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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO SESSÃO: 142.2.51.O DATA: 10/08/2000 TURNO: Matutino TIPO SESSÃO: Extraordinária - CD LOCAL: Câmara dos Deputados HORA INÍCIO: 9h HORA TÉRMINO: 12h40min CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CD Data: 10/08/2000 Montagem: Miranda

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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA,

REVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 142.2.51.ODATA: 10/08/2000

TURNO: Matutino

TIPO SESSÃO: Extraordinária - CD

LOCAL: Câmara dos Deputados

HORA INÍCIO: 9hHORA TÉRMINO: 12h40min

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - A lista de presença acusa o

comparecimento de 60 Srs. Deputados.

Está aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos

trabalhos.

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.

II - LEITURA DA ATA

O SR. SAULO PEDROSA, servindo como 2º Secretário, procede à leitura da

ata da sessão antecedente, a qual, sem observações, é aprovada.

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Passa-se à leitura do expediente.

O SR. ..................................................................................... procede à leitura do

seguinte

III - EXPEDIENTE

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O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Finda a leitura do expediente,

passa-se às

IV - BREVES COMUNICAÇÕES

Concedo a palavra ao Sr. Coriolano Sales.

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O SR. CORIOLANO SALES (Bloco/PMDB-BA. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para aplaudir

esta Casa pela votação de projeto de lei que dispõe sobre as restrições ao uso e à

propaganda de produtos fumígenos, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e

defensivos agrícolas.

Apenas lamento que as restrições não tenham sido completas no sentido de

proibir o uso de produtos fumígenos em locais públicos. Não basta proibi-lo em

aeronaves. É preciso proibi-lo em ônibus, trens, navios, barcos, bares, restaurantes e,

inclusive, nas vias públicas, como praças, jardins, ruas, avenidas, estádios,

shoppings, etc., porque o vício do fumo, tão prejudicial à saúde, carece de ser

proibido de forma vertical e profunda.

O mundo civilizado já não convive mais com a propaganda abusiva dos

produtos fumígenos, o que vem diminuindo de modo acentuado o número de pessoas

afetadas pelas doenças pulmonares e, sobretudo, cancerígenas. As últimas decisões

da Justiça americana têm servido de exemplo aos países mais atrasados, onde as

empresas vendedoras e produtoras têm feito a festa por falta de controle oficial.

A população brasileira tem sofrido muito com as doenças decorrentes do uso

intensivo do fumo. As despesas hospitalares, previdenciárias e de assistência social

são um peso para a sociedade, enquanto as indústrias do fumo ganham muito em

cima da miséria dos viciados.

É, portanto, salutar a aprovação de medidas legislativas que alterem a lei atual

para ampliar as restrições à propaganda dos produtos fumígenos no Brasil. Com essa

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medida, nosso País dá um salto em busca de melhor qualidade de vida para sua

população humana.

Um aspecto importante do projeto é a tornar crime a venda de produtos de

tabaco a menores de 18 anos. De fato, é medida acertada, tendo em vista que é

exatamente nessa faixa de idade que mais há possibilidade de propagação do vício.

Não é sem razão que a propaganda dos produtos fumígenos é dirigida, sobretudo,

aos jovens, num apelo constante à sua masculinidade ou à força que, supostamente, o

fumo propicia. As indústrias fazem grandes investimentos em propaganda com o

objetivo de conquistar a juventude, de entorpecê-la e sempre têm tido os melhores

resultados.

A lei precisa ser alterada mais tarde para impedir que as pessoas fumem em

locais públicos. Há de ser buscado uma fórmula capaz de restringir a presença dos

fumantes nos locais públicos. Essa será, sem dúvida, a grande tacada para banir

definitivamente o vício do fumo de parcelas substanciais da sociedade brasileira.

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O SR. DR. HELENO (Bloco/PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de volta a esta tribuna gostaria de registrar nos

Anais desta Casa que no último dia 26 de junho a humanidade tomou conhecimento

da descoberta mais importante dos últimos séculos: a decodificação do idioma em

que Deus criou a vida. Essa afirmativa foi feita pelo Presidente Clinton e passou a ser

o assunto do dia em todas as reuniões, principalmente do mundo científico.

A empolgação tem sido tanta que até se tem comparado à conquista da lua,

ocorrida em julho de 1969.

É claro que a descoberta ainda exige muitos estudos e muito tempo vai se

passar até a colocação em prática desse maravilhoso novo caminho que é o manual

de serviços do corpo humano, o qual permitirá decifrarmos a vida em si, conforme

declarações do Primeiro-Ministro japonês Yohiro Mori.

Segundo informações dos cientistas, temos uma seqüência que começa com o

DNA, que é o Manual de Instrução que contém a informação necessária para o

funcionamento do organismo que também determina as características físicas dos

indivíduos. O gene é a seqüência do DNA. A ele cabe dá as instruções para uma

tarefa específica. Falhas no comando implicarão doenças. A falha de um gene ou

conjunto de genes é o que provoca as doenças.

A identificação e localização dos genes será o próximo passo do Projeto

Genoma, que permitirá, através de um fio de cabelo ou amostra de sangue, saber se

algum deles é defeituoso, viabilizando o diagnóstico precoce das doenças.

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O projeto, na parte do setor público, foi desenvolvido no Instituto Nacional de

Pesquisa do Genoma Humano, vinculado ao Departamento de energia do Governo

norte-americano.

O trabalho também recebeu importante contribuição de cientistas ingleses,

liderados pelo Dr. John Sulstone, além do Japão, da Alemanha, da China e de outros

cientistas de várias nacionalidades, inclusive do Brasil. Todos foram chamados a

participar das diferentes etapas da descoberta.

Minha presença nesta tribuna, além do registro inicial, é para parabenizar a

comunidade científica por tão importante descoberta, principalmente pelo destaque na

participação de cientistas brasileiros na grande conquista.

Também quero falar de nossa posição em relação a quem merece os louros da

vitória. Entendo que merece o fruto aquele que planta e acompanha o crescimento. E

não estamos só.

Segundo o Dr. Ayres Souza, cientista brasileiro radicado nos Estados Unidos,

essa conquista é dos que participaram direta ou indiretamente e não de todos,

conforme algumas correntes insistem.

A seqüência do Genoma Humano está só no início. O passo seguinte, ainda

sem previsão, será o mapeamento dos genes para conhecimento das proteínas que

cada um codifica, e o prazo é, segundo os cientistas, de mais de 10 anos.

Portanto, há muito tempo para se debater sobre o assunto, inclusive o reverso

da medalha: os riscos que o seqüenciamento poderá trazer.

No momento, além de parabenizar os descobridores e respeitar os direitos

adquiridos daqueles que estão direta ou indiretamente trabalhando no projeto,

gostaríamos de dar ênfase à grande descoberta e chamar a atenção de nossas

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autoridades, em especial do Presidente Fernando Henrique Cardoso, para que no

futuro sua regulamentação possa promover benefícios irrestritos também a todos nós

brasileiros.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. RAINEL BARBOSA (Bloco/PMDB-TO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesta manhã de quinta-feira, 10 de agosto de

2000, venho com este discurso despedir-me da Câmara dos Deputados, após três

meses e doze dias de trabalho determinado e incansável como Deputado Federal,

representante do PMDB do Estado do Tocantins, mais precisamente da minha

querida Miracema do Tocantins e de todos os tocantinenses. Minha passagem por

esta Casa deveu-se à condição de suplente de partido.

Sinto-me honrado pela experiência adquirida na Capital do nosso País. Essa

experiência será levada a Miracema do Tocantins, para contribuir ainda mais com o

desenvolvimento de minha cidade.

Sr. Presidente, devo agradecer, em especial, ao Deputado Igor Avelino, um

jovem e promissor Parlamentar de 28 anos, a quem substituí, pelas orientações e

companheirismo a mim concedidos para que eu pudesse bem representar o nosso

Estado nesta Casa. Sendo assim, tive a oportunidade de trabalhar nesta Casa de

decisões e soluções para o País.

Sr. Presidente, como representante do Tocantins, senti-me à vontade para

defender os interesses da população do meu Estado, o mais novo da Federação, que,

criado em 1988, ainda está no início de sua história, em busca do desenvolvimento

pleno de seu potencial sócio-político-econômico. Ainda há muito o que fazer,

principalmente na promoção do desenvolvimento social.

A maioria da população tocantinense é de gente simples, humilde, pobre, mas

acima de tudo ordeira, que precisa de muita assistência do poder público. Essa foi a

minha principal luta, durante o meu breve mandato de Deputado Federal. Mas, mesmo

assim, conseguimos vitórias, com a colaboração do Governo Federal, em diversos

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projetos sociais, educacionais e econômicos, que passaram a apoiar iniciativas na

minha região e na minha cidade de Miracema.

Sr. Presidente, infelizmente, devo fazer uma ressalva. Cheguei a enfrentar

dificuldades em decorrência da intransigência do atual Prefeito de Miracema, o Sr.

Giordani Rota, que, não compreendendo meus esforços para beneficiar a nossa

gente, sequer foi capaz de manter um diálogo comigo, chegando até mesmo a bater o

telefone na minha cara, sem tomar conhecimento do assunto a ser tratado, acerca de

projetos que precisavam contar com a anuência dele.

Com gestos desastrados como esses, perdemos todos, muito em particular a

população.

Ao me referir a esse caso, quero propor uma reflexão sobre a efetiva ação

política dos representantes do povo no Congresso Nacional, destacadamente na

Câmara dos Deputados, onde se reúnem em maior número.

Sr. Presidente, a vida de um político em Brasília, no Congresso Nacional, na

Câmara dos Deputados, é sedutora. Ele representa o poder popular, e exerce esse

poder com o alicerce de um bom salário e uma grande estrutura funcional. Mas de que

vale esse poder e seus desdobramentos se não se transformam em catalisadores da

mudança social de nosso País?

Não citarei números, mas eles estão aí e permanecem sendo divulgados com

leituras tendenciosas.

Nosso País precisa extraordinariamente de educação e saúde para a

construção do futuro.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é um absurdo que nenhuma autoridade

pública saiba ao certo quanto dinheiro público tem sido desviado, roubado por

agentes públicos e privados, nos últimos anos, em meio a tantas denúncias de

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irregularidades. O que se sabe é que é muito dinheiro, e que esse dinheiro poderia

estar sendo empregado em benefício de milhões de brasileiros que vivem em

situação de miséria, de mãos estendidas, levados ao desespero de fazer qualquer

coisa para suportar a angústia da fome e a espera pelo dia seguinte.

Nas vésperas de eleições, esse é o quadro é caótico do universo de milhões

de eleitores brasileiros, transformados em pedintes. Não podemos fazer de conta que

isso não existe. É a nossa realidade brasileira, a nossa tragédia, e ela fala por si só.

Sr. Presidente, quero parabenizar o Ministério Público e a imprensa pela ação

determinada para apuração e divulgação das irregularidades, mas é preciso que

saibam que toda e qualquer denúncia deve ser meticulosamente apurada, investigada,

questionada, porque, sob o estado de direito em que vivemos, não podemos

compactuar com a destruição pública de homens honrados e honestos. Aqueles que

têm responsabilidades devem ser apenados pela Justiça, mas inocentes não podem

ser execrados.

Sr. Presidente, quero agradecer a todos aqueles que contribuíram para o

desenvolvimento de meu trabalho como Deputado Federal, a Deus, aos meus

familiares, meus amigos, Deputados Federais, Senadores, Vereadores, políticos do

PMDB e de outros partidos que me apoiaram, e aos funcionários do gabinete e da

Casa. Volto para minha querida Miracema com o sentimento do dever cumprido. Volto

para trabalhar por dias melhores para os miracemenses. E, se for da vontade deles,

em breve estarei de volta.

Não poderia ainda, Sr. Presidente, sair daqui sem registrar meu repúdio por

um tipo de político que temos em Miracema, que desiste de verbas difíceis de serem

obtidas na esfera federal em prejuízo da nossa população.

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Mais uma vez, a todos os companheiros, Deputados de todos os partidos, aos

funcionários da Casa e aos amigos de Miracema e do Estado do Tocantins, deixo

aqui um abraço de coração e um até breve.

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. Rainel Barbosa, o Sr. Mauro

Benevides, § 2º do artigo 18 do Regimento Interno, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Saulo Pedrosa,

§ 2º do artigo 18 do Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (Saulo Pedrosa) - Tem a palavra o Sr. Deputado Mauro

Benevides.

O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o s ertão c entral do Ceará

engalana-se, hoje, para festejar, em meio a expressivos eventos, o transcurso dos 211

anos de criação do Município de Quixeramobim, uma das mais prósperas comunas

do interior do meu Estado, graças ao esforço de sucessivas gerações, sempre

empenhadas em situá-la num contexto desenvolvimentista, apesar das dificuldades

climáticas, conseqüentes de estiagens cíclicas, que se abatem sobre a Região

Nordeste, numa intermitência que sempre preocupa e angustia aquele laborioso

contingente demográfico, superior a 70 mil habitantes.

Episódios históricos, de repercussão nacional, ali se registraram, como o

rompimento com o Império, numa ação insurrecional de intensa mobilização popular,

sempre recordada como um instante indelével na trajetória política da população

quixeramobiense.

Dirigida presentemente pelo Prefeito Cirilo Pimenta, a administração local

vem-se projetando como das mais proficientes, alcançando patamares de aceitação

bastante estimulantes, como identificou, recentemente, pesquisa levada a efeito pelo

grupo ISTOÉ/Brasmarket.

Há poucos dias, quando se comemorou o transcurso do 40º aniversário do

Colégio Estadual Andrade Furtado, por cuja instalação trabalhei, infatigavelmente,

como Deputado estadual, na gestão Parsifal Barroso, fui agraciado com o troféu

Antônio Conselheiro, assim denominado para homenagear uma figura lendária ali

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nascida, que comandou uma rebelião contra os excluídos do na época já perverso

mosaico social, dando lugar à batalha campal de Canudos.

No que concerne ao problema de suprimento hídrico, regozijo-me por haver

contribuído, juntamente com o ex-Deputado Carlos Benevides, para a construção do

Açude Fogareiro, cuja capacidade de armazenamento d’água atinge 120 milhões de

metros cúbicos — reputada a maior obra do século, segundo levantamento levado a

efeito pelas Rádios Campo Maior e Voz de Cristal, em dezembro último.

Todos os Prefeitos que dirigiram o Município de Quixeramobim, a partir de

1959, são habitualmente mencionados como responsáveis pelo advento de uma era

de mais prosperidade econômica e bem-estar social, como é o caso de D. Aldamira

Fernandes, Pedro Coutinho, Álvaro Carneiro, Osvaldo Martins, Martins Almeida, Dr.

José Alves, Alfredo Machado — Deputado Estadual — e seu irmão, o médico Antônio

Machado, todos projetados em razão do trabalho que empreenderam durante os

respectivos mandatos.

Mencione-se também, por imperativo de justiça, a ação fecunda dos

Deputados Leorne Belém e Pontes Neto — esse último desaparecido após longa

enfermidade que o prendeu ao leito por mais de oito anos, num sofrimento

compartilhado pela imensa legião de seus amigos e admiradores.

Num passado mais recuado, destacaram-se, no exercício de uma liderança

prestigiosa, Luis Almeida, Pedro Teles de Menezes, Afonso Machado, Damião

Carneiro, Nilo Costa, Luiz Costa, Alvisto Skeff e Miguel Fenelon Câmara, cuja

descendência ilustre inclui o Arcebispo de Terezina, D. Miguel Câmara, e os

historiadores José Aurélio Câmara e Fernando Câmara, esse último membro dos

mais destacados do Instituto do Ceará e profundo conhecedor de nossa história

eclesiástica.

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A programação do aniversário de Quixeramobim foi elaborada pelo professor e

escritor Marum Simão, assegurando, em todas as suas festividades, a participação

dos mais variados grupos sociais, com espaços radiofônicos que darão à magna data

um realce excepcional.

Saúdo, pois, desta tribuna, o acontecimento que engalana a região centro do

Ceará, ao mesmo tempo em que homenageio os que, ao longo de dois séculos,

deram a sua contribuição para o crescimento de um dos mais tradicionais núcleos

populacionais do Nordeste.

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O SR. PADRE ROQUE (PT-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Comissão de Direitos Humanos desta Casa,

em conjunto com várias entidades da sociedade civil, entre elas a ÁGORA

(Associação para Projetos de Combate à Fome), o CONIC (Conselho Nacional de

Igrejas Cristãs), o COEP (Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela

Vida), o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), a CBPJ

(Comissão Brasileira de Justiça e Paz), a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos

do Brasil) e o Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional, promoveu na

manhã de ontem, dia 9, um fórum de debates sobre os próximos passos da

sociedade civil na luta contra a pobreza, a fome, a exclusão social e pela vida.

O objetivo principal do debate foi o lançamento do abaixo-assinado em apoio a

um projeto de lei para estabelecer o dia 9 de agosto como o Dia Nacional De

Mobilização Pela Vida. Segundo a proposta discutida, neste dia, Prefeitos,

Governadores, Presidente da República e os Presidentes das Câmaras de

Vereadores, das Assembléias Legislativas, da Câmara e do Senado Federal

deveriam publicar relatório de avaliação criteriosa das iniciativas implementadas para

o combate à fome e à miséria no ano anterior e divulgar um programa que estabeleça

claramente as metas de ação para o ano seguinte. Estes instrumentos deveriam ser

suficientemente claros e conter indicadores capazes de permitir o monitoramento da

sociedade, de tal forma que se pudesse avaliar se efetivamente contribuíram para a

promoção dos direitos humanos de todos os brasileiros.

Ora, Sr. Presidente, o que poderia ensejar uma iniciativa como esta, além dos

motivos óbvios que indicam a necessidade de uma permanente mobilização social a

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favor da vida? O fato de o dia 9 de agosto marcar o aniversário de morte do eminente

Betinho.

Sem qualquer sombra de dúvida, além de homenagear com justiça um dos

grandes agentes de mobilização da sociedade brasileira em vista do fortalecimento

da cidadania e no combate à fome e à miséria, um dia de mobilização pela vida

poderia mostrar o fosso de desigualdade que separa irmãos de uma mesma terra. De

um lado, os que podem ir à escola, os que comem, os que têm casa, os que têm terra;

de outro, os que morrem na ignorância, os que esmolam e reviram lixos, os que só têm

o viaduto e os que vivem sob lonas pretas. Um dia como este poderia servir para que

as pequenas ações de solidariedade que animam a luta de milhões de brasileiros

possa ganhar força e visibilidade.

Para expressar melhor, uso as palavras de Cândido Grzybowski:

...como forma de, na conjuntura de pouca luz,

articular-nos a nós mesmos, as cidadãs e os cidadãos que

ainda acreditam ser possível dar um rumo diferente às coisas

nesse nosso país. Ao mesmo tempo, é uma forma de apontar

um caminho para romper com a falta de compromisso e

transparência de governantes com o desenvolvimento humano

democrático e sustentável. Trata-se de exigir deles (os

governos) responsabilidade para garantir cidadania a todos,

demonstrando as ações que realizam no combate á fome e à

miséria, avaliando-as e apontando metas concretas a serem

alcançadas... (Folha de S.Paulo, 9 de agosto de 2000, pág.

2-A).

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Enfim, Sr. Presidente, a campanha lançada hoje se justifica com base na

esperança de vermos um país no qual as cercas da injustiça sejam derrubadas e que

os ventos da igualdade instalem condições de vida para que todos os brasileiros

possam crescer com dignidade e direitos.

A postos, a sociedade brasileira se levante, mais uma vez, para dizer que não

quer mais conviver com a fome e a miséria. Esta luta, nobres pares, é uma luta de

todos e será permanente enquanto não suplantarmos a situação atual, que põe em

desgraça a vida de milhões de brasileiros.

Parabéns à Comissão de Direitos Humanos desta Casa. Parabéns às

organizações da sociedade civil brasileira. Está aqui novamente uma mostra da

criatividade da sociedade civil e de seu importante papel de vigilância das políticas

públicas em nosso País.

Estamos juntos nesta luta.

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O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, queremos reafirmar desta tribuna nossa posição

de que não há alternativa para o atual Governo, que vem deixando claro para a

sociedade que não há envolvimento direto daqueles que trabalham no andar onde

está instalado o gabinete da Presidência da República com esse problema do

Tribunal Regional de São Paulo.

Mais ainda: como se tem verificado, já existem provas cabais de tráfico de

influência. Há indícios também da existência de um processo de crescimento de renda

inexplicada e de forma muito rápida, tendo em vista ser pouco provável o fato de um

funcionário de carreira fazer parte de seis empresas e, a partir daí, comprar

apartamento de 1 milhão de reais, e assim por diante.

É inaceitável e inimaginável que seus atos não fossem do conhecimento do seu

vizinho, do ocupante da sala ao lado, o próprio Presidente da República.

A Subcomissão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou,

como era de se esperar — não poderia ser de outra forma, não havia outro meio —, e

vai solicitar à Mesa do Senado a quebra dos sigilos telefônico e bancário do Sr.

Eduardo Jorge. Além disso, é necessário também quebrar o sigilo bancário das

empresas e das pessoas que mantiveram contato telefônico com todos os citados.

A Mesa do Senado poderá dar uma demonstração ao Brasil de que vai agir

resguardando a democracia, a força e o poder do nosso Legislativo, tornando esse

processo transparente para a sociedade brasileira. Seria uma punhalada de morte na

imagem e na credibilidade deste Governo, como bem disse ontem desta tribuna o

Líder do PCdoB, Deputado Sérgio Miranda. Esse fato deixou claro que este Governo

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não é probo. Não somos nós quem temos de provar o contrário, mas, sim, ele. Como?

Mandando apurar os fatos. O Governo tem de fazer isso.

A OAB reuniu o seu conselho, que aprovou posicionamento favorável à

Comissão Parlamentar de Inquérito. O conjunto de entidades da sociedade civil

também, e as pesquisas demonstram que a população quer ver este caso passado a

limpo, como disse Bóris Casoy, âncora de um grande jornal televisivo do País, da TV

Record. E passar a limpo não é o método que tenho chamado de cordão sanitário.

Aqui não há colchão de proteção, não há barreira, não há construção de abafa; há um

cordão sanitário mesmo, porque fede, e fede demais, esse processo que virou um

esqueleto!

E não dá, pura e simplesmente, para colocar esse esqueleto no armário e lá

deixá-lo, junto com os vários outros que este Governo tem no seu armário. Vale

recordar, Deputado Saulo Pedrosa — e sei que V.Exa. lembra-se muito bem —, o

SIVAM, o caso da Pasta Rosa, os bancos Marka e FonteCindam, toda a privatização

do Sistema TELEBRÁS e as maracutaias do sistema financeiro. São inúmeros os

esqueletos, Sr. Presidente. Este é só mais um que já está fedendo. Agora, este

esqueleto não pode se somar aos outros que já estão nesse armário. Não há mais

espaço. Este Governo conseguiu juntar no armário o maior número de esqueletos da

história da democracia em nosso País.

É este Governo, portanto, um dos responsáveis — isso ficou demonstrado em

pesquisa recente — pelo descrédito do povo brasileiro na democracia. As ações

deste Governo têm ferido de morte o processo democrático em nosso País.

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Por isso, a Mesa do Senado tem de agir com independência e autonomia, com

grandeza e acatar a indicação da Subcomissão que solicitou a quebra dos sigilos

bancário e telefônico desse senhor.

Era o que tinha a dizer.

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A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Sem revisão da

oradora.) - Sr. Presidente, Sras. Srs. Deputados, companheiras e companheiros,

quero, em primeiro lugar, registrar a realização, no dia de hoje, da Marcha das

Margaridas.

Trabalhadoras rurais deslocaram-se de seus Estados, dos seus locais de

trabalho, e estão vindo a Brasília, onde, certamente, realizarão uma das mais belas e

combativas manifestações de trabalhadoras de nosso País.

Essa marcha, Sr. Presidente, faz parte de outras marchas de mulheres que

estão acontecendo em todo o mundo. No nosso País, recebeu esta denominação em

homenagem a Margarida Alves, militante sindical assassinada pela repressão em

1983.

