desenvolvimento de novas alternativas de … · gestão e de organização do trabalho em saúde,...

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE C&T EM SAÚDE DESENVOLVIMENTO DE NOVAS ALTERNATIVAS DE GESTÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA, COM VISTAS À HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO por Carlos Alberto Camilo Alves Orientadora : Profª Doutora Maria Inês Carsalade Martins Instituição: Fundação Oswaldo Cruz/ Escola Nacional de Saúde Pública. Departamento de Ciências Sociais – ENSP/ FIOCRUZ Rio de Janeiro, 2007

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE C&T EM SAÚDE

DESENVOLVIMENTO DE NOVAS ALTERNATIVAS DE GESTÃO

DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA, COM

VISTAS À HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO

por

Carlos Alberto Camilo Alves

Orientadora: Profª Doutora Maria Inês Carsalade Martins

Instituição: Fundação Oswaldo Cruz/ Escola Nacional de Saúde Pública.

Departamento de Ciências Sociais – ENSP/ FIOCRUZ

Rio de Janeiro, 2007

2

Aos profissionais de enfermagem...

...dedico este estudo, uma vez que eles foram de vital importância para a sua realização,

que nele encontrem parte dos subsídios para a construção de bases para a transformação

da realidade de trabalho que vivenciam.

Presto-lhes também a minha homenagem com esta dedicatória, distinguindo a sua

indispensável contribuição para a sociedade.

3

Agradecimentos

A Deus que me guiou e me deu forças para seguir em frente.

Aos meus pais Cira e Sebastião, à minha madrinha Ednéa, à minha irmã Cida e

ao meu cunhado Verú, que com o amor, dedicação, renúncia e orientação me

conduziram ao crescimento pessoal e profissional. Obrigado, sem vocês não teria

chegado até aqui.

À minha esposa, Denise e aos meus filhos Larissa e Rodrigo pela companhia, o

apoio e os momentos de relaxamento sem os quais teria sido impossível ter chegado até

o final deste momento.

Aos meus sogros Izumi e Julia, e as minha cunhadas Deise e Debora que muitas

vezes assumiram as crianças para que eu pudesse estudar.

Aos meus tios e primos que me ajudaram e sempre torceram por mim.

À minha amiga Maria Luiza, que me inscreveu para a prova de seleção ao

mestrado, se não fosse ela eu não estaria terminando esta jornada agora.

A todos os colegas e amigos da equipe de enfermagem do HC II, principalmente

aos do Ambulatório, que me apoiaram e incentivaram nessa longa e árdua jornada. O

apoio destes foi decisivo para a seqüência e conclusão deste trabalho.

À enfermeira Ilce, pela ajuda na organização dos dados, o que facilitou e

adiantou a etapa de levantamento e análise dos mesmos.

Às secretárias Diana (Direção) e Renata (Div. de Enfermagem), pela ajuda e estímulo

de ambas.

À Direção do HC II, principalmente ao Dr Rondinelli, pelo apoio, incentivo e

por ter compreendido a minha contribuição parcial nestes últimos meses.

À minha orientadora Profª Drª Maria Inês Carsalade Martins, pela enorme

contribuição e paciência na orientação para elaboração deste trabalho.

Aos secretários do curso Marluce, Sônia e Wellington pela paciência, boa

vontade e torcida para tudo dar certo.

A todos os professores e coordenadores do Mestrado Profissional em Gestão em

Ciência e Tecnologia e Inovação em Saúde da ENSP/FIOCRUZ, pelos conhecimentos e

experiências adquiridos durante e após as disciplinas ministradas.

4

Sumário

Lista de Ilustrações, Tabelas, Quadros e Figuras 5

Lista de Abreviaturas 6

Resumo 7

Abstract 8

Introdução 9

I – Objetivos e Métodos 12

II – Produção de conhecimento, gestão, competências e a humanização – bases para a compreensão do trabalho em saúde

18

II.1 – Processo de Produção do conhecimento nas instituições 18

II.2 – Gestão e Competência 21

II.3- Política Nacional de Humanização 26

III – O Perfil da Equipe de Enfermagem e o Processo e Ambiente de Trabalho na percepção dos profissionais de enfermagem

30

III.1 – Perfil do grupo estudado: Quem somos? 30

III.2 – Processo de trabalho: Como avaliamos o nosso trabalho? 35

III.3 – Questões apontadas relacionadas à humanização do trabalho e desenvolvimento profissional

42

III.4 – Processo de gestão 48

IV – O processo de análise e construção de uma proposta de gestão – uma experiência de construção coletiva

52

V – Considerações Finais 60

VI – Referências Bibliográficas 61

Anexos 63

5

Lista de Ilustrações, Tabelas, Quadros e Figuras

Tabela 1 – Perfil do grupo estudado 32

Tabela 2 – Total Geral de profissionais de enfermagem lotados no Hospital 34

Gráfico 1 – Faixa salarial 35

Gráfico 2 – Condições de trabalho 36

Gráfico 3 – Importância do trabalho 37

Gráfico 4 – Repasse de informações pela chefia, responda: 37

Tabela 3 – Valor do trabalho 39

Tabela 4 – Afastamento do trabalho 40

Gráfico 5 – Poder de decisão 41

Quadro 1 – Idéias relacionadas à humanização na concepção do grupo 43

Tabela 5 – Ensino em serviço/ Educação Continuada 45

Gráfico 6 – Atividades de ensino priorizadas pelos profissionais 46

Gráfico 7 – Iniciativa na busca de qualificação 47

Gráfico 8 – Aplicação dos conhecimentos adquiridos nos processo de qualificação

47

Gráfico 9 – Necessidade de mudança no processo de gestão 48

Quadro 2 – Matriz síntese do processo – Inovação no processo de gestão 54

Quadro 3 – Fluxo da proposta de trabalho 55

6

Lista de Abreviaturas

BSCUP Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

C&T Ciência & Tecnologia

C&TS Ciência & Tecnologia em Saúde

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

CQT Centro de Quimioterapia

DISAT Divisão de Saúde do Trabalhador

ENF Enfermagem

FAF Fundação Ary Frauzino

FIOCRUZ Fundação Instituto Oswaldo Cruz

HC II Hospital do Câncer II

INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social

INCA Instituto Nacional de Câncer

MS Ministério da Saúde

P & D Pesquisa & Desenvolvimento

PCCC&T Plano de Classificação de Cargos Ciência & Tecnologia

PNH Programa Nacional de Humanização

PROF Profissionais

REDOME Registro Nacional de Doares de Medula Óssea

REREME Registro de Receptores de Medula Óssea

SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem

SEESS/RJ Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Rio de Janeiro

SINDENFRJ Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro

SINDHERJ Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado do Rio de Janeiro

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

7

Resumo

Neste cenário de grandes transformações, pelo qual passam todas as estruturas

produtivas e de prestação de serviços, devido à introdução de novas tecnologias e o

surgimento de novas demandas, se faz necessário o estudo de alternativas inovadoras de

gestão e de organização do trabalho em saúde, visando não apenas atender as demandas

de quantidade e qualidade do serviço prestado, mas acima de tudo um trabalho

humanizado, com bases e estratégias de integração e inter-relação humana das equipes.

O objetivo deste trabalho foi identificar alternativas de gestão que pudessem contribuir

para a melhoria da qualidade do trabalho de assistência de enfermagem na área de

oncologia.

Através da metodologia de pesquisa-ação buscou-se construir junto com a

equipe de enfermagem do Ambulatório do Hospital do Câncer II/Instituto Nacional do

Câncer (INCA), uma proposta alternativa de gestão do trabalho, que contribuísse para a

melhoria da qualidade do trabalho, desempenho dos profissionais e a humanização da

atenção à saúde neste novo contexto de mudanças tecnológicas e novas formas de

organização do trabalho e da produção.

Tendo como referencial teórico as formas compartilhadas de produção do

conhecimento, o conceito de competência trabalhado por Philippe Zarifian e os

princípios da humanização, a pesquisa produziu uma metodologia de trabalho de gestão

participativa voltada para a implementação de inovações criativas com ênfase em:

desenvolvimento de lideranças; compromisso e envolvimento com o desempenho;

compartilhamento de responsabilidades; construção de consenso sobre metas e

objetivos, procurando envolver os profissionais nas decisões, tornando-os conscientes

da missão do serviço e da visão institucional. O estudo foi realizado com 32

profissionais da equipe de enfermagem lotados no ambulatório do hospital do Câncer II

do INCA, e constou de levantamento de dados através de questionário e grupos de

discussão. Foram realizados oito encontros para discussão dos dados e construção da

proposta e, dois encontros para consolidação das propostas e elaboração do relatório de

sugestões para apresentação à Direção para conhecimento, análise e aprovação.

Palavras - chave: Enfermagem oncológica, Gestão participativa, Competência,

Humanização, Inovação.

8

Abstract

In this scenery of great transformations, through which all the productive

structures and offered services, due to the introduction of new technologies and the

creation of new demands, it is necessary the analysis of innovative administration

options and of the organization of the work in the Health field, aiming not just to attend

the quantity and quality demands of the rendered service, but above all a humanized

work, with bases and strategies of integration and human interrelation of the teams. The

goal of this work was to identify administration alternatives that could contribute to the

improvement of the quality of the nursing assistance work in the oncology area.

With the help of the methodology of action-research it sought to build together

with the nursing team of the Ambulatory of the Hospital of Cancer II / Institute National

of the Cancer (INCA), an alternative proposal of administration of the work, which

would contribute to the improvement of the quality of work, performance of the

professionals and the humanization of the attention to health in this new view of

technological changes and new forms of work and the production organization.

Having as theoretical reference the shared forms of production of the

knowledge, the concept of competence applied by Philippe Zarifian and the principles

of the humanization, the research produced a working methodology geared to the

implementation of creative innovations emphasing: leaderships development;

commitment and involvement with the performance; shared responsibilities;

construction of consensus of goals and objectives, trying to involve the professionals in

the decisions, making them be conscious of the mission of the service and of the

institutional vision. The study was accomplished with 32 professionals of the nursing

team allotted in the ambulatory of the Hospital of Cancer II of Inca, and it consisted of

data rising with questionnaire group discussion. It were accomplished eight meetings for

data discussion and creation of the proposal and, two meetings for establishment of the

proposals and elaboration of the report of suggestions to be presented to the Direction

Board for their information, analysis and approval.

Key Words - key: Nursing oncology, Administration, Competence, Humanization, Innovation.

9

Introdução

O impacto das mudanças ocorridas na produção da assistência em saúde e a

complexidade da organização do trabalho nos hospitais, motivados pelas transformações

no processo produtivo, pelo desenvolvimento tecnológico e pela globalização da

economia, passam a exigir profissionais cada vez mais qualificados e comprometidos

com os objetivos institucionais e com as demandas da população.

Atualmente vivemos um processo crescente de mudanças, no qual as novas

tecnologias e o fácil acesso às informações propiciam às pessoas mais consciência dos

seus direitos, tornando-as mais participativas e exigentes perante o uso de serviços.

Conseqüentemente, para que as instituições sejam competitivas e se mantenham no

mercado, elas têm a necessidade de serem inovadoras e investirem em novas

tecnologias, tanto relacionadas a equipamentos como em tecnologias da informação e

comunicação; em pesquisa e desenvolvimento (P&D); na construção de competências

específicas para a aquisição de conhecimentos e de inovação; e na elaboração de redes

para a disseminação do conhecimento e da informação.

Segundo Lundvall (1995, p:8), “no capitalismo moderno, a inovação é um

fenômeno fundamental e inerente à competitividade das firmas e economias nacionais”.

Schumpeter (1985), ressalta a importância da inovação na competição entre firmas, no

desenvolvimento de estruturas industriais e do processo de desenvolvimento econômico.

Lastres et al (2004, p:13) considera inovação como sendo “o processo pelo qual

as organizações incorporam conhecimentos na produção de bens e serviços,

independentemente de serem novos ou não, visando aos seus competidores domésticos

ou estrangeiros”. As inovações são classificadas em: “ inovação radical que significa o

desenvolvimento de um novo produto, processo ou forma de organização da produção

inteiramente nova, podendo originar novas empresas, setores, bens e serviços, e ainda

significa redução de custos e aperfeiçoamento de produtos existentes”e em “inovação

incremental que refere-se à introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto,

processo ou organização da produção, sem alteração substancial na estrutura industrial,

podendo gerar maior eficiência, aumento da produtividade e da qualidade, redução de

custos e ampliação das aplicações de um produto ou processo” de acordo com Lastres et

al (2004, p:13).

As inovações incrementais estão rotineiramente presentes nas atividades de uma

organização, pois são consideradas como processos de melhoria contínua, visando a

atender demandas do ambiente, do consumidor e outros, enquanto as inovações radicais

10

são consideradas de maior risco e implicam em grandes desafios de mudanças, visando

a alterar a trajetória da empresa, baseada em conhecimentos prévios sobre as

oportunidades tecnológicas para atender ao mercado atual que é extremamente

competitivo.

Ao se falar em inovação acreditamos, que há necessidade de inovar do ponto de

vista incremental, principalmente nas instituições de saúde, onde a estrutura rigidamente

hierarquizada coloca o indivíduo sob uma forte subordinação, o que limita o potencial

criativo das pessoas e da própria organização, além de não levar em consideração no

caso da saúde, os aspectos humanísticos do trabalho, interferindo negativamente no seu

desempenho. Neste cenário de grandes transformações, pelo qual passam todas as estruturas

produtivas e de prestação de serviços, devido à introdução de novas tecnologias e ao

surgimento de novas demandas, se faz necessário o estudo de alternativas inovadoras de

gestão e de organização do trabalho das pessoas, visando não apenas atender às

demandas de quantidade e qualidade do serviço prestado, mas acima de tudo um

trabalho humanizado, com bases e estratégias de integração e inter-relação humana das

equipes (PNH, 2004).

No nosso entender, o processo de globalização introduziu uma mudança

tecnológica, no qual está presente a intensificação do ritmo do trabalho que de uma

certa forma interfere profundamente nas condições, e nas formas de organização do

mesmo. Na área de saúde, historicamente a gestão dos serviços se realiza dentro dos

padrões tayloristas/fordistas, atuando em uma estrutura altamente hierarquizada, com

tarefas definidas, rígido controle dos profissionais, parcelamento e fragmentação das

atividades, qualificações diferenciadas dos trabalhadores e apego a normas. Tal modelo,

na maioria das vezes, não dá aos profissionais a oportunidade de flexibilização das

atividades, criatividade e autonomia, podendo ser uma das causas que provocam a

desmotivação e os desgastes físico e psíquico dos trabalhadores (Martins, 2004).

Neste contexto, o Instituto Nacional de Câncer como instituição integrante do

Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, que tem como um de seus objetivos a

promoção e a realização da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico, comprometido,

portanto, com os processos de inovação na área de saúde, tem para si o desafio de

inovar do ponto de vista incremental, também na área gestão de pessoal no campo da

assistência, sobretudo de enfermagem, como forma de promover qualidade,

compartilhar o conhecimento produzido pela instituição e assim, garantir a qualidade no

11

desempenho institucional e a competitividade, possibilitando o avanço tecnológico

nesse campo.

Este estudo pretende trazer esta discussão sobre inovação no âmbito da gestão

no contexto da reestruturação produtiva e dos avanços tecnológicos, para o campo da

gestão dos serviços de saúde, através de um projeto de pesquisa e intervenção no INCA,

que busca experimentar estratégias participativas que permitam, a partir de uma reflexão

conjunta sobre a realidade, comprometer gestores e trabalhadores com os

desenvolvimentos institucional e individual, podendo ser modelo para utilização em

outras instituições de saúde em geral.

O desenvolvimento deste trabalho também será de fundamental importância para

os trabalhadores da área de enfermagem, uma vez que favorecerá a construção e

implementação de propostas para a melhoria nas condições de trabalho, contribuindo

assim, para a diminuição da exposição ao estresse diário dos profissionais da equipe,

motivo de preocupação por se tratar de um fator de risco à qualidade de vida dos

trabalhadores.

12

I – Objetivos e Métodos

Na perspectiva acima colocada, este estudo pretendeu, discutir essas questões e

propor uma nova alternativa de gestão do trabalho, no contexto de um serviço público

de saúde de referência para o Ensino, Pesquisa e Assistência.

Nosso objetivo foi identificar alternativas de gestão que pudessem contribuir

para a melhoria da qualidade do trabalho e desempenho dos profissionais e a

humanização da atenção à saúde.

No desenvolvimento da pesquisa, procuramos realizar uma análise das

condições e do ambiente em que o trabalho ocorre nos serviços de assistência

oncológica e identificar os principais problemas no que se refere à forma de

gerenciamento do trabalho da equipe de profissionais de enfermagem.

Com base nos dados levantados e na discussão conjunta de estratégias de

intervenção, numa segunda etapa da investigação procuramos construir, em conjunto

com a equipe de enfermagem, uma proposta de gestão com foco no fortalecimento e

dinamização dos processos de decisão, de educação, de comunicação e parcerias na área

de saúde do trabalhador.

O trabalho de campo foi realizado com a equipe de enfermagem do ambulatório

do Hospital do Câncer II/INCA–MS formada por um grupo de 33 profissionais:

enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, constituindo-se assim uma amostra

representativa das diferentes categorias de profissionais de enfermagem que atuam no

processo de atendimento do setor. Esse grupo nos permitiu colher os subsídios

necessários, a partir de diferentes olhares, além de ser um quantitativo de pessoas que

possibilitou a apreensão de semelhanças e diferenças nos dados. O número de

profissionais que compuseram o grupo de pesquisa foi constituído a partir da escala de

serviço e enquadramento funcional e constou de: 14 enfermeiros, 11 técnicos de

enfermagem, 8 auxiliares de enfermagem, num total de 33 profissionais.

As informações coletadas foram organizadas e agrupadas de acordo com

elementos ou aspectos com características comuns ou que se relacionam entre si.

Como esta proposta envolvia o sentimento, as reações e percepções das pessoas,

bem como as relações com o trabalho e interpessoais, o projeto foi submetido à

apreciação e avaliação da Comissão de Ética em Pesquisa da FIOCRUZ e do INCA e

recebeu o aval da Direção deste último. Após a avaliação e o parecer favorável das

Comissões de Ética, o projeto foi previamente apresentado aos escolhidos para o estudo

para que tomassem conhecimento da proposta, do grau de participação que lhes seria

13

demandado e o caráter ético que orientaria a pesquisa-ação. Só participaram aqueles que

concordaram com os termos ali colocados, consentimento oficializado através de um

termo de adesão e consentimento (Anexo II).

