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DEPECON Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Material para os Sindicatos SIETEX Fevereiro de 2016

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DEPECON

Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Material para os Sindicatos

SIETEX

Fevereiro de 2016

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Sumário

1. Cenário Econômico ...................................................................................................................................... 3

2. Balança Comercial de 2015 ......................................................................................................................... 9

3. Produtividade Física do Trabalho na Indústria de Transformação em 2015 ............................................. 11

BRASIL ............................................................................................................................................................ 11

ESTADO DE SÃO PAULO ................................................................................................................................. 16

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1. Cenário Econômico

O ano de 2015 foi marcado por profundos ajustes na economia brasileira. Expressiva desvalorização da taxa

de câmbio e significativo reajuste da tarifa de energia elétrica foram um dos destaques. O contexto político

conturbado emperrou o processo de ajuste das contas públicas, que aliado aos desdobramentos da Operação

Lava Jato e seus efeitos negativos sobre a cadeia de óleo de gás, concorreram para deprimir a atividade

econômica. Ademais, a contribuição do setor externo ao crescimento do Brasil se reduziu. A economia global

apresenta um menor crescimento, com a economia chinesa sendo destaque no movimento de desaceleração

do crescimento das economias emergentes, puxando para baixo o preço internacional das commodites. A

nossa projeção é que o PIB brasileiro tenha caído 3,8% em 2015, a maior queda desde 1990.

Acreditamos que o quadro continuará bastante adverso em 2016 para a atividade econômica doméstica. A

deterioração dos fundamentos econômicos é expressiva, com aperto nas condições de crédito, elevação da

inflação, queda do nível de emprego e da renda. Ademais, a incerteza sobre a trajetória das contas públicas

contribui para manter a confiança do empresariado em níveis historicamente deprimidos, minando dessa

forma uma eventual retomada da atividade econômica. O mecanismo é simples, sem recuperação da

confiança do empresariado não há investimento e crescimento econômico. Esperamos que o PIB brasileiro

recue aproximadamente 3,0% em 2016, marcando dois anos consecutivo de contração do PIB, algo que não

ocorria no Brasil desde o biênio 1930-31.

Fonte: IBGE

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As expectativas do mercado e do Fundo Monetário Internacional (FMI) sinalizam que não haverá uma melhora

substancial no crescimento do PIB brasileiro em 2017. De fato, a mediana das expectativas dos analistas,

coletada pelo Banco Central e apresentada no Relatório Focus, aponta para um crescimento do PIB de apenas

0,80% em 20171. A projeção do FMI sinaliza para um cenário ainda mais desalentador, com a economia

brasileira apresentando crescimento nulo após ter recuado 3,5%, segundo projeções da instituição2.

Respondendo a atividade econômica em recessão, o mercado de trabalho vem apresentando forte

desaquecimento, exibindo também desaceleração dos salários, fechamento de postos de trabalho e elevação

da taxa de desemprego. Segundo o Ministério do Trabalho, em 2015 houve o fechamento de 1,6 milhão de

postos de trabalho com carteira assinada. De acordo com o IBGE, após dez anos de ganhos anuais sucessivos,

a média anual do rendimento real da população ocupada (R$ 2.265,09) registrou perda de 3,7% em 2015

relativamente a 2014, tendo sido, portanto, a primeira queda desde 2004., apresentando a maior contração

nessa base de comparação desde julho de 2003. Com relação a taxa de desemprego, a nossa expectativa é

que encerre 2015 em 10,1%, um forte aumento com relação os 6,5% observados em 2014. Para 2016

acreditamos que a taxa de desemprego atinja 12,4%3.

Fonte: IBGE

1 http://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20160122.pdf. 2 http://www.imf.org/external/pubs/ft/survey/so/2016/RES011916A.htm. 3 A taxa de desemprego refere-se a PNAD-Contínua do IBGE.

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No caso da Indústria de Transformação, os números ganham contorno mais dramáticos. Se para muitos

analistas a recessão na economia brasileira teve início no segundo trimestre de 20144, na Indústria de

Transformação podemos afirmar que o setor está em recessão há pelo menos três anos, caminhando a passos

consistentes para o seu terceiro ano. Após recuar 3,8% em 2014 o PIB do setor deve ter contraído 10,5% em

2015 e a nossa expectativa é que caia quase 8,0% este ano.

Fonte: IBGE

Se por um lado é verdade que a recessão na Indústria de Transformação começou em 2013, não é menos

verdade, por outro lado, que o baixo dinamismo na atividade do setor se mostra presente desde meados de

2010. A partir do primeiro semestre de 2010 o setor começou a mostrar fraqueza, com a produção do setor

gravitando em torno da estabilidade, e enveredando na rota de tendência de queda a partir de meados de

2013.

4 http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=4028808126B9BC4C0126BEA1755C6C93.

2.5

-4.8

-1.9

5.7

0.6

2.12.7

9.1

2.21.2

6.1

4.1

-9.3

9.2

2.2

-2.4

3.0

-3.8

-10.5

-7.8

-12.0

-7.0

-2.0

3.0

8.0

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

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20

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Indústria de Transformação - PIBVariação Anual (Em %)

Projeções

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Fonte: IBGE

Na Indústria paulista, o cenário também é de recessão, e por um longo período. O seu Nível de Atividade já

vem apresentando resultados fracos desde 2011, registrando crescimento apenas em 2013, resultado que não

chegou perto de compensar a queda sofrida no ano anterior. Em 2014 e 2015, houve queda da atividade de

6,0% e 6,1% respectivamente. Para 2016, nossa projeção também é de recuo do nível de atividade industrial

de 5,3%.

Fonte: FIESP

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Como consequência do baixo desempenho da atividade, o nível de emprego da Indústria de Transformação

paulista vem apresentando profunda deterioração. Segundo a Fiesp, em 2015 a Indústria paulista demitiu 235

mil trabalhadores, superando o patamar do ano de 2014, quando foram fechados 129,5 mil postos de

trabalho. Para 2016 a nossa projeção é que ocorram mais 165 mil demissões no setor no estado de São Paulo.

Se essa perspectiva para 2016 se concretizar, a Indústria de São Paulo terá demitido 620 mil trabalhadores

entre 2011 e 2016.

Fonte: FIESP

A participação da Indústria de Transformação no PIB vem mostrando persistentes quedas nos anos recentes,

recuando de 17,9% em 2003 para 10,9% em 2014, o menor nível da série histórica iniciada em 1947. Para 2016

a nossa expectativa é que essa participação irá romper a marca dos 10% e atinja 9,7%. Esse processo derivou

de um longo período de câmbio valorizado e aumento dos custos que dinamitaram a competitividade do setor,

resultando no recrudescimento do movimento de penetração de produtos importados. A elevação dos custos

assolou a Indústria de Transformação, em que mereceu destaque, a considerável expansão dos salários reais

acima do crescimento da produtividade da mão de obra entre 2010 e 2014, além do histórico fardo do Custo

Brasil: carga tributária pesada; burocracia excessiva; juros e spreads elevados e infraestrutura defasada.

-37.0

-3.5

97.5

-7.0

-112.5

115.0

-2.0

-52.5-36.5

-129.5

-235.0

-165.0

-300

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

100

150

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Nível de Emprego na Indústria Paulista (FIESP)Empregos no Ano (Em Milhares)

Projeção

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Fonte: IBGE. Metodologia: Bonelli & Pessoa, 2010. Elaboração: Depecon/FIESP

Em suma, diante da acentuada deterioração dos fundamentos econômicos, com destaque para o menor

crescimento da renda e elevação da taxa de desemprego, além da elevada incerteza que cerca o cenário

econômico e político, a economia brasileira deverá sofrer recuo do PIB em 2015 e 2016, configurando dois

anos de recessão no país. A Indústria de Transformação continuará a enfrentar um cenário bastante

desafiador, caminhando para o terceiro ano de queda do seu PIB. Decerto, para a Indústria de Transformação,

bem como para a economia brasileira com um todo, o país está experimentando a mais profunda e longa das

recessões.

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2. Balança Comercial de 2015

Em dezembro de 2015, a balança comercial brasileira apresentou um superávit comercial de US$ 6,2 bilhões

de dólares, enquanto, em dezembro de 2014, apresentou um superávit de US$ 298 milhões. As exportações

atingiram US$ 16,8 bilhões, ao passo que as importações chegaram a US$ 10,5 bilhões.

No acumulado do ano, as exportações somaram US$ 191,1 bilhões, 15,1% abaixo do observado em 2014 (US$

225,1 bilhões). Por sua vez, no ano de 2015, as importações atingiram US$ 171,4 bilhões, queda de 25,2% em

relação ao registrado no ano anterior, US$ 229,2 bilhões. O saldo comercial no acumulado do ano é um

superávit de US$ 19,7 bilhões, enquanto, em 2014, o saldo comercial foi um déficit de US$ 4,1 bilhões.

Analisando as exportações do acumulado de 2015 por fator agregado (básicos, semimanufaturados e

manufaturados), temos queda das exportações de básicos (-19,5%), semimanufaturados (-7,9%) e

manufaturados (-8,2%) em relação a 2014.

Dos produtos básicos que tiveram queda das exportações, podemos destacar minérios de ferro, tripas e

buchos de animais, petróleo em bruto, miudezas de animais, carnes salgadas, carne bovina, carne suína, farelo

de soja, fumo em folhas, soja em grãos e carne de frango.

Quanto aos produtos semimanufaturados, as principais quedas das exportações em 2015 foram de estanho

em bruto, ferro fundido, couros e peles, açúcar em bruto, catodos de níquel, ferro-ligas, alumínio em bruto,

borracha sintética e produtos semimanufaturados de ferro/aço.

No que se refere aos manufaturados, dos quatro setores que mais exportaram em 2015, três apresentaram

queda em relação a 2014: alimentos (-14,2%); veículos automotores (-3,5%) e metalurgia (-2,2%). A exceção

foi o setor de outros equipamentos de transporte, que apresentou um aumento de 5,1% das exportações no

período. O gráfico abaixo mostra as exportações acumuladas de janeiro a dezembro de 2014 e 2015.

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3. Produtividade Física do Trabalho na Indústria de Transformação em 20155

BRASIL

5 O indicador de produtividade é elaborado mensalmente pelo Depecon/Fiesp a partir dos dados das pesquisas PIM-PF

do IBGE, Indicadores Industriais da CNI e Levantamento de Conjuntura da Fiesp. Um relatório mais completo fica

disponível no site: http://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/produtividade-fisica-do-trabalho-na-

industria-de-transformacao/

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No ano de 2015, a produção industrial apresentou queda de 9,9% em relação a 2014, enquanto o

número de horas trabalhadas na produção apresentou queda de 10,3% nesta comparação. Como a queda do

número de horas trabalhadas na produção foi maior que a queda da produção, a produtividade cresceu 0,5%

no ano. Isso significa, que a produtividade aumentou, mas não da forma mais positiva.

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O aumento da produtividade física do trabalho em 2015 ocorreu em apenas 10 setores da indústria

brasileira, enquanto dois setores ficaram estáveis e nove apresentaram queda.

Setores com aumento de

produtividade

Setores com queda de

produtividade

Quando

positivo =

Em termos de

trabalho, ficou mais

caro produzir uma

unidade de produto

Quando

negativo =

Em termos de

trabalho, ficou mais

barato produzir uma

unidade de produto

Variação do Custo Unitário

do Trabalho -

Variação da Produtividade

- +

= Variação da

Remuneração Real Mensal

=

Variação do custo com o trabalho

em uma unidade de produto

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A remuneração real média em reais apresentou uma pequena queda de 0,1% em 2015, após oito anos

consecutivos de aumento. Como a produtividade cresceu em 2015 e a remuneração real média caiu no ano,

o custo unitário do trabalho teve uma queda de 0,6 ponto.

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Em 11 dos 21 setores da indústria de transformação, o aumento da produtividade também foi maior

que o aumento da remuneração real média em reais, resultando em queda do custo unitário do trabalho.

Em termos de trabalho,

ficou mais caro produzir

uma unidade de produto

Em termos de trabalho,

ficou mais barato produzir

uma unidade de produto

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ESTADO DE SÃO PAULO

No Estado de São Paulo, no ano de 2015, a produção industrial apresentou queda de 11,0% em relação

a 2014, enquanto o número de horas trabalhadas na produção apresentou queda de 12,9% nesta comparação.

Como a queda das horas trabalhadas na produção foi maior que a queda da produção, a produtividade cresceu

2,2% no ano. Isso significa, que a produtividade aumentou, mas não da forma mais positiva.

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O aumento da produtividade em 2015 ocorreu em nove setores da indústria paulista, enquanto seis

apresentaram queda da produtividade.

Setores com queda de

produtividade

Setores com aumento de

produtividade

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Com um aumento de 2,2% na produtividade e uma queda de 2,6% na remuneração real média em

2015, o custo unitário do trabalho apresentou uma queda de 4,8 pontos percentuais no ano.

Em nove setores da indústria paulista, o aumento da remuneração real média em reais também foi

menor que o aumento da produtividade, resultado em queda do custo unitário do trabalho em reais.

Em termos de trabalho, ficou mais caro produzir uma

unidade de produto

Em termos de trabalho,

ficou mais barato

produzir uma unidade

de produto