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PAULO HENRIQUE CASTILHO AMORIM DESAFIOS DO ENSINO JURÍDICO: A INFLUÊNCIA DO ESTÁGIO NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO UNIVERSIDADE DA CIDADE DE SÃO PAULO – U N I C I D SÃO PAULO 2012

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PAULO HENRIQUE CASTILHO AMORIM

DESAFIOS DO ENSINO JURÍDICO: A INFLUÊNCIA DO ESTÁGIO NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

UNIVERSIDADE DA CIDADE DE SÃO PAULO – U N I C I D

SÃO PAULO

2012

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PAULO HENRIQUE CASTILHO AMORIM

DESAFIOS DO ENSINO JURÍDICO: A INFLUÊNCIA DO ESTÁGIO NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

Dissertação apresentada à Banca Examinadora, como exigência para obtenção do título de Mestre em Educação na Universidade Cidade de São Paulo, sob orientação do Professor Doutor João Gualberto de Carvalho Meneses.

UNIVERSIDADE DA CIDADE DE SÃO PAULO – U N I C I D

SÃO PAULO

2012

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PAULO HENRIQUE CASTILHO AMORIM

DESAFIOS DO ENSINO JURÍDICO: A INFLUÊNCIA DO ESTÁGIO NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

Dissertação apresentada à Banca Examinadora, como exigência para obtenção do título de Mestre em Educação na Universidade Cidade de São Paulo, sob orientação do Professor Doutor João Gualberto de Carvalho Meneses.

Aprovado em

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________ Prof. Dr. João Gualberto de Carvalho Meneses – Orientador

_____________________________________________________ Prof. Dr. Jair Militão da Silva

_____________________________________________________ Prof. Dr. Eymard Francisco Brito de Oliveira

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A Deus, sem o qual, nada disso teria sido possível.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Léo e Inês.

Aos meus filhos Felipe e Isabela.

À minha esposa Daniela.

À Vó Ita que sempre confiou em mim.

Ao meu orientador Professor Doutor João Gualberto de Carvalho Meneses,

orientador cuidadoso, que soube entender todas minhas duvidas e aflições.

Aos Professores Doutor Jair Militão da Silva e Doutora Edileine Vieira

Machado, pelo exemplo de educadores e pelo apoio ofertado.

Ao Professor Eymard Francisco Brito de Oliveira, pela colaboração nesta

defesa compondo a banca examinadora.

Ao Amigo Celso Lima Junior, pelo caminhar junto, por caminhos incertos e

inseguros, mas também, pelas vitórias alcançadas.

Aos demais amigos que fiz nesta instituição que me deram valiosas lições

de vida.

O sucesso que hora alcanço, com certeza é fruto da união de todos que

participam de minha vida e que, sem os quais, nada disso teria acontecido.

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“Ninguém educa ninguém.

Ninguém se educa sozinho.

As pessoas se educam em comunhão”.

PAULO FREIRE PAULO FREIRE PAULO FREIRE PAULO FREIRE

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RESUMO

CASTILHO AMORIM, Paulo Henrique. Desafios do Ensino Jurídico: A Influência do Estágio no Curso de Graduação em Direito. Mestrado em Educação - Universidade Cidade de São Paulo – UNICID, São Paulo, 2012.

Esta pesquisa aborda o tema – Desafios do Ensino Jurídico: A influencia do Estágio no Curso de Graduação em Direito. O pesquisador interessou-se pelo tema por causa de sua experiência pessoal, primeiramente como aluno e posteriormente, como professor. Quando aluno, precisei iniciar um estágio logo no primeiro ano do curso, sendo que a maioria dos colegas somente iriam fazer o estágio nos dois últimos anos. Percebi que, por conta da praxe, que tive uma melhor significação da teoria, o que me auxiliou, não só na graduação, mas na prova da OAB e em minha vida profissional como Advogado. Desta realidade surge o problema da pesquisa: Qual a contribuição da prática jurídica na formação do graduando em Direito? Objeto de estudo: As duas linhas de estágio existentes no ensino do Direito; O Estágio Supervisionado cumprido dentro da IES sob a supervisão de um professor e o Estágio Não Supervisionado realizado em escritório de Advocacia particulares ou em convênios com Tribunal de Justiça. O objetivo foi o de avaliar qual a contribuição oferecida por cada forma de estágio, para o graduando em Direito. Tem-se como hipótese: Se os discentes do curso de Direito tiverem um maior contato com conteúdos práticos durante o curso, terão uma maior facilidade em significar o aprendizado teórico, alem de saírem-se melhor no exame de Ordem e na Advocacia. Metodologia: Estudo exploratório com abordagem qualitativa. Procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica, estudo de caso com realização de entrevista e resposta de questionário. Referencial Teórico: Utilizou-se da área da educação e do Direito entre eles, BASTOS (1998); BASTOS (2000); BITAR (2001); MELO FILHO (1984); RODRIGUES (1993) entre outros. A pesquisa evidenciou que os discentes que tiveram um maior contato com conteúdos práticos durante o curso, realizando estágio não Supervisionado apresentaram maior facilidade em significar o aprendizado teórico, alem d se saírem melhor no exame de ordem e na advocacia. Palavras-Chave: Políticas Públicas de Educação, Estágio, Ensino do Direito.

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ABSTRACT CASTILHO Amorim, Paulo Henrique. Challenges of Legal Education: The Influence of Training in the Graduate Course in Law. Master of Education - University of São Paulo City - UNICID, New York, 2012. This research deals with the theme - Challenges of Legal Education: The influence of the stage in the undergraduate course in law. The researcher became interested in the topic because of his personal experience, first as student and later as a teacher. When a student, I needed to start an internship in the first year of the course, and most colleagues would only do the stage over the past two years. I realized that because of the practice, I had a better meaning of the theory, which helped me not only in degree, but the proof of OAB and in my professional life as a lawyer. This reality comes the research problem: What is the contribution of legal practice in undergraduate training in law? Object of study: The two lines of existing stage in the teaching of law; The Supervised completed within the IES under the supervision of a teacher and Stage Unsupervised Advocacy office held in private or agreements with the Court. The objective was to evaluate the contribution offered by each form of training, to graduate in law. It has been hypothesized: If the students from the Law have greater contact with during the course content practical, will mean greater ease in learning theory, besides leaving to take the best and Order advocacy. Methodology: An exploratory study using qualitative approach. Methodology: literature review, case study with conducting interviews and questionnaire response. Theoretical Framework: We used the area of education and law between them, Bastos (1998), Bastos (2000); Bitar (2001); MELO FILHO (1984), Rodrigues (1993) among others. The research showed that students who had greater contact with during the course practical contents, performing stage had not supervised mean greater ease in learning theory, besides d do better to take the order and law. Keywords: Public Policy Education, Training, Education Law.

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LISTA DE SIGLAS OAB Ordem dos Advogados do Brasil

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação e Cultura

CNE Conselho Nacional de Educação

CFE Conselho Federal de Educação

CES Centro de Ensino Superior

NPJ Núcleo de Prática Jurídica

IES Instituição de Ensino Superior

RGE Regulamento Geral da Advocacia

FADIVA Faculdade de Direito de Varginha

SERAJ Serviço de Assistência Judiciária

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por faixa etária......................................................................

76

GRÁFICO 2 Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por sexo................................................................................

77

GRÁFICO 3 Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por situação profissional.......................................................

78

GRÁFICO 4 Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por situação de aprovação ou reprovação no Exame de Ordem...................................................................................

79

GRÁFICO 5 Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por tipo de estágio realizado.................................................

80

GRÁFICO 6 Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por período de início de estágio............................................

81

GRÁFICO 7 Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por local de estágio...............................................................

82

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO...............................................................................

12

1 A PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DO DIREITO.........................................................................................

18

1.1 BREVE HISTÓRIA DO ENSINO JURÍDICO NO BRASIL..............

18

1.2 1.2 BREVE HISTÓRIA DA PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DO DIREITO.......................................................

26

1.3 A PRÁTICA E O ESTÁGIO COMO MECANISMOS DE ENSINO.........................................................................................

31

2 OS VÁRIOS TIPOS DE ESTÁGIO: UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO PRÁTICA.................................................................

37

2.1 OS ESTÁGIOS..............................................................................

37

2.2 A PRÁTICA NOS CURSOS DE DIREITO ATUALMENTE: UM OLHAR SOBRE A NORMATIZAÇÃO ATUALMENTE EXISTENTE...................................................................................

40

2.3 O ESTÁGIO NAS DIRETRIZES CURRICULARES DOS CURSOS DE DIREITO..................................................................

44

2.3.1 Resolução CNE/CES Nº 9/2004...................................................

44

2.3.2 Lei 11.788/2008 - Lei do Estágio.................................................

47

2.3.3 O Estágio contido nas Normas da OAB.....................................

48

3 PESQUISA DE CAMPO E ANÁLISE DOS DADOS.....................

52

3.1 DO MUNICÍPIO DE VARGINHA....................................................

54

3.2 A FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA...............................

56

3.3 DINÂMICA CURRICULAR COM REFERÊNCIA AO ENSINO DA PRÁTICA........................................................................................

58

3.3.1 Estágio Supervisionado e a Prática Jurídica............................

59

3.3.2 Núcleo de Prática Jurídica..........................................................

60

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3.3.3 Escritório Modelo.........................................................................

61

3.3.4 Serviço de Assistência Judiciária – SERAJ..............................

62

3.4 DO PROCEDIMENTO DA PESQUISA..........................................

63

3.4.1 Descrição do Questionário.........................................................

69

3.4.2 Descrição dos participantes da pesquisa.................................

72

3.5 INTERPRETAÇÃO DAS RESPOSTAS.........................................

83

3.6 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS NAS ENTREVISTAS..............................................................................

89

CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................

95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................

99

ANEXOS........................................................................................

102

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INTRODUÇÃO

O tema desse trabalho é: A Influência do Estágio no Curso de

Graduação em Direito. Procurou-se pesquisar esse tema à luz dos

conhecimentos existentes na área de conhecimento Políticas Públicas de

Educação, no curso de Mestrado em Educação da Universidade Cidade de

São Paulo, por considerar que esse enquadramento oferece melhores

informações, considerando as legislações normativas do Ministério da

Educação, da Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os conhecimentos

sobre formação de professores.

O interesse do pesquisador decorreu da observação, como professor de

Prática Penal e Civil, na Faculdade de Direito de Varginha/MG, dos resultados

práticos de aprendizagem dos alunos que têm mais contato com a prática

jurídica, em qualquer uma de suas formas, os quais conseguem obter maior

significação da aprendizagem teórica, obtendo um melhor desempenho, tanto

em sala de aula, quanto no temido Exame da Ordem, bem como em suas

carreiras como Advogados.

Primeiramente, explana-se sobre a formação do pesquisador como

aluno do curso de Direito da Faculdade de Direito de Varginha - MG. Logo no

primeiro ano da Faculdade de Direito, estagiou em um renomado escritório de

Advocacia, vendo-se obrigado a tomar contato com assuntos e matérias que,

somente, aprenderia um ou dois anos mais tarde. O que inicialmente se

mostrou um problema ou um grande obstáculo, na verdade foi decisivo para

sua vida acadêmica e profissional, pois se percebeu que como já atuava na

área jurídica “na prática”, acabava por estar muito mais capacitado em relação

aos colegas que somente conheciam a teoria do Direito. Após sua formação e

havendo passado logo no primeiro exame da OAB1, foi convidado pela

Faculdade de Direito de Varginha, para trabalhar como professor substituto. As

substituições, inicialmente, deram-se nas matérias teóricas. Como experiência, 1 Ordem dos Advogados do Brasil

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em todas as aulas teóricas que ministrou procurou, conjuntamente, introduzir a

parte prática, de modo que os alunos estabelecessem de plano, uma conexão,

ou seja, a significação entre o que se aprendia na teoria e a aplicação efetiva

do assunto na prática forense. Os resultados foram tão bons que lhe foi

oferecido a cadeira de Estágio Supervisionado Penal II para o quinto ano

diurno, bem como, as aulas no Escritório Modelo de Advocacia da Faculdade

nas Áreas Cível e Penal para os alunos do quarto e quinto anos. O objetivo

com o ensino da prática na Faculdade é o de oferecer, ao corpo discente, a

capacitação para a utilização de raciocínio jurídico, de argumentação, de

persuasão e de reflexão crítica.

Entende ser necessário desenvolver a formação humanística

interdisciplinar que propicia, ao futuro profissional, ter uma visão sócio-política

ampla do Direito, não apenas como fonte de estabilidade, mas também, como

fonte de transformação sociopolítica. Nesse sentido, procura demonstrar ao

acadêmico de Direito, o dever de buscar em sua formação, um conhecimento

técnico, crítico e interdisciplinar da ciência jurídica, bem como o exercício do

discurso articulado e da escrita escorreita, voltado a uma capacitação mais

humanista.

Com isso, tem o objetivo, como docente, de encaminhar o aluno, não

somente a uma profissão, mas também, a uma aspiração maior, qual seja a de

proporcioná-lo um universo cultural jurídico, humanístico e ético, preparando-o

para o mercado de trabalho. Além de estimular sua capacidade de análise e

crítica, com estudo, principalmente de casos práticos, de modo a despertar-lhe

o interesse pelos temas, bem como a formação e conscientização do futuro

profissional do direito, desenvolvendo o espírito da prática forense e da ética

profissional.

Surge, então, o problema dessa pesquisa: “Qual a contribuição da

Prática Jurídica na formação do graduando em Direito?”

Percebe-se que os alunos têm significativa dificuldade em compatibilizar

o que se determinou como aprendizagem obrigatória, baseada no currículo

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mínimo, exigido pelo Conselho Nacional de Educação e o que é esperado

deles ao se submeter ao Exame da Ordem. Atualmente, a maior discussão na

Ordem dos Advogados do Brasil é exatamente como melhorar o Ensino

Jurídico, fazendo com que os Bacharéis, sejam capazes de entender os

conteúdos curriculares, em vez de, simplesmente, decorá-los, com o objetivo

de aprovação no exame de Ordem. Como, então, formar melhores profissionais

de Direito, capazes de aliar a teoria aprendida à prática, fazendo-os

compreender a realidade cotidiana, não somente com a fria letra da Lei, mas

com experiências adquiridas no decorrer de seu processo de aprendizagem?

São objetos da pesquisa, as duas grandes linhas de estágio existentes

no ensino do Direito.

a) o Estágio Curricular Supervisionado cumprido dentro da Instituição

de Ensino, sob a orientação de um professor.

b) O Estágio Curricular não Supervisionado, realizado em escritórios

particulares de advocacia ou convênio com o Tribunal de Justiça, onde o

aluno/estagiário tem a oportunidade de manter contato com casos práticos,

bem como, com todo o acervo de processos do escritório, participando da

elaboração de petições, pesquisa de doutrinas e precedentes jurisprudenciais,

além de realizar acompanhamento em audiências, nas várias áreas do Direito,

mas sem o acompanhamento de um professor da Instituição de Ensino.

Nesse sentido, procurou-se avaliar qual a contribuição oferecida pelo

Estágio Supervisionado e pelo Estágio não Supervisionado para a formação do

profissional do Direito.

Pesquisou-se, a contribuição da prática jurídica formal, fornecida pela

Faculdade denominada de Estágio Supervisionado, para a formação do aluno,

bem como outras formas de estágios, denominados não Supervisionados,

como o é o exemplo do realizado em escritórios particulares de advocacia, ou

repartições públicas, nas áreas ligadas ao Direito.

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Diante disso, a hipótese que permeou a presente pesquisa foi a de se os

discentes do curso de Direito tiverem um maior contato com conteúdos práticos

durante o curso, terão maior facilidade em significar o aprendizado teórico,

além de saírem-se melhor no exame de Ordem e na vida profissional.

De acordo com a Metodologia, trata-se de uma pesquisa exploratória

qualitativa, onde o pesquisador tentou garantir a representatividade das várias

áreas a que eles se inseriram. Foram respondidos questionários que

orientaram as entrevistas realizadas com alunos e ex-alunos da Faculdade de

Direito de Varginha, sendo homens e mulheres representantes dos cursos

diurnos e noturnos, que se inseriram, tanto em profissões típicas de Estado,

quanto profissionais liberais. Foi elaborado um formulário para ser respondido

pelos pesquisados com roteiro centralizado nas questões analisadas nesta

pesquisa, que serviram como roteiro para as entrevistas com os mesmos.

Como exemplo, foi objeto de questionamento aos pesquisados, sobre o tipo de

estágio realizado e sua expectativa com o mesmo; de quais atividades

participaram e quais foram seus resultados; quais as dificuldades encontradas

para a realização do tipo de estágio realizado, qual o resultado prático deste

estágio em sua vida profissional, etc.

Contudo, analisando a trajetória do pesquisador como aluno e

profissionalmente como Advogado e Professor de Prática Jurídica, pode-se

observar a importância da prática jurídica na formação do aluno do Curso de

Direito.

