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335 Medicina, Ribeirão Preto, 35: 335-348, jul./set. 2002 O Departamento de Patologia faz parte do organograma da Faculdade de Me- dicina de Ribeirão Preto da Universida- de de São Paulo, previsto na Lei nº l467 de 26/12/l95l, na qual era denominado Departamento de Anatomia e Fisiologia Patológicas. Posteriormente, a denominação foi alterada para Departamento de Patologia. Sua história começou a 20 de abril de 1954, quando o Professor FRITZ KÖBERLE pronunciou a aula inaugural do primeiro curso de Anatomia Patoló- gica. Foi em 1952 que o Prof. Zeferino Vaz, fundador e primeiro diretor da Faculdade de Medicina de Ribei- rão Preto, convidou o Prof. Fritz Köberle para criar e dirigir o Departamento de Patologia. Na época, o Prof. Köberle era o Diretor do Instituto de Patologia em St. Polten, na Baixa Áustria; sua transferência para o Brasil deu-se no fim de 1953. Atraiu-o a filosofia que norteava a criação da nova faculdade, voltada para o trabalho em tempo integral, associando intimamente o ensino da Medicina e a investigação científica. Já no ano de 1953, foi criado um Serviço de Autópsias e um Laboratório de Histopatologia, mesmo em condições precárias, para obter material didático a ser utilizado no ano seguinte. A Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto contribuiu, decisivamente, nos primei- ros tempos da faculdade, pois era o único hospital lo- cal em condições de permitir um começo das ativida- des práticas ambulatoriais e de enfermaria dos depar- tamentos clínicos. O Departamento de Patologia utili- zou o velório do hospital e uma sala com duas mesas de autópsias. O Serviço de Patologia Cirúrgica come- çou, provisoriamente, em duas salas do Departamen- to de Histologia e Embriologia, cedidas pelo Prof. Lucien Lison. Inicialmente, a realização das necropsias en- controu sérias dificuldades, dada a resistência de fa- miliares dos falecidos, de enfermeiras e até mesmo de médicos, não habituados com o exame. O Serviço de Patologia Cirúrgica foi mais facilmente aceito e, já no terceiro ano de funcionamento, examinara cerca de 2.000 biópsias. As instalações provisórias persisti- ram até meados de 1954, quando o departamento pas- sou a ocupar instalações definitivas na Fazenda Mon- te Alegre. Na antiga fazenda, ele foi instalado defini- tivamente naquele que é hoje o Edifício Prof. Fritz Köberle do Campus da USP de Ribeirão Preto. Ha- via ali cerca de 1200 m 2 que permitiram não só a trans- ferência das instalações provisórias anteriores, mas também sua ampliação e a criação de novos setores. Em 1979, a Universidade de São Paulo aprovou uma alteração do organograma da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, através do qual a Medicina Legal deixou de integrar o Departamento de Medicina So- cial para integrar o Departamento de Patologia. A Lei l467 de 26/12/1952, que criou a Faculda- de de Medicina de Ribeirão Preto, previa o Serviço de Verificação de Óbitos (S.V.O.) no seu artigo 15. Este é um serviço prestado à Comunidade, que visa escla- recer a causa mortis em todos os casos de defunção natural sem assistência médica. Sua criação revelou, em Ribeirão Preto, a alta importância da morte súbita, freqüente entre os habitantes da região e carreou para a Universidade de São Paulo um precioso material, que antes se perdia entre as causas indeterminadas de óbitos ou na cômoda certificação de supostas cau- sas, sem comprovação necroscópica. Quando o Hos- pital das Clínicas instalou-se na Maternidade Sinhá Junqueira, o departamento citado já realizava necrop- Departamento de Patologia Retrospectiva e situação atual Roberto Silva Costa & Marcos Antonio Rossi Docentes. Departamento de Patologia. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP

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Medicina, Ribeirão Preto,35: 335-348, jul./set. 2002

O Departamento de Patologia faz partedo organograma da Faculdade de Me-dicina de Ribeirão Preto da Universida-

de de São Paulo, previsto na Lei nº l467 de 26/12/l95l,na qual era denominado Departamento de Anatomia eFisiologia Patológicas. Posteriormente, a denominaçãofoi alterada para Departamento de Patologia.

Sua história começou a 20 de abril de 1954,quando o Professor FRITZ KÖBERLE pronunciou aaula inaugural do primeiro curso de Anatomia Patoló-gica. Foi em 1952 que o Prof. Zeferino Vaz, fundadore primeiro diretor da Faculdade de Medicina de Ribei-rão Preto, convidou o Prof. Fritz Köberle para criar edirigir o Departamento de Patologia. Na época, o Prof.Köberle era o Diretor do Instituto de Patologia em St.Polten, na Baixa Áustria; sua transferência para oBrasil deu-se no fim de 1953. Atraiu-o a filosofia quenorteava a criação da nova faculdade, voltada para otrabalho em tempo integral, associando intimamente oensino da Medicina e a investigação científica. Já noano de 1953, foi criado um Serviço de Autópsias e umLaboratório de Histopatologia, mesmo em condiçõesprecárias, para obter material didático a ser utilizadono ano seguinte. A Santa Casa de Misericórdia deRibeirão Preto contribuiu, decisivamente, nos primei-ros tempos da faculdade, pois era o único hospital lo-cal em condições de permitir um começo das ativida-des práticas ambulatoriais e de enfermaria dos depar-tamentos clínicos. O Departamento de Patologia utili-zou o velório do hospital e uma sala com duas mesasde autópsias. O Serviço de Patologia Cirúrgica come-çou, provisoriamente, em duas salas do Departamen-to de Histologia e Embriologia, cedidas pelo Prof.Lucien Lison.

Inicialmente, a realização das necropsias en-controu sérias dificuldades, dada a resistência de fa-miliares dos falecidos, de enfermeiras e até mesmode médicos, não habituados com o exame. O Serviçode Patologia Cirúrgica foi mais facilmente aceito e, jáno terceiro ano de funcionamento, examinara cercade 2.000 biópsias. As instalações provisórias persisti-ram até meados de 1954, quando o departamento pas-sou a ocupar instalações definitivas na Fazenda Mon-te Alegre. Na antiga fazenda, ele foi instalado defini-tivamente naquele que é hoje o Edifício Prof. FritzKöberle do Campus da USP de Ribeirão Preto. Ha-via ali cerca de 1200 m2 que permitiram não só a trans-ferência das instalações provisórias anteriores, mastambém sua ampliação e a criação de novos setores.Em 1979, a Universidade de São Paulo aprovou umaalteração do organograma da Faculdade de Medicinade Ribeirão Preto, através do qual a Medicina Legaldeixou de integrar o Departamento de Medicina So-cial para integrar o Departamento de Patologia.

A Lei l467 de 26/12/1952, que criou a Faculda-de de Medicina de Ribeirão Preto, previa o Serviço deVerificação de Óbitos (S.V.O.) no seu artigo 15. Esteé um serviço prestado à Comunidade, que visa escla-recer a causa mortis em todos os casos de defunçãonatural sem assistência médica. Sua criação revelou,em Ribeirão Preto, a alta importância da morte súbita,freqüente entre os habitantes da região e carreou paraa Universidade de São Paulo um precioso material,que antes se perdia entre as causas indeterminadasde óbitos ou na cômoda certificação de supostas cau-sas, sem comprovação necroscópica. Quando o Hos-pital das Clínicas instalou-se na Maternidade SinháJunqueira, o departamento citado já realizava necrop-

Departamento de PatologiaRetrospectiva e situação atual

Roberto Silva Costa & Marcos Antonio RossiDocentes. Departamento de Patologia. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP

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Departamento de Patologia

sias do S.V.O. Foi através desse serviço, que se pôdeavaliar a importância nosológica da Moléstia de Cha-gas em nosso meio, com repercussões na pesquisacientífica, subseqüente, de toda a Faculdade de Medi-cina de Ribeirão Preto. O serviço foi reorganizadoatravés da Lei no. 5.452, de 22 de dezembro de 1986,que enuncia em seu Artigo 14: “O Serviço de Verifi-cação de Óbitos do Interior - SVOI criado por estalei, será da responsabilidade do Departamento de Pa-tologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Pretoda Universidade de São Paulo”. Desde então, todosos diretores do SVOI têm sido membros do CorpoDocente do Departamento de Patologia.

