desespero, sargeando com a fã - relato final

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Magaiver DESESPERO Sargeando com A fã - Relato Final -

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  • Magaiver

    DESESPERO

    Sargeando com

    A f

    - Relato Final -

  • Copyright Magaiver Canalherman dos Santos Aveiro, 2014

    DESESPERO Sargeando com A F

    Relato Final

    Agosto de 2014

    Todos os direitos reservados incluindo os de reproduo no todo ou em parte sob qualquer forma. Nenhuma parte dessa publicao poder ser reproduzida, divulgada ou armazenada sem a prvia autorizao por escrito do autor.

    Canalherman, Magaiver, 2014 -

    Desespero, Sargeando com a f Relato final [recurso

    eletrnico] /

    Minas Gerais: Edio Independente, 2014.

    Recurso digital

    Formato: PDF

    Requisitos do sistema: Adobe Reader

    Modo de acesso: World Wide Web

  • Quando voc olha para dentro do

    abismo, o abismo tambm olha para

    dentro de voc.

    Friedrich Nietzsche

  • 1

    Era madrugada de uma quinta feira. Eu estava

    voltando de uma resenhazinha que aconteceu na casa de

    um amigo nada muito badalado aonde s os mais

    chegados estavam reunidos. Era tarde da noite e eu

    voltava sozinho na rua vazia, onde o nico barulho era

    apenas o das folhas cadas que voavam e raspavam o

    pavimento, alm de meus prprios passos. Aquela era a

    hora das feiticeiras, a hora em que os cemitrios bocejam

    e arrotam seus mortos bolorentos, quando todos os

    meninos bonzinhos esto dormindo, quando mulheres e

    amantes encerraram por aquela noite a batalha carnal,

    quando passageiros dormem inquietos a bordo de um

    nibus Contijo/So Geraldo a caminho de Belo Horizonte,

    quando Adrian Gurvitz toca seu hit Classic sem que o

    interrompam no rdio durante a programao

    Flashback, enquanto garons em bares e restaurantes

    comeam a pr as cadeiras em cima das mesas.

    Andando paralelamente a um muro de um lote

    vago no ltimo bairro antes do meu, vejo que algum

    desenhara um pnis com testculos. Os testculos

  • estavam cortados e deles jorrava sangue. Debaixo dessa

    imagem encantadora, o artista escrevera: DIEGUETE

    PROXIMA VEZ QUE TU FUDER COM A MINHA MINA

    ISSO QUE VAI TER.

    Ainda mais a frente nesse mesmo muro outra

    mensagem: MOSTRE O PAU WILLIAM O MEU T

    DURO. Imediatamente ao ler aquilo, a imagem do meu

    amigo Willian Melocro veio a minha mente.

    Pelo que eu me lembre, a luz naquela noite parecia

    mais brilhante. Mais carregada de eletricidade.

    No importa, Magaiver.

    Apenas... continue.

    Por uma vez ou outra, um grilo tangia uma nota

    grave que ecoava na noite. A madrugada estava viva,

    mas no num sentido abstrato. Se me pedissem para

    definir a qualidade ou natureza daquela vitalidade, eu no

    seria capaz. Sabia apenas que era cheia de potencial e

    estava impregnada de energia. No meio dela, eu me

    sentia muito pequeno e muito mortal.

    Eu tinha vontade de saber se aquela minha longa

    caminhada de volta pra casa na madrugada ia mesmo

    terminar.

  • O vento noturno continuava a soprar, varrendo as

    folhas das rvores e enviando-as danando e dando

    piruetas pela rua.

    E de repente ali estava aquele som. Tambm j o

    ouvira da primeira vez: um riso alto, gorgolejante, que ia

    se transformando num soluo. Houve silncio. Depois o

    riso voltou, agora na forma de um guincho enlouquecido,

    que fez meu sangue congelar nas veias. A brisa fria batia

    contra o meu rosto. O riso se extinguiu, deixando apenas

    o roncar do vento, ouvido, mas j no sentido.

    Voc tambm pode ouvir sons parecidos com

    vozes, mas so apenas as gralhas que escarnecem

    durante a noite.

    Gralhas eu disse, mal reconhecendo o som

    estranho, um tanto fantasmagrico, da minha prpria voz,

    mas ouvi-la me fez sentir bem.

    O riso (se que era um riso) voltou de novo, dessa

    vez pela direita. Momentos depois veio por trs de mim...

    diretamente por trs. Na hora eu pensei que se virasse eu

    veria por trs das minhas costas uma coisa horripilante,

    de dentes arreganhados e olhos brilhantes... Mas

  • continuei sem diminuir o passo, avanando, olhando

    sempre frente.

    Comecei a pensar nos assuntos que discutimos

    mais cedo naquela noite (mulheres, futebol,

    malandragens)... tentava ocupar minha mente para no

    pensar em horrores sombrios que se arrastava na face

    escura do universo.

    Andei pelos quarteires enquanto a brisa fria corria

    pelo meu cabelo como um danarino.

    Eu estava perto da entrada do meu bairro quando

    de longe eu ouvi um som de veculo. Em primeiro instante

    eu imaginei que fosse um daqueles caminhes que

    cortam a madrugada para fazer entregas em grandes

    armazns, mas quando me dei por conta era uma Hilux

    preta que veio subindo a rua na mesma direo que eu

    andava. Ela passou por mim e eu pude ouvir claramente o

    leve pulsar de uma msica eletrnica que tocava

    timidamente em meio ao som imponente do motor 4x4.

    De repente, a caminhonete parou bruscamente.

    Uma cabea apontou na janela do carona e ficou olhando

    em minha direo. No posso negar que nesse momento

    meu corao engatou uma marcha mais acelerada,

  • fazendo minha nuca formigar e arrepiando at as pontas

    do meu cabelo. Eu parecia no ter foras nas pernas para

    correr na direo contrria.

    Meu crebro, terrivelmente estimulado, imaginou

    coisas horrveis e repugnantes como praticantes de magia

    negra em caa de vtimas para seus rituais

    sanguinolentos, ou algum ex/ atual namorado irritado por

    eu ter pegado sua mulher (sem que eu tivesse

    conhecimento dela ser comprometida) e que agora queria

    colocar uma bala certeira em minha testa e me deixar

    morto estirado naquela calada fria e suja... mas no...

