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1 Desafios para o desenvolvimento territorial do Agreste de Pernambuco

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1 Desafios para o desenvolvimento territorial do Agreste de Pernambuco

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2 Desafios para o desenvolvimento territorial do Agreste de Pernambuco

Desafios para o desenvolvimento

territorialConselhos Municipais de

Desenvolvimento Rural do Agreste

de Pernambuco

Recife PE 2010

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5 Desafios para o desenvolvimento territorial do Agreste de Pernambuco

Realização Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural - ProRural Rua Gervásio Pires, 399, Boa Vista - Recife- Pernambuco - Brasil. CEP: 50.050-070. Fone 3181-3100 www.prorural.pe.gov.br

Governador do Estado de Pernambuco Eduardo Henrique Accioly Campos Secretário de Desenvolvimento e Articulação Regional de Pernambuco - SEDAR José Coimbra Patriota Filho

Centro de Estudos e Ação Social Rural - CEAS Rural Rua Letácio Monte Negro, 371, 1º andar. Centro - Palmares – Pernambuco - Brasil. CEP: 55540-000. Fone 3661-0305 [email protected]

Conselho Diretor CEAS Rural (2009-2011) Presidente João Francisco da Silva Secretária Geral Benedita Ferreira de Lima Secretária de Finanças Cristiane Maria Maciel. Suplente da diretoria Risadalvo José da Silva.

Apoio Local Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural do Agreste de Pernambuco

Projeto de Qualificação dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural do Agreste de Pernambuco Equipe de Concepção e Coordenação do Projeto ProRural Márcia Aguiar Rita Guilherme Rosineide Gonçalves CEAS Rural Alexsandra Bezerra Cristiane Maciel

Organização e elaboração dos textos da cartilha Juliene Tenório de Albuquerque

Projeto Gráfico, edição e diagramação Via Design Criação Estratégica Claudia Fagundes Daniela Silveira Nara de Castro Estagiários Eduardo Mafra Tiago Morais

Fotos Arquivo Prorural e CEAS Rural

Prorural Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural

O Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural – ProRural, ligado à Secretaria de Desenvolvimento e Articulação Regional do Estado de Pernambuco (SEDAR), é voltado para a implementação de políticas para a melhoria das condições de vida da população rural, com recursos provenientes do acordo de empréstimo entre Governo de Pernambuco e Banco Mundial, somados a uma contrapartida das Associações Rurais.

Buscando a integração das ações, o ProRural tem nos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural (CMDRs) um importante parceiro. É por meio deles que as prioridades da população são aprovadas e encaminhadas ao Programa para avaliação e financiamento.

Para avançar cada vez mais na relação Governo e Sociedade Civil, o ProRural vem implementando a Estratégia de Fortalecimento Organizacional dos Conselhos, focada numa perspectiva mais abrangente, promovendo maior envolvimento dos sujeitos sociais, atraindo a participação efetiva de mulheres, jovens, grupos étnicos e articulando parcerias para a integração de ações.

A promoção de encontros, seminários e reuniões é uma importante ferramenta para a consolidação dessas organizações como espaços de articulação, mobilização e controle social, buscando exercer a prática da participação e da integração com outras entidades e órgãos com foco no desenvolvimento rural sustentável.

No primeiro semestre de 2010, o ProRural, em parceria com a Ong Centro de Estudos e Ação Social Rural (Ceas Rural), promoveu três Encontros Regionais dos CMDRs. O primeiro, na cidade de Garanhuns, reuniu conselheiros(as) e parceiros(as) da Região de Desenvolvimento (RD) do Agreste Meridional. O segundo, na cidade de Gravatá, reuniu as lideranças da RD do Agreste Central. O terceiro, realizado na cidade de Limoeiro, reuniu os representantes do Agreste Setentrional.

Estes encontros tiveram como objetivos: Oportunizar a integração entre CMDRs, parceiros governamentais e não governamentais; Socializar e debater sobre os desafios do desenvolvimento territorial; e construir orientações coletivas que possam nortear as ações de desenvolvimento rural, diante do novo projeto do ProRural: o Pernambuco Rural Sustentável.

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Sou sertaneja da gema Comigo não tem problema Se vai chover fazer sol Já andei de jumento e a pé Comi cuscuz com café sextilha Peguei peixe de anzol

Corri no meio de juremas Atrás de cabrito brabo Cortei lenha de machado Mas lhe digo meu senhor No sertão tem alegria Seja noite ou seja dia Faça frio ou calor

Encontro Regional dos Conselhos Esse eu vim participar Novo desafio lançado Muita coisa pra mudar Com um único objetivo Nossa vida melhorar

Com esse novo modelo Tem que ter integração Envolver diversos órgãos Juntos na mesma missão Acabar assistencialismo Melhorar a organização

Ainda chamo atenção Nessa nova caminhada Que as relações de gênero Tem que ser estruturadas A mulher é importante E deve ser respeitada

Também não pode esquecer Os índios e os quilombolas Que vivem em constante luta Nem sempre com a vitória Encarando os preconceitos E construindo sua história

Conviver em nosso estado É possível e viável Vamos propor crescimento De maneira responsável Utilizar os recursos De maneira sustentável

Agora vou terminar Agradeço a atenção Não joguem tomate em mim Tenha consideração Mas se quiser ouvir poesia Vá pras bandas do sertão.

O Caminho dos Conselhos Valcilene Rodrigues

CMDR de Alagoinha

CEAS Rural Centro de Estudos e Ação Social Rural

O CEAS Rural é uma ONG- organização não governamental, criada em 1990, a partir do trabalho de capacitação com sindicatos, trabalhadores rurais e delegados de base, realizado pelo Movimento Pastoral Rural, na década de 1980.

Com sede atual em Palmares e abrangência na Zona da Mata Norte e Sul do estado de Pernambuco e Zona da Mata Norte do Estado de Alagoas, o CEAS Rural vem realizando, em sua trajetória, atividades voltadas prioritariamente para o fortalecimento, articulação e acompanhamento de movimentos populares de base com foco nos seguintes segmentos: mulheres, adolescentes/jovens, associações rurais e pequenos(as) agricultores(as).

Desta forma, o CEAS Rural se propõe a:

a) Oferecer Assessoria e subsídios técnicos e educativos a Associações de Pequenos Agricultores, Associações comunitárias, Cooperativas de Trabalhadores, Sindicatos de Trabalhadores, Grupos Informais de trabalhadores, Centros e Grupos de Mulheres, Jovens Trabalhadores, visando à formação técnica - profissional, política e pessoal destes segmentos sociais e populares,

b) Atuar na organização social de trabalhadores rurais, através de suas entidades de representação, assim como, na organização de mulheres e jovens, trabalhadores e desempregados, na perspectiva de proporcionar transformações na qualidade de vida, em sintonia com o objetivo maior de lutar pela construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária;

c) Interligar-se com outras entidades públicas e não governamentais que atuam no Estado de Pernambuco e no Nordeste, construindo assim relações de intercâmbio, troca de experiência e parcerias em ações conjuntas.

Para atingir estes objetivos e de conformidade com os princípios técnicos e metodológicos de respeito à autonomia das associações, a democratização das relações sociais, a igualdade de gênero e etnia, a valorização do saber comum, as atividades são realizadas através de: encontros, cursos, seminários, palestras, pesquisas e outras atividades de caráter formativo e informativo sobre diversos temas, tais como: Política de reforma agrária, política agrícola, meio ambiente, gestão das águas, políticas públicas, direitos humanos, cidadania, direitos da criança e do adolescente, tendo nas questões de gênero, raça e geração um elemento estruturador de ações da entidade.

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9 Introdução

11 Compreendendo o que é território

15 A nova proposta do ProRural: O Projeto Pernambuco Sustentável

21 Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural: Identificando os desafios e propostas para o desenvolvimento territorial Desafios e propostas dos CMDRs do Agreste Meridional

Desafios e propostas dos CMDRs do Agreste Central

Desafios e propostas dos CMDRs do Agreste Setentrional

42 Para estimular novas conversas

44 Referências

Sumário

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IntroduçãoEsta cartilha que você está lendo é resultado de muitas conversas sobre os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural (CMDRs) do Agreste de Pernambuco e o Projeto Pernambuco Rural Sustentável – ProRural, realizadas, entre abril e maio de 2010, durante os Encontros dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural, organizado pelo CEAS RURAL, em parceria com o ProRural.