Precisou, desde o início do curso, colocar em prática, o que estudava na

teoria, inclusive, fazendo isso, antes do que seria obrigatório no curso, ou seja,

nos dois últimos anos de curso.

O pesquisador observou que o aprendizado das matérias teóricas, no

decorrer do curso, se deu de um modo mais eficiente, se comparado aos

colegas que ainda não faziam estágio. Ao tornar-se professor de prática

jurídica na Faculdade de Direito de Varginha-MG, procurou utilizar com os

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alunos, o mesmo método de aprendizagem que havia funcionado consigo, ou

seja, a imediata significação da teoria.

Neste sentido, revela-se a preocupação com os aspectos já apontados,

justificando-se a necessidade de indicar os melhores caminhos para a

formação de acadêmicos cada vez mais capacitados para o pleno exercício

profissional, ao final de seu curso.

Diante do contexto apresentado, esta pesquisa torna-se relevante por

demonstrar a contribuição dos vários tipos de estágios na formação do

profissional do Direito.

Nesse sentido, a pesquisa apresenta-se organizada, nos capítulos que

se seguem:

O Capítulo 1 “A Prática na Formação do Profissional do Direito” se refere

à apresentação de um breve histórico do Ensino Jurídico no Brasil, bem como

da prática na formação do profissional do Direito, além de descrever essa

prática como mecanismo de ensino.

O Capítulo 2 “Os Vários Tipos De Estágio: Um Olhar Sobre A Formação

Prática”, diz respeito ao referencial teórico sobre a prática nos cursos de Direito

atualmente, com o foco no núcleo de prática jurídica e no Estágio

Supervisionado, estudando à luz das Diretrizes Curriculares, observando e

compreendendo a Resolução CNE2/CES3 nº 9/2004, a Lei 11.788/2008 - Lei do

Estágio, e o Estágio contido nas normas da OAB.

O Capítulo 3 “Pesquisa de Campo e Análise dos Dados” se refere à

metodologia utilizada diante da pesquisa, a fim de observar, analisar e

interpretar os dados e seus resultados, procurando responder à problemática

presente.

2 Conselho Nacional de Educação 3 Centro de Ensino Superior

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Já o Capítulo 4 e último “Considerações Finais”, demonstra as

considerações no que se diz respeito à temática em estudo.

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1 A PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DO DIREITO

1.1 BREVE HISTÓRIA DO ENSINO JURÍDICO NO BRASIL4 Logo após a Proclamação da Independência surgiu a necessidade da

implantação de uma nova Constituição que atendesse aos anseios de um país

independente, sendo instalada a Assembleia Nacional Constituinte em 1823,

com a tentativa da criação de um curso de Direito no país; mas o projeto não

teve sucesso.

Em 1824, a Constituição Imperial do Brasil utilizou, pela primeira vez no

direito brasileiro, a expressão Universidade, como sendo o local a se transmitir

o conhecimento científico no país.

Entre os anos de 1824 e 1827, as discussões acerca da necessidade de

criação de um curso de Direito no Brasil, se avolumou e, então, o Parlamento

Imperial, no dia 11 de agosto de 1827, aprovou a proposta, sendo sancionada

por Dom Pedro I, criando-se os dois primeiros cursos, sendo um em São Paulo

e outro em Olinda.

Na época de suas criações, entendia-se a necessidade de formação da

elite social que seria responsável pela área administrativa do país, portanto os

Bacharéis, ali formados, deveriam estar preparados, tanto para as carreiras

jurídicas, quanto para as carreiras administrativas, ou seja, a função dos cursos

de Direito era suprir as necessidades de um Estado independente que

precisava de um corpo burocrático e uma identidade de pensamento.

4 As informações contidas nesse capítulo foram extraídas principalmente das obras de Wolkmer, Rodrigues e Mello Filho.

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Sobre o assunto, Wokmer (2003) afirma que a implantação dos dois

primeiros cursos de Direito no Brasil, em 1827, um em São Paulo e outro em

Recife (transferido de Olinda, em 1854), refletiu a exigência de uma elite,

sucessora da dominação colonial, que buscava concretizar a independência

político-cultural, recompondo, ideologicamente, a estrutura de poder e

preparando uma nova camada burocrático-administrativa, setor que assumiria

a responsabilidade de gerenciar o país.

Neste sentido, Fausto (2002) entende que a formação de uma elite

homogênea, educada na Faculdade de Coimbra e, a seguir, nas faculdades de

Olinda-Recife e São Paulo, com uma concepção hierárquica e conservadora,

favoreceu a implementação de uma política cujo objetivo era o da construção

de um Império centralizado.

Em 1831, o Decreto Regulamentar5, de 7 de novembro, determinou o

modelo a ser adotado para o Ensino Jurídico no Brasil. O mesmo instituiu no

currículo as disciplinas de Direito Público, não mais constando o Direito

Eclesiástico e o Direito Romano, inicialmente ministrados.

Em 1851, o Decreto de nº 6086, de 16 de agosto, introduziu no currículo,

o Direito Romano, e o Direito Administrativo.

Já em 1853, o Decreto nº 1.1347 contempla, no currículo, o Direito

Eclesiástico, o Direito Civil, e a disciplina de Hermenêutica Jurídica, ambas

ligadas ao Direito Romano.

Somente em 1854, os cursos foram denominados de Faculdades de

Direito. Deve-se entender que a decisão acerca do modelo de currículo, ou

seja, as disciplinas a serem ministradas nos cursos jurídicos, foram tomadas

sempre em função do estabelecimento do perfil do profissional a ser formado. 5Disponível em: http://www2.camara.gov.br/legin/fed/decret_sn/1824-1899/decreto-37660-7-novembro-1831-564787-publicacaooriginal-88716-pl.html Acesso em 09 jul 2012. 6Disponível em: http://www2.camara.gov.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-608-16-agosto-1851-559297-publicacaooriginal-81461-pl.html Acesso em 09 jul 2012. 7 Disponível em: http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:federal:decreto:1853-03-30;1134 Acesso em 09 jul 2012.

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O curso em Olinda, voltado à superação do positivismo, assumiu a tarefa

de restaurar a Filosofia como crítica do conhecimento e visou preservar a

dogmática em oposição ao positivismo.

Já o curso de Direito criado em São Paulo, pautava-se pelo rigor do

positivismo, sendo que as linhas filosóficas dos dois cursos eram distintas em

suas finalidades.

O perfil dos acadêmicos formados em Olinda era direcionado ao

exercício das carreiras jurídicas, já os Bacharéis formados em São Paulo eram

destinados a compor a elite política nacional, tanto que vários presidentes bem

como a maioria dos políticos da época, eram egressos da mesma, sendo eles:

Prudente de Morais (1894-1898), Campos Sales (1898-1902), Rodrigues Alves

(1902-1906), Afonso Pena (1906-1909), Venceslau Brás (1914-1918),

Rodrigues Alves Delfim Moreira (1918-1919), Artur Bernardes (1922-1926),

Washington Luís (1926-1930), Júlio Prestes (eleito em 1930, porém não tomou

posse), Jânio Quadros (1961).

Segundo Bittar (2001), o perfil do acadêmico de Direito fica bem

definido, sendo que integram os bancos das salas de aula, os filhos de nobres

famílias da elite brasileira.

Com o fim da monarquia e início da República, inicia-se uma nova fase

no Ensino Jurídico no Brasil, excluindo-se, novamente, do currículo a disciplina

de Direito Eclesiástico.

No ano de 1879, o Decreto nº 7.2478 contempla o ensino livre no Brasil,

no qual o aluno não era obrigado a frequentar as aulas, mas somente a fazer

exames marcando, assim, a primeira grande expansão do ensino do Direito no

Brasil, sendo que nesta época, o Estágio Supervisionado caracterizava-se

como prática do processo, adotado pelas leis do Império, juntamente com a

teoria.

8 Decreto n.º 7247 _ de 19 de abril de 1.879: Reforma o ensino primário e secundário do município da Côrte e o superior em todo o Império. Disponível em: http://www2.camara.gov.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-7247-19-abril-1879-547933-publicacaooriginal-62862-pe.html Acesso em 09 jul 2012.

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O ano de 1891 marcou o fim do monopólio do ensino de Direito no

Brasil, exercido por São Paulo e Recife, sendo criada a Faculdade de Direito da

Bahia. Neste ano, também, o Estágio Supervisionado passou a chamar Prática

Forense, seguindo com essa denominação até 19629, ano marcado por

iniciativas isoladas, como, por exemplo, a do curso jurídico da Universidade de

Brasília, que incluiu em seu currículo as disciplinas de Introdução às Ciências

Sociais, Sociologia e Administração.

Em janeiro de 1901, tem-se o Decreto n. 3.90310, que permitiu o acesso

às mulheres aos Cursos de Direito.

O Ensino Jurídico no Brasil, ao contrário do que se via no mundo e,

principalmente na economia, não sofre fortes alterações até por volta de 1930.

A partir de 1930, a sociedade sofre várias transformações políticas e

sociais, período de criação da OAB, órgão que veio para regulamentar o

exercício da profissão de Advogado.

Em 1931, tem-se a chamada Reforma Francisco Campos que teve como

maior destaque, a institucionalização da Universidade, como sendo centros de

desenvolvimento e pesquisa, mas, mesmo com a reforma, os cursos de Direito

continuam sofrendo interferências do poder político, direcionando-os de acordo

com a concepção ideológica dominante, e segundo Galdino in: Ensino Jurídico

OAB: 170 anos de cursos jurídicos no Brasil (p. 160), as mudanças não operam

efeitos relevantes no Ensino Jurídico quase hermeticamente fechado às

mudanças substantivas, assim, o que se vê com a República é a propagação

de tudo aquilo que já existia no Império, com pequenas alterações superficiais.

Segundo Rodrigues (1993), seguiu-se um período de grandes conflitos

ideológicos entre juristas e educadores, período marcado por um Ensino

9 Parecer n.º 215 _ Aprovado em 15-09-1.962: disciplina sobre o currículo mínimo de Direito e acerca do curso adequando-os à Lei de Diretrizes e Bases no que necessário (comentário nosso). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2004/ces0055_2004.pdf Acesso em: 09 jul 2012. 10 Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/diarios/1605720/dou-secao-1-31-01-1901-pg-7 Acesso em: 09 jul 2012.

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Jurídico com currículo fechado e rígido, não podendo os cursos de Direito,

elaborarem currículos que atendessem aos avanços sociais latentes. A

formação do jurista continuava dissociada dos problemas e da realidade social

de seu tempo.

Entre os grupos considerados conservadores, estavam: Francisco

Campos, Haroldo Valadão e Gustavo Capanema, que defendiam uma

Universidade estatal burocratizada, apta a servir o pensamento ditatorial da Era

Vargas e, em contraponto, havia as pessoas que pensavam o ensino

modernamente, ensino voltado ao pensamento, a crítica aos conflitos sociais

existentes na época, sendo os mais atuantes: Anísio Teixeira, Hermes Lima,

Levy Carneiro e, o mais importante, Francisco Celestino de San Tiago Dantas,

que segundo Oliveira (2002), propôs um novo meio de ensinar o Direito,

partindo da distinção entre a didática tradicional, meramente transmissiva de

conteúdo e a nova didática, na qual é estimulada a crítica e o debate entre os

alunos e o professor.

Até 1930, os Bacharéis estavam diretamente vinculados ao poder

público, sendo que, a partir de 1933, iniciou-se o movimento desvinculativo

entre eles, dando-se maior ênfase às carreiras jurídicas e, não mais às

administrativas, época também da criação da Ordem dos Advogados do Brasil,

tendo como seu primeiro presidente o Advogado Levy Carneiro, destinando-se

a regulamentar a profissão de advogado e limitando o exercício da profissão

aos que possuíssem formação universitária.

Segundo Melo Filho (1984), esta fase perduraria até 1964. Nesse

período, o Curso de Direito foi desdobrado em graduação, voltado à

profissionalização e pós-graduação, sendo que a pós-graduação em nível de

Doutorado, com formação mais acadêmica, tendo por objetivo a criação de um

curso regular de formação de professores, específicos para a área jurídica.

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Em 1961, edita-se a Lei 4.024/6111 (LDB)12 que pretendeu conceder às

instituições de ensino e aos professores, autonomia para preparar seus

currículos e programas, visando permitir uma maior aproximação entre o

ensino do direito e, por conseguinte, de um advogado mais próximo das

questões sociais, sendo o mais crítico e analítico possível.

Entretanto, após 1964, o ensino volta a sofrer limitações impostas pela

interferência do Estado, interferência essa que se estendeu, inclusive, aos

quadros das instituições.

Em 1972, estruturou-se um novo currículo mínimo para os Cursos de

Direito que diminuiu a estrutura curricular dos cursos mantendo, entretanto, a

natureza eminentemente positivista e técnica. Este novo currículo foi elaborado

já em um contexto de pensamento universitário e não de faculdade isolada,

que deveria proporcionar aos futuros advogados, uma vivência e conhecimento

interdisciplinar, porém as mudanças não surtiram efeitos, não conseguindo

romper as resistências do tradicional currículo jurídico.

Bastos (1998), em sua obra, demonstra que a partir de 1971, os cursos de

Direito sofreram uma grande expansão não havendo, em contrapartida, um

programa efetivo de formação de professores.

O autor cita também a suspensão dos concursos de Livre-docência, base

da formação acadêmica nas áreas de Direito e Medicina, o que gerou a perda

do potencial reflexivo das instituições de ensino, tão importante para que se

fortaleça a democracia.

Nesta fase, o governo toma como meta, elevar o índice educacional do

país, possibilitando a abertura de novos cursos superiores, com o intuito de

aumentar o índice de acadêmicos nas faculdades, o que acaba por saturar o

mercado de trabalho.

11Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=102346 Acesso em: 09 jul 2012. 12 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

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A partir de 1994, os cursos de Direito passam por significativas

mudanças, com a edição da Portaria nº. 1.88613, do Conselho Federal de

Educação, que procurou adequar os currículos dos Cursos Jurídicos a uma

nova realidade social atrelada ao mundo globalizado, permitindo a flexibilização

da matriz curricular, proporcionando, assim, a adequação das necessidades do

mercado de trabalho às realidades locais e regionais.

Dentre as mudanças ocorridas, pode-se citar a relativa à inclusão do

estágio de prática jurídica, que passou a integralizar o currículo e a ser

obrigatória para a conclusão do curso, tendo também a inclusão das disciplinas

propedêuticas, como é o caso da Filosofia Jurídica, Ética Profissional,

Sociologia, Economia, Ciência Política, sendo também obrigatória, a

apresentação da monografia ao final do curso.

Outro ponto que merece destaque é o envolvimento direto da OAB, no

debate sobre o Ensino Jurídico que, em 1991, cria a Comissão de Ensino

Jurídico, sendo que em 1993, a OAB lançou um novo livro: “OAB Ensino

Jurídico: Parâmetros para Elevação da Qualidade e Avaliação” e em 1996, a

Comissão de Ensino Jurídico lançou o livro: “OAB Ensino Jurídico: Novas

Diretrizes Curriculares”.

O envolvimento da OAB se dá, principalmente, pelo reconhecimento da

má qualidade do Ensino Jurídico atual, que reflete diretamente no grande

número de reprovação no Exame da Ordem. O fator gerador dessa má

qualidade do Ensino Jurídico, com certeza, está atrelado ao enorme número de

cursos existentes no país.

Para se ter uma ideia, basta dizer que, no mundo todo existem 1.100

cursos de Direito. Somente no Brasil, atualmente existem, atualmente, 1.400

cursos superiores de Direito. Em 1997 eram 167 cursos. De 2001 a 2003, o

13 Portaria n.º 1.886, de 30 de dezembro de 1.994: Fixa as diretrizes curriculares e o conteúdo mínimo do curso jurídico . Disponível em: http://www.oab.org.br/content/pdf/legislacaooab/legislacaosobreensinojuridico.pdf Acesso em: 09 jul 2012.

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MEC14 autorizou a criação de 222 cursos de Direito no país. Em setembro de

2004 existiam cerca de 700 cursos de Direito em atuação. De 2004 a 2007 o

MEC autorizou mais 180 novos cursos a funcionar. Em 2006, já eram 1.038.

Em 2009 eram 1181. Em 2011 eram 1210 e como dito, em 2012 já são 1400

cursos de Direito.

O número de advogados inscritos hoje no Brasil é de aproximadamente

800 mil, valendo lembrar que esses são os que conseguiram passar no Exame

de Ordem, pré-requisito para poder advogar no Brasil, sendo que se

computássemos os Bacharéis, esse número seria de aproximadamente três

milhões.

Em 1994, o MEC edita a Portaria nº. 1.886, que proporcionou

mudanças aos Cursos de Direito, atentando-se para uma nova realidade social,

de um mundo globalizado, onde a informática e seus recursos são ferramentas

indispensáveis, tanto ao ensino, quanto ao exercício profissional.

Em 2004, o CNE (Conselho Nacional de Educação), edita a Resolução

09/200415, que instituiu novas Diretrizes Curriculares para os cursos de Direito,

na qual já se percebe que o próprio Conselho Nacional de Educação, entende

que a resolução do problema do Ensino Jurídico no Brasil, passa

irremediavelmente pela integração, cada vez maior, entre a prática e os

conteúdos teóricos.

14 Ministério da Educação e Cultura 15Disponível em: www.tj.pr.gov.br/download/atosnormativos/Res09-04.doc Acesso em 09 jul 2012.

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1.2 BREVE HISTÓRIA DA PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DO DIREITO

Observa-se que, desde que o mundo é mundo, ou seja, desde sempre, o

aprendizado teórico mantém intrínsecas ligações com a o aprendizado prático.

No ramo jurídico, isso não é diferente.

Para se ter uma melhor visão sobre a sistemática de regulamentação

que hoje acontece nos cursos de Direito no Brasil, se faz necessário um breve

relato histórico desde a norma que o criou até as Portarias atuais.

Como já foi dito, em 11 de agosto de 182716, era fundado o curso de

Direito no Brasil, criado por Dom Pedro I, criando-se os cursos de Ciências

Jurídicas e Sociais, um na cidade de São Paulo e o outro na cidade de Olinda,

sendo desde aquela época, um curso com duração de 5 anos.

Na citada Lei de criação do curso de Direito, a prática jurídica era

disciplina obrigatória somente no quinto ano, para os Bacharéis que

desejassem exercer a Advocacia, estando assim disposto no quinto ano do

curso, na 2ª Cadeira, que eram ensinadas a disciplina Teoria e Prática do

Processo adaptado pelas leis do Império.

No ano de 1879 o Decreto nº 7.247 contempla o ensino livre no Brasil,

no qual o aluno não era obrigado a frequentar as aulas, mas somente a fazer

exames, marcando assim, a primeira grande expansão do ensino do Direito no

Brasil, sendo que nesta época, o Estágio Supervisionado caracterizava-se

como prática do processo, adotado pelas leis do Império, juntamente com a

teoria, sendo que em seu art. 23, as Faculdades de Direito eram divididas em

dois distintos ramos: a das Ciências Jurídicas que dependiam de exame e

16 Lei de 11 de agosto de 1.827: Crêa dos Cursos de Sciencias jurídicas e sociaes, um na cidade de S. Paulo e o outro na de Olinda. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LIM/LIM-11-08-1827.htm Acesso em: 09 jul 2012.

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habilitava para a advocacia e a magistratura e das Ciências Sociais, que

habilitava o Bacharel, independente de exame, para exercer a função de

agente diplomático nas embaixadas, nas secretarias de Estado e nas

Repartições Públicas.

No ano de 1891, o Decreto 12321 H17 passou a regulamentar as

Instituições de Ensino Jurídico no Brasil estando, essas, subordinadas ao

Ministério da Instrução Pública, uma espécie de Ministério da Educação da

época, marcando o fim do monopólio do ensino de Direito no Brasil, exercido

por São Paulo e Recife, sendo criada a Faculdade de Direito da Bahia.

Neste ano também, o Estágio Supervisionado passou a chamar Prática

Forense, seguindo com essa denominação até 1962.

Em 1895, sanciona-se a Lei nº 31418 de 30 de outubro, lei que

reorganizava o ensino das Faculdades de Direito, porém a disciplina de prática

forense continuava a ser ministrada no quinto e último ano, ainda sem manter

qualquer contato com a comunidade, e não se preocupando com problemas

sociais de sua época.

Em janeiro de 1901, tem-se o Decreto n. 3.903, que permitiu o acesso às

mulheres aos Cursos de Direito, mantendo-se a prática forense nos mesmos

moldes.

Em março de 1915, por meio do Decreto nº 11.53019, o governo altera

novamente a grade curricular passando a dar ênfase ao ensino da prática com

o ensino das disciplinas de teoria e prática processual civil, para que os alunos

17Decreto n.º 12321 H _ de 2 de janeiro de 1.891: Aprova o regulamento das Instituições de Ensino Jurídico dependentes do Ministério da Instrução Pública. Disponível em: http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3638&revista_caderno=13 Acesso em: 09 jul 2012. 18 Lei n.º 314 _ de 30 de outubro de 1.895: Reorganiza o ensino das Faculdades de Direito. Disponível em: http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:federal:lei:1895-10-30;314 Acesso em 09 jul 2012. 19 Decreto n.º 11.530 _ de 18 de março de 1.915: Reorganiza o ensino secundário e o superior na República. Disponível em: http://www2.camara.gov.br/legin/fed/decret/1910-1919/decreto-11530-18-marco-1915-522019-republicacao-97760-pe.html Acesso em: 09 jul 2012.

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aprendessem a redigir petições capazes de orientar e concretizar a defesa dos

direitos de seus clientes.

Em 1931, tem-se a chamada Reforma Francisco Campos que teve como

maior destaque, a institucionalização da Universidade, como sendo centros de

desenvolvimento e pesquisa, mas mesmo com a reforma, os cursos de Direito

continuam sofrendo interferências do poder político, direcionando-os de acordo

com a concepção ideológica dominante.

Segundo Rodrigues (1993), seguiu-se um período de grandes conflitos

ideológicos entre juristas e educadores, período marcado por um Ensino

Jurídico com currículo fechado e rígido, não podendo os cursos de Direito,

elaborarem currículos que atendessem aos avanços sociais latentes. A

formação do jurista continuava dissociada dos problemas e da realidade social

de seu tempo.

Também em 1931, com o advento do Decreto nº 19.85120, o curso de

Direito passa a ser oferecido de duas formas, Bacharelado e Doutorado. O

estudante aprovado nos cinco anos recebia o diploma correspondente ao de

Bacharel. Já, os que se dispusessem a estudar por mais dois anos na

instituição e, ao final, defendessem uma tese recebiam o título de Doutor, daí

se convencionar chamar os Advogados de Doutores.

Já a LDB, Lei 4.024/61, pretendeu conceder às instituições de ensino e

aos professores, autonomia para preparar seus currículos e programas,

visando permitir uma maior aproximação entre o ensino do direito e, por

conseguinte, de um advogado mais próximo das questões sociais, sendo o

mais crítico e analítico possível, mas após 1964, o ensino voltou a sofrer

20Decreto n.º 19.851 _ de 11 de abril de 1.931: Dispõe que o ensino superior no Brasil obedecerá, de preferência, ao sistema universitário, podendo ainda ser ministrado em institutos isolados, e que a organização técnica e administrativa das universidades é instituída no presente decreto, regendo-se os institutos isolados pelos respectivos regulamentos, observados os dispositivos do seguinte Estatuto das Universidades Brasileiras. Disponível em: http://www2.camara.gov.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-19851-11-abril-1931-505837-publicacaooriginal-1-pe.html Acesso em: 09 jul 2012.

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limitações impostas pela interferência do Estado, interferência essa que se

estendeu inclusive aos quadros das instituições.

Com a Resolução nº 03/72 do extinto CFE21 estruturou-se um novo

currículo mínimo para os Cursos de Direito, que diminuiu a estrutura curricular

dos cursos, mantendo, entretanto, a natureza eminentemente positivista e

técnica. Este novo currículo foi elaborado já em um contexto de pensamento

universitário, e não de faculdade isolada, que deveria proporcionar aos futuros

advogados, uma vivência e conhecimento interdisciplinar, contemplando não

somente as disciplinas básicas e profissionais, mais exigindo também o Estágio

Supervisionado de Prática Forense Cível e Criminal que, na época, ainda não

estava contemplado na grade curricular dos cursos de Direito sendo, portanto,

opcional. O acadêmico do curso de Direito, que não quisesse fazer o Estágio

Supervisionado, recebia o título de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais,

não podendo, entretanto, advogar.

Caso pretendesse seguir a carreira de Advogado, o estudante deveria,

durante os dois últimos anos do curso, participar do Estágio Supervisionado

pela OAB, o que lhe habilitava a inscrever-se nos quadros da Ordem sem a

necessidade de qualquer outro exame.

O ano de 1994 trouxe marcantes alterações com o Advento do Estatuto

da Advocacia (Lei n. 8.906)22 e, também, com a Portaria do Ministério da

Educação de n. 1886, que revogou as Resoluções 03/7223 e 15/7324, pois essa

integrou ao currículo pleno dos cursos de Direito o Estágio de Prática Jurídica

Supervisionada, devendo o mesmo ter carga mínima de 300 horas aula,

tornando-o obrigatório para conclusão do curso de bacharelado, enquanto

aquela tornou obrigatório o Exame da Ordem para o exercício da advocacia.

21 Conselho Federal de Educação 22 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm Acesso em 09 jul 2012. 23 Resolução CFE n.º 03-72, de 25 de fevereiro de 1.972: dispõe sobre o currículo mínimo do curso de graduação em Direito (citação nossa). Disponível em: http://www.ufpb.br/sods/consepe/resolu/1997/Portaria1886-MEC.htm Acesso em 09 jul 2012. 24 Disponível em: http://www.ufpb.br/sods/consepe/resolu/1997/Portaria1886-MEC.htm Acesso em 09 jul 2012.

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Portanto, percebe-se que com o passar do tempo e com a evolução das

normas pertinentes à área do Direito, a prática dividida entre real e simulada

exercida através dos Núcleos de Prática Jurídica e das aulas de Estágio

Supervisionado foi tomando local de destaque no ensino do Direito, sendo que

essas mudanças nos currículos, direcionadas às atividades práticas, são

sempre, no sentido de que os acadêmicos venham a atingir melhor qualificação

tornando-os, cada vez mais aptos ao pleno exercício profissional, ao saírem

dos bancos das faculdades.

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1.3 A PRÁTICA E O ESTÁGIO COMO MECANISMOS DE ENSINO

Para dar prosseguimento à pesquisa, faz-se necessário buscar o

significado da expressão “prática”, de uma maneira que se possa atrelá-la ao

contexto dos cursos de Direito. Então, se pode conceituar prática como sendo

o ato de aprendizagem onde se atribui significado aos conhecimentos

adquiridos com a teoria.

Antes de aprofundar no assunto, deve-se analisar em que contexto

estão inseridos o estágio e a prática atualmente.

Antigamente, poder-se-ia prever como seria a vida de um profissional

formado em Direito. Ele ia se formar em cinco anos, iria ver as disciplinas

básicas do curso, com os livros que a biblioteca da Faculdade dispusesse, iria

ter um escritório, iria vestir terno, fazer audiências, falar algumas palavras em

Latim, cujas palavras, ele mesmo não entendia, mas isso o faria parecer

diferente perante os leigos, e essa diferença poderia soar como inteligência.

Agora, os professores, têm que pensar em que mundo, em que contexto

e como vão atuar os alunos daqui a 10 anos? Como serão as profissões?

Quais serão os direitos que os mesmos terão que defender? Qual será a

realidade que você irá lidar?

A tecnologia, hoje, se modifica com uma velocidade de mudança

tecnológica que modifica comportamentos humanos e normatividades. Como

se pode fazer para acompanhar esse processo numa formação em que se tem

o Ticio e Mévio? Como é que se vai falar em direitos autorais na internet, por

exemplo, falar dos grandes capitais internacionais e da fuga desses, por conta

de um buraco que surge em um país e que faz com que milhares de

trabalhadores percam seu emprego, do dia para noite, como se vai falar da

transnacionalidade do emprego, em trabalhadores que transitam entre uma

nacionalidade e outra, com perda de soberania, em que direitos são perdidos

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ou modificados a todo o momento, e ainda se tem um modelo de ensino que

remonta a 1827.

Ainda hoje, os estudantes contam com uma maneira arcaica de

aprendizado, levando-se em conta o Ensino Jurídico que, desde seu início,

serviu para a formação de profissionais para servir aos cargos de Estado e não

para servir à sociedade.

As instituições de ensino, por estarem inseridas num contexto maior que

envolve a sociedade, o governo, a cultura e o próprio mercado globalizado,

devem acompanhar as mudanças do ambiente, no qual estão inseridas, de

maneira a formar profissionais que se sintam aptos a atuar em um mundo

globalizado, onde não mais se podem esquecer as transformações sociais

atuais.

Neste sentido, Marcovitch (1998) afirma que “a missão acadêmica é algo

que se reconceitua a cada época e jamais será definida com exatidão ao longo

da história”.

Então, tem-se que enfrentar o problema. Como ensinar a prática nos

cursos de Direito? No entendimento Aguiar (1996), com o advento da Portaria

1.886/94/MEC, um dos problemas mais graves do Ensino Jurídico foi tratado

em tempo, o estágio. O estágio é parte integrante do currículo dos cursos

jurídicos e desenvolve-se através dos NPJs25.

Não se pode entender que sua atuação esteja limitada a simples

prestação de assistencialismo jurídico. Destaca-se, que entre suas

responsabilidades, esta a de gerar condições de prática jurídica nas mais

diversas áreas do conhecimento jurídico, sendo que as atividades de prática

como método de ensino, devem acompanhar a evolução das profissões

jurídicas, assim como, a necessidade do mercado e, principalmente, os anseios

sociais.

25 Núcleo de Prática Jurídica

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Neste sentido, Oliveira (2002), ensina que o estudante de Direito, em

contato com a prática, deve ser direcionado para o trabalho, com questões

jurídicas mais complexas, tornando-se apto a acompanhar as emergentes

demandas e transformações sociais. Para o autor, o olhar do aluno tem que ir

além da separação, divórcio, reclamação trabalhista, para observar o quadro

social do seu atendido.

Portanto, é de se reconhecer que uma das grandes contribuições do

Núcleo de Prática Jurídica, está em dialogar com a comunidade e não tendo

uma visão individual de atendimento, privilegiando o social e não o pessoal,

pois para muitas pessoas, a assistência jurídica oferecida pelos núcleos,

passou a ser a única oportunidade que tem, de ver seus direitos exercitados,

portanto, a prática jurídica está, indelevelmente, associada e revestida de

relevante papel social.

Já para Bittar (2001), esse é o momento da reflexão jurídica se tornar

prática, daí a função social de um Núcleo de Prática Jurídica. Tem-se, então,

que o espaço destinado à assistência jurídica é um espaço, não só de

atendimento, mas sim um espaço de ensino.

Lobato (2003) entende que a valorização do estágio profissional e o

caminho é um bom começo para que haja a elevação no nível de qualidade do

Ensino Jurídico.

Já para Vitagliano (2002), os professores que lecionam nas cadeiras de

estágio profissional, desafiam a criatividade dos cursos jurídicos, pois devem

oferecer aos alunos, além de uma efetiva inserção no mercado de trabalho,

uma forma de avaliação de seus conhecimentos teóricos, bem como de sua

formação humanística, critica e ética.

Deve-se afirmar que os professores de prática devem ter uma

preparação especial, principalmente os que trabalham com a prática real,

desenvolvida junto à comunidade. Eles devem trabalhar mais como orientador

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do que propriamente como professor, adequando o ensino à efetivação da

justiça social e não como mera reprodução e aplicação de uma legislação

codificada.

Juntamente com a visão social, deve-se observar também o chamado

mercado a ser enfrentado pelos Bacharéis. Os alunos devem desenvolver

habilidades e competências, capazes de atender a demanda atual, portanto,

deve-se priorizar uma formação multidisciplinar, daí a grande importância,

atualmente, registrada pelas Diretrizes Curriculares do curso de graduação em

Direito, das denominadas disciplinas propedêuticas, tais como, a sociologia, a

economia, a história do Direito, etc.

Tem-se, então, um dilema por enfrentar. Preparar os alunos, tanto para

o mercado de trabalho que lhe cobrará um perfil cada vez mais diferenciado e

especializado, quanto prepará-lo para o exercício da cidadania.

Outro dilema que corriqueiramente se apresenta é de ser o curso de

Direito, um curso essencialmente teórico ou prático. No entendimento do

pesquisador, não cabe esse tipo de discussão, pois não há como separar teoria

e prática. Em tudo que se faz, desde as coisas mais simples, tem-se sempre

que associar teoria e prática para a realização de objetivos. Quando se vai ligar

um computador tem-se a teoria. Alguns podem dizer que isso não é teoria, mas

é, pois para a realização deste ato, tem-se que imaginar o processo de ligação

do computador, criar um processo mental, tem-se que imaginar como vai fazer,

criando-se um mecanismo para poder desenvolver o que pensou, e ai faz-se a

prática e liga o equipamento. Se as coisas ocorrem desta maneira nas

situações mais simples, imagine em uma atividade extremamente

especializada como é o caso do Direito, onde se tem que interpretar texto

normativo, contexto social, e gerar decisão e posicionamento jurídico.

A resolução CNE/CES n° 9/ 2004 que instituiu as Diretrizes Curriculares

Nacionais do curso de graduação em Direito determinou que os cursos

devessem contemplar, em seu Projeto Pedagógico e em sua Organização

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Curricular, conteúdos e atividades que atendam os seguintes eixos interligados

de formação:

“I - Eixo de Formação Fundamental, tem por objetivo integrar o estudante no

campo, estabelecendo as relações do Direito com outras áreas do saber,

abrangendo dentre outros, estudos que envolvam conteúdos essenciais sobre

Antropologia, Ciência Política, Economia, Ética, Filosofia, História, Psicologia e

Sociologia.

II - Eixo de Formação Profissional, abrangendo, além do enfoque dogmático,

o conhecimento e a aplicação, observadas as peculiaridades dos diversos

ramos do Direito, de qualquer natureza, estudados sistematicamente e

contextualizados, segundo a evolução da Ciência do Direito e sua aplicação às

mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais do Brasil e suas relações

internacionais, incluindo-se necessariamente, dentre outros condizentes com o

projeto pedagógico, conteúdos essenciais sobre Direito Constitucional, Direito

Administrativo, Direito Tributário, Direito Penal, Direito Civil, Direito

Empresarial, Direito do Trabalho, Direito Internacional e Direito Processual.

III - Eixo de Formação Prática que objetiva a integração entre a prática e os

conteúdos teóricos desenvolvidos nos demais Eixos, especialmente nas

atividades relacionadas com o Estágio Curricular Supervisionado, Trabalho de

Conclusão de Curso e Atividades Complementares.”

Quanto a isso, tem-se um posicionamento de que o Direito processual

deveria ser estudado no Núcleo de Prática Jurídica. Teoria Geral do Processo

poderia até ser uma disciplina ministrada dentro do eixo de formação

profissional, mas o Direito Processual deveria pertencer ao eixo de formação

prática.

Um dos problemas enfrentados por professores de Prática que atuam no

NPJ (Núcleo de Prática Jurídica), é que os alunos, quando iniciam a prática, já

se esqueceram do que se estudou na teoria e até aquele momento não se

aplicou.

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Quando se assiste a uma palestra, a uma aula, primordialmente,

expositiva, a tendência é esquecer em pouco tempo o que foi visto. Já quando

se vivencia determinada experiência, isso fica marcado e se lembra disso por

muito tempo.

Ao perguntar-se a qualquer acadêmico de Direito se ele se lembra da

aula de Direito de Família, onde o mesmo estudou a separação, a resposta

mais provável é que não se lembre, mas quando se pergunta ao bacharel se

lembra do primeiro atendimento feito no NPJ, no qual teve contato direto com

as partes envolvidas, a resposta certamente será positiva.

Esse Pesquisador é testemunha disso, pois se lembra perfeitamente de

seu primeiro atendimento realizado no convênio que a Faculdade que cursou e

que mantinha um convênio com a Defensoria Pública de Minas Gerais, no qual

realizou um atendimento para realização de um inventário, que o “decujus”

deixou 12 herdeiros discordes e um Fiat 147 com mais de 20 anos de uso para

ser partilhado. Foi uma situação tão inusitada, que vai lembrar para o resto de

sua vida.

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2 OS VÁRIOS TIPOS DE ESTÁGIO: UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO PRÁTICA

2.1 OS ESTÁGIOS

Quando se pesquisou os tipos de estágios possíveis de serem

realizados na área da Ciência Jurídica na Faculdade de Direito de

Varginha/MG, identificou-se como gênero, os estágios supervisionados e não

supervisionados e, como espécie, os tipos possíveis de estágios que podem

ser desenvolvidos em cada um dos segmentos.

Como Estágio Supervisionado, pode-se citar o estágio que é realizado

no NPJ (Núcleo de Prática Jurídica), que é desenvolvido com orientação de um

professor, sendo considerados, pela legislação, como atos estritamente

educativos.

No NPJ, o aluno tem a oportunidade de realizar uma prática real, desde

o atendimento do “cliente”, até a confecção de peças processuais que,

posteriormente, serão distribuídas em algum órgão do judiciário, para a

tentativa de resolução do problema apresentado.

Também no Estágio Supervisionado, o aluno tem a oportunidade de

tomar contato com a prática simulada, sendo-lhe transmitidos pelos

professores, casos simulados, para que possa estudar qual a solução jurídica

mais adequada, confeccionando a peça processual pertinente, sendo corrigida

pelo professor, analisando se a forma e o conteúdo estão dentro dos

parâmetros exigidos de um profissional do direito.

Já o estágio denominado não supervisionado, é desenvolvido em

ambientes externos à instituição de ensino, ocorrendo sem o acompanhamento

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de um professor, mas que se revela um grande e valioso meio de

aprendizagem.

Como principal exemplo, cita-se o estágio realizado em escritórios de

advocacia. Esse é o principal meio de estágio escolhido por quem faz um

estágio fora da IES26, sendo também considerado o mais completo. Neste tipo,

o aluno passa a atuar em um escritório profissional, realizando desde

atendimento a clientes, tendo a oportunidade de se confrontar com situações

reais, fará redação de peças processuais, terá a oportunidade de acompanhar

um Advogado em audiências, poderá praticar atos da Advocacia como o

protocolo de petições em órgãos do judiciário, despachar com Juízes, fazer

carga em processos.

Tem-se também, como exemplo, o estágio realizado em órgãos do

judiciário. Existe a possibilidade de o aluno atuar como assessor de juízes ou

promotores. Neste caso, terá um contato mais restrito e especializado, pois

cada órgão propicia um acesso a determinado tipo de atuação, mas, mesmo

assim, terá a oportunidade de um maior contato com a teoria aplicada à prática.

Outro exemplo são os estágios em procuradorias de justiça de órgãos

públicos, como o caso de procuradorias municipais, estaduais e da União.

Nestes casos, igualmente ao exemplo anterior, as disciplinas realizadas pelos

estagiários são limitadas às competências de cada instituição, mas mesmo

assim, propiciam uma maior chance de aprendizado ao estagiário.

Dando continuidade à presente pesquisa, faz-se necessário analisar a

legislação que atualmente normatizam o Ensino Jurídico.

Não resta dúvida de que toda a normatização tem por objetivo, atribuir

maior qualidade ao Ensino Jurídico, fazendo que o mesmo, se adeque, tanto à

atual realidade social, que passa a exigir um profissional que disponha de

adequado raciocínio jurídico, postura ética, senso de justiça e sólida formação

26 Instituição de Ensino Superior

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humanística, quanto as mais novas tecnologias que, sem duvida, afetam

sobremaneira a sociedade.

O que se tinha anteriormente em relação às atuais regras era uma

mistura de possíveis modalidades de estágios, regulamentados por diversas

legislações, que muitas vezes, não levava em consideração somente o ensino,

o que causava uma grande confusão, pois se misturavam estágios curriculares

com estágios profissionalizantes ou não supervisionados, ambos, regulados

por legislações próprias, o que acabava interferindo, negativamente, na parte

pedagógica dos cursos de Direito.

Atualmente, o Ministério da Educação, passou a encarar a parte prática

do ensino, comumente denominada estágio, como ato estritamente educativo,

devendo o mesmo estar atrelado ao projeto pedagógico, o que contribuiu

positivamente para o ensino do Direito, ainda não sendo capaz de solucionar

todos os problemas existentes, mas dando uma contribuição fundamental

nesse sentido, como se verá a seguir.

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2.2 A PRÁTICA NOS CURSOS DE DIREITO ATUALMENTE: UM OLHAR SOBRE A NORMATIZAÇÃO ATUALMENTE EXISTENTE

Uma questão que sempre permeou as discussões, diante dos cursos de

Direito, diz respeito à prática, principalmente no que se refere ao estágio. A

Prática, exercida através de atividades reais e simuladas, denominadas de

estágios, permitem aos discentes, que ainda não mantêm contato com

nenhuma forma de atuação jurídica, a construção de saberes e a formação da

identidade profissional, proporcionando um elo entre a teoria e prática e

possibilitando a reflexão aprofundada do que se aprendeu com a teoria, além

de lhes permitir entendimento mais claro das situações ocorridas no mundo

jurídico e, consequentemente, possibilitando uma adequada intervenção na

realidade que o aguarda após a conclusão do curso.

Diante disso, pode-se afirmar que a prática pode ser exercida de várias

maneiras, dentro e fora das IES.

O pesquisador procedeu ao levantamento das normas que regulam os

gêneros de estágios aplicáveis ao Curso de Direito, sendo o tema tratado

atualmente pelas Diretrizes Curriculares dos Cursos de Direito, instituídas pelo

Parecer CNE/CES nº 55/2004, pela Resolução CNE/CES nº 9/2004, pela Lei

11.788/2008 conhecida como Lei do estágio, pela Lei 8.906/94, que dispõe

sobre o Estatuto da Advocacia e pelo parecer CNE/CES nº 8/2008.

A presente pesquisa, esta baseada nas normas atualmente vigentes,

mas, para uma melhor compreensão do assunto, faz-se uma breve síntese

sobre como, anteriormente, era regulamentado o assunto.

Anterior à Resolução CNE/CES nº 9/2004, o Ministério da Educação

normatizava as Diretrizes Curriculares dos cursos de Direito através da Portaria

Ministerial 1.886/ 94. Esta Portaria concebia a existência de dois tipos de

estágios. Um estágio curricular, estruturado dentro do projeto pedagógico do

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curso e um segundo tipo de estágio, extracurricular, previsto na Lei nº 8.906/94

(Estatuto da Advocacia), sendo que o Conselho Federal da OAB, através da

Instrução Normativa 03/1997, também contemplava a coexistência das

modalidades de estágio curricular e extracurricular.

Os artigos 10 e 11 da Portaria 1.886/94 faziam menção ao estágio

curricular e o artigo 12, ao não supervisionado.

Art. 10. O estágio de prática jurídica, supervisionado pela instituição de ensino

superior, será obrigatório e integrante do currículo pleno, em um total de 300 horas de

atividades práticas simuladas e reais desenvolvidas pelo aluno sob controle e

orientação do núcleo correspondente.

Art. 11. As atividades do Estágio Supervisionado serão exclusivamente práticas,

incluindo redação de peças processuais e profissionais, rotinas processuais,

assistência e atuação em audiências e sessões, vistas a órgãos judiciários, prestação

de serviços jurídicos e técnicas de negociações coletivas, arbitragens e conciliação,

sob o controle, orientação e avaliação do núcleo de prática jurídica.

Art. 12. O estágio profissional de advocacia, previsto na Lei nº 8.906, de 4/7/94, de

caráter não supervisionado, inclusive para graduados, poderá ser oferecido pela

Instituição de Ensino Superior, em convênio com a OAB, complementando-se a carga

horária efetivamente cumprida no Estágio Supervisionado, com atividades práticas

típicas de advogado e de estudo do Estatuto da Advocacia e da OAB e do Código de

Ética e Disciplina.

Já a Instrução Normativa 03/1997, do Conselho Federal da OAB, previa

que o Estágio de Prática Jurídica seria curricular e obrigatório para a conclusão

do curso de direito, enquanto o Estágio Profissional de Advocacia seria

extracurricular sendo destinado, exclusivamente, a qualificar para a profissão

de advogado e habilitar para inscrição no quadro de estagiários da OAB.

Art. 1º- O Estágio de Prática Jurídica que desenvolve as atividades práticas previstas

nos arts.10 e 11 da Portaria nº 1.886/94 do MEC, tem as seguintes características:

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I - é curricular e de formação prática para todas as profissões jurídicas;

III - reserva-se, exclusivamente, para alunos matriculados no respectivo curso jurídico;

Art. 2º- O Estágio Profissional de Advocacia (art. 12 da Portaria nº 1.886/94 e arts. 9º e

81 da Lei nº 8.906/94), quando oferecido pela própria instituição de ensino, reveste-se

das seguintes características:

I – é extracurricular e destina-se, exclusivamente, a qualificar para a profissão de

advogado e habilitar para inscrição no quadro de estagiários da OAB.

Percebe-se que as normas da OAB e do Ministério da Educação,

carregavam grandes contradições entre si, pois estágios curriculares poderiam

computar horas para estágios extracurriculares, além de se ter uma

regulamentação de estágio extracurricular, inserida em uma norma

regulamentadora das Diretrizes Curriculares dos cursos de Direito, misturando-

se normas acadêmicas e normas específicas para os Bacharéis que iriam

compor, futuramente, os quadros da OAB como Advogados.

Para tentar acabar com a confusão acima exposta, o Ministério da

Educação, através do Conselho Nacional de Educação, editou o Parecer

CNE/CES 055/2004, no qual se discutiu, não mais os Currículos, mas sim, as

diretrizes para os projetos pedagógicos dos cursos de Direito.

No tópico que trata do Estágio Curricular Supervisionado, ficou

demonstrada, de forma clara, a concepção de estágio que se pretendeu a partir

de então.

Estágio Curricular Supervisionado:

O Projeto Pedagógico do curso de graduação em Direito deve contemplar

objetivamente a realização de estágios curriculares supervisionados, tão importantes

para a dinâmica do currículo pleno com vistas à implementação do perfil desejado

para o formando, não os confundindo com determinadas práticas realizadas em

instituições e empresas, a título de “estágio profissional”, que mais se assemelham a

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uma prestação de serviço, distanciando-se das características e finalidades

específicas dos estágios curriculares supervisionados.

Voltado para desempenhos profissionais antes mesmo de se considerar concluído o

curso, é necessário que, à proporção que os resultados do estágio forem sendo

verificados, interpretados e avaliados, o estagiário esteja consciente do seu atual

perfil, naquela fase, para que ele próprio reconheça a necessidade da retificação da

aprendizagem nos conteúdos e práticas em que revelara equívocos ou insegurança de

domínio, importando em reprogramação da própria prática supervisionada,

assegurando-se-lhe reorientação teórico prática para a melhoria do exercício

profissional.

Dir-se-á, então, que estágio curricular supervisionado é componente direcionado à

consolidação dos desempenhos profissionais desejados, inerentes ao perfil do

formando, devendo cada instituição, por seus colegiados superiores acadêmicos,

aprovar o correspondente regulamento de estágio, com suas diferentes modalidades

de operacionalização.

Convém ressaltar que o estágio, na graduação em Direito, deverá ser realizado,

preferencialmente, na própria instituição de ensino, através do Núcleo de Prática

Jurídica, desde que este seja estruturado e operacionalizado de acordo com

regulamentação própria aprovada pelo seu conselho superior acadêmico competente

ou em convênios com outras entidades ou instituições, em serviços de assistência

judiciária implantados na instituição, no Poder Judiciário e no Ministério Público ou

ainda em Departamentos Jurídicos oficiais, importando, em qualquer caso, relatórios

que deverão ser encaminhados à Coordenação de Estágio das instituições de ensino,

para a avaliação pertinente e contabilização dos créditos, cargas horárias e conceitos.

Convém enfatizar que as atividades de estágio deverão ser reprogramadas e

reorientadas de acordo com os resultados teórico-práticos gradualmente revelados

pelo aluno, até que os responsáveis pelo estágio curricular possam considerá-lo

concluído, resguardando, como padrão de qualidade, os domínios indispensáveis ao

exercício da profissão.

Portanto, o estágio curricular supervisionado deve ser concebido como conteúdo

curricular obrigatório, implementador do perfil do formando, a ser incluído no projeto

pedagógico do curso, tendo em vista a consolidação prévia dos desempenhos

profissionais desejados.

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2.3 O ESTÁGIO NAS DIRETRIZES CURRICULARES DOS CURSOS DE DIREITO 2.3.1 Resolução CNE/CES Nº 9/200427

Essa Resolução trata apenas do Estágio Supervisionado, direcionado

eminentemente ao Ensino Jurídico realizado pelas instituições de Ensino, não

mais se referindo ao estágio profissional devendo, esse, ser tratado pelas

normas da OAB.

Importante também observar-se que as novas diretrizes têm uma clara

preocupação com a formação do graduando, preocupando-se com a formação

humanística e com sua postura reflexiva e crítica, o que vem a demonstrar uma

preocupação e interesse explícito pelo estágio que deve proporcionar uma

aproximação cada vez maior com os problemas sociais, para garantir uma

prestação jurisdicional voltada a cidadania.

Observe-se seu Artigo 3º:

Art. 3º. “O curso de graduação em Direito deverá assegurar, no perfil do graduando,

sólida formação geral, humanística e axiológica, capacidade de análise, domínio de

conceitos e da terminologia jurídica, adequada argumentação, interpretação e

valorização dos fenômenos jurídicos e sociais, aliada a uma postura reflexiva e de

visão crítica que fomente a capacidade e a aptidão para a aprendizagem autônoma e

dinâmica, indispensável ao exercício da Ciência do Direito, da prestação da justiça e

do desenvolvimento da cidadania”.

Pode-se, também, perceber que a Resolução trata da prática e

principalmente do estágio em três momentos distintos:

27 A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares do Curso de Graduação em Direito, Bacharelado, a serem observadas pelas Instituições de Educação Superior em sua organização curricular. Disponível em: http://r1.ufrrj.br/graduacao/arquivos/docs_diretrizes/direito_rces09_04_resol.pdf Acesso em: 09 jul 2012.

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� O primeiro momento encontra-se no artigo 2º, parágrafo 1º, inciso IX,

onde se refere ao projeto pedagógico.

Art. 2º- A organização do Curso de Graduação em Direito, observadas as Diretrizes

Curriculares Nacionais se expressa através do seu projeto pedagógico, abrangendo o

perfil do formando, as competências e habilidades, os conteúdos curriculares, o

estágio curricular supervisionado, as atividades complementares, o sistema de

avaliação, o trabalho de curso como componente curricular obrigatório do curso, o

regime acadêmico de oferta, a duração do curso, sem prejuízo de outros aspectos que

tornem consistente o referido projeto pedagógico. (grifos nossos)

§ 1°- O Projeto Pedagógico do curso, além da clara concepção do curso de Direito,

com suas peculiaridades, seu currículo pleno e sua operacionalização, abrangerá, sem

prejuízo de outros, os seguintes elementos estruturais:

V - modos de integração entre teoria e prática;

IX- concepção e composição das atividades de estágio curricular supervisionado, suas

diferentes formas e condições de realização, bem como a forma de implantação e a

estrutura do Núcleo de Prática Jurídica.

� O segundo momento encontra-se inserido no artigo 5º, inciso III, que

trata do eixo de formação prática:

Art. 5º - “O curso de graduação em Direito deverá contemplar, em seu Projeto

Pedagógico e em sua Organização Curricular, conteúdos e atividades que atendam

aos seguintes eixos interligados de formação:

III - Eixo de Formação Prática, objetiva a integração entre a prática e os conteúdos

teóricos desenvolvidos nos demais Eixos, especialmente nas atividades relacionadas

com o Estágio Curricular Supervisionado, Trabalho de Curso e Atividades

Complementares”.

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� O terceiro momento encontra-se no artigo 7º, parágrafos 1º e 2º:

Art. 7º - O Estágio Supervisionado é componente curricular obrigatório, indispensável

à consolidação dos desempenhos profissionais desejados, inerentes ao perfil do

formando, devendo cada instituição, por seus colegiados próprios, aprovar o

correspondente regulamento, com suas diferentes modalidades de operacionalização.

§ 1º- O Estágio de que trata este artigo será realizado na própria instituição, através do

Núcleo de Prática Jurídica, que deverá estar estruturado e operacionalizado de acordo

com regulamentação própria, aprovada pelo conselho competente, podendo, em parte,

contemplar convênios com outras entidades ou instituições e escritórios de advocacia;

em serviços de assistência judiciária implantados na instituição, nos órgãos do Poder

Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública ou ainda em departamentos

jurídicos oficiais, importando, em qualquer caso, na supervisão das atividades e na

elaboração de relatórios que deverão ser encaminhados à Coordenação de Estágio

das IES , para a avaliação pertinente.

§ 2º - As atividades de Estágio poderão ser reprogramadas e reorientadas de acordo

com os resultados teórico-práticos gradualmente revelados pelo aluno, na forma

definida na regulamentação do Núcleo de Prática Jurídica, até que se possa

considerá-lo concluído, resguardando, como padrão de qualidade, os domínios

indispensáveis ao exercício das diversas carreiras contempladas pela formação

jurídica.

Como visto, em decorrência da Resolução, o Estágio Supervisionado

adquire status de conteúdo indispensável à consolidação dos desempenhos

profissionais desejados, inerentes ao perfil do formando, sendo parte

estruturante do projeto pedagógico, compondo o eixo de formação prática dos

cursos de Direito.

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2.3.2 Lei 11.788/200828 - Lei do Estágio

A atual regulamentação do estágio dos estudantes em geral, passou a

definir o estágio como sendo “ato educativo escolar supervisionado” devendo

estar vinculado ao Projeto Pedagógico da Instituição de Ensino, deixando de se

ter o estágio como regime diferenciado de trabalho, para ser, efetivamente, um

ato estritamente educativo.

Para tanto, a nova legislação cuidou em diferenciar estágio como sendo

obrigatório e não obrigatório em seu art. 2º e não curricular e não

supervisionado, como previsto na legislação anterior.

Art. 2o O estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório, conforme determinação

das Diretrizes Curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto

pedagógico do curso.

§ 1o Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga

horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma.

§ 2o Estágio não obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional,

acrescida à carga horária regular e obrigatória.

Nenhuma das duas hipóteses de estágio cria vínculo empregatício de

qualquer natureza, e aqui está a diferença, estabelecida pela expressão,

“desde que observados os seguintes requisitos”.

28 Esta lei dispõe do Estágio de estudantes e, segundo seu art. 1º, o Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm Acesso em: 09 jul 2012.

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A legislação estabelece requisitos objetivos, nos quais as instituições de

ensino deixam de serem coadjuvantes e passam a ser parte integrante deste

processo.

Importante observar-se que o Art. 3o que dispõe que o estágio, tanto na

hipótese do § 1o do art. 2o desta Lei, quanto na prevista no § 2o não criará

vínculo empregatício de qualquer natureza, desde que, observados os

seguintes requisitos:

I – matrícula e frequência regular do educando em curso de educação superior, de

educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do

ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos e

atestados pela instituição de ensino”;

II – celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do

estágio e a instituição de ensino.

Observa-se, então, que atualmente as instituições de ensino devem ser

parte integrantes na formalização do estágio devendo, obrigatoriamente, estar

atrelado ao projeto pedagógico do curso, sendo ainda que as atividades de

estágio não recebem incentivos iguais, pois a legislação aumenta os encargos

do estágio considerado não obrigatório, enquanto privilegia, com uma

diminuição de encargos, o estágio obrigatório para a conclusão de curso. Com

isso, o legislador resolveu a celeuma, anteriormente existente, sobre a

legalidade dos chamados estágios extracurriculares deixando claro sua

preocupação com o estágio curricular, valorizando a atividade que tem como

objetivo atender uma relação de ensino.

2.3.3 O Estágio contido nas Normas da OAB

A Ordem dos Advogados do Brasil, bem como o RGE29, normatizam o

estágio na área do Direito, regulando os atos e atividades que podem ser

29 Regulamento Geral da Advocacia

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exercidas pelos inscritos junto à OAB, que ainda não foram aprovados no

exame de Ordem, necessário para o pleno exercício da atividade profissional.

Essas normas, Leis e regulamentos normatizam o estágio profissional,

que, de maneira um tanto desatualizada, ainda, classifica o estágio como

curricular e extracurricular.

Essa situação acaba por confrontar esta norma, com a atual Lei de

Estágio e também com as Diretrizes Curriculares do Curso de Direito

constantes da Resolução CNE/CES 09/2004, na medida em que autoriza o

Estágio profissional de pessoa que não possua vínculo com as IES, mas que

seria necessário para inscrição nos quadros de estagiários da OAB.

RGE – Regulamento Geral da Advocacia30

Art. 27. O estágio profissional de advocacia, inclusive para graduados, é requisito

necessário à inscrição no quadro de estagiários da OAB e meio adequado de

aprendizagem prática.

§ 1º O estágio profissional de advocacia pode ser oferecido pela instituição de ensino

superior autorizada e credenciada, em convênio com a OAB, complementando-se a

carga horária do estágio curricular supervisionado com atividades práticas típicas de

advogado e de estudo do Estatuto e do Código de Ética e Disciplina, observado o

tempo conjunto mínimo de 300 (trezentas) horas, distribuído em dois ou mais anos.

§ 2º A complementação da carga horária, no total estabelecido no convênio, pode ser

efetivada na forma de atividades jurídicas no núcleo de prática jurídica da instituição

de ensino, na Defensoria Pública, em escritórios de advocacia ou em setores jurídicos

públicos ou privados, credenciados e fiscalizados pela OAB.

30 Disponível em: http://dc262.4shared.com/doc/NPCu-scL/preview.html Acesso em: 09 jul 2012.

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50

§ 3º As atividades de estágio ministrado por instituição de ensino, para fins de

convênio com a OAB, são exclusivamente práticas, incluindo a redação de atos

processuais e profissionais, as rotinas processuais, a assistência e a atuação em

audiências e sessões, as visitas a órgãos judiciários, a prestação de serviços jurídicos

e as técnicas de negociação coletiva, de arbitragem e de conciliação.

Estatuto da Advocacia e da OAB - Lei Nº 8.906/9431

Art. 9º- Para inscrição como estagiário é necessário:

II – ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.

§ 4º - O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em Direito que queira

se inscrever na Ordem.

Têm-se, então, duas situações distintas propostas pelas normas da

OAB. Primeiro um estágio profissional destinado às pessoas que ainda não

concluíram o curso de Direito e esse estágio, corresponde ao Estágio

Curricular Supervisionado e em segundo, um estágio profissional para os que

já são Bacharéis em Direito, esse, sem nenhuma relação o ensino ou com uma

IES. Encontra-se então, as contradições entre as normas da OAB e as demais

normas que regulam a matéria estágio.

Um questionamento que pode surgir é o de como se compatibilizar, as

normas da OAB, com as atuais normas regulamentadoras do estágio na

atualidade e, mais, o estágio regulamentado pelas normas da OAB enquadram-

se a Lei geral de estágio?

31 Dispõe sobre o Regulamento Geral previsto na Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994. Disponível em: http://www.oab.org.br/arquivos/pdf/LegislacaoOab/RegulamentoGeral.pdf Acesso em: 09 jul 2012.

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51

A Lei 11.788/2008 (Lei de Estágio), como se viu anteriormente,

transformou o estágio em um ato educativo escolar supervisionado, vinculado

ao Projeto Pedagógico de uma Instituição de Ensino.

A Resolução CNE/CES nº 9/2004, trata apenas do Estágio

Supervisionado, direcionado, eminentemente, ao Ensino Jurídico realizado

pelas instituições de Ensino, não mais se referindo ao estágio profissional.

Pode-se, então, verificar que existem nas legislações os denominados

estágios curriculares, extracurriculares, obrigatórios, não obrigatórios, bem

como os denominados estágios profissionais.

Chega-se, nesse sentido, a algumas conclusões:

Inicialmente, conclui-se que não se pode atribuir a todas as atividades

descritas nas Diretrizes Curriculares, nem nas normas da OAB, a denominação

de estágio, levando-se em conta, as características de estágio constantes na

Lei Geral de Estágios.

Conclui-se também, que as normas da OAB, no que pertencem ao

chamado estágio extracurricular possível para os Bacharéis em Direito não

tem, atualmente, nenhuma interferência no Ensino Jurídico propriamente dito,

pois esse tipo de estágio que anteriormente servia para substituir o Exame de

Ordem, não mais pode ser utilizado para esse fim, sendo exigido do candidato,

a aprovação no exame de ordem, o que também demonstra que o estágio

extracurricular para os Bacharéis pode ser considerado como relação de

emprego sujeita aos encargos a ela inerentes.

Entretanto, as normas da OAB, no que se relaciona ao estágio curricular

continua sendo de extrema importância, pois somente com a inscrição do aluno

nos quadros de estagiários da Ordem, poderão participar das atividades reais

propostas no Estágio Supervisionado, atividades essas, essenciais ao

aprendizado e à significação dos conteúdos vistos nos eixos de formação

Fundamental e profissional.

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3 PESQUISA DE CAMPO E ANÁLISE DOS DADOS

A pesquisa de natureza exploratória qualitativa pretendeu mostrar como

ex-alunos da Faculdade de Direito de Varginha que, tiveram um maior contato

com algumas das modalidades de prática realizada fora da Instituição de

ensino durante o curso, saíram-se melhor na graduação, no Exame da Ordem

e também em concursos Públicos.

O campo da pesquisa foi a Faculdade de Direito de Varginha, localizada

na cidade de Varginha/MG. Optou-se por entrevistar discentes do último ano,

bem como, egressos da instituição. Foram entrevistadas 10 pessoas,

objetivando resguardar a representatividade das áreas a que essas pessoas

estão inseridas.

Como o universo a ser pesquisado, seria muito grande, pois a Faculdade

de Direito de Varginha possui 46 anos de existência, sendo que a partir de

2003, passou a oferecer também o curso no período diurno, formando uma

média de 250 Bacharéis por ano, optou-se por pesquisar uma pequena parcela

dos sujeitos componentes deste grupo, os quais garantiram a

representatividade de graduandos do Curso diurno e noturno, homens e

mulheres, profissionais que optaram por carreiras típicas de Estado e

profissionais liberais.

Devido à grande quantidade de pessoas passíveis de participação, a

pesquisa foi realizada por amostragem.

A amostragem é um processo de determinação de um todo (população) e das unidades (elementos) que compõem um agregado (universo) em que uma parte (população estudada)será tomada como representativa de todo o agregado. É uma técnica utilizada quando o universo é muito grande ou é impossível contato com a totalidade dos elementos que o compõem. A operacionalização da população a ser estudada se baseia em alguns critérios que procuram minimizar as probabilidades de erro. (CHIZZOTTI, 2008, p. 45-46).

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Essa pesquisa utiliza-se de uma Faculdade de Direito isolada que,

quanto as Diretrizes Curriculares, segue exatamente os preceitos esculpidos na

Resolução CNE/CES nº 09/2004, servindo como paradigma do modelo de

ensino instituído no restante do Brasil.

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3.1 DO MUNICÍPIO DE VARGINHA

• Localização: Mesorregião: Sul/Sudoeste de Minas Microrregião: Varginha

• População total (2010): 123.008

• Área da unidade territorial: 395,396 Km2

• Taxa de urbanização (2000): 95,6%

• Finanças Públicas 2008

• PIB Per Capita a preços correntes (2009): R$ 23.647,13

• População Residente (2009): 123.081

• Homens: 59.957 Mulheres: 63.124

• Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2009:

• Número de unidades locais: 5290

• Pessoal ocupado total: 40.648

• Salário médio mensal: 2,5 salários mínimos

• Estatísticas do Registro Civil 2009:

• Nascidos vivos - registrados - lugar do registro: 1.647

• Casamentos - registrados no ano - lugar do registro: 713

• Óbitos - ocorridos no ano - lugar do registro: 814

• Separações judiciais - concedidas no ano - em 1.ª Instancia - lugar da ação do processo: 92

• Participação dos gastos em educação nas receitas correntes (2003): 33,11%

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• Superintendência Regional de Ensino: Varginha

• Região de Planejamento: Sul de Minas

• Polo Regional de Ensino (sede): Sul (Varginha)

• Ano de instalação: 1881

• Habilitação para o critério Educação na distribuição do ICMS (Lei Robin Hood) em 2005: Sim

• Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009:

• Matrícula - Ensino fundamental – 2009: 18.081

• Matrícula - Ensino médio – 2009: 5.538

• Docentes - Ensino fundamental – 2009: 937

• Docentes - Ensino médio – 2009: 396

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3.2 A FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA

A FADIVA32 teve o início de funcionamento do curso de Direito em 15 de

março de 1966, autorizado pelo Decreto nº. 57.932, de 9 de março de 1966.

Atualmente o curso é reconhecido através do Decreto nº. 68.179,

publicado no D.O.U. de 8 de fevereiro de 1971, tendo sido renovado o seu

reconhecimento através da Portaria nº. 839, de 14 de junho de 2000.

O Regime de matrícula passou a ser semestral em 2012 e o turno de

funcionamento dá-se nos períodos diurno e noturno. O número de vagas é de

288 (duzentas e oitenta e oito), sendo assim distribuídas:

� 60 vagas para o turno diurno,

� O turno noturno a oferta é de 228 vagas.

Dados de Identificação

� Denominação do Curso: Direito

� Modalidade: Bacharelado

� Titulação Conferida: Bacharel em Direito

� Ano de início de funcionamento do Curso: 1966

� Autorização: Decreto nº. 57932 de 09/03/1966

� Duração do curso: 10 períodos (Carga Horária = 4.490 h/a mensurada

em hora-aula (50 minutos), equivalente a 3.741 horas (mensurada em

60 minutos).

� Reconhecimento: Decreto nº 68.179 de 08/02/1971

� Regime Escolar: Semestral

� Número de Turmas Oferecidas no primeiro período: 4 (quatro).

� Turnos: 02 (dois) – Matutino e Noturno

32 Faculdade de Direito de Varginha

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� Número de Vagas Oferecidas: 288 (60 vagas para o turno diurno e 228

para o noturno)

� Endereço: Faculdade de Direito de Varginha: Rua José Gonçalves

Pereira, nº 112, CEP – 37.010-500 Varginha – MG.

Fonte: PDI - FADIVA

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3.3 DINÂMICA CURRICULAR COM REFERÊNCIA AO ENSINO DA PRÁTICA

A edição da Resolução CNE/CES nº 09/2004 que instituiu as Diretrizes

Curriculares para os cursos jurídicos brasileiros constitui, definitivamente, um

novo marco para o Ensino do Direito e o conduz a um profundo repensar. De

fato, a mencionada Resolução abandona a perspectiva padronizante do

currículo mínimo em favor de uma perspectiva que impõe a necessidade de

desenvolver competências e habilidades visando à formação profissional.

Assim, torna-se imperativa a construção de propostas pedagógicas que

(re) organizem a profissão jurídica, respeitem e valorizem as diferenças de

expectativas e focalizem o desenvolvimento de habilidades e competências

entre os acadêmicos, previstas nas novas Diretrizes Curriculares para os

cursos de Direito.

Considerando a legislação vigente (Resolução CNE/CES nº 09/2004), os

princípios básicos, anteriormente definidos, o perfil e os objetivos propostos,

este currículo com carga horária total de 3.741 horas está organizado em três

eixos interligados de formação, a saber:

I – Eixo de Formação Fundamental

II – Eixo de Formação Profissional

III – Eixo de Formação Prática

As novas Diretrizes Curriculares não se referem ao currículo mínimo,

como ocorria na Resolução CFE nº 12/1983, nem a conteúdos mínimos, como

ocorria na Portaria MEC nº 1.886/1994. Porém, pode-se afirmar que a

Resolução CNE/CES nº 09/2004 mantém um currículo mínimo pelos conteúdos

constantes dos eixos de formação fundamental e profissional e pelas atividades

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indicadas no eixo de formação prática, os quais são obrigatórios para todos os

cursos de Direito, de todas as Instituições de Ensino Superior.

Como já foi dito, a Resolução CNE/CES nº 09/2004 tratou das

habilidades e competências na formação dos futuros profissionais do Direito no

seu art. 4º, o que já foi objeto de análise no ponto referente ao perfil do

egresso. O art. 5º da Resolução CNE/CES nº 09, de 29/09/04, preceitua que o

curso de graduação em Direito deverá contemplar, em seu Projeto Pedagógico

e em sua Organização Curricular, conteúdos e atividades que atendam aos

seguintes eixos interligados de formação: I – Eixo de Formação Fundamental; II

– Eixo de Formação Profissional; e III – Eixo de Formação Prática.

O Curso de Direito da FADIVA foi elaborado de modo a atender a esses

três eixos essenciais à formação do profissional da área jurídica: fundamental,

profissional e prática. A dinâmica curricular totaliza 4.080 horas, com 780 horas

de formação fundamental, 2900 horas de formação profissional e 890 formação

prática.

Em consonância ao que preceitua as Diretrizes Curriculares Nacionais

através da Resolução CNE/CES n.º 09/2004, a dinâmica curricular do Curso de

Direito proposto pela FADIVA é formada por Eixos interligados de Formação

Fundamental, Profissional e Prática.

3.3.1 Estágio Supervisionado e a Prática Jurídica

O Estágio Supervisionado é componente curricular obrigatório do curso

de Direito conforme a Resolução CNE/CES n°9/2004, objetivando a integração

entre a teoria e a prática. No curso de direito da Faculdade de Direito de

Varginha, o Estágio Supervisionado está plenamente implementado, com

regulamento aprovado pela Egrégia Congregação e está dividido nas

disciplinas Estágio Supervisionado e Prática Jurídica. Ele engloba as práticas

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processuais e profissionais, simuladas e reais, realizando atividades de

redação processual e profissional, rotinas processuais e visitas orientadas.

O Estágio Supervisionado é componente curricular obrigatório, realizado

do 7º ao 10º períodos do Curso de Direito. Esse estágio está dividido em

Estágio Supervisionado Civil, com 200 horas, Estágio Supervisionado Penal,

com 200 horas e Prática Jurídica, com 160 horas, totalizando 560 h/a.

3.3.2 Núcleo de Prática Jurídica

Com relação ao Núcleo de Prática Jurídica, a Resolução CNE / CES nº

09/2004 manteve a sua obrigatoriedade exigindo, para ele, regulamentação

própria, aprovada pelo órgão competente na IES, no qual esteja definida sua

estrutura e forma de operacionalização (art. 7º, § 1º).

O curso de Direito da FADIVA possui o seu NPJ há vários anos; está

devidamente constituído e é o responsável pela coordenação de algumas das

atividades previstas no eixo de formação prática, inclusive pela instalação

adequada e/ou adaptação de laboratório de prática jurídica próximo ao prédio

da graduação, de modo que a estrutura possibilite o atendimento ao público,

favorecendo o treinamento real e simulado das atividades profissionais dos

operadores jurídicos.

O NPJ conta com uma estrutura suficiente, material e humana, para que

os atendimentos à população (em regra, pessoas carentes) sejam procedidos

pelos discentes. Cumpre observar que, para viabilizar a efetiva orientação dos

alunos na prática real no Serviço de Assistência Judiciária, o NPJ conta com

professores de modo a atender à demanda de estudantes, bem como às ações

judiciais que têm curso em face dos atendimentos dos estagiários, caso não

incidam meios alternativos de solução de conflitos.

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O NPJ do curso de Direito da FADIVA, tem por finalidade propiciar o

aprimoramento prático dos estudantes de graduação matriculados mediante o

acompanhamento da atuação do exercício do estágio de advocacia e das

demais carreiras jurídicas, sempre de acordo com a legislação vigente. Esse

núcleo, fomentando a aceleração da qualidade e da produção do conhecimento

teórico visa no atendimento dos projetos de ensino e extensão, a

transformação material, técnica e prática do aprendizado teórico, a fim de

formar eficientes operadores do direito.

3.3.3 Escritório Modelo

O Escritório Modelo de Advocacia foi criado como opção para a Prática

Jurídica dos estudantes do quarto e quinto anos, funcionando nos períodos

diurno e noturno, para aqueles que não têm condições de inscrição no

SERAJ33.

Do mesmo modo, para os alunos que trabalham no período diurno, que

têm aulas no período diurno ou noturno e que não podem, consequentemente,

cumprir a Prática Jurídica, a Faculdade abriu-lhes a possibilidade de fazer seu

estágio durante o horário, diurno, noturno e no período das férias de Julho, sem

o que estariam impossibilitados de concluírem o curso.

O Escritório Modelo de Advocacia funciona nas dependências da

Faculdade de Direito de Varginha como se representasse uma sala de

audiência, com instalações adequadas para o treinamento eficaz dos

estagiários, com práticas de Direito Civil, Penal e Trabalhista, elaborações de

peças processuais e atividades de Prática Jurídica simuladas, como audiências

simuladas e júris simulados.

33 Serviço de Assistência Judiciária

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Possui ótima infraestrutura física e mobiliária e foi cuidadosamente

estruturado de forma a atender os requisitos necessários para o cumprimento

de seus objetivos.

3.3.4 Serviço de Assistência Judiciária – SERAJ

O SERAJ do curso de Direito da FADIVA, localizado próximo ao Fórum

da cidade de Varginha – MG, mantido pela Fundação Educacional de Varginha,

entidade mantenedora da FADIVA, está sob a coordenação do Núcleo de

Prática Jurídica.

Nesse serviço, são inscritos os estagiários que dispõem de tempo,

prestando serviços internos e no Fórum local, de natureza prática, nas áreas de

Prática Penal, da Execução da Pena, Prática Civil, Prática de Mediação e

Negociação e Prática de Conciliação.

Os estagiários, com a assistência de advogados contratados e de alguns

professores da Faculdade, elaboram peças processuais, acompanham os

processos que lhes forem distribuídos em todos seus trâmites e, no serviço

interno cuidam de outros setores próprios do Serviço de Assistência Judiciária

aos carentes de recursos.

Ainda, o SERAJ mantém convênio com o Tribunal de Justiça de Minas

Gerais para implantação do Juizado de Conciliação que permite aos discentes

da Instituição o estudo da Prática de Conciliação.

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3.4 DO PROCEDIMENTO DA PESQUISA

Como dito anteriormente, o pesquisador teve uma experiência pessoal,

quando estagiou em um grande escritório de Advocacia, logo no inicio de seu

curso de Direito que, em sua avaliação, foi mais rica e proveitosa, do que de as

de seus colegas que não tiveram essa oportunidade.

O interesse do pesquisador pelo tema surgiu quando, na vida

profissional como professor em uma Faculdade de Direito, deparou-se com o

problema desta pesquisa, ou seja, saber qual a contribuição da prática jurídica

na formação do graduando em Direito.

Deste problema, surgiu a hipótese da pesquisa, de que os discentes que

tiverem um maior contato com conteúdos práticos durante o curso, terão maior

facilidade em significar o aprendizado teórico, alem de saírem-se melhor no

exame de ordem e na vida profissional.

O procedimento metodológico utilizado abrange a pesquisa exploratória

bibliográfica de livros, artigos científicos, dentre outros instrumentos que

potencializaram a investigação, bem como pesquisa de campo utilizando como

instrumento, o questionário. O estudo é de natureza exploratória qualitativa.

Para Chizzotti (2008, p. 83):

Na pesquisa qualitativa, todas as pessoas que participam da pesquisa são reconhecidas como sujeitos que elaboram conhecimentos e produzem práticas adequadas para intervir nos problemas que identificam.

De forma geral, os métodos qualitativos são menos estruturados,

proporcionam um relacionamento mais longo e flexível entre o pesquisador e

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os entrevistados e lidam com informações mais subjetivas, amplas e com maior

riqueza de detalhes do que os métodos quantitativos.

Ludk (1986) aponta sobre a pesquisa em educação com abordagem

qualitativa:

Para se realizar uma pesquisa é preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele. Em geral isso se faz a partir do estudo de um problema, que ao mesmo tempo desperta o interesse do pesquisador e limita sua atividade de pesquisa a uma determinada porção do saber, a qual ele se compromete a construir naquele momento. Trata-se, assim, de uma ocasião privilegiada, reunindo o pensamento e ação de uma pessoa, ou de um grupo, no esforço de elaborar o conhecimento de aspectos da realidade que deverão servir para a composição de soluções propostas aos seus problemas. (p.1-2)

A autora, também reflete sobre o estudo exploratório em educação:

Outra característica típica dessa abordagem, que predominava entre as pesquisas educacionais até bem pouco tempo atrás, era a crença numa perfeita separação entre o sujeito da pesquisa, o pesquisador, e seu objeto de estudo. Acreditava-se então que em sua atividade investigativa o pesquisador deveria manter-se o mais separado possível do objeto que estava estudando, para que suas ideias, valores e preferências não influenciassem o seu ato de conhecer. Assim se procuraria garantir uma perfeita objetividade, isto é, os fatos, os dados se apresentariam tais quais são, em sua realidade evidente. O conhecimento se faria de maneira imediata e transparente aos olhos do pesquisador. (p. 4) Também nesse ponto a evolução dos estudos de educação, assim como o de outras ciências sociais, tem levado a perceber que não é bem assim que o conhecimento se processa. Os fatos, os dados não se revelam gratuita e diretamente aos olhos do pesquisador. Nem este os enfrenta desarmado de todos os seus princípios e pressuposições. Ao contrário, é a partir da interrogação que ele faz aos dados, baseada em tudo que ele conhece do assunto – portanto, em toda teoria acumulada a respeito -, que se vai construir o conhecimento sobre o fato pesquisado. (p.4) O papel do pesquisador é justamente o de servir como veículo inteligente e ativo entre esse conhecimento acumulado na área e as novas evidências que serão estabelecidas a partir da pesquisa. É

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pelo seu trabalho como pesquisador que o conhecimento específico do assunto vai crescer, mas esse trabalho vem carregado e comprometido com todas as particularidades do pesquisador, inclusive e principalmente com as suas definições políticas. (p. 5) Ora, à medida que avançam os estudos da educação, mais evidente se torna seu caráter de fluidez dinâmica, de mudança natural a todo ser vivo. E mais claramente se nota a necessidade de desenvolvimento de métodos de pesquisa que atentem para esse seu caráter dinâmico. Cada vez mais se entende o fenômeno educacional como situado dentro de um contexto social, por sua vez inserido em uma realidade histórica, que sofre toda pesquisa educacional é exatamente o de tentar captar essa realidade dinâmica e complexa do seu objeto de estudo, em sua realização histórica. (p. 5)

Para a captação de dados optou-se pela aplicação de um questionário

com questões abertas e fechadas, alem da realização de entrevistas com os

pesquisados que serviram de amostra para o trabalho.

O questionário aplicado busca identificar a visão do egresso sobre as

formas de estágios que realizou e qual a contribuição deste estágio para sua

formação.

Para a execução da pesquisa, optou-se por utilizar pesquisados com no

máximo 4 anos de formados, para se garantir a atualidade dos resultados

obtidos.

Obteve-se da Faculdade de Direito de Varginha/MG, lócus desta

pesquisa, uma mostra com nomes e e-mail de 150 egressos que já haviam

feito a prova da OAB, sendo esse o critério de inclusão na pesquisa.

De posse dos nomes e e-mails, foi desenvolvido o questionário para uso

exclusivamente on-line, sendo enviados e-mails aos mesmos, com uma

pequena apresentação, sobre o trabalho, sua intenção, esclarecendo que todas

as informações coletadas ficariam em absoluto sigilo, enviando também o

Termo de Consentimento Livre Esclarecido, questionando-os acerca de seu

interesse em participação na pesquisa.

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Este procedimento de coleta de dados pode ser classificado, segundo

Mattar (2008), como questionário autopreenchido, em que o pesquisado lê o

instrumento e o responde diretamente sem a intervenção do entrevistador.

Conforme Malhorta (2006), as pesquisas trabalhadas com o auxílio da

internet estão ficando cada vez mais populares entre os pesquisadores,

principalmente devido a algumas vantagens. Dentre elas, podemos destacar os

menores custos, a rapidez do envio, e a capacidade de atingir populações

específicas, assim como, do ponto de vista do respondente, é possível

responder de maneira que for mais conveniente no tempo e local de cada um,

não havendo necessidade de locais e horários específicos.

Inicialmente, o questionário continha 33 questões, sendo 12 no formato

de múltipla escolha (questões fechadas) e 21 dissertativas (questões abertas).

Com isso, buscou-se identificar se, realmente existe um perfil, quais as

diferenças nos procedimentos de estágio realizado, se foi realizada prova da

ordem, quantas vezes fez a prova até sua aprovação, se prestou outros

concursos, etc.

Dos 150 e-mails enviados, recebemos retorno de 73 egressos

interessados em participar da pesquisa.

Após o recebimento dos 73 questionários respondidos, o pesquisador

separou 5 (cinco) para análise como pré-teste.

Depois de redigido, o questionário precisa ser testado antes de sua

utilização definitiva, aplicando-se alguns exemplares em uma pequena

população escolhida. A análise dos dados, após a tabulação, evidenciou

possíveis falhas existentes, inconsistências ou complexidade das questões,

ambiguidade ou linguagem inacessível, perguntas supérfluas ou que causam

embaraço ao informante, se as questões obedecem a determinada ordem ou

se são muito numerosas, etc.

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Verificadas as falhas, deve-se reformular o questionário, conservando,

modificando, ampliando ou eliminando itens, explicitando melhor alguns ou

modificando a redação de outros. Perguntas abertas podem ser transformadas

em fechadas se não houver variabilidade de respostas.

O pré-teste pode ser aplicado mais de uma vez, tendo em vista o seu aprimoramento e o aumento de sua validez. Deve ser aplicado em populações com características semelhantes, mas nunca naquela que será alvo de estudo (MARCONI E LAKATOS, 1991, p. 203).

Os autores mencionam também que o pré-teste, além de permitir uma

obtenção de uma estimativa sobre os futuros resultados, também serve para

verificar a fidedignidade nas respostas, pois independente de quem aplicar o

questionário, os resultados esperados serão os mesmos, a validade dos dados,

que são extremamente importantes, a pesquisa e a operatividade, que é o

vocabulário de forma acessível e significado claro, são elementos importantes.

Como dito, da amostra total com 73 respostas, foram selecionados 5

(cinco) pesquisados como base teste para verificação de possíveis erros ou

mesmo questões que não se adequassem ao objetivo desejado.

Estes 5 (cinco) pesquisados não foram incluídos na versão final do

questionário, justamente porque como já tiveram acesso ao conteúdo do

questionário, uma possível segunda resposta já não atingiria o objetivo

desejado.

No teste efetuado, através do questionário realizado, conforme já

descrito anteriormente, na introdução dessa pesquisa, uma das questões, a de

número 20, solicitava a avaliação do instrumento de coleta, a fim de avaliar se

o instrumento estava de acordo com o esperado.

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Alguns pesquisados fizeram observações, nas quais relataram que o

questionário estava muito extenso e as questões que davam conotação, foram

repetitivas. A extensão do questionário foi revista, fazendo adequações, tanto

no número de questões, quanto no layout apresentado ao respondente.

Importante registrar aqui, o que Marconi e Lakatos afirmam quanto à

estimativa dos retornos positivos para investigações desta natureza.

Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo. Junto com o questionário deve se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo razoável. Em média, os questionários expedidos pelo pesquisador alcançam 25% de devolução (MARCONI E LAKATOS, 1991, P. 201).

Após as correções, restaram 68 possíveis participantes da pesquisa. Foi

realizado um sorteio onde 10 pesquisados que se tornaram a amostra da

presente pesquisa.

O questionário corrigido foi aplicado juntamente com a realização de

entrevistas com os pesquisados, durante o período de quatro meses (

novembro de 2011 a fevereiro de 2012).

Para análise, foram agrupadas perguntas e respostas de mesmo teor.

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3.4.1 Descrição do Questionário

Aluno 1

Por favor, responda as seguintes questões:

1- Qual sua idade?

O - 20 a 30 anos

O - 31 a 40 amos

O - 41 a 50 anos

O – acima de 51anos.

2- Qual seu sexo?

O – masculino.

O – feminino.

3 – Qual sua formação?

O – Somente graduação

O – Especialização

O – Mestrado.

O – Doutorado.

4 – Tempo de formado na Graduação.

O – Cursando

O – formado de 1a 5 anos

O – formado de 6 a 10 anos

O – formado a mais de 11 anos.

5 – Em que período do curso, iniciou algum tipo de estágio?

O – primeiro ano

O – Segundo ano.

O – Terceiro ano.

O – quarto ano.

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6 – Esse estágio era curricular ou não supervisionado?

O – Supervisionado

O – Não supervisionado.

7 – Teve dificuldades na realização do estágio escolhido?

O – sim

O – Não.

8 – Se sim, por quê?

9 – Se não, por quê?

10 - Qual era sua expectativa quanto a realização do Estágio

Supervisionado na IES?

11 - De quais atividades participou?

12- Quais os resultados?

13- Qual o resultado prático deste estágio em sua vida profissional (caso

atue profissionalmente)?

14 – Quais aspectos facilitaram ou dificultaram à significação das

matérias teóricas?

15 – Você já prestou somente a prova da OAB ou outro concurso

jurídico?

16 – qual?

17 – foi aprovado em que tentativa na prova da Ordem?.

O – Não foi aprovado.

O - Primeira tentativa.

O – Segunda tentativa.

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O – Terceira ou mais

18 – No caso de resposta positiva no item 15, qual a contribuição do

estágio escolhido, para a aprovação.

19 – Em relação aos colegas que tiveram somente a prática

supervisionada, pode perceber alguma diferença?

20 – Em relação aos colegas que tiveram prática não supervisionada,

pode perceber alguma diferença?

21 – teria alguma sugestão a fazer?

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3.4.2 Descrição dos participantes da pesquisa

Entrevistado 1

� Idade: 35 anos

� Sexo: Masculino

� Situação Profissional: Advogado

� Prova OAB: Sim – primeira tentativa

� Tipo de Estágio: não supervisionado

� Período início do estágio: 2º ano da Faculdade

� Local de estágio: Escritório de Advocacia

Entrevistado 2

� Idade: 38 anos

� Sexo: masculino.

� Situação Profissional: Juiz de Direito.

� Prova OAB: Sim, primeira tentativa.

� Tipo de Estágio: não supervisionado.

� Período de início do estágio: 1º ano da Faculdade.

� Local de estágio: Área Jurídica de um Banco Particular/ Escritório de

Advocacia.

Entrevistado 3

� Idade: 25 anos

� Sexo: Feminino.

� Situação Profissional: Advogada.

� Prova OAB: Sim, segunda tentativa

� Tipo de Estágio: não supervisionado

� Período de início do estágio: 3º ano da Faculdade

� Local de estágio: Fórum, escritório de Advocacia.

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Entrevistado 4

� Idade: 23 anos

� Sexo: Feminino

� Situação Profissional: Advogada

� Prova OAB: Sim, primeira tentativa

� Tipo de Estágio: não supervisionado

� Período de início do estágio: 2º ano da Faculdade

� Local de estágio: Escritório de Advocacia

Entrevistado 5

� Idade: 29 anos

� Sexo: Masculino

� Situação Profissional: Oficial de Justiça

� Prova OAB: Sim, segunda tentativa

� Tipo de Estágio: não supervisionado

� Período de início do estágio: 2º ano da Faculdade.

� Local de estágio: Escritório de Advocacia e TJMG - Juizado Especial

Entrevistado 6

� Idade: 26 anos

� Sexo: Masculino

� Situação Profissional: Estagiário em Escritório de Advocacia

� Prova OAB: Não – três tentativas

� Tipo de Estágio: Supervisionado

� Período de início do estágio: 4ª e 5º anos da Faculdade

� Local de estágio: Faculdade.

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Entrevistado 7

� Idade: 32 anos

� Sexo: Masculino

� Situação Profissional: Funcionário de concessionária de Veículos

� Prova OAB: Não – cinco tentativas

� Tipo de Estágio: Supervisionado

� Período de início do estágio: 4º e 5º anos da Faculdade

� Local de estágio: Faculdade

Entrevistado 8

� Idade: 28 anos

� Sexo: feminino

� Situação Profissional: Advogada

� Prova OAB: sim, terceira tentativa

� Tipo de Estágio: Supervisionado

� Período de início do estágio: 4ª e 5º anos da Faculdade

� Local de estágio: Faculdade

Entrevistado 9

� Idade: 25 anos

� Sexo: Masculino

� Situação Profissional: Estagiário Advocacia

� Prova OAB: não – duas tentativas

� Tipo de Estágio: Supervisionado

� Período de início do estágio: 4º e 5º anos da Faculdade

� Local de estágio: Faculdade

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Entrevistado 10

� Idade: 35

� Sexo: Feminino

� Situação Profissional: Advogada

� Prova OAB: Sim – Segunda

� Tipo de Estágio: Não supervisionado

� Período de início do estágio: a partir do 4º ano da Faculdade

� Local de estágio: Defensoria Pública de Minas Gerais

DESCRIÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

Entrevistados Idade Sexo Situação

Profissional Prova OAB Tipo de Estágio

Período de Início do Estágio

Local de Estágio

Entrevistado 1 35 Masculino Advogado Sim - 1ª Tentativa

Não supervisionado

2º ano da Faculdade

Escritório de Advocacia Área Jurídica de um Banco Particular Entrevistado 2 38 Masculino Juiz de Direito

Sim - 1ª Tentativa

Não supervisionado

1º ano da Faculdade

Escritório de Advocacia

Forum Entrevistado 3 25 Feminino Advogada

Sim - 2ª Tentativa

Não supervisionado

3º ano da Faculdade Escritório de

Advocacia Escritório de Advocacia

Entrevistado 4 23 Feminino Advogada Sim - 1ª Tentativa

Não supervisionado

2º ano da Faculdade Procuradoria

da Receita Federal

Escritório de Advocacia

Entrevistado 5 29 Masculino Oficial de Justiça

Sim - 2ª Tentativa

Não supervisionado

2º ano da Faculdade TJMG -

Juizado Especial

Entrevistado 6 26 Masculino Estagiário em Escritório de Advocacia

Não - 3 Tentativas

supervisionado 4º e 5º anos da Faculdade

Faculdade

Entrevistado 7 32 Masculino Funcionário de concessionária de Veículos

Não - 5 Tentativas

supervisionado 4º e 5º anos da Faculdade

Faculdade

Entrevistado 8 28 Feminino Advogada Sim - 3ª Tentativa

supervisionado 4º e 5º anos da Faculdade

Faculdade

Entrevistado 9 25 Masculino Estagiário Advocacia

Não - 2 Tentativas

supervisionado 4º e 5º anos da Faculdade

Faculdade

Entrevistado 10 35 Feminino Advogada Sim - 2ª Tentativa

Não supervisionado

4º ano da Faculdade

Defensoria Pública de Minas Gerais

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GRÁFICO 1 Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por faixa etária

Pode-se identificar que existe uma homogeneidade com relação à idade

dos pesquisados, observando-se que 6 estão na faixa dos 23 a 29 anos de

idade, e 4 encontram-se na faixa etária entre os 32 e 38 anos de idade e

nenhum acima desta faixa etária.

Idade Idade 35 38 25 23 29 26 32 28 Quant. 2 1 2 1 1 1 1 1

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GRÁFICO 2 Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por sexo

Sexo Masculino Feminino

6 4

Pode-se verificar que o perfil expressa que no curso de direito existe

atualmente, uma pequena preponderância no número de homens, o que no

passado, eram quase que a totalidade.

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GRÁFICO 3

Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por situação profissional

Situação Profissional

Sit. Prof. Advogado/a

Juiz de Direito

Oficial de Justiça

Estagiário Advocacia

Funcionário de concessionária de

Veículos Quant. 5 1 1 2 1

Observou-se que a maioria (90%) dos entrevistados, optou por seguir

nas carreiras jurídicas, sendo que destes 40% dedicaram-se à Advocacia, o

que é um dado que chama a atenção, pois já houve uma grande tendência dos

estudantes do Curso de Direito, em optarem por concursos públicos.

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GRÁFICO 4

Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por situação de aprovação ou reprovação no Exame de Ordem

Observou-se que grande parte (70%) dos entrevistados, obteve

aprovação até o terceiro exame prestado. Ao cruzar as respostas, observou-se

que 90% deles realizaram estágio não supervisionado.

Prova OAB

Prova Sim - 1ª Tentativa

Sim - 2ª Tentativa

Sim - 3ª Tentativa

Não - 2 Tentativas

Não - 3 Tentativas

Não - 5 Tentativas

Quant. 3 3 1 1 1 1

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GRÁFICO 5

Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por tipo de estágio realizado

Tipo de Estágio Tipo Supervisionado Não

Supervisionado Quant. 4 6

Observou-se que a maioria dos pesquisados optou por realizar estágio

não Supervisionado, o que significa que tiveram um número maior de horas de

estágio, estando mais bem preparados que os demais.

Supervisionado

Não Supervisionado

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GRÁFICO 6

Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por período de início de estágio

Período Início do Estágio

Período 1º ano da Faculdade

2º ano da Faculdade

3º ano da Faculdade

4º ano da Faculdade

4º e 5º anos da

Faculdade Quant. 1 3 1 1 4

Observou-se que a maioria dos pesquisados iniciou o estágio antes do

período obrigatório, ou seja, antes dos dois últimos anos de estudo.

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GRÁFICO 7 Caracterização e distribuição dos pesquisados agrupados por local de

estágio

Observou-se que a maioria dos pesquisados optou em realizar um

estágio não Supervisionado em escritórios de Advocacia, sendo que a minoria,

optou unicamente pelo Estágio Supervisionado na Faculdade.

Local de Estágio Local Escritório de Advocacia Defensoria Pública de MG Faculdade Quant. 5 1 4

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3.5 INTERPRETAÇÃO DAS RESPOSTAS

Pergunta 1

O pesquisador solicitou informação a respeito da idade dos pesquisados.

Pode-se identificar que existe uma homogeneidade com relação à idade dos

pesquisados, observando-se que 6(seis) estão na faixa dos 23 a 29 anos de

idade, e 4(quatro) encontram-se na faixa etária entre os 32 e 38 anos de idade

e nenhum acima desta faixa etária. Se comparado também a 20 anos atrás,

observa-se que a idade do estudante de direito também abaixou, pois a

faculdade até 20 anos atrás, contava com um perfil médio de idade de 40

anos(segundo informações cedidas pela Faculdade de Direito de Varginha).

Pergunta 2

O pesquisador solicitou informação a respeito do sexo do entrevistado.

Apesar da prevalência de pesquisados ser do sexo masculino, o numero de

pesquisados que são do sexo feminino demonstram uma evolução, se

comparado a 20 anos atrás, quando a prevalência era do sexo masculino,

segundo informações obtidas na Instituição de ensino.

Pergunta 3

O pesquisador perguntou sobre a continuidade dos estudos dos

entrevistados e foi possível observar que 6(seis) dos entrevistados continuaram

seus estudos o que demonstra uma preocupação maior com a educação

continuada.

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Pergunta 4

O pesquisador solicitou informação a respeito da situação profissional do

pesquisado, possibilitando identificar se o mesmo já se encontrava formado ou

ainda encontrava-se na graduação. Identificou-se que 6 (seis) pesquisados

encontravam-se já formados e 4 (quatro) pesquisados ainda encontravam-se

cursando a graduação. Essa pergunta possibilitou conhecer a identidade do

pesquisado, possibilitando uma visão acerca do padrão de respostas a serem

analisadas.

Pergunta 5

Por meio dessa pergunta, foram solicitadas informações a respeito do

período de início de estágio. Foram identificados 5 (cinco) pesquisados que

iniciaram o estágio antes dos dois últimos períodos do curso. Ao final,

observou-se que esses pesquisados obtiveram melhor desempenho, tanto na

graduação, quanto no exame da OAB e eventuais concursos prestados. A

legislação atual, apesar da flexibilização permitida, impõe como marco 20% do

total de horas do curso, podem ser de prática, sendo que os estágios

curriculares, somente podem ser realizados nos dois últimos anos do curso, o

que, na opinião da maioria dos pesquisados, influencia negativamente para o

aprendizado.

Pergunta 6

O pesquisador solicitou informações a respeito do tipo de estágio

realizado, se apenas supervisionado, ou também, não supervisionado. Foram

observados que 6 (seis) pesquisados realizaram Estágios não Supervisionados

e 4 (quatro) apenas o estágio curricular. Ao final da analise, constatou-se que

todos que realizaram Estágios não Supervisionados, saíram-se melhor na

graduação e foram aprovados na primeira ou segunda tentativa no exame de

Ordem.

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Perguntas 7,8 e 9

As perguntas 7, 8 e 9 procuraram identificar a visão que os entrevistados

tiveram apenas do estágio curricular, observando-se a relação entre o tipo de

atividade realizada e os resultados obtidos, além de procurar verificar se as

atividades trabalhadas em sala de aula foram interessantes e significativas,

levando o pesquisado a refletir sobre sua vida e conceitos, para crescer e

desenvolver-se não somente como profissional, mas também como pessoa.

Como o estágio curricular é comum aos 10 (dez) pesquisados,

identificou-se nas respostas que:

� Os quatro pesquisados que fizeram somente Estágio Supervisionado

tiveram uma visão muito limitada acerca do exercício profissional,

culminando com uma sensação de insegurança, que se refletiu tanto na

graduação, no exame de ordem, quanto no exercício profissional, além

de refletir, negativamente, em sua visão pessoal, pois se sentiram

inferiores aos demais colegas.

� Que as horas destinas ao Estágio Supervisionado foram consideradas

por todos como insuficientes.

� Que as atividades propostas no Estágio Supervisionado também foram

consideradas insuficientes.

� Identificou-se que os pesquisados entendem que o número de

disciplinas e de hora aulas destinadas a disciplinas teóricas, é muito

superior ao número de aulas e disciplinas destinadas à prática,

culminando com enorme dificuldade em significar o aprendizado teórico,

ou seja, o pesquisado participa de uma disciplina no início do curso, de

forma teoria, e vai ter a chance de reconhecer a aplicação prática,

somente nos dois últimos anos da graduação, quando, na maioria dos

casos, já se esqueceu do que aprendeu na teoria.

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Perguntas 10, 11 e 12

As respostas às perguntas 10,11e12, confirmam justamente o que foi

descrito na resposta anterior. Os pesquisados que participaram de Estágios

não Supervisionados, não tiveram dificuldade alguma na realização do Estágio

Supervisionado, pois já estavam tendo contato, com a maioria dos casos

apresentados neste estágio.

Percebeu-se que os quatro pesquisados que fizeram somente o Estágio

Supervisionado, tiveram que rever o aprendizado teórico novamente, para

poderem executar as atividades apresentadas neste estágio, ao passo que os

pesquisados que fizeram estágio não supervisionado, desempenhavam as

atividades de forma quase automática já integradas ao seu cotidiano,

proporcionando uma facilidade muito maior, em realizar as atividades

propostas.

O pesquisador, como professor de alunos que fizeram os dois tipos de

estágios, tem uma enorme dificuldade durante a realização do estágio

curricular em sala de aula, pois têm em uma mesma turma, alunos sem

experiência alguma com a prática profissional, juntamente com alunos que já

trabalham ou estagiam de forma não supervisionada, que possuem uma

vivência que lhes proporcionam um conhecimento que, muitas das vezes, torna

a aula, extremamente cansativa e enfadonha.

Perguntas 13 e 14

O pesquisador procurou identificar nos pesquisados que realizaram

estágio não supervisionado, qual o resultado, em sua vida profissional.

Poderiam ter surgido respostas apontando para o Estágio

Supervisionado (obrigatório a todos), mas nenhuma resposta referiu-se ao

mesmo, ficando totalmente esquecido e relegado a uma situação de realização

por obrigação legal, e não por interesse pedagógico.

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Somente obtiveram-se respostas positivas a respeito das facilidades que

o estágio não supervisionado proporcionou na significação das matérias

teóricas, ficando explícito que os pesquisados tiveram um melhor desempenho

em sala de aula, comparado aos colegas que não faziam outro tipo de estágio,

e não o obrigatório.

As respostas foram unânimes no sentido de que a realização do estágio

não supervisionado, proporcionou-lhes conhecimento, experiência que se

mostraram fundamentais em seu sucesso profissional, que teve início com a

aprovação no exame de Ordem que, sem o qual, não seria possível para o

ingresso nas carreiras jurídicas.

Pergunta 15, 16, 17

O pesquisador procurou identificar nestas respostas, qual a relação

existente entre a realização do tipo de estágio escolhido pelo pesquisado

(Supervisionado ou não Supervisionado) e a aprovação, não somente no

exame da ordem, mas também em concursos na área jurídica, além de

procurar identificar, em sua visão, qual a contribuição deste tipo de estágio

para seu sucesso.

Sete pesquisados já haviam sido aprovados na Prova da OAB, sendo

que destes apenas um, realizou apenas o Estágio Supervisionado. Esse único

pesquisado informou que não trabalhava e dedicava-se somente aos estudos,

atribuindo a essa dedicação, seu sucesso. Contudo foi interessante notar, que

o mesmo relatou ter passado por grande insegurança, quando iniciou suas

atividades profissionais, fato não ocorrido com os demais.

Essa foi justamente a tônica das respostas dos demais pesquisados.

Houve uma unanimidade em afirmar que, por causa do estágio não

supervisionado, tiveram maior segurança para realizar a prova da Ordem, além

de desenvolver suas atividades profissionais de forma mais ágil e em suas

visões, correta.

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Perguntas 18,19 e 20

Essas perguntas propiciaram perceber que os pesquisados se

alinhavam de forma comum, ou seja, que fizeram somente a prática

supervisionada via-se no mesmo nível e com as mesmas dificuldades dos

demais alunos que, como eles, ficaram somente com a experiência de sala de

aula.

Já os que tiveram experiências além da sala de aula, a visão de que

todos se saíram melhor, tanto na graduação, no exame da OAB, quanto na

vida profissional.

Pergunta 21

Com relação a sugestões, houve unanimidade quanto à questão de se

modernizar a maneira de ministra aulas no curso de Direito, não ficando restrito

a aulas meramente expositivas, onde o aluno é um receptor de informações.

Também houve unanimidade à questão do número de aulas práticas em

relação às aulas teóricas. Todos entendem que se deveria aumentar o número

de aulas práticas, pois surtiam um efeito maior na aprendizagem.

Pode–se observar que todos desconheciam a atual legislação que

dispõe a respeito da carga horária dos cursos de Direito, limitando o eixo

pratico a 20% da carga total do curso.

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3.6 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS NAS ENTREVISTAS

Pode-se, com as devidas cautelas de um estudo qualitativo, dizer que as

observações aqui feitas, poderão ser úteis para o prosseguimento do

desenvolvimento das práticas a que se submeterão outros alunos no futuro.

Identificou-se que as práticas pedagógicas atuais preocupam-se em preparar o

aluno para a prova da Ordem e não para o efetivo exercício da Advocacia, o

que os entrevistados chamaram de pós, OAB.

Foi possível observar que os pesquisados, mesmos os aprovados na

OAB, após receberem sua carteira e estarem habilitados a exercerem a

Advocacia, sentiram-se inseguros, não sendo capazes de efetivamente

Advogar.

Continuando a entrevista pessoal com cada pesquisado, foram

identificados alguns problemas que os mesmos puderam atribuir à formação do

aluno de Direito.

Um problema comumente citado é o da fragmentação do curso de

Direito. Pensa-se em ensino por partes e não como uma visão global do

ensino. Pensa-se, por exemplo, em Oratória separada do Direito Material e do

Direito Processual.

Outro problema identificado na fala dos pesquisados é atinente, não

somente ao curso de Direito, mas é um problema que deveria ser observado

porque cuida de Política Pública de Educação no Brasil. Trata-se da Visão

conteudista que todos os níveis de ensino, possuem no Brasil.

No Brasil, costuma-se confundir quantidade de informação com

qualidade da informação. Costuma-se achar que quanto mais informação for

repassada ao aluno, melhor estaria sendo seu ensino. Isso não é verdade, e na

área do Direito não é diferente, mas deveria ser, tanto que as Diretrizes

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Curriculares atuais, primeiro apresenta aspectos no que diz respeito às

habilidades e competências e depois fala de conteúdos.

Art. 2º A organização do Curso de Graduação em Direito, observadas as Diretrizes

Curriculares Nacionais se expressa através do seu projeto pedagógico, abrangendo o

perfil do formando, as competências e habilidades, os conteúdos curriculares, o

estágio curricular supervisionado, as atividades complementares, o sistema de

avaliação, o trabalho de curso como componente curricular obrigatório do curso, o

regime acadêmico de oferta, a duração do curso, sem prejuízo de outros aspectos que

tornem consistente o referido projeto pedagógico.

Quando se fala em competência e habilidades, está se falando de

prática, e um conteúdo que não é dado com significação é um conteúdo que se

perde com muita rapidez.

Quando perguntado aos pesquisados o que foi objeto de estudo em

Direito Civil III, e o que ele viu em Direito Civil I, somente o pesquisado 7 soube

responder. Os demais não souberam. Pode-se afirmar que não souberam por

um motivo simples, eles não significaram o aprendizado daquela disciplina.

Quando se tem um ensino fragmentado, o conteúdo é dado pelo conteúdo.

Para comprovar que esse problema não é exclusividade do ensino de

Direito, o pesquisador perguntou a todos os pesquisados se lembravam o que

era MOL, aprendido em química, e a que se destinava o aprendizado do MOL.

Somente o pesquisado 3 e 9 lembraram o significado de Mol, ou seja, número

molecular, mas nenhum soube informar para que se estudou o tal do MOL.

Conclui-se, então, que se realiza um ensino conteudista em que se

coloca um enorme número de informações, em uma visão enciclopédica, mas

sem significação alguma. Os alunos brasileiros estudam muito mais conteúdos

de matemática do que os alunos Americanos ou Europeus. Entretanto, quando

se participa do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA),

onde se estabelece a habilidade em lidar com conteúdos matemáticos, os

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91

Europeus e Americanos são infinitamente melhores do que os alunos

Brasileiros. Alguma coisa especifica este dados querem dizer !

Enfim, conteúdo por conteúdo não resolve o problema do ensino. O

conteúdo precisa ter significado, precisa ter uma razão de existir, para que o

aluno possa, não somente aprender como também “apreender” o que foi

estudado.

O que se observa é que os professores de teoria tem que dar um “x”

número de artigos por dia, sem perder tempo, sem se preocupar se houve

aprendizado ou não e se na prova, 90 % erram aquele conteúdo, isso não é

levado em consideração, pois tem que esgotar as ementas. O professor de

teoria tem de esgotar os códigos sem saber se o que está sendo estudado, tem

significado ou não para os alunos.

Daí a importância do papel da prática, a essa significação. Todos os

pesquisados afirmaram que prefeririam que o professor tivesse conseguido dar

somente 70% da ementa, mas que esse conteúdo fosse efetivamente

compreendido, ao contrário de terem visto 100% da ementa, mas com somente

50% de compreensão e aprendizado. Então a percepção que os próprios

entrevistados têm é a que não se poderia trabalhar a teoria em um momento e

a prática em outro.

“Eu acho que as matérias tinham que ser dadas juntas, tanto as teóricas, quanto as

práticas”.

“O fato de se ver uma matéria no início do curso e ver a sua aplicabilidade somente no

final, contribui para que haja um esquecimento natural do que foi aprendido”.

“Se nos tivéssemos uma maneira diferente de aprender, onde trabalhássemos só com

problemas, e a partir deles, começássemos a estudar a teoria, isso daria com que

gravássemos o que estaríamos aprendendo” .

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Ao ouvir o depoimento dos pesquisados, uma questão saltou à mente do

pesquisador. Cuida-se do tratamento que as Instituições de Ensino dão ao

núcleo de prática jurídica.

“As aulas que tive no Escritório Modelo foram poucas e pouco abrangentes”.

“Penso que o tempo de aulas práticas foi insuficiente, pois o que eu aprendi e pude ver

no estágio no escritório de Advocacia, foi muito mais proveitoso, pois pude ver

situações mais complexas que as apresentadas no NPJ”.

“Aula uma vez só por semana é muito pouco para ver tudo o que seria necessário ao

desenvolvimento da Advocacia”.

É preciso aprofundar mais o conhecimento das Diretrizes Curriculares

com relação ao Estágio Supervisionado. Ocorre, não somente na instituição a

qual se sediou a pesquisa, mas em conversa com docentes de outras

instituições, identificou-se o mesmo fenômeno. As instituições de Ensino veem

a obrigação que as diretrizes impõem da existência do Núcleo de Prática

Jurídica, como apenas uma obrigação formal que as instituições devem possuir

para cumprir com as diretrizes, conseguir a autorização, o reconhecimento e ter

o reconhecimento renovado. Nesse sentido, pode-se afirmar que as instituições

não percebem a riqueza de trabalho que o Núcleo de Prática Jurídica pode ter.

Nesta esteira, vem uma preocupação do pesquisador, enquanto educador que

tem responsabilidade acadêmica.

Demonstrou-se com a pesquisa, que os alunos que fizeram Estágios não

Supervisionados, saíram-se melhor na graduação, no exame da OAB e até

mesmo em concursos, entretanto, isto pode ter um alto custo pedagógico

porque está se delegando o ensino a um profissional que não é professor, e

que não tem comprometimento com a educação.

As IESs não podem abrir mão de sua responsabilidade de formação

profissional do aluno, relegando essa formação a um profissional que não tem

uma convivência acadêmica regular e que, com certeza, não estará

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preocupado com questões pedagógicas, mas sim, com questões financeiras,

pois seu escritório tem que dar dinheiro, pois todos sobrevivem disso.

Ademais, o aluno deve aprender a trabalhar em equipe, de forma

integrada, ou seja, no Núcleo de Prática Jurídica. O trabalho deveria ser

desenvolvido, refletindo às bases do projeto pedagógico do curso. Agora, já em

um estágio não supervisionado, isso certamente não irá ocorrer; isso sem

adentrar aos problemas éticos que podem decorrer destes estágios, ou seja,

práticas usuais que se distanciam, do que se aprenderia em uma IES.

Como exemplo, o pesquisado 2 afirmou:

“mas olha só, na Faculdade a gente só aprende a resolver os problemas COM

NOTA,(dentro da lei) ao passo que no escritório de Advocacia, eu aprendi a resolver

os problemas de outros jeitos, como por exemplo, fazendo acerto financeiro com

determinado escrivão de cartório, para o processo andar mais rápido, e isso a

Faculdade não ensina.”

Então, quando se abre mão da formação dentro de um Núcleo de

Prática Jurídica, se sujeita a situações como essa, ou seja, a má formação

pedagógica e a má formação ética, priorizando-se, então, somente a formação

técnica.

Outra questão que ficou evidenciada nas entrevistas, diz respeito à

chamada crise do Ensino Jurídico. O parâmetro recorrentemente citado para

estabelecer essa situação de crise do Ensino Jurídico é o Exame da Ordem,

onde apenas um percentual médio de 20% a 30% dos candidatos que prestam

o exame, é aprovado.

Pode-se dizer que o que existe é uma crise de avaliação nos cursos

jurídicos, pois o índice de reprovação é muito baixo, ou seja, mais de 95% dos

alunos que permanecem na instituição de ensino, durante todo período do

curso, recebem o título de Bacharéis em Direito. Conclui-se então que os

alunos estão aprendendo mal e sendo também mal avaliados pelas IESs.

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Ao se priorizar a leitura de códigos e uma aula estritamente expositiva,

ao invés de dialética, priva-se o aluno de pensar, de alçar vôos próprios de

refletirem a respeito do mundo a sua volta, realizando questionamentos que

podem interferir de forma determinante nesse mundo.

Quando da entrevista pessoal, questionou-se a respeito de resolução de

problemas atuais, como pano de fundo do aprendizado, sendo as respostas

negativas como exemplificado:

“Somente tratamos de problemas que já constavam nos livros de modelo, ou seja,

exemplos antigos, casos irreais e simulados”

“Não trabalhamos com problemas atuais, somente com os exemplos dos livros”

“Infelizmente não tivemos oportunidade de tratar de assuntos mais atuais como por

exemplo união homo afetiva, que é uma questão atual e que não existe legislação

abundante sobre o assunto”

Um exemplo disso são os casos de comércio pela internet e seus

reflexos. Como isso não se encontra nos códigos, não se fala sobre isso. Com

isso o aluno não percebe as mudanças que estão ocorrendo no mundo.

Antigamente poder-se-ia prever o que iria acontecer quando o bacharel

se formasse, pois os problemas do mundo eram relativamente os mesmos.

Agora, com o desenvolvimento da tecnologia, da globalização, o aluno que

entra em uma instituição de Ensino Superior e encontrará um mundo

completamente diferente quando estiver se formando, e se ele não estiver

preparado para pensar, se formará, sendo um profissional desatualizado e

obsoleto para o mercado.

Quem se formou há quinze anos não tinha preocupação com capital

transnacional, com a bioética e seus desdobramentos, com a união “homo

afetiva” etc.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa apresentada teve como objetivo avaliar qual a contribuição

oferecida pelo Estágio Supervisionado e não Supervisionado no curso de

Graduação em Direito.

Procurou-se extrair indicações para o atendimento de alunos em geral,

com vistas a melhorar a qualidade do ensino, verificando a contribuição da

prática não supervisionada para a fixação das Políticas Públicas em Educação,

à luz do conceito de aprender fazendo.

Conceitos teóricos foram utilizados para esclarecer a temática, bem

como para o entendimento do trabalho desenvolvido. Nesse sentido, é que foi

aplicada a presente pesquisa junto aos egressos para conhecimento do tipo de

prática desenvolvida e conhecimento de seus resultados.

Foi realizada uma pesquisa exploratória com egressos da Faculdade de

Direito de Varginha/MG, utilizando-se questionário e entrevista.

Como resultado da pesquisa, pôde-se confirmar a hipótese de que os

discentes da área de Direito que tiveram um maior contato com conteúdos

práticos durante o curso, realizando Estágios não Supervisionados,

apresentaram maior facilidade em significar o aprendizado teórico, além de se

saírem melhor na graduação, no exame de Ordem e na Advocacia.

Pôde-se constatar, também, que a estrutura formal de formação de

Bacharéis em Direito, enquanto política pública é oferecida teoricamente para

formar um profissional que tenha habilidades e competências para desenvolver

suas atividades, adequadas à realidade social e que responda aos novos

fenômenos sociais, sendo capaz de, durante o curso, ter entendido e aprendido

todo o conteúdo curricular. Entretanto, o que se observa na realidade, são

Bacharéis que, por conta de uma exigência em passar no Exame de Ordem,

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simplesmente, decoraram a parte do currículo que lhes é exigido nesse exame,

deixando muito conteúdo sem ser significado.

Foi possível observar, diante da pesquisa realizada, que as normas

editadas pelo MEC, através do CNE e CES, têm maior dimensão, com olhares

a tender um objetivo maior de aprendizado e formação, principalmente, quando

na resolução CNE/CES n 9/2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares do

Curso de Direito, utiliza-se da expressão habilidades e competências e não

somente conteúdos curriculares.

Pôde-se perceber que existe, por parte dos alunos, uma preocupação

em saber o que cai no exame de ordem, e como fazer o que os cursinhos

ensinam, ou seja, decorar a matéria com o maior número de macetes

possíveis, ao invés de procurar aprender o que é imprescindível para uma

formação ideal apta a inseri-los no mercado de trabalho.

Constatou-se que, uma das formas de se efetivar uma melhor formação

ao aluno de Direito, é possibilitar um maior contato dele com a prática ou

praxes, fazendo com que signifique o aprendizado teórico de maneira a

apreender a matéria que foi vista, ao contrário de, apenas, assistir às aulas e

guardar poucos ensinamentos.

Também como resultado da pesquisa, levando-se em conta a pesquisa

bibliográfica e a pesquisa de campo, observou-se que existe um obstáculo na

legislação brasileira que limita em 20%, a carga horária destinada à prática, ou

seja, aos estágios curriculares.

Isso se encontra determinado no Parece CNE/CES n. 8/2007, que

dispõe sobre a carga horária mínima e procedimentos relativos à integralização

e duração dos cursos de graduação, bacharelados, na modalidade presencial.

Os estágios e as atividades complementares, já incluídos no cálculo da carga horária

total do curso, não deverão exceder a 20% do total, exceto para os cursos com

determinações legais específicas, como é o caso do curso de Medicina.

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Em oposição a essa norma, encontra-se outra Resolução do CNE/CES

09/2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares do curso de graduação em

direito, que prevê que as atividades podem ate mesmo serem reprogramadas.

As atividades podem ser reprogramadas e reorientadas, mas isso

esbarra nos 20% da carga horária total do curso e como se extraiu da

pesquisa, se não houvesse limitação à carga horária destinada à prática, ter-

se-ia a possibilidade de inovar no Ensino Jurídico, com métodos de ensino

mais apropriados aos dias modernos.

Portanto, consolidou-se a percepção da importância das práticas e

vislumbraram-se formas de encaminhamento para que se possa realizar a

consecução de políticas mais efetivas destinadas a esse fim.

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ANEXOS