desenvolvimento e avaliaÇÃo de uma histÓria em ... - … · alunos do ensino médio de uma...

51
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS PARA O ENSINO DE ASTRONOMIA Jonierson de Araújo da Cruz Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Campus Araguaína da Universidade Federal do Tocantins no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física. Orientador: Dr. Luis Juracy Rangel Lemos Araguaína Março - 2018

Upload: nguyenkhue

Post on 07-Feb-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS

PARA O ENSINO DE ASTRONOMIA

Jonierson de Araújo da Cruz

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Campus Araguaína da Universidade Federal do Tocantins no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

Orientador: Dr. Luis Juracy Rangel Lemos

Araguaína Março - 2018

Page 2: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de
Page 3: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Tocantins

C957d Cruz, Jonierson de Araújo da.DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM

QUADRINHOS PARA O ENSINO DE ASTRONOMIA. / Jonierson deAraújo da Cruz. – Araguaína, TO, 2018.

135 f.

Dissertação (Mestrado Profissional) - Universidade Federal doTocantins – Câmpus Universitário de Araguaína - Curso de Pós-Graduação (Mestrado) Profissional Nacional em Ensino de Física,2018.

Orientador: Luis Juracy Rangel Lemos

1. Astronomia. 2. Física. 3. História em quadrinhos. 4. Ensino. I.Título

CDD 530

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, dequalquer forma ou por qualquer meio deste documento é autorizado desdeque citada a fonte. A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98) é crimeestabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.Elaborado pelo sistema de geração automatica de ficha catalográficada UFT com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Page 4: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

iii

Dedico esse trabalho a minha família e a

todos que assim como eu acreditam na

educação como o caminho para vencer

na vida.

Page 5: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

iv

Agradecimentos

Inicialmente agradeço a Deus pela oportunidade de ingressar e concluir

mais esta etapa de minha vida.

A minha amada esposa Janaina, pela importância que tem em minha

vida. Seu companheirismo, amor, cumplicidade, paciência e incentivo foram

importantes em todos os momentos.

Ao meu amigo Orientador, Professor Dr. Luis Juracy Rangel Lemos, pelo

compartilhamento da sua sabedoria, humildade, paciência, ética e

compromisso.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Ensino de

Física (MNPEF) do Campus Araguaína da Universidade Federal do Tocantins,

pela acolhida e ensinamentos proporcionados.

À CAPES pela bolsa de apoio à pesquisa, que me permitiu, entre outras

coisas, desenvolver meu produto educacional.

Às minhas filhas Ana Carolina e Marina, pelo amor, afeto, dedicação e

ternura.

Aos colegas de Mestrado que, apesar da breve convivência, deixaram

boas lembranças, gargalhadas e um grande aprendizado.

Aos colegas de trabalho do Campus Araguaína do Instituto Federal do

Tocantins, pelo apoio durante minhas ausências.

Finalmente, aos meus alunos com quem divirto e aprendo todos os dias,

em especial, aos que participaram efetivamente dessa pesquisa. Vocês foram

fundamentais, muito obrigado!

Page 6: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

v

RESUMO DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS

PARA O ENSINO DE ASTRONOMIA

Jonierson de Araújo da Cruz

Orientador: Prof. Dr. Luis Juracy Rangel Lemos

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação Campus Araguaína da Universidade Federal do Tocantins no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física

Este trabalho teve a pretensão de elaborar, produzir e avaliar um produto educacional, voltado à divulgação de conhecimentos de Astronomia e destinado a alunos da última etapa da educação básica. Optamos pela História em Quadrinhos (HQs), recurso que compõem o mundo dos alunos em todas as faixas etárias, e que, obviamente, lhe são bastante familiar, por acreditar que ao trazer as HQs para o ambiente escolar, além de estimular à prática da leitura, estamos criando entre o aluno e o conhecimento um ambiente de estudo mais dinâmico, interativo e divertido, possibilitando assim, que o aluno associe o aprendizado ao prazer. A HQs produzida, na forma de E-book e intitulada “A aventura de conhecer a imensidão que nos cerca”, foi avaliada por alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A coleta de dados ocorreu por meio de um questionário, contendo questões abertas e fechadas. Na análise das respostas constatamos o interesse e entusiasmo dos alunos pelo produto educacional desenvolvido. Estes elementos nos fazem acreditar no seu potencial pedagógico. Diante disso, esperamos que este trabalho, venha contribuir de forma significativa no ensino e disseminação de conhecimentos de Astronomia.

. Palavras-chave: Educação, Divulgação, Material didático.

Araguaína Março - 2018

Page 7: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

vi

ABSTRACT

DEVELOPMENT AND EVALUATION OF A HISTORY IN QUADRINHOS FOR

THE TEACHING OF ASTRONOMY

Jonierson de Araújo da Cruz

Orientador: Prof. Dr. Luis Juracy Rangel Lemos

Abstract ofmaster’sthesissubmittedto Programa de Pós-Graduação do Campus Araguaína da Universidade Federal do Tocantins no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), in partialfulfillmentoftherequirements for thedegree Mestre em Ensino de Física.

This work had the intention of elaborating, producing and evaluating an educational product, aimed at the dissemination of astronomy knowledge and destined to students of the last stage of basic education. We chose Comic Comics, materials that make up the world of students in all age groups, and who, obviously, are quite familiar, believing that when bringing the comics to the school environment, besides encouraging the practice of reading, we are creating between the student and the knowledge a more dynamic, interactive and fun study environment, thus enabling the student to associate learning with pleasure. The comics produced in the form of an Ebook entitled "The adventure of knowing the immensity that surrounds us" was evaluated by high school students of a public institution in the State of Tocantins. Data were collected through a questionnaire, containing open and closed questions. In the analysis of the answers we verified the interest and enthusiasm of the students for the educational product produced. These elements make us believe in their pedagogical potential. In view of this, we hope that this work will contribute significantly to the teaching and dissemination of astronomy knowledge.

. Keywords: Physics education, keyword 2, keyword 3

Araguaína March - 2018

Page 8: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

vii

Sumário Capítulo 1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 01 Capítulo 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................... 04

2.1 Astronomia através dos tempos ......................................................... 04 2.2 Educação em Astronomia .................................................................. 09 2.3 Historia em quadrinhos na educação ................................................. 16

Capítulo 3 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................. 20 3.1 Elaboração da HQs ............................................................................ 20 3.2 Produção da HQs ............................................................................... 21 3.3 Avaliação da HQs............................................................................... 25

Capítulo 4 RESULATADOS E DISCUSSÕES................................................ 26 Capítulo 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 36 Apêndice: Questionário .................................................................................... 38 Referências Bibliográficas ................................................................................ 41

Page 9: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

Capítulo 1

INTRODUÇÃO

O conhecimento astronômico é a ferramenta que nos permite conhecer o

Universo onde nos encontramos e do qual fazemos parte. É consenso entre os

estudiosos no assunto que a Astronomia é a mais antiga das ciências, visto

que seu conhecimento foi gradativamente construído a partir das primeiras

civilizações humanas. A vontade em desvendar os mistérios do Universo que

nos circunda, prosseguiu ao longo dos tempos impulsionando a mente de

gerações, ávidas por estudar sua origem, evolução e destino (OLIVEIRA

FILHO; SARAIVA, 2000).

Entretanto, apesar de estarmos vivendo em meio a inúmeras

descobertas científicas e tecnologia na área da Astronomia, sobretudo com

diversas implicações em nosso dia a dia, muito deste conhecimento continua

incompreensível e, o que é pior, fora do alcance da grande parte da sociedade.

Quando se trata de transmitir o saber astronômico, o que mais chama a

atenção é a sua relação com as instituições de ensino e as de formação

profissional docente, sejam elas de formação inicial ou continuada.

Observamos no campo educacional brasileiro um reduzido espaço e tempo

dedicado a essa importante área do conhecimento.

Uma vista nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e em seus

complementos para o Ensino Médio – (PCN+), documentos oficiais que

orientam os programas da educação básica do país é possível constatar que

os mesmos não preveem a Astronomia como disciplina curricular. Os temas

desta área do conhecimento aparecem fragmentados em outros componentes

curriculares. No ensino fundamental estão presentes principalmente nas

disciplinas de ciência (anos iniciais e finais) e geografia (anos finais), e em

física no caso do ensino médio (BARBOSA; VOELZKE, 2017, p.88).

Ainda segundo os autores, uma consequência direta dessa lacuna é a

não obrigatoriedade da oferta da Astronomia como disciplina obrigatória na

composição dos currículos da maioria dos cursos de formação profissional

docente que irão atuar tanto no ensino fundamental quanto no médio. Dentro

desse contexto, não é raro encontrar professores com pouco ou nenhum

Page 10: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

2

domínio teórico e prático de Astronomia, que se veem na situação de

incorporar conteúdo desta área do conhecimento em sua prática pedagógica,

sem saber como e por que devem fazê-lo.

Nesse cenário, podemos considerar que o baixo desempenho dos

alunos em competições específicas da área, como é o caso da Olimpíada

Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), seja, possivelmente, um reflexo

negativo desse modelo.

Repousa nessas constatações a necessidade de refletirmos sobre o

tortuoso caminho que o ensino de Astronomia tem sido conduzido no país.

Enquanto não ocorrem mudanças significativas no sistema educacional do

Brasil, compete aos professores buscar novas situações de aprendizagem,

onde o aluno, além de aplicar seus conhecimentos, tenha a oportunidade de

compreender e, consequentemente, gostar do que está fazendo.

Para alcançar tal propósito, nada melhor do que partir de estratégias de

ensino que, ao mesmo tempo em que torna o ambiente escolar mais

descontraído e menos enfadonho, venha despertar nos aprendizes o interesse

e a motivação em aprender.

Atendendo a essa expectativa, dentre as diversas possibilidades que

existem, temos como opção a História em Quadrinhos (HQs) que, devido as

suas características lúdicas, cria condições que favorecem a aprendizagem

significativa (SANTOS; PEREIRA, 2013, p.55).

No que diz respeito à utilização de HQs na educação como recurso para

a prática educativa, Silva (2014, p.21) enfatiza que elas podem ser usadas

como ferramenta no processo de ensino e aprendizagem, visando a

compreensão de conteúdos de diversas áreas do conhecimento, tais como

história, português, biologia, geografia, física, entre outras.

Considerando a relevância da HQs no processo ensino e aprendizagem,

este trabalho teve por objetivo elaborar, produzir e avaliar uma história em

quadrinhos (HQs) voltada à divulgação de conhecimentos de Astronomia e

destinada a alunos do ensino médio.

Acreditamos que ao trazer as Histórias em Quadrinhos para o ambiente

escolar, além de estimular à prática da leitura, estamos criando entre o aluno e

o conhecimento um ambiente de estudo mais dinâmico, interativo e divertido,

possibilitando que o aluno associe o aprendizado ao prazer.

Page 11: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

3

Obviamente as Histórias em Quadrinhos não são a única intervenção

pedagógica possível, talvez nem a mais importante, porém é inevitável não

reconhecê-la como uma possibilidade positiva e significativa no processo de

ensino e aprendizagem.

Page 12: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

4

Capítulo 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Astronomia através dos tempos

A Astronomia é considerada a mais antiga das ciências. Documentos

históricos evidenciam que desde as primeiras civilizações o homem tem

acompanhado cuidadosamente os eventos nos céus, em busca de significado

e ordem para o Universo ao seu redor.

Diversos artefatos antigos refletem a fascinação das primeiras

civilizações humanas pelos corpos celestes e seus esforços em entendê-los.

Entre eles, destacamos Stonehenge, círculo de grandes pedras que existe até

hoje no sul da Inglaterra, erguido em etapas durante um longo período de

tempo, a partir de 2800 a.C. Esse complexo monumento megalítico foi

construído de tal forma que, no dia de solstício de verão, uma pessoa

posicionada em seu centro consegue observar o Sol nascer exatamente numa

pedra fora e distante do círculo, conhecida como “pedra do calcanhar” (SOLÉ,

2016, p. 17).

É certo que a construção de uma estrutura como Stonehenge exigiu

dos povos antigos um vasto conhecimento a respeito do céu, conhecimentos

este que devem ter sido acumulados durante longos anos de observação.

Uns dos registros astronômicos mais antigos datam de 700 a.C. e se

devem aos babilônios, civilização que se desenvolveu na antiga região da

Mesopotâmia, que compreende o atual Iraque no Oriente Médio. A descoberta

de pequenas tábuas de argila, contendo informações sobre os movimentos das

estrelas e dos planetas, atesta a realização de observações celeste por este

povo. As tabuas babilônicas ainda revelaram suas destrezas matemáticas. Esta

habilidade foi fundamental para a Astronomia, propiciando, entre outras coisas,

a divisão do círculo do céu em 360 graus, o que, consequentemente, facilitou a

distribuição dos espaços celestes e a medição do tempo (RIDPATH, 2007, p.

16).

Outros monumentos históricos que trazem marcados em sua

construção evidências de observações do céu são as pirâmides do Egito,

civilização que se desenvolveu simultaneamente com as mesopotâmicas.

Page 13: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

5

Não há comprovação científica de que esses templos estão de fato

orientados astronomicamente, porém os egípcios deixaram vários legados à

Astronomia, dentre as quais destacamos: criação de um calendário solar, a

identificação de muitas constelações e a fixação de uma cronologia rigorosa

((SOLÉ, 2016, p. 21).

As conquistas no âmbito da Astronomia evoluíram significativamente

na Grécia. O grande diferencial desta civilização foi à incorporação da

mentalidade científica. Nesse novo modelo, os gregos procuravam

compreender os princípios físicos segundo os quais os fenômenos celestes

funcionavam, deixando-os de associar a crenças religiosas ou previsões

astrológicas, prática esta típica dos povos da mesopotâmia (RIDPATH, 2007, p.

16).

Outro diferencial na metodologia grega em relação a dos babilônios

tem a ver com a escolha das estratégias matemáticas. Enquanto os segundos

faziam uso da aritmética (números e operações) para compreender os

fenômenos celestes, os gregos preferiram a geometria (figuras) para

representar as posições e os movimentos planetários (SOLÉ, 2016, p. 28).

Entre os astrônomos gregos, os mais notáveis foram: Tales de Mileto

(~624 – 546 a.C.), primeiro grego a definir a duração do ano em 365 dias e a

calcular as dimensões do Sol e da Lua; Anaximandro (~610 – 545 a.C.),

desenhou o primeiro mapa do mundo conhecido e do céu e foi um dos

primeiros a propor modelos celestes baseados no movimento dos corpos

celestes e não em manifestações de deuses; Anaxímenes (~586 – 525 a.C.),

foi o primeiro a distinguir os planetas das estrelas pelos movimentos irregulares

dos primeiros; Pitágoras de Samos (~572 – 497 a.C.), acreditava na

esfericidade dos corpos celestes e acreditava que o Sol, a Lua e os planetas

orbitavam ao redor da Terra dentro de esferas cristalinas concêntricas; Eudóxio

de Cnidos (408 – 344 a.C.), explicou o movimento observável do Sol, da Lua e

dos Planetas através de complexos e engenhoso sistema de 27 esferas

concêntricas girando em diferentes eixos e velocidades ao redor de uma Terra

fixa e esférica; Aristóteles (384 – 322 a.C.), simplificou o modelo planetário de

Eudóxio mantendo a Terra esférica e imóvel no centro do Universo e afirmava

que o Cosmo encontrava-se dividido em dois espaços (sublunar e celeste);

Aristarco de Samos (310 – 230 a.C.), foi o primeiro a defender de modo

Page 14: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

6

convincente que a Terra orbitava em torno do Sol (modelo heliocêntrico) e a

calcular as distâncias entre a Terra, a Lua e o Sol, Eratóstenes (276 – 194 a.C.)

pioneiro em medir o diâmetro da Terra; Hiparco (160 – 125 a.C.), considerado o

maior astrônomo da era pré-cristã e responsável por catalogar a posição no

céu e a magnitude de 850 estrelas e Ptolomeu (85 – 165 d.C.), reuniu todo os

conhecimento da Astronomia antiga e idealizou um modelo planetário

geocêntrico que permitia predizer o movimento dos planetas com considerável

precisão (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2000, p 2-5).

As contribuições da civilização Romana ao desenvolvimento da

Astronomia foram bastante modestas. Os romanos estavam mais interessados

em extrair dos corpos celestes previsões para suas batalhas e conflitos civis do

que desvendar seus mistérios. Durante a idade média o cenário também não

foi muito animador para a ciência astronômica. Neste período a Igreja Católica

moldou a educação de modo a atender e consolidar sua hegemonia,

reprimindo duramente os que atreviam a questioná-la. Como consequência

direta, o legado astronômico grego acabou sendo desprezado ou esquecido

(SOLÉ, 2016, p. 47-48).

O interesse pela Astronomia só foi revivido após catorze séculos,

graças ao povo islâmico, responsáveis pela tradução e reintrodução na Europa

dos textos gregos. Um dos maiores astrônomos islâmicos foi Mohamed al-Battani

(850 – 929), responsável por realizar cálculos detalhados das posições do Sol e da

Lua e descobriu que o apogeu, posição orbital que representa a maior distância

entre a Lua e a Terra, não é fixa, mas desloca-se. Outro astrônomo islâmico

importante no desenvolvimento da ciência foi Ibn al-Haytham (965 – 1040),

conhecido na época como Alhazen, realizou avanços importante em teorias da luz

(SOLÉ, 2016, p. 49-53).

O modelo geocêntrico reinou sozinho até o século XVI, época em que o

sacerdote e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473 - 1543) ressurgiu com

a ideia do Grego Aristarco para os movimentos dos corpos celestes. Segundo

Copérnico o Sol estava no centro do Universo e os planetas orbitando a sua

volta (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2000, p 734).

Em seguida, o nobre dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601), após

uma série detalhada de observações astronômica, concebeu um modelo

alternativo ao geocentrismo e heliocentrismo. A sua ideia era que os planetas

Page 15: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

7

orbitavam em torno do Sol e este, como a Lua, girava em torno de uma Terra

imóvel e no centro (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2000, p 736-737).

Os registros das observações realizadas por Tycho permitiu que um

dos seus ajudantes, o matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630),

formulasse três leis para o movimento dos planetas. Em suas leis, Kepler

afirma que os planetas giram em torno do Sol, porém não em órbitas circulares

e com movimento uniforme, mas sim em órbitas elípticas com suas velocidades

variando conforme sua distância ao Sol. Ainda segundo Kepler, as distâncias

relativas dos planetas em relação ao Sol estão relacionadas aos seus períodos

de revolução (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2000, p 739-743).

Seguindo o mesmo propósito, porém em caminho distinto ao de

Kepler, o italiano Galileu Galilei (1564-1642) realizou grandes descobertas

astronômicas utilizando telescópios. Entre elas, destacamos: descobriu que a

Via Láctea consistia numa quantidade imensa de estrelas pálidas; percebeu

que a Lua tinha crateras e montanhas, diferente da superfície perfeitamente

lisa e esférica que se imaginava na época; encontrou quatro luas orbitando

Júpiter; percebeu que Vênus tinha fases, como a Lua; vislumbrou os anéis de

Saturno e detectou manchas escuras e móveis no Sol. A publicação das

descobertas de Galileu reforçou e ampliou a crença no modelo heliocêntrico.

Em 1633, a Inquisição da Igreja Católica condenou Galileu a prisão domiciliar

pelo resto da sua vida e o obrigou a renunciar das suas ideias copernicanas

(OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2000, p 744-748).

Meio século depois, as descobertas realizadas por Kepler e Galileu

foram fundamentais para que o cientista inglês Isaac Newton (1642-1727)

concluísse que existia uma força de atração mútua entre os corpos celestes,

sendo esta proporcional à suas massas e inversamente ao quadrado da

distância entre si. Essa lei foi publicada em 1687 e é conhecida como lei da

gravidade universal, visto que se aplica à mecânica terrestre e à celestial

(SOLÉ, 2016, p. 79-80).

O triunfo das ideias newtonianas para o movimento dos astros se deve

ao astrônomo inglês Edmond Halley (1656-1742). Depois de estudar registros

históricos, Halley levantou a hipótese de que os cometas que haviam sido

observados em 1531, 1607 e 1682 eram um só e previu sua próxima visão em

Page 16: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

8

1758. Infelizmente Halley não viveu para vê-lo, mas o reaparecimento de seu

cometa ocorreu como havia previsto (RIDPATH, 2007, p. 16).

O aperfeiçoamento de instrumentos de observações telescópicas foi

decisivo na evolução do conhecimento astronômico. Em 1781, William

Herschel (1738-1822) detectou com seu telescópio um corpo muito maior do

que as estrelas. Após analisá-lo minuciosamente, Herschel percebeu que havia

descoberto um planeta, no caso Urano (SOLÉ, 2016, p. 86-87).

Após a descoberta de Urano, os cientistas perceberam inesperadas

mudanças em sua trajetória que não podia ser explicada levando em conta

apenas os planetas conhecidos na época. Esse fato levou a especulação da

existência de um novo planeta. Em 1846 o planeta Netuno foi descoberto,

confirmando as previsões matemáticas. Essa descoberta completou a

descrição planetária do nosso Sistema Solar (SOLÉ, 2016, p. 89-90).

Plutão, descoberto em 1930, após ser reclassificado como planeta

anão em 2006, perdeu seu lugar entre os planetas que compõem o Sistema

Solar.

No início do século XX, o foco de atenção dos astrônomos

gradualmente deixou os planetas e partiu em direção as estrelas e nebulosas.

Esse estudo foi impulsionado graça ao desenvolvimento do espectroscópio,

aparelho capaz de analisar comprimentos de onda emitidos por objetos, e do

registro permanente (fotografias) das observações astronômicas. Esses

dispositivos combinados ampliaram consideravelmente a tarefa de catalogação

de dados dos objetos celestes e, consequentemente, possibilitaram novas

descobertas. Entre elas, destacamos os diagramas de Russell e Hertzsprung,

por ter disponibilizado soluções para se compreender a física e a evolução das

estrelas (RIDPATH, 2007, p. 22-23).

Os avanços no entendimento da natureza dos corpos celestes

acabaram por revelar diversos fatos surpreendentes sobre o Universo. Em uma

destas descobertas, Edwin Hubble (1889-1953) revelou que o Universo era

composto de múltiplas galáxias. Atualmente sabe-se que existem mais de cem

bilhões delas, e cada uma composta por centenas de bilhões de estrelas

(SOLÉ, 2016, p. 117).

Hubble também descobriu e demonstrou que o Universo se encontra

em expansão, mostrando que quanto mais distantes está uma galáxia, mais

Page 17: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

9

rápido é o seu afastamento. Outra consequência das suas descobertas é que o

Universo está se expandindo em todas as direções. As descobertas de Hubble

forneceram a base de sustentação da teoria do Big Bang, a qual sugere que o

Universo nasceu de uma grande explosão de um pequeno ponto infinitamente

denso (RIDPATH, 2007, p. 25).

Os últimos avanços no conhecimento astronômico estiveram e,

certamente, continuaram estreitamente ligados aos avanços tecnológicos. É

grande a probabilidade que o aperfeiçoamento e modernização de materiais e

equipamentos astronômicos permitirão que o olhar humano continue atingido

lugares cada vez mais distantes.

2.2 Educação em Astronomia

Os frutos que a Astronomia proporciona a sociedade são diversos e

significativos. A busca pela compreensão da origem e evolução do Universo

impulsionou o desenvolvimento científico e presenteou a humanidade com

várias tecnologias e produtos que são usadas no nosso dia a dia. Entre essas

conquistas destacamos os satélites de comunicação, Sistema de

Posicionamento Global (GPS), painéis solares, scanners de ressonância

magnética e muitas outras aplicações na medicina.

A respeito do que expusemos, Darroz et al. (2014, p.119), afirma que:

Acompanhando a nossa história e cultura, a Astronomia tem,

constantemente, revolucionado o nosso pensamento, ao presentear a

humanidade com pistas em direção ao futuro. Os resultados do seu

desenvolvimento científico e tecnológico, bem como de áreas afins,

estão se transformando, recorrentemente, em aplicações essenciais

para o nosso dia a dia. É o caso, por exemplo, dos computadores

pessoais, dos satélites de comunicação, telemóveis, do Sistema de

Posicionamento Global (GPS), dos painéis solares, scanners de

ressonância magnética, do microlaser e de muitas outras ferramentas

empregadas na medicina.

Diante de tal constatação, há que considerarmos que a Astronomia

deve fazer parte dos conteúdos escolares ministrados no ambiente escolar,

mais precisamente, no caso do ensino médio, na disciplina de Física, conforme

Page 18: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

10

indica as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros

Curriculares Nacionais para Física (PCN+, 2002, p.56):

A Física deve apresentar-se, portanto, como um conjunto de

competências específicas que permitam perceber e lidar com os

fenômenos naturais e tecnológicos, presentes tanto no cotidiano mais

imediato quanto na compreensão do Universo distante, a partir de

princípios, leis e modelos por ela construídos.

Na perspectiva proposta pelo PCN+ (2002), o ensino de Física deve

estabelecer relações entre os conteúdos abordados em sala de aula e o

contexto social, de modo que os alunos possam relacionar o aprendido na

escola com o observado no seu dia-a-dia. Este procedimento amplia a

compreensão que os aprendizes têm do mundo em que vivem e possibilita os

mesmos a participar ativamente das discussões que ocorrem na sociedade.

Ainda sobre essa temática, Carvalho Junior (2011, p.16) afirma que:

O ensino de Física, em particular, deve permitir que os alunos,

através de atividades propostas durante as aulas, tenham acesso a

conceitos, leis, modelos e teorias que expliquem satisfatoriamente o

mundo em que vivem, permitindo-lhes entender questões

fundamentais como a disponibilidade de recursos naturais e os riscos

de se utilizar uma determinada tecnologia que poderia ser nociva a

algum ecossistema.

Nesse trecho, os autores apontam os objetivos a serem alcançados

pelo ensino de física no ambiente escolar. O grande desafio para os

educadores proporcione meios efetivos de transmissão e apropriação dos

conhecimentos de modo a estimular e despertar nos alunos o gosto e o

interesse em aprender. Em outras palavras, compete aos professores

promover o envolvimento do aluno com o conteúdo, para que ele se sinta

estimulado a buscar permanentemente o processo de conhecer. Essa conduta

capacita os alunos a entender com mais profundidade os fatos e fenômenos

que fazem parte da realidade que o cerca.

No Brasil, é comum os professores orientarem suas ações

pedagógicas apenas em livros didáticos ou, o que é pior, em cadernos

Page 19: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

11

apostilados de sistemas de ensino. Essa atitude, de certa maneira, acaba

comprometendo o processo educacional, pois além do fato de organizar suas

ações sem levar em conta circunstância importante, tais como o perfil e os

interesses de seus alunos, o professor fica preso a uma curta lista de estratégia

de ensino (SASSERON, 2010, p. 3-4).

Segundo Rosa, C. e Rosa, A. (2005, p.2), a maior parte dos livros de

Física, que circulam nas escolas de ensino médio, prioriza atividades que

prepare os alunos para as concorridas provas de vestibular. O aluno, muitas

vezes, não compreende o que está fazendo e, muito menos, por que terá que

fazer, preocupa-se demais em adivinhar as respostas.

Não se pode negar que tais propostas pedagógicas são fundamentais

para os processos de ensino e aprendizagem. A questão que se coloca, no

entanto, é em relação ao uso indiscriminado e exclusivo desta prática nas salas

de aulas que, efetivamente, não possibilita ao estudante a correta interpretação

dos fatos, fenômenos e processos naturais, bem como estabelecer relações

com situações do seu cotidiano.

Como era de se esperar, com a Astronomia o cenário não é diferente.

Estudos realizados por Darroz et al. (2014), Machado e Santos (2011) e

Barbosa e Voelzke (2017) evidenciam que o modelo de educação que vem

sendo praticado nas escolas não possibilita os alunos compreender os

conceitos e princípios elementares que fazem parte dessa área do

conhecimento.

Esse fato se torna evidente quando analisamos os resultados dos

desempenhos dos alunos em competições específicas da área, como é o caso

da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA).

A competição é realizada anualmente pela Sociedade Astronômica

Brasileira (SAB) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) e é

voltada a alunos de todos os anos do ensino fundamental e médio do território

nacional.

Entre os seus objetivos destacamos a promoção e difusão dos

conhecimentos de Astronomia, astronáutica e ciências afins, visando despertar

nos jovens o interesse em seguir carreira profissional nestas áreas.

Criada em 1998, as escolas interessadas em participar da disputa

devem fazer a sua inscrição no site da competição. A inscrição é gratuita,

Page 20: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

12

bastando apenas que haja no estabelecimento de ensino responsável pela

aplicação e correção da prova.

As provas da OBA são divididas em níveis de acordo com as

respectivas etapas de escolarização. A primeira é destinada aos alunos

regularmente matriculados do 1° ao 3° ano do ensino fundamental; o nível

seguinte contempla alunos regularmente matriculados do 4° ao 5° ano do

ensino fundamental; o nível três abrange alunos regularmente matriculados

entre o 6° ao 9° ano do ensino fundamental e o último nível é destinada aos

alunos regularmente matriculados em qualquer série/ano do ensino médio.

A prova possui 10 questões, sendo 7 de Astronomia e 3 de

Astronáutica. A duração da prova é de duas horas nos níveis 1 a 3 e de quatro

horas no caso do nível 4.

A todos os alunos, professores colaboradores e escolas são entregues

certificados de participação. Dependendo da pontuação obtida, os

competidores da OBA podem ser agraciados com medalhas. Além disso, os

estudantes que obtêm as melhores notas são convidados a participar do

processo de seleção de estudantes brasileiros que irão representar o país na

Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA) e na Olimpíada

Latino Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA).

A Figura 1 apresenta dados relacionados à participação dos alunos do

ensino fundamental e médio na OBA, colhidos entre 1999 e 2016.

Figura 1. Alunos participantes da OBA entre 1999 a 2016. (Fonte: http://www.oba.org.br/sisglob/sisglob_arquivos/Relatorio%20da%20XIX%20OBA%20-

%202016.pdf)

Page 21: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

13

Especificamente no ano de 2016, 744.107 alunos (redução de 11,22%

em relação a 2015), de 7.895 Escolas (redução de 17,34% em relação a 2015),

realizaram a prova da OBA em todo o Brasil.

Tomando como referência o quantitativo de presentes nessa edição e

os dados da Figura 2, pertinente ao censo escolar da educação básica de

2016, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (INEP), constatou que o número de participantes na OBA de

2016 é aproximadamente 2% do total de alunos matriculado no ensino

fundamental e médio em todo país.

Figura 2. Sumário da matrícula na educação básica - Brasil 2016. (Fonte: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2017/notas_

estatisticas_censo_escolar_da_educacao_basica_2016.pdf)

O que mais chama a atenção nos dados da OBA não é o baixo

percentual de participação dos alunos, uma vez que o desejo de participar da

competição está condicionado ao interesse e disponibilidade do professor ou

da gestão escolar. As condições de trabalho e desvalorização profissional,

realidade de muitas escolas públicas, aliada à preocupação excessiva em

preparar os alunos para os concorridos exames de vestibulares, podem

constituir fatores que não estimulem os profissionais da educação a participar

da competição.

Chamamos a atenção para o desempenho que os alunos,

principalmente, os do último ano do ensino fundamental e do ensino médio,

tiveram nas provas entre os anos de 2014 a 2016 (Figura 3).

Page 22: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

14

Figura 3. Nota dos alunos na OBA de 2016. (Fonte: http://www.oba.org.br/sisglob/sisglob_arquivos/Relatorio%20da%20XIX%20OBA%20-

%202016.pdf)

Percebemos pelos dados expostos que no nível 3 os picos de notas

estão concentrados entre 3 e 5. A situação piora no nível 4, ou seja, grandes

partes dos alunos do ensino médio obtiveram notas entre 1 e 2. Com efeito,

considerando que a escala de nota vai até 10, está claro a necessidade de

refletirmos criticamente sobre os motivos para um desempenho tão baixo.

Em tal reflexão advém uma questão, entre outras, que é primordial a

ser investigada: Como a Astronomia tem sido apresentada nos cursos de

formação inicial de professores, seja na pedagogia ou nas licenciaturas?

Bretones (2006, p.15) tecem considerações importantes sobre o

processo formativo dos educadores que tem a missão de transmitir

conhecimentos de Astronomia aos alunos no ensino regular. Para este

pesquisador um dos maiores problemas do ensino de Astronomia está na

formação desses profissionais, uma vez que, no Brasil são pouquíssimas as

oportunidades para que os educadores tenham uma formação inicial para

lecionar conteúdos de Astronomia.

Segundo o mesmo autor, essa lacuna é consequência de não termos

no país uma legislação específica que determine a inclusão da Astronomia

como disciplina obrigatória nos cursos de formação docente.

Page 23: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

15

Em convergência a esta constatação, Roberto Júnior, Reis e

Germinaro (2014, p.91) revela que há uma desconexão entre os cursos de

formação docente e as diretrizes da educação básica:

De um lado estão os cursos de Licenciatura em Física que não têm

regulamentada uma orientação para que ofereçam uma formação

básica mínima em Astronomia para os futuros professores. Do outro

lado está o professor de Física do ensino médio, que orientado pelos

PCN+ deve inserir conteúdos de Astronomia na disciplina de Física.

Langhi e Nardi (2009, p.84) criticam esse modelo de formação de

professores nos cursos de licenciatura em Física. Para eles,

O docente não preparado para o ensino de Astronomia durante a sua

formação promove o seu trabalho educacional com as crianças sobre

um suporte instável, onde essa base pode vir das mais variadas

fontes, desde a mídia sensacionalista até livros didáticos com erros

conceituais, proporcionando uma propagação destas concepções

alternativas.

Percebemos pelo exposto que ensinar Astronomia, assim como é nas

outras áreas do conhecimento, é muito mais abrangente do que simplesmente

repassar informações. Não basta apenas inseri-la nos livros didáticos e esperar

que o professor, muitas vezes, sem a formação e a qualificação necessária,

possa promover integralmente a aprendizagem dos alunos.

A delicada tarefa de intermediar a relação entre o aluno e o saber

requer que o professor saiba articular sua metodologia aos conteúdos que

deverão ser transmitidos aos alunos. Pois, segundo Romanowski (2008, p.41)

para o exercício do ofício de professor, é imprescindível a instrumentalização

de conhecimentos e técnicas que possibilite o domínio das teorias pedagógicas

e da ciência específica, objeto do ensino e da prática docente, assim como

valores éticos e normas que regem a função docente.

Sendo assim, é necessário, portanto, repensarmos a formação dos

profissionais que irão atuar no ensino de Astronomia, no sentido de introduzir

alterações significativas na sua rotina pedagógica.

Page 24: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

16

Enfim, baseando-se nessa premissa, acreditamos que somente nesta

perspectiva pedagógica seja possível contribuir na melhoria da qualidade do

ensino de Astronomia e, consequentemente, desenvolver nos alunos

competências que lhe permitam compreender o mundo e atuar sobre ele de

forma ativa e crítica.

2.3 História em Quadrinhos na educação

Nas últimas décadas a relação entre as Histórias em Quadrinhos e a

educação tem se estreitado consideravelmente, motivado principalmente pelos

inúmeros estudos que têm apontado seu potencial educativo, como destacam

Santos e Pereira (2013, p.52).

Entretanto, de acordo com Santos e Vergueiro (2012, p. 82) essa

relação nem sempre foi amigável. Por várias décadas surgiram diversas

críticas formais contrarias as HQs no ambiente escolar. Ainda segundo os

autores, com o passar do tempo, a publicação de trabalhos sobre essa

temática acabou amenizando os conflitos entre as Histórias em Quadrinhos e a

educação.

Rodrigues e Melo (2012, p.131) define a História em Quadrinhos como

sendo:

[...] uma forma de narrativa que emprega recursos linguísticos e

imagéticos para narrar uma história. Como outras formas de narrativa,

elas veiculam ideias, informações, saberes, hábitos, costumes,

normas, valores culturais e representações sociais de uma

determinada cultura.

Dentro da educação escolar, o uso de História em Quadrinhos (HQs)

tem se destacado como uma possibilidade altamente significativa para o

professor na sua prática educativa, podendo ser incorporado ao espaço da

escola nas mais variadas disciplinas, tais como história, português, biologia,

geografia, entre outras (LONDERO, 2014, p.21).

É exatamente esse caráter multidisciplinar das Histórias em

Quadrinhos que tem contribuído na sua inserção como instrumento

Page 25: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

17

metodológico nas diversas áreas do conhecimento e em todos os níveis de

ensino.

Outro elemento que corrobora na inclusão das HQs no ambiente

escolar está no fato delas pertencer ao mundo dos alunos em todas suas faixas

etárias, e que por isto, obviamente, lhe são bastante familiares.

Cabe ressaltar ainda que as Histórias em Quadrinhos, na grande

maioria, são por natureza materiais instigante, despertando naturalmente o

interesse dos leitores.

No Brasil, a relação entre quadrinhos e educação nem sempre foi

amigável. Mesmo fazendo parte do dia a dia dos estudantes há bastante

tempo, somente no final da década de noventa é que houve aceitação das HQs

como ferramenta pedagógica nas instituições escolares, impulsionado,

principalmente, pela promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da educação

Nacional (LDB) em 1996 (Santos; Vergueiro, 2012, p.82).

Vergueiro (2014), citado por Chicóra e Camargo (2017, p.3), defende a

utilização das HQs no ensino e aponta inúmeras vantagens acerca da sua

incorporação na sala de aula. São elas:

Promovem uma participação mais ativa dos estudantes durante as

aulas, visto que os estudantes se identificam com a linguagem

utilizada; a interligação do texto à imagem amplia a compreensão de

conceitos; o alto nível de informação e conteúdos abordados nas HQ

permite ao professor utilizá-las em diversas situações; favorecem a

comunicação entre professor e aluno; promovem o hábito da leitura,

enriquecem o vocabulário dos estudantes e potencializam o

desenvolvimento do pensamento crítico e imaginação.

É interessante observar que os benefícios apontados pelo autor estão

intimamente voltados à descoberta do conhecimento de maneira descontraída,

uma vez que a mesma se encontra nesse momento vinculado a alegria, o

desafio e a sedução.

Nessa perspectiva, a inserção das HQs no contexto educativo tem

muito a contribuir com o amplo e complexo processo educacional. Porém, é

preciso previamente ter objetivos de ensino e aprendizagem claros para que

Page 26: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

18

essa incorporação ocorra efetivamente, evitando assim, que as HQs se tornem

uma mera atividade de descanso ou apenas um passatempo.

Tais constatações permitem concluir que a HQs além de proporcionar

momentos de descontração e divertimento, deve representar um meio para se

alcançar determinados objetivos educacionais, como, por exemplo, criar uma

relação positiva entre o prazer e o conhecimento.

Embora a dimensão lúdica faça parte da natureza dos HQs, como

prevê Testoni e Abib (2003, p.2) e Santos e Pereira (2013, p.55), sua utilização

sem a devida preparação ou seleção criteriosa poderá dificultar a

aprendizagem ou, o que é pior, introduzir erros conceituais.

Os autores ainda argumentam que para um bom aproveitamento das

HQs em sala de aula é preciso que o professor defina sua finalidade

educacional, estabeleça uma estratégia adequada à faixa etária e nível de

conhecimento dos alunos e, por fim, faça uma seleção criteriosa do material.

Para esses pesquisadores, todos esses elementos são relevantes e

não podem ser suprimidas, evitando assim, o risco de se causar algum prejuízo

no processo de aquisição de saberes por parte do estudante.

Sobre a escolha da HQs, Testoni e Abib (2003) alerta que:

Em um primeiro momento, é necessário que seja elaborada uma

categorização prévia dos Quadrinhos. Com esta classificação,

verificaremos a função pedagógica predominante de determinados

Quadrinhos, podendo assim, planejar de forma mais otimizada uma

estratégia didática que busque sua utilização.

Nesse momento, o professor deve valer-se, principalmente, de sua

experiência profissional e do bom senso, sempre atento aos objetivos

educacionais a serem atingidos.

Essa forma de tratar as HQs no processo educacional permite, como

atesta Chicóra e Camargo (2017, p.8), discussões e reflexões que possibilita

estabelecer relações com o mundo vivenciado pelos alunos.

Além disto, segundo os autores, suas características lúdicas

proporcionam um ambiente de estudo prazeroso, onde o aprendiz se sente

motivado a realizar as atividades propostas.

Page 27: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

19

Sob essa perspectiva, acreditamos que o uso das HQs pode tornar o

ensino mais atrativo e interessante, além do que, pode ser um poderoso

instrumento de auxílio no processo de ensino e aprendizagem das diversas

áreas do conhecimento.

Devemos destacar, ainda, que a possibilidade de aprendizagem por

meio de HQs aqui exposta não visa resolver integralmente os problemas do

binômio ensino-aprendizagem. As Histórias em Quadrinhos são apenas mais

uma alternativa metodológica entre muitas outras existentes que o professor

deve ter em seu repertório de instrumentos de ensino.

Podemos concluir a partir do foi apresentado nos parágrafos anteriores

que a utilização de Histórias em Quadrinhos no ensino se configura como uma

estratégia diferenciada no desenvolvimento de conteúdos de forma

significativa, porém, desde que seja cuidadosamente selecionada e planejada.

Page 28: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

20

Capítulo 3

MATERIAL E MÉTODOS

O desenvolvimento deste estudo seguiu os procedimentos

metodológicos da pesquisa qualitativa, sendo subsidiado por tratamento

estatístico, na análise dos documentos.

O processo de desenvolvimento da História em Quadrinhos envolveu

três etapas: elaboração, produção e avaliação.

3.1 Elaboração da HQs

O primeiro passo nesta etapa consistiu na seleção de conceitos e

conteúdo. Para tanto, analisamos os principais assuntos cobrados nas provas

de níveis 4 da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Deste

estudo, optamos em selecionar os seguintes temas: Terra: rotação, pontos

cardeais, coordenadas geográficas, estações do ano, marés, solstício,

equinócio; Sistema Solar: descrição, origem, Terra como planeta; corpos

celestes: planetas, satélites, asteroides, cometas, estrelas, galáxias; conquista

do espaço; origem do Universo; gravitação: força gravitacional e peso; unidade

astronômica; constelações e reconhecimento do céu; lei da Gravitação

universal, leis de Kepler, lei de Hubble; evolução estelar, estágios finais da

evolução estelar (buracos negros, pulsares, anãs brancas), origem do sistema

solar e do Universo.

O passo seguinte correspondeu em consultas bibliográficas no intuito

extrair de diferentes textos as considerações mais relevantes sobre as

temáticas selecionadas.

O terceiro passo foi dedicado a elaboração do roteiro. A história,

intitulada de “A aventura de conhecer a imensidão que nos cerca”, é constituída

de duas partes e tem como personagens centrais três estudantes (Carol,

Marina e Vinicius), um professor (Rodrigo), um astrônomo (Miguel) e uma

astrofísica (Lívia).

A história se inicia e encerra fazendo referência a Olimpíada Brasileira

de Astronomia e Astronáutica (OBA). O desejo de se preparar para essa

Page 29: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

21

competição faz os estudantes saírem em busca de conhecimento com

profissionais ligadas à área da Astronomia e astronáutica.

Os cenários da primeira parte da HQs são uma sala de aula, residência

da personagem Carol e um observatório astronômico, local de trabalho do

personagem Miguel. É neste último ambiente que o astrônomo dialoga com os

estudantes sobre os planetas do sistema solar e suas luas e apresenta várias

curiosidades sobre as primeiras missões espaciais.

Antes de prosseguir para a segunda parte, é oferecida ao leitor a leitura

de dois textos: um referente à Estação Espacial Internacional, popularmente

conhecida por ISS devido sua tradução em inglês: International Space Station,

e o outro referente ao Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro a participar

de uma missão espacial. Após a leitura de cada um dos textos é disponibilizado

passatempos, que tem o objetivo de distrair o leitor.

A segunda parte da HQs tem como plano de fundo uma área afastada

das luzes das cidades e com poucas nuvens no céu. Este lugar foi escolhido

pela astrofísica para dialogar com os estudantes sobre as estrelas; Sol; buraco

negro; buraco de minhoca; Big Bang; matéria e energia escura, objetos

celestes e constelações.

3.2 Produção da HQS

O primeiro passo nesta etapa coube a criação dos personagens e

ambientes, inclusão dos balões de diálogo e distribuições das imagens nos

espaços das páginas da HQs. Nessa tarefa fizemos uso dos softwares:

Crazytalk Animator 2 e Adobe Photoshop.

Vale destacar que durante a criação dos ambientes fizemos uso de

diversas imagens, sendo as mesmas de uso público e obtido, na sua maioria,

na plataforma livre Wikimedia Commons, repositório de mídia da enciclopédia

Wikipédia.

A respeito do Crazytalk Animator 2, por ter uma interface muito simples

e fácil de utilizar, ele permite que o usuário, sem qualquer experiência em

programação, possa gerar conteúdos animados em 2D.

Page 30: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

22

Em nosso trabalho o software foi empregado na criação dos

personagens e ambientes, sendo os mesmos salvo no formato JPG após sua

produção. Na Figura 4 temos uma visão do software.

Figura 4. Criação dos personagens e ambientes utilizando o software Crazytalk Animator 2. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de captura de tela (Print Screen) (2017).

A tarefa de inserir os balões de diálogos e organizar as imagens nos

espaços das páginas foi executada no Adobe Photoshop, software que

disponibiliza aos usuários uma variedade grande de ferramentas para edição

de imagens. Os materiais produzidos através dos programas foram salvos no

formato PDF. Na figura 5 temos uma visão do Adobe Photoshop.

Figura 5: Criação dos balões de diálogos e organização das imagens utilizando software Adobe Photoshop. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de captura de tela (Print Screen) (2017).

Page 31: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

23

No segundo passo, no processo de produção realizamos a revisão do

material. O arquivo PDF foi impresso e em seguida executamos uma leitura

crítica e minuciosa, com o objetivo de corrigir erros de português e digitação,

substituir palavras repetidas, trocar alguns termos por sinônimos mais

adequados e, principalmente, averiguar se você está cumprindo a proposta

inicial.

O terceiro passo foi dedicado a conversão dos arquivos em PDF num

E-book, livro em formato digital. Para tanto, utilizamos o Flip PDF, software que

realiza essa tarefa de maneira simples e rápida, possibilitando a exportação do

livro em diversos formatos, como HTML (para publicação na web), HTML5

(para dispositivos móveis), EXE (executável apropriado para ser gravado em

mídias físicas), APP (para Mac OS). No nosso caso, optamos pelo modelo

EXE, obtendo como resultado um arquivo de 31,1 MB.

Figura 6. Criação do E-book utilizando software Flip PDF. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de captura de tela (Print Screen) (2017).

O quarto e último passo consistiram na transferência do arquivo EXE

para uma mídia óptica, no caso um CD-R de 780 MB de capacidade. Nas

Figuras 7, 8 e 9 temos, respectivamente, uma visão da capa, contracapa e

encarte da HQs.

Page 32: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

24

Figura 7. Capa do CD ROM. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de captura de tela (Print Screen) (2017).

Figura 8. Contracapa do CD ROM. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de captura de tela (Print Screen) (2017).

Page 33: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

25

Figura 9. Encarte do CR ROM. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de captura de tela (Print Screen) (2017).

3.3 Avaliação da HQS

Para a avaliação da versão preliminar, terceira etapa do trabalho, foi

produzida 100 cópias do produto. A avaliação foi realizada por 100 estudantes

do 1° ao 3° ano do Ensino Médio dos cursos técnicos de Informática e

Biotecnologia do Campus Araguaína do Instituto Federal do Tocantins (IFTO).

A participação ocorreu de forma voluntária, onde inicialmente foi

apresentada a todos os alunos uma síntese do material produzido e

posteriormente o convite para realizar sua leitura e avaliação.

A avaliação da HQs procedeu através de um questionário contendo 17

questões abertas e fechadas. As questões tiveram como objetivo traçar o perfil

dos participantes, assim como, suas opiniões sobre o produto. O APÊNDICE

traz o questionário submetido aos sujeitos da pesquisa.

Os participantes que aceitaram participar do estudo receberam uma

cópia da HQs e outra do questionário. Foi acordado com eles que teriam o

prazo de 15 dias para realizar a devolução dos mesmos.

Durante a análise dos dados procurou-se manter em anonimato a

identidade dos alunos, os quais foram identificados como: A1, A2, A3, ... A100.

Page 34: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

26

Capítulo 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No momento da realização do estudo, o Campus Araguaína do Instituto

Federal do Tocantins (IFTO) contava com 275 estudantes matriculados no

ensino médio, sendo que, desde quantitativo tinham 122 no 1° ano, 97 no 2°

ano e 56 no 3° ano.

A descrição dos participantes quanto ao sexo, faixa etária e série que

estão cursando encontra-se descrito na Tabela 1.

Característica n %

Sexo

Masculino 52 52

Feminino 48 48

Idade (anos)

13 1 1

14 11 11

15 29 29

16 36 36

17 18 18

18 3 3

19 2 2

Série que está cursando?

1o 45 45

2o 26 26

3o 29 29

Fonte: Dados da pesquisa (realizado na planilha EXCEL).

Tabela 1. Caracterização dos Participantes.

Ao analisar os dados, verificamos que pouco mais da metade (52%)

eram do sexo masculino. A faixa etária dos 15 e 16 anos concentrou a maior

proporção dos participantes (65%). Quanto à série escolar, os dados revelam

que quase a metade dos participantes pertencia ao 1° ano (45%). Em relação

ao quantitativo de alunos matriculado na instituição, este percentual representa

aproximadamente 37% do total. Para esse mesmo comparativo, no caso do 2°

e 3° ano, os percentuais são aproximadamente de 27% e 52%,

respectivamente.

A Figura 10 mostra o resultado da opinião dos participantes sobre a

relevância dos conteúdos abordados na HQs.

Page 35: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

27

Figura 10. Opinião dos participantes sobre os conteúdos da HQs. Fonte: Dados da pesquisa (realizado na planilha EXCEL).

Pelo somatório dos itens RELEVANTE e MUITO RELEVANTE, pode-

se constatar que 100% dos participantes reconhecem a importância dos

conteúdos presente no material. Os dados chamam a atenção para os itens

IRRELEVANTE e POUCO RELEVANTE, uma vez que, ambos não receberam

nenhum voto. Os resultados indicam o reconhecimento por parte dos

participantes da importância da inserção de temáticas relacionadas à

Astronomia no ambiente escolar. Esta constatação vai de encontro ao estudo

realizado por Langhi e Nardi (2009), ao qual apuraram haver nos últimos anos

um sensível aumento no estudo da Astronomia em diversas instituições de

divulgação e ensino desta área do conhecimento.

A avaliação dos alunos sobre a qualidade geral da HQs pode ser

visualizada na Figura 11.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

IRRELEVANTE POUCORELEVANTE

RELEVANTE MUITORELEVANTE

n (

part

icip

ante

s)

Page 36: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

28

Figura 11. Opinião sobre a qualidade geral da HQs. Fonte: Dados da pesquisa (realizado na

planilha EXCEL).

Observamos com esses dados que o material produzido teve grande

aceitação entre os participantes. A avaliação oscilou entre ÓTIMA e BOA, com

predomínio do conceito ÓTIMA (58%). Chamamos a atenção aos itens RUIM e

PÉSSIMA, visto que ambas não receberam nenhum voto. Atribuímos este

resultado a escolha da HQs como forma de difundir os conteúdos relacionados

à Astronomia. Pois, de acordo com Testoni e Abib (2003), por se tratar de um

instrumento que faz parte do dia a dia dos participantes desde a sua infância e

utilizar uma escrita fácil e acessível (caráter popular), os leitores acabam sendo

envolvidos por suas narrativas.

A Figura 12 apresenta os dados acerca da possibilidade dos

participantes em recomendar a HQs a um (a) amigo (a).

0

10

20

30

40

50

60

70

PÉSSIMA RUIM BOA ÓTIMA

n (

par

tici

pan

tes)

Page 37: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

29

Figura 12. Recomendação da HQs a um (a) amigo (a). Fonte: Dados da pesquisa (realizado na planilha EXCEL).

O resultado revela que 100% dos participantes são favoráveis ao

repasse da HQs a um (a) amigo (a). No feedback, os alunos se mostraram

entusiasmados com o material e ressaltaram sua relevância educacional, como

se pode perceber em seus comentários:

Sim, porque em minha opinião é de grande importância para saber de

onde surgiu os planetas, como tudo começou, tenha outras

curiosidades. (A11)

Eu recomendaria pois é uma forma legal e interessante de aprender

mais sobre Astronomia e astronáutica. (A31)

Recomendaria pois assim como eu, ele iria aprender e conhecer mais

o Universo. (A45)

Eu recomendaria esta HQs a um amigo pois além dela ser um

material educacional e didático, pode fazer com que as pessoas se

interessem por Astronomia. (A55)

É interessante os informes que ele traz sobre a Astronomia, e é bom

passá-la adiante. (A81)

0

20

40

60

80

100

120

SIM NÃO

n (

par

tici

pan

tes)

Page 38: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

30

Sim, para adquirir muitos conhecimentos, fazer novas descobertas,

até eu mesmo aprendi muitas coisas que eu não sabia. (A87)

Percebeu-se ainda nas justificativas que os alunos reconhecem a

presença de aspectos lúdicos na HQs, conforme descrito a seguir:

É um jeito descontraído de conhecer mais assuntos sobre a

Astronomia. (A24)

Pois o conteúdo abordado na HQs se dá de forma lúdica para as

pessoas da minha faixa etária. (A27)

Pois tem conteúdos interessantes e é algo agradável de se ler.” (A28)

Muito interessante e divertida, repassaria. (A39)

O conteúdo desperta interesse, além de ser bem informativo. (A61)

Essa HQs ensina muito de um jeito dinâmico, por isso recomendaria.

(A78)

Tomando como referência Chicóra e Camargo (2017, p.8), que

colocam as HQs como uma estratégica didática que pode ser utilizada em

diversas áreas do conhecimento, acreditamos, diante dos comentários dos

participantes, que o material produzido se configura como um valioso

instrumento para divulgação e o ensino da Astronomia.

Prosseguimos apresentando os resultados das respostas dos

participantes quando perguntados sobre que assuntos da HQS mais e menos

lhes agradaram, dentre doze itens listados. Vale destacar que alguns

participantes assinalaram mais de uma alternativa, variando de uma a doze

respostas assinaladas.

A tabela 2, a seguir, mostra o resultado referente aos assuntos da HQS

que mais agradaram os participantes.

Podemos observar que as três opções mais citadas foram: 1° - Buraco

negro e buraco de minhoca, 2° - Constelações e 3° - Estrela. Por outro lado, os

três que obtiveram menos votos são: 1° - Geocentrismo e heliocentrismo, 2° -

História das missões espaciais e 3° - Terra.

Page 39: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

31

Assunto n %

Terra 15 3,68

Lua 21 5,15

Estrela 50 12,25

Buraco negro e buraco minhoca 74 18,14

Matéria e energia escura 36 8,82

História das missões espaciais 14 3,43

Planetas 48 11,76

Sol 23 5,64

Constelações 58 14,22

Big Bang 40 9,80

Meteoroides, asteroides e cometas 26 6,37

Geocentrismo e heliocentrismo 3 0,74

Total 100 100,00

Fonte: Dados da pesquisa (realizado na planilha EXCEL).

Tabela 2. Assuntos que mais agradaram os participantes.

Quanto aos assuntos da HQs que menos agradaram os participantes,

temos a seguinte configuração (Tabela 3):

Assunto n %

Terra 36 13,48

Lua 34 12,73

Estrela 8 3,00

Buraco negro e buraco minhoca 2 0,75

Matéria e energia escura 17 6,37

História das missões espaciais 41 15,36

Planetas 5 1,87

Sol 14 5,24

Constelações 9 3,37

Big Bang 24 8,99

Meteoroides, asteroides e cometas 16 5,99

Geocentrismo e heliocentrismo 61 22,85

Total 100 100,00

Fonte: Dados da pesquisa (realizado na planilha EXCEL).

Tabela 3. Assuntos que menos agradaram os participantes

Os três assuntos que mais desagradaram os participantes foram: 1° -

Geocentrismo e heliocentrismo, 2° - História das missões espaciais e 3° -

Terra. Entretanto, os três que obtiveram menos votos são: 1° - Buraco negro e

buraco de minhoca, 2° - Planetas e 3° - Estrelas.

Page 40: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

32

É curioso os resultados das Tabelas 2 e 3, pois ao realizarmos o

cruzamento dos seus dados, constatamos que a ordem de preferência por

parte dos alunos pelos assuntos que mais e menos agradaram é praticamente

a mesma.

Em seguida, procuramos verificar entre os participantes se havia algum

assunto de Astronomia não contemplado na HQs que eles gostariam que

tivesse sido contemplado. As respostas estão organizadas na Figura 13.

Figura 13. Necessidade de incluir algum conteúdo não contemplado na HQs. Dados

da pesquisa (realizado na planilha EXCEL).

Em relação aos dados apresentados, apenas 10% (n = 10) dos

participantes consideram necessária a presença de mais assuntos na HQs.

Entre suas sugestões destacamos as seguintes: Possibilidade de vida em

outros planetas, Multiverso e Teoria das cordas.

Na questão seguinte solicitamos aos participantes que apontassem as

falhas existentes na HQs. Neste item os participantes assinalaram mais de uma

alternativa, variando de uma a duas respostas assinaladas. O resultado é

exibido na Tabela 4 a seguir.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

SIM NÃO

n (

part

icip

ante

s)

Page 41: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

33

Itens n %

Na redação 14 13,86

Ilustrações (fotos e desenhos) 8 7,92

No aspecto gráfico 11 10,89

Na escolha dos conteúdos 0 0,00

Não existem falhas 68 67,33

Total 101 100,00

Fonte: Dados da pesquisa (realizado na planilha EXCEL).

Tabela 4. Falhas existentes na HQs.

A maioria dos participantes (67,33%) assinalou não haver falhas na

HQs. Porém, 13,86 (n = 14) indicam a necessidade da realização de uma

revisão no texto.

Em outra questão foi perguntado aos participantes que apontasse

melhorias para a HQs. Os dados estão organizados na Tabela 5.

Itens n %

Páginas

Mais página 25 25

Menos página 6 6

Nenhuma alteração 69 69

Passatempos

Mais passatempos 53 53

Menos passatempos 3 3

Nenhuma alteração 44 44

Ilustrações (Fotos e desenhos)

Mais ilustrações 35 35

Menos ilustrações 0 0

Nenhuma alteração 65 65

Tamanho da fonte

Aumentar tamanho 29 29

Diminuir tamanho 0 0

Nenhuma alteração 71 71

Estilo da Fonte (facilitar leitura)

Mudar 9 9

Nenhuma alteração 91 91

Fonte: Dados da pesquisa (realizado na planilha EXCEL).

Tabela 5. Recomendações de melhoria na HQS

Pode-se observar que os participantes, em sua maioria, estão

satisfeitos com o Número de páginas (69%), Ilustrações (65%), Tamanho da

fonte (71%) e Estilo da fonte (91%). Apenas no item Passatempos os

Page 42: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

34

participantes mostraram interessados por um número maior deste tipo de

entretenimento.

A questão seguinte do questionário indagava se os participantes

tinham outra recomendação de melhoria para a HQs. O resultado encontrado

foi de que apenas 4% (n = 4) responderam o item Sim, como podemos

observar na Figura 14.

Figura 14. Outras recomendações de melhoria na HQs. Dados da pesquisa (realizado na planilha EXCEL).

Os participantes que assinalaram a opção SIM citaram as seguintes

recomendações: aprofundamento na explicação de alguns conteúdos e

disponibilidade da HQs em outros formatos de arquivos.

Vale destacar que os dados coletados por meio do questionário

servirão com referência na elaboração da nova versão do produto.

Alguns aproveitaram o espaço reservado destinado a sugestões,

comentários e observações, para deixar suas impressões da HQs:

Adorei a HQs visto que ela aborda assuntos bem interessantes sobre

o espaço e suas maravilhas, inclusive é importante você ter

conhecimento a respeito destes assuntos como Big Bang, Terra, Sol,

Lua, conhecendo mais sobre como tudo surgiu, como os planetas

surgiram, como funciona as constelações, meteoros e etc. (A11)

0

20

40

60

80

100

120

SIM NÃO

n (

part

icip

ante

s)

Page 43: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

35

O e-book é muito útil, especialmente para quem gosta ou tem

curiosidade sobre Astronomia e espaço, mas não tem conhecimento.

Pois tudo está explicado de forma clara e compreensível. Têm fatos

que muitos não sabem. (A20)

A maioria dos conteúdos abordados eu não fazia ideia que seria

possível ou que sequer existisse. Estou encantada com a Astronomia

graças à historinha. Parabéns pelo trabalho. (A24)

Falar sobre esse assunto, por muitas vezes se torna complexo. Mas

foi surpreendente a explicação relatada, os exemplos, as imagens

originais, o desenho, a forma de conversa que estruturada de uma

forma natural. Esse assunto foi abordado de uma forma inteligente,

facilitando tanto o aprendizado quanto a compreensão. Parabéns pela

iniciativa! (A25)

Parabéns pelo trabalho, uma ótima iniciativa pois é uma maneira

muito boa de ensinar os alunos. (A47)

Gostei muito, facilitou a compreensão de muitos conteúdos que não

entendia e passei a entender. Muito interessante e criativo. (A77)

Evidencia-se nos discursos acima, o interesse e o entusiasmo dos

participantes pela HQs produzida. Estes elementos nos fazem acreditar no seu

potencial pedagógico.

Analisando criticamente as respostas dos questionários, o que se

observou como um todo, é que alcançamos nosso principal objetivo que era o

desenvolvimento de um produto educacional voltado à divulgação de

conhecimentos de Astronomia e destinado a alunos do ensino médio.

Page 44: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

36

Capítulo 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No desenrolar deste trabalho verificamos que o ensino e a divulgação

de conhecimento de Astronomia na educação básica são permeados de

inúmeras dificuldades. O que percebemos ao analisar os estudos que tratam

dessa temática (BRETONES, 2016; ROBERTO JÚNIOR, REIS e

GERMINARO, 2014; LANGHI e NARDI, 2009), é que essa lacuna é oriunda,

principalmente, pela falta de preparo dos docentes para trabalhar com

conteúdo de Astronomia.

Há de reconhecermos, assim como indica os autores citados, que a

não obrigatoriedade da oferta curricular da disciplina de Astronomia nos cursos

de formação de professores, que irão atuar no ensino fundamental e médio,

certamente é um dos empecilhos que dificultam a abordagem de conteúdo

dessa área do conhecimento no ambiente escolar.

O grande desafio que se impõe aos docentes, incumbidos de revelar

aos estudantes os conhecimentos de Astronomia, é buscar recursos que lhe

permita superar este obstáculo, uma vez que não se tratam de uma barreira

intransponível. Acreditamos, pois, que seja necessária apenas força de

vontade para superá-las.

A pesquisa também demonstrou a importância da utilização de História

em Quadrinhos (HQs) como recurso didático. As investigações realizadas

sobre as HQs na educação (CHICÓRA e CAMARGO, 2017; LONDERO, 2014;

SILVA, 2014; SANTOS e VERGUEIRO, 2012; TESTONI e ABIB, 2003) de

maneira geral têm apontado que elas são capazes de promover, entre outras

coisas, um ambiente atraente e prazeroso entre o aprendiz e o conteúdo.

Acreditamos que este cenário seja relevante para o processo de construção de

conhecimento por parte do aluno.

Os pesquisadores ainda acrescentam que as HQs constituem um

valioso instrumento metodológico, com possibilidades de serem incorporado

nas diversas áreas do conhecimento e níveis de ensino.

Baseado nessas premissas, decidimos elaborar, produzir e avaliar um

produto educacional, voltado à divulgação de conhecimentos de Astronomia e

destinado a alunos da última etapa da educação básica.

Page 45: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

37

Assim sendo, esperamos que este trabalho venha contribuir de forma

positiva e significativa no ensino e disseminação de conhecimentos da

Astronomia no ensino médio.

Além disso, por compreendermos a importância da HQs na mediação

do ensino e da aprendizagem, nas diversas áreas do conhecimento e etapas

da escolarização, almejamos também que este trabalho possa contribuir para

que elas passem a compor o repertório de estratégias de ensino dos docentes.

Page 46: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

38

Apêndice

Questionário

Caro(a) aluno(a),

Disponibilizamos este questionário de avaliação visando coletar sua opinião

sobre a HQs produzida. As suas respostas serão muito importantes para o seu

aprimoramento. O tempo estimado para responder o questionário é de 15 (quinze)

minutos.

Uma vez que esta pesquisa é para fins acadêmicos, as informações contidas

no questionário permanecerão anônimas. Por isso, não é obrigatório fornecer seus

dados pessoais, ou seja, nome ou qualquer outro contato relevante.

Para qualquer dúvida sobre este questionário, sinta-se à vontade para entrar

em contato através do e-mail: [email protected]

Obrigado pela sua valiosa colaboração,

Atenciosamente,

Jonierson de Araújo da Cruz

01. Qual o seu sexo?

( ) Masculino ( ) Feminino

02. Qual sua idade?

____________________

03. Qual série está cursando?

( ) 1º ano ( ) 2º ano ( ) 3º

ano

04. Em sua opinião, os conteúdos abordados na HQs são:

( ) Irrelevantes ( ) Relevantes

( ) Pouco relevantes ( ) Muito relevantes

05. Qual sua opinião em relação a qualidade geral da HQs?

( ) Péssima ( ) Boa

( ) Ruim ( ) Ótima

06. Você recomendaria esta HQs a um amigo?

( ) Sim. Justifique sua resposta: _____________________________________

_______________________________________________________________

( ) Não. Justifique sua resposta: ____________________________________

_______________________________________________________________

Page 47: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

39

07. Que assuntos MAIS lhe agradaram na HQs? (Indique pelo menos três)

( ) Terra ( ) Planetas

( ) Lua ( ) Sol

( ) Estrelas ( ) Constelações

( ) Buraco negro e buraco de minhoca ( ) Big bang

( ) Matéria e energia escura ( ) Meteoróides, asteróides e cometas

( ) História das missões espaciais ( ) Geocentrismo e heliocentrismo

08. Que assuntos MENOS lhe agradaram na HQs? (Indique pelo menos três)

( ) Terra ( ) Planetas

( ) Lua ( ) Sol

( ) Estrelas ( ) Constelações

( ) Buraco negro e buraco de minhoca ( ) Big bang

( ) Matéria e energia escura ( ) Meteoróides, asteróides e cometas

( ) História das missões espaciais ( ) Geocentrismo e heliocentrismo

09. Há algum(ns) assunto(s) de Astronomia que não foi abordados na HQs que

você queria que tivesse sido contemplado?

( ) Não

( ) Sim. Qual(is)?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

10. Na sua opinião, há falhas na HQs: (Pode marcar mais de uma alternativa)

( ) Na redação

( ) Ilustrações (fotos e desenhos)

( ) No aspecto gráfico

( ) Na escolha dos conteúdos

( ) Não existem falhas

11. O que você recomenda para melhorar a HQs?

11.1 Número de páginas:

( ) Mais páginas ( ) Menos página ( ) Nenhuma alteração

11.2 Número de Passatempos (cruzadinha, palavra-chave...)

( ) Mais passatempos ( ) Menos passatempos ( ) Nenhuma alteração

11.3 Ilustrações (fotos e desenhos)

( ) Mais ilustrações ( ) Menos ilustrações ( ) Nenhuma alteração

11.4 Tamanho da fonte (facilitar a leitura);

( ) Aumentar tamanho ( ) Diminuir tamanho ( ) Nenhuma alteração

Page 48: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

40

11.5 Estilo da fonte (facilitar a leitura)

( ) Mudar ( ) Nenhuma alteração

12. Há alguma outra recomendação não contemplada no item anterior que

você gostaria de citar?

( ) Não

( ) Sim. Qual(is)?

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

13. Espaço reservado para sugestões, comentários e observações:

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

Page 49: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

41

Referências Bibliográficas

BARBOSA, José Isnaldo de Lima; VOELZKE, Marcos Rincon. Representações Sociais de Estudantes do Ensino Médio Integrado Sobre Astronomia. Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia (RELEA), Limeira, n. 23, p.87-113, 2017. Disponível em: <

http://www.relea.ufscar.br/index.php/relea/article/view/284 >. Acesso em: 5 dezembro 2017.

BRASIL. Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação Média e Tecnológica (SEMTEC). PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais - Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEMTEC, 2002.

BRETONES, Paulo Sergio. A Astronomia na formação continuada de professores e o papel da racionalidade prática para o tema da observação do céu. 2006. 281 f. Tese (Doutorado)–Universidade de Campinas, Campinas/SP, 2006.

CHICÓRA, Tatiele; CAMARGO, Sérgio. As histórias em quadrinhos no Ensino de Física: uma análise das produções acadêmicas. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 11. 2017, Florianópolis. Disponível em: <http://www.abrapecnet.org.br/enpec/xi-enpec/anais/resumos/R0592-1.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2017

CARVALHO JÚNIOR, G. D. Aula de física: do planejamento à avaliação. 1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, v. 1, 2011.

DARROZ, Luiz Marcelo; ROSA, Cleci; ROSA, Álvaro; PÈREZ, Carlos. Evolução dos conceitos de Astronomia no decorrer da educação básica. Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia (RELEA), Limeira, n. 17, p.107-121, 2014. Disponível em: <http://www.relea.ufscar.br/index.php/relea/article/view/190/256>. Acesso em: 15 dezembro 2016.

LANGHI, Rodolfo; NARDI, Roberto. Educação em Astronomia no Brasil: alguns recortes. Simpósio Nacional de Ensino de Física, v. 18, 2009.

LONDERO, Leandro. As histórias em quadrinhos em manuais escolares de física. Ciência & Ensino, v. 3, n. 1, p. 20-38, 2014. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/122504/ISSN1980-8631-2014-03-01-20-38.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 10 out. 2017

MACHADO, Daniel Iria; SANTOS Carlos dos. O Entendimento de conceitos de Astronomia por alunos da educação básica: o caso de uma escola pública brasileira. Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia (RELEA), Limeira, n. 11, p. 7-29, 2011. Disponível em: <http://http://www.relea.ufscar.br/index.php/relea/article/view/153/194>. Acesso em: 10 out. 2016.

Page 50: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

42

OLIVEIRA FILHO, Kepler de Souza; SARAIVA, Maria de Fátima Oliveira. Astronomia e astrofísica. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000.

RIDPATH, Ian. Guia ilustrado Zahar Astronomia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2007. 300p

ROBERTO JUNIOR, Artur Justiniano; REIS, Thiago Henrique; GERMINARO, Daniel dos Reis. Disciplinas e professores de Astronomia nos cursos de licenciatura em Física das Universidades Brasileiras. Revista LatinoAmericana de Educação em Astronomia, São Carlos, n. 18, p. 89-101, 2014.

RODRIGUES, Neide Nunes; MELO, Mônica Santos de Souza. Representações sociais nos quadrinhos de Maurício de Sousa. Revista Leia Escola. Campina Grande. UFCG. V. 12, n. 2, 2012. Disponível em: http://revistas.ufcg.edu.br/ch/index.php/Leia/article/download/286/232. Acesso: 08 de nov. 2017

ROMANOWSKI, J. P. Formação e Profissionalização docente. 3 ed. Curitiba: Ibpex, 2008.

ROSA, W. C.; ROSA B. A. Ensino de física: objetivos e imposições no ensino médio. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias. v. 4, n. 1, 2005. Disponível em: <http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen4/ART2_Vol4_N1.pdf>. Acesso em: 27 de nov. 2016.

SANTOS, Taís Conceição dos; PEREIRA, Genésia Corrêa. História em quadrinhos como recurso pedagógico. Revista PRÁXIS, Volta Redonda-RJ, n. 9, p. 51-56, 2013. Disponível em: <http://web.unifoa.edu.br/praxis/numeros/09/51-56.pdf>. Acesso em: 10 out. 2016.

SANTOS, Roberto Elísio dos; VERGUEIRO, Waldomiro. Histórias em quadrinhos no processo de aprendizado: da teoria à prática. EccoS, São Paulo, n. 27, p. 81-95. Jan/abr. 2012. Disponível em: <http://repositorio.uscs.edu.br/handle/123456789/244> Acesso em: 03 nov. 2017.

SASSERON, L. H. Alfabetização científica e documentos oficiais brasileiros: um diálogo na estruturação do ensino de física. In: CARVALHO, A.M.P.(Org). Ensino de Física. São Paulo, Cengage Learning, p. 1-27, 2010.

SILVA, Leandro Londero da. As história em quadrinhos em manuais escolares de física. Ciência & Ensino, v. 3, n. 1, p. 20-38, 2014. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/122504>. Acesso em: 22 de out. 2016.

SOLÉ, Joan. Olhar o céu – Breve história da Astronomia. Tradução de José Roberto. Lisboa: Atlântico Press, 2016. 143p.

Page 51: DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM ... - … · alunos do Ensino Médio de uma instituição pública do Estado do Tocantins. A A coleta de dados ocorreu por meio de

43

TESTONI, Leonardo André; ABID, Maria Lúcia Vital dos Santos. A utilização de histórias em quadrinhos no ensino de física. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIA, IV, 2003, Bauru – SP. Disponível em: <http://fep.if.usp.br/~profis/arquivos/ivenpec/Arquivos/Orais/ORAL025.pdf>. Acesso: 08 de nov. 2017