que se

assemelha à superfície da figura 5.19, onde também ficam aparentes os aspectos da fratura na

superfície, produzidos também pelo mesmo processo anterior.

.

Figura 5.19: Fotomicrografia da borracha natural fraturada.[47]

44

Page 61: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

5.3.5 – Energia dissipada pelo Tribossistema

A energia dissipada (Trabalho) durante os ensaios realizados compõe o gráfico da figura

5.20). O anexo 2 (Seção 9) apresenta os valores para o cálculo da força normal e distância

percorrida pela esfera.

0,00001

0,0001

0,001

0,01256,32 512,64 768,96 1025,28

Trabalho (J)

Volu

me

de m

ater

ial r

etira

do (g

)

AMAZLJVD

Figura 5.20 – Gráfico do Trabalho versus Volume de material retirado.

Ao comparar esse gráfico (figura 5.20) com o gráfico da perda de massa (figura 5.14),

constatou-se que as amostras de PU VD e AZ mostraram para alguns estágios de trabalho,

independência em relação ao tempo de ensaio. Isso significa que, nestes usos (VD e AZ) o

regime de desgaste é constante ao longo do tempo; contrariamente LJ e AM demandam

quantidades de energia crescentes ao longo do processo. Este comportamento sugere um

mecanismo de encruamento semelhante ao que ocorre com os metais e ligas metálicas.

45

Page 62: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

5.3.6 – Cálculo da taxa de desgaste (Método de Archard)

Ao calcular o coeficiente de desgaste (k) dos poliuretanos a partir da equação 3.3, descrita na

seção 3.7.2, obtiveram-se os valores mostrados na tabela 5.4. Os cálculos são apresentados no

Anexo 3 (Seção 9).

Tabela 5.4- Valores do coeficiente de desgaste ‘k’ e ‘k médio’ para as amostras de PU

Amostras / Tempo 30min 60min 90min 120min k médio

AM1 1,44 0,004 0,01 0,02 1,09 AZ 0,0002 0,000098 0,0001 0,000083 0,80 LJ2 0,28 1,61 3,72 4,74 2,87 VD2 0,93 0,007 0,002 0,001 0,99

Dos dados da tabela 5.4, traçou-se o gráfico da figura 5.21

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

AM1 AZ LJ2 VD2

Amostras

Coe

f. de

Des

gast

e M

édio

(k)

Figura 5.20 - Coeficiente de desgaste médio (k) das amostras de poliuretano

O gráfico da figura 5.20 mostra que os valores médios de k evidenciam o caráter anisotrópico

dos poliuretanos, diferente de outros materiais em que o coeficiente varia linearmente com a

distância percorrida [19, 38]. As amostras de poliuretano podem ser classificados, conforme

tabela 3.3 (Seção 3.72), 0,8 < k < 1,0 na classe 2 exceto o poliuretano LJ2, k>1,0, que se

encaixa na classe 3.

A dificuldade em determinar o coeficiente de desgaste k do poliuretano tal como em metais e

ligas é explicada por esse material ser da classe dos elastômeros e sua dureza H não pode ser

definida nas escala de geometria Vickers. [19] 46

Page 63: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

6 – Conclusões

Dos resultados obtidos, pode-se concluir que:

1 - As amostras utilizadas nos ensaios têm durezas muito próximas, exceto o PU LJ;

2 - O poliuretano e a borracha natural apresentam um mesmo padrão de estrias após um

ensaio de abrasão;

3 - Os padrões de estrias e comportamentos distintos observados nas amostras ensaiadas

são diferentes daqueles apresentados pela amostra de referência (acrílico), ou seja,

sulcos mais uniformes e suaves;

4 - A amostra LJ apresentou marcas de arrancamento de material;

5 - O comportamento da superfície à abrasão é bem variado em qualquer direção das

amostras ensaiadas;

6 - A presença de partículas de diamante incrustadas na superfície das amostras pode ter

sido responsável pelo aumento da massa das amostras;

7 - Trincas típicas de fadiga foram observadas na superfície de todas as amostras de

poliuretano após o ensaio de desgaste;

8 – As amostras de poliuretano VD e AZ, nos experimentos, apresentaram regime de

desgaste constante ao longo do tempo, diferente das amostras LJ e AM que

demandaram quantidades crescentes de energia ao longo do processo;

9 – Os poliuretanos AM, AZ e VD se enquadraram na classe 2, conforme tabela 3.3 (seção

3.72) e o PU LJ, na classe 3;

10 - Não foi possível aplicar o conceito da equação de Archard tal como para os metais e

ligas metálicas, devido aos poliuretanos serem classificados como elastômeros;

47

Page 64: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

11 – Os poliuretanos que apresentaram melhor rendimento com baixas taxas de desgaste

foram o AZ e VD.