1. RECURSOS MATERIAIS

Os recursos materiais do Departamento dePatologia destinam-se, simultaneamente, ao atendi-mento das atividades de pesquisa, das atividades di-dáticas e das atividades assistenciais. Estão todos lo-calizados no Campus de Ribeirão Preto, locados par-cialmente no Edifício Prof. Fritz Köberle e no Servi-ço de Patologia do Hospital das Clínicas.

1.1. Locados no Edifício Prof. Fritz Köberle

O Departamento de Patologia tem prédio pró-prio no Campus, onde estão instalados: 1. Adminis-tração; 2. Patologia Experimental; 3. Laboratórios deHistopatologia (6); 4. Laboratório de Histoenzimologia;5. Laboratório de Nefropatologia; 6. Laboratório dePatologia Pediátrica; 7. Laboratório de Patologia daNutrição; 8. Laboratório de Imunopatologia; 9. Mi-croscópios Eletrônicos de Transmissão e de Varredu-ra; 10. Laboratório de Microscopia Óptica de AltaResolução; 11. Documentação Fotográfica; 12. An-fiteatro; 13. Salas de aulas práticas; 14. Arquivos.

1.2. Locados no Serviço de Patologiado Hospital das Clínicas

Esse serviço está instalado em de-pendências do HC, no bloco dos laborató-rios, e ocupa uma área de 700 m2. Estáconstituído por três seções de atuaçãomédica: a Seção de Necropsias, a Seçãode Patologia Cirúrgica e a Seção de Cito-patologia, assim distribuídas: Sala de Ne-cropsias; Laboratório geral; Laboratório deImunoistoquímica; Laboratório de Citopa-tologia; Sala de Macroscopia; Salas de

Microscopia e de estudo; Sala de Morfometria; Ar-quivo; Sala de Expediente; Sala de reuniões.

1.3. Área de Medicina Legal

O antigo Departamento de Medicina Legal foiinstalado em prédio construído ao lado do Departa-mento de Patologia. Em 1970, deixou de existir comodepartamento e a Medicina Legal passou a integrar oDepartamento de Medicina Social, juntamente com oantigo Departamento de Higiene e Medicina Preven-tiva. A partir de 1979, a área de Medicina Legal pas-sou a integrar o Departamento de Patologia.

Em 1996, a Diretoria da FMRP destinouverba de seu orçamento para a construção de umprédio, no Campus Universitário, o CEMEL – Cen-tro de Medicina-Legal, que abriga o Setor de Tana-tologia, e Laboratórios e Clínica Médico-Legal do Ins-tituto de Medicina Legal (IML) da cidade, no âmbitodo convênio firmado, naquele ano, entre a Univer-sidade de São Paulo e a Secretaria de SegurançaPública do Estado (Proc. CS 5389-91 D.O.E. Se-ção I-106 (122) de 28.06.96). Tal ato atendeu à rei-vindicação do setor de infra-estrutura para a minis-tração do ensino prático da Medicina Legal, particu-larmente no que concerne à Tanatologia e à Toxicolo-gia Forense.

2. O CORPO DOCENTE

O Departamento de Patologia da Faculdade deMedicina de Ribeirão Preto tem, atualmente, 11 do-centes (9 docentes na área de Patologia e 2 docentesna área de Medicina Legal), todos trabalhando emRegime de Dedicação Integral à Docência e à Pes-quisa (RDIDP). A composição e a qualificação doCorpo Docente está resumida na Tabela I.

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50 anos FMRP-USP

3. AS ATRIBUIÇÕES UNIVERSITÁRIAS DODEPARTAMENTO

3.1. O Ensino

A atividade didática do departamento é desen-volvida em nível de graduação, de especialização e depós-graduação stricto sensu.

3.1.1. Graduação

O ensino de graduação é ministrado a alunosdos cursos de Medicina e de Enfermagem. São seisdisciplinas compulsórias e oferecidas todos os anos,da seguinte forma:

3.1.2. Especialização

É ministrada através de programa de Residên-cia Médica em Anatomia Patológica para Médicos-Residentes do Hospital das Clínicas da Faculdade deMedicina de Ribeirão Preto da USP. O programa, cre-denciado pela CNRM, tem duração de três anos (quatrovagas por ano) e envolve treinamento em necropsias,patologia cirúrgica e citopatologia. O programa ser-ve-se de forma intensiva dos arquivos do Departa-mento de Patologia, quer para a revisão de casos ematendimento (no caso de Patologia Cirúrgica e da Ci-topatologia), quer para a elaboração dos semináriosde revisão dos temas de Patologia, incluídos no pró-prio curso. Atualmente, o programa conta com quatroresidentes de primeiro ano (R1), três residentes desegundo ano (R2), três residentes de terceiro ano (R3)e dois residentes de quarto ano (R4).

3.1.3. PÓS-GRADUAÇÃO Stricto Sensu

O curso de Pós-Graduação da Área de Con-

centração Patologia é ministrado pelo Departamentode Patologia e divide-se em duas subáreas, PatologiaHumana e Patologia Experimental. A Patologia Hu-mana foi proposta à Câmara de Pós-Graduação(CPGr) da Universidade de São Paulo e por ela reco-nhecido, conforme publicação no Diário Oficial doEstado de 19/08/1977. Com a autorização, a área re-cebeu estudantes a partir do primeiro semestre de 1978.Em 21 de outubro de 1981, foi encaminhado ao Con-selho Federal de Educação o processo de credencia-mento dos cursos de Mestrado e de Doutorado daentão área de Concentração Patologia Humana, nostermos da Circular CFE/CAPES de 25/08/1981 e daResolução no. 6 de 26/08/1981 do CFE, e aprovadoem 06/05/1982 (Parecer no. 243/82). O processo derecredenciamento foi encaminhado em 24 de julho del987 tendo sido aprovado pelo Conselho Federal deEducação em 06/05/1988 (Parecer no. 418/88). Atual-mente, a subárea Patologia Humana destina-se à for-mação de docentes-pesquisadores, capazes de aten-der à demanda das áreas gerais ou especializadas, querequeiram atuação exclusiva de médico com forma-ção especializada em Patologia Humana. Neste con-texto, o curso é restrito à área médica e exige, comopré-requisito, a Residência Médica em AnatomiaPatológica, aplicando-se-lhe os termos da Resolução11/77 do CFE. Cumpre salientar que o curso pressu-põe a prévia formação especializada em Patologia, nãose confundindo com a Residência Médica, que repre-senta, pois, uma continuação. O curso está organiza-do com uma programação capaz de abranger discipli-nas da área e disciplinas do Domínio Conexo, tanto daÁrea Básica como da Área Médica e prevê um pe-ríodo de intensa vivência hospitalar e docente ao lado

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Departamento de Patologia

conferiu diplomas a seus primeiros alunos de mestra-do (2) em 1997. De 1997 a 1999, 17 dissertações deMestrado e 6 teses de Doutorado foram defendidas eaprovadas. Atualmente, o curso conta com 27 alunosregularmente matriculados, 19 mestrandos e 8 douto-randos.

4. A ATIVIDADE ASSISTENCIAL

O Departamento de Patologia participa da as-sistência à comunidade, desenvolvida por diversossetores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,através das seguintes atividades:

4.1. Necropsias

A necropsia é um ato médico, que, em nossodepartamento, envolve a participação de um docente(responsável pelo caso), de um médico-residente (Cur-so de Especialização) e de um auxiliar-técnico. Elacompreende o exame direto do cadáver, à vista de-sarmada, numa seqüência de análise do tegumento edos órgãos internos, desde o crânio até as extremida-des, com duração média de aproximadamente duashoras. A este exame macroscópico, segue-se o pro-cessamento e a análise de preparações microscópi-cas, ainda envolvendo os médicos e o histotecnologis-ta. Terminada essa fase, os médicos elaboram um re-latório escrito dos achados macro e microscópicos bemcomo a interpretação dos processos fisiopatológicos,relativos às doenças de que o indivíduo era portador.De cada necropsia, o Departamento de Patologia pre-serva o relatório, os blocos de parafina dos fragmen-tos de órgãos colhidos na macroscopia e as prepara-ções histopatológicas. Todo o material é arquivado parauso posterior no ensino, na pesquisa ou para ulteriorconsulta, quando de interesse da Justiça ou dos Servi-ços de Saúde da Comunidade. Observa-se, na TabelaIII, que o acervo atual monta a aproximadamente48.000 necropsias arquivadas.

Patologia Cirúrgica

Veja Tabela IV.

Citopatologia

Veja Tabela V.

A Pesquisa Médica

Veja Tabela VI.

do aprendizado de métodos e técnicas para a pesqui-sa de problemas básicos da Patologia e da Medicina.Das disciplinas oferecidas pela área, nos níveis doCurso de Mestrado e de Doutorado, todas dão direitoa créditos. O curso está integrado na estrutura geraldos cursos de Pós-Graduação da Faculdade de Medi-cina de Ribeirão Preto, servindo-se, portanto, de infra-estrutura já montada em cada uma das áreas de Do-mínio Conexo, já existentes. A fim de atender a umarecomendação da Comissão de Pós-Graduação, o pro-grama de cada candidato é organizado numa baseessencialmente interdepartamental, com 50% dos cré-ditos obtidos na área e 50% em disciplinas de área deDomínio Conexo. A área reconhece como de Domí-nio Conexo todas as demais áreas já existentes naFMRP/USP, ficando a escolha das disciplinas de cadaárea a critério do pós-graduando e do seu orientador eem função do seu programa de pesquisa. Além des-ses cursos, a área prevê o tempo necessário para odesenvolvimento da dissertação de Mestrado ou datese de Doutoramento. No desenvolvimento dessestrabalhos de pesquisa, é exigida do pós-graduando aobservação direta dos fatos experimentais, sua inter-pretação e o exercício da responsabilidade pessoalpara a superação dos desafios inerentes ao problemaproposto. O Departamento de Patologia da Faculda-de de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade deSão Paulo tem pelos seus Cursos de Pós-Graduação,no nível de Mestrado e de Doutorado, ocupado umaposição destacada, conforme as avaliações da Coor-denadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de NívelSuperior (CAPES), de 1979 a 1997, data da últimaavaliação por aquela Coordenadoria, com o conceitomais elevado, isto é, grau A até a penúltima avaliaçãoe grau 5 na última avaliação. De 1979 a 1999, a Pato-logia Humana conferiu 28 títulos de Mestre e 22 títu-los de Doutor. Atualmente, os cursos contam com 10alunos regularmente matriculados, 5 mestrandos e 5doutorandos.

A partir de 1994, após aprovação pela Comis-são de Pós-Graduação da FMRP e pela CPGr, inicia-mos a subárea de Patologia Experimental, destinada agraduandos não médicos ou médicos não portadoresde título de residência médica em Patologia. Comoúnico pré-requisito para a inscrição no curso, o candi-dato necessita ser graduado em curso que tenha adisciplina de Patologia Geral no currículo. Destina-se,portanto, a receber graduandos dos cursos de Odon-tologia, Medicina Veterinária, Fisioterapia, Nutrição,Enfermagem, Ciências Biomédicas, etc. O curso

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5. DADOS BIOGRÁFICOS DOS DOCEN-TES DO DEPARTAMENTO DE PATO-LOGIA

Prof. Dr. Marcos Antonio RossiO Professor Rossi é cidadão brasileiro,

nascido em 26 de novembro de 1944, emPiracicaba, no interior do Estado de São Paulo,neto de imigrantes italianos. Graduado pela Fa-culdade de Medicina de Ribeirão Preto da Uni-versidade de São Paulo, em 1968, fêz sua carrei-ra acadêmica na Universidade de São Paulo atéo Professorado Titular, em 1986. Fez importan-tes contribuições nos campos da Patologia Car-diovascular e da Patologia Tropical.

Iniciou seu treinamento em ciência duran-te o período do curso colegial, sob a supervisãodo Professor Demósthenes Santos Correa, de-senvolvendo vários projetos no campo da Quími-ca Orgânica, e participando no Concurso Cien-tistas de Amanhã, do qual foi um dos vencedo-res, em 1961, com o trabalho Avaliação da com-posição e valor nutritivo do pão consumido

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Departamento de Patologia

de Chagas: A Pneumopatia Chagásica, carac-terizada por fibrose intersticial e hemossiderosenão relacionada à doença cardíaca crônica. Du-rante 1969 e 1970, como residente de Patologia,trabalhou na sua tese de Doutoramento sob aorientação do Professor Köberle, demonstran-do, experimentalmente, que mecanismosneurogênicos intrínsecos estariam implicados napatogênese da hemossiderose pulmonar, em ra-tos, em decorrência de alterações da permeabi-lidade e da vasomotricidade dos pequenos va-sos intrapulmonares. Em 1971-1972, fez pós-Dou-torado no Departamento de Patologia do MountSinai Hospital e da Mount Sinai School ofMedicine da City University of New York, sobdireção do Professor Hans Popper, pai da He-patopatologia, ele próprio contemporâneo do Pro-fessor Köberle na Universidade de Viena. Ali

trabalhou com o grupo liderado pelo Professor Paul J.Anderson, um importante histoquímico e neuropatolo-gista. Retornando ao Brasil, associou-se ao Departa-mento de Correlação Anatomoclínica da Faculdadede Ciências Médicas da UNICAMP, organizando eestabelecendo o Laboratório de Microscopia Eletrô-nica. No final de 1973, retornou ao Departamento dePatologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Pre-to da Universidade de São Paulo, onde organizou e

em Piracicaba, São Paulo. Como estudante do 6ºano médico, iniciou seu treinamento em Patologia noDepartamento de Patologia, sob a direção do Profes-sor Fritz Köberle, patologista austríaco, que propôs ateoria neurogênica da patogênese das manifestaçõestardias da doença de Chagas, particularmente mesae-sôfago, megacólon e cardiopatia crônica. Enquanto re-sidente de Patologia, descreveu, com o Professor FritzKöberle, em 1969, uma nova manifestação da doença

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estabeleceu o Laboratório de Patologia Experimental(1973-1976), o Laboratório de Microscopia Eletrôni-ca de Transmissão (1980-1982) e de Varredura (1994-1995).

Durante sua carreira, o Professor Rossi fezimportantes contribuições nos campos da PatologiaTropical, Patologia da Nutrição (particularmente al-coolismo crônico), Patogênese da Hipertrofia Cardía-ca, Patologia das Biopróteses Valvares do Coração.Suas contribuições, nessas áreas, têm sido pioneiras,significantes e influenciadoras. Descreveu, com o Pro-fessor Sergio Zucoloto, um modelo adequado de dietasólida para o estudo dos efeitos diretos da ingestão deálcool, reproduzindo as condições nas quais o homemnormalmente ingere álcool. Observações sobre acardiomiopatia alcoólica, em ratos, tornaram impro-vável a teoria da cardiotoxicidade do álcool, forne-cendo considerável apoio à hipótese de que a associa-ção entre o consumo crônico de bebidas alcoólicas ea cardiomiopatia é resultado de deficiência nutricionalmultifatorial primária, clínica ou subclínica. Além dis-so, demonstrou que o álcool sangüíneo é diretamentelesivo à mucosa ileal. Seu maior trabalho de pesquisatem sido dirigido ao estudo da cardiopatia chagásicacrônica. Particularmente, demonstrou, de modo defi-nitivo, a participação de mecanismos auto-imunes napatogênese da miocardite chagásica crônica e foi pio-neiro na demonstração do papel-chave desempenha-do por fatores microvasculares na patogênese dessacardiopatia, com implicações terapêuticas. De modobastante importante, esse mecanismo básico tambémfunciona na cardiomiopatia dilatada, idiopática, nacardiomiopatia diabético-hipertensiva e outras cardio-miopatias. Essas contribuições são universalmentereconhecidas. Mais recentemente, tem devotado es-pecial atenção ao estudo das células endoteliais nacardiopatia chagásica aguda e crônica experimental,tanto morfológica quanto fisiologicamente. Esses re-sultados são muito importantes para a compreensãodo papel do revestimento endotelial na regulação dotônus de microvasos.

Sua pesquisa tem sido consistentemente finan-ciada por auxílios de agências brasileiras, tais como oConselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico (CNPq), a Fundação de Amparo à Pes-quisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a Financia-dora de Estudos e Projetos (FINEP) e a FundaçãoBanco do Brasil (FIPEC). O Professor Rossi é pes-quisador nível 1A do CNPq, desde 1979.

O Professor Rossi tem mais de 160 trabalhos

completos, publicados em revistas internacionais e 5capítulos de livros. Supervisionou muitos estudantes eresidentes de Patologia e treinou 13 candidatos ao Cur-so de Mestrado e 15 candidatos ao de Doutorado. Émembro do Conselho Editorial de 3 revistas de circu-lação internacional, 2 norte-americanas e 1 brasileira.É correspondente do Cardiovascular Pathology paraa América Latina. Tem sido convidado para confe-rências tanto no Brasil como em encontros e congres-sos internacionais. Um aspecto importante da carrei-ra do Professor Rossi é que, sendo um cientista numpaís em desenvolvimento, devotou muito do seu tem-po à disseminação do conhecimento científico e aomelhoramento da educação. De modo significativo, amaioria do seu trabalho científico tem sido feita noBrasil, e permitiu a consolidação da Patologia Experi-mental e da Patologia Cardiovascular em seu meio,influenciando muitos laboratórios no Brasil.

Prof. Dr. Sergio ZucolotoO Professor Zucoloto graduou-se em Medici-

na pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto daUSP, em 1969. Sua carreira universitária tem serealizadado no Departamento de Patologia da mesmafaculdade, onde ele se dedica a desenvolver adequa-damente as 3 vertentes principais exigidas pela Uni-versidade, isto é, a pesquisa, o ensino e a prestação deserviço à comunidade. Ele tem sempre defendido aUniversidade Crítica, acreditando que a pesquisa sejao reforço natural para alcançar os dois outros grandesobjetivos da Universidade. É claro que seria ideal queum ótimo pesquisador fosse um ótimo didata e um óti-mo prestador de serviço à comunidade, porém, talequivalência é muito pouco freqüente no meio acadê-mico. Para ele, a pesquisa de um órgão, sistema oudoença obriga o universitário a ficar sempre inteiradodas evoluções científicas naquele setor. Sendo assim,quando o docente publica trabalhos científicos, o queacontece com certa periodicidade, a equivalência aci-ma referida torna-se maior. Assim, o docente acabaensinando um conteúdo didático mais adequado emoderno, e a prestação de serviço torna-se muito maiseficaz.

Iniciou seu treinamento em ciência durante oCurso de Graduação em Medicina, sendo monitor vo-luntário no Departamento de Patologia da FMRPUSP,de 1967 a 1969. Durante esse estágio, a convivênciacom docentes daquele departamento, despertou-lhe avontade de seguir carreira universitária, principalmentepela possibilidade de desenvolver pesquisa. Seu pri-

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meiro trabalho científico ocorreu quando relatou umcaso pouco freqüente de Fibrocolangiomatose He-pática, que foi apresentado no VII Congresso Brasi-leiro de Patologia e foi publicado na revista Hospital.Durante a residência em Patologia, de 1970 a 1971,foram publicados alguns casos raros de doenças, en-contrados em autópsias. Em 1971, como não havia sidocriado o Curso de Pós-Graduação no Departamentode Patologia e a convite do Prof. Dr. José EduardoDutra de Oliveira, iniciou, em 1971, o Curso de Pós-Graduação no Departamento de Clínica Médica, onderealizou o mestrado e doutorado. Durante esse cursoteve oportunidade de obter alguns conhecimentos emnutrição, onde estudou a ação tóxica do álcool em in-divíduo bem nutrido. Juntamente com o Prof. MarcosAntonio Rossi, muitos trabalhos científicos foram pu-blicados em destacadas revistas internacionais, explo-rando a toxidez do álcool no glânglio cervical superior,no coração, no testículo, no fígado e no epitélio do in-testino delgado. O estudo deste último efeito, o noepitélio do intestino delgado, abriu-lhe perspectiva paraaprofundar conhecimentos numa grande linha de pes-quisa, que é a proliferação celular. Para firmar em talpropósito, fez um estágio, no período de 1979 a 1980,com o Prof. Nicholas A. Wright, da Universidade deOxford, Inglaterra, especialista reconhecido internaci-onalmente no tema acima referido. A partir de 1980 eaté esta data, o Professor Zucoloto tem se preocupa-do com a análise do controle da proliferação celularnos epitélios normais e patológicos, tanto em tecidoshumanos como em animais de laboratório. Em 1981,com auxílio da FAPESP, montou um Laboratório deProliferação Celular no Departamento de Patologia daFMRP-USP, realizando muitas pesquisas, envolvendotal controle. Assim, tem estudado os efeitos do álcool,de alguns nutrientes, da desnervação química e daMoléstia de Chagas no epitélio do tubo digestivo e,também, na regeneração hepática. Durante esse pe-ríodo, adquiriu. os conhecimentos de fígado, que fo-ram bastante estimulantes para ajudar a formar, em1985, um grupo supradepartamental, de hepatologistas,constituído de docentes dos Departamentos de Clíni-ca Médica, Pediatria e Cirurgia da FMRP-USP, obje-tivando fazer diagnósticos das patologias do fígado edesenvolver pesquisas nesse órgão. Desde então, érealizada uma reunião semanal sobre o assunto, queamplia conhecimentos e que, recentemente, redundouna realização do primeiro transplante hepático no Hos-pital das Clínicas da FMRP-USP, em 02 de maio de2001, tornando-se, com certeza, um marco histórico

tanto para o grupo do estudo do fígado quanto para oHCFMRP-USP.

Suas pesquisas têm sido financiadas por auxíli-os de agências brasileiras de fomento, tais como CNPq,FAPESP e FAEPA. Publicou 136 trabalhos científi-cos, 352 trabalhos científicos em congressos, de 1968a 2000, foi um dos autores de um livro sobre ModelosExperimentais, em 1998, escrevendo 8 capítulos delivro, orientou 20 pós-graduandos, de 1984 a 2000, e24 inciações científicas de graduandos em Medicina,de 1990 a 2000, participou em 118 bancas examinado-ras (Mestrado, Doutorado, Livre Docência, Profes-sor Titular), sendo 85 como titular, no período de 1981a 2000. Foi agraciado com 13 prêmios por alguns tra-balhos científicos publicados de 1987 a 2000. Com tãogrande produtividade de pesquisa, tem sido reconhe-cido por diversos órgãos ligados à Universidade, enuma das vezes, como pesquisador nível 1A do CNPq,desde 1982.

Teve participação ativa na ampliação do Cursode Pós-Graduação na Área de Concentração Pato-logia Humana, em 1978, da qual só poderia partici-par médico com residência em Patologia. Esse cursoteve ampliação para outras áreas do conhecimentoligadas à saúde, e, então, o Curso de Pós-Graduaçãopassou a ser denominado Patologia Humana e Ex-perimental. Participa na supervisão dos residentesde Patologia desde 1981 e no Curso de Graduaçãopara alunos de Medicina.

É difícil desenvolver ciência num país subde-senvolvido, principalmente quando a linha de pesquisaa ser seguida é cosmopolita, abrangendo uma popula-ção enorme de cientistas, pesquisando proliferaçãocelular, mesmo assim, ressalta-se que a carreira doProf. Zucoloto está sendo quase que exclusivamenterealizada no Brasil e com bom acolhimento nos meiosacadêmicos nacionais e internacionais.

Prof. Dr. Roberto Silva CostaO Prof. Roberto graduou-se em Ciências Bio-

lógicas, em 1970, e em Medicina, em 1974, pela FMRP- USP. Findo o curso médico, desenvolveu sua forma-ção profissional, em 1975 e 1976, na residência médi-ca do Departamento de Patologia. Aos 17 de setem-bro de 1975, assumiu como AUXILIAR DE ENSINO daDisciplina de Medicina Legal em Regime de Dedica-ção Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP).

Terminada a residência médica, iniciou o Cursode Pós-Graduação concluindo o mestrado em Patolo-gia Humana, em setembro de 1979, sob orientação do

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Prof. Dr. Marcos A. Rossi, com dissertação intitu-lada Patogênese da Lesão Renal na Deficiên-cia de Colina: Papel das Catecolaminas e daAcetilcolina. Além do Prof. Dr. Marcos A. Rossi,registre-se também, na sua formação de investiga-ção científica, a valiosa participação dos Profs. Drs.João Samuel Meira de Oliveira e Sérgio Zucoloto.Dando continuidade àquela linha de pesquisa, emnovembro de 1981, defendeu sua Tese de Doutora-do intitulada Patogênese da Lesão Renal naDeficiência de Colina: prevenção da lesão como uso de agentes simpatolíticos e estudo ultra-estrutural .

Tendo trabalhado com tecido renal durante oCurso de Pós-Graduação, foi bastante natural seuinteresse por tal ramo da Patologia. Assim, durante oano de 1982, iniciou a absorção da rotina de biópsiasrenais, o que, até então, era de responsabilidade doProf. Dr. José Alberto Mello de Oliveira, montando,no início de 1983, o Laboratório de Patologia Renal dodepartamento, pelo qual é responsável até hoje. Esselaboratório executa toda a rotina de biópsias renais, eatende aos departamentos de Clínica Médica (disci-plinas de Nefrologia e Imunologia), de Pediatria (se-tor de Nefropediatria) e de Cirurgia (Unidade de Trans-plante Renal - UTR). Além disso, desenvolve linhasde pesquisa em: 1) Patologia Renal, em rim tópico etransplantado, utilizando técnicas de microscopiaóptica, eletrônica, imunoistoquímicas (imunofluores-cência e imunoperoxidase) e de punção aspirativa poragulha fina, aqui incluído o estudo dos Mecanismos deProgressão de Lesão Renal, linha de pesquisa daProfa. Dra. Terezila Machado Coimbra, do Departa-mento de Fisiologia, com a qual colabora; 2) Empeço-nhamento Experimental com Peçonha de AbelhasAfricanizadas.

No período de outubro de 1985 a dezembro de1986, realizou estágio de pós-doutorado no Laborató-rio de Patologia Renal do Departamento de Nefrologiada Faculdade de Medicina da Universidade RenéDescartes (Paris V), em Paris, sob a orientação dasProfessoras Dominique Droz e Laure-Hélène Noel.Desenvolveu dois projetos de pesquisa, um deles emPatologia Aplicada, quando caracterizou a remissãoclínica espontânea de longa duração, em casos deNefropatia IgA Primária (Doença de Berger), outroem Patologia Experimental, quando desenvolveu ummodelo de glomerulonefrite por formação de comple-xos imunes e amplificada por fenômenos auto-imu-nes, através da infecção crônica de camundongos com

o Tripanossoma cruzi, tema que serviu para o CON-CURSO DE LIVRE-DOCÊNCIA, em novembro de 1989. Taisprojetos resultaram, respectivamente, em 2 publica-ções científicas no American Journal of Nephrologye Clinical Immunology and Immunopathology. Aspublicações estão citadas nas últimas edições dos doismais importantes livros de Patologia Renal de todo omundo, Renal Pathology, with Clinical andFunctional Correlations, Ed. C.C.Tisher andB.M.Brenner, J.B.Lippincott Co, second edition,1994,e Pathology of the Kidney, Ed. R. H.Heptinstall, Little, Brown and Co, fourth edition,1992. Além deles, o artigo sobre Doença de Bergerestá também citado no mais importante livro deNefrologia Clínica de todo o mundo, The Kidney, Ed.B.M.Brenner and F.C.Rector, W.B.Saunders Co,fifth edition, 1996.

A partir de 1987, após o retorno do estágio depós-doutorado, iniciou a montagem do modelo experi-mental de Empeçonhamento com Peçonha de Abe-lhas Africanizadas em ratos Wistar, interessado emestudar os efeitos nefrotóxicos da peçonha, e os re-sultados mereceram publicação no Toxicon, demons-trando a rabdomiotoxicidade da peçonha, no Experi-mental and Toxicological Pathology, demonstran-do a liberação de catecolaminas cardíacas induzidapela inoculação da peçonha via intravenosa e no TheJournal of Pathology, em que mostrou uma lesão dotipo infarto do miocárdio. Posteriormente, estudou alesão renal nesse empeçonhamento, tanto do ponto devista funcional quanto morfológico, o que resultou emartigos publicados no Renal Failure e no Kidney andBlood Pressure Research. Atualmente, está maisvoltado para o estudo dos Mecanismos de Progressãode Lesão Renal, linha de pesquisa em colaboraçãocom a Profa. Dra. Terezila Machado Coimbra doDepartamento de Fisiologia, resultando em várias pu-blicações internacionais.

O Prof. Roberto já orientou 15 alunos de pós-graduação, entre mestrado e doutorado. Tem mais de50 artigos publicados, cerca de 90% em revistas in-ternacionais, indexadas e de impacto. Sua atividadede pesquisa tem sido parcialmente financiada por en-tidades de fomento, particularmente FAPESP e CNPq.É pesquisador do CNPq, atualmente nível 1B. Em fe-vereiro de 1997, inscreveu-se em CONCURSO DE PRO-FESSOR TITULAR, tendo sido aprovado e indicado paraocupar o cargo a partir de então. Em março de 1999,foi eleito Chefe do Departamento de Patologia, reeleitoem março de 2001, cargo que atualmente exerce.

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Prof. Dr. Luiz Cesar PeresO Professor Luiz Cesar Peres nasceu em São

Paulo, no bairro da Penha, em 3 de julho de 1956.Formado em Medicina pela Faculdade de Medicinade Jundiaí, em 1981, fez Residência em AnatomiaPatológica no Serviço de Patologia do Hospital dasClínicas - FMRP-USP, de 1982 a 1985, período emque desenvolveu atividades no Departamento de Pa-tologia, incluindo auxílio em aulas de graduação e fre-qüência aos seus diversos laboratórios, o que desper-tou o interesse pela investigação científica, tendo, comoresultado, o ingresso no Curso de Pós-Graduação, aofinal do segundo ano de residência.

Contratado como docente MS1, em maio de1985, teve como incunbência criar e desenvolver aMicroscopia Eletrônica Diagnóstica (ME). Sob orien-tação do Prof. Dr. Marcos A. Rossi, passou a se de-dicar à implantação da técnica, paralelamente ao de-senvolvimento do projeto de pesquisa desenvolvida noCurso de Mestrado. A Patologia Cirúrgica contava,então, com os métodos clássicos de investigação, oque impunha, por vezes, severas restrições ao diag-nóstico. A ME trazia grandes contribuições nessescasos, permitindo não apenas o diagnóstico, mas, tam-bém, o entendimento da histogênese e mecanismospatogenéticos. Muitas das suas desvantagens foramsuperadas com o advento da imunoistoquímica, levan-do à dramática redução dos exames de ME, fenôme-no observado em todo o mundo. Contudo, o seu usona investigação científica sempre foi preservado, ten-do sido com tal técnica que o Prof. Cesar defendeusua Dissertação de Mestrado sobre a rabdomiólisesistêmica, conseqüente ao acidente ofídico crotálicohumano, em 1988.

A tese de doutorado, defendida em 1991, aindasob orientação do Prof. Dr. Marcos A Rossi, foi umestudo experimental, em ratos, sobre o papel doCaptopril, um inibidor da enzima conversora da angio-tensina, na hipertrofia cardíaca e fibrose miocárdicasecundárias à sobrecarga de pressão do ventrículoesquerdo, por constricção da aorta subdiafragmática.Seus resultados contribuíram para a ampliação do co-nhecimento do papel da angiotensina na modelaçãodo mecanismo de fibrose, que não se restringe a essemodelo, sendo, também ,observada em outros órgãos.

O Curso de Pós-Doutorado, realizado de 1991a 1993 com apoio do CNPq no Departament ofPaediatric Pathology, University of Bristol, U.K.,sob orientação do Professor Peter Jeremy Berry, per-mitiu uma ampla visão da Patologia Pediátrica, desta-

cando-se duas áreas: anomalias congênitas e Síndro-me Infantil da Defunção Súbita (SIDS). Após seu re-torno, criou e desenvolveu a área de Patologia Pediá-trica no HCFMRP-USP, cujos reflexos podem ser iden-tificados nas diversas atividades acadêmicas. Na áreada extensão, ficou responsável pelas necropsias fetaise pediátricas, patologia cirúrgica e placentas. Isso de-mandou definição de protocolos, normas e rotinas, re-sultando em melhoria de qualidade dos exames e utili-zação de seus resultados para o ensino e a investiga-ção científica, além da melhor assistência. Na área dapesquisa, criou o Laboratório de Patologia Pediátrica,onde são realizados estudos experimentais e em ma-terial humano. O ensino, particularmente o de gradua-ção, foi beneficiado pela criação de uma nova discipli-na: RCG 445-Patologia Especial V-Patologia Pediá-trica. A disciplina está integrada com a Pediatria erepresentou um avanço, pois as particularidades des-sa fase do desenvolvimento são muito grandes e de-mandam uma abordagem diferenciada. Criou tambémuma disciplina optativa, RCG 575–Correlação Anáto-mo-Clínica de Necropsias Fetais e Pediátricas, desti-nada aos alunos do Internato I. No Curso de Pós-Graduação, foi criada a disciplina RPA 734–AvançosRecentes no Estudo da SIDS, onde são discutidos as-pectos atuais desse evento dramático e perturbador, eque somente agora começa a emergir em nosso meio.A Residência Médica teve um grande impacto com acriação da Patologia Pediátrica, pelo envolvimento di-reto dos médicos residentes. Os reflexos não se res-tringem apenas aos residentes da Patologia, mas, tam-bém, aos de outras áreas, destacando-se a GenéticaMédica. Foram criadas, também, reuniões anatomo-clínicas com a Genética Médica, CTI-Pediátrico eBerçário, além da participação na Medicina Fetal. Poroutro lado, os dados obtidos com as atividades na Pa-tologia Pediátrica permitiram-lhe a obtenção do títulode Livre-Docente, em dezembro de 2000.

Seu envolvimento com o ensino de graduaçãoesteve presente desde o início, tendo participado dasdiversas disciplinas do departamento e também daComissão de Graduação da FMRP-USP durante 5anos. Nesse período, houve a reforma curricular, eele foi indicado para compor o Grupo de Trabalho paraa Avaliação Terminal dos Graduandos em Medicina,no qual continua mesmo após ter finalizado seu man-dato na Comissão de Graduação. Esse grupo de tra-balho vem realizando um estudo reconhecidamenteprofundo e competente, cujos resultados tiveram in-fluência pontual sobre o ensino de graduação e pode-

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rão contribuir para as discussões sobre o papel for-mador da FMRP-USP.

Desde 1999, é Coordenador do Programa dePós-Graduação em Patologia e Presidente da Comis-são de Pós-Graduação do Departamento de Patolo-gia da FMRP-USP.

É, atualmente, Coordenador Científico da Se-ção de Documentação Científica da FMRP-USP, umsetor crítico de suporte para as atividades didáticas ecientíficas da FMRP-USP e do próprio HCFMRP-USP, que vem recebendo especial apoio de suas ad-ministrações. Foi destinada uma nova, moderna eampla área física no HCFMRP-USP e grandes in-vestimentos em equipamentos e recursos, permitindoo aumento da qualidade e agilização dos serviços pres-tados, além da implantação de novos recursos, taiscomo a impressão de painéis de grande formato, im-pressão a laser, colorida e cópias digitais de originais.Os resultados desse trabalho, no entanto, só forampossíveis pela qualidade e empenho dos funcionáriosdo setor e de uma reorganização funcional.

As atividades extra-universitárias incluem aPresidência do Departamento de Patologia do CentroMédico de Ribeirão Preto, no período de 1994-1995, afundação e presidência, por dois mandatos consecuti-vos (1997-2001), do Capítulo de Patologia Fetal e Pe-diátrica da Sociedade Brasileira de Patologia e, maisrecentemente, é Conselheiro e Representante do Brasilna Sociedad Latinoamericana de Patología Pediátri-ca, e Conselheiro da International PaediatricPathology Association, organismo que congrega asSociedades de Patologia Pediátrica no mundo.

Profª. Drª. Carmen Cinira Santos MartinEm 1980, ingressei , no Departamento de Pato-

logia, como aluna do curso de Pós-Graduação, soborientação do Prof. Dr. Edson Silveira, responsávelpelo Setor de Medicina Legal, pois pretendia desen-volver projeto de pesquisa na especialidade. A opçãopela Medicina Legal fora tomada durante a Residên-cia Médica em Anatomia Patológica, quando fiz trei-namento no Instituto de Medicina Legal do DistritoFederal. Todavia, em face da inexistência de progra-mas de pós-graduação em tal especialidade, dei se-guimento à minha formação com vistas à carreiradocente em Anatomia Patológica. Em 1981, sob ori-entação do Prof. Dr. José Alberto Mello de Oliveira,desenvolvi projeto que contemplava, concomitante-mente, interesses da Anatomia Patológica e da Medi-cina Legal, investigando o fenômeno da autólise em

tecidos humanos, em diferentes intervalos postmortem, através do método histoenzimológico. A con-cordância do Prof. Mello de Oliveira em orientar es-tudo relacionado à Medicina Legal foi fundamentalpara a definição dos fatos que se sucederam. Em 1982,ingressei no Departamento de Patologia como docen-te responsável pela disciplina de Medicina Legal, pas-sando a dividir com o Prof. Silveira as atividades dosetor, que compreendiam, basicamente, aulas para agraduação e um grande número de perícias. O tempodespendido até a obtenção do título de doutora foi lon-go, pois, durante o curso, realizei estágio no exteriorpara complementar minha formação técnica. Assim,em 1998, através do programa de doutoramento “Bol-sa Sandwich” da CAPES, desenvolvi parte do douto-ramento na Universidade do Porto – Portugal, bemcomo participei das atividades no IML daquela cida-de, pois o modelo médico- legal vigente no país, dele-ga às universidades públicas a direção técnica e aca-dêmica dos IMLs. Nesse período realizei, também,curso de especialização em Medicina Legal, com gran-de número de atividade teóricas e práticas. Convencidada eficiência do modelo português, ao retornar ao Bra-sil, passei a buscar acordos, já existentes ou por se-rem firmados, entre a USP e a Secretaria de Segu-rança Pública do Estado (SSP-SP), que permitissema aproximação entre a Faculdade de Medicina de Ri-beirão Preto e o Instituto Médico Legal (IML). Em1996, um protocolo de intenções foi firmado entre aReitoria e a Secretaria de Segurança Pública, visandoao desenvolvimento de ações conjuntas. A propostaapresentada ao Conselho de Departamento de Pato-logia e à Diretoria da FMRP para a construção de umprédio, onde pudéssemos desenvolver as atividadesdo Setor de Medicina Legal, foi aprovada. A essa al-tura, já contávamos com um núcleo inicial de pesquisaem crescimento. Em julho de 1999, foi inaugurado oCentro de Medicina Legal (CEMEL) da FMRP, paraonde foram transferidos, imediatamente, o Setor deMedicina Legal do Departamento de Patologia, oNúcleo de Perícias Médico-Legais de Ribeirão Pretoe posteriormente o Serviço de Verificação de Óbitosdo Interior (SVOI), unidade 67 da USP. Trata-se deespaço privilegiado pela arquitetura, planejado adequa-damente, de forma a atender as necessidades especí-ficas de um serviço de necropsias. Contamos com la-boratórios de Toxicologia e Antropologia Forense, se-tor de Radiologia, e três salas de exame necroscópico,além de salas para aula teórica. No CEMEL, são rea-lizadas todas as autópsias de interesse jurídico do

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município e de algumas cidades da região e demaisatividades vinculadas à Tanatologia Forense. O cres-cimento do setor, após 2 anos de inauguração, já éobservado em quantidade e qualidade de produçãocientífica bem como na capacidade de formação detécnicos e pesquisadores.

Prof. Dr. Edson Garcia SoaresFormado em Medicina Humana, em 1973, pela

Faculdade de Medicina de Sorocaba - PUCSP. Fezresidência médica em Patologia Humana, de 1974 a1977, no Serviço de Patologia da Faculdade de Medi-cina de Botucatu - UNESP. Durante a residênciamédica, realizou estágios em São Paulo, no Departa-mento de Patologia da Faculdade de Medicina da USPe no Rio de Janeiro, na Universidade Federal do Riode Janeiro. Nesse período, obteve os títulos de espe-cialista em Anatomia Patológica e Citopatologia. Foicontratado como Auxiliar de Ensino no Departamen-to de Ciências da Saúde da UFSCar, em 1978, pas-sando a Professor-Assistente, em 1982, e permane-cendo nesse departamento até 1985, quando foi con-tratado pelo Departamento de Patologia da FMRP-USP. Fez mestrado e doutorado neste departamento,sob a orientação do Prof. Dr. João Samuel Meira deOliveira. Tem parte de sua atividade direcionada aoServiço de Patologia do HCFMRP-USP no diagnósti-co de Patologia Cirúrgica, Citopatologia, necropsias ena formação de médicos residentes do serviço. A ati-vidade didática está direcionada em Patologia Geralpara os cursos de Medicina e de Enfermagem e En-docrinopatologia para o curso de Medicina. A ativida-de científica está concentrada na formação de pós-graduandos, principalmente nas áreas de inflamaçãoe citopatologia, com 5 mestrados e 1 doutorado con-cluídos, 1 mestrado e 1 doutorado em fase de conclu-são e 2 mestrados e 3 doutorados na fase inicial. Atual-mente, tem participado de atividades ligadas à Ética,como secretário da Comissão de Ética Médica doHCFMRP-USP e como membro efetivo do Comitêde Ética em Pesquisa e da Comissão de Análise deProntuários e Óbitos do mesmo hospital.

Prof. Dr. Marco Aurélio GuimarãesNascido em 25 de julho de 1970, o Prof. Marco

Aurélio Guimarães ingressou na Faculdade de Medi-cina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo,no ano de 1988, no Curso de Ciências Biológicas -Modalidade Médica. Cumpriu o primeiro ano dessecurso, manifestando o desejo de ingressar na carreira

acadêmica. Foi transferido para o curso de Medicinaem 1989, sendo que, ao final daquele mesmo ano, co-meçou um estágio com a Profª. Drª Alzira AméliaMartins Rosa e Silva, no Departamento de Fisiologia.Teve, então, a oportunidade de desenvolver um traba-lho de iniciação científica, como bolsista da FAPESP,para o estudo da influência da inervação gonadal naprodução de esteróides sexuais. O trabalho se prolon-gou até 1993, ano em que concluiu o Curso Médico.Optou, então, por não ingressar na residência médica,para dar continuidade ao trabalho de investigação ci-entífica, opção esta que culminou com a defesa desua dissertação de mestrado, que trata do papel dainervação gonadal sobre a esteroidogênese e instala-ção da puberdade, em março de 1996. Nesse mesmoano, iniciou projeto de pesquisa sobre o papel da iner-vação gonadal e da glândula pineal na instalação dasíndrome de ovários policísticos, que culminou em suatese de doutorado, em setembro de 2000.

Durante o tempo em que desenvolvia sua tesede pós-graduação, manteve-se em contato com as-suntos relacionados à Ética, tanto a médica como arelativa ao uso de animais em experimentação cientí-fica, sob influência da Profª Drª. Carmen Cinira San-tos Martin, única docente do Setor de Medicina Legale Ética do Departamento de Patologia da FMRP-USP.Em dezembro de 1997, época em que desenvolvia aspesquisas relacionadas ao seu doutoramento, foi apro-vado em concurso para ocupar o cargo de ProfessorAssistente junto ao Setor de Medicina Legal do De-partamento de Patologia, tornando-se o segundo do-cente na área, ao lado da Profª Carmen Cinira. Ini-ciou, então, um trabalho de investigação experimentalem Medicina Legal e participou ativamente do esta-belecimento e estruturação de uma Comissão de Éti-ca no Uso de Animais no Campus da USP de Ribei-rão Preto. Com a inauguração do Centro de MedicinaLegal (CEMEL), fruto de anos de dedicação da Profª

Carmen Cinira à FMRP-USP, tem buscado subsídiospara a criação um setor de Identificação Médico-Le-gal e estabelecimento de uma linha de investigação naárea da Antropologia Forense.

Profª Drª Simone Gusmão RamosGraduada em Medicina pela Universidade Fe-

deral de Pernambuco, com especialização em Anato-mia Patológica, veio para Ribeirão Preto, em 1990,para iniciar o Curso de Pós-Graduação. Fez mestradoe doutorado sob orientação do Prof. Dr. Marcos A.Rossi, do Departamento de Patologia da FMRP-USP.

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Ao término do seu doutorado, retornou à Itália, ondehavia realizado um doutorado-sanduíche, para fazer oseu pós-doutorado. Em 1998, retornou a Ribeirão Preto,para o concurso de ingresso na FMRP-USP, comoProfessora Doutora em julho de 1998, e obteve suaefetivação em maio de 2000. Nesse mesmo ano, re-cebeu o título de Dottore in ricerca pela Universitàdegli Studi di Milano, Itália.

Teve sua formação inicial em Patologia Cirúr-gica. Durante o mestrado, teve a oportunidade de tra-balhar com Patologia Experimental. O resultado de doisdiferentes experimentos foram a dissertação de mes-trado e outro trabalho científico, ambos publicados emrevista de circulação internacional. Durante o mestrado,teve oportunidade, ainda, de publicar relatos de casosem Patologia Cirúrgica e em Patologia de Autópsia.

Durante o doutorado, trabalhou com Patologiade Autópsia na Cardiopatia Chagásica Crônica e ini-ciou os estudos numa área ainda incipiente, a Cardio-neuropatologia, que inclui o estudo do sistema de con-dução e do sistema nervoso autônomo, intrínseco eextrínseco, do coração.

Retornando a Ribeirão Preto, reiniciou as ativi-dades no Hospital das Clínicas, onde é responsávelpela atividade assistencial de Patologia Pulmonar eCardíaca.

Atualmente, trabalha com Patologia Experimen-tal, com o Prof. Marcos Rossi, com Patologia Pulmo-nar, com o grupo de Pneumologia e Radiologia doHCFMRP-USP e com Patologia da morte súbita nainfância, com os Professores Luigi Matturri e Lino Rossida Universidade de Milão, Itália, e do Prof. Luiz CesarPeres do Departamento de Patologia da FMRP-USP.

Prof. Dr. Sergio Britto GarciaO Professor Sérgio nasceu em 14/10/1963, em

São Paulo, SP. Realizou curso de segundo grauprofissionalizante na Escola da Fundação EducandárioPestalozzi em Franca, SP, na qual se graduou em 1981,com o título profissional de Auxiliar de Patologia Clíni-ca. Em janeiro de 1982, foi aprovado pelo vestibularda FUVEST, em 1º lugar, na Faculdade de Medicinade Ribeirão Preto da USP, tendo se graduado em Me-dicina, em dezembro de 1988. Durante o curso médi-co, realizou estágio de iniciação científica sob a orien-tação do Prof. Dr. João Samuel M. Oliveira e tambémestágio de Correlação Antomoclínica, na sala de au-tópsias do Departamento de Patologia da FMRP-USP.Iniciou residência médica em Patologia no Hospital dasClínicas da FMRP-USP em 1990 e, no mesmo ano,

foi aprovado em concurso para docente das discipli-nas de Anatomia do Departamento de Morfologia daFMRP-USP, passando a atuar também nessa área.

Realizou, durante o Curso de Mestrado, umestudo sobre espermiogênese em microscopia eletrô-nica, concluído em 09/12/1992, sob a orientação doProf. Dr. Valder R.Melo. O doutorado foi realizadotambém na FMRP, entre 1993 e 1995, sob a orienta-ção do Prof. Dr. João Samuel M. Oliveira e Prof. Dr.Sérgio Zucoloto. O tema da tese foi a associação en-tre o câncer de cólon e megacólon. Fez, então, está-gio de pós-doutorado na Unidade de Histopatologiado Imperial Cancer Research Fund, em Londres,Inglaterra, sob supervisão do Prof. Nicholas A. Wright,de 1998 a 1999. Os temas abordados nesse estágioconsistiam de estudos avançados sobre a proliferaçãocelular e carcinogênese da mucosa do tubo digestivo.Desse estágio resultaram três publicações internacio-nais, sendo uma no Journal of Pathology. A partirde sua volta ao Brasil, vem se dedicando prioritaria-mente ao estudo da patologia do câncer e, em parale-lo, contribuindo na pesquisa sobre a fisiopatologia dasdesnervações intrínsecas de vísceras, como aquelacausada pela Doença de Chagas. De sua atividadecientífica resultaram, até o momento, a publicação de15 artigos em revistas internacionais, um capítulo delivro e 8 prêmios em congressos especializados. Emartigo recente, na revista Parasitology ,demonstrouo papel do óxido nítrico na lesão neuronal associada àfase aguda da infecção chagásica, ajudando a escla-recer um aspecto que vem desafiando os pesquisado-res da área, desde a elaboração, por Fritz Köberle, nadécada de cinquenta, da hipótese de uma neurotoxinaser a causadora de tais lesõees.

Nos anos de 1989 e 1990, o Prof.Sérgio exer-ceu as atividades profissionais de médico militar doexército, médico do trabalho na Policlínica de Ribei-rão Preto e professor de Patologia Geral na Universi-dade de Ribeirão Preto (UNAERP). Desde 1990,quando ingressou no quadro docente da FMRP, vemexercendo a atividade de professor de Anatomia e, apartir de 1992, vem atuando como professor deBioética na disciplina de Fundamentos Humanísticosdo Saber Médico. Em junho de 2001, transferiu-se parao Departamento de Patologia, junto ao qual sempreatuou como colaborador, desde os tempos de estu-dante de graduação.

Dentre as diversificadas atividades que desem-penha na vida acadêmica, destacam-se a tutoria, des-de 1994, do Programa Especial de Treinamento (PET)

Page 14: depto de patologia - USPrevista.fmrp.usp.br/2002/vol35n3/depto_patologia.pdf · de 2.000 biópsias. As instalações provisórias persisti-ram até meados de 1954, quando o departamento

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Departamento de Patologia

do Ministério da Educação, onde orienta atividadesculturais e científicas de grupos de 12 estudantes, dosegundo ao quarto ano do Curso de Medicina daFMRP. Além dessa atividade, o professor Sérgio sem-pre atuou intensamente na formação de estudantesde graduação, tendo orientado, nestes 10 anos de ati-vidade junto à USP, 18 alunos de iniciação científica e12 monitores de anatomia. Criou, em 1997, um núcleode estudos e ensino de primeiros socorros, pioneiroem todas as faculdades brasileiras de Medicina, e temrecebido grande interesse por parte do corpo discenteda FMRP, de outras escolas médicas e da comunida-de em geral. Foi paraninfo de 2 turmas de formandosem Medicina, homenageado em outra e recebeu doisprêmios pela atividade docente. Atuou, também, ematividades administrativas diversas, colabora em as-sessoria de perícias de Medicina Legal, foi membrodo Comitê de Consultores da CAPES (em Brasília,D.F.) por 4 anos, membro do Grupo de Consultoresdo Centro de Apoio Educacional e Psicológico daFMRP e presidente da Comissão Tripartite da Casado Estudante de Medicina, de 1993 a 1997.

Nestes 10 anos de carreira acadêmica, o Prof.Sérgio tem buscado harmonizar uma filosofia huma-nística de vida com as atividades de ensino, pesquisae extensão da universidade, o que tem sido um grandee motivador desafio, face ao estímulo à competição eindividualismo que caracterizam os tempos atuais davida acadêmica.

Prof. Luciano Neder SerafiniGraduado pela Universidade Federal de Mato

Grosso do Sul, em 1992, iniciou residência médica emOtorrinolaringologia, no ano seguinte, e, posteriormente,iniciou a residência em Anatomia Patológica na Fa-culdade de Medicina de Botucatu, concluindo-a em

1996. Durante esse período, recebeu orientação dosProfs. Drs. Mário Rubens Montenegro e MarcelloFabiano de Franco, entre outros, com ênfase especialà Patologia Cirúrgica e à Patologia de Necropsia. Aoterminar a residência, obteve, mediante concursos, osTítulos de Especialista em Patologia e de Citopatolo-gia, conferidos pela Sociedade Brasileira de Patologiae de Citopatologia.

Em 1997, começou a trabalhar como médicoassistente no Serviço de Patologia do Hospital dasClínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto(HCFMRP-USP) e, no ano seguinte, iniciou o Cursode Mestrado sob a orientação da Profa. Dra. LeilaMaria Cardão Chimelli, em Neuropatologia, na Áreade Concentração Patologia Humana, oferecida peloDepartamento de Patologia da Faculdade de Medici-na de Ribeirão Preto-USP. Mestrado concluído em1999, iniciou, a seguir, o Curso de Doutorado, sob aorientação do Profs. Drs. Jorge Eduardo Moreira eJoão Pereira Leite, focalizando os aspectos ultra-es-truturais e moleculares da esclerose hipocampal hu-mana, na mesma área de concentração. Ingressou nacarreira docente como Professor Assistente junto aoDepartamento de Patologia através de Concurso Pú-blico, realizado em Dezembro de 2000. Atualmente, éo responsável pelo setor de Neuropatologia doHCFMRP-USP, estabelecendo, ainda, trabalhos emconjunto com o Serviço de Cabeça e Pescoço, He-matopatologia e Cirurgia, com ênfase à Patologia Ci-rúrgica, especialmente na Biologia Molecular.

Membro efetivo da Associação dos Patologis-tas de São Paulo (APESP), sócio-fundador da divisãobrasileira da International Academy of Pathology(IAP) e da Sociedade Brasileira de Neuropatologia,dedica-se, principalmente, à Patologia Cirúrgica e àPesquisa Aplicada.