desempenho e digstibilidade em ovinos … o ensaio de digestibilidade e balanço nitrogenado foram...

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DESEMPENHO E DIGSTIBILIDADE EM OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS ALIMENTADOS EM DIFERENTES CODIÇÕES DE BALANÇOS DE PROTEÍNA DEGRADÁVEL NO RUMEN E PROTEÍNA METABOLIZÁVEL FLÁVIO MORENO SALVADOR 2007

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DESEMPENHO E DIGSTIBILIDADE EM OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS

ALIMENTADOS EM DIFERENTES CODIÇÕES DE BALANÇOS DE PROTEÍNA DEGRADÁVEL NO RUMEN E PROTEÍNA

METABOLIZÁVEL

FLÁVIO MORENO SALVADOR

2007

FLÁVIO MORENO SALVADOR

DESEMPENHO E DIGESTIBILIDADE EM OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS ALIMENTADOS COM DIFERENR]TES CONDIÇÕES DE

BALANÇOS DE PROTEÍNA DEGRADÁVEL NO RUMEN E PROTEÍNA METABOLIZÁVEL

Tese apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, área de concentração em Nutrição de Ruminantes, para obtenção do título de “Doutor”. Orientador

Prof. Dr. Juan Ramón Olalquiaga Pérez

LAVRAS MINAS GERAIS - BRASIL

2007

SUMÁRIO

Página

RESUMO i

1 INTRODUÇÃO 1

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO 3

2.1. A fermentação dos alimentos no rúmen 3

2.2. Os sistemas de alimentação de ruminantes 4

2.2.1. Os sistemas britânicos ARC e AFRC 9

2.2.2. A proteína dietética e seu fracionamento de acordo com os sistemas de alimentação de ruminantes 13

2.3. A proteína de origem microbiana na nutrição protéica dos ruminantes 16

2.3.1. Aspectos interferentes na síntese de proteína microbiana 19

2.3.2. A sincronia no rúmen 20

2.3.3. O tamanho corporal e sua relação com a síntese de proteína microbiana 24

2.4. Considerações acerca do não atendimento das demandas para otimização da síntese de proteína microbiana 30

3 MATERIAL E MÉTODOS 34

3.1. ENSAIO DE DESEMPENHO 34

3.1.1. Local, instalações e período de realização 34

3.1.2. Animais e alimentos 35

3.1.3. Elaboração das dietas e manejo alimentar 35

3.1.4. Tratamentos 38

3.1.5. Coleta de alimentos e sobras 43

3.1.6. Análises bromatológicas 43

3.1.7. Delineamento experimental 44

3.2. ENSAIO DE DIGESTIBILIDADE E BANAÇO NITROGENADO 45

3.2.1. Local, instalações e período de realização 45

3.2.2. Animais e alimentos 46

3.2.3. Elaboração das dietas e manejo alimentar 46

3.2.4. Tratamentos 49

3.2.5. Coletas de alimentos, sobras, fezes e urina 53

3.2.6. Análises químico-bromatológicas 53

3.2.7. Cálculos da digestibilidade e do balanço nitrogenado 54

3.2.8. Delineamento experimental 55

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 57

4.1. ENSAIO DE DESEMPENHO 57

4.1.1 Consumo de matéria seca e de nutrientes 58

4.1.2. Ganho de peso e conversão alimentar 80

4.2. ENSAIO DE DIGESTIBILIDADE E BALANÇO DE NITROGÊNIO 89

4.2.1. Consumo e digestibilidade aparente dos nutrientes 89

4.2.2 Balanço de nitrogênio 100

5 CONCLUSÕES 108

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 110

i

RESUMO

SALVADOR, Flávio Moreno. Desempenho e digestibilidade em ovinos da raça Santa Inês alimentados em diferentes condições de balanços de proteína degradável no rúmen e proteína metabolizável. Lavras: UFLA, 2007. 130p. (Teses - Doutorado em Zootecnia).1 Foram conduzidos dois experimentos para avaliar se o atendimento ou não da demanda do rúmen em proteína degradável (PDR), em associação com condições de atendimento ou superávit de proteína metabolizável (PM), afetavam o desempenho, a ingestão de matéria seca e a digestibilidade dos nutrientes em ovinos alimentados com volumoso tropical, de acordo com as recomendações do sistema AFRC. No experimento de desempenho foram utilizados 16 cordeiras da raça Santa Inês, com peso médio inicial de 21,5 kg, em delineamento inteiramente casualizado. Para o ensaio de digestibilidade e balanço nitrogenado foram utilizadas oito borregas Santa Inês, distribuídas em dois quadrados latinos 4x4. Os tratamentos foram: A) atendimento da exigência de PDR e condição superavitária de PM, com uso de fonte de proteína verdadeira; B) não atendimento da demanda em PDR, porém, atendimento das exigências em PM; C) atendimento da exigência de PDR e condição superavitária de PM, com uso nitrogênio não-protéico; D) não atendimento da demanda em PDR, porém com condição superavitária de PM, por meio do uso de fonte de proteína não degradável no rúmen. Os tratamentos não promoveram diferenças (P<0,05) no tocante às ingestões de matéria seca, conversão alimentar e ganhos de peso. Este se situou dentro de um nível relativamente modesto (116 g/dia), levando em consideração a espécie, sexo e categoria animal. As digestibilidades da matéria seca e das frações fibrosas (FDN e FDA) não foram afetadas pelas distintas condições de equilíbrios entre a PDR e PM. O sistema AFRC não permitiu boa precisão na consecução dos níveis de desempenho pré-determinados, mostrando-se não ser ajustado às condições de volumoso e raça tropicais.

1

1 INTRODUÇÃO

A proteína tem sido um dos nutrientes mais pesquisados na nutrição de

ruminantes, sendo que, em razão de sua natureza diversificada, têm sido

atribuída a ela ganhos diferenciados no desempenho animal, bem como a

possibilidade da melhor extração de energia das porções fibrosas dos alimentos

volumosos devido ao atendimento das demandas microbianas por nitrogênio.

Por estas razões, a adequação nos teores de proteína nas dietas animais pode

contribuir com a otimização da utilização do nitrogênio permitindo maior

economicidade nos sistemas de produção, além de poder reduzir a contaminação

ambiental devido a menor excreção deste elemento.

Como resultado do grande volume de informações resultante das

pesquisas, não somente acerca da proteína, mas também relacionadas à nutrição

energética de animais ruminantes, propostas de sistemas de alimentação têm

sido formuladas e a característica que estes sistemas tem em comum entre si, e

que os difere das propostas voltadas para outras espécies animais reside na

intima relação entre a energia e a proteína na predição do rendimento

microbiano a partir da ingestão de nitrogênio degradável e matéria orgânica

fermentável no rúmen.

O princípio básico destes sistemas é a busca em atender a exigência de

nitrogênio da microbiota ruminal, maximizando seu crescimento e,

posteriormente, quantificar o aporte de nutrientes disponíveis para ser digerido,

absorvido e utilizado pelo animal. Estes modelos idealizam o sincronismo entre

a digestão ruminal de proteínas e carboidratos e esta premissa de otimização do

crescimento microbiano ruminal condicionará, segundo os modelos de equilíbrio

entre energia e proteína no rúmen, sobra de proteína metabolizável em relação à

respectiva exigência animal. Ainda segundo os mesmos modelos, esta sobra de

2

proteína metabolizável tem como conseqüência gasto energético para sua

metabolização.

Este aspecto gera alguns questionamentos dentro do enfoque da nutrição

protéica dos ruminantes, principalmente relacionados à natureza da proteína,

com possíveis limitações ao crescimento microbiano. Até que ponto o não

atendimento destes fatores pode prejudicar o desempenho e a digestibilidade das

dietas são questões pouco abordadas na literatura científica.

O objetivo deste trabalho foi verificar se, e em que extensão, o déficit de

proteína degradável no rúmen (PDR) associado ou não a um superávit de

proteína metabolizável (PM) afetam o desempenho, a ingestão de matéria seca e

de nutrientes e a digestibilidade dos componentes dietéticos em dietas para

ovinos da raça Santa Inês, alimentados com volumoso tropical, segundo as

condições propostas pelo sistema britânico AFRC (1993).

3

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. A fermentação dos alimentos no rúmen

Os processos microbianos do rúmen permitem converter alimentos

fibrosos e proteínas de baixa qualidade, e mesmo compostos nitrogenados não-

protéicos, em nutrientes valiosos para o animal ruminante. Beever & Moud

(2000) salientam que “a principal razão pela qual monogástricos e pré-

ruminantes são incapazes de utilizar quantidades significativas de forragens, é

que, assim como outros mamíferos, eles não possuem enzimas capazes de

quebrar os polímeros complexos que formam as paredes celulares dos vegetais.

Nos ruminantes, no entanto, o principal sítio de digestão, com relação às

forragens, é o rúmen, local onde o alimento é retido por períodos substanciais e

sujeito á fermentação microbiana extensiva, sob condições anaeróbicas”.

Dentre os compostos resultantes dos processos fermentativos no rúmen,

Owens & Goetsch (1988) destacam os ácidos graxos voláteis, a proteína

microbiana e vitaminas K e do grupo B como sendo de grande importância para

a nutrição dos animais ruminantes. Bergman (1990) salienta que os produtos

finais da fermentação são parcialmente determinados pela natureza da dieta,

posto que esta pode mudar a atividade metabólica dos microrganismos,

provendo novos ou diferentes substratos que influenciam a qualidade e a

natureza desses produtos. Além disso, as quantidades dos compostos resultantes

dos processos fermentativos são elaboradas não somente em função das

composições químicas dos alimentos ingeridos, mas são também dependentes da

quantidade e do tempo de permanência dos alimentos nos compartimentos pré-

gástricos (Hungate, 1966), uma vez que a quantidade e a composição da dieta

4

são variáveis externas que afetam a ingestão, a taxa de digestão, a taxa de

passagem e, desta maneira, o turnover do conteúdo ruminal (Van Soest, 1994).

Assim, têm-se ressaltado o aspecto de que a dieta é, provavelmente, o

fator mais importante que influencia o número e a proporção relativa das

diferentes espécies de microrganismos ruminais e, por conseguinte, os produtos

finais da fermentação. A mudança da dieta de um animal resulta num período de

transição na população ruminal, em que a proporção das diferentes espécies

ruminais varia para um novo balanço, que melhor se ajuste às mudanças

dietéticas (Valadares Filho & Pina, 2006).

Portanto, a fermentação pré-gástrica a que os alimentos são submetidos

ao serem ingeridos por animais com rúmen funcional pode contribuir para a

ocorrência de erros na predição do desempenho animal ao se levar em conta

unicamente os componentes da dieta (Russell et al., 1992).

2.2. Os sistemas de alimentação de ruminantes

O desenvolvimento dos diversos sistemas de alimentação de ruminantes

sempre caminhou paralelamente ao aprimoramento das técnicas de avaliação e

caracterização dos alimentos.

O sistema de Weende para análise dos alimentos (também chamado

método proximal), estabelecido há mais de 100 anos, baseia-se na determinação

das proporções de umidade, compostos nitrogenados, cinzas, extratos solúveis

em éter e porções fibrosas insolúveis em ácido e álcali e foi a primeira base para

a estimação de valores de energia dos alimentos, mais precisamente, do total de

nutrientes digestíveis (NDT). Entretanto, tem sua utilização muitíssimo limitada

quando se busca conhecer mais precisamente o valor nutritivo dos alimentos, as

exigências nutricionais e assim predizer o desempenho animal.

5

Neste contexto, Sniffen et al. (1992) enfatizaram que para se alcançar

um melhor ajuste na formulação de dietas para ruminantes, obtendo-se

concomitantemente redução em custos, faz-se necessário que os alimentos

utilizados pelos animais tenham suas características químicas bem definidas,

com suas porções componentes fracionadas no sentido de melhor caracterizá-las

sob a óptica da alimentação animal.

Na busca por atender esta necessidade, o sistema proposto por Goering

& Van Soest (1970), baseado na solubilidade dos alimentos em soluções

detergentes, permitiu a identificação e classificação de diferentes porções dos

alimentos, fazendo inferências às suas disponibilidades biológicas. Graças a este

sistema, tornou-se possível a melhor caracterização, principalmente dos

carboidratos, representados até então pela fibra bruta e extrativos não-

nitrogenados, e também do componente nitrogenado (proteína bruta) dos

alimentos.

Paralelamente, conceitos sobre a nutrição de ruminantes têm evoluído de

forma considerável nas últimas duas décadas. Até o final da década de 70, as

estimativas das exigências energéticas e protéicas eram obtidas a partir de

ensaios de desempenho e digestibilidade. O desenvolvimento e aprimoramento

dos ensaios de metabolismo, a partir da década de 80, possibilitaram o

desenvolvimento do método fatorial de exigências utilizado até o momento pelos

principais sistemas disponíveis.

Os requerimentos de proteína determinados pela abordagem fatorial

consideram separadamente as demandas de mantença (sendo nestas incluídas as

perdas endógenas de nitrogênio através das fezes e urina e por intermédio da

descamação da pele) e as exigidas para a consecução da produção animal (NRC,

2006). O atendimento das exigências totais de proteína pelos tecidos dos animais

ruminantes é obtido pela absorção, ao nível do intestino delgado, dos produtos

finais resultantes dos processos digestivos sofridos por compostos nitrogenados,

6

em especial pelo montante de aminoácidos disponibilizados para a absorção. As

fontes de proteína que chegam ao intestino dos ruminantes são a proteína

microbiana, a proteína dietética que não sofreu a ação da microbiota ruminal

(durante sua permanência nas câmaras pré-gástricas) e a proteína endógena. Ao

“pool” dos aminoácidos provenientes da digestão dessas fontes e absorvidos no

intestino dá-se o nome de proteína metabolizável. (Burroughs et al., 1975a;

ARC, 1980).

Os sistemas de alimentação evoluíram das determinações de exigências

em proteína bruta para os atuais modelos de proteína metabolizável, que

permitem adequar as exigências da população microbiana ruminal em

compostos nitrogenados, assim como as exigências do ruminante em proteína

metabolizável. Os sistemas de proteína metabolizável têm estimulado e

permitido avanços no conhecimento das exigências em aminoácidos dos

ruminantes e no balanceamento do perfil de aminoácidos essenciais da proteína

metabolizável (Santos, 2006).

Estes avanços no conhecimento da caracterização e composição química

dos alimentos bem como na determinação das demandas nutricionais dos

animais, teve sua integração facultada e ampliada graças ao advento da

tecnologia dos computadores, cujo impulso de desenvolvimento iniciou-se por

volta dos anos 60. Graças a esta tecnologia, a habilidade dos cientistas em

descrever matematicamente as relações biológicas foi grandemente

incrementada e assim, modelos matemáticos passaram a ser construídos

objetivando descrever vários aspectos relacionados à nutrição e alimentação

animal (Russell, 2002).

Define-se um modelo como uma representação simplificada, abstrata e

idealizada de determinada realidade. Qualquer tipo de modelo, por definição,

deve basear-se em argumentações ordenadas, lógicas e justificáveis,

pressupostas a partir do conhecimento científico existente sobre o assunto em

7

questão. Um modelo matemático nada mais é do que uma equação ou um

conjunto de equações que representam o comportamento de um sistema, cuja

resolução implica a predição de mudanças que podem ocorrer na realidade; é a

conseqüência ou o resultado direto de empreendimentos analíticos para a

abstração e definição do mundo real, em termos matemáticos precisos (Mertens,

1976).

Os modelos matemáticos são essencialmente classificados como

‘determinísticos’ ou ‘estocásticos’, ‘dinâmicos’ ou ‘estáticos’ e ‘empíricos’ ou

‘mecanísticos’. Modelos determinísticos são baseados na assunção de que as

soluções obtidas derivam de equações ou funções exatas, entretanto é sabido que

dados biológicos freqüentemente tem elevado grau intrínseco de variabilidade.

Os modelos estocásticos (também ditos probabilísticos) se valem de relações

estatísticas no cômputo das variações, tendo estas a amplitude da variância de

cada um de seus componentes. Modelos estáticos ignoram o efeito do tempo,

mas modelos dinâmicos descrevem relações tempo-dependente dos fatores que

tenham esta característica (Baldwin & Donovan, 2000; Russell, 2002).

Modelos empíricos são construídos a partir da descrição da observação

de dados, os quais são ajustados a uma equação (ou conjunto de equações

matemáticas). Já os modelos mecanísticos (também denominados ‘teóricos’)

buscam promover a descrição de um sistema com a compreensão dos fatores

causais concernentes com os mecanismos envolvidos no sistema em estudo.

Estes modelos são construídos através do exame da estrutura do sistema,

compartimentalizando-o e analisando o comportamento de todo o sistema em

termos dos componentes individuais (compartimentos) e das interações entre

eles (Dijkstra & France, 1995).

Os sistemas de alimentação de ruminantes atualmente em uso se valem

principalmente de equações empíricas (AFRC, CSIRO, INRA, NRC,

DVB/OEB-System - Dijkstra et al., 1998). Embora difiram entre si, quanto à

8

terminologia e detalhamento, estes sistemas são conceitualmente similares em

seus objetivos de prever o fluxo de energia disponibilizado aos animais e

microrganismos ruminais, a quantidade de N passível de ser utilizada por

aqueles seres, pela estimativa de síntese de proteína microbiana e pelo

conseqüente N-aminoácido microbiano que seja disponibilizado ao ruminante

hospedeiro, pelos aspectos cinéticos dos nutrientes no rúmen, pelo ‘rendimento’

de nutrientes que alcança o intestino delgado e conseqüentemente, pelo próprio

desempenho animal.

Algumas propostas de modelos mecanísticos existentes, bem menos

notórias (Dijkstra et al., 1992; Lescoat & Sauvant, 1995, entre outras),

descrevem, por exemplo, a síntese de proteína microbiana baseada não somente

na quantidade, mas no tipo de matéria orgânica disponível, na utilização desta

nos processos de crescimento e de não crescimento microbiano, nas interações

entre as classes de microrganismos, etc.

Comparativamente aos modelos empíricos, os conceitos adotados nos

modelos mecanísticos são mais variáveis posto que os objetivos da modelagem

mecanística e as hipóteses subjacentes são completamente diferentes. O

principal objetivo dos modelos mecanísticos de rúmen é o de prover um

conhecimento integrado dos aspectos envolvidos e permitir predizer o perfil de

nutrientes (incluindo a proteína microbiana), disponível para absorção. Por

exemplo, nenhum dos sistemas empíricos utilizados na avaliação de proteína

para ruminantes considera explicitamente as interações existentes entre as

diferentes populações de microrganismos existentes no rúmen e os variáveis

efeitos de suas atividades na degradação da matéria orgânica presente. Outro

aspecto também desconsiderado nos atuais modelos empíricos refere-se à

consideração dada às variações ocorrentes quanto ao tempo, relevando assim as

oscilações entre dias e dentro de cada dia, fazendo com que os modelos

empíricos observem o animal segundo uma condição ‘steady-state’, o que

9

absolutamente não condiz com a realidade, classificando assim estes sistemas

como empíricos e estáticos (Sniffen & Robinson, 1987).

Tem-se ainda que os modelos podem conter tanto elementos empíricos

como mecanísticos em sua construção, sendo assim chamados de modelos

mistos, como é o caso do sistema de Cornell (CNCPS). Para exemplificar esta

característica, pode-se citar que este sistema relaciona a disponibilidade de

substratos à utilização da energia em processos de crescimento e não-

crescimento microbiano (enfoque mecanístico), mas a degradação dos substratos

é representada sem considerar a interação dos efeitos entre carboidratos e

nitrogênio ou os efeitos das atividades microbianas sobre a degradação da

matéria orgânica no rúmen (enfoque empírico).

Seja como for, cada abordagem assumida de modelagem possui

vantagens e desvantagens, dependendo do objetivo específico. Um modelo

empírico baseado diretamente em um conjunto definido de dados pode, dentro

deste limite, prover respostas bastante acuradas em sua predição. Em

contrapartida, modelos mecanísticos, que tiveram seus componentes e

parâmetros advindos de numerosos e variados bancos de dados, podem não

fornecer predições tão exatas, entretanto permitem um entendimento melhor do

comportamento do sistema como um todo. Outro aspecto importante reside no

fato de que os modelos empíricos são normalmente mais simples e, portanto,

mais facilmente utilizáveis, constituindo por esta razão práticas ferramentas

utilizadas inclusive na elaboração de dietas.

2.2.1. Os sistemas britânicos ARC e AFRC

Os sistemas de nutrição e alimentação de ruminantes de origem britânica

(ARC, 1980 e AFRC, 1993) trouxeram relevantes contribuições sobre a

utilização dos nutrientes por estes animais. O conceito de energia metabolizável

10

assumido pelo ARC (1980) tem como base a relação entre os consumos de

energia metabolizável (nos alimentos ou dieta) com a retenção da energia líquida

nos produtos e no metabolismo animal. A ingestão de energia metabolizável

refere-se à energia bruta ingerida menos a energia bruta contida nas fezes, urina

e gases de combustão (majoritariamente metano).

Especificamente no que diz respeito ao aproveitamento da energia, o

ARC (1980) estabeleceu o conceito da metabolizabilidade (q), definida como a

energia metabolizável do alimento dividida por sua energia bruta. A

metabolizabilidade da energia à mantença é simbolizada por qm e, em qualquer

outro nível de alimentação, qL. A eficiência de utilização da energia

metabolizável (simbolizada por k) é definida como o aumento na retenção de

energia que ocorre por unidade de incremento de energia metabolizável

oferecida, tendo por isso estreita relação com a metabolizabilidade da energia

em cada alimento. A eficiência de utilização da energia metabolizável foi então

apresentada como função linear da metabolizabilidade da energia, sendo

específica quanto à função fisiológica de interesse (mantença, ganho de peso

corporal, lactação, etc.).

Por convenção, os sistemas de alimentação consideram que quando a

retenção de energia corporal é zero, diz-se que o animal está em manutenção, ou

seja, consome e dissipa energia para a manutenção dos processos vitais e

metabólicos básicos. Já a retenção de energia refere-se à taxa de deposição

energética corporal, que pode ser obviamente negativa quando o nível de

ingestão energética está abaixo da mantença. Assim posto, considerando que a

energia metabolizável de cada alimento possui uma metabolizabilidade que lhe é

peculiar e a eficiência com que é utilizada é variável em função do objetivo de

seu uso, faz-se imperativo que, para se estimarem as exigências de energia

metabolizável de mantença e ganho de peso seja necessário, primeiramente,

11

estimar a exigência líquida de energia para mantença e para ganho,

respectivamente.

O ARC (1980) relacionou ainda a quantidade de energia provinda do

alimento consumido e a exigência energética dos animais, auferindo quantas

vezes a energia exigida para mantença é ingerida, e a este valor foi dado o nome

de nível de produção, representado por L. O sistema AFRC (1993) também

assume este postulado. Este valor calculado, enquanto não considerado para o

computo das demandas energéticas, é levado em conta para o cálculo do

potencial de crescimento microbiano ruminal.

A exigência de energia metabolizável para ganho de peso, como o

sistema AFRC (1993) o apresenta, é dependente do tamanho do ganho de peso

buscado, da composição energética corporal dos animais (Eg) e da eficiência de

utilização da energia metabolizável para ganho de peso (kg).

A ingestão de energia metabolizável (IEM), menos a exigência

energética de mantença (EMm), resulta na sobra de energia metabolizável

disponível para ganho de peso (EMg) que será utilizada com a eficiência kg. Para

o balanceamento de dietas, o sistema propõe a seguinte função para o balanço

energético:

IMS x [EM]dieta = EMm + EMg

em que IMS é a ingestão de matéria seca (kg/dia); [EM]dieta é a concentração de

energia metabolizável da dieta (Mcal/kg MS); EMm é a exigência de energia

metabolizável para mantença (Mcal/dia) e EMg é a energia metabolizável de

ganho de peso (Mcal/dia).

Nos sistemas britânicos, a exigência de proteína metabolizável,

igualmente ao que se dá no tocante à energia, é resultante do somatório das

demandas de mantença e produção, sendo considerada a parte da demanda para

12

mantença as perdas derivadas da descamação da pele e do crescimento de lã e

pelos.

Para estimar a síntese de proteína microbiana, o sistema considera

primeiramente o potencial de crescimento microbiano (YPBmic) possível de ser

obtido, sendo este definido como função do nível de ingestão de energia

metabolizável, ou melhor, pelo nível de produção (L), conforme a equação

YPBmic = 7 + 6 x (1 - e (-0,35 x L))

Assim, tem-se que o crescimento microbiano (Y) é obtido, segundo o

AFRC (1993), a partir de:

Y = IEMfe x YPBmic

em que (YPBmic) é o potencial de crescimento microbiano expresso em g PB

microbiana/Mcal IEMfe; (L) é o nível de produção (ingestão de EM em relação à

exigência de mantença) e IEMfe representa a ingestão de energia metabolizável

fermentável (em Mcal/dia).

A inclusão de proteína dietética se desenvolve em uma segunda etapa do

balanceamento conforme apresentada para o ARC (1980) e AFRC (1993). A

partir da definição da concentração energética da dieta, que é função de

consumo, peso vivo, composição e intensidade de ganho de peso, busca-se

incluir proteína degradável na dieta a fim de atender prioritariamente à demanda

de proteína para crescimento microbiano ruminal. Desta forma, a inclusão de

uma dada fonte de proteína verdadeira ou de NNP dependerá da escala de

crescimento microbiano que o balanço energético da dieta permite.

13

2.2.2. A proteína dietética e seu fracionamento de acordo com os sistemas de alimentação de ruminantes

O sistema britânico ARC (1980) basicamente subdivide os compostos

nitrogenados presentes nos alimentos em duas porções, uma passível de ser

degradada no rúmen e outra indegradável (RDN e UDN). Por outro lado, Van

Soest (1994) chamou a atenção para o aspecto de que simplesmente classificar o

nitrogênio dietético como N solúvel e N insolúvel no rúmen não é adequado

para o entendimento de seu valor nutricional e de sua dinâmica no trato

digestivo dos ruminantes. A razão para tal reside no fato de que esta divisão

simplista não distingue nitrogênio não-protéico (NNP) de proteína verdadeira,

ou ainda, não leva em conta a indisponibilidade, mesmo que parcial, da fração

insolúvel, além de assumir que a insolubilidade confere características de baixa

velocidade de degradação. A proteína presente nas folhas da alfafa (Medicago

sativa) é desnaturada (tornando menos solúvel) durante o processo de fenação,

porém, continua rapidamente degradável, enquanto que a albumina sérica

solúvel fermenta muito lentamente.

O sistema americano (NRC, 1985) aperfeiçoou mais o fracionamento,

dividindo a proteína dos alimentos em três frações, sendo uma rapidamente

degradada no rúmen, uma potencialmente degradável e outra indegradável.

Russell et al. (1992) e Sniffen et al. (1992), entretanto, consideraram este

modelo ainda limitado e sugeriram novas subdivisões.

Para que o processo de degradação das proteínas no rúmen fosse mais

bem explorado, e avaliadas as contribuições da proteína dietética e microbiana

para a quantidade e qualidade dos aminoácidos absorvidos ao nível do intestino

delgado, fizeram-se necessárias investigações mais acuradas da disponibilidade

potencial das diferentes frações que compõem a proteína. Progressos

significativos foram obtidos no desenvolvimento de metodologias visando

relacionar a solubilidade de diferentes frações da proteína com sua

14

suscetibilidade à degradação enzimática (Krishnamoorthy et al., 1982; 1983).

Assim, o sistema Cornell Net Carbohydrate and Protein System - CNCPS

(detalhadamente descrito por Fox et al., 2003; Fox et al., 2004), foi desenvolvido

desde o início dos anos 90, caracterizando o componente protéico dos alimentos

como dividido em três frações básicas: nitrogênio não-protéico (fração A),

proteína verdadeira (fração B) e nitrogênio indisponível (fração C). A fração B,

por sua vez, foi subdividida em três outras sub-frações, conforme a velocidade

de degradação (taxa de degradação) dentro do rúmen: B1 (proteína solúvel,

rapidamente degradada no rúmen), B2 (proteína insolúvel, moderadamente

degradada no rúmen) e B3 (proteína insolúvel, lentamente degradada no rúmen).

Na Tabela 1A, apresentada nos anexos, pode ser visualizado um esquema das

frações protéicas dos alimentos e a forma de se obter tais frações. Esta maneira

de fracionar os constituintes nitrogenados dos alimentos, em associação com o

devido fracionamento dos carboidratos, permite maximizar a sincronização das

atividades microbianas sobre a proteína e carboidratos no rúmen, maximizando a

produção microbiana, a extração de energia dos alimentos e também minimizar

perdas nitrogenadas (Pereira, 1999).

Dentre as frações (A, B e C), a fração B é a mais variável, quanto ao

intervalo de degradação dentro do rúmen, uma vez que se assume que a fração A

é completamente degradada e que a fração C é completamente indisponível.

Assim ressalta-se que o fracionamento do nitrogênio pura e simplesmente não

implica em condições de se poder predizer todo o montante de N que estará

disponibilizado para a população microbiana. É fundamental que associado à

caracterização da fração protéica do alimento sejam auferidas também as

velocidades de degradação de cada uma das frações a fim de permitir estimar o

montante efetivo de proteína degradável (PDR) e não degradável no rúmen

(PNDR). Várias propostas têm sido feitas no sentido de se tentar combinar

estimativas da taxa de desaparecimento (Kd) da fração B no rúmen, com a taxa

15

de passagem (Kp) com o intuito de se estimar a PDR e PNDR. O NRC (2001),

baseando-se em dados de 190 experimentos, propôs das equações conforme:

PDR = A + {Bi x [ KdBi / (KdBi + KpBi)]}

PNDR = Bi x [ KpBi / (KpBi + KdBi)] + C

Onde:

PDR: proteína degradável no rúmen

PNDR: proteína não degradável no rúmen

A: fração A da proteína (% da PB)

Bi: fração Bi da proteína, sendo i = 1, 2 e 3 (% da PB)

C: fração C da proteína (% da PB)

KdBi; taxa de degradação da fração Bi (% por hora)

KpBi; taxa de passagem da fração Bi (% por hora)

O modelo proposto pelo ARC (1980) e adaptado pelo AFRC (1993),

descrito anteriormente, pode ser utilizado para predizer dietas para os ovinos. No

entanto, os componentes do modelo do AFRC (1993) que atualmente podem ser

considerados inadequados para os ovinos, frente aos novos trabalhos científicos,

foram mais adequadamente ajustados com base em uma extensiva revisão

bibliográfica para melhorar a precisão dos modelos, conforme pode ser proposto

por Cannas et al. (2004). Este sistema tem como base a estrutura do CNCPS e

prevê o efeito do nível de alimentação sobre a utilização da dieta, tendo sido

apresentado à comunidade científica como a versão do sistema de Cornell para a

espécie ovina (denominado por isso, CNCPS-S). O modelo teve ênfase especial

em ovinos leiteiros.

Assim é que modelos mais modernos de alimentação de ovinos vêm se

desenvolvendo com o objetivo de melhorar a acurácia de suas estimativas.

16

Exemplos nesta direção são o próprio CNCPS-S, de origem norte-americana e o

MIPAF (italiano), citado por Cannas & Atzori (2005).

2.3. A proteína de origem microbiana na nutrição protéica dos ruminantes

Na nutrição de animais ruminantes é fato conhecido que uma substancial

proporção dos aminoácidos absorvidos pelos ruminantes (mais de 50% e não

raras vezes este montante pode chegar de dois terços a três quartos) é

proveniente da proteína microbiana sintetizada no rúmen (AFRC, 1993). Esta é

sintetizada no processo fermentativo de degradação ruminal a partir de proteína

dietética, proteína microbiana reciclada, nitrogênio reciclado via saliva e sangue

ou mesmo fontes de nitrogênio não protéico (Teixeira & Salvador, 2004).

A proteína microbiana é considerada fonte de boa qualidade, em relação

à sua digestibilidade intestinal (entre 80 a 85%) e ao seu perfil de aminoácidos

(NRC, 2000), sendo sua composição aminoacídica similar à da proteína dos

tecidos do próprio corpo do animal, bem como da proteína encontrada no leite

(Schwab, 1996). Em comparação à composição da proteína de concentrados

protéicos de origem vegetal, a proteína microbiana contém maior proporção de

metionina e lisina e (após a proibição da utilização de alimentos de origem

animal em dietas destinadas a ruminantes no Brasil) não existem fontes que

atendam melhor aos requerimentos aminoacídicos do animal que a proteína

microbiana (Verbic, 2002).

Foi graças à qualidade desta fonte protéica que Virtanen (1966)

conseguiu demonstrar que vacas com moderadas produções leiteiras

conseguiram a satisfação de suas demandas nutricionais em aminoácidos tendo

como fonte dietética de nitrogênio (N) apenas a uréia.

17

Assim, a proteína microbiana ruminal deve ser considerada como uma

importante fonte protéica e de fato, as exigências de proteína metabolizável dos

ruminantes são atendidas mediante a absorção no intestino delgado da proteína

verdadeira microbiana e proteína dietética não degradada no rúmen. O

suprimento de proteína metabolizável derivada da proteína microbiana é similar

àquela advinda das silagens de gramíneas (aproximadamente 64% - AFRC,

1993) e apresenta bom perfil de aminoácidos, apesar de variável (Storm &

Ørskov, 1983).

Embora o rúmen apresente vantagens, particularmente quando aos

animais são oferecidos alimentos de baixa qualidade, ele pode, por outro lado,

vir a promover a ineficiência de utilização de nitrogênio pelos ruminantes. Por

exemplo, quando vacas leiteiras receberam concentrado com níveis e

características clássicas em associação a 16 diferentes tipos de silagens de

gramíneas, a eficiência de conversão de nitrogênio alimentar em nitrogênio do

leite variou de 23 a 32% (Dewhurst et al. 1996).

Condições em que ocorra a ingestão excessiva de compostos

nitrogenados, sem o devido aporte de energia disponível podem favorecer o

comprometimento do desempenho produtivo e reprodutivo dos animais,

aumentar as exigências energéticas, elevar significativamente os custos de

produção, além de poder ser fator de agravamento de poluição ambiental devido

ao incremento na excreção do N excedente (NRC, 2000). Portanto, o

desconhecimento de como o rúmen desempenhará em uma dada situação

constitui-se na principal causa do uso ineficiente da proteína dietética. Torna-se

então essencial predizer ou estimar o montante de proteína microbiana produzida

a fim de corrigir problemas bem como otimizar o uso do nitrogênio da forragem

e das fontes protéicas, geralmente de custos elevados. Assim, conseguir-se

determinar o tamanho do crescimento microbiano ocorrente no rúmen e a

respectiva absorção do pool de aminoácidos ali elaborado, ao nível do intestino

18

delgado, é fundamental para permitir a adequação na formulação de dietas de

ruminantes.

O NRC (1985) discute o crescimento microbiano sob três contextos: a

eficiência microbiana, a massa microbiana e o fluxo microbiano. A síntese de

proteína microbiana, sob o aspecto da eficiência microbiana, tem sido expressa

de maneiras diferentes, segundo diferentes sistemas de alimentação: em função

da quantidade de nutrientes digestíveis totais - NDT (NRC, 1985), em relação à

matéria orgânica degradada no rúmen - MODR (ARC, 1980) ou em função da

quantidade de carboidratos degradados no rúmen - CHODR (sistema Cornell -

CNCPS - Sniffen et al., 1992). Este último enfoque motivou a proposição de

uma classificação simplista pelo CNCPS dos microrganismos ruminais de

acordo com o tipo de carboidrato utilizado como fonte de energia (Russell,

1984; Russell et al., 1992). Valadares Filho (1995) salienta considerar que a

melhor forma de expressar a eficiência microbiana seria em relação aos

CHODR, comparativamente à MODR e ao NDT, posto que são os carboidratos

que definitivamente constituem a principal fonte de energia para os

microrganismos ruminais, quando comparados aos lipídios e à proteína bruta.

O sistema AFRC (1993), porém, definiu o conceito de energia

metabolizável fermentável (EMfe), por meio do qual se busca refletir a

disponibilidade de energia metabolizável dos alimentos para os microrganismos

ruminais. Assim, a participação energética da gordura é desprezada pelo sistema,

que não considera o uso da energia proveniente da gordura pela flora microbiana

ruminal.

Se por um lado torna-se evidente as vantagens obtidas ao poder se

estimar a síntese de proteína microbiana, a literatura a este respeito tem sido

revisada em diversas ocasiões e resulta em poucos prognosticadores totalmente

confiáveis acerca da síntese de proteína microbiana ou acerca da eficiência da

mesma (Broderick & Merchen, 1992; Firkins, 1996). Isto se dá tanto em função

19

da complexidade do sistema do rúmen como também em função das

dificuldades técnicas de estimar a síntese de proteína microbiana principalmente

in vivo. Existem dois problemas distintos, que são determinar qual a quantidade

de material que deixa o rúmen e então estimar qual é a proporção de material

protéico de origem microbiana dentre este material. Estas estimativas têm

requerido o uso de animais canulados os quais tendem a somar a estes

problemas, baixa repetibilidade. Titgemeyer (1997) revisando a literatura

demonstrou que, em média, grupos de 12 animais por tratamento são necessários

para identificar diferenças significativas entre tratamentos da ordem de 10%

quanto à eficiência de síntese de proteína microbiana.

2.3.1. Aspectos interferentes na síntese de proteína microbiana

Em condições normais os fatores que afetam de modo marcante a síntese

de proteína microbiana são de foro alimentar. Vários trabalhos foram citados por

Ribeiro et al. (2001) os quais mencionam que a síntese de proteína microbiana

no rúmen é variável e dependente das concentrações e da qualidade das fontes

de energia e de nitrogênio dietéticos no rúmen, da taxa de diluição ruminal, da

freqüência de alimentação, do consumo de alimentos, da proporção entre

volumosos e concentrados (que obviamente está relacionada à qualidade e

quantidades das fontes de N e energia), do processamento pelo qual o volumoso

pode vir a passar, da presença de determinados aditivos e/ou ionóforos e da

presença de minerais (especialmente fósforo, magnésio e enxofre). O fluxo

microbiano, discutido pelo NRC (1985), é um dos importantes aspectos

relacionados ao crescimento microbiano e este é, por sua vez, dependente das

relações entre o tamanho das partículas, do volume e da taxa de passagem no

rúmen. Este último aspecto tem importância relevante posto que a taxa de

passagem acaba interferindo na redução da idade média da população

20

microbiana (em função da remoção de organismos maduros) e assim reduzem a

demanda energética de mantença desta microbiota, elevando assim a eficiência

de uso da energia do sistema para crescimento microbiano (Polan, 1988).

Entretanto, a literatura concernente à síntese de proteína microbiana é até

certo ponto confusa e não raramente contraditória e isto decorre em razão tanto

do aspecto dos complexos fatores envolvidos bem como decorrente das

dificuldades de mensuração desta síntese. Existem numerosos tratamentos que

têm apresentados claros efeitos que podem estar relacionados aos componentes

dos modelos clássicos de crescimento microbiano, modelos estes que relacionam

o crescimento à presença e/ou abundância de substrato (em especial N) e à

disponibilidade de energia dos microrganismos (Clark et al., 1992; Jetana et al.,

2000).

2.3.2. A sincronia no rúmen

O conceito de sincronia no rúmen tem sido proposto como sendo

fundamental para simplificação da descrição do suprimento de energia e proteína

aos microrganismos ruminais. É considerado que a síntese de proteína

microbiana será maximizada por intermédio da sincronia entre a

disponibilização de energia fermentável e de nitrogênio degradável no rúmen.

Rooke et al. (1987) demonstraram o principio de incrementar a síntese de

proteína microbiana quando glicose, acompanhada ou não por caseína, foi

infundida dentro do rúmen de vacas alimentadas com dietas à base de silagem de

gramíneas. Nas condições particulares em que a caseína foi adicionada,

verificou-se incremento da síntese de proteína microbiana. Desde então diversas

outras tentativas testaram a hipótese da ‘sincronia’ e um resumo de alguns

trabalhos, relativos ao modo em como a sincronia e o assincronismo foram

obtidos experimentalmente são citados na revisão de Dewhurst et al. (2000).

21

É possível alterar a sincronização de dietas, tanto por intermédio da

alteração dos componentes da dieta (mudança de ingredientes) como por meio

da modificação das proporções entre os ingredientes ou ainda dosando formas

específicas de energia e N dentro do rúmen, ou a combinação entre as diversas

maneiras descritas. Porém, não raro ocorre impossibilidade de identificação se

um incremento na eficiência de síntese de proteína microbiana foi obtido em

função do processo de sincronização de energia e nitrogênio disponíveis no

rúmen ou se é efeito associado à manipulação de ingredientes (nível e tipo)

(Herrera-Saldana et al., 1990; Sinclair et al., 1993). Uma outra falha potencial de

experimentos onde as taxas de degradação/ fermentação das frações de proteínas

e carboidratos são pré-determinadas em estudos in sacco com o objetivo de

calcular um ‘índice de sincronização’ reside no fato de que a secagem e a

moagem de substratos altera as características e assim, a disponibilidade dos

componentes dietéticos que são utilizados para determinar estes ‘índices’.

Fornecendo os mesmos ingredientes de acordo com diferentes padrões

alimentares ou de infusão de nutrientes, diretamente dentro do rúmen, constitui-

se em uma forma mais robusta de teste. Entretanto, mesmo neste tipo de ensaio

pequenas evidências conclusivas têm sido apresentadas as quais mostram efeitos

positivos na síntese de proteína microbiana (Henning et al., 1993) ou na

produção de leite (Kolver et al., 1998). Henning et al. (1993) demonstrou que a

contínua infusão exclusiva de açúcar aumentou a eficiência de crescimento

microbiano e eles concluíram que a manipulação dietética deveria objetivar em

prover tanto um suprimento de energia enquanto houvesse um suprimento

adequado de quantidades de N degradável no rúmen. Por outro lado, Henning et

al (1991), citados por Henning et al. (1993), demonstraram que, sob condições in

vitro, uma dose única de glicose foi superior a outros padrões de fontes

energéticas em elevar a síntese microbiana e a eficiência. Dewhurst et al. (2000)

relata que pesquisadores do Instituto de Pesquisa em Meio-ambiente e

22

Pastagens, de Aberystwyth (Reino Unido) forneceram dietas formuladas para

serem tanto altamente sincrônicas ou altamente assíncronas, em um sistema de

cultura contínuo simulando o rúmen. As dietas sincrônicas permitiram maiores

rendimentos microbianos, apesar do efeito assíncrono ter sido praticamente

eliminado em razão da alimentação continua nestes sistemas.

Efeitos mais evidentes os quais são atribuídos ao sincronismo podem ser

resultados de efeitos específicos de nutrientes individuais, particularmente de

frações da energia e/ou proteína. Neste contexto, é útil considerar a hipótese da

‘sincronia’ e sua interpretação a partir do ponto de vista de dois sistemas de

alimentação bastante distintos, por exemplo, baseados em pastejo de forragens

frescas e alimentação a partir de forragens conservadas (tais como silagens e

fenos). Chamberlain & Choung (1995) apresentaram o caso de ‘assincronismo’

com dietas baseadas em forragens conservadas, onde um grande desequilíbrio

pode surgir, com pouca energia prontamente disponível, na presença de

abundantes compostos derivados da degradação protéica (peptídeos,

aminoácidos e amônia). De fato, contrariamente à maioria dos achados

discutidos anteriormente, Kim et al. (1999a) observaram aumento no fluxo de N

microbiano em vacas leiteiras quando foram criadas condições sincrônicas no

rúmen por meio da infusão de açúcares em diferentes tempos tendo como dieta

silagem e concentrados. Porém, em outro estudo semelhante, onde a silagem foi

fornecida sem o concentrado (Kim et al., 1999b), não houve efeito da infusão.

Os autores sugeriram que o grau de sincronia apenas influenciará a síntese de

proteína microbiana em dietas que contenham elevadas concentrações de

carboidratos prontamente fermentáveis, embora isto apenas seja provável se a

capacidade dos microrganismos em armazenar amido for excedida. Torna-se

difícil explicar estes achados contraditórios visto que respostas positivas seriam

mais prováveis constatar em condições onde as vacas recebessem

exclusivamente silagens.

23

Por outro lado, durante pastejos de gramíneas frescas, níveis

relativamente altos de açúcares solúveis e compostos resultantes de degradação

protéica se tornarão disponíveis por períodos extensos, em razão das ações de

enzimas vegetais e microbianas. Além disso, se excessos de açúcar estiverem

disponíveis durante o pastejo de forragens frescas e existir uma deficiência

transitória de N, as bactérias ruminais podem sintetizar e armazenar amido (até

75% da matéria seca celular), o qual pode ser armazenado para utilização

posterior, quando o suprimento de N for recomposto. Assim, assincronismo

entre o suprimento de energia e N pode não representar grande problema durante

períodos de pastejo de forragens frescas bem como quando as dietas forem

baseadas em silagens de gramíneas. Fatores tais como o nível, o tipo e o

equilíbrio de diferentes fontes de carboidratos podem assumir maior

importância, particularmente quando variações no conteúdo de açúcares solúveis

(e outros nutrientes) são consideradas para forragens pastejadas na primavera ou

verão. Seria então digno de proposição que, para o caso de silagens o termo

‘equilíbrio’ o qual abarca todos estes requerimentos, deveria substituir o termo

‘sincronia’ quando descrever o suprimento de energia e de N. Na realidade, tem

sido demonstrado que açúcares solúveis como a sacarose, lactose e frutose são

superiores ao amido (cereais são usualmente utilizados para suplementações

práticas, ao invés da sacarose) como fontes de energia para a fixação do N

microbiano no rúmen. Este dado pode ter significância para a síntese microbiana

em animais em pastejo, uma vez que os níveis de amido são muitíssimos baixos

em gramíneas frescas a frutana, polissacarídeo de armazenagem, pode

representar ao redor de 70% do total de carboidratos hidrossolúveis. E sobre ela

muito pouco tem sido reportado, no que diz respeito às características de

fermentação e o uso desta pelos microrganismos. Porém, a taxa e a extensão de

produção de gás a partir das frutanas sob condições simuladas de rúmen in vitro

tem demonstrado que este açúcar se comporta de forma semelhante ao amido e é

24

fermentada consideravelmente mais lentamente que a sacarose ou a glicose

(Dewhurst et al., 2000).

O uso de novas variedades de gramíneas, desenvolvidas para conter

elevadas concentrações de carboidratos hidrossolúveis, objetivando equilibrar o

suprimento energético ao rúmen e melhorar s produção leiteira em vacas, foi

avaliado por Miller et al. (1999), citados por Dewhurst et al., 2000. Esta

abordagem pode solucionar o problema de suprimento energético a partir do

ponto de vista do tipo e do nível de açúcar, posto que a maioria dos açúcares

presentes nestas linhagens encontra-se na forma de polímeros de frutanas.

Aqueles autores obtiveram aumentos na produção leiteira quando vacas se

alimentaram destas forragens ricas nestes tipos de carboidratos hidrossolúveis,

comparativamente às forragens controle (baixos níveis de frutanas) e assim

sugeriram que a principal causa foi decorrente provavelmente de um aumento da

ingestão de matéria seca digestível. Entretanto, os estudos da digestão no rúmen

não foram levados a efeito e um efeito na síntese microbiana também é possível.

A manipulação de linhagens forrageiras para características que resultem em

maiores concentrações de carboidratos hidrossolúveis e redução da

degradabilidade da proteína são caminhos a avançar e tem o potencial de

coadunar qualidade da forragem aos requerimentos ruminais em açucares, N e

muitos outros nutrientes.

2.3.3. O tamanho corporal e sua relação com a síntese de proteína microbiana

A predição da síntese de proteína microbiana em determinadas

condições de alimentação, sob a óptica de modelos empíricos, permite a

constatação de comportamentos característicos. Por exemplo, ao se lançar mão

das equações propostas segundo o sistema AFRC (1993), e realizando simples

exercícios algébricos, poderá ser verificado que o rendimento microbiano se dá

25

em maior escala quanto maior for o tamanho corporal do animal e quanto maior

for o nível de desempenho buscado (Figura 1).

Condição dietética 1

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

0 50 100 150 200 250 300 350

GMD (g/dia)

Pro

t. m

eta

bo

lizáv

el (

g/d

ia)

PV15kg PV25kg

Condição dietética 2

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

0 50 100 150 200 250 300 350

GMD (g/dia)P

rot.

meta

bo

lizá

ve

l (g

/dia

)

PV35kg PV45kg

FIGURA 1. Estimativa de rendimento microbiano em ovinos em função de diferentes ganhos médios diários (GMD) para diferentes pesos vivos (PV) e sob duas condições dietéticas (condição dietética 1: volumoso + suplementação concentrada contendo basicamente milho e farelo de soja; condição dietética 2: volumoso + suplementação concentrada contendo exclusivamente milho + fonte de NNP - uréia). Para a elaboração dos gráficos o consumo de matéria seca assumido foi fixo (80 g/kg PV0,75), representando entre 3,09 a 4,07% do peso vivo e, as concentrações de EM variaram entre 1,90 a 3,28 Mcal/kg de MS, o que permitiu o atendimento das demandas de energia metabolizável (EM) para cada condição ‘Peso Vivo x GMD’ simulada.

Mediante a comparação entre as curvas definidas para diferentes

condições de peso vivo (ou tamanho corporal), pode ser verificado que,

independentemente da condição dietética (desde que elaboradas respeitando as

exigências nutricionais), animais com maiores tamanhos alcançam rendimentos

microbianos maiores relativamente aos de menor tamanho. No entanto, apesar

do comportamento se repetir a despeito das condições alimentares, em

26

concordância com a afirmação de Ribeiro et al. (2001), condições alimentares

diferentes podem promover rendimentos microbianos distintos em termos de

grandezas numéricas e as premissas do modelo do AFRC (1993) parecem

acomodar este aspecto.

Este comportamento de simulação se verifica também em outros

sistemas de alimentação, posto que as equações consideradas levam em conta os

mesmos aspectos, ou seja, o potencial de crescimento microbiano frente à

disponibilidade energética (seja expressa como NDT, MODR ou CHODR) e de

compostos nitrogenados.

Desta forma, certas condições dietéticas demonstrarão a pressuposição

da existência de tamanhos corporais ‘limites’, abaixo dos quais a síntese de

proteína microbiana per si não é capaz de prover volume suficiente para o

atendimento das demandas em proteína metabolizável, não permitindo, por

conseguinte, o alcance de níveis de desempenhos acima de determinados

patamares. Ao se efetuar simulações de síntese de proteína microbiana em

ovinos com pesos vivos e ganhos distintos, determinando curvas que

representem tanto a exigência de proteína metabolizável bem como o montante

de proteína metabolizável passível de ser alcançado por meio da dieta e da

síntese microbiana ruminal, verifica-se que em circunstâncias em que dieta

provê energia e apenas uréia como fonte de nitrogênio, esta pressuposição

definitivamente se configura enquanto que sob condições dietéticas diferentes

(onde, por exemplo, a fonte de N seja o farelo de soja), esta ocorrência não se dá

(Figura 2).

27

GMD = 180g/dia (cond. diet. 1)GMD = 180g/dia (cond. diet. 1)GMD = 180g/dia (cond. diet. 1)GMD = 180g/dia (cond. diet. 1)

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

Pro

t. m

eta

bo

lizá

ve

l (g

/dia

)

GMD = 180g/dia (cond. diet. 2)GMD = 180g/dia (cond. diet. 2)GMD = 180g/dia (cond. diet. 2)GMD = 180g/dia (cond. diet. 2)

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

Pro

t. m

eta

bo

lizá

ve

l (g

/dia

)

GMD = 280g/dia (cond. diet. 1)GMD = 280g/dia (cond. diet. 1)GMD = 280g/dia (cond. diet. 1)GMD = 280g/dia (cond. diet. 1)

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

Pro

t. m

eta

bo

lizá

ve

l (g

/dia

)

GMD = 280g/dia (cond. diet. 2)GMD = 280g/dia (cond. diet. 2)GMD = 280g/dia (cond. diet. 2)GMD = 280g/dia (cond. diet. 2)

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

Pro

t. m

eta

bo

lizá

ve

l (g

/dia

)

GMD = 330g/dia (cond. diet. 1)GMD = 330g/dia (cond. diet. 1)GMD = 330g/dia (cond. diet. 1)GMD = 330g/dia (cond. diet. 1)

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

0 10 20 30 40 50 60

Peso Vivo (kg)

Pro

t. m

eta

bo

lizá

ve

l (g

/dia

)

GMD = 330g/dia (cond. diet. 2)GMD = 330g/dia (cond. diet. 2)GMD = 330g/dia (cond. diet. 2)GMD = 330g/dia (cond. diet. 2)

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

0 10 20 30 40 50 60

Peso Vivo (kg)

Pro

t. m

eta

bo

lizá

ve

l (g

/dia

)

PMet dietaExig PMet

FIGURA 2. Curvas de exigência e saldo de proteína metabolizável para diferentes condições de pesos vivos e ganhos de peso (GMD). Condições dietéticas 1 e 2 conforme descritas na Figura 1.

Para todas as circunstâncias simuladas, as curvas de exigência e saldo

dietético são divergentes, cruzando-se em pontos distintos, dependendo do

patamar de desempenho proposto (ganho de peso).

28

Conforme já mencionado, nas condições dietéticas em que fontes

verdadeiras de proteína foram consideradas, não se observa incapacidade no

atendimento das exigências e, portanto, não se sustenta a hipótese de tamanho

limite. Em contrapartida, nas condições dietéticas onde a proteína metabolizável

deriva eminentemente da síntese ruminal de proteína microbiana verifica-se que

para qualquer patamar de desempenho apenas em ovinos acima de 21 kg de peso

vivo, ingerindo volumosos tropicais de boa qualidade (considerado nas

simulações), a maximização da síntese de proteína microbiana contribuirá

contundentemente para o atendimento das demandas em proteína metabolizável

sendo, na realidade, obtido volumes que excedem em muito às exigências.

Caso fossem correlacionadas as faixas de ganhos de peso delineadas nas

simulações aos distintos pesos vivos considerados, buscando-se identificar os

pontos de equilíbrio entre a exigência e o saldo de proteína metabolizável, obter-

se-ia a curva expressa conforme a Figura 3.

20,6619,62

18,4317,02

15,40

11,67

y = 6,1816Ln(x) - 15,128

R2 = 0,9944

5

10

15

20

25

0 50 100 150 200 250 300 350

Ganho médio diário - GMD (g/dia)

Pe

so

viv

o -

PV

(k

g)

FIGURA 3. Correlação entre ganho média diário e peso vivo para que o balanço entre a exigência e o saldo de proteína metabolizável seja zerado.

29

Um aspecto a ressaltar é que a conseqüente elevação nas demandas

nutritivas de energia metabolizável em função de maiores tamanhos corporais e

níveis de desempenho, implica em incrementos na demanda dietética por

proteína degradável no rúmen, visando otimizar o crescimento microbiano.

Assim, o total de proteína microbiana obtida quando se permite sua otimização,

somado à fração não degradada da proteína dietética digestível, resultam em um

montante de proteína metabolizável dietética superior à respectiva demanda para

um dado nível de desempenho, gerando assim, absorção de volumes maiores de

aminoácidos além do atendimento das exigências.

Harmeyer & Martens (1980) comentam que tanto a amônia absorvida

através do epitélio ruminal, devido a ingestão de proporções elevadas de

compostos nitrogenados rapidamente degradados no rúmen, quanto o nitrogênio

resultante do ‘desmonte’ de aminoácidos ao nível hepático, provenientes de

elevadas ingestões a partir do intestino delgado, exercem o mesmo efeito

estimulatório sobre a síntese de uréia no fígado, sendo apenas diferente a

velocidade com que este processo se inicia. Isto implica que incrementos no

montante de aminoácidos absorvidos podem levar a sobrecarga hepática e isto

gera um custo metabólico, visto que o processo de reconversão de amônia em

uréia no fígado custa cerca de 12 kcal/g de nitrogênio (Van Soest, 1994). Nas

condições em que o metabolismo de aminoácidos gerar amônia, boa parte deste

custo energético pode vir a ser suprido pelo próprio esqueleto carbônico

derivado do ‘desmonte’ dos aminoácidos (Harris & Lobley, 1991).

Deste modo, tem-se que a busca por equilíbrio entre o aporte de energia

disponível e de compostos nitrogenados ao nível de rúmen, objetivando otimizar

a síntese de proteína microbiana, na tentativa de não comprometer o

desempenho produtivo e reprodutivo e aumentar as exigências energéticas

(Pereira, 1999; NRC, 200), implica em favorecer excedentes de aminoácidos

30

para absorção no intestino delgado, podendo incorrer assim nas mesmas

conseqüências que se intenta evitar ao equilibrar o rúmen.

2.4. Considerações acerca do não atendimento das demandas para otimização da síntese de proteína microbiana

A capacidade dos animais de consumir alimentos em quantidades

suficientes para alcançar suas exigências de mantença e produção é um dos

fatores mais importantes em sistemas de produção, principalmente se estes

forem em grande parte dependentes de volumosos (Sniffen et al., 1993). Illius &

Jessop (1996) afirmaram que a predição do consumo é o ponto critico de todos

os métodos e modelos atuais de formulação de dietas.

Em condições de consumo de forragem de baixo valor nutritivo, uma

séria consideração a ser feita e preconizada por todos os sistemas de alimentação

de ruminantes vigentes, é a busca pelo atendimento das necessidades ruminais

de nitrogênio para assegurar a digestão da porção fibrosa e, por conseguinte, do

consumo. A indigestibilidade da matéria seca é o principal fator que diminui o

consumo de alimentos em ruminantes (Mertens, 1994; Van soest, 1994; Allen,

1996) e esta tem, por sua vez, elevada relação com a proporção de parede

celular, ou mais diretamente, com o conteúdo em fibra insolúvel em detergente

neutro (FDN), sendo este constituinte um importante definidor da qualidade da

dieta. Esta característica é particularmente mais contundente em forrageiras

típicas de regiões tropicais uma vez que as plantas que se desenvolvem sob tais

condições apresentam composição nutricional bastante diferente daquela obtida

em regiões de clima temperado (Van Soest, 1994).

Assim, a necessidade de proteína degradável no rúmen para efetiva

atuação da flora microbiana, conforme recomendação do NRC (1985) está em

torno de 13% dos nutrientes digestíveis totais (NDT). Esse valor também é

31

ratificado pelo sistema AFRC (1993), sendo pouco menor que os valores

descritos para animais em crescimento e lactação. Ainda, segundo o AFRC

(1993), o requerimento de proteína degradável no rúmen é estimado em função

da quantidade de matéria orgânica que é aparentemente degradada no rúmen

(MODR).

Diante da qualidade da natureza da proteína microbiana já salientada, e

considerando o fato de poder se incrementar sua síntese a custos reduzidos, por

intermédio do uso fontes de nitrogênio não-protéico, como, por exemplo a uréia

(Salvador, 2001), tem sido objetivo da alimentação de ruminantes maximizar o

fluxo de proteína microbiana para o intestino delgado, aumentando assim a

eficiência produtiva. Klopfenstein (1996) afirma que os requerimentos de

proteína degradável para crescimento microbiano devem ser atendidos, antes que

uma resposta à proteína de escape possa ser manifestada.

Nesta direção, faz-se necessário quantificar a contribuição da síntese

ruminal de proteína microbiana para um melhor entendimento do processo de

conversão dos nutrientes dietéticos em proteína microbiana e dos fatores que o

afetam. Sniffen & Robinson (1987) enfatizam que a acurácia na predição do

crescimento da população de microrganismos no rúmen e o fluxo da proteína

microbiana para o intestino delgado têm importante papel na predição da

utilização de carboidratos e proteína pelos ruminantes, bem como no

desenvolvimento e aprimoramento de sistemas alimentares destes animais.

Noller et al. (1996) comentam que a parcela da proteína dietética que

escapa à degradação ruminal torna-se mais importante à medida que a produção

animal aumenta, embora um adequado suprimento de proteína degradável seja

necessário para manter a função ruminal, que é essencial para maximizar o

consumo de forragem e a digestibilidade no rúmen. Reis et al. (1996) chamam a

atenção de que a utilização de fontes de proteína de baixa degradabilidade é

32

adequada quando a disponibilidade de forragem é alta, mas com baixo conteúdo

de PB (menor que 7% na base seca).

Interessantemente, uma das primeiras publicações em língua portuguesa

a respeito de zootecnia, datada de 1878, descrevia que em Portugal, os bovinos

até então, utilizados para tração animal e que tinham acesso a farinha de peixe

(fonte protéica de baixa degradabilidade ruminal e alta qualidade), tinham o

apetite estimulado, e segundo ele apresentavam “o estômago fortalecido” para a

digestão das palhas e outras forragens que consumiam, fato que lhes permitia

melhores condições de crescimento e desenvolvimento (Baganha, 1878).

Relatos mais recentes apontam também nesta direção, como é o caso do

trabalho de Gutierrez-Ornelas & Klopfenstein (1994), que trabalhando com

novilhos consumindo palha, observaram ganhos de 400 g/dia quando

suplementados com concentrado contendo 33,4% de proteína de escape (farinha

de sangue e glúten de milho), comparado a um ganho de 260 g/dia do grupo sem

suplementação. Richards et al. (1995) suplementaram bezerros de corte com 8

meses de idade, em regime de pasto, com glúten de milho e comparam os

resultados com outros dois lotes que receberam apenas milho e milho mais uréia.

Descreveram resultados bastante favoráveis para o primeiro lote, com diferença

de 11% no que se refere ao ganho de peso. Porém, não foi observada diferença

significativa na ingestão de forragem. Os autores atribuíram esta resposta ao fato

de não ter havido limitação quanto à ingestão de proteína metabolizável entre os

tratamentos.

Badra (1996), fornecendo 770 g/animal/dia de suplemento com proteína

de escape ruminal para novilhos nelore, em pastagem de Brachiaria brizantha

cv. Marandu vedada para seca, observou resultados animadores, ou seja, 0,825

kg/animal/dia e 0,260 kg/animal/dia para os grupos suplementados e não

suplementados, respectivamente. Da mesma forma, avaliando a estratégia de

suplementação protéica, quanto a degradabilidade ruminal da proteína, Bispo

33

(2000), em condições semelhantes às apresentadas por Badra (1996), observou

ganhos de 0,532; 0,405 e 0,254 kg/animal/dia para animais que consumiam os

suplementos com proteína não degradável no rúmen (PNDR), proteína

degradável no rúmen (PDR) e sem suplementação, respectivamente.

Siqueira (2001) relatou que o não atendimento dos níveis de proteína

degradável no rúmen não comprometeu o desempenho de bovinos para o nível

de ganho estudado (0,670 kg/dia).

34

3 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento constou de dois ensaios, sendo um de desempenho e

outro de digestibilidade e balanço nitrogenado. Ambos foram realizados nas

instalações do Setor de Ovinocultura da Universidade Federal de Lavras

(UFLA), situada no município de Lavras - MG. A cidade está situada a 21º14’

de latitude sul, 45º00’ de longitude W.Gr. e altitude de 918 m.

3.1. ENSAIO DE DESEMPENHO

3.1.1. Local, instalações e período de realização

O ensaio de desempenho foi realizado nas dependências do Setor de

Ovinocultura da UFLA, no período compreendido entre 09/05/2005 a

13/09/2005, sendo os primeiros 14 dias (09/05/2005 a 23/05/2005) reservados à

adaptação dos animais às instalações, manejo e ajuste das dietas e os 112 dias

seguintes (24/05/2005 a 13/09/2005) compuseram o período experimental

propriamente.

Para a realização deste ensaio, os animais experimentais foram

instalados em baias individuas com área de 1,3 m2, com o piso recoberto por

maravalha de madeira (“cama”), contendo cada baia um cocho de alimentação e

um bebedouro individuais.

35

3.1.2. Animais e alimentos

Foram utilizadas dezesseis borregas da raça Santa Inês, com peso médio

e erro padrão iniciais de 21,55 ± 1,03 kg (início do período experimental, em

24/05/2005). Dois dias após terem sido instaladas nas baias individuais

(11/05/2005), as borregas foram vermifugadas.

A alimentação dos animais consistiu de feno de capim coastcross

(Cynodon dactylon L. Pers.) moído e ração concentrada. Foi utilizado um

moinho de martelos para proceder à moagem do feno, reduzindo-o a partículas

com tamanho de aproximadamente um (01) cm. Para o preparo dos concentrados

experimentais foram utilizados milho moído, farelo de soja, glutenose, uréia

(como fonte de nitrogênio não-protéico) e suplemento mineral.

A caracterização nutritiva dos ingredientes utilizados na elaboração das

dietas experimentais do ensaio de desempenho encontra-se na Tabela 1.

3.1.3. Elaboração das dietas e manejo alimentar

Após os animais terem sido pesados no inicio do período de adaptação,

estes foram sorteados aos tratamentos e de posse de seus pesos vivos, foram

calculadas as dietas que foram elaboradas segundo os princípios e

recomendações estabelecidos pelo sistema britânico AFRC (1993).

Para fins de estimação das demandas diárias de energia metabolizável,

foi proposto um ganho de peso médio diário da ordem de 160 g/animal, o que

correspondeu, em média, a aproximadamente 0,74% do peso vivo inicial dos

animais.

Para se proceder à elaboração das dietas, os animais tiveram seus

consumos voluntários avaliados durante o período de adaptação (09/05/2005 a

23/05/2005). O objetivo deste procedimento foi auferir a capacidade dos animais

36

TABELA 1. Caracterização dos alimentos utilizados na elaboração das dietas experimentais do ensaio de desempenho.

EM1 MS2 PB2 PDR3 PM4 FDNN2 FDAN

2 Frações (% da PB)2 ; 5 Alimentos

(Mcal/kgMS) (%) (% da MS) A B C

Feno Cynodon 1,53 82,66 7,75 3,28 4,77 81,43 40,59 19,51 67,81 12,68

Milho 3,30 83,05 9,63 4,71 6,98 14,871 2,08 3,91 87,50 8,59

Farelo soja 3,16 83,14 56,38 38,30 41,04 16,02 7,06 9,60 89,87 0,53

Glutenose 3,22 88,05 77,30 34,21 63,34 1,96 0,17 5,05 94,12 0,83

Uréia - 100,00 281,00 281,00 143,31 - - 100 - - 1 Energia metabolizável segundo AFRC (1993) 2 Resultados obtidos através de análises realizadas no laboratório do Depto de Zootecnia - UFLA 3 PDR: proteína degradável no rúmen - concentrações médias obtidas a partir dos valores das frações da PB de cada alimento,

segundo o sistema CNCPS (2003) 4 PM: proteína metabolizável - concentrações médias obtidas a partir dos valores das frações da PB de cada alimento, segundo o

sistema CNCPS (2003) 5 Valores para a fração B resultantes da soma das sub-frações B1, B2 e B3.

37

em ingerir os alimentos que seriam fornecidos, em especial a capacidade de

consumo possível de ser alcançada quanto ao alimento volumoso (feno moído).

As dietas fornecidas durante este período pré-experimental (adaptação) foram

elaboradas seguindo os princípios que regeram a definição dos tratamentos.

Inicialmente foram realizadas ofertas de alimentos considerando ingestões de

matéria seca da ordem de 70 g/kg PV0,75, as quais foram elevadas até que houve

a estabilização da ingestão, que se situou em torno de 90 g MS /kg PV0,75, sendo

então este valor assumido para a elaboração das mesmas dietas (tratamentos) no

período experimental.

As dietas experimentais foram calculadas de forma individual, isto é,

para cada animal foi elaborada a dieta específica ao seu peso vivo, de acordo

com os princípios do tratamento ao qual pertencia. Assim, não foi levada a efeito

a confecção de dietas considerando o peso médio de cada grupo de animais que

compunha as parcelas de cada tratamento. Este procedimento foi assumido para

que se impusesse a cada animal, dentro do tratamento do qual era integrante, a

condição alimentar estritamente exata aos princípios do tratamento aplicado.

Desta forma, buscou-se permitir que a avaliação do desempenho animal

ocorresse em cada animal nas condições dietéticas exatas do tratamento.

A alimentação dos animais se deu em duas refeições diárias, às 08:00 h e

16:00 h. Todo o volumoso (feno moído) foi fornecido de uma única vez, na

refeição da manhã, sendo o concentrado fornecido 50% pela manhã e 50% à

tarde.

Os animais também receberam, adicionado ao concentrado, uma mistura

mineral completa1 (macro e microminerais) em quantidade suficiente para

garantir o consumo de 15 g/animal/dia.

1 Cada 1000g de suplemento continha: P 65g; Ca 120g; Na 152g; Mg 5g; S 25g; Zn 2.000mg; Cu 1.500mg; Fe 1.200mg; I 120mg; Co 80mg; Se 12mg; F (máx) 650mg.

38

Cada animal teve à sua disposição água limpa e fresca em tempo

integral, em baldes plásticos adequados para este propósito.

3.1.4. Tratamentos

Os tratamentos consistiram de quatro dietas cujas elaborações levaram

em consideração condições que tanto priorizassem o atendimento da demanda de

nitrogênio no rúmen, otimizando a síntese de proteína microbiana, bem como,

estabelecendo condições em que o atendimento das exigências nitrogenadas

focasse apenas as demandas dos animais, não necessariamente satisfazendo o

potencial para incrementar a síntese de proteína microbiana ruminal.

Os tratamentos podem ser assim definidos:

Tratamento “A”: Ajuste na oferta de proteína degradável no rúmen em

função do potencial de crescimento microbiano face à

quantidade de energia fermentável advinda da dieta,

segundo o sistema AFRC (1993). Nesta circunstancia,

segundo o próprio sistema, haverá sobra de proteína

metabolizável em relação à respectiva exigência

animal. Utilizaram-se no preparo dos concentrados

apenas fontes protéicas verdadeiras (milho e farelo de

soja);

Tratamento “B”: Atendimento apenas das demandas protéicas dos

animais (atendimento da exigência em proteína

metabolizável), buscando minimizar a disponibilização

de proteína degradável no rúmen. Foi utilizada fonte de

proteína não degradável no rúmen (glutenose);

39

Tratamento “C”: Ajuste da dieta do Tratamento B na direção do

atendimento da premissa assumida para o Tratamento

A (satisfação da demanda de N no rúmen para

otimização da síntese de proteína microbiana),

entretanto, fazendo uso de fonte de nitrogênio não-

protéico (uréia);

Tratamento “D”: Fornecimento de proteína metabolizável nas mesmas

proporções da dieta A, porém, sem lançar mão da

otimização do crescimento microbiano ruminal (sem

ajuste do potencial de crescimento à energia

disponível), se valendo para isto de fornecimento de

maiores proporções na dieta de proteína não degradável

no rúmen (glutenose).

Para a construção das dietas experimentais do ensaio de desempenho, a

partir das equações estabelecidas pelo sistema AFRC (1993), foi efetuado

primeiramente o cálculo das demandas energéticas de cada um dos animais em

função das necessidades de mantença (EMm) e de ganho de peso vivo

estabelecido (160g/dia). Uma vez tendo sido definida também a ingestão de

matéria seca por kg de PV0,75 (90g), obteve-se uma densidade energética

dietética comum a todas as dietas (isoenergéticas) da ordem de 2,51 Mcal/kg MS

(equivalendo a 10,51 MJ/kg MS ou ainda 69,50% NDT). A partir da estimativa

de ingestão de energia metabolizável, foi realizada a estimativa de aporte de

energia metabolizável fermentável (EMfe) e, assim, pôde ser determinado o

potencial de síntese de proteína microbiana a partir da equação proposta pelo

sistema AFRC (1993), conforme (valores expressos em g PB/Mcal de EMfe

inferida):

40

YPBmic = (7 + 6 x (1 - e (-0,35 x L)),

em que L refere-se, segundo o sistema ARC (1980), ao nível de produção e é

resultante da razão entre a ingestão total de energia metabolizável fermentável e

a exigência de energia metabolizável para mantença, conforme:

(L = IEMfe / EMm).

A obtenção dos valores de EMfe está relacionada com as concentrações

de energia metabolizável e de extrato etéreo (EE) dos alimentos e é possibilitada

por meio da equação:

EMfe = EM (em Mcal/kgMS) - (8,37 x EE (em kg/kgMS)).

(valores expressos em Mcal)

O montante de proteína microbiana possível de síntese (Y - expresso em

g/dia), em função do aporte de energia, é obtido pela expressão:

Y = IEMfe x YPBmic.

Posto que o sistema AFRC (1993) assume que a exigência de PDR

efetiva seja igual a 1 (100%) do crescimento microbiano estimado, tem-se que:

Y (em g/dia) = Exigência de PDR (em g/dia).

Na Tabela 2 estão apresentadas as proporções dos ingredientes na

elaboração dos concentrados experimentais e suas composições nutricionais e na

41

Tabela 3 podem ser observadas informações mais detalhadas sobre as dietas

experimentais elaborados para o ensaio de desempenho.

TABELA 2. Proporção dos ingredientes na elaboração dos concentrados

(valores médios por tratamentos) para o ensaio de desempenho, e

as respectivas composições nutricionais (valores preditos)

Tratamentos

A B C D Alimentos

Proporções (base na MS)

Milho moído (%) 63,12 91,88 89,24 76,79

Farelo de soja (%) 33,92 - - -

Glutenose (%) - 5,21 4,59 20,27

Uréia (%) - - 3,34 -

Supl. mineral (%) 2,96 2,90 2,83 2,94

TOTAL (%) 100,00 100,00 100,00 100,00

Composição nutricional

EM (Mcal/kg) 3,15 3,20 3,09 3,18

PB (% MS) 22,59 11,73 20,67 20,37

NNP (% MS) - - 1,54 -

PDR (% MS) 14,83 5,70 14,33 8,25

PDR (% PB) 65,65 48,59 69,33 40,50

PM (% MS) 16,05 8,81 12,91 16,22

PM (% PB) 71,05 75,11 62,46 79,63

42

TABELA 3. Proporção dos ingredientes, composições nutricionais estimadas,

consumo predito de matéria seca e de nutrientes e exigências

estimadas de nutrientes nas dietas experimentais (em base de MS)

do ensaio de desempenho.

Tratamentos

Alimentos A B C D

Proporções (base na MS)

Feno Coastcross (%) 42,03 42,76 42,01 42,73 Milho moído (%) 36,61 52,60 51,79 43,98 Farelo de soja (%) 19,66 - - - Glutenose (%) - 2,97 2,63 11,60 Uréia (%) - - 1,94 - Supl. mineral (%) 1,71 1,66 1,63 1,68

TOTAL (%) 100,00 100,00 100,00 100,00

Composição nutricional

EM (Mcal/kg) 2,47 2,49 2,44 2,48 PB (% MS) 15,52 9,18 14,41 14,14 NNP (% MS) - - 0,90 - PDR (% MS) 9,86 4,60 9,58 6,01 PDR (% PB) 63,50 50,10 66,50 42,52 PM (% MS) 10,49 6,22 8,66 10,49 PM (% PB) 67,56 67,80 60,08 74,21

Consumo e exigência diários de nutrientes (valores preditos)

Ingestão de MS (g) 0,885 0,905 0,923 0,894 Ingestão de EM (Mcal) 2,19 2,25 2,25 2,22 Exigência de EM (Mcal) 2,19 2,25 2,25 2,22 Ingestão de PDR (g) 87,42 41,57 88,49 53,68 Exigência de PDR (g) 87,42 88,46 88,49 87,47

Balanço de PDR 0,00 - 46,88 0,00 - 33,78

Ingestão de PM (g) 93,11 56,25 79,80 93,72 Exigência de PM (g) 55,98 56,25 56,26 56,08

Balanço de PM (g) + 37,13 0,00 + 23,54 + 37,64 Sobra / Exigência 66,33% 0,00% 41,83% 67,11%

43

3.1.5. Coleta de alimentos e sobras

Os alimentos fornecidos foram amostrados semanalmente e as amostras

foram posteriormente homogeneizadas, formando uma única amostra composta

por alimento. Diariamente, o alimento recusado (sobras) era recolhido antes do

fornecimento da refeição matutina, pesado e amostrado (em torno de 35% da

sobra total).

Todas as amostragens feitas dos alimentos ofertados e das sobras foram

congeladas a -20 ºC para posteriores análises químico-bromatológicas.

3.1.6. Análises bromatológicas

Para a determinação da matéria pré-seca dos alimentos utilizou-se estufa

com circulação forçada de ar com temperatura regulada para 60 ºC por 72 horas.

Após a pré-secagem, as amostras foram moídas em moinho tipo Willey com

peneira de um (01) mm.

Todas as amostras de alimentos e de sobras foram analisadas para

determinação da matéria seca total (MS) e da proteína bruta (PB) segundo as

metodologias descritas por Silva & Queiroz (2002). Também foram analisadas

para determinação das concentrações de fibras insolúveis em detergente neutro

(FDN) e ácido (FDA), segundo os procedimentos recomendados por Goering &

Van Soest (1970) e foi efetuado o fracionamento da PB de todas as amostras

(alimentos e sobras) segundo metodologias descritas por Malafaia & Vieira

(1994) e Reis (2005).

44

3.1.7. Delineamento experimental

Considerando o fato de que o crescimento animal não ocorre de forma

linear, e sim sigmoidal, objetiva-se investigar o efeito dos tratamentos em

momentos distintos do desenvolvimento e crescimento dos animais. Assim, as

variáveis investigadas no ensaio de desempenho o foram considerando duas

fases do desenvolvimento corporal dos animais, a saber, dos 21 aos 28 kg e de

28 a 36 kg de peso vivo.

Deste modo, o ensaio de desempenho ocorreu em um delineamento

experimental inteiramente casualizado, em um esquema fatorial 2x4, sendo duas

fases do crescimento e quatro tratamentos, com quatro repetições por tratamento.

As variáveis analisadas neste ensaio foram o ganho de peso médio

diário, a conversão alimentar e a ingestão de alimentos.

Os dados obtidos para tais variáveis foram submetidos à análise de

variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade, utilizando o software estatístico “SISVAR” (Ferreira, 2000).

O modelo estatístico para este estudo é:

Yijk = µµµµ + Fi + Dj + FDij + eijk ,

em que:

Yijk representa o k-ésimo valor observado correspondente à fase i da

dieta j;

µµµµ é uma constante associada a todas as observações;

Fi é o efeito da fase i de crescimento animal, com i = 1 e 2;

Dj é o efeito da dieta j estabelecido, com j = 1,2, 3 e 4;

FDij é efeito da interação entre a fase i e a dieta j; e

45

eijk é o erro experimental associado a Yijk, com k = 1,2,3 e 4; e que por

hipótese tem distribuição normal com média zero e variância δ2.

Todos os dados auferidos no ensaio passaram inicialmente por teste de

normalidade (teste de Shapiro-Wilk), tendo sido com auxílio do software

Statistical Analysis System (SAS, 1991).

3.2. ENSAIO DE DIGESTIBILIDADE E BALANÇO NITROGENADO

3.2.1. Local, instalações e período de realização

O ensaio de digestibilidade e balanço nitrogenado foi realizado nas

instalações do Setor de Ovinocultura da UFLA, ocorrendo no período

compreendido entre 10/06/2005 a 25/09/2005 (107 dias), sendo que os primeiros

39 dias (10/06/2005 a 19/07/2005) foram destinados a permitir a adaptação dos

animais principalmente às instalações (gaiolas) e manejo. Os 66 dias

subseqüentes foram distribuídos em quatro rodadas (períodos) dentro de um

delineamento em quadrados latinos, com média de 10 dias para adaptação às

dietas (fase pré-experimental) e cinco (5) dias de coleta (fase experimental).

Os animais experimentais foram instalados em gaiolas metálicas

individuais adequadas para ensaios de digestibilidade in vivo, providas de

comedouro e bebedouro individuais.

Cada gaiola metabólica possuía, acoplado ao assoalho, um sistema de

captação de fezes e urina. As fezes foram recolhidas em bandejas plásticas e a

urina foi recolhida em baldes plásticos, adaptados com uma tela separadora,

evitando que as fezes e a urina se misturassem. Em cada balde foram colocados

46

100 mL de solução de H2SO4 a 10% para acidificar a urina, evitando perdas por

volatilização.

3.2.2. Animais e alimentos

Foram utilizadas dois grupos com quatro borregas cada, (fêmeas em

crescimento) da raça Santa Inês, sendo o primeiro grupo composto de animais

com mais idade em relação ao segundo, com peso médio e desvio padrão iniciais

de 29,4 ± 1,13 kg; e o segundo grupo, constituído por animais um pouco mais

jovens e com peso médio e desvio padrão iniciais de 23,8 ± 0,95 kg.

Os animais foram vermifugados com endoparasiticida oral dois dias após

terem sido alojados nas gaiolas metabólicas e a vermifugação foi efetuada

apenas uma única vez em todo o ensaio.

A alimentação dos animais consistiu de feno de capim coastcross

(Cynodon dactylon L. Pers.) moído e ração concentrada. Foi utilizado um

moinho de martelo para proceder à moagem do feno, reduzindo-o a partículas

com tamanho de aproximadamente um (01) cm. Para o preparo dos concentrados

experimentais foram utilizados milho moído, farelo de soja, glutenose, uréia

(como fonte de nitrogênio não-protéico) e suplemento mineral.

A caracterização nutritiva dos alimentos utilizados na elaboração das

dietas experimentais do ensaio de digestibilidade encontra-se apresentada na

Tabela 4.

3.2.3. Elaboração das dietas e manejo alimentar

A primeira pesagem dos animais se deu em 10/06/2005, quando então os

animais foram sorteados aos tratamentos e instalados nas gaiolas metabólicas.

De posse dos valores de seus pesos vivos, foram calculadas as dietas, elaboradas

47

TABELA 4. Caracterização dos alimentos utilizados na elaboração das dietas experimentais do ensaio de digestibilidade

e balanço nitrogenado.

EM1 MS2 PB2 PDR3 PM4 FDNN2 FDAN

2 Alimentos

(Mcal/kgMS) (%) (% da MS)

Feno Cynodon 1,53 82,59 8,02 3,39 4,94 76,91 47,22

Milho 3,30 79,89 9,33 4,56 6,76 14,24 3,90

Farelo soja 3,16 84,71 56,01 38,05 40,77 15,98 8,73

Glutenose 3,22 85,49 77,23 34,17 63,28 1,46 0,39

Uréia - 98,00 281,00 281,00 143,31 - - 1 Energia metabolizável segundo AFRC (1993) 2 Resultados obtidos através de análises realizadas no laboratório do Depto de Zootecnia - UFLA 3 PDR: proteína degradável no rúmen - concentrações médias obtidas a partir dos valores das frações da PB de cada

alimento, segundo o sistema CNCPS (2003) 4 PM: proteína metabolizável - concentrações médias obtidas a partir dos valores das frações da PB de cada alimento,

segundo o sistema CNCPS (2003)

48

segundo os princípios e recomendações estabelecidos pelo sistema AFRC

(1993).

O procedimento na elaboração das dietas foi semelhante ao efetivado no

ensaio de desempenho, ou seja, foram estimadas inicialmente as demandas

diárias de energia metabolizável, sendo considerado um ganho de peso vivo de

160 g/dia, correspondendo, em média, a aproximadamente 0,54% do peso vivo

para o grupo de borregas mais pesadas, e 0,67% do peso vivo dos animais mais

leves, no início do ensaio.

Para se proceder à elaboração das dietas, os animais tiveram seus

consumos voluntários avaliados durante o período de adaptação (de 10 a 21/06

de 2005 - 11 dias). O objetivo deste procedimento foi auferir a capacidade dos

animais em ingerir os alimentos que seriam fornecidos, em especial a capacidade

de consumo possível de ser obtida quanto ao alimento volumoso (feno moído).

As dietas fornecidas durante este período pré-experimental foram elaboradas

segundo os princípios que regiram a definição dos tratamentos. Inicialmente

foram realizadas ofertas de alimentos considerando ingestões de matéria seca da

ordem de 75g/kg PV0,75, as quais foram elevadas até que houvesse a

estabilização da ingestão, que se situou em 90 g MS /kg PV0,75, sendo então este

valor o assumido para a elaboração das mesmas dietas (tratamentos) no período

experimental. Em 21 de junho de 2005 os animais foram novamente pesados e

então foi levado a efeito o mesmo procedimento, ou seja, auferiram-se os pesos

vivos médios de cada animal e elaboraram-se as dietas experimentais com base

no consumo de 90 g/kg PV0,75, sendo daquele momento em diante considerado

período pré-experimental.

Da mesma forma como ocorreu no ensaio de desempenho, as dietas

experimentais foram calculadas de forma individual, isto é, para cada animal foi

elaborada a dieta específica ao seu peso vivo, de acordo com os princípios do

tratamento ao qual pertencia.

49

Os animais receberam alimentação em duas refeições diárias, às 08:00 h

e 16:00 h. Cada animal recebeu todo o volumoso (feno moído) pela manhã, de

uma única vez, sendo o concentrado fornecido 50% em cada refeição.

Cada animal teve à sua disposição água limpa e fresca ad libitum,

disponibilizada em baldes plásticos adequados para este fim. O suplemento

mineral utilizado no preparo dos concentrados apresentava tanto macro como

microminerais2.

3.2.4. Tratamentos

Os tratamentos consistiram de quatro dietas elaboradas segundo o

efetuado no ensaio de desempenho. Conforme já descrito, as dietas levaram em

consideração condições que tanto priorizassem o atendimento da demanda de

nitrogênio no rúmen, otimizando a síntese de proteína microbiana, bem como,

condições em que o atendimento das exigências nitrogenadas focasse apenas as

demandas dos animais, não necessariamente satisfazendo o potencial para

incrementar a síntese de proteína microbiana ruminal. A definição mais

detalhada de cada tratamento pode ser verificada no tópico 3.1.4.

Da mesma forma como já descrito no ensaio de desempenho, utilizando

as equações e recomendações do sistema AFRC (1993) foi efetuada a construção

das dietas experimentais do ensaio de digestibilidade, sendo primeiramente

realizado o cálculo das demandas energéticas de cada um dos animais em função

das necessidades de mantença (EMm) e de ganho de peso vivo estabelecido

(160g/dia). Uma vez tendo sido definida também a ingestão de matéria seca por

kg de PV0,75 (90g), obteve-se uma densidade energética dietética comum a todas

as dietas (isoenergéticas) da ordem de 2,55 Mcal/kg MS (equivalendo a 10,67

2 Cada 1000g de suplemento continha: P 65g; Ca 120g; Na 152g; Mg 5g; S 25g; Zn 2.000mg; Cu 1.500mg; Fe 1.200mg; I 120mg; Co 80mg; Se 12mg; F (máx) 650mg.

50

MJ/kg MS ou ainda 70,5% NDT). A partir da estimativa de ingestão de energia

metabolizável, foi realizada a estimativa de aporte de energia metabolizável

fermentável (EMfe) e, assim, pôde ser determinado o potencial de síntese de

proteína microbiana a partir da equação proposta pelo sistema AFRC (1993),

conforme (valores expressos em g PB/Mcal de EMfe inferida):

YPBmic = (7 + 6 x (1 - e (-0,35 x L)),

em que L refere-se, segundo o sistema ARC (1980), ao nível de produção e é

resultante da razão entre a ingestão total de energia metabolizável fermentável e

a exigência de energia metabolizável para mantença, conforme:

(L = IEMfe / EMm).

A obtenção dos valores de EMfe está relacionada com as concentrações

de energia metabolizável e de extrato etéreo (EE) dos alimentos e é possibilitada

por meio da equação:

EMfe = EM (em Mcal/kgMS) - (8,37 x EE (em kg/kgMS)).

(valores expressos em Mcal)

O montante de proteína microbiana possível de síntese (Y - expresso em

g/dia), em função do aporte de energia, é obtido pela expressão:

Y = IEMfe x YPBmic.

Posto que o sistema AFRC (1993) assume que a exigência de PDR

efetiva seja igual a 1 (100%) do crescimento microbiano estimado, tem-se que:

51

Y (em g/dia) = Exigência de PDR (em g/dia).

Na Tabela 5 estão apresentadas as proporções dos ingredientes na

constituição dos concentrados experimentais e suas composições nutricionais e

na Tabela 6 podem ser observadas informações mais detalhadas sobre as dietas

experimentais utilizadas no ensaio de digestibilidade.

TABELA 5. Proporção dos ingredientes na constituição dos concentrados

(valores médios por tratamentos e por grupo de animais) e as

respectivas composições nutricionais (em base de MS).

Tratamentos

A B C D Alimentos

Proporções

Milho moído (%) 64,66 95,83 92,81 78,66

Farelo de soja (%) 33,08 - - -

Glutenose (%) - 1,85 1,42 18,95

Uréia (%) - - 3,52 -

Supl. mineral (%) 2,26 2,32 2,25 2,39

TOTAL (%) 100,00 100,00 100,00 100,00

Composição nutricional

EM (Mcal/kg) 3,18 3,22 3,11 3,20

PB (% MS) 22,33 9,86 19,40 19,63

NNP (% MS) - - 1,61 -

PDR (% MS) 14,59 4,86 14,13 7,97

PDR (% PB) 65,34 49,29 72,84 40,60

PM (% MS) 15,88 7,31 11,69 15,61

PM (% PB) 71,11 74,14 60,26 79,52

52

TABELA 6. Proporção dos ingredientes, composições nutricionais estimadas, consumo predito de matéria seca e de nutrientes e exigências estimadas de nutrientes nas dietas experimentais (valores médios por tratamentos e por grupo de animais) do ensaio de digestibilidade (base na MS).

Tratamentos

Alimentos A B C D

Proporções

Feno Coastcross (%) 37,05 38,63 37,92 38,88 Milho moído (%) 40,70 58,81 57,61 48,08 Farelo de soja (%) 20,83 - - - Glutenose (%) - 1,14 0,88 11,58 Uréia (%) - - 2,19 - Supl. mineral (%) 1,42 1,42 1,40 1,46

TOTAL (%) 100,00 100,00 100,00 100,00

Composição nutricional

EM (Mcal/kg) 2,57 2,57 2,51 2,55 PB (% MS) 16,20 8,28 14,23 14,25 NNP (% MS) - - 1,00 - PDR (% MS) 10,30 4,19 9,91 6,04 PDR (% PB) 63,55 50,54 69,67 42,41 PM (% MS) 11,04 5,56 8,31 10,63 PM (% PB) 68,12 67,09 58,42 74,61

Consumo e exigência diários de nutrientes (valores preditos)

Ingestão de MS (g) 1,054 1,056 1,074 1,027 Ingestão de EM (Mcal) 2,71 2,71 2,70 2,62 Exigência de EM (Mcal) 2,71 2,71 2,70 2,62 Ingestão de PDR (g) 108,51 44,19 106,48 62,05 Exigência de PDR (g) 108,51 107,01 106,48 103,99

Balanço de PDR 0,00 - 62,82 0,00 - 41,95

Ingestão de PM (g) 116,35 58,62 89,21 109,21 Exigência de PM (g) 58,60 58,62 58,56 58,17

Balanço de PM (g) + 57,75 0,00 + 30,65 + 51,04 Sobra / Exigência 98,56% 0,00% 52,35% 87,75%

53

3.2.5. Coleta de alimentos, sobras, fezes e urina

Os alimentos fornecidos foram amostrados todas as semanas e as

amostras foram posteriormente homogeneizadas, formando uma única amostra

composta por alimento.

O alimento recusado (sobras) foi recolhido diariamente, antes do

fornecimento da refeição matutina, pesado e amostrado (em torno de 35% da

sobra total).

As fezes e a urina foram recolhidas diariamente pela manhã. A coleta de

fezes foi total, seus pesos foram anotados, estas foram amostradas (20% do total

diário) e, então, acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados.

A urina produzida por cada animal teve seu volume (mL) também

registrado e foram efetuados amostragem (10% do volume diário) e

acondicionamento das amostras em vidro âmbar devidamente identificado para

cada animal.

Todas as amostragens feitas do alimento ofertado, das sobras, das fezes e

da urina e, após o seu devido acondicionamento para armazenagem (sacos

plásticos ou vidros), foram congeladas a -20 ºC para posteriores análises

químico-bromatológicas.

3.2.6. Análises químico-bromatológicas

Para a determinação da matéria pré-seca dos alimentos (feno e

concentrados), sobras e fezes, utilizou-se estufa com circulação forçada de ar

com temperatura regulada para 60 ºC por 72 horas. Após a pré-secagem, as

amostras foram moídas em moinho tipo Willey com peneira de 1 mm.

Para a análise das urinas colhidas durante as fases de coleta, que se

encontravam armazenadas em frascos de vidro âmbar, foi realizado o

54

descongelamento destas, as quais foram, então, homogeneizadas por agitação e

filtradas com uso de algodão hidrófilo e funil. As amostras foram analisadas

para N total.

As amostras dos ingredientes utilizados no preparo dos concentrados

experimentais, do feno, das sobras e das fezes foram analisadas para MS e PB

segundo as metodologias descritas por Souza & Queiroz (2002). Também foram

analisadas para a determinação das concentrações de FDN e FDA, segundo os

procedimentos recomendados por Goering & Van Soest (1970).

3.2.7. Cálculos da digestibilidade e do balanço de N

Os valores de digestibilidade aparente (DIG) dos nutrientes foram

obtidos pela fórmula proposta por Coelho da Silva & Leão (1979), apresentada a

seguir:

DIG = [(ING x %ING) - (SOB x %SOB)] - (FEZ x %FEZ) x 100

(ING x %ING) - (SOB x %SOB)

em que:

ING = quantidade de alimento consumido;

%ING = teor do nutriente no alimento fornecido;

SOB = quantidade de sobras retiradas;

%SOB = teor do nutriente nas sobras;

FEZ = quantidade de fezes coletadas;

%FEZ = teor do nutriente nas fezes.

55

O balanço de N é obtido subtraindo-se o total de N excretado nas fezes e

na urina do total de N ingerido, representando o total de N que efetivamente

ficou retido no organismo animal, conforme:

N RETIDO = (N Fornecido - N Sobras) - (N Fezes + N Urina).

Os valores obtidos a partir da subtração do total de N ingerido, menos o

N contido nas fezes, referem-se ao N absorvido, conforme:

N ABSORVIDO = (N Fornecido - N Sobras) - N Fezes.

Os valores de N (ingerido e excretado nas fezes e urina) foram obtidos a

partir das análises químicas realizadas, conforme já mencionado.

3.2.8. Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o de quadrados latinos, em

um esquema change-over, tendo sido utilizado dois (2) quadrados 4x4, com

quatro animais por quadrado e quatro tratamentos (dietas). Cada quadrado foi

composto por um dentre os dois grupamentos de animais (diferentes em relação

aos pesos vivos).

O ensaio objetivou o estudo do consumo e digestibilidade aparente da

MS, MO, PB, FDNN e FDAN e também do balanço de nitrogênio, o que resultou

em um total de trinta e duas parcelas experimentais ao serem considerados os

dois quadrados.

Os dados obtidos para tais variáveis foram submetidos à análise de

variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade, utilizando o software estatístico “SISVAR” (Ferreira, 2000).

56

O modelo estatístico para o estudo de consumos, digestibilidade dos

nutrientes mencionados e balanço nitrogenado foi:

Yijklr = µ + Qi + P(Qi)j + A(Qi)k + Tl + TQil + eijklr ,

em que:

Yijklr representa o r-ésimo valor observado correspondente ao quadradro

i no período j pelo animal k no tratamento (dieta) l;

µ é uma constante associada a todas as observações;

Qi é o efeito do quadrado latino i, com i = 1 e 2;

P(Qi)j é o efeito do período j dentro do quadrado latino i, com j = 1, 2, 3

e 4;

A(Qi)k é efeito do animal k dentro do quadrado latino i, com k variando

de 1 a 8;

eijklr é o erro experimental associado a Yijklr, que por hipótese tem

distribuição normal com média zero e variância δ2.

57

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para todas as variáveis analisadas, tanto no ensaio

de desempenho como no de digestibilidade e balanço nitrogenado, foram

submetidos ao teste de normalidade (Shapiro-Wilk) e foi confirmada a

distribuição normal para os valores obtidos.

4.1. ENSAIO DE DESEMPENHO

No ensaio de desempenho foram avaliadas as ingestões de matéria seca

(MS), de fibra insolúvel em detergente neutro corrigida para nitrogênio (FDNN),

de fibra insolúvel em detergente ácido corrigida para nitrogênio (FDAN), de

proteína bruta (PB), das frações da PB segundo o sistema de Cornell, da proteína

degradável no rúmen e da proteína metabolizável. Foram também analisados o

ganho médio de peso diário e a conversão alimentar.

Na Tabela 7 observam-se diferenças na participação dos alimentos nas

dietas em relação ao proposto (Tabela 3), que se devem às variações ocorridas

nos valores das concentrações de matéria seca e nutrientes efetivamente

alcançados nas análises dos alimentos utilizados. Pode ser constatado que, em

função destas variações, as concentrações nutritivas também sofreram pequenas

variações.

58

TABELA 7. Proporção dos ingredientes, composições nutricionais alcançadas

das dietas experimentais do ensaio de desempenho.

Tratamentos

Alimentos A B C D

Proporções (base na MS)

Feno Coastcross (%) 48,29 49,37 49,13 49,10

Milho moído (%) 33,54 46,53 45,35 39,03

Farelo de soja (%) 16,44 - - -

Glutenose (%) - 2,42 2,12 10,18

Uréia (%) - - 1,77 -

Supl. mineral (%) 1,73 1,68 1,64 1,68

TOTAL (%) 100,00 100,00 100,00 100,00

Composição nutricional (base na MS)

EM (Mcal/kg) 2,36 2,37 2,32 2,37

PB (% MS) 16,24 10,18 14,78 15,44

NNP (% MS) - - 0,81 -

PDR (% MS) 9,15 5,03 8,36 6,72

PDR (% PB) 56,33 49,41 56,57 43,51

PM (% MS) 11,50 7,00 9,42 11,60

PM (% PB) 70,83 68,72 63,68 75,11

FDNN (% MS) 46,94 47,17 46,79 45,99

FDAN (%MS) 25,95 25,41 25,26 25,11

4.1.1. Consumo de matéria seca e de nutrientes

A importância de se considerar a ingestão de matéria seca em ensaios de

desempenho reside no fato de que este é o fator mais importante na nutrição,

59

pois estabelece as quantidades de nutrientes disponíveis para a saúde e produção

animal (NRC, 2001).

Na Tabela 8 podem ser visualizados os resultados concernentes aos

consumos de matéria seca. Os valores estão apresentados em termos de

ingestões totais (g/dia), em relação ao peso vivo (%PV) ou ainda em relação ao

peso metabólico dos animais (g/kg PV0,75). Não houve efeito de entre interação

tratamento e fase (P>0,05).

TABELA 8. Valores médios1 de ingestão de matéria seca, apresentados em

termos do total (IMST), em relação ao peso vivo (IMS%PV) e em

relação ao peso metabólico (IMSPV0,75), em função dos

tratamentos e das fases consideradas para ensaio de desempenho.

IMST IMS%PV IMSPV0,75 Tratamentos

(g/dia) (%) (g/kg PV0,75)

A 951,65 3,50 a 79,76

B 896,72 3,22 ab 73,80

C 885,51 3,15 ab 72,47

D 891,60 3,12 b 71,94

Estudos entre as fases do ensaio 2

1ª Fase 817,81 b 3,31 73,68

2ª Fase 994,94 a 3,19 75,31

CV (%) 13,15 7,97 8,65

1 Médias de tratamentos seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey com nível de significância de 5%. 2 Médias de fases seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste t de Student com nível de significância de 5%.

60

Embora a ingestão verificada para o tratamento A, em termos de valores

totais (g/dia), tenha sido superior numericamente aos resultados dos demais

tratamentos, não diferiu estatisticamente destes outros. Valadares et al. (1997a)

comentam que avaliar ingestão de matéria seca ou outro nutriente quando

expressa em termos totais não parece adequado por dificultar comparações entre

experimentos e mesmo dentro de experimentos em face da variação do peso vivo

entre os animais. Geralmente, ocorre aumento de consumo com o aumento de

peso corporal, o que indica ser mais conveniente expressar consumos em função

do peso corporal.

Apesar de terem sido identificadas diferenças significativas para a

ingestão de matéria seca quando considerada em função da porcentagem de peso

vivo, a outra forma de expressar o consumo em relação ao peso vivo (g/kg

PV0,75) não apontou diferenças entre os tratamentos (P>0,05). A comparação de

médias da IMS%PV efetuada por testes estatísticos que não sobrepõem médias,

como o teste de Scott-Knott, apresenta a média do tratamento A (3,50%) como

superior (P<0,05) às demais, sendo todas estas iguais entre si (P>0,05).

A diferença verificada entre as fases, considerada do ponto de vista da

ingestão total (g/cab/dia) é perfeitamente compreensível posto que as

capacidades volumétricas dos pré-estômagos sabidamente aumentam com a

majoração do tamanho animal - conseqüência do próprio crescimento (Kolb,

1984). Assim, uma vez que na segunda fase os animais encontravam-se maiores,

portanto aptos a conseguir ingestões maiores, isto de fato se deu. Esta

ocorrência, no entanto, não é verifica quando se ‘corrige’ o efeito do tamanho

animal, ou seja, quando se avalia a ingestão em termos relativos ao peso vivo

(Valadares et al., 1997a).

Ao se avaliar a ingestão da matéria seca em termos do peso metabólico,

verifica-se que os valores alcançados (média geral em torno de 74,50 g/kg

PV0,75) não estão tão próximos do considerado por ocasião da elaboração das

61

dietas (90 g/kg PV0,75). Este aspecto deve ser considerado pois é possível que,

dentro das recomendações do sistema AFRC (1993) adotado, as dietas

elaboradas talvez não tenham sido efetivamente aplicadas aos animais,

particularmente no que concerne ao atendimento energético. Este aspecto será

discutido mais adequadamente em oportunidade adiante.

O efeito positivo do uso suplementar dos concentrados sobre as dietas

pode ser evidenciado ao se comparar os níveis de ingestão obtidos, em termos de

percentual do peso vivo ou em relação ao peso metabólico, com os dados de

Rodrigues et al. (1998) e Moreira et al. (2001), que alimentaram ovinos

exclusivamente com feno de capim coastcross e auferiram ingestões de matéria

seca da ordem de 2,1 e 2% do peso vivo ou 50,65 e 51,64 g/kg PV0,75,

respectivamente. Mesmo em circunstâncias em que dietas à base de feno de

coastcross foram suplementadas exclusivamente com fonte de nitrogênio-não

protéico (amiréia), permitindo que as concentrações dietéticas finais de PB

estivessem por volta de 13%, não permitiram que ovinos alcançassem patamares

de ingestões verificadas no presente estudo (Salvador et al., 2004).

Na estimativa do consumo, Mertens (1992) sugere que limitações

relativas ao animal, ao alimento e às condições do manejo alimentar sejam

consideradas. Sob o aspecto do animal, fatores de ordem física, relacionados à

capacidade de distensão do próprio rúmen, têm papel importante na regulação do

consumo e neste sentido, o pesquisador salienta que a fibra, melhor representada

pela FDN, está intimamente ligada a este aspecto e à fermentação ruminal. Por

conseguinte, a digestibilidade e o valor energético da dieta também se

relacionam à sua porção fibrosa, uma vez que este componente é o que melhor

representa os constituintes de baixa degradação. Tem-se então que, dietas que

possam proporcionar uma mais ampla fermentação da fração fibrosa podem ter

como resultado o incremento da ingestão (Conrad, 1966; Mertens, 1994; Van

Soest, 1994; Allen, 1996). Roseler et al. (1993) comentam que a concentração e

62

a qualidade da proteína da dieta podem modificar o consumo pelos animais

ruminantes, alterando tanto o mecanismo físico, como o fisiológico. Reduções

no teor de PB da dieta para níveis abaixo de 12%, ou na disponibilidade de

nitrogênio, podem reduzir a digestão da fibra e conseqüentemente, restringir o

consumo.

Considerando que as dietas deste trabalho apresentavam concentrações

energéticas e de FDNN semelhantes entre si (em torno de 2,35 Mcal/kg e

46,72%, respectivamente), seria esperado que os tratamentos B e D pudessem

resultar em ingestões de matéria seca menores, uma vez que estes não priorizam

o atendimento das demandas nitrogenadas da população microbiana, por não

oferecerem proporções de N disponível que promovessem seu crescimento e, no

caso específico do tratamento B, os valores de PB dietéticos foram inferiores a

12%, como preconizado por Roseler et al. (1993). Wilson & Kennedy (1996)

sustentam que o não atendimento dos requerimentos microbianos em nitrogênio

repercute na limitação de seu crescimento e depressão da digestão da parede

celular, resultando finalmente em diminuição do consumo. Deste modo, tem-se

que o fornecimento de nitrogênio disponível ao pleno desenvolvimento da

população microbiana melhora a digestão da matéria orgânica dietética,

resultando em incremento na taxa de passagem e permitindo aos animais

consumirem mais alimento (Romney & Gill, 2000). No entanto, no presente

trabalho estas afirmações não se consolidaram verdadeiras, posto que não se

verificaram diferenças entre as ingestões de matéria seca a despeito de se buscar

ou não o atendimento da demanda do rúmen por nitrogênio disponível.

Por outro lado, Ørskov (1992) afirmou que o nitrogênio suplementar

pode não influi no consumo de matéria seca quando a dieta apresentar teores de

proteína superiores a 12%. Este fato foi verificado no trabalho de Zundt et al.

(2002), que alimentaram cordeiros e cordeiras ‘three-cross’ (½ Texel + ¼

Bergamácia + ¼ Corriedale), pesando em média 30 kg, com níveis crescentes de

63

proteína bruta na dieta (12 a 24%) e não observaram incrementos na ingestão

alimentar. No presente estudo, os tratamentos A e D apresentaram concentrações

protéicas similares (16,24 e 15,44%, respectivamente) e, embora entre os dois,

somente o tratamento A tenha proporcionado a satisfação das demandas em

proteína degradável (PDR), o fato dos níveis de PB serem semelhantes

poderiam, de acordo com a declaração de Ørskov, explicar a igualdade entre os

consumos de MS.

Existem, entretanto, dados na literatura que não assentem com a

afirmação de Ørskov. Ortiz et al. (2005), alimentando cordeiros machos

lactentes da raça Suffolk com dietas contendo 15, 20 ou 25% de PB em sistema

de creep feeding (elaboradas apenas com milho, farelo de trigo e farelo de soja)

observaram elevações no consumo de MS de quase o dobro (0,197 kg/cab/dia

para 15%PB a 0,386 kg/cab/dia, para 25%PB). Outras pesquisas também

constataram o efeito de incrementos na ingestão de matéria seca com ovinos

(Meherez & Ørskov, 1978; Viera et al., 1980; Huston et al. 1988; Fluharty &

McClure, 1997) e também com bovinos (Valadares et., 1997a; Ítavo et al., 2002;

Rennó, 2003; Cavalcante et al. 2005; Obeid et al., 2006).

Ainda no aspecto relativo à concentração de PB e a ingestão de matéria

seca, salienta-se a afirmação de que dietas com concentrações de proteína bruta

inferiores a 7% têm suas ingestões limitadas por aportes insuficientes de

nitrogênio no rúmen (Martin et al., 1981). Esta circunstância não se dá neste

trabalho uma vez que todos os tratamentos apresentaram PB em concentrações

superiores a 10%. Porém, deve-se atentar para o fato de que a oferta efetiva de N

no rúmen refere-se eminentemente à concentração de proteína degradável (PDR)

e sob este aspecto, o tratamento B contou com níveis de PDR inferiores a 6%, e

ainda assim este tratamento não promoveu valores de ingestões de matéria seca

menores que os demais.

64

Morrison & Mackie (1996), discutindo as rotas bioquímico-enzimáticas

da assimilação microbiana da amônia no rúmen, sugerem a possibilidade de que

as concentrações ótimas de amônia para permitir a digestão ruminal da fibra e as

necessárias para otimizar a síntese de proteína microbiana possam não se situar

nos mesmos patamares. Este fato pode explicar os resultados de Araújo et al.

(1998) e de Signoretti et al. (1999), que alimentaram bezerros com proporções

crescentes de volumoso nas dietas (de 10 a 90% e 10 a 55%, respectivamente),

reduzindo os teores dietéticos de NDT em termos totais entre 12 a 20 pontos

percentuais, respectivamente, e mesmo assim não verificaram redução na

digestibilidade da fração fibrosa (FDN e FDA), apesar de se observar

diminuição da ingestão de matéria seca (em termos de percentagem do peso

vivo) para o primeiro autor e manutenção do nível de consumo de MS, para o

segundo autor. Ou seja, condições de dietas menos energéticas embora

isonitrogenadas vieram a promover a pequena redução ou mesmo manutenção

da ingestão de matéria seca, mas não interferiram na digestão microbiana da

fibra.

Um aspecto a se considerar na avaliação das ingestões de matéria seca

das dietas, diz respeito à inclusão de uréia nas dietas, que no presente estudo se

dá somente no tratamento C. Um dos trabalhos pioneiros na investigação da

influência da presença da uréia nas dietas de ruminantes foi o de Huber & Cook

(1972), no qual se dá a inclusão desta fonte nitrogenada na ordem de 1 a 3% da

MS do concentrado e sob três diferentes maneiras de administração (oral,

ruminal e abomasal). Os autores verificaram efeito depressivo no consumo de

alimento quando a inclusão na dieta se deu em níveis mais elevados e quando se

processou por via oral, considerando que o sabor indesejável da uréia foi o

aspecto preponderante para promover a redução de consumo. Este aspecto foi

também salientado por Borges (1999) e Silva et al. (2001).

65

Huber & Kung (1981) apontaram a redução nas ingestões de alimentos

quando a concentração de uréia na MS da dieta se situar acima de 1,5%, mesmo

em condições de animais adaptados fisiologicamente à presença deste composto

nas dietas.

No presente estudo, a concentração uréia na dieta do tratamento C

situou-se acima do nível preconizado como limite (1,5%), e, embora os valores

de ingestão observados para este tratamento tenham sido ligeiramente inferiores

em termos numéricos, não se diferenciaram (P>0,05) dos demais tratamentos.

Na realidade, encontram-se na literatura estudos que levaram a efeito

substituições parciais de farelos proteinosos por uréia na dieta total, obtendo

assim crescimento da participação da uréia na composição das dietas, sem que

fossem constatadas reduções significativas na ingestão de matéria seca e de

outros nutrientes em ovinos (Siqueira et al., 1981; Lavezzo et al., 1996;

Fagundes Neto et al., 2001), em vacas lactantes (Guidi, 1999; Imaizumi, 2000;

Carmo et al. 2001) ou em bovinos de corte (Ferreira et al., 1996; Magalhães et

al., 2002; Souza et al., 2002; Rennó et al., 2005; Paixão et al., 2006). Ressalta-se

ainda o fato de que ao se comparar dietas isonitrogenadas cujos concentrados

sejam elaborados com milho (cuja PB é considerada eminentemente de escape

[entre 55 a 60% - Sindt et al., 1993]) e acrescidas de farelo de soja ou uréia,

similares aos tratamentos A e C da presente pesquisa, não têm apresentado

diferenças quanto à ingestão de MS (Clark et al., 1970; Greathouse et al., 1974 e

Plegge et al., 1983, citados por Shain et al., 1998).

Apesar de não ser objetivo de investigação deste trabalho verificar as

influências e resultados advindos do uso de inclusões crescentes de uréia ou

averiguar os efeitos decorrentes do uso de concentrações maiores de PB em

dietas de ruminantes, a abordagem de pesquisas envolvidas nestes assuntos

decorre do fato de que inclusões crescentes de uréia (ou de qualquer outra fonte

de NNP) ou ainda de que o incremento no teor de PB das dietas, resulta em

66

modificações de aportes de N degradável no rúmen e de montantes diferentes de

proteína de origem microbiana e dietética não degradada no contexto ruminal,

que atingem o intestino delgado (proteína metabolizável de ‘naturezas’ distintas,

quanto ao perfil de aminoácidos). Ou sejam, fornecimento de quantidades

variáveis de proteína ou de NNP nas dietas podem vir a estimular mais ou

menos a síntese de proteína microbiana, conseqüentemente, gerar saldos de

proteína metabolizável (em função da proteína microbiana). Mas, em todas estas

circunstâncias, o que normalmente se verifica são condições de favorecimento

da síntese de proteína microbiana.

Nos trabalhos de Shain et al. (1998) e de Franco (2001), condições

relativas ao balanço entre o consumo e a satisfação das demandas em PDR e em

proteína metabolizável (PM) foram consideradas, como se dá no presente

estudo.

No trabalho de Shain et al. (1998), os autores trabalharam com novilhos

cruzados em terminação (em torno de 350 kg de peso vivo) recebendo dietas

ricas em concentrados, sendo que 79,5% da dieta era constituída de milho

laminado (‘dry-rolled corn’) e a relação volumoso:concentrado foi de 10:90,

portanto, dietas altamente energéticas. Os autores, por intermédio de inclusões

crescentes de uréia (0; 0,88; 1,34 e 1,96% da MS dietética), verificaram a

satisfação das exigências em PDR (com exceção da dieta sem adição de uréia) e

condições superavitárias no tocante às demandas de proteína metabolizável,

conforme se investiga também neste estudo. No ensaio de desempenho, os

autores não observaram diferenças entre os tratamentos quanto ao consumo de

MS, inclusive para o tratamento onde se promoveu deficiência de PDR (como é

o caso do tratamento B, presente).

Franco (2001) também trabalhou com novilhos cruzados com peso

médio de 315 kg, em regime de confinamento e promoveu combinações de

diferentes alimentos concentrados (milho, polpa cítrica, farelo de soja, uréia e

67

farelo de glúten de milho), de modo a elaborar dietas para crescimento que

resultassem em balanços de PDR e de proteína metabolizável em diferentes

situações de superávit ou déficit. O autor verificou que nas distintas condições

nutricionais propostas a ingestão de matéria seca não foi diferente entre os

tratamentos, independentemente da maneira de expressá-la (em termos totais,

em relação ao peso vivo [%] ou peso metabólico [PV0,75]). Deve ser salientado

que nestes dois trabalhos, a performance buscada em termos de ganhos de peso

foram elevadas (1,54 kg/dia e 1,12 kg/dia, para Shain et al. [1998] e Franco

[2001], respectivamente), considerando o tipo animal experimental, enquanto

que no presente estudo, os ganhos propostos para cordeiras da raça Santa Inês

(160 g/dia) são relativamente modestos frente aos apresentados por Furusho-

Garcia (2001), por exemplo.

A Tabela 9 apresenta os consumos de fibra em detergente neutro

corrigida para o nitrogênio (FDNN). Assim como efetuado com relação à MS, os

valores estão apresentados em termos de ingestões totais (g/dia), em relação ao

peso vivo (%PV) ou ainda em relação ao peso metabólico dos animais (g/kg

PV0,75). Não houve efeito de interação entre tratamentos e fases.

Não se verificaram diferenças entre os tratamentos (P>0,05) no tocante

às ingestões de FDNN. Considerando o fato de que todos as dietas foram

elaborados mantendo a relação volumoso:concentrado em aproximadamente

49:51, e sendo unicamente o feno de coastcross o alimento volumoso utilizado,

em razão de não terem sido identificadas diferenças quanto aos consumos de

MS, já seria esperado que as ingestões das porções fibrosas não viessem a ser

distintas.

Pode ser constatado que as ingestões observadas para a segunda fase

foram superiores em relação à primeira, ocorrência esperada e relacionada à

maior ingestão de MS ocorrida na segunda fase comparativamente à primeira.

68

TABELA 9. Valores médios de ingestão de fibra em detergente neutro

corrigida para o nitrogênio (FDNN), apresentados em termos do

total (IFDNNT), em relação ao peso vivo (IFDNN%PV) e em

relação ao peso metabólico (IFDNNPV0,75), em função dos

tratamentos e das fases consideradas para ensaio de desempenho.

IFDNNT IFDNN%PV IFDNNPV0,75 Tratamentos

(g/dia) (%) (g/kg PV0,75)

A 481,94 1,77 40,41

B 486,13 1,74 39,99

C 489,68 1,74 39,94

D 473,82 1,66 38,24

Estudos entre as fases do ensaio 1

1ª Fase 424,88 b 1,72 38,34 b

2ª Fase 540,91 a 1,73 40,95 a

CV (%) 9,60 5,33 5,34

1 Médias de fases seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste t de Student com nível de significância de 5%.

A média geral da ingestão total de FDNN foi de 482,89 g/cab/dia, inferior

a verificada por Moreira et al. (2001) e Salvador et al. (2004), uma vez que

aqueles autores utilizaram o feno de coastcross como alimento praticamente

exclusivo em dietas de ovinos. Para circunstâncias em que a dieta contou com

maiores participações de alimentos concentrados, os valores observados,

expressos em relação ao peso vivo, são maiores que os verificados por Lavezzo

et al. (1996), Ezequiel et al. (2001) e Furusho-Garcia et al. (2004), também em

ovinos.

69

Apesar do presente trabalho utilizar dietas com teores médios de FDNN

ao redor de 46,72%,, em razão da presença de alimentos concentrados

compondo as referidas dietas (aproximadamente 51%), as ingestões de fibra

expressas em relação ao peso vivo animal têm como média geral o valor de

1,73%, valor superior aos observados pelos autores supra citados (1,40 e 1,53%

do peso vivo, respectivamente para Moreira et al., 2001 e Salvador et al., 2004),

em cujos trabalhos o feno era alimento exclusivo.

Este aspecto pode ser um indicativo de que a ingestão diária de matéria

seca não teve a fibra como fator limitador, e sim a ingestão de energia. Deste

modo, a suposição anteriormente mencionada de que haveria a possibilidade de

não ter ocorrido o atendimento energético dos animais pode não ter fundamento.

Segundo o NRC (2006), o potencial de ingestão de alimentos pelos

animais é resultado da combinação de sua demanda por energia e por sua

capacidade física de ingerir a dieta, ambas relacionadas com o tamanho corporal

e com o peso à maturidade esperado. Mertens (1994) salienta ainda que fatores

psicogênicos também têm um papel importante no controle da ingestão,

referindo-se à resposta comportamental dos animais frente a aspectos

estimuladores ou inibidores presentes no alimento ou advindos do manejo ou

ambiente. Para Conrad (1966), dietas com digestibilidade inferior a 66% têm o

controle exercido prioritariamente por fatores físicos que são os resultantes da

constituição fibrosa da dieta, capazes de promoverem a distensão física do

complexo rúmen-retículo (“rumen-fill”). Ao se avaliar a digestibilidade da MS

das dietas da presente pesquisa poderá se constatar que os valores observados

estão muito próximos dos mencionados por Conrad.

A Tabela 10 apresenta os consumos de fibra em detergente ácido

corrigida para o nitrogênio (FDAN). Os valores estão apresentados em termos de

ingestões totais (g/dia), em relação ao peso vivo (%PV) ou ainda em relação ao

70

peso metabólico dos animais (g/kg PV0,75) e também não se constatou efeito de

interação entre tratamentos e fases.

TABELA 10. Valores médios1 de ingestão de fibra em detergente ácido

corrigida para o nitrogênio (FDAN), apresentados em termos do

total (IFDANT), em relação ao peso vivo (IFDAN%PV) e em

relação ao peso metabólico (IFDANPV0,75), em função dos

tratamentos e das fases consideradas para ensaio de desempenho.

IFDANT IFDAN%PV IFDANPV0,75 Tratamentos

(g/dia) (%) (g/kg PV0,75)

A 266,33 0,98 a 22,33

B 261,97 0,94 ab 21,55

C 263,30 0,93 ab 21,48

D 257,30 0,90 b 20,77

Estudos entre as fases do ensaio 2

1ª Fase 231,14 b 0,94 20,86 b

2ª Fase 293,32 a 0,94 22,21 a

CV (%) 9,96 5,61 5,69

1 Médias de tratamentos seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey com nível de significância de 5%. 2 Médias de fases seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste t de Student com nível de significância de 5%.

Os consumos expressos em base g/kg PV0,75 verificados foram

superiores aos alcançados por Coutinho Filho et al. (1995) (média gera de 21,53

g/kg PV0,75 no presente estudo versus 14,65 g/kg PV0,75, de Coutinho Filho et al.,

1975). Aqueles autores alimentaram cordeiros da raça Polwarth pesando

71

aproximadamente 24 kg, com dietas isonitrogenadas contendo dois padrões de

proteína degradável, em função do uso exclusivo de farelo de algodão ou de

uréia, adicionados ao milho moído, em dietas com relação

volumoso:concentrado de 60:40, maiores proporções de volumoso do que a

utilizado na presente investigação.

Os consumos de proteína bruta podem ser observados na Tabela 11.

Efeitos de interação entre as fases de desenvolvimento dos animais e dos

tratamentos não foram evidenciados (P>0,05).

TABELA 11. Valores médios1 de ingestão de proteína bruta, apresentados em

termos do total (IPBT), em relação ao peso vivo (IPB%PV) e em

relação ao peso metabólico (IPBPV0,75), em função dos

tratamentos e das fases consideradas para ensaio de desempenho.

IPBT IPB%PV IPBPV0,75 Tratamentos

(g/dia) (%) (g/kg PV0,75)

A 160,65 a 0,59 a 13,44 a

B 84,71 c 0,31 c 7,00 c

C 128,51 b 0,46 b 10,54 b

D 134,75 b 0,47 b 10,93 b

Estudos entre as fases do ensaio 2

1ª Fase 116,39 b 0,47 a 10,50

2ª Fase 137,91 a 0,44 b 10,45

CV (%) 11,79 7,22 7,34

1 Médias de tratamentos seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey com nível de significância de 5%. 2 Médias de fases seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste t de Student com nível de significância de 5%.

72

Na elaboração das dietas não se objetivou delinear condições que

buscassem concentrações protéicas dietéticas idênticas (“isonitrogenadas”),

posto que a atenção esteve voltada principalmente para a relação entre

exigências de proteína metabolizável, exigências do rúmen por proteína

degradável e balanços no atendimento ou não destas demandas. Assim, seria

esperado que pudesse haver diferenças nas concentrações de proteína bruta dos

tratamentos, embora os teores de PB das dietas dos tratamentos A, C e D,

tenham sido próximos (16,24; 14,78 e 15,44%, respectivamente [Tabela 3]).

Trabalhos que enfocaram o balanço entre as exigências e aportes de PDR e/ou

proteína metabolizável, tais como o de Shain et al. (1988), de Franco (2001) e o

de Costa (2001) também apresentam teores de PB distintos entre si para os

tratamentos testados.

As ingestões de PB também diferiram entre si (P<0,05), sendo que as

médias obtidas para qualquer das formas de expressar os consumos,

apresentaram a mesma ordem de posição das concentrações dietéticas de PB.

Isto é, as ingestões acompanharam a mesma ordenação de seqüência (maior para

menor) verificada para os teores de PB: tratamentos A, D, C e B, embora as

médias de consumo dos tratamentos D e C tenham sido semelhantes (P>0,05).

Em todos os alimentos e sobras foi realizada a análise para

fracionamento da PB (segundo o modelo do sistema CNCPS). Assim,

considerando os valores verificados das frações, das taxas de degradação

estimadas pelo modelo CNCPS e das taxas de passagem auferidas pelas

equações do sistema AFRC (1993) para cada alimento, foram feitas estimativas

das ingestões de proteína degradável no rúmen e de proteína metabolizável.

As Tabelas 12 e 13 apresentam os valores de ingestão da fração A

(correspondendo ao NNP) e fração B (proteína verdadeira degradável no rúmen)

da PB.

73

Pela análise estatística dos consumos da fração A foi verificado existir

interação entre os tratamentos e as fases de desenvolvimento dos animais.

TABELA 12-1. Valores médios1 de ingestão da fração A da proteína bruta,

apresentados em termos do total (g/dia), em função dos

tratamentos e das fases consideradas para ensaio de

desempenho (CV = 9,88%).

Fases2 Tratamentos1

1ª 2ª Médias

A 15,15 b B 19,21 a B 17,16 B

B 7,68 a C 8,87 a C 8,27 D

C 49,54 b A 66,43 a A 57,98 A

D 10,85 a BC 13,00 a C 11,92 C

Médias 20,80 b 26,87 a

1Médias seguidas de mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey com um nível nominal de significância de 5%. 2Médias seguidas de mesma letra minúscula, na linha, não diferem entre si pelo teste t de Student com um nível nominal de significância de 5%.

Como pode ser observado em relação às médias totais por tratamento, o

maior valor é o verificado para o tratamento C (57,98 g/dia), justamente pelo

fato de ser o único que contempla uma fonte de NNP (uréia) em sua formulação,

daí ter propiciado os maiores consumos nesta fração. Quando se analisam os

valores observados para cada tratamento considerando o comportamento dentro

de cada fase, percebe-se que para o tratamento C, os consumos foram diferentes

entre a fases, sendo maiores na segunda fase, muito certamente em razão dos

aportes terem sido maiores simplesmente pelo fato dos animais estarem em

74

maior porte e também mais adaptados a inclusão deste insumo em suas dietas,

ingerindo-as mais facilmente a despeito de aspectos relativos à pouca

palatabilidade que a uréia possa eventualmente promover.

Observa-se também que as menores ingestões, para ambas as fases, se

verificaram para os tratamentos B e D, justamente os que contaram com a

inclusão de glutenose em suas composições, ingrediente cuja proteína é

reconhecidamente pouco degradável no rúmen.

A Tabela 12-2 apresenta esta mesma variável porém, relativa ao peso

metabólico dos animais.

TABELA 12-2. Valores médios1 de ingestão da fração A da proteína bruta,

apresentados em relação ao peso vivo metabólico (g/kg PV0,75),

em função dos tratamentos e das fases consideradas para ensaio

de desempenho (CV = 6,04%).

Fases2 Tratamentos1

1ª 2ª Médias

A 1,39 a B 1,49 a B 1,44 B

B 0,69 a D 0,67 a D 0,68 D

C 4,44 b A 5,00 a A 4,72 A

D 0,97 a C 0,93 a C 0,96 C

Médias 1,87 b 2,03 a

1Médias seguidas de mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey com um nível nominal de significância de 5%. 2Médias seguidas de mesma letra minúscula, na linha, não diferem entre si pelo teste t de Student com um nível nominal de significância de 5%.

75

TABELA 13. Valores médios1 de ingestão da fração B da proteína bruta,

apresentados em termos do total (IFrBT) e em relação ao peso

metabólico (IFrBPV0,75), em função dos tratamentos e das fases

consideradas para ensaio de desempenho.

IFrBT IFrBPV0,75 Tratamentos

(g/dia) (g/kg PV0,75)

A 135,83 a 11,36 a

B 68,01 c 5,63 c

C 62,62 c 5,17 c

D 114,83 b 9,33 b

Estudo entre as fases do ensaio2

1ª Fase 88,49 b 7,99

2ª Fase 102,22 a 7,76

CV (%) 13,01 7,95

1 Médias de tratamentos seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey com nível de significância de 5%. 2 Médias de fases seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste t de Student com nível de significância de 5%.

Os consumos de proteína degradável no rúmen e de proteína

metabolizável estão apresentados nas Tabelas 14 e 15, respectivamente. Os

tratamentos proporcionaram ingestões diferentes (P<0,05) entre si, tanto para o

consumo de proteína degradável no rúmen (PDR) como para a proteína

metabolizável (PM), e deve ser salientado que as dietas ao serem elaboradas não

buscavam permitir ingestões semelhantes entre alguns tratamentos. O objetivo

76

central estava em proporcionar condições de déficit e/ou superávit nos aportes

de PDR e/ou PM.

TABELA 14. Valores médios1 de ingestão de proteína degradável no rúmen,

apresentados em termos do total (IPDRT) e em relação ao peso

metabólico (IPDRPV0,75), em função dos tratamentos e das fases

consideradas para ensaio de desempenho.

IPDRT IPDRPV0,75 Tratamentos

(g/dia) (g/kg PV0,75)

A 88,90 a 7,44 a

B 42,73 d 3,53 d

C 74,06 b 6,06 b

D 56,81 c 4,60 c

Estudo entre as fases do ensaio2

1ª Fase 59,68 b 5,39

2ª Fase 71,57 a 5,43

CV (%) 11,73 7,05

1 Médias de tratamentos seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey com nível de significância de 5%. 2 Médias de fases seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste t de Student com nível de significância de 5%.

Para a PDR, em termos de consumo total (g/dia), verifica-se a ordenação

entre os valores alcançados conforme: A > C > D > B. Esta seqüência de

ordenação é muito semelhante à verificada por ocasião da elaboração das dietas,

no balanço entre exigências e consumos preditos apresentados na Tabela 3, onde

tem-se que A ≈ C > D > B.

77

TABELA 15. Valores médios1 de ingestão de proteína metabolizável,

apresentados em termos do total (IPMT) e em relação ao peso

metabólico (IPMPV0,75), em função dos tratamentos e das fases

consideradas para ensaio de desempenho.

IPMT IPMPV0,75 Tratamentos

(g/dia) (g/kg PV0,75)

A 111,48 a 9,33 a

B 58,82 c 4,87 d

C 80,54 b 6,61 c

D 97,16 a 7,87 b

Estudo entre as fases do ensaio2

1ª Fase 80,28 b 5,39

2ª Fase 93,72 a 5,43

CV (%) 12,66 7,90

1 Médias de tratamentos seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey com nível de significância de 5%. 2 Médias de fases seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste t de Student com nível de significância de 5%.

Para a ingestão de PM, por sua vez, tem-se que a ordenação observada é

A > D > C > B, também semelhante à proposta por ocasião da elaboração das

ditas, conforme exposto na Tabela 3, a saber: A ≈ D > C > B.

Na Tabela 16, apresentada a seguir, podem ser visualizados os balanços

de PDR e PM estimados a partir das dietas efetivamente aplicadas aos animais,

conforme apresentadas na Tabela 7.

78

Conforme já mencionado anteriormente, em razão dos resultados das

análises dos alimentos utilizados na composição das dietas terem sido distintos

dos considerados por ocasião da elaboração destas, alterações nas concentrações

nutritivas das dietas também se efetivaram. Entretanto, estas variações não

comprometeram o objetivo inicial da pesquisa, que era de combinar situações de

déficit ou superávit de PDR e PM. Como pode ser verificado, os balanços de

PDR e PM verificados estão bastante próximos aos inicialmente propostos e

apresentados na Tabela 3.

TABELA 16. Balanço entre exigências nutricionais estimadas e ingestões

efetivados de nutrientes nas dietas experimentais (em base de

MS) do ensaio de desempenho.

Tratamentos

Nutrientes A B C D

Consumos realizados e exigências de nutrientes

Exigência de EM (Mcal) 2,19 2,25 2,25 2,22

Ingestão estimada EM1 2,25 2,12 2,05 2,11

Balanço de EM (Mcal) + 0,06 -0,13 - 0,20 -0,11

Exigência de PDR (g) 87,42 88,46 88,49 87,47

Ingestão de PDR (g) 88,90 42,73 74,06 56,81

Balanço de PDR (g) + 1,48 -45,73 - 14,43 -30,66

Exigência de PM (g) 55,98 56,25 56,26 56,08

Ingestão de PM (g) 111,48 58,82 80,54 97,16

Balanço de PM (g) + 55,51 + 2,57 + 24,27 + 41,07

Sobra / Exigência 99,16% 4,57% 43,14% 73,23%

79

Embora as dietas tenham sido elaboradas segundo os princípios e

recomendações do sistema britânico AFRC (1993), considerando a categoria

animal utilizado no presente ensaio (cordeiras com aproximadamente 7 meses de

idade, pesando em média ao redor de 21,5 kg e com ganho de peso proposto de

160 g/dia), quando se verificam os valores da caracterização nutricional das

dietas efetivamente administradas aos animais (Tabela 7) e as ingestões

estimadas de nutrientes (Tabela 16), e se efetua a comparação com as demandas

apresentadas em edição recente do National Research Council para ovinos

(NRC,2006), têm-se que a publicação norte-americana propõe valores maiores

de exigências em proteína metabolizável do que o AFRC, embora as

recomendações para energia metabolizável sejam muito similares entre as duas

publicações.

Uma vez que o balanço da ingestão estimada de energia metabolizável

apresentado na Tabela 16 (média geral de 2,13 Mcal/dia) resulta praticamente no

equilíbrio entre as necessidades animais e os consumos, associado ao fato de que

as estimativas de exigências deste nutriente para a presente pesquisa estão em

conformidade com publicação mais recente (NRC, 2006), indicam que houve a

satisfação dos requerimentos energéticos dos animais e que muito certamente o

consumo de alimento teve a energia como balizador. Alves et al. (2003),

estudando níveis crescentes de energia metabolizável (2,42; 2,66 e 2,83 Mcal/kg

MS) na dieta de animais da raça Santa Inês (peso e idade similares aos do

presente trabalho, porém tratou-se serem machos inteiros) não verificaram

diferenças nos ganhos de peso e conversão alimentar entre animais e concluíram

que os consumos das dietas tiveram o aporte energético como fator regulador.

Naquele trabalho, os ganhos de peso médios observados para os animais

alimentados com as dietas de menores densidades energéticas (2,42 Mcal/kg S)

foram de 0,123 kg/cab/dia, ligeiramente superiores aos do presente trabalho

80

embora deva ser ressaltado o fato de que no trabalho de Alves e colaboradores

os animais utilizados trataram-se serem machos.

4.1.2. Ganho de peso e conversão alimentar

Na Tabela 17 estão apresentados os resultados do ensaio de desempenho

quanto ao ganho de peso dos animais e às conversões alimentar e protéica.

TABELA 17. Pesos médios, ganhos médios diários de peso (GMD), conversão

alimentar (C.A.) e conversão protéica (C.P.) obtidos no ensaio de

desempenho (duração de 112 dias).

Tratamentos Variáveis

A B C D CV (%)

Peso inicial (kg) 21,13 21,70 21,73 21,63 9,60

Peso final (kg) 33,65 34,57 34,85 35,47 8,91

GMD (g/dia) 111,83 114,96 117,19 123,51 25,31

CA (kg MS / kg ganho) 9,65 8,35 7,58 7,24 31,20

CP (kg PB / kg ganho) 1,63 0,79 1,10 2,63 103,37

Estudo entre as fases para ganhos médios diários de peso

1ª Fase 112,73

2ª Fase 121,02

Estudo entre as fases para conversão alimentar

1ª Fase 7,76

2ª Fase 8,65

Estudo entre as fases para conversão protéica

1ª Fase 1,44

2ª Fase 1,63

81

Em nenhuma destas variáveis foram identificadas diferenças entre os

tratamentos e entre fases (P>0,05).

Seria esperado que os ganhos de peso verificados na primeira fase

viessem a ser superiores aos da segunda fase, devido ao ‘impulso’ fisiológico

maior para crescimento admissível para o primeiro momento de crescimento,

entretanto isto não se deu embora os índices relativos à eficiência biológica

(conversão alimentar e conversão protéica) apontem superioridade para a

primeira fase em relação à segunda, ainda que apenas numericamente.

Os ganhos de peso observados no presente trabalho (média geral de

116,87 g/cab/dia) ficaram aquém do objetivado por ocasião das formulações das

dietas (160 g/cab/dia). Quintão (2006) também se valeu do sistema AFRC para

elaborar dietas para fêmeas Santa Inês, mais pesadas que as utilizadas neste

ensaio, propondo ganhos de peso da ordem de 180 g/dia e verificou valores

médios de 132 g/dia, também menores do que os propostos. Considerando o fato

de que a base de informações que foram utilizados para a construção e

desenvolvimento daquele sistema tenha origem em pesquisas desenvolvidas com

animais, alimentos e condições ambientais e experimentais principalmente

vigentes no Reino Unido, devem constituir provavelmente a razão para este

desvio entre os ganhos propostos e os efetivamente verificados.

Furusho-Garcia (2001), trabalhando com fêmeas em crescimento da raça

Santa Inês (e com pesos variando entre 25 a 35 kg), encontraram valores de

ganho de peso (0,143 kg/dia) superiores aos obtidos no presente trabalho (0,117

kg/dia), entretanto, deve ser salientado que uma importante diferença entre o

trabalho daquele pesquisador e esta investigação é de que a densidade energética

(EM) assumida para o primeiro foi de 2,64 Mcal/kg de MS, contra 2,35 Mcal/kg

no segundo e isto se deve basicamente ao fato da diferença na relação

82

volumoso:concentrado assumido para cada uma das duas pesquisas: 20:80 para

Furusho-Garcia (2001) versus 49:51 para a presente.

O ponto a ser ressaltado nesta comparação é de que os ganhos de peso

obtidos neste presente trabalho não tiveram déficits energéticos como fator

limitador para a manifestação de desempenho animal, ou ainda para que se

permitisse que as diferenças entre os tratamentos (condições de balanços

diferentes de PDR e PM ) pudessem ser evidenciadas.

Owens & Zinn (1988) afirmaram que as exigências de aminoácidos pelo

animal dependem do potencial de produção. Assim, para mantença e

crescimento lento, o suprimento de aminoácidos provindos da proteína dos

microrganismos ruminais é adequado, mas para altas taxas de produção de leite

ou de crescimento, a proteína microbiana como única fonte de aminoácidos

torna-se insuficiente. Enquanto esta afirmação pode explicar e parte a ausência

de diferença entre os resultados de ganhos de peso da presente pesquisa, esta

asserção entretanto, não encontra respaldo nos resultados de Andriguetto &

Cavassin (2002), que alimentaram cordeiros em confinamento utilizando

proteína de soja submetida a três formas de tratamentos de forma a proporcionar

níveis decrescentes de degradabilidade em suas frações protéicas. As dietas

foram estabelecidas para atingir concentrações protéicas e energéticas

semelhantes entre si (18% de PB e 2,37 Mcal de EM/kg MS) e os autores não

verificaram diferença entre as diferentes quantidades de PDR ofertada para as

variáveis consumo de MS, conversão alimentar e ganho de peso, sendo este

último considerado bastante elevado para cordeiros (ao redor de 400 g/cab/dia).

Cervieri et al. (2001) avaliaram as respostas ao fornecimento de dietas

com diferentes níveis de PDR durante as fases de crescimento e terminação de

bovinos em confinamento. Os autores estudaram aspectos de desempenho e de

qualidade de carcaça. Os tratamentos foram assim dispostos:

83

Crescimento Terminação

Trat 1: 69% da PB como PDR 69% da PB como PDR

Trat 2: 77% da PB como PDR 69% da PB como PDR

Trat 3: 61% da PB como PDR 69% da PB como PDR

As dietas eram isonitrogenadas e isoenergéticas e no preparo destas

lançou-se mão também de fontes protéicas de baixa degradabilidade (farinha de

sangue). Os autores identificaram diferenças significativas para características

de desempenho (ganho diário e CA) apenas na fase de crescimento, apontando

superioridade para os tratamentos 1 e 3. Quando foi considerada toda a atividade

de confinamento (as duas fases juntas), não foi identificada superioridade para

nenhum dos tratamentos. Segundo os autores, os melhores resultados obtidos

quanto ao ganho médio de peso para os animais do tratamento T1 e conversão

alimentar para os dos tratamentos T1 e T3 durante a Fase 1 podem ser atribuídos

ao atendimento adequado da maior exigência de proteína do ganho dos animais,

já que bezerros não castrados e recém-desmamados apresentam maior

crescimento muscular em comparação com o comportamento de deposição do

tecido adiposo durante o período inicial de confinamento e, assim, a necessidade

de proteína metabolizável que é mais elevada nesta fase teria sua demanda

atendida quando a proteína dietária (oriunda dos ingredientes básicos ou de

suplementos protéicos) escapasse da degradação ruminal e se tornasse

disponível para absorção no intestino delgado.

Outros trabalhos onde desequilíbrios nos balanços de PDR e proteína

metabolizável foram considerados também não identificaram diferenças nos

ganhos de peso ou de eficiência alimentar para animais em ensaios de

desempenho.

Shain et al. (1998) alimentaram novilhos cruzados em sistemas de

confinamento onde, através de inclusões crescentes de uréia (0; 0,88; 1,34 e

84

1,96% na MS), promoveram condições em que em pelo menos dois tratamentos

houve déficit no atendimento das demandas de PDR do rúmen, apesar de todos

os tratamentos propiciarem o atendimento dos requerimentos em proteína

metabolizável (superávit médio de 31,5%).

Os autores verificaram igualdade nos consumos, entretanto, nas

condições onde o déficit de proteína degradável no rúmen (PDR) foi mais crítico

(-39,2% ─ tratamento com 0% de uréia), os ganhos de peso e a eficiência

alimentar foram inferiores em relação aos outros três tratamentos (6,6% e 5,4%

inferiores, respectivamente para o GMD e CA). Para o tratamento onde o déficit

de PDR foi menor (apenas -7,3% das demandas ─ tratamento com 0,88% de

uréia), os autores argumentam que provavelmente a reciclagem do nitrogênio

facultou o atendimento da demanda em PDR ou que a própria estimativa de

exigência possa estar superestimada. As equações do NRC (1985) para a

reciclagem de N indicam que, conforme se dá a redução das concentrações

protéicas dietéticas ocorre um incremento na porcentagem de reciclagem do N

(em termos de N ingerido), no entanto, em circunstâncias de animais altamente

produtivos, quando as condições de ritmo de crescimento são elevadas, a síntese

de tecidos altamente ativada atua como um verdadeiro ‘escoadouro’ de

nitrogênio, reduzindo deste modo sobremaneira a síntese de uréia e

concomitantemente diminuindo a possibilidade de se dar reciclagem. Para as

condições do trabalho de Shain e colaboradores é provável que devido ao déficit

de PDR para o tratamento com 0,88% de uréia na MS ser bastante diminuto, a

ainda que pequena reciclagem possa ter dado cabo de suprir a demanda.

No presente estudo, no tratamento onde se estimou um déficit de PDR

em relação às exigências da ordem de -45,73% sem entretanto que se fizesse

manifesto esta deficiência em face ao desempenho animal, parece pouco

provável que a reciclagem do nitrogênio tenha podido cumprir a

85

complementaridade dos requerimentos, dado a magnitude do desequilíbrio

(quase 50% da demanda).

A questão toma conotação mais intrigante quando são trazidos a tona os

diversos autores que enfatizam a redução da capacidade ingestiva e digestiva da

matéria seca (mormente da fibra) e, conseqüentemente, piora do desempenho

quando não são satisfeitas as demandas microbianas por nitrogênio (Burroughs

et al, 1975b; Mertens, 1994; Van soest, 1994; Allen, 1996). Shain et al (1998)

afirmaram, com base em seus resultados de investigação, que:dietas com PDR

menor de 6,4% na MS reduzem o ganho de peso e a conversão alimentar.

Vale ressaltar no entanto, que Stern & Hoover (1979) indicaram que a

concentração ótima de amônia no rúmen requerida para máximas taxas de

fermentação pode não necessariamente ser a mesma indicada para proporcionar

máximas sínteses de proteína microbiana. Milton & Brandt (1994) verificaram

que a digestibilidade do amido foi elevada quando maiores aportes de N

degradável (uréia) foram administrados, porém os autores não observaram

aumentos na síntese de proteína microbiana e Shain et al. (1998) não

encontraram aumento nas concentrações de ácidos graxos voláteis ao elevarem o

aporte de N degradável no rúmen.

Outro trabalho interessante é o de Franco (2001), onde o autor,

diferentemente do objetivado por Shain et al. (1998), deliberadamente promove

combinações de condições de déficit e/ou superávit de PDR e/ou PM,

semelhantemente ao pretendido no presente estudo. O pesquisador estudou o

desempenho de novilhos cruzados em 112 de confinamento (ganho diário

pretendido de 1,20 kg /animal) utilizando dietas contendo a silagem de milho

como volumoso e milho e polpa cítrica como farelos energéticos. A combinação

do uso de uréia; farelo de soja e farelo de glúten de milho (glutenose), objetivou

buscar condições de balanço de proteína degradável no rúmen e de proteína

86

metabolizável que podem ser esquematicamente assim apresentados (e

permitindo a comparação com o presente ensaio):

Franco (2001) Presente Ensaio

Trat PDR PM Trat PDR PM

1: “0” Defic A: “0” Super

2: Super “0” B: Defic “0”

3: Defic “0” C: “0” Super

4: “0” “0” D: Defic Super

onde “0” indica balaço zerado (ingestão igual demanda), “Super” indica

condição superavitária (ingestão maior que demanda) e “Defic” indica condição

deficitária (ingestão menor que requerimento). Somente há similaridade entre os

ensaios quanto ao tratamento 3 de Franco (2001) e o tratamento B no presente

estudo, ambos considerando apenas o uso de farelo de glúten de milho

(glutenose) como fonte protéica.

O aspecto a salientar está relacionado ao fato de que no ensaio da

presente investigação, os ganhos propostos para a espécie utilizada (ovinos) são

relativamente modestos (proposição de 160 g/cab/dia, tendo se atingido a média

geral de aproximadamente 117g/cab/dia) enquanto que o nível de performance

almejado por Franco foi de 1.200 g/cab/dia, patamar já considerado elevado em

se tratando de terem sido utilizados bovinos machos cruzados como animais

experimentais. Assim, averiguar se a intensidade de desempenho proposto possa

ter efeito na manifestação de respostas significativas, é um aspecto importante a

ser levado em conta.

Franco obteve bom nível de performance em ganho de peso, embora

ligeiramente menor do que o pretendido (média geral alcançada de 1.120

g/cab/dia), porém não se verificou efeito das diferentes condições de

87

atendimento ou não dos requerimentos em PDR e/ou PM, tanto para o consumo

de matéria seca bem como para os ganhos de peso. Esta ocorrência de certa

forma vem confrontar à afirmação de Parsons & Allison (1991), segundo os

quais o fornecimento de proteína não degradável só deve ser realizado depois da

satisfação das demandas do rúmen e quando o suprimento de proteína

microbiana for insuficiente para proporcionar o atendimento da demanda por

proteína metabolizável.

Outro trabalho também considerando condições diferenciadas de

atendimento das exigências de proteína degradável no rúmen e proteína

metabolizável é o de Costa (2001), que foi levado a efeito com novilhos

cruzados jovens (peso médio inicial de 150 kg), recriados a pasto (Brachiaria

decumbens) e recebendo suplementação em quantidades fixas (0,5% do PV),

sendo os suplementos formulados com o objetivo de permitir ganhos de peso de

500g/cab/dia. Os tratamentos adotados pelo pesquisador podem ser assim

esquematizados, com relação aos balanços de PDR e PM:

Trat PDR PM

1: Sem nenhuma suplementação

2: Déficit Atendimento OK

3: Atendimento OK Superávit

4: Déficit Superávit

5: Superávit Atendimento OK

6: Suplementação ad libitum (ganho máximo)

Diferentemente do observado por Franco (2001) e na presente pesquisa,

Costa (2001) verificou os maiores ganhos de peso para o tratamento 6

(suplementação ad libitum), auferindo média de 0,734 kg/cab/dia, o que

realmente foi esperado pelo pesquisador. Entretanto, inusitadamente, não foram

verificadas diferenças entre o tratamento 1 (testemunha sem suplementação

88

alguma) e os tratamentos 2, 3 e 5, enfatizando que nos tratamentos 3 e 5 tanto os

requerimentos em PDR como em PM estavam atendidos (ou em superávit).

Ocupando a posição de segundo melhor resultado, está o proporcionado pelo

tratamento 4, que não atendeu as demandas de N do rúmen, em razão do uso em

grande proporção de farelo de glúten de milho, reconhecida fonte de proteína de

baixa degradabilidade. O pesquisador concluiu que a busca em prover condições

de ajuste de N degradável no rúmen, conforme preconizado pelos principais

sistemas de alimentação de ruminantes, não é limitante para o desenvolvimento

do ruminante e o cumprimento de suas funções produtivas, não sendo a única via

de promover efetivo crescimento nos ruminante, uma vez atendidas as

necessidades de proteína metabolizável, por meio do uso de fontes de baixa

degradabilidade.

Nesta direção, Andrade & Alcalde (1995) sugeriram que em gramíneas

tropicais pobres em proteína e com alta degradabilidade pode haver resposta à

suplementação com proteína de alta qualidade e baixa degradabilidade.

Entretanto, esta perspectiva não é avalizada por Cochran et al. (1998), que

defenderam que alimentos normalmente utilizados em programas de

suplementação de ruminantes, particularmente sob condições tropicais, não

devem contemplar o uso de proteína de baixa degradabilidade, pois esta fração

do alimento pode não contribuir diretamente para a produção microbiana e a

digestão primária da forragem, ocorrente no rúmen.

Por fim, um aspecto a salientar refere-se à grande amplitude verificada

nos coeficientes de variação para os índices de conversão. Neste aspecto é

importante ressaltar que segundo Guidoni (1994), citado por Zadra (2007), tanto

a conversão alimentar, como a conversão protéica e a eficiência alimentar,

resultam em índices viesados para a estimação do desempenho nutricional, e

portanto sujeitos a intervalos de amplitudes maiores do que os observados para o

consumo e o ganho de peso, separadamente.

89

4.2. ENSAIO DE DIGESTIBILIDADE E BALANÇO DE NITROGÊNIO

No ensaio de digestibilidade foram avaliadas as ingestões e a

digestibilidade aparente de matéria seca (MS) e matéria orgânica (MO), da fibra

insolúvel em detergente neutro corrigida para nitrogênio (FDNN), da fibra

insolúvel em detergente ácido corrigida para nitrogênio (FDAN) e da proteína

bruta (PB). Foi também efetuado o balanço nitrogenado dos animais em relação

aos tratamentos, avaliando-se as ingestões, excreções e retenções do nitrogênio.

Na Tabela 18 observam-se diferenças na participação dos alimentos nas

dietas em relação ao proposto (Tabela 6), que se devem às variações ocorridas

nos valores das concentrações de matéria seca e nutrientes efetivamente

alcançados nas análises dos alimentos utilizados. Pode ser constatado que, em

função destas variações, as concentrações nutritivas também sofreram pequenas

variações.

4.2.1. Consumo e digestibilidade aparente dos nutrientes

As médias referentes ao consumo de MS, MO, FDNN, FDAN e PB,

expressas em gramas por animal por dia, porcentagem do peso vivo (%PV) e

gramas por kg de peso metabólico (g/kg PV0,75), bem como os coeficientes de

digestibilidade observados, estão apresentados na Tabela 19.

De forma parecida ao ocorrido no ensaio de desempenho, as ingestões

dos nutrientes verificadas em termos de valores totais (g/dia) para o tratamento

A, foram superiores numericamente aos resultados dos demais tratamentos, sem

que houvesse, entretanto, diferença estatística entre eles, com exceção do

consumo de PB. Excetuando-se as ingestões de PB, quando a avaliação é

expressa em função do peso corporal (em %PV ou em g/kg PV0,75), conforme

sugerido por Valadares et al. (1997a), tem-se que apenas para a MS, expressa em

90

TABELA 18. Proporção dos ingredientes, composições nutricionais alcançadas

das dietas experimentais (valores médios por tratamentos e por

grupos de animais) do ensaio de digestibilidade.

Tratamentos

Alimentos A B C D

Proporções (base na MS)

Feno Coastcross (%) 49,78 50,08 48,41 50,18

Milho moído (%) 31,43 47,87 47,75 40,65

Farelo de soja (%) 17,54 - - -

Glutenose (%) - 0,78 0,50 7,91

Uréia (%) - - 2,07 -

Supl. mineral (%) 1,22 1,27 1,27 1,26

TOTAL (%) 100,00 100,00 100,00 100,00

Composição nutricional (base na MS)

EM (Mcal/kg) 2,35 2,37 2,33 2,36

PB (% MS) 16,75 9,10 14,54 13,94

NNP (% MS) - - 0,94 -

PDR (% MS) 9,48 4,48 8,57 6,08

PDR (% PB) 56,59 49,23 58,98 43,62

PM (% MS) 11,85 6,11 8,96 10,31

PM (% PB) 70,74 67,06 61,39 73,97

FDNN (% MS) 45,57 45,22 43,99 44,45

FDAN (%MS) 26,27 25,43 24,69 25,28

porcentagem do peso vivo, se verifica maior consumo da dieta correspondendo

ao tratamento A (P<0,05), e ainda assim com sobreposição de igualdade com os

tratamentos B e C.

91

TABELA 19. Consumos médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro corrigida para nitrogênio (FDNN) e fibra em detergente ácido corrigida para nitrogênio (FDAN); e respectivos coeficientes de digestibilidade alcançados em função dos tratamentos 1.

Tratamentos Variáveis

A B C D CV (%)

Consumo de MS

g/cab/dia 1.175,26 1.098,80 1.068,64 1.060,19 8,60 %PV 3,68 a 3,43 ab 3,29 ab 3,21 b 9,28 g/kg PV0,75 87,52 81,41 78,43 76,77 8,98

Consumo de MO

g/cab/dia 1.106,39 1.047,42 993,95 1.019,93 8,53 %PV 3,47 3,27 3,06 3,09 9,11 g/kg PV0,75 82,39 77,64 72,95 1173,92 8,84

Consumo de PB

g/cab/dia 210,01 a 99,50 d 158,80 b 141,94 c 7,11 %PV 0,66 a 0,31 d 0,49 b 0,43 c 7,80 g/kg PV0,75 15,59 a 7,39 d 11,62 b 10,32 c 7,27

Consumo de FDNN

g/cab/dia 484,50 443,59 403,50 463,15 18,91 %PV 1,53 1,38 1,25 1,39 19,46 g/kg PV0,75 36,27 32,78 29,70 33,29 19,22

Consumo de FDAN

g/cab/dia 273,54 238,53 221,15 261,36 22,93 %PV 0,87 0,74 0,69 0,78 23,79 g/kg PV0,75 20,50 17,62 16,30 18,74 23,49

Coeficientes de digestibilidade - CD (%)

CDMS 67,87 a 63,30 b 65,17 b 65,52 ab 2,61 CDMO 68,55 a 63,97 b 64,97 b 66,34 ab 2,64 CDPB 75,68 a 50,74 c 69,16 ab 67,35 b 6,73 CDFDNN 60,02 57,19 53,31 59,68 9,46 CDFDAN 61,74 58,35 56,98 61,76 12,38 1 Médias de tratamentos seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste Tukey com nível de significância de 5%. CV (%): coeficiente de variação.

92

A ausência de diferença verificada corrobora os resultados obtidos por

Cecava et al. (1990; 1991), Christensen et al. (1993) e Branco et al. (2004),

sendo coerente com a afirmação de Mertens (1994), que salientou a dificuldade

de se estabelecer um mecanismo pelo qual o aumento da concentração de

proteína na dieta, ou mesmo, o aumento da disponibilização de N no rúmen,

resultasse em aumento na ingestão, sem incluir a teoria da regulação de energia.

Um aspecto que deve ser lembrado reside no fato de que as ofertas de

alimentos não se procederam de forma restrita, conforme adotado por Salvador

et al. (2004) e Zeoula et al. (2006), que optaram por este procedimento para se

evitar efeitos sobre os coeficientes de digestibilidade e manter a imposição das

condições dietéticas dos tratamentos, principalmente levando em conta a

presença nos concentrados que ingredientes que poderiam interferir nos

consumos. Assim, sugere-se que a igualdade entre as ingestões é resposta aos

próprios tratamentos.

Ressalta-se o aspecto de que algumas dietas contatam em suas

composições com ingredientes que sabidamente podem interferir naturalmente

na ingestão, como a uréia por exemplo (tratamento C). Entretanto, curiosamente

o tratamento em que a ingestão de matéria seca foi numericamente menor foi o

tratamento D, e este é caracterizado pela maior inclusão da glutenose (farelo de

glúten de milho) na composição dos concentrados, relativamente aos demais

tratamentos. Costa (2001), pesquisando diferentes condições de balanço entre

ingestões e requerimentos de proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína

metabolizável (PM) em novilhos em confinamento, observaram certa rejeição

por parte dos animais em ingerir o tratamento que também contava com maior

participação da glutenose no preparo dos concentrados, sendo inclusive

necessário promover a substituição de alguns animais em função da recusa ao

suplemento.

93

Embora já tenha sido bastante reportado que a quantidade e qualidade da

proteína dietética pode modificar o consumo pelos animais ruminantes,

alterando tanto o mecanismo físico como o fisiológico do controle da ingestão

(Roseler et al., 1993; Mertens, 1994; Allen, 1996), não foram constatados estes

efeitos no presente estudo para os consumos de MS, MO e porções fibrosas,

verificando-se apenas diferenças quanto às ingestões de PB. Pode ser verificado

por meio da Tabela 18, que as concentrações de PB e de PDR (como % da PB)

chegaram a variar em até 35 e 84%, respectivamente, sem que esta variação

promovesse diferenças significativas nas ingestões dos nutrientes supra

mencionados.

Praticamente todas as considerações feitas quanto às ingestões de

nutrientes apresentadas ao ser discutido o ensaio de desempenho são

perfeitamente pertinentes e cabíveis no presente momento, no que concerne ao

ensaio de digestibilidade. Entretanto, enquanto já foi sugerido que o consumo de

matéria seca (e, por conseguinte, das frações fibrosas) não tenha tido o

enchimento físico do rúmen como fator limitador e sim o consumo energético,

outra consideração concernente ao aspecto energético deve ser levada em conta,

que se relaciona ao fato de ter ou não sido efetivada a respectiva otimização da

síntese de proteína microbiana, objetivada nos tratamentos A e C, e que está

relacionada à disponibilidade ruminal não somente de N (modulado pelos

tratamentos) mas também da disponibilidade de energia no rúmen para este fim.

Preston & Leng (1987) afirmaram que um dos fatores que controla o

consumo de ruminantes é a absorção de aminoácidos no intestino. Este aspecto

acerca do controle de ingestão já foi salientado por outros pesquisadores como

Minson (1990) e Reis et al. (1996), segundo os quais as melhores respostas à

suplementação protéica têm sido observadas com forragens de baixa qualidade,

mas com alta disponibilidade, através do uso de proteína de escape. Não se deve

considerar esta abordagem como excludente dos outros mecanismos mais

94

freqüentemente considerados ao se ponderar a respeito do controle da ingestão,

mas se for considerada a possibilidade de que a ausência de diferenças entre os

consumos de MS ocorrente entre os tratamentos possa ter tido como uma das

causas a mesma quantidade de aminoácidos disponibilizados para absorção no

intestino delgado, ter-se-á que não se deu efetivamente a aplicação dos

tratamentos aos animais, posto que seria possível supor que todos os saldos de

proteína metabolizável no intestino delgado foram semelhantes, o que não

igualaria os tratamentos entre si.

Este foco da discussão tem como base de argumentação o papel do

componente majoritário dos concentrados (e o segundo ingrediente em maior

proporção nas dietas) como fonte de carboidrato não-fibroso fermentável no

rúmen: o milho.

Martins et al. (1999) classificaram o milho como alimento de lenta

degradação ruminal, comparativamente a outras fontes de amido como, por

exemplo, a raspa de mandioca. Deve ser lembrado que a velocidade de

degradação ruminal, produzida pela ação microbiana sobre as diferentes frações

dos alimentos, tem ação sobre a dinâmica e o equilíbrio dos fluxos de substratos

disponíveis para os microrganismos do rúmen (McCarthy et al., 1989) e que, por

isso, variando-se a fonte e a degradabilidade dos carboidratos não-fibrosos nas

dietas, pode-se otimizar a síntese de proteína microbiana no rúmen e a eficiência

de utilização de proteína não degradável no rúmen (Casper & Schingoethe,

1989). Galyean & Owens (1991) afirmaram ainda que efetuar alteração da fonte

protéica quanto à degradabilidade de sua proteína tem pequeno efeito sobre a

digestão ruminal da MO ou da fibra, quando os carboidratos fermentáveis

presentes na dieta são de lenta degradação, como nas condições de dietas com

elevadas proporções de volumosos de baixa qualidade.

Alguns pesquisadores avaliaram a disponibilidade do N liberado no

rúmen com fontes de amido de baixa (milho moído) (Caldas Neto et al., 2007) e

95

alta (farinha de varredura de mandioca) degradabilidade ruminal (Prado et al.,

2004; Caldas Neto et al., 2007). Em estudos de digestibilidade da MS in vitro, os

resultados indicaram a existência de um grau de sincronização entre os teores de

PDR e a fonte de amido de alta degradabilidade ruminal (Prado et al., 2004), não

ocorrendo o mesmo quando a fonte de amido foi o milho (Prado et al., 2004;

Caldas Neto et al., 2007). Zeoula et al. (2006) sugeriram que para teores de PDR

variando de 47 a 70% da PB, quando em associação ao milho moído, a energia

disponibilizada para a síntese de proteína microbiana parece ser limitante. As

dietas deste presente estudo encontram-se dentro desta faixa (Tabela 18).

Prado et al. (2004) estudaram a digestibilidade aparente da MS em

ovinos alimentados com dietas de diferentes proporções de PDR, tendo a farinha

de varredura de mandioca (alta degradabilidade) como fonte de carboidratos

não-fibrosos, enquanto que Zeoula et al. (2006) desenvolveram trabalho muito

similar, porém utilizando o milho moído como fonte de amido. Confrontando os

dois trabalhos (amido de alta degradabilidade vs amido de baixa degradabilidade

- Prado e al., 2004 vs Zeoula e al., 2006, respectivamente) constata-se que, da

mesma forma como se deu no presente estudo, não houve diferença entre as

ingestões de nutrientes para nenhuma das pesquisas mencionadas, porém, a

digestibilidade aparente da MS diferiu no trabalho de Prado e colaboradores,

tendo comportamento linear crescente ao se elevar o nível de PDR, e não diferiu

no de Zeoula e colaboradores. O presente estudo, embora não voltado

essencialmente para avaliação de níveis de PDR nas dietas, verificou diferenças

na digestibilidade da MS e MO, tendo utilizado o milho como fonte de amido

fermentável no rúmen, contrapondo-se assim, de certa forma, aos resultados

colhidos por Zeoula et al. (2006), Fu et al. (2001) e Araújo et al. (1995),

concordando porém, com o verificado por King et al. (1990) que também

trabalharam com dietas elaboradas com fontes de proteína de diferentes

degradabilidades tendo o milho como fonte de amido, e verificaram diferenças

96

na digestibilidade da matéria seca, nas circunstancias em que os valores de PDR

dietéticos foram maiores.

MacCarthy et al. (1989) observaram que rações compostas de milho,

independentemente da fonte de proteína (farinha de peixe ou farelo de soja -

lenta e rápida degradabilidade, respectivamente), propiciaram maiores consumos

de MS, MO e amido e maior produção de leite em vacas Holandesas multíparas,

em início de lactação, quando comparadas com rações que continham a cevada

(carboidrato de rápida degradação ruminal) como fonte de amido. Ou seja, estes

autores evidenciaram respostas quanto aos consumos de MS e MO ao variarem a

combinação entre fontes de carboidratos e de proteínas de alta e baixa

degradabilidade, constatação não colhida nos outros estudos já mencionados,

inclusive na presente pesquisa. Além disso, observaram efeito sobre o consumo

quando a fonte de amido foi de baixa degradabilidade (milho), não verificando

efeitos quando a fonte de amido foi a cevada (alta degradabilidade). Deste modo

não parece ainda completamente esclarecido estes aspectos referentes à

sincronização ou otimização da síntese de proteína microbiana em relação ao

arranjo combinatório entre a qualidade da fonte protéica e a dos carboidratos

não-fibrosos.

A pouca concordância entre os resultados verificados na literatura

sugerem que as respostas referentes às ingestões e digestibilidade de nutrientes

auferidas na presente pesquisa podem ser assumidas como complementares aos

dados já existentes e leva a crer definitivamente que os tratamentos deste

presente estudo foram aplicados aos animais de forma efetiva.

Quanto à PB, uma vez que os consumos de PB foram todos diferentes

entre si (P<0,05) e, ao se considerar o fato de que as ingestões de MS não

diferiram, tem-se que as concentrações de PB dietéticas entre os tratamentos

foram também significativamente diferentes. Pode ser observado que a

97

ordenação (‘ranqueamento’) dos consumos de PB segue a mesma seqüência dos

níveis dietéticos de proteína bruta.

Chama a atenção o fato de que as menores ingestões de PB

proporcionadas pelo tratamento B (7,39 g/kg PV0,75), correspondendo a 47% da

maior ingestão colhida (tratamento A), e ainda apresentando menor proporção

de sua proteína como PDR, em relação ao tratamento A, não chegaram a

interferir na digestibilidade das frações fibrosas (FDNN e FDAN). Sabidamente, a

quebra das estruturas que compõem as paredes celulares vegetais é uma tarefa só

facultada eminentemente graças à ação de enzimas microbianas especificas e,

portanto, em condições dietéticas em que seja possível incrementar a atividade e

o crescimento das populações microbianas é esperado que melhoras nos

coeficientes de digestibilidade da MS e/ou das porções fibrosas sejam colhidas.

Entretanto, neste sentido é oportuno apontar a completa falta de relação

entre concentrações de N-amônia no rúmen e eficiência da síntese microbiana,

verificada por Bach et al (2005), demonstrando que a eficiência da síntese

microbiana é incapaz de estimar a eficiência com que os microrganismos captam

o N disponível no rúmen e o utilizam para incremento de seus crescimentos e

metabolismos. Além disso, vale ressaltar também os estudos de Stern & Hoover

(1979), que indicaram que a concentração ótima de amônia no rúmen requerida

para máximas taxas de fermentação pode não necessariamente ser a mesma

indicada para proporcionar máximas sínteses de proteína microbiana; e ainda, as

investigações de Morrison & Mackie (1996), que sugeriram a possibilidade de

que as concentrações ótimas de amônia para permitir a digestão ruminal da fibra

e as necessárias para otimizar a síntese de proteína microbiana possam não se

situar nos mesmos patamares.

Quanto a digestibilidade auferida para PB, os valores encontrados

apresentam amplitudes bastante grandes, variando de 75,68% (tratamento A) até

57,19% (tratamento B). Estes dois tratamentos apresentam também níveis de PB

98

dietéticos que ocupam os justamente os extremos do intervalo de variação entre

todos os tratamentos (16,75 e 9,10%, respectivamente para os tratamentos A e

B). Segundo Owens & Zinn (1988), um dos fatores que afetam a digestibilidade

aparente da proteína é a quantidade consumida deste nutriente. Este fato pode

ser ilustrado pelos trabalhos de Ezequiel (1987), Klusmeyer et al. (1990) e

Valadares et al. (1997b), segundo os quais a digestibilidade aparente da PB

observada aumentou com a elevação do teor de N nas dietas. A razão apontada

para tal fenômeno, segundo Stallcup et al. (1975), deve-se ao fato de que, à

medida que o conteúdo de N da dieta se eleva, há uma diminuição proporcional

do N endógeno nos compostos nitrogenados fecais.

No presente estudo, as ingestões de PB foram, conforme já mencionado,

diferentes (P<0,05), entretanto, as excreções fecais não somente foram iguais

estatisticamente (P>0,05), como foram numericamente muito próximas (Tabela

20), e assim, como conseqüência do próprio método para se efetuar o cálculo do

coeficiente de digestibilidade, tem-se que nas condições de consumos de PB

maiores os coeficientes de digestibilidade também serão maiores e vice-versa,

uma vez que as excreções são praticamente as mesmas.

TABELA 20. Excreção fecal de proteína bruta (PB) observada em função dos

tratamentos.

Tratamentos Variáveis

A B C D CV (%)

Consumo de MS

g/cab/dia 51,04 48,90 48,85 46,03 11,06

%PV 0,16 0,15 0,15 0,14 12,56

g/kg PV0,75 3,80 3,63 3,59 3,36 12,18

99

Em outro trabalho (Silva et al., 2007a), novilhos mestiços foram

alimentados com dietas isonitrogenadas apresentando níveis de PB dietéticos

relativamente baixos (apenas 7% na MS), em razão de ter sido adotada relação

volumoso:concentrado de 94:6, com dietas à base de feno de Tifton 85 e

suplementadas com diferentes fontes protéicas: uréia, farelo de soja e farelo de

glúten de milho. Naquele trabalho foram colhidos coeficientes de digestibilidade

da PB elevados e estatisticamente iguais (média de 77,34%) o que se contrapõe à

argumentação relacionada ao fato de que consumos baixos de PB resultam em

coeficientes de digestibilidade também baixos.

Em pesquisas onde os níveis de PDR dietéticos foram elevados (maiores

que 55% da PB), normalmente os coeficientes de digestibilidade da PB também

foram elevados como os observados na presente pesquisa (tratamentos A e C, ao

redor de 70%), como é o caso de Lizieire et al. (1990); Araújo et al. (1994);

Rennó. (2003) e Zeoula et al. (2006). Entretanto, a literatura também apresenta

resultados de digestibilidade reduzidos, em torno de 50%, mesmo quando as

condições dietéticas envolvam fontes protéicas de alta e de baixa

degradabilidade, como pode ser constatado nos trabalhos de Dutra et al. (1997 -

farelo de soja vs glutenose+farinha de sangue, e CDPB menores que 53%);

Sampaio et al. (2000 - farelo de algodão vs levedura de cana-de-açúcar vs uréia,

CDPB médio de 53%) e Fregadolli et al. (2001b - levedura de cana-de-açúcar vs

farelo de algodão + farinha de carne e ossos, CDPB médio de 54%)

O trabalho de Fregadolli et al. (2001b) avaliou combinações entre fontes

de amido de baixa (milho) e alta (casca de mandioca desidratada)

degradabilidade, associadas a fontes protéicas de alta (levedura de cana-de-

açúcar) e baixa (farelo de algodão + farinha de carne e ossos) degradabilidade

em novilhos Holandês. Os autores não constataram interferência dos tratamentos

quanto aos consumos de MS e MO, porém constatou-se interação para as

ingestões de PB e é especialmente interessante que, no tocante à digestibilidade

100

da PB, não se verificaram diferenças entre as fontes de amido ou de proteína,

mas foi significativa a interação entre as combinações de degradabilidade.

Quando a fonte protéica foi de alta degradabilidade (levedura), a melhor

digestibilidade da PB foi alcançada com fonte de amido de baixa

degradabilidade (milho) e vice-versa. Esta resposta vem de encontro a diversos

trabalhos que apontam que para se alcançar aumentos na eficiência microbiana

e, conseqüente maior fluxo de proteína ao intestino delgado, deve se priorizar a

utilização de fontes de proteína de alta degradabilidade em associação a fontes

de amido também de alta degradabilidade (Rooke et al., 1987; Herrera-Saldana

et al., 1990; Poore et al., 1993; Kim et al., 1999a).

Embora não tenha sido objeto de investigação deste presente estudo,

avaliar e quantificar a síntese de proteína microbiana, trabalhos que mensuraram

este parâmetro em condições dietéticas em que se combinaram fontes de energia

e de nitrogênio de diferentes degradabilidades (Fregadolli et al., 2001a;

Valkeners et al., 2006), bem como diferentes condições de níveis de PDR

dietéticos, por intermédio do uso de fontes protéicas diferentes (Magalhães et al.,

2005; Pina et al., 2006; Silva et al., 2007b), não verificaram efeito dos

tratamentos aplicados sobre a síntese de proteína microbiana ao nível de rúmen.

Deste modo, não seria inadmissível crer, diante dos resultados verificados neste

ensaio, que é muito provável não ter havido intensidades distintas na síntese de

proteína microbiana ruminal.

4.2.2. Balanço de nitrogênio

Na Tabela 21 constam os resultados obtidos no estudo do balanço de

nitrogênio auferido em função dos tratamentos. O balanço refere-se ao saldo

líquido de nitrogênio retido, após terem sido deduzidas do montante ingerido, as

101

quantidades excretadas via fezes e urina. Os valores estão expressos em gramas

de nitrogênio por animal por dia.

TABELA 21. Resultados do balanço do nitrogênio verificado em função dos

tratamentos (em g/animal/dia)

Tratamentos 1 Variáveis

A B C D CV (%)

N ingerido 33,60 a 15,92 d 25,41 b 22,71 c 7,11

N fezes 8,16 7,82 7,82 7,36 11,06

N absorvido 25,43 a 8,10 c 17,59 b 15,34 b 10,24

N urina 9,51 ab 4,15 c 9,62 a 7,19 b 20,94

N retido total 15,93 a 3,95 c 7,97 b 8,16 b 29,69

N retido / kg PV0,75 1,295 a 0,300 b 0,566 b 0,529 b 28,98

N ret / N ing (%)2 47,33 a 24,24 b 30,86 b 35,23 ab 29,43

N ret / N absorv (%)3 62,48 46,24 44,73 51,83 28,17

Participação da via de excreção do N (%)

Excreção via fezes 46,73 b 65,23 a 45,82 b 50,72 b 8,61

Excreção via urina 53,27 a 34,77 b 54,18 a 49,28 a 9,37 1 Médias de tratamentos seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste

Tukey com nível de significância de 5%. 2 N ret / N ing (%): proporção de N retido em relação ao total de N ingerido. 3 N ret / N absorv (%): proporção de N retido em relação ao total de N absorvido. CV (%): coeficiente de variação.

Uma observação mais atenta da Tabela 6, onde estão apresentadas as

composições das dietas, por ocasião da definição dos ensaios (as dietas

efetivamente fornecidas e suas caracterizações estão apresentadas na Tabela 18)

permitirá verificar que os tratamentos A, C e D, nos quais se buscou promover

balanço superavitário de proteína metabolizável, não o fazem na mesma

102

proporção. Enquanto o tratamento A estabelece um superávit de PM de quase

99% em relação à demanda, os tratamentos C e D o fazem, respectivamente, em

proporção de 52 e 88% relativamente às exigências. Esta particularidade, aliada

às próprias características dos animais por ocasião da formulação das dietas

(pesos vivos), aos quais foram sorteados os tratamentos, resultou em

concentrações de proteína bruta diferentes para estes três tratamentos. Deste

modo, posto que os consumos de matéria seca em termos totais não diferiram

entre os tratamentos, tem-se que as diferenças verificadas nas ingestões de

nitrogênio estão relacionadas na verdade à concentração de PB presente nas

dietas. Conforme já mencionado, os tratamentos não foram delineados com

vistas a promover gradientes de concentração de PB ou de PDR. Esta ocorrência

é, na realidade, conseqüência do princípio que norteou a definição dos

tratamentos (balanços diferenciados de PDR e/ou PM).

A igualdade verificada entre as excreções fecais observadas (P>0,05) é

fato bastante comum em avaliações de balanços de nitrogênio. Van Soest (1994)

afirmou que as perdas fecais de nitrogênio são menos flexíveis que as urinárias e

que correspondem em média a 0,6% do total de matéria seca ingerida e entre 3 a

4% do total de PB ingerida. Neste presente estudo, a excreção fecal de N média

situou-se ligeiramente acima destes patamares (0,71% e 5,11% da MS e PB

ingeridas, respectivamente).

Trabalhos que levaram em consideração a investigação de concentrações

crescentes de PB na dieta (Lizieri et al., 1990; Rennó, 2003; Cavalcante et al.,

2006), ou que estabeleceram condições de dietas isonitrogenadas porém

elaboradas com fontes protéicas diferentes (o que pode resultar em diferentes

proporções de PDR na dieta), como o de Salman et al. (1997), ou ainda,

pesquisas que avaliaram o balanço nitrogenado em condições de gradientes de

concentrações de PDR na dieta (Lizieri et al., 1990; Oliveira Jr et al. 2004;

Zeoula et al., 2006) não identificaram excreções fecais de nitrogênio diferentes.

103

Por outro lado, existem também pesquisas que identificaram excreções fecais de

N diferentes entre os tratamentos quando estes eram caracterizados por níveis

diferentes de PB (Valadares et al., 1997b) ou pelo uso de diferentes fontes

protéicas (Ezequiel et al. 2000; Sampaio et al., 2000) ou ainda pela elevação da

proporção de PDR dietético (Araújo et al., 1994).

As excreções do nitrogênio pela via urinária foram diferentes (P<0,05),

sendo que os tratamentos C e A apresentaram os maiores valores, justamente

aqueles onde a participação da PDR foi maior (Tabela 18 ─ 58,98 e 56,59% da

PB, respectivamente). Chalupa et al. (1970) comentam que maiores excreções

nitrogenadas via urina são decorrentes de excesso de N solúvel na dieta ou da

ineficiência no aproveitamento deste pelos microrganismos ruminais,

principalmente quando em condições de excessos de PB ou do uso excessivo de

fontes de NNP na dieta. De fato, os dados de trabalhos onde se promoveu

elevação da concentração de PB ou da participação da PDR na dieta mostram

aumentos na excreção do nitrogênio por meio da urina (Lizieri et al., 1990;

Valadares et al., 1997b; Cavalcante et al., 2006).

Porém, na literatura podem ser encontrados resultados de igualdade na

excreção urinária de N em condições experimentais de gradientes de PDR

dietéticos (Lavezzo et al., 1996; Zeoula et al., 2006) ou em situações de dietas

isonitrogenadas elaboradas com fontes protéicas diferentes (Ezequiel et al.,

2000; Sampaio et al., 2000).

Cecava & Hancock (1994) verificaram que a excreção de N urinário

foram maiores em novilhos alimentados com dieta contendo uréia (1,35% na

MS) que naqueles que receberam combinações de farelo de soja e farinha de

penas na dieta. Rennó (2003) também observou aumento linear na excreção

média de uréia via urina, em função dos níveis dietéticos de uréia (0; 0,65; 1,30

e 1,95% na MS).

104

No presente estudo, onde foi feito uso de uréia (NNP) na composição da

dieta (tratamento C), a participação deste componente encontra-se dentro de uma

faixa um pouco acima dos 1,5% sugerido por Huber & Kung (1981), porém já

foi devidamente comentado que a oferta de N disponível ao rúmen se deu em

função da energia disponibilizada e do potencial de crescimento microbiano, o

que leva a crer não ter havido ingestão excessiva de nitrogênio não-protéico que

justificassem os valores majorados. Entretanto, ao se calcular as proporções de

N urinário em relação ao consumo total de N obtém-se os resultados de 28,30;

26,07; 37,86 e 31,66% para os tratamentos A, B, C e D, respectivamente. Ou

seja, o tratamento que considerou a inclusão de NNP promoveu uma maior

excreção de N em quase 10 unidades percentuais relativamente ao tratamento

que otimizou a síntese de proteína microbiana por intermédio de fonte protéica

verdadeira (tratamento A - farelo de soja). É provável que, em virtude da maior

solubilidade da uréia no rúmen, esta venha a permitir uma maior absorção

através das paredes ruminais, contribuindo para que haja a redução das

concentrações de n nas fezes e que a via de excreção predominante para todo e

qualquer excesso seja a urinária (Harmeyer & Martens, 1980).

Contrariando estas proporções, pode-se citar o trabalho de Oliveira Jr

(2002), que verificou em novilhos que dieta com participação de uréia

promoveram menor excreção urinária do que aquelas elaboradas exclusivamente

com farelo de soja como fonte de PB.

Interessante verificar que, sendo a perda de N por meio das fezes menos

flexível comparativamente à excreção urinária, compete a esta última exercer

um mais importante papel na retenção do nitrogênio no organismo animal. Isto

explica a participação mais efetiva da via urinária para os tratamentos A, C e D,

nos quais as concentrações de PB eram todas iguais ou superiores a 14%, e, por

outro lado, a excreção do N por via fecal ter majoritária para o tratamento B.

105

Em função da igualdade verifica entre as excreções fecais (P>0,05), da

excreção urinária ter ocorrido em intensidades diferentes (P<0,05) em um

contexto de ingestões também diferentes, tem-se que o balanço nitrogenado,

expresso como N retido, também foi diferentes para os tratamentos. A menor

retenção de N verificada foi a obtida pelo tratamento B, onde a concentração

protéica na dieta, além de ser a menor, também foi caracterizada por ser baixa

degradabilidade. O tratamento D apresenta a menor concentração de PDR (como

% da PB), no entanto este tratamento apresenta concentração protéica cerca de

53% maior que a do tratamento B.

Entretanto, quando se observa a proporção do N retido em relação ao N

absorvido (alguns autores [Salman et al., 1997; Oliveira Jr, 2002] denominam

este parâmetro de “valor biológico”, o que não parece ser uma terminologia

adequada), não se constata diferença (P>0,05) entre os tratamentos, embora o

tratamento A tenha apresentado maior valor numérico.

Interessantemente, apesar da menor retenção proporcionada pelo

tratamento B, correspondendo em torno de apenas 25% da verificada para o

tratamento A e em cerca de 49% da alcançada pelos tratamentos C e D, esta

ocorrência não promoveu pior performance em termos de crescimento e

capacidade de aproveitamento dos alimentos. Ao menos para a espécie animal

em questão (ovinos), nas características raciais, de sexo e nos patamares de

desempenho alcançados (fêmeas Santa Inês, com ganhos de peso modestos - ao

redor de 120 g/cab/dia).

Oldham (1984) asseverou que inter-relações entre os nutrientes que

geram aporte energético e os que resultam em compostos nitrogenados, tanto

dentro do rúmen bem como no corpo do animal, podem ter grandes efeitos no

padrão geral de utilização dos nutrientes. Embora grande ênfase têm sido dada

durante anos às inter-relações entre estes dois grupos de nutrientes dentro do

contexto do rúmen, não menos importante, porém menos enfatizada, é o

106

conjunto de inter-relações entre estes sob o âmbito do corpo animal. A

característica comum entre todos os sistemas de alimentação de ruminantes no

tocante à nutrição energético-protéica, e que os diferencia dos sistemas voltados

para outras espécies e mesmo para outros grupos de nutrientes, é que as

necessidades de energia e proteína estão intimamente ligadas de uma maneira

em uma relação formal de predições e ‘feedback’. Este é o principal passo para

estabelecer uma base quantitativa nestas relações entre a utilização de compostos

nitrogenados e compostos que possam fornecer energia. Porém, enquanto estas

relações tem sido efusivamente investigadas no ambiente ruminal, em menor

profusão tem se explorado estas relações no que diz respeito ao metabolismo

intermediário.

O suprimento de nutrientes aos tecidos interage tanto com os sistemas de

controle de mantém a homeostase metabólica bem como com o sistema que

mantém uma dada condição particular fisiológica (homeorrese). As quantidades

relativas de compostos energéticos e nitrogenados supridos aos animais são,

entretanto, aptas para determinar a eficiência líquida de uso dos nutrientes

absorvidos e esta abordagem conceitual não é recente, posto que em 1946,

Phillipson (citado por Oldham & Smith, 1982) afirmou que “os ruminantes

vivem não somente a partir de ácidos graxos e microrganismos, mas também de

todo alimento, amido ou proteína que deixa o rúmen sem ter sido afetado pela

ação microbiana e a resposta final depende das quantidades destes materiais que

ficam disponibilizados ao animal”.

È importante lembrar os conceitos de controle homeorrético da

utilização de nutrientes descritos por Bauman & Currie (1980), os quais

ressaltaram que, para fêmeas em lactação, nutrientes são requeridos para manter

diferentes estados fisiológicos no decorrer de um ciclo lactacional e que

portanto, implica que o uso dos nutrientes absorvidos também se dê de forma

modificada no transcorrer da lactação, assim como ocorre com a capacidade

107

ingestiva, a capacidade de mobilização de reservas orgânicas, etc. Assim, não é

digno de desconsideração supor que para a atividade de crescimento, esta

modulação do uso dos nutrientes também venha a ocorrer. Oldham (1984)

enfatiza que mais alta eficiência de utilização da proteína tem sido conseguida

em dietas onde a proteína é mais severamente limitada sem que isto implique em

melhoria da performance ou da lucratividade da exploração.

Anteriormente, muitas respostas animais “inexplicáveis” diante do

fornecimento de nutrientes (tipo e nível) eram descritas como resultantes de

interferências advindas do potencial genético dos animais, da ingestão alimentar,

da qualidade organoléptica dos alimentos, etc. Pouca consideração era dada à

natureza da proteína suprida pela dieta, por exemplo, em termos de sua

degradabilidade no rúmen. Entretanto, com a ampliação do conhecimento acerca

de muitos aspectos fisiológicos, e principalmente, acerca da caracterização mais

precisa das frações dos alimentos e do papel destas no metabolismo microbiano

e animal, permitiu um melhor entendimento da manifestação de algumas

respostas animais. Assim, um maior investimento de recursos e esforços na

investigação de aspectos do metabolismo intermediário se mostra necessário

para permitir um maior entendimento das respostas fisiológicas animais e o

surgimento ou desenvolvimento de modelos e sistemas de maior completude.

108

5 CONCLUSÃO

O não atendimento da demanda do rúmen em termos de proteína

degradável, visando otimizar o conseqüente crescimento microbiano, bem como

a promoção de condições superavitárias de proteína metabolizável, por

intermédio tanto da otimização da síntese de proteína microbiana como da

utilização em maior escala de proteína não degradável no rúmen, não

promoveram alterações nas ingestões de matéria seca nem mesmo no ganho de

peso e conversão alimentar em cordeiras Santa Inês, sob condições de

desempenhos moderados.

A presença de proteína degradável no rúmen em concentrações

suficientes para que se obtenha o atendimento da exigência em proteína

metabolizável de cordeiras em ritmos de crescimento moderado é suficiente para

permitir que as digestibilidades da matéria seca e das porções fibrosas não sejam

comprometidas, embora possa proporcionar menores retenções de nitrogênio.

A utilização do sistema britânico AFRC (1993) para ajuste da

alimentação de ovinos de raças origem tropical, alimentadas com forrageiras

também tropicais, não permite boa precisão na consecução dos níveis de

desempenho almejados quanto ao desenvolvimento ponderal.

A informação do teor de proteína bruta bem como da proporção de

proteína degradável no rúmen não permite uma predição acurada na forma como

os animais vão utilizar este nutriente ou todo o alimento.

Pesquisas semelhantes, que venham contemplar o uso de fontes de

carboidratos não-fibrosos de mais alta degradabilidade ruminal devem ser

levadas a efeito, inclusive considerando patamares mais altos de ganhos de peso.

Investigações futuras devem levar em considerem a mensuração da

degradabilidade da matéria seca e de nutrientes, a estimativa de produção

109

microbiana e a quantificação de proteína metabolizável disponibilizada ao nível

do intestino, objetivando proporcionar uma maior completude no conhecimento

dos efeitos advindo do atendimento ou não da demanda em proteína degradável

no rúmen sob diferentes condições de balanço de proteína metabolizável.

110

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