desenho técnico mecânico itabira - senai mg

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DESENHO TÉCNICO MECÂNICO CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL PEDRO MARTINS GUERRA Itabira 2004

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DESENHO TÉCNICO

MECÂNICO

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL PEDRO MARTINS GUERRA

Itabira

2004

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Presidente da FIEMG Robson Braga de Andrade Gestor do SENAI

Petrônio Machado Zica

Diretor Regional do SENAI e

Superintendente de Conhecimento e Tecnologia

Alexandre Magno Leão dos Santos

Gerente de Educação e Tecnologia

Edmar Fernando de Alcântara

Elaboração/Organização

Edilson José Gomes Geraldo Magela de Oliveira Luiz Antônio Madeira Unidade Operacional Centro de Formação Profissional Pedro Martins Guerra

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SSuummáárriioo APRESENTAÇÃO ........................................................................................... INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1. LINHAS CONVENCIONAIS ........................................................................ 2. PROJEÇÕES ORTOGONAIS .....................................................................

2.1 Vistas Essenciais ................................................................................... 2.2 Exercícios ............................................................................................... 2.3 Supressões de Vistas ............................................................................ 2.4 Exercícios ...............................................................................................

3. DIMENSIONAMENTO E SIMBOLOGIA .....................................................

3.1 Representação de Cotas ....................................................................... 3.2 Regras de Cotagem ............................................................................... 3.3 Símbolos e Convenções ........................................................................ 3.4 Cotagem de Detalhes ............................................................................

4. ESCALAS .................................................................................................... 4.1 Tipos e Empregos ................................................................................. 5. CORTES E SEÇÕES ..................................................................................

5.1 Introdução ............................................................................................. 5.2 Hachuras ................................................................................................ 5.3 Linha de Corte ........................................................................................ 5.4 Corte Total ............................................................................................. 5.5 Meio Corte .............................................................................................. 5.6 Exercícios ............................................................................................... 5.7 Corte Parcial .......................................................................................... 5.8 Seções ................................................................................................... 5.9 Rupturas .................................................................................................

5.10 Omissão de Corte ................................................................................ 6. PERSPECTIVA ...........................................................................................

6.1 Isométrica ............................................................................................... 6.2 Exercícios ...............................................................................................

7. CONJUNTOS MECÂNICOS .......................................................................

7.1 Desenho de Conjunto ............................................................................ 7.2 Vista Explodida ...................................................................................... 7.3 Desenho de Detalhe ..............................................................................

8. TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS ....................................................................

8.1 Símbolos Convencionais ........................................................................ 8.2 Desenho Isométrico ...............................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................

04 05 09 11 11 18 22 23 25 25 29 32 37 41 41 45 45 47 48 49 50 52 53 53 55 56 63 63 68 69 69 70 75 86 86 91 96

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AApprreesseennttaaççããoo

“Muda a forma de trabalhar, agir, sentir, pensar na chamada sociedade do conhecimento. “

Peter Drucker O ingresso na sociedade da informação exige mudanças profundas em todos os perfis profissionais, especialmente naqueles diretamente envolvidos na produção, coleta, disseminação e uso da informação. O SENAI, maior rede privada de educação profissional do país,sabe disso , e ,consciente do seu papel formativo , educa o trabalhador sob a égide do conceito da competência:” formar o profissional com responsabilidade no processo produtivo, com iniciativa na resolução de problemas, com conhecimentos técnicos aprofundados, flexibilidade e criatividade, empreendedorismo e consciência da necessidade de educação continuada.” Vivemos numa sociedade da informação. O conhecimento , na sua área tecnológica, amplia-se e se multiplica a cada dia. Uma constante atualização se faz necessária. Para o SENAI, cuidar do seu acervo bibliográfico, da sua infovia, da conexão de suas escolas à rede mundial de informações – internet- é tão importante quanto zelar pela produção de material didático. Isto porque, nos embates diários,instrutores e alunos , nas diversas oficinas e laboratórios do SENAI, fazem com que as informações, contidas nos materiais didáticos, tomem sentido e se concretizem em múltiplos conhecimentos. O SENAI deseja , por meio dos diversos materiais didáticos, aguçar a sua curiosidade, responder às suas demandas de informações e construir links entre os diversos conhecimentos, tão importantes para sua formação continuada !

Gerência de Educação e Tecnologia

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IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO Quando alguém quer transmitir um recado pode utilizar a fala ou passar seus pensamentos para o papel na forma de palavras escritas. Quem lê a mensagem fica conhecendo os pensamentos de quem a escreveu. Quando alguém desenha, acontece o mesmo: passa seus pensamentos para o papel na forma de desenho. A escrita, a fala e o desenho representam idéias e pensamentos. A representação que vai interessar neste curso é o desenho. Desde épocas muito antigas, o desenho é uma forma importante de comunicação. E essa representação gráfica trouxe grandes contribuições para compreensão da História, porque, por meio dos desenhos feitos pelos povos antigos, podemos conhecer as técnicas utilizadas por eles, seus hábitos e até sua idéias. As atuais técnicas de representação foram criadas com o passar do tempo à medida que o homem foi desenvolvendo seu modo de vida, sua cultura. Veja algumas formas de representação da figura humana, criadas em diferentes épocas históricas. Representação Esquemática da Figura Humana

Figura 1 – Desenho das cavernas de Skavberg (Noruega) do período mesolítico (6000 – 4500 A. C.)

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Representação Plana que Destaca o Contorno da Figura Humana

Figura 2 – Representação egípcia do túmulo do escriba Nakht, século XIV a. C.

Representação do Corpo Humano Transmitindo a Idéia de Volume

Figura 3 –Nu, desenhado por Miguel Ângelo Buonarroti (1475 – 1564)

Esses exemplos de representação gráfica são considerados desenhos artísticos. Embora não seja artístico, o desenho técnico também é uma forma de representação gráfica, usada, entre outras finalidades, para ilustrar instrumentos de trabalho, como máquinas, peças e ferramentas. E esse tipo de desenho também sofreu modificações, com o passar do tempo.

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Diferenças Entre Desenho Técnico e Desenho Artístico O desenho técnico é um tipo de representação gráfica utilizado por profissionais de uma mesma área, como, por exemplo, na mecânica, na marcenaria, na eletricidade. Mais detalhes sobre o desenho técnico você aprenderá no decorrer deste curso. Por enquanto, é importante que você saiba as diferenças que existem entre o desenho técnico e o desenho artístico. Para isso, é necessário conhecer bem as características de cada um. Observe os desenhos abaixo:

Figura 4 – Cabeça de criança de Rosalba Carreira (1676 – 1757)

Figura 5 – Paloma, de Pablo Picasso (1881 – 1973) Estes são exemplos de desenhos artísticos. Os artistas transmitiram suas idéias e seus sentimentos de maneira pessoal. Um artista não tem o compromisso de retratar fielmente a realidade. O desenho artístico reflete o gosto e a sensibilidade do artista que o criou. Já o desenho técnico, ao contrário do artístico, deve transmitir com exatidão todas as características do objeto que representa. Para conseguir isso, o desenhista deve seguir regras estabelecidas previamente, chamadas de normas técnicas. Assim, todos os elementos do desenho técnico obedecem a normas técnicas, ou seja, são normalizados. Cada área ocupacional tem seu próprio desenho técnico, de acordo com normas específicas. Observe alguns exemplos.

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Figura 6 – Desenho técnico de arquitetura

Figura 7 – Desenho técnico de marcenaria

Figura 8 – Desenho técnico mecânico Nesses desenhos, as representações foram feitas por meio de traços, símbolos, números e indicações escritas, de acordo com normas técnicas. No Brasil, a entidade responsável pelas normas técnicas é a ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. Neste curso você vai conhecer a aplicação das principais

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normas técnicas referentes ao desenho técnico mecânico, de acordo com a ABNT.

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11.. LLIINNHHAASS CCOONNVVEENNCCIIOONNAAIISS Tipos de Linhas

LINHA DENOMINAÇÃO APLICAÇÃO GERAL (ver figuras 1.1 e 1.2 e outras)

A Contínua larga A1 contornos visíveis A2 arestas visíveis

B ____________________

Contínua estreita B1 linhas de interseção imaginárias B2 linhas de cotas B3 linhas auxiliares B4 linhas de chamadas B5 hachuras B6 contornos de seções rebatidas na própria vista B7 linhas de centros curtas

C D

Contínua estreita a mão livre (1) Contínua estreita em ziguezague (1)

C1 limites de vistas ou cortes parciais ou interrompidas se o limite não coincidir com linhas de traço e ponto (Figura 1.3) D1 esta linha destina-se a desenhos confeccionados por máquinas (Figura1.4)

E F ___ ___ ___ ___ __

Tracejada larga (1) Tracejada estreita (1)

E1 contornos não visíveis E2 arestas não visíveis F1 contornos não visíveis F2 arestas não visíveis

G

Traço e ponto estreita G1 linhas de centro G2 linhas de simetrias G3 trajetórias

H

Traço e ponto estreita, larga nas extremidades e na mudança de direção

H1 planos de cortes

J Traço e ponto larga J1 indicação das linhas ou superfícies com indicação especial

K . . . . . .

Traço dois pontos estreita K1 contornos de peças adjacentes K2 posição limite de peças móveis K3 linhas de centro de gravidade K4 cantos antes da conformação k5 detalhes situados antes do plano de corte

(1) Se existirem duas alternativas em um mesmo desenho, só deve ser aplicada uma opção. Tabela 1.1

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Figura 1.1

Figura 1.2

Figura 1.3

Figura 1.4

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PLANO DE PROJEÇÃO

PROJEÇÃO

PEÇA

22.. PPRROOJJEEÇÇÕÕEESS OORRTTOOGGOONNAAIISS 2.1 VISTAS ESSENCIAIS Uma peça que estamos observando ou mesmo imaginando, pode ser desenhada (representada) num plano. A essa representação gráfica se dá o nome de "projeção". O plano é denominado "plano de projeção" e a representação da peça recebe, nele, o nome de projeção. Podemos obter as projeções através de observações feitas em posições determinadas. Podemos então ter várias vistas da peça.

Figura 2.1 Tomemos por exemplo uma caixa de fósforos. Para representar a caixa vista de frente, consideramos um plano vertical e vamos representar nele esta vista. A vista de frente é, por isso, também denominada projeção vertical e/ou elevação.

Figura 2.2

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V.F

Reparemos, na figura seguinte, as projeções verticais ou elevações das peças. Elas são as vistas de frente das peças para o observador na posição indicada.

Figura 2.3 Voltemos ao exemplo da caixa de fósforos. O observador quer representar a caixa, olhando-a por cima.

Figura 2.4

Então usará um plano, que denominaremos de plano horizontal, e a projeção que representa esta vista de cima será denominada projeção horizontal vista de cima ou planta.

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V.C

.

A figura seguinte representa a projeção horizontal vista de cima ou planta das peças, para o observador na posição indicada.

Figura 2.5 O observador poderá representar a caixa olhando-a de lado. Teremos uma vista lateral e a projeção representará uma vista lateral que pode ser da direita ou da esquerda.

Figura 2.6 Reparemos que uma peça pode ter, pelo que foi esclarecido, até seis vistas; entretanto, uma peça que estamos vendo ou imaginando, deve ser representada por um numero de vistas que nos dê a idéia completa de peça, um número de vistas essenciais para representá-la a fim de que possamos entender qual é a forma e quais as dimensões da peça. Estas vistas são chamadas de vistas principais. Ao selecionar a posição da peça da qual se vai fazer a projeção escolhe-se para a vertical aquela vista que mais caracteriza ou individualiza a peça; por isso, é comum também chamar a projeção vertical (elevação) de vista principal. As três vistas, elevação, planta e vista lateral esquerda, dispostas em posições normalizadas pela ABNT nos dão as suas projeções.

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A vista de frente (elevação) e a vista de cima (planta) alinham-se verticalmente.

Figura 2.7 A vista de frente (elevação) e a vista de lado (vista lateral esquerda) alinham-se horizontalmente.

Figura 2.8

Finalmente temos a caixa de fósforos desenhada em três projeções.

Figura 2.9 Por esse processo podemos desenhar qualquer peça.

Figura 2.10

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ARESTAS NÃO VISÍVEIS QUANDO VISTA NA LATERAL

LINHAS DE CENTRO

EIXOS DE SIMETRIA

LINHAS DE CENTRO

Na vista lateral esquerda das projeções das peças abaixo, existem linhas tracejadas. Elas representam as arestas não visíveis.

Figura 2.11 Nas projeções abaixo, aparecem linhas de centro.

Figura 2.12 Nas projeções abaixo, foram empregados eixos de simetria.

Figura 2.13

As projeções desenhadas nas folhas anteriores apresentaram a vista lateral esquerda, representando o que se vê olhando a peça pelo lado esquerdo, apesar de sua projeção estar à direita da elevação. Nos casos em que o maior número de detalhes estiver colocado no lado direito da peça, usa-se a vista lateral direita, projetando-a à esquerda da elevação, conforme exemplos seguintes.

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Figura 2.14 Os desenhos seguintes mostram as projeções de várias peças com utilização de apenas uma vista lateral. De acordo com os detalhes a serem mostrados, foram utilizadas as laterais esquerda ou direita.

Figura 2.15

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Em certos casos, porém, há necessidade de se usar duas laterais para melhor esclarecimento de detalhes importantes. Quando isso acontece, as linhas tracejadas desnecessárias podem ser omitidas como nos exemplos seguintes.

Figura 2.16

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2.2 EXERCÍCIOS 1. Complete, à mão livre, as projeções das peças apresentadas.

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2. Observe as vistas abaixo e responda: a) Quais são as vistas representadas? b) Quais as letras e números que estão indicados na vista de frente? c) Que letra na vista de cima, representa o número 3, da vista de frente? d) Que número na vista de frente, representa a letra A, da vista lateral? e) Que letra na vista lateral, representa o número 5, da vista de frente? f) Que número na vista de cima, representa a letra K, da vista de frente? g) Que letra na vista de cima, representa a letra H da vista lateral?

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3. Observe as vistas abaixo e responda: a) Quais são as vistas representadas? b) Que letra na vista de cima, representa o número 2, da vista de frente? c) Quais as letras que indicam o furo cego? d) Qual o número que indica o fundo do rebaixo? e) Qual o número que indica o fundo do furo cego? f) Quais as letras que indicam o furo passante? g) Que linha é indicada pela letra M? h) Que linha é indicada pelo número 9?

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4. Identifique e numere as projeções correspondentes a cada peça apresentada em perspectiva.

1 2 3 4 5

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2.3 SUPRESSÕES DE VISTAS Quando representamos uma peça pelas suas projeções, usamos as vistas que melhor identificam suas formas e dimensões. Podemos usar três ou mais vistas, como também podemos usar duas vistas e, em alguns casos, até uma única vista. Nos exemplos seguintes estão representadas peças com duas vistas. Continuará havendo uma vista principal - vista de frente -, sendo escolhida como segunda vista aquela que melhor complete a representação da peça.

Figura 2.18 Nos exemplos seguintes estão representadas peças por uma única vista. Neste tipo de projeção e indispensável o uso de símbolos.

Figura 2.19

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2.4 EXERCÍCIOS 1. Observe as vistas abaixo e responda:

a) Quais as vistas representadas acima? b) Qual é a forma da peça acima? c) Que letra na vista de frente, representa o número 5, da vista lateral? d) Que tipo de furo está representado? e) Que número na vista lateral, representa a letra H, da vista de frente? f) Que letra indica o eixo de simetria? g) Que letra na vista lateral, representa a letra H, da vista de frente? h) Que letra indica o centro do furo? i) Quais as letras e números que indicam o furo?

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2. Procure nos desenhos abaixo as vistas que se relacionam entre si, (elevação e planta) e coloque os números correspondentes como no exemplo 1.

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33.. DDIIMMEENNSSIIOONNAAMMEENNTTOO EE SSIIMMBBOOLLOOGGIIAA Você já sabe que, embora não existam regras fixas de cotagem, a escolha da maneira de dispor as cotas no desenho técnico depende de alguns critérios. Os profissionais que realizam a cotagem dos desenhos técnicos devem levar em consideração vários fatores, como por exemplo: forma da peça; forma e localização dos seus elementos; tecnologia da fabricação; função que esta peça irá desempenhar e a precisão requerida na execução e no produto final. A cotagem do desenho técnico deve tornar desnecessária a realização de cálculos para descobrir medidas indispensáveis para a execução da peça. Veremos, a partir de agora, os principais sistemas de cotagem, isto é, os modos organizados de estruturar a cotagem completa da peça. 3.1 REPRESENTAÇÃO DE COTAS Cotagem em Cadeia Observe a vista frontal de uma peça cilíndrica formada por várias partes com diâmetros diferentes.

Figura 3.1 – ESC 1:2

Neste desenho, foi realizada uma cotagem em cadeia. Observe que, na cotagem em cadeia, cada parte da peça é cotada individualmente. A parte identificada pela letra A, por exemplo, mede 25 mm de comprimento. Já a cota 12 indica o comprimento da parte C. Analise você mesmo as demais cotas. Você deve ter reparado que a cotagem da peça não está completa. Foram inscritas apenas as cotas que indicam o comprimento de cada parte da peça, para ilustrar a aplicação do sistema de cotagem em cadeia. Este sistema de cotagem só pode ser utilizado quando um possível acúmulo de erros na execução da peça não comprometer a sua funcionalidade. Em outras palavras, quando a exigência de precisão na execução de cada parte da peça é muito grande, este sistema de cotagem não deve ser adotado.

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Cotagem por Elemento de Referência Na cotagem por elemento de referência as cotas são indicadas a partir de uma parte da peça ou do desenho tomado como referência. Este elemento de referência tanto pode ser uma face da peça como também uma linha básica, isto é, uma linha que serve de base para a cotagem. Este sistema de cotagem deve ser escolhido sempre que é necessário evitar o acúmulo de erros construtivos na execução da peça. Cotagem por Face de Referência Observe a perspectiva cotada e, ao lado, a vista frontal do pino com rebaixo. Note que a perspectiva apresenta apenas duas cotas, enquanto que a vista frontal apresenta a cotagem completa.

Figura 3.2 – ESC 1:1 A extremidade do corpo do pino foi escolhida como face de referência, como se observa na perspectiva. A partir desta face de referência foram indicadas as cotas: 35 e 45. foi prolongada uma linha auxiliar a partir da face de referência tomada como base para indicação das cotas de comprimento 35 e 45. No desenho técnico da peça não se usa a expressão: "face de referência". Vamos interpretar a cotagem deste desenho técnico na vista frontal. A cota 55 indica o comprimento e a cota 36, o diâmetro da peça. As cotas 45 e 35 indicam o comprimento de cada parte da peça partindo da face escolhida como referência. Os diâmetros de cada parte da peça estão indicados pelas cotas 16 e 26. Cotagem por Linha Básica Na cotagem por linhas básicas as medidas da peça são indicadas a partir de linhas. Estas linhas podem ser: linhas de simetria, linhas de centro de elementos

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ou qualquer outra linha que facilite a interpretação dos procedimentos construtivos da peça. Como exemplo, observe a próxima peça, representada em perspectiva cotada e, ao lado, a vista frontal. Note que, na vista frontal, estão representadas apenas as cotas indicadas a partir da linha básica vertical, apontada na perspectiva.

Figura 3.3 – ESC 1:1 As cotas 30, 21, 32, 13 e 19 foram determinadas a partir da linha básica vertical. A expressão linha básica não aparece no desenho técnico. Você deve deduzir qual foi a linha do desenho tomada como referência analisando a disposição das cotas. É claro que a cotagem do desenho anterior não está completa. Foram indicadas apenas as cotas relacionadas com a linha básica escolhida, para que você identificasse com facilidade este tipo de cota. Analise agora um exemplo de desenho técnico cotado por mais de uma linha básica.

Figura 3.4 – ESC 1:2

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A cotagem por linhas básicas também é usada na representação de peças com partes curvas irregulares. Agora você vai ver um exemplo de cotagem por linha básica e por face de referência ao mesmo tempo, numa peça com curvas irregulares. Analise primeiro a peça cotada em perspectiva, para entender melhor.

Figura 3.5 Essa peça apresenta uma curvatura irregular. Observe que algumas cotas foram determinadas a partir da linha básica, que corresponde à linha de simetria horizontal da peça. Outras foram determinadas a partir da face de referência identificada pela letra A. Veja a mesma peça, representada em vista única cotada.

Figura 3.6 – ESC 1:2

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As cotas indicadas a partir da linha básica são: 24, 12, 11,20,29,35 e 39. As cotas indicadas a partir da face de referência são: 96, 86, 71, 56, 41, 26 e 13. Para interpretar a localização dos elementos e a curvatura da peça você deve analisar as cotas indicadas a partir da linha básica em conjunto com as cotas indicadas a partir da face de referência. Os furos localizam-se a 12 mm da linha básica e a 13 mm da face de referência. O rebaixo localiza-se a 24 mm da linha básica e a 26 mm da face de referência. Os pares de cotas que determinam a curvatura da peça são: 41 e 39, 56 e 35, 71 e 29, 86 e 20, 96 e 11. As cotas básicas da peça são: 100 (comprimento), 82 (altura) e 10 (espessura). Os dois furos têm diâmetros iguais e medem 10 mm. 3.2 REGRAS DE COTAGEM Formas de Cotagem a Partir de Elementos de Referência Quando a cotagem da peça é feita por elemento de referência, as cotas podem ser indicadas de duas maneiras: por cotagem em paralelo e cotagem aditiva. Cotagem em paralelo: a localização dos furos é determinada a partir da mesma face de referência. Observe que as linhas de cota estão dispostas em paralelo umas em relação às outras. Daí o nome: cotagem em paralelo.

Figura 3.7 – ESC 1:1 Cotagem aditiva: este tipo de cotagem pode ser usado quando houver limitação de espaço e desde que não cause dificuldades na interpretação do desenho. Veja a mesma placa com 6 furos, que você estudou cotada em paralelo, agora com aplicação de cotagem aditiva.

Figura 3.8 – ESC 1:1

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A partir da face tomada como referência foi determinado um ponto de origem 0 (zero). As cotas são indicadas na extremidade da linha auxiliar. A interpretação das cotas é semelhante à da cotagem paralela. Veja: a cota 8 indica a distância do primeiro furo da esquerda à face tomada como referência, que contém o ponto 0; a cota 18 indica que a distância da origem 0 ao segundo furo corresponde a 18 mm; a cota 34 indica a distância do terceiro furo em relação ao mesmo elemento de referência e assim por diante. A partir do mesmo ponto de origem 0 podemos ter cotagem aditiva em duas direções. É o que você vai aprender, a seguir.

Figura 3.9 Esta placa apresenta 7 furos, de diâmetros variados, dispostos irregularmente na peça. A cotagem aditiva em duas direções é uma maneira prática de indicar a localização dos furos. O mesmo ponto 0 serve de origem para a indicação das cotas em duas direções, como você pode ver no desenho técnico a seguir.

Figura 3.10 – ESC 1:1 A localização de cada furo é determinada por um par de cotas. Por exemplo: a localização do furo que tem 6 mm de diâmetro fica definida pelas cotas: 40 e 23. Isto quer dizer que o furo de 6 mm está a uma distância de 40 mm em relação ao ponto de origem, no sentido do comprimento da peça, e a 23 mm do mesmo

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ponto, no sentido da altura da peça. O mesmo raciocínio permite interpretar a localização de todos os outros furos da peça. Existe uma outra maneira de indicar a cotagem aditiva: consiste na cotagem por coordenadas. Na cotagem por coordenadas, ao invés das cotas virem indicadas no desenho, elas são indicadas numa tabela, próxima ao desenho. Os elementos da peça são identificados por números. A interpretação das cotas relacionadas a estes números, na tabela, permite deduzir a localização, o tamanho e a forma dos elementos.

Figura 3.11 - Placa com furos, cotada por coordenadas

Na cotagem por coordenadas, imagina-se a peça associada a dois eixos perpendiculares entre si. O ponto onde estes dois eixos se cruzam é o ponto 0 (zero), ou ponto de origem, que não aparece no desenho técnico. Um eixo recebe o nome de x e o outro de y, como você pode ver no desenho anterior. A localização de cada elemento fica determinada por um par de cotas, indicadas na tabela. Uma das cotas indica a distância do elemento ao ponto de origem na direção do eixo x. A outra cota indica a distância do elemento ao ponto de origem na direção do eixo y. Acompanhe um exemplo, para entender bem. Observe, no detalhe da tabela, reproduzido a seguir, as informações referentes ao furo nº 1.

Figura 3.12 O centro do furo nº 1 está localizado a uma distância de 8 mm do ponto 0, na direção do eixo x e a uma distância de 8 mm, na direção do eixo y. O furo nº 1 é redondo e tem 4 mm de diâmetro.

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3.3 SÍMBOLOS E CONVENÇÕES No Brasil, até 1984, a NBR6402 indicava o acabamento superficial por meio de uma simbologia que transmitia apenas informações qualitativas. Esta simbologia, que hoje se encontra ultrapassada, não deve ser utilizada em desenhos técnicos mecânicos. Entretanto, é importante que você a conheça, pois pode vir a encontrá-Ia em desenhos mais antigos.

SÍMBOLO SIGNIFICADO

Indica que a superfície deve permanecer bruta, sem acabamento, e as rebarbas devem ser eliminadas.

Indica que a superfície deve ser desbastada. As estrias produzidas pela ferramenta podem ser percebidas pelo tato ou visão.

Indica que a superfície deve ser alisada, apresentando dessa forma marcas pouco perceptíveis à visão.

Indica que a superfície deve ser polida, e assim ficar lisa, brilhante, sem marcas visíveis.

Tabela 3.1 - Símbolos de acabamento superficial e seu significado Atualmente, a avaliação da rugosidade, no Brasil, baseia-se nas normas NBR6405/88 e NBR8404/84, que tratam a rugosidade de forma quantitativa, permitindo que ela seja medida. Este é o próximo assunto que você vai estudar. Avaliação da Rugosidade A norma brasileira adota o sistema de linha média para avaliação da rugosidade.

Figura 3.13 - Perfil de uma superfície. Representação da linha média A1 e A2 representam as saliências da superfície real. A3 e A4 representam os sulcos ou reentrâncias da superfície real. Não é possível a determinação dos erros de todos os pontos de uma superfície. Então, a rugosidade é avaliada em relação a uma linha (p), de comprimento c, que representa uma amostra do perfil real da superfície examinada. A linha média acompanha a direção geral do perfil, determinando áreas superiores e áreas inferiores, de tal forma que a soma das áreas superiores (A1 e A2, no exemplo) seja igual à soma das áreas inferiores (A3 e A4, no mesmo

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exemplo), no comprimento da amostra. A medida da rugosidade é o desvio médio aritmético (Ra) calculado em relação à linha média.

Figura 3.14 – Representação gráfica da rugosidade média A norma NBR 8404/84 define 12 classes de rugosidade, que correspondem a determinados desvios médios aritméticos (Ra) expressos em mícrons (µm). Veja, na tabela reproduzida a seguir, as 12 classes de rugosidade e os desvios correspondentes.

CLASSES DE RUGOSIDADE DESVIO MÉDIO ARITMÉTICO Ra (µµµµm)

N 12 N 11 N 10 N 9 N 8 N 7 N 6 N 5 N 4 N 3 N 2 N 1

50 25

12,5 6,3 3,2 1,6 0,8 0,4 0,2 0,1

0,05 0,025

Tabela 3.2 – Características da rugosidade (Ra). Como exemplos: um desvio de 3,2µm corresponde a uma classe de rugosidade N 8; a uma classe de rugosidade N 6 corresponde um valor de rugosidade Ra = 0,8 µm. Indicação de Rugosidade nos Desenhos Técnicos O símbolo básico para a indicação da rugosidade de superfícies é constituído por duas linhas de comprimento desigual, que formam ângulos de 60º entre si e em relação à linha que representa a superfície considerada.

Figura 3.15

Este símbolo, isoladamente, não tem qualquer valor. Quando, no processo de fabricação, é exigida remoção de material, para obter o estado de superfície previsto, o símbolo básico é representado com um traço adicional.

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Figura 3.16 A remoção de material sempre ocorre em processos de fabricação que envolvem corte, como por exemplo: o torneamento, a fresagem, a perfuração entre outros. Quando a remoção de material não é permitida, o símbolo básico é representado com um círculo, como segue.

Figura 3.17 O símbolo básico com um círculo pode ser utilizado, também, para indicar que o estado de superfície deve permanecer inalterado mesmo que a superfície . venha a sofrer novas operações. Quando for necessário fornecer indicações complementares, prolonga-se o traço maior do símbolo básico com um traço horizontal e sobre este traço escreve se a informação desejada.

Figura 3.18 No exemplo anterior está indicado o processo de remoção de material por fresagem. Indicação do Valor da Rugosidade Você já sabe que o valor da rugosidade tanto pode ser expresso numericamente, em mícrons, como também por classe de rugosidade. O valor da rugosidade vem indicado sobre o símbolo básico, com ou sem sinais adicionais.

Figura 3.19 As duas formas de indicar a rugosidade são corretas. Quando for necessário estabelecer os limites máximo e mínimo das classes de rugas idade, estes valores devem ser indicados um sobre o outro. O limite máximo deve vir escrito em cima.

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Figura 3.20

Nesse exemplo, a superfície considerada deve ter uma rugosidade Ra compreendida entre um valor máximo N 9 e um valor mínimo N 7 que é o mesmo que entre 6,3 µm e 1,6 µm. Para saber a equivalência das classes de rugosidade em mícrons (µm), basta consultar a tabela de Características da rugosidade (Ra), vista anteriormente. Símbolo Para a Direção das Estrias Há uma outra característica microgeométrica que deve ser levada em conta no processo de fabricação e na avaliação da rugosidade: trata-se da direção das estrias, que são as pequenas linhas ou os sulcos deixados na superfície usinada pela ferramenta usada no processo de fabricação da peça. Quando for necessário definir a direção das estrias isso deve ser feito por um símbolo adicional ao símbolo do estado de rugosidade. Os símbolos para direção das estrias são normalizados pela NBR8404/84. Veja, a seguir, quais são os símbolos normalizados. O símbolo indica que as estrias são paralelas ao plano de projeção da vista sobre a qual o símbolo é aplicado. Acompanhe o exemplo. Imagine que após a usinagem, as estrias da superfície devem ficar na direção indicada na perspectiva. Veja, ao lado, a indicação da direção das estrias no desenho técnico.

Figura 3.21 Note que, no desenho técnico, o símbolo de rugosidade foi representado na vista frontal. Ao seu lado, foi representado o símbolo, que indica a posição das estrias em relação ao plano de projeção da vista frontal. Lembre-se de que as estrias não são visíveis a olho nu por serem características microgeométricas. A indicação da direção das estrias, no desenho técnico, informa ao operador da máquina qual deve ser a posição da superfície a ser usinada em relação à ferramenta que vai usiná-Ia. O símbolo indica que as estrias são perpendiculares ao plano de projeção da vista sobre a qual ele é aplicado. Veja no desenho.

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Figura 3.22 O símbolo , ao lado do símbolo de rugosidade, na vista frontal indica que a posição das estrias da superfície a ser usinada deve ser perpendicular ao plano de projeção da vista frontal. Quando as estrias devem ficar cruzadas, em duas direções oblíquas, como mostram os desenhos abaixo, o símbolo de direção das estrias é X.

Figura 3.23 Repare que os símbolos: , representados na vista frontal, indicam qual a superfície a ser usinada e quais as direções das estrias resultantes. Outra possibilidade é que as estrias se distribuam em muitas direções, como nos desenhos abaixo:

Figura 3.24 O símbolo indicativo de direções das estrias é M, que aparece representado ao lado do símbolo de rugosidade, na vista frontal. Quando as estrias devem formar círculos aproximadamente concêntricos, como mostram os próximos desenhos, o símbolo de direção das estrias é C.

Figura 3.25 Repare que o símbolo C aparece representado ao lado do símbolo de rugosidade, no desenho técnico. Finalmente, as estrias podem se irradiar a partir do ponto médio da superfície à qual o símbolo se refere. Veja. Figura 3.26

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O símbolo R, ao lado do símbolo de rugosidade, indica que a direção das estrias é radial em relação ao ponto médio da superfície a ser usinada. 3.4 COTAGEM DE DETALHES Indicação de Sobremetal Para Usinagem Quando uma peça fundida deve ser submetida a usinagem posterior, é necessário prever e indicar a quantidade de sobremetal, isto é, de metal a mais, exigido para a usinagem. Quando for necessário indicar esse valor, ele deve ser representado à esquerda do símbolo, de acordo com o sistema de medidas utilizado para cotagem. Veja um exemplo.

Figura 3.27 O numeral 5, à esquerda do símbolo de rugosidade, indica que a superfície fundida deve ter 5 mm de espessura a mais do que a dimensão nominal da cota correspondente. Disposição das Indicações de Estado de Superfície Cada uma das indicações de estado de superfície é representada em relação ao símbolo, conforme as posições a seguir:

Figura 3.28 Relembre o que cada uma das letras indica: a - valor da rugosidade Ra, em µm, ou classe de rugosidade N 1 a N 12; b - método de fabricação, tratamento ou revestimento da superfície; c - comprimento da amostra para avaliação da rugosidade, em mm; d - direção predominante das estrias; e - sobremetal para usinagem (µm).

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Indicações de Estado de Superfície nos Desenhos Os símbolos e as inscrições devem estar representados de tal modo que possam ser lidos sem dificuldade. Veja um exemplo.

Figura 3.29 No exemplo acima, a rugosidade Ra das faces: inferior e lateral direita é igual a 6,3 µm. O símbolo pode ser ligado à superfície a que se refere por meio de uma linha de indicação, como no próximo desenho.

Figura 3.30 Note que a linha de indicação apresenta uma seta na extremidade que toca a superfície. Observe novamente o desenho anterior e repare que o símbolo é indicado uma vez para cada superfície. Nas peças de revolução, o símbolo de rugosidade é indicado uma única vez, sobre a geratriz da superfície considerada. Veja.

Figura 3.31 O símbolo indica que a superfície de revolução inteira deve apresentar o mesmo estado de superfície. Quando todas as superfícies da peça têm o mesmo grau de rugosidade, a indicação é feita de maneira simplificada. Caso se trate de uma peça isolada, a indicação do estado de rugosidade é representada próxima à vista da peça, como no desenho a seguir.

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Figura 3.32 Se a peça faz parte de um conjunto mecânico, ela recebe um número de referência que a identifica e informa sobre a posição da peça no conjunto. Nesse caso, a indicação do estado de superfície vem ao lado do número de referência da peça, como no próximo desenho.

Figura 3.33 Quando um determinado estado de superfície é exigido para a maioria das superfícies de uma peça, o símbolo de rugosidade correspondente vem representado uma vez, ao lado superior direito da peça. Os demais símbolos de rugosidade, que se referem a superfícies indicadas diretamente no desenho, vêm após o símbolo principal, entre parênteses. Veja um exemplo.

Figura 3.34 Neste exemplo, N 9 é a classe de rugosidade predominante. Uma das superfícies de revolução deve apresentar a classe N 8 e a superfície do furo longitudinal deve apresentar a classe N 6. O símbolo pode ser representado dentro dos parênteses para substituir as indicações específicas de classes de rugosidade. No exemplo anterior, onde aparece esta indicação pode ser substituída por . Quando a peça leva número de referência, a indicação da rugosidade geral e das rugosidades específicas vem ao lado do número de referência, como no desenho abaixo.

Figura 3.35

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Correspondência Entre os Símbolos de Acabamento e Classes de Rugosidade Os símbolos indicativos de acabamento superficial, apresentados, vêm sendo gradativamente substituídos pelas indicações de rugosidade. É possível que você ainda encontre desenhos que apresentem aquela simbologia já superada. Na prática, foi estabelecida uma correspondência aproximada entre os antigos símbolos de acabamento de superfícies e os atuais símbolos de rugosidade:

SÍMBOLO SÍMBOLO INDICATIVO DE RUGOSIDADE

de N 10 a N 12

de N 7 a N 9

de N4 a N6

Tabela 3.3 – As classes de N 1 a N 3 correspondem a graus de rugosidade mais “finos” que o polido ( )

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44.. EESSCCAALLAASS Os desenhos que utilizamos em oficinas, para orientar a construção de uma peça, nem sempre podem ser executados com os valores reais das medidas da peça. Por exemplo: é impossível representar no desenho uma mesa de três metros de comprimento em seu tamanho real, como é também difícil ou quase impossível representar em seu tamanho natural uma peça para relógio, com três milímetros de diâmetro. O recurso será, então, reduzir ou ampliar o desenho, conservando a proporção da peça a ser executada. Em todos estes casos, isto é, desenhando na mesma medida, reduzindo ou ampliando, estaremos empregando escalas. Escala é, portanto, a relação entre as medidas do desenho e a da peça. 4.1 TIPOS E EMPREGOS Quando o desenho for do mesmo tamanho da peça ou quando tiver as mesmas dimensões indicadas nas cotas, teremos a escala natural. A escala natural é indicada da seguinte forma: Escala 1:1, que se lê "Escala um por um".

Figura 4.1 – Escala 1:1 Vemos o desenho de um punção de bico com todas as indicações necessárias à sua execução na oficina. Note que, devido ao seu tamanho, foi possível desenhar em escala natural. Quando o desenho de uma peça for efetuado em tamanho menor do que o tamanho da própria peça, estaremos usando escala de redução. Note que, embora reduzindo o tamanho do desenho, as cotas conservaram as medidas reais da peça. A escala de redução é indicada da seguinte forma: Escala 1:2, que se lê "Escala um por dois".

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Figura 4.2 – escala 1:2 Neste exemplo, o desenho está duas vezes menor que os valores das cotas. As escalas de redução recomendadas pela ABNT são as seguintes: − 1:2, − 1:2,5, − 1:5 e − 1:10 até − 1:100. Quando o desenho de uma peça for efetuado no tamanho maior do que esta, estaremos usando escala de ampliação. Note que as cotas conservaram, também, os valores reais da peça. A escala de ampliação é indicada da seguinte forma: Escala 2:1, que se lê "EscaLa dois por um”, significando que o desenho é duas vezes maior que a peça.

Figura 4.3 – Escala 2:1 As escalas de ampliações recomendadas pela ABNT são as seguintes: − 2:1, − 5:1e − 10:1. A interpretação de uma escala em relação à razão numérica é feita da seguinte foma: usam-se dois números. O primeiro, refere-se ao desenho e o segundo, à peça.

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1 2

Figura 4.4 – Isto significa que 2mm na peça, corresponde a 1 mm no desenho. A redução ou ampliação só terá efeito para o traçado do desenho, pois na cotagem colocaremos as medidas reais da peça. Em escalas as medidas angulares não sofrem redução ou ampliação como as lineares; por exemplo, seja qual for a escala empregada, um ângulo de 60º será representado com o mesmo valor.

Figura 4.5 – 1 = Escala 1:1

2 = Escala 1:2 ����������� ������������������� ������������������� ������������������� �������������������������� �!� �"����# $��%�&� &�'�(����) *+�-,.�/��)0�213��#4,5�6���7�8)�#4�")9���-���8# �

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1 2 : Peça Desenho

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4.2 EXERCÍCIOS 1. Complete as lacunas:

DIMENSÃO DA PEÇA ESCALA DIMENSÃO NO

DESENHO 42 1:2 1:1 70 1:2 22

35 175 65 1:2,5 1:5 40 8 2:1

25,4 25,4 145 29 16 2:1 5:1 260

75 30 220 1:10

1:2,5 16 2:1 74

60 12 2,6 10:1

5:1 72 1,2 12

1:2,5 15 2. Coloque os valores numéricos nas linhas de cota, de acordo com a escala indicada.

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55.. CCOORRTTEESS EE SSEEÇÇÕÕEESS 5.1 INTRODUÇÃO Os cortes são utilizados em desenhos de peças e conjuntos, para facilitar a interpretação de detalhes internos que, através das vistas, sem o emprego do corte, seriam de difícil interpretação. Vimos que as vistas principais apresentam detalhes internos, com linhas tracejadas indicando os contornos e arestas não visíveis, como o exemplo abaixo.

Figura 5.1 – 1 = Perspectiva da peça

2 = Vistas essenciais da peça Se empregarmos o corte, os detalhes internos passarão a ficar visíveis. Imaginemos que a peça seja cortada no sentido longitudinal e a parte da frente, retirada; na projeção, teremos a elevação em corte.

Figura 5.2

1

2

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����������� ������������������� ������������������� ������������������� ����������U�V���/�,.�MWQ)�1A�D*+)0#&X/�2):�(<�>�Y���(1A�"��"�-� �(F# �QN&��/JD� EZ��(F��2���E��"�ENS�(#4�&�6[SN��D�,5�'���\NS� ��L&K&�6BE��)�-,])�#�*+):���QNO���:�%�2����,.��<2�^���7*_)�Z��@#&Z��@���(1A�����"�-���>)�#���):�D�>�#&Z��@�-,?)0#"*_):���2<

Figura 5.3 Imaginemos, agora, que a peça seja cortada no sentido transversal.

Figura 5.4 Na representação teremos a vista lateral em corte.

Figura 5.5 A seguir, temos outro exemplo, em que a peça foi cortada por um plano horizontal e a parte de cima, retirada.

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Figura 5.6 Na representação teremos a planta em corte.

Figura 5.7 ����������� EZ��������������� EZ��������������� EZ��������������� EZ�����`S���:�Y��a�NS�(��,.�(FI�)�13���bL KR�U�2�c")0��,?���cL&K&�># Z��M��Z��M�-,?)0#"*_):���2�HNO���:���������,.�"�A# Z��H����B?��"1G���:,.�;���- EZ��!��1G��Kd�Q���;N ��������#4,?�- EZ���< 5.2 HACHURAS As hachuras servem para evidenciar as áreas de cortes. São utilizados traços estreitos inclinados a 45º em relação às linhas principais do contorno ou eixos de simetria.

Figura 5.8 O detalhe desenhado separadamente de sua vista deve ser hachurado na mesma direção. Nos desenhos de conjunto, as peças adjacentes devem ser hachuradas em direções ou espaçamentos diferentes.

Figura 5.9

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O espaçamento entre as linhas das hachuras será determinado em função do tamanho da superfície a ser hachurada. Sendo a área a hachurar muito grande, pode-se limitar o hachurado à vizinhança do contorno, deixando a parte central em branco. As hachuras devem ser interrompidas quando necessitar inscrever na área hachurada.

Figura 5.10 5.3 LINHA DE CORTE O plano de corte é indicado, no desenho, por linha grossa com traço e ponto, denominada linha de corte. O corte é indicado numa vista e representado em outra. Havendo necessidade de registrar no desenho o sentido em que é observada a vista em corte, este é indicado por setas nos extremos da linha de corte.

Figura 5.11 Necessitando-se identificar uma vista em corte e o respectivo plano, empregam-se letras maiúsculas repetidas ou em seqüência (AA, BB ou AB, CD etc.), colocadas ao lado das setas, nos extremos da linha de corte, escrevendo-se tais letras, junto à vista em corte correspondente, como no exemplo seguinte.

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Figura 5.12 5.4 CORTE TOTAL O corte total ocorre quando a peça e cortada imaginariamente, em toda a sua extensão. ����������� EZ��������������� EZ��������������� EZ��������������� EZ����fe6� &�gB.):�D�D�h�D���D���iL K&�"F!N4�D���j�k, �2�- ��-� �i���j�)���,]�j��1 ������,.�"F)01A��*_)�# �213���l��&,]) �2�-�"�^�fN4�D��,.�m���YNO� E�nL K&�c)�1INS�&��)��^�n�)���Z���oINO����WD1AFpN��D���n�, �2� E�-� �!���2�3��KR, �2�2�3�)���,]���@�Q��"B��;��):���QN��D��,.�'W8����#&��):� �;���-�"�����(13�@#&Z������ ,?) ���-�"��<

Figura 5.13

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Nas vistas em corte, os detalhes não visíveis poderão ser omitidos, desde que não dificultem a leitura do desenho. Se a peça apresentar detalhes que não estejam colocados no plano do corte e cuja representação se faça necessária, desvia-se o corte a fim de alcançá-los, como no exemplo seguinte. Este corte é chamado de corte em desvio.

Figura 5.14

����������� EZ��������������� EZ��������������� EZ��������������� EZ������6�q����"��,]���^B�����1A�-�"���sr.,.� �/�2):�D�213��#�,.�;t'NS���:�u� �"���):�u���q�0)�#&$ �v� �������,.�w# Z��H��Z������;N&��"����#�,]�-�"���A# �l�)���,]�>$&�-�D$4K9�2�����Fx���(13�H#4���%��ay��1IN��9�(�A�-�D)�1A�2< 5.5 MEIO CORTE Quando uma peça é simétrica, não há necessidade de empregarmos o corte total para mostrar seus detalhes internos. Podemos utilizar o meio corte mostrando a metade da peça em corte com seus detalhes internos e a outra metade em vista externa. Este tipo de corte é peculiar a objetos simétricos.

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Figura 5.15 ����������� EZ��������������� EZ��������������� EZ��������������� EZ�����`S�/�l�2��#� ��#� EZ��(F#&Z��H���z)0#���):�D��1{�(�%� �&,]����$4�"�@# Z��'�)���T: �")0��F�13�"��13�# �QN��D��,.�6#&Z��%���/��,]�-���2<

Figura 5.16

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5.6 EXERCÍCIOS Complete os desenhos em corte total e meio corte, conforme o exemplo. Exemplo 1. 2. 3. 4.

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5.7 CORTE PARCIAL Corte parcial é o corte utilizado para mostrar apenas uma parte interna do objeto ou peça, possibilitando esclarecer pequenos detalhes internos sem necessidade de recorrer ao corte total ou meio corte. A parte cortada é limitada por uma linha de ruptura e pelo contorno do desenho da peça.

Figura 5.17 ����������� EZ��������������� EZ��������������� EZ��������������� EZ�����|>�"��,.�3�2����,.��F&NO�;��1A��#�� ���"1}���>��)�# $&�����&�%���(#4,.�/��#4�(���@����"��,]���>#&Z���)���T: �")0��F#&Z��@�-,])�#"*_):���2�INS���:�!���/�,.�pN4�D���D)�����< 5.8 SEÇÕES As seções indicam, de modo prático e simples, o perfil ou partes de peças, evitando vistas desnecessárias, que nem sempre identificam a peça.

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Figura 5.18

Figura 5.19 - Seções traçadas sobre a própria vista

Figura 5.20 - Seção traçada com a interrupção da vista

Figura 5.21 - Seções traçadas fora das vistas

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5.9 RUPTURAS Rupturas são representações convencionais utilizadas para o desenho de peças que, devido ao seu comprimento, necessitam ser encurtadas para melhor aproveitamento de espaço no desenho. De acordo com a sua forma, obedecem às convenções abaixo.

Figura 5.22 - A linha de ruptura é de espessura média A representação de rupturas é empregada quando, na parte que se imagina retirada, não houver detalhes que necessitem ser mostrados. ����������� EZ��������������� EZ��������������� EZ��������������� EZ����8�C���(1IN ��)�13��#�,.�l��"���'���YNS� ��vWq�"�-�&��NO���:�~����:���V#�K"13W:��):�����������,?��<

Figura 5.23

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5.10 OMISSÃO DE CORTE Observe a vista em corte, representada a seguir. O desenho aparece totalmente hachurado porque o corte atingiu totalmente as partes maciças da peça.

Figura 5.24 Observe agora os dois modelos a seguir representados em corte.

Figura 5.25 Qual destas duas peças corresponde à vista em corte anterior? Como as áreas atingidas pelo corte são semelhantes, fica difícil, à primeira vista, dizer qual das peças atingidas pelo corte está representada na vista hachurada. Para responder a essa questão, você precisa, antes, estudar omissão de corte. Assim, você será capaz de: − identificar elementos que devem ser representados com omissão de corte; − identificar vistas ortográficas onde há representação com omissão de corte, e − interpretar elementos representados com omissão de corte. Omissão quer dizer falta, ausência. Nas representações com omissão de corte, as hachuras são parcialmente omitidas. Analisando o próximo exemplo, você vai entender as razões pelas quais certos elementos devem ser representados com omissão de corte. Compare as duas escoras, a seguir.

Figura 5.26

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A escora da esquerda é inteiramente sólida, maciça. Já a escora da direita, com nervura, tem uma estrutura mais leve, com menos quantidade de partes maciças. Imagine as duas peças secionadas no sentido longitudinaL

Figura 5.27 As áreas atingidas pelo corte são semelhantes. Para diferenciar as vistas ortográficas das duas peças, de modo a mostrar qual das duas tem estrutura mais leve, a peça com nervura deve ser representada com omissão de corte. Veja.

Figura 5.28 Note que, embora a nervura seja uma parte maciça, ela foi representada no desenho técnico sem hachuras. Na vista em corte, as hachuras da nervura foram omitidas. Representando a nervura com omissão de corte não se fica com a impressão de que a peça com nervura é tão maciça quanto a outra. Elementos Representados com Omissão de Corte Apenas alguns elementos devem ser representados com omissão de corte, quando secionados longitudinalmente. Esses elementos são indicados pela ABNT (NBR 10.067/1987). Dentre os elementos que devem ser representados com omissão de corte você estudará também nervuras, orelhas, braços de polias, dentes e braços de engrenagens. Veja alguns exemplos de peças que apresentam esses elementos. Figura 5.29 Figura 5.30

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Figura 5.31 Figura 5.32 Desenhos Técnicos com Omissão de Corte Vamos retomar o desenho da escora com nervura e analisar as suas vistas ortográficas.

Figura 5.33 O corte foi imaginado vendo-se a peça de frente. A vista onde o corte aparece representado é a vista frontal. A nervura foi atingida pelo corte no sentido longitudinal. Na vista frontal, a nervura está representada com omissão de corte. Abaixo da vista frontal vem o nome do corte: Corte AA. O local por onde passa o plano de corte vem indicado na vista superior, pela linha traço e ponto estreita, com traços largos nas extremidades. As setas apontam a direção em que foi imaginado o corte. As letras, ao lado das setas, identificam o corte. A vista lateral aparece representada normalmente, da maneira como é vista pelo observador. ����������� EZ��������������� EZ��������������� EZ��������������� EZ����-��#��;�� K9�2�b���bW6���;N&��"����#�,]�-���q�2��1���1@)0����Z���� ���2����,.��L Kd��#4�&��W�-,])�#�*+)9�"�QNO���:�%���/��,.�6�:��#"*_):,.KR��)�# �2�013�"#4,.�"< Analise um outro exemplo. Observe a peça em perspectiva abaixo.

Figura 5.34

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Vamos imaginar que a peça foi atingida por um plano de corte longitudinal vertical, para poder analisar as nervuras. Numa representação normal de corte, toda a área maciça atingida pelo corte deveria ser hachurada, como mostra o desenho a seguir.

Figura 5.35 Mas esta representação daria uma idéia falsa da estrutura da peça. Então, é necessário imaginar a omissão de corte na nervura longitudinal.

Figura 5.36 Nas vistas ortográficas desta peça, a vista representada em corte é a vista frontal. Na vista frontal, a nervura atingida longitudinalmente pelo corte é representada com omissão de corte. A nervura transversal é representada hachurada.

Figura 5.37 Agora, imagine a mesma peça cortada ao meio por um plano de corte transversal.

Figura 5.38

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Neste caso, a vista atingida pelo corte é a lateral. A nervura longitudinal deve ser representada hachurada, porque foi atingida pelo corte transversal. A nervura transversal deve ser representada com omissão de corte. Observe, com atenção, as vistas ortográficas da peça, cortada pelo plano transversal.

Figura 5.39 Analise uma outra possibilidade. Imagine a mesma peça cortada por um plano de corte longitudinal horizontal.

Figura 5.40 Tanto a nervura longitudinal como a nervura transversal foram atingidas pelo corte no sentido transversal. Então, não há necessidade de representar as nervuras com omissão de corte. No desenho técnico, as duas nervuras devem ser hachuradas. Outros Casos de Omissão de Corte Braços de polias também devem ser representados com omissão de corte. Veja um exemplo, comparando as duas polias, representadas a seguir.

Figura 5.41

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Imagine as polias selecionadas, como mostram as ilustrações seguintes.

Figura 5.42 Numa representação normal, as vistas das duas polias ficariam iguais. Veja.

Figura 5.43 Para diferenciar as representações das duas polias e para dar uma idéia mais real da estrutura da peça, os braços da polia são representados com omissão de corte no desenho técnico.

Figura 5.44 Dentes e braços de engrenagens também devem ser representados com omissão de corte. Engrenagem é um assunto que você vai estudar detalhadamente em outra aula. Agora, o importante é analisar os dentes e os braços da engrenagem, que vêm a seguir.

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Veja a perspectiva de uma engrenagem e, ao lado, sua vista lateral em corte transversal.

Figura 5.45 Observe agora as vistas ortográficas da engrenagem.

Figura 5.46 Note que os braços e os dentes da engrenagem, apesar de serem partes maciças atingidas pelo corte, não estão hachurados. Esses elementos estão representados com omissão de corte. Finalmente, veja a perspectiva de uma peça com nervura e orelha, e seu desenho técnico mostrando esses elementos representados com omissão de corte.

Figura 5.47

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1

66..PPEERRSSPPEECCTTIIVVAA A perspectiva, por ser desenho ilustrativo, auxilia a interpretação de peças, embora em muitos casos, não possa mostrar todos os detalhes.

Figura 6.1 6.1 PERSPECTIVA ISOMÉTRICA A perspectiva isométrica (medidas iguais) é das mais simples e eficientes. Parte de três eixos a 120 graus (isométricos) sobre os quais marcam-se as medidas, da peça. As arestas paralelas da peça são traçadas na perspectiva isométrica por linhas também paralelas.

Figura 6.2 Os quadros de 1 a 6 mostram a seqüência do traçado à mão livre da perspectiva isométrica.

Figura 6.3 Traçado em Esboço da Perspectiva Isométrica de Objetos Cilíndricos Para esboçar a perspectiva de objetos cilíndricos, é necessário que se saiba esboçar circunferência e arcos de circunferência em perspectiva isométrica.

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Normalmente, uma circunferência é representada em perspectiva isométrica através de uma elipse. Damos a esta elipse o nome de elipse isométrica.

Figura 6.4 O traçado em esboço de uma elipse isométrica, se faz na seqüência que se segue. 1º) Inicialmente, trace levemente três eixos isométricos.

Figura 6.5 2º) Marque, sobre os eixos que partem para a direita e para a esquerda, a medida do diâmetro da circunferência, e trace, com linhas finas, a perspectiva isométrica da figura circunscrita à circunferência. Para facilitar a construção esboço, coloca-se em cada vértice do quadrado em perspectiva isométrica uma letra.

Figura 6.6 3º) Marque os pontos médios das linhas entre as letras AB, BC, CD e DA. A partir das letras A e C, trace linhas retas, passando por estes pontos. Na interseção (no cruzamento) destas retas, marque os pontos 1 e 2 (centro dos arcos menores); A e C (centro dos arcos maiores).

Figura 6.7

4º) Agora, trace linhas curvas, tendo os pontos 1 e 2 como centro dos arcos tangentes às linhas isométricas. Pela mesma forma, complete a elipse, traçando os arcos maiores com centro nas letras A e C.

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Figura 6.5 5º) Analise agora a forma da elipse isométrica e, se necessário, procure dar a ela uma forma agradável.

Figura 6.6 Para esboçar a elipse isométrica, em qualquer face de um objeto, devemos usar sempre o mesmo processo.

Figura 6.7

Veja agora, como esboçar a perspectiva isométrica de um arco de circunferência. 1º) Marque na face superior do objeto os pontos A, B, C e D, sendo AB e DC igual ao valor do diâmetro do arco.

Figura 6.8

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2º) Marque os pontos E, F, G e H, que são os pontos médios dos segmentos AB, BC, CD e DA, respectivamente. Trace a partir de C, linhas que passam por E e H; a partir de A, linhas que passam por F e G, determinando os pontos M e N. Com centro em C, trace o arco tangente aos pontos H e E. Com centro em M, trace o arco tangente aos pontos G e H. Neste traçado obtemos a curvatura da face superior do objeto.

Figura 6.9 3º) Para a face inferior do objeto, use o mesmo processo, para traçar o arco. A ligação entre as duas faces, é feita através de uma linha reta tangente aos arcos.

Figura 6.10

4º) Finalmente, reforce o traçado dos arcos e das arestas visíveis. Apague as linhas que foram usadas para a construção e analise cuidadosamente o esboço.

Figura 6.11

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Os exemplos seguintes mostram o traçado de arcos em outras posições.

Figura 6.12 – Exemplo 1.

Figura 6.13 – Exemplo 2.

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6.2 EXERCÍCIOS Marque a letra correspondente à perspectiva correta. 1. 2. 3.

4. 5.

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a

77.. CCOONNJJUUNNTTOOSS MMEECCÂÂNNIICCOOSS

7.1 DESENHO DE CONJUNTO Desenho de conjunto é o desenho da máquina, dispositivos ou estrutura, com suas partes montadas. As peças são representadas nas mesmas posições que ocupam no conjunto mecânico. O primeiro conjunto que você vai estudar, a fim de interpretar desenhos para execução de conjunto mecânico é o grampo fixo.

Figura 7.1

O grampo fixo é uma ferramenta utilizada para fixar peças temporariamente. As peças a serem fixadas ficam no espaço "a". Esse espaço pode ser reduzido ou ampliado, de acordo com o movimento rotativo do manípulo (peça nº 4) que aciona o parafuso (peça nº 3)e o encosto móvel (peça nº 2). Quando o espaço "a" é reduzido, ele fixa a peça e quando aumenta, solta a peça. O desenho de conjunto é representado, normalmente, em vistas ortográficas. Cada uma das peças que compõem o conjunto é identificada por um numeral. O algarismo do número deve ser escrito em tamanho facilmente visível. Observe esse sistema de numeração na representação ortográfica do grampo fixo. Note que a numeração das peças segue o sentido horário.

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Os numerais são ligados a cada peça por linhas de chamada. As linhas de chamada são representadas por uma linha contínua estreita. Sua extremidade termina com um ponto, quando toca a superfície do objeto. Quando toca a aresta ou contorno do objeto, termina com seta. Uma vez que as peças são desenhadas da mesma maneira como devem ser montadas no conjunto, fica fácil perceber como elas se relacionam entre si e assim deduzir o funcionamento de cada uma. Geralmente, o desenho de conjunto em vistas ortográficas não aparece cotado. Mas, quando o desenho de conjunto é utilizado para montagem, as cotas básicas podem ser indicadas. O desenho de conjunto, para montagem, pode ser representado em perspectiva isométrica, como mostra a ilustração seguinte.

Figura 7.2

Por meio dessa perspectiva você tem a idéia de como o conjunto será montado. 7.2 VISTA EXPLODIDA Outra maneira de representar o conjunto é através do desenho de perspectiva não montada. As peças são desenhadas separadas, mas permanece clara a relação que elas mantêm entre si. Esse tipo de representação é também chamada perspectiva explodida.

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Figura 7.3 Geralmente, os desenhos em perspectiva são raramente usados para fornecer informações para a construção de peças. O uso da perspectiva é mais comum nas revistas e catálogos técnicos. Veremos ainda como é feita a interpretação de desenhos para execução de conjuntos mecânicos em projeções ortográficas, que é a forma de representação empregada nas indústrias. O conjunto mecânico que será estudado primeiramente é o grampo fixo. Interpretação da Legenda Veja, a seguir, o conjunto do grampo fixo desenhado numa folha de papel normalizada.

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Figura 7.4

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No desenho para execução, a legenda é muito importante. A legenda fornece informações indispensáveis para a execução do conjunto mecânico e é constituída de duas partes: rótulo e lista de peças. A disposição e o número de informações da legenda podem variar. Geralmente, as empresas criam suas próprias legendas de acordo com suas necessidades. A NBR 10 068/1987 normaliza apenas o comprimento da legenda. Temos a seguir, a legenda criada para o curso.

Figura 7.5 É fácil interpretar a legenda do desenho de conjunto. Basta ler as informações que o rótulo e a lista de peças contêm. Para facilitar a leitura do rótulo e da lista de peças, vamos analisá-las separadamente a começar pelo rótulo.

Figura 7.6 As informações mais importantes do rótulo são: − Nome do conjunto mecânico: grampo fixo. − Tipo de desenho: conjunto (a indicação do tipo de desenho é sempre feita

entre parênteses). − Escala do desenho: 1:1 (natural). − Símbolo indicativo de diedro: 1º diedro. − Unidade de medida: milímetro. Outras informações que podem ser encontradas no rótulo do desenho de montagem são: − Número do desenho (correspondente ao lugar que ele deve ocupar no

arquivo). − Nome da instituição responsável pelo desenho. − Assinaturas dos responsáveis pelo desenho.

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− Data da sua execução. Veja, a seguir, a lista de peças.

Tabela 7.1 Todas as informações da lista de peças são importantes. A lista de peças informa: − A quantidade de peças que formam o conjunto. − A identificação numeral de cada peça. − A denominação de cada peça. − A quantidade de cada peça,no conjunto. − Os materiais usados na fabricação das peças. − As dimensões dos materiais de cada peça. Acompanhe a interpretação da lista de peças do grampo fixo. O grampo fixo é composto de cinco peças. Os nomes das peças que compõem o grampo fixo são: corpo, encosto móvel, parafuso, manípulo e cabeça. Para montagem do grampo fixo são necessárias duas cabeças e uma unidade de cada uma das outras peças. Todas as peças são fabricadas com aço ABNT 1010-1020. Esse tipo de aço é padronizado pela ABNT. Os dois primeiros algarismos dos numerais 1010 e 1020 indicam o material a ser usado, que nesse caso é o aço-carbono. Os dois últimos algarismos dos numerais 1010 e 1020 indicam a porcentagem de carbono existente no aço. Nesse exemplo, a porcentagem de carbono pode variar entre 0,10 e 0,20%. Todas as peças do grampo fixo são fabricadas com o mesmo tipo de aço. Mas, as seções e as medidas do material de fabricação são variáveis. O que indica as variações das seções são os símbolos: ∅ Observe, na listas de peças, as indicações das seções: − As seção do aço do corpo é retangular ( ). − As seções dos aços do parafuso, do manípulo e das cabeças são circulares

(∅).

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Já o símbolo # indica que o material de fabricação é chapa. O símbolo # acompanhado de um numeral indica a bitola da chapa. O encosto móvel é fabricado com aço 1010-1020 e bitola 16. A espessura da chapa #16 corresponde a 1,52 mm. 7.3 DESENHO DE DETALHE Desenho de componente é o desenho de uma peça isolada que compõe um conjunto mecânico. Desenho de detalhe é o desenho de um elemento, de uma parte de um elemento, de uma parte de um componente ou de parte de um conjunto montado. O desenho de componente dá uma descrição completa e exata da forma, dimensões e modo de execução da peça. O desenho de componente deve informar, claramente sobre a forma, o tamanho, o material e o acabamento de cada parte. Deve esclarecer quais as operações de oficina que serão necessárias, que limites de precisão deverão ser observados etc. Cada peça que compõe o conjunto mecânico deve ser representada em desenho de componente. Apenas as peças padronizadas, que não precisam ser executadas pois são compradas de fornecedores externos, não são representadas em desenho de componente. Essas peças aparecem representadas apenas no desenho de conjunto e devem ser requisitadas com base nas especificações da lista de peças. Os desenhos de componentes também são representados em folha normalizada. A folha do desenho de componente também é dividida em duas partes: espaço para o desenho e para a legenda. A interpretação do desenho de componente depende da interpretação da legenda e da interpretação do desenho propriamente dito. Veja a seguir, o desenho de componente da peça 2 do grampo fixo.

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Figura 7.7 A legenda do desenho de componente é bastante parecida com a legenda do desenho de conjunto. Ela também apresenta rótulo e lista de peças. Examine, com atenção, a legenda do desenho de componente da peça 2.

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Figura 7.8

A interpretação do rótulo do desenho de componente é semelhante à do rótulo do desenho de conjunto. Uma das informações que varia é a indicação do tipo de desenho: componente em vez de conjunto. Podem variar, também, o número do desenho e os responsáveis por sua execução. Os desenhos de componente e de detalhe podem ser representados em escala diferente da escala do desenho de conjunto. Nesse exemplo, a peça 2 foi desenhada em escala de ampliação (2:1), enquanto que o conjunto foi representado em escala natural (1:1). A lista de peças apresenta informações sobre a peça representada. Interpretação do Desenho de Componente Acompanhe a interpretação do desenho do encosto móvel. Ele está representado com supressão de vistas. Apenas a vista frontal está representada. A vista frontal está representada em corte total. Analisando as cotas, percebemos que o encosto tem a forma de uma calota esférica, com um furo passante. A superfície interna do encosto tem a forma côncava.

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Figura 7.9 – Desenho de componente: encosto móvel. As cotas básicas do encosto são: diâmetro = 18 mm e altura = 4 mm. O diâmetro do furo passante é de 6 mm. O raio da superfície esférica é de 12mm. A espessura do encosto é de 1,52 mm e corresponde à espessura do Aço ABNT 1010-1020, bitola 16. O numeral 2, que aparece na parte superior do desenho, corresponde ao número da peça. O símbolo , ao lado do número 2, é o símbolo de rugosidade, e indica o estado de superfície que a peça deverá ter. O círculo adicionado ao símbolo básico de rugosidade indica que a superfície da chapa para o encosto deve permanecer como foi obtida na fabricação. Isto quer dizer que a remoção de material não é permitida. Não há indicações de tolerâncias específicas, pois trata-se de uma peça que não exige grande precisão. Apenas a tolerância dimensional geral foi indicada: ±0,1. Acompanhe a interpretação dos desenhos das demais peças que formam o grampo fixo. Vamos analisar, em seguida, o desenho de componente da peça nº 1, que é o corpo. Veja a representação ortográfica do corpo em papel normalizado e siga as explicações, comparando-as sempre com o desenho.

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Figura 7.10

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Examinando o rótulo, vemos que o corpo está representado em escala natural (1:1), no 1º diedro. As medidas da peça são dadas em milímetros. A lista de peças traz as mesmas informações já vistas no desenho de conjunto. O corpo está representado pela vista frontal e duas vistas especiais: vista de A e vista de B. A vista de A e a vista de B foram observadas conforme o sentido das setas A e B, indicadas na vista frontal. A vista frontal apresenta um corte parcial e uma seção rebatida dentro da vista. O corte parcial mostra o furo roscado. O furo roscado tem uma rosca triangular métrica normal. A rosca é de uma entrada. A vista de B mostra a saliência e o furo roscado da peça. A vista de A mostra a representação das estrias. O acabamento que o corpo receberá vem indicado pelo símbolo , que caracteriza uma superfície a ser usada. N9 indica a classe de rugosidade de todas as superfícies da peça. O afastamento geral é de ±0,1. Agora, vamos interpretar as medidas do corpo: − Comprimento, largura e altura - 65 mm, 18 mm e 62 mm. − Distância da base do corpo até o centro do furo roscado - 52 mm. − Diâmetro da rosca triangular métrica - 10 mm. − Diâmetro da saliência - 18 mm. − Tamanho da saliência - 2 mm e 18 mm. − Largura da seção - 18 mm. − Altura da seção - 13 mm. − Tamanho do elemento com estrias - 15 mm, 18 mm e 22 mm. − Profundidade da estria - 1 mm. − Largura da estria - 2,5 mm. − Ângulo de inclinação da estria - 45°. − Tamanho do chanfro- 9 mm, 15 mm e 18 mm. − Raios das partes arredondadas - 5mm e 12 mm.

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Figura 7.11

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A legenda nos informa que o parafuso está desenhado em escala natural (1:1), no 1º diedro. As informações da lista de peças são as mesmas do desenho de conjunto. O parafuso está representado por intermédio da vista frontal com aplicação de corte parcial. A vista frontal mostra a cabeça do parafuso, o corpo roscado, o elemento A e o elemento B. O elemento A deverá ser rebitado no encosto móvel. Na cabeça do parafuso há um furo passante. O furo passante está representado parcialmente visível. As medidas do parafuso são: − Comprimento total do parafuso - 64 mm. − Diâmetro externo da rosca triangular métrica normal- 10 mm. − Comprimento do corpo do parafuso - 46 mm. − Comprimento da parte roscada - 46 mm. − Tamanho do chanfro da cabeça do parafuso - 2 mm e 45º. − Altura da cabeça do parafuso - 12 mm. − Diâmetro da cabeça do parafuso - 15 mm. − Diâmetro do furo da cabeça do parafuso - 6,5 mm. − Localização do furo da cabeça do parafuso - 6 mm. − Tamanho do elemento A - 4 mm e 6 mm. − Tamanho do elemento B - 2 mm e 8 mm. Não há indicação de tolerâncias específicas. O afastamento geral ±0,1 vale para todas as cotas. O acabamento geral da peça corresponde à classe de rugosidade N9. O acabamento do furo da cabeça corresponde à classe de rugosidade N12. A usinagem será feita com remoção de material. Veja, a seguir, a interpretação da peça 4, o manípulo.

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Figura 7.12

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O manípulo também está representado em escala natural, no 1º diedro. Essa peça será feita de uma barra de aço com 6,35 mm de diâmetro e 80 mm de comprimento. O manípulo está representado em vista frontal. A vista frontal mostra o corpo do manípulo e duas espigas nas extremidades. O símbolo indicativo de diâmetro indica que tanto o corpo como as espigas são cilíndricos. O manípulo receberá acabamento geral. Apenas as superfícies cilíndricas das espigas receberão acabamento especial O afastamento geral a ser observado na execução é de ±0,1mm. Note que as espigas têm ISO determinada: e9 no diâmetro. Essas duas espigas serão rebitadas nas cabeças no manípulo. Finalmente, vamos à interpretação da peça 5, a cabeça.

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Figura 7.13 A cabeça está representada em escala de ampliação (2:1), no 1º diedro. Serão necessárias 2 cabeças para a montagem do manípulo.

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88.. TTUUBBUULLAAÇÇÕÕEESS IINNDDUUSSTTRRIIAAIISS 8.1 SÍMBOLOS CONVENCIONAIS Convenções de Fluxogramas

SÍMBOLO NOME

Válvula de gaveta

Válvula globo

Válvula macho

Válvula de agulha

Válvula borboleta

Válvula de retenção (sentido do fluxo)

Válvula de segurança ou alívio

Válvula de três vias

Válvula acionada por diafragma de ar

Válvula acionada por êmbolo

Redução

Flange com placa de orifício

Tampão

Flange cego

Raqueta

Figura “8”

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Linhas com aquecimento

Linha de ar de instrumentos

Filtro de linha

Purgador de vapor

Junta de expansão

Conexão para mangueira

Ejetor

Bomba centrífuga

Bomba alternativa

Compressor

Permutador de calor

Forno

Vasos diversos

Do sistema ou do processo

Vazão de líquido

Vazão de gás

Temperatura

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Pressão

Convenções de Plantas

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Empregos das Convenções de Plantas

Figura 7.14

1 Interrupção do tubo 19 Tubos de pequeno diâmetro 2 Identificação de pilar 20 Pilar 3 Cota entre pilares 21 Tubo de grande diâmetro 4 Guarda corpo de escala vertical 22 Espaçamento entre tubos 5 Cota de acessório ou derivação 23 Ancoragem 6 Válvula com haste vertical 24 Plataforma elevada 7 Redução em linha de pequeno diâmetro 25 Indicação de elevações 8 Derivação para baixo 26 Curva de expansão 9 Mudança de direção e elevação 27 Suporte especial

10 Dois tubos em elevações diferentes 28 Trecho inclinado no plano vertical 11 Trecho vertical (qualquer comprimento) 29 Respiro

12 Válvula de controle (estação de) incluindo contorno e bloqueios 30 Redução em linha de grande diâmetro

13 Curva em gomos 31 Tubos verticais saindo do desenho (para cima)

14 Grupo de tubos paralelos 32 Instrumentos 15 Curva a 90º no plano horizontal 33 Válvula com haste horizontal 16 Suporte de molas 34 Equipamento 17 Guias 35 Válvula com haste inclinada

18 Coordenada limite e indicação de folha de continuação 36 Flange com placa de medição

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8.2 DESENHO ISOMÉTRICO Convenções de Desenhos Isométricos

Válvula de segurança Válvula solenóide Válvula de 3 vias Válvula com volante para correntes

Ejetor Purgador Filtro “Y” Bocal de vaso ou equipamento

Válvula gaveta Válvula macho Válvula globo Válvula de controle Válvula de retenção

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Figura 7.15 – Desenho isométrico

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Figura 7.16 – Elevação (olhando para Norte)

Figura 7.17 - Planta

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Exemplo de Desenho Isométrico

Figura 7.18 - Tubulações com solda de topo Tubulações com rosca ou com solda de encaixe

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Figura 7.19 – Ancoragens para trechos de grande extensão com junta de expansão para

evitar efeitos da dilataçao

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Mantenedor Mecânico

RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass 1. TELECURSO 2000 – PROFISSIONALIZANTE – Mecânica Leitura e Interpretação de Desenho Técnico Mecânico – volumes 1, 2 e 3 – Editora Globo – São Paulo – 1995 2. TELECURSO 2000 – PROFISSIONALIZANTE – Mecânica Elementos de Máquinas – volume 1 – Editora Globo – São Paulo - 1996 3. SENAI, Rio de Janeiro, Departamento Nacional. Desenho – eletricidade; perspectivas. Módulo instrucional 3 – 1980 4. PROVENZA, Engº. Ind. Mec. Francesco Projetista de Máquinas – Editora F. Provenza – 71ª edição - 1990 5. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI – MG – Leitura e Interpretação de Desenho Mecânico - Itabira