desenvolvimento e utilizaÇÃo de materiais didÁticos de · de civilizações antigas que...
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1 – Especialização em Ciências Biológicas, Graduação em Ciências Biológicas, Professora da
Escola Estadual Interventor Manoel Ribas, Santo Antônio do Sudoeste, Paraná.
2 – Doutorado em Geociências; Graduação em Ciências Biológicas; Universidade Estadual do
Oeste do Paraná (Unioeste), Professor Adjunto de Paleontologia e Geologia Geral.
DESENVOLVIMENTO E UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS DE
GEOCIÊNCIAS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
Autor: Elisângela Cristiny Schuster Bandeira1
Orientador: Eliseu Vieira Dias2
Resumo
O presente trabalho relata uma experiência didática utilizando múltiplos
recursos didáticos no Ensino Fundamental de Geociências, com ênfase na
Estrutura Interna da Terra, sendo apresentadas as teorias sobre o interior da
Terra, da Deriva Continental e Tectônica de Placas. Os procedimentos
didáticos são discutidos no contexto da realidade do ensino de Ciências nas
séries finais do Ensino Fundamental nas Escolas Estaduais do Paraná. As
atividades, aplicadas numa Escola Estadual de Santo Antonio do Sudoeste,
consistiram em apresentação de vídeos, construção de modelos
tridimensionais com material reciclado, dinâmicas de grupo, discussões,
laboratório de informática e jogos didáticos. Foram aplicados questionários
prévios (pré-teste) e questionários após as atividades executadas (pós-teste)
para avaliar a eficácia dos procedimentos. Foram verificadas melhorias
estatisticamente significativas na aprendizagem de alguns temas por grupos de
alunos.
Palavras-chave: Metodologia do Ensino; Geociências; Estrutura da Terra;
Materiais e Recursos Didáticos.
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1 Introdução
A evolução do conhecimento científico bem como o avanço da
tecnologia, lançou novos desafios para a educação, principalmente o de inovar
suas ações, das quais o resultado esperado é a eficiência nos processos de
ensino e aprendizagem.
Este estudo contempla o trabalho realizado durante o Programa de
Desenvolvimento da Educação (PDE – 2010) da Secretaria de Estado da
Educação do Paraná (SEED), o qual teve a finalidade de explorar o uso de
diferentes recursos didáticos para abordar o tema: Estrutura do Planeta Terra.
A escolha deste tema ocorreu em virtude da constatação prévia de que
este é um conteúdo abordado na 5ªsérie/6ºano pelas disciplinas de Ciências e
de Geografia, e da forma que vem sendo abordado, torna-se repetitivo e
desinteressante para o aluno. Ao observar este fato e a rotina do Ensino de
Ciências da Escola Estadual Interventor Manoel Ribas em Santo Antonio do
Sudoeste, constatou-se o limitado uso de recursos didáticos na prática
educativa, o que viabilizou a construção do Projeto de Intervenção e da
Unidade Didática Desenvolvimento e Utilização de Materiais Didáticos de
Geociências para o Ensino Fundamental.
2 Objetivos
O objetivo principal proposto para este estudo foi o de possibilitar aos
alunos da 5ª série/6º ano dos Anos Finais do Ensino Fundamental o contato
com diferentes recursos didáticos, como mediadores para a aprendizagem dos
conteúdos relativos à Estrutura do Planeta Terra.
Avaliar a eficácia das estratégias empregadas estimando-se o
conhecimento prévio dos alunos comparando com o conhecimento destes após
as atividades.
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3 Metodologia
A Intervenção Pedagógica visando estimar o conhecimento prévio e o
interesse dos alunos pelo tema “Estrutura do Planeta Terra” e o seu contato
com recursos didáticos nas séries iniciais do Ensino Fundamental, utilizou-se
do método pré e pós-teste.
Antes da abordagem das atividades previstas na Unidade Didática
realizou-se o pré-teste com perguntas relacionadas com o tema e com a forma
de abordagem didática vivenciadas anteriormente pelos alunos.
Em seguida ocorreu a aplicação da Unidade Didática Estrutura do
Planeta Terra, durante a qual se explorou 14 atividades que contemplam
segundo a Diretriz Curricular de Ciências para a Educação Básica do Estado
do Paraná – (DCE, 2008), o Conteúdo Estruturante Matéria e Energia, dentro
do qual se encontram os Conteúdos Básicos Constituição da Matéria, Formas
de Energia, Conversão de Energia, Transmissão de Energia e os Conteúdos
Específicos, Camadas Internas do Planeta Terra, Tectônica de Placas, Deriva
Continental, Terremotos e Vulcanismo.
Após a abordagem das atividades na Unidade Didática realizou-se o
pós-teste do qual se extraiu dados para o estudo.
A metodologia das análises quantitativas do pré e pós-teste estão
descritas no item 6.1
Para as atividades desenvolvidas com os alunos foram empregados
leitura de textos, apresentação de vídeos e fotografias, TV Multimídia,
laboratório de informática, jogos didáticos, dinâmica de grupo e simulações.
4 Fundamentação Teórica
As evoluções do conhecimento científico bem como o avanço da
tecnologia, lançou para a educação um novo desafio, o de inovar suas ações,
das quais o resultado esperado é a eficiência no ensino e aprendizagem.
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A Ciência está presente em quase tudo que nos cerca, no laboratório
que fabrica remédios para curar doenças, na rua, no celular, nos alimento
sejam eles transgênicos, ou não na bomba atômica, no atentado de 11 de
setembro de 2001, na televisão, no computador, dentre outros utensílios que
utilizamos para tornar nossas tarefas diárias rápidas e prazerosas. Esta rápida
reflexão deixa claro que o conhecimento científico detido por alguns tanto pode
ser utilizado para melhorar a qualidade de vida das pessoas como para
submetê-las a atos de crueldade. Segundo Nardi (2009), a Ciência e a
Tecnologia constituem realidades muito presentes na vida humana, ou seja,
qualquer aparelho eletrodoméstico reúne, em si, conhecimento científico
articulado a soluções técnicas, desta forma, Ciências e Técnica mudaram a
“cara do mundo” alterando o espaço, o contexto, a paisagem e as relações
humanas.
