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19/12/2016 :: 700002718679 eProc :: https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=da8fd68332aabbe3e6319ffc8dc64b1c 1/173 Rua Edmundo de Barros, 1989 Bairro: Jardim Naipi CEP: 85856310 Fone: (45)35213600 www.jfpr.jus.br Email: [email protected] PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA Nº 500984773.2016.4.04.7002/PR REQUERENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ACUSADO: A APURAR DESPACHO/DECISÃO O Ministério Público Federal , com fundamento nos elementos de informação colhidos no bojo da investigação cognominada em sede policial como OPERAÇÃO PECÚLIO, requereu: a) decretação da PRISÃO PREVENTIVA de ANICE NAGIB GAZZAOUI , PAULO CESAR QUEIROZ , DARCI SIQUEIRA , RUDINEI DE MOURA , MARINO GARCIA , EDÍLIO DALL'AGNOL, PAULO ROCHA , HERMÓGENES DE OLIVEIRA , FERNANDO DUSO, LUIZ AUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA , RICARDO ANDRADE, LUIZ ANTÔNIO PEREIRA , JUAREZ DA SILVA SANTOS, MARIA LETÍZIA JIMENEZ ABBATE FIALA , TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA , DIEGO FERNANDO DE SOUZA , MAHMOUD AHMAD JOMAA , SALETE TONELO, ADEMILTON JOAQUIM TELLES, ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS, ISMAEL COELHO DA SILVA , RUI OMAR NOVICKI JUNIOR, ÉRICO DA ROSA MARQUES, FABRICIO VIDAL, ADELIR DINIZ DA ROSA , LUIZ CARLOS ALVES e GILBER DA TRINDADE RIBEIRO; b) decretação da PRISÃO TEMPORÁRIA de BENI RODRIGUES PINTO, FRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES, EDISON ROBERTO BARDELLI , ELCIO ANTONIO BARDELI JUNIOR, ELOI SENE, FLAVIO EISELE, PAULO GORSKI , PAULO GORSKI JUNIOR, JOÃO MATKIEVICZ FILHO, GERALDO GENTIL BIESEK , JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA , INÁCIO COLOMBELLI , EVANDRO FREIRE e MAURÍCIO IOPP; c) autorização para CONDUÇÃO COERCITIVA de ADAILTON AVELINO, ALEXANDRE, ANTONIO CARLOS NARDI , DILTO VITORASSI , EDUARDO VIGA , EVANDRO FREIRE, FAISAL AHMAD JOMAA , GESSANI DA SILVA , GIANCARLO TORRES, GUILHERME PAULUS, LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, MARCOS GOBBO, MAURÍCIO IOPP, MICAEL SENSATO, NEURA SCHSSLER, NEY ZANCHETTI , ODAIR JOSÉ SILVEIRA , PATRÍCIA GOTTARDELLO FOSTER RUIZ , RAMON JOÃO CORREA , RENAN GUSTAVO BAEZ , RICARDO CUMAN, ROGÉRIO CALAZANS, ROSANGELA SCHUSTER, ROSE LOCKS, SANDRO MAZALI , RUBIA DE OLIVEIRA , SÉRGIO PAULO DE OLIVEIRA e JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR; d) autorização para realização de BUSCA E APREENSÃO nos seguintes locais: PREFEITURA MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU, FOZTRANS, HOSPITAL MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU, residência de ADAILTON AVELINO, residência de ADELIR DINIZ DA ROSA , sede da empresa ÁGUAS DA FONTE TRANSPORTADORA TURÍSTICA , sede da empresa AGUIAR REFEIÇÕES, residência de ALEXANDRE (dono/representante) da empresa que fornece saco de asfalto frio, gabinete da Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu

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19/12/2016 :: 700002718679 ­ e­Proc ::

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Rua Edmundo de Barros, 1989 ­ Bairro: Jardim Naipi ­ CEP: 85856­310 ­ Fone: (45)3521­3600 ­ www.jfpr.jus.br ­ Email:[email protected]

PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA Nº 5009847­73.2016.4.04.7002/PR

REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALACUSADO: A APURAR

DESPACHO/DECISÃO

O Ministério Público Federal, com fundamento nos elementos de informaçãocolhidos no bojo da investigação cognominada em sede policial como OPERAÇÃOPECÚLIO, requereu: a) decretação da PRISÃO PREVENTIVA de ANICE NAGIBGAZZAOUI, PAULO CESAR QUEIROZ, DARCI SIQUEIRA, RUDINEI DE MOURA,MARINO GARCIA, EDÍLIO DALL'AGNOL, PAULO ROCHA, HERMÓGENES DEOLIVEIRA, FERNANDO DUSO, LUIZ AUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA, RICARDOANDRADE, LUIZ ANTÔNIO PEREIRA, JUAREZ DA SILVA SANTOS, MARIA LETÍZIAJIMENEZ ABBATE FIALA, TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA, DIEGOFERNANDO DE SOUZA, MAHMOUD AHMAD JOMAA, SALETE TONELO,ADEMILTON JOAQUIM TELLES, ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS, ISMAELCOELHO DA SILVA, RUI OMAR NOVICKI JUNIOR, ÉRICO DA ROSA MARQUES,FABRICIO VIDAL, ADELIR DINIZ DA ROSA, LUIZ CARLOS ALVES e GILBER DATRINDADE RIBEIRO; b) decretação da PRISÃO TEMPORÁRIA de BENI RODRIGUESPINTO, FRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES, EDISON ROBERTOBARDELLI, ELCIO ANTONIO BARDELI JUNIOR, ELOI SENE, FLAVIO EISELE,PAULO GORSKI, PAULO GORSKI JUNIOR, JOÃO MATKIEVICZ FILHO, GERALDOGENTIL BIESEK, JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, INÁCIO COLOMBELLI,EVANDRO FREIRE e MAURÍCIO IOPP; c) autorização para CONDUÇÃO COERCITIVAde ADAILTON AVELINO, ALEXANDRE, ANTONIO CARLOS NARDI, DILTOVITORASSI, EDUARDO VIGA, EVANDRO FREIRE, FAISAL AHMAD JOMAA,GESSANI DA SILVA, GIANCARLO TORRES, GUILHERME PAULUS, LAERTESJUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, MARCOS GOBBO, MAURÍCIO IOPP, MICAELSENSATO, NEURA SCHSSLER, NEY ZANCHETTI, ODAIR JOSÉ SILVEIRA, PATRÍCIAGOTTARDELLO FOSTER RUIZ, RAMON JOÃO CORREA, RENAN GUSTAVO BAEZ,RICARDO CUMAN, ROGÉRIO CALAZANS, ROSANGELA SCHUSTER, ROSE LOCKS,SANDRO MAZALI, RUBIA DE OLIVEIRA, SÉRGIO PAULO DE OLIVEIRA eJEFERSON ANTÔNIO AGUIAR; d) autorização para realização de BUSCA EAPREENSÃO nos seguintes locais: PREFEITURA MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU,FOZTRANS, HOSPITAL MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU, residência de ADAILTONAVELINO, residência de ADELIR DINIZ DA ROSA, sede da empresa ÁGUAS DA FONTETRANSPORTADORA TURÍSTICA, sede da empresa AGUIAR REFEIÇÕES, residência deALEXANDRE (dono/representante) da empresa que fornece saco de asfalto frio, gabinete da

Poder JudiciárioJUSTIÇA FEDERAL

Seção Judiciária do Paraná3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu

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vereadora ANICE NAGIB GAZZAOUI, residência da vereadora ANICE NAGIB GAZZAOUI,residência de ANTÔNIO (proprietário da empresa RADIANTE), gabinete de ANTONIOCARLOS NARDI no CONASEMS, residência de ANTONIO CARLOS NARDI, residência deFRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES, sede da empresa COELHOSTRANSPORTES EIRELI (atualmente EXPRESSO FOZ TRANSPORTE EIRELI), sede doCONSÓRCIO SORRISO, residência de DIEGO FERNANDO DE SOUZA, residência deEDISON ROBERTO BARDELLI, residência de EDUARDO VIGA, residência de ELÓISENE, sede da empresa EMBRASIL, sede da empresa fornecedora de sacos de asfalto frio,residência de ÉRICO DA ROSA MARQUES, residência de EVANDRO FREIRE, residênciade FAISAL AHMAD JOMAA, gabinete do vereador FERNANDO DUSO, residência dovereador FERNANDO DUSO, residência de FLÁVIO EISELE, residência de FRANCISCO(responsável pela empresa de respiradores do Hospital Municipal), residência de GERALDOGENTIL BIESEK, gabinete do vereador GESSANI, residência do vereador GESSANI,residência de GIANCARLO TORRES, residência de ÉLCIO ANTÔNIO BARDELIJUNIOR, sede da empresa INNERBIT, sede da empresa ITAVEL SERVIÇOSRODOVIÁRIOS LTDA, residência de JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR, residência deJOÃO MATKIEVICZ FILHO, escritório de KETLIN (filha de SALVADOR RAMOS),residência de KETLIN (filha de SALVADOR RAMOS), sede do LABORATÓRIOBIOCENTER, residência de LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, sede da matriz efilial do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu da ROSE'S LAVANDERIA, sede da empresaLUCIA APARECIDA MARQUES & CIA. LTDA, gabinete do vereador LUIZ AUGUSTOPINHEIRO QUEIROGA, residência do vereador LUIZ AUGUSTO PINHEIROQUEIROGA, residência de MAHMOUD AHMAD JOMAA, residência de MARCOSGOBBO, residência de MARIA LETIZIA JIMENEZ ABBATE FIALA, residência deMAURÍCIO IOPP, residência de MICAEL SENSATO, local de Trabalho de NEURASCHSSLER, residência de NEURA SCHSSLER, residência de PATRÍCIA GOTTARDELLOFOSTER RUIZ, sede administrativa da PEDREIRA REMANSO, sede da empresaPOWERNET TECNOLOGIAS LTDA, sede da empresa PRODUTEL/MULTIAÇÃO,residência de FABRÍCIO VIDAL, sede da empresa QUALITY FLUX AUTOMAÇÃO ESISTEMAS LTDA. ME, sede da empresa RADIANTE, residência de RAMON JOÃOCORREA, residência de RENAN GUSTAVO BAEZ, gabinete de RICARDO ANDRADE(RICARDINHO), residência de RICARDO ANDRADE (RICARDINHO), residência deRICARDO CUMAN, residência de ROSANGELA SCHUSTER, residência de ROSELOCKS, residência de RUI OMAR NOVICKI JUNIOR, Local de trabalho de SALETETONELLO, residência de SALETE TONELLO, sede da empresa SAMP CONSTRUTORADE OBRAS LTDA, residência de SANDRO MAZALI, Setor financeiro da Câmara dosvereadores, sede da TRADE COMUNICAÇÃO E MARKETING SS LTDA, Escritório deadvocacia de TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA, residência de TÚLIO MARCELODENIG BANDEIRA, sede da UMAMFI – União Municipal Associação de Moradores deFoz do Iguaçu, sede da empresa VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR, sede da empresa VIGANETSTORE LTDA, sede da empresa ZANCHETTI, HOSPITAL CATARATAS e ITAVELSERVIÇOS RODOVIÁRIOS LTDA; e) decretação da QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIOde ÁGUAS DA FONTE TRANSPORTADORA TURÍSTICA, FRANCISCO NOROESTEMARTINS GUIMARÃES, ELECNOR DO BRASIL, ELÓI SENE, EMBRASIL, RÁDIOPORTAL DA COSTA OESTE, COELHOS TRANSPORTES (atualmente EXPRESSO FOZTRANSPORTE EIRELI), SAMP CONSTRUTORA DE OBRAS LTDA, TRADECOMUNICAÇÃO E MARKETING SS LTDA, Empresa vencedora do processo licitatóriopara a aquisição de sacos de asfalto frio, VISION ART PRODUÇÕES, ÉRICO DA ROSAMARQUES, GERALDO GENTIL BIESEK, GILBER DA TRINDADE RIBEIRO,GUILHERME PAULUS, INÁCIO COLOMBELLI, ROSE'S LAVANDERIA, LUCIANOALVES, LUIZ CARLOS MEDEIROS, MARLI TEREZINHA TELLES, ORLANDOARISTIDES, PAULO GORSKI, PAULO GORSKI JUNIOR, PEDREIRA REMANSO,PRODUTEL / MULTIAÇÃO, SÉRGIO PAULO DE OLIVEIRA, QUALITY FLUX

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AUTOMAÇÃO E SISTEMAS LTDA. ME, Empresa RADIANTE, ROSE LOCKS, RUBIA DEOLIVEIRA, SALETE TONELLO, SANDRO MAZALI, SANIC – SERVIÇOS DESANEAMENTOS PROJETOS AMBIENTAIS E CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA, VITALENGENHARIA AMBIENTAL S/A, VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR, PAULO CESARBARANCELLI DE ARAÚJO, ODAIR JOSÉ SILVEIRA, GIANCARLO TORRES,MARCOS GOBBO, RICARDO CUMAN, ANTONIO CARLOS NARDI, MARIA LETIZIAJIMENEZ ABBATE FIALA, ROBERTO FLORIANI DE CARVALHO, LUCIAAPARECIDA MARQUES & CIA. LTDA, ADEMILTON JOAQUIM TELES, IRATANFRANCISCO RIBEIRO, ADELIR DINIZ DA ROSA, AGUIAR REFEIÇÕES, ATUALMÉDICA, CONSÓRCIO SORRISO, DIEGO FERNANDO DE SOUZA, EDUARDO VIGA,INNERBIT, POWERNET, EVANDRO FREIRE, FAISAL AHMAD JOMAA, JEFERSONANTÔNIO AGUIAR, JOÃO MATKIEVICZ FILHO, JUAREZ DA SILVA SANTOS,LABORATÓRIO BIOCENTER, MAHMOUD AHMAD JOMAA, RAMON JOÃOCORREA, TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA, VIGA NETSTORE, VISUALPROJETOS, POWERNET TECONOLOGIAS LTDA, RUI OMAR NOVICKI JUNIOR,ISMAEL COELHO DA SILVA, FABRÍCIO VIDAL e COT (Centro de Ortopedia eTraumatologia); f) decretação da quebra do SIGILO TELEFÔNICO de ADAILTONAVELINO e FRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES (evento nº 01).

Por sua vez, no evento nº 01 dos autos nº 5010447­94.2016.4.04.7002, requereuo Ministério Público Federal que seja decretada a prisão preventiva de PATRÍCIAGOTTARDELLO FOSTER RUIZ, para garantia da ordem pública, por conveniência dainstrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal, ou, subsidiariamente, que sejaafastada dos cargos de Diretora Presidente da Fundação Municipal de Saúde e deSecretária Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu/PR, com proibição de acesso à PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, à Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu/PR,ao Hospital Municipal Padre Germano Lauck, ao Pronto atendimento do Morumbi e aUPA João Samek, bem como de manter contato com membros da comissão administrativa degestão da Fundação Municipal de Saúde, de Secretários, Diretores e demais Servidores dasaúde pública municipal, além de prestadores de serviço na área de saúde, no município de Fozdo Iguaçu/PR (evento nº 01).

Os autos vieram conclusos.

É o relatório. Passo à decisão.

I ­ Competência:

Inicialmente, observo que na decisão do evento nº 19 dos autos da representaçãocriminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002, foi analisada a questão relativa à competência doJuízo Substituto da 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu/PR para processar os fatosinvestigados, cuja descoberta é decorrente da cognominada OPERAÇÃO PECÚLIO, nosseguintes termos:

“Dispõe o art. 109 da Constituição Federal que aos juízes federais compete processar ejulgar, dentre outros, “os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimentode bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresaspúblicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e daJustiça Eleitoral”.

No caso dos presentes autos, pretende a autoridade policial, com aquiescência doMinistério Público Federal, dar continuidade às investigações encetadas no bojo dacognominada Operação Pecúlio, na qual, dentre outras infrações, foi descortinada aexistência de uma organização criminosa formada por agentes políticos, servidorespúblicos e empresários, voltada para a prática de inúmeros ilícitos, dentre os quais o

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desvio de verbas oriundas da União, repassadas por meio de programas e convênios aoMunicípio de Foz do Iguaçu/PR, como, por exemplo, Programa de Aceleração doCrescimento – PAC e Royalties da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Segundo se apurou na investigação originária, há indícios de que as verbas oriundas daUnião, dentre outras, foram desviadas pela supracitada organização criminosa, a fim deabastecer o esquema denominado “mensalinho”, supostamente instituído no âmbito daCâmara Municipal de Foz do Iguaçu/PR, o qual teve por objetivo assegurar aimpunidade do Chefe do Poder Executivo Municipal, RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA, ora afastado do exercício de suas funções por determinação do TribunalRegional Federal da 4ª Região, como, por exemplo, no episódio relacionado àdenominada “CPI do Caixa 2”, bem como assegurar que projetos de seu interessetivessem deliberação favorável por parte dos membros do Poder Legislativo Municipal,como, por exemplo, aquele relativo à instituição de uma Parceria Público Privada naárea da saúde municipal.

Com efeito, considerando a existência de indicativo de que, ao menos em parte, oesquema que se pretende investigar era (ou é) abastecido com recursos oriundos doGoverno Federal, é evidente que, a exemplo dos procedimentos originários, compete àJustiça Federal de 1º Grau apreciar o pedido formulado no evento nº 08. Nesse sentido:

PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. CRIMES CONTRA VERBAS DO SISTEMA ÚNICO DESAÚDE ­ SUS REPASSADAS A MUNICÍPIOS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇAFEDERAL. SÚMULA N. 208 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSODESPROVIDO. ­ A transferência de recursos entre o SUS e os municípios temdisciplina própria de Direito Público na Lei n. 8.080/90, não caracterizando,portanto, contrato mútuo, como pretende o recorrente, afastando a aplicação doart. 587 do Código Civil ­ Permanecendo as verbas sob a fiscalização doMinistério da Saúde, art. 33, § 4º da Lei n. 8.080/90, a teor do art. 109, daConstituição Federal, a competência é da Justiça Federal para processar e julgaro crime de associação criminosa para a prática de crimes contra o patrimôniopúblico e de licitação. ­ O fato de a verba ser administrada por Estado membro ouMunicípio não é capaz de retirar da Justiça Federal a competência para ojulgamento dos crimes praticados em detrimento de recursos do Sistema Único deSaúde. Precedentes. Recurso Ordinário em Habeas Corpus desprovido. (RHC56.162/RS, Rel. Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADORCONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 10/03/2016, DJe29/03/2016)

A competência do Juízo Substituto da 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu/PR, por sua vez,é estabelecida pelo conexão, ex vi do art. 76, incisos I, II e III, do Código de ProcessoPenal, seja porque os fatos que se pretende investigar, em tese, foram (ou são)praticados pela mesma organização criminosa, no bojo da qual há indicativo deinserção de parte dos indivíduos que figuram como investigados no presenteprocedimento (conexão intersubjetiva por concurso), seja porque o esquemadenominado “mensalinho” tinha, também, o objetivo de assegurar impunidade deagentes políticos ligados ao Poder Executivo Municipal, mediante abstenção do dever defiscalização conferido pela Constituição Federal aos vereadores do município, por vezesem razão da obtenção de vantagem indevida (conexão objetiva), seja porque oselementos de informação que fundamentam o pedido do evento nº 08 foram obtidos apartir das investigações levadas a cabo no bojo da Operação Pecúlio, atribuída pordistribuição, em sua gênese, ao mencionado juízo, na forma do art. 75 do Código deProcesso Penal (conexão probatória).

Observo, por oportuno, que eventuais casos de descoberta fortuita, ressalvadas ashipóteses de as contravenções penais e de competência da Justiça Militar e da JustiçaEleitoral, estarão sob competência do Juízo Substituto da 3ª Vara Federal de Foz doIguaçu/PR, dada incidência do Enunciado nº 122 da Súmula de Jurisprudência doSuperior Tribunal de Justiça.

Diante do exposto, não há dúvidas acerca da competência do Juízo Substituto da 3ª Vara

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Diante do exposto, não há dúvidas acerca da competência do Juízo Substituto da 3ª VaraFederal de Foz do Iguaçu/PR para apreciar o pedido do evento nº 08”.

Observo, ainda, que nos autos do habeas corpus nº 5036542­21.2016.4.04.0000,manifestou­se a Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, porunanimidade, competir à Justiça Federal processar os fatos narrados na denúncia oferecidana ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002 e nos demais investigados no âmbito daOPERAÇÃO PECÚLIO, o que fez com arrimo no Enunciado 122 da Súmula do SuperiorTribunal de Justiça. Vejamos o respectivo acórdão:

EMENTA: HABEAS CORPUS. OPERAÇÃO PECÚLIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇAFEDERAL. CONEXÃO. SÚMULA 122 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Hipóteseem que os crimes imputados ao paciente são conexos aos demais delitos narrados nadenúncia e investigados no âmbito da Operação que lhe deu origem, de competência daJustiça Federal, razão pela qual incide o disposto na Súmula nº 122 do SuperiorTribunal de Justiça. (TRF4, HC 5036542­21.2016.404.0000, SÉTIMA TURMA, RelatorMÁRCIO ANTÔNIO ROCHA, juntado aos autos em 13/10/2016)

Em igual sentido, manifestou­se a Quarta Seção do Tribunal Regional Federalda 4ª Região, igualmente por unanimidade, quando do recebimento da denúncia oferecidapelo Ministério Público Federal em desfavor de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA,apontado como líder da suposta organização criminosa descortinada por intermédio dacognominada OPERAÇÃO PECÚLIO (ação penal nº 5032864­95.2016.4.04.0000).

II ­ Continuidade da OPERAÇÃO PECÚLIO:

No curso da cognominada OPERAÇÃO PECÚLIO, foram obtidos elementos deinformação que trouxeram a lume indicativos de que membros do Poder Legislativo de Fozdo Iguaçu/PR recebem, de forma reiterada, valores desviados dos cofres do município, alémde outras vantagens indevidas, a fim de apoiarem a ações do Poder Executivo Municipal e seabsterem do dever de fiscalizar os atos da administração pública, seja por meio de um esquemaque, por ser análogo àquele que constituiu objeto da ação penal nº 470 do Supremo TribunalFederal, acabou sendo denominado por “mensalinho”, seja por meio da possibilidade deindicarem pessoas para ocupar cargos na Administração Pública Municipal e empregos emempresas de terceirização de mão de obra contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR.

Nesse sentido, mesmo antes de ser deflagrada a primeira fase ostensiva daOPERAÇÃO PECÚLIO, foram trazidas a tona informações no sentido de que apadrinhadospolíticos de membros do Poder Legislativo Municipal são nomeados para o exercício decargos em comissão, no âmbito da administração pública municipal, a fim de que as denúnciasrelativas ao esquema do “caixa 2 da Secretaria de Tecnologia de Informação” fossem“abafadas”, conforme diálogos transcritos e portarias indicadas nas fls. 29/40 da representaçãocriminal do evento nº 02 dos autos nº 5005326­85.2016.4.04.7002. Na mesma representação,“consignou o Delegado de Polícia Federal que preside a investigação, ainda, que foiconstatado que as empresas LABOR OBRAS LTDA, IGUAÇU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS– EIRELI e INTERSEPT LTDA, contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR, muitas vezes por meio de Processo de Dispensa de Licitação, servem, emverdade, como “cabides de empregos” para apadrinhados políticos, tanto por membros doPoder Executivo, quanto por membros do Poder Legislativo (diálogos e mensagens nº75781802, 75781933 e 75793151)”.

“A propósito, convém observar que o diálogo nº 75781802, conforme concluiu aautoridade policial, “deixa claro que quem “administra” a distribuição de vagas nasempresas prestadoras de serviço à Prefeitura é o alvo SERGIO BELTRAME, assessor

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especial de governo, fato que se confirma com os demais diálogos relacionados aoassunto”, como, por exemplo, aquele indexado sob o nº 75748229, que “esclarece emparte, a proximidade das empresas INTERSEPT LTDA. e LABOR OBRAS LTDA. com aadministração pública municipal, podendo ser um dos fatores para que tais empresasestejam sendo privilegiadas com dispensas de licitações, prorrogações e aditivosmilionários. Assim, tanto as empresas como os gestores públicos e vereadores apropriam­se de valores oriundos do erário público para satisfazer interesses pessoais” (evento nº04 dos autos nº 5005326­85.2016.4.04.7002).

Ainda no curso das investigações originárias, foram interceptados diálogos queindicam que membros do Poder Legislativo Municipal se posicionam em relação a projetosde lei segundo interesse da organização criminosa descortinada no curso da cognominadaOPERAÇÃO PECÚLIO e não com base em suas convicções, por receberem, para tanto,vantagens indevidas.

No bojo do esquema de indicação de pessoas para ocupar cargos naAdministração Pública Municipal e empregos em empresas de terceirização de mão de obracontratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, como contraprestação peloapoio político e abstenção em fiscalizar as ações de parte dos agentes políticos e membros doPoder Executivo Municipal, são apontados como operadores SÉRGIO LEONELBELTRAME e NEURA SHSSLER.

Com a deflagração da primeira fase ostensiva da OPERAÇÃO PECÚLIO, vieramaos autos relatos prestados por acusados que, nos termos do art. 4º da Lei nº 12.850/13,optaram por colaborar com as investigações, os quais, compromissados e sob pena deresponderem pela prática do crime de falso testemunho e perderem todos os benefíciosdecorrentes dos acordos de colaboração que firmaram com o Ministério Público Federal,corroboraram as suspeitas obtidas no curso das investigações, no sentido de que membros doPoder Legislativo Municipal, reiteradamente, além da possibilidade de indicarem pessoaspara ocupar cargos na Administração Pública Municipal e empregos em empresas deterceirização de mão de obra contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR,recebem dinheiro de agentes políticos vinculados ao Poder Executivo Municipal. Senãovejamos:

“QUE, o colaborador informa que tomou conhecimento por “GIL”, “BUDEL” e outraspessoas que os valores repassados a RENI PEREIRA, sob a denominação “mensalinho”eram destinados aos vereadores de Foz do Iguaçu. QUE GIL teria comentado que ovalor do “mensalinho” era de R$ 10.000,00 para cada vereador. QUE GIL na épocaque pegava o dinheiro, comentava que o dinheiro ia para o prefeito e veradores. QUE aSR, QUEIROZ, SAMP, ITAVEL e COGUETO MARIA (VERMELHO), todas queprestavam serviços dentro da secretaria de obras tinham que dar dinheiro para osagentes públicos” (Fernando da Silva Bijari – evento nº 08 da representação criminal nº5007642­71.2016.4.04.7002).

“QUE em determinado momento da execução do primeiro contrato, Girnei passou asolicitar valores a serem pagos a pedido do “chefe”, que seria o Prefeito Reni Pereira.QUE seu sócio Fernando pode indicar os valores, datas e talvez destino dos pagamentosrealizados a Girnei. QUE no final do período do primeiro contrato, Evori Patzlaffsubstituiu Cristiano como secretário de obras e Girnei permaneceu como diretor depavimentação. QUE na gestão de Evori as solicitações continuaram ocorrendo por partede Girnei. QUE o segundo contrato tapa­buracos ainda está em execução. QUEportanto, os serviços passaram pela gestão de Evori/Girnei e, atualmente, Carlos JulianoBudel e Aires Silva, Secretário e Diretor respectivamente. QUE o colaborador não temconhecimento de solicitações de dinheiro por parte de Evori. QUE em relação aosegundo contrato tapa­buracos, Aires Silva é contumaz em solicitar dinheiro aFernando. QUE os serviços executados são realizados parcialmente ou o pagamento éfeito pelo Município por serviços não executados. QUE esse valor, que é pagoindevidamente pelo Município, é repassado a Aires. QUE segundo Fernando, Airesjustificava as solicitações dizendo que era para pagar uma espécie de “mensalinho” aos

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justificava as solicitações dizendo que era para pagar uma espécie de “mensalinho” aosvereadores de Foz do Iguaçu/PR. QUE a empresa Ativa não estava realizando osserviços de tapa­buracos em razão de já estar com diversas outras obras. QUE Aires,então, acertou o serviço de tapa­buracos com a Itavel Serviços Rodoviários, sendo que aAtiva somente faz a nota para pagamento, recebe o valor do Município e o repassa paraa Itavel. QUE sempre foi o FERNANDO BIJARI quem manejou o dinheiro e que ossaques eram feitos a partir da conta da empresa ATIVA” (Nilton João Beckers – eventonº 08 da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

“QUE salvo engano, no mês de fevereiro, Reni Pereira ligou para o colaborador e pediuque viesse a Foz do Iguaçu/PR, para “vistoriar as obras”. QUE ao se encontrar comReni Pereira, foi­lhe solicitado o valor de R$40.000,00 (quarenta mil reais), a pretextode ter que pagar o valor a vereadores de Foz do Iguaçu. QUE na sede da TerraplenagemSR, em São Miguel do Iguaçu, o colaborador providenciou o saque do valor acimamencionado e no dia seguinte voltou a Foz do Iguaçu, onde se encontrou com o PrefeitoReni Pereira em frente à sede da empresa Construtora Tarobá. QUE Reni estava em umareunião na Tarobá e, ao sair, entrou no carro do colaborador que lhe entregou umenvelope contendo R$ 40.000,00 e depois o deixou na Faculdade Unioeste. QUE salvoengano, naquele dia, ou no dia posterior, haveria sessão na Câmara de vereadores deFoz do Iguaçu/PR” (Nilton João Beckers – evento nº 08 da representação criminal nº5007642­71.2016.4.04.7002).

“QUE no dia 10/03/2016, o Secretário Municipal de Obras de Foz do Iguaçu, CarlosJuliano Budel e o Diretor de Pavimentação, Aires SIlva, solicitaram ao colaborador ovalor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). QUE Budel ligou para o colaborador pedindoque Fernando fosse urgentemente até o FOZTRANS para conversar. QUEposteriormente, recebeu ligação de Aires, que lhe solicitou o valor de R$ 30.000,00(trinta mil reais), com urgência. QUE o colaborador pediu a Rejani, empregada daTerraplenagem SR, que transferisse o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais) de suaconta pessoal (do colaborador) na Caixa Econômica Federal para a conta corrente daTerraplenagem SR na Cooperativa SICREDI, onde foi realizado o saque em espécie dovalor por Rejani. QUE Aires foi buscar pessoalmente o dinheiro, que foi entregue porRejani na sede da Terraplenagem SR. QUE Rejani não sabia qual a finalidade daentrega do dinheiro e Vilson Sperfeld não teve conhecimento do fato. QUE Fernandoconfirmou ao colaborador que conseguiu R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais) paraatender à solicitação de Budel e Aires. QUE, em uma visão geral, tais valores solicitadoscomo propina, segundo o próprio RENI, eram destinados ao pagamento de vereadores“mensalinho”. QUE BUDEL e AIRES disseram que estariam recolhendo iguais valoresde outras empresas” (Nilton João Beckers – evento nº 08 da representação criminal nº5007642­71.2016.4.04.7002).

“QUE em certa data, não se recordando da data com exatidão, em período da manhã, ocolaborador presenciou no corredor do FOZTRANS a presença do presidente daCâmara de vereadores de Foz do Iguaçu/PR, FERNANDO DUSO, se dirigindo aogabinete do superintende do FOZTRANS, CARLOS JULIANO BUDEL. QUE não sabequal assunto trataram em tal reunião. QUE em data recente, salvo engano no mês demarço deste ano, foi comunicado por telefone pelo encarregado da TERRAPLENAGEMSR LTDA., de alcunha “GRILO”, que por determinação do prefeito RENI PEREIRAdeveria ser realizado o asfaltamento de um trecho da Av. Felipe Wandscheer, bem emfrente à chácara do vereador EDÍLIO D’AGNOLL. QUE foram aplicadas três cargasde massa asfáltica para regularizar a pista, que equivale a aproximadamente 39toneladas. QUE na época a TERRAPLENAGEM SR LTDA estava realizando serviçosno novo shopping que fica na Avenida das Cataratas. QUE não verificou se de fato omaterial foi aplicado, porém “GRILO” confirmou ao colaborador que o serviço foirealizado. QUE o valor de mercado do material gira em torno de R$ 10.000,00 (dez milreais)” (Aires Silva – evento nº 08 da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

No âmbito do Poder Executivo Municipal, funcionaram MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREIA DE SOUZA e CARLOS JULIANO BUDEL comooperadores do “mensalinho”, os quais, inquiridos pela autoridade policial e pelo Ministério

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Público Federal, nos termos do art. 4º da Lei nº 12.850/13, delinearam a forma como sãorealizados os aportes de recursos ao caixa, quem são os responsáveis e os respectivosbeneficiários do esquema em comento.

Além do delineamento dos esquemas do “mensalinho” e de indicação de pessoaspara ocupar cargos na Administração Pública Municipal e empregos em empresas deterceirização de mão de obra contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR,ambos levados a cabo como contraprestação pelo apoio político e abstenção em fiscalizar asações de parte dos agentes políticos e membros do Poder Executivo Municipal, foramconstatadas no curso da continuidade da OPERAÇÃO PECÚLIO uma série de fatos, em tesedelituosos, envolvendo a gestão das Fundação Municipal de Saúde, Secretaria Municipal deSaúde, Secretaria de Obras, o Instituto de Trânsito de Foz do Iguaçu/PR – FOZTRANS,prática de corrupção para obtenção de recursos voltados para o financiamento ilegal decampanhas eleitorais, recebimento de propina por servidores para o fim de apoiarem asações da organização criminosa investigada, solicitação e exigência por parte deservidores e vereadores de vantagens indevidas de empresas contratadas pela PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR etc.

Com base nas declarações dos investigados que optaram em colaborar com asinvestigações, apontou o Ministério Público Federal na petição do evento nº 01 um breveresumo dos fatos que, a princípio, constituem o objeto inicial da presente investigação. Senãovejamos:

“1) Fraude à licitação ocorrida em 2014 em relação a aquisição de 6.000 (seis mil)sacos de asfalto frio, envolvendo ainda a solicitação de vantagem indevida pelosagentes públicos CRISTIANO FURE DE FRANÇA, MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREA SOUZA e DIEGO FERNANDO DE SOUZA e o pagamentocorrespondente pelo representante da empresa vencedora, chamado “ALEXANDRE”.Em continuidade, já em meados de 2015, foram adquiridos sem licitaçãoaproximadamente 300 (trezentos) sacos de massa asfáltica, pelo então secretário EVORIROBERTO PATZLAF do mesmo representante e que foram pagos com verba irregularoriunda de medição a maior do contrato de tapa­buracos. Inclusive tal valor consta dasanotações de FERNANDO BIJARI já apreendias pela Polícia Federal. O pagamento foirealizado em duas ocasiões, uma no valor de seis mil reais e outra em dez mil reais,realizados em julho/2015 e novembro ou dezembro/2015, respectivamente. Em outraoportunidade, tem­se que em virtude de “ALEXANDRE” não possuir o material para serentregue, este foi suprido por MICAEL SENSATO, da ENGEMIDAS CONSTRUÇÕESLTDA., na quantia equivalente a sete mil e duzentos reais, igualmente pagos através demedições a maior do contrato de tapa­buracos.

2) Contratação e execução de obra de pavimentação poliédrica em algumas ruas doJardim Tibagi, em Foz do Iguaçu/PR, entre meados de 2013 a 2014, pela empresaZANCHETTI, de propriedade de NEY ZANCHETTI, havendo solicitação de RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA para o pagamento da obra irregular.

3) Fraude na Concorrência Pública nº 31/2014 com a participação de PRISCILABEVERVANÇO MANTOVANI, lotada no FOZTRANS.

4) Participação da empresa ITAVEL SERVIÇOS RODOVIÁRIOS LTDA., depropriedade de INÁCIO COLOMBELLI, no esquema ilícito arquitetado na Prefeitura deFoz do Iguaçu, o qual incluía fraude à licitação e pagamento de propinas a RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA.

5) Participação da empresa SAMP CONSTRUTORA DE OBRAS LTDA., de propriedadede PAULO GORSKI e também representada por PAULO GORSKI JUNIOR(PAULINHO), no esquema criminoso com o pagamento de propina para RENI CLÓVISDE SOUZA PEREIRA.

6) Pagamento de vantagem indevida por PAULO CEZAR BARANCELLI DE ARAÚJO,

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6) Pagamento de vantagem indevida por PAULO CEZAR BARANCELLI DE ARAÚJO,proprietário da VISUAL PROJETOS, conforme o tipo de projeto realizado(arquitetônico, hidráulico, estrutural, etc.), variando de cinco mil reais a quinze milreais, quando do pagamento do contrato, demonstrando o seu envolvimento naorganização criminosa.

7) Participação de PATRÍCIA GOTTARDELLO FOSTER RUIZ, RENAN GUSTAVOBAEZ, LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, MAHMOUD AHMAD JOMAA(“JOMAA dentista”) e TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA do ilícito referente aParceria Pública Privada (PPP), além dos já denunciados na Ação Penal nº 5005325­03.2016.404.7002.

8) Solicitação e recebimento de vantagem indevida (mil reais mensais) por SALETETONELLO, que na qualidade de pregoeira e de chefe do setor de compras da FundaçãoMunicipal de Saúde de Foz do Iguaçu/PR de EUCLIDES DE MORAES BARROSJUNIOR, aproximadamente no período de dezembro de 2014 a dezembro de 2015, parabeneficiar as empresas deste.

9) Solicitação e recebimento de vantagem indevida por GILBER DA TRINDADERIBEIRO, antes de assumir o cargo de Secretário de Saúde, mas em razão dele, novalor de quarenta mil reais, oferecida por RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, paraque este aderisse aos atos criminosos praticados pela organização.

10) Solicitação e recebimento de vantagem indevida por GERALDO GENTIL BIESEK,na qualidade de Presidente da Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, novalor de R$ 30 mil, oferecida por RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, para que esteaderisse aos atos criminosos praticados pela organização.

11) Vínculo entre MARLI TEREZINHA TELLES com TÚLIO MARCELO DENIGBANDEIRA e o recebimento por esta do valor mensal de dois mil reais para a prática deatos ilícitos.

12) Financiamento da Organização Criminosa por TULIO MARCELO DENIGBANDEIRA, e sua ingerência na Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu/PR,bem como a condutas ilícitas envolvendo crimes relacionados à licitação esuperfaturamento na aquisição de ceras e anestésicos.

13) Participação de MAHMOUD AHMAD JOMAA, que atuava na área saúde,juntamente a TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, sendo que o primeirointermediava as empresas que prestariam serviços, entre as quais empresas delaboratório, lavanderia, refeição e portaria, especialmente através de contratos comAGUIAR REFEIÇÕES, ROSE LAVANDERIA e EMBRASIL. MAHMOUD AHMADJOMAA ainda era o responsável pela arrecadação da propina de AGUIARREFEIÇÕES e do LABORATÓRIO BIOCENTER, além do financiamento domensalinho, havendo suspeitas, inclusive, de que figura como sócio oculto de taisempresas.

14) A tentativa de alteração do software de gestão hospitalar do software TASY, daempresa PHILIPS, para o software da empresa MEDSOFT com o fim único de RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e JORGE YAMACOSCHI receberem propina.

15) Recebimento de vantagem indevida por ELÓI SENE, que na condição deCoordenador do Fundo Municipal de Saúde, solicitou tal benefício, pelo período dequatro meses, a EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, sendo que este pagoupor três vezes visando receber pelos contratos que possuía com a instituição.

16) Solicitação de vantagem indevida pela vereadora ANICE NAGIB GAZZAOUI paraaprovação pela Câmara dos Vereadores da contratação da SANEPAR na concessãopara prestação de serviços de água e esgoto pelo prazo de trinta anos.

17) Solicitação de RODRIGO BECKER de vantagem indevida de cinco mil reais mensais

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17) Solicitação de RODRIGO BECKER de vantagem indevida de cinco mil reais mensaisos quais foram pagos por dez meses por LUIZ CARLOS MEDEIROS, em razão deste terassumido o cargo anterior daquele na SANEPAR.

18) Averiguou­se que RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, juntamente a GIANCARLOTORRES e RICARDO CUMAN e com o auxílio de DIEGO FERNANDO DE SOUZA ede CRISTIANO FURE DE FRANÇA, solicitou e recebeu para si, na qualidade dePrefeito de Foz do Iguaçu, vantagem indevida consiste no pagamento de cento e oitentamil reais a duzentos mil reais mensais, bem como que a empresa VITAL ENGENHARIAAMBIENTAL S/A, a princípio na pessoa de RAFAEL e depois representada porROGÉRIO CALAZANS, ofereceu e pagou tal quantia para que houvessedirecionamento da licitação e que esta empresa fosse vencedora da concessão da coletade lixo.

19) Direcionamento da Concorrência Pública nº 17/2014 para a empresa TRADECOMUNICAÇÃO E MARKETING SS LTDA. e, em contrapartida, os serviços eramsuperfaturados retornando um percentual para que o Prefeito RENI CLÓVIS DESOUZA PEREIRA. Além disso, ADAILTON AVELINO (“Cantor”) era o principalintermediário entre tal empresa e o Prefeito em exercício na época, além deoperacionalizar o pagamento de vantagem indevida para RPC, rádios (nacionais e daArgentina e Paraguai), blogs, jornais impressos e outros meios de comunicação paradivulgarem atos positivos do governo, evitar críticas negativas ou, ainda, para denegrirde forma branda o governo municipal. Por outro lado, a empresa VISION ARTPRODUÇÕES, de propriedade de MAURO, auxiliava a empresa TRADECOMUNICAÇÃO E MARKETING SS LTDA. no superfaturamento e pagamento ilegalde funcionários.

Uma das pessoas que recebia o dinheiro desviado era RUBIA DE OLIVEIRA, esposa deLUCIANO ALVES (apresentador do programa Tribuna da Massa da TV Naipi),nomeada para exercer o cargo em comissão, Símbolo ASS­1, da Diretoria deComunicação Social, desde 26/06/2014 até a presente data.

Ainda, há indícios de que RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e RODRIGO BECKERseriam sócios ocultos da Radio Portal da Costa Oeste, desde 2013, sendo relevanteaveriguar eventuais transações bancárias entre os membros da organização criminosa eseus financiadores.

20) Solicitação e recebimento indevido por ODAIR JOSÉ SILVEIRA, SecretárioMunicipal de Saúde de 15/02/2013 a 22/04/2013, de R$ 10.000,00 (dez mil reais)mensais por RENI CLÓVIS DE SOUZA.

21) Direcionamento dos contratos emergenciais e da Concorrência Pública nº 001/2013para realização de exames laboratoriais de análises clínicas para a empresaBIOCENTER (João Michels Freire & CIA. LTDA.), por meio de acordo de RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA e EVANDROFREIRE, no qual este repassou ilegalmente a quantia de duzentos e cinquenta mil reaisa TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA após a assinatura do contrato. Na época,EVERTON FREIRE, irmão de EVANDRO FREIRE, era o diretor técnico da FundaçãoMunicipal de Saúde. Tal empresa financiava o esquema do “mensalinho”.

22) Superfaturamento por ANTONIO CARLOS NARDI, Presidente do CONASEMS(Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) nos serviços prestados noseventos do Conselho, tais como, segurança, buffet, transporte, hospedagem, etc.,retirando ilegalmente a quantia aproximada de R$ 30 mil por evento. Pode­se citarespecificamente, o XXX Congresso Estadual das Secretarias Municipais de Saúde doParaná, realizada no Hotel Bourbon Cataratas Convention & SPA Resort, ondeANTONIO CARLOS NARDI solicitou auxílio a CHARLLES BORTOLO, Secretário deSaúde à época, para trocar 3 ou 4 cheques do CONASEMS, que os trocou por dinheirocom MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, para assimapropriar­se de dinheiro público.

23) Pagamento de vantagem indevida à Organização Criminosa por parte da empresa

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23) Pagamento de vantagem indevida à Organização Criminosa por parte da empresaCOELHO'S TRANSPORTE EIRELI (atualmente EXPRESSO FOZ TRANSPORTEEIRELI) de propriedade de ISMAEL COELHO DA SILVA, no valor mensal de dez milreais, sendo que mil reais era destinado a JUAREZ DOS SANTOS e nove mil reais parao pagamento dos vereadores. Esta empresa tem por sócio oculto o servidor públicomunicipal RUI OMAR NOVICKI JUNIOR, pessoa esta que tratava pessoalmente comMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA o repasse ilícito dedinheiro.

24) Pagamento de vantagem indevida pelas empresas VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR,através de FABRÍCIO VIDAL, e LUCIA APARECIDA MARQUES & CIA LTDA.,através de ÉRICO DA ROSA MARQUES, em comunhão de esforços com FRANCISCONOROESTE MARTINS GUIMARÃES e RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, tendoestes frustrado o caráter competitivo da licitação, tendo em vista que esta foidirecionada. Além disso as empresas faziam repasses mensais para MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, auxiliando na manutenção do esquema do“mensalinho”.

25) Direcionamento na Concorrência Pública nº 017/2013 e do Processo de Dispensa nº002/2014 para fornecimento de merenda escolar para a rede municipal de ensino dasEscolas Municipais, Centros de Convivência Escola/Bairro e Centros Municipais deEducação Infantil, para a empresa INTERSEPT LTDA., através de acordo de RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, RICARDO CUMAN, GIANCARLO TORRES eMARCOS GOBBO (proprietário), no qual este pagou a título de propina a quantia de10% dos pagamentos mensais.

26) Apurou­se que no final de 2014 foi realizado contrato entre a Prefeitura de Foz doIguaçu com a empresa SANIC – SERVIÇOS DE SANEAMENTOS PROJETOSAMBIENTAIS E CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA, no qual ocorreu “retorno” do valorpago para pagar o “mensalinho”, que estava atrasado. A empreitada criminosa foiplanejada por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA,RODRIGO BECKER e CRISTIANO FURE DE FRANÇA, por ordem de RENI CLÓVISDE SOUZA PEREIRA que queria regularizar o repasse ilegal de verbas para osvereadores. Inclusive, RODRIGO BECKER presenciou e participou de uma negociaçãoda empresa SANIC, em sua sala na SANEPAR, onde CRISTIANO FURE DE FRANÇAentregou noventa mil reais para MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREASOUZA, o qual entregaria a DIEGO FERNANDO DE SOUZA para pagamento dosvereadores.

27) Constatou­se que vários condomínios horizontais pagavam propina para RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, juntamente a JOÃO MATKIEVICZ FILHO, Secretáriodo Meio Ambiente, “liberar” as licenças ambientais para construção destescondomínios. Entre estes condomínios destaca­se o Village Iguassu Golf Residence jáque no final de 2014, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e GUILHERME PAULUScombinaram o pagamento de propina no valor de quatrocentos mil reais, sendo quecento e oitenta mil reais foi repassado em espécie, contado e conferido porMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e JOÃO MATKIEVICZFILHO. Deste montante, sessenta mil reais foi destinado ao pagamento de GERALDOGENTIL BIESEK.

28) Verificou­se que com o dinheiro ilegal arrecadado por MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA SOUZA, ainda era pago o aluguel da UMAMFI – UniãoMunicipal Associação de Moradores de Foz do Iguaçu, da qual o policial civilADEMILTON JOAQUIM TELES era o presidente, no valor de mil e oitocentos reais.Posteriormente foi fraudada e direcionada a contratação de motoristas para asambulâncias do município para a empresa Águas da Fonte Transportadora Turística, depropriedade de ROSA MARCELA SOLENI SIEBRE, companheira de ADEMILTONJOAQUIM TELES, com auxílio de MELQUIZEDEQUE e MARLI TEREZINHATELLES. A propina era composta de cinco mil reais por mês, os quais eram destinadospara o caixa ilegal da organização criminosa operado por MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA SOUZA, desobrigando este do pagamento do aluguel daUMAMFI.29) Há indícios de que o Pregão Eletrônico nº 143/2013 foi direcionado para a empresa

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29) Há indícios de que o Pregão Eletrônico nº 143/2013 foi direcionado para a empresaPOWERNET TECONOLOGIAS LTDA. e, em contrapartida, os serviços eramsuperfaturados retornando uma porcentagem para o prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA e para a composição do “caixa” ilegal da organização criminosa. Para tanto,houve prévio conluio entre RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, NATANAEL DE ALMEIDA (pregoeiro) eADELIR DINIZ DA ROSA (um dos sócios da POWERNET TECNOLOGIAS LTDA.).No primeiro ano do contrato (2013/2014) foram repassados ilegalmente R$ 5 mil pagospor ADELIR DINIZ DA ROSA a DIEGO FERNANDO DE SOUZA. Com a renovaçãodo contrato, a propina passou para R$ 7 mil, pagos para MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA SOUZA. Da mesma forma, houve direcionamento naTomada de Preços nº 007/2013, inclusive fraude do caráter competitivo do procedimentolicitatório através do pagamento de R$ 2 mil para que outra empresa desistisse departicipar do certame.

30) Participação no item 6.5 da denúncia oferecida nos autos nº 5005325­03.2016.404.7002, de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA DESOUZA e EDUARDO VIGA, FABIANO (engenheiro de telecomunicações da empresaVIGA NETSTORE), VANDERLEI ALMAGRO, bem como EVERSON CADAVALMADRUGA (diretor de logística da Guarda Municipal). Constatou­se ainda queCLEUMAR PAULO FARIAS e MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREASOUZA viajaram juntos a Brasília para tratar da verba advinda da SENASP –Secretária Nacional de Segurança Pública/Ministério da Justiça.

31) Em meados de 2014, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA recebeu e ORLANDOARISTIDES, este representando a empresa ELECNOR DO BRASIL, ofereceu e pagou aquantia de quatrocentos mil reais para que a licitação para manutenção da iluminaçãopública de Foz do Iguaçu fosse direcionada para tal empresa. Deste montante, a quantiade duzentos mil reais foi repassada para DILTO VITORASSI, cem mil reais paraSÉRGIO PAULO DE OLIVEIRA e cem mil reais para CLAUDIA VANESSA DE SOUZAFONTOURA PEREIRA.

32) No ano de 2014, a SANEPAR repassou para a Fundação Cultural de Foz do Iguaçua quantia de duzentos e cinquenta mil reais para promover as festividades relacionadasà FARTAL. Conforme previamente acordado entre ADAILTON AVELINO (CANTOR) eSANDRO MAZALI (Assessor do Presidente da SANEPAR e responsável pelospatrocínios), a empresa PAULO ROBERTO PROMOÇÕES E EVENTOS seriacontratada para prestação de serviços relacionadas com os shows e estruturasrecebendo para tanto os duzentos e cinquenta mil reais e repassando ilegalmente cem milreais para SANDRO MAZALI. No entanto, SANDRO MAZALI não recebeu a quantiade PAULO ROBERTO PRODUÇÕES e, por consequência, passou a cobrar deRODRIGO BECKER e de ADAILTON AVELINO (CANTOR) a quantia combinada,sendo­lhe repassado dois veículos.

33) Há indícios de que o Pregão nº 006/2013, realizado pelo FOZTRANS – Instituto deTransportes e Trânsito de Foz do Iguaçu, foi direcionado para a empresa QUALITYFLUX AUTOMAÇÃO E SISTEMAS LTDA ME. e em contrapartida, esta empresapagaria propina para RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA. No início de 2016, RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA solicitou e foi prontamente atendido a quantia de centoe oitenta mil reais de tal empresa. O montante foi pago em duas parcelas por EDISONROBERTO BARDELLI (representante da empresa em Foz do Iguaçu/PR) e por ÉLCIOANTÔNIO BARDELI JUNIOR (proprietário) a CARLOS JULIANO BUDEL.

34) Em data anterior junho de 2015, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e FLÁVIOEISELE (gerente do Consórcio Sorriso) combinaram o pagamento de trezentos ecinquenta mil reais e, posteriormente, mais dez mil reais por mês para que houvesse aalteração de lei beneficiando a empresa, tais como, a isenção de passageiro somentecom idade superior a 65 anos, alteração da idade média e máxima da frota e a aberturado TTU. Foram pagas duas parcelas de cento e vinte e cinco mil reais em espécie porFLAVIO EISELE a CARLOS JULIANO BUDEL entre dezembro/2015 a janeiro/2016.Deste valor, cento e cinquenta mil reais foi destinado ao pagamento do “mensalinho” e o

restante entregue a RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA. Ainda, foram pagas seis

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restante entregue a RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA. Ainda, foram pagas seisparcelas de dez mil reais que deveriam pagar o mensalinho do vereador LUIZAUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA.

35) Importante ressaltar que a compra do apoio político da Câmara dos Vereadoresocorria especialmente de duas formas, quais sejam, a) exigência de nomeação depessoas indicadas pelos Vereadores para cargos em comissão na administração públicae em empresas terceirizadas que participavam do esquema delituoso; e b) pagamentomensal em espécie, além de “quotas” extras nas vésperas de votações de projetos de leicom maior relevância. Com o aprofundamento das investigações, constatou­se que todosos vereadores, a exceção de NILTON BOBATO, inclusive aqueles da oposição,indicavam cada de 2 a 7 cargos comissionados na Prefeitura de Foz do Iguaçu e de 7 a20 nas empresas terceirizadas. Inclusive, a servidora NEURA SCHSSLER era aresponsável por manter e atualizar uma planilha com nome, cargo, local de trabalho, enome do vereador correspondente.

36) Entre os meses de junho a julho de 2015, o dinheiro proveniente da Câmara dosVereadores foi utilizado para o pagamento da empresa QUEIROZEMPREENDIMENTOS, para a prestação de serviços de pavimentação asfáltica noCTG Charrua para realização da FARTAL/2015. MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREA SOUZA e NILTON JOÃO BECKERS ajustaram osuperfaturamento de trinta e cinco mil reais, pagos em duas oportunidades, no escritóriode NILTON JOÃO BECKERS, em São Miguel do Iguaçu/PR, nos valores de vinte ecinco mil reais e dez mil reais. Deste montante, dezessete mil e quinhentos reais foramrepassados para RICARDO ANDRADE e FERNANDO DUSO” (evento nº 01).

Se não bastassem os elementos de informação obtidos na primeira fase dasinvestigações da OPERAÇÃO PECÚLIO e das declarações dos investigados que optaram porcolaborar com a justiça, estão sendo carreados aos autos do inquérito policial nº 5013824­44.2014.4.04.7002 inúmeros documentos, relatórios de análise de material apreendido, laudosde exames periciais etc. que reforçam sobremaneira as suspeitas que recaem sobre as pessoasdos investigados, podendo ser citado, a título de exemplo, laudos que dão conta de que emobras de pavimentação o asfalto aplicado possui espessura muito inferior à necessária;documentos que comprovam vinculação de vereadores com empresas contratadas pelaPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR; mensagens enviadas e recebidas por e­mail epelo aplicativo WhatsApp que dão conta do relacionamento espúrio existente entre empresascontratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR e servidores públicosmunicipais; planilhas que dão conta de pagamentos indevidos efetuados a servidores públicos;documentos que corroboram a existência do esquema de loteamento de empregos em empresascontratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR em favor de membros do PoderLegislativo Municipal etc.

Paralelamente, foi autorizado nos autos da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002 o monitoramento de terminais telefônicos utilizados por membros eservidor do Poder Legislativo Municipal, por meio do qual foram interceptados diálogos quedão conta de que tais pessoas, em que pese se mostrarem extremamente cautelosas ao falar aotelefone, por presumirem que seus aparelhos estão “grampeados” e por temer serem alvos deuma nova fase da OPERAÇÃO PECÚLIO, persistem na prática, em tese, de inúmerosilícitos, sobremaneira, em razão das últimas eleições, para o fim de se manterem no exercíciode suas atividades públicas e, com isso, continuarem a perceber as benesses lícitas e ilícitas desuas funções.

Nesse sentido, faço referência a diálogos nos quais referidos investigados fazemclaras referências a não discutirem determinados assuntos por telefone, direcionando seusinterlocutores a conversar pessoalmente, por meio de outras linhas ou com uso de aplicativosde mensagens de texto, como, por exemplo, WhatsApp, bem como de conversas que dão contada prática, em tese, de crimes eleitorais, os quais, embora não sejam de competência da Justiça

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Federal, indicam que condutas ilícitas são lugar comum na vida dessas pessoas que quesomente a prisão preventiva constitui medida adequada para acautelamento da ordempública.

III ­ A gênese das ações ilícitas investigadas:

É de conhecimento notório que irregularidades envolvendo a administração doMunicípio de Foz do Iguaçu/PR, com a assunção de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA àchefia do Poder Executivo Municipal, passaram a ser reiteradamente objeto de comentáriosna imprensa local, sobremaneira em razão do caos estabelecido na prestação se serviços na áreada saúde pública.

Todavia, ao que apontam as investigações, a prática de irregularidades naadministração municipal não constitui fato restrito à administração daquele que foi apontadocomo líder da organização criminosa investigada no bojo da OPERAÇÃO PECÚLIO, mas algoque remonta a administrações anteriores, ao que parece, persiste na atual e, a julgar peloselementos obtidos no curso do monitoramento telefônico autorizado nos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002, se as autoridades competentes não tomarem as medidas fiscalizadorascabíveis, permanecerá na próxima, vez que muitos dos investigados permanecerão em seuscargos e que alguns, desde logo, engendram ações para assunção e para estar ao lado da futurachefia do Poder Executivo Municipal.

Analisando os elementos colacionados aos autos, observo a existência de indíciosde que no curso da administração de PAULO MAC DONALDS, ex­prefeito de Foz doIguaçu/PR, já estava estabelecido o esquema de indicação de pessoas para ocupar vagas deempregos em empresas contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, bemcomo de uma provável intenção dele em montar uma sociedade com empresa contratada pelamunicipalidade, como condição para manutenção da avença.

Nesse sentido, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA,inquirido em sede policial, afirmou “que as empresas LABOR e IGUASSU prestavam serviçodesde a gestão do ex­prefeito PAULO MAC’DONALD”, que “tais empresas eram utilizadaspara alocação de pessoas indicadas por vereadores”, bem como que “QUE então percebeu­se que o PAULO operava com a PRÓ SAUDE de uma forma maquiada, maquiando oscustos” (evento nº 01). RODRIGO BECKER, por sua vez, afirmou que “QUE as principaisfontes de financiamento do “mensalinho” eram nas áreas de obras, saúde e terceirizadas,sendo os principais financiadores as empresas SR, ATIVA, LABOR, IGUASSU, e escutoufalar que o vereador EDILIO recebia valores da VITAL (empresa que faz coleta de lixo)”(evento nº 01). MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA informouainda quando ouvido em sede policial “que no início do governo, posicionaram­se todas aspessoas, e surgiu o problema do rombo do governo PAULO; que RENI falava em umnúmero, ao passo que o PAULO falava que era outro; que o RENI queria de todo jeitotrocar o sistema GIIG (Gestão Integrada de Informações Governamentais), que havia sidocriado pela empresa LEXON; que o colaborador conheceu o proprietário da empresaLEXON, o LUIZ MÁRIO DEMIO; que PAULO propôs uma sociedade ao LUIZ MARIODEMIO para que mantivesse o contrato, mas o DEMIO não aceitou e não sabe como aempresa manteve o contrato com a prefeitura – gestão PAULO” (evento nº 6269 da açãopenal nº 5005325­03.2016.4.04.7002).

RODRIGO BECKER, por sua vez, afirmou “que dias antes da eleição, aIVONE BAROFALDI procurou o colaborador dizendo que o RENATO pediu R$ 40.000,00para ela e devolveria depois da campanha; que ela queria que o colaborador avalizasse oempréstimo, porém o mesmo não aceitou; que acredita que ela recebeu esse valor de

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maneira irregular de fornecedores da prefeitura, pois até meados de 2016 estava dandoproblema com esses 40 mil, que inclusive RENATO ligou para o colaborador pedindo aintervenção de RENI para solução desse problema, mas isso não ocorreu” (6269 da açãopenal nº 5005325­03.2016.4.04.7002). Por sua vez, CARLOS JULIANO BUDEL informouque “que logo no começo de 2013, em março, em razão de dificuldades políticas dearticulação com a Câmara dos Vereadores, houve uma reunião no gabinete entre ocolaborador, o RENI e a IVONE, sendo que foi convidado para assumir a secretaria degoverno, com o objetivo de assumir a articulação política, considerando o bomrelacionamento que o colaborador tinha com a Câmara dos Vereadores, aliada à boaexperiência por ter sido vereador e presidente da casa em três mandatos; que nesseprimeiro momento, o objetivo era sintonizar o executivo com o legislativo com o fim deaprovar projetos, não tendo nesse primeiro momento participado de nenhum acordofinanceiro; que nessa linha, os acordos foram no sentido de conceder cargos comissionados– CC’s – e cargos terceirizados a vereadores, tais como auxiliar de serviços gerais,merendeira, recepcionista de posto de saúde; que ressalta que todos os vereadores dapresente legislatura, à exceção de NILTON BOBATO, foram contemplados com cargoscomissionados e com tais cargos terceirizados, tendo tais contemplações atingido inclusivevereadores da oposição” (evento nº 01).

Ao que parece, IVONE BAROFALDI estava presente na oportunidade em queCARLOS JULIANO BUDEL passou a ser responsável pela articulação política do governoRENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, cujo instrumento adotado para captura do apoio dosmembros do Poder Executivo Municipal foi a possibilidade de eles indicarem pessoas paraocuparem cargos na Administração Pública e em empresas contratadas pela PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, esquema que foi percussor do cognominado “mensalinho”, oqual foi aceito por todos os atuais vereadores, com exceção de NILTON BOBATO, sendoque, conforme informou MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA noevento nº 01, muitos dos responsáveis pelas indicações tomavam para si, ao menos em parte, osvencimentos devidos às pessoas por eles indicadas.

No diálogo indexado sob o nº 76556156, RENI PEREIRA e SÉRGIO LEONELBELTRAME, ao tratar do remanejamento de uma pessoa indicada por DILTO VITORASSI,fazem referência a pessoa de IVONE, a qual “quer tirar o diretor lá da casa do, que trabalhano SINE lá, diretor que trabalha no desenvolvimento sócio­econômico, que é indicado peloVITORASSI, O JEFERSON ela quer colocar o RAFAEL. E colocar o JEFERSON diretor depatrimônio, que tá vago” e que “não quer que aprove agora o projeto do, da auxiliar deatendente de creche e nem dos professores”, havendo possibilidade de que se trate de IVONEBAROFALDI, vice­prefeita do Município de Foz do Iguaçu/PR

“BELTRAME: Tá, outra coisa, pera aí que tem mais... oh... ah... IVONE me chamou,ela quer tirar o diretor lá da casa do, que trabalha no SINE lá, diretor que trabalha nodesenvolvimento sócio­econômico, que é indicado pelo VITORASSI, O JEFERSON elaquer colocar o RAFAEL. E colocar o JEFERSON diretor de patrimônio, que tá vago.RENI: Hum... BELTRAME: (inaudível) providenciasse isso. RENI: Mas vai arrumarbriga com o VITORASSI? BELTRAME: É, eu vou ligar pro VITORASSI, tentar dar umacontornada, mas eu acho que ele não vai aceitar né, porque lá é um cargo politicamenteinteressante, né ... RENI: Huhum. BELTRAME: Outra coisa, ela não quer que aproveagora o projeto do, da auxiliar de atendente de creche e nem dos professores”.

Com efeito, não é crível que a chefia interina do Poder Executivo Municipaltenha levado termo o esquema de loteamento de cargos públicos e empregos em empresas queprestam serviços para a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, vez que o supracitadodiálogo indica que ela própria tem sua cota de indicações, uma vez que, como acima referido, há

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indicativo de que ela participou das tratativas que culminaram a implementação do esquema, porCARLOS JULIANO BUDEL, no curso da administração de RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA.

Outro ponto que convém observar é que, apesar de RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA ter sido afastado do cargo de Prefeito do Município de Foz do Iguaçu/PR, muitaspessoas vinculadas a ele permanecem exercendo funções na administração municipal, como é ocaso de PATRICIA GOTTARDELLO FOSTER RUIZ, recém exonerada SecretáriaMunicipal de Saúde, apontada como partícipe das supostas fraudes levadas a cabo quando datentativa de implantação de uma Parceria Público Privada – PPP na área da saúde.

Além de a prática de irregularidades não ser, em tese, fato exclusivo daadministração de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, foram angariados indícios de queagentes públicos, independentemente dos esquemas engendrados no bojo da organizaçãocriminosa investigada, promovem medidas no sentido de achacar empresas contratadas pelaPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR.

Nesse sentido, há indícios nos autos de que, dentre outras condutas, SALETETONELO e ELÓI SENE, respectivamente, Pregoeira da Fundação Municipal de Saúde eCoordenador do Fundo Municipal de Saúde, recebiam vantagens indevidas de EUCLIDESDE MORAES BARROS JUNIOR; que ANICE NAGIB GAZZAOUI recebe vantagensindevidas de LUIZ ANTÔNIO PEREIRA (LABOR e IGUAÇU); que PAULO RICARDO DAROCHA exigiu da empresa INTERSEPT a contratação da pessoa identificada comoFERNANDA; que EDÍLIO DALL’AGNOL recebe propina da VITAL ENGENHARIAAMBIENTAL; que EDÍLIO DALL’AGNOL solicitou da empresa TERRAPLANAGEM SRque fosse providenciada continuação do asfalto da Avenida Felipe Wandscheer até a entrada deseu sítio, o que foi feito mediante diminuição da camada de asfalto daquela avenida; que LUIZAUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA exigiu de NILTON JOÃO BECKER o pagamento deR$ 10.000,00 (dez mil reais), sob pena de submeter obra realizada pela TERRAPLANAGEMSR a fiscalização etc.

Em suma, parte dos investigados, independentemente de qualquerintervenção do chefe ou de membros do primeiro escalão do Poder Executivo Municipal,pratica condutas, em tese, ilícitas, vez que, “por autoridade própria”, buscam meios de selocupletar às custas de empresas contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR, as quais, a fim de manter referidas contratações ou para permanecerem impunes emrelação às irregularidades que praticam, acabam por se submeter às exigências que lhe sãoimpostas por aquelas pessoas.

Implementado o monitoramento telefônico de parte dos membros e de servidordo Poder Legislativo Municipal, foi constatado que eles estão muito cuidadosos ao falar aotelefone, certamente por pressuporem que seus terminais estão “grampeados” pelas autoridadese presumindo que a qualquer momento podem ser alvos de uma nova etapa da OPERAÇÃOPECÚLIO.

Com efeito, conforme se observa dos relatórios dos eventos nº 44 e 62 dos autosda representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002, não foram angariados no curso domonitoramento telefônico informações relacionadas aos esquemas do “mensalinho” eindicação de pessoas para ocupar cargos na Administração Pública Municipal e empregosem empresas de terceirização de mão de obra contratadas pela Prefeitura Municipal de Fozdo Iguaçu/PR, o que, aliás, era esperado, em razão das recentes medidas coercitivasengendradas pela autoridade policial, nas quatro fases da cognominada OPERAÇÃOPECÚLIO.

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A propósito do temor evidenciado nos diálogos interceptados no curso domonitoramento telefônico, observo que os meios locais de comunicação, mormente blogs quetratam de assuntos relacionados à política regional, constantemente fazem referências acerca daprovável deflagração de uma nova fase da OPERAÇÃO PECÚLIO, voltada para obstar as açõesdos possíveis envolvidos nos esquemas investigados, cuja existência foi revelada nasinvestigações levadas a cabo na referida investigação e corroborada pelas declarações prestadaspelos investigados que, ex vi da Lei nº 12.850/13, optaram por colaborar com a justiça.

Em que pese não ter o monitoramento telefônico se mostrado de grande valiaquanto aos esquemas do “mensalinho” e de loteamento de cargos e empregos, é fato quecondutas aparentemente ilícitas estão sendo levadas a cabo pelos investigados, afinal, sefossem lícitos os assuntos tratados, não haveria porque os investigados convocarem seusinterlocutores a conversar pessoalmente, por meio de outros terminais, com uso de aplicativosde mensagens de texto e tampouco porque adverti­los de que certas coisas não se fala portelefone.

Nesse sentido, a título de exemplo, observo que BENI RODRIGUES PINTO,no diálogo indexado sob o nº 84015739, ao se confrontar com o pedido formulado por umamulher não identificada – MNI de fornecimento de uma cesta básica, diz para ela: “não fazfalar isso por telefone, minha amiga. Depois eu te ligo aí, tá? Tchau”. No diálogo indexadosob o nº 84099030, BENI RODRIGUES PINTO conversa com EMERSON o qual lhe pede:“..esse...manda um "whats" pra mim lá”. Em seguida, BENI RODRIGUES PINTO diz: “Euvou mandar do outro lá, porque esse daqui eu não posso usar. Beleza?”. Além do provávelfornecimento de uma certa básica para MNI, quiçá como contraprestação por seu voto nasúltimas eleições, os diálogos indexados sob os nº 84096391, 84096408, 84096396 e84099920 indicam, como salientado no relatório do evento nº 44 dos autos da representaçãocriminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002, que esse “vereador se utiliza de sua influênciapolítica para resolver “problemas” de seus amigos”. No mesmo sentido, o diálogo indexadosob o nº 84099199, no qual BENI RODRIGUES PINTO diz para homem não identificado –HNI que “na vital avisa falei com Rafael diretor geral me garantiu que em outubro seu filhovai ser chamado blz”. DARCI SIQUEIRA faz uso de sua influência para agilizar a liberação dealvarás pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, o que leva a crer que persiste naprática de condutas, em tese, criminosas.

PAULO RICARDO DA ROCHA, foi constatado, está extremamente cuidadosoao falar ao telefone, dizendo a seus interlocutores que determinados assuntos devem sertratados pessoalmente ou por meio de outro terminal telefônico de que faz uso, conformesugerem os diálogos indexados sob os nº 84014692, 84017712, 84017896, 84018924 etc.“Apesar de todos os cuidados, a interceptação revelou indícios de que PAULO estariafornecendo gasolina para algumas pessoas vinculadas à sua campanha eleitoral pois sãofrequentes os contatos de interlocutores nesse sentido” (diálogos indexados sob os nº84014257, 84038288, 84042740, 84047875 etc.). Além disso, foi interceptado curiosodiálogo onde a pessoa identificada como PETER cobra algo de PAULO RICARDO DAROCHA e sugere que ele venda uma de suas assessorias, “que nem outra vez”, fato que levaele a desligar o telefone abruptamente, certamente por temer que o assunto chegue aoconhecimento das autoridades (diálogo indexado sob o nº 84005232).

Suspeitaram os responsáveis pela investigação que HERMÓGENES DEOLIVEIRA esteja fazendo uso de terminal telefônico paraguaio, “pois a maioria de suasinterlocuções diz para conversar pessoalmente e evita falar assuntos que possamcomprometê­lo”, conforme se observa do diálogo indexado sob o nº 84193778. Além disso, norelatório do evento nº 44 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002 foi consignado que

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HERMÓGENES DE OLIVEIRA “conta com a ajuda, dentre outros, de uma mulherconhecida por ALTAIR a quem entregou um telefone funcional da Câmara Municipal, qualseja, (45) 9922­2671 para ela utilizar na ajuda em campanha como um braço operacional”.

O diálogo indexado sob o nº 84121679 dá conta de que HERMÓGENES DEOLIVEIRA estava engajado na campanha de FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO,haja vista que se este fosse reeleito, trabalharia em seu gabinete e, assim, ia continuar a “ganharpara viver normal”.

Todavia, como FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO não foi reeleito,passou HERMÓGENES DE OLIVEIRA a depositar suas esperanças de manter suas atividadesjunto à Câmara Municipal de Foz do Iguaçu/PR em LUIZ QUEIROGA, fazendo aliançaspolíticas a fim de que este seja eleito Chefe do Poder Legislativo Municipal e,consequentemente, alçado a se tornar prefeito interino do município, em razão da situação subjudice do candidato PAULO MAC DONALD, eleito para o cargo, mas, a princípio, impedidode assumi­lo, conforme se depreende do diálogo indexado sob o nº 84936397. Pelo mesmomotivo, EDÍLIO JOÃO DALL´AGNOL, por sua vez, está engendrando negociações para seralçado à presidência da Câmara dos Vereadores de Foz do Iguaçu/PR.

Vê­se, pois, que além de, ao menos parte dos investigados, ter praticado, em tese,infrações eleitorais para o fim de se manterem nos cargos que ocupam no Poder LegislativoMunicipal, o que, por si só, evidencia que as recentes ações engendradas pelas autoridadesnão foram suficientes para afastá­los da prática, em tese, ilícita, já estão eles a engendrartratativas no sentido de, de uma forma ou de outra, se manterem no poder ou junto dequem o deterá no futuro, o que traz à incidência a possibilidade de que venham manter asações da organização criminosa investigada.

Por fim, há que se observar que no relatório de análise do material apreendidos nasede da INTESERPT, uma das empresas supostamente utilizadas no esquema de indicação devagas de empregos, foram apreendidos diversos currículos, nos quais constam anotações dequem são os agentes públicos responsáveis pela indicação do candidato a trabalho, constando,em um deles, a seguinte frase: “foi por indicado Elizeu Liberato” (evento nº 05). ELIZEULIBERATO foi eleito vereador nas últimas eleições, e, ao que parece, antes disso, já possuía aprerrogativa de indicar pessoas para ocuparem vagas nas empresas de serviços terceirizar os queprestam serviços para a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR.

Com efeito, não constitui o afastamento de RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA do cargo de Prefeito do Município de Foz do Iguaçu/PR e o término da atuallegislatura argumentos válidos para se questionar a atualidade das medidas pleiteadas peloMinistério Público Federal. Como demonstrado, as práticas noticiadas nos autos não estãocingidas à atual ou à anterior administração e tampouco estão necessariamente vinculadas a esteou àquele chefe do Poder Executivo Municipal, embora haja indicativos da prática deirregularidades na gestão de ambos, na última incluída a ora exercida interinamente.

IV ­ Medidas postuladas pelo Ministério Público Federal:

O Ministério Público Federal, como dito alhures, requereu sejam decretadasprisões temporárias e preventivas, autorizadas buscas e conduções coercitivas e afastadossigilos bancários e telefônicos dos investigados.

Os fatos descortinados no bojo da OPERAÇÃO PECÚLIO dão conta de que onível de corrupção dentro da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR e da Câmara dosVereadores de Foz do Iguaçu/PR é estarrecedor, dada magnitude do esquema instalado no

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âmbito da municipalidade, voltado tanto para apropriação de verbas públicas, quando paramanutenção do poder político.

Os prejuízos causados pelas condutas noticiadas são graves. Enquanto agentespolíticos, empresários e servidores públicos usufruem dos recursos desviados dos cofrespúblicos, a população permanece sujeita às péssimas condições do sistema público de saúde deFoz do Iguaçu/PR, sem contar as irregularidades técnicas apontadas pela Controladoria­Geralda União – CGU e comprovadas por meio de exames periciais pelo Departamento de PolíciaFederal nas obras levadas a cabo pelas empreiteiras envolvidas na organização criminosa e aatual condição do sistema viário desta cidade, fatos noticiados de forma reiterada na imprensalocal.

Se não bastasse isso, os esquemas que se pretende desarticular com aOPERAÇÃO PECÚLIO constituem severa afronta à democracia e ao sistemarepublicano, seja porque empresas hoje beneficiadas com as irregularidades foramresponsáveis pelo financiamento de campanhas eleitorais de agentes políticos, seja porqueestes, hoje, se valem de seus cargos para conseguir empregos para seus cabos eleitorais emempresas contratadas pela municipalidade, seja porque parte dos recursos desviados sãoutilizados para pagamento de vereadores, a fim de que não se posicionem de forma contrária aosinteresses do Poder Executivo Municipal, independentemente de qual seja o interessepúblico envolvido e as necessidades da população. Cite­se, como exemplo, as noticiadascompras de votos para aprovação do projeto de lei relacionado à Pareceria Público Provada –PPP que se pretendia instalar no âmbito da saúde pública municipal e para “abafar” a CPI doCaixa 2 da Secretaria Municipal de Tecnologia da Informação.

Enfim, não se tratam, pois, os supostos esquemas criminosos de meros crimes decorrupção ou de desvio de verbas, mas sim de algo comparável, mutatis mutandis, ao que restoue está sendo apurado no âmbito da chamada OPERAÇÃO LAVA­JATO, daí porque a respostaestatal, ainda que em sede cautelar, deve ser compatível com a dimensão dos supostosilícitos perpetrados.

O sentimento de vulneração e violação individual, associado ao risco pessoal devir a ser vítima de crime contra a pessoa norteou o entendimento doutrinário e jurisprudencialquanto ao cabimento da prisão preventiva. A escalada da violência e da criminalidade organizadadeu ensejo ao terrível sentimento geral de insegurança; latrocínio, homicídios, roubos,estupros, tráfico de drogas, são exemplos de fatos que crimes orientaram a formação dopensamento sobre prisão preventiva e medidas cautelares, em sede do direito penal.

Ocorre que, a exemplo do que ocorre no âmbito da OPERAÇÃO LAVA­JATO, asingularidade do presente caso está a exigir que se estabeleça um novo standard quanto àaplicação do instituto da prisão preventiva e das demais medidas cautelares, haja vista que nadado que foi dito ou escrito sobre estas medidas foi pensado a partir de fatos como os que sãoobjeto de apuração. A originalidade e dimensão do caso impõem que todos os operadores dodireito ­ e de um modo especial os julgadores ­ passem para uma compreensão singular, semolvidar dos direitos fundamentais.

Por evidente que não há indícios nos autos de que os investigados, de formadireta, colocarão em risco a segurança individual de quem quer que seja. Porém, os delitoscontra a Administração Pública trazem reflexos mais amplos e atingem toda coletividade. Osefeitos dos crimes investigados são de tal monta que ainda não é possível dimensionar o alcanceda corrupção que envolve empresários, agentes públicos e servidores que se serviram do erário

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em benefício próprio. Todavia, seus reflexos são sentidos a cada notícia sob o iminentefechamento do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu/PR ou de pessoas que não conseguematendimento nas unidades municipais de saúde.

O respeito ao Estado de Direito demanda medida severa, e, havendo fundada razãodiante das circunstâncias concretas, mostra­se inevitável a adoção de medidas amargas quecessem a cadeia delitiva e sirvam de referência aos que tratam com desprezo às instituiçõespúblicas, sempre acreditando na impunidade.

As medidas propugnadas pelo Ministério Público Federal, não constituemantecipação de pena e não são incompatíveis com um processo penal orientado pela presunçãode inocência. O devido processo legal, registre­se, não afasta o deferimento de medidasrestritivas de direitos ou de liberdade "como garantia da ordem pública, da ordem econômica,por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal,quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria" (art. 312 doCódigo de Processo Penal), “quando imprescindível para as investigações do inquéritopolicial” (art. 1º da Lei nº 7.960/89), “(...) quando fundadas razões a autorizarem, para:(...) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu (...) colherqualquer elemento de convicção” (art. 240 do Código de Processo Penal) e “(...) quandonecessária para apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em qualquer fase do inquéritoou do processo judicial (...)” (art. 1º, §4º, da Lei Complementar nº 105/01).

Assim como no MENSALÃO e na OPERAÇÃO LAVA­JATO, o caso dos autosnão pode ser analisado com olhos comuns e com o foco apenas em parâmetros interpretativosregulares e aplicáveis a qualquer processo. Na Ação Penal nº 470, o próprio SupremoTribunal Federal releu sua tradicional jurisprudência a fim de adaptá­la à excepcionalidade dosfatos.

O mesmo caminho deverá ser seguido neste caso. Do Direito Penal, como deresto das ciências jurídicas, exige­se que se adapte aos tempos, aos fatos e à sociedade. Jáensinava Heleno Cláudio Fragoso que a função básica do Direito Penal é a defesa social e queos interesses que o direito tutela correspondem sempre às exigências da cultura de determinadaépoca e de determinado povo (Lições de direito penal, 11 ed., Forense: Rio de Janeiro, 1987, p.2).

Nesse diapasão, foram as decisões proferidas pela Sétima Turma do TribunalRegional Federal da 4ª Região nos habeas corpus impetrados em favor dos codenunciadospresos nas primeiras fases da OPERAÇÃO PECÚLIO. Senão vejamos:

EMENTA: HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. FRAUDES EM LICITAÇÕES.OPERAÇÃO PECÚLIO. PRISÃO PREVENTIVA. PRESSUPOSTOS E REQUISITOS.GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. 1.Hipótese em que prisão preventiva do paciente foi decretada para garantia da ordempública e por conveniência da instrução criminal, no âmbito de operação policial naqual se investiga associação criminosa cujo objetivo seria fraudar licitações em âmbitomunicipal. 2. Os elementos apontados na investigação são suficientes a demonstrar aexistência do esquema delituoso relatado pela autoridade policial e os indícios de autoriaem relação ao paciente, havendo evidências concretas da materialidade delitiva e doesquema criminoso desenvolvido em grau suficiente para a decretação da prisão. Aanálise do extenso acervo probatório colhido na investigação, tais como interceptaçõestelefônicas, depoimentos e prova documental, demanda exame aprofundado de provasque não é cabível na via eleita. 3. Prisão preventiva que se faz necessária para garantiada ordem pública, considerando­se, especialmente as evidências concretas de que opaciente vinha praticando ilícitos reiteradamente, bem como que é apontado como umdos principais envolvidos no esquema criminoso investigado, agindo de dentro daprefeitura para atingir os objetivos da organização criminosa. Assim, a necessidade daprisão cautelar para garantia da ordem pública subsiste em relação ao paciente, haja

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prisão cautelar para garantia da ordem pública subsiste em relação ao paciente, hajavista que se mostra essencial para a desestruturação do esquema criminoso e para evitara reiteração delitiva. 4. Mantém­se a medida também para garantia da instruçãocriminal, tendo em vista indícios de atuação no sentido de ocultar e adulterardocumentos relevantes para as investigações dos fatos relacionados à área da saúde.(TRF4, HC 5031761­53.2016.404.0000, SÉTIMA TURMA, Relator MÁRCIO ANTÔNIOROCHA, juntado aos autos em 02/09/2016)

EMENTA: HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. FRAUDES EM LICITAÇÕES.OPERAÇÃO PECÚLIO. PRISÃO PREVENTIVA. PRESSUPOSTOS E REQUISITOS.GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. 1. Hipótese em que prisão preventiva do paciente foidecretada para garantia da ordem pública e por conveniência da instrução criminal, noâmbito de operação policial na qual se investiga associação criminosa cujo objetivoseria fraudar licitações em âmbito municipal. 2. Os elementos apontados na investigaçãosão suficientes a demonstrar a existência do esquema delituoso relatado pela autoridadepolicial e os indícios de autoria em relação ao paciente, havendo evidências concretas damaterialidade delitiva e do esquema criminoso desenvolvido em grau suficiente para adecretação da prisão. A análise do extenso acervo probatório colhido na investigação,tais como interceptações telefônicas, depoimentos e prova documental, demanda exameaprofundado de provas que não é cabível na via eleita. 3. Prisão preventiva que se faznecessária para garantia da ordem pública, considerando­se, especialmente asevidências concretas de que o paciente vinha praticando ilícitos reiteradamente, mesmoapós ser exonerado do cargo de Secretário de Obras do município, quando teriacontinuado participando da organização criminosa. Assim, a necessidade da prisãocautelar para garantia da ordem pública subsiste em relação ao paciente, haja vista quese mostra essencial para a desestruturação do esquema criminoso e para evitar areiteração delitiva. (TRF4, HC 5029619­76.2016.404.0000, SÉTIMA TURMA, RelatorMÁRCIO ANTÔNIO ROCHA, juntado aos autos em 12/08/2016)

Dispõe o art. 282 do Código de Processo Penal que as medidas cautelaresprevistas no Título IX do Código de Processo Penal, dentre as quais se encontra a prisãopreventiva, aplicável, de forma subsidiária à prisão temporária, serão aplicadas observando­se a“necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e,nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais”, bem como a“adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais doindiciado ou acusado”.

Com observância à supracitada disposição, que, aliás, está em perfeita sintoniacom o princípio constitucional da proporcionalidade, serão avaliadas as medidas propugnadaspelo Ministério Público Federal, reservando­se a prisão preventiva para as hipóteses emque estiver caracterizado maior intensidade de envolvimento nas práticas noticiadas,adotando­se como parâmetros o aspecto temporal de inserção nas atividades no grupocriminoso, a quantificação fática, a influência exercida sobre os demais investigados e ograu de importância para a consumação dos ilícitos investigados. A prisão temporária, incasu, mostra­se imprescindível, nos termos do artigo 1º, inciso I, da Lei nº 7.960/89, com oobjetivo de assegurar a colheita de provas, afastando os riscos de ocultação e destruição deelementos de informações úteis à investigação, haja vista que dificultará concertaçãofraudulenta de versões para os fatos, garantindo que os investigados sejam ouvidos pelaautoridade policial separadamente, sem influências indevidas uns dos outros, como, aliás, prevêo art. 191 do Código de Processo Penal. Com a prisão temporária, não haverá oportunidadepara que se proceda à ocultação de vestígios dos crimes investigados e até mesmo seráevitada a fuga antes de sua formal vinculação ao juízo. A condução coercitiva, por sua vez,constitui medida subsidiária à prisão temporária, reservada para aquelas hipótesesonde, apesar de existir necessidade da medida para os fins e nas hipóteses estipulados noart. 1º da Lei nº 7.960/89, revelar­se a prisão temporária demasiadamente drástica emrelação ao grau de envolvimento do investigado nos fatos sob apuração, tudo emconformidade com os parâmetros estabelecidos no art. 282 do Código de Processo Penal.

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Com base nessas premissas, será decretada a prisão preventiva dos investigadosADEMILTON JOAQUIM TELLES, ANICE NAGIB GAZZAOUI, DARCI SIQUEIRA,DIEGO FERNANDO DE SOUZA, EDÍLIO DALL'AGNOL, FERNANDO DUSO, GILBERDA TRINDADE RIBEIRO, HERMÓGENES DE OLIVEIRA, JUAREZ DA SILVA SANTOS,LUIZ ANTÔNIO PEREIRA, LUIZ AUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA, LUIZ CARLOSALVES, MAHMOUD AHMAD JOMAA, MARINO GARCIA, PAULO CESAR QUEIROZ,PAULO RICARDO DA ROCHA, PATRÍCIA GOTTARDELO FOSTER RUIZ, RICARDOANDRADE, RUDINEI DE MOURA e TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA, em razãodo intenso envolvimento deles na suposta organização criminosa investigada no bojo daOPERAÇÃO PECÚLIO, visando tanto a desarticulação do grupo, quanto fazer cessar aspráticas delituosas; a prisão temporária de BENI RODRIGUES PINTO, FRANCISCONOROESTE MARTINS GUIMARÃES, GERALDO GENTIL BIESEK, INÁCIOCOLOMBELLI, JOÃO MATKIEVICZ FILHO, JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA,PAULO GORSKI JUNIOR e PAULO GORSKI, em razão do relativo envolvimento delesna suposta organização criminosa investigada no bojo da OPERAÇÃO PECÚLIO, com oobjetivo de assegurar a colheita de provas, afastando os riscos de ocultação e destruição deelementos de informações úteis à investigação e evitar fuga antes de sua formal vinculaçãoao juízo; e, a condução coercitiva de ADAILTON AVELINO, ADELIR DINIZ DA ROSA,ALEXANDRE, ANTONIO CARLOS NARDI, DILTO VITORASSI, EDISON ROBERTOBARDELLI, EDUARDO VIGA, ELCIO ANTONIO BARDELI JUNIOR, ELOI SENE,ÉRICO DA ROSA MARQUES, EVANDRO FREIRE, EVERSON CADAVAL MADRUGA,FABRICIO VIDAL, FLAVIO EISELE, FAISAL AHMAD JOMAA, GESSANI DA SILVA,GIANCARLO TORRES, ISMAEL COELHO DA SILVA, JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR,KETLIN, LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, MARCOS GOBBO, MARIALETÍZIA JIMENEZ ABBATE FIALA, MAURÍCIO IOPP, MICAEL SENSATO, NEURASCHSSLER, NEY ZANCHETTI, ODAIR JOSÉ SILVEIRA, PATRÍCIA GOTTARDELLOFOSTER RUIZ, RAMON JOÃO CORREA, RENAN AUGUSTO BAEZ, RICARDOCUMAN, ROGÉRIO CALAZANS, ROSANGELA SCHUSTER, ROSE LOCKS,ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS, RUBIA DE OLIVEIRA, RUI OMAR NOVICKIJUNIOR, SALETE TONELO, SANDRO MAZALI, SÉRGIO PAULO DE OLIVEIRA eVANDERLEI ALMAGRO, pois, embora presentes os motivos que autorizam a prisãotemporária, tal medida, em relação a alguns, se mostra demasiadamente severa em relação aograu do suposto envolvimento deles nos fatos sob apuração, e, em relação a outros,especialmente àqueles cuja prisão preventiva foi indeferida pelo juízo, em razão da ausência depedido pelo Ministério Público Federal ou de representação da autoridade policial, nosentido de que seja decretada a custódia temporária.

Além das prisões temporárias e preventiva e da condução coercitiva dosinvestigados, será decretada a quebra do sigilo bancário de alguns deles e de pessoas jurídicase eles vinculadas, porquanto se tratar de medida adequada, pois, através dela ­ e de outrasdiligências que serão concomitantemente levadas a cabo ­, poderá ser verificada a percepção devalores por parte de tais pessoas, que podem constituir eventuais vantagens indevidas obtidas emrazão da prática do crime de corrupção. Sob a perspectiva da proporcionalidade, há que seobservar que a intimidade individual deve ceder lugar ao interesse social em ver apuradas asgraves infrações praticadas em detrimento do erário, as quais, dentre outras, constituem, emtese, os crimes dos art. 317 e 333 do Código Penal, praticados no bojo de uma organizaçãocriminosa, na forma definida no art. 1º, §1º, da Lei nº 12.850/13. Adequada e necessária,outrossim, é a decretação da quebra do sigilo telefônico de ADAILTON AVELINO eFRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES, medida que tem por objetivo verificara dinâmica dos contatos telefônicos mantidos entre eles e os demais investigados, sendo que,sob a perspectiva da proporcionalidade, como já delineado, há que se observar que a intimidadeindividual deve ceder lugar ao interesse social em ver apuradas as graves infrações praticadasem detrimento do erário.

