desenvolvimento psicossocial do jovem adulto-matheus

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DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DO JOVEM ADULTO A vida adulta é entendida muitas vezes como uma fase de estabilidade, sendo essa mesma estabilidade apresentada como uma característica de maturidade. No entanto, a literatura mais relevante sobre a vida adulta mostra, ao invés, que esta fase é marcada por várias transições e transformações. Sua primeira percepção é de que a vida adulta corresponde a uma época estável, sem grandes mudanças, onde a personalidade do indivíduo não sofre alterações, ele está inclinado para novas aprendizagens e não esta disposto a efetuar grandes alterações. É uma ideia generalizada, adotada por alguns autores. Porém há muito tempo que a literatura discorda dessa etapa de estabilidade e imutabilidade da fase adulta. Autores como Perry, 1970, 1981; fala que o pensamento formal não é o ultimo estágio do desenvolvimento cognitivo. A cognição na vida adulta está ligada a questões pragmáticas da vida real, ao aprendizado da forma de resolver problemas da sua vida cotidiana, ou seja, ela conhece outro tipo de operações para além das operações formais: as operações pós-formais (a atividade cognitiva após o estádio de operações formais identificados por Piaget como o fim do desenvolvimento intelectual na infância e adolescência). Essas operações pós-formais na vida adulta auxiliam na resolução de problemas da vida real, a possibilidade de múltiplas soluções, a coexistência entre a relatividade do pensamento e a universalidade do mesmo; apresentando uma flexibilidade cognitiva. Fatos que dirigem suas ações e ajuda na evolução da maturidade. Os 4 modelos de desenvolvimento da personalidade

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DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DO JOVEM ADULTO

A vida adulta é entendida muitas vezes como uma fase de estabilidade, sendo essa mesma estabilidade apresentada como uma característica de maturidade. No entanto, a literatura mais relevante sobre a vida adulta mostra, ao invés, que esta fase é marcada por várias transições e transformações. Sua primeira percepção é de que a vida adulta corresponde a uma época estável, sem grandes mudanças, onde a personalidade do indivíduo não sofre alterações, ele está inclinado para novas aprendizagens e não esta disposto a efetuar grandes alterações. É uma ideia generalizada, adotada por alguns autores.

Porém há muito tempo que a literatura discorda dessa etapa de estabilidade e imutabilidade da fase adulta. Autores como Perry, 1970, 1981; fala que o pensamento formal não é o ultimo estágio do desenvolvimento cognitivo. A cognição na vida adulta está ligada a questões pragmáticas da vida real, ao aprendizado da forma de resolver problemas da sua vida cotidiana, ou seja, ela conhece outro tipo de operações para além das operações formais: as operações pós-formais (a atividade cognitiva após o estádio de operações formais identificados por Piaget como o fim do desenvolvimento intelectual na infância e adolescência).

Essas operações pós-formais na vida adulta auxiliam na resolução de problemas da vida real, a possibilidade de múltiplas soluções, a coexistência entre a relatividade do pensamento e a universalidade do mesmo; apresentando uma flexibilidade cognitiva. Fatos que dirigem suas ações e ajuda na evolução da maturidade.

Os 4 modelos de desenvolvimento da personalidade

O fato de a personalidade mudar durante a idade adulta é uma questão importante entre teóricos do desenvolvimento. Quatro perspectivas importantes sobre a personalidade adulta são oferecidas pelos modelos de traços, modelos tipológicos, modelos de crises normativas e pelo modelo de momento de ocorrência dos eventos.

1. O Modelo de Cinco Fatores; de Costa e McRae organiza-se em torno de cinco grupamentos de traços relacionados: neuroticismo, extroversão, abertura à experiência, escrupulosidade e nível de socialização. Estudos constataram que as pessoas mudam muito pouco nesses aspectos após os 30 anos.

2. A Pesquisa Tipológica, cujo pioneiro foi Jack Block, identificou tipos de personalidade que diferem quanto à resiliência do ego e ao controle do ego. Esses tipos parecem persistir da infância até a idade adulta.

3. Os Modelos de Crises Normativas sustentam que mudanças sociais e emocionais ligadas à idade ocorrem em períodos sucessivos marcados

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por crises. Na Teoria de Erikson, a crise do jovem adulto é a de intimidade versus isolamento. Na teoria de Levinson, transições ou crises levam à reavaliação e à modificação da estrutura de vida. No Estudo Grant, mecanismos adaptativos estavam associados a maior bem-estar.

4. O Modelo de Momento de Ocorrência dos Eventos, defendido por Neugarten, propõe que o desenvolvimento psicossocial adulto é influenciado pela ocorrência e pelo momento de ocorrência de eventos de vida normativos. À medida que a sociedade dá menos atenção à idade, contudo, esse relógio social adquire menos significado.

Intimidade versus Isolamento, segundo Erik Erikson

Os jovens adultos precisam estabelecer profundo comprometimento pessoal com os outros. Se não tiverem sucesso ou receio em fazê-lo eles podem sentir-se isolados e voltados a si mesmos. Entretanto uma dose de isolamento, a reflexão sobre suas vidas, a competitividade e o distanciamento; são extremamente importantes para o desenvolvimento do senso ético deles, a marca do adulto por Erikson. Aqueles que desenvolvem um forte senso de identidade estão prontos para unir sua identidade com a identidade de outra pessoa, a arriscar a perda temporária de identidade no orgasmo e em amizades muito íntimas. Os relacionamentos íntimos demandam sacrifício e compromisso.

Erikson explica que desenvolver relacionamentos íntimos é tarefa crucial do adulto jovem, sendo esse período; responsável pelos relacionamentos que se estendem pela maior parte de suas vidas adultas, baseados em amizade, amor e sexualidade. E mesmo com a dinâmica de ir e vir (amizades, amantes e parceiros sexuais); os jovens adultos ainda tem os relacionamentos como ponto crucial na decisão de se casar, viver junto ou sozinho, formar uma união homossexual e ter ou não filhos. A intimidade está ligada a ideia de pertencer, a qual se torna um poderoso motivador do comportamento humano. Pois afeta a mente, o corpo e o estado de espírito por formar relacionamentos fortes, estáveis, íntimos e amorosos. Dentre os relacionamentos íntimos é importante destacar:

AmizadeBaseada em interesses e valores mútuos e se desenvolvem entre as pessoas da mesma geração ou no mesmo estágio da vida familiar, onde aprovam as crenças e o comportamento uns dos outros. As pessoas que têm amigos tendem a ter uma sensação de bem-estar; ter amigos faz as pessoas se sentirem bem consigo mesmas, ou as pessoas que se sentem bem consigo mesmas têm mais facilidade para fazer amizades.

Sexualidade

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Nessa fase a maioria das pessoas tomam decisões importantes sobre o estilo de vida sexual e os tipos de relacionamento que serão estabelecidos - envolvimento com sexo casual, recreativo ou se serão monogâmicas ou ter uma série de relacionamentos sexuais íntimos. A decisão de casar-se ou formar uma união homossexual, a decisão de ter um filho, a incursão no sexo extraconjugal e mudanças nos padrões sexuais após o divórcio; fazem parte da maioria das questões enfrentadas pelos adultos jovens em um aspecto sexual.

AmorPossuir uma ideia do amor como história sugere que as pessoas não se apaixonam, elas criam a paixão. Pensar assim pode ajudar na compreensão de como as pessoas selecionam e misturam os elementos atuantes nessa “trama”. Segundo a teoria triangular do amor de Sternberg os três elementos do amor são a intimidade, a paixão e o compromisso. A intimidade, o elemento emocional, envolve auto-revelação, a qual leva à conexão, à afetuosidade e à confiança. A paixão, o elemento motivacional, baseia-se em impulsos internos que traduzem a excitação fisiológica em desejo sexual. O compromisso, o elemento cognitivo, é a decisão de amar e de ficar com o ser amado. O grau em que cada um desses três elementos está presente determina que tipo de amor as pessoas possuem. A falta de correspondência pode acarretar problemas.

Estilos de vida conjugais e não conjugais

Como as atuais “normas de comportamento aceitável” não ditam mais que as pessoas devem casar-se, permanecer casadas ou ter filhos, e em que idades fazer isso; as opções de estilo de vida incluem permanecer solteiro, viver com um parceiro de qualquer sexo, divorciar-se, casar-se novamente e não ter filhos; e as escolhas das pessoas podem mudar.

Vida de solteiroAlgumas pessoas desejam ser livres para correr riscos, experimentar e fazer mudanças - viajar pelo país, pelo mundo, mudar de profissão, aperfeiçoar sua educação ou realizar um trabalho criativo sem se preocupar sobre como sua busca de auto-realização afeta outra pessoa. Algumas apreciam a liberdade sexual. Algumas acham esse estilo de vida excitante. Algumas simplesmente gostam de ficar sozinhas. Alguns jovens adultos ficam solteiros por opção. Mais mulheres hoje se sustentam, e existe menos pressão social para se casar. De modo geral, solteiros gostam de sua condição, a maioria deles não é solitária; são ocupados e ativos e sentem-se seguros a seu próprio respeito.

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Relacionamentos homossexuaisOs adultos tem maior probabilidade do que adolescentes de se identificarem como homossexuais. A maioria dos homossexuais de ambos os sexos, como a maioria dos heterossexuais, buscam amor, companheirismo e realização sexual em um relacionamento comprometido. Mas devido à forte desaprovação da sociedade à homossexualidade, assumir a homossexualidade costuma ser lento e doloroso. Segundo King, 1996; esse processo geralmente ocorre em quatro estágios, que podem jamais se realizar plenamente:

1. Reconhecimento de ser homossexual: isso pode ocorrer no início da infância ou somente na adolescência ou depois, pode ser uma experiência solitária, dolorosa e desconcertante.

2. Conhecer outros homossexuais e estabelecer relacionamentos sexuais e românticos: isso pode não acontecer até a idade adulta; o contato com outros homossexuais pode diminuir os sentimentos de isolamento e melhorar a autoimagem.

3. Contar para a família e para os amigos. Muitos homossexuais demoram muito tempo para fazer isso - quando o fazem. A revelação pode trazer desaprovação, conflito e rejeição; ou ela pode aprofundar a solidariedade e o apoio da família, costuma se limitar à família imediata, geralmente mães e irmãs.

4. Abertura completa. Isso inclui contar aos colegas, aos empregadores e a qualquer outra pessoa com a qual o homossexual entra em contato. Os que atingem esse estágio alcançaram uma aceitação saudável de sua sexualidade como parte de quem são.

Os ingredientes da satisfação em longo prazo são muito semelhantes em relações homossexuais e heterossexuais. As lésbicas são mais propensas do que os homossexuais masculinos a terem relacionamentos estáveis e monogâmicos. Com a epidemia de AIDS, os homossexuais masculinos tornaram-se mais interessados em relacionamentos de longo prazo. Os parceiros homossexuais que vivem juntos tendem a ser tão comprometidos quanto casais casados.

CoabitaçãoUm estilo de vida em que um casal não casado envolvido em um relacionamento sexual vivem juntos, chamado também de união consensual ou informal. O maior número de jovens almejando educação avançada cria um período mais longo entre a maturidade fisiológica e a maturidade social; essa tendência secular de maturação sexual precoce é um fator que contribui para o aumento na coabitação. Muitos jovens adultos desejam relacionamentos românticos e sexuais próximos, mas não estão prontos para o casamento e podem nunca estar. Além disso, com o aumento dos divórcios, muitos acreditam menos no casamento do que no passado. Os relacionamentos de coabitação são menos estáveis e, em geral, menos satisfatórios do que os casamentos. Talvez pelo fato de que homens e mulheres tendem a encarar a coabitação de maneiras

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distintas: os homens, como uma oportunidade de ter um parceiro sexual estável sem estar amarrado, as mulheres, como um passo para o casamento. Aqueles que vivem em coabitação não desfrutam de algumas vantagens econômicas, psicológicas e de saúde do casamento, as quais provêm da segurança de um comprometimento a longo prazo, de maior partilha de recursos econômicos e sociais e de uma ligação mais forte com a comunidade.

CasamentoNa maioria das sociedades, o casamento é considerado a melhor forma de garantir uma criação ordenada dos filhos. Ele permite uma divisão dos afazeres em uma unidade de consumo e trabalho. Idealmente, ele oferece intimidade, amizade, afeição, realização sexual, companheirismo e oportunidade de crescimento emocional. A seleção de parceiros e a idade de casamento variam entre as culturas. As pessoas de países industrializados estão casando mais tarde do que nas gerações anteriores. Em algumas tradições filosóficas orientais, a união harmoniosa entre homem e mulher é considerada essencial para a realização espiritual e para a sobrevivência da espécie. A freqüência de relações sexuais no casamento diminui com a idade e com a perda da novidade. Menos pessoas parecem estar tendo relações sexuais fora do casamento do que no passado. O êxito no casamento pode depender da força do comprometimento e dos padrões de interação estabelecidos no início da idade adulta. A idade no casamento é um importante indicador de se o casamento irá durar. Resiliência no enfrentamento de dificuldades econômicas, compatibilidade, apoio emocional e as diferentes expectativas de homens e de mulheres podem ser fatores importantes. O casamento (sob uma diversidade de formas) é universal e atende necessidades econômicas, emocionais, sexuais, sociais e de criação de filhos básicas.

Vida Familiar

Os padrões familiares variam entre as culturas e mudaram bastante nas sociedades ocidentais. Hoje as mulheres, especialmente as que têm bom nível de instrução, estão tendo menos filhos e os tendo mais tarde na vida. Os homens tendem a querer filhos mais do que as mulheres, mas os pais geralmente se envolvem menos na criação dos filhos do que as mães. A satisfação com o casamento tipicamente diminui durante os anos de criação dos filhos. Expectativas e compartilhamento de tarefas podem contribuir para a deterioração ou para a melhoria de um casamento.Um número crescente de casais se mantem sem filhos por opção. Entre os motivos, encontram-se o desejo de se concentrar na profissão ou no estilo de vida adulto ou de preservar maior intimidade conjugal, sentimentos de inadequação para a paternidade ou para a maternidade e indisposição em assumir seus ônus financeiros. Tanto as mulheres quanto os homens são afetados pelo estresse de um estilo de vida de renda dupla, mas eles podem ser afetados de modos distintos. Na maioria dos casos, o ônus de um estilo de vida de renda dupla recai mais pesadamente sobre a mulher. Se uma divisão desigual de trabalho contribui para perturbações conjugais pode depender de

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como os cônjuges entendem seus papéis. Políticas favoráveis à família no local de trabalho podem ajudar a diminuir o estresse em famílias de renda dupla.

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http://rmoura.tripod.com/vidaadult.htm ; 01-05-12/ 10:08 Desenvolvimento Humano, 7ª e 8ª Ed.; Diane E. Papalia e Sally

Wendkos Olds; Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.