Diante deste cenário de inovações, observa-se que o Ensino de
Ciências, através do qual o aluno tem oportunidade de compreender as etapas
da construção do conhecimento científico necessita de uma atenção ainda
maior, visto que quando se aprende Ciências nosso aluno, aprimora seu
espírito crítico e torna-se capaz de fazer juízos sobre benefícios e riscos das
práticas científicas e tecnológicas.
Desta constatação surge um questionamento intrigante, até mesmo
irônico, ao lado de tamanho avanço da tecnologia e dos conceitos científicos,
assistimos a uma crise na educação, que se agrava quando se observa o
Ensino de Ciências. Isso nos remete a repensar o papel da educação científica
como agente cultural.
Analisando por este aspecto, o objetivo da educação é preparar o futuro
cidadão para compreender de forma mais ampla os significados da Ciência,
das suas limitações e do seu potencial de ação sobre a sociedade. Dentro
deste ponto de vista, a alfabetização científica tornou-se uma necessidade
(NATIONAL RESERCH COUNCIL, 1996 apud CACHAPUZ et. al. 2005, p. 20).
O Ensino de Ciências à medida que avançamos pelo século XXI sofreu
mudanças, em função do enriquecimento dos materiais didáticos, das
metodologias, da modernização dos currículos e estratégias de ensino. Aliadas
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a estas inovações as pesquisas psicodidáticas auxiliam na compreensão dos
processos cognitivos, e de como se dá o processo ensino e aprendizagem.
Entretanto, esses avanços não nos conduzem, necessariamente, para
uma melhoria significativa no Ensino de Ciências. Para constatar esta triste
realidade basta observarmos os altos índices de evasão, repetência
desempenho em testes que avaliam o conhecimento científico e mesmo a fala
do nosso aluno, que expressa sem medo que os conteúdos estudados em
Ciências não despertam o seu interesse.
Ao centro desta turbulência pela qual passa o Ensino de Ciências está o
professor, que não pode mais ter a visão de que o aluno que se acomoda à sua
frente na sala de aula, não possua uma grande quantidade de saberes que
chegaram até ele pelas mais variadas formas, desde uma notícia nos
telejornais, nas redes de relacionamento da internet, nos jogos e brincadeiras
que fazem parte da sua rotina diária.
Perante o fato, de que a escola não é mais o único lugar que o aluno
adquire conhecimento e forma suas atitudes de cidadão ético e responsável,
cabe à escola e mais especificamente ao Ensino de Ciências, fornecer meios
para acomodar o conhecimento que já possui, bem como propiciar uma
mudança conceitual de maneira que o aluno assimile e compreenda os
conhecimentos científicos envolvidos no Ensino de Ciências.
Autores como Nardi (2009) e Pozo (2009), refletindo sobre o ensino e
aprendizagem dos conceitos científicos, defendem como atitude preponderante
o uso de recursos e estratégias metodológicas variadas, analisando quais
melhor se adaptam ao conteúdo que se pretende explorar. Além deste
pluralismo metodológico sugere-se a construção de unidades didáticas que
contemplem atividades que promovam a abordagem dos conteúdos
conceituais, atitudinais e procedimentais aliados ao uso de novas tecnologias.
Com o intuito de proporcionar aos alunos práticas educativas que os
levem a uma efetiva aprendizagem elaborou se o projeto de intervenção e a
unidade didática, Desenvolvimento e utilização de materiais didáticos de
Geociências para o Ensino Fundamental, os quais foram trabalhados nas
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5ªséries/6º anos da Escola Estadual Interventor Manoel Ribas, localizada no
Município de Santo Antonio do Sudoeste, Paraná.
4.1 A importância do estudo do Planeta Terra no ensino fundamental
A pujante necessidade de abordar a Geociência nas séries finais do
ensino fundamental traz consigo a justificativa da análise das projeções do
crescimento populacional, bem como a complexa rede que surge com este
crescimento. Há projeções que indicam que no ano 2050 o planeta Terra terá
aproximadamente 10 bilhões de habitantes. Somente este fato já é suficiente
para se deduzir que o conhecimento das Geociências é de fato primordial. As
atividades humanas que influenciam o ambiente demandam questões
ambientais, pois é lógico mais pessoas mais alimento, mais gasto de água,
mais espaço geográfico será ocupado, mais lixo será gerado, entre outros
aspectos que surgem da atividade humana.
Esta proposta tem como pano de fundo trazer para a sala de aula o
mundo real. Inúmeros são os argumentos para se trabalhar com esta
perspectiva, tornando esta tarefa eficiente, pois oferece aos alunos a noção de
que este pertence ao lugar onde vive. Esta tarefa propicia a compreensão
básica do funcionamento do planeta e lança as bases do efetivo exercício da
cidadania, que envolvem avaliação e julgamento das atividades humanas que
ocorrem em virtude da ocupação e uso do ambiente.
Não podemos negar aos nossos alunos o acesso aos conhecimentos
indicativos de que nosso planeta passou por processos de transformações para
evoluir e que ainda hoje ocorrem fenômenos que a o transformam.
A ideia de que o ser humano fez e faz parte dos processos de
transformações que ocorreram na Terra nos remete a ter sempre em mente as
ações do processo ensino-aprendizagem das Geociências, evidenciando, que
todo conhecimento deve ser contextualizado para ser pertinente. Segundo
Morin, 2007 “Quem somos?” é inseparável de “Onde estamos”, “De onde
Viemos?”, “Para onde vamos?”
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A questão para onde vamos exerce enorme fascínio e sensibilidade
sobre os jovens que se encontram nas séries finais do ensino fundamental,
devido a estes se encontrarem no período em que logo estarão na idade de
transmitir a vida.
4.2 O Conhecimento da Estrutura Interna do Planeta Terra
Desvendar o interior do planeta a tempos instiga a imaginação e a
inteligência do homem. Esta intenção encontra-se registrada em documentos
de civilizações antigas que demonstram as hipóteses levantadas de como seria
o interior da Terra, sendo que estas primeiras ideias continham reflexões de
natureza místicas e religiosas sobre a Estrutura Interna do Planeta Terra
(Teixeira, 2009).
Aristóteles (384 –322 a.C.) foi o primeiro a apresentar uma descrição
para o fato de ocorrer terremotos. Segundo sua interpretação o centro do
planeta era formado por uma grande fogueira, a qual se localizava debaixo da
superfície terrestre, e em alguns períodos, era soprada pelo vento, que
segundo ele provocava vulcões e terremotos.
Os ventos atmosféricos puxados para o interior da Terra produziam
fogos e se movimentam através das cavidades subterrâneas
enquanto tentavam escapar. Esse ar subterrâneo em movimento era
a causa dos terremotos e erupções ocasionais.
(Wicander,2009,p.185).
Descartes no transcorrer do século XVII declarava que a Terra era
formada por várias camadas com características que as diferenciavam,
chegando a igualar o núcleo ao sol. Várias hipóteses eram defendidas nesta
época entre elas a de que a Terra era inteiramente sólida e fria, além da que
acreditava na existência de um núcleo central composto por fogo, o qual
alimentava a erupção dos vulcões.
Em meados do século XIX Charles Lyell, em seus escritos teorizou que
a crosta terrestre seria constituída por camadas de diferentes idades,
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colaborando para a formação do conceito de que a Terra formou-se ao longo
do tempo, passando por mudanças graduais e lentas e, não como resultado de
catástrofes como ditavam os religiosos e alguns estudiosos das ciências.
O escritor francês Jules Verne, em 1864 representou em “Jornada para
o Centro da Terra”, um mundo subterrâneo cheio de serpentes marinhas
gigantes e outras criaturas grotescas. Inspirado nos relatos de Jules Verne se
produziu recentemente o filme Viagem ao Centro da Terra, o qual demonstra o
fascínio pelo exato conhecimento do interior de nosso planeta.
No entanto, o que se tem conhecimento hoje, sobre o interior do planeta
está muito longe da fantástica história relatada em livros e mostrada no cinema.
O conhecimento sobre o interior da Terra define que ele é constituído
por rochas e metais, gradualmente mais densos à medida que a profundidade
aumenta estando estes sujeitos a altíssimas temperaturas e pressões. Este
conhecimento da estrutura interna da Terra foi elaborado através do estudo das
variações na velocidade de propagação das ondas sísmicas. Estas ondas
tendem a se propagar com a mesma velocidade quando ultrapassam regiões
mais ou menos homogêneas, tornando-se por outro lado mais lenta ou mais
rápida quando atravessam materiais de composição diferentes.
Através da análise dos dados coletados nas estações sismográficas
instaladas em várias partes do planeta, os cientistas conseguiram fazer
estimativas sobre a densidade, temperatura, composição, estrutura e o estado
físico das diferentes camadas que constituem o interior da Terra.
Hoje sabe-se com certo grau de certeza que a Terra possui não só,
núcleo, manto e crosta, mas estes estão sendo detalhados e seus limites
conhecidos com certa precisão.
Na atualidade o conhecimento do Planeta Terra tem sido aprofundado
em função do desenvolvimento de tecnologias de grande precisão tais como
imagens de satélite e sismógrafos computadorizados, dentre outras.
Estas novidades mostram com mais certeza como está estruturada a
Terra, as diferentes densidades encontradas, as diferentes temperaturas e a
movimentação do interior da Terra, causando, por exemplo, a Deriva dos
Continentes.
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Conduzir os alunos à compreensão tanto da estrutura interna como os
métodos utilizados pelos cientistas para investigar o interior da Terra,
desenvolve a prática de causa e efeito mais distante do seu cotidiano temporal
e espacial, exercitando assim a explicação de fenômenos com variadas causas
de modo que gradualmente o aluno constrói um raciocínio completo e
sistemático da Estrutura do Planeta Terra.
4.3 Realidade do ensino de Ciências nas séries finais do ensino
fundamental nas escolas estaduais do Paraná
As escolas da rede estadual do Paraná vivenciaram desde o início do
século XXI, a implantação de vários recursos tecnológicos e mudanças nos
planos curriculares que as levou a um nível de destaque no cenário
educacional do país, que em sua maior parte padece da falta de recursos
básicos.
Destacando o Ensino de Ciências as novas tecnologias, a formação
continuada dos professores e a elaboração da Diretriz Curricular Estadual
proporcionaram uma ação reflexiva sobre nossa prática educativa que sem
dúvida foi enriquecida e, consequentemente, melhorada.
A elaboração da DCE de Ciências teve como base a história e a filosofia
das Ciências, levando-se em conta que esta é uma disciplina elaborada com
conceitos da Biologia, da Física, da Química, da Geologia, da Astronomia entre
outras sendo que este escrito baseia-se, na perspectiva pedagógica que pode
se estabelecer a integração dos conceitos e a interdisciplinaridade (DCE, 2008,
p. 40).
Esta nova visão disciplinar do ensino de Ciências, nos remete a refletir
sobre o que estamos ensinando, como o fazemos e o que se está construindo
com o ensino, ou seja, o que os alunos estão aprendendo. Estabeleceu-se,
assim uma nova identidade para a disciplina de Ciências exigindo que o
professor repense os fundamentos teórico-metodológicos que embasam o
ensino e a aprendizagem, reorganizando os conteúdos científicos a partir da
história da Ciência e da tradição escolar.
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Nesta reformulação curricular foram introduzidos conteúdos
estruturantes cujo significado remete a um conhecimento de grande amplitude
e organizacional da disciplina de fundamental necessidade para a
compreensão do objeto de estudo da Ciência que é o conhecimento científico
que resulta da investigação da natureza. “Do ponto de vista cientifico, entende-
se por Natureza o conjunto de elementos integradores que constitui o Universo
em toda sua complexidade” (DCE, 2008, p. 40).
Da listagem dos conteúdos estruturantes da 5ªsérie/6ºano surge a
abordagem do tema: Estrutura do Planeta Terra que explora a divisão do
planeta em camadas, a tectônica de placas; a deriva continental; o vulcanismo
e os terremotos.
Conforme a bibliografia consultada para a elaboração do projeto de
intervenção e da unidade didática, estes temas fazem parte da Geologia e que
é de suma importância sua abordagem nos anos finais do ensino fundamental,
visto que é nesta fase que os alunos necessitam de estímulo para desenvolver-
se cognitivamente. “As minhas hipóteses indicam que o conhecimento
geológico é tão ou mais importante para o ensino elementar do que para o
secundário” (COMPIANI, 2005, p.15).
Escritores como Compiani (2005) e Morin (2010), justificam sua relevada
importância para o ensino fundamental pela possibilidade de propor aos alunos
uma ampla noção de espaço e tempo, além de desenvolver relações de
causalidades, do argumentar e do narrar histórico, bem como uma visão menos
antropocêntrica da Natureza. Alguns outros autores, como Cachapuz (2005),
Ward (2010) reforçam ainda que esta área do conhecimento propicie o
desenvolvimento de múltiplas habilidades e diversificadas formas de
pensamento para os alunos, por exemplo, a intuição e aprimoramento da
linguagem visual apreciação de formas e estética, raciocínio e representação
espacial, raciocínio de causalidade e narrativa envolvida nos discursos
históricos das Geociências.
Frente a esta perspectiva da importância da Geociência para o Ensino
Fundamental, tornou-se necessário pesquisar e analisar quais os recursos
didáticos que melhor sustentam a aquisição deste conhecimento científico
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pelos alunos da 5ªsérie/6ºano levando em conta a sua especificidade de ser
um conteúdo com a possibilidade de se trabalhar a interdisciplinaridade.
Dentre os variados recursos didáticos se fez necessário também realizar
a análise do livro didático e o uso de novas tecnologias, sendo o livro didático o
que mais requisitou prudência, pois é ele que ainda dá o maior suporte a
prática educativa. Refletindo sobre a abordagem dos temas relativos ao
conteúdo Estrutura do Planeta Terra, observou-se que o livro didático utilizado
na Escola Interventor Manoel Ribas (Santo Antonio do Sudoeste – PR) pode
cumprir a tarefa de auxiliar o professor como um ponto de apoio para a
exploração do conteúdo e a partir de seu texto propor variadas atividades que
contemplem o que se sugere na DCE “Uma prática pedagógica que leve a
integração dos conceitos científicos e valorize o pluralismo metodológico”
(DCE, 2008, p.68). Mesmo que existam poucos e limitados recursos
pedagógicos que auxiliam a melhor aprendizagem destes conteúdos, cabe aos
professores adaptar ou produzir novas formas de abordagem utilizando-se de
criatividade e conhecimento sobre a realidade escolar dos alunos que neste
cenário desempenham o papel principal.
Estas novas e criativas formas de explorar a Geociência podem contar
com o auxilio de várias estratégias que enriquecem a prática docente, como os
recursos pedagógicos/tecnológicos, instrucionais e de espaços de pertinência
pedagógica detalhados na DCE, 2008. Pode-se ainda explorar o uso de
práticas pedagógicas que fazem a abordagem problematizadora, a relação
contextual, interdisciplinaridade, a pesquisa, a leitura científica, a atividade em
grupo, a observação, a atividade experimental os recursos instrucionais o
lúdico, entre outros que se fizerem viáveis.
Espera-se que o uso destes recursos didáticos sejam incorporados ao
processo ensino e aprendizagem dos conteúdos científicos, tornando-os menos
traumatizantes e desmotivadores incutindo-lhes eficiência e prazer, além de
contribuir para a formação de sujeitos autônomos e críticos, capazes de fazer
frente aos problemas socioambientais apresentados pela sociedade moderna.
Para os professores obterem êxito nesta prática que requer análise e
produção de recursos didáticos viáveis para o ensino de Geociências esta não
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deve ser uma tarefa solitária do professor, recordando o aspecto interdisciplinar
que advém do conteúdo Estrutura do Planeta Terra, assim o mesmo precisa
ser habilidoso e perspicaz para desenvolver um trabalho coletivo onde os
resultados serão positivos para toda comunidade escolar.
5 Desenvolvimento
A unidade didática Estrutura do Planeta Terra, faz parte, segundo a
Diretriz Curricular de Ciências do Estado do Paraná (2008), do Conteúdo
Estruturante Matéria e Energia, dentro do qual se encontram os Conteúdos
Básicos Constituição da Matéria, Formas de Energia, Conversão de Energia e
Transmissão de Energia, sendo necessária a abordagem dos conteúdos
específicos, Camadas Internas do Planeta Terra, Tectônica de Placas, Deriva
Continental Terremotos e Vulcanismo, os quais estão inseridos nesta temática
Estrutura do Planeta Terra. São apresentadas a seguir as atividades
planejadas na Unidade Didática e desenvolvidas na escola, durante o período
de Implementação Pedagógica.
Atividade I – “O Miolo da Terra”. Para a abordagem dos conteúdos
referentes ao Interior Planeta Terra, foi desenvolvida a leitura e interpretação
do texto O Miolo da Terra, de Monteiro Lobato, pretendendo-se com este
estudo introduzir o conteúdo, bem como incentivar a curiosidade dos alunos e
possibilitar a aproximação entre o conhecimento alternativo e o conhecimento
científico escolar que se pretende ensinar. Sua avaliação ocorreu pela
observação das interações realizadas quando da leitura, interpretação e
mediação do debate guiado pelo professor.
Atividade II _ “Ilustração esquemática da divisão do planeta em camadas
e texto explicativo”. Esta atividade visou demonstrar o Planeta Terra e a sua
divisão em camadas, acompanhada da respectiva nomenclatura de cada uma
delas, propondo que o aluno compreende-se e identifica-se cada uma das
camadas, bem como as principais características que estas possuem,
possibilitando assim, o aprofundamento do estudo dos conceitos científicos
envolvidos neste tema. Para avaliar esta ação foi verificado se o aluno
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compreendeu os conceitos propostos, através de observações e indagações
realizadas pelo professor.
Atividade III – “Visualizando Camadas do Planeta Terra” No
desenvolvimento desta atividade utilizou-se uma escala para representar as
distâncias e tamanhos de cada uma das camadas que estruturam nosso
planeta. Esta ação teve como objetivos, demonstrar as extensões da divisão
em camadas do Planeta Terra, visualizar de forma concreta esta, além de fazer
a distinção entre elas. Foi possível ainda nesta atividade que o aluno emprega-
se estratégias para organizar o trabalho que foi realizado em grupo. Neste
trabalho foi possível também que o aluno construísse esquemas que
demonstravam a divisão do Planeta Terra em camadas, servindo para ilustrar
as exposições teóricas feitas anteriormente pelo professor, permitindo o
contato visível da teoria que se estava trabalhando abstratamente, bem como
criar situações de investigação e estratégias para a elaboração de conceitos.
Nesta tarefa foi possível avaliar a capacidade de interação entre os
alunos, as dificuldades enfrentadas por eles, a análise da compreensão dos
conceitos através do relatório escrito, bem como o grau de aprendizagem que
os alunos atingiram com o desenvolvimento desta.
Atividade IV – “Tempestade de Ideias”. O desenvolvimento desta
atividade propunha realizar uma diagnose dos conhecimentos dos educandos,
incentivar estes a assumir ideias e posições perante o grupo, adquirir
conhecimentos ou corrigir possíveis distorções, além de respeitar as ideias de
outros colegas e desenvolver o hábito da participação.
Atividade V – “Viagem ao Centro da Terra”. Nesta abordagem contou-se
com o recurso tecnológico da TV multimídia para exibir o vídeo que tinha o
objetivo de compreender o porquê é difícil atingir-se o centro da Terra. Após a
exibição do vídeo se fez reflexões no grupo sobre o porquê é difícil atingir o
centro da Terra, e sobre o fato de que o que se tem de conhecimento do
interior do Planeta Terra são frutos de estudos das variações na velocidade da
propagação das ondas sísmicas e da análise de dados coletados nas estações
sismográficas instaladas em várias partes do planeta. Citando ainda que os
cientistas continuam fazendo estudos e estimativas sobre a densidade,
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temperatura, composição, estrutura e o estado físico das diferentes camadas
que constituem o interior do Planeta Terra, sendo que para isso utilizam
instrumentos tecnológicos e conhecimentos científicos.
Esta interação torna possível ao professor avaliar individualmente os
alunos, através da solicitação para o aluno expor sua ideia sobre o tema, sendo
que neste momento se tem a possibilidade de avaliar a expressão oral e o seu
conhecimento prévio.
Atividade VI – “Apresentação sobre Placas Tectônicas” O conteúdo
específico, Placas Tectônicas foi explorado utilizando uma apresentação
multimídia, iniciando-se com um slide composto por um mapa que representa
os limites das Placas Tectônicas, seguido da leitura e interpretação de um
pequeno texto explicativo, elaborado pela professora, sendo que estes
continham a intenção de identificar, localizar e visualizar no mapa os limites
das Placas Tectônicas.
Dispor desta estratégia metodológica trouxe ao estudo a vantagem de o
aluno poder visualizar nas imagens dos mapas os limites das Placas
Tectônicas e de localizar em qual destas o Brasil se encontra. Esta abordagem
pode ser avaliada através da observação do interesse e empenho do aluno
durante a exposição das imagens e do texto explicativo contidos na atividade
desenvolvida.
Atividade VII e VIII – Modelo e apresentação multimídia: O que é um
Terremoto? Na abordagem do conteúdo específico Terremoto se fez a
construção de um Modelo de um Terremoto (Maquete), no qual se utilizou
materiais recicláveis, através do qual, os alunos tiveram a possibilidade de
simular os movimentos das Placas Tectônicas e a ocorrência de Terremotos e
a formação de Tsunamis. Neste momento do ensino e aprendizagem surgiu a
necessidade de se explorar o conhecimento do que é um Terremoto, para tal
se fez a aplicação da atividade que aborda o tema através de um slide. Como o
tema “O que é um Terremoto?” Desenvolver estas estratégias metodológicas
tinha como objetivo incentivar o aluno a praticar habilidades variadas para
construir o modelo da crosta e do manto bem como simular a movimentação
das Placas Tectônicas, avaliando os seus efeitos e consequências, relatando
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as observações e relacionando-as com os conceitos estudados sobre o tema.
Esta tarefa foi avaliada realizando-se a análise das ideias expostas pelos
alunos ao fazerem o relato escrito das observações proporcionadas pelo
modelo construído e pela exibição do slide e dos vídeos.
Atividade IX – “Apresentação multimídia e vídeos sobre Vulcões”. A
ocorrência de “Vulcões” foi abordada com a utilização de um slide, o qual
expõem pequenos textos e um vídeo ao final o qual explicam o que são e onde
são maiores as chances de ocorrem “Vulcões”, através do qual foi possível
explorar o tema, conhecer como se forma os vulcões e diferenciar magma de
lava. Usar este recurso didático tornou fácil a compreensão deste tema, pois a
visualização de imagens colabora para que isto ocorra de forma eficiente. A
avaliação desta se dá pela atenção e interesse do aluno a respeito do tema
estudado.
Atividade X – “Laboratório de Informática e Uso de Simulações” Para
expor a “Teoria da Deriva Continental” utilizou-se o laboratório de informática
da escola onde os alunos fizeram uso da internet em duplas para acessar o site
do IBGE no qual trabalharam com a ferramenta de simulação, que representa
como ocorreu a Deriva Continental ao longo do tempo, sendo que o objetivo
aqui proposto era o de demonstrar o processo de separação dos Continentes e
compreender como se deu a atual disposição destes.
Esta ação educativa tornou possível para o aluno o contato com uma
nova metodologia de ensino pautada no uso do computador e do acesso a
internet, o que torna o ensino diversificado, pelo contato visual proporcionado
pelo recurso da simulação.
Atividade XI – Vídeo Provocativo “A Era do Gelo 4 Deriva Continental”
disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=ioaEKnSp4TU. Esta atividade
contribuiu para a compreensão dos processos de transformação pelos quais os
continentes do planeta Terra passaram, bem como incentivar o espírito crítico
dos alunos para perceberem os erros e distorções tanto de escala como
conceituais, permitindo aos alunos perceberem que a Deriva continental,
ocasiona a separação das espécies entre os continentes que se formam e
aproxima espécies quando os continentes se unem.
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Atividades XII e XIII – Jogos Didáticos “Bingo” e “Alfamist”. Estas
estratégias foram utilizadas com o objetivo de fixar os conceitos e efetivar o
ensino e aprendizagem da Unidade Didática Estrutura do Planeta Terra
Atividade XV – “Vamos pesquisar” A aplicação destas atividades
contribuíram para facilitar a compreensão e assimilação dos conteúdos, bem
como atingir os objetivos propostos, de fixar através da leitura e escrita, os
conceitos relacionados ao tema Estrutura do Planeta Terra, trabalhar com a
existência de regras estabelecidas pelo professor, desenvolver o espírito de
cooperação, além de perceber que existem fontes diversificadas para se
pesquisar e se promover a construção de conhecimentos científicos.
As estratégias metodológicas usadas nas atividades XII, XIII e XV
viabilizam para o professor formas alternativas de avaliar o conhecimento
construído pelo aluno, sendo possível identificar na prática a utilização por
parte dos alunos de procedimentos que se classificam em atitudinais,
conceituais e procedimentais, traduzidos em saber sobre, saber fazer e ser.
Durante a Intervenção Pedagógica, ocorreram alguns fatos relevantes os
quais contribuíram para o resultado final deste estudo, sendo viável citar que as
turmas em que se desenvolveram as atividades previstas na Unidade Didática
eram numerosas, agitadas e com muitos problemas de indisciplina e
aprendizagem em virtude dos alunos destas pertencerem a classes
econômicas menos favorecidas e encontrarem-se no período de transição
série/ano ocorrido nesta época o que ocasionou uma grande demanda de
alunos que não atingiram níveis satisfatórios de aprendizagem, mas em
decorrência desta transição foram encaminhados pela rede municipal de
ensino da cidade de Santo Antonio do Sudoeste, para a 5ªsérie/6º ano da
Escola Estadual Interventor Manoel Ribas.
6 Análises Quantitativas do Pré e Pós-Teste
6.1 Metodologia
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Foi elaborado um questionário contemplando as seguintes perguntas: 1 -
Você tem curiosidade de saber o que há no interior do nosso Planeta? 2 - Você
sabe como os cientistas descobriram o que há no interior da Terra? 3 - Você
tem conhecimento como se formam os vulcões? 4 - Se perguntasse à você
como porque ocorre um terremoto, você saberia explicar? 5 - Durante seus
estudos você já ouviu falar sobre Placas Tectônicas? 6 - Alguma vez você já
estudou sobre a Deriva Continental? Por fim, a uma pergunta (7) referia-se aos
materiais didáticos com os quais os alunos tinham tido contato prévio com o
tema, desta forma, listou-se: livro didático, música, pesquisa, brincadeiras,
construção de maquetes, mapas, vídeos, revistas, passeios, jogos educativos,
filmes, globo terrestre, computador e histórias em quadrinhos, sendo que o
aluno poderia marcar mais de uma alternativa. Além das perguntas referentes
ao conteúdo específico o questionário solicitava identificação de sexo, idade e
período que frequenta a escola. Para aplicação dos questionários, os alunos
foram divididos em quatro grupos.
Os dados referentes às questões do instrumento de avaliação
(questionário) foram tabulados em planilhas do programa Microsoft Excel® e
posteriormente calculadas as frequências absolutas e relativas percentuais das
categorias de resposta em função do período da intervenção (Pré e Pós
Intervenção) e os grupos de intervenção (A, B, C e D).
As frequências das categorias afirmativas (Sim) foram comparadas entre
os períodos Pré e Pós intervenção em cada um dos grupos por meio do teste
de Qui Quadrado com bondade de ajuste, testando-se a hipótese nula de
igualdade de distribuição de frequências das afirmativas em cada uma das
questões nos respectivos grupos.
Foi também verificada a diferença das frequências das respostas
afirmativas entre os períodos pré e pós intervenção em cada um dos grupos (%
Pós - % Pré).
Em todos os testes foi utilizado o nível de significância de 0,05.
6.2 Resultados
18
Grupo A - Ao comparar as frequências das categorias afirmativas das
questões aplicadas no grupo A, foi possível verificar que houve diferenças
estatísticas significativas nas questões 2 (“Você sabe como os cientistas
descobriram o que há no interior da Terra?”) e 6 (“Alguma vez você já estudou
sobre a Deriva Continental?”) (p<0,05) (fig. 1). Além dessas questões, na
questão referente às séries anteriores, em que se questiona quais materiais
didáticos foram utilizados para ensinar, verificou-se que diferenças estatísticas
significativas ocorreram apenas no uso de Música, Brincadeiras, Jogos
Educativos e Maquetes (p<0,05), sendo que apenas nesta última categoria
observa-se uma redução da frequência no período pós-teste (fig. 2). Esta
redução significativa especialmente nos itens “Jogos Didáticos e Maquetes”
parece ser contraditório, uma vez que acabaram de desenvolver atividades
neste sentido e pode demonstrar que alguns alunos não sabem o significado
destas palavras.
Figura 1 - % de respostas afirmativas nos períodos pré e pós intervenção observadas no grupo
A. Questões 1 a 6.
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Questão 6
% d
e r
esp
ost
as a
firm
ativ
as
Pré Pós
19
Figura 2 - % de respostas afirmativas nos períodos pré e pós intervenção observadas no grupo
A. Questão 7.
Grupo B – Neste grupo, ao comparar as frequências das categorias
afirmativas das questões aplicadas, verificou-se que houve diferenças
estatísticas significativas nas questões 2 (“Você sabe como os cientistas
descobriram o que há no interior da Terra?”), 4 (Se perguntassem à você
porquê ocorre um terremoto, você saberia explicar?”) e 5 (“Durante os seus
estudos já ouviu falar sobre Placas Tectônicas?”), observando-se
significativamente maiores frequências após a intervenção (p<0,05) (fig. 3).
Na questão 7, referente às séries anteriores, em que se questiona quais
materiais didáticos foram utilizados para ensinar, verificou-se que diferenças
estatísticas significativas ocorreram apenas no uso de Revistas, Passeios,
Jogos Educativos e Maquetes (p<0,05), sendo que nas duas primeiras
categorias observam-se reduções das frequências no período pós-intervenção
(fig. 4).
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
% d
e r
esp
ost
as a
firm
ativ
as
Pré Pós
20
Figura 3 - % de respostas afirmativas nos períodos pré e pós intervenção observadas no grupo
B. Questões 1 a 6.
Figura 4 - % de respostas afirmativas nos períodos pré e pós intervenção observadas no grupo
B. Questão 7.
Grupo C - Neste grupo, ao comparar as frequências das categorias
afirmativas das questões aplicadas, verificou-se que houve uma tendência a
diferença estatística na questão 2 (“Você sabe como os cientistas descobriram
o que há no interior da Terra?”) (p<0,10) e houve diferenças significativas entre
as frequências na questão 5 (“Durante os seus estudos já ouviu falar sobre
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Questão 6
% d
e r
esp
ost
as a
firm
ativ
as
Pré Pós
0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0
100,0
% d
e r
esp
ost
as a
firm
ativ
as
Pré Pós
21
Placas Tectônicas?”) (p<0,05), observando-se em ambas as questões que as
frequências foram significativamente maiores após a intervenção (fig. 5).
Além dessas questões, na questão 7 em que se questiona quais
materiais didáticos foram utilizados para ensinar nas séries anteriores,
verificou-se que diferenças estatísticas significativas ocorreram apenas no uso
de Jogos Educativos e Globo (p<0,05), sendo que ambas aumentaram suas
frequências no período após a intervenção (fig. 6).
Figura 5 - % de respostas afirmativas nos períodos pré e pós intervenção observadas no grupo
C. Questões 1 a 6.
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Questão 6
% d
e r
esp
ost
as a
firm
ativ
as
Pré Pós
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
% d
e r
esp
ost
as a
firm
ativ
as
Pré Pós
22
Figura 6 - % de respostas afirmativas nos períodos pré e pós-intervenção observadas no grupo
C. Questão 7.
Grupo D – Neste grupo, ao comparar as frequências das categorias
afirmativas das questões aplicadas, verificou-se que houve diferenças
estatísticas significativas nas questões 2 (“Você sabe como os cientistas
descobriram o que há no interior da Terra?”) e 6 (“Alguma vez você já estudou
sobre a Deriva Continental?”), observando-se significativamente maiores
frequências após a intervenção (p<0,05) (fig. 7).
Na questão 7, referente às séries anteriores, em que se questiona quais
materiais didáticos foram utilizados para ensinar pelos professores, verificou-se
que diferenças estatísticas significativas ocorreram no uso de Brincadeiras,
Vídeos, Passeios, Jogos Educativos e Filmes (p<0,05), sendo que nas
categorias Passeios e Filmes observaram-se reduções das frequências no
período pós-intervenção (fig. 8).
Figura 7 - % de respostas afirmativas nos períodos pré e pós-intervenção observadas no grupo
D. Questões 1 a 6.
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Questão 6
% d
e r
esp
ost
as a
firm
ativ
as
Pré Pós
23
Figura 8 - % de respostas afirmativas nos períodos pré e pós intervenção observadas no grupo
D. Questão 7.
Comparação das questões entre os grupos - Ressalta-se que a
interpretação desta análise deve ser realizada da seguinte maneira: valores
positivos indicam aumento das frequências afirmativas no período pós-
intervenção; valores negativos indicam diminuição das frequências afirmativas
no período pós-intervenção.
Desta maneira, que as questões 2, 4 e 5 apresentam diferenças
estatísticas significativas (p<0,05), sendo que o grupo C apresentou
significativamente as menores diferenças em relação aos demais grupos na
avaliação das questões 2 e 4; e os grupos B e C apresentaram
significativamente as maiores diferenças na avaliação da questão 5. As
questões 1, 3 e 6 não apresentaram diferenças significativas quando os valores
foram comparados entre os grupos (p>0,05) (fig. 9).
0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0
100,0
% d
e r
esp
ost
as a
firm
ativ
as
Pré Pós
24
Figura 9 – Diferenças percentuais das frequências das categorias afirmativas entre os períodos
pós e pré-intervenção.
Na avaliação dos materiais didáticos utilizados em séries anteriores
pelos professores, foi possível verificar que houve diferenças significativas em
todas as categorias avaliadas (p<0,05). Em síntese, foi observado que o livro
didático apresentou aumento na frequência da categoria afirmativa nos grupos
B e C; a música apresentou aumento da frequência no grupo A; as pesquisas
apresentaram aumento nos grupo C e D, e as brincadeiras apresentaram
elevação nos grupos A, B e D (fig.10).
0
5
10
15
20
25
30
35
Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Questão 6
Dif
ere
nça
% e
ntr
e P
ré e
Pó
s
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
Livro didático Música Pesquisas Brincadeiras
Dif
ere
nça
% e
ntr
e P
ré e
Pó
s
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D
25
Figura 10 – Diferenças percentuais das frequências das categorias afirmativas de Livro
Didático, Música, Pesquisas e Brincadeiras entre os períodos pós e pré-intervenção.
Figura 11 – Diferenças percentuais das frequências das categorias afirmativas de Mapas,
Vídeos, Revistas, Passeios e Jogos Educativos entre os períodos pós e pré-intervenção.
Também foi possível observa que houve um aumento significativo das
frequências da categoria afirmativa de Uso de Mapas nos grupos B e D;
aumento da frequência do uso de Vídeos para os grupos C e D; diminuição do
uso de revistas em todos os grupos; diminuição da realização de passeios nos
grupos A, B e D; aumento do uso de jogos educativos significativamente nos
grupos A, B e D (fig. 11).
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
Mapas Vídeos Revistas Passeios Jogos Edu.
Dif
ere
nça
% e
ntr
e P
ré e
Pó
s
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D
26
Figura 12 – Diferenças percentuais das frequências das categorias afirmativas de Filmes,
Globo, Computador, Maquetes e Quadrinhos entre os períodos pós e pré-intervenção.
Por fim, houve a diminuição do uso de Filmes nos grupos B, C e D;
aumento significativo do uso do Globo nos grupos B e C; aumento do uso do
computador nos grupos C e D; diminuição significativa do uso de maquetes no
grupo A; e diminuição do uso de quadrinhos nos grupos C e D (fig. 12).
7 Considerações Finais
As análises do pré e pós-teste mostraram um pequeno aumento do
interesse pelo conhecimento do tema, assim, o uso de recursos didáticos
diferenciados colaboram para tornar o ensino de Geociência mais eficiente.
Vale ressaltar que o questionário aplicado no pré e pós-teste poderia ser
aperfeiçoado para futuras intervenções, uma vez que o item material didático
mostrou-se pouco eficaz. Uma alternativa seria uma avaliação diferenciada,
mais diretamente relacionada com o conteúdo específico abordado, agregada
tanto ao pré-teste quanto ao pós-teste.
Refletindo sobre a aplicação das atividades observou-se que as mesmas
poderiam ter sido em menor número para dinamizar o processo de intervenção.
Quanto aos resultados avaliativos das atividades desenvolvidas todas
desempenharam com sucesso o objetivo proposto inicialmente que era o de
-30
-20
-10
0
10
20
30
Filmes Globo Computador Maquetes Quadrinhos
Dif
ere
nça
% e
ntr
e P
ré e
Pó
s
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D
27
possibilitar aos alunos da 5ªsérie/6ºano do Ensino Fundamental o contato com
diferentes recursos didáticos como mediadores para a aprendizagem dos
conteúdos relativos à Estrutura do Planeta Terra.
Conclui-se, assim que o Desenvolvimento e utilização de materiais
didáticos de Geociências para o Ensino Fundamental é viável de ser aplicado,
bem como seus resultados contribuem para a aquisição por parte dos alunos
de conhecimentos científicos que embasam sua trajetória escolar e contribuem
para a formação de sujeitos autônomos, críticos e capazes de fazer frente aos
problemas socioambientais da sociedade moderna.
8 Referências
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Petropólis, RJ:Vozes, 2010.
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Ciências: o ensino-aprendizagem como investigação. São Paulo: FTD, 1999.
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de professores. In: Revista do Instituto de Geociências – USP. São Paulo: v. 3, p. 13-
30,setembro, 2005.
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28
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PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Ciências
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PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Projeto Político Pedagógico. Núcleo
Regional de Educação de Francisco Beltrão, Escola Estadual Interventor Manoel
Ribas– Ensino Fundamental (PPP). Setembro, 2010.
POZO, Juen I. Aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano
ao conhecimento científico. Porto Alegre: Artmed, 2009.
STEVE, J.Bennett e BENNET, Ruht I. Loetterle. 365 atividades infantis sem TV. São
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TEIXEIRA, Wilson, et. al. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora
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WICANDER, Reed. Fundamentos da Geologia. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
ZABALA, Antoni. A Prática Educativa Como Ensinar.