desenvolvimento e implementação de um sistema de
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GUILHERME PIAZENTINI COLNAGO
DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAO DE UM SISTEMA DE MONITORAMENTO EM TEMPO REAL DA TENSO DA REDE COM
ACESSO REMOTO
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica do Centro Tecnolgico da Universidade Federal do Esprito Santo, como requisito parcial para obteno do Grau de Mestre em Engenharia Eltrica. Orientador: Prof. Dr. Jos Luiz F. Vieira. Co-orientador: Prof. Dr. Gilberto C. D. Sousa.
VITRIA 2009
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Dados Internacionais de Catalogao-na-publicao (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Federal do Esprito Santo, ES, Brasil)
Colnago, Guilherme Piazentini, 1980- C717d Desenvolvimento e implementao de um sistema de monitoramento
em tempo real da tenso da rede com acesso remoto / Guilherme Piazentini Colnago. 2009.
146 f. : il. Orientador: Jos Luiz de Freitas Vieira. Co-orientador: Gilberto Costa Drumond Sousa. Dissertao (mestrado) Universidade Federal do Esprito Santo,
Centro Tecnolgico. 1. Medidores eltricos. 2. Sistemas de energia eltrica - Controle de
qualidade. 3. Energia eltrica - Falhas. 4. Acesso remoto. I. Vieira, Jos Luiz de Freitas. II. Sousa, Gilberto Costa Drumond. III. Universidade Federal do Esprito Santo. Centro Tecnolgico. IV. Ttulo.
CDU: 621.3
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GUILHERME PIAZENTINI COLNAGO
DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAO DE UM SISTEMA DE MONITORAMENTO EM TEMPO REAL DA TENSO DA REDE COM
ACESSO REMOTO Dissertao submetida ao programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica do Centro Tecnolgico da Universidade Federal do Esprito Santo, como requisio parcial para a obteno do Grau de Mestre em Engenharia Eltrica.
Aprovada em 05 de outubro de 2009.
COMISSO EXAMINADORA Prof. Dr. Jos Luiz de Freitas Vieira Universidade Federal do Esprito Santo Orientador Prof. Dr. Gilberto Costa Drumond Sousa Universidade Federal do Esprito Santo Co-orientador Prof. Dr. Domingos Svio Lyrio Simonetti Universidade Federal do Esprito Santo Prof. Dr. Fernando Pinhabel Marafo Universidade Estadual Paulista UNESP Sorocaba
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Aos meus pais, minha irm, Joyce e minha av (em memria).
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AGRADECIMENTOS
s vrias pessoas que colaboraram diretamente neste trabalho.
MTS Engenharia pela liberao no meu horrio de trabalho para cumprir a carga
horria das aulas do curso, assim como pelo suporte material e tcnico para o
desenvolvimento do projeto; aos meus colegas de l, que me ajudaram tanto em questes
tericas e tcnicas; ao Eduardo, que trabalhou na elaborao do sistema servidor no
computador; ao Marquinhos e Ben, que participaram de parte do desenvolvimento.
Ao Prof. Jos Luiz por oferecer a oportunidade de realizar este projeto e dissertao.
Ao Prof. Gilberto pelas horas dispensadas para esclarecimento de dvidas e pelas
discusses; aos seus conselhos de como ser objetivo.
s pessoas que participaram indiretamente deste trabalho, principalmente meus pais,
minha irm e Joyce, que me apoiaram em um momento difcil e que toleram meus momentos
de mau humor e, s vezes, total falta de humor. A eles dedico isto.
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EPGRAFE
O timo inimigo do bom.
O Diabo so os detalhes.
Ditados populares
In theory there is no difference between
theory and practice, but in practice there is.
Murphy's technology laws
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SUMRIO
1 Motivaes .........................................................................................................................18 2 Introduo...........................................................................................................................20
2.1 Qualidade da Energia Eltrica ..................................................................................20 2.1.1 Definio de Qualidade da Energia Eltrica.....................................................20 2.1.2 Distrbios .........................................................................................................22
2.2 Situao Atual da rea de Medio de QEE.............................................................23 2.3 Concluso .................................................................................................................25
3 Viso Geral .........................................................................................................................26 3.1 Objetivos...................................................................................................................26 3.1 Mercado....................................................................................................................26 3.2 Mdulo 8 do PRODIST............................................................................................27 3.2 Medidor Proposto .....................................................................................................28 3.3 Medidor Implementado ............................................................................................31 3.4 Concluso .................................................................................................................35
4 Especificaes e Desenvolvimento do Medidor.................................................................36 4.1 Hardware ..................................................................................................................36
4.1.1 Bloco de Transformao e Fonte de Alimentao............................................36 4.1.2 Bloco do Circuito da Bateria ............................................................................37 4.1.3 Bloco de Adequao de Tenso .......................................................................39 4.1.4 Bloco de Filtragem ...........................................................................................41 4.1.5 Bloco de Converso Analgico-digital ............................................................44 4.1.6 Bloco dos Microcontroladores .........................................................................45 4.1.7 Bloco Memria no-voltil...............................................................................46 4.1.8 Bloco do Circuito de Comunicao..................................................................46 4.1.9 Sistema de Telefonia Mvel .............................................................................47 4.1.10 Rede GPRS.......................................................................................................49
4.2 Metodologia de Clculos ..........................................................................................49 4.2.1 Tenso em Regime Permanente .......................................................................49 4.2.2 Harmnicos.......................................................................................................52 4.2.3 Desequilbrio de Tenso ...................................................................................55 4.2.4 Flutuao de Tenso .........................................................................................57 4.2.5 Modelo da IEC .................................................................................................60 4.2.6 Medio da cintilao.......................................................................................66 4.2.7 Variao de Tenso de Curta Durao .............................................................67
4.3 Sistema Servidor.......................................................................................................70 4.4 Resumo das descries tcnicas ...............................................................................72
4.4.1 Instalao..........................................................................................................72 4.4.2 Hardware ..........................................................................................................72 4.4.3 Medio ............................................................................................................73
4.5 Concluso .................................................................................................................75 5 Medies e Resultados .......................................................................................................76
5.1 Resultados e Anlise do Circuito de Filtragem ........................................................77 5.2 Resultados da medio da Tenso Eficaz e dos Harmnicos...................................79 5.3 Resultados da medio de Cintilao .......................................................................86 5.4 Resultados da medio do Desequilbrio de Tenso ................................................99 5.5 Concluso ...............................................................................................................100
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6 Consideraes Finais ........................................................................................................102 Referncias Bibliogrficas......................................................................................................105 Apndice A Anlise matemtica do espectro do sinal de flutuao....................................111 Apndice B Recarga de Bateria...........................................................................................116
1. Efeito Memria...........................................................................................................116 2. Recarregador...............................................................................................................116 3. Fim de carga: deteco de variao negativa de tenso .............................................117 4. Procedimento adotado ................................................................................................118
Apndice C Padres IEC e IEEE para Harmnicos ............................................................119 Apndice D Telas da Interface do Usurio..........................................................................122 Apndice E Diagramas dos Circuitos do Medidor ..............................................................132 Glossrio.................................................................................................................................145
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RESUMO
No Brasil, at pouco tempo atrs, a qualidade da energia eltrica estava relacionada,
basicamente, com interrupes do fornecimento de energia e a certas cargas especiais da
indstria. Porm, nos ltimos anos, sob a direo da agncia reguladora do setor, a ANEEL
(Agncia Nacional de Energia Eltrica), juntamente com especialistas, a rea de qualidade da
energia eltrica passou a receber uma ateno significativa, sendo legislada e adquirindo suas
regulamentaes iniciais. A rea de Qualidade da Energia Eltrica passou, ento, a
formalmente existir e abranger um conjunto maior de fenmenos e eventos da rede eltrica.
Em funo dessa recente regulamentao, este trabalho apresenta o projeto de um medidor da
qualidade da energia eltrica. Um dos focos do medidor ser de baixo custo, tornando-o
vivel para o uso em grande escala. Este medidor um sistema eletrnico que processa
digitalmente os sinais de tenso da rede eltrica, extraindo os dados relacionados qualidade
da energia eltrica; tais dados so armazenados localmente e, posteriormente, acessados
remotamente e enviados para um banco de dados, de forma que possam ser analisados.
Palavras-chave: sistema de monitoramento em tempo real da tenso da rede eltrica,
interrupo no fornecimento de energia eltrica, qualidade da energia eltrica, acesso remoto.
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ABSTRACT
Some years ago in Brazil the power quality was related, basically, with interruption of
supplied energy and certain special loads of industry. In recent years, however, under
controls of the regulating agency ANEEL (Agncia Nacional de Energia Eltrica) and with
specialists, the power quality area received the due attention and was legislated and acquired
regulations. So, finally, the area of Power Quality was formally created and now it embraces
several electrical phenomena and events. Because of the new regulations, this work presents a
project of a power quality meter. One of meters focuses is to be a low cost system and
becomes able to be used in large scale. This power quality meter is an electronic system that
processes the voltage signal of electrical network and extracts data related to power quality;
the data are locally stored and after they are remotely accessed and transmitted to a data base
to be analyzed.
Keywords: voltage real-time monitoring system, electric energy supply interruption, power
quality, remote access.
