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Breno Xavier de Brito 1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO, CONTÁBEIS E ECONOMIA MERCADO FINANCEIRO RENTABILIDADE 0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0% JAN. FEV. MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. PROFESSOR: M.Sc. BRENO XAVIER DE BRITO

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Breno Xavier de Brito

1

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DEPARTAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO, CONTÁBEIS E ECONOMIA

MERCADO FINANCEIRO

RENTABILIDADE

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

JAN. FEV. MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGO. SET. OUT. NOV. DEZ.

PROFESSOR: M.Sc. BRENO XAVIER DE BRITO

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Breno Xavier de Brito

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Sumário

Introdução ........................................................................................................................... 3

1 – ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MOEDA .................................................................................. 4

1.1 - Escambo .................................................................................................................. 4

1.2 - Moeda-Mercadoria ................................................................................................. 4

1.3 - Metal ....................................................................................................................... 5

1.4 - Moeda em Formato de Objetos .............................................................................. 6

1.5 - Moedas Antigas ...................................................................................................... 6

1.6 - Ouro, Prata e Cobre ................................................................................................ 7

1.7 - Moeda de Papel ...................................................................................................... 7

1.8 - Formatos Diversos .................................................................................................. 8

1.9 - Sistema Monetário .................................................................................................. 8

1.10 - Cheque .................................................................................................................. 9

2 - INTRODUÇÃO À ADM . FINANCEIRA DOS EMPREENDIMENTOS .................................... 10

2.1 – Definição .............................................................................................................. 10

2.2- Objetivos da Função Financeira ............................................................................ 10

2.3 - O Papel da Administração Financeira na Empresa .............................................. 10

2.4 - Meta da Administração Financeira ...................................................................... 11

2.5 - Áreas de Decisões Financeiras ............................................................................. 14

3 - O ADMINISTRADOR FINANCEIRO .................................................................................. 17

3.1 - Atribuições do Administrador Financeiro de uma Organização .......................... 17

3.2 - As Funções do Administrador Financeiro ............................................................ 18

3.3 - A Meta do Administrador Financeiro ................................................................... 18

4 – SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) ....................................................................... 20

4.1 - Estrutura Funcional ............................................................................................... 20

4.2 - Conselho Monetário Nacional (CMN) ................................................................ 20

4.3 - Banco Central do Brasil ....................................................................................... 22

4.4 - Banco do Brasil (BB) ........................................................................................... 39

4.5 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ................. 39

4.6 - Sistema Financeiro da Habitação (SFH) .............................................................. 39

4.7 - Instituições Financeiras - o MNI .......................................................................... 39

5 - POLÍTICAS MONETÁRIA, FISCAL, CAMBIAL E DE RENDAS ............................................ 44

5.1 – Dinâmica do Mercado .......................................................................................... 44

5.2 - Política Monetária ................................................................................................. 45

5.3 - Política Fiscal ....................................................................................................... 46

5.4 - Política Cambial ................................................................................................... 48

5.5 - Política de Rendas ................................................................................................ 51

6 - MERCADO FINANCEIRO ................................................................................................ 52

6.1 - Operações de crédito ............................................................................................ 52

6.2 - Mercado monetário e de crédito ........................................................................... 52

6.3 - Mercado de capitais .............................................................................................. 52

6.4 - Mercado de câmbio .............................................................................................. 63

12 - GLOSSÁRIO RESUMIDO................................................................................................ 67

13 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 75

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Introdução

Sejam bem vindos a Administração Financeira e Orçamentária. A partir deste momento

começaremos verdadeiramente a entender os fundamentos das finanças empresarias, sua ex-

trema importância na gestão dos recursos organizacionais e as principais ferramentas utilizadas

para a maximização da rentabilidade dos investimentos e da riqueza dos acionistas.

Esta disciplina trabalha com diversos conteúdos de outras áreas do conhecimento. São

necessárias noções de contabilidade geral e de custos, planejamento tributário, administração de

materiais e de marketing, macro e micro-economia, bem como leituras complementares de jor-

nais e revistas especializadas.

Tudo isto porque o administrador, seja especialista em finanças ou não, necessita de

conhecimentos específicos nesta área, principalmente para demonstrar a viabilidade de seus

projetos. Por exemplo, ao elaborar uma nova campanha de marketing, o diretor desta área deve

apresentar o orçamento previsto, o retorno esperado (financeiro, reconhecimento de marca, con-

quista de novos mercados, institucional, etc.), bem como as vantagens econômicas esperadas

para o investimento. Do mesmo modo, o gerente, supervisor ou qualquer outro cargo encarrega-

do dos recursos humanos da organização deve apresentar os recursos necessários para qual-

quer ação que pretenda desenvolver, seja motivacional, de treinamento, desenvolvimento, etc.,

novamente demonstrando o retorno do investimento para a empresa.

Este livro vem sendo desenvolvido por nós, através de nossa experiência profissional

como administradores financeiros e os conhecimentos adquiridos com a docência. Ele não está

acabado, e acreditamos que nunca estará, principalmente pela característica dinâmica desta

disciplina. Buscamos contemplar o conteúdo com autores conhecidos nacional e internacional-

mente, como Roberto Braga, Lawrence Gitman, Stephen Ross, Alexandre Assaf Neto, entre

outros, complementando com materiais desenvolvidos por nós mesmos para nossas aulas de

graduação e pós-graduação, bem como em sites especializados como investshop, bovespa,

patagon, bcb.gov.br (Banco Central do Brasil) e ibge.gov.br, buscando oferecer a vocês o que

há de mais moderno em termos de conhecimentos financeiros.

Esperamos, sinceramente, que gostem do material e contribuam, com suas sugestões e

críticas, para o melhoramento contínuo do mesmo.

Obrigado e bons estudos!

Professores Alberto Lemos Cardoso e Breno Xavier de Brito.

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1 – ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MOEDA

1

Para que possamos estudar a administração financeira, devemos entender o papel do principal recurso que

será administrado, a moeda. Parece simples que, ao termos em nossas mãos moedas e papéis que nos permitem

adquirir algo que desejamos, ela seja simplesmente fruto de nosso trabalho.

Por causa de sua importância em nossa vida, é importante compreendermos o caminho percorrido ao longo

dos anos por esta que é, sem dúvida, uma das maiores invenções da humanidade.

1.1 - Escambo

A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa evolução.

No início não havia moeda. Praticava-se o escambo, simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equi-

valência de valor.

Assim, quem pescasse mais peixe do que o neces-

sário para si e seu grupo trocava este excesso com o de

outra pessoa que, por exemplo, tivesse plantado e colhido

mais milho do que fosse precisar. Esta elementar forma

de comércio foi dominante no início da civilização, poden-

do ser encontrada, ainda hoje, entre povos de economia

primitiva, em regiões onde, pelo difícil acesso, há escas-

sez de meio circulante, e até em situações especiais, em

que as pessoas envolvidas efetuam permuta de objetos

sem a preocupação de sua equivalência de valor. Este é

o caso, por exemplo, da criança que troca com o colega

um brinquedo caro por outro de menor valor, que deseja

muito.

As mercadorias utilizadas para escambo geralmente se apresentam em estado natural, variando conforme

as condições de meio ambiente e as atividades desenvolvidas pelo grupo, correspondendo a necessidades fun-

damentais de seus membros. Nesta forma de troca, no entanto, ocorrem dificuldades, por não haver uma medida

comum de valor entre os elementos a serem permutados.

1.2 - Moeda-Mercadoria

Algumas mercadorias, pela sua utilidade, passaram a ser mais procuradas do que outras.

Aceitas por todos, assumiram a função de moeda, circulando como elemento trocado por outros produtos e

servindo para avaliar-lhes o valor. Eram as moedas–mercadorias.

1 Disponível em www.bcb.gov.br

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O gado, principalmente o bovino, foi dos mais utili-

zados; apresentava vantagens de locomoção própria,

reprodução e prestação de serviços, embora ocorresse

o risco de doenças e da morte.

O sal foi outra moeda–mercadoria; de difícil obten-

ção, principalmente no interior dos continentes, era mui-

to utilizado na conservação de alimentos.

Ambas deixaram marca de sua função como instru-

mento de troca em nosso vocabulário, pois, até hoje, em-

pregamos palavras como pecúnia (dinheiro) e pecúlio

(dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina pecus

(gado). A palavra capital (patrimônio) vem do latim capita

(cabeça). Da mesma forma, a palavra salário (remunera-

ção, normalmente em dinheiro, devida pelo empregador

em face do serviço do empregado) tem como origem a

utilização do sal, em Roma, para o pagamento de servi-

ços prestados.

No Brasil, entre outras, circularam o cauri – trazido

pelo escravo africano –, o pau-brasil, o açúcar, o cacau,

o tabaco e o pano, trocado no Maranhão, no século

XVII, devido à quase inexistência de numerário, sendo

comercializado sob a forma de novelos, meadas e teci-

dos.

Com o passar do tempo, as mercadorias se tornaram

inconvenientes às transações comerciais, devido à oscila-

ção de seu valor, pelo fato de não serem fracionáveis e

por serem facilmente perecíveis, não permitindo o acúmu-

lo de riquezas.

1.3 - Metal

Quando o homem descobriu o metal, logo passou a

utilizá-lo para fabricar seus utensílios e armas anterior-

mente feitos de pedra.

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Por apresentar vantagens como a possibilidade de

entesouramento, divisibilidade, raridade, facilidade de

transporte e beleza, o metal se elegeu como principal

padrão de valor. Era trocado sob as formas mais diversas.

A princípio, em seu estado natural, depois sob a forma de

barras e, ainda, sob a forma de objetos, como anéis, bra-

celetes etc.

O metal comercializado dessa forma exigia aferição de

peso e avaliação de seu grau de pureza a cada troca.

Mais tarde, ganhou forma definida e peso determinado,

recebendo marca indicativa de valor, que também apon-

tava o responsável pela sua emissão. Essa medida agili-

zou as transações, dispensando a pesagem e permitindo

a imediata identificação da quantidade de metal oferecida

para troca.

1.4 - Moeda em Formato de Objetos

Os utensílios de metal passaram a ser mercadorias

muito apreciadas.

Como sua produção exigia, além do domínio das

técnicas de fundição, o conhecimento dos locais onde o

metal poderia ser encontrado, essa tarefa, naturalmente,

não estava ao alcance de todos.

A valorização, cada vez maior, destes instrumentos

levou à sua utilização como moeda e ao aparecimento de

réplicas de objetos metálicos, em pequenas dimensões,

que circulavam como dinheiro.

É o caso das moedas faca e chave que eram encon-

tradas no Oriente e do talento, moeda de cobre ou

bronze, com o formato de pele de animal, que circulou

na Grécia e em Chipre.

1.5 - Moedas Antigas

Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras

moedas com características das atuais: são pequenas

peças de metal com peso e valor definidos e com a

impressão do cunho oficial, isto é, a marca de quem as

emitiu e garante o seu valor.

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São cunhadas na Grécia moedas de prata e, na Lídia, são utilizados pequenos lingotes ovais de uma liga de

ouro e prata chamada eletro.

As moedas refletem a mentalidade de um povo e de

sua época. Nelas podem ser observados aspectos polí-

ticos, econômicos, tecnológicos e culturais. É pelas

impressões encontradas nas moedas que conhecemos,

hoje, a efígie de personalidades que viveram há muitos

séculos. Provavelmente, a primeira figura histórica a ter

sua efígie registrada numa moeda foi Alexandre, o

Grande, da Macedônia, por volta do ano 330 a.C.

A princípio, as peças eram fabricadas por processos manuais muito rudimentares e tinham seus bordos irre-

gulares, não sendo, como hoje, peças absolutamente iguais umas às outras.

1.6 - Ouro, Prata e Cobre

Os primeiros metais utilizados na cunhagem de moedas foram o ouro e a prata. O emprego destes metais se

impôs, não só pela sua raridade, beleza, imunidade à corrosão e valor econômico, mas também por antigos cos-

tumes religiosos. Nos primórdios da civilização, os sacerdotes da Babilônia, estudiosos de astronomia, ensinavam

ao povo a existência de estreita ligação entre o ouro e o Sol, a prata e a Lua. Isto levou à crença no poder mágico

destes metais e no dos objetos com eles confeccionados.

A cunhagem de moedas em ouro e prata se mante-

ve durante muitos séculos, sendo as peças garantidas

por seu valor intrínseco, isto é, pelo valor comercial do

metal utilizado na sua confecção. Assim, uma moeda na

qual haviam sido utilizados vinte gramas de ouro, era

trocada por mercadorias neste mesmo valor.

Durante muitos séculos os países cunharam em ouro suas moedas de maior valor, reservando a prata e o

cobre para os valores menores. Estes sistemas se mantiveram até o final do século passado, quando o cuproní-

quel e, posteriormente, outras ligas metálicas passaram a ser muito empregados, passando a moeda a circular

pelo seu valor extrínseco, isto é, pelo valor gravado em sua face, que independe do metal nela contido.

Com o advento do papel-moeda a cunhagem de moedas metálicas ficou restrita a valores inferiores, necessá-

rios para troco. Dentro desta nova função, a durabilidade passou a ser a qualidade mais necessária à moeda. Sur-

gem, em grande diversidade, as ligas modernas, produzidas para suportar a alta rotatividade do numerário de

troco.

1.7 - Moeda de Papel

Na Idade Média, surgiu o costume de se guardarem os valores com um ourives, pessoa que negociava objetos

de ouro e prata. Este, como garantia, entregava um recibo. Com o tempo, esses recibos passaram a ser utilizados

para efetuar pagamentos, circulando de mão em mão e dando origem à moeda de papel.

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No Brasil, os primeiros bilhetes de banco, precursores das cédulas atuais, foram lançados pelo Banco do Bra-

sil, em 1810. Tinham seu valor preenchido à mão, tal como, hoje, fazemos com os cheques.

Com o tempo, da mesma forma ocorrida com as

moedas, os governos passaram a conduzir a emissão

de cédulas, controlando as falsificações e garantindo o

poder de pagamento.

Atualmente quase todos os países possuem seus

bancos centrais, encarregados das emissões de cédu-

las e moedas.

A moeda de papel evoluiu quanto à técnica utilizada na sua impressão. Hoje a confecção de cédulas utiliza

papel especialmente preparado e diversos processos de impressão que se complementam, dando ao produto final

grande margem de segurança e condições de durabilidade.

1.8 - Formatos Diversos

O dinheiro variou muito, em seu aspecto físico, ao longo dos séculos.

As moedas já se apresentaram em tamanhos ínfi-

mos, como o stater, que circulou em Aradus, Fenícia,

atingindo também grandes dimensões como as do dá-

ler, peça de cobre na Suécia, no século XVII.

Embora, hoje, a forma circular seja adotada em

quase todo o mundo, já existiram moedas ovais, qua-

dradas, poligonais etc.

Foram, também, cunhadas em materiais não metálicos diversos, como madeira, couro e até porcelana. Moe-

das de porcelana circularam, neste século, na Alemanha, quando, por causa da guerra, este país enfrentava grave

crise econômica.

As cédulas, geralmente, se apresentam no formato retangular e no sentido horizontal, observando-se, no en-

tanto, grande variedade de tamanhos. Existem, ainda, cédulas quadradas e até as que têm suas inscrições no

sentido vertical.

As cédulas retratam a cultura do país emissor e nelas podem-se observar motivos característicos muito inte-

ressantes como paisagens, tipos humanos, fauna e flora, monumentos de arquitetura antiga e contemporânea,

líderes políticos, cenas históricas etc.

As cédulas apresentam, ainda, inscrições, geralmente na língua oficial do país, embora em muitas delas se

encontre, também, as mesmas inscrições em outros idiomas. Essas inscrições, quase sempre em inglês, visam a

dar à peça leitura para maior número de pessoas.

1.9 - Sistema Monetário

O conjunto de cédulas e moedas utilizadas por um país forma o seu sistema monetário. Este sistema, regulado

através de legislação própria, é organizado a partir de um valor que lhe serve de base e que é sua unidade mone-

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tária.

Atualmente, quase todos os países utilizam o sistema

monetário de base centesimal, no qual a moeda divisioná-

ria da unidade representa um centésimo de seu valor.

Normalmente os valores mais altos são expressos em

cédulas e os valores menores em moedas. Atualmente a

tendência mundial é no sentido de se suprirem as despe-

sas diárias com moedas.

As ligas metálicas modernas proporcionam às moedas durabilidade muito superior à das cédulas, tornando-as

mais apropriadas à intensa rotatividade do dinheiro de troco.

Os países, através de seus bancos centrais, controlam e garantem as emissões de dinheiro. O conjunto de

moedas e cédulas em circulação, chamado meio circulante, é constantemente renovado através de processo de

saneamento, que consiste na substituição das cédulas gastas e rasgadas.

1.10 - Cheque

Com a supressão da conversibilidade das cédulas e moedas em metal precioso, o dinheiro cada vez mais se

desmaterializa, assumindo formas abstratas.

Uma destas formas é o cheque, que, pela simplicidade de seu uso e pela segurança que oferece, está sendo,

progressivamente, adotado por número sempre maior de pessoas nas atividades de seu dia-a-dia.

Esse documento, pelo qual se ordena o pagamento de

certa quantia ao seu portador ou à pessoa nele citada,

visa, primordialmente, à movimentação dos depósitos

bancários.

O cheque é uma ordem de pagamento à vista, emitida

em favor do credor, para exercer seu direito em uma insti-

tuição financeira.

O importante papel que esse meio de pagamento ocupa, hoje, na economia, deve-se às inúmeras vantagens

que proporciona, agilizando a movimentação de grandes somas, impedindo o entesouramento do dinheiro em

espécie e diminuindo a necessidade de troco, por ser um papel preenchido à mão, com a quantia de que se quer

dispor.

O dinheiro, seja em que forma se apresente, não vale por si, mas pelas mercadorias e serviços que pode com-

prar. É uma espécie de título que dá a seu portador a faculdade de se considerar credor da sociedade e de usufru-

ir, através do poder de compra, de todas as conquistas do homem moderno.

A moeda não foi, pois, genialmente inventada, mas surgiu de uma necessidade e sua evolução reflete, a cada

momento, a vontade do homem de adequar seu instrumento monetário à realidade de sua economia.

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2 - INTRODUÇÃO À ADM . FINANCEIRA DOS EMPREENDIMENTOS

2.1 – Definição

Pode-se imaginar, em um exercício mental, que o surgimento da administração financei-

ra acontece juntamente com os conceitos de propriedade privada e acumulação de riquezas pelo

homem.

A partir desse momento, as pessoas, organizações e o estado passam a possuir a ne-

cessidade de conhecimentos específicos que permitam o aumento de seus ganhos, através da

análise dos riscos envolvidos e os retornos almejados.

Segundo ARCHER e D’AMBROSIO, “... a função financeira compreende os esforços

dispendidos objetivando a formulação de um esquema que seja adequado à maximização dos

retornos dos proprietários das ações ordinárias da empresa, ao mesmo tempo em que possa

propiciar a manutenção de um certo grau de liquidez.”

Essa visão é compreendida em uma organização com estrutura funcional, onde um con-

junto de tarefas específicas é desenvolvido por um órgão ou departamento devidamente consti-

tuído para este fim.

2.2- Objetivos da Função Financeira

A definição anterior deixa bem claro que o objetivo básico implícito nas decisões de ad-

ministração financeira é a maior rentabilidade possível sobre o investimento efetuado por indiví-

duos ou instituições caracterizados como proprietários/acionistas ordinários, no caso de uma

sociedade anônima.

Entretanto, é feita uma ressalva: a rentabilidade máxima, desde que não seja compro-

metida a liquidez da empresa.

A existência de um conflito entre esses dois objetivos, dos quais o de rentabilidade

deve ter primazia sobre o de liquidez, que o condiciona e restringe, manifesta-se em termos de

um dilema entre aplicar todos os fundos disponíveis (o que deve levar à maior rentabilidade total

possível para uma dada empresa), e manter inativos alguns fundos para, por exemplo, proteção

ou defesa contra riscos de não se poder pagar alguma dívida. Parece claro, entretanto, que o

dinheiro que permanece inativo, embora útil como proteção contra riscos, não produz retorno

algum.

Assim, cada momento econômico exige conhecimentos e ferramenta que possibilitem a

administração mais eficaz e eficiente dos recursos disponíveis, ou de sua captação, pois os in-

vestimentos podem significar grandes oportunidades de retorno ou riscos para sobrevivência das

organizações.

2.3 - O Papel da Administração Financeira na Empresa

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A extensão da importância da função financeira dependem, em grande parte, do tama-

nho da empresa. Em empresas pequenas, a função financeira é geralmente realizada pelo de-

partamento de contabilidade. À medida que a empresa cresce, a importância da função financei-

ra normalmente leva à criação de um departamento financeiro separado - uma unidade organi-

zacional autônoma, ligada diretamente ao presidente da companhia, através de um vice-

presidente de Finanças. Reportando ao vice-presidente de Finanças estão o tesoureiro e o con-

troller. O tesoureiro geralmente é o responsável por conduzir atividade financeiras, tais como a

administração de caixa, a elaboração de planos e decisões sobre investimento de capital, admi-

nistração das atividades de crédito e administração da carteira de investimentos. O controller

geralmente conduz as atividades contábeis relacionados com impostos, processamento de da-

dos, contabilidade de custos e contabilidade financeira.

Em pequenas e micro-empresas a função financeira restringe-se a um termo denomina-

do “administração das disponibilidades”, ou seja, a determinação das necessidades de caixa a

curto e médio prazo e os recursos que serão necessários para supri-los.

Pela inexperiência, ou mesmo ausência, de conhecimentos financeiros e da aplicação de

suas ferramentas, muitos administradores tomam decisões baseadas apenas em seu “feeling”,

comprometendo a rentabilidade dos investimentos da organização.

Assim, qualquer que seja o tamanho da organização, ou a complexidade de sua estrutu-

ra de gestão, a função financeira deve possuir um papel de destaque, devido a sua importância

para a sobrevivência da empresa.

2.4 - Meta da Administração Financeira

Quando alguém se dispõe a investir sua poupança em uma empresa, em vez de aplicá-

la em alternativas mais seguras, está disposto a assumir certo risco em troca de um aumento no

seu patrimônio ou riqueza pessoal. Esse raciocínio se aplica a administração financeira aplicada

as organizações com fins lucrativos. A administração dos recursos financeiros amplia-se para

outras dimensões, seja para fins pessoais, de organizações sem fins lucrativos ou governos.

Assim, pode-se admitir que o objetivo primordial de cada empresa é o de maximizar a

riqueza de seus proprietários. Essa riqueza é representada pelo valor de mercado da empresa2,

2 Valor Patrimonial x Valor de Mercado

Por Antonio Carlos Berwanger

Na análise de empresas, o investidor pode muitas vezes se deparar com alguns termos com os quais não está familiarizado. A confusão muitas vezes continua na determinação do valor de uma empresa. Valor patrimonial ou valor de mercado? Qual deles deve ser observado na hora de avaliar uma empresa? Ao contrário do que muitos pensam, valor patrimonial e valor de mercado são na realidade coi-sas muito diferentes. Apesar de ambos darem uma medida específica de valor para a empresa. Vamos começar pelo valor de mercado. Sua definição é muito simples: é o valor que o mercado dá para a empresa. Ele é atingido multiplicando o número total de ações pelo valor delas. Ou seja, seu valor depende diretamente da variação do preço das ações da empresa na bolsa de valores. O valor de mercado varia de um pregão para o outro, de acordo com a evolução do pre-ço de suas ações na bolsa.

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ou seja, pelo preço que seria alcançado na venda dos direitos de participação no seu capital

social.

Poder-se-ia imaginar que tal valor seria determinado pela diferença entre os ativos e as

dívidas que corresponde ao patrimônio líquido. Tal raciocínio estaria incorreto, porque a expres-

são monetária do patrimônio líquido decorre de registros contábeis dos valores históricos de

transações realizadas. Esta assertiva continua válida mesmo quando é efetuada a correção mo-

netária de determinados itens do balanço que corresponde apenas da restauração dos valores

históricos em face da perda de poder aquisitivo da moeda.

Ao estimar o valor de alguns ativos intangíveis, como marca e patentes, participação de

mercado, perspectivas de crescimento ou vantagens competitivas em relação a concorrência,

pode-se ter uma idéia, mesmo que inexata, do valor real de mercado de uma organização.

A meta da administração financeira coincide com o objetivo básico dos proprietários ou

acionistas. As decisões financeiras são orientadas para o aumento do valor de mercado da em-

presa, principalmente através da valorização dos ativos intangíveis citados anteriormente.

Neste ponto, alguns poderiam supor que a administração financeira teria por objetivo a

obtenção do maior lucro dentro do menor prazo possível. A idéia de maximização dos lucros não

satisfaz por seu conteúdo imediatista, ou seja, as decisões influenciam as organizações por um

longo período de tempo,podendo ser cruciais para seu futuro, podendo uma ação que busque o

lucro a curto prazo comprometer a situação competitiva da empresa no médio ou longo prazos.

Na verdade, a meta da administração financeira é a maximização da riqueza dos acio-

nistas, que constitui algo mais amplo e profundo que a maximização dos lucros.

A maximização da riqueza envolve os seguintes aspectos:

Por exemplo, a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) têm um total de 50.974.440.000 a-ções. O preço de fechamento das ações da empresa no pregão desta terça-feira, dia 22 de maio (2001) foi R$ 24,29 por lote de mil ações, ou 0,24290 por ação. O valor de mercado da empresa é portanto: R$ 1.238.169,15. O valor patrimonial mede o patrimônio efetivo da empresa. É o preço que ela vale de acordo com o patrimônio que ela tem. Segundo Carlos Thadeu de Freitas, economista e professor do IBMEC, o valor patrimônial mede o ativo da empresa menos as dívidas que esta possui. "Se todo o ativo da empresa fosse adquirido sem a necessidade de endividamento, o ativo seria idêntico ao pa-trimônio líquido", afima Carlos Thadeu. É um valor que mostra o retrato do valor da empresa no momento, seu patrimônio num determinado momento. O valor de mercado pode ser maior ou menor do que o valor patrimonial. Podemos fazer uma analogia com o mercado de imóveis. Se você possui um imóvel e pretende vendê-lo, o preço de mercado pode ser maior ou menor do que efetivamente ele vale, de acordo com o preço de mer-cado do local onde este se situa. Um apartamento de três quartos tem um valor intrínseco, mas seu valor de mercado vai variar de acordo com sua localização. O valor patrimonial mede o preço da empresa de acordo com patrimônio que ela possui, os ati-vos que ela possui. O valor de mercado mede o quanto o mercado precifica a empresa e o faz através da avaliação de suas ações. Hoje, o valor considerado justo para uma empresa é calcu-lado através do método do fluxo de caixa descontado. Este método leva em consideração a pro-jeção de receitas da empresa pelos próximos anos, descontado por uma taxa de desconto.

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1o.) Perspectiva de longo prazo: A empresa deve ser perpetuada, e para tanto, tem de

realizar investimentos em tecnologia, novos produtos, propaganda, que poderão sacrifi-

car a rentabilidade atual, visto se tratarem de despesas, em troca de maiores benefícios

no futuro.

2o.) Valor do dinheiro no tempo: Os projetos de investimento envolvem fluxos de de-

sembolsos e de entradas de caixa. Existem diversas técnicas para avaliar tais projetos e

algumas delas transformam os fluxos futuros de caixa em valores atuais, através da apli-

cação de determinada taxa de desconto. Essa taxa de desconto deve refletir um custo

de oportunidade dos recursos. Tal custo de oportunidade corresponde a uma taxa mí-

nima de retorno exigida do projeto para que o valor de mercado da empresa não se alte-

re. Considerando o valor do dinheiro no tempo, a seleção dos projetos a serem imple-

mentados visará aumentar ou, pelo menos, manter o valor de mercado da empresa. A

moeda, como qualquer outro ativo, pode sofrer o processo de valorização, ou seja, seu

valor presente ser maior que o valor passado, ou, o que é mais comum, de depreciação,

mais conhecido como inflação, que faz com que o valor futuro seja menor (em poder de

compra), que o presente.

3o.) Retorno do capital próprio: Os acionistas esperam ser remunerados através de di-

videndos e, principalmente, pela valorização de suas ações. O investidor só consegue o

retorno de seus investimentos se a organização apresentar resultado positivo em suas

atividades, obtendo lucros e, também, distribuindo-os na forma de dividendos.

4o.) Risco: O retorno deve ser compatível com o risco assumido. Maior risco implica a

expectativa de maior retorno. Risco é o fator proporcional a probabilidade de que um in-

vestimento seja mal-sucedido.

5o.) Dividendos

3: Deve ser adotada uma política de distribuição regular de dividendos,

independentemente das flutuações dos lucros, minimizando os efeitos negativos que

3 Entenda os Famosos Dividendos e Juros sobre Capital Próprio

Por Antonio Carlos Berwanger

Toda companhia aberta, que são aquelas empresas que têm ações na bolsa, possui diversos acionistas. Estes recebem, ao fim de cada exercício contábil (normalmente, um ano), a sua parte na divisão dos lucros que a empresa teve no período, o chamado dividendo. É importante frisar que eles são distribuídos a partir do lucro líquido apresentado pela empresa no período. O pagamento de dividendos é obrigatório e proporcional ao número de ações que cada acionista possui. Tal benefício é livre de tributação. As empresas distribuem os dividendos após a dedução do Imposto de Renda. Portanto, toma-se como base o lucro líquido para a distribuição. Juros sobre capital próprio funcionam de outra maneira. Ao contrário dos dividendos, a em-presa não paga os juros de acordo com o desempenho que obtido no período. Os juros sobre capital próprio são distribuídos com base nas reservas de lucros da empresa, ou seja, os lucros apresentados nos anos anteriores e que ficaram retidos na empresa. Por exemplo, uma empresa que normalmente destina um montante próximo a R$ 300 mil a seus acionistas pode ter um ano ruim e maus resultados. Com lucro líquido inferior, a empresa terá um montante em dinheiro menor a distribuir em forma de dividendos, por exemplo R$ 100 mil. Se tal empresa tem grandes reservas de lucros e um bom caixa, de maneira que não necessite de tais recursos, ela tem a opção de distribuir também, os juros sobre o seu capital próprio, e assim garantir uma remuneração melhor a seus acionistas. Ou seja: ao invés de receber apenas os R$

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possam afetar as cotações das ações. Essa política, porém, deve obedecer a premissa

da sobrevivência da organização e da preservação de sua capacidade de investimentos

futuros.

A empresa não deve desapontar aqueles acionistas que apreciam receber dividendos

periódicos, equilibrando a satisfação dos acionistas, a valorização do mercado e a perpe-

tuação da organização.

2.5 - Áreas de Decisões Financeiras

De forma bastante abrangente, podemos identificar três áreas de decisões financeiras:

decisões de investimento;

decisões de financiamento;

decisões relativas a destinação do lucro

2.5.1 - Decisões de Investimento

Referem-se tanto à administração da estrutura do ativo quanto à implementação de no-

vos projetos.

A grande concorrência existente nas modernas economias de mercado obriga as empre-

sas a se manterem tecnologicamente atualizadas. Nenhuma empresa pode sentir-se segura em

uma boa posição conquistada, porque a qualquer momento algum concorrente poderá surgir

com um produto melhor e mais barato.

Deste modo, as empresas são impelidas a desenvolverem continuamente novos projetos

e a tomarem decisões sobre sua implantação. Normalmente isto significa a necessidade de vul-

tosas somas adicionais de recursos e uma elevação no risco do empreendimento.

Afinal, investimentos em novos ativos fixos têm efeitos prolongados sobre a vida da em-

presa e uma decisão inadequada poderá comprometer irremediavelmente o seu futuro. Além

disso, tais investimentos geralmente implicam aumentos de aplicações de recursos no capital de

giro. Devido ao aumento da capacidade produtiva, estoques, duplicatas a receber e outras con-

tas do circulante.

2.5.2 - Decisões de Financiamento

100 mil relativos a dividendos, eles receberão rendimentos derivados dos juros sobre capital próprio. As empresas auferem vantagens no pagamento de juros sobre capital próprio. No demonstrativo de resultado, esse pagamento é descontado da empresa sob a forma de despesas financeiras. Quanto maior as despesas da empresa, menor o lucro. Como o Imposto de Renda incide sobre o lucro, ela consegue pagar menos imposto.

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Enquanto as decisões de investimento envolvem importantes aspectos de natureza não

financeira, as decisões de financiamento constituem responsabilidade exclusiva do administrador

financeiro.

As decisões de financiamento visam montar a estrutura financeira mais adequadas às

operações normais e aos novos projetos a serem implantados na empresa, afinal, para toda

aplicação existe uma origem, devendo ser analisada qual fonte proporcionará menores riscos e

maiores retornos para a organização.

As questões envolvidas nas decisões de financiamento referem-se à composição das

fontes de recursos, como segue:

Qual deveria ser a proporção entre recursos permanentes e temporários?

Quanto de recursos próprios e quanto de financiamentos a longo prazo?

O reinvestimento de lucros seria suficiente para atender as necessidades de recursos

próprios?

O mercado reagiria bem ao lançamento de novas ações?

Qual seria o impacto dos custos financeiros provocados pelos financiamentos a longo

prazo e pelos empréstimos a curto prazo?

Em vez de comprar ativos fixos, não deveríamos arrendá-los?

Estas e outras questões correlatas envolverão análises profundas das alternativas exis-

tentes e de suas implicações futuras.

2.5.3 - Destinação do Lucro

O lucro obtido em cada exercício social representa a remuneração do investimento dos

proprietários da empresa. Quanto desse lucro deveria ser distribuído aos acionistas e quanto

seria retido para financiar a expansão dos negócios? Essa indagação revela que a política de

distribuição de dividendos está diretamente relacionada com as decisões de financiamento.

Distribuindo apenas uma pequena parcela dos lucros, a empresa ficará menos depen-

dente das fontes onerosas de recursos e ampliará a participação do capital próprio na estrutura

financeira.

Quando a empresa pertence a reduzido número de pessoas, essas decisões são toma-

das por consenso ou por imposição do sócio majoritário. A dificuldade surge quando existe

grande número de acionistas e as ações são negociadas nas bolsas de valores. Neste caso, a

política de dividendos estará orientada para a maximização das cotações, devendo basear-se na

avaliação das expectativas do mercado acionário que são influenciadas por diversos fatores

conjunturais.

Se a rentabilidade da empresa for satisfatória, pode-se supor que a maioria dos proprie-

tários prefira abrir mão dos dividendos. Porém, não deve ser ignorado que sempre existirão a-

cionistas desejosos de realizar, pelo menos, parte dos lucros.

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Uma empresa bem sucedida sempre terá novos planos de investimentos que implicam

na necessidade de recursos adicionais. Parte dessas necessidades poderá ser atendida com a

retenção de lucros e o restante terá de ser financiado através de outras fontes.

Uma política de dividendos adequada favorece a manutenção dos preços das ações em

níveis elevados, e isto poderá garantir o sucesso de futuros lançamentos de novas ações no

mercado.

Exercícios

01) Provão 1996 - Considere que um sistema contábil compreende classificação, registro e aná-

lise de todos os fatos e transações ocorridas em uma empresa, permitindo, assim, uma análise

dinâmica da sua situação econômico-financeira, e que o planejamento e controle de resultados

envolve a formalização de:

um plano de resultados a curto prazo, contendo as implicações financeiras esperadas;

um plano de resultados a longo prazo, contendo as metas a serem alcançadas.

Assim, o sistema contábil deve estar integrado ao programa de planejamento e controle de

resultados. Por quê ? Justifique a resposta.

DISCIPLINAS/CONTEÚDOS ENVOLVIDOS NA QUESTÃO:

Administração Financeira e Orçamentária, Teorias de Administração, Matemática, Contabili-

dade e Estatística.

HABILIDADES AFERIDAS: Comunicação e expressão correta na interpretação da realidade;

raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e estabelecer relações; compreen-

são do todo administrativo e suas relações com o ambiente externo; capacidade de ordenar ati-

vidades e programas, de decidir entre alternativas, de identificar e dimensionar riscos.

02) Explique os objetivos da função financeira.

03) Qual a meta da Administração Financeira? Explique dois aspectos que devem ser observa-

dos.

04) Quais as áreas de decisão financeira? Explique uma delas.

05) O que é administração da estrutura do ativo da empresa?

06) O que é administração da estrutura financeira da empresa?

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3 - O ADMINISTRADOR FINANCEIRO

3.1 - Atribuições do Administrador Financeiro de uma Organização

Genericamente, as funções administrativas costumam ser classificadas em planejamen-

to, organização, direção e controle, aplicado a cada função ou departamento da organização.

Planejar é escolher uma entre várias alternativas, ou seja, as decisões a serem tomadas

envolvem um conjunto de ações que deverão ser executadas para a realização da alternativa

escolhida.

Organizar é atribuir responsabilidade e autoridade, de acordo com as tarefas a serem

desenvolvidas pelas funções e pessoas.

Dirigir é exercer a autoridade.

Controlar é avaliar os resultados das atividades, através de diversas ferramentas, como

relatórios, análises estatísticas, comparações entre situações da organização e da concorrência.

Alguns autores adicionam uma quinta função de coordenação, referente à obtenção de

um equilíbrio no funcionamento da estrutura organizacional.

Planejar (Rebouças, 1996) significa definir antecipadamente:

os objetivos das ações preestabelecidas (O QUE se deseja alcançar);

a forma pela qual as ações serão desenvolvidas (COMO será feito);

os meios físicos, tecnológicos, humanos, etc., e os recursos financeiros necessários

(COM O QUE e POR QUANTO será feito);

os prazos de execução e as épocas de conclusão de cada etapa do plano (QUANDO se-

rá feito); e

os responsáveis pela execução das etapas do plano (POR QUEM será feito).

Em termos gerais, o que chamamos de administrador financeiro, qualquer que seja o

título específico de seu cargo - diretor financeiro, tesoureiro, controlador, vice-presidente de fi-

nanças, gerente financeiro, etc. - é o indivíduo ou grupo de indivíduos preocupados com: (1) a

obtenção de recursos monetários para que a empresa desenvolva as suas atividades correntes e

expanda a sua escala de operações, se assim for desejável, e (2) a análise da maneira (eficiên-

cia) com a qual os recursos obtidos são utilizados pelos diversos setores e nas várias áreas de

atuação da empresa.

Via de regra, a função financeira caracteriza-se pela sua centralização e por estar situa-

da bem perto do nível mais alto da estrutura organizacional, quando não exercido pelos próprios

proprietários, ou principal acionista, da instituição. Na verdade, administrador financeiro é um

membro do grupo assessor da alta direção de qualquer empresa.

Essa posição central tem duas explicações:

A utilização de uma administração financeira centralizada permite a obtenção de econo-

mias de escala no levantamento de recursos, com a diluição máxima dos custos fixos

decorrentes da emissão de títulos ou negociação de empréstimos.

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Todas as decisões da empresa possuem aspectos financeiros vitais. Daí dizer-se tam-

bém estarem todos os aspectos de uma empresa sob as vistas da administração finan-

ceira. Embora isso seja um exagero, sem dúvida é a função financeira a que mais cla-

ramente possui uma visão global da empresa. Tal fato se verifica mais nitidamente ainda

quando a administração da empresa usa orçamentos globais, pois nesse caso o plane-

jamento e o controle em termos operacionais e financeiros, de curto e médio prazos, fi-

cam sob a supervisão efetiva de um setor da administração financeira - o setor de orça-

mentos.

3.2 - As Funções do Administrador Financeiro

Dentro da empresa podem ser avaliadas em relação às demonstrações financeiras bási-

cas da empresa. Suas três funções primordiais são:

Análise e planejamento: Esta função envolve a transformação dos dados financeiros em

uma forma que possa ser usada para orientar a posição financeira da empresa, avaliar a neces-

sidade de aumento da capacidade produtiva e determinar que tipo de financiamento adicional

deve ser feito.

Administração da estrutura de ativo da empresa: O administrador financeiro determina a

composição e os tipos de ativos encontrados no balanço da empresa. A composição refere-se

ao valor em dinheiro dos ativos circulantes e fixos. Depois que a composição estiver fixada, o

administrador precisa determinar certos níveis ótimos de cada tipo de ativo circulante e tentar

mantê-los. Deve também detectar quais são os melhores ativos fixos a serem adquiridos e saber

quando os ativos fixos existentes se tornarão obsoletos e precisarão ser modificados ou substitu-

ídos. A determinação da melhor estrutura de ativo para a empresa não é um processo simples;

requer o conhecimento das operações passadas e futuras da empresa, e a compreensão dos

objetivos que deverão ser alcançados a longo prazo.

Administração da estrutura financeira da empresa: Esta função é relacionada com o lado

direito do balanço da empresa. Duas decisões importantes precisam ser feitas a respeito da es-

trutura financeira da empresa. Em primeiro lugar, a composição mais adequada de financiamen-

to a curto e longo prazo precisa ser determinada. Esta é uma decisão importante, pois afeta tan-

to a lucratividade da empresa como sua liquidez global. Um segundo problema igualmente im-

portante é saber quais as melhores fontes de financiamento a curto ou longo prazo para a em-

presa, num dado momento. Muitas destas decisões são impostas por necessidade, mas algumas

exigem uma análise profunda das alternativas disponíveis, de seus custos e de suas implicações

a longo prazo.

3.3 - A Meta do Administrador Financeiro

Deve visar atingir os objetivos dos proprietários da empresa. No caso de sociedades

anônimas, os proprietários não são os administradores. A função destes não é realizar seus pró-

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prios objetivos (que podem incluir o aumento de seus ordenados, a obtenção de prestígio ou a

manutenção de sua posição). Antes, é maximizar a satisfação dos proprietários (acionistas).

Presumivelmente, se forem bem-sucedidos nesta tarefa, também atingirão seus objetivos pesso-

ais.

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4 – SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN)

Uma conceituação bastante abrangente de Sistema Financeiro Nacional poderia ser a de

um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de proporcionar con-

dições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores

(quadro 1, pág. 20).

O mercado financeiro - onde se processam essas transações - permite que um agente

econômico qualquer (um indivíduo ou empresa), sem perspectivas de aplicação em algum em-

preendimento próprio, da poupança que é capaz de gerar, seja colocado em contanto com outro,

cujas perspectivas de investimento superam as respectivas disponibilidades de poupança.

Dentro desta linha de abordagem, no que toca às instituições financeiras, a Lei de Re-

forma Bancária (4.595/64), em seu art. 17, caracterizam-se com mais exatidão: “Consideram-se

instituições financeiras, para os efeitos de legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas e

privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a apli-

cação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a

custódia de valor de propriedade de terceiros.”

4.1 - Estrutura Funcional

Na estrutura funcional do sistema financeiro, dividimos em dois subsistemas:

Subsistema normativo - que regula e controla através das normas legais, ou pela oferta

seletiva de crédito pelos bancos oficiais. É composto pelos seguintes órgãos: Conselho

Monetário Nacional (CMN), Banco Central do Brasil (BACEN), Comissão de Valores

Mobiliários (CVM) e Banco do Brasil (BB).

Subsistema operativo - constituído pelas instituições públicas ou privadas, que atuam no

mercado financeiro. É composto pelos seguintes órgãos e instituições: Agentes especi-

ais e demais instituições bancárias, não bancárias e auxiliares.

4.2 - Conselho Monetário Nacional (CMN)

É o órgão responsável pela formulação da política da moeda e do crédito.

O Conselho Monetário Nacional é um órgão exclusivamente deliberativo; não tem ne-

nhuma função executiva. Possui as seguintes atribuições principais:

adaptação do volume dos meios de pagamento as reais necessidades da economia e

ao seu processo de desenvolvimento;

melhor utilização dos recursos de moeda estrangeira, buscando o equilíbrio do Balanço

de Pagamentos e regulando o valor externo da moeda;

aprimoramento das instituições e dos instrumentos com vistas a maior eficiência na mo-

bilização de recursos para atividades produtivas;

zelo pela liquidez e solvência das instituições financeiras;

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coordenação das políticas monetária, creditícia, fiscal, orçamentária e da dívida pública.

Quadro 1 – Instituições do Sistema Financeiro Nacional

Órgãos de Regulação e Fiscalização Instituições Financeiras

Captadoras de Depósitos

à Vista

Bancos Múltiplos com Carteira Comercial

C M N Conselho Monetário Nacional

Banco Central do Brasil

Comissão de Valores Mobiliários

Superintendência de Seguros Privados

Secretaria de Previdência Complemen-

tar

Bancos Comerciais

Caixas Econômicas

Cooperativas de Crédito

Demais Instituições Financeiras

Bancos Múltiplos sem Carteira Comercial

Bancos de Investimento

Bancos de Desenvolvimento

Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento

Sociedades de Crédito Imobiliário

Companhias Hipotecárias

Associações de Poupança e Empréstimo

Sociedades de Crédito ao Microempreendedor

Outros interme-diários

ou Auxiliares Financeiros

Bolsas de Mercadorias e de Futuros

Bolsas de Valores

Agências de Fomento ou de Desenvolvimento

Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobili-ários

Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários

Sociedades de Arrendamento Mercantil

Sociedades Corretoras de Câmbio

Representações de Instituições Financeiras Estrangei-ras

Agentes Autônomos de Investimento

Entidades Liga-das aos

Sistemas de Previdência e Seguros

Entidades Fechadas de Previdência Privada

Entidades Abertas de Previdência Privada

Sociedades Seguradoras

Sociedades de Capitalização

Sociedades Administradoras de Seguro-Saúde

Entidades Administradoras de Recursos de

Terceiros

Fundos Mútuos

Clubes de Investimentos

Carteiras de Investidores Estrangeiros

Administradoras de Consórcio

Sistemas de Liquidação e Custódia

Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC

Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos - CETIP

Caixas de Liquidação e Custódia

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Fonte: www.bcb.gov.br

4.3 - Banco Central do Brasil4

O Banco Central do Brasil - BC, autarquia federal inte-

grante do Sistema Financeiro Nacional - SFN, foi criado em

31.12.64, com a promulgação da Lei nº 4.595, para ser o

agente da sociedade brasileira na promoção da estabilidade

do poder de compra da moeda brasileira, por meio da busca

permanente dos seguintes objetivos:

zelar pela adequada liquidez da economia;

manter as reservas internacionais do País em nível

adequado;

estimular a formação de poupança em níveis ade-

quados às necessidades de investimento do País; e

zelar pela estabilidade e promover o permanente a-

perfeiçoamento do Sistema Financeiro Nacional.

Antes de sua criação, as autoridades monetárias brasi-

leiras eram a Superintendência da Moeda e do Crédito -

SUMOC, o Banco do Brasil - BB e o Tesouro Nacional que,

em conjunto, exerciam funções típicas de um banco central paralelamente ao desempenho de

suas atribuições próprias.

A SUMOC, criada em 1945 com a finalidade de exercer o controle monetário e preparar a

organização de um banco central, tinha a responsabilidade de fixar os percentuais de reservas

obrigatórias dos bancos comerciais, as taxas do redesconto e da assistência financeira de liqui-

dez, bem como os juros sobre depósitos bancários. Além disso, supervisionava a atuação dos

bancos comerciais, orientava a política cambial e representava o País junto a organismos inter-

nacionais.

O Banco do Brasil, por sua vez, desempenhava as funções de banco do governo, controla-

dor das operações de comércio exterior, executor de operações cambiais em nome de empresas

públicas e do Tesouro Nacional, executor das normas estabelecidas pela SUMOC e pelo Banco

de Crédito Agrícola, Comercial e Industrial, além de receber os depósitos compulsórios e volun-

tários dos bancos comerciais.

O Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda, cujo processamento, por ser

complexo, acabava envolvendo diversos órgãos do governo.

No ato da criação do Banco Central, no entanto, não ocorreu o seu completo aprimoramen-

to institucional, uma vez que, embora fosse o banco emissor, realizava as emissões em função

das necessidades do Banco do Brasil e, conquanto fosse o banco dos bancos, não detinha com

4 Fonte www.bcb.gov.br

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exclusividade os depósitos das instituições financeiras, que recolhiam suas reservas voluntárias

ao Banco do Brasil, além de diversas outras disfunções.

Em 1985 então, tomou-se a decisão de buscar o reordenamento financeiro governamental,

com a separação das contas e funções do BC, Banco do Brasil e Tesouro Nacional. Já a partir

de 1986, foi extinta a conta movimento, e o fornecimento de recursos do BC ao Banco do Brasil

passou a ser claramente identificado nos orçamentos de ambas as instituições, eliminando-se os

suprimentos automáticos que prejudicavam a atuação do Banco Central.

Num processo que se estendeu até 1988, as funções de autoridade monetária foram sendo

transferidas progressivamente do Banco do Brasil para o BC, enquanto as atividades atípicas

exercidas por esse último, como as relacionadas ao fomento e à administração da dívida pública

federal, foram transferidas para o Tesouro Nacional.

A Constituição de 1988 consagra dispositivos importantes para a atuação do BC, como o

do exercício exclusivo da competência da União para emitir moeda e o da necessidade de apro-

vação prévia pelo Senado Federal, em votação secreta, após argüição pública, dos designados

pelo Presidente da República para os cargos de presidente e diretores. Além disso, vedou ao BC

a concessão direta ou indireta de empréstimos ao Tesouro Nacional. A Constituição de 1988

prevê ainda, em seu artigo 192, a elaboração de Lei Complementar do Sistema Financeiro Na-

cional, que deverá substituir a Lei 4.595, abrangendo vários e importantes aspectos da estrutu-

ração e atuação do Banco Central.

Em 1998 o Banco Central retomou o processo de Planejamento Institucional, com a reali-

zação de um encontro de planejamento no nível estratégico, contando com a participação do

Presidente e diretores, e de trinta e um encontros de planejamento no nível tático, que contaram

com a participação do corpo gerencial das unidades especial, centrais e regionais.

No encontro de nível estratégico foram definidos a missão do Banco, seus macroprocessos

e os objetivos estratégicos para o horizonte de três anos, além das diretrizes balizadoras das

ações do Banco, conforme listados a seguir:

Missão: Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda nacional.

Macroprocessos:

a) formulação e gestão das políticas monetária e cambial;

b) regulamentação e supervisão do Sistema Financeiro Nacional;

c) prestação de serviços de suporte às transações financeiras e ao meio circulante.

Objetivos Estratégicos (para um horizonte de 3 anos):

a) promover o aperfeiçoamento do sistema financeiro;

b) atuar no mercado internacional de capitais, na gestão do passivo externo;

c) rever o relacionamento com organismos multilaterais de desenvolvimento;

d) aperfeiçoar a administração do meio circulante;

e) aperfeiçoar as políticas de natureza administrativa;

f) aperfeiçoar a política de comunicação do Banco.

Diretrizes:

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-consistência;

-credibilidade;

-eficiência;

-independência;

-profissionalismo;

-transparência.

Funções

Para atingir os objetivos propostos nos macroprocessos, tendo em vista o conjunto de atri-

buições legais e regulamentares, as funções do Banco Central são:

a) formulação, execução e acompanhamento da política monetária;

b) controle das operações de crédito em todas as suas formas;

c) formulação, execução e acompanhamento da política cambial e de relações financeiras

com o exterior;

d) organização, disciplinamento e fiscalização do Sistema Financeiro Nacional e ordenamen-

to do mercado financeiro;

e) emissão de papel-moeda e de moeda metálica e execução dos serviços do meio circulan-

te5.

Cada um destes itens será discriminado a seguir:

1 – Política monetária

5 Entenda os Famosos M1, M2, M3 e M4

Por Antonio Carlos Berwanger

É uma coisa corriqueira para qualquer pessoa lidar com moedas, notas, caderneta de poupança. E quem nunca ouviu falar nos fundos de investimento e títulos da dívida pública? Pois é, todos estes são ativos financeiros. Ativos financeiros podem tanto ter a forma de dinheiro, como podem identificar a posse sobre algum direito. Por exemplo, ao se colocar dinheiro na poupança, o investidor recebe uma cader-neta de poupança. A posse de uma caderneta de poupança identifica que o investidor possui direito sobre tal montante e da mesma maneira, o banco tem um débito com o investidor, uma dívida. Os ativos financeiros são classificados de acordo com sua liquidez. Liquidez é a capacidade deste ativo se transformar efetivamente em dinheiro. Os ativos mais líquidos são aqueles que mais rápido se transformam em dinheiro, aqueles dos quais o investidor pode dispor mais facil-mente. O ativo mais líquido da economia é a moeda. Os ativos mais líquidos são também os que mais circulam na economia e por isso mesmo são os meios de pagamento: moedinhas, notas e depósitos à vista (cheques). O agregado monetário na forma destes ativos é chamado de M1. Depois dos meios de pagamento, o ativo mais líquido, aquele que pode mais rapidamente ser transformado em dinheiro são os títulos da dívida pública. Existe um mercado muito desenvolvi-do destes títulos e, portanto é muito fácil vendê-los quando preciso. O agregado monetário, alo-cado no conjunto dos meios de pagamento mais os títulos da dívida pública são conhecidos co-mo M2. M3, por sua vez, é igual ao M2 mais o montante alocado nas cadernetas de poupança, menos líquidas que os títulos da dívida pública. Elas são, contudo mais líquidas que os títulos de dívida privados, que somados ao M3, formam o M4.

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A política monetária tem por objetivo controlar a expansão da moeda e do crédito e exercer

controle sobre a taxa de juros, procurando adequá-los às necessidades de crescimento econô-

mico e estabilidade dos preços. Para tanto, utiliza-se de instrumentos clássicos:

operações de mercado aberto;

reservas compulsórias; e

assistência financeira de liquidez.

Dos instrumentos disponíveis para a execução da política monetária, o mais intensamente

utilizado refere-se às operações de mercado aberto, por sua maior versatilidade em acomodar as

variações diárias da liquidez. O segundo instrumento, mediante alterações das exigências de

reservas compulsórias sobre depósitos, é aplicado de modo a influenciar a disponibilidade das

reservas bancárias e controlar a expansão dos agregados monetários, atuando sobre a sua mul-

tiplicação. E, finalmente, a taxa cobrada na assistência financeira de liquidez determina o custo

do não-cumprimento dessas exigibilidades compulsórias, influenciando a atuação dos agentes

financeiros. Na operacionalização desses instrumentos, o BC age sobre a disponibilidade e o

custo das reservas bancárias, determinando, em última instância, as condições monetárias e

creditícias prevalecentes na economia.

Para melhor entendimento da atuação do Banco Central, é importante ter uma visão geral

sobre a política monetária e, particularmente, compreender o mecanismo de funcionamento das

reservas bancárias, descrito resumidamente a seguir.

O mecanismo das reservas bancárias

As operações realizadas por qualquer agente econômico com uma instituição financeira uti-

lizam papel-moeda, cheques ou outras formas modernas de transferência eletrônica de fundos.

A cada operação, a conta de depósitos dos agentes econômicos na instituição se modifica.

Assim como as pessoas físicas, jurídicas ou governos mantêm depósitos à vista numa insti-

tuição financeira, através da qual realizam pagamentos e recebimentos, inclusive fazendo apli-

cações financeiras, os bancos, de forma equivalente, têm uma conta-corrente no BC, através da

qual recebem créditos e débitos das demais instituições financeiras, do Tesouro Nacional e do

próprio Banco Central, ou seja, é por essa conta que as instituições financeiras realizam suas

operações.

Se alguém abre uma conta-corrente ou uma conta de poupança, ou adquire um título priva-

do, pode fazê-lo com papel-moeda. Se o volume de sua operação eleva o encaixe da instituição

financeira acima do nível por ela julgado adequado, essa instituição repassará esse montante ao

Banco Central, uma vez que o papel-moeda é utilizado apenas como intermediário de troca.

Da mesma forma que alguém, ao fazer um depósito em moeda no banco, recebe um crédito

na conta-corrente, os bancos que entregarem papel-moeda ao BC recebem um depósito corres-

pondente na sua conta de reservas bancárias. Se, ao invés de depósito, alguém realiza um sa-

que, recebe um débito na conta-corrente. Analogamente, quando os bancos requisitam numerá-

rio ao BC, são debitados em sua conta de reservas bancárias.

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Se, ao invés de operar com papel-moeda, um indivíduo realiza uma operação financeira

qualquer com cheque, e este é depositado em um banco distinto daquele onde seu emitente

mantém conta, a transferência de fundos entre os dois bancos ocorrerá na manhã do dia seguin-

te, após a compensação que ocorre durante a noite. Seja esse cheque emitido em pagamento a

terceiros pela compra de um título qualquer ou visando a abertura de uma nova conta-corrente, o

procedimento será o mesmo. Nas operações financeiras realizadas através de cheque, o resul-

tado é uma mera transferência de saldo da conta de reservas bancárias da instituição financeira

que foi sacada para a conta de reservas bancárias da instituição em que o cheque foi deposita-

do.

Isso permite perceber que, diariamente, o saldo da conta de reservas bancárias de cada ins-

tituição financeira é afetado positiva ou negativamente, dependendo das operações realizadas,

seja pela própria instituição financeira, seja pela sua clientela. Através do mercado monetário, as

instituições tratam de ajustar entre si seus desequilíbrios, utilizando mecanismos do próprio mer-

cado.

É importante observar, portanto, que a movimentação financeira da sociedade, aí incluídas

as instituições financeiras não-bancárias, é capaz de influenciar o saldo das reservas bancárias

das instituições financeiras bancárias individualmente, mas é incapaz de alterar o somatório dos

saldos de reservas bancárias. Ou seja, o nível dessas reservas não é influenciado, no curtíssimo

prazo, pelas operações financeiras. Como a base monetária é a soma do papel-moeda emitido

pelo Banco Central com o saldo da conta de reservas bancárias, ela também não é afetada no

prazo muito curto, o que significa dizer que o sistema não consegue criar nem destruir reservas

enquanto ocorrer apenas a transferência de recursos entre os agentes econômicos.

Na ocorrência cotidiana de perdas e ganhos de saldos de reservas bancárias entre as insti-

tuições financeiras, surgem excessos e deficiências quanto à exigibilidade do BC, ou seja, os

saldos das contas podem exceder ou estar abaixo do recolhimento mínimo de reservas estipula-

do para cada conta. Isso justifica a troca de reservas bancárias entre as instituições pelo prazo

de um dia (overnight), com lastro em títulos federais, dado que, no dia seguinte, novas movimen-

tações financeiras afetarão os saldos das instituições bancárias.

De vez que o sistema como um todo não é capaz de criar ou destruir reservas bancárias, o

que explica porque o saldo consolidado das instituições não é afetado, resta ao BC exercer o

controle da liquidez, uma vez que é a única instituição com poder de criar ou destruir reservas

bancárias no curtíssimo prazo (em prazos maiores, uma alteração nos parâmetros da preferên-

cia do público por retenção de moeda pode também contribuir para a criação ou destruição de

reservas bancárias).

Operações de Mercado Aberto

O controle da liquidez através de operações do mercado aberto consiste na compra ou ven-

da de títulos do Tesouro Nacional, da carteira do BC, ou de emissão própria, como os Bônus do

Banco Central - BBC.

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Na execução da política monetária, a venda de títulos pelo BC ao sistema bancário provoca

a redução das reservas bancárias e o contrário ocorre no caso de compra de títulos. O controle

do papel-moeda emitido e das reservas bancárias (que, juntos, formam o passivo monetário do

Banco Central ou a base monetária) implica o controle dos meios de pagamento (papel-moeda

em poder do público e depósitos à vista nas instituições financeiras), uma vez que, em geral,

espera-se a ocorrência de uma relação mais ou menos estável entre os meios de pagamento e a

base monetária.

As intervenções (compras e vendas de títulos pelo Banco Central) são de dois tipos: opera-

ções compromissadas e operações definitivas. Nas operações compromissadas, o BC toma (ou

empresta) recursos por um prazo definido — usualmente um dia (overnight) — vendendo (ou

comprando) títulos com o compromisso de recomprá-los (ou revendê-los) em data combinada, a

um determinado preço. Nesse tipo de operação (dito leilão informal ou go-around), o BC atua no

mercado através de instituições dealers, que são aquelas credenciadas periodicamente pelo

Banco Central, selecionadas entre as mais atuantes do Sistema Financeiro.

Nas operações definitivas, o título incorpora-se à carteira da instituição compradora. A com-

pra ou venda definitiva realizada pelo Banco Central dá-se também através dos leilões informais

ou dos leilões formais, dos quais podem participar todas as instituições financeiras. Os leilões

informais realizam-se por via telefônica apenas com os dealers, enquanto os formais se proces-

sam mediante propostas enviadas por escrito. Atualmente, os leilões formais de BBC, de emis-

são própria, realizam-se semanalmente, no dia útil anterior à quarta-feira. Os leilões de títulos do

Tesouro Nacional, em geral, ocorrem no último dia útil de cada mês. O BC opera nos leilões

formais com títulos novos (mercado primário) e com os que fazem parte de sua carteira e, por-

tanto, já têm prazo decorrido.

O ajuste diário da liquidez é realizado através das operações compromissadas, com várias

intervenções do Banco Central. O processo pode ser descrito, sinteticamente, da seguinte forma:

antes de o mercado começar a operar, o BC estima se há excesso de reservas no sistema ban-

cário (caso em que o BC está undersold) ou deficiência de reservas (quando o BC está over-

sold). Essa estimativa é obtida através de consultas a diversas fontes, entre as quais os dealers,

referentes a operações que afetam as reservas bancárias. Os quesitos mais importantes são:

emissão ou recolhimento de moeda;

operações com ouro ou câmbio:

recolhimento de tributos;

gastos do Tesouro Nacional;

transferências do orçamento oficial de operações de crédito e do orçamento geral da U-

nião;

financiamentos tomados ou concedidos pelos bancos, e seu retorno;

resgates e colocações de títulos públicos;

operações de extramercado;

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recolhimentos ou liberações de depósitos compulsórios em geral, de Fundos de Aplica-

ções Financeiras (FAF) e de Fundos de Investimento Financeiro (FIF), de recursos cap-

tados por entidades do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e de de-

pósitos a prazo, aceites cambiais e cédulas pignoratícias de debêntures;

saques ou depósitos sobre a média móvel do recolhimento obrigatório.

O Banco Central, assim, atua diariamente no mercado de reservas bancárias, no sentido de

ajustar a liquidez do sistema bancário. Como resultado, se, por exemplo, o Tesouro Nacional

realiza despesas, ou se o BC liquida operações de compra de moeda estrangeira, surge a ne-

cessidade de compensar a expansão do nível de reservas bancárias, tomando os recursos ex-

cedentes. Essa operação se materializa pela venda de títulos que podem ser recomprados, nos

moldes utilizados por todo banco central do mundo que execute operações de mercado aberto.

Da mesma forma, quando ocorre escassez momentânea de reservas, causada por uma arreca-

dação significativa de impostos federais ou por conta da liquidação da venda de câmbio pelo BC,

a mesa de operações realiza operações de compra de títulos que podem ser revendidos no dia

seguinte.

Considerando, portanto, essa estimativa, bem como outros fatores tais como as taxas do

mercado futuro de juros, os índices de inflação e suas projeções e a política monetária corrente,

é estabelecida a taxa desejada de juros, a qual é normalmente sinalizada para o mercado atra-

vés de um go-around. No final do expediente, é realizado o ajuste fino das reservas, que consis-

te em neutralizar eventuais desequilíbrios provocados pelas atuações descritas anteriormente.

Na condução da política monetária, todas as operações são feitas através do Sistema Espe-

cial de Liquidação e Custódia (SELIC), sistema de processamento de dados destinado ao regis-

tro das transações de todos os títulos públicos federais negociados no mercado aberto. Opera-

ções que não se relacionem com a política monetária, abrangendo transações referentes a títu-

los privados e alguns títulos públicos estaduais, são efetuadas através da Central de Custódia e

de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP), sistema análogo ao SELIC.

Reservas Compulsórias

Para praticar a política monetária através das reservas compulsórias, a autoridade monetá-

ria exige que algumas instituições financeiras — especificamente bancos comerciais, bancos

múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas — sejam obrigadas a manter uma parcela

de seus recursos à vista no Banco Central, constituindo as reservas bancárias compulsórias.

Essa prática universal impede que as instituições financeiras receptoras de depósitos à vista

possam emprestar recursos ao público indefinidamente, exigindo que os depósitos à vista sejam

um múltiplo de seus encaixes denominados reservas obrigatórias e reservas voluntárias.

Os recolhimentos compulsórios sobre depósitos à vista e o float bancário (recursos em trân-

sito de terceiros, depósitos sob aviso, cobrança e arrecadação de tributos e cheques administra-

tivos) representam o mais tradicional instrumento de política monetária, no que diz respeito à

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modificação estrutural que provoca no nível global das reservas bancárias. Esse instrumento

decorre da exclusiva capacidade de criar moeda escritural que têm as instituições financeiras

captadoras de recursos à vista ao conceder crédito em conta-corrente a seus clientes. Ao reali-

zar crédito em conta-corrente, uma instituição bancária cria meios de pagamento que, ao serem

utilizados pelo tomador de crédito, geram depósito em outra instituição financeira, que passa a

dispor da capacidade de gerar novo crédito a outro cliente, e assim por diante.

A repetição desse mecanismo mostra a capacidade de multiplicar a moeda no setor bancá-

rio. No intuito de reduzir essa capacidade, o Banco Central exige que certa parcela dos depósi-

tos à vista e de outras rubricas contábeis da rede bancária permaneça depositada na autoridade

monetária.

Esse mecanismo impositivo define os saldos médio e mínimo que os bancos devem manter,

em espécie, depositados no BC.

Como os depósitos à vista, os saldos depositados no BC não recebem remuneração. Por-

tanto, as instituições bancárias atendem à exigência imposta pelo instrumento de controle mone-

tário dentro do estritamente necessário, uma vez que os depósitos mantidos no BC representam

um custo que deve ser minimizado pela rede bancária.

As instituições podem ficar sujeitas a recolhimento, ao BC, de até 100% dos depósitos à vis-

ta e até 60% de outros títulos contábeis, por subscrição ou compra de títulos federais ou por

recolhimento em espécie. Obedecidos esses limites, o Banco Central pode adotar percentagens

diferenciadas em função das regiões geo-econômicas, das prioridades que atribuir às aplicações

e da natureza das instituições financeiras. A partir de julho de 1994, com a entrada em vigor do

Real como nova unidade monetária, o BC redefiniu as regras sobre a matéria.

Assistência Financeira de Liquidez

Outro instrumento de política monetária que o Banco Central pode utilizar é a concessão de

assistência financeira a instituições do Sistema Financeiro Nacional na forma de empréstimos de

liquidez destinados a atender a eventuais problemas de liquidez experimentados pelas institui-

ções, de natureza circunstancial e de caráter breve. Trata-se de um instrumento clássico de polí-

tica monetária, que se relaciona com uma das funções básicas do BC, que é a de servir como

emprestador de última instância.

O empréstimo de liquidez tem como propósito maior evitar que eventuais desequilíbrios de

alguma instituição financeira possam repercutir no sistema. Dessa forma, a instituição que, num

determinado dia, não compuser reservas suficientes para saldar suas exigibilidades, deve recor-

rer ao Banco Central. O empréstimo é concedido por um dia, baseado em garantias reais e às

taxas de juros mais punitivas do mercado.

A partir de novembro de 1995, com a criação do Programa de Estímulo à Reestruturação e

ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER), o sistema financeiro passou a con-

tar com uma nova modalidade de empréstimo de liquidez. O programa consiste, basicamente, na

concessão de linhas especiais de assistência financeira para instituições com programas de

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reorganização administrativa, operacional ou societária, que resultem em transferência de con-

trole acionário (fusão ou incorporação).

2 – Controle das operações de crédito

O Banco Central divulga as decisões do Conselho Monetário Nacional, baixa normas com-

plementares e executa o controle e a fiscalização a respeito das operações de crédito em todas

as suas modalidades. Nesse sentido, de acordo com os objetivos estabelecidos pela política

econômica, pode atuar inclusive no contingenciamento do crédito ao setor público, monitorando

o cumprimento de limites para o seu endividamento por intermédio do sistema financeiro. Seme-

lhante procedimento pode ser adotado para o setor privado.

3 - Política cambial e de relações financeiras com o exterior

Na área internacional, compete ao Banco Central:

atuar no sentido de garantir o funcionamento regular do mercado de câmbio, a estabili-

dade relativa das taxas de câmbio e o equilíbrio do balanço de pagamentos, podendo,

para esse fim, comprar e vender ouro e moeda estrangeira e realizar operações de cré-

dito no exterior;

administrar as reservas cambiais do País;

promover, como agente do governo federal, a contratação de empréstimos e a coloca-

ção de títulos no exterior;

acompanhar e controlar os movimentos de capitais, inclusive os que se referem a acor-

dos com entidades internacionais e à recuperação de créditos governamentais brasilei-

ros no exterior; e

negociar, em nome do governo brasileiro, com as instituições financeiras e com os or-

ganismos financeiros estrangeiros e internacionais.

Nesse sentido, além da execução da política cambial, zelando pela sua coerência com a po-

lítica monetária, o BC busca aplicar as reservas internacionais em regime de segurança, liquidez

e rentabilidade adequadas. O BC cuida, ainda, da necessária regulamentação dos fluxos cambi-

ais, relativos ao comércio exterior e aos capitais estrangeiros. É também de sua responsabilida-

de promover o relacionamento financeiro global do País com o exterior.

3.1 - Regulação do Mercado de Câmbio

A taxa de câmbio que representa o preço, em moeda nacional, da unidade monetária es-

trangeira é formada pela oferta e demanda daquela divisa, isto é, pelo mercado de câmbio, cujos

agentes são, do lado da oferta, os turistas estrangeiros, os exportadores de bens e serviços, os

receptores de investimentos externos e os tomadores de empréstimos e financiamentos do exte-

rior. Do lado da demanda os agentes são os turistas brasileiros, os investidores brasileiros no

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exterior, os importadores de bens e serviços, as empresas que repatriam investimentos externos

ou pagam lucros e dividendos sobre eles e aquelas que amortizam ou pagam juros sobre em-

préstimos e financiamentos no exterior.

O mercado de câmbio compreende 2 segmentos,o de taxas livres ou, como é chamado

comumente, o comercial e o mercado de câmbio de taxas flutuantes, onde cursam, basicamente,

as operações relacionadas com turismo, transferências unilaterais (transferências de herança e

patrimônio, donativos, prêmios etc.), investimentos brasileiros no exterior, cartões de crédito

internacional e operações com ouro.Entre aquelas duas pontas, ofertantes e demandantes, es-

tão os bancos autorizados a operar em câmbio, os quais intermediam a oferta e a demanda de

moeda estrangeira dos clientes. O Banco Central — executor da política cambial — atua no mer-

cado interbancário visando, primordialmente, a estabilidade relativa da taxa de câmbio e pode

adquirir os excedentes nele gerados ou suprir eventuais necessidades, de forma a evitar valori-

zação da taxa, no primeiro caso, ou desvalorização se houver escassez de moeda, sempre ob-

servando a coerência com as metas da política monetária.

No segmento de taxas flutuantes, as eventuais intervenções do BC podem constituir-se

em instrumento que permite o desarme de movimentos especulativos, contribuindo para uma

dissociação entre os fatos econômicos e o cenário político e neutralizando tentativas de manipu-

lação dos mercados de risco.

Em março de 1995, o regime cambial brasileiro foi alterado, adotando-se o sistema de

bandas cambiais. De acordo com esse novo regime, a política cambial passou a ser gerida por

um sistema de faixas de flutuação para a taxa de câmbio. A intervenção do Banco Central no

mercado de câmbio, através de leilões eletrônicos de compra ou venda, ocorrerá sempre que as

taxas de mercado atingirem os limites superior ou inferior das faixas de flutuação, podendo tam-

bém haver intervenções no interior da faixa de flutuação para prevenir oscilações indevidas nas

cotações.

A atuação do Banco Central no mercado de câmbio se dá através dos chamados dea-

lers, que são escolhidos dentre os bancos que operam em câmbio, pelo critério de movimenta-

ção global com clientes e no mercado interbancário. Assim, as intervenções do BC nos merca-

dos de câmbio realizam-se via leilões de compra ou venda de moeda estrangeira, com a interve-

niência daqueles dealers, cuja missão primeira é dar liquidez ao mercado interbancário como um

todo e a clientes finais de operações de câmbio, sendo obrigatória sua participação nos leilões

sempre que forem realizados pelo BC.

O Banco Central também realiza arbitragem de ouro contra dólar dos Estados Unidos

com bancos no País, visando a manutenção da paridade de preços internacionais e domésticos

do metal, buscando, assim, a minimização de distorções de preços que possam estimular even-

tuais descaminhos no direcionamento da produção nacional de ouro.

É importante destacar o estreito relacionamento entre as políticas cambial e monetária.

Sempre que o BC intervém no mercado de câmbio, comprando ou vendendo divisas contra a

moeda nacional, ele o faz através de crédito ou débito na conta de reservas bancárias da institu-

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ição que vendeu ou comprou aquelas divisas, respectivamente. Assim ocorre, no primeiro caso,

expansão da base monetária e, no segundo, contração.

Cabe destacar que a atuação do BC compreende ainda:

o acompanhamento permanente das práticas adotadas pelos participantes do mercado,

com elaboração de estudos e análises sobre o comportamento e as tendências dos

segmentos livre e flutuante;

o monitoramento das operações de câmbio em nível nacional, com a finalidade de coibir

a realização de eventuais transações irregulares e de orientar a atuação dos agentes do

mercado;

o aperfeiçoamento das normas aplicáveis ao mercado de câmbio e revisão permanente

das matérias já regulamentadas, com vistas a atender às necessidades de moderniza-

ção dos instrumentos e das práticas adotadas pelas instituições intervenientes no mer-

cado; e

a condução de processos administrativos instaurados contra pessoas físicas e jurídicas

que eventualmente pratiquem qualquer irregularidade em operações cambiais.

É conveniente lembrar, ainda, o caso das remessas para o exterior, através de contas em

moeda nacional. É livre o depósito de moeda nacional em conta de uma instituição financeira do

exterior, a qual, por sua vez, pode utilizá-la na aquisição de moeda estrangeira em um banco

autorizado a operar em câmbio no País, com a possibilidade de, posteriormente, fazer a transfe-

rência para a conta do destinatário no exterior. Nessa movimentação, deve ser apresentada a

mesma documentação básica que ampararia a operação caso ela fosse realizada mediante ope-

ração de câmbio destinada a transferência de moeda estrangeira, bem como comprovante de

recolhimento de tributos, caso exigíveis. As operações devem também ser registradas no Siste-

ma de Informações Banco Central - SISBACEN, com identificação do tomador da ordem, do

beneficiário no exterior, da instituição estrangeira envolvida e da finalidade da transferência dos

recursos.

3.2 - Administração das Reservas Internacionais

A alteração de reservas no Banco Central dá-se basicamente por suas transações de com-

pra e venda de divisas no mercado de câmbio, em decorrência do resultado entre exportações e

importações e entre compras e vendas financeiras. Porém, o acréscimo ou decréscimo verificado

nas reservas internacionais não é exatamente igual às compras ou vendas efetuadas via leilões.

Isso porque existem operações diretas do BC, como o pagamento de encargos da dívida externa

nele depositada, ou daquela relativa ao Fundo Monetário Internacional - FMI, os créditos e débi-

tos no âmbito dos Convênios de Créditos Recíprocos - CCR e as receitas de aplicações das

reservas, entre outras.

Compete privativamente ao Banco Central, segundo a Lei nº 4.595, ser o depositário das re-

servas oficiais de ouro, de moeda estrangeira e de Direitos Especiais de Saque - DES. Assim, o

BC mantém aquelas reservas aplicadas no mercado financeiro internacional em depósitos a

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prazos fixos diferenciados, em títulos governamentais estrangeiros, em ouro e em outros ativos

financeiros de alta segurança e liquidez. Para o bom gerenciamento das aplicações, leva-se em

conta todos os compromissos que o BC tem no curto, médio e longo prazos, assim como a pre-

visão de receitas e despesas do mercado de câmbio como um todo.

Um outro aspecto a ser considerado diz respeito ao nível mínimo que o BC tem que garantir

para as reservas internacionais do País. O Senado Federal, conforme estabelecido na Resolu-

ção nº 82, de 18.12.90, fixou como nível mínimo aquele que assegure recursos suficientes para

manter a média mensal das importações dos últimos 12 meses, durante um período mínimo de

quatro meses.

3.3 - Acompanhamento dos Movimentos de Capitais

Capitais estrangeiros são os bens ou recursos ingressados no País cuja propriedade per-

tence a residentes no exterior.

Os capitais estrangeiros são aplicados no País basicamente como investimentos e créditos.

Os investimentos representam ações do capital social de empresas instaladas no Brasil, que

podem ser adquiridas diretamente ou via bolsas de valores.

Os créditos podem ser classificados em empréstimos ou financiamentos, dependendo da

forma do seu ingresso no País, ou seja, moeda estrangeira ou máquinas e equipamentos impor-

tados para pagamento a prazo. A soma dos saldos não-amortizados dos empréstimos e financi-

amentos corresponde ao total da dívida externa.

Nessas rubricas estão relacionados, por exemplo, os desembolsos e as amortizações de

principal (exclui os pagamentos de juros) junto a organismos internacionais, como o Banco Mun-

dial - BIRD e o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, a agências governamentais,

como os Export Import Banks - Eximbanks americano e japonês, e as amortizações relativas às

negociações com os credores externos (bancos comerciais e instituições oficiais de crédito -

Clube de Paris).

A Lei nº 4.131, de 03.09.62, determina que os ingressos e retornos dos capitais estrangei-

ros, assim como seus rendimentos, sejam registrados no Banco Central. Os registros servem

para acompanhar o comportamento desses fluxos com a finalidade de detectar eventuais ano-

malias e, principalmente, embasar a atualização dos regulamentos relativos às diversas modali-

dades de capitais estrangeiros.

São registrados no BC, ainda, os investimentos brasileiros no exterior e as operações exter-

nas de arrendamento mercantil (leasing), aluguel de equipamentos e diversos serviços, tais co-

mo os contratos relacionados com a transferência de tecnologia estrangeira, relativos à presta-

ção de assistência e serviços técnicos e pagamentos de royalties ao exterior.

3.4 - Relacionamento com Organismos Internacionais e América Latina

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O Brasil é membro de vários organismos financeiros internacionais e deles participa como

subscritor de capital e tomador de empréstimos. O BC é o órgão de ligação entre o governo bra-

sileiro e esses organismos, entre os quais podem ser mencionados: o Fundo Monetário Interna-

cional (FMI); o Grupo Banco Mundial — do qual fazem parte o Banco Internacional de Recons-

trução e Desenvolvimento (BIRD), a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), a Cor-

poração Financeira Internacional (CFI) e a Agência Multilateral de Garantia ao Investimento (MI-

GA); o Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento — composto pelo próprio BID, pela

Corporação Interamericana de Investimentos (CII), e o BID também administra o Fundo Multilate-

ral de Investimentos (FUMIN); o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, composto pelo pró-

prio BAD e pelo Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD); o Fundo Financeiro para o Desen-

volvimento da Bacia do Prata (Fonplata); o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola

(FIDA); e a Organização Mundial do Comércio (OMC). No desempenho desta tarefa, o Banco

Central analisa e fornece os fundamentos técnicos para negociações de recomposição ou de

aumento de capital — encontram-se no BC as contas em moeda nacional e moedas estrangeiras

para as transações com esses organismos — assim como processos de adesão a novos orga-

nismos, como é o caso da Corporação Andina de Fomento (CAF), cuja adesão brasileira, em

outubro/95, encontra-se no Congresso Nacional para ser ratificada. Além disso, informam-se às

empresas brasileiras as oportunidades de exportação decorrentes de projetos a serem financia-

dos pelos organismos em todo o mundo.

3.5 - Participação no Processo de Integração do Mercosul

O Tratado de Assunção, que foi assinado em 26.03.91, pelos presidentes do Argentina, Bra-

sil, Paraguai e Uruguai, prevendo a constituição, ocorrida em 31.12.94, de um mercado — o

Mercado Comum do Sul - Mercosul — entre os quatro países, estabelece que o Banco Central é

membro do Grupo Mercado Comum, o qual, na qualidade de órgão executivo, coordena os tra-

balhos dos subgrupos técnicos.

O Banco Central do Brasil assumiu a coordenação do Subgrupo nº 4 - Políticas Fiscal e Mo-

netária Relacionadas com o Comércio, vinculado ao Grupo Mercado Comum do Mercosul, que

cuida dos temas afetos aos bancos centrais: regime cambial, movimentação de capitais, sistema

financeiro, seguros, mercado de capitais e promoção e proteção de investimentos.

Encerrada a primeira fase do processo de integração, com a entrada em vigor, em 01.01.95,

da Zona de Livre Comércio e União Aduaneira parciais, o Mercosul promoveu mudanças em sua

estrutura institucional, visando a consolidação do referido processo. A nova estrutura técnica

manteve o Subgrupo nº 4 — agora sob a denominação de Assuntos Financeiros — e passou a

incluir entre os seus temas, além daqueles já mencionados, o de indicadores macroeconômicos,

antes ao encargo do extinto Subgrupo nº 10 — Coordenação Macroeconômica, então coordena-

do pelo Ministério da Fazenda.

Ao longo da primeira fase do processo de integração, maior ênfase foi dada ao campo do

comércio de bens. No que se refere aos serviços, avanços importantes foram alcançados no

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levantamento das principais assimetrias nas legislações dos estados-partes. Nesta segunda fase

do processo, procurar-se-á avançar nos temas relacionados com os serviços financeiros.

3.6 - Negociação da Dívida Externa

No âmbito do relacionamento do País com a comunidade financeira internacional, o Banco

Central vem, desde 1982, coordenando o processo de negociação e implementação dos acordos

de reestruturação da dívida externa brasileira, com a participação de mais de oitocentos credo-

res internacionais, tanto oficiais (Clube de Paris) quanto privados (bancos comerciais).

Com a implementação do Plano Brasileiro de Financiamento de 1992, negociado com os

credores privados internacionais e a conseqüente troca da dívida externa do setor público por

bônus de emissão da República e, uma vez assinada a maioria dos acordos bilaterais no âmbito

do Clube de Paris, os recursos depositados no Banco Central, relativamente ao passivo externo,

foram transferidos para o Tesouro Nacional.

Assim, ficou a União responsável pelas obrigações financeiras junto aos credores, atuando

o Banco Central como agente encarregado da implementação e administração dos contratos de

reestruturação da dívida externa, com o conseqüente cumprimento dos cronogramas de paga-

mento e demais condições ali previstas.

Paralelamente a essas atividades, o Banco Central realiza estudos relativos ao gerencia-

mento do passivo externo e acompanhamento do endividamento do País no exterior, com vistas

a subsidiar decisões e estratégias governamentais de médio e longo prazos.

Faz parte ainda das atribuições do Banco Central a adoção de medidas com vistas à recu-

peração de créditos oficiais junto a diversos países devedores do Brasil.

4 – Supervisão do sistema financeiro nacional (SFN)

O Banco Central atua no sentido do aperfeiçoamento das instituições financeiras, de modo a

zelar por sua liquidez e solvência, buscando a adequação dos instrumentos financeiros, com

vistas à crescente eficiência do Sistema Financeiro Nacional. Assim, compete ao BC:

formular normas aplicáveis ao Sistema Financeiro Nacional;

conceder autorização para o funcionamento das instituições financeiras e outras entida-

des, conforme legislação em vigor; e

fiscalizar e regular as atividades das instituições financeiras e demais entidades por ele

autorizadas a funcionar.

As atividades de regulamentação do funcionamento das instituições financeiras e dos ins-

trumentos financeiros, como em todos os países, visam proteger o interesse público e cuidar

para que o Sistema Financeiro se desenvolva pari passu com os demais setores da economia.

Nesse sentido, sob as diretrizes do Conselho Monetário Nacional, o Banco Central expede nor-

mativos como resoluções, circulares e outros documentos, consolidando-os em manuais para

uso dos funcionários e do público, tais como o Manual de Normas e Instruções (MNI), o Manual

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de Crédito Rural (MCR), a Consolidação das Normas Cambiais (CNC) e o Plano Contábil das

Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF).

A atividade de fiscalização, por sua vez, desenvolve-se de modo direto — vistoria nas insti-

tuições para verificar sua solidez e a observância dos aspectos legais e regulamentares das

operações, registros e controles — e de modo indireto — feita internamente e de modo sistemá-

tico com base nas informações prestadas pelas instituições ao BC e utilizando-se da fixação

prévia de parâmetros operacionais e de desempenho.

A fiscalização direta é realizada por equipes técnicas, a partir de planejamento ou programa

de fiscalização contemplando diretrizes básicas da atividade, que podem ser redimensionadas

em função de demandas extras, como a verificação de anormalidades ou procedimentos não

usuais ocorridos no Sistema Financeiro. O acompanhamento indireto consiste no monitoramen-

to, por meio de sistema computadorizado, de instituições e conglomerados financeiros, indepen-

dentemente de qualquer programação, tendo como objetivo principal colher informações sobre

sua situação econômico-financeira e comportamental.

Na prática, as duas formas se complementam, uma vez que o acompanhamento indireto

possibilita ajustar o programa de fiscalização direta quando detectadas ocorrências anormais.

Além disso, as equipes de fiscalização são supridas com dados e informações relevantes sobre

as instituições, o que é útil para o direcionamento de seu trabalho. Após a conclusão da fiscali-

zação, eventuais irregularidades detectadas são inseridas nos sistemas de informações do Ban-

co Central, sob forma de ajustes, retroalimentando os dados de cada empresa para fins de a-

companhamento indireto.

Atualmente, o BC fiscaliza mais de três mil instituições, abrangendo cerca de 23 mil depen-

dências, englobando bancos múltiplos, bancos comerciais, caixas econômicas, bancos de inves-

timento e de desenvolvimento, financeiras, sociedades corretoras e distribuidoras, sociedades de

arrendamento mercantil, sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e emprés-

timo, fundos mútuos, cooperativas de crédito e empresas administradoras de consórcios. São

fiscalizadas ainda operações de crédito rural e agroindustrial, tarefa que muitas vezes exige vis-

torias nas propriedades e empreendimentos financiados. Além disso, denúncias e reclamações

do público em geral, solicitações de outros órgãos do Executivo e dos poderes Legislativo e Ju-

diciário exigem ações imediatas da fiscalização, tanto para levantar informações como para apu-

rar irregularidades. A fiscalização também faz o acompanhamento de mais de uma centena de

dependências de bancos brasileiros no exterior, localizadas em trinta e oito países.

Para facilitar as tarefas de fiscalização, o BC tem equipes técnicas que desenvolveram e a-

primoram permanentemente o Manual da Fiscalização (MF), utilizado pelos fiscalizadores como

instrumento de suporte ao seu trabalho, além de outros manuais normativos já mencionados.

Com base no Sisbacen (Sistema de Informações do Banco Central), cujo uso é franqueado

às instituições do Sistema Financeiro Nacional, a fiscalização utiliza intensivamente inúmeras

informações através de diversos sistemas aplicativos que possibilitam o acesso a dados contá-

beis com o intuito de diagnosticar situações de anormalidade ou de risco e acompanhar, tanto

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Breno Xavier de Brito

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individualmente como de forma comparativa, o comportamento das instituições com base em

indicadores econômico-financeiros. Outros sistemas aplicativos permitem também obter informa-

ções relativas ao cadastro de instituições e de pessoas físicas que atuem na condição de admi-

nistradores no Sistema Financeiro Nacional, à movimentação das reservas bancárias e opera-

ções de empréstimos de liquidez, ao registro e controle do trânsito de processos, às taxas e índi-

ces praticados ou utilizados pelo mercado e ao controle de ocorrências de irregularidades prati-

cadas por instituição financeira. Encontram-se ainda em fase de desenvolvimento aplicativos que

visam consolidar notícias e informações internas e externas sobre as instituições, calcular e a-

companhar limites operacionais e a concentração das aplicações (maiores devedores) e das

captações (maiores depositantes).

5 – Controle do meio circulante

As atividades referentes ao meio circulante destinam-se a satisfazer a demanda de dinheiro

indispensável à atividade econômico-financeira do País.

O Banco Central, em conjunto com a Casa da Moeda do Brasil (CMB), desenvolve projetos

de cédulas e moedas metálicas sempre procurando levar em conta aspectos decorrentes das

exigências de circulação, custos, segurança contra a ação de falsificadores e valores semânti-

cos, isto é, toda a carga de informação de natureza cultural que o dinheiro possa veicular. Assim,

são adotadas linhas temáticas que confiram identidade nacional às cédulas e moedas.

Anualmente são encomendadas à CMB os quantitativos de numerário projetados para aten-

der às necessidades previstas para o meio circulante nacional, dentro de convênio firmado com

aquela empresa pública, com base no qual também são postas em prática ações que objetivam

desenvolver tecnologia capaz de conferir ao dinheiro brasileiro elevado padrão de qualidade.

Além disso, são elaborados estudos permanentes com o propósito de promover a distribuição de

numerário pelo território nacional, de modo a prover os escritórios regionais do Banco Central de

estoques em níveis compatíveis com as características das diversas regiões geo-econômicas.

Como as emissões e os recolhimentos de dinheiro refletem as reais necessidades de recur-

sos do sistema bancário, o BC acolhe os depósitos constitutivos das reservas bancárias do País

e, em contrapartida, atende aos saques de numerários solicitados pelas instituições financeiras,

exercendo não só institucionalmente, mas também fisicamente, a função de banco dos bancos.

De outro lado, o saneamento do meio circulante, consideradas as dimensões continentais do

Brasil, exige o emprego de elevada velocidade no processamento dos depósitos bancários, re-

sultando em reaproveitamento do numerário ainda em condições de ser restituído à circulação e

descentralização dos procedimentos de destruição de cédulas imprestáveis.

A cooperação com os órgãos oficiais de combate aos crimes contra a moeda também pauta

a atuação do Banco Central, que informa as apreensões de falsificações, áreas de incidência e

quantidades apreendidas. Nesse sentido, o BC tem participado ativamente de eventos interna-

cionais voltados para a defesa do meio circulante.

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6 – Outras atribuições

O Banco Central desempenha uma série de outras atribuições que, por sua natureza e es-

pecificidade, não se confundem com as descritas até aqui. Contudo, elas têm grande importância

na vida econômica nacional, merecendo, portanto, breve descrição.

Em primeiro lugar, por determinação constitucional, o BC exerce a função de banqueiro do

governo, detendo a chamada “Conta Única” do Tesouro Nacional, que contabiliza as disponibili-

dades de caixa da União. Essas disponibilidades são compostas por recursos de origem tributá-

ria, recolhidos pelas instituições financeiras na função de intermediárias na arrecadação de tribu-

tos e pagamentos à ordem do Tesouro Nacional, pelo resultado líquido dos leilões primários do

Tesouro Nacional e pelo resultado positivo do BC. Este último destina-se ao resgate de dívida do

Tesouro Nacional.

O Banco Central tem também algumas outras funções que o tornam o principal organismo

regulador em campos específicos. Assim, cabe ao BC:

regulamentar, autorizar e fiscalizar as atividades das sociedades conhecidas como con-

sórcios, fundos mútuos ou outras formas associativas assemelhadas que objetivem a

aquisição de bens de qualquer natureza;

normatizar, autorizar e fiscalizar as sociedades de arrendamento mercantil, as socieda-

des de crédito imobiliário e as associações de poupança e empréstimo, bem como regu-

lar todas as suas operações;

normatizar as operações do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), consolidar suas

informações por meio do Registro Comum das Operações Rurais (RECOR) e adminis-

trar o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro);

acompanhar as operações de endividamento de estados e municípios, através de Sis-

tema de Registro das Operações de Crédito com o Setor Público, inclusive para os fins

de fiscalização do cumprimento dos limites e condições estabelecidos em resoluções do

Senado Federal;

desenvolver trabalho de comunicação social tanto de caráter técnico, através de publi-

cações como o Boletim (mensal), Relatório (anual) e Nota à Imprensa, como de orienta-

ção, através de serviços de atendimento ao público, instalado em todos os escritórios

regionais.

Resumidamente, podemos defini-lo como o órgão financeiro central do país, entidade autár-

quica, vinculada ao Ministério da Fazenda; é um órgão executivo, cabendo-lhe fazer cumprir as

disposições que lhe são atribuídas pela legislação em vigor e as normas emanadas do Conselho

Monetário Nacional.

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4.2.3 - Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

Vinculado ao Ministério da Fazenda, é o órgão normativo do sistema de intermediação fi-

nanceira, especificamente voltado ao desenvolvimento, a disciplina, e a fiscalização do mercado

de valores mobiliários, não emitidas pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional; ou seja,

trata basicamente do mercado de ações e debêntures, estimulando a aplicação de poupança no

mercado acionários, assegurando o eficiente e regular funcionamento de bolsas de valores e

instituições auxiliares.

4.4 - Banco do Brasil (BB)

Com a reforma de 1986, e as definições de papéis do Bacen, o Banco do Brasil passou a

operar praticamente nos mesmos padrões de um banco comercial comum, sendo considerado o

líder do sistema dos bancos comerciais, cuja finalidade é a captação de recursos para financia-

mento a curto prazo. Suas principais funções são:

agente financeiro do Tesouro Nacional;

executor principal dos serviços bancários, por delegação do Bacen;

arrecadador dos depósitos voluntários das instituições financeiras;

executor principal da política do comércio exterior;

difusor e orientador da política creditícia oficial.

4.5 - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

É o líder do sistema dos Bancos de Fomento; principal órgão de execução da política de in-

vestimento do Governo Federal.

Juntamente com as empresas filiadas (FINAME), é responsável pela expansão e moderni-

zação do sistema produtivo nacional.

Seus recursos são próprios e os decorrentes de empréstimos, doações de entidades nacio-

nais, estrangeiras, além de organismos internacionais como o Banco Interamericano de Desen-

volvimento.

4.6 - Sistema Financeiro da Habitação (SFH)

Através do Banco Nacional de Habitação (BNH), foi o grande responsável pelo gerencia-

mento do sistema habitacional até a sua liquidação, através do decreto lei 2.291 de 1986; poste-

riormente suas atribuições foram delegadas à Caixa Econômica Federal.

4.7 - Instituições Financeiras - o MNI

O MNI (Manual de Normas e Instruções), preparado e editado pelo Banco Central, estabele-

ce entre outras, as normas operacionais de todas as instituições financeiras.

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No agrupamento das instituições financeiras, os bancos comerciais por suas múltiplas fun-

ções, constituem a base do sistema monetário, devido aos serviços prestados, são, dúvida, a

mais conhecida das instituições financeiras.

Podemos agrupar as instituições financeiras, segundo as peculiaridades de funções de cré-

ditos em segmentos a saber:

1o.) - Instituições de crédito a curto prazo

bancos comerciais;

caixas econômicas;

cooperativas de crédito.

2o.) - Instituições de crédito de médio e longo prazo

bancos de desenvolvimento;

bancos de investimento.

3o.) - Instituições de crédito para financiamento de bens de consumo duráveis

sociedades de crédito, financiamento, investimento;

caixa econômica federal.

4o.) - Sistema Financeira de Habitação

caixas econômicas;

associações de poupança e empréstimo;

sociedade de crédito imobiliário.

5o.) - Instituições de Intermediação no Mercado de Capitais

sociedades corretores (CCVM);

sociedades distribuidores (DTVM);

insvestidores instituicionais;

6o.) - Instituições de Seguro e Capitalização

seguradoras;

corretoras de seguro;

entidades abertas e fechadas de previdência privada;

sociedades de capitalização.

4.6.1 - Bancos Comerciais

Os Bancos Comerciais constituem a base do sistema monetário, possuindo a capacidade de

criar, sob efeito multiplicador a principal fração do conceito convencional da moeda (a moeda

escritural), constituída pelo total de depósitos a vista nestas instituições.

Por este motivo, são passíveis de permanente vigilância do Bacen, que controla a expansão

da oferta monetária através de:

operações de mercado aberto;

operações de redesconto;

recolhimentos compulsórios.

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Os Bancos Comerciais atuam em faixa específica do mercado financeiro, atendendo basi-

camente as operações de curto e médio prazo, além de arrecadações de impostos, taxas, con-

tribuições, ordens de pagamento e recebimentos diversos.

4.6.2 - Caixas Econômicas (CE)

Atualmente, como sua principal atividade, integram o sistema brasileiro de poupança e em-

préstimo e o sistema financeiro da habitação, sendo, juntamente com os bancos comerciais, as

mais antigas instituições do sistema financeiro nacional.

4.6.3 - Cooperativas de Crédito (CC)

São instituições que atuam, basicamente, no setor primário da economia, com o objetivo de

permitir uma melhor comercialização de produtos rurais e criar facilidades para o escoamento

das safras agrícolas para os centros consumidores, sendo de destacar que os usuários finais do

crédito que concedem são sempre os cooperados.

As cooperativas de crédito tiveram seus poderes ampliados pela circular 2.173 de 06.05.92,

do Bacen, que lhes deu opções antes restritas aos Bancos Comerciais. E a partir daquela data,

tais entidades podem adotar uma correção monetária do balanço patrimonial sistemáticas de

suas demonstrações financeiras. Com seus patrimônios corrigidos, elas poderão participar do

mercado praticando juros reais, que, mesmo menores que os dos bancos, não serão tão pater-

nalistas como os anteriormente oferecidos aos seus associados.

4.6.4 - Sociedades Corretoras (CCVM)

São instituições típicas do mercado acionário, operando com compra, venda e distribuição

de títulos e valores mobiliários (inclusive ouro) por conta de terceiros. Elas fazem a intermedia-

ção com as bolsas de valores e de mercadorias. Sua constituição depende de autorização do BC

e o exercício de sua atividade depende de autorização da CVM e, como tal, operam nos recintos

das bolsas de valores e de mercadorias; efetuam lançamentos públicos de ações; administram

carteiras e custodiam valores mobiliários; instituem, organizam e administram fundos de investi-

mento; operam no mercado aberto e intermediam operações de câmbio.

4.6.5 - Sociedades Distribuidoras (DTVM)

Suas atividades tem uma faixa operacional mais restrita que a das corretoras, já que elas

tem acesso as bolsas de valores e de mercadorias. Suas atividades básicas são constituídas de:

subscrição isolada ou em consórcio de emissão de títulos e valores mobiliários para revenda;

intermediação da colocação de emissões de capital no mercado; operações no mercado aberto,

desde que satisfaçam as condições exigidas pelo BC.

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Na esfera deste mercado gravitam ainda os agentes autônomos de investimento, que são

pessoas físicas credenciadas pelos BI (Bancos de Investimentos), financeiras, CCVM e DTVM,

que, sem vínculo empregatício e em caráter individual, exercem, por conta das instituições cre-

denciadas a colocação de títulos e valores mobiliários, quotas de fundos de investimento e ou-

tras atividades de intermediação autorizadas pelo BC.

4.6.6 - Sociedades de Arrendamento Mercantil (Leasing)

Tais sociedades nasceram do reconhecimento de que o lucro de uma atividade produtiva

pode advir da simples utilização de um equipamento e não de sua propriedade. Em linhas gerais

a operação de leasing se assemelha a uma locação tendo o cliente, ao final do contrato, as op-

ções de renová-la, adquirir o equipamento pelo valor residual fixado em contrato ou devolvê-lo à

empresa.

As operações de leasing normalmente captam recursos de longo prazo, como, por exemplo,

através da emissão de debêntures, títulos que tem prazo fixo de resgate e suas características

podem ser bem diferenciadas, sendo corrigidas por diferentes índices, inclusive com cláusula

cambial.

4.6.7 - Investidores Institucionais

Em síntese podem ser agrupados em: fundos mútuos de investimentos, entidades fechadas

de previdência privada, fundações e seguradoras.

Fundos Mútuos de Investimentos: São constituídos sob a forma de condomínio aberto e

representam a união de recursos de valores mobiliários, com o objetivo de propiciar a

seus condôminos a valorização de quotas, a um custo global mais baixo, ao mesmo

tempo que tais recursos se constituem em fonte de recursos para investimento em capi-

tal permanente das empresas.

Entidades Fechadas e Abertas de Previdência Privada: São instituições restritas a de-

terminado grupo de trabalhadores, mantidas através da contribuição periódica de seus

associados e de sua mantenedora que, com o objetivo de valorização de seu patrimônio,

são obrigados, por força da lei n. 6.435/77, regulamentada pela resolução de 11.01.83,

aplicar parte de suas reservas técnicas no mercado acionário.

Seguradoras: A chamada lei da reforma bancária (lei n. 4.595/64), que reformulou o sis-

tema financeiro nacional, enquadrou as seguradoras como instituições financeiras, su-

bordinando-as a novas disposições legais, sem contudo, introduzir modificações de pro-

fundidade na legislação específica aplicável a atividade.

Assim, as seguradoras são obrigadas a aplicar parte de suas reservas técnicas no mercado

acionário.

4.6.8 - Bancos Múltiplos

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Os bancos múltiplos surgiram através da resolução n. 1.524/88, emitida pelo BC por decisão

do CMN, a fim de racionalizar a administração das instituições financeiras. Como o próprio nome

diz, permite que algumas dessas instituições, que muitas vezes eram empresas de um mesmo

grupo, possam constituir-se em uma única instituição financeira, com personalidade jurídica pró-

pria e, portanto, com um único balanço, um único caixa e, conseqüentemente, significativa redu-

ção de custos . Em termos práticos, mantêm as mesmas funções de cada instituição em sepa-

rado, com as vantagens de contabilizar as operações como uma só instituição.

As carteiras de um banco múltiplo envolvem carteiras comercial (regulamentação dos BC),

carteira de investimento (regulamentação dos BI), carteira de crédito imobiliário (regulamentação

dos SCI), carteira de aceite (regulamentação das SCFI), e carteira de desenvolvimento (regula-

mentação dos BD). Mas recentemente foi incluída a carteira de leasing.

Para configura a existência do banco múltiplo, ele deve possuir pelo menos duas das cartei-

ras mencionadas, sendo uma delas, obrigatoriamente comercial ou de investimento.

4.6.9 - Bancos Cooperativos

O Banco Central, através da resolução n. 2.193/95, autorizou a constituição de bancos co-

merciais com a participação exclusiva de cooperativas de crédito, com atuação restrita à unida-

de da federação de sua sede, cujo PLA deverá estar enquadrado nas regras do acordo da Basi-

léia, representando 15% dos ativos ponderados pelo risco.

Exercícios

01) Defina Sistema Financeiro Nacional.

02) O que são Instituições Financeiras?

03) O que é o Conselho Monetário Nacional? Cite e explique duas de suas atribuições.

04) O que é Banco Central? Cite e explique duas de suas atribuições.

05) Qual a instituição financeira que funciona como agente financeiro do Tesouro Nacional? Ex-

plique outra de suas atribuições.

06) O que são operações de mercado aberto?

07) O que é redesconto?

08) O que é recolhimento (ou depósito) compulsório?

09) O que é leasing? Qual a sua principal vantagem?

10) O que são entidades abertas e fechadas de previdência privada?

11) O que são Bancos Múltiplos?

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5 - POLÍTICAS MONETÁRIA, FISCAL, CAMBIAL E DE RENDAS

5.1 – Dinâmica do Mercado

Vamos analisar agora a dinâmica do mercado financeiro no que concerne aos objetivos

maiores da política monetária e, por conseqüência, da política econômica global do Governo.

BANCO 1

EXTERIOR

GOVERNO

TESOURO

T

C BC

BANCO 2 BANCO 3 BANCO N

N

MERCADO INTERBANCÁRIO

CDI R$

PÚBLICO

CDB R$ LC R$ RDB R$ C/C R$ COTAS FUNDOS R$

TITULOS

DO

TESOURO 1 R$ US$

2

C T

TÍTULOS DO BC

3

R$

4

5 6 7

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Fonte: FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro no Brasil – Produtos e Serviços: Qualyti-

mark, São Paulo – 2000.

1. O Governo emite títulos através de seu caixa – o Tesouro – de forma a cobrir o seu défi-

cit.

2. Os dólares provenientes do saldo da balança de pagamentos são registrados no BC co-

mo reservas e aplicados no exterior. Esses mesmos dólares são transformados em reais

pelo BC, para serem entregues no Brasil a quem de direito e imediatamente emitidos tí-

tulos pelo Tesouro, de forma a evitar aumento de liquidez na economia.

3. O BC coloca junto aos bancos seus títulos e os títulos do Governo.

4. Os bancos captam recursos entre si, através da emissão de CDI, e com estes recursos

compram ativos.

5. Os bancos compram recursos junto ao público, dando em troca os títulos privados

CDB/RDB/LC para compra de CDI ou títulos do Governo, de acordo com as oportunida-

des das taxas ou devolvendo ao público na forma de empréstimos.

6. Os bancos trocam recursos com o público através das contas correntes, utilizando-os em

oportunidades de negócios com títulos ou devolvendo-os ao público na forma de em-

préstimos.

7. Os bancos recebem recursos do público através da compra de cotas dos fundos, dire-

cionando estes recursos para aquisição de títulos públicos e privados.

5.2 - Política Monetária

Ela pode ser definida como o controle da oferta da moeda e das taxas de juros que ga-

rantam a liquidez ideal de cada momento econômico.6

6 Entenda a Famosa Base Monetária

Por Antonio Carlos Berwanger

A Base Monetária é usualmente entendida como a quantidade de moeda que circula na econo-mia. Este conceito não é totalmente correto. O Banco Central é o responsável pela criação e destruição da Base Monetária. Portanto, a Base Monetária é igual ao estoque de moeda emitida pelo Banco Central desde seu início. Na prática porém, esta emissão não ocorre voluntariamente em benefício de um agente econômico, mas sim em resposta a uma operação em que o Banco Central receberá algo em troca. Vamos explicar isto melhor: A Base Monetária é o passivo do Banco Central. Não é um direito, mas uma obrigação. Por e-xemplo: um exportador que acaba de receber o pagamento da venda de seu produto em dólares procura o Banco Central para trocar seus dólares por reais. Os dólares que o Banco Central recebe vão aumentar as reservas internacionais do país, que tornam-se propriedade, são o ativo, do Banco Central. Da mesma maneira, esta emissão feita ao exportador aumenta a Base Mone-tária, o passivo, compromisso do Bacen. O exemplo contrário é o do importador que possui reais e deseja obter dólares para efetuar os pagamentos necessários no exterior. Neste caso, o Banco Central cederá divisas, diminuindo o seu ativo, e ao mesmo tempo adquirirá reais, caindo o montante de suas obrigações (passivo). A Base Monetária é contabilmente igual ao papel moeda em poder do público mais as reservas bancárias compulsórias dos bancos comerciais recolhidas pelo Banco Central. Consideram-se papel moeda em poder do público tanto o dinheiro que está efetivamente nas mãos dos cidadãos quanto o que está no caixa dos bancos para suprir os saque que serão feitos.

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O executor dessas políticas é o Banco Central e os instrumentos clássicos utilizados são:

depósito compulsório; redesconto ou empréstimo de liquidez; mercado aberto (open market);

controle e seleção de crédito.

O depósito compulsório regula o multiplicador bancário, imobilizado de acordo com a taxa de

recolhimento de reserva obrigatória fixada pelo CMN, uma parte maior ou menor dos depósitos

bancários e os recursos de terceiros que nela circulem (títulos em cobrança, tributos recolhidos,

garantias de operações de crédito), restringindo ou alimentando o processo de expansão dos

meios de pagamento.

5.3 - Política Fiscal

É a política de receitas e despesas do Governo. Envolve a definição e aplicação da carga

tributária exercida sobre os agentes econômicos, bem como a definição dos gastos do governo,

que tem como base os tributos captados7.

As reservas bancárias compulsórias recolhidas pelo Banco Central são obrigações dos bancos comerciais, que devem legalmente separar uma parte pré-determinada dos depósitos à vista do público, sob a forma de depósito compulsório que é remetido ao Banco Central. O que faz a Base Monetária se alterar? Um depósito à vista de um agente particular não altera a Base Monetária. Este depósito deixa a forma de papel moeda em poder do público e passa para a forma de reservas bancárias compul-sórias no Bacen e reservas bancárias no caixa dos bancos. Portanto, neste caso, não houve variação da Base Monetária. Por outro lado, se a empresa recebe dólares em decorrência de uma exportação e procura o Banco Central para trocá-los por moeda nacional, o Banco Central recolhe os dólares, aumen-tando seu ativo, e cede reais à empresa, aumentando a Base Monetária.

7 Entenda como funcionam as contas do Governo

Por Catherine Vieira Repórter, InvestShop.com

Em tempos de metas rígidas acordadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI), as contas públicas estão mais do que nunca na mira dos analistas econômicos. Mas o que tem você a ver com a balança comercial, o superávit primário e o déficit em conta corrente? Na verdade, muita coisa. A linha de condução que o Governo dá às suas contas é absolutamente determinante para prever os cenários no curto e médio prazo e se programar para tempos que podem ser de vacas gordas ou magras, de recessão ou desenvolvimento, de investimento seguro ou de risco. O cenário hoje das contas do Governo é visto como positivo pelos analistas. Isso porque desde o fim do ano passado a dívida líquida, que é a soma da dívida interna com a dívida externa, dimi-nuiu. Isso foi possível graças a alguns ajustes feitos com as reformas administrativa e da Previ-dência, com o aumento da arrecadação devido à criação de novos tributos e com a retomada do crescimento econômico, para citar os fatores mais decisivos. Com o corte que o BC determinou na Selic, o cenário para a dívida interna fica ainda mais favorável, pois o Governo deve econo-mizar cerca de R$ 5 bilhões só no pagamento dos juros. Tudo isso colabora para o cumprimento das metas acertadas com o FMI, o que ajuda na capta-ção de dinheiro e gera efeitos positivos sobre o balanço de pagamentos. É claro que todo esse cenário positivo pode ser afetado por uma grande crise econômica como as da Ásia e da Rússia ou uma reviravolta na economia americana, mas por ora, o chamado risco país do Brasil conti-nua controlado. Muito complicado? Então entenda em detalhes como funcionam as contas do Governo: Balança Comercial – É a diferença entre a exportação e a importação de bens e serviços. Nor-malmente, a conta é feita separadamente para os serviços, que englobam o pagamento de juros,

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Tem forte impacto sobre a política monetária e, especificamente, o crédito, na medida em

que os prazos de recolhimentos de impostos afetem o fluxo de caixa dos agentes econômicos.

Do ponto de vista de sua integração com as políticas monetária e cambial, uma política fiscal

adequada permitirá neutralizar o endividamento interno do Tesouro através de um superávit fis-

fretes, royalties etc e por isso têm um peso muito grande. Esta é a chamada conta-serviço ou balanço de serviços. Conta-corrente - É o resultado da balança comercial mais a conta-serviço e mais as transferên-cias unilaterais (doações, remessas e outros valores que não terão retorno). No Brasil, como a conta-serviço é muito alta, há um constante déficit em conta corrente. O desafio do Governo é diminuí-lo. Conta-Capital - É onde são computadas as entradas e saídas de capital como empréstimos, amortizações de dívidas, investimentos diretos e financiamentos. Balanço de pagamentos - Somando-se a conta-corrente mais a conta capital, encontra-se o resultado do balanço de pagamentos. Como há déficit constante na conta-corrente, é preciso captar muita entrada de recursos para criar saldo positivo na conta capital e amenizar o déficit do balanço de pagamentos. Captação externa – Quanto mais a dívida cresce, mais dependentente o país fica da captação de dinheiro externa. A soma do déficit em conta corrente mais as amortizações (valores que serão pagos para abater a dívida) correspondem ao valor mínimo que o Brasil precisa captar por meio de empréstimos no exterior. Hoje, essa conta fica em torno de US$ 50 bilhões. Risco país - Como precisa captar dinheiro no exterior, o país precisa manter o déficit em um nível sustentável para não afugentar os investidores estrangeiros. Isso é chamado por alguns economistas de risco país ou risco Brasil: se o déficit é muito grande e o país vai perdendo ca-pacidade de pagamento, o risco Brasil é considerado maior, ou seja, os investidores consideram o país como um investimento de muito risco, explica o coordenador da pós-graduação da UFRJ, Francisco Eduardo. Isso é medido pelo tamanho do déficit em conta-corrente em relação ao PIB. Crescimento da dívida - No Brasil, o déficit cresceu muito depois do Plano Real e já chegou a 5% do PIB no pós-crise da Ásia. Quando se chega a esse ponto, o Governo geralmente toma medidas para diminuir a sua vulnerabilidade, como renegociar a dívida externa e as metas com o Fundo Monetário Internacional. O déficit em conta corrente hoje é em torno de US$ 23 bilhões. Já chegou a ser de US$ 30 bilhões. Equílibrio – De acordo com o professor do Ibmec, Carlos Thadeu de Freitas, a saída para os países que devem muito – e o Brasil está entre eles – é exportar mais. "Não dá para cortar muito as importações porque isso afeta o crescimento e os preços internos. É importante também co-meçar a substituí-las. Isso já está acontecendo porque o dólar ficou muito caro", lembra ele. "A-lém disso, é preciso manter a taxa de câmbio flutuante, buscar o equilíbrio fiscal e adotar uma política monetária saudável com juros básicos nem muito altos e nem muito baixos" Contas internas – De acordo com Carlos Thadeu, a solução é aumentar a poupança interna, ou seja fortalecer a economia e equilibrar as contas públicas, para ficar menos vulnerável e gerar o superávit primário. Com isso, é possível diminuir a dívida líquida, que é a soma da dívida interna mais a externa menos as reservas cambiais. Superávit Primário – O resultado das receitas do Governo menos as despesas sem contar as despesas com pagamento de juros, gera o superávit (se for positivo) ou o déficit (se for negativo) primário. Com algumas medidas como aprovação das reformas administrativa e da Previdência, a desvalorização da moeda e a criação de impostos como a CPMF, que geraram aumento da arrecadação, o Governo tem conseguido, a partir do fim do ano passado, obter superávit primá-rio. Taxas de juros – A queda recente determinada pelo Banco Central para a taxa básica (Selic) também afeta as contas. Se por um lado, torna o Brasil menos atrativo para os investidores es-trangeiros, por outro reduz essa necessidade de recursos externos para financiar o déficit porque diminui o custo do Governo com o pagamento de juros nas dívidas internas. Fatores externos – Cumprir as metas acertadas com o FMI, diminuir o tamanho da dívida líqui-da e fortalecer a economia interna são fatores determinantes, mas que mesmo funcionando po-dem não ser suficientes para gerar crescimento e manter o cenário favorável. Uma crise econô-mica como a que aconteceu na Ásia e na Rússia afeta determinantemente a economia dos paí-ses dependentes do capital externo, como o Brasil.

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cal que, inclusive, gerasse recursos para a aquisição dos dólares gerados pela política cambial

da balança comercial e financeira positiva.

5.4 - Política Cambial

Está, fundamentalmente, baseada na administração da taxa (ou taxas) de câmbio e no con-

trole das operações cambiais. Embora indiretamente ligada a política monetária, se destaca des-

ta por atuar mais diretamente sobre todas as variáveis relacionadas as transações econômicas

do país com o exterior.

Tal fato envolve elementos exógenos de relação com o exterior que muitas vezes, estão fora

dos interesses internos de ação imediata do Governo.

A política cambial, entretanto, deve ser cuidadosamente administrada ao que tange ao seu

impacto sobre a política monetária.

Um desempenho muito forte das exportações pode ter grande impacto monetário na medida

que o ingresso de divisas significa conversão para reais e expansão da emissão da moeda que

tem enorme efeito inflacionário futuro.

Estes recursos entram através do câmbio comercial. Idêntica expansão acontece quando

cresce o volume de recursos captados pela emissão de títulos no exterior, seja através de bônus

ou comercial papers, ou pela entrada de recursos para aplicação em bolsas de valores. No con-

junto representam o volume de fechamento de câmbio referente às chamadas compras financei-

ras.

O aumento na pressão da oferta monetária via câmbio (compras financeiras e exportações)

prejudica o controle dos juros, aumentando inclusive o custo do governo, que é obrigado a au-

mentar a dívida pública para enxugar a moeda que entra em circulação pela troca de dólares por

reais.

O Balanço de Pagamentos8 é um registro sistematizado de todas as transações econômicas

do país com o resto do mundo. Este registro é fundamental para controlar a evolução das tran-

sações externas – entradas x saídas de divisas - e serve como base de informações para que o

governo tome decisões de política macroeconômica.

Os investidores domésticos e estrangeiros prestam muita atenção ao Balanço de Pagamen-

tos porque, através dele, medem a capacidade do país honrar seus compromissos no exterior.

Quando sai mais dinheiro do país do que entra, as contas externas ficam desequilibradas. "O

Balanço de pagamentos mostra a vulnerabilidade do país frente ao resto do mundo. Hoje, este é

o maior problema do Brasil", explica o economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, professor

do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).

Déficits sucessivos no Balanço de Pagamentos indicam fragilidade das relações externas e

isto vai refletir diretamente nas reservas internacionais (em moeda estrangeira). Essas ficarão

8 Entenda o Famoso Balanço de Pagamentos

Por Antonio Carlos Berwanger

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reduzidas se usadas constantemente para cobrir os déficits. Quando isso ocorre, muitas vezes o

país é obrigado a recorrer a empréstimos de regularização junto ao FMI, para poder honrar seus

compromissos e resguardar parte de suas reservas.

Superávit do Balanço de Pagamentos, por sua vez, é considerado bastante positivo pelo

mercado. Ou as exportações do país cresceram, ou ele está vendendo mais seus serviços ao

exterior, ou mais capitais estão entrando para investimentos.

5.4.1 - A estrutura do Balanço de Pagamentos

Os registros são feitos usando o sistema de partilhas dobradas, semelhante ao do Balanço

Patrimonial da Contabilidade empresarial. Isto significa que a cada valor positivo que entra numa

conta, deve entrar um valor negativo igual em outra.

Toda transação que contabiliza entrada de dinheiro no país recebe o sinal positivo. A con-

trapartida se dá na conta caixa do Banco Central. Nesta conta, ao contrário das demais, a entra-

da de dinheiro tem sinal negativo e vice-versa. Ela segue o sistema contábil empresarial, no qual

entrada de dinheiro é um débito da economia local em relação ao resto do mundo. E saída de

dinheiro, por sua vez, é um crédito da economia frente ao resto do mundo.

5.4.1.1 - Conheça os principais itens da estrutura do Balanço de Pagamentos:

1. Balança Comercial: É o primeiro item da estrutura do Balanço de Pagamentos. A Balan-

ça Comercial (ou Balanço Comercial, como preferem alguns economistas) contabiliza to-

das as exportações e importações do país. O saldo da Balança comercial é o total das

exportações menos as importações. Este pode ser superavitário, quando as exportações

superam as importações, ou deficitário, quando as importações são maiores que as ex-

portações.

É importante frisar que os valores são contabilizados sob a forma FOB (Free on Board),

que nada mais é do que o preço do produto já dentro do navio, incluindo o transporte até

o porto, porém excluindo o frete (preço do transporte até o seu destino final) e o seguro

das mercadorias, importante para se garantir contra qualquer contratempo durante o

transporte do produto.

2. Balanço de Serviços: A segunda conta do Balanço de Pagamentos é o Balanço de Ser-

viços. Podemos dividir esta conta em duas: Serviços de Fatores e de Não Fatores. Na

primeira, se contabilizam todos os pagamentos efetuados e recebidos do exterior dos

derivados dos fatores de produção, como lucros, salários, dividendos e juros.

Serviços de não fatores incluem os pagamentos e recebimentos dos serviços de fretes e

seguros dos produtos importados e exportados. Os gastos realizados por brasileiros na

compra de produtos e serviços em suas viagens internacionais também são saídas de

dinheiro e entram no Balanço de Serviços, assim como os gastos dos turistas em nosso

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território. Serviços governamentais e demais serviços, como royalties e direitos autorais

e de publicidade, completam o Balanço de Serviços de Não Fatores.

3. Transferências Unilaterais: As transferências unilaterais são doações e remessas de di-

nheiro de imigrantes para seus familiares nos seus países de origem, assim como re-

messas de dinheiro de brasileiros no exterior para suas famílias aqui.

4. Transações em Conta Corrente: O Saldo das Transações Correntes é a principal conta

do Balanço de Pagamentos. Ela é a soma dos resultados da Balança Comercial, da Ba-

lança de Serviços e das Transferências Unilaterais. É também a conta mais valorizada

pelo mercado, pois leva em consideração a capacidade que o país tem de efetivamente

acumular reservas. O superávit desta conta significa que entraram dólares que efetiva-

mente ficarão no país. Não há pagamentos de volta para estes.

Porém, o professor Carlos Thadeu faz um alerta: "O Brasil é um país naturalmente im-

portador de capitais. Precisa importar máquinas e tecnologia, para crescer. Não se deve

esperar que o país passe a ter superávit em Transações Correntes", afirma. A entrada

de capitais, investimentos diretos e financiamentos externos é importante para o desen-

volvimento da economia do país. Mas, em contrapartida, o país envia grandes remessas

de lucros, dividendos e, principalmente, juros para o exterior.

Isto não significa, porém, que o Brasil deva ter grande déficit em Transações Correntes.

Quando isso ocorre, faz-se necessária a entrada de grandes montantes de capitais ex-

ternos para financiar este déficit e os investidores passam a ter dúvida quanto à capaci-

dade do país cumprir seus compromissos. "O país deve manter um déficit controlado",

complementa Carlos Thadeu. Assim, consegue seu objetivo de importações e ao mesmo

tempo, se mantém atraente à entrada de capitais externos.

5. Movimento de Capitais Autônomos: A conta seguinte do Balanço de Pagamentos é o

Movimento de Capitais Autônomos. Estes movimentos se dão na forma de empréstimos,

financiamentos, investimento externo direto, amortização de empréstimos obtidos, rein-

vestimentos e capitais de curto prazo.

Como o próprio nome diz, é todo o dinheiro que saiu ou entrou no país ao sabor do mer-

cado, por mera vontade dos investidores, seja para investimentos em bolsas e fundos,

seja em investimentos de prazos mais longos.

Esta é outra conta muito importante para o país. O Brasil consegue ter um grande supe-

rávit nesta conta, principalmente pela entrada de grandes montantes de capitais em in-

vestimentos externos diretos. Estes investimentos são representados por remessas de

empresas estrangeiras para o país para a construção de novas fábricas, por exemplo.

Quando uma estatal é privatizada e comprada por empresa estrangeira, o dinheiro que

entra para o pagamento também é contabilizado como investimento direto. Este superá-

vit possibilita ao país manter um déficit controlado em transações correntes, como já ex-

plicado acima.

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6. Saldo do Balanço de Pagamentos: O Saldo do Balanço de Pagamentos é a soma do

Saldo das Transações Correntes com o Movimento de Capitais Autônomos e Erros e

Omissões (um valor estimado para anular as imperfeições que normalmente ocorrem).

7. Capitais Compensatórios:A última conta do Balanço de Pagamentos é o Movimento de

Capitais Compensatórios. Esta conta inclui a conta de caixa do Banco Central, que mede

a variação de reservas internacionais (em moeda estrangeira) do país, empréstimos de

regularização e atrasados comerciais.

O Saldo do Balanço de Pagamentos tem o mesmo valor absoluto e sinal contrário ao

Movimento de Capitais Compensatórios. Isto se ocorre porque, como explicado anteri-

ormente, para cada valor que entra nas contas existe uma contrapartida no mesmo mon-

tante. Esta contrapartida, na maioria das vezes, se dá na conta caixa do Bacen, que me-

de a variação das reservas.

O Movimento de Capitais Compensatórios mostra de onde sai o dinheiro quando o Ba-

lanço de Pagamentos é deficitário e para onde vai o dinheiro quando o país obtém supe-

rávit. Nesta conta podemos verificar a variação das reservas internacionais do país, que

aumentam quando o país atinge superávit e diminuem quando o país obtém déficit.

5.5 - Política de Rendas

É a que o Governo exerce, estabelecendo controles diretos sobre a remuneração dos fato-

res diretos de produção envolvidos na economia, tais como: salários, depreciações, lucros, divi-

dendos e preços dos produtos intermediários e finais.

Exercícios

01) O que é política monetária?

02) O que é política fiscal?

03) Explique política cambial.

04) Defina política de rendas.

05) O que são Notas do Tesouro Nacional (NTN)?

06) Explique o funcionamento do mercado interbancário.

07) Cite e explique o que são títulos privados.

08) Qual o papel do Tesouro Nacional?

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6 - MERCADO FINANCEIRO

Quando o capital próprio é insuficiente, a empresa obriga-se a busca de crédito no mercado.

Dependendo da finalidade (curto, médio ou longo prazo) ela busca recursos nos mercados mo-

netário, de crédito e de capitais, que possuem instituições financeiras com produtos específicos

para cada necessidade.

6.1 - Operações de crédito

As operações de crédito são as ações desenvolvidas pelas empresas para captação de re-

cursos financeiros. Podem ser divididas em curto (normalmente menos de 1 ano) e médio e lon-

go prazo (acima de 1 ano):

curto prazo: operações de desconto e empréstimo através de emissão de nota promis-

sória, crédito rotativo ou contas integradas, crédito direto ao consumidor (CDC e CDCI),

hot money, crédito em conta corrente (cheque especial), conta garantida, factoring;

médio e longo prazo: debêntures, leasing, financiamentos do BNDES, entre outras.

6.2 - Mercado monetário e de crédito

Monetário: operações de curtíssimo prazo, para suprir necessidades momentâneas do

caixa;

Crédito: atende necessidades de crédito (financiamentos) a curto e médio prazo.

O mercado monetário trabalha com formas padronizadas de crédito a curto prazo.

O ponto principal está nas transferências de recursos financeiros de setores superavitários

para os setores deficitários da economia, através da intermediação financeira de:

captação: quando o agente financeiro recebe fundos e os remunera; e

destinação: quando o agente financeiro empresta fundos e cobra juros e taxas.

Os mercados monetário, de crédito, capitais e cambiais operam através de títulos de crédito,

que são documentos representativos de uma operação de crédito, e podem ser:

nominativo: quando são emitidos em nome do titular do direito, do direito de crédito, sua

transferência somente se efetua mediante registro;

ao portador: emitido sem nome do beneficiário, concluindo-se que o portador e que tem

a posse do mesmo;

a ordem: emitido em favor de determinada pessoa e transferida a outra através de en-

dosso (assinatura do beneficiário).

6.3 - Mercado de capitais

Opera com títulos de médio e longo prazo e com participação no capital da empresas. É

subdividido em dois segmentos:

Mercado de recursos para financiamentos a médio e longo prazos;

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Mercado de ações, a termo e futuro.

O mercado de recursos para financiamento a médio e longo prazo trabalha com recursos

para financiamento de infra estrutura econômica industrial e comercial, atividade rural e constru-

ção civil. Para isso, a empresa deve possuir uma política de investimentos, ou seja, planejar o

desenvolvimento futuro da empresa, elevar a produtividade dos fatores e aumentar a competiti-

vidade. Diante dessa situação devemos ainda:

1. Dimensionar o fluxo de caixa de cada proposta

Avaliar os fluxos de caixa;

definir a taxa de retorno

avaliar o risco.

2. Definir o motivo do investimento:

Ampliação;

reposição/modernização de ativos fixos;

arrendamento e/ou aquisição de ativos fixos.

3. E as alternativas disponíveis:

Imobilização;

mercado financeiro;

mercado de capitais.

Após estas considerações, decidiremos se buscaremos no mercado de recursos de longo

prazo, ou outras medidas, através de:

retenção de lucros (capital próprio);

deduções de juros e taxas ao prazo de descontos (entre a antecipação e o vencimento)

integralização de ações;

repasse de recursos internos (BNDES);

poupança captada no exterior por instituições financeiras nacionais (Resolução 63 - Ba-

cen);

debêntures9;

9 Entenda as famosas debêntures Por Julio Brant, InvestShop.com

Quem nunca precisou da ajuda na hora em que está apertado ou sem dinheiro? Todos sabemos as formas de se conseguir um empréstimo: através dos bancos, financeiras ou mesmo pedindo a um amigo. Mas com uma empresa a coisa não é tão simples assim. Apesar das inúmeras formas de captação - como empréstimo de instituições financeiras ou abertura de capital -, muitas em-presas optam pela emissão de debêntures na hora de buscar dinheiro no mercado, seja para investir ou para quitar dívidas. A debênture é bem parecida com uma ação. Mas, enquanto o portador de uma debênture é um credor da empresa, o acionista é um sócio. Além disso, a debênture garante ao seu comprador uma renda fixa. No caso da ação, a renda é variável. Quem adquiriu uma debênture, emprestou dinheiro e quer recebê-lo com juros. A garantia da debênture é o patrimônio da empresa. A correção desse título é feita de acordo com a taxa de juros, ou seja, uma debênture pode ser prefixada ou pós-fixada, corrigida por um indexador (exemplo: taxa de juros + IGP-M). Depen-dendo do estatuto da empresa emissora e do acordo feito com os credores, esse título pode ser considerado debênture conversível, ou seja, ela pode ser convertida em ações da empresa. As

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leasing, etc.

Uma das opções do mercado de capitais consiste na abertura do capital da empresa, que

poderá ser, então, negociado nas bolsas de valores. O mercado de ações está subdividido em:

Segmento não institucionalizado: não está sujeito a regulamentação e ao controle das

autoridades (negociação direta);

Segmento institucionalizado: é regulamentado e controlado, as negociações são feitas

por intermédio da Bolsa de Valores, compõe-se das seguintes partes:

1. Mercado primário/mercado de balcão: mercado organizado, porém sem um local deter-

minado, as negociações são realizados por telefone (operadores);

2. Mercado secundário/mercado secundário da bolsa: são efetuadas nas Bolsas de Valo-

res, mas comente com ações de empresas registradas na Bolsa de Valores e na CVM.

6.3.1 - Bolsas de valores

As Bolsas de Valores, são associações civis, sem fins lucrativos, que reinvestem seus lucros

no desenvolvimento da estrutura do mercado, através de projetos que venham contribuir para o

crescimento e consolidação do Mercado de Ações.

As instituições sócias das Bolsas de Valores são as Sociedades Corretoras de Valores. Atu-

almente existem no mercado aproximadamente 261 Sociedades Corretoras de Valores. Na Bo-

verj 77 corretoras membros e na Bovespa também 77 corretoras membros. As 107 corretoras

restantes são filiadas às demais Bolsas de Valores.

Se uma pessoa física ou jurídica desejar comprar uma Sociedade Corretora, o primeiro pas-

so será adquirir um Título Patrimonial de emissão da Bolsa, ou de uma das sociedades correto-

ras que esteja disposta a vendê-lo.

A venda do título é feita através de leilão público e o possível comprador (es) deverão apre-

sentar suas intenções de compra, a viva-voz, em público pregão, em dia e horário a ser estabe-

lecido pela Bolsa em um edital veiculado com a devida antecedência em jornal de grande circu-

lação.

As Bolsas de Valores possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa, sujeitas a

fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e as diretrizes emanadas pelo Conselho

Monetário Nacional.

regras de emissão de debêntures são sempre determinadas pela empresa, ou seja, prazo de vencimento, remuneração, conversão, todos esses pontos são negociados entre empresa emis-sora e credor.

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6.3.2 - Ações10

Ações são títulos representativos de contas (partes) em que se divide um Capital Social.

São certificados que conferem ao seu possuidor uma parcela de participação na empresa. Este

título pode ser transferido a qualquer tempo pelo proprietário e podem ser divididas em:

ordinárias: dão direito a voto, ou seja, a administração real da empresa, e suas respon-

sabilidades são de acordo com o montante de ações que possuem. Podem ser nomina-

tivas, endossáveis e escriturais.

preferenciais: não dão direito a voto, e tem prioridade no recebimento de dividendos ou

reembolso de capital, em caso de dissolução da empresa. Podem ser nominativas e

nominativas endossáveis.

No mercado de negociação, as ações são ainda subdividas de acordo com os critérios abai-

xo:

ações de primeira linha: São aquelas de grande liquidez e participação relevante em

termos de volume no mercado, sujeita e movimentos especulativos (cotações influencia-

10

Ao escolher uma ação, o investidor não deve verificar apenas liquidez e perspectivas de ga-nhos de mercado, mas também se a empresa distribui bons dividendos. Essa variável vem ga-nhando cada vez mais importância com tendência de queda dos juros. Antigamente, com juros de 40% ao ano, um dividend yield - que mede o ganho com dividendos proporcionalmente ao de mercado - de 10% não era tão relevante.

"Atualmente, com juro bem menor, um ganho de 8% ou 10% representa muito, já que podem, inclusive, render mais do que uma aplicação em renda fixa", explica o responsável pela área de investimentos do Lloyds Asset Management, Luiz Codorniz.

Segundo levantamento feito pela Economática, entre as empresas que mais pagaram dividend yield no ano passado estão Eternit (70,3%), Souza Cruz (27,4%), Ripasa (19,9%), Fosfértil (16,9%), Cesp (15,8%), Telemig (13,5%) e Copene (11,5%). Mas vale ressaltar que esse resul-tado nem sempre revela as melhores aplicações do mercado.

O economista e professor da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, Antonio Gonçalves, explica que é importante escolher papéis que oferecem diversas vantagens. "Não adianta receber exce-lentes dividendos e ficar nas mãos com um papel sem liquidez ou vice-versa, por exemplo. To-das as variáveis devem ser analisadas", explica.

O mesmo conselho é dado pelo presidente da Associação Nacional dos Investidores do Mercado de Capitais (Animec), Waldir Corrêa. "O investidor precisa observar a cotação do papel no pre-gão, a política de distribuição de dividendos, a administração da empresa e até mesmo se a em-presa está planejando novos investimentos", aconselha.

Com a melhora da economia brasileira e o crescimento das empresas, muitos investidores estão aplicando parte de seus recursos em empresas que oferecem liquidez e pagam bons dividendos como uma espécie de "hedge", ou seja, para se proteger de eventuais perdas da bolsa de valo-res.

"Se o mercado acionário continuar crescendo, o investidor ganha não só com a valorização das ações em bolsa, mas também com o pagamento de bons dividendos. Se o preço da ação cair, pelo menos ele recebe os dividendos e perde menos, ou seja, se protege", explica o analista da Máxima Asset Management, André Querne.

Já o chefe de Research do banco Brascan, Ricardo Mattei, não aconselha o investidor a esco-lher ações baseado no pagamento de dividendos. "Quando a empresa anuncia quanto de divi-dendo irá pagar, o preço da ação cai. Por exemplo, se o preço da ação é R$ 10 e a empresa diz que pagará R$ 3 de dividendo, a ação passa a valer no mercado R$ 7. Assim, o que o investidor ganha de dividendo, perde de ação", complementa.

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das principalmente por fatos macroeconômicos: consumo, resultado de câmbio, merca-

dos externos, acontecimentos políticos, entre outros), dentre as quais destacam-se as

BLUE CHIPS Telebrás (agora privatizada e subdividida), Vale do Rio Doce, Eletrobrás e

Petrobrás.

ações de segunda linha: São aquelas de boa liquidez e de participação tradicional no

mercado acionário. Geralmente são empresas com menor porte de patrimônio e menor

faturamento que as empresas cujas ações são de primeira linha. Alguns exemplos: Usi-

minas, CSN, Souza Cruz, Belgo Mineira.

ações de terceira linha: São aquelas de empresas de menor porte patrimonial em alguns

casos de menor liquidez (menor comercialização na bolsa), porém que tem potencial de

crescimento. Ex: Inepar, Lojas Americanas, Duratex.

O desempenho da Bolsa de Valores é estabelecido através de um índice específico que re-

cebe o seu nome. O índice mais conhecido no mercado é o Bovespa (quadro 3, pág. 57), da

Bolsa de Valores de São Paulo. Este índice, assim como qualquer outro, é composto por uma

determinada carteira de ações, que é reformulada ao fim de cada trimestre com base no desem-

penho apresentado. Este desempenho leva em consideração Fundos que intencionam acompa-

nhar o desempenho do “índice Bovespa” e procuram compor suas carteiras com ações que

compõe o índice. Ex: Telebrás, Petrobrás, Eletrobrás e Telesp.

6.3.3 - O Recinto das Negociações (Pregão)

Os compradores e vendedores de ações realizam suas intenções através de Sociedades

Corretoras membros, portanto, não compram da Bolsa. Eles emitem uma ordem de compra e/ou

venda a corretora, e esta se encarrega de executá-la no pregão, através de seus operadores.

O processo de negociação pode ser:

comum: quando realiza entre dois representantes no pregão;

direta: quando o mesmo operador compra e vende simultaneamente. Esta negociação é

feita por um representante da Bolsa e deve-se aguardar a manifestação de outros ope-

radores. Se houver oferta melhor, esta prevalecerá, a menos que - seja feita outra oferta

pelo primeiro proponente;

por oferta: é realizada entre dois operadores, sendo que um deles é representado pelo

posto de negociação (na Bolsa) em que deixou registrada sua oferta. Assim um opera-

dor pode simultaneamente registrar sua oferta de compra e venda e havendo algum inte-

ressado ela será fechada sem a sua presença.

O quadro 2, da página 56, apresenta o tipo de ação, o setor da economia e os dividendos

que foram pagos peãs empresas em dezembro de 2000, inclusive o dividend yield, que é o juro

sobre o capital próprio.

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Breno Xavier de Brito

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Quadro 2 - Tabela de dividendos

Dividend yield (%)

Ação Setor Dezembro de 2000 (yield %)

Eternit ON Cimento 70,3

Albarus ON Autopeças 47,9

Cofap PN Autopeças 36,6

Souza Cruz Fumo 27,4

Amazônia ON Bancos 24

Gerad Paranapanema PN Energia 22

Ripasa PN Papel Celulose 19,9

Pettenati PN Textil 17,6

Polialden PN Petroquímica 17,6

Fosfertil PN Fertilizante 16,9

Mont Aranha PN Holding 16,6

Banrisul PN Bancos 16,4

Belgo Mineira PN Siderúrgica 16,4

Renner Particip PN Holding 16,1

Forjas Taurus PN Metalúrgica 16

CEB PNA Energia 16

Cesp PN Energia 15,8

Eletropaulo metropo PN Energia 15,1

Makro ON Comércio 15

Sultepa PN Construtoras 13,8

Telemig PNB Telecomunicação 13,5

Ciquine PNA Petroquímica 13,3

Fertiza PN Fertilizante 13,2

Bardella PN Indústria Mecânica 12,9

Cach Dourada PN Energia 12,7

Grazziotin PN Comércio 12,3

Unipar PNB Petroquímica 12,3

Cedro PNB Textil 12,3

Copene PNA Petroquímica 11,5

Saint Gobain Canal PN Metalúrgica 11,3

* Fonte: Economática (www.economatica.com.br)

Dividend Yield = (Dividendos + juros s/cap próprio pagos no período de 12 meses) / Pre-ço da ação na data da amostra

Fazem parte da amostra somente ações listadas na Bolsa de SP

Cada empresa está representada somente por sua ação mais líquida (ON ou PN)

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Breno Xavier de Brito

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Quadro 3 - Carteira Teórica do Ibovespa para Janeiro a Abril/2001

Código Ação Tipo Qtde. Teórica (1) Part. (%) (2)

ACES4 ACESITA PN * 177,1261421239000 1,194 AMBV4 AMBEV PN * 0,3299485438800 0,926 ARCZ6 ARACRUZ PNB 47,3644545645500 0,907 BESP4 BANESPA PN * 6,3850438312600 3,382 BBDC4 BRADESCO PN * 40,7235158093600 3,266 BRAP4 BRADESPAR PN * 274,6900864055200 1,965 BBAS3 BRASIL ON * 4,6324533503000 0,216 BBAS4 BRASIL PN * 16,7317419308100 0,974 TCSP3 BRASIL T PAR ON * 12,0778010614400 1,414 TCSP4 BRASIL T PAR PN * 29,5057372379700 4,151 TEPR4 BRASIL TELEC PN * 13,0601083997100 1,351 TEPR12 BRASIL TELEC PN * 7,2904300446600 0,750 CLSC6 CELESC PNB 188,1229450283100 0,723 CMIG3 CEMIG ON * 0,9755347184800 0,153 CMIG4 CEMIG PN * 17,2100631644400 3,295 CESP4 CESP PN * 9,6151078220000 1,250 CPLE6 COPEL PNB* 9,4266441731600 0,975 CPNE5 COPENE PNA* 0,0794999655100 0,296 CRTP5 CRT CELULAR PNA* 0,1657193019300 0,725 ELET3 ELETROBRAS ON * 9,0915373508500 2,005 ELET6 ELETROBRAS PNB* 13,9644971609900 2,962 ELPL4 ELETROPAULO PN * 1,0255855503200 0,630 EMBR3 EMBRAER ON 11,2199569330600 1,034 EMBR4 EMBRAER PN 7,7132790534900 0,921 EBTP3 EMBRATEL PAR ON * 13,5734468415400 2,103 EBTP4 EMBRATEL PAR PN * 24,0000707790900 4,681 GRSU3 GERASUL ON * 10,5767654742700 0,188 COGU4 GERDAU PN * 6,9921587200100 0,816 PLIM4 GLOBO CABO PN 600,7662896212600 8,096 INEP4 INEPAR PN * 29,6955453441400 0,588 PTIP4 IPIRANGA PET PN * 2,5566583599100 0,258 ITAU4 ITAUBANCO PN * 1,4877238560000 1,658 ITSA4 ITAUSA PN 127,9364436399800 1,535 KLAB4 KLABIN PN 39,1482549068100 0,340 LIGH3 LIGHT ON * 0,4102430040600 0,584 PETR3 PETROBRAS ON 10,5602639440800 3,283 PETR4 PETROBRAS PN 29,7393626864500 8,805 BRDT4 PETROBRAS BR PN * 2,5969018059600 0,480 SBSP3 SABESP ON * 0,7651140865500 0,868 CSNA3 SID NACIONAL ON * 2,8057662699800 1,068 CSTB4 SID TUBARAO PN * 4,5583045613900 0,617 CRUZ3 SOUZA CRUZ ON 8,3432904192400 0,459 TCSL3 TELE CL SUL ON * 22,7762669657800 0,654 TCSL4 TELE CL SUL PN * 41,8111879136000 1,359 TCOC4 TELE CTR OES PN * 31,6702749127900 1,441 TLCP4 TELE LEST CL PN * 94,2327845052000 0,808 TNEP4 TELE NORD CL PN * 38,8824157139100 1,034 TNLP3 TELEMAR ON * 7,8628860559900 1,678 TNLP4 TELEMAR PN * 35,4410429475400 9,917 TMCP4 TELEMIG PART PN * 22,7300338604100 0,786 TERJ4 TELERJ PN * 1,5842113007600 0,552 TLPP4 TELESP PN * 4,1740746720100 0,659 TSPP4 TELESP CL PA PN * 28,1722249819900 3,762 TRPL4 TRAN PAULIST PN * 14,5391357286200 0,660 USIM5 USIMINAS PNA 18,7421873578300 1,129 VCPA4 V C P PN * 1,2836157348000 0,451 VALE5 VALE R DOCE PNA 11,4729121935600 3,221

Quantidade Teórica Total 2.190,41569269141 100,000 (*) Cotação por lote de mil ações (1) Quantidade Teórica válida para o período de vigência da carteira, sujeita a alterações somente no caso de distribuição de proventos (Dividendo, Bonificação e Subscrição) pelas empresas. (2) Participação relativa das Ações da Carteira, divulgada para a abertura dos negócios do dia 11/01/2001, sujeita a alterações em função das evoluções dos preços desses papéis.

6.3.4 - Mercado a termo

É a operação em que o comprador e o vendedor formalizam um contrato de compra e venda

de um ativo financeiro para liquidação futura com preço e prazo pré-determinados no presente.

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Breno Xavier de Brito

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O objetivo de quem opera no Mercado a Termo é o de assegurar um preço satisfatório tanto

para a compra como para a venda do ativo.

No caso de compra a Termo, o investidor acredita que os ativos que ele deseja adquirir es-

tão com o preço subavaliados (baixos) no Mercado à Vista.

O mesmo raciocínio pode ocorrer para quem vende os ativos a Termo. O investidor acredita

que o preço da venda a Termo está superavaliado (caro) em relação ao preço do Mercado á

Vista.

As operações a Termo são contratados por prazos determinados, entre comprador e vende-

dor, para liquidação futura e a um preço fixo.

Todas as ações aceitas para negociação em Bolsa podem ser objeto de um contrato a Ter-

mo.

6.3.5 - Mercado futuro de ações

No mercado futuro, o investidor pode comprar ou vender ativos financeiros para entrega fu-

tura, numa data de vencimentos pré-determinada. Há vencimentos em aberto para todos os me-

ses. Os vencimentos serão sempre nas terceiras segundas-feiras de cada mês.

Para entrar numa posição a futuro, o investidor não paga nada. Ele apenas deverá fazer um

depósito de margem diariamente, de acordo com a flutuação das cotações, pagar ou receber

ajustes diários, que nada mais são do que uma antecipação do resultado. O valor reduzido da

margem permite ao investidor assumir posições com um desembolso inicial menor, suficiente

para cobrir os seus riscos.

Durante a vigência do contrato, o investidor pode aumentar ou diminuir sua posição, negoci-

ando contratos no mercado, independentemente da contraparte inicial. Ele assim fica livre para

ajustar sua posição ou estratégia em decorrência da evolução das condições de mercado.

No vencimento, as posições em aberto remanescentes devem ser liquidadas por entrega, is-

to é, são liquidadas mediante a transferência de ações do vendedor para o comprador e de di-

nheiro do comprador para o vendedor, pelo último preço de ajuste do mercado.

Em uma operação a futuro, o investidor pode assumir uma posição compradora, de um con-

trato a futuro, ou uma posição vendedora de um contrato a futuro, da ação de uma empresa “x”

podendo assumir a posição de vendedor coberto ou vendedor a descoberto.

Caso o investidor comprador a futuro deseje sair de sua posição compradora, basta ele rea-

lizar uma operação de venda a futuro da mesma ação para a mesma data (operação inversa),

zerando sua posição e apurando Lucro ou Prejuízo na operação.

O mesmo ocorre com o vendedor a Futuro, que para sair de sua posição vendedora desco-

berta, tem que realizar uma operação de compra a Futuro, da mesma ação, para a mesma data

(operação inversa), zerando a sua posição e apurando Lucro ou Prejuízo na operação.

O vendedor coberto, pode adotar o mesmo procedimento ou liquidar a operação na data do

vencimento.

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Breno Xavier de Brito

60

6.3.6 - Mercado de opções de ações

É o mercado onde não se negociam ações e sim direitos sobre elas. São direitos de uma

parte comprar ou vender a outra, até determinada data, uma quantidade de ações a um preço

pré-estabelecido. Neste mercado podem ser negociadas Opções de Compra e Opções de Venda

de Ações.

6.3.7 - Principais títulos no mercado de capitais

As opções de investimento estão normalmente distribuídas em dois mercados: renda fixa e

variável. A diferença básica entre os dois é que na renda fixa os índices que irão corrigir o inves-

timento são conhecidos (taxa de juros pré-fixada mais taxa pós-fixada de domínio público tais

como TR, IGPM, TBF), enquanto na renda variável a correção segue os preços de mercado (a-

ções, ouro, variação cambial).

6.3.7.1 - Mercado de Renda Fixa

É o mercado mais tradicional, sendo que sua remuneração visa basicamente:

proteger o capital investido dos efeitos da inflação;

proporcionar um pequeno ganho adicional.

Os principais papéis negociados neste mercado são Títulos Públicos Federais e Estaduais,

CDB, CDI11

e Debêntures, podendo realizar expectativas de investimento de curto, médio e lon-

go prazos.

11

Certificado de Depósito Interbancário - CDI Por Julio Brant, InvestShop.com

O Certificado de Depósito Interbancário, CDI, é um certificado utilizado para firmar operações entre bancos. A taxa média diária do CDI é utilizada como parâmetro para avaliar a rentabilidade de fundos, como os DI, por exemplo. “O CDI é utilizado para avaliar o custo do dinheiro negocia-do entre os bancos, no setor privado”, explica Antonio Carlos Scaresi, analista da área de Tesou-raria do Bradesco. Como o CDB (Certificado de Depósito Bancário), essa modalidade de aplica-ção pode render taxa pré-fixada ou pós-fixada. Como o CDI quantifica o custo do dinheiro para os bancos em um determinado dia, ele é utilizado pelo mercado como parâmetro para fun-dos de renda fixa e DI. “Quando o gestor informa ao investidor que um fundo rende 95% do CDI, isso significa que, ao calcular essa percentagem, o investidor poderá saber quanto rendeu ou rende o fundo”, diz Scaresi. Portanto, ele pode ser considerado um parâmetro para esses fun-dos, que têm em sua composição grande parte de títulos pós e prefixados. Segundo Scaresi, o CDI é usado também como parâmetro para operações de Swap (contrato de troca de qualquer tipo, seja ele de moedas, commodities ou ativos financeiros), na Bolsa de Mer-cadoria & Futuros (BM&F) para o ajuste diário do DI futuro. Apesar de o CDI poder ser usado como parâmetro para mostrar a rentabilidade de alguns tipos de fundos de investimento, Scaresi avisa que é fundamental que o investidor conheça a compo-sição do fundo para saber que influência tem no desempenho do investimento. “Nos fundos cambiais ou derivativos, por exemplo, o CDI não tem influência nenhuma”, diz.

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Breno Xavier de Brito

61

É um mercado de baixo risco e dá origem a investimentos conservadores.

A principal característica dos CDB é o fato de ser nominativo endossável, que constitui-se

em promessa de pagamento a ordem, de importância nominal acrescida de rendimentos. Já o

RDB é nominativo intransferível.

6.3.7.2 - Mercado de Renda Variável

Suas principais “mercadorias” são as ações negociadas em bolsas de valores. Oferece pos-

sibilidade de obtenção de grandes rentabilidades, o risco, por outro lado, é alto.

6.3.8 - Fundos de Investimento

O fundo de investimento é uma concentração de recursos financeiros fracionados em cotas,

captados de pessoas física nacionais ou estrangeiras e jurídicas nacionais, e destinados a apli-

cação em títulos públicos e privados, e/ou outros ativos financeiros, tais como ouro, ações e

mercados futuros.

Existem vários tipos de fundos disponíveis no mercado, todos administrados por instituições

financeiras (bancos, corretoras ou distribuidoras), que cobram pelo seu serviço uma taxa de ad-

ministração e/ou perfomance.

Cada fundo tem um regulamento, registrado em cartório, que contém todas as informações

sobre o seu funcionamento. Ele deve estar disponível para todos os quotistas. As principais in-

formações que constam neste regulamento são:

identificação do administrador do fundo e suas responsabilidades;

política de investimentos;

composição básica da carteira (onde podem ser aplicados os recursos captados dos in-

vestidores, quais os limites para a aplicação em determinados papéis, etc...);

forma de apuração do valor das cotas;

prazos para resgates e aplicações;

periodicidade do crédito dos rendimentos aos investidores (por exemplo: de 30 em 30 ou

60 em 60 dias, atualmente todos os fundos tem rentabilidade diária);

qual taxa de administração ou performance será cobrada pelo administrador por seus

serviços.

O quadro 4, da página 61, apresenta alguns fundos do investimento oferecidos pelo HSBC

a seus clientes, com as características descritas acima.

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Breno Xavier de Brito

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Quadro 4 – Exemplos de fundos de investimento e suas características

Defensivo Conservadores Agressivos Produtos CDB/RDB FAQ R.F. FAQ Cambial Fundo Ações FIQ Ações Plus

Público-Alvo

Investidores que procuram nego-ciar a rentabili-dade e o prazo de suas aplica-ções

Investidores que desejam aplicar recursos em investimentos de Renda Fixa com expectativa de risco e retor-no superiores aos fundos DI, no médio e longo prazo

Investidores que buscam prote-ção contra vari-ações da taxa de câmbio (R$ contra US$ comercial)

Investidores que aceitam as flutuações (posi-tivas/negativas) do mercado acionário, em busca de uma rentabilidade próxima a do índice Bovespa Médio

Investidores que aceitam varia-ções muita elevadas (posi-tivo/negativas) em seus inves-timentos, em busca de uma melhor rentabi-lidade a longo prazo

Carteira

Títulos nomina-tivos pré ou pós-fixados de Renda fixa de emissão do HSBC, em que a taxa e o prazo são negociados no momento da aplicação

Quotas de FIF que tenham carteira com-posta por títulos ou operações de renda fixa, protegidas ou não de variação cambial. Pode apresentar variações nega-tivas nas quo-tas.

Qutoas de FIF que tenham carteira com-posta por títulos de Renda Fixa com cláusula de correção cam-bial ou protegi-dos pelo uso de derivativos. Pode apresen-tar variações negativas em função da taxa de juros sobre o dólar.

Composta por ações que inte-gram o índice Bovespa. Não será feito o uso de mercados derivativos como forma de proteção das flutuações do mercado, po-dendo ser usa-do com o objeti-vo de melhorar a aderência em relação a do índice Bovespa.

Objetivo de potencializar a rentabilidade, investimento em ações de em-presas com alto potencial de valorização e em operações no mercado futuro e de opções de a-ções. O admi-nistrador poderá executar opera-ções de alavan-cagem do fun-do.

Cálculo dos rendimentos

Mensal, com crédito no ven-cimento

Diário Diário Diário Diário

Indicado para

prazo mínimo de 30 dias e prazo máximo de 360 dias

médio prazo médio prazo longo prazo longo prazo

Taxa de admi-nistração

não tem 3% ao ano. 3% ao ano. 4% ao ano 4% ao ano

Imposto de Renda (sobre o rendimento bruto)

20% 20% 20% 10% 10%

Conversão em cotas

não tem

Quando da aplicação, o seu valor é trans-formado em quotas pelo valor da quota da data.

Quando da aplicação, o seu valor é trans-formado pelo valor da quota da data.

Idem Idem

De acordo com a revista EXAME em Os Melhores Fundos de Investimento de 1999, no final

de junho do ano citado, existiam no Brasil 2.667 fundos, cujo patrimônio atingia 175,9 bilhões de

reais, o equivalente a 19,5% do PIB. Segundo a publicação, um dos bons motivos para esta mo-

dalidade de aplicação deve-se a sua simplicidade, permitindo que qualquer um possa aplicar nas

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Breno Xavier de Brito

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diferentes modalidades de investimento, mesmo as mais sofisticadas. Por serem organizados

como uma espécie de condomínio, os fundos reúnem mais poder de fogo para atuar em nome

dos investidores no mercado.

A caderneta de poupança totalizava em investimentos, em junho, 112 bilhões de reais de

depósitos, basicamente composto de pessoas físicas, não de empresas. Já a poupança para

aposentadoria, ou fundos de pensão, estima-se atualmente em 80 bilhões de reais.

A pesquisa indicou ainda que aproximadamente 87% dos recursos aplicados em fundos de

investimento estão concentrados em renda fixa.

A CVM regula a administração de carteiras e de fundos de ações, e o Banco Central regula

os fundos de renda fixa. As novas normas que estão sendo criadas por estas autoridades visam

que os administradores criem empresas totalmente independente para gerir os recursos da clien-

tela, acabando com a relação entre os gestores de fundos e as tesourarias dos bancos. Abaixo

vemos alguns tipos de fundos de investimento oferecidos pelo HSBC a seus clientes e suas prin-

cipais características.

6.4 - Mercado de câmbio

É o mercado que envolve a negociação de moedas estrangeiras e as pessoas interessadas

em movimentar essas moedas. No Brasil, as operações de câmbio não podem ser praticadas

livremente e devem ser conduzidas através de um estabelecimento bancário autorizado a operar

em câmbio.

Os elementos que participam do mercado de câmbio são divididos em:

produtores de divisas: exportadores, devedores de empréstimos e investimentos, turis-

tas estrangeiros, destinatários de transferências do exterior.

receptores de divisas: importadores, devedores de empréstimos que remetem ao exte-

rior o principal e os juros, os tomadores de investimentos que remetem ao exterior os

rendimentos do capital investido (lucros/dividendos), os que fazem transferências para o

exterior.

Pelo sistema brasileiro, as divisas são monopólio do Estado, que é representado pelo Ban-

co Central, o qual estabelece as condições pelas quais um banco pode operar em câmbio:

Os bancos deverão comprovar que desfrutam de linhas de crédito concedidas por banquei-

ros estrangeiros, até determinados limites que lhes permitam sacar a descoberto.

Os bancos podem comprar e vender moedas estrangeiras, mas, ao final do dia, o saldo de-

verá situar-se dentro dos limites permitidos de posições compradas e vendidas.

O mercado de câmbio no Brasil está oficialmente divido em:

Mercado de Câmbio de Taxas Livres (Dólar Comercial): Instituído pela Resolução

1.690, de 18/03/90, do CMN e destinado às operações de câmbio em geral, enquadran-

do-se neste segmento as operações comerciais de exportação/importação e as opera-

ções financeiras de empréstimos e investimentos externos bem como o retorno ao exte-

rior da remuneração destas operações.

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Breno Xavier de Brito

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Mercado de Câmbio de Taxas Flutuantes (Dólar Flutuante): Instituiído pela Resolu-

ção 1.552, de 22/12/88, do CMN, legitimando um segmento de mercado que era até en-

tão considerado ilegal, enquadrando neste segmento as operações de compra e venda

de câmbio a clientes e outras operações entre instituições financeiras como definidas

pelo BC.

Estas operações são, basicamente, a troca (conversão) da moeda de uma país pela de ou-

tro. Em relação ao estabelecimento operador, elas se classificam como:

compra: recebimento de moeda estrangeira contra entrega de moeda nacional;

venda: entrega de moeda estrangeira contra recebimento de moeda nacional;

arbitragem: entrega de moeda estrangeira contra recebimento de outra moeda estran-

geira.

As necessidades destas conversões podem surgir em função de:

exportação: venda ao exterior de mercadorias e serviços com preço ajustado para pa-

gamento em moeda estrangeira;

importação: compra de mercadorias e serviços com preço ajustado para pagamento

em moeda estrangeira;

transferências: movimentação financeira de capitais de entrada ou saída do país.

Todas as operações de câmbio tem um enorme reflexo sobre o balanço de pagamentos, vis-

to que este é o resultado do somatório destas operações. Este balanço é o registro sistemático

de todas as transações econômicas que os residentes no país fazem com o resto do mundo

durante o período anual, não levando em conta o ocorrido nos outros anos. Pode ser exemplifi-

cado como um livro caixa.

A Resolução 63 de 21 de agosto de 1967, do Banco Central, que regulamenta os emprés-

timos do credor internacional a um banco estabelecido no Brasil, que por sua vez repassa os

recursos às empresas brasileiras, estabelece os movimentos dos capitais estrangeiros das se-

guintes formas:

empréstimos: sua característica básica é a de ser um capital transitório e restituível;

investimentos: consistem no chamado capital fixo ou capital de risco;

financiamentos: estão relacionados à compra ou venda de mercadorias, bens ou má-

quinas a médio ou longo prazo, vinculando-se, portanto, à exportação ou importação.

O controle da movimentação de divisas é um controle feito pelo BC, cujo objetivo principal é

evitar sua evasão, ou seja, que a moeda permaneça no exterior em nome de terceiros, em de-

trimento do país.

Nossa legislação proíbe o uso de moedas estrangeiras nas transações internas, bem como

o seu depósito em contas correntes junto aos bancos do país. Por este motivo, os pagamentos

e recebimentos relativos às operações cambiais são efetuados entre estabelecimentos

bancários, sem que ocorra transferência física da moeda.

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Breno Xavier de Brito

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As principais linhas de negociação neste mercado são: o Finamex; o Proex; as Export No-

tes; as Debêntures Cambiais e as Cartas de Crédito. Outra linha de crédito bastante utilizada

são os chamados ACC/ACE, que são adiantamentos sobre contratos de exportação.

Exercícios

01) Provão 1996 - 0 mercado de capitais tem o papel de canalizar as poupanças dos empresta-

dores de última instância (famílias, empresas, etc.) para os tomadores de última instância (con-

sumidores, empresas produtivas, Governo, etc.) e é formado por um amplo sistema de Bolsas de

Valores e instituições financeiras, operando na compra e venda de papéis (ações, títulos da dívi-

da pública, etc.) a longo prazo.

Quais as vantagens e as dificuldades das empresas na utilização do mecanismo de capta-

ção de recursos através de Bolsa de Valores, para sua capitalização e expansão das suas ativi-

dades?

DISCIPLINAS/CONTEÚDOS ENVOLVIDOS NA QUESTÃO

Administração Financeira e Orçamentária. Teorias de Administração, Economia, contabilida-

de e Direito.

HABILIDADES AFERIDAS

Comunicação e expressão corretas na interpretação da realidade; raciocínio lógico, crítico e

analítico para operar com valores e estabelecer relações com diferentes contextos organizacio-

nais e sociais; compreensão do todo administrativo e suas relações com o ambiente externo;

capacidade de ordenar atividades e programas, de decidir entre alternativas, de identificar e di-

mensionar riscos.

02) Provão 2000 - A Construtora Amapá esperava obter R$ 3,00 de lucro por ação no ano de 1999. Essa

expectativa baseava-se na análise da tendência dos lucros históricos da empresa, e nas condições esperadas

na economia e na indústria. O índice médio preço/lucro para empresas do mesmo setor é 5. Supondo que os

investidores aceitem essas informações como adequadas, o valor das ações da empresa é, em reais, de:

(A) 0,60 (B)1,67 (C) 3,00 (D) 5,00 (E)15,00

03) Provão 2001 - A Agropecuária Petrolina S/A teve lucros por ação de R$ 6,00 no ano passado

e pagou dividendo de R$ 3,00 por ação. Os lucros retidos totais aumentaram em 30 milhões de

reais durante o ano, enquanto o valor patrimonial por ação no fim do ano foi de R$ 50,00. A

Companhia não tem ações preferenciais e nenhuma nova ação foi emitida durante o ano. Se a

dívida de fim de ano da Petrolina foi de 500 milhões de reais, o índice de endividamento (Dívi-

da/Ativos) de fim de ano para com os ativos da empresa é:

(A) 0,0 (B) 0,5 (C) 0,6 (D) 1,0 (E) 2,0

04) Defina títulos de crédito.

05) O que são títulos nominais, ao portador e a ordem?

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06) Explique mercado de recursos para financiamento de médio e longo prazo .

07) O que é política de investimentos ?

08) Explique:

dimensionar o fluxo de caixa de cada proposta;

definir o motivo do investimento;

as alternativas disponíveis.

09) Como está subdividido o mercado de ações. Explique.

10) O que são Bolsas de Valores?

11) O que são ações? Como elas se dividem.

12) Explique as diferenças entre os tipos de ações (capital social).

13) Como são classificadas as ações no mercado de negociação? Por que?

14) Como é estabelecido o desempenho da Bolsa de Valores? Explique.

15) Defina pregão? Quais os processos de negociação existentes?

16) O que é mercado a termo de ações?

17) O que é mercado futuro de ações?

18) O que é mercado de opções de ações?

19) O que são títulos de renda fixa e variável? Cite dois exemplos de cada.

20) Explique o que são fundos de investimento? Qual o seu objetivo?

21) Cite e explique três componentes do regulamento dos fundos de investimento?

22) Quais autoridades monetárias são responsáveis pela fiscalização dos fundos de investimen-

to? Por que?

23) O que é perfil do investidor? Qual a classificação mais usualmente utilizada?

24) O que é mercado de câmbio? E produtores e receptores de divisas?

25) Explique mercado de câmbio de taxas livres (dólar comercial).

26) Cite e explique as operações de compra e venda de câmbio.

27) Qual a origem da necessidade das operações de compra e venda de câmbio? Explique.

28) Cite e explique os movimentos de capitais estrangeiros regulamentados pelo Banco Central.

29) Podemos utilizar moeda estrangeira em transações internas? Explique.

30) O que é uma linha de crédito? Cite quatro exemplos para as exportações.

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12 - GLOSSÁRIO RESUMIDO

Acionista. Titular de ações de uma empresa

Ágio. Se uma obrigação estiver sendo negociada acima de seu valor de face, diz-se que está

sendo negociada com ágio.

Amortização. Devolução de um empréstimo em parcelas.

Análise de cenários. Análise do efeito de diversos cenários sobre o projeto, cada cenário envol-

vendo uma dada combinação de fatores.

Análise de crédito. O processo utilizado para determinar se um solicitante de crédito alcança os

padrões exigidos pela empresa, bem como o montante de crédito que o solicitante deve receber.

Ativos. Qualquer propriedade da empresa.

Balanço. Uma demonstração financeira indicando o valor contábil de uma empresa numa certa

data. Reflete a equação Ativos = Passivos + Patrimônio Líquido.

Capital próprio. Investimento de acionistas preferenciais e ordinários na propriedade de uma

empresa. Também igual a ativo total menos passivo total, ou patrimônio líquido.

Captar. Obter ou receber dinheiro por empréstimo, com a promessa ou o entendimento de de-

volvê-lo.

Carteira. Posição combinada em mais de uma ação, obrigação, ativo imobiliário ou qualquer

outro por um investidor.

Certificados de depósito. Empréstimo a curto prazo a bancos comerciais.

Ciclo de caixa. Em geral, o tempo entre desembolso e recebimento. Na administração do capital

de giro líquido, pode ser considerado igual ao ciclo operacional menos o período de pagamento

de fornecedores.

Compensação. A troca de cheques e o equilíbrio de contas entre os bancos.

Contabilidade fiscal. Contabilidade feita pela administração da empresa para a Receita Federal

(IRS), de acordo com as normas desta última. A contabilidade societária obedece às normas da

Comissão de Padrões de Contabilidade Financeira.

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Contas a pagar. Dinheiro devido pela empresa aos fornecedores.

Contas a receber. Dinheiro devido à empresa pelos clientes.

Credor. Pessoa ou instituição titular da dívida de um indivíduo ou empresa.

Cupom. Os juros nominais de um instrumento da dívida.

Custo de oportunidade. A alternativa mais valiosa sacrificada. A taxa de retorno utilizada no

cálculo do VPL é uma taxa de juros de oportunidade.

Custo fixo. Um custo cujo valor total não varia de um dado período e para certos níveis de ativi-

dade. Não depende do volume de bens e serviços produzidos durante o período.

Custo variável. Um custo que varia diretamente com o volume de atividade e é igual a zero

quando a produção é nula.

Debênture. Uma obrigação sem garantia real, geralmente com prazo de pelo menos 15 anos.

Uma obrigação apoiada no crédito geral da empresa emitente.

Decisões de investimento mutuamente excludentes. Decisões de investimentos nas quais a

aceitação de um projeto impede a aceitação de um ou mais projetos alternativos.

Déficit. O montante pelo qual uma soma em dinheiro é inferior ao montante exigido; uma dife-

rença positiva entre passivos e ativos, entre prejuízos e lucros, ou entre despesas e receitas.

Demonstração de resultado. Relatório financeiro que sintetiza o desempenho de uma empresa

durante um certo período.

Depreciação. Uma despesas não desembolsada, tal como o custo de instalações ou equipa-

mentos, lançada contra os lucros para amortizar o custo de um ativo ao longo de sua vida útil

estimada.

Dívida. Acordo de empréstimo que se constitui em exigibilidade da empresa. Uma obrigação de

pagar uma quantia estipulada numa certa data.

Emissão pública. Venda de títulos ao público.

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Estoque. Um ativo circulante, formado por matéria-prima a ser utilizada na produção, bens em

elaboração e produtos acabados.

Estrutura de capital. A combinação de diversas modalidades de capital de terceiros e capital

próprio por uma empresa. Também chamada estrutura financeira. O conjunto de títulos usados

por uma empresa para financiar suas atividades de investimento; as proporções relativas de

dívida a curto prazo, dívida a longo prazo e capital próprio.

Factoring. Venda das contas a receber de uma empresa a uma instituição financeira conhecida

como factor.

Falência. Estado de incapacidade de pagamento de dívidas. Assim, a propriedade dos ativos da

empresa é transferida dos acionistas aos credores.

Fatura. Documento emitido por um vendedor de bens ou serviços e apresentada ao comprador.

Float. A diferença entre caixa em conta bancária e caixa na contabilidade da empresa.

Fluxo de caixa. Caixa gerado pela empresa e pago aos credores e acionistas. Pode ser classifi-

cado em (1) fluxo de caixa das operações, (2) fluxo de caixa de variações do ativo imobilizado e

(3) fluxo de caixa de variações de capital de giro líquido.

Fluxo de caixa das operações. Lucro antes de juros e depreciação menos impostos. Mede o

montante de dinheiro gerado pelas operações, ignorando os gastos de investimento ou as ne-

cessidades de capital de giro.

Fluxo de caixa depois de juros e impostos. Lucro líquido mais depreciação.

Fluxo nominal de caixa. Um fluxo de caixa expresso em termos nominais, caso sejam conheci-

dos os montantes efetivos a serem recebidos (ou pagos).

Fluxo real de caixa. Um fluxo de caixa é expresso em termos reais se o poder corrente de com-

pra do fluxo de caixa, isto é, na data 0, é dado.

Fluxo total de caixa da empresa. Entrada total de caixa menos saída total de caixa.

Fluxos de caixa incrementais. Diferença entre os fluxos de caixa de uma empresa com e sem

um projeto.

Hedge de compra. Proteção do custo futuro de uma compra mediante a aquisição de um con-

trato futuro para compensar as variações desfavoráveis do preço de um ativo.

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Hedge de venda. Proteção do valor de um ativo com a venda de um contrato futuro.

Hedging. Assumir uma posição em dois ou mais títulos negativamente correlacionados (assumir

posições contrárias) para reduzir risco.

Inflação. Um aumento da quantidade de moeda em circulação, resultando numa queda de seu

valor e no aumento de preços.

Investidores. Acionistas e obrigacionistas.

Juros compostos. Jur0s que são calculados tanto sobre o principal inicial quanto sobre os juros

auferidos sobre o principal inicial em períodos anteriores. Os juros obtidos num período na ver-

dade passam a fazer parte do principal, num período seguinte.

Juros simples. Juros calculados considerando-se somente o capital original.

Juros sobre juros. Juros auferidos sobre o reinvestimento de cada pagamento de juros sobre o

dinheiro aplicado.

Letra do Tesouro. Dívida de curto prazo com deságio, com vencimento em menos de um ano.

As letras do Tesouro são emitidas semanalmente pelo governo federal e são virtualmente livres

de risco.

Liquidação. Encerramento de uma empresa. A liquidação envolve a venda dos ativos da em-

presa pelo seu valor residual. Os resultados da venda, depois de descontados os custos de tran-

sação, são distribuídos aos credores segundo a ordem de prioridade estabelecida.

Liquidez. Refere-se à facilidade e rapidez com as quais os ativos são convertidos em dinheiro.

Também conhecida como negociabilidade.

Liquidez contábil. A facilidade e a rapidez com as quais os ativos podem ser transformados em

dinheiro.

Lucro tributável. Lucro bruto menos uma série de deduções.

Lucros retidos. Lucros não distribuídos como dividendos.

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Margem de contribuição. Montante contribuído por unidade de produto, como um motor de

avião a jato, ao lucro do projeto depois do imposto de renda; (Preço de venda - Custo variável) x

( 1 - Tc), onde Tc é a alíquota do imposto de renda da empresa.

Margem de lucro. Lucro dividido por receita operacional total. A margem de lucro líquido (lucro

líquido dividido por receita operacional total) e a margem de lucro bruto (lucro antes de juros e

impostos dividido pela receita operacional total) refletem a capacidade da empresa de produzir

um bem ou serviço a um custo mais alto ou mais baixo.

Mercado de balcão. Uma rede informal de corretores e distribuidores que negociam vendas de

títulos (não se trata de uma bolsa no sentido formal).

Mercado de câmbio. Mercado no qual se negocia hoje a troca futura das principais moedas;

utilizado para se proteger contra riscos de variações significativas de taxas de câmbio.

Mercado de leilão. Um mercado no qual todos os negociantes de um certo bem se reúnem num

local para comprar ou vender um ativo. A Bolsa de Valores de New York é um exemplo de tal

tipo de mercado.

Mercado primário. Mercado no qual são oferecidas emissões de novos títulos ao público.

Mercado de capitais. Mercados financeiros de dívidas de longo prazo e ações.

Mercados financeiros. Mercados que lidam com fluxos de caixa no tempo, nos quais a poupan-

ça de emprestadores é alocada às necessidades de financiamentos de tomadores.

Mercados monetários. Mercados financeiros de títulos de renda fixa com prazo inferior a um

ano.

Mercados secundários. Mercado, de bolsa ou balcão, no qual são negociados títulos já existen-

tes.

Negócio a termo. Um acordo de compra ou venda, envolvendo taxas de câmbio estabelecidas

hoje para liquidação no futuro.

Negócio a vista. Um acordo quanto à taxa de câmbio de hoje para liquidação em dois dias.

Nota. Dívida não garantida, geralmente com prazo de vencimento inferior a 15 anos.

Nota promissória. Promessa de pagamento por escrito.

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Obrigação. Uma dívida de longo prazo de uma empresa. No sentido comum, o termo se refere

tanto a dívidas com garantia real quanto a dívidas sem garantia real.

Oferta pública inicial (OPI). A venda original dos títulos de uma empresa ao público. Também

conhecida como emissão de títulos não amadurecidos.

Oferta pública. Um lançamento de títulos vendidos a todos os investidores interessados.

Opção. Um direito - mas não uma obrigação - de comprar ou vender ativos-objeto a um preço

fixo durante um período determinado.

Orçamento de caixa. Uma previsão de recebimentos e pagamentos esperados por uma empre-

sa no ano seguinte. É uma ferramenta de planejamento financeiro a curto prazo.

Orçamento de capital. Planejamento e gestão de gastos com ativos de longa duração.

Passivos circulantes. Obrigações que se espera exigirem pagamento dentro de um ano ou no

período do ciclo operacional.

Patrimônio líquido. Os direitos residuais dos acionistas sobre os ativos da empresa, calculado

subtraindo-se o passivo total do ativo total.

Prejuízo operacional líquido. Perdas que uma empresa pode aproveitas para reduzir impostos.

Previsão de vendas. Um subsídio vital para o processo de planejamento financeiro da empresa.

As previsões externas de vendas baseiam-se em experiência passada, análise estatística e na

consideração de diversos fatores macroeconômicos; as previsões internas de vendas são obti-

das de fontes internas, tais como estimativas de vendedores.

Principal. O valor de uma obrigação a ser pago no vencimento. Também conhecido como valor

face ou valor par.

Prioridade. A ordem de pagamento. No caso de falência, deve haver pagamento aos titulares de

dívidas prioritárias antes de que os titulares de dívidas subordinadas recebam qualquer coisa.

Procuração. Uma outorga de autoridade pelo acionista transferindo seus direitos de voto a outra

pessoa.

Recibo de depósito. Um instrumento evidenciando que o devedor conserva o estoque em nome

do credor.

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Recibo de Depósito Americano (ADR). Um título emitido nos Estados Unidos, representando

ações de empresa estrangeira, para permitir que essas ações sejam negociadas nos Estados

Unidos.

Retorno. Lucro sobre investimento de capital ou em títulos.

Retorno esperado. Média de retornos possíveis, ponderada pelas suas probabilidades.

Retorno no período de investimento. A taxa de retorno durante um certo período.

Risco de inadimplência. A possibilidade de que os juros ou o principal não sejam pagos na

data estabelecida e no montante prometido.

Risco de mercado. Risco sistemático. Este termo enfatiza o fato de que o risco sistemático in-

fluencia, de alguma forma, todos os ativos existentes no mercado.

Risco de taxa de juros. A possibilidade de que uma mudança da taxa de juros resulte na varia-

ção do valor de um título.

Risco diversificável. Um risco que afeta especificamente um único ativo ou um pequeno grupo

de ativos. Também conhecido como risco específico ou não sistemático.

Risco financeiro. O risco adicional assumido pelos acionistas da empresa quando a empresa é

financiada tanto com capital de terceiros quanto capital próprio.

Risco operacional. O risco assumido pelos acionistas, quando a empresa é financiada somente

com capital próprio.

Risco sistemático. Qualquer risco que afeta um grande número de ativos, cada um deles em

grau maior ou menor. Também conhecido como risco de mercado ou risco comum.

Sociedade. Forma de organização de empresas na qual duas ou mais pessoas formam uma

empresa. Numa sociedade geral, cada sócio é responsável pelas dívidas da sociedade. A socie-

dade limitada permite a alguns sócios ter responsabilidade limitada.

Swap. Troca entre dois títulos ou moedas. Um tipo de swap envolve a venda (ou compra) de

uma moeda estrangeira com um acordo simultâneo de recompra (ou venda) da mesma moeda.

Taxa de câmbio. Preço de troca da moeda de um país pela de outro país.

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Taxa de câmbio a termo. A taxa de câmbio entre duas moedas numa data futura.

Taxa de desconto. Taxa utilizada para calcular o valor presente de fluxos de caixa futuros.

Taxa de juros. O preço pago por tomar dinheiro emprestado. É a taxa de troca de poder de con-

sumo corrente por poder de consumo futuro, ou o preço de dólares correntes em termos de dóla-

res futuros.

Taxa nominal de juros. Taxa de juros não ajustada pela inflação.

Títulos hipotecários. Uma dívida garantida por uma hipoteca sobre ativos reais do tomador.

Underwriter. Um banco de investimento que compra uma emissão de títulos da empresa emi-

tente e a revende aos investidores.

Underwriting com melhores esforços. Um lançamento de títulos no qual o underwriter concor-

da em distribuir tanto quanto possível e devolver quaisquer títulos não vendidos ao emitente.

Underwriting com spread. Diferença entre o preço de compra do underwriter e o preço do lan-

çamento. O spread é uma remuneração pelo serviço do comsórcio de underwriting.

Underwriting por compromisso firme. Uma operação de underwriting na qual o banco de in-

vestimento se compromete a adquirir toda a emissão e assume toda a responsabilidade financei-

ra pelas ações não vendidas.

Underwriting standby. Um acordo mediante o qual um underwriter concorda em comprar

quaisquer ações que não sejam adquiridas pelo público investidor.

Valor de face. Valor de uma obrigação que aparece na frente do certificado. Também chamado

valor par ou principal.

Valor de mercado. O preço ao qual compradores e vendedores negociam os ativos de uma

empresa.

Valor do dinheiro no tempo. Preço ou valor atribuído ao tempo. O valor do dinheiro no tempo

reflete o custo de oportunidade de aplicar a uma taxa livre de risco. Esta certeza de dispor de

uma dada quantia hoje vale mais do que a certeza de uma quantia idêntica numa data posterior,

porque o dinheiro pode ser aplicado produtivamente durante esse tempo.

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Valor residual. Geralmente refere-se ao valor da propriedade de um arrendador ao final do pra-

zo do contrato de arrendamento.

Warrant. Um título que dá a seu portador o direito - mas não a obrigação - de comprar ações

ordinárias de uma empresa a um preço fixo dentro de um certo período.

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