desaleitamento precoce -...

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Desaleitamento precoce 1e bezerros PROCI-1982.00018 MAT 1982 SP-1982.00018 INTRODUÇÃO Os bezerros que recebem leite por periados longos e são desaleitados na- tummente, consomem quantidades ucessivas de leite, o que resul ta na elevaçfo do custo da alimentação des- tes animais. Entretanto, é possível criã-los, através do fornecimento con- o de leite, induzindo o consumo recoce de alimentos sólidos (concen- os e volumosos). Manipulando as- sim a alimentação, acelera-se o desen- nto do rúrnen, que passa a ifigerir, precocemente, os alimentos Só- , com a mesma eficiência do animal adulto, e o bezerro deixa de ser dependente do leite que recebia. Com a redução da dependência de ite, e maior utilização de concentra- dos, a conseqüência é a redução do da alimentação de bezerros. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO DFSALEIT AMENTO PRECOCE A principal vantagem do desaleita- to precoce é de ordem econômi- pois assume-se que o custo da ali- tação com concentrados seja in- ao com leite. Paralelamente, o eitamento precoce permite um to da disponibilidade de leite erciável. Com o controle da quantidadediá- de leite consumi da pelo bezerro" m-se os problemas com diarréias tricíonaís, provocadas por supera- tação. O desaleitamento precoce bezerros reduz a incidência de ias, pois os bezerros, com rúmen em atividade, são menos susceptí- . a elas. Com alguma mudança na entação, o rúmen exercerá uma o homeostática eo fluxo de rial, que chega ao abomaso e tino, é mais homogêneo e contí- Finalmente, períodos de aleitamen- mais curtos, concorrem para a re- o da mão-de-obra necessária para aliinentação de bezerros. Leovegildo Lopes de Matos Armando de Andrade Rodrigues 'esquisadores CNP Gado de Leite - EMBRAPA o sucesso de um programa de de- saleitamento precoce, além de de- pender do fornecimento de um con- centrado adequado, depende do mane- jo e dos cuidados dispensados aos bezerros. A pessoa que cuida dos be- zerros é, muitas vezes, responsável pela taxa de mortalidade destes. Em um levantamento feito em rebanhos leitei- ros nos EUA (Speicher & Hepp, 1973), ficou evidenciado que, quando o pro- prietário, sua mãe ou esposa cuidavam dos bezerros, o índice de mortalidade médio foi de 12,5%, e de 20% quan- do este trabalho ficava por conta de empregados. Deve-se ter sempre em mente que à medida que se reduz a quantidade de leite fornecida, maiores deverão ~r os cuidados dispensados aos bezerros; caso contrário, a economia consegui- da com a utilização de menores quan- tidades de leite será anulada pela ele- vação na taxa de mortalidade. Outro levantamento (Jenny et al., 1981) mostrou que a taxa de mortalidade de bezerros em rebanhos leiteiros está inversamente correlacionada com a duração do período de aleitamento. Esta é duplícada, quando a idade de desaleitamento passa de três a quatro semanas para sete a oito (Quadro 1). Os bezerros ruminantes são mais susceptíveis às infecções respiratórias do que aqueles que recebem maiores quantidades de leite. Não se sabe ao certo, se isto é devido ao menor con- sumo de energia produtiva e à menor 4eposição de gordura, ou se à menor lngestão e utilização de algum micro- nutriente, quando recebem alimentos sólidos precocemente. Provavelmente, tal fato possa ser creditado à ação predisponente da inalação de pó do concentrado ou esporos de fungo de feno (Roy & Stobo, 1975). FORNECIMENTO DO COLOSfRO O bezerro nasce completamente des- provido de anticorpos (imunoglobuli- nas) contra as doenças a que estarão .sujeitos no período neonatal. Os anticorpos matemos serão transferidos para o recém-nascido, via colostro, o qual deverá ser fornecido logo após o nascimento (durante as primeiras seis horas de vida). O nível de imuno- globulinas é máximo no colostro ob- tido na primeira ordenha e vai decres- cendo nas ordenhas subseqüentes. Paralelamente, ocorre urna queda na permeabilidade da parede intestinal do bezerro, e a absorção de imuno- globulinas, que é máxima ao nasci- mento, decresce linearmente até cessar em tomo de 24 horas. Além disso, para que o colostro seja profílatíca- mente efetivo, deve ser fomecido antes que rnicroorganismos patogêni- cos ínfectem o bezerro recém-nasci- do. As bactérias, que se estabelecem Quadro 1- Relação. entre a taxa de mortalidade de bezerros e a idade ao de- saleitamento, em rebanhos leiteiros. Idade ao desaleitamento (semanas) Mortalidade (%j 0- 30dias- 0- l82·dia 3 a4 5a6 7a8 Acima de 8 14,2 9,0 7,1 6,1 8,8 5,1 4,6 3,4 FONTE: Jenny et alo(1981) ª (95) novembro! 1982 3