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LISTA DE ILUSTRAES
Fig. 3.1 Diagrama de blocos do medidor...............................................................................29 Fig. 3.2 Diagrama de blocos geral do sistema.......................................................................30 Fig. 3.3 Medidor final em sua caixa. .....................................................................................31 Fig. 3.4 Imagem do medidor aberto. .....................................................................................31 Fig. 3.5 Medidor aberto sem a placa principal. .....................................................................32 Fig. 3.6 Vista superior da placa principal do medidor. .........................................................32 Fig. 3.7 Vista inferior da placa principal do medidor............................................................33 Fig. 3.8 Vista da placa fonte do medidor...............................................................................33 Fig. 3.9 Foto do medidor operando. ......................................................................................34 Fig. 4.1 Bloco de Transformao e Fonte de Alimentao. ..................................................37 Fig. 4.2 Bloco do Circuito da Bateria....................................................................................38 Fig. 4.3 Circuito adequador (redutor) de tenso de fase........................................................39 Fig. 4.4 Circuito da topologia Sallen-Key. ............................................................................42 Fig. 4.5 Circuito de filtragem. ...............................................................................................43 Fig. 4.6 Resposta do filtro em Magnitude (dB) e Fase (graus) x Frequncia (Hz) ...............44 Fig. 4.7 Diagrama de blocos geral do dsPIC33. ....................................................................45 Fig. 4.8 reas com cobertura GSM.......................................................................................47 Fig. 4.9 Nmero de operadoras de telefonia mvel por regio no ES...................................48 Fig. 4.10 reas com cobertura GPRS no pas. ......................................................................48 Fig. 4.11 Grfico para exemplificao de expurgao de intervalo. .....................................50 Fig. 4.12 Faixas de classificao de tenso. ..........................................................................51 Fig. 4.13 Distribuio acumulada complementar da sensao de cintilao.........................59 Fig. 4.14 Diagrama de Blocos do modelo de medidor de cintilao de tenso.....................61 Fig. 4.15 Nvel de amplitude do sinal de cintilao no tempo. .............................................65 Fig. 4.16 Grfico da Funo de probabilidade cumulativa x Classes. ..................................66 Fig. 4.17 Curva para VTCD da CBEMA. .............................................................................69 Fig. 4.18 Curva para VTCD da ITIC.....................................................................................70 Fig. 4.19 Diagrama de blocos de todos os componentes do sistema e suas conexes. .........71 Fig. 5.1 Curva de ganho do circuito de filtragem..................................................................77 Fig. 5.2 Resultado da filtragem do sinal de 840Hz (14 harmnico). ...................................78 Fig. 5.3 Resultado da filtragem do sinal de 2280Hz (38 harmnico). .................................79 Fig. 5.4 Resultado da filtragem do sinal de uma fase da rede. ..............................................79 Fig. 5.5 Forma de onda do sinal DST01................................................................................81 Fig. 5.6 Forma de onda do sinal DST10................................................................................82 Fig. 5.7 Forma de onda do sinal DST11................................................................................83 Fig. 5.8 Forma de onda do sinal DST16................................................................................84 Fig. 5.9 Forma de onda do sinal DST21................................................................................85 Fig. 5.10 Circuito para simulao de flutuao de tenso. ....................................................87 Fig. 5.11 Formas de onda para flutuao com 1.620 variaes/minuto. ...............................92 Fig. 5.12 Forma de onda para flutuao em 8,8Hz e e Sf 518pu. ......................................96 Fig. 5.13 Formadas de onda para flutuao em 40Hz e Sf 36............................................98 Fig. A.1 Espectro do sinal de entrada..................................................................................111 Fig. A.2 Diagrama de Bode do filtro sino: Magnitude (dB) x Frequncia (Hz)..............113 Fig. A.3 Curvas tpicas de flutuao de tenso. ..................................................................113 Fig. A.4 Curva do limiar de irritao e curva de Pst = 1,0 de um medidor de cintilao. ..114 Fig. A.5 Exemplo de grfico de ocorrncia de Pst durante uma medio...........................115
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Fig. B.1 Grfico do processo de finalizao de recarga por pequena queda de tenso.......117 Fig. D.1 Aba de configurao Geral da interface. ...............................................................123 Fig. D.2 Aba de configurao Regime Permanente. ...........................................................123 Fig. D.3 Aba de configurao de VTCD e Interrupo.......................................................124 Fig. D.4 Aba de Status.........................................................................................................125 Fig. D.5 Aba de Agendamento. ...........................................................................................125 Fig. D.6 Aba de listagem dos Relatrios do medidor..........................................................126 Fig. D.7 Janela de relatrio da medio: aba Geral dos resultados. ....................................126 Fig. D.8 Janela de relatrio da medio: aba do..................................................................127 Fig. D.9 Janela de relatrio da medio: aba do grfico .....................................................127 Fig. D.10 Janela de relatrio da medio: aba do grfico das DTTs...................................128 Fig. D.11 Janela de relatrio da medio: aba para.............................................................128 Fig. D.12 Janela de relatrio da medio: aba do grfico ...................................................129 Fig. D.13 Janela de relatrio da medio: aba do grfico de barras....................................129 Fig. D.14 Janela de relatrio da medio: aba da................................................................130 Fig. D.15 Parte inicial do arquivo de relatrio gerado com dados da medio...................130 Fig. D.16 Parte final do arquivo de relatrio gerado com dados da medio. ....................131 Fig. E.1 Diagrama de Unio dos circuitos da Placa Principal.............................................133 Fig. E.2 Diagrama do Circuito de Converso A/D..............................................................134 Fig. E.3 Diagrama do Circuito dos Microcontroladores Parte 1/4. ..................................135 Fig. E.4 Diagrama do Circuito dos Microcontroladores Parte 2/4. ..................................136 Fig. E.5 Diagrama do Circuito dos Microcontroladores Parte 3/4. ..................................137 Fig. E.6 Diagrama do Circuito dos Microcontroladores Parte 4/4. ..................................138 Fig. E.7 Diagrama do Circuito da Memria Carto SD. ..................................................139 Fig. E.8 Diagrama do Circuito de Comunicao.................................................................140 Fig. E.9 Diagrama do Circuito de Adequao e de Filtragem Parte 1/2. .........................141 Fig. E.10 Diagrama do Circuito de Adequao e de Filtragem Parte 2/2. .......................142 Fig. E.11 Diagrama do Circuito da Placa Fonte Parte 1/2................................................143 Fig. E.12 Diagrama do Circuito da Placa Fonte Parte 2/2................................................144
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LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Distrbios comuns tenso. ................................................................................23 Tabela 4.1 Faixas de classificao de tenso.........................................................................52 Tabela 4.2 Valores de referncia globais das DTTs..............................................................53 Tabela 4.3 Nveis de referncia para as DITs........................................................................54 Tabela 4.4 Valores de referncia para a flutuao de Tenso. ..............................................60 Tabela 4.5 Valores das constantes da funo de transferncia..............................................63 Tabela 4.6 Relao entre seletor de faixa e nveis de sensibilidade. .....................................65 Tabela 4.7 Classificao das VTCDs. ...................................................................................67 Tabela 5.1 Resultado da filtragem: entrada x sada e atenuao do filtro. ............................78 Tabela 5.2 Comparao de resultados entre os medidores para a forma de onda DST01.....82 Tabela 5.3 Comparao de resultados entre os medidores para a forma de onda DST10.....83 Tabela 5.4 Comparao de resultados entre os medidores para a forma de onda DST11.....84 Tabela 5.5 Comparao de resultados entre os medidores para a forma de onda DST16.....85 Tabela 5.6 Comparao de resultados entre os medidores para a forma de onda DST21.....86 Tabela 5.7 Resposta normalizada do medidor para flutuaes de modulao quadrada. .....89 Tabela 5.8 Teste de desempenho do medidor de cintilao. .................................................89 Tabela 5.9 Pst para 1 variao/minuto. .................................................................................90 Tabela 5.10 Pst para 2 variaes/minuto. ..............................................................................90 Tabela 5.11 Pst para 7 variaes/minuto. ..............................................................................90 Tabela 5.12 Pst para 39 variaes/minuto. ............................................................................90 Tabela 5.13 Pst para 110 variaes/minuto. ..........................................................................91 Tabela 5.14 Pst para 1.620 variaes/minuto. .......................................................................91 Tabela 5.15 Pst para 4.800 variaes/minuto. .......................................................................91 Tabela 5.16 Pst de 1 minuto para sinal sem flutuao...........................................................92 Tabela 5.17 Pst de 1 minuto para Fm = 8,8Hz e Sf 3,5pu...................................................93 Tabela 5.18 Pst de 1 minuto para Fm = 8,8Hz e Sf 14pu....................................................93 Tabela 5.19 Pst de 1 minuto para Fm = 8,8Hz e Sf 33pu....................................................94 Tabela 5.20 Pst de 1 minuto para Fm = 8,8Hz e Sf 87pu....................................................94 Tabela 5.21 Pst de 1 minuto para Fm = 8,8Hz e Sf 230pu..................................................94 Tabela 5.22 Pst de 1 minuto para Fm = 8,8Hz e Sf 400pu..................................................95 Tabela 5.23 Pst de 1 minuto para Fm = 8,8Hz e Sf 518pu..................................................95 Tabela 5.24 Pst de 1 minuto para Fm = 8,8Hz e Sf 1.530 (1.510 a 1.550)pu. ....................96 Tabela 5.25 Pst de 1 minuto para Fm = 23Hz e Sf 28pu.....................................................97 Tabela 5.26 Pst de 1 minuto para Fm = 0,5Hz e Sf 41pu....................................................97 Tabela 5.27 Pst de 1 minuto para Fm = 40Hz e Sf 36 (35 a 38)pu. ....................................97 Tabela 5.28 Comparao dos resultados dos FDs do medidor e do aferidor. .....................100 Tabela C.1 Limites de distoro de tenso. .........................................................................121
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A/D Analgico-digital.
ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica.
CA Corrente Alternada.
CA/D Converso ou Conversor Analgico-digital.
CBEMA Computer Business Equipment Manufacturers Association.
CC Corrente Contnua.
CEI Vide IEC.
CEPEL Centro de Pesquisas da Eletrobrs.
CI Circuito Integrado.
CIGR Conseil International des Grands Rseaux lectriques, ou em ingls
International Council on Large Electric Systems.
DFT Discrete Fourier Transform ou Transformada Discreta de Fourier.
DIT Distoro harmnica Individual de Tenso.
DRC Durao Relativa para transgresso para tenso Crtica.
DRP Durao Relativa para transgresso para tenso Precria.
DSP Processador digital de sinais.
DTT Distoro harmnica Total de Tenso.
EMI Electromagnetic Interference ou Interferncia Eletromagntica.
EMC Electromagnetic Compatibility ou Compatibilidade Eletromagntica.
ESCELSA Esprito Santo Centrais Eltricas S.A.
FD Fator de Desequilbrio.
FFT Fast Fourier Transform ou Transformada Rpida de Fourier.
IEC International Eletrotechnical Comission ou Comisso Internacional de
Eletrotcnica.
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers ou Instituto de Engenheiros
Eletricistas e Eletrnicos.
ITIC Information Technology Industry Council.
GPRS General Packet Radio Service, que uma tecnologia celular de comunicao
de dados atravs da diviso da informao em pacotes.
GSM Global System for Mobile Communications, que tecnologia de telefonia
mvel digital baseada na tecnologia de acesso mltiplo por diviso de tempo.
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LCD Liquid Crystal Display, ou tela ou visor de cristal lquido.
MATLAB MATrix LABoratory, um ambiente de programao/programa interativo de
alta performance voltado para o clculo numrico. Integra anlise numrica,
clculo com matrizes, processamento de sinais e construo de grficos.
NA Normalmente Aberto (referente a um dos contatos do rel).
NF Normalmente Fechado (referente a um dos contatos do rel).
OSI Open Systems Interconnections, que uma arquitetura formada por sete
camadas que define a conexo entre computadores.
PAC Ponto de Acoplamento Comum.
PRODIST Resoluo para regulamentar o Procedimentos de Distribuio de Energia
Eltrica no Sistema Eltrico Nacional.
QEE Qualidade da Energia Eltrica.
RAM Random Access Memory ou memria de acesso aleatrio, tipo de memria
voltil que armazena dados enquanto o dispositivo est energizado.
SD Secure Digital card, tipo de carto de memria flash.
SIM Subscriber Identity Module, um carto responsvel pela identificao do
mdulo de celular na rede de telefonia mvel e pelo armazenamento de
dados do usurio.
SPI Serial Peripheral Interface, um tipo popular de interface para comunicao
serial.
TC Transformador de Corrente.
TCP-IP Transmission Control Protocol-Internet Protocol, que um pacote de
protocolos que organiza a conexo de dispositivos na Internet.
VTCD Variao de Tenso de Curta Durao.
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LISTA DE SMBOLOS
C1 e C2 Capacitores genricos do modelo do filtro de topologia Sallen-Key.
DITh% Distoro harmnica Individual de Tenso de ordem h, em percentual.
DTT% Distoro harmnica Total de Tenso, em percentual.
V Variao de tenso, relativa tenso eficaz no processo de flutuao.
Fator Q Fator de Qualidade ou seletividade de um filtro. Responde a uma faixa de
frequncia determinada e rejeita as outras.
fc Frequncia de corte.
FD% Fator de desequilbrio, em percentual.
FD% FD mdio final, em percentual.
FT Fator de Transferncia (associado flutuao de tenso no barramento).
H(s) Funo de Transferncia do filtro de topologia Sallen-Key.
i1 a i4 Correntes instantneas do circuito de adequao.
Njan Nmero de janelas no intervalo de medio.
Pi Percentil i, usado no clculo do Pst.
Plt Indicador de severidade de cintilao de longa durao.
PltD95% Valor dirio do indicador Plt que superado por apenas 5% dos registros
obtidos no perodo de 24 horas.
Pst Indicador de severidade de cintilao de curta durao.
PstD95% Valor dirio do indicador Pst que superado por apenas 5% dos registros
obtidos no perodo de 24 horas.
R1 a R6 Resistncias genricas dos circuitos de adequao ou filtragem.
Rshunt Resistor shunt para aferio da corrente de recarga pelo CI de recarga.
s Varivel complexa de Laplace.
Sf Valor instantneo de cintilao, produzido na sada do bloco 4 do modelo
digitalizado do medidor de cintilao da IEC.
Tint Perodo mnimo no qual se determina uma interrupo.
V Tenso eficaz.
v+ e v- Tenses instantneas nos terminais positivo e negativo, respectivamente. do
amplificador operacional de adequao.
V+ Tenso da sequncia positiva do sinal de tenso da rede.
V- Tenso da sequncia negativa do sinal de tenso da rede
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V1 Tenso da componente fundamental (em 60Hz).
VAB Tenso eficaz de linha entre as fases A e B;
Vbateria Tenso CC nominal da bateria do medidor.
VBC Tenso eficaz de linha entre as fases B e C;
VCA Tenso eficaz de linha entre as fases C e A;
VCC Tenso CC originada de tenso retificada dos transformadores ou da bateria.
vi Tenso instantnea na entrada do circuito do amplificador operacional.
Vh Tenso harmnica de ordem h.
vo Tenso instantnea na sada do circuito do amplificador operacional.
Vref Tenso CC regulada igual a 4,096V que usada como referncia pelo CA/D.
Vretificada Tenso CC retificada fornecida pelos secundrios dos transformadores.
Vin Tenso CC retificada fornecida por um transformador extra (ligado a uma
das fases). Fornece a tenso de alimentao para o circuito de recarga.
Vn Tenso nominal (ou contratada) do barramento.
wc Frequncia de ressonncia do filtro de topologia Sallen-Key.
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1 Motivaes
No incio de 1999, visando estabelecer normas para disciplinar o relacionamento entre as
distribuidoras de energia eltrica e os demais agentes (unidades consumidoras e empresas
geradoras) conectados aos sistemas de distribuio (que incluem redes e linhas de tenso
inferiores a 230kV), a Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL) contratou o CEPEL
para elaborar a verso inicial dos Procedimentos de Distribuio de Energia Eltrica no
Sistema Eltrico Nacional, o PRODIST. Depois de exaustivo trabalho e inmeras interaes
com agentes do setor eltrico e a sociedade em geral (incluindo processo de Audincia
Pblica), o PRODIST foi aprovado pela 49 Reunio Pblica Ordinria da Diretoria de 2008
[1], pela Resoluo Normativa n 345, de 16 de dezembro de 2008, publicada no Dirio
Oficial da Unio DOU em 31 de dezembro de 2008. O PRODIST composto de 8 mdulos:
1. Introduo;
2. Planejamento da expanso do sistema de distribuio;
3. Acesso ao sistema de distribuio;
4. Procedimentos operativos dos sistemas de distribuio;
5. Sistemas de medio;
6. Informaes requeridas e obrigaes;
7. Clculos de perdas na distribuio;
8. Qualidade da energia eltrica.
O mdulo 8 do PRODIST trata da qualidade da energia eltrica e tem como objetivo [2]:
a) Definir os procedimentos relativos Qualidade da Energia Eltrica (QEE), abordando
a qualidade do produto e do servio prestado;
b) Definir, para a qualidade do produto, os conceitos e os parmetros para o
estabelecimento de valores-limite para os indicadores de QEE;
c) Estabelecer, para a qualidade dos servios prestados, a metodologia para apurao dos
indicadores de continuidade e dos tempos de atendimento, definindo limites e
responsabilidades, alm da metodologia de monitoramento automtico dos indicadores
de qualidade.
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Com a elaborao do PRODIST e, especificamente, do Mdulo 8, tornou-se necessrio
que as concessionrias ampliassem o acompanhamento da qualidade da energia eltrica das
suas redes, o que implicaria no aumento do uso de sistemas medidores de QEE.
Dessa demanda nasceu o presente projeto (e dissertao), com o objetivo de desenvolver
um medidor de QEE de baixo custo, e possvel produto, para o monitoramento do
fornecimento da tenso das redes de distribuio de energia eltrica, de forma a viabilizar seu
uso em larga escala. Este sistema seria um contraponto aos atuais medidores de qualidade da
energia eltrica, que em geral apresentam custo elevado. A ampliao do uso no sistema dos
atuais medidores seria onerosa e implicaria em um investimento considervel. Existem ainda
medidores de custo relativamente menor, mas se focam em poucos parmetros de qualidade,
i.e., no possuem a abrangncia da proposta do PRODIST.
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2 Introduo
2.1 Qualidade da Energia Eltrica
O sistema eltrico mundial consolidou suas bases no incio do sculo XX e foi evoluindo
gradativamente com o passar dos anos, respondendo sua demanda, que foi sendo formada,
basicamente, de cargas lineares. Nas dcadas seguintes, entretanto, outras reas ligadas
eletricidade como a de semicondutores, as mquinas eletromecnicas com acionamento
eletrnico e os dispositivos eletro-eletrnicos, tiveram grandes avanos. Vrios desses
sistemas tm como caractersticas o fato de serem cargas no-lineares. Nesse mesmo perodo,
o aumento da populao e das indstrias implicou em crescimento significativo do uso desses
sistemas e dos efeitos de suas caractersticas no-lineares. Isso imps certos problemas ao
setor eltrico como, por exemplo, gerao de tenses com frequncias harmnicas e inter-
harmnicas, flutuaes de tenso e variaes de tenso de curta ou longa durao. Esses
problemas, alm de outros provocados por fenmenos naturais ou pelo prprio sistema (e.g.
comutao de equipamentos), afetam ambos os lados do sistema eltrico (concessionrias e
consumidores) e implicaram na criao de uma nova rea, que se relacionaria com a qualidade
da energia eltrica.
2.1.1 Definio de Qualidade da Energia Eltrica
Fenmenos associados qualidade da energia eltrica so conhecidos quase que desde o
incio do sistema eltrico. Os problemas com interrupes, obviamente, nasceram junto
com o sistema. Fenmenos mais complexos de se observar, como o caso da potncia reativa
na rede, por exemplo, j seria descrita em 1927 por Budeanu1 [3].
Apesar disso, pode-se dizer que a rea da qualidade da energia eltrica ainda est na sua
juventude, pois ela comeou a ser formalmente tratada nas ltimas duas dcadas
principalmente a partir dos meados da dcada de 90 [4]. Como muitas coisas na juventude, ela
tem suas ambiguidades, que vo desde sua terminologia e definio ao estabelecimento
quantitativo e qualitativo de seus fenmenos.
1 Antes mesmo dessa publicao, j no fim do sculo XIX, o tema j era estudado.
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21
O termo Qualidade da Energia Eltrica deriva do termo ingls Power Quality. A primeira
referncia ao termo aparece em 1968, em um artigo da marinha norte-americana sobre o
estudo realizado nas especificaes de alimentao dos aparelhos eletrnicos do sistema. O
termo Power Quality recebeu crtica de vrios especialistas, pois, argumentam que no se
possvel falar da qualidade de uma quantidade fsica como a energia (power). Nas
publicaes, diversos termos so usados [4]:
Voltage Quality: trata das alteraes da tenso em relao sua caracterstica ideal, uma onda senoidal de frequncia nica, sendo a frequncia, a amplitude e a fase
constantes. Limitado, o termo negligencia distores de corrente;
Uma definio complementar seria Current Quality (termo sem referncia em publicaes), que trataria dos mesmos pontos do termo anterior, mas direcionado
corrente. Teria limitaes similares;
Power Quality: seria ento uma combinao de Voltage Quality e Current Quality, tratando dos desvios de tenso e/ou corrente das suas caractersticas ideais2;
Quality of Supply (Quality of Power Supply): inclui a parte tcnica de Voltage Quality e algumas partes do que se pode referir-se como Qualidade do Servio. Como
limitao, o termo supply (fornecimento) exclui a responsabilidade do consumidor na
qualidade, pois o mesmo pode ter contribuio ativa sobre alguns fenmenos;
Quality of Consumption: que seria termo complementar ao citado anteriormente. Ele conteria Current Quality e mais a ao do consumidor;
Electromagnetic Compatibility (EMC): termo anteriormente usado nas normas da IEC (que viria, posteriormente, a adotar tambm o termo Power Quality), trata da interao
mtua entre equipamentos e entre equipamentos e as fontes de energia. Est
relacionado, principalmente, com dois termos: a emisso de poluio
eletromagntica e a imunidade do equipamento com essa poluio.
O termo Power Quality tem vrias definies formais. Segundo o dicionrio do IEEE [5]:
power quality is the concept of powering and grounding sensitive equipment in a matter that is suitable to the
operation of that equipment.
2 Deve-se observar que Power Quality no tem nenhuma relao com alterao do produto (multiplicao) entre tenso e corrente (potncia) de qualquer formato grfico ideal.
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22
Essa definio limita o conceito a casos em que ocorre alterao do desempenho do
aparelho. Por exemplo, a distoro harmnica de tenso s ser associada qualidade da
energia eltrica se interferir no funcionamento do dispositivo. J a definio praticada pelo
IEC (que pode ser encontrada, por exemplo, na norma IEC 61000-4-30) [5] no est
relacionada com o desempenho do dispositivo, mas com a possibilidade de se medir e
quantificar o desempenho do sistema de energia, como afirma a citao abaixo:
Characteristics of the electricity at a given point on an electrical system, evaluated against a set of reference
technical parameters.
Mesmo no apresentando uma perfeita descrio dos fenmenos, este trabalho assume que
o melhor termo seria o Power Quality, ou melhor, Qualidade da Energia Eltrica (QEE), que
uma combinao dos distrbios na Qualidade da Tenso e Corrente. Tais termos se tornaram
predominantes nas publicaes internacionais e nacionais, respectivamente. Devido aos
objetivos do projeto, tratados posteriormente, h um foco na qualidade da tenso eltrica e em
seus indicadores de conformidade. So includos ainda fenmenos associados aos indicadores
de continuidade (relacionados s ocorrncias de interrupes), que no so necessariamente
includos em QEE (como feito por [5]).
2.1.2 Distrbios
Diversos so os distrbios associados QEE. A prpria potncia reativa pode ser tratada
como tal, pois, como fenmeno, no uma potncia realizadora de trabalho. Idealmente, seria
interessante que o sistema operasse apenas com potncia ativa (realizadora de trabalho). A
existncia de elevada potncia reativa na rede implica no aumento estrutural (robustez) do
sistema de distribuio.
No caso deste trabalho, devido a seu foco, os distrbios de corrente no so descritos.
Deve-se esclarecer, entretanto, que a observao dos distrbios de corrente tambm
necessria para a completa anlise da qualidade da energia eltrica.
Com o foco no monitoramento da qualidade da tenso, esta dissertao apresenta um
conjunto de distrbios mais comuns associados tenso, exemplificado na Tabela 2.1:
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23
Tabela 2.1 Distrbios comuns tenso. Tipo de Distrbio Descrio Exemplo de Causas
Surto (ou impulso): pulso rpido, com rpida subida e decaimento oscilatrio amortecido ou exponencial; de 50V a 6kV, com 0,5us a 2ms de durao.
Chaveamento de cargas, chaveamento de equipa-mentos da rede, raios.
EMI: distrbios repetitivos de baixa energia na faixa de 10kHz a 1GHz, com 100mV a 100V de amplitude.
Equipamentos operando (fontes chaveadas, etc), interferncia de sinais das transmisses em radio-frequncia.
Afundamentos: reduo da tenso por mais de um perodo.
Partida de cargas pesadas, chaveamento de equipa-mentos da rede.
Elevao: elevao da tenso por mais de um perodo.
Reduo de carga, chave-amento de equipamentos da rede.
Flutuao: flutuaes repetitivas no nvel de tenso, causando uma modulao da tenso da rede.
Cargas pulsantes, como forno a arco, compressores e laminadores.
Notches: repetitivos afundamentos da tenso de curta durao.
Comutao de corrente em retificadores trifsicos (controlados ou no).
Distoro da forma de onda: distoro na forma da onda de tenso devido presena de harmnicas e inter-harmnicas.
Retificadores e outras cargas no-lineares e/ou intermitentes.
Variao de Frequncia: desvio da frequncia nominal.
Equipamentos da rede de fraco desempenho, problemas na gerao.
Interrupo: tenso nula em uma ou mais fases.
Curto-circuito, falha de equipamentos da rede, aci-dentes, raios, fenmenos naturais.
2.2 Situao Atual da rea de Medio de QEE
Com o nascimento da rea de QEE os sistemas para medio dos indicadores de qualidade
da energia eltrica comearam a ser desenvolvidos no cenrio nacional. No Brasil, congressos
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24
especficos sobre o tema vm se tornando comuns, assim como a associao de
concessionrias, rgos pblicos e iniciativa privada para o desenvolvimento de sistemas para
a medio e avaliao da QEE.
As caractersticas tcnicas dos diversos medidores de qualidade da energia eltrica
existentes foram consultadas para o levantamento do atual estado tecnolgico da rea. Alguns
dos medidores ainda esto no estgio de prottipo (fora de linha de produo), outros j
esto disponveis no mercado e, apesar disso, vrios deles apresentam restries devido ao
algoritmo implementado ou com a comunicao [6]. Os medidores nacionais apresentam
caractersticas comuns tais como: serem microprocessados, usarem converso analgico-
digital com resoluo mnima de 12 bits (especificao da norma do PRODIST [7]), terem
taxa de amostragem entre 64 e 256 amostras por ciclo3, usarem memria no-voltil para
armazenar dados processados. Como meio de comunicao so usados modems, mdulos de
telefonia celular, comunicao serial, fibra tica e Internet [6][8][9][10][11][12].
Grande parte dos medidores consultados trata apenas de poucos indicadores estabelecidos
pelo PRODIST. Alguns monitoram a variao da tenso, sendo capazes de identificar e
registrar as ocorrncias de interrupes de energia e variaes de tenso de curta durao
(VTCD) [10]. Outros permitem a avaliao da distoro harmnica da tenso da rede e
flutuao da tenso [6] ou a avaliao da tenso em regime permanente [9]. Existem ainda
sistemas que agrupam conjuntos de diferentes medidores de forma a se obter flexibilidade na
obteno dos dados para os usurios finais [13].
Existem medidores nacionais e importados mais completos e de maior capacidade de
processamento de dados, evidentemente, com custo maior. O uso de tais medidores implicaria
em um custo total elevado para o uso em grande escala. Apesar das capacidades desses
medidores, alguns homologados pela ANEEL, ainda assim so encontradas discrepncias
entre os resultados das suas medies [14]. Isso se d pela forma como so implementados os
algoritmos de medio e a certas lacunas nas normas que permitem diferentes
interpretaes e implementaes no processamento dos dados, produzindo resultados
diferentes no final.
3 Ciclo da rede eltrica brasileira, que de 1/60s (frequncia igual a 60 Hz).
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25
2.3 Concluso
S quase aps um sculo do estabelecimento do sistema eltrico, os governos e as
instituies ligadas rea de eletricidade comearam a regulamentar as questes relativas
QEE. O crescimento do sistema e sua demanda fizeram que se notasse a necessidade se
estudar a qualidade e de se melhorar um sistema que se tornara enorme. Outro ponto,
intrnseco ao anterior, a maior sensibilidade dos sistemas e equipamentos QEE do sistema
eltrico que os abastece; tais sistemas dependem de uma qualidade mnima para um
desempenho adequado.
No se deve esquecer, ainda, um conceito relativamente novo tambm, que o direito do
consumidor. Nascido no sculo passado, os pases passaram a legislar sobre a qualidade dos
produtos e servios fornecidos aos consumidores. A QEE entra nesse aspecto como produto e
servio fornecidos, sendo que sua m qualidade pode interferir ou danificar os equipamentos
eletro-eletrnicos do consumidor, ou mesmo afetar a qualidade da vida da populao, visto
que a energia eltrica est ligada diretamente ao cotidiano das pessoas. A interferncia nos
processos industriais devido aos distrbios na energia eltrica tambm notvel: as
paralisaes das plantas, as perdas de matrias-primas e de produtos implicam em um alto
custo. Devido a esses fatores, impe-se uma necessidade de qualidade mnima do servio e
produto fornecido. O inter-relacionamento desses pontos acabou por determinar um
movimento das instituies em direo da criao da rea de QEE.
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3 Viso Geral
3.1 Objetivos
A presente dissertao de mestrado nasceu de um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento
formado pela concessionria local, a ESCELSA, a Universidade Federal do Esprito Santo
(UFES) e a ANEEL. O objetivo do projeto foi o desenvolvimento de um medidor de QEE de
baixo custo, para ser usado em escala e no que implicasse em um alto custo. Outro objetivo
foi o de apresentar resultados satisfatrios e dentro das restries da norma vigente, mesmo
com as limitaes impostas por uma meta de ser de baixo custo (que implica em um projeto
enxuto e com elementos de custo baixo).
3.1 Mercado
Como os valores dos medidores no so informados de forma direta pelos fabricantes (e
seus representantes) em seus catlogos ou sites na Internet, fez-se uma consulta informal
concessionria local (ESCELSA) para o levantamento dos custos aproximados desses
aparelhos. Uma observao feita foi que a quantidade de aparelhos a ser comprada e a
relao entre a concessionria e o fabricante/representante implica em uma variao
considervel no preo final do medidor. Medidores mais simples apresentam o custo de
algumas centenas de reais, mas suas capacidades de monitoramento so limitadas, medindo
poucos parmetros. J os medidores mais completos, com monitoramento de corrente,
apresentam valores da ordem de uma dezena de milhar de reais. H ainda aparelhos que
monitoram apenas tenso, mas abordam de forma desejvel, vrios parmetros de QEE. Esses
medidores apresentam um custo em torno de alguns milhares de reais. Constatou-se, ento, a
existncia de basicamente trs tipos de medidores de QEE nos mercado: os de baixo custo,
que no atenderiam a norma, os de mdio e os de alto custo, os quais atenderiam a norma,
mas seriam onerosos e inviveis, respectivamente, para o uso em larga escala. Os medidores
de mdio e alto custo apresentam valores superiores a alguns milhares de reais (custo de
mercado) podendo chegar a dezenas de milhares de reais, como o caso de alguns medidores
do tipo Classe A. Com essa perspectiva de valores de mercado dos aparelhos, foi estabelecida
para o projeto uma meta de custo de produo de algumas centenas de reais para o medidor,
de forma que, como produto, ficasse com o custo em torno de um milhar de reais.
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27
Como mencionado anteriormente, o medidor volta-se para a qualidade da tenso. H uma
razo para isso: o alto custo do Transformador de Corrente (TC). Para se realizar a medio
de corrente necessrio um TC adequado; este elemento apresenta custo bastante
significativo. Transformadores de corrente de preciso do tipo braadeiras (que podem ser
colocados em volta dos cabos da rede) tm custo alto, da ordem de centenas de reais deve-se
lembrar que so usados trs TCs devido rede ser trifsica. Mesmo os transformadores fixos
de preciso, apesar de mais baratos, tm um custo considervel, alm de implicarem na
necessidade de insero na rede (abertura da ligao do cabo) que no um processo
interessante, principalmente se o medidor no for usado de forma fixa. Deve-se observar que
o valor de um conjunto de TCs pode ser maior que o valor do medidor sem ele. Conforme
dados levantados com uma concessionria, o valor do conjunto de transformadores pode ser
de 3/4 do valor do medidor. Sem os TCs, alguns medidores tm seu valor reduzido a 1/4 do
custo do sistema completo.
Em funo do no monitoramento de corrente, o processamento do indicador de fator de
potncia (que depende da medio de corrente) no realizado. A anlise da variao da
frequncia da tenso tambm no realizada, pois no houve interesse do monitoramento
desse indicador pelas partes envolvidas no projeto. Deve-se observar que alguns indicadores
so relativamente mais importantes para a agncia reguladora, pois os dados levantados sobre
eles sero usados em regulamentaes futuras. Na seo 8.3 do PRODIST Disposies
Transitrias [7], a agncia reguladora expe seu interesse no planejamento do processo de
implantao dos indicadores de qualidade do produto energia eltrica para os fenmenos
harmnicos, desequilbrio de tenso, flutuao de tenso e variao de tenso de curta
durao, de forma que aps um perodo de testes realizado pelas concessionrias, sero
estabelecidos valores limites para esses parmetros. Todos esses indicadores so abordados
pelo medidor.
3.2 Mdulo 8 do PRODIST
O Mdulo 8 do PRODIST dividido em duas partes [7]: Qualidade do Produto e
Qualidade do Servio. A parte referente Qualidade do Servio busca estabelecer
procedimentos relativos qualidade do servio prestado pelas concessionrias aos
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28
consumidores, sendo que entre seus focos est a Continuidade do Servio, i.e., indicadores
associados ocorrncia de interrupes do fornecimento da energia eltrica. A Qualidade do
Produto, relacionada com a conformidade do produto, aborda os seguintes indicadores:
Tenso em Regime Permanente; Fator de Potncia; Harmnicos; Desequilbrio de Tenso; Flutuao de Tenso; Variao de Tenso de Curta Durao; Variao de Frequncia.
O mdulo especifica as caractersticas para o desenvolvimento de um medidor de QEE,
definindo a instrumentao e metodologias de medies mnimas:
Taxa de amostragem: 16 amostras/ciclo; Converso analgico-digital: 12 bits; Preciso: 1% da leitura.
O medidor desenvolvido tem como proposta o atendimento das propostas e das
especificaes do PRODIST. Monitora em tempo real os principais indicadores de qualidade
do produto e de qualidade de servio (interrupes de energia), com o armazenamento local
de informaes, assim como a transmisso das mesmas para um servidor central, que ter o
objetivo de montar uma base de dados.
3.2 Medidor Proposto
O medidor monitora e registra (armazenando localmente) as informaes sobre as
interrupes ocorridas, os valores eficazes da tenso em regime permanente, os desequilbrios
de tenso (no caso das instalaes trifsicas), os componentes harmnicos da tenso, as
variaes de tenso de curta durao e a flutuao da tenso. O diagrama de blocos do
medidor pode ser observado na Fig. 3.1.
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29
O medidor instalado em um Ponto de Acoplamento Comum (PAC). Ele foi projetado
para ser instalado em redes trifsicas do tipo estrela aterrada, mas permite instalaes em
redes monofsicas ou bifsicas (nesses casos, o monitoramento do indicador de desequilbrio
de tenso automaticamente desabilitado). As conexes para medio so do tipo fase-neutro.
Sua tenso nominal de trabalho de 127V 25%, com frequncia da rede igual a 60Hz.
Permite monitorar indiretamente mdias tenses, sendo necessrio o uso de transformadores
de potencial para a reduo das tenses para a faixa adequada e a configurao do parmetro
de multiplicao, no qual se informa a relao de transformao realizada, e dos valores de
tenso das faixas de conformidade. Para o uso do medidor em sistemas de baixa tenso
diferente da nominal, pode-se usar a soluo anterior.
Fig. 3.1 Diagrama de blocos do medidor.
A alimentao do sistema obtida diretamente da rede. O bloco 1 (Fig. 3.1) realiza a etapa
de Transformao e reduz a tenso da rede para nveis adequados para a Fonte de
Alimentao do medidor (bloco 2). A fonte de alimentao apresenta uma bateria, para
manter o sistema em funcionamento durante as interrupes ou afundamentos severos de
Rede de BT
2. Fonte de Alimentao
1. Transformao
3. Circuito da Bateria
4. Adequao da Tenso 5. Filtragem
6. Converso Analgico-Digital
7. Microcontroladores
9. Circuito de comunicao
Canal de comunicao
Medidor
Concessionria
Consumidor
Servidor
8. Memria no-voltil
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tenso. Ao bloco 2 est ligado o bloco 3, denominado Circuito da Bateria, responsvel por
recarregar a bateria.
A parte de processamento de sinal e dos indicadores do circuito composta pelos blocos
4, 5, 6 e 7. O bloco 4 realiza a Adequao da Tenso da rede (ligao do tipo fase-neutro)
para nveis adequados ao circuito (faixa entre 0 e 5V). Aps a adequao, os sinais passam
pelo bloco 5 (Filtragem), que composto por filtros passa-baixas (um para cada fase) que
ajustam a banda de frequncia dos sinais frequncia de amostragem e elimina o efeito do
aliasing [15]. O bloco 6, chamada Converso Analgico-Digital realiza a leitura e a
converso A/D do sinal de tenso. Este sinal digital enviado ao bloco 7, o dos
Microcontroladores, no qual h dois microcontroladores. Um deles trabalha
especificamente com o processamento dos sinais e a extrao dos dados; ele quem recebe os
sinais digitais e os processa. O segundo microcontrolador responsvel por controlar o
medidor: define as tarefas do primeiro microcontrolador, recebe os dados processados, grava-
os em uma Memria no-voltil (bloco 8) e realiza a comunicao com o sistema
Servidor, atravs do bloco 9, o Circuito de Comunicao.
O Circuito de Comunicao tem um mdulo de celular e um carto SIM (para se conectar
na rede de telefonia mvel) e usa o sistema GSM/GPRS para se conectar ao Servidor,
localizado na concessionria. O diagrama de conexo do sistema est exposto na Fig. 3.2.
Como se poder ver, um conjunto de medidores se conecta no Servidor atravs da rede de
telefonia celular, usando o sistema GPRS como caminho, passando, em seguida, pela
Internet at chegar ao Servidor. O Servidor tem como funo comandar os medidores e
agregar os dados enviados. Ele ainda realiza um ps-processamento desses dados e os
armazena em um banco de dados. A partir da eles esto disponveis aos usurios na
concessionria.
Fig. 3.2 Diagrama de blocos geral do sistema.
Servidor
Medidor n
Rede GPRS/GSM
Medidor 1
TCP-IP Internet
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31
3.3 Medidor Implementado
Aps a definio dos circuitos bsicos do projeto, o primeiro prottipo foi construdo e
foram realizados testes para verificar a sua funcionalidade. Com a aprovao do hardware do
prottipo, a verso final do medidor foi definida. Com a fabricao das placas e a montagem
dos componentes, foram produzidas unidades do medidor. A Fig. 3.3 apresenta o medidor
final em sua caixa.
Fig. 3.3 Medidor final em sua caixa.
O medidor mostrado aberto na Fig. 3.4, com suas placas expostas: A a placa
principal e B a placa fonte. A letra C indica a antena do mdulo de celular que fica
dentro da caixa (de material plstico) e D o cabo de conexo do medidor rede eltrica,
com garras do tipo jacar para serem fixados nos cabos das fases e terra.
Fig. 3.4 Imagem do medidor aberto.
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32
A Fig. 3.5 apresenta o medidor aberto com sua placa principal removida. Nela est
indicada a placa fonte pela letra A e sua bateria (usada no caso de corte de energia),
indicada por B. O conjunto de trs transformadores, conforme o diagrama da Fig. 4.1, est
indicado por D. O transformador indicado por C alimenta o circuito da bateria e fornece a
tenso para recarreg-la.
Fig. 3.5 Medidor aberto sem a placa principal.
A parte superior da placa principal apresentada na Fig. 3.6. A letra A indica o
microcontrolador que controla a placa e realiza a comunicao com o sistema servidor. A letra
B indica os circuitos de adequao, filtragem e converso A/D, conforme indicado nos
blocos 4, 5 e 6, respectivamente, do diagrama de blocos da Fig. 3.1.
Fig. 3.6 Vista superior da placa principal do medidor.
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33
A letra C indica o carto de armazenamento de dados; D o mdulo de celular para
comunicao; E so botes para comando local da placa; e F so LEDs indicadores. A
Fig. 3.7 exibe a parte inferior da placa, sendo que o microcontrolador responsvel pelo
processamento dos sinais est indicado pela letra A; o carto SIM, necessrio para a
conexo do mdulo rede GSM/GPRS, est indicado por B.
Fig. 3.7 Vista inferior da placa principal do medidor.
A placa de fonte exibida na Fig. 3.8. A regio indicada por A responsvel pela
alimentao do medidor; B indica as protees do sistema, composta por fusveis e
varistores; e a regio indicada pela letra C o circuito da bateria, responsvel por recarreg-
la.
Fig. 3.8 Vista da placa fonte do medidor.
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34
Ainda so indicados na imagem os conectores da placa:
1 o conector das fases, que est ligado as fases da rede, alm do terra; 2 o conector dos transformadores, que liga a eles as fases, para que a tenso
seja reduzida e depois retificada para alimentar a fonte do circuito;
3 o conector da placa principal, no qual esto ligadas as tenses das fases (para a medio), as tenses de alimentao e os sinais de comando;
4 o conector da bateria, na qual est ligada a bateria e o transformador que alimenta o circuito de recarga.
Por fim, a Fig. 3.9 apresenta a foto do medidor operando no laboratrio e realizando o
monitoramento da rede. Por simplicidade, foi montada uma caixa composta pelas fases da
rede (na qual o medidor est ligado por fios comuns), indicada por A.
Fig. 3.9 Foto do medidor operando.
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35
3.4 Concluso
A partir da anlise dos medidores de QEE existentes no mercado, na qual foram
observadas suas capacidades, limitaes e custos, e das exigncias e necessidades do
PRODIST, foi projetado um medidor de QEE que atingisse os objetivos de baixo custo e a
obteno de informaes sobre a QEE da tenso da rede, conforme os requisitos da norma.
Neste captulo foi dada uma viso geral do medidor, analisando-se seu diagrama de blocos
e suas funcionalidades. A partir do desenvolvimento e teste de um prottipo, pde-se definir a
verso final do medidor, que foi exibida neste captulo. Os diagramas eltricos dos circuitos
do medidor podem ser vistos no Apndice E Diagramas dos Circuitos do Medidor.
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36
4 Especificaes e Desenvolvimento do Medidor
Com o projeto, a implementao e a realizao de testes do prottipo, pde-se observar
seu desempenho e funcionalidade, permitindo, ento, a definio da verso final do medidor.
4.1 Hardware
O hardware idealizado para o medidor no diagrama de blocos da Fig. 3.1 foi
implementado e na sua verso final, o medidor foi dividido em duas partes (placas): placa de
alimentao e placa de processamento. Dessa forma, isolou-se a parte de potncia do
sistema (alimentao e as suas protees) da parte voltada ao processamento. Isso deu
modularidade ao sistema, no sentido de que caso ocorra algum problema na placa de
alimentao, por exemplo, basta que apenas ela seja substituda e a outra pode ser mantida.
Em um sistema com uma placa nica, um determinado defeito pode significar a perda
completa do medidor, mesmo que as outras partes estejam funcionando adequadamente.
A placa de alimentao contm os blocos 1, 2 e 3 do diagrama da Fig. 3.1. Ela
responsvel pela alimentao do medidor, pelo sistema de recarga da bateria e pelas protees
eltricas. A placa de processamento tem os blocos restantes, que esto associados medio e
ao processamento de dados, alm da comunicao com o Servidor.
4.1.1 Bloco de Transformao e Fonte de Alimentao
Primeiramente, um cabo externo traz para a caixa do medidor os fios das fases e do
neutro. Internamente, este cabo conectado na placa de alimentao e passa pelas protees
(fusveis e varistores). Depois as fases e o neutro so levados para um banco de
transformadores, como mostrado na Fig. 4.1. Atravs de outra conexo, as fases e o neutro
tambm so levados para a placa de processamento para a amostragem das tenses da rede
eltrica , junto com as tenses reguladas para a alimentao (3,3V e 5V).
O medidor usa um conjunto de trs transformadores com ligao monofsica nos
primrios (um para cada fase); no secundrio feita retificao monofsica de onda completa
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usando o center tap ligado ao neutro4. Deve-se notar que esta no uma topologia trifsica,
mas sim uma topologia monofsica que usa trs transformadores. A ideia bsica de ter uma
redundncia de transformadores, ou seja, se uma ou duas fases so interrompidas ou sofrem
afundamentos severos, o sistema continua sendo alimentado sem problemas pela outra fase.
Esta topologia permite que a bateria seja usada somente quando ocorre um problema nas trs
fases. Com a reduo do uso da bateria, aumenta-se a sua vida til.
Fig. 4.1 Bloco de Transformao e Fonte de Alimentao.
No diagrama da Fig. 4.1 pode ser visto que a tenso retificada dos secundrios, Vretificada,
forma a tenso VCC, que energiza o bloco Regulao. Esse bloco contm os reguladores
lineares que alimentam o circuito do medidor. No caso de falha nas trs fases (interrupes ou
afundamentos severos), o sistema comanda a comutao de um rel e a bateria, com sua
tenso Vbateria, passa a alimentar o circuito.
4.1.2 Bloco do Circuito da Bateria
O bloco do Circuito da Bateria responsvel pela recarga da bateria. basicamente um
conversor buck controlado pelo BQ2000, um circuito integrado (CI) da Texas Instruments. 4 Devido medio do tipo fase-neutro e forma de transformao, o neutro (ou terra) compartilhado por todo o circuito como referncia.
Fase A
Fase B
Fase C
Bateria
Rel
VCC
VbateriaVretificada
5V
3,3V Regulao
NF NA
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38
Ele capaz de trabalhar com diferentes tipos de bateria, como NiCd, NiMH e Li-Ion, sendo
possvel ser programado atravs da combinao de componentes passivos (resistores e
capacitores) ligados a seus terminais. Dessa forma, pode-se definir o nmero de clulas da
bateria, tempo de carga e o valor da corrente, por exemplo.
O diagrama do circuito pode ser observado de forma simplificada na Fig. 4.2. O CI
controlador realiza amostragens do valor de tenso da bateria e identifica seu estado. Ele usa
um resistor de baixa resistncia (Rshunt) para monitorar (e limitar) a corrente de recarga da
bateria e controlar a frequncia de chaveamento do transistor. O controle de fim recarga
feito por tempo ou variao de tenso (o que ocorrer primeiro) [16]. A bateria usada do tipo
NiMH e no Apndice B Recarga de Bateria trata-se dos aspectos bsicos de como deve ser
feita a recarga das baterias baseadas em Nquel.
Fig. 4.2 Bloco do Circuito da Bateria.
O circuito de recarga alimentado por um quarto transformador, no qual realizada
retificao monofsica de onda completa e produz uma tenso superior ao valor de tenso da
bateria. O primrio do transformador ligado de forma monofsica em uma das fases sem
definio de preferncia. Como a recarga realizada por um perodo de tempo relativamente
curto (algumas horas) em relao ao perodo de medio, no h maiores problemas no caso
de interrupo na fase usada.
Bateria
CI controlador
Vin
Rshunt
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4.1.3 Bloco de Adequao de Tenso
Para o processamento dos sinais de tenso da rede eltrica necessrio sua reduo para
os nveis de tenso de trabalho dos CIs utilizados. O uso de transformadores para esse tipo de
processo foi descartado, pois transformadores simples introduziriam distores e afetariam a
preciso do sistema, que restrita pela norma; transformadores de preciso e adequados
apresentariam custo elevado e seriam incompatveis com os objetivos do projeto o uso de
outros tipos de elementos para isolao implicaria no mesmo problema. A soluo adotada foi
o uso de amplificadores operacionais, sem isolao, configurados para reduo dos sinais,
como ilustrado na Fig. 4.3.
Fig. 4.3 Circuito adequador (redutor) de tenso de fase.
O circuito da Fig. 4.3 basicamente um amplificador inversor com soma de offset. Sua
funo reduzir o sinal de tenso CA da rede eltrica a uma faixa de excurso em torno de
2V e som-lo a um offset de tenso para que o sinal se torne CC e varie entre de 0 a 4V. O
amplificador operacional usado foi o MCP6004, que um CI composto de quatro
amplificadores operacionais de baixo offset interno e corrente de polarizao, alimentao
unipolar (5V) e que pode operar por toda faixa de alimentao (0 a 5V) [17].
Fazendo-se as devidas consideraes, pode se equacionar facilmente o circuito e se obter a
tenso de sada vo. No caso, desprezando-se as correntes de polarizao de entrada dos
terminais positivo e negativo do CI (insignificantes e da ordem de nA) e se considerando os
terminais em um curto-circuito virtual, ou seja, com mesma tenso (v+ = v-). Tem-se que vi a
-
40
tenso de fase na entrada e Vref uma tenso usada para gerar o offset. Ela proveniente do
MCP1541, que um CI com funo especfica de fornecer tenso de referncia [18] igual a
4,096V, valor convenientemente mltiplo de 2 e usado tambm pelo conversor A/D como
referncia de tenso para converso. Com isso, pode-se obter como equaes bsicas:
1 2 3i i i= + (1) 5
5 6ref
Rv v VR R +
= = + (2)
1 1 2 2iv i R i R= + (3) 3 4ov v i R= (4)
2 2 3 3v i R i R = (5)
Substituindo-se (1) em (3) obtm-se:
3 1 2 1 2( )iv i R i R R= + + (6)
Substituindo-se (2) em (4) e igualando-se (2) e (5) tm-se (7) e (8), respectivamente:
53
4 5 6 4( )o
refR vi V
R R R R= + (7)
52 2 3 3
5 6ref
RV i R i RR R
= + (8)
Substituindo (7) em (8) obtm-se:
5 3 4 32
2 4 5 6 2 4
( )( )
oref
R R R v Ri VR R R R R R
+= + (9)
Substituindo (7) e (9) em (6) tem-se:
5 5 3 4 31 1 2
4 5 6 4 2 4 5 6 2 4
( ) ( )( ) ( )
o oi ref ref
R v R R R v Rv V R V R RR R R R R R R R R R
+= + + + +
-
41
1 5 1 5 3 4 1 2 3 1 2
4 5 6 4 2 4 5 6 2 4
( )( ) ( )( ) ( )
o oi ref ref
R R R v R R R R R v R R Rv V VR R R R R R R R R R
+ + += + + +
1 2 5 1 3 5 2 3 5 1 4 5 2 4 5 1 2 1 3 2 3
2 4 5 2 4 6 2 4i ref o
R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R Rv V vR R R R R R R R
+ + + + + += +
( )( )( )2 4 1 2 5 1 3 5 2 3 5 1 4 5 2 4 5 2 41 2 1 3 2 3 2 4 5 2 4 6 1 2 1 3 2 3o ref i
R R R R R R R R R R R R R R R R R R Rv V vR R R R R R R R R R R R R R R R R R
+ + + + = + + + + +
Logo, vo = f(vi), pois Vref constante e as resistncias podem ser definidas livremente.
Para simplificar a equao, faz-se R1= R2= R3= R e R5= R6= r e se tem:
( )4 43 26 3o ref i
R R Rv V vR R+=
4 412 3 3o ref i
R Rv V vR R
= + (10)
Como se deve reduzir a tenso da rede, que tem amplitude da ordem de 200V, para
amplitude da ordem de 2V, escolheu-se R = 44,2k e R4 = 1,13k e, sendo Vref = 4,096V,
tem-se a valor instantneo da sada do adequador (CC e excursionando em torno de 2V) na
equao (11):
2,0829 0,0085o iv v= (11)
4.1.4 Bloco de Filtragem
Com a reduo das tenses de fase da rede para nveis adequados, deve-se realizar a
filtragem dos sinais para remover as altas frequncias dos espectros e eliminar os efeitos do
aliasing no processo de amostragem. O filtro Butterworth, que tem atenuao monotnica, foi
escolhido por diversos fatores, tais como: facilidade de projetar, ter resposta plana (pouco
inclinada) na sua banda passante e ganho unitrio esses aspectos melhoram com o aumento
da sua ordem e ter uma topologia simples e de fcil implementao, chamada Sallen-Key,
-
42
relativamente insensvel a pequenas variaes dos valores dos componentes [19]. Como
desvantagem ele no apresenta forte atenuao aps a frequncia de corte se comparado a
outros filtros de mesma ordem, havendo necessidade do uso de ordens superiores. Outro
ponto que sua fase no linear o que no um problema, conforme explicado adiante.
Dessa forma, sua caracterstica plana foi decisiva para sua escolha, pois outros filtros
apresentam ripple, o que pode produzir distores. O circuito da topologia do filtro Sallen-
Key apresentada na Fig. 4.4. Este circuito um filtro de ordem 2.
Fig. 4.4 Circuito da topologia Sallen-Key.
A funo de transferncia do circuito dada pela equao (12).
( )21 2 1 2 2 1 21( )
1H s
C C R R s C R R s= + + + (12)
A frequncia de ressonncia wc do filtro pode ser calculada atravs do coeficiente do
termo s2, conforme a equao (13); o coeficiente do termo s se relaciona com o produto
da frequncia de ressonncia com o fator Q do filtro, como na equao (14).
2
1 2 1 2
1cw C C R R= (13)
( )2 1 21
cQ w C R R = + (14)
O PRODIST determina que o medidor deve processar, no mnimo, at a 25 componente
harmnica da tenso [7]. Definiu-se, ento, a frequncia de amostragem igual a 7,68kHz, que
equivale a 128 amostras por ciclo de rede. Como a 25 componente harmnica igual a
-
43
1,5kHz, estabeleceu-se a frequncia de corte do filtro em 1,8kHz, que superior a ltima
harmnica de interesse. Dessa forma, foi definido o uso de um filtro ativo passa-baixas
Butterworth de 8 ordem, formado por quatro blocos em cascata de filtros de 2 ordem Sallen-
Key, e que apresenta caractersticas convenientes para o projeto. O programa FilterLab, da
Microchip [20], foi usado para projetar do filtro e determinar os valores de seus componentes.
O filtro est ilustrado na Fig. 4.5. Pode-se observar a srie de quatro blocos de filtros de 2
ordem formando o filtro final Butterworth de 8 ordem. O amplificador operacional usado o
MCP6004.
Fig. 4.5 Circuito de filtragem.
Uma simulao da resposta do filtro (ganho e fase) foi feita no MATLAB e est ilustrada
na Fig. 4.6. Na figura, a frequncia de corte de 1,8kHz indicada junto com sua atenuao de
amplitude, de aproximadamente 3dB. A frequncia de corte dos blocos do filtro pode ser
facilmente calculada a partir dos valores dos componentes escolhidos, substituindo-os na
equao (13) e fazendo fc = wc / 2, de onde se obtm aproximadamente 1,8kHz. Sendo de 8
ordem, o filtro atenua adequadamente a banda de rejeio, posterior metade da frequncia
de amostragem (3,84kHz) como requer o Teorema da Amostragem para eliminar o aliasing.
A atenuao a partir de 3,84kHz superior a 52dB.
-
44
Fig. 4.6 Resposta do filtro em Magnitude (dB) e Fase (graus) x Frequncia (Hz)
Deve-se notar que h uma variao da fase com a frequncia. Como os indicadores so
calculados em funo do valor eficaz, no h maiores problemas. O valor eficaz calculado
atravs de janelas de tempo que incluem vrios ciclos de rede da frequncia fundamental,
logo, para frequncias maiores existiro bem mais ciclos contidos na janela e o deslocamento
de fase em relao fundamental no far diferena para o clculo do valor eficaz. Outra
observao que para os outros indicadores, diferentemente dos harmnicos, foi adotada uma
subamostragem, feita sobre taxa principal. Na maioria deles, a taxa a metade, ou seja, 64
amostras/ciclo (3,84kHz). Para o caso do indicador de flutuao, a taxa usada de 16
amostras/ciclo (960Hz). A subamostragem tem como objetivo a reduo da carga de
processamento, visto que as taxas reduzidas produziram resultados adequados para os
indicadores.
4.1.5 Bloco de Converso Analgico-digital
O circuito de Converso A/D usa trs CIs MCP3102 [21] para a converso dos sinais
filtrados. Ele um conversor A/D com resoluo de 12 bits requisio mnima da norma.
Usa como referncia de tenso os 4,096V5 gerados pelo MCP1541 e se comunica com o
bloco dos microcontroladores atravs de um barramento SPI. As trs amostragens so
5 Deve-se observar que, trabalhando-se com um Conversor A/D em 12 bits, tem-se 212 = 4096 nveis. O uso de uma tenso de referncia igual a 4,096V permite uma converso redonda de 1mV/nvel.
-
45
realizadas paralelamente, de forma que o posterior clculo do fator de desequilbrio no seja
afetado.
4.1.6 Bloco dos Microcontroladores
O bloco contm dois microcontroladores dsPIC33FJ256GP710, da Microchip [22]. Seu
diagrama de blocos geral pode ser visto na Fig. 4.7.
Fig. 4.7 Diagrama de blocos geral do dsPIC33.
-
46
So microcontroladores de 100 terminais, 256kB de memria de programa e 30kB de
memria RAM. Esses microcontroladores apresentam um hardware hbrido: contm as
caractersticas comuns dos microcontroladores RISC e similares aos DSPs, com hardware
apropriado para processamento de sinal. Ambos trabalham numa taxa de aproximadamente 40
MIPS e usa arquitetura Harvard modificada, na qual o os barramento de dados e de instrues
(memria de programa) so separados a modificao significa que dados podem ser
mantidos na rea da memria de programa.
Deve-se notar que os microcontroladores apresentam conversores A/D, mas como a
resoluo dos mesmos de 10 bits, no podem ser usados, pois o PRODIST estabelece uma
resoluo mnima de 12 bits. Outros microcontroladores da famlia apresentam conversores
de 12 bits, mas eles s permitem amostragem sequencial. Isso significa que as fases no
poderiam ser amostradas ao mesmo tempo, s uma aps a outra. Tal fato inviabiliza o uso dos
mdulos de converso, pois implicariam em erros no processamento dos sinais.
No circuito h um microcontrolador responsvel pelo processamento dos sinais. Aps esse
processamento, os dados so enviados para o segundo microcontrolador, que os armazena.
Eles se comunicam entre si de forma serial. O segundo microcontrolador responsvel pelo
controle do medidor e por se comunicar com o Servidor, passando-lhe os dados medidos e
outras informaes pertinentes (atravs do bloco do Circuito de Comunicao).
4.1.7 Bloco Memria no-voltil
Este bloco contm um carto SD, que armazena os dados processados at que sejam
enviados ao Servidor. O carto uma memria no-voltil do tipo flash. A memria do carto
usada de forma circular, tal que depois de preenchido, os novos dados sobrescrevem os
antigos que j foram enviados ao Servidor e esto em um banco de dados. Se necessrio, os
dados podem ser lidos diretamente do carto usando-se um programa apropriado. O carto
controlado pelo microcontrolador que gerencia o medidor e se comunica com ele serialmente
via SPI [23][24]. Para que o medidor seja iniciado, o carto deve estar inserido.
4.1.8 Bloco do Circuito de Comunicao
-
47
Este bloco contm um mdulo de celular G24, da Motorola, e um carto SIM, para a
conexo do mdulo na rede de telefonia mvel. O G24 um mdulo GSM quadriband,
podendo operar nas bandas de 850, 900, 1800 e 1900MHz [25][26]. Ele se comunica
serialmente com o microcontrolador e faz o envio e a recepo de dados usando a rede
GPRS/Internet. Apresenta a camada de transporte do modelo OSI implementada, ou seja, tem
uma pilha TCP-IP preparada, o que simplifica o trabalho do microcontrolador para se
conectar Internet.
4.1.9 Sistema de Telefonia Mvel
Nas ltimas duas dcadas a cobertura da rede de telefonia mvel GSM tornou-se bem
ampla, cobrindo uma considervel rea no pas, como ilustrado na Fig. 4.8 [27]. A
disponibilidade da rede no Esprito Santo tambm se tornou grande, com diversas operadoras.
O mapa na Fig. 4.9 exibe a distribuio do nmero de operadoras por regies no estado.
Fig. 4.8 reas com cobertura GSM.
-
48
Fig. 4.9 Nmero de operadoras de telefonia mvel por regio no ES.
Com a reduo dos custos dos servios de transferncia de dados, este meio se tornou
vivel para sistemas de monitoramento remoto. Ao contrrio do padro no qual o custo da
comunicao baseia-se no tempo de uso do canal de conexo, os atuais sistemas de
transferncia de dados da rede mvel baseiam-se na quantidade de dados transferidos. E mais,
as redes de comunicao podem ser do tipo on-line, i.e., estar sempre disponvel, no sendo
necessrio realizar conexes a cada nova transferncia, tm taxa de transferncia
relativamente alta e dispensam os habituais meios fsicos de conexo, os cabos. A tecnologia
adotada para dar suporte comunicao foi o GPRS. Popular no sistema GSM, este servio
tem grande cobertura no pas e no estado, como se pode ver indicado na Fig. 4.10.
Fig. 4.10 reas com cobertura GPRS no pas.
-
49
4.1.10 Rede GPRS
O sistema GPRS uma tecnologia de transferncia de dados realizada atravs do sistema
de telefonia mvel GSM. A rede GPRS sempre ativa, ou seja, o usurio est sempre
conectado no necessariamente usando seu canal ou seus recursos; s os usa quando
requerido. Antes da transmisso, a informao dividida em pacotes relacionados entre si.
Essa diviso permite que pacotes de diferentes usurios trafeguem pela rede de forma
concorrente e, no importando a ordem, ao chegar ao destinatrio a informao original
remontada (esse o mesmo princpio utilizado na Internet).
4.2 Metodologia de Clculos
Para efetuar o processamento dos sinais de tenso foram seguidas as metodologias
sugeridas pela norma. Os indicadores processados foram: tenso em regime permanente,
harmnicos, desequilbrio de tenso, flutuao de tenso, variao de tenso e interrupes.
4.2.1 Tenso em Regime Permanente
Este indicador composto por um conjunto de leituras que dever compreender o registro
de 1.008 intervalos vlidos, obtidos de forma consecutiva. O perodo de integralizao de 10
minutos, salvo intervalos eventualmente expurgados. No caso de expurgao, intervalos
adicionais devem ser agregados, sempre consecutivamente, de forma que os 1.008 intervalos
vlidos sejam contabilizados. Esses 1.008 intervalos vlidos de 10 minutos correspondem a
168 horas ou 7 dias de medio. Essas so as especificaes do PRODIST. Para atender a
concessionria, o medidor tem maior flexibilidade e permite que o perodo de integralizao
dos intervalos seja configurado em 1, 5, 10 e 15 minutos6. O perodo de integralizao e as
regras de expurgao dos intervalos so aplicados de forma idntica nos outros indicadores.
A ocorrncia de interrupo de energia (em qualquer uma das fases) durante um ou mais
intervalos implicar na expurgao dos mesmos na anlise final para efeito de controle, os
intervalos expurgados so mantidos armazenados. A Fig. 4.11 exemplifica como feita a
expurgao. A faixa A representa um intervalo vlido de 10 minutos finalizado. Aps ele se 6 O medidor permite tambm que o perodo total de leitura seja configurado em 1, 3 e 7 dias.
-
50
inicia um novo intervalo, representado pela faixa B. Durante este intervalo ocorre um
VTCD (afundamento), com um tempo Tcic equivalente a alguns ciclos de rede os VTCDs
no interferem na validade do intervalo7. Em seguida ocorre uma interrupo. Ela
determinada quando a tenso se mantm abaixo de 0,1 pu por um perodo de tempo t maior
ou igual a Tint8. O intervalo B expurgado e dever ser substitudo por um intervalo
consecutivo de forma que a contabilizao seja de 1.008 pontos. Na sequncia a leitura
continua e intervalos vlidos, representados pelos pontos C e E, respectivamente, vo
sendo processados.
Fig. 4.11 Grfico para exemplificao de expurgao de intervalo.
O valor do intervalo representa a tenso eficaz de cada fase durante o perodo de medio.
Esses valores eficazes so calculados a partir das amostras coletadas em janelas sucessivas.
Cada janela compreende uma sequncia de doze ciclos da rede (0,2s), sendo que a taxa de
amostragem do ciclo de 64 amostras logo, uma janela composta por 768 amostras. Um
intervalo de 10 minutos composto por 3.000 janelas de 0,2s. O clculo da integralizao do
intervalo x dado por (15):
21 jani
N
x janijan
V VN
= (15) sendo: Vx: valor eficaz do intervalo x integralizado durante o perodo (usualmente 10 minutos); Njan: nmero de janelas no intervalo (3.000 janelas para um intervalo de 10 minutos); Vjan i: valor mdio quadrtico da janela i, que dado pela equao (16), onde vj o valor da amostra j da janela:
7 Revises do Mdulo 8 do PRODIST sugerem que a ocorrncia de VTCD tambm expurgue o intervalo, mas isso depender de aprovao. 8 O PRODIST estabelece que a durao de Tint igual a 3 minutos (o medidor permite o uso de 1 ou 3 minutos).
1pu
0,1pu
VTCD
t > Tint
A: t=10min B: t=10min C: t=10min D Tenso Eficaz
Tempo
Tcic
Interrupo
-
51
76821
768ijan jjV v= (16)
O conjunto de intervalos lidos ser usado para o clculo do ndice de durao relativa da
transgresso para tenso precria (DRP) e crtica (DRC) de acordo com as expresses (17) e
(18):
[ ]100 %1008nlpDRP =
(17)
[ ]100 %1008nlcDRC =
(18) sendo: nlp = nmero de leituras na faixa precria; nlc = nmero de leituras na faixa crtica.
As faixas de tenso adequada, precria e crtica so especificadas pela norma como na
Fig. 4.12. A tenso de referncia usada pelo medidor de 127V (fase-neutro). Idealmente,
espera-se que o sistema mantenha-se na faixa adequada a maior parte do tempo.
Fig. 4.12 Faixas de classificao de tenso [7].
sendo: a) Tenso de referncia: TR; b) Faixa Adequada de Tenso: (TR - ADINF, TR + ADINF); c) Faixas Precrias de Tenso: (TR + ADSUP, TR + ADSUP + PRSUP ou TR - ADINF - PRINF, TR - ADINF); d) Faixas Crticas de Tenso: (>TR + ADSUP + PRSUP ou
-
52
No Anexo I do PRODIST h um conjunto de tabelas que determina as faixas de tenso
para vrias tenses de referncia em redes de baixa, mdia e alta tenso. A Tabela 4.1 exibe as
faixas de tenso para a tenso contratada monofsica de 127V.
Tabela 4.1 Faixas de classificao de tenso [7].
Tenso de Atendimento Faixa de variao Crtica superior V > 140V
Precria superior 133 < V 140 Adequada 116 V 133
Precria inferior 109 V < 116 Crtica inferior V < 109
4.2.2 Harmnicos
O indicador de harmnicos trata da distoro harmnica sofrida pela forma de onda da
tenso em relao sua forma (idealizada) senoidal. Este fenmeno causado pela existncia
de componentes de tenso com frequncias diferentes da fundamental, que 60Hz. O
indicador levanta dois parmetros: a distoro harmnica total de tenso (DTT) e distoro
harmnica individual de tenso (DIT). Os componentes individuais so formados por
frequncias mltiplas inteiras de 60Hz e a norma exige o processamento dos 25 primeiros
componentes (no mnimo). A distores harmnicas tambm podem ser produzidas por
componentes mltiplos no inteiros de 60Hz, denominados inter-harmnicos9, mas a norma
no os aborda.
A taxa de amostragem para o clculo da distoro de 128 amostras por ciclo de rede. A
janela de clculo das distores de 8 ciclos, o que equivale a um total de 1.024 amostras.
Essas amostras so processadas usando-se a Transformada Discreta de Fourier (DFT). Na
verdade, como se pode observar, o valor de amostras mltiplo de potncia de 2. Isso permite
o uso de um algoritmo de DFT de alto desempenho, que possibilita os clculos extremamente
rpidos. Tal algoritmo chamado de Transformada Rpida de Fourier (FFT). As bibliotecas
que acompanham o ambiente de desenvolvimento do dsPIC33 oferecem tal ferramenta [28].
9 O termo inter-harmnico est bem difundido para componentes mltiplos no inteiros da fundamental, mas possvel se encontrar o termo sub-harmnicos para componentes com valores no inteiros inferiores a 1.
-
53
Processada a janela, so obtidos os valores de tenso dos componentes harmnicos. O
DIT de ordem h, em percentual da fundamental, deve ser calculado conforme a equao
(19).
1
% 100 hhVDITV
= (19)
sendo: Vh: tenso de componente harmnico de ordem h; V1: tenso do componente fundamental.
O valor da DTT, em percentual da fundamental, calculado conforme (20):
25
2
2
1
% 100h
iV
DTTV==
(20)
sendo: Vh: tenso de componente harmnico de ordem h, que vai do 2 at o 25 componente; V1: tenso do componente fundamental.
A norma estabelece valores de referncia globais das DTTs (em per