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Dispõe o inciso XI do art. 5º da Constituição Federal que “a casa é asiloinviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,por determinação judicial”. O art. 240, §1º, do Código de Processo Penal, alinhado com opreceito constitucional, estipula que “proceder­se­á à busca domiciliar, quando fundadasrazões a autorizarem, para: a) prender criminosos; b) apreender coisas achadas ou obtidaspor meios criminosos; c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação eobjetos falsificados ou contrafeitos; d) apreender armas e munições, instrumentosutilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso; e) descobrir objetosnecessários à prova de infração ou à defesa do réu; f) apreender cartas, abertas ou não,destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento doseu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; g) apreender pessoas vítimas de crimes;h) colher qualquer elemento de convicção".

Vê­se, diante dos fundados indícios angariados por meio da OPERAÇÃOPECÚLIO, que serão adiante pormenorizados em relação a cada um dos investigados, que opedido de autorização de busca e apreensão formulado pelo Ministério Público Federal édigno de parcial deferimento, pois possui fundamento legal nas alíneas "a", “b”, “e”, “f” e“h” do §1º do art. 240 do Código de Processo Penal, que autorizam o afastamento dainviolabilidade de domicílio prevista no inciso XI do art. 5º da Constituição Federal,quando, em casos como o que ora se apresenta, existam indicativos de que no local a sersubmetido à busca possam ser encontrados objetos necessários à investigação e à instruçãocriminal, quer se aproveitem à acusação, quer se aproveitem à defesa.

Em que pese a presença dos pressupostos legais, há que se observado quanto àbusca e apreensão que o Ministério Público Federal requereu que várias empresas apontadascomo financiadoras do “mensalinho” sejam submetidas à medida, providência que, data venia,não se mostra adeqauda para a investigação, haja vista ser improvável que em suas sedes existamdocumentos que comprovem a ocorrência de pagamentos em favor do supracitado esquema,sendo apta para tal fim a quebra do sigilo bancário. Ademais, em razão da repercussão causadapelas primeiras fases da OPERAÇÃO PECÚLIO e da divulgação de que grande parte dosinvestigados optou por colaborar com as investigações, é praticamente certo que muitas daspessoas envolvidas nos fatos tomaram providência no sentido de fazer desaparecer elementosprobatórios. Com efeito, não será autorizada a submissão das sedes das empresas COELHOSTRANSPORTES EIRELI (atualmente EXPRESSO FOZ TRANSPORTE EIRELI),CONSÓRCIO SORRISO, EMBRASIL, EMPRESA DO ASFALTO FRIO, HOSPITALCATARATAS, LUCIA APARECIDA MARQUES & CIA LTDA, INNERBIT, PEDREIRAREMANSO, POWERNET TECNOLOGIAS LTDA, PRODUTEL/MULTIAÇÃO, QUALITYFLUX AUTOMAÇÃO E SISTEMAS LTDA ME, RADIANTE, ROSE'S LAVANDERIA,SAMP CONSTRUTORA DE OBRAS LTDA, VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR e VIGANETSTORE LTDA a busca e apreensão, ressalvada posterior necessidade de realização dadiligência, a ser indicada pelo Ministério Público Federal ou pela autoridade policial.

Outrossim, não será autorizada a busca nas residências de FRANCISCO(responsável pela empresa de respiradores do Hospital Municipal) e ANTÔNIO (proprietárioda empresa RADIANTE), por ausência de indicativos de participação de ambos nos fatosinvestigados, ressalvada posterior demonstração dos requisitos legais da medidaspropugnada pelo Ministério Público Federal.

V ­ Elementos de Informação:

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Conforme se observa da petição digitalizada no evento nº 01, estão os pedidosformulados pelo Ministério Público Federal embasados em declarações prestadas porREGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, CARLOS JULIANO BUDEL, EUCLIDES DEMORAES BARROS JÚNIOR, FERNANDO DA SILVA BIJARI, GIRNEI DE AZEVEDO,MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA, NILTON JOÃOBECKERS e RODRIGO BECKER, prestadas sob disciplina dos arts. 4º e 7º da Lei nº12.850/13, onde está previsto o instituto da colaboração premiada, em casos envolvendoinvestigações de organizações criminosas, tema que, embora tenha adquirido notoriedade dentreo grande público por conta da chamada OPERAÇÃO LAVA­JATO, não é novidade em nossosistema jurídico, porquanto já previsto nas Leis nº 7.492/86, 8.137/90, 9.605/98, 11.343/06etc.

A colaboração premiada nada mais é do que um instrumento que agrega confissão,arrependimento posterior e transação penal, institutos consagrados de longa data no âmbitodo Direito Penal. Além disso, constitui um direito subjetivo do agente, dando­lhe apossibilidade de ver atenuadas as consequências advindas de suas práticas ilícitas, semprecondicionada, reste salientado, à cessação da atividade delituosa, ao cumprimento daquilo queconvencionou com o Ministério Público e, inclusive, na comprovação dos fatos queconstituem objeto da colaboração.

Note­se que os investigados que optaram por colaborar com a persecução penalforam compromissados, nos termos do §14 do art. 4º da Lei nº 12.850/13 e, portanto, estãosujeitos, em caso de descumprimento do acordo ou de faltar com a verdade, às penas do crimefalso testemunho e à perda de todas as benesses decorrentes do acordo firmado com oMinistério Público Federal.

Embora as declarações que fundamentam a inicial possuam significativo valor,observo que a fundamentação desta decisão não está restrita à análise de tais elementos deinformação, mas também em objetos de prova agregados aos demais procedimentosdecorrentes da OPERAÇÃO PECÚLIO, bem como em informações obtidas junto a fontesabertas (portal da transparência, site da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR,consultas processuais, redes sociais etc.).

Assim, há que ser reconhecido que, embora não constituam testemunhosabsolutos da verdade, eis que, para autorizar a prolação de um decreto condenatório, deverão tersido corroborados por outras provas, possuem as declarações dos colaboradoressignificativo valor, em razão das severas consequências de infração ao dever de dizer averdade, as quais, agregadas aos elementos de informação obtidos no curso da OPERAÇÃOPECÚLIO, têm o condão de autorizar o deferimento das medidas propugnadas peloMinistério Público Federal.

VI ­ Mensalinho e Loteamento de Cargos e Empregos:

No curso da OPERAÇÃO PECÚLIO foram obtidos elementos de informaçãoque trouxeram a lume indicativos da coexistência de dois esquemas criminosos levados aefeito por membros e servidores dos Poderes Executivo e Legislativo do Município de Fozdo Iguaçu/PR, os quais têm por objetivo obtenção de apoio político e assegurar que as ações,em tese, ilícitas da administração municipal não sejam objeto de apuração pela Câmara dosVereadores.

No âmbito da atual administração municipal, presentada inicialmente por RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e, posteriormente, por IVONE BAROFALDI, tiveramreferidos esquemas sua gênese em uma reunião tida entre eles (RENI e IVONE) e CARLOS

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JULIANO BUDEL, na qual este foi alçado a Secretaria de Governo, com o objetivo de“assumir a articulação política, considerando o bom relacionamento que (...) tinha com aCâmara dos Vereadores, aliada à boa experiência por ter sido vereador e presidente dacasa em três mandatos”, sendo que, “nesse primeiro momento, o objetivo era sintonizar oexecutivo com o legislativo com o fim de aprovar projetos, não tendo nesse primeiromomento participado de nenhum acordo financeiro”. Todavia, “acordos foram no sentido deconceder cargos comissionados – CC’s – e cargos terceirizados a vereadores, tais comoauxiliar de serviços gerais, merendeira, recepcionista de posto de saúde”. Com efeito,“todos os vereadores da presente legislatura, à exceção de NILTON BOBATO, foramcontemplados com cargos comissionados e com tais cargos terceirizados, tendo taiscontemplações atingido inclusive vereadores da oposição” (Carlos Juliano Budel ­ eventonº 01).

“QUE ressalta que todos os vereadores da presente legislatura, à exceção do NILTONBOBATO, foram contemplados com cargos comissionados e com tais cargosterceirizados, tendo tais contemplações atingido inclusive vereadores da oposição; QUEforam em torno de 2 a 7 cargos comissionados e de 7 a 20 de terceirizados, para cadavereador; QUE inclusive há uma planilha existente na prefeitura onde há o controledesses cargos, com nome, cargo, local de trabalho e o nome do vereadorcorrespondente; QUE quem mantinha a atualização dessa planilha era a servidora daprefeitura NEURA SCHUSSLER; QUE tais indicações eram estabelecidas de acordocom a necessidade dos funcionários, sendo que o local de trabalho deveria serpreferencialmente próximo à residência da pessoa indicada; QUE o vereador fazia aindicação, enviava o currículo e isso era encaminhado à empresa; QUE as empresasaceitavam tais indicações com tranquilidade, pois era a “regra do jogo”; QUE ocolaborador estabelecia a negociação de tais indicações diretamente com os vereadores;QUE ressalta que a vereadora ANICE, além da sua cota correspondente da secretariade governo, também possuía cotas extras por parte das empresas IGUASSU e LABOR;QUE a razão de a vereadora ANICE possuir direito a essas cotas extras era sua boarelação com o PTN, presidido por LUIS PEREIRA; QUE o colaborador inclusive chegoua participar de uma reunião na sede da IGUASSU com a ANICE e o LUIS; QUE atéentão, o colaborador tinha conhecimento de um ‘acerto’ do RENI com os vereadores,mas ressalta que nesse momento não fazia parte da cúpula do governo; QUE pelo quesabia, tal acerto ainda não chegava a ser considerado um ‘mensalinho’, mas simatendimentos financeiros pontuais das necessidades dos vereadores; QUE taisatendimentos pontuais destinavam­se à manutenção da base do governo, uma vez queaté então mostrava­se muito instável” (Carlos Juliano Budel – evento nº 01).

A fim de suprir a necessidade do esquema, foram cooptadas empresas deterceirização de mão de obra que, para obterem vantagens em contratações levada a cabopela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, eram “obrigadas” a contratar pessoaspoliticamente indicadas, com o objetivo de atender a demanda dos vereadores, em especialda bancada de apoio ao chefe do Poder Executivo Municipal.

“QUE a INTERSEPT, assim como a LABOR e a IGUASSU, eram obrigadas a contratarpessoas indicadas politicamente para atender demanda dos vereadores da bancada deapoio ao Prefeito Reni” (Carlos Juliano Budel – evento nº 01);

Embora CARLOS JULIANO BUDEL tenha afirmado que nessa primeira etapade captura do Poder Legislativo Municipal não tenha participado de nenhum acordofinanceiro a título de “mensalinho”, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREASOUZA informou que alguns vereadores tomavam para si parte dos salários pagos para aspessoas indicadas para ocuparem cargos comissionados (eventos nº 01).

“QUE o colaborador esclarece que a indicação de tais diretorias poderiam ser a títulode compensação por apoio à campanha eleitoral e que também tais vereadores poderiamreceber parte dos salários destes cargos indicados” (Melquizedeque da Silva FerreiraCorrea Souza – evento nº 01).

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A coexistência do esquema de “loteamento de cargos e empregos” com o“‘mensalinho’ veio à tona quando o RENI propôs a troca dos cargos comissionados — CC2— por pagamento em dinheiro, que corresponderia ao valor líquido do salário de umcargo, ou seja, cinco mil reais, podendo acumular vários cargos” (Carlos Juliano Budel –evento nº 01).

“QUE o ‘mensalinho’ se caracterizou principalmente em razão da substituição doscargos comissionados ­ CC2 ­ destinados aos vereadores por valores em espécie, já quemuitos indicados não tinham qualificação para exercer os cargos que lhe eramatribuídos e o governo via a necessidade de pessoal qualificado, QUE então passou aser estabelecido o valor de 5 mil reais, que era o valor líquido do salário do cargo CC2”(Carlos Juliano Budel – evento nº 01).

Ademais, pelo que se pode depreender das declarações de MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, antes mesmo de ele assumir a operação doesquema do “mensalinho”, já existia uma lista de vereadores que recebiam dinheiro todos osmeses a fim de apoiar e aquiescer com as ações, em tese ilícitas, do Chefe do PoderExecutivo, passando ele (MELQUIZEDEQUE) a ser responsável efetuar tais pagamentos e aangariar fundos para suprir as necessidades do caixa do esquema.

“QUE em uma conversa com o RENI, em uma reunião realizada dentro do carro docolaborador próximo ao fórum, já que ele estava vindo de uma reunião na RPC, eleinformou ao colaborador os sete nomes dos vereadores que deveriam receber o‘mensalinho’, quais sejam: o COQUINHO; DARCI DRM; EDILIO DALLAGNOLL;MARINO GARCIA; MOGENIO; PAULO ROCHA; RUDINEI DE MOURA; QUE comoo colaborador não tinha naquela ocasião como se recordar de todos esses nomes, criouuma anotação em seu aparelho celular, aparelho que sempre menciona como prova queestá na posse do GAECO; QUE na conversa com o RENI, ele falou para que colocasseos nomes com um X, no raciocínio de que para cada X são R$ 5.000,00 (cinco mil reais),como por exemplo o COQUINHO com dois X, ou seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais), oDARCI DRM com um X e assim por diante; QUE quem recebia somente R$ 5.000,00também teria direito à indicação de uma diretoria; QUE na data que fez esse arquivo noseu celular, estava no seu veículo com o RENI” (Melquizedeque da Silva FerreiraCorrea Souza – evento nº 01).

Em um primeiro momento, para gerir o esquema do “mensalinho”, obteveMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA recursos junto às empresasque prestaram serviços a Secretaria Municipal de Tecnologia da Informação (POWERNETe INNERBIT), sendo que, posteriormente, quando passou a assumir o controle da emissão deempenhos, liquidação e pagamento de todas as secretarias, nem como quando foi incumbido porRENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA com a obrigação de agilizar os pagamentos devidos aempresas parceiras.

“QUE o colaborador iniciou as tratativas e começou a se inteirar acerca dos trâmitesreferentes aos pagamentos dos contratos da prefeitura, até porque precisava deagilidade nesses processos; QUE dentro da secretaria de TI, havia os dois contratos daPOWERNET, referentes aos serviços da manutenção da rede ‘wimax’, que lhe rendia ovalor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) e do videomonitoramento, que lhe rendiaR$ 5.000,00 (cinco mil reais); QUE ainda havia o contrato da INNERBIT, que lherendia o valor de R$ 4.300,00 (quatro mil e trezentos reais); QUE então conversou como RENI pois necessitaria do controle da RMS; QUE a partir de então passou a ter ocontrole da senha do prefeito RENI, que era a última autorização para queposteriormente fosse feito o empenho, liquidação e pagamento; QUE como ocolaborador logava com o usuário “RENI” e respectiva senha, passou a ter o controledas RMS’s de todas as secretarias; QUE o RENI elencou ao colaborador quais eram asempresas parceiras para sempre quando houvesse as RMS’s das respectivas empresas,as mesmas pudessem ser liberadas de forma rápida” (Melquizedeque da Silva FerreiraCorrea Souza – evento nº 01).

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Ocorre, todavia, que MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREASOUZA “se deparou com outro problema, pois após a liberação da RMS, havia um trâmitedentro da secretaria da fazenda, no qual o colaborador não tinha nenhum ingerência,tendo então procurado a pessoa de LUIZ CARLOS ALVES, o CAL; QUE daí o colaboradorsolicitou a “CAL” que estipulasse um valor mensal para que agilizasse todo o trâmitedentro da secretaria da fazenda; QUE daí foi estipulado o valor de R$ 7.000,00 (sete milreais), tendo sido anuído por RENI; QUE anteriormente com o RODRIGO, LUIZ CARLOSALVES recebia cerca de R$ 2.000,00 (dois mil reais); QUE portanto ficou acertado opagamento de R$ 7.000,00 (sete mil reais)” (Melquizedeque da Silva Ferreira CorreaSouza ­ evento nº 01).

Inquirido em juízo, corroborou RODRIGO BECKER as declarações deMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, quanto a participação deLUIZ CARLOS ALVES nas atividades da organização criminosa investigada:

“QUE CAL era o responsável por fazer os pagamentos dos contratos com a Prefeitura,mas não era ele quem decidia a ordem destes pagamentos; (...) QUE dentro daorganização criminosa, quem recebia valor mensais eram CAL, MELQUIZEDEQUE,CHICO NOROESTE e JUAREZ, achando que BELTRAME também, não sabendoinformar valores” (Rodrigo Becker ­ evento nº 01).

Assim, LUIZ CARLOS ALVES passou a auxiliar MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA SOUZA na gestão da parte financeira do “mensalinho” e naliberação de pagamentos efetuados pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, dandoprioridade às empresas alinhadas aos interesses da organização criminosa, percebendo, paratanto, o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais).

Com o controle das emissões de empenhos, liquidações e pagamentos em suasmãos, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA viu­se obrigado aaumentar a base se financiamento do “mensalinho”, que acabou por se tornar insuficiente parasuprir os compromissos assumidos com os membros do Poder Legislativo Municipal, quenão mais se resumiam à contraprestação pelo apoio prestado no âmbito daquela casa.

Com efeito, novas empresas foram cooptadas a prestar auxílio financeiro eoperacional ao “mensalinho”, ora vertendo ao respectivo caixa recursos objeto dos crimes decorrupção e concussão, ora vertendo recursos desviados da Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR por meio de irregularidades na execução de contratos (medições a maior einexecução de serviços).

“QUE acertou com o JUAREZ para que intermediasse a negociação com a“COELHOS”, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mensais, sendo que mil para oJUAREZ e nove mil para a composição do caixa do ‘mensalinho’; (...) QUE após oacordo entre o JUAREZ, o colaborador e a “COELHOS”, começou a liberar ospagamentos para esta empresa; QUE estipulou que não liberaria as RMS’s das demaisempresas de transporte escolar enquanto não fosse o colaborador o negociador doretorno; QUE o CHICO, por muitas vezes se reuniu com o ÉRICO a fim de resolver oproblema, mas não obteve sucesso, pois o colaborador detinha o controle dospagamentos de forma que o ÉRICO procurou o colaborador a fim de realizar o acertodo retorno financeiro das empresas LUCIA MARLENE e VIDAL; QUE muito emboranesse período que não houve retorno dessas duas empresas de transporte escolar, ocolaborador viabilizou os recursos dos R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) destinados ao‘mensalinho’ por meio das empresas SR TERRAPLENAGEM, ATIVA ENGENHARIADE OBRAS e VISUAL PROJETOS; (...) QUE os únicos valores fixos mensais eram o dasecretaria do colaborador; QUE o transporte escolar era no período letivo e asempresas de obras por medição de serviço; QUE por fim, o valor da LUCIA MARLENE,do ÉRICO, foi estipulado em R$ 10.000,00 (dez mil reais); da VIDAL, ficou em R$7.000,00 (sete mil reais); QUE havia um acordo entre o colaborador e PAULOBARANCELI da empresa VISUAL de que os projetos, conforme a sua especificação,

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BARANCELI da empresa VISUAL de que os projetos, conforme a sua especificação,geraria um percentual de retorno para a composição do caixa do ‘mensalinho’, quegirava em torno de cinco a quinze mil reais por nota paga dos projetos realizados; QUEno início a SR teve problemas com recebimentos de verba federal que foramsolucionados pelo ‘CAL’ por meio das manobras entre as contas bancárias daprefeitura, viabilizando assim o retorno dos valores por parte da SR, valores estesvariáveis conforme medições realizadas; QUE também recebia retorno referente aocontrato com a empresa ATIVA ENGENHARIA DE OBRAS” (Melquizedeque da SilvaFerreira Correa Souza – evento nº 01).

Nesse contexto, surgiram as ações de FERNANDO HENRIQUE TRICHESDUSO e RICARDO ANDRADE, apontados como idealizadores do esquema denominado“retorno”, destinado a abastecer o caixa do mensalinho e viabilizar o desvio de verbas públicas apartir de recursos não utilizados pela Câmara Municipal de Foz do Iguaçu/PR, da qual oprimeiro é presidente.

Segundo esse esquema, verbas orçamentárias que são destinadas à CâmaraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, após retornar ao caixa geral do município (em determinadaépoca com a participação de LUIZ CARLOS ALVES), são utilizadas para pagamentos deempenhos de empresas alinhadas à organização criminosa, por serviços que, por vezes, sequerforam executados, as quais, em seguida, direcionam os respectivos valores ao caixa do“mensalinho” e/ou para FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO e RICARDOANDRADE, responsáveis pelo esquema no âmbito do Poder Legislativo Municipal.

“Verifica­se que a Prefeitura repassa um percentual por mês de seu orçamento para ocusteio das despesas da Câmara de Vereadores. No entanto, do valor total repassado,existe em Foz do Iguaçu/PR uma sobra mensal de 350 (trezentos e cinquenta) mil a 500(quinhentos) mil, que podem retornar para a Prefeitura como recursos livres. Possuindoconhecimento dessa possibilidade, em meados de março de 2015, FERNANDO DUSO eRICARDO ANDRADE procuraram MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA para operacionalizar este retorno da verba excedente para aPrefeitura, devendo ser repassado um percentual para o investigado.

Para dar efetividade ao esquema criminoso, MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA SOUZA entrou em contado com algumas empresas que possuíamcontrato com a Prefeitura de Foz do Iguaçu/PR e que estavam com o pagamento atrasado. Talcontato ocorreu por intermédio de MAHMOUD AHMAD JOMAA, o qual acordou com essaspessoas jurídicas que as notas em atraso seriam pagas em poucos dias (aproximadamente 48h),mas em contraprestação seria necessário o retorno de 10% a 20% a título de propina e mais 2%do percentual a ele. Deste percentual de 10% a 20%, metade era repassada paraFERNANDO DUSO e RICARDO ANDRADE, sendo que a era destinada aMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA que a utilizaria paracompor o “caixa” da ORCRIM.

Observa­se que em diversas vezes, o dinheiro foi entregue porMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA para RICARDOANDRADE, em locais como: Restaurante La Cabana, no estacionamento do Shopping JL e noPosto de Combustível da Petrobrás, localizado em frente a Rafagnin Choperia.

Imperioso salientar que LUIZ CARLOS ALVES (conhecido como CAL),igualmente auxiliava na prática errante, já era responsável por confirmar a entrada naPrefeitura do dinheiro advindo da Câmara dos Vereadores. Posteriormente,MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA informava ELENIRLORINI que o dinheiro era “carimbado”, ou seja, deveria ser destinado ao pagamento dedeterminadas empresas, as quais já haviam aderido o acordo” (petição do evento nº 01).

“QUE já existia um acordo anterior de retorno desse valor da ‘sobra’ entre RENI e

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“QUE já existia um acordo anterior de retorno desse valor da ‘sobra’ entre RENI eFERNANDO DUSO, sendo que tal acordo não veio a ser cumprido pelo RENI; QUE emrazão dessa ‘pedalada’ do RENI, em meados de março de 2015, o DUSO e o RICARDOANDRADE, conhecido como “RICARDINHO, procuraram o colaborador para ver apossibilidade de operacionalizar “o retorno” mensal dessas “sobras” da câmara devereadores; QUE dessa sobra, o colaborador deveria viabilizar um “retorno” financeiropara o DUSO; QUE o colaborador solicitou dois dias de prazo para poder ver quaisseriam as empresas que poderiam ser envolvidas nesse esquema, visto que via de regraos percentuais que já operava com as empresas retornavam integralmente para o caixado colaborador, sendo que do modo que o DUSO propôs, obviamente ele teria umasignificativa participação; QUE portanto, fez uma sondagem, sendo que uma dasprimeiras pessoas que procurou foi o NILTON BECKERS, mas não chegaram a umacordo, pois ele precisaria aumentar o percentual de repasse ou ainda superfaturar maisas suas obras, então não chegaram a um número que ficasse interessante para ambos oslados, tanto o lado do caixa do colaborador como o do “retorno” do FERNANDODUSO; QUE então procurou o JOMAA/DENTISTA, pois o colaborador tinha ainformação que algumas empresas que prestaram serviço para o hospital municipal nagestão “TULIO BANDEIRA”, estavam com dificuldades de recebimento dos serviçosprestados, algumas até em fase de cobrança judicial; QUE então o colaboradorprocurou o JOMAA para que este procurasse tais empresas e realizasse as tratativaspara saldar tais dívidas, com a contrapartida de pagamento pelas empresas dos“percentuais” ao colaborador, que logo explicará; QUE após essa sondagem, houveuma confraternização na casa do TELLES, policial civil, onde lá se encontravam oFERNANDO DUSO e o RICARDINHO; QUE nessa ocasião fecharam literalmente ascondições que se daria “o retorno” deles, que seria por negócio executado; QUE porexemplo, as empresas que o colaborador conseguisse um percentual de retorno de 20%,10% retornaria para RICARDINHO e FERNANDO DUSO, ao passo que 10%retornariam para o caixa do colaborador para operar o pagamento de propina avereadores, dentre outros; (Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza ­ evento nº01).

Nesse ponto, surge novamente a pessoa de LUIZ CARLOS ALVES, que“auxiliava na manobra ilícita para arrecadar dinheiro em prol da organização criminosa,envolvendo recursos não gastos da Câmaras dos Vereadores. Tem­se que RICARDOANDRADE avisava MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA quando odinheiro proveniente da sobra da Câmara dos Vereadores estava disponível, ocasião emque LUIZ CARLOS ALVES confirmava a entrada desse valor na conta da Prefeitura.Posteriormente, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA informavaELENIR LORINI que o dinheiro era “carimbado” e deveria ser destinado ao pagamento dedeterminadas empresas, as quais retornavam propina da ORCRIM” (petição do evento nº01).

LUIZ CARLOS ALVES, como apontam os supracitados elementos, não tinhaapenas a função de agilizar os pagamentos devidos pela Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR às empresas parceiras da organização criminosa, fato que levou o juízo adecretar sua prisão preventiva na terceira fase da OPERAÇÃO PECÚLIO, mas tambémfuncionava como “braço direito” de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREASOUZA nas operações do “mensalinho”, recebendo, para tanto, o valor de R$ 7.000,00 (setemil reais) mensais.

Como se vê, são detalhadas e uníssonas as supracitadas declarações, as quais têmo condão de robustecer sobremaneira os veementes indícios da inserção, de forma intensa, deLUIZ CARLOS ALVES na organização criminosa investigada, trazendo a lume, inclusive, fatoque não constitui objeto da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002, motivo pelo qual háque ser deferido o pedido de prisão preventiva formulado pelo Ministério Público Federal,para garantia da ordem pública.

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Com a prisão de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIASOUZA pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO,CARLOS JULIANO BUDEL foi alçado ao cargo de operador do “mensalinho”, passando aefetuar os pagamentos devidos aos beneficiários do esquema e a tomar medidas no sentido deabastecer o respectivo caixa, com recursos desviados da Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR, mediante superdimensionamento nos comprovantes de execução do serviço de tapaburacos.

“QUE o terceiro acordo foi em novembro de 2015, quando assumiu a secretária deobras, com o compromisso de dar continuidade e organizar as obras do município e,juntamente com o NILTON, pagar o pagamento do ‘mensalinho’ da Câmara, uma vezque tal valor sairia da secretaria de obras através das medições das obras gerenciadaspelas empresas do NILTON, principalmente do programa ‘tapa­buracos’; QUE em talocasião ficou claro que tal operação seria toda feita com a anuência do prefeito RENI;QUE o único ganho que o colaborador teria com isso era o futuro apoio político paravir a ser eleito vereador e eventualmente também vir a ser eleito presidente da Câmara;QUE o dinheiro para a manutenção, para dar continuidade ao ‘mensalinho’, implantadoainda na época do MELQUIZEDEQUE, na conversa com o RENI e com o NILTON, foirepassada ao colaborador uma planilha para ser cumprida, planilha esta confirmadapelo HERMÓGENES, que era líder do governo e era quem fazia a distribuição naépoca do MELQUIZEDEQUE” (Carlos Juliano Budel – Evento nº 01).

Verifica­se, portanto, que como operadores do “mensalinho”, surgem, no âmbitodo Poder Legislativo, RICARDO ANDRADE e HERMÓGENES DE OLIVEIRA, e, noâmbito do Poder Executivo, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA,CARLOS JULIANO BUDEL e LUIZ CARLOS ALVES.

Aos esquemas de “loteamento de cargos e empregos” e “mensalinho” se mesclama uma série de outras irregularidades, mormente caracterizadas pela prática, em tese, doscrimes de corrupção, concussão e de desvio de verbas públicas, voltadas, dentre outros, aolocupletamento ilícito e ao financiamento irregular de campanhas eleitorais.

No contexto destas infrações, DIEGO FERNANDO DE SOUZA, pessoa deconfiança de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, supostamente responsável pelorecebimento de elevadas somas em dinheiro obtidas por meio da prática dos crimes decorrupção e de desvio de verbas públicas.

Nesse sentido, observo que no curso da cognominada OPERAÇÃO PECÚLIOforam colacionados elementos de informação que dão conta de que DIEGO FERNANDO DESOUZA integra a organização criminosa sob investigação, havendo indícios de sua participação,dentre outros, nos seguintes fatos, indicados pelo Ministério Público Federal na petição doevento nº 01:

“Fraude à licitação ocorrida em 2014 em relação a aquisição de 6.000 (seis mil) sacosde asfalto frio, envolvendo ainda a solicitação de vantagem indevida pelos agentespúblicos CRISTIANO FURE DE FRANÇA, MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREA SOUZA e DIEGO FERNANDO DE SOUZA e o pagamentocorrespondente pelo representante da empresa vencedora, chamado “ALEXANDRE”.Em continuidade, já em meados de 2015, foram adquiridos sem licitaçãoaproximadamente 300 (trezentos) sacos de massa asfáltica, pelo então secretário EVORIROBERTO PATZLAF do mesmo representante e que foram pagos com verba irregularoriunda de medição a maior do contrato de tapa­buracos. Inclusive tal valor consta dasanotações de FERNANDO BIJARI já apreendias pela Polícia Federal. O pagamento foirealizado em duas ocasiões, uma no valor de seis mil reais e outra em dez mil reais,realizados em julho/2015 e novembro ou dezembro/2015, respectivamente. Em outraoportunidade, tem­se que em virtude de “ALEXANDRE” não possuir o material para ser

entregue, este foi suprido por MICAEL SENSATO, da ENGEMIDAS CONSTRUÇÕES

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entregue, este foi suprido por MICAEL SENSATO, da ENGEMIDAS CONSTRUÇÕESLTDA., na quantia equivalente a sete mil e duzentos reais, igualmente pagos através demedições a maior do contrato de tapa­buracos.

(...)

Averiguou­se que RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, juntamente a GIANCARLOTORRES e RICARDO CUMAN e com o auxílio de DIEGO FERNANDO DE SOUZA ede CRISTIANO FURE DE FRANÇA, solicitou e recebeu para si, na qualidade dePrefeito de Foz do Iguaçu, vantagem indevida consiste no pagamento de cento e oitentamil reais a duzentos mil reais mensais, bem como que a empresa VITAL ENGENHARIAAMBIENTAL S/A, a princípio na pessoa de RAFAEL e depois representada porROGÉRIO CALAZANS, ofereceu e pagou tal quantia para que houvessedirecionamento da licitação e que esta empresa fosse vencedora da concessão da coletade lixo

(...)

Apurou­se que no final de 2014 foi realizado contrato entre a Prefeitura de Foz doIguaçu com a empresa SANIC – SERVIÇOS DE SANEAMENTOS PROJETOSAMBIENTAIS E CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA, no qual ocorreu “retorno” do valorpago para pagar o “mensalinho”, que estava atrasado. A empreitada criminosa foiplanejada por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA,RODRIGO BECKER e CRISTIANO FURE DE FRANÇA, por ordem de RENI CLÓVISDE SOUZA PEREIRA que queria regularizar o repasse ilegal de verbas para osvereadores. Inclusive, RODRIGO BECKER presenciou e participou de uma negociaçãoda empresa SANIC, em sua sala na SANEPAR, onde CRISTIANO FURE DE FRANÇAentregou noventa mil reais para MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREASOUZA, o qual entregaria a DIEGO FERNANDO DE SOUZA para pagamento dosvereadores.

(...)

Há indícios de que o Pregão Eletrônico nº 143/2013 foi direcionado para a empresaPOWERNET TECONOLOGIAS LTDA. e, em contrapartida, os serviços eramsuperfaturados retornando uma porcentagem para o prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA e para a composição do “caixa” ilegal da organização criminosa. Para tanto,houve prévio conluio entre RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, NATANAEL DE ALMEIDA (pregoeiro) eADELIR DINIZ DA ROSA (um dos sócios da POWERNET TECNOLOGIAS LTDA.).No primeiro ano do contrato (2013/2014) foram repassados ilegalmente R$ 5 mil pagospor ADELIR DINIZ DA ROSA a DIEGO FERNANDO DE SOUZA. Com a renovaçãodo contrato, a propina passou para R$ 7 mil, pagos para MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA SOUZA. Da mesma forma, houve direcionamento naTomada de Preços nº 007/2013, inclusive fraude do caráter competitivo do procedimentolicitatório através do pagamento de R$ 2 mil para que outra empresa desistisse departicipar do certame”.

Além disso, segundo consta da Informação de Polícia Judiciária nº 0077/16NIP/DPF/FIG/PR, digitalizada no evento nº 22 do inquérito policial nº 5006445­81.2016.4.04.7002, há indícios de que DIEGO FERNANDO DE SOUZA figurou comointerlocutor de RENI CLÓVIS PEREIRA e MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREA SOUZA com os investigados envolvidos no esquema denominado“mensalinho”, sendo ele responsável por receber valores desviados da PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR e repassá­los a vereadores, dentre outras destinações.

Dentre os fatos envolvendo a pessoa de DIEGO FERNANDO DE SOUZA está aaquisição sem licitação de 6000 (seis mil) sacas de asfalto frio no ano de 2014, envolvendoainda a solicitação de vantagem indevida por CRISTIANO FURE DE FRANÇA e

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MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA.

“QUE em 2013, quando o colaborador era diretor do DRM, os funcionários do pátioindicaram uma empresa de Cascavel/PR que fornecia asfalto frio em qualidade superioràs demais; QUE na época o então Secretário de Obras CRISTIANO FURE conseguiujunto a tal empresa 1000 sacos emprestados, de forma informal; QUE no ano de 2014 aprefeitura fez uma licitação para a aquisição de 6000 sacos de asfalto frio, a qual foivencida pela empresa que emprestou os 1000 sacos; QUE não tem conhecimento sehouve direcionamento da licitação para tal empresa; QUE tem conhecimento que váriasempresas participaram do certame; QUE do contrato de fornecimento dos 6000 mil sacosa empresa, quando do fornecimento, descontou os 1000 sacos que foram “emprestados”em 2013 e ainda assim realizou entrega a menor, embora a prefeitura tenha atestado epago por 6000; QUE o contrato tinha o valor de cerca de 205 mil reais, equivalente aos6000 sacos; QUE não se recorda do nome da empresa, nem do nome do representante;QUE quem administrou referido contrato foi CRISTIANO FURE; QUE por volta dejulho de 2014 recebeu deste representante, na sede da prefeitura, a quantia de 45 milreais; QUE deste valor 10 mil era para proveito próprio, 10 mil foi entregue aCRISTIANO e o restante foi entregue ou para MELQUIZEDEQUE ou para DIEGO,não se recordando com precisão; QUE esse valor restante ou era para pagar osvereadores ou era para o financiamento irregular da campanha de CLAUDIAPEREIRA; QUE não se recorda do nome deste representante; QUE em seu aparelhocelular que foi apreendido pela Polícia Federal em função de cumprimento de Mandadode Busca consta o contato desse representante como “MassaAsfalto”. QUE em meadosde 2015 o mesmo representante da empresa citada, agora como empresário, vendeuinformalmente, sem licitação, aproximadamente 300 sacos de massa asfáltica para aprefeitura na gestão do Secretário EVORI; QUE acredita que o pagamento de talcompra foi retirada da medição a maior de julho/2015 do contrato de tapa­buraco. QUEtal pagamento poderia ter relação com a anotação apreendida em poder deFERNANDO BIJARI com a sigla “10 CH” (Girnei de Azevedo ­ evento nº 01).

A anotação referida por GIRNEI DE AZEVEDO no supracitado excerto estádigitalizada no relatório do evento nº 202 do inquérito policial nº 5013824­44.2014.4.04.7002,ora transladada no evento nº 06 destes autos.

Segundo aduziu o Ministério Público Federal, a ITAVEL SERVIÇOSRODOVIÁRIOS LTDA possuía contrato de prestação de serviços de pavimentação firmadocom a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, decorrente da Concorrência Pública nº019/2014, tendo INÁCIO COLOMBELLI, seu proprietário, efetuado o pagamento devantagem indevida no valor de R$ 170.000,00 (cento e setenta mil reais) a RENI CLÓVIS DESOUZA PEREIRA, pagamento este que foi efetuado de forma parcelada, cuja primeira, novalor de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), foram recebidas por DIEGO FERNANDO DESOUZA.

“QUE em relação a um contrato da prefeitura com a ITAVEL de pavimentação no valorde 850 mil reais o colaborador esclarece que por três vezes buscou dinheiro com o Sr.INÁCIO, da empresa ITAVEL; QUE na primeira vez pegou 70 mil reais; QUE talquantia foi entregue a DIEGO (sobrinho de RENI) e sua destinação seria para ofinanciamento irregular da campanha de CLÁUDIA PEREIRA; QUE nas outras duasvezes pegou em cada uma delas as quantias de 50 mil e as entregou paraMELQUIZEDEQUE; QUE tais quantias teriam sido entregues ao prefeito RENI; QUEesse contrato de 850 mil foi aditivado uma vez em 25%; QUE a entrega de tais valores sedeu em função de um acordo entre RENI, INÁCIO e o colaborador, que fizeram naocasião de um encontro no hotel VIALLE (da Av. das Cataratas), antes mesmo dalicitação; QUE houve uma licitação no valor de 85 mil reais para o fornecimento depedras diversas que a ITAVEL ganhou; QUE desse valor foi descontado cerca de 35 milreais de impostos e dívidas anteriores e o restante, 50 mil, por ordem de RENI, foirepassado para o pagamento de uma dívida deste junto à Pedreira Remanso; QUE nãofoi realizada a entrega do material contratado na licitação (pedra); QUE INÁCIO teveconhecimento da multa que o colaborador teve aplicada pela Justiça Eleitoral e lherepassou 15 mil em dois pagamentos, um de 10 mil e outro de 5 mil; QUE o colaboradorao invés de pagar a multa, a pedido de MELQUI, repassou o dinheiro a este,

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ao invés de pagar a multa, a pedido de MELQUI, repassou o dinheiro a este,entregando em sua casa, enquanto este cumpria prisão domiciliar. QUE do dinheiroentregue por INÁCIO o colaborador não ficou com nenhum valor” (Girnei Azevedo ­evento nº 01).

Inquirido pelo Ministério Público Federal, corroborou MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA a participação de DIEGO FERNANDO DESOUZA na organização criminosa investigada no bojo da OPERAÇÃO PECÚLIO, comopessoa de confiança de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, responsável pelo recebimentode elevadas somas em dinheiro (evento nº 01).

Há, ainda, indicativo do envolvimento de DIEGO FERNANDO DE SOUZA norecebimento de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos milreais) pagos pela VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A a RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA, em razão de a licitação para prestação de serviços de coleta de lixo ser direcionadaàquela pessoa jurídica, fato que contou com a participação de CRISTIANO FURE DEFRANÇA, GIANCARLOS TORRES SCHETINI e RICARDO CULMAN.

“QUE a empresa VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL obteve a concessão junto aomunicípio de Foz do Iguaçu/PR para a prestação da coleta de lixo e alguns outrosserviços agregados, como poda de árvore etc.; QUE as pessoas envolvidas nacontratação foram as pessoas de CRISTIANO FURI DE FRANÇA, entãosecretário/diretor de obras, GIANCARLOS TORRES SCHETINI e RICARDOCULMAN, então secretário de administração e o prefeito RENI; QUE a VITALENGENHARIA é a antiga QUEIROZ GALVÃO; QUE em conversas com o RENI, sobreliberações de RMS pertinentes a essa empresa e em atraso, ele comentou que a propinadesse contrato girava em torno de R$ 180.000,00 a R$ 200.000,00 mensais; QUE emalgumas oportunidades, quando o pagamento desse contrato estava em atraso (por maisde sessenta dias), o colaborador teve que fazer manobras junto ao LUIS CARLOSALVES, o CAL, para saldar esses pagamentos; QUE foram retiradas verbas sob outrasrubricas, como iluminação pública etc.; QUE nas gestões anteriores, os valoresdestinados ao contrato da prestação de serviço de coleta de lixo girava em torno de R$1.800.000,00 (um milhão e oitocentos mil reais), ao passo que na gestão RENI o valorpassou a ser de aproximadamente R$ 2.800.000,00 (dois milhões e oitocentos mil reais)a 3.200.000,00 (três milhões e duzentos e mil reais), devido a adição de serviços extras,mas principalmente devido ao incremento significativo da propina mensal recebida peloprefeito RENI; QUE a pessoa responsável por esse contrato em Foz do Iguaçu por parteda VITAL era o ROGERIO CALAZANS, que residia em Foz do Iguaçu; QUE aoperação envolvendo a retirada da propina, ao menos em parte, em algumasoportunidades era retirado pelo DIEGO DE SOUZA, sobrinho do RENI, aqui mesmo emFoz do Iguaçu, em valores de até R$ 100.000,00 (cem mil reais); QUE os demais valoreseram viabilizados por GIANCARLOS via Curitiba/PR, trazidos do Rio de Janeiro/RJ oude outras cidades que a empresa VITAL também prestava serviços, já que operava emvárias outras cidades também” (Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza ­ eventonº 01).

As declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIASOUZA, quanto ao recebimento de valores pagos pela VITAL ENGENHARIA AMBIENTALS/A por DIEGO FERNANDO DE SOUZA foram corroboradas por RODRIGO BECKER:

“QUE o colaborador tem o conhecimento que havia algumas pessoas que tinhaminteresse no negócio de lixo e aterro sanitário, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, nocaso específico, a empresa SANEPAR, VITAL, ITAIPU, e uma vez o Prefeito RENI falouque o irmão da IVONE BAROFALDI também tinha interesse; QUE escutou que oPrefeito RENI tinha uma participação, no caso, de aproximadamente 170 mil reais noprimeiro ano, e a partir daí cairia pela metade; QUE escutou que EDILIO ganhariapropina da empresa VITAL; QUE RAFAEL da empresa VITAL, relatou paraCRISTIANO FURE DE FRANÇA que mandaram dinheiro para o Prefeito RENI; QUEimagina que o Prefeito RENI, além do valor mensal teria negociado valores para

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campanha, inclusive da sua mulher, e uma possível reeleição; QUE acredita queGIANCARLO era o responsável pelas negociações financeiras e que RICARDOCUMAN era responsável pela elaboração do edital, podendo haver participação naparte técnica de CRISTIANO FURE DE FRANÇA, na época trabalhando na Secretariade Obras; QUE RAFAEL era um dos representantes da empresa VITAL e acha que osdiretores ficavam no Rio de Janeiro; QUE acredita que DIEGO (sobrinho de RENI), àsvezes, pegava dinheiro com a VITAL para entregar ao Prefeito; QUE o Prefeito RENIfalou que a concessão do aterro sanitário não estava compreendida na concessão dacoleta de lixo, que foi ganha pela empresa VITAL, para que posteriormente fosse objetode nova licitação com direcionamento para outra empresa; QUE ainda com relação aoaterro sanitário, lembra que o Prefeito RENI falava: “e aí SANEPAR, vai querer ou nãoesse aterro?”; QUE acha que o Prefeito RENI estava trabalhando com a SANEPAR essasituação, podendo colocar uma empresa como terceirizada, ou algo nesse sentido”(Rodrigo Becker ­ evento nº 01).

Consta dos autos, ainda, indicativo de que DIEGO FERNANDO DE SOUZAparticipou do recebimento de vantagens indevidas relacionadas à execução do contrato firmadoentre a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR e a SANIC – SERVIÇOS DESANEAMENTOS PROJETOS AMBIENTAIS E CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA, cujos valoresforam vertidos em favor do caixa do “mensalinho”, a fim de possibilitar o pagamento de verbasem atraso, empreitada que, segundo aduziu o Ministério Público Federal, foi “planejada porMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA, RODRIGO BECKER eCRISTIANO FURE DE FRANÇA, por ordem de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA quequeria regularizar o repasse ilegal de verbas para os vereadores”. Nesse sentido, façoreferências às declarações de RODRIGO BECKER, de que presenciou e participou de umanegociação, em sua sala na SANEPAR, onde CRISTIANO FURE DE FRANÇA entregou R$90.000,00 (noventa mil reais) para MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIASOUZA, que repassaria a DIEGO FERNANDO DE SOUZA, o qual, por sua vez, os repassoupara HERMÓGENES DE OLIVEIRA, responsável pela distribuição das verbas ilícitas entreos demais vereadores (evento nº 01).

Inquirido pelo Ministério Público Federal e pela autoridade policial,confirmou MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA a participação deDIEGO FERNANDO DE SOUZA no fato noticiado por RODRIGO BECKER. Senãovejamos:

“QUE o marco que coloca o colaborador como responsável pelo pagamento ‘mensalinho’dos vereadores foi o envolvendo um pagamento para a SANIC, referente a um contratode prestação de serviço de plantio de grama; QUE o montante foi de R$ 90.000,00(noventa mil reais) para que fosse entregue ao DIEGO para que ele repassasse aosvereadores; QUE foi a partir desse momento que o colaborador assumiu aoperacionalização do ‘mensalinho’; QUE isso se deu quando depois de acertado o valore paga a nota, o CRISTIANO foi com o rapaz da empresa até um banco, que acreditaque seja Caixa Econômica Federal para que fosse realizado o saque; QUE nessaocasião o colaborador e o RODRIGO estavam na sala de reuniões na antiga sede daSANEPAR, que ficava ao lado da Justiça do Trabalho, aguardando que o CRISTIANOfizesse o saque; QUE foi feito todo o trâmite bancário, sendo viabilizado o empenho e aemissão da nota referente ao serviço; QUE portanto, na sala de reuniões da SANEPAR,o colaborador, juntamente com o RODRIGO, foi contado o valor de R$ 90.000,00(noventa mil reais), valor este que estava no interior de uma bolsa preta; QUE atocontínuo, o colaborador se dirigiu até local próximo da prefeitura, nas proximidades daMarinha e entregou a bolsa contendo o valor para o DIEGO, para que este repassasseao vereador MOGÊNIO; QUE como o ‘mensalinho’ estava atrasado o pagamento foiviabilizado por meio dessa nota que pode ser consultada por meio do sistema daprefeitura onde o colaborador pode indicar posteriormente de qual nota se trata; QUEnão sabe afirmar se o serviço de plantio de grama de fato foi feito, mas acredita quenão; (...); QUE entretanto a tratativa envolvendo a operacionalização desse pagamentopor meio do pagamento da nota à SANIC foi feita em um jantar na casa do MARIO, queera Diretor da Secretária de Meio Ambiente, em sua residência que ficava próxima àRodoviária, na Avenida Ranieri Mazili; QUE nessa ocasião, o colaborador conversou

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Rodoviária, na Avenida Ranieri Mazili; QUE nessa ocasião, o colaborador conversoucom o CRISTIANO e o RODRIGO, onde ficou ajustada a situação; QUE enfim, a partirdaí instituiu­se a figura do “MELQUI” como operador do ‘mensalinho’; QUE podeafirmar que a nota emitida, mas não se recorda de qual maneira ao certo, pois aindanão estava muito familiarizado com os trâmites de empenho/liquidação/pagamento; QUEcomo já descrito anteriormente, a situação envolvendo esse serviço da SANIC e o seupagamento foi também muito atípica, pois o pagamento da nota foi realizado de formamuito rápida; QUE acredita que a SANIC já havia sido utilizada anteriormente para opagamento do ‘mensalinho’, pois sentiu um desconforto do CRISTIANO com a situação;QUE também ficou evidente que o CRISTIANO tinha conhecimento do ‘mensalinho’”(Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza ­ evento nº 01).

Conforme se depreende do demonstrativo de Despesa Orçamentária nº8.977/2014, digitalizado no evento nº 06, constam diversos pagamentos em favor da SANIC –SERVIÇOS DE SANEAMENTOS PROJETOS AMBIENTAIS E CONSTRUÇÃO CIVILLTDA, na época indicada por MELQUIZEDEQUE A SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA,sendo provável que, por meio da quebra do sigilo bancário daquela empresa, seja verificada aocorrência do saque do valor entregue para DIEGO FERNANDO DE SOUZA.

Outro fato que supostamente contou com a participação de DIEGO FERNANDODE SOUZA foi o recebimento de vantagem ilícita da empresa POWERNET TECNOLOGIASLTDA., conforme explicitado nas declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA, digitalizadas no evento nº 01:

“QUE na ocasião o colaborador estava no escritório da POWERNET juntamente com oADELIR acompanhando o processo em questão, sendo que efetuou uma ligação paraNATANEL, não se recordando se do seu celular ou do terminal do escritório, avisandoque esse valor – 55 mil – deveria ser o último lance, pois já havia percebido que tal valorera o mínimo que poderia viabilizar o retorno da propina; QUE o NATANAEL nadaganhou por ter feito tal manipulação; QUE nesse primeiro ano de contrato, do final de2013 até 2014, estipulou­se o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) de repasse, que erarecolhido junto ao ADELIR pelo colaborador que por sua vez repassava ao DIEGO,sobrinho do RENI; (...) QUE a propina do contrato da rede WIMAX era de R$ 1.200,00(mil e duzentos reais) inicialmente repassados ao DIEGO sendo que posteriormente talvalor também passou a compor o caixa do colaborador ” (Melquizedeque da SilvaFerreira Correia Souza ­ evento nº 01)..

Conforme se depreende dos supracitados elementos de informação, são fortes ecoesos os indicativos de que DIEGO FERNANDO DE SOUZA é responsável pela arrecadaçãode parte do dinheiro destinado ao pagamento do “mensalinho”, figurando, portanto, como peçachave no esquema delituoso levado a cabo pela organização criminosa investigada naOPERAÇÃO PECÚLIO.

Além disso, é importante observar que a suposta atuação de DIEGOFERNANDO DE SOUZA em favor da organização criminosa não constitui ato esporádico,mas opera­se desde o início do ano de 2014, conforme informações prestadas por RODRIGOBECKER:

“QUE o colaborador entrou na prefeitura no primeiro semestre de 2014; QUE suafunção principal era ligar as ações de governo junto às secretarias e autarquias, a fimde cumprir o plano de governo de RENI; QUE no primeiro semestre de 2014 a estruturaorganizacional era muito semelhante de 2013, já descrita no termo “Primeiro ano dogoverno de Reni”; QUE no primeiro escalão ALEXEI saiu da prefeitura; QUE osegundo escalão praticamente permaneceu inalterado; QUE em março/2014 IVONE,então secretária de indústria e comércio, entregou o cargo para se candidatar adeputada estadual, o que não ocorreu em virtude de desentendimento com o PrefeitoRENI; QUE no período, SANDRO, o qual acredita que havia estudado com RENI e é deSão Miguel de São Miguel do Iguaçu, assumiu a Diretoria de Compras; QUE no período

MELQUIZEDEQUE, secretário de T.I, começou a ter mais importância na prefeitura;

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MELQUIZEDEQUE, secretário de T.I, começou a ter mais importância na prefeitura;QUE acredita que MELQUI começou a ter mais importância após ter emprestadodinheiro para o pagamento a vereadores; QUE até meados de março a câmara eracontrolada por BUDEL e “CANTOR; QUE após tal período o próprio RENI passou arealizar tratativas com o então presidente da câmara ZÉ CARLOS e MOGÊNIO, líderdo governo na câmara; QUE “RICARDINHO”, assessor do gabinete, era responsávelpor acompanhar o trâmites dos projetos na câmara; QUE no período se manteve oesquema de “mensalinho”; QUE haviam vereadores que recebiam apenas dinheiro domensalinho e outros que além do mensalinho recebiam o direito a indicar cargos emcomissão na prefeitura e em empresas terceirizadas; QUE todos os vereadores recebiamalguma vantagem de forma direta ou indireta; QUE RUBENS tinha o controle dosnomes dos indicados, cargos e vereadores que os indicaram; QUE a vereadora ANICEtinha bastante relação com as empresas LABOR e IGUAÇU; QUE acredita que osmaiores volumes de dinheiro que circulavam a título de propina na prefeitura eramrecolhidos pelo próprio RENI; QUE acredita que quantias menores RENI pedia paraque terceiros recebessem, dentre eles seu sobrinho DIEGO” (Rodrigo Becker ­ evento nº01).

Vê­se, pois que DIEGO FERNANDO DE SOUZA é de pessoa que, a princípio,serve de liame entre a origem e o destino de boa arte dos valores desviados da PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR e obtidos com a prática do crime de corrupção, a fim deabastecer o caixa do esquema denominado “mensalinho”, denotando­se daí sua intensa erelevante participação na organização criminosa investigada. Importante observar,ademais, que implementado o monitoramento telefônico, foi constatado que DIEGOFERNANDO DE SOUZA faz pouco uso de seu terminal, pelo fato de declaradamentedesconfiar que ele esteja sendo monitorado pelas autoridades, fato que reforça a tese no sentidode que se trata de pessoa envolvida na prática de ilícitos, afinal, se os assuntos por ele tratadosfossem lícitos, não haveria porque temer o fato de estar sendo “grampeado”. Diante da posiçãoocupada por DIEGO FERNANDO DE SOUZA na organização investigada e da reiteração decondutas, em tese, delituosas, acerca das quais há indicativo de persistência até a presenteépoca, entendo necessária a decretação de sua prisão preventiva.

Necessário para as investigações, ademais, que seja promovida a conduçãocoercitiva das pessoas de ALEXANDRE, GIANCARLO TORRES, RICARDO CUMAN eMICAEL SENSATO, haja vista que, embora presentes os requisitos da prisão temporária,diante dos indicativos da menor intensidade do envolvimento deles na organização criminosa,explicitados nos excertos acima colacionados, revela­se a custódia cautelar medidademasiadamente grave.

Como dito alhures, a partir do estabelecimento e do crescimento do“mensalinho”, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA se viuobrigado a ampliar a implementar e ampliar base de financiamento do esquema, passando acontar com a participação de uma série de empresas que, para obter vantagens em contrataçõesrealizadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR e ter prioridade nos pagamentosque lhes são devidos, passaram a verter para o caixa do esquema recursos decorrentes de desviode verbas e de pagamento de vantagens indevidas. Além da participação no abastecimento docaixa do “mensalinho”, foram constatados pagamentos de vantagens indevidas, cujos recursosforam destinados ao financiamento de campanhas eleitorais e também ao locupletamentopessoal de diversos agentes públicos.

Na posição de supostos financiadores do “mensalinho” surgem, dentre outros, aspessoas de ADELIR DINIZ DA ROSA, ADEMILTON JOAQUIM TELLES, EDISONROBERTO BARDELLI, ELCIO ANTÔNIO BARDELI JUNIOR, EVANDRO FREIRE,MAURÍCIO IOPP, FLÁVIO EISELE, ISMAEL COELHO DA SILVA, INÁCIOCOLOMBELLI e ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS.

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ADELIR DINIZ DA ROSA é proprietário da empresa POWERNETTECNOLOGIAS LTDA, segundo apontam as investigações, praticou os crimes dos art. 333do Código Penal e art. 90 da Lei nº 8.666/93, por efetuar pagamento de vantagem indevida,destinada a suprir o caixa do “mensalinho”, bem como por ter fraudado certame licitatório, emcompanhia de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e NATANAELDE ALMEIDA.

Segundo indicam os elementos de informação constantes dos autos, a empresaPOWERNET TECNOLOGIAS LTDA foi ilicitamente beneficiada no bojo do PregãoEletrônico nº 143/2013 e da Tomada de Preços nº 007/2013, ambas da PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, mediante, respectivamente, fraude no processamento doslances e pagamento para que terceira empresa concorrente desistisse do certame, com atuaçãodireta de seu proprietário, ADELIR DINIZ DA ROSA.

“QUE que na gestão seguinte, do RENI, houve a necessidade de ser licitada amanutenção do sistema; QUE por meio do ADELIR, proprietário da empresaPOWERNET, acertaram o direcionamento do certame para que tal empresa vencesse;QUE tiveram um problema pois o colaborador solicitou no termo de referência para quea modalidade do certame fosse presencial, sendo que por outro lado a procuradoriainsistiu que fosse realizado pregão eletrônico; QUE então o colaborador combinou como pregoeiro NATANAEL para que fosse informado dos outros lances das empresasconcorrentes, sendo que o NATANAEL, ao colocar o processo eletrônico em andamento,poderia manipular e parar no lance da POWERNET, QUE tudo tinha que ser feito deuma forma que não despertasse a desconfiança dos demais participantes; QUE tambémparticipou dessa licitação a empresa REDNET, que na gestão anterior havia sidosubcontratada para efetuar a implantação do sistema, de modo que certamente teria omenor preço em sua proposta no certame; QUE o último lance ficou na faixa de R$55.000,00; QUE na ocasião o colaborador estava no escritório da POWERNETjuntamente com o ADELIR acompanhando o processo em questão, sendo que efetuouuma ligação para NATANEL, nao se recordando se do seu celular ou do terminal doescritório, avisando que esse valor ­ 55 mil ­ deveria ser o último lance, pois já haviapercebido que tal valor era o mínimo que poderia viabilizar o retorno da propina; QUEo NATANAEL nada ganhou por ter feito tal manipulação” (Melquizedeque da SilvaFerreira Correa Souza – evento nº 01).

Como contraprestação pela fraude empregada no bojo do Pregão Eletrônico nº143/2013, ADELIR DINIZ DA ROSA supostamente pagou a MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREA SOUZA e DIEGO FERNANDO DE SOUZA vantagens pecuniáriasmensais, durante a execução do contrato decorrente do referido certame, cujos valores foramvertidos para o caixa do esquema denominado “mensalinho”.

“Há indícios de que o Pregão Eletrônico nº 143/2013 foi direcionado para a empresaPOWERNET TECONOLOGIAS LTDA. e, em contrapartida, os serviços eramsuperfaturados retornando uma porcentagem para o prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA e para a composição do “caixa” ilegal da organização criminosa. Para tanto,houve prévio conluio entre RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, NATANAEL DE ALMEIDA (pregoeiro) eADELIR DINIZ DA ROSA (um dos sócios da POWERNET TECNOLOGIAS LTDA.).No primeiro ano do contrato (2013/2014) foram repassados ilegalmente R$ 5 mil pagospor ADELIR DINIZ DA ROSA a DIEGO FERNANDO DE SOUZA. Com a renovaçãodo contrato, a propina passou para R$ 7 mil, pagos para MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA SOUZA. Da mesma forma, houve direcionamento naTomada de Preços nº 007/2013, inclusive fraude do caráter competitivo do procedimentolicitatório através do pagamento de R$ 2 mil para que outra empresa desistisse departicipar do certame” (Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza – evento nº 01)

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Conforme se depreende da representação do evento nº 01, quanto a ADELIRDINIZ DA ROSA, tem a pretensão do Ministério Público Federal fundamento nas declaraçõesprestadas por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, emdecorrência do acordo de colaboração premiada firmado entre ele e o Ministério PúblicoFederal, homologado pelo Tribunal Regional Federal da 4º Região.

Data venia, em que pese MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREA SOUZA ter prestado declarações na forma do §14º do art. 4º da Lei nº 12.850/13,ou seja, sujeito às penas do falso testemunho e também a perda de todas as benessesdecorrentes do compromisso de colaboração firmado com o Ministério Público Federal,tais declarações, desacompanhadas de outros elementos probatórios, são insuficientes paradecretação da prisão preventiva de ADELIR DINIZ DA ROSA, mas tão­somente para o fim deautorizar sua condução coercitiva.

O investigado ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS é sócio administrador daempresa INNERBIT INFORMÁTICA LTDA. ME, a qual, segundo apontam os elementos deinformação colacionados aos autos, figura como uma das financiadoras do esquemadenominado “mensalinho”, oferecendo e prometendo vantagem indevida para agentes públicos.

Segundo informou MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIASOUZA em sede policial, para operacionalizar a empreitada criminosa, a INNERBITTECNOLOGIA LTDA. ­ ME. repassava propina mensal de R$ 4.300,00 (quatro mil etrezentos reais), os quais são vertidos para o caixa do “mensalinho”. Senão vejamos:

“QUE ainda havia o contrato da INNERBIT, que lhe rendia o valor de R$ 4.300,00(quatro mil e trezentos reais); (...) QUE com relação a composição do caixa parapagamento do ‘mensalinho’, passou a não mais entregar os valores da POWERNET eda INNERBIT ao DIEGO e aí conversou com o RENI, informando que da pasta de TIos valores eram somente esses” (Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza ­evento nº 01).

“QUE para possibilitar o pagamento aos vereadores do valor mensal de R$ 50.000,00(cinquenta mil reais), foram utilizadas as empresas SR TERRAPLENAGEM, do NILTONBEKERS, a ATIVA OBRAS, a VISUAL PROJETOS, a POWERNET TECNOLOGIAS,VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR, COELHOS TRANSPORTE EIRELI, LUCIAMARLENE TRANSPORTE ESCOLAR e a INNERBIT, do ROSINALDO; QUE inclusivequem sempre se apresentava como proprietário da ATIVA era o próprio NILTON, sendoque o colaborador somente veio a conhecer o FERNANDO BIJARI na carceragemdesta Delegacia” (Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza – evento nº 01);

Em que pese as declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA e o fato de ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS figurar como acusadonos autos da ação penal nº 5005325­03.2016.404.7002, entendo que o grau de seuenvolvimento no esquema sob investigação, a princípio, não é tão elevado a ponto de autorizarque medida tão drástica quanto a prisão preventiva seja decretada em seu desfavor. Além domais, observo que nas supracitadas declarações, não consta indicativo de quem exatamente eraresponsável pelos pagamentos feitos pela empresa INNERBIT TECNOLOGIA LTDA. – ME,não sendo suficiente, para tanto, a afirmação de que ela pertence a ROSINALDO LUZIANODOS SANTOS. Nada obstante, como medida alternativa e necessária para as investigações,entendo que ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS deverá ser conduzido à presença daautoridade policial, a fim de prestar esclarecimentos acerca dos fatos investigados, evitando quepossa combinar com outros envolvidos versões a serem apresentadas à autoridade policial ouaté mesmo coagido. Ademais, como medida alternativa em relação a prisão temporária, dada a

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existência de indicativos de envolvimento em menor grau na organização criminosa investigada,revela­se a condução coercitiva medida adequada para tentar evitar que o investigado promova aocultação de provas.

Segundo indicam os elementos de informação colacionados aos autos, ISMAELCOELHO DA SILVA, na condição de representante da empresa COELHO'S TRANSPORTEEIRELI (atualmente EXPRESSO FOZ TRANSPORTE EIRELI), e RUI OMAR NOVICKIJUNIOR, suposto sócio oculto da referida pessoa jurídica, por intermédio de JUAREZ DASILVA SANTOS, contribuíram para o financiamento do caixa do “mensalinho”, com o objetivode obterem vantagens indevidas junto à organização criminosa investigada no bojo daOPERAÇÃO PECÚLIO, consistente na liberação para aquela empresa, porMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA, de valores devido e nãopagos pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR. Nesse sentido, são as declarações deMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA:

“QUE com relação a composição do caixa para pagamento do ‘mensalinho’, passou anão mais entregar os valores da POWERNET e da INNERBIT ao DIEGO e aíconversou com o RENI, informando que da pasta de TI os valores eram somente esses;QUE acertou com o JUAREZ para que intermediasse a negociação com a“COELHOS”, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mensais, sendo que mil para oJUAREZ e nove mil para a composição do caixa do ‘mensalinho’; (...) QUE após oacordo entre o JUAREZ, o colaborador e a “COELHOS”, começou a liberar ospagamentos para esta empresa; QUE estipulou que não liberaria as RMS’s das demaisempresas de transporte escolar enquanto não fosse o colaborador o negociador doretorno” (Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza ­ evento nº 01).

“QUE a empresa COELHO’S TRANSPORTES EIRELI foi apresentada ao colaboradortendo como pessoa de tratativa o sócio oculto RUI OMAR JUNIOR (servidor decarreira da Prefeitura Municipal); QUE o colaborador tem o conhecimento que essapessoa foi a que sofreu um atentado, salvo engano, no final do ano de 2015; QUE RUIera concursado na Prefeitura, lotado na Secretaria da Fazenda, porém, o mesmo sempreera visto na recepção do Edifício Cataratas (sede do governo), pelo colaborador”(Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza ­ evento nº 01).

Vê­se, diante das supracitadas declarações, que MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA SOUZA retinha os pagamentos devidos às empresas contratadas pelaPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR para prestação de serviço de transporte escolar,só fazendo a liberação após estas concordarem em contribuir para composição do caixa domensalinho.

No caso da empresa COELHO’S TRANSPORTES EIRELI, ao invés de seusdirigentes promoverem as medidas cabíveis para o fim de assegurar os pagamentos que lhe eramdevidos, optaram por se submeter ao achaque de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA, o qual, segundo afirmado por este, foi feito a partir de tratativasengendradas por JUAREZ DOS SANTOS, o qual percebia R$ 1.000,00 (mil reais) a cadapagamento de propina efetuado por aquela empresa.

Neste ponto, observo que a afirmação de MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA SOUZA, no sentido de que RUI OMAR NOVICKI JUNIOR é sóciooculto da COELHO’S TRANSPORTES EIRELI, encontra­se isolada nos autos, sendo que,ainda que comprovada tal situação, seria ela insuficiente para decretação de medida tão drásticaquanto a prisão preventiva. Nada obstante, tenho por bem autorizar a condução coercitiva deRUI OMAR NOVICKI JUNIOR, a fim de que preste esclarecimentos acerca dos fatosinvestigados, sem possibilidade de que venha a atentar contra a produção probatória ou quevenha a ser coagido pelos demais investigados.

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Além da participação no achaque da empresa COELHO’S TRANSPORTESEIRELI, indicam os elementos de informação constantes dos autos que JUAREZ DA SILVASANTOS também está envolvido no esquema fraudulento destinado a desviar a verba que retornada Câmara dos Vereadores para a Prefeitura de Foz do Iguaçu/PR, quiçá figurando comoum dos operadores do esquema, segundo consignado nas declarações deMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA, digitalizadas no evento nº01. Senão vejamos:

“QUE conforme narrado no Anexo ­ Câmara de Vereadores ‘o retorno’, o colaboradorfoi procurado, em janeiro de 2016, pelo então Presidente da Câmara dos Vereadores,Fernando Duso, e Juarez da Silva Santos na residência do colaborador; QUE foiproposto pelas referidas pessoas ao colaborador a realização de operação queviabilizasse a devolução de recursos da Câmara de Vereadores nos moldes expostos no Anexo ­ Operação Câmara de Vereadores ‘retorno verba’­ visando o financiamento dareeleição de Fernando Duso a vereador; QUE a proposta apresentada era do enviomensal de aproximadamente R$ 500.000,00 dos recursos não utilizados para custeio dasdespesas da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu; (...) QUE ficou estabelecido o retornode 25% do valor das notas fiscais emitidas pela Produtel com a seguinte composição da‘propina’: Fernando Duso (presidente Camara de Vereadores) – 8% (recebimentoatravés de Juarez da Silva Santos); Gilber da Trindade (secretário municipal de saúde)– 5% (recebimento através de Jomaa); Elói Sene (coordenador do fundo municipal desaúde) – 2,5% (recebimento através de Jomaa); Mahmoud Ahmad Jomaa (dentista) ­ 5%(diretamente pagos a ele); Iratan (engenheiro da prefeitura) – 1% (recebimento atravésde Juarez da Silva Santos); Colaborador – 3,5% (recebimento através de Antônio),totalizando 25%; (...) QUE contudo, a empresa COT repassou o valor de 40 mil reaisatravés de Jomaa ao colaborador, que então repassou a pessoa de Juarez da SilvaSantos que efetivou a entrega a Fernando Duso” (Melquizedeque da Silva FerreiraCorreia Souza ­ evento nº 01).

JUAREZ DA SILVA SANTOS, pelo que indicam os elementos colacionados aosautos, é a mesma pessoa citada na denúncia oferecida nos autos da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002, pela prática dos fatos descritos nos itens 4.1 e 11.1, segundo os quaisISMAEL COELHO DA SILVA, RODRIGO BECKER, MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREA DE SOUZA, LISIANE VEECK SOSA e LUIZ CARLOS ALVES apraticaram, em tese, o crime do art. 92 da Lei nº 8.666/93, por concorreram para que aPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR efetuasse o pagamento devido a COELHOSTRANSPORTE EIRELI (ATUALMENTE EXPRESSO FOZ TRANSPORTE EIRELI), empreterição a pagamento devido a VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR LTDA.

Segundo aduziu o Ministério Público Federal na referida denúncia,“consultando o portal da transparência descobriu­se que já haviam notas empenhadasanteriores em favor da VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR LTDA. e pendentes depagamentos, razão pela qual as notas foram anuladas e emitidas novas notas de empenho,contudo a favor da empresa COELHOS TRANSPORTE EIRELI ­ ATUALMENTEEXPRESSO FOZ TRANSPORTE EIRELI. Após o pagamento da referida empresa, no diaseguinte, foram reemitidas as notas de empenho à empresa preterida, com indicação depagamento futuro”.

Consta da fl. 649 da denúncia digitalizada no evento nº 01 da ação penal nº5005325­03.2016.4.04.7002, digitalização de consulta realizada no Portal da Transparênciada Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, a qual dá conta da existência de 02 (dois)empenhos de pagamento em favor da empresa TRANSPORTES ESCOLAR VIDAL LTDA,datados do dia 10 de outubro de 2014, tombados sob os nº 12845/2014 e 12846/2014,respectivamente nos valores de R$ 73.940,00 (setenta e três mil novecentos e quarentareais) e de R$ 49.650,00 (quarenta e nove mil seiscentos e cinquenta reais), totalizando R$123.590,00 (cento e vinte e três mil e quinhentos e quarenta reais).

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Por sua vez, conforme se observa dos demonstrativos de Despesa Orçamentárianº 13.095/2014, 13.096/2014 e 13.095/2014 da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR,digitalizados no evento nº 290 do inquérito policial, no dia 20 de novembro de 2014 foiefetuada liquidação de saldo do contrato nº 39/2014, referente a prestação de serviços detransporte escolar pela empresa COELHO’S TRANSPORTES EIRELI ME, referente,respectivamente, aos períodos de 04 de setembro de 2014 a 03 de novembro de 2014, 04 desetembro de 2014 a 03 de outubro de 2014 e 04 de outubro de 2014 a 03 de novembro de2014, conforme memorando 1028/2014 SMED, e, na mesma data, efetuado os pagamentosdevidos àquela empresa, respectivamente nos valores de R$ 216.600,00 (duzentos e dezesseismil e seiscentos reais), R$ 19.130,00 (dezenove mil centro e trinta reais) e R$ 19.130,00(dezenove mil centro e trinta reais), totalizando R$ 254.860,00 (duzentos e cinquenta equatro mil oitocentos e sessenta reais), no dia 20 de novembro de 2014.

Já no evento nº 415 do inquérito policial consta o Demonstrativo de DespesaOrçamentária nº 13.134/2014, que dá conta da liquidação de saldo do contrato nº 41/2014,referente a prestação de serviços de transporte escolar pela TRANSPORTES ESCOLARVIDAL LTDA, referente ao período de 04 de agosto de 2014 a 03 de setembro de 2014, edo respectivo pagamento, no valor de R$ 123.590,00 (cento e vinte e três mil e quinhentos equarenta reais), ocorrido no dia 05 de fevereiro de 2015.

Diante das supracitadas informações é possível observar que a soma dos valoresdos empenhos tombados sob os nº 12845/2014 e 12846/2014 corresponde a R$ 123.590,00(cento e vinte e três mil e quinhentos e quarenta reais), que é o mesmo valor constante doDemonstrativo de Despesa Orçamentária nº 13.134/2014, bem como que os serviços a quese referem o referido demonstrativo, prestado pela TRANSPORTES ESCOLAR VIDALLTDA, precederam àqueles prestados pela COELHO’S TRANSPORTES EIRELI ME, em quepese esta ter recebido os valores que lhe eram devidos cerca de 60 (sessenta) dias antes queaquela empresa.

Se não bastasse a mera análise dos supracitados documentos indicarem que opagamento devido a TRANSPORTES ESCOLAR VIDAL LTDA foi preterido por aqueledevido a COELHO’S TRANSPORTES EIRELI ME, em que pese os serviços prestados poresta referirem­se a períodos posteriores aos prestados por aquela pessoa jurídica, foiconstatado no curso das investigações que o pagamento à segunda empresa somente foirealizado em razão do cancelamento de empenhos devidos à primeira.

Nesse sentido, faço referência aos diálogos indicados no item 10.1 da denúnciaoferecida na ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002, os quais indicam queMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA, após um encontro com apessoa identificada como JUAREZ (diálogo indexado sob o nº 73386056), foi por elepressionado, a fim de que pedisse para alguém mandar alguma coisa (“Pede pra ela mandar láo negócio), solicitando MELQUIZEDEQUE, na sequência, que lhe dê “uns minutinhos”(diálogo indexado sob o nº 73387264).

Cerca de uma hora depois, RODRIGO BECKER conversou comMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA e lhe disse para queligasse para LISIANE VEECK SOSA, então Secretária Municipal de Educação, “Só pra daruma agilizada, senão não vai dar tempo” (diálogo indexado sob o nº 73388497). Ematendimento à solicitação de RODRIGO BECKER, MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREA DE SOUZA telefonou para LISIANE VEECK SOSA cobrando aemissão e cancelamento de notas de empenho. Diante de tal solicitação, LISIANE VEECKSOSA informou para MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA que

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tal tarefa seria da servidora identificada como ÂNGELA, a qual estaria com LUIZ CARLOSALVES na Câmara dos Vereadores, mas que, assim que ela chegasse, seria a solicitação levadaa cabo (diálogo indexado sob o nº 73388531).

Interessante observar do diálogo indexado sob o nº 73388531 que LISIANEVEECK SOSA afirmou para MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DESOUZA que ÂNGELA lhe disse que "o CAL tá aqui e ele falou que primeiro ele tinha quever umas coisas antes de fazer isso" e que, diante de tal fato, disse para ela "fala pra ele queeu já conversei com o PREFEITO. É pra fazer! Só isso, num tem que pedir explicação mais"e, em seguida, disse para MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA“a gente já ajeitou... o que a gente vai dizer pras empresas se eles nos questionarem”, bemcomo que “que a gente viu que não tinha... que a gente não viu que não tinha o saldosuficiente, mas que a gente já vai ajeitar pra próxima semana, que tá tudo certo. Tá, numprecisa dar muita explicação, tá?”.

Alguns minutos depois, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREADE SOUZA conversou com LUIZ CARLOS ALVES o qual lhe informou que “Tá tudocertinho. Só tá faltando mandar o empenho lá. O número do empenho pra poder...”, bemcomo que “ela vai ter que cancelar aqueles empenhos lá” (diálogo indexado sob o nº73388686).

O diálogo indexado sob o nº 73389291, travado entre MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA e JUAREZ, indicam a participação de LUIZCARLOS ALVES, ANGELA e LISIANE VEECK SOSA no cancelamento dos empenhosrelativos a TRANSPORTES ESCOLAR VIDAL LTDA e a emissão de empenhos devido aCOELHO’S TRANSPORTES EIRELI ME, cujos números e valores foram repassados porMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA a JUAREZ no diálogoindexado sob o nº 73390400.

Acerca do supracitado fato, RODRIGO BECKER, quando inquirido em sedepolicial, prestou as seguintes informações:

“Que a respeito desses fatos o colaborador esclarece que a empresa COELHOSTRANSPORTE era representada pelo assessor do prefeito, de nome JUAREZ DOSSANTOS; que a empresa, com autorização do prefeito, teve seu pagamento realizadocom preferência às demais empresas; que referida empresa repassava valores para queMELQUIZEDEQUE pagasse “mensalinho” à “Câmara de Vereadores”; que não selembra se durante a ligação que consta da denúncia estava na presença do prefeito, massabe que ele tinha ciência do ilícito; que a Secretária de Educação, de nome LISIANEVEECK, tinha que dar liberação para que o pagamento ocorresse; que quem definia aordem de prioridade dos pagamento era MELQUIZEDEQUE e CAL era quem efetivavaos pagamentos; que LISIANE tinha ciência da alteração da ordem dos pagamentos”(evento nº 2792 da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002).

Vê­se, portanto, que RODRIGO BECKER corroborou o indicado pelosdocumentos digitalizados nos eventos 290 e 415 do inquérito policial nº 5013824­44.2014.4.04.7002 e na fl. 649 da denúncia digitalizada no evento nº 01 da ação penal nº5005325­03.2016.4.04.7002, bem como pelos diálogos telefônicos interceptados, indicandoque ÂNGELA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA,LISIANE VEECK SOSA e LUIZ CARLOS ALVES concorreram para que a PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, preterisse pagamentos devidos a TRANSPORTESESCOLAR VIDAL LTDA, por meio de cancelamento de notas de empenho, dada a ausência dedisponibilidade financeira, com o objetivo de efetuar pagamentos devidos a COELHO’S

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TRANSPORTES EIRELI ME, representada perante a municipalidade pela pessoa deJUAREZ DOS SANTOS, com o objetivo de beneficiar ISMAEL COELHO DA SILVA, fatoque, em tese, se subsume no tipo incriminador do art. 92 da Lei nº 8.666/93.

Vê­se, portanto, a existência de fundados indicativos de que JUAREZ DA SILVASANTOS e ISMAEL COELHO DA SILVA concorrem para a práticas das atividadesdesenvolvidas pela organização criminosa investigada na OPERAÇÃO PECÚLIO, o primeirode forma ativa nas medidas engendradas para coagir empresários a contribuírem para oesquema do mensalinho, recebendo para si parte dos valores pagos, bem comointermediando a preterição de pagamentos em favor de empresas alinhadas àorganização criminosa. O segundo, figurando como patrocinador do esquema e beneficiáriodos referidos pagamentos.

Em que pese a existência de fundadas suspeitas em desfavor de ISMAELCOELHO DA SILVA, observo que a intensidade de seu envolvimento, em tese, no esquemacriminoso não autoriza a decretação de sua prisão preventiva, estando inviabilizada a análise docabimento da custódia temporária, em razão da ausência de pedido do Ministério PúblicoFederal ou de representação da autoridade policial. Nada obstante, entendo que ISMAELCOELHO DA SILVA deve ser objeto de condução coercitiva, a fim de prestaresclarecimentos à autoridade policial, afastando a possibilidade de que venha a frustrar aprodução probatória, que seja coagido pelos demais investigados ou que com eles combineversão a ser apresentada às autoridades. Diferentemente, impõem os elementos de informação adecretação da custódia preventiva de JUAREZ DA SILVA SANTOS, haja vista a intensidadede seu envolvimento no esquema, em tese, delituoso e a possibilidade de reiteração de práticasilícitas.

Não é demasiado observar que, pelo que indicam os autos, JUAREZ DA SILVASANTOS não só atuou ao lado de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREADE SOUZA nos achaques engendrados em desfavor de empresas que contrataram com aPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, mas, em tese, foi beneficiado com parte dosvalores obtidos mediante referida coação, sendo que, além disso, estava ao lado deFERNANDO DUSO quanto foi proposto a MELQUIZEDEQUE a realização do esquemadenominado “retorno”, de onde também auferia vantagens.

CARLOS JULIANO BUDEL, quando inquirido em sede policial, informou queno ano de 2015, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA solicitou e recebeu de FLÁVIOEISELE, diretor do CONSÓRCIO SORRISO, O valor de R$ 350.000,00 (trezentos ecinquenta mil reais), além de contribuições mensais no valor de R$ 10.000,00 (dez milreais), destinada ao pagamento do “mensalinho” do vereador QUEIROGA. Referidospagamentos tiveram por objetivo assegurar que RENI PEREIRA viabilizasse a alteração de leiem benefício da referida pessoa jurídica, tais como com a isenção do pagamento parapassageiros com idade superior a 65 anos, alteração da idade média e máxima da frota de ônibusdo transporte urbano e a abertura do Terminal de Transporte Urbano ­ TTU. Senão vejamos:

“QUE em reunião da qual não participou, foi firmado um compromisso entre asempresas do consórcio SORRISO com o Prefeito RENI PEREIRA, em financiar parte dacampanha de CLAUDIA PEREIRA a Deputada Estadual; QUE RENI PEREIRAsolicitou o valor de R$ 350.000,00 e o consórcio não pagou na data estabelecida; QUEapós cobranças incessantes, no segundo semestre de 2015, o consórcio acenou opagamento ao colaborador; QUE, a pedido de RENI PEREIRA, arrecadou duasparcelas de R$ 125.000,00, em espécie, das mãos de FLÁVIO (gerente do consórcio) naRua Venanti Otrembra e no Condomínio Quinta do Sol; QUE esses repasses ocorreramentre final de 2015 e início de 2016, com um intervalo de 30 dias aproximadamente;QUE o dinheiro foi recebido em uma sacola, em notas de R$100,00; QUE R$ 150 milreais foi destinado ao caixa do “mensalinho” e o restante foi entregue integralmentepara RENI PEREIRA; QUE o consórcio pretendia a alteração de lei que concedeu a

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para RENI PEREIRA; QUE o consórcio pretendia a alteração de lei que concedeu aisenção de passageiro de 60 para 65, a alteração da idade média e máxima da frota,além da alteração no TTU (abertura), que não foram atendidos e, portanto, acredita quepor esse motivo o consórcio não quitou o valor restante; QUE o colaborador não recebeunada em proveito pessoal; QUE concomitantemente, o Prefeito RENI PEREIRAdeterminou ao colaborador que arrecadasse das empresas do Consórcio o valor de R$10.000,00 por mês para pagamento de “mensalinho” do Vereador QUEIROGA, o qual ocolaborador recebeu de FLÁVIO; QUE repassou os valores para o vereador sempre narua e dentro de seus próprios veículos; QUE pagou durante 6 meses, porque o consórciodeixou de repassar o valor por falta de cumprimento do acordo político; QUE os R$ 60mil reais (seis parcelas de R$10 mil reais) do “mensalinho”, foram retirados dofaturamento do Consórcio, sendo que não houve a carga desse valor no aumento datarifa; QUE a vantagem do Consórcio viria da revogação da Lei que alterou a idade depassageiros com isenção, o que onerava a operação, e substituição de cobradores porcartões; QUE segundo o Prefeito RENI PEREIRA de Janeiro de 2013 até 2015, nãohouve repasse de valores, por parte do Consórcio” (evento nº 01).

Conforme se depreende da representação do evento nº 01, tem a pretensão doMinistério Público Federal em relação a FLÁVIO EISELE, fundamento nas declaraçõesprestadas por CARLOS JULIANO BUDEL, em decorrência do acordo de colaboraçãofirmado entre ele e o Ministério Público Federal, homologado pelo Tribunal RegionalFederal da 4º Região.

Data venia, em que pese CARLOS JULIANO BUDEL ter prestado declaraçõesna forma do §14º do art. 4º da Lei nº 12.850/13, ou seja, sujeito às penas do falso testemunhoe também a perda de todas as benesses decorrentes do compromisso de colaboração firmadocom o Ministério Público Federal, tais declarações, desacompanhadas de outros elementosprobatórios, são insuficientes para decretação da prisão preventiva de FLÁVIO EISELE. Nadaobstante, são ela aptas a autorizar que FLÁVIO EISELE seja conduzido coercitivamente àpresença da autoridade policial, a fim de prestar declarações acerca dos fatos sob investigação,como forma de evitar que durante o cumprimento das buscas venha a promover medidasvoltadas a obstar a colheita de elementos de informação, bem como que venha a combinar comoutros investigados as versões a serem dadas aos fatos sob apuração.

O Ministério Público Federal requereu que seja decretada a prisão temporáriado investigado INÁCIO COLOMBELLI, sob argumento, “não obstante os delitos praticadospelos investigados constituam crimes contra a Administração Pública e crimes referentes àlicitação, denota­se todos esses delitos foram praticados no bojo de associação criminosa,sendo necessária a medida cautelar para colheita de provas acerca da qualificação destaassociação pela organização e divisão de tarefas”, bem como porque “restaramcomprovados os pressupostos da medida cautelar, consistentes na prova de materialidade eindícios de autoria, sendo a prisão temporária essencial imprescindível para asinvestigações do inquérito policial” (evento nº 01).

Segundo apontam os elementos de informação colacionados aos autos, a empresaITAVEL SERVIÇOS RODOVIÁRIOS LTDA, de propriedade de INÁCIO COLOMBELLI,possuía contrato de pavimentação com a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR e pagouvantagem indevida em relação a este contrato em favor de RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA, sendo que parcelas do referido pagamento foram recebidas por DIEGOFERNANDO DE SOUZA e GIRNEI DE AZEVEDO.

Além disso, segundo consignado na petição do evento nº 01, houvedirecionamento da Tomada de Preço nº 24/2014 em favor da ITAVEL SERVIÇOSRODOVIÁRIOS LTDA, sendo que, nada obstante o não fornecimento do produto queconstituía objeto do certame (pedras), foi efetuado o pagamento pela Prefeitura

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Municipal de Foz do Iguaçu/PR, cujo valor, em parte, foi destinado ao pagamento de impostoe dívidas para com a citada pessoa jurídica, em parte foi vertida em favor da PEDREIRAREMANSO.

O envolvimento de INÁCIO COLOMBELLI na organização criminosainvestigada é também indicado pelo fato de ter prestado apoio financeiro a RENI CLÓVIS DESOUZA PEREIRA, tendo, inclusive, repassado a quantia de R$ 15.000,00 (quinze mil reais)em espécie para GIRNEI DE AZEVEDO, a fim de quitar multa aplicada a ele pela JustiçaEleitoral, justamente por ter efetuado doação irregular a campanha de CLAUDIA VANESSA DESOUZA PEREIRA, sendo que tal montante acabou sendo repassado para MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA.

“QUE as licitações que envolveram as avenidas Felipe Wandscher dentre outras, foramcoordenadas pela pessoa de NILTON, determinando quais empresas venceriam os lotespor ele acertado com o Prefeito RENI; QUE as empresas envolvidas eram das pessoasde VERMELHO, INÁCIO COLOMBELLI e PAULO GORSKI; QUE NILTON ficou coma obra da Av. Felipe Wansdcher e deveria retornar a título de propina cerca de 10 %(por cento) para RATINHO JUNIOR, que ajudou a viabilizar os recursos; QUE nosdetalhes da licitação o colaborador não se envolvia, sendo que o ‘cabeça’ era oNILTON; QUE GIL (GIRNEI), em uma oportunidade, trouxe um dinheiro, referente aum obra, do INACIO COLOMBELLI, sendo acertado com o RENI, o valor de 100 milreais; QUE o colaborador perguntou a GIRNEI por que não levou direto a RENI, tendoele respondido que não o tinha encontrado, salvo engano; QUE o colaborador entrou emcontato com o Prefeito RENI, sendo que o mesmo determinou que o colaborador levasseo dinheiro até a sua casa” (Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza – evento nº01).

“QUE em relação a um contrato da prefeitura com a ITAVEL de pavimentação no valorde 850 mil reais o colaborador esclarece que por três vezes buscou dinheiro com o Sr.INÁCIO, da empresa ITAVEL; QUE na primeira vez pegou 70 mil reais; QUE talquantia foi entregue a DIEGO (sobrinho de RENI) e sua destinação seria para ofinanciamento irregular da campanha de CLÁUDIA PEREIRA; QUE nas outras duasvezes pegou em cada uma delas as quantias de 50 mil e as entregou paraMELQUIZEDEQUE; QUE tais quantias teriam sido entregues ao prefeito RENI; QUEesse contrato de 850 mil foi aditivado uma vez em 25%; QUE a entrega de tais valores sedeu em função de um acordo entre RENI, INÁCIO e o colaborador, que fizeram naocasião de um encontro no hotel VIALLE (da Av. das Cataratas), antes mesmo dalicitação; QUE houve uma licitação no valor de 85 mil reais para o fornecimento depedras diversas que a ITAVEL ganhou; QUE desse valor foi descontado cerca de 35 milreais de impostos e dívidas anteriores e o restante, 50 mil, por ordem de RENI, foirepassado para o pagamento de uma dívida deste junto à Pedreira Remanso; QUE nãofoi realizada a entrega do material contratado na licitação (pedra); QUE INÁCIO teveconhecimento da multa que o colaborador teve aplicada pela Justiça Eleitoral e lherepassou 15 mil em dois pagamentos, um de 10 mil e outro de 5 mil; QUE o colaboradorao invés de pagar a multa, a pedido de MELQUI, repassou o dinheiro a este,entregando em sua casa, enquanto este cumpria prisão domiciliar. QUE do dinheiroentregue por INÁCIO o colaborador não ficou com nenhum valor” (Girnei de Azevedo –evento nº 01).

Diante das declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREA SOUZA e GIRNEI DE AZEVEDO, é forçoso concluir pela existência deconsistentes indícios da inserção de INÁCIO COLOMBELLI, por intermédio da empresaITAVEL SERVIÇOS RODOVIÁRIOS LTDA, como um dos patrocinadores da organizaçãocriminosa sob investigação.

Além disso, observo que INÁCIO COLOMBELLI foi denunciado nos autos daação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002 por ter concorrido para a prática do crime deusurpação de função pública VALTER MARTIN SCHROEDER JUNIOR, supostamente

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pagando­lhe para agilizar os processos junto à Caixa Econômica Federal, viabilizando aliberação de verbas federais devidas a empreiteiras envolvidas no esquema criminoso sobinvestigação, percebendo, para tanto, vantagem econômica.