As mulheres, Sr. Presidente, que hoje participam do mercado de trabalho do

nosso País em número e em percentual significativo, são responsáveis pela geração

da riqueza nacional e por grande parte — quase a metade — da nossa produção.

Infelizmente, ainda não tiveram reconhecida no meio político e na esfera de poder a

sua capacidade.

No Parlamento, as mulheres representam 6% do corpo legislativo, mas no seio

dos trabalhadores rurais, segundo dados e pesquisas da CONTAG, são elas

responsáveis pela produção de aproximadamente 30% de todos os alimentos que

consumimos em nosso País.

No movimento sindical dos trabalhadores rurais as mulheres ocupam espaços

importantes. Na coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra —

MST, por exemplo, as mulheres representam 48%, dado extremamente significativo e

importante.

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Mas a marcha de hoje tem como objetivo a luta pela reforma agrária. Em que

pese o Governo Fernando Henrique Cardoso tentar justificar-se perante a sociedade,

mostrando, por meio de números, que sua política teria avançado rumo à reforma

agrária, assistimos neste País à expulsão, cada vez maior, dos trabalhadores rurais

do campo, particularmente dos pequenos e médios produtores.

As mulheres estarão marchando pelas ruas de Brasília. Vão caminhar desde o

Banco Central até o Palácio do Planalto para exigir a efetiva implementação da

reforma agrária em nosso País. E mais: querem ver ampliados os acessos a

financiamentos para o setor primário e extinta de vez a discriminação sofrida pelas

mulheres em todos os setores, em particular nesse, uma vez que enfrentam

dificuldades para ter acesso às poucas linhas de crédito que o Governo coloca à

disposição dos trabalhadores rurais.

Sr. Presidente, temos consciência de que não alcançaremos as mudanças

exigidas neste País sem que haja uma profunda mudança nos rumos políticos do

Governo que aí está. Logo após a marcha, portanto, as mulheres estarão em vigília,

em Brasília, reivindicando e lutando pela instalação da CPI para investigar a

participação do Sr. Eduardo Jorge no desvio de 169 milhões de reais destinados à

construção da sede do fórum do Tribunal Regional do Trabalho no Estado de São

Paulo.

Se o Governo pensou que bastaria a chamada "Operação Abafa", conhecida

no Brasil inteiro; que bastaria a aplicação ou pelo menos a divulgação de uma agenda

positiva para abafar esse escândalo, a sociedade brasileira está mostrando que está

muito atenta, da mesma forma que as mulheres. As "Margaridas", depois da sua

marcha de hoje, estarão em vigília.

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Sr. Presidente, Sras. Srs. Deputados, ontem, na cidade de São Paulo, os

estudantes foram às ruas exigir a instalação da CPI. O Congresso Nacional não pode

fechar os olhos para aquilo que passou a ser o mais importante. Vamos investigar! E

por que o Governo não quer fazer isso? Porque teme, Sr. Presidente, pois quanto

mais o Sr. Eduardo Jorge fala, mais se enrola! Ele anda da sala para a cozinha

tentando se explicar e justificar uma lista que mostrou aqui e que contém uma relação

de 149 nomes de juízes. Ontem o seu advogado mandou uma relação contendo

noventa, ou seja, há nomes sendo retirados porque estão sendo questionados.

Portanto, Sr. Presidente, o movimento da sociedade civil organizada deste

País exige a instalação da CPI.

Muito obrigada.

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O SR. MARÇAL FILHO (Bloco/PMDB-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao ocupar esta tribuna, gostaria de discorrer

sobre alguns temas de interesse de meu Estado, Mato Grosso do Sul, e do Brasil

como um todo.

Em primeiro lugar, Sr. Presidente, registro minha preocupação com a

crescente onda de criminalidade e violência que assola o nosso País de canto a

canto, deixando temerosa toda a população.

Em Mato Grosso do Sul a situação não tem sido diferente, agravada pela

recente paralisação, por mais de uma semana, dos cabos e soldados da Política

Militar, deixando precário o policiamento em 76 dos 77 Municípios e colocando o

nosso Estado sob o risco de um caos ou de uma tragédia maior.

Os sul-mato-grossenses, como detentores da maior faixa de fronteira seca do

Brasil, não mereciam ser expostos a tantos riscos, a tanta omissão, o que se agrava

ainda mais pelo fato de fazermos fronteira com países tradicionalmente fornecedores

de armas, cocaína, maconha e crack para o Brasil, como comprovou a própria CPI do

Narcotráfico, composta por guerreiros e bravos Parlamentares desta Casa e que

estiveram em nosso Estado após minha solicitação.

Sr. Presidente, falar sobre crimes em nossa época é como procurar discorrer

sobre a água da chuva estando sob um temporal. Todo mundo vê o temporal, constata

as suas conseqüências e percebe a sua intensidade.

O mesmo ocorre com a criminalidade e a violência.

Furtos, roubos, seqüestros, torturas, homicídios, infanticídios, genocídios,

estupros, latrocínios, balas perdidas… Palavras incorporadas ao dia-a-dia de todo

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brasileiro, mesmo que de tenra idade. São ouvidas e lidas todos os dias, no rádio, na

televisão, nos jornais, nas revistas, na Internet e até mesmo nas conversas

corriqueiras.

É como se todas as trevas tivessem sido lançadas num caldeirão que foi

levado ao fogo. Quanto maior a temperatura, maior a agitação e o caos dentro do

caldeirão.

Porém, Sr. Presidente, mesmo acreditando que a violência é inerente ao ser

humano, não há como negar que a criminalidade tem aumentado assustadoramente

em nosso País, nos últimos tempos, em atos brutais e violentos cometidos por

pessoas de todas as classes sociais, econômicas e culturais.

Na semana passada, um aposentado, em um ato insano e aparentemente

premeditado, matou quase toda a sua família no interior de Minas e depois,

sobrevivendo a uma tentativa de suicídio, simplesmente disse que “estava fora de si” e

pediu desculpas a todos a quem machucou ou feriu.

É assim com quase todo mundo, Sr. Presidente.

E, como todos nós já sofremos algum tipo de agressão ou conhecemos alguém

que tenha sofrido, vemo-nos obrigados a ficar cada vez mais tempo dentro de nossas

próprias casas, como prisioneiros.

E os engenheiros projetam residências que são um verdadeiro presídio, ao

invés de serem moradias, tal a cautela e o investimento em segurança e privacidade.

Sras. e Srs. Deputados, o Anuário Estatístico do Brasil de 1994, editado pelo

IBGE, mostrou que o número de mortes por causas violentas cresceu 43,5% de 1982

a 1992.

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Em 1992, a cada dez mortes registradas uma teve causa violenta, sendo o

homicídio o fator principal. Em dez anos, morreram mais pessoas assassinadas do

que de câncer. Mais de 30 mil pessoas são mortas dessa forma todos os anos no

país.

Entre 1980 e 1995, os crimes violentos cresceram nada menos que 300% no

eixo Rio-São Paulo.

Em 1995, a cidade do Rio de Janeiro registrou um índice de 56 assassinatos

para cada grupo de 100 mil habitantes, um aumento de 11,7% em relação ao ano

anterior.

De acordo com um estudo feito pelo CDC de Atlanta, Estados Unidos, a

violência na cidade do Rio de Janeiro gera prejuízos da ordem de 1 bilhão de dólares

por ano. Na cidade de São Paulo, as mortes violentas foram a terceira causa de

mortes em 1995. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes na faixa etária de 15 a

19 anos passou de 49, em 1980, para 196, em 1991. No Distrito de Santo Amaro,

esse índice chegou a 313. Em agosto de 1997, a Prefeitura da cidade de São Paulo

divulgou um levantamento mostrando que o homicídio já era a principal causa de morte

entre adolescentes do sexo masculino.

Referindo-se ao Anuário Estatístico do IBGE, um angustiado editorial

jornalístico procurava respostas para o inexplicável aumento do número de homicídios:

Os dados do IBGE destinam-se não apenas a

conhecimento acadêmico: existem para que o poder público se

oriente por eles. Nesse caso, por que a violência cresceu

tanto? Tudo é apenas uma questão de falência do aparelho

policial por todo o país? Ou os três Poderes de Estado — o

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Executivo, o Legislativo e o Judiciário, em doses iguais, não

têm responsabilidade nesta ascensão vertiginosa da violência

nossa de cada dia?

Em algumas Capitais, Sr. Presidente, a violência criminal apresenta

características de uma guerra civil, com os traficantes de drogas ditando suas próprias

leis, às quais ficam submetidos os moradores.

Os seqüestros, um tipo de crime que até a década de 70 era bastante raro,

sendo levado a efeito sobretudo por motivos políticos, acontecem com freqüência

cada vez maior, agora com os chamados seqüestros relâmpagos.

Para aqueles que ainda não estão totalmente alheios ao que ocorre à sua volta,

o aumento da violência no Brasil dá o que pensar.

A que ponto chegaremos na prática de tais crimes?

Apelo, pois, Sr. Presidente, desta tribuna, ao Governo Federal, para que, em

sua sabedoria peculiar, consiga os meios necessários de sustar esse crescimento

vertiginoso da criminalidade, seja através de convênios com organismos

internacionais de direitos humanos, seja através de uma campanha de doação da

iniciativa privada, seja através de suplementação orçamentária.

O apoio político desta Casa não vai faltar ao Governo Federal, com certeza!

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O SR. EULER MORAIS (Bloco/PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o programa IDH-14, anunciado pelo

Presidente Fernando Henrique Cardoso, no final de julho, para combater a pobreza

em quatorze Estados, é uma iniciativa louvável, mas peca pela seleção das áreas

regionais de investimento. A pobreza hoje não pode ser avaliada apenas por

estatísticas globais para definir as regiões mais carentes do País. A política de

combate às desigualdades regionais é importante e deve nortear as ações

governamentais em todos os setores. A aplicação ortodoxa dessa política, no entanto,

dividindo o País em Estados carentes e não-carentes e distribuindo os recursos de

acordo com estes critérios, pode gerar distorções sérias.

Os catorze Estados selecionados para serem atendidos pelo IDH-14

certamente enfrentam dificuldades, mas muitos dos Estados excluídos também têm

bolsões de miséria que, se não forem enfrentados, podem gerar os mesmos

problemas que a pobreza provoca nas áreas escolhidas. O próprio Presidente

Fernando Henrique Cardoso admitiu que o País está pronto para encarar a questão

da pobreza. É preciso, portanto, que o problema seja enfrentado de forma estratégica

para garantir o combate efetivo à pobreza.

O Brasil apresentou, de 1975 a 1998, um crescimento contínuo do Índice de

Desenvolvimento Humano — IDH, saltando de 0,63 para 0,75, o que permitiu que o

País mudasse de categoria e se aproximasse das nações que têm o IDH mais

avançado. As diferenças sociais, no entanto, não foram reduzidas. O IDH é calculado

pela soma da renda per capita, nível de escolaridade e esperança de vida.

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A concentração de pobreza em áreas metropolitanas, por exemplo, cresce

assustadoramente. É necessário que medidas urgentes sejam adotadas para evitar

que as melhorias do IDH não se transformem em um desestímulo para enfrentar a

miséria e a pobreza em áreas urbanas. Esta miséria é a raiz dos graves problemas

que o País atravessa nas últimas décadas, como a criminalidade, o tráfico de drogas,

o desabrigo e a falta de assistência médico-hospitalar.

Foram feitos estudos para saber como seriam financiadas as ações do IDH-14

e também a sua forma de gestão. Basicamente, o programa tem como objetivo

ampliar a educação básica, a renda familiar e garantir o saneamento básico nos

Municípios dos Estados escolhidos. Está prevista a aplicação de 11,5 bilhões de reais

até 2002.

O programa desenvolverá, entre outras ações, o apoio ao desenvolvimento do

ensino fundamental, que tem como meta atender, em cursos supletivos, 525 mil alunos

de 1º grau. O Governo Federal pretende também alfabetizar 1 milhão e 50 mil pessoas

entre 15 e 29 anos nos catorze Estados mais carentes do País.

O Governo também vai garantir que todas as famílias carentes que habitam os

Estados atendidos pelo Plano IDH-14 mantenham seus filhos de 7 a 14 anos na

escola, através do Programa de Garantia de Renda Mínima. Outra ação será o

atendimento a todos os Municípios dos Estados selecionados com equipes do

Programa Saúde da Família. No total, serão formadas 5.865 novas equipes para o

atendimento de 31 milhões de pessoas.

Na área turística, a Região Nordeste será reforçada com a implantação do

Programa de Desenvolvimento do Turismo II — PRODETUR II. As ações serão

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desenvolvidas com recursos provenientes do empréstimo concedido pelo Banco

Interamericano de Desenvolvimento — BID, no valor de US$ 300 milhões.

O Programa de Cesta Básica do Ministério da Agricultura — PRODEA

receberá uma dotação substancial de recursos para combater a fome nas regiões

pobres. O IDH-14 não vai desenvolver ações novas, mas trabalhará em cima de

catorze projetos já existentes no PPA e que têm ligação direta com os critérios

adotados pelo Índice de Desenvolvimento Humano. E muitas das ações também

foram sugeridas pela Comissão Mista de Combate à Pobreza do Congresso

Nacional, da qual tive a honra de participar.

A estrutura gerencial estratégica do programa ficará ligada diretamente à

Presidência da República e as ações serão desenvolvidas em convergência com o

Avança Brasil. O programa, repito, é louvável e indispensável, mas a exclusão de

Goiás e São Paulo, por exemplo, é injustificável, pois somente nestes dois Estados há

bolsões de miséria que necessitam ser urgentemente dissipados.

Em Goiás, por exemplo, temos a região nordeste do Estado, o Entorno do

Distrito Federal e as Regiões Metropolitanas de Goiânia e Anápolis, que enfrentam

graves problemas sociais, e sem um esforço conjunto de Governos Municipais,

Estadual e Federal se tornarão incontroláveis em curtíssimo prazo. O principal risco é

para a vida de milhares de pessoas que vivem nessas áreas e que, por estarem

localizadas em regiões um pouco mais ricas, ficarão excluídas dos benefícios que

serão proporcionados pelo IDH-14.

Faço um apelo, portanto, ao Presidente Fernando Henrique Cardoso para que

reveja os critérios, a fim de permitir que áreas muito pobres das Regiões

Centro-Oeste, Sudeste e Sul também sejam atendidas pelo programa.

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O SR. JOÃO GRANDÃO (PT-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna primeiramente para congratular-me com

a Polícia Rodoviária Federal pelo transcurso de seu 72º aniversário de criação. De

forma especial, parabenizo a Polícia Rodoviária do Estado de Mato Grosso do Sul,

especialmente a da cidade de Dourados.

A iniciativa do Deputado José Pimentel, do meu partido, de propor uma sessão

solene para homenageá-la é motivo de satisfação para nós. Sabemos da atuação da

Polícia Rodoviária Federal no Estado de Mato Grosso do Sul, principalmente na

região da Grande Dourados. Ela tem prestado serviço de fundamental importância

para a sociedade, quer seja na investigação de furto de veículos, quer seja no

combate ao tráfico.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, outro motivo que me traz a esta tribuna

é o fato de, na semana passada, ter sido estampado em jornal de grande circulação

do Estado de Mato Grosso do Sul, o Correio do Estado, que a Polícia Federal

investigará o desvio de verbas destinadas ao Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério — FUNDEF

na cidade de Dourados.

No instante em que ali foi instalada uma CPI para apurar esses fatos, era

Vereador daquela cidade e por algum tempo fui o Relator da CPI. Tínhamos convicção

de que algo estava errado na aplicação do dinheiro do FUNDEF. E não tivemos

dúvida, então, em tomar essa posição. Lamentavelmente, quando da apuração do

resultado da CPI, um número substancial de Vereadores da cidade de Dourados, não

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entendendo os objetivos da Comissão, não aceitaram seu resultado e ela foi

arquivada.

Mas nós não nos calamos e procuramos então a Comissão de Educação desta

Casa, da qual foi retirada uma Comissão Especial para discutir e analisar as

questões relativas ao FUNDEF. Solicitamos à Câmara de Vereadores de Dourados a

documentação da CPI e a entregamos à Comissão Especial, cujo Presidente, para

minha felicidade, é o companheiro Gilmar Machado, do Partido dos Trabalhadores.

Fomos imediatamente atendidos e tudo foi feito para se chegar a uma conclusão.

Não tivemos dúvidas: entramos com uma ação para que fosse efetivamente

investigado o desvio de verbas do FUNDEF na cidade de Dourados. E, felizmente,

agora, depois de um período, a Polícia Federal está investigando — em função até da

ação que impetramos — e foi em busca da documentação da citada CPI da Câmara

de Vereadores, para apurar, realmente, o desvio de verbas do FUNDEF naquela

cidade.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não basta apenas sermos Deputados,

temos que, acima de tudo, ter compromisso com a sociedade; temos que, acima de

tudo, ter coragem de investigar, de propor a investigação, a fim de demonstrarmos à

sociedade qual nosso papel nesta Casa. E, com certeza, Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, não seremos omissos de forma alguma.

Assim foi na questão do FUNDEF e assim será em relação a outras verbas,

porque não podemos, de forma alguma, admitir que o dinheiro público seja jogado no

ralo, como está acontecendo neste País. E deixo registrado para a sociedade

mato-grossense-do-sul e para a sociedade brasileira que minha função enquanto

Deputado Federal é estar atento, independentemente do Estado ou do Município onde

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houver desvio de verbas. Com certeza, vamos denunciar, como fizemos na questão do

FUNDEF na cidade de Dourados.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

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O SR. HUGO BIEHL (PPB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.

e Srs. Deputados, com muita freqüência, desta tribuna, por meio dos pronunciamentos

de vários colegas, e pelo Brasil afora, é feita a seguinte indagação: o que fazer para

superar a crônica dificuldade de renda na pequena propriedade rural?

Faço, nesta manhã, o registro de uma ação realizada em Santa Catarina,

estimulada pelo Governo do Estado. Refiro-me ao denominado Programa

Catarinense de Reflorestamento.

Em busca de alternativas econômicas para o pequeno produtor rural, que

explora suas atividades na pequena propriedade, o Governo do Estado criou uma

ação inédita, que considero muito criativa.

É sabido que as florestas de nosso País encontram condições excepcionais de

desenvolvimento. Temos um clima de temperado a tropical, com excelente

luminosidade e umidade, o que proporciona, na verdade, condições de muita

competitividade com outros países. Enquanto no Brasil, por exemplo, as nossas

florestas plantadas permitem a colheita a partir do décimo quinto ano, em países

como o Canadá essa possibilidade ocorre praticamente no dobro do tempo, por se

tratar de uma região excessivamente fria, o que faz com que seu crescimento

vegetativo seja menor.

Sabemos que a madeira é uma importante opção econômica, uma atividade

de valor econômico significativo, um importante fator de preservação ambiental e

ainda temos ganho em termos de paisagem. Para que os pequenos produtores

possam reflorestar, transformar a floresta em uma atividade econômica,

especialmente na pequena propriedade, em Santa Catarina está sendo estimulado o

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uso de áreas em que há restrições, seja pela declividade do terreno, seja por outros

fatores que impedem a exploração da atividade tradicional.

Aí está a criatividade a que me refiro do Governo do Esperidião Amin, de

Santa Catarina, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura,

comandada pelo Secretário Odacir Zonta, Deputado Estadual.

Os pequenos produtores rurais estão tendo acesso a um programa florestal

que proporciona a antecipação de receita, em valor que corresponde a meio salário

mínimo por mês, durante quatro anos, para nesse período cultivar dois hectares de

floresta com essências econômicas.

Essa antecipação de receita ocorre na forma de empréstimo. A dívida

correspondente será paga em vinte anos, sendo que 10% no décimo segundo ano;

20% no décimo sexto ano, e os restantes 70% no vigésimo ano. O débito será

corrigido pela equivalência produto.

Estamos sugerindo ao Ministério do Desenvolvimento Agrário que a mesma

medida seja estendida aos assentamentos da reforma agrária em todo o Brasil.

Tenho certeza de que estamos concretamente diante de um programa de renda

mínima. As conseqüências no campo, especialmente nos aspectos econômico, social

e ambiental, representam magnífica vantagem em relação a qualquer outra iniciativa

que possa ser adotada em busca da minimização das dificuldades de renda na

pequena propriedade rural.

Fica comprovado, mais uma vez, que nem sempre uma dificuldade, quando

desafiadora, como a renda dos pequenos produtores, exige solução complexa.

Plantar árvores é uma equação muito simples. O mais humilde dos nossos

trabalhadores não precisa voltar a um banco escolar para que tenha os conhecimentos

necessários para essa atividade.

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Com certeza, todos estaremos ganhando quando esta experiência for

estendida a todo o Brasil.

Na condição de representante de Santa Catarina nesta Casa, honra-me muito

ver o meu Estado tomando iniciativas tão criativas para problema tão complexo como

a questão da renda rural.

Esta medida não implica renunciar a outras atividades ou mesmo substituí-las

Em verdade, essas florestas serão verdadeiras poupanças. Um hectare de pinos, por

exemplo, com quinze anos, vale no mercado aproximadamente 20 mil reais. Daqui a

quinze anos valerá muito mais.

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O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, chamam-me a atenção, neste momento eleitoral, as

artimanhas e mutretas — palavra mais correta — de diversos candidatos a Prefeito ou

Vereador, na perspectiva de burlar uma das leis que esta Casa votou, a Lei de

Combate à Corrupção Eleitoral. É bom frisar que a essa lei foi consignado o apoio de

mais de 1 milhão de cidadãos, visando à moralização das eleições.

Não contente com esses instrumentos que buscam a lisura, ou seja, eliminar as

diferenças que, às vezes, a vitória já garantida a determinados candidatos provoca,

alguns Prefeitos e candidatos a Vereador — em particular na cidade de Ribeirão do

Largo, na Bahia — começam a buscar alternativas.

V.Exa. conhece muito bem isso, Sr. Presidente, porque é de Barreiras e sabe

como age aquela tropa, que tentou até agredi-lo, que o tem ameaçado de morte e que

tem atuado na perspectiva de ganhar as eleições permanentemente com fraude.

Como a urna eletrônica elimina hoje o mapismo, está na hora de fazer a

transferência de eleitores ou um esquema de doação de bens e de porcarias que

terminam comprando, às vezes, a consciência das pessoas, para se consagrar a

vitória eleitoral.

Em Ribeirão do Lago, fizeram diversas transferências de títulos que

objetivaram representação movida pelo nosso companheiro candidato a Prefeito da

cidade, Ascário Viana da Rocha, na Promotoria Pública da cidade de Encruzilhada,

tentando — com provas materiais — eliminar essa distorção.

São feitas promessas que permanentemente se apresentam como vantajosas

para que as pessoas transfiram os seus títulos e dêem os votos a determinados

candidatos. São transferências de 150 pessoas, número que decide a eleição num

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Município pequeno e que garante a eleição de Vereadores. Nós constatamos onde

essa pessoa morava realmente e fizemos a denúncia.

Manobras de transferência como essa patrocinada em Ribeirão do Largo

estão largamente ampliadas na Bahia por alguns Prefeitos. Tive a oportunidade de

vislumbrar esta prática, Deputado Saulo Pedrosa. Na cidade de Jânio Quadros,

também na região sudoeste, os Prefeitos agora adotam a nova prática de fazer a

chamada compra do voto: para tentar evitar o flagrante, não entregam mais o material

diretamente ao eleitor: acertam com os armazéns e com as lojas um processo de

entrega de filtros, botijões, telhas, sacos de cimento, como se as pessoas estivessem

fazendo uma compra naquela loja de material de construção. Tentam evitar que, por

meio da Lei de Combate à Corrupção Eleitoral, consigamos sustar candidaturas,

banindo de uma vez por todas essa prática.

Vi isso com meus próprios olhos. Por isso chamo a atenção da Casa para a

possibilidade de fazermos o cruzamento de informações. Lamentavelmente a Justiça

Eleitoral, em virtude de sua composição e dificuldades, às vezes julga esses casos

com tanto atraso que não é mais possível solucionar o crime cometido e, portanto,

fazer justiça.

