desatando o nó entre florestas e mudanças climáticas
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DesatanDo o nó entre florestase muDanças climáticas
Virgilio M. Viana
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Viana, V. M. Desatando o nó entre florestas e mudanças climáticas.Fundação Amazonas Sustentável. Manaus, 2009. www.fas-amazonas.org
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agradecimentos
Agradeço a colaboração de diversos colegas da FAS na revisão deste documento,especialmente André Ballesteros, Gabriel Ribenboim, Luiza Lima e Thais Megid.
DeSATAnDo o nó enTRe FLoReSTAS e MuDAnçAS cLiMáTicAS
Virgilio M. Viana
Fundação Amazonas Sustentável
Manaus, 2009
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agên
cia
Bras
il/Va
lter c
ampa
nato
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ÍnDice
1 - o conTeXTo .....................................................................................................6
2 - PReMiSSAS ....................................................................................................10
3 - SoLuçÕeS .....................................................................................................13
3.1 RecuRSoS GoVeRnAMenTAiS e MeRcADo nÃo coMPenSATóRio ...........14
3.2 RecuRSoS De MeRcADo coMPenSATóRio MeDiAnTe MeTAS
ADicionAiS PARA ReDD ..................................................................................17
3.3 ReLAçÃo enTRe AS DuAS cLASSeS De MecAniSMoS ..............................21
3.4 MeToDoLoGiAS SiMPLeS, RoBuSTAS e incLuSiVAS. ................................23
3.5 RePARTiçÃo De BeneFÍcioS e PAGAMenTo PoR SeRViçoS AMBienTAiS .....27
4 - PoSicionAMenTo Do BRASiL nAS neGociAçÕeS inTeRnAcionAiS ..............29
5 - concLuSÕeS .................................................................................................32
BiBLioGRAFiA ......................................................................................................36
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1 - o conteXto
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estamos diante de uma emergência global. Precisamos reduzir drasticamente as emissões de gases efeito estufa para evitar que o planeta caminhe para um futuro ameaçador para as sociedades humanas e os ecossistemas naturais. esta redução deve ser rápida e em grande escala. os alertas dos eventos climáticos extremos vêm sendo dados com crescente frequência: enchentes em Santa catarina e no Amazonas, tufões na ásia, secas na áfrica, recordes de temperatura na europa, furacões nos euA, degelo nas montanhas e nos polos, etc. o pior, infelizmente, está por vir, se nada muito significativo for feito. Ainda há tempo para uma revolução rumo a uma economia de baixo carbono.
Temos alguns princípios básicos para nortear este desafio. Primeiro, a responsabilidade maior deve ser dos países industrializados que, historicamente, foram os que mais poluíram a atmosfera, queimando petróleo, carvão e gás. Segundo, a responsabilidade é comum a todos, pois estamos num único planeta e o que for feito em qualquer lugar afetará a todos, independentemente de onde vivemos. estamos com nosso futuro entrelaçado com o de todas as demais sociedades humanas. não basta botar a culpa nos países desenvolvidos.
Precisamos que os países desenvolvidos façam a maior parte dos investimentos para redirecionar o planeta no rumo de uma economia de baixo carbono. Precisamos ainda que os países em desenvolvimento assumam também este desafio, dentro de suas possibilidades e contextos. A tarefa é definir “como”, “quando” e “quanto” as partes envolvidas devem acordar em termos de compromissos para reduzir suas emissões de gases efeito estufa. este é o tema central a ser definido no futuro acordo internacional a ser firmado em copenhague, em dezembro de 2009.
Dentre os vários nós nas negociações internacionais, destaca-se o tema de florestas e mudanças climáticas. As florestas respondem por algo ao redor de 20% das emissões, variando ao longo dos anos, para mais ou para menos. As metas de redução de emissões dos países ricos são insuficientes. não será possível reduzir as emissões de gases efeito estufa em 40% em relação ao patamar histórico de 1990 sem a inclusão do setor florestal. como desatar este nó, que é o principal das negociações visando a um novo acordo, em dezembro de 2009, em copenhague?
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figura 1. Prioridades de investimento dos recursos oriundos de mecanismos não compensatórios.fonte: McKinsey, 2009a
Metas de países desenvolvidos em 2020
12% (conforme proposto)
IPCC 25%
IPCC 40%
Potencial técnicointerno de paísesdesenvolvidos
FONTE: Curva de Custo de Abatimento de GEE Global McKinsey v2.0, análise da equipe
Compensações pagas a países em desenvolvimento
Reduções adicionais de países em desenvolvimento para alcançar níveis próximos a 450 ppm
Redução para 450 ppm Gt CO2e
5 2 10
5 6 6
5 4 8
17
17
17
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estimativas sugerem que temos um limite de emissões de até 1.800 bilhões de toneladas (GT) de co2e no período de 2000-2100 (iPcc, 2007a). isso dá uma média anual de 18 GT. Atualmente, as emissões são da ordem de 40-45 GT (iPcc, 2007b). Até 2020, é necessária uma redução da ordem de 17 GT por ano para os países desenvolvidos (Figura 1) (McKinsey, 2009a). o setor florestal como um todo tem a capacidade de contribuir com a redução de emissões de cerca de 7,8 GT por ano até 2030, sendo que a maior contribuição viria do ReDD, 5,1 GT por ano (McKinsey, 2009b).
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2 - Premissas
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Devemos ter como ponto de partida algumas premissas. A primeira é que é do interesse do Brasil reduzir o desmatamento. As florestas são essenciais para o ciclo hidrológico e isto afeta as chuvas e, consequentemente, a agropecuária, a geração de energia hidrelétrica e o abastecimento urbano de água. Além disso, as florestas, se manejadas, podem gerar empregos e alimentar uma economia de base florestal. As florestas são também importantes para a subsistência de populações tradicionais e indígenas e a reprodução dos seus ricos saberes etnoecológicos. Portanto, desmatar a Amazônia e o cerrado, caatinga, Pantanal e Mata Atlântica é contra o interesse nacional.
outra premissa fundamental é de que a melhor estratégia para reduzir o desmatamento é fazer a floresta valer mais em pé do que derrubada. nos últimos sete anos, o estado do Amazonas mostrou que este sonho é possível, ao transformá-lo em realidade. outros estados também avançaram muito nisso. o problema é que aumentar o valor da floresta em pé requer investimentos financeiros.
o desmatamento tem lógica econômica e social. É o resultado de um perverso sistema que recompensa financeiramente àqueles que desmatam: desde de grileiros de terras até extratores ilegais de madeira. Fazendas de gado, por exemplo, são empresas altamente rentáveis. De 1996 a 2006, a quantidade de gado na Amazônia Legal Brasileira – localizada dentro da Bacia Amazônica –, cresceu de 37 milhões para 73 milhões. o desmatamento não é o resultado da irracionalidade, ignorância ou estupidez: as pessoas de fato conseguem, ou esperam conseguir, benefícios reais provenientes do desmatamento e do uso não sustentável da floresta.
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3 - soluçÕes
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Temos uma saída possível para o desafio de salvar a Amazônia e o planeta: incluir as florestas em todos os instrumentos da convenção do clima. isto requer um posicionamento inteligente e ousado do Brasil no cenário internacional. os países industrializados relutam em aumentar suas metas de redução de emissões para alcançar os níveis necessários segundo a ciência do clima. A motivação é econômica: esses países temem sofrer perdas de emprego e qualidade de vida. entretanto, existe a possibilidade de aumento “adicional” das metas dos países industrializados, se houverem mecanismos menos onerosos. A inclusão das florestas é a chave.
Se os países industrializados têm limites econômicos e financeiros para aumentar suas metas de redução, deveríamos propor uma solução pragmática. esta solução combina tanto o interesse nacional (reduzir o desmatamento da Amazônia) quanto o interesse global (aumentar as metas dos países industrializados). A solução tem 5 componentes.
3.1 recursos goVernamentais e mercaDo não comPensatório.
Financiamentos para os governos dos países que possuem florestas tropicais devem vir dos governos dos países Anexo i. existem duas classes de fontes possíveis: (i) tesouro dos países do Anexo i e (ii) recursos arrecadados pelos países do Anexo i, por meio de leilões de AAus (permissões de emissões), taxas ou outros mecanismos ligados ao mercado de carbono regulado pelo Protocolo de Quioto. A alocação desses recursos para países não-Anexo i não pode ser utilizada para compensar ou diminuir os esforços domésticos de redução de emissões dos países do Anexo i. Por isso estão na categoria de “mecanismos não compensatórios”.
os países industrializados (identificados como pertencentes ao “Anexo i” da convenção do clima) devem destinar recursos governamentais, em montantes adequados, para apoiar os governos dos países com florestas tropicais na implementação de programas de redução de desmatamento (Figura 2). internacionalmente, isso incluiria alocações de recursos adicionais àqueles já destinados pelos seus respectivos tesouros à cooperação internacional. incluiria também parcelas pré-determinadas do arrecadado por meio dos leilões de permissões de emissões (identificadas como
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“AAus” – Assigned Ammout units) e outros mecanismos financeiros internos dos países industrializados. Para os países do Anexo i, essas transferências não resultariam na obtenção de créditos de carbono. São, portanto, considerados “mecanismos não compensatórios”, por não poderem contabilizar créditos de carbono para compensar reduções de emissões dos países industrializados. no Brasil, isso poderia significar a ampliação do aporte de recursos para o Fundo Amazônia, que deve apoiar programas e ações da união, estados, municípios e organizações não governamentais.