Nesse sentido, faço referência às declarações de NILTON JOÃO BECKERS, nosentido de que “o então secretário de obras CARLOS JULIANO BUDEL determinou que ocolaborador, na condição de proprietário da TERRAPLENAGEM SR LTDA., INÁCIOCOLOMBELLI, na condição de proprietário da ITAVEL SERVIÇOS RODOVIÁRIOS LTDA.e NELSI "VERMELHO" e seu filho THIAGO, na condição de proprietários da COGUETTOMARIA, todas executoras de obras em Foz do Iguaçu/PR, realizassem pagamentos mensaisno valor de R$ 1.000,00, cada uma para VALTER JUNIOR, em razão dos serviçosrealizados por esse”, bem como de FERNANDO BIJARI, que afirmou que “certa vez pagousalvo engano R$1.000,00 ou R$2.000,00 a AIRES que seria devido por NILTON a VALTERMARTIN SCHROEDER JUNIOR” (evento nº 02 da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002).

Corroborando as declarações de NILTON JOÃO BECKERS e FERNANDOBIJARI, afirmou AIRES SILVA em sede policial que “há recebimento de valores oriundos deverbas desviadas de contratos das empresas ATIVA OBRAS E SERVIÇOS LTDA., SAMPCONSTRUTORA DE OBRAS LTDA., CONSTRUTORA COGUETTO MARIA LTDA., eITAVEL Serviços RODOVIÁRIOS LTOA. por parte de VALTER MARTIN SCHROEDERJUNIOR, filho do secretário de planejamento VALTER MARTIN SCHROEDER. QUE aempresa EMPREENDIMENTOS QUEIROZ LTDA., pagou por um período VALTERJUNIOR como se ele fosse empregado, porém não sabe dizer se era registradoformalmente. QUE pelo que tem conhecimento VALTER JUNIOR não ocupa função pública,porém é ele o responsável pelo acompanhamento da liberação dos pagamentos doscontratos públicos perante a Caixa Econômica Federal, função que seria deresponsabilidade da secretaria de planejamento. QUE em contrapartida, VALTER JUNIORrecebe mensalmente valores em torno de R$ 3.000,0, pagos em forma de rodízio pelasempresas acima citadas. QUE os pagamentos a VALTER JUNIOR foram determinados porBUDEL. QUE após as empresas receberem os pagamentos da prefeitura; cujos trâmites sãofeitos por VALTER JUNIOR, entregam a parte que cabe a VALTER ao colaborador, que porsua vez os repassa a esse último, dentro de envelopes ou em "dinheiro vivo" sem nenhuminvólucro, quase todas as vezes dentro do Departamento de Manutenção da PrefeituraMunicipal (DRM). QUE se recorda que uma vez pagou VALTER JUNIOR do lado de fora doFOTRANS, na rua. QUE era o colaborador que buscava o dinheiro nas empresas parapagar VALTER JUNIOR. QUE Efetivamente recebeu R$ 1.000,00 de THIAGO, filho doproprietário NELSI COGUETTO MARIA vulgo "VERMELHO", da empresa COGUETTO:R$ 2.000,00 de FERNANDO BIJARI, da empresa ATIVA; R$ 3.000,00 de INÁCIOCOLOMBELLI da empresa ITAVEL: QUE entregou tais valores diretamente a VALTERJUNIOR” (evento nº 02 da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002).

Nessa perspectiva, a prisão temporária de INÁCIO COLOMBELLI mostra­seimprescindível, nos termos do artigo 1º, inciso I, da Lei nº 7.960/89, visando assegurar acolheita de provas, afastando os riscos de ocultação e destruição de elementos de informaçõesúteis à investigação.

Outra pessoa apontada como financiador do “mensalinho” é ADEMILTONJOAQUIM TELLES, presidente da UMAMFI – União Municipal das Associações deMoradores de Foz do Iguaçu/PR e supostamente proprietário de fato da empresa CLMTRANSPORTADORA TURISTICA EIRELI – ME (ÁGUAS DA FONTETRANSPORTADORA TURÍSTICA).

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Segundo aduziu o Ministério Público Federal no evento nº 01, paga vantagemindevida a organização criminosa descortinada no curso da OPERAÇÃO PECÚLIO, em razãoda contratação da CLM TRANSPORTADORA TURISTICA EIRELI – ME (ÁGUAS DAFONTE TRANSPORTADORA TURÍSTICA) para fornecimento de mão­de­obra para aSecretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu/PR, cujos valores eram destinados ao caixado esquema criminoso denominado “mensalinho”.

“Verificou­se que com o dinheiro ilegal arrecadado por MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREA SOUZA, ainda era pago o aluguel da UMAMFI – UniãoMunicipal Associação de Moradores de Foz do Iguaçu, da qual o policial civilADEMILTON JOAQUIM TELES era o presidente, no valor de mil e oitocentos reais.Posteriormente foi fraudada e direcionada a contratação de motoristas para asambulâncias do município para a empresa Águas da Fonte Transportadora Turística, depropriedade de ROSA MARCELA SOLENI SIEBRE, companheira de ADEMILTONJOAQUIM TELES, com auxílio de MELQUIZEDEQUE e MARLI TEREZINHATELLES. A propina era composta de cinco mil reais por mês, os quais eram destinadospara o caixa ilegal da organização criminosa operado por MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA SOUZA, desobrigando este do pagamento do aluguel daUMAMFI” (petição do evento nº 01).

ADEMILTON JOAQUIM TELLES, além de escrivão da Polícia Civil doEstado do Paraná, é presidente da UMAMFI – União Municipal das Associações deMoradores de Foz do Iguaçu/PR, qual possui assento em diversos conselhos municipais(Conselho da Cidade de Foz do Iguaçu – CONCIDADE/FOZ, Conselho Municipal doMeio Ambiente de Foz do Iguaçu – COMAFI, Conselho Municipal de Defesa Civil etc.),inclusive no Conselho Municipal de Saúde –COMUS/FOZ entre 01 de dezembro de 2009(Decreto Municipal nº 19.296/90) e 16 de janeiro de 2015 (Decreto Municipal nº23.605/15), época em que a CLM TRANSPORTADORA TURISTICA EIRELI – ME foiselecionada para prestação de serviços de fornecimento de mão de obra e de locação devans para a Secretaria Municipal de Saúde (evento nº 03).

Em pesquisa no site de busca Google, foi observado que a UMAMFI – UniãoMunicipal das Associações de Moradores de Foz do Iguaçu/PR possui sua sede naRepública nº 311, Parque Presidente, em Foz do Iguaçu/PR. Todavia, em sua página noFacebook, consta como endereço daquela entidade República nº 222, Parque Presidente Foz doIguaçu/PR, o mesmo da empresa CLM TRANSPORTADORA TURISTICA EIRELI – ME,conforme informação obtida junto ao site www.foneempresas.com.br e constante dos registrosda Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, conforme Despesa Orçamentária Nº14.511/2014 (evento nº 03).

A CLM TRANSPORTADORA TURISTICA EIRELI – ME (CNPJ nº18.285.644/0001­39), cujo nome fantasia é ÁGUAS DA FONTE TRANSPORTADORATURÍSTICA, conforme constatado pelo Ministério Público do Estado do Paraná, estáformalmente registrada em nome de ROSA MARCELA SOLENI SIEBRE, que mantém uniãoestável com ADEMILTON JOAQUIM TELLES, conforme se depreende da petição inicial daação civil pública nº 0013418­35.2016.8.16.0030, digitalizada no evento nº 02.

Diante de tais elementos, é possível concluir que há fortes indicativos de queADEMILTON JOAQUIM TELLES, em que pese presidente de associação que possuíaassento no Conselho Municipal de Saúde –COMUS/FOZ, é proprietário de fato da empresaCLM TRANSPORTADORA TURISTICA EIRELI – ME, que foi selecionada para prestaçãode serviços de fornecimento de mão de obra e de locação de vans, justamente para a SecretariaMunicipal de Saúde, fato que, por si só, traz a lume fundadas suspeitas acerca da licitude dacontratação.

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Corroborando referidas suspeitas, informou MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIA CORREIA SOUZA que, no ano de 2015, a empresa CLM TRANSPORTADORATURISTICA EIRELI – ME foi contratada pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PRpara o fornecimento de motoristas para veículos destinados ao transporte de pacientes emambulâncias pertencentes ao município, por meio de dispensa de licitação (Processo deDispensa nº 028/2015), cujo trâmite foi levado pelo próprio ADEMILTON JOAQUIMTELLES e por MARLI TEREZINHA TELLES, tendo o primeiro instruído o feito com trêsorçamentos obtidos junto a empresas parceiras, já indicando a CLM TRANSPORTADORATURISTICA EIRELI – ME como a que apresentava menor preço.

O Ministério Público do Estado do Paraná, no curso das investigações levadasa cabo no Inquérito Civil Público nº MPPR nº 0053.15.000462­9, constatou queOCIVALDO GOBETTI MOREIRA, contador das empresas que forneceram os orçamentosapresentados por ADEMILTON JOAQUIM TELLES, forjou tais estimativas de preço.Além disso, referidos orçamentos foram emitidos em nome de empresas cujo objeto social nãocorrespondia ao serviço a ser contratado, sendo que tão­somente a CLMTRANSPORTADORA TURISTICA EIRELI – ME possuía por objeto o fornecimento demão­de­obra, resultando daí sua contratação, em regime emergencial, cuja gênese, aindasegundo constatado pelo Ministério Público do Estado do Paraná, foi a omissão de RENICLÓVIS PEREIRA e CHARLLES BORTOLO em promover tempestivamente o necessárioprocedimento licitatório, devendo ser salientado, ainda, que a empresa que anteriormenteprestava o serviço o fazia por valor inferior ao da nova contratação.

Vê­se, pois, que há nos autos fortes indicativos de que a contratação de CLMTRANSPORTADORA TURISTICA EIRELI – ME para o fornecimento de motoristas paraveículos destinados ao transporte de pacientes em ambulâncias pertencentes ao município, pormeio de dispensa de licitação (Processo de Dispensa nº 028/2015), se deu de formafraudulenta, com a participação, dentre outros, de RENI CLÓVIS PEREIRA, CHARLLESBORTOLO, MARLI TEREZINHA TELLES, OCIVALDO GOBETTI MOREIRA eADEMILTON JOAQUIM TELLES.

Como não poderia deixar de ser, como contraprestação pela fraude empregadacontratação de CLM TRANSPORTADORA TURISTICA EIRELI – ME, segundo informouMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIA CORREIA SOUZA, passou ADEMILTONJOAQUIM TELLES a verter para o caixa do esquema denominado “mensalinho” o valorde R$ 5.000,00 (cinco mil reais) mensais.

Além disso, ADEMILTON JOAQUIM TELLES obteve a promessa de que apróxima licitação para contratação do fornecimento de mão­de­obra para condução dasambulâncias da municipalidade seria direcionada a CLM TRANSPORTADORA TURISTICAEIRELI – ME, certamente para o fim de assegurar a manutenção do pagamento de propinasdestinadas ao caixa do referido esquema criminoso.

“QUE o colaborador esclarece que, em virtude da renovação do contrato de prestaçãode serviço de motoristas para Ambulâncias do Município, a empresa que estavaprestando serviços para Prefeitura solicitou, em período de junho/julho 2015, umreequilíbrio econômico financeiro para que fosse renovado o contrato e seguisseprestando o serviço; QUE o colaborador, em conjunto com Charles Bortolo (Secretáriode Saúde) e Marli Terezinha Teles (Diretora de Gestão e Saúde), não aceitaram oreequilíbrio econômico financeiro proposto; QUE a empresa que prestava o serviçoenviou um ofício para o município onde declarava que não mais possuía interesse naprestação do serviço de motorista de ambulância; QUE em posse desse ofício, ocolaborador se reuniu com o Prefeito Reni Pereira, a fim de pedir autorização para queum contrato emergencial fosse feito com a empresa do Policial Civil Adenilton Telles(escrivão), QUE Telles já prestava serviço na prefeitura representando uma Empresa de

nome Aguas da Fonte, QUE não recorda se foi essa empresa utilizada para fazer a

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nome Aguas da Fonte, QUE não recorda se foi essa empresa utilizada para fazer acontratação emergencial por 90 dias, QUE deixou a cargo do Telles e da Marli todo otramite do processo, QUE o Telles buscou os parceiros e fez a composição de trêsorçamentos já indicando a empresa que representava como a de melhor preço, QUE dizter sido mantido os mesmos motoristas, QUE a intenção era obter propina de 5 mil reais,com intuito de aumentar o “caixa geral” gerenciado pelo colaborador, QUE cadapagamento mensal seria devolvido a propina de R$5.000,00 mil reais e não mais opagamento do aluguel da sede da UMAMFI, QUE o colaborador recebeu por umaoportunidade em Agosto de 2015 tal valor, QUE acordou para que a próxima licitaçãofosse direcionada a empresa de Telles, QUE os serviços prestados anteriormente porTelles eram para vans que faziam transporte de pessoas para tratamento de hemodiálisee “TFD”, QUE não sabe dizer se a empresa tem seu nome ou como sócio, QUE acreditaestar no nome de sua Esposa, entretanto o mesmo que administrava, QUE Telles estavadiariamente em contato com o colaborador referindo­se a essa situação (contratoemergencial) QUE quando foi apresentado o oficio o mesmo informou que poderia teracertado o reequilíbrio econômico com a empresa anterior, QUE o acordo foi utilizadopara recolhimento de propina e se livrar do aluguel com a UMAMFI, QUE em agosto jádeixou de pagar o aluguel e que após teve a deflagração da operação LOTHUR, onde ocolaborador foi exonerado do cargo, QUE o valor do contrato emergencial era deaproximadamente R$ 75,000,00, mensal, salvo engano para contratação de 16motoristas, QUE Telles absorveu os motoristas já existentes, QUE o contrato anterior eraentre R$60.000,00 e R$ 65.000,00 mil, QUE declara que poderia ter negociado com aempresa o reequilíbrio, que utilizou o oficio como artificio de geração de emergencialpara ajudar Telles” (evento nº 01).

No final do ano de 2015, foi publicado edital do Pregão Eletrônico nº096/2015, cujo objeto consistia na contratação de empresa para a prestação de serviços deapoio, técnico especializado e atividades auxiliares, na condução de veículos de emergência(ambulâncias), para atuar no SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Foz doIguaçu/PR, no âmbito da Secretaria Municipal da Saúde, cuja vencedora, conformeprometido, foi CLM TRANSPORTADORA TURISTICA EIRELI – ME (evento nº 03).

No curso do monitoramento telefônico levado a cabo na OPERAÇAOPECÚLIO, foi interceptado o diálogo indexado sob o nº 75872814, no qual MARLITEREZINHA TELLES comentou com MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREA SOUZA o faturamento de ADEMILTON JOAQUIM TELLES na prestação seserviços para Secretaria Municipal de Saúde, em razão de ter emprestado veículos para acampanha da deputada CLAUDIA VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA, esposa deRENI CLÓVIS PEREIRA (evento nº 03).

Verifica­se, portanto, a existência de fortes indícios da inserção de ADEMILTONJOAQUIM TELLES como patrocinador da organização criminosa sob investigação, não só emrazão de ter sido indevidamente beneficiado com a contratação emergencial e comdirecionamento de processo licitatório, com uso de documentos ideologicamente falsos,mas também por fomentar, mediante repasses mensais de recursos, o esquema criminosodenominado mensalinho. Além disso, há indicativo de que em razão de seu apoio à campanha dadeputada CLAUDIA VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA, esposa de RENICLÓVIS PEREIRA, apontado como líder do esquema criminoso, acabou ADEMILTONJOAQUIM TELLES por ser beneficiado, ao que parece, de forma indevida.

Além disso, ao que parece, ADEMILTON JOAQUIM TELLES, por meio daUMAMFI – União Municipal das Associações de Moradores de Foz do Iguaçu/PR,participa de inúmeros conselhos municipais, quiçá com o objetivo de patrocinar interessesda organização criminosa, inclusive, na época em que sua empresa foi contratada para prestarserviços para Secretaria Municipal de Saúde, referida entidade integrava o ConselhoMunicipal de Saúde – COMUS.

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Diante de tais elementos, não há como negar a existência de fundados indicativosde que ADEMILTON JOAQUIM TELLES é pessoa contumaz na prática deirregularidades, devendo ser observado que as práticas noticiadas nos autos seprocrastinaram por longo período e, quiçá, ainda são praticadas, haja vista a CLMTRANSPORTADORA TURISTICA EIRELI – ME manter contratos com a PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR (evento nº 03), sendo, portanto, necessária a decretação desua prisão preventiva para garantia da ordem pública, com o fim de cessar a prática, em tese,delituosa.

Há nos autos indícios de que EDISON ROBERTO BARDELLI e ELCIOANTÔNIO BARDELI JUNIOR, vinculados a empresa QUALITY FLUX AUTOMAÇÃO ESISTEMAS LTDA. ME, igualmente figuram como financiadores do esquema denominado“mensalinho”, bem como que pagam vantagens indevidas em prol da organização criminosainvestigada na OPERAÇÃO PECÚLIO.

Segundo apontam os elementos de informação carreados aos autos, EDISONROBERTO BARDELLI e ELCIO ANTÔNIO BARDELI JUNIOR pagaram para RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA o valor de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais), comocontraprestação por ter sido direcionado o Pregão nº 006/2013, realizado pelo FOZTRANS –Instituto de Transportes e Trânsito de Foz do Iguaçu/PR a referida empresa, conformeafirmado por CARLOS JULIANO BUDEL, em depoimento prestado perante o MinistérioPúblico Federal e a autoridade policial. Senão vejamos:

“QUE a ‘QUALITY FLUX’ é uma empresa de Curitiba/PR e que atua na área demonitoramento de radares em Foz do Iguaçu/PR; QUE tal serviço foi licitado no ano de2013; QUE houve uma renegociação no prazo de pagamento do contrato de 30 para180 dias, em função da diferença no fluxo de caixa entre o dinheiro repassado peloDETRAN ao FOZTRANS; QUE durante o contrato da ‘QUALITY FLUX’, não houvesuperfaturamento de valores no âmbito da execução do contrato no FOZTRANS; QUEentretanto, havia um acordo de tal empresa com o RENI PEREIRA, em função de umcompromisso assumido pelo RENI com pessoas do Tribunal de Contas do Estado doParaná para que essa empresa viesse a vencer a licitação; QUE como houve umaalteração de valores no pagamento do ‘mensalinho’, o colaborador procurou o prefeitoRENI que autorizou a receber da empresa QUALITY FLUX o valor de oitenta mil reaispara dar complementação ao pagamento do ‘mensalinho’, tendo recebido tal valor dorepresentante da empresa em Foz do Iguaçu/PR, o EDSON, e também do próprioproprietário, de nome HÉLCIO, sendo uma parcela recebida em um encontro na RuaVenanti Otremba e outra parcela na frente da sede da empresa na Avenida Paraná;QUE tal valor já estava previamente acertado pelo RENI com referida empresa; QUEacredita que o prefeito RENI ainda teria outros valores, ‘créditos em haver’ parareceber de tal empresa; QUE ressalta novamente que não houve superfaturamento docontrato dessa empresa no âmbito do FOZTRANS; QUE tais valores foram recebidoslogo no começo de 2016, quando surgiu um acréscimo na propina envolvendo o‘mensalinho’” (evento nº 01).

Em que pese o depoimento de CARLOS JULIANO BUDEL trazer a lumeindicativos da prática, por EDISON ROBERTO BARDELLI e ELCIO ANTÔNIO BARDELIJUNIOR, dos crimes dos art. 333 do Código Penal e art. 90 da Lei nº 8.666/93, perpetradosno bojo de uma organização criminosa, entendo que tais declarações, ainda que prestadas naforma do art. 4º da Lei nº 12.850/13, por si sós, são insuficientes para decretação de medidatão severa como a prisão temporária.

Nada obstante, é inegável que referido elemento de informação autorizam queEDISON ROBERTO BARDELLI e ELCIO ANTÔNIO BARDELI JUNIOR sejamconduzidos coercitivamente à presença da autoridade policial, a fim de que prestemesclarecimentos acerca dos fatos investigados, evitando que sejam coagidos por terceiros a

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faltarem com a verdade ou que combinem entre si e com outras pessoas versões a serem dadas àautoridade policial. Além disso, a condução coercitiva, como substitutiva da prisãotemporária, é fundamental para evitar que engendrem medidas voltadas a fazer desaparecerelementos de prova eventualmente existentes nos locais a eles vinculados, os quais serãosubmetidos a busca e apreensão, dada a possibilidade de que lá existam objetos necessários àprova dos fatos investigados.

O Ministério Público Federal requereu na petição do evento nº 01 que sejadecretada a prisão preventiva de EVANDRO FREIRE e MAURÍCIO IOPP, aduzindo que hános autos indícios do envolvimento deles na prática reiterada dos crimes dos art. 333 doCódigo Penal e art. 90 da Lei nº 8.666/90, perpetrados no bojo de uma associação criminosa,bem como que a medida é necessária para garantia da ordem pública e para assegurar a aplicaçãoda Lei Penal.

Foi apurado no curso das investigações que, no âmbito da Concorrência Públicanº 001/2013, houve suposto direcionamento em favor da empresa BIOCENTER (JOÃOMICHELS FREIRE & CIA. LTDA.), por meio de acordo celebrado entre RENI CLÓVIS DESOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA e EVANDRO FREIRE. Nesteacordo, restou convencionado que, em contrapartida em razão do direcionamento do certame,EVANDRO FREIRE pagaria R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) a TULIOMARCELO DENIG BANDEIRA.

Além do pagamento da propina em razão do direcionamento da ConcorrênciaPública nº 001/2013, passou a BIOCENTER (JOÃO MICHELS FREIRE & CIA. LTDA. afazer parte do grupo de empresas responsáveis pelo financiamento do esquema do“mensalinho”, contando com a participação de MAURÍCIO IOPP, seu administrador.

“QUE quando tudo isso já estava certo, ou seja, a composição do caixa parapagamento do mensalinho estava em ordem, o colaborador soube da dívida doGERALDO BIESEK, que foi a pessoa que veio a assumir o lugar de FERNANDOCOSSA como diretor do hospital municipal; QUE o GERALDO veio com uma equipe,que se recorda que uma pessoa tinha por nome “MARCOS” e outra que não se recorda;QUE o acordo do GERALDO era de 10 mil reais referente ao salário de diretor mais os40 mil reais como ‘plus’, ‘por fora’; QUE quando soube disso, já havia um passivo comcom o GERALDO de (4) quatro meses; QUE como era o colaborador a pessoaresponsável por tratar com os vereadores, o prefeito RENI solicitou ao colaborador queangariasse fundos junto a empresas dentro do hospital para o pagamento do valor de 40mil reais; QUE entretanto estabeleceu com o GERALDO que o pagamento do valor deR$ 40.000,00 (quarenta mil reais) não seria possível, pois não encaixaria com o quetinha em caixa; QUE portanto lhe propôs o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), queficou acordado; QUE já havia feito uma sondagem dentro do hospital, por meio doJOMAA/dentista, de quais seriam as empresas que poderiam ajudar, que foram aAGUIAR ALIMENTAÇÃO e o laboratório BIOCENTER; (...) QUE nesse período,conversou com o JOMAA/dentista e fechou os valores com a empresa AGUIARREFEIÇÕES e com o LABORATÓRIO BIOCENTER para ter mais recursos para cobriressa despesa com o GERALDO, tanto o passivo/atrasado quanto o mensal; QUE daempresa AGUIAR, da alimentação, da média mensal aproximada de R$ 320.000,00(trezentos e vinte mil reais) em notas fiscais, o retorno era de 10%, ou seja 32 mil reaisaproximados; QUE do laboratório BIOCENTER, que tinha em média valores maiores,de R$ 450.000,00 (quatrocentos e cinquenta mil reais), também resultava em retorno10%, ou seja, 45 mil reais; QUE quando acertou com essas empresas, em janeiro de2015, o hospital possuía uma dívida com o laboratório no valor de um milhão eoitocentos mil reais; QUE no caso da AGUIAR REFEIÇÕES, esta possuía um passivomenor, já que o JOMAA aparecia com sócio oculto; QUE como o laboratório daria umretorno financeiro maior à composição do caixa, no mês de janeiro de 2015 mandou umrecurso com base em uma nota de R$ 700.000,00 (setecentos mil reais), pois necessitavado valor de 70 mil reais, sendo que 50 mil reais seriam destinados ao GERALDO,sobrando 20 mil reais para a composição do caixa; (...) QUE do laboratórioBIOCENTER, o EVANDRO FREIRE, que era o proprietário, negociou com eles no

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BIOCENTER, o EVANDRO FREIRE, que era o proprietário, negociou com eles nopróprio gabinete do colaborador o ‘retorno’ do valor de 10%; QUE o MAURÍCIO LOPP,representante da BIOCENTER em Foz do Iguaçu/PR, quando não entregava o valorpara o JOMAA repassar ao colaborador, o MARCOS LIMA, que era o braço direito doJOMAA e era funcionário dele em Foz do Iguaçu/PR, se deslocava até Pato Branco/PRpara a retirada do dinheiro em espécie; QUE o EVANDRO FREIRE, proprietário,ficava em Pato Branco/PR; QUE por exemplo, esses 70 mil dos 700 mil pagos aolaboratório, vieram de Pato Branco/PR” (Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza­ evento nº 01).

“QUE referente a esse assunto, esclarece o colaborador que a empresa AGUIARREFEIÇÕES e Laboratório BIOCENTER, empresas estas que já tinham sido colocadaspara prestação de serviços na gestão de “TULIO BANDEIRA” no hospital, os quais osdiretores eram JORGE YAMACOSCHI e FAISAL JOMAA, foram as empresas as quaiso colaborador, através da pessoa de JOMAA (dentista), viabilizou as reuniões paraacerto da propina para composição do caixa administrado pelo colaborador; QUE ficouacertado que JOMAA, dentista, repassaria ao colaborador os valores após o pagamentodos serviços prestados pelas empresas; QUE EVANDRO, proprietário do LaboratórioBIOCENTER, juntamente com MAURICIO IOPP, os quais respondiam pelo contrato,acertaram o valor de 10 % (por cento) da nota, do valor que conseguisse pagar paraeles; QUE a primeira tratativa foi em dezembro de 2014 e o pagamento foi em janeiro de2015, sendo que o valor tinha um retorno de 70 mil reais, pois o pagamento foi realizadona ordem de 700 mil reais; QUE o braço direito de JOMAA, conhecido como MARCOSLIMA, foi a Pato Branco e retirou esse valor (70 mil reais) com a pessoa de EVANDRO;QUE o colaborador recebia os valores de JOMAA nas proximidades da PrefeituraMunicipal, indo até o carro dele, ou ele indo até o carro do colaborador”(Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza ­ evento nº 01).

“QUE os exames laboratoriais realizados no Hospital Municipal eram feitos porfuncionários do quadro efetivo da Prefeitura Municipal; QUE a empresa O.S. PRÓSAÚDE, gestora, até então, do Hospital Municipal, não gerenciava tais serviços; QUE,em virtude da saída da empresa O.S. PRÓ SAÚDE e implantação da FundaçãoMunicipal de Saúde, esta gerenciada pela “equipe TULIO” passou a gestionar todos osserviços relacionados ao hospital, os quais incluíam a realização de exameslaboratoriais; QUE o serviço foi terceirizado para viabilizar o pagamento de propina,onde houve o direcionamento da licitação da empresa BIOCENTER; QUE, a partir deentão, os exames laboratoriais do hospital e Rede Municipal de Saúde (Postos de Saúde)eram realizados pela empresa BIOCENTER; QUE, em razão do acerto entre o PrefeitoRENI, TULIO BANDEIRA e EVANDRO (proprietário da BIOCENTER), houve opagamento em espécie no valor de 250 mil reais a TULIO BANDERIA, após aassinatura do contrato, tendo o colaborador tomado conhecimento desse fato (emmeados do mês de novembro de 2014), em conversa com o Prefeito RENI”(Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza ­ evento nº 01).

O envolvimento de EVANDRO FREIRE e MAURÍCIO IOPP no esquemacriminoso sob investigação, noticiado por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREA SOUZA, foi confirmado por REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO. Senãovejamos:

“QUE no período anterior a criação da Fundação Municipal de Saúde a prefeituraadministrava um laboratório próprio de exames em anexo ao Hospital Municipal, noqual tinha apenas os equipamentos terceirizados, com quadro de pessoal de servidorespúblicos de carreira; QUE tal laboratório atendia toda a rede municipal; QUEcontemporaneamente à criação da Fundação, a prefeitura decidiu desativar olaboratório próprio e descentralizar o serviço de laboratório, criando duas unidades,uma no PA do Morumbi e outra no UPA; QUE os funcionários públicos que trabalhavamno laboratório, concursados para trabalharem em tal ambiente, foram enviados para asnovas unidades antes destas estarem aptas para funcionamento; QUE tais funcionárioschegaram a ficar alguns dias sem função nessas novas unidades, por não haverestrutura; QUE depois tais funcionários foram cedidos ou transferidos para outroslocais de trabalho; QUE os serviços de laboratório foram supridos por meio de um

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contrato emergencial; QUE entende que a situação emergencial pode ter sido forçada,tendo em vista que os funcionários do laboratório foram enviados para as novasunidades sem que essas tivessem condições de funcionamento e sem equipamentos; QUEfoi a empresa BIOCENTER que foi contratada pela Fundação Municipal, se alojandono mesmo espaço físico que antes funcionava o laboratório administrado pela prefeitura;QUE a empresa BIOCENTER é de propriedade de EVANDRO FREIRE e acredita quede MAURÍCIO IOPP também; QUE após o término do contrato emergencial houvelicitação, a qual foi ganha pela empresa BIOCENTER; QUE acredita que houvevantagem competitiva por parte da BIOCENTER, tendo em vista que, como ela já estavainstalada, poderia retirar de sua proposta os custos de instalação; QUE temconhecimento de que os proprietários da BIOCENTER são da região de Pato Branco/PR;QUE se recorda que quando de sua implantação, a Fundação Municipal tinha comopresidente JORGE YAMAKOSHI e como diretor técnico EVERTON FREIRE; QUE temconhecimento que FAISAL também foi diretor técnico da Fundação por um período;QUE tem conhecimento que FAISAL é ortopedista e irmão de JOMAA e que EVERTONé irmão de EVANDRO FREIRE, da BIOCENTER; QUE tem conhecimento queJOMAA, dentista, sócio de TULIO BANDEIRA na rádio globo, tem relação pessoal comMAURÍCIO IOPP; QUE tem conhecimento que o Tribunal de Contas Estadual fezquestionamentos dos contratos da Fundação com a BIOCENTER e que foram apontadosirregularidades em tais contratos por parte de uma auditoria realizada pela 9° regionalde saúde; QUE tem conhecimento por parte de terceiros que do contrato com aBIOCENTER sairiam propinas para pagamentos de vereadores; QUE até a deflagraçãoda operação policial todo o serviço laboratorial do hospital e da secretaria de saúde erafeito pela BIOCENTER; QUE, por ocasião da desativação do laboratório próprio dohospital, a secretária municipal de saúde era LETICE CANETE; QUE o fato ocorreu natransição da administração do hospital da PRO SAÚDE para a Fundação Municipal deSaúde” (Reginaldo da Silveira Sobrinho ­ evento nº 02).

Vê­se, portanto, que tanto REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, quantoMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, noticiaram a prática docrime de corrupção por parte de EVANDRO FREIRE e MAURÍCIO IOPP. Nada obstante,entendo que referidas declarações, desacompanhadas de outros elementos, não são suficientespara autorizar a decretação de medida drástica como a prisão temporária.

Em que pesem não autorizarem a decretação da prisão temporária, são asdeclarações de REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO e MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREA SOUZA suficientes para autorizar que EVANDRO FREIRE eMAURÍCIO IOPP sejam objeto de condução coercitiva, a fim de que, em substituição àprisão temporária, prestem esclarecimentos à autoridade policial, sem que tenhapossibilidade de serem coagidos por outros investigados ou que com eles combinem versões aserem esposadas perante a autoridade policial.

Dentre as pessoas apontadas como os participantes do esquema do “mensalinho”,destaca­se, ainda, MAHMOUD AHMAD JOMAA, procurado por MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA SOUZA para intermediar as negociações com a empresaAGUIAR REFEIÇÕES, “pois o colaborador tinha a informação que algumas empresas queprestaram serviço para o hospital municipal na gestão “TULIO BANDEIRA”, estavam comdificuldades de recebimento dos serviços prestados, algumas até em fase de cobrançajudicial”, com as quais “conseguiu obter em torno de 15%”, sendo que, “em algumasoportunidades, como o colaborador não tinha o recurso da própria prefeitura parapagamento do laboratório BIOCENTER e alimentação AGUIAR REFEIÇÕES, pois opercentual nesses casos era de 10% já negociados anteriormente, realizou o pagamentopara tais empresas, abrindo mão de 5% para acalmá­los e repassava os outros 5%repassava para o DUSO” (evento nº 01). Note­se, por oportuno, que a operação envolvendo asempresas BIOCENTER e AGUIAR REFEIÇÕES, intermediada por MAHMOUD AHMADJOMAA, contou com a participação de RICARDO ANDRADE e LUIZ CARLOS ALVES.

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“QUE essas operações ocorreram de março de 2015 a agosto de 2015; QUE entãotodos os “retornos” que ocorreram da conta da câmara municipal para a conta derecursos livres da prefeitura, foram utilizados para essa operação; QUE o CAL ajudavao colaborador a operar isso, pois o RICARDINHO avisava o colaborador quando oproveniente da sobra da câmara já estava disponível, ao passo que o CAL confirmava aentrada desse valor na conta da prefeitura; QUE por sua vez, o colaborador somavaisso com alguns recursos que já enviaria para o hospital, ato contínuo informando aELENIR LORINI sobre quais seriam as empresas beneficiadas” (Melquizedeque daSilva Ferreira Correa Souza – evento nº 01)

Além do laboratório BIOCENTER e da AGUIAR REFEIÇÕES, outras trêsempresas passaram a patrocinar o esquema do mensalinho, a partir da intermediação deMAHMOUD AHMAD JOMAA e TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA, in casu,ROSE'S LAVANDERIA, EMBRASIL e uma terceira que fornece respiradores para o HospitalMunicipal.

“QUE dessa operação, o colaborador retornava para o JOMAA o percentual de 2%;QUE tal valor era calculado não do percentual de 20%, mas em cima da totalidade dovalor; QUE por exemplo, da lavanderia ROSE, que já tinha uma ação judicial, ocolaborador tentou estabelecer em 20%, ao passo que o JOMAA estabeleceria em 22%,ficando os dois porcento pra ele; QUE entretanto, nesse caso da ROSE, como oescritório de advocacia já havia entrado com alguma providência judicial e não abririamão de sua parte, ficou estabelecido em 15% o retorno a colaborador, sendo negociadopelo JOMAA com a empresa em 17%, pois teria os 2% dele; QUE desses 15%, 7,5%para o caixa do colaborador e 7,5% ao Ricardinho e o Fernando Duso”(Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza – evento nº 01).

Havendo indicativo de que a empresa ROSE'S LAVANDERIA contribuiu parafinanciamento do mensalinho e para prática de supostos ilícitos levados a cabo porMAHMOUD AHMAD JOMAA e TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA, faz­se misterque ROSANGELA SCHUSTER, sua proprietária, seja conduzida a presença da autoridadesocial, a fim de prestar escarnecimentos quanto ao ponto.

“QUE a empresa responsável pelos respiradores do Hospital Municipal, a qual ocolaborador não se recorda o nome, foi uma das quais o colaborador pagou através dodinheiro que retornava da Câmara de Vereadores, dentre outras; QUE procurou aspessoas de TULIO BANDEIRA e JOMAA (dentista) no escritório de TULIOBANDEIRA, situado na Av. das Cataratas, pois a empresa supracitada foi colocadapara prestação de serviços na gestão “TULIO BANDEIRA”, no Hospital Municipal;QUE esta empresa continuou prestando serviços, mas estava pleiteando através doescritório “Advocatus Bandeira” (Escritório de TULIO BANDEIRA) o recebimento dosserviços prestados e não recebidos; QUE a negociação dos percentuais ficaramacordados em 22 % (por cento), sendo 10 % (por cento) para o caixa do colaborador,10 % (por cento) para FERNANDO DUSO e 2 % (por cento) para JOMMA (dentista);QUE devido a isso, a proposta feita pelo colaborador foi aceita por tal empresa; QUE,após o pagamento, em no máximo 48 horas, JOMAA (dentista) passava ao colaboradoro dinheiro, sendo repassado pelo colaborador à pessoa de RICARDINHO (Diretor daCâmara)” (Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza – evento nº 01).

“QUE a empresa EMBRASIL, dentre outras, foi uma das quais o colaborador pagouatravés do dinheiro que retornava da Câmara de Vereadores; QUE procurou as pessoasde TULIO BANDEIRA e JOMAA (dentista) no escritório de TULIO BANDEIRA,situado na Av. das Cataratas, pois a empresa supracitada foi colocada para prestaçãode serviços na gestão “TULIO BANDEIRA”, no Hospital Municipal; QUE a empresaEMBRASIL não prestava mais serviços, e estava pleiteando através do escritório“Advocatus Bandeira” (Escritório de TULIO BANDEIRA) os trâmites para recebimentodos serviços prestados e não recebidos, não sabendo se tal escritório chegou a entrar ounão com o pedido judicial; QUE a negociação dos percentuais ficaram acordados em 22% (por cento), sendo 10 % (por cento) para o caixa do colaborador, 10 % (por cento)para FERNANDO DUSO e 2 % (por cento) para JOMMA (dentista); QUE a empresa

EMBRASIL, salvo engano, tinha um passivo de 450 mil reais, que seriam, dificilmente,

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EMBRASIL, salvo engano, tinha um passivo de 450 mil reais, que seriam, dificilmente,recebidos pelas vias normais; QUE devido a isso, a proposta feita pelo colaborador foiaceita pela empresa EMBRASIL; QUE, após o pagamento para a empresa EMBRASIL,em no máximo 48 horas, JOMAA (dentista) passava ao colaborador o dinheiro, sendorepassado pelo colaborador à pessoa de RICARDINHO (Diretor da Câmara); (...) QUEo colaborador, no caso das empresas EMBRASIL e ROSE’S LAVANDERIA, ao enviaros recursos financeiros usou a expressão “esse dinheiro é carimbado” em umamensagem para a pessoa de ELENIR LORINI (Diretora Financeira do HospitalMunicipal) de que o dinheiro seria destinado ao pagamento destas empresas; QUE ocolaborador afirma que o Prefeito RENI tinha o conhecimento total das ações ilícitasacima mencionadas” (Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza – evento nº 01).

“QUE o colaborador utilizou para a empresa ROSE’S LAVANDERIA o mesmo “modusoperandi” mencionado no anexo da empresa EMBRASIL, ou seja, utilizou para quefosse pago o passivo que ela tinha com o Hospital Municipal através do valor de retornoda Câmara Municipal; QUE o colaborador não se recorda se essa empresa estavaprestando serviços ao Hospital Municipal mas acredita que não prestava devido a umaação judicial em andamento; QUE a empresa ROSE’S LAVANDERIA tinha um valor de350 mil reais, aproximadamente, que deveria receber por serviços prestados; QUE anegociação dos percentuais da propina se deram na ordem de 17 % (por cento); QUE ocolaborador não se recorda do grau de amizade que JOMAA (dentista) possuía com apessoa de ROSE (proprietária da empresa ROSE’S LAVANDERIA); QUE os percentuaisseriam divididos da seguinte forma: 15% (por cento) seriam repassados ao colaborador,sendo que 7,5% (por cento) seriam para composição do caixa do colaborador, e 7,5%(por cento) seriam entregues a pessoa de RICARDINHO para, em seguida, repassar aFERNANDO DUSO, e 2% (por cento) para JOMAA (dentista); QUE esse fato ocorreuem meados do mês de março a agosto de 2015” (Melquizedeque da Silva FerreiraCorrea Souza – evento nº 01).

Interessante observar que referidas empresas passaram a prestar serviços parao Hospital Municipal de Foz do Iguaçu/PR na época em que TULIO MARCELO DENIGBANDEIRA estava à frente da Fundação Municipal de Saúde, bem como que, na época quepassaram a contribuir para o caixa do “mensalinho”, cobravam da Prefeitura Municipal deFoz do Iguaçu/PR créditos decorrentes da prestação daqueles serviços, o que faziam porintermédio do escritório de advocacia de TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA e onde,aliás, foram promovidas as tratativas que culminaram com a inserção daquelas pessoas jurídicasno esquema, em tese, criminoso.

Segundo apontam das declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREA, os investigados MAHMOUD AHMAD JOMAA e GILBER DATRINDADE RIBEIRO atuaram, ainda, na cooptação da empresa PRODUTEL MATERIAISELÉTRICOS / RADIANTE para que também contribuísse para o esquema de desvio de verbaspúblicas, mediante a aquisição de filtros de energia para as unidades da Secretaria Municipalde Saúde, em razão de terem sido beneficiadas por licitação foi montada e direcionada porREGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO.

“QUE o Colaborador procurou a pessoa de Antônio (proprietário da empresa Radiante– fabricante dos filtros de energia) para acertar um percentual de propina para que aPrefeitura realizasse a instalação dos filtros de energia nos postos de saúde, referenteao registro de preços que a PRODUTEL/RADIANTE tinha junto à PrefeituraMunicipal; QUE o colaborador tinha conhecimento que a referida licitação foi montadae direcionada por Reginaldo Sobrinho, referente ao registro de preços de filtros deenergia (Produtel Materiais Elétricos/Radiante); QUE o colaborador esclarece quehouve concordância por parte do Prefeito Reni Pereira para efetivação do esquema;QUE inicialmente seria feito através da Secretaria de Educação, porém não foi realizadodevido a impasses com a Secretária de Educação Lisiane; QUE o colaborador entãoprocurou JOMAA (dentista) e este procurou o então Secretário de Saúde, Gilber daTrindade, para que os filtros fossem instalados nos postos de Saúde do Município; QUEficou estabelecido o retorno de 25% do valor das notas fiscais emitidas pela Produtel com

a seguinte composição da ‘propina’: Fernando Duso (presidente Camara de Vereadores)

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a seguinte composição da ‘propina’: Fernando Duso (presidente Camara de Vereadores)– 8% (recebimento através de Juarez da Silva Santos); Gilber da Trindade (secretáriomunicipal de saúde) – 5% (recebimento através de Jomaa); Elói Sene (coordenador dofundo municipal de saúde) – 2,5% (recebimento através de Jomaa); Mahmoud AhmadJomaa (dentista) ­ 5% (diretamente pagos a ele); Iratan (engenheiro da prefeitura) – 1%(recebimento através de Juarez da Silva Santos); Colaborador – 3,5% (recebimentoatravés de Antônio), totalizando 25%; QUE o colaborador esclarece que foram pagas trêsnotas fiscais a empresa Produtel entre final de fevereiro a final março/2016”(Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza – evento nº 01).

Esquema semelhante foi levado a cabo em relação ao HOSPITAL CATARATAS ea empresa COT, que repassavam aos envolvidos no esquema parte do valor recebido porserviços prestados para a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR.

“QUE em relação ao Hospital Cataratas, o colaborador esclarece que foi realizadaesquema de propina nos mesmos moldes do acima narrado, com exceção doenvolvimento do engenheiro Iratan; QUE foi realizada uma reunião com Jomaa(dentista), Faisal Jomaa e o colaborador, onde ficou acertado que Fernando Dusorepassaria o valor de aproximadamente R$ 500.000,00 mensal para o município, ondeaproximadamente R$ 180.000,00 seriam para o Hospital Cataratas na pessoa de Ramone a diferença para a empresa COT (Dr. Faisal Ahmad Jomaa) realizar cirurgias deortopedia; QUE durante o ‘esquema’ surgiu um problema no valor de cada cirurgia aser realizada que impossibilitava o ‘retorno’ do valor de 40 mil reais a ser pago aFernando Duso e demais envolvidos, pois o contrato do Hospital Cataratas/COT com aPrefeitura Municipal não contemplava incentivos financeiros por produção; QUE omunicípio passou o valor de aproximadamente R$ 140.000,00 para o Hospital Cataratasou COT, não se recordando ao certo; QUE o hospital Cataratas, na pessoa de Ramon,sabia de toda a negociação; QUE contudo, a empresa COT repassou o valor de 40 milreais através de Jomaa ao colaborador, que então repassou a pessoa de Juarez da SilvaSantos que efetivou a entrega a Fernando Duso; QUE o repasse dos 40 mil reais se deupela COT, em razão da promessa por parte da Procuradora do Município (Maria Letizia)de inserir as cláusulas de incentivos no contrato entre Município de Foz do Iguaçu eHospital Cataratas/COT; QUE o colaborador esclarece que a procuradora MariaLetízia não tinha conhecimento do “esquema” de propina; QUE, em abril/2016 ocontrato já deveria estar regular para viabilidade do ‘retorno’ do valor a ser repassadoa Duso e demais envolvidos, porém, diante da Operação Pecúlio, o colaborador não tevemais acesso a informações atinentes ao referido ‘esquema’; QUE o colaborador informaque foi realizada uma única operação do ‘esquema’ acima exposto, porém de formaparcial, ou seja, foi repassado, ou para o Hospital Cataratas, ou para o COT, o valoraproximado de R$ 140.000,00 em virtude da ausência de cláusula de incentivosfinanceiros por produção; QUE antes da regularização do contrato e, consequentementeliberação do pagamento da 2ª parcela para COT/Hospital Cataratas, foi deflagrada aOperação Pecúlio que interrompeu a continuidade do ‘esquema’ por parte doColaborador dado o seu decreto de prisão preventiva” (Melquizedeque da Silva FerreiraCorrea Souza – evento nº 01).

Diante dos elementos colacionados aos autos, que indicam a intensa participaçãode MAHMOUD AHMAD JOMAA no esquema destinado a coagir empresas contratadas pelaPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR a pagarem propina para ele e para os demaisinvestigados, a fim de receber valores que lhes eram devidos, é evidente que a se faz necessáriaa decretação de sua prisão preventiva, a fim de ser acautelada a ordem pública. Ademais, comoadiante será demonstrado, há fortes indicativos de que MAHMOUD AHMAD JOMAA foi umdos principais personagens das irregularidades levadas a cabo no âmbito da Saúde Pública deFoz do Iguaçu/PR, assim que instituída a Fundação Municipal de Saúde, além de terparticipado das irregularidades relacionadas à instituição da malsinada Parceria PúblicoPrivada – PPP que, a todo custo, se pretendia estabelecer no município.

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Oportuno observar que MAHMOUD AHMAD JOMAA, em virtude de integrar aOrganização Criminosa e possuir estreito relacionamento com TÚLIO MARCELO DENIGBANDEIRA, para quem RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, no início do ano de 2013,entregou a Fundação Municipal de Saúde como contraprestação pela “doação” de R$2.000.000,00 (dois milhões de reais) para sua campanha eleitoral, conseguiu fazer com queempresas a ele vinculadas fossem contratadas para prestar serviços para a Fundação Municipalde Saúde, e que essas mesmas empresas, posteriormente, passaram pagar elevadas somas emdinheiro para os envolvidos no esquema sob investigação, bem como a verter recursos para ocaixa do mensalinho, a fim de receberem os pagamentos devidos em razão dos serviçosprestados a municipalidade.

Dentre as diversas empresas apontadas como responsáveis do financiamento do“mensalinho” consta o HOSPITAL CATARATAS, por intermédio de RAMON JOÃOCORREA, e oCENTRO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA ­ COT, por intermédio deFAISAL AHMAD JOMAA.

“QUE conforme narrado no Anexo ­ Câmara de Vereadores ‘o retorno’, o colaboradorfoi procurado, em janeiro de 2016, pelo então Presidente da Câmara dos Vereadores,Fernando Duso, e Juarez da Silva Santos na residência do colaborador; QUE foiproposto pelas referidas pessoas ao colaborador a realização de operação queviabilizasse a devolução de recursos da Câmara de Vereadores nos moldes expostos no Anexo ­ Operação Câmara de Vereadores ‘retorno verba’­ visando o financiamento dareeleição de Fernando Duso a vereador; QUE a proposta apresentada era do enviomensal de aproximadamente R$ 500.000,00 dos recursos não utilizados para custeio dasdespesas da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu; QUE foi fixado o percentual de 8%para retorno a Fernando Duso, referentes ao valor de devolução da Câmara deVereadores ao Município; QUE o Colaborador procurou a pessoa de Antônio(proprietário da empresa Radiante – fabricante dos filtros de energia) para acertar umpercentual de propina para que a Prefeitura realizasse a instalação dos filtros deenergia nos postos de saúde, referente ao registro de preços que aPRODUTEL/RADIANTE tinha junto à Prefeitura Municipal; QUE o colaborador tinhaconhecimento que a referida licitação foi montada e direcionada por ReginaldoSobrinho, referente ao registro de preços de filtros de energia (Produtel MateriaisElétricos/Radiante); QUE o colaborador esclarece que houve concordância por partedo Prefeito Reni Pereira para efetivação do esquema; QUE inicialmente seria feitoatravés da Secretaria de Educação, porém não foi realizado devido a impasses com aSecretária de Educação Lisiane; QUE o colaborador então procurou JOMAA (dentista)e este procurou o então Secretário de Saúde, Gilber da Trindade, para que os filtrosfossem instalados nos postos de Saúde do Município; QUE ficou estabelecido o retornode 25% do valor das notas fiscais emitidas pela Produtel com a seguinte composição da‘propina’: Fernando Duso (presidente Camara de Vereadores) – 8% (recebimentoatravés de Juarez da Silva Santos); Gilber da Trindade (secretário municipal de saúde) –5% (recebimento através de Jomaa); Elói Sene (coordenador do fundo municipal desaúde) – 2,5% (recebimento através de Jomaa); Mahmoud Ahmad Jomaa (dentista) ­5% (diretamente pagos a ele); Iratan (engenheiro da prefeitura) – 1% (recebimentoatravés de Juarez da Silva Santos); Colaborador – 3,5% (recebimento através deAntônio), totalizando 25%; QUE o colaborador esclarece que foram pagas três notasfiscais a empresa Produtel entre final de fevereiro a final março/2016; QUE a propinareferente à primeira nota da instalação dos filtros de energia foi paga em dinheiro aocolaborador por Antonio/Radiante, enquanto a propina referente às outras duas notasforam pagas em cheque emitido pela empresa Produtel, que foram sacados no Banco doBrasil por Marcos Lima (funcionário de Jomaa); QUE o valor total das três notasfiscais pagas à PRODUTEL foi de aproximadamente R$ 900.000,00; QUE em relaçãoao Hospital Cataratas, o colaborador esclarece que foi realizada esquema de propinanos mesmos moldes do acima narrado, com exceção do envolvimento do engenheiroIratan; QUE foi realizada uma reunião com Jomaa (dentista), Faisal Jomaa e ocolaborador, onde ficou acertado que Fernando Duso repassaria o valor deaproximadamente R$ 500.000,00 mensal para o município, onde aproximadamente R$180.000,00 seriam para o Hospital Cataratas na pessoa de Ramon e a diferença para aempresa COT (Dr. Faisal Ahmad Jomaa) realizar cirurgias de ortopedia; QUE duranteo ‘esquema’ surgiu um problema no valor de cada cirurgia a ser realizada que

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o ‘esquema’ surgiu um problema no valor de cada cirurgia a ser realizada queimpossibilitava o ‘retorno’ do valor de 40 mil reais a ser pago a Fernando Duso edemais envolvidos, pois o contrato do Hospital Cataratas/COT com a PrefeituraMunicipal não contemplava incentivos financeiros por produção; QUE o municípiopassou o valor de aproximadamente R$ 140.000,00 para o Hospital Cataratas ou COT,não se recordando ao certo; QUE o hospital Cataratas, na pessoa de Ramon, sabia detoda a negociação; QUE contudo, a empresa COT repassou o valor de 40 mil reaisatravés de Jomaa ao colaborador, que então repassou a pessoa de Juarez da SilvaSantos que efetivou a entrega a Fernando Duso; QUE o repasse dos 40 mil reais se deupela COT, em razão da promessa por parte da Procuradora do Município (MariaLetizia) de inserir as cláusulas de incentivos no contrato entre Município de Foz doIguaçu e Hospital Cataratas/COT; QUE o colaborador esclarece que a procuradoraMaria Letízia não tinha conhecimento do “esquema” de propina; QUE, em abril/2016 ocontrato já deveria estar regular para viabilidade do ‘retorno’ do valor a ser repassadoa Duso e demais envolvidos, porém, diante da Operação Pecúlio, o colaborador não tevemais acesso a informações atinentes ao referido ‘esquema’; QUE o colaborador informaque foi realizada uma única operação do ‘esquema’ acima exposto, porém de formaparcial, ou seja, foi repassado, ou para o Hospital Cataratas, ou para o COT, o valoraproximado de R$ 140.000,00 em virtude da ausência de cláusula de incentivosfinanceiros por produção; QUE antes da regularização do contrato e, consequentementeliberação do pagamento da 2ª parcela para COT/Hospital Cataratas, foi deflagrada aOperação Pecúlio que interrompeu a continuidade do ‘esquema’ por parte doColaborador dado o seu decreto de prisão preventiva” (Melquizedeque da SilvaFerreira Correia Souza – evento nº 01).

Com efeito, faz­se mister que RAMON JOÃO CORREA e FAISAL AHMADJOMAA sejam conduzidos à presença da autoridade policial, a fim de prestar esclarecimentossobre os fatos investigados.

O Ministério Público Federal requereu a decretação da prisão preventiva deLUIZ ANTONIO PEREIRA, apontado como administrador das empresas IGUASSUSERVIÇOS TERCEIRIZADOS – EIRELI e LABOR OBRAS LTDA, principais envolvidas noesquema de “loteamento de cargos e empregos”, sob argumento de que há nos autos indícios,por ele, da prática do crime do art. 333 do Código Penal, bem como que a medida énecessária para garantia da ordem pública e para assegurar aplicação da lei penal.

Analisando os autos observo a existência de fortes indícios de que LUIZANTÔNIO PEREIRA é o sócio de fato e responsável pela administração das empresasIGUASSU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS – EIRELI e LABOR OBRAS LTDA, contratadaspela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR para prestação de serviços terceirizados, porvezes com dispensa ou direcionamento de licitação, bem como que ele, como contraprestaçãopor tais contratações, ofereceu e pagou vantagens indevidas aos membros da organizaçãocriminosa investigada no bojo da OPERAÇÃO PECÚLIO, inclusive a RENI CLÓVIS DESOUZA PEREIRA e diversos vereadores, conforme asseverado pelo Ministério PúblicoFederal no evento nº 01. Além de pagamentos em dinheiro, há nos autos indicativos de quereferidas empresas são peças chaves no esquema de indicação de apadrinhados políticos devereadores para ocuparem vagas de emprego, como contraprestação ao apoio prestado por elesàs ações escusas do Poder Executivo Municipal.

Inicialmente, observo que LUIZ ANTÔNIO PEREIRA foi inquirido pelaautoridade policial, oportunidade em que aduziu não possuir qualquer relação administrativa oufinanceira com a LABOR OBRAS LTDA., que ela está registrada em nome de seu irmão,WASHINGTON LUIZ PEREIRA, e que inicialmente aquela pessoa jurídica foi constituída porseu sobrinho, o corréu IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO, por meio de empréstimosbancários, os quais foram por ele (LUIZ ANTÔNIO) avalizados. Senão vejamos:

“Qual a sua relação com a empresa LABOR OBRAS LTDA? Que a empresa LABOR

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“Qual a sua relação com a empresa LABOR OBRAS LTDA? Que a empresa LABORestá em nome do seu irmão WASHINGTON LUIZ PEREIRA, não possuindo nenhumarelação administrativa e financeira. Que cita que eventualmente seu irmão lhe pedeconselhos sobre a empresa. (...) 5. O senhor tem participação informal na LABOR? Nãopossui nenhuma participação na empresa. (...) 8. Com relação à empresa LABOR, elafoi constituída inicialmente em nome de seu sobrinho IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO;no entanto, TODA vida laboral financeira oficial de seu sobrinho à época. NÃO passavade salários mensais superiores a DOIS salários mínimos. O senhor ajudou de algumaforma na constituição da empresa LABOR? Que seu sobrinho conseguiu compor aempresa LABOR através de empréstimos bancários, os quais foram avalizados pelodepoente. Que seu sobrinho não pagou tais empréstimos e o depoente está sendoexecutado em razão de tais dívidas. Que o total de tais dívidas gira em torno de R$800.000,00. Que afirma que seu sobrinho lhe disse que está tentando negociar a dívida”(evento nº 28 do inquérito policial nº 5013824­44.2014.4.04.7002).

Nada obstante, observo que LUIZ ANTÔNIO PEREIRA, embora tenha sidointimado para tanto, não trouxe, até o momento, aos autos da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002 elemento capaz de comprovar que, de fato é avalista de IVAN LUIZFONTES SOBRINHO e tampouco que está realmente sendo executado, conforme afirmou emsede policial, em razão dos empréstimos realizados para constituição das empresas LABOR eIGUAÇU, o que, aliás, poderia ter feito com a mera juntada de certidões de distribuição ou dorespectivo contrato de mútuo.

Além disso, observo que HERMÓGENES DE OLIVEIRA, inquirido em sedepolicial acerca das empresas LABOR, IGUAÇU e INTERSEPT, afirmou “que recebe muitaspessoas com currículos em seu Gabinete na Câmara dos Vereadores; que eventualmentedireciona essas pessoas para as empresas listadas (LABOR, IGUAÇU e INTERSEPT), masque sua atuação é mera sugestão de contratação, não tendo poder ou autonomia paraforçar a contratação; que o ingresso nas empresas mencionadas era geralmente por testeseletivo ou por decisão da própria empresa e as pessoas encaminhadas não passavam peloSérgio Beltrame; que não sabe acerca da existência de cotas políticas nas empresasmencionadas; que as empresas LABOR e IGUAÇU pertencem a uma pessoa de nome‘LUÍS’, servidor da Polícia ou da Receita, em atuação na Ponte da Amizade; que ‘LUÍS’ épresidente do PTN (Partido do Trabalhador Nacional) em Foz do Iguaçu/PR; que não sabequem é proprietário da empresa INTERSEPT” (evento nº 28 do inquérito policial nº5013824­44.2014.4.04.7002).

No dia 01 de maio de 2015 foram interceptadas mensagens de texto e ligaçãotelefônica (indexada sob o nº 75440105), as quais dão conta de que LUIZ ANTÔNIOPEREIRA, que estava em serviço na Aduana da Ponte Internacional da Amizade, combinoude se encontrar com Reni Clóvis Pereira, então prefeito do município de Foz do Iguaçu/PR.

Indagado acerca de tal encontro, afirmou LUIZ ANTÔNIO PEREIRA em sedepolicial “que já conversou com o prefeito RENI solicitando que o mesmo não misturasseassuntos políticos com os contratos de pessoal da prefeitura, pois entende que, por serpresidente de um partido de oposição e tio de IVAN, o prefeito cancelou contratos com aempresa de IVAN sem nenhuma razão. a não ser a rivalidade política” (evento 28 doinquérito policial nº 5013824­44.2014.4.04.7002).

Nada obstante, no dia 29 de maio de 2015, LUIZ ANTÔNIO PEREIRAconversou com um homem não identificado – HNI sobre a crise que à época assolava o país.Em seguida, homem não identificado – HNI diz para LUIZ ANTÔNIO PEREIRA que “atéSUA EMPRESA passou na televisão esses dias atrás”. Então, LUIZ ANTÔNIO PEREIRAafirma que “o prefeito deu quatro milhões. VOU FECHAR A EMPRESA. Não tem o que fazer.Ele falou que não vai pagar. VAMOS PRA JUSTIÇA. Fazer o quê? E só uma né?”,

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sustentando que tal fato se deu por ele “ser contra” o prefeito, por isso que ele “pegou esegurou, não deu o reajuste e não vai dar”. Disse LUIZ ANTÔNIO PEREIRA que oprefeito, ainda, lhe telefonou e “disse que não vai dar” e que "pode fechar Luiz". Em respostaao prefeito, LUIZ ANTÔNIO PEREIRA afirmou “então beleza. VAMOS FECHAR ELA EFICAR COM A OUTRA SÓ” (diálogo indexado sob o nº 75827105.WAV).

Indagado acerca da supracitada conversa, disse LUIZ ANTÔNIO PEREIRA “quea ligação possivelmente existiu, que provavelmente o prefeito se referia a tal empresa, masque afirma que não tem nenhuma relação com a empresa. Que sabe que muitas pessoas,inclusive o prefeito pensam que a empresa é de propriedade do depoente, mas reafirma queisto não é verdadeiro”. Na mesma oportunidade, indagado se “confirma então que a empresaIGUAÇU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS pertence de fato ao senhor?”, respondeu LUIZANTÔNIO PEREIRA “que concorda que pode ter falado a frase " eu vou fechar a empresa",porém afirma que tal frase era no sentido de convencer seu sobrinho a fechar a empresa, jáque a mesma estava com sérios prejuízos, a partir do cancelamento dos contratos com aprefeitura”, aduzindo, em seguida, “que o prefeito tinha interesse em que o partido dodepoente apoiasse a administração de prefeitura”, mas que “jamais concordaria em apoiartal administração” (evento nº 28 do inquérito policial nº 5013824­44.2014.4.04.7002).

Em que pese LUIZ ANTÔNIO PEREIRA ter negado ser proprietário dasempresas IGUASSU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS – EIRELI e LABOR OBRAS LTDA, ofato é que as declarações de HERMÓGENES DE OLIVEIRA e os supracitados diálogosindicam, até o momento, o contrário, suspeita que acaba sendo robustecida pelo fato de oinvestigado não ter comprovado até o momento as alegações expendidas em sede policial.

Além dos supracitados elementos, constam dos autos declarações de CARLOSJULIANO BUDEL, as quais apontam LUIZ ANTÔNIO PEREIRA como administrador dasempresas IGUASSU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS – EIRELI e LABOR OBRAS LTDA,bem como que elas são utilizadas para manter o esquema ilícito de distribuição de vantagenspara alguns vereadores de Foz do Iguaçu/PR, em especial ANICE NAGIB GAZZAAOUI. Senãovejamos:

“QUE o colaborador esclarece que conheceu as empresas IGUASSU e LABOR quandofoi Presidente da Câmara de Vereadores, em 2005­2010, sendo que desde esta época játratava de temas administrativos e políticos e o contato sempre foi com os representantesda empresa IVAN SOBRINHO e LUIZ PEREIRA; QUE não sabe se LUIZ PEREIRAfigura formalmente como sócio da empresa, mas sempre se apresentou comorepresentante dela; QUE inclusive, LUIZ PEREIRA tratava com o Prefeito Reni emnome das empresas IGUASSU e LABOR; QUE a vereadora ANICE indicou em torno de50 pessoas para trabalhar nas empresas; QUE soube de divergências entre osVereadores com o Prefeito Reni, porque a Vereadora ANICE deixou de ser “bancada deapoio” mas detinha “cotas” nas empresas terceirizadas, pela indicação através doExecutivo, além daquelas vagas negociadas diretamente com a empresa” (evento nº01).

Inquirido em sede policial, confirmou MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA SOUZA as informações prestadas por CARLOS JULIANO BUDEL:

“QUE o colaborador esclarece que a vereadora ANICE sempre fez oposição ao PrefeitoRENI, mas uma forma de tê­la como aliada para não atrapalhar o governo era manterum compromisso (feito entre RENI e LUIS PEREIRA) dos pagamentos das empresasLABOR e IGUASSU, dentro dos padrões possíveis com razoabilidade de atraso; QUE oproprietário de fato das empresas supracitadas era a pessoa de LUIS PEREIRA, e dedireito, IVAN LUIS SOBRINHO; QUE o colaborador acredita que IVAN, mediante essespagamentos, repassava à Vereadora ANICE o valor de 10 mil reais mensais para queela se mantivesse em oposição moderada; QUE as empresas LABOR e IGUASSU

prestavam serviço desde a gestão do ex­prefeito PAULO MAC’DONALD; QUE tais

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prestavam serviço desde a gestão do ex­prefeito PAULO MAC’DONALD; QUE taisempresas eram utilizadas para alocação de pessoas indicadas por vereadores; QUE pordiversas oportunidades o Prefeito RENI PEREIRA se mostrava decidido a licitar osserviços realizados pela LABOR e pela IGUASSU, mas em contrapartida, pesavam afavor das empresas a pessoa de LUIS PEREIRA ser presidente do partido PTN e algunssecretários do governo RENI advogarem a favor de tais empresas de modo a tentareminterceder na renovação dos contratos; QUE quando chegou­se a data de renovaçãodesses contratos, houve divergências atinentes ao reequilíbrio econômico das empresasLABOR e IGUASSU, motivando que IVAN procurasse o colaborador para a liberaçãodos pagamentos em atraso, que somavam a monta de 500 mil reais, aproximadamente,chegando a propor ao colaborador a vantagem indevida na ordem de 50 mil reais,mediante o pagamento das notas; QUE o colaborador não aceitou a proposta de propinaem razão de desentendimentos anteriores entre o Prefeito RENI e LUIS PEREIRA; QUEo colaborador tem o conhecimento que a vereadora ANICE, após este fato, deixou dereceber os 10 mil reais mensais, atuando contra o governo RENI, o que culminou emuma CPI contra a Secretaria de TI, para investigação de possíveis irregularidades nocontrato do georreferenciamento; QUE a vereadora ANICE, constantemente, denegria aimagem do colaborador através das mídias locais” (evento nº 01).

Interessante observar que o desentendimento referido por MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA foi referida da conversa travada entre LUIZANTÔNIO PEREIRA e um homem não identificado – HNI no dia 29 de maio de 2015(diálogo indexado sob o nº 75827105.WAV) e que, no dia 01 de junho de 2015, foi interceptadodiálogo no qual ANICE NAGIB GAZZAOUI pediu dinheiro a LUIZ ANTÔNIO PEREIRA,sem qualquer justificativa aparente (diálogo indexado sob o nº 75860831).

“QUE o rompimento de relações entre a LABOR e IGUASSU com o governo RENI sedeu em virtude deste entender que tais empresas financiavam veículos de comunicaçãocontrários ao governo, exemplo, Jornal Tribuna Popular, bem como o apoio de LUISPEREIRA à campanha da vereadora ANICE para deputada estadual; QUE RENIdirecionou para que a empresa INTERSEPT vencesse as licitações, referentes aosserviços prestados pela LABOR e pela IGUASSU, porém, em virtude de editaisimpugnados o Prefeito RENI não conseguiu romper a ligação entre o governo e asempresas LABOR e IGUASSU; QUE o colaborador, através de JOMAA (dentista),tomou conhecimento que a vereadora ANICE recebia metade do salário de suaassessora de nome ROSE LOCKS, e diante dessa informação propôs a JOMAA que aprocurasse (ROSE) com o fim de tornar público tal irregularidade, porém não houveevolução nas tratativas, visto que o relatório das investigações da CPI restouinconclusivo” (MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA – eventonº 01).

ROGRIGO BECKER, por sua vez, afirmou em sede policial que “QUE comrelação à vereadora ANICE, não tem conhecimento que ela recebia em espéciemensalmente, mas acredita que recebia esporadicamente, e também recebia vantagens pelasempresas terceirizadas que possuíam contrato com a Prefeitura, em especial com a LABORe IGUAÇU” (evento nº 01).

“QUE as principais fontes de financiamento do “mensalinho” eram nas áreas de obras,saúde e terceirizadas, sendo os principais financiadores as empresas SR, ATIVA,LABOR, IGUASSU, e escutou falar que o vereador EDILIO recebia valores da VITAL (empresa que faz coleta de lixo); (...) QUE as empresas IGUASSU e LABOR possuíamcomo principais responsáveis as pessoas de IVAN e LUIS; QUE pelos comentários,ANICE tinha indicação de cargos e provavelmente recebia dinheiro das empresas deIVAN e LUIS; QUE em 2013 o responsável pela intermediação com as empresasterceirizadas era o CANTOR” (evento nº 01).

Diante do exposto, é inegável a existência de fortes indícios de que LUIZANTÔNIO PEREIRA é sócio de fato e administrador das empresas IGUASSU SERVIÇOSTERCEIRIZADOS – EIRELI e LABOR OBRAS LTDA, bem como que estas figuram como

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um dos principais instrumentos de que se vale o Poder Executivo Municipal para manutençãodo apoio político de grande maioria dos membros do Poder Legislativo Municipal, seja noesquema de loteamento de empregos, seja no esquema denominado mensalinho.

Com efeito, diante da intensidade do envolvimento de LUIZ ANTÔNIOPEREIRA com a ações da organização criminosa, instrumentalizando, de longa data, o supostoesquema de corrupção estabelecido no âmbito da administração pública do Município de Fozdo Iguaçu/PR, ou seja, concorrendo para a prática e praticando reiteradamente de inúmeroscrimes de corrupção ativa e passiva, entendo que o pedido formulado pelo Ministério PúblicoFederal merece deferimento, haja vista ser a prisão preventiva medida necessária para o fimde se acautelar a ordem pública. De igual sorte, merecem deferimento os pedidos de conduçãocoercitiva formulados em desfavor de ADAILTON AVELINO, vulgo CANTOR, apontado porRODRIGO BECKER como responsável pelas tratativas ilícitas realizadas com as empresas deserviços terceirizados no ano de 2013, para o fim de obstar que ele combine com os demaisinvestigados versões para os fatos a serem apresentadas perante a autoridade policial, seja porestes coagido a faltar com a verdade ou que tome medidas voltadas para destruição e/ouocultação de provas.

A acusada ANICE NAGIB GAZZAOUI foi apontada pelo Ministério PúblicoFederal como uma das beneficiárias dos esquemas do “mensalinho” e de “loteamento de cargose empregos”, a partir dos quais obtém vantagens indevidas, fato que levou o MinistérioPúblico Federal a requerer a decretação de sua prisão preventiva.

Acerca de ANICE NAGIB GAZZAOUI, consignou o Ministério PúblicoFederal na manifestação do evento nº 14 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002, que “éigualmente possível que tal vereadora participe do “mensalinho” e integre a organizaçãocriminosa, pois igualmente restou demonstrado que indicou diversas pessoas paratrabalhar nas empresas Labor Obras Ltda. e Iguaçu Serviços Terceirizados Eireli, estasligadas à organização criminosa, inclusive sendo próxima de Luiz Antônio Pereiradenunciado nos autos 5005325­03.2016.404.7002”. Já a autoridade policial, no evento nº 08dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002, aduziu que, “apesar de ter feito oposição àadministração de Reni, Anice Nagib Gazzaoui teria indicado diversas pessoas paratrabalhar na Labor Obras Ltda. e Iguaçu Serviços Terceirizados Eireli, empresas cujo sóciode fato seria Luiz Antônio Pereira. Inclusive essas indicações geravam descontentamentopor parte de Reni, Charlles e vereadores”.

Quanto ao envolvimento de ANICE NAGIB GAZZAOUI nos fatos sobinvestigação, trago a colação do diálogo indexado sob o nº 75408849, travado entre SÉRGIOLEONEL BELTRAME e PAULO DA ROCHA, no dia 29.04.2015:

“BELTRAME: Alô. Alô? PAULO ROCHA: OI, BELTRAME. Tá me ouvindo?BELTRAME: Agora sim. Fala. PAULO ROCHA: Tá. É o seguinte. Agora a pouco, naaudiência aí, pra def, eu defendi o, o, o aumento do ISSQN. E a ANICE disse que elesnão pode (trecho ininteligível) do PT. Eu quero que você puxe aí, eu preciso. Ela (trechoininteligível) deu o maior pau no (trecho ininteligível) (DUSO?). A mando da ANICE,dizendo que o DUSO que assim, que ele colocou tudo os parentes na câmara e naprefeitura. É o seguinte. Eu quero o nome, a lista com todos os nomes dos, do pessoal daANICE, os árabes, que estavam nomeados aí na prefeitura quando (trecho ininteligível).BELTRAME: Ah, tá. Eu vou levantar. PAULO ROCHA: Levanta pra mim isso aí,urgente. Aí eu quero que mande aqui, por alguém aí, (trecho ininteligível) aqui no meugabinete. Tá bom. BELTRAME: Tá bom. Deixa comigo. PAULO ROCHA: Pra dar umcacete nela. Obrigado. BELTRAME: Tá” (evento nº 04).

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Como asseverado pelo Ministério Público Federal e pela autoridade policial,ANICE NAGIB GAZZAOUI mantém uma ligação próxima com LUIZ ANTÔNIO PEREIRA,vez que a primeira dá orientações e conselhos ao segundo. A título de exemplo, o diálogoindexado sob o nº 75721933:

“LUIS ­ Ah... Deixa eu te falar uma coisa com relação ao IVAN... ANICE... A LARISSAconversou com a mulher do PROCURADOR... Eles têm o IVAN como bandido... ANICE ­Meu Deus... LUIS ­ Tô te falando... E ontem a FÁTIMA veio lá... foi lá em casa lá...dizendo assim... que... eu não tava na hora... corre um coisa que a IGUASSU vai fecharas portas... E vai mesmo... Porque a gente já sabe... não tem pra onde correr né? Masnão sei qual é o boato (inintelegível) que ela estava atrás de mim... Mas a LARISSA faloupra mim que de um minuto pra outro pode o MINISTÉRIO PÚBLICO pedir o bloqueiodas contas já tudo da IGUASSU do IVAN... tudo entendeu... De um minuto pra outro... Eeu tô com medo desse moleque ir parar numa cadeia... ANICE ­ Eu já falei pra vocêné... E ali mesmo que junte todos os imóveis dele... tudo... ainda... ainda... vaicontinuar... e não vai ser o suficiente pra cobrir tudo... então... Porque eles avaliam láem baixo... Quando eu falei lá atrás ninguém me deu ouvido... LUIS ­ Não... me lembro...ANICE ­ Ele tem uma orientação jurídica muito falha...muito fraca... LUIS ­ Eu melembro... Ah... Eu tenho uma conversa com ele agora... ANICE ­ O quê você estáesperando ainda? Não estou entendendo... LUIS ­ Não ANICE... Eu não estouesperando nada! Já tô atrasado sabe? Tudo que eu tô escutando fora de outras pessoasaí... eu tô levando em consideração... Mas tá... ANICE ­ Olha... Deixa eu te falar umacoisa... Todo mundo precisa de uma pessoa pra cutucar e pra falar a verdade tá... ORENI tá iludido... o MÁRIO hoje... Ele entrou de fora pra dentro e ele via as coisaserradas e ele falava pro RENI... Agora que ele já sabe (inintelegível)... Ele convivive...Ele já vê... o IVAN só vive aquele mundinho dele... Ele acha que falando isso...(inintelegível)... A justiça não quer saber se o RENI pagou ou não pagou... Quer saberporque que o funcionário não recebeu... ponto... acabou... acabou... A responsabilidadeé dele... Não é do RENI... entendeu... LUIS ­ Eu vou ter uma conversa muito séria comele... ANICE ­ Ele que entregasse os contratos... fizesse.... não tem juridicamente o quefazer... Ele vai ter... vai ser... Vai ter todos os seus bens confiscados... não tem o quefazer... não tem o que fazer... Ele vai perder tudo... Eu já dei uns toques... Não se toca...Fazer o quê... LUIS ­ Eu tenho essa leitura que você tem... ANICE ­ Mas só que eu jáfalei lá atrás... cada dia que passa... Resolva o que dá resolver agora... LUIS ­ Masvocê não vai poder dar um pulinho? Que horas você vai estar de carro? ANICE ­Resolva o que dá pra resolver agora... Não tem o que fazer depois... LUIS ­ Tá bom... Euvou conversar hoje... Hoje é fundamental essa conversa que eu vou ter com ele...Chegou no limite... Todos os limites... Depois você vai lá na empresa tomar um cafécomigo... Pode ser? ANICE ­ Aonde? LUIS ­ Vai na empresa tomar um café comigo....ANICE ­ Tá bem então... mais tarde... logo depois do almoço umas duas duas horas...duas horas... Liga pra ele... Pede pra ele ir até você... Conversa com ele agora... Jámanda fazer as coisas que tem que fazer... Porque que tá enrolando? LUIS ­ Tá bom...Eu vejo sim...” (evento nº 05)

A relação existente entre ANICE NAGIB GAZZAOUI e LUIZ ANTÔNIOPEREIRA permitiu que eles tratassem de questões ligadas ao exercício da vereança por partedela, inclusive quanto a supostos ilícitos como o denominado esquema de “mensalinho”. Senãovejamos:

“ANICE: E outra coisa. A, que é, o PREFEITO, do jeito que tá, a tendência é que elesaia da prefeitura algemado, viu? O RENI é um homem de sorte. É um homem de sortepra que isso aconteça. LUIZ: É, eu vou te falar uma coisa. Eu acho que, pelo que, peloque eu percebia. Pelo que eu percebia, ANICE, não sei se tem. Mas, acho que algunsvereadores ali levam uma, uma, é, vamos dizer, assim, um mensalinho. ANICE: Comcerteza. LUIZ: Pelo que eu percebi. E eu acho que, bom. Eu não vou falar nada.ANICE: Já falo com você. Só um minutinho”.

Foi interceptado, ainda, diálogo no qual ANICE NAGIB GAZZAOUI pededinheiro a LUIZ ANTÔNIO PEREIRA, o que, segundo a autoridade policial, “robustece assuspeitas no sentido de que a vereadora está se valendo do cargo eletivo para favorecer o

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empresário”.

“ANICE: Eu tô pensando, eu tenho que pagar as minhas contas, LUIZ. Eu tôdesesperada. Eu tenho que fechar o negócio do banco. LUIZ: Eu acredito. ANICE:Consegue me ajudar alguma coisa? LUIZ: Hã. ANICE, eu tô falando (trechoininteligível) duzentos e cinquenta. ANICE: Eu sei. Eu sei. LUIZ: O IVAN não tá mais meajudando em nada, né? Ao contrário. ANICE: Eu sei. LUIZ: Então, pra você ver comoque eu tô. ANICE: Eu sei, mas pelo menos agora, no começo do mês me dá um ar, né?LUIZ: Tá. Vamos tentar. Tá bom. ANICE: Não, não tem como adiantar! LUIZ: Hoje eunão tenho. Hoje eu não tenho não. ANICE: (trecho ininteligível) (Medianeira?LUIZ:Hoje eu, hoje, sinceramente, você sabe que eu não tenho. Vamos tentar. Eu vou ver comoé que tão as contas. Eu vou ver se eu ajunto com você. Pelo menos (trecho ininteligível),tá bom? Vamos tentar. ANICE: Tchau. LUIZ: Beijo” (diálogo indexado sob o nº75860831 – evento nº 04).

Interessante observar do supracitado diálogo é o fato de ANICE NAGIBGAZZAOUI, após pedir “duzentos e cinquenta” para LUIZ ANTÔNIO PEREIRA e esteperguntar se não pode ser no início do mês, ela diz “Não, não tem como adiantar”.

As suspeitas decorrentes dos diálogos telefônicos interceptados no bojo daOPERAÇÃO PECÚLIO foram reforçadas pelas declarações de MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA SOUZA. Senão vejamos:

“QUE o colaborador esclarece que a vereadora ANICE sempre fez oposição ao PrefeitoRENI, mas uma forma de tê­la como aliada para não atrapalhar o governo era manterum compromisso (feito entre RENI e LUIS PEREIRA) dos pagamentos das empresasLABOR e IGUASSU, dentro dos padrões possíveis com razoabilidade de atraso; QUE oproprietário de fato das empresas supracitadas era a pessoa de LUIS PEREIRA, e dedireito, IVAN LUIS SOBRINHO; QUE o colaborador acredita que IVAN, mediante essespagamentos, repassava à Vereadora ANICE o valor de 10 mil reais mensais para queela se mantivesse em oposição moderada; QUE as empresas LABOR e IGUASSUprestavam serviço desde a gestão do ex­prefeito PAULO MAC’DONALD; QUE taisempresas eram utilizadas para alocação de pessoas indicadas por vereadores; QUE pordiversas oportunidades o Prefeito RENI PEREIRA se mostrava decidido a licitar osserviços realizados pela LABOR e pela IGUASSU, mas em contrapartida, pesavam afavor das empresas a pessoa de LUIS PEREIRA ser presidente do partido PTN e algunssecretários do governo RENI advogarem a favor de tais empresas de modo a tentareminterceder na renovação dos contratos; QUE quando chegou­se a data de renovaçãodesses contratos, houve divergências atinentes ao reequilíbrio econômico das empresasLABOR e IGUASSU, motivando que IVAN procurasse o colaborador para a liberaçãodos pagamentos em atraso, que somavam a monta de 500 mil reais, aproximadamente,chegando a propor ao colaborador a vantagem indevida na ordem de 50 mil reais,mediante o pagamento das notas; QUE o colaborador não aceitou a proposta depropina em razão de desentendimentos anteriores entre o Prefeito RENI e LUISPEREIRA; QUE o colaborador tem o conhecimento que a vereadora ANICE, após estefato, deixou de receber os 10 mil reais mensais, atuando contra o governo RENI, o queculminou em uma CPI contra a Secretaria de TI, para investigação de possíveisirregularidades no contrato do georreferenciamento” (evento nº 01)..

O colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, por sua vez, confirmou a práticade ilícitos por parte de ANICE NAGIB GAZZAOU, ao afirmar que ela, apesar de nãopertencer a bancada de apoio do Prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, possuía cotasde nomeação em empresas que mantinham contratos com a com a Prefeitura Municipal deFoz do Iguaçu/PR, com a finalidade de fazer uma oposição moderada. Senão vejamos:

“QUE a vereadora ANICE indicou em torno de 50 pessoas para trabalhar nasempresas; QUE soube de divergências entre os Vereadores com o Prefeito Reni, porquea Vereadora ANICE deixou de ser “bancada de apoio” mas detinha “cotas” nasempresas terceirizadas, pela indicação através do Executivo, além daquelas vagasnegociadas diretamente com a empresa”.

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Constatou­se ainda que a vereadora ANICE NAGIB GAZZAOUI indicava umnúmero muito superior dos demais vereadores de pessoas para trabalhar nas empresasIGUASSU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS – EIRELI e LABOR OBRAS LTDA, devido aobom relacionamento com LUIZ ANTÔNIO PEREIRA, conforme afirmou CARLOSJULIANO BUDEL:

“QUE ressalta que a vereadora ANICE, além da sua cota correspondente da secretariade governo, também possuía cotas extras por parte das empresas IGUASSU e LABOR;QUE a razão de a vereadora ANICE possuir direito a essas cotas extras era sua boarelação com o PTN, presidido por LUIS PEREIRA; QUE o colaborador inclusive chegoua participar de uma reunião na sede da IGUASSU com a ANICE e o LUIS” (evento nº01).

Além disso, conforme se observa da informação nº 55/2015, da lavra dosinvestigadores do GRUPO DE ATUAÇÃO ESPECIAL DE COMBATE AO CRIMEORGANIZADO – GAECO, consta da memória do aparelho telefônico apreendido em poderde MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA uma lista dosbeneficiários do “mensalinho”, na qual consta o nome ANICE (evento nº 02).

Na petição do evento nº 01, consignou o Ministério Público Federal que háindícios nos autos de que houve “solicitação de vantagem indevida pela vereadora ANICENAGIB GAZZAOUI para aprovação pela Câmara dos Vereadores da contratação daSANEPAR na concessão para prestação de serviços de água e esgoto pelo prazo de trintaanos”.

O colaborador RODRIGO BECKER, igualmente, noticiou o recebimento devalores ilícitos por parte de ANICE NAGIB GAZZAOUI:

“QUE com relação à vereadora ANICE, não tem conhecimento que ela recebia emespécie mensalmente, mas acredita que recebia esporadicamente, e também recebiavantagens pelas empresas terceirizadas que possuíam contrato com a Prefeitura, emespecial com a LABOR e IGUAÇU (…) QUE a vereadora ANICE pediu para o prefeitoRENI o valor de 30 mil para votar na concessão da SANEPAR, porém o fato não seconcretizou até onde o colaborador sabe”.

“QUE as empresas IGUASSU e LABOR possuíam como principais responsáveis aspessoas de IVAN e LUIS; QUE pelos comentários, ANICE tinha indicação de cargos eprovavelmente recebia dinheiro das empresas de IVAN e LUIS”.

Conforme observado pelo Ministério Público Federal, depreende­se dasdeclarações de RODRIGO BECKER que, que em meados de 2014, a Prefeitura Municipalde Foz do Iguaçu/PR e a SANEPAR firmaram contrato de concessão para prestação deserviços de água e esgoto pelo prazo de 30 anos, sendo que, em contrapartida, haveria repassede R$ 10 milhões para o Município. Tal contrato foi aprovado pela Câmara de Vereadores,sendo que ao menos a vereadora ANICE NAGIB GAZZAOUI solicitou 30 (trinta) milreais para votar favorável.

Se não bastasse isso, ainda foi noticiado por MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREA SOUZA que, “através de JOMAA (dentista), tomou conhecimento quea vereadora ANICE recebia metade do salário de sua assessora de nome ROSE LOCKS”, oque traz a lume indicativo de que sua cota de cargos na administração municipal e empregos nasempresas contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR eventualmente sejautilizada para percepção de parte dos vencimentos devidos às pessoas indicadas para ocupar taisvagas.

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Diante dos supracitados elementos de informação, não há como negar a presençade fortes indícios de que ANICE NAGIB GAZZAOUI, ainda que se trate de figura abertamenteoposicionista, igualmente se beneficie dos esquemas criminosos sob investigação, tendo à suadisposição um considerável número de vagas em empresas contratadas pela PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, as quais, evidentemente, são destinadas a pessoas que aapoiaram no curso de sua campanha eleitoral, bem como por supostamente ter solicitadodinheiro a LUIZ ANTÔNIO PEREIRA, sem qualquer justificativa aparente, e também a RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, para se posicionar de forma favorável quanto a contratação daSANEPAR para prestação de serviços de água e esgoto no município de Foz do Iguaçu/PR, peloprazo de trinta anos, além de fazer oposição moderada ao chefe do Poder Executivo.

Imperioso observar que as declarações dos colaboradores acima referidos sãouníssonas em apontar o envolvimento de ANICE NAGIB GAZZAOUI no esquema criminososob investigação, bem como que tais declarações vão ao encontro com os diálogosinterceptados com autorização do juízo. Referidos elementos, por sua vez, induzem àconclusão de que assiste razão ao Ministério Público Federal ao afirmar que a decretação daprisão preventiva de ANICE NAGIB GAZZAOUI é necessária para garantia da ordem pública,haja vista que, em que pese não integrar o núcleo central da organização criminosa, ébeneficiária do esquema, agindo de forma autônoma, ao receber, em tese, vantagens indevidasde LUIZ ANTÔNIO PEREIRA. Necessária, ainda, a condução coercitiva de ROSE LOCKS, afim de que preste esclarecimentos acerca do suposto repasse de metade de seu salário paraANICE NAGIB GAZZAOUI.

O Ministério Público Federal requereu que seja decretada a prisão temporáriado investigado BENI RODRIGUES PINTO, sob argumento, “não obstante os delitospraticados pelos investigados constituam crimes contra a Administração Pública e crimesreferentes à licitação, denota­se todos esses delitos foram praticados no bojo de associaçãocriminosa, sendo necessária a medida cautelar para colheita de provas acerca daqualificação desta associação pela organização e divisão de tarefas”, bem como porque“restaram comprovados os pressupostos da medida cautelar, consistentes na prova dematerialidade e indícios de autoria, sendo a prisão temporária essencial imprescindívelpara as investigações do inquérito policial” (evento nº 01).

O investigado BENI RODRIGUES PINTO foi apontado pela autoridade policialno evento nº 08 dos autos da representação criminal nº 007642­71.2016.4.04.7002 como umdos envolvidos no esquema criminoso investigado, em razão de ter obtido, em troca deaprovação de leis de interesse do prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA,nomeação de pessoas a ele vinculadas para o exercício de cargos em comissão na PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR.

A fim de demonstrar suas suspeitas, trouxe a autoridade policial nos supracitadosautos à colação mensagens de texto (SMS) enviadas e recebidas por BENI RODRIGUESPINTO e RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, no dia 17 de abril de 2015, na qual oprimeiro cobra do segundo a prometida nomeação de uma amiga para o exercício de um cargoCC4. Em seguida, o segundo afirma que só seria feita a nomeação a partir do mês de maio.Pressionando RENI PEREIRA, BENI RODRIGUES PINTO diz “mais e certesa reni porqsentei com minha amiga e falei que vc tinha garntido certesa ne”. Diante da pressão de BENIRODRIGUES PINTO, RENI PEREIRA diz “Ja pedi para chamarem ela para providenciaras certidões”. Satisfeito com a resposta dada pelo chefe do Poder Executivo Municipal,BENI RODRIGUES PINTO diz: “entao blz eai vamos aprovar o issqn pra vc ver quem saoseus parceiros blz”.

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Como se observa das referidas mensagens de texto, há forte indicativo de queBENI RODRIGUES PINTO somente votou pela aprovação do projeto de lei de interesse deRENI PEREIRA em razão da nomeação de sua amiga para o exercício de um cargo emcomissão na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR.

No dia 24 de abril de 2015, por sua vez, foi interceptado diálogo travado entreRENI PEREIRA e SÉRGIO LEONEL BELTRAME, no qual o primeiro cobra do segundo anomeação da “mulher do BE˜NI”, porque “não aguento mais esse cara”. No dia seguinte,SÉRGIO LEONEL BELTRAME conversa com LUCIARA e diz a que “O BENI conversoucom o PREFEITO esses dias aí a respeito de um CC. Acho que é pra você, não é?” e elaresponde que sim. Em seguida, SÉRGIO LEONEL BELTRAME pede a ela que passe naprefeitura para ver a lista de certidões que ela precisava apresentar para ser efetivada anomeação.