Estamos levantando não só esse problema, mas também o gravíssimo caso

ocorrido na cidade de Itabuna, envolvendo o Deputado Geraldo Simões, nosso

candidato a Prefeito: foi concedido pelo juiz daquela cidade ao seu atual Prefeito o

direito de resposta, de forma absurda. Julgando-o atingido por um programa eleitoral

de uma hora veiculado pelo rádio, o juiz da cidade de Itabuna concedeu ao atual

Prefeito o direito de resposta multiplicado por cinco: o programa durou uma hora, e o

juiz resolveu conceder àquele Prefeito cinco horas de direito de resposta, divididas em

cinco dias. Trata-se de fato inédito. Eu poderia dizer que o juiz aplicou a multa com

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juros e correção monetária. Parece brincadeira, mas esse mesmo juiz, quando

denunciamos absurdos contra Fernando Gomes, sequer analisou as denúncias.

Portanto, é por causa desse quadro que temos de ficar vigilantes,

principalmente na Bahia dos coronéis.

Muito obrigado.

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O SR. SERAFIM VENZON (PDT-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Santa Catarina está sendo discriminada em

relação aos demais Estados, no que tange aos investimentos do Ministério do

Trabalho com os recursos do FAT.

A situação sociopolítica exige uma qualificação cada vez maior dos

funcionários em todos os setores.

Por isso, uso esta tribuna para pedir que seja revista a decisão de

contingenciamento dos recursos destinados ao Plano de Educação e Qualificação

Profissional de Santa Catarina, uma vez que os cortes propostos deverão acarretar

dificuldades ao Estado, tendo em vista que o comprometimento dos investimentos

conveniados com o TEM/FAT foi efetuado por intermédio dos Fóruns Municipais de

Educação Profissional. Tal fato, por si só, deverá gerar perda de credibilidade e um

enorme atraso na execução das ações de qualificação.

Acrescente-se ainda que esse contingenciamento implica, em Santa Catarina,

restrição do acesso às ações de educação profissional para aproximadamente 64 mil

trabalhadores, frente aos 203 mil propostos anteriormente, bem como diminuição do

número de trabalhadores a serem atendidos em 2000; a projeção agora é de 139 mil.

Em 1999 foram atendidos 183 mil trabalhadores.

Entende-se que a retomada do emprego e do desenvolvimento no Estado

ficará comprometida, uma vez que os recursos alocados para a qualificação

profissional constituem importante alavanca para a continuidade e o desenvolvimento

de ações integradas de geração de emprego e renda.

Muito obrigado.

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O SR. GONZAGA PATRIOTA (Bloco/PSB-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, gostaria de denunciar a morte estúpida de um estudante de 20 anos, João

Cláudio, ocorrida aqui em Brasília. Enquanto estamos trabalhando pelo

desenvolvimento de uma estrutura melhor para a segurança pública, aqui na Capital

brasileira, o Presidente, por sua vez, quer desconstitucionalizar a segurança pública.

Pedimos providências e que seja registrada nos Anais matéria do Correio

Braziliense sobre o referido crime.

MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR

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INSERIR A MATÉRIA DO CORREIO - GONZAGA PATRIOTA

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O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.

e Srs. Deputados, quando eu era Deputado Estadual, na legislatura passada,

denunciamos por mais de uma vez o Governo Jaime Lerner por corrupção. Uma de

suas fontes infindáveis de recursos para os amigos e para ele era o Banco do Estado

do Paraná, principalmente o Leasing BANESTADO.

Através do Leasing BANESTADO inúmeras empresas sem lastro obtiveram

empréstimos que não conseguiram saldar. O Ministério Público Estadual e o

Ministério Público Federal investigaram 33 empresas envolvidas na corrupção do

Banco do Estado do Paraná.

Dessas 33, três acabaram sendo denunciadas como empresas favorecidas,

empresas que utilizaram a corrupção para obter dinheiro. São empresas do

ex-Governador de Sergipe, o Sr. João Alves, do PFL, partido que — chamo a atenção

— é o mais envolvido com a corrupção neste País. Todas as vezes que se cita um

político envolvido com corrupção, a sigla do partido que o acompanha raramente não

é a do PFL. O Sr. João Alves foi favorecido através da empresa Amorim Sergipe

Transportes Ltda., da Rápido Laser Ltda. e da Habitacional Construções Ltda.

Chamo a atenção para um detalhe: o Governador do Estado do Paraná, Sr.

Jaime Lerner, foi Prefeito biônico da cidade de Curitiba, indicado pelos generais

durante a ditadura militar. O Sr. João Alves — e isso não é coincidência — também foi

Prefeito biônico de Aracaju, indicado pela ditadura militar. Ocorre que o Sr. Jaime

Lerner assume o Governo. E para que S.Exa. honre compromissos políticos, acordos

econômico-financeiros feitos pelo Sr. João Alves, é que favorece essas empresas.

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Quero chamar a atenção também para o fato de que essas empresas

chegaram a dizer que tinham sede em Curitiba, porém, deram endereços falsos.

O Sr. Jaime Lerner, entre 1976 e 1977, prestou consultoria ao Projeto de

Urbanização da Orla Litorânea de Aracaju e também projetou uma rua 24 horas para a

cidade de Aracaju.

Sr. Presidente, o Sr. Jaime Lerner fez esses projetos quando o Sr. João Alves

era Governador e recebeu por essas consultorias. Agora, o Sr. Jaime Lerner, quando

Governador, favorece as empresas de João Alves.

O Ministério Público também responsabilizou o ex-Diretor do BANESTADO

Leasing, Sr. Osvaldo Magalhães dos Santos, que faleceu num acidente de trânsito.

Quando nossa bancada denunciou o Sr. Osvaldo por corrupção, o Governador Jaime

Lerner o premiou, indicando-o para Secretário de Estado de Esportes e Turismo.

No Governo do Sr. Jaime Lerner, cada vez que alguém é denunciado como

corrupto, é promovido, é exonerado do cargo que exerce e passa a ocupar um cargo

superior como prêmio. E agora, na conclusão de inquérito da Polícia Federal, do

Ministério Público Estadual e do Ministério Público Federal, foram indiciadas várias

dessas pessoas envolvidas em corrupção.

O Sr. Osvaldo Magalhães dos Santos era filho do Deputado Federal Joaquim

dos Santos, que também é do PFL.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. JOSÉ THOMAZ NONÔ (PFL-AL. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, integro há muitos anos o Grupo Brasileiro da

União Interparlamentar. Nessa condição, fui eleito em Pequim, em 1996, Presidente

da Segunda Comissão da União Interparlamentar e, em 1998, reeleito em Moscou. Na

Indonésia, em outubro, completo os quatro anos que são permitidos a qualquer

Parlamentar desempenhar cargo de Presidente na União.

Registro, com muita satisfação, entre outras coisas, que pude desenvolver,

representando o povo e o Parlamento brasileiro, juntamente com o Comitê

Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, a confecção de um livro de

bolso para Parlamentares do mundo inteiro que trata de questões específicas da Lei

Humanitária Internacional.

Lançamos esse livro em Berlim, em outubro de 1999, e hoje tenho a satisfação

de dizer que ele foi traduzido para o russo, o chinês, dois dialetos indianos, além das

línguas oficiais da Comissão: árabe, inglês, francês, espanhol e italiano.

De volta ao Brasil, solicitei ao Presidente Michel Temer que a Câmara dos

Deputados se encarregasse da tradução desse documento importantíssimo. O

trabalho foi concluído em maio do ano em curso.

Recebi, de Genebra, comunicação de Mademoiselle Christine Pintat,

Assistente Secretária-Geral da União, informando que o Comitê Internacional da Cruz

Vermelha propiciou a impressão de 3 mil cópias desse livro de bolso em português,

que teremos o prazer de lançar na Conferência Interparlamentar de Jacarta, na

Indonésia, entre 15 e 21 de outubro vindouro.

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Trata-se de obra de extrema relevância e, quero crer, de muita utilidade para

Parlamentares de língua portuguesa, não apenas no Brasil, mas em toda a

comunidade africana e em Portugal, que se expressam na língua de Camões.

Esse pequeno livro explica todo os mecanismos necessários para se fazer

aprovar uma lei que contemple os direitos humanitários, ao tempo em que também

instrui os Srs. Parlamentares de todos os conceitos básicos que orbitam em torno

dessa atividade. Aliás, abordando a matéria, estive no mês passado representando o

Presidente Michel Temer num congresso internacional, levado a cabo em Fortaleza,

sob a condução do Ministro Francisco Rezek, hoje representante do Brasil na Corte

Internacional de Haia.

Faço questão de declarar isso porque, sendo um Parlamentar do PFL, há uma

presunção tão ficta quanto equivocada de que apenas Parlamentares do Partido dos

Trabalhadores e outras coisas que tais se dedicam a esse tema. Quero dizer que

temos muito orgulho de abordá-lo com serenidade e profundidade, dando dimensão

internacional ao tema dos direitos humanos neste País.

Tenho certeza de que no mês de novembro poderei passar às mãos de todos

os 513 Deputados e 81 Senadores do Congresso Nacional um exemplar desse

trabalho em português, que, espero, seja de grande valia a todos aqueles que queiram

se debruçar sobre a matéria. Da mesma forma, vamos enviar exemplares às

Assembléias Legislativas e ao Ministério da Justiça. É importante que Parlamentares

e não-Parlamentares que se queiram debruçar sobre o tema do Direito Internacional

Humanitário o façam — a literatura técnica é muito escassa nessa matéria —,

evidentemente, com conhecimento de causa. É esse o objetivo do nosso trabalho.

Por último, desejo salientar que tal não seria possível apenas com o trabalho

dos Parlamentares que integram a Comissão. No caso, há mais dois colegas.

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Refiro-me aos Vice-Presidentes do Quênia e da Nova Zelândia. Na realidade, quem

deu a dimensão e quem prestou a assessoria técnica à feitura desse livro de bolso foi

o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, através do Presidente Cornelis Somaruga.

Concluo, Sr. Presidente, dizendo que, hoje, essa contribuição modesta de um

Parlamentar brasileiro está difundida em todo o globo, através dos 142 Parlamentos

que integram a União Interparlamentar.

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O SR. SÉRGIO NOVAIS (Bloco/PSB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Lei da Anistia vai completar 21 anos no dia 18

de agosto, portanto, daqui a dez dias. Pasmem, Sras. e Srs. Deputados, quando dos

vinte anos da referida lei, no ano passado, houve toda uma movimentação por parte

de estudantes, trabalhadores rurais e autônomos, militares, que não foram

contemplados com a anistia, no sentido de que o Governo Fernando Henrique

Cardoso instituísse uma comissão, para que, a partir dela, ficassem resolvidas todas

as questões pendentes. São milhares de trabalhadores, alguns inclusive já falecidos,

que não tiveram direito a uma conquista que o povo brasileiro retomou depois do

período negro que vivemos.

Infelizmente, passado um ano, a medida provisória do Governo a respeito

ainda não foi editada e a injustiça permanece. Faço este apelo ao Presidente

Fernando Henrique Cardoso — um ex-exilado —, ao Ministro José Serra, ao

Secretário-Geral da Presidência, Deputado Aloysio Nunes Ferreira. Enfim, se não

bastar o critério de justiça, lembro que o Presidente Fernando Henrique Cardoso e

outros sofreram na pele as conseqüências da ditadura e foram também anistiados.

Queremos fazer justiça!

Portanto, acredito que, no dia 18, o limite da maioridade da Lei da Anistia, é

preciso chegar a esta Casa a medida provisória que garante anistia a estudantes,

trabalhadores rurais, trabalhadores autônomos, militares, enfim, todos os que não

foram contemplados pela anistia de 1979.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, passo a abordar outro assunto. Ontem,

na Comissão de Desenvolvimento Urbano e Interior, tivemos um episódio do qual o

Brasil e esta Casa precisam ter conhecimento.

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Em 1998 foi privatizada a Companhia de Eletricidade do Ceará — COELCE,

comprada por um grupo chileno/espanhol, o consórcio DISTRILUZ. Com pouco mais

de dois anos de privatização, o que temos? Uma situação de blecaute permanente,

fechamento de postos de serviços etc. Em algumas localidades o posto de serviço

mais próximo está a cinqüenta quilômetros. Isso interfere no trânsito da cidade, no

abastecimento d'água, na coleta de esgotos, no funcionamento dos hospitais e dos

bancos de sangue. Essa empresa, COELCE, comandada pelo consórcio DISTRILUZ,

repito, está causando um verdadeiro caos no Ceará, e não foge à regra, porque é o

mesmo grupo que comanda a CERJ, do Rio de Janeiro.

Mas há um elemento novo no Ceará: de abril de 1998 até hoje, agosto de 2000,

morreram dezenove trabalhadores! Dezesseis deles morreram por acidente de

trabalho, sendo que, desses, quatorze de choque elétrico; dois morreram por

acidentes de percurso — moto, carro; e três por suicídio, devido à pressão interna,

processo de demissão.

Em relação aos fatos relatados neste momento da tribuna, estou tentando abrir

uma PFC para fiscalizar essa matéria na Comissão. Mas, pasmem, a exemplo do que

estão fazendo com o Eduardo Jorge, porque não querem a CPI, um Deputado do

PSDB, Adolfo Marinho, derrubou a sessão em busca de quorum diversas vezes, pois

não quer que a COELCE seja fiscalizada.

Fica a pergunta: por que S.Exa. não quer que a COELCE seja fiscalizada?

Está na folha de pagamento dessa empresa? O que está fazendo com esses chilenos

e espanhóis que estão matando os trabalhadores, estão maltratando mais de 6

milhões de cearenses? Por que esse Deputado vem tratando dessa questão

cinicamente?

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Concluindo, ontem, depois de diversas manobras, tínhamos um projeto do

Deputado Franco Montoro. Nem a memória de S.Exa. foi respeitada. Para não pedir

verificação de quorum na PFC, os Deputados pediram verificação de quorum num

projeto do Deputado Franco Montoro, sobre o qual havia consenso na Comissão, que

pelo menos merecia do PSDB e desse Deputado respeito por não estar mais entre

nós.

Fica, portanto, meu registro. A defesa da COELCE é tão forte que leva esse

Deputado do PSDB a pedir verificação de quorum para um projeto do então

Deputado Franco Montoro.

Deixo estas palavras de indignação, porque não estamos aqui para defender

consórcios de estrangeiros, que estão maltratando e matando nosso povo, e, sim,

para fiscalizar, no sentido de que esses consórcios prestem serviços adequados.

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O SR. UBIRATAN AGUIAR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Saulo Pedrosa) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. UBIRATAN AGUIAR (Bloco/PSDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, vejo que na pauta da Ordem do Dia da sessão extraordinária

desta manhã só consta o Projeto de Lei nº 4.434-B, de 1998, do nobre Deputado Luiz

Carlos Hauly, que dispõe sobre o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e

Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — SIMPLES.

Não consta o projeto de minha autoria, já vindo do Senado Federal e que foi objeto de

votação ontem em regime de urgência urgentíssima.

Solicito providências no sentido de que, cumprindo norma regimental, essa

matéria seja apreciada na sessão extraordinária, nos termos do acordo que foi ontem

celebrado nesta Casa.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Saulo Pedrosa) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Paulo Paim.

O SR. PAULO PAIM (PT-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, vimos à tribuna lamentar notícia veiculada nos meios de

comunicação, dando conta da destruição de cerca de 45 mil pares de tênis durante

esta semana pela Receita Federal do Rio de Janeiro. Os produtos são falsificações

da marca Nike, apreendidos no porto do Rio de Janeiro. A própria fabricante solicitou

sua destruição.

Segundo informações da alfândega do porto do Rio de Janeiro, existem 80 mil

pares de tênis apreendidos. Destes, cerca de 70 mil são da marca Nike. Para esse

tipo de mercadoria há quatro destinos: leilão, doação, incorporação para uso do

Estado e destruição. Num caso de falsificação como esse, a doação precisaria ser

autorizada pelo detentor da marca. A Nike, que estima entrarem no mercado

anualmente cerca de 1 milhão de pares de tênis falsificados, não autorizou a doação e

quer a destruição dos tênis apreendidos.

Sr. Presidente, um país que tem cerca de 40 milhões de famintos, excluídos do

processo econômico, não pode ter uma legislação que se dê ao luxo de ignorar essa

realidade.

Com base nesse fato, estamos encaminhando a esta Casa proposta de

alteração da legislação, para que, nos casos de falsificação, o material apreendido,

uma vez útil e necessário para a sobrevivência da população, seja doado,

independentemente da vontade da empresa detentora da marca. Se o problema é o

emblema da Nike, sugerimos ao Governo Federal que o retire — e formas para isso

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existem —, concedendo, assim, aos excluídos deste País o direito de, pelo menos,

terem seus pés calçados.

Era o que tínhamos a registrar.

Obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. SÉRGIO CARVALHO (Bloco/PSDB-RO. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com tristeza que presenciamos

a grave crise que afeta a Companhia de Abastecimento de Águas e Esgotos de

Rondônia, que tem sido presença obrigatória nos noticiários do nosso Estado por

vários desmandos, mas nunca por cumprir sua função primordial, que é a de

abastecer de água as casas dos rondonienses.

Desgovernada, a CAERD está vivendo uma situação que seria hilária, não

fosse trágica. Ela continua mandando religiosamente contas de água, todos os

meses, aos consumidores, embora em algumas áreas da cidade essas mesmas

pessoas que recebem as contas para pagar não vejam água em suas torneiras há

noventa, cem, 120 dias. Bairros inteiros, populosos, estão desabastecidos há longo

tempo, sem que a empresa tome qualquer providência ou o Governo do Estado

intervenha na estatal para resolver seus graves problemas.

A questão, Sr. Presidente, é que o desmando começa no próprio Governo, hoje

o maior devedor da CAERD, com mais de 7 milhões de reais que jamais foram

pagos. A partir daí começa toda a baderna. Sem receber do seu principal devedor, a

empresa tenta aplicar uma espécie de golpe nos consumidores — aqueles mesmos

que não vêem água em suas torneiras há meses —, enviando cobranças que, é claro,

o consumidor ultrajado se nega a pagar. Sem dinheiro para investimentos, com

equipamentos ultrapassados, com seus funcionários em greve há longo tempo por

salários atrasados que nunca são pagos conforme o prometido, a CAERD está muito

perto de se tornar o exemplo do que pior existe no País em termos de empresa

pública.

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Moradores que tentam protestar junto à empresa sequer são recebidos. Os

protestos aumentam, enquanto a água diminui cada vez mais. Só para dar um

exemplo, no Bairro Nossa Senhora das Graças, que há mais de noventa dias não é

abastecido, a única explicação que a empresa dá aos consumidores é que ali há

problema de vazamento na rede de distribuição. Uma piada de mau gosto, já que os

moradores sabem que não há vazamento algum, até porque, se realmente existisse,

nenhuma empresa no mundo demoraria noventa dias para resolver a questão.

O que mais impressiona é a passividade, a falta de ação, a falta de

compromisso com a população de parte do Governo do Estado, que vê a empresa

esfacelar-se, vê os consumidores de vários bairros sem água há meses e não toma

nenhuma providência, como se o problema fosse de outro. Aliás, embora na teoria

nada tenha a ver com o assunto, a Prefeitura de Porto Velho poderia decretar estado

de calamidade e tomar conta da CAERD, para que a população de quase 400 mil

pessoas na Capital não ficasse abandonada, com torneiras secas. O problema é que

ninguém faz nada, deixando milhares de pessoas jogadas à própria sorte.

Embora em greve, quando há situações de emergência, funcionários

dedicados da CAERD, por vezes até com próprios recursos, tratam de resolver o

problema, para não prejudicar ainda mais a população. Muitos servidores,

desesperados, sem receber salários — ou quando os recebem é com grande atraso

—, acabam dependendo de amigos e parentes para não morrer de fome. De outro

lado, na empresa e no Governo do Estado, todos lavam as mãos, com o perdão do

trocadilho. Só a população não tem mais a quem recorrer, vivendo uma tragédia diária

sem água, a não ser aqueles que, com mais posses, perfuram poços artesianos, pois

desistiram de esperar pela água de uma empresa que há muito tempo não funciona.

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A esculhambação que virou a CAERD, motivo de piada de humor negro em

Porto Velho e em várias cidades do interior, precisa ser tratada com rigor. Se os

governantes omitem-se, é hora de o Poder Judiciário ser acionado e obrigar a

empresa, tão pródiga e pontual em cobrar por um serviço que não presta, ao menos a

começar a trabalhar em benefício dos consumidores. Do jeito que está, é melhor a

CAERD fechar as portas e entregar os serviços de abastecimento de água para os

Municípios. Do jeito que está, definitivamente, ninguém, mais agüenta!

Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. Finalmente, o Ministério Público

e o Conselho de Administração de Defesa Econômica – CADE vão decidir sobre

várias denúncias encaminhadas pelo Programa de Proteção ao Consumidor –

PROCON de Porto Velho, Rondônia, em relação à formação de cartel dos postos de

combustível da Capital.

As denúncias existem há muito tempo, vindas de consumidores inconformados,

da imprensa e muitas vezes desta tribuna, onde tenho batido na tecla de que é preciso

punir exemplarmente os especuladores, que formam cartel para prejudicar o

consumidor. Os fatos, repetidos sem que nenhuma medida prática tenha sido tomada

até agora, afinal foram levados ao CADE, que instaurou processo para apurar

detalhadamente a questão e em poucos dias dará seu posicionamento oficial, que,

esperamos, seja benéfico aos consumidores.

Nos processos encaminhados ao Conselho de Administração de Defesa

Econômica, consta a relação completa, com datas e locais, dos preços idênticos

cobrados por vários postos de combustível, durante vários meses, principalmente em

Porto Velho. Todos os postos cobravam o mesmo preço pelo combustível e, às vezes,

com o intuito de disfarçar o cartel, encontravam-se diferenças ínfimas, geralmente

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menores do que 5 centavos de um local para outro. A mesma equivalência de preços

constatou-se nos preços cobrados pelo combustível em postos da mesma rede.

No dia 28 de julho passado, o Diretor do PROCON de Porto Velho, Sr. Luiz

Carlos Felizardo, encaminhou ofício ao CADE, demonstrando a prática abusiva de

preços, formação de cartel e várias outras denúncias. Agora, sob a esfera do

Ministério da Justiça, certamente o caso será julgado e, temos certeza, os

responsáveis punidos exemplarmente, embora muitos proprietários de postos

continuem desrespeitando a lei e formando cartel às claras, sem temor algum de

sanções. E, mesmo enquanto o caso estiver sendo julgado, o PROCON pede aos

consumidores que continuem fazendo suas denúncias, porque todas elas serão

encaminhadas aos órgãos competentes para rigorosa apuração e punição exemplar

dos envolvidos

Depois disso, Sr. Presidente, há ainda outra questão que preocupa os

consumidores de Porto Velho e vários outros Municípios de Rondônia. Trata-se da

suspeita, surgida há muito tempo, da mistura ilegal da gasolina com outros produtos.

Várias denúncias já foram formuladas nesse sentido. Desta tribuna estamos também

solicitando aos órgãos responsáveis que intensifiquem a fiscalização dos postos de

Rondônia, pelo menos com a intenção de tranqüilizar os proprietários de veículos, que

suspeitam, em muitos casos, estar sendo utilizada a chamada gasolina “batizada”, ou

seja, misturada com outros produtos, que acaba prejudicando a performance dos

carros e fazendo com que os motores durem muito menos do que a previsão das

fábricas.

Somente com fiscalização contínua e feita em grande escala, em todo o

Estado, as irregularidades poderão ser comprovadas. Como no caso da formação de

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cartel, que acabou sendo investigada depois de inúmeras denúncias, a questão da

qualidade de combustível comprado nos postos de Rondônia também merece

atenção especial das autoridades.

Felizmente, Sr. Presidente, o consumidor está aprendendo a reclamar e o

Governo está criando mecanismos de apuração das denúncias e punição dos

culpados. É assim que deve ser a relação entre empresas e consumidores num país

moderno: respeito mútuo, preços justos, concorrência leal. Se não for assim, o

consumidor já sabe como agir e tem procurado, cada vez mais, os seus direitos.