figura 2. Mecanismos não compensatórios para países desenvolvidos a ser investidos nos nAMAs
MECANISMOS NÃO COMPENSATÓRIOS
Governosnacionais e
subnacionais
AÇÕESNÃO-REDD
AÇÃO REDD
QU
OTA
(%)
NAMAs
Governos/FundosNão - Anexo I
% PIB % AAUs
FUNDOSGOVERNAMENTAIS
(Anexo I)
MERCADOCARBONO
QUIOTO
Recursos não compensatórios dos países do Anexo i devem ser investidos nos nAMAs (Ações de Mitigação nacionalmente Apropriadas) dos países não-Anexo i. esses recursos devem financiar programas dos governos federal, estaduais e municipais de prevenção e controle ao desmatamento e alternativas para a promoção do desenvolvimento sustentável. uma parcela pré-determinada desses recursos deve estar direcionada
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para ReDD, especialmente ações de melhoria da governança, com ênfase em monitoramento e controle ambiental, assim como apoio à conservação e ao uso sustentável das florestas. os nAMAs podem incluir parcerias com organizações não governamentais e o setor privado.
As prioridades para o investimento de recursos de ReDD obtidos por mecanismos não compensatórios deveriam ser o financiamento e o apoio aos Planos estaduais de Prevenção e combate ao Desmatamento, Planos Municipais de Prevenção e combate ao Desmatamento, Plano Amazônia Sustentável, Plano nacional de Mudanças climáticas (Brasil, 2007) e Projetos de organizações não Governamentais (Figura 3). essas iniciativas seriam os ingredientes fundamentais das “ações de mitigação apropriadas às realidades nacionais” (identificadas como nAMAs). Parte das ações dos nAMAs seria relacionada e outra parte não teria relação com ações de ReDD1. Parte do financiamento dos nAMAs seria oriundo dos governos nacionais e subnacionais dos países com florestas tropicais.1 neste documento, utiliza-se o termo ReDD para fazer referência abrangente a todas as três modalidades em discussão no âmbito da unFccc: (i) ReD (Redução por emissões de Desmatamento), (ii) ReDD (Redução por emissões de Desmatamento e Degradação), e (iii) e (iii) ReDD + (Redução por emissões de Desmatamento e Degradação mais conservação e Manejo Florestal).
figura 3. Prioridades de investimento dos recursos oriundos de mecanismos não compensatórios
PLANOS ESTADUAISDE PREVENÇÃO E
REDUÇÃO DODESMATAMENTO
PLANOS MUNICIPAISDE PREVENÇÃO E
REDUÇÃO DODESMATAMENTO
PLANO NACIONALDE MUDANÇAS
CLIMÁTICAS
PROJETOS DEORGANIZAÇÕES NÃO
GOVERNAMENTAIS
PLANOAMAZÔNIA
SUSTENTÁVEL
NAMAsREDD
MECANISMOS NÃO COMPENSATÓRIOS
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3.2 recursos De mercaDo comPensatório meDiante metas aDicionais Para reDD.
o financiamento para projetos florestais pode ser viabilizado por um novo mecanismo de mercado exclusivo para ReDD. este mecanismo seria capaz de gerar créditos de carbono, que poderiam ser utilizados para compensar esforços adicionais dos países do Anexo i, como parte das suas obrigações de redução de emissões. Similarmente aos projetos energéticos e de aterro sanitário, projetos florestais poderiam ter seus créditos de carbono transacionados no mercado para compensar as metas de redução de emissões dos países do anexo i. A inclusão do ReDD no mercado de carbono, com compensações, é uma forma de valorizar a floresta em pé.
os processos de certificação do ReDD devem ser simples e ágeis e os projetos devem ser controlados por um sistema de registro nacional. o registro deveria ser precedido por um processo de certificação, com princípios e critérios definidos em processo participativo de formulação. o sistema de certificação deveria dar forte ênfase para a repartição de benefícios em populações tradicionais e comunidades locais e o respeito ao direito de informação e consentimento prévio das populações indígenas. As transações de carbono devem ser reguladas por um marco legal apropriado, que deve incluir o recolhimento de taxas, contribuições ou royalties. esses recursos devem ser direcionados para a implementação dos nAMAs, complementado os recursos de transferências dos países do Anexo i e os recursos próprios dos países não-Anexo i. os recursos direcionados aos nAMAs deveriam apoiar a implantação de projetos de ReDD, especialmente no que diz respeito a ações típicas de governo, como o controle e a fiscalização ambiental.
os países industrializados devem assumir metas adicionais ao que vêm propondo (Tabela 1), mediante a inclusão de florestas como parte das suas compensações internacionais. internacionalmente, isso significaria criar um novo mecanismo no âmbito da convenção Quadro das nações unidas sobre Mudanças climáticas (identificada como unFccc). esse mecanismo seria adicional ao Protocolo de Quioto e poderia, eventualmente, tomar a forma de um “Protocolo de Florestas”. esse mecanismo deveria tratar de créditos de carbono que não teriam fungibilidade com outros mecanismos.
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Assim, o carbono associado à redução do desmatamento e degradação (identificado como “ReDD”) seria transacionado na forma de uma quota proporcional às metas assumidas no Protocolo de Quioto. essa quota poderia ser fixada em porcentuais adicionais às metas assumidas pelos países industrializados no âmbito do Protocolo de Quioto.
a Adicionado ao Anexo B por emenda aprovada nos termos das decisões da 10/cMP. esta alteração ainda não entrou em vigor.b Países que não ratificaram o Protocolo de Quioto.c País que aderiram ao Protocolo de Quioto em 28 de maio de 2009 (entrada em vigor 26 de agosto de 2009). o país possui circunstâncias especiais que o colocam numa situação diferente da de outras partes incluídas no Anexo i da convenção, como observado na decisão 26/cP.7.* Países que estão passando por processo de transição para uma economia de mercado.fonte: unFccc (2009)
AlemanhaAustraliaAustriaBielorrússiaa*
BélgicaBulgária*CanadáCroácia*DinamarcaEspanha Estônia*Estados Unidos da Américab
FinlândiaFrançaGréciaHolandaHungria*IrlandaIslândiaItáliaJapãoLatívia*LiechtensteinLituânia*LuxemburgoMônacoNoruegaNova ZelândiaPolônia*PortugalReino UnidoRepública Tcheca*RomêniaRússia*Slováquia*Slovênia*SuéciaSuíçaTurquiac
UcrâniaUnião Européia
92108
92929292949592929293929292929492
11092949292929292
101100
9492929292
10092929292
10092
6071499550946587595891616748706281646165628863895563457383734479939384724248929863
3351159117904278313084344514513669413542368138822538
8557255
66589887453
414869738
Limitação das emissões quantificadaou comprometimento de resoluções
(2008-2012) (porcentagem do ano base ou período)
ParteCompromisso de reduçãoquantificada de emissões
(2013-2017)(porcentagem do ano base ou período)
Compromisso de reduçõesquantificadas de emissões
(2018-2022) (porcentagem do ano base ou período)
tabela 1. Proposta de metas de reduções de emissões para o período de 2013-2017 e 2018-2022.
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uma quota adicional de 10% poderia resultar em níveis de financiamento na ordem de grandeza das estimativas de recursos necessários para reduzir o desmatamento em escala global (Viana, 2009). considerando que o mercado de carbono movimentou recursos da ordem de 118 bilhões de dólares em 2008, uma quota de 10% representaria cerca de 11,8 bilhões de dólares por ano.
Se as metas de Quioto forem de 20%, 30% ou 40%, as metas para ReDD seriam de 2%, 3% ou 4%, respectivamente (Figura 4). outra forma de inclusão seria contabilizar essa quota de 10% como integrante das metas dos países Anexo i – trata-se de uma questão negocial. outra abordagem seria criar uma quota baseada num volume de emissões a ser compensado por ReDD. A legislação americana prevê algo semelhante a isso, na ordem de 1 a 1,5 bilhão de toneladas de co2e por ano para compensações internacionais por ReDD.
figura 4. Metas adicionais para inclusão de ReDD
CENÁRIO DE METAS DE REDUÇÃO PARA PAÍSES DO ANEXO I (2020)
10% para REDD, acima das metas de redução do Anexo I
Emissão (%)1990
METAS ADICIONAIS PARA REDD
2%
20%30%
40%
3%
4%
existem outras abordagens assemelhadas, com ligeiras diferenças. A união européia, por exemplo, comprometeu-se a ampliar suas metas de 20% para 30% em relação a 1990, mediante algumas condições. A quota de ReDD poderia envolver uma fração variável, conforme a meta dos países
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com uma quota específica, seria criado um mercado diferenciado para o carbono de ReDD, visando compensar uma quota definida das emissões dos países Anexo i. Seria um mecanismo de compensações sem “fungibilidade”, ou sem mistura do carbono de ReDD com outros. isso evitaria eventuais problemas para a integridade do sistema de controle de emissões e riscos de influenciar o preço do mercado de carbono não ReDD.
uma quota específica para ReDD asseguraria que a maior parte dos esforços dos países Anexo i seria doméstica. em outras palavras, a maior parte (90%) da redução deveria ser feita pelos próprios países industrializados ou por meio de um mecanismo de compensações já acordadas no Protocolo de Quioto. isto atende às legítimas e corretas preocupações de países como o Brasil e organizações como o Greenpeace, que não desejam mecanismos de compensação que permitam a manutenção dos elevados níveis de poluição dos países industrializados.
Para efeito de contabilidade dos esforços adicionais dos países Anexo i, as metas de redução não ReDD poderiam ser somadas às quotas de compensação via mecanismo compensatório de ReDD.
figura 5. Possível sistema de quotas máximas de ReDD em função das metas de redução de emissões dos países Anexo i.
Anexo i. Quanto maior fosse a meta, maior poderia ser o porcentual incluído num mecanismo compensatório de ReDD (Figura 5). outra abordagem envolveria o estabelecimento de metas quantitativas. os euA, por exemplo, propõem uma quota de compensação internacional de emissões de 1 bilhão de toneladas por ano, podendo chegar a 1,5 bilhão. em todos os casos, o ReDD poderia ser um fator na busca de metas mais ambiciosas dos países Anexo i.
% d
as re
duçõ
es d
e em
issõ
esco
mpe
nsad
as p
or R
EDD
Meta mínima parainclusão de REDD
Meta desejável (40%) Metas de redução de emissões dos países Anexo I
Compensações por REDD
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numa perspectiva temporal, recursos de mecanismos não compensatórios poderiam ser aportados a curto prazo em grandes volumes, desde que haja vontade política dos países Anexo i. os recursos do mercado de ReDD via mecanismo compensatório poderiam começar pequenos e crescer a médio prazo, começando por países que possuem melhor governança e metas nacionais formalmente estabelecidas (Figura 7).
figura 6. Sistema duplo para o financiamento de ReDD
FINANCIAMENTOPELO MERCADO
MERCADODE CARBONO
PROJETOS DE REDD
GOVERNANÇAE ADAPTAÇÃO
REDUÇÃO DO DESMATAMENTO,ERRADICAÇÃO DA POBREZA E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
GOVERNOSPAÍSES ANEXO I
TAXAS $$$% INDICADORES$$$
$$$CRÉDITOSCARBONO
APOIO
FINANCIAMENTOGOVERNAMENTAL
3.3 relação entre as Duas classes De mecanismos.
os dois conjuntos para efeito de contabilidade dos esforços adicionais dos países Anexo i, as metas de redução não ReDD poderiam ser somadas às quotas de compensação via mecanismo compensatório de ReDD. Mecanismos de financiamento de ReDD (compensatório e não compensatório) poderiam funcionar de forma paralela e simultânea. não haveria o risco de dupla contabilidade, visto que apenas um (mecanismo compensatório) incluiria transações de créditos de carbono (Figura 6).
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os países que não dispõem de boa governança e ainda não possuem metas, deveriam ser apoiados por mecanismos de financiamento governamental ou multilateral para a preparação para o ReDD (referenciado como Readiness for ReDD). um exemplo disso são os R-Pin (referenciados como Readiness Plan idea note) e R-Plan (referenciados como Readiness Plan) financiados pelo Banco Mundial. investimentos expressivos também vêm sendo feitos pelas nações unidas (referenciados como un-ReDD) e por fundações filantrópicas como Moore, Ford e Packard.
o mecanismo de mercado compensatório para ReDD deveria incluir a cobrança de taxas que seriam destinados aos fundos governamentais destinados a financiar as nAMAs. no âmbito nacional, deveria ser formulada uma legislação específica para isso. no âmbito internacional, deveria incluir um sistema de registros nacionais (e/ou subnacionais) para controlar a contabilidade das reduções de emissões associadas a ReDD. esse registro deveria incluir um processo de avaliação objetiva dos projetos de ReDD por um processo de certificação credenciado pelos operadores do registro nacional (Figura 8). A construção desse sistema de registro e certificação deveria incorporar lições aprendidas e evitar os problemas identificados no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
figura 7. Transição para um quadro de longo prazo para o mercado global de carbonofonte: eliasch (2008)
Financiamento
médio prazo
Lacuna de Investimento
Financiamento por acesso parcial ao mercado de carbonno
curto prazo longo prazo
Cap and tradeglobal
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3.4 metoDologias simPles, roBustas e inclusiVas.
o mecanismo de mercado compensatório para ReDD deveria incluir metodologias simples, robustas e inclusivas, de forma a permitir a incorporação de grandes territórios de florestas nesse mecanismo.
uma solução é a utilização de métodos que combinam estoque e fluxo de carbono (cattaneo, 2008). A mensuração de fluxos de carbono é relativamente simples e é bem aceita. Pode ser feita em termos de emissões históricas (Santilli et al, 2005) ou projeções de emissões futuras (Soares- Filho et al 2005, Viana et al, 2008). num mecanismo separado para ReDD, o papel das florestas para a estabilidade do clima e sustentabilidade global pode ir além da contabilidade de fluxos de carbono. isso permitiria contabilizar o papel das florestas para o ciclo hidrológico (Salati, 1984, Manzi, 2007, nobre, 2002). Permitiria, ainda, incorporar o papel das florestas para desenvolvimento sustentável, especialmente a redução da pobreza e a
figura 8. Mecanismo compensatório e não compensatório para apoio a ações e projetos de ReDD
MECANISMOS COMPENSATÓRIOS
PROJETOSDE REDD
TERRITÓRIOSFLORESTAIS
REGISTRO ECERTIFICAÇÃO
MERCADOCARBONODE REDD
MECANISMOS NÃO COMPENSATÓRIOS
Governosnacionais e
subnacionais
AÇÕESNÃO-REDD
AÇÕES REDD
QU
OTA
(%)
NAMAs
Governos/FundosNão - Anexo I
% PIB % AAUs
FUNDOSGOVERNAMENTAIS
(Anexo I)
MERCADOCARBONO
QUIOTO
TAXAS
APOIO
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conservação da biodiversidade. Todos estes benefícios das florestas poderiam ser contabilizados mediante a valoração dos estoques de carbono. Assim, o estoque de carbono seria um indexador para benefícios do ReDD previstos na convenção, mas não incorporados no Protocolo de Quioto.
QuaDro 1 – metoDologia De linHa De Base Histórica e mÉDia comBinaDas1
uma linha de base histórica e média combinada podem maximizar os pontos fortes e minimizar os pontos fracos das linhas de base que utilizam os parâmetros históricos e médios independentemente. A fórmula a seguir é um exemplo dessa abordagem combinada2. o primeiro incentivo seria premiar um país por reduzir suas emissões em relação a um período de linha de base (ex.: ao invés de por emissões históricas):
Equação (1): I1 = EP – Et
onde eP são as emissões passadas do país em questão durante um período acordado e et são as emissões no ano t.
o segundo incentivo viria da premiação ao país que mantivesse suas emissões abaixo da taxa média global:
Equação (2): I2 = EE – Et
onde ee são as emissões esperadas do país (um produto entre suas florestas/ estoques de carbono e as médias globais de desmatamento/taxas de emissões).
Dentro da abordagem de linha de base combinada, todos os países que contêm florestas receberiam ambos os incentivos ao mesmo tempo. o peso relativo de cada incentivo é ajustável. o fator ∂ pondera os incentivos entre taxas históricas e médias/ estoque. Assim, a fórmula para o mecanismo de linha de base seria:
Equação (3): CI = [∂ (I1) + (1 – ∂)(I2)] x ($ por t CO2e)
onde ∂ varia de 0 a 1. Países com altas taxas históricas de desmatamento recebem incentivos para reduzir as emissões florestais do componente histórico da equação. Ao mesmo tempo, países com florestas em pé e um histórico de desmatamento evitado recebem incentivo por manter o desmatamento em taxas baixas, zero ou negativas (ex.: se as taxas de A/R são altas), recompensando boas políticas florestais e reduzindo o risco de vazamentos internacionais de desmatamento para esses países. Ao oferecer incentivos aos países que possuem tanto altas quanto baixas taxas de desmatamento, essa abordagem seria suficientemente abrangente para minimizar vazamentos internacionais.
outro ponto interessante deste modelo é que, se o fator de ponderação ∂ for o mesmo entre todos os países, a soma ponderada das linhas de base de todos os países equivaleria à linha de base global. como resultado, mesmo que a adicionalidade não seja identificada em um país específico, a adicionalidade em nível global estaria assegurada. Dessa forma, o mecanismo não geraria ‘hot air’ se comparado às taxas de desmatamento do momento do acordo. Se fosse decidido que a taxa global de desmatamento ‘business as usual’ deveria diminuir após determinado período, esses termos poderiam ser modificados proporcionalmente e a adicionalidade poderia ser mantida.1eliasch (2008)2 Strassburg et al (2008)
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na esfera nacional, o uso de um mecanismo de estoque e fluxo pode ter um caráter inclusivo, ao contemplar tanto a realidade de estados com elevadas taxas de desmatamento quanto de estados com baixas taxas de desmatamento (Tabela 2).
fonte: Lima et al, 2009
Tabela 2. Simulação da distribuição dos benefícios de REDD entre os Estados da Amazônia
Brasileira pelas abordagens de meta, estoque e redução do desmatamento.
Amazonas
Mato Grosso
Pará
Rondônia
Acre
Amapá
Tocantins
Roraima
Maranhão
Total
Estado
73.766
249.770
0
168.475
249.770
249.770
249.770
0
0
1.241.320
856.088
197.762
485.878
80.531
85.199
48.673
6.249
81.296
20.303
1.861.979
24.990
431.834
81.498
121.686
34.680
0
16.456
340
21.080
732.564
954.844
879.365
567.376
370.692
369.649
298.442
272.475
81.636
41.383
3.835.863
25
23
15
9,7
9,6
7,8
7,1
2,1
1,1
100
por meta
Compensação por REDD (USD X 1000)
por estoque por redução total %
na escala internacional, o uso de um mecanismo de estoque e fluxo pode ter um caráter inclusivo, ao contemplar tanto a realidade de países com elevadas taxas de desmatamento quanto países com baixas taxas de desmatamento (Tabela 3).
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tabela 3. Receitas possíveis provenientes de créditos de carbono para países que possuem florestas tropicais.
fonte: cattaneo (2008)
País
Emissões
atuais do
desmatamento
(GtCO2/ano)
Créditos de CO2
em cada
aproximação
(GtCO2/ano)
Fluxo
evitado
Estoque
mantido
Estoque
mantido
Fluxo
evitado
Receita de CO2
utilizando cada
aproximação
(US$ Mi/ano)
Brasil
Congo
Indonésia
PapuaNova Guiné
Total
215.774
82.127
32.296
17.561
347.758
1.183
246
597
88
2.114
591,5
123,0
298,5
44,0
1.057,0
755,2
287,4
113,0
61,5
1.217,5
2.958
615
1.493
220
5.285
3.776
1.437
565
307
6.086
Estoque
de carbono
florestal
(GtCO2/ano)
Metodologias simples, robustas e inclusivas de estoque e fluxo permitiriam dissipar dúvidas sobre “vazamento de emissões” e “permanência”. Aliás, o vazamento é um problema mais sério no setor de energia (especialmente no chamado “fuel switch”) e no setor industrial (vazamento internacional) do que no setor florestal. o mesmo pode ser dito com relação à “permanência das reduções de emissões”.
Riscos de permanência das reduções de emissões associadas ao desmatamento e degradação são também encontradas nos setores de energia e indústria, entre outros. num exemplo hipotético, numa indústria que substitui óleo diesel por gás a partir do terceiro ano de implantação de um projeto de carbono, os barris de óleo não queimados por 14 anos podem ser utilizados depois do ano 17 se as condições econômicas mudarem. Da mesma forma, um hectare de floresta não queimado por um produtor que substituiu a economia da farinha pela economia da floresta, no mesmo período, pode ser queimado 14 anos depois se as condições econômicas mudarem (Figura 9).
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figura 9. Riscos de não permanência dos créditos gerados para projetos florestais de ReDD e substituição energética.
PROJETOS DE REDD PROJETOS DE SUBSTITUIÇÃODE COMBUSTÍVEL
CRÉDITO CO2REDD
BAU
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10
11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 ANOS
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10
11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 ANOS
BAU
3.5 rePartição De BenefÍcios e Pagamento Por serViços amBientais.
É essencial que os recursos obtidos por mecanismos compensatórios e não compensatórios de ReDD cheguem até os diferentes atores sociais que vivem da floresta, na floresta ou próximos à floresta. A tomada de decisão quanto a desmatar ou não desmatar não é resultado de burrice, ignorância ou estupidez. Trata-se de uma decisão racional, movida principalmente por uma lógica econômica (Viana, 2009). Para alterar a lógica econômica do desmatamento, a floresta precisa valer mais em pé do que derrubada. Por isso, é fundamental a instituição de mecanismos de pagamento por serviços ambientais.
o Programa Bolsa Floresta é um exemplo de sistema de pagamento por serviços ambientais. Sua estrutura, baseada em 4 componentes, foi pensada a partir de uma lógica amazônica, construída de forma participativa e procurando incorporar a realidade das regiões melhor conservadas da “Amazônia Profunda”. o primeiro é o Bolsa Floresta Renda (média de 140 mil reais por projeto por ano), voltado para o investimento na geração de renda com o manejo da floresta, rios, lagos, igarapés; sistemas
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permaculturais e agroflorestais; e turismo. o Bolsa Floresta Social (média de 140 mil reais por projeto por ano) é voltado para ações de educação, saúde, comunicação e transporte, em complementação às ações dos governos estaduais e municipais. o Bolsa Floresta Associação (média de mil reais por mês por associação e um kit de barco, internet e computador) está voltado para o fortalecimento do controle social e organização de base comunitária. o Bolsa Floresta Familiar (50 reais por família, por mês) é voltado para uma recompensa às mulheres das famílias que assumiram o pacto de desmatamento zero. em julho de 2009, o Programa Bolsa Floresta já envolvia mais de 6,5 mil famílias, numa área superior a 10 milhões de hectares. É o maior programa de ReDD e pagamento por serviços ambientais em florestas tropicais do mundo e está sendo replicado em vários países da América Latina e áfrica.
uma ampliação do Programa Bolsa Floresta no Brasil está sendo discutida por vários estados e pelo Governo Federal. essas iniciativas poderiam aproveitar as lições aprendidas no Amazonas, evitando o velho e mau hábito de reinventar a roda. A formatação de sistemas de pagamento por serviços ambientais deveria considerar as diferentes realidades socioeconômicas e ambientais da Amazônia e outras partes do Brasil e do planeta.
Conforme decisão da família
Bolsa Floresta Familiar
CadastroOficinaCidadaniaCompromisso
OficinaAssembléiaFormalizaçãoContrapartidaElaboração do projetoPlano de contas
Aprovação doplano de contas Acompanhamento
Implementaçãodo BF Renda
Início dos benefícios
B. F.Associação
B. F.Social
B. F.Renda
Esposa
Despesas de orçamento participativo da associação
Associação
Apoio à produçãosustentável: peixe, óleos vegetais, mel, etc
R$ 50,00/mês
10% BFFamiliar/ano
R$ 140 mil por Unidade de Conservação por ano
R$ 140 mil por Unidade de Conservação por ano
Comunidade
Uso Valor Quemrecebe
Melhoria da educação, saúde e transporte Comunidade
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Fase:
Quadro 2. Descrição e valores dos quatro componentes do Programa Bolsa Floresta.
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4 - Posicionamento Do Brasil nas negociaçÕes internacionais
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É oportuno pensar num novo posicionamento do governo do Brasil nas negociações internacionais sobre o regime do clima. Se é do interesse nacional reduzir o desmatamento e conservar nossas florestas, e se isso coincide com um interesse da comunidade internacional, temos um ponto em comum. Se as florestas podem ser uma das melhores alternativas para assegurar compromissos de aumento das metas de redução de emissões dos países Anexo i, devemos dar prioridade à inclusão das florestas no novo regime do clima. A inclusão das florestas deve representar compromissos adicionais e os créditos de carbono de ReDD não devem ter fungibilidade com o de outros segmentos, para manter a integridade do sistema de redução de emissões globais.
Se existem metodologias simples, robustas e ágeis, na forma de contabilização de estoque e fluxo, deveríamos buscar um amplo acordo internacional, construindo uma nova aliança geopolítica a partir dos países de florestas tropicais. Blocos tradicionais de alinhamento do Brasil, como o G-77, devem ser sensibilizados quanto aos benefícios globais para a inclusão de florestas. Destaque deve ser dado para o caráter “adicional” e de “não fungibilidade” dos mecanismos compensatórios de ReDD, assim como os benefícios das florestas para a estabilidade do ciclo hidrológico global e o caráter complementar dos mecanismos não compensatórios de ReDD. Países como as ilhas oceânicas deveriam ser convencidos a apoiar a inclusão de florestas, especialmente pela possibilidade de “comprar tempo” na caminhada global rumo a economias de baixo carbono. Países produtores de petróleo e a união européia deveriam ser sensibilizados para a oportunidade de incluir florestas pelos mesmos motivos já citados.
A legislação dos euA, se aprovada no formato construído na câmara de Deputados, oferece uma excelente oportunidade para o Brasil estabelecer mecanismos de cooperação bilateral, enquanto avançam as negociações da unFccc. existe a provisão de destinar 5% (u.S., 2009) dos leilões de permissões de emissões (AAus), o que resultaria num fluxo financeiro de 3 a 5 bilhões de dólares por ano para ReDD em todo o mundo. o Brasil poderia sair na frente na ampliação do seu nAMA com parte desses recursos.
Por outro lado, na legislação dos euA existe a provisão de uma cota de 1 a 1,5 bilhão de toneladas de co2e para compensação internacional.
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isso poderia representar 10 a 30 bilhões de dólares por ano para mecanismos compensatórios de ReDD em todo o mundo. o Brasil poderia sair na frente fomentando o empreendedorismo verde, tanto por empresas privadas quanto por produtores rurais, organizações não governamentais e comunidades tradicionais e indígenas. esses recursos poderiam resultar no desenvolvimento, no Brasil, de um setor de vanguarda internacional em termos de projetos de ReDD. os projetos de ReDD ampliariam o financiamento de ações governamentais, mediante o recolhimento de taxas ou contribuições para a união, estados e municípios. Além disso, projetos de ReDD resultariam em investimentos para a erradicação da pobreza, melhoria da qualidade de vida, mediante sistemas de pagamento por serviços ambientais.
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5 - conclusÕes
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uma abordagem diversificada e integrada para mecanismos compensatórios e não compensatórios de ReDD representa a melhor oportunidade histórica para salvar a Amazônia de uma trajetória de destruição semelhante à da Mata Atlântica. Representa, também, a melhor oportunidade para o Brasil contribuir para evitar um cenário de catástrofes climáticas globais. os nós das negociações internacionais sobre florestas e clima podem ser desatados.
o mecanismo de financiamento duplo detalhado aqui, via mecanismos compensatórios de mercado e mecanismos não compensatórios, é um detalhamento da formulação feita anteriormente (Viana, 2009). o conceito de uma quota especial para ReDD é também uma evolução em relação à formulação anterior (Viana, 2009). o conceito de metas adicionais para ReDD, variando em função das metas assumidas pelos países Anexo i é uma formulação nova, surgida a partir das discussões da Força Tarefa sobre ReDD e Mudanças climáticas.
A construção de um consenso internacional é algo complexo e desafiador. Se este texto contribuir de alguma maneira para desatar o nó das negociações sobre ReDD no âmbito da convenção Quadro de Mudanças climáticas, terá logrado seu propósito.
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BiBliografia
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