Conforme se depreende da Portaria nº 57.280, inserida na Informação dePolícia Judiciária nº 74/16 NIP/DPF/FIG/PR, digitalizada no evento nº 08 dos autos nº007642­71.2016.4.04.7002, LUCIARA BEDIN foi nomeada no dia para exercer “cargo deprovimento em comissão, Símbolo ASS­3, de Assessor II, função de assessoria, subordinadaà Secretaria Municipal da Saúde, com gratificação por representação de gabinete, nopercentual de 60% (sessenta por cento), a partir de 4 de maio de 2015”.

“Cerca de um mês depois, 25/05/2015, BENI liga para CHARLLES para pedir queLUCIARA trabalhasse junto com MACIEL, o que CHARLLES se prontificou a cobrarno dia seguinte, pois já teria falado com MACIEL e com LAURINHA. BENI liganovamente no dia seguinte cedo para relembrar CHARLLES do prometido. Continuainsistentemente cobrando de CHARLLES a movimentação de LUCIARA. CHARLLESentão liga para LAURINHA e manda que ela transfira LUCIARA (a quem se referecomo “do BENI”) para trabalhar com MACIEL. Os dois sugerem que a solicitação seriapara colocar LUCIARA no agendamento de consultas, posição que poderia render votosa BENI. Ela sairia do CAPS (CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL) para o TFD(TRATAMENTO FORA DO DOMICÍLIO)” (Informação de Polícia Judiciária nº 74/16NIP/DPF/FIG/PR – evento nº 08 dos autos nº 007642­71.2016.4.04.7002).

Além de tal fato, na ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002, BENIRODRIGUES PINTO responde por ter supostamente recebido de RENI PEREIRA vantagemindevida, a fim de que evitasse a evolução da investigação referente a Secretaria de Tecnologiada Informação instaurada na Câmara dos Vereadores, consistente na nomeação de seu própriofilho para o exercício de cargo em comissão na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR.Acerca de tal fato, manifestou­se o juízo na decisão proferida no evento nº 1315 da supracitadaação penal:

“Imputou o Ministério Público Federal ao acusado BENI RODRIGUES PINTO aprática do fato narrado no item 7.8.2 da denúncia, classificado como o delito do art.317 do Código de Processo Penal, sob argumento de que ele, “solicitou, para si e paraoutrem, direta e indiretamente, em razão da função que exercia – Vereador destemunicípio –, do Prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, vantagem indevida,consistente na nomeação de seu filho FERNANDO DE OLIVEIRA PINTO ao cargo deprovimento em comissão, Símbolo ASS­1 na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu, bemcomo aceitou promessa de tal vantagem para obstaculizar a evolução da investigaçãoreferente a Secretaria de Tecnologia da Informação instaurada na Câmara dosVereadores”.

Ora, se há na denúncia narrativa de que BENI RODRIGUES PINTO, na qualidadede Vereador do Município de Foz do Iguaçu/PR, em solicitou a RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA que nomeasse seu filho FERNANDO DE OLIVEIRA PINTO, para exercer cargoem comissão na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, em troca de criar embaraços a

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investigação levada a cabo no âmbito da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu/PR, é evidenteque não há que se falar em inépcia da denúncia quanto aos fatos narrados no item 7.8.2 dadenúncia.

Data venia, observo que, em última análise, os argumentos contidos na petição doevento nº 859 dizem respeito à alegação de inexistência de indícios de autoria e não à higidez dapeça acusatória.

Nesse aspecto, observo que FERNANDO DE OLIVEIRA PINTO foi nomeadopelo Prefeito Municipal de Foz do Iguaçu/PR, no dia 06 de fevereiro de 2015, para ocupar ocargo de provimento em comissão, Símbolo ASS 1, da Diretoria de Meio Ambiente,subordinada à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, com gratificação por representaçãode gabinete, no percentual de 60% (sessenta por cento), a partir de 2 de fevereiro de 2015(evento nº 325 do inquérito policial).

Referida nomeação, é contemporânea aos diálogos transcritos no item 7.8.2 dadenúncia, que indicam “manipulação da máquina governamental executiva, o Prefeito RENICLOVIS DE SOUZA PEREIRA nomeou diversas pessoas ligadas ou indicadas porvereadores para cargos em comissão no executivo municipal, conforme as Portarias56.614, 56.615, 56.616, 56.619, 56.620 e 56.621 do DOMFI do dia 06/02/2015, em nítidointeresse e preocupação para ocultar os atos ilícitos acima descritos”.

Com efeito, há razoável indicativo de que a nomeação de FERNANDO DEOLIVEIRA PINTO para o exercício do cargo de provimento em comissão, Símbolo ASS 1, daDiretoria de Meio Ambiente, subordinada à Secretaria Municipal de Meio Ambiente,constitua proveito obtido por BENI RODRIGUES PINTO, em troca de “obstaculizar aevolução da investigação referente a Secretaria de Tecnologia da Informação instauradana Câmara dos Vereadores”, motivo pelo qual não há que se falar em declaração de inépcia dadenúncia quanto aos fatos narrados no item 7.8.2 da denúncia.

Note­se que, pelo que indicam os áudios, as nomeações referidas na denúncia nãose traduzem em favores políticos ou motivados por relações de amizade, não apreciáveis sob oenfoque criminal, mas sim em medida voltada para determinar o acusado a criar embaraço ainvestigação levada a cabo no âmbito da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu/PR, o que vaiao encontro com os deveres inerentes ao cargo de vereador, dentre os quais o de fiscalizar osatos do Poder Legislativo”.

Acerca de BENI RODRIGUES PINTO, foi consignado na Informação dePolícia Judiciária nº 74/16 NIP/DPF/FIG/PR, digitalizada no evento nº 08 dos autos darepresentação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002:

“Os contatos entre o vereador BENI RODRIGUES PINTO e os então prefeito RENIPEREIRA e secretário de saúde CHARLLES BORTOLLO também se iniciaram emmarço de 2015. As ligações ocorreram aproximadamente um mês após as denúncias decaixa dois na secretária de tecnologia da informação da prefeitura, o que causoupânico em RENI e seu então secretário da referida pasta, MELQUIZEDEQUE.

A partir das denúncias, que resultariam em um pedido de CPI para apura­las, houve umagrande movimentação de RENI e seus comandados para providenciar apoio político deoutros partidos, com a intenção inicial de barrar a comissão e, posteriormente, paraaprovar projetos de seu interesse. Uma semana depois o presidente da Câmara,FERNANDO DUSO, articulou um acordo para aderir ao grupo de RENI. Algunscolegas de partido o acusaram de realizar a reunião na “surdina”, em um sábado ànoite, aproveitando­se da ausência de alguns líderes do PT que fatalmente se oporiamao proposto.

RENI teria conseguido o apoio de diversos vereadores, de vários partidos, em troca de

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RENI teria conseguido o apoio de diversos vereadores, de vários partidos, em troca desecretaria e cargos comissionados na prefeitura.

Como se pode notar na transcrição abaixo, do dia 12/03/2015, nesse momento BENI jáapontava que possuía um CC (cargo em comissão) no pronto atendimento do bairroMorumbi, de nome MARA.

Pede ao então secretário de saúde, CHARLLES, que a mantenha em seu posto original”.

Acerca da pessoa de MARA, referida no supracitado excerto, interessante observar queno diálogo indexado sobre o número nº 74698913, SÉRGIO LEONEL BELTRAMEpergunta para BENI RODRIGUES PINTO “Onde que tá esse CC teu?”, conversa quereforça a tese de que cargos na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR servem demoeda na obtenção de apoio político, tanto por vereadores, que com a obtenção deempregos para seus apadrinhados passam a dar apoio às pretensões do Poder ExecutivoMunicipal, quanto pelas próprias pessoas beneficiadas com a nomeação, que, em troca,certamente apoiam politicamente seus padrinhos junto à comunidade, dai motivação deBENI RODRIGUES PINTO, por meio da mencionada ligação telefônica, de evitar queas pessoas identificadas como MARA e JUANITA sejam removidas do ProntoAtendimento do Morumbi.

“Este mesmo vereador foi alvo de Ação Civil Pública em 2013 Inquérito Civil Público nºMPPR 0053.12.000564­9. Nesta ocasião foi acusado de improbidade administrativa eenriquecimento ilícito, decorrentes da utilização de nomeação de assessores com desviode função, inclusive com o uso deles para fins eleitorais, como panfletagem. A utilizaçãode nomeações na PMFI, ao que tudo indica, seria uma forma dissimulada de permanecercom as mesmas práticas, inclusive em funções ainda mais benéficas para sua eventualreeleição” (Informação de Polícia Judiciária nº 74/16 NIP/DPF/FIG/PR – evento nº 08dos autos da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

Conforme exposto, indicam os supracitados elementos de informação que BENIRODRIGUES PINTO faz uso de cargos em comissão na Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR em proveito próprio, sendo que tais cargos, ao que parece, são colocados à suadisposição em razão da pressão exercida sobre agentes políticos vinculados ao PoderExecutivo Municipal, seja para o fim de apoiar a tramitação de projetos de lei, como, porexemplo, disse que ia aprovar o ISSQN, após ser confirmada a futura contratação de LUCIARABEDIN, ou das supostas tentativas de “obstaculizar a evolução da investigação referente aSecretaria de Tecnologia da Informação instaurada na Câmara dos Vereadores”, em trocada nomeação de FERNANDO DE OLIVEIRA PINTO, para ocupar o cargo de provimento emcomissão, Símbolo ASS 1, da Diretoria de Meio Ambiente, subordinada à SecretariaMunicipal de Meio Ambiente, com gratificação por representação de gabinete, no percentualde 60% (sessenta por cento), a partir de 2 de fevereiro de 2015.

Implementado o monitoramento telefônico de parte dos investigados, dentre osquais de BENI RODRIGUES PINTO, foi constatado que eles estão muito cuidadosos ao falarao telefone, certamente por pressuporem que seus terminais estão “grampeados” pelasautoridades e presumindo que a qualquer momento podem ser alvos de uma nova etapa daOPERAÇÃO PECÚLIO. Nada obstante, foi constatado que condutas aparentemente ilícitasestão sendo levadas a cabo pelos investigados, afinal, se fossem lícitos os assuntos tratados,não haveria porque convocarem seus interlocutores a conversar pessoalmente, por meio deoutros terminais ou com uso de aplicativos de mensagens de texto e tampouco porque adverti­los de que certas coisas não se fala por telefone.

Nesse sentido, observo que BENI RODRIGUES PINTO, no diálogo indexadosob o nº 84015739, ao se confrontar com o pedido formulado por uma mulher nãoidentificada – MNI de fornecimento de uma cesta básica, diz para ela: “não faz falar isso portelefone, minha amiga. Depois eu te ligo aí, tá? Tchau”. No diálogo indexado sob o nº

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84099030, BENI RODRIGUES PINTO conversa com EMERSON o qual lhe pede:“..esse...manda um "whats" pra mim lá”. Em seguida, BENI RODRIGUES PINTO diz: “Euvou mandar do outro lá, porque esse daqui eu não posso usar. Beleza?”.

Além do provável fornecimento de uma certa básica para MNI, quiçá comocontraprestação por seu voto nas últimas eleições, os diálogos indexados sob os nº 84096391,84096408, 84096396 e 84099920 indicam, como salientado no relatório do evento nº 44 dosautos da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002, que esse “vereador se utilizade sua influência política para resolver “problemas” de seus amigos”. No mesmo sentido, odiálogo indexado sob o nº 84099199, no qual BENI RODRIGUES PINTO diz para homemnão identificado – HNI que “na vital avisa falei com Rafael diretor geral me garantiu queem outubro seu filho vai ser chamado blz”.

Além dos referidos elementos de informação, os quais, por si sós indicam terBENI RODRIGUES PINTO participação intensa na organização criminosa investigada,exigindo de agentes do Poder Executivo a nomeação de pessoas em troca apoio político, bemcomo de que faz uso de seu cargo para resolver problemas de seus amigos, isso sem falar naprovável prática de crimes eleitorais, há nos presentes autos digitalização de declaraçõesprestadas por investigados que optaram por colaborar com a justiça, as quais dão conta de queele é um dos vereadores que se beneficiam do esquema denominado “mensalinho”,especificamente exigindo de RENI CLÓVIS PEREIRA uma espécie de Décimo Terceiro.Nesse sentido, são as declarações de CARLOS JULIANO BUDEL, um dos operadores doreferido esquema. Senão vejamos:

“QUE quando assumiu a Secretaria de Obras existia uma tabela de ‘mensalinho’cumprida pelo MELQUIZEDEQUE e que era direcionada ao líder do governo, overeador HERMÓGENES; QUE o ‘mensalinho’ veio à tona quando o RENI propôs atroca dos cargos comissionados – CC2 – por pagamento em dinheiro, quecorresponderia ao valor líquido do salário de um cargo, ou seja, cinco mil reais,podendo acumular vários cargos; QUE em um primeiro momento, constavam da tabelaos vereadores HERMÓGENES (Mogênio), DARCI DRM, RUDINEI, COQUINHO,MARINO e EDÍLIO, sendo que a tabela resultava o pagamento de sessenta e cinco milreais, repassados pelo MELQUIZEDEQUE ao vereador HERMÓGENES; QUE deinício, a lista elaborada pelo MELQUIZEDEQUE possuía seis nomes de vereadores,sendo que quando o pagamento de propina passou a ser operado pelo colaborador,passou também a ser composta pelo vereador PAULO ROCHA; QUE ao assumir aSecretaria de Governo, os pagamentos estavam atrasados, uma vez que deveriam ter sidopagos no dia 20 de novembro de 2015, mas somente ocorreram na primeira semana dedezembro; QUE ato contínuo ao assumir a pasta, também surgiram acréscimos,aumentando o valor mensal de pagamento de sessenta cinco mil reais iniciais; QUE oacréscimo surgiu em razão de alguns vereadores terem preferido o pagamento emdinheiro em vez de ter direito à indicação do cargo; QUE o ‘mensalinho’ era fatoconhecido por todos os vereadores; QUE o RENI determinou o aumento do‘mensalinho’, que passou de sessenta e cinco mil reais para setenta e cinco mil reais aserem divididos entre os mesmos vereadores, uma vez que DARCI DRM e EDÍLIOabriram mão de mais um cargo CC2 cada um em troca de pagamento em dinheiro;QUE ainda em dezembro de 2015, tomou conhecimento de que houve cobrança ao RENIpor parte de vereadores que não recebiam o ‘mensalinho’ para receberem um “décimoterceiro”; QUE tal “décimo terceiro” foi recebido pelos vereadores ZÉ CARLOS, BENI ePAULO ROCHA” (evento nº 01).

Além da existência de fortes indicativos de que BENI RODRIGUES PINTOconstitui um dos principais envolvidos no braço da organização criminosa que compreende osmembros do Poder Legislativo Municipal, observo que há nos autos da ação penal nº5005325­03.2016.4.04.7002 indicativo de que ele, quiçá, pretende se subtrair aresponsabilidade advinda das condutas, em tese ilícitas perpetradas, ou, então, talvez, causarembaraço ao regular andamento da instrução criminal, consubstanciado nas certidões dos

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eventos nº 6193 e 6401 daquele processo, a qual dá conta de que ele, aparentemente, promoveumedidas no sentido de não ser intimado acerca da data designada para realização de seuinterrogatório, fato que levou o juízo a determinar sua intimação por hora certa (certidõestransladadas nos eventos nº 06 e 09). Com efeito, diante de tais constatações, verifica­se que aprisão de BENI RODRIGUES PINTO, eventualmente, poderá ser necessária até mesmo para ofim de assegurar aplicação da lei penal e/ou por conveniência da instrução criminal.

Nessa perspectiva, a prisão temporária de BENI RODRIGUES PINTO mostra­seimprescindível, nos termos do artigo 1º, inciso I, da Lei nº 7.960/89, visando assegurar acolheita de provas, afastando os riscos de ocultação e destruição de elementos de informaçõesúteis à investigação

O Ministério Público Federal requereu que seja decretada a prisão preventivade DARCI SIQUEIRA, para garantia da ordem pública e para assegurar aplicação da lei penal(evento nº 01).

DARCI SIQUEIRA figura como réu nos autos da ação penal nº 5005325­03.2016.404.7002, por envolvimento, em tese, na organização criminosa descortinada porintermédio da cognominada OPERAÇÃO PECÚLIO, havendo naquele processo indicativo deque, em troca de apoio aos interesses escusos do chefe do Poder Executivo Municipal, tinhao investigado possibilidade de indicar seus apadrinhados políticos para vagas de empregos emempresas de prestação de serviços terceirizados, contratadas pela Prefeitura Municipal deFoz do Iguaçu/PR.

Nos autos daquela ação penal, consignou o Ministério Público Federal queDARCI SIQUEIRA, por meio de interposta pessoa e em função do exercício de seu cargo devereador, solicitou a SÉRGIO LEONEL BELTRAME vantagem indevida, “consistente nanomeação de duas pessoas (ROSENILDA e ILONEZ) a cargos na empresa INTERSEPTLTDA., a qual possui contrato de prestação de serviços com a Prefeitura de Foz doIguaçu/PR”, asseverando que “verificou­se que as empresas LABOR OBRAS LTDA.,IGUAÇU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS – EIRELLI e INTERSEPT LTDA. estariamservindo ao Poder Executivo e Legislativo como “cabides de empregos” para pessoaspoliticamente indicadas, sendo que o responsável por administrar a distribuição de vagasnessas empresas terceirizadas era o denunciado SÉRGIO LEONEL BELTRAME, com aanuência, concordância e participação do Prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA”.

“Durante a execução da terceira fase da Operação Pecúlio foram apreendidos diversosdocumentos no escritório da empresa INTERSEPT em Foz do Iguaçu. Dentre eles doiscartões pontos que, ao que tudo indica, seriam das indicadas de DARCI, ROSENILDANUNES e ILANÊS MILANESE, ambas merendeiras” (representação do evento nº 08dos autos nº da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

Conforme se observa do áudio indexado sob o nº 79247028, travado no dia 19 dedezembro de 2015, RENI PEREIRA reclamou com o procurador WILLY COSTA DOLINSKIque os vereadores MARINO, RUDINEI, COQUINHO e DARCI estariam votando em bloco eque precisaria do voto de um ou de outro para aprovação de algo que era de seu interesse. “E éaquela... Sabe... Pra agradar um cê tem de agradar todos. Aí num tem condições ali. É muitogrande. Mas eu vou tentar minar por outros lados, tá?”, afirmou RENI PEREIRA nasupracitada conversa. Quatro dias depois, DARCI SIQUEIRA conversa com SÉRGIOLEONEL BELTRAME cobrando uma assinatura de RENI, aparentemente referente anomeação de um apadrinhado seu (diálogo indexado sob o nº 79497453), fato que, quiçá, tenhalevado ele a posicionar­se de acordo com os interesses de RENI PEREIRA.

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O diálogo indexado sob o nº 84161674 trouxe a lume indicativo de que DARCISIQUEIRA prestou algum tipo de auxílio a pessoa identificada como ARI DIAS, cujaidentificação são os interlocutores da conversa renitentes em revelar, quiçá por se tratarprestação ilícita, cabendo observar, quanto ao ponto, que referido investigado delegou a pessoaidentificada como JUNINHO a missão de intermediar a concessão.

A corroborar a tese de participação DARCI SIQUEIRA no esquema deloteamento de cargos na administração municipal e empregos em empresas de terceirização demão­de­obra contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, comocontraprestação pelo apoio ilícito prestado ao Poder Executivo, faço referência aosdocumentos digitalizados no evento nº 419 do inquérito policial, parcialmente transladados noevento nº 05 destes autos, os quais dão conta que, dentre os bens apreendidos na empresaINTERSEPT, foram encontrados diversos currículos com anotações referentes aindicação de por diversos agentes políticos, dentre os quais DARCI SIQUEIRA.

Interessante observar que, no curso da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002foi promovida a oitiva de JOANICE SCHONARDIE CARVALHO, assessora parlamentar deDARCI SIQUEIRA, a qual foi incisiva em afirmar que ele não possui qualquerenvolvimento com o esquema de indicação de vagas nas empresas contratadas pelaPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR (evento nº 5086 da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002, transladada no evento nº 05 destes autos), declaração que, a princípio,vai de encontro com o produto das buscas realizadas nas instalações da empresaINTERSEPT, que trazem a lume fundadas suspeitas de que aquela testemunha faltou coma verdade em juízo e indicativo de que referido investigado está engendrando medidas nosentido de obstar o regular andamento daquele procedimento penal, fato que traz a lumeindicativo de que a decretação de sua custódia é necessária, por conveniência da instruçãocriminal.

No curso do monitoramento telefônico autorizado nos autos da representaçãocriminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002, foram interceptados diálogos que indicam queDARCI SIQUEIRA faz uso de sua influência para agilizar a liberação de alvarás pelaPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, o que leva a crer que persiste na prática decondutas, em tese, criminosas.

Se não bastasse a existência de indicativo do envolvimento no esquema deloteamento de cargos na administração municipal e empregos em empresas de terceirização demão de obra contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, comocontraprestação pelo apoio ilícito prestado ao Poder Executivo, aos há nos autos indícios deque DARCI SIQUEIRA solicitou e recebeu para si, na qualidade de Vereador, vantagemindevida consistente no pagamento mensal de propina em espécie, no âmbito do esquemadenominado “mensalinho”. Ademais, como asseverado pelo Ministério Público Federal noevento nº 01, “além de receber a vantagem ilícita mensal, o investigado ainda solicitou aquantia de 120 (cento e vinte) mil reais para RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, devidoao apoio político dado a CLAUDIA VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA, sendoque tal valor foi parcelado e incorporado no mensalinho”. Nesse sentido, são as declaraçõesde CARLOS JULIANO BUDEL. Senão vejamos:

“QUE quando assumiu a Secretaria de Obras existia uma tabela de ‘mensalinho’cumprida pelo MELQUIZEDEQUE e que era direcionada ao líder do governo, overeador HERMÓGENES; QUE o ‘mensalinho’ veio à tona quando o RENI propôs atroca dos cargos comissionados – CC2 – por pagamento em dinheiro, quecorresponderia ao valor líquido do salário de um cargo, ou seja, cinco mil reais, podendoacumular vários cargos; QUE em um primeiro momento, constavam da tabela osvereadores HERMÓGENES (Mogênio), DARCI DRM, RUDINEI, COQUINHO,

MARINO e EDÍLIO, sendo que a tabela resultava o pagamento de sessenta e cinco mil

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MARINO e EDÍLIO, sendo que a tabela resultava o pagamento de sessenta e cinco milreais, repassados pelo MELQUIZEDEQUE ao vereador HERMÓGENES; QUE deinício, a lista elaborada pelo MELQUIZEDEQUE possuía seis nomes de vereadores,sendo que quando o pagamento de propina passou a ser operado pelo colaborador,passou também a ser composta pelo vereador PAULO ROCHA; QUE ao assumir aSecretaria de Governo, os pagamentos estavam atrasados, uma vez que deveriam ter sidopagos no dia 20 de novembro de 2015, mas somente ocorreram na primeira semana dedezembro; QUE ato contínuo ao assumir a pasta, também surgiram acréscimos,aumentando o valor mensal de pagamento de sessenta cinco mil reais iniciais; QUE oacréscimo surgiu em razão de alguns vereadores terem preferido o pagamento emdinheiro em vez de ter direito à indicação do cargo; QUE o ‘mensalinho’ era fatoconhecido por todos os vereadores; QUE o RENI determinou o aumento do ‘mensalinho’,que passou de sessenta e cinco mil reais para setenta e cinco mil reais a serem divididosentre os mesmos vereadores, uma vez que DARCI DRM e EDÍLIO abriram mão de maisum cargo CC2 cada um em troca de pagamento em dinheiro; QUE ainda em dezembrode 2015, tomou conhecimento de que houve cobrança ao RENI por parte de vereadoresque não recebiam o ‘mensalinho’ para receberem um “décimo terceiro”; QUE tal“décimo terceiro” foi recebido pelos vereadores ZÉ CARLOS, BENI e PAULO ROCHA;QUE tomou conhecimento de uma reunião entre o RENI e vereadores, dentre os quais ZÉCARLOS, no sindicado dos trabalhadores do comércio, ocasião em que o RENI levoudinheiro extra ao ‘mensalinho’, relatada pelo próprio RENI; QUE outro acréscimo ao‘mensalinho’ foi verba de apoio político ocorrida quando o colaborador foi procuradopelos vereadores DARCI DRM, COQUINHO, RUDINEI e MARINO GARCIA que lhecientificaram acerca de um acordo com o RENI de que o apoio à campanha daDeputada Claudia Pereira resultaria no pagamento de cento e vinte mil reais para cadaum, reunião na presença do vereador DUSO e na residência deste; QUE tal fatoconfirmado pelo RENI que determinou que fosse tentado um parcelamento; QUEportanto, tais valores foram agregados à planilha do ‘mensalinho’ e tiveram que serretirados não só das obras do NILTON BECKERS, mas também da “QUALITY FLUX”e do contrato do transporte coletivo; QUE todo o pagamento do ‘mensalinho’ passou aser feito diretamente pelo colaborador ao próprio vereador; QUE os valores eramdeterminados pelo RENI e pagos aos vereadores, de dezembro de 2015 a março de2016, foram na seguinte forma: QUE o vereador COQUINHO recebeu três parcelas dedez mil reais relativas ao ‘mensalinho’ e três parcelas de vinte mil reais referentes àcampanha da deputada Claudia, totalizando noventa mil reais; QUE quando foi preso,ainda havia valores devidos ao vereador COQUINHO, não sabendo se ele chegou areceber tais valores faltantes; (...) COQUINHO deveria receber dez mil reais em razãodo mensalinho e vinte mil reais como parte da campanha de Cláudia; EDILIO deveriareceber cinco mil reais em razão do mensalinho; MOGÊNIO deveria receber dez milreais em razão do mensalinho e QUEIROGA, dez mil reais em razão do mensalinho;PAGAMENTOS PARA JUNHO/2016: MARINO GARCIA: cinco mil reais em razão domensalinho; RUDINEI: dez mil reais em razão do mensalinho; DARCI: dez mil reais emrazão do mensalinho; COQUINHO: dez mil reais em razão do mensalinho e vinte milreais como parte do pagamento da deputada Cláudia; EDILIO: cinco mil reais em razãodo mensalinho; MOGÊNIO e QUEIROGA: dez mil reais em razão do mensalinho;JULHO DE 2016: MARINO GARCIA e EDÍLIO: cinco mil reais em razão domensalinho; RUDINEI, DARCI, COQUINHO, MOGENIO e QUEIROGA: dez mil reaisem razão do mensalinho; QUE a finalidade do ‘mensalinho’ era manter a base de apoiodo governo, apoio que anteriormente era obtido mediante o direcionamento de cargoscomissionados e posteriormente veio a ser substituído pelo pagamento em dinheiro; QUEo colaborador possuía um documento manuscrito onde tinha o controle do pagamentotanto do ‘mensalinho’ quanto de outros valores que eram acrescidos, como os referentesao da campanha da deputada Cláudia; QUE quando da sua condução coercitiva em 19de abril de 2016 e sua prisão em 3 de maio de 2016, tal documento estava em suacarteira de bolso, mas não foi apreendido em nenhuma das ocasiões; QUE entretanto,apresenta o documento neste momento; QUE explica os apelidos constantes de talmanuscrito: ZÉ BONITINHO é o QUEIROGA; PR é o PAULO ROCHA; PR EXTRA éreferente o pagamento extra ao PAULO ROCHA; DU é o DUSO; MOG é o MOGÊNIO;ZC é o ZÉ CARLOS; ED é o EDÍLIO; CO é o COQUINHO; DRM é o DARCI DRM; RUDé o RUDINEI; MAR é o MARINO GARCIA (…) (sem destaque no original)” (evento nº01).

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Além de CARLOS JULIANO BUDEL, MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA confirmou o recebimento de valores por DARCI SIQUEIRA noesquema ilícito denominado “mensalinho”. Senão vejamos:

“QUE em uma conversa com o RENI, em uma reunião realizada dentro do carro docolaborador próximo ao fórum, já que ele estava vindo de uma reunião na RPC, eleinformou ao colaborador os sete nomes dos vereadores que deveriam receber o‘mensalinho’, quais sejam: o COQUINHO; DARCI DRM; EDILIO DALLAGNOLL;MARINO GARCIA; MOGENIO; PAULO ROCHA; RUDINEI DE MOURA; QUE comoo colaborador não tinha naquela ocasião como se recordar de todos esses nomes, criouuma anotação em seu aparelho celular, aparelho que sempre menciona como prova queestá na posse do GAECO; QUE na conversa com o RENI, ele falou para que colocasseos nomes com um X, no raciocínio de que para cada X são R$ 5.000,00 (cinco mil reais),como por exemplo o COQUINHO com dois X, ou seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais), oDARCI DRM com um X e assim por diante; QUE quem recebia somente R$ 5.000,00também teria direito à indicação de uma diretoria; QUE na data que fez esse arquivo noseu celular, estava no seu veículo com o RENI; QUE o colaborador iniciou as tratativase começou a se interar acerca dos trâmites referentes aos pagamentos dos contratos daprefeitura, até porque precisava de agilidade nesses processos” (evento nº 01).

A anotação referida por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA, contida na memória do aparelho telefônico apreendido pelo GAECO, estádigitalizada no evento nº 02.

Prosseguindo em suas declarações, informou MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA:

“QUE com relação ao repasse mensal da operação “mensalinho”, o colaboradoresclarece que arrecadava o valor de 50 mil reais e, via de regra, repassava em espéciediretamente a pessoa de HERMÓGENES DE OLIVEIRA (MOGÊNIO); QUEMOGÊNIO repassava aos demais vereadores, quais sejam, COQUINHO (10 mil reais),DARCI DRM (5 mil reais), EDÍLIO DALL’AGNOL (5 mil reais), MARINO GARCIA (5mil reais), MOGÊNIO (10 mil reais), PAULO ROCHA (5 mil reais) e RUDINEI DEMOURA (10 mil reais); QUE os vereadores citados que recebiam 5 mil por mês foram osque optaram por receber este valor mais uma indicação para uma diretoria junto àPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu; QUE o colaborador não tem a ciência dosnomes indicados para tais diretorias, QUE o colaborador esclarece que a indicação detais diretorias poderiam ser a título de compensação por apoio à campanha eleitoral eque também TAIS VEREADORES PODERIAM RECEBER PARTE DOS SALÁRIOSDESTES CARGOS INDICADOS; QUE existia uma listagem em posse do Secretário dogoverno SÉRGIO BELTRAME que dava conta do nome da pessoa e o nome do vereadorque a indicou; QUE, além dessas diretorias os vereadores também tinham indicações decargos de CC3, CC4, e nas empresas terceirizadas; QUE em uma oportunidade oPrefeito RENI solicitou ao colaborador que controlasse tal lista, mas o colaborador,devido ao acúmulo de atribuições não teve condições de gerenciar esta atividade; QUEantes de SÉRGIO BELTRAME, a servidora de nome NEURA é quem ficava com a listade indicações em um pendrive; QUE NEURA trabalhava junto ao gabinete do prefeito;QUE, pontualmente, da operação “mensalinho”, entregou dinheiro em espécie em duasoportunidades a PAULO ROCHA (5 mil reais), no gabinete do colaborador, e uma vezao vereador RUDINEI DE MOURA (10 mil reais), próximo ao CTG CHARRUA, noprimeiro semestre de 2015; QUE além do “mensalinho”, em uma oportunidade, noprimeiro semestre de 2015, o Prefeito RENI levou o colaborador na casa da Sra.“KETLIN” (filha do SALVADOR RAMOS), com a qual PAULO ROCHA tinha umadívida de R$ 12.500,00 referentes à sua campanha de deputado federal, sendo que ocolaborador deveria saldar essa dívida a pedido do Prefeito RENI; QUE esclarece ocolaborador que tal dívida foi paga em duas ou três vezes, resgatando o chequeempenhado de PAULO ROCHA; QUE o escritório onde o colaborador efetuou taispagamentos fica em frente ao colégio BARTOLOMEU MITRE; QUE quanto aos demaiscitados, em relação ao “mensalinho”, todos recebiam diretamente com MOGÊNIO; QUEtodas as conversas com MOGÊNIO, foram relacionadas ao “mensalinho”, como datas

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de pagamento, valores em atraso, etc; QUE estabeleceram que até o dia 10 de cada mêso valor da operação “mensalinho” seria repassado a MOGÊNIO; QUE em algumasoportunidades o valor destinado a MOGÊNIO nem sempre era repassado até do dia 10,mas até o final do mês o colaborador repassava o valor destinado a ele” (evento nº 01).

Vê­se, portanto, que os elementos de informação obtidos no curso dacognominada OPERAÇÃO PECÚLIO trazem a lume indicativos concretos da inserção deDARCI SIQUEIRA na organização criminosa investigada, recebendo vantagens indevidas emtroca de apoio político aos interesses escusos do chefe do Poder Executivo Municipal, fazuso de seu cargo para liberação de alvarás pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR eque se valeu, aparentemente, de falso testemunho na ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002, razão pela qual merecem deferimento os pedidos formulados peloMinistério Público Federal, haja vista ser a prisão preventiva necessária para cessação dascondutas, em tese, ilícitas por ele praticadas, bem como para evitar que atente contra a instruçãocriminal.

O Ministério Público Federal requereu a decretação da prisão preventiva deEDÍLIO DALL'AGNOL, aduzindo que a medida é necessária para garantia da ordem pública epara assegurar a aplicação da Lei Penal, haja vista constarem dos autos indícios de que, no bojoda organização criminosa investigada na OPERÇÃO PECÚLIO, pratica, de forma reiterada, ocrime do art. 317 do Código Penal (evento nº 01)

Outro indivíduo suspeito de participar do suposto esquema de “loteamento decargos e empregos” estabelecido na Administração Pública Municipal é EDÍLIO JOÃODALL´AGNOL, o qual, aliás, figura como denunciado nos autos da ação penal nº 5005325­03.2016.404.7002, por envolvimento, em tese, na organização criminosa descortinada porintermédio da cognominada OPERAÇÃO PECÚLIO, havendo naquele processo indicativo deque, em troca de apoio aos interesses escusos do chefe do Poder Executivo Municipal, tinhaa possibilidade de indicar seus apadrinhados políticos para ocuparem empregos em empresas deprestação de serviços terceirizados, contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR.

Acerca de tal esquema, imperioso observar o diálogo indexado sob o nº76444138, citado pela autoridade policial na representação do evento nº 08 dos autos nº5007642­71.2016.4.04.7002, no qual EDÍLIO JOÃO DALL´AGNOL e HERMÓGENESDE OLIVEIRA comentam sobre a empresa que, à época, seria contratada pela PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR para prestação de serviços em creches, com dispensa delicitação, e a preocupação com os “parceiros, pra não ficar fora né”, o que reforça a tese deque empresas de prestação de serviços terceirizados, contratadas pela Administração PúblicaMunicipal, servem de “cabides de empregos” para apadrinhados políticos de vereadores, dentreos quais EDÍLIO JOÃO DALL´AGNOL e HERMÓGENES DE OLIVEIRA.

“Também foi percebido o seu empenho na aprovação de projeto para criação de vagaspara auxiliares de atendentes de creche, o que, de acordo com diversos áudiosanteriores, seria de interesse de RENI, além do que de grande valia para abrigar asindicações dos diversos vereadores cooptados pela situação. Demonstração daimportância dada pelo prefeito foi a convocação de todos os vereadores parceiros dogoverno para reunião na prefeitura com o intuito de tratar do projeto. A convocação foifeita por SÉRGIO BELTRAME.

Em ligação do dia 01/07/2015, às 14:41:47 horas, EDÍLIO deixa clara a suapreocupação na escolha da empresa que iria contratar funcionários das creches e napermanência de seus indicados no emprego. Diz que vai conversar com BELTRAME naprefeitura. MOGÊNIO o adverte e diz para conversar pessoalmente, pois RENI estariaviajando e ela é quem estaria lá (possivelmente se referindo à vice­prefeita, IVONE).

Aconselha a evitar o uso de telefone” (Informação de Polícia Judiciária nº 74/16

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Aconselha a evitar o uso de telefone” (Informação de Polícia Judiciária nº 74/16NIP/DPF/FIG/PR – evento nº 08 dos autos da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

Inquirido pelo Ministério Público Federal e pela autoridade policial, CARLOSJULIANO BUDEL afirmou que EDÍLIO JOÃO DALL´AGNOL é um dos vereadores queparticipam do esquema denominado “mensalinho”, o qual tinha por objetivo “manter a base deapoio do governo, apoio que anteriormente era obtido mediante o direcionamento de cargoscomissionados e posteriormente veio a ser substituído pelo pagamento em dinheiro”. Senãovejamos:

“QUE quando assumiu a Secretaria de Obras existia uma tabela de ‘mensalinho’cumprida pelo MELQUIZEDEQUE e que era direcionada ao líder do governo, overeador HERMÓGENES; QUE o ‘mensalinho’ veio à tona quando o RENI propôs atroca dos cargos comissionados – CC2 – por pagamento em dinheiro, quecorresponderia ao valor líquido do salário de um cargo, ou seja, cinco mil reais,podendo acumular vários cargos; QUE em um primeiro momento, constavam da tabela osvereadores HERMÓGENES (Mogênio), DARCI DRM, RUDINEI, COQUINHO,MARINO e EDÍLIO, sendo que a tabela resultava o pagamento de sessenta e cinco milreais, repassados pelo MELQUIZEDEQUE ao vereador HERMÓGENES; QUE deinício, a lista elaborada pelo MELQUIZEDEQUE possuía seis nomes de vereadores,sendo que quando o pagamento de propina passou a ser operado pelo colaborador,passou também a ser composta pelo vereador PAULO ROCHA; QUE ao assumir aSecretaria de Governo, os pagamentos estavam atrasados, uma vez que deveriam ter sidopagos no dia 20 de novembro de 2015, mas somente ocorreram na primeira semana dedezembro; QUE ato contínuo ao assumir a pasta, também surgiram acréscimos,aumentando o valor mensal de pagamento de sessenta cinco mil reais iniciais; QUE oacréscimo surgiu em razão de alguns vereadores terem preferido o pagamento emdinheiro em vez de ter direito à indicação do cargo; QUE o ‘mensalinho’ era fatoconhecido por todos os vereadores; QUE o RENI determinou o aumento do‘mensalinho’, que passou de sessenta e cinco mil reais para setenta e cinco mil reais aserem divididos entre os mesmos vereadores, uma vez que DARCI DRM e EDÍLIOabriram mão de mais um cargo CC2 cada um em troca de pagamento em dinheiro; (…)QUE a finalidade do ‘mensalinho’ era manter a base de apoio do governo, apoio queanteriormente era obtido mediante o direcionamento de cargos comissionados eposteriormente veio a ser substituído pelo pagamento em dinheiro; QUE o colaboradorpossuía um documento manuscrito onde tinha o controle do pagamento tanto do‘mensalinho’ quanto de outros valores que eram acrescidos, como os referentes ao dacampanha da deputada Cláudia; QUE quando da sua condução coercitiva em 19 deabril de 2016 e sua prisão em 3 de maio de 2016, tal documento estava em sua carteirade bolso, mas não foi apreendido em nenhuma das ocasiões; QUE entretanto, apresentao documento neste momento; QUE explica os apelidos constantes de tal manuscrito: ZÉBONITINHO é o QUEIROGA; PR é o PAULO ROCHA; PR EXTRA é referente opagamento extra ao PAULO ROCHA; DU é o DUSO; MOG é o MOGÊNIO; ZC é o ZÉCARLOS; ED é o EDÍLIO; CO é o COQUINHO; DRM é o DARCI DRM; RUD é oRUDINEI; MAR é o MARINO GARCIA” (evento nº 01).

A exemplo de CARLOS JULIANO BUDEL, MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA confirmou a participação de EDÍLIO DALL'AGNOL no esquema quese pretende desarticular:

“QUE em uma conversa com o RENI, em uma reunião realizada dentro do carro docolaborador próximo ao fórum, já que ele estava vindo de uma reunião na RPC, eleinformou ao colaborador os sete nomes dos vereadores que deveriam receber o‘mensalinho’, quais sejam: o COQUINHO; DARCI DRM; EDILIO DALLAGNOLL;MARINO GARCIA; MOGENIO; PAULO ROCHA; RUDINEI DE MOURA; QUE comoo colaborador não tinha naquela ocasião como se recordar de todos esses nomes, criouuma anotação em seu aparelho celular, aparelho que sempre menciona como prova queestá na posse do GAECO; QUE na conversa com o RENI, ele falou para que colocasseos nomes com um X, no raciocínio de que para cada X são R$ 5.000,00 (cinco mil reais),

como por exemplo o COQUINHO com dois X, ou seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais), o

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como por exemplo o COQUINHO com dois X, ou seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais), oDARCI DRM com um X e assim por diante; QUE quem recebia somente R$ 5.000,00também teria direito à indicação de uma diretoria; QUE na data que fez esse arquivo noseu celular, estava no seu veículo com o RENI; QUE o colaborador iniciou as tratativase começou a se inteirar acerca dos trâmites referentes aos pagamentos dos contratos daprefeitura, até porque precisava de agilidade nesses processos” (evento nº 01)

Por oportuno, observo que a anotação contida no aparelho telefônico deMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA está digitalizada no evento nº 02,dela constando o nome de EDÍLIO DALL'AGNOL.

“QUE com relação ao repasse mensal da operação “mensalinho”, o colaboradoresclarece que arrecadava o valor de 50 mil reais e, via de regra, repassava em espéciediretamente a pessoa de HERMÓGENES DE OLIVEIRA (MOGÊNIO); QUE MOGÊNIOrepassava aos demais vereadores, quais sejam, COQUINHO (10 mil reais), DARCIDRM (5 mil reais), EDÍLIO DALL’AGNOL (5 mil reais), MARINO GARCIA (5 milreais), MOGÊNIO (10 mil reais), PAULO ROCHA (5 mil reais) e RUDINEI DEMOURA (10 mil reais); QUE os vereadores citados que recebiam 5 mil por mês foram osque optaram por receber este valor mais uma indicação para uma diretoria junto àPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu; QUE o colaborador não tem a ciência dosnomes indicados para tais diretorias, QUE o colaborador esclarece que a indicação detais diretorias poderiam ser a título de compensação por apoio à campanha eleitoral eque também tais vereadores poderiam receber parte dos salários destes cargosindicados; QUE existia uma listagem em posse do Secretário do governo SÉRGIOBELTRAME que dava conta do nome da pessoa e o nome do vereador que a indicou;QUE, além dessas diretorias os vereadores também tinham indicações de cargos de CC3,CC4, e nas empresas terceirizadas; QUE em uma oportunidade o Prefeito RENI solicitouao colaborador que controlasse tal lista, mas o colaborador, devido ao acúmulo deatribuições não teve condições de gerenciar esta atividade; QUE antes de SÉRGIOBELTRAME, a servidora de nome NEURA é quem ficava com a lista de indicações emum pendrive; QUE NEURA trabalhava junto ao gabinete do prefeito; QUE,pontualmente, da operação “mensalinho”, entregou dinheiro em espécie em duasoportunidades a PAULO ROCHA (5 mil reais), no gabinete do colaborador, e uma vezao vereador RUDINEI DE MOURA (10 mil reais), próximo ao CTG CHARRUA, noprimeiro semestre de 2015; QUE além do “mensalinho”, em uma oportunidade, noprimeiro semestre de 2015, o Prefeito RENI levou o colaborador na casa da Sra.“KETLIN” (filha do SALVADOR RAMOS), com a qual PAULO ROCHA tinha umadívida de R$ 12.500,00 referentes à sua campanha de deputado federal, sendo que ocolaborador deveria saldar essa dívida a pedido do Prefeito RENI; QUE esclarece ocolaborador que tal dívida foi paga em duas ou três vezes, resgatando o chequeempenhado de PAULO ROCHA; QUE o escritório onde o colaborador efetuou taispagamentos fica em frente ao colégio BARTOLOMEU MITRE; QUE quanto aos demaiscitados, em relação ao “mensalinho”, todos recebiam diretamente com MOGÊNIO; QUEtodas as conversas com MOGÊNIO, foram relacionadas ao “mensalinho”, como datasde pagamento, valores em atraso, etc; QUE estabeleceram que até o dia 10 de cada mêso valor da operação “mensalinho” seria repassado a MOGÊNIO; QUE em algumasoportunidades o valor destinado a MOGÊNIO nem sempre era repassado até do dia 10,mas até o final do mês o colaborador repassava o valor destinado a ele”(Melquizedeque da Silva Ferreira Correia – evento nº 01).

Diante das declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA, no sentido de que a servidora de nome NEURA SCHSSLER, administravaa lista de indicações para vagas de empregos em empresas contratadas pela PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, bem como de que KETLIN (filha de SALVADOR RAMOS),recebeu o pagamento de uma dívida de PAULO ROCHA, no valor de R$ 12.500,00 (doze mil equinhentos reais), referentes à sua campanha para o cargo de deputado federal, quitada a mandode RENI CLÓVIS PEREIRA, entendo que é necessária a condução coercitiva de ambas,como alternativa à prisão temporária, a fim de que sejam levadas a prestar esclarecimentosperante a autoridade policial, evitando, assim, que façam desaparecer objetos de prova de

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interesse para a investigação, que concertem versões a serem dadas às autoridades com osdemais investigados e até mesmo que sejam coagidas a não dizerem o que sabem acerca dosfatos sob apuração.

Além de indícios do envolvimento de EDÍLIO JOÃO DALL´AGNOL noesquema de loteamento de cargos públicos e vagas em empresas contratadas pela PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, em troca de apoio político aos interesses escusos do chefedo Poder Executivo Municipal, e no esquema denominado mensalinho, foram carreados aosautos informações que dão conta de que ele recebia valores da empresa VITAL –ENGENHARIA AMBIENTAL S/A. Nesse sentido são as declarações de RODRIGOBECKER, digitalizada no evento nº 33 dos autos da representação criminal nº 5009847­73.2016.4.04.7002, na qual consta que “escutou falar que o vereador EDÍLIO receberiavalores da VITAL (empresa que faz a coleta de lixo)”.

Inquirido pelo Ministério Público Federal e pela autoridade policial,confirmou MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA que EDÍLIODALL'AGNOL recebia ainda o valor mensal de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a título depropina, da empresa VITAL – ENGENHARIA AMBIENTAL S/A, prestadora de serviços decoleta de lixo no município, sendo que, no início de 2015, o pagamento da propina se deu pormeio da entrega de material de construção na residência do aludido vereador. Senão vejamos:

“QUE o vereador EDÍLIO DALL’AGNOL também compunha a referida CPI, quando ocolaborador também o procurou por intermédio de REGINALDO SOBRINHO,buscando apoio em eventual relatório favorável ao colaborador; QUE em troca deapoio ao colaborador, o vereador EDÍLIO solicitou que o colaborador solucionasse umproblema relacionado à empresa VITAL ENGENHARIA (coleta de lixo), o qual EDÍLIOrecebia o valor de 5 mil reais mensais que haviam sido cortados; QUE o colaborador sereuniu com a pessoa de CALAZANS, gerente da VITAL, a fim de que o mesmo voltasse apagar o valor de 5 mil mensais, mais os meses em atraso; QUE o colaborador utilizou apessoa de REGINALDO SOBRINHO para retirar os valores citados; QUE em virtudedo pedido do colaborador, voltou­se a pagar mensalmente o valor de 5 mil reais e quequanto ao passivo o colaborador não se recorda se foi pago em dinheiro ou materiais deconstrução solicitados por EDILIO DALL’AGNOL; QUE EDILIO não procurou mais ocolaborador, no intuito de cobrá­lo, sendo que em uma reunião ao colaboradorperguntou a CALAZANS a situação, sendo que este disse que estava tudo resolvido,tanto o passivo quanto o mensal” (evento nº 01).

Diante das declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA, no sentido de que ROGÉRIO CALAZANS era o responsável pelospagamentos da propina recebida por EDÍLIO DALL'AGNOL, faz­se mister como alternativaà prisão temporária que ele seja conduzido coercitivamente à presença da autoridadepolicial, a fim de que preste esclarecimentos acerca dos fatos, evitando, assim, que combinecom os demais investigados versões a serem dadas para os fatos e que, de qualquer forma, venhaa atentar em desfavor das diligências que serão empreendidas pela Polícia Federal.

Além de CARLOS JULIANO BUDEL, MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA SOUZA e RODRIGO BECKER, o colaborador REGINALDO DASILVEIRA SOBRINHO também confirmou o envolvimento de EDÍLIO DALL'AGNOL noesquema criminoso sob investigação e de ROGÉRIO CALAZANS no pagamento de propinaspor parte da empresa VITAL – ENGENHARIA AMBIENTAL S/A. Senão vejamos:

“QUE na época em que foi INSTAURADA a CPI na Câmara de Vereadores, parainvestigar denúncia de irregularidades no contrato de GEORREFERENCIAMENTO, oinvestigado MELQUIZEDEQUE solicitou ao colaborador que procurasse o vereadorEDILIO para que o ajudasse, haja vista que seria o relator da CPI; QUE procurou overeador EDILIO, no intuito de ajudar MELQUIZEDEQUE; Que EDILIO disse que

estava descontente com o prefeito RENI, porque estava atrasado o repasse mensal de R$

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estava descontente com o prefeito RENI, porque estava atrasado o repasse mensal de R$5.000,00 que vinha recebendo mensalmente da empresa VITAL (prestadora de serviçosde coleta de lixo) e acreditava que seria por ordem do Prefeito de RENI; Que EDILIOdisse que poderia ajudar, mas teria que resolver, primeiramente, a regularização dosrepasses mensais junto a empresa VITAL; QUE o colaborador passou a informaçãopara MELQUIZEDEQUE, que entrou em contato com RENI e se certificou que não haviainterferência em bloqueio de tais repasses ao vereador EDILIO; QUEMELQUIZEDEQUE orientou o colaborador a procurar CALAZANS, responsável pelaempresa VITAL; QUE CALAZANS poderia resolver a situação mas estavam com medopor causa da LAVA JATO em repassar dinheiro em espécie; QUE o colaboradorinformou o vereador EDILIO e este informou que o valor poderia ser em repasse demateriais de construção porque estaria por fazer reforma em sua casa, no quarto de suafilha; QUE CALAZANS concordou em repassar através de materiais de construção,porque daí compraria os bens e pediria para entregar na sede da empresa eposteriormente faria a entrega através de caminhão da própria empresa; QUE talpagamento foi realizado, pois não foi mais procurado pelo vereador; QUE acredita queapós sua intermediação EDILIO passou a tratar diretamente com CALAZANS, já quetinha sido esclarecido que não havia impedimento de RENI quanto a tais repasses; QueVITAL é responsável pela coleta de lixo na cidade de foz do Iguaçu/PR; Que acha que ocargo de CALAZANS é de alta gerência; Que EDILIO comentou que os repasses daVITAL VINHAM ACONTECENDO DESDE A GESTÃO DO PREFEITO PAULO,inclusive, nesta época, recebia valores para repassar para outros vereadores; QUE entreo primeiro contato e o último mantido entre o colaborador e CALAZANS se passaramaproximadamente 30 dias; QUE MELQUIZEDEQUE procurou o colaborador porquesabia que possuía uma proximidade com o vereador EDILIO; QUE o vereador EDILIOo ajudou para apressar sua nomeação ao cargo de técnico de radiologia, falando comCHICO BRASILEIRO, secretário de administração à época” (evento nº 02).

Vê­se das supracitadas declarações que o pagamento de vantagens indevidas avereadores, por empresas contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, comojá assinalado, não constitui fato ocorrido tão­somente na gestão de RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA, sendo que a percepção de referidas vantagens, como no caso de EDÍLIODALL'AGNOL e de ANICE NAGIB GAZZAOUI, a princípio, prescinde do envolvimentodo referido Chefe do Poder Executivo Municipal, daí a se concluir que o afastamento destedo exercício de seu cargo não constitui argumento válido para o fim de sustentar que houvecessão das prática, em tese, ilícitas.

A propósito, RODRIGO BECKER, conforme declarações digitalizadas noevento nº 01, afirmou “QUE as principais fontes de financiamento do “mensalinho” eramnas áreas de obras, saúde e terceirizadas, sendo os principais financiadores as empresasSR, ATIVA, LABOR, IGUASSU, e escutou falar que o vereador EDILIO recebia valores daVITAL (empresa que faz coleta de lixo)”, sendo que as três ultimas prestam serviços para aPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR desde a gestão anterior, sendo que todas aindamantém contratos com a municipalidade.

Acerca do uso do cargo público em beneficio pessoal por parte de EDÍLIODALL'AGNOL, cumpre trazer à baila as declarações de NILTON JOÃO BECKERS, nosentido de que ele, no início de 2016, por intermédio RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA eAIRES SILVA, solicitou a funcionário da TERRAPLENAGEM SR LTDA, encarregado da obrana Avenida Felipe Wandscheer, em Foz do Iguaçu/PR, executada com recursos oriundos doPLANO DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO – PAC, que realizasse o recapeamento nacontinuação desta avenida, até o sítio de sua propriedade, o que acabou sendo feito no mês deabril de 2016, sendo que o material utilizado foi retirado do contrato celebrado com aPrefeitura de Foz do Iguaçu/PR para execução da obra da referida avenida, através dediminuição da espessura da camada de asfalto. Senão vejamos:

“QUE no início deste ano, o Prefeito RENI PEREIRA, e posteriormente AIRES SILVA,

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“QUE no início deste ano, o Prefeito RENI PEREIRA, e posteriormente AIRES SILVA,solicitaram ao encarregado da obra na Av. Felipe Wanscheer (funcionário da SR) querealizasse o recape na continuação desta avenida até o sítio do vereador EDILIODALL’AGNOL; QUE o encarregado comunicou ao colaborador e o recape foiexecutado pela SR em 13/04/2016; QUE o material utilizado foi retirado do contrato daAv. Felipe Wanscheer, através de diminuição da espessura da camada de asfalto, e foiequivalente a 4 cargas, aproximadamente 80 toneladas de massa asfáltica (CBUQ); QUEesta execução ficou registrada no diário de obras” (evento nº 01).

Implementado o monitoramento telefônico de EDÍLIO JOÃO DALL´AGNOL,foi constatado que ele está engendrando negociações para ser alçado à presidência da Câmarados Vereadores de Foz do Iguaçu/PR, e, por consequência à Chefia do Poder ExecutivoMunicipal, tendo em vista a condição “sub judice” do candidato eleito Paulo Mac Donald, oque traz à incidência a possibilidade de que ele venha a fazer uso de tal circunstância paramanter as ações da organização criminosa investigada, como faz atualmente, em tese, o atualChefe do Poder Legislativo Municipal.

São, portanto, veementes os indícios que apontam a prática reiterada do crime decorrupção, incriminado no art. 317 do Código Penal, por parte de EDILIO JOÃODALL'AGNOL, bem como que ele se trata de um dos principais personagens da organizaçãocriminosa investigada, cujas ações, ao que noticiam os elementos de informação colacionadosaos autos, remontam a administração anterior e são autônomas em relação à pessoa de RENICLÓVIS PEREIRA, dada possibilidade de que referido investigado receba propina diretamentede empresas que prestam serviços para a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, issosem contar a possibilidade de que receba para si, total ou parcialmente, o dinheiro recebido atítulo de remuneração por pessoas indicadas por ele para preenchimento de cargos naadministração municipal ou em empresas contratadas pela municipalidade.

O Ministério Público Federal requereu que seja decretada a prisãotemporária de FRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES, sob argumento que hános autos indícios da prática, por ele, do crime do art. 317 do Código de Processo Penal, nobojo de uma organização criminosa, bem como que, “não obstante os delitos praticados pelosinvestigados constituam crimes contra a Administração Pública e crimes referentes àlicitação, denota­se todos esses delitos foram praticados no bojo de associação criminosa,sendo necessária a medida cautelar para colheita de provas acerca da qualificação destaassociação pela organização e divisão de tarefas”, bem como porque “restaramcomprovados os pressupostos da medida cautelar, consistentes na prova de materialidade eindícios de autoria, sendo a prisão temporária essencial imprescindível para asinvestigações do inquérito policial”, bem como a prisão preventiva de ERICO DA ROSAMARQUES e FABRÍCIO VIDAL, sob argumento de que a medida é necessária para garantia daordem pública, bem como para aplicação da lei penal (evento nº 01).

Segundo aduziu o Ministério Público Federal na petição do evento nº 01,ERICO DA ROSA MARQUES é representante da empresa LUCIA APARECIDA MARQUES& CIA. LTDA­ ME, a qual foi beneficiada por RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA eFRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES com o direcionamento deprocedimento licitatório. Em contrapartida, referida empresa, além de ter pago propina novalor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) vertidos em favorde RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) vertidos emfavor de FRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES, passou a integrar a rede definanciadores do esquema denominado mensalinho, mediante repasses mensais no valor de R$10.000,00 (dez mil reais). De igual sorte, aduziu, ainda, o Ministério Público Federal que hános autos indícios de que a empresa VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR também foibeneficiada por RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e FRANCISCO NOROESTE

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MARTINS GUIMARÃES com o direcionamento em procedimento licitatório, sendo que, emcontrapartida, referida empresa, igualmente, passou a integrar a rede de financiadores doesquema denominado mensalinho, mediante repasses mensais no valor de R$ 7.000,00 (setemil reais).

Nesse sentido, são as declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA SOUZA, digitalizadas no evento nº 01. Senão vejamos:

“QUE houve uma manobra no processo licitatório por CHICO NOROESTE envolvendoas empresas VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR e LUCIA MARLENE TRANSPORTEESCOLAR para que as mesmas prestassem o serviço para a prefeitura; QUE em razãodisso, o Sr. ÉRICO, que era da empresa LUCIA MARLENE, aportou para o CHICO ovalor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), onde R$ 80.000,00 (oitenta mil) para o RENI eR$ 20.000,00 (vinte mil) para o CHICO NOROESTE; QUE o próprio CHICO falou queesse valor era para as “irmãzinhas” da Igreja Assembléia de Deus, para que ajudassemna campanha etc; QUE após o acordo entre o JUAREZ, o colaborador e a“COELHOS”, começou a liberar os pagamentos para esta empresa; QUE estipulou quenão liberaria as RMS’s das demais empresas de transporte escolar enquanto não fosse ocolaborador o negociador do retorno; QUE o CHICO, por muitas vezes se reuniu com oÉRICO a fim de resolver o problema, mas não obteve sucesso, pois o colaborador detinhao controle dos pagamentos de forma que o ÉRICO procurou o colaborador a fim derealizar o acerto do retorno financeiro das empresas LUCIA MARLENE e VIDAL; QUEmuito embora nesse período que não houve retorno dessas duas empresas de transporteescolar, o colaborador viabilizou os recursos dos R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)destinados ao ‘mensalinho’ por meio das empresas SR TERRAPLENAGEM, ATIVAENGENHARIA DE OBRAS e VISUAL PROJETOS; QUE nas oportunidades que nãoatingia o valor de cinquenta mil reais, o MOGENIO se dispunha a ser o último areceber, quando por exemplo o colaborador somente conseguia quarenta mil reais nadata estipulada, porém o repasse da diferença era feita posteriormente àquele vereador;QUE os únicos valores fixos mensais eram o da secretaria do colaborador; QUE otransporte escolar era no período letivo e as empresas de obras por medição de serviço;QUE por fim, o valor da LUCIA MARLENE, do ÉRICO, foi estipulado em R$ 10.000,00(dez mil reais)” (evento nº 01).

“As empresas VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR, através de FABRÍCIO VIDAL, eLUCIA MARLENE TRANSPORTE ESCOLAR, através de ÉRICO, em comunhão deesforços com o investigado FRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES e RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, frustraram o caráter competitivo da licitação, havendodirecionamento, sendo paga a quantia de 80 (oitenta) mil reais ao Prefeito e 20 (vinte)mil reais ao investigado. Os repasses mensais eram de 10 (dez) mil reais da empresaLUCIA MARLENE TRANSPORTE ESCOLAR e 7 (sete) mil reais da VIDALTRANSPORTE ESCOLAR” (evento nº 01).

No curso do monitoramento telefônico levado a cabo no curso da OPERAÇÃOPECÚLIO, foram interceptados diálogos que corroboram o envolvimento de FRANCISCONOROESTE MARTINS GUIMARÃES nos fatos informados por MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREIA SOUZA. Nesse sentido, faço referência aos diálogos indexadossob os nº 74256495 e 74257274, que dão conta de que MELQUIZEDEQUE patrocinava osinteresses de da empresa LUCIA APARECIDA MARQUES & CIA LTDA, manteve diversoscontatos com ÉRICO DA ROSA MARQUES, que fazia uso terminal (45) 9960­5566,cadastrado em nome de PATRICK DA ROSA MARQUES, CPF 028.348.549­39, o qual constacomo sócio da referida empresa.

No dia 28 de janeiro de 2015, às 10h37min, foi captado diálogo no qualMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA fala para ÉRICO DA ROSAMARQUES que conversou com LUIZ CARLOS ALVES acerca da liberação de pagamentosem seu favor. No mesmo dia, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIASOUZA telefona para LUIZ CARLOS ALVES e determina que ele efetue pagamento no valor

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de R$ 147.000,00 (cento e quarenta e sete mil reais), em favor de ÉRICO DA ROSAMARQUES. No dia seguinte, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIASOUZA confirma o pagamento e afirma que já havia sido reservado recursos para pagamentoque seria realizado na semana seguinte (diálogo indexado sob o nº 74268583).

Em diálogo travado no dia 30 de janeiro de 2015, é revelada a intervenção deFRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES nos pagamentos a serem efetuados emfavor de ÉRICO DA ROSA MARQUES, conforme se depreende do diálogo indexado sob o nº74279599, no qual o primeiro cobra de MELQUIZEDEQUE o pagamento de ÉRICO,corroborando as declarações de MELQUIZEDEQUE, o no sentido de que “o CHICO, pormuitas vezes se reuniu com o ÉRICO a fim de resolver o problema, mas não obteve sucesso,pois o colaborador detinha o controle dos pagamentos de forma que o ÉRICO procurou ocolaborador a fim de realizar o acerto do retorno financeiro das empresas LUCIAMARLENE e VIDAL”,

“(...) CHICO (possivelmente CHICO NOROESTE, Secretário Municipal daAdministração e Gestão de Pessoas) e após discutirem negócios, CHICO cobrapagamento de ERICO. CHICO: Tá bom. Ok, ok , ok . Viu. Ah, e o, e o ÉRICO?Conseguiu ver alguma coisa? MELQUI: Eu vou ver com o CAL, porque eu pedi ele prafazer os pagamentos da, de uma nota daquela primeira lá. Porque o ÉRICO não quisdividir as notas. Daí eu falei: ­Então eu vou pagar essa menor e daí vamos, porque eufalei que tem a folha, que não tava fechando. Por causa do negócio dos professores. Euvou tentar confirmar com o CAL pra ver se ele pagou hoje. CHICO: É. Hoje eledepositou o salário, né? MELQUI: É. Então. Mas ele, ele tinha deixado uma beirinha no,nos royalties lá pra poder pagar. CHICO: Então tá bom. Um abraço. Ok. Jóia.MELQUI: Um abraço. Bom final de semana”

No dia 03 de fevereiro de 2015, LUIZ CARLOS ALVES e MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA conversam sobre pagamentos a ÉRICO DA ROSAMARQUES e para FABRÍCIO VIDAL, representantes, respectivamente, das empresas LUCIAAPARECIDA MARQUES & CIA LTDA e TRANSPORTES ESCOLAR VIDAL LTDA,oportunidade em que acertam de liberar uma nota de ÉRICO no valor de R$140.000,00 (centoe quarenta mil reais), mas que é para segurar a da VIDAL até o dia seguinte, quando iaconversar com FRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES sobre ela (diálogoindexado sob o nº 74314073).

Diante dos referidos diálogos e das declarações de MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREIA SOUZA, emergem indicativos de que FRANCISCONOROESTE MARTINS GUIMARÃES atua em favor das empresas patrocinadoras doesquema criminoso investigado, duas das quais são representadas por ERICO DA ROSAMARQUES e FABRÍCIO VIDAL, os quais, em tese, contribuíam mensalmente paraformação do caixa do chamado “mensalinho”.

As declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIASOUZA, no sentido de que a empresa TRANSPORTES ESCOLAR VIDAL LTDA, porintermédio de FABRÍCIO VIDAL, é financiadora do esquema investigado, foram corroboradaspor REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, quando de sua oitiva pelo MinistérioPúblico Federal:

“QUE MELQUIZEDEQUE havia sido preso e, posteriormente, quando havia sido solto,o mesmo estava de tornozeleira eletrônica, sendo que o declarante foi visitá­lo em suaresidência; que MELQUIZEDEQUE lhe pediu para receber junto às empresas VIDALTRANSPORTE e empresa de ÉRICO, prestadora de serviços de transporte escolar erecebesse, mensalmente, R$ 17.000,00; QUE o declarante foi à empresa levandoconsigo um bilhete, aduzindo que estava representando MELQUIZEDEQUE para fazero recolhimento; QUE MELQUIZEDEQUE lhe disse que seria lhe repassado o valor

pecuniário de R$ 2.000,00 para as despesas de transporte; Que a empresa era VIDAL

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pecuniário de R$ 2.000,00 para as despesas de transporte; Que a empresa era VIDALTRANSPORTE e empresa de ÉRICO; QUE o colaborador tratou diretamente comVIDAL FILHO, que recolhia o dinheiro da empresa de ÉRICO e lhe repassava osrecursos; QUE a operação consistia em reunir todo o dinheiro e, posteriormente, levarpara o MELQUIZEDEQUE; Que toda a operação ocorreu logo depois que ele foi soltoreferente a uma operação da polícia; QUE MELQUIZEDEQUE lhe informou que orecurso era um acordo com o RENI para sobrevivência dele, após ter sido preso ediante de não poder voltar ao trabalho na Prefeitura; QUE a coleta de recursos pelocolaborador ocorreu durante 5 (cinco) meses aproximadamente, sendo que recebeu R$2.000 reais durante os últimos quatro meses, para desempenhar tal função” (evento nº02).

Em que pese ter sido constatado o envolvimento de LUCIA APARECIDAMARQUES & CIA. LTDA­ ME, por intermédio de ERICO DA ROSA MARQUES, eTRANSPORTES ESCOLAR VIDAL LTDA, por intermédio de FABRÍCIO VIDAL, comofinanciadoras do esquema investigado, entendo que a, a princípio, a intensidade do supostoenvolvimento de referidas pessoas físicas na organização criminosa investigada não justifica adecretação da prisão preventiva, restando prejudicada análise da possibilidade de ser decretada acustódia temporária, dada a ausência de requerimento do Ministério Público Federal ou derepresentação da autoridade policial nesse sentido (art. 2º da Lei nº 7.960/89).

Nada obstante, são referidas declarações suficientes para autorizar que ERICODA ROSA MARQUES e FABRÍCIO VIDAL sejam conduzidos coercitivamente à presençada autoridade policial, a fim de prestarem declarações acerca dos fatos sob investigação, comoforma de evitar que durante o cumprimento das buscas venha a promover medidas voltadas aobstar a colheita de elementos de informação, bem como de evitar que venha a combinar comoutros investigados e/ou entre si versões a serem dadas aos fatos sob apuração.

Consignou o Ministério Público Federal no evento nº 01 que no início de2015, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA determinou o pagamento de 03 (três) parcelas deR$ 10.000,00 (dez mil reais) para FRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES,referentes a um acordo entre eles para apoio a candidatura de CLAUDIA VANESSA DESOUZA FONTOURA PEREIRA. Nesse sentido, são as declarações de MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA:

“QUE a respeito da pessoa de CHICO NOROESTE, esclarece que este fez um acordocom o Prefeito RENI PEREIRA, pois CHICO NOROESTE era do mesmo partido (PSC)da esposa de RENI (CLÁUDIA PEREIRA); QUE em consequência de uma possívelcandidatura a Deputado Estadual, o Prefeito RENI PEREIRA ofereceu a CHICONOROESTE o cargo de Secretário de Administração e mais um valor equivalente ao deuma diretoria (5 mil reais), para que o mesmo desistisse de sua candidatura e apoiasse acandidatura de CLÁUDIA PEREIRA; QUE CHICO NOROESTE aceitou a proposta efoi nomeado ao cargo anteriormente acordado; QUE o colaborador esclarece que oPrefeito RENI não tinha confiança na pessoa de CHICO NOROESTE; (...) QUE ocolaborador não repassou a CHICO o valor referente à diretoria enquanto este ocupou ocargo de Secretário de Administração, sendo que após a sua exoneração do cargo, foideterminado pelo Prefeito RENI que o colaborador pagasse 3 parcelas de 10 mil reais,para quitar o débito do Prefeito RENI com CHICO NOROESTE; QUE o colaboradorefetuou os repasses dos referidos valores, em espécie, nos meses de junho, julho e agostode 2015, diretamente a CHICO NOROESTE, em uma oportunidade em frente aoEdifício Torre Azul (residência de CHICO NOROESTE), e duas vezes na ABEFI(Associação Beneficente de Foz do Iguaçu); QUE os referidos valores para saldar adívida entre RENI e CHICO saíram do “caixa” administrado pelo colaborador; QUE ocolaborador não costumava usar SMS, mas CHICO usava, de vez em quando, paraconversar com o colaborador; QUE CHICO usava um número de telefone deCuritiba/PR (DDD 41), e encaminhava os SMS’s ao terminal telefônico “45­9960­8787”,pertencente ao colaborador” (evento nº 01).

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Por oportuno, observo que no curso do monitoramento telefônico levado a cabona OPERAÇÃO PECÚLIO foram registradas trocas de mensagens de texto entreFRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES e MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA SOUZA, aparentemente aquelas referidas pelo último em suasdeclarações, nas quais o primeiro, ao que parece, cobra do segundo os valores quesupostamente lhe foram prometidos por RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA (mensagensidentificadas com os nº 76487295, 76489553, 76489599, 76490895, 76491076, 76495021,6495024, 76495026, 76496188, 76497764, 76497768 e 76497777, interceptadas nos dias 03e 04 de julho de 2015).

Outro fato que aponta a inserção de FRANCISCO NOROESTE MARTINSGUIMARÃES na organização criminosa investigada no curso da OPERAÇÃO PECÚLIO é osuposto empréstimo feito em favor da Igreja Assembleia de Deus, objeto do fato narrado noitem 5.12 da denúncia oferecida na ação penal nº 5005323­03.2016.404.7002, no qualEUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, que aparentemente não possui nenhumarelação com aquela entidade, acabou por verter considerável soma em dinheiro em favor dela,ao que parece, como contraprestação pelos serviços prestados por MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREIA SOUZA e FRANCISCO NOROESTE MARTINSGUIMARÃES em favor se suas empresas, quanto aos contratos firmados por elas com aPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR. Pelo que noticiou MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREIA SOUZA, referido empréstimo foi realizado a pedido de RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, bem como “QUE os R$150.000,00 mil foram repassadosvisando votos na campanha da CLAUDIA PEREIRA, garantindo os votos da Igreja,independente da devolução ou não do dinheiro”. Nesse sentido:

“QUE o COLABORADOR esclarece que a pedido do Prefeito RENI PEREIRA foisolicitado que arrumasse o valor de R$150.000,00, para a IGREJA ASSEMBLEIA DEDEUS, em razão de uma ação judicial que essa igreja estava respondendo, QUE se nãoefetuasse o pagamento na data em que foi solicitado o imóvel da Igreja iria a Leilão,QUE do referido valor R$ 50.000,00 mil foi emprestado por MARINO GARCIA,R$100.000,00 mil, foi emprestado por CHICO NOROESTE e R$150.000,00 mil porEuclides, QUE a igreja é a matriz da Assembleia de Deus, no Centro de Foz, QUE oempréstimo efetuado por EUCLIDES teria como garantia um terreno de propriedade daIgreja em frente a sua sede; o colaborador iria solicitar uma comissão da venda doreferido terreno, até porque o seu valor seria bem superior aos R$150.000,00 mil, QUERENI visava apoio com votos dos membros da Igreja, até porque o Pastor ISAIAS eraenvolvido politicamente em vários partidos, inclusive sua nora foi nomeada naSANEPAR, após a candidatura de CLAUDIA PEREIRA, QUE os R$150.000,00 milforam repassados visando votos na campanha da CLAUDIA PEREIRA, garantindo osvotos da Igreja, independente da devolução ou não do dinheiro, QUE no dia foi até aCaixa próxima ao SUPERMERCADO MAX no Centro, aproximadamente às 15 hrs, QUEcomo era conta judicial o EUCLIDES não conseguiu fazer a transferência do valor,QUE EUCLIDES tinha uma única folha de cheque, que preencheu no valor deR$150.000,00 mil, QUE fizeram o depósito na conta judicial, na presenta de CHICONOROESTE, EUCLIDES, e ISAIAS JUNIOR filho do pastor” (MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA ­ evento nº 01).

Nessa perspectiva, a prisão temporária de FRANCISCO NOROESTE MARTINSGUIMARÃES mostra­se imprescindível, nos termos do artigo 1º, inciso I, da Lei nº7.960/89, visando assegurar a colheita de provas, afastando os riscos de ocultação e destruiçãode elementos de informações úteis à investigação.

O Ministério Público Federal requereu a decretação da prisão preventiva deFERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO e RICARDO ANDRADE, sob argumento de queforam obtidos no curso das investigações indícios da prática por eles, no âmbito da organização

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criminosa investigada, dos crimes dos arts. 312 e 317 do Código Penal, bem como que amedida é necessária para garantia da ordem pública e para assegurar aplicação da Lei Penal.

No curso das investigações levadas a cabo no bojo da OPERAÇÃO PECÚLIOforam constatados indícios de que FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, com auxíliode RICARDO ANDRADE, é um dos maiores articuladores do apoio a RENI CLÓVIS DESOUZA PEREIRA, recebendo em contraprestação, além de elevadas somas em dinheiro, aprerrogativa de indicar parentes e aliados políticos para ocupação de cargos na administraçãomunicipal e em empresas contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR.

“Duso ainda atuou nas negociações quanto à viabilização de um afastamentotemporário de Paulo Rocha da Câmara Municipal (áudio índice 76532422), vez queeste, guiado apenas por seus interesses políticos, sentia­se constrangido em votar afavor do projeto de lei relacionado à PPP”

“DUSO foi um importante articulador de uma estratégia bolada por RENI para mantervivo o processo de implantação da PPP da saúde no município. Como descrito no eventoVEREADOR PAULO RICARDO ROCHA, DUSO atuou firmemente na tentativa denegociar o afastamento de PAULO ROCHA da função de vereador, já que não se sentiaconfortável em votar a favor da PPP, pois já havia se declarado contrário ao projeto.DUSO chega a insinuar que faltaria um acerto financeiro e que achava que com maisuma conversa “arredondariam” isso” (Informação de Polícia Judiciária nº 74/16NIP/DPF/FIG/PR – evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

Além disso, foi constatado que FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO éum dos principais articuladores do esquema denominado “mensalinho”, mediante o qualvereadores e outros agentes públicos recebem pagamentos mensais, cujos valores são vertidosao caixa do esquema por empresas contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR, seja por constituírem objeto material do crime de corrupção, em razão dodirecionamento de licitações e/ou contratações levadas a cabo com dispensa de licitação, sejapor constituir objeto material do crime de desvio de verbas públicas, mediantesuperfaturamento dos valores dos serviços, falsificação de comprovantes de execução, dentreoutras práticas ilícitas.

Acerca da solicitação de valores vertidos para o caixa do esquema denominado“mensalinho” por vereadores, informou CARLOS JULIANO BUDEL “que o vereadorPAULO ROCHA recebeu uma parcela de vinte e três mil reais, uma parcela de trinta mil etrês parcelas de cinco mil reais em razão do ‘mensalinho’, totalizando sessenta e oito milreais; QUE o vereador QUEIROGA recebeu seis parcelas de dez mil reais em razão domensalinho; QUE o vereador DUSO deveria receber vinte e cinco mil reais, mas nãoocorreu por falta de recurso” (evento nº 01).

Ao lado de FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, aparece a pessoa deRICARDO ALEXANDRE, pessoa com bastante influência no âmbito do Poder LegislativoMunicipal, supostamente responsável por patrocinar os interesses da organização criminosajunto aos demais vereadores e pela fiscalização loteamento de cargos e empregos públicos epela articulação do esquema denominado “mensalinho”, além de promover procedimentosilegais para favorecimento da organização criminosa, como, por exemplo, quando sugeriu, emrazão da negativa do procurador WILLY COSTA DOLINSKI em apresentar parecer favorável aprojeto de interesse de RENI CLÓVIS DE SOZUA PEREIRA, que tal mister fosse acometidoao procurador RAIMUNDO DE ARAÚJO NETO, quiçá por este alinhar seus posicionamentosjurídicos de acordo com os interesses da organização criminosa (áudios indexados sob os nº80660171, 74702672 e 75345652).

“No caso do projeto das assistentes de creche, RENI possuía enorme interesse em sua

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“No caso do projeto das assistentes de creche, RENI possuía enorme interesse em suaaprovação, pois a contratação daria um grande poder de barganha junto aosvereadores, assim como ações populistas em seu favor. O projeto foi discutido emdiversas ligações. No dia 25/04/2015, às 11:18 horas, RICARDINHO (assistente técnicoda diretoria geral da Câmara dos Vereadores de Foz do Iguaçu) conta a RENI queWILLY DOLINSKI, procurador do município, teria dado parecer contrário ao referidoprojeto. O prefeito afastado então sugere que encaminhem sem parecer mesmo.RICARDINHO pergunta se RAIMUNDO, o procurador do município, não emitiria oparecer favorável. RENI fica de falar com ele. Vejamos o respectivo diálogo:

“RICARDINHO: Não, era a respeito daquele projeto lá que eu tava monitorando, só queo WILLY deu parecer contrário lá, né... do... do... das creches. RENI: Falou o quê?RICARDINHO: Falou que há verossimilhança entre o que você tá propondo e o que teme aí vai dar problema, num sei o quê... RENI: Ham... RICARDINHO: E o povo daFAZENDA não fez o (?) também... RENI: Hum... vai ter que tirar o parecer dele e mandarsem parecer... RICARDINHO: Não, na verdade... o parecer não tá acostado ao projeto,né? RENI: Hum hum. RICARDINHO: Mas, daí, como a tua PROCURADORIA deuparecer contrário, por isso pensei... será que num carece duma análise melhor, porquedaí cai lá na mão... RENI: Tá, mas como é que CASCAVEL aprovou? A lei de CASCAVELé diferente da nossa? RICARDINHO: Não, pois é, mas é isso que eu queria falar contigo,ver da onde é que saiu isso e aí... RENI: Saiu de CASCAVEL aprovou e resolveu assim!RICARDINHO: Daí ver... tentar... o CHICO, alguém lá, o RUBENS chegar a a pegarcópia de CASCAVEL... RENI: Hum hum. RICARDINHO: E ver qual que é a diferençaentre a lei que existe em FOZ e a lei que existe em CASCAVEL e aí as duas propostas, né,ver qual que é a fundamentação usada, porque se... aí vai que cai lá... alguémargumenta isso aí... e daí já... dentro de casa... RENI: Hum hum... RICARDINHO: ...jáfalaram borracha, aí fica complicado... RENI: Não, eles não querem nada porque elesquerem o deles, né! RICARDINHO: Ah, o... RENI: É claro! eles não querem que dê praninguém! ali é cada um... é a FAZENDA lutando pelos outro... é cada um querendo o seu!RICARDINHO: Hum hum. Mas o RAIMUNDO não assina esse parecer aí? RENI:Acho que assina. Eu vou falar com ele. RICARDINHO: Cê vem quando? RENI: Pegar ode CASCAVEL... eu vou segunda. RICARDINHO: Hum hum. Bom, chegando aqui, daívamo... RENI: Quanto ao IOF, parece que já tá tudo certo na FAZENDA. RICARDINHO:Hum hum. RENI: É só o parecer que precisava construir, daí... RICARDINHO: Humhum... é, o... o impacto não mandaram ainda, pode até tá pronto, num sei... só tô teavisando que não desceu. RENI: Não, mas parece que já tá certo. RICARDINHO: É?RENI: Não, o CHICO... dá uma li... tu tem o telefone do CHICO? RICARDINHO: CHICONOROESTE? RENI: É. RICARDINHO: Tem. RENI: Dá uma ligadinha e fala pra ele, daídiz "olha, o parecer, vai ter que buscar o parecer... o parecer do procurador, né".RICARDINHO: Hum hum. RENI: Beleza? RICARDINHO: Então tá bom. (despedem­se)”(diálogo indexado sob o nº 75345652).

Ademais, FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO e RICARDOALEXANDRE foram apontados como idealizadores do esquema denominado “retorno”,mediante o qual verbas orçamentárias destinadas à Câmara Municipal de Foz do Iguaçu/PR,após retornarem ao caixa geral do município, são utilizadas para pagamentos de empenhos deempresas patrocinadoras do esquema, por serviços que, por vezes, sequer foram executados, asquais, em seguida, direcionam os respectivos valores ao caixa do esquema.

“Verifica­se que a Prefeitura repassa um percentual por mês de seu orçamento para ocusteio das despesas da Câmara de Vereadores. No entanto, do valor total repassado,existe em Foz do Iguaçu/PR uma sobra mensal de 350 (trezentos e cinquenta) mil a 500(quinhentos) mil, que podem retornar para a Prefeitura como recursos livres. Possuindoconhecimento dessa possibilidade, em meados de março de 2015, FERNANDO DUSO eRICARDO ANDRADE procuraram MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA para operacionalizar este retorno da verba excedente para aPrefeitura, devendo ser repassado um percentual para o investigado.

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Para dar efetividade ao esquema criminoso, MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA SOUZA entrou em contado com algumas empresas que possuíamcontrato com a Prefeitura de Foz do Iguaçu/PR e que estavam com o pagamento atrasado. Talcontato ocorreu por intermédio de MAHMOUD AHMAD JOMAA, o qual acordou com essaspessoas jurídicas que as notas em atraso seriam pagas em poucos dias (aproximadamente 48h),mas em contraprestação seria necessário o retorno de 10% a 20% a título de propina e mais 2%do percentual a ele. Deste percentual de 10% a 20%, metade era repassada para FERNANDODUSO e RICARDO ANDRADE, sendo que a era destinada a MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA SOUZA que a utilizaria para compor o “caixa” da ORCRIM.

Observa­se que em diversas vezes, o dinheiro foi entregue porMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA para RICARDOANDRADE, em locais como: Restaurante La Cabana, no estacionamento do Shopping JL e noPosto de Combustível da Petrobrás, localizado em frente a Rafagnin Choperia.

Imperioso salientar que LUIZ CARLOS ALVES (conhecido como CAL),igualmente auxiliava na prática errante, já era responsável por confirmar a entrada na Prefeiturado dinheiro advindo da Câmara dos Vereadores. Posteriormente, MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREIA SOUZA informava ELENIR LORINI que o dinheiro era“carimbado”, ou seja, deveria ser destinado ao pagamento de determinadas empresas, as quais jáhaviam aderido o acordo” (evento nº 01).

Acerca do esquema denominado “retorno”, trago à colação o seguinte excerto,extraído das declarações prestadas por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA:

“QUE essa operação ocorreu em virtude do presidente da câmara eleito na época, oFERNANDO DUSO, ter percebido que o colaborador vinha cumprindo com presteza osacordos envolvendo o pagamento do “mensalinho” aos vereadores; QUE com isso eleviu que a pessoa do colaborador reunia todas as condições necessárias para operar o“retorno” dos recursos não gastos na câmara de vereadores; QUE explicando, existe umpercentual mensal do orçamento da prefeitura para custeio de despesas da câmara devereadores e dentro desse valor existia uma sobra mensal, ou seja, valor que não eragasto dentro dessa total de recurso destinado à câmara; QUE essa sobra mensal era naordem de 350 a 500 mil reais por mês; QUE nas outras administrações, tal sobra eradevolvida em duas ou três parcelas anuais, no máximo; QUE ocorreu que em umaoportunidade o RENI solicitou ao colaborador o valor de quinhentos mil reais para umaajuda na secretaria de saúde, acreditando o colaborador que tal valor seria destinadopara a reforma do local do banco de leite; QUE já existia um acordo anterior de retornodesse valor da ‘sobra’ entre RENI e FERNANDO DUSO, sendo que tal acordo não veioa ser cumprido pelo RENI; QUE em razão dessa ‘pedalada’ do RENI, em meados demarço de 2015, o DUSO e o RICARDO ANDRADE, conhecido como “RICARDINHO,procuraram o colaborador para ver a possibilidade de operacionalizar “o retorno”mensal dessas “sobras” da câmara de vereadores; QUE dessa sobra, o colaboradordeveria viabilizar um “retorno” financeiro para o DUSO; QUE o colaborador solicitoudois dias de prazo para poder ver quais seriam as empresas que poderiam ser envolvidasnesse esquema, visto que via de regra os percentuais que já operava com as empresasretornavam integralmente para o caixa do colaborador, sendo que do modo que o DUSOpropôs, obviamente ele teria uma significativa participação; QUE portanto, fez umasondagem, sendo que uma das primeiras pessoas que procurou foi o NILTONBECKERS, mas não chegaram a um acordo, pois ele precisaria aumentar o percentualde repasse ou ainda superfaturar mais as suas obras, então não chegaram a um númeroque ficasse interessante para ambos os lados, tanto o lado do caixa do colaboradorcomo o do “retorno” do FERNANDO DUSO; QUE então procurou oJOMAA/DENTISTA, pois o colaborador tinha a informação que algumas empresas queprestaram serviço para o hospital municipal na gestão “TULIO BANDEIRA”, estavamcom dificuldades de recebimento dos serviços prestados, algumas até em fase decobrança judicial; QUE então o colaborador procurou o JOMAA para que este

procurasse tais empresas e realizasse as tratativas para saldar tais dívidas, com a

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procurasse tais empresas e realizasse as tratativas para saldar tais dívidas, com acontrapartida de pagamento pelas empresas dos “percentuais” ao colaborador, que logoexplicará; QUE após essa sondagem, houve uma confraternização na casa do TELLES,policial civil, onde lá se encontravam o FERNANDO DUSO e o RICARDINHO; QUEnessa ocasião fecharam literalmente as condições que se daria “o retorno” deles, queseria por negócio executado; QUE por exemplo, as empresas que o colaboradorconseguisse um percentual de retorno de 20%, 10% retornaria para RICARDINHO eFERNANDO DUSO, ao passo que 10% retornariam para o caixa do colaborador paraoperar o pagamento de propina a vereadores, dentre outros; QUE então não seria umvalor fixo, mas por negócio realizado; QUE esse foi o máximo do percentual que ocolaborador conseguiu obter junto às empresas que estavam mais atrasadas e naiminência de entrar com processo judicial; QUE as empresas que estavam em litigio,conseguiu obter em torno de 15%; QUE em algumas oportunidades, como o colaboradornão tinha o recurso da própria prefeitura para pagamento do laboratório BIOCENTERe alimentação AGUIAR REFEIÇÕES, pois o percentual nesses casos era de 10% jánegociados anteriormente, realizou o pagamento para tais empresas, abrindo mão de 5%para acalmá­los e repassava os outros 5% repassava para o DUSO; QUE essasoperações ocorreram de março de 2015 a agosto de 2015; QUE então todos os“retornos” que ocorreram da conta da câmara municipal para a conta de recursos livresda prefeitura, foram utilizados para essa operação; QUE o CAL ajudava o colaboradora operar isso, pois o RICARDINHO avisava o colaborador quando o proveniente dasobra da câmara já estava disponível, ao passo que o CAL confirmava a entrada dessevalor na conta da prefeitura; (...) QUE voltando a falar sobre a reunião em que ficouestabelecido o ‘retorno’, o DUSO e o RICARDINHO deram conta ao colaborador acercade uma dificuldade financeira em razão de uma dívida com alguns outros vereadores eesse ‘retorno’ seria destinado a saldar tal débito; QUE tal débito com alguns demaisvereadores era em decorrência de um acordo que ele – DUSO – estabeleceu para quehouvesse votos a seu favor para que fosse eleito presidente da câmara, o que de fatoocorreu, foi eleito; QUE então ele mencionou que em razão disso restou uma dívida comBENI RODRIGUES, GESSANI, RUDINEI DE MOURA, PAULO ROCHA, LUIZQUEIROGA E EDILIO DALLAGNOL e mais alguns outros nomes mencionados dosquais não se recorda no momento; QUE ainda, teve conhecimento que outra parte dosrecursos do “retorno” também foram destinados a uma obra residencial do presidente dacâmara em um condomínio de luxo de Foz do Iguaçu/PR; QUE explica que em umareunião que tiveram na residência do pai do Fernando Duso, que ficava situada noCondomínio Iguassu Green Vilagge, situado na Rua Odulvado Viana, n 1201, em taloportunidade o próprio DUSO mostrou ao colaborador uma construção nesse mesmocondomínio e comentou que os recursos provenientes do ‘retorno’ também seriamdestinados a dar prosseguimento e finalizar essa obra que lhe pertencia; QUE sobresituações envolvendo votação na câmara de vereadores, começou a explicar que, emcaso de empate, como o presidente somente possuí voto de ‘minerva’, acredita que oDUSO votaria favorável ao governo, devido ao cumprimento do acordo do “retorno” porparte do colaborador” (evento nº 01).

CARLOS JULIANO BUDEL, inquirido pelo Ministério Público Federal epela autoridade policial, esclareceu que as devoluções de recursos pela Câmara Municipal deFoz do Iguaçu/PR “foram gerenciadas pelo Secretário de Tecnologia da InformaçãoMELQUIZEDEQUE e o Presidente DUSO”, em que pese tenha afirmado que “desconhecedesvio de dinheiro público nestes repasses” (evento nº 01).