12 – Levando em conta os resultados obtidos nos testes realizados não foi possível

estabelecer uma correlação entre a dureza dos poliuretanos e o desgaste abrasivo;

13 – Para aplicação em raspadores de correia transportadora, os poliuretanos mais

indicados para lâminas, de acordo com os resultados obtidos, são o VD e AZ, pois

desgastaram-se menos que os demais considerando a energia dispendida.

14 – Não foram encontrados registros de trabalhos no Brasil sobre o assunto do modo

como foram abordados neste trabalho. No exterior existem diversos estudos que estão

em aberto aguardando informações que ajudem a compreender melhor o material.

15 – A pesagem não é o método mais apropriado para acompanhar o desgaste dos

poliuretanos.

16 – É importante fazer uma estatística de ensaios mais significativa, devido à influência

da anisotropia desse material.

48

Page 65: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

7 – Sugestões para trabalhos futuros

A complexidade estrutural do poliuretano sugere estudos sobre esse material nas diversas

situações em que se aplica.

A seguir seguem-se algumas sugestões:

1 – Caracterizar a química (elementos e ligações químicas) dos domínios rígidos e flexíveis

do poliuretano, procurando descobrir a influência destes no desgaste abrasivo.

2 – Estudar o comportamento em desgaste do poliuretano com outros materiais abrasivos:

carbeto de silício, alumina, sílica, etc, como também mistura de minerais, propondo uma

padronização.

3 – Estudar o comportamento em desgaste abrasivo do poliuretano em um mini-transportador

de correia (protótipo), a fim de evidenciar as formas de desgaste, ângulo de atuação do

abrasivo e melhorar o design da amostra (relação custo-benefício e minimizar

desperdício).

4 – Realizar ensaios com mudança dos parâmetros operacionais da máquina de ensaio de

desgaste por abrasão tais como carga (Normal), inclinação (α) do platô, velocidade (RPM)

de rotação da esfera, entre outros.

5 – Vincular a “densidade” de trincas (número de trincas por unidade de superfície) com as

taxas de desgaste.

49

Page 66: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

8 – Referências Bibliográficas

1 – NBR 6177 – Transportadores Contínuos, Transportadores de Correia e Terminologia.

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Rio de Janeiro, 1998.

2 – MEYERS, M.A.; CHAWLA, K.K. Mechanical Behavior of Materials. Pretice Hall, Nova

Jersey, 1999.

3 – Elastômeros – Disponível em: http://www.coplastonline.com/informativo.php. Acessado

em: 19 set 2005.

4 – CALLISTER JR, W.D. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. 5a. Ed.,

LTC, Rio de Janeiro, 2002.

5 – BRASKEM. Boletim Técnico nº 8 PVC – Glossário de Termos aplicados a polímeros.

Disponível em: www.braskem.com.br/boletins/Pvc/

Glossário_de_termos_aplicados_a_polímeros.pdf. Acessado em: 30 set 2005.

6 – LIMA, J.E.S. Estudo e Desenvolvimento de argamassa elastomérica com base uretânica.

Texto extraído da Dissertação de Mestrado. Instituto Tecnológico da Aeronáutica, São

José dos Campos, 2001.

7 - VILAR, Walter Dias. Química e Tecnologia de Poliuretanos, 3a Ed., Vilar Consultoria,

Rio de Janeiro, 2002.

8 – SARE, I. R. et al. Wear-resistant metallic and elastomeric materials in the mining and

mineral processing industries – an overview. Wear, Vol. 250, p.1-10, 2001.

9 – ALMEIDA, C.L. et al. Síntese e Caracterização de Poliuretanos Segmentados Contendo

Blocos de Peso Molecular Controlado. Parte 2: Correlações entre Morfologia e

Comportamentos Térmico e Mecânico. Scielo, Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 10,

nº.4, p. 193-201, 2000.

10 – MACHINIST MATERIALS - Hardness Measurement and Specifications. Disponível

em: http://www.machinist-materials.com/hardness.htm. Acessado em: 17 jun 2006.

