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Desenvolvimento de nanopartículas contendo ácido alfa lipóico com potencial para aplicação em produtos farmacêuticos e cosméticos, Ciências farmacêuticas. IRENE CLEMES KÜLKAMP*, SÍLVIA S. GUTERRES * Programa Unisul de Incentivo a pesquisa (PUIP), Curso de Farmácia Campus Tubarão. Introdução O acido lipóico apresenta a propriedade de reprimir radicais livres tanto em meio lipídico quanto aquoso, o que o diferencia dos demais antioxidantes, sendo usadoclinicamente para tratar diversos distúrbios relacionados ao estresse oxidativo.A aplicabilidade terapêutica do ácido lipóico é extensa. No entanto, sua instabilidade química e degradação dificultam desenvolvimento de formulações farmacêuticas adequadas [1, 2]. Uma possível alternativa até então não explorada para a estabilização do ácido lipóico é o emprego de nanocápsulas poliméricas, as quais consistem em sistemas vesiculares nanoestruturados carreadores de substâncias que apresentam diâmetros entre 200 e 300 nm e baixa polidispersão, e que se destacam devido às suas potencialidades no controle da liberação de substâncias e à capacidade de estabilizarem fármacos lábeis tanto no armazenamento quanto nos fluídos biológicos. Objetivos - Preparação de nanoparticulas contendo acido alfa lipóico - Caracterização físico-química das nanopartículas contendo ácido alfa-lipóico - Avaliação da estabilidade físico-química de nanoparticulas contendo ácido alfa lipóico - Testar a aplicação potencial das nanopartículas em produtos cosméticos e farmacêuticos. Metodologia Foram preparadas formulações de nanocápsulas pela técnica de precipitação de polímeros pré-formados (Fessi, et al., 1989). As formulações denominadas de A, B e C continham ácido lipóico nas concentrações de 1; 2,5 e 5 mg/mL, respectivamente. O fármaco foi dissolvido na fase orgânica composta por triglicerídeos do ácido cáprico e caprílico (0,33 mL), monoestearato de sorbitano (76,6 mg), poli (ε-caprolactona) (100 mg), acetona (26,7 mL), butil-hidroxi- tolueno (BHT) (0,01 g). A fase orgânica foi vertida sobre uma fase aquosa contendo polissorbato 80 (76,6 mg), diazolidiniluréia (0,01 g) e água Milli-Q® (53,3 mL), através de funil e mantida sob agitação magnética durante 10 minutos. As formulações foram preparadas ao abrigo da luz e em triplicata e evaporadas em rotavapor Büchi R-114 sob a temperatura de aproximadamente 30 ºC até o volume final de 10 mL. Todas as formulações foram preparadas em triplicata. Foi também preparada uma formulação contendo todos os componentes da formulação, exceto o acido lipóico, denominada formulação N. Como controles, também foram preparadas as formulações A’, B’ e C’, contendo apenas acido lipóico nas concentrações de 1; 2,5 e 5 mg/mL e butil-hidroxi- tolueno (BHT) (0,01 g), dissolvidos em acetona (26,7 mL). Esta solução foi vertida sobre água Milli-Q® (53,3 mL), e mantida sob agitação magnética durante 10 minutos. As preparações foram manipuladas e evaporadas sob as mesmas condições experimentais as quais as nanocápsulas foram submetidas. A caracterização físico- química foi feita imediatamente após a preparação, avaliando-se aspectos macroscópicos, pH, teor, taxa de encapsulação, tamanho, polidispersão, potencial zeta, morfologia e retroespalhamento de luz. As formulações foram avaliadas com relação aos aspectos macroscópicos: cor, odor, presença de precipitados ou separação de fases. Resultados As nanocápsulas apresentaram pH ácido e alta eficiência de encapsulação. O tamanho das partículas foi menor do que 340nm e os valores de potencial zeta negativos. . Resultados Foi verificada a diminuição no teor de acido lipóico nas formulações contendo o fármaco livre. Por outro lado, o conteúdo de acido lipóico nas nanocápsulas permaneceu constante durante o estudo sob as condições analisadas. Os resultados observados para pH, teor de acido lipóico, as formulações foram estáveis durante os 28 dias de analise. Porem, a analise de diâmetro, distribuição de tamanho e carga de superfície demonstram estabilidade melhor para as formulações contendo 1 e 2,5 mg/mL, corroborando com as analises por retroespalhamento de luz. Conclusões Os resultados deste estudo demonstram a possibilidade de preparar nanocápsulas de ácido lipóico a partir da técnica de deposição interfacial de poli (ε-caprolactona), obtendo-se características compatíveis com nanocápsulas descritas na literatura para aplicação biológica, conforme demonstrado pela caracterização físico-química e morfológica das formulações desenvolvidas. O acompanhamento da estabilidade demonstrou o efeito protetor que as nanocápsulas poliméricas exercem sobre o ácido lipóico, aumentando a sua estabilidade físico-química em comparação com formulações contendo ácido lipóico livre. As nanocápsulas poliméricas de ácido lipóico desenvolvidas e caracterizadas no presente trabalho podem ser utilizadas no desenvolvimento de formas farmacêuticas para veiculação do ácido lipóico de forma mais estável. Bibliografia [1]E.B. Souto, R.H. Müller and S. Gohla. S, J. Microencapsulation, 22, 581 (2005). [2]A. Segall, M. Sosa, A. Alami, C.Enero, F. Hormaechea, M.T. Pizzorno and C. Bregni, J Cosmet Sci. 55, 449 (2004). [3]H. Fessi, F. Puisieux, J.P. Devissaguet, N. Amoury and S. Benita, Formulação Teor (%) Percentual De encapsulação pH Tamanho (nm) Polidispersão Potencial Zeta (mV) Caracterização das formulações Imagens obtidas por microscopia eletrônica de transmissão Estudo de estabilidade das formulações As imagens obtidas por microscopia eletrônica de transmissão demonstram partículas esféricas e corroboram com os resultados de diâmetro obtidos por espectroscopia de correlação de fótons.

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Page 1: Desenvolvimento de nanopartículas contendo ácido alfa lipóico com potencial para aplicação em produtos farmacêuticos e cosméticos, Ciências farmacêuticas

Desenvolvimento de nanopartículas contendo ácido alfa lipóico com potencial para aplicação em produtos farmacêuticos e cosméticos, Ciências farmacêuticas.

IRENE CLEMES KÜLKAMP*, SÍLVIA S. GUTERRES* Programa Unisul de Incentivo a pesquisa (PUIP), Curso de Farmácia Campus Tubarão.

IntroduçãoO acido lipóico apresenta a propriedade de reprimir radicais livres tanto em meio lipídico quanto aquoso, o que o diferencia dos demais antioxidantes, sendo usadoclinicamente para tratar diversos distúrbios relacionados ao estresse oxidativo.A aplicabilidade terapêutica do ácido lipóico é extensa. No entanto, sua instabilidade química e degradação dificultam desenvolvimento de formulações farmacêuticas adequadas [1, 2].

Uma possível alternativa até então não explorada para a estabilização do ácido lipóico é o emprego de nanocápsulas poliméricas, as quais consistem em sistemas vesiculares nanoestruturados carreadores de substâncias que apresentam diâmetros entre 200 e 300 nm e baixa polidispersão, e que se destacam devido às suas potencialidades no controle da liberação de substâncias e à capacidade de estabilizarem fármacos lábeis tanto no armazenamento quanto nos fluídos biológicos.

Objetivos- Preparação de nanoparticulas contendo acido alfa lipóico- Caracterização físico-química das nanopartículas contendo ácido alfa-lipóico- Avaliação da estabilidade físico-química de nanoparticulas contendo ácido alfa lipóico- Testar a aplicação potencial das nanopartículas em produtos cosméticos e farmacêuticos.

MetodologiaForam preparadas formulações de nanocápsulas pela técnica de precipitação de polímeros pré-formados (Fessi, et al., 1989). As formulações denominadas de A, B e C continham ácido lipóico nas concentrações de 1; 2,5 e 5 mg/mL, respectivamente. O fármaco foi dissolvido na fase orgânica composta por triglicerídeos do ácido cáprico e caprílico (0,33 mL), monoestearato de sorbitano (76,6 mg), poli (ε-caprolactona) (100 mg), acetona (26,7 mL), butil-hidroxi-tolueno (BHT) (0,01 g). A fase orgânica foi vertida sobre uma fase aquosa contendo polissorbato 80 (76,6 mg), diazolidiniluréia (0,01 g) e água Milli-Q® (53,3 mL), através de funil e mantida sob agitação magnética durante 10 minutos. As formulações foram preparadas ao abrigo da luz e em triplicata e evaporadas em rotavapor Büchi R-114 sob a temperatura de aproximadamente 30 ºC até o volume final de 10 mL. Todas as formulações foram preparadas em triplicata. Foi também preparada uma formulação contendo todos os componentes da formulação, exceto o acido lipóico, denominada formulação N. Como controles, também foram preparadas as formulações A’, B’ e C’, contendo apenas acido lipóico nas concentrações de 1; 2,5 e 5 mg/mL e butil-hidroxi-tolueno (BHT) (0,01 g), dissolvidos em acetona (26,7 mL). Esta solução foi vertida sobre água Milli-Q® (53,3 mL), e mantida sob agitação magnética durante 10 minutos. As preparações foram manipuladas e evaporadas sob as mesmas condições experimentais as quais as nanocápsulas foram submetidas. A caracterização físico-química foi feita imediatamente após a preparação, avaliando-se aspectos macroscópicos, pH, teor, taxa de encapsulação, tamanho, polidispersão, potencial zeta, morfologia e retroespalhamento de luz. As formulações foram avaliadas com relação aos aspectos macroscópicos: cor, odor, presença de precipitados ou separação de fases.

ResultadosAs nanocápsulas apresentaram pH ácido e alta eficiência de encapsulação. O tamanho das partículas foi menor do que 340nm e os valores de potencial zeta negativos. .

Resultados

Foi verificada a diminuição no teor de acido lipóico nas formulações contendo o fármaco livre. Por outro lado, o conteúdo de acido lipóico nas nanocápsulas permaneceu constante durante o estudo sob as condições analisadas. Os resultados observados para pH, teor de acido lipóico, as formulações foram estáveis durante os 28 dias de analise. Porem, a analise de diâmetro, distribuição de tamanho e carga de superfície demonstram estabilidade melhor para as formulações contendo 1 e 2,5 mg/mL, corroborando com as analises por retroespalhamento de luz.

ConclusõesOs resultados deste estudo demonstram a possibilidade de preparar nanocápsulas de ácido lipóico a partir da técnica de deposição interfacial de poli (ε-caprolactona), obtendo-se características compatíveis com nanocápsulas descritas na literatura para aplicação biológica, conforme demonstrado pela caracterização físico-química e morfológica das formulações desenvolvidas.

O acompanhamento da estabilidade demonstrou o efeito protetor que as nanocápsulas poliméricas exercem sobre o ácido lipóico, aumentando a sua estabilidade físico-química em comparação com formulações contendo ácido lipóico livre.

As nanocápsulas poliméricas de ácido lipóico desenvolvidas e caracterizadas no presente trabalho podem ser utilizadas no desenvolvimento de formas farmacêuticas para veiculação do ácido lipóico de forma mais estável.

Bibliografia[1]E.B. Souto, R.H. Müller and S. Gohla. S, J. Microencapsulation, 22, 581 (2005).[2]A. Segall, M. Sosa, A. Alami, C.Enero, F. Hormaechea, M.T. Pizzorno and C. Bregni, J Cosmet Sci. 55, 449 (2004).[3]H. Fessi, F. Puisieux, J.P. Devissaguet, N. Amoury and S. Benita, Int. J. Pharm.113, 1 (1989).[4]V. Weiss-Angeli, F. S. Poletto, L. R. Zancan, F. Baldasso, A. R. Pohlmann and S.S. Guterres, J. Biomed. Nanotechnol. 4, 1 (2008).

Apoio Financeiro: Unisul

Formulação Teor (%) Percentual De

encapsulaçãopH

Tamanho (nm)

PolidispersãoPotencialZeta (mV)

Caracterização das formulações

Imagens obtidas por microscopia eletrônica de transmissão

Estudo de estabilidade das formulações

As imagens obtidas por microscopia eletrônica

de transmissão demonstram partículas esféricas e corroboram com os resultados de diâmetro obtidos por espectroscopia de

correlação de fótons.