No bojo desse esquema, informou MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA que, entre os meses de junho a julho de 2015, valores provenientes daCâmara Municipal de Foz do Iguaçu/PR foram utilizados para o pagamento da empresaEMPREENDIMENTOS QUEIROZ ME, em razão da prestação de serviços de pavimentaçãoasfáltica no CTG Charrua, para realização da FARTAL/2015, tendo sido ajustado com NILTONJOÃO BECKERS o superfaturamento da obra em R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), osquais foram restituídos pelo empreiteiro e, parte desse montante, foram repassados paraRICARDO ANDRADE e FERNANDO DUSO. Senão vejamos:

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“QUE em complementação ao Anexo – retorno Câmara de Vereadores, o Colaboradoresclarece que entre os meses de junho/julho 2015, em uma oportunidade efetuou umpagamento com recursos provenientes da Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu, paraempresa Queiroz de propriedade de Nilton Beckers; QUE o colaborador e NiltonBeckers ajustaram o superfaturamento do valor a maior de R$ 35.000,00 na nota deprestação de serviços de pavimentação asfáltica no CTG Charrua, executado pelaempresa Queiroz; QUE o colaborador aumentou o valor para destinação do “retorno” daCâmara de Vereadores e composição do ‘caixa geral’ de propina descrito no AnexoCâmara de Vereadores; QUE o colaborador entregou o valor em espécie de R$17.500,00 a Ricardo Andrade para que repassasse o referido valor a Fernando Duso,sendo a diferença destinada a composição do ‘caixa geral’ de propina gerenciado pelocolaborador, QUE a obra foi um pouco antes da Fartal de 2015, QUE a entrega do valorfoi feita em São Miguel do Iguaçu, QUE primeiramente foi retirado 25 mil eposteriormente 10 mil, QUE foi ao escritório do Sr. Nilton em São Miguel do Iguaçu,QUE posteriormente repassou o valor ao Ricardo Andrade, QUE as entregas eram ou norestaurante “La Cabana”, Estacionamento do Shopping JL ou Posto de Gasolina emfrente ao Rafain Chopp/TAJ” (evento nº 01).

As declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIASOUZA foram corroboradas por NILTON JOÃO BECKERS. Senão vejamos:

“QUE com relação à investigação policial na qual consta que MELQUIZEDEQUE foiaté a empresa do colaborador em São Miguel do Iguaçu, o colaborador esclarece queneste dia foi repassado a quantia de R$ 10 mil a MELQUIZEDEQUE; QUE naFartal/2015 foi realizada obra de pavimentação asfáltica e de meio fio, executada pelaSR, mas o contrato foi firmado com a EMPREENDIMENTO QUEIROZ; QUE talcontrato não foi pago pela Prefeitura; QUE o colaborador cobrou deMELQUIZEDEQUE o pagamento e este lhe explicou um “esquema” de repasse desobra de dinheiro da Câmara dos Vereadores, envolvendo o Presidente da Câmara dosVereadores e o setor financeiro; QUE esta verba era utilizada para o pagamento decontratos com a Prefeitura, mas cerca de 10% do valor deveria retornar a título depropina para o Presidente da Câmara dos Vereadores; QUE o colaborador aceitou aproposta de MELQUIZEDEQUE; QUE no contrato da Fartal, houve medição a maior efoi repassado para MELQUIZEDEQUE o valor de R$ 35 mil, destinado ao pagamentodo Presidente da Câmara dos Vereadores e para o pagamento do “mensalinho”, queestava atrasado” (evento nº 01).

Foram constatados no curso da investigação, outrossim, indícios de queFERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO e HERMÓGENES DE OLIVEIRA exigirampagamento em dinheiro para apoiar MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIASOUZA em relação às denúncias de “caixa 2” na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR,conforme indicam os diálogos indexados sob o nº 74678871, 74679027 e 74678964,referentes a um encontro de MELQUIZEDEQUE com HERMÓGENES DE OLIVEIRA,SÉRGIO LEONEL BELTRAME e FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO,oportunidade em que, segundo informou EUCLIDES, MELQUIZEDEQUE levou R$15.000,00 a R$ 20.000,00 para pagamento da propina exigida pelos referidos parlamentares.

“Tendo em vista tudo acima mencionado, percebe­se que o vereador FERNANDO DUSOse fez valer de vantagem indevida, no mínimo através de cargos na prefeitura, conformeos nomes apurados em tela, tais como: LILIAN LETICIA DONATO e JUANFERNANDO DAMACENA DA SILVA, utilizando de seu poder como presidente daCâmara dos Vereadores para corroborar os projetos enviados pelo executivo, através doPrefeito Reni Pereira. E, ainda, possivelmente, articulou para impedir o andamento dainvestigação sobre a Secretaria de Tecnologia de Informação, conforme apuradotambém contra o vereador BENI (primeiro vice­presidente da Câmara), contra overeador DARCI (segundo vice­presidente da Câmara), contra o vereador EDILIO econtra o vereador MOGÊNIO, todos denunciados pelo Ministério Público da União”(Informação de Polícia Judiciária nº 74/16 NIP/DPF/FIG/PR – evento nº 08 dos autos darepresentação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

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Diante dos supracitados elementos de informação, é inegável a existência deindícios veementes de da prática dos crimes dos art. 312 e 317 do Código Penal porFERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO e RICARDO ANDRADE, praticados no bojo daorganização criminosa investigada no curso da OPERAÇÃO PECÚLIO, figurando eles entreos principais articuladores do “mensalinho” e idealizadores do esquema denominado “retorno”,mediante os quais elevadas somas em dinheiro foram desviadas dos cofres do município de Fozdo Iguaçu/PR, causando, sem sobra de dúvidas, severos prejuízos à população.

A intensa e reiterada atuação de FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO eRICARDO ANDRADE em prol da organização criminosa que se pretende desmantelar,mediante a prática, em tese, de uma série de condutas ilícitas, voltadas ao enriquecimentoilícito, a manipulação financeira do jogo politico e a perpetuação do poder, são circunstânciasque evidenciam que a decretação da prisão preventiva de ambos é medida absolutamentenecessária a garantia da ordem pública, haja vista que há possibilidade concreta de que, semantidos em liberdade, permanecerão no exercício da senda, em tese, delituosa, perpetuando osprejuízos causados ao erário municipal.

O Ministério Público Federal requereu que seja decretada a prisão preventivado investigado HERMÓGENES DE OLIVEIRA, sob argumento de que há indícios da prática,por ele, do crime do art. 317 do Código Penal, bem como que a medida é necessária paragarantia da ordem pública e para aplicação da Lei Penal (evento nº 01).

No curso das investigações levadas a cabo no bojo da cognominada OperaçãoPecúlio, foi constatada a existência do envolvimento de HERMÓGENES DE OLIVEIRA emdiversos fatos, em tese, ilícitos, os quais, aliás, não estão cingidos apenas àqueles que lhe foramimputados nos autos da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002 e tampouco àquelesreferidos pelo Ministério Público Federal na petição do evento nº 01.

Acerca de tais fatos, trago à colação o seguinte excerto, extraído da decisãoproferia no evento nº 82 dos autos nº 5014388­23.2014.4.04.7002/PR:

“HERMÓGENES DE OLIVEIRA, vulgo MOGÊNIO, por sua vez, é vereador nomunicípio de Foz do Iguaçu/PR. No curso das investigações, segundo relatou aautoridade policial, foi apurado que HERMÓGENES DE OLIVEIRA mantém estreitorelacionamento com o Prefeito RENI PEREIRA, figurando como seu principalarticulador político perante a Câmara de Vereadores em Foz do Iguaçu/PR. Foiobservado, ainda, que HERMÓGENES DE OLIVERIA manteve contatos constantescom os investigados SERGIO LUIS BELTRAME e CHARLLES BORTOLO.

“É possível que um dos motivos desta aproximação tenha sido a criações de CPI’s paraapurar corrupção no governo RENI, inclusive com suposto envolvimento deMELQUIZEDEQUE em caixa dois (EVENTO GEORREFERENCIAMENTO).

A partir desta aliança, os contatos entre vereadores e MELQUI, CHARLLES e RENI seintensificaram sobremaneira” (representação do evento nº 01 dos autos nº 5010830­09.2015.4.04.7002).

Segundo informou a autoridade policial, “levantamentos realizados pela própriasecretaria de saúde indica que uma das causas da baixa qualidade de atendimento einsuficiência de recursos para atender à população seria a grande quantidade decartões do SUS emitidos no município, que seria em torno de 800 mil, sendo que acidade possui apenas 270 mil habitantes”.

“Nesse contexto, observou­se que o VEREADOR HERMÓGENES, conhecido por terapoio maciço de brasileiros que moram no Paraguai, porém com domicílio eleitoral emFoz do Iguaçu/PR, os chamados “brasiguaios”, mantém contanto com o SECRETÁRIO

MUNICIPAL DE SAÚDE CHARLLES BORTOLLO, patrocinando interesse de um

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MUNICIPAL DE SAÚDE CHARLLES BORTOLLO, patrocinando interesse de umpossível eleitor seu perante a administração pública”.

Nesse sentido, o diálogo nº 75798778, o qual, além de dar conta de queHERMÓGENES DE OLIVEIRA intercede em favor da dentista Tânia, a fim de queCHARLLES BORTOLO promova medidas no sentido de aumentar seus vencimentos,conversa acerca de uma pessoa que reside em Santa Rita, no Paraguai, que precisarealizar uma cirurgia de catarata, mas que não dispõe de recursos para tanto.Interessante observar do diálogo, além da flagrante violação ao princípio daimpessoalidade, que HERMÓGENES DE OLIVEIRA afirma que o cartão SUS de seuamigo consta seu endereço o qual será igualmente utilizado quando do recadastramento,o que configura, em tese, a prática do crime do art. 299 do Código Penal. Vejamos arespectiva transcrição:

“CHARLLES ­ Oi. MOGÊNIO ­ CHARLLES, deixa eu te perguntar um negócio...Eu...é... a TÂNIA teve aqui agora de novo, antes que eu esqueça,... CHARLLES ­Uhum... MOGÊNIO ­ ...tem como nós fazer ajudar a TÂNIA pra ela fazer uma hora amais por sem... um ponto a mais por semana, em algum lugar? CHARLLES ­ Olha só...MOGÊNIO ­ Ela foi minha primeira dentista, cara, eu quero ajudar ela, e ... CHARLLES­ ...olha só... MOGÊNIO ­ ...politicamente tu vai me ajudar, entendeu? CHARLLES ­ Sóque assim, eu tô com a planilha aqui do plantão... MOGÊNIO ­ ...é tua praia, não temcomo tu me enrolar. CHARLLES – É assim, eu tô com duzentos mil Reais de hora plantãopra cortar. MOGÊNIO ­ Hã. CHARLLES ­ Pra cortar. MOGÊNIO ­ Hã. CHARLLES ­E eu tô com a planilha na mão cortando. Aqui dentro eu já cortei uns cinquenta milReais ontem, de hora­plantão. MOGÊNIO ­ Ah, tá cortando porque já tá demais.CHARLLES ­ Tá demais. O PREFEITO ... eu tive uma reunião com o CHICO semanapassada antes dele viajar eu... colocaram eu no colinho e enfiaram sem o­o...comvontade, né. Sem dó. MOGÊNIO ­ Chorou, ou não? CHARLLES ­ (ininteligível)...saiu alagriminha no canto. MOGÊNIO ­ Então passa a régua em cima disso. Eu vou perguntaroutra coisa. CHARLLES ­ Tá. MOGÊNIO ­ Eu tô com um amigo meu aqui na Gaúchaaqui, e... pediram pra ele cinco mil Reais, Doutor MICHELON, cada olho de cirurgia enão tem..., de­de­de catarata, não tem tanta emergência. Como éque tá? Se a genteencaminhar ele pelo um posto, e conseguir daqui trinta dias... CHARLLES ­ Comcerteza. Lógico. MOGÊNIO ­ (ininteligível)...consegue fazer nuns dois meses essacirurgia de catarata? CHARLLES ­ consegue, ou antes até. Mês passado nós gastamoscent... MOGÊNIO ­ Antes disso? CHARLLES ­ ...gastamos cento e cinquenta mil Reaisde oftalmologia mês passado. MOGÊNIO ­ O doutor MARCOS que tá fazendo, não?CHARLLES ­ EUSTÁQUIO, BRAUTIMAN. Catarata, tamo fazendo aqui no Siate.MOGÊNIO ­ Mas se eu marcar a consulta pro­pro meu amigo, ele tem, ele vota em Foztudo. Se eu consegui...se eu consegui marcar pra ele (ininteligível) CHARLLES ­ Podever (trecho ininteligível)... MOGÊNIO ­ Peraí, só um pouquinho... CHARLLES ­ ...afila... MOGÊNIO ­ Tá em dia? Foi recadastrado? (Mogênio pergunta a seu amigo)Como éque tá o cartão SUS? Ele é de Santa Rita, no Paraguai. CHARLLES ­ Mas ele ébrasileiro? MOGÊNIO ­ Claro, vota aqui, ué. CHARLLES ­ Então não tem problema,ele pod... esses cartões SUS que tão vencido tem que fazer novo. Aí tem que pegar ocomprovante de residência tudo certinho. Se ele for brasiguaio ele tem que ir lá noconsulado do lado do Paraguai pra fazer MOGÊNIO ­ Não, não, já vou mandar ele láno cônsul arrumar o dele que tem que recadastrar lá no cônsul, é isso? CHARLLES ­Tem que recadastrar, isso. MOGÊNIO ­ Então tá eu vou marcar com ele aí na VilaYolanda, um clínico, pedir encaminhamento pro... CHARLLES ­ Oftalmo... MOGÊNIO ­vou fazer tudo isso pra ele... CHARLLES ­ isso. MOGÊNIO ­ e daí então, daqui a unstrinta dias, eu­eu­eu já vejo daí eu falo com quem daí? Você tirou a MARLI, não?CHARLLES ­ (ininteligível)...você traz, sim, não, não, pode pedir pra ela marcar.Agenda tua consulta lá. A parte...a parte de cirurgia de catarata tá andando bem...táandando bem rápido. MOGÊNIO ­ Não, mas o cartão dele parece que é daqui de Fozpiá, você tem o endereço? Só um pouquinho. O endereço é da onde? O carlinho fez nomeu endereço você acredita? CHARLLES ­ Meu Deus, porque assim, aqueles cartõesSUS antigos, aquele com o papelzinho... MOGÊNIO – É o meu endereço, deixa eu tefalar, o cartão dele é de 2010, no meu endereço. CHARLLES ­ Você sabe que essecartão SUS agora, o MELQUI vai cobrar cada (ininteligível) que tiver mais que quatrocartões SUS o (ininteligível) vai ser dobrado. MOGÊNIO ­ Mas o meu não...o meu temsó dois CHARLLES ­ Ah, tá bom. MOGÊNIO ­ Nem eu tenho. CHARLLES ­ (risos)

Então tá beleza. MOGÊNIO ­ Então daí ele vai usar o meu endereço de novo. Não tem

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Então tá beleza. MOGÊNIO ­ Então daí ele vai usar o meu endereço de novo. Não temproblema, né? CHARLLES ­ Não, não tem. MOGÊNIO ­ Então tá. Eu vou marcar praele então, cobro de você. tá? CHARLLES – Beleza”.

Acerca da ocorrência de fraudes na emissão de Cartões do Sistema Único de Saúde, foinoticiado na imprensa local a suspeita de que mais de cinco mil cartões tenham sidoemitidos de forma irregular, a estrangeiros que informam endereços falsos, passando­sepor residentes no Brasil, com o objetivo de obter acesso a atendimentos seletivos e dealta complexidade (http://g1.globo.com/pr/oeste­sudoeste/noticia/2015/06/pf­investiga­suspeita­de­fraude­na­emissao­do­cartao­sus­na­fronteira.html).

Especificamente quanto a pessoa de HERMÓGENES OLIVEIRA, foi noticiado nosúltimos dias que ele este sendo investigado pelo Ministério Público Eleitoral, por oferecerajuda os brasileiros que moram no Paraguai, próximo à fronteira com o Brasil, parafazer o recadastramento biométrico em Foz do Iguaçu/PR (http://g1.globo.com/pr/oeste­sudoeste/noticia/2015/11/vereador­e­investigado­por­induzir­brasiguaios­fraudar­biometria.html).

Outro episódio em que HERMÓGENES DE OLIVEIRA aparece atuando em favor deamigos foi descortinado no diálogo nº 75916259, oportunidade em que tenta conseguirleito em UTI para a pessoa identificada como WHASHINGTON WALTER, residente noParaguai. Senão vejamos:

“CHARLLES ­ Oi, vereador. MOGÊNIO ­ CHARLLES, tudo bem? CHARLLES ­ Opa.Tudo. MOGÊNIO ­ (trecho ininteligível)...cê num vai. (risos) CHARLLES ­ (risos)MOGÊNIO ­ Deixa eu te contar. Me ligou do Paraguai agora Dra. MONICA ... Dra.OLGA, deixa eu te falar, ela me disse...sabe que tamo com catorze dias hoje tentandotrazer um amigo meu que está em Ciudad del Este, te falei disso, né? CHARLLES ­ Não.Não falou. MOGÊNIO ­ Não, mas é que eu vi direto com JULIANO. Faz catorze diashoje, seu WASHINGTON WALTER. E ela ligou no pronto­socorro e o pronto­socorrofalou pra ela agora que tem vaga na UTI e que abriu, desde que alguém falar com adireção, então tu resolve isso pra mim. WASHINGTON WALTER. CHARLLES ­ Mas ele ébrasileiro? MOGÊNIO ­ Tudo. Título de Foz, tudo. (ininteligível) CHARLLES ­ Ah, tá.MOGÊNIO ­ E esse documento dele faz catorze dias hoje que tá ali, a família vendeu acasa, cara. Eles venderam a casa oito milhões de Guaranis por dia vezes, o que ...a casalá, trouxeram ali um probleminha de pulmão, o caso dele é pulmão. E eu tô duas semanastentando e o hospital cheio, cheio, cheio ... CHARLLES ­ (ininteligível) MOGÊNIO ­...agora quem me ligou foi Dra. OLGA, no meu celular, que os familiares me passaram,ela ligou no pronto­ socorro, um boca aberta falou que tem vaga na UTI. Ela não falouo nome do enfermeiro. Então eu queria que você ligasse lá, que eu tô ligando lá nodezoito quarenta e nove e ninguém atende. CHARLLES ­ Mas hoje tá fechado(ininteligível) no dezoito, oito, nove. Mas assim, é... o médico de lá já ligou pra(ininteligível) MOGÊNIO ­ Ué a emergência tá fechada? CHARLLES ­ Não aemergência não. Mas o médico do hospital de lá tem que ligar agora pro médico daqui,quem tá no plantão é quem vai aceitar. MOGÊNIO ­ Não, mas ela já ligou. CHARLLES­ Hoje? MOGÊNIO ­ O plantão falou que tem que falar com alguém. É pra acabar umacoisa dessa. (ininteligível) que o papel tá ali. CHARLLES ­ O plantão...não, mas omédico que tá lá agora. MOGÊNIO ­ Tem que (ininteligível) você (ininteligível).CHARLLES ­ Não. MOGÊNIO ­ Agora, ela me ligou tem cinco minutos. CHARLLES ­Não, o médico do plantão que vai liberar. O médico da UTI que vai falar. MOGÊNIO ­ Omédico de lá do Paraguai ligou e falaram aí que tem vaga. Ela ligou aí na emergência.CHARLLES ­ Você já ligou pro GERALDO? MOGÊNIO ­ GERALDO, eu não tenho ocelular do GERALDO. CHARLLES ­ Oito, quatro, zero, um, meia, um, onze. MOGÊNIO­ O GERALDO hoje tá de férias. Nem vai atender hoje. CHARLLES ­ Claro que não.Claro que não. Ele tá na cidade. Ele não foi embora. MOGÊNIO ­ (ininteligível)...ontemeu tive com GERALDO, cara, foi tudo beleza. Tivemos juntos ontem, fui chamar ele prauma mesa num evento, tô com uma moral com ele que só por Deus. CHARLLES ­ Então,ele tá na cidade. oito, quatro, zero, um, meia, um, onze. Ele­ele pode te liberar lá. Porquese eu ligar lá, eu posso até ligar mas o médico daqui vai querer conversar com o médicode lá pra saber como é que tá o caso. MOGÊNIO ­ Não, mas isso aí...alguém que ligoude lá, foi a dra. OLGA dizendo que ligou aí e precisava de um empurrãozinho.CHARLLES – É que ela vai ter que fazer assim...oh...vai ter que falar o caso...MOGÊNIO ­ (trecho ininteligível)... CHARLLES ­...não. Ela tem que passar o caso pra

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MOGÊNIO ­ (trecho ininteligível)... CHARLLES ­...não. Ela tem que passar o caso pramédica, quem vai liberar a vaga, por exemplo, são o médico que tá na UTI. Ele vai...MOGÊNIO ­ Eu sei já, ela ligou aí de lá, ela tem ligado frequentemente. Tudo isso agente já sabe. Que alguém lá...dali de dentro do pronto­socorro mandou dizer que temque falar com alguém da direção que tem vaga. CHARLLES ­ Então é o GERALDOmesmo. MOGÊNIO ­ (ininteligível) obvio que que não tinha, o GERALDO teve comigo...CHARLLES ­ Não, não tinha não. A semana toda não teve. (ininteligível) MOGÊNIO ­(trecho ininteligível) meia, um, onze? CHARLLES ­ É, porque em si, a gente tá tentandodistribuir um pouco as coisas, as funções, né? Muita coisa eu acabo passando por cimadele e depois ele fica pegando no meu ... pé, né. MOGÊNIO ­ Tudo bem, mas se eu tiverdificuldade eu te ligo de volta. CHARLLES ­ Tá beleza, falou”.

Posteriormente, CHARLLES BORTOLO conversa com JANETE sobre o assunto tratadocom HERMÓGENES OLIVEIRA, oportunidade em que esta afirma que não há vaga naUTI e CHARLLES, em determinando momento, diz que HERMÓGENES OLIVEIRA estáfazendo comércio daquele tipo de situação:

“(...) CHARLLES ­ Então, isso que eu perguntei pra ele, eu falei, a médica já conversoucom o médico que tá aqui? JANETE ­ Não. CHARLLES ­ E, tem todos os documentosaqui...eu falei, Olha MOGÊNIO, eu não vou liberar vaga se o médico daqui não aceitar.Num vou fazer isso é... à força. JANETE ­ Vai colocar mais um no pronto­socorro.CHARLLES ­ Não, tem o ...tem o ... cê sabe o que vai acontecer né, eles vão meter numaambulância lá e bater aqui na porta. JANETE – É corre esse risco, dependendo dequem é o plantonista, chama a polícia, né. É isso que a gente tem feito. CHARLLES ­Chamar a polícia porque (ininteligível) tem disso, né? JANETE ­ Por causa do serviço.Porque vem aquelas ambulâncias irregular, aquela coisa toda, né. Agora eu (initeligível)falei que tem que fazer a coisa certa pro paciente não correr risco aí eles colocam ospaciente dentro da ambulância de qualquer jeito, né. E aí corre o risco, né. Só que vagatá difícil né? CHARLLES ­ Não, tá beleza. Eu nem queria liberar essa vaga. Eu nãoquero. Ele tá fazendo comércio com isso aí. JANETE ­ Não, é sempre ele né. Você sabedisso. CHARLLES – É ó ele, né? JANETE – É só ele que faz essa ... esse meio de campocom o pessoal dele lá. CHARLLES ­ (ininteligível) JANETE ­ Até acho que... até achoque o cara pode ser brasileiro tudo, né, não vi documentação ele não trouxedocumentação, mas o problema é assim, é que nós não temos onde por. CHARLLES ­Ok, tá ótimo. JANETE ­ Não tem mesmo. se tiver alguma coisa eu te aviso. CHARLLES ­Avisa, mas não libera não, vamos cuidar dos nossos”.

Consignou a autoridade policial na representação do evento nº 01 dos autos nº5010830­09.2015.4.04.7002 que “foi possível verificar que HERMÓGENES, com afinalidade de agradar a seus potenciais eleitores e militantes políticos, solicitouindevidamente um ônibus da PREFEITURA ao secretário SERGIO LEONELBELTRAME”, bem como ser “interessante ressaltar que BELTRAME afirma que teriaaceitado promessa de vantagem pecuniária indevida para que interviesse na renovaçãode um contrato de transporte entre o particular e a prefeitura. Reclama que não obstanteter conseguido a renovação, não teria recebido a vantagem indevida”, o que fez comarrimo no diálogo nº 75870252:

“HERMOGENES: Viu, me diga uma coisa. A prefeitura tem um ônibus, ou ônibus...quem que pode ter? vai jogar os meninos sexta e sábado em Medianeira. Mas sexta opessoal se vira, pessoal joga sábado e dia deze... dia vinte em Medianeira de Junho. Vai(ininteligível) vinte, vinte e cinco. Aí não tem problema ir com meu carro, né. E o povo mecantou um ônibus, Medianeira, o dia inteiro. Sexta tem um jogo a noite todo mundo vai evolta né. Mas no sábado tem três jogo do campeonato paranaense, cara. E não temôni...até o combustível, se tivesse, alguma coisa a gente paga né. Não tem um ônibus aída prefeitura que alguém pode fazer... pode ser um escolar que tem o DR, né, pode serum escolar, não tem problema. BELTRAME: Cara, tem um cara mas eu não quero pedirporque esse filha da puta pediu pra mim conseguir RENOVAR O CONTRATO DELE EPROMETEU VINTE MIL. Ele foi na minha casa três vezes. (ininteligível) intermediei erenovou o contrato ... (ininteligîvel) ... eu falei escute, o negócio foi lá em casa meprometer. Ele foi: “mas só pra me ajudar. Ér... tô numa pior... dã dã...” HERMOGENES:Não, então você vai pedir o ônibus pra ele de graça, tá? BELTRAME: Hã... Colocamosalguém pra pedir, pode ficar tranquilo. HERMOGENES: Então tá, eu vou lembrar

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você. O ônibus é mais ou menos? BELTRAME: Não... é ônibus de rodoviária.HERMOGENES: (ininteligìvel) vai ligar... Hã? BELTRAME: É ônibus de rodoviária,foram esses dias eu arrumei pra terceira idade, foram lá pra puta que pariu.HERMOGENES: Não, não, então tu já bate o martelo que isso é pra nós. Há, deixa eute contar, eu tava pensando com meus botões, né. Dezenove, acho que dá pra encarar osdois, não dá? Tá com dezessete dá? O cláudio vem... BELTRAME: Não sei, vamo ver,vamo ver. Eu sou parceiro mas vamos ver o que é melhor. HERMOGENES: Vamos seabraçar e ver o que é melhor, né? BELTRAME: Ahã. HERMOGENES: Eu to com umtrabalho muito grande em Foz. Nós dois juntos fazemos três e meio. Pode coligar comquem quiser. Fazermos um bom acordo e tchau, né. Com dezenove eu acho que(ininteligível) dois, mas se depende os cara que entrar dá pra ir os dois igual, né, comdezessete. BELTRAME: Mas vamo, que eu te falo, vamos ver o que é melhor, eu souparceiro. HERMOGENES: Ou vamo fazer igual fizemos, acordo fechado e acabou.Beltrame, tranquilo então? posso garantir aqui pro povo? Dia vinte? BELTRAME:Pode, pode. HERMOGENES: Então tá bom, beleza, tchau tchau”.

Os diálogos interceptados no curso da investigação indicam o envolvimento deHERMÓGENES DE OLIVEIRA, ainda, na indicação de pessoas trabalharem naadministração municipal e em empresas contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR. Nesse sentido, manifestou­se a autoridade policial:

“Também, foi possível verificar que MOGENIO utiliza­se de sua posição como Vereadorpara conseguir emprego para pessoas próximas, sendo que possivelmente as indica paraocupar cargos em comissão em pontos estratégicos na Prefeitura, como é o caso dodiálogo com MNI, a qual afirma que estaria trabalhando com MARLI, possivelmente nasecretaria de Saúde do Município. No entanto, MNI relata que sua função é meramentede auxiliar administrativa, confeccionando ofícios, memorando dentre outras atribuiçõesadministrativas básicas.

(...)

Restou claramente demonstrado que MOGENIO, juntamente com BELTRAME e demaisvereadores, são privilegiados com “vagas” nas empresas que prestam serviçosterceirizados à prefeitura, como é o caso da IGUAÇU SERVIÇOS TERCEIRIZADOSEIRELI, LABOR OBRAS LTDA. e INTERCEPT LTDA.

Conforme visto em relatórios anteriores, a prefeitura de Foz do Iguaçu encontra­se emdébito com a empresa IGUAÇU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS ­ EIRELI que teriaentregado os contratos administrativos por descumprimento dos pagamentos.

Diversas são as ligações de “empregados”, provavelmente cabos eleitorais e demaisapoiadores indicados por MOGENIO, cobrando pagamentos atrasados e manutençãode seus empregos. MOGENIO afirma que seus “apadrinhados” receberão os valoresdevidos e que serão contratados pela empresa que assumir os serviços no lugar daIGUAÇU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS ­ EIRELI, mencionando de antemão que aempresa substituta será a “INTERSEPT”, que já serve de “cabide de empregos” emoutros contratos com a prefeitura para os indicados de diversos políticos.

Resta evidente que, a distribuição dos postos de trabalho é controlada por SERGIOBELTRAME, conforme se depreende dos diálogos interceptados. Ademais, ao que tudoindica, BELTRAME e a empresa INTERSEPT já estariam combinados sobre a“transferência” do contrato da Iguaçu, em princípio mediante contratação“emergencial” e posteriormente mediante licitação”.

Nesse sentido, os seguintes excertos, extraídos das transcrições contidas narepresentação do evento nº 01 dos autos nº 5010830­09.2015.4.04.7002:

“(...) MOGENIO: Viu mãe, vê certinho se a Dete vai trabalhar que eu vou pedir proBeltrame colocar ela lá no Três Lagoas, na escola, pode colocar ela na limpeza, quecozinheira não dá né. Cozinheira não dá. MÃE: Limpeza sim, porque lá ela não podetrabalhar e... MOGENIO: mãe, o salário é mais ou menos, eu acho que dá com aquela

ajuda dá uns mil. MÃE: Nossa, ela pega na hora. Ela tem um problema um pouco do pé,

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ajuda dá uns mil. MÃE: Nossa, ela pega na hora. Ela tem um problema um pouco do pé,mais ela MOGENIO: não vou falar com o Beltrame, explicar bem para o Beltrame, comoque é as coisas. MÃE: isso, porque ela tá precisando mesmo (...)” (diálogo nº76405557).

“(...) MOGENIO: Alô MNI LENI?: Boa tarde, com quem eu falo? MOGENIO: Oi,Mogenio. MNI LENI?: Mogênio, o como é que fica esse negócio da nossa empresa aí?MOGENIO: Nossa empresa qual? MNI LENI?: A LABOR? MOGENIO: Olha, ele vãoagora. Agora eles vão fazer a licitação da nova, de quem... não sei se a LABOR sai.Quem tá falando? MNI LENI?: A LENIR. MOGENIO: Eu não sei se vai sair a LABOR.Acho que sai a Iguaçu né. Eu não falei com o Beltrame ainda. Por quê? Deram 30 diaspra vocês? MNI LENI?: Não, nóis deram 30 dias, mas rasgaram o aviso nosso de voltae recontrataram né. Só que em compensação nóis fomo na empresa aí lá tem ojaponezinho que trabalha lá pela Iugaçu, só que eu não lembro o nome dele. Aí ele falouassim que cada funcionário tinha que procurar o seu candidato que indicou lá né.MOGENIO: Ahan. MNI LENI?: Aí o nosso pagamento do mês de maio saiu agora dia26 que eles depositaram. E o nosso vale alimentação não saiu! MOGENIO: Eu tenhoque falar com o Beltrame pra ver isso. MNI LENI?: Tá tudo atrasado. MOGENIO:Operei meu olho e tô de cama. Amanhã vou falar com o Beltrame. MNI LENI?: Tá, daíeu te ligo amanhã de tarde, pode ser? (...)” (diálogo nº 76420507).

“(...) MOGENIO: Beltrame, como é que vai ficar esse negócio das creches, desse povotudo que tá saindo de gente que já é nossa tudo? BELTRAME: Tá, esse povo tudo, aprefeitura tá, startou uma licitação. Nós vamos ver se a gente consegue até o final domês, quando que volta as aulas. Se não voltar vai ser feito contrato emergencial(ininteligível) contratados, esse povo vai ficar. Os bons né. Os ruins vão ser expurgados(...)” (diálogo nº .76437444).

“(...) LENIR: Mogenio boa tarde. Da LABOR MOGENIO: Fala LENIR tô de molho, nãosaí de casa. LENIR: Ah tá de molho ainda, então tá bom. MOGENIO: Não, não tô bemdo olho, não consegui sair hoje. Vou ver se amanhã eu consigo sair. Inchou os meus doisolhos. LENIR: Então eu deixo pra te ligar segunda­feira. MOGENIO: Não, eu falei como BELTRAME hoje de manhã. Eles vão fazer um aditivo e vão ver agora, antes, vãorecontratar o pessoal nosso. LENIR: Mas o nosso vai ficar igual nessa empresa?MOGENIO: Não, eu tem que ver com ele quem é quem certinho, que as empresas que(ininteligível) que vai entrar empresa nova né. LENIR: Ahan. MOGENIO: Só não sei ocaso teu como é que tá, cada um ele vai ver. LENIR: Tá bom então MOGENIO: Como eunão tenho condição por causa da minha vista. Estou com duas vistas fechadas. LENIR:Valeu, daí segunda­feira, terça­feira eu te ligo tá? MOGENIO: Beleza Lenir, pode meligar (...). (diálogo nº 76443805).

“(...) EDILIO: Também, e sobre outra coisa, sobre a empresa das creches. MOGENIO:Que que tem? EDILIO: Qual que é a empresa que vai pegar? MOGENIO: Edilio, naverdade eu falei com o Beltrame por cima hoje que eu tô de molho, eu tô operado. opereio olho, eu tô de raiban eu não consigo enxergar que eu fiz uma cirurgia e deu ponto noolho, daí atingiu o outro né. Daí eu falei com o Beltrame hoje que eles vão fazer umaemergencial, vai ver se dá para licitar até o final do mês, isso aí, o todo doscompanheiros vai continuar. EDILIO: Mas deve manter o pessoal que estão?MOGENIO: Sim, mas acho melhor você conversar pessoalmente, já foi com o Beltramedaí. Mas acho que amanhã se Deus quiser já estou na ativa. (...) MOGENIO: Eu vou verse consigo, eu também estou preocupado com esse negócio das creches, mas nós temosque cuidar junto, tratar isso pessoalmente com o Beltrame e lá com o Duso. EDILIO: Tá.MOGENIO: Principalmente dos parceiros, pra não ficar fora né. EDILIO: Tá. Eu vouligar pro Beltrame pra ver outra situação das creches. MOGENIO: Mas quer umconselho? Não liga vai lá. EDILIO: É né. MOGENIO: Ele tá sozinha lá, o Reni viajou,vai lá. Essas coisas é melhor sem telefone viu Edilio. EDILIO: É verdade. MOGENIO:Vai lá e trata pessoalmente com ele que é melhor. (despedem­se)” (diálogo nº 76444138).

“(...) IVAN: Viu, deixa eu te incomodar um pouco aí, aquele negócio que você me falou,eu preciso ir aí ou só pela minha matrícula você consegue? MOGENIO: Não, deixa eu tecontar. Eu queria ajudar nos negócios da (ininteligível), o Eliseu pediu para dar umasegurada porque está arrumando orçamento, o Chico fez cagada. Mas aguenta que vaifazer, vou mandar duas pra você. Certeza. IVAN: Quando? MOGENIO: Eu consegui

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fazer, vou mandar duas pra você. Certeza. IVAN: Quando? MOGENIO: Eu conseguifazer pra duas pessoas só. IVAN: Sério? Puta eu tô numa necessidade fia da mãe.MOGENIO: Não, mas vamos dar um jeito, ele falou pra mim que em curto prazo praajudar uns trinta amigos. IVAN: Puta merda. MOGENIO: Eu estive com ele hoje demanhã, justo isso hoje de manhã. Pra trinta né. IVAN: E ele? MOGENIO: E Você é umdeles. Você, o Bira. IVAN: Você sabe quantos meses eu tenho de licença? Nove meses.MOGENIO: Nove. Vamos fazer o pagamento, três ou quatro nesse mandato. IVAN:Nossa se me pegasse isso aí eu resolvia minha situação. MOGENIO: Eu vou fazer,confia em mim, deixa eu dar uma arrumadinha no orçamento. Virando o ano nósmandamos pagar duas. (ininteligível) Nós damos um jeito de pagar uma. IVAN: Legal,legal. (despedem­se) (diálogo nº 76527085)”.

A corroborar o envolvimento de HERMÓGENES DE OLIVEIRA no esquemadestinado ao loteamento de vagas nas empresas que prestam serviços terceirizados à PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, faço referência às conversas mantidas por ele com uso doaplicativo WhatsApp, transcritas no relatório do evento nº 10.

Na representação do evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002,noticiou a autoridade policial que “Hermógenes de Oliveira, popularmente conhecido peloepíteto Mogênio, ex­líder do governo Reni, foi identificado como sendo um dos principaisarticuladores da base de apoio político do prefeito afastado, que, como é sabido, eramantida tendo como contrapartida vantagens de ordem econômica, nomeações para cargosem comissão e empregos nas empresas contratadas pela administração municipal”. Emseguida, indicou a autoridade policial os áudios indexados sob o nº 74678871, 74679027 e74678964, os quais indicam que, pouco tempo depois das denúncias de “caixa 2” na PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, após RENI PEREIRA informar que “o LÍDER DOGOVERNO tá te aguardando”, MELQUIZEDEQUE combina de ir a casa deHERMÓGENES DE OLIVEIRA, onde se encontravam SÉRGIO LEONEL BELTRAME eFERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO. Na sequência, MELQUIZEDEQUE conversacom EUCLIDES DE MORAES BARROS JÚNIOR, para o qual diz “preciso resolver aquelasituação lá”, quando então EUCLIDES diz se ele não “Quer passar aqui e tomar uma?”.Nada obstante, MELQUIZEDEQUE diz para EUCLIDES “O pior que, o pior que senão euvou ter que ir lá na coisa resolver também, lá perto da Vila A”, ou seja, que não poderia ir nacasa dele porque tinha combinado de se encontrar com HERMÓGENES DE OLIVEIRA, queestava em companhia de SÉRGIO LEONEL BELTRAME e FERNANDO HENRIQUETRICHES DUSO. Após isso, EUCLIDES diz para MELQUIZEDEQUE “Fala pro pessoalvim aqui amanhã pegar o "bagulho". Senão você vai ter que ir lá no (trecho ininteligível)”e, mais adiante, que “se quiser eu já, te organizo agora e amanhã você só vai lá”. Emseguida, MELQUIZEDEQUE diz “eu vou passar, é. É. Que daí eu já organizo”, e EUCLIDESresponde, “Tá. Me dá uns cinco minutos”. Então, diz MELQUIZEDEQUE “Eu vou passar, isso.Aí eu já passo aí na frente. Eu tô aqui na minha sala e eu já passo aí”.

Conforme se observa das declarações digitalizadas no evento nº 08 dos autos nº5007642­71.2016.4.04.7002, “depois de firmar acordo de colaboração com o MinistérioPúblico Federal, Euclides prestou depoimento de forma a contextualizar a expressão“bagulho”, ocasião em que o mesmo esclareceu ter repassado entre R$ 15.000,00 (quinzemil reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a Melquizedeque, que necessitava pagar umvereador. Segundo Euclides, Melquizedeque afirmou que era Hermógenes quem estavacobrando o valor”.

“No dia 19/03/2015, às 12:33:02 horas, há uma demonstração clara de que MOGÊNIOseria um mero comandado de RENI, pois diz que derrubou artigo de projeto, em suaspalavras, “do jeito que você mandou”. Na mesma ligação conta que se utilizou demanobra para trancar a pauta e protelar trâmite, ou segundo ele “encher linguiça”.

Discutem diversos projetos, dentre os quais o aumento da alíquota de ISSQN,

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Discutem diversos projetos, dentre os quais o aumento da alíquota de ISSQN,ATENDENTES DE CRECHE, LEI DO CENTENÁRIO, PATRONATO, DUTY FREE,PROCURADORES. No projeto dos atendentes de creche fica clara a articulação amando de RENI, pois MOGÊNIO conta a QUEIROGA que o prefeito teria ordenado queele o procurasse para falar do projeto, mas que seria melhor que conversassempessoalmente. Alguns destes projetos foram discutidos em outros eventos destainformação, mas seria prudente realizar uma análise pormenorizada de cada um deles.Também são diversos os áudios em que fica claro que MOGÊNIO teria cota de indicadosem empresas terceirizadas da prefeitura. Chega a dizer a EDÍLIO para falarem diretocom BELTRAME e DUSO, para que seus parceiros não ficassem de fora de eventualmudança de empresa terceirizada. MOGÊNIO sugere que evite o assunto por telefone,em indicação clara da ilicitude do objeto. No evento de PAULO ROCHA, BELTRAMEdeixa claro que esse tipo de procedimento é ilícito e demonstra receio de que oMinistério Público descubra. Segue trecho: BELTRAME: Eu falei que daqui pra frentenão é pra aceitar porque quando sai alguém... Inclusive, inclusive o Ministério Públicotá começando a ficar de olho. Se é terceirizada eles que tem que pegar, não pode serindicado por aqui senão caracteriza que a prefeitura tá ...

Em outra ocasião, no evento BENI, CHARLLES também deixa claro que a práticarelacionada aos cargos de confiança também é ilícita e em evidente desvio de função.Segue trecho:

CHARLLES: E a questão do horário também. Eles, é, viram o cartão deles, e tudo.Então, a princípio nós vamos ter que recuar, pra depois a começar a, assim que oMinistério Público passar de novo e ver que tá tudo certo a gente volta de novo”(Informação de Polícia Judiciária nº 70/16 NIP/DPF/FIG/PR – evento nº 08)

É inegável, pois, a existência de fortes indícios da prática de variados ilícitos porparte de HERMÓGENES DE OLIVEIRA.

Implementado monitoramento telefônico, suspeitaram os responsáveis pelainvestigação que HERMÓGENES DE OLIVEIRA esteja fazendo uso de terminal telefônicoparaguaio, “pois a maioria de suas interlocuções diz para conversar pessoalmente e evitafalar assuntos que possam comprometê­lo”, conforme se observa do diálogo indexado sob onº 84193778. Além disso, no relatório do evento nº 44 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002 foi consignado que HERMÓGENES DE OLIVEIRA “conta com a ajuda,dentre outros, de uma mulher conhecida por ALTAIR a quem entregou um telefonefuncional da Câmara Municipal, qual seja, (45) 9922­2671 para ela utilizar na ajuda emcampanha como um braço operacional”.

Por sua vez, o diálogo indexado sob o nº 84121679 dá conta de queHERMÓGENES DE OLIVEIRA estava engajado na campanha de FERNANDO HENRIQUETRICHES DUSO, haja vista que se este for reeleito, trabalhará em seu gabinete e, assim, vai“ganhar para viver normal”. Todavia, como FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO nãofoi reeleito, passou HERMÓGENES DE OLIVEIRA a depositar suas esperanças de mantersuas atividades junto à Câmara Municipal de Foz do Iguaçu/PR em LUIZ QUEIROGA,fazendo alianças políticas a fim de que este seja eleito Chefe do Poder LegislativoMunicipal e, consequentemente, alçado a se tornar prefeito interino do município, das situaçãosub judice do candidato PAULO MAC DONALD, eleito para o cargo, mas, a princípio,impedido de assumi­lo, conforme se depreende do diálogo indexado sob o nº 84936397.

Com a vinda aos autos das declarações prestadas pelos investigados daOPERAÇÃO PECÚLIO que optaram por firmar, nos termos da Lei nº 12.850/13, acordo decolaboração premiada com o Ministério Público Federal, foram robustecidos os veementesindícios do envolvimento de HERMÓGENES DE OLIVEIRA como uma das principais

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figuras do braço da organização criminosa no âmbito da Câmara Municipal de Foz doIguaçu/PR, sendo, inclusive, o responsável per receber o dinheiro ilícito desviado dos cofrespúblicos e distribui­lo aos demais vereadores envolvidos no esquema.

Nesse sentido, aduziu o Ministério Público Federal que se constatou que nocurso das investigações que HERMÓGENES DE OLIVEIRA, conhecido como“MOGÊNIO”, solicitou e recebeu para si, na qualidade de Vereador, vantagem indevidaconsistente no pagamento de 10 (dez) mil reais mensais de propina em espécie (mensalinho).Além de receber o “mensalinho” e outras vantagens indevidas, consistentes na nomeação decargos em comissão na Administração Pública e em empresas terceirizadas que possuíamcontrato com a Prefeitura, afirmou o Ministério Público Federal que investigadoHERMÓGENES DE OLIVEIRA recebia de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA o valor correspondente ao “mensalinho” para repassar aos demaisvereadores, sendo que todas as conversas entre eles eram relativas ao pagamento da propina.Nesse sentido, trago à colação os seguintes excerto, extraídos das declarações deMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA, digitalizadas no evento nº01:

“QUE em uma conversa com o RENI, em uma reunião realizada dentro do carro docolaborador próximo ao fórum, já que ele estava vindo de uma reunião na RPC, eleinformou ao colaborador os sete nomes dos vereadores que deveriam receber o‘mensalinho’, quais sejam: o COQUINHO; DARCI DRM; EDILIO DALLAGNOLL;MARINO GARCIA; MOGENIO; PAULO ROCHA; RUDINEI DE MOURA; QUE comoo colaborador não tinha naquela ocasião como se recordar de todos esses nomes, criouuma anotação em seu aparelho celular, aparelho que sempre menciona como prova queestá na posse do GAECO; QUE na conversa com o RENI, ele falou para que colocasseos nomes com um X, no raciocínio de que para cada X são R$ 5.000,00 (cinco mil reais),como por exemplo o COQUINHO com dois X, ou seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais), oDARCI DRM com um X e assim por diante; QUE quem recebia somente R$ 5.000,00também teria direito à indicação de uma diretoria; QUE na data que fez esse arquivo noseu celular, estava no seu veículo com o RENI; QUE o colaborador iniciou as tratativase começou a se inteirar acerca dos trâmites referentes aos pagamentos dos contratos daprefeitura, até porque precisava de agilidade nesses processos” (evento nº 01).

“QUE com relação ao repasse mensal da operação “mensalinho”, o colaboradoresclarece que arrecadava o valor de 50 mil reais e, via de regra, repassava em espéciediretamente a pessoa de HERMÓGENES DE OLIVEIRA (MOGÊNIO); QUEMOGÊNIO repassava aos demais vereadores, quais sejam, COQUINHO (10 mil reais),DARCI DRM (5 mil reais), EDÍLIO DALL’AGNOL (5 mil reais), MARINO GARCIA (5 milreais), MOGÊNIO (10 mil reais), PAULO ROCHA (5 mil reais) e RUDINEI DE MOURA(10 mil reais); QUE os vereadores citados que recebiam 5 mil por mês foram os queoptaram por receber este valor mais uma indicação para uma diretoria junto àPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu; (...) QUE quanto aos demais citados, em relaçãoao “mensalinho”, todos recebiam diretamente com MOGÊNIO; QUE todas as conversascom MOGÊNIO, foram relacionadas ao “mensalinho”, como datas de pagamento,valores em atraso, etc; QUE estabeleceram que até o dia 10 de cada mês o valor daoperação “mensalinho” seria repassado a MOGÊNIO; QUE em algumas oportunidadeso valor destinado a MOGÊNIO nem sempre era repassado até do dia 10, mas até o finaldo mês o colaborador repassava o valor destinado a ele” (evento nº 01).

Acerca do envolvimento de HERMÓGENES DE OLIVEIRA nos fatosinvestigados, esclareceu CARLOS JULIANO BUDEL:

“QUE quando assumiu a Secretaria de Obras existia uma tabela de ‘mensalinho’cumprida pelo MELQUIZEDEQUE e que era direcionada ao líder do governo, overeador HERMÓGENES; QUE o ‘mensalinho’ veio à tona quando o RENI propôs atroca dos cargos comissionados – CC2 – por pagamento em dinheiro, quecorresponderia ao valor líquido do salário de um cargo, ou seja, cinco mil reais,podendo acumular vários cargos; QUE em um primeiro momento, constavam da tabelaos vereadores HERMÓGENES (Mogênio), DARCI DRM, RUDINEI, COQUINHO,

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os vereadores HERMÓGENES (Mogênio), DARCI DRM, RUDINEI, COQUINHO,MARINO e EDÍLIO, sendo que a tabela resultava o pagamento de sessenta e cinco milreais, repassados pelo MELQUIZEDEQUE ao vereador HERMÓGENES; (...) QUE afinalidade do ‘mensalinho’ era manter a base de apoio do governo, apoio queanteriormente era obtido mediante o direcionamento de cargos comissionados eposteriormente veio a ser substituído pelo pagamento em dinheiro; QUE o colaboradorpossuía um documento manuscrito onde tinha o controle do pagamento tanto do‘mensalinho’ quanto de outros valores que eram acrescidos, como os referentes ao dacampanha da deputada Cláudia; QUE quando da sua condução coercitiva em 19 deabril de 2016 e sua prisão em 3 de maio de 2016, tal documento estava em sua carteirade bolso, mas não foi apreendido em nenhuma das ocasiões; QUE entretanto, apresentao documento neste momento; QUE explica os apelidos constantes de tal manuscrito: ZÉBONITINHO é o QUEIROGA; PR é o PAULO ROCHA; PR EXTRA é referente opagamento extra ao PAULO ROCHA; DU é o DUSO; MOG é o MOGÊNIO; ZC é o ZÉCARLOS; ED é o EDÍLIO; CO é o COQUINHO; DRM é o DARCI DRM; RUD é oRUDINEI; MAR é o MARINO GARCIA”(evento nº 01).

RODRIGO BECKER, por sua vez, corroborou as declarações deMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA, afirmando que“MOGÊNIO, líder do governo e o vereador ZÉ CARLOS eram responsáveis por distribuir odinheiro aos vereadores”.

Como se observa, os supracitados elementos de informação indicam oenvolvimento de HERMÓGENES DE OLIVEIRA em diversos fatos, em tese, ilícitos, osquais, aliás, não estão cingidos apenas àqueles que lhe foram imputados nos autos da ação penalnº 5005325­03.2016.4.04.7002, ou ao esquema de loteamento de cargos na administraçãopública municipal e empregos em empresas contratadas pela Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR ou ao esquema denominado mensalinho, mas também a fraudes em desfavor doSistema Único de Saúde – SUS, falsidade ideológica, dentre outros. Com efeito, é inegável anecessidade de ser decretada a prisão preventiva de HERMÓGENES DE OLIVEIRA, não sóem razão de seu intenso envolvimento na organização criminosa investigada no curso daOPERAÇÃO PECÚLIO, onde aparece como um dos responsável pela distribuição dos valoresdesviados dos cofres do município em favor dos demais vereadores envolvidos no esquema,mas também em razão de seu envolvimento em uma série de práticas, em tese, ilícitas, as quaisinduzem à conclusão que a privação da liberdade é a única maneira apta a fazer cessar areiteração de tais condutas ilícita.

Pelo que indicam as investigações levadas a cabo no bojo da investigaçãodenominada OPERAÇÃO PECÚLIO, JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA “se valeu de seucargo para indicar pessoas para ocuparem cargos comissionados, o que denota que eletambém compunha o rol de vereadores que aprovavam leis de interesse pessoal de Reni”.

“O vereador ZÉ CARLOS (JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA) manteve diversoscontatos com o então secretário de governo, BELTRAME, assim como com o prefeitoafastado, RENI PEREIRA” (Informação de Polícia Judiciária nº 74/16NIP/DPF/FIG/PR – evento nº 08 dos autos da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

Nesse sentido, indicou a autoridade policial na representação do evento nº 08 dosautos nº 5007642­71.2016.4.04.7002, mensagens enviadas / recebidas por JOSÉ CARLOSNEVES DA SILVA e RENI PEREIRA, nas quais o primeiro pede que o segundo atenda opedido de nomeação de MÁRCIO QUEIROZ, “para Diretor Cult no lugar da Arinha!”, bemcomo que, “em 07.04.2016 Marcio Queiroz Vitor foi nomeado diretor cultural. Por sua vez,Rosli Souza da Rocha, a Arinha, que ocupava esse cargo, foi nomeada diretora­presidenteda Fundação Cultural”.

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Acerca do assunto tratado nas supracitadas mensagens, faço referência àsPortarias nº 59.763 e 59.765, reproduzidas na Informação de Polícia Judiciária nº 74/16NIP/DPF/FIG/PR, digitalizadas no evento nº 08 da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002, ambas do dia 07 de abril de 2016, de por meio das quais RENI PEREIRA,respectivamente, exonerou ROSLI SOUZA DA ROCHA e, para ocupar o seu lugar, nomeouMÁRCIO QUEIROZ VITOR para o cargo de Diretor Cultural da Fundação Cultural deFoz do Iguaçu/PR, devendo ser observado que o atendimento do pedido veiculado por JOSÉCARLOS NEVES DA SILVA ocorreu em aproximadamente uma semana.

Interessante observar que, apesar da mudança na chefia do poder executivo,MÁRCIO QUEIROZ VITOR permanece no cargo de Diretor Cultural da FundaçãoCultural de Foz do Iguaçu/PR, o que indica que, apesar do afastamento de RENI CLÓVIS DESOUZA PEREIRA do cargo de prefeito do Município de Foz do Iguaçu/PR, a cota decargos públicos destinadas a vereadores foi mantida pela atual administração.

Além disso, consta da Informação de Polícia Judiciária nº 74/16NIP/DPF/FIG/PR, digitalizada no evento nº 08 da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002, indicação de diálogos que reforçam a tese de participação de JOSÉCARLOS NEVES DA SILVA no esquema de loteamento de cargos comissionadosaparentemente existente no âmbito da Administração Pública Municipal, com envolvimentodireto com as pessoas de RENI PEREIRA e SÉRGIO LEONEL BELTRAME (áudiosindexados sob os nº 79065182, 79968268, 80606671, 81163494 – evento nº 12), os quaisforam travados “dias após a condenação do vereador por improbidade administrativa eenriquecimento ilícito por prática semelhante, ou seja, nomeação de indicados compropósito de vantagem indevida para si”, conforme notícia publicada no site do MinistérioPúblico do Estado do Paraná, reproduzida na supracitada informação, segundo a qual “o edil,pouco depois de empossado, contratou como assessor um colega de partido que haviadisputado sem sucesso as eleições, combinando que os vencimentos do assessor seriamdivididos entre os vereadores da mesma agremiação, como forma de ressarcir as despesaseleitorais. (...) Além dos vencimentos rateados entre os correligionários, foi feito umempréstimo bancário de quase R$ 30mil, rateado entre os vereadores do partido, cujasparcelas do pagamento eram descontadas do vencimento do assessor ‘fantasma’.

Além da condenação por improbidade, rendeu o supracitado fato a JOSÉCARLOS NEVES DA SILVA condenação pela prática do crime de peculato, fato queresultou, inclusive, na recente decretação de sua prisão pelo Tribunal de Justiça do Estado doParaná, conforme reportagem, acórdão e certidão de antecedentes criminais digitalizados noevento nº 12.

Interessante observar, ademais que, conforme consignado na Informação dePolícia Judiciária nº 74/16 NIP/DPF/FIG/PR, “além do exposto acima, ZÉ CARLOS eRENI também possuíam interesses empresariais conjuntos, já que discutiam uma sociedadeem uma CAFETERIA” (evento nº 08 dos autos da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002)

Não há como negar, portanto, a existência de fortes indicativos de que JOSÉCARLOS NEVES DA SILVA integra o suposto esquema de loteamento de cargos públicosestabelecido na Administração Pública Municipal, quiçá percebendo valores decorrentesdos pagamentos efetuados pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR aos ocupantes dereferidos cargos. Não há como se negar, outrossim, que o fato de RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA ter sido afastado do cargo de prefeito do Município de Foz do Iguaçu/PR, em

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tese, não pôs a termo o esquema de loteamento de cargos públicos, que tem por objetivofacultar a indicação por vereadores de pessoas para o exercício de cargos em comissão comocontraprestação ao apoio político prestado à chefia do Poder Executivo Municipal.

Além dos supracitados elementos de informação, constam dos autos indícios deque JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA também participa do esquema denominadomensalinho, recebendo elevadas somas em dinheiro em troca de prestar apoio às ações escusaslevadas a cabo no âmbito do Poder Executivo Municipal. Nesse sentido são as declarações deMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e CARLOS JULIANOBUDEL. Senão vejamos:

“QUE em uma certa oportunidade, em meados de agosto de 2014, o RENI e oRODRIGO vieram conversar com o colaborador afoitos em resolver a questão daquelemês dos vereadores, e o colaborador reportou a ele somente a questão da POWERNETe INNERBIT, que era recolhido mensalmente pelo DIEGO; QUE cerca de dois diasapós essa conversa, o RODRIGO solicitou ao colaborador o valor de R$ 60.000,00(sessenta mil reais) para empréstimo ao RENI com prazo de devolução de quarenta eoito horas; QUE como o colaborador possuía um passivo com o RENI e como queria terum pouco mais de confiança dele, pensou que tal manobra poderia dar certo e ocolaborador teria um nível de confiança maior com o RENI e com o RODRIGO, demodo que pudesse ter mais acesso para viabilizar os projetos do colaborador; QUEportanto, resolveu realizar tal empréstimo e para tanto ligou para sua secretária noParaguai, determinou a troca do dinheiro do dólar para o real e trouxe o dinheiro; QUEdesde o momento da solicitação do empréstimo, em questão de uma hora o colaboradorjá estava com o dinheiro no seu veículo no pátio da prefeitura para entregar para oRENI; QUE chegando na prefeitura, falou com o RENI e este solicitou uma carona atéo SINECOFI; QUE por conseguinte, ele ingressou no veículo do colaborador e no trajetoque ficou sabendo que tal valor era destinado ao ‘mensalinho’ dos vereadores; QUE nãofoi o colaborador quem entregou o dinheiro para o então presidente da Câmara, JOSÉCARLOS NEVES, mas sim o próprio RENI; QUE entretanto, afirma com certeza que odinheiro foi entregue para o próprio ‘ZÉ CARLOS’ no SINDICATO DOSCOMERCIÁRIOS, que fica a duas quadras da prefeitura (MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA SOUZA ­ evento nº 01).

“QUE quando assumiu a Secretaria de Obras existia uma tabela de ‘mensalinho’cumprida pelo MELQUIZEDEQUE e que era direcionada ao líder do governo, overeador HERMÓGENES; QUE o ‘mensalinho’ veio à tona quando o RENI propôs atroca dos cargos comissionados – CC2 – por pagamento em dinheiro, quecorresponderia ao valor líquido do salário de um cargo, ou seja, cinco mil reais,podendo acumular vários cargos; QUE em um primeiro momento, constavam da tabelaos vereadores HERMÓGENES (Mogênio), DARCI DRM, RUDINEI, COQUINHO,MARINO e EDÍLIO, sendo que a tabela resultava o pagamento de sessenta e cinco milreais, repassados pelo MELQUIZEDEQUE ao vereador HERMÓGENES; QUE deinício, a lista elaborada pelo MELQUIZEDEQUE possuía seis nomes de vereadores,sendo que quando o pagamento de propina passou a ser operado pelo colaborador,passou também a ser composta pelo vereador PAULO ROCHA; QUE ao assumir aSecretaria de Governo, os pagamentos estavam atrasados, uma vez que deveriam ter sidopagos no dia 20 de novembro de 2015, mas somente ocorreram na primeira semana dedezembro; QUE ato contínuo ao assumir a pasta, também surgiram acréscimos,aumentando o valor mensal de pagamento de sessenta cinco mil reais iniciais; QUE oacréscimo surgiu em razão de alguns vereadores terem preferido o pagamento emdinheiro em vez de ter direito à indicação do cargo; QUE o ‘mensalinho’ era fatoconhecido por todos os vereadores; QUE o RENI determinou o aumento do‘mensalinho’, que passou de sessenta e cinco mil reais para setenta e cinco mil reais aserem divididos entre os mesmos vereadores, uma vez que DARCI DRM e EDÍLIOabriram mão de mais um cargo CC2 cada um em troca de pagamento em dinheiro; QUEainda em dezembro de 2015, tomou conhecimento de que houve cobrança ao RENI porparte de vereadores que não recebiam o ‘mensalinho’ para receberem um “décimoterceiro”; QUE tal “décimo terceiro” foi recebido pelos vereadores ZÉ CARLOS, BENI ePAULO ROCHA; QUE tomou conhecimento de uma reunião entre o RENI e vereadores,

dentre os quais ZÉ CARLOS, no sindicado dos trabalhadores do comércio, ocasião em

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dentre os quais ZÉ CARLOS, no sindicado dos trabalhadores do comércio, ocasião emque o RENI levou dinheiro extra ao ‘mensalinho’, relatada pelo próprio RENI; (...) QUE a finalidade do ‘mensalinho’ era manter a base de apoio do governo, apoio queanteriormente era obtido mediante o direcionamento de cargos comissionados eposteriormente veio a ser substituído pelo pagamento em dinheiro; QUE o colaboradorpossuía um documento manuscrito onde tinha o controle do pagamento tanto do‘mensalinho’ quanto de outros valores que eram acrescidos, como os referentes ao dacampanha da deputada Cláudia; QUE quando da sua condução coercitiva em 19 deabril de 2016 e sua prisão em 3 de maio de 2016, tal documento estava em sua carteirade bolso, mas não foi apreendido em nenhuma das ocasiões; QUE entretanto, apresentao documento neste momento; QUE explica os apelidos constantes de tal manuscrito: ZÉBONITINHO é o QUEIROGA; PR é o PAULO ROCHA; PR EXTRA é referente opagamento extra ao PAULO ROCHA; DU é o DUSO; MOG é o MOGÊNIO; ZC é o ZÉCARLOS; ED é o EDÍLIO; CO é o COQUINHO; DRM é o DARCI DRM; RUD é oRUDINEI; MAR é o MARINO GARCIA (CARLOS JULIANO BUDEL – evento nº 01).

RODRIGO BECKER, por sua vez, afirmou que “MOGÊNIO, líder do governo eo vereador ZÉ CARLOS eram responsáveis por distribuir o dinheiro aos vereadores”(evento nº 01).

Diante de tais elementos de informação, não há dúvidas de que estão presentesnos autos indícios veementes de participação de JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA nosesquemas investigados e, consequentemente, na prática do crime do artigo 317 do CódigoPenal, perpetrados no bojo da organização criminosa investigada no curso da OPERAÇÃOPECÚLIO. Além disso, referidos elementos dão conta de que o fato de JOSÉ CARLOSNEVES DA SILVA ter sido condenado por improbidade administrativa e pela prática do crimede peculato, justamente por tomar para si e para outrem valores das remuneraçõespercebidas por pessoa indicada por ele para o exercício de cargo público, não foisuficiente para afastá­lo do cometimento de prática, em tese, ilícitas.

Nessa perspectiva, a prisão temporária de JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVAmostra­se imprescindível, nos termos do art. 1º, inciso I, da Lei nº 7.960/89, visandoassegurar a colheita de provas, afastando os riscos de ocultação e destruição de elementos deinformações úteis à investigação.

Aduziu o Ministério Público Federal na manifestação contida no evento nº 14dos autos da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002 que, em relação a LUIZAUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA, “há indícios que este vereador recebia propina aomenos para votar em projeto importantes, em benefício da organização criminosa”. Nessesentido, foi consignado na Informação de Polícia Judiciária nº 14/2016 NIP/DPF/FIG/PR,digitalizada no evento nº 08 daqueles autos que “Este vereador demonstra bastante intimidadecom RENI, a quem chama de GORDINHO, ou GORDINHO GOSTOSO. Também mantevecontatos com os então secretários MELQUIZEDEQUE, ANDERSON ANDRADE eCHARLLES BORTOLO. Com aqueloutro chega a providenciar encontro para pegardocumentos, possivelmente relacionados à CPI de caixa dois. Manteve com ele ao menosmais um encontro, em possivelmente em frente à secretaria de Tecnologia da Informação.Chega a conversar com ANDERSON sobre estar feliz com os números que viram e quedevem torcer para dar certo pra todo mundo. Do contrário, diz que um ajudaria o outro.CHARLLES fala de notícia boa, pois em reunião na saúde, que contou com a presença eCAL, e que conseguiriam solucionar aqueles detalhes. CAL era o diretor de departamentode gestão financeira da PMFI e foi preso na operação Pecúlio. Com relação ao projeto dosatendentes de creche, MOGÊNIO solicitou o seu apoio a mando de RENI, o queQUEIROGA se comprometeu, dizendo que MOGÊNIO nem precisava explicar. Diz queadiantaria o que fosse necessário. Conversa com RENI sobre apoio em outros projetos,como do plano de carreira da Guarda Municipal”.

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O vereador LUIZ AUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA manteve contatos comos então secretários MELQUIZEDEQUE, CHARLLES e ANDERSON ANDRADE. Emconversa com ANDERSON no dia 09 de julho de 2015 QUEIROGA manifestoucontentamento quanto aos números que viu, e que desejava que desse certo para todos, e que docontrário um ajudaria o outro. Nessa conversa foi marcado um encontro. Em diálogo datado de01 de janeiro de 2016, QUEIROGA solicitou que RENI repensasse a indicação de PATRÍCIAFOSTER RUIZ para a Fundação Municipal de Saúde, sugerindo que seu interlocutorconversasse com GILBER DA TRINDADE RIBEIRO, então secretário da saúde. Apropósito, observo que GILBER DA TRINDADE RIBEIRO acabou sendo presopreventivamente por ordem deste juízo, em razão da existência de indícios veementes de seuenvolvimento na organização criminosa desmantelada por intermédio da cognominadaOperação Pecúlio.

No evento nº 33 dos autos da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002, manifestou­se o Ministério Público Federal:

“Especificamente com relação a LUIZ AUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA, presenteindícios que este vereador recebia propina ao menos para votar em projeto importantes,em benefício da organização criminosa. Inclusive o colaborador Rodrigo Becker relatou“(...) QUE QUEIROGA se fazia de oposição, mas acabava recebendo vantagensindevidas”.

Acrescentou ainda “(...) QUE quanto às indicações o colaborador esclarece queo vereador QUEIROGA indicou o filho e pai para trabalharem na Secretaria de Esportesatravés das terceirizadas que prestam serviços para Prefeitura, não sabendo informar paraqual função os mesmos foram nomeados e quais empresas; QUE, salvo engano, o filholaborava na Secretaria de Esporte e o pai era vigia do ginásio; QUE as tratativas eram umaespécie de compra com apoio político”.

A propósito, trago a colação os seguintes trechos das declarações digitalizadas noevento nº 33 dos autos da representação criminal nº 5007642­71.2016.4.04.7002:

“QUE quanto às indicações o colaborador esclarece que o vereador QUEIROGAindicou o filho e pai para trabalharem na Secretaria de Esportes através dasterceirizadas que prestam serviços para Prefeitura, não sabendo informar para qualfunção os mesmos foram nomeados e quais empresas; QUE, salvo engano, o filholaborava na Secretaria de Esporte e o pai era vigia do ginásio; QUE as tratativas eramuma espécie de compra com apoio político; QUE no começo de 2014, março ou abril, nogabinete do Prefeito, na presença do colaborador, PAULO ROCHA solicitou ao PrefeitoRENI um cargo na Secretaria de Comunicações, para ser ocupado por seu filho; QUEnão sabe como foi resolvido; QUE lembra que os vínculos empregatícios dos doisindicados por QUEIROGA foram desfeitos próximo às eleições de 2014, mas não lembraquando iniciaram”.

“QUE QUEIROGA se fazia de oposição, mas acabava recebendo vantagens indevidas;QUE os valores pagos aos vereadores mensalmente variavam entre 5 e 10 mil, podendoser cumulados com cargos comissionados e/ou nas empresas terceirizadas que possuíamcontratos com a prefeitura, já que os vereadores ficavam com parcela dos saláriospagos aos contratados indicados”.

Na petição do evento nº 01, consignou o Ministério Público Federal que nocurso das investigações levadas a cabo na OPERAÇÃO PECÚLIO, foi constatado que LUIZAUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA solicitou e recebeu para si, na qualidade de Vereador,vantagem indevida consistente no pagamento mensal de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título

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de propina, por ser um dos envolvidos no esquema denominado mensalinho, além de recebercontraprestações esporádicas a depender do projeto de lei em votação. Nesse sentido são asdeclarações de CARLOS JULIANO BUDEL. Vejamos:

“QUE o vereador QUEIROGA recebeu seis parcelas de dez mil reais em razão domensalinho; (...) QUE em 13 de abril de 2016 conseguiu acertas todas as pendênciasreferentes aos pagamentos do ‘mensalinho’ e os valores referentes à campanha dadeputada Cláudia, sendo: MARINO GARCIA recebeu cinco mil reais em razão domensalinho e vinte mil reais como última parcela referente à última parcela do valordevido em razão da campanha da deputada Cláudia; RUDINEI recebeu dez mil reais emrazão do mensalinho e vinte mil reais como parcela referente à campanha da deputadaCláudia; DARCI recebeu dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais comoparte da parcela referente à campanha da deputada Cláudia; COQUINHO recebeu dezmil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parte do pagamento referente àcampanha da deputada Cláudia; EDÍLIO recebeu dez mil reais em razão do mensalinho;MOGÊNIO deveria receber quarenta mil reais, mas não chegou a ser pago; QUE ospagamentos programados até julho de 2016, mas que não ocorreram em razão da prisãodo colaborador, deveriam ocorrer da seguinte forma: MAIO/2016: MARINO GARCIAdeveria receber cinco mil reais em razão do mensalinho; RUDINEI deveria receber dezmil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parte do pagamento dacampanha da deputada Cláudia; DARCI deveria receber dez mil reais em razão domensalinho e vinte mil reais como parte do pagamento da campanha de Cláudia;COQUINHO deveria receber dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reaiscomo parte da campanha de Cláudia; EDILIO deveria receber cinco mil reais em razãodo mensalinho; MOGÊNIO deveria receber dez mil reais em razão do mensalinho eQUEIROGA, dez mil reais em razão do mensalinho; PAGAMENTOS PARAJUNHO/2016: MARINO GARCIA: cinco mil reais em razão do mensalinho; RUDINEI:dez mil reais em razão do mensalinho; DARCI: dez mil reais em razão do mensalinho;COQUINHO: dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parte dopagamento da deputada Cláudia; EDILIO: cinco mil reais em razão do mensalinho;MOGÊNIO e QUEIROGA: dez mil reais em razão do mensalinho; JULHO DE 2016:MARINO GARCIA e EDÍLIO: cinco mil reais em razão do mensalinho; RUDINEI,DARCI, COQUINHO, MOGENIO e QUEIROGA: dez mil reais em razão domensalinho; QUE a finalidade do ‘mensalinho’ era manter a base de apoio do governo,apoio que anteriormente era obtido mediante o direcionamento de cargos comissionadose posteriormente veio a ser substituído pelo pagamento em dinheiro; QUE o colaboradorpossuía um documento manuscrito onde tinha o controle do pagamento tanto do‘mensalinho’ quanto de outros valores que eram acrescidos, como os referentes ao dacampanha da deputada Cláudia; QUE quando da sua condução coercitiva em 19 deabril de 2016 e sua prisão em 3 de maio de 2016, tal documento estava em sua carteirade bolso, mas não foi apreendido em nenhuma das ocasiões; QUE entretanto, apresentao documento neste momento; QUE explica os apelidos constantes de tal manuscrito: ZÉBONITINHO é o QUEIROGA; PR é o PAULO ROCHA; PR EXTRA é referente opagamento extra ao PAULO ROCHA; DU é o DUSO; MOG é o MOGÊNIO; ZC é o ZÉCARLOS; ED é o EDÍLIO; CO é o COQUINHO; DRM é o DARCI DRM; RUD é oRUDINEI; MAR é o MARINO GARCIA; SAÚDE é referente a um valor repassado aoRENI para pagamento de um compromisso que teria com um ‘pessoal da saúde;ROCHINHA era o filho do PAULO ROCHA; “OFICINA” era referente a serviços emveículos da Secretaria de Obras; ROMEU é um pedreiro que prestaria um serviço noFOZTRANS; CABEÇÃO e BODOQUE é um funcionário da Câmara; MOTEL,BUEIRO, PONTE e MULTA são locais onde recebeu valores” (evento nº 01).

Os pagamentos a título de “mensalinho” (propinas mensais) ao vereador LUIZAUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA foram confirmados por MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREIA DE SOUZA. Além disso, no início do governo de RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, participava LUIZ AUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA doesquema de loteamento de cargos públicos em troca de apoio político, do qual se valeu paraempregar parentes. Senão vejamos:

“QUE o colaborador esclarece que ainda houve algumas situações pontuais de

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“QUE o colaborador esclarece que ainda houve algumas situações pontuais depagamento de propina ao vereador LUIS QUEIROGA no valor de 10 mil reais “a títulode empréstimo” quando o vereador citado era relator na CPI que investigavairregularidades na Secretaria de TI também envolvendo o colaborador” (evento nº 01).

“QUE a respeito do vereador LUIZ QUEIROGA, o colaborador esclarece que, além dovalor (10 mil reais), em tese, pedido a título de empréstimo ao colaborador, tambémhouve por três oportunidades o pagamento de mil reais mensais a pessoa deCARLINHOS (cunhado de LUIZ QUEIROGA) a título de colaboração para pagamentodo programa de LUIZ QUEIROGA junto a Rádio Cultura; QUE o colaborador realizoutais pagamentos sem o conhecimento do Prefeito RENI PEREIRA em virtude de LUIZQUEIROGA ser oposição ao governo; QUE no início do governo o vereador LUIZQUEIROGA compunha a base de governo do Prefeito RENI PEREIRA tendo indicadoos cargos de JOILSON (área da saúde, CC3), o próprio filho de QUEIROGA (não serecorda o nome), na Secretaria de Esportes, ANDERSON (Secretário de Esportes), eCASSIANO RIBAS (não recorda onde trabalhava na administração); QUE CASSIANORIBAS se manteve no governo mesmo após o rompimento de RENI com LUIZQUEIROGA, aliando­se a RENI e a CLÁUDIA (esposa de RENI), sendo nomeado comosecretário da Secretaria Extraordinária de Ouvidoria; QUE o período de repasse dos milreais, em três oportunidades, foram pagos nos meses posteriores ao pagamento dos 10mil reais, ou seja, nos meses de fevereiro, março e abril de 2015” (evento nº 01).

Além da prática do crime de corrupção, há indicativo do cometimento deconcussão por parte de LUIZ AUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA, em razão desupostamente ter exigido de NILTON JOÃO BECKERS o pagamento da quantia de R$10.000,00 (dez mil reais), sob pena de não fazendo, investigar obra executada pelaTERRAPLANAGEM SR. Senão vejamos:

“QUE em outubro ou novembro de 2015, o vereador QUEIROGA solicitou aocolaborador, através de um amigo em comum, a quantia de R$ 10 mil; QUE se estevalor não fosse pago, iria investigar a obra executada pela empresa do colaborador naAv. Felipe Wandscheer; QUE o colaborador comentou com CARLOS BUDEL sobre asolicitação de QUEIROGA; QUE CARLOS BUDEL informou o colaborador que overeador QUEIROGA recebia propina (“mensalinho”) e que o dinheiro deveria serentregue a ele (CARLOS BUDEL), que repassaria tal valor ao vereador; QUE ocolaborador entregou os R$ 10 mil para CARLOS BUDEL; QUE em fevereiro ou marçode 2016 o Prefeito RENI PEREIRA solicitou ao colaborador que entregasse R$ 30 mil aCARLOS BUDEL; QUE a quantia seria destinada ao pagamento do “mensalinho”, queestava atrasado; QUE os valores foram sacados, salvo engano, na conta corrente daempresa SR” (NILTON JOÃO BECKERS – evento nº 01).

Consta dos autos, ainda, indicativo de que LUIZ AUGUSTO PINHEIROQUEIROGA recebeu das mãos de CARLOS JULIANO BUDEL propina paga por FLÁVIOEISELE, representante do CONSÓRCIO SORRISO. Senão vejamos:

“QUE em reunião da qual não participou, foi firmado um compromisso entre asempresas do consórcio SORRISO com o Prefeito RENI PEREIRA, em financiar parte dacampanha de CLAUDIA PEREIRA a Deputada Estadual; QUE RENI PEREIRAsolicitou o valor de R$ 350.000,00 e o consórcio não pagou na data estabelecida; QUEapós cobranças incessantes, no segundo semestre de 2015, o consórcio acenou opagamento ao colaborador; QUE, a pedido de RENI PEREIRA, arrecadou duasparcelas de R$ 125.000,00, em espécie, das mãos de FLÁVIO (gerente do consórcio) naRua Venanti Otrembra e no Condomínio Quinta do Sol; QUE esses repasses ocorreramentre final de 2015 e início de 2016, com um intervalo de 30 dias aproximadamente;QUE o dinheiro foi recebido em uma sacola, em notas de R$100,00; QUE R$ 150 milreais foi destinado ao caixa do “mensalinho” e o restante foi entregue integralmentepara RENI PEREIRA; QUE o consórcio pretendia a alteração de lei que concedeu aisenção de passageiro de 60 para 65, a alteração da idade média e máxima da frota,além da alteração no TTU (abertura), que não foram atendidos e, portanto, acredita quepor esse motivo o consórcio não quitou o valor restante; QUE o colaborador não

recebeu nada em proveito pessoal; QUE concomitantemente, o Prefeito RENI PEREIRA

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recebeu nada em proveito pessoal; QUE concomitantemente, o Prefeito RENI PEREIRAdeterminou ao colaborador que arrecadasse das empresas do Consórcio o valor de R$10.000,00 por mês para pagamento de “mensalinho” do Vereador QUEIROGA, o qual ocolaborador recebeu de FLÁVIO; QUE repassou os valores para o vereador sempre narua e dentro de seus próprios veículos; QUE pagou durante 6 meses, porque o consórciodeixou de repassar o valor por falta de cumprimento do acordo político; QUE os R$ 60mil reais (seis parcelas de R$10 mil reais) do “mensalinho”, foram retirados dofaturamento do Consórcio, sendo que não houve a carga desse valor no aumento datarifa; QUE a vantagem do Consórcio viria da revogação da Lei que alterou a idade depassageiros com isenção, o que onerava a operação, e substituição de cobradores porcartões; QUE segundo o Prefeito RENI PEREIRA de Janeiro de 2013 até 2015, nãohouve repasse de valores, por parte do Consórcio” (Carlos Juliano Budel ­ evento nº01).

São, portanto, veementes os indícios que apontam a prática reiterada do crime decorrupção e concussão, incriminados nos arts. 317 e 318 do Código Penal, por parte de LUIZAUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA, bem como que ele se trata de um dos principaispersonagens da organização criminosa investigada, cujas ações, ao que noticiam os elementosde informação colacionados aos autos, sequer dependiam da presença de RENI CLÓVISPEREIRA no cargo de Prefeito do Município de Foz do Iguaçu/PR, como, por exemplo, nofato relacionado à exigência de dinheiro de NILTON JOÃO BECKERS.

A intensa e reiterada atuação de LUIZ AUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA emprol da organização criminosa que se pretende desmantelar, mediante a prática, em tese, de umasérie de condutas ilícitas, voltadas ao enriquecimento ilícito, a manipulação financeira do jogopolitico e a perpetuação do poder, são circunstâncias que evidenciam que a decretação de suaprisão preventiva é medida absolutamente necessária a garantia da ordem pública, haja vistaque há possibilidade concreta de que, se mantido em liberdade, permanecerá no exercício dasenda, em tese, delituosa, perpetuando os prejuízos causados ao erário municipal.

O Ministério Público Federal requereu a decretação da prisão preventiva deMARINO GARCIA, para garantia da ordem pública e para assegurar a aplicação da Lei Penal.

“O nome do vereador MARINO GARCIA já havia surgido na investigação no início de2015, quando MELQUI e CHICO NOROESTE discutiram a cobrança de dívidacontraída pelos PASTORES NILSON e PEDRO. Este empréstimo seria devido aMELQUI, CHICO e MARINO. Portanto já havia certo vínculo entre MELQUI, braçodireito de RENI, e o vereador” (Informação de Polícia Judiciária nº 74/16NIP/DPF/FIG/PR – evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

Segundo consignou a autoridade policial na representação do evento nº 08 dosautos nº 5007642­71.2016.4.04.7002, “Marino Garcia é outro vereador que exige posto detrabalhos em empresas que contratam com a PMFI”.

“(...) COQUINHO, após as denúncias de caixa dois na PMFI (cerca de uma semanadepois), dia 18/03/2015, às 21:04:11 horas, RENI conta a sua esposa CLÁUDIA queteria se encontrado com os vereadores MARINO e COQUINHO e diz que o assunto elajá sabia. Após esta data passaram a se encontrar frequentemente. No dia 27/04/2015MARINO pede vaga de motorista no IML. Em diversas ligações MARINO discute comBELTRAME e CHARLLES a situação de uma indicada sua para trabalhar na LABOR,VIVIANE CAETANO, que teria sido movimentada de posto por influência deANDRESSA, indicada da vereadora ANICE para a mesma empresa. A sequência deixaclara a troca de vantagens entre os vereadores e a administração municipal, sob formade empregos em empresas contratadas pela PMFI, ou até mesmo nomeações deindicados para cargos de confiança diretamente na prefeitura. Em algumasoportunidades CHARLLES dá demonstrações do grau de ingerências sobre asterceirizadas, no caso a LABOR, fazendo contatos diretos com funcionários da empresae cobrando as movimentações. Chega a dizer que o prefeito RENI teria protelado

pagamentos da LABOR devido à empresa contratar indicados da vereadora ANICE ao

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pagamentos da LABOR devido à empresa contratar indicados da vereadora ANICE aoinvés de indicados de vereadores da situação. Cita contrato de manutenção que teriapedido para RENI assinar, mas que quando RENI viu o nome LABOR, disse que nãovia razão para fazê­lo, já que a LABOR ia colocar funcionários da ANICE. Reclamaque MARINO ligou furioso porque teria retirado uma indicação dele para colocar umade ANICE” (Informação de Polícia Judiciária nº 74/16 NIP/DPF/FIG/PR).

Em 03/02/2015, via mensagens de texto, MARINO GARCIA passa os dados deSILVANE GONÇALVES BUENO para RENI, que, por sua vez, pede que ele ligue para oenfermeiro JULIANO, que aceleraria seu pedido.

No dia 27 de abril de 2015 foi interceptada uma mensagem de texto enviada porMARINO GARCIA a RENI PEREIRA, na qual o primeiro diz: “Bom dia Reni. To presizandode uma mao la no IML, sobre uma vaga de motorista. Sera que vc pode ajudar. Tem a vagaAgora”. No mesmo dia, MARINO GARCIA conversa com RENI PEREIRA por telefonesobre um problema envolvendo alguma das pessoas beneficiadas com o esquema de loteamentode cargos e empregos, a qual está reclamando do salário recebido. Na mesma ligação,MARINO GARCIA e RENI PEREIRA conversam de se encontrar para “falar um minutinhoem particular”.

“MARINO: Bom dia meu prefeito. RENI: Bom dia, você tá bem? MARINO: O que que táacontecendo com o senhor? RENI: Não... tó te ligando pra pedir um alvará pra falarumas verdades pro nosso amiguinho lá. Ele foi lá na empresa falando que eu tinhafalado pra dar um emprega de dois e quinhentos pra ele e pra mulher dele. Aí oBELTRAME falou... eu falei olha, eu vou falar com MARINO e vou... o nosso amigo das(ininteligível) lá. (ininteligível) se não tá contente pede pra sair agora não faz confusão,né. MARINO: Huhum. RENI: Né, e o cara falou, pô, não tem emprego de dois equinhentos, o emprego que tem é esse aqui, de ATENDENTE né. MARINO: Huhum.RENI: E tá ele e a mulher... Ele diz...não, quer ... e o prefeito falou que ... e o cara jáligou né, lógico que o cara vai na (ininteligível) né. Aí eu vou ligar pra ele, não cara,primeiro que eu não dei autorização pra ir em lugar nenhum pra falar em meu nome.Segundo que você tem que pensar nas consequências de seus atos. Entendeu? Daqui apouco o cara te grava, leva na justiça e da um problema pra todo mundo, então,(ininteligível) se não tá contente com salário peça pra sair, né, da empresa. MARINO:Huhum. RENI: Então só queria falar, se posso falar isso ou não falo nada? E não ligo(ininteligível). MARINO: Não, não, tranquilo, mas você tá onde? Não posso falar umminutinho em particular? RENI: Eu to entrando no parque, eu tenho uma reunião ládentro com o pessoal do ICMBio. MARINO: Então sai daí (ininteligível) fala pra mimque eu vou onde você tiver. RENI: Então tá bom, beleza, um abraço. MARINO:...pessoalmente... RENI: Então tá, tchau tchau” (diálogo indexado sob o nº 75781714).

Cerca de um mês depois, SÉRGIO LEONEL BELTRAME e CHARLLESBORTOLO travaram uma conversa, na qual comentam sobre uma empregada da LABOR,empresa de terceirização de pessoal que presta serviço para a Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR, a qual teria conseguido tal vaga por indicação de MARINO GARCIA (áudioindexado sob o nº 75822204), pessoa este que foi objeto da conversa indexada sob o nº75857399, travada entre MARINO e SÉRGIO LEONEL BELTRAME.

“Depois, em ligação datada de 03.07.2015, da qual Charlles participou, foi comentadosobre a substituição, na recepção do PA do Morumbi, de indicado de Marino, queapoiava o prefeito, por um preferido de Anice. Nessa conversa, Charlles comentou que oprefeito questionara a própria contratação da Labor Obras Ltda., que estariaempregando pessoas indicadas pela vereadora Anice Nagib Gazzaoui, ferrenhaopositora de Reni” (representação do evento nº 08).

Além de envolvimento no esquema de loteamento de cargos e empregos, foiconstatado indícios do envolvimento de MARINO GARCIA nas negociações engendradas paraviabilizar a implantação de uma Parceria Público Privada – PPP na área de saúde no

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município de Foz do Iguaçu/PR, apontada como “a cereja no bolo” da organização criminosainvestigada no bojo da cognominada Operação Pecúlio.

Em diálogo com RENI PEREIRA, travado no dia 01.03.2016, MARINOGARCIA mencionou requerimento do vereador NILTON BOBATO relacionado à ParceriaPúblico Privada – PPP. Senão vejamos:

“RENI: Oi. MARINO: Viu, ô RENI. Agora tá em regime de votação o negócio da PPP,que é os requerimentos do BOBATO, né? RENI: Hã. MARINO: É o último. Tem quevotar pra derrubar esse requerimento. Daí eu e os piá tamo saindo daqui. A gente seencontra na Cuca, na frente da Cuca. Tem um lugarzinho gostoso pra tomar umrefrigerante. RENI: Eu tô aqui na porta do cemitério. Eu tô no portão do cemitério,estacionado. Pode vir aqui. Tá? MARINO: Oi, oi? Nesse lugar aí? (risos). RENI: Vemaqui. Pode vir aqui. Eu tô parado aqui. Tá? MARINO: Aí mesmo, então? RENI: Isso.Beleza? MARINO: Aí tem, tem o SOARES BEBIDAS na frente aí? RENI: Isso. Bem nafrente do SOARES. Só não tô na frente do cemitério. Tá? Um abraço. MARINO: MeuDeus, RENI. Aí não é lugar bom, homem. RENI: Não, tá tranquilo aqui. Pode vir.MARINO: Sai fora, cara. RENI: Tchau tchau. MARINO: Tchau tchau” (áudio indexadosob o nº 80676640).

Segundo a autoridade policial, “tal diálogo ilustra bem que as indicações dadaspor Marino, a exemplo dos demais vereadores, caracterizam verdadeira moeda de trocapara o alinhamento com os interesses pessoais de Reni”.

“(...) em 19/12/2015, RENI conta ao subprocurador do município, WILLY, queMARINO, RUDINEI, COQUINHO e DARCI DRM estariam votando em bloco e quepara “agradar” um, teria que agradar todos, o que teria se tornado muito grande, semcondições. No entanto, ao que tudo indica, a relação entre eles permaneceu nos mesmosmoldes, pois continuaram se encontrando, inclusive logo na sequência de votaçõesimportantes, tais como o requerimento para apurar irregularidades na parceria público­privada da saúde, que foi barrado por oito votos a seis. Nesta votação, que ocorreu nodia 01/03/2016, dentre os oito votos favoráveis à continuidade do processo da PPP,estavam os quatro do bloco formado por MARINO” (evento nº 08 dos autos nº5007642­71.2016.4.04.7002).

Embora os supracitados elementos de informação não tenham demostrado orecebimento de valores oriundos do esquema denominado “mensalinho”, têm eles o condão deindicar que MARINO GARCIA, em troca de apoio aos interesses do chefe do PoderExecutivo Municipal, possui a faculdade de indicar pessoas para o exercício de cargos naAdministração Pública Municipal ou para ocuparem vagas de emprego em empresas contratadaspela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, o que, por si só, constitui, em tese, o crimedo art. 317 do Código Penal.

Ocorre que, com a continuidade das investigações engendradas na OPERAÇÃOPECÚLIO, foram trazidos aos autos novos elementos de informação, os quais indicam queMARINO GARCIA é um dos vereadores que recebe valores decorrente do cognominado“mensalinho”, além de receber, de forma esporádica, outros recursos de origem ilícita. Nessesentido são as declarações CARLOS JULIANO BUDEL, digitalizadas no evento nº 01.Vejamos:

“QUE quando assumiu a Secretaria de Obras existia uma tabela de ‘mensalinho’cumprida pelo MELQUIZEDEQUE e que era direcionada ao líder do governo, overeador HERMÓGENES; QUE o ‘mensalinho’ veio à tona quando o RENI propôs atroca dos cargos comissionados – CC2 – por pagamento em dinheiro, quecorresponderia ao valor líquido do salário de um cargo, ou seja, cinco mil reais,podendo acumular vários cargos; QUE em um primeiro momento, constavam da tabelaos vereadores HERMÓGENES (Mogênio), DARCI DRM, RUDINEI, COQUINHO,MARINO e EDÍLIO, sendo que a tabela resultava o pagamento de sessenta e cinco milreais, repassados pelo MELQUIZEDEQUE ao vereador HERMÓGENES; (...) QUE

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reais, repassados pelo MELQUIZEDEQUE ao vereador HERMÓGENES; (...) QUEoutro acréscimo ao ‘mensalinho’ foi verba de apoio político ocorrida quando ocolaborador foi procurado pelos vereadores DARCI DRM, COQUINHO, RUDINEI eMARINO GARCIA que lhe cientificaram acerca de um acordo com o RENI de que oapoio à campanha da Deputada Claudia Pereira resultaria no pagamento de cento evinte mil reais para cada um, reunião na presença do vereador DUSO e na residênciadeste; QUE tal fato confirmado pelo RENI que determinou que fosse tentado umparcelamento; QUE portanto, tais valores foram agregados à planilha do ‘mensalinho’ etiveram que ser retirados não só das obras do NILTON BECKERS, mas também da“QUALITY FLUX” e do contrato do transporte coletivo; QUE todo o pagamento do‘mensalinho’ passou a ser feito diretamente pelo colaborador ao próprio vereador; QUEos valores eram determinados pelo RENI e pagos aos vereadores, de dezembro de 2015a março de 2016, foram na seguinte forma: QUE o vereador COQUINHO recebeu trêsparcelas de dez mil reais relativas ao ‘mensalinho’ e três parcelas de vinte mil reaisreferentes à campanha da deputada Claudia, totalizando noventa mil reais; QUE quandofoi preso, ainda havia valores devidos ao vereador COQUINHO, não sabendo se elechegou a receber tais valores faltantes; (...) COQUINHO deveria receber dez mil reaisem razão do mensalinho e vinte mil reais como parte da campanha de Cláudia; EDILIOdeveria receber cinco mil reais em razão do mensalinho; MOGÊNIO deveria receber dezmil reais em razão do mensalinho e QUEIROGA, dez mil reais em razão do mensalinho;PAGAMENTOS PARA JUNHO/2016: MARINO GARCIA: cinco mil reais em razão domensalinho; RUDINEI: dez mil reais em razão do mensalinho; DARCI: dez mil reais emrazão do mensalinho; COQUINHO: dez mil reais em razão do mensalinho e vinte milreais como parte do pagamento da deputada Cláudia; EDILIO: cinco mil reais em razãodo mensalinho; MOGÊNIO e QUEIROGA: dez mil reais em razão do mensalinho;JULHO DE 2016: MARINO GARCIA e EDÍLIO: cinco mil reais em razão domensalinho; RUDINEI, DARCI, COQUINHO, MOGENIO e QUEIROGA: dez mil reaisem razão do mensalinho; QUE a finalidade do ‘mensalinho’ era manter a base de apoiodo governo, apoio que anteriormente era obtido mediante o direcionamento de cargoscomissionados e posteriormente veio a ser substituído pelo pagamento em dinheiro; QUEo colaborador possuía um documento manuscrito onde tinha o controle do pagamentotanto do ‘mensalinho’ quanto de outros valores que eram acrescidos, como os referentesao da campanha da deputada Cláudia; QUE quando da sua condução coercitiva em 19de abril de 2016 e sua prisão em 3 de maio de 2016, tal documento estava em suacarteira de bolso, mas não foi apreendido em nenhuma das ocasiões; QUE entretanto,apresenta o documento neste momento; QUE explica os apelidos constantes de talmanuscrito: ZÉ BONITINHO é o QUEIROGA; PR é o PAULO ROCHA; PR EXTRA éreferente o pagamento extra ao PAULO ROCHA; DU é o DUSO; MOG é o MOGÊNIO;ZC é o ZÉ CARLOS; ED é o EDÍLIO; CO é o COQUINHO; DRM é o DARCI DRM;RUD é o RUDINEI; MAR é o MARINO GARCIA” (evento nº 01).

A lista referida por CARLOS JULIANO BUDEL foi juntada pelo MinistérioPúblico Federal no evento nº 11.

Os pagamentos a título de “mensalinho” ao vereador MARINO GARCIA foramconfirmados por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA:

“QUE em uma conversa com o RENI, em uma reunião realizada dentro do carro docolaborador próximo ao fórum, já que ele estava vindo de uma reunião na RPC, eleinformou ao colaborador os sete nomes dos vereadores que deveriam receber o‘mensalinho’, quais sejam: o COQUINHO; DARCI DRM; EDILIO DALLAGNOLL;MARINO GARCIA; MOGENIO; PAULO ROCHA; RUDINEI DE MOURA; QUE comoo colaborador não tinha naquela ocasião como se recordar de todos esses nomes, criouuma anotação em seu aparelho celular, aparelho que sempre menciona como prova queestá na posse do GAECO; QUE na conversa com o RENI, ele falou para que colocasseos nomes com um X, no raciocínio de que para cada X são R$ 5.000,00 (cinco mil reais),como por exemplo o COQUINHO com dois X, ou seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais), oDARCI DRM com um X e assim por diante; QUE quem recebia somente R$ 5.000,00também teria direito à indicação de uma diretoria; QUE na data que fez esse arquivo no

seu celular, estava no seu veículo com o RENI; QUE o colaborador iniciou as tratativas

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seu celular, estava no seu veículo com o RENI; QUE o colaborador iniciou as tratativase começou a se interar acerca dos trâmites referentes aos pagamentos dos contratos daprefeitura, até porque precisava de agilidade nesses processos” (evento nº 01)

“QUE com relação ao repasse mensal da operação “mensalinho”, o colaboradoresclarece que arrecadava o valor de 50 mil reais e, via de regra, repassava em espéciediretamente a pessoa de HERMÓGENES DE OLIVEIRA (MOGÊNIO); QUEMOGÊNIO repassava aos demais vereadores, quais sejam, COQUINHO (10 mil reais),DARCI DRM (5 mil reais), EDÍLIO DALL’AGNOL (5 mil reais), MARINO GARCIA (5mil reais), MOGÊNIO (10 mil reais), PAULO ROCHA (5 mil reais) e RUDINEI DEMOURA (10 mil reais); QUE os vereadores citados que recebiam 5 mil por mês foram osque optaram por receber este valor mais uma indicação para uma diretoria junto àPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu” (evento nº 01).

Note­se que no evento nº 02 estão digitalizadas imagens dos celularesapreendidos em poder de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZApelo GAECO, onde consta uma lista de vereadores supostamente beneficiados pelo esquemado “mensalinho”, dentre os quais MARINO GARCIA.

São, portanto, veementes os indícios que apontam a prática reiterada do crime decorrupção, incriminado no art. 317 do Código Penal, por parte de MARINO GARCIA.

A intensa e reiterada atuação de MARINO GARCIA em prol da organizaçãocriminosa que se pretende desmantelar, mediante a prática, em tese, de uma série de condutasilícitas, voltadas ao enriquecimento ilícito, a manipulação financeira do jogo politico e aperpetuação do poder, são circunstâncias que evidenciam que a decretação de sua prisãopreventiva é medida absolutamente necessária a garantia da ordem pública, haja vista que hápossibilidade concreta de que, se mantido em liberdade, permanecerá no exercício da senda, emtese, delituosa, perpetuando os prejuízos causados ao erário municipal.

Acerca de PAULO RICARDO DA ROCHA, manifestou­se o MinistérioPúblico Federal no evento nº 14 dos autos da representação criminal nº50076427120164047002:

“PAULO RICARDO DA ROCHA: outrossim, é verossímil que tal vereador recebavantagem pecuniária indevida, visto que, inclusive, foi denunciado nos itens 7.8.1 e7.8.3 (autos 5005325­03.2016.404.7002) por ter solicitado vantagem indevidaconsistente na nomeação de seu filho FLÁVIO DA ROCHA para cargo em comissão naPrefeitura Municipal, e na nomeação de quatro pessoas a cargos na empresaINTERSEPT LTDA., que participa do esquema criminoso. Além do mais, nainterceptação telefônica de índice 75748229, BELTRAME destaca que PAULORICARDO DA ROCHA mais de trinta pessoas foram contratadas por indicação destevereador”.

Segundo aduziu a autoridade policial na representação do evento nº 08 dos autosnº 5007642­71.2016.4.04.7002, “Paulo Rocha também compôs a base cooptada por Reni.No diálogo abaixo, iniciado às 10h31min de 23.03.2015 (áudio índice 74846342),transparece as artimanhas de Reni e Paulo Rocha no sentido de se chegar a um “acordo”com o vereador Dilto Vitorassi:”

“PAULO ROCHA: Oi. RENI em áudio ambiente: A situação, só tem que, o, os dois tãoquerendo foder a CLÁUDIA e nos foder. Oi. PAULO ROCHA: Oi, chefe. RENI: Alô.PAULO ROCHA: Oi. RENI: Viu? Tu tá onde? PAULO ROCHA: Tô na Câmara. RENI:Eu preciso falar contigo, cara. Tá, em relação ao VITORASSI. O homem tá meio braboaí e não quer mais bater em você. Quer bater no partido, quer bater nos fio, quer baterno prefeito. PAULO ROCHA: Hum. RENI: Precisamos, temos que dar uma repensada aí,nessa tática aí. PAULO ROCHA: Não, mas eu já falei pra ele. Mas já falei pra ele queacabou a briga. Já fiz até as, as, falta. RENI: Ah, fa, falou agora? PAULO ROCHA:Não, fica tranquilo. Vou conversar com ele. RENI: Conversa e diz que o prefeito te ligou

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Não, fica tranquilo. Vou conversar com ele. RENI: Conversa e diz que o prefeito te ligoue acerta, tá? PAULO ROCHA: Pode deixar. RENI: Mas vale um péssimo acordo queuma boa briga. Ainda mais com ele e com a (trecho ininteligível) (ANICE?). PAULOROCHA: Não. Pode ficar tranquilo. Tá bom? RENI: Tá. Beleza? Um abraço. Tchautchau. PAULO ROCHA: Tá. Valeu.

Depois, ainda segundo a representação do evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002, em 27.04.2015, RENI e PAULO ROCHA trocaram as mensagens de textocom o seguinte conteúdo:

“Paulo Rocha: nao vai me retirar o projeto do issqn. Reni: Nao de jeito nenhum. Quemfalou? Paulo Rocha: e que a coisa vai esquentar na audiencia de a manha...e estamosfirme e vamos aprovar. Reni: Vamos sim. E melhor darmos o plano dos professores doque agradar os ricos. Paulo Rocha: nao deixe de ver a minha fala nu vidio em declaroque voto a favor do issqn. o vidio esta conquistando grande audiencia no meu facebuk eno sait 24 hs”.

No dia seguinte, RENI e PAULO ROCHA voltam a conversar por meio demensagens de texto, com o seguinte conteúdo:

“Paulo Rocha: eu e o vitorassi defndemos com grandes o projeto do issqn. Paulo Rocha:nao falei nada do que pretendia. que horas pode me receber.paulo rocha.”

Em 12.03.2016, depois de PAULO ROCHA se desfiliar do PSB e ingressar noPMDB, RENI comentou com EDUARDO SPADA sobre o valor que PAULO ROCHA teriasolicitado para se manter na base governista:

“RENI: E aí o, os vereadores, aí é aquele leilão, né? O PAULO ROCHA mesmo chegoupra mim e pediu cem mil pra não sair. Eu falei: ­Fio. Vai com Deus. Entendeu? Não tem.ESPADA: (risos) (trecho ininteligível) á com a cabeça poluída. RENI: Não, não. Eufalei: ­Vai com Deus. E, e outros vindo. Quanto dá? Virou um leilão, né? Agora, eu nãosei. O, o quê que acontece? Tem que, e muito desse tabuleiro agora, o ideal era filiargente que não tem mandato, né? ESPADA: Uhum, uhum. RENI: Então” (áudio índice80892263)

Em que pese, aparentemente, RENI PEREIRA não ter pago os cem mil reaissupostamente exigidos por PAULO RICARDO DA ROCHA, este manteve estreita relaçãocom aquele, conforme indica o diálogo indexado sob o nº 81155102:

“RENI: tu me ligou? PAULO ROCHA: Oi, quem tá falando? Ah o Reni? RENI: Reni.Ele. PAULO ROCHA: Então Reni, nós tem que bater um papo. Espera só um pouquinhosó. Viu, deixa eu te falar, sabe o que que é? Eu, tipo assim, eu mudei de partido mas eunão entrei na oposição ao senhor. Acho que nós temos que continuar assim com essaparceria trabalhando, a única coisa que eu falei que eu não votaria a favor era aquelenegócio da PPP aí é uma coisa minha, pessoal minha, em tudo ajudei o senhor, acho quea gente tem que sentar para conversar com o senhor, pra ver como é que vamo fazer prafrente. Eu to tocando o barco. Outra coisa, eu fui pro lado do Cláudio Rorato, o Cláudionão é seu inimigo e o senhor sabe o tamanho da amizade que eu tenho e quanto essecara já me ajudou você não sabe. Taria errado se eu tivesse ido pro lado do Chico oudo Paulo. Esse é meu pensamento. RENI: Hunrum. PAULO ROCHA: Entendeu? RENI:Hanram. PAULO ROCHA: E outra: ali pra mim, a legenda é mais fácil de eu mereeleger, né? RENI: Então tá bom. Viu, só pra te avisar, o pessoal do Procon táfiscalizando os bancos desde a semana passada, por causa da lei. Tá? PAULO ROCHA:Tá. Muito obrigado, brigado. Viu? Deixa eu falar pro senhor, vamo sentar e vamoconversar uma hora Reni? RENI: Vamo, vamo. PAULO ROCHA: A gente continua amesma coisa. RENI: Tá bom, vamo conversar”.

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Segundo consignou a autoridade policial no evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002, “essa iniciativa de Paulo Rocha é explicada por sua pretensão demanter o emprego de seus pares na administração municipal. Quanto a isso, ressalta­se queseu próprio filho Flávio da Rocha exerceu cargo em comissão, subordinado ao Gabinete doPrefeito, entre 02.02.2015 e 04.02.2016. Leonardo Badio da Rocha, outro filho de PauloRocha, exerce cargo em comissão na Secretaria Municipal de Esporte e Lazer desde16.12.2014”.

A propósito da nomeação de FLÁVIO DA ROCHA para o exercício de cargo naPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, manifestou­se o juízo nos autos da ação penal nº5005325­03.2016.4.04.7002:

“Nesse aspecto, observo que FLÁVIO DA ROCHA foi nomeado pelo Prefeito Municipalde Foz do Iguaçu/PR, no dia 06 de fevereiro de 2015, para ocupar o cargo deprovimento em comissão, Símbolo ASS 1, da Assessoria Técnica Especial, subordinadaao Gabinete do Prefeito, com gratificação por representação de gabinete, no percentualde 60% (sessenta por cento), a partir de 2 de fevereiro de 2015 (evento nº 333 doinquérito policial).

Referida nomeação, é contemporânea aos diálogos transcritos no item 7.8.1 dadenúncia, que indicam “manipulação da máquina governamental executiva, o PrefeitoRENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA nomeou diversas pessoas ligadas ou indicadas porvereadores para cargos em comissão no executivo municipal, conforme as Portarias56.614, 56.615, 56.616, 56.619, 56.620 e 56.621 do DOMFI do dia 06/02/2015, emnítido interesse e preocupação para ocultar os atos ilícitos acima descritos”.

Com efeito, há razoável indicativo de que a nomeação de FLÁVIO DA ROCHA para oexercício do cargo de provimento em comissão, constitua proveito obtido por PAULORICARDO ROCHA, em troca de “obstaculizar a evolução da investigação referente aSecretaria de Tecnologia da Informação instaurada na Câmara dos Vereadores”, motivopelo qual não há que se falar em declaração de inépcia da denúncia quanto aos fatosnarrados no item 7.8.1 da denúncia.

Note­se que, pelo que indicam os áudios, as nomeações referidas na denúncia não setraduzem em favores políticos ou motivados por relações de amizade, não apreciáveissob o enfoque criminal, mas sim em medida voltada para determinar o acusado a criarembaraço a investigação levada a cabo no âmbito da Câmara Municipal de Foz doIguaçu/PR, o que vai ao encontro com os deveres inerentes ao cargo de vereador, dentreos quais o de fiscalizar os atos do Poder Legislativo” (evento nº 1315 da ação penal nº5005325­03.2016.4.04.7002).

O diálogo travado por PAULO RICARDO DA ROCHA e SÉRGIO LEONELBELTRAME, no dia 25.05.2015, indica o volume de pessoas indicadas para ocuparem vagas deempregos em empresas que prestam serviços para a Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR:

“BELTRAME: Paulo Rocha, fala meu amigo. PAULO ROCHA: Aquele piazão ...quevocê está no lugar do ALCIR aí, passou pra ti uns três currículos meus aí, não passou?BELTRAME: Passou. PAULO ROCHA: Tá, deixa eu falar? Queria que você visse...BELTRAME: Só que não tem vaga, não adianta mandar currículo que não tem maisvaga. PAULO ROCHA: Vaga tem Beltrame, o problema... to falando pra você que tem euvou (ininteligível) posto de saúde tá precisando. BELTRAME: Há, uma coisa é taprecisando, outra é o prefeito autorizar a contratação, o prefeito (ininteligìvel) pra nãogastar mais foi suspenso, não tão, só quando existe uma definição. PAULO ROCHA:Então eu vou falar pra você. Saiu uma tal de NELCI que tava no... que eu tinhaencaminhado pra você e a vaga dela tá sobrando, e saiu semana passada...BELTRAME: Viu Paulo, deixa eu te falar. Principalmente a IGUAÇU e a LABOR, eu tofalando pra não enrolar nada aqui, como a prefeitura ta até atrasando com eles,quando que tem alguma vaga eles estão fazendo lá, eles não ligam pra nós aqui dizendo

que tá faltando... eu liguei pro IVAN pra ele vir aqui falar comigo hoje às 3hs. E o que

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que tá faltando... eu liguei pro IVAN pra ele vir aqui falar comigo hoje às 3hs. E o queaconteceu, o ALCIR pra querer ser simpático, aquele negócio, ía pegando os currículos..ía um atrás do outro vereador mandando gente aqui que tem vaga, que está acertado, eeles já colocaram outras pessoas lá. PAULO ROCHA: Não, mas o ALCIR colocou gentelá sim (inteligível). BELTRAME: Mas se colocou eu não sei, agora eu tenho que cuidardaqui pra frente, né Paulo. Se ele colocou, sacaneou, o Del tá brincando aqui, as vezespode ser que tenha sacaneado, que eu não sei, to falando, se ele colocou... Eu querofazer a coisa certa daqui pra frente. Quando tiver, e alguém de vocês, que é de vocês,que for demitido lá, vamos dar preferência, vão colocar de vocês. PAULO ROCHA:Beltrame, deixa quieto aí. Sabe o que vou fazer? Eu vou fazer o seguinte, eu vou pegaresse currículo teu hoje a tarde e vou ter uma conversa com RENI. Eu vou falar com RENIo seguinte, eu quero ver, eu quero o levantamento exato do número de vagas que temnessa firma. Eu quero saber quem, quem colocou. Porque é o seguinte, me parece quealguém está dando rasteira em alguém. BELTRAME: Pode ser. PAULO ROCHA: Porquese o cara (?) vereador, o cara não tem direito de fazer um pedido então daí esqueça.Joga o diploma (?) vereador aqui (?) esse governo desse jeito.. BELTRAME: Escuta,você é um viadinho. Você é meu amigo. Você deu mais de 30 pessoas aqui dentro. Você éo cara que mais tem (inteligível). E sei que você... E você merece, não to dizendo quevocê não merece. PAULO ROCHA: Não sou não, não sou não. Eu digo e provo que temgente aí que tem três vezes mais. ... Sério. BELTRAME: Hã.. PAULO ROCHA: ViuBeltrame, deixa eu te contar uma coisa pra ti. Cara, não é, essa menina que ta aí, aFERNANDA, ela já foi duas vezes chamada naquela INTERSEPT, e daí como é que elanão está trabalhando ainda? BELTRAME: Não sei. Esses dias eu fui lá com o prefeito,tinha vinte e poucas vagas... PAULO ROCHA: Mandaram ela fazer todos osdocumentos, a mulher assinou todos os documentos... BELTRAME: Daí o prefeito faloupra eles o seguinte: nós estamos contensando despesa. Essas nove que já fizeram podecontratar, agora dá uns dias... Daí o Beltrame que vai mandar que vão ser contratada.Se ela está na INTERSEPT fica mais fácil, mas na hora que liberar... PAULO ROCHA:... Ela foi chamada, fizeram todos os documento. Né... Por exemplo, agora aqui na minhafrente tem mais uma pessoa querendo trabalhar. Daí eu falei, poxa, não consigo colocartrês, quatro pessoas! BELTRAME: O prefeito que é prefeito tinha vinte no nome dele eele não tinha colocado ninguém. E vem aqui em média 10 por dia pedir emprego. Entãovocê imagina como ele ficou firado na arara também. Qual é o nome dessa aí, que vocêfalou que foi chamada? PAULO ROCHA: Não... aquela lá é a FERNANDA. Tá aí ocurrículo com você. BELTRAME: Acho que você deixou. PAULO ROCHA: Só que... Sevocê ligar pra INTERSEPT eles sabem que é ela, porque eles sabem que mora na RUADAS PALMAS, porque eles já chamaram duas vezes, mandaram fazer todos osdocumento, a mulher está aguardando ser chamada. BELTRAME: Mas o que eu to tefalando meu querido... era pra contratar 20, foi contratado só 9. PAULO ROCHA: MasBeltrame, quando a firma chama, ela chama, manda fazer os documentos, é porque elajá vai chamar. Foi feito até os exames da mulher. BELTRAME: Eu vou dar uma ligadapra ver em que pé tá isso aí. PAULO ROCHA: Tá, e aí na minha frente tem outra meninaquerendo trabalhar, daí eu falei, vou ligar pro Beltrame. BELTRAME: É, mas nãoadianta mandar pra cá que não tem vaga. Tem que esperar pra quando tem. Quando temnão tem problema nenhum, eu não vou colocar ninguém, pode ter certeza, que não vouindicar ninguém. PAULO ROCHA: Viu, mas tu podia me ajudar a desenrolar só esse quetá aí depois então eu vou ficar quieto, ué.. BELTRAME: Huhum, tá eu vou ver esse daFERNANDA e te retorno. PAULO ROCHA: Então tá bom” (áudio indexado sob o nº75748229).

É inegável, portanto, a existência de indícios de que PAULO RICARDO DAROCHA integra o esquema de “troca de favores” estabelecido no âmbito da AdministraçãoPública do Município de Foz do Iguaçu/PR, os quais foram fortalecidos a partir da chegadaaos autos dos relatório de análise do material apreendido no sede da empresa INTERSEPT, oqual dá conta de que lá foram apreendidos currículos de pessoas indicadas por PAULORICARDO DA ROCHA, reforçando a tese de que empresas de mão de obra terceirizadacontratadas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR serve como “cabides deempregos” para, dentre outros, membros do Poder Legislativo Municipal, em troca de apoioe conivência em relação às atividades, em tese, ilícitas levadas a cabo por membros do PoderExecutivo Municipal.

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Implementado o monitoramento do terminal telefônico utilizado por PAULORICARDO DA ROCHA, foi constatado que ele é extremamente cuidadoso ao falar aotelefone, dizendo a seus interlocutores que determinados assuntos devem ser tratadospessoalmente ou por meio de outro terminal telefônico de que faz uso, conforme sugeremos diálogos indexados sob os nº 84014692, 84017712, 84017896, 84018924 etc. “Todavia,apesar de todos os cuidados, a interceptação revelou indícios de que PAULO estariafornecendo gasolina para algumas pessoas vinculadas à sua campanha eleitoral pois sãofrequentes os contatos de interlocutores nesse sentido” (diálogos indexados sob os nº84014257, 84038288, 84042740, 84047875 etc.). Além disso, foi interceptado curiosodiálogo onde a pessoa identificada como PETER cobra algo de PAULO RICARDO DAROCHA e sugere que ele venda uma de suas assessorias, “que nem outra vez”, fato que levaele a desligar o telefone abruptamente (diálogo indexado sob o nº 84005232).

Note­se que MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZAafirmou em sede policial que uma das formas dos vereadores se locupletarem de formailícita, consistia justamente no fato de receberem para si os salários das pessoasnomeadas para o exercício em cargos em comissão na administração pública municipal,esquema que aos poucos foi sendo substituído por aquele denominado mensalinho. Senãovejamos:

“QUE quando assumiu a Secretaria de Obras existia uma tabela de ‘mensalinho’cumprida pelo MELQUIZEDEQUE e que era direcionada ao líder do governo, overeador HERMÓGENES; QUE o ‘mensalinho’ veio à tona quando o RENI propôs atroca dos cargos comissionados – CC2 – por pagamento em dinheiro, quecorresponderia ao valor líquido do salário de um cargo, ou seja, cinco mil reais, podendoacumular vários cargos” (evento nº 01).

“QUE os vereadores citados que recebiam 5 mil por mês foram os que optaram porreceber este valor mais uma indicação para uma diretoria junto à Prefeitura Municipalde Foz do Iguaçu; QUE o colaborador não tem a ciência dos nomes indicados para taisdiretorias, QUE o colaborador esclarece que a indicação de tais diretorias poderiam sera título de compensação por apoio à campanha eleitoral e que também tais vereadorespoderiam receber parte dos salários destes cargos indicados”(evento nº 01).

Vê­se, portanto, que além de indicativos da prática de crime sujeito à competênciada Justiça Eleitoral, há indicativo de que PAULO RICARDO DA ROCHA “venda” suasassessorias, tudo isso sem contar na participação de envolvimento no esquema de loteamentode empregos em empresas de mão de obra terceirizada contratadas pela Prefeitura Municipalde Foz do Iguaçu/PR.

Se não bastassem os indicativos do envolvimento de PAULO RICARDO DAROCHA nas referidas infrações, constatou­se, prima facie, com a continuação dasinvestigações da OPERAÇÃO PECÚLIO que ele solicitou e recebeu para si, na qualidade devereador, vantagem indevida consistente no pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)mensais de propina em espécie (mensalinho). Além de receber o mensalinho, foramconstatados indícios de que PAULO RICARDO DA ROCHA, no primeiro semestre de 2015,solicitou e recebeu a quantia de R$ 12.500,00 (doze mil e quinhentos reais), entregues porMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA e RENI CLÓVIS DESOUZA PEREIRA a pessoa de KETLIN (filha de SALVADOR RAMOS). Outrossim, nointuito de obter mais vantagem indevida em detrimento ao erário, em dezembro de 2015,PAULO RICARDO DA ROCHA solicitou a RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA propina atítulo de “décimo terceiro”.

As condutas, em tese criminosas, praticadas por PAULO RICARDO DAROCHA foram assim narradas por CARLOS JULIANO BUDEL:

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“QUE quando assumiu a Secretaria de Obras existia uma tabela de ‘mensalinho’cumprida pelo MELQUIZEDEQUE e que era direcionada ao líder do governo, overeador HERMÓGENES; QUE o ‘mensalinho’ veio à tona quando o RENI propôs atroca dos cargos comissionados – CC2 – por pagamento em dinheiro, quecorresponderia ao valor líquido do salário de um cargo, ou seja, cinco mil reais,podendo acumular vários cargos; QUE em um primeiro momento, constavam da tabelaos vereadores HERMÓGENES (Mogênio), DARCI DRM, RUDINEI, COQUINHO,MARINO e EDÍLIO, sendo que a tabela resultava o pagamento de sessenta e cinco milreais, repassados pelo MELQUIZEDEQUE ao vereador HERMÓGENES; QUE deinício, a lista elaborada pelo MELQUIZEDEQUE possuía seis nomes de vereadores,sendo que quando o pagamento de propina passou a ser operado pelo colaborador,passou também a ser composta pelo vereador PAULO ROCHA; QUE ao assumir aSecretaria de Governo, os pagamentos estavam atrasados, uma vez que deveriam ter sidopagos no dia 20 de novembro de 2015, mas somente ocorreram na primeira semana dedezembro; QUE ato contínuo ao assumir a pasta, também surgiram acréscimos,aumentando o valor mensal de pagamento de sessenta cinco mil reais iniciais; QUE oacréscimo surgiu em razão de alguns vereadores terem preferido o pagamento emdinheiro em vez de ter direito à indicação do cargo; QUE o ‘mensalinho’ era fatoconhecido por todos os vereadores; QUE o RENI determinou o aumento do‘mensalinho’, que passou de sessenta e cinco mil reais para setenta e cinco mil reais aserem divididos entre os mesmos vereadores, uma vez que DARCI DRM e EDÍLIOabriram mão de mais um cargo CC2 cada um em troca de pagamento em dinheiro; QUEainda em dezembro de 2015, tomou conhecimento de que houve cobrança ao RENI porparte de vereadores que não recebiam o ‘mensalinho’ para receberem um “décimoterceiro”; QUE tal “décimo terceiro” foi recebido pelos vereadores ZÉ CARLOS, BENI ePAULO ROCHA; (...) QUE a finalidade do ‘mensalinho’ era manter a base de apoio dogoverno, apoio que anteriormente era obtido mediante o direcionamento de cargoscomissionados e posteriormente veio a ser substituído pelo pagamento em dinheiro; QUEo colaborador possuía um documento manuscrito onde tinha o controle do pagamentotanto do ‘mensalinho’ quanto de outros valores que eram acrescidos, como os referentesao da campanha da deputada Cláudia; QUE quando da sua condução coercitiva em 19de abril de 2016 e sua prisão em 3 de maio de 2016, tal documento estava em suacarteira de bolso, mas não foi apreendido em nenhuma das ocasiões; QUE entretanto,apresenta o documento neste momento; QUE explica os apelidos constantes de talmanuscrito: ZÉ BONITINHO é o QUEIROGA; PR é o PAULO ROCHA; PR EXTRA éreferente o pagamento extra ao PAULO ROCHA; DU é o DUSO; MOG é o MOGÊNIO;ZC é o ZÉ CARLOS; ED é o EDÍLIO; CO é o COQUINHO; DRM é o DARCI DRM;RUD é o RUDINEI; MAR é o MARINO GARCIA” (evento nº 01).

Observo, por oportuno, que o manuscrito referido por CARLOS JULIANOBUDEL foi juntado pelo Ministério Público Federal no evento nº 11.

Inquirido em sede policial, confirmou MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA as declarações de CARLOS JULIANO BUDEL de que PAULORICARDO DA ROCHA é um dos vereadores que recebe “mensalinho”. Senão vejamos:

“QUE em uma conversa com o RENI, em uma reunião realizada dentro do carro docolaborador próximo ao fórum, já que ele estava vindo de uma reunião na RPC, eleinformou ao colaborador os sete nomes dos vereadores que deveriam receber o‘mensalinho’, quais sejam: o COQUINHO; DARCI DRM; EDILIO DALLAGNOLL;MARINO GARCIA; MOGENIO; PAULO ROCHA; RUDINEI DE MOURA; QUE comoo colaborador não tinha naquela ocasião como se recordar de todos esses nomes, criouuma anotação em seu aparelho celular, aparelho que sempre menciona como prova queestá na posse do GAECO; QUE na conversa com o RENI, ele falou para que colocasseos nomes com um X, no raciocínio de que para cada X são R$ 5.000,00 (cinco mil reais),como por exemplo o COQUINHO com dois X, ou seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais), oDARCI DRM com um X e assim por diante; QUE quem recebia somente R$ 5.000,00também teria direito à indicação de uma diretoria; QUE na data que fez esse arquivo noseu celular, estava no seu veículo com o RENI; QUE o colaborador iniciou as tratativase começou a se inteirar acerca dos trâmites referentes aos pagamentos dos contratos daprefeitura, até porque precisava de agilidade nesses processos” (evento nº 01).

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Por oportuno, observo que no evento nº 02 há informações prestadas peloGRUPO DE ATUAÇÃO ESPECIAL DE COMBATE AO CRIME ORGANZIADO –GAECO, nas quais estão inseridas fotografias dos celulares apreendidos em poder deMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA, retratando a tabela referidapor ele no supracitado excerto, onde consta o nome de PAULO RICARDO DA ROCHA,seguindo de um “X”.

“QUE com relação ao repasse mensal da operação “mensalinho”, o colaboradoresclarece que arrecadava o valor de 50 mil reais e, via de regra, repassava em espéciediretamente a pessoa de HERMÓGENES DE OLIVEIRA (MOGÊNIO); QUEMOGÊNIO repassava aos demais vereadores, quais sejam, COQUINHO (10 mil reais),DARCI DRM (5 mil reais), EDÍLIO DALL’AGNOL (5 mil reais), MARINO GARCIA (5mil reais), MOGÊNIO (10 mil reais), PAULO ROCHA (5 mil reais) e RUDINEI DEMOURA (10 mil reais); QUE os vereadores citados que recebiam 5 mil por mês foram osque optaram por receber este valor mais uma indicação para uma diretoria junto àPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu; QUE o colaborador não tem a ciência dosnomes indicados para tais diretorias, QUE o colaborador esclarece que a indicação detais diretorias poderiam ser a título de compensação por apoio à campanha eleitoral eque também tais vereadores poderiam receber parte dos salários destes cargosindicados; QUE existia uma listagem em posse do Secretário do governo SÉRGIOBELTRAME que dava conta do nome da pessoa e o nome do vereador que a indicou;QUE, além dessas diretorias os vereadores também tinham indicações de cargos de CC3,CC4, e nas empresas terceirizadas; QUE em uma oportunidade o Prefeito RENI solicitouao colaborador que controlasse tal lista, mas o colaborador, devido ao acúmulo deatribuições não teve condições de gerenciar esta atividade; QUE antes de SÉRGIOBELTRAME, a servidora de nome NEURA é quem ficava com a lista de indicações emum pendrive; QUE NEURA trabalhava junto ao gabinete do prefeito; QUE,pontualmente, da operação “mensalinho”, entregou dinheiro em espécie em duasoportunidades a PAULO ROCHA (5 mil reais), no gabinete do colaborador, e uma vezao vereador RUDINEI DE MOURA (10 mil reais), próximo ao CTG CHARRUA, noprimeiro semestre de 2015; QUE além do “mensalinho”, em uma oportunidade, noprimeiro semestre de 2015, o Prefeito RENI levou o colaborador na casa da Sra.“KETLIN” (filha do SALVADOR RAMOS), com a qual PAULO ROCHA tinha umadívida de R$ 12.500,00 referentes à sua campanha de deputado federal, sendo que ocolaborador deveria saldar essa dívida a pedido do Prefeito RENI; QUE esclarece ocolaborador que tal dívida foi paga em duas ou três vezes, resgatando o chequeempenhado de PAULO ROCHA; QUE o escritório onde o colaborador efetuou taispagamentos fica em frente ao colégio BARTOLOMEU MITRE; QUE quanto aos demaiscitados, em relação ao “mensalinho”, todos recebiam diretamente com MOGÊNIO; QUEtodas as conversas com MOGÊNIO, foram relacionadas ao “mensalinho”, como datasde pagamento, valores em atraso, etc; QUE estabeleceram que até o dia 10 de cada mêso valor da operação “mensalinho” seria repassado a MOGÊNIO; QUE em algumasoportunidades o valor destinado a MOGÊNIO nem sempre era repassado até do dia 10,mas até o final do mês o colaborador repassava o valor destinado a ele(MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA – evento nº 01)

RODRIGO BECKER, inquirido em sede policial, confirmou as declarações deMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA e CARLOS JULIANO BUDEL, nosentido de que PAULO RICARDO DA ROCHA é um dos vereadores que recebe “mensalinho”,ao afirmar que “QUE houve um fato em que o colaborador entregou R$ 5.000,00 paraPAULO ROCHA a título de mensalinho, oriundo do Prefeito RENI; QUE esse fato foi emmeados de 2014”, dando conta de que a inserção dele no esquema remonta ao ano de 2014.

São, portanto, veementes os indícios que apontam a prática reiterada do crime decorrupção, incriminado no art. 317 do Código Penal, por parte de PAULO RICARDO DAROCHA, no âmbito da organização criminosa investigada no curso da OPERAÇÃOPECÚLIO.

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A intensa e reiterada atuação de PAULO RICARDO DA ROCHA em prol daorganização criminosa que se pretende desmantelar, mediante a prática, em tese, de uma sériede condutas ilícitas, voltadas ao enriquecimento ilícito, a manipulação financeira do jogopolitico e a perpetuação do poder, são circunstâncias que evidenciam que a decretação de suaprisão preventiva é medida absolutamente necessária a garantia da ordem pública, haja vistaque há possibilidade concreta de que, se mantido em liberdade, permanecerá no exercício dasenda, em tese, delituosa, perpetuando os prejuízos causados ao erário municipal.

Em relação a RUDINEI DE MOURA, fez a autoridade policial na representaçãodo evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002 referência ao fato envolvendoMarlene Alves dos Santos, a qual foi exonerada do cargo de Chefe da Divisão deEpidemiologia da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, “possivelmente porrepresália por ela ter redigido um documento relatando a situação precária do HospitalMunicipal”, sendo que, em seguida, “o vereador Rudinei de Moura se articulou para revertertal destituição”. Acerca do referido fato, manifestou­se o juízo na decisão proferida no eventonº 25 dos autos do pedido de prisão preventiva nº 5010830­09.2015.4.04.7002:

“Segundo consignou a autoridade policial nas fls. 304/319 da representaçãodigitalizada no evento nº 02, “a situação periclitante da Saúde no município levou oMinistério Público a cobrar um relatório das reais condições do setor”. Com efeito,segundo apurado por meio do monitoramento telefônico, foi elaborado pelas servidorasidentificadas como CÍNTIA, CONCEIÇÃO e ROSANE o relatório requisitado peloMinistério Público do Estado do Paraná, ao qual foi juntado um anexo, elaborado pelaservidora MARLENE, o qual “denunciava as condições precárias do atendimento einstalações, expondo a população a toda sorte de agentes infecciosos”.

Referido anexo, todavia, não chegou ao conhecimento do Ministério Público do Estadodo Paraná, haja vista que a servidora MARLI, ao tomar conhecimento de seu conteúdo,deu ciência a MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, o qualtomou providências no sentido de retirá­lo do relatório requisitado pelo parquet.

“De acordo com CHARLLES, se esse documento chegasse ao MP iria “ferrar” todomundo da Secretaria e até do Governo e que seria um atestado de incompetência. Dizque era sobre a gestão do hospital e coisas que a Vigilância tinha feito. Conta a DRRUBENS do gabinete do Prefeito que mandou exonerar MARLENE. Dr RUBENSadverte que MARLENE já teria feito um monte de “coisinha” para eles no Gabinete eque por isso teriam dado uma divisão pra ela. Realmente ela teve sua chefia de divisãoda Secretaria Municipal de Saúde revogada em 29/01/2015 (...)”.

Consoante se observa da Portaria nº 56.516, digitalizada na fl. 305 da representação doevento nº 02, no dia 29/01/2015 foi revogada a Portaria nº 52.495, que designouMARLENE ALVES DOS SANTOS para ocupar a Chefia da Divisão de Epidemiologia –DVEPD da Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu/PR.

“Em nova ligação entre CHARLLES e DR RUBENS, dia 30/01/2015, às 14:42:42horas, este conta que falou do problema entre CHARLLES e MARLENE para RENI eque este mandou abrir uma sindicância para investigar a conduta da funcionária.CHARLLES diz que concorda. RUBENS diz que se ela vier encher o saco foi por causada sindicância e que isso é para fechar o cerco em cima da funcionária. No dia05/02/2015, às 14:32:51 horas, RENI liga para CHARLLES e diz que VITORASSIligou e pergunta da confusão com a servidora que fez um relatório relacionado àscondições precárias das instalações da saúde e que por isso perdeu sua gratificação.

CHARLLES diz que é a chefe de divisão MARLENE e que se o relatório tivessechegado ao Ministério Público eles teriam fechado o hospital. Diz que vai pegar umacópia do relatório e mostrar para RENI. RENI pergunta de outra servidora que estavasem jaleco e que ao ser abordada por CHARLLES para vesti­lo, perguntou quando ia

sair o pagamento. CHARLLES diz que a demitiu. RENI volta a falar do relatório e diz

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sair o pagamento. CHARLLES diz que a demitiu. RENI volta a falar do relatório e dizque acha que o MP está aprontando alguma para o hospital. Diz que suspeita serrelacionado com o concurso público e que eles têm até março para realizá­lo.

No dia 05/02/2015, às 15:54:27 horas, CHARLLES pergunta a ARIANA se ela teriauma cópia completa do relatório entregue por MARLENE. ARIANA diz que o destruiupara acabar com as evidências. Diz que MELQUI ficou com uma cópia. CHARLLES dizque VITORASSI tem uma cópia e que ele (CHARLLES) está indo falar com RENI.ARIANA diz que se os documentos chegassem ao MP causariam a maior chateação paraeles. Diz que até relatava que os pacientes tinham que trazer toalhas de casa, sofá comremendo de chiclete e outras tantas mazelas. Já no dia 06/02/2015, às 12:43:17 horas,RUBENS volta a falar com CHARLLES e pergunta se ele já abriu a sindicância contraMARLENE. CHARLLES responde que segurou o papel. RUBENS pede que ele segure,pois BELTRAME iria conversar com o prefeito. Diz que três vereadores estariamacarretando estresse e intervindo em favor de MARLENE. CHARLLES diz que conversoucom RENI e DUSO e que este iria conversar com RODNEI. RUBENS pede que deixeBELTRAME conversar com RENI para ver o que vão resolver. CHARLLES diz quequer deixar claro que se tivessem entregado o documento que ela mandou para oMinistério Público, estariam ferrados. RUBENS conta que BELTRAME tem uma cópia.RUBENS ainda pergunta se os documentos não chegaram ao MP, o que CHARLLESconfirma”.

(...)

Mesmo contrariado, o secretário CHARLLES aceita a nomeação MARLENE, em cargocomissionado, mesmo que isso acarretasse em dois vínculos de 8h com a secretaria desaúde, por conta de um pedido do secretário MELQUI, pois o mesmo estava sofrendopressão do vereador RUDINEI DE MOURA para que renomeasse MARLENE,conforme diálogos, datados de 16/03 e 18/03/2015”.

Por meio da Portaria nº 57.210, foi MARLENE ALVES DOS SANTOS designada paraocupar a Chefia da Divisão de Epidemiologia – DVEPD da Secretaria Municipal deSaúde de Foz do Iguaçu/PR.

Acerca da supracitada nomeação, faz­se mister trazer a lume o diálogo transcrito pelaautoridade policial nas fls. 315/316 da representação digitalizada no evento nº 02,travado entre CHARLLES BORTOLO e MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREA SOUZA, o qual dá conta da forma como é gerida a Secretaria de Saúde doMunicípio de Foz do Iguaçu/PR. Senão vejamos:

“CHARLLES: o Melqui. MELQUI: o Charlles, beleza CHARLLES: beleza MELQUI: tapor onde CHARLLES: to aqui na secretaria MELQUI: cara do céu, nomeia esta mulherneste lugar que ela está lá, por que não aguento mais este Rudinei (vereador), nomeiaesta mulher, deixa ela quieta CHARLLES: voltar atrás numa decisão desta é praacabar, por causa de uma vagabunda MELQUI: então vamos conversar, eu você e oRudinei, não aguento mais CHARLLES: mais uma vez, eu nomeio ela, mas não atendonenhum pedido político dele, aqueles quinhentos pacientes que ficam levando tiro noJupira (bairro) lá dentro do hospital, volto atrás, mas vamos ver se sábado e domingo anoite vou ficar abrindo as mensagens dele para atender ele MELQUI: temos que sentareu, você e ele para você justificar suas coisas, por que eu não aguento mais.CHARLLES: tudo bem volto atrás, vou abrir uma denúncia contra ela no MinistérioPúblico por dois vínculos de 8 horas, não tem problema MELQUI: vamos chamar eleaqui e resolver isso, não aguento mais. CHARLLES: o Prefeito não pediu dedicaçãoexclusiva naquele ato, na reunião agora, como uma funcionária que tem dois vínculos de08 horas vai ter dedicação exclusiva MELQUI: então vamos conversar eu, você e eleamanhã aqui às 10h

(...)

CHARLLES: do Rudinei (vereador) lá, eu refiz a nomeação da pupila dele MELQUI:

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CHARLLES: do Rudinei (vereador) lá, eu refiz a nomeação da pupila dele MELQUI:humm CHARLLES: e avisei ela MELQUI: conversou com ela? CHARLLES: converseicom ela MELQUI: e ela falou o que? CHARLLES: a próxima vez que você não forparceira, você não precisa nem ligar para o papa, que não vou receber ninguémMELQUI: mas e a questão dos dois vínculos? CHARLLES: já avisei, avisei a ela se oMinistério Público vier em cima dela, ela está avisada que vai ter que devolver dinheiroe a Ariana estava junto, a Ariana você é prova do que estou falando pra ela, ela vai terque devolver dinheiro, então você está bem ciente Marlene. Ah, não vai acontecer nada,não eu quero saber que não vai acontecer nada, você está ciente que pode responderlegalmente sobre isso, e o pedido estava gravando, por que a bolsa dela estava abertacom o celular dela lá dentro. Estou fazendo isso a pedido do vereador Rudinei de Moura,fica bem claro pra você”.

Acerca do supracitado fato, ainda, o seguinte excerto, extraído da Informação dePolícia Judiciária nº 74/16 NIP/DPF/FIG/PR:

“Em ligação do dia 05/02/2015, às 15:54:27 horas, ARIANA ALINE STUMPF,DIRETORA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, conta a CHARLLES que MARLENE foiconversar com o vereador RUDINEI, o qual teria dito a ela que MARLENE e ANDRÉBURIASCO seriam as duas promessas de campanha que o prefeito RENI teria fechadocom ele, com a chefia para uma e horas extras para o outro. Após muita pressão,CHARLLES volta a trás de sua decisão, devolvendo a chefia para ela. Diz que aoconversar com MARLENE deixou claro que o estava fazendo a pedido de RUDINEI econta a MELQUI que ela gravou a conversa entre eles (18/03/2015, às 15:17:11 horas).Em 17/04/2015, às 12:57:38 horas, RUDINEI cobra de BELTRAME uma reunião comRENI para resolver a questão da função gratificada de MARLENE e que haviamprometido uma EE. No dia 22/04/2015, às 11:36:57 horas, CHARLLES e ARIANAconversam sobre o pedido de MARLENE de receber uma EE, encargos especiais, masCHARLLES diz que o combinado com o vereador RUDINEI foi dar uma FC (função dechefia). Mais tarde, às 11:40:01 horas, CHARLLES conta a MELQUI que MARLENEestaria pleiteando uma EE, que teria sido prometida por RENI, o que renderia umagratificação de 60%. Conta que MARLENE ganha bem e que possui dois vínculos,estado e município. MELQUI diz que MARLENE falou que RENI teria prometido umaEE para ela. Portanto, fica clara a relação espúria de RUDINEI com RENI e seussecretários. Inclusive, de acordo com os áudios, esta relação vem desde antes do iníciodo mandato de RENI, ainda na campanha política” (evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

Em seguida, narrou a autoridade policial que “também foram detectadasindicações, por Rudinei, de servidores públicos municipais para serem promovidos ouocuparem chefias, ou mesmo de seus asseclas para serem contratados pelas empresas queprestavam serviço para a PMFI (áudios índice 75200906, 75201535, 75201538 e75710300)”, sendo que, “tais benesses foram obtidas em razão do alinhamento de Rudineicom os interesses pessoais dos integrantes do executivo municipal” Nesse sentido, indicou aautoridade policial o diálogo travado por RUDINEI DE MOURA e SÉRGIO LEONELBELTRAME, indexado sob o nº 75858788:

“BELTRAME: Meu amigo Rudinei de Moura. RUDINEI: Diga chefe. BELTRAME: Seeu for candidato a Prefeito você vai ser meu vice. Como eu não sou (?). RUDINEI:Fechou. BELTRAME: (?) reeleger. RUDINEI: Ah louco velho... risos. BELTRAME:Risos. RUDINEI: Eu ia ué. Eu tava dentro. BELTRAME: Cara, com um pouco de visão,você é um cara emergente aí da política... Não preciso nada de você. To te falando decoração. RUDINEI: Eu sei. (?) BELTRAME: Escuta meu amigo, nós vamos fazer umareunião aqui as duas e meia... RUDINEI: Hunrum. BELTRAME: ... pra colocar vocês apar das negociações ai do, do... com os servidores... RUDINEI: Hunrum. BELTRAME:... e pra falar daquele projeto também. Que vai ser votado amanhã lá das atendentes.Auxiliar de atendente de creche. RUDINEI: Hunrum. BELTRAME: E outras coisinhasque vocês quiserem abordar aí com o Prefeito... RUDINEI: Tá... BELTRAME: Duas emeia. RUDINEI: Beleza então. Duas e meia eu tô aí. É na prefeitura ou naquele hotel?BELTRAME: Não não, aqui na Prefeitura mesmo no gabinete”.

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Acerca da indicação de pessoas para trabalharem em empresas contratadas pelaPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, em troca de “favores políticos”, trago a colaçãoo seguinte excerto, extraído da Informação de Polícia Judiciária nº 74/16NIP/DPF/FIG/PR:

“O mesmo vereador ainda estaria indicando pessoas para preencher vagas em empresasterceirizadas da PMFI, prática recorrente entre os políticos locais. No dia 22/05/2015,às 11:54:10 horas, RUDINEI cobra de BELTRAME a recolocação de três indicaçõessuas que teriam sido demitidas, provavelmente em uma mudança de contrato entreterceirizadas. Defende a contratação de suas três indicações para o cargo demerendeira, e cita o nome de MARIA TRENTIN. BELTRAME conta que a novaempresa é a INTERSEPT e que vai aguardar a indicação de RUDINEI através deELCIR. Explica que originalmente seriam quarenta vagas, sendo vinte para a prefeituraencaixar e mais vinte indicadas pelos vereadores, mas que RENI só autorizou acontratação de dez e pediu para segurar as restantes, por enquanto. A ingerência noscontratos é tão absurda que RUDINEI pede que BELTRAME providencie a demissãode certa SANDRA, merendeira, porque teria que se mudar para Santa Catarina e seriamais vantajoso para ela. Evidente que os encargos extras ficariam a cargo daterceirizada. Estes contratos se tornaram verdadeiras mercadorias, barganhas, queproporcionariam munição para o prefeito cooptar os vereadores, que em contrapartidaapoiariam na aprovação de projetos de seu interesse. Ainda houve mais um caso decristalina influência do vereador RUDINEI na nomeação de apadrinhados na PMFI,que é o caso de DELSI LORAINI WITZKE BELLON. No dia 21/10/2015, às 11:32:23horas, RENI conversa com a SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, LISIANEVEECK SOSA, quando conta que uma indicada de RUDINEI assumiu uma chefiadurante a licença maternidade da chefe original, e ordena que a mantenha na chefia,pois teria que atender a RUDINEI. Diz que é para mantê­la lá, mesmo que tenham quedar uma promoção para a servidora que estaria retornando. Diz que o sobrenome éBELLON e que trabalharia no Portal, na creche Júlia de Ferrais. Em consulta ao DiárioOficial do Município de Foz do Iguaçu (DOMFI), apurou­se que realmente DELSILORAINI WITZKE BELLON foi designada para assumir a coordenação do CentroMunicipal de Educação Infantil Júlia Ferrais, em substituição à titular, por motivo delicença maternidade, na edição de 03/06/2015. Para isso faria jus a função deencarregância (FE)

(...)

Dias após a ligação de RENI, DELSI foi promovida a função de diretora do CentroMunicipal de Educação Infantil Júlia Ferrais, recebendo para tal uma funçãogratificada.

(...)

Esta promoção, inicialmente prevista para perdurar até 31/01/2016, teve seus efeitosestendidos até 31/01/2019” (evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

Vê­se, portanto, a existência de fortes indicativos de que RUDINEI DE MOURAestá envolvido no esquema de loteamento de cargos e empregos estabelecido no âmbito daPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, mediante contraprestação de “favores políticos”em favor do chefe do Poder Executivo Municipal.

Com a continuidade das investigações engendradas na OPERAÇÃO PECÚLIO,foram trazidos aos autos novos elementos de informação, os quais indicam que RUDINEI DEMOURA é um dos vereadores que recebe valores decorrente do cognominado “mensalinho”,além de receber, de forma esporádica, outros recursos de origem ilícita. Nesse sentido são asdeclarações CARLOS JULIANO BUDEL, digitalizadas no evento nº 01. Vejamos:

“QUE quando assumiu a Secretaria de Obras existia uma tabela de ‘mensalinho’

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“QUE quando assumiu a Secretaria de Obras existia uma tabela de ‘mensalinho’cumprida pelo MELQUIZEDEQUE e que era direcionada ao líder do governo, overeador HERMÓGENES; QUE o ‘mensalinho’ veio à tona quando o RENI propôs atroca dos cargos comissionados – CC2 – por pagamento em dinheiro, quecorresponderia ao valor líquido do salário de um cargo, ou seja, cinco mil reais, podendoacumular vários cargos; QUE em um primeiro momento, constavam da tabela osvereadores HERMÓGENES (Mogênio), DARCI DRM, RUDINEI, COQUINHO,MARINO e EDÍLIO, sendo que a tabela resultava o pagamento de sessenta e cinco milreais, repassados pelo MELQUIZEDEQUE ao vereador HERMÓGENES; QUE deinício, a lista elaborada pelo MELQUIZEDEQUE possuía seis nomes de vereadores,sendo que quando o pagamento de propina passou a ser operado pelo colaborador,passou também a ser composta pelo vereador PAULO ROCHA; QUE ao assumir aSecretaria de Governo, os pagamentos estavam atrasados, uma vez que deveriam ter sidopagos no dia 20 de novembro de 2015, mas somente ocorreram na primeira semana dedezembro; QUE ato contínuo ao assumir a pasta, também surgiram acréscimos,aumentando o valor mensal de pagamento de sessenta cinco mil reais iniciais; QUE oacréscimo surgiu em razão de alguns vereadores terem preferido o pagamento emdinheiro em vez de ter direito à indicação do cargo; QUE o ‘mensalinho’ era fatoconhecido por todos os vereadores; QUE o RENI determinou o aumento do‘mensalinho’, que passou de sessenta e cinco mil reais para setenta e cinco mil reais aserem divididos entre os mesmos vereadores, uma vez que DARCI DRM e EDÍLIOabriram mão de mais um cargo CC2 cada um em troca de pagamento em dinheiro; QUEainda em dezembro de 2015, tomou conhecimento de que houve cobrança ao RENI porparte de vereadores que não recebiam o ‘mensalinho’ para receberem um “décimoterceiro”; QUE tal “décimo terceiro” foi recebido pelos vereadores ZÉ CARLOS, BENIe PAULO ROCHA; QUE tomou conhecimento de uma reunião entre o RENI evereadores, dentre os quais ZÉ CARLOS, no sindicado dos trabalhadores do comércio,ocasião em que o RENI levou dinheiro extra ao ‘mensalinho’, relatada pelo próprioRENI; QUE outro acréscimo ao ‘mensalinho’ foi verba de apoio político ocorrida quandoo colaborador foi procurado pelos vereadores DARCI DRM, COQUINHO, RUDINEI eMARINO GARCIA que lhe cientificaram acerca de um acordo com o RENI de que oapoio à campanha da Deputada Claudia Pereira resultaria no pagamento de cento evinte mil reais para cada um, reunião na presença do vereador DUSO e na residênciadeste; QUE tal fato confirmado pelo RENI que determinou que fosse tentado umparcelamento; QUE portanto, tais valores foram agregados à planilha do ‘mensalinho’ etiveram que ser retirados não só das obras do NILTON BECKERS, mas também da“QUALITY FLUX” e do contrato do transporte coletivo; QUE todo o pagamento do‘mensalinho’ passou a ser feito diretamente pelo colaborador ao próprio vereador; QUEos valores eram determinados pelo RENI e pagos aos vereadores, de dezembro de 2015a março de 2016, foram na seguinte forma: QUE o vereador COQUINHO recebeu trêsparcelas de dez mil reais relativas ao ‘mensalinho’ e três parcelas de vinte mil reaisreferentes à campanha da deputada Claudia, totalizando noventa mil reais; QUE quandofoi preso, ainda havia valores devidos ao vereador COQUINHO, não sabendo se elechegou a receber tais valores faltantes; (...) COQUINHO deveria receber dez mil reaisem razão do mensalinho e vinte mil reais como parte da campanha de Cláudia; EDILIOdeveria receber cinco mil reais em razão do mensalinho; MOGÊNIO deveria receber dezmil reais em razão do mensalinho e QUEIROGA, dez mil reais em razão do mensalinho;PAGAMENTOS PARA JUNHO/2016: MARINO GARCIA: cinco mil reais em razão domensalinho; RUDINEI: dez mil reais em razão do mensalinho; DARCI: dez mil reais emrazão do mensalinho; COQUINHO: dez mil reais em razão do mensalinho e vinte milreais como parte do pagamento da deputada Cláudia; EDILIO: cinco mil reais em razãodo mensalinho; MOGÊNIO e QUEIROGA: dez mil reais em razão do mensalinho;JULHO DE 2016: MARINO GARCIA e EDÍLIO: cinco mil reais em razão domensalinho; RUDINEI, DARCI, COQUINHO, MOGENIO e QUEIROGA: dez mil reaisem razão do mensalinho; QUE a finalidade do ‘mensalinho’ era manter a base de apoiodo governo, apoio que anteriormente era obtido mediante o direcionamento de cargoscomissionados e posteriormente veio a ser substituído pelo pagamento em dinheiro; QUEo colaborador possuía um documento manuscrito onde tinha o controle do pagamentotanto do ‘mensalinho’ quanto de outros valores que eram acrescidos, como os referentesao da campanha da deputada Cláudia; QUE quando da sua condução coercitiva em 19de abril de 2016 e sua prisão em 3 de maio de 2016, tal documento estava em suacarteira de bolso, mas não foi apreendido em nenhuma das ocasiões; QUE entretanto,

apresenta o documento neste momento; QUE explica os apelidos constantes de tal

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apresenta o documento neste momento; QUE explica os apelidos constantes de talmanuscrito: ZÉ BONITINHO é o QUEIROGA; PR é o PAULO ROCHA; PR EXTRA éreferente o pagamento extra ao PAULO ROCHA; DU é o DUSO; MOG é o MOGÊNIO;ZC é o ZÉ CARLOS; ED é o EDÍLIO; CO é o COQUINHO; DRM é o DARCI DRM;RUD é o RUDINEI; MAR é o MARINO GARCIA (…) (sem destaque no original).

Observo, por oportuno, que o manuscrito referido por CARLOS JULIANOBUDEL foi juntado pelo Ministério Público Federal no evento nº 11.

As declarações de CARLOS JULIANO BUDEL foram confirmadas em sedepolicial por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA. Senão vejamos:

“QUE em uma conversa com o RENI, em uma reunião realizada dentro do carro docolaborador próximo ao fórum, já que ele estava vindo de uma reunião na RPC, eleinformou ao colaborador os sete nomes dos vereadores que deveriam receber o‘mensalinho’, quais sejam: o COQUINHO; DARCI DRM; EDILIO DALLAGNOLL;MARINO GARCIA; MOGENIO; PAULO ROCHA; RUDINEI DE MOURA; QUE comoo colaborador não tinha naquela ocasião como se recordar de todos esses nomes, criouuma anotação em seu aparelho celular, aparelho que sempre menciona como prova queestá na posse do GAECO; QUE na conversa com o RENI, ele falou para que colocasseos nomes com um X, no raciocínio de que para cada X são R$ 5.000,00 (cinco mil reais),como por exemplo o COQUINHO com dois X, ou seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais), oDARCI DRM com um X e assim por diante; QUE quem recebia somente R$ 5.000,00também teria direito à indicação de uma diretoria; QUE na data que fez esse arquivo noseu celular, estava no seu veículo com o RENI; QUE o colaborador iniciou as tratativase começou a se inteirar acerca dos trâmites referentes aos pagamentos dos contratos daprefeitura, até porque precisava de agilidade nesses processos” (evento nº 01).

Por oportuno, observo que no evento nº 02 há informações prestadas peloGRUPO DE ATUAÇÃO ESPECIAL DE COMBATE AO CRIME ORGANZIADO –GAECO, nas quais estão inseridas fotografias dos celulares apreendidos em poder deMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA, retratando a tabela referidapor ele no supracitado excerto, onde consta o nome de RUDINEI DE MOURA, seguindo de“XX”.

“QUE com relação ao repasse mensal da operação “mensalinho”, o colaboradoresclarece que arrecadava o valor de 50 mil reais e, via de regra, repassava em espéciediretamente a pessoa de HERMÓGENES DE OLIVEIRA (MOGÊNIO); QUEMOGÊNIO repassava aos demais vereadores, quais sejam, COQUINHO (10 mil reais),DARCI DRM (5 mil reais), EDÍLIO DALL’AGNOL (5 mil reais), MARINO GARCIA (5mil reais), MOGÊNIO (10 mil reais), PAULO ROCHA (5 mil reais) e RUDINEI DEMOURA (10 mil reais); QUE os vereadores citados que recebiam 5 mil por mês foram osque optaram por receber este valor mais uma indicação para uma diretoria junto àPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu; QUE o colaborador não tem a ciência dosnomes indicados para tais diretorias, QUE o colaborador esclarece que a indicação detais diretorias poderiam ser a título de compensação por apoio à campanha eleitoral eque também tais vereadores poderiam receber parte dos salários destes cargosindicados; QUE existia uma listagem em posse do Secretário do governo SÉRGIOBELTRAME que dava conta do nome da pessoa e o nome do vereador que a indicou;QUE, além dessas diretorias os vereadores também tinham indicações de cargos deCC3, CC4, e nas empresas terceirizadas; QUE em uma oportunidade o Prefeito RENIsolicitou ao colaborador que controlasse tal lista, mas o colaborador, devido aoacúmulo de atribuições não teve condições de gerenciar esta atividade; QUE antes deSÉRGIO BELTRAME, a servidora de nome NEURA é quem ficava com a lista deindicações em um pendrive; QUE NEURA trabalhava junto ao gabinete do prefeito;QUE, pontualmente, da operação “mensalinho”, entregou dinheiro em espécie em duasoportunidades a PAULO ROCHA (5 mil reais), no gabinete do colaborador, e uma vez aovereador RUDINEI DE MOURA (10 mil reais), próximo ao CTG CHARRUA, noprimeiro semestre de 2015; QUE além do “mensalinho”, em uma oportunidade, noprimeiro semestre de 2015, o Prefeito RENI levou o colaborador na casa da Sra.

“KETLIN” (filha do SALVADOR RAMOS), com a qual PAULO ROCHA tinha uma

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“KETLIN” (filha do SALVADOR RAMOS), com a qual PAULO ROCHA tinha umadívida de R$ 12.500,00 referentes à sua campanha de deputado federal, sendo que ocolaborador deveria saldar essa dívida a pedido do Prefeito RENI; QUE esclarece ocolaborador que tal dívida foi paga em duas ou três vezes, resgatando o chequeempenhado de PAULO ROCHA; QUE o escritório onde o colaborador efetuou taispagamentos fica em frente ao colégio BARTOLOMEU MITRE; QUE quanto aos demaiscitados, em relação ao “mensalinho”, todos recebiam diretamente com MOBGÊNIO;QUE todas as conversas com MOGÊNIO, foram relacionadas ao “mensalinho”, comodatas de pagamento, valores em atraso, etc; QUE estabeleceram que até o dia 10 decada mês o valor da operação “mensalinho” seria repassado a MOGÊNIO; QUE emalgumas oportunidades o valor destinado a MOGÊNIO nem sempre era repassado até dodia 10, mas até o final do mês o colaborador repassava o valor destinado a ele”(MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA – evento nº 01).

São, portanto, veementes os indícios que apontam a prática reiterada do crime decorrupção, incriminado no art. 317 do Código Penal, por parte de RUDINEI DE MOURA, noâmbito da organização criminosa investigada no curso da OPERAÇÃO PECÚLIO.

A intensa e reiterada atuação de RUDINEI DE MOURA em prol da organizaçãocriminosa que se pretende desmantelar, mediante a prática, em tese, de uma série de condutasilícitas, voltadas ao enriquecimento ilícito, a manipulação financeira do jogo politico e aperpetuação do poder, são circunstâncias que evidenciam que a decretação de sua prisãopreventiva é medida absolutamente necessária a garantia da ordem pública, haja vista que hápossibilidade concreta de que, se mantido em liberdade, permanecerá no exercício da senda, emtese, delituosa, perpetuando os prejuízos causados ao erário municipal.

O Ministério Público Federal requereu a decretação da prisão preventiva dePAULO CESAR QUEIROZ, vulgo COQUINHO, sob o argumento de que a medida énecessária para garantia da ordem pública e para aplicação da Lei Penal.

Segundo consignado Informação de Polícia Judiciária nº 74/16NIP/DPF/FIG/PR digitalizada no evento nº 08 dos autos da representação criminal nº5007642­71.2016.4.04.7002, “a maioria dos vereadores deste município intensificou oscontatos com membros da PMFI após as denúncias de caixa dois realizadas em 10/03/2015.Com o vereador COQUINHO não foi diferente. Oito dias depois da denúncia, RENI conta asua esposa CLÁUDIA que se encontrou com MARINO e COQUINHO, para tratar deassunto de conhecimento dela. Um dia depois COQUINHO entra em contato com o prefeitoRENI e envia mensagens cobrando a nomeação de sua indicada para uma gratificaçãocorrespondente a um CC4, enviando as informações de MARINETE CRISTINA SCHMITZFERREIRA”.

A propósito, a Portaria nº 57.255 da Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR, inserida na Informação de Polícia Judiciária nº 74/16 NIP/DPF/FIG/PR, dáconta de que, no dia 04 de maio de 2015, MARINETE CRISTINA SCHMITZ FERREIRA foinomeada por RENI PEREIRA para exercer o cargo de provimento em comissão, SímboloASS­3, de Assessor II, função de assessoria, subordinada a Secretaria Municipal de Educação(evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

Vê­se, pois, a existência de indicativo de que a supracitada nomeação constituiucontraprestação em razão do apoio dado por PAULO CÉSAR QUEIROZ a RENI PEREIRA,após as denúncias de “caixa 2”, o que fortalecesse a tese de utilização de que cargos naPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu e empregos em empresas contratadas pelaAdministração Municipal servem de moeda de troca na busca desmedida por apoio político.

“De acordo com mensagem de dias depois, em 24/03/2015, COQUINHO não teria

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“De acordo com mensagem de dias depois, em 24/03/2015, COQUINHO não teriasomente MARINETE para indicar, pois cita lista de nomes e pede reunião para resolvera situação deles”.

Nesse sentido, consta da Informação de Polícia Judiciária nº 74/16NIP/DPF/FIG/PR indicação de mensagens de texto, diálogos telefônicos relacionados àsnomeações de PAULO CEZAR QUEIROZ.

“Em áudio do mesmo dia RENI diz a COQUINHO que só nomeariam uma pessoa nestasemana e que os demais seriam nomeados na semana seguinte. Diz que já teria passadoo nome da outra menina para FABIANO (possivelmente se referindo a RAQUELI).Tanto RAQUELI como TATIANE foram exoneradas no dia 29 de fevereiro de 2016 deseus cargos ASS­3 (antigo CC­4). Os indicativos são de que RENI estaria empregandoos exonerados em empresas terceirizadas. RENI diz que uma delas seria encaminhadanaquela semana e que as demais na semana seguinte. Por fim, em 07/03/2016, às12:46:35 horas, COQUINHO informa que os nomes de seus indicados que teriamenviado currículo para o Marco das Três Fronteiras seriam MATHEUS BRAYANRAMOS e ALEXANDRE PEDRO FELIPE. O Marco das Três Fronteiras foi objeto deconcessão vencida pela empresa CATARATAS S.A. e, ao que tudo indica, também seriaalvo de alocação de indicados dos vereadores, da mesma forma com que tem acontecidocom as empresas LABOR, IGUAÇU e INTERSEPT

(...)

Esta lista de exonerações teria sido necessária para viabilizar a contratação de agentesde apoio, como citado na reportagem abaixo, assim como em áudios. Em ligação do dia29/02/2016, às 18:18 horas, entre BENI e RENI, este deixa claro que recontrataria osexonerados por outros meios quinze dias depois. BENI sugere que eles sejam relotadosno Patronato, mas que continuassem exercendo as mesmas funções anteriores, inclusiveno mesmo local. Ficam claros os meios insidiosos da administração de comprar apoiopolítico através de verdadeiro loteamento de cargos e empregos na prefeitura, direta eindiretamente. Esta prática vem sendo realizada desde o início do mandato de RENI,mas se intensificou diante de denúncias de irregularidades em sua administração, o quepoderia gerar a criação de uma CPI. Com o acordo entre ele e os vereadores cooptadosa CPI não prosperou e os projetos de seu interesse passaram a ser aprovados, semprediante de escancaradas contrapartidas” (evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

Diante do conteúdo dos supracitados elementos de informação, é induvidosa apresença de indícios de que várias pessoas vinculadas a PAULO CÉSAR QUEIROZ foramnomeadas para o exercício de cargos na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu e empregadasem empresas contratadas pela Administração Municipal, como moeda de troca pelo apoiodado por ele a RENI PEREIRA, sobremaneira quando aportaram na Câmara Municipal deFoz do Iguaçu/PR denúncia relativas ao esquema de “caixa 2” levado a cabo no âmbito daPrefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR.

Acerca, ainda, do esquema de troca de cargos públicos por apoio politico sobinvestigação, observo que no relatório de análise de matéria digitalizado no evento nº 13, foiconsignada a existência de uma mensagens de texto no aparelho telefônico de SÉRGIOLEONEL BELTRAME, cujo interlocutor, que se identificou como MARCELO, filho doCOQUINHO, pergunta a ele se procede a informação que lhe foi repassada por seu pai, nosentido de que estava lotado no Centro Educacional, sendo de um todo estranho que oocupante do cargo público não tenha conhecimento de sua respectiva lotação, o que indica, aprincípio que referida pessoa sequer precisava comparecer em seu posto de trabalho.

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Embora os supracitados elementos de informação não tenham demostrado orecebimento de valores oriundos do esquema denominado “mensalinho”, têm eles o condão deindicar que PAULO CÉSAR QUEIROZ, em troca de apoio aos interesses do chefe do PoderExecutivo Municipal, possui a faculdade de indicar pessoas para o exercício de cargos naAdministração Pública Municipal ou para ocuparem vagas de emprego em empresas contratadaspela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, o que, por si só, constitui, em tese, o crimedo art. 317 do Código Penal.

Ocorre que, com a continuidade das investigações engendradas na OPERAÇÃOPECÚLIO, foram trazidos aos autos novos elementos de informação, os quais indicam quePAULO CÉSAR QUEIROZ é um dos vereadores que recebe valores decorrente docognominado “mensalinho”, além de receber, de forma esporádica, outros recursos de origemilícita. Nesse sentido são as declarações CARLOS JULIANO BUDEL, digitalizadas no eventonº 01. Vejamos:

“QUE quando assumiu a Secretaria de Obras existia uma tabela de ‘mensalinho’cumprida pelo MELQUIZEDEQUE e que era direcionada ao líder do governo, overeador HERMÓGENES; QUE o ‘mensalinho’ veio à tona quando o RENI propôs atroca dos cargos comissionados – CC2 – por pagamento em dinheiro, quecorresponderia ao valor líquido do salário de um cargo, ou seja, cinco mil reais, podendoacumular vários cargos; QUE em um primeiro momento, constavam da tabela osvereadores HERMÓGENES (Mogênio), DARCI DRM, RUDINEI, COQUINHO,MARINO e EDÍLIO, sendo que a tabela resultava o pagamento de sessenta e cinco milreais, repassados pelo MELQUIZEDEQUE ao vereador HERMÓGENES; QUE deinício, a lista elaborada pelo MELQUIZEDEQUE possuía seis nomes de vereadores,sendo que quando o pagamento de propina passou a ser operado pelo colaborador,passou também a ser composta pelo vereador PAULO ROCHA; QUE ao assumir aSecretaria de Governo, os pagamentos estavam atrasados, uma vez que deveriam ter sidopagos no dia 20 de novembro de 2015, mas somente ocorreram na primeira semana dedezembro; QUE ato contínuo ao assumir a pasta, também surgiram acréscimos,aumentando o valor mensal de pagamento de sessenta cinco mil reais iniciais; QUE oacréscimo surgiu em razão de alguns vereadores terem preferido o pagamento emdinheiro em vez de ter direito à indicação do cargo; QUE o ‘mensalinho’ era fatoconhecido por todos os vereadores; QUE o RENI determinou o aumento do‘mensalinho’, que passou de sessenta e cinco mil reais para setenta e cinco mil reais aserem divididos entre os mesmos vereadores, uma vez que DARCI DRM e EDÍLIOabriram mão de mais um cargo CC2 cada um em troca de pagamento em dinheiro; QUEainda em dezembro de 2015, tomou conhecimento de que houve cobrança ao RENI porparte de vereadores que não recebiam o ‘mensalinho’ para receberem um “décimoterceiro”; QUE tal “décimo terceiro” foi recebido pelos vereadores ZÉ CARLOS, BENIe PAULO ROCHA; QUE tomou conhecimento de uma reunião entre o RENI evereadores, dentre os quais ZÉ CARLOS, no sindicado dos trabalhadores do comércio,ocasião em que o RENI levou dinheiro extra ao ‘mensalinho’, relatada pelo próprioRENI; QUE outro acréscimo ao ‘mensalinho’ foi verba de apoio político ocorrida quandoo colaborador foi procurado pelos vereadores DARCI DRM, COQUINHO, RUDINEI eMARINO GARCIA que lhe cientificaram acerca de um acordo com o RENI de que oapoio à campanha da Deputada Claudia Pereira resultaria no pagamento de cento evinte mil reais para cada um, reunião na presença do vereador DUSO e na residênciadeste; QUE tal fato confirmado pelo RENI que determinou que fosse tentado umparcelamento; QUE portanto, tais valores foram agregados à planilha do ‘mensalinho’ etiveram que ser retirados não só das obras do NILTON BECKERS, mas também da“QUALITY FLUX” e do contrato do transporte coletivo; QUE todo o pagamento do‘mensalinho’ passou a ser feito diretamente pelo colaborador ao próprio vereador; QUEos valores eram determinados pelo RENI e pagos aos vereadores, de dezembro de 2015 amarço de 2016, foram na seguinte forma: QUE o vereador COQUINHO recebeu trêsparcelas de dez mil reais relativas ao ‘mensalinho’ e três parcelas de vinte mil reaisreferentes à campanha da deputada Claudia, totalizando noventa mil reais; QUEquando foi preso, ainda havia valores devidos ao vereador COQUINHO, não sabendo seele chegou a receber tais valores faltantes; (...) COQUINHO deveria receber dez milreais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parte da campanha de Cláudia;EDILIO deveria receber cinco mil reais em razão do mensalinho; MOGÊNIO deveria

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EDILIO deveria receber cinco mil reais em razão do mensalinho; MOGÊNIO deveriareceber dez mil reais em razão do mensalinho e QUEIROGA, dez mil reais em razão domensalinho; PAGAMENTOS PARA JUNHO/2016: MARINO GARCIA: cinco mil reais emrazão do mensalinho; RUDINEI: dez mil reais em razão do mensalinho; DARCI: dez milreais em razão do mensalinho; COQUINHO: dez mil reais em razão do mensalinho evinte mil reais como parte do pagamento da deputada Cláudia; EDILIO: cinco mil reaisem razão do mensalinho; MOGÊNIO e QUEIROGA: dez mil reais em razão domensalinho; JULHO DE 2016: MARINO GARCIA e EDÍLIO: cinco mil reais em razão domensalinho; RUDINEI, DARCI, COQUINHO, MOGENIO e QUEIROGA: dez mil reaisem razão do mensalinho; QUE a finalidade do ‘mensalinho’ era manter a base de apoiodo governo, apoio que anteriormente era obtido mediante o direcionamento de cargoscomissionados e posteriormente veio a ser substituído pelo pagamento em dinheiro; QUEo colaborador possuía um documento manuscrito onde tinha o controle do pagamentotanto do ‘mensalinho’ quanto de outros valores que eram acrescidos, como os referentesao da campanha da deputada Cláudia; QUE quando da sua condução coercitiva em 19de abril de 2016 e sua prisão em 3 de maio de 2016, tal documento estava em suacarteira de bolso, mas não foi apreendido em nenhuma das ocasiões; QUE entretanto,apresenta o documento neste momento; QUE explica os apelidos constantes de talmanuscrito: ZÉ BONITINHO é o QUEIROGA; PR é o PAULO ROCHA; PR EXTRA éreferente o pagamento extra ao PAULO ROCHA; DU é o DUSO; MOG é o MOGÊNIO;ZC é o ZÉ CARLOS; ED é o EDÍLIO; CO é o COQUINHO; DRM é o DARCI DRM;RUD é o RUDINEI; MAR é o MARINO GARCIA” (evento nº 01).

Observo, por oportuno, que o manuscrito referido por CARLOS JULIANOBUDEL foi juntado pelo Ministério Público Federal no evento nº 11.

As declarações de CARLOS JULIANO BUDEL foram confirmadas em sedepolicial por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA. Senão vejamos:

“QUE em uma conversa com o RENI, em uma reunião realizada dentro do carro docolaborador próximo ao fórum, já que ele estava vindo de uma reunião na RPC, eleinformou ao colaborador os sete nomes dos vereadores que deveriam receber o‘mensalinho’, quais sejam: o COQUINHO; DARCI DRM; EDILIO DALLAGNOLL;MARINO GARCIA; MOGENIO; PAULO ROCHA; RUDINEI DE MOURA; QUE comoo colaborador não tinha naquela ocasião como se recordar de todos esses nomes, criouuma anotação em seu aparelho celular, aparelho que sempre menciona como prova queestá na posse do GAECO; QUE na conversa com o RENI, ele falou para que colocasseos nomes com um X, no raciocínio de que para cada X são R$ 5.000,00 (cinco mil reais),como por exemplo o COQUINHO com dois X, ou seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais), oDARCI DRM com um X e assim por diante; QUE quem recebia somente R$ 5.000,00também teria direito à indicação de uma diretoria; QUE na data que fez esse arquivo noseu celular, estava no seu veículo com o RENI; QUE o colaborador iniciou as tratativase começou a se inteirar acerca dos trâmites referentes aos pagamentos dos contratos daprefeitura, até porque precisava de agilidade nesses processos” (evento nº 01).

Por oportuno, observo que no evento nº 02 há informações prestadas peloGRUPO DE ATUAÇÃO ESPECIAL DE COMBATE AO CRIME ORGANZIADO –GAECO, nas quais estão inseridas fotografias dos celulares apreendidos em poder deMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA, retratando a tabela referidapor ele no supracitado excerto, onde consta o nome de PAULO CÉSAR QUEIROZ(COQUINHO), seguindo de “XX”.

“QUE com relação ao repasse mensal da operação “mensalinho”, o colaboradoresclarece que arrecadava o valor de 50 mil reais e, via de regra, repassava em espéciediretamente a pessoa de HERMÓGENES DE OLIVEIRA (MOGÊNIO); QUEMOGÊNIO repassava aos demais vereadores, quais sejam, COQUINHO (10 mil reais),DARCI DRM (5 mil reais), EDÍLIO DALL’AGNOL (5 mil reais), MARINO GARCIA (5mil reais), MOGÊNIO (10 mil reais), PAULO ROCHA (5 mil reais) e RUDINEI DEMOURA (10 mil reais); QUE os vereadores citados que recebiam 5 mil por mês foram osque optaram por receber este valor mais uma indicação para uma diretoria junto à

Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu; QUE o colaborador não tem a ciência dos

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Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu; QUE o colaborador não tem a ciência dosnomes indicados para tais diretorias, QUE o colaborador esclarece que a indicação detais diretorias poderiam ser a título de compensação por apoio à campanha eleitoral eque também tais vereadores poderiam receber parte dos salários destes cargosindicados; QUE existia uma listagem em posse do Secretário do governo SÉRGIOBELTRAME que dava conta do nome da pessoa e o nome do vereador que a indicou;QUE, além dessas diretorias os vereadores também tinham indicações de cargos deCC3, CC4, e nas empresas terceirizadas; QUE em uma oportunidade o Prefeito RENIsolicitou ao colaborador que controlasse tal lista, mas o colaborador, devido aoacúmulo de atribuições não teve condições de gerenciar esta atividade; QUE antes deSÉRGIO BELTRAME, a servidora de nome NEURA é quem ficava com a lista deindicações em um pendrive; QUE NEURA trabalhava junto ao gabinete do prefeito;QUE, pontualmente, da operação “mensalinho”, entregou dinheiro em espécie em duasoportunidades a PAULO ROCHA (5 mil reais), no gabinete do colaborador, e uma vezao vereador RUDINEI DE MOURA (10 mil reais), próximo ao CTG CHARRUA, noprimeiro semestre de 2015; QUE além do “mensalinho”, em uma oportunidade, noprimeiro semestre de 2015, o Prefeito RENI levou o colaborador na casa da Sra.“KETLIN” (filha do SALVADOR RAMOS), com a qual PAULO ROCHA tinha umadívida de R$ 12.500,00 referentes à sua campanha de deputado federal, sendo que ocolaborador deveria saldar essa dívida a pedido do Prefeito RENI; QUE esclarece ocolaborador que tal dívida foi paga em duas ou três vezes, resgatando o chequeempenhado de PAULO ROCHA; QUE o escritório onde o colaborador efetuou taispagamentos fica em frente ao colégio BARTOLOMEU MITRE; QUE quanto aos demaiscitados, em relação ao “mensalinho”, todos recebiam diretamente com MOGÊNIO; QUEtodas as conversas com MOGÊNIO, foram relacionadas ao “mensalinho”, como datasde pagamento, valores em atraso, etc; QUE estabeleceram que até o dia 10 de cada mêso valor da operação “mensalinho” seria repassado a MOGÊNIO; QUE em algumasoportunidades o valor destinado a MOGÊNIO nem sempre era repassado até do dia 10,mas até o final do mês o colaborador repassava o valor destinado a ele”(Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza ­ evento nº 01)

São, portanto, veementes os indícios que apontam a prática reiterada do crime decorrupção, incriminado no art. 317 do Código Penal, por parte de PAULO CÉSARQUEIROZ, no âmbito da organização criminosa investigada no curso da OPERAÇÃOPECÚLIO.

A intensa e reiterada atuação de PAULO CÉSAR QUEIROZ em prol daorganização criminosa que se pretende desmantelar, mediante a prática, em tese, de uma sériede condutas ilícitas, voltadas ao enriquecimento ilícito, a manipulação financeira do jogopolitico e a perpetuação do poder, são circunstâncias que evidenciam que a decretação de suaprisão preventiva é medida absolutamente necessária a garantia da ordem pública, haja vistaque há possibilidade concreta de que, se mantido em liberdade, permanecerá no exercício dasenda, em tese, delituosa, perpetuando os prejuízos causados ao erário municipal.

Foi consignado na representação do evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002 que, “apesar de não compor a base formal de apoio de Reni, postando­seaté mesmo como opositor, as evidências apontam que Dilto Vitorassi se valeu de suainfluência política para barganhar junto à administração municipal, tendo inclusiveindicado asseclas para assumirem cargos comissionados na PMFI”.

Nesse sentido, foi consignado na Informação de Polícia Judiciária nº 71/16NIP/DPF/FIG/PR, digitalizada no evento nº 01 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002,digitalizada no evento nº 08 que DILTO VITORASSI faz uso de sua “cota” de comissionadosdentro da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, dentre os quais de seus dois ex­assessores diretos, que, após suas exonerações, foram nomeados para trabalhar na Prefeitura.Corroborando tal afirmação, foi citado o diálogo indexado sob o nº 75208217:

“BELTRAME – É uma exigência do VITORASSI, acerto político ai HNI­ Meu Deus do

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“BELTRAME – É uma exigência do VITORASSI, acerto político ai HNI­ Meu Deus docéu (inteligível) BELTRAME ­ (inteligível), não tinha uma Diretoria vaga era para daruma Secretaria para o Vitorassi e uma Diretoria HNI ­ aham BELTRAME ­ Ai ele faloucoloca o JUAREZ e dá a Diretoria do JUAREZ para o IRINEU RIBEIRO e outra parao JAIR SANTOS HNI ­ e o Reni pegou e fez? áudio ruim BELTRAME ­ já assumiu hojeHNI ­ hoje já? BELTRAME ­ já foi nomeado hoje HNI ­ meu Deus (inteligível), escutao que você acha?, como vai ficar agora? BELTRAME ­ o Reni está tentando no mínimodesarticular os partidos né HNI ­ ham BELTRAME ­ Ele não acertou com o PPS, masacertou com o Escadinha, já está uma divisão dentro do PT HNI ­ colocou o filho doIRINEU né? BELTRAME ­ é. E o PT a parte do DUSO, JOEL e SAMEK veio HNI ­olha rapá”.

“Como se pode perceber, realmente ocorreram as nomeações dos dois ex­assessores deDILTO VITORASSI, no D.O. de 17 de abril de 2015, de acordo com o relatado porSérgio Beltrame, Assessor Especial do Governo Reni, na época. Sendo que, IRINEURODRIGUES está nomeado para Secretaria Municipal Adjunta de Meio Ambiente eJAIR SERVO está nomeado na Assessoria Política Especial de Relações com oLegislativo, subordinada à Assessoria Especial de Governo, ambos a contar de 14 deabril de 2015” (Informação de Polícia Judiciária nº 71/16 NIP/DPF/FIG/PR ­ evento nº08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002).

Em igual sentido, o diálogo indexado sob o nº 74698983:

“CHARLLES: Oi Sergio. SERGIO BELTRAME: tudo bem. CHARLLES: tudo. SERGIOBELTRAME: já estou colhendo os frutos do pepino (ininteligível). Aparando as arestasné, ai o Reni diz o que você precisar (ininteligível) é com o Beltrame, ele fala em meunome, hoje já veio a conta e é da sua secretaria, não sei o que tá pra ser feito, é tem umatal de assistência social do P.A. do Morumbi. CHARLLES: já sei, já sei. SERGIOBELTRAME: Joanita. CHARLLES: já, a Joanita até ligou para o Papa hoje. SERGIOBELTRAME: é. CHARLLES: você é o maior peixe que me ligou hoje foi você, já ligou 5vereadores, três deputados federal , a Dilma e por último você (...). SERGIOBELTRAME: eu falei que ontem ficamos eu, o Reni e o Vitorassi aparando as arestas eacertando. CHARLLES: Aham. SERGIO BELTRAME: E ai ele ficou, reclamou de montede coisas, o Reni e a partir de hoje você não precisa falar, fala com o Beltrame, que oBeltrame fala em meu nome, para poder fazer uma média com ele e agora já veio aconta e ele já ligou para mim para ver a situação. CHARLLES: dela? SERGIOBELTRAME: dela. CHARLLES: ela quer voltar pra cá? SERGIO BELTRAME: não.ela queria permanecer no morumbi (...)”

No diálogo indexado sob o nº 76556156, por sua vez, tratam RENI PEREIRA eSÉRGIO LEONEL BELTRAME do remanejamento de uma pessoa indicada por DILTOVITORASSI:

“BELTRAME: A LISIANE falou que precisa de um rapaz lá pra VACA MECÂNICA,parece que você queria indicar o RONALDO e a gente não sabe quem é esse RONALDO.RENI: É o marido dá mulher que tá ali, mas aí é não pode os dois, né, vai ter que fazeropção um outro. É o RONALDO FORTONI. BELTRAME: A tá. RENI: É o marido daminha secretária aí. BELTRAME: Ah sei sei, ahã. RENI: Tá, eu quero, eu queria ele lá.BELTRAME: Ela quer pra semana que vem já começar a funcionar. RENI: Chama elelá, vê se... tá? BELTRAME: Mas aí ele vai ocupar que cargo? RENI: É um CC3 lá, né?BELTRAME: Porque... Não, lá tá pela TERCEIRIZADA. RENI: Ah não, então pode ser,ve se ele aceita né. BELTRAME: Ahã. RENI: Ta? Ta bom? BELTRAME: Osfuncionários são todos lá pelas terceirizada, tem parecer da Procuradoria tudo pra queseja pela terceirizada. RENI: Huhum, então tá. Mas se ele não aceitar dái eu queroindicar outro, lá não é pra deixar qualquer um não. Tá? Quero alguém meu lá. Beleza?BELTRAME: Tá, outra coisa, pera aí que tem mais... oh... ah... IVONE me chamou, elaquer tirar o diretor lá da casa do, que trabalha no SINE lá, diretor que trabalha nodesenvolvimento sócio­econômico, que é indicado pelo VITORASSI, O JEFERSON elaquer colocar o RAFAEL. E colocar o JEFERSON diretor de patrimônio, que tá vago.RENI: Hum... BELTRAME: (inaudível) providenciasse isso. RENI: Mas vai arrumarbriga com o VITORASSI? BELTRAME: É, eu vou ligar pro VITORASSI, tentar dar uma

contornada, mas eu acho que ele não vai aceitar né, porque lá é um cargo politicamente

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contornada, mas eu acho que ele não vai aceitar né, porque lá é um cargo politicamenteinteressante, né ... RENI: Huhum. BELTRAME: Outra coisa, ela não quer que aproveagora o projeto do, da auxiliar de atendente de creche e nem dos professores”.

Consta da Informação de Polícia Judiciária nº 0071/16 – NIP/DPF/FIG/PR,digitalizada no evento nº 08 dos autos nº 5007642­71.2016.4.04.7002, informação acerca daexistência de ligação entre DILTO VITORASSI e as empresas D. A. D. Martins – ME (PortalContra Ponto Foz) a Leiri Duarte Gasques – ME (Rádio Foz FM Publicações e Eventos).

“A Trade Comunicação e Marketing SS Ltda., com sede em Curitiba/PR, firmou contratocom a PMFI no valor de vultosos R$ 4.500.000,00 (quatro milhões e quinhentos milreais), com previsão de aditivo no importe de R$ 4.995.000,00 (quatro milhões,novecentos e noventa e cinco mil reais). Consoante documentos obtidos pela equipepolicial, a Trade Comunicação teria subcontratado a Portal Contra Ponto e a Rádio Fozpara prestar serviços de interesse da PMFI.

Foi levantado que a Portal possui endereço em sala no Sindicato dos Trabalhadores emTransportes Rodoviários em Foz do Iguaçu/PR. Realizada diligência no sentido delevantar a sede da Rádio Foz, a mesma não foi localizada no endereço registrado noSERPRO. Por meio de contato com o telefone dessa rádio, foi confirmado que elatambém está sediada no prédio do susodito sindicato. Eis uma inusitada convergência,vez que Vitorassi figura como presidente da diretoria executiva do sindicato. Não porcoincidência, a base eleitoral desse edil são os filiados dessa entidade de classe”.

Há indicativo, portanto, de envolvimento de DILTO VITORASSI no esquema deloteamento de cargos instituído na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR E na provávelcontratação de empresa a ele vinculada para prestação de serviços para a AdministraçãoPública Municipal.

Consta dos autos, ainda, informação de que RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA recebeu e ORLANDO ARISTIDES, representando a empresa ELECNOR DOBRASIL, ofereceu e pagou a quantia de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) para que alicitação para manutenção da iluminação pública de Foz do Iguaçu/PR fosse direcionada parareferida empresa. Deste montante, a quantia de R$ 200.00,00 (duzentos mil reais) foirepassada para DILTO VITORASSI, e R$ 100.000,00 (cem mil reais) para SÉRGIO PAULODE OLIVEIRA e R$ 100.000,00 (cem mil reais) para CLAUDIA VANESSA DE SOUZAFONTOURA PEREIRA.

“QUE alega que, em meados do mês de agosto de 2014, o Prefeito RENI PEREIRArecebeu adiantado o valor de 400 mil reais da empresa ELECNOR DO BRASIL, que,posteriormente, concorreria ao certame de manutenção da iluminação pública de Foz doIguaçu, sendo o certame direcionado para essa empresa pelo próprio Prefeito RENIPEREIRA; QUE dos 400 mil reais, o valor de 200 mil reais seria destinado para acampanha de deputado federal do Professor SÉRGIO, e os outros 200 mil reais seriamdestinados para a campanha de deputado federal do então vereador, DILTOVITORASSI; QUE o colaborador informa que houve um desentendimento entre oPrefeito RENI e o Prof. SÉRGIO (suplente do deputado federal RATINHO JUNIOR), enão houve o repasse integral a SÉRGIO, mas tão somente o valor de 100 mil reais, e osoutros 100 mil reais destinados à campanha eleitoral da deputada estadual CLAUDIAPEREIRA, conforme relatado por RENI ao colaborador; QUE a empresa ELÉCNORtinha um lobista chamado ORLANDO ARISTIDES MORALEZ, sendo que o certamepara contratação da manutenção da iluminação pública do município de Foz do Iguaçu,teria a participação da empresa ELECNOR por determinação do Prefeito RENI; QUERODRIGO BECKER participou da primeira reunião realizada na sede de empresa deORLANDO; QUE no final da execução do certame licitatório, estavam envolvidos nasecretaria de obras, HÉLIO SAMEK, diretor de iluminação pública, e outro rapaz, quetrabalhava no setor de iluminação pública, que não se recorda do nome; QUE a empresaELECNOR DO BRASIL colocou em sua proposta de licitação um valor muito alto eacabou perdendo a licitação; QUE RENI PEREIRA solicitou ao colaborador que omesmo solucionasse a questão para que a empresa ELECNOR DO BRASIL participasse

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mesmo solucionasse a questão para que a empresa ELECNOR DO BRASIL participassede outro projeto na área de iluminação pública a fim de rever o valor de 400 milaportados de forma adiantada; QUE o lobista ORLANDO, por diversas vezes, procurouo colaborador na secretaria de TI, a fim de cobrar a solução do problema ocasionado”(Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza – evento nº 01)

Diante dos supracitados elementos de informação, entendo que a conduçãocoercitiva de DILTO VITORASSI e SÉRGIO PAULO DE OLIVEIRA como medidaalternativa a prisão temporária, constitui medida necessária às investigações e proporcional aosindicativos de seu suposto envolvimento no esquema sob investigação, com o objetivo deassegurar a colheita de provas, afastando os riscos de ocultação e destruição de elementos deinformações úteis à investigação, haja vista que dificultará concertação fraudulenta de versõespara os fatos, garantindo que os investigados sejam ouvidos pela autoridade policialseparadamente, sem influências indevidas uns dos outros, como, aliás, prevê o art. 191 doCódigo de Processo Penal

Além de constar dos autos indícios do envolvimento dos supracitadosinvestigados no esquema de “loteamento de cargos e empregos” e no recebimento de“mensalinho”, foram obtidos no curso da OPERAÇÃO PECÚLIO elementos que, a princípio,dão conta de que GERALDO GENTIL BIESEK, GILBER DA TRINDADE RIBEIRO, ELÓISENE, SALETE TONELO e ODAIR JOSÉ SILVEIRA, em razão de suas funções, recebiamvalores ilícitos.

Segundo consignou o Ministério Público Federal na petição do evento nº 01,GERALDO GENTIL BIESEK, na qualidade de Presidente da Fundação Municipal deSaúde de Foz do Iguaçu/PR, solicitou e recebeu para si vantagem indevida, consistente nopagamento de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), posteriormente reduzidos para R$30.000,00 (trinta mil reais), a fim de que aderisse aos atos criminosos praticados pelaorganização criminosa investigada. Referida quantia, conforme consignado no evento nº 01, foiarrecadada entre os empresários que mantinham contratos com a municipalidade, em especial asempresas AGUIAR REFEIÇÕES e BIOCENTER, devendo paga por todo período em queGERALDO GENTIL BIESEK permanecesse como Diretor­Presidente da FundaçãoMunicipal de Saúde de Foz do Iguaçu/PR (04 de agosto de 2014 e 18 de janeiro de 2016).Além disso, noticiou o Ministério Público Federal que EUCLIDES DE MORAESBARROS JUNIOR efetuou em favor de GERALDO GENTIL BIESEK pagamentos devalores compreendidos entre R$ 10.000,00 (dez mil reais) e R$ 15.000,00 (quinze milreais), por seis vezes.

Nesse sentido, são as declarações de RODRIGO BECKER e EUCLIDES DEMORAES BARROS JUNIOR, digitalizadas no evento nº 01:

“QUE a respeito da pessoa de GERALDO GENTIL BIESEK, o colaborador o viu pelaprimeira vez em uma reunião na rádio COSTA OESTE FM, com a participação docolaborador, GIANCARLO e LENZI, sendo que a ideia era trazer um nome de pesopara a área da saúde; QUE não lembra qual era o nome mas era um sócio deGERALDO BIESEK; QUE o mesmo não aceitou, porém GERALDO assumiu a função,sendo que ficou acertado que ele ganharia R$ 30.000,00 além do salário; QUE oscomentários eram que ele somente vinha na terça e ia embora na quinta; QUE quandoMELQUIZEDEQUE assumiu a função financeira de caixa dois, no segundo semestre de2014, foi feito um esquema de arrecadação, onde se regularizou os pagamentos deGERALDO; QUE uma vez o colaborador ofereceu um carro (sonata) como parte dopagamento, com o compromisso de receber o valor correspondente deMELQUIZEDEQUE, porém o mesmo não aceito porque era sinistrado; QUE a respeitodos 30 mil o colaborador não tem certeza mas acha que foi durante todo o período emque o mesmo trabalhou; QUE acredita que era no começo do mês que se recebia odinheiro” (Rodrigo Becker – evento nº 01).

“QUE conheceu GERALDO BIESEK na Fundação de Saúde; QUE GERALDO assumiu

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“QUE conheceu GERALDO BIESEK na Fundação de Saúde; QUE GERALDO assumiuapós o período de intervenção, o qual perdurou por cerca de 2 ou 3 meses; QUEGERALDO tinha uma empresa de software e consultoria; QUE tem conhecimento que oacordo inicial entre RENI e GERALDO era de que a Fundação contratasse a empresade GERALDO para fazer a gestão e faturamento da Fundação; QUE a empresa deGERALDO corrigiria lançamentos indevidos na contabilidade da fundação, o queestaria dando prejuízo de cerca de 2 milhões ao mês; QUE acredita que tal contrataçãonão ocorreu; QUE pelo que tem conhecimento a Fundação contratou diretamenteGERALDO como Diretor Presidente e mais duas ou três pessoas; QUE, no entanto, maispessoas faziam parte da equipe de GERALDO; QUE do acordo inicial com RENI haviaum déficit de 30 mil reais; QUE o então secretário de saúde CHARLES BORTOLOtinha ciência do acordo; QUE no final de 2014, enquanto o colaborador prestavaserviço em caráter emergencial, foi procurado por GERALDO BIESEK, o qual solicitouao colaborador que o auxiliasse com o repasse mensal de 30 mil reais por mês, já quenão se concluiu a contratação de sua empresa de consultoria; QUE tal solicitação foiconfirmada pelo prefeito RENI PEREIRA em encontro com o colaborador; QUE RENIPEREIRA, inclusive, sugeriu ao colaborador que acrescesse tais valores em suacontratação junto à Fundação; QUE o colaborador realizou contrato com a Fundaçãoapós tal solicitação porém não incluiu o valor da “propina” solicitada em tal contrato;QUE o colaborador procurou MELQUIZEDEQUE e este informou que efetuaria orepasse para GERALDO por meio de recursos oriundos de JOMAA dentista; QUEacredita que os valores repassados a MELQUI por JOMAA dentista eram provenientesda BIOCENTER e possivelmente da AGUIAR REFEIÇÕES; QUE o colaborador poraproximadamente 6 vezes efetuou repasses de aproximadamente 10 a 15 mil reaisdiretamente à GERALDO a pedido de MELQUI; QUE o repasse foi realizado comrecursos próprios, mas que eram devolvidos por MELQUI no prazo deaproximadamente 15 dias após o respectivo desembolso; QUE o colaborador, por 6oportunidades ou mais, a pedido de MELQUI, recebeu recursos diretamente das mãosde JOMAA para serem entregues a MELQUI; QUE em algumas dessas vezes recebeuvalores de JOMAA no interior da BIOCENTER; QUE em algumas oportunidadesMELQUI dizia para o colaborador ficar com os recursos como ressarcimento de“empréstimos” realizados; QUE GERALDO acreditava que o colaborador estariacolaborando com a “propina” e com isso o colaborador acreditava que receberia seuscontratos em dia; QUE aceitou participar do esquema de repasse de dinheiro àGERALDO justamente para dar a impressão de que estava colaborando e obterfacilidades; QUE não possui controle escrito dos “empréstimos” realizados a MELQUI;QUE realizou algumas entregas de dinheiro à GERALDO em seu apartamento na Av.Paraná, em frente ao bar BALINAS (EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR –evento nº 01).

Consignou o Ministério Público Federal no evento nº 01, ainda, queGERALDO GENTIL BIESEK recebeu R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), oriundos deajuste entre RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e GUILHERME PAULUS, o que fez comarrimo nas declarações prestadas por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIASOUZA. Senão vejamos:

“QUE quando tudo isso já estava certo, ou seja, a composição do caixa parapagamento do mensalinho estava em ordem, o colaborador soube da dívida doGERALDO BIESEK, que foi a pessoa que veio a assumir o lugar de FERNANDOCOSSA como diretor do hospital municipal; QUE o GERALDO veio com uma equipe,que se recorda que uma pessoa tinha por nome “MARCOS” e outra que não se recorda;QUE o acordo do GERALDO era de 10 mil reais referente ao salário de diretor mais os40 mil reais como ‘plus’, ‘por fora’; QUE quando soube disso, já havia um passivo com oGERALDO de (4) quatro meses; QUE como era o colaborador a pessoa responsável portratar com os vereadores, o prefeito RENI solicitou ao colaborador que angariassefundos junto a empresas dentro do hospital para o pagamento do valor de 40 mil reais;QUE entretanto estabeleceu com o GERALDO que o pagamento do valor de R$40.000,00 (quarenta mil reais) não seria possível, pois não encaixaria com o que tinhaem caixa; QUE portanto lhe propôs o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), que ficouacordado; QUE já havia feito uma sondagem dentro do hospital, por meio doJOMAA/dentista, de quais seriam as empresas que poderiam ajudar, que foram a

AGUIAR ALIMENTAÇÃO e o laboratório BIOCENTER; QUE no final de 2014, mais

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AGUIAR ALIMENTAÇÃO e o laboratório BIOCENTER; QUE no final de 2014, maisespecificamente no início de dezembro, houve um acerto do RENI, que na verdade haviasido estabelecimento até antes disso, que foi o referente ao loteamento do ‘GOLFCLUB’; QUE RENI havia solicitado ao secretário de meio ambiente, JOAOMATKIEVICZ FILHO, que ele fizesse as tratativas; QUE JOÃO combinou com oempresário, que acredita que era alguém atrelado à CVC TURISMO, o valor de R$400.000,00 (quatrocentos mil reais); QUE nessa oportunidade, o empresário repassouinicialmente o valor de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais); QUE tal valor foicontado e conferido pelo colaborador e pelo JOÃO MATKIEVICZ na residência desteúltimo; QUE nessa ocasião o RENI estava viajando e o colaborador ligou para ele deuma forma que fez ele entender que, desse valor, o colaborador precisaria de uma partepara saldar a dívida com o GERALDO; QUE daí o JOÃO repassou ao colaborador ovalor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais); QUE nesse período da entrega desse valoraté o outro dia, o colaborador conversou com o RODRIGO e este informou quenecessitaria do valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), mas o colaborador não sabepara qual motivo; QUE como o RODRIGO possuía um veículo, um SONATA, propôs aocolaborador que repassasse trinta mil ao RODRIGO e repassasse tal veículo ‘SONATA’ao GERALDO representando o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais); QUEportanto, o colaborador foi até a residência do GERALDO, que ficava na AvenidaParaná, na frente do “Balinas”, sendo que ele aceitou tal carro pelo valor proposto;QUE tal fato ocorreu em uma sexta feira, sendo que GERALDO informou que efetuariaum viagem com tal veículo; QUE entretanto, na segunda feira seguinte, o GERALDOtinha em mãos uma ‘consulta checa tudo em relação veículo’, tendo sido verificado que oveículo era ‘sinistrado’, de modo que resolveu não mais aceitar o veículo; QUE ocolaborador procurou o RODRIGO, solicitou os trinta mil reais de volta, mas este jáhavia gastado; QUE os sessenta mil reais que tinha em mãos eram provenientes doscento e oitenta mil reais do loteamento do GOLF CLUB; QUE inclusive o RODRIGOtinha conhecimento que tal dinheiro tinha essa origem, pois ele havia participado dareunião em que tal ‘acerto’ havia sido estabelecido; QUE então o colaborador ficounessa situação delicada envolvendo o passivo do GERALDO; QUE o veículo ficouguardado na secretaria; QUE como não conseguiu resolver a situação desse passivo,resolveu pagar essa conta no ano seguinte; QUE não sabe para quem o JOÃO entregoua diferença do valor de 180 mil (já que havia ficado com sessenta mil reais), nãosabendo se foram entregues ao próprio RENI ou se destinou para utilização emdespesas da campanha da CLAUDIA; QUE esclarece que havia pego o valor junto aoJOÃO no começo de dezembro, pois lembra que esse veículo ficou guardado naSecretaria; QUE nesse período, conversou com o JOMAA/dentista e fechou os valorescom a empresa AGUIAR REFEIÇÕES e com o LABORATÓRIO BIOCENTER para termais recursos para cobrir essa despesa com o GERALDO, tanto o passivo/atrasadoquanto o mensal; QUE da empresa AGUIAR, da alimentação, da média mensalaproximada de R$ 320.000,00 (trezentos e vinte mil reais) em notas fiscais, o retorno erade 10%, ou seja 32 mil reais aproximados; QUE do laboratório BIOCENTER, que tinhaem média valores maiores, de R$ 450.000,00 (quatrocentos e cinquenta mil reais),também resultava em retorno 10%, ou seja, 45 mil reais; QUE quando acertou com essasempresas, em janeiro de 2015, o hospital possuía uma dívida com o laboratório no valorde um milhão e oitocentos mil reais; QUE no caso da AGUIAR REFEIÇÕES, estapossuía um passivo menor, já que o JOMAA aparecia com sócio oculto; QUE como olaboratório daria um retorno financeiro maior à composição do caixa, no mês de janeirode 2015 mandou um recurso com base em uma nota de R$ 700.000,00 (setecentos milreais), pois necessitava do valor de 70 mil reais, sendo que 50 mil reais seriamdestinados ao GERALDO, sobrando 20 mil reais para a composição do caixa (...) QUEo GERALDO sabia que o retorno dele viria da alimentação e do laboratório; QUE àsvezes entrava a figura do EUCLIDES como uma espécie de financiador; QUE oEUCLIDES emprestava valores ao colaborador mas não demonstrava interesse em saberpara qual o destino; QUE no fundo o EUCLIDES sabia que o destino desses‘financiamentos’ era para o pagamento do GERALDO, pois inclusive em algumasoportunidades (três ou quatro vezes) o próprio EUCLIDES foi quem repassou o valorcomplementar para o GERALDO” (evento nº 01).

Vê­se, portanto, indícios da prática reiterada do crime do artigo 317 do CódigoPenal, no bojo da organização criminosa investigada na OPERAÇÃO PECÚLIO, por parte deGERALDO GENTIL BIESEK.

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Nada obstante, não consta da petição do evento nº 01 e tampouco nas declaraçõesdigitalizadas nos eventos nº 01 e 02, indicativos da origem da afirmação no sentido de queGUILHERME PAULUS concorreu para a prática dos supracitados fatos, motivo pelo qual nãohá como ser determinada sua condução coercitiva. Por outro lado, havendo indicativo de queparticipação da empresa AGUIAR REFEIÇÕES como uma das patrocinadoras do mensalinho,faz­se mister que seu sócio JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR, seja conduzido à presença daautoridade policial, a fim de prestar esclarecimento acerca dos fatos investigados.

Observo, ainda, que nos autos da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002,GERALDO BIESEK como denunciado pela prática dos fatos narrados no item nº 6.4.1 dadenúncia, classificados como o delito do art. 90 da Lei nº 8.666/93, em razão de ter, em tese,frustrado e fraudado, mediante ajuste e combinação, o caráter competitivo do PregãoPresencial nº 061/2014, com o intuito de obter, para si, ou para outrem, vantagem decorrenteda adjudicação do objeto da licitação.

Nessa perspectiva, diante das uníssonas declarações de MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREIA SOUZA, RODRIGO BECKER e EUCLIDES DE MORAESBARROS JUNIOR, a prisão temporária de GERALDO BIESEK mostra­se imprescindível,nos termos do artigo 1º, inciso I, da Lei nº 7.960/89, visando assegurar a colheita de provas,afastando os riscos de ocultação e destruição de elementos de informações úteis à investigação.

Foi apurado no curso das investigações indícios de que GILBER DATRINDADE RIBEIRO solicitou e recebeu para si, antes de assumir o cargo de SecretárioMunicipal de Saúde, mas em razão dele, vantagem indevida, consiste no pagamento de R$40.000,00 (quarenta mil reais), oferecidos por RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, paraque aquele aderisse aos atos criminosos praticados pela organização criminosa, quantia esta quefoi arrecadada dentre entre os empresários que mantinham contratos com a PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, prática semelhante aquela noticiada em relação aGERALDO GENTIL BIESEK.

Nesse sentido, são as declarações de EUCLIDES DE MORAES BARROSJUNIOR e REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, digitalizadas nos eventos nº 01 e 02:

“QUE GILBER DA TRINDADE RIBEIRO foi Secretário de Saúde do Município de Fozdo Iguaçu; QUE, no início de 2016, RENI chamou o colaborador para uma reunião noMABU INTERLUDIUM; QUE RENI estava almoçando no local com MICAELSENSATO; QUE no final do almoço, o prefeito RENI PEREIRA lhe solicitou opagamento de valores mensais para o Dr. GILBER; QUE o colaborador realizou, emdois meses, no valor de R$ 20.000,00 reais; QUE uma das oportunidades entregou R$20.000,00 reais para GILBER na sua clínica, na avenida Brasil, cujo encontro foi objetode monitoramento visual pela Polícia Federal; QUE outra oportunidade entregou R$10.000,00 e deixou R$ 10.000,00 reais para que seu funcionário REGINALDOentregasse para o Dr. GILBER, porque o colaborador viajaria; QUE REGINALDOcomentou que entregou os 10 mil reais de maneira fracionada; QUE os valores pagospelo colaborador foram em 2016; QUE não efetuou novos pagamentos porque foi presopela POLÍCIA FEDERAL; que o pagamento de valores de propina pagas à GILBERfazia com recursos próprios que eram ressarcidos por JOMAA, através de recursosarrecadados junto a fornecedores; QUE GILBER agia no sentido de favorecer opagamento dos contratos do colaborador junto à Secretaria Municipal de Saúde”(EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR – evento nº 01).

“QUE tem conhecimento por terceiros que quando RENI convidou GILBER para sersecretário de saúde teria prometido a ele cerca de 40 mil reais complementarmente aosalário de secretário; QUE os valores que complementariam o salário de GILBER seriaoriundos de propina de “parceiros”: prestadores de serviços da prefeitura; QUE além deseu cargo na prefeitura o colaborador também trabalha na empresa CEMEDIA, depropriedade de EUCLIDES; QUE em meados de março de 2016 EUCLIDES solicitouao colaborador que entregasse a quantia de 10 (dez) mil reais para GILBER, para

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ao colaborador que entregasse a quantia de 10 (dez) mil reais para GILBER, paracomplementação do salário de GILBER; QUE o colaborador entregou os dez mil reaisem três parcelas por receio de ser pego com tal valor e ter que mostrar a origem; QUEacredita que entregou as parcelas em dias consecutivos: quinta, sexta e segunda; QUEprimeira parcela foi entregue no estacionamento da secretaria de saúde; QUE a segundafoi paga em frente a CEMEDIA, ocasião em que o colaborador entrou no carro deGILBER e entregou a quantia enquanto dava uma volta no quarteirão; QUE a terceiraparcela foi paga dentro da CEMEDIA; QUE o dinheiro foi entregue ao colaborador porEUCLIDES; QUE EUCLIDES solicitou ao colaborador que entregasse o dinheiroporque aquele teria que viajar para São Paulo; QUE acredita que o valor eraproveniente da empresa BIOCENTER (que funciona no mesmo espaço físico daCEMEDIA)” (REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO – evento nº 02).

Como se vê, são uníssonas e detalhadas as declarações de EUCLIDES DEMORAES BARROS JUNIOR e REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, as quais tem ocondão de robustecer sobremaneira os veementes indícios da inserção, de forma intensa, deGILBER DA TRINDADE RIBEIRO na organização criminosa investigada, trazendo a lume,inclusive, fato que não constitui objeto da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002,consistente no recebimento por ele de mensalino, motivo pelo qual tenho por bem deferir opedido de decretação da prisão preventiva formulado pelo Ministério Público Federal.

Segundo aduziu o Ministério Público Federal na petição do evento nº 01, noinício de 2016, ELÓI SENE, no exercício da função de Coordenador do Fundo Municipalde Saúde, solicitou vantagem indevida a EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, a fimde que este recebesse pontualmente valores devidos pela execução de contratos mantidos porsuas empresas, que prestam serviços ao Hospital Municipal. Nesse sentido, são asdeclarações de EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, digitalizadas no evento nº 01.Senão vejamos:

“QUE conheceu o servidor ELOI quando celebrou os contratos com o município; QUEELOI é servidor do Fundo Municipal da Saúde, QUE frequentava o bar do Gaúcho emfrente ao colégio Almirante Tamandaré na Vila Yolanda com um grupo de amigos; QUEem um dos encontros ELOI disse q estava em dificuldade financeira porque se apertou,QUE ELOI construía casas; QUE ELOI pediu uma “ajuda” por 4 meses; QUE pagoutrês vezes, mas que não pagou a quarta parcela porque já estava preso; QUE nãorecebeu nada de volta; QUE não chegou a cobrar; QUE conheceu ELOI com servidorpúblico; QUE não pegou nenhuma garantia do empréstimo; QUE o pagamento foi emespécie; QUE os recursos dos contratos do colaborador passam pelo fundo municipal;QUE sempre que “emprestava” dinheiro sempre tinha em mente receber os valores deseus contratos em dia”.

Além dos fatos noticiados por EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR,informou MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA que ELÓI SENEtambém recebeu vantagem indevida oriunda do esquema de devolução de verbas da CâmaraMunicipal de Foz do Iguaçu/PR, através de esquema orquestrado com as empresasPRODUTEL e RADIANTE.

“QUE conforme narrado no Anexo ­ Câmara de Vereadores ‘o retorno’, o colaboradorfoi procurado, em janeiro de 2016, pelo então Presidente da Câmara dos Vereadores,Fernando Duso, e Juarez da Silva Santos na residência do colaborador; QUE foiproposto pelas referidas pessoas ao colaborador a realização de operação queviabilizasse a devolução de recursos da Câmara de Vereadores nos moldes expostos no Anexo ­ Operação Câmara de Vereadores ‘retorno verba’­ visando o financiamento dareeleição de Fernando Duso a vereador; QUE a proposta apresentada era do enviomensal de aproximadamente R$ 500.000,00 dos recursos não utilizados para custeio dasdespesas da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu; QUE foi fixado o percentual de 8%para retorno a Fernando Duso, referentes ao valor de devolução da Câmara deVereadores ao Município; QUE o Colaborador procurou a pessoa de Antônio

(proprietário da empresa Radiante – fabricante dos filtros de energia) para acertar um

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(proprietário da empresa Radiante – fabricante dos filtros de energia) para acertar umpercentual de propina para que a Prefeitura realizasse a instalação dos filtros deenergia nos postos de saúde, referente ao registro de preços que aPRODUTEL/RADIANTE tinha junto à Prefeitura Municipal; QUE o colaborador tinhaconhecimento que a referida licitação foi montada e direcionada por ReginaldoSobrinho, referente ao registro de preços de filtros de energia (Produtel MateriaisElétricos/Radiante); QUE o colaborador esclarece que houve concordância por parte doPrefeito Reni Pereira para efetivação do esquema; QUE inicialmente seria feito atravésda Secretaria de Educação, porém não foi realizado devido a impasses com a Secretáriade Educação Lisiane; QUE o colaborador então procurou JOMAA (dentista) e esteprocurou o então Secretário de Saúde, Gilber da Trindade, para que os filtros fosseminstalados nos postos de Saúde do Município; QUE ficou estabelecido o retorno de 25%do valor das notas fiscais emitidas pela Produtel com a seguinte composição da‘propina’: Fernando Duso (presidente Câmara de Vereadores) – 8% (recebimentoatravés de Juarez da Silva Santos); Gilber da Trindade (secretário municipal de saúde) –5% (recebimento através de Jomaa); Elói Sene (coordenador do fundo municipal desaúde) – 2,5% (recebimento através de Jomaa); Mahmoud Ahmad Jomaa (dentista) ­5% (diretamente pagos a ele); Iratan (engenheiro da prefeitura) – 1% (recebimentoatravés de Juarez da Silva Santos); Colaborador – 3,5% (recebimento através deAntônio), totalizando 25%” (evento nº 01).

Vê­se, portanto, que tanto EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR,quanto MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA noticiaram a prática,por duas vezes, do crime de corrupção por parte de ELÓI SENE.

Nada obstante, entendo que referidas declarações, desacompanhadas de outroselementos, não são suficientes para autorizar a decretação de medida drástica como a prisãotemporária, haja vista que, por si sós, não constituem fortes indicativos da prática de fatosilícitos, sobremaneira porque se referem a episódios diversos.

Em que pese não autorizarem a decretação da prisão temporária, são asdeclarações de EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR e MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREA SOUZA suficientes para autorizar que ELÓI SENE seja objetode condução coercitiva, a fim de que, em substituição à prisão temporária, presteesclarecimentos à autoridade policial, sem que tenha possibilidade de ser coagido por outrosinvestigados ou que com ele combine versões a serem esposadas perante a autoridade policial.

Segundo consignou o Ministério Público Federal no evento nº 01, “Ainvestigada SALETE TONELO solicitou, para si, vantagem indevida, consistente naquantia de mil reais mensais de ANDRÉ PENZIN, funcionário de EUCLIDES DE MORAESDE BARROS JUNIOR, a qual foi paga no período de dezembro de 2014 até dezembro de2015. Em contrapartida a referida investigada, servidora pública municipal, repassavainformações privilegiadas referentes à licitação ao último”. Com efeito, requereu oMinistério Público Federal que seja decretada a prisão preventiva de SALETE TONELO,para garantia da ordem pública e para assegurar aplicação da Lei Penal.

A pretensão do Ministério Público Federal tem por fundamento as declaraçõesprestadas em sede policial por EUCLIDES DE MORAES DE BARROS JUNIOR eREGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, segundo as quais SALETE TONELO solicitou aLUIZ ANDRÉ PENZIN que lhe fosse pago o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) mensais, comocontraprestação por ter repassado a ele informações privilegiadas, relacionadas a licitaçãolevadas a cabo pela Fundação Municipal de Saúde. Senão vejamos:

“QUE após o período de contratação emergencial entre empresa do colaborador e aFundação de Saúde houve uma licitação em meados de novembro/2014, ainda emperíodo de intervenção, na gestão de GERALDO BIESEK; QUE o projeto básico/ termode referência de tal licitação foi feito por REGINALDO e os orçamentos foramsimulados por REGINALDO ou por ANDRÉ PENZIN; QUE tal termo de referência

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simulados por REGINALDO ou por ANDRÉ PENZIN; QUE tal termo de referênciaatribuía a empresa do colaborador uma vantagem competitiva e privilégios em relação aeventuais concorrentes; QUE obteve informações privilegiadas da servidora SALETETONELO, servidora do setor de compras da Fundação e pregoeira, como por exemplo onúmero e as empresas que retiraram o edital; QUE somente a empresa do colaboradorparticipou do pregão e foi ganhadora; QUE a contratação abrangia a locação deequipamentos, software, laudos, backups, e laudos de urgência e emergência 24 horas;QUE a servidora SALETE TONELO solicitou uma ajuda mensal de mil reais à ANDRÉPENZIN, funcionário do colaborador, que foi paga e perdurou de dezembro de 2014 adezembro de 2015, aproximadamente; QUE embora a licitação tenha cumpridoaparentemente as formalidades, houve vício no projeto básico e orçamentos além docolaborador possuir vantagem competitiva por já ter seus equipamentos instalados;QUE a contratação foi na gestão de GERALDO BIESEK; QUE a contratação iniciou­seem dezembro/2014 e possui previsão de término em novembro/2016; QUE pagavaremuneração mensal para SALETE TONELO em razão de sua solicitação e de suafunção; QUE caso houvesse interesse de novos contratos poderia obter benefícios eprivilégios” (EUCLIDES DE MORAES DE BARROS JUNIOR ­ evento nº 01).

“QUE o colaborador produziu o projeto básico desta licitação e entregou à ANDRÉPENZIN, funcionário de EUCLIDES, na empresa E­PEOPLE; QUE PENZIN levoupara SALETE TONELO, então pregoeira e chefe do setor de compras da Fundação,para que ela desse prosseguimento no processo; QUE ANDRE PENZIN relatou aocolaborador que ele pagava 1000 reais mensais para SALETE defender interesses dasempresas de EUCLIDES” (REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO ­ evento nº 02).

De fato, indicam os supracitados excertos que SALETE TONELO solicitou erecebeu vantagem indevida de EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, período de dozemeses, sendo que em contraprestação beneficiava as empresas deste, o que fez valendo­se docargo que ocupa na administração municipal, o que configura, em tese, o crime do artigo 317do Código Penal.

Em que pese as declarações de EUCLIDES DE MORAES DE BARROSJUNIOR e REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, tratando­se, a princípio, de condutaisolada, sem liame aparente com as ações da organização criminosa investigada, revela­sea prisão preventiva como medida desproporcional. Nada obstante, como medida alternativa enecessária para as investigações, entendo que SALETE TONELO deverá ser conduzida àpresença da autoridade policial, a fim de prestar esclarecimentos acerca do fato noticiado porEUCLIDES DE MORAES DE BARROS JUNIOR e REGINALDO DA SILVEIRASOBRINHO.

O Ministério Público Federal requereu a condução coercitiva de ODAIRJOSÉ SILVEIRA, Secretário Municipal de Saúde no período compreendido entre15/02/2013 a 22/04/2013, por receber indevidamente de MAHMOUD AHMAD JOMAA ovalor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), como contrapartida por deixar a Secretaria Municipalde Saúde, que havia sido “entregue” a TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA, comocontraprestação pelo “investimento” feito na campanha eleitoral de RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA.

“QUE quando foi pleiteado a questão da fundação, quando a princípio seria a equipe doODAIR que assumiria a gestão, nessa noite, algo aconteceu, alguma barganha, e virou ojogo para o lado do TULIO; QUE daí no outro dia, a PRÓ SAUDE desmobilizou toda asua estrutura, inclusive na área de TI, ficando tudo para a equipe do TULIO; QUEentretanto, como o ODAIR SILVEIRA era de confiança do RENI, aquele concordou emdeixar a Secretaria mas em contrapartida ficou combinado que com o dinheiro quesairia da FUNDAÇÃO, R$ 10.000,00 mensais seriam destinados ao ODAIR até o finalde 2013; QUE tal valor seria providenciado pelo JOMAA (dentista)” (Melquizedeque daSilva Ferreira Correa Souza – evento nº 01)

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Diante de tais declarações, entendo que a condução coercitiva de ODAIR JOSÉSILVEIRA, como medida alternativa à prisão temporária, em razão da existência de menoresindícios de seu envolvimento nas irregularidades, sem que tenha possibilidade de ser coagidopor outros investigados ou que com ele combinar com versões a serem esposadas perante aautoridade policial ou, ainda, fazer desaparecer elementos de prova.

VII ­ Fundação Municipal de Saúde:

Segundo se pode concluir das declarações prestadas por MELQUIZEDEQUEDA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, CARLOS JULIANO BUDEL, RODRIGOBECKER e EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, há indícios nos autos de que oinvestigado TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA “doou” de forma ilícita para campanhade RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA o valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões dereais).

“QUE o que ocorreu foi que quinze dias antes da eleição, o RENI queria ‘jogar atoalha’, daí como eles – TULIO e RENI ­ são da mesma cidade, de Santo Antônio doSudoeste/PR, o TULIO socorreu o RENI com o aporte de dois milhões de reais jácitados; QUE do ponto de vista do colaborador, tal valor pertencia de fato aoverdadeiramente ao “CASAGRANDE”, mas por questões de querer pressionar o RENIa pagar esse valor posteriormente, resolveram por relatar que o valor havia sido pegode um “agiota”; QUE em algumas reuniões na associação da SANEPAR, chegou apresenciar o RENI conversando com o TULIO, que acredita que tenha sido sobre isso,delineando a maneira como TULIO receberia de volta esse aporte” (Melquizedeque daSilva Ferreira Correia Souza – evento nº 01);

“QUE o aparecimento de Tulio Bandeira ocorreu durante a campanha comorepresentante do grupo de CASAGRANDE, empresário e ex­Secretário de Estado doGoverno Beto Richa, fruto do investimento na campanha política do Reni Pereira,visando retorno financeiro, de acordo com palavras do próprio Prefeito Reni” (CarlosJuliano Budel – evento nº 01).

“QUE o colaborador não viu o dinheiro e não pode afirmar, porém, o que dizem é queno final da campanha de prefeito, TULIO BANDEIRA doou, aproximadamente, R$2.000.000,00 para RENI PEREIRA, sem declarar” (Rodrigo Becker ­ evento nº 01).

“QUE sabe que TULIO BANDERIA teria ajudado a campanha de RENI PEREIRA comaproximadamente 2 milhões” (Euclides de Moraes Barros Júnior – evento nº 01)

Eleito, passou RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA a promover medidas nosentido de ressarcir o “investimento” feito por TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA. Paratanto, colocou em suas mãos gestão da área de saúde do Município de Foz do Iguaçu/PR(Secretaria Municipal de Saúde e Fundação Municipal de Saúde).

“QUE em maio/junho de 2013, houve o problema do TULIO em pleitear a questão dasaúde em Foz, para compensar os dois milhões que ele havia aportado na campanha doRENI; QUE portanto, nessa discussão surgiu a criação da FUNDAÇÃO MUNICIPALDE SAÚDE; QUE existiam dois grupos como fortes candidatos a assumir a gestão dessanova Fundação; QUE o primeiro grupo era capitaneado pelo ODAIR SILVEIRA, entãosecretário de saúde, juntamente com TATIANE FERRARI e CRISTIANE ORTEGA, aopasso que o outro grupo interessado era o do TULIO BANDEIRA DENIG juntamentecom o odontólogo MAHMOUD AHMAD JOMAA, ainda aliados ao ‘pessoal’ de PatoBranco/PR, que não se recorda quem são; (...) QUE quando do registro da FUNDAÇÃOno cartório, as duas equipes estavam brigando interessadas ainda estavam brigandosobre quem assumiria a gestão; QUE não se envolveu nessa situação; QUE até então,estava certo para a equipe do ODAIR assumir, entretanto, “da noite para o dia”, acabouficando para o pessoal do TULIO; QUE não sabe qual a barganha que ele fez com oRENI para conseguir isso” (Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza – evento nº01).“QUE o aparecimento de Tulio Bandeira ocorreu durante a campanha como

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“QUE o aparecimento de Tulio Bandeira ocorreu durante a campanha comorepresentante do grupo de CASAGRANDE, empresário e ex­Secretário de Estado doGoverno Beto Richa, fruto do investimento na campanha política do Reni Pereira,visando retorno financeiro, de acordo com palavras do próprio Prefeito Reni; QUEdurante a Secretaria do Governo, o colaborador acompanhou a criação da FundaçãoMunicipal de Saúde, mediante reuniões no Gabinete entre o Prefeito Reni, TulioBandeira, Secretário de Saúde Odair, Médico Jomaa, Charles Bortolo como servidor,dentre outros, das quais não participou mas ocupava a sala da Secretaria de Governovizinha; QUE ouviu destas reuniões que TÚLIO BANDEIRA era o “comandante” daFundação Municipal de Saúde, desde a terceirização, compras, laboratório econtratação de pessoal, e passou a ter o comando informal da Secretaria de Saúde”(Carlos Juliano Budel – evento nº 01).

“QUE conheceu TULIO BANDEIRA no início da FUNDAÇÃO MUNICIPAL DESAUDE; que TULIO BANDEIRA se apresentava como diretor jurídico da FUNDAÇÃO;(...); QUE todos os cargos da FUNDAÇÃO eram indicação de TULIO BANDEIRA; queTULIO BANDERIA exercia, de fato, a gestão da saúde de Foz, tanto na FUNDAÇÃOquanto na SECRETARIA DE SAÚDE; QUE MARLI TELLES é indicação de TULIOBANDEIRA (...) QUE RENI PEREIRA entregou a FUNDAÇÃO MUNICIPAL DESAÚDE para TULIO BANDEIRA como forma de recuperar o investimento realizado nacampanha de RENI PEREIRA” (Euclides de Moraes Barros Júnior – evento nº 01).

“QUE o comportamento de TULIO BANDEIRA era agressivo na tomada de decisão etravou discussões com cada Secretário de Saúde, sendo responsável pela demissão doprimeiro Secretário de Saúde, Dr. Odair; QUE tomou conhecimento através deCHARLES BORTOLO de uma discussão ocorrida entre ele e o TULIO BANDEIRA, noGabinete, em uma destas reuniões, que não chegou a ser vias de fato porque os demaisimpediram; QUE CHARLES relatou que TULIO “jogava pesado” e o Prefeito falou aocolaborador de que a “sede de TULIO era grande”” (Carlos Juliano Budel – evento nº01)

Com a gestão da área de saúde do município em suas mãos, passou TULIOMARCELO DENIG BANDEIRA a administrá­la, com a participação do grupo que passou aser “conhecido nos corredores do hospital como a ‘república de Pato Branco’” (Reginaldoda Silveira Sobrinho – evento nº 01).

“QUE o depoente aduz que foi um termo que começou a ser usado nas mídias sociais,sendo que o grupo de pessoas reunidas para o mesmo fim eram, na grande maioria,oriundas da região Centro­Oeste, no caso específico, as pessoas nominadas de TULIOBANDEIRA, BIOCENTER, MAURICIO BERNARDI, o Enfermeiro Chefe DIOGO,além de uma técnica de radiologia, que acabaram administrando o hospital; QUETULIO BANDEIRA se apresentava com diretor­jurídico, dava pareceres jurídicos emcontratos emergenciais e também dava ordens” (Reginaldo da Silveira Sobrinho ­ eventonº 02).

“(...) TULIO ficou com a área jurídica; JORGE YAMAKOCHI ficou diretor­geral, aopasso que o JOMAA ficou responsável por escolher as empresas que prestariam osserviços, tais como lavanderia, alimentação, recepção e limpeza, entre outros; QUEtambém viu que a ELIZETE, pessoa que conhecia, foi alocada na parte financeira;QUE inclusive a ELIZETE era próxima do próprio PETER, mas tanto para ocolaborador quanto para o PETER tal fato foi uma surpresa; QUE portanto, comohaviam se passado seis meses de governo, o colaborador ainda estava sem retorno (“aver navios”), pois não havia recebido nada em troca, então resolveu me aproximar doTULIO; QUE o TULIO posicionou as pessoas dele dentro da FUNDAÇÃO e começou aoperar” (Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza – evento nº 01).

Na mesma época, foi MARLI TEREZINHA TELLES, pessoa de extremaconfiança de TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, indicada para ocupar a Diretoria deGestão em Saúde, vinculada a Secretaria Municipal de Saúde, cargo que ela ocupou até a

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decretação de sua prisão preventiva, na Terceira Fase da OPERAÇÃO PECÚLIO, do qual sevaleu para a prática, em tese, de numerosos fatos criminosos, que constituem objeto da açãopenal nº 5005325­03.2016.4.04.7002.

“QUE MARLI TELLES é indicação de TULIO BANDEIRA” (Euclides de MoraesBarros Júnior – evento nº 01).

“QUE TULIO BANDEIRA indicou MARLY TELES, pessoa de sua extrema confiança,para a Diretoria de Contratos da Secretaria de Saúde” (Carlos Juliano Budel – eventonº 01).

Com a administração da saúde pública do município em suas mãos, passouTULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, com a participação de MAHMOUD AHMADJOMAA, a engendrar medidas no sentido de recuperar o “investimento” feito na campanha deRENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, mediante a obtenção, em tese, de vantagens indevidas epor meio de desvio de verbas públicas.

“QUE as empresas utilizadas foram a EMBRASIL, a ROSE LAVANDERIA, a AGUIARREFEIÇÕES, todas atreladas ao TULIO; QUE a questão dos médicos, que sempre foiuma questão complicada, foi colocada ao irmão do JOMAA, o FAISAL JOMAA, queera médico ortopedista; QUE o FAISAL foi o elo entre o YAMAKOCHI, diretor dohospital; QUE então percebeu­se que o PAULO operava com a PRÓ SAUDE de umaforma maquiada, maquiando os custos; QUE o PAULO era muito mais articulado que oRENI; QUE a equipe do RENI não era ajustada; QUE então o TULIO começou aoperar na FUNDAÇÃO para recuperar os dois milhões” (Melquizedeque da SilvaFerreira Correia Souza – evento nº 01).

“QUE no fim, dos dois milhões, o TULIO conseguiu recuperar um milhão; QUE dentreas irregularidades, surgiu a questão da compra das ceras (produto de limpeza) e dosanestésicos (produto farmacêutico); QUE o próprio dono ou representante da empresado anestésico chegou a vir a Foz do Iguaçu para indagar o motivo de uma compra tãogrande de tal produto; QUE a situação envolvendo essa compra foi algo absurdo,inclusive na época eu conversei com o TULIO, pois foi uma situação que com certezairia dar problema; QUE inclusive o conselho curador procurou a responsável pelafarmácia, que falou que havia solicitado uma quantidade bem abaixo do que de fato foicomprado; QUE queriam saber se foi um erro de digitação ou se foi má­fé, tanto da ceraquanto do anestésico, sendo que verificamos que não foi mero erro de digitação, sendoque tudo isso ficou registrado no sistema de compras do hospital; QUE todos essesprodutos de fato deram entrada no hospital; QUE acredita que o intuito disso, por tudoque foi evidenciado e a forma que houve o pagamento imediato, que não era praxe issoocorrer, era um conluio com fins de pagamento de vantagem indevida; QUE não chegoua ter conhecimento de quem realizou as tratativas referente a essa compra, masprovavelmente o CHARLES BORTOLO saiba; QUE na gestão – equipe TULIO – houveum período do YAMAKOCHI como diretor geral e FAISAL como diretor técnico, depoisveio o FAISAL como diretor geral e o diretor técnico o HELIO; QUE ficou insustentávela administração da FUNDAÇÃO pelo TULIO e pelo JOMAA” (Melquizedeque da SilvaFerreira Correia Souza – evento nº 01).

“QUE JORGE YAMAGOSHI, nomeado presidente da FUNDAÇÃO, também eraindicação de TULIO BANDEIRA; QUE CHARLLES BORTOLO não era indicação deTULIO BANDEIRA; QUE, por ocasião da intervenção no HOSPITAL, TULIOBANDEIRA ficou bravo, inclusive chegando a ameaçar CHARLLES BORTOLO; QUE,por ocasião de intervenção, foram dispensados várias pessoas que possuíam cargo naFUNDAÇÃO e que eram indicação de TULIO BANDEIRA; QUE tal fato foipresenciado por RODRIGO BECKER; QUE sabe que TULIO BANDERIA teria ajudadoa campanha de RENI PEREIRA com aproximadamente 2 milhões; QUE RENIPEREIRA entregou a FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE para TULIO BANDEIRAcomo forma de recuperar o investimento realizado na campanha de RENI PEREIRA;QUE conheceu JOMAA (dentista) através de TULIO BANDEIRA; que JOMAA erasócio de TULIO BANDEIRA; QUE JOMAA atuava em parceria com TULIO

BANDEIRA; QUE tomou conhecimento que na gestão de TULIO BANDEIRA, no

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BANDEIRA; QUE tomou conhecimento que na gestão de TULIO BANDEIRA, nohospital municipal, haviam empresas fantasmas que prestavam serviços no HOSPITAL;QUE acredita que as empresas que estariam prestando serviços no hospital porintermédio de TULIO BANDEIRA geraram uma remuneração mensal deaproximadamente 1 milhão de reais; QUE menciona as empresas de laboratório,refeição, portaria, como parceria de JOMAA e TULIO BANDEIRA, mas não sabeinformar se é sócio ou possuía alguma participação” (Euclides de Moraes Barros Júnior­ evento nº 02).

Dentre essas vantagens ilícitas obtidas, em tese, por TULIO MARCELO DENIGBANDEIRA e MAHMOUD AHMAD JOMAA, menciona­se o ingresso de empresas de seuinteresse no quadro dos fornecedores da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, como aEMBRASIL, ROSE LAVANDERIA, AGUIAR REFEIÇÕES, MEDSOFT e G1 TELECOM.

“QUE depois que o TULIO assumiu, ele passou a viabilizar o dinheiro dele, ou seja, oque ele aportou na campanha RENI, mais o dinheiro do ‘mensalinho’ e outras contasque o RENI indicava; QUE o colaborador pleiteou a área de TI do hospital, mas oTULIO não aceitou; QUE ele já possuía a indicação das empresas de TI, que eram aMEDSOFT e a G1 TELECOM; QUE a G1 TELECOM inicialmente deveria ter realizadode interligação de fibra ótica do hospital, serviço que não foi realizado mas foi pago;QUE de igual modo, a mudança do sistema TASY pelo sistema MEDSOFT fracassou, ouseja, nunca ocorreu de fato, o sistema MEDSOFT nunca chegou a gestionarsistemicamente o hospital, o que gerou o pagamento de ambas as empresas; QUE achaque o FERNANDO COSSA ficou três meses como interventor, fez alguns ajustes, mas aconta ainda não fechava; QUE com isso, as empresas que o TULIO ficaramdesestabilizadas, ou seja, somente seriam pagas mediante auditoria; QUE ainda oTULIO pleiteava o restante do dinheiro, sendo que por diversas eu presenciei reuniõesentre o RENI e o TULIO, no intuito de viabilizar a recuperação de tal saldo restante;QUE no hospital, na área de TI, era a G1 TELECOM, que era ligada aoCASAGRANDE, e a MEDSOFT, que também era ligada ao CASAGRANDE, mas no fimtudo era canalizado para o TULIO e para o JOMAA” (Melquizedeque da Silva FerreiraCorreia Souza – evento nº 01).

Assim, há indícios de que TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, juntamentecom MAHMOUD AHMAD JOMAA, praticaram irregularidades na gestão da FundaçãoMunicipal de Saúde, a fim de recuperar o “investimento” feito na campanha eleitoral de RENICLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, tendo tal situação perdurado até a decretação da intervençãodo Hospital Municipal de Foz do Iguaçu/PR.

Decretada a intervenção na Fundação Municipal de Saúde, “RENI paramostrar que era ‘o prefeito do diálogo’, (...) cedeu a possibilidade de ser nomeado ointerventor para o hospital indicado pela ITAIPU”. Assim, “entrou o FERNANDO COSSA,funcionário de carreira da ITAIPU, nomeado como interventor, ou seja, diretor geral doHospital”. Com efeito, “as empresas que o TULIO ficaram desestabilizadas, ou seja,somente seriam pagas mediante auditoria” (Melquizedeque da Silva Ferreira CorreiaSouza – evento nº 01).

Diante de tais elementos, é inegável a existência de indícios veementes doenvolvimento de TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA e MAHMOUD AHMAD JOMAA,de forma intensa e contumaz nas ações, em tese, ilícitas levadas a cabo pela organizaçãocriminosa investigada, fato que evidencia a necessidade de ser decretada a prisão preventiva deambos para garantia da ordem pública. Além disso, há que se observar, como adiante serádemonstrado, que houve, a princípio, participação de TULIO MARCELO DENIG BANDEIRAna liberação fraudulenta de licença ambiental pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente,bem como dele e de MAHMOUD AHMAD JOMAA na tentativa de instituição fraudulenta deuma Parceria Público Privada – PPP na área da saúde pública do Município de Foz doIguaçu/PR.

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Outra pessoa envolvida, em tese, nas irregularidades relacionadas à instituiçãofraudulenta de uma Parceria Público Privada – PPP na área da saúde pública do Municípiode Foz do Iguaçu/PR e também nas supostamente praticadas no âmbito da FundaçãoMunicipal de Saúde é PATRÍCIA GOTTARDELO FOSTER RUIZ, a qual, após ser frustradaa primeira tentativa de instituição da referida PPP, apesar de ter sido exonerada do cargo dediretora da Secretaria Municipal de Saúde, foi nomeada para o cargo em comissão deassessoria no setor de recursos humanos da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR e,mais tarde, veio a ser nomeada integrante da Comissão Interventora do Hospital MunicipalPadre Germano Lauck e Presidente da Fundação Municipal da Saúde e, maisrecentemente, Secretária de Saúde do Município de Foz do Iguaçu/PR, tratando­se, ao queparece, de figura onipresente no âmbito da saúde pública municipal, justamente na época em queocorreram as irregularidades descortinadas pela OPERAÇÃO PECÚLIO.

No âmbito da Fundação Municipal de Saúde, apontou o Ministério PúblicoFederal na petição do evento nº 01 dos autos nº 5010447­94.2016.4.04.7002 que PATRÍCIAGOTTARDELO FOSTER RUIZ atuou em favor de LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRAFILHO quando da contratação da empresa UNIVERSAL MED ASSESSORIA E GESTÃO ESAÚDE LTDA ME, “contemplada por um contrato milionário para prestação de serviçosmédicos junto a UPA JOÃO SAMEK e PRONTO ATENDIMENTO MORUMBI (P.A.MORUMBI)”.

Além disso, apontou o Ministério Público Federal indicativos da ocorrência deirregularidades relacionadas nos Contratos nº 277/2015, 278/2015, 279/2015, 285/2015,274/2015, 275/2015 e 276/2015, formados entre a Fundação Municipal de Saúde eempresas ligadas a LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, sendo que, in casu, “Aparticipação de PATRÍCIA GOTTADERLLO FOSTER RUIZ foi essencial e indispensávelpara celebração de referidos contratos com as empresas de LAERTES e a FUNDAÇÃOMUNICIPAL DE SAÚDE, conforme declarações de LEILA ADRIANE DOS NASCIMENTO,pessoa que atuava no setor de controladoria do Hospital”.

Por oportuno, impende observar que, como adiante será demonstrado, há nosautos indícios de que, quando da primeira tentativa de implementação de uma Parceria PúblicoPrivada – PPP na área da saúde pública no Município de Foz do Iguaçu/PR, PATRÍCIAGOTTARDELO FOSTER RUIZ atuou em favor da empresa GLOBALMED, pertencentejustamente à pessoa de LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, o que traz a lumeindicativo de que os dois andam juntos na prática, em tese, de irregularidades praticadas emdetrimento da saúde pública municipal.

“QUE foi responsável pela elaboração de 12 (doze) contratos firmados entre aFundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu/PR e a empresa UNIVERSAL MEDASSESSORIA E GESTÃO EM SAÚDE LTDA – ME e 3 (três) contratos entre aFundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu e GLOBAL SERVIÇOS MÉDICOSLTDA; QUE, com relação aso referidos contratos, a declarante relata que no dia30/12/2015, por volta das 10 horas, foi instruída pela Sra. Patrícia Gottardello FosterRuiz para que redigisse os contratos, pois os responsáveis pelas empresas estavam nacidade e precisavam assinar os instrumentos naquela dia; QUE durante a elaboraçãodos contratos permaneceram na sala da declarante o Dr. GILBER DA TRINDADERIBEIRO (Secretário Municipal de Saúde), Sra. PATRICIA GOTTARDELLO FOSTERRUIZ, Sr. RENAN GUSTAVO BAEZ, Dr. LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO,(procurador da Global Serviços), Sra. MÓNICA MARTINS JUSTINO OLIVEIRA(representante da Universal Med e irmã do Dr. Laerte) e Dra KAREN IZABELLAROGONI MARQUEZI DE OLIVEIRA; QUE a declarante percebeu bastante intimidadeentre os agentes públicos e representantes das empresas; QUE, inclusive, após aassinatura dos contratos todos saíram juntos para almoçar; QUE estranhou a pressa e ocomportamento dos envolvidos; QUE dos 15 contratos firmado no dia 30/12/2015,somente foram publicados 6; QUE desses 6 contratos publicados, 3 (três) foram firmadoscom a UNIVERSAL MED E 3 (três) com a GLOBAL SERVIÇOS, sendo que somente os

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com a UNIVERSAL MED E 3 (três) com a GLOBAL SERVIÇOS, sendo que somente oscontratos 275/2015 (serviços de Pronto Socorro), 274/2015 (serviços de pediatria clínica)e 276/2015 (serviços de UTI) foram executados; QUE a Sra. Patrícia Foster Ruizafirmou a declarante que os contratos que não foram publicados serviriam de“retaguarda” para serem utilizados em caso de necessidade; que a Sra. patríciatambém disse que orientaria quando houvesse tal necessidade para então a devidapublicação; (...)” (evento nº 01 dos autos nº 5010447­94.2016.4.04.7002).

Note­se, por oportuno, que no dia que antecedeu ao da assinatura dos referidoscontratos, foi interceptado diálogo travado entre o investigado GILBER DA TRINDADERIBEIRO comenta com RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA que acabou de conversar comLAERTES e que estava caminhando tudo “otimamente bem”, mas que precisavam dar uma forçapara liberar o contrato dele na prefeitura, mas que no hospital estava tudo certo. Na mesmaligação GILBER DA TRINDADE RIBEIRO comenta que LAERTES tinha pressa, porquequeria trazer seu pessoal em janeiro, e, em seguida, diz expressamente: “É UMA PPP”. Diantede tal observação, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA indaga a GILBER: “mas nohospital ou no quê?”, oportunidade em que GILBER esclarece que, apesar de sercredenciamento, ele que “colocar todo mundo na empresa dele” e assim “ele toca tudo”(diálogo indexado sob o nº 80093154), evidenciando a conversa que, novamente, aFundação Municipal de Saúde seria colocada nas mãos de um particular.

“Também se percebe, das declarações acima mencionadas, indícios de que PATRÍCIAFOSTER tenha alterado ordem de pagamento de fornecedores, preterindo uma série deprestadores para beneficiar e manter em dia os pagamentos das empresas do investigadoLAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO (diversamente da realidade do hospitalque trabalhava com pagamento em atraso com fornecedores de aproximadamente 4meses), o que pode caracterizar a prática reiterada do crime previsto no artigo 92 da Lei8666/93” (evento nº 01 dos autos nº 5010447­94.2016.4.04.7002).

Aceca das supostas irregularidades relacionadas a Reginaldo a contratação deLAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, informou REGINALDO DA SILVEIRASOBRINHO:

“QUE nesse período da disputa, para acalmar o LAERTE da GLOBOMED, tiveramuma ideia, que parece que partiu da sra. PATRÍCIA FOSTER, de contrata­lo viacredenciamento para prestação de serviços médicos junto à Secretaria de Saúde (UPA ePA Morumbi); QUE fizeram um contrato e fizeram o credenciamento e tornaram aGLOBOMED vencedora, mas não sabe se foi efetivado ante a revolta dos médicos locais,que já possuíam empresas prestadoras de serviço; Que PATRÍCIA se tornou presidenteda fundação Municipal, tendo também credenciado as empresas de LAERTES paraprestação de serviços médicos no Hospital; QUE o contrato é um credenciamentomedico, sendo que na fundação tiveram vários contratos menores, sendo ligado aLAERTE e a PATRÍCIA. Que alguns médicos estavam revoltados pelo motivo de queteriam que migrar de empresa e pagar taxa de administração para as empresas deLAERTES” (evento nº 16).

Além das supracitadas irregularidades, acrescentou o Ministério PúblicoFederal no pedido do evento nº 01 dos autos nº 5010447­94.2016.4.04.7002 que, no bojo doinquérito civil nº 1.25.003.002972/2016­50, tem reunido provas de gestão criminosa da saúdelocal, em complemento à investigação criminal, sendo que, nesse contexto, “no âmbito daSaúde Pública Municipal e que se encontram em fase de execução, porém a investigadaPATRÍCIA GOTTADERLLO FOSTER RUIZ, cumulando poderes de gestão da FundaçãoMunicipal de Saúde e como Secretária Municipal de Saúde tem obstruído o andamento dasauditorias, mediante sucessivas sonegações de documentos”, o que traz a lume indicativo deque sua custódia cautelar é necessária por conveniência da instrução criminal.

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Vê­se, portanto, que apesar da existência de fortes indicativos do envolvimento dePATRÍCIA GOTTARDELO FOSTER RUIZ na prática de irregularidades voltadas a beneficiarempresas ligadas a LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, inclusive com a participaçãode GILBER DA TRINDADE RIBEIRO, permanece ela, de uma forma ou de outra, sempre àfrente de importantes setores da área de saúde pública no município de Foz doIguaçu/PR, seja à época em que RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA ocupava a chefia doPoder Executivo Municipal, seja durante a administração de IVONE BAROFALDI, a qual,aliás, em que pese todo o retrospectivo negativo, a nomeou Secretária Municipal de Saúde,cargo do qual foi exonerada após o pedido de intervenção no Hospital Municipal de Foz doIguaçu/PR, formulado pelos Ministérios Público Federal e Estadual, e a mantém no cargode Presidente da Fundação Municipal de Saúde.

Aliás, acerca da onipresença de PATRÍCIA GOTTARDELO FOSTER RUIZ,impende trazer à baila as declarações de REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO,digitalizadas no evento nº 16, no sentido de “que na intervenção do município, Dr. GILBERseria presidente por ser o Secretário de saúde, mas ficou comprovado que não era opresidente de fato; QUE quem administrava de fato, era PATRÍCIA FOSTER; QUE dr.GILBER foi preterido pois não era do grupo de PATRÍCIA FOSTER; QUE PATRÍCIAFOSTER tinha o intuito ara finar radiologia, que acabaram administrando o hospital dechefe da gestão de saúde; QUE RENAN BAEZ é conhecido como assessor direto dePATRÍCIA FOSTER, sendo visto no hotel VIALLE com ela nas reuniões, na época da PPP”.

Vê­se, ao que parece, que o fato de PATRÍCIA GOTTARDELO FOSTER RUIZter sido exonerada do cargo de Secretária Municipal de Saúde não é suficiente paraacautelamento da ordem pública, haja vista que o grupo político a que pertence lhe assegura opoder de se imiscuir nas questões relativas à saúde pública no município de Foz do Iguaçu/PR,independentemente de quem seja a pessoa que esteja no exercício da chefia do PoderExecutivo Municipal, circunstância que traz a lume indicativo de que a decretação de suaprisão preventiva é absolutamente necessária para garantia da ordem pública.

VIII ­ Parceria Público Privada:

É de conhecimento notório que a administração municipal engendrou ações nosentido de estabelecer no Município de Foz do Iguaçu/PR uma Parceria Público Privada –PPP na área da saúde pública, no que não logrou êxito em razão da forte resistência enfrentada,sobremaneira por parte do Ministério Público Federal, que saiu a campo na defesa dointeresse público.

No âmbito da OPERAÇÃO PECÚLIO foram obtidos indicativos de que TÚLIOMARCELO DENIG BANDEIRA, “foi a primeira pessoa que lançou a ideia da parceriapúblico privada”, o qual apresentou para EUCLIDES DE MORAES BARROS JÚNIOR apessoa de MARCOS FATUCCI, que, por sua vez, apresentou a ele ROBERTO FLORIANI, daATUAL MÉDICA.

“QUE TULIO BANDEIRA foi a primeira pessoa que lançou a ideia da parceria públicoprivada; QUE foi TULIO BANDEIRA que apresentou MARCOS FATUCCI para ocolaborador; QUE através de MARCOS FATUCCI conheceu ROBERTO FLORIANI,da ATUAL MÉDICA; QUE JOMAA participou ativamente dos projetos da atual médicapara PPP” (Euclides de Moraes Barros Júnior – evento nº 01).

De encontro de EUCLIDES DE MORAES BARROS JÚNIOR com MARCOSFATUCCI surgiu a ideia de trazer o projeto da Parceria Público Privada ­ PPP para Foz doIguaçu/PR e para outros locais.

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“QUE, no último trimestre de 2014, esteve em Curitiba/PR, em outro compromissoagendado com TULIO BANDEIRA, no escritório dele; QUE ele conhecia MARCOSFATUCCI, médico que apresentou o projeto sobre PPP, para o hospital municipal; QUEdesse encontro surgiu a ideia do projeto; QUE conversou com REGINALDO e algumaspessoas, dentre as quais JOOMA DENTISTA, sócio da Rádio Globo; QUE eleapresentou a ideia no intuito de levar a PPP para Foz do Iguaçu/PR e outros locais;QUE nessa época RENI e TULIO BANDEIRA já estavam “se enroscando” (Euclides deBarros Moraes Júnior – evento nº 01).

Com efeito, EUCLIDES DE MORAES BARROS JÚNIOR apresentou a ideiada Parceria Público Privada – PPP para MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA e REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, sendo que o primeiro alevou ao conhecimento de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA.

“QUE conversou com MELQUI e REGINALDO, apresentando a ideia da PPP; QUEMELQUI apresentou a ideia para o prefeito municipal RENI PEREIRA; QUE nãolembra o mês que teve a conversa com MELQUI, acreditando que fora no final de 2014;QUE MARCOS FATUCCI foi quem vendeu a ideia da PPP, chegando a vir a Foz doIguaçu/PR para tratar do projeto; QUE RENI soube que aconteceu um problema naregião Sul com MARCOS FATUCCI, especificamente na Cruz Vermelha, razão pela qualnão quis mais ele no projeto da PPP; QUE ROBERTO FLORIANI era sócio deMARCOS FATUCCI, mas rompeu a sociedade com ele e assumiu o projeto da PPP, coma anuência de RENI” (Euclides de Barros Moraes Júnior – evento nº 01).

No ano de 2015, “em virtude de diversos problemas na área da saúde domunicípio, o prefeito RENI PEREIRA estava buscando um novo modelo de gestão; QUEnessa ocasião estava operando o modelo FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE,anteriormente havia operado a OS – ORGANIZAÇÃO SOCIAL PRÓ­SAÚDE, sendo que oprefeito entendeu que o modelo PPP – PARCERIA PÚBLICO­PRIVADA seria o melhor aser adotado; QUE foi feita uma reunião entre o colaborador, o prefeito e o Dr. LAERTE,proprietário da GLOBOMED; QUE o Dr. LAERTE se interessou pelo projeto e defendeu aimplantação de um modelo que contemplasse tanto as unidades de urgência e emergênciaUPA João Samek e PA Morumbi, quanto a construção de uma nova UPA no Porto Meira, coma posterior adição do Hospital Municipal;. QUE o Dr. LAERTE era ligado à PATRICIAFOSTER, que já trabalhava na secretaria de saúde; QUE a informação sobre a intenção deimplantação do novo modelo se tornou conhecida dentro da prefeitura, de modo que aequipe do TULIO BANDEIRA, por meio da empresa ATUAL MÉDICA, de propriedade doDr. ROBERTO FLORIANI aliado ainda a uma outra pessoa, da qual o nome o colaboradornão recorda, também de igual modo manifestou interesse em desenvolver o projeto da PPP”(Melquizedeque Da Silva Ferreira Correia Souza – evento nº 01).

Para levar a cabo a implantação da Parceria Público Privada – PPP foiconstituída uma comissão e, na sequencia, convocadas empresas para manifestarem interesseem participar do projeto, a partir do que foram formados dois grupos, compostos porempresários e agentes públicos: GLOBALMED, cujos interesses eram defendidos porLAERTE, PATRÍCIA GOTTARDELO FOSTER RUIZ, SANDRA BARRETO, ALICEMARIA MACEDO e CLÁUDIO, e ATUAL MÉDICA, cujos interesses eram patrocinados porROBERTO FLORIANI, EUCLIDES DE MORAES BARROS JÚNIOR, REGINALDO DASILVEIRA SOBRINHO, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA,TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA e MAHMOUD AHMAD JOMAA.

“QUE os passos para que essa modalidade viesse a ser implementada seria inicialmenteestabelecer a comissão de avaliação da PPP (sendo que já havia uma lei municipal queestabelecia quais seriam os cargos dentro da prefeitura que fariam parte de talcomissão), sendo que na sequência as empresas interessadas apresentariam aspropostas; QUE portanto, o interesse no projeto ficou estabelecido entre: GLOBOMED,do Dr. LAERTE, apoiado pela PATRICIA FOSTER, SANDRA BARRETO, entãoauditora da secretaria de saúde, ALICE MARIA MACEDO e CLAUDIO, esposo da

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auditora da secretaria de saúde, ALICE MARIA MACEDO e CLAUDIO, esposo daAlice, que era enfermeiro e a ATUAL MEDICA, de propriedade do Dr. ROBERTOFLORIANI DE CARVALHO, apoiada pelo colaborador, pelo EUCLIDES DE MORAESBARROS e pelo REGINALDO SOBRINHO” (Melquizedeque Da Silva Ferreira CorreiaSouza – evento nº 01).

“QUE não participou do PMI 001, apenas fez o projeto na parte de radiologia; QUE noPMI 001 havia dois grupos interessados na PPP, o grupo de LAERTE (GLOBOMED) eo grupo de ROBERTO (ATUAL MÉDICA)” (Euclides de Barros Moraes Júnior – eventonº 01).

“QUE LAERTE (GLOBOMED) surgiu no projeto da PPP por meio de RENI e dePATRICIA FOSTER; QUE soube que do grupo de LAERTE participavam PATRICIAFOSTER, SANDRA, ALICE (atual Secretária de Saúde) e o marido dela; QUE essegrupo escreveu o projeto da PPP apresentado pela GLOBOMED; QUE nessa época oSecretário de Saúde era CHARLES BORTOLLO, acreditando que ele tinha preferênciapelo grupo de LAERTE; QUE não sabe se LAERTE é indicação de RATINHO JR., massabe que RATINHO JR. possuía mais influência sobre o Prefeito RENI; QUE MELQUInão mantinha contato com ROBERTO FLORINI; QUE acredita que RENI “vendeu aPPP para os dois grupos” (Euclides de Barros Moraes Júnior – evento nº 01).

“QUE JOMAA participou do projeto da PPP, tanto no PMI 001 como no PMI 002; QUEJOMAA, ligado a TULIO BANDEIRA, estava junto com a ATUAL MÉDICA; QUEJOMAA fazia o meio de campo para que o projeto andasse; QUE REGINALDOrepresentava o depoente, sendo que seu interesse era dar continuidade à prestação deserviços na parte de radiologia no âmbito da PPP; QUE o interesse de JOMAA tambémera o de prestar serviços no âmbito da PPP, como como limpeza, portaria, laboratório,alimentação; QUE a parte de radiologia do projeto da ATUAL foi feito pelo depoente,por meio do trabalho de REGINALDO” (Euclides de Barros Moraes Júnior – evento nº01).

Segundo informou EUCLIDES DE MORAES BARROS JÚNIOR, na primeiratentativa de implementação da Parceria Público Privada – PPP, “ATUAL foi desclassificadado PMI 001 por perda do prazo para apresentação do projeto; QUE a ATUAL haviarequerido prorrogação do prazo para a apresentação do projeto, mas houve um ardil porparte de PATRICIA FOSTER, a qual anuiu verbalmente, mas depois indeferiu aprorrogação; QUE nesse momento percebeu “o jeito RENI” de atuar” (evento nº 01).

Em razão do confronto de interesses que se estabeleceu entre os interessados noprojeto, foi a primeira tentativa de implantação da Parceria Público Privada – PPPabandonada.

“QUE pelo modelo adotado, poderia haver a composição para formação do projeto, ouseja, adotar parte do projeto de uma em conjunto com parte de outra; QUE entretanto,as empresas não tinham nenhuma intenção que houvesse essa composição; QUE porconseguinte, as empresas apresentaram seus projetos para a comissão; QUE ocolaborador esteve em posse desses projetos para avaliação durante uma semana, ondeidentificou que a empresa por si apoiada havia de fato elaborado um projeto melhor, aopasso que a GLOBOMED não havia apresentado um projeto tão bem detalhado; QUEentão mostrou ao prefeito que o melhor projeto era da ATUAL MEDICA; QUE então foimarcada a reunião de apresentação de propostas, onde esteve presente a comissão,inicialmente o Dr. ROBERTO FLORIANI e sua equipe por parte da ATUAL MEDICA eposteriormente a GLOBOMED e equipe; QUE na apresentação, todos osquestionamento que o colaborador fez a GLOBOMED foram no intuito de rebaixar aqualidade do projeto apresentado, sendo que todos os seus apontamentos foram feitosem favor da ATUAL MEDICA; QUE enfim, essa disputa causou um desconforto muitogrande, uma vez que a PATRICIA FOSTER possuía forte apoio político, de modo quenesse primeiro momento, não se levou a frente a implementação do modelo”(Melquizedeque Da Silva Ferreira Correia Souza – evento nº 01).

“QUE após a desclassificação da ATUAL MÉDICA no PMI 001, o projeto da PPP foi

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“QUE após a desclassificação da ATUAL MÉDICA no PMI 001, o projeto da PPP foiabandonado temporariamente” (Euclides de Barros Moraes Júnior – evento nº 01).

Embora tenha fracassada a primeira tenha tentativa de implementação da ParceriaPúblico Privada – PPP, os envolvidos no fato já haviam estabelecidos os moldes de seufuncionamento e, inclusive, os valores que seriam repassados ao chefe do Poder ExecutivoMunicipal quando da assinatura do contrato, além de repasses mensais.

“QUE entretanto, nessa ocasião já havia sido estabelecido pelo colaborador, peloJOMAA e pelo EUCLIDES, com anuência de ROBERTO, que o repasse ao RENI seriano valor de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) em razão daimplementação/assinatura do contrato e posterior repasses mensais de R$ 150.000,00(cento cinquenta mil reais), além de um rateio dos serviços prestados, como a destinaçãodo laboratório para a BIOCENTER (nas pessoas de EVANDRO e MAURICIO IOP),recepção, limpeza e alimentação para a equipe do TULIO BANDEIRA/JOMAA­DENTISTA, com a exceção que a alimentação não deveria ficar para a AGUIAR emrazão de desacertos anteriores; a radiologia ficaria com a empresa do EUCLIDES –“E­PEOPLE”, ao passo que o colaborador ficaria com a parte de tecnologia; QUE aparte médica seria estabelecida pelo Dr. LAERTE e toda a parte jurídica ficaria com aprocuradora MARIA LETIZIA FIALA; QUE enfim, o projeto acabou suspenso, mas aideia da PPP já havia sido estabelecido nesses moldes; QUE todas essas tratativas foramfeitas entre o colaborador, o JOMAA/dentista e o Dr. ROBERTO FLORIANI; QUEexplica ainda que seria feito um consórcio entre empresas, figurando a ATUALMÉDICA, uma construtora e a empresa do EUCLIDES – E­PEOPLE, visando atendertanto os interesses do colaborador quanto os do JOMAA; QUE seria a construtora queiria executar tanto a reforma do UPA – João Samek, reforma do PA Morumbi econstrução da UPA Porto Meira” (Melquizedeque Da Silva Ferreira Correia Souza –evento nº 01).

Importante observar que, segundo informou MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREIA SOUZA, embora tenha combinado com ele os valores que receberiacom a implementação da Parceria Público Privada – PPP, RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA adotou um posicionamento neutro em relação aos grupos que a disputavam, “pois domesmo modo que o colaborador estava apoiando uma empresa, a PATRÍCIA FOSTER, porlógico também deveria ter uma proposta de repasse para ao RENI; QUE então essaprimeira fase de tentativa de implantação do modelo não progrediu em razão dessa briga etambém em razão de algumas formalidades que não foram respeitadas” (evento nº 01).

Note­se, por oportuno, que PATRÍCIA GOTTARDELO FOSTER RUIZ,“embora tenha sido exonerada do cargo de diretora da Secretaria Municipal de Saúde(com a frustração do PMI 001/2014), foi nomeada para o cargo em comissão de assessoriano setor de recursos humanos e, mais tarde, veio a ser nomeada integrante da comissãointerventora do Hospital Municipal Parde Germano Lauck e Presidente da FundaçãoMunicipal da Saúde” (evento nº 01), o que reforça a tese de que se trata de pessoa que, de umaforma ou de outra, está relacionada com as irregularidades, em tese, perpetradas na área dasaúde municipal.

“Registre­se que a presença de PATRÍCIA FOSTER no COMUS (conforme descritopelos colaboradores), defendendo a PPP, juntamente com a empresa ATUAL MÉDICA écorroborada por carta denúncia (fls. 75/78 do PP nº 1.25.003.002020/2016), subscritapela Conselheira OLGA SOUZA:

SINTESE: Em abril de 2015, a então Diretora de Assistência Especializada daSecretaria de Saúde, Patrícia G. F. Ruiz, esteve no COMUS/FOZ apresentando o projetoPPP, acompanhada por representantes da empresa ATUAL MÉDICA GESTÃO EMSAÚDE LTDA, cujo projeto foi reprovado, por unanimidade de votos, pela Plenária do

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Conselho em maio de 2015, culminando a exoneração das Diretoras que encabeçavam oprojeto, Sras . Patrícia Foster e Sandra e Ferreira do Nascimento, que atualmente estãoà frente da Gestão do Hospital Municipal­HM.

Diante de tais colaborações, pode­se se constatar que, de fato, PATRÍCIA FOSTERparticipou do crime de fraude à licitação, bem como ocupava posição importante noGoverno RENI PEREIRA, o que pode revelar participação na organização criminosa”.

Na segunda tentativa de se implementar a Parceria Público Privada – PPP, peloque indicam os elementos de informação colacionados aos autos, o edital estava direcionadopara a empresa ATUAL MÉDICA GESTÃO EM SAÚDE LTDA, devido a atuação deEUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO eMARIA LETIZIA JIMENEZ ABBATE FIALA, ficando estabelecido que parcela dos serviçosseria repassada para a GLOBOMED, evitando assim a concorrência direta entre as empresas.

“QUE a PPP “ressuscitou” numa conversa que teve como RENI, em que este manifestoua intenção de fazer uma “fusão” entre LAERTE e ROBERTO FLORIANI num únicoprojeto; QUE houve uma reunião no Hotel Wish Golf entre o colaborador, RENI,LAERTE e ROBERTO para tratar da fusão no projeto da PPP; QUE nessa ocasiãoRENI sugeriu que dividissem o lucro da PPP em quatro partes, ou seja, 25% para cadaum, incluindo ele, Prefeito; QUE o PMI 002 foi lançado em setembro de 2015 e emnovembro de 2015 o projeto da ATUAL foi sagrado vencedor; QUE, no final de 2015”(Euclides de Barros Moraes Júnior – evento nº 01).

Importante observar que, em ambas as tentativas de implementação da ParceriaPúblico Privada – PPP houve a participação direta de MAHMOUD AHMAD JOMAA,ligado a TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, ambos apontados como responsáveis pelaprática de irregularidades quando da instituição da Fundação Municipal de Saúde, voltadas arecuperar os R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) “investidos” na campanha eleitoral deRENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA.

“QUE JOMAA participou do projeto da PPP, tanto no PMI 001 como no PMI 002; QUEJOMAA, ligado a TULIO BANDEIRA, estava junto com a ATUAL MÉDICA; QUEJOMAA fazia o meio de campo para que o projeto andasse; QUE REGINALDOrepresentava o depoente, sendo que seu interesse era dar continuidade à prestação deserviços na parte de radiologia no âmbito da PPP; QUE o interesse de JOMAA tambémera o de prestar serviços no âmbito da PPP, como como limpeza, portaria, laboratório,alimentação; QUE a parte de radiologia do projeto da ATUAL foi feito pelo depoente,por meio do trabalho de REGINALDO” (Euclides de Barros Moraes Júnior – evento nº01).

“QUE nessa segunda fase, o TULIO BANDEIRA e o JOMAA continuaram envolvidoscom a ATUAL MEDICA” (Melquizedeque Da Silva Ferreira Correia Souza – evento nº01).

Em síntese, a segunda tentativa de implantação da Parceria Público Privada –PPP era um “jogo de cartas marcadas”, onde, qualquer que fosse a empresa vencedora dalicitação, todos os envolvidos nos grupos que se confrontaram na primeira tentativa sairiambeneficiados com a subdivisão dos serviços que seriam prestados dentro do novo molde gestãoda área de saúde pública.

Para o fim de assegurar o sucesso da empreitada, em tese, criminosa, surge apessoa de MARIA LETÍZIA JIMENEZ ABBATE FIALA, à qual foi acometido o mister defazer o processamento do segundo certame licitatório e direcioná­lo a ATUAL MÉDICAGESTÃO EM SAÚDE LTDA, a qual, segundo MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA e EUCLIDES DE MORAES BARROS JÚNIOR passou a solicitarvantagens indevidas de, dentre outros, ROBERTO FLORIANI.

“RENI apresentou ao colaborador a Procuradora LETIZIA, informando que ela seria a

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“RENI apresentou ao colaborador a Procuradora LETIZIA, informando que ela seria apessoa encarregada de tocar a licitação da PPP e direcioná­la para a ATUALMÉDICA; QUE LETÍZIA recebeu em algumas oportunidades, não sabe quantas masmais de uma vez, o valor de 5 mil reais de ROBERTO FLORIANI; QUE uma vezLETIZIA solicitou ao colaborador o valor de 2 mil reais para uma viagem a Curitiba/PR;QUE o colaborador atendeu a solicitação pelo papel que ela desempenhava na licitaçãoda PPP; QUE sabe que corria na Câmara de Vereadores um projeto para incluir a PPPna lei orçamentária; QUE RENI garantiu que a lei seria aprovada, porque possuía umgrupo de vereadores que votavam em favor de seus interesses; QUE não sabe seaprovação decorreu de pagamento de “mensalinho”; QUE, reproduzido o áudio deíndice nº 791587787, o colaborador esclareceu: QUE a conversa tratava de um pedidoa LETIZIA para que ela não fizesse nenhuma alteração no projeto apresentado pelaATUAL Médica e que seria objeto de consulta pública; QUE no PMI 001 PATRÍCIAFOSTER fez alterações no projeto, que acarretaram dificuldades para a ATUALMÉDICA, favorecendo a GLOBOMED; QUE por isso houve o pedido expresso aLETIZA para não mudar o projeto; QUE, quando disse “teve um que refugou, foi poroutro lado, mesmo assim deu certo”, referiu­se ao voto do vereador Paulo Rocha, quevotava conforme os interesses de RENI, na sessão que deliberou sobre a leiorçamentária da PPP; QUE o grupo de RENI na Câmara é formado pelos vereadoresque votaram a favor da PPP, bem como Paulo Rocha, razão pela qual seu voto contráriocausou surpresa no colaborador; QUE não sabe da participação de GILBER e deValter no direcionamento da contratação da PPP; QUE tinha contato direto com RENI,LETIZIA e ROBERTO no trato das questões da PPP” (Euclides de Moraes BarrosJúnior ­ evento nº 01).

“QUE a Dra. MARIA LETIZIA, em uma oportunidade, solicitou ao colaborador paraque solicitasse ao EUCLIDES a compra de algumas passagens aéreas paraCuritiba/PR; QUE levou tal fato ao conhecimento de EUCLIDES e acredita que taispassagens foram providenciadas; QUE ainda, nessa questão, a Dra. MARIA LETIZIAatuaria juridicamente em favor da ATUAL MEDICA e percebendo ‘salário’ para tanto”(Melquizedeque Da Silva Ferreira Correia Souza – evento nº 01).

Nesse contexto, MARIA LETÍZIA JIMENEZ ABBATE FIALA, juntamente comPATRÍCIA GOTTARDELO FOSTER RUIZ, esta assessorada por RENAN GUSTAVO BAEZ,realizaram um destinado a convencer vereadores e membros do Conselho Municipal de Saúdeacerca das supostas vantagens de ser instituída a Parceria Público Privada – PPP, dentreoutras supostas irregularidades, informadas por REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO,quando inquirido em sede policial. Senão vejamos:

“QUE no período da segunda PPP, foi feito curso sobre PPP em Foz do Iguaçu, trazendopessoal de Salvador e Belo Horizonte, locais onde já fizerem PPP, com objetivo deconvencer os vereadores e COMUS sobre a vantagem de contratação­ Que LETIZIAtrouxe novamente PATRÍCIA FOSTER para o centro de decisões, sendo inclusiveresponsável pela organização do evento; QUE participou de cursos sobre novos projetosde PPP; QUE elas coordenaram esses projetos novos; Que sabíamos que PATRÍCIAFOSTER estava ajudando a GLOBOMED e ficou sabendo que a ATUALMÉDICA haviafeito uma fusão com a GLOBOMED, que ficaria com uma fatia da PPP, casoROBERTO FLORIANI fosse vencedor; Que LETIZIA pegou os projetos (o atual e o daGLOBO) e viajou para Curitiba/PR, onde discutiu o ROBERTO FLORINl osparâmetros; QUE a atual medica sagrou­se vencedora para realização de estudo; QUE,funciona assim, se fosse usado o projeto, a empresa deveria ressarcia eles das despesas;QUE foi feito edital para consulta pública, sendo que começou pressão na câmara; QUEfoi feito um edital sendo colocado para concorrência; QUE tal edital foi totalmentedirecionado para a empresa ATUAL MÉDICA e teve ampla participação de LETIZIA,PATRÍCIA FOSTER e seu assessor RENAN; QUE uma das provas do direcionamentofoi a mudança de nomemclatura de carta de crédito requisitada pelo participante, parase amoldar à carta de crédito do BNDS que ROBERTO FLORIANI havia conseguido;QUE, posteriormente, ficamos sabendo que esse edital não valeria, pois precisaria de umparecer jurídico; QUE mesmo assim o procedimento de PPP continuou em andamento;Que RENI achou que iria gastar muito com o novo projeto, em torno de R$7.000,000,00 a R$ 10.000,000,00 mensais. Que junto com a dra. LETIZIA chega a sra.

PATRÍCIA e o assessor RENAN queriam acompanhar a elaboração do edital; QUE foi

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PATRÍCIA e o assessor RENAN queriam acompanhar a elaboração do edital; QUE foirealizado uma reunião no VIALLE CENTRO, sendo que ficaram conversando sobrecomo deveriam proceder para se chegar a um custo menor; Que se previa prejuízosiniciais; Que tentou­se fazer uma forma que a ATUAL MÉDICA conseguisse um melhorresultado; Que foi agendado apresentação do edital, tendo participado FERNANDOGIBRAN (diretor da ATUAL MÉDICA), JIMY (funcionário da ATUAL), LETIZIA, queseria apresentado na sala do prefeito RENI, com valores inferiores ao praticado; QUE oedital previa valores menores e que tirariam o prejuízo futuramente com aditivos; QUEnão participou da reunião porque RENI não o via com bons olhos, mas acompanhou osrepresentantes da ATUAL MÉDICA até a sala da LETIZIA, que ficava anexo aogabinete do PREFEITO RENI; QUE no dia seguinte, ficou sabendo que foi publicado oedital, Que ainda havia ideia de que faria novamente novo processo de forma maiscorreta para se tocar o projeto para a frente; Que o pessoal ficou preocupado com arepercussão e decidiram terminar com a situação; Que a procuradora LETIZIA e aPATRÍCIA, além do retorno mensal, iriam ficar responsável pelo departamento jurídicodo consorcio da PPP; Que o colaborador iria ficar responsável pelo setor dediagnostico; Que MELQUIZEDEQUE tinha demonstrado interesse em participar tinhaintenção de ficar com os serviços de tecnologia de informação; QUE respeito daGLOBOMED, acredita que essa empresa estava sendo beneficiada; QUE nesse períododa disputa, para acalmar o LAERTE da GLOBOMED, tiveram uma ideia, que pareceque partiu da sra. PATRÍCIA FOSTER, de contrata­lo via credenciamento paraprestação de serviços médicos junto à Secretaria de Saúde (UPA e PA Morumbi); QUEfizeram um contrato e fizeram o credenciamento e tornaram a GLOBOMED vencedora,mas não sabe se foi efetivado ante a revolta dos médicos locais, que já possuíamempresas prestadoras de serviço; Que PATRÍCIA se tornou presidente da fundaçãoMunicipal, tendo também credenciado as empresas de LAERTES para prestação deserviços médicos no Hospital; QUE o contrato é um credenciamento medico, sendo quena fundação tiveram vários contratos menores, sendo ligado a LAERTE e a PATRÍCIA.Que alguns médicos estavam revoltados pelo motivo de que teriam que migrar deempresa e pagar taxa de administração para as empresas de LAERTES; QUE natransição da primeira PPP, a fusão ocorreu porque ROBERTO queria deixar uma partedo serviço com a GLOBOMED, havendo uma divisão para todos do serviço médico, porvolta de 25%; Que RENI teria um percentual mensal no contrato de PPP, não sabendoinformar o valor; Que o edital final abrangido pelo hospital, UPA JOAO SAMEK, UPAPORTO MEIRA, PA MORUMBI e SAMU; QUE parceria público privada não deu certodiante de liminar judicial de ação promovida pelo MPF; Que WALTER, acredita odeclarante, não possuía muito poder de decisão, que serviu como uma espécie de“laranja”, assinando e concordando com o que era decidido por LETIZIA; Que asdecisões eram tomadas pela Dra. LETIZIA, e WALTER seria apenas um apoio,parecendo que estava ali apenas para assinar; QUE todos dançavam a música conformeas atitudes da Dra. LETIZIA; QUE esse edital foi direcionado e moldado para que aatual médica realizasse 100% a técnica; QUE quem foi determinante para mudar asregras foram LETIZIA e PATRÍCIA, para favorecer a atual medica; Que o prédio daATUAL MEDICA em Curitiba era usado como a base para reuniões entre LETIZIA edemais interessados; pessoal, tomando decisões a mando do prefeito; QUE acredita queRENI E ROBERTO FLORIANI negociavam pessoalmente, em Curitiba. QUEROBERTO FLORIANI comentava que certos assuntos decidia diretamente com oprefeito RENI” (eventos nº 02).

Segundo consta do ofício nº 0047/16­DIGA da Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR e do Termo de Anulação juntados, respectivamente, nas fls. 386 e 387 doInquérito Civil – IC nº 1.25.003.018869/2015/41 da Procuradoria da República doMunicípio de Foz do Iguaçu/PR, o Prefeito do Município de Foz do Iguaçu/PR, sobargumento de que o “processo licitatório passará por um novo estudo, para decisão futura”(evento nº 276 do inquérito policial nº 5013824­44.2014.4.04.7002), sendo certo que ser nãofossem as ações engendradas pelos Ministério Público Federal, muito provavelmente oobjeto do certame teria sido adjudicado à empresa ATUAL MÉDICA GESTÃO DE SAÚDELTDA.

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“QUE no segundo momento de tentativa de implantação da PPP, período este que ocolaborador já não estava mais na prefeitura, quem atuou fortemente foi o EUCLIDES(fazendo o mesmo papel que o colaborador exercia anteriormente), sendo que oREGINALDO assumiu o papel de elaboração do edital e a LETIZIA assumiu um papelfundamental na parte jurídica; QUE todos os procuradores do município eram contráriosa pessoa de LETIZIA, de modo que não dariam parecer favorável, sendo que oprocurador a dar esse parecer seria ela mesma, o que seria vedado, já que ela estava nacomissão; QUE quando da deflagração da operação PECULIO, estavam em vias deajuste para o cumprimento de todas as formalidades que estavam pendentes e queestavam inviabilizado o projeto da PPP” (Melquizedeque Da Silva Ferreira CorreiaSouza – evento nº 01).

“QUE enfim, do ajuste inicialmente feito na primeira tentativa de implantação, a únicacoisa que mudou para a segunda fase foi a participação do colaborador e algorelacionado à parte médica, pois houve a contratação pelo município da empresaUNIVERSAL, ligada ao Dr. LAERTE, para prestação de serviços médicos; QUEindagado se houve alguma espécie de direcionamento tanto na primeira quanto nasegunda fase, respondeu que o edital é elaborado com base no projeto apresentado pelaempresa e, obviamente a empresa que fosse escolhida pela comissão na aceitação doprojeto, teria vantagem; QUE então, o direcionamento seria a utilização da proposta daempresa que a comissão aceitou; QUE por exemplo, como a parte de radiologia era doEUCLIDES, por óbvio os valores seriam bem mais em conta, já que seus aparelhos jáestavam instalados no local; QUE a comissão de avaliação existia formalmente mas naprática não foi conduzida da forma correta, como por exemplo, por não ter sidorealizadas reuniões entre os componentes da comissão antes da apresentação daspropostas em si; QUE por exemplo o CAL, não exerceu a presidência, somente tendoassinado as atas; QUE CHARLLES BORTOLO, por sua vez, participou de todas asreuniões da comissão”(Melquizedeque Da Silva Ferreira Correia Souza – evento nº 01).

Imperioso observar que os elementos colacionados aos autos apontam TULIOMARCELO DENIG BANDEIRA e MAHMOUD AHMAD JOMAA como pessoas deextrema importância na organização criminosa, pois, em um primeiro momento, TULIO torna­se o responsável pelo financiamento desta, mediante investimento na campanha eleitoral deRENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA; em momento posterior participa, em tese,efetivamente da execução de crimes relacionados à licitação na área da saúde, fazendo com queempresas de seu interesse e de JOMAA, de forma ilícita, tornassem prestadoras de serviçospara a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR, participando, inclusive, do financiamentodo “mensalinho”, bem como obtinha valores indevidos em compras superfaturadas, utilizandoverba destinada à saúde da população local. Com efeito, é inegável que a prisão preventiva deTULIO MARCELO DENIG BANDEIRA e MAHMOUD AHMAD JOMAA é absolutamentenecessária para garantia da ordem pública, eis que caracterizada a prática contumaz de condutas,em tese, ilícitas, às quais causaram graves prejuízos ao erário e, em especial, a saúde pública.

De igual sorte, MARIA LETÍZIA JIMENEZ ABBATE FIALA aparece, emprincípio, não só como responsável pelas irregularidades atinentes à implementação daParceria Público Privada – PPP, mas também por perceber valores indevidos de ROBERTOFLORIANI e de EUCLIDES DE MORAES BARROS JÚNIOR, tratando­se, pois, de pessoade extrema importância para que a organização criminosa obtivesse sucesso com a empreitadailícita que só foi obstada em razão das ações levadas a cabo em sede de ação civil pública peloMinistério Público Federal. Nada obstante, em que pese a gravidade das condutas noticiadasnos autos, entendo que a decretação de sua prisão preventiva configura medida demasiadamentesevera para a hipótese, haja vista que sua participação nas atividades da organização criminosa,em última análise, cingiram­se a segunda tentativa de implementação da Parceria PúblicoPrivada – PPP, não se podendo daí concluir pela reiteração criminosa. Nada obstante, entendoque, em substituição a prisão temporária, MARIA LETÍZIA JIMENEZ ABBATE FIALA deve

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ser conduzida à presença da autoridade policial, a fim de prestar esclarecimentos acerca dosfatos investigados, sem que tenha possibilidade de ser coagida ou de concertar com os demaisinvestigados versões a serem esposadas.

Diante do fato de LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO ter sidoapontado como envolvidos nas irregularidades levadas a cabo na malsinada tentativa deinstituição da Parceria Público Privada, bem como em contratações realizadas pelaFundação Municipal de Saúde, conforme asseverado no tópico anterior, não há dúvidas de quedeve ele, como medida alternativa a prisão temporária, ser conduzido a presença daautoridade policial, para prestar esclarecimentos acerca dos fatos investigados, a fim de evitarque tome medidas no sentido de fazer desaparecer elementos probatórios necessários àinvestigação.

De igual sorte, deve RENAN GUSTAVO BAEZ, suposto assessor de PATRÍCIAGOTTARDELO FOSTER RUIZ, ser conduzido a prestar esclarecimentos perante a autoridadepolicial, dado seu provável envolvimento nos fatos investigados, sejam eles relacionados àParceria Público Privada, sejam eles relacionados às contratações, em tese, irregularesrealizadas pela Fundação Municipal de Saúde.

IX ­ Loteamentos:

Como já salientado, TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, no curso de suagestão na Fundação Municipal de Saúde, conseguiu recuperar cerca de R$ 1.000.000,00 (ummilhão de reais) do “investimento” feito na campanha de RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA. Com efeito, para quitar a dívida contraída junto a TULIO MARCELO DENIGBANDEIRA, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, que, em tese, já recebia vantagemindevida pela emissão de autorização para aprovação de todo e qualquer loteamento nomunicípio de Foz do Iguaçu/PR, autorizou a instalação do condomínio BIOSFERA, vinculado apessoa de TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA.

“QUE o colaborador informa que na cidade de Foz do Iguaçu todos os loteamentos quenecessitem de aprovação ambiental, caracterização, demais procedimentos, e posteriorassinatura do Decreto de autorização por parte do Prefeito Reni Pereira, eramsubmetidos ao pagamento de ‘propina’ ao Prefeito Reni Pereira, desde que osproprietários não integrassem o grupo político adversário; QUE em relação aoscondomínios de propriedade de adversários políticos, o Prefeito Reni Pereira tentavabenefícios para o município, como, a título de exemplo, a duplicação da avenidaRepública da Argentina na altura dos novos loteamentos, uma vez que sabia que seusadversários políticos não pagariam propina para viabilização do negócio; QUE ocolaborador tem conhecimento do pagamento de propina referente a quatro condomínioshorizontais: Safira, Aguas Claras, Biosfera e Golf Club; QUE em relação ao CondomínioSafira (proprietário Claudio Rorato) e condomínio Águas Claras (Nilton Beckers), ocolaborador esclarece que Nilton Beckers foi encarregado do loteamento dos referidoscondomínios, sendo de conhecimento do colaborador que o Prefeito Reni teria negociado à título de propina alguns lotes em ambos os condomínios, sendo queinclusive o correu Nilton teria lhe oferecido terrenos localizados no Condomínio Safirano valor de R$ 80.000,00 dizendo que eram do prefeito Reni Pereira e que o mesmoestava precisando de dinheiro, e por isso o valor de venda estava abaixo do valor demercado; QUE o colaborador acredita que tais terrenos estejam em nome de NiltonBeckers ou empresas ligadas a ele, atuando como “laranjas” do Prefeito Reni; QUE emrelação ao Condomínio Biosfera (‘equipe’ Túlio Bandeira), o colaborador informa quecom o intuito de quitar o restante do investimento (R$ 1.000.000,00) destinado àcampanha de Reni Pereira pela ‘equipe’ Túlio Bandeira, foi determinado pelo Prefeito aaprovação das licenças ambientais autorizando a constituição do referido loteamento;QUE o colaborador esclarece que devido a um olho d’água existente na área a serloteada, a quantidade de terrenos a serem constituídos foi reduzida, ocasionando ainviabilidade do negócio; QUE o colaborador esteve presente em uma reunião com o

Secretário de Meio Ambiente (João Matkievicz), advogado do escritório de Túlio

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Secretário de Meio Ambiente (João Matkievicz), advogado do escritório de TúlioBandeira (Rodrigo Pirobano), Lurdinha Borba e Jomaa ‘Dentista’ para tratar dapossível licença ambiental pelo IPAGUAS” (evento nº 01).

Constatada a existência de indícios de que empreendedores de condomínioshorizontais pagavam vantagens indevidas para RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, surge apessoa de JOÃO MATKIEVICZ FILHO, então Secretário Municipal do Meio Ambiente,como seu suposto auxiliar nessa vertente das irregularidades perpetradas pela organizaçãocriminosa investigada no bojo da OPERAÇÃO PECÚLIO.

Dentre os condomínios beneficiados com o esquema, citou o MinistérioPúblico Federal o Village Iguassu Golf Residence, em relação ao qual sustentou que houveajuste no final de 2014, entre RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e GUILHERMEPAULUS, os quais combinaram o pagamento de vantagem indevida ao primeiro no valor de R$400.000,00 (quatrocentos mil reais), sendo que desse valor, R$ 180.000,00 (cento e oitentamil reais) foram repassados em espécie, contados e conferidos por MELQUIZEDEQUE DASILVA FERREIRA CORREIA SOUZA e JOÃO MATKIEVICZ FILHO. Deste montante, R$60.000,00 (sessenta mil reais) foram destinados ao pagamento de GERALDO GENTILBIESEK. Nesse sentido, são as declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRACORREIA SOUZA, digitalizadas no evento nº 01. Senão vejamos:

“O Colaborador informa que tem conhecimento, por relato do prefeito Reni Pereira, queeste solicitou ao corréu João Matkievicz (Secretário do Meio Ambiente) que negociasse aaprovação do loteamento mediante o pagamento em favor de Reni Pereira no valor deR$ 400.000,00; QUE foi retirada a quantia de R$ 180.000,00 por João, em moedacorrente, no Hotel Golf Club de Foz do Iguaçu e entregue R$ 60.000,00 para ocolaborador compor o seu ‘caixa geral’ destinando o montante ao pagamento devereadores; QUE o colaborador acredita que a diferença foi entregue diretamente aoprefeito Reni Pereira; QUE o colaborador não sabe informar se o prefeito teria algumaunidade/lote, visto que, parte da ‘propina’ foi paga em dinheiro” (Melquizedeque daSilva Ferreira Correia Souza ­ evento nº 01).

“QUE no final de 2014, mais especificamente no início de dezembro, houve um acerto doRENI, que na verdade havia sido estabelecimento até antes disso, que foi o referente aoloteamento do ‘GOLF CLUB’; QUE RENI havia solicitado ao secretário de meioambiente, JOAO MATKIEVICZ FILHO, que ele fizesse as tratativas; QUE JOÃOcombinou com o empresário, que acredita que era alguém atrelado à CVC TURISMO, ovalor de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais); QUE nessa oportunidade, o empresáriorepassou inicialmente o valor de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais); QUE tal valorfoi contado e conferido pelo colaborador e pelo JOÃO MATKIEVICZ na residência desteúltimo; QUE nessa ocasião o RENI estava viajando e o colaborador ligou para ele deuma forma que fez ele entender que, desse valor, o colaborador precisaria de uma partepara saldar a dívida com o GERALDO; QUE daí o JOÃO repassou ao colaborador ovalor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais); QUE nesse período da entrega desse valoraté o outro dia, o colaborador conversou com o RODRIGO e este informou quenecessitaria do valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), mas o colaborador não sabepara qual motivo; QUE como o RODRIGO possuía um veículo, um SONATA, propôs aocolaborador que repassasse trinta mil ao RODRIGO e repassasse tal veículo ‘SONATA’ao GERALDO representando o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais); QUEportanto, o colaborador foi até a residência do GERALDO, que ficava na AvenidaParaná, na frente do “Balinas”, sendo que ele aceitou tal carro pelo valor proposto;QUE tal fato ocorreu em uma sexta feira, sendo que GERALDO informou que efetuariaum viagem com tal veículo; QUE entretanto, na segunda feira seguinte, o GERALDOtinha em mãos uma ‘consulta checa tudo em relação veículo’, tendo sido verificado que oveículo era ‘sinistrado’, de modo que resolveu não mais aceitar o veículo; QUE ocolaborador procurou o RODRIGO, solicitou os trinta mil reais de volta, mas este jáhavia gastado; QUE os sessenta mil reais que tinha em mãos eram provenientes doscento e oitenta mil reais do loteamento do GOLF CLUB; QUE inclusive o RODRIGOtinha conhecimento que tal dinheiro tinha essa origem, pois ele havia participado da

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reunião em que tal ‘acerto’ havia sido estabelecido; QUE então o colaborador ficounessa situação delicada envolvendo o passivo do GERALDO; QUE o veículo ficouguardado na secretaria; QUE como não conseguiu resolver a situação desse passivo,resolveu pagar essa conta no ano seguinte; QUE não sabe para quem o JOÃO entregoua diferença do valor de 180 mil (já que havia ficado com sessenta mil reais), nãosabendo se foram entregues ao próprio RENI ou se destinou para utilização em despesasda campanha da CLAUDIA; QUE esclarece que havia pego o valor junto ao JOÃO nocomeço de dezembro, pois lembra que esse veículo ficou guardado na Secretaria”(Melquizedeque da Silva Ferreira Correia Souza ­ evento nº 01)

As declarações de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIASOUZA, em detalhes, foram corroboradas por RODRIGO BECKER:

“QUE o colaborador lembra de dois eventos: o primeiro uma conversa que presenciouentre o Prefeito RENI e JOÃO MATKIEVICZ, sendo que o primeiro disse que não teriacoragem de pedir um valor para o proprietário do condomínio Wish Golf, que seria seuamigo; QUE em outra ocasião, lembra que estava em um evento no Hotel Mabu, naAvenida das Cataratas, e que JOÃO chegou com parte do dinheiro que seria destinadopara despesas de campanha de CLÁUDIA PEREIRA, não lembrando o colaborador, sefoi antes das eleições ou depois; QUE essa parte do valor seria 180 mil reais; QUE viuparte do dinheiro no carro do Prefeito RENI; QUE lembra que o valor estavaacondicionando no interior de um envelope, salvo engano; QUE foi passado,inicialmente, o valor de 180 mil e não 400 mil Reais, conforme acordado anteriormente,que incluía a aprovação do condomínio e a licença ambiental; QUE a respeito de umáudio onde há dados de que o Prefeito RENI viajou para a Europa o colaborador nãosabe informar nada a respeito; QUE sabe apenas sobre esses valores; QUE não sabe sefoi feito algum registro no hotel Mabu naquela data; QUE não sabe como eram ostrâmites, mas sabe que Foz do Iguaçu/PR é um dos municípios que possui esse poder, queantes era do IAP, ficando a cargo do município; QUE o decreto era o prefeito quemassinava e RICARDO ALBUQUERQUE se encarregava de analisar os pedidos deloteamento; QUE acredita que em todos os novos condomínios aprovados na gestãohouve pagamento para o prefeito RENI, em geral em terrenos; QUE NILTONBECKERS ficava com terrenos que seriam do Prefeito nos condomínios que ele fazia ainfraestrutura; QUE geralmente, a aprovação de um condomínio/loteamento tem umtrâmite, mas JOÃO poderia fazer andar rápido ou não” (Rodrigo Becker – evento nº 01)

Além do suposto envolvimento de JOÃO MATKIEVICZ FILHO na solicitação eobtenção de vantagem indevida em relação ao condomínio Village Iguassu Golf Residence,consta da denúncia oferecida nos autos da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002,imputação no sentido de que ele, na qualidade de Secretário Municipal do Meio Ambiente,solicitou vantagem indevida de NILTON JOÃO BECKERS, FERNANDO DA SILVA BIJARIe ANA PAULA MARTINS SANTOS, a fim de agilizar o andamento do processo delicenciamento ambiental do loteamento Águas Claras (fato 10.1 da denúncia).

Nesse sentido, observo que consta das declarações digitalizadas no evento nº 01da ação penal nº 5005325­03.2016.4.04.7002 que NILTON JOÃO BECKERS, inquirido peloMinistério Público Federal e pela autoridade policial, quando indagado acerca doCondomínio Horizontal Fechado Águas Claras Residence, afirmou que, quando “foisolicitada a licença prévia e de instalação à Secretaria de Meio Ambiente, (...) o entãoSecretário de Meio Ambiente, João Matkievecz Filho, solicitou R$ 8.000,00 (oito mil reais)ao colaborador para emitir as licenças”, sendo que, “desse valor, R$ 3.000,00 (três mil reais)foram pagos em espécie diretamente a João Matkievecz Filho”, o quais foram “sacados pelocolaborador da conta bancária da Terraplenagem SR e entregues para Fernando Bijari,que se encarregou de repassá­lo a João Matkievecz Filho. QUE o restante seria pago naemissão da licença de instalação”.

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Conforme se observa do relatório do evento nº 203 do inquérito policial nº5013824­44.2014.4.04.7002, consta da memória do aparelho telefônico apreendido em poderde NILTON JOÃO BECKERS registro de conversas por meio do aplicativo WhatsApp, travadaentre ele e ANA PAULA MARTINS SANTOS, cujo assunto é o loteamento Águas Claras. Nareferida conversa, NILTON e ANA PAULA comentam acerca de pagamento a ser efetuado emfavor de JOÃO MATKIEVICZ, por intermédio de FERNANDO BIJARI (conversas travadasentre os dias 18 e 20 de janeiro de 2016). Senão vejamos:

“(...) Ana Paula: Nilton a documentação já está com o paulo. Falei pra ele dar umaagilizada pra passar pra frente. Ele disse que vai fazer. Estou no aguardo. Qualquercoisa te aviso. Bom dia rss. Nilton: Bom dia. Ana Paula: Nilton, Vou precisar de unstrocos para dar pro cara. Pois ele disse q pra ficar pronto ele teria e ‘’’levar serviço pracasa’’’. Eu disse q blza. Só queria o quanto antes. Mas não dei valores. Nilton: Mandalevar pra casa. Oferece 2mil se entregar até amanhã. Ana Paula: Sim já falei. Nilton: eleconsegue. Ana Paula: acredito que sim. É só ele querer. rss. Nilton: Manda ver ai preçopro Fernando te passar ai vc paga. Ele. Ana Paula: Ok. Pode deixar. Nilton: Ai depoisjá falei.com o budel e ele disse que ajuda a correr. O Fernando tá levando, uns troco proJoão do.meio ambiente. Pra assinar rápido também. Ana Paula: Hein mas não a tudopro João. Pq depois vai voltar nele denovo rss. Nilton: Eu sei. Mas tem que andar. (...)Ana Paula: Bom dia nilton. Nilton: bom dia. Ana Paula: Posso pegar então com oFernando. Pois resolvo hoje isso. Nilton: Pode. ..fala pra ele que é do águas claras. Elejá fez já. O Fernando está indo levar pro joão. ...hj. Ana Paula: OI já peguei o processo.Vou dar um jeito de levar pro valter r. Planejamento. Nilton: Ai sim ... avisa o Budel. (...)Ana Paula: Hein. Só para te avisar. O Walter tá querendo saber o valor no terreno doáguas claras. Desconversa ele pq tô achando q ele tá querendo terreno lá. Me ligaquanto der” (evento nº 203 do inquérito policial nº 5013824­44.2014.4.04.7002).

Conforme se depreende do Relatório de Análise de Material digitalizado noevento nº 202 do inquérito policial, há no aparelho telefônico apreendido em poder deFERNANDO DA SILVA BIJARI, registro de conversa travada por ele com NILTON JOÃOBECKERS, nos dias 14 a 24 de janeiro de 2016, com o seguinte conteúdo:

“(...) Nilton: Opa Bom dia. Bzl. Fernando: Bom dia. Blz e vc. Nilton: Foz... Me fala dos200 do águas claras qto já demos. Fernando: Tenho que ver na agenda, Mas acho q150. Nilton: Então programa mais 4 pro.joao do meio ambiente e 1000 pra Paula darpro corretor de uma avaliação. Deixou call budel. Anota ai dei 2 pro Miguelplanejamento. Fernando: Budel. Paula ou Ana Paula? Nilton: Tô indo a foz. Ana. E ooutro conhece o João do meio ambiente. Fernando: Conheço. (...) Nilton: Deixou comcall. Hj. Fernando: Com Budel. (...) Nilton: Os 1000 já passei pra moça da corretora...esse 2mil pro cadastro. E isso. Fernando: OK. Vou passar agora então. Nilton: E proJoão deu da 3 do. Que damos o restante na licença de instalação. Fernando: Ela mefalou que era. Só estava confirmando pq vc não me falado nada. Sim. 3 então para ele. Nilton: ok. isso. (...) Viu a Paula precisa ajudar ela com o joao pra sair a licença deinstalação do condomínio. ...qualquer coisa da uma pressão no homem tbem. ...falei comele ontem... Fernando: Valeu ..abraço. Nilton: abraço” (evento nº 202 do inquéritopolicial – OUT3)

Vê­se, portanto, a existência de fortes indicativos da prática do crime do art. 317do Código Penal, por JOÃO MATKIEVICZ FILHO, no âmbito da organização criminosainvestigada na OPERAÇÃO PECÚLIO.

Nessa perspectiva, a prisão temporária de JOÃO MATKIEVICZ FILHO mostra­se imprescindível, nos termos do artigo 1º, inciso I, da Lei nº 7.960/89, visando assegurar acolheita de provas, afastando os riscos de ocultação e destruição de elementos de informaçõesúteis à investigação.

X ­ Financiamento de Campanha Eleitoral:

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Consignou o Ministério Público Federal na petição do evento nº 01 que, noano de 2014, a empresa SAMP CONSTRUTORA DE OBRAS LTDA, por intermédio dePAULO GORSKI e PAULO GORSKI JÚNIOR, pagou a RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) a título de propina, comocontrapartida em dos contratos que possui junto a Prefeitura Municipal de Foz doIguaçu/PR. Referida quantia, ainda conforme arguiu o Ministério Público Federal, foi pagade forma parcelada, “sendo a primeira paga no estacionamento do restaurante La Cabanã,no valor de 98 (noventa e oito) mil reais. Outra parcela no valor de 50 (cinquenta) mil reaisfoi paga em São Miguel do Iguaçu/PR, em um sábado no período da manhã,aproximadamente em meados de setembro, por PAULO GORSKI JUNIOR (PAULINHO)para MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA SOUZA e RODRIGO BECKER,através de cheque emitido por PAULO GORSKI (cheque da pessoa física ou jurídica). Nãoconsta nos autos informações acerca do modo de pagamento das demais parcelas”. Oreferido cheque foi trocado na casa de Câmbio Atlas, na Avenida das Cataratas, em Foz doIguaçu/PR e no mesmo dia uma parte do dinheiro foi entregue ao vereador GESSANI DASILVA e a diferença entregue a RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA. Nesse sentido, são asdeclarações de RODRIGO BECKER, digitalizadas no evento nº 01. Senão vejamos:

“Que durante a campanha de CLAUDIA PEREIRA ocorreu um almoço no restauranteLA CABANÃ, onde estavam presentes, além do colaborador, RENI PEREIRA, GIRNEIDE AZEVEDO, PAULO GORSKI e NILTON JOÃO BECKERS, ficando neste momentoacordado que PAULO GORSKI doaria o valor de R$ 200.000,00 para a campanha deCLAUDIA PEREIRA devido aos contratos que o mesmo possuía na prefeitura; QUE nasaída do estacionamento do restaurante, PAULO GORSKI entregou em mãos paraRENI a quantia de R$ 98.000,00; QUE RENI pagou a conta no restaurante; QUEPAULO GORSKI JÚNIOR pediu ao colaborador que levasse R$ 50.000,00(complementação do que faltou) para RENI PEREIRA, o colaborador junto comMELQUIZEDEQUE foi a São Miguel do Iguaçu em um sábado de manhã, quandoPAULINHO passou um cheque de R$ 50.000,00; QUE MELQUIZEDEQUE é amigo dodono da casa de câmbio ATLAS, sito à Avenida das Cataratas; QUE o valor trocado foidistribuído entre GESSANI e RENI PEREIRA; QUE levaram nas proximidades doSupermercado Mufatto, na República Argentina, não se recordando se o valor era de R$10.000,00 ou R$ 20.000,00 para a campanha do deputado estadual de GESSANI; QUEa diferença foi entregue no mesmo dia por MELQUIZEDEQUE a RENI PEREIRA emum almoço na casa do vereador MARINO GARCIA; QUE não viu o momento daentrega do dinheiro; QUE sabe que as empresas SR TERRAPLENAGEM e ITAVELcontribuíram para a campanha de CLÁUDIA PEREIRA, não sabendo especificar ovalor; QUE CLÁUDIA PEREIRA também recebeu R$ 100.000,00 provenientes dapropina da iluminação pública; QUE funcionários públicos eram dispensados detrabalhar no horário de expediente para trabalharem na campanha de CLÁUDIAPEREIRA; QUE RENI apoio dois grupos políticos (REQUIÃO e BETO RICHA), sendoatravés da campanha para deputado federal de VITORASSI a ajuda para REQUIÃO;QUE o valor foi de R$ 200.000,00 provenientes de propina da iluminação pública; QUEo professor SÉRGIO recebeu para campanha de deputado federal a quantia de R$100.000,00 provenientes de propina da iluminação pública; QUE não sabe se oscandidatos sabiam que a origem do dinheiro era da iluminação, mas sabiam que eramrecursos não contabilizados; QUE RATINHO JR. havia liberado verbas depavimentação asfáltica com recursos da SEDU (Secretaria de Desenvolvimento Urbanodo Paraná) e nos locais onde ocorreram tais obras somente poderia fazer campanha oscabos eleitorais de RATINHO JR. e não os de CLÁUDIA PEREIRA; QUE RENI fazia anegociação e depois mandava alguém buscar o dinheiro, no caso, DIEGO ou GIRNEI;QUE esclarece que no almoço no restaurante LA CABANÃ, RENI pagou a conta, sendoque o colaborador não lembra se foi pago com cartão ou dinheiro, mas geralmente, elepaga com dinheiro” (evento nº 01)..

NILTON JOÃO BECKERS, inquirido em sede policial, confirmou a ocorrênciada reunião referida por RODRIGO BECKER, que “RENI solicitou uma ajuda para acampanha de sua esposa CLAUDIA, no valor de 200 mil reais para PAULO GORSKI”, não

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presenciando, contudo, a entrega do dinheiro:

“QUE, em relação a uma reunião ocorrida no Restaurante LA CABANA, em Foz doIguaçu/PR, o colaborador esclarece que a mesma ocorreu com fins políticos, na qual oPrefeito RENI solicitou uma ajuda para a campanha de sua esposa CLAUDIA, no valorde 200 mil reais para PAULO GORSKI, e a reunião contou com as presenças deVILSON SPERFELD, RODRIGO BECKER, PAULO GORSKI, PAULO GORSKIFILHO (PAULINHO), RUBENS PRATIS JUNIOR, GIRNEI DE AZEVEDO, RENIPEREIRA e seu motorista; QUE após o almoço, o colaborador saiu com VILSON e nãoviu a entrega de dinheiro” (evento nº 01)

Inquirido em sede policial, confirmou MELQUIZEDEQUE DA SILVAFERREIRA CORREA SOUZA que “acompanhou a pessoa de RODRIGO BECKER até acidade de São Miguel do Iguaçu/PR, com intuito de retirar o valor de 200 mil reais com apessoa de PAULINHO GORSK JÚNIOR, filho de PAULO GORSK, dono da empresa SAMP”,e que “e ao chegar lá, o valor repassado não foi o de 200 mil reais e sim um cheque de 50mil reais da empresa SAMP ou de PAULO GORSK, sendo que o colaborador se propôs atrocar do cheque na Casa de Câmbios ATLAS”.

Disse MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, ainda,ele “e RODRIGO BECKER, após a troca do cheque por dinheiro efetivo, se dirigiram à casado vereador MARINO GARCIA, no Bairro Morumbi, próximo ao Campo de FutebolALDAIR FAGUNDES, onde se encontravam, aproximadamente, quinze pessoas, dentre elas,o Prefeito RENI e DIEGO (sobrinho de RENI), sendo que por orientação de RENI deveriamser repassados para GESSANI, salvo engano, 10 ou 20 mil reais, a diferença, ou seja,quarenta ou trinta mil reais entregues ao Prefeito RENI PEREIRA”. Com efeito,“juntamente com RODRIGO BECKER, se dirigiram até o local combinado, local estepróximo ao antigo Atacadão MAXXI, da República Argentina”, onde “o colaborador eRODRIGO BECKER entraram no carro de GESSANI, sendo repassado o valor em comento,como aporte ilegal à campanha de deputado estadual de GESSANI”. EsclareceuMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA que “acredita queRODRIGO BECKER o convidou porque já estava a par de algumas tratativas de repassesilícitos realizados no bojo da organização criminosa, sendo que era para buscar emespécie, e ele (RODRIGO) não queria ir sozinho”, bem como que “se recorda que RODRIGOligou para o GIRNEI e se entenderam acerca da diferença dos valores”. Ademais, afirmouMELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA que “tem o conhecimento deum almoço, em que não estava presente, ocorrido no Restaurante La Cabana, no qual,segundo informações, foram repassados a diferença, ou seja, 150 mil reais” (evento nº 01).

GIRNEI DE AZEVEDO, por sua vez, informou em sede policial “QUE cerca de6 meses antes da eleição de 2014, a pedido de MELQUIZEDEQUE, deslocou­se até aempresa SAMP, localizada em São Miguel do Iguaçu, e pegou 25 mil reais em espécie com o“PAULINHO”, filho de PAULO GORSKI e entregou a MELQUIZEDEQUE; QUE na ocasiãoutilizou seu veículo, não se recordando com exatidão se era um PICASSO ou MEGANE;QUE tais veículos não estavam em seu nome; QUE não sabe dizer qual era a destinação dodinheiro” (evento nº 01).

Vê­se, portanto, que as declarações de GIRNEI DE AZEVEDO,MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, RODRIGO BECKER eNILTON JOÃO BECKERS se complementam e trazem à incidência a presença de fundadosindícios de que PAULO GORSKI e PAULO GORSKI JÚNIOR pagaram a propina que lhesfoi solicitada por RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, cujos valores foram, em parterevertidos para as despesas de campanha de CLÁUDIA PEREIRA, parte para a campanha deGESSANI DA SILVA.

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Nessa perspectiva, a prisão temporária de PAULO GORSKI e PAULO GORSKIJÚNIOR mostra­se imprescindível, nos termos do artigo 1º, inciso I, da Lei nº 7.960/89,visando assegurar a colheita de provas, afastando os riscos de ocultação e destruição deelementos de informações úteis à investigação. Pelos menos motivos e objetivos, mas em razãoda ausência de pedido do Ministério Público Federal ou de representação da autoridadepolicial, faz­se mister que seja promovia da condução coercitiva de GESSANI DA SILVA.

XI ­ Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde – CONASEMS:

Aduziu o Ministério Público Federal que há os autos indicativo de que houvesuperfaturamento por ANTONIO CARLOS NARDI, presidente Conselho Nacional deSecretarias Municipais de Saúde ­ CONASEMS, nos serviços prestados nos eventos daquelaentidade, tais como, segurança, buffet, transporte, hospedagem, etc., fato que o levou a auferirindevidamente cerca de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) por evento. Nesse sentido, citou oMinistério Público Federal o XXX Congresso Estadual das Secretarias Municipais deSaúde do Paraná, realizado no Hotel Bourbon Cataratas Convention & SPA Resort, ondeANTONIO CARLOS NARDI supostamente solicitou auxílio a CHARLLES BORTOLO,então Secretário Municipal de Saúde, para cheques do CONASEMS por dinheiro, para assimapropriar­se de dinheiro público.

“QUE em alguns eventos da área de saúde no Hotel Bourbon, o corréu Charles Bortolojuntamente com Antônio Carlos Nardi ­ Presidente do CONASEMS (Conselho Nacionalde Secretarias Municipais de Saúde) tinham um ‘esquema’ de superfaturamento dosserviços prestados nos eventos (segurança, buffet, transporte, hospedagem, etc.); QUEem cada evento, Antonio Carlos Nardi tinha um retorno de aproximadamente 30 milreais; QUE o colaborador tem conhecimento das irregularidades, visto que o corréuCharles Bortolo o procurou para troca de cheques pré­datados em dezembro de 2014, oque foi feito por parte do colaborador com o intuito de ajudar Charles Bortolo; QUEeram 3 ou 4 cheques; QUE o colaborador não se recorda dos valores dos cheques; QUEhouveram dois eventos em Foz do Iguaçu/PR, porém o colaborador somente trocou oscheques em um dos eventos (dezembro de 2014); QUE os cheques eram do CONASEMS(verba federal) para pagamento das empresas de buffet, segurança, transporte ehospedagem; QUE o colaborador esclarece que não sabe se o Hotel Bourbon obtevevantagens ou superfaturaram os valores do evento; QUE o colaborador não sabe dizerse nesta oportunidade Charles obteve vantagem econômica; QUE o colaborador nãorecebeu nenhuma vantagem ou valor com esse evento” (Melquizedeque da Silva FerreiraCorrêa Souza – evento nº 01).

Diante das supracitadas declarações, faz­se mister a condução coercitiva deANTONIO CARLOS NARDI, a fim de que preste declarações à autoridade policial acerca dosuposto superfaturamento, como medida alternativa à prisão temporária, em razão da existênciade menores indícios de seu envolvimento nas irregularidades investigadas, sem que tenhapossibilidade de ser coagido por outros investigados ou que com ele combinar com versões aserem esposadas perante a autoridade policial ou, ainda, fazer desaparecer elementos de prova.

XII ­ Secretaria Municipal de Segurança Pública:

Aduziu o Ministério Público Federal no evento nº 01 que foram constatadosindícios da participação de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREIA DESOUZA, EDUARDO VIGA, VANDERLEI ALMAGRO e EVERSON CADAVAL MADRUGAem irregularidades praticadas no Pregão Eletrônico nº 113/2015, além daquelas pessoas jádenunciadas pela prática dos fatos narrados no item 6.5 da denúncia oferecida nos autos nº5005325­03.2016.404.7002 (CLEUMAR PAULO FARIAS, NATANAEL DE ALMEIDA eCÉLIO ANTUNES).

“QUE o colaborador tem conhecimento que no final do ano de 2013 o Prefeito Reni

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“QUE o colaborador tem conhecimento que no final do ano de 2013 o Prefeito ReniPereira, por meio do deputado Ratinho Jr., viabilizou um recurso de aproximadamente 4milhões de reais (verba advinda da SENASP ­ Secretaria Nacional de SegurançaPública/Ministério da Justiça) para implantação de mais 120 câmeras devideomonitoramento na cidade de Foz do Iguaçu; QUE por determinação do PrefeitoReni Pereira, a empresa VIGA Netstore, do proprietário Sr. EDUARDO VIGA, deveriarealizar o projeto e consequentemente vencer a licitação, com o intuito de viabilizar umretorno financeiro em cima de tal projeto na ordem de 10%, ou seja, aproximadamenteR$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), valor este que seria destinado ao DEPUTADOESTADUAL RATINHO JR.; QUE entretanto, por se tratar de verba federal, houve adeterminação do SENASP de que a modalidade da licitação fosse pregão eletrônico eem virtude disso, na primeira licitação (1o semestre 2015), acabou que outra empresavenceu o certame; QUE essa empresa, da qual o colaborador não se recorda do nome,ofertou um lance que a empresa VIGA não conseguiria superar sem com retorno de10%; QUE a VIGA era uma empresa indicada pelo Deputado Ratinho Jr.; QUE comorestou frustrado esse primeiro pregão, tal certame foi cancelado, também de formafraudulenta, por meio de atos que acabou desabilitando essa empresa vencedora; QUElembra que fez duas reuniões com o EDUARDO VIGA, no primeiro semestre de 2015,uma na secretaria de TI e outra no Hotel Golden Tulip, onde trataram que os 10%(aproximadamente 400 mil reais) de retorno que iriam para o deputado RATINHO JR, arespectiva compensação financeira para o RENI e também para o caixa do colaboradorresultaria mediante a subcontratação de empresas para realizar o serviço de‘cabeamento’; QUE em relação a isso chegou a fazer contatos com o ADELIR,proprietário da POWERNET; QUE então, houve o cancelamento desse primeiro certamee houve o ajuste para o direcionamento à empresa VIGA, com o estabelecimento deentraves e condições que somente tal empresa atingiria; QUE entretanto, entre olançamento desse edital e o certame houve a prisão do colaborador pelo GAECO, nãotendo acompanhado quais os entraves que foram colocados; QUE nessas novasmanobras para o direcionamento do certame para a empresa VIGA foramempreendidas pelo CLEUMAR PAULO FARIAS, então Secretário de Segurança dePública e o EVERSON CADAVAL MADRUGA, diretor de logística da GuardaMunicipal; QUE o CLEUMAR soube de todo esse esquema por ocasião de uma viagem àBrasília feita por ele e o colaborador para tratar do assunto junto à SENASP, sendonessa ocasião o colaborador deu conta a CLEUMAR sobre todas as condiçõesenvolvendo o direcionamento do certame para a empresa VIGA e o retorno do deputadoRATINHO JR; QUE enfim, nesse segundo certame, a empresa VIGA venceu a licitação;QUE a participação do FABIANO, engenheiro de telecomunicações da VIGA, foi nodesenvolvimento do projeto, tendo trabalhando em conjunto com o colaborador e o entãodiretor da secretária de TI, VANDERLEI ALMAGRO, sendo que tal desenvolvimento foiexatamente no sentido de direcionar a licitação para a empresa VIGA; QUE astratativas sobre o retorno do valor aproximado de R$ 400.000,00 (quatrocentos milreais) para o DEPUTADO RATINHO JR foram estabelecidas entre o colaborador, oprefeito RENI e o proprietário da VIGA, EDUARDO VIGA; QUE após o vencimento docertame, a empresa VIGA contratou o VANDERLEI ALMAGRO, que já não ocupava adiretoria da secretaria de TI, como gerente do projeto em Foz do Iguaçu/PR; QUE emmeados de novembro de 2015, tal contrato ainda não havia sido assinado e como ocolaborador, mesmo afastado da prefeitura, ainda tinha contato com o RENI, tratou comeste sobre a possibilidade de ser feito o lançamento da fibra ótica, onde o colaboradorconversaria com o ADELIR ­ POWERNET para a possibilidade de um retorno, mas nãoobteve êxito em tal intento; QUE indagado sobre a participação do NATANAEL em talesquema, entende que o CLEUMAR solicitou ao NATANAEL que desse andamento aocertame, mesmo tendo a empresa VIGA não apresentado alguns documentosobrigatórios; QUE indagado sobre o envolvimento da LIDIANE, esposa do EUCLIDES,então diretora de projetos da secretaria de gestão estratégica e projetos, respondeu quea sua participação foi no sentido técnico, em tratativas com a SENASP e solicitação deorçamentos juntos às empresas para a composição do certame licitatório”(Melquizedeque da Silva Ferreira Corrêa Souza – evento nº 01).

Diante das supracitadas declarações, faz­se mister a condução coercitiva deEDUARDO VIGA, VANDERLEI ALMAGRO e EVERSON CADAVAL MADRUGA, a fim deque preste declarações à autoridade policial acerca dos supracitados fatos, como medidaalternativa à prisão temporária, em razão da existência de menores indícios de seu envolvimento

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nas irregularidades investigadas, sem que tenham possibilidade de serem coagidos por outrosinvestigados ou que com ele combinem com versões a serem esposadas perante a autoridadepolicial ou, ainda, fazer desaparecer elementos de prova.

XIII ­ Secretaria Municipal de Educação:

Segundo aduziu o Ministério Público Federal, consta dos autos indícios de quehouve direcionamento na Concorrência Pública nº 017/2013 e do Processo de Dispensa nº002/2014 para fornecimento de merenda escolar para a rede municipal de ensino das EscolasMunicipais, Centros de Convivência Escola/Bairro e Centros Municipais de EducaçãoInfantil, para a empresa INTERSEPT LTDA, através de acordo de RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA, RICARDO CUMAN, GIANCARLO TORRES e MARCOS GOBBO (Diretor daINTERSEPT LTDA), no qual este pagou a título de propina a quantia de 10% dos pagamentosmensais.

“QUE o colaborador esclarece que, com relação a merenda escolar, o Prefeito ReniPereira fez um acerto de “propina” com a pessoa de Marcos Gobbo, diretor da empresaIntersept Ltda de Curitiba/PR; QUE houve o direcionamento da licitação para a referidaempresa, sendo quem negociou o valor do “retorno” de 10% dos pagamentos mensais,referentes ao serviço de fornecimento de merenda escolar, para o Prefeito Reni Pereiraforam as pessoas de Ricardo Culman e Giancarlo Torres; QUE Ricardo era Secretáriode Administração e Giancarlo era Secretário de Planejamento; QUE o colaboradorinforma que tomou conhecimento desses fatos em conversas com o Prefeito Reni Pereirano ano de 2015, QUE o Prefeito Reni Pereira deixou claro ao colaborador que quemgerenciava a propina no período de janeiro de 2013 a junho de 2014 era a equipe queveio juntamente com o Prefeito da cidade de Curitiba (Ricardo Culman e GiancarloTorres); QUE não possui detalhes do pagamentos; QUE o colaborador acredita que assecretárias de Educação Shirlei Ormenese de Carvalho e Lisiane Veeck Sosa não sabiamdas tratativas, pois ocupavam seus cargos por questões técnicas e não por indicaçõespolíticas” (Melquizedeque da Silva Ferreira Corrêa Souza – evento nº 01).

Diante das supracitadas declarações, faz­se mister a condução coercitiva deMARCOS GOBBO e GIANCARLO TORRES, a fim de que preste declarações à autoridadepolicial, como medida alternativa à prisão temporária, em razão da existência de menoresindícios de seu envolvimento nas irregularidades investigadas, sem que tenha possibilidade deser coagido por outros investigados ou que com ele combinar com versões a serem esposadasperante a autoridade policial ou, ainda, fazer desaparecer elementos de prova.

XIV ­ Secretaria Municipal de Obras:

Segundo aduziu o Ministério Público Federal, há nos autos indícios da“Contratação e execução de obra de pavimentação poliédrica em algumas ruas do JardimTibagi, em Foz do Iguaçu/PR, entre meados de 2013 a 2014, pela empresa ZANCHETTI, depropriedade de NEY ZANCHETTI, havendo solicitação de RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA para o pagamento da obra irregular”. Nesse sentido são as declarações deGIRNEI DE AZEVEDO:

“QUE no período em que atuou como Diretor de Pavimentação a empresa ZANCHETTIpossuía um contrato com a prefeitura para pavimentação poliédrica com financiamentopor meio de recursos do município em parceria com o do governo do estado, por meio doPARANÁ­CIDADES; QUE ao final da execução do contrato o município tentou incluirneste, devido pressão do prefeito RENI, um aditivo de 25% para a execução depavimentação poliédrica no JARDIM TIBAGI; QUE a empresa ZANCHETTI, a pedidode RENI, iniciou e executou a obra sem a confirmação do aditivo e sem ordem deserviço; QUE após a obra já pronta o PARANÁ­CIDADES negou o aditivo com ajustificativa de esta não fazia parte do mesmo objeto inicial do contrato; QUE a obra seiniciou em meados de 2013 e demorou a ser concluída; QUE enquanto o colaborador era

Diretor de Pavimentação a empresa nada recebeu por parte da prefeitura pela a

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Diretor de Pavimentação a empresa nada recebeu por parte da prefeitura pela aexecução da obra; QUE tal obra trata­se da pavimentação de duas ruas inteiras e trêspartes de outras; QUE a obra totaliza um valor de 120 mil reais aproximadamente; QUEo responsável pela empresa que executou a obra era NEY; QUE por várias vezes oprefeito RENI cobrou do colaborador e do então Secretário de Obras a realização daobra, mesmo sem qualquer ordem de serviço; QUE a empresa BRASTEKA é do mesmodono da ZANCHETTI; QUE não sabe se a empresa BRASTEKA presta serviços para aprefeitura; QUE a empresa BRASTEKA certamente não presta serviços para a Diretoriade Pavimentação; QUE ficou sabendo por terceiros que tentaram licitar a obra mesmoela já tendo sido executada” (Girnei de Azevedo – evento nº 01).

Diante das supracitadas declarações, faz­se mister a condução coercitiva de NEYZANCHETTI, a fim de que preste declarações à autoridade policial como medida alternativa àprisão temporária, em razão da existência de menores indícios de seu envolvimento nasirregularidades investigadas, sem que tenha possibilidade de ser coagido por outros investigadosou que com ele combinar com versões a serem esposadas perante a autoridade policial ou,ainda, fazer desaparecer elementos de prova.

XV ­ Diretoria de Comunicação Social:

O Ministério Público Federal requereu que seja autorizada a conduçãocoercitiva de RUBIA DE OLIVEIRA, em razão da existência de indicativos nos autos de“recebimento de vantagem indevida advinda de superfaturamento da empresa TRADECOMUNICAÇÕES E MARKETING SS LTDA. auxiliada pela empresa VISION ARTPRODUÇÕES”.

Segundo consta da petição do evento nº 01, houve “direcionamento daConcorrência Pública nº 17/2014 para a empresa TRADE COMUNICAÇÃO EMARKETING SS LTDA. e, em contrapartida, os serviços eram superfaturados retornandoum percentual para que o Prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA. Além disso,ADAILTON AVELINO (“Cantor”) era o principal intermediário entre tal empresa e oPrefeito em exercício na época, além de operacionalizar o pagamento de vantagem indevidapara RPC, rádios (nacionais e da Argentina e Paraguai), blogs, jornais impressos e outrosmeios de comunicação para divulgarem atos positivos do governo, evitar críticas negativasou, ainda, para denegrir de forma branda o governo municipal. Por outro lado, a empresaVISION ART PRODUÇÕES, de propriedade de MAURO, auxiliava a empresa TRADECOMUNICAÇÃO E MARKETING SS LTDA. no superfaturamento e pagamento ilegal defuncionários”. Nesse contexto, “uma das pessoas que recebia o dinheiro desviado eraRUBIA DE OLIVEIRA, esposa de LUCIANO ALVES (apresentador do programa Tribunada Massa da TV Naipi), nomeada para exercer o cargo em comissão, Símbolo ASS­1, daDiretoria de Comunicação Social, desde 26/06/2014 até a presente data”.

“QUE quando entrou na prefeitura já era prática o superfaturamento de contratosrelacionados com a publicidade; QUE a prefeitura possuía contrato com a empresaTRADE COMUNICAÇÕES; QUE parte da verba destinada a tal empresa retornavapara a prefeitura para pagar alguns “servidores” não nomeados bem como paracomplementar o salário de outros, na secretaria de comunicação; QUE se recorda queuma das pessoas que recebia complementação de salário era RUBIA, esposa deLUCIANO ALVES; QUE parte da verba destinada a tal empresa também era destinada apagar serviços de comunicações que não poderíam ser contratados pela prefeitura,como rádios clandestinas paraguaias e argentinas; QUE “CANTOR" (ADAILTONAVELINO) era o principal intermediário entre a prefeitura e a empresa TRADE”(Rodrigo Becker – Evento nº 01)

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Diante das supracitadas declarações, faz­se mister a condução coercitiva deRÚBIA DE OLIVEIRA e ADAILTON AVELINO, a fim de que preste declarações à autoridadepolicial como medida alternativa à prisão temporária, em razão da existência de menoresindícios de seu envolvimento nas irregularidades investigadas, sem que tenha possibilidade deser coagido por outros investigados ou que com ele combinar com versões a serem esposadasperante a autoridade policial ou, ainda, fazer desaparecer elementos de prova.

XVI ­ Fundação Cultural de Foz do Iguaçu/PR:

Segundo aduziu o Ministério Público Federal no evento nº 01, “no ano de2014, a SANEPAR repassou para a Fundação Cultural de Foz do Iguaçu a quantia deduzentos e cinquenta mil reais para promover as festividades relacionadas à FARTAL.Conforme previamente acordado entre ADAILTON AVELINO (CANTOR) e SANDROMAZALI (Assessor do Presidente da SANEPAR e responsável pelos patrocínios), a empresaPAULO ROBERTO PROMOÇÕES E EVENTOS seria contratada para prestação deserviços relacionadas com os shows e estruturas recebendo para tanto os duzentos ecinquenta mil reais e repassando ilegalmente cem mil reais para SANDRO MAZALI. Noentanto, SANDRO MAZALI não recebeu a quantia de PAULO ROBERTO PRODUÇÕES e,por consequência, passou a cobrar de RODRIGO BECKER e de ADAILTON AVELINO(CANTOR) a quantia combinada, sendo­lhe repassado dois veículos”.

“QUE o colaborador informa que houve um patrocínio da SANEPAR para o Carnavalou Fartal/2014 no valor de R$ 250.000,00 que foi depositado na conta da FundaçãoCultural, cujo diretor superintendente era o Sr. Adailton Avelino (Cantor); QUE SandroMazali solicitou o retorno do valor de R$ 100.000,00 indicando a empresa de PauloRoberto Produções para a contratação de shows e estruturas, tendo Paulo recebido osR$ 250.000,00; QUE em meados de fevereiro/2015, o corréu Rodrigo Becker e AdailtonAvelino (Cantor) relataram ao colaborador que Paulo Roberto recebeu os valores de R$250.000,00, porém não repassou o valor de R$ 100.000,00 para a pessoa de Sandro(assessor do presidente da Sanepar); QUE o colaborador, a pedido do corréu RodrigoBecker, teve que solucionar a questão, e então enviou dois veículos a Sandro parapagamento do valor de 100 mil reais; QUE os veículos eram um Sonata de propriedadede Rodrigo Becker (no valor de R$ 70.000,00), mais um C4 Palias ou Audi depropriedade de Cantor (no valor de R$ 30.000,00); QUE ficou acordado que Rodrigo eCantor iriam resgatar esses valores através de eventos posteriores promovidos pelaFundação Cultural patrocinados ou não pela SANEPAR” (Melquizedeque da SilvaFerreira Corrêa Souza – evento nº 01).

Diante das supracitadas declarações, faz­se mister a condução coercitiva deSANDRO MAZALI e ADAILTON AVELINO, a fim de que prestem declarações à autoridadepolicial como medida alternativa à prisão temporária, em razão da existência de menoresindícios de seu envolvimento nas irregularidades investigadas, sem que tenham possibilidade deser coagidos por outros investigados ou que com ele combinem com versões a serem esposadasperante a autoridade policial ou, ainda, fazer desaparecer elementos de prova.

XVII ­ Medidas cautelares diversas da prisão:

Dispõe o art. 282 do Código de Processo Penal que as medidas cautelaresprevistas no Título IX do Código de Processo Penal, dentre as quais se encontra a prisãopreventiva, aplicável, de forma subsidiária à prisão temporária, serão aplicadas observando­se a“necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e,nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais”, bem como a“adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais doindiciado ou acusado”.

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Com observância à supracitada disposição, que, aliás, está em perfeita sintoniacom o princípio constitucional da proporcionalidade, foi a prisão preventiva, no caso dosautos, aplicada para as hipóteses em que está caracterizado maior intensidade deenvolvimento nas práticas noticiadas, adotando­se como parâmetros o aspecto temporal deinserção nas atividades no grupo criminoso, a quantificação fática, a influência exercidasobre os demais investigados e o grau de importância para a consumação dos ilícitosinvestigados.

Nesse sentido, é inviável a aplicabilidade de quaisquer das medidas cautelaresdiversas previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, haja vista que nenhuma delasteria o condão de auxiliar na desarticulação do esquema, em tese, criminoso, o qual, comodemonstrado, não possui necessária vinculação do a pessoa de RENI CLÓVIS DE SOUZAPEREIRA e tampouco com os cargos ocupados pelos investigados, na medida em que eles, deuma forma ou de outra, acabam por se valer de terceiros para, em tese, continuar selocupletando às custas do erário.

Desta feita, diante da necessidade de desarticular a suposta organização criminosainvestigada e fazer cessar a reiteração de práticas, em tese criminosas, inexiste possibilidade deserem os investigados ADEMILTON JOAQUIM TELLES, ANICE NAGIB GAZZAOUI,DARCI SIQUEIRA, DIEGO FERNANDO DE SOUZA, EDÍLIO DALL'AGNOL,FERNANDO DUSO, GILBER DA TRINDADE RIBEIRO, HERMÓGENES DEOLIVEIRA, JUAREZ DA SILVA SANTOS, LUIZ ANTÔNIO PEREIRA, LUIZ AUGUSTOPINHEIRO QUEIROGA, MAHMOUD AHMAD JOMAA, MARINO GARCIA, PAULOCESAR QUEIROZ, PAULO ROCHA, PATRÍCIA GOTARDELLO FOSTER, RICARDOANDRADE, RUDINEI DE MOURA e TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRAbeneficiados com as medidas tipificadas no art. 319 do Código de Processo Penal, haja vistaque os elementos de informação angariados no curso da OPERAÇÃO PECÚLIO, conformeassaz demonstrado, indicam de que eles possuem intensa e reiterada participação nos ilícitosperpetrados em desfavor do erário, sendo certo que só a prisão preventiva se traduz em medidaadequada para garantia da ordem pública.

XVIII ­ Busca e apreensão em escritório de advocacia:

Dispõe o art. 7º, inciso II, da Lei nº 8.906/94 que “São direitos do advogado:(...) a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentosde trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde querelativas ao exercício da advocacia”.

Com efeito, considerando que os fatos investigados não dizem respeito aoexercício da advocacia e que tampouco se busca a apreensão de bens relativos ao exercíciodaquela atividade, não há que se falar, para os fins da presente investigação, de inviolabilidade doescritório de advocacia do investigado TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA.

Nada obstante, como medida de cautela, voltada a resguardar a integridade daprova eventualmente obtida e delimitar a atividade da polícia judiciária, tenho por bemdeterminar que o mandado de busca e apreensão, relativo ao escritório de advocacia doinvestigado TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA, observe os requisitos dos §§ 6º e 7º doart. 7º da Lei nº 8.906/94, sendo cumprido na presença de representante da Ordem dosAdvogados do Brasil ­ OAB, sendo vedada a utilização de documentos, das mídias e dosobjetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos detrabalho que contenham informações sobre clientes, com ressalva quanto a clientes queestejam sendo formalmente investigados nos presentes autos, como seus partícipes oucoautores.

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XIX ­ Dispositivo:

Ante o exposto, defiro parcialmente os pedidos formulados no evento nº 01destes autos e evento nº 01 dos autos nº 5010447­94.2016.4.04.7002, para o fim de:

a) com fundamento no art. 312 do Código de Processo Penal, decretar aprisão preventiva dos investigados ADEMILTON JOAQUIM TELLES, ANICE NAGIBGAZZAOUI, DARCI SIQUEIRA, DIEGO FERNANDO DE SOUZA, EDÍLIODALL'AGNOL, FERNANDO DUSO, GILBER DA TRINDADE RIBEIRO,HERMÓGENES DE OLIVEIRA, JUAREZ DA SILVA SANTOS, LUIZ ANTÔNIOPEREIRA, LUIZ AUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA, LUIZ CARLOS ALVES,MAHMOUD AHMAD JOMAA, MARINO GARCIA, PAULO CESAR QUEIROZ, PAULORICARDO DA ROCHA, PATRÍCIA GOTARDELLO FOSTER, RICARDO ANDRADE,RUDINEI DE MOURA e TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA, para garantia daordem pública;

b) com fundamento no art. 1º, incisos I e III, alínea "l", da Lei nº 7.960/89,decretar a prisão temporária de BENI RODRIGUES PINTO, FRANCISCO NOROESTEMARTINS GUIMARÃES, GERALDO GENTIL BIESEK, INÁCIO COLOMBELLI, JOÃOMATKIEVICZ FILHO, JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, PAULO GORSKI JUNIOR ePAULO GORSKI, pelo prazo de 05 (cinco) dias;

c) com fundamento no art. 240, §1º, alíneas "a", "b", "e", "f" e "h", doCódigo de Processo Penal, determinar a execução de busca e apreensão nos locais indicadosnas alíneas “c” e “d” do XX desta decisão;

d) determinar a condução coercitiva de ADAILTON AVELINO, ADELIRDINIZ DA ROSA, ALEXANDRE, ANTÔNIO CARLOS NARDI, DILTO VITORASSI,EDISON ROBERTO BARDELLI, EDUARDO VIGA, ELCIO ANTONIO BARDELIJUNIOR, ELOI SENE, ÉRICO DA ROSA MARQUES, EVANDRO FREIRE, EVERSONCADAVAL MADRUGA, FABRICIO VIDAL, FAISAL AHMAD JOMAA, FLAVIO EISELE,GESSANI DA SILVA, GIANCARLO TORRES, ISMAEL COELHO DA SILVA, JEFERSONANTÔNIO AGUIAR, KETLIN, LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, MARCOSGOBBO, MARIA LETÍZIA JIMENEZ ABBATE FIALA, MAURÍCIO IOPP, MICAELSENSATO, NEURA SCHSSLER, NEY ZANCHETTI, ODAIR JOSÉ SILVEIRA, RAMONJOÃO CORREA, RENAN AUGUSO BAEZ, RICARDO CUMAN, ROGÉRIO CALAZANS,ROSANGELA SCHUSTER, ROSE LOCKS, ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS,RUBIA DE OLIVEIRA, RUI OMAR NOVICKI JUNIOR, SALETE TONELO, SANDROMAZALI, SÉRGIO PAULO DE OLIVEIRA e VANDERLEI ALMAGRO, a fim de queprestem imediatos esclarecimentos à autoridade policial acerca dos fatos investigados.

e) decretar a quebra do sigilo bancário das pessoas e pelos períodos a seguirindicados, cujas razões sociais, CNPJ /CPF serão fornecidos pelo Ministério PúblicoFederal:

TITULAR DATA INICIAL DATA FINAL

ADELIR DINIZ DA ROSA 01/08/13 30/09/16

ADEMILTON JOAQUIM TELES 01/01/15 31/01/15

ÁGUAS DA FONTE TRANSPORTADORA TURÍSTICA 01/01/15 31/01/13

AGUIAR REFEIÇÕES 01/12/14 30/09/16

ANTONIO CARLOS NARDI 01/11/14 31/01/15

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ATUAL MÉDICA 01/04/15 30/09/16

CONSÓRCIO SORRISO 01/07/15 30/09/16

COT (CENTRO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA) 01/12/15 30/09/16

DIEGO FERNANDO DE SOUZA 01/01/13 30/09/16

EDISON ROBERTO BARDELLI 01/01/13 30/09/16

EDUARDO VIGA 01/0813 03/09/16

ELCIO ANTÔNIO BARDELI JUNIOR 01/01/13 30/09/16

ELECNOR DO BRASIL 01/06/14 30/10/14

ELÓI SENE 01/01/16 30/06/16

EMBRASIL 01/02/15 30/09/15

Empresa fornecedora de asfalto frio 01/01/14 31/12/15

ÉRICO DA ROSA MARQUES 01/01/14 30/08/16

EVANDRO FREIRE 01/01/13 30/09/16

EXPRESSO FOZ TRANSPORTE EIRELI 01/01/13 30/09/16

FABRÍCIO VIDAL 01/01/14 30/08/16

FAISAL AHMAD JOMAA 01/12/15 30/09/16

FRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES 01/01/14 30/08/16

GERALDO GENTIL BIESEK 01/07/14 28/02/16

GIANCARLO TORRES 01/01/13 30/12/14

GILBER DA TRINDADE RIBEIRO 01/08/15 30/08/16

INÁCIO COLOMBELLI 01/01/13 31/12/13

INNERBIT 01/10/15 30/09/16

IRATAN FRANCISCO RIBEIRO 01/12/15 30/04/16

ISMAEL COELHO DA SILVA 01/01/13 30/09/16

ITAVEL SERVIÇOS RODOVIÁRIOS LTDA 01/01/13 31/12/13

JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR 01/12/14 30/09/16

JOÃO MATKIEVICZ FILHO 01/01/13 30/09/16

JUAREZ DA SILVA SANTOS 01/01/13 30/09/16

LABORATÓRIO BIOCENTER 01/01/13 30/09/16

LUCIA APARECIDA MARQUES & CIA. LTDA. 01/10/15 30/09/16

LUCIANO ALVES 01/06/14 30/08/16

LUIZ CARLOS MEDEIROS 01/01/14 31/12/15

MAHMOUD AHMAD JOMAA 01/05/13 30/08/16

MARCOS GOBBO 01/01/13 31/12/14

MARIA LETIZIA JIMENEZ ABBATE FIALA 01/04/15 30/09/16

MARLI TEREZINHA TELLES 01/09/13 30/09/16

MAURÍCIO IOPP 01/01/13 30/09/16

ODAIR JOSÉ SILVEIRA 01/01/13 31/12/13

ORLANDO ARISTIDES 01/06/14 30/10/14

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PAULO CESAR BARANCELLI DE ARAÚJO 01/01/13 30/09/16

PAULO GORSKI 02/01/13 01/10/16

PAULO GORSKI JUNIOR 03/01/13 02/10/16

PEDREIRA REMANSO 01/01/13 31/12/14

POWERNET TECONOLOGIAS LTDA. 01/08/13 30/09/16

PRODUTEL / MULTIAÇÃO 01/01/16 30/04/16

QUALITY FLUX AUTOMAÇÃO E SISTEMAS LTDA. ME. 01/01/13 30/09/16

RADIANTE 01/01/16 30/04/16

RÁDIO PORTAL DA COSTA OESTE 01/01/13 30/12/14

RAMON JOÃO CORREA 01/12/15 30/09/16

RICARDO CUMAN 01/01/13 31/12/14

ROBERTO FLORIANI DE CARVALHO 01/04/15 30/09/16

ROSE LOCKS 01/01/13 31/10/16

ROSE'S LAVANDERIA 01/01/13 30/10/16

RUBIA DE OLIVEIRA 01/06/14 30/08/16

RUI OMAR NOVICKI JUNIOR 01/01/13 30/09/16

SALETE TONELLO 01/01/13 31/01/16

SAMP ­ CONSTRUTORA DE OBRAS LTDA. 01/01/13 30/09/16

SANDRO MAZALI 01/01/14 31/12/15

SANIC – SERVIÇOS DE SANEAMENTOS PROJETOS AMBIENTAIS 01/01/13 30/08/16

SÉRGIO PAULO DE OLIVEIRA 01/06/14 30/10/14

TRADE COMUNICAÇÃO E MARKETING SS LTDA. 01/01/14 30/08/16

TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA 01/01/13 30/09/16

UMAMAFI 01/01/15 31/01/13

VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR 01/10/15 30/09/16

VIGA NETSTORE 01/010/15 30/09/16

VISION ART PRODUÇÕES 01/01/14 30/08/16

VISUAL PROJETOS ­ MARTINELLO ENGENHARIA 01/01/13 30/09/16

VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A 01/01/13 30/09/16

f) autorizar que as informações bancárias dos investigados sejam compartilhadascom Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Receita Federal do Brasil ­ NUPEI, para fim delevantamentos e identificação de movimentações financeiras suspeitas, bem como autorizo autilização dos dados a serem fornecidos pelo Conselho de Controle de AtividadesFinanceiras ­ COAF, por meio do Sistema Eletrônico de Intercâmbio – SEI.

g) decretar a quebra do sigilo telefônico de ADAILTON AVELINO eFRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES, no período compreendido entre os dias01 de janeiro de 2013 e 30 de outubro de 2016.

XX ­ Disposições finais:

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a) expeçam­se mandados de prisão preventiva em desfavor de: 01.ADEMILTON JOAQUIM TELLES, (art. 317 e 333 do Código Penal, arts. 89 e 90 da Leinº 8.666/93 e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 02. ANICE NAGIB GAZZAOUI (art. 317 doCódigo Penal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 03. DARCI SIQUEIRA (art. 317 do CódigoPenal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 04. DIEGO FERNANDO DE SOUZA (art. 317 e 333do Código Penal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 05. EDÍLIO DALL'AGNOL (art. 317 doCódigo Penal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 06. FERNANDO DUSO (arts. 312 e 317 doCódigo Penal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 07. GILBER DA TRINDADE RIBEIRO (art.317 do Código Penal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 08. HERMÓGENES DE OLIVEIRA(art. 317 do Código Penal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 09. JUAREZ DA SILVA SANTOS,(arts. 312 e 317 do Código Penal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 10. LUIZ ANTÔNIOPEREIRA (art. 333 do Código Penal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 11. LUIZ AUGUSTOPINHEIRO QUEIROGA (art. 317 do Código Penal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 12.LUIZ CARLOS ALVES (art. 317 do Código Penal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 13.MAHMOUD AHMAD JOMAA (art. 312, 317 e 333 do Código Penal, art. 90 da Lei nº8.666/93 e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 14. MARINO GARCIA (art. 317 do Código Penale art. 2º da Lei nº 12.850/13); 15. PAULO CESAR QUEIROZ (art. 317 do Código Penal eart. 2º da Lei nº 12.850/13); 16. PAULO RICARDO DA ROCHA (art. 317 do CódigoPenal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 17. PATRÍCIA GOTTARDELO FOSTER RUIZ (arts.89 e 92 da Lei nº 8.666/93, art. 317 do Código Penal, art. 10 da Lei nº 7.347/85 e art. 2ºda Lei nº 12.850/13); 18. RICARDO ANDRADE, (arts. 312 e 317 do Código Penal e art. 2ºda Lei nº 12.850/13); 19. RUDINEI DE MOURA (art. 317 do Código Penal e art. 2º da Leinº 12.850/13); 20. TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA (art. 317 e 333 do CódigoPenal, art. 90 da Lei nº 8.666/93 e art. 2º da Lei nº 12.850/13), observando­se asqualificações a serem fornecidas pela autoridade policial.

Consigne­se dos mandados: prazo de 30 (trinta) dias para cumprimento; prazode 20 (vinte) anos de validade; que a utilização de algemas fica autorizada na efetivação daprisão ou no transporte do preso, caso os policiais imediatamente responsáveis pelo atoreputem necessário, sendo impossível nesta decisão antever as possíveis reações, devendo, emqualquer caso, ser observada a Súmula Vinculante nº 11 do Supremo Tribunal Federal; quetodos os aparelhos telefônicos encontrados em poder dos investigados deverão serapreendidos; em relação a TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA e PATRÍCIAGOTARDELLO FOSTER RUIZ, que deverá ser observado o disposto no art. 7º, IV e V, daLei 8.906/94; em relação a GILBER DA TRINDADE RIBEIRO, que deverá a custódia sercumprida em regime de prisão domiciliar, com monitoramento eletrônico, na forma ecom os parâmetros estabelecidos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, nos autosdo habeas corpus nº 5050320­58.2016.4.04.0000 (limite de deslocamentos o raio de cincoquilômetros do local de residência, e a vedação de ultrapassar qualquer das fronteirasnacionais).

b) expeçam­se mandados de prisão temporária em desfavor de: 01. BENIRODRIGUES PINTO (art. 317 do Código Penal e art. 2º da Lei nº 12.850/13); 02.FRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES (art. 317 do Código Penal e art. 2ºda Lei nº 12.850/13); 03. GERALDO GENTIL BIESEK (art. 317 do Código Penal e art. 2ºda Lei nº 12.850/13); 04. INÁCIO COLOMBELLI (art. 333 do Código Penal e art. 2º daLei nº 12.850/13); 05. JOÃO MATKIEVICZ FILHO (art. 317 do Código Penal e art. 2º daLei nº 12.850/13); 06. JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA (art. 317 do Código Penal e art.2º da Lei nº 12.850/13), 07. PAULO GORSKI (art. 333 do Código Penal e art. 2º da Leinº 12.850/13); 08. PAULO GORSKI JUNIOR (art. 333 do Código Penal e art. 2º da Leinº 12.850/13), observando­se as qualificações a serem fornecidas pela autoridade policial.

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Consigne­se dos mandados: prazo de 30 (trinta) dias para cumprimento; que autilização de algemas fica autorizada na efetivação da prisão ou no transporte do preso, caso ospoliciais imediatamente responsáveis pelo ato reputem necessário, sendo impossível nestadecisão antever as possíveis reações, devendo, em qualquer caso, ser observada a SúmulaVinculante nº 11 do Supremo Tribunal Federal; que todos os aparelhos telefônicosencontrados em poder dos investigados deverão ser apreendidos; que, decorrido o prazo de 05(cinco) dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo em casode prorrogação da prisão temporária ou de eventual decretação de sua prisão preventiva (art. 2º,§7º, da Lei 7.960/89); que, ex vi, do art. 3° da Lei nº 7.960/89, o preso temporário deverápermanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos.

c) expeçam­se mandados de busca e apreensão, observando o disposto no art.243 do Código de Processo Penal, a serem cumpridos nos locais vinculados a: ADAILTONAVELINO (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados naOPERAÇÃO PECÚLIO; ADELIR DINIZ DA ROSA (residência), visando a coleta de provasrelativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; ADEMILTONJOAQUIM TELLES, visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados naOPERAÇÃO PECÚLIO; ÁGUAS DA FONTE TRANSPORTADORA TURÍSTICA visando acoleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; AGUIAR REFEIÇÕES visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados naOPERAÇÃO PECÚLIO; ALEXANDRE (residência), visando a coleta de provas relativa àprática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; ANICE NAGIB GAZZAOUI(residência e gabinete na Câmara dos Vereadores de Foz do Iguaçu/PR), visando a coleta deprovas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; ANTONIOCARLOS NARDI (residência e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde);visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO;ANTONIO CARLOS NARDI (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dosfatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; BENI RODRIGUES PINTO (residência egabinete na Câmara dos Vereadores de Foz do Iguaçu/PR), visando a coleta de provas relativaà prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; CÂMARA DOS VEREADORESDE FOZ DO IGUAÇU/PR (Setor financeiro), visando a coleta de provas relativa à prática dosfatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; DARCI SIQUEIRA (residência e gabinete naCâmara dos Vereadores de Foz do Iguaçu/PR), visando a coleta de provas relativa à práticados fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; DIEGO FERNANDO DE SOUZA(residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃOPECÚLIO; DILTO VITORASSI (residência e gabinete na Câmara dos Vereadores de Foz doIguaçu/PR), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados naOPERAÇÃO PECÚLIO;EDÍLIO DALL AGNOL (residência e gabinete na Câmara dosVereadores de Foz do Iguaçu/PR), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; EDISON ROBERTO BARDELLI (residência),visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO;EDUARDO VIGA (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; ÉLCIO ANTÔNIO BARDELI JUNIOR(residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃOPECÚLIO; ELÓI SENE (residência e local de trabalho), visando a coleta de provas relativa àprática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; ÉRICO DA ROSA MARQUES(residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃOPECÚLIO; EVANDRO FREIRE (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dosfatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; EVERSON CADAVAL MADRUGA(residência e local de trabalho), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; FABRÍCIO VIDAL (residência), visando a coleta deprovas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; FAISAL AHMADJOMAA (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na

OPERAÇÃO PECÚLIO; FERNANDO DUSO (residência, gabinete e presidência da Câmara

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OPERAÇÃO PECÚLIO; FERNANDO DUSO (residência, gabinete e presidência da Câmarados Vereadores de Foz do Iguaçu/PR), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; FLÁVIO EISELE (residência), visando a coleta deprovas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; FRANCISCONOROESTE MARTINS GUIMARÃES (residência), visando a coleta de provas relativa àprática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; FUNDAÇÃO MUNICIPAL DESAÚDE, visando a apreensão dos Contratos nº 277/2015, 278/2015, 279/2015, 285/2015,274/2015, 275/2015 e 276/2015, sem prejuízo da a coleta de outras provas relativa à práticados fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; GERALDO GENTIL BIESEK(residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃOPECÚLIO; GESSANI DA SILVA (residência e gabinete na Câmara dos Vereadores de Fozdo Iguaçu/PR), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados naOPERAÇÃO PECÚLIO; GIANCARLO TORRES (residência), visando a coleta de provasrelativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; HERMÓGENES DEOLIVEIRA (residência e gabinete na Câmara dos Vereadores de Foz do Iguaçu/PR), visandoa coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO;HOSPITAL MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU, visando a apreensão de documentosrelacionados a: aquisição, no período de junho/2013 até 30/04/2014 de ceras (produto delimpeza) e anestésicos (produto farmacêutico); Concorrência Pública nº 001/2013;documentos referentes à MEDSOFT; processos licitatórios referentes à AGUIARREFEIÇÕES, sem prejuízo da a coleta de outras provas relativa à prática dos fatos investigadosna OPERAÇÃO PECÚLIO; INÁCIO COLOMBELLI (residência), visando a coleta de provasrelativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; ISMAEL COELHO DASILVA, visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃOPECÚLIO; Instituto de Transportes e Trânsito de Foz do Iguaçu/PR – FOZTRANS visandoapreensão de documentos relacionados ao Pregão nº 006/2013, sem prejuízo da coleta deoutras provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; ITAVELSERVIÇOS RODOVIÁRIOS LTDA. visando a coleta de provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR (residência),visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO;JOÃO MATKIEVICZ FILHO (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dosfatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA(residência e gabinete na Câmara dos Vereadores de Foz do Iguaçu/PR), visando a coleta deprovas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; JUAREZ DASILVA SANTOS, visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados naOPERAÇÃO PECÚLIO; KETLIN (residência e escritório), visando a coleta de provas relativaà prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; LABORATÓRIO BIOCENTER(Sede em Pato Branco/PR), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigadosna OPERAÇÃO PECÚLIO, LAERTES JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO (residência),visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO;LUIZ AUGUSTO PINHEIRO QUEIROGA (residência e gabinete na Câmara dosVereadores de Foz do Iguaçu/PR), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; LUIZ ANTÔNIO PEREIRA, visando a coleta deprovas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; MAHMOUDAHMAD JOMAA (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; MARCOS GOBBO (residência), visando a coleta deprovas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; MARIA LETIZIAJIMENEZ ABBATE FIALA (residência e local de trabalho), visando a coleta de provas relativaà prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; MARINO GARCIA (residência egabinete na Câmara dos Vereadores de Foz do Iguaçu/PR), visando a coleta de provas relativaà prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; MAURÍCIO IOPP (residência),visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO;MICAEL SENSATO (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; NEURA SCHSSLER (residência e local de

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investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; NEURA SCHSSLER (residência e local detrabalho), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃOPECÚLIO; NEY ZANCHETTI (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dosfatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; ODAIR JOSÉ SILVEIRA, visando a coleta deprovas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; PATRÍCIAGOTTARDELLO FOSTER RUIZ (residência e local de trabalho), visando a coleta de provasrelativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; PAULO CÉSARQUEIROZ (residência e gabinete na Câmara dos Vereadores de Foz do Iguaçu/PR), visandoa coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; PAULORICARDO DA ROCHA (residência e gabinete na Câmara dos Vereadores de Foz doIguaçu/PR), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados naOPERAÇÃO PECÚLIO; PAULO GORSKI, visando a coleta de provas relativa à prática dosfatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; PAULO GORSKI JÚNIOR, visando a coletade provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; PREFEITURAMUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU/PR, visando a apreensão de documentos referentes:processo licitatório para aquisição de seis mil sacos de asfalto frio, realizada em 2014;Concorrência Pública nº 05/2016; Concorrência Pública nº 19/2014; Tomada de Preço nº24/2014; Processo de Dispensa nº 003/2014; Concorrência Pública nº 17/2014;Concorrência Pública nº 009/2014; Tomada de Preço nº 25/2014; Pregão Eletrônico nº143/2013; Tomada de Preços nº 07/2013; Concorrência Pública nº 17/2013; Processo deDispensa nº 002/2014; Processo de dispensa nº 42/2013; Processo de dispensa nº 46/2013;Pregão nº 009/2014, sem prejuízo da a coleta de outras provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; RAMON JOÃO CORREA (residência), visando acoleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; RENANAUGUSTO BAEZ (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; RICARDO ANDRADE (residência e local detrabalho na Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu/PR), visando a coleta de provas relativa àprática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; RICARDO CUMAN (residência),visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO;ROGÉRIO CALAZANS (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; ROSANGELA SCHUSTER (residência), visando acoleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; ROSELOCKS (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados naOPERAÇÃO PECÚLIO; ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS, residência), visando acoleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; RUBIADE OLIVEIRA, residência), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigadosna OPERAÇÃO PECÚLIO; RUDNEI DE MOURA (residência e gabinete na Câmara dosVereadores de Foz do Iguaçu/PR), visando a coleta de provas relativa à prática dos fatosinvestigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; RUI OMAR NOVICKI JUNIOR (residência),visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO;SALETE TONELLO (residência e local de trabalho), visando a coleta de provas relativa àprática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; SANDRO MAZALI (residência),visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO;SÉRGIO PAULO DE OLIVEIRA (residência), visando a coleta de provas relativa à prática dosfatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; TRADE COMUNICAÇÃO E MARKETINGSS LTDA. visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃOPECÚLIO, inclusive a busca e apreensão de documentos relacionados com a VISION ARTPRODUÇÕES; TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA (residência), visando a coleta deprovas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO; UNIÃOMUNICIPAL ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DE FOZ DO IGUAÇU/PR ­ UMAMFI,visando a coleta de provas relativa à prática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO;VANDERLEI ALMAGRO (residência e local de trabalho), visando a coleta de provas relativa àprática dos fatos investigados na OPERAÇÃO PECÚLIO, cujos endereços serão fornecidospela autoridade policial, autorizando, desde logo: acesso ao conteúdo de mídias de

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pela autoridade policial, autorizando, desde logo: acesso ao conteúdo de mídias dearmazenamento computacional (HDs, CDs, pen drives, disquetes etc.) que foremeventualmente apreendidas, inclusive a quebra do sigilo informático/telemático dascomunicações via correio eletrônico dos acima representados eventualmente encontradosnessas mídias ou sistemas computacionais, a fim de que sejam submetidos a análise policial eexame pericial; acesso ao conteúdo de documentos bancários, fiscais, telefônicos apreendidosque tenham relação com os fatos investigados, a fim de que sejam submetidos a análise policiale exame pericial; arrombamento de cofres e cômodos, caso não sejam voluntariamente abertos.

Observo que, no cumprimento da ordem, poderá a autoridade policial e osservidores que a auxiliarem, no local a ser submetido a busca, guiados por critérios deoportunidade e conveniência, evitando exposição desnecessária de quem quer que seja,acessar dados armazenados em eventuais computadores, arquivos eletrônicos de qualquernatureza, inclusive smartphones, que forem encontrados, a fim de verificar, desde logo, anecessidade de apreensão.

Consigno o prazo de 30 (trinta) dias para cumprimento da busca e apreensão.

Consigno, outrossim, o prazo de 10 (dez) dias para envio do respectivo autocircunstanciado, contados da data do cumprimento do mandado de busca e apreensão.

Independentemente dos prazos consignados, deverá a autoridade policial,imediatamente, comunicar ao juízo o cumprimento da ordem de busca e apreensão, bemcomo acerca da possibilidade de os investigados obterem acesso aos autos, a fim de quenão haja prejuízo às investigações.

Desde logo, autorizo a autoridade policial a promover a devolução dedocumentos e de equipamentos de informática se, após seu exame, constatar que nãointeressam à investigação ou que não haja mais necessidade de manutenção da apreensão, emdecorrência do término dos exames. Igualmente, fica autorizado a promover, havendorequerimento, cópias dos documentos ou dos arquivos eletrônicos e a entregá­las aosinvestigados, pessoalmente ou por intermédio de seus procuradores.

d) expeça­se mandado de busca e apreensão, observando o disposto no art. 243do Código de Processo Penal, a ser cumprido, NA PRESENÇA DE REPRESENTANTE DAORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – OAB, no escritório de advocacia de TÚLIOMARCELO DENIG BANDEIRA, a fim de que sejam apreendidos objetos necessários àinvestigação e à instrução criminal, bem como valores em espécie, cheques e objetos valiosos,desde que em relação a estes haja evidente indicação de que se tratam produtos ouproventos da prática dos ilícitos sob investigação, sem prejuízo da autuação em flagrante,caso sejam constatados os respectivos requisitos legais, autorizando, desde logo: acesso aoconteúdo de mídias de armazenamento computacional (HDs, CDs, pen drives, disquetes etc.que forem eventualmente apreendidas, inclusive a quebra do sigilo informático/telemático dascomunicações via correio eletrônico dos acima representados eventualmente encontradosnessas mídias ou sistemas computacionais, a fim de que sejam submetidos a análise policial eexame pericial; acesso ao conteúdo de documentos bancários, fiscais, telefônicos apreendidosque tenham relação com os fatos investigados, a fim de que sejam submetidos a análise policiale exame pericial; arrombamento de cofres e cômodos, caso não sejam voluntariamente abertos.

Observo que, no cumprimento da ordem, poderá a autoridade policial e osservidores que a auxiliarem, no local a ser submetido a busca, guiados por critérios deoportunidade e conveniência, evitando exposição desnecessária de quem quer que seja,

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acessar dados armazenados em eventuais computadores, arquivos eletrônicos de qualquernatureza, inclusive smartphones, que forem encontrados, a fim de verificar, desde logo, anecessidade de apreensão.

Tratando­se de escritório de advocacia, fica vedada a utilização de documentos,das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demaisinstrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes, com ressalva quanto aclientes que estejam sendo formalmente investigados nos presentes autos, como seuspartícipes ou coautores.

Consigno o prazo de 30 (trinta) dias para cumprimento da busca e apreensão.

Consigno, outrossim, o prazo de 10 (dez) dias para envio do respectivo autocircunstanciado, contados da data do cumprimento do mandado de busca e apreensão.

Independentemente dos prazos consignados, deverá a autoridade policial,imediatamente, comunicar ao juízo o cumprimento da ordem de busca e apreensão, bemcomo acerca da possibilidade de os investigados obterem acesso aos autos, a fim de quenão haja prejuízo às investigações.

Desde logo, autorizo a autoridade policial a promover a devolução dedocumentos e de equipamentos de informática se, após seu exame, constatar que nãointeressam à investigação ou que não haja mais necessidade de manutenção da apreensão, emdecorrência do término dos exames. Igualmente, fica autorizado a promover, havendorequerimento, cópias dos documentos ou dos arquivos eletrônicos e a entregá­las aosinvestigados, pessoalmente ou por intermédio de seus procuradores.

e) expeçam­se mandados de condução coercitiva em desfavor de: 01.ADAILTON AVELINO; 02. ADELIR DINIZ DA ROSA; 03. ALEXANDRE; 04. ANTONIOCARLOS NARDI; 05. DILTO VITORASSI; 06. EDISON ROBERTO BARDELLI; 07.EDUARDO VIGA; 08. ELCIO ANTONIO BARDELI JUNIOR; 09. ELOI SENE; 10.ÉRICO DA ROSA MARQUES; 11. EVANDRO FREIRE; 12. EVERSON CADAVALMADRUGA; 13. FABRICIO VIDAL; 14. FAISAL AHMAD JOMAA; 15. FLAVIO EISELE;16. GESSANI DA SILVA; 17. GIANCARLO TORRES; 18. ISMAEL COELHO DA SILVA;19. JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR; 20. KETLIN; 21. LAERTES JUSTINO DEOLIVEIRA FILHO; 22. MARCOS GOBBO; 23. MARIA LETÍZIA JIMENEZ ABBATEFIALA; 24. MAURÍCIO IOPP; 25. MICAEL SENSATO; 26. NEURA SCHSSLER; 27. NEYZANCHETTI; 28. ODAIR JOSÉ SILVEIRA; 29. RAMON JOÃO CORREA; 30. RENANAUGUSTO BAEZ; 31. RICARDO CUMAN; 32. ROGÉRIO CALAZANS; 33.ROSANGELA SCHUSTER; 34. ROSE LOCKS; 35. ROSINALDO LUZIANO DOSSANTOS; 36. RUBIA DE OLIVEIRA; 37. RUI OMAR NOVICKI JUNIOR; 38. SALETETONELO; 39. SANDRO MAZALI; 40. SÉRGIO PAULO DE OLIVEIRA; 41. VANDERLEIALMAGRO, intimando­os para imediato comparecimento à presença da autoridade policial, afim de prestem esclarecimentos acerca dos fatos sob investigação.

Consigne­se nos mandados que: não deverá ser utilizada algema, salvo se, naocasião do cumprimento da medida, restar evidenciado risco concreto e imediato aosservidores responsáveis pelo cumprimento da ordem, a terceiros ou ao próprio conduzido, bemcomo que referidas pessoas, antes de suas oitivas, deverão ser cientificadas de seus direitosconstitucionais, em especial o de permanecerem em silêncio e de serem assistidas poradvogado; que, em relação a MARIA LETÍZIA JIMENEZ ABBATE FIALA e RICARDO

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CUMAN deverá ser observado, no que couber, o disposto no art. 7º, IV e V, da Lei 8.906/94;c) que todos os aparelhos telefônicos encontrados em poder dos investigados deverão serapreendidos.

Consigno o prazo de 30 (trinta) dias para cumprimento dos mandados decondução coercitiva.

Consigno, outrossim, o prazo de 05 (cinco) dias para envio dos respectivostermos de inquirição, contados da data do cumprimento dos mandados de conduçãocoercitiva.

f) oficie­se ao BANCO CENTRAL DO BRASIL ­ BACEN, determinando que,quanto às pessoas abrangidas pela quebra do sigilo bancário, sejam promovidas as seguintesdiligências: que sejam efetuadas pesquisas no Cadastro de Clientes do Sistema FinanceiroNacional (CCS) com o intuito de comunicar exclusivamente às instituições financeiras com asquais os investigados têm ou tiveram relacionamentos no período do afastamento do sigilobancário, acelerando, assim, a obtenção dos dados junto a tais entidades; que seja transmitidaem 10 dias à Secretaria de Pesquisa e Análise da Procuradoria Geral da República –SPEA/PGR, observando o modelo de leiaute e o programa de validação e transmissão previstosno endereço eletrônico https://asspaweb.pgr.mpf.gov.br, cópia da decisão judicial e todos osrelacionamentos dos investigados obtidos na CCS, tais como contas correntes, contas depoupança e outros tipos de contas (inclusive nos casos em que o investigado apareça comocotitular, representante, responsável ou procurador), bem como as aplicações financeiras,informações referentes a cartões de crédito e outros produtos existentes junto às instituiçõesfinanceiras; que comunique imediatamente às instituições financeiras o teor da decisão judicialde forma que os dados bancários dos investigados sejam transmitidos diretamente à Secretariade Pesquisa e Análise da Procuradoria Geral da República – SPEA/PGR, no prazo de 30dias, conforme modelo de leiaute estabelecido pelo Banco Central na Carta­Circular 3.454,de 14 de junho de 2010 e determinado às autoridades judiciárias pela Corregedoria Nacionalde Justiça por meio da Instrução Normativa nº 03, de 09 de agosto de 2010; que comuniqueimediatamente às instituições financeiras o teor da decisão judicial de forma que os dadosbancários dos investigados sejam submetidos à validação e transmissão descritos no arquivo MI001 – Leiaute de Sigilo Bancário, disponível no endereço eletrônicohttps://asspaweb.pgr.mpf.gov.br; que informe às instituições financeiras que o campo“Número de Cooperação Técnica SPEA” seja preenchido com a seguinte referência: 001­MPF­002270­82 e que os dados bancários sejam submetidos ao programa “VALIDADORBANCÁRIO SIMBA” e transmitidos por meio do programa “TRANSMISSOR BANCÁRIOSIMBA”, ambos disponíveis no endereço eletrônico https://asspaweb.pgr.mpf.gov.br; que,em caso de dúvidas, o endereço eletrônico para contato com a Secretaria de Pesquisa e Análise – SPEA/PGR é: [email protected], e para correspondências o endereço da SPEA/PGR é oseguinte: PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA – ANEXO III – SAS QUADRA 3BLOCO J – BRASÍLIA­DF – CEP 70.070­925.

g) expeça­se alvará determinando que as companhias telefônicas atuantes noEstado do Paraná forneçam, no prazo de 10 (dez) dias e em meio digital, dados cadastrais eextratos de ligações enviadas, recebidas e perdidas efetuadas por meio dos terminaisregistrados em nome de ADAILTON AVELINO e FRANCISCO NOROESTE MARTINSGUIMARÃES, no período compreendido entre os dias 01 de janeiro de 2013 e 30 de outubrode 2016.

Encaminhe­se o supracitado alvará para autoridade policial, a fim de que dêencaminhamento à requisição.

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5009847­73.2016.4.04.7002 700002718679 .V18 NAG© RRE

h) acerca desta decisão, dê­se imediata ciência à autoridade policial e aoMinistério Público Federal, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, forneçam os CPF´s /CNPJ das pessoas físicas e jurídicas abrangidas pela quebra de sigilo bancário, os endereçosdos locais a serem submetidos a busca e apreensão e a qualificação das pessoas sujeitas a prisãoe condução coercitiva, a fim de viabilizar a expedição dos respectivos mandados.

i) notifique­se a autoridade policial para que promova as oitivasrequisitadas pelo Ministério Público Federal na petição do evento nº 01, no prazo de 30(trinta) dias, contados da data do cumprimento dos mandados expedidos por força destadecisão;

j) após a autoridade policial informar a possibilidade de os investigadosacessarem os autos, sem prejuízo das investigações, intime­os acerca desta decisão;

h) após a autoridade policial informar a possibilidade de os investigadosacessarem os autos, dê­se ciência acerca desta decisão aos relatores dos habeas corpus nº5050320­58.2016.4.04.0000 e 5048691­49.2016.4.04.0000, do Tribunal Regional Federalda 4ª Região, e HC 376274/PR, RHC 76726/RS e RHC75916/PR do Superior Tribunal deJustiça.

Documento eletrônico assinado por PEDRO CARVALHO AGUIRRE FILHO, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III,da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência daautenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,mediante o preenchimento do código verificador 700002718679v18 e do código CRC 49c4af8b. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): PEDRO CARVALHO AGUIRRE FILHO Data e Hora: 23/11/2016 16:45:06