11 – HAUSTENE – PRODUTOS TÉCNICOS DE POLIURETANO. Disponível em:

http://www.hausthene.com.br/elastomeros.htm. Acessado em: 30 set 2005.

12 - FERRARO, Nicolau Gilberto. Aulas de Física 1, 17a Ed., Atual Editora, São Paulo, 1991.

13 - RATCLIFFE, R.T. The measurement of small density changes in solids. British Journal

Applied Physical, v.16, 1965.

14 – MEYERS, M.A.; CHAWLA, K.K. Princípios de Metalurgia Mecânica. Edgard Blücher,

São Paulo, p. 3-4, 1996.

50

Page 67: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

15 – Gallagher Corporation – Typical Physical Properties of Gallagher Cast Urethanes.

Disponível em: www.gallaghercorp.com.br - Acessado em: 19 jan. 2005.

16 – LUMBAD, A. C. The Journal Tribology Times. Koehler Instrument Company

Newsletter. Disponível em:

http://www.lazarsci.com/Adobe%20Files/Summer%202000%20Tribo%20Newsltr.pdf.

Acessado em 14 jul. 2004

17 – STOETERAU, R.L. Apostila de Tribologia. UFSC, 2004. Disponível em:

http://www.lmp.ufsc.br/guigo/EMC5315/Introducao-a-Tribolbogia-v5.pdf. Acessado em

27 jul 2005.

18 – BUDINSKI, K.G. Resistance to particle abrasion of selected plastics. Wear. Vol 203-

204, p. 302-309, Março 1997.

19 – HUTCHINGS, I. M. Tribology: Friction and Wear of Engineering Materials. 1a. Ed.,

Edward Arnold, Londres, 1992.

20 – CHOU, N. J. et al. Characterization of Polymers. 1a. Ed., Butterworth-Heinemann, 1994.

In: SILVA, Ricardo Mattioli. Avaliação do desempenho de rotores e enxertos de ferro

fundido branco utilizados nas bombas de polpa da pré-moagem da Samarco Mineração

S.A. Dissertação de Mestrado. Redemat, Ouro Preto, 2002

21 - ZUM GAHR, K.H. Wear by hard particles. Elsevier Science. Tribology International,

vol.31, número 10, p. 587-596, 1998.

22 – DiBENEDETTO, A.T. The structure and properties of materials. 1a. Ed., McGraw-Hill,

Nova Iorque, 1967.

23 – BERNSTEIN, M. L.; ZAIMOVSKY, V. A. Mechanical Properties of Metals.1a. Ed., Mir

Publishers, Moscou, 1983.

24 – TREZONA, R.I. et al. Transitions between two-body and three-body abrasive wear:

influence of test conditions in the micro-scale abrasive wear test. Elsevier Science, Wear,

Vol. p. 205-214, 1999.

25 - TREZONA, R.I.; HUTCHINGS, I.M. Three-body abrasive wear testing of soft materials.

Elsevier Science, Wear, Vol. 233-235, p. 209-221, 1999.

26 – ROCO, M.C. Wear Mechanisms in Centrifugal Slurry Pumps to Resist Abrasive Wear,

Vol., p. 1323-1327, Setembro, 1981.

27 – EVANS, D.C.; LANCASTER, J.K. Treatise on materials science and technology.

In BECK, R.A.; TRUSS, R.W.Effect o f chemical structure on the wear behaviour of

polyurethane-urea elastomers. Wear. Mining Engineering, p. 145-152, Abril, 1998.

51

Page 68: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

28 – HUTCHINGS, I.M.

In: BECK, R.A.; TRUSS, R.W.Effect of chemical structure on the wear behaviour of

polyurethane-urea elastomers. Wear. Vol 218, p. 145-152, Julho, 1998.

29 – TROFIMOVICH, A.N. et al.

In BECH, R.A.; TRUSS, R.W. Effect of chemical structure on the wear behaviour of

polyurethane-urea elastomers.

30 – THOMAS, A.G. et al. Plastic Rubber. Mater. Appl. 3, p. 133-138. Abril, 1978

31 – BHOWMICK, A.K., et al -----. Rubber Chem. Technol. 3. Vol. 1055, 1982

32 – UCHIYAMA, Y. et al. ----- Wear. Vol. 158, p.141-155.

33 – KURACHENKOV, V.N. et al.

In BECK, R.A.; TRUSS, R.W.Effect of chemical structure on the wear behaviour of

polyurethane-urea elastomers. Wear, Vol 218, p. 145-152, Abril, 1998.

34 - SHIPWAY, P.H.; NGAO, N.K. Microscale abrasive wear of polymeric materials. Wear,

Vol. 255, p. 742-750, 2003.

35 – PITMAN, J.S. Proc. 3rd Int. Conf. on Int. Ext. Prot. Pipes. Inglaterra, 1979.

In: HILL, D.J.T. et al. Laboratory wear testing of polyurethane elastomers. Wear, Vol

208, p. 155-160, Julho, 1997.

36 – GEE, M.G. et al. Progress towards standardization of ball cratering. Elsevier Science.

Wear, Vol 255. ,p. 1-13, 2003.

37 – RUTHERFORD, K.L.; HUTCHINGS, I.M. Theory and Application of a Micro-Scale

Abrasive Wear Test. Journal of Testing and Evaluation, vol. 25, nº. 2, p. 250-260, 1997.

38 – HARRIS, C.K. et al. Determination of wear in a Tribo-system. ASEE Gulf-Southwestern

Annual Conference The University of Louisiana at Lafayette, 2002. Disponível em:

http://engr.louisiana.edu/asee/proceedings/IVA3.pdf. Acessado em: 19 ago 2004.

39 – GIRALDO, D.; VÉLEZ, J.M. Estudio del desgaste por deslizamiento en seco de algunos

plásticos. Universidade Nacional da Colômbia, 2001. Disponível em:

www.minas.unalmed.edu.co/facultad/publicaciones/dyna/136/estudiodeldesgaste.pdf.

Acessado em: 14 fev 2005.

40 – TRIBOLOGY-ABC. Calculation of wear rate. Tribology-ABC. Disponível em:

www.tribology-abc.com/abc/wear.htm. Acessado em: 10 jun 2005.

41 – SERBINO, E.M. Um estudo dos mecanismos de desgaste em disco de freio automotivo

ventilado de ferro fundido cinzento perlítico com grafita lamelar. Dissertação de

Mestrado. Escola Politécnica de São Paulo, 2005. Disponível em:

52

Page 69: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3133/tde-12052005-093850/publico/USP3545431.pdf.

Acessado em 30 set 2005.

42 – TOMANIK, E. Modelamento do Desgaste por Deslizamento em Anéis de Pistão de

Motores de Combustão Interna. Dissertação de Mestrado. Escola Politécnica de São

Paulo, 2000. Disponível em: www.teses.usp.br/teses/disponiveis/ 3/3132/tde-08122004-

203125/publico/Tese_Tomanik.pdf. Acessado em 30 set 2005. 43 – CASSINO, F.S.L.; DA COSTA, A.R. Determinação da Força Normal nos ensaios de

abrasão com teste da esfera. Relatório Interno do Laboratório de Engenharia de

Superfícies e Técnicas Afins (LESTA).

www.ufop.br/pesquisa/laboratorios/lesta/index.htm.

44 – CASSINO, F.S.L.; DA COSTA, A.R. Relatório interno do LESTA - Laboratório de

Engenharia de Superfícies e Técnicas Afins

www.ufop.br/pesquisa/laboratorios/lesta/index.htm.

45 – PINTO, L.C.M. Quantikov – Image Analyser, CDTN/CNEN, Belo Horizonte, 1992.

46 – SafPlast - Comércio de Plásticos Industriais Ltda – Disponível em: www.safplast.com.br

- Acessado em: 07 out. 2004.

47 - NAPOLITANO, B. A. et al. Compósitos de borracha natural ou Policloropreno e

Celulose II: Influência do Tamanho de Partícula. Scielo, Polímeros: Ciência e Tecnologia,

vol. 14, nº 4, p. 223-229, 2004

53

Page 70: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

9 – Anexos

9.1 - Anexo 1:

Informações utilizadas na padronização dos ensaios e dados obtidos.

Tabela 9.1: Dados utilizados e obtidos no ensaio de desgaste abrasivo

Item Amostra Material Tempo Abrasivo Carga Veloc. Dist. "d"

Diâmetro Calota (no paquímetro)

1 VD PU 30 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 2mm - 2,1mm 2 VD PU 60 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 2mm - 2,5mm 3 VD PU 90 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 2mm - 2,5mm 4 VD PU 120 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 2mm - 2,5mm 5 LJ PU 30 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 1,5mm - 1,5 mm 6 LJ PU 60 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 2mm-1,5mm 7 LJ PU 90 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 2mm-1,5mm 8 LJ PU 120 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 2mm-1,5mm 9 AZ PU 30 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 2,5mm-2,5mm 10 AZ PU 60 min 0-1/2 54,34g 2 26 2,0mm - 1,5 mm 11 AZ PU 90 min 0-1/2 54,34 g 2 26 1,5mm - 1,5 mm 12 AZ PU 120 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 1,5mm - 1,5 mm 13 AM PU 30 min 0- 1/2 54,34 g 2 26 3mm - 3 mm 14 AM PU 60 min 0-1/2 54,34 g 2 26 4mm - 4,0 mm 15 AM PU 90 min 0-1/2 54,34 g 2 26 1,5mm - 1,5 mm 16 AM PU 90 min 0-1/2 54,34 g 2 26 1,5mm - 1,5 mm 17 AM PU 90 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 3mm - 3,5 mm 18 AM PU 120 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 4,5mm -4,5mm 19 AM PU 30 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 2,5mm -2,5mm 20 AM PU 60 min 0 - 1/2 54,34 g 2 26 2,5mm-2,5mm 21 BR nylon 30 min 0 - 1/2 54,34g 2 26 1,5mm - 2 mm 22 BR nylon 60 min 0 - 1/2 54,34g 2 26 1,2mm - 1,5 mm 23 BR nylon 90 min 0 - 1/2 54,34g 2 26 1,5 mm - 1 mm

54

Page 71: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

9.2 – Anexo 2

Cálculo da Força Normal pela equação 4.1 de acordo com o ângulo de aplicação da força

Normal.

Tabela 9.2 – Valores encontrados para a Força Normal, de acordo com o ângulo.

Carga aplicada

(g) Ângulo Força

(N)

54,34 30 1,53 54,34 45 1,58 54,34 60 1,60 54,34 75 1,64 54,34 79 1,65 54,34 90 1,69

Cálculo da distância percorrida pela esfera nos diferentes tempos.

Com auxílio de um contagiro afere-se o número de rotações por minuto:

Rotações por minuto = 100

Rotações por hora = 6000

Com o diâmetro de 8,5mm da esfera, tem-se o perímetro da mesma: 53,4070mm.

Determina-se a distância:

Tabela 9.3 – Distância percorrida

Tempo (min) S (m)

30 160,20 60 320,40 90 480,60 120 640,80

Com os dados da tabela 9.3, determinou-se os valores para o trabalho (tabela 9.4):

Tabela 9.4 – Valores do Trabalho para cada tempo de ensaio

Tempo min 30 60 90 120 Trabalho Joule 256,32 512,64 768,96 1025,28 55

Page 72: Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria ...‡ÃO... · C957 Cruz, Dennis Coelho. Desgaste por abrasão de poliuretano utilizado na indústria mínero-metalúrgica

9.3 – Anexo 3

Cálculo do coeficiente de desgaste k.

V = k . F. S ⇔ k = F . S V

(9.1)

Utilizando os valores de F e S das tabelas 9.2 e 9.3 do Anexo 2, Seção 9.2. e Volume da

tabela 9.5.

Tabela 9.5 – Perda de massa em m3 das amostras de poliuretano

Amostra / Tempo 30min 60min 90min 120min

AM 0,00042 0,000250 0,00117 0,00270

AZ 0,00022 9,84E-05 0,000102 8,36E-05

LJ 0,00007 0,000417 0,000962 0,001223

VD 0,00029 0,00048 0,00024 0,00023

Substituindo os valores da tabela 9.5 na equação 9.1.

Os valores do coeficiente são apresentados na tabela 9.6:

Tabela 9.6 – Valores do coeficiente de desgaste para as amostras de PU

Amostras / Tempo 30min 60min 90min 120min

AM1 1,44 0,004 0,01 0,02 AZ 0,0002 0,000098 0,0001 0,000083 LJ2 0,28 1,61 3,72 4,74 VD2 0,93 0,007 0,002 0,001

O coeficiente de desgaste médio é obtido pela média aritmética dos valores determinados para

cada ensaio.

k(AM)30min + k(AM)60min + k(AM)90min + k(AM)120min

4 kmédio =

56