Nesses encontros buscamos discutir os desafios e construir estratégias para o fortalecimento do controle social e do desenvolvimento rural.

Dos desafios colocados para as associações locais, os(as) conselheiros(as) identificaram: o fortalecimento de sua capacidade de organização e articulação, superação daquelas associações que têm dono e que não agrega a população, da cultura do individualismo e do assistencialismo presente nos municípios, das dificuldades de sobrevivência das lideranças.

Estratégias de atuação e de fortalecimento da ação do governo e dos conselhos no desenvolvimento rural sustentável, também foram apontadas, como a criação de canais eficientes de comunicação e espaços de discussão entre os conselhos e com o governo, ampliação da participação de mulheres e jovens nas associações, dentre outras.

Mas é importante refletirmos sobre: Por que investirmos tempo, energia, dinheiro para conversarmos sobre projetos de desenvolvimento rural sustentável?

Primeiro, porque estamos diante de um importante desafio: fortalecer a organização e a produção local buscando o desenvolvimento econômico e a atuação em territórios, não apenas em áreas e municípios isolados. E só conseguiremos avançar se conversarmos, se nos articularmos e se desenvolvermos ações integradas.

Segundo, porque entendemos que onde tem dinheiro público, a população tem mesmo é que opinar, não pode ficar calada. E os Conselhos já se transformaram em importantes espaços para discutir sobre as ações do governo e exercer o controle social.

Todos juntos somos fortes, não há nada a temer. Os conselhos somos nós, nossa força e nossa voz.

Domingos Corcione Mestre de Cerimônia dos Encontros Regionais do Agreste

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* Texto elaborado a partir da apresentação sobre Desenvolvimento Territorial e Evolução da territorialidade em Pernambuco, feita por Wedson Galindo, consultor do CEAS Rural, nos Encontros dos CMDRs do Agreste de Pernambuco, complementada por pesquisa bibliográfica sobre o tema.

Terceiro, porque antes de continuarmos colocando a mão na massa, precisamos sentar para avaliar nossas dificuldades, ver o que queremos do nosso futuro, identificar os desafios e construir estratégias de atuação conjunta.

É por isso que esta cartilha foi produzida. Não apenas para ser utilizada como um registro dos Encontros dos Conselhos de Desenvolvimento Rural Sustentável, mas também para estimular novas reflexões, leituras e diálogos sobre o desenvolvimento rural sustentável.

Desta forma, ela contém informações sobre:

O que é desenvolvimento territorial; »

As novas orientações do ProRural para o Projeto Pernambuco Rural Sustentável; »

O registro das discussões dos(as) conselheiros(as) das três regiões do Agreste: Central, »Setentrional e Meridional sobre a realidade e os desafios para a implantação do projeto no Agreste de Pernambuco.

Por fim, reconhecendo que ninguém faz nada sozinho, queremos agradecer aos nossos parceiros que enriqueceram o debate durante os encontros e que tornaram menos difíceis os desafios que temos pela frente com esta nova proposta de desenvolvimento territorial. E olhe que são muitos: Prefeituras Municipais, Secretarias do Governo do Estado, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Pernambuco (FETAPE), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), Banco do Brasil, representantes dos CMDRs que, apesar das muitas dificuldades, têm investido seu tempo e energia na luta pela construção de outra realidade para o rural.

O caminho é longo e temos muito trabalho para fazer. Por isso, desejamos a todos(as) muito sucesso e uma boa leitura!

José Patriota Coimbra Filho Secretário de Desenvolvimento e

Articulação Regional de Pernambuco

Compreendendo o que é Território Entendemos que antes de começarmos a atuar de forma territorial, é importante compreendermos o que é território e qual a necessidade das políticas públicas atuarem em territórios.

Sabemos que a divisão do país em regiões, estados e municípios é algo que foi criado para responder necessidades político-administrativas. Necessidades que não dizem respeito às diferenças existentes nos lugares, como a cultura, economia, organização local, mas para atender interesses dos grupos econômicos que historicamente dominam o país. E o que isso quer dizer? Quer dizer que essa divisão entre regiões, estados e municípios é uma linha imaginária. É só olhar para ver quantas coisas parecidas existem entre grupos de municípios de uma mesma região.

No entanto, essa divisão resultou em desigualdades econômicas, sociais e políticas, interferindo, consequentemente, no desenvolvimento do país.

Entendendo que é necessário investir na redução das desigualdades econômicas e sociais das regiões, estados e municípios, o Governo Federal cria, em 2003, a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) do Ministério de Integração Nacional (MIN) e os Territórios Rurais Sustentáveis do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Desta forma, o território passa a ser entendido para além dos municípios. Passa a ser compreendido, então, como a soma de pessoas, lugares, comunidades, cultura, atividades produtivas dos municípios que apresentam similaridades. O que possibilita o planejamento e implementação das políticas públicas e o diálogo com as dinâmicas comuns dos municípios que compõem o território.

Todo mundo tem que participar. Eu costumo dizer o seguinte: não existe espaço vazio. Se você não participar, alguém vai ocupar seu lugar e decidir por você

Wedson Galindo, consultor CEAS Rural

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Mas como definimos a composição de um território? Como a gente considera que participam do território o município A ou B? Primeiro, destacamos o processo de integração, é necessário que os municípios conversem, interajam. O outro é a participação. As políticas são discutidas nos fóruns e as pessoas precisam participar. Terceiro lugar, é a cooperação, tem que substituir a palavra concorrência por cooperação. Por último, é o conhecimento local.

O território é um pouco disso, muitas características, é uma teia de relações sociais. Esses fóruns e conselhos que atuam com a dimensão territorial são lugares de discutir a política pública... a política partidária é lá fora. O território é um espaço definido, tem começo, meio e fim, pode ser que ele não seja contínuo. É um eterno campo de forças, por que é na diferença que todo mundo cresce.

E quais os benefícios da atuação em território?

Muitos: fortalecimento da participação, do controle social e da organização associativa dos municípios e região; dinamização da economia, a partir de geração de renda e emprego, convergência de investimentos públicos e privados, diversificação e inovação da produção, avanços tecnológicos; integração entre as políticas públicas, articuladas com as demandas dos territórios; respeito à cultura e ao fazer local.

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A Nova Proposta do Prorural: O Projeto Pernambuco Rural Sustentável*

O ProRural é um programa que tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida de quem mora no campo. Desta forma, no período de 2007 a 2010, realizou atividades voltadas para:

a) Reestruturação e fortalecimento dos CMDRs, unificando 90% dos conselhos no estado;

b) Financiamento de diferentes projetos de desenvolvimento humano, infraestrutura e produtivo, investindo cerca de 62 milhões de reais e beneficiando diretamente 33.185 famílias;

c) Democratização da aplicação dos recursos públicos, por meio da realização de convênios com os movimentos sociais e organizações não governamentais;

d) Integração do programa com as políticas públicas, conseguindo aprovação de projetos no valor de R$ 31 milhões junto aos órgãos federais - Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Ministério de Desenvolvimento Social (MDS);

e) Identificação e fortalecimento das redes de inovação e acesso a mercados, articulando e mobilizando os produtores da cadeia de leite, apicultura, agroindústria de polpa, piscicultura e caprinovinocultura.

*Texto elaborado a partir das Apresentações sobre o Balanço da ação do ProRural (2007-2010) e o Projeto Pernambuco Rural Sustentável, realizadas por José Patriota, Secretário da SEDAR, e Anastácia Brandão, técnica do ProRural, nos Encontros dos CMDRs do Agreste de Pernambuco.

Em Pernambuco, a regionalização atual considera 12 Regiões de Desenvolvimento:

É importante, contudo, que possamos avançar na dinâmica de territórios de desenvolvimento, ou seja, investir um pouco mais em processos de integração entre os vários municípios que compõem nossas RDs, estimular a participação das nossas organizações e CMDRs nos fóruns e comitês territoriais e a avançar na construção de uma cultura de cooperação para o desenvolvimento.

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Neste período, foram identificadas também dificuldades das associações produtivas e dos governos municipais no processo de desenvolvimento territorial que precisam ser melhor trabalhadas.

Com relação às associações, os problemas se voltam para a ausência de organização associativista dos(as) beneficiários. As pessoas até se juntam para lutar pela construção de estradas, cisternas, escolas (...), mas pensar em produzir, acessar o mercado e gerenciar economicamente um projeto produtivo, aí gera logo desconfiança. E perdem muito por não acreditar na organização econômica conjunta. Outra coisa é a dificuldade que os pequenos produtores têm de gerenciar os projetos produtivos territoriais, não utilizando itens tão importantes para o desenvolvimento do empreendimento, como a análise econômica, o capital de giro (...). A dificuldade em manter a organização dos documentos e das associações que só existem no papel, escondidas embaixo do braço dos(as) presidentes(as). Tudo isso gera um grande número de projetos produtivos que não deram certo.

No caso do poder público municipal, destacamos os limites institucionais de algumas das Secretarias de Agricultura dos municípios, que não dispõem de condições técnicas e políticas de fortalecer os(as) agricultores(as) familiares. Além disso, encontramos a falta de articulação desses gestores com as associações e conselhos. Algumas prefeituras que não respeitam nem reconhecem as decisões tomadas pelos CMDRs.

Esse balanço das ações e das dificuldades que encontramos nos indicam que é preciso dar novos e ousados passos, voltados para a criação e fortalecimento de redes que buscam promover o desenvolvimento rural sustentável e a superação da pobreza. Redes parecidas com teias de aranha, parecidas com o trabalho das mulheres que fazem renascença. Redes que vamos tecendo... Tecendo junto aos movimentos sociais, aos produtores rurais, às associações, aos sujeitos locais, nacionais e internacionais... E nessa construção vamos compartilhando saberes, construindo novos conhecimentos e práticas, comprando, vendendo, vivendo e promovendo o desenvolvimento rural sustentável.

Por isso, o ProRural tem uma nova proposta: o Projeto Pernambuco Rural Sustentável, que tem como objetivo principal promover o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida dos produtores rurais de base familiar. Portanto, busca alcançar os

seguintes objetivos específicos:

1) Promover a inserção dos produtores nos arranjos produtivos, ou seja, inserir potencialidade àquilo que já produzimos no Nordeste: Leite, frutas, milho, feijão, hortaliças, mel. Não adianta colocar uma potencialidade que não existe na região, que os produtores e produtoras não tenham conhecimento;

2) Estimular as ações da produção de base familiar. O que significa que o ProRural vai continuar investindo na agricultura familiar, na inserção das bases familiares;

3) Fortalecer a governança, a transparência e o controle social, através dos Conselhos de Desenvolvimento Rural Sustentável, o que já vem sendo feito pelo ProRural;

4) Identificar, apoiar e promover a organização de produtores com perfil empreendedor. O investimento é no produtor e produtora que sabe investir, SABE EMPREENDER;

5) Estimular a interação entre associações e empresas com responsabilidade social, promovendo a articulação da agricultura familiar com o mercado, com foco nas empresas que dão valor ao produto e não à exploração e respeitem o meio ambiente.

Com relação à atuação do ProRural algumas mudanças serão tomadas.

Primeiro, o programa passa a atuar em 180 municípios e nas 12 regiões de desenvolvimento do Estado, considerando as identidades sociais, culturais, ambientais e econômicas.

Segundo, a atuação do programa continua sendo na área rural, mas não impede a participação de grupos produtivos das sedes e distritos, a não ser dos municípios de Abreu e Lima; Cabo de Santo Agostinho, Caruaru, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Garanhuns, Igarassu, Petrolina, São Lourenço da Mata e Vitória de Santo Antão.

Quem pode participar desse projeto? As Organizações Associativas formalmente constituídas, que desenvolvem atividades agrícolas ou não, tendo prioridade os assentamentos rurais, comunidades quilombolas, povos indígenas, grupo de mulheres e de jovens.

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As associações que existem, mas não têm vida associativa, como reuniões, atividades na comunidade, participação dos(as) associados(as) nas decisões, ou os grupos produtivos que não estão juridicamente organizados, não poderão participar do projeto. E por quê? Porque queremos organizar os agricultores familiares para a economia, para o mercado, para sua autonomia. Não mais para ficar pedindo ou vivendo embaixo de político. E isso exige organização jurídica e interna da associação, estudos de viabilidade econômica, plano de negócio. Se não, o projeto já nasce torto, não dá certo. O povo tem que tomar conta do seu destino, do seu negócio, crescer e promover o desenvolvimento.

No entanto, informamos que nada disso os (as) produtores (as) rurais farão sozinhos (as). Vamos contribuir com a nova postura das associações produtivas rurais no novo Projeto Pernambuco Rural Sustentável, com a proposta de atuação de forma coletiva, integrada, como você pode ver na figura abaixo:

Isso significa que todo mundo vai ter que botar a mão na massa. O desenvolvimento rural sustentável não é responsabilidade apenas da Prefeitura, do Governo do Estado ou dos(as) produtores de base familiar. É de todo mundo: grande e pequeno, rural e urbano, político e povo. É todo um conjunto de ações integradas, ninguém faz nada sozinho, muito menos, desenvolvimento rural e redução da pobreza.

Por isso pensamos na atuação territorial. Porque precisamos ampliar nossa visão para além da comunidade, do nosso quintal, para uma visão territorial, para uma visão ampla de viabilidade de geração de renda de fato com sustentabilidade ambiental. E como esse projeto pode ser possível, se não tiver parceria? Temos que ter integração, nenhum projeto produtivo se mantém se não for integrado e nossa atuação não for ampliada. É integrando as ações, pessoas, lugares e respeitando as diferenças que faremos desenvolvimento!

Essa visão nos ajudará a pensar as atividades produtivas integradas com ações de infraestrutura, pois sabemos que a falta de pontes, estradas, abastecimento d’água, dentre outros, limita e dificulta a produção e a comercialização, principalmente dos(as) pequenos(as) produtores(as) familiares .

Além disso, contribui para a discussão política das principais atividades econômicas dos territórios, possibilitando a organização dos(as) produtores(as) de forma integrada e coletiva, a identificação das demandas dos arranjos produtivos locais para as políticas públicas e o fortalecimento do desenvolvimento econômico e social do Estado como um todo.

Ressaltamos, porém, que todas estas inovações se farão com o compromisso de que o espaço de discussão e decisão continua na base, ou seja, junto às organizações associativas que compõem os conselhos e fóruns de desenvolvimento rural. Até porque é no local de produção onde são vividos os problemas e construídas as propostas que serão levadas para discussão nos CMDRs, nas instâncias territoriais e nos espaços de encontro entre Estado, Município, União, Ongs e o setor privado.

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* Texto elaborado a partir dos relatórios dos Encontros dos CMDRs do Agreste Meridional, Central e Setentrional, produzidos pelo CEAS Rural.

Bom, agora vamos para uma questão muito importante para o controle social: de onde vem o dinheiro para este programa? A primeira fonte vem do acordo de empréstimo entre o Banco Mundial e o Governo do Estado. Banco Mundial que emprestará para o Estado cerca de US$100 milhões de dólares. O Governo do Estado de Pernambuco, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Articulação Regional, participa com investimento de US$ 35,25 milhões de dólares. O que significa um investimento total neste projeto de US$ 135,25 milhões de dólares.

Deste recurso, US$ 60.0 milhões de dólares devem ser aplicados em projetos produtivos, ou seja, nosso foco passa a ser a geração de renda das pessoas. O que não significa que projetos de banheiro, cisterna e poço serão desprezados nem estarão proibidos de serem apresentados.

E as associações produtivas que forem apoiadas terão que pagar alguma coisa? Sim. Mas de que forma? As organizações beneficiárias participam com, pelo menos 10% dos custos dos subprojetos que elas apresentarem. Só que não precisa participar apenas com pagamento de dinheiro. As associações podem utilizar equipamentos, máquinas, instalações físicas, veículos, terrenos ou material de construção, sua mão de obra e ações ambientais. Coisas que serão utilizadas para viabilidade do projeto.

Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural: Identificando os Desafios e Propostas para o Desenvolvimento Territorial*

Neste momento, nos dedicamos a apresentar os resultados das discussões realizadas junto aos representantes dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural das regiões do Agreste Central, Meridional e Setentrional, presentes nos Encontros Regionais dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural.

No encontro, os(as) conselheiros(as) foram divididos em três grupos para discussão dos seguintes temas: a) Novos papéis dos CMDRs; b) Territorialidade; c) Empreendimentos associativos e infraestrutura. Tendo ainda como as seguintes questões transversais como orientadoras do diálogo: Como buscar a sustentabilidade ambiental das ações? Como envolver jovens, mulheres, povos indígenas e quilombolas nas ações? Como preparar as comunidades para os desafios que se apresentam?

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Ninguém sabe tudo, ninguém sabe nada. Sempre se aprende alguma coisa.Conselheiros(as) do Agreste Meridional

Ressaltamos que organizamos este texto da seguinte forma:

Apresentamos as discussões por região, ou seja, os desafios e »propostas do Agreste Meridional, Central e Setentrional;

Mantemos inalteradas as questões e sugestões apresentadas pelos »grupos, como você pode observar nas tabelas de cada região, mesmo que pareça que a informação está repetida.

Fizemos desta maneira porque consideramos importante que os(as) conselheiros(as) visualizassem as discussões de cada região do Agreste e fizessem suas próprias leituras sobre suas especificidades e pontos em comuns.

Desta forma, esperamos que a sistematização das discussões dos encontros estimule novas discussões, questionamentos e propostas por parte das associações produtivas e dos conselhos municipais de desenvolvimento rural.

Desafios e Propostas dos CMDRs do Agreste Meridional de PernambucoO Encontro dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural do Agreste Meridional foi um sucesso. Realizado nos dias 26 e 27 de abril de 2010, em Garanhuns, contou com a participação dos 26 municípios que integram a região*. Abaixo, você encontrará as discussões e propostas do Agreste Meridional para o desenvolvimento territorial, no que diz respeito aos:

a) Novos papéis dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural

No Agreste Meridional, os(as) conselheiros(as) identificaram os importantes desafios para reestruturação dos CMDRs no desenvolvimento territorial. Desafios que têm relação com questões mais estruturais, como as distâncias entre os municípios e a falta de infraestrutura, bem como a sustentabilidade dos próprios conselhos. Foram ainda discutidas propostas para a mudança de postura dos(as) próprios(as) conselheiros(as), como o

enfrentamento das questões político-partidárias, de superar a resistência ao desenvolvimento de ações conjuntas e a necessidade de fortalecer os vínculos com as pessoas do território, envolvendo-as nas discussões dos conselhos.

E como resolver essas dificuldades? A primeira, e fundamental, proposta diz respeito à comunicação. É preciso criar espaços e canais de comunicação, de troca de informações e experiências junto a outros conselhos municipais, regionais e aos parceiros. Afinal, como dissemos antes, é o diálogo que nos ajudará a crescer e avançar na proposta do desenvolvimento rural sustentável.

* Águas Belas, Angelim, Bom Conselho, Brejão, Buíque, Caetés, Calçado, Canhotinho, Capoeiras, Correntes, Garanhuns, Iati, Itaíba, Jucati, Jupi, Jurema, Lagoa do Ouro, Lajedo, Palmerina, Paranatama, Pedra, Saloá, São João, Terezinha, Tupanatinga, Venturosa.

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NOVOS PAPÉIS DOS CMDRs

Dificuldades

Infraestrutura e sustentabilidade para a autonomia dos Conselhos.

Superar a resistência ao novo modelo de atuação e no desenvolvimento de ações conjuntas.

Enfrentar as questões político-partidárias no trabalho do Conselho.

Obter mais informações sobre os programas e ações dos parceiros.

Buscar dos parceiros ofertas de capacitação para preparação dos Conselhos para sua atuação.

As distâncias entre os municípios.

Estimular a participação das pessoas nos processos de conscientização nas questões ambientais etc.

Envolver as comunidades tradicionais e os grupos específicos nas atividades e ações dos conselhos.

Promover a visibilidade por meio das ações desenvolvidas.

Propostas

Estimular a troca de experiências e intercâmbio entre os conselheiros e Conselhos;

Criar um canal de comunicação para divulgação de experiências e ações;

Favorecer a apropriação das políticas territoriais pelos conselheiros e parceiros;

Melhorar a divulgação das ações dos parceiros para os conselhos;

Realizar reuniões multi-municipais e itinerante como preparação para ação regional, promovendo mais reuniões regionais dos conselhos;

Promover processo de formação contínua dos conselheiros e associações comunitárias.

Realizar diagnóstico preciso da realidade local para desenvolver as ações territoriais;

Valorizar o capital humano local nas ações, atividades e reuniões dos conselhos.

Priorizar nos processos de capacitação, temáticas relacionadas ao meio ambiente e aos grupos específicos, bem como na implementação das ações do conselho.

Tabela 1 Desafios e propostas apresentadas pelos CMDRs do Agreste Meridional- Item: Novos papéis dos CMDRs

Por outro lado, é importante que os conselheiros(as) acessem as novas informações e exigências do projeto, por meio da formação continuada, principalmente, sobre a realidade territorial, meio ambiente, grupos específicos e assuntos relacionados aos próprios conselhos.

b) Territorialidade

No que diz respeito à territorialidade, alguns desafios têm intensa relação com os apresentados no item Novos papéis dos CMDRs, como dificuldade de comunicação/informação, a política partidária e a atuação dos(as) conselheiros(as) de forma coletiva. O grupo ressalta que a cultura do individualismo e a dificuldade de pensar e agir de forma coletiva se coloca

como desafio para chegar a acordos entre as comunidades, já que cada uma tem suas necessidades prioritárias.

Os(as) conselheiros(as) consideram que a participação e a organização dos conselhos ainda é insuficiente e chamam a atenção para a inexistência de uma articulação e organização dos produtores(as) por cadeia produtiva.

Por outro lado, constroem questões para pensarmos os projetos integrados: Quem vai considerá-los prioritários ou não? Quem vai receber os recursos? Quais os critérios para os projetos serem considerados integrados?

E muitas foram as propostas... Com relação à integração das comunidades e municípios, é importante respeitar as aptidões produtivas, realizar distribuição mais justa de recursos, ampliar programas governamentais, como o Balde Cheio, fortalecer os gabinetes municipais e o consórcio entre os municípios.

Para fortalecimento dos conselhos as sugestões foram: oferecer informações sobre seus municípios e território, garantir o acompanhamento, fiscalização e avaliação das ações, implementar os projetos de forma integrada, inclusive, com a participação dos parceiros. Além disso, houve um destaque também para a importância de priorizar as comunidades tradicionais, investir no combate ao desmatamento e na educação ambiental.

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28 Desafios para o desenvolvimento territorial do Agreste de Pernambuco

29 Desafios para o desenvolvimento territorial do Agreste de Pernambuco

TERRITORIALIDADE

Dificuldades

A participação e organização insuficientes;

Vencer o individualismo e pensar no coletivo;

Coragem para enfrentar as dificuldades, discutir os problemas e vencer os preconceitos de forma coletiva;

Política partidária;

Falta de uma boa comunicação e informação;

Desafio de chegar a um acordo entre varias comunidades, uma vez que possuem prioridades diferenciadas;

Inexistência de um órgão representativo de cada categoria de produtores, principalmente da cadeia leiteira.

Tabela 2 Desafios e propostas apresentadas pelos CMDRs do Agreste Meridional - Item Territorialidade

Propostas

Integrar as comunidades de acordo com suas aptidões;

Fazer diagnóstico da infraestrutura existente no território, da rede do leite, para descobrir os problemas e as necessidades existentes;

Investir nos pequenos produtores de leite de forma integrada;

Implementar o melhoramento genético do rebanho da região;

Não permitir o manejo do gado no leito dos rios;

Ampliar o Programa Balde Cheio para todos os municípios do Agreste Meridional;

Fortalecer os gabinetes municipais da palma com a introdução de novas variedades resistentes à praga da cochonilha do carmim;

Favorecer um consórcio entre os municípios em relação aos aterros sanitários;

Investir no combate à utilização de agrotóxico no entorno dos mananciais do Agreste Meridional;

Fazer com que aconteça uma mais justa distribuição de recursos entre os municípios;

Envolver os parceiros no processo de implementação das ações integradas;

Fazer com que cada Conselho Municipal esteja sempre munido de informações por meio de diagnósticos prévios em seu município;

Levar a discussão sobre as mudanças que irão acontecer, para os associados;

Colocar como prioridade as comunidades tradicionais;

Garantir o acompanhamento, a fiscalização e avaliação das ações;

Implementar uma gestão compartilhada dos projetos;

Combater o desmatamento em andamento no Agreste Meridional;

Promover trabalho de base permanente para educação ambiental.

c) Empreendimentos Associativos e Infraestrutura

Os desafios colocados para os empreendimentos associativos, assim como nos outros itens, dizem respeito à superação da cultura individualista e isolada, bem como a implantação de gestão participativa. Além disso, os(as) conselheiros(as) destacam os desafios em fortalecer as organizações de base, de encontrar assessoria permanente para as associações, no sentido de ampliar a participação das mesmas junto aos conselhos e adequar seus estatutos e documentos de acordo com a legislação e obrigações sociais.

Para a infraestrutura, chama atenção a dificuldade de acesso a muitas comunidades, a falta de energia elétrica e à concentração de investimento em alguns municípios.

Uma questão levantada diz respeito ao desafio de envolver os gestores municipais nos espaços de discussão territorial.

Com relação às propostas, os(as) conselheiros(as) nos alertam para a necessidade de investirmos na reestruturação das associações, através de intercâmbios de experiências, planejamento participativo, qualificação dos(as) produtores(as) na área de formulação de projetos, gestão e associativismo.

Por outro lado, reforçam a importância no investimento de projetos para jovens, formalização dos grupos já existentes e priorização de comunidades com maior número de famílias.

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31 Desafios para o desenvolvimento territorial do Agreste de Pernambuco

O agreste central não é somente a sulanca de Caruaru, o Jens de Toritama e de Santa Cruz de Capibaribe. O território é um feixe de atividades econômicas que articula um conjunto de atividades econômicas rurais e não agrícolas nos 26 municípios participantes deste encontro.Conselheiros(as) do Agreste Central

* Agrestina, Alagoinha, Altinho, Barra de Guabiraba, Belo Jardim, Bezerros, Bonito, Brejo da Madre de Deus, Cachoeirinha, Camocim de São Félix, Caruaru, Cupira, Gravatá, Ibirajuba, Jataúba, Lagoa dos Gatos, Panelas, Pesqueira, Poção, Riacho das Almas, Sairé, Sanharó, São Bento do Una, São Caetano, São Joaquim do Monte, Tacaimbó

EMPREENDIMENTOS ASSOCIATIVOS E INFRAESTRUTURA

Dificuldades

Superar a cultura individualista; um entrave para muitas coisas;

Implantar gestão participativa dos empreendimentos;

Acessar novas tecnologias;

Infraestrutura e acesso das comunidades, estradas, energia adequada;

Equalizar as ações e conhecer o quanto será o valor investido; Não ficar em um só município.

Manter as exigências da legislação e obrigações sociais das associações, para ter os direitos e deveres;

Fortalecer as organizações de base;

Promover a participação do conselho nas atividades das associações;

Garantir assessoria permanente para as associações;

Superar a cultura de ação isolada das instituições;

Trazer gestores municipais para os espaços de discussão territorial; Seria muito bom se todos participassem, porque se resolveria logo as questões.

Propostas

Viabilizar visitas de intercâmbio entre as comunidades para troca de experiência e obter conhecimento;

Melhorar a questão do associativismo; trocar intercambio de ações para estimular que está fraco;

Elaborar diagnóstico participativo dos arranjos produtivos; A gente fica pensando, tem mais chance das coisas darem certo.

Buscar parceria para formação de projetistas para ampliar a quantidade e a qualidade;

Contratar empresas para elaboração de projetos; Se nossas comunidades tivessem pessoas qualificadas não necessitaria contratar ninguém;

Elaborar planejamento participativo dos empreendimentos associativos territoriais;

Garantir a capacitação, assistência técnica e a assessoria de gestão; Ninguém sabe tudo, ninguém sabe nada, sempre se aprende alguma coisa;

Realizar oficinas nas comunidades com a participação de parceiros;

Apoiar a formalização de grupos já existentes;

Priorizar as comunidades com maior número de famílias;

Elaborar projetos com fontes de energia renováveis;

Ampliar ações e investir em projetos específicos para os jovens, a gente não é para semente, tem que continuar.

Ampliar o acesso à terra com a melhoria da habitação rural;

Abrir espaço para participação dos jovens nas associações.

Tabela 3 Desafios e propostas apresentadas pelos CMDRs do Agreste Meridional - Item Empreendimentos associativos e infraestrutura

Desafios e Propostas dos CMDRs do Agreste Central de Pernambuco

No Agreste Central, os(as) conselheiros(as) foram ao Encontro dos CMDRs, em 28 e 29 de abril de 2010, dispostos a contribuir e construir estratégias de desenvolvimento para os 26 municípios que compõem a região*, como você pode conferir abaixo no registro das discussões voltadas para:

a) Novos papéis dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural

Para o Agreste Central, os desafios colocados diante dos novos papéis propostos para os conselhos dizem respeito à necessidade de fortalecer os CMDRs diante da falta de união, das agendas de compromisso dos(as) conselheiros(as), da concentração das representações em poucas lideranças em diferentes espaços, problemas de comunicação e falta de infraestrutura que garanta a autonomia dos conselhos.

Destacam as dificuldades das associações em realizar ações conjuntas de comercialização nos territórios, em se manter diante das exigências da legislação, do acesso aos programas de crédito e da dificuldade de sobrevivência das lideranças, como disse Valcilene Rodrigues (CMDR de Alagoinha e CEDAPP-Pesqueira) durante a apresentação do seu grupo: O presidente de Associação se não tiver cuidado vai morrer de fome: é tanta coisa para ele fazer que não tem tempo para fazer o seu trabalho. É que tem uns que nasce pra ganhar e nós trabalhamos de graça... isso precisa mudar.

Ressaltaram ainda os desafios dos parceiros: ouvir as bases, adequar a linguagem para contemplar a realidade local e promover ações educativas no campo.

E o que propõem? Primeiro, melhorar a comunicação, através da criação de uma rede entre os conselhos para fortalecer o intercâmbio, organização de agenda anual de reuniões no território entre os CMDRs, socialização de informações de forma transparente por parte dos

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NOVOS PAPÉIS DOS CMDRs

Dificuldades

Conseguir se unir para fortalecer os CMDRs na região;

Selecionar as comunidades que serão beneficiadas com ações em mais de um município;

Manter uma associação criada pela base (excessiva exigência da legislação);

Conciliar as agendas de compromisso dos conselheiros, já que ocupam diversos espaços;

Melhorar a comunicação dos conselhos;

Garantir a infraestrutura que permita a autonomia dos CMDRs;

Ampliar a freqüência das reuniões entre os CMDRs;

Desenvolver ações conjuntas de comercialização no Território entre os agricultores com o apoio dos CMDRS e parceiros;

Ouvir as bases e adequar a linguagem para contemplar a realidade local;

Promover ações educativas no campo envolvendo os parceiros;

Acessar os programas de crédito (exemplo: PRONAF e outros);

Propostas Criar uma rede de comunicação entre os CMDRS para fortalecer o intercâmbio;

Criar e divulgar uma agenda anual de reunião no Território entre os CMDRs;

Promover capacitações permanentes para todos os membros dos CMDRs;

Socializar informações para que ela chegue de forma transparente;

Trabalhar a questão da capacitação com uma preocupação de como envolver as pessoas;

Oferecer educação contextualizada (trabalhar as relações humanas);

Contemplar nas capacitações, temáticas sobre gênero, geração, meio ambiente, juventude, raça, etnia e etc.;

Ampliar o conhecimento dos CMDRs sobre a temática Desenvolvimento Sustentável e a realidade territorial;

Conhecer melhor a cultura das comunidades tradicionais reconhecendo seus valores;

Repensar e fortalecer o associativismo, considerando a responsabilidade das associações com relação às políticas públicas;

Potencializar a atuação dos órgãos governamentais de forma transparente;

Criar a casa dos conselhos;

Elaborar critérios para selecionar as comunidades que serão atendidas no âmbito municipal e territorial;

Estimular a cooperação entre os municípios e CMDRs que compõe o Território;

Envolver todos os conselheiros nas atividades do município e do Território;

Criar estratégias para atrair os jovens para a discussão das políticas públicas (exemplo: grades curriculares);

Considerar na ação territorial os planos elaborados de forma participativa para as políticas de: mulheres, jovens, meio ambiente, quilombolas, indígenas etc.;

Valorizar a cultura (música, dança, artesanato, culinária) do meio rural e das comunidades tradicionais;

Promover feiras e eventos que contemplem a agricultura orgânica, meio ambiente;

Estimular a criação de viveiros municipais (mudas);

Reinstalar escritório do IBAMA no Agreste Central.

Tabela 4 Desafios e propostas apresentadas pelos CMDRs do Agreste Central - Item Novos papéis dos CMDRs

governos. Depois, defendem capacitações permanentes para os(as) conselheiros(as), de forma contextualizada, com destaque para os temas de gênero, meio ambiente, geração, raça/etnia, desenvolvimento sustentável, realidade territorial e a cultura das comunidades tradicionais.

Ainda indicam a importância em valorizar a cultura do meio rural e das comunidades tradicionais, em investir na aproximação dos(as) jovens às discussões sobre políticas públicas e de considerar na ação territorial, as propostas elaboradas de forma participativa para as políticas de mulheres, jovens, meio ambiente, quilombolas, indígenas, dentre outras.

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TERRITORIALIDADE

Dificuldades

Compreensão do território por parte dos municípios e dos movimentos.

Superar a cultura individualista.

Entrosar Conselho, Associações, Território e Movimentos Sociais.

Distribuir recursos igualitários entre os municípios do Território.

Disciplinar a utilização dos recursos e dar mais qualidade as ações.

“Conviver” com a política partidária e o jogo de interesses.

Apoiar a autonomia dos conselhos.

Operação de projetos integrados no território (via várias Associações).

Gestão das associações (falta de pessoas capacitadas).

Organizar institucionalmente as Associações.

Limitações na elaboração de projetos.

Articular e mobilizar os segmentos para participar do fórum.

Deficiente capacidade operacional do ProRural (poucas pessoas para dar acompanhamento e assessoria).

Necessidade de técnicos no campo (principalmente o da extensão).

Diagnóstico territorial não devolvido aos Conselhos e as Associações.

Ausência da participação da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente dentro dos Conselhos (em alguns municípios).

Relação do CMDRs com o Conselho do Meio Ambiente fragilizada.

Propostas

Melhorar a compreensão do conceito de territorialidade.

Inserir os gestores municipais e parceiros nas discussões do Território.

Conscientizar a sociedade sobre a importância da territorialidade, com ênfase nas questões transversais.

Trabalhar em fóruns e com arranjos produtivos (consórcio de Associações e Conselhos).

Integrar os municípios em Rede e identificar as potencialidades comuns.

Capacitar Conselheiros para se adequarem às mudanças.

Capacitar as Associações sobre o que é Territorialidade.

Buscar capacitação com parceiros: SDT, IPA e ONGs.

Estender assessoria dos Técnicos do ProRural para as Associações.

Identificar o que queremos construir juntos (seguir na mesma caminhada).

Garantir a apropriação de planos territoriais sistematizado.

Incentivar ações de responsabilidade social de empreendimentos com ações no meio ambiente.

Abrir horizonte para intervenção das mulheres e jovens nos Territórios.

Aprofundar a discussão da agroecologia: técnicos, estudantes, sociedade e o próprio governo.

Promover a sustentabilidade ambiental dos Projetos.

Tabela 5 Desafios e propostas apresentados pelos CMDRs do Agreste Central- Item Territorialidade

b) Territorialidade

No item territorialidade, a compreensão sobre o que é território apresenta-se como principal desafio para os(as) conselheiros(as). Que ainda mostram-se preocupados com o entrosamento dos conselhos, associações e movimentos sociais nos territórios, diante da cultura individualista; com as desigualdades de repasse financeiro entre os municípios; a participação de todos os municípios nas discussões territoriais; a operacionalização dos projetos integrados; a qualidade das ações; a devolução das informações sobre os diagnósticos territoriais; a política partidária e o jogo de interesses, a autonomia dos conselhos e a participação das Secretarias Municipais de Agricultura e Meio Ambiente nos conselhos.

Os(as) conselheiros(as) também falam sobre os problemas das associações: organização institucional, gestão, elaboração de projetos e acompanhamento da dinâmica de reuniões e atividades dos conselhos, como podemos observar nas falas de Paulo de Souza (Igreja Católica de Jataúba) e José Valter (Associação de Bezerros): A multiplicação de líderes é importante, pois hoje são poucos para muitos Conselhos: saúde, ambiental, merenda escolar, território, rural. As associações não sabem o que significa o território, e, muitas vezes não sabem repassar o conteúdo ou não tem condições para fazer a reunião, visitar as pessoas nos sítios, fazer a articulação.

Quanto às propostas, dizem que é preciso investir primeiro na compreensão sobre o conceito e importância da territorialidade junto aos CMDRs, associações, gestores municipais e parceiros. Em seguida, construir estratégias para integração e composição dos territórios, através da identificação das potencialidades comuns, do trabalho em fóruns e em arranjos produtivos, possibilitando a intervenção das mulheres e jovens, bem como a sustentabilidade econômica dos projetos.

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EMPREENDIMENTOS ASSOCIATIVOS E INFRAESTRUTURA

Dificuldades

Estimular a inserção dos jovens das áreas rurais nas atividades produtivas;

Garantir assistência técnica permanente;

Utilizar novas tecnologias;

Ampliar e melhorar a oferta de crédito;

Realizar parceria com outras organizações (igrejas, sindicatos, associações, ONGs, conselhos e prefeituras);

Diminuir o excesso de obrigações sociais e a legalização para as associações (DCTF, RAIS...);

Melhorar os repasses das informações;

Trabalhar em sistema de associativismo;

Conseguir manter os associados na associação;

Realizar ações integradas nas associações;

Manter as obrigações sociais das associações;

Elaboração técnica de projetos em especial aos projetos produtivos;

Melhorar os processos de comercialização;

Definição dos componentes do projeto produtivo;

Analisar projetos com maior qualidade;

Superar a cultura individualista;

Facilitar o acesso à terra;

Diminuir o êxodo rural;

Burocracia das cooperativas;

Facilitar o acesso ao capital de giro;

Articular os órgãos do governo e outras instituições para uma única ação.

Tabela 6 Desafios e propostas apresentados pelos CMDRs do Agreste Central - Item Empreendimentos associativos e infraestrutura

Propostas

Proporcionar a inclusão digital no meio rural;

Capacitar os jovens das áreas rurais e urbanas nas atividades produtivas típicas da região além de outras atividades (não agrícolas);

Oferecer capacitação técnica contínua;

Oferecer capacitação específica para as mulheres, quilombolas, indígenas e comunidades tradicionais;

Incentivar e criar alternativas para os jovens permanecerem no Campo (educação, bolsa, emprego, programa,...);

Fomentar a parceria do Projovem Campo com o ProRural.

Aproximar o sistema S dos empreendimentos associativos;

Intensificar as parcerias com outros órgãos do Governo ex: IPA, universidades;

Proporcionar intercâmbio entre as comunidades com projetos, experiências exitosas;

Capacitar melhor os elaboradores de projetos;

Oferecer assessoria em gestão e assistência técnica (toda cadeia) produtiva;

Apoiar projetos que atendam toda cadeia desde a produção a comercialização;

Discutir e socializar os projetos antes e após a elaboração e de serem implantados em nível municipal e territorial;

Desenvolver projeto participativo de acordo com as suas origens culturais;

Incentivar projetos agroecológicos para a sustentabilidade ambiental;

Capacitar as empresas elaboradoras de projeto;

Elaborar uma lista de empresas técnicas indicadas pelo PRORURAL;

Criar programas diferenciados para as cooperativas do NE.

c) Empreendimentos associativos e infraestrutura

Para os empreendimentos associativos do Agreste Central, os desafios apresentam-se principalmente relacionadas às práticas associativas, com destaque para a dificuldade de comunicação e repasse das informações, manutenção dos(as) associados(as), envolvimento dos(as) jovens e presença da cultura individualista. Mas também os desafios para a elaboração e gestão de projetos; a participação qualificada no mercado, o acesso ao capital de giro, à terra, e ampliação da comercialização. E advertem: não esqueçamos do êxodo rural e da necessidade de articular os órgãos governamentais para ações comuns.

Desta forma, propõem a articulação do ProRural com outros órgãos governamentais, como o Sistema S (SESI, SENAI, SEBRAE), IPA e com universidades; a integração com outros programas voltados para o campo, como o ProJovem Campo - Saberes da Terra.

Para as associações e conselhos, sugerem o intercâmbio com experiências exitosas de projetos de desenvolvimento rural, a realização de projetos e assessoria em toda a cadeia produtiva - produção, gestão e comercialização; a inclusão digital no meio rural; e a capacitação continuada, com especificidade para as mulheres, quilombolas, indígenas e comunidades tradicionais. Para os(as) jovens, investir na capacitação em atividades produtivas típicas da região e em sua permanência no campo.

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39 Desafios para o desenvolvimento territorial do Agreste de Pernambuco

* Bom Jardim, Casinhas, Cumaru, Feira Nova, Frei Miguelinho, João Alfredo, Limoeiro, Machados, Orobó, Passira, Salgadinho, Santa Cruz do Capibaribe, Santa Maria do Cambucá, São Vicente Férrer, Surubim, Taquaritinga do Norte, Vertente do Lério, Vertentes.

O grande ganho da consolidação dos Conselhos é que não se permite que haja retrocesso.

João Arnaldo Novaes Secretário Executivo da SEDAR

NOVOS PAPÉIS DOS CMDRS

Dificuldades

Distância entre os municípios;

Conciliar a agenda dos conselheiros;

Mobilizar as comunidades;

Manter a organização;

Manter a motivação;

Manter a sintonia;

Manter o comprometimento na participação;

Atuação de vários conselhos nos municípios, dispersando as lideranças e as temáticas;

Socialização das informações e das ações nos municípios;

Entendimento do que é o Comitê de Articulação Municipal e Regional, inclusive houve promessas de apoio a infra-estrutura;

Alguns conselhos não conhecem a realidade das comunidades/associações que compõem o conselho;

Várias associações são formadas por interesses individuais, sem projeto coletivo;

Gestão das associações;

Muitas associações não estão preparadas para atender as questões burocráticas;

Disputas entre as lideranças municipais (questões político-partidárias);

Encontrar voluntários com capacidade para participar dos conselhos (pouco incentivo);

Obter informações das pendências dos projetos com antecedência (ProRural).

Pouca integração entre os parceiros dos conselhos;

Ter informações sobre financiamento de projetos pelos diversos parceiros;

Transparência nas ações desenvolvidas;

Manter a permanência de reuniões com os parceiros.

Sugestões

Continuar investindo na formação continuada dos conselheiros e associações, especialmente nas práticas de cooperação e participação;

Aproveitar o potencial dos parceiros para o desenvolvimento de palestras, capacitações;

Oportunizar a participação de novas pessoas em capacitações, encontros;

Criar um email, blog, site, fóruns de discussão para trocar informações e experiências entre os conselhos;

Conhecer todas as exigências legais de uma associação;

Criar um instrumento de socialização de informações sobre as ações, financiamentos, projetos dos parceiros;

Consolidar os conselhos municipais para pensar em ações territoriais;

Se espelhar nas experiências dos municípios vizinhos para se fortalecer cada vez mais;

Criar instrumentos que possam cada vez mais esclarecer os objetivos dos conselhos;

Priorizar as questões ambientais nas ações dos conselhos e associações;

Envolver os adolescentes/jovens nas dinâmicas das comunidades;

Ampliar discussões dos conselhos para além dos projetos;

Renovar as lideranças;

Identificar novos parceiros que possam contribuir para além das questões financeiras;

Criar um banco de dados para conhecer a realidade de cada município;

Aproveitar o que já existe de diagnósticos;

Buscar informações junto aos órgãos governamentais;

Criar critérios precisos que possam avaliar as ações no nível Territorial;

Estimular estudos e elaboração de planos de negócio;

Criar espaço para discutir a adequação das associações às exigências tributárias;

Discutir coletivamente e decidir, com urgência a instância territorial do Agreste Setentrional;

Reunir os CMDRS no Território semestralmente;

Criar uma dinâmica de funcionamento dos Comitês de Articulação Regionais.

Tabela 7 Desafios e propostas dos CMDRs do Agreste Setentrional - Item: Novos papéis dos CMDRs

Desafios e Propostas dos CMDRs do Agreste Setentrional de Pernambuco

Composto por 18 municípios*, o Agreste Setentrional fez bonito ao participar do Encontro dos CMDRs, entre os dias 11 e 12 de maio de 2010, onde destacamos a discussão dos(as) conselheiros(as) sobre:

a) Novos papéis dos CMDRs

Os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural do Agreste Setentrional trazem os seguintes desafios para redefinição de seus novos papéis: as práticas dos(as) conselheiros(as), que precisam conciliar agendas diante dos inúmeros conselhos existentes nos municípios, mobilizar, organizar, motivar, encontrar sintonia entre eles(as), conviver com as questões político-partidárias, conhecer a realidade das comunidades e associações que compõem os conselhos. Ainda apresenta-se a necessidade de obter informações relacionadas ao Comitê de Articulação Municipal e Regional e ao financiamento dos projetos.

Quanto às associações, os(as) conselheiros(as) ressaltam a existência de interesses individuais acima dos interesses coletivos, dificuldades de gestão e de atendimento às questões burocráticas.

E como resolver estas questões? Investindo na formação continuada dos(as) conselheiros(as), associações e de novas lideranças sobre temas relacionados às exigências legais das associações, planos de negócios, realidade dos municípios; fortalecendo a comunicação e a socialização de informações, através da internet ou de outro instrumento de comunicação; consolidando os conselhos municipais, os Comitês de Articulação Regional; reunindo os CMDRs com mais freqüência; e construindo a instância territorial do Agreste Setentrional.

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40 Desafios para o desenvolvimento territorial do Agreste de Pernambuco

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TERRITORIALIDADE

Dificuldades

A morosidade na liberação dos créditos por parte dos agentes financeiros.

Dificuldade de acesso aos recursos hídricos

Pouco entendimento sobre a temática territorial

Quantidade insuficiente de capacitações sobre a temática territorial com formação cidadã para as comunidades.

A má distribuição de recursos para implementação das políticas públicas, como também a dificuldade de acesso ao crédito.

A dificuldade de deslocamento por má qualidade do serviço de transporte coletivo

A pouca participação das mulheres nos espaços de decisão, gerando o desestímulo.

Pouca interação e integração das ações

A ausência de um conselho territorial.

A ausência de planejamento e articulação.

Falta de envolvimento dos grupos específicos (mulheres,quilombolas,povos indígenas e jovens).

Dificuldade de aplicação da política ambiental.

Insuficiente assistência técnica e financeira as comunidades.

Pouca autonomia financeira dos CMDRs.

Indefinição da construção e legitimação do território no Agreste Setentrional.

A diversidade de arranjos produtivos dificultando a formação de redes nesse território

Pouco compromisso dos atores envolvidos no processo de discussão da formação do território, principalmente, do poder público.

Pouca integração dos CMDRs no âmbito territorial.

Pouca consolidação de uma política de desenvolvimento sustentável.

Sugestões

Inserir os Agentes de Desenvolvimento Local (ADLs) para assessorar as comunidades onde estes residem.

Criar e consolidar o território do Agreste Setentrional

Elaborar uma agenda para constituição do colegiado territorial

Promover capacitação nos municípios, comunidades e territórios sobre a temática territorial, com foco nos grupos específicos.

Organizar os arranjos produtivos do Agreste Setentrional

Viabilizar através do território a democratização do uso dos recursos hídricos existentes.

Integrar os municípios de fronteiras nos arranjos produtivos.

Buscar capacitações de manejos produtivos de cunho agroecológico.

Organizar os grupos específicos para atividades de complemento de renda familiar e uma maior participação nos espaços de decisões.

Tabela 8 Desafios e propostas dos CMDRs do Agreste Setentrional - Item: territorialidade

b) Territorialidade

Os desafios da territorialidade para o Agreste Setentrional são representados por ausências. Ausência de: entendimento sobre territorialidade, de um conselho territorial, de planejamento e integração das ações, dos sujeitos estratégicos para formação do território, de indefinição da construção e legitimação do território no Agreste Setentrional, de integração e autonomia financeira dos CMDRs e da consolidação de uma política de desenvolvimento sustentável.

Os(as) conselheiros(as) ainda trazem questões ligadas à má distribuição de recursos para implementação das políticas públicas, à infraestrutura, à participação das mulheres nos espaços de decisão e à diversidade dos arranjos produtivos para a formação das redes.

Para resolver estes problemas, os CMDRs indicam que o caminho é dedicar-se à criação e consolidação do território do Agreste Setentrional, através da criação do colegiado territorial; organização dos arranjos produtivos, a partir da integração dos municípios de fronteiras; investir na capacitação sobre a ideia de território; aproveitar os agentes de desenvolvimento local para ajudar as comunidades; democratizar o uso de recursos hídricos existentes e ampliar a participação dos grupos específicos nos espaços de decisão.

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43 Desafios para o desenvolvimento territorial do Agreste de Pernambuco

EMPREENDIMENTOS ASSOCIATIVOS E INFRAESTRUTURA

Dificuldades

Pouca organização das comunidades rurais e consciência associativa;

Ausência de estudos econômicos, gerenciamento e capital de giro;

Pouco envolvimento do poder municipal nas discussões;

Pouca experiência na execução de subprojetos produtivos e associativos, tendo em vista que o foco da região era implementação de projetos de infraestrutura;

Escassez de recursos, dificultando o atendimento das comunidades existentes no município;

Despreparo dos técnicos na esfera municipal, em apoiar as associações em suas demandas, desconhecendo que as comunidades contribuem para o desenvolvimento do município;

As questões políticas municipais interferindo nas políticas públicas;

Ausência de capacitação para gestão de projetos produtivos territoriais;

As associações se assumirem realmente como entidade jurídica, cumprindo suas obrigações legais;

Entender projeto produtivo na abordagem territorial;

Identificar a vocação das comunidades e do Território;

Ausência de planejamento para a comercialização da produção;

Dificuldade em fazer parcerias locais e regionais;

Ausência de diagnóstico e planejamento nos municípios;

Identificar o perfil de cada entidade na nova abordagem territorial e as implicações jurídicas;

Disponibilidade de mão-de-obra qualificada para atividades agrícolas.

Tabela 9 Desafios e propostas dos CMDRs do Agreste Setentrional- Item Empreendimentos associativos e infraestrutura

Propostas

Intensificar a capacitação em associativismo e gestão ambiental;

Ampliar a integração entre os órgãos e conselhos que lidam com políticas públicas de desenvolvimento rural, uniformizando as ações;

Implementar ações para realização de diagnóstico e planejamento dos municípios e territórios;

Realizar intercâmbio com outras entidades com experiências exitosas no campo técnico, social e organizacional;

Definir características mínimas para escolha de associações aptas para receber projetos produtivos, e capacitá-las com base nesses critérios;

Disponibilizar educação contextualizada para juventude;

Realizar intercâmbio de projetos produtivos entre os conselhos e associações;

Implementar projetos com sustentabilidade ambiental.

c) Empreendimentos associativos e infraestrutura

No item empreendimentos associativos, os CMDRs do Agreste Setentrional destacam a falta de organização, conhecimento e experiência das associações diante das novas exigências dos projetos produtivos territoriais, em virtude do foco produtivo da região ser voltado anteriormente para implementação de projetos de infraestrutura. Somando-se a isto, a dificuldade em fazer parcerias locais e regionais; a relação com algumas prefeituras municipais, que participam pouco das discussões, sofrem interferência das questões políticas e não consideram as contribuições das comunidades para o desenvolvimento do território.

Quanto à infraestrutura, chamam atenção para a escassez de recursos dos municípios.

Para superar estes desafios, os(as) conselheiros(as) propõem integração entre os órgãos governamentais e conselhos, bem como, entre as ações executadas no mesmo território; investir no conhecimento e planejamento dos municípios e territórios; realizar intercâmbios com experiências exitosas no campo, dentre outras.

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Para estimular novas conversas...

Chegamos ao final desta cartilha com a certeza de que ainda temos muita coisa para discutir, propor e fazer para melhorar a vida das pessoas que moram no campo. Mas também com a sensação de que estamos no caminho certo: estimulando à organização da produção familiar, sentando para conversar com diferentes sujeitos, respeitando as especificidades das regiões e propondo a atuação coletiva, integrada.

Neste momento, reafirmamos que o propósito do ProRural com o Projeto Pernambuco Rural Sustentável não é apresentar uma proposta pronta, acabada, fechada. O que queremos é pensar, construir, atuar e avaliar juntos, contribuindo com o desenvolvimento rural sustentável.

Além disso, consideramos que os desafios apresentados pelo Agreste, no que diz respeito aos novos papéis dos CMDRs, territorialidade, empreendimentos associativos e infraestrutura, também são nossos. E junto com as associações produtivas, os CMDRs, os movimentos sociais, nos colocamos no processo de construção de estratégias para superação desses problemas. Pois não estamos falando em fazer favor para ninguém, mas em garantir direitos. E isso constitui-se como desafio e responsabilidade para todo mundo: pequenos(as) e grandes produtores(as), associações, conselhos, movimentos sociais, prefeituras municipais, ProRural, governo estadual e federal, organismos internacionais...

Nossa proposta é que você leve esta cartilha para dentro das associações e dos conselhos e discuta, reflita, faça novas propostas para nos ajudar a construir e desenvolver um projeto que contemple as necessidades dos(as) agricultores(as) de base familiar, mas também estimulem novas articulações e ações voltadas para o desenvolvimento rural sustentável não apenas na região do Agreste, mas em todo o Estado de Pernambuco. Até porque que as regiões não existem isoladas nem independentes umas das outras.

Dessa forma, sugerimos algumas questões para que você discuta nestes espaços antes de voltarmos a conversar novamente. São elas:

O que é produzido na sua região? »

Quais as cadeias produtivas a que estes produtos pertencem? »

Como podemos fortalecer a produção e a comercialização de forma »integrada?

Quais os critérios que devem ser observados para composição dos »territórios na sua região?

Que parceiros você identifica que podem contribuir com esse processo »de desenvolvimento territorial?

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