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Desem enho e emissão de metano ~d=e~n=o~vi~lh~o~s~H~e~re~f~o~rd~e~m~ nativa usada em diferentes níveis (Je intensificação Teresa Cristina Moraes Genro', Bruna Moscat de Faria', [usiane Rossetto", lan Cezimbra', [ean Savian', Paulo César de Faccio Carvalho", Cimelio Bayer', Alexandre Berndt', Marco Antônio Padilha da Silva', Marcos Yokool, Leandro Lunardi Cardos', Patrícia Perondi Anchão de Oliveira', Leandro Bochi da Silva Volk', Gláucia Azevedo do Arnaral', 1Embrapa Pecuária Sul 2Universidade Federal do Rio Grande do Sul 3Embrapa Pecuária Sudeste 4FEPAGRO, RS Até recentemente, a produção de bovinos em sistemas baseados em pastagens era sinônimo de produção ecologicamente correta, mas sob influência da obra "A longa sombra da pecuária: questões e opções ambientais", da FAO (2006), que praticamente responsabilizou a pecuária em pastagens por importante contribuição nas emissões de metano em nível mundial, os sistemas baseados em pastagens passaram a estar sob desconfiança. Essa publicação provou que ações políticas e econômicas estão em gestação no sentido de se "cobrar" a qualidade ambiental dos sistemas pastoris. O Brasil possui cerca de 200 milhões de ruminantes, o que o torna alvo recente da vigilância ambientaL Tal efetivo representa, pela sua magnitude, um prejuízo potencial sobre o mercado mundial no caso das estimativas de emissão de metano, quase inexistentes no Brasil, não apresentar um balanço negativo em equivalente carbono, ou seja, os sistemas brasileiros de produção a pasto de bovino de corte precisam demonstrar que são acumuladores de carbono e não fontes de emissão de gases de efeito estufa. O mercado consumidor, por sua vez, tem exigido alimentos produzidos de acordo com princípios de preservação ambiental, visando a utilização responsável dos recursos naturais e sua sustentabilidade. Este é o escopo atual para os produtos oriundos de sistemas pastoris e sob esta ótica devemos analisar estes biomas de pastagens naturais, mais precisamente, o bioma Pampa. Os 2,07% (176.496 km2) do território nacional coberto por esta vegetação (IBGE, 2004), na verdade, é uma pequena parte de um bioma bem mais amplo que se estende por 500.000 km2 desde o Uruguai, Nordeste da Argentina, sul do Brasil, e parte do Paraguai (Pallarés et alo, 2005). Olhando de forma mais abrangente os ecossistemas pastoris abrangem 40% da área terrestre, sem considerar a Groenlândia ea Antartida (Nabinger & Carvalho, 2009). 1m Anuário ABHB 2013

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Page 1: Desem enho e emissão de metano - Embrapa · Desem enho e emissão de metano ~d=e~n=o~vi~lh~o~s~H~e~re~f~o~rd~e~m~=a=st=-,agem nativa usada em diferentes níveis (Jeintensificação

Desem enho e emissão de metano~d=e~n=o~vi~lh~o~s~H~e~re~f~o~rd~e~m~=a=st=-,agemnativa usada em diferentesníveis (Je intensificação

Teresa Cristina Moraes Genro', Bruna Moscat de Faria', [usiane Rossetto", lanCezimbra', [ean Savian', Paulo César de Faccio Carvalho", Cimelio Bayer',

Alexandre Berndt', Marco Antônio Padilha da Silva', Marcos Yokool, LeandroLunardi Cardos', Patrícia Perondi Anchão de Oliveira', Leandro Bochi da Silva

Volk', Gláucia Azevedo do Arnaral',1Embrapa Pecuária Sul2Universidade Federal do Rio Grande do Sul3Embrapa Pecuária Sudeste4FEPAGRO, RS

Até recentemente, a produção debovinos em sistemas baseados em pastagensera sinônimo de produção ecologicamentecorreta, mas sob influência da obra "A longasombra da pecuária: questões e opçõesambientais", da FAO (2006), quepraticamente responsabilizou a pecuária empastagens por importante contribuição nasemissões de metano em nível mundial, ossistemas baseados em pastagens passaram aestar sob desconfiança. Essa publicaçãoprovou que ações políticas e econômicasestão em gestação no sentido de se "cobrar"a qualidade ambiental dos sistemas pastoris.

O Brasil possui cerca de 200 milhõesde ruminantes, o que o torna alvo recente davigilância ambientaL Tal efetivo representa,pela sua magnitude, um prejuízo potencialsobre o mercado mundial no caso dasestimativas de emissão de metano, quaseinexistentes no Brasil, não apresentar umbalanço negativo em equivalente carbono,ou seja, os sistemas brasileiros de produção apasto de bovino de corte precisam

demonstrar que são acumuladores decarbono e não fontes de emissão de gasesde efeito estufa. O mercado consumidor,por sua vez, tem exigido alimentosproduzidos de acordo com princípios depreservação ambiental, visando autilização responsável dos recursosnaturais e sua sustentabilidade.Este é o escopo atual para os produtosoriundos de sistemas pastoris e sob estaótica devemos analisar estes biomas depastagens naturais, mais precisamente, obioma Pampa. Os 2,07% (176.496 km2)do território nacional coberto por estavegetação (IBGE, 2004), na verdade, éuma pequena parte de um bioma bemmais amplo que se estende por 500.000km2 desde o Uruguai, Nordeste daArgentina, sul do Brasil, e parte doParaguai (Pallarés et alo, 2005). Olhandode forma mais abrangente os ecossistemaspastoris abrangem 40% da área terrestre,sem considerar a Groenlândia e aAntartida (Nabinger & Carvalho, 2009).

1m Anuário ABHB 2013

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Os estudos associados à emissão degases de efeito estufa têm recebido grandeatenção do meio científico, pois este contribuiem aproximadamente 15% para o aquecimentoglobal. As emissões globais de metano geradas apartir dos processos gastrointestinais deruminantes são estimadas em 80 milhões detoneladas por ano, correspondendo a cerca de22% das emissões totais de metano geradas porfontes antrópicas OPCC, 2007). A atuação animalno sistema tem um importante papel, uma vezque mudanças no processo de pastejo, mediantemodificações na estrutura do pasto, levam adiferentes níveis de consumo e este ocasionarádiferentes processos de digestão. O aumento nonível de consumo reduz as perdas na forma demetano como porcentagem do consumo diáriode energia.

Assim, conhecer o impacto ambienta Idos animais e as estratégias de mitigação dosgases de efeito estufa, visando otimizar o uso dosrecursos pastoris, poderá auxiliar futurasemissões de certificados de qualidade da carneproduzida no Brasil, evitando a imposição debarreiras não alfandegárias e protegendo umimportante segmento da indústria nacional.

A pesquisa em gases de efeito estufano Brasil e no RS

Preocupada com os desdobramentosque os inventários de emissão de metano dapecuária brasileira, elaborados através deestimativas obtidas em outros países, comsistemas pecuários, clima, solo e espéciesforrageiras distintos dos nossos, a Embrapacriou, em 2011, uma rede de pesquisa. Essaredetem por objetivo avaliar o balanço entre asemissões de gases de efeito estufa e os drenos("sequestro") de carbono dos vários sistemas deprodução da pecuária, inseridos nos principaisbiomas brasileiros, em busca de uma pecuáriasustentável, pautada pelos aspectos econômico,social e ambiental.

A rede é composta por várias unidadesda Embrapa, universidades e outras instituiçõesde pesquisa nacionais e internacionais, comapoio de agências de fomento à pesquisa e dainiciativa privada. Com caráterinterinstitucional, formada por equipesmultidisciplinares, a rede trabalha em todos osbiomas brasileiros: Amazônia, Caatinga,Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa.

Neste contexto, a Embrapa PecuáriaSul, a Universidade Federal do Rio Grande doSul, a Associação Brasileira de Hereford eBraford e outras instiuições estão conduzindoum projeto de pesquisa dentro dessa redenacional, a fim de oferecer informaçõescientíficas seguras ao poder público e à cadeiaprodutiva. O objetivo principal dessa pesquisa éavaliar a dinâmica de gases de efeito estufa e obalanço de carbono em sistemas de produçãoagropecuários no bioma Pampa, indicando opotencial de mitigação de ações de manejo.

As avaliações da dinâmica de gases deefeito estufa estão sendo realizadas em doislocais: na Embrapa Pecuária Sul (Bagé-RS)e naUniversidade Federal do Rio Grande do Sul(Eldorado do Sul-RS). Na Embrapa Pecuária Sulo estudo da dinâmica de gases vem sendorealizado em um sistema de terminação debovinos de corte em pastagem natural,manejada com diferentes níveis deintensificação. Neste artigo serão apresentadoso alguns resultados do projeto realizado naEmbrapa Pecuária Sul.Desempenho e emissão de metanode novilhos Hereford

A área onde foi realizado oexperimento, cerca de 63 ha, pertencente aEmbrapa Pecuária Sul, e está localizada nomunicípio de Bagé, RS. O solo predominante dolocal é da classe LUVISSOLO HIPOCRÔMICOÓrtico típico (EMBRAPA, 2006) e a fisionomiafoi descrita por Girardi-Oeiro et aI. (1992),como campo natural misto, onde ocorrem boas

Associação Brasileira de Hereford e Braford Em

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espécies forrageiras (Paspalum notatum, P.dilatatum, Axonopus spp., Stylosanthes spp,Desmodium spp., etc. ..) concomitantementecom espécies grosseiras e arbustivas.

A área foi subdividida em novepiquetes de sete hectares cada, no ano de2007. Nesses piquetes foram testados trêsgraus de intensificação no uso de camponatural. Os tratamentos foram: campo nativo(CN); campo nativo melhorado porfertilização (CNA) e campo nativo melhoradopor fertilização mais introdução porsobressemeadura das espécies hibernaisexóticas (CNM): azevém (Lolium multiflorumLam.) + trevo vermelho (Trifolium pratenseL.). No mês de março de 2007 foramaplicados 50 kg!ha de nitrogênio, 80 kg!ha defósforo e 100 kg!ha de cloreto de potássio nospiquetes de tratamento CNM e CNA. Asemeadura do trevo vermelho (8 kg/ha) e doazevém (25 kg!ha) no CNM foi realizada emabril de 2007. Desde 2007, anualmente,foram aplicados 50 kg!ha de nitrogênio emtodos os piquetes dos tratamentos CNA eCNM, no outono e na primavera, e fósforo (P)quando a análise de solo indicounecessidade de aplicação. As análises de soloindicam que a área tem níveis de potássio desuficiente a alto. A reintrodução de azevém ede trevo vermelho na área foi realizada emmarço de 2012, por sobressemeadura a lançonos piquetes do tratamento CNM.A partir da primavera de 2012, a áreaexperimental foi utilizada para terminação denovilhos de corte da raça Hereford, comoferta de forragem de 12 Kg de matéria secapara cada 100 Kg de peso vivo (12 % PV), emsistema de pastejo contínuo com lotaçãovariável. Em agosto de 2012, foram alocadostrês animais por piquete, nove animais portratamentos, com cerca de 12 meses de idadee 180 kg de peso vivo, e permaneceram nosmesmos até o dezembro de 2013.

As variáveis estudadas foram: peso vivo(PV, kg), ganho de peso vivo por hectare(GPV/ha) e carga média por hectare (CA,kg Pv/ha). No início do experimento e acada intervalo de cerca 28 dias os animaisforam pesados após jejum de 12hs. OGMD em cada período experimental foiobtido pela diferença de peso dos animaisteste entre as pesagens, dividido pelonúmero de dias do período. A cargaanimal média foi calculada pelosomatório do peso médio de cada animalno período. O GPV foi obtido usando oGMD médio dos animais testes,multiplicado pelo número de animais e onúmero de dias de cada mês e feito osomatório do ganho mensal. Foi realizadomedidas de ultrassom da espessura degordura subcutânea, usando comounidade principal ALOKA-SSD 500V, comtransdutor ALOKA modelo 5044, emagosto e dezembro de 2012 e 2013.A coleta de metano foi realizada com atécnica do gás traçado r SF6 (Johnson etaI., 1994), através de tubos coletoresconectados à narina dos animais (Figura1), durante cinco dias/período deavaliação. As avaliações foram realizadasdurante o verão (21-26/janeiro), outono(5-1 O/junho), inverno (22-27/julho) eprimavera (28/outubro-2/novembro). Ogás coletado foi analisado com o auxíliode cromatografia gasosa.

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Desempenho animalNa Figura 2 são apresentados a evolução dopeso vivo durante o período experimental. Emnovembro de 2012 pode-se perceber queanimais mantidos em pastagem nativafertilizada e com introdução de azevém e trevovermelho (CNM) estavam mais pesados que osanimais mantidos em campo nativo, comajuste de oferta para 12% (CN). Essadiferençamanteve-se durante todo o período deavaliação, com exceção do mês de julho de2013, onde não houve diferença de peso vivoentre os animais dos três tratamentos.Os mesesde junho e julho são os mesesondeas temperaturas são mais baixas, as quais,associadascom as geadas frequentes noinverno nessaregião, fazem com que aspastagensparalisem o crescimento, e fiquemqueimadas, o que resulta em diminuição daqualidade nutricional das mesmas, pois ocampo nativo da região apresentapredominância de espécies de ciclo estival(Paspa/um notetum, P. di/atatum, Axonopusspp., Sty/osanthes spp, Desmodium spp., etc. ..).

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Figura 2. Pesovivo (kg) de novilhos Herefordmantidos em campo nativo (CN), campo nativofertilizado (CNA) e campo nativo com fertilizaçãoe introdução de espécies hibernais exóticas (CNM)

Os animais mantidos em campo nativofertilizado (CNA) obtiveram um pesointermediário entre o CNM e o CN na maioriadas avaliações. A partir de agosto de 2013, osanimais do CNA começaram a se diferenciardos animais do CN, o que resultou num pesovivo final maior que o dos animais do CN einferior aos animais do CNM. Resultadossemelhantes foram encontrados por Ferreira etaI. (2011).Em agosto 2013, os animais mantidos em CNcontinuaram a perder peso enquanto osanimais mantidos no CNA e CNM ganharampeso, provavelmente pela maiordisponibilidade de nutrientes para as plantasforrageiras, via fertilização, o que potencializouo seu crescimento e também coincide com aépoca de crescimento das espécies exóticasimplantadas no tratamento CNM (azevérn etrevo vermelho), disponibilizando maior ofertade material vivo e de boa qualidade, podendoter ocorrido ganho compensatório no CNA eCNM, corroborando com os resultadosencontrados por Devicenzi et aI. (2012). Emoutubro e dezembro 2013, os animais mantidosno tratamento CNM alcançaram ganhosmaiores que um kg por dia, sendo superior aosoutros tratamentos, o que resultou em animaismais pesados (Figura 2). Porém, apesar destesanimais estarem com média de peso de 430 kg,eles ainda não apresentavam acabamentosuficiente para o abate (2,9 rnrn), conformeexigência do frigorífico que é de 3-10 mm deespessurade gordura subcutânea.A carga animal média mantida em todo períodoexperimental (agosto de 2012 a dezembro de2013), foi maior para o tratamento CNM enão diferiu entre CNA e CN. Os valores foram:649,575 e 435 kg PV/ha, para o CNM, CNA eCN, respectivamente. Transformando essesvalores para unidade animal (UA= 450kg), seobtém uma lotação média de 1,44; 1,28 e 0,97UNha para o CNM, CNA e CN,

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respectivamente. As altas lotações foramdecorrentes do bom manejo empregadodurante o período de avaliação e estão deacordo com o que Nabinger et aI. (2009)ressaltam. Esseautores relatam que, apenasutilizando intensidades moderadas depastejo, ao redor de 12 quilos de matériaseca para cada 100 quilos de peso vivo (12%PV), é possível otimizar a produção animal evegetal.

A produção de peso vivo por hectare(GPV/ha) apresentou diferença significativa(P<0,05) para os três tratamentos testados,sendo que o CNM teve um GPV de 767kg/ha, devido à maior produção de forragemresultante da fertilização e dasobressemeadura de espécies hibernais.Usando a ferramenta de fertilização (CNA) foipossível produzir 527kg/ha e o campo nativocom 12% PV de oferta (CN) produziu271 kg/ha, mas, apesar de apresentar menorGPV entre os tratamentos estudados, aprodução de peso vivo por hectare no CN foi74% maior que a média de produção de PVno Rio Grande do Sul que é de 70 kg PV/ha/ano (Nabinger et aI., 2009).

Dos três níveis de intensificaçãoestudados, apenas o campo nativo fertilizadoe com introdução de azevém e trevovermelho apresentou animais em condiçõesde abate com dois anos. Pelo desempenhoque os animais estavam apresentando,acredita-se que no final de abril de 2014todos os animais estarão com peso eacabamento para serem abatidos. O camponativo manejado com intensidade de pastejomoderada e a ferti Iização do campo podemser uma boa alternativa para recria demachos e fêmeas e para manejar as fêmeasdo rodeio de cria.

Emissão de metanoÉ possível observar na Figura 3 que

houve diferenças na emissão de metano(g/anirnal/dia) nos distintos tratamentos. Aprimavera foi a estação do ano queapresentou maior emissão de metano poranimal (269,5 g CH4/ animal/dia). Essefoitambém o período onde os animaisapresentaram maior desenvolvimentocorporal (Figura 2), com maiores taxas deganho de peso. A maior emissão estáligada ao maior consumo de matéria secae, consequente maior desenvolvimentodestes animais na primavera.[300------ - -------- .---- -----------,

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Figura 3. Emissão de metano entérico de novilhosHereford (kg/animal/ano) mantidos em campo nativo(CN), campo nativo adubado (CNA) e campo nativomelhorado por adubação e sobressemeadura deazevém e trevo vermelho.

Não foi observada diferença naemissão média de metano por animal porano, sendo os valores médios de 31,60;42,87 e 46,33 kg CH4 /animal/ano, para ostratamentos CNA, CNM e CN,respectivamente. Salienta-se que essesvalores estão abaixo do valor mínimoestimado pelo IPCC (2007) para bovinos decorte, que é de 49 kg/animal/ano parabovinos. Estesresultados são preliminares,pois ainda faltam quatro avaliações demeta no emitido pelos animais, a coleta desolo para a análise de estoque de carbono eos resultados das coletas de óxido nitroso emetano do solo-planta para realizar obalanço de carbono no sistema. Mesmoassim, pode se dizer que os resultados são

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promissores e são similares ao jáapresentados por outros autores (Carvalho etaI., 2012). Assim, observa-se que o manejoadequado das pastagens, sobretudo daspastagens·naturais, leva a menor emissão demetano entérico pelos animais em pastejo.Em outras palavras, a dinâmica do carbononessa pastagem demonstra que ela é umamitigadora de carbono

Considerações finais- Para a terminação de bovinos de corte, aprática de fertilização e sobressemeaduracom espécies hibernais em campo nativoproporciona maior peso vivo e ganho médiodiário por animal, bem como altos ganhos depeso vivo por área. Estaprática tambémpermite manter uma carga animal maior porunidade de área, quando comparada comcampo nativo fertilizado ou sem nenhumnível de intensificação.- O uso de intensidade de pastejo moderada,maximiza a produção vegetal e animal,tornando possível o uso de uma lotação porunidade de área maior do que a média doRS.- A ferramenta da fertilização do camponativo permite usar uma lotação maior porunidade de área e obter uma boa produçãode peso vivo por unidade de área.- As pastagens nativas bem manejadasapresentam potencial para produzir carne dequalidade com baixos valores de emissão demetano reduzindo, desta forma, o impactopara o meio ambiente.

Literatura citada

CARVALHO, P. C F., MEZZALlRA, J.C, BONNET, O., CEZIMBRA,I. M., TISCHLER, M.R., NABINGER, C Desafios para a produçãoanimal sustentável em pastejo. VI SIMFOR - VI Simpósio sobremanejo estratégico da pastagem. l' ed.Viçosa:, 2012, v. 1, p. 1-19.DEVINCENZI, T., NABINGER, C, CARDOSO, F.F.et al., Carcass

characteristics and meat quality of Aberdeen Angus steersfinished on different pastures. Revista Brasileira de Zootecnia,vA1, nA, p.1051-1059, 2012.EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistemabrasileiro de classificação de solos. 2" Ed. Brasília: EMBRAPA.Rio de Janeiro. 412 p. 2006.FAO. Food and Agriculture Organization of the United NationsLIVESTOCK'S LONG SHADOW : environmental issues andoptions .. Roma/ltalia: FAO, 391 p. 2006. Disponível em:http://www.fao.org/docrep/010/a0701e/a0701eOO.HTMFERREIRA, E.T., NABINGER, C, ELEJALDE, D.G., et aI.Fertilization and oversowing on natural grassland: effects onpasture characteristics and yearling steers performance. RevistaBrasileira de Zootecnia., vAO, n.9, p.2039-2047, 2011GIRARDI-DEIRO, A.M., GONÇALVES, J.O.N., GONZAGA, 5.5.Campos naturais nos diferentes tipos de solo no Município deBagé, RS. 2: Fisionomia e composição florística. Theringia, PortoAlegre, vA2, p.55-79, 1992.IBGE, Mapa de Biomas do Brasil, 2004. Disponível emhttp://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/mapas/mapas_doc1.shtmIBGE, Censo Agropecuário Brasileiro, 2006. Disponível em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/censoagro/default.shtrnIntergovernment Panel on Climate Change - IPCC UnitedNations Evironmental Programo Assessment Report 4:Contribution of Working Groups I, 11 and 111 to the FourthAssessment Report of the Intergovernmental Panel on ClimateChange. Geneva, 104p., 2007.JOHNSON, K.A., HUYLER, M.T., WESTBERG, H.H., LAMB, B.K.,ZIMMERMAN, P. Measurement of methane emissions fromruminant livestock using a SF6 tracer technique. Environ. Sci. &Technol., v.28, p.359, 1994.NABINGER, C; CARVALHO, P.CF. Ecofisiología de sistemaspastoriles: aplicaciones para su sustentabilidad. Agrociencia,v.13, n.3, p.18-27, 2009.NABINGER, C, FERREIRA, E.T., FREITAS, A.K., et ai .. Produçãoanimal em campo nativo: aplicações de resultados de pesquisa.In: Pillar, v.P.; Müller, S.C; Castilhos, Z.M.S.; Jacques, A.v.A ..(Org.), Campos sulinos: conservação e uso sustentável dabiodiversidade. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2009, p.175-198.PALLARÉS, O.R.; BERRETTA, E.J.; MARASCHIN, G.E. The SouthAmerican Campos ecosystem. In: SUTTIE, L REYNOLDS, S.G.,BATELLO, C Grasslands of the world. FAO. p.171-219. 2005.

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