Era o que tinha a comentar.

Muito obrigado.

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O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PSDB-ES. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no mundo de nossos dias,

avulta-se a importância dos tributos como nunca antes, em qualquer outra época do

passado.

O que estava em jogo em tempos de outrora era apenas a sobrevivência do

Estado por meio da coleta de impostos e de taxas devidos pelas empresas e pelos

cidadãos. O pagamento daqueles tributos era uma questão que ganhava

principalmente relevância social, pois somente cidadãos proprietários de bens, entre

os quais os escravos, eram contribuintes dos cofres públicos, e, excluídas as

mulheres, tinham direito exclusivo de votarem e de serem votados para cargos

eletivos.

Por sua vez, o Estado era pequeno em tamanho e em obrigações, e

bastava-se com recursos modestos, apenas indispensáveis ao funcionamento dos

serviços elementares da sociedade de então.

Ao longo do tempo, com a evolução dos costumes sociais e políticos, os

impostos deixaram de ter a marca de privilégios de poucos e ganharam status de

universalização. O seu pagamento de ser símbolo de status social e de poder

econômico para se converter em sinônimo de obrigação social e política, enquanto o

Estado agigantava-se para responder ao crescente aumento da população e das

novas obrigações sociais e nacionais.

Diríamos que os impostos foram democratizados nessa evolução. Deixaram de

ser privilégio de minorias e estão agora ao alcance do maior número possível de

cidadãos, sendo o mesmo um símbolo de exercício consciente da própria cidadania.

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A questão, porém, adquire contornos mais sérios quando entramos no mérito

do edifício fiscal, erguido e consolidado no País ao longo do tempo, e que está agora

a reclamar urgente e profunda reforma para impedir que o sistema tributário continue a

ser, como tem sido, um forma de punição da produção econômica, em lugar de ser

apenas uma forma de dar à sociedade uma parcela da renda individual ou

empresarial.

Com efeito, o sistema tributário brasileiro converteu-se num pesadelo tamanho

que não há nesta Casa, e certamente fora dela, na sociedade civil, quem esteja

satisfeito com a forma pela qual o Poder Público arrecada seus tributos federais,

estaduais e municipais e os retribui em benefício da coletividade nacional.

Poder Executivo, Governos Estaduais, Congresso Nacional e entidades

diversas representativas de segmentos da Nação têm se debruçado sobre o

problema tributário, na tentativa de encontrar uma saída racional, aceitável a todos,

para corrigir as grandes falhas e as não poucas injustiças de que se reveste o sistema

tributário brasileiro.

Desde o ano passado encontra-se pronta para votação nesta Casa proposta

de emenda constitucional que modifica o sistema tributário nacional, a partir de projeto

anteriormente remetido pelo Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Entretanto, antes mesmo de aquela proposta ser aprovada, ou talvez até já não

desejando mais sua aprovação nos termos em que se encontra, o Poder Executivo

acaba de remeter a esta Casa nova proposta para modificar ou substituir a que se

encontra pronta para aprovação na Comissão destinada a esse fim.

Desde a primeira proposta, nossa posição tem sido coerente: queremos uma

reforma tributária que reduza o peso da carga fiscal sobre as empresas e os

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cidadãos, e que permita aos agentes produtores privados cumprir, de um lado, sua

obrigação social e, de outro, acumular recursos indispensáveis ao investimento e ao

reinvestimento na atividade econômica.

A visão crítica que mantemos em relação à atual estrutura fiscal brasileira

mantém-se inalterada quanto às propostas de sua racionalização. Sabemos, pela

experiência nacional e internacional, que muitas vezes as idéias nobres e generosas

de reforma tributária acabam por se converter em leis ainda mais rígidas e herméticas

do que os sistemas que pretendem liberalizá-las.

Temos confiança nos propósitos democratizantes do Presidente Fernando

Henrique Cardoso, comprovados por atos concretos em seus cinco anos e meio de

Governo, bem como na competência de sua equipe de Ministros de desestatizar a

economia e apoiar firmemente a livre iniciativa, motor do desenvolvimento econômico

e do progresso social.

Nossa confiança, entretanto, não nos leva a abdicar da visão crítica, tanto mais

que técnicos do Executivo prepararam o modelo de um novo anteprojeto — o oitavo —

para alcançar a reforma tributária, mas mantendo práticas que merecem mudança,

como o chamado “efeito cascata“, e transfere dos Municípios para a União parcelas

importantes dos impostos sobre serviços.

Em nosso entendimento, que tem sido também o da maioria desta Casa, uma

reforma tributária deve ter o caráter de eqüidade e de justiça social. Ninguém, em sã

consciência, pode advogar uma reforma que prejudique ou o Estado, ou o Município,

ou a União, ou o próprio contribuinte, pois em todo o sistema fiscal continuará a haver,

de um lado, o contribuinte e, de outro, o Estado, qualquer que seja o nome que tenha

este último no universo da Federação.

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A engenharia fiscal precisa compreender que toda reforma que penalize uma

das partes significa prejuízo para as outras três instâncias do Estado Democrático.

Penalizar o contribuinte além do razoável é prática tão prejudicial ao País quanto

pretender esvaziar os cofres da União, dos Estados e dos Municípios, que ficariam

impossibilitados de cumprir suas elevadas e indeclináveis obrigações para com a

sociedade brasileira.

Não pode haver um sistema tributário justo se ele for assentado sobre a

punição do agente econômico privado, seja nacional ou estrangeiro. Da mesma

forma, é utopia imaginar um novo sistema tributário em que os impostos e as taxas

sejam simplesmente divididos por três, enviando-se um terço para Brasília, outro terço

para o Estado e o último terço para o Município.

Sendo o Congresso Nacional representativo da sociedade brasileira, e esta

Casa Legislativa ainda mais, por ser delegada da vontade do povo, entendemos que

o trabalho das senhoras e dos senhores Deputados não pode ser ignorado e

substituído por projetos puramente técnicos, por mais competentes que sejam, como

bem afirmou o ilustre Relator, Deputado Mussa Demes, na Comissão Especial da

Reforma Tributária desta Casa.

Os tributos de um país atingem toda a população. Por isso, torna-se bastante

pertinente e correto dizer que toda a sociedade deveria participar da elaboração do

sistema tributário e de suas alterações. Se não é possível fazê-lo diretamente, através

do voto, devem ser abertos canais que permitam a ocorrência dessa valiosa

participação através de críticas e sugestões.

Acreditamos que a Câmara dos Deputados tenha papel indeclinável a

desempenhar nesse debate, e dele queremos fazer parte ativa, como temos feito até

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agora, na esperança de assim contribuir para que o País venha a aprovar uma reforma

tributária que efetivamente signifique um avanço na democratização do imposto, em

favor dos superiores interesses da Nação brasileira.

Sr. Presidente, passo agora a abordar outro assunto. Nos casos de países em

desenvolvimento, como é o caso do Brasil, a revolução tecnológica e o avanço do

processo de globalização está semeando apreensão e incerteza, especialmente em

relação ao nível de emprego.

É a mesma angústia vivida pelos trabalhadores no século XVIII com o advento

da Revolução Industrial. O uso da máquina a vapor e os teares, por exemplo,

despertaram o temor do desemprego na agricultura, na medida em que atraíam os

trabalhadores do campo para as cidades.

Fazendo um retrospecto dessas transformações que o mundo experimentou,

nota-se que, embora traumática para as sociedades, essas mudanças acabaram

sendo benéficas particularmente aos países que souberam tirar proveito do processo

de industrialização, graças principalmente à organização dos trabalhadores.

No Brasil, como esse processo foi mais curto e a industrialização mais recente,

o País não teve tempo suficiente para corrigir as distorções. Se a industrialização

deu-se à custa do esvaziamento do campo, no Brasil foi agravada com a

concentração de pessoas no Sudeste do País, em detrimento das demais regiões,

gerando um processo de migração populacional sem precedentes em sua história.

Quando o Brasil ainda tentava modernizar seu parque industrial, os países

desenvolvidos já avançavam no processo de automação, de robotização de sua

produção industrial, e priorizavam a pesquisa científica e tecnológica, o que os

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colocou mais uma vez na vanguarda do desenvolvimento, preparando-os para os

desafios futuros.

Mesmo ciente de que esse era o melhor caminho, o Brasil teve de administrar

primeiro o choque do petróleo, no início da década de 70, e a crise da dívida externa,

na década seguinte. Entretanto, ainda levou uma década para iniciar o processo de

reformas, assim mesmo de forma atabalhoada e precipitada, como o caso da

abertura comercial e a privatização.

Pegando sempre atrasado o bonde da história, o Brasil foi mais uma vez

surpreendido pelo avanço inexorável do processo de globalização e hoje paga

elevado preço por seus próprios pecados. Em lugar de acelerar as reformas ainda

pendentes no Congresso Nacional, o País preferiu acreditar que sua simples inserção

nos mercados financeiros globalizados nos garantiria fluxos permanentes de recursos

para financiar nossas dívidas e os novos investimentos.

Estudo do Prof. Márcio Pochmann, da UNICAMP, sobre os efeitos da

globalização no mercado de trabalho, revela que esse processo concentra nos países

mais ricos os empregos mais qualificados, deixando nos demais países os empregos

de baixa qualificação e, conseqüentemente, de menor renda.

Ciente de que esse processo é irreversível, o Brasil deve encará-lo não apenas

como uma ameaça, mas, também, como uma oportunidade. E o primeiro passo é

insistir no caminho que reduz suas vulnerabilidades, como a conclusão das reformas

tributária, do Judiciário e política, e a revisão da legislação trabalhista, além de

maiores estímulos ao setor produtivo, às exportações e à pesquisa científica e

tecnológica.

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Sem melhorar sua infra-estrutura e sem eliminar os gargalos do chamado Custo

Brasil, que inviabilizam as empresas e limitam seu crescimento econômico e social, o

País estará sempre caminhando para trás, enquanto seus demais parceiros avançam.

A exemplo das reformas, o Brasil comete o mesmo pecado em relação ao

comércio exterior. Enquanto as exportações mundiais movimentam cerca de 5,5

trilhões de dólares, o País participa com pouco mais de 1% desse bolo, apesar de

contar com a nona economia do mundo, uma agricultura moderna e um parque

industrial dos mais atuantes.

Nos últimos quinze anos, as exportações mundiais cresceram quase 180%,

passando de 2 trilhões de dólares para 5,5 trilhões de dólares. Enquanto isso, nossa

participação no comércio global caiu de 1,5% para 1% no mesmo período. Só nos

últimos dez anos, o comércio internacional cresceu 73,9%, mas a exportações

brasileiras tiveram um aumento de apenas 48,5%. No mesmo período, o México

conseguiu ampliar suas exportações em mais de 222%, a Coréia do Sul, em 113,8%,

e a China, em 250%.

Destaco o comércio exterior para mostrar o longo caminho que o País precisa

percorrer a fim de reduzir suas vulnerabilidades, atrair mais investimentos de longo

prazo, enfim, consolidar seu crescimento. Temos de reconhecer que o Governo vem

adotando uma política de comércio exterior mais agressiva, mas é fundamental sua

articulação com outras iniciativas, como a política industrial, ciência e tecnologia, com

vistas à ampliação do valor agregado dos produtos incluídos na pauta de exportações.

Sabe-se que 64% do comércio mundial é conduzido por empresas

transacionais. Se 450 das quinhentas maiores multinacionais estão sediadas aqui, o

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Brasil tem de tirar proveito disso, já que esse privilégio o deixa em enorme vantagem

em relação os demais países emergentes.

Sem essas iniciativas, o Brasil dificilmente conseguirá tornar sua economia

mais competitiva e pronta para enfrentar os desafios da globalização. E sem vencer

esses desafios ficará cada vez mais distante do crescimento sustentado e da

ampliação da oferta de emprego, tão ansiada pela sociedade brasileira.

Sr. Presidente, agora falarei sobre a questão da desigualdade regional no

Brasil, que sempre teve como pano de fundo a contraposição do Nordeste com o Sul

e o Sudeste. Esse tema passou da constatação da realidade ao discurso político, com

maior intensidade, a partir da década de 50. O economista Celso Furtado foi um dos

que levantou com mais veemência a problemática, não somente no campo das

explicações teóricas, mas sobretudo na formulação de políticas e criação de

mecanismos que buscassem reduzir as distorções entre os Estados brasileiros.

Nessa época, o Espírito Santo ainda era uma frágil economia assentada na

agricultura, com forte predominância do café, mas com uma razoável diversificação

econômica ao seu redor, marcadamente representada por atividades de subsistência,

como o milho, o feijão, o arroz e a pecuária. Essa estrutura econômica possibilitou a

formação de um arranjo territorial e urbano caracterizado por razoável equilíbrio, em

que cidades como Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Linhares, São Mateus

apareceram como verdadeiros centros dinâmicos da economia estadual. Em síntese,

a economia cafeeira permitiu um crescimento relativamente equilibrado. Essa relativa

harmonia começou a ser destruída com a desestruturação da economia cafeeira em

meados da década de 60, quando da erradicação de grande parte das lavouras de

café.

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Nesse momento, com o Estado em crise, surgiu o projeto político de inserção

do Espírito Santo na SUDENE. Não obtendo êxito, as forças políticas locais partiram

para a criação de mecanismos que pudessem pelo menos funcionar como fator de

atração de investimentos e também de incentivo a empreendimentos industriais.

Assim surgiu o Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo — FUNRES, já

no final da década de 60.

De lá para cá a economia do Estado mudou drasticamente: de um Estado rural

passou-se a um Estado urbano, e de um Estado agrícola, para um Estado industrial e

prestador de serviços. A Grande Vitória passou a crescer com mais intensidade por

força principalmente dos grandes projetos. O interior, ao contrário, passou a perder

peso econômico e político, e foi sendo gradualmente esvaziado.

O primeiro sintoma dessa nova face da desigualdade foi sentida inicialmente

com maior intensidade na região norte do Estado. Principalmente os Municípios mais

ao norte passaram a apresentar características idênticas às do Nordeste, inclusive

quanto ao regime das chuvas. Essa nova realidade ensejou a inclusão de 27

Municípios do norte do Estado na chama região de abrangência da SUDENE em

1998.

Se, de um lado, isso pode resolver o problema desses Municípios, põe “lenha

na fogueira” na questão das desigualdades no Estado, ou seja, coloca no cenário

novos fatores desequilibradores. E a região que tende a perder, principalmente em

termos econômicos, é a sul, polarizada por Cachoeiro de Itapemirim. Ela vem

apresentado um processo de queda nas suas atividades econômicas tradicionais,

como é o caso da pecuária leiteira e da produção de mármore e granito. Em síntese,

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todos os indicadores econômicos e sociais dos últimos dez anos apontam nessa

direção.

Temos a convicção de que a economia do Espírito Santo somente será forte na

medida em que o desenvolvimento das suas partes se der de forma harmônica, numa

perspectiva de desenvolvimento sustentado e sustentável no longo prazo. Para tanto,

aqueles fatores que vem operando como deflagradores das desigualdades devem ser

objeto de políticas mais consistentes, que visem reverter esse processo.

A inclusão dos demais Municípios que hoje estão fora da SUDENE, à exceção

da Grande Vitória, tem o objetivo de colocá-los em igualdade de condições no que

tange aos benefícios fiscais e acesso ao fundo especial destinado à Região Nordeste

do País. Dessa forma, empresas do sul, em especial ligadas ao setor de mármore e

granito, que hoje tendem a migrar para o norte do Estado, atraídas pelos benefícios lá

concedidos, poderão encontrar localmente condições igualmente competitivas para

expansão de suas atividades, igualmente competitivas.

É bom lembrar que Minas Gerais fez inserir na região da SUDENE todo o Vale

do Jequitinhonha, área que quase equivale ao território capixaba. Não seria assim

despretensioso que trabalhássemos politicamente para a inclusão de todo o Estado

nessa região.

As perspectivas para a economia capixaba apontam para um crescimento

acelerado, a julgar pelos investimentos previstos para os grandes projetos, como CST,

Aracruz, Vale do Rio Doce, e também pelo que se espera dos projetos ligados ao

petróleo. Os benefícios para a economia do Estado, no entanto, em grande parte

ficarão para a macrorregião metropolitana, em especial a Grande Vitória, que hoje

concentra aproximadamente 60% do produto interno bruto.

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A pergunta-chave está em saber como ficaria a nossa economia interiorana, e

aqui falo não somente do sul, mas de todo o interior. Como integrar o interior a essa

lógica? Como fazer com que o pequeno produtor tenha acesso aos incentivos e ao

mercado, que com certeza crescerá juntamente com o crescimento da economia?

Seja com o café, o leite, o mármore e o granito, a confecção, a fruticultura, a

piscicultura ou outras atividades que poderão ser desenvolvidas, o certo é que cabe

ao Estado, num sentido mais amplo, proporcionar condições mínimas de crescimento

e de desenvolvimento sustentáveis.

Em resumo, nossa luta é por um desenvolvimento que tenha como premissa

básica a inclusão e não a face perversa da exclusão a que ficou submetida as regiões

sul e central serrana. O Espírito Santo é um só, seja de que região for.

Muito obrigado.

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O SR. ALBERTO FRAGA (Bloco/PMDB-DF. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero expressar desta tribuna minha

preocupação com a segurança pública, hoje entre os primeiros anseios da sociedade

brasileira.

Estamos agora diante de um quadro novo: a Capital Federal está sendo

assolada por uma escalada de violência. Quero repudiar e, mais uma vez, externar

minha preocupação ao ver fatos como o assassinato covarde e cruel de um garoto de

apenas 20 anos tornando-se comuns.

São atos praticados por adolescentes da alta sociedade. Com certeza, os

agressores desse rapaz só o atacaram porque têm a certeza da impunidade, assim

como aqueles jovens, também da alta sociedade, que puseram fogo em um índio.

Estou-me referindo apenas a casos ocorridos na classe alta.

Na semana passada, tivemos o recorde de onze homicídios na Capital Federal.

Coincidentemente, tudo isso vem acontecendo depois que o comando da

corporação foi trocado. Temos um novo comandante, que, vaidoso, resolve mudar

uma corporação que já vem dando certo há algum tempo; resolve acabar com os

grupos táticos operacionais, grupos motivados e que estão nas ruas defendendo a

sociedade; por último, desmotiva toda uma tropa ao mexer, na escala de serviço,

naquilo que é mais sagrado para o homem: a folga. Hoje, um policial militar não tem a

folga de um final de semana. Até parece que ele não é cidadão, pois não consegue

passar um final de semana com sua família, porque o novo comandante resolveu fazer

uma escala insustentável e intolerável.

Preocupa-me esse fato, mais ainda, porque temos uma corporação digna,

honrada. E a inquietação dentro dos quartéis é muito grande. Venho recebendo

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freqüentes e-mails e fax com reclamações sobre a conduta de alguns oficiais, que

preferem tratar seu subordinado como um joão-ninguém.

Sr. Presidente, gostaria que os investimentos voltassem a ocorrer no Distrito

Federal, na parte da segurança pública. Gostaria de dizer também que se engana o

governante que resolve investir mais na repressão do que na prevenção. A segurança

pública deve ser respaldada na prevenção, na ostensividade. Assim, vamos evitar

fatos dessa natureza. Se houvesse uma viatura da Polícia em vigilância ostensiva na

frente da referida boate, com certeza tal crime não teria ocorrido.

Mas a realidade é muito triste. Antigamente, dispúnhamos de uma frota de

setecentos veículos e, hoje, dispomos de apenas 155 viaturas para policiar todo o

Distrito Federal. Isso é muito grave, Sr. Presidente! O meu papel, como representante

da categoria, é fazer esta denúncia: não está havendo direcionamento de recursos

para essa corporação.

Repudio veementemente as atitudes do novo comandante da Polícia Militar,

empossado há menos de dois meses, que já desfez tudo o que foi construído ao longo

de muitos anos na Capital Federal. Por isso, não posso ficar calado. Somos até

mesmo impedidos de ir aos quartéis para falar com a tropa e motivá-la.

Recentemente, tive de entrar em alguns quartéis para impedir a greve. O Distrito

Federal não possui a cultura de fazer greve. A situação está insustentável. Tivemos de

ir a seis quartéis para pedir à tropa que continue trabalhando motivada.

Os policiais militares devem continuar motivados e precisam saber que o

Governo também gosta da Polícia Militar. Não pode haver discriminação de uma força

policial em relação a outra. Mas há, porque os recursos destinados a investimentos

para a Polícia Militar foram bem inferiores aos destinados a outros setores policiais.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. AVENZOAR ARRUDA (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, li hoje no jornal Folha de S.Paulo que o Sr.

Eduardo Jorge conseguiu em um ano dobrar seu patrimônio. Como explicar uma

situação dessas? Quem aqui é capaz de tamanha proeza? Qual a produção que esse

cidadão, esse ex-assessor do Presidente da República, conseguiu na

Secretaria-Geral da Presidência, instrumento de alta produtividade, para dobrar seu

patrimônio? Como conseguiu isso?

Outra pergunta: se não é possível explicar isso, qual o instrumento para verificar

se, de fato, tem base legal a ampliação desse patrimônio? Ainda não apareceram os

bilhetes sorteados na loteria. Pode ser que apareçam. Também não consta que tenha

recebido uma herança ou que as sobras de campanha tenham sido concentradas.

Então, qual o instrumento de que o Congresso Nacional dispõe para explicar

que em um ano o Secretário-Geral da Presidência dobre seu patrimônio? Não há

outro instrumento possível senão a criação de uma Comissão Parlamentar de

Inquérito. Não há como dizer que uma Subcomissão do Senado Federal possa vir a

fazer uma investigação para explicar tal fato.

Não quero dizer aqui que haja relação direta com o Presidente da República.

Não podemos dizer isso. Agora, é inaceitável que após fato como esse, na verdade

uma série deles, o Congresso Nacional ainda se recuse a instalar uma CPI. Se

continuar assim, se a cada ano S.Sa. dobrar seu patrimônio, pelo menos o Brasil vai

ter o homem mais afortunado do mundo. É impossível sustentar a velocidade de

crescimento da riqueza do Sr. Eduardo Jorge.

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Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, essa seqüência de fatos

elencada pela imprensa, revistas e jornais do País demonstra que o caso não vai

parar com a simples decisão do Congresso Nacional em não instalar uma CPI. A

situação não vai ser resolvida pela simples decisão da base do Governo em não

subscrever o pedido de CPI. Não há como segurar a situação. Ao contrário,

desgasta-se o Congresso Nacional, a imagem dos políticos em geral e a do País em

qualquer esfera, interna ou externa.

Se alguém teme que haja grande prejuízo com a apuração mais rigorosa,

reforço que o maior prejuízo ocorre em não apurar; é a suspeição, é a paralisia do

Governo e das instâncias políticas, e a polarização que certamente irá se estabelecer

no processo eleitoral em torno dessa questão.

Portanto, não posso e não quero acreditar que o Congresso Nacional vá se

recusar a instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar uma situação

como essa. Duvido que um só Deputado possa explicar como uma pessoa, que em

seu depoimento disse ter passado, depois que saiu da Secretaria-Geral, pelo menos

seis meses na inatividade, consiga dobrar seu patrimônio nesse período. Essa é uma

pergunta que não tem explicação. Não é possível isso.

Portanto, queremos, mais uma vez, fazer um apelo à Nação, aos Deputados e

a todos aqueles que querem colocar o País num rumo que não seja o da corrupção, o

da paralisia: lutemos para instalar essa Comissão Parlamentar de Inquérito. Esse é o

único caminho para não tornar esta Casa conivente com absurdos como esse, a

menos que aqui existam mágicos que possam provar que um patrimônio possa ser

dobrado sem nenhum esforço pessoal e de maneira lícita.