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Desaleitamento precoce1e bezerrosPROCI-1982.00018

MAT1982SP-1982.00018

INTRODUÇÃO

Os bezerros que recebem leite porperiados longos e são desaleitados na-tummente, consomem quantidadesucessivas de leite, o que resul ta naelevaçfo do custo da alimentação des-tes animais. Entretanto, é possívelcriã-los, através do fornecimento con-

o de leite, induzindo o consumorecoce de alimentos sólidos (concen-

os e volumosos). Manipulando as-sim a alimentação, acelera-se o desen-

nto do rúrnen, que passa aifigerir, precocemente, os alimentos Só-

, com a mesma eficiência doanimal adulto, e o bezerro deixa deser dependente do leite que recebia.Com a redução da dependência de

ite, e maior utilização de concentra-dos, a conseqüência é a redução do

da alimentação de bezerros.

VANTAGENS E DESVANTAGENSDO DFSALEIT AMENTO PRECOCE

A principal vantagem do desaleita-to precoce é de ordem econômi-pois assume-se que o custo da ali-tação com concentrados seja in-

ao com leite. Paralelamente, oeitamento precoce permite um

to da disponibilidade de leiteerciável.

Com o controle da quantidadediá-de leite consumi da pelo bezerro"

m-se os problemas com diarréiastricíonaís, provocadas por supera-

tação. O desaleitamento precocebezerros reduz a incidência deias, pois os bezerros, com rúmen

em atividade, são menos susceptí-. a elas. Com alguma mudança na

entação, o rúmen exercerá umao homeostática e o fluxo de

rial, que chega ao abomaso etino, é mais homogêneo e contí-

Finalmente, períodos de aleitamen-mais curtos, concorrem para a re-o da mão-de-obra necessária para

aliinentação de bezerros.

Leovegildo Lopes de MatosArmando de Andrade Rodrigues'esquisadores CNP Gado de Leite -

EMBRAPA

o sucesso de um programa de de-saleitamento precoce, além de de-pender do fornecimento de um con-centrado adequado, depende do mane-jo e dos cuidados dispensados aosbezerros. A pessoa que cuida dos be-zerros é, muitas vezes, responsável pelataxa de mortalidade destes. Em umlevantamento feito em rebanhos leitei-ros nos EUA (Speicher & Hepp, 1973),ficou evidenciado que, quando o pro-prietário, sua mãe ou esposa cuidavamdos bezerros, o índice de mortalidademédio foi de 12,5%, e de 20% quan-do este trabalho ficava por conta deempregados.

Deve-se ter sempre em mente queà medida que se reduz a quantidade deleite fornecida, maiores deverão ~r oscuidados dispensados aos bezerros;caso contrário, a economia consegui-da com a utilização de menores quan-tidades de leite será anulada pela ele-vação na taxa de mortalidade. Outrolevantamento (Jenny et al., 1981)mostrou que a taxa de mortalidadede bezerros em rebanhos leiteirosestá inversamente correlacionada coma duração do período de aleitamento.Esta é duplícada, quando a idade dedesaleitamento passa de três a quatrosemanas para sete a oito (Quadro 1).

Os bezerros ruminantes são maissusceptíveis às infecções respiratóriasdo que aqueles que recebem maioresquantidades de leite. Não se sabe aocerto, se isto é devido ao menor con-

sumo de energia produtiva e à menor4eposição de gordura, ou se à menorlngestão e utilização de algum micro-nutriente, quando recebem alimentossólidos precocemente. Provavelmente,tal fato possa ser creditado à açãopredisponente da inalação de pó doconcentrado ou esporos de fungo defeno (Roy & Stobo, 1975).

FORNECIMENTO DOCOLOSfRO

O bezerro nasce completamente des-provido de anticorpos (imunoglobuli-nas) contra as doenças a que estarão

.sujeitos no período neonatal. Osanticorpos matemos serão transferidospara o recém-nascido, via colostro, oqual deverá ser fornecido logo apóso nascimento (durante as primeirasseis horas de vida). O nível de imuno-globulinas é máximo no colostro ob-tido na primeira ordenha e vai decres-cendo nas ordenhas subseqüentes.Paralelamente, ocorre urna queda napermeabilidade da parede intestinaldo bezerro, e a absorção de imuno-globulinas, que é máxima ao nasci-mento, decresce linearmente até cessarem tomo de 24 horas. Além disso,para que o colostro seja profílatíca-mente efetivo, deve ser fomecidoantes que rnicroorganismos patogêni-cos ínfectem o bezerro recém-nasci-do. As bactérias, que se estabelecem

Quadro 1 - Relação. entre a taxa de mortalidade de bezerros e a idade ao de-saleitamento, em rebanhos leiteiros.

Idade ao desaleitamento(semanas)

Mortalidade (%j

0- 30dias- 0- l82·dia

3 a45a67a8

Acima de 8

14,29,07,16,1

8,85,14,63,4

FONTE: Jenny et alo(1981)

ª (95) novembro! 1982 3

• pjecocemente no intestino delgado,logo após o nascimento, podem serabsorvidas por pinocitose como ocorrecom as imunoglobulinas. O forneci-mento do colostro, anterior ou simul-taneamente ao estabelecimento da mi-croflora patogênica,· impede a aderên-cia de microorganismos à paredeintestinal (Corley et al., 1977). Já osbezerros que recebem colostro apósinfecção com Bscherichia coli, alémde diarréia aguda, apresentam lesõeshistopatológicas na parede intestinal,semelhante às observadas nos casosde colibacilose naqueles privados COm-pletamente de colostro(Logan et al.,1977).

Um levantamento efetuado porOxender et al., 1973 mostrou oefeito do tempo decorrido entre o nas-cimento e o primeiro fornecimento decolostro sobre a mortalidade de bezer-ros. Nas fazendas que forneciam co-lostro dentro das primeiras seis horasde vida, a taxa de mortalidade, nosprimeiros 14 dias, foi de 7,6%, contra10,5% naquelas em que o primeirofornecimento era feito 6 a 12 horasapós o nascimento.

Os bezerros amamentados pelasmães, durante o período de colostro,apresentam níveis mais elevados deimunoglobulinas séricas (Selman etal., 1971) e menores taxas de mortali-dade (Lovell & Hill, 1940), que osbezerros que recebem colostro embaldes ou mamadeiras.

O período de fornecimento de co-lostro deve ser estendido, apesarda "cessação" da absorção intestinaldas imunoglobulinas ocorrer por voltade 24 horas após o nascimento. Istoporque as ímunoglobulínas apresentamtambém efeito profílãtico localizado,que ocorreria no lúmen intestinal(Brignole lSt Stott, 19~O). As 'írnuno-globulínas agindo no lúmen intesti-nal, juntamente com a vitamina A(presente em níveis elevados no co-lostro) e com a presença no colostrodos chamados fatores antimicrobianosnão específicos (principalmente, liso-sima, lactoferrina e o sistema lacto-peroxidase), exercem papel coadjutorimportante sobre a ação sistêrnicadas irnunoglobulinas absorvidas pelosbezerros (Logan ~Jle~"j eReiter, 1978). O-indice de mortalida-de .de bezerros, óbserviidolliauendasem que .o colostro -~- fornecido porperíodos prolongados -{-três dias oumais) é menor qué naquelas-onde eleé fomecido -'-por um -;::Q1-=ôoiS-dias(Oxender et al., T913). PeIãS mesmas

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o colostro deve ser fornecido durante as primeiras horas de vida dOJUllim••ni'::t·_Fi,.,J

razões, quanto maior a quantidade decolostro consurnida, maior será a pro-teção proporcionada aos bezerros emenor a taxa de mortalidade, fatocomprovado em levantamento feitopor (Jenny et al., 1981).

nado e nível de higiene mais cle'--"·~'·"'"é necessário que as vacas sejamças especializadas para produção de·Q>"!'E~dte ou vacas mestiças selecionadasproduzem leite em sistema de 'nha sem "bezerro ao pé".

ALEITAMENTO ARTIFICIAL Fornecimento deQuantidades Restritas <

de Dietas LíquidasOs bezerros aleitados artificialmen-te, em baldes, biberões ou mamadeiras,apresentam desenvolvimento seme-lhante. Os problemas com limpeza edesinfecção dos utensílios podem sermaiores .quando se utilizam mamadei-ras ou bíberões.

O aleitamento artificial possibilita omelhor controle da quantidade deleite fomecida aos bezerros, e facilitao manejo da ordenha. Entretanto,além de exigir maiores investimentosem equipamentos, pessoal mais trei-

. ~_ Aleitamento artificial: o fornecimento controlado de leitec --:induz-o consumo precoce de alimentos sólidos, com redução-de cmtO.-

--'.-~-W. Agropec.. Belo HOIÚ.onte, ~ (95) DO'_~1/1!

omvel desde a segunda semana dedo bezerro. Bezerros que recebem

enores quantidades de leite. conso-em mais concentrado e podem

pensar. posteriormente. o menorrunento inicial de nutrientes prove-ntes do leite (Quadro 3).O fornecimento de maiores quan-ades de dieta líquida pode resultar

maiores ganhos de peso no perío-de aleitamento. Entretanto es-

efeito desaparece por volta de 12 asemanas de idade (Aplernan &

en, '975). Os ganhos de peso naseiras oito semanas de vida do

erro (desde que a estrutura ósseao fique comprometida) não temeito sobre os ganhos futuros. idade

primeiro parto e produção dete (Martin e t al., 197"2). Estes pa-

erros dependem do nível nutricio-imposto no período de recria des-

animais.

Utilização do Excessode Colostro e LeiteNão Comerciável

o colostro , após diluído na propor-o de duas partes para uma de água.

e ser fornecido para qualquer be-ro. sob a forma fresca ou após umríodo de conservação, através de re-geração ou fermentação. Com fer-ntação natural pode-se conservar oOStro por três a quatro semanas.possível combinar o uso de leiteegral e colostro dilu ído em águaalimentação dos bezerros. Um be-o, recebendo lei te integral, pode

sar a receber colostro quandover disponibilidade deste e voltar

eceber leite integral. sem nenhumblema digestivo. Bezerros que rece-

leite integral ou colostro fermen-o diluído em água apresentam de-volvimento semelhante (Quadro 2).Uma revisão de vários experimentossler, 198!) mostrou que o desen-vimen to de bezerros alimen tados

leite de vacas com mamites e/outadas com antibióticos. foi seme-

te ou superior ao de bezerros ali-tados com dietas líquidas conven-ais. A utilização deste leite nãoerciavel , fresco ou- fermentado,traz elevação na incidência de pro-

mas sanitários. Apesar das limita-informações. a incidência de ma-

tes não é maior em vacas que fo-alimentadas com este tipo de die-

na fase inicial de suas vidas. Porrança. deve ser recomendada a uti-

ação de baias ou gaiolas individuais

Quadro--2 -Ganhos de- pesddpti:sea-tados por-àez~Htad9s.GO~O!-tro ferrnenta~leite integraL(tlg/ll:l'Wna1till:l}llté S6 dias deidade. ~__ _-~ -

Períodos-(dias)

0- 5657 - 1820-182

Leite integr - - - '~ro fermentado

J'J'0,38'0.610,54

oj'S0.640,55

FONTE: Matos (1980)

para as bezerras alimentadas com lei-te de vacas com mamite , a fim deevitar que estas suguem umas nasoutras.

Utilização de Sucedâneodo Leite

Os maiores problemas com a uti-lização de sucedâneos do leite parabezerros são devidos a excesso de ami-do e fibra. qualidade e inadequadaincorporação de gordura e utilizaçãode fontes protéicas de baixo aprovei-tamento que provocam transtornos di-gestivos aos bezerros.

O bezerro jovem (até cerca de 30dias de- idade) não possui enzimassuficientes para digerir amido ou sa-carose. tomando-se necessária a pre-sença de lactose ou glicose em suadieta. Até 10% de amido pode serutilizado no sucedâneo (em pó);níveis mais elevados podem provo-car diarréias.

O bezerro exige, em sua dieta lí-quida, gordura animal ou misturasdesta com óleos vegetais hidrogena-dos. A utilização de emulsificantes(o mais utilizado é a lecitina de soja)melhora a digestibilidade da gordura.Além disso, esta digestibilidade é maiorquando a sua incorporação, durante oprocessamento industrial, é feita antesda secagem do sucedâneo do que naforma de pó (Toullec et al., 1980).et al .. 1980).

A fônte de proteína mais utilizada emais estudada, como substituta daproteína láctea dos sucedâneos doleite para bezerro, é a proteína desoja. Entretanto, os produtos de so-ja contêm inibidores enzimáticos e ou-tros fatores depressores do cresci-mento. A proteína isolada de sojacontem apreciáveis quantidades destesfatores, sendo sua digestibilidade apa-

ª 195) novcrnbro!1982

rente de apenas 75% (Porte r. 1969).Além disto, podem ocorrer reaçõesalérgicas gastrointestínaís, devido àprodução de anticorpos específicoscontra certos constituintes da soja(Kilshaw & Sissons, 1979), com en-grossamento da parede intestinal e au-mento da velocidade de passagem dosprodutos da digestão (Stobo & Roy,1978), prejudicando a absorção dosnutrientes no intestino delgado (Seegra-ber & Morrill. 1979). Um compostoaromático (benzil isotiocianato) foiidentificado como um proeminentealérgeno presente na soja. A adiçãodeste composto ao leite, fornecidopara bezerros até quatro semanas deidade reduziu o ganho de peso para1/l1 do ganho obtido com leite puro(Gardner et al., 1982). Isto mostraque a mistura de certos produtos dasoja ao leite, antes de trazer qualquerbenefício, provocará distúrbios diges-tivos, prejudicando inclusive a absor-ção dos nutrientes provenientes do lei-te. Além disto, quando o bezerro ti-ver capacidade de utilizar substitu-tos do leite, à base de proteína de so-ja, estará com idade suficiente paraser desaleitado , dependendo exclusiva-mente de alimentos sólidos de custosmais baixos e menor exigência de mão-de-obra (Quadro 3). Pode-se obser-var que as médias dos ganhos de pesoaté 182 dias, apresentados pelos be-zerros alimentados com o sucedâneoà base de soja, foram semelhantesàquelas apresentadas pelos bezerrosque receberam leite integral, Entre-tanto, estes ganhos são referentesaos animais sobreviventes, e no casodos bezerros alimentados com soja,houve três mortes por debilidade or-gânica, conseqüência dos baixos ga-nhos apresentados por eles, nos pri-meiros 28 dias de vida (Matos & Vi-leia, 1982).

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Quando se utilizam sucedâneos doleite de baixa qualidade. a reduçãoconseguida no custo da alimentaçãoliquida é anulada pelos gastos exces-sivos com medicamentos (Fisher.1976).

de completar oito dias de idade. os be-zerros devem receber no máximo 3kg de leite/animal. divididos em doisaleitamentos diários. A partir destaidade até o desaleitamento , o forne-cimento do leite pode ser feito urna

Quadro 3 -Média dos ganhos de peso, consumo de alimentos e mortalidadede bezerros alimentados com leite integral ou sucedâneo.â base defarelo de soja.

Sucedâneo com soja Leite Integral

Desaleitamento (dias) 56 56 35

N9 animais 8 8 8

Ganho de peso (kg/animal/dia)

· 0- 28 0.03 0,21 0,30

· 0-182 0,53 0;57 0,58

Consumo de alimentos até 56dias (kgJanirnal)

I· dieta líquida 197,1 196,1 ]09,5

· concentrado 12,1 22,1 35,1

Mortes 3 O 1

FONTE: Matos & Vilela (1982)

Quantidade Fixa VersusPercentagem do Peso Vivo

o fornecimento da quantidade diá-ria fixa de dieta líquida para todos osbezerros, a despeito de sua idade oupeso vivo. facilita o manejo e trazresultados semelhantes ou melhoresque o fornecimento de acordo comcerta percentagem do peso. Levando-seem consideração que um bezerro pe-queno seja mais jovem cronológica oufisiologicamente do que um outromaior da mesma raça, então o menordeve exigir tanto ou mais leite parasuprir seus requerimentos nutricionaisaté que ambos possam utilizar ali-mentos sólidos com a mesma eficiên-cia (Church et al .. 1980). Um bezer-ro de 27kg de peso vivo ao nascimentonecessita de 3,45kg de leite por diapara apresentar ganho diário de 0,45kg.Se este fosse alimentado de acordocom 10% de seu peso vivo, tal ganhonão seria alcançado, e que-não-aconte-ceria com 'Ulll-bezerro' 'de ~5kg depeso vivo (Radostits & Bell:;"49~!9r.

Freqüência de Fornecimentoda Dieta Lfqnida __

Após o período de ~olostr~~ antes

vez por dia, preferencialmente à tarde,possibilitando a utilização do leiteda segunda ordenha, reduzindo aquantidade de leite a ser resfriado.Desta forma consegue-se uma substan-cial redução na mão-de-obra necessá-ria para a alimentação dos bezerros,sem afetar o desenvolvimento destes(Matos et al., 1978). Esta técnicapermite desaleitar os bezerros maiscedo ou aumentar a segurança do desa-leitamento, já que os animais aleita-dos uma vez por dia consomemmaiores quantidades de concentrado.

Temperatura doAlimento Líquido

Quantidades restritas de leite friotêm sido -~izadas com sucesso naalimentação de bezerros, em am-bientes com temperaturas moderadas.Entretanto, .vitelos ganham peso commaior eficiência quando a dieta lí-quida é'ffiõITía.

A aceuabilidade de dietas líquidasfomecida _ aixas temperaturas é re-duzid~ma que pode ser abran--dado .pela~utilização de mamadeirasou biber __ (Church et al .. 1980).Devid~or aceitabilidade. o for-necim~tO""de leite frio pode resultar

--_. __ ...•

em consumo consideravelmentede concentrados (Roy, 1980).

A criação de bezerros emmente natural (o bezerro ob_I"'b~dieta líquida através da aInamenpode ser feita de duas fonnastamento simples, que consisteda vaca amamentando .seufilho e aleitamento múltiplo.utilização de vacas-amas,-quernentam o seu próprio e outrosros "enteados".

O aleitamento natural .ap.....;::~~t"·:,i:aalgumas vantagens em e.•••.•-.•••.•.;..,,,'-artificial, quais sejam: melhorpenho e menor incidência debios gastrintestinais, permitindo ação de bezerros mais saudáveis;ção na incidência de infecções nadula das vacas que arnamenredução de mão-de-obra requeriprocesso de alimen tação dos b

Contra esta prática pesam ovado custo da alimentação,não há um controle da íngestsleite. e o efeito prejudicial 50 redesempenho reprodutivo dasdevido ao prolongamento dodo de anestro pós-parto.Com a u .ção do aleitamento natural restricontrolado. pode-se prevenir conretardamento da ocorrência depós-parto. bem como restringir osumo de leite pelo bezerro (UgPreston , 1975). Este método cte em permitir ao bezerro amampor períodos curtos (15 a 20 minuuma ou duas vezes ao dia) e dma-Io precocemente (oito a dezmanas de idade). Tem sido aindlizado em aleitamento múltiplo nríodo inicial da lactação. comcas matrizes retomando ao mnormal do rebanho de leite, mordenhadas mecanicamente. até onal da lactação. Além do sualcançado com a criação de beem qualquer destes dois sistemaleitamento natural, foi observadoas vacas que amamentam no -da lactação produzem mais leiterante a lactação total. do que aQ1lj.ri'j~que não amamentam. Com o est~

-:"",-.~',.""'"provocado pela amamentação. omento na produção de leitecompensar aquele consumido pelzerro. Neste caso. as quantidadleite ordenhadas seriam seme·u..••••••..-e ,

entre grupos de vacas que amamrarn ou não, no início da Iactação,a vantagem de criar os bezerrOS.

lnr. Agropec. Belo ttonzonte. ~ (95)

ejo das erras

DESALEIT AMENTO OUDESMAMA PRECOCE

Em condições práticas. os bezerrosíados em aleitamento artificial po-

dem ser desaleitados com cinco a oi-semanas e os em aleitamento na-

mral desmamados, com oito a dez se-{Ilanas. Vale ressaltar que só é possi-I desaleitar ou desmamar precoce-

Jlente um bezerro. mediante o forne-drnen to de concentrado de boa quali-dade, que permita consumo e conse-qüente desenvolvimento precoce ao rú-men , Apesar do consumo relatívarnen-

baixo de volumosos na fase inicialvida do bezerro, este é muito irn-

rtante para o desenvolvimento ana-ômico do rúmen, podendo inclusive

eontribuir para aumento do consumoae concen trados,

DesaleitamentoAbrupto ou Gradual?

A maneira mais simples de efetuarIt desaleitamento de bezerros é atra-Yés do corte abrupto do fornecimentode leite, quando algum dos critérios

.-estabelecidos para tal tiver sidotingido. Os bezerros desaleitados deerma abrupta, aumentam, pronta-ente, o consumo de concentrados,

atingindo níveis diários de 1 .Skg ouIlais, com poucos dias após o desa-

itarnento. Alguns bezerros não con-mem bastante alimentos sólidos du-te o período de aleitamento e oaleitamento gradual tende a manteres baixos consumos, porque eles

estarão sempre a espera da dieta lí-ida, mesmo que em quantidadesuzidas.

Critérios paraDesaleitamento

Precoce

Os bezerros podem ser desaleitados9m.ando por base os seguintes crité-

: idade do bezerro, peso vivo,ho de peso, total da dieta líquida

Consumida e consumo diário de con-Centrados. Normalmente são levadosem consideração dois ou mais destes]ré-requisitos para desaleitar ou des-llIamar os bezerros. O critério maislltilizado é o desaleitamento de acordotom a idade, pela sua simplicidade,

particularmente quand~":- i-.Qezerrossão criados em grupo Se posslvel,este critério deve estar aSsodã:d<ra umconsumo em torno de 6~:Concen-trado. O desaleitamen .._--~ é- acordocom determinado peso-ivi.võ.;permitedesaleitar QS bezerros e~dés fisio-lógicas semelhantes. CoIt'Imt0-: isto re-quer gue eles sejam pes...<Wfls2u midi-dos periodicamente. o ~'"qtie dificultaa sua adoção pelos criadores.

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