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CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL COMISSÃO DA AMAZÔNIA E DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL EVENTO: Audiência Pública N°: 1023/08 DATA: 02/07/2008 INÍCIO: 10h12min TÉRMINO: 14h35min DURAÇÃO: 04h16min TEMPO DE GRAVAÇÃO: 04h16min PÁGINAS: 89 QUARTOS: 52 DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO MARIA CLÁUDIA SCHIAVOLINI CORRÊA – Chefe da Divisão de Projetos de Edificações e Obras do Departamento de Polícia Federal. NIVALDO PONTES – Coordenador de Orçamento da Polícia Federal. ANATALÍCIO RISDEN JÚNIOR – Contra-Almirante do Orçamento da Marinha do Brasil. GERSON FORINI – General-de-Brigada do Exército Brasileiro. JOSÉ HUGO VOLKMER – Coronel Aviador. FLÁVIO MONTIEL – Diretor de Proteção Ambiental do IBAMA. ANAEL AYMORÉ JACOB – Coordenador do Bioma Amazônia do Instituto Chico Mendes. SUMÁRIO: Apresentação pelos órgãos públicos federais — Polícia Federal, Marinha do Brasil, Exército Brasileiro, Comando da Aeronáutica, Fundação Nacional do Índio, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis — IBAMA e Instituto Chico Mendes — de propostas orçamentárias para a região amazônica. OBSERVAÇÕES Houve exibição de imagens. Houve intervenções fora do microfone. Inaudíveis. A reunião foi suspensa e reaberta.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO

NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES

TEXTO COM REDAÇÃO FINAL

COMISSÃO DA AMAZÔNIA E DE DESENVOLVIMENTO REGIONALEVENTO: Audiência Pública N°: 1023/08 DATA: 02/07/2008INÍCIO: 10h12min TÉRMINO: 14h35min DURAÇÃO: 04h16minTEMPO DE GRAVAÇÃO: 04h16min PÁGINAS: 89 QUARTOS: 52

DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃOMARIA CLÁUDIA SCHIAVOLINI CORRÊA – Chefe da Divisão de Projetos de Edificações e Obras do Departamento de Polícia Federal.NIVALDO PONTES – Coordenador de Orçamento da Polícia Federal.ANATALÍCIO RISDEN JÚNIOR – Contra-Almirante do Orçamento da Marinha do Brasil.GERSON FORINI – General-de-Brigada do Exército Brasileiro.JOSÉ HUGO VOLKMER – Coronel Aviador.FLÁVIO MONTIEL – Diretor de Proteção Ambiental do IBAMA.ANAEL AYMORÉ JACOB – Coordenador do Bioma Amazônia do Instituto Chico Mendes.

SUMÁRIO: Apresentação pelos órgãos públicos federais — Polícia Federal, Marinha do Brasil, Exército Brasileiro, Comando da Aeronáutica, Fundação Nacional do Índio, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis — IBAMA e Instituto Chico Mendes — de propostas orçamentárias para a região amazônica.

OBSERVAÇÕESHouve exibição de imagens.Houve intervenções fora do microfone. Inaudíveis.A reunião foi suspensa e reaberta.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Havendo número

regimental, declaro aberta a presente reunião de audiência pública promovida pela

Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, para

apresentação pelos órgãos públicos federais — Polícia Federal, Marinha do Brasil,

Exército Brasileiro, Comando da Aeronáutica, Fundação Nacional do Índio, Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis — IBAMA e

Instituto Chico Mendes — de propostas orçamentárias para a região amazônica.

Chamo para compor a Mesa dos trabalhos o Sr. Deputado Francisco

Praciano, Presidente da Subcomissão Permanente de Orçamento para a Amazônia,

que está se reunindo com os senhores para encontrar meio de, no futuro, termos

cada uma dessas instituições aqui presente com seu orçamento adequado para

prestar serviços tão necessários a nosso País.

Vamos registrar os nomes dos expositores, porque não temos espaço para

todos à mesa. De todo modo, será uma reunião de interação.

Anuncio a presença da Sra. Maria Cláudia Schiavolini Corrêa, Chefe da

Divisão de Projetos, Edificações e Obras do Departamento da Polícia Federal; do

Contra-Almirante Anatalício Risden Júnior, Coordenador de Orçamento da Marinha

do Brasil; do General-de-Brigada Gerson Forini, 6º Subchefe do Estado Maior do

Exército Brasileiro; do Coronel-Aviador José Hugo Volkmer, Subsecretário de

Administração Financeira do Comando da Aeronáutica; do Sr. Aloísio Guapindaia,

Presidente Substituto e Diretor de Assistência da Fundação Nacional do Índio —

FUNAI; do Sr. Flávio Montiel, Diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis — IBAMA; e do Sr. Anael

Aymoré Jacob, Coordenador do Bioma Amazônia do Instituto Chico Mendes.

Registro ainda a presença do Contra-Almirante do Estado Maior das Forças

Armadas, Paulo Küster.

Senhoras e Senhores, a Subcomissão Permanente de Orçamento para a

Amazônia foi criada em 2 de abril de 2008 em reunião realizada no âmbito da

Comissão da Amazônia. Foi eleito Presidente o Deputado Francisco Praciano, do PT

do Amazonas, e Relator o Deputado Asdrubal Bentes, do PMDB do Pará.

Quero registrar a presença do nobre Relator, Deputado Asdrubal Bentes.

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Nomes sem interrogação conferidos. Katia
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

A Subcomissão Permanente de Orçamento para a Amazônia entende que a

adoção de novos parâmetros de composição do Orçamento Geral da União pode

atribuir aos investimentos destinados à Amazônia equivalência com a dimensão

físico-territorial e com a complexidade socioeconômica.

As diretrizes e metas programáticas da Subcomissão são calcadas no

desenvolvimento sustentável da região, dando importância às populações

tradicionais e rebeirinhas, pois são os setores populacionais mais excluídos no

processo de divisão orçamentária da União.

O Plano Amazônia Sustentável — PAS e o Pleno de Aceleração do

Crescimento — PAC são estratégias operacionais do Estado Nacional para

alavancar o crescimento econômico do País. Apesar de não representar um modelo

de operacionalização de ações concretas para a região amazônica, o PAS

representa um importante instrumento de definição de diretrizes e estratégias para

planejamento e gestão de políticas públicas nacionais para a Amazônia, objetivando

um novo conceito de desenvolvimento regional.

A Subcomissão vem orientando seus trabalhos a partir de informações

oriundas de articulações com os principais órgãos públicos atuantes na região

amazônica, visando à constituição de debates em torno de programas e projetos

capazes de refletir, na composição final do Orçamento Geral da União para a

Amazônia, o tamanha da região amazônica, que corresponde a 60% do território

brasileiro.

Hoje iremos ouvir as propostas orçamentárias para a região amazônica dos

órgãos públicos federais Polícia Federal, Marinha do Brasil, Exército Brasileiro,

Comando da Aeronáutica, FUNAI, IBAMA e Instituto Chico Mendes.

Para termos reuniões de trabalho mais produtivas, em outra etapa ouviremos

os demais órgãos.

Antes de passar a palavra ao Deputado Francisco Praciano, quero fazer uma

observação às instituições do Executivo que se encontram nesta reunião e também

a nós os Parlamentares que compomos a Comissão da Amazônia.

O ineditismo da forma de trabalho do Deputado Praciano na Subcomissão da

Amazônia é extremamente valoroso. Muitas vezes a história não se escreve em

décadas, mas em centenas de anos. O que a Comissão da Amazônia está

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Sessão:1023/08 Quarto:2 Taq.:Kátia Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

inaugurando neste ano de 2008, e que deverá se prolongar até o início de 2009, é

exatamente o trabalho que os Deputados Francisco Praciano e Asdrubal Bentes,

com nosso apoio, vêm desenvolvendo.

Não vamos esperar um milagre, que em 2009 já esteja tudo muito bem

desenhadinho. A Comissão está apresentando um projeto para ser aprovado pelo

Congresso Nacional. Estamos atentos para a primeira sessão do Congresso que

houver para darmos entrada ao projeto e convencermos os Deputados e Senadores

da necessidade de sua aprovação, pois ele alarga a área de atuação da Comissão

na apresentação de emendas ao Orçamento, o que, futuramente, poderá ajudar a

fazer do orçamento necessário para a região amazônica, um orçamento como o das

outras regiões do País. Temos certeza de que hoje o orçamento para a região

amazônica é menor, não é valorizado.

Por fim, quero deixar claro que os Deputados Francisco Praciano e Asdrubal

Bentes, respectivamente Presidente e Relator da Subcomissão, juntamente com o

Deputado Neudo Campos, que foi Governador de Roraima, têm força e vontade

política de fazer com que esta mudança aconteça.

Feitas essas considerações, agradeço a todos a presença e passo a

Presidência dos trabalhos ao Deputado Francisco Praciano, Presidente

Subcomissão de Orçamento da Amazônia, cargo que exerce amparado em forte

apoio político.

Portanto, passo a Presidência ao Deputado Francisco Praciano para a

condução dos trabalhos desta reunião. Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Sra. Presidenta da

Comissão, digo que preferiria ficar fazendo os meus registros, mas V.Exa. me

colocou na função de dirigir esta reunião.

De início, bom dia a todos. Agradeço aos representantes das Forças

Armadas: companheiro José Maria, companheiro da Aeronáutica, nosso

companheiro da Polícia Federal, nossa companheira e ainda alguns outros

representantes de órgãos, como o caso do Chico Mendes.

Gostaria de fazer a seguinte observação: é muito comum nesta Comissão,

assim como em todas as outras, promovermos audiências públicas, acumularmos

experiências. É boa a prática da discussão. Entretanto, sempre constatei a falta de

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Sessão:1023/08 Quarto:3 Taq.:Denise Honda Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

resultados. Uma audiência pública, como qualquer atividade nesta Casa ou na

iniciativa privada, precisa gerar resultados. Constatei que se faz muita audiência,

acumula-se experiência, colocando muita coisa nos nossos arquivos — alguma

coisa nos arquivos mortos, e coisas preciosas —, mas sem a terminalidade de

resultado.

Nesta Casa, acho que temos de buscar sempre alguns resultados. Um deles,

Deputado, é a legislação. Temos de melhorar a legislação. Se não sair daqui uma

proposta de legislação, sai uma proposta de orçamento, um plano, um objetivo, uma

outra atividade determinada, não só para fazer o release e a fotografia do jornal. Por

isso que esta Comissão tomou a iniciativa de criar uma Subcomissão para aproveitar

todas as audiências públicas e criar um orçamento para a Amazônia.

Com relação à Amazônia, ontem, numa reunião com a companheira Dilma,

falamos sobre a Amazônia. Afirmamos que a Amazônia está na pauta do mundo,

está na pauta desta Casa e na pauta de todos os Deputados Federais. Entretanto, o

orçamento para a Amazônia, na nossa opinião, é muito pequeno.

E vou citar aqui alguns exemplos para os senhores, exemplos que coloco

como símbolos. Podem até não ser perfeitos, mas são emblemáticos.

Polícia Federal. A Polícia Federal tem 290 agentes na cidade de Fortaleza ou

no Estado do Ceará. Para 11 mil quilômetros da Amazônia, a informação que eu

tenho da Polícia Federal é de que temos 12 agentes. Cinqüenta e sete

companheiros do Exército no Rio de Janeiro e 10 na Amazônia.

Embora não seja perfeita a informação e não se resolva o problema da

Amazônia só com o contingente, mas são informações que damos tentando

sensibilizar o Poder Executivo, o Poder Legislativo, o Poder Público em relação à

Amazônia.

O IBAMA, meus amigos, para apagar o fogo na Amazônia, dispõe apenas de

pano molhado, abafador. Dizem que as queimadas da Amazônia estão em 4º lugar

entre os maiores fatores responsáveis pelo aquecimento global.

A FUNAI, o INCRA, a maioria das instituições que atuam na Amazônia estão

desestruturadas. Quem resolver tecnicamente os problemas da Amazônia sem, no

entanto, resolver a questão fundiária. Mas o INCRA não funciona na Amazônia por

absoluta falta de orçamento, por absoluta falta de estrutura.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

A FUNAI do Estado do Amazonas tem 67 pessoas sem qualquer suporte da

Aeronáutica, sem um barco, sem um avião. Às vezes não tem avião, nem tem

gasolina.

Também não há suporte do Exército por falta de estrutura. São 67 servidores

para atender a 135 mil índios. Mas esses servidores permanecem quase que

exclusivamente em serviços burocráticos, em salas. Em compensação Pernambuco,

com 25 mil índios, tem 170 servidores.

Esse tipo de incompatibilidade de tamanho, de complexidade, de discurso que

temos sobre a Amazônia, não tem correspondente em relação à Amazônia. A Polícia

Federal não tem uma base aérea na Amazônia. Os aviões da Polícia Federal, que

são somente 4 para o Brasil todo, encontram-se aqui em Brasília.

Então, podemos dizer que nós, brasileiros, não cobiçamos a Amazônia. Ela é

rica, ela é grande, todos a cobiçam, têm motivos para isso, mas falta ao Brasil o

desejo de cobiçar a Amazônia, com planejamento e, principalmente, com orçamento

compatível com aquela região.

Foi por este motivo que a Comissão da Amazônia tentou — isso não é

estanque, é meio dialético, meio dinâmica a coisa — ter aqui um quadro das

necessidades das instituições que estão presentes na Amazônia, para que elas

possam atuar melhor na região. E um instrumento que esta Casa, esta Comissão,

pretendia ter era um orçamento para a região amazônica, bom, ideal. Que as Forças

Armadas, a Polícia Federal, as instituições outras, o IBAMA, o Instituto Chico

Mendes e outros tenham um mapa. A partir desse mapa os Deputados Federais da

região e de todos os Estados podem ter um instrumento para todo o ano começar a

trabalhar o orçamento antes de chegar aqui. Essa lógica normalmente não existe.

Todos nós esperamos que o Executivo mande para esta Casa um orçamento

e, a partir daí, começamos a trabalhar emendas. Acho que é uma lógica, pode não

ser das melhores, mas é um começo. Já fui gerente executivo de uma das maiores

fábricas da Philips da Amazônia e ali trabalhávamos o orçamento de janeiro a

janeiro, e não só a partir de agosto. Então não precisamos esperar o orçamento

chegar. Temos uma ação mais proativa antes que ele chegue nesta Casa. Para

evitar inclusive emendas tentamos influenciar o poder responsável por isso, no caso

o Poder Executivo, porque já vem um orçamento contemplando as discussões e as

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Sessão:1023/08 Quarto:4 Taq.:Denise Honda Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

necessidades encontradas ou discutidas antes da confecção, da feitura do

orçamento.

Este é o objetivo e o motivo pelo qual atrapalhei os senhores muitas vezes,

buscando reunião, buscando discutir.

A pergunta que os senhores deverão responder a partir de agora nesta Casa

e no futuro em outras reuniões, porque a coisa é dinâmica, é sobre qual o orçamento

ideal que precisamos para que os senhores e seus órgãos, suas instituições atuem

de forma mais eficiente, mais eficaz na região amazônica. Essa é a resposta que

queremos ter.

Faço uma reclamação, pois não tenho muito papas na língua. Primeiro,

agradeço a presença aos Deputados Federais que aqui estão. Segundo,

agradecemos, mas lamentamos que tenhamos tão poucos Deputados Federais

numa região tão grande, onde deveria haver um contingente maior de Deputados

Federais presente. É uma pequena reclamação que faço aos companheiros. Faço-a

na frente de todos e digo que a presença de Deputados Federais é mínima, diante

da insistência dos companheiros, do suporte que temos tido da Presidenta da

Comissão, dos companheiros servidores da Comissão, assessores, colaboradores

desta Comissão que ligaram para quase todos os Deputados Federais, mas ainda

assim a presença é muito pequena. Espero que seja maior em outras reuniões.

Vamos dar continuidade a nossa reunião. Peço desculpa pela demora e o

desabafo. Mas a luta e a vida continuam.

Quero registrar a presença dos Deputados Deley, Marcio Junqueira, Gladson

Cameli.

Chamamos para sua palestra e seus choros com relação à Polícia Federal a

companheira Maria Cláudia Schiavolini Corrêa.

A SRA. MARIA CLÁUDIA SCHIAVOLINI CORRÊA - Bom dia a todos. Peço

licença à Comissão para que o meu colega Nivaldo possa começar abordando a

questão da base aérea. Vou falar sobre as obras, mas queríamos começar

realmente com a questão da base aérea, já citada pelo Deputado.

Portanto, o Nilvaldo Pontes falará um pouco sobre isso.

O SR. NIVALDO PONTES - Bom dia a todos. Sou Nivaldo Pontes,

Coordenador de Orçamento da Polícia Federal. Como bem colocou o Deputado

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Sessão:1023/08 Quarto:5 Taq.:Denise Honda Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Francisco Praciano, temos uma necessidade premente na Amazônia, que é a

colocação de uma base aérea urgente. Temos um efetivo de aeronaves muito

pequeno, e esse efetivo tem de atender a todo o Brasil. A região que hoje tem mais

necessidade é a Amazônia, que fica um pouco prejudicada em relação a isso.

A necessidade mínima que temos para aeronaves na Amazônia está

colocada neste quadro.

(Segue-se exibição de imagens.)

Precisaríamos de 2 aeronaves caravan, adaptadas para pouso e decolagens

em região aquática, totalizando 8 milhões de reais, seu custo estimado. Há

necessidade de 2 helicópteros de porte médio, Bell 412, o que totaliza cerca de 30

milhões de reais. Há necessidade de 2 caminhões tanques para abastecimento e

espaço físico para alocarmos essas aeronaves em Manaus.

Com esses equipamentos teríamos uma capacidade logística ampliada

sensivelmente. Poderíamos apoiar melhor o IBAMA e a FUNAI nas atividades que

eles exercem e também as atividades inerentes à nossa competência constitucional

e legal. A parte de obras que será colocada pela Cláudia é essencial para que

tenhamos uma capacidade de alocação de pessoal na Amazônia. Hoje, todo o

efetivo possível de alocar está alocado. Ano a ano temos reforçado, mas chegamos

ao limite da estrutura física. Ou seja, sem infra-estrutura física para alocar pessoal,

sem capacidade logística, com aeronaves com capacidade de transporte de pessoal,

principalmente a parte dos Bells 412, vamos ficar estagnados, sem capacidade de

executar nossas operações plenamente na região.

Gostaria que a Cláudia desse continuidade com a parte de obras, também

muito necessárias.

A SRA. MARIA CLÁUDIA SCHIAVOLINI CORRÊA - Vou falar um pouco da

infra-estrutura na região amazônica. Estamos realmente à beira de um apagão na

questão da infra-estrutura. Como bem disse o Pontes, não temos como prover a

região de mais nada, nem de efetivo, nem de equipamentos, porque não temos onde

alocar.

A questão de infra-estrutura é problemática em qualquer órgão, pois é

demorada. Se fica muito tempo sem investir, quando precisa, o volume de

necessidade é grande e não há tempo hábil. Por exemplo, não damos conta de fazer

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

uma obra em 1 ano. Precisamos realmente de um universo de 4, 5 anos para poder

dotar a região de alguma estrutura. Há um susto por parte das pessoas quando

colocamos as necessidades. “Poxa, mas isso tudo?” É isso tudo. A região realmente

ficou muito tempo sem investimentos, e chegamos a esta situação caótica.

Com as nossas edificações hoje na região amazônica chegamos a ter

problema de segurança, risco de morte para os servidores. Temos buscado há

alguns anos — já estou à frente da divisão há 3 anos — uma solução, trabalhando a

questão do planejamento de recursos para infra-estrutura.

Somos bem carentes de recursos, e não só na região amazônica, mas em

outras regiões do País. O órgão é carente de recursos. Hoje, posso até falar em

nome da direção, a região amazônica é o foco da Polícia Federal. Esse é o nosso

principal objetivo.

Sobre a questão da infra-estrutura ali, tenho inclusive ordens para focar a

discussão nisso.

(Segue-se exibição de imagens.)

Vou começar pelo Maranhão, que está dentro da Amazônia legal. Hoje, um

dos nossos prédios mais críticos está no Maranhão. A Superintendência hoje

funciona num prédio juntamente com o INCRA e a FUNAI. Isso não é bom para

nenhum dos 3 órgãos. São atividades diferenciadas. Além da edificação não atender

a nenhum dos 3 órgãos em questão de condições físicas, o fato de os 3 estarem

juntos acho que atrapalha a atividade dos 3 órgãos.

Por exemplo, posso até citar a questão da Polícia Federal. Os índios estão lá

na frente, dentro da edificação. Como se faz isso num prédio de polícia? Temos

custódia. Não dá para misturar.

Então, dentro da região amazônica, o Maranhão é um caso crítico. O Acre era

onde tínhamos a pior situação. Como já estamos trabalhando no projeto, o

Maranhão passou a ser a nossa situação mais crítica. Estimamos em torno de 10 mil

metros quadrados o custo da edificação. Não é um prédio enorme, mas é o mínimo

de que precisamos. O custo estimado é de 25 milhões gastos ao longo de 4 anos,

sendo que no primeiro ano devemos gastar menos, porque é a fase de elaboração

do projeto e do início da obra, e nos outros anos despenderemos um valor mais

equânime para tocar a obra propriamente dita.

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Sessão:1023/08 Quarto:6 Taq.:Beatriz Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Essa é a situação do prédio hoje.

O Amapá hoje funciona numa edificação muito pequena. Eles estão alocados

num prédio de aproximadamente 400 metros quadrados, o tamanho de uma casa, e

vão construir um anexo que não vai atender muito aos problemas da

Superintendência. Então, temos as mesmas necessidades no Amapá. Embora seja

um Estado um pouco menor, o prédio tem o mesmo tamanho porque procuramos

padronizar os projetos.

Como não podíamos ir muito além no Maranhão ou em Estados até maiores

em questão de estrutura, buscamos padronizar. Com isso, os prédios ficaram com

aproximadamente 10 mil metros quadros. Em alguns Estados tivemos de fugir um

pouco disso. Eles têm mais ou menos a mesma estrutura, por isso, têm a mesma

área e o mesmo custo estimado.

Esse é o prédio do Amapá hoje.

Em Rondônia, temos o mesmo caso. Dos 3 posso dizer que hoje ainda é o

que está em condições melhores, mas muito ruim também. Não vou falar a mesma

coisa para não ser repetitiva, mas é o mesmo caso dos outros 3. Aí está o prédio.

O nosso prédio no Pará hoje é muito pequeno; estamos divididos na cidade

de Belém. Imaginem um prédio de polícia em que existem 7 edificações separando o

prédio. Isso em termos de logística é péssimo, em termos de segurança é péssimo e

em termos de recursos para o País é péssimo. Manter 7 edificações é muito caro.

Como o País não tem tanto dinheiro para investimento, essa obra ajudará muito no

custeio futuro. Trata-se de um investimento mais do que necessário.

O Pará é um Estado muito importante nessas questões da Amazônia, talvez

seja o que tenha mais conflitos. Então, realmente temos de olhar para o Pará. Esse

prédio é um pouco maior, porque realmente o Estado é mais complicado e exige um

efetivo bem maior do que os outros. Essa é a nossa Superintendência lá hoje.

Tocantins. Coloquei aqui “processo em litígio”, porque, na verdade, já tinha

sido iniciada em 2002 a construção de uma edificação. Infelizmente, tivemos

problemas com a empresa construtora e isso está em litígio desde 2004. Por conta

disso, a obra foi paralisada e ficou só o buraco e começo da fundação.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Por razões óbvias, precisamos retomar essa obra e a Superintendência está

indo atrás de outro terreno, porque o escolhido primeiramente é muito pequeno e

não atende às nossas necessidades.

Dentro do nosso PPA temos 2 ações amplas que agrupam ações menores

como a construção de delegacias, de postos avançados, de bases de inteligência.

Proponho que essas ações sejam exclusivas para a região amazônica, mas de

maneira mais flexível. O que acontece hoje é que, a partir do momento em que

monto uma ação, como, por exemplo, a construção da delegacia de Santarém, fico

amarrada àquela ação. Não consigo de repente desistir dessa construção se

verificarmos que uma delegacia em Marabá é mais importante e só temos recursos

para uma das duas. Não consigo trabalhar assim. Na ação que estou propondo

poderíamos trabalhar dessa maneira, que entendo ser mais inteligente, mais eficaz.

Então, essa ação realmente contempla todas essas construções menores e

todas as ampliações das edificações já existentes.

Da mesma forma, temos a ação de reforma e modernização das unidades.

Da mesma maneira, também serão contempladas todas as unidades que

necessitam de reforma e modernização sem que fiquemos amarrados a uma

determinada ação.

A nossa necessidade de infra-estrutura realmente é imensa e é a precursora

para investirmos na região amazônica.

Peço o apoio da Comissão e agradeço a presença a todos. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Agradecemos a

representante da Polícia Federal, companheira Maria Cláudia Corrêa. Quanto à

metodologia, prefiro entender que seremos mais eficientes se ouvirmos todo mundo

e depois concedermos a palavra para os companheiros Deputados Federais.

Agradecemos a presença ao nosso companheiro Deputado Federal Sergio

Petecão, do Estado do Acre, que se encontra aqui.

Como 2º Vice-Presidente da Comissão, tenho o prazer de ter um

companheiro sentado ao nosso lado.