A primeira parte da pesquisa, teve como objetivo fazer um diagnóstico inicial

sobre as condições de trabalho, os principais problemas e sugestões na visão da equipe.

Para tanto foi elaborado um questionário específico (Anexo III), no qual procurou se

identificar o perfil do grupo, conhecer o processo de trabalho na perspectiva dos

trabalhadores e levantar sugestões e propostas em relação à forma de gestão. Na

segunda parte, foram realizadas reuniões com a equipe nas quais os resultados foram

apresentados e discutidos, também foram identificados os nós críticos (causas

fundamentais dos problemas, problemas cruciais (Rivera, 1987)) e estratégias de ação

foram construídas.

O produto final foi transformado num relatório submetido à Direção do Hospital

do Câncer II, que após análise e aprovação os grupos de trabalho deverão elaborar os

projetos para implementação.

Foram as seguintes, as etapas do processo:

1º momento:

Iniciamos o trabalho de campo na primeira quinzena de Janeiro de 2007, quando

reunimos a Chefia de Enfermagem e equipe de enfermeiros do setor (grupo da pesquisa-

ação) para expor e sensibilizar o grupo sobre os objetivos, a metodologia do trabalho.

Solicitamos aos participantes, apoio para a sensibilização dos outros profissionais do

grupo sobre o estudo a ser iniciado, como também colaboração na distribuição e

recolhimento posterior dos questionários respondidos.

2º momento:

Entrega dos questionários em envelopes lacrados e do “Termo de Consentimento

Informado Livre e Esclarecido” aos enfermeiros responsáveis pelos setores, para que os

mesmos distribuíssem aos outros profissionais sendo feito os esclarecimentos

necessários. Foi dado o prazo de cinco dias úteis para o retorno dos mesmos, sendo que

os colaboradores plantonistas puderam devolver no primeiro dia útil após o próximo

plantão.

Foram distribuídos 33 questionários e recolhidos 32 preenchidos, o que

correspondeu a um retorno de 97% dos questionários entregues para resposta,

demonstrando o alto grau de envolvimento, interesse e motivação da equipe em

participar do estudo, colaborando no processo de gestão, visando a melhoria do

ambiente de trabalho e do processo de assistência prestada.

14

3º momento:

Consolidação dos dados levantados nos questionários.

4º momento:

Início da 2ª fase do estudo que constou de um total de seis encontros. No 1º

encontro apresentamos os dados consolidados e iniciamos a análise dos resultados junto

à equipe. Nos cinco encontros posteriores, a equipe procedeu à priorização dos

problemas apresentados por categorias e natureza dos mesmos, construiu a rede de

problemas, identificando os nós críticos e consensuando estratégias de

encaminhamento. Ao final deste processo, foram criados quatro grupos que trabalharam

na construção de propostas de intervenção. As reuniões foram abertas, previamente

agendadas, sendo o convite feito através de uma carta convite (Anexo IV). A média de

comparecimento foi de 14 profissionais por reunião.

5º momento:

Foram realizados dois encontros para elaboração do relatório final e de uma

proposta de gestão a ser encaminhada à direção.

6º momento:

Apresentação para análise e parecer da Direção da proposta alternativa de gestão

do trabalho de enfermagem, para posterior elaboração dos projetos a serem

implementados no Ambulatório do Hospital do Câncer II.

7º momento:

Elaboração e implementação dos projetos.

O eixo que orientou a pesquisa foi a construção coletiva de novas competências

junto aos trabalhadores, considerando o aspecto da humanização, no sentido da

“valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde, tais

como os usuários, trabalhadores e gestores”1, de forma que o projeto contemplasse não

só os usuários, mas também aos trabalhadores, no sentido de aumentar a autonomia,

responsabilidade, credibilidade e fortalecimento das lideranças intermediárias. O

objetivo, portanto, em última instância foi o de iniciar um processo de gestão

participativa e disseminar o aprendizado e o conhecimento compartilhados, fatores

fundamentais para a competitividade e inovação da gestão do trabalho em instituições

geradoras e disseminadoras de conhecimento. Esse processo teve como base a

implementação de ações de valorização do trabalhador não só relacionadas às

competências profissionais, mas também no que diz respeito ao resgate de valores éticos

1 Política Nacional de Humanização – HumanizaSUS (2004),

15

e humanos no relacionamento entre os gestores e profissionais, valores esses de

fundamental importância para o sucesso institucional.

Como cenário para este trabalho foi escolhido o Instituto Nacional de Câncer,

órgão responsável pelo controle do câncer no país, que atua como instância técnica e

executiva do Ministério da Saúde. Além de integrar o setor de prestação de serviços de

saúde do Complexo Industrial de Saúde Brasileiro através do SUS (Gadelha, 2003), está

inserido como uma importante instituição pública de Ciência e Tecnologia em Saúde

(C&TS), sendo um gerador e disseminador de informação e de conhecimento através de

suas áreas de ensino e pesquisa no campo da cancerologia.

O Instituto é constituído pelas seguintes unidades assistenciais:

Hospital do Câncer I, estruturado para atender portadores de todas as modalidades de

câncer, sendo também a unidade de maior complexidade tecnológica com 168 leitos;

Hospital do Câncer II (antigo Hospital de Oncologia do INAMPS, incorporado ao

INCA, em 1992), destinado ao tratamento de pacientes da Clínica de Ginecologia

Oncológica e Oncologia Clínica, tem 96 leitos;

Hospital do Câncer III (antigo Hospital das Pioneiras Sociais, também incorporado ao

INCA, em 1992), atende a pacientes predominantemente do sexo feminino com doenças

malignas de mama, dispõe de 52 leitos;

Hospital do Câncer IV foi inaugurado em 1998, conta com 56 leitos e é a unidade

assistencial do INCA, com a finalidade de oferecer cuidados paliativos aos pacientes

previamente tratados no Instituto;

Centro de Transplante de Medula Óssea é a unidade clínica do INCA que tem como

finalidade o tratamento de pacientes com patologias hematológicas, tais como a anemia

aplástica e as leucemias. Realiza transplantes de medula óssea atendendo a pacientes do

Rio de Janeiro e demais regiões do Brasil no âmbito do SUS, além de sediar o Registro

Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), o registro de receptores de

Medula Óssea (REREME), o Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário

(BSCUP) e ainda centraliza as consultas aos bancos internacionais de doadores de

medula óssea.

Como campo de estudo, elegemos o Hospital do Câncer II do Instituto Nacional

do Câncer. A escolha se deve, dentre outros fatores, ao fato da Instituição estar

passando por um processo de Acreditação Hospitalar2, o que demanda uma revisão dos

2 Acreditação Hospitalar: Processo construído especificamente para a área da saúde baseado em padrões internacionais de qualidade técnica, de gestão e de atendimento humanizado, tem como principais objetivos melhorar a qualidade dos cuidados aos pacientes e acompanhantes e, também, proporcionar um

16

processos, procedimentos e responsabilidades, sendo, portanto, oportunas e necessárias

investigações desta natureza. Essa proposta vem ao encontro dos objetivos do mestrado

profissional, através dos quais tivemos contato com ferramentas de gestão e intervenção

nos processos institucionais visando torná-los mais eficazes. Acresce-se ainda o fato do

pesquisador/aluno estar lotado como servidor nessa unidade, o que facilita o

desenvolvimento do trabalho, e a implementação das propostas dele decorrentes.

O Hospital do Câncer II – INCA/ MS, conta com 96 leitos para internação,

centro cirúrgico com 4 salas, unidade de tratamento intensivo com 6 leitos e centro de

quimioterapia com 9 poltronas. É a unidade hospitalar do INCA responsável pelo

atendimento a adultos matriculados nos Serviços de Ginecologia Oncológica e

Oncologia Clínica, oferecendo tratamento ambulatorial, internações e cirurgias, além de

atender a pacientes cirúrgicos da Clínica de Abdômen, Plástica e Tecido Ósseo

Conectivo reunidas no Hospital do Câncer I, como também à pacientes da Clínica de

Mastologia que necessitam de suporte de terapia intensiva após cirurgia e que

atualmente está concentrada no Hospital do Câncer III. O quadro de pessoal de enfermagem desta unidade hospitalar é composto por 70

enfermeiros, sendo que destes 91,4% são mulheres e 48,4% estão na faixa etária acima

de 40 anos de idade, 17,1% têm algum tipo de problema de saúde3; 66 auxiliares de

enfermagem e 115 técnicos de enfermagem, destes 79,6% são mulheres e 59% estão na

faixa etária acima de 40 anos de idade, 19,4% apresentam algum tipo de problema de

saúde (cadastro funcional - Divisão Enfermagem, maio 2007).

Além desses dados temos um déficit de pessoal importante, conforme

demonstrado pela tabela no Anexo I, o que faz com que a equipe sempre em quantidade

inferior ao necessário trabalhe sobrecarregada, acarretando dificuldades para as

gerências em relação à cobertura das escalas de trabalho por afastamentos de

colaboradores para tratamento de saúde, para programar férias e liberar pessoal para

cursos em geral, o que pode ser causa de desmotivação e da sustentação de um

importante índice de absenteísmo da unidade, principalmente por problemas de saúde.

A opção pela equipe de enfermagem diretamente ligada à gerência de

enfermagem no ambulatório do HC II – INCA/ MS se deve ao fato de que o setor é

referência dentro do SUS, tendo, como clientela, pacientes que não puderam ter seu

problema de saúde resolvido em outras instâncias, sendo, portanto, a principal porta de

ambiente livre de riscos para todos os que circulam nas unidades assistenciais, dentro de padrões de excelência reconhecidos internacionalmente. – Relatório anual INCA (2004). 3 Causas relacionadas a distúrbios nos: – Ex.: Sistemas cardiovascular, músculo esquelético, endócrinos e outros, que são responsáveis pelo afastamento dos profissionais de enfermagem.

17

entrada dos pacientes que procuram o INCA para atendimento ginecológico oncológico

em níveis ambulatorial e de pronto atendimento (emergência).

A equipe de enfermagem é responsável pela organização do fluxo de

atendimento; controle e distribuição dos horários nos turnos de atendimento; realização

de consultas com: orientações, acompanhamento, realização de procedimentos de

enfermagem pré e pós-tratamentos e encaminhamentos de pacientes e familiares.

O desempenho destas equipes é de fundamental importância para um

atendimento de qualidade à clientela, porém não podemos deixar de nos preocupar com

a condição de trabalho, ambiente e satisfação dos trabalhadores deste setor, visando à

construção de novas lógicas na organização dos serviços, buscando formas mais

humanizadas de compreender e atender às necessidades da clientela, como também dos

profissionais ali atuantes.

Dentre as técnicas existentes, para uma análise qualitativa, escolhemos para esse

trabalho a técnica de pesquisa-ação que, segundo Thiollent,1986 apud Minayo (2004,

p.26), consiste em um tipo de pesquisa concebida e realizada junto com intervenções

sociais orientadas para a resolução de um problema coletivo no qual se envolvem os

investigadores e os participantes. Nesta modalidade a população alvo é levada a

identificar o problema, a levantar os dados sobre ele, a realizar análises críticas e a

buscar soluções adequadas.

Thiollent (2005), afirma que uma pesquisa pode ser qualificada de pesquisa-ação

quando houver realmente uma ação por parte das pessoas ou grupos implicados no

problema sob observação e continua observando que na pesquisa-ação os pesquisadores

desempenham um papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados, no

acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas em função dos problemas.

Escolhemos esta metodologia visando a atender um de nossos objetivos, o de construir

em conjunto com a equipe de enfermagem propostas inovadoras de gestão de processos

e de organização do trabalho, que minimizem a ansiedade e o estresse da rotina diária,

visando à valorização do trabalho, do trabalhador e à qualidade da assistência.

18

II – Produção de conhecimento, gestão, competências e humanização –

bases para a compreensão do trabalho em saúde.

Tendo como ponto de partida as questões acima colocadas, a seguir

apresentamos os conceitos que deverão orientar a discussão teórica deste trabalho e que

estão relacionados, aos processos de produção de conhecimento nas organizações,

abordado por NONAKA, 1997 e LASTRES et al, 2000; gestão e competência discutida

por ZARIFIAN, 2001; e a política de humanização do Ministério da Saúde do Brasil,

PNH/MS, 2004.

II.1 - Processo de Produção do conhecimento nas instituições.

Espera-se que, em uma instituição flexível, geradora de conhecimentos, quanto

maiores as oportunidades de participação e liberdade de decisão, por parte dos

trabalhadores, maior será a tendência de diminuir o sofrimento psíquico e a

desmotivação dos profissionais. As novas necessidades, que o ambiente competitivo

impõe às organizações, precisam de respostas mais rápidas que não podem ser dadas

sob as habituais maneiras de organização do trabalho. Uma rápida adaptação à

mudança, isto é; aceitar desafios, mudar e aprender sempre, é necessária para qualquer

empresa no mundo atual. Conseguir essas características implica que a empresa também

se transforme em uma equipe competente, composta evidentemente, por trabalhadores

competentes. Logo, o fortalecimento e a implementação de estratégias de disseminação

do conhecimento e o desenvolvimento de competências individuais entre os

componentes da equipe, têm um importante papel na reorganização dos processos de

trabalho e nos resultados de uma instituição.

Para Lastres et al (2000:p.6), no contexto atual, “há um novo tipo de competição,

que não é mais baseado unicamente no preço, mas na construção de competências

específicas para a aquisição de conhecimentos e inovação. A busca por melhoria na

competitividade passa a depender muito mais fortemente da criação e renovação de

vantagens competitivas associadas ao aprendizado, da qualidade dos recursos humanos

e da capacitação produtiva das empresas”.

Porém, a produtividade e a competitividade não dependem apenas dos meios

técnicos, mas principalmente, da capacidade de aprender e de inovar, para isso temos

que levar também em consideração o conhecimento que se produz e se acumula de

19

forma implícita como conseqüência natural dos contatos, das práticas e dos saberes

desenvolvidos pelos indivíduos nas suas rotinas diárias de trabalho e lazer.

Este tipo de conhecimento é chamado de conhecimento tácito (relacional,

vivencial), ou seja, “conhecimento que reside em crenças, valores, saberes e habilidades

do indivíduo ou organização”. O conhecimento tácito tem características que

contribuem para a sua circulação localizada e dificulta, ou mesmo impede, sua

transmissão, acesso e uso por atores externos. O aprendizado interativo é a principal

forma de transmissão de conhecimento tácito (Lastres et al, 2004:p.9). Por outro lado,

temos o conhecimento chamado de codificado (formal), que corresponde aos saberes de

bases científica e tecnológica, ou seja, é aquele “formalizado e estruturado, que pode ser

manipulado como informação. Inclui o conjunto de conhecimentos que podem ser

transmitidos através da comunicação formal entre os agentes, mas cuja decodificação

requer conhecimentos tácitos prévios” (Lastres et al, 2004:p.9).

Segundo Nonaka (1997:p27), “a única fonte garantida de vantagem competitiva

duradoura é o conhecimento”. As empresas de sucesso são as que investem no

aprendizado de seus colaboradores e na disseminação sistemática do conhecimento por

toda a organização incorporando-o rapidamente em novas tecnologias e produtos, o que

a caracteriza como empresa criadora de conhecimento e de inovação contínua.

Entretanto, poucos gestores compreendem a empresa criadora de conhecimento

como também a sua forma de gestão. No ocidente ainda persiste a visão tradicional, ou

seja, taylorista que tem foco apenas no conhecimento explícito que é formal e

sistemático, codificado, quantificável e nos indicadores para medição do conhecimento

que são eficiência, custos e retorno sobre o investimento. O conhecimento explícito

pode ser facilmente comunicado e compartilhado. Para Nonaka (1997), uma empresa

não é uma máquina, mas um organismo vivo, logo pode ter respostas semelhantes às

pessoas e, com isso, transformar as necessidades da empresa em realidade. A criação de

novos conhecimentos envolve a todos dentro da organização e é uma estratégia em que

cada funcionário é considerado um operário do conhecimento. O conhecimento

individual é transformado para toda a organização, o que é uma das características de

empresa criadora de conhecimento.

Assim o conhecimento individual é pessoal, o que não pode ser expresso com

tanta facilidade e é chamado de conhecimento “implícito”, difícil de formalizar e de

comunicar para os outros. Esse conhecimento esta profundamente ligado a uma ação e

no comprometimento do indivíduo a um determinado contexto (uma arte ou profissão),

20

a uma determinada tecnologia ou mercado ou às atividades desenvolvidas por uma

determinada equipe de trabalho.

Para a criação do conhecimento, dentro de uma organização, Nonaka

(1997,p.31), propõe quatro padrões básicos para a distinção entre conhecimento

implícito e explícito:

1)- de implícito para implícito: o conhecimento é transmitido de indivíduo para

indivíduo, passa a fazer parte da base de conhecimentos do outro indivíduo, mas não é

socializado, portanto, é uma forma isolada bastante limitada de criação de

conhecimento; 2)- de explícito para explícito: reunião de várias porções de

conhecimento explícito por parte de um indivíduo, transformando-o em uma síntese de

informações, como por exemplo: reunião dos dados e confecção de um relatório, que é

considerado conhecimento novo uma vez que reúne informações sintetizadas de

diferentes fontes. Esse tipo de conhecimento não amplia a base de conhecimentos da

organização; 3)- de implícito para explícito: quando o indivíduo consegue enunciar as

bases de seu conhecimento implícito transformando-o em explícito, disponibilizando-o

para o compartilhamento com outros indivíduos ou equipes. É essa articulação entre

conhecimento implícito e explícito que as empresas japonesas desenvolvem muito bem;

4)- de explícito para implícito: na medida em que esse padrão é compartilhado por

todos da organização, favorecem-se a expansão e a reconfiguração dos próprios

conhecimentos implícitos dos funcionários, que naturalmente absorvem e utilizam esses

conhecimentos como ferramentas e recursos para a melhoria do seu desempenho no

trabalho. Neste contexto, está a importância do fator humano para introduzir e

disseminar esse conhecimento dentro da organização, favorecendo ao desenvolvimento

de novos conhecimentos, como também propiciando a expansão da base de

informações, de ferramentas e de recursos comuns da empresa para a sua eficiência.

Os padrões descritos acima por Nonaka (1997,p.32), são encontrados em

dinâmica interação como uma espécie de espiral do conhecimento no interior de uma

empresa geradora de conhecimento, ou seja, o conhecimento tácito do funcionário é

socializado e logo após é transformado em conhecimento explícito, de forma que possa

ser comunicado aos outros membros da equipe, esta fase é chamada de articulação.

Posteriormente, há a fase de combinação que consiste em codificação do conhecimento.

Finalmente, com a criação de um novo produto os membros da equipe enriquecem a sua

própria base de conhecimento tácito, fase denominada de interiorização. Essa espiral de

conhecimento dá origem a outras espirais, em níveis mais elevados, ocasionando a

ampliação da base de conhecimento da empresa. No que diz respeito à articulação (que

21

é a transformação de conhecimento tácito em explícito) e a interiorização (utilização do

conhecimento explícito para ampliação da base de conhecimento tácito), ambas exigem

comprometimento pessoal, sendo as fases essenciais da espiral.

Para Nonaka (1997), quando os gerentes compreendem as de transformação, de

conhecimento implícito em explícito, e quando os trabalhadores inventam novos

conhecimentos, e desta forma reinventam a si mesmos, fazem com que a empresa e o

mundo percebam que as ferramentas apropriadas para gestão de empresas criadoras de

conhecimento encontradas nos modelos ocidentais são restritas. Ainda para o mesmo

autor, as equipes desempenham um importante papel na empresa criadora de

conhecimento, pois propiciam um contexto compartilhado em que os indivíduos podem

interagir e se engajar num constante diálogo, reunir suas informações e as examinar, a

partir de vários ângulos, e posteriormente integram suas diversas perspectivas

individuais numa nova perspectiva coletiva – Modo 2 da produção do conhecimento,

(Gibbons et al, 1996).

II.2 - Gestão e Competência

Considerando os objetivos deste estudo, vemos como apropriado utilizar

também, como um dos referenciais teóricos, a abordagem de Philippe Zarifian (2001),

um economista e sociólogo francês, especialista em gestão. Para Zarifian, P. (2001, P.

64): “O sucesso da ação do coletivo, fica pendente por assim dizer, da competência

ativa de cada um, não no sentido puramente maquinal da complementaridade das

operações dos operários ao longo de uma linha de montagem de automóveis, mas no

sentido do valor individual das iniciativas tomadas diante dos eventos, dos casos que

exigem tratamento, do serviço a produzir, posto que elas (as iniciativas individuais)

concorrem para o sucesso da ação coletiva”. Zarifian discute um movimento de retorno

do trabalho ao trabalhador, através do desenvolvimento de competências que, de uma

certa forma, vão propiciar mecanismos para facilitar a implementação de uma gestão

participativa dos colaboradores nos processos de trabalho.

De acordo com Zarifian (2001:p.64), “o momento atual caracteriza-se, sem

dúvida, por sua grande instabilidade e ambivalência. Nesse sentido, rompe firmemente

com o período de dominação do modelo taylorista. Realçar estas ambivalências

significa dar maior peso ainda às implicações da lógica da competência. Pois é,

decididamente, na maneira como ela será concebida e aplicada que se farão as

escolhas,...”.

22

Nessa análise de ambivalência Zarifian (2001:p.65), destacaram-se dois

fenômenos: “De um lado, um movimento de retorno do trabalho ao trabalhador, o

trabalho podendo de agora em diante apresentar-se como a atualização organizada do

poder de pensamento e de ação do trabalhador, logo, de sua competência e de outro, um

movimento, de apreensão subjetiva do caráter cada vez mais socializado e

interdependente das atividades profissionais”. Ainda, segundo este autor, a

“aprendizagem das competências e a cooperação no trabalho passarão cada vez menos

por sistemas e procedimentos que funcionam de maneira automática, e cada vez mais,

por processos de entendimento recíproco. Sem dúvida, essas evoluções não são

inevitáveis, representam opções em aberto, que conferem um sentido profundo à lógica

competência”. (Zarifian, 2001:p.65)

Preocupado em dar sua contribuição neste debate atual sobre qualificação x

competência, que ocorre desde os meados dos anos 80, na França, Philippe Zarifian foi

o primeiro a formalizar e dar conteúdo científico a essa noção sugerindo definições para

competências que integre várias dimensões, reunindo várias formulações e centradas na

mudança de comportamento dos seres humanos relacionados ao trabalho e à sua

organização, levando em consideração implicações e dificuldades.

A primeira afirmação de Zarifian (2001:p.68) é que “A competência é o “tomar

iniciativa” e o “assumir responsabilidade” do indivíduo diante de situações

profissionais com as quais se depara”.

Nesta definição, ele enfatiza o que muda fundamentalmente na organização do

trabalho, mudanças tais como: o recuo da prescrição, a abertura de espaço para a

autonomia e a auto-mobilização do indivíduo. Sendo que cada palavra tem importância

em si mesma, ou seja:

Assumir: a competência “é assumida”. O Indivíduo aceita assumir uma situação

de trabalho e ser responsável por ela. Essa atitude do indivíduo implica passar a um

novo patamar em matéria de envolvimento no seu trabalho.

Tomar iniciativa: ação que modifica algo existente, que introduz algo novo, que

começa alguma coisa, que cria. Há opções por qual iniciativa tomar. Pode-se, de frente à

determinada situação, selecionar, dentro de um repertório de normas de ação, a melhor,

levando em consideração a experiência que o profissional tem desse tipo de situação e

do conhecimento de procedimentos possíveis que pode utilizar ou, enfrentar um cliente

insatisfeito, que após avaliar o seu comportamento, procura aplicar uma estratégia bem

definida de desarmamento de sua insatisfação, sendo esta atualmente a opção mais

importante. O tomar iniciativa tem um sentido profundo. Significa que o ser humano

23

não é um robô, que possui capacidade de imaginação e invenção que lhe permite ter

abordagens definidas para cada situação.

Assumir responsabilidade: responsabilidade é uma palavra que tem origem do

latim e significa responder por. É sem dúvida a contrapartida da autonomia e da

descentralização das tomadas de decisão. Não se trata mais de execução de ordens pura

e simplesmente, mas é assumir pessoalmente a responsabilidade pela avaliação, pela

iniciativa que tem que ser tomada e pelo resultado decorrido dessa situação. Toda

relação de responsabilidade é uma relação forte, as coisas passam a depender de nós, e é

importante na medida em que toca outros humanos, a implicação disso é muito grande.

Essa responsabilidade pode ser assumida para atender a dois sentidos, o primeiro é o do

ego de sua carreira pessoal (subir na hierarquia do poder), o segundo é pelo sentido

ético de sua própria utilidade social.

Sobre situações: situação tem significado diferente de emprego é importante

distingui-lo com clareza. Segundo Zarifian (2001), uma situação admite, ao mesmo

tempo, um conjunto de elementos objetivos (descritíveis, objetiváveis) que

correspondem aos dados da situação; a implicações, que fornecem a orientação das

ações potenciais que a situação pode exigir (que remetem diretamente a implicações da

tomada de decisões de responsabilidade), e a maneira subjetiva que o indivíduo tem de

apreender a situação, de se situar em relação a ela, de enfrentá-la e determinar suas

ações em conseqüência dela.

É por isso que não se pode prescrever o comportamento que o indivíduo deve

adotar diante de uma determinada situação enfrentada pelo mesmo.

Para Zarifian (2001), é possível elaborar referenciais de competências, sabendo

que essas situações não darão conta inteiramente da dimensão de eventos das situações,

portanto, existe na competência uma parte que nunca será apreensível com

antecedência, logo os referenciais não poderão nunca apreender inteiramente.

A segunda definição proposta por Zarifian (2001:p.73), enfatiza a dinâmica da

aprendizagem, essencial no procedimento competência, e consiste em que: “A

competência é um entendimento prático de situações que se apóia em conhecimentos

adquiridos e os transforma na medida em que aumenta a diversidade das situações”.

Sendo a importância de cada uma das palavras ilustradas das seguintes formas:

Entendimento prático: entendimento não só na dimensão do conhecimento, mas

também da compreensão. O profissional diante de uma situação deve conhecer e

compreender bem a instituição e seus serviços, para poder dar as respostas adequadas ao

cliente diante de uma situação. A dimensão compreensiva é mais sutil e mais difícil de

24

formalização. Entender uma situação é saber avaliá-la levando em conta

“comportamentos“ de seus constituintes sejam eles materiais (máquinas) ou humanos. O

entendimento das razões do outro permite compreender “ inteligentemente” o seu

próprio comportamento, permite ajustá-lo.

Que se apóia em conhecimentos adquiridos: para o exercício da competência há

necessidade de conhecimentos prévios que poderão se mobilizados em situações de

trabalho, esses esquemas de conhecimentos incorporados deverão ser mobilizados de

maneira reflexiva, ou seja, questionando-se sua validade e o fato de serem insuficientes

diante da situação. Como mencionado, “apoiar-se” em aquisições cognitivas não

equivale a “aplicar” conhecimentos, estes últimos não são aplicáveis e devem ser

mobilizados, utilizados, questionados em função do conhecimento que se tem da

situação. É preciso admitir que tem uma dimensão de incerteza constante nos

conhecimentos possuídos, e estar sempre aberto a contestações e a novas aprendizagens,

postura essencial para a manutenção das competências, para que não sejam

transformadas em rotina.

E os transforma: A discussão, que se dá entre competência e conhecimento, faz

precisamente com que estes últimos modifiquem-se ao contato com problemas e

implicações da situação real de trabalho em função de iniciativas tomadas pelo

profissional. Do ponto de vista do conhecimento, o pós-evento não pode ser idêntico ao

pré-evento. Para que a bagagem de conhecimento do indivíduo se transforme e aumente

é preciso que a situação com que ele se defronta tenha sido plenamente explorada do

ponto de vista do que há a aprender com ela.

A formalização dos novos conhecimentos adquiridos pode revelar-se em

poderoso meio de incentivar o entendimento das situações e, ao mesmo tempo,

sistematizá-lo e difundi-lo.

Quanto maior for a diversidade das situações, mais intensamente serão

modificados os conhecimentos: o indivíduo aprende melhor e mais rápido na medida em

que se depara com situações variadas (psicologia cognitiva). A repetição da

instabilização dos esquemas cognitivos adquiridos (acomodados) permite a

aprendizagem do novo. Porém, há necessidade de manter equilíbrio entre o tempo e o

aprofundamento indispensáveis ao alcance pleno do entendimento de uma situação, para

a organização dos novos conhecimentos e o confronto com situações novas.

Como terceira proposta, Zarifian (2001:p.74) sugere que: “A competência é a

faculdade de mobilizar rede de atores em torno das mesmas situações, é a faculdade de

fazer com que esses atores compartilhem as implicações de suas ações, é fazê-los

25

assumir áreas de co-responsabilidade”. As idéias contidas nesta citação são explicadas

da seguinte forma:

Mobilizar rede de atores: exige que cada indivíduo aprenda, isto é, que precisa

de competências que não possui e de auxílios que se baseiam na solidariedade de ação,

auxílios que corroborarão eticamente suas tomadas de iniciativas. Temos aqui o sentido

do desenvolvimento da organização do trabalho transversal, ou por projeto. Uma das

características essenciais deste último é tornar coletivas situações de trabalho.

Compartilhar as implicações de uma situação é talvez a mais delicada das formulações.

De fato, os profissionais só se comunicarão entre si e só disponibilizarão suas

competências se experimentarem o sentimento de participar das mesmas implicações de

uma situação, e se forem avaliados pela chefia a respeito dessas implicações.

As segmentações dos campos de responsabilidades e a fixação de objetivos

distintos, que marcam as organizações tradicionais, tornam difícil esse compartilhar.

Convém prestar mais atenção ao movimento que faz com que as implicações e objetivos

sejam cada vez mais compartilhados. A constatação de que grande número de

disfunções, de desperdícios de recursos, de maus desempenhos nas empresas deve-se à

má qualidade da cooperação entre atores, está amplamente comprovada. É um ponto de

apoio para se progredir. Participar das implicações de uma situação profissional

possibilita dar um sentido coletivo às ações, significa também, saber o que se pode

partilhar e o que deverá seguir no campo de interesses antagônicos.

Assumir áreas de co-responsabilidade: a importância do termo “assumir

responsabilidades” como visto anteriormente, para definir competências. Não existe

responsabilidade grande que não seja pessoal, visto que a responsabilidade não é

compartilhada (sob o risco de enfraquecer) e todas as situações nas quais apenas uma

pessoa enfrenta um evento exigem necessariamente que a responsabilidade seja

assumida individualmente.

Apesar disso, redes de ajuda e as intervenções coletivas em torno de situações de

evento, assim como, a participação nas implicações de atividades profissionais, colocam

a questão da co-responsabilidade. Sendo uma das características mais interessantes e

inovadoras da lógica competência, justamente o fato dela associar responsabilidade

pessoal e co-responsabilidade. Só se pode associar responsabilidade pessoal e

responsabilidade coletiva se cada sujeito aceita desenvolver certa moral de

comportamento.

26

É com base na combinação dessas três propostas da competência, que Zarifian,

mostra a estreita complementaridade, que poderemos chegar a apreendê-la e, logo,

mobilizar conscientemente.

Embora seja tão fácil criar no papel o método competência, esta é uma

empreitada delicada. As dificuldades e propostas para enfrentá-las são reconhecidas e

expostas por Zarifian (2001) e indicam as vias de uma mudança muito profunda nas

relações sociais trazidas através da competência para dentro das empresas. Zarifian ao

enfatizar na definição de competência a tomada de iniciativa e de responsabilidade,

caracteriza uma atitude social e um novo funcionamento organizacional o que nos deu

enormes contribuições para a realização deste estudo.

II.3 - A Política Nacional de Humanização

O outro referencial que complementa essa abordagem de competência no âmbito

da gestão em saúde é o tema da humanização que é de extrema importância na área e se

constitui em nossos dias um assunto amplamente discutido e em implementação nos

hospitais, principalmente no âmbito das relações humanas. Este tema envolve um dos

patrimônios mais importante de uma instituição de saúde, o Ser Humano, aquele que

direta ou indiretamente presta cuidados de saúde à clientela, mas que precisa ser

cuidado.

Esse tema é muito abrangente e complexo e para o Programa HumanizaSUS da

Política Nacional de Humanização - Ministério da Saúde (2004), Humanização é

compreendida como “a valorização dos diferentes sujeitos implicados nos processos de

produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores”, conceito no qual, vou

inicialmente me pautar para esta pesquisa. Para o HumanizaSUS (2004), os valores que

norteiam esta política são a “autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-

responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação

coletiva no processo de gestão”.

O Sistema Único de Saúde (SUS) instituiu uma política pública de saúde que

visa à integralidade, à universalidade, ao aumento da equidade, à incorporação de novas

tecnologias e à especialização dos saberes. Apesar dos avanços acumulados no que se

refere aos seus princípios norteadores e à descentralização da atenção e da gestão, o

SUS, assim como o INCA (integrante do sistema e dentro de sua área de competência),

hoje ainda enfrentam: “fragmentação do processo de trabalho e das relações entre os

diferentes profissionais; fragmentação da rede assistencial dificultando a

27

complementaridade entre a rede básica e o sistema de referência; precária interação nas

equipes e despreparo para lidar com a dimensão subjetiva nas práticas de atenção;

sistema público de saúde burocratizado e verticalizado; baixo investimento na

qualificação dos trabalhadores, especialmente no que se refere à gestão participativa e

ao trabalho em equipe; poucos dispositivos de fomento à co-gestão e à valorização e

inclusão dos gestores, trabalhadores e usuários no processo de produção de saúde;

desrespeito ao direito dos usuários; formação dos profissionais de saúde distantes do

debate e da formulação da política de saúde; controle social frágil dos processos de

atenção e gestão do SUS; modelo de atenção centrado na relação queixa-conduta”,

(PNH- MS,p.13-14, 2004).

A política de humanização constitui-se numa política transversal na rede SUS

que atravessa as diferentes ações e instâncias gestoras do Sistema e implica em se:

traduzir os princípios do SUS em modos de operar dos diferentes equipamentos e

sujeitos da rede de saúde; construir trocas solidárias e comprometidas com a dupla

tarefa de produção de saúde e produção de sujeitos; oferecer um eixo articulador das

práticas em saúde, destacando o aspecto subjetivo nelas presente; contagiar por atitudes

e ações humanizadoras a rede do SUS, incluindo gestores, trabalhadores da saúde e

usuários.

Na perspectiva do PNH-MS (2004), o conceito de humanização compreende a

valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde:

usuários, trabalhadores e gestores; fomento da autonomia e do protagonismo desses

sujeitos; o aumento do grau de co-responsabilidade na produção de saúde e de sujeitos;

o estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de

gestão; a identificação das necessidades sociais de saúde; a mudança nos modelos de

atenção e gestão dos processos de trabalho tendo como foco as necessidades dos

cidadãos e a produção de saúde; o compromisso com a ambiência e a melhoria das

condições de trabalho e de atendimento.

Ainda de acordo com o PNH - MS (2004), para que isto se operacionalize no

SUS é preciso que: se promova a troca e a construção de saberes; o trabalho em rede

com equipes multiprofissionais; a identificação das necessidades; desejos e interesses

dos diferentes sujeitos do campo da saúde; que se estabeleça um pacto entre os

diferentes níveis de gestão do SUS (federal, estadual e municipal) e as diferentes

instâncias de efetivação das políticas públicas de saúde (instâncias da gestão e da

atenção), assim como entre gestores, trabalhadores e usuários dessa rede; e também o

resgate dos fundamentos básicos que norteiam as práticas de saúde no SUS,

28

reconhecendo os gestores, trabalhadores e usuários como sujeitos ativos e protagonistas

das ações de saúde e a construção de redes solidárias e interativas, participativas e

protagonistas do SUS, sobre este aspecto Benevides et al (2005,p. 563) afirma “levando

em conta que sujeitos quando mobilizados, são capazes de transformar realidades

transformando-se a si próprios neste mesmo processo”, nos parece que sem o

reconhecimento, a valorização e a participação dos trabalhadores neste processo, as

dificuldades para sensibilizar, envolver os profissionais serão muito maiores, correndo

o risco de inviabilizar a implantação de uma política de resgate de direitos

constitucionais dos usuários do SUS. Especificamente na área de enfermagem, a forma de gestão em que

historicamente a profissão se fundamenta tem origem nas últimas décadas do século

XIX, com o surgimento do capitalismo, quando passa a existir a enfermagem moderna

na Inglaterra, “com a participação de Florence Nightingale na guerra da Criméia,

havendo então, necessidade da mesma organizar e dirigir os hospitais militares que

abrigavam os feridos nesta batalha” (Gomes et al, 1997).

Nessa época, os hospitais eram conhecidos pela má gestão e negligência com o

cuidado dos pacientes, fato que tinha grande repercussão negativa na sociedade inglesa,

como também, era responsável pela queda de um grande número de soldados do

contingente inglês na guerra, colocando em risco o status e a economia da Inglaterra.

Em vista disso, a enfermagem se institucionaliza diante da necessidade de organizar os

hospitais militares, para recuperar a força de trabalho, imprescindível para a produção

do modelo capitalista que se instalava. “A enfermagem ao responder a esta necessidade

se transforma, utilizando como modelo de trabalho, principalmente as técnicas de

disciplina e hierarquia, para organização de suas tarefas, dos seus trabalhadores e do

espaço ocupado pelo doente, que naquela época era muito confuso e desorganizado”

(Gomes et al, 1997: p. 233).

Desta forma a enfermagem se organiza de três maneiras; “a primeira, no sentido

de organizar o cuidado do doente com a sistematização das técnicas de enfermagem; a

segunda, organizar o ambiente usando mecanismo de purificação do ar, limpeza, higiene

e outros; e a terceira forma a de organizar os trabalhos de enfermagem por meio de

treinamentos usando as técnicas e os mecanismos disciplinares” (Gomes et al

(1997:p.241).

Assim sendo, a enfermagem moderna surge exercendo o gerenciamento, pois

ao organizar o cuidado do doente, não o faz sempre diretamente, uma vez que a

formação era dirigida para duas categorias, as nurses que respondiam pelo cuidado

29

propriamente dito e as lady nurses que executavam atividades de supervisão e ensino.

Dessa forma paralelamente à dimensão prática das técnicas, a enfermagem se organiza a

partir de uma dimensão prática do saber administrativo, o que se configura na gênese da

divisão técnica e social desta profissão (Gomes et al, 1997).

A enfermagem de ontem continha decisões centralizadas, ações pautadas na

doença, um grande foco na hospitalização, uma preocupação com o cumprimento de

tarefas e uma assistência ao paciente centrada em ações de enfermagem fragmentadas.

No entanto, o modelo de assistência atualmente em prática ainda centraliza a maioria

das ações assistenciais nos hospitais e em outros centros especializados de cuidado à

saúde. Ultimamente com as constantes transformações no mundo do trabalho, esse

modelo vem sendo influenciado e apresentando intensas transformações principalmente

na área de gestão dos serviços.

No atual cenário, é de vital importância para o sucesso do processo de cuidar, a

constituição de uma equipe formada por profissionais que tenham espírito crítico e

capacidade de resolução de problemas, combinados com habilidades técnico-científicas.

Logo, para enfrentarmos essa situação de mudanças, há necessidade do

estabelecimento de um novo modelo de gestão fundamentado na gestão participativa,

num modelo assistencial em que a assistência de enfermagem se baseie em evidências

científicas e que busque consolidar a interdisciplinaridade na assistência ao paciente e

aos seus familiares.

Neste modelo, as equipes de enfermagem assumem as responsabilidades, pelos

resultados, pois as decisões são descentralizadas e a equipe participa ativamente do

processo decisório. A gerência de enfermagem que se conhece hoje passou e passa por

transformações que resultam de estudos e teorias que fundamentam de forma científica

o gerenciar em enfermagem; devendo ser capaz de coordenar a assistência, o potencial

humano e os recursos disponíveis.

O trabalho que apresentaremos a seguir, procurou com base nos conceitos acima

descritos desenvolver uma proposta que promovesse a produção de conhecimento na

área de gestão do trabalho a partir da transformação de conhecimentos implícitos em

explícitos, da transformação da prática através da mobilização de rede de atores e da co-

responsabilização numa estratégia de gestão participativa e assistência humanizada na

área de enfermagem em oncologia.

30

III – O Perfil da Equipe de Enfermagem e o Processo e Ambiente de

Trabalho na percepção dos profissionais de enfermagem.

Esta etapa do estudo teve como objetivo produzir informações que pudessem

contribuir para a discussão dos problemas de forma a gerar novos conhecimentos e uma

melhor compreensão do contexto em que o trabalho ocorre.

III.1 - Perfil do grupo estudado: Quem somos?

O grupo de profissionais participantes do estudo, conforme podemos verificar na

Tabela 1, constitui-se pela maioria do sexo feminino chegando a 75% dessa força de

trabalho. Estão concentrados na faixa etária entre 35 e mais de 55 anos, com 78,1%.

Verifica-se que a população estudada é constituída por pessoas que estão no auge de sua

carreira, em plena fase de produção, de manutenção e construção familiar, alguns

provavelmente em processo de final de carreira, porém demonstrando grande interesse e

motivação em participar da melhoria do processo.

A escolaridade do grupo de trabalhadores pesquisado merece destaque, pois

53,1% do grupo têm o 3º grau, o que demonstra o elevado grau de qualificação da

equipe levando-se em consideração a missão institucional do INCA no contexto da área

de C&T e Inovação em Saúde e a alta complexidade da assistência prestada, fator que

diferencia o instituto dentro da área de saúde pública no País. Observa-se que alguns

profissionais apesar de exercerem atividade de nível médio têm o 3º grau concluído e

que 53,2% da equipe é constituída de por profissionais de nível técnico, ou seja,

auxiliares e técnicos de enfermagem. O maior número de profissionais pertence ao

quadro permanente do Ministério da Saúde, ou seja, 50% o que demonstra que a equipe

tem um número razoável de profissionais com bastante experiência e também pelo fato

do quantitativo aprovado no último concurso público (2006) para reposição de pessoal

não permitiu uma renovação do quadro do INCA. O pessoal do quadro do Ministério da

Saúde - Temporário4 que corresponde a 21,9% são profissionais com experiência na

área da saúde em geral, mas não especificamente em cancerologia, a maioria deles

completou um ano de contrato de trabalho no final dos meses de março e maio do

corrente ano. Esse pessoal terá o contrato renovado por mais um ano. No ambulatório

4 MS Temporário: Profissional contratado através de seleção por prova de títulos pelo período de até 02 anos pelo Ministério da Saúde.

31

do HC II, os colaboradores contratados pela Fundação Ary Frauzino - FAF5

correspondem a 28,1% dos profissionais lotados no setor e já estão em média com 10

anos de vínculo empregatício prestando serviço ao INCA.

Cinqüenta por cento dos profissionais de enfermagem atuam como diaristas

devido à grande demanda de trabalho durante o dia em virtude da característica de

funcionamento do setor. O número de profissionais plantonistas lotados nos plantões do

dia e da noite somados totalizam 50% do pessoal lotado no Ambulatório e atuam

exclusivamente no Pronto Atendimento, esse quantitativo é o necessário para a

prestação de assistência no setor, ocorrendo uma sobrecarga de serviço em determinadas

situações, tais como, férias; licenças médicas e de outros afastamentos.

O tempo de serviço dos profissionais na área de saúde está concentrado na faixa

etária de 11 a 30 anos de serviço, totalizando 65,7% do total, logo a maioria dos

colaboradores do setor é formada por profissionais que estão em atividade na área de

saúde a mais de 10 anos de serviço, o que lhes proporciona um uma grande experiência,

mas que de uma certa forma os coloca em situação de risco constante em virtude de

estarem lidando ininterruptamente com o ser humano em situação precária e de doença

o que exige um grande esforço e preparo da equipe para superar os desafios e riscos a

que constantemente se expõe, como também pela responsabilidade técnica de seus atos,

da solidariedade, atenção e carinho que tem que dispensar à clientela sem se envolverem

emocionalmente.

Quanto aos setores de trabalho da equipe de enfermagem do ambulatório o que

tem mais profissionais lotados é o de Pronto Atendimento em virtude de sua

característica de funcionamento por 24 horas, o que faz com que haja necessidade de

uma equipe de enfermagem atuando diuturnamente para prestação da assistência, esse

quantitativo corresponde a 46,9% do universo estudado.

Em relação ao tempo de trabalho no setor, a maior concentração dos

profissionais é composta pelos contratados temporariamente pelo Ministério da Saúde

correspondendo a 43,8% e com menos de 1 ano de atividade neste setor, neste momento

isto é um problema devido à necessidade de capacitação e supervisão constante desses

colaboradores pelas características da clientela e em alguns momentos há falha na

5 Fundação Ary Frauzino – FAF: Fundação Ary Frauzino para Pesquisa e Controle do Câncer é uma entidade filantrópica de direito privado e de utilidade pública federal, que presta assistência social e é dotada de autonomia patrimonial , administrativa e financeira. Criada estrategicamente em 1991, para atender ás necessidades de recursos humanos, materiais e tecnológicos do Instituto Nacional de Câncer. A Fundação tem viabilizado, paralelamente ao aporte de recursos do Ministério da Saúde, o crescimento estável e contínuo do INCA. – Relatório Anual 2005, Fundação Ary Frauzino para Pesquisa e Controle do Câncer.

32

comunicação entre as equipes pelas diferenças no tipo de experiências entre estes

profissionais e os mais antigos.

O segundo maior grupo em atividade no Ambulatório corresponde a 43,8%, taxa

idêntica a anterior, e estão a mais de 3 anos executando suas atividades no setor o que

serve para contrabalançar as dificuldades descritas anteriormente, em virtude do preparo

deste grupo para atendimento das demandas que se apresentam. Alguns relatos retratam

muito bem o sentimento dos profissionais com relação à sobrecarga de serviço, escala

de trabalho e carga horária e preocupação com a qualidade do atendimento.

Tabela 1 - Perfil do grupo estudado

Variável N (freqüência) %

Sexo

Feminino 24 75,0

Masculino 8 25,0

Estado Civil

Casado 13 40,6

Solteiro 13 40,6

Outros 6 18,8

Idade Categorizada em anos

24 – 34 anos 7 21,9

35 – 44 anos 8 25,0

45 – 54 anos 12 37,5

> = 55 anos 5 15,6

Escolaridade

1º Grau 0 0,0

2º Grau 15 46,9

3º Grau 16 50,0

Outros 1 3,1

Continua

33

Tabela 1 - Perfil do grupo estudado - Continuação

Variável N (freqüência) %

Categoria Profissional

Enfermeiro 14 43,8

Auxiliar de Enfermagem 3 9,4

Técnico de Enfermagem 14 43,8

Ignorado 1 3,1

Vínculo de Trabalho

MS Permanente 16 50,0

MS Temporário 7 21,9

FAF 9 28,1

Turno de Trabalho

Diarista 16 50,0

Plantonista Dia 9 28,1

Plantonista Noite 7 21,9

Quanto tempo de atividade na área de saúde?

De 06 a 10 anos 8 25,0

De 11 a 20 anos 10 31,3

De 21 a 30 anos 11 34,4

Acima de 30 anos 3 9,4

Setor de Trabalho no Ambulatório

Internação 1 3,1

Pronto Atendimento 15 46,9

Ambulatório de Oncologia 5 15,6

Há quanto tempo trabalha neste setor do hospital?

Menos de 01 ano 14 43,8

De 01 a 02 anos 4 12,5

De 03 a 05 anos 8 25

De 06 a 10 anos 4 12,5

Acima de 10 anos 2 6,3

34

Na tabela 2, constata-se que 13,2% do pessoal de enfermagem lotado no

hospital encontram-se em atividade no ambulatório, os outros 86,8% estão distribuídos

nas Unidades de Internação, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Diagnóstico por

Imagem, Centro de Quimioterapia (CQT), Setor de Endoscopia e Cirurgia de Alta

Freqüência, Centro Cirúrgico e Central de Material Esterilizado.

Tabela 2 – Índice de participação prof. de enf. na pesquisa X Por categoria prof. dos

participantes no estudo.

Total prof. enf. do ambulatório

Prof. enf. do ambulatório que responderam ao questionário

Categoria Profissional

Total de prof. de Enfermagem

n % n %

Enfermeiros 70 14 20,0 14 20,0

Téc. Enfermagem 115 11 9,6 14 12,1

Aux. Enfermagem 66 8 12,1 3 4,5

Ignorado 0 0 0,0 1

Total 251 33 13,2 32 12,8

Sobre a remuneração, segundo mostra o gráfico 1, nota-se que 47%, ou seja,

dentre os profissionais que responderam a pesquisa o maior numero tem remuneração

acima de R$ 3000,00. O segundo maior número de profissionais tem salários entre R$

1100,00 e R$ 2500,00 e que, mesmo sendo a menor faixa de salário entre os

pesquisados, está acima da faixa salarial proposta pela convenção coletiva de trabalho

dos respectivos sindicatos das classes6 que para 2007, estipulou como piso salarial do

enfermeiro o valor de R$ 688,16 e dos Técnicos e Auxiliares de enfermagem o valor de

R$ 440,52. Neste estudo não levantamos a existência de segundo vínculo empregatício.

6 Enfermeiros - Convenção coletiva de trabalho 2006/2007 – entre o Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro (SINDENFRJ) e Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Rio de Janeiro (SINDHERJ) Tec. e Auxiliares de Enfermagem – Convenção coletiva de trabalho 2006/2007 - entre o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Rio de Janeiro (SINDHERJ) e Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Rio de Janeiro (SEESS/RJ).

35

Gráfico 1 – Faixa Salarial

28%

31%

13%

3%

25%

De R$1.100 a R$2.500De R$3.000 a R$4.300De R$4.500 a R$5.300Acima de R$5.500Não informaram

III.2 - Processo de trabalho: Como avaliamos o nosso trabalho?

No gráfico 2, abaixo, reunimos o resultado da pergunta: o que você acha das

condições de trabalho que lhe são oferecidas?, em relação à estrutura física, recursos

materiais e quantitativo de recursos humanos.

As condições de trabalho relacionadas à estrutura física foram consideradas por

50% como boa, o que pode ser justificado pelo fato do setor estar passando por obras de

ampliação e modernização, e parte do grupo pesquisado está trabalhando em locais

provisórios com uma estrutura deficiente em virtude dos espaços e conforto diminuídos.

Porém, levando em consideração a situação em que se encontram no momento, 28%

acharam ótimas as condições da estrutura física provavelmente por estarem trabalhando

nos locais que já passaram pelas obras de ampliação e modernização.

Em relação aos recursos materiais ofertados para a prestação da assistência,

foram considerados de ótima qualidade por 47% dos pesquisados, 3% dos entrevistados

responderam que o material oferecido para o trabalho era de péssima qualidade.

A maioria, 53%, considerou boa a quantidade recursos humanos disponíveis.

Apenas 3% classificaram a quantidade de recursos humanos como péssimo.

36

Gráfico 2 – Condições de trabalho

28%

50%

22%

47%

41%

9%

3%

19%

53%

25%

3%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Estrutura física RecursosMateriais

Recursoshumanos

Ótimo

Bom

Regular

Péssimo

3%

Com relação ao ambiente de trabalho, 94% do grupo do estudo o consideram

como amigável, um fator de fundamental importância para o envolvimento e

responsabilização dos profissionais pela melhoria dos processos específicos da área.

Pode-se observar no gráfico 3, que quando perguntados a respeito do que

achavam do trabalho que executavam, todos responderam que o trabalho é importante, o

que pode ser considerado um grande fator de estímulo e que justifica o envolvimento e

o interesse da equipe em prestar uma assistência de qualidade, como também é motivo

de interesse na aquisição de novos conhecimentos, capacitação em serviço e

comprometimento da equipe com a instituição e o seu trabalho, indo ao encontro ao que

preconizam Zarifian e Lastres, e também Nonaka com relação à aquisição de

conhecimentos.

O fato de estarem preocupados com o cliente faz com que 66% reconheçam a

importância do trabalho para o mesmo, conforme aponta a tabela 6, explicando as

atitudes da maioria dos pesquisados com relação aos itens valorização e respeito à

clientela, atitudes básicas em um serviço de qualidade e que pretende implementar

ações de humanização.

37

Gráfico 3 – Importância do trabalho

66%

3% 3%

28%

0

5

10

15

20

25

Paciente

Chefia

Outras Equipes

Ignorado

De que forma nos comunicamos em relação ao trabalho?

Observa-se no gráfico 4 que a maioria, 56%, respondeu ter acesso as

informações necessárias, o percentual dos que responderam que as informações são

insuficientes e que não há repasse de informações somam respectivamente 19%, índice

relevante o que demonstra necessidade de intervenção neste fator que é de vital

importância para o bom desempenho, motivação da equipe, bem como para a geração e

disseminação de informação e do conhecimento.

Gráfico 4 - Repasse de informações pela chefia, responda:

56%

13%

6%

25%

Tenho acesso a todasas informações

Tenho acesso àsinformaçõesnecessárias

Informações sãoinsuficientes

Não há repasse deinformações

38

Quem reconhece e valoriza nosso trabalho?

Como mostra a tabela 3, com relação à valorização do seu trabalho, responderam

que se consideram muito valorizados: pela chefia (56,3%), pelos colegas de equipe

(62,5%) e 81,3% pelo cliente. Quanto à valorização por outras equipes, a soma de:

pouco valorizado e não valorizado chega a 56,2%, esse número é alto, pois no ambiente

em que se encontram, existem diferenças culturais e o corporativismo que dificultam a

integração, a valorização e o respeito entre as equipes. O alto índice de valorização e

reconhecimento pelo cliente, com certeza, é fator de estímulo e motivação para o bom

desempenho da equipe, pois afinal de contas o cliente é reconhecido pela própria equipe

como o seu maior e mais importante avaliador.

Levando-se em consideração este resultado e o do gráfico anterior, observa-se a

importância dada pela chefia na valorização do trabalho das equipes tanto que, na

percepção da maioria, eles são mantidos informados com o que é preciso para a

execução de seu trabalho, porém nos parece necessário haver uma melhoria no processo

de comunicação e informação para facilitar os alcances das metas institucionais, pois

muitas informações se perdem em virtude dos líderes não se sentirem seguros e não

terem essa atividade dentro de seu rol de competência. Ante o exposto, embora haja

necessidade de adotar estratégias para a melhoria desse processo, verifica-se que neste

cenário, já existe uma tendência de quebra dos padrões tayloristas/fordistas de trabalho,

em que os profissionais são rigidamente controlados e são meros executores de tarefas,

para um cenário de maior participação, respeito e escuta do funcionário por parte da

gerência o que nos remete a um dos pressupostos da política de Humanização (MS,

2004), considerado como um dos referenciais utilizados para este estudo, em que

Humanização é “a valorização dos diferentes sujeitos implicados nos processos de

produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores”.

39

Tabela 3 - Valor do trabalho

Variável Nº

(freqüência) %

O seu trabalho é valorizado por suas chefias?

Muito Valorizado 18 56,3

O seu trabalho é valorizado por outras equipes?

Pouco Valorizado 13 40,6

O seu trabalho é valorizado por seus colegas de equipe?

Muito Valorizado 20 62,5

O seu trabalho é valorizado pelo cliente?

Muito Valorizado 26 81,3

Será que nosso trabalho está nos adoecendo?

Na tabela 4, foram reunidos três dados que se relacionam e podemos verificar

que a maioria dos pesquisados 75% informou que não se afastou do trabalho por motivo

de doença provocada pela atividade que exerce. Dos 25% que informaram ter se

afastado, 9,4% o maior índice, informaram ter permanecido afastados por até 30 dias,

sendo que outros 3,1% informaram ter permanecido afastados por até 720 dias, ou seja,

dois anos. Dentre os motivos de afastamento, 12,5%, o maior índice foi motivado por

doenças crônicas, isso se justifica pelo fato da equipe já se encontrar numa faixa etária

em que 78,1% estão acima dos 35 anos de idade e 65,7% já têm entre 11 anos a 30 anos

de trabalho na área da saúde, o que corresponde a 21 funcionários; e outros 3

funcionários, 9,4%, já se encontram com mais de 30 anos de trabalho (tabela 1), tempo

de trabalho em área extremamente insalubre suficiente para que os profissionais

comecem a apresentar sinais e sintomas de estresse e de doenças do sistema

cardiovascular, do sistema músculo-esquelético e outras, chegando a limitá-los para o

trabalho e para a rotina diária.

40

Tabela 4 – Afastamento do Trabalho

Variável Nº

(freqüência) %

Você já se afastou do trabalho por problema de saúde provocado pela atividade que exerce?

Sim 8 25,0

Não 24 75,0

Tempo de afastamento do trabalho (em nº de dias)

15 dias 2 6,3

30 dias 3 9,4

360 dias 1 3,1

720 dias 1 3,1

Não Lembra 1 3,1

Não Houve 24 75,0

Motivo de afastamento do trabalho

Doença Crônica: hipertensão, ulcera gástrica, tendinite, AVC, hérnia de disco.

4 12,5

Cirurgias 1 3,1

Acidente 1 3,1

Não houve 24 75,0

Ignorado (Não informou) 2 6,3

Como tem sido a nossa participação no estabelecimento das rotinas de trabalho?

Como já vimos anteriormente, a equipe demonstra estar comprometida com o

trabalho e com a Instituição, o que justifica 88% terem informado se sentirem

motivados durante o horário de trabalho. Porém, outros sentimentos foram registrados,

isso em conseqüência da própria complexidade da atividade, que requer capacitação,

disciplina, atenção e carinho com o a clientela, além de envolvimento com outras

atividades de base que dificultam a realização das atividades assistenciais, causando

sobrecarga e estresse para a equipe, podendo alguns profissionais em determinados

momentos terem sentimentos de irritação e desmotivação.

Quando perguntados quanto à consideração de sugestões pela chefia, houve um

índice de 91% de resposta positiva, em nossa opinião, esse fato demonstra o interesse da

chefia em valorizar a participação do seu funcionário, o que facilita o trabalho e de uma

certa forma compromete o mesmo nas decisões e resoluções de problemas, mostra

também, que a equipe está partindo para uma forma responsável de trabalho, visando à

melhoria do processo e da atenção, pode-se dizer que esse comportamento já permeia a

41

equipe (sendo uma característica importante dos profissionais das equipes de

enfermagem do INCA). É importante ressaltar que esse índice positivo, por outro lado,

se contrapõe a um número relevante de 19%, o qual respondeu que as informações

repassadas são insuficiente e que não há repasse de informações (gráfico 5), nos parece

haver uma incoerência, tendo em vista o alto índice (91%) de aceite de sugestões por

parte da chefia.

No que diz respeito à pergunta se a equipe é consultada para a resolução de

problemas observa-se no gráfico 6 que 53% responderam que são consultados, porém

38% responderam que não, sendo esse índice muito expressivo principalmente se

levarmos em consideração que os outros 9% se omitiram de responder. Esses altos

índices de respostas negativas vão de encontro ao item anterior referente à consideração

de sugestões e, se somado ao índice de repasse insuficiente de informações pode

interferir de maneira implacável no desempenho da equipe, prejudicando a assistência,

logo, esses pontos deverão ser alvo de intervenção no sentido de melhorar a troca de

informações e de consulta à equipe para a resolução de problemas no setor. Conforme

se verifica no referencial teórico, no qual NONAKA (1997) e LASTRES et al (2000);

referem-se aos processos de produção de conhecimento nas organizações e a abordagem

de Zarifian(2001) sobre gestão e competência, em que o fortalecimento e a

implementação de estratégias de disseminação do conhecimento e o desenvolvimento de

competências entre os colaboradores têm um papel fundamental na reorganização dos

processos de trabalho e nos resultados de uma instituição.

Gráfico 5 - Poder de Decisão

9%

53%38%

Sim

Não

Ignorado

O que esta faltando para que o nosso trabalho seja melhor?

Com relação a esta questão uma das perguntas realizadas foi a seguinte: “O que

você acha importante aprender para melhorar o seu trabalho?”. O grupo deu respostas

que abrangeram principalmente os seguintes temas: cursos de atualização e de ensino

42

em serviço, participação em congressos jornadas e palestras, bases e conceitos de

pesquisa clínica, espaços para discussão de artigos científicos, temas de Acreditação

Hospitalar, curso de especialização para técnicos, implementação de mecanismos de

facilitação na liberação para participação em atividades de ensino e em eventos

científicos, curso de gestão e de gerenciamento de pessoas, curso de relacionamento

interdisciplinar e humano, e curso de sistematização da assistência de enfermagem.

Observamos que o grupo se mostrou preocupado com a construção coletiva de

conhecimentos, o que de uma certa forma vem ao encontro dos objetivos deste estudo,

pois as transformações desejadas só serão alcançadas a partir da conscientização da

necessidade de mudanças pelo grupo e essas mudanças só serão efetivas se estiverem

baseadas em conhecimento e informação. A responsabilidade do grupo é fundamental

para que tenham real consciência do porque estão ali, só assim poderemos garantir que

os processos não sejam prejudicados e não coloquem em risco a assistência prestada à

clientela que procura atendimento e soluções para as suas necessidades de saúde.

A segunda pergunta colocada para o grupo referente à melhoria do trabalho se

relaciona ao ambiente e é a seguinte: “Na sua opinião o que falta no seu ambiente de

trabalho para ser considerado adequado?”, os mesmos pontuaram os seguintes itens:

carga horária excessiva/escala de serviço, estrutura física - problema de espaço, falta de

diálogo - comunicação, falta de integração entre os setores e equipes, recursos humanos

em número reduzido, falta de ética profissional, falta de compromisso, falta de respeito

entre colegas, falta de solidariedade, falha no acolhimento aos pacientes, ausência de

valorização do profissional, falta de participação e entrosamento de chefias e equipes,

infra-estrutura deficitária.

III.3 – Questões apontadas relacionadas à humanização do trabalho e

desenvolvimento profissional.

Ao se perguntar o que achavam importante no programa de humanização

procuramos sintetizar as respostas, no quadro abaixo:

43

Quadro 1 – Idéias relacionadas à humanização na concepção do grupo

Ser vivenciado em todos os níveis

Humanização

Boas condições trabalho

Respeito ao

cliente

Respeito ao profissional

Estimulo aos trabalhadores

Responsabilidade

Centralidade no paciente

Informação em saúde p/ clientes

Valorização do paciente

Valorização da equipe

Sair do discurso p/a prática

Eficiência /eficácia

atendimento

Ética

Conhecer o Programa

Preservação da saúde mentaldo cuidador

CompromissoAspectos afetivos e religiosos:Amor, carinho, Solidariedade...

Respeito a individualidade do paciente

Envolvimento com o trabalho

Vários foram os princípios norteadores do ponto de vista da Política Nacional de

Humanização - PNH - MS (2004), destacados pelos participantes considerando o

conceito de Humanização como sendo a valorização dos diferentes sujeitos implicados

no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores; fomento da

autonomia e do protagonismo desses sujeitos; aumento do grau de co-responsabilidade

na produção de saúde e de sujeitos; estabelecimento de vínculos solidários e de

participação coletiva no processo de gestão; identificação das necessidades sociais de

saúde; mudança nos modelos de atenção e gestão dos processos de trabalho tendo como

foco as necessidades dos cidadãos e a produção de saúde; compromisso com a

ambiência, melhoria das condições de trabalho e de atendimento como demonstrado no

quadro 1, acima.

Nesse sentido, verifica-se que, na concepção do grupo, humanização no

ambiente de trabalho tem identificação com os princípios norteadores já enunciados

pelo PNH, pois são expressos pelos mesmos como sendo: atenção, respeito e

valorização dos profissionais, equipes e pacientes; boas condições e ambiente de

trabalho harmônico; respeito a questões de gênero, religião, raça e orientação sexual;

44

trabalho em equipe multiprofissional; democratização, divulgação e disseminação da

informação e do conhecimento.

Assim, demonstram ter conhecimento das diretrizes da Política como também,

sabem da importância de colocar em prática esses preceitos porque o processo de

produção de saúde como já visto, é altamente complexo uma vez que, além da

competência técnica, o profissional tem que estar apto para acompanhar a incorporação

de novas tecnologias, além da necessidade constante de relacionamento humano entre

os atores fornecedores de atenção a saúde – os profissionais e os clientes a quem é

destinada essa atenção - o paciente.

Em relação ao processo de qualificação do trabalho e dos trabalhadores e em

relação à participação dos profissionais em atividades de formação e ensino, verifica-se,

com os dados contidos na tabela 5, que a equipe reconhece a existência de um processo

de educação em serviço, porém o índice de 46,9% relacionado à existência de um

processo insuficiente para atender as necessidades de aprendizagem, somado aos 18,8%

que informam não haver liberação, se torna preocupante para o desempenho das

atividades em uma instituição que necessita estar sempre proporcionando programas de

ensino em serviço aos seus quadros visando a cumprir a sua missão, como também

garantir a qualidade e a melhoria contínua do serviço prestado à população brasileira.

Dados relevantes que reforçam a necessidade de estratégias para viabilizar o

atendimento dessas reivindicações, uma vez que são vitais para motivar e estimular a

equipe no que se refere a sua capacitação, o que conseqüentemente reverterá em

benefício da qualidade da assistência e na auto-estima dos trabalhadores.

Além disso, há que se levar em consideração o contexto atual no qual a

qualificação profissional é elemento chave e de vital importância para a compreensão de

novas formas de organização do trabalho (Martins, 2004) como também, para o bom

desempenho das equipes, pois o ambiente hospitalar é um dos locais onde há grande

incorporação de novas tecnologias que dependem da competência humana para que o

processo produtivo ou assistencial não seja prejudicado. Verificamos, ainda, que 96,9%

dos que responderam ao questionário consideram importante atividades de ensino

voltadas para o trabalho. Identificamos que 7 funcionários, o correspondente a 21,9%

dos que responderam, informaram não ter disponibilidade de tempo e que 9,4%

responderam não haver atividades de ensino durante o seu horário de trabalho, o que

nos leva a crer que o horário de trabalho desses colaboradores deve ser no turno da

noite, pois ainda se concentra no turno do dia a maioria das atividades de ensino e

capacitação oferecidas. Para amenizar os transtornos, é computado o número de horas

45

(banco de horas) que o profissional compareceu em cursos de capacitação fora do seu

turno de trabalho ou do seu dia de plantão com folgas correspondentes a essa carga

horária, facilitando e estimulando a participação da maioria dos trabalhadores nas

atividades oferecidas, justificando os 29 colaboradores (90,6%) que informaram já

terem participado de atividades de ensino no hospital.

Tabela 5 – Ensino em Serviço/ Educação Continuada

Variável Nº

(freqüência) %

Com relação a atividades de Educação Permanente?

Existem e são suficientes para atender às necessidades de aprendizagem e reciclagem no serviço.

8 25,0

Existem, mas não são suficientes para atender às necessidades de aprendizagem e reciclagem no serviço.

6 18,8

Existem, mas não há liberação para participar 15 46,9

Outros 2 6,3

Ignorado 1 3,1

Outras opções

Não tenho disponibilidade de tempo 7 21,9

Não é oferecido atividade no meu turno de trabalho 3 9,4

Não se aplica 21 65,6

Ignorado 1 3,1

Com relação as atividades de ensino, são importantes?

Sim 31 96,9

Não 1 3,1

Você participou de alguma atividade de ensino no HC II?

Sim 29 90,6

Não 2 6,3

Ignorado 1 3,1

Do grupo estudado, o maior percentual 52%, conforme demonstrado no gráfico

7, tem priorizado a participação em cursos, atividades de capacitação, 30% informaram

participação em palestras. No gráfico 8, verifica-se que 46,9% informaram que a

iniciativa de participação foi deles própria. Esses dados nos levam a crer que pelo

número de profissionais novos integrando a equipe, eles estão se empenhando e

procurando aproveitar ao máximo as oportunidades de atualização e capacitação

oferecidas pela Instituição dentro da área de oncologia. Esses percentuais justificam a

participação em eventos de capacitação e palestras, alguns desses eventos são de curta

duração, programados após levantamento de necessidades de ensino das equipes pela

46

Comissão Interna de Educação Permanente do HC II e oferecidos dentro do programa

de ensino anual da própria unidade para facilitar a participação dos mesmos, visando ao

desenvolvimento, à atualização, à integração e ao melhor desempenho técnico das

equipes. A realização dessas atividades e o interesse da equipe em participar, são de

vital importância para o bom resultado dos atuais processos em desenvolvimento no

hospital, como também atendem aos interesses institucionais, principalmente os

relacionados à missão do INCA como instância do MS, integrante da área de C&T,

responsável pela geração e disseminação da informação e do conhecimento no campo

da cancerologia. Ressaltamos, ainda, a importância dessas ferramentas de ensino como

fundamentais na promoção da auto-estima dos funcionários, tendo em vista a

possibilidade de desenvolvimento de competências, conforme ressalta Zarifian (2001) e

assim fortalecendo os processos de produção de conhecimento nas organizações

abordado por Lastres et al (2000) e Nonaka (1997).

Gráfico 6 – Atividades de ensino priorizadas pelos profissionais

30%

52%

10%8% Participação em eventos científicos

Participação em cursos, treinamentos,reciclagem, capacitaçãoPalestras

Pós-graduação Latu/ Strictu Sensu

47

Gráfico 7 - Iniciativa na busca de qualificação.

3%

13%

13%

13%

6%6%

46%

PrópriaChefiaInstituiçãoPrópria e InstituiçãoPrópria e ChefiaNão se aplicaIgnorado

Com relação à aplicação do aprendizado em serviço, o gráfico 9 demonstra que,

94% do grupo responderam que sim. Esses dados são importantes na medida em que

atendem aos interesses e às necessidades institucionais e da equipe. Verifica-se que,

mesmo a equipe informando anteriormente a falta de oportunidade de participação em

atividades de ensino em serviço por não terem disponibilidade de tempo ou não

liberação da chefia, o índice de participação informado em algum evento é relevante,

como também é importante esse aprendizado em virtude de sua colocação em prática

pela maioria demonstrando que as atividades de ensino programadas e oferecidas pelo

serviço, são percebidas como oportunidades de crescimento e autodesenvolvimento para

a equipe.

Gráfico 8 – Aplicação dos conhecimentos adquiridos nos processos de qualificação.

94%

3%3%

Sim

Não

Ignorado

48

Com relação à pergunta “O que julgamos importante aprender para melhorar o nosso

trabalho?”, foram apontadas as seguintes sugestões: cursos de atualização e reciclagem;

favorecer a participação em congressos, jornadas e palestras; palestras sobre

humanização, acreditação, bioética e outros assuntos de interesse do serviço; cursos de

inglês, informática, relacionamento interdisciplinar e pessoal; cursos de especialização

em oncologia, maior atuação do setor de educação continuada, cursos na área de gestão

e liderança e curso de sistematização da assistência.

III.4 - Processo de gestão

Em relação ao processo de gestão, a necessidade de mudança, na sua forma, foi

vista como necessária por 56,3% dos que responderam ao questionário e, destes, 9,4%

informaram que a mudança dependeria deles próprios, 12,5% informaram que

dependeria da chefia imediata, 6,3% da Direção, provavelmente por estarem certos de

que todas as mudanças devem ter o apoio e o respaldo da Direção da unidade,

principalmente na área de gestão de um serviço que envolve um número razoável de

funcionários, vários processos e atividades. Além disso, o Ambulatório é a principal

porta de entrada dos pacientes para tratamento no hospital, como também é a garantia

de atendimento de necessidades assistenciais nos casos de atendimentos a pacientes que

não encontram-se internados com intercorrências. Nesta mesma pergunta, 15,6%

responderam que outros são responsáveis, o que nos parece interessante e um facilitador

para a implementação de alternativas que visem à melhoria do ambiente de trabalho, à

cooperação, à integração, à humanização da atenção e à responsabilização de toda

equipe envolvida no processo.

Gráfico 9 - Necessidade de mudança no processo de gestão.

57%

41%

3%

0

5

10

15

20

Sim

Não

Ignorado

49

Em relação às sugestões para melhorar a forma de gestão do setor, procuramos

sintetizar o que o grupo apontou nos questionários e encontramos as seguintes

respostas: reuniões com as equipe, Programa de Acreditação, implantação da PNH

(Política Nacional de Humanização), comprometimento com o trabalho, respeito ao

horário, valorização do profissional, introduzir a SAE (Sistematização da Assistência de

Enfermagem) no ambulatório, disseminação da informação e conhecimento, delegação

adequada de atribuições, envolvimento da chefia com a assistência, colaboração de

todos, respeito à equipe, respeito ao paciente, abrir canal de comunicação (Ex.: caixa de

comunicação), integração entre as equipes, gestão participativa, mudança na escala de

serviço, autonomia/flexibilidade, curso de gestão, educação em serviço, técnicas de

relações humanas. Quando perguntados com relação ao que sugeriam para um melhor trabalho e

integração das equipes, no que diz respeito ao funcionamento dos setores, foram citados

os seguintes pontos: estrutura e organização dos outros setores; falta de autonomia

profissional; falta de apoio e estímulo; melhoria da estrutura física proporcionando

maior conforto para pacientes e profissionais; diminuição da carga horária; maior

flexibilização da escala de serviço; flexibilização dos processos administrativos. Já em

relação à integração das equipes, foram ressaltados os seguintes tópicos: respeito entre

profissionais e equipes; gestão participativa; setor de educação em serviço mais atuante;

melhorar a comunicação, interação, integração e envolvimento entre as equipes dos

setores; atividades de lazer; apoio psicológico e emocional (terapias alternativas);

reuniões com a equipe; comprometimento da equipe.

Em relação às perguntas abertas sobre os conceitos de responsabilidade,

competência, flexibilidade e autonomia, do ponto de vista do grupo estudado, fica claro

que os mesmos têm conceitos muito parecidos, dando a idéia de um consenso o que

facilita a implementação de projetos de melhoria dos processos e até mesmo de

mudanças mais complexas. Na concepção dos mesmos:

• Responsabilidade significa:

Implícito no ser humano, pontualidade, compromisso, eficiência e eficácia,

dever/obrigação, assumir conseqüências/responder pelos atos, confiança, ser consciente,

respeito ao cliente, acolhimento, seriedade, carinho.

• Competência é:

Capacitação profissional, responsabilidade, sabedoria, ser profissional, implícita no ser

humano, capacidade de gerenciar, capacidade de resolução, ser eficaz e eficiente,

experiência profissional, seriedade, respeito, integração com a equipe.

50

• Flexibilidade como:

Autonomia relativa, diálogo, sensibilidade e percepção, capacidade de se ajustar,

quebrar regras - inovar.

• Autonomia é definida como:

Responsabilidade profissional, capacidade de decisão, poder de decisão, competência,

liberdade de expressão, liberdade de decisão, iniciativa.

Considerando os resultados acima apresentados, é possível concluir que o grupo

da enfermagem está aberto a mudanças na perspectiva gerencial, não só para melhor

desenvolver a sua capacidade critica e de decisão, sua condição de trabalho e a sua

autonomia, mas principalmente melhorar a qualidade do ambiente de trabalho e da

assistência prestada ao cliente.

Verificamos também que para que estas mudanças ocorram serão necessárias

modificações em todos os níveis da hierarquia, como também em níveis pessoal e

profissional principalmente no que se refere à responsabilidade e competências.

O presente estudo demonstra uma satisfação da maioria com relação ao trabalho

que exercem, indicando que, de uma certa forma, se sentem reconhecidos

profissionalmente e estão atentos à qualidade da assistência que prestam. Demonstram

insatisfação com alguns aspectos da dinâmica, rotina do trabalho e entrosamento entre

as pessoas e equipes, pois acham que esses aspectos deixam a desejar e de uma certa

forma atrapalham o desempenho e a harmonia do trabalho.

Durante o trabalho de pesquisa, pudemos verificar a importância que os mesmos

dão ao aprendizado constante como também a necessidade de participação na decisão

dos rumos do seu trabalho.

Os enfermeiros, os técnicos e os auxiliares de enfermagem demonstraram

satisfação em participar deste processo de construção da pesquisa, o que nos mobilizou

ainda mais e incentivou o grupo como um todo para chegarmos a um denominador

comum de onde pudéssemos entender melhor o que ocorre no mundo da assistência

direta de enfermagem naquele ambiente, como também na gestão na ponta desses

serviços.

Levando em consideração o tipo de serviço que a equipe realiza, tendo que

colocar em prática, além de suas técnicas de assistência e de gerência, uma das suas

maiores qualidade que é a expertise em lidar com o ser humano, o seu principal objeto

de trabalho, nos parece ser construída na rotina diária do trabalho ao longo de sua vida

profissional.

51

Verificamos a necessidade e a importância de um processo de geração de

conhecimento e de disseminação da informação, como também de sensibilização,

motivação, mobilização e comprometimento das equipes frente às mudanças propostas

levando-se em consideração um programa adequado às necessidades do cenário

estudado.

A partir destes resultados, foi possível construir a base para o desenvolvimento

de uma experiência de gestão participativa, proposta a ser desenvolvida junto à equipe

de enfermagem do Ambulatório do HC II, que apresentamos a seguir.

52

IV – O processo de análise e construção de uma proposta de gestão –

uma experiência de construção coletiva

Iniciamos a 2ª fase do estudo para apresentação dos resultados e dar seqüência

ao protocolo, para isso elaboramos uma carta convite (anexo IV), que foi enviada a

todos o profissionais que participaram do estudo no sentido de agradecer a colaboração

e participação de todos e sensibilizá-los para a importância da cooperação nas próximas

etapas do protocolo.

Na primeira reunião contamos com 15 participantes sendo 6 enfermeiros e 9

técnicos e auxiliares de enfermagem o que corresponde a 46,8% dos participantes e

constou da apresentação em power point da síntese dos dados e das respostas a

perguntas contidas no questionário. Foram ressaltados os objetivos e a carta convite

com a intenção de situar o grupo com relação à etapa em que o estudo se encontrava.

Na primeira parte da reunião apresentamos os resultados da pesquisa de campo

em relação ao perfil da equipe, processo de trabalho e ambiente.

O objetivo era, a partir dos dados coletados e das informações geradas com a

sistematização dos mesmos, criar novos conhecimentos sobre a realidade dos serviços

de forma coletiva, tendo como estratégia, a socialização, discussão e análise das

informações de forma a identificar os principais problemas a serem trabalhados.

Seguiu-se a apresentação e a discussão dos resultados das perguntas abertas, tais

como: a relação de dificuldades para o desempenho das atividades do grupo e a relação

de sugestões para melhorar o funcionamento e a integração entre as equipes no setor.

Antes de encerrarmos a apresentação, distribuímos a relação impressa com os

problemas e sugestões levantados nos questionários (Anexos V, VI, VII e VIII),

juntamente com uma matriz para que cada um priorizasse cinco problemas e cinco

sugestões. Foi reservado um tempo médio de 20 a 30 minutos, em que o grupo discutiu

e cada um priorizou os problemas e as sugestões, recolhemos a matriz para

posteriormente computar os resultados para apresentação na próxima reunião.

A 2ª reunião com o grupo teve a presença de 11 participantes (4 enfermeiros e 7

técnicos e auxiliares de enfermagem). Apresentamos o resultado das questões

levantadas e priorizadas na reunião anterior, refletimos com os mesmos sobre os

resultados encontrados, identificamos os principais problemas (nós críticos) e

agrupamos em uma planilha por categorias (características idênticas, afinidades).

Foram identificados os seguintes problemas: estrutura física, carga horária,

integração entre os setores, a implementação da Política Nacional de Humanização,

53

modelo de gestão, agenda de reuniões de equipe, acolhimento aos clientes,

desenvolvimento profissional, desgastes físico e mental, postura ética, sistematização da

assistência de enfermagem no ambulatório, necessidade de apoios psicológico e

emocional, lazer, horário de atendimento, serviço inadequado/demora na emissão dos

resultados, autonomia profissional, planejamento de leitos para internação,

comprometimento, reciclagem/treinamento, relacionamento e comunicação, escala de

serviço, sobrecarga de serviço, participação e entrosamento de chefias e equipes,

valorização do profissional, respeito ao horário de atendimento, diálogo e comunicação,

colaboração, estímulo e flexibilidade do processo de trabalho.

Nestes momentos construímos dados com os trabalhadores, refletimos com os

mesmos sobre os dados e identificamos os principais problemas e nós críticos.

As questões levantadas foram agrupadas em categorias por área, conforme a

seguir: gestão e responsabilização, qualidade de vida, qualificação, integração e

comunicação.

Gestão/Responsabilização: planejar leitos para internação de emergência, evitar

sobrecarga de serviço, evitar desgaste físico, prover recursos humanos de acordo com as

necessidades, equilibrar escalas de serviço, sistematizar a Assistência de Enfermagem,

delegar atividades (promover autonomia), promover a gestão participativa, garantir o

respeito ao horário de atendimento ao cliente, melhorar a estrutura física, agilizar

resposta: resultados de exames, transporte, transferência de pacientes.

Integração e Comunicação: comprometer os profissionais no trabalho, promover a

colaboração entre profissionais, integrar os setores, montar uma agenda de reuniões de

equipe, promover a integração/comunicação entre membros equipe.

Qualificação: promover a reciclagem e o treinamento em serviço, criar oportunidades

para aprimorar conhecimentos.

Qualidade de vida: apoiar e estimular os profissionais, implantar programa de

humanização, promover grupos de humanização, garantir a ética como princípio do

atendimento, promover apoios psicológico e emocional, criar oportunidades de lazer,

valorizar os profissionais, diminuir a carga horária na assistência direta.

Propusemos a formação de quatro grupos de trabalho de acordo com a afinidade

de cada um, para discussão dos nós críticos, sugestões e a elaboração das propostas a

serem levadas à direção do hospital para análise e aprovação, o que os participantes se

comprometeram a discutir entre eles e trazer na próxima reunião

Ao final da reunião, alguns componentes do grupo elogiaram e agradeceram pela

oportunidade de estarem participando deste protocolo de pesquisa, pois nunca tinham

54

sido chamados a participar da construção conjunta de uma proposta de alternativa de

gestão em enfermagem.

Na 3ª reunião, contamos com o mesmo número de participantes da reunião

anterior. Adotamos a mesma estratégia das outras reuniões. A cada reunião,

recuperávamos as discussões anteriores e apresentávamos a síntese das conclusões das

mesmas, fazendo um retrospecto do que já havia ocorrido. Passamos a apresentar os

novos slides incorporados à exposição, referentes ao produto da última reunião: a

planilha onde incluímos as sugestões de melhorias agrupadas por categorias/áreas de

intervenção e a identificação dos nós críticos - problemas geradores. Abaixo,

apresentamos o quadro 2, com a representação da síntese elaborada após discussão do

grupo:

Quadro 2 – Matriz síntese do processo – Inovação no processo de gestão

Inovação no processo de gestãoInovação no processo de gestão*Momentos

do protocolo

1ºmomento

2º momento

3º momento

6º momento

7º momento

4º momento4º momento

(6 encontros)

InovaçãoInovação5º momento5º momento

(2 encontros)

•Reuniões com equipe•Respeito ao horário •SAE no Ambulatório •Delegação de atribuições•Envolvimento da chefia c/ assistência •Gestão participativa•Mudança na escala de serviço •Autonomia Flexibilidade•Programa de Acreditação

•Comprometimento com otrabalho •Disseminação da Informação eConhecimento•Colaboração de todos •Abrir canal de comunicação •Integração entre as equipes

•Curso de Gestão

•Educação em serviço

•Técnicas de relações humanas

•Implantação da PNH

•Valorização do profissional

•Respeito ao paciente

•Respeito à equipe

Sugestões –Mudanças gestão

Áreas de Intervenção -nós críticos

Gestão e Responsabilização:•Planejar leitos p/ internação de Emergência•Evitar sobrecarga de serviço•Evitar desgaste físico •Prover rec. humanos conf. Necessidade•Equilibrar escala de serviço •Sistematizar a assistência de enfermagem•Delegar atividades (promover autonomia)•Promover a gestão participativa •Garantir o respeito ao horário de atendimento ao cliente •Melhorar a estrutura física •Agilizar respostas: resultados de exames, transporte, transferências,....

Integração e Comunicação:•Comprometer os profissionaisno trabalho•Promover a colaboração entre profissionais•Integrar os setores •Montar uma agenda de reunião de equipe •Promover a integração/comunicação entre membros da equipe

Qualificação:•Promover a reciclagem e o treinamento em •serviço•Criar chances p/ aprimorar conhecimentos

Qualidade de vida:•Apoiar e estimular os profissionais•Implantar programa de humanização•Promover grupos de humanização•Garantir a ética como princípio do atendimento•Promover o apoio psicológico e emocional •Criar oportunidades de lazer•Valorizar os profissionais •Diminuir a carga horária na assistência direta

PP

RR

OO

JJ

EE

TT

OO

SS

Matriz Matriz

síntese dosíntese do

processoprocesso

*Momentos: descritos nas paginas 13 e 14.

55

Durante a apresentação informamos sobre a importância deste espaço de

discussão que estava sendo criado, aproveitando o momento pelo qual a Instituição

passava com a implementação de um processo de gestão participativa e compartilhada.

O grupo mais uma vez se colocou com relação à importância que estavam dando ao

trabalho, pois se sentiram valorizados, respeitados como pessoas e profissionais.

Informaram que os grupos já estavam formados de acordo com a afinidade de cada um

dos componentes com as áreas anteriormente definidas.

Discutimos a proposta, o método e o cronograma de trabalho (fluxo) quadro 3,

abaixo. Para facilitar a tarefa dos grupos, distribuímos para os coordenadores cópia

impressa do fluxo e um modelo impresso de roteiro onde constava espaço para a

identificação do grupo de trabalho e dos componentes, objetivo e método de realização

do trabalho, cronograma de atividades, resultado/produto ou proposta, anexo VI. Esse

impresso foi apresentado aos participantes como sugestão e para avaliação no intuito de

orientar o trabalho dos mesmos, poderia ser utilizado ou não. Ficou agendado, para a

próxima reunião, a apresentação dos grupos de integração e comunicação.

Quadro 3 – Fluxo da proposta de trabalho

Proposta de trabalho

1. Elaboração das propostas a serem levadas à Direção para aprovação

2. Implementação dos projetos consensuados e aprovados pela Direção.

Onde queremos chegar? *

•Base no diagnóstico

Quais as mudanças necessárias para isto?

•Causas e agentes

•Ambiente

Que tipo de Intervenção pode gerar os efeitos

(mudanças) desejadas?

•Formulação de alternativas

•Identificação das restrições

•Seleção da melhor alternativa

•For

maç

ão d

os gr

upos

•Pro

posta

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raba

lho

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da u

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os

grup

os•M

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balh

o

•Cro

nogr

ama

Considerar

*Gerenciamento projetos-Profª Ana Paula FIOCRUZ

56

Na 4ª reunião, iniciou-se a apresentação dos resultados do trabalho do grupo da

área de Integração e Comunicação. Antes da apresentação do trabalho, o grupo propôs

uma dinâmica com os 14 presentes a qual retratou muito bem sobre o trabalho em

equipe e a comunicação, e logo após iniciou a apresentação em power point finalizando

com as sugestões de intervenções. Foi pontuado pelos mesmos, a dificuldade de tempo

para realização do trabalho e falta de interesse de alguns profissionais da equipe para

colaborar na elaboração do trabalho para apresentação.

No final da apresentação foi proposto por eles continuar a discussão e avaliação

dos pontos que foram identificados para elaboração de relatório com as propostas para a

apreciação da Direção, como também, a possibilidade de discussão desses pontos em

uma reunião com os outros serviços.

O trabalho estava gerando muitas expectativas e cada vez mais interesse do

grupo, a 5ª reunião foi filmada por iniciativa dos próprios participantes. Neste dia,

tínhamos 15 participantes e dois grupos se apresentaram, são eles: os de Qualidade de

vida e Gestão e Responsabilização, ambos usaram a mesma técnica de power point e o

revezamento na apresentação com a participação dos técnicos.

A apresentação dos dois últimos grupos, ocorreu na 6ª reunião e contamos com

a presença de 20 profissionais, sendo 14 da equipe de enfermagem lotados no

ambulatório, o que corresponde a 44% do total de profissionais de enfermagem do

ambulatório participantes do estudo e 6 convidados de outros setores. A primeira

apresentação foi do grupo de Qualificação. A segunda apresentação neste dia foi a

reapresentação do grupo de Integração e Comunicação. A técnica de apresentação, dos

dois grupos foi parecida com a dos grupos anteriores, constando de revezamento entre

os participantes com apresentação em power point e dinâmicas de grupo onde todos os

presentes que não tinham conhecimento ao que se referia participavam.

A 7ª reunião foi realizada na sala da Divisão de Enfermagem, onde tivemos a

participação da enfermeira chefe do ambulatório, das enfermeiras e técnicos

coordenadores dos grupos. Foi encaminhada com antecedência, via e-mail à enfermeira

chefe do ambulatório, a lista com a relação de sugestões de intervenção sugeridas pelos

grupos. Iniciou-se o processo de discussão conjunta das sugestões, verificamos a

duplicidade de algumas sugestões tendo em vista os temas tratados terem interfaces. Os

participantes se reuniram durante a próxima semana para tirar o consenso de quais

sugestões seriam encaminhadas através de relatório para avaliação da Direção do

hospital.

57

Na 8ª reunião foi elaborado o documento final com as propostas abaixo que

encaminhamos através de relatório, anexos X e XI, à Direção para conhecimento,

apreciação e parecer.

Propostas sugeridas pelos Grupos:

� Área de Gestão e responsabilização:

• Reuniões semanais do Chefe de Enfermagem do Ambulatório com toda a equipe

de enfermagem dos setores ligados à sua estrutura organizacional, facilitando o

processo de disseminação da informação e do conhecimento;

• Dentro das reuniões semanais sugerimos abrir espaço para a implementação de

um método que pode ter uma das denominações: “Idéias em Ação, ou Idéia e

Inovação, ou Idéias para Inovar, ou Idéias para Melhorar, ou Idéias de

Intervenção e/ou Processar/Processando Idéias”, estimulando a participação de

todos os colaboradores na melhoria dos procedimentos e atividades

desenvolvidas pela equipe de enfermagem;

• Participação de todos os enfermeiros líderes do Ambulatório em reuniões

mensais com a Chefia de Divisão, incorporando nessas reuniões a participação

de um representante dos técnicos ou auxiliares de enfermagem;

• Favorecer a participação de um representante dos colaboradores de nível técnico

junto à sua chefia na elaboração de escalas de serviço, planejamento anual de

férias e licenças e outras atividades administrativas afins – iniciar a

implementação da gestão participativa com subsídios da Divisão de

Enfermagem;

• Sugerimos à Direção da Unidade, analisar e se for o caso apresentar para

avaliação da Divisão de Comunicação uma proposta de adoção de estratégia de

sensibilização do corpo de trabalhadores de saúde do hospital para o horário

diário de início das atividades de atendimento aos pacientes internos e de

ambulatório – como no caso da “Campanha do Silêncio” 7, realizar a “Campanha

da HORA CERTA”. Sugerimos neste momento uma campanha interna, que

aborde o tema exclusivamente entre os profissionais de saúde, ou seja, as

7 Campanha do Silêncio: instituída e realizada dentro do INCA em determinadas ocasiões, onde o nível de ruído dos setores é medido por técnicos do instituto e divulgado (nível encontrado e o tolerável) para as equipes, visando conscientização para a necessidade ou não das pessoas colaborarem no alcance e manutenção do nível de tolerância a ruído dentro do hospital.

58

discussões e a circulação de qualquer material, panfletos e outras medidas (tais

como dramatizações...) sejam direcionadas e tratadas exclusivamente em fóruns

com os profissionais da área da saúde;

• A Divisão de Enfermagem iniciará junto à Enfermeira Chefe do Ambulatório a

implementação de um processo de transição, baseado na delegação de

atribuições e autonomia administrativa – tornando o Ambulatório um setor

piloto para implantação de uma unidade autônoma na gestão de enfermagem

dentro dos limites da legislação vigente.

o Área de Qualificação:

• Necessidade de melhorar o processo de Comunicação Institucional no HC II -

sugerimos à Direção da unidade analisar e propor junto à Divisão de

Comunicação possibilidade de avaliar (pesquisa de satisfação,...) a situação

dentro do HC II. A disseminação da informação dentro da Instituição existe,

porém há indicações de não estar atendendo às necessidades dos funcionários.

Este fato faz com que informações importantes cheguem de maneira distorcida

ao quadro de funcionários, causando muita ansiedade no ambiente de trabalho;

• Criar e respeitar tempo e espaço para reuniões regulares de serviço no

ambulatório – reuniões também sugeridas pelo grupo de trabalho na área de

Gestão e Responsabilização;

� Área de Qualidade de vida:

• Sugestão para que a equipe do Ambulatório seja contemplada com ações do

Grupo de Trabalho em Humanização do HC II;

• Criar espaço para trabalhar dinâmicas ou atividades de grupo com participação

de toda a equipe na resolução de problemas – idêntica proposta de reuniões

sugeridas pelos grupos de Gestão e Responsabilização;

• Propor estratégias junto à DISAT, para o favorecimento de atividades de

relaxamento, antiestresse, educação/acompanhamento nutricional, ginástica

laboral e outras dinâmicas relacionadas à qualidade de vida no trabalho –

espaços e horários criados e inseridos durante o horário normal de trabalho

(sugestão: antes do início de atendimento no ambulatório).

59

� Área de Integração e comunicação:

• Montar uma agenda de apresentação dos setores e das normas e rotinas de

serviço para médicos e enfermeiros residentes e especializandos, como também

para outros profissionais em estágio;

• Implementar mecanismos de integração da equipe do ambulatório e pronto

atendimento com outros serviços, setores e equipes principalmente do serviço

noturno – através de reuniões, coffe break, antes do início do atendimento

ambulatorial, para promover melhor integração, conhecimento, troca de

informações, discussão das dificuldades e sugestões de melhoria entre os setores

e suas equipes – ambiente harmônico diminui o estresse e favorece ao melhor

desempenho das pessoas. Usar todos os recursos disponíveis, tais como:

Intranet, murais, carta convite, bem como suporte da supervisão de enfermagem

e educação permanente para agendas e outras providências.

� Observação:

• Os grupos das áreas de Qualificação e Qualidade de Vida apresentaram várias

propostas que estão vinculadas às áreas de Gestão e Responsabilização, como também

outras que já estão incorporadas na programação do Setor de Educação Permanente de

Enfermagem da Unidade. Essas propostas serão encaminhadas aos enfermeiros

responsáveis pela atividade de ensino para análise, discussão, elaboração e apresentação

de agenda para atendimento das propostas consensuadas junto ao grupo de trabalho do

Ambulatório.

Com a adoção deste protocolo procuramos favorecer a responsabilização, iniciar

um processo de desenvolvimento de competências gerenciais da equipe e mobilizar

atores importantes gerando conhecimento institucional a partir das experiências

individuais.

Espera-se que a partir deste processo de construção a equipe esteja melhor

preparada para enfrentar as situações de dificuldades que certamente irão ocorrer com

maior segurança, competência, responsabilidade e criatividade visando manter um

ambiente harmonioso de trabalho e a qualidade da assistência prestada ao cliente.

60

Considerações Finais

Esta experiência proporcionou em vários momentos dos encontros semanais uma

troca de informações entre o pesquisador e os participantes, entre os membros do grupo,

dos subgrupos de trabalho para o grupo em geral e para o pesquisador o que demonstrou

a importância da disseminação do conhecimento implícito de cada um tornando-o

explícito e disseminado entre todos os que tiveram a oportunidade de participação e,

desta forma, gerando conhecimento para a instituição e para os indivíduos. Todos os

grupos realizaram pesquisa e estudaram os temas que foram abordados durante os

encontros para o melhor entendimento de cada tema, como também para as

apresentações dos resultados das propostas, logo houve um processo de construção

coletiva, baseado no conhecimento implícito de cada um e na disseminação do

conhecimento e informação que foram buscar nas pesquisas para sustentar as propostas

apresentadas por cada um dos envolvidos no trabalho.

O estudo também revela que foi possível vivenciar o conceito formulado por

Zarifian (2001:p.68) em que “a competência é o “tomar iniciativa” e o “assumir

responsabilidades” do indivíduo diante de situações profissionais com as quais se

depara”. Ficou claro no desenvolvimento do trabalho que para que haja compromisso e

responsabilidade é necessário criar espaços institucionais de discussão e construção de

propostas de trabalho nos quais todos se reconheçam, coloquem suas experiências e

formas de encarar o trabalho e proponham mudanças.

Com a adoção desta metodologia estamos propondo uma inovação incremental

no processo de gestão ou seja, introduzindo um tipo de melhoria em um processo de

trabalho (Lastres et al, 2004) visando construir um modelo de gestão pautado na maior

autonomia e poder decisório dos gerentes e lideres dos setores, capaz de promover

compromisso, compartilhar responsabilidades, definir metas e objetivos comuns, além

de envolver os trabalhadores nos processos decisórios, sendo assim co-

responsabilizados e conscientes da missão do serviço e da visão institucional.

Finalmente, esperamos que este trabalho sirva de subsídios para outros estudos e

que favoreça para o desenvolvimento de aptidões inerentes à categoria de enfermagem,

mas que de uma certa forma são negligenciados por várias razões inclusive culturais e

que demandam tempo para que sejam modificadas. A equipe de enfermagem busca um

ambiente de trabalho humanizado, ou seja, ético, harmônico, justo, de confiança, de

integração e parceria, no qual o que importa é a condição do ambiente de trabalho e a

qualidade do acolhimento e da assistência prestada a quem precisa.

61

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ZARIFIAN, P. Objetivo por competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas,2001.

63

ANEXOS

64

ANEXO I

Dimensionamento de Pessoal de Enfermagem

Hospital do Câncer II – INCA/MS

Resolução Conselho Federal de Enfermagem Nº 189

Categoria Ideal Existente Necessário (Déficit)

Enfermeiros 119 70 49

Auxiliares de Enfermagem 00 66 00*

Técnicos de Enfermagem 231 115 50

TOTAL 350 251 99

• PCCC&T – necessidade de nível técnico. * Resolução COFEN (Conselho Federal de Enfermagem) – conforme complexidade assistência prevê contratação de pessoal Técnico de Enfermagem.

Fonte: Banco de Dados da Divisão de Enfermagem HC II – 2006

65

Anexo II Ministério da Saúde

Instituto Nacional de Câncer

Comitê de Ética em Pesquisa /INCA

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Titulo da Pesquisa: Desenvolvimento de novas alternativas de gestão dos serviços de

enfermagem em oncologia, com vistas à humanização do atendimento.

Nome do voluntário: ____________________________________________________

Você está sendo convidado a participar de um estudo para pesquisa na área de

Enfermagem intitulado “Desenvolvimento de novas alternativas de gestão dos serviços

de enfermagem em oncologia, com vistas à humanização do atendimento”. Você foi

selecionado por fazer parte da Equipe de Enfermagem lotada no Ambulatório do

Hospital do Câncer II/INCA setor onde será realizado o estudo, a sua participação não é

obrigatória. A qualquer momento, você pode desistir de participar e retirar o seu

consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o

pesquisador, com sua chefia imediata ou com a instituição.

Este estudo é relevante para o Instituto Nacional de Câncer como órgão do

Ministério da Saúde e uma instituição integrante da área de Ciência e tecnologia, pois

tem como objetivo a inovação na área de gestão de pessoal de enfermagem visando

também ao cuidado com o trabalhador, que é de fundamental importância para o

sucesso e o bom desempenho institucional.

Objetivo do Estudo

Este estudo tem como principal objetivo identificar os fatores ambientais, de

recursos humanos, de recursos materiais e as respostas individuais, que interferem no

desempenho dos profissionais da equipe de enfermagem que atuam junto às clientes

com patologias ginecológicas oncológicas no Ambulatório do Hospital do Câncer II –

66

INCA /MS e as alternativas de gestão que possam contribuir para a melhoria da

qualidade do trabalho.

Procedimentos do estudo

O pesquisador principal entrega os questionários em envelopes lacrados e o

“Termo de Consentimento Informado Livre e Esclarecido” aos enfermeiros

responsáveis pelos setores, para que os mesmos retirem as dúvidas, e posteriormente

distribuam aos profissionais escolhidos para participar do estudo.

Os enfermeiros ficaram encarregados de controlar a devolução dos questionários

respondidos inclusive os deles, que deverá ser feito em envelope lacrado e

posteriormente encaminhado ao pesquisador principal. Para os trabalhadores diaristas,

serão dados 5 dias úteis para responder e devolver o questionário, e para os plantonistas

deverão devolver no primeiro dia útil após o próximo plantão. Todos os questionários

ficarão sob a guarda do pesquisador principal.

Métodos alternativos

Você tem a opção de não preencher este questionário, caso não concorde em

fazê-lo devolva-o em envelope lacrado e sem identificação para o enfermeiro líder do

seu setor depositá-lo na urna que será disponibilizada para recolher o material referente

ao estudo.

Riscos

Determinadas perguntas dentro do questionário poderão gerar algum desconforto

emocional, neste caso, você não precisa se sentir obrigado a respondê-las.

Benefícios

O benefício potencial da participação dos respondentes no estudo é que os

mesmos ajudarão na identificação e elaboração, junto à equipe de enfermagem do

ambulatório de novas alternativas de gestão dos serviços de enfermagem em oncologia,

que possam contribuir para a melhoria da qualidade de trabalho e desempenho dos

profissionais, visando à humanização da atenção oncológica.

Acompanhamento, Assistência e Responsáveis

Tal aspecto não se refere ao objeto que se pretende alcançar.

67

Caráter confidencial dos registros

As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais e

asseguramos o sigilo sobre sua participação. Seu nome não será revelado em qualquer

relatório, publicação ou apresentação resultante deste estudo. Os questionários serão

mantidos em armário com chave, sob total responsabilidade do investigador principal,

cujo acesso só será permitido aos investigadores envolvidos neste estudo.

Tratamento médico em caso de danos

Tal aspecto não se refere ao objeto que se pretende alcançar.

Custos (Ressarcimento e indenização)

Não haverá qualquer tipo de ressarcimento, pagamento ou indenização devido à

sua participação neste estudo.

Bases da Participação

È importante que você saiba que a sua participação neste estudo é

completamente voluntária e que você pode recusar-se a participar ou interrompê-la sua

participação a qualquer momento sem penalidades ou perda de benefícios aos quais

você tem direito. Sua participação consistirá em responder aos itens do questionário que

lhe serão apresentados.

Garantia de esclarecimentos

Você poderá fazer qualquer pergunta que desejar a qualquer momento, ou seja,

antes, durante e após responder todos os itens do questionário. Para isso, você deverá

entrar em contato com o Enfº Carlos Alberto Camilo Alves no telefone (21) 2276-4911

ou (21) 2276-4809. Se você necessitar tirar outras dúvidas com relação ao estudo,

também pode contar com uma terceira pessoa imparcial, a Coordenadora do Comitê de

Ética do Instituto Nacional do Câncer - Dra. Adriana Scheliga – Rua André Cavalcanti

37, telefone (21) 3233-1410.

Declaração de Consentimento e Assinatura

Li as informações acima e entendi o propósito deste estudo assim como os

benefícios e a não existência de riscos potenciais da participação no mesmo. Tive a

oportunidade de fazer perguntas e todas foram respondidas. Eu, por intermédio deste,

dou livremente meu consentimento para participar neste estudo.

68

Entendo que sou livre para aceitar ou recusar participar deste estudo, e que posso

interromper a minha participação a qualquer momento, sem prejudicar o meu

relacionamento com a minha chefia ou com a instituição.

______________________________________________ _____/____/______.

(Assinatura do sujeito da pesquisa.) dia mês ano

______________________________________________

(Nome do Sujeito da pesquisa – letra de forma)

Eu, abaixo assinado, expliquei completamente os detalhes relevantes deste

estudo ao participante do estudo indicado acima.

______________________________________________ _____/_____/______.

(Assinatura da pessoa que obteve o consentimento) dia mês ano

69

Anexo III

ROTEIRO DE QUESTIONÁRIO

Título da Pesquisa: Desenvolvimento de novas alternativas de gestão dos serviços de

enfermagem em oncologia, com vistas à humanização do atendimento.

I- Dados de Identificação:

1 – Sexo: Masculino () Feminino () 2 – Estado Civil: ___________________

3 – Idade (faixa etária): Abaixo de 30 anos () 4 – Escolaridade: ___________________

De 31 a 40 anos () 5 – Vínculo de trabalho:

De 41 a 50 anos () () MS Perm. ( ) MS Temp. ( ) FAF

De 51 a 60 anos ()

Acima de 60 anos ()

6 – Faixa Salarial (líquida): () Até R$ 1000,00

() De R$ 1001,00 até R$ 2000,00

() De R$ 2001,00 até R$ 3000,00

() De R$ 3001,00 até R$ 4000,00

() Acima de R$ 4000,00.

7 – Categoria Profissional: ________________________________________________

8 – Turno de Trabalho: Diarista ( ) Plantonista dia ( ) Plantonista noite ( )

9 – Quanto tempo de atividade na área de saúde?: ______________________________

10– Setor de trabalho no Ambulatório: ( ) Internação

( ) Pronto Atendimento (emergência)

( ) Ambulatório de Oncologia

( ) Ambulatório de Ginecologia

11 – Há quanto tempo trabalha neste setor do hospital?: _________________________

II - Processo de trabalho:

O INCA é uma instituição de C&T do MS, portanto geradora e disseminadora de

informação e conhecimento na área de oncologia, neste contexto as perguntas abaixo

buscarão conhecer o processo de trabalho em enfermagem na instituição, o ambiente em

que ele se realiza e as alternativas para melhorar a sua prática no sentido de alcançar a

missão institucional e promover a humanização do atendimento.

70

1 – O que você acha das condições de trabalho que lhe são oferecidas?

- Em relação à estrutura física?

Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Péssima ( )

- Em relação aos recursos materiais?

Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Péssimo ( )

- Em relação ao quantitativo de recursos humanos?

Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Péssimo ( )

2 – O que você acha do ambiente de trabalho?(cabe mais de uma resposta)

Agradável ( ) Amigável ( ) Harmônico ( ) Desarmônico ( ) Hostil ( )

( ) Outros: ____________________________________________________________

3 – O que você acha do trabalho que você executa?

Importante ( ) Não importante ( ) Outros:_______________________________

4 – Com relação à questão anterior se importante, para quem?

( ) Paciente ( ) Chefia ( ) Colegas ( ) outras equipes ( ) Sistema de saúde

5 - Como você se sente em relação ao repasse de informações institucionais e de serviço

por sua chefia?

( ) Todas as informações são repassadas pela chefia de maneira clara e rotineira para

toda a equipe.

( ) Tenho acesso a todas as informações que necessito para executar a rotina de

trabalho diário.

( ) Necessito estar rotineiramente perguntando sobre alterações na rotina de trabalho

e sobre informações de interesse institucional.

( ) Não há repasse de informações institucionais, de serviços e nem de alterações na

rotina de trabalho por parte da chefia.

6 – O seu trabalho é valorizado por suas chefias?

Muito valorizado ( ) Pouco valorizado ( ) Não valorizado ( )

7 – O seu trabalho é valorizado por outras equipes?

Muito valorizado ( ) Pouco valorizado ( ) Não valorizado ( )

71

8 – O seu trabalho é valorizado por seus colegas de equipe?

Muito valorizado ( ) Pouco valorizado ( ) Não valorizado ( )

9 – O seu trabalho é valorizado pelo cliente?

Muito valorizado ( ) Pouco valorizado ( ) Não valorizado ( )

10– Você já se afastou do trabalho por problema de saúde provocado pela atividade que

exerce?

Sim ( ) Não ( )

Se sim, por quanto tempo e por quê? ________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

11 – Como você se sente durante o seu horário de trabalho?

Motivado? ( ) Sim ( ) Não Mal? ( ) Sim ( ) Não

Desmotivado ( ) Sim ( ) Não Irritado? ( ) Sim ( ) Não

Bem? ( ) Sim ( ) Não

Outros: ________________________________________________________________

12 – Quando você faz alguma sugestão com relação ao processo de trabalho. Responda:

( ) É considerado pela chefia e colocado em discussão para decisão da equipe.

( ) É considerado pela chefia, mas não é discutido com a equipe, porém há uma

justificativa da chefia.

( ) Não é levado em consideração pela chefia.

13 – A equipe é consultada para a resolução de problemas?

Sim ( ) Não ( )

14 – Com relação a práticas educativas ou de aprendizagem para a transformação e a

organização do trabalho, visando à melhoria do trabalho em equipe e da qualidade do

atendimento, responda:

( ) Existem e são suficientes para atender às necessidades de aprendizagem e

reciclagem no serviço.

72

( ) Existem mas não são suficientes para atender às necessidades de aprendizagem e

reciclagem no

serviço).

( ) Existem, porém não temos tempo disponível para participar.

( ) Outros: ___________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

15 – Na sua opinião o que falta no seu ambiente de trabalho para ser considerado

adequado?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

16 – Na sua opinião há necessidade de mudança na forma ou maneira de gestão do seu

setor de trabalho? Sim ( ) Não ( )

17 - Se a resposta anterior for afirmativa, a seu ver de quem dependem as mudanças?

De você próprio(a) ( ) -De sua chefia ( ) -Da direção ( ) -De outros ( )

Quais?:________________________________________________________________

18- Se a resposta da pergunta número 16 for afirmativa, o que você sugere para

melhorar o gerenciamento do setor? _________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

III – Propostas:

Levando em consideração a Missão do INCA como a realização de “Ações

nacionais integradas para a prevenção e controle do câncer” e tendo como visão:

“Exercer plenamente o papel governamental na prevenção e controle do câncer,

assegurando a implantação das ações correspondentes em todo o Brasil, e, assim

contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população”. E como princípios

norteadores da Política Nacional de Humanização, temos: “a valorização da dimensão

subjetiva e social em todas as práticas de atenção e gestão, fortalecendo/estimulando

73

processos integradores e promotores de compromissos/responsabilização; estímulo a

processos comprometidos com a produção de saúde e com a produção de sujeitos;

fortalecimento de trabalho em equipe multiprofissional, estimulando a

transdisciplinaridade e a grupalidade; atuação em rede com alta conectividade, de

modo cooperativo e solidário, em conformidade com as diretrizes do SUS; e a

utilização da informação, da comunicação, da educação permanente e dos espaços da

gestão na construção de autonomia e protagonismo de sujeitos e coletivos”, logo temos

como uma marca desta política “a valorização dos diferentes sujeitos implicados nos

processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores”. Neste contexto,

as perguntas abaixo buscarão conhecer o que você vê como importante para a

instituição e para o bom desempenho do seu trabalho, visando à humanização da

atenção oncológica.

1 – Dentro do programa de Humanização o que você acha importante?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

2 – Como você traduziria Humanização do ambiente de trabalho?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

3 – O que você entende por:

� Autonomia:

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

� Flexibilidade:

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

____________________________________________________________

74

� Competência:

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

� Responsabilidade:

____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

4 – Você considera importante atividades de ensino voltadas para o trabalho?

( ) Sim ( ) Não

5 – Você já participou de alguma atividade de ensino durante o seu trabalho no HC II?

( ) Sim ( ) Não

Se resposta afirmativa, exemplifique: ________________________________________

______________________________________________________________________

6 - De quem foi a iniciativa?: ( ) própria ( ) chefia ( ) instituição.

7 - O que você acha importante aprender para melhorar o seu trabalho?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

8 - Você coloca em prática no seu trabalho o que aprendeu nas atividades de ensino?

( ) Sim ( ) Não

Por que? _______________________________________________________________

9 – Na sua opinião, quais são os problemas que dificultam o seu desempenho ou a

execução de suas atividades? Coloque-os na ordem de importância (ou seja, do mais

grave para o menos grave).

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

75

10 – Que sugestões você teria para melhorar o funcionamento e integração entre as

equipes do seu setor de trabalho?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

76

ANEXO IV

Carta Convite

Rio de Janeiro, 16 de Fevereiro de 2007.

Prezados membros da equipe de enfermagem,

O motivo desta é, em primeiro lugar, agradecer a colaboração e participação

neste protocolo de pesquisa que visa, antes de mais nada, a construir em conjunto com

vocês uma proposta alternativa de gestão neste setor de trabalho.

Obtivemos 97 % de retorno dos questionários distribuídos devidamente

respondidos, o que reflete um alto grau de comprometimento da equipe e demonstra o

envolvimento e o interesse dos profissionais de enfermagem em colaborar no processo

de gestão, visando à melhoria do ambiente de trabalho e do processo de assistência

prestada no setor.

No momento, estamos trabalhando os dados levantados buscando fazer uma

síntese das respostas, de forma a produzir informações que nos permitam identificar os

principais problemas a serem enfrentados e as estratégias a serem implementadas. Para

esta segunda etapa gostaríamos de contar com a participação de toda a equipe de

enfermagem de nosso Ambulatório de forma que a proposta seja produto de uma

construção coletiva que inclua todos as pessoas envolvidas no trabalho. As próximas

etapas consistirão em:

1. Formar um grupo de trabalho com os enfermeiros, técnicos e auxiliares de

enfermagem de nossa equipe que queiram participar do processo. O grupo se

reunirá semanalmente (1 dia, por no máximo 02 horas) de acordo com o

calendário abaixo;

2. Discussão dos problemas apontados pela pesquisa, identificação dos nós críticos

e elaboração e estabelecimento de estratégias para enfrentá-los;

3. Elaboração das propostas a serem levadas à Direção para aprovação;

4. Implementação dos projetos consensuados e aprovados pela Direção.

Você está convidado a participar deste grupo de trabalho, basta confirmar a sua

participação na Divisão de Enfermagem e comparecer na data, local e horário acima

estabelecidos para darmos início às discussões. Contamos com todos.

Atenciosamente,

77

CRONOGRAMA DE REUNIÕES

Dias: 02, 09, 16 e 23/03/2007.

Horário: 10h:30min.

Local da reunião: Sala B (sala de reuniões 2º andar – prédio novo (ambulatório).

De: Pesquisador principal(nome)

Pesquisador principal do protocolo Registrado no CEP/INCA nº 079/06

Titulo da Pesquisa:”Desenvolvimento de novas alternativas de gestão dos serviços de

enfermagem em oncologia, com vistas à humanização do atendimento.”

Para: Equipe de Enfermagem do Ambulatório do HC II

78

Anexo V

Matriz identificação de problemas

Problema

Freqüência

79

Anexo VI

Matriz identificação de sugestões

Sugestões

Freqüência

80

Anexo VII

Matriz de priorização de problemas.

Problemas

Interferências

81

Anexo VIII

Matriz de priorização de sugestões.

Sugestões

Interferências

82

ANEXO IX

Roteiro para elaboração da proposta. Grupo trabalho: Gestão/Responsabilização

Coordenador do Grupo:_________________________________________________ Componentes:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Objetivo do Trabalho:___________________________________________________ Como pretendem fazer (método):__________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Cronograma de atividades:_______________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Produto ou Proposta de Gestão: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

83

Anexo X Rio de Janeiro, .........2007.

Memo Nº

Do:

Ao Diretor do Hospital do Câncer II / INCA – MS.

Ref.: Encaminhamento de Relatório

Projeto Pesquisa CEP/INCA 079/06

Título: “Desenvolvimento de novas alternativas de gestão dos serviços de enfermagem

em oncologia, com vistas à humanização do atendimento.”

Pesquisador Principal:

Anexos: Matriz de sugestões e nós críticos,

Fluxo da Proposta de trabalho.

Senhor Diretor,

Encaminhamos para Vosso conhecimento e apreciação relatório final com sugestões de melhorias na estrutura de gestão do setor de enfermagem, apresentadas pelos participantes deste estudo, integrantes da equipe de enfermagem do Ambulatório de Oncologia, Ginecologia e Pronto Atendimento. O estudo, em questão, teve como objetivo geral identificar alternativas de gestão

que possam contribuir para a melhoria da qualidade do trabalho e desempenho dos

profissionais de enfermagem visando à humanização da atenção oncológica.

Para tanto, no desenvolvimento do trabalho procuramos:

• Avaliar as condições e o ambiente em que o trabalho ocorre.

• Identificar o que os membros da equipe de enfermagem pensam sobre a forma

de gestão atual em seu setor de trabalho.

• Analisar a forma de gerenciamento do trabalho da equipe de profissionais de

enfermagem ligados à gerência de enfermagem no ambulatório do Hospital do

Câncer II/INCA–MS.

• Construir em conjunto com a equipe de enfermagem propostas inovadoras de

gestão que minimizem a ansiedade e o estresse da rotina de trabalho e facilitem

os processos de comunicação.

Como poderá ser constatado, no Relatório de Atividades de Pesquisa anexo,

levamos um bom tempo para discussão e construção, junto com a equipe de

enfermagem do Ambulatório desta unidade hospitalar, de uma proposta de intervenção

84

que nos permitisse implantar uma nova alternativa para o processo de decisão dentro da

Divisão de Enfermagem do HC II que respeitasse e ouvisse os membros da equipe.

Acreditamos no potencial e na responsabilidade dessa equipe e estamos certos de

que a implantação deste novo modelo representará mais um passo do Hospital do

Câncer II, na direção de uma Gestão Participativa e da Humanização da Gestão.

Esperamos que as propostas sugeridas sejam analisadas com o carinho e

agradecemos a atenção que sempre nos foi dispensada por este Gabinete.

Sem mais para o momento, aguardamos Vosso pronunciamento,

____________________________________________________

85

Anexo XI

Relatório das atividades de Pesquisa

Hospital do Câncer II

Rio de Janeiro, /06/2007.

O presente trabalho teve como um dos referenciais o conceito de Humanização

entendido como “a valorização dos diferentes sujeitos implicados nos processos de

produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores”, e como valor norteador desta

política a “autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o

estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão”,

políticas de Governo que foram incorporadas às políticas do Instituto Nacional de

Câncer. As outras questões que orientam a discussão teórica deste trabalho estão

relacionadas aos processos de produção de conhecimento nas organizações, abordado

por NONAKA, 1997 e LASTRES et al, 2000; e aos conceitos de gestão e competência,

discutidos por ZARIFIAN, 2001.

Para chegarmos a este resultado iniciamos o trabalho de campo na primeira

quinzena do mês de Janeiro de 2007, quando reunimos toda a equipe e fornecemos

todas as informações e documentos inerentes ao protocolo, tais como: carta de

apresentação da Coordenação do Mestrado, autorização da Direção e do comitê de Ética

do INCA para realização do estudo, Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE), como também informamos que a participação era voluntária e sobre o sigilo

absoluto da pesquisa, neste momento também houve espaço para perguntas e

esclarecimento de dúvidas do grupo.

Após todos estes procedimentos, distribuímos o TCLE em duas vias para

assinatura dos voluntários, recolhemos uma via para arquivar conforme protocolo e

distribuímos os questionários em envelopes lacrados para serem respondidos e

devolvidos posteriormente conforme estabelecido.

Após o prazo estipulado, recolhemos os questionários e passamos a processar os

dados. O ambulatório desta unidade hospitalar foi o local onde se realizou a pesquisa.

Informamos que 32 dos 33 colaboradores devolveram o questionário respondido, o que

corresponde a 97% de abrangência do quadro funcional da equipe de enfermagem,

lotada no setor e escolhida para o estudo. Para apresentação e discussão dos dados e

elaboração das propostas, foram realizadas oito reuniões agendadas às 6ª feiras pela

manhã conforme disponibilidade do grupo, a média de comparecimento nas reuniões foi

em torno de 13 profissionais da equipe. A primeira reunião aconteceu no dia 2 de março

86

e a última no dia 16 de maio de 2007, neste intervalo tivemos feriado de semana santa o

que atrasou o cronograma de reuniões.

Na primeira reunião, reapresentamos ao grupo o tema, os objetivos geral e

específico da pesquisa no sentido de familiarizar a equipe e situá-la em relação à fase do

trabalho em que nos encontrávamos. Além disso, iniciamos a apresentação e a discussão

de dados referentes a perguntas fechadas e abertas do questionário, tais como dados de

identificação do grupo, problemas levantados e sugestões de melhoria. Distribuímos ao

grupo uma relação com os problemas e uma com as sugestões levantadas nos

questionários, além de uma planilha impressa para que, após a discussão, priorizassem e

registrassem cinco itens de cada relação, após isso, recolhemos a planilha para

consolidação dos resultados e apresentação na próxima reunião.

Na segunda reunião com o grupo, apresentamos o resultado das questões

levantadas e priorizadas na reunião anterior que agrupamos em uma planilha pelas

categorias a seguir: área de gestão e responsabilização, área de qualidade de vida, área

de qualificação e área de integração e comunicação. Expusemos e discutimos os

resultados das outras perguntas abertas, como o que entendem por humanização e o que

vem a ser humanização no ambiente de trabalho, competência, flexibilidade,

responsabilidade e autonomia. Propusemos a formação de quatro grupos de trabalho de

acordo com a afinidade de cada um, para discussão dos nós críticos, sugestões e a

elaboração das propostas a serem levadas à direção do hospital para análise e aprovação,

o que os participantes se comprometeram a discutir entre eles e trazer na próxima

reunião.

Na terceira reunião fizemos um retrospecto do que já havia ocorrido, pois

tínhamos novos participantes presentes. Passamos a apresentar os novos slides

incorporados à exposição, discutimos novamente com o grupo a planilha de problemas

levantados, na qual também incorporamos as sugestões de melhorias agrupadas de

acordo com as áreas de intervenção – nós críticos que tinham afinidade (anexo). Os

grupos de trabalho foram formados. Discutimos o método e o cronograma de trabalho e

para facilitar a tarefa dos grupos, distribuímos para os coordenadores a planilha

mencionada anteriormente e um modelo impresso de roteiro no qual constava espaço

para a identificação dos componentes, objetivo e método de realização do trabalho,

cronograma de atividades, resultado/produto ou proposta. Esse impresso foi apresentado

aos participantes como sugestão e para avaliação no intuito de orientar o trabalho dos

mesmos poderia ser utilizado ou não. Ficou agendada para a próxima reunião a

apresentação do grupo responsável pela área de integração e comunicação.

87

A quarta, quinta e sexta reuniões foram de apresentação dos grupos e dos

resultados dos trabalhos. As duas últimas apresentações foram filmadas por iniciativa

dos próprios participantes tendo em vista as expectativas e interesse do grupo para com

os resultados até agora alcançados. Na última reunião de apresentação dos grupos

convidamos alguns colaboradores de outros setores para assistirem, eles ficaram

impressionados e satisfeitos com o que presenciaram.

A sétima reunião foi realizada na sala da divisão de enfermagem, onde tivemos a

participação da enfermeira chefe do ambulatório e das enfermeiras e técnicos

coordenadores dos grupos. Foi encaminhada com antecedência via e-mail à enfermeira

chefe do ambulatório a lista com a relação de sugestões de intervenção apontadas pelos

grupos. Iniciou-se o processo de discussão das sugestões, verificamos a duplicidade de

algumas sugestões tendo em vista os temas tratados terem interfaces. Os participantes se

reuniram durante a próxima semana para tirar o consenso de quais sugestões seriam

encaminhadas através de relatório para avaliação da Direção do hospital.

A oitava reunião foi realizada para elaboração do documento final com as

propostas abaixo que passamos à Direção para conhecimento, apreciação e parecer.

Para melhor subsidiá-lo, apresento o resultado de alguns dados levantados dos

questionários:

1. Com relação às condições de trabalho:

� Estrutura física: 78% classificaram entre boas a ótima;

� Recursos Materiais: 88% classificaram entre bom e ótimo;

� Recursos humanos: 72% classificaram entre bom e ótimo;

2. Quanto ao ambiente de trabalho:

� 94% do grupo o consideraram entre agradável e amigável;

3. Em relação ao repasse de informações pelas chefias:

� 56% informaram ter acesso às informações necessárias para a execução

do seu trabalho;

4. Perguntados se são consultados para resolução de problemas:

� 53% informaram que são consultados;

5. Quando perguntados quanto à necessidade de mudança na forma de gestão:

� 56,3% responderam que há necessidade.

Propostas sugeridas pelos Grupos

� Área de Gestão e responsabilização:

88

• Reuniões semanais do Chefe de Enfermagem do Ambulatório com toda a equipe

de enfermagem dos setores ligados à sua estrutura organizacional, facilitando o

processo de disseminação da informação e do conhecimento;

• Dentro das reuniões semanais sugerimos abrir espaço para a implementação de

um método que pode ter uma das denominações: “Idéias em Ação, ou Idéia e

Inovação, ou Idéias para Inovar, ou Idéias para Melhorar, ou Idéias de

Intervenção e/ou Processar/Processando Idéias”, estimulando a participação de

todos os colaboradores na melhoria dos procedimentos e atividades

desenvolvidas pela equipe de enfermagem;

• Participação de todos os enfermeiros líderes do Ambulatório em reuniões

mensais com a Chefia de Divisão, incorporando nessa reunião a participação de

um representante dos técnicos ou auxiliares de enfermagem;

• Favorecer a participação de um representante dos profissionais de nível técnico

junto à sua chefia na elaboração de escalas de serviço, planejamento anual de

férias e licenças e outras atividades administrativas afins – iniciar a

implementação da gestão participativa com subsídios da Divisão de

Enfermagem.

• Sugerimos à Direção da Unidade, analisar e se for o caso apresentar para

avaliação da Divisão de Comunicação uma proposta de adoção de estratégia de

sensibilização do corpo de trabalhadores de saúde do hospital para o horário

diário de início das atividades de atendimento aos pacientes internos e de

ambulatório – como no caso da “Campanha do Silêncio”, realizar a “Campanha

da HORA CERTA”. Sugerimos, neste momento, uma campanha interna, que

aborde o tema exclusivamente entre os profissionais de saúde, ou seja, as

discussões e a circulação de qualquer material, panfletos e outras medidas (tais

como dramatizações...) sejam direcionadas e tratadas exclusivamente em fóruns

com os profissionais da área da saúde;

• A Divisão de Enfermagem iniciará, junto à Enfermeira Chefe do Ambulatório, a

implementação de um processo de transição, baseado na delegação de

atribuições e autonomia administrativa – tornando o Ambulatório um setor

piloto para implantação de uma unidade autônoma na gestão de enfermagem

dentro dos limites da legislação vigente.

� Área de Qualificação:

89

• Necessidade de melhorar o processo de Comunicação Institucional no HC II -

sugerimos a Direção da unidade analisar e propor junto à Divisão de

Comunicação, a possibilidade de avaliar (pesquisa de satisfação,...) a situação

dentro do HC II. A disseminação da informação dentro da Instituição existe,

porém há indicações de não estar atendendo às necessidades dos funcionários.

Este fato faz com que informações importantes cheguem de maneira distorcida

ao quadro de funcionários, causando muita ansiedade no ambiente de trabalho;

• Criar e respeitar tempo e espaço para reuniões regulares de serviço no

ambulatório – reuniões também sugeridas pelo grupo de trabalho na área de

Gestão e Responsabilização;

� Área de Qualidade de vida:

• Sugestão para que a equipe do Ambulatório seja contemplada com ações do

Grupo de Trabalho em Humanização do HC II;

• Criar espaço para trabalhar dinâmicas ou atividades de grupo com participação

de toda a equipe na resolução de problemas – idêntica proposta de reuniões

sugeridas pelos grupos de Gestão e Responsabilização;

• Propor estratégias junto à DISAT, para o favorecimento de atividades de

relaxamento, antiestresse, educação/acompanhamento nutricional, ginástica

laboral e outras dinâmicas relacionadas à qualidade de vida no trabalho –

espaços e horários criados e inseridos durante o horário normal de trabalho

(sugestão: antes do início de atendimento no ambulatório).

� Área de Integração e comunicação:

• Montar uma agenda de apresentação dos setores e das normas e rotinas de

serviço para médicos e enfermeiros residentes e especializandos, como também

para outros profissionais em estágio;

• Implementar mecanismos de integração da equipe do ambulatório e pronto

atendimento com outros serviços, setores e equipes principalmente do serviço

noturno – através de reuniões, coffe break antes do início do atendimento

ambulatorial, para promover melhor integração, conhecimento, troca de

informações, discussão das dificuldades e sugestões de melhoria entre os setores

e suas equipes – ambiente harmônico diminui o estresse e favorece ao melhor

desempenho das pessoas. Usar todos os recursos disponíveis tais como:

90

Intranet, murais, carta convite, bem como suporte da supervisão de enfermagem

e educação permanente para agendas e outras providências.

� Observação:

• Os grupos das áreas de Qualificação e Qualidade de Vida apresentaram várias

Propostas que estão vinculadas às áreas de Gestão e Responsabilização, como também

outras que já estão incorporadas na programação do Setor de Educação Permanente de

Enfermagem da Unidade. Essas propostas serão encaminhadas aos enfermeiros

responsáveis pela atividade de ensino para análise, discussão, elaboração e apresentação

de agenda para atendimento das propostas consensuadas junto ao grupo de trabalho do

Ambulatório.

_________________________

Carlos Alberto Camilo Alves