    Eu continuei em frente, porm com o passo bem

    reduzido, at que a cabea a qual eu no sabia se

    pertencia a homem ou mulher falou em alto e bom tom:

    Ei, eu vou te adicionar no facebook l! Preciso

    falar contigo. Me aceita l!

    Era uma voz feminina a qual eu no tinha a mnima

    recordao.

    Dito isso, a cabea se recolocou dentro do veculo

    e a caminhonete arrancou na madrugada deixando

    apenas a nvoa produzida pelo seu escapamento.

  • Coloquei minhas mos geladas dentro dos bolsos

    da cala jeans e segui em frente com o passo em ritmo

    normal e com a mente tentando recordar daquela voz.

    Mesmo aps chegar em casa no consegui

    associar aquela voz a imagem de ningum. Acessei meu

    facebook pessoal, porm no tinha solicitao nenhuma

    de amizade, apenas umas notificaes costumeiras e

    mensagens que no me ocupei em ler... Estava muito

    cansado. Desliguei o computador e me aprontei para

    dormir.

    2

    Na manh seguinte sexta feira acordei, e

    aps um caf bem forte e aucarado, acessei a internet.

    Quando me conectei ao facebook (nesse instante ainda

    sem me lembrar da garota da madrugada anterior)

    acessei primeiro o meu perfil artstico que uso para

    contatos na comunidade PUA. Como sempre um monte

    de marcaes spam (olhe isso, ganhe dinheiro em

    casa, emagrea 10 kg por semana, olha s o que

    falaram na Globo, Veja isso antes que o facebook

  • exclua!), alm de algumas interminveis mensagens de

    seguidores e fs. Aceitei as solicitaes de amizade e fui

    responder algumas mensagens quando lembrei do

    ocorrido na madrugada passada. Me desconectei do perfil

    artstico e conectei no pessoal. L tinha uma nica

    solicitao de amizade e fiquei pasmo em ver que se

    tratava de uma mesma pessoa entre as que eu tinha

    acabado de aceitar no meu perfil PUA. Eu no tinha

    visitado o perfil da pessoa, mas pelo nome e fotinha de

    perfil pude constatar que se tratava da mesma garota!

    No aceitei de imediato, e voltei ao perfil PUA para

    dar uma olhada no perfil dela, vi que era da mesma

    cidade que a minha. Enquanto olhava umas fotos dela,

    recebi uma mensagem inbox... e era ela!

    Eu sou sua f! ela escreveu.

    Imediatamente cliquei na mensagem e respondi de

    volta: sempre um prazer receber aqui leitoras do

    pblico feminino...

    Mas duvido que j recebeu aqui uma leitora que

    CONHEE AS MENINAS QUE VOC PEGOU NOS

    RELATOS! HAHAHAHA ela retrucou.

  • Bom, isso novidade hehehehe nesse

    momento comecei a me sentir preocupado.

    Era eu quem te gritou na rua ontem noite ela

    disse.

    Sem tentar ludibriar ou desvencilhar, respondi: J

    desconfiava...

    Nossa, um orgulho imenso falar contigo, voc

    no faz ideia! Eu at tenho um livro seu! ela

    continuou.

    S um? Hahaha Mas so trs! respondi.

    , mas o Relatos da Malandragem foi o nico

    que me interessou. ela respondeu.

    Que pena, os outros tambm so muito

    aclamados pelos leitores. comentei.

    , quem sabe eu dou uma olhada nos outros

    dois... Mas eu quero autgrafo no que tenho! ela

    disse.

    Autografo sim, pode deixar. Mas me diga, j que

    voc disse conhecer as meninas dos meus relatos,

    conhece alguma dos relatos desse livro? perguntei.

    S conheo de vista a menina l que tu pegou no

    luau ela responde.

  • Hum confirmei. Com isso eu pude perceber

    que ao menos ela sabia de um detalhe no livro que s

    quem leu mesmo tem conhecimento.

    Mas tem tambm a Garota do blog que todo

    mundo conhece pela fama, mas eu mesma nunca nem

    estive perto dela. ela diz.

    Tem uma perguntinha martelando na minha

    cabea: Se voc f e acompanha as postagens, porque

    no me adicionou no facebook bem antes? perguntei.

    Eu sempre acompanhei suas coisas no blog e no

    frum. Eu no uso h muito tempo o facebook... S

    Whatsapp e Instagram. Mas j que voc tem l no seu

    blog uma plaquinha convidando a adicionar no facebook,

    achei que seria a melhor forma de te comunicar. ela

    respondeu.

    Aham. Entendi! Deixa eu te falar, eu acordei tem

    pouco tempo e tambm to lesado demais hoje... quero

    conversar mais contigo s que a preguia de digitar ta

    tomando conta. Tu tem skype? falei para ela.

    Olha s! Um escritor que tem preguia de

    escrever! Sim eu tenho skype, me adiciona a: (nome

    skype) ela respondeu.

  • Quem disse que teclar num chatzinho

    escrever? Literatura de verdade muito alm do que isso,

    criana! mandei de volta.

    Eu sei, s estava te aporrinhando! ela diz.

    J te adicionei no skype. contei.

    Beleza, to entrando l. ela disse.

    Instantes depois ela me liga no skype. J quando a

    conexo estabelecida, eu fico maravilhado com o que

    vi.

    Espera s um cadim. ela diz (segurando o

    headset na mo) com jeitinho meigo enquanto sai

    rapidamente da frente da cmera, me deixando apenas

    com a viso de um guarda roupas branco no fundo da

    tela.

    Poucos segundos depois ela aparece de volta

    trazendo meu livro Relatos da Malandragem. Ela

    coloca o headset devidamente em sua cabea e se

    pronuncia:

    Viu? No falei que eu tinha seu livro de verdade!

    ela disse enquanto segurava-o junto ao seu rosto.

    Seus olhos estavam bem abertos e muito calmos. Um

    trao de sorriso tocou os cantos de sua boca, inclusive o

  • lado esquerdo onde tinha um piercing de bolinha abaixo

    do seu lbio, produzindo uma leve covinha.

    bom ter me mostrado mesmo, senhorita...

    Porque o que tem de gente no meu facebook mentindo

    que comprou algum livro meu s pra chamar minha

    ateno e tirar suas dvidas... No ta no gibi! respondi

    agradavelmente.

    mesmo? Tem como voc saber exatamente

    quem comprou seus livros? ela indaga.

    Na editora que publiquei, o Clube de Autores,

    quem publica tem acesso a uma tabela a qual mostra

    exatamente o dia, e a que horas saiu tal livro e para qual

    cidade. Da sempre tem algum querendo dar uma de

    esperto, falando que comprou meu livro, parabenizando e

    em seguida querendo que eu tire alguma dvida ou ajude

    em algum problema. Quando vou ver a cidade que o cara

    mora, no consta nenhuma venda de livro para aquela

    cidade.

    No tem mais como voc pensar que eu menti

    sobre ter comprado seu livro, e nem imaginar que eu sou

    um fake de algum cara se passando por uma mulher!

  • disse ela. A voz era firme, mas ela sorriu quando terminou

    a frase.

    Pensar que voc era fake, eu no pensei no...

    Ainda mais depois de ontem noite. complementei.

    Realmente no me passou pela cabea que ela

    poderia ser fake, mas fiquei muito maravilhado por poder

    conversar com ela no skype e tambm conferir toda sua

    beleza aps eu ter visto suas fotos no facebook depois de

    aceitar sua solicitao de amizade. Ela tinha a pele

    branca, porm bronzeada, seios volumosos, mas a blusa

    que vestia era simples e sem decote; um piercing de

    argola no lado esquerdo de seu nariz que era fino e

    harmonioso, e um piercing de bolinha no lado esquerdo

    debaixo de sua boca. Sua sobrancelha era pontuda,

    porm no muito fina e nem muito arqueada o qual

    pousava sobre olhos solenes e com longos clios. Seu

    cabelo era preto, liso, cortado na altura dos ombros e todo

    repicado nas pontas.

    Alm da menina ter dito que era f, era muito linda

    e atraente, tanto que a vontade que eu tinha de encontrar

    com ela e peg-la naquela hora era to GIGANTE quanto

    as mentiras que vemos na propaganda eleitoral gratuita.

  • Me desculpe ter te gritado daquele jeito no meio

    da rua, ainda mais uma hora daquelas, mas que eu a

    um bom tempo queria falar com voc! ela disse

    colocando um pouco mais de seriedade na sua voz, que

    dessa vez soou to fria quanto o espao profundo entre

    planetas.

    Queria falar comigo, ou queria algo de mim...

    respondi ironicamente, provocando-a.

    Queria falar com voc uma pausa e

    tambm queria algo de voc, como tinha dito

    anteriormente: O autgrafo no livro!

    Sei no, hein! zoei de volta Acho que essa

    histria de f e de autografo tudo lorota. Assume de

    uma vez que o que voc quer de verdade eu dentro do

    seu rabo!

    Sua reao foi arregalar os olhos e ficar com a

    boca entreaberta, parecendo a expresso de um

    fazendeiro que acaba de flagrar dinossauros comendo o

    capim do seu pasto.

    Querer voc dentro do meu rabo est fora de

    cogitao... Eu curto da mesma fruta que voc curte,

    querido. Por isso que sou f! Ou achava que eu era sua f

  • porque voc pega a mulherada toda aqui da cidade?

    ela replica, juntando as sobrancelhas.

    Algumas leitoras gostam do meu trabalho

    porque conseguem aprender mais sobre os homens

    analisando as intenes que tenho por detrs das minhas

    aes nos relatos. Elas analisam a psicologia masculina

    atravs do que eu exponho nos RCs.

    No meu caso no. ela disse fazendo um

    gesto rpido com a mo, como se um inseto tivesse

    passado perto do seu rosto Eu ouvi falar muito de voc

    no final do ano passado e tenho acompanhado suas

    postagens at agora. Gosto e me identifico com os

    ensinamentos de seduo nos seus relatos, por isso que

    sou uma admiradora do seu trabalho. Agora sobre voc

    dentro do meu rabo, no ia rolar, claro. Mas seria

    divertido fazer de conta.

    Sei no, hein... feminina e delicada desse jeito...

    Acho que voc coloca esses piercings e paga uma de

    lsbica s pra se destacar no seu meio social. uma boa

    estratgia, mas desnecessria no seu caso. Tu muito

    bonita pra isso. Alm do mais, lsbicas gatas na vida real

  • so um milagre to impressionante quanto um cu careca,

    j dizia meu grande amigo, Melocro.

    Isso preconceito. Esse negcio de achar que

    lsbica bonita coisa de filme porn um baita

    preconceito! dito isso, sua cara se fechou com fora,

    como uma mo num punho.

    Pois , e geralmente essas atrizes de filmes

    porn nem so lsbicas de fato. eu disse. Mas o

    principal no a questo da beleza; pela minha

    experincia com as lsbicas de verdade, ao contrrio das

    modinhas, elas so masculinizadas, o que no seu

    caso. Tu tem uma intensa feminilidade que

    extremamente natural e cativante, devo acrescentar.

    Obrigada pelo cativante. ela agradece e sorri.

    Teve uma poca na minha vida que eu no sabia o

    que queria... Ficava com algum cara, mas no me sentia

    satisfeita, ficava com uma menina, mas me sentia

    estranha... Por fim me acostumei com as meninas e me

    firmei lsbica. V s o vdeo que eu estava assistindo

    antes de voc falar comigo.

    Nisso ela me manda um link no chat com um vdeo

    que tinha o ttulo Cream Enema. Peo um segundo para

  • visualizar o contedo, e depois que pude ver do que se

    trata, falei pra ela:

    Putz... Que isso hein, minha jovem! Mas vamos

    l, quero saber o verdadeiro motivo que te levou a me

    chamar a ateno na rua, dizendo que precisa falar

    comigo, e me adicionar nos meus dois perfis. Porque no

    acredito que me mostrar um vdeo porn de uma mina

    esguichando creme de chantili cu adentro e depois

    peidando pra fora, seja a razo de voc me procurar... E

    que troo bizarro esse, hein?!

    Que bizarro nada. Legal demais da conta! Fico

    imaginando de onde esse pessoal tira ideia pra criar tipos

    de filmes assim. contestou a f atrevida. Realmente

    esse no o motivo por eu ter te procurado, Magaiver. A

    verdade que ns precisamos nos encontrar

    pessoalmente, e eu tenho de lhe contar o que o povo

    acha de toda essa sua fama e esse contedo que voc

    posta na internet. Principalmente, tenho de te contar o

    que esse povo planeja fazer com voc!

    Voc acha que no sei o que dizem por a?

    claro que sei. Mas no ligo. O que se pode fazer? Proibir

    que falassem? o mesmo que tentar proibir o vento de

  • soprar. Voc, como disse ser leitora constante, sabe que

    direto sofro preconceito da parte do povo por ensinar

    seduo a outros caras. Como provavelmente leu no

    relato intitulado Diferente dos outros, eu perdi de ficar

    com uma garota linda e interessantssima porque

    encheram a cabea dela falando desse negcio de PUA;

    lembrando tambm que enfrentei preconceito no relato

    Imortal, apesar de sair vitorioso...

    Ela me interrompe e discorda:

    , mas no caso do relato Imortal eu acho que

    essa sua fama acabou sendo o ingrediente que fez a

    Thais se interessar por voc...

    Espera a... Tu conhece ela? eu perguntei a

    interrompendo.

    Sei mais coisa sobre voc do que possa

    imaginar! ela disse.

    Abri a boca e a fechei de novo. s vezes no h

    nada a dizer. s vezes a gente simplesmente se

    desconcerta.

    Com isso ela continua:

    Eu sei muito bem que voc um cara que no

    liga para o que os outros pensam, mas deveria prestar a

  • ateno nisso porque vai ter muitos efeitos negativos na

    sua vida que vo muito alm de perder de ficar com

    algumas garotas... Isso assunto srio!

    Esses dias minha me estava na rea de

    hortifruti de um supermercado e foi surpreendida por duas

    garotas bonitas, segundo ela, e as garotas lhe

    perguntaram se ela era me do Magaiver Canalha.

    Minha me se irritou e as expulsou de sua presena em

    alto tom de voz dizendo genialmente que o meu rosto o

    que elas pensam quando na calada da madrugada vo

    pegar pepino na cozinha.

    Tendo eu dito isso ela deu uma risadinha sufocada,

    um tom seco, como o de ossos espreguiando-se em um

    armrio debaixo da escada.

    E voc sabe quem era uma dessas meninas?!

    ela perguntou, afoita, se projetando para frente com os

    olhos arregalados como quem j soubesse a resposta.

    No fao ideia... Seria voc? perguntei j

    cabreiro com a resposta que ela me daria.

    Eu? Lgico que no! Jamais faria isso! ela

    responde estreitando seus belos olhos.

    Era quem ento, poxa? indaguei.

  • Uma das meninas amiga minha, a outra a

    prpria menina que falamos agora pouco do relato

    Diferente dos outros!

    Tomando conhecimento disso meu corao batia

    forte, como se quisesse sair pela minha boca.

    Olha, Magaiver, ela disse logo minha me

    chega e vou ter de ajudar ela, sem contar que ainda tenho

    de tratar da Cassandra. No queria te dar a notcia dessa

    forma to escancarada, mas em outra hora a gente se

    fala com mais tempo.

    Cassandra? Quem Cassandra? perguntei

    tentando parecer relaxado depois de ser bombardeado

    com aquelas revelaes impactantes.

    Cassandra a minha tarntula de estimao.

    Oh... eu murmurei.

    A convidei para se encontrar comigo ainda naquele

    dia noite e ela dispensou por ter outro compromisso,

    mas contou que estava liberada no sbado de noite.

    Sugeri a ela de nos encontrarmos em um bar bastante

    frequentado aqui na cidade e ela topou na hora, animada

    inclusive!

  • O que ela tinha me contado no Skype era fichinha

    perto do que eu descobriria quando ela me contasse

    pessoalmente.

    3

    No todo dia que encontramos com alguma

    pessoa que se diz f, ainda mais se tratando de uma mina

    gostosa. Ento, antes do almoo, naquele dia marcado de

    nos encontrarmos, sbado, eu fui ao meu barbeiro e lhe

    pedi apenas para fazer costeleta e pezinho do meu

    cabelo, pois o tamanho do cabelo em si estava muito

    bom, mas o contorno em V da costeleta e o pezinho

    precisavam de ajustes feitos na navalha de um

    profissional. Tudo isso para deixar o desenho do cabelo

    totalmente perfeito.

    Na noite, por no estar fazendo frio de fato, e sim

    apenas um suave frescor, pude me furtar de ir

    agasalhado; ento usei apenas uma camisa plo roxa da

    Ralph Lauren (Paraguation), que tinha um nmero 3

    dourado na manga direita, e o cavaleiro montado

    (tambm dourado) no lado esquerdo do peito. A cala era

  • azul clara e desbotada, tal como o cu nos primeiros

    minutos da manh; nos ps um Nike (igualmente

    falsificado) branco com detalhes em preto e verde limo;

    por fim no pulso uma pulseira de ouro chapeada.

    Esse era o uniforme do que vinha a ser minha

    ltima sarge. Mas eu no sabia disso.

    Ao menos por enquanto...

    Eu cheguei ao Bar no horrio combinado, mas ela

    j se encontrava l no balco em p mexendo no celular.

    Ela usava um vestido branco tubinho florido que

    valorizava suas curvas e principalmente seu decote.

    Ei, minha f! eu disse chegando ao seu lado

    e logo lhe dando um abrao lateral de um brao s. Seus

    olhos castanhos brilhavam e o seu cabelo era to negro

    que fazia a noite empalidecer.

    Ela retorna o cumprimento me abraando

    entusiasmada. Aps os cumprimentos, ela logo questiona:

    Veio sozinho?

    Vim sim. No falei nada com voc sobre eu

    trazer algum comigo. Pelo que imaginei, hoje seria um

    encontro eu disse encontro fazendo gesto de aspas

  • com meus dedos entre apenas ns dois. Por acaso

    voc veio com algum?

    Eu vim sozinha. Perguntei por que achei que o

    Marcelo tinha te trazido. ela responde.

    Conhece o Marcelo? perguntei de volta.

    Lembro que nesse momento eu dei uma reparada no

    generoso decote dela.

    No, s de vista e dos seus relatos. Voc

    sempre cita ele e tambm parecem ser daqueles amigos

    que andam juntos o tempo todo. ela explica.

    Ah sim, ns somos muito amigos, mesmo.

    Amigos de infncia. Eu vim a p, e se fosse depender

    dele, essa vez eu teria de vir por minha conta j que

    semana passada bateram no carro do Marcelo quando

    ele voltava pra casa.

    Ele machucou? ela pergunta.

    Nada. Ningum machucou. O que ficar

    machucado pra valer ser o bolso do camaradinha que

    bateu no carro dele, sendo que ficou evidente a culpa

    desse camarada.

    Voc estava junto na hora? ela perguntou.

  • No. O Marcelo estava sozinho. respondi e

    logo j mudei o assunto, trazendo de volta para ns.

    Mas e ai, cad o livro para eu autografar?

    No trouxe. Seria meio estranho andar trazendo

    um livro na mo durante um sbado noite, ainda mais

    vindo pra um bar. A gente mora na mesma cidade...

    teremos outras oportunidades. Mais importante que o

    autgrafo essa chance que tenho de conversar com

    voc.

    Pois ... Falando nisso, precisamos conversar!

    Vamos arrumar uma mesa para conversarmos mais

    vontade. eu sugeri. Nisso eu ainda dei mais uma

    checada no decote dela, para ver se seus peitos no

    tinham se esgueirado do suti e fugido.

    Ela pega uma jaquetinha na banqueta ao lado, e

    logo samos da rea do balco.

    Na mesa pedimos, pra incio de conversa, apenas

    Pepsi com limo e gelo.

    A conversa foi longa.

    Em resumo, o que ela tinha para me avisar era

    basicamente isso: Ela conheceu meu trabalho quando

    tomou conhecimento da comunidade de seduo (PUA),

  • quando procurou dicas para seduzir mulheres. A at essa

    poca ela no sabia que eu morava ali na mesma cidade

    que ela. Ela conta que h poucas semanas atrs em uma

    baladinha com outras meninas, saiu um assunto com meu

    nome e sendo que TODAS as garotas falaram mal de

    mim, uma vez que elas no entendem a funo dos

    relatos. Para essas garotas, e para outros caras tambm,

    os relatos so textos com alto teor de misoginia, o qual eu

    degrado a figura feminina reduzindo as como mero

    objetos, aproveitando para me auto promover e ganhar

    dinheiro.

    Discordo, uma vez que a forma que eu descrevo e

    me refiro a algumas garotas exagerada e eu o fao para

    tornar a leitura interessante e divertida. De forma alguma

    tenho interesse em degradar a figura feminina. EU AMO

    AS MULHERES, POXA! Outra coisa o ponto sobre

    dinheiro: o retorno financeiro com livros e demais

    trabalhos advindo do Pickup irrisrio, sendo que fao

    outros servios, os quais so verdadeiramente minhas

    fontes de subsistncia.

    A f tambm contou que o dio por mim na cidade

    se expandiu tanto, que tem gente que provavelmente eu

  • nem conhea, mas que me odeia, sendo outros caras ou

    mesmo garotas. Ainda sobre garotas, ela me disse sobre

    um pequeno movimento feminista na cidade, os quais as

    garotas envolvidas me detestam e que dizem coisas

    horrorosas sobre minha pessoa. Coisas to horrveis que

    ela disse que eu deveria tomar cuidado, pois remetem a

    minha integridade fsica. Segundo ela, o pessoal no

    aceita que eu ensine caras a ficarem com outras garotas,

    ainda mais dentro daquela premissa que eu uso de

    Malandragem e canalhice.

    Ela tambm conta que eu no fao ideia de tantos

    fakes de gente que me odeia e que repudia o que eu fao,

    que ficam ali escondidos vigiando minhas publicaes.

    Dando sua opinio pessoal mediante o que pde

    ouvir por a, ela disse que eu deveria o mais rpido

    possvel abandonar essa minha carreira na comunidade

    da seduo, sendo que enfatizou usando as seguintes

    palavras: Pare com isso enquanto tempo. Perder

    umas conquistas por a, (como voc tem perdido) no

    nada perto do que pode te acontecer futuramente,

    porque se as coisas continuarem repercutindo como

  • esto, chegar um ponto que voc se tornar INIMIGO

    PBLICO!

    Ouvindo tudo que ela contara eu fiquei

    boquiaberto, mas no havia perigo de babar; minha boca

    ficara completamente seca. Senti aborrecido de modos

    que eu no compreendia, e meus nervos estavam em

    chamas. No era infelicidade, no era tristeza.

    Contei pra ela que tenho me sentido desgosto com

    os rumos que a comunidade PUA est tomando, e

    tambm expressei que s vezes me bate um sentimento

    de dever cumprido com o meu pblico. Tambm

    compartilhei com ela alguns dissabores e inimizades que

    aconteceram entre eu e alguns amigos/familiares, fruto

    dessa minha fama na internet.

    De repente uma ideia me ocorreu. Tinha a clareza

    da verdade inquestionvel, e falei para ela enquanto

    brilhava:

    Que tal a gente aproveitar esse momento, j que

    voc acompanha meu trabalho e estamos aqui num

    sbado noite em um bar, o que acha de aproveitarmos

    e sargearmos juntos... e o melhor: Voc ser a minha

    wing! Dando o resultado que der, se voc aceitar eu

  • escrevo um relato de tudo o que aconteceu e esse ser

    meu relato final. Minha ltima contribuio para a

    comunidade. O que acha? T dentro? eu disse, mas

    nesse momento no sentindo orgulho e animao, mas

    sim uma espcie de realismo deprimente.

    Com certeza! ela disse animada e um novo

    sorriso iluminou sua face. Era to radiante que era de se

    admirar que ele no conseguisse alcanar seus olhos

    No s como vou fazer valer pena, hoje a noite eu

    quero ferver!

    Terminamos com o refrigerante e logo o frio bateu,

    me fazendo arrepender de no ter vindo com uma roupa

    mais quente ou ao menos ter trazido um agasalho tal

    como minha f, que j tinha colocado sua jaquetinha no

    corpo.

    Dando uma escaneada no ambiente, eis que nos

    deparamos com uma garota que me deu o nico fora

    desse ano (2014) at esse momento. No escrevi

    nenhum relato sobre ela, contudo, apenas mencionei o

    ocorrido em um status no facebook no dia 26 de maro,

    que dizia:

  • Quebraram minha sequncia de invencibilidade

    ontem... Eu estava desde outubro sem tomar um fora.

    #Respect

    Comentei com a f, mas logo ela me lembrou que

    s tinha me adicionado no facebook apenas dois dias

    atrs e por isso no viu essa publicao.

    O incrvel que vendo ela ali naquela noite seria a

    possvel resposta para aquele nico fora: O CARA QUE

    ESTAVA ACOMPANHADO DELA TINHA IDADE PARA

    SER O AV DELA! Possivelmente o velhote d vrios

    presentes para ela, paga faculdade... Libera dinheiro...

    Por isso que vive levando essa vida vagabunda sem

    trabalhar!

    Com certeza ela me cortou naquele dia temendo

    que algum flagrasse nos dois ficando e dedurasse para

    o velhinho, fazendo assim com que ele terminasse com

    ela e consequentemente secasse sua fonte de presentes,

    dinheiro e outros benefcios.

    Aps ter flagrado isso, falei para a f que precisava

    ir ao banheiro.

  • Depois de uma boa mijada, eu estava pronto para

    a ao.

    Infelizmente naquela noite aquele bar estava um

    deserto de oportunidades. Tinha muito homem e

    pouqussimas garotas bonitas. Das poucas garotas

    interessantes ali, praticamente todas estavam

    acompanhada de ficantes ou namorados/noivos/maridos.

    Entretanto, l perto da sada tinha um grupo de

    cinco pessoas: Um cara agarrado com uma morena gata,

    outros dois caras e uma loirinha linda. Interessante que

    um desses caras estava de olho na minha f.

    Cheguei ao ouvido dela e falei:

    T vendo aquele pessoal l perto da sada?

    T vendo.

    Aquela loirinha l me interessou. A morena

    tambm, mas ta acompanhada.

    Flagrei.

    Aquele cara de camisa xadrez tava de olho em

    voc...

    Eu j tinha percebido at mesmo antes de voc

    voltar do banheiro. ela afirma, me interrompendo.

    O que acha dele? perguntei.

  • Como assim? ela retrucou.

    Pegvel? eu disse.

    Como eu te falei, eu curto meninas...

    Eu sei, eu sei. disse interrompendo-a. A

    questo que aqui ta muito fraco pra sargear. A gente

    bem que podia ir l na (boate famosa da cidade), mas ns

    estamos sem carro. Bem que poderamos ir a p mesmo,

    mas antes bem que a gente poderia tentar aquela loirinha

    l. Topa?

    ... Pode ser... Mas, tipo... Como vai rolar?

    ela pergunta, hesitante.

    Sabe o cara que estava de olho em voc?

    hn? ela balbucia.

    Pois ento eu explico queria usar esse

    sinal de interesse dele para eu adentrar naquele grupo e

    conhecer a loirinha. Pra isso eu precisaria de tu me dando

    uma fora com ele, seja ficando ou o enrolando.

    Ficar eu no ficaria no... nem nos tempos que

    eu pegava meninos. ela respondeu, em voz firme e

    inflexvel.

    Mas, tu topa dar uma enrolada com ele pra eu

    poder chegar na loirinha l? E olha que hoje junto com

  • voc vai ser minha ltima sarge como participante da

    comunidade PUA. eu afirmei e olhei bem nos seus

    olhos, para dizer Vai tudo pro ltimo relato!

    Por mim tudo bem, mas o que tenho de fazer?

    ela indagou.

    Enrolar ele, u!

    Eu sei, Magaiver, mas como quer que eu faa

    isso? Vou ter de ir l e falar com ela, ou algo do tipo?

    Nada disso. Eu converso com ele. Vou te

    apresent-lo. Da tu v enrolando ele. Faa perguntas,

    deixe o assunto render... Enquanto isso eu vou sargeando

    a loira. eu expliquei.

    Ah, isso a de boa. Pode deixar que seguro

    ele. S que eu no vou pegar, no. ela disse.

    Sem problema. No faz diferena. eu disse

    Vamos l pra perto do grupo, agora. S no fique

    encarando.

    Calmamente fomos para mais prximo do grupo, e

    eu fiquei atento para esperar uma olhada do rapaz da

    camisa de xadrez para a minha f.

    No demorou muito e ele d aquela encaradinha.

    Ela no devolveu o olhar para ele.

  • Ele j olhou pra voc, como eu esperava.

    contei a ela. Vou at l conversar com ele. Se ocorrer

    tudo certo, eu vou te apresentar a ele e lhes deixarei a

    ss, beleza?

    Mas se ele for um cara depravado ou escroto,

    eu vou sair fora! ela anunciou.

    Beleza ento. Se ele escrotizar o lance, tu sai

    fora, chegue at mim que eu dispenso a menina. Pode

    ser?

    T de boa. ela disse balanando a cabea,

    concordando.

    Eu tinha em mente uma manobra breve, exata e

    ousada.

    Como que diz o clich?

    Aposte alto ou nem entre no jogo.

    Sa da presena dela e fui at metade da distncia

    que separava onde eu estava com minha wing woman, e

    onde estava o grupo.

    Fiquei ali no meio do caminho entre minha f e

    meu alvo, olhando fixamente de forma tranquila para o

  • rapaz que estava de olho na minha f. No demorou

    muito e ele olhou para mim. Nisso, eu dou um sorriso e

    falo chega a, amigavelmente e de modo lento para que

    ele pudesse fazer leitura labial.

    Ele franze os olhos e tomba a cabea prum lado, j

    apontando para seu peito e balbuciando: EU?.

    Aps isso eu dou um sorriso e digo: Isso, voc

    mesmo!, fazendo sinal de positivo com o polegar.

    Ariscamente ele vem caminhando em minha

    direo.

    Fala meu camarada. Tudo certo?! eu digo lhe

    oferecendo a mo para cumpriment-lo.

    Demos aperto de mos.

    Meu nome Magaiver, qual o seu? eu

    pergunto com minha mo esquerda sobre seu ombro

    direito.

    Ele me diz seu nome.

    Ento meu nobre, voc viu aquela garota que

    estava ali comigo? Aquela l atrs, morena de cabelo

    curto usando vestidinho e jaqueta por cima?

    Sim, eu vi sim. ele responde de forma

    receosa.

  • bonitona, ela? No acha? indaguei.

    Muito bonita a moa, sim. ele disse

    timidamente.

    Pois bem, meu caro, ela ta solteira. Eu vim te

    dizer isso porque vi que de longe tu estava olhando

    interessado nela. eu disse a ele.

    O rapaz sorriu sem graa. A respirao dele

    parecia um caminho distante, tentando subir uma ladeira

    muito ngreme.

    Eu vi que no seu grupo tem uma loira muito

    interessante, tambm. eu disse Eu to afim de fazer

    um negcio contigo, meu camarada: Se a loira que voc

    estava conversando for solteira, tu pode me apresentar

    ela que de quebra eu apresento minha amiga l. Anima?

    Ela solteira sim. Posso te apresentar ela, mas

    no garanto nada. ele afirmou.

    O mesmo eu digo para voc, meu caro. eu

    retruquei Minha amiga gente fina, s que est na sua

    mo... Sabe como ?

    Pelo jeito que voc estava falando, eu achei que

    ela j estava interessada em mim. ele disse.

  • Pode est, como pode no estar... S indo l e

    descobrindo. eu respondi. De repente eu me vi dando

    um princpio de aula para um desconhecido.

    Irnico, isso.

    Vou l falar com ela e depois falo contigo. ele

    disse.

    Voltei de encontro minha f que me esperava, e o

    rapaz voltou para o grupo dele. Expliquei a ela o que tinha

    dito a ele e fiquei reparando que ele tinha tirado a loira do

    grupo e estava nesse momento falando no ouvido dela.

    Alguns instantes depois ele continuava a falar, mas

    ela olhava para o nosso lado. Sorri para ela.

    Depois de mais de um minuto ele vem caminhando

    ao lado da loira em nossa direo.

    Rapidamente sussurrei para minha f:

    Seja gentil com ele. O cara bacana.

    Confesso para voc que eu me sentia tenso

    naquele momento. Talvez devido tudo aquilo que minha

    f tinha me contado... talvez porque era a primeira vez

    que eu sargeava com uma f... talvez por eu nunca ter

    executado uma manobra como eu estava prestes a

    executar... talvez apreensivo por deixar a f ali a ss com

  • um desconhecido... por estar abusando da boa vontade

    dela... No sei explicar. Nem quero! Explicaes so

    poesia barata.

    Eles chegam at ns, sorridentes. Eu apresento

    minha f ao rapaz de xadrez, e enquanto eles esto

    dando os trs beijinhos tradicionais, eu me dirijo at a

    loira.

    Ei! eu disse de forma animada Eu sou o

    Magaiver, voc a...?

    Ela responde o nome dela.

    Colocando a mo em sua cintura e conduzindo, eu

    disse:

    Vamos deixar as crianas vontade. Chega

    aqui comigo. disse, e juntos nos afastamos da f e do

    rapaz de xadrez.

    Alm dos belos cabelos loiros, rosto formoso e

    sorriso cativante, o que estava me chamando a ateno

    naquela garota era suas belas pernas, envolvidas em um

    jeans desbotado, que eram to justos que se podia

    perceber perfeitamente o contorno de moedas dentro de

    seus bolsos.

    J isolados satisfatoriamente, eu digo:

  • Eu vou ser breve contigo: Seu amigo estava de

    olho na minha amiga bem na hora que eu estava falando

    de voc.

    Ela levanta as sobrancelhas mostrando interesse

    no que eu falava. Continuei:

    Eu falei pra minha amiga que quando eu bati

    meus olhos em voc, me surgiu uma vontade enorme de

    te levar para Las Vegas, e l numa capelinha onde teria

    um reverendo negro de terno azul claro ns iramos nos

    casar de brincadeirinha, e macacos bbados seriam

    nossas testemunhas. Mas com certeza depois a gente iria

    virar a noite jogando em cassinos, mas como tenho azar

    na jogatina, eu iria torrar toda nossa grana e ali mesmo

    antes do sol nascer, tu pediria um divrcio instantneo!

    Ela ri e eu continuo:

    Da tu iria embora e eu com o pingo de dinheiro

    restante iria afogar minhas lgrimas em cigarros Pall Mall

    e whisky Jack Daniels, enquanto tu voltaria pra casa feliz

    por ter se aproveitado de mim.

    Que histria! ela sorri, parecendo

    legitimamente entretida. Parece com aquele filme Se

    beber, no case.

  • Pois ... eu suspirei ir para Las Vegas

    agora estaria fora de cogitao, no ?

    Com certeza eu no iria viajar de forma

    nenhuma com uma pessoa que acabei de conhecer, para

    um lugar to longe. Ainda mais que voc disse que

    torraria o dinheiro todo no jogo. Me d medo s de pensar

    em ficar sem dinheiro pra viajar de volta SOZINHA de um

    lugar to distante.

    Escutado isso que ela disse, rapidamente me

    passou uma ideia pela cabea de que ela realmente ficou

    convencida de que eu queria lev-la de verdade para uma

    viajem. Talvez por eu ter me mostrado conhecedor do

    assunto por citar tantos detalhes.

    Eu tenho de concordar. fiz uma pausa Mas

    j que a gente no pode casar de brincadeirinha em Las

    Vegas, nada impede da gente dar uns pegas aqui

    mesmo.

    Assim de cara? ela perguntou.

    , u! Somos lindos, bonitos e solteiros... o que

    impede?

    Ela sorriu colocando a mo no seu queixo. Peguei

    a mo dela, tirei do queixo e puxei para atrs da minha

  • cintura. Nesse movimento nossos corpos se juntaram e

    eu a beijei.

    Aps esse beijo, todas as minhas contribuies e

    minha participao ativa na comunidade PUA chegou ao

    fim. Agora tudo isso ficaria no passado de uma vida que

    estava acabando de deixar para trs.

    A conquista foi legal, mas no marcou. O tempo

    todo eu sentia um pesar e uma enorme vontade de

    acabar com aquilo tudo. Foi o beijo mais amargo da

    minha vida!

    Fiquei com ela por pouco tempo. Depois nos

    despedimos.

    Quando eu caminhava de encontro a minha f, ela

    estava com o celular dela em mos e o rapaz segurando

    outro aparelho de celular tambm.

    Aps ela me ver, fala algo para ele e se despede

    com beijinhos no rosto.

    E a? Como foi? ela pergunta bem animada.

    Acabou! Est feito. eu respondo.

    Ficou com a menina? ela pergunta.

  • Peguei ela sim. afirmei E a, vai querer

    fazer mais alguma coisa aqui?

    Tem um tempinho que eu j queria ir ao

    banheiro. No mais a gente j pode ir embora. ela

    respondeu.

    Pode ir l no banheiro que eu vou pagar a conta,

    para ns irmos. eu disse.

    Espera que a gente divide. ela sugeriu

    educadamente.

    Ahh nada. Voc desempenhou um papel muito

    importante na minha vida essa noite. No s apenas me

    ajudou na sarge, mas depois de tudo que me orientou.

    Nessa nossa primeira sada fica tudo por minha conta!

    Absoludamentchi! disse ela, sorrindo.

    Deixa eu ir l pegar a comanda... Mas se que

    pra ns no tinha de ter comanda, porque aqui nis

    quem comanda!

    Ela foi ao banheiro e eu fui ao caixa pagar.

    Eu estava recebendo o troco quando ela voltou.

    Saindo do bar, eu a perguntei:

    Pra que lado voc mora?

  • Ah, vamos andando por a... Vamos dar uma

    volta enquanto a gente vai conversando mais. ela

    sugeriu.

    Realmente no era to tarde na madrugada, tal

    como o dia que ela me gritou na rua, porm no era nem

    um pouco cedo. Nossa estadia ali naquele bar

    conversando fora deveras longa.

    Junto com aquela brisa fria veio aquele sentimento

    de arrependimento por eu no ter trazido um agasalho, ou

    por no ter vindo com uma roupa mais aquecida.

    Mas eu no disse nada sobre o frio para ela.

    Apenas aproveitava de sua companhia.

    Andando ali na calada eu passo um dos meus

    braos por detrs das costas dela abraando-a

    lateralmente, tal como quando eu a encontrei pela

    primeira vez naquela noite.

    Andando agarradinhos na calada pela noite a fora,

    ela me disse:

    Sabe, esse lance de ser sua ltima sarge bem

    estranho, sabe. Tudo aconteceu to de repente. Tem

    certeza mesmo que vai relatar o que aconteceu hoje e

  • encerrar de vez com o PUA? ela perguntou me

    olhando de baixo para cima.

    Por mim j d para encerrar tudo depois do que

    aconteceu essa noite. Vou avisar os leitores da minha

    aposentadoria e relatar, caso a senhorita permita.

    Tem minha permisso, sim! E uma honra pra

    mim participar disso. disse ela com um sorriso amplo e

    alegre. Imagino que vai sair um relato baita de grande

    que nem os livros Cronicas de Gelo e Fogo do George R.

    R. Martin.

    Eu ri da comparao dela e disse:

    A honra minha por ter uma f to linda e gente

    boa. Minha participao na comunidade pode ter

    acabado, mas juntos temos muitas sarges pela frente.

    Hoje foi s um aperitivo.

    , mas aquela menina vai entrar para a histria

    por ser a ltima garota que tu pegou... ela comenta.

    , mas no sentido de ser a ltima garota que

    peguei nos relatos. eu retifiquei. Ihh, tem muita

    mulher ainda para eu pegar pela frente nessa vida!

  • Isso que eu queria dizer. ela comenta.

    Rumpf, mas se para entrar pra histria, bora mergulhar

    de cabea!

    Aps dizer isso ela me d um rpido beijo na boca,

    que ela interrompe antes mesmo que eu pare de

    caminhar.

    Agora eu quem sou a ltima! ela disse com

    uma fisionomia triunfante.

    Que boquinha gostosa, hein?! eu elogiei.

    No ta afim de aproveitar o resto da noite pra fazer uma

    coisa mais gostosa comigo no?

    Ela suspira e enfim responde:

    Se voc est falando em sexo, eu s toparia se

    fosse l no antigo casaro da Dona Augusta. E bem

    madrugada adentro ainda por cima! ela disse, e sua

    voz lhe saiu partida e pegajosa da garganta, como se

    tivesse vinda de uma adega empoeirada.

    Aquela casa abandonada, que a garotada vive

    dizendo que assombrada? perguntei, me

    interessando.

    Essa mesma.

  • Nossa! As histrias que contam sobre aquele

    lugar so sinistras. Eu e meus amigos quando ramos

    pirralhos, tnhamos o maior medo daquele lugar! Na

    poca combinamos de um dia invadir aquela casa em um

    domingo tarde, mas na hora ningum teve coragem.

    Garotinho levado voc, hein seu Magaiver!

    ela disse.

    Eu j aprontava minhas traquinagens desde

    mais novinho! Esse apelido de Magaiver faz jus ao tanto

    que eu era levado. eu disse passando a mo do brao

    solto delicadamente em seu rosto. Mas ento, eu sou

    digno de te levar pra uma trepadinha l na casa

    assombrada?

    Sim, senhor! ela respondeu baixinho.

    J d para fazer uma ideia dos segredos

    doentios que a gente vai compartilhar nessa nossa

    amizade. eu falei e em seguida beijei-a na boca.

    Tudo o que posso dizer o que voc a j sabe:

    alguns dias so como um tesouro. No muitos, mas acho

    que em quase todas as vidas h alguns. Aquele foi o

    meu, e quando eu estou triste por pensar que tive de

  • abandonar meu legado e todos meus companheiros na

    comunidade da seduo eu penso naquele dia, s para

    me lembrar de que a vida nem sempre um jogo de

    sacrifcios. s vezes os prmios so reais. s vezes eles

    so preciosos.

    E agora sabendo que tenho a amizade e o

    companheirismo dessa f para sair caa comigo, uma

    ideia inebriante. Ao encerrar minha participao na

    comunidade de seduo, na companhia dessa garota

    espetacular, comea no apenas uma nova vida, mas um

    universo de novas possibilidades. Nada eu penso

    poderia ser mais maravilhoso.

  • Disse o corvo: Nunca mais...

    Edgar Allan Poe

    10 de Janeiro de 2010 13 de Agosto de 2014

    MagaiverDESESPEROSargeando com A f- Relato Final -Disse o corvo: Nunca mais...