O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Sr. Presidente, peço a palavra

pela ordem.

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Sessão:1023/08 Quarto:7 Taq.:Geane Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Concedo a palavra ao

companheiro Asdrúbal Bentes.

O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Na condição de Relator, preciso

aproveitar o momento oportuno para fazer os questionamentos.

A exposição da Sra. Maria Claúdia abrangeu apenas, a meu ver, a parte de

recursos financeiros para obras de infra-estrutura, mas há uma coisa que me

preocupa muito: o pessoal. Gostaria muito que isso constasse, porque é

fundamental. Não adianta haver prédios bonitos, se não há pessoal para operar.

A SRA MARIA CLÁUDIA SHIAVOLINI CORRÊA - Na verdade, hoje já há

uma turma em formação na Academia Nacional de Polícia, cujo efetivo será

prioritariamente para a região amazônica. De qualquer forma, volto a falar que temos

um prédio com 400 metros quadrados de área, onde não há mais como lotar efetivo.

Realmente precisamos investir em infra-estrutura para começar a trabalhar com

efetivo novamente.

De qualquer forma, volto a falar até em nome do órgão, que a prioridade é a

região amazônica. Hoje foram abertos rádios e circulares para recrutar pessoal para

a região amazônica.

A questão de efetivo está sendo bem discutida dentro da Polícia Federal.

O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Eu gostaria de saber, inclusive

porque eu vivo numa das regiões mais explosivas do Amazonas, o sudeste do Pará,

precisamente Marabá, onde o efetivo é extremamente pequeno para atender à

demanda.

Marabá é prioridade da Polícia Federal, mas imaginem os outros lugares da

Amazônia. Creio que há necessidade premente. Para lotar pessoal, aluga-se um

imóvel, mas é preciso a estação. Não se pode, de maneira alguma, parar a ação

porque falta o prédio. Até a conclusão das construções, em 2010, 2012, a ação da

Polícia Federal, lamentavelmente não se fará presente.

A SRA MARIA CLÁUDIA SHIAVOLINI CORRÊA - Não, Deputado, de forma

alguma. Volto a falar que realmente temos trabalhado essa questão do efetivo.

Trabalhamos com a questão das operações policiais, das missões policiais, mas a

questão da infra-estrutura vem no início para dotar o local de alguma estrutura para

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

se poder lotar o efetivo dele. Não vamos parar a questão do efetivo em nenhum

momento por questão dos prédios, é claro.

O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Eu não estou, em hipótese,

alguma dizendo que é prioridade 2 a parte de construção. Em absoluto, jamais,

como Relator, vou discordar. Pelo contrário, se puder, até colocar uma emenda do

Relator, colocarei para ajudar mais ainda.

A SRA MARIA CLÁUDIA SHIAVOLINI CORRÊA - Que bom! (Risos.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Eu só gostaria de

informar que depois da sua apresentação, Sra. Maria Claúdia, o nosso diálogo ainda

vai continuar com a Polícia Federal para posteriores complementações. Em quanto

tempo? Durante os anos que virão. O mais imediato é que, a partir da formalização

do seu pedido — que não precisa ser exato, são estimativas que podem ser

negociadas — vamos sugerir que o Presidente da Casa agende com o Ministério

correspondente, no caso o Ministério da Justiça, para que, o mais urgente possível,

o orçamento da Polícia Federal seja apresentado, assimilado e “comprado” por esta

Comissão e pela Subcomissão para que possamos “vender” — pressionar, chorar e

pedir — ao Ministério da Justiça e negociar essas demandas apresentadas pela

Polícia Federal.

É exatamente esse o objetivo. Façamos isso de preferência com a força de

mais de 100 Deputado Federais que compõem a bancada do Norte. Essa é a lógica

desse exercício que estamos fazendo aqui neste momento: receber informações, ter

esse instrumento na mão e continuamente, no orçamento do ano que vem e nos

demais, prosseguirmos com essa dinâmica, sempre trabalhando e negociando com

a Polícia Federal para melhorar a presença dos órgãos e das instituições na

Amazônia.

Chamamos agora o representante da Marinha, o Contra-Almirante Anatalicio

Risden Junior, para apresentar o seu “choro”. Muito obrigado, desculpe pela

brincadeira!

O SR. ANATALICIO RISDEN JUNIOR - Inicialmente o meu bom dia a todos

os senhores, em especial ao Exmo. Sr. Deputado Francisco Praciano, que permitiu a

nós, aos demais membros da Mesa e aos Srs. Deputados presentes, esta

oportunidade ímpar de apresentar a esta Subcomissão a situação da Marinha.

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Sessão:1023/08 Quarto:8 Taq.:Geane Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Eu gostaria de registrar a presença do Almirante Küster. Trata-se de um

oficial que tem uma larga convivência na Amazônia. Sua experiência permite, talvez

não só na fase de perguntas, esclarecer detalhes da vida na Amazônia.

(Segue-se exibição de imagens.)

Vamos seguir um roteiro rápido. Não vou me ater a um projeto ou a uma

ação. A idéia é dar uma noção da ação da Marinha na Amazônia, inclusive de sua

condição financeira global. Levantaremos as necessidades específicas da Marinha e

observaremos o que a Marinha está fazendo com relação a melhorar sua atuação

dentro da Amazônia.

O primeiro ponto refere-se à degradação do poder naval. A Marinha, nos

últimos exercícios, tem sido contemplada com recursos aquém das suas

necessidades. Essa afirmativa depois será baseada em números que mostram que

a Marinha, ao longo do tempo, vem tendo uma necessidade muito maior do que tem

sido aquilatada. A Marinha, na esfera nacional, sofre isso, inclusive a parte da

Amazônia.

Nesse sentido, mostro uma conseqüência imediata. Nesta linha verde,

estrategicamente estão as necessidades da Marinha para poder operar não só na

Amazônia Azul, referente a toda a área do nosso litoral, como também na área

fluvial. Essa é a situação das nossas condições no ano de 2007. Senão houver

investimentos, chegaremos em 2025 sem condições de a Marainha se manter ou de

executar constitucionalmente suas obrigações.

Em relação a isso, farei uma lembrança. Mas agora vamos continuar. Depois

volto a esses números.

A Amazônia e a Marinha. Esta é uma pequena noção do que é a Amazônia e

como a Marinha atua nesta área. Existem 2 distritos navais: o 4º Distrito Naval e o 9º

Distrito Naval. O 9º Distrito Naval abrange parte da Amazônia e de Roraima. Essa

parte aqui. E o 9º Distrito Naval abrange Pará, Piauí, Maranhão. É outra atuação que

a Marinha tem em relação à área amazônica. Existem 2 distritos navais com 2

comandos de área que abrangem toda a região amazônica.

Só para se ter uma noção, a chamada Amazônia Azul refere-se às linhas

limítrofes de até 350 milhas, até onde a Marinha tem obrigação. Aqui estão

demarcados os navios que possuímos na área. Depois vou exemplificar melhor. Só

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

para que os senhores tenham noção da desproporcionalidade dos meios

disponíveis: em azul, são os meios que a Marinha possui — os navios mercantes

nacionais e os navios mercantes estrangeiros — em atuação nas suas áreas. Não

preciso nem falar mais, pois acho que essa figura demonstra bem a total diferença,

isto é, a desproporcionalidade do que existe e do que a Marinha possui e a

degradação que estamos sofrendo.

Em setembro de 2007, foi criado o Comitê, que irá estudar a parte da política

de defesa nacional. Provavelmente, em setembro deste ano, teremos o resultado

disso. Nesse contexto, está a importância estratégia da riqueza que abrigam a

Amazônia brasileira e o Atlântico Sul, áreas prioritárias para a defesa nacional. Nos

documentos de defesa nacional atuais que existem procurei frisar como a Amazônia

brasileira é vista. Para contrapor-se às ameaças, na Amazônia, é imprescindível

executar uma série de ações estratégicas voltadas para o fortalecimento da

presença militar, efetiva ação do Estado, no desenvolvimento socioeconômico e

para a ampliação da cooperação com os países vizinhos, visando à defesa das

riquezas naturais e do meio ambiente.

Essa é a visão da Marinha, das Forças Armadas, na Amazônia, a qual está

nos documentos atuais, e com certeza nos novos documentos que virão essa ação

será preservada, principalmente pela Marinha, por quem eu posso falar neste

momento.

Na Amazônia, deve haver atenção especial em face da possibilidade de

gerência internacional, da existência de zonas de instabilidade que podem contrariar

os interesses brasileiros. Esse é um ponto que vemos.

É preciso mostrar que a Marinha está presente desde 1.700, quando foi

criada a Divisão Naval do Norte em Belém. Dentro da história, estamos presentes na

Amazônia em todo esse período. Na área social, os Navios da Esperança, apóiam

as populações ribeirinhas. Muitas vezes os Navios Esperanças representam a única

ação do Estado no interior. Navio da Esperança é um navio conhecido por todas as

pessoas que vivem ou convivem nessa área. Quando esses navios se aproximam,

as populações vêem a presença do Estado brasileiro nesses locais.

Vou mostrar a presença da Marinha, como falei.

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Sessão:1023/08 Quarto:9 Taq.:Luciene Motta Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Temos o 4º e o 9º Distritos Navais, mais 4 Capitanias, 3 Delegacias e 6

Agências que estão divididas nesse quadro. Temos a Esquadra, que pode atuar

nessa área e ações da Marinha na Amazônia por meio das Patrulhas Naval e

Fluvial, Operações Ribeirinhas, Operações Combinadas de apoio ao Exército na

fronteira, Presença Naval e Assistência Hospitalar. Cenários: temos o terrestre,

incluído o fluvial; predominando a participação, a Marinha será complementar. Esse

é um ponto importante. Havendo uma ação, na Amazônia, a ação da Marinha é

complementar às outras 2 Forças — Exército e a Aeronáutica. É importante frisar

esse papel. A Força Naval controlará o acesso à hidrovia, na Foz do Amazonas, e

toda essa parte, onde buscamos fazer o controle local e a patrulha.

Vamos mostrar os meios que temos, os quais serão detalhados melhor por

mim mais à frente.

Bom, temos o 4º Distrito Naval, como falei, que abrange toda essa área aqui e

um Rebocador de Alto Mar, 6 Navios Patrulhas, 1 Navio de Apoio e um Grupamento

de Fuzileiros Navais em Belém. Esses são os meios que a Marinha possui nessa

área.

No 9º Distrito Naval, temos mais o Navio Patrulha Fluvial — são 5 que atuam

nessa área —, 3 Navios de Assistência Hospitalar, 1 Esquadrão de Helicóptero e 1

Batalhão de Operações Ribeirinhas. Ou seja, maior do que o existente no 4º Distrito

Naval.

Só para situar, estou focalizando o papel da Marinha dentro da Amazônia

apenas tendo em vista que a Marinha tem um aspecto nacional muito maior. Dentro

das atribuições subsidiárias, na Amazônia, buscamos prover a segurança da

navegação aquaviária, que é o ponto principal onde a Marinha está melhorando,

atuando, trazendo recursos, pessoal, participando ativamente.

Dentro dessas atribuições subsidiárias, temos a elaboração de cartografias

náuticas, as publicações de auxílio ao navegante, artigos sobre perigos da

navegação, da construção e manutenção do balizamento marítimo e fluvial. Isso é

extremamente importante para a região. Já naveguei algumas vezes por ali, e o

almirante, que tem larga experiência na área, poderá depois comentar esses pontos.

Outro papel da Marinha é fiscalizar o cumprimento de leis, normas e

regulamentos que se referem à segurança da navegação no mar aberto e em

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

hidrovias interiores. Esta é uma atividade subsidiária. A Marinha busca, além da sua

atuação como Força, atuar também nestes elementos aqui.

O Comandante da Marinha dá atenção especial à Amazônia não só por causa

desses fatos. Muito antes disso, a Marinha já vinha atuando, disponibilizando novos

meios, levando pessoal para a região área.

Eu gostaria de frisar uma decisão, nas palavras dele: “É imprescindível que a

Marinha tome as providências de sua responsabilidade que possam de alguma

forma diminuir os lamentáveis incidentes que vêm ocorrendo na Amazônia, com

perdas desnecessárias de muitas vidas. Considero que a região é de difícil atuação,

o que exige uma postura pró-ativa e incisiva do pessoal de nossa instituição.”

O Comandante da Marinha já baixou uma série de outras normas e

determinações, a fim de que a patrulha, a fim de que o controle seja efetivo e o mais

rígido possível, com os meios que a Marinha possui.

Agora vou mostrar as nossas necessidades.

Outra atividade subsidiária comum às Forças Armadas é cooperar com o

desenvolvimento nacional e a defesa civil. A Marinha também participa dessa

atividade, oferecendo assistência e programas sociais, como a ACISO e a ASSHOP,

que prestam assistência hospitalar às populações ribeirinhas, em especial na região

amazônica. Só para se ter uma idéia, em 2007 foram realizadas 16 operações, que

atingiram 520 comunidades e ultrapassaram a marca dos 200 mil atendimentos.

Essa é uma atuação social da Marinha na Amazônia.

Também trabalhamos com o Projeto Rondon. Em 2007, foi realizada uma

operação centenária da Comissão Rondon, com emprego de helicópteros da

Marinha e evacuação aérea de emergência no Estado do Acre. Para 2008 também

está prevista a atuação da Marinha na Amazônia e no Pará no âmbito do Projeto

Rondon. Essa é uma parceria com a universidade.

Agora vamos à nossa visão para o futuro da atuação da Marinha, depois à

nossa visão para o futuro da Amazônia.

A Marinha será uma Força moderna, equilibrada e balanceada e deverá

dispor de meios navais, aeronavais e fuzileiros compatíveis com a inserção política e

estratégica do nosso País no cenário internacional, em sintonia com os anseios da

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

sociedade brasileira. Devemos lembrar que somos a Marinha do Brasil, então a

sociedade brasileira é que deve definir a atuação da Marinha.

A Marinha estará permanentemente pronta para atuar no mar e em águas

interiores, de forma singular ou combinada, de modo a atender aos propósitos

estatuídos na sua missão.

Esta é a visão da Marinha. E lembro que esquadras não se improvisam. Ruy

Barbosa, em 1906, já o dizia. Ou seja, se não nos prepararmos agora, se não

investirmos, dificilmente conseguiremos reagir numa situação real. É neste momento

que temos de pensar e de investir.

Visão de futuro para a Amazônia.

A Amazônia tem uma malha hidroviária prioritária no Plano Estratégico da

Marinha. Para isso é preciso dispor de navios-patrulhas fluviais, fuzileiros,

helicópteros, apoio logístico móvel e inspeção naval. É nesse contexto que estamos

inseridos.

Perspectivas de recuperação do poder naval.

O que há no programa de reaparelhamento da Marinha para a Amazônia?

Qual deve ser a nossa atuação? Está prevista a construção, em 5 anos, num projeto

de 18,5 milhões de reais por unidade, perfazendo o total de 74 milhões, de 4 navios-

patrulhas fluviais de 100 toneladas. São esses navios os responsáveis pela

presença da Força, e nós podemos melhorar esse controle. Essa é uma presença

militar, a presença da Marinha.

A parte de segurança do tráfego aquaviário cabe a navios menores, de

atuação mais rápida. Nossa intenção é, nos próximos 10 anos, construir 111

unidades desses navios, a 80,3 milhões de reais. Cerca de 73 deles seriam para a

Amazônia. A idéia é privilegiar o envio dessas unidades para a Amazônia no prazo

previsto. Esses números são retirados de um programa maior, de reaparelhamento

da Marinha.

Agora a nossa tarefa mais difícil.

Temos idéias, temos conceitos, sabemos o que temos que fazer, sabemos

como fazer e com que meios, mas, como bem disse a nossa amiga da Polícia

Federal, também vivemos situações críticas.

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Sessão:1023/08 Quarto:11 Taq.:Luciene Motta Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Vou mostrar agora uma situação que exemplifica a minha primeira afirmativa,

de que a Marinha não vinha recebendo recursos.

Situação da Marinha de 1999 até 2008. A linha azul corresponde à LOA e aos

créditos adicionais da Marinha. A linha verde representa o LME — imagino que seja

de compreensão de todos este linguajar.

Em 2002 e 2003, vivemos um período crítico, com menos de 1 bilhão de

reais. A Marinha precisa hoje, para se manter, para manter o status quo, sem fazer

nada, de 2 bilhões. Imaginem como não foi difícil este período aqui, com reflexos até

os dias de hoje. Houve uma melhoria no ano de 2007, quando, pela primeira vez,

não houve contingenciamento neste País, então o que estava previsto na LOA foi o

que nós recebemos de LME. Mas esse foi um fato inusitado. Nas palestras que eu

faço, sempre procuro marcar isso.

E o que aconteceu no ano de 2008? Nós subimos ao patamar de 1 bilhão e

900 milhões, o que já atingia os valores que a Marinha queria, mas, com o

contingenciamento, voltamos ao patamar anterior a 2007. Isso para nós é crítico,

porque todo o investimento da Marinha — obrigações etc. — recuou violentamente

este ano. Essa é uma necessidade premente, e não só da Marinha, porque Exército

e Aeronáutica sofrem da mesma maneira. O contingenciamento significou para nós

voltar atrás em todos os nossos investimentos. O custo será muito maior adiante.

Necessidades específicas da Amazônia.

Temos um número ideal. Não vou detalhar projetos e ações. Depois vou

mostrar o orçamento da Marinha e apontar no orçamento a nossa atuação, neste

momento, naqueles 3 distritos navais da Amazônia. Temos uma necessidade ideal

de 194 milhões, com mínimo de 153 milhões, para manutenção e operação. Para

reaparelhamento, o ideal são 30 milhões e o mínimo 21 milhões, para aqueles 4

navios e aquelas 111 unidades apresentadas anteriormente aos senhores. Então

qual é nossa necessidade final? O número ideal é 224 milhões para atuação na

Amazônia; o mínimo, 174 milhões.

Um detalhamento de tudo isso nós podemos apresentar, mas acho que os

números globais é que é importante apresentar aos senhores, para que tenham a

noção exata das necessidades da Marinha. Estes números são para 2009.

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

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Sigla não encontrada.
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Não encontrei nada parecido na Internet.
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

O SR. ANATALÍCIO RISDEN JUNIOR - Ah, não, nós estamos discutindo o

teto. Eu e o General Forini estivemos ontem numa reunião, e o Planejamento nos

apresentou os números de 2009. Eu diria que eles são muito inferiores aos de 2008.

Os senhores já sentiram que 2008 foi crítico, e para 2009 estamos com números

ainda piores. Isso está previsto no meu orçamento, mas, se houver

contingenciamento, ele será proporcional. E o que é pior é que esse

contingenciamento nos causa mais dificuldades. O aumento de recursos que houve

possibilitou-nos fazer um planejamento, e agora teremos de retroceder no processo.

Estes são os números globais da Marinha: necessidade mínima, 2 bilhões;

reaparelhamento, 0,8 bilhão; total, 2,8 bilhões. Este é o orçamento, números que,

depois da reunião de ontem, viraram números de sonho.

Concluindo, vou passar ao que nós pediríamos à Subcomissão como apoio.

Para 2008, ajuda para o descontingenciamento. Temos recursos já previstos para

investimento na Amazônia este ano, mas há muita coisa contingenciada. Uma

pressão política poderia nos dar mais condições de aplicar recursos em 2008, de

cumprir as nossas obrigações constitucionais. Nós pensávamos em vir a esta

reunião antes da divulgação do teto para 2009. Infelizmente isso não aconteceu. Já

foi divulgado um teto para a Marinha, para as Forças Armadas, para o Ministério da

Defesa, e o teto para o Ministério da Defesa está muito aquém do mínimo

necessário para mantermos o que existe hoje, quiçá para investirmos no futuro.

Então o pedido da Marinha à Comissão é que nos ajude a descontingenciar

os recursos de 2008 e, se possível, dê-nos força política para elevar o teto da

Defesa para o futuro. Fica o compromisso da Marinha — o Almirante já esteve aqui,

ele que é o responsável pela distribuição de recursos — não só de investir na

Amazônia os recursos aqui apresentados e novos recursos advindos de emendas,

mas também o compromisso de que esses recursos serão destinados

obrigatoriamente, como já o são agora, à área de atuação da Amazônia e dentro do

que desejarem os Srs. Parlamentares.

Agradeço ao Deputado Francisco Praciano e aos demais Parlamentares a

oportunidade dada à Marinha de apresentar as suas necessidades. Espero ter

contribuído para os trabalhos da Comissão.

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Sessão:1023/08 Quarto:12 Taq.:Lelaine Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Sr. Presidente, eu queria fazer

uma pequena observação, como Relator.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Permita-me apenas

agradecer ao Almirante a apresentação.

Com a palavra o companheiro Relator, Deputado Asdrubal Bentes.

O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Sr. Contra-Almirante Anatalício,

sua exposição atingiu alguém que não apenas conhece, como sentiu o efeito das

ações da Marinha lá no longínquo Rio Madeira, onde nasci. Creio que ao longo dos

anos os recursos estão cada vez mais escassos, e, em conseqüência disso, a

prestação dos serviços não alcança a excelência que sempre teve. Mas V.Exa. foi

muito feliz no que disse sobre o descontingenciamento. Eu gostaria de fazer um

apelo ao Presidente, no sentido de nós mobilizarmos não apenas a bancada da

Amazônia Legal, mas toda a bancada do Norte, para pressionarmos a fim de que

sejam descontingenciados esses recursos e assim a Marinha possa exercer suas

funções constitucionais com a presteza que sempre teve na nossa região.

E faço uma pequena observação. Esses 2,8 bilhões de reais são uma cifra

avultada, mas, quando se trata de Amazônia, é preciso pensar grande mesmo. O

que eu gostaria de saber é se há um escalonamento desse valor, uma previsão ano

a ano, um prazo.

O SR. ANATALÍCIO RISDEN JÚNIOR - Se o senhor me permite, 2,8 bilhões

são para a Marinha nacional, para a Marinha como um todo, desde porta-aviões até

aviões e submarinos. A necessidade específica para Amazônia é de 194 milhões e

de 153 milhões, como eu apresentei. Esta parte está inserida no orçamento global

da Marinha, e existem outros investimentos. Eu só apresentei os valores de 2009. A

Marinha tem planejamento para 15 a 30 anos. Os valores para os outros anos nós

temos condições de apresentar, se for necessário. O que eu procurei foi mostrar a

visão da Marinha para a Amazônia, e recursos são analisados ano a ano. Essa é

uma briga paulatina que vamos fazer.

O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Estou satisfeito, Sr. Almirante.

Peço à assessoria que registre todos esses dados, e ainda devemos ter a gravação

e, evidentemente, o CD.

Muito obrigado.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Muito obrigado,

Almirante Anatalício.

Com a palavra, para sua apresentação inicial, o General-de-Brigada Gerson

Forini, representante do Exército brasileiro.

O SR. GERSON FORINI - Exmo. Sr. Deputado Francisco Praciano,

Presidente da Subcomissão de Orçamento para a Amazônia, na pessoa de quem

cumprimento todos os Parlamentares presentes, companheiros das demais Forças,

representantes da Polícia Federal, do IBAMA, da FUNAI, da Fundação Chico

Mendes, senhoras e senhores, em primeiro lugar agradeço à Comissão a

oportunidade dada ao Comando do Exército de fazer esta apresentação. Esta é uma

oportunidade ímpar de apresentarmos um pouco do que fazemos na Amazônia.

Imagino que todos possam compreender que o tempo concedido, em torno de

10 minutos, é insuficiente para detalharmos as atividades do Exército na região

amazônica, mas tenho certeza de que os Parlamentares da região conhecem muito

bem a nossa atuação nessa área.

(Segue-se exibição de imagens.)

Em termos gerais, o Exército, instituição nacional que atua em todo o território

brasileiro, tem 7 Comandos Militares de Área. O que nos interessa é o Comando

Militar da Amazônia, responsável por toda a região apresentada em verde neste

slide.

Também em âmbito nacional, o Exército possui 26 Brigadas e 1 Comando de

Aviação. Este não é um conceito muito simples de ser explicado, mas a Brigada é a

nossa unidade básica de combate, então os planejamentos de operação do Exército

em qualquer área do território nacional são baseados nessa unidade. Uma Brigada

tem em torno de 5 mil homens e, além do efetivo, equipamento, material,

armamento, pessoal e as instalações necessárias à sua atuação. Então, em todo o

Brasil, 26 Brigadas e 1 Comando de Aviação.

Na área amazônica nós temos 5 Brigadas de Infantaria de Selva, que

veremos em detalhe logo adiante. Das 26 Brigadas do Exército, 5 estão localizadas

na Amazônia.

Em termos de áreas estratégicas e vocações prioritárias do Exército,

dividimos o território nacional em 5 áreas prioritárias: Amazônia, Centro-Oeste,

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Sessão:1023/08 Quarto:13 Taq.:Lelaine Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Bacia do Prata, Nordeste e Núcleo Central. As 3 primeiras, Amazônia, Centro-Oeste

e Bacia do Prata, têm vocação prioritária para a defesa externa, e as outras 2,

Nordeste e Núcleo Central, têm vocação prioritária para a defesa territorial e a

garantia da lei e da ordem.

Entre as 5 áreas estratégicas definidas para o Exército, a prioridade 1,

absoluta, é a área amazônica. Por quê? Não preciso ler novamente para os

senhores todos os aspectos atinente à importância da Amazônia, mas, como citou a

Deputada Janete Capiberibe na abertura dos trabalhos, a Amazônia corresponde a

três quintos do Brasil, concentra dois terços das nossas reservas hidrelétricas, é

responsável por um quinto da água doce, é o maior banco genético do Planeta e tem

área igual a 5 milhões de quilômetros quadrados, maior que a maioria das nações

do mundo. Por todos esses aspectos, a Amazônia é prioridade 1 para o Exército.

Vamos ver onde estão e de onde vieram as 5 Brigadas de Infantaria de Selva

distribuídas pela Amazônia. Por ordem de instalação: 17ª Brigada de Infantaria de

Selva, em Porto Velho, instalada nos finais dos anos 70, início dos anos 80; 23ª

Brigada de Infantaria de Selva, em Marabá, instalada nos anos 80 e consolidada no

início dos anos 90; 1ª Brigada de Infantaria de Selva, instalada no início dos anos 90

e consolidada durante os anos 90, localizada em Boa Vista por transferência de uma

Brigada existente em Petrópolis — ressalto a transferência da 1ª Brigada de

Infantaria de Selva da região do Rio de Janeiro, Petrópolis, para Roraima —; 16ª

Brigada de Infantaria de Selva, localizada em Tefé, instalada no final dos anos 90 e

ainda em fase de consolidação, transferida da região de Santo Ângelo para Tefé; e

2ª Brigada de Infantaria de Selva, no início de sua implantação, por transferência da

2ª Brigada de Infantaria Motorizada, localizada em Niterói — esta é outra Brigada

que nós estamos transferindo da região do Rio de Janeiro, mais especificamente de

Niterói, para São Gabriel da Cachoeira. Isto demonstra a importância relativa

estratégica que o Exército dá à Amazônia.

A evolução do efetivo do Exército na área está representada nestes dados.

Em 1950, tínhamos mil homens na área; em 2000, 21 mil; em 1980, 15 mil; e

atualmente temos em torno de 25 mil homens. Este é o nosso efetivo presente, e ele

ainda crescerá mais ainda quando estiver totalmente implantada a 2ª Brigada de

Infantaria de Selva.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

O efetivo no Rio de Janeiro é relativamente grande, mas, em poder de

combate, ele é relativamente pequeno, porque temos no Rio muitas instalações

centrais logísticas e quase todo o aparato escolar do Exército. Então, em poder de

combate, nós temos uma Brigada de Infantaria Motorizada escola, no Rio de

Janeiro, e a Brigada de Infantaria Pára-Quedista, com atuação em todo o território

nacional.

A Brigada é uma força estratégica, e nosso efetivo na Amazônia é compatível

com a importância estratégica que nós atribuímos à região.

Ainda sobre definição de Brigada, eu gostaria de dizer que subordinados a ela

há vários Batalhões. A Brigada de Porto Velho tem Batalhões em Guajará-Mirim, em

Humaitá e em Rio Branco, basicamente; a de Tefé, em Cruzeiro do Sul, Tabatinga e

em Tefé; a de São Gabriel da Cachoeira está em implantação e futuramente terá

Batalhões em Barcelos e em Santa Isabel do Rio Negro, além de São Gabriel da

Cachoeira; a de Boa Vista tem Batalhões em Boa Vista, em Marabá, ao longo de

toda a Transamazônica, em Imperatriz, em Altamira, em Itaituba e o Batalhão de

Engenharia de Santarém, além do Grupamento de Engenharia, sediado em Manaus,

com Batalhões de Engenharia em vários lugares, como Rio Branco, Porto Velho e

Santarém, e da Companhia de Engenharia de São Gabriel da Cachoeira.

Essa é a nossa distribuição. Por sua vez, esses Batalhões é que destacam os

Pelotões Especiais de Fronteira, muito conhecidos dos senhores: 24 Pelotões

Especiais de Fronteira ao longo de toda a fronteira do Brasil na Amazônia, mais 3

em processo de planejamento e implantação.

A importância da Amazônia para o Exército brasileiro está configurada nesta

organização estrutural das nossas forças.

Agora vou falar mais especificamente da 2ª Brigada de Infantaria de Selva,

localizada em São Gabriel da Cachoeira. Ela começou a ser implantada em 2004 e a

previsão é que seja concluída em 2015, mas suas principais obras devem ser

concluídas até 2010, desde que tenhamos recursos financeiros suficientes para

implantá-la corretamente. Nós já veremos, a exemplo do que apresentou a Marinha,

em que situação está o orçamento do Exército e o que podemos carrear de recursos

especificamente para a Amazônia.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Primeiramente, as necessidade orçamentárias para a 2ª Brigada de Infantaria

de Selva, que é nosso projeto prioritário para a região. Tínhamos para 2008 uma

necessidade de 63 milhões e 500 mil reais para a implantação da Brigada, dos

quais, com os recursos disponíveis colocados à disposição da Defesa, por

conseguinte à disposição do Exército, só conseguimos inserir na LOA 2 milhões e

100 mil reais, por total impossibilidade de alocar mais. Nossa necessidade para essa

Brigada no ano de 2009 atinge a ordem de 68 milhões de reais. Como o Almirante

Risden já citou, os primeiros números apresentados à Defesa pelo Ministério do

Planejamento, em patamares mais baixos do que os da Lei Orçamentária de 2008,

provavelmente impedirão que aloquemos recursos para essa Brigada na medida que

gostaríamos. Portanto só este ano já temos um déficit de algo em torno de 61

milhões de reais, como veremos adiante.

A partir do que já foi apresentado pela Marinha, nossas considerações agora

serão muito semelhantes. Vou até poupar-lhes alguns detalhes.

Em verde nós temos as necessidades totais do Exército, de 2003 a 2008. Em

amarelo, o que foi executado por lei mais créditos, obviamente até o ano de 2007,

em algumas situações menos do que 50% do que o Exército necessitava. Para

2008, nossa necessidade seria de 5 bilhões e 100 milhões de reais, e estamos em

lei com 2 bilhões e 443 milhões. Com um contingenciamento da ordem de 460

milhões, estamos autorizados a menos de 2 bilhões, ou seja, a praticamente 40%

das nossas necessidades reais.

Vamos agora fazer algumas considerações sobre como funciona o orçamento

do Exército, que eu acredito funcione da mesma maneira que o das outras Forças.

Sendo o Exército uma instituição nacional, nosso planejamento é global, ou

seja, temos que fazer o planejamento centralizadamente. Dependendo do tipo de

aquisição, ela é regionalizada, centralizada ou totalmente centralizada. Por exemplo,

os alimentos que nós somos obrigados a adquirir para sustentar o nosso pessoal

são adquiridos de maneira descentralizada. Na Amazônia, quem executa a

aquisição são os Batalhões de Suprimento de Manaus e Belém, para toda a região.

E assim acontece no resto do País. O recurso é descentralizado, mas o

planejamento é centralizado.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Eu gostaria de ressaltar uma questão da vida do militar na Amazônia, da

permanência desses 25 mil homens na Amazônia, que, como todos sabem, passam

o tempo todo naqueles Pelotões de Fronteira. O lema do Exército na Amazônia é

Vida, Combate e Trabalho. Por quê? Porque, para que o elemento possa cumprir a

sua destinação constitucional, antes ele tem que sobreviver na Amazônia. Então,

antes que esses 25 mil homens possam combater, nós precisamos provê-los de

instalação adequada em todos estes pontos: alimentação, combustível para gerar

energia elétrica, água tratada, fardamento, instalações e mobiliário adequado. Só

então podemos pensar em armamento, munição etc.

Armamento é comprado centralizadamente, munição é comprada

centralizadamente, combustível idem, por isso é muito difícil estabelecer qual é a

necessidade específica da Amazônia para essas atividades, que são comuns.

Continuamos dando prioridade à Amazônia, no entanto temos que atender a todo o

Brasil, com uma distribuição de 40% dos recursos, 20% dos quais estão

contingenciados. Portanto temos restrições no atendimento à Amazônia.

Um planejamento regionalizado daria pouca flexibilidade para o Comando do

Exército numa situação de escassez, por isso o planejamento é nacional e não

regional, exceto em alguns aspectos específicos, como a implantação da 2ª Brigada

de Infantaria.

Uma coisa que às vezes gera uma idéia diferente é a tendência a preservar

determinadas prioridades e metas. Lembro que a preservação de uma prioridade em

situação de escassez gera exclusividade, portanto priorizar legalmente que

determinados recursos destinados à Amazônia sejam efetivamente alocados

importa, por exemplo, que um contingenciamento global em torno de 20% para o

Exército transforme em 30%, em 40%, até em 50% o volume de recursos para

determinada área, o que inviabilizaria a atuação do Exército como instituição

nacional.

Principais pleitos do Exército à Comissão da Amazônia, ao Congresso como

um todo.

Inicialmente, a exemplo da Marinha, o descontingenciamento dos recursos

deste ano, da ordem de 463 milhões de reais, e a concessão de créditos adicionais,

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

já solicitados, para a implantação da 2ª Brigada de Selva, da ordem daquela

diferença de 61 milhões. Isto para o ano de 2008.

Para 2009, nosso primeiro pleito é que não sejam reduzidos os montantes do

projeto de lei da Defesa, por conseguinte do Comando do Exército. Não raro

acontece isso. Antes de o projeto de lei ser acrescido, ele é cortado. Então, em

primeiro lugar, que não se reduzam os montantes.

Em segundo lugar, aporte de novos recursos, por intermédio de emendas

individuais e coletivas, de forma a elevar o orçamento do Comando do Exército e

aproximá-lo do necessário. Quando falo em elevar o orçamento do Comando do

Exército, como o número é global para a Defesa, refiro-me a elevar o orçamento da

Defesa, porque assim será elevado o orçamento da Marinha, do Exército e da

Aeronáutica.

Por fim, eu gostaria de concluir que garantir recursos para a Defesa significa

priorizar a Amazônia. Faço esta relação porque creio que ficou constatado que a

Amazônia é prioridade absoluta para o Exército.

Uma segunda conclusão é que mesmo com esses recursos o Exército ainda

fica muito aquém da estatura político-estratégica do Brasil.

O Exército Brasileiro conta com o apoio do Congresso Nacional, legítimo

representante da sociedade brasileira, para o atendimento de suas necessidades.

Mais uma vez agradecemos o convite da Comissão da Amazônia, em

particular da Subcomissão de Orçamento para a Amazônia. Agradeço em meu

nome, em nome do Comandante do Exército, o General Enzo, em nome do Exército

a oportunidade de mostrar-lhes um pouco do que fazemos na região amazônica.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Agradecemos ao

General Forini a belíssima apresentação, que deixou muito clara a questão da

centralização e também da priorização que o Exército dará à Amazônia, o que

esperamos se torne realidade. Portanto o recado que o Exército Brasileiro está

dando ao Congresso Nacional é que precisamos lutar, pressionar, ajudar o Exército

a descontingenciar 463 milhões do seu orçamento. E, especificamente para a

Amazônia, pelo que entendi ainda são necessários 67 milhões de reais para o ano

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

de 2009. O recado foi bem dado a esta Comissão, com objetividade, pelo General

Forini.

Tem a palavra o companheiro Relator da Subcomissão.

O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Sr. Presidente, creio que, à

semelhança da Marinha, o Exército requer, como prioridade zero eu diria, o

descontingenciamento dos recursos deste ano e a inclusão de mais recursos no

orçamento do ano que vem, solicitando para isso a nossa interveniência junto à área

econômica do Governo, a fim de que não seja cortada a proposta que vão

apresentar lá e que deverá constar do Orçamento da União. Acho que este é um

passo importante que temos de dar.

Eu, como R-2, tenho uma simpatia muito grande pelo Exército, porque

aprendi lições de vida, de cidadania, de formação de caráter durante meu serviço

militar no CPOR de Belém do Pará.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Companheiros

Deputados Federais, após as apresentações será dada a palavra a todos, para

enriquecermos a reunião.

Concedo agora a palavra ao Coronel-Aviador José Hugo Volkmer, para

apresentar o orçamento da querida Aeronáutica.

O SR. JOSÉ HUGO VOLKMER - Bom dia, Deputado Francisco Praciano,

Deputado Asdrubal Bentes, Sras. e Srs. Deputados, representantes da Amazônia,

oficiais generais. Bom dia a todos.

Sou o Coronel Volkmer e represento a Força Aérea. Estou aqui presente por

ter trabalhado nos últimos 3 anos na região amazônica. Tenho alguma bagagem de

conhecimento daquela área.

(Segue-se exibição de imagens.)

Vou dar aos senhores uma pequena noção sobre o trabalho da Força Aérea

na região amazônica diante dos óbices orçamentários.

Até pouco tempo atrás — os Srs. Parlamentares da região amazônica devem

se lembrar disso —, éramos representados na Amazônia simplesmente pela Base

Aérea de Manaus e pelo 1º Esquadrão do 9º Grupo de Aviação, com os nossos

famosos C-115 Búfalo. Com certeza, toda a população da Amazônia viu passar nos

céus da floresta essas aeronaves, que levavam saúde e suprimentos até as

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Sessão:1023/08 Quarto:17 Taq.:Maria Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

populações ribeirinhas. À época eram apenas 400 homens, mas esses poucos

aviões marcaram seu nome na história da Amazônia Ocidental.

Mas o desenvolvimento vai chegando e vai requerendo mais a nossa

presença na região. Os interesses internacionais, as cobiças fazem com que nos

preocupemos, e há pouco tempo todos passamos a ver slogans da população

manifestando a vontade nacional de que a Amazônia fosse cuidada.

Pois bem. A Força Aérea, dando suporte a essa vontade nacional, passou a

incrementar a sua presença na região, e os Srs. Parlamentares todos ajudaram-nos,

à época, a aprovar o Orçamento que incluiu o SIVAM na vigilância da Amazônia.

O gatilho para que a Força Aérea priorizasse o aumento da sua presença na

Amazônia foi a quebra da nossa soberania na região. Quando registramos uma

média de 300 vôos desconhecidos, não autorizados, ilícitos sobre a região

amazônica, aceleramos ao máximo o implemento dos nossos meios na região,

porque o espaço aéreo é nosso, é brasileiro, lá só voa quem nós autorizamos. Isso

era regra no restante do País, só não era na Amazônia.

Até hoje, já colocamos 4 mil homens na região amazônica e incrementamos

22 organizações militares, tudo para fazer frentes de integração nacional e domínio

do espaço aéreo.

Até pouco tempo, nossa cobertura radar no Brasil era plena, mas na

Amazônia ela era apenas pontilhada. Com esse incremento da presença da Força

Aérea, temos hoje uma cobertura radar total, em toda a Amazônia, em todo o Brasil,

o que eleva nosso País a uma condição ímpar no mundo, porque poucos são os

países que têm total cobertura radar do seu território.

Entretanto, não obstante nós termos cobertura radar, não basta ver quem

estava entrando no nosso território, era preciso impedir que quem nós não

queríamos aqui adentrasse o território nacional. Então os Srs. Parlamentares

aprovaram a Lei nº 9.614, autorizando o abate.

Com isso, nós precisaríamos ter vetores para dissuadir qualquer intenção de

entrada em território brasileiro, então foi criada uma base aérea com aviação de

caça em Boa Vista e outra em Porto Velho, formando ao redor da Amazônia um

cinturão, uma blindagem das fronteiras, que o que nos permite não é negar acesso a

quem não está autorizado a sobrevoar a Amazônia, mas levar a qualquer ponto da

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

fronteira uma pronta resposta, uma necessidade de incremento de meios, de

homens da Polícia Federal, do Exército, da Marinha, para fazer frente a qualquer

tipo de incursão.

Quando aumentamos a nossa presença na Amazônia, levamos conosco o

desenvolvimento. Não podemos voar em toda aquela região sem ter combustível.

Qual é a empresa — PETROBRAS, Esso, Shell — que vai levar combustível a um

local onde ela não vende, a não ser para nós, Força Aérea? Nós pagamos caríssimo

para que haja combustível em vários locais, a fim de que possamos desenvolver a

nossa ação. Por exemplo, se eu quero ir de Manaus a Porto Velho com plena

capacidade de carga, tenho que fazer um pouso no meio do caminho. Vou escolher

Manicoré, Humaitá, Lábrea? Não há combustível da PETROBRAS nessa região,

então precisamos de gente nossa lá, o que encarece a operação e demanda

investimentos. Essa logística nós já temos. Empregamos na região amazônica os

nossos postos de combustíveis.

Não obstante isso, temos que implementar a nossa malha de pista. Hoje há

brasileiros vestindo azul que estão construindo pistas em Oiapoque, em Tireóis, em

Caracaraí, onde estão reparando a pista e colocando balizamento noturno, em

Tunuí, onde estão aumentando a pista, em Auaretê, onde também estão

aumentando a pista, em Japurá, em Ipiranga, em Tabatinga, onde estão fazendo

pátio, em Estirão do Equador e Palmeiras, onde estão aumentando a pista para

1.500 metros, em Eirunepé, onde já fizeram a pista e agora estão construindo o

pátio e iniciando a construção da nossa base desdobrável, em Santa Rosa do Purus,

onde estão aumentando a pista, que está com 800 metros de grama utilizáveis e

terá 1.300 metros de asfalto. É muito difícil logística de levar recursos a esses locais,

de modo a podermos construir a pista. Por exemplo, em Santa Rosa do Purus, só

durante 6 meses do ano o Rio Purus é navegável, então temos de aproveitar esses

6 meses para levar os insumos. Acontece que, quando eles chegam, já é período de

chuva, e não podemos mais trabalhar, temos que esperar a seca. São 6 meses

levando insumos e 6 meses aguardando a seca para iniciarmos os trabalhos. E, aí,

quem vai investir para fazer um posto contra incêndio em Barcelos, Lábrea, Humaitá

e Parintins? Se o posto contra incêndio em Parintins não estivesse pronto, não o

Festival de Parintins realizado no último final de semana não teria tido o sucesso

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

que alcançou — pessoas de todo o mundo foram para lá de avião a fim de participar

desse evento que leva desenvolvimento para a região.

Prestamos apoio aéreo à região. Com base nessas pistas, com base na

nossa presença na Amazônia, com base nos postos de combustíveis, apoiamos

todos os destacamentos dos pelotões de fronteira do Exército, porque na maioria

dos locais não há nem acesso fluvial nem terrestre. Mas há homens, há brasileiros,

que são os nossos irmãos, que são os guardiões da fronteira, e eles precisam ser

supridos de arroz, feijão, precisam receber combustível para que os geradores

funcionem e precisam ser substituídos a cada 1 ou 2 anos, também quando há uma

enfermidade eles têm de ser retirados de lá, e é obrigação da Força Aérea fazer

esse suprimento com base nos nossos aviões.

Da mesma forma, a nossa cobertura radar ocorre porque temos

destacamento incrustados em toda a região amazônica. E cada um desses

destacamentos requer gente especializada para fazer reparos no radar. Se, por

exemplo, o radar de Humaitá emperrar por algum motivo, temos de levar um técnico

ou uma peça para repará-lo. Se isso não acontecer imediatamente, esse radar vai

parar de fazer a cobertura, e haverá deterioração na segurança de vôo, porque o

controle diminui. É um trabalho que não pode parar. Hoje, depois do investimento

feito, os nossos vôos não podem parar, tem de ser uma operação ininterrupta.

Não obstante esse apoio ao Exército e à própria Força Aérea, em vez de

fazermos os nossos vôos de treinamento em Manaus, vamos para o interior em

socorro às populações. São ribeirinhos que nos ligam, solicitando missões de

misericórdia, por exemplo, em caso de enfermidade grave no interior, em Carauari,

Tapauá, envolvendo uma criança ou um cidadão que não têm condições de ser

tratados no local e precisam ser removidos para Rio Branco, Porto Velho, Tabatinga

ou Manaus, onde haja um hospital mais adequado para tratar essa enfermidade.

Normalmente, esses casos envolvem risco de vida, ou seja, se não for removido,

paciente morre.

Em 2007, fizemos 226 dessas idas ao interior para pegar ribeirinhos ou

indígenas e levá-los a Manaus ou a outros centros, para que fossem tratados, e 247

pacientes foram transportados, porque às vezes, em uma missão, 2 ou 3 vão a

bordo. Dessas pessoas, todos pacientes em estado grave, com certeza, mais de 200

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

vidas foram salvas. Em 2008, essas pessoas continuam precisando de ajuda, e o

nosso combustível está acabando.

Também realizamos missões cívico-sociais. Essas ações visam ir ao interior

da região amazônica, onde o Estado consegue disponibilizar a infra-estrutura de um

hospital, ou seja, constrói o hospital, mas lá não há os necessários equipamentos,

medicamentos e profissionais de saúde. Em mais de 90% das cidades do interior da

Amazônia, não há médicos brasileiros atuando, temos médicos estrangeiros,

peruanos, colombianos, cubanos. Essa é uma realidade que poucos brasileiros

conhecem, mas é a realidade. Por quê? Porque nós, brasileiros, estudamos numa

universidade federal, mas não aceitamos, após formados, servir à Pátria naquela

região. Então, esse é um trabalho que vem sendo feito pelo Exército, pela Marinha e

pela Força Aérea. E, nessas missões, levamos de 20 a 30 profissionais da área de

saúde, médicos, dentistas, farmacêuticos, de mãos dadas com o Estado, levamos os

medicamentos e fazemos em uma semana, cerca de 3 a 4 mil atendimentos

ambulatoriais, de 50 a 100 cirurgias, num mutirão, e pessoas que estão com uma

enfermidade, pessoas que vêm mancando há 1 ou 2 anos, tem o seu problema

sanado.

As linhas do CAN — Correio Aéreo Nacional que foram implementadas,

reativadas pessoalmente pelo próprio Presidente, têm um papel importante também,

quando vamos com pequenos grupos de médicos ao interior e prestamos

assistência em todos os Estados que compõem a Amazônia Ocidental. Vamos a

Rondônia, ao Acre, a Roraima, ao Amazonas, onde seguimos a Calha do Rio

Madeira, a Calha do Rio Purus, a Calha do Rio Juruá, a Calha do Rio Solimões e a

Calha do Rio Negro.

Na área da Cabeça do Cachorro há algumas comunidades, como Anamoin,

Jundu Cachoeira, Apuí, Melo Franco, Santo Atanásio, Taraquá, Assunção do Içana,

que estão muito próximas da fronteira e, portanto, sofrem influência das FARC, que

têm presença marcante exatamente ao redor da Cabeça do Cachorro. E as

comunidades, tanto indígenas quanto ribeirinhas, acabam sendo coagidas a levar,

por intermédio dos Rios Negro, Xié, Içana, Uaupés, Tiquié, drogas e ilícitos para São

Gabriel da Cachoeira, de onde, então, são escoados para o restante do País,

minando nossa sociedade.

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Sessão:1023/08 Quarto:20 Taq.:Stella Maris Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Portanto, além de levar saúde a essas comunidades, também verificamos, em

questionamentos com as mães, se há alguma ação das FARC, e comunicamos à

Polícia Federal. É um trabalho em parceria com o Exército desenvolvido na Cabeça

do Cachorro, em Maturacá, Cucuí, Santa Isabel, Tunuí, Querari, Iuaretê e

Pari-Cachoeira, além de São Gabriel. Levamos a essas comunidades equipamentos

médicos, analisamos o grau de visão do indígena e do ribeirinho e, por doações da

Receita Federal ou da própria comunidade, entregamos, naquele mesmo momento,

os óculos, conforme o grau requerido. Isso porque não adianta, em Pari-Cachoeira,

por exemplo, entregar uma receita de óculos a alguém que nunca poderá

comprá-los.

Também levamos saúde bucal às comunidades. Não basta extrair dentes,

essa é uma fase do passado do Brasil, temos de ir lá e tratar os dentes das

pessoas. Levamos uma cadeira de dentista portátil, um gerador, e os nossos

dentistas corrigem o problema bucal dos indígenas e dos ribeirinhos. Atendemos

também aqueles que já não têm mais os dentes, fazemos o molde e, no mês

seguinte, quando a missão retorna ao local, levamos a dentadura pronta. Isso

proporciona felicidade às pessoas, que voltam a ter o prazer de mastigar o alimento.

Para a juventude, inserimos noções de higiene bucal. Levamos escovas e

pasta de dente, porque não adianta falar em higiene bucal sem distribuir esse tipo de

equipamento, e fazemos aplicação de flúor. Levamos também, de mãos dadas com

o Estado, material escolar, uniformes e assim por diante.

A seguir, as dificuldades que encontramos, por exemplo, em Tunuí, onde

pousamos do lado do rio em que se localiza a pista, depois temos de atravessar de

barco, com apoio do Exército, para levar equipamentos e medicamentos para

atender os 247 indígenas do local. Também há as nossas acomodações, nosso

hotel de selva.

Em cada local que pousamos, damos noções de civismo, deixamos claro que

lá é Brasil e que o símbolo do Brasil é essa bandeira erguida em cada local por onde

passamos. Ensinamos às comunidades locais os símbolos nacionais, como a

Bandeira e o Hino Nacional.

A continuidade desse trabalho se deve à prioridade dada pela Força Aérea,

que drena recursos de outros locais para a Amazônia, pois esse é um trabalho que

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

não pode parar. Quando o ribeirinho nos liga, por exemplo, de Carauari dizendo que

está com uma enfermidade grave, a aeronave tem de decolar para resgatar esse

paciente e levá-lo a Manaus, pois é uma vida que não podemos perder. Então, em

detrimento de outros locais, paramos o Sul, mantemos a Amazônia.

Para o presente ano, apresentamos uma necessidade de R$334 milhões em

termos de combustível. O limite imposto foi de R$4 milhões e apresentamos uma

Proposta de Lei Orçamentária de R$330 milhões para combustível. Houve um corte

no Congresso de R$33 milhões, então, a Lei Orçamentária foi aprovada com R$297

milhões. No entanto, o contingenciamento dos recursos representou um corte de

R$167 milhões, sobrando R$130 milhões para combustível. Entretanto, esses

recursos estão acabando, no mês de julho se encerra esse crédito. E, aí, o que

vamos fazer? O que estamos pedindo, e a documentação já foi encaminhada às

autoridades, é uma suplementação de R$61 milhões e o descontingenciamento de

R$167 milhões, totalizando R$228 milhões.

Aviação é um brinquedo caro. Não basta termos combustível; para voar, os

aviões têm de ter trocados os pneus e o gerador. Então, a nossa necessidade vai

crescendo a cada ano que passa, porque quando não compramos os suprimentos,

vamos sugando os que estão nas prateleiras até zerá-las. Isso implica, para

recompor a prateleira e atender aos aviões, um déficit maior.

Há, para este ano, a necessidade de R$772 milhões, com o déficit de R$392

milhões, uma vez que na Proposta de Lei Orçamentária Anual a previsão era de

R$380 milhões. Houve um corte no Congresso Nacional de R$38 milhões

destinados a suprimento, que foi atendido com emendas, em R$20 milhões, e a LOA

foi contemplada em R$362 milhões. Houve novo contingenciamento, e caímos para

R$260 milhões.

Nossas prateleiras estão vazias, e nossas aeronaves estão voando com o

restante dos suprimentos. Para o presente ano, precisamos de uma suplementação

de R$138 milhões e um descontingenciamento de R$102 milhões, totalizando

R$240 milhões. Para 2009, em termos de orçamento, nossa necessidade, no que

diz respeito a combustível, é de R$390 milhões, para que possamos cumprir todas

as missões e não suspender as missões na Amazônia.

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Sessão:1023/08 Quarto:21 Taq.:Stella Maris Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

O déficit foi apresentado na tarde de ontem, no Ministério de Defesa.

Restaram na Proposta de Lei Orçamentária simplesmente R$200 milhões, muito

aquém do que recebemos em termos de PLOA no ano passado. E, em termos de

suprimento, a cada ano aumenta a deficiência, que hoje é de R$900 milhões. O

limite imposto foi de R$630 milhões, sobrando para a Proposta de Lei Orçamentária

apenas R$266 milhões.

A Força Aérea vai continuar atuando na Amazônia Ocidental, vamos continuar

direcionando e priorizando nossos esforços para a Amazônia, pelas razões já

apresentadas. Mas temos de envidar esforços, e grande parte desses esforços está

nas mãos dos Srs. Parlamentares, no sentido de liberar emendas e de nos ajudar a

elevar o orçamento.

O preço da liberdade é a eterna vigilância.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Agradeço ao Coronel

Aviador José Hugo Volkmer a presença e a apresentação. Ver aquela bandeirinha

no meio da Amazônia nos deixa a todos vaidosos e orgulhosos.

Tenho uma proposta, aliás uma solicitação dos representantes das Forças

Armadas aos representantes do IBAMA, da FUNAI e de outras instituições que farão

a apresentação do respectivo orçamento. A solicitação é considerarmos esta uma

primeira fase da nossa conversa e abrirmos espaço para que os Deputados

Federais apresentem comentários, complementações e discussões a respeito

dessas apresentações. Logo em seguida, os companheiros das Forças Armadas

serão liberados, porque têm outros compromissos, e voltaríamos a discutir com as

demais instituições.

Antes, porém, registro a presença do querido Deputado Átila Lins,

Coordenador da Bancada do Amazonas; do Deputado Edio Lopes, Coordenador da

Frente Parlamentar de Apoio às Forças Armadas na Amazônia, a quem agradeço a

presença; e da companheira Maria Helena, Vice-Presidenta desta Comissão, que

saiu por alguns instantes.

Com a palavra o primeiro inscrito, Deputado Marcio Junqueira, de Roraima.

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Sessão:1023/08 Quarto:22 Taq.:Stella Maris Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, caros convidados, oficiais, agentes da Polícia Federal, senhoras e

senhores, inicio minha intervenção seguindo a ordem dos expositores.

Em relação à Polícia Federal é preciso rediscutir o assunto, mas algumas

verdades têm de ser ditas. Quanto a essa questão da falta de recursos, parece-me,

na verdade, que falta planejamento, tanto é que na Operação O Patacon, que

acontece em meu Estado, não tem havido problema de recursos. A Polícia Federal

adquiriu 60 caminhonetes Pajero, tem um jato Legacy voando a seu bel-prazer pelos

céus do Brasil, trazendo pessoas para a carceragem da Polícia Federal e as

deixando aqui, tem um Caravan e tem um helicóptero Bell estacionado, esperando a

decisão do Supremo. O Esquilo se deslocou não sei de onde para Roraima

tão-somente para transportar o Ministro da Justiça da Base Aérea ao Surumu,

porque a Força Aérea Brasileira, assim como o Exército e a Marinha, havia dito que

não participaria dessa malfadada operação. Só de diárias, até agora, foram gastos

muito mais de R$8 milhões, sem falar da alimentação. Então, é uma questão de

planejamento.

Acredito que a Polícia Federal tem de discutir melhor as ações, e concordo

com o Relator no sentido de que é preciso haver investimentos maciços no preparo

dos recursos humanos, para que esses homens e mulheres que atuam na Amazônia

conheçam-na de fato. Hoje, vê-se um contingente imenso de policiais, enquanto

outras áreas estão carentes. Então, é preciso discutir de forma verdadeira e séria.

Há recursos, mas a situação está mal planejada e mal gerenciada.

Em relação à Marinha, eu gostaria de dizer ao Contra-Almirante que

realmente o problema deveria ser prioridade — porque não há prioridade. As Forças

Armadas, como um todo, são tratadas como subalternas. É vergonhosa a situação

das Forças Armadas no Brasil. Deputado Asdrubal Bentes, Deputado Francisco

Praciano, ouvimos declarações de Al Gore e Danielle Miterrand de que não temos

competência para cuidar da Amazônia, e ficou claro hoje que com, o que temos, é

impossível cuidarmos da Amazônia.

A Marinha está propondo equipar-se, nos próximos 10 anos, com a aquisição

de 111 lanchas. Daqui a 10 anos, quando chegar a última lancha, a primeira já

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

estará ultrapassada, pois haverá novas tecnologias. Dez anos para acontecer algo

que urge?!

Quer dizer, vamos dizer para aqueles que cobiçam a Amazônia, que praticam

a biopirataria, que ali fazem tráfico de drogas: “Vocês vão parar essa atividade por

10 anos, até que possamos coibi-la”?! Isso não existe. Estamos, na verdade,

enxugando gelo. Isso tem de ser discutido com o Executivo. Isso tem de ser

prioridade de governo — e não estou falando apenas deste Governo, pois essa

situação é resultado de um acúmulo de outros Governos. Falta brasilidade, falta

saber dimensionar o que significa a Amazônia.

Quero dizer ao Coronel Volkmer que conheço, sim, Flechal, Uiramutã, Socó,

para onde esses homens vão e onde há pessoas que não sabem sequer o que é

uma obturação dentária. Sinto muito dizer, mas os senhores estão discutindo no

lugar errado. A prioridade é do Governo, que está ali do outro lado da rua, lá no

Palácio do Planalto. Isso é conversa, dizer que temos... Hoje, o Governo Federal

tem maioria nesta Casa. Ele aprova e desaprova o que quer aqui. Ele edita uma

medida provisória e resolve. Ele aprova o que quer nesta Casa, como aprovou a

CSS aqui. Temos de parar de fazer as pessoas perderem tempo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Deputado, peço a

V.Exa. que encerre.

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Estou encerrando, Sr.

Presidente.

Portanto, o que falta é o Governo, o que falta é o Executivo... É o Executivo,

não é o Legislativo. Eles têm o hábito de jogar nas nossas costas. É o Executivo que

não tem prioridades neste País, que não conhece a realidade da Amazônia. Temos

de levar alguns Ministros a São Gabriel da Cachoeira para verem aquele hospital do

Exército, onde os índios padecem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Por favor, Deputado,

peço que encerre a sua fala, para que os demais Deputados também possam se

manifestar.

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Sr. Presidente, peço a V.Exa.

que estipule o tempo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Já foi tempo suficiente.

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Sessão:1023/08 Quarto:23 Taq.:Christiane Monteiro Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - V.Exa. não estipulou o tempo no

começo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Se V.Exa. quiser,

estipulo: concedo-lhe 1 minuto para que V.Exa. encerre a sua fala.

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Falei por quanto tempo, Sr.

Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Seis minutos.

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Ficam estipulados para os outros

companheiros 6 minutos.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Companheiro, peço

que encerre.

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Muito obrigado. Era essa a

minha colocação. Às vezes, a verdade dói, Deputado Praciano.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Não dói, não. Por

favor, eu gostaria de... Eu não me senti bem diante da falação do companheiro.

Primeiro, quero dizer que os convidados estão no lugar correto, companheiro.

O que falta, inclusive, é os Deputados comparecerem às reuniões, o que não

conseguimos fazer com que aconteça. E V.Exa. é um deles, desculpe-me.

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Se V.Exa. verificar a minha

assiduidade na Comissão...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Deixe-me dizer uma

coisa. V.Exa. não estava aqui no início, quando ficou bem claro que esta audiência é

para coletarmos dados, fazermos um banco de dados, para conhecermos — no

lugar certo, que é o Congresso, que é esta Casa — as necessidades de todas as

instituições que apóiam a Amazônia e que lá atuam. Essa é uma fase.

Quanto à outra fase, estamos insistindo, inclusive, para seja agendado com o

Ministro da Defesa, com o Ministro da Justiça e com o titular de outros Ministérios

envolvidos no tema um encontro conosco, com V.Exa., com os cento e tantos

Deputados Federais do Norte, para pressionar, para fazer o que V.Exa. está

fazendo. E espero que V.Exa. esteja conosco, pressionando para que os dados

apresentados aqui — a partir de muito trabalho de quem está aqui, de quem está

coordenando isso aqui, como, por exemplo, o companheiro Asdrubal Bentes —

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

sejam um instrumento de pressão, de negociação, de articulação com o Executivo,

que é o responsável realmente por isso, e nós também, que aprovamos esses

orçamentos.

Entendo o desabafo de V.Exa., sei que o seu Estado tem um problema crítico.

V.Exa. é um belo representante do Estado de Roraima nessa questão do índio, mas

a Polícia Federal trabalha sob o comando de um Ministério, e os orçamentos e as

necessidades apresentadas pela Polícia Federal, na minha opinião, são justos e

lógicos.

Companheiro Marcio Junqueira, eu gostaria que V.Exa. se juntasse a nós...

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Eu não disse que não era justo,

Deputado Francisco Praciano. Eu disse que não está faltando recurso. Falta

planejar, falta priorizar.

O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Sr. Presidente, peço a palavra

na condição de Relator.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Tem V.Exa. a palavra

para falar como Relator. Logo em seguida, passarei a palavra ao companheiro

Ilderlei Cordeiro, do Acre.

O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - O Deputado Marcio Junqueira, ao

longo deste mandato, tem sido um intransigente defensor do seu Estado, que

considero vítima de uma política indigenista errônea. Pessoalmente, estive lá

integrando uma comissão, no mandato passado — já estou no quinto mandato, de

maneira que essas coisas para mim aqui já são absolutamente corriqueiras. O povo

de Roraima certamente tem justas razões para se sentir prejudicado com essa

política, que não é apenas do atual Governo. Ela já vem desde quando se criou a

área indígena ianomâmi, há alguns mandatos, em outros Governos, de outros

partidos. Governo é impessoal.

Então, Deputado Marcio Junqueira, entendo como justíssima sua

reivindicação, o seu desabafo, mas não aceito que se diga que os palestrantes

bateram na porta errada. O Congresso Nacional tem duas Casas: o Senado Federal,

que representa os Estados, e a Câmara dos Deputados, que representa o povo

brasileiro.

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Sessão:1023/08 Quarto:24 Taq.:Maria Cristina Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Aqui estamos para representar o povo brasileiro, constituído por militares,

civis, médicos, engenheiros, advogados, operários, enfim, toda essa massa; e se

nos furtarmos a recebê-los, a ouvi-los, e a buscar a intermediação, pelo menos, não

somos mais um Poder. Aí, haverá um superpoder e 2 subpoderes, o que não

podemos aceitar, principalmente eu que fui Constituinte. O que devemos fazer é

impor o valor deste Poder, para dar à sociedade a resposta de que ela precisa e

merece.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Com a palavra o

companheiro Ilderlei Cordeiro, do querido Estado do Acre.

O SR. DEPUTADO ILDERLEI CORDEIRO - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, senhores oficiais, representantes de outras instituições do Governo

Federal, quero fazer minhas as palavras do ilustre Relator, Deputado Asdrubal

Bentes, mostrando as dificuldades que ocorrem na Amazônia, e também ser justo

com o Deputado Marcio no que diz respeito à situação de seu Estado.

Como o nobre amigo já falou, sou do Acre, talvez o Estado mais abandonado

em termos de estrutura, dessa força toda que há aqui. E, embora seja de lá, não

conhecia a Amazônia como aprendi a conhecer agora, depois da viagem que fiz ao

Comando Militar da Amazônia. Moramos numa região de difícil acesso, com várias

dificuldades, mas, quando vemos a Amazônia como um todo, vemos dificuldades

para todos os lados, especialmente quando se fala na situação das Forças Armadas,

que precisam de ajuda.

Então, estou aqui como defensor também, e parabenizo o Deputado Praciano

pela digna discussão que promove sobre o orçamento da Amazônia, para as Forças

Armadas e outras instituições que precisam.

Quero começar pela Polícia Federal. Os senhores já determinaram que a

base aérea seria em Manaus? Porque lá já existe uma base aérea do Exército,

enfim, há várias estruturas lá. Manaus já está bem fortalecida; também os Estados

de Roraima e Rondônia têm uma base aérea. O Acre só tem o aeroporto

internacional. Então, temos de ver essas situações, essas diferenças, se realmente

está definida essa base aérea da Polícia Federal lá.

A outra pergunta que faço é relativa ao fato de que, já há mais de 2 anos, os

Parlamentares do Acre alocam dinheiro para a sede lá. Quero saber se esse

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

dinheiro foi perdido, porque se não começar alguma coisa com esses recursos

empenhados, eles estarão perdidos — e não havia projeto. Esse dinheiro é para

fazer a sede no Acre. Então, quero saber, uma vez que o senhor disse que há um

projeto, como está a situação desse dinheiro que foi empenhado, se foi perdido,

quanto mais está faltando, e o que podemos fazer, tanto a bancada do Acre como

também a do Norte, para ajudar o Acre, que está sempre esquecido nessa situação.

O que podemos fazer?

Falei sobre a base, e até faço uma outra pergunta, porque os senhores

disseram que no Pará estão trabalhando 3 instituições no mesmo prédio. No Acre,

não há uma base aérea para essas instituições trabalharem. Há bases aéreas, como

disse, nos outros Estados da Região.

Quero perguntar também ao Exército, à Marinha e à Aeronáutica: uma vez

que temos tanta dificuldade de controlar essa situação da Amazônia, por que não

fazemos uma parceria, como já existem tantas, mas uma freqüente? Se há uma

base aérea em São Gabriel da Cachoeira, outra em Tefé e outra em Manaus, que

controla a Amazônia, que tem helicópteros que podem ficar ali permanentemente

para trabalhar, IBAMA, Polícia Federal e o Exército junto, fazendo parceria de

fiscalização e patrulhamento, por que essa situação não pode ser freqüente? Com

isso, no lugar de estarmos brigando para fortalecer uma, outra e outra, por que não

trabalharmos em conjunto, se estamos numa situação difícil na Amazônia?

Se no Acre não há nenhuma base aérea, que se olhe com carinho a

possibilidade de que essa nova base fique naquele Estado, porque as dificuldades

de despesa para trazer um helicóptero do Amazonas ou de onde quer que seja, para

chegar até lá, para fiscalizar as fronteiras com a Bolívia e o Peru, são grandes. Acho

que nenhum Estado na região amazônica tem essa dupla fronteira — e ali há tanto

exploração de madeira ilegal nas reservas e nos parques nacionais, como também

tráfico de drogas passando pelo Acre. Por que não há uma base lá para fazer esse

trabalho? Se houver uma, e a Polícia Federal for para lá poderá trabalhar juntamente

com o IBAMA e o Exército, fazendo tanto patrulhamento como instrução do seu

efetivo.

Então, minha preocupação é essa, porque vejo o gasto com um helicóptero

que sai do Amazonas para chegar até o Acre, sendo que ele poderia ficar lá, se

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Sessão:1023/08 Quarto:25 Taq.:Maria Cristina Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

houvesse uma base, fazendo patrulhamento extensivo na região, buscando

entendimento em toda a Amazônia.

Outra preocupação minha é relativa ao fato de que a Comissão só pode

apresentar 4 emendas. Gostaria até de saber do Deputado Praciano — que está

discutindo muito esse orçamento, e, no ano passado, houve o problema de que uma

emenda só podia ser para uma obra ou uma ação — se está sendo discutido isso no

orçamento.

Se for, o.k., porque se são 4 emendas, podemos pôr uma para as Forças

Armadas, para que ela seja dividida para todas as instituições das Forças Armadas;

uma para a Polícia Federal, a ser dividida entre todas as instituições da Polícia

Federal na região amazônica. Fora os outros órgãos, porque, se não pudermos fazer

isso, vamos oferecer só uma emenda da Comissão da Amazônia, para uma obra ou

para, por exemplo, as Forças Armadas comprarem munição. Não podemos comprar

munição e construir outras obras. Enfim, temos de discutir essa questão também.

Então, quero agradecer aos amigos pelo espaço.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Com a palavra a Dra.

Maria Cláudia.

A SRA. MARIA CLÁUDIA SCHIAVOLINI CORRÊA - Quero falar da questão

da base aérea no Estado do Amazonas, que é central — por isso a nossa escolha.

Quanto ao Acre especificamente, primeiro, gostaríamos de agradecer

realmente à bancada, que tem sido bem ativa no que diz respeito a esse problema

da construção do prédio. A superintendência do Acre é a que eu me referi há pouco,

em que os servidores corriam risco de morte, porque o prédio estava com sua

estrutura completamente comprometida.

Infelizmente, as emendas vinham sendo contingenciadas todos os anos. No

ano passado, conseguimos fazer um trabalho perante o Ministério do Planejamento,

explicando o caos ali reinante e até expondo a situação assim: olha, se morrer

alguém? Quem vai se responsabilizar? Alguém tem de responder por isso. E, aí,

pela primeira vez, realmente eles descontingenciaram o recurso, e foi contratado o

projeto executivo. Esse projeto está sendo entregue agora em agosto, a obra deve

estar sendo contratada até outubro. Ainda este ano, iniciamos a construção da nova

sede.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Quanto á questão da base aérea no Acre, não vamos ter realmente como

fazer. Escolhemos o Amazonas por ser uma região central, mas estamos tentando

— já vimos com o DAC — fazer com que haja ali um heliporto. Descobrimos também

que o Exército tem uma base muito próxima de onde vai ficar a nossa edificação.

Não chega a ser uma base aérea, mas tem. E poderíamos sediar as aeronaves lá.

Esse trabalho foi feito antes da elaboração do projeto; procuramos o Exército,

já conversamos com eles, porque o custo é alto para o País. O senhor acabou de

falar em parcerias, e é o que buscamos no País inteiro: parcerias. Principalmente na

Região Norte, porque é inóspita, há muita dificuldade, e a Polícia tem trabalhado

com isso.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Vou fazer uma

proposta. Ainda estão inscritos os Deputados Sergio Petecão, nosso companheiro

Vice-Presidente da Comissão, Átila Lins e Edio Lopes. Vamos, então, ouvir esses 3

Deputados e, depois, mais 3, ou os 6 de uma vez? Qual é a proposta melhor?

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Os 6, não é?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Os que já falaram até

agora usaram 7 minutos. Eu gostaria, se fosse possível, que reduzíssemos esse

tempo para 3 minutos, obviamente com uma certa tolerância. Então, peço a V.Exas.

o favor de serem mais concisos, por conta dos companheiros do Exército, da

Marinha e da Aeronáutica, que têm outra agenda. Podemos ouvir os 6 inscritos.

Depois, V.Exas. abririam a palavra para os representantes das demais instituições.

O SR. DEPUTADO ILDERLEI CORDEIRO - Só uma tréplica, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - O.k.

O SR. DEPUTADO ILDERLEI CORDEIRO - A minha preocupação é

justamente com o que o Deputado Marcio Junqueira falou: dinheiro temos. Temos

de planejar, de projetar.

Manaus é central e, por isso, tem tudo. Mas essa centralidade gera divisão e

despesas. Imaginem quanto custa um helicóptero sair de Manaus para ir a Roraima,

depois a Rondônia e ao Acre.

Há várias bases aéreas nos outros Estados, mas no Acre não há nenhuma.

Deveria haver pelo menos uma base aérea no Estado. Não é necessário que seja da

Polícia Federal, pode ser do Exército. Precisamos de um helicóptero, para não gerar

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Sessão:1023/08 Quarto:26 Taq.:Denise Miranda Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

essa despesa, sair um helicóptero de Manaus para ir ao Acre fazer fiscalização com

o IBAMA. O helicóptero do IBAMA sai do Rio de Janeiro para ir ao Acre fazer

fiscalização — sai do Rio ou de Minas. O IBAMA aluga um helicóptero e o manda

para lá. Então, imaginem, se houver um helicóptero da Polícia Federal para trabalhar

com o IBAMA e com Exército e fazer a fiscalização.

Então, com planejamento, a despesa com dinheiro público vai ser realmente

feita com consciência.

A SRA. MARIA CLÁUDIA SCHIAVOLINI CORRÊA - Bom, é o que estou

falando. Estamos pensando na proposta de um heliporto, e não de um heliporto, e

ainda na utilização da base do Exército, que, então, atenderia à reivindicação dos

senhores. De qualquer forma, vou levar a reivindicação à Coordenação de Aviação

Operacional do órgão.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Com a palavra o

Deputado Sergio Petecão. Depois, os Deputados Átila Lins e Edio Lopes.

O SR. DEPUTADO SERGIO PETECÃO - Sr. Presidente, se V.Exa. me

permite, eu gostaria de fazer uma alteração, até porque cheguei um pouco atrasado,

pois tive de sair. Eu gostaria de ceder meu lugar ao colega e, ao final, poderia fazer

uso da palavra.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Com a palavra o

companheiro Deputado Edio Lopes. Depois, Deputado Átila Lins.

O SR. DEPUTADO SERGIO PETECÃO - Obrigado.

O SR. DEPUTADO EDIO LOPES - Sr. Presidente, senhoras e senhores,

começo dizendo que nós, que vivemos na Amazônia, sabemos o que o País insiste

em desconhecer a importância das Forças Armadas na Amazônia brasileira.

Precisamos atentar para um novo momento relativo à questão do tráfico de

drogas na Amazônia, que era quase sempre feito por meio de pequenas aeronaves.

Com a implantação do SIVAM e com a lei do abate, o transporte de drogas hoje é

feito na Amazônia pelos rios, usando os ribeirinhos. E precisamos, urgentemente,

preocupar-nos com este novo momento, com uma nova legislação, com novas

atribuições, porque é preocupante a competência quase que exclusiva dada à

Polícia Federal no combate de drogas na Amazônia.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

A Polícia Federal, nós sabemos, é urbana. O traficante de drogas e o

ribeirinho não têm celular para a Polícia grampear, não têm conta em banco para ser

rastreada. Não me parece razoável imaginar integrantes da Polícia Federal, hoje

constituída quase sempre de jovens, como os que aqui se apresentam, passando 1

mês, 2 meses hibernados dentro de uma floresta hostil. Isso é mais atribuição para

os nossos soldados de selva.

Então, é preciso que nos preocupemos com esse novo momento, mesmo

porque há informações de que a coca já desceu do pé dos Andes e que já há uma

nova planta geneticamente modificada, com condições de ser plantada e produzida

na floresta úmida, na Amazônia.

Vivemos novos momentos com que nós devemos nos preocupar, sim. E, aí, é

preciso que o Congresso Nacional se preocupe com uma nova legislação, com

novas atribuições.

E me parece muito mais razoável que o trabalho de inteligência, aí, sim, seja

realizado pela Polícia Federal. Mas, lá no campo, nós, que conhecemos a

Amazônia, pensamos como uma jovem dessa ficaria 20 ou 30 dias enfiada na beira

de um igarapé fiscalizando o tráfico na Amazônia.

E aqui eu quero concordar em parte com o Deputado Marcio Junqueira. O

Congresso Nacional tem sido de uma frouxidão a olhos vistos, principalmente nessa

questão do contingenciamento. Não é mais possível que fiquemos aqui nos iludindo

e iludindo as Forças Armadas, buscando suplementar recursos, que depois o

Presidente, com uma canetada, contingenciará. O Congresso fez de conta que

aumentou o Orçamento, e as Forças Armadas imaginaram que teriam um orçamento

compatível com as suas necessidades. Tudo isso não é verdade. Aí, sim, o

Congresso Nacional precisa ser mais atento e enérgico.

Quero concluir, Sr. Presidente, dizendo que nós coordenamos a

recém-formada Frente Parlamentar de Apoio às Forças Armadas na Amazônia e que

temos o privilégio de contar com o nosso Relator como membro fundador dessa

Frente, com o nosso Presidente, com os Deputados Sergio Petecão e Marcio

Junqueira, enfim, todos aqui. E estamos prontos para sermos úteis nas prioridades

das nossas 3 Armas na Amazônia.

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Sessão:1023/08 Quarto:27 Taq.:Tereza Augusta Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Portanto, Sr. Presidente, discordo do Deputado Marcio Junqueira. O fórum

para discutir essas questões é, sim, este, porque aqui há conhecimento e

sensibilidade. É muito difícil discutir essas questões com burocratas, que vêem

números e coisas que não conseguimos entender.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Parabéns,

companheiro Deputado Edio Lopes. Concordo com V.Exa., principalmente no que

diz respeito à necessidade de se rever o marco regulatório, as leis que colocam — é

a minha opinião; penso igual a V.Exa. — o Exército, a Marinha e a Aeronáutica

como as principais instituições naquela região para tratar de defesa e soberania. Até

que os escritórios comecem a desenvolver pesquisa, o zoneamento

econômico-ecológico, a vigilância, neste momento, e a defesa daquela região, na

minha opinião, estariam nas mãos das Forças Armadas.

Não podemos nos esquecer, quando falamos do Congresso — concordo com

V.Exa. —, de que temos aproximadamente 110 Congressistas da Região Norte,

Deputados Federais e Senadores. Se esses 110 se convencerem de que as

propostas dos companheiros que estão aqui são válidas, certamente teremos um

diálogo mais forte com o Governo Federal no sentido de descontingenciar recursos,

aumentar orçamentos, planejar o orçamento da Amazônia. Essa é a nossa proposta,

e é por isso que estamos aqui.

Com a palavra o companheiro Deputado Átila Lins.

O SR. DEPUTADO ÁTILA LINS - Sr. Presidente, Deputado Francisco

Praciano, meu prezado companheiro Deputado e Relator Asdrubal Bentes,

Deputado Sergio Petecão, Vice-Presidente da Comissão da Amazônia, demais Sras.

e Srs. Deputados, senhores representantes das Forças Armadas, da Polícia Federal,

do IBAMA e da FUNAI, meus cumprimentos.

De início, registro que advogo a mesma tese do Deputado Asdrubal Bentes.

Também estou no quinto mandato nesta Câmara dos Deputados e confesso a

V.Exa. que esta é uma reunião inédita, um fato inédito na Casa. Alguém ou um

grupo de Parlamentares, chefiados por V.Exa., cria uma subcomissão na Comissão

criada para ser o fórum de debates das questões amazônicas, exatamente para

ampliar esse leque de opções para o debate e forjar a expectativa de que o Governo

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Federal possa atender à nossa reivindicação depois de levar a proposta

apresentada aqui pelos órgãos federais que atuam na nossa região.

Quero, portanto, destacar a iniciativa de V.Exa. Se vamos ter êxito, são outros

quinhentos, é outra situação. O importante é a iniciativa, é ouvir os órgãos,

estabelecer as prioridades, apresentar as emendas no âmbito da Comissão da

Amazônia e defender o não-contingenciamento dos recursos. Sabemos que o

Governo contingencia muitos itens do Orçamento, mas muitos outros não são

contingenciados. Agora, há necessidade de união de forças dos Parlamentares.

V.Exa., Sr. Presidente, foi feliz quando disse que temos 110 Congressistas.

Se nós nos unirmos, paramos a sessão da Câmara. Não funcionará a Casa se

fizermos um boicote. Então, é preciso que haja essa conscientização.

Coordeno a bancada do Amazonas, da qual V.Exa. é um membro ilustre e

sabe da maneira como ajo. Procuro agir em grupo, verificar como podemos atuar em

bloco. É aquela velha história que diz que facilmente se quebra um palito de fósforo,

mas, se for um feixe maior, não se consegue fazê-lo; então, a decisão de

marcharmos unidos nessa tarefa.

Sabemos das dificuldades das Forças Armadas na região amazônica, do

enfoque que poderia ser dado às ações da Polícia Federal, mas, na minha opinião,

esta Subcomissão veio para criar um novo mecanismo, ouvindo as Forças Armadas,

a Polícia Federal, a FUNAI, o IBAMA. E acho que V.Exa. convidará também

entidades do ensino superior e entidades de pesquisa, para que possam dar-nos

uma visão exata das reais necessidades. Todos sabemos que as necessidades são

infinitas, as demandas são infinitas, mas o Orçamento é finito, é determinado. Então,

há necessidade de que se priorizem as metas e os planos a serem executados.

Portanto, quero cumprimentar V.Exa. Não tenho nenhuma indagação a fazer.

Ouvi parte da exposição de representantes das Forças Armadas e quero crer que

prestaremos um relevante serviço à Pátria se pudermos viabilizar algum recurso da

Comissão da Amazônia para ajudar esses órgãos a desenvolver bem suas árduas e

patrióticas tarefas da região amazônica.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Muito obrigado,

companheiro e conterrâneo Deputado Átila Lins.

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Sessão:1023/08 Quarto:28 Taq.:Andréa Nogueira Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Com a palavra nosso amigo Vice-Presidente, Deputado Sergio Petecão.

O SR. DEPUTADO SERGIO PETECÃO - Sr. Presidente, procurarei ser

breve, até porque me sinto contemplado com as palavras do Deputado Átila Lins.

Estou feliz e tenho certeza de que V.Exa. está muito mais feliz, por ser o verdadeiro

idealizador dessa proposta. Sou testemunha disso. Por várias vezes, V.Exa. chegou

a jogar a toalha, dizendo: “Parei, não consigo reunir, não estou obtendo a atenção

que o caso merece, então vou parar”. Pedi várias vezes a V.Exa. que não desistisse,

porque não vejo outra forma. Tudo o que for discurso, tudo o que for projeto, se não

se conseguir viabilizar a parte financeira, tudo será balela. Se não tivermos

orçamento, tudo será conversa! Se não de dotação para a Marinha — e conheço

menos a Marinha —, a Polícia Federal e o Exército, que tive a felicidade de

conhecer in loco quando participei de comitiva ao interior do Estado do Amazonas.

Pensei que conhecia o Exército, que realiza um belíssimo trabalho no meu Estado, o

Acre. Pensei que conhecia o trabalho do Exército nas fronteiras, mas não conhecia

nada. O trabalho que o Exército faz no Estado do Amazonas, como no Acre, é um

trabalho de heróis, sem as mínimas condições! Cheguei a ver a estrutura dotada ao

Exército em Tabatinga, naquela região da fronteira com a Colômbia. E acho que, se

não trouxermos esse debate da forma como V.Exa. está trazendo, assim como a

responsabilidade que traz, vamos ficar só no discurso. E não é possível ficar

apenas no discurso.

A Sra. Maria Cláudia já falou das condições em que a Polícia Federal trabalha

no meu Estado, que são precárias. Trabalha num posto que era um hospital de

hansenianos. Estamos vendo a hora em que as paredes rachadas cairão em cima

deles. Tudo o que S.Sa. disse aqui é verdade. No Acre, não temos sequer uma

superintendência da Polícia Rodoviária Federal, pois o Acre é subordinado ao

Estado de Rondônia. O que vamos fazer? Como se trabalha desse jeito?

Portanto, Deputado Francisco Praciano, quero mesmo parabenizar V.Exa.

Faço parte da Comissão de Orçamento e já disse a V.Exa. que estou à disposição

para que nela possamos trabalhar a viabilização dessas dotações orçamentárias.

Perdi parte da fala de V.Sas. Conheço pouco o trabalho da Marinha porque, no Acre,

não há grandes rios, e minha base é Rio Branco, especificamente, mas posso dizer

que conheço um pouco da Polícia Federal e do Exército e sei que o trabalho que

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

fazem é de verdadeiros heróis. É por isso que V.Exa. está nessa luta. O que posso

oferecer é meu trabalho e meu esforço como amazônida e acreano que sabe da

exata dimensão da necessidade que é estruturar essas instituições, tanto a Marinha

quanto a Polícia Federal e o nosso Exército. Portanto, quero parabenizar V.Exa.

Tenho certeza de que V.Exa. está feliz hoje por ter reunido este seleto

quorum de Parlamentares e instituições, o que é fruto de um trabalho que há muitos

dias V.Exa. realiza.

Parabéns, mais uma vez!

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Muito obrigado,

Deputado Sergio Petecão.

Estamos apenas começando o trabalho, que é dinâmico. Na minha opinião, a

Subcomissão e a Comissão deveriam sempre realizá-lo, pois é um instrumento que

a bancada do Norte terá nas mãos. Vamos elaborar um banco de dados, um mapa

das necessidades versus orçamento, das demandas e reclamações.

Eu gostaria de garantir uma coisa a V.Exas.: vamos sair daqui agendando

imediatamente com os Ministérios responsáveis e convidando os 110 Parlamentares

a se juntarem a nós, para que assimilem, ganhem e comprem essas idéias, a fim de

que tenhamos forças para trabalhar e articular junto ao Poder Federal. Se não o

fizermos, estaremos realizando apenas uma audiência pública. Nelas ouvimos,

coletamos e tabulamos dados, para sairmos e brigarmos com nossos companheiros

uma boa briga no âmbito do Executivo. Essa a lógica e o objetivo da nossa

presença.

Concedo a palavra ao nosso companheiro Relator, Deputado Asdrubal

Bentes.

O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Sr. Presidente, V.Exa. foi muito

feliz mais uma vez — aliás, como sempre — e antecipou o que eu esclareceria aos

Deputados Ilderlei Cordeiro e Átila Lins, que estão preocupados porque temos

apenas 4 ou 5 emendas de bancada, que são insuficientes para atender à demanda

até daqueles que estão presentes, ainda mais dos outros que ainda virão!

Mas o objetivo não é trabalhar por meio de bancada, mas levar as reais

necessidades de cada instituição à Presidência da República e à área econômica

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para discutirmos um orçamento para a Amazônia. Essa, a finalidade. Se

continuarmos nessa lengalenga das 4 emendas de bancada, nada conseguiremos.

Temos de incluir esses recursos no Orçamento da União e, então, brigarmos

também nesta Comissão para que eles sejam respeitados.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - O companheiro

Deputado Sergio Petecão pede mais 1 minuto.

O SR. DEPUTADO SERGIO PETECÃO - Quero apenas reiterar o que o

companheiro Deputado Asdrubal Bentes disse. Só espero que esta não seja apenas

mais uma audiência, porque esta Comissão já realizou muitas audiências e,

sinceramente, não agüento mais tanta audiência pública. Espero que possamos

colocar esta em prática e trazer alguma coisa de concreto.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Lamentavelmente, faz

parte da nossa função ouvir e ouvir; depois de ouvir, conversar e conversar. E,

quando a conversa não estiver dando certo, conversa-se ainda mais. Deus nos deu

exatamente dois ouvidos para ouvir, mas deu uma boca para falar também.

O SR. DEPUTADO ILDERLEI CORDEIRO – Quero apenas completar o que

disse o Deputado Asdrubal Bentes. Com as 4 emendas de Comissão, vamos colocar

as Forças Armadas e a Polícia Federal para ajudar somente o Acre, então.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Vou abrir a palavra aos

representantes das instituições, na mesma ordem, que devem aproveitar para

responder aos companheiros Deputados Federais e, ao mesmo tempo, fazer suas

considerações finais.

Começamos com a companheira Maria Cláudia.

A SRA. MARIA CLÁUDIA SCHIAVOLINI CORRÊA - Na verdade, acho que já

respondi ao Deputado, que foi quem mais indagou.

Apenas quero falar ao Deputado que mencionou a jovialidade do efetivo que,

na verdade, atuamos na selva, sim, e em muitas ocasiões juntamente com o

Exército. Embora sejamos jovens, estamos aí para trabalhar, desde quando

ingressamos até quando aposentarmos.

O SR. ANATALÍCIO RISDEN JÚNIOR - Se V.Exa. me permitir, quero dar

somente uma resposta — e deixe-me ficar de frente para os Deputados, pois é

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costume militar olharmos nos olhos para responder. O Deputado Ilderlei Cordeiro fez

a pergunta em relação à ação conjunta.

V.Exa. pode ter certeza de que, no caso da Marinha — e, tenho certeza,

também no caso do Exército e da Aeronáutica —, todas as solicitações dos demais

órgãos que nos são feitas são atendidas de pronto. Com o Navio da Esperança, que

tive a oportunidade de apresentar aqui, nós levamos o pessoal do Ministério da

Saúde, da Previdência e de todos os outros Ministérios que nos fazem solicitação.

Dentro da programação que a Marinha permite e do orçamento que nos é dado, nós

fazemos isso e atendemos de pronto.

Como eu falei, da mesma maneira que a Aeronáutica e o Exército, em

determinados locais a única presença do Estado é a Marinha, dentro da área

navegável; o Exército, dentro dos batalhões de fronteira, e a Aeronáutica, dentro dos

pontos que ela consegue chegar com o avião. Portanto, V.Exa. tenha certeza de que

isso não é uma parceria, é uma obrigação nossa.

Como palavras finais, se V.Exa. me permite, Sr. Presidente, digo que essa

necessidade de recurso é um ponto preponderante para nós. Nós apresentamos um

planejamento, uma parte. Dentro do que nos é possível ver, a área de planejamento

nos diz. Contudo, se nos forem dados recursos ou não, tenha certeza V.Exa. de que

a Marinha estará presente, estará atuante, principalmente fazendo cumprir o que a

Constituição nos determina.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Muito obrigado,

Almirante Anatalício Risden.

Passo a palavra ao nosso General-de-Brigada Gerson Forini.

O SR. GERSON FORINI - Vou tentar fazer um apanhado das considerações

dos Srs. Deputados.

Eu acredito que a questão da integração já ficou clara, com a ponderação da

Dra. Maria Cláudia e com as apresentações, principalmente com a do Coronel

Volkmer. Seria impossível a permanência do Exército nos pontos em que se

encontra hoje sem que houvesse uma integração, pelo menos, com a Força Aérea,

porque os nossos Pelotões Especiais de Fronteira são muito dependentes da

atuação da Força Aérea. Em todo Pelotão de Fronteira há uma pista de pouso, no

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mínimo, porque seria impossível o trabalho sem isso. Então, essa integração já

existe. A integração com a Polícia Federal também sempre aconteceu.

Com relação ao nosso querido Estado do Acre, eu agradeço a sua pergunta,

porque eu tive o prazer de morar no Acre durante 2 anos. Eu digo que a minha

estada na Amazônia, especificamente no Estado do Acre, mudou a minha carreira e

a minha vida. Então, agradeço muito o fato de ter servido no Estado do Acre.

Vamos verificar qual é a participação do Exército no Estado do Acre, a

questão da colocação de bases aéreas ou de helicópteros no Acre. Eu acho que

ficou patente a insuficiência de recursos, seja do Exército, seja das demais Forças

Armadas, para atender às necessidades. Numa situação de escassez, o normal é a

centralização de meios, para que nós possamos atender a várias situações. A

dispersão de meios torna muito mais ineficiente o trabalho. Portanto, dentro dessa

escassez, a nossa disponibilidade de aeronaves na região amazônica, por enquanto,

está concentrada em Manaus, onde nós temos o Batalhão de Aviação, já destacado,

de Taubaté. Tivéssemos ou quando tivermos a disponibilidade de recursos para

adquirir mais aeronaves, muito provavelmente essas aeronaves se disseminarão por

toda Amazônia, e o nosso Estado do Acre será contemplado.

No que diz respeito a Pelotões Especiais de Fronteira, no tempo que servi lá,

há 27 anos, nós tínhamos 3 pelotões: em Plácido de Castro, em Brasiléia — agora é

Epitaciolândia-Brasiléia — e em Assis Brasil. Estive em Santa Rosa do Purus, em

1982, onde existia um pouco mais do que uma pista de pouso de grama e onde hoje

existe um Pelotão Especial de Fronteira, que é apoiado com muita dificuldade. Nós

tentamos dar maior apoio para esse pelotão.

Os dois próximos Pelotões Especiais de Fronteira a serem criados pelo

Exército estão especificamente no Estado do Acre, que são os de Marechal

Taumaturgo e de São Salvador.

Às vezes, há uma idéia errada da necessidade de recursos para se criar um

único Pelotão Especial de Fronteira, porque, até visando a essa integração, como eu

já disse, é impossível que nós tenhamos um pelotão sem uma pista de pouso. E,

dependendo do local onde está o pelotão, os custos são muito variáveis; mas, nos

locais mais fáceis, o custo para instalação de pelotão mais pista de pouso é da

ordem de 70 milhões de reais. Só a pista de pouso — não vou falar pelo Coronel

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Volkmer, que deve ter conhecimento muito melhor — tem um custo muito alto, e nós

não podemos colocar o pessoal lá dentro sem que haja um mínimo de apoio

continuado.

Em todos os Pelotões Especiais de Fronteira, a organização desse pelotão é

constituída basicamente de um pavilhão militar em “H”, onde estão os alojamentos e

as necessidades militares, e um pavilhão comunitário, que sempre é construído para

que outras instituições estejam presentes no local. Existe já instalação para apoio de

saúde, de educação, da FUNAI, do IBAMA, da Polícia Federal, daquilo que for

necessário, e que eventualmente ou raramente é ocupada.

Com relação à ponderação do Deputado Átila Lins a respeito das emendas

Parlamentares, às vezes há uma desproporção entre aquilo que é colocado como

valor de emenda parlamentar e aquilo que se quer atingir com aquela emenda. Só o

valor, como eu disse, para a implantação do Pelotão Especial de Fronteira é de 70

milhões, e as emendas individuais normalmente, pela própria limitação de recursos

que cada Deputado tem em mãos, permitem uma pequena distribuição dessas

emendas para determinadas ações dentro dos pelotões.

No que tange ao Exército, há uma política determinada pelo Comandante da

Força, o General Enzo: independentemente de as emendas serem liberadas pela

área econômica do Governo, o Exército libera de imediato, mesmo com as restrições

colocadas, as emendas individuais dos Parlamentares. Depois, quando essas

emendas são liberadas é que nós vamos complementar aquilo que deixamos de

fazer. Essa é uma política determinada pelo Comandante quanto às emendas.

Na questão da atuação em relação ao tráfico de drogas, o Exército atua no

limite da sua competência legal, determinada pela Lei Complementar nº 97, alterada

pela nº 117, em estreita ligação e colaboração com a Polícia Federal. Havendo

alguma modificação legal, o Exército adotará essa determinação.

Concluindo, eu gostaria de agradecer, mais uma vez, a oportunidade de

responder aos Srs. Deputados e de o Exército se fazer presente nesta Comissão e

nesta Subcomissão de Orçamento, que reputamos tão importante e prioritária. Creio

que ficou expressa a prioridade que o Exército dá à região amazônica.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Companheiros,

faremos um pequeno intervalo, para depois ouvirmos o IBAMA e o Instituto Chico

Mendes. Antes, concedo a palavra ao companheiro Coronel-Aviador José Hugo

Volkmer.

O SR. JOSÉ HUGO VOLKMER - Rapidamente, em nome da Força Aérea,

agradeço a especial deferência por termos participado desta sessão, que para nós é

de altíssima relevância, tendo em vista que a Amazônia é nossa primeira prioridade.

Não obstante os óbices orçamentários, nós não vamos parar o nosso trabalho,

vamos continuar. Estamos destinados a manter a nossa proa naquela direção.

É claro que o tempo de 15 minutos é insuficiente para nós mostrarmos o que

fazemos por lá. Por isso, estamos à disposição para esclarecimentos adicionais em

qualquer outra oportunidade.

Muito obrigado pela atenção de todos.

O SR. DEPUTADO ILDERLEI CORDEIRO - Deputado Francisco Praciano,

peço um aparte. Eu não sei se ficou claro o meu pensamento e também não sei se

posso esclarecê-lo.

Qual é a minha preocupação? Eu sei do trabalho da Marinha. O barco da

Marinha vai até o Alto Juruá, fazendo tratamento dentário, fazendo tudo, um check-

up geral na população. Vai ao Alto Purus, vai ao Alto Acre. A Marinha, no Acre e no

Juruá, atende à população e tem o seu programa. Isso é tranqüilo. O Exército,

automaticamente, também o faz, juntamente com a Aeronáutica. Vejo sair

helicóptero, pertencente à Aeronáutica, sair do Rio de Janeiro para atender a uma

missão na Amazônia. Qual é a minha preocupação? Temos muitas aeronaves, mas

estão faltando ainda mais aeronaves. Se nós pudéssemos dotar cada instituição de

seu próprio equipamento, isso seria bom. Contudo, como não há equipamento — e

na Amazônia é a aeronave que mais trabalha, porque na região do Juruá os rios são

navegáveis apenas temporariamente, por isso usamos mais aeronaves — e se

temos vários helicópteros, por que não fica um desses helicópteros no Acre,

atendendo a todas as instituições? Por que não fica um helicóptero em Rondônia,

para atender a todas as instituições, para diminuir os custos? Eles vêm lá de

Manaus ou de onde quer que seja, para atender a uma região que está precisando

diariamente de fiscalização de todos esses órgãos. A minha preocupação, portanto,

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

é esta. Há como fazer esse entendimento, há como ajudar o entendimento entre

esses setores?

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Com a palavra o

Deputado Sergio Petecão.

O SR. DEPUTADO SERGIO PETECÃO - Peço apenas um minuto, porque,

na verdade, cometi uma injustiça: não citei a Aeronáutica. Desculpe-me, Coronel-

Aviador José Hugo Volkmer. Eu citei a Marinha, o Exército e a Polícia Federal, mas

esqueci-me de citar a Aeronáutica, que cumpre um papel importantíssimo na nossa

região. Sou testemunha disso. Nesta Comissão, a Aeronáutica sempre esteve à

nossa disposição. Portanto, peço desculpas por não ter citado a Aeronáutica.

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Sr. Presidente!

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Pois não, Deputado

Marcio Junqueira.

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Encerrando o bloco de debates,

quero ressaltar o seguinte: quando eu disse que eu acharia que não deveríamos

continuar discutindo aqui, referia-me ao desrespeito deste Governo e de outros

Governos que, com o excesso de medidas provisórias, impedem que aqui se discuta

de fato o País, como aconteceu neste semestre que vai terminando. Nós estamos

aqui desde segunda-feira e ontem votamos apenas um requerimento!

Acredito no poder do Congresso e da Câmara dos Deputados, como disse o

Deputado Asdrubal Bentes, senão eu não me teria candidatado a Deputado Federal,

senão eu não viria para cá. Contudo, temos de nos fazer respeitar. Entendo que

V.Exa. é um Deputado da base, mas, antes de ser um Deputado da base, V.Exa. é

um Deputado amazônida com senso de brasilidade. V.Exa. tem este senso, tanto

que está aqui à frente, como disse o Deputado Sergio Petecão, de uma audiência

pública para a qual, de fato, é muito difícil reunir pessoas.

Portanto, quero parabenizar V.Exa. Reconheço o que V. Exa. significa para a

região amazônica. O Parlamento, contudo, é isto: a possibilidade de se expressar o

que se pensa. Vim para cá para expressar o pensamento de um povo, de uma

região, e tenho tentado fazê-lo.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Em relação às nossas Forças Armadas — e, naquele momento, o sangue

aqueceu —, entendo que precisamos juntos construir um projeto de lei que crie um

fundo constitucional, como o que existe para a educação e para a saúde, que

obrigue a destinação de recursos para as Forças Armadas — e as Forças Armadas

têm assessoria para isso. Eu não poderia deixar que os senhores se retirassem sem

que eu fizesse este pedido. Nós poderíamos coletar as assinaturas necessárias e

fazer tramitar com celeridade tal projeto de lei. Nós temos que mexer na

Constituição deste País! O País de 1988 era uma realidade, hoje é outra, e haverá

outra realidade daqui a 10 ou 20 anos.

Era o que eu tinha a dizer, para deixar claro que, se eu não acreditasse no

Congresso Nacional, dele não faria parte, mas entendo que não podemos viver de

joelhos, como estamos vivendo.

Eram essas as minhas palavras, Deputado Francisco Praciano.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Muito Obrigado,

companheiro Deputado Marcio Junqueira. Nós respeitamos a luta de V.Exa. e nada

temos em contrário a que V.Exa. diga o que quiser, o que pensar, quando

representa o Estado de V.Exa. Eu quis somente usar do meu direito de ter, também,

a minha opinião a respeito da luta de V.Exa..

Agradeço a todos.

Quero lembrar um companheiro do Amazonas chamado Samuel Benchimol,

um historiador, amazonólogo, meu professor na Faculdade de Economia, que dizia

uma coisa simples: “A Amazônia está muito além da ciência, a ciência está bem

aquém da Amazônia”. Não se desenvolve a Amazônia sem ciência, sem

sustentabilidade, sem o suporte técnico da ciência e da pesquisa. Isso seria

brincadeira, fantasia. O que significa isso? Para se desenhar um projeto da

Amazônia, nós não o fazemos do dia para a noite, tanto que em todas as audiências

públicas — e nós vamos ter o prazer de ouvir o IBAMA daqui a pouco — fala-se

muito de boi. Estamos na Amazônia, mas se fala só das atividades clássicas: o boi,

a cana-de-açúcar, a mamona, a soja. Isso não é a Amazônia! Isso é agressão à

Amazônia, na minha opinião! Se não é agressão, é exótico em relação à Amazônia;

não é endógeno, é exógeno.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Por que estou dizendo isso? Porque, até que se tenha um projeto

cientificamente sustentável, que considere as potencialidades locais que envolvam a

solução das questões fundiárias, do zoneamento econômico e ecológico e dos

projetos de exploração das potencialidades locais, eu, como brasileiro, vou ficar

muito incomodado de esperar por tudo isso. Sei que isso só ocorrerá a médio e

longo prazo, se as nossas Forças Armadas não tiverem uma legislação adaptada

para, o mais rápido possível, cumprirem uma função: a função da vigilância e da

defesa em relação à soberania e em relação ao patrimônio representativo que nós

temos naquela região. Na minha opinião, isso é para ontem!

Depois que isso estiver garantido, diremos para o mundo que nós sabemos

garantir os nossos recursos e vamos falar para as academias: “Companheiro, vamos

transformar o espírito da floresta ou o espírito ativo das nossas florestas em

produtos e serviços e em qualidade de vida”.

Desculpe-me, Sr. Presidente, mas até lá eu confio que a Aeronáutica, o

Exército e a Marinha estarão presentes, até que a academia desenvolva o melhor

projeto para a Amazônia. Isso é mais ou menos o que pensamos. Respeitamos as

Forças Armadas. E todas as instituições que têm que lá atuar precisam ser

estruturadas. Essa é uma briga, é um conflito saudável que nós temos que travar

com o Governo Federal.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Vamos fazer um

intervalo de 5 minutos. Logo em seguida, vamos ouvir o Instituto Chico Mendes e o

companheiro do IBAMA.

(A reunião é suspensa.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Reiniciando a nossa

reunião, chamamos o Coordenador do Bioma Amazônia do Instituto Chico Mendes,

companheiro Anael Aymoré Jacob

O SR. ANAEL AYMORÉ JACOB - Boa tarde a todos.

Eu gostaria de agradecer o convite e a oportunidade de estar presente, para

fazer esta apresentação.

Antes de mais nada, eu gostaria de parabenizar todos os integrantes da

Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento Regional, na pessoa dos integrantes

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

da Mesa. Parabenizo-os por esta iniciativa, que, ao meu ver, é fundamental para que

possamos fazer o processo de construção do Orçamento de forma mais madura, de

forma mais proativa com o Congresso Nacional, instando o Poder Executivo a

apresentar a priori as suas necessidades e as suas demandas, para que possamos

fazer uma construção mais aprimorada do Orçamento da União.

Na condição de instituição neófita — acho que o Instituto Chico Mendes ainda

é a autarquia federal mais jovem do Brasil —, sinto-me no dever, na obrigação de

fazer uma breve passagem sobre algumas características, sobre o contexto atual

das unidades de conservação federais. Prometo que não vou deter-me muito a esse

aspecto. Apenas quero colocar em contexto a situação do Instituto Chico Mendes.

É relevante dizer ainda inicialmente que, apesar de ser uma instituição

recentemente criada — acabou de completar um ano —, ela já apresenta alguns dos

problemas e algumas das deficiências identificadas por todas essas instituições

históricas que nós pudemos ouvir aqui no começo da manhã, o que faz com que

seja extremamente importante a nossa presença nesta Comissão para fazer esta

apresentação.

(Segue-se exibição de imagens.)

Trata-se de uma autarquia federal, criada pela Lei nº 11.516, de 2007. A sua

criação adveio da identificação, a partir do Ministério do Meio Ambiente e do

Governo Federal, da necessidade de ampliação da capacidade institucional, mais

especificamente no que diz respeito à gestão de unidades de conservação federais.

Essa área, todos sabem, ficava a cargo do IBAMA, até a publicação da medida

provisória que criou o Instituto Chico Mendes. Foi entendimento do Ministério do

Meio Ambiente que, através da criação do Instituto Chico Mendes, poderia ser dado

maior foco e maior especificidade ao trato da conservação da biodiversidade, mais

especificamente através dessas áreas especialmente protegidas.

Dentre as atribuições do ICMBio, conforme consta na própria lei da sua

criação, estão as ações relativas à proposição, à implantação, à gestão, à proteção,

à fiscalização e ao monitoramento das unidades de conservação instituídas pela

União; ações relativas ao uso sustentável dos recursos naturais renováveis e ao

apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação de

uso sustentável, também instituídas pela União; ações de fomento e execução de

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e

de educação ambiental; ação relativas ao exercício do poder de polícia ambiental,

para proteção dessas unidades de conservação federais; e, por fim, ações de

promoção e execução de programas recreacionais de uso público e de ecoturismo

nas unidades de conservação onde essas atividades sejam permitidas.

Como está hoje a situação do sistema nacional de unidades de conservação,

mais especificamente no que diz respeito às unidades de conservação federais?

Hoje, nós estamos atingindo a marca de 300 unidades de conservação, que

englobam 77 milhões de hectares em todo o Brasil.

Nós vamos ver mais à frente, no mapa, que a preponderância dessas

unidades de conservação se encontra na região amazônica. Isso reforça a

importância e reflete a prioridade que é dada pelo Governo Federal com relação à

proteção desse patrimônio natural nessa região.

Hoje, encontram-se abrigadas pelas UCs de uso sustentável

aproximadamente 46 mil famílias de populações tradicionais. Da mesma forma,

encontram-se protegidas aproximadamente 600 espécies da fauna e da flora

ameaçadas de extinção. Hoje trabalham em unidades de conservação,

desenvolvendo suas pesquisas através de suas instituições ou universidades,

aproximadamente 8 mil pesquisadores.

Ainda extremamente incipientes, nossos parques nacionais...

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

O SR. ANAEL AYMORÉ JACOB - Não, quem dera! Isso seria ótimo. (Risos.)

São pesquisadores de universidades e de instituições de pesquisa que desenvolvem

os seus trabalhos de pesquisa nas unidades.

Nós já chegamos à marca, nos anos passados, de 3,5 milhões de visitantes,

pessoas que vão às unidades de conservação para conhecer, vivenciar, ter uma

experiência de maior contato com esse meio ambiente exuberante que temos no

Brasil.

As unidades de conservação abarcam aproximadamente 20% dos municípios

brasileiros. São abrangidos 1.311 municípios.

Esse mapa atesta e apresenta claramente que a região amazônica tem uma

grande preponderância na implantação de unidades de conservação federais. Ali

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P_6242, 03/01/-1,
ONCs (?)
P_6242, 03/01/-1,
Ukuruma (?)
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

nós podemos ver, em verde mais claro, as unidades de conservação de proteção

integral. Em amarelo estão as unidades de conservação de uso sustentável.

Nesse gráfico, mais uma vez atestamos essa preponderância. Na Região

Norte, existem aproximadamente 117 — se não estou enganado quanto ao número

exato — unidades de conservação federais.

Acho importante fazermos uma apresentação não somente das demandas e

das necessidades dessa instituição nova, mas também de como estamos

construindo-nos. Nós somos uma instituição, uma autarquia ainda em consolidação,

em estruturação. Portanto, acho importante apresentar quais são os eixos

estratégicos com os quais estamos buscando trabalhar, até para podermos

apresentar o que efetivamente essa instituição pode oferecer à sociedade

amazônida como fruto do nosso trabalho. Temos um entendimento muito forte de

que as unidades de conservação podem, devem e irão cumprir um papel

fundamental na promoção do próprio desenvolvimento dessas regiões onde elas se

inserem.

Menciono os principais eixos estratégicos em que estamos trabalhando: o

desenvolvimento do turismo sustentável; a geração de conhecimento acerca da

conservação da biodiversidade e seus usos e formas de recuperação; e a gestão

ambiental para comunidades tradicionais.

Com relação ao turismo sustentável, temos hoje na região amazônica 18

parques nacionais, tendo o primeiro deles sido criado em 1979, o Parque Nacional

da Amazônia, no Estado do Pará. O mais recente foi criado há pouco mais de um

mês, o Parque Nacional do Mapinguari, na divisa entre os Estados do Amazonas e

de Rondônia.

Infelizmente nenhum desses parques nacionais conta com uma infra-estrutura

consolidada e adequada para recepção e apoio ao turista, de forma que possa

efetivamente transformar essa unidade, essa região em pólo de turismo. Vemos

também que não só a precariedade da infra-estrutura das unidades de conservação

mas também questões referentes à acessibilidade e à qualificação de mão de obra

qualificada para o desenvolvimento das ações de turismo limitam e dificultam o

desenvolvimento das atividades econômicas nessas regiões.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Por outro lado, desses 18 parques, 7 deles já estão devidamente aptos, em

termos de instrumentos de planejamento, de proposta e de estratégia, para receber

investimentos para a implementação dessas atividades de uso público em 2009. São

parques nacionais que já contam com planos de manejo, instrumento orientador da

gestão desses parques. Faz parte desse plano de manejo o desenvolvimento das

estratégias de uso público de visitação, com definição de quais são os principais

atrativos, como eles podem ser transformados efetivamente em produtos turísticos,

como trilhas e ações de turismo de aventura ou de contemplação, ou seja, toda uma

abordagem estratégica que permitirão, já em 2009, que essas unidades tenham sua

implementação iniciada.

É interessante observar que, salvo engano — e infelizmente o Estado de

Rondônia não tem um parque nessa situação —, todos os outros Estados da região

amazônica têm um parque capaz de receber esse tipo de investimento. Podemos

citar o Parque Nacional da Serra do Divisor, no Estado do Acre; o Parque Nacional

do Jaú, no Estado do Amazonas; o Parque Nacional Viruá, em Roraima; o Parque

Nacional do Cabo Orange e o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no

Estado do Amapá; o Parque Nacional da Amazônia, no Estado do Pará, etc.

Neste ano de 2008, foi apresentada uma emenda parlamentar da Comissão

de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável destinando 16 milhões de

reais para a construção do Centro de Visitantes, que é a pedra fundamental da

implementação do uso público nos parques nacionais. Essa emenda parlamentar,

contudo, não se restringia aos parques nacionais na Amazônia. Para todos os

efeitos, esses recursos não foram ainda efetivamente liberados para aplicação e

execução. Mesmo quando liberados, não há nessa emenda uma definição, a priori,

de quais serão as unidades apoiadas. Portanto, não existe a garantia de que a

destinação dos recursos será efetivamente esses parques nacionais que foram

inicialmente mencionados.

Assim, já entrando na proposta, diferentemente das apresentações feitas na

parte da manhã, preferi fazer um quadro de proposta para cada um desses eixos

estratégicos que estou apresentando.

O que apresentamos como pleito, como proposta, como necessidade seria o

fomento ao desenvolvimento do turismo sustentável na Amazônia através da

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

implantação, já a partir de 2009, de 5 pólos ecoturísticos em parques nacionais na

região. Para isso, seriam necessários 8 milhões de reais em investimentos e 2

milhões de reais em despesa corrente, para o refinamento das estratégias de uso

público, alocados especificamente para os parques nacionais da Amazônia, como

um projeto dentro do programa Conservação e Recuperação dos Biomas Brasileiros,

que está vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e tem como uma das unidades

de execução o Instituto Chico Mendes. Também são necessários 2 milhões de reais,

a serem alocados para o Programa Comunidades Tradicionais, visando ao

desenvolvimento do setor artesanal e a capacitação de comunidades para atuarem

no setor de serviço para o turismo, no entendimento de que essa agregação, essa

conjunção de estratégias irá favorecer o desenvolvimento da atividade do setor

turístico nessas regiões onde os parques se inserem.

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

O SR. ANAEL AYMORÉ JACOB - Essas ações já existem dentro do

Orçamento de 2008, mas, com esses valores específicos, ela está sendo feita aqui

para 2009.

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

O SR. ANAEL AYMORÉ JACOB - Para 2009.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - V.Sa. está pedindo o

nosso apoio?

O SR. ANAEL AYMORÉ JACOB - Exatamente. Ela vai ser apresentada para

o Ministério do Meio Ambiente e...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Está claro isso.

O SR. ANAEL AYMORÉ JACOB - Quanto à geração de conhecimentos,

entendemos que isso é base para o aproveitamento econômico de produtos

florestais associados à biodiversidade, resguardando a sua conservação e uso

tradicional. Como foi mencionado pelo próprio Deputado Francisco Praciano, como a

Amazônia está muito além do nosso conhecimento, precisamos empreender

esforços vigorosos no sentido de conhecer a nossa biodiversidade, de conhecer

quais são as possibilidades e especialidades de uso desses recursos que lá se

encontram, até mesmo no sentido de valoração dos serviços ambientais que são

prestados pela floresta amazônica.

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p_5829, 03/01/-1,
Sessão:1023/08 Quarto:36 Taq.:Zagotto Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Mais especificamente no que diz respeito à inserção no Instituto Chico

Mendes nesse panorama, na região amazônica temos 20 estações ecológicas e

reservas biológicas federais que são verdadeiros nichos, verdadeiros laboratórios de

pesquisa e de geração de conhecimento sobre a biodiversidade. Várias dessas

unidades têm parcerias estabelecidas com instituições de pesquisas da região,

como o INPA, por meio do seu programa de monitoramento da biodiversidade, o

PPBIO; o Museu Goeldi; o INPA do Amapá, entre outras.

Um aspecto que mina ou reduz nosso potencial de agir como indutor, como

fomentador de pesquisa na Amazônia é a carência de estrutura para apoio a

pesquisadores nas unidades de conservação.

Esse mapa mostra a intensidade de pesquisa em unidades de conservação:

quanto maior o círculo, maior a intensidade de pesquisa. Podemos ver claramente

um deslocamento de intensidade, de tamanho dessas circunferências na Região Sul

e Sudeste. Em que pese ao fato de algumas das nossas unidades, como o Parque

Nacional do Jaú e a Reserva Biológica de Uatumã, possuírem um volume

considerável de pesquisa em andamento atualmente, elas podem ser ainda

incrementadas, caso seja dada a devida infra-estrutura para essas instituições, a fim

de que sirvam de núcleo de pesquisa.

A proposta, na verdade, seria que se estabelecessem as unidades de

conservação federais como locais preferenciais para a realização de pesquisas na

região amazônica. Para tanto, seria necessário aporte de investimentos no

Programa Conservação e Recuperação de Biomas Brasileiros, especificamente para

complementação de infra-estrutura e aquisição de equipamentos para apoio à

pesquisa em 10 unidades de conservação na Amazônia.

Essa é uma proposta que, diferentemente da anterior, vem encontrando

dificuldades para aprovação na formação do Orçamento da União. O Programa

Conservação e Recuperação dos Biomas Brasileiros foi criado no ano passado, mas

já existia em PPAs anteriores, sob a forma do Programa Áreas Protegidas do Brasil.

Trata-se de programa que reiteradamente recebe recursos pífios para investimentos,

da ordem de milhares de reais — nem chegam a milhões de reais. Não são

suficientes sequer para manter a estrutura de prédios, as frotas, os veículos e os

equipamentos para a gestão adequada das unidades de conservação.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Uma segunda proposta é também o aporte de recursos em despesas

correntes no programa de conservação e uso sustentável da biodiversidade e

recursos genéticos, visando ao fortalecimento das parcerias que existem com

instituições de pesquisa e agências de fomento para o estabelecimento de

programas de pesquisa e de monitoramento nas unidades de conservação federais.

Existem alguns eixos que são estruturantes. Ou seja, são algumas questões,

inclusive, os eixos estratégicos podem eventualmente ficar comprometidos.

Esses eixos estruturantes, que foram delineados como prioritários, dizem

respeito à consolidação territorial, ao aspecto de proteção ambiental e à própria

capacidade operacional do instituto.

O termo “consolidação territorial” foi cunhado um pouco mais recentemente,

quase que em substituição ou em complementação ao termo “regularização

fundiária”, que é mais comum, no sentido de ampliar um pouco mais o foco e o

escopo dessa ação, que vai além da aquisição de terras, simplesmente, para a

incorporação ao patrimônio imobiliário da União.

Existe uma série de ações que são interdependentes e fazem com que esse

processo de consolidação territorial seja extremamente complexo.

Como uma definição generalizante, pode-se dizer que é a incorporação de

imóveis que compõem as unidades de conservação federais ao patrimônio

imobiliário do ICMBio. Além da incorporação, deve ser dada ciência também à

sociedade, por meio de sinalização, demarcação e outras ações complementares.

Hoje, o Instituto Chico Mendes tem uma baixa capacidade operacional para a

realização dessas ações necessárias, tanto no que diz respeito a recursos humanos,

como a recursos financeiros, orçamentários.

Para V.Exas. terem uma idéia, a ação responsável pelo orçamento do

Instituto Chico Mendes e também pelo programa de conservação e recuperação dos

biomas brasileiros é a Regularização Fundiária das Unidades de Conservação

Federais, que recebeu, no ano de 2008, uma dotação orçamentária de 295 mil reais.

Esse valor não é suficiente sequer para demarcar um parque nacional.

Como priorização, dentro dessa miríade de ações que são necessárias para o

processo de consolidação territorial, nossa Coordenação-Geral identificou a

demarcação e a sinalização como um processo fundamental.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Ele é fundamental porque, a partir da demarcação e da sinalização, a

sociedade toma conhecimento dos reais limites físicos dessa unidade de

conservação criada, e isso se traduz em maior agilidade e precisão em outras ações

ulteriores de regularização fundiária ou mesmo em ações de proteção ou de

licenciamento ambiental. Ou seja, se nós criamos um parque nacional em plena

Amazônia e não materializamos os limites dessas unidades de conservação, fica

muito difícil para o próprio Poder Público, ou mesmo para a sociedade, saber onde

começa e onde termina uma determinada unidade de conservação.

Outra proposta seria a solicitação à Comissão de um projeto específico de

demarcação e sinalização de unidades de conservação federais na Amazônia,

vinculadas a esse Programa 1332. A meta seria a demarcação de 2 milhões de

hectares de unidades de conservação para o ano de 2009. Cinco milhões de reais

seriam gastos em despesas correntes para viabilização desses serviços e 300 mil

reais, em investimentos, para ampliar a capacidade operacional dos setores

responsáveis por essa agenda dentro do Instituto Chico Mendes.

Gostaria de fazer um rápido parênteses. Fazendo uma comparação com as

apresentações que foram feitas na parte da manhã, parecem muito tímidos os

valores que apresentamos aqui. Mas friso que esses valores, na verdade, estão

dentro do nosso limite e da nossa capacidade de execução. Eles estão sendo

apresentados com uma boa dose de responsabilidade, no sentido de que estamos

fazendo um pedido na medida da nossa capacidade de executar, do tamanho das

nossas pernas.

Gostaria também que V.Exas. compreendessem essa solicitação dentro de

uma perspectiva de consolidação do próprio instituto. Ele foi criado recentemente,

está em fase de crescimento e de estruturação. Essa solicitação tem um viés de

crescimento, ao longo dos próximos anos.

No que diz respeito à proteção ambiental, fazendo um breve resgate do

começo da apresentação, trata-se de uma atribuição institucional do Instituto Chico

Mendes, quanto ao interior das unidades de conservação. É uma atividade essencial

para o bom andamento das ações estratégicas. E ela vem sendo realizada — e deve

realmente ser realizada — com o apoio e a parceria de outras instituições com

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p_5830, 03/01/-1,
Sessão:1023/08 Quarto:38 Taq.:Cristiane Regina Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

atribuições correlatas, tais como IBAMA, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal,

Batalhão de Polícia Militar Ambiental, Forças Armadas, entre outros.

Mas o que acontece na prática é que esse trabalho vem sendo feito em

parceria, mas conseguimos contribuir com muito pouco, como veremos no próximo

slide, dentro da nossa realidade orçamentária e de capacidade operacional, em

relação ao número de fiscais.

Esse quadro mostra o número de fiscais que o Instituto Chico Mendes tem

hoje, em relação à área.

No bioma Amazônia, há 104 unidades de conservação. Dessas, apenas 34

não possuem servidores lotados, e 72 não possuem nenhum fiscal lotado. Isso faz

com que haja uma relação de 1 milhão de hectares, praticamente, por fiscal dentro

das unidades de conservação na Amazônia. Ou seja, nem se pode dizer que seja

uma tarefa hercúlea. É uma missão impossível. E não teríamos conseguido fazer

qualquer ação se não fosse com a parceria das instituições que nos têm apoiado

neste primeiro ano de existência da instituição.

Farei uma breve comparação, em termos de orçamento. Se o número estiver

errado, tenho certeza de que o Flávio Montiel vai me corrigir depois. Mas é uma

estimativa, na verdade. Não está muito preciso.

Posso dizer, da parte da ICMBio, que o que existe hoje no orçamento de

2008, quanto à ação de fortalecimento e aprimoramento da fiscalização ambiental,

são 2 milhões de reais para 77 milhões de hectares. Então, se fizermos a conta,

vamos ver que o valor é da ordem de centavos por hectare, enquanto que — para

tomar apenas como um parâmetro óbvio — o IBAMA, que é uma instituição já

consolidada, que tem toda uma estrutura de fiscalização muito bem montada e

operacional, conta com cerca de 38 milhões de reais para situações de fiscalização.

O que estamos fazendo, na verdade, para tentar aprimorar nossa capacidade

de fiscalização dentro das unidades de conservação, de proteção? A capacitação

emergencial de 120 analistas ambientais do Instituto Chico Mendes, como agente de

fiscalização, prioritariamente para a Amazônia; a consolidação de planos de

proteção para todas as unidades de conservação encontradas nesse bioma; e

estamos em processo de construção de uma proposta de criação da carreira de

guarda-parque. Todos os países com sistemas de unidades de conservação

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consolidados e reconhecidos internacionalmente, como Estados Unidos, Canadá,

Argentina, entre outros, possuem um corpo de guarda-parques, que tem um papel

preponderante, um papel fundamental no monitoramento, vigilância e proteção

dessas unidades de conservação.

Em termos de pleito, no que diz respeito à questão de recursos

orçamentários, gostaríamos de solicitar que fossem ampliados os recursos alocados

nessa ação de fortalecimento e aprimoramento da fiscalização ambiental e que

fosse incluída uma ação de fiscalização ambiental específica para as unidades de

conservação federais na região amazônica. O Programa Conservação e

Recuperarão dos Biomas Brasileiros não tem essa ação.

E há uma outra solicitação de apoio parlamentar junto ao Ministério do

Planejamento para a criação da carreira de guarda-parques, com abertura

emergencial de 2 mil vagas para provimento imediato.

Uma vez consolidada a proposta que está em processo de conclusão,

gostaríamos de ter a possibilidade de discuti-la, de apresentá-la aos senhores e de

contar com apoio da Comissão para que ela seja aprovada pelo Governo Federal.

Finalmente, em relação à capacidade operacional, como eu já havia

mencionado — fica um pouco claro nesse mapa —, podemos ver a quantidade de

unidades de conversação que não têm sequer um servidor lotado.

Vemos também que a Região Norte é a que tem, proporcionalmente, o menor

número de servidores lotados por unidade de conservação — são, em média, 2

servidores para cada unidade de conservação. Sem levar em consideração que as

unidades de conservação, na Amazônia, têm dimensões quase iguais às de

municípios.

Apesar dos 2 concursos públicos que foram realizados em 2002 e 2005, ainda

quando a instituição era apenas o IBAMA, a capacidade de retenção de servidores

em regiões isoladas da Amazônia é muito baixa, em virtude da ausência de

estímulos à permanência desses servidores nessa região. Eles permanecem ali,

muitas vezes, em condições inóspitas e no isolamento.

Hoje, muitas unidades de conservação ainda dependem de infra-estrutura

administrativa, digamos assim, de espaço físico do IBAMA para funcionar. Em 2008,

foram previstos apenas 5 milhões e 600 mil reais para ação de gestão de áreas

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P_6276, 03/01/-1,
Sessão:1023/08 Quarto:39 Taq.:Herculano Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

protegidas no ecossistema amazônico, o que representa, em média, 47 mil reais por

ano. Esse montante mal dá para colocar combustível nos veículos ou nas voadeiras

e mantê-las com uma boa manutenção; imaginem, então, realizar ações de

integração com o entorno, educação ambiental, enfim, várias coisas que são da

nossa atribuição.

Então, propomos o fortalecimento da capacidade operacional das unidades

de conversação localizadas na região amazônica, dotando-as de estrutura e de

condições adequadas para o desempenho de suas funções, por meio da criação de

2 projetos, dentro do Programa Gestão da Política de Meio Ambiente. Um deles diz

respeito à construção de bases administrativas do Instituto Chico Mendes na

Amazônia, no valor de 1 milhão de reais, com o objetivo de construir 6 escritórios em

regiões estratégicas e também postos de informação e controle dentro das unidades

de conservação; o outro diz respeito à reforma de infra-estrutura de algumas

unidades de conservação que já têm sede, mas que estão em avançado estado de

deterioração, e também à manutenção preventiva das demais unidades existentes.

Propomos também a ampliação da dotação orçamentária da ação de gestão de

áreas protegidas no ecossistema amazônico, vinculada ao Programa de

Conversação e Recuperação dos Biomas Brasileiros, para 12 milhões de reais.

Daria um valor médio de 100 mil reais por unidade de conservação. É pouco, mas

representará um aumento significativo.

Apenas como exemplo, algumas dessas unidades de conversação na região

do bioma Amazônia são apoiadas por um programa do Governo Federal chamado

Áreas Protegidas da Amazônia, que conta com recursos do Banco Mundial. Essas

unidades, mesmo com equipes reduzidas, mesmo com a situação precária a que

ficam sujeitas, são capazes de executar recursos anuais da ordem de 500 mil reais,

800 mil reais. Então, capacidade operacional, competência, conhecimento, força de

vontade e energia as unidades têm. O que falta realmente é recurso.

Por último, solicitamos o apoio parlamentar junto ao Ministério do

Planejamento para abertura de vagas adicionais para analistas ambientais e

analistas administrativos no Instituto Chico Mendes, bem como a sensibilização para

a necessidade da implementação de uma política de recursos humanos para o

Instituto, que gere estímulos e valorize os servidores que desempenham suas

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funções em locais isolados, em condições de periculosidade. Senão, torna-se uma

missão quase impossível manter analistas motivados e imbuídos do espírito de

conservação da biodiversidade e de proteção da natureza nessas unidades de

conservação.

Gostaria de frisar que muitos desses colegas estão completando hoje 5 anos

de missão em várias unidades de conservação isoladas. Muitos deles começam a

me contatar aqui em Brasília, dizendo: “Olha, estou chegando ao meu limite. Quero

outros desafios”. Grande parte dessas pessoas chega no seu limite porque,

efetivamente, o Governo não dá a elas nenhum tipo de reconhecimento ou estímulo

para que desempenhem suas funções.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Obrigado,

companheiro Anael.

Eu gostaria que esse material ficasse conosco e que o canal de comunicação

continue aberto para continuarmos esse trabalho, se tivermos necessidade de

complementá-lo — e vamos ter, porque é uma dinâmica que não pára.

Finalmente, agradeço-lhe a presença, os registros. Não faz mal repetir que,

neste trabalho, vamos procurar as pessoas que decidem, articular com elas,

pressioná-las e colaborar — haverá uma espécie de parceria nossa com vocês —

para a melhoria dos orçamentos das nossas instituições.

Muito obrigado.

Concedo a palavra ao companheiro Flávio.

O SR. FLÁVIO MONTIEL - Boa tarde a todos.

Em primeiro lugar, em nome do Presidente do IBAMA, quero agradecer o

convite à Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento

Regional, particularmente ao Deputado Francisco Praciano, ao Deputado Sergio

Petecão, ao Deputado Marcio Junqueira. Quero também elogiar a iniciativa da

Câmara dos Deputados, do Congresso Nacional de abrir este espaço importante de

diálogo, de comunicação, em que nós podemos não só fazer uma pequena

exposição, uma contextualização de como o IBAMA vem operando na região, no

País e, particularmente, na Amazônia, como também falar das nossas limitações,

dos nossos gargalos, que vão se somando já alguns anos e que impedem que

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Sessão:1023/08 Quarto:40 Taq.:Herculano Rev.:
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tenhamos uma ação mais profissionalizada, de maior abrangência, que permita a

presença do Estado brasileiro em regiões longínquas — sabemos que, muitas

vezes, nesses lugares não há a presença do Estado brasileiro. Então, esta

oportunidade é extremamente louvável.

Outro ponto importante, que é necessário ressaltar, são as apresentações

feitas aqui pelas Forças Armadas, pelo Ministério da Defesa — Marinha, Exército e

Aeronáutica —, com a presença também da Polícia Federal.

(Segue-se exibição de imagens.)

Nesses últimos cinco anos e meio, o IBAMA tem desenvolvido um trabalho de

transversalidade, de integração de ações. Sem o apoio do Exército, da Marinha, da

Força Aérea Brasileira e da Polícia Federal, nós não teríamos conseguido chegar às

áreas mais remotas da Amazônia.

É claro que, com o que o IBAMA tem hoje, é possível mantermos as

operações de monitoramento, de controle e de fiscalizações que são feitas. Agora,

com essa parceria, houve um incremento significativo. As Forças Armadas, de fato,

têm desempenhado esse importante papel.

Lembro também que, pelo fato de o Exército Brasileiro, de as Forças Armadas

terem feito uma brilhante apresentação, nesses anos, apesar do enorme esforço —

vamos mostrar aí — que foi feito para que nós pudéssemos ter uma ação mais

profissionalizante, mais consistente, mais eficaz, com maior eficiência, ainda há uma

série de gargalos, como foi apresentado também pelo nosso colega do Instituto

Chico Mendes, principalmente no que se refere à limitação de pessoal. Em algumas

situações, até fizemos um comentário sobre o IBAMA, comparando-o com o Exército

de Brancaleone, e sobre a importância de termos esse aporte do Exército para que

possamos desempenhar essas operações.

A proposta que nós apresentamos é no sentido de que possamos dar um

passo além e não ficar apenas na ação do Exército de Brancaleone, com o apoio do

Exército, mas, efetivamente, tornar-nos um exército profissional, com capacidade de

monitoramento, com instrumentos de eficácia e eficiência.

Essa é a distribuição das unidades descentralizadas do IBAMA em todo o

País.

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Sessão:1023/08 Quarto:41 Taq.:Andréa Nogueira Rev.:
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É necessário fazermos uma reflexão, porque, com a criação do Instituto Chico

Mendes, uma série de unidades foi descentralizada. Elas são hoje da competência e

da atribuição do Chico Mendes. Precisamos redefinir o número de escritórios do

IBAMA na região, considerando a presença do Chico Mendes. Só que os

parâmetros que nos levam a ter uma definição sobre onde é prioritária a ação do

IBAMA mostram que há necessidade de nos fortalecermos ainda mais.

Há localidades em que recebemos abaixo-assinados da população pedindo

que o IBAMA não feche o escritório naquela região. Entre nossos parâmetros,

podemos destacar o IBAMA, sempre lembrando que é um órgão federal ambiental,

não um órgão estadual ou municipal de meio ambiente, e que precisa estar nas

regiões de fronteira, nas regiões onde há portos e aeroportos internacionais, nas

regiões onde o órgão estadual não está presente, naquelas áreas onde o Instituto,

como órgão ambiental federal, tem um programa regional, como o Plano de

Prevenção e Controle ao Desmatamento da Amazônia — hoje, esse é um tema de

repercussão internacional —, o Programa São Francisco e outros programas de

fronteira. Eles são necessários àquelas rotas. Elas, hoje, são rotas do tráfico

nacional e internacional de animais silvestres.

Nas áreas de fronteira também há um contrabando muito grande de produtos

agrotóxicos que vêm do Paraguai e da China. Passam pelo Paraguai e entram no

Brasil de forma ilegal.

Enfim, há uma série de questões que têm impacto regional e nacional, sendo

necessária a manutenção dos escritórios do IBAMA.

Então, apesar de haver um pedido de redução para que permaneçamos com

apenas 60 unidades descentralizadas em todo o País, como está previsto no

decreto, essa realidade não atende à missão, à competência, à atribuição do IBAMA

em todo o Brasil, principalmente na Amazônia, como área mais isolada.

Aqui está sendo mostrado um dado do que tem sido, nos últimos 3 anos, o

combate ao desmatamento ilegal na Amazônia. Chegamos ao pico, em 2004, de

27.300 quilômetros quadrados num ano; e, em 2007, de 11.220 quilômetros

quadrados, representando quase 60% de queda na taxa anual do desmatamento

monitorado pelo INPE da Amazônia. Entretanto, já no segundo semestre de 2007,

começamos a ver uma retomada da atividade do desmatamento ilegal, E estamos

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hoje numa situação de alerta amarelo, alerta total, em função desse incremento que

o DETER vem nos apresentando, e não o PRODES, que é outro sistema.

Esse é apenas o cômputo do desmatamento já consolidado pelo Programa de

Monitoramento do Desmatamento da Amazônia — PRODES. Percebemos que Mato

Grosso, Pará e Rondônia têm um papel crucial, representando quase 80% da

atividade do desmatamento na Amazônia. Mas é importante vermos que, no

cômputo total, houve redução.

O DETER — Detecção de Desmatamento em Tempo Real permite que

monitoremos o desmatamento numa periodicidade de aproximadamente 15 dias.

Podemos ver desmatamentos nas cores vermelha, laranja e azul. Como eles

evoluem? Como isso chega até nós? Por meio das informações que o INPE nos

disponibiliza, com o Programa DETER. Isso não permite que façamos o cômputo da

área total desmatada. O DETER não serve para o cômputo total. Ele serve apenas

para redirecionar as equipes de fiscalização e para o planejamento das operações

que são feitas, de tal forma que possamos priorizar as ações nas áreas.

Estamos desenvolvendo também o DETEX — Detecção de Extração Seletiva.

Hoje, aparentemente, numa imagem do satélite brasileiro CBERS, não conseguimos

visualizar a extração de forma mais clara. Quando se faz o processamento da

imagem, podemos ver a entrada, as clareiras, onde estão os recortes e de onde são

retiradas as madeiras de forma seletiva. Isso também tem sido usado no

planejamento, para que possamos priorizar as regiões de ação na Amazônia.

Outro fator também impeditivo, que é um complicador, é a cobertura de

nuvens na Amazônia. A área é extremamente úmida, com um regime pluviométrico

muito grande.

Em azul estão as áreas cobertas por nuvens. Podemos ver que, de janeiro a

dezembro — principalmente em janeiro, fevereiro, março, novembro e dezembro —,

há uma cobertura maior de nuvens. A partir de abril começa a abrir; em maio, junho,

julho, agosto e setembro, a abertura é relativa; e em outubro começa novamente a

fechar. Então, esse impeditivo significa mais ou menos 5 meses em que não temos

essa capacidade de monitoramento com os atuais satélites.

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Sessão:1023/08 Quarto:42 Taq.:Andréa Nogueira Rev.:
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Para corrigir essa falha, começamos a usar, a partir deste ano, imagens do

satélite japonês ALÔS. É uma imagem de radar, não uma imagem óptica. Ela

permite que atravessemos nuvens e enxerguemos independentemente do horário.

Esse é o trabalho que fazemos. Com base nessas informações repassadas

pelo INPE e processadas no IBAMA, nós identificamos, primeiro, num mapa maior

da região; depois, num mapa de uma região específica; depois, numa folha A4, que

é a folhinha que o fiscal leva para campo hoje. Ou seja, hoje o fiscal vai a campo

orientado por uma folha A4, mostrando onde havia a floresta e onde o

desmatamento foi feito.

Como essa detecção é feita de 15 em 15 dias, há situações em que

chegamos em campo e esse desmatamento é evitado na hora. Ainda pegamos em

flagrante a atividade ilegal do desmatamento — os tratores, os correntões, as

motosserras.

Este ano, realizamos operações na Amazônia que nos permitiram evitar o

desmatamento em mais de 100 mil hectares. Por exemplo, somente naquela região

do sul do Amazonas, Boca do Acre, chegamos em uma área, percorrendo 46

quilômetros no lombo do burro, porque não havia acesso para veículos. Depois de

andar 46 quilômetros dentro da mata, encontramos um acampamento com um total

de 4 toneladas de alimentos, mais de 13 mil litros de combustível para as

motosserras e para os equipamentos e rancho para mais de 40 trabalhadores

braçais. Eles, é claro, fugiram do local. Pelo volume de mantimento e de

combustível, podemos ver a possibilidade de se permanecer na área por 3 meses, o

que leva ao desmatamento de 5 a 7 mil hectares de florestas primárias, florestas

nativas intactas.

Então, esse tipo de trabalho tem sido feito, evitando-se o desmatamento, em

função dessa metodologia que é usada pelo IBAMA.

Aqui temos apenas uma qualificação dos dados do DETER, mostrando o que

acontece hoje dentro de assentamentos, dentro de terras indígenas, dentro de

unidades de conservação.

O Anael falou muito bem sobre proteção integral e uso sustentável também

dentro de propriedades rurais.

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Esse exemplo é apenas para mostrar que não estamos trabalhando com o

dado solto: é desmatamento. Não. Onde ele cai? Dentro de assentamento? Dentro

de terra indígena? Apenas para ilustrar, alguns municípios que estão dentro dos 36

municípios prioritários da Amazônia, de acordo com o Decreto nº 6.321, aprovado

em dezembro.

Aqui, voltando um pouco para a questão das competências do IBAMA... Hoje

a fiscalização... É necessário reforçar que, com a criação do Chico Mendes, o

IBAMA passa a ter uma ação focada nos instrumentos de monitoramento, controle e

fiscalização. Esse passa a ser o perfil prioritário do IBAMA. Ou seja, o IBAMA está

voltado para o controle e a fiscalização do uso econômico dos recursos naturais; e o

Chico Mendes, para a conservação e preservação.

Então, dentro desse universo, nós precisamos cuidar do acesso ao patrimônio

genético no combate à biopirataria; dos conhecimentos tradicionais associados às

populações tradicionais; da pesquisa científica; do patenteamento; da fiscalização da

pesca, envolvendo aqüicultura, captura e comercialização, pesca profissional e

amadora, os regimes sazonais da piracema e do defeso, a necessidade de

fiscalização da remessa e da atividade de pesca de peixes ornamentais e o registro

geral de pesca das embarcações, que é emitido pela SEAP.

Na degradação e proibição, também precisamos controlar: agrotóxicos;

saneamento básico; baterias; energias; transgênicos; indústrias; mineração; e

pneus. Na flora: planos de manejo; exploração seletiva; transporte; queimadas;

serrarias; e desmatamento. Na fauna: tráfico de animais silvestres; mecanismos da

CITES, que é a nossa convenção internacional de comércio de espécies em

extinção; caça; introdução de espécies; criadouros; zoológicos; maus-tratos. Tudo

isso vinculado à fiscalização.

Nós podemos dizer que, hoje, tão complexa como a atividade de

licenciamento, que também é um instrumento de controle do IBAMA, a fiscalização

tem de dar uma resposta a uma ação que vai de A à Z, devido à diversidade de

temas que são abordados.

Nesse contexto, o agente de fiscalização do IBAMA... Nós podemos dizer que

o primeiro grande concurso que nós tivemos no IBAMA, após 15 anos de existência,

foi em 2002. Os analistas foram efetivados em 2003. Com a exigência de nível

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Sessão:1023/08 Quarto:43 Taq.:Daisy Rev.:
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superior nos 2 últimos concursos — 2002 e 2005 —, houve o ingresso de

aproximadamente 1.800 analistas ambientais de nível superior nas diversas áreas.

Eles têm de dominar leis, decretos, resoluções do CONAMA, instruções normativas

internas do IBAMA, portarias do Ministério. Precisam ter conhecimento de campo e

saber manusear GPSs, orientações de campo, do ponto de vista geográfico; fazer

identificação de fauna, de pescado, de madeira; dominar sistema de computadores

— excel, word; fazer planilhas etc.

Do ponto de vista da legislação, devem estar muito bem definidos os

procedimentos administrativos, a legislação ambiental, a legislação penal, a

legislação administrativa, a lavratura de autos, os relatórios. Isso tudo tem permitido

que haja um incremento na manutenção dos autos de infração aplicados, que muitas

vezes eram questionados por falta de qualificação técnica e legal, de embasamento

técnico e legal.

Alem disso, precisamos ter conhecimento da abordagem individual, da

abordagem em grupos, da abordagem em veículos, do manuseio de armas, dos

arrais, das embarcações, da direção de veículos. Há necessidade, então, de um

processo de capacitação muito grande entre os quadros de fiscalização do IBAMA.

Esse é o quadro geral, já excluídos aqueles analistas ambientais que foram

para o Chico Mendes, com a sua criação. Também excluindo exonerados,

demitidos, cedidos, aposentados e falecidos, o nosso universo é de 1.441 fiscais.

Entretanto, devido à quantidade de fiscais que já está prestes a se aposentar,

àqueles que ainda estão trabalhando em atividades administrativas do IBAMA,

àqueles que também não têm um engajamento mais sistemático dentro das

atividades de fiscalização, nós podemos dizer que, desse universo de 1.441,

aproximadamente 60% continuam disponíveis para qualquer tipo de ação

fiscalizatória. Ou seja, em determinado momento você sai de barco em uma costa

no Rio Grande do Norte e em 2 dias está na Floresta Amazônica, fiscalizando o

desmamamento ilegal.

Então, hoje, o universo não é exatamente de 1.441 fiscais. Há uma limitação,

devido a uma série de situações internas, que não nos permitem explorar esse

potencial.

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Essa é apenas uma amostra de como está a atividade agrícola, de plantação,

de como é o desmatamento recente e de como a floresta ao fundo vem sendo

pressionada.

Quer dizer, se você não tem um fiscal capacitado, com todas as orientações,

com todo o conhecimento técnico e científico para poder interpretar como isso evolui

e quais são as causas — por meio de perícia — que levam ao desamamento ilegal,

não temos como avançar na qualificação dos laudos.

Essa é a nossa dinâmica de trabalho. Nós temos análise de mapas. É feito

um planejamento, são tiradas as coordenadas geográficas, são feitos sobrevôos

aéreos.

Esses são resultados do reconhecimento aéreo para desencadear uma

operação; no caso, a chamada Terra Roxa ll, no sul do Amazonas.

Vemos aqui a operação que envolve a atividade de fiscalização terrestre,

abrangendo fiscalização em pátios e serrarias, fiscalização do corte seletivo,

fiscalização de desmatamentos e fiscalização no transporte dessa madeira para os

principais pólos beneficiadores e, depois, para os consumidores.

Aqui vemos uma apreensão de caçadores feita pelo IBAMA. Nós temos aí

diversos tipos de esqueletos, de crânios de jacarés, onças, pumas. Enfim, há

necessidade de se ter uma perícia para reconhecer esses animais. E os fiscais do

IBAMA sempre correm risco em eventuais confrontos até com caçadores, pelo fato

de eles também estarem armados. Há esse risco iminente quando realizamos

operação de fiscalização à caça ilegal no País.

Aqui nós vemos que também há necessidade de conhecimento de

biotecnologia, de organismos geneticamente modificados, enfim, dos elementos da

biotecnologia.

Vemos que, no trabalho embarcado, há necessidade de reconhecermos

espécies de pescados, de termos uma ação coordenada com infra-estrutura, que

nos permita abordar a embarcação, quando ela estiver em alto mar.

Esse é um exemplo de uma ação conjugada com o Chico Mendes. Foi a

retomada da Reserva Biológica do Gurupi, no Maranhão. Ela estava literalmente

tomada pelo narcotráfico, por quadrilhas de roubo de veículos, por madeireiros,

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Sessão:1023/08 Quarto:44 Taq.:Daisy Rev.:
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enfim, por uma gama de setores que não deveriam estar se movimentando dessa

forma.

Isso é só para mostrar a mobilização que houve no 50º Batalhão, em

Imperatriz; depois, a ida a Campos; as estradas que são bloqueadas para impedir

que a fiscalização entre; os atoleiros — é uma situação normal que enfrentamos; o

apoio das aeronaves, dos helicópteros que são disponibilizados para o IBAMA, por

meio de contratos.

Na Rebio Gurupi foram encontrados e queimados 55 mil pés de maconha

dentro de uma estação ecológica, de uma reserva biológica de proteção integral.

E aqui também, já embaixo, à esquerda, vemos que, no ano passado, nós

tivemos, pela primeira vez, a participação da Forca Nacional de Segurança nas

operações conjuntas com o IBAMA.

Esse é apenas um quadro dos resultados, nos últimos 5 anos, das atividades

de fiscalização. Como eu disse antes, o IBAMA tem contado com o apoio de outros

órgãos, numa ação integrada, como Exército, Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia

Rodoviária Federal — e, no último ano, da Força Nacional de Segurança.

Esses são apenas alguns resultados quantitativos. Eles não refletem a

dimensão do desempenho da fiscalização, mas mostram o que isso tem significado

em termos de apreensões.

Aqui também, do ponto de vista dos autos de infração... No último ano, nós

demos um salto significativo. Lembro apenas que o dado é quantitativo e que isso

ainda não atinge o infrator, que vem cometendo crimes contra a natureza. O auto de

infração, hoje, apenas faz cócegas. São necessários instrumentos mais rigorosos.

Vemos aqui o Decreto nº 6.321, que foi aprovado em 21 de dezembro do ano

passado. Ele estabeleceu uma série de condicionantes ao IBAMA. Primeiro, definiu

os municípios prioritários que deveriam entrar na fiscalização contra o

desmatamento ilegal na Amazônia; depois, o recadastramento das propriedades

pelo INCRA e um sistema de monitoramento e controle. A ação que o IBAMA fazia

em caráter eventual, que seria o embargo, passa a ser obrigatória para ele, a partir

desse decreto. Ele fortalece o Decreto nº 3.179, que regulamentou a Lei dos Crimes

Ambientais. Ele também estabelece uma co-responsabilização na cadeia produtiva.

É necessário que o IBAMA, hoje, esteja fiscalizando não só o ato do desmatamento

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ilegal na origem, na floresta, como também aqueles consumidores, os principais

fornecedores de matéria-prima, que vêm de áreas embargadas.

Também recentemente, em fevereiro deste ano, tivemos a resolução do

Banco Central. Ela estabelece uma série de condicionantes para quem vai pedir

crédito bancário para projetos na Amazônia. Foi um avanço significativo no sentido

de conter, como foi muito bem lembrado pelo Deputado Francisco Praciano, aquelas

atividades que são exógenas à Amazônia e que, por falta de uma análise melhor,

por falta de um licenciamento ambiental que permita a adequação da conservação

com o desenvolvimento, têm sido aprovadas sem muito critério.

Então, com a resolução do BACEN, nós passamos a orientar as instituições

bancárias sobre como serão liberados os créditos, desde que elas não tenham

pendências no IBAMA, áreas embargadas; e também, desde que a sua reserva legal

e a área de preservação permanente estejam previstas no bioma Amazônia.

Ações vinculadas. Eu vou passar um pouquinho mais rápido.

Nós temos um grupo de trabalho que está voltado para a responsabilização

do crime ambiental. Temos também um processo de revisão, como eu disse antes,

do Decreto nº 3.179, que vai trabalhar no sentido de dar mais eficácia ao processo

de tramitação das multas dentro do IBAMA — são multas administrativas.

Isso aqui é apenas para mostrar como é hoje a complexidade, o que significa

uma operação de fiscalização voltada para o desmatamento ilegal. Ele estabelece o

auto de infração e um termo de apreensão em depósito. Esse embargo é

encaminhado para o CEMAM, por meio do SISCOM, sistema compartilhado de

informações ambientais, que fica monitorando a área embargada. Além disso há

necessidade de sobrevôos — o IBAMA, agora, é obrigado a fazê-los.

No momento em que se faz a fiscalização ou o sobrevôo do monitoramento e

é identificado o descumprimento do embargo, isso é encaminhado ao CEMAM. A

partir daí é deflagrada uma operação para apreensão daquele bem ou produto que

foi produzido dentro da área embargada. Também é repassada essa informação aos

órgãos estaduais de meio ambiente, que hoje têm a função de cuidar dos

licenciamentos, das autorizações e até da aprovação do plano de manejo. Ela foi

repassada do IBAMA para os órgãos estaduais.

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Sessão:1023/08 Quarto:45 Taq.:Eva Rev.:
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É gerado um sistema de consulta pública sobre essas áreas embargadas

para que os bancos, os frigoríficos, o setor agropecuário, a construção civil tenham

ciência de onde está vindo aquele bem consumido ou adquirido por eles. Digo isso,

rapidamente, sem querer entrar em detalhes.

E mais: hoje, devido à limitação do IBAMA, em função do número de fiscais e

dos recursos disponíveis, nós temos uma metodologia de trabalho para estabelecer

quais são as áreas prioritárias para a ação do IBAMA na Amazônia.

Temos 10 parâmetros: o desmatamento absoluto; o tamanho médio dos

polígonos; a evolução desses desmatamentos (se nos últimos 3 anos o número

cresceu ou caiu); a existência de unidades de conservação em terras indígenas; o

adensamento das estradas, que é um vetor de entradas; a existência de estradas

vicinais que levam ao desmatamento ilegal; a existência de pólos madeireiros

siderúrgicos; a existência de pólos frigoríficos; a existência de focos de calor, que

são monitorados diariamente, em conjunto com o INPE; e a existência de florestas

remanescentes.

Esse conjunto de 10 parâmetros leva a um ranking final, que estabelece quais

são as áreas prioritárias de ação do IBAMA, por meio de 74 imagens do satélite

LANDSAT. Para darmos um foco à nossa ação, transformamos essas 74 cenas em

296 células; ou seja, cada imagem do satélite é dividida em 4. A partir daí, nós

temos um foco na nossa ação.

Por exemplo, quanto ao primeiro parâmetro, que é o desmatamento absoluto,

nós identificamos o Pará, o Sudeste, o centro, o Nordeste, o norte de Rondônia e um

pouco do norte de Mato Grosso como as áreas prioritárias de ação. Então, juntando

aqueles 10 parâmetros, nós chegamos ao ranking final de prioridade de atuação na

Amazônia.

Essas são as áreas prioritárias em que nós deveríamos estar atuando na

Amazônia, em 2008.

Esses são os 36 municípios que foram estabelecidos pelo Decreto nº 6.321.

E essas são as operações planejadas em fevereiro deste ano, na cidade de

Belém.

O conjunto dessas operações vai permitir que tenhamos eficácia no combate

ao desmatamento ilegal da Amazônia, entre outros ilícitos.

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Vemos aqui a distribuição das terras indígenas e unidades de conservação.

São as áreas protegidas hoje na Amazônia, mostrando uma reciprocidade no foco

da nossa ação.

Aqui temos também, como eu disse no início, a presença de bases

avançadas do Exército para dar apoio logístico às operações do IBAMA.

É importante ressaltar que esse apoio é meramente logístico. Não é um apoio

ostensivo de segurança ou de confronto com a sociedade. Ele é para alojamento,

alimentação, primeiros socorros, transporte aéreo e comunicação por rádio. Tem

sido um grande avanço, como eu disse antes, nós estarmos presentes em áreas

remotas.

Finalizando, vemos que há demanda de mais fiscais. Nós estamos

conversando hoje com o novo Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e com o

novo Presidente do IBAMA, Roberto Messias Franco, sobre a necessidade de

concurso público imediato para fiscais ambientais federais. Quer dizer, é diferente de

se fazer concurso para analista, em que o concursado entra para ocupar qualquer

área dentro do IBAMA. Não. Hoje, há uma necessidade concreta de, pelo menos, 2

mil fiscais só para a Amazônia, 2 mil analistas ambientais para atender a fiscalização

ambiental só na Amazônia. Nós precisamos hoje, para dar cumprimento às nossas

demandas de serviços, de locação, em função de estudos que foram feitos na

relação custo/benefício, de embarcações de veículos, de helicópteros e de

aeronaves para combate a incêndios, de monitoramento de áreas embargadas e

transporte de pessoas e cargas, que permitiriam o IBAMA ter uma autonomia de fato

e poder exercer as suas atribuições. Hoje, nós temos apenas os helicópteros. Só

para se ter idéia, nós temos 4 helicópteros que dão atendimento a toda a Amazônia,

ao Centro-Oeste e ao Nordeste, e um helicóptero que dá atendimento a toda a

Região Sul e ao Sudeste. É um número reduzido, não atende à nossa demanda.

Além dos helicópteros que precisariam de um incremento, nós precisaríamos de

aeronaves de monitoramento, aeronaves de baixo custo. É muito caro exercer uma

ação de monitoramento usando helicóptero, enquanto ele teria outras funções,

inclusive de abordagem, de ataque nas operações de fiscalização e não apenas de

monitoramento.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Como eu falei, nós temos um apoio da logística, do Exército brasileiro, nós

temos a necessidade de uma infra-estrutura de fixar bases operativas fixas do

IBAMA na Amazônia nessas regiões mais remotas, onde não há a presença do

Estado na região, e, além disso, de combustível — são mais de 2 milhões de litros

hoje empregados em operações na Amazônia — e diárias de fiscais hoje,

considerando o incremento de mais novos analistas, em 3 mil diárias/ano.

A contratação de brigadistas foi aprovada agora pelo Ministério do

Planejamento autorizando o IBAMA a contratar, além daqueles brigadistas que ela já

capacita para atender às unidades de conservação, mais 2 mil 520 brigadistas para

atender aos municípios prioritários, com uma maior concentração de foco de calor e

desmatamento, queimadas. Isso foi autorizado agora pelo Ministério do

Planejamento, e não está previsto no orçamento do IBAMA a possibilidade de se

contratar mais esses brigadistas, incluindo aí não só a contratação, como também a

capacitação dos brigadistas e os equipamentos de proteção individual e de combate

a incêndios.

Necessitamos, também, de passagens aéreas, para que haja essa

movimentação em sistema de rodízio de todo esse conjunto de fiscais na Amazônia.

O custeio das operações na cadeia produtiva. Hoje nós estamos muito preocupados

em fiscalizar não só a origem da madeira, como os principais pólos consumidores.

Então, há uma necessidade de integração entre as superintendências, por exemplo,

de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, que são

responsáveis por 70% da madeira que sai da Amazônia. Se nós não fizermos um

trabalho também na ponta, naqueles pólos consumidores, essa madeira continuará

saindo de forma predatória e ilegal da Amazônia. O objetivo é que se chegue à

possibilidade de termos na Amazônia o manejo florestal sustentável e não uma

exploração ilegal.

Há uma necessidade de nós garantirmos o armamento com equipamentos

individuais para fiscalização do IBAMA, em função da sua ação em áreas de

conflitos, tensas, em áreas de alto risco; um trabalho de educação ambiental, de

sensibilização social, para que se entenda que a ação do IBAMA não vem no

sentido de impedir o desenvolvimento, mas, sim, de conciliar o desenvolvimento com

os parâmetros de conservação e preservação. E o monitoramento significa dotar o

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Centro de Monitoramento Ambiental do IBAMA — o CEMAM, de equipamentos,

como servidores. Hoje, nós estamos trabalhando com uma ordem de 4 terabytes.

Para atendermos a toda a Amazônia, nós precisaríamos estar trabalhando numa

ordem de 7 terabytes. Então, há uma necessidade de investimento também em

sistema de comunicação, de informação, de informática dentro do IBAMA.

Por último, apenas relatando os desafios, há necessidade de presença

permanente do Estado na região; transformar o plano federal em plano nacional,

para que se entenda que a Amazônia é parte integrante do País e que não pode ser

olhada como algo de fora; a integração com os Estados, ou seja, com os órgãos

estaduais do meio ambiente; o fortalecimento dessas unidades descentralizadas e

também dos órgãos estaduais de meio ambiente que compõem o SISNAMA, o

Sistema Nacional de Meio Ambiente; buscar a maior sinergia institucional com essas

forças que tiveram aqui também presentes relatando as suas demandas; a mudança

do paradigma do desenvolvimento, que foi muito bem colocado aqui pelo Deputado

Francisco Praciano, no que se refere aos mecanismos exógenos que chegam à

Amazônia e que não respeitam o equilíbrio da sua biodiversidade, dos seus

ecossistemas; e a campanha de sensibilização ambiental, para mostrar que há

caminhos alternativos para o desenvolvimento sem necessariamente degradar o que

o País tem de melhor, que é a nossa biodiversidade.

Essa imagem mostra a preocupaçã do IBAMA em estar sempre trabalhando

com outras forças, com outras instituições. Isso foi numa explanada, onde nós

identificamos 15 mil metros cúbicos de madeiras retirados da floresta de forma

ilegal. Nessa operação, inclusive, tivemos o falecimento de um dos nossos analistas,

o Julio Marcos Kojima, que faleceu em trabalho nesta operação. Então, fizemos uma

oração em homenagem ao nosso servidor que faleceu na operação, com a

participação de várias outras instituições.

Desculpem-me pela demora, eu sei que já está adiantada a hora, mas as

competências e as atribuições do IBAMA são enormes. Diante de uma região como

a Amazônia, que é gigantesca, mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, as

nossas forças e as nossas condições materiais de trabalho ainda deixam muito a

desejar, apesar do grande esforço que tem sido feito por esta equipe para atender a

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Sessão:1023/08 Quarto:47 Taq.:Paulo Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

todas as demandas. Inclusive são colocadas pelo Ministério Público Federal, e

vamos muito além do nosso planejamento.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Muito obrigado,

companheiro Flávio Montiel.

Peço desculpas a V.Sa. por esperar tanto tempo e ser o último a fazer a sua

apresentação. Constata-se facilmente que V.Sa. o faz com amor, com vibração? Se

deixássemos, certamente V.Sa. usaria mais 2 horas.

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Assim como o Sr.

Anael Aymoré Jacob vibrou com o Instituto Chico Mendes, o Instituto mais novo.

(Risos.)

Obrigado a todos pela presença.

Eu gostaria de obter esse material. Em nome da Comissão, gostaria de pedir

a manutenção desse contato, dessa dinâmica. Estamos iniciando uma parceria.

Abro aqui um espaço ao companheiro Deputado Sérgio Petecão.

O SR. DEPUTADO SERGIO PETECÃO - Apenas uma pergunta. Não sei se

fiquei com uma impressão equivocada. Com a criação do Instituto Chico Mendes,

nós criamos um elefante branco, na verdade, sem a mínima estrutura, e fragilizamos

o IBAMA. Acompanho o importante trabalho do IBAMA lá no meu Estado. Quero

saber se essa impressão é verdadeira.

Criamos uma estrutura, hoje o Governo não dá as mesmas condições, e

fragilizamos o IBAMA.

Essa a minha dúvida. A pergunta deve ser dirigida ao Sr. Anael e ao Sr.

Flávio.

O SR. FLÁVIO MONTIEL - De fato, infelizmente, em função das limitações

que existem no Poder Executivo e da necessidade que havia de se criar uma

instituição que pudesse atender exclusivamente a toda a área de conservação,

preservação e foco nas unidades, grande parte do que era a estrutura do IBAMA foi

transferida para o Instituto Chico Mendes. Ou seja, não se criou uma nova estrutura

apenas, uma nova instituição. Puxou-se muito do que era a estrutura do IBAMA. A

idéia, em si, está correta.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

Desde a criação do IBAMA, em 1.989, já se falava no Instituto Brasileiro de

Unidades de Conservação — IBUC, isso na época do Programa Nossa Natureza,

com o primeiro presidente, Sr. Fernando César Mesquita. Já havia uma

preocupação com o foco. Naquele contexto, naquele cenário, optou-se pela

integração dos órgãos, como SUDEP, SUDHEVEA, ASSEMA e o IBDF, criando-se o

IBAMA. Era uma idéia que já vinha na origem do IBAMA. Ninguém está contra a

idéia, mas, devido às limitações orçamentárias e de infra-estrutura, tivemos quase

que um desmembramento que não permite que o IBAMA ou o Chico Mendes

possam responder a todas as suas atribuições e competências.

O SR. ANAEL AYMORÉ JACOB - De minha parte, penso, Deputado, que

ainda é cedo para fazer essa análise de forma bastante precisa. A situação a que

estamos sujeitos hoje, na verdade, se repetiria se ainda fosse uma instituição única.

Ou seja, a busca pelo fortalecimento institucional seria necessário, mesmo que o

IBAMA tivesse continuado como uma única instituição.

Não se pode negar que foi um processo de divisão. Como bem disse o

próprio Sr. Flávio, a estrutura que hoje cabe ao Instituto Chico Mendes era parte da

estrutura do IBAMA. Sob qualquer circunstância é difícil, tem seu período de

transição, de adequação. Por outro lado, os servidores das 2 instituições estão

imbuídos do dever de estruturar e consolidar essas 2 instituições.

Acho que é necessário um pouco mais de tempo para podermos fazer essa

análise com bastante isenção. É de conhecimento de todos que o processo foi difícil,

traumático, mas hoje, passado isso, temos de nos empenhar para fazer das 2

instituições um sucesso. Uma vez empenhados todos os nossos esforços, vamos

poder dizer com mais tranqüilidade, com mais distanciamento mesmo se foi uma

decisão acertada ou não.

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Sr. Presidente, quero dizer que

fui contra a criação do Instituto Chico Mendes na época, mas entendo que, se já

está criado, tem de funcionar.

O Sr. Jacob considerou 8 mil pesquisadores. Quero saber — se S.Sa. não

quiser responder hoje e puder enviar por meio de ofício, haja vista o tempo — se

para esses 8 mil pesquisadores é firmado algum tipo de convênio ou se existe algum

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Sessão:1023/08 Quarto:48 Taq.:Helena Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

tipo de recurso público repassado, alguma ONG que pesquisa. Entendo que é

importante identificar quem são.

Ouvi o que V.Sas. apresentarem a necessidade de mais recurso. Fui contra a

criação, mas vejo como solução e vou sugerir ao Relator, Deputado Asdrubal

Bentes, a necessidade gritante de parceria público-privada, dentro dessas unidades

de conservação; a criação de legislação específica que permita e que crie

parâmetros.

Vemos hoje o mundo todo preocupado com a Amazônia. Portanto, nada mais

justo que se criassem dispositivos em que tivéssemos parcerias público-privadas,

como rede de hotéis, resorts. O Sr. Jacob falou muito em trilhas, em turismo. Temos

a experiência do próprio Ministério do Turismo, que não conseguiu, volto a dizer, não

só neste Governo, mas em outros, em função da imensidão do nosso País,

implementar projetos turísticos.

Há necessidade de se colocar universidades particulares dentro dessas

unidades de conservação. O aprimoramento do artesanato, enquanto pensarmos no

artesanato como uma escama de peixe, um pedaço de pena, uma semente ou

desenvolvemos políticas de aprimoramento, como contratação de designers, a

realização de feiras. Nós temos de nos profissionalizar no que diz respeito à

Amazônia. Estamos ainda muito amadores. Temos de avançar mais.

Portanto, concordo com o Sr. Jacob quando ele diz que é cedo ainda.

Havendo boa vontade, há que se somar. Devemos ter cuidado com o fato de achar

que existe algum tipo de disputa, que nós estamos uns contra os outros. Eu sou

amazônida, sou terminantemente contra o desmatamento. Não tem mais sentido.

Agora, o que já foi feito foi feito — já entrando aqui no IBAMA. Nós não podemos ter

pirotecnia — não estou me referindo ao Sr. Flávio Montiel, mas ao Ministro do Meio

Ambiente, quando diz que vai prender os bois, os bois piratas; que vai fazer grande

churrasco; vai doar para o movimento dos sem-terra. Isso é pirotecnia. Já houve

excessos? Sem dúvida. Temos de ser inteligentes e brasileiros o suficiente para

admitir que, se houve excessos, foi com a conivência e com a ausência do Estado,

como houve no Pará. Vi aqui as apreensões.

Cheguei no sul do Pará aos 15 anos de idade, em Rio Maria, e via lá a

Maginco, a CONDESPAR, a Volkswagen, várias madeireiras que estavam lá com o

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Sessão:1023/08 Quarto:49 Taq.:Adriana Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

apoio do Governo. O Governo as apoiava. Não desmataram ao arrepio da lei, não.

Desmataram com o apoio do Governo, o Governo levando energia para as serrarias,

fazendo estradas para transportar as toras de madeira.

Ontem, o Presidente do Instituto Chico Mendes, Capobianco, em numa

entrevista infeliz, disse que os frigoríficos têm de ser fechados — os frigoríficos que

o BNDES financiou. O mal que foi feito já foi feito. Agora, parar, barrar, isso tem de

ser imediato.

Outra questão eu gostaria que me fosse respondida por ofício. O INPE

noticiou amplamente na mídia nacional que Roraima tinha sido o segundo Estado a

mais desmatar na Amazônia. Vimos aqui hoje, segundo os dados do senhor, que

isso não é verdade. Naquela primeira leitura do INPE, tinha sido feito só em 2

Estados: Mato Grosso e Roraima. Conseqüentemente, tinha de ser o segundo,

porque só foi feito em 2. Parece-me maldosa essa afirmativa.

O IBAMA coloca lá em cima o norte de Roraima. Sabemos que há biomas e

biomas. Ou nós discutimos isso de uma vez por todas, ou vamos ficar aqui nos

digladiando para saber onde se pode e onde não se pode plantar. Quem conhece

Roraima sabe que lá há os campos naturais. Existe um bioma? Existe. Em todo

lugar existe um ecossistema. Agora, muito menos nocivo, abrangente, digamos

assim. Em algum lugar vamos ter de plantar, porque infelizmente o ser humano não

vive de luz, nós precisamos de proteína. Em algum lugar nós vamos ter de plantar.

Vamos parar a atividade do arroz em Roraima — mas vamos continuar comendo

arroz. De algum lugar vai ter de sair. Vamos paralisar a criação do boi na Amazônia

— mas vamos continuar comendo carne. De algum lugar ela vai ter de sair. Se não

desmatarmos no Brasil, vamos desmatar na Índia, na Indonésia, na Malásia, mas

vamos fazer.

Portanto, devemos tratar com responsabilidade, sem achar que tem alguém

querendo destruir o planeta. Não.

V.Sa. citou aqui recursos para armamento. Eu não observei a solicitação de

recursos para treinamento. Ao que me consta, o IBAMA não tem policial para andar

armado. Portanto, armamento para quem? Se é para esses homens e essas

mulheres do IBAMA, existe, portanto, a necessidade de se criar uma academia para

treinar essas pessoas. Por quê? É exatamente pelo excesso de exposição, concordo

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Sessão:1023/08 Quarto:50 Taq.:Adriana Rev.:
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

com o senhor. Como aconteceu em Roraima, lá no Baixo Rio Branco, aquele que foi

alvejado não era um agente do IBAMA, mas estava acompanhando um agente do

IBAMA. Agora, o que se quer? Há ali os rios mais piscosos da Região Norte, o

Jauaperí, o Itapará, o próprio Branco naquela região. Os pescadores do Amazonas,

de Barcelos, não de Roraima, adentram pelo Rio Negro, pelo Rio Branco e vão lá

pescar. Nós temos os maiores tabuleiros de tartarugas do planeta e temos lá 2

agentes do IBAMA. A ausência do Estado é completa. Colocar 2 agentes do IBAMA

ali é para morrer. Ele está ali mesmo numa missão suicida. Por quê? Porque vem o

comerciante, o explorador, às vezes o desempregado desesperado.

Portanto, temos de tratar a questão com seriedade e entender que a nossa

guerra, a nossa luta não é contra o madeireiro, o sojeiro, o arrozeiro. Não. Nossa

guerra é contra a falta de políticas públicas, a falta do Estado, a falta de informação.

Os caminhos, V.Sa. apresentou aqui — concordo em número, gênero e grau. Agora,

falta discuti-los e implementá-los. Nós estamos lá para preservar a Amazônia, mas

não será com belos discursos que vamos conseguir isso. Vamos conseguir isso

fazendo a população participar, porque ninguém mais do que a população

amazônica tem a condição de proteger a Amazônia. Ninguém mais.

Eram as colocações que eu tinha a fazer.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Com a palavra os Srs.

Anael e Flávio, para possíveis respostas. Aproveitem o ensejo para as

considerações finais.

O SR. ANAEL AYMORÉ JACOB - Rapidamente, só para comentar os

aspectos que o Deputado Marcio Junqueira mencionou, referentes à questão do

Instituto Chico Mendes.

Com relação aos pesquisadores, obviamente posso encaminhar depois

oficialmente os dados, mas, em linhas gerais, trata-se de pesquisadores das mais

diversas origens. São pesquisadores de universidades, de institutos de pesquisa,

alguns vinculados à organizações não-governamentais.

O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Entidades internacionais.

O SR. ANAEL AYMORÉ JACOB - Sim. Na verdade, pela legislação, uma

pesquisador estrangeiro só pode fazer a pesquisa em uma unidade de conservação

se ele estiver vinculado também a uma instituição de pesquisa nacional. Esses

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

números, na verdade, são baseados não em apoio, ou financiamento, ou nada

assim. Na verdade, é pelo próprio sistema de autorização, de licença de pesquisa

que o Instituto Chico Mendes e o IBAMA partilham.

Óbvio que é do nosso interesse — inclusive na apresentação foi uma das

nossas propostas — fomentar pesquisas que são do interesse da instituição no que

diz respeito a subsidiar a melhor gestão das unidades e a ampliação do nosso

conhecimento sobre o uso e a conservação da biodiversidade no âmbito do Estado

mesmo.

Agora, naqueles números em si não há nenhuma correlação de pesquisas

apoiadas ou não com dinheiro público. Há as mais diversas origens ali.

No que diz respeito à parceria público-privada, concordo integralmente. Acho

que é um modelo que pode e deve ser implementado naquelas ações que não são

exclusivas do Estado, mas que no âmbito do universo da unidades de conservação

há muitos aspectos e ações, em que a presença da iniciativa privada é muito bem-

vinda. Pretendemos trabalhar no sentido de fortalecer isso mesmo.

Aproveito mais uma vez para agradecer a paciência a todos, a oportunidade

de estar aqui. Espero realmente que essa seja uma primeira de muitas reuniões. O

Instituto Chico Mendes está a postos e pronto para se fazer presente sempre que

necessário. Espero que possamos realmente cada vez mais ampliar esses espaço

de interlocução aqui na Comissão da Amazônia.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Obrigado, Anael.

Gostaria de pedir ao senhor que nos encaminhe esse documento

apresentado aqui.

O SR. ANAEL AYMORÉ JACOB - Deputado, a apresentação já está salva no

computador e a versão impressa posso deixar com V.Exa.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Muito obrigado.

Companheiro Flávio.

O SR. FLÁVIO MONTIEL - Obrigado mais uma vez pela oportunidade.

Rapidamente tecerei algumas considerações finais e responderei a algumas

perguntas que foram suscitadas.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

O INPE tem feito um trabalho muito acurado, muito eficiente, só que muitas

vezes a mídia não o trata de forma clara e explícita no detalhe, não trata da

metodologia para os diversos sistemas de que o INPE dispõe. Como eu disse, o

PRODES, que é o Programa de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia, é o

responsável em definir a taxa anual do desmatamento da Amazônia. E é feita a

definição dos quantitativos de fato por Estado e até por Município. Nesse cenário, de

fato, Roraima historicamente, assim como o Amapá, o Acre, o Amazonas, nunca

tiveram um papel preponderante na atividade do desmatamento. Esse é o dado que

o INPE divulga, que é o dado do PRODES.

Agora, dentro daquele outro sistema chamado DETER — Detecção de

Desmatamento em Tempo Real, que não é feito para dar o do total de áreas

desmatadas por quilômetro quadrado, é apresentado um indicado de incremento do

desmatamento. Isso é feito quinzenal ou mensalmente. O DETER do mês de março

e do mês de maio deste ano apontou, com aquela dificuldade toda que mostrei de

cobertura de nuvens. Ou seja, o dado passa a ser muito relativo. Como é que se vai

comparar o DETER de março de 2007 com o DETER de março de 2008, se há uma

variação na cobertura de nuvem. Um ano com 30% de abertura, o outro ano com 20.

Então, é um dado que não tem o objetivo de definir o quantitativo, computar o

quantitativo desmatado naquela quinzena ou naquele mês. No entanto, ele tem uma

metodologia que permite apontar um indicativo de incremento. Nesses 2 meses

deste ano, houve de fato o indicativo de incremento no Estado de Roraima — isso

como indicativo. O que não significa que, ao longo de 2008, quando for anunciada a

taxa anual de 2008, Roraima apareça em segundo lugar como o Estado que mais

desmatou na Amazônia.

Então, esse era um dado que gostaríamos de esclarecer. E são

equipamentos diferentes, satélites diferentes, com capacidade de resolução

diferente que trazem uma série de variáveis que limitam a informação.

Com relação ao armamento, é importante destacar primeiro que temos

sempre procurado respeitar a legislação. Hoje, há uma legislação federal, há uma

resolução do Comando Geral do Exército para dotar armas ao IBAMA. Então, nós

temos hoje autorização para porte de armas de uso restrito, inclusive, não apenas

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento RegionalNúmero: 1023/08 Data: 02/07/2008

aquele de uso permitido. Isso tudo com respaldo técnico da Polícia Federal, do

Ministério da Justiça, da legislação federal e de uma portaria interna do IBAMA.

Há esse cuidado sempre de estarmos sempre trabalhando dentro da

legislação. E mais: para que se possa ter o acesso, colocamos o item capacitação.

O Roberto...

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

O SR. FLÁVIO MONTIEL - E tem a capacitação dos fiscais. Está embutida

também a parte de capacitação do uso de armas. E aí ele inclui, primeiro, exame

psicotécnico e psicológico. Só para se ter idéia, agora recentemente, mês passado,

nós tivemos a reprovação de 12 analistas que estavam pleiteando, depois do curso

de treino de tiro, o porte de armas, mas foram reprovados no exame médico, vamos

dizer assim. Então, esse critério é muito rigoroso, é controlado. Só existe uma

autoridade no IBAMA capaz de monitorar, avaliar e fazer a supervisão com a

Coordenação Geral de Fiscalização — estão aqui o nosso Coordenador-Geral de

Fiscalização do IBAMA de todo o País e o nosso Coordenador de Operações de

Fiscalização do IBAMA também. Isso é feito de forma muito criteriosa. Quando

percebemos que não há capacidade técnica e até psicológica para o porte de arma,

este não é emitido para aquele servidor.

Então, há um controle muito grande. Inclusive, os psicólogos designados

para esse exames são cadastrados e aprovados pela Polícia Federal. Então, há um

controle, uma parceria entre esses órgãos que têm, digamos, a competência, a

atribuição de definir portes de armas muito grande para que não haja nenhum

abuso. Felizmente, nesses últimos 5 anos e meio, não tivemos nenhum caso,

nenhum incidente mais grave envolvendo o uso indevido de armas pelo IBAMA.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Praciano) - Muito obrigado.

Agradecemos aos companheiros.

Nada mais havendo a tratar, encerro a reunião.

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Sessão:1023/08 Quarto:52 Taq.:Cláudia Almeida Rev.: