desenvolvimento histÓrico do constitucionalismo pÁtrio – a experiÊncia constitucional...

26
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO CONSTITUCIONALISMO PÁTRIO – A EXPERIÊNCIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA A CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824 Para melhor compreensão dos aspectos jurídicos recomenda-se a leitura do texto no link http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=2 .

Upload: emerson

Post on 28-Jul-2015

200 views

Category:

Documents


15 download

DESCRIPTION

A CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824

TRANSCRIPT

DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO CONSTITUCIONALISMO PÁTRIO – A

EXPERIÊNCIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA

A CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824

Para melhor compreensão dos aspectos jurídicos recomenda-se a

leitura do texto no link http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?

codigo=2 .

Lembre-se de que o direito acaba retratando um determinado

momento histórico, razão pela qual é indispensável se saber os fatos históricos

relevantes que influenciaram determinada legislação.

Para nosso estudo a independência é um marco

histórico relevante. Com a independência surgia um novo Estado dentre outros

Estados e carecia de reconhecimento. Mas, junto com o reconhecimento, era

importante que esse Estado tivesse uma Constituição. Então, 1822 é a data a

ser lembrada.

Em 07 de setembro de 1822 o Brasil deixava de ser Reino Unido e

passava a ser um país. Era o resultado de um processo longo com passagens

marcantes como o dia do Fico – 09 de janeiro de 1822, que se seguiu a

chamada do Príncipe Regente para voltar a Portugal. Já nessa época ficava

clara a pretensão de Portugal de recolonizar o Brasil. Duas correntes políticas se

formaram: O Partido Português e o Partido Brasileiro, que, com idéias

revolucionárias liberais, lutava pela independência.

Dom Pedro de Orleans e Bragança, sensibilizado com a causa

emancipacionista, nomeia José Bonifácio como Ministro. Passava a ter e poder

exercer soberania perante outros países. Divulga os apoios recebidos em nosso

país. De um lado sofre pressão de José Bonifácio, conservador, e de outro a

pressão é de Gonçalves Ledo, representante dos liberais. Segue-se o dia do

Fico.

Em 13 de maio de 1822, Dom Pedro por decreto determina que

qualquer ordem de Portugal devia ter o seu CUMPRA-SE. Gonçalves Ledo e

outros radicais liberais pressionam D. Pedro, que convoca em 3 de junho de

1822 a Assembléia Nacional Constituinte, com a rejeição por parte de José

Bonifácio, que acaba aceitando-a. Nesse momento havia mais do uma pista do

que estava por vir. A nossa independência já havia sido superada internamente.

Já tínhamos até a nossa Marinha organizada. O Príncipe Regente foi chamado

de volta a Portugal, o que o levou a declarar a Independência do Brasil.

O Brasil precisava ser reconhecido oficialmente. Tínhamos um Chefe

de Governo, D. Pedro I – Imperador do Brasil, mas necessitávamos de um

reconhecimento que foi inicialmente feito pelos Estados Unidos da América e

pelo México. Portugal teria exigido do Brasil 2 milhões de libras esterlinas para

que reconhecesse de direito o que já havia de fato. Esse dinheiro foi conseguido

pelo Brasil junto à Inglaterra, emprestado.

Com a independência a realidade brasileira não se alterou

significativamente. Os pobres continuaram pobres e talvez nem tenham se dado

conta do acontecido. Aqueles que estiveram ao lado de D. Pedro e o apoiaram

com poder, foram bem aquinhoados no novo Governo.

Colhe-se do site

http://www.artigos.com/artigos/sociais/direito/constituicao-de-1824-_-3235/artigo/

o seguinte texto relativo à dissolução da Assembléia Nacional Constituinte:

Criação da Assembléia Constituinte, suas metas, dissolução da

mesma

No dia 3 de junho de 1822, quando D. Pedro ainda governava o

Brasil na qualidade de Príncipe Regente, foi convocada uma

Assembléia, cuja missão era elaborar a primeira Constituição do

País. Os participantes desta Assembléia, que eram, em sua maioria,

representantes de ricos proprietários de terra de vários locais do

País, iriam se reunir na cidade do Rio de Janeiro. Em conseqüência

da dificuldade dos meios de comunicação, somente no dia 3 de

maio de 1823 a Assembléia Constituinte pôde dar início ao

trabalho de elaboração do projeto constitucional. O grupo

predominante dentro da Assembléia era o Partido Brasileiro.

Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, irmão de José Bonifácio, à

frente de uma comissão de seis deputados, foi encarregado de

redigir o anteprojeto da Constituição. O conteúdo deste anteprojeto

revelava a sua linha antiabsolutista. O anticolonialismo significava a

oposição às idéias do Partido Português e o antiabsolutismo

traduzia-se pela preocupação de se evitar uma demasiada

concentração de poder nas mãos do Imperador. Neste último

aspecto, o objetivo era reduzir o poder de D. Pedro e valorizar o

poder do Legislativo. Por exemplo: segundo o anteprojeto, as Forças

Armadas da Nação deviam obediência às ordens do Poder

Legislativo e não de D. Pedro. Nessa Assembléia não esteve, de

maneira alguma, representada a grande massa da população.

Por falta de renda, os homens simples do poder não tinham o

direito de eleger os seus representantes. As camadas

populares continuavam afastadas do processo político, uma

vez que o anteprojeto elaborado estabelecia como condição

para ser eleitor uma renda baseada na farinha de mandioca.

Por isso, esse anteprojeto ficou conhecido como a Constituição da

Mandioca. Assim, somente os grandes senhores rurais do Partido

Brasileiro estavam plenamente capacitados a participar da vida

pública. Os comerciantes portugueses eram excluídos do processo

eleitoral, porque possuíam renda em dinheiro e a Constituição

estabelecia que a renda fosse em farinha. Por outro lado, o povo,

sem dinheiro e sem farinha, também ficava a margem do poder

político.

A intenção manifestada pela Assembléia de elaborar uma

Constituição que diminuiria o poder imperial, evidentemente,

causou profunda irritação e D. Pedro I. Sua atitude política, para

fazer frente à Assembléia, foi aproximar-se do Partido Português,

que apoiava suas idéias absolutistas. Além do mais, o Partido

Português também era favorável a que D. Pedro lutasse pelos seus

direitos como legítimo herdeiro d trono português. O Partido

Brasileiro, percebendo a resistência do Imperador em aceitar o

conteúdo do anteprojeto constitucional, passou a fazer-lhe oposição

política. Os irmãos Andrade lideravam uma campanha de críticas a

D. Pedro através do jornal A Sentinela da Liberdade que, em uma de

suas edições, publicou um artigo bastante ofensivo ao corpo de

oficiais portugueses, que fazia parte do Exército imperial. Os oficiais

organizaram-se, então, para punir o farmacêutico David Pamplona,

provável autor do artigo, que foi cruelmente espancado. Ao tomar

conhecimento deste fato, a Assembléia exigiu que o Imperador

apurasse os autores desta violência, para depois impor-lhes severas

penas. D. Pedro, entretanto, não estava nada inclinado a obedecer a

tais exigências. Ao contrário, conseguindo apoio das tropas

imperiais, decretou a dissolução da Assembléia, no dia 12 de

novembro de 1823. Inúmeros deputados e líderes do Partido

Brasileiro, não aceitando a atitude de D. Pedro acabaram reagindo,

mas foram imediatamente presos. Entre estas pessoas, encontrava-

se o próprio José Bonifácio, que foi expulso do Brasil. D. Pedro,

apoiado pelo Partido Português, tornava-se o senhor absoluto da

situação. (Texto com algumas correções)

Apesar de dissolver a Assembléia Constituinte prometendo

convocar nova Assembléia, D. Pedro assim não o fez, e em 26 de novembro de

1823, pouco mais de uma semana depois, organizou um Conselho de Estado

composto por 10 membros e 1824 publicou um projeto que, sem passar pela

Assembléia Constituinte passou a ser a nova Constituição do Brasil jurada em

25 de março.

São, assim, características importantes dessa Constituição:

1. Foi outorgada

2. Um governo monárquico unitário e hereditário.

3. Voto censitário (baseado na renda) e descoberto (não secreto).

4. Eleições indiretas, onde os eleitores da paróquia elegiam os

eleitores da província e estes elegiam os deputados e senadores. Para ser

eleitor da paróquia, eleitor da província, deputado ou senador, o cidadão

teria de ter, agora, uma renda anual correspondente a 100, 200, 400, e 800

mil réis respectivamente.

5. Catolicismo como religião oficial (Ver: Art. 5º Constituição do

Império e Art. 103 da Constituição do Império)

6. Submissão da Igreja ao Estado.

7. Quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. O

Executivo competia ao imperador e o conjunto de ministros por ele

nomeados. O Legislativo era representado pela Assembléia Geral, formada

pela Câmara de Deputados (eleita por quatro anos) e pelo Senado

(nomeado e vitalício). O Poder Judiciário era formado pelo Supremo Tribunal

de Justiça, com magistrados escolhidos pelo imperador. Por fim, o Poder

Moderador era pessoal e exclusivo do próprio imperador, assessorado pelo

Conselho de Estado, que também era vitalício e nomeado pelo imperador.

8. Era semi-rígida. (Art. 178 Constituição do Império)

Sugestão de vídeo na Internet sobre a Independência do Brasil:

http://www.youtube.com/watch?v=UGs91PpIIkY&feature=related

A PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA – 1891

O Ato Adicional – Lei 16 de 12 de agosto de 1834 – foi precursor

da Federação (O Brasil durante o Império era um Estado Unitário) – O que é um

estado Unitário?

A República (forma de governo) e a Federação (forma de

Estado) guardam um certa relação entre si. A idéia de um Governo monárquico

não é compatível com a descentralização (política, administrativa e legislativa)

em um Estado.

A República no Brasil foi instalada pelo Decreto 01, de 15 de

novembro de 1889, juntamente com o Estado Federal:

DECRETO Nº 1, DE 15 DE NOVEMBRO DE 1889

Proclama provisoriamente e decreta como forma de governo da

Nação Brasileira a República Federativa, e estabelece as normas

pelas quais se devem reger os Estados Federais

O GOVERNO PROVISÓRIO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS

DO BRASIL

DECRETA:

Art 1º - Fica proclamada provisoriamente e decretada como a

forma de governo da Nação brasileira - a República Federativa.

Art 2º - As Províncias do Brasil, reunidas pelo laço da

Federação, ficam constituindo os Estados Unidos do Brasil.

Art 3º - Cada um desses Estados, no exercício de sua legítima

soberania, decretará oportunamente a sua constituição definitiva,

elegendo os seus corpos deliberantes e os seus Governos locais.

Art 4º - Enquanto, pelos meios regulares, não se proceder à eleição

do Congresso Constituinte do Brasil e bem assim à eleição das

Legislaturas de cada um dos Estados, será regida a Nação brasileira

pelo Governo Provisório da República; e os novos Estados pelos

Governos que hajam proclamado ou, na falta destes, por

Governadores delegados do Governo Provisório.

Art 5º - Os Governos dos Estados federados adotarão com urgência

todas as providências necessárias para a manutenção da ordem e

da segurança pública, defesa e garantia da liberdade e dos direitos

dos cidadãos quer nacionais quer estrangeiros.

Art 6º - Em qualquer dos Estados, onde a ordem pública for

perturbada e onde faltem ao Governo local meios eficazes para

reprimir as desordens e assegurar a paz e tranqüilidade públicas,

efetuará o Governo Provisório a intervenção necessária para, com o

apoio da força pública, assegurar o livre exercício dos direitos dos

cidadãos e a livre ação das autoridades constituídas.

Art 7º - Sendo a República Federativa brasileira a forma de

governo proclamada, o Governo Provisório não reconhece nem

reconhecerá nenhum Governo local contrário à forma

republicana, aguardando, como lhe cumpre, o pronunciamento

definitivo do voto da Nação, livremente expressado pelo

sufrágio popular.

Art 8º - A força pública regular, representada pelas três armas do

Exército e pela Armada nacional, de que existam guarnições ou

contingentes nas diversas Províncias, continuará subordinada e

exclusivamente dependente de Governo Provisório da República,

podendo os Governos locais, pelos meios ao seu alcance, decretar a

organização de uma guarda cívica destinada ao policiamento do

território de cada um dos novos Estados.

Art 9º - Ficam igualmente subordinadas ao Governo Provisório da

República todas as repartições civis e militares até aqui

subordinadas ao Governo central da Nação brasileira.

Art 10 - O território do Município Neutro fica provisoriamente sob a

administração imediata do Governo Provisório da República e a

Cidade do Rio de Janeiro constituída, também, provisoriamente,

sede do Poder federal.

Art 11 - Ficam encarregados da execução deste Decreto, na parte

que a cada um pertença, os Secretários de Estado das diversas

repartições ou Ministérios do atual Governo Provisório.

Sala das Sessões de Governo Provisório, 15 de novembro de 1889,

primeiro da República.

MARECHAL MANUEL DEODORO DA FONSECA

Chefe do Governo Provisório

S. Lôbo, Rui Barbosa, Q. Bocaiuva

Benjamin Constant, WandenkoIk Correia.

A Primeira Constituição da República somente entraria em vigor

em 24 de fevereiro de 1891. O seu grande móvel foram os ideais Federalistas

apurados da Constituição Norte-americana de Filadélfia de 1791.

Esta Constituição vigorou durante todo período da chamada

Velha República, sofrendo uma única modificação (1927). Seus grandes

idealizadores foram Prudente de Moraes e Rui Barbosa.

Suas principais características foram:

1. Fortalecimento das províncias, que passaram a ser denominadas

de Estados e seus governantes de Presidentes.

2. Esses Estados passaram a gozar de autonomia e passaram a ter

suas Constituições, que não podiam contrariar a Constituição da República.

3. Foram consagrados os três poderes clássicos, abolido o Poder

Moderador.

4. O Presidente da República era eleito pela via direta para um

mandato de 04 (quatro) ano, vedada a reeleição. O Vice-presidente também

era eleito de forma autônoma em relação ao Presidente da República.

5. O Presidente da República podia ser responsabilizado por atos de

governo (O que nã ocorria com o Imperador)

Crimes de Responsabilidade

a) Câmara dos Deputados – Juízo de

processabilidade.

b) Senado - Julgamento

Crimes comuns STF

6. Reconhece a liberdade religiosa (art. 72 § 3º e 7º)

7. Possibilita a criação da doutrina brasileira do Habeas Corpus. (art.

72)

8. Quanto às regras eleitorais e de direitos políticos, o voto no Brasil

continuaria "a descoberto" (não-secreto) – a assinatura da cédula pelo

eleitor tornou-se obrigatória – e universal. Por "universal" deve ser entendido

o fim do voto censitário (Constituição de 1824 – a condição de eleitor

decorria da sua renda, porque ainda se mantiveram excluídos do direito ao

voto os analfabetos, as mulheres, os praças-de-pré, os religiosos sujeitos à

obediência eclesiástica e os mendigos.

A CONSTITUIÇÃO DE 1934 – (A CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR)

O mundo vivia uma nova era, em que eram reconhecidos

direitos pertencentes ao ser humano enquanto integrado no meio social. O

Estado já não era somente o ente que devia reconhecer e respeitar direitos do

homem ser individual. Já estava sendo ultrapassado o reconhecimento dos

direitos individuais. Entravam os chamados direitos de segunda geração.

O México, em 1917 e a Alemanha em 1919 já tinham adotado

Constituições sociais.

Assim, as maiores inovações são sentidas no campo dos

direitos sociais e econômicos. A atuação do Estado nesse aspecto é

reformulada, com profundos reflexos na repartição de competências tributárias.

Suas principais características foram:

1. Promulgada.

2. Aumento dos poderes do Poder Executivo.

3. Altera o funcionamento do Poder Legislativo, estabelecendo o

Senado como casa auxiliar, parecendo um bicameralismo técnico. O Senado

também aparece como coordenador dos poderes (art. 88) e responsável

pela guarda da Constituição (art. 91, II/IV)

4. Define os direitos políticos e cria o voto feminino, apesar das

restrições do art. 109.

5. Cria a Justiça Eleitoral como órgão do Poder Judiciário.

6. Cria na Constituição capítulos referentes à ordem econômica e

social.

7. Estabelece, no âmbito do controle de constitucionalidade os

institutos da;

a) Reserva de plenário.

b) Ação direta interventiva

c) A participação do Senado no controle de constitucionalidade.

A CONSTITUIÇÃO DE 1937 – A POLACA.

Recomenda-se a leitura do artigo no site

http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_Vargas , com a devida crítica diante da

observação acerca da ausência de citação das fontes.

O período conhecido como República Velha se encerra em

1930, com a assunção de Vargas ao poder, apesar de Júlio Prestes ter sido

eleito rompendo com a tradicional alternância de escolha de candidatos entre

São Paulo e Minas Gerais, no que ficou conhecido como Política do Café com

Leite.

A sua ruptura com a Constituição de 1891 e a sua proximidade

com os tenentes o fez imaginar que poderia sustentar essa ruptura. A

Constituição de 1934 surgiu sob pressão e a certeza de Vargas de que teria que

ceder, mesmo tendo sido vitorioso da Revolução de 1932.

Porém, em 1937, sob ideais integralistas,

base do fascismo, e tendo os comunistas como sérios opositores (Sugestão de

leitura: Olga), Vargas consegue implantar o que chama de Estado Novo. A

Constituição de 1937 é a expressão de um Estado forte, com um Governo

centralizador, nos moldes dos Estados Duros, por isso o nome de Polaca,

porque foi baseada na Constituição da Polônia.

Suas principais características foram:

1. Centralização do Poder nas mãos do Presidente.

2. Previsão inócua da responsabilidade do Presidente da República,

já que seu julgamento era competência do Conselho Federal, com

integrantes majoritariamente por ele indicados. (art. 50 c/c art. 75, d)

3. Podia interferir no funcionamento da Câmara e até dissolvê-la (art.

75 b e e)

4. A possibilidade de adotar medidas excepcionais sem controle pelo

próprio Judiciário e, até mesmo, a possibilidade de suspender a própria

Constituição.

5. A previsão de plebiscito para aprovar a Constituição, jamais

realizado.

6. Prestou-se a uma grande discussão sobre o Júri.

7. O Senado é substituído pelo Conselho Federal.

Obs.: O final da 2ª Guerra fez com que Vargas enviasse ao Congresso a Lei

Constitucional 9, prevendo a eleição direta para Presidente da República e a Lei

Constitucional 15, sobre a Assembléia Constituinte para uma nova Constituição.

A CONSTITUIÇÃO DE 1946 – O PÓS-GUERRA.

O fascismo foi derrotado e o Brasil escapou por pouco dessa

derrota, já que apoiou os vitoriosos já ao “apagar das luzes”. Essa derrota

impunha ao Brasil um movimento rumo à democracia. Era preciso acompanhar

as tendências mundiais1.

1

Getúlio Vargas foi deposto com o golpe militar em 29 de outubro

de 1945. Nas eleições do mesmo ano ele volta como Senador e participa da

Assembléia Constituinte, instalada em 02 de fevereiro de 1946, não assinando a

Constituição promulgada em 18 de setembro daquele ano.

Essa Constituinte é marcada pela diversidade de seus

integrantes. Há críticas no sentido de que não havia efetiva participação de

segmentos sociais, apesar dessa multiplicidade, já que o médico era

empresário, dono de clínica ou hospital, o engenheiro, era empresário, dono de

construtora, etc.

Como novidade pouco acrescentou, já que o período não foi

profícuo ao constitucionalismo. A Constituição manteve legislação social do

? O Brasil enfrentou a 2ª Guerra Mundial sob o punho de ferro do regime

getulista. Em 1940, Vargas citou em um discurso as qualidades do Eixo, o que

fez que todos acreditassem que em breve o Brasil se uniria a ele, até porque, o

Estado Novo era um governo de cunho fascista.

Porém, segundo Euclides Quandt de Oliveira "...entre os dias 15 e 21 de

agosto de 1942, os cinco navios brasileiros Baependi, Aníbal Benévolo,

Araraquara, Itagipe e Arará foram torpedeados na costa nordestina (Sergipe e

Bahia)...." e, após uma longa negociação com o governo dos Estados Unidos,

fez com que o Brasil, no mesmo ano, se unisse aos aliados, declarando guerra à

Alemanha.

Neste período, Vargas assinou o Tratado de Washington com o presidente

norte-americano Roosevelt, garantindo a produção de 45 mil toneladas de látex

para as forças aliadas, o que impulsionou o ssegundo ciclo da borracha,

trazendo progresso para a região da Amazônia e também colonização, uma vez

que só do nordeste do Brasil foram para a Amazônia 54 mil trabalhadores,

destes a maioria do Ceará.

( trecho retirado do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_Vargas )

Estado Novo, apesar de se direcionar ao liberarismo e não ter a chancela de um

movimento trabalhista. Na verdade é uma legislação trabalhista tuteladora, no

dizer de Marcello Cerqueira na obra sugerida ao final para leitura. Há a

incorporação de normas do direito internacional.

Suas principais características foram:

A incorporação no seu texto de dispositivos sobre...

1. A igualdade de todos perante a lei;

2. A liberdade de manifestação de pensamento, sem censura, a não

ser em espetáculos e diversões públicas;

3. A inviolabilidade do sigilo de correspondência;

4. A liberdade de consciência, de crença e de exercicio de cultos

religiosos;

5. A liberdade de associação para fins lícitos;

6. A inviolabilidade da casa como asilo do indivíduo;

7. A prisão só em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade

competente e a garantia ampla de defesa do acusado;

8. Extinção da pena de morte;

9. Separação dos três poderes.

10. A inclusão da Justiça do Trabalho como órgão do P. Judiciário.

11. O Presidente devia ser eleito para mandato de 5 anos, pela via direta. O

Vice-presidente também era o Presidente do Senado Federal.

12. O Legislativo volta a ter a forma bicameral tradicional

13. Regula o acesso à Justiça, ainda que atrelado ao direito individual.

14. Cria mecanismo de assistência judiciária, sem que ele consiga superar a

barreira econômica que impede o efetivo acesso de todos à Justiça.

A CONSTITUIÇÃO DE 1967 – A DITADURA MILITAR.

Em 31 de março de 1964 há o golpe militar, chamado por alguns

de revolução. Com a renúncia de Jânio Quadros, seu vice-presidente, que fora

também eleito como o segundo candidato mais votado à Presidente, João

Goulart, assume a presidência com inúmeros questionamentos de segmentos

sociais.

Tentou-se evitar o efetivo governo de Jango acenando-se com

uma Emenda Constitucional instituindo o regime parlamentarista, o que

possibilitou a sua posse em 07 de setembro de 1961. Até janeiro de 1963 o

Brasil viveu o governo sob o regime parlamentarista, derrubado através de

plebiscito antecipado, cuja previsão para realização era 1965.

Com a queda de Jango, ainda sob a égide da Constituição de

1946, são editados Atos Institucionais, sendo o mais famoso deles aquele

denominado AI-5. Era preciso governar e, sob o pretexto de enfrentamento da

corrupção e subversão, dava-se origem a uma nova ordem jurídica sem uma

nova Constituição.

Em 15 de março de 1967 entra em vigor uma nova Constituição,

elaborada por um Congresso Nacional instituído como Assembléia Constituinte

através do AI-4. Ela é apontada como semi-outorgada ou, por outros, como

outorgada.

Suas principais características foram:

1. Concentra no Poder Executivo a maior parte do poder de decisão;

2. Confere somente ao Executivo o poder de legislar em matéria de

segurança e orçamento e, assim, de uma forma geral permite que esse

poder se aproxime das funções legislativas – O Decreto-lei é marcante sob

esse aspecto;

3. Estabelece eleições indiretas para presidente, com mandato de

cinco anos;

4. Militariza a Presidência da República, dando às Forças Armadas

uma força gigantesca;

5. Tendência à centralização, embora pregue o federalismo;

6. Estabelece a pena de morte para crimes de segurança nacional;

7. Restringe ao trabalhador o direito de greve;

8. Ampliação da justiça Militar;

9. Abre espaço para a decretação posterior de leis de censura e banimento.

10. Até certo ponto de forma surpreendente, ela cria o

mecanismo de controle direto de constitucionalidade com a legitimação do

Procurador Geral da República para a representação perante o Poder

Judiciário. (art. 114, I, L, da CRFB)

Em 1969 há uma emenda constitucional, por muitos apontada como nova

Constituição. O AI-5 (Base de legislação do Planalto) é a base legal para a

atuação do P. Executivo, que, de uma penada, permite a suspensão de

direitos políticos, permite a decretação do confisco de bens, permite a

intervenção nos Estados e Municípios mesmo sem previsão constitucional,

suspende o habeas corpus e veda que o Judiciário exerça jurisdição sobre

qualquer ato atinente ao governo militar.

Sugestão: Para o enriquecimento dos seus conhecimentos, é sugerida a

leitura do livro de Marcello Cerqueira, A Constituição na

História, Editora Revan, como leitura complementar àquela

indicada na bibliografia da nossa disciplina.