desenvolvimento x crescimento econômico

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Desenvolvimento X Crescimento Econômico: Uma análise histórica das teorias

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Page 1: Desenvolvimento x crescimento econômico

Desenvolvimento

X

Crescimento

Econômico:

Uma análise histórica

das teorias

Page 2: Desenvolvimento x crescimento econômico

2

Sumário

3___ Introdução

4___ Desenvolvimento x Crescimento , a polêmica

5___ Pré Clássico

5___ David Hume

8___ Clássicos

8___ Adam Smith

11 ___ Malthus

13 ___ Ricardo

16___ Stuart Mill

19 ___ Alfred Marshall

22___ Uma visão alternativa

22 ___ Karl Marx

25___ Pós clássicos

25 ___ Schumpeter

27 ___ Harrod

29___ Domar

32___ Nurkse

33 ___ Arthur Lewis

___ Relações entre os conceitos de desenvolvimento e crescimento dos

clássicos e pós clássicos

___ Evolução das teorias de desenvolvimento dos clássicos para os pós

clássicos

___ A polêmica existiu?

___ Conclusões

___ Referências Bibliográficas

Page 3: Desenvolvimento x crescimento econômico

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Introdução A pesquisa desenvolvida objetiva buscar a evolução dos conceitos de

desenvolvimento e crescimento econômico ao longo do tempo, tentando

estabelecer a relação existente entre os conceitos propostos e seus autores.

Autores de correntes diferentes, como Marx e Mill, tem uma contribuição em

comum, analisando-se o aspecto social ao qual cada um deu enfoque dentro de

sua teoria. Mill adota uma postura de apoio ao “laissez fairre”, a liberdade

individual, mas ao mesmo tempo critica a omissão dos governos em tentar

democratizar o acesso a educação. Marx critica a “selvageria” do sistema

capitalista, que retira a sua taxa de lucro em cima da exploração do trabalhador,

ao trabalhador resta apenas a quantia necessária a sua manutenção, como

Ricardo havia anteriormente abordado.

O problema surge na medida em que ao lermos determinados autores,

autores de manuais de macroeconomia e de desenvolvimento econômico, não

conseguimos estabelecer relações evidentes com as teorias e os autores que as

formularam, ou seja, falta que seja explicitado, uma ligação historicamente

estabelecida entre conceitos e os seus autores. Como por exemplo a questão da

produtividade, que Adam Smith aborda em seu livro “A Riqueza das Nações”

como sendo peça fundamental para que ocorra um aumento da produção, volta a

ser abordada por Marshall, que apesar de suas aspirações sociais, rejeita a

abordagem dos socialistas, por estes proporem na maior parte das vezes, a

retirada da liberdade individual, o que, segundo Marshall, afetaria na produtividade

do trabalhador, e não resolveria o problema da distribuição, por um lado, e por

outro lado impediria o aumento da riqueza.

Portanto, envolveremos aspectos teóricos, abordados de maneira que

possamos identificar essas diferenças e reuni-las em grupos, clássicos e pós

clássicos, para que possam ser estudadas de maneira agregada, o que simplifica

a análise dos resultados e suas conclusões sobre estes.

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Desenvolvimento x Crescimento, a

polêmica

A análise da relação entre os conceitos e a evolução destes torna evidente

que uma polêmica sobre os conceitos, desenvolvimento e crescimento, não

existia. Uma das primeiras evidências é a não abordagem por parte dos autores

desses conceitos de uma maneira direta. Os autores tem obviamente uma noção

do que seria considerado o “melhor” para uma sociedade. Eles desenvolvem as

teorias a partir dessa idéia.

Os autores clássicos, principalmente, baseados no método idealista-

racionalista, acreditam que essa mudança é individual, ou seja, somos guiados por

nosso egoísmo, a soma do bem estar dos indivíduos é igual ao bem estar social

total. É claro que eles tem consciência das diferenças sociais, mas esse estado

não é permanente, segundo eles, pois há uma tendência de equilíbrio.

Os pós clássicos mudam ligeiramente a concepção sobre o “como” alcançar

esse bem estar social. Não há uma confrontação de idéias entre os clássicos e

pós clássicos de uma maneira direta. Eles utilizam-se das idéias dos clássicos

para fundamentar suas teorias, e buscam o desenvolvimento através de medidas

macroeconômicas.

A polêmica cria-se posteriormente, com Lewis e Nurkse principalmente, que

enfatizam as variáveis não econômicas para que haja crescimento e

desenvolvimento econômico, sem no entanto, fazer distinção entre ambos.

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Pré-clássico :

David Hume

Foi um filósofo e historiador escocês que viveu entre

1711 a 1776. Seu pensamento foi influenciado pelas obras

de Jonh Locke e de George Berkeley e teve influencia no

desenvolvimento do cetismo e do empirismo. Estabeleceu

uma teoria ética baseada não na razão, mas na

benevolência, que é um interesse generoso pelo bem-estar geral da sociedade.

Entre suas obras, destacam-se: Ensaios morais e políticos (1741-1742), História

da Grã-Bretanha (1754), História da Inglaterra (1754-1762) e Diálogos sobre a

religião natural (1779).

A idéia de desenvolvimento não é clara nos clássicos, pelo menos não da

maneira como passamos a entender o desenvolvimento após a Segunda Guerra

Mundial.

Os clássicos nessa primeira fase tinham como principal objetivo combater

os mercantilistas, portanto suas idéias tem um viés de oposição as idéias de

intervenção estatal e protecionismo. Hume pode ser considerado como um dos

predecessores das idéias de crescimento e desenvolvimento.

Um dos obstáculos para Hume a ser ultrapassado na formulação de suas

teorias sobre crescimento era a de que o fluxo de metais para um determinado

país asseguraria vantagens comerciais aos países ricos. O raciocínio de Hume era

o de que se houvesse um fluxo muito grande de metais para estes países, o preço

dos produtos nacionais iria aumentar, tornando a balança comercial desfavorável,

haja visto que os produtos importados tornar-se-iam por sua vez mais baratos.

Outra concepção mercantilista era de que as nações pobres cresceriam

somente com as nações ricas. Hume rechaça essa idéia tentando mostrar que os

países pobres tem como vantagem os salários baixos e reservas de tecnologia

não aplicadas, isso significa que várias tecnologias desenvolvidas não foram ainda

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aplicadas nesses países, ou seja, as indústrias podem crescer através de

incorporação de novas tecnologias, coisa que já fora realizada em outros países.

Uma terceira idéia combatida por Hume era a de que a austeridade (senão

a pobreza) deveria ser uma virtude nas sociedades, e que que o luxo e o bem

estar estavam associados a corrupção e ao decaimento. Ele responde a isso

dizendo que “O bem estar é amigo da virtude”. Para ele o desenvolvimento de

luxos dentro da sociedade tornavam necessárias a exploração das vantagens

comparativas, fundamentais , segundo este, ao crescimento. A idéia das

vantagens comparativas é abordada por Smith depois de uma maneira mais

completa, entretanto, David Hume já fazia alusões ao que seria posteriormente a

idéia da Vantagens Comparativas Absolutas.

Pode-se entender que sua noção de desenvolvimento estava ligada

a segurança do estado, uma vida social civilizada, liberdade política e sobretudo o

desenvolvimento pleno dos talentos humanos e outros meios legítimos para

alcançar a satisfação humana. Para que esses objetivos fossem alcançados, a

prosperidade e o crescimento econômico eram fundamentais.

Hume acreditava ser o crescimento econômico como um poderoso agente

nas mudanças políticas, econômicas e sociais, entretanto essas mudanças

econômicas dependiam muito de mudanças não econômicas.

Os países deviam buscar o crescimento através do desenvolvimento do

comércio, da indústria e do refinamento das artes mecânicas.

Há uma clara divisão feita por Hume do papel dos países pobres e o dos

países ricos, não por opção dos países, mas por escolha dos industriais. Os

industriais buscam países pobres para produzirem produtos que necessitam de

grande mão de obra, países onde os insumos e o trabalho são baratos. Os países

ricos dedicar-se-ão a produção de capital e produtos que exijam um alto grau de

tecnologia.

Clássicos

Adam Smith

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Nasceu em 1723 em Kirkcaldy e freqüentou as

universidades de Glasgow e de Oxford, na Inglaterra.

Publica em 1759, a Teoria dos Sentimentos Morais, um

tratado sobre a moral. Após a volta de uma viagem à

França publica sua obra mais conhecida, Investigação

sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações,

nela torna-se o responsável pela a Teoria do Liberalismo Econômico. Morre em

1790 em Edimburgo.

A divisão feita por Smith, entre países ricos e pobres, revela a consciência de

que os países não eram iguais: “Os países ricos tem vantagens inerentes sobre os

pobres, pois os pobres falham na aplicação das políticas corretas”. Smith poderia

estar pensando na falta de organização existente nos países mais pobre, e

também na corrupção que dificulta a tomada de decisões políticas e econômicas.

Os países ricos também levam vantagens com baixos salários por unidade de

trabalho, que são possíveis devido a abundância de capital barato e transportes

eficientes que reduzem o preço de produtos essenciais.

Pode-se dizer que os países, em Smith, estão em patamares diferentes,

não necessariamente em estágios de desenvolvimento diferentes, pois as

“vantagens inerentes” pressupõe vantagens previamente estabelecidas, ou seja,

não há mudanças que alterem esse estágio no curto prazo, pois “inerente” é algo

naturalmente estabelecido.

O crescimento tem também uma ordem natural em Smith (que só é alterada

quando o governo passa a interrompê-la) para a organização das manufaturas, do

comércio exterior e da agricultura: “As terras precisam ser cultivadas antes que

alguma cidade tenha se estabelecido, e algum tipo de indústria ou manufatura

precisa existir na cidade antes que desenvolva-se o comércio exterior... “

O desenvolvimento econômico segue esta ordem “natural” para Smith e um

constante aumento da produtividade nestes três setores, propiciaria um

crescimento econômico. Uma alta produtividade conciliaria também altos salários

devido aos baixos custos de manufatura.

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O crescimento econômico é também em Smith sinônimo de

desenvolvimento econômico, e a questão aqui gira em torno do “egoísmo”, do

individualismo, e por isso é essencial em Smith a liberdade como um dos valores,

ou virtudes mais importantes que assegurem o individualismo. Para Smith o

estado tem essa função, garantir a liberdade individual. O estado portanto teria

três deveres principais, deve proteger da invasão de outro estado, estabelecer um

poder judiciário e garantir a manutenção de serviços públicos essenciais (como

educação). A educação é ponto fundamental para o processo de desenvolvimento,

pois segundo Smith “para os efeitos degenerativos e alienantes da divisão do

trabalho”. Portanto Smith está consciente de que a especialização pode alienar, e

há uma noção implícita de que a educação não é importante no processo de

desenvolvimento (como sinônimo de crescimento), mas é sim importante para

barrar os efeitos do mesmo.

Desenvolvimento seria algo previsível, “natural”, pois dados as pré-

condições, a produtividade aumentaria, aumentaria também a divisão do trabalho

e com o livre comércio e a liberdade para as unidades produtoras, haveria uma

“mão invisível” que proporcionaria o desenvolvimento social, a partir dos desejos e

vontades individuais. Porém não deve-se esquecer que a educação não é algo

que se agrega ao sistema naturalmente, ela precisa de uma ajuda do estado, para

assim barrar os efeitos “nocivos” da divisão do trabalho.

Adam Smith limita o crescimento, pois segundo este, ele está ligado as leis

instituições, ao clima e ao solo (traços fisiocratas em Adam Smith). Há uma

associação do crescimento com salários mais altos. Para exemplificação deste

caso Smith utiliza o caso das colônias inglesas, onde os salários eram altos e,

portanto, segundo Smith o crescimento era muito mais acelerado do que na

Inglaterra.

Outra relação interessante desenvolvida por Smith é a de que o aumento da

produtividade não está relacionado com as inovações tecnológicas radicais

(inserção de novas tecnologias) e sim com a especialização e aperfeiçoamento de

técnicas já utilizadas. Essa idéia complementa a noção de crescimento, pois os

investimentos são a base do crescimento, investimento sem que ocorra a

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intervenção do estado, e para que os investimento ocorram, são necessárias

também: Um aumento da oferta, equipar melhor os funcionários (aumentar

portanto a produtividade) e aumentar os salários para que o mercado se expanda.

Segundo Smith: “... o investimento continuará enquanto os lucros bases

excederem a taxa mínima necessária para que alguém poupe o dinheiro”.1

Há uma diferenciação entre as invenções, que objetivam maiores lucros, e

que não eram relacionadas ao aumento da divisão do trabalho ou ao aumento do

mercado, e as especializações que ocorrem por causa destes. Smith diferencia

inclusive as pessoas que criam, inventam (“Os filósofos e cientistas”), daqueles

que aperfeiçoam (os trabalhadores na fábrica).

T. R. Malthus Malthus foi um importante economista e sacerdote da Igreja Anglicana, que

nasceu em 1766 em The Rockery. Em 1798 expõe suas idéias sobre aumento

populacional na obra Ensaio sobre o Princípio da População. Com base em

estatísticas, conclui que a miséria é conseqüência da desproporção entre o

crescimento da oferta de alimentos e o da população. De acordo com sua teoria, a

produção de alimentos cresce em progressão aritmética, enquanto a população

aumenta em progressão geométrica.. Morre em Saint Catherine.

A liberdade malthusiana é levemente diferente da de Smith e Ricardo. No

aspecto relacionado com a população Malthus é bem enfático e catastrófico, pois

haverá, segundo ele, fome e muitos morrerão. Ele cita vários métodos para

controle da população, inclusive a guerra. O estado deve estimular essa liberdade

1 “ Logo que haja capitais acumulados nas mãos de alguns particulares (escreve),

alguns deles empregarão naturalmente esses capitais na preparação de pessoas industriosas, às quais fornecerão materiais e subsistências, a fim de alcançar um lucro na venda dos seus produtos, ou seja no que o trabalho desses operários acrescenta de valor aos materiais. Quando é traçada a obra acabada, ou por dinheiro, ou por trabalho, ou por outras mercadorias, é inteiramente necessário que, além do que poderia bastar para pagar o preço dos materia is e os salários dos operários, haja ainda algo que dê para os lucros dos empresários da obra, que arrisca seus capitais neste negócio.Assim, o valor que os operários acrescentam à matéria decompõe-se então em duas partes, uma das quais paga os salários e a outra constitui os lucros que o empresário amealha...”(Adam Smith p. 66)

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(política, educacional), portanto ele apóia uma intervenção do estado, que é

admitida inclusive para estimular a demanda e aumentar a renda. Outra

intervenção do estado admitida por Malthus e totalmente oposta a posição que

Ricardo e Smith tinham, é a de um país não pode depender somente da

importação para sustentar a indústria de seu país ou seu povo, pois ficaria

vulnerável ao mal gerenciamento dos produtos por parte do país ofertante, a

mudanças desfavoráveis nos termos de negociação, uma mudança da produção

no país ofertante (caso deixasse de produzir produtos agrícolas e passa-se a

produzir manufaturas também) e em caso de guerra com o país ofertante.

Enquanto Smith e Hume posicionavam-se contra os mercantilistas protecionistas,

Malthus posicionou-se contra os que defendiam o livre comércio extremo.

Malthus tem como característica principal uma visão macroeconômica2,

enquanto Ricardo tinha uma visão microeconômica. Malthus busca as causa

favoráveis para o crescimento da produção. Segundo ele estas seriam:

Acumulação do capital, fertilidade do solo e invenções para economizar trabalho.

O equilíbrio dinâmico em uma economia em crescimento requer determinadas

proporções que equilibrem a oferta e a demanda.

Como valores necessários que Malthus assume para que haja um

desenvolvimento, estão principalmente aqueles ligados ao controle da população

(fator o qual, Malthus enfatiza durante a sua obra). Os salários caem com um

aumento da população, esse aumento ocorre por causa da ignorância, da falta de

liberdade política e civil e da opressão.

Cria-se uma discussão com Malthus (que não é abordada pelos outros

clássicos da mesma forma), sobre a possibilidade de haver um excesso de oferta

devido a uma expansão da economia, “general glut”, devido a massa

desempregada, ocorreria então uma acumulação de produtos. Para que isso não

2 “ Pode-se aceitar com uma verdade irrefutável (escreve) que todas as vezes que

uma nação atinge um grau importante de riqueza e uma densidade considerável de população – o que não pode acontecer sem uma grande queda simultaneamente dos lucros do capital e dos salários do trabalho- a divisão das rendas, que estão como que ligadas aos solos de uma certa qualidade, é uma lei tão invariável como a ação do princípio da gravidade.” (p. 22 e 23)

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ocorra, ele reconhece que um aumento da população é extremamente importante

para o aumento da demanda, porém não é uma condição suficiente para o

progresso da riqueza, haja visto que existe uma “tendência natural” da população

aumentar sempre que os salários forem maiores do que os necessários a sua

subsistência.

Outra relação proposta por Malthus seria a de que as variações nas taxas

de poupança e investimento modificaria o consumo de bens e portanto no

consumo de rendas. Uma significante margem de investimento baseada na

poupança é o resultado de altas taxas marginais de reinvestimento de uma renda

nacional em expansão. Portanto, se existirem forças deprimindo a renda, o

aumento da poupança privada pode não resultar em investimento. Políticas de

gasto (público ou privado) podem aumentar a renda nacional o que aumentaria a

poupança (conceitos de multiplicador e acelerador).

A relação obtida aqui seria a de que as forças que poderiam deprimir o

aumento da renda seriam uma falta de demanda, isso ocasionaria uma queda dos

investimentos, o que por sua vez deprimiria ainda mais a renda na economia

gerando um círculo vicioso. Por outro lado os gasto realizados poderiam inverter

esse processo. Aqui há um reconhecimento de que o progresso da sociedade

consiste em movimentos irregulares.

O desenvolvimento da sociedade está intimamente relacionado com um

aumento da produção, da renda nacional. Ou seja, os fatores seriam

essencialmente econômicos. Entretanto, a população tem um papel importante

para que haja um crescimento da renda, pois as condições são um equilíbrio com

a oferta e demanda. Logo um segundo fator importante para o desenvolvimento

seria a população manter-se em um nível em que a produção sempre crescesse

numa maior proporção. Há claramente um noção de PIB per capita.

David Ricardo Economista inglês, um dos fundadores da ciência econômica e autor da tória

de valor trabalho. Nascido em Londres em 1772, filho de judeus holandeses.

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Como corretor da bolsa de Valores, influenciado pelo pai, torna-se milionário e

passa a dedicar-se ao estudo da matemática, química e geologia. Influenciado

pelas idéias de Adam Smith aprofunda seus estudos sobre as questões

monetárias. Em Princípios de Economia Política e Tributação (1817), expõe suas

principais teses. Morre em Londres em 1823.

Várias idéias de Ricardo podem ser encontradas em Malthus também , pois

estes foram amigos durante vários anos e trocaram uma grande quantidade de

informações nesse tempo. A idéia por exemplo de que as taxas de crescimento do

investimento estavam ligadas as taxas de crescimento da população foi

compartilhada por ambos.

Ricardo não separa, assim como os outros clássicos, crescimento de

desenvolvimento. Mas como todos os clássicos Ricardo tem como ponto de

partida vários valores que considera fundamental. Ele foi, por exemplo, um grande

defensor de reformas políticas e da liberdade religiosa.

Durante vários anos Ricardo lutou para que fossem abolidas as ”Corn

Laws”, ou “Lei dos Cereais”. Ele foi muito perspicaz para perceber que pelo fato da

Inglaterra ter poucas terras, e sua população ser muito grande, os preços dos

alimentos eram demasiadamente elevados, fato que era agravado pelas barreiras

impostas sobre o cereal estrangeiro. Logo, se os preços dos cereais fossem

mantidos à um preço elevado, os capitalistas teriam que pagar um salário maior

para os trabalhadores, o que, segundo Ricardo, reduziria seu lucro, e

conseqüentemente o investimento.

O raciocínio desenvolvido por Ricardo para explicar o crescimento é muito

simples. O investimento faz com que a produção cresça, fazendo crescer portanto

a produção do país. O investimento depende por sua vez da taxa de lucro dos

capitalistas, ou seja, quanto maior a taxa de lucro maior será a taxa de

reinvestimento.3 O lucro depende, substancialmente, do preço dos salários, logo,

3 “Sendo assim totalmente ignorado o problema dos mercados, a questão do

crescimento é inteiramente dominada pelo problema da evolução da taxa de lucro. Enquanto esta é suficiente, o crescimento, na opinião de Ricardo, está assegurado. (...) A tendência para a baixa da taxa de lucro é uma lei fundamental da evolução econômica. E é

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salários que estejam com seu valor de mercado acima de seu valor natural farão

com que os lucros caiam, fazendo com que caia também o investimento. O valor

natural dos salários seria aquele necessário para manter um trabalhador em

condições mínimas, seu componente mais importante eram os alimentos, que na

época de Ricardo seriam os cereais.

O crescimento a longo prazo estava condenado por Ricardo. A sua

“Lei dos Rendimentos Decrescentes” colocava como certa uma estagnação do

investimento e por conseguinte do crescimento, pois quando fossem explorar

terras de qualidade inferior, o acréscimo de renda que fosse pago para a utilização

desta faria com que os lucros dos capitalistas decaíssem.

.Apesar de ser considerado agressivo, e até desumano por muitos autores,

ao tratar sobre salários, ele introduziu uma definição inovadora sobre os salários.

Os salários “naturais” seriam definidos muito mais por termos sociais do que por

termos fisiológicos, ou seja, os hábitos de consumo e gostos, assim como os

confortos e divertimentos eram fundamentalmente mais importantes na definição

do valor “natural” do salário, do que as próprias necessidades fisiológicas (comida

e bebida em resumo).

O interessante dessa abordagem, no mínimo diferente dos outros clássicos

sobre os salários, é de que Ricardo já era consciente das diferenças entre as

sociedades, e por mais contraditório que pareça, ele utiliza uma definição subjetiva

para o valor “natural” dos salários, ou seja, os salários não teriam uma valor

“natural” por definição.

O crescimento da população estava intimamente ligado ao desenvolvimento

da nação, pois os preços de mercado dos salários estariam abaixo dos preços

naturais toda vez que a população excedesse a capacidade da indústria de

absorver a mão de obra, o que resultaria numa queda da qualidade de vida para

os trabalhadores, e num aumento dos lucros para os capitalistas.

por efeito desta lei que o crescimento econômico é afetado.” (Henri Denni - História do Pensamento Econômico, p. 348 e 349)

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John Stuart Mill

Foi um filósofo e economista britânico, que nasceu em 1806.

Sua obra concilia a exaltação da liberdade, a razão e o ideal

científico do XVIII com o empirismo e o coletivismo do XIX. Na

filosofia, sistematizou as doutrinas utilitaristas de seu pai, James

Mill, e de Jeremy Bentham em obras como Utilitarismo (1836).. Entre seus escritos

figuram Princípios de economia política (1848), Sobre a liberdade (1859) e Três

ensaios sobre religião (1874) .Morreu em 1873.

Ele reconheceu também que o processo de crescimento não era contínuo, os

seus ciclos econômicos estavam ancorados na teoria das expectativas irracionais

“ ... a causa do mal (ciclos e depressão) está aonde nenhuma legislação poderá

alcançar – a propensão universal da humanidade de superestimar as chances que

lhes são favoráveis”. Haveriam pois três formas de expectativas irracionais:

Projetos fraudulentos, subestimar o tempo necessário para um “retorno adequado”

do investimento e especulação de mercadorias (commodities ) ou “over-trading”.

Outra reflexão interessante foi aquela anteriormente levantada por Malthus,

de que poderia haver um excesso de oferta. As causas, entretanto, apontadas por

Mil são distintas das de Malthus. Para ele a divisão do trabalho causaria uma

capacidade ociosa crônica (diferença entre o tempo do produto pronto e a sua

venda) e devido ao cálculo dos produtores e comerciantes quase nunca serem

iguais, haveria por fim uma oferta em excesso.

Os períodos que Mill estudou desde 1780 mostra claramente a existência

desses ciclos, onde o investimento torna-se a base das super otimistas ou sub

pessimistas expectativas, na qual a forma de crescimento adotada baseada na

exploração da especialização das funções, e onde as decisões eram feitas por

indivíduos operando sem conhecimento das decisões de outros, mas agindo em

resposta ao mesmo sinal de lucros ou perdas futuras.

Podemos considerar Mill como o primeiro dos economistas heterodoxos

pois enfatizou a visão socialista, diferencia-se entretanto desses pois defende o

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princípio de liberdade e o “Laissez-faire”4com algumas exceções como: Evitar o

monopólio, pesquisas em universidades, intervenção pública para regular, por

exemplo, as horas de trabalho numa indústria onde os empregados ou capitalistas

são a minoria. Ele também se preocupa com a igualdade entre homens e

mulheres na sociedade. Esses podem ser alguns dos pressupostos básicos que

Mill toma para formar a idéia do que seria desenvolvimento.

Essa idéia de desenvolvimento não está ligada somente a um crescimento

da produção, para ele as variáveis não econômicas, que eram objetivos das

políticas sociais e econômicas, por estarem sujeitas a mudanças como tempo,

deveriam ser objetivos das políticas de desenvolvimento econômico.

Essa visão social de Mill que são requisitos para um desenvolvimento social

seriam: A proteção do indivíduo do poder do estado, eficácia da produção,

assegurar uma democracia que não fosse uma tirania da maioria, e acima de tudo

gerar cidadãos mais educados e melhor preparados para assumirem

responsabilidades nas instituições sociais.

Outro fator importante na teoria de Mill seria a de colocar uma limitação

sobre o crescimento populacional. Era para Mill de extrema importância que

existissem políticas públicas encorajando a formação de pequenas famílias. A

importância disto estava em conseguir um aumento do PIB per capita, que poderia

ser conseguido com um maior número de inovações e com uma estabilização do

crescimento populacional.

Para um melhor desenvolvimento ele salienta também a possibilidade de

uma melhor distribuição dentro do sistema capitalista 5.

4 “Discordo inteiramente da parte mais conspícua e veemente do ensinamento

(socialista), seus discursos contra a competição... Eles esquecem que onde quer que a competição não esteja, está o monopólio.”

5 “ As leis e condições de produção e da riqueza partilham do caráter de verdades físicas... O mesmo não ocorre com a distribuição de riqueza. Essa é uma questão das instituições humanas somente. Assim, em função disso, a humanidade, individual ou coletivamente, pode fazer como desejar. .... A distribuição da riqueza, portanto depende das leis e costumes da sociedade. As regras pelas quais ela é determinada são feitas pelas opiniões e sentimentos que as partes dirigentes estabelecem e são muito diferentes em

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Requisitos que Mill considerava fundamentais para a produção eram três: O

capital, o trabalho e as terras, ou seja P = f(K,L,T). A relação é direta entre a

produção e qualquer um desses fatores. Portanto, para que ocorra um aumento da

produção é necessário que haja um aumento de um desses três fatores, ou da

produtividade desses.

A lei dos rendimentos decrescentes desempenha o papel de freio do

crescimento dentro de uma economia. O processo antagônico (aperfeiçoamento

dos meios de produção), entretanto, era forte o suficiente para que ocorresse uma

queda dos preços dos produtos industrializados. Outros “remédios” para a lei dos

rendimentos decrescentes seriam - quando não houvesse mais como inovar - o

controle populacional, o livre comércio para os alimentos e a emigração.

Mill também cria uma firme linha divisória entre produção (determinados por

sólidos princípios científicos) e distribuição (determinada por leis, costumes e

outras instituições humanas).

Alfred Marshall

Nasceu em 1842, na Inglaterra. Foi professor de Economia Política de

Cambridge, de 1885 a 1908. Suas principais obras foram: Princípios de Economia

- 1890, na qual faz uma síntese do pensamento neoclássico, esse seu livro

substituiu o livro-texto usado até então do Jonh Stuart Mill. Economia da Indústria -

1879, Indústria e Comércio – 1919, Moeda, Crédito e Comércio - 1925

Marshall tinha simpatia pelos socialistas, mas no fim voltou atrás pois não

acreditava, como os socialistas, que os defeitos e deficiências humanas seriam

resolvidas simplesmente com a abolição da propriedade privada. Ele criticou o

socialismo, o caráter burocrático que violaria os direitos individuais e inibiriam a

épocas e países diversos; e poderia ser ainda mais diferente se a humanidade assim escolhesse.”

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criatividade. Ele duvidava também que o socialismo poderia expandir a produção e

aumentar a produtividade, os quais considera fundamentais para acabar com a

pobreza.

Por isso o caráter desenvolvimentista aqui não tomo o rumo de Marx, e se

aproxima do de Mill, já que os valores fundamentais para Marshall, existentes no

capitalismo, são invioláveis, e que o fim destes não resolveria o problema das

pessoas.

Segundo Marshall os problemas econômicos são analisados de forma

imperfeita quando tratados como um problema de equilíbrio estático ao invés de

um crescimento orgânico. O tratamento estático é necessário como forma de

introdução para algo mais complexo, a sociedade como um organismo. As duas

variáveis principais no modelo de crescimento de Marshall são a taxa de

poupança e o aumento da eficiência da força de trabalho.

Por seu interesse amplo ao tentar explicar as suas variáveis, Marshall foge

da matematização e perscruta a complexidade e intensidade das determinantes

humanas para determinar as taxas de poupança e eficiência da força de trabalho,

na eficácia das mais variáveis formas de organização industrial, e os prós e

contras da união de trabalhadores, chegando por fim a discutir os próprios prós e

contras do capitalismo.

Outras variáveis que também são importantes dentro do sistema, para que

ocorra um aumento real são: número e eficiência dos trabalhadores, estoque de

riqueza acumulada, quantidade, riqueza e facilidade de acesso dos recursos

naturais, o estado das formas de produção e da segurança pública.

Duas outras questões são centrais para a teoria macro de crescimento:

Aumento ou diminuição da produtividade de cada um dos fatores de produção;

ligação entre a análise macro e micro-análise do aumento dos retornos para o

comércio e indústria. Como conclusão dessa duas questões ele coloca que as

altas taxas de crescimento estão associadas com a educação dos trabalhadores.

Outra conclusão referente ao aumento dos retornos para as indústrias seria a de

que os setores que crescem rápido, não crescem, ou estão declinando estão

relacionados ao estágio histórico de suas tecnologias. Entretanto, Marshall nunca

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chegou a criar uma teoria setorial que pudesse ligar a macro coma micro

economia.

Ele utiliza em sua teoria sobre o crescimento uma metáfora sobre uma

floresta. A floresta seria a economia numa escala macro. As árvores seriam as

empresas. A medida que as arvores vão envelhecendo, elas caem e cedem lugar

as árvores mais novas. O investimento em jovens talentosos seria a melhor

maneira de sustentar a floresta.

Também aqui em Marshall ele reconhece a existência de ciclos econômicos

onde ocorrem na seguinte seqüência: Expansões, tensões e crises, depressão e

finalmente retomada do ciclo.

No longo prazo, ele também pensa em uma estagnação da economia, pois

o aumento das populações, da demanda por matéria prima e por comida, não

considerando as possíveis potencialidades da ciência em reverter esse quadro,

iriam frear a economia numa escala global.

Outro fator introduzido por Marshall foi o tempo que deveria ser incorporado

na análise econômica, através do instrumental histórico, pois em um longo

período de tempo, o fator tempo constitui-se fundamental para a análise do

“crescimento orgânico”.

Elemento fundamental para o desenvolvimento de um país é a educação. A

educação permite um aumento da eficiência do trabalho, que tem importância

fundamental na hora de gerar poupança que eleva os investimentos e a própria

riqueza dentro de um país, logo quanto mais riqueza houver, e se essa riqueza

crescer a taxas superiores as da população, haverá um aumento da qualidade de

vida.

Segundo o próprio Marshall: “Não há extravagância mais prejudicial para o

crescimento da riqueza de uma nação do que desperdiçar gênios, que nascem em

famílias menos abonadas, em trabalhos não condizentes com sua genialidade”.

Com isso ele quer dizer que não se deve investir somente em uma educação para

a classe mais rica, mas para todas as classes, haja visto os gênios não

escolherem as famílias onde nascem, mas muitas vezes, essa genialidade fica

limitada pelo seu poder aquisitivo, para desenvolverem sua potencialidade. O

Page 19: Desenvolvimento x crescimento econômico

19

estado deve ser o principal agente modificador dessa realidade, já que isso

representa retornos para a nação apenas no longo prazo, o qual não é de

interesse da firma, que busca o profissional já pronto.

Outras variáveis que influenciam o desenvolvimento desse capital humano

seriam o tamanho e a qualidade de vida da população, sendo que ambos são

variáveis dependentes.

Assim como em Mill a análise aqui trata de expectativas irracionais em

economia e psicologia. Para uma análise mais profunda da economia e do

desenvolvimento dessa, é fundamental confrontar idéias de outras disciplinas

como história, sociologia ou qualquer outra disciplina.

Entrementes

Karl Marx Foi um filósofo alemão(1818-1883), criador junto com Friedrich Engels do

socialismo científico (comunismo moderno). Esta teoria demonstra uma clara

influência da obra de Friedrich Hegel. Em 1847 Mark escreveu com Engels o

Manifesto Comunista . Depois de ser expulso da Alemanha, Marx procurou refúgio

em Londres. Nessa cidade, elaborou a base doutrinária da teoria comunista,

apresentada em três volumes e denominada Das Kapital (1867-1894; O capital),

Em 1864, participou da criação, em Londres, da Primeira Internacional. Foi depois

da morte de Marx que seu pensamento começou a prosperar dentro do

movimento operário. Essa concepção passou a ser denominada marxismo ou

socialismo científico.

Marx conceitua o desenvolvimento econômico por uma sucessão de fases,

sendo que a sua última fase seria a do socialismo, fase que sucede o capitalismo.

Page 20: Desenvolvimento x crescimento econômico

20

Portanto o último estágio, considerado como o estado ótimo por Marx, seria um

estado em que os proletariados tornassem-se donos dos meios de produção, ou

melhor, esses apropriariam-se dos meio de produção e criariam, como Marx dizia,

“A Ditadura do Proletariado”.

Para Marx o sistema capitalista é explorador da mão-de-obra, preocupa-se

apenas em acumular, pois o processo é automático, o egoísmo da “Mão invisível”

de Smith, tornasse aqui um vício e não mais uma virtude como em Smith.

Portanto os valores em Marx são, nesse caso, os inversos dos em Smith. O

capitalismo, como sendo o penúltimo estágio do desenvolvimento, cria também

certos mecanismos de defesas que tentavam proteger e alienar as massas, esses

mecanismos seriam a religião, o casamento, etc.

Os salários constantes por fim, seriam um dos motivos para a destruição do

capitalismo, já que os lucros decaem dada uma taxa crescente de acumulação do

capital (i=w/k). Os salários também não são determinados pelo mercado, o que

determina os salários são o poder de barganha dos capitalistas versus os

proletariados.

Portanto, o desenvolvimento econômico só ocorre enquanto há uma luta

constante entre as classes, e todos os valores que o capitalismo criou seriam

destruídos, não havendo por fim mais conflito.

A idéia de crescimento em Marx está ligada com a dialética tomada por

Marx como método de estudo científico. O crescimento econômico, dentro do

sistema capitalista tem uma relação intima com a acumulação e concentração de

capital. O lucro é a base dessa concentração. O investimento torna-se necessário

porque o capital está em constante competição com outros capitais, e aqueles

capitalistas que não aperfeiçoam suas técnicas e diminuem os seus custos, estão

fadados ao desaparecimento.

O aperfeiçoamento está intrinsecamente ligado com a acumulação do

capital, pois capitais de pequeno porte não podem atingir determinados níveis de

aperfeiçoamento, logo os capitais atingem determinados estágio onde torna-se

impossível a entrada de outros capitalistas, acabando com o sistema

concorrencial, e fazendo ao mesmo tempo com que uma oferta crescente, devido

Page 21: Desenvolvimento x crescimento econômico

21

ao aperfeiçoamento dos processos produtivos, encare uma demanda decrescente

(já que haveria uma insuficiência de demanda gerada pelo desemprego causado

pelos meio de produção aperfeiçoados) , o que gera, obviamente, um excesso de

oferta e portanto condena as empresas, e num nível global, o próprio sistema

capitalista. Conseqüentemente a economia não cresce num longo prazo, ela se

modifica, pois haveria um choque entre duas classes (aqui está mais uma vez

uma demonstração da dialética a da abstração utilizada por Marx), a dos

detentores de capital e a dos trabalhadores.

Pós Clássicos

J.A Schumpeter Foi um economista inglês que nasceu em 1863 em Triesch, Moravia.

Conhecido por suas teorias sobre desenvolvimento capitalista e ciclos

econômicos; formou-se pela universidade de Viena em 1906. Publicou “A Teoria

do Desenvolvimento Econômico” (1921), “Capitalismo, Socialismo e Democracia”

(1942), e “Historia da Ana lise Econômica” (1954, postumamente).

Page 22: Desenvolvimento x crescimento econômico

22

Em seu livro “Desenvolvimento Econômico” Schumpeter parece aceitar a

priori o modelo de equilíbrio estático Walrasiano (ou Marxista) na medida em que

considera a existência de um fluxo circular na economia, ele escreve: “um estado

organizado de forma comercial onde a propriedade privada, a divisão do trabalho

e a livre competição prevalecem”. Esses seriam os pressupostos de Schumpeter,

e esses pressupostos afastam Schumpeter do estudo do processo de crescimento

nos países subdesenvolvidos, tornando-o por outro lado um papa da economia

nos países desenvolvidos. Esse modelo não se aplica de forma alguma nos

países subdesenvolvidos, haja vista seus pressupostos não estarem de acordo

com a realidade nestes, realidade na qual o modelo se enquadra, pelo menos até

o início do século XX quando começam a surgir grandes corporações e

monopólios pelo mundo todo. É obvio, porém, que ao final Schumpeter especula

sobre os problemas que o capitalismo enfrenta nos países subdesenvolvidos.

Seu sistema de fluxo circular, que aparentemente era estático, mostra-se

não tão estático quanto aparentava ser, pois, ocorriam mudanças espontâneas e

contínuas no canal de fluxo; “As mesmas coisas não ocorriam ano após ano”;

essas mudanças são o coração do desenvolvimento capitalista. A inovação que

ocorreria dentro deste sistema seria a peça fundamental, Schumpeter classifica

essa inovação como :”espontânea e descontínua”.

Nesse modelo desenvolvido, Schumpeter mostra a importância de

indivíduos que estejam prontos para aproveitarem as oportunidades que o sistema

oferece, oportunidades rentáveis. Esses indivíduos não seriam administradores

mas sim empreendedores.

O investimento do capital e a expansão da riqueza dependiam do

reinvestimento do lucro, portanto essas oportunidades devem ser lucrativas para

que o sistema possa crescer e se expandir. Os empreendedores não são porém

necessariamente capitalistas, daí surge dentro do sistema de Schumpeter os dois

principais protagonistas do mercado de capital: Os empreendedores (demanda) e

os capitalistas (oferta). O apoio dos capitalistas aos empreendedores é importante

principalmente nos estágio iniciais de seus “esforços criativos”.

Page 23: Desenvolvimento x crescimento econômico

23

Portanto o principal elemento para o crescimento aqui seriam os

empreendedores, que buscariam essas oportunidades rentáveis e reaplicariam os

lucros fazendo crescer a riqueza. A análise de crescimento schumpeteriana é feita

em um nível microeconômico essencialmente.

O desenvolvimento econômico se confunde aqui também com o

crescimento, mas os pressupostos que Schumpeter adota para seu modelo nos

dizem um pouco sobre as condições que esse acha essencial para que ocorra um

crescimento. A propriedade privada, a divisão do trabalho e a livre competição.

Por trás destes pressupostos aparecem um pouco o método idealista racionalista

adotado pelos clássicos, pois a livre competição desencadeia nesses um processo

de desenvolvimento, aperfeiçoamento da sociedade que é guiada por uma “mão

invisível”. A maximização do lucro das empresas também está implícito, pois é

fator fundamental para que haja crescimento da riqueza.

“Os movimento cíclicos são a forma que o desenvolvimento econômico

assume na era do capitalismo”, segundo Schumpeter. Seu raciocínio pode ser

assim parafraseado:

1. Porque o desenvolvimento econômico não ocorre de uma forma linear mas

cíclica?

2. “Porque inovações –novas combinações- não são distribuídas através do

tempo homogeneamente ... mas aparentemente ... em grupos discontínuos

e em enxames”

3. Enxames ocorrem porque o aparecimento de alguns empreendedores que

tiveram sucesso induzem ao um aumento progressivo de empreendedores,

havendo entretanto decrescimento de espírito de talento e criatividade, que

buscam essas novas possibilidades de lucrar

4. Em Schumpeter ciclos econômicos são basicamente um fenômeno setorial

com manifestações macroeconômicas.

Enfim percebe-se que esses valores encontram-se em sociedades

desenvolvidas com mais facilidade, valores atribuídos aos indivíduos, esses

indivíduos empreendedores. Estaria também implícito a necessidade de um

aumento da qualidade do ensino, talvez, para que esses empreendedores

Page 24: Desenvolvimento x crescimento econômico

24

surgissem mais espontaneamente, porém como Schumpeter havia dito que essas

inovações são espontâneas e descontinuas, há uma possibilidade de que ele

estivesse se referindo a essas inovações como fenômenos endógenos que por

serem descontínuos não poderiam ser estimulados.

Evsey D. Domar

Russo por nascimento, nascido em 1914, crescido em “Manschurian”,

economista do MIT, Domar contribuiu em três áreas da economia, crescimento

econômico, economia comparativa e história da economia. Seu maior passo para

a fama, foi, quando desenvolveu, paralelo a Harrod, o modelo de crescimento,

agora famoso, “Harrod-Domar” (1946), que foi, por fim, um caminho da extensão

da demanda determinada do equilíbrio de Keynes. Morreu em 1997.

Domar começa criticando a lei de Say e diz que parte da renda não volta ao

sistema econômico pelo entesouramento. Para que houvesse um crescimento

contínuo em pleno emprego era necessário um aumento contínuo das despesas e

do estoque de moedas. Os gastos que considerava mais aconselhável eram os

investimentos, que aumentavam também a capacidade produtiva, além de gerar

renda. Mas o fundamental era definir a quantidade ideal de investimento para que

fosse mantido o pleno emprego.

O problema relacionado ao desenvolvimento está novamente ligado ao

crescimento econômico. Não trata -se de uma questão de atitude, como diria

Schumpeter, e sim algo ligado a políticas que devem ser tomadas para que os

países cresçam.

A conclusão do modelo de Domar diz que ÄY/Y = ÄI/I . Isso significa que

para que ocorra um crescimento a pleno emprego o produto e o investimento

devem crescer a uma taxa crescente período após período (ÄY/Y = ÄI/I = sz).

Sendo que s é a propensão a poupar, z a produtividade média do potencial

social do investimento. O modelo estabelece pois, de forma direta que se a

produtividade média do potencial social do investimento (z) ou a propensão a

Page 25: Desenvolvimento x crescimento econômico

25

poupar forem altas, tão altas precisaram ser a acumulação do capital (ÄI/I) e a

taxa do crescimento do produto (ÄY/Y).

A inflação e o desemprego ocorrem quando essas taxas são divergentes.

Por exemplo, uma variação da renda que não seja acompanhada de uma variação

proporcional do investimento irá resultar em uma escassez de produtos no longo

prazo que gerará inflação. Ele coloca aqui a possibilidade real da ocorrência de

flutuações cíclicas.

O crescimento que estava condenado pelos clássicos ( de Hume até Mill

considerava-se uma estagnação, e Marx a completa destruição do capitalismo no

longo prazo) é posto como uma possibilidade aqui, isso se essas condições

estabelecidas forem seguidas.

De qualquer maneira o desenvolvimento sugerido tem uma relação muito

próxima com a vontade de investir, a renda que os agentes recebem, propensão a

investir e a produtividade média do investimento. Com relação a esse último vários

fatores podem influenciar essa variável, como por exemplo a taxa que se

considera mínima de retorno para um investimento e que leva os empresários a

investir realmente dado um risco que o mercado calcula, ou seja, há todo um fator

psicológico que deve ser considerado e que portanto não está ligado ao termo

crescimento econômico e sim ao desenvolvimento econômico.

Roy F. Harrod Nasceu em 1900. Trabalhou em Oxford a maior parte de sua vida.

Entretanto, seu coração estava mais embaixo, em Cambridge. Teve

reconhecimento na publicação da sua obra: Essay in

Dynamic Theory (1939). A idéia, que marcou o começo da moderna teoria do

crescimento, também foi desenvolvida por Domar, O modelo Harrod-Domar. Em

seu livro de 1948, Towardsa Dynamic Economics bem como em uma série de

ensaios (1960, 1963, 1975) ele desenvolveu este adicional, destacando o

problema da instabilidade deste modelo e lançando o programa de pesquisa do

Page 26: Desenvolvimento x crescimento econômico

26

crescimento econômico do pós-guerra - o que, certamente, ajudou a relançar as

teorias dos ciclos econômicos.Suas contribuições para o comércio internacional

(1933, 1958) e concorrência imperfeita (1933, 1934, 1952) também tiveram

reconhecimento mais tarde. Seus trabalhos menos rigorosos sobre economia

política (1963, 1965, 1968, 1969) também foram notáveis. Finalmente, fora da

teoria econômica, a reivindicação de Harrod era por seu trabalho sobre lógica

indutiva (1956) e seu papel como conselheiro de Winston Churchill durante a

Segunda Guerra Mundial. Morreu em 1978.

Harrod dá extrema importância a fatores macroeconômicos ao crescimento

de uma país. O desenvolvimento não é abordado em sua teoria, mas é claro que

está implícito a idéia desses dois conceitos estarem ligados. A satisfação social

ocorre quando o equilíbrio entre taxas de crescimento e renda são iguais, como

ele mesmo disse “... todas as partes ficam satisfeitas produzindo nem mais, nem

menos a quantidade justa”.

O modelo de Harrod almeja incluir as expectativas empresariais na função

investimento. Ele constata que o maior problema são as divergências entre as

taxas efetivas e necessárias de investimento para assegurar o crescimento a

pleno emprego.

Ele distingui claramente poupança e investimento realizado e planejado. A

poupança realizada será sempre igual ao investimento realizado. (S t = It). A

poupança planejada é uma função do nível de renda ao fim do período t .(S t= sYt ).

A questão que Harrod tenta responder é: O que determina o investimento

planejado? O investimento que será realizado depende da variação do produto ao

final do período t, ou seja: Ip = v (Yt-Yt-1). Aqui v é o coeficiente de aceleração (a

relação capital-produto). E quer dizer que caso não haja variação do produto não

haverá variação do estoque de capital.

O princípio da aceleração é de que o investimento não depende do nível,

mas sim da variação da renda ou do produto. Para que haja um crescimento a

pleno emprego a taxa planejada e efetiva de investimento e poupança devem ser

iguais as efetivas (Ip = It = Sp = S t = sYt ).

Page 27: Desenvolvimento x crescimento econômico

27

Para Harrod “... nada assegura que a economia crescerá a taxa garantida

de pleno emprego”. Isso aconteceria por acaso. Por isso considerava necessária a

ação governamental, que pode ser traduzida por programas de ações setoriais ou

planejamento indicativo.

Esse é considerado o primeiro problema de Harrod: A improbabilidade do

equilíbrio e a instabilidade da taxa garantida de investimento necessárias ao

crescimento é o segundo.

Ou seja, as determinantes econômicas são fundamentais para o bem estar

da scoiedade. Os valores que devem ser buscados são os econômicos, e o

governo tem também um papel fundamental, assim como em Domar, para buscar

esse equilíbrio, que ocorre somente por acaso em situações de não intervenção.

Ragnar Nurkse

Nasceu em 1907 e morreu em 1959 Foi um seguidor das doutrinas de

Rostenstein e Rodan, antecipou muito da teoria de Lewis acentuando o papel da

poupança e da formação de capital no desenvolvimento econômico. Foi um dos

primeiros expositores da doutrina do “crescimento equilibrado”.

“Um país é pobre porque é pobre”, segundo Nurkse. O crescimento

econômico poderia até apoiar-se nas elites para crescer no curto prazo, mas no

longo prazo alto custo médio para a produção de bens de consumo final (devido

ao fraco mercado interno composto por pobres e desempregados na sua maioria)

não permitem a diversificação de um mercado de bens, pois os investimentos

necessários não poderiam ser pagos, o que acaba freando o crescimento.

Não há um preconceito em Nurkse ao dizer que os países pobres são

pobres por serem pobres. Mas ele cria um paradoxo, pois por um lado você tem

que aumentar o mercado para que motivem os empresários a investir e por outro

lado o mercado é pequeno com baixo poder aquisitivo e com péssimas

perspectivas. O que fazer? Mais uma vez a resposta é de cunho econômico:

Intervenção governamental. Fica claro que a insistência dessa política está ligada

Page 28: Desenvolvimento x crescimento econômico

28

a corrente keynesiana que influenciou Harrod, Domar e Nurkse de forma

fundamental.

Nurkse foi um dos teóricos do desenvolvimento econômico que buscou

estudar o crescimento como uma forma de equilíbrio entre a oferta e a demanda.

O crescimento de um determinado país fica limitado pelo tamanho de seu

mercado interno. Como o crescimento é pequeno (em termos de produção ou

renda) os investimento ficam muito restritos nos países subdesenvolvidos. Um

fator agravante para esses países é a insuficiência de recursos financeiros. Os

baixos níveis de renda e poupança, reduzida acumulação e produtividade e

insuficiente nível de renda formam um ciclo vicioso, pois os países não aumentam

sua produção por não haverem incentivos em termos de mercado interno, não

aumentam a renda paga aos empregados gerando mais insuficiência de mercado

o que gera menos renda e assim por diante.

O crescimento diversificado e a forma pela qual a oferta criaria a sua

demanda. Os capitais deveriam se distribuir numa mesma proporção entre as

indústrias, haja visto o crescimento da demanda por diferentes bens. As empresas

se crescessem juntas gerariam renda e produziriam para outros bens que seriam

adquiridos por outros empregados, e quanto maior fosse o mercado, maior seria o

crescimento e a expansão da economia e dos investimentos. O crescimento

equilibrado tem por fim de aumentar o tamanho do mercado e criar estímulos

adicionais aos investimentos.

Aqui há uma retomada da teoria de Schumpeter das ondas de inovação.

Nos países subdesenvolvidos o mercado não teria força para fornecer os

elementos necessários para alcançar o nível de desenvolvimento desejado. O

governo entraria em ação com um planejamento central, atacando em bloco

simultaneamente as três principais áreas com investimentos na indústria,

agricultura e serviços.

Nurkse busca essa condições econômicas, mas há também condições

psicológicas, novamente, envolvidas, pois o aumento de um mercado subentende

que há também uma vontade ou necessidade por parte dos habitantes desse país

em alcançar níveis mais elevados de consumo, considerando que todos tenham o

Page 29: Desenvolvimento x crescimento econômico

29

mínimo necessário para sua sobrevivência, o que nem sempre é algo que outras

culturas almejam.

Arthur Lewis

Nasceu na India e recebeu o seu doutorado na London School of Economics

em 1949. Suas principais contribuições a economia foram na área de

desenvolvimento econômico. Lewis, junto com Theodore Schultz, ganhou o

Prêmio Nobel em 1979 opor “pesquisas pioneiras em desenvolvimento

econômico... com considerações particulares sobre os problemas dos países em

desenvolvimento”. Lewis é mais conhecido pelo seu conceito de “economia dupla”.

Definiu o crescimento econômico como : ‘Um processo de desenvolvimento

econômico acelerado com o objetivo de eliminação do atraso econômico”. Isso

significaria dizer que um país subdesenvolvido deve ter taxas de crescimento do

PIB per capita ou do PIB, superiores as de uma país desenvolvido tomando por

base, por exemplo os EUA, na medida em que se um país desenvolvido com um

PIB de 100 cresce a 7%, enquanto um país subdesenvolvido com PIB de 30

cresce a taxas de 5% e, portanto, esse país subdesenvolvido nunca alcançara o

desenvolvido, muito pelo contrário, o fosso só tenderá a aumentar, apesar dessa

definição ser lógica, nunca foi aceita por muitos economistas (até a década de 50)

da Mainstream Economics.

Lewis, entretanto, se recusava a fazer qualquer distinção entre crescimento,

desenvolvimento e progresso, por achar que se tratam de coisas intrinsecamente

ligadas. A anatomia do crescimento seria assim definida: “... desenvolvimento

econômico, com uma oferta ilimitada de trabalho e o papel fundamental dos

aumentos de produtividade na agricultura no processo de industrialização”.

Os fatores não econômicos tem, entretanto, papel fundamental no

crescimento.

O crescimento econômico pode modificar a sociedade, mas , segundo

Lewis, há a necessidade de uma mudança no comportamento social para que o

Page 30: Desenvolvimento x crescimento econômico

30

crescimento ocorra. Portanto, algo mais profundo está implícito em sua análise, o

próprio desenvolvimento, e o que ele seria. Ele deve ser uma mudança de atitude

para trabalhar, ter filhos, para inventar, etc.

A respeito desses fatores ele apresenta três conclusões: Os custos do

crescimento econômico não geram necessariamente conseqüências como

cidades feias. Isso porque a questão , o como se desenvolve a sociedade, tem

explicações não econômicas na maioria das vezes. Outros efeitos considerados

maus , não podem ser considerados intrinsecamente maus efeitos, como por

exemplo, o crescimento do individualismo e das cidades. Pode ocorrer também

que um crescimento alto demais pode ser considerado alto demais para a saúde

social também.

O estudo feito por Lewis é o único que toca todas as variáveis necessárias

ao crescimento:

- População e força de trabalho (relação inversa entre crescimento per capita e

taxa de crescimento; a idéia de que a transferência da mão-de-obra para outros

setores seria um efeito e não a causa do crescimento econômico).

- Estuda a acumulação do conhecimento como causa do crescimento econômico,

assim como o investimento e a ampliação do estoque de capital, o qual depende

invariavelmente do lucro.

- Ciclos Econômicos: Irregularidade da inovação determina a volatilidade do

investimento, e o investimento na indústria civil.

- Preços relativos

- Estágio e limites para o crescimento: Para ele haverá uma estagnação no futuro,

entretanto não há uma condenação do crescimento econômico, visto que

considera os indivíduos como elementos de suma importância num processo de

enfrentamento dos desafios futuros.

Há ainda os fatores não econômicos que determinam o crescimento, estes

serão explicitados em desenvolvimento.

Page 31: Desenvolvimento x crescimento econômico

31

Relação dos conceitos de

desenvolvimento e crescimento dos

clássicos para os pós clássicos

Clássicos

Crescimento e desenvolvimento são conceitos que estiveram ao longo da

história das Ciências Econômicas intrinsecamente ligados. Mesmo após a

segunda guerra mundial, até o final da década de 60, os autores continuavam

tomando ambos os conceitos sem distinções claras, ou precisas. O crescimento

econômico como um conceito, na fase em que os clássicos estudaram-no, por

parte de Smith, Ricardo, Mill e até Marshall, era algo analisado dentro do âmbito

Page 32: Desenvolvimento x crescimento econômico

32

microeconômico essencialmente. O desenvolvimento econômico é estudado com

uma visão mais social por Mill e Marshall. Ambos rejeitam a maior parte das

formas de controle da liberdade, para que esse “estado social se concretize ”. Os

outros autores clássicos levantam o tema desenvolvimento como um conjunto de

valores sociais e individuais a serem buscados pelas sociedades que almejam

crescer.

Smith e Ricardo aproximam-se mais em suas observações. Ricardo pode

fazer algumas correções sobre as idéias de Smith, já que suas observações estão

enquadradas em um período histórico mais atual do que as de Smith. Em Smith

tanto a produtividade do trabalho quanto a do capital eram importantes para que

os capitalistas alcançassem maiores taxas de lucros, podendo assim realizarem

investimentos maiores na economia. Em Ricardo esse reinvestimento na

economia também é fundamental. Mas Ricardo complementa (ou enfatiza) a

questão da importância dos salários na composição do lucro. Os salários

poderiam estar abaixo ou acima do salário natural, o que influenciaria diretamente

na tomada das decisões por parte dos empresários em investir. Como base do

crescimento, colocam esses dois autores, o investimento como peça fundamental,

que será abordada posteriormente por outros autores, distintamente.

Malthus entre os clássicos pode ser considerado um caso a parte, já que

enfatizou a visão macroeconômica do crescimento. Podemos relacioná-lo com

Smith e Mill que abordam a questão da importância da demanda para o

crescimento e desenvolvimento econômico. Smith postulava que os salários totais

deveriam aumentar, assim como o mercado externo deveria se expandir, para que

assim o mercado interno e externo, pudessem demandar produtos que

requeressem mais especialização e mão de obra (através de uma maior divisão

do trabalho). A análise de Malthus indica que pode ocorrer um excesso de oferta

caso os salários não cresçam, o que levaria a uma crise da economia dentro deste

país. Já Mill, ao tratar sobre um possível excesso de oferta, não acusa o mercado

(demanda) como responsável. O verdadeiro responsável seriam os próprios

capitalistas que calculam mal a quantidade de produtos a serem produzidas, já

Page 33: Desenvolvimento x crescimento econômico

33

que existe um tempo entre a produção e a venda, que acaba causando esse

excesso.

Não há dúvidas porém que outro elemento associado ao conceito de

crescimento econômico seja o mercado, a demanda. Esse conceito é recuperado

somente após a crise de 29, pois até então o mercado tinha força para concertar

os possíveis desajustes gerados pela oferta (que segundo a lei de Say: “Oferta

cria a sua demanda”).

O último dos clássicos, Alfred Marshall, firmou, pelo menos em teoria, a

importância da educação para que houvesse não apenas crescimento, mas

desenvolvimento econômico (melhora do nível de vida das pessoas). Se a

produtividade dos trabalhadores era fundamental, aqui podemos identificar um

terceiro ponto quase que comum entre os clássicos: A produtividade. Um quarto

ponto seria a educação, que está ligada diretamente com a produtividade.

Em Smith, Ricardo, Mill e Marshall o aumento da produtividade estimula o

crescimento da produção por um lado, e por outro a acumulação de capital,

decorrente de maiores lucros que elevam o PIB per capita. A educação, que para

Marshall é o principal agente responsável pela elevação da produtividade, e de

seus benefícios decorrentes, é tratada em Mill como forma de melhorar a

qualidade de vida da população e em Smith é necessária para barrar os efeitos

negativos da divisão do trabalho. Como se percebe a educação assume sempre

uma importância , social e econômica, nos clássicos.

A questão da população podemos citar como o último ponto de

convergência entre os clássicos. O crescimento tem nos clássicos (principalmente

em Malthus e Ricardo) dois desdobramentos: A variação populacional como forma

de barrar ou estimular o crescimento econômico, e também como maneira de

melhorar ou piorar a qualidade de vida da população. Para todos os clássicos o

aumento da população no longo prazo acabará sendo o freio definitivo do

crescimento econômico. No curto prazo entretanto, um aumento da população

pode elevar os lucros dos capitalistas (com a queda dos salários dos

trabalhadores), o que traria por sua vez um aumento do investimento, fazendo a

economia crescer novamente, levando-a a um estado de equilíbrio novamente. A

Page 34: Desenvolvimento x crescimento econômico

34

queda dos salários, por outro lado, causará uma piora da qualidade de vida das

pessoas. O movimento inverso ocorre quando há uma queda, ou estabilização

populacional, e ao mesmo tempo ocorre um crescimento da economia.

Por fim, os cinco elementos principais que fundamentam a idéia dos

clássicos, quanto ao crescimento e desenvolvimento econômico são:

Investimento, a extensão do mercado (demanda interna e externa), a

produtividade, a educação e a população, ou melhor dizendo, sua variação

(dP/dt).

Entrementes

Marx fez uma profunda análise sobre o capitalismo, de onde se origina, do

porquê ele aumenta e das conseqüências desse aumento. Como Marx chega,

historicamente, após os clássicos, muito sobre o que esses já haviam tratado, foi

retomado por Marx.

Há em Marx também uma ênfase na questão do lucro, para onde esse vai e

de onde se origina. O investimento é a acumulação de capital que decorre da

exploração da força de trabalho. Ou seja, o sistema somente passa a reinvestir

enquanto os trabalhadores forem explorados. O motor do crescimento e do

desenvolvimento é a exploração.

Essa colocação parece ser contraditória, pois não se consegue desenvolver

uma nação sem que não se explore essa mesma nação. A análise de Marx afasta

ele dos clássicos, pois Marx critica o sistema sobre o qual o capitalismo está

fundado. Essa crítica é incorporada, não diretamente, mas indiretamente por

muitos economistas que vêem a crítica marxista como fundamental para as

mudanças qualitativas na vida dos trabalhadores que ocorreram posteriormente.

Essas mudanças podem se enquadrar principalmente na área da educação, que

aumenta a produtividade dos trabalhadores e melhora seu nível de vida

conseqüentemente.

Page 35: Desenvolvimento x crescimento econômico

35

Pós clássicos

Ao começarmos a estudar os pós clássicos notamos uma abordagem do

crescimento e desenvolvimento de uma forma mais ampla (envolvendo vários

aspectos, não somente econômicos) como em Nurkse e em Lewis. Eles enfatizam

as variáveis não econômicas como sendo vitais para o processo de

desenvolvimento.

Nurkse fala sobre as condições psicológicas e níveis de desenvolvimento (o

que almeja determinada sociedade) ótimos que estão ligados, e determinam por

vezes, os processos produtivos e o crescimento econômico. Nurkse teve uma

influência Keynesiana e podemos por isso, colocá-lo no grupo de Harrod e Domar.

Lewis também mostra que o desenvolvimento é uma mudança de

comportamento social e individual. Ele estuda diversas causas que determinam o

desenvolvimento econômico, o lucro e seu reinvestimento, população e limites de

crescimento. Lewis, entretanto, recusa-se a fazer uma distinção entre crescimento

e desenvolvimento econômico, por acreditar que ambos estão ligados de forma

inseparável.

Schumpeter como o primeiro dos pós clássicos, faz uma análise

microeconômica do crescimento. O fato de ela ser microeconômica mostra a

grande influência que os clássicos ainda exerciam nos primeiros autores que

estudam o crescimento após os clássicos. Para Schumpeter o crescimento ocorre

setorialmente, no nível das empresas e tem reflexos macroeconômicos. O

reinvestimento do lucro, ou seja, o investimento é considerado fundamental para o

crescimento. Mas como variável fundamental Schumpeter introduz uma nova

concepção, ou melhor, aperfeiçoa e dá mais relevância ao “cientista” do qual

Smith fala em “A riqueza das Nações”. A tecnologia passa a assumir papel

fundamental como fonte de mudanças na economia. Quem na verdade é

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importante para que o sistema se altere é o empreendedor. Esse sabe aproveitar

essas inovações de uma forma mais lucrativa.

Harrod e Domar concentram-se na questão do investimento e da renda (ou

produto), abordada anteriormente pelos clássicos. Domar procura as taxas

necessárias de investimento fundamentais para manterem um crescimento a

pleno emprego, enquanto Harrod estuda as variações de produto necessárias

para manter esse crescimento.

Uma conclusão interessante de ambos os modelos é a de que a variação

do investimento e do produto raramente coincidirão com as taxas necessárias de

crescimento a pleno emprego. No entanto o estado pode garantir que ambas

coincidam através de determinadas políticas. O modelo também não se aplica aos

países subdesenvolvidos, pois nestes não há uma plena utilização da capacidade,

portanto não podemos determinar as taxas de crescimento coincidentes com as

de investimento e do produto necessário para manter o pleno emprego.

Há uma retomada em Nurkse da questão levantada anteriormente por

Malthus da importância de um crescimento equilibrado, um equilíbrio entre a oferta

e a demanda, para que não haja uma superprodução. Nesses termos Nurkse

ressalta a importância da demanda para que o país cresça. Ele observava que a

oferta deveria crescer em todos os setores, e que somente assim poderia ocorrer

um crescimento da demanda impulsionada pela oferta (Lei de Say). Há uma

retomada também da questão do mercado, anteriormente analisada por Ricardo e

Smith.

Em Lewis, e nos outros pós clássicos, também é retomada uma questão

fundamental: Os limites do crescimento. Para Harrod e Domar, caso fossem

mantidas a variação da capacidade ociosa e do investimento dada a variação do

produto, o crescimento poderia ser contínuo. Em Schumpeter o desenvolvimento

ocorre quando há variações no fluxo circular da economia, ou seja quando

ocorrem inovações (através dos empreendedores), que são espontâneas. Lewis

por sua vez acredita que possa ocorrer uma estagnação da economia, mas não

duvida da capacidade humana em reverter essas tendências.

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Relação Após reunidas as diversas informações sobre os conceitos buscaremos relacioná-

los aqui.

A produtividade e a educação, que foram exaustivamente estudadas pelos

clássicos, não são um dos principais focos dos pós-clássicos, que por outro lado

abordam de novas maneiras a questão do crescimento: a das expectativas

empresariais. É claro que os clássicos estudaram indiretamente a questão, porém

a matematização dessas expectati vas surge com os pós-clássicos.

A população é estudada tanto nos clássicos como nos pós-clássicos, sendo

que nesses a preocupação continua sendo com o crescimento populacional em

um nível igual ao da produção, para que não se criem disparidades, como inflação

(é uma geradora de disparidade, pois faz com que haja concentrações de renda

nas mãos de poucas pessoas) , desemprego, etc.

Os dois principais tópicos que são abordados e aprofundados, tanto pelos

clássicos como pelos pós-clássicos, são os investimentos e o mercado, sendo que

podemos então através desses dois conceitos estabelecer uma relação mais

consistentedas teorias de ambos os grupos.

O investimento advém das taxas de lucros. Lucros mais altos , ceteris

paribus, geram investimentos mais elevados. Todos os clássicos concordavam

com isso, e os pós-clássicos também estavam de comum acordo que essa era de

fato uma variável de peso. No entanto os pós-clássicos incluíram algumas novas

variáveis, como as expectativas empresariais, no cálculo do investimento, como

buscaram Harrod e Domar fazer. Outra determinante dos investimentos seriam as

ondas de inovação e os empreendedores que se aproveitam dessas

oportunidades (Schumpeter).

O mercado , pelo lado da demanda, também é uma variável tida como um

consenso pelo clássicos e pós-clássicos. Principalmente em Nurkse que estuda o

crescimento como uma interação equilibrada entre oferta e demanda, algo tratado

anteriormente por Malthus. Para Malthus uma interação desequilibrada geraria

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excessos de oferta. A expanção do mercado deve ser tanto quantitativa

(clássicos), como qualitativa (pós-clássicos). Se sua extensão for de grandes

proporções, o mercado proporcionará uma produção maior possibilitando o

crescimento da produção, causando ao mesmo tempo um efeito qualitativo interno

e externo. Interno porque aumentará a divisão do trabalho, criando novos postos

de trabalho e funções mais especializadas necessárias no processo produtivo,

fazendo o custo unitário cair, devido ao aumento da produtividade do trabalho

(L/Q). Será externo também, pois um maior número de produtos dentro do

mercado faz com que o preço caia, tornando-o acessível a um maior número de

pessoas, melhorando assim, em termos econômicos, a qualidade de vida da

população, dado uma elevação do aumento do poder aquisitivo real.

Evolução das Teorias de

Desenvolvimento dos Clássicos para

os Pós-Clássicos

Após termos separado e analisado individualmente cada um dos clássicos e

dos pós-clássicos, e observado igualmente qual a ênfase da abordagem de cada

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um deles, investimento, população, educação, produtividade e mercado, torna-se

necessário estudarmos se ocorre uma evolução desses conceitos e teorias.

Entendamos evolução como um processo de agregação benéfico do

conhecimento, onde teorias e conceitos são fundamentados em outras teorias e

conceitos que os precederam.

Dadas as condições históricas em que surgiu as ciências econômicas, o

estudo do desenvolvimento e do crescimento era uma resposta, num primeiro

momento, aos mercantilistas e suas formulações protecionistas, por isso o

liberalismo é adotado como filosofia principal dessa primeira fase.

Hume é o primeiro autor (ainda com traços fisiocráticos) que busca

combater as idéias dos mercantilistas. Sua grande contribuição está no fato de ver

a busca por um livre comércio como fundamental para o crescimento, não quer

dizer, entretanto, que conclama os países pobres a desafiarem o status quo

estabelecido no comércio internacional. Por isso estabelece o mercado

(empresários) como sendo o alocador de capital, ou seja, os países tem

vantagens inerentes para produzirem produtos que carecem de mais tecnologia e

maiores quantidades de capitais, enquanto que os países pobres são mais

competitivos para produzirem produtos que necessitam de uma quantidade maior

de força de trabalho.

Ricardo explica claramente o significado dessas idéias e aperfeiçoa-as,

utilizando-se da teoria das vantagens absolutas de Smith, cria a teoria das

vantagens comparativas. A aplicação dessas teorias na prática, segundo Smith e

Ricardo, seria benéfica para ambos os países que poderiam crescer e se

beneficiar de suas vantagens inerentes.

A principal evolução que ocorre quando se analisa a questão da variação

do investimento, dos clássicos para os pós-clássicos, está na forma matemática

(no sentido de que há uma formalização matemática, o tratamento dado as teorias

é muito mais objetivo) que se dá a essas teorias, principalmente em Harrod e

Domar que tratam de investimentos e acumulação de capital de uma forma mais

quantitativa.

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Outro avanço que ocorre é a da conscientização, principalmente ligada aos

fatos históricos do começo do século 20, até o final da década de 30, sobre os

efeitos decorrentes dos desajustes pelos quais uma economia pode passar,

desajustes que podem ser permanentes, segundo Keynes, caso não haja uma

intervenção firma e por parte do governo para contornar esses desequilíbrios.

Os ciclos econômicos é outro ponto em que ocorre uma evolução do

conceito. Nos clássicos há, devido ao contexto histórico e a grande dependência

dos processos produtivos por trabalhadores, uma preocupação muito grande com

o nível dos salários. Esse nível seria responsável pelos lucros e pelas variações

no nível populacional. Logo, os níveis de salário, ao variar, seriam as causas dos

ciclos econômicos.

Nos pós-clássicos há uma inserção das expectativas empresariais nesse

movimento. Schumpeter coloca como sendo os empreendedores os responsáveis

pelas alterações nesses ciclos. Eles alteram o fluxo circular da renda na economia

inovando. Outra contribuição a questão dos ciclos econômicos está na questão da

manutenção de uma taxa de investimento constante (Domar). Portanto a questão

sobre a ocorrência de ciclos econômicos e seus causadores passam a ser muito

mais complexas, envolvendo fatores psicológicos e sociais.

Essa foi a quarta grande evolução que ocorreu. A partir de Keynes passou-

se a estudar as contas nacionais, o que permitiu uma análise macroeconômica,

diferente da análise essencialmente microeconômica dos clássicos. O que

observou-se, através dessa evolução, é que a análise macroeconômica é muito

mais precisa e conseguia abordar aspectos, como ciclos econômicos, que uma

análise microeconômica não seria capaz.

Um quinto aspecto que poderia ser citado , é a evolução que ocorre,

principalmente quando observamos as péssimas condições de vida dos

trabalhadores no florescimento da revolução industrial, do conceito de crescimento

para o conceito de crescimento com desenvolvimento econômico, com a ênfase

maior dada aos aspectos qualitativos da vida dos trabalhadores. Essa evolução se

dá ao longo do tempo, começa com os clássicos e se estende para os pós

clássicos.

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O enfoque social dado as teorias começou, principalmente, com John Stuart

Mill, que considerava a educação como fundamenta l para criarmos pessoas

capazes de assumirem responsabilidades nas instituições sociais. Smith e

Marshall também, levantaram a importância da educação como capazes de gerar

mudanças dentro da própria estrutura econômica

Para Nurkse o próprio conceito do que seria o desenvolvimento retoma um

pouco a questão dos “salários naturais” em Ricardo, que segundo Ricardo, era

definido muito mais pelas condições sociais de consumo mínimas desejadas, do

que por termos fisiológicos apenas. O padrão que uma sociedade espera

alcançar, ao buscar o desenvolvimento econômico, está ligado como que a

sociedade almeja, ou vê, como sendo o padrão ideal.

Podemos dizer que Lewis completa essa idéia, da incorporação de

determinados níveis de vida, dizendo que o crescimento econômico está

intrinsecamente ligado a essas condições. O desenvolvimento econômico passa a

ser também considerado como uma mudança de atitude das pessoas, e por fim da

própria sociedade, para melhorar a qualidade de vida.

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Conclusões

A partir das análises feitas, e dos dados levantados, conclui-se que existe

uma relação entre os conceitos de desenvolvimento e crescimento econômico de

diferentes autores. Há por um lado uma relação histórica entre os conceitos,

enquanto existem dois autores, por exemplo Ricardo e Malthus, que convivem em

uma mesma época e passam a trocar informações entre si, influenciando a

formação de suas teorias, mesmo que estas abordam determinados temas sob

diferentes aspectos. Por exemplo, Ricardo tinha uma grande preocupação,

quando se trata de crescimento da economia, com o valor dos salários, pois

salários altos desestimularam os investimentos, já Malthus alertava sobre os

efeitos, principalmente no impacto destes no crescimento, que ocorreriam dentro

da economia caso ocorresse uma escassez de demanda.

Outra conclusão que podemos extrair dos dados obtidos são a respeito da

evolução, pressupondo-se que exista um aperfeiçoamento das teorias na medida

em que novas técnicas de pesquisa e correção sejam criadas para esse fim. A

inserção de métodos quantitativos pode, portanto, ser considerada uma evolução,

não os métodos quantitativos em si, mas a sua aplicação deu maior precisão e

poder de previsão as teorias.

A análise macroeconômica é outro aspecto importante, que podemos

considerar como uma evolução, pois permitiu uma visão e estudo geral da

economia, principalmente a partir de Keynes, onde conceitos como demanda

agregada e oferta agregada são estudadas de forma profunda e busca-se através

desta visão geral extrair-se respostas para os problemas da economia, não só

problemas de curto prazo, como desemprego e inflação, mas também (através de

autores como Nurkse e Lewis) questões como o cresciemtno sustentado longo

prazo.

Consideramos por fim, que a pesquisa poderá auxiliar muitos alunos que

estão iniciando seus estudos de Economia, dando-lhes uma base para que se

entenda os conceitos e o significado de desenvolvimento e crescimento

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econômico ao longo do tempo e abrindo também uma porta para que venham a

interessar-se por esses autores que contribuíram para a formação dessas teorias

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Bilbiografias DENNI, H. História do Pensamento Econômico.

DORNBUSH, FISCHER, STARTZ Macroeconomia. Makron Books.

FURTADO, C. Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico.

ROSTOW, W. W. Theorists of Economic Growth – From David Hume to the

Present.

ROSTOW, W. W. Etapas do Desenvolvimento Econômico.

SACHS, LARRAIN. Macroeconomia. Makron Books.

SOUZA, N. J. Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Atlas, 1999.

Bilbiografia de Schumpeter, Lewis, Nurkse e Domar . Disponível em

<http://members.tripod.com/grupohead/economistas. Acesso em: 10 Agosto, 2004.

Economistas. Enciclopédia Microsoft Encarta, 2001. 1 CD-ROM.

Economistas. Almanaque Abril, 2002. 1 CD-ROM.