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XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 DESEMPENHO RECENTE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE AÇÚCAR E ÁLCOOL VIVIANI SILVA LIRIO; MARCELO GUEDES PACHIEL; MARLON BRUNO SALAZAR. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, VIÇOSA, MG, BRASIL. [email protected] POSTER COMÉRCIO INTERNACIONAL Desempenho recente das exportações brasileiras de açúcar e álcool Grupo de Pesquisa: 3- Comércio Internacional: Resumo Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de se analisar a evolução da produção de cana-de-açúcar e dos setores do açúcar e do álcool combustível – tanto em termos agregados quanto regionais - no período de 1990 a 2004, objetivando mensurar o potencial competitivo dos derivados da cana no comércio internacional. Para isso foram utilizados indicadores de desempenho, quais sejam: vantagem comparativa revelada, vantagem relativa nas exportações, coeficiente das exportações, taxa de auto-suprimento e market share. Concluiu-se que ambos os produtos (açúcar e álcool) atingiram índices que lhes conferiram competitividade no mercado mundial no período 1990-2004, mas o álcool, cuja base de comparação é menor que o açúcar, obteve uma maior expansão da sua participação no comércio internacional, atingindo coeficientes de desempenho mais satisfatórios do que o açúcar em quatro dos cinco indicadores utilizados, sendo a taxa de auto-suprimento a única exceção. Palavras-chaves: açúcar, álcool, potencial competitivo, comércio internacional, indicadores de desempenho. Abstract The objective of this paper is to analyze the evolution of sugar cane production and sectors of sugar and combustible alcohol – aggregate and regional terms – in the period 1990- 2004, and to quantify the competitive potential of sugar cane derivates in the international trade. They had performance measures comparative advantage, relative exportation advantage, exportation coefficient, auto-suppliment tax and market share. The main conclusion is the both products (sugar and alcohol) had presented competitiveness in the

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XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro"

Londrina, 22 a 25 de julho de 2007,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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DESEMPENHO RECENTE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE AÇÚCAR E ÁLCOOL VIVIANI SILVA LIRIO; MARCELO GUEDES PACHIEL; MARLON BRUNO SALAZAR. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, VIÇOSA, MG, BRASIL. [email protected] POSTER COMÉRCIO INTERNACIONAL

Desempenho recente das exportações brasileiras de açúcar e álcool

Grupo de Pesquisa: 3- Comércio Internacional:

Resumo Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de se analisar a evolução da produção de cana-de-açúcar e dos setores do açúcar e do álcool combustível – tanto em termos agregados quanto regionais - no período de 1990 a 2004, objetivando mensurar o potencial competitivo dos derivados da cana no comércio internacional. Para isso foram utilizados indicadores de desempenho, quais sejam: vantagem comparativa revelada, vantagem relativa nas exportações, coeficiente das exportações, taxa de auto-suprimento e market share. Concluiu-se que ambos os produtos (açúcar e álcool) atingiram índices que lhes conferiram competitividade no mercado mundial no período 1990-2004, mas o álcool, cuja base de comparação é menor que o açúcar, obteve uma maior expansão da sua participação no comércio internacional, atingindo coeficientes de desempenho mais satisfatórios do que o açúcar em quatro dos cinco indicadores utilizados, sendo a taxa de auto-suprimento a única exceção. Palavras-chaves: açúcar, álcool, potencial competitivo, comércio internacional, indicadores de desempenho. Abstract The objective of this paper is to analyze the evolution of sugar cane production and sectors of sugar and combustible alcohol – aggregate and regional terms – in the period 1990-2004, and to quantify the competitive potential of sugar cane derivates in the international trade. They had performance measures comparative advantage, relative exportation advantage, exportation coefficient, auto-suppliment tax and market share. The main conclusion is the both products (sugar and alcohol) had presented competitiveness in the

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world market in the period 1990-2004. However, the alcohol, whose base of comparison is lesser than sugar, got a bigger expansion of its participation in the international trade, reaching coefficients of performance betters than the sugar in four of the five used measures, except for the auto-suppliment tax. Key Words: sugar, alcohol, competitive potential, performance measures, international trade. 1. INTRODUÇÃO 1.1. Considerações sobre a produção de açúcar e álcool no Brasil

Introduzida no Brasil logo após seu descobrimento, a cana-de-açúcar caracteriza-se por uma cultura perene e ter ciclo de produção que varia de cinco a sete anos, sendo extraída dela a sacarose, produto básico do qual se deriva a produção de açúcar e álcool combustível. A atividade se destacou como fonte geradora de riqueza e de emprego, sendo utilizada inicialmente para a produção de açúcar. Já a partir de 1950, o país tornou-se o maior produtor mundial de açúcar (BNDES, 1995).

No caso do álcool, este passou a ganhar destaque como produto representativo na pauta nacional a partir das ocorrências internacionais de alta do petróleo - os “choques”, ocorridos em 1973 e 1979. Percebeu-se, nesse período, a necessidade do desenvolvimento de combustíveis alternativos e economicamente viáveis, a fim de diminuir a dependência nacional das importações de derivados de petróleo.

Já o mercado de açúcar, principal subproduto da cana-de-açúcar, apresenta duas características. A primeira diz respeito ao fato de as produções, na quase totalidade dos países produtores (particularmente nos desenvolvidos), receberem um forte auxílio estatal, geralmente com subsídios. A segunda é que, de acordo com Shikida e Bacha (1999a), citados por Neto (2005) os preços mundiais dessa commodity são muito instáveis, seja por movimentos especulativos (especialmente referentes à formação de estoques e de grandes transações de compra e venda), seja por ocorrência de quebras localizadas de safras.

Um entrave à expansão do setor sucroalcooleiro no comércio mundial são as várias medidas protecionistas dos países produtores e consumidores desses produtos, como, por exemplo, o financiamento da produção nacional, barreiras à importação, e até subsídios à exportação, com o intuito de reduzir seus custos de produção mais altos para que eles consigam competir no mercado internacional.

Em termos de produção primária, o Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, seguido por Índia, China e Tailândia (FAO, 2006). Em termos de distribuição geográfica, o cultivo é realizado no Centro-Sul e no Norte-Nordeste, permitindo dois períodos de safra. Produz-se, portanto, durante todo o ano, açúcar, álcool anidro (aditivado à gasolina) e álcool hidratado, para o mercado interno e o externo, com dinâmicas de preços e demandas bastante diferentes.

No Brasil, o gargalo mais visível da agroindústria sucroalcooleira está relacionado à logística. O transporte precário da matéria-prima entre as bases de produção e a indústria, ou mesmo diretamente à exportação (caso dos produtos processados) repercute em prejuízo significativo ao país. Nesse sentido, do ponto de vista da eficiência logística, a melhoria das rodovias, a ampliação do uso do modal ferroviário, aliados ao melhor aproveitamento do transporte hidroviário e do aperfeiçoamento da produtividade dos portos, é essencial (OMETTO, 2006).

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No caso específico das exportações, há ainda grande defasagem brasileira em termos de adequação a códigos e rotinas de exportação. É fundamental que se criem medidas mais uniformes, abrangentes e que sejam reconhecidas internacionalmente com relação a tarifas de importação, questões técnicas, regras sanitárias, inspeções regulares e segurança do alimento, o que exige grande empenho, tanto do governo, quanto da iniciativa privada (OMETTO, 2006).

O agronegócio sucroalcooleiro movimenta cerca de R$ 41 bilhões por ano, entre faturamentos diretos e indiretos, o que equivale a aproximadamente 3,65% do Produto Interno Bruto - PIB nacional. Além disso, é um dos setores que mais empregam no país, com a geração de quatro milhões de empregos diretos e indiretos, exportações de 19 milhões de toneladas de açúcar e três bilhões de litros de álcool e congregar mais de 72.000 agricultores (PROCANA, 2006). 1.2. Problema e sua importância

A questão central investigada é a compreensão da competitividade do setor sucroalcooleiro no mercado internacional. Essa opção deriva, em primeira instância, da forte expansão da produção de cana-de-açúcar no país e das perspectivas otimistas em relação à ampliação das vendas externas para os próximos anos.

Especificamente em relação às exportações, como já salientado, existem importantes diferenças na dinâmica de mercado de cada um dos subprodutos analisados. No caso do açúcar, este é um produto com poucas variações em sua demanda, se comparado às recentes alterações no mercado de álcool. Além disso, seu custo de produção está entre os mais baixos do mundo graças à evolução tecnológica ocorrida nas lavouras, o que coloca o Brasil em uma situação de vantagem relativa no comércio mundial.

O álcool, por sua vez, apresenta mercado mais dinâmico. Nesse sentido, a introdução no mercado de automóveis bi-combustíveis (que podem utilizar tanto gasolina quanto álcool em seus motores), o Protocolo de Quioto (demanda externa) e o aumento do preço do petróleo, podem ser considerados os principais fatores condicionantes da expansão desse mercado.

Desta forma, essa pesquisa busca contribuir não apenas pela atualização das informações, mas também pelo uso combinado de indicadores capazes de apresentar, de forma mais robusta, o real padrão da competitividade nacional. O período de análise também permitirá a observação dos resultados encontrados com eventos domésticos relevantes: abertura comercial, implantação do Plano Real, alterações cambiais, além de fatos externos selecionados. 1.3. Objetivos

O objetivo deste trabalho é estudar a dinâmica da competitividade das exportações brasileiras de açúcar e álcool (hidratado e anidro) no período de 1990-2004. Especificamente, pretende-se:

a) Analisar a evolução anual dos setores produtivos - cana-de-açúcar, açúcar e álcool,

no intervalo 1990-2004, tanto em termos agregados, quanto regionais; b) Mensurar, a partir do uso de indicadores selecionados, a competitividade das

vendas externas de açúcar e álcool no período selecionado.

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2. METODOLOGIA

2.1 Modelo teórico

Os países participam do comércio internacional por duas razões básicas, cada uma delas contribuindo para seus ganhos comerciais. Em primeiro lugar, os países comercializam porque são diferentes uns dos outros, em segundo, para obter economias de escala na produção.

Assim, pela relevância em compreender a motivação e os ganhos advindos do comércio internacional, muitos foram os autores que se propuseram a buscar essa compreensão, o que fez com que o tema ‘comércio internacional’ tenha estado presente freqüentemente nos estudos econômicos.

Os primeiros a estudá-lo foram os clássicos Adam Smith, David Ricardo e John Stuart Mill, que elaboraram, respectivamente, a Teoria da Vantagem Absoluta, a Teoria da Vantagem Comparativa, e a Teoria da Demanda Recíproca, todas elas fundamentadas no valor trabalho. No entanto, segundo Araújo (2004:23),

“Com a percepção de que a produção é conseqüência não apenas do trabalho, mas, da combinação de uma tríade de matéria-prima, trabalho e capital surgem as teorias modernas de comércio internacional que abordam a Curva da Possibilidade de Produção, o Custo Oportunidade, a Curva de Indiferença e a Produção e o Consumo”.

No entanto, segundo a mesma autora, apesar das diferenças, tanto nas teorias

clássicas quanto nas teorias modernas, o comércio internacional é determinado pelo custo comparativo. Aprofundando essa perspectiva, Araújo (2004:24) afirma que,

“Na percepção de Eli Hecksher e Bertil Ohlin, as causas da diferença do custo comparativo-oportunidade de um país para outro são: custos dos insumos, devido à diferença de distribuição das matérias-primas entre os países do mundo; diferença na composição das mercadorias; e baixa mobilidade dos fatores de produção, inclusive mão-de-obra, provocando diferenças salariais de um país para outro e alta mobilidade de produtos; assim, a imobilidade dos fatores e a mobilidade dos produtos estimulariam o comércio internacional.”

Nesse sentido, o perfil exportador brasileiro refletiria as próprias vantagens

comparativas em termos recursos naturais, estando ainda concentrada em produtos básicos, sobretudo commodities minerais e agrícolas, caso dos setores analisados nesta pesquisa.

Gradualmente, porém, a dinâmica dos mercados internacionais passou a demandar uma análise mais ampla, já que era flagrante a mudança nos padrões de vantagem comparativa em direção a uma maior modernização da estrutura de exportações. Dessa forma, nos dizeres de Ferreira (1998:18), “a análise da competitividade das exportações assume importância crucial e estratégica dentro deste contexto, já que se alteraram qualitativa e significativamente as regras de comércio, resultando numa redistribuição de papéis entre países”.

Na realidade, segundo Deesd (1991), citado por Araújo (2004), a competitividade é um conceito multidimensional, pois resulta de uma combinação de múltiplos fatores, e não da ação de fatores isolados.

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Em termos práticos, Fajnzylber et al (1993), buscando organizar uma abordagem que favorecesse e harmonizasse as formas de medir a competitividade de determinado setor, classificaram os indicadores de competitividade em três tipos, de acordo com a metodologia usada: indicadores de desempenho, relacionados ao desempenho comercial, sobretudo o exportador; de eficiência, relacionados a preço e custo de produção e à utilização dos fatores de produção; e de capacitação, que dizem respeito aos fatores que atuam diretamente sobre o processo de produção e de comercialização, em diferentes dimensões, tecnológica, ambiental, mercadológica, etc., capacitando os agentes econômicos (empresas, setores, indústria ou o país) a produzir com maior eficiência e melhorar o desempenho comercial.

No caso da presente pesquisa, entende-se que, embora seja um conceito amplo,

“a competitividade é expressa pela participação no mercado alcançado no comércio internacional total do produto, ou seja, em uma definição bem simples, a competitividade é associada ao desempenho das exportações. Dessa forma, considera-se competitivo quem amplia sua participação no comércio internacional” (Dias, 2006:459, citando Kupfer, 1993).

A principal vantagem em se observar a competitividade sob essa perspectiva está na

facilidade associada à construção de indicadores1, além de permitir uma análise combinada com outros fatores, como os de caráter macroeconômico, a estrutura de organização interna do setor e, ou, fatores e abrangência externa, como a incidência de tarifas e cotas que limitem a entrada de mercadorias nos países, ou a concessão de subsídios a setores da indústria nacional, ferramentas que podem ser utilizadas para protegê-los e assim afetar economias internacionais.

2.2 Modelo analítico

O presente capítulo tem o objetivo de descrever os procedimentos utilizados no alcance de cada um dos objetivos propostos na pesquisa. Assim sendo, no que se refere ao primeiro deles, qual seja analisar a evolução dos setores produtivos: cana-de-açúcar, açúcar e álcool, no período 1990-2004, tanto em termos agregados, quanto regionais, foi realizado levantamento de dados estatísticos e construção de índices que permitissem visualizar seu desenvolvimento.

O propósito desse levantamento é construir uma base de informações que permita melhor compreender e interpretar os resultados obtidos na segunda etapa da pesquisa (indicadores de competitividade externa). Para essa etapa, são analisados: Área plantada e colhida de cana-de-açúcar (em termos agregados e de variação); Produtividade média das principais regiões produtoras - açúcar e álcool; e Exportações - açúcar e álcool. Adicionalmente, propõe-se o cálculo de vários indicadores de competitividade externa. A proposta da análise conjunta deve-se ao fato de que essa visão agregada favorece a compreensão das variações de desempenho e a identificação de fatores relevantes. Todos os indicadores utilizados são de larga aplicação e bastante conhecidos, e foram selecionados com base em sua aplicabilidade para o setor. 2.3 Indicadores de desempenho selecionados 1 Gonçalves (1987) e Dias et al (2006), citam esse como argumento principal para justificar suas opções, também enfocando a competitividade sob a perspectiva do desempenho.

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O primeiro indicador selecionado foi o de Vantagem Comparativa Revelada

(VCR). Trata-se de um indicador de desempenho, introduzido em 1965, por Bela Balassa. Esse indicado incorpora, nessa análise, além das exportações, as importações, os saldos comerciais ou alguma variável específica do país, que permita ponderar a importância do desempenho comercial (CARVALHO, 1995). O indicador VCR permite analisar a relação, para uma determinada região (no caso, o Brasil), entre a sua participação no mercado de exportações (de um conjunto de países de referência) de um setor específico (subprodutos selecionados do setor sucroalcooleiro – no caso, açúcar ou álcool) e a sua participação no mercado total de exportações da indústria estudada, e pode ser definido de acordo com a expressão (1).

VCRij = (Xip/Xmp)/(X iw/Xmw) (1) em que Xip/Xmp é a parcela das exportações do produto i (Xip) nas exportações totais da agroindústria sucroalcooleira (Xmp) do país considerado (p); e Xiw/Xmw é a parcela das exportações mundiais do produto i (Xiw) nas exportações mundiais de produtos do setor (Xmw) – no caso, o sucroalcooleiro, aqui composto pelos derivados da cana-de-açúcar (açúcar e álcool) em conjunto. Na análise dos resultados, diz-se que o país tem vantagem comparativa com determinado produto, quando a VCR for superior à unidade.

Em seguida, de forma complementar, optou-se pelo indicador Vantagem Relativa na Exportação (VRE). Os resultados permitem verificar a competitividade de um país em determinado produto, em comparação com outros exportadores e produtos. A expressão do VRE é dada por

VREij = ln [(Xij/X ir) / (Xmj/Xmr)] (2) Em que X ij = Exportações brasileiras do produto selecionado (açúcar ou álcool), em US$; X ir = Exportações mundiais do produto selecionado (açúcar ou álcool), em US$, exclusive o Brasil; Xmj = Importações brasileiras, exclusive as do produto selecionado (açúcar ou álcool), em US$; Xmr = Importações mundiais, exclusive as do produto selecionado (açúcar ou álcool), em US$; Se VREij é igual a zero, a participação das exportações do produto selecionado (açúcar ou álcool) no total das exportações brasileiras é igual à observada, em média, nos demais países, o que indica uma posição neutra para o Brasil em relação à competitividade do setor. Se for maior que zero, o país indica vantagem na exportação e, caso seja menor, é indício de que o país não possui vantagem.

O terceiro indicador de desempenho proposto é o Coeficiente de Exportação, que mostra a parcela do faturamento do setor que é obtido através das exportações de cada subproduto. Naturalmente, quanto mais próximo da unidade, mais representativas são as exportações para o setor como um todo. A expressão do CE é dada por

CEij = Xij / Wtj (3) Em que:

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X ij = Exportações totais do país (j) de cada produto (i), em dólares (US$); Wtj = Valor total da produção nacional do setor sucroalcooleiro (j), em dólares (US$)2.

O valor total da produção do setor sucroalcooleiro é resultado da soma dos valores totais da produção do açúcar e do álcool. Quando, ao longo do período analisado, o indicador mostra resultados crescentes, isto é um indício de que o setor analisado está sendo competitivo, uma vez que as vendas externas estão assumindo, proporcionalmente, maior relevância no faturamento total do setor.

O quarto indicador de desempenho selecionado é a Taxa de Auto-suprimento, que representa a parcela da demanda interna atendida pela produção doméstica. De acordo com Ferreira (1998) e Araújo (2003), considera-se que se um setor atende mais que proporcionalmente a região (acima de 1), então existe potencial exportador. TASij = Pjj / Dij (4) Em que: Pij = Produção do Brasil, por atividade selecionada, em toneladas; Dij = Demanda interna total, por atividade selecionada, em toneladas. O quinto e último indicador escolhido para complementar a análise é o Market Share, que infere sobre a posição do país no mercado mundial para cada um dos produtos analisados. Sij = (Xij/X ir) x 100 (5) Em que: X ij = Valor das exportações brasileiras, em US$, por categoria de produto analisado e em agregado; X ir= Valor das exportações mundiais, em US$, por categoria de produto analisado e em agregado. Esse indicador mostra a participação percentual do Brasil no mercado internacional de açúcar e álcool. Quanto mais alto o percentual obtido, mais relevante é a intensidade da participação nacional. 2.4 Fonte de dados

Os dados foram obtidos, fundamentalmente, no sistema de análise das Informações

de Comércio Exterior, denominado Aliceweb, da Secretaria de Comércio Exterior - SECEX, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. Além destes, foram usados dados da FAO (Food and Agriculture Organization), UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Banco Mundial, AgroStat, CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e USDA (United States Department of Agriculture). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

2 Usualmente, há preferência pelo uso do faturamento no denominador da equação. Todavia, pelas restrições de dados encontradas, não foi possível a obtenção dessa variável em série completa, o que leva à construção de uma proxy.

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Este capítulo descreve os principais resultados obtidos na pesquisa. Seguindo a proposta descrita nos objetivos, são apresentados, em primeiro lugar, alguns indicadores relacionados à capacidade de produção e à produtividade (cana e derivados) no Brasil e nas principais regiões produtoras. Em seqüência são apresentados os resultados dos cálculos dos indicadores de desempenho.

Considerando as restrições de dados, foi possível a apresentação de informações consistentes sobre a produção, tanto de cana-de-açúcar quanto de seus derivados (açúcar e álcool), além do cálculo dos principais indicadores de desempenho capazes de explicitar o comportamento destes produtos no mercado internacional até o ano de 2004. 4.1. Evolução da área plantada, da produção e da produtividade da cana-de-açúcar no Brasil.

Em termos nacionais, em relação à área plantada e colhida de cana-de-açúcar,

obtiveram-se valores positivos no decorrer do período compreendido entre os anos de 1990 e 2004. A área plantada cresceu 31,2% , variando de 4,29 milhões de hectares para 5,63 milhões de hectares, enquanto a área colhida apresentou uma evolução de 31,85%, oscilando de 4,27 milhões de hectares para 5,63 milhões de hectares.

Na produção do Norte-nordeste ocorreram duas quedas da produção da cana. A primeira, na safra de 1993/94, foi conseqüência do fim dos subsídios concedidos pelo extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) aos produtores dessa região e resultou em queda de 27% do total produzido da safra 1992/93 para a de 1993/94 (passou de 47,16 milhões de toneladas para 34,42 milhões de toneladas); já a segunda crise produtiva, na safra de 1999/2000, vinculou-se à desregulamentação da cana-de-açúcar, o que gerou queda nos preços dos produtos e a saída de muitos produtores do mercado, resultando em uma queda de 4,7% em relação á safra anterior.

Em relação ao Centro-sul, a safra 2000/01 apresentou uma queda produtiva significativa, em razão do fim da regulamentação governamental no setor no ano anterior, da ordem de 21,5% em relação à safra anterior (Figura 1).

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Fonte: UNICA, 2006.

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Figura 1 – Produção de cana-de-açúcar no Brasil e nas regiões norte-nordeste e centro-sul, 1990/91 a 2004/05, em toneladas.

No que se refere à produtividade, importante indicador que reflete o padrão tecnológico adotado, o Brasil teve rendimento médio de 59,07 ton/ha no intervalo 1990-2004. A região Norte-Nordeste possui uma baixa produtividade de cana-de-açúcar quando comparada ao Centro-Sul ou ao Brasil como um todo. Todavia, mesmo tendo apresentado um desempenho inferior ao resto do país, esta região teve sua produtividade acrescida em 43,7%, saindo de um patamar de 34,65 ton/ha em 1990 para um valor de 49,79 ton/ha em 2004.

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4.2. Resultados obtidos para os indicadores de desempenho selecionados 4.2.1. Vantagem Comparativa Revelada - VCR

Os resultados dos cálculos obtidos para o indicador VCR oferecem uma indicação importante acerca do padrão da competitividade de um determinado setor: considera-se que um país possui vantagem se os resultados obtidos são superiores à unidade. Como pode ser visto na Figura 2, o Brasil mostra-se competitivo nas exportações de açúcar em praticamente todo o período, apresentando relativa estabilidade no coeficiente VCR, reduzindo-se de 1,11 em 1990 para 0,91 em 2004 (queda de 18%), quando perdeu sua vantagem comparativa, após sucessivas quedas desde o ano 2000. Outro período em que os resultados foram aquém do necessário para se ter vantagem comparativa foi no intervalo 1992/94.

No caso do álcool, o índice que mede a vantagem desse bem se revelou muito instável, obtendo valores extremos, passando, por exemplo, do coeficiente de 0,08 em 1991 para 1,62 em 1993. Em todo o intervalo, o indicador VCR evoluiu em 345,5%, de 0,33 em 1990 para 1,47 em 2004 (Figura 2).

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Açúcar Álcool

Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 2: Resultados obtidos para o indicador Vantagem Comparativa Revelada – VCR, para os setores açúcar e álcool, 1990 A 2004.

Analisando-se a Figura 2 pode-se perceber a ocorrência de movimentos opostos entre açúcar e álcool devido ao produtor de cana-de-açúcar ter um trade-off entre seus derivados: ele deve optar pela produção de um dos destes bens. O álcool, por apresentar uma base produtiva de menor porte do que o açúcar, tem um coeficiente mais sensível a qualquer oscilação no mercado, que o torna mais instável.

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Estudando os períodos em destaque, aquele que compreendeu os anos de 1992, 93 e 94, mostrou a queda da vantagem comparativa em se exportar açúcar (em virtude da desregulamentação do setor e da queda em seus preços). Percebendo isso, o produtor passou a ofertar álcool, que nesse intervalo chega a apresentar um VCR de 1,62 (enquanto o açúcar atinge o patamar de 0,92 nesse ano).

Por outro lado, no segundo período em análise, no ano de 1999, ocorreu a desregulamentação do álcool hidratado. Observou-se um aumento no indicador VCR de álcool, mas este ainda não chegou a apresentar vantagem na exportação (seu valor variou de 0,24 em 1998 para 0,72 em 1999), pois seu valor foi inferior à unidade.

No último período em estudo, de 2002 a 2004, merece atenção a ascensão do indicador VCR em contrapartida ao declínio do indicador do açúcar. Enquanto a vantagem comparativa na exportação do primeiro caiu de 1,01 para 0,91, o índice do último produto aumentou de 0,93 para 1,47 nesse intervalo.

4.2.2. Vantagem Relativa nas Exportações – VRE Assim como o indicador VCR, a vantagem relativa nas exportações provê resultados complementares sobre a competitividade de um país (em um determinado setor) em termos internacionais. Diz-se que o país é competitivo se o resultado é superior a zero. No caso do açúcar – Figura 3 – ocorreu importante quebra da safra em 1993 (em virtude da desregulamentação desse setor). Já no ano de 2000, a VRE reduziu-se em 17% desde o ano anterior (de 3,01 em 1999 para 2,5 em 2000). Um motivo para essa queda está na desregulamentação da cana-de-açúcar em 1999, que atinge, por conseguinte, seus derivados. No intervalo 1990-2004 os indicadores foram superiores a zero, ou seja, obteve-se vantagem comparativa nas exportações brasileiras, elevando-se de 1,92 em 1990 para 3,51 em 2004 (crescimento de 82,8%).

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1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 3: Resultados obtidos para o indicador Vantagem Relativa nas Exportações – VRE, para o setor de açúcar, 1990 a 2004.

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No caso do álcool, por sua vez, pode-se perceber que o coeficiente que demonstra a vantagem relativa nas exportações aumentou de 1,00 em 1990 para 4,00 em 2004 (variação de 300%), tendo, em 1991, atingido o seu valor mínimo (igual a zero), quando a participação das exportações de álcool no total das exportações brasileiras foi igual à observada, em média, nos demais países, vale ressaltar que a base de comparação é relativamente pequena. Salvo este ano, os demais períodos em análise apontaram que o Brasil possui vantagem na exportação desse produto.

Outro período em destaque são os anos de 1997 e 1998, que também apresentaram redução no seu VRE, causada pela desregulamentação do álcool anidro (Figura 4).

-1

1

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Ano

VR

Eij

Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 4: Resultados obtidos para o indicador Vantagem Relativa nas Exportações – VRE, para o setor de álcool, 1990 a 2004.

4.2.3. Coeficiente de exportação – CE O coeficiente de exportação é um dos indicadores mais tradicionais na análise da competitividade internacional, e também um dos de mais simples cálculo. Seus resultados indicam se, para um determinado período de tempo, as exportações têm crescido, ou não, em representatividade para o setor sob análise. Assim, oscilando entre zero e um, os resultados mostram o quão relevantes são as vendas externas para o setor analisado.

No caso do açúcar, é possível visualizar, através dos dados da Figura 5, que as exportações têm tido cada vez mais peso no faturamento total desse setor. Entre os anos de 1990 e 2004, os resultados mostram um incremento de 57%, enquanto a parcela média do faturamento3 obtida através das exportações foi de 17%.

3 Como proxy do faturamento utilizou-se a receita estimada pela venda da produção.

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1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 5: Resultados obtidos para o indicador Coeficiente de Exportação – CE, para o setor de açúcar, 1990 a 2004.

No período 1994-1998 ocorreu a valorização do Real, o que teoricamente, reduziria a disponibilidade de produtos à exportação. Mas o que realmente ocorreu foi que, mesmo com o aumento da demanda interna em conseqüência ao maior valor da moeda nacional (o que gerou maior renda), a expansão da produção de açúcar foi superior, proporcionalmente, ao incremento na demanda do Brasil, fato que permitiu, desta forma, que as exportações pudessem continuar a pleno vapor.

Também no caso do álcool as exportações nacionais passaram a ter maior participação no faturamento total desse setor. De acordo com os resultados apresentados – Figura 6, que teve o indicador CE evoluindo de 0,10 em 1990 para 0,21 em 2004 (acréscimo de 110%); ou seja, a participação das exportações saltou de 10% do rendimento do setor para 21% do setor em todo o período.

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1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 6: Resultados obtidos para o indicador Coeficiente de Exportação – CE, para o setor de álcool, 1990 a 2004. 4.2.4. Taxa de Auto-suprimento - TAS

A taxa de auto-suprimento é o indicador que designa a proporção em que à demanda interna é atendida pela produção. Um setor é considerado potencialmente exportador se sua TAS é superior à unidade, ou seja, a produção é superior à demanda local. Os resultados mostraram (Figura 7) que setor de açúcar apresentou capacidade exportadora em todos os anos analisados, tendo coeficiente mais baixo em 1994 (1,06, que corresponde à possibilidade de exportar 6% da produção) e coeficiente máximo em 2000 (1,34, ou 34% de excedente produtivo em relação à demanda interna). Já no intervalo 1990-2004, a TAS subiu de 1,09 para 1,3 (incremento de 19,27%).

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1,03

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1,18

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1,38

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 7: Resultados obtidos para o indicador Taxa de Auto-Suprimento - TAS, para o setor de açúcar, 1990 a 2004.

1,0

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O ano de 2000 apresentou forte queda no indicador TAS, tendo variado em 10,1% (reduziu-se de 1,28 em 1999 para 1,15 em 2000). Esse comportamento é caracterizado pela desregulamentação do setor de cana-de-açúcar em 1999, que reflete na produção de seus derivados.

Em relação ao álcool, o coeficiente entre produção e demanda interna também foi superior à unidade, mas em uma proporção menor do que a do açúcar. No período 1990-2004 ocorreu uma variação positiva de 3% no potencial exportador, que cresceu de 1,00 no primeiro ano de estudo para 1,03 no último ano, que registrou o maior indicador desta série histórica (Figura 8).

Outra característica importante constatada foi o aumento da TAS entre 2002 e 2004. Esse fator se pode ser justificado pelo fato da produção de álcool ter si expandido, em virtude de fatores como, por exemplo, a ampliação da produção de carros movidos a álcool e a gasolina (bi-combustíveis), que se deu de forma rápida nos últimos anos. Essa variação foi equivalente a 585% (no ano de 2002 era de 55961 unidades e em 2004 saltou para 383519 unidades).

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1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 8: Resultados obtidos para o indicador Taxa de Auto-Suprimento - TAS, para o setor de álcool, 1990 a 2004.

Quando se compara os indicadores dos dois produtos – álcool e açúcar, percebe-se uma maior instabilidade da TAS do açúcar, que durante o intervalo de tempo em questão oscilou em até 26,4% (variando de um valor de 1,06 em 1994 a 1,34 em 2002). Já o álcool, apesar de um comportamento mais homogêneo, apresentou um potencial de exportação mais limitado do que o açúcar. 4.2.5. Market Share - MS

O indicador Market Share demonstra a importância do país no cenário mundial através da participação de suas exportações no total exportado internacionalmente. Quanto maior o percentual maior o destaque do país no comércio global.

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A participação do setor de açúcar no mercado internacional mostrou-se bastante oscilante no período 1990-2004, variando, por exemplo, de 9,36% em 2000 para 16,46% em 2001. Em 2000 ocorreu uma forte queda da participação deste no mercado mundial em virtude da desregulamentação da cana-de-açúcar no ano anterior, que afetou todo o setor sucroalcooleiro. Já a variação total do MS correspondeu a 14,4%, saindo de um patamar de 3,95% em 1990 para 18,35% em 2004 (Figura 9).

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1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 9: Resultados obtidos para o indicador Market Share - MS, para o setor de açúcar. A queda do coeficiente de exportação de 1993 deveu-se à desregulamentação do setor açucareiro, fato que excluiu muitos produtores do mercado; por sua vez, 2000 decorreu da desregulamentação da cana-de-açúcar em 1999, como já citado, que afetou seus derivados no ano seguinte.

No caso do álcool, apesar deste apresentar variação relativamente inferior à do açúcar de um ano para outro, revelou-se mais participativo do que o último no comércio internacional deste bem, respondendo por 31,86% do valor total exportado pelo mundo no ano de 2004, após sair de um modesto percentual de 1,19% em 1990 (Figura 10).

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Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 11: Resultados obtidos para o indicador Market Share - MS, para o setor de álcool, 1990 a 2004.

Percebe–se na figura a tendência de crescimento da participação nacional no mercado mundial desse produto. Esse movimento é muito superior ao registrado pelo açúcar no mesmo intervalo (1990-2004). Enquanto o indicador de desempenho MS do último evoluiu em 14,4% no período, o do álcool aumentou em 30,66%, ou seja, seu crescimento percentual foi mais que o dobro do crescimento percentual da participação do açúcar no comércio internacional.

Alguns fatores contribuíram para que isso ocorresse. Dentre eles pode-se citar que o álcool possui atualmente melhores perspectivas de evolução do setor, em virtude, principalmente, da expansão do consumo de automóveis movidos tanto à álcool hidratado quanto à gasolina, e de acordos internacionais, como o Protocolo de Quioto, que visa adicionar um maior percentual de álcool anidro à gasolina , além deste ser um combustível menos poluente do que os combustíveis fósseis, ressaltando que o açúcar também apresenta perspectivas de evolução.

Em contrapartida, o açúcar sofre forte embargo, principalmente nos países desenvolvidos, que usam de medidas protecionistas para auxiliar seus produtores, sejam elas tarifas tributárias ao açúcar importado, quotas de importação e tarifas extra-cotas e subsídios aos produtores nacionais. 5. CONCLUSÕES

O setor agrícola sempre foi de grande relevância para a economia do país, com

crescente participação nas exportações totais ao decorrer dos anos. Dentro desse segmento a cana-de-açúcar tem se destacado, contribuindo com o aumento de faturamento no setor, subdividido principalmente pela produção de álcool e açúcar.

De acordo com os índices de desempenho selecionados para investigar a competitividade dos dois derivados da cana (álcool e açúcar) no mercado internacional,

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verificou-se que, no período 1990-2004, ambos apresentaram-se competitivos, mas o álcool revelou-se como sendo o bem mais vantajoso de se produzir, visto sob a ótica da vantagem comparativa revelada (VCR). Neste indicador, apesar da maior volatilidade em relação ao açúcar, este produto tem apresentado nos últimos anos um crescimento da sua vantagem comparativa, ao contrário do açúcar, que obteve resultados decrescentes durante o intervalo de tempo estudado.

Outro indicador relevante é o de vantagem relativa nas exportações (VRE). Neste, ambos os bens provenientes da cana alcançaram valores positivos, demonstrando a possibilidade de auferir lucro com os dois produtos, mas o aumento da competitividade do álcool foi superior ao do açúcar.

No caso do coeficiente de exportação (CE), também os dois bens apresentaram evolução em seus índices, revelando maior participação da exportação destes no faturamento total do setor da cana-de-açúcar, mas, novamente, o álcool obteve melhor desempenho, com uma evolução do CE superior ao açúcar.

Já quando se analisa a taxa de auto-suprimento (TAS), o resultado atingido é diferente dos indicadores anteriores. Agora, o açúcar apresenta um coeficiente superior ao álcool, pois sua capacidade exportadora mostrou-se maior do que a do último produto, tanto no que diz respeito a seu índice, quanto pelo seu crescimento no período 1990-2004.

Por fim, o Market Share (MS) mostrou que o álcool teve maior parcela de participação da exportação nacional no mercado mundial, mesmo o açúcar também obtendo resultados favoráveis e crescentes no intervalo em estudo.

Desta forma, os indicadores de desempenho mostraram que ambos os derivados da cana-de-açúcar (açúcar e álcool) são competitivos no mercado internacional e que, em quatro indicadores (dos cinco utilizados), a produção de álcool apresentou coeficientes superiores ao do açúcar, uma observação importante, visto que há um trade-off na produção destes produtos. Um fator que contribuiu para esse resultado foi a grande proteção dos países desenvolvidos com relação ao açúcar. Enquanto os países subdesenvolvidos produzem, em sua grande maioria, açúcar de cana, a União Européia é a principal produtora e exportadora de açúcar de beterraba (que têm custos de produção maiores do que o açúcar de cana), e os Estados Unidos produzem ambos os tipos de açúcares. Assim, para se comercializar açúcar de beterraba, a União Européia fornece pesados subsídios governamentais os seus produtores e impõem barreiras comerciais. Já os EUA limitam o volume de importação do açúcar através de quotas e tarifas muito altas para as quantidades que excedem as quotas preestabelecidas e, para subsidiar os produtores domésticos, mantêm os preços internos superiores aos externos. Os produtores de açúcar de cana, por sua vez, sofrem taxações pelos próprios governos para gerar receitas e imposições comerciais pelos países desenvolvidos (Stalder, 1997, citado por NETO, 2005).

No caso do álcool, as perspectivas são melhores. Em virtude da adoção de medidas de proteção ambiental, prevista no protocolo de Quioto, e da busca de combustíveis renováveis e mais baratos que combustíveis fósseis, a demanda internacional deste produto deverá aumentar expressivamente nos próximos anos. A adição de álcool combustível na gasolina reduz significativamente a emissão de gás carbônico e muitos países, como o Japão, já estão misturando álcool (importado do Brasil) à gasolina. Porém vale fazer algumas ressalvas, o preço do álcool é mais instável que o preço do açúcar e também que o Brasil é um produtor de açúcar consolidado no mercado.

A sugestão para futuros trabalhos que complemente a analise feita se refere a triangulação que é feita pela União Européia com o açúcar brasileiro, uma vez que esta

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compra o açúcar bruto, processando-o e em seguida o exporta com valor agregado. Ficando a questão de quanto o Brasil deixa de ganhar no beneficiamento do açúcar.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ARAUJO, T. Desempenho da pauta de exportações agroindustriais de Minas Gerais no período de 1990 a 2003. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2005. Banco Central do Brasil – BACEN. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/>. Acesso em janeiro de 2007. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. Disponível em: <www.bndes.gov.br>. Acesso em julho de 2006. CARVALHO, F.M.A. O comportamento das exportações brasileiras e a dinâmica do complexo agroindustrial. Tese (Doutorado em Economia Agrária) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP, 1995. DIAS, L.D, GIBBERT, G.M. & SHIKIDA, P.F.A. Competitividade do açúcar brasileiro no mercado internacional.In.: Revista de Economia e Agronegócio. Vol. 4, nº. 4, 2006. p 457 a 484. FERREIRA, S.G. & ARAUJO, E.A. Modernização da gestão e Governo: o que ensina a experiência internacional. Extraído de : <http://www.federativo.bndes.gov.br/bf_bancos/estudos/e0001164.pdf>. Acesso em dezembro de 2006. Food and Agriculture Organization – FAO – FAOSTAT. Disponível em: <http://faostat.fao.org/site/535/default.aspx>. Acesso em fevereiro de 2007. FAJNZYLBER, P., SARTI, F., LEAL, J.P.G. In: COUTINHO, L.G. et al. (org.). Estudo da competitividade da indústria brasileira – sistema de indicadores da competitividade. Campinas, 1993. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/publi/compet/ntt-ind.pdf>. Acesso em outubro de 2006. Fundo Monetário Internacional – FMI. Disponível em: <http://www.imf.org/>. Acesso em janeiro de 2007. NETO, J.F. Competitividade da produção de cana-de-açúcar no Brasil. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2005. OMETTO, J.G.S. Os gargalos da agroindústria. Extraído de: PROCANA (26 de Maio de 2006). Disponível em: <http://www.jornalcana.com.br/conteudo/noticia.asp?area=Tecnologia+Industrial&secao=Opini%F5es&id_materia=22175>. Acesso em julho de 2006.

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PROCANA – Dados e Estatísticas. Disponível em: <http://www.procana.com.br>. Acesso em fevereiro de 2007. União da Indústria de Cana-de-Açúcar – UNICA. Disponível em: <http://www.portalunica.com.br/portalunica/>. Acesso em janeiro de 2007.

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ANEXOS

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Tabela 1A: Balança comercial brasileira e importação mundial (em US$ 1000).

Ano Exportação Importação Importação Mundial*

1990 31413756,00 20661362,00 3427530000,00 1991 31620439,00 21040471,00 3539060000,00 1992 35792986,00 20554091,00 3763180000,00 1993 38554769,00 25256001,00 3718700000,00 1994 43545162,00 33078690,00 4228080000,00 1995 46506283,00 49971898,00 5046510000,00 1996 47746727,00 53345768,00 5299220000,00 1997 52994340,00 59747227,00 5644710000,00 1998 51139862,00 57714364,00 5575950000,00 1999 48011445,00 49210313,00 5800020000,00 2000 55085595,00 55783342,00 6573360000,00 2001 58222643,00 55572176,00 6332870000,00 2002 60361785,00 47240488,00 6571130000,00 2003 73084140,00 48290216,00 7655960000,00 2004 96475238,00 62834698,00 9349760000,00

Fonte: BACEN *FMI

Tabela 2A: Exportação (em 1000 US$) de açúcar e álcool

Açúcar Álcool

Ano Brasil Mundo Brasil Mundo

1990 198869,00 5032627,00 7410,00 620541,001991 185479,00 4176000,42 2277,00 569600,001992 269180,00 5426422,00 55950,00 742066,001993 236616,00 8037808,00 78536,00 792112,001994 204344,00 5303005,40 88298,00 1356599,001995 468806,00 6556447,44 106920,00 1527069,251996 420759,00 6092678,87 95422,00 1790503,001997 725929,00 6182246,90 54162,00 1280772,251998 846194,00 6073817,95 35602,00 920163,921999 748419,00 5084720,73 65880,00 778482,842000 437632,80 4675403,49 34807,61 786450,822001 872232,00 5299253,00 92173,00 1051776,002002 982301,00 5685939,00 169153,00 1011241,002003 789983,00 6257136,00 157999,00 1196913,002004 1129247,00 6153786,00 497814,00 1562683,00

Fonte: FAO (2007).

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Londrina, 22 a 25 de julho de 2007,

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Tabela 3A: Valor da produção de açúcar (em 1000 US$)

Ano Valor

1990 1507759,66 1991 1761390,59 1992 1907588,03 1993 1910537,14 1994 2395785,59 1995 2590201,52 1996 2796211,68 1997 3046226,25 1998 3672929,13 1999 3968818,20 2000 3326272,40 2001 3934119,03 2002 4619743,79 2003 5102559,09 2004 5454014,02

Fonte: Unica (2007).

Tabela 4A: Demanda interna de açúcar e álcool

Ano Açúcar Álcool

1990 6754128 11507741 1991 7927025 12713903 1992 8261723 11638808 1993 8429005 11206190 1994 11013379 12596813 1995 11213957 12482845 1996 12370884 14276929 1997 12352945 15345287 1998 14366843 13832976 1999 15114258 12955924 2000 14090357 10558227 2001 15134668 11443861 2002 16843251 12454072 2003 20365059 14650706 2004 20444454 14915337

Fonte: Unica (2006).

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Tabela 5A: Produção de açúcar no Brasil (em toneladas)

SAFRA NORTE-

NORDESTE PERNAMBUCO ALAGOAS CENTRO-

SUL SÃO

PAULO

90/91 2856517 1193512 1234894 4508828 3471138 91/92 2769632 1162035 1237100 5834689 4567305 92/93 3130068 1306868 1436052 6188421 4998092 93/94 2265206 955366 1060712 7067690 5597020 94/95 3211477 1309038 1572174 8491838 6683509 95/96 3337574 1355048 1543351 9315455 7244093 96/97 3184842 1217490 1509046 10474538 7925672 97/98 3526216 1231581 1774364 11354475 8704938 98/99 2781830 1049590 1312005 15160279 11787753 99/00 2487333 856021 1215469 16900182 13091378 00/01 3612764 1099342 2059420 12635941 9675481 01/02 3245849 1104199 1678235 15972162 12350253 02/03 3789205 1230998 1994142 18778055 14347908 03/04 4505316 1392567 2495535 20420477 15171854 04/05 4536089 1464335 2388716 22106547 16516346

Fonte: Unica (2006).

Tabela 6A: Produção de álcool total no Brasil (em m³)

SAFRA NORTE-

NORDESTE PERNAMBUCO ALAGOAS CENTRO-

SUL SÃO

PAULO

90/91 1807301 517865 778368 9707850 7766944 91/92 1748879 503387 726566 10967301 8619674 92/93 1630565 437279 718636 10064193 7925783 93/94 912914 225335 412072 10371812 8279295 94/95 1549613 397050 633215 11135498 8696357 95/96 1734219 485163 614123 10855546 8121772 96/97 2266093 665898 874152 12106258 8976593 97/98 2144936 549545 838583 13254513 9496528 98/99 1631216 433504 561233 12237362 9038651 99/00 1368092 339893 550514 11653712 8492368 00/01 1528671 297324 712634 9064364 6439113 01/02 1359744 261933 562286 10176290 7134529 02/03 1471141 306974 567868 11152084 7690689 03/04 1740068 378261 725516 13068637 8828353 04/05 1825313 414843 687165 13587838 9103940

Fonte:Única

(2006).

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Tabela 7A: Produção de cana-de-açúcar no Brasil (em toneladas)

SAFRA NORTE-

NORDESTE PARAíBA PERNAMBUCO CENTRO-

SUL SÃO

PAULO

90/91 52234501 4570479 18679258 170194659 131814535 91/92 50191326 4415621 18328157 179030917 137281277 92/93 47164430 3890548 17278745 176218363 136562226 93/94 34421824 1964791 12052342 183914181 143832064 94/95 44629258 3239910 16477943 196083649 148941517 95/96 47413177 3584115 17076508 204414035 152097970 96/97 56205772 4742596 20157163 231604080 170424122 97/98 54281977 5329824 16970789 248775438 180596909 98/99 45141192 3888104 15588250 269781330 199521253 99/00 43016724 3418496 13320164 263948899 194234474 00/01 50522960 3594320 14366994 207099057 148256436 01/02 48832459 4001051 14351050 244218084 176574250 02/03 50243383 4335516 14891497 270406693 192486643 03/04 60194968 5017263 17003192 299120591 207810964 04/05 57392755 5474229 16684867 328727155 230310237

Fonte:Unica

(2007)