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O SR. ALDIR CABRAL (Bloco/PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Plenário da Câmara dos Deputados

transformou-se em verdadeiro templo de louvor e de adoração a Deus quando, na

manhã do dia 8 de corrente mês, aqui foi celebrado, em sessão solene desta Casa, o

23º aniversário de fundação da Igreja Universal do Reino de Deus. Foi um dos

maiores momentos da história do Poder Legislativo quando, em repetidos

testemunhos dados por Parlamentares, ficou registrado nos Anais como é poderosa a

atuação do Espírito Santo na vida dos seres humanos.

A presença de bispos, pastores, obreiros e obreiras da Igreja Universal do

Reino de Deus revelou comportamento espiritual digno de registro por parte dos

Parlamentares presentes ao evento, notadamente dos que se declararam, em suas

manifestações, não-pertencentes à Igreja Universal ou a qualquer das outras

denominações evangélicas.

Membro da Igreja Universal do Reino de Deus e, mercê de Deus, ungido como

um de seus pastores, sinto ser do meu dever espiritual acrescentar aos testemunhos

dados naquela oportunidade o meu próprio. Fui alcançado pela Igreja Universal

quando minha vida estava totalmente arrasada e minha família estava prestes a

desintegrar-se. Os pastores e obreiros acolheram-me; transmitiram-me a Palavra;

oraram em meu favor e em de meu lar; assistiram-me com amor fraterno e espiritual

sem medida; levaram-me à compreensão de Deus e de Seu Filho, Jesus Cristo;

puseram-me diante de realizações às quais não pude contrapor-me senão pela

aceitação da salvação em Cristo, que graciosamente me estava sendo ofertada.

Desde então tudo na minha vida mudou. Deus tem sido fiel. Tem honrado para

comigo todas as Suas santas promessas, contidas nas Escrituras Sagradas; deu-me

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paz, segurança, tranqüilidade, prosperidade; concedeu-me o perdão para todos os

meus pecados e fez-me pregador do Evangelho. Na vida pública, trouxe-me a esta

Casa para que, junto aos demais Deputados evangélicos, defenda a ética na política e

a seriedade no trato das coisas públicas.

Tudo isso agradeço a Deus e à Igreja Universal do Reino de Deus. Devo ao

Bispo Edir Macedo, que se deixou usar por Deus para que essa Igreja se instalasse

de modo vitorioso no Brasil. Devo aos pastores e bispos que me acolheram e me

tornaram um deles na semeadura da Palavra, que hoje alcança milhares de pessoas

em mais de setenta países em redor do mundo.

Deixo meu testemunho em respeito ao que Deus tem feito por mim e como

forma de encorajamento a todos que, nesta Casa, Parlamentares, servidores ou

jornalistas, ainda resistem ao Evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de

todo aquele que crê.

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O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco/PMDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estive no garimpo de Bom Futuro, no

Município de Ariquemes, Estado de Rondônia, em 1997, com a Deputada Marinha

Raupp e o Deputado Oscar Andrade. Nossa visita teve a finalidade de averiguar as

denúncias de trabalho escravo e desumano de crianças, bem como do elevado índice

de malária na localidade.

Com a mobilização que fizemos — expedientes e audiências com autoridades

do Ministério do Trabalho, da Secretaria de Ação Social, do Governo do Estado e da

Prefeitura Municipal de Ariquemes, incluindo uma audiência com o Presidente

Fernando Henrique Cardoso — foi constituído o ambiente de envolvimento necessário

para o estabelecimento do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil na Jazida de

Bom Futuro.

O programa foi executado. Retornando ao mesmo local, no mês de junho

passado, fiquei impressionado com as transformações, o envolvimento dos parceiros,

a mobilização dos pais e dos moradores da região, todos vaidosos por terem

recebido o reconhecimento público, com a premiação feita pelo UNICEF/Itaú como o

projeto que mais se distinguiu em todo o Brasil.

Por questão de justiça, desejo neste pronunciamento destacar o nome de todos

os parceiros envolvidos com o projeto: Empresa Brasileira de Estanho S.A. – EBESA;

Cooperativa dos Garimpeiros de Santa Cruz — COOPERSANTA; Prefeitura

Municipal de Ariquemes; Ministério da Previdência e Assistência Social, através do

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil — PETI; Delegacia Regional do

Trabalho; Conselho Tutelar de Ariquemes; Ministério Público da Comarca de

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Ariquemes; Sindicato dos Urbanitários – SINDUR; EMATER; e Movimento Nacional

dos Meninos de Rua.

Foi implantada nesse programa a política de renda mínima, com a introdução

da bolsa escola, em que o Governo Federal, mediante convênio com a Prefeitura de

Ariquemes, libera os recursos para o aumento da renda familiar de acordo com o

número de alunos matriculados — 50 reais por criança matriculada.

Sr. Presidente, não é tão difícil como parece introduzir programas semelhantes

em diversas regiões e Estados brasileiros, todos com gerência local e administração

feita por conselhos paritários. Cabe ao Governo Federal simplesmente descomplicar

e tirar da cabeça o modelo monetarista exclusivo, em que os investimentos na área

social constituíram-se numa excepcionalidade.

A Escola Ângelo Spadari faz parte do programa. Quando ali estivemos, na

primeira visita, ela era de madeira e coberta de palha; não havia carteiras, apenas

bancos improvisados. Hoje, a escola está construída em três blocos de alvenaria,

somando 750 metros quadrados, com oito salas de aula e pré-escola anexa,

banheiros, cozinha industrial, sala de professores e salas para coordenação e

almoxarifado. Conta ainda com um galpão anexo de 400 metros quadrados para

educação artística, literatura, trabalhos manuais e atividades recreativas.

A escola funciona em tempo integral, com 546 alunos, divididos em três turnos:

matutino e vespertino, alunos de ensino regular e de jornada ampliada. À noite atende

alunos do Telecurso e Suplência do Ensino Básico. Para dar conta do recado

trabalham 22 professores, 5 merendeiras, 6 zeladoras e 3 vigias.

Sr. Presidente, o garimpo de Bom Futuro concentra-se na atividade potencial

de extração da cassiterita, mineral que contém o metal estanho, e se constituiu no

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catalisador das migrações para o Estado de Rondônia, chegando a população

garimpeira a 8 mil habitantes no período de 1990/1991 – constituída, em sua maioria,

por trabalhadores geralmente desqualificados, que vieram com os sonhos de riqueza

fácil e imediata.

Passada a euforia inicial do garimpo, restou a herança mórbida: uma

população desencantada pela migração, passando fome, entregue à prostituição e à

criminalidade, e, pior ainda, sem perspectiva futura. A Escola Ângelo Spadari veio na

hora certa e o PETI, concedendo 50 reais por aluno, veio melhorar a renda familiar,

permitindo outras alternativas, como a pequena produção de café, venda de leite e

derivados, e o trabalho na agricultura.

Srs. Parlamentares, esse é um projeto vitorioso, exemplar, feito com ações

partilhadas. Ele envolve todos os segmentos co-responsáveis e tem hoje como centro

de tudo a Escola, elemento de uma matriz fundamental para a mudança local, regional

e nacional. Encerro dizendo: a educação é a porta aberta para a inclusão.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. SIMÃO SESSIM (PPB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Rio de Janeiro viveu, semana passada, mais

uma lamentável tragédia com a morte de dois chefes de famílias, que se tornaram

também as mais novas vítimas do perigoso Campo de Gericinó, onde há mais de um

século o nosso glorioso Exército realiza treinamentos para a formação de militares

brasileiros.

O fato, desta vez, aconteceu no bairro carioca de Realengo, na zona oeste da

Capital fluminense, depois que os amigos Wanderley Gomes, de 34 anos, Juliano de

Jesus Cláudio, de 26 anos, e Washington Luiz Neves, de 34 anos, moradores da

região, invadiram o campo militar e, inadvertidamente, brincaram com uma granada

encontrada em meio ao matagal que domina a área, cercada de centenas de milhares

de vidas humanas indefesas por todos os lados.

Somente Washington sobreviveu, tendo de ser socorrido às pressas, e em

estado grave, no Hospital Albert Schweitzer. Ainda bem! Foi um mal a menos. A

mesma sorte não tiveram as viúvas, que terão de sobreviver com filhos a criar, agora

sem saber como e de que maneira, já que integram as estatísticas dos injustiçados no

processo social deste País.

O mais lamentável nisso tudo é que toda a desgraça que acabo de trazer ao

conhecimento de V.Exas. só aconteceu e poderá continuar acontecendo porque

nossos apelos jamais foram acolhidos, ouvidos ou respeitados. Talvez porque ainda

não tenhamos conseguido sensibilizar o Governo Federal, que continua alheio e

insensível aos apelos de milhões de pessoas, há anos, há décadas, clamando pelo

fim dos treinamentos militares naquela região.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

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Talvez muito de V.Exas. não saibam, mas Gericinó é uma enorme área, com

mais de 30 quilômetros quadrados encravados, hoje, entre duas das maiores e mais

densas regiões do Estado do Rio de Janeiro: a zona oeste da Capital e a nossa

querida Baixada Fluminense, onde vivem quase 4 milhões de habitantes, na sua

grande maioria aterrorizados com o perigo iminente de explosões a qualquer hora, a

qualquer momento, antes, durante e mesmo depois de um treinamento militar.

Lamento, reclamo e condeno esse lastimável episódio com muita indignação e

a autoridade de quem já foi prefeito de Nilópolis, uma das cidades que margeiam o

inferno de Gericinó, de frente para o fogo cruzado dos rojões, dos canhões, e em meio

a manobras militares, como se aquela população civil e ordeira estivesse eternamente

sob o clima pavoroso de uma guerra jamais desejada.

A guerra da qual falo a V.Exas. já fez vítimas incontáveis e a infelicidade de

famílias, que não conseguem sequer uma reparação moral, já que a espiritual é

irreparável para um pai, uma mãe ou quem mais perde um ente querido,

principalmente em circunstâncias trágicas.

Mais cruel ainda é o fato de sabermos que são crianças inocentes e indefesas

os principais alvos daquele verdadeiro campo de guerra. Quantas denúncias já não

chegaram ao nosso conhecimento e também ao do próprio Comando Militar do Leste

sobre fatos envolvendo hostilidades por parte de soldados, que respondiam com tiros

de fuzis a inocentes invasões de meninos ávidos por pegar uma pipa voada, como

eles próprio falam.

Trata-se, Sr. Presidente e Srs. Deputados, de crianças de Nilópolis, cujos

quintais de casa, por infelicidade do destino, desembocam exatamente no Campo de

Gericinó. Hoje, é bem verdade, esses moradores tentam se proteger com muralhas

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altas e solidificadas por concreto armado que impeçam a passagem de um projétil de

fuzil ou outra ameaça maior. Mas isso não impede o terror que atormenta a mente de

quem se sente vulnerável aos estampidos dos tiros, das explosões ou às

conseqüências imprevisíveis de manobras que fogem ao domínio da sociedade civil.

É bem possível que algum dos colegas nesta Casa tenha tomado

conhecimento, pela mídia nacional, de tragédias semelhantes naquela região.

Podemos enumerar alguns fatos, a exemplo do ferimento a bala que vitimou, em 1998,

Márcio Moreira, de 20 anos, a caminho da Igreja Assembléia de Deus, em Nilópolis.

Ele simplesmente levou um tiro no pé esquerdo, de fuzil FAL, calibre 762. Estilhaços

também causaram prejuízos a Manoel Messias, que teve à época o pára-brisa

dianteiro de seu Fusca destruído.

Tivemos outro episódio, em que Rafael dos Santos Soares, na época com 16

anos e morador de Nilópolis, levou também um tiro no tornozelo, de FAL, só porque

teria feito uma manobra com sua bicicleta, conhecida como cavalo-de-pau, diante de

um sentinela, mais tarde identificado como Garcia. Levado para o Hospital Juscelino

Kubitschek, o menino teve de passar por duas cirurgias: uma, para recomposição

óssea, e a outra, para recomposição de uma artéria e tecido. Ainda assim, nunca

mais o garoto recuperou os movimentos do pé atingido pela bala.

O estrondo de uma explosão, também durante treinamento de militares no

Campo de Gericinó, foi da mesma forma a causa do desabamento, em outubro de

1998, de duas casas. Meses antes, uma granada de lança-rojão 3.5 explodiu no

mesmo local, matando os meninos Elias José e Moisés Fernandes, ambos de 14

anos.

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E não pára por aí, Sr. Presidente e Srs. Deputados: a década de 90 marcou

ainda ferimentos a bala em outra criança de 7 anos e mais dois adolescentes. Outra

tragédia que sensibilizou a sociedade carioca e fluminense envolveu a costureira

Cleonice Azevedo, que teve os dois braços mutilados por terríveis explosões de sete

obuses disparados do Centro de Treinamento, sempre em Gericinó. Sete outras

pessoas teriam ficado feridas e dez casas danificadas. Ainda em 1981, mais uma

lamentável tragédia atingiu de cheio a inocente Ana Pimentel, na época com 7

aninhos. Ela simplesmente teve uma perna amputada quando um obus destruiu parte

de sua casa, na Vila Kennedy, em Bangu.

O Campo de Treinamento de Gericinó não só inferniza a vida de centenas de

milhares de cidadãos, como também apropria-se indevidamente de 13 quilômetros

quadrados de propriedade da cidade de Nilópolis, impedindo seu natural crescimento

e seu desenvolvimento socioeconômico. Somos hoje obrigados a viver espremidos

em ínfimos nove quilômetros quadrados, com a única alternativa de termos de

verticalizar a expansão da cidade, sem a qual a cidade acabará estrangulando-se.

Por que não transferir o Campo de Treinamento de Gericinó para outro local de

menor perigo? Por que não transformarmos os 30 quilômetros de mata, tão bem

arborizada e conservada, num parque ecológico, capaz de se transformar num pulmão

vigoroso, levando oxigênio à população daquela região?

O certo, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é que desde a minha época de

Prefeito — e lá se vão 27 anos —, clamo, rogo, peço, apelo e exijo uma solução para

o problema de Gericinó. Procuramos todos os comandantes militares da região,

conversamos com todos os Ministros do Exército, suplicamos medidas e providências

aos Presidentes Geisel, Figueiredo, Sarney e Collor, e nenhum deles nos atendeu.

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Até quando teremos de continuar assistindo, socorrendo e sepultando vítimas

de Gericinó? Que pode ser mais importante para uma Nação senão seus filhos vivos e

fortes, até para que possam servir verdadeiramente à Pátria, quando ela deles

precisar.

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O SR. MARCUS VICENTE (Bloco/PSDB-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no momento em que os debates sobre a

organização do futebol crescem em importância, foi muito acertada a decisão tomada

pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso de sancionar a Lei nº 9.981, de 14 de

julho de 2000, com a correção das distorções introduzidas pela chamada Lei Pelé.

Na verdade, causou muita estranheza a atitude de Pelé, que preferiu abandonar

a discussão democrática travada no Congresso e tentou modificar a lei depois que ela

foi à sanção presidencial, propondo ao Executivo vetos às decisões que resultaram de

amplo debate entre os Parlamentares e a sociedade civil.

Felizmente, como dizíamos, o Presidente agiu com bom senso e preservou o

espírito da Lei nº 9.981, resistindo a pressões dos que tentavam criar condições para

favorecer seus interesses pessoais e de algumas empresas que atuam na área do

futebol profissional.

A nova lei restabeleceu pontos importantes, que disciplinam a organização do

futebol sem criar obstáculos ao gerenciamento dos clubes, ao mesmo tempo em que

impõe limites à ingerência do capital estrangeiro e dos fundos que investem em

associações com as equipes.

A nova lei não permite que clubes estrangeiros assumam o controle dos clubes

nacionais e também manteve a obrigatoriedade de que somente diretores eleitos

possam assinar contratos envolvendo as entidades. Havia grupos de interesses

pressionando para que diretores indicados por sócios estrangeiros também

pudessem assinar os contratos.

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Não foi vetado também o artigo que torna facultativa a transformação dos

clubes em empresas. O novo dispositivo veio corrigir a distorção introduzida pela Lei

Pelé, que determinava a absurda obrigatoriedade de conversão dos clubes em

empresas, abandonando a condição de sociedade civil que, em muitos casos, é sua

motivação fundamental.

O bom senso foi mantido ainda com a extinção do contrato semiprofissional

para jovens atletas, evitando uma situação de indefinição que acabava prejudicando

os próprios profissionais.

Finalmente, não foi introduzido o passe livre. A nova redação da lei manteve o

estímulo aos investimentos que os clubes fazem nos atletas, garantindo retorno ao

capital aplicado e oportunidade para que se aperfeiçoe a gestão profissional do

esporte.

No conjunto, a nova lei consolida as expectativas de que o futebol brasileiro

possa reunir forças para criar estruturas financeiras capazes de preservar seus

melhores jogadores e competir em pé de igualdade com as grandes equipes

mundiais.

O futebol é sem dúvida a grande paixão nacional. O povo adora o esporte e

sente imensa satisfação ao ver os clubes de sua preferência conquistando posições

na hierarquia internacional. A própria qualidade dos campeonatos locais e das

competições nacionais depende cada vez mais da capacidade administrativa dos

clubes, que lutam para preservar suas equipes contra a investida das empresas

multinacionais.

Felizmente, nem Pelé nem os interesses estrangeiros conseguiram impor sua

vontade. O Congresso aprovou e o Presidente sancionou uma lei que aposta nos

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

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times brasileiros. O talento de nossos atletas continua livre para manter o título de

melhor futebol do mundo.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a divulgação de meu

pronunciamento nos órgãos de comunicação da Casa.

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O SR. DR. HÉLIO (PDT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e

Srs. Deputados, ontem esta Casa fez justiça a milhares de pessoas que enfrentam

doenças crônicas e aos dependentes de nicotina que não perderam a vida por conta

do uso continuado do tabaco. Agradecem também as crianças e adolescentes, até

como uma homenagem aos dez anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, a

proteção devida aos 20% a 30% que se utilizam do tabaco por influência de meios de

propaganda. Obviamente, crianças e adolescentes que se iniciam no uso do tabaco

têm, pela propaganda, um estímulo que lhes será nocivo em sua idade adulta e na

velhice.

Sr. Presidente, é preciso que esta Casa faça mea-culpa pelos milhões de

pessoas que perderam suas vidas nesses anos todos durante os quais a propaganda

levou ao uso indevido dessa droga que é o tabaco.

É importante dizer que há muitos anos esta Casa conta com projetos de lei

coibidores da propaganda que incentiva esse e outros vícios, como, por exemplo, o

alcoolismo crônico, ontem aqui lembrado. Fazermos mea-culpa tem uma importância

estratégica, visto que outras situações relacionadas ao comportamento social

começam a ter vida nesta Casa, como o combate ao alcoolismo e ao tabagismo,

entre outros. Gostaria de salientar que isso aponta para novas formas de ganhos

políticos para as campanhas eleitorais num futuro próximo.

Agora, parece que a eleição é o comportamento social. Como exemplo, na

área da saúde, foi lembrada a presença do tabagismo, dos preços e da qualidade

dos medicamentos, assim como a entrada em circulação dos genéricos como fator

importante para a diminuição do custo dos medicamentos. De outro lado, vemos, na

educação, a presença de determinados indicadores de qualidade no que tange à

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

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educação fundamental, à educação superior. Como exemplo, temos a avaliação das

faculdades de Medicina.

Quero aqui registrar e parabenizar a Faculdade de Medicina da UNICAMP, de

onde sou oriundo, classificada como uma das quatro melhores do País pelo Provão do

MEC.

O que desejo dizer é que o comportamento social, hoje, está sendo

potencializado como uma das ferramentas para as próximas eleições de 2002. Até o

Senador Antonio Carlos Magalhães já está buscando pegar em armas: S.Exa.

começa a abordar, nesta Casa, a restrição ao porte de armas, outro fator de

comportamento social que acaba atraindo o interesse das multidões.

É pena que essas questões de comportamento, como o uso de fumo, de

drogas, a prática de automedicação, o abuso do álcool, só apareçam num momento

muito próximo das decisões do ponto de vista político, posicionando-se o

comportamento social à frente das demais questões usadas no passado, como as

econômicas — a estabilidade da moeda, o Plano Real, o Plano Cruzado e outros.

Essa relação deve ser conhecida pelo povo, porque está muito ligada com o

momento político que se vive. Há, nesta Casa, projetos que protegem a saúde da

criança, do adolescente, do adulto. Infelizmente, eles ficam tempos e mais tempos

sem ser apreciados, até que surja uma oportunidade ou interesse eleitoral para

alavancar esses assuntos.

Ao encerrar, Sr. Presidente, gostaria de lembrar que hoje é o Dia da Imprensa.

Parabenizo todos da imprensa que trabalham nesta Casa, bem como toda a imprensa

do País, seja ela escrita, falada ou televisada. A imprensa tem um papel muito

importante no combate concreto, real e diuturno ao tabagismo, ao uso de drogas, ao

uso indevido de medicamentos e ao uso do álcool em excesso.

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Por último, parabenizo a Ponte Preta, que amanhã estará completando 100

anos. O time mais antigo deste País, sob a Presidência do Sérgio Carnielli, conseguiu

destaque nacional.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. Dr. Hélio, o Sr. Saulo Pedrosa,

§ 2º do artigo 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da

presidência, que é ocupada pelo Sr. Ricardo Ferraço, § 2º do

artigo 18 do Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço) - Concedo a palavra ao eminente

Deputado Geraldo Magela.

O SR. GERALDO MAGELA (PT-DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna nesta manhã para trazer uma preocupação

que não é apenas minha, mas do Partido dos Trabalhadores e, de resto, de toda a

população do Distrito Federal. Ela diz respeito à crescente violência a que a cidade

está assistindo.

Infelizmente, temos hoje no Distrito Federal um Governo que se elegeu com a

cópia da idéia de um programa implantado nos Estados Unidos: Segurança Sem

Tolerância. Disseram-nos que esse programa seria implantado, mas era um plágio,

diríamos, a falsificação de uma idéia importada.

O que pudemos presenciar, em dezoito meses de Governo do Sr. Joaquim

Roriz, foi o crescimento da violência, que hoje atinge todas as cidades e todas as

camadas da população.

Não me referirei a um ou a outro episódio em particular, porque seria

impossível fazer isso em cinco minutos, dado o elevado número de ocorrências de

assassinatos, roubos, seqüestros, enfim, de fatos violentos, que só elevam a

estatística da violência no Distrito Federal. O pior: é um Governo que não consegue

passar da retórica, não adota nenhum tipo de ação concreta para tentar combater o

crime e conter a violência; é um Governo inerte, incapaz, que a cada dia anuncia um

programa novo de combate à violência, mas nada de efetivo faz na cidade.

A população está assustada, com medo, e não apenas a da periferia, das

novas cidades, onde residem os de mais baixa renda e poderia haver maior

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

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concentração de violência. Hoje não se pode mais andar com segurança em nenhum

local do Distrito Federal. Isso naturalmente é resultado da ausência de uma política de

segurança pública que garanta ao cidadão andar, morar e trabalhar livremente. A cada

momento, há risco de assalto ou até mesmo de assassinato, sem falar na violência no

trânsito, que também cresceu.

Sr. Presidente, temos de fazer esta denúncia. O Governo Federal repassa

recursos para o Governo do Distrito Federal. Em 1999 foram mais de 60 milhões de

reais acrescidos ao montante repassado em 1998. Os recursos deveriam estar

servindo para pagar a gratificação de atividade militar e a de operações especiais

para as Polícias Militar e Civil, respectivamente. O Governo vem a duras penas

repassando o dinheiro, mas retém parte dele, como aconteceu no último repasse feito

para a GAM. Os recursos que deveriam ser aplicados em investimentos na segurança

não são devidamente usados.

Sr. Presidente, temos de denunciar as irregularidades e cobrar uma ação do

Governador e das autoridades do Distrito Federal.

Contamos com as melhores Polícias do Brasil, responsáveis, capazes, mas

que não têm instrumentos ou condições de trabalhar para atender às necessidades da

população.

Hoje temos no Distrito Federal o Governador da violência. Precisamos dizer,

alto e bom som, em letras garrafais: o Governador Joaquim Roriz é o Governador da

violência do Distrito Federal. É isso o que a população pensa dele, é isso o que temos

de denunciar.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

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O SR. PAULO ROCHA (PT-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

quero registrar a apresentação de projeto de lei de nossa autoria, da Comissão de

Trabalho, de Administração e Serviço Público, que trata da anistia dos trabalhadores

da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos punidos em conseqüência de greve

feita em 1997.

Registro também a realização, hoje, de grande movimentação das mulheres do

campo, a chamada Marcha das Margaridas. Elas reagem à omissão do Governo e

exigem melhores condições no campo, para que possam viver mais felizes.

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O SR. FERNANDO CORUJA (PDT-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem a Câmara dos Deputados aprovou projeto

de lei que proíbe a veiculação de propaganda de fumo no País — o projeto segue

para o Senado da República. Também foi discutida nesta Casa a possibilidade de

proibir a veiculação de propagandas de bebidas alcoólicas e de medicamentos.

O mundo tem evoluído muito e a concepção que se tinha anos atrás de total

liberdade na veiculação de propagandas foi alterada. Sabemos, hoje, que inúmeras

doenças — o conhecimento científico trouxe essa possibilidade — são provocadas

por essas drogas. Trinta e oito por cento das mortes evitáveis no mundo são

decorrentes do cigarro e 10%, do álcool. Essas drogas provocam inúmeras doenças.

Sabemos também que o câncer, de maneira geral, é provocado por fatores

ambientais. Noventa por cento do fator etiológico do câncer não são genéticos. São

poucos os cânceres genéticos. Somente 1% é provocado por genes. A influência

genética em gêmeos, a concordância em gêmeos univitelinos, monozigotos chega a

apenas 10%, em 35 anos. Então, os causadores dessa doença são fatores

ambientais.

A sociedade, a política, os Poderes Executivo e Legislativo têm a função de

controlar essas drogas, já que têm conhecimento do que ocorre na sociedade e, por

definição legal, poder de criar leis para que a vida da população seja melhor.

Apresentamos projeto de lei que vai justamente nessa linha, proibindo a

associação de substâncias psicoativas e outras usadas em medicamentos para

emagrecer.

Hoje, no País, há propaganda de drogas para emagrecer e de inúmeras outras

nos telejornais, nos mais diversos programas de auditório. Sabemos que a obesidade

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é causa de doença, mas há muito abuso no tocante à oferta de drogas para

combatê-la. Cabe dizer que o mau uso de medicamentos é responsável por alto

número de mortes no mundo. É preciso, portanto, disciplinar essa questão.

O Conselho Federal de Medicina já tem resolução que proíbe a associação de

medicamentos como benzodiazepínicos, que são tranqüilizantes, diuréticos,

hormônios da tireóide e laxantes, para que as pessoas emagreçam à custa da

fabricação de uma doença artificial. Entretanto, no Brasil, as portarias, as resoluções

têm pouca força. Mesmo muitas leis não são seguidas, porém, sempre acabam tendo

maior força que resoluções, portarias e decretos.

Por essa razão apresentamos projeto de lei cujo objetivo é impedir a

associação desses produtos. Ontem apresentamos emenda proibindo a veiculação

de propagandas de medicamentos, que não foi aprovada. Apresentaremos um projeto

de lei autônomo sobre essa questão.

Estamos protocolando projeto de lei que tem por finalidade proibir a

associação das mais diversas drogas que provocam inúmeras doenças artificiais, e,

com isso, o emagrecimento à custa de outros males.

Solicitamos aos Parlamentares apoio para aprovação do referido projeto.

Muito obrigado.

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O SR. SAULO PEDROSA (Bloco/PSDB-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último dia 7 fui vítima de atentado em

Barreiras, Município situado no oeste da Bahia, do qual fui Prefeito no período de

1993 a 1996, cargo a que volto a concorrer nas eleições de 1º de outubro.

Acompanhado da equipe que está fazendo o programa eleitoral da nossa

coligação — PT, PCdoB, PCB, PSB, PPS e PSDB —, visitei inúmeras obras

realizadas pelo Governo Sem Fronteiras, marco de desenvolvimento socieconômico

do Município, propiciador de melhor qualidade de vida à população. Tinha por objetivo

colher imagens de uma escola pública, construída na nossa administração, no Parque

de Exposição Dr. Geraldo Rocha, mas fomos comunicados pela diretora da unidade

de ensino que a Secretaria Municipal de Educação havia proibido nosso acesso.

Resolvemos então filmar a fachada dessa obra pública, o que é assegurado

pela Carta Magna do País. Minutos após o trabalho ser iniciado, eu e os profissionais

de comunicação que compõem a equipe de televisão fomos cercados pela equipe de

segurança particular do atual Prefeito, Antônio Henrique de Souza Moreira. Dois

capangas — imagem que nos remete ao cangaço — engatilharam pistolas

automáticas, apontando-as para as nossas cabeças e, como lobos famintos e

vorazes, destruíram todo nosso equipamento de filmagem ao arremessá-lo várias

vezes ao chão.

Conhecedores do estilo truculento, da vida pregressa do mandante — o

Prefeito Antônio Henrique —, mantivemos a calma e a sobriedade para evitar tragédia

maior. O fato estarreceu a cidade. Diversos segmentos da sociedade, mesmo

sabendo das prováveis retaliações que sofreriam, foram solidários com nossa equipe.

Para garantir a continuidade do processo democrático das eleições e em busca de

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

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garantia de nossas vidas, comunicamos o fato ao delegado regional de Polícia Civil,

ao comandante do 10º Batalhão de Polícia Militar, ao Comando do 4º Batalhão de

Engenharia de Construção; por intermédio do colega Deputado Jutahy Magalhães

Junior, tornamos cientes o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, o Líder Aécio

Neves e o Presidente da Câmara, Michel Temer, que prontamente oficializou pedido

de providências.

Barreiras é a principal cidade do oeste baiano, região emergente do ponto de

vista econômico. Para ela afluem milhares de pessoas dos mais distantes rincões do

País que, atraídas pela oferta ambiental e hospitalidade dos moradores, constroem,

com conhecimento e tecnologia de ponta, um dos maiores pólos agropecuário e

agroindustrial do Brasil.

Esse processo teve início na década de 80, mas sem qualquer tipo de incentivo

do Governo Estadual, que sempre norteou suas ações com base no coeficiente

eleitoral de cada Município. A população, tanto da região dos vales quanto dos

cerrados, sempre sofreu com sucessivos anos de retaliação e descaso por parte do

grupo do maior algoz da Bahia, Antonio Carlos Magalhães.

Em 1994, com dois anos de mandato de Prefeito de Barreiras, tivemos uma

grande vitória sobre ACM. Recuperamos o ICMS que há anos estava sendo roubado

do Município pelo Estado da Bahia. A transferência da arrecadação de ICMS passou

de 63 mil dólares para 910 mil dólares mensais, multiplicado por mais de quatorze

vezes. A população saiu vitoriosa e pudemos, com isso, contribuir decisivamente com

a alavancagem do desenvolvimento regional.

Rompemos com o ciclo vicioso do carlismo, que sucateou o Erário por mais de

25 anos. ACM, então, passou a ser nosso saco de pancadas. E a mídia nacional,

aquela que prima pela veracidade dos fatos, tem registrado isso ao longo dos anos.

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Nas eleições passadas, com o compromisso firmado de dar continuidade ao

Governo por nós implantado e que priorizava o bem-estar da população, decidimos

ajudar Antônio Henrique a se eleger Prefeito. O homem define-se com atitudes, e não

tivemos medo de nos posicionar, acreditando na palavra empenhada.

Pensávamos também que seria a chance de o atual Prefeito se redimir,

reavaliar sua postura de vida marcada pela corrupção e crimes hediondos. Todos

merecem uma chance na vida. Porém, nesse caso, nada adiantou.

Era comum a todos os barreirenses o desejo de ver o sucessor dar

prosseguimento à verdadeira revolução administrativa que provocamos no Município,

longe da sanha do Sr. Antonio Carlos Magalhães. Entretanto, as expectativas não

foram correspondidas e o sentimento anticarlista, característica marcante da

população de Barreiras, foi ferido e desrespeitado.

Antônio Henrique não se regenerou. Rendeu-se a Antonio Carlos Magalhães e

foi ser mero figurante da maior ópera bufa do País. Foi bajular o rei bufão e tornou-se,

além de bobo da corte, refém do seu próprio passado. Sem princípios e referências

que atestassem uma conduta ilibada e de homem de bem, juntou-se a ferrenhos

adversários de outrora, os mesmos que hoje, nos palanques espalhados na cidade,

afirmam com veemência que a coligação dos partidos reacionários se deu única e

exclusivamente por causa das determinações de ACM. Desprestígio maior impossível.

Barreiras sente-se ofendida e repudia traidores. E os mais de 120 mil

habitantes estão chocados com os últimos acontecimentos. A região, com filhos

ilustres e reconhecidos internacionalmente, como Tarcilo Vieira de Melo, Antônio

Balbino de Carvalho e, por adoção, Geraldo Rocha, entre outros, ultimamente tem sido

manchete nas páginas policiais dos maiores periódicos do País.

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É necessário que os poderes constituídos defendam o direito à vida, defendam

a liberdade de expressão e, acima de tudo, a segurança da população. É

imprescindível que a Justiça Eleitoral não seja mais corrompida, já que é chefiada às

escâncaras pelo Senador Antonio Carlos Magalhães.

Espera-se também que, no limiar do terceiro milênio, a política — condição

inerente ao ser humano — seja praticada com ética, responsabilidade e respeito,

possibilitando o avanço da sociedade, que não abre mão dos princípios

democráticos.

Barreiras não se curva. Barreiras vai vencer e projetar-se no futuro. Tenho

certeza.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. JOÃO PAULO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.

e Srs. Deputados, pesquisas às quais tenho tido acesso nos últimos dias apontam

pelo menos quatro fatores preocupantes para as pessoas que querem de fato

construir e consolidar a democracia em nosso País.

Ontem, o Caderno Especial da Folha de S.Paulo publicou um diagnóstico da

relação direta da opção pela Direita, dentro do espectro político tradicional, com o

quadro político, na Capital de São Paulo.

Recentemente, estudo feito na América Latina mostrou que a maioria da

população está dando importância muito pequena à democracia; inclusive, em alguns

casos, opta-se claramente pela ditadura.

Uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, do Partido dos

Trabalhadores, detectou um conservadorismo — exagerado, na minha opinião — e

uma desesperança latente na juventude brasileira, principalmente nas regiões

metropolitanas.

Por fim, as pesquisas revelam que há descrédito generalizado das nossas

instituições — do Parlamento à Polícia, do Executivo ao Judiciário, e assim por diante.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, diversas razões explicam a detecção

desse fenômeno no meio da população brasileira. Uma delas é a efetiva opção que

os Executivos fazem, no caso específico do Governo Fernando Henrique, pelo

abandono das apurações das denúncias em função do mercado. Tudo passa a ser

feito em função do mercado. Não se pode apurar determinada denúncia porque o

mercado corre o risco de ser abalado, ou porque as bolsas podem cair, e assim

sucessivamente. Essa é uma das razões que levam as pessoas a desacreditarem.

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Por outro lado, via de regra, nas Prefeituras, nos Governos dos Estados e

mesmo no Governo Federal também existe a opção por políticas públicas

burocráticas, pragmáticas e imediatistas, que não incidem sobre a qualidade de vida

da população, muito menos sobre os aspectos culturais que poderiam mudar a

opinião das pessoas em relação à democracia e à condução das políticas públicas.

Sr. Presidente, um terceiro fator é a ampliação do abismo social existente na

sociedade brasileira. Os ricos vão ficando cada vez mais ricos e os pobres, cada vez

mais pobres, de tal forma que as pessoas do meio soçobram. Só um ínfimo

contingente consegue subir; a grande maioria acaba descendo e agrupando-se no

bloco dos mais pobres. Esse abismo, que se consolida de forma estrutural, leva as

pessoas a não acreditarem que qualquer política possa reverter esse quadro.

O quarto fator, Sr. Presidente, são os abafos do tipo que estamos vendo hoje,

como nesse episódio a que já me referi, o mais recente, ou seja, o caso do

ex-Secretário-Geral da Presidência da República, o Sr. Eduardo Jorge.

Sr. Presidente, não é correto condenar preliminarmente qualquer pessoa. É

importante que as denúncias sejam apuradas. É muito menos correto, porém, não

levar a cabo a apuração dessas denúncias. Isso porque, não o fazendo, colabora-se

para que as denúncias passem como verdadeiras.

E o instrumento para apurar essas denúncias, no caso específico do

Parlamento brasileiro, é a Comissão Parlamentar de Inquérito — a CPI, assim como

nos Municípios é a Comissão Especial de Inquérito. Essas Comissões, pelo poder

que a Constituição Federal, os Regimentos Internos e as leis lhes conferem, têm força

para apurar os fatos e chegar a alguma conclusão, e inclusive permitir ou propor o

afastamento do Presidente da República, como ocorreu num período recente da

nossa história.

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Sr. Presidente, as denúncias apontadas contra o ex-Secretário-Geral da

Presidência da República, Sr. Eduardo Jorge, precisam ser apuradas. É fato ou não

que o Sr. Eduardo Jorge aumentou consideravelmente seu patrimônio — duplicado

em um ano — sem a renda correspondente para suportar esse aumento? É fato ou

não que o Sr. Eduardo Jorge mantinha relações com o juiz Nicolau, que está foragido?

É fato ou não que o Sr. Eduardo Jorge mantinha relações com uma gama de

empresas de consultoria e outras que, por sua vez, mantêm relação com o Poder

Público em nosso País? É fato ou não que o Sr. Eduardo Jorge mantinha relações

com o ex-Senador Luiz Estevão?

Então, é verdade, antes de acusarmos, precisamos apurar os fatos, e para

apurá-los é necessário que instalemos uma CPI.

Sr. Presidente, por derradeiro, independentemente de qualquer coloração

partidária, é necessário restabelecer-se a esperança para o Brasil. Isso é o mais

importante para todos nós que fazemos política e estamos no processo eleitoral. O

povo brasileiro precisa resgatar a esperança. Precisamos fazer com que a população

acredite que é possível construir um país melhor — não com este Governo, é verdade,

mas é possível fazê-lo. O Brasil tem todas as condições para isso.

E é preciso que o novo Brasil seja reconstruído com base na democracia, nas

instituições democráticas. Por isso, devemos restabelecer a crença no valor

democrático. É importante que a juventude brasileira tenha esperança, acredite no

futuro e não se deixe levar por medidas demagógicas e pragmáticas.

Concluo, Sr. Presidente, reafirmando que, apesar de tudo que tem acontecido

no Governo Fernando Henrique, é preciso mantermos a esperança, na certeza de que

há uma saída para o Brasil, confiantes em que podemos construir um País melhor.

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O SR. ÁLVARO GAUDÊNCIO NETO (PFL-PB. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uma de nossas mais caras

missões, como representantes eleitos do povo brasileiro, é a luta em defesa dos

direitos dos cidadãos de nosso País, protegendo-os de todos os abusos que contra

eles queiram cometer.

Assim sendo, não nos podemos calar e aqui vimos manifestar nossa

indignação contra atos do mais deslavado desrespeito aos direitos dos consumidores

brasileiros, em especial no que se refere à venda de combustíveis automotivos em

todo o País.

Por todos os cantos de nossa Nação, pipocam sem cessar denúncias de

adulteração da qualidade dos combustíveis vendidos, da descarada e criminosa

sonegação de impostos, muitas vezes apoiada por liminares judiciais de duvidosa

procedência e justiça, além da formação de cartéis de postos revendedores, que

buscam sua sobrevivência no mercado não através da livre e sempre saudável

concorrência comercial, mas através de acordos escusos de fixação de preços

sempre extorsivos, deixando a população de praticamente todas as unidades de

nossa Federação à mercê desses empresários inescrupulosos, que não se

preocupam com o bem-estar geral, mas apenas em auferir, da maneira mais fácil

possível, polpudos, porém indevidos lucros.

É verdade que boa parte da culpa pelos extorsivos aumentos nos preços dos

combustíveis deve ser assumida pelo Governo Federal, que atrelou os preços do

petróleo de produção doméstica aos do mercado internacional, forçando essa alta

expressiva. Assim, embora cerca de dois terços do petróleo que hoje consumimos

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brotem de solo brasileiro, pagamos por eles o mesmo que pagamos pelo petróleo que

ainda temos que importar para atender às nossas necessidades, o que representa

uma clara injustiça.

Não se pode, contudo, descartar a parcela de culpa que cabe aos maus

empresários, que se mancomunam para a prática de atitudes verdadeiramente

inexplicáveis e indefensáveis, tais como, por exemplo, quando antes do recente

aumento a cobrança era de cerca de 1 real e 42 centavos pelo litro de gasolina nos

postos de Campina Grande, minha cidade natal, localizada a cerca de 120

quilômetros da base de distribuição local, em Cabedelo, enquanto que em cidades

situadas a quase o dobro dessa distância, como na Região do Cariri da Paraíba,

esses preços estavam, em média, na faixa de 1 real e 37 centavos.

É para pôr cobro a abusos como esses que o nobre colega Deputado Enivaldo

Ribeiro e eu, companheiros que somos também na disputa pelos cargos de Prefeito e

Vice-Prefeito de Campina Grande, defendemos em nosso plano de governo o

combate sistemático a todo tipo de monopólios e cartéis que prejudicam não somente

o povo de nossa terra, como de toda a Nação, e propomos uma luta incessante na

defesa dos direitos de todos, mas principalmente dos mais fracos e menos

aquinhoados pela sorte, para que possamos, junto com todas as pessoas de bem,

construir para as futuras gerações um país mais próspero, digno e justo.

Muito obrigado.

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O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e

Srs. Deputados, o Presidente Fernando Henrique Cardoso refere-se à questão

política do País como se estivesse avaliando um quadro político na França, na

Inglaterra ou como se não tivesse nenhuma interferência nesse processo.

S.Exa., na entrevista que está quase na íntegra no jornal O Globo, diz que o

pior é deixar a acusação no ar. Concordamos com ele. O problema é que o

Presidente não disse que foi o maior operador político para que essas acusações

continuassem no ar.

A sociedade brasileira, os meios de comunicação e a sociedade organizada

querem que os fatos sejam esclarecidos. No entanto, o Presidente da República, no

Palácio do Planalto, fez reuniões com os partidos políticos da base aliada e orientou

sua bancada de sustentação no sentido de que não se instale uma CPI para apurar

esse caso. Ou seja, a acusação está no ar, porque o Sr. Fernando Henrique Cardoso

opera a política sob a ótica de que a CPI, que é o instrumento legítimo e que possui os

mecanismos para apurar e esclarecer a questão, não deve ser instalada.

É bom que o Parlamento se informe sobre o assunto, porque, num dos trechos

da entrevista, o Presidente diz que as instituições não estão funcionando. Amanhã, ele

vai dizer a mesma coisa que disse quando não foi criada uma Comissão Parlamentar

de Inquérito para apurar a venda de votos nesta Casa, a fim de que aprovassem a

emenda que deu ao Presidente o direito de se candidatar à reeleição.

Naquela época, ele também operou sob a ótica de que a CPI não fosse

instalada. E depois, dando algumas entrevistas, disse que a verdade precisaria vir à

tona, doesse a quem doesse. Ou seja, S.Exa. opera sob a ótica do que não é bom

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para ele nem para a democracia, porque um Presidente não pode ficar no cargo

máximo deste País sendo questionado e tendo dúvidas sobre aqueles que o cercam.

Para fortalecer a democracia, o Presidente da República e o Parlamento, a

declaração do Sr. Fernando Henrique, de que o pior é deixar a acusação no ar, é uma

verdade que precisamos aproveitar para instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito

e apurar essa questão, a fim de que não estejamos escrevendo neste País a velha

história de manter debaixo do tapete as podridões que ocorrem.

Acreditávamos que esses capítulos da história política brasileira já tivessem

sido superados a partir da cassação de Fernando Collor e da CPI do Orçamento. No

entanto, começam a retornar à vida pública. O pior e mais lamentável é que o próprio

Presidente da República operacionaliza sua política com o intuito de evitar que a

verdade não venha à tona, e através dos meios de comunicação, na maior

cara-de-pau, diz que as instituições não estão funcionando, o que não é verdade. As

instituições, na realidade, não estão criando essa Comissão Parlamentar de Inquérito

a mando do Planalto, o que é também vergonhoso, porque o papel do Parlamento é

fazer valer as suas prerrogativas. Para um escândalo desse, o instrumento legítimo e

eficaz, que permite que nenhuma dúvida paire sobre o caso, é a criação da CPI.

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O SR. ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, diante de múltiplos e graves problemas que a

população brasileira tem de enfrentar no seu cotidiano, queremos ressaltar a questão

do desemprego, a falta de acesso a medicamentos e a violência que atinge

lamentavelmente milhares de famílias. Somos obrigados a tratar de um tema que não

se coloca diretamente nesse cipoal de problemas, mas se antecipa e é causador

também deles. Refiro-me à corrupção no País.

Na cidade de São Paulo, onde vivo, o Prefeito só consegue escapar da sua

cassação porque tem absoluta cumplicidade da Câmara de Vereadores, cuja maioria

o apóia. Isso não ocorre só naquele Estado. Vários Prefeitos pelo País afora foram

afastados pelo mesmo problema: corrupção.

Nesta Casa, dois Parlamentares, antes que fossem cassados pela denúncia de

compra de votos para apoiar a reeleição, renunciaram a seus mandatos.

Recentemente, houve o caso da cassação do Senador Luiz Estevão, o primeiro da

história do País.

A imprensa tem noticiado, não sem razão, o escândalo envolvendo a

construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo. O ex-Presidente

daquele tribunal está foragido e o ex-Secretário-Geral da Presidência da República

tem seu nome vinculado diretamente a esse escândalo. Chegou-se ao ponto de o

Presidente da República liberar verbas, em 1996, por solicitação do Ministro do

Planejamento, Martus Tavares.

Diante de denúncias já confirmadas e de suspeitas que precisam ser

investigadas, estamos assistindo agora a mais uma ação inescrupulosa comandada

pelo Governo Federal. Trata-se da tentativa de desmoralizar aqueles que mais — e eu

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diria que são os únicos a fazê-lo — estão à busca da verdade: os membros da

Procuradoria-Geral da República. Isso ocorre não de maneira aleatória, mas centrada

em dois Procuradores que mais se dedicaram, a partir de uma divisão natural de

trabalho que deve existir na Procuradoria-Geral da República, chegando-se ao ponto

de atribuir a um deles — Luiz Francisco de Souza — uma suposta coincidência de

filiação ao PT, partido ao qual pertenço.

São tentativas de escapar da questão central, que é aquilo que foi dito pelo

Presidente da República: não pode haver suspeitas. Mas o Presidente entra em

contradição. Se de fato S.Exa. afirma e acredita que não pode haver suspeitas, não

poderia comandar a "Operação Abafa"; não poderia assistir passivamente ao

Advogado-Geral da União, que é também Procurador, Dr. Gilmar, numa ação

desrespeitosa, que eu diria que não honra o cargo que ocupa, tentar desviar a

atenção, fazendo afirmações sem provas, procurando ainda inverter aquilo que é

essencial, começando a fazer propostas, tentando repetir a Lei da Mordaça para

alterar o funcionamento do Ministério Público. Tudo isso agride a democracia e leva a

desesperança ao povo brasileiro.

Finalmente, quero dizer que os recursos públicos roubados são aqueles que

faltam na forma de investimentos para minorar o grave sofrimento por que passa a

população brasileira. O desemprego, a violência, a falta de acesso a medicamentos

etc. são também conseqüência dessa variada gama de atitudes que enfraquecem as

instituições, que levam a população à indignação e à desesperança. Portanto, não

podemos falhar.

A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, em nossa opinião, têm a

obrigação política, ética e moral de instalar aqui uma CPI, atendendo pelo menos ao

seguinte preceito popular: quem não deve não teme. Interessa aos Deputados e

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Senadores da base governista apoiar a CPI, a fim de que não paire nenhuma dúvida

no ar e ninguém fique imerecidamente sob suspeição.

Obrigado.

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O SR. EURÍPEDES MIRANDA (PDT-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é louvável a iniciativa do Presidente Michel Temer

em tentar mobilizar esta Casa em favor de uma reforma tributária. Infelizmente, todos

sabemos que aqui nada se move, nada chega à decisão final do Plenário se não for

pela vontade explícita do Palácio do Planalto e dos gênios da equipe econômica.

Assim, o debate sobre a reforma tributária nesta Casa continuará sendo muito

interessante. O Ministro da Fazenda, Pedro Malan, chega a vir aqui na tentativa de

criar uma manchete para televisões e jornais e assim concorrer com o depoimento do

ex-Secretário-Geral da Presidência, Eduardo Jorge Caldas. Ao que tudo indica,

aquela proposta de reforma tributária do Governo deu resultado. O depoimento

daquele ex-assessor que tanto pânico criava nas hostes governistas parece ter dado o

resultado esperado. Pelo menos é o que confessaram as lideranças governistas,

dizendo-se aliviadas.

Há seis anos este Congresso Nacional acompanha uma discussão sobre o

tema tributário. Imagino que os vários Relatores que já passaram pelas inúmeros

Comissões de reforma tributária devam estar frustrados. Afinal, todas as ditas

reformas que o Governo queria saíram. Por que exatamente essa não saiu?

Essa deve ser a pergunta mais inquietante do País, naturalmente, depois

daquela outra que ainda provoca calafrios entre os governistas: onde estaria o Juiz

Nicolau dos Santos Neto, o homem que o ex-Senador Luiz Estevão acaba de

qualificar como o "baluarte do Plano Real"; o homem que o Presidente Fernando

Henrique Cardoso, por meio do seu Secretário, Eduardo Jorge, consultou sobre a

nomeação de juízes classistas, para impedir que eles derrubassem esse colosso que

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chamou de Plano Real? É de causar perplexidade que alguém tão importante, tão vital

para a modernidade nacional tenha se revelado um homem tão procurado. Talvez ele

esteja se perguntando: e por que só eu?

Certamente, os brasileiros terão um dia essa resposta. O que eu duvido é que,

com o controle absoluto das decisões nacionais nas mãos do Fundo Monetário

Internacional, tenhamos uma reforma tributária de verdade, que contemple princípios

de justiça fiscal, que oriente para um novo pacto federativo ou que pelo menos

recupere aquele firmado na Constituinte de 1988.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, quando este Parlamento aprovou a

Desvinculação do Orçamento da União — DRU, como havia feito anteriormente com o

Fundo Social de Emergência ou com o Fundo de Estabilização Fiscal — FEF,

sepultou em definitivo qualquer possibilidade de uma reforma tributária e fiscal —

aspiração nacional que até passeata de empresários já provocou.

Nunca é demais rememorar que o Fundo Social de Emergência, imposto ao

País pelo então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, é uma criação

original do Banco Mundial.

Com a DRU, o Governo de FHC fechou sua reforma tributária unilateral imposta

pelo Fundo Monetário Internacional, por banqueiros e especuladores de toda ordem.

Só neste exercício são mais de 40 bilhões de reais que serão tomados de Estados e

Municípios para que a União possa garantir o pagamento de suas contas com as

bancas internacional e nacional. A palavra mágica passava a ser "ajuste fiscal",

quando na prática o que interessava era garantir que os juros da dívida seriam

honrados, que não faltaria dinheiro na hora de pagar a conta, mesmo que ele fosse

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tirado da saúde, da educação, da assistência social, de velhos e de crianças

carentes.

Ora, um Poder Legislativo que chega a aprovar a cobrança previdenciária de

aposentados do serviço público mesmo diante da flagrante violação constitucional,

apenas para atender aos caprichos da equipe econômica, não tem mais condições

de exigir nada. Aquele foi o sinal de que faria tudo o que os acadêmicos do Planalto

pedissem, mesmo que fosse para arruinar em definitivo as contas dos Estados e

Municípios ou então para condenar milhões de brasileiros à miséria.

Não vamos gastar mais tempo falando no que os arranjos tributários impostos

pela equipe econômica representam em matéria de confisco de renda da classe

média, em prejuízo para o setor produtivo, em matéria de violações de direitos, em

flagrante destruição do princípio federativo.

Um estudo insuspeito da própria Receita Federal revela que 87% do aumento

da carga tributária bruta foram apropriados pela União. E calculando sobre um PIB

médio de 1998/1999 de cerca de 950 bilhões de reais, o aumento da carga tributária,

na passagem do exercício, foi de 44 bilhões de reais. Desse total, a União abocanhou

38 bilhões de reis; os Estados, 5 bilhões de reais; e os Municípios, apenas 1 bilhão de

reais.

Todos aqui conhecem esses dados e sabem também que a tributação

cumulativa imposta por essa equipe econômica faz com que tributos como COFINS,

PIS e CPMF contaminem a economia com uma cascata de encargos inaceitável e

irresponsável. Com alíquotas de 27,5% de Imposto de Renda, a classe média paga

um preço muito alto para um Governo que não responde com nenhum serviço público

decente.

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Fazer caixa, este sempre foi o espírito dos tecnocratas travestidos de

tributaristas do Governo. A eles nunca importou a qualidade dos tributos, mas a

quantidade. E nisto o Governo FHC foi voraz, a ponto de liquidar a capacidade de

competição do setor produtivo e fazer de sua reforma tributária unilateral mais um fator

de grande injustiça fiscal.

O pior é que o cidadão que paga imposto se sente lesado, porque sabe que

aqueles que mais tributos deveriam pagar ficam isentos por todo tipo de artifício legal.

E mais: uma das obsessões da ideologia neoliberal deste Governo é destruir a

máquina pública. Transformando o servidor público em vilão do déficit público,

violando seus direitos, congelando seus salários, o Governo FHC criou o cenário ideal

para que a fraude, a corrupção e a sonegação prosperassem.

A Receita Federal, por exemplo, trabalha com apenas 7.500 auditores fiscais

sem definições claras de ascensão funcional, sem treinamento adequado, sem

estímulo, com salários congelados e sempre sob a suspeita de que servidores

públicos são ineptos e corruptos. Essa foi a marca impressa pelo Governo neoliberal

de FHC aos seus servidores públicos.

Este é um breve panorama da idéia monstruosa que este Governo tem de

reforma tributária: arrecadar sempre mais, a qualquer preço, com menor custo

administrativo, não importando que isso implique grandes injustiças fiscais. Estão aí

os bancos lucrando bilhões sem pagar um centavo de imposto, enquanto o

assalariado chega a descontar 27,5% de seus salários.

Infelizmente, Sras. e Srs. Deputados, esta Casa é cúmplice desse

comportamento predatório, que nos levou a um cenário de recessão, desemprego,

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miséria, desequilíbrio da balança comercial e tantos índices negativos que o Brasil

acumula como decorrência de uma política fiscal e tributária irresponsável.

Portanto, mesmo louvando a iniciativa do Presidente da Câmara dos

Deputados, não creio que a Comissão Geral em que será transformado o plenário da

Casa vá além de mais um dos muitos debates que aqui se travam sobre a

necessidade de uma verdadeira, profunda e justa reforma tributária e fiscal. Mas não

será sob a tutela do Governo, do FMI e de seus servidores que o Brasil verá cumprir

as aspirações de todos os que querem o desenvolvimento e a justiça social.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. NELSON MARCHEZAN (Bloco/PSDB-RS. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desejo fazer um rápido registro. Na cidade de

Ivorá, no Rio Grande do Sul, faleceu, no dia 17 de julho, aos 96 anos, o Prof. Eliseu

Didonet, que era casado com D. Natalina Giacomello.

O Prof. Eliseu Didonet é uma unanimidade no Rio Grande do Sul, sobretudo na

cidade de Ivorá e na região onde é mais conhecido, pela vida exemplar que levou,

quer na sociedade, quer como professor e chefe de família. Eu diria que, se há céu —

e acredito, como católico, que exista —, o Prof. Didonet deve ter ido diretamente para

lá, tal a vida exemplar que teve como professor, como homem, cidadão e integrante

de uma comunidade.

O Prof. Didonet era um homem que contava com a unanimidade da sua

comunidade pelo seu comportamento. Era um conselheiro, uma referência, um

exemplo, um modelo familiar e de cidadão. Portanto, quando faleceu, houve uma

comoção em todo o Município.

Sr. Presidente, quero dizer que, desde longa data, constituo-me num daqueles

que admiraram o cidadão Eliseu Didonet e sua família. Tive a honra de conviver com

alguns de seus filhos, especialmente Elpídio, de saudosa memória; Ignácio, que foi

meu colega no banco; Antônio José, promotor público no Rio Grande do Sul; e Roque,

advogado em Porto Alegre. Tive também a alegria de conhecer de perto seu irmão,

Frederico Didonet, na Cúria da Catedral de Santa Maria e como bispo na cidade de

Rio Grande — também de saudosa memória.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. a transcrição, na íntegra, de artigo de autoria

de João Baptista intitulado "A última lição do professor Didonet" e publicado na

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Tribuna de Santo Ângelo, daquela cidade, que faz um histórico da vida de Eliseu

Didonet, cujas palavras incluo em meu pronunciamento como se as tivesse

pronunciado.

Ao fazer este registro, quero prestar minha homenagem à família Didonet,

apresentando a todos que lhe são caros, filhos, netos e bisnetos, meus votos de

profundo pesar. Fica-nos a lição de um homem que, não tendo ocupado nenhum cargo

importante, foi eleito pelo Governo do Estado Professor Emérito do Rio Grande do

Sul, comenda a poucos concedida, mas que ele obteve como professor do interior,

tais as qualidades, as virtudes que ornavam a sua figura de cidadão rio-grandense,

cuja morte pranteio neste momento.

ARTIGO A QUE SE O ORADOR

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INSERIR O ARTIGO CITADO - NELSON MARCHEZAN

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O SR. INALDO LEITÃO (Bloco/PSDB-PB. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na qualidade de Relator de Comissão Especial Externa desta Casa,

criada por ato do Presidente Michel Temer, devo dizer a V.Exa. e aos companheiros

que amanhã estaremos entregando ao Ministro da Integração Nacional relatório que

dá conta de tudo o que aconteceu com as chuvas que caíram pesada e intensamente

em algumas cidades da Paraíba, notadamente em João Pessoa. Elas causaram

danos imensos, desabrigando diversas famílias e provocando queda de barreiras.

Além disso, a buraqueira tomou conta da cidade, a exemplo do que aconteceu em

Maceió, Recife e outras cidades do Nordeste.

O curioso, Sr. Presidente, é que passamos os últimos cinco anos, pelo menos,

vivendo um clima de instabilidade no que se refere à precipitação pluviométrica. As

chuvas escassearam em todo o Nordeste. Agora, deu-se exatamente um fenômeno

inverso: as enchentes causaram esses prejuízos e também mortes em cidades como

Recife.

Então, quero prestar contas do nosso trabalho. Amanhã estaremos entregando

esse relatório circunstanciado de tudo o que aconteceu em João Pessoa e em outras

cidades da Paraíba, a exemplo de Campina Grande, de Areia, de Bayeux, na certeza

de que o Governo irá deliberar incontinenti os recursos necessários à recuperação

desses prejuízos.

Muito obrigado.

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O SR. DR. ROSINHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, deverá ser celebrada hoje a Missa de 7º Dia em memória de Irineu

Feriato, nosso companheiro do Partido dos Trabalhadores.

A ausência de Irineu deixa-nos mais pobres. O mundo segue pior sem ele, sem

o seu exemplo de trabalho e dignidade para nos inspirar. Irineu era o nosso candidato

a Prefeito na cidade de Andirá, no Estado do Paraná. Costumava iniciar as

inumeráveis reuniões de campanha dizendo: "Não devemos esquecer que todos os

homens nascem e morrem iguais. As desigualdades estão entre o nascer e o morrer".

Esta é a homenagem que presto a Irineu Feriato, que, como disse, era

candidato a Prefeito pela cidade de Andirá.

Agradeço a V.Exa. a atenção.

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O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço) - Com a palavra o Deputado Eduardo

Jorge.

O SR. EDUARDO JORGE (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Srs. Deputados, demais presentes, em aproximadamente quinze minutos, às

11h30min, deverá ter início no Senado a votação da emenda constitucional que irá

garantir recursos mínimos e previsíveis para a saúde no Brasil.

Essa luta, que vem de longa data, envolveu Deputados dos mais variados

partidos, como o PT e o PCdoB, passando pelo PMDB, pelo PSDB, pelo PFL e pelo

PPB. Agora, seu fim se aproxima e ela deverá terminar com êxito no Senado Federal,

apesar das resistências que continuam existindo no Executivo, principalmente no

Ministério da Fazenda, e também entre alguns Governadores que querem continuar

gastando pouco com a saúde em seus Estados.

Falo isso porque é muito importante que os Deputados ligados à área da

saúde, que acompanharam toda essa luta, compareçam ao Senado, façam contato

com os Senadores de seus respectivos partidos, pois o problema naquela Casa é o

quorum. Temos ampla maioria no Senado, tanto que a votação em primeiro turno

registrou quase setenta votos favoráveis contra três ou quatro contrários.

Portanto, apelo para os Deputados dos mais variados partidos no sentido de

que façam contato com seus Senadores, porque essa votação é histórica, acredito, e

trará como conseqüência um dos mais avançados dispositivos constitucionais

aprovados em 1988, que foi a universalização do direito à saúde, mas que ficou sem

garantia de recursos.

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O Sistema Único de Saúde tem feito um trabalho muito importante de expansão

da assistência à saúde em todo o Brasil, mas carece de recursos mais consistentes

para dar continuidade a esse trabalho e aprofundar nele.

Essa emenda é importante porque vai colocar a saúde num patamar

semelhante ao da educação, enquanto política pública, com um mínimo de recursos

previsíveis.

A meu ver, em primeiro lugar está o fato de que vamos aumentar um pouco os

recursos destinados à área de saúde. É um aumento relativamente modesto, mas não

deixa de ser importante, porque nos últimos anos a área social sofreu com a retração

de recursos. Esse arrocho de recursos atingiu não só a saúde, mas outras áreas,

como diplomacia e defesa nacional. O que se viu nos orçamentos nacionais foi um

declínio orçamentário. Portanto, o primeiro ponto a destacar na PEC da saúde é

esse aumento modesto, mas importante, numa conjuntura, repito, de contração de

outros orçamentos.

Em segundo lugar, essa emenda possibilitará a previsibilidade de recursos,

permitindo à autoridade sanitária planejar seus investimentos, custeios e

contratações. Prefeitos, Governadores e o próprio Ministro da Saúde, aprovada essa

emenda, também saberão sobre a quantidade de recursos que poderão contar daqui

a um, dois, três, quatros anos, o que até agora não ocorria. Tendo de trabalhar numa

estrutura política altamente complexa como a do SUS e da saúde, a autoridade

sanitária não podia fazer previsão alguma, não podia contratar, comprar

equipamentos, investir mesmo, porque não tinha como saber se no próximo ano

alguém iria puxar o tapete, deixando-a sem orçamento.

O terceiro elemento importante da emenda da saúde é o fim do que eu chamo

de gangorra orçamentária. O que é isso? Cada vez que uma instância aumenta os

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seus recursos a outra os diminui. Se o Governo Federal os aumenta, o Estado os

diminui; se o os Município aumenta, o Estado os diminui. É uma espécie de gangorra

orçamentária ou um jogo de empurra-empurra que prejudica o cidadão que depende

do Sistema Único de Saúde.

O quarto elemento que desejo destacar nessa PEC é o término de outra

distorção, que chamo de exportação de pacientes. O que é isso? Um Prefeito

responsável investe na saúde, monta uma boa estrutura de saúde em seu Município,

mas infelizmente é cercado por duas ou três Prefeituras irresponsáveis que não fazem

o mesmo, que têm outras prioridades. O que acontece? A Prefeitura que investiu em

saúde é assediada por esses outros Municípios, que compram ambulâncias e ônibus

para enviar pacientes ao Município no qual houve investimento na área da saúde, para

que sejam atendidos.

Não é possível que isso continue acontecendo. Os Prefeitos que investem na

saúde de seus Municípios são punidos, assim como o cidadão, em virtude da

irresponsabilidade dos Municípios vizinhos ou das prioridades orçamentárias destes.

Tudo isso só terá fim com um aumento discreto de recursos e com a possibilidade de

previsibilidade das políticas públicas.

Acabar com a gangorra orçamentária das políticas públicas, com o

empurra-empurra orçamentário e a exportação de pacientes será mérito deste

Congresso Nacional, que acolherá essa demanda de muitos anos de entidades e de

todos aqueles setores preocupados com a situação da saúde no Brasil, caso seja

realmente aprovada, daqui a dez ou quinze minutos, a PEC da Saúde no Senado

Federal.

Muito obrigado.

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Durante o discurso do Sr. Eduardo Jorge, o Sr. Ricardo

Ferraço, § 2º do artigo 18 do Regimento Interno, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Clementino

Coelho, § 2º do artigo 18 do Regimento Interno.

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O SR. RICARDO FERRAÇO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PSDB-ES. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, antes de abordar o tema que me

traz hoje à tribuna, desejo manifestar a mais absoluta solidariedade à luta do eminente

Deputado Eduardo Jorge no sentido de que nós, Parlamentares de todos os partidos,

conversemos com nossos Senadores, a fim de conseguirmos romper com essa

dificuldade que têm vivido o País e seus entes federados, aprovando, numa decisão

política inédita, esse projeto que conta com o esforço do Ministro José Serra.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, como faço diariamente — e não creio ser

privilégio meu, penso que milhares de brasileiros também o fazem —, leio a coluna da

jornalista Míriam Leitão, que aborda os mais diversos aspectos da vida econômica

brasileira e até internacional. Chamaram-me a atenção, pelo caráter institucional, os

comentários que fez a jornalista na coluna Panorama Econômico, na última

quinta-feira, dia 5 de agosto, motivo que me traz à tribuna.

Peço a V.Exa. que faça registrar nos Anais da Casa o artigo em que o jornal O

Globo faz uma análise da conjuntura política de todo o episódio que envolveu o

ex-Secretário-Geral da Presidência da República, Dr. Eduardo Jorge, com a análise

da necessidade da reflexão do papel dos atores envolvidos nesse processo, do qual

destaco o seguinte trecho:

Procuradores e jornalistas têm objetivos comuns.

Sempre trocarão informações. Mas cada um deve seguir sua

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pauta de trabalho. Do contrário, podem ser rasgados os

manuais de boa conduta de ambos.

A pressa inerente ao jornalismo não pode ser desculpa

para o profissional deixar de cumprir todas as etapas do

processo de apuração e investigação. Por isto, o Correio

Braziliense transformou o erro da quinta-feira em uma rara

demonstração de coragem. Pôs em destaque acima da

manchete o título "O Correio errou".

Do mesmo modo, procuradores não podem transferir

suspeitas aos jornalistas para que eles façam o trabalho da

investigação. Nem podem se contentar apenas com o que

lêem nos jornais. A relação tem feito um movimento circular:

indícios são passados aos jornalistas como se provas fossem,

a imprensa considera a palavra do procurador a expressão da

verdade e a divulga. Com base nas publicações, os

procuradores iniciam processos. Quando as acusações são

inconsistentes há o risco de fazer uma de duas coisas:

condenar um inocente ou inocentar o culpado.

(...)

Procuradores não são políticos, senadores não são

juízes, juízes não administram obras, jornalistas não são

auxiliares de procuradores, assessores de presidente não

decidem que filosofia jurídica devem ter os tribunais , ministros

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de tribunais de contas não esperam seis anos para acreditar na

apuração dos seus auditores, funcionários poderosos que

saem do Governo não usam o prestígio que tiveram para

facilitar negócios e fechar contratos. Democratas não fazem

pouca da democracia chamando-a de "fajuta".

Lutam para aperfeiçoá-la.

A democracia precisa que cada um saiba o seu papel e o

execute. Precisa de regras, normas, ritual. A democracia é uma

construção coletiva. Será fajuta se formos todos fajutos.

Esta a reflexão que faço neste momento em que estamos com a tarefa de

redesenhar o papel de nossas instituições no tocante à apuração de denúncias, a fim

de que elas possam ser investigadas, e a transparência, a clareza, a informação

segura, sólida possam estar diante do povo brasileiro.

Muito obrigado.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR

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INSERIR A MATÉRIA CITADA - RICARDO FERRAÇO

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O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Com a palavra o Sr. Deputado Dr.

Evilásio.

O SR. DR. EVILÁSIO (Bloco/PSB-SP.) - Sr. Presidente Clementino Coelho,

Sras. e Srs. Deputados, vivemos, neste País, ambigüidades, dicotomias porque

temos uma classe privilegiada e outra excluída — com certeza, esta constituída pela

maior parte da população. São os excluídos dos seus direitos.

E isso se acentua em anos eleitorais como este, quando conversamos com as

pessoas simples, trabalhadoras, algumas desempregadas, bem como com pequenos

empresários, e todos relatam, em voz uníssona, que realmente existe o Brasil dos

políticos e o Brasil dos pobres pecadores brasileiros.

Hoje, ao abrirmos os jornais vemos notícias de que Câmaras de Vereadores

aumentam os já polpudos vencimentos de Vereadores, Prefeitos e Vice-Prefeitos.

Paira, então, uma pergunta: o que fazer nas próximas eleições, quando

deveremos escolher os mais legítimos e mais próximos representantes do povo, que

são os Prefeitos e Vereadores? Sabemos que hoje a classe política não é o melhor

exemplo de cidadania para o povo brasileiro.

Em todos os meios de comunicação manchetes noticiam a corrupção. Sr.

Presidente, nomes antes confiáveis, independentemente da questão ideológica, são

citados como envolvidos em grandes escândalos.

A revista ISTOÉ desta semana, por exemplo, traz Tasso Jereissati, que foi o

caçador dos coronéis, implementando a política dos coronéis e sendo até alcunhado

de "Coronel dos Olhos Azuis". Também ele vê o seu Governo  envolvido em

corrupção.

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Há denúncias de corrupção no Governo de Mário Covas, um homem que

pertence à história política do País; Jaime Lerner, no Paraná, repito,

independentemente da questão ideológica, anteriormente referência de governo

ilibado, hoje também está envolvido em atos de corrupção.

Mas realmente ganharam notoriedade as questões que concernem mais à

Administração Federal. Por isso que, cada vez mais, a classe política cai em

descrédito em relação aos pobres pecadores brasileiros, porque sequer, no caso

aqui, o Congresso Nacional dá oportunidade de defesa ao Presidente da República,

até para que não haja o inconveniente da condenação prévia.

Então, essa cortina, esse anteparo para proteger o Governo, com certeza, o

está expondo. O Governo Fernando Henrique Cardoso poderia ele mesmo tomar a

iniciativa e escancarar, usando de transparência para que todos os brasileiros

chegassem à luz dos fatos, já que têm direito à informação, porque a coisa sendo

pública não pode ser apenas do domínio de quem ostenta mandados eletivos.

Nesse sentido, quero aqui incriminar este Congresso Nacional por não atender

hoje à maior reivindicação da população brasileira de trazer os fatos à tona, com toda

a transparência. Refiro-me aos episódios que envolvem os escândalos e a corrupção

em torno do Governo Federal.

Para concluir, Sr. Presidente, 169 milhões de reais é uma quantia substancial

de recursos, que com certeza atenderia a muitos programas de interesse social. No

entanto, os recursos se esvaem pelos ralos da corrupção, como se isso nada

significasse.

O Congresso Nacional põe uma venda em seus olhos e não traz luz para a

reflexão da nossa população, até para nortear o voto dos eleitores nas eleições de

outubro próximo.

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Registro, em tom de indignação, o meu pronunciamento.

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O SR. WILSON BRAGA (PFL-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

encaminho à Mesa documentos que acabo de receber do Presidente da Federação

do Comércio do Estado da Paraíba, Marconi Medeiros, e do Conselheiro-Relator da

1ª Turma da Paraíba, Antonio Fernando da Silva.

Eles comunicam que o Ministério da Previdência Social está extinguindo

naquele Estado a Turma de Julgamento de Recursos Administrativos, vinculada ao

Conselho de Recursos da Previdência. Isso significa que qualquer assegurado que

precise apelar por seus direitos junto à Previdência terá de ir a Recife ou a Alagoas.

Ora, Sr. Presidente, a Previdência, que nada mais faz pelos pobres, acaba de

tirar-lhes o direito de recorrer.

Encaminho à Mesa esses dois documentos, muito importantes para nós da

Paraíba, para que sejam enviados ao Ministro da Previdência e Assistência Social,

Waldeck Ornélas.

O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - A Mesa acolhe os documentos e

tomará as medidas cabíveis.

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O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Pedro Fernandes.

O SR. PEDRO FERNANDES (PFL-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de fazer um registro em plenário, a

respeito da reunião que a bancada do Maranhão — dezoito Deputados e três

Senadores — fez com o Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra. Fomos

levar ao conhecimento de S.Exa. a situação do Projeto de Irrigação do Tabuleiro de

São Bernardo, que existe há quatorze anos.

Queremos salientar o dinamismo do Ministro, que, com sua visão

desenvolvimentista, prontificou-se logo a fazer uma visita ao local.

Sr. Presidente, no Projeto de Irrigação do Tabuleiro de São Bernardo já foram

investidos muitos recursos. Ele está na fase final, necessitando realmente de decisão

política. Tenho certeza de que, com a visita da bancada ao Sr. Ministro, ontem,

daremos um grande passo, porque vamos ter a Companhia de Desenvolvimento do

Vale do São Francisco no Vale do Parnaíba, a exemplo do que ocorre em Petrolina e

Juazeiro, onde ela comanda o projeto. Já tentamos passar o Tabuleiro de São

Bernardo e o Tabuleiro da Litorânea, no Piauí, também para a CODEVASF. O projeto

está concluído e, com a experiência da Companhia, principalmente no plantio e na

comercialização, vamos ter também outro pólo no Nordeste, com grande sucesso.

Outro registro é que ontem tivemos, na Comissão da Amazônia e de

Desenvolvimento Regional, a aprovação de projeto de minha autoria, que leva os

recursos do FNO para a Amazônia Legal. O grande argumento é que o BASA, atuante

na Amazônia Legal e principalmente numa faixa do Maranhão, está sem recursos para

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justificar sua presença na região, transformando-se simplesmente em agência

comercial, o que não é papel do Banco.

Por conseguinte, o FNO, que hoje tradicionalmente devolve recursos, vai

dinamizar as agências do BASA. Precisamos, naturalmente, levar esse projeto para a

Comissão de Finanças e Tributação e depois para a Comissão de Justiça, pedindo o

apoio de todos os Parlamentares para que não venhamos a fechar uma instituição

como o BASA, que há muito vem prestando serviço a toda a Amazônia Legal.

São esses os dois registros que faço, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

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O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, gostaria de fazer uma pergunta, porque tenho convicção de

que a mesma dúvida que tenho está na cabeça da maioria do povo brasileiro: será

que o Sr. Eduardo Jorge não é o PC do Fernando Henrique Cardoso? Faço essa

indagação porque Collor dizia a mesma coisa que diz o Presidente da República,

negava tudo de joelhos, e ao final todos os fatos que envolviam o Sr. Collor e o Sr. PC

foram definitivamente provados.

Os escândalos do Governo Fernando Henrique Cardoso se sucedem um após

o outro, e o povo brasileiro não está vendo providências sendo tomadas de forma

rigorosa. Lembro apenas dois deles, sendo o do Sr. Eduardo Jorge o terceiro.

O primeiro diz respeito à compra de votos. O senhor "X" revelou ao povo

brasileiro o verdadeiro processo, a forma exata como o Presidente Fernando

Henrique Cardoso se utilizou do cargo para aprovar a emenda constitucional da

reeleição. Em seguida, logo no início do seu segundo mandato, ocorreu aquele

escândalo vergonhoso envolvendo os bancos e o Banco Central, que embolsou

bilhões de reais do povo brasileiro, que faltam nas escolas, na saúde, no transporte,

para acabar com a pobreza e a miséria neste País. Eles foram parar nos bolsos dos

banqueiros, conforme noticiou a imprensa e debateu o Congresso Nacional.

Sr. Presidente, temos o escândalo Eduardo Jorge, Secretário-Geral da

Presidência da República. Com sala contígua à do Presidente, ao lado da de S.Exa.,

ele fez tudo o que a imprensa está divulgando. E o Presidente Fernando Henrique

Cardoso não sabia disso! O Sr. Eduardo Jorge praticou todos esses atos que o povo

brasileiro conhece — todos estão sabendo, menos o Presidente da República! Isso é

intrigante e preocupante.

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Agora, em vez de enfrentar a crise de frente, debater com o povo brasileiro,

com o Congresso Nacional e comprovar que nada sabia, S.Exa. na verdade orquestra

uma "Operação Abafa".

Estão na moda as moções, os documentos tentando comprovar a probidade e

a inocência de Fernando Henrique Cardoso. Tenho a impressão de que a corrupção

já presente no Governo pode chegar à mesa do Presidente da República. Se as

investigações continuarem — a imprensa brasileira está fazendo um trabalho

investigativo — e se o Presidente tiver a coragem de aceitar a instauração de uma

Comissão Parlamentar de Inquérito, esse escândalo Eduardo Jorge será

definitivamente esclarecido.

Sr. Presidente, apesar de fazer parte de um partido de oposição ao Governo,

até gostaria que FHC nada tivesse a ver com esse escândalo. Mas estou começando

a crer, pelas suas reações, pela "Operação Abafa" e pelo medo que tem da CPI, que

S.Exa. está se traindo por seus próprios atos.

O povo brasileiro já tem na cabeça a pergunta que formulo da tribuna da

Câmara dos Deputados e que espero seja esclarecida ainda neste Governo: o Sr.

Eduardo Jorge é o PC de FHC?

Era o que tinha a dizer.

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O SR. NILTON CAPIXABA (Bloco/PTB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o programa Globo Rural, em sua edição de

domingo, dia 6 de agosto, deixou todos os rondonienses muito felizes e orgulhosos.

Em primeiro lugar, porque é muito difícil ver o Estado de Rondônia bem divulgado,

ainda mais por um veículo de grande força e prestígio e com uma penetração enorme

no meio rural brasileiro: o Globo Rural.

Na maioria das vezes, Rondônia ganha as manchetes, a notoriedade e é

destaque através de matérias que a diminuem, que rebaixam a qualidade das

políticas ali postas em prática e que denigrem não somente os seus governantes, os

seus políticos, mas a sua gente. Rondônia ganha as manchetes pela notoriedade das

suas queimadas, pela destruição dos seus recursos florestais, pela aniquilação da sua

rica biodiversidade.

Um bom exemplo disso foi a minuciosa matéria, enriquecida fotograficamente,

publicada na revista Veja, edição de 7 de abril de 1999, com o título “O Massacre da

Moto-Serra”, por mim analisada detalhadamente em meu discurso de 26 de abril de

1999.

Quando não é assim, o destaque é alcançado pelo tráfico de entorpecentes,

pela vascularização dos agentes de venda da maconha e da cocaína, do crack, pela

lavagem de grandes montantes de recursos financeiros, pela ação de políticos que

foram a uma só vez representantes do povo rondoniense e agentes da máfia

internacional dos cartéis da Colômbia, do Peru e da Bolívia.

Ia esquecendo que a triste notoriedade é também alcançada por Rondônia

como resultado da violência no campo, que atingiu o clímax com a chacina de

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Corumbiara, na Fazenda Santa Elina — celebramos ontem, 9 de agosto, cinco anos

da morte de dezenas de indefesos sem terra. Os matadores, policiais da Polícia

Militar de Rondônia, até agora não se sentaram no banco dos réus.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a felicidade que se via estampada nos

rostos dos imigrantes paranaenses, a alegria de suas falas, o alvoroço das crianças e

dos jovens no churrasco comemorativo deram a todos nós a certeza de que a

imigração foi uma decisão boa, uma coisa acertada.

Migrar vem da raiz latina migrare e quer dizer mudar de um lugar para outro.

Significa buscar abrigo, dar novas oportunidades para si, para sua mulher, para seus

filhos, para os seus. Conotações de melhorias quase sempre podem ser

vislumbradas. Afinal, ninguém busca mudar do seu lugar para um lugar remoto,

distante 3 mil quilômetros, localizado nas lonjuras de Rondônia, sem grandes projetos.

Significa buscar novas oportunidades, o que certamente não estavam conseguindo

em suas terras de origem, e que foram felizmente alcançadas em suas novas terras,

em suas fazendas. O personagem central foi o agricultor paranaense Geraldo Cândido

da Silva Filho, proprietário da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, com 100 hectares

de terras. A fazenda ou, melhor dizendo, o sítio, como diz o Geraldo, tem como

atividade principal o plantio de café, com 100 mil pés, e uma área de reserva de 8

hectares; produz ainda pequena produção de alimentos.

A área da Fazenda Nossa Senhora Aparecida produziu este ano quatrocentas

sacas de café beneficiado, que estavam sendo vendidas ao preço local de 75 reais a

saca. O jovem casal — a filha do Geraldo e o ex-motorista de caminhão — plantou e

colheu a sua primeira safra de feijão, que comercializada assegurará a sua

manutenção por todo um ano, conforme afirmou ante as câmeras da TV Globo. O

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genro do Geraldo fez uma afirmação que nos tocou a todos: “Quando eu chego na

entrada de Vilhena e leio na placa 'Seja Benvindo a Rondônia', sempre me emociono”.

Isso porque ali ele encontrou um futuro de esperança e constituiu sua família. Disto é

que é feito o nosso Estado: esperança, trabalho e emoções.

As emoções do programa Globo Rural atingiram também Municípios vizinhos.

O casal Hilarino Franco de Oliveira e D. Dirce, proprietários da Fazenda Figueira, no

Município de Santa Luzia, ouviu o programa. Eles são também migrantes de Jaciara,

Mato Grosso. V enderam as terras que tinham naquele Estado e adquiriram em

Rondônia uma gleba de terras de 225 alqueires — uns 560 hectares — e trabalham

com a pecuária. O casal possui um rebanho com 1.200 cabeças. Estão igualmente

felizes e realizados em Rondônia.

O Sr. Hilarino participou ativamente da campanha de vacinação contra a febre

aftosa, promovida pelo Idaron, e tem o compromisso de não mais deixar de vacinar o

seu rebanho. Gado vacinado é gado sadio, que pode ser melhor comercializado e

alcançar melhores preços nos mercados que antes estavam fechados, em face da

qualificação do rebanho. Rondônia estava em uma zona de risco desconhecido; hoje

ela é de risco médio.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, as atividades da produção agrícola e

da pecuária não se estariam desenvolvendo em Alta Alegre dos Parecis em ritmo

acelerado se não contassem com a Cooperativa de Crédito Rural de Alto Alegre dos

Parecis — ALTOCREDI.

Criada em março de 1997, com 22 associados, com um capital integralizado

de 2.200 reais, a ALTOCREDI evoluiu rapidamente. O inicio das operações foi

registrado em 26 de março de 1999, com 36 contas correntes e um depósito de 9.600

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reais. Pela comprovação da seriedade com que trabalhava a diretoria, aliada à

competência que tem o Sr. Edson de Souza Novelli, como seu Presidente, a

ALTOCREDI passou a ter 120 novos associados.

Tendo em conta que os custos pagos ao Banco do Brasil pelos serviços de

compensação eram considerados altos, formaram uma Central de Crédito constituída

por seis Cooperativas de Crédito de Rondônia — OUROCREDI, CREDIPE,

POLICREDI, por exemplo — e três cooperativas do Estado do Acre. A Central de

Crédito assim constituída passou a ser acionista do BANCOOB — Banco

Cooperativista do Brasil. O processo de integração ao BANCOOB já foi encaminhado

para análise ao Banco Central do Brasil. A sede da Central de Crédito é Porto Velho,

Rondônia.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Município de Alto Alegre dos Parecis

é muito jovem. Foi criado em 22 de junho de 1994. Possui uma área geográfica de

3.952 quilômetros quadrados, com uma população, estimada em 1998, de 9.596

habitantes. O número de eleitores, atualizado em abril de 1999, foi de 4.858.

A força da produção agrícola do Município é o café, que conta com uma área

cultivada de 3.690 hectares, tendo colhido uma área de 1.603 hectares, nos quais

foram produzidas 2.244 sacas de café em coco. Em segundo lugar figura a produção

de feijão, com uma área plantada e colhida de 5.755 hectares e uma produção de

4.144 toneladas. Anote-se ademais a produção de milho, arroz, mandioca e banana.

A pecuária de corte é expressiva, contando com um rebanho de 106 mil cabeças, em

1998.

A infra-estrutura de serviços municipais é ainda muito carente. A matrícula total

é de 2.814 alunos, sendo 944 matriculados em escolas estaduais e 1.870 em escolas

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municipais. O meio rural provê educação fundamental para 1.681 alunos e para

cinqüenta alunos do ensino supletivo. O quadro de professores está constituído por 32

professores estaduais e 42 professores municipais.

No atendimento à saúde, o Município conta com três postos de saúde e um

centro de saúde com dezessete leitos hospitalares. Apesar da pobreza da

infra-estrutura de atendimento médico, a ocorrência de malária é baixa: em 140

lâminas feitas, somente dezoito foram positivadas; 122 foram negativadas.

O suprimento de energia elétrica é bastante precário, com um total de 834

consumidores, sendo 398 pontos residenciais, 19 pontos industriais, 74 pontos

comerciais, 337 pontos rurais e 5 pontos do Poder Público e de iluminação pública.

As informações foram colhidas na publicação “Indicadores Municipais”, da SEPLAN

de Rondônia.

A administração municipal é exercida pela Prefeita Vitória Fátima Betelli da

Silva — é a primeira Prefeita eleita em 1997. As dotações municipais são muito

restritas. Trabalha com grande confiança pela sua reeleição.

O Estado de Rondônia, que é sempre acusado de violentar os seus recursos

naturais e de desflorestar por desflorestar, alterou em 23% a cobertura florestal da sua

área geográfica para produzir e atender aos reclamos do crescimento populacional.

Como estaria Rondônia se não tivesse alterado em 23% a cobertura florestal,

que recobria a sua área de 243.044 quilômetros? Como seria Rondônia sem os seus

137 mil hectares de cafezais, que produziram cerca de 1,5 milhões de sacas de café e

colocaram o Estado como quarto produtor em âmbito nacional? Como estariam os

seus 34 mil hectares de cacauais, que produziram cerca de 15 mil toneladas e que

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caminham para franca recuperação, podendo até dobrar a sua produção nos

próximos anos?

Como poderia o Estado de Rondônia ter produzido 713 mil sacas de grãos

(arroz em casca, 262 mil toneladas; feijão, 81 mil toneladas; e milho, 370 mil

toneladas)? Como teria Rondônia produzido 700 mil toneladas de raízes de

mandioca?

Como falar da evolução de um rebanho bovino que nos idos de 1970 era de 23

mil cabeças e que atingiu, em 1999, seis milhões e meio de cabeças? Todo esse

crescimento econômico somente seria possível com os desmatamentos feitos para

gerar produção de alimentos e resultados econômicos.

Sr. Presidente, o crescimento das áreas plantadas em Rondônia continua em

um ritmo animador. O Banco da Amazônia, através da sua Diretoria de Crédito Rural,

informou sobre os financiamentos concedidos a empreendimentos, no período de 1º

de janeiro de 1999 a 30 de junho de 2000, indicando o número de contratos

celebrados, a área financiada e o montante dos financiamentos concedidos.

Para todo o Estado de Rondônia, a atividade do café celebrou 2.997 contratos,

com uma área de 7.645 hectares e um valor de 7.942.453 reais. Minha assessoria

elaborou uma listagem dos Municípios com áreas financiadas superiores a 200

hectares, do que resultou o Anexo 1 — Municípios com maiores áreas de plantio de

café financiadas no período de 1º de janeiro de 1999 a 30 de junho de 2000, em

Rondônia.

Um destaque que merece ser feito é a circunstância de que novos Municípios

não tradicionais como grandes plantadores de café aparecem no último período de

1999/2000 como grandes plantadores.

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O Município de Machadinho D’Oeste celebrou 446 contratos com uma área de

plantio de 1.555 hectares e um montante de financiamento de 985.740 reais. Em

segundo lugar figura Governador Jorge Teixeira, com 191 contratos, uma área de

plantio de 453 hectares e um total de 326.135 reais. O Município de São Francisco do

Guaporé contratou uma área de 447 hectares, através de 191 contratos, com um

montante de 673.538 reais.

Os três maiores plantadores de café, no período 1999/2000, totalizaram 2.455

hectares, o que representa 32% da área plantada e um montante de 1.985.413 reais,

que expressaram 25% do total financiado.

O plantio de cacau, apesar dos esforços da CEPLAC/SUPOC de Rondônia,

ficou aquém das metas alcançadas pelo cultivo do café. Foram celebrados no total

519 contratos, com uma área financiada de 1.599 hectares e um montante de

3.150.319 reais.

Esses dados revelam que o total da área financiada de cacau correspondeu a

21% da área financiada de café, enquanto que o montante de empréstimos

concedidos para o cacau correspondeu a 44,7% do total financiado para o café. Isso

se explica pelo fato de os custos de plantio do cacau serem bem mais altos do que

para o plantio do café.

Além dessa justificativa, é importante assinalar que foram anotados

financiamentos para o café em 48 Municípios, dentre os 52 existentes. O

financiamento para o cacau figurou em apenas 21 Municípios. A justificativa é de que

a CEPLAC/SUPOC está presente, com escritórios de extensão rural, em apenas doze

Municípios, enquanto que a EMATER-RO está em todos os quadrantes da terra

rondoniense, inclusive na zona fisiográfica da Ponta do Abunã.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, outra explicação que encontro e que

aponto com a maior isenção é o lançamento, no ano passado, do Programa

Rondônia: Vamos Plantar Café, que elaborei e apresentei ao Exmo. Sr. Presidente da

República, ao Governador do Estado de Rondônia, aos Secretários de Estado e às

autoridades do sistema financeiro oficial: Banco do Brasil, Banco da Amazônia e

BNDES. Deixo aos desanimados, aos descrentes que prejulgaram a minha proposta

como apenas um ato eleitoreiro os fatos, as estatísticas.

Isso foi conseguido graças a Deus, aos esforços despendidos pela Secretaria

de Estado da Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social —

SEAPES, pela EMATER-RO, e à acolhida dada pelos cafeicultores de meu Estado.

Muito obrigado.

ANEXO A QUE SE REFERE O ORADOR

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INSERIR O ANEXO CITADO - NILTON CAPIXABA

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O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uso a tribuna hoje para travar nesta Casa um

debate que tem encontrado pouco espaço na opinião pública brasileira.

Surpreendeu-nos a decisão tomada pelo Governo, quando iniciou, há alguns dias,

segundo notícia veiculada em dois jornais do País, a privatização da PETROBRAS.

O Presidente da República sempre disse que a PETROBRAS não seria

privatizada. Portanto, ficamos surpresos ao nos defrontar com essas duas notícias, as

únicas veiculadas na mídia nacional.

Aproveito para insistir na primeira grande crítica ao processo de privatização:

nenhum brasileiro, nenhum Deputado Federal ou Senador da República deste País

sabe que negociação o Governo brasileiro fez com a empresa espanhola REPSOL,

que, segundo a referida notícia, passaria a ser proprietária de 30% da Refinaria

Alberto Pasqualini, a REFAP, instalada no Rio Grande do Sul — uma das mais

importantes refinarias da PETROBRAS. O Governo chama a transação de troca de

ativos — nome disfarçado para a privatização.

A REPSOL é a mesma empresa que comprou a YPF Argentina, ex-estatal

argentina de petróleo, que instalou naquele país um monopólio privado e trouxe

diversos prejuízos, dentre eles o progressivo aumento de preço dos derivados de

petróleo. A empresa, aliás, está sendo obrigada pelo Governo argentino a vender

parte de seu patrimônio, exatamente para tentar diminuir o prejuízo que está causando

ao povo argentino. Terá de vender parte de sua rede de distribuição.

Em negociação absolutamente escusa — nenhum de nós sabe em que base

foi feita —, a REPSOL foi contemplada com os seguintes ganhos em relação ao

mercado de petróleo em nosso País: 30% da Refinaria Alberto Pasqualini, mais de

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trezentos postos de distribuição da BR Distribuidora, da PETROBRAS, e 10% da

produção de um dos campos petrolíferos brasileiros, cujo nome me falha a memória

neste momento.

Sras. e Srs. Deputados, precisamos fazer esse debate com a máxima

urgência. O Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, sem nenhuma

autorização deste Congresso, sem nenhum debate público, está iniciando o processo

de privatização da PETROBRAS. Além da negativa à imensa população brasileira da

privatização da empresa — o que a maioria não quer —, está ocorrendo algo muito

pior: não se está informando ao povo o que está acontecendo.

Tomamos três iniciativas, juntamente com o Deputado Walter Pinheiro, em

nome da bancada do PT.

Em primeiro lugar, estamos encaminhando um pedido de informações ao

Ministro de Minas e Energia, para que nos entregue esse tal contrato feito com a

REPSOL, porque — pasmem, Srs. Deputados! — se trata de uma troca de ativos de

um bilhão de reais, da qual ninguém no País tem conhecimento.

Em segundo lugar, estamos entrando com uma representação no Ministério

Público, porque acreditamos que a negociação não está sendo feita dentro dos

marcos legais.

Em terceiro lugar, estamos convocando à Comissão de Minas e Energia o

Diretor-Presidente da PETROBRAS, para esclarecer à opinião pública brasileira de

que forma o Governo está privatizando a PETROBRAS.

Com a negociação, a REFAP desvincula-se do patrimônio da PETROBRAS e

passa a ser uma subsidiária independente. Se o Governo fizer isso com todos os

ativos e empresas que a PETROBRAS tem, poderá retalhar todo o patrimônio da

estatal e vender parcelas desse patrimônio em diferentes negociações.

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Algo muito grave está acontecendo, e encontramos apenas duas matérias em

jornais a esse respeito. O Governo, o Ministro de Minas e Energia, o Presidente da

República e o Diretor-Presidente da PETROBRAS precisam vir a público para

esclarecer à opinião pública como estão vendendo esse patrimônio público sem

autorização legislativa.

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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão

de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Questão de ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, 291 Deputados registraram a presença no painel e já são

quase 11h50min. Portanto, pleiteio o início da Ordem do Dia. Há uma pauta

estabelecida e já existe quorum regimental. Seria importante que começássemos a

Ordem do Dia para a discussão das matérias.

O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - A Mesa vai analisar a questão de

ordem apresentada por V.Exa.

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O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Concedo a palavra, pela ordem,

ao Sr. Deputado Gustavo Fruet.

O SR. GUSTAVO FRUET (Bloco/PMDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, estou entregando à Mesa declaração de voto favorável ao

Projeto de Lei nº 3.310-C/97, que dispõe sobre as restrições de produtos fumígenos,

bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, e a retificação de

voto em relação à Emenda nº 22.

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O SR. PRESIDENTE (Clementino Coelho) - Com a palavra o Sr. Deputado

Pedro Eugênio.

O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, gostaria de registrar que no dia de ontem a Comissão

Especial criada nesta Casa para acompanhar os estragos causados pelas enchentes

ocorridas em Pernambuco apresentou ao Sr. Presidente Michel Temer seu relatório.

Lá estão registrados os principais prejuízos causados à infra-estrutura pública, social

e econômica dos Municípios atingidos — cerca de 34 — e também às propriedades

de inúmeras famílias. Há cerca de 60 mil desabrigados em nosso Estado.

Hoje, o Governador do Estado, juntamente com representantes das Comissões

Especiais do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, entregará ao Sr.

Presidente da República esses relatórios. Esperamos que o Governo Federal não se

omita neste momento e se faça presente com recursos substanciais.

Só em Pernambuco, sem contar os recursos necessários para o Estado de

Alagoas, também duramente atingido, contabiliