desenvolvimento econômico, desigualdades sociais e ambiente

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Revista VITAS Visões Transdisciplinares sobre Ambiente e Sociedade www.uff.br/revistavitas ISSN 2238-1627, Ano III, Nº 7, agosto de 2013 Desenvolvimento econômico, desigualdades sociais e ambiente urbano deteriorado: o que fazer? Selene Herculano [email protected] Resumo : este artigo esboça o quadro de alguns aspectos contrastantes do desenvolvimento econômico e social do Brasil e mostra o lado contraditório entre crescimento econômico, desenvolvimento social e a resultante deterioração metropolitana. Sugere novas formas de atuação. Palavras-chave : desenvolvimento; cidade, planejamento urbano, desenvolvimento social Abstract : this paper focuses on the imbalance between economic and social development in urban Brazil. Keywords : development, urban planning, sustainability, Brazil. Apresentação : Este texto se origina de uma palestra proferida pela autora durante o III Congresso em Desenvolvimento Social: (Des)Igualdades Sociais e Desenvolvimento, organizado pela UNIMONTES em Montes Claros, entre 30 de maio a 01 de junho de 2012. Sua intenção foi estimular o estudante de ciências sociais a ir além dos diagnósticos e das denúncias e tornar-se propositivo, elaborando propostas sobre o que fazer para reverter o quadro de desigualdades sociais e de degradação ambiental metropolitana em nosso país. A sociologia tem se atribuído o papel de criticar (“desencantar”, segundo Bourdieu), pouco o de propor. Desvendar estruturas ocultas de dominação, encorajar revoltas e revoluções tem sido o foco sociológico mais caro, não o ramerrão daquilo que é considerado gestão. Quando a sociologia se debruça sobre a atuação, tende a fazê-lo de forma normativista, moral, em termos do que deve ser e da distância entre o que é e aquilo que deve ser. Convidada aqui a falar sobre desenvolvimento e desigualdades no ambiente urbano, tento um recado diferente, inspirada em Ermínia Maricato e em Cristóvam Buarque: o que fazer, eis a questão. Gerir é altamente político e pode ser extremamente questionador, inovador e indutor da democracia real. Introdução: Estudos sobre o teor do desenvolvimento brasileiro e seus reflexos sobre o bem- estar social e ambiental tem pontos bem conhecidos e apenas os mencionarei

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ISSN 2238-1627, Ano III, Nº 7, agosto de 2013

Desenvolvimento econômico, desigualdades sociais e ambiente

urbano deteriorado: o que fazer?

Selene Herculano

[email protected]

Resumo: este artigo esboça o quadro de alguns aspectos contrastantes do

desenvolvimento econômico e social do Brasil e mostra o lado contraditório entre

crescimento econômico, desenvolvimento social e a resultante deterioração

metropolitana. Sugere novas formas de atuação.

Palavras-chave: desenvolvimento; cidade, planejamento urbano, desenvolvimento

social

Abstract: this paper focuses on the imbalance between economic and social

development in urban Brazil.

Keywords: development, urban planning, sustainability, Brazil.

Apresentação: Este texto se origina de uma palestra proferida pela autora durante o

III Congresso em Desenvolvimento Social: (Des)Igualdades Sociais e

Desenvolvimento, organizado pela UNIMONTES em Montes Claros, entre 30 de

maio a 01 de junho de 2012. Sua intenção foi estimular o estudante de ciências sociais

a ir além dos diagnósticos e das denúncias e tornar-se propositivo, elaborando

propostas sobre o que fazer para reverter o quadro de desigualdades sociais e de

degradação ambiental metropolitana em nosso país. A sociologia tem se atribuído o

papel de criticar (“desencantar”, segundo Bourdieu), pouco o de propor. Desvendar

estruturas ocultas de dominação, encorajar revoltas e revoluções tem sido o foco

sociológico mais caro, não o ramerrão daquilo que é considerado gestão. Quando a

sociologia se debruça sobre a atuação, tende a fazê-lo de forma normativista, moral,

em termos do que deve ser e da distância entre o que é e aquilo que deve ser.

Convidada aqui a falar sobre desenvolvimento e desigualdades no ambiente urbano,

tento um recado diferente, inspirada em Ermínia Maricato e em Cristóvam Buarque:

o que fazer, eis a questão. Gerir é altamente político e pode ser extremamente

questionador, inovador e indutor da democracia real.

Introdução:

Estudos sobre o teor do desenvolvimento brasileiro e seus reflexos sobre o bem-

estar social e ambiental tem pontos bem conhecidos e apenas os mencionarei

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minimamente, à guisa de introdução, como elementos para melhor entender o tema

em foco, desigualdades e ambiente urbano. São estes:

1. O desenvolvimento brasileiro tem sido formidável.

2. O desenvolvimento brasileiro convive com crianças pobres e miseráveis.

3. O desenvolvimento brasileiro cria favelas e miséria metropolitana.

4. O desenvolvimento brasileiro tem provocado mobilidade social ascendente.

5. O desenvolvimento brasileiro produz degradação ambiental.

1. O desenvolvimento brasileiro tem sido formidável, os economistas assim

o tem afirmado: desde os anos 50 (quando o Presidente JK adotou o lema de

fazer “50 anos em 5”), passando pelo milagre brasileiro do período da ditadura

militar (quando a literatura aponta para um crescimento do PIB da ordem de

11% em 1969 e 14% em 1973) até a retomada do crescimento, no final da década

de 90 para cá. Mas cresceu com desigualdades e com um PIB ultrapassado pelas

dívidas. Como se pode ver na Tabela 1 em anexo, o PIB brasileiro cresceu 17

vezes e o PIB per capita 4,5 vezes entre 1950 e 2009. Este crescimento foi

acompanhado por uma dívida ainda maior: a dívida externa cresceu 354 vezes e

a interna 244 vezes no período.

2. O desenvolvimento brasileiro se caracteriza pelo alto número de crianças

pobres e miseráveis: 77% delas vivem em famílias com até um salário mínimo de

rendimento mensal, como se vê na Tabela 2, anexa.

3. O desenvolvimento brasileiro criou favelas, provocou um processo de

urbanização e metropolização desigual e degradante, caracterizado pela

presença de “aglomerados subnormais” (terminologia do IBGE para favelas). A

tal ponto que são fenômenos quase correlacionados (crescimento econômico e a

presença crescente das favelas). Sua presença e expansão é como que um

indicador (perverso, mas indicador) de dinamismo econômico local (Tabela 3,

anexa).

4. O desenvolvimento brasileiro trouxe mobilidade social ascendente:

formou uma nova classe média, através do surgimento e expansão de uma

tecnocracia da esfera privada e da esfera pública. Os anos militares (1964-1979)

multiplicaram as empresas estatais e viram chegar muitas das empresas

mutinacionais, daí fornecendo mercado de trabalho para jovens recém-

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formados. Décio Saes chegou a se perguntar se esta expansão teria significado

cooptação aos ideais ditatoriais nos anos 70 e concluiu que não. Mas o dinheiro

do FGTS e os esforços do programa habitacional foram dirigidos a ela.

Segundo Saes, durante a fase de consolidação do Estado nacional, até 1870, as

camadas médias tradicionais eram marcadas pelas relações de dependência com as

oligarquias rurais, que formaram um "vasto corpo burocrático civil e militar" (SAES,

1985:42). Mais tarde, após a Constituição de 1891, a idéia de uma democracia de

homens cultos, inspirada por um liberalismo antidemocrático e antipopular, vicejou

entre essas camadas médias tradicionais. A partir da Revolução de Trinta, a formação

de um Estado pós-oligárquico se fez em moldes populistas, com base nas camadas

médias baixas - empregados de escritório, bancários, pequenos funcionários públicos

- além da classe operária. Após 1956, com a passagem a uma etapa monopolista de

industrialização periférica, novas camadas médias surgiram, formadas por gerentes,

economistas, técnicos médios, engenheiros, chefes de serviço das novas empresas

modernas e não estariam mais identificadas com o Estado populista, nem

subordinadas às oligarquias rurais. Por fim, em 1964, grandes proprietários de terras

e a média burguesia industrial deram apoio a uma militarização, que pensavam

provisória, do aparelho de Estado, a fim de barrar a ascensão política das classes

populares. No entanto, o Estado militar estável que surgiu a partir daí não os

favoreceu e sim aos setores monopolistas. Com a expansão deste setor e da máquina

de Estado, as novas camadas médias foram beneficiadas. Na literatura sobre classes

médias estas novas camadas foram também denominadas de "classe profissional

dirigente”, uma classe específica do capital monopolista, definida como

"trabalhadores mentais", cuja função na divisão social do trabalho era definida como

sendo a função de reprodução da cultura capitalista e das relações de classe

capitalistas (EHRENREICH ,1977).

Darcy Ribeiro desenhou o mosaico da estratificação social brasileira com a

seguinte composição:

as classes dominantes, em função de COMANDO, compostas por 5 estratos:

patronato oligárquico (senhorial, parasitário); patronato moderno

(empresarial contratista); patriciado estatal (político, militar, tecnocrático);

patriciado civil (eminências, lideranças, celebridades); estamento gerencial

estrangeiro;

os setores intermediários, dotados de DINAMISMO, compostos por

autônomos (profissionais liberais, pequenos empresários e dependentes

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(funcionários, empregados) e que, segundo estudos do IPEA em 2002 pagava

62% do IR nacional;

as classes subalternas, COMBATIVAS, formadas pelo campesinato

(assalariados rurais, parceiros, minifundistas) e pelo operariado (fabril e de

serviços);

as classes oprimidas, MARGINAIS: trabalhadores estacionais, recoletores,

volantes, camelôs, biscateiros etc. (RIBEIRO, 1995: 211)

Em resumo, o desenvolvimento brasileiro provocou mobilidade social

ascendente, que beneficiou as novas camadas médias metropolitanas da tecnocracia

estatal e empresarial, o que, por sua vez estimulou a mobilidade geográfica de

componentes das classes subalternas e oprimidas, com os fenômenos migratórios do

campo para a cidade, das pequenas cidades para as metrópoles. Mas tais migrações

não explicam sozinhas o crescimento das favelas, que ocorreu pelo crescimento

vegetativo da pobreza metropolitana.

5- O desenvolvimento tem provocado degradação ambiental: não é preciso nos

alongarmos sobre dados a respeito da realidade, sobejamente conhecida a olho nu,

do desmatamento, poluição hídrica, expansão urbana sem saneamento,

assoreamento de rios, vazadouros de lixo a céu aberto, valas negras, descarte

aleatório de dejetos industriais venenosos etc. O que merece destaque é que essas

ocorrências começaram, a partir dos anos 90, a ser objeto de uma reflexão crítica das

ciências sociais, dos movimentos sociais e do terceiro setor sob um novo conceito e

uma nova bandeira, a da luta por justiça ambiental, uma reflexão que junta a

temática ambiental ao tema da pobreza e das vulnerabilidades sociais. Segundo

Bullard,

“Justiça Ambiental é o conjunto de princípios que asseguram que

nenhum grupo de pessoas, sejam grupos étnicos, raciais ou de classe,

suporte uma parcela desproporcional das conseqüências ambientais

negativas de operações econômicas, de políticas e programas federais,

estaduais e locais, bem como resultantes da ausência ou omissão de tais

políticas” É ainda “a busca do tratamento justo e do envolvimento

significativo de todas as pessoas, independentemente de sua raça, cor,

origem ou renda no que diz respeito à elaboração, desenvolvimento,

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implementação e reforço de políticas, leis e regulamentações

ambientais”1

No Brasil, criou-se em 2001 a Rede Brasileira de Justiça Ambiental – RBJA e o

GT contra o Racismo Ambiental.

O que fazer?

Finda esta introdução um tanto longa, fica a pergunta: o que trago aqui?

Diagnósticos e denúncias estão feitos, são importantes, mas não bastam. É preciso

gerir mudanças.

Ermínia Maricato (2002) escreveu sobre a nossa tragédia urbana e sobre a perenidade

do arcaico no Brasil: contrastando com o pensamento do senso comum de que

haveria um Brasil arcaico, rural, em contraste com um Brasil moderno e urbano (a

conhecida tese da dualidade). Maricato afirmou que o processo de urbanização no

Brasil não superou o Brasil arcaico, mas o recriou e recria. A pobreza nacional

emerge nas periferias metropolitanas e não há políticas urbanas para ela. Se houve

melhoras sociais - diminuição da taxa de natalidade, queda da mortalidade infantil e

aumento da expectativa de vida - isso se deveu a políticas públicas de saúde, não foi

por causa da urbanização. As favelas metropolitanas, define Maricato, são quase

guetos, verdadeiras “bombas sociológicas” onde permanecem “pessoas ociosas,

exiladas em periferias urbanas pelo alto custo e baixa qualidade dos transportes”:

“Concentração territorial homogeneamente pobre, ociosidade, ausência de

atividades culturais e esportivas, ausência de regulação social e ambiental,

precariedade urbanística, mobilidade restrita ao bairro e, além dessas

características todas, o desemprego crescente que, entre outras consequências,

tende a desorganizar núcleos familiares e enfraquecer a autoridade dos pais,

essa é a fórmula das bombas socioecológicas” (MARICATO, 2002: 36).

Nossa urbanização é uma “máquina de produzir favelas” e de agressão

ao meio ambiente, onde se admite a invasão, mas não o direito à cidade. Boa parte

das cidades é feita de forma ilegal, sem a participação dos governos, sem recursos

técnicos e financeiros significativos. Além das questões estruturais bem sabidas,

Maricato elencou ainda outras causas para a nossa tragédia urbana, das quais

1 ACSELRAD, Henri et al (orgs.). Conflitos Ambientais e Cidadania. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2004;

HERCULANO, Selene & PACHECO, Tania. Racismo Ambiental. Rio de Janeiro: FASE, 2006.

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salientamos as seguintes: estudos acadêmicos teóricos, críticos e de resistência, mas

raramente propositivos, distanciados das tarefas práticas; ensino magistral, livresco

e dogmático; tradição livresca e retórica da máquina pública brasileira, com distância

entre discurso e prática, inspiração exógena e cultura usada como berloque; número

exagerado de funcionários de gabinete e número insuficiente de funcionários

operacionais, com a máquina de estado desempenhando um papel de absorvedor de

mão de obra ociosa de classe média; fiscais desaparelhados, em pequeno número,

mal pagos, de baixa escolaridade, sujeitos à corrupção frequente; paralisia

propositiva. (MARICATO 2002: 48-55)

A concepção de Maricato acerca da presença e atualidade do nosso arcaísmo

converge com a crítica de Cristóvam Buarque, para quem o desenvolvimento

brasileiro se reduziu a:

Uma modernidade técnica construída a partir da desigualdade, do

endividamento, do privilégio das elites, da exclusão social, do extermínio dos

índios, uma modernidade construída pela engenharia dos ministros e

tecnocratas e pelo empresariado selvagem, que domina a natureza, faz as UHE

de Itaipu e Sobradinho, mas não é capaz de dar comida e escola às suas crianças

(BUARQUE, 1991: 20).

Maricato é propositiva (não sem razão foi uma das fundadoras do Ministério

das Cidades): além de apontar medidas do que fazer (presença do Estado nos bairros

ilegais, formação de quadros, aperfeiçoamento e democratização das informações),

ela aponta para a necessidade de adoção de dois procedimentos muito importantes e

que ainda não foram suficientemente objetivados:

Usar a bacia hidrográfica como referência para o planejamento e gestão:

os aspectos naturais foram negligenciados pelo urbanismo moderno

tradicional e pelo enfoque econômico abstrato. Hoje se impõem, não só

pela presença do pensamento e movimento ambientalista, mas pela

radicalização dos desastres ambientais, bem como da percepção da água

como uma riqueza vital e escassa.

Produzir um programa especial para as regiões metropolitanas: 80% dos

moradores de favelas estão em áreas metropolitanas, mas não há política

institucional para as metrópoles (p. 78) e tudo fica a critério do

voluntarismo dos municípios em se organizarem. Maricato foi taxativa:

“as metrópoles brasileiras deveriam merecer um programa habitacional e

urbano específico da instância federal”. (MARICATO, 2002: 79).

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Cristóvam Buarque também procurou ir além da denúncia e do diagnóstico dos

nossos erros e elencou ainda nos anos 90 um conjunto de 10 prioridades que

“mudariam o Brasil”:

um país sem fome; todas as crianças na escola e sociedade culta; população com

saúde; Estado eficiente e sem corrupção; instituições democráticas; sociedade

sem violência; todos com habitação, saneamento e serviços básicos; meio

ambiente protegido; infra-estrutura eficiente; nação aberta (BUARQUE 1994:

126).

Que passos dar para a realização das 10 prioridades? Destaquemos alguns que

Buarque propôs e que focam as crianças, a cidade, o ambiente e o dinheiro público:

Implantar um sistema de atendimento universal às crianças de baixa

renda em idade pré-escolar. Seria um total de US$ 1 bilhão/ano (menor,

segundo C Buarque, do que os US$ 1,2 bilhão gasto anuamente para

conservar 15 hidrelétricas e termoelétricas inacabadas); implantar bolsas

oficiais para manter crianças pobres nas escolas; implantar horário

integral nas escolas; contratar professores para se obter uma média de 20

alunos/professor. Obrigar universidades a implantar escolas de

aplicação e a ter envolvimento direto no ensino básico. Formular lei de

lesa-escola que reprima atos de vandalismo contra a escola. Utilização

de cursos à distância nos veículos de comunicação e táticas de incentivo

à leitura.

Implantar saneamento básico, água potável e recolhimento e tratamento

do lixo nas cidades.

Desenvolver o PIB verde; substituir o PIB por indicadores de qualidade

de vida. Taxar o uso de recursos não-renováveis. Aplicar pelo menos 5%

dos investimentos do petróleo no abastecimento de água para o

nordeste. Considerar como investimento os gastos com educação e com

saúde.

Limitar a capacidade de endividamento dos governos. Apoiar a criação

de bancos para microfinanciamentos. Substituir a função de vereador

pela de conselheiro municipal sem remuneração; limitar gastos com

publicidade pelos governos. Tornar em crimes hediondos os crimes

contra o erário público. Dar acesso público às informações. Dar

participação direta dos trabalhadores e da sociedade civil na

administração da Previdência.

A lista de Cristóvam Buarque é bem mais extensa e detalhada. Foi escrita em

1994, há 18 anos. Vista em perspectiva, concluímos que algumas das proposições se

tornaram realidade (bolsa-escola, colégios de aplicação das universidades, cursos à

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distância, microfinanciamentos, lei de responsabilidade fiscal, lei do direito à

informação). Outras ainda não: saneamento urbano; PIB verde; tornar hediondos

crimes contra o erário; fim da vereança; controle público do dinheiro da Previdência,

limitar gastos públicos com publicidade ...

Instrumentos

O que procurei trazer de novo para discussão diz respeito a uma procura

recente que faço – em estágio ainda bem incipiente, devo acrescentar - e que se

inspira na pergunta bem simples e de resposta bem complexa: o que fazer? Que

passos dar para consertar este gap, esta lacuna e esta sinergia perversa entre

desigualdade social, deterioração urbana e degradação ambiental que parecem se

alimentar mutuamente? O que está sendo feito, como, com quais recursos, onde etc?

Tenho procurado dados relativos à efetivação, ao controle de políticas

socioambientais para uma ação corretiva da degradação social, humana e ambiental,

tanto na esfera dos governos quanto na empresarial. O que tenho encontrado é ainda

material muito modesto e um silêncio quase absoluto no quesito dinheiro gasto.

(Conclamo aqui os cientistas sociais a se constituírem em redes sobre esta questão. E

a procurarem dominar a leitura intrincada da contabilidade e seus orçamentos).

Dito de outra forma, procuro ultrapassar a dicotomia que se construiu nos anos

80 e 90 entre um ambientalismo “combativo” (que apontaria as falências estruturais

do sistema capitalista) e um “de resultados (atribuído às iniciativas pontuais,

isoladas, em parceria com o setor privado e vistas entre inócuas e falsas). Naqueles

mesmos anos se criticava a ideologia do discurso da competência, quando Chauí se

preocupou em desnudar a intenção de nossas elites dominantes e dirigentes em

desqualificar e barrar a ascensão política de pessoas de pouca bagagem acadêmica

e/ou de pouca experiência operacional, esgrimindo a argumentação de falta de

competência. Considero que a crítica ao discurso preconceituoso da competência e à

uma atuação buscando resultados, embora procedentes e adequados naquela

conjuntura em que se tentava barrar a ascensão de um operário à presidência, essa

crítica acabou por trazer como efeito correlato a reafirmação nas entrelinhas do

desdém em relação a coisas comezinhas como a gestão. (O que tem se refletido até na

reação dos docentes universitários contra a avaliação de resultados, como se ter

metas a alcançar fosse apenas um sestro pequeno-burguês capitalista).

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Buscando respostas sobre o que fazer, além dos pontos acentuados por

Maricato e por Buarque, acima referidos, proponho a adoção dos seguintes

procedimentos:

A modelagem de cenários futuros

A atuação transsetorial

A modelagem de cenários futuros – ou prospecção de futuros - é uma

metodologia empregada no mundo empresarial e desconhecida ou pelo menos não

utilizada pela esfera pública (apenas alguns estudos de urbanismo a mencionam) e

que consiste, em linhas gerais, em traçar detalhadamente os aspectos de um futuro

péssimo a ser evitado e o de um futuro ideal a ser concretizado. O truque é listar as

variáveis de cada futuro – o péssimo e o ótimo -, decompô-las em aspectos objetivos

e determinar metas (o que fazer, quando, onde, com quais recursos financeiros e de

pessoal e em que intervalo de tempo) a fim de evitar o péssimo e chegar ou pelo

menos se aproximar do desejado. O truque seguinte é reconhecer neste processo a

presença inescapável e legitima dos mais diferentes agentes – empresas, governos em

suas diferentes esferas, terceiro setor, pessoas em suas racionalidades individuais e

suas ações. Todos eles são protagonistas e figurantes tanto do cenário péssimo

quanto do desejado.

Um exemplo da inexistência da utilização da modelagem de cenários futuros

está no Rio de Janeiro: nosso estado se atribuiu a tarefa de se recuperar das décadas

de falta de “desenvolvimento”, de desindustrialização e de “perseguição por

governos federais”. Tornou-se um canteiro de obras na preparação de megaeventos e

de grandes projetos de investimentos e de desenvolvimento em curso (Olimpíadas

em 2016; Complexo Petroquìmico – Comperj em Itaboraí; o Complexo de Açu, em

São João da Barra; o Pré-sal na Bacia de Campos). Alguns desses grandes

investimentos se concentram em Itaguaí (siderurgia, portos, construção do arco

metropolitano), sobre os quais uma orientanda minha da UFF pesquisa. Ela quer

saber como tem sido o planejamento destes projetos de desenvolvimento e se há o

uso da técnica de modelagem de futuros para evitar o ruim, os efeitos “inesperados”

e indesejados do crescimento econômico sobre o local: favelas, poluição,

congestionamento, violência etc.. Até o momento encontrou afirmações soltas e

otimistas sobre como tudo será excelente, mas nada quanto a políticas e práticas

habitacionais, políticas públicas de saúde, ambiental, etc... para responder às

pressões demográficas. Não parece haver preocupação com o que poderá acontecer

de péssimo e como criar cenários futuros desejáveis, com moradia, escola, transporte,

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saúde, conservação ambiental, saneamento etc. Ocorre que os governos são

imediatistas, ficam no horizonte de seus mandatos e são descompromissados com

resultados. As empresas, por sua vez, pensam que suas tarefas se resumem a ter

lucro, fornecer produtos e possibilitar empregos. A responsabilidade social é com o

poder público.

Quanto à atuação transsetorial, ela significaria fazer trabalhar em conjunto

pastas diferentes e que costumam agir como se vivessem em mundos paralelos. Na

questão ambiental isto é bem aparente, com organismos ambientais que se dedicam

ao conservacionismo e cujo único contato com outras áreas – industrial, de energia,

de transporte – se dá apenas no momento do licenciamento, com os atritos que todos

sabemos. Quando alguns ambientalistas acenam com a proposta de

transsetorialidade, são interpretados como se quisessem ganhar hegemonia no jogo

político.

Em artigo que focaliza o Decreto no 2.829/1998, que constituiu a base legal para

o Plano Plurianual – PPA, Garces e Silveira, do Ministério do Planejamento,2

defendem “um choque gerencial na administração pública brasileira”,

transformando o plano em instrumento de gestão, orientando a administração

pública para resultados. Para isso o Decreto “integra plano e orçamentos, fixa os

princípios de gerenciamento dos programas e do plano, cria a figura do gerente de

programa e obriga a avaliação anual de desempenho de todos os programas”.

Resumo a seguir alguns pontos essenciais descritos pelos autores:

A ideia é a de superar a cultura orçamentária e financeira tradicionais no

setor público e fazer a ligação entre o futuro desejado e programado em

dois horizontes, de quatro e de oito anos, ajustando as decisões de curto

prazo da programação orçamentária e financeira. [...] O PPA se baseia na

formulação de programas multissetoriais mais eficazes do que a

programação setorial, típica das organizações departamentalizadas do

setor público [...] e provê o governo de um mapa, os programas, que

norteie todos os meios da administração — recursos humanos,

organizacionais, materiais e de conhecimento — para os fins definidos. O

PPA tem um modelo gerencial, [...] com o objetivo de atribuir

responsabilidades, orientar os esforços das equipes envolvidas na

execução, para a obtenção de resultados, e, por último, assegurar a

2 GARCES, Ariel e SILVERA, José Paulo. Gestão pública orientada para resultados no Brasil.

Revista do Serviço Público Ano 53, número 4, out-dez 2002, pp 53-76

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atualização permanente do plano. A forma encontrada para assegurar a

qualidade do gerenciamento foi a de criar a figura do gerente de

programa, o monitoramento em rede, com o apoio de um sistema de

informações gerenciais, o gerenciamento intensivo dos programas

estratégicos e a avaliação anual de desempenho [...] Na avaliação da

execução, busca-se verificar a adequação e suficiência dos recursos

alocados, a pertinência e eficácia da estratégia de implementação, assim

como os reflexos do modelo gerencial . A alocação estratégica de

recursos estende- se até o gerenciamento intensivo de programas

considerados estratégicos [...] submetidos a uma avaliação

mensal,contida no Relatório de Situação dos Programas Estratégicos.

Assim, o PPA introduz a cultura de avaliação de desempenho, envolve

transparência e monitoramento, tornando disponíveis para a alta direção do governo

as informações de desempenho físico e financeiro das ações de cada programa, seus

resultados e as restrições que enfrenta durante a execução. Exige, portanto, uma

comunicação constante com a sociedade assume um papel de melhoria constante dos

programas e de transformação da gestão.

Garces e Silveira também enfatizam a necessidade de incorporar a noção de

desenvolvimento sustentável no âmbito da gestão pública. “Transformado em

conceito de valor público a partir dos anos 90, vêem-se, em todo o mundo, iniciativas

de incorporar os princípios da Agenda 21 na missão do Estado contemporâneo e na

forma de conceber o desenvolvimento. O planejamento referenciado ao território é a

opção”.

O movimento ambientalista tem exemplos muito propositivos, com um nível de

abrangência bem amplo, mas focadas em diretrizes gerais, políticas. Decompô-las em

passos objetivos a dar – gestão - é a questão. Por exemplo, no lançamento da revista

The Ecologists, o grupo britânico do mesmo nome lançou seu Manifesto em 1971 seu

Blueprint for Survival – com uma análise do estado de coisas e um manual/guia do

que fazer. Um dos pontos centrais era a crítica à economia de fluxos e a proposta de

sua substituição por uma economia de estoques. Com efeito, a economia

contemporânea se faz com base no movimento, no impulso crescente aos fluxos. Se

parar, cai, como acontece com os ciclistas. O dinheiro e as mercadorias tem de girar,

circular com cada vez mais intensidade. A economia de fluxos gera a cultura do

desperdício: exige insumos crescentes, provoca rejeitos crescentes e exige transporte

em ritmo intenso, implicando em gastos energéticos e em poluição: montanhas são

escavadas para a obtenção do minério de ferro, transformado em chapas de aço pelas

aciarias e que vão resultar em carros que produzirão congestionamentos insolúveis

até o ponto de seu uso já ser limitado por leis de rodízio e de proibição total à

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entrada de carros em ruas centrais. Se substituída por uma economia de estoques, a

racionalidade mudaria para a cultura da conservação e do planejamento do

atendimento às demandas. Falar em estoques é falar em tamanho ótimo, em ponto de

equilíbrio entre entrada e saída, entre produção e necessidade. Os passos objetivos a

dar na transformação não seriam em si tecnicamente difíceis. O ponto crucial é como

construir um planejamento democrático e consensual, pois há um aspecto autoritário

atribuído ao planejamento da produção: quem definiria o que é necessário, quanto e

onde? Implicaria em estilo monástico de vida? Em eliminação de empregos?

Diferentes respostas são esboçadas. Uma delas é o socialismo: a economia de

estoque foi uma experiência socialista: haveria uma afinidade eletiva entre

ambientalismo e socialismo, principalmente no seu veio anarquista, com ênfase no

local e na liberdade do indivíduo. Outra opção apontada como tendência é a

imaterialização ou desmaterialização da economia, com ênfase na economia criativa

– produtos culturais, softwares e aplicativos etc. – e a economia do lazer e do

turismo.

Engels escreveu que tempo viria em que o governo sobre os homens seria

substituído pela administração das coisas. E assim, ser combativo foi identificado

com alterar, inverter o sentido ou acabar com o governo dos homens. Minha

provocação aqui é que o foco na gestão com controle de resultados, ou seja, na

administração das coisas, pode também influenciar de forma muito interessante o

governo sobre os homens, ser um exercício de democracia real e trazer a igualdade.

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Anexos:

Tabela 1: Evolução econômico-social do Brasil: alguns dados (1950-2010)

BRASIL 1950 2010

PIB US$ 93,2 bilhões

(equivalente a US$ de 2009)

US$ 1,6 trilhão (2009);

US$ 2 trilhões (2010)

RS 4,143 trilhões (2011)

Cresceu 17 vezes

PIB per capita 1,8 mil (equivalente a US$ de

2009)

8,2 mil (2009);

Cresceu 4,5 vezes

PEA – população economicamente

ativa

17 milhões 99 milhões (2010)

PEA ind. transformação 1,1 milhão 13 milhões (2008)

Inflação 12,41% 2708,17% (em 1993);

-1,44% (em 2009);

Dívida externa 559 milhões (equivalente a

US$ de 2009)

198,2 bilhões (2009) Cresceu

354 vezes

Dívida interna 3,7% do PIB = 3,448 bilhões

equivalentes a US$ de 2009

52% do PIB = 832 bilhões de

US$ de 2009

Cresceu 244 vezes

População total 45 milhões 192 milhões

Cresceu 4 vezes

Crianças matriculadas 10,54% 94,49% (2008)

Fecundidade 6,2 filhos/mulher 1,8 (2010)

Expectativa de vida 46 anos 73 em 2009

Mortalidade infantil 118,1 /1000 21,6/1000 (2010)

Analfabetos adultos 51,6% 9,1% em 2008

Concluíram ensino superior 7,1 mil pessoas 800,3 mil em 2008

Bens duráveis - geladeira 1,6 milhão dentre 13,5

milhões de domicílios

53 milhões de 57,6 milhões

de domicílios em 2008

Bens duráveis - TV 621,9 mil dentre 13,5 milhões

de domicílios

54,8 milhões dentre 57,6

milhões de domicílios em

2008

Fonte: Veja.abril.com.br/multimídia/infográficos/economia-brasileira

Tabela 2. Situação das crianças de 5 a 14 anos por rendimento nominal mensal

domiciliar (2010) em salários mínimos (S.m.): 5 a 5 a 6 anos 7 a 7 a 9 anos 10 10 a 14 anos Total % %

BRASIL 5.820.354

9.132.741

17.142.041

32.095.136

100 100

Até Até 1/ 4 sm 8.498.298

26 26

Maisde ¼ a 1 sm

sm

16.373.360

51 77

Mais de 1 a 3 sm 4.848.598

15 92

Fonte: Tabela 1.5.6. Resultados Preliminares do Censo Demográfico de 2010 – IBGE

ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Resultados_do_Universo/

Resultados_preliminares_sobre_Rendimentos/tabelas_pdf/tab1_5_6.

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Tabela 3. População total e população em aglomerados subnormais (ASN),

número de ASN (em 2010) E PIB (2009, em mil Reais), em algumas cidades

brasileiras Cidades PIB local ASN População

total local

População

em ASN

Pop em

ASN/POP

São Paulo 389.317.167 1020 11.253.503 1.280.400 11,38

Rio de Janeiro 175.739.349 763 6.320.446 1.393.314 22,04

Macaé (RJ) 7.057.282 12 206.728 36.233 17,53

Montes Claros (MG) 3.815.101 14 361.915 15.607 4,3

Fonte: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?

Referências:

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modernidade ética.São Paulo: Paz e terra, 1994

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orientada para resultados no Brasil. Revista do Serviço Público Ano 53, número 4,

out-dez 2002, pp 53-76

HERCULANO, Selene. Em busca da boa sociedade. Niterói:Eduff, 2006.

MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades – alternativas para a crise urbana

Petrópolis: Vozes, 2002 (2ª Ed.).

RIBEIRO, Darcy Ribeiro. O Povo Brasileiro - a formação e o sentido do Brasil. São

Paulo, Companhia das Letras, 1995.

SAES, Décio. Classe Média e Sistema Político no Brasil. São Paulo, T.A.Queiroz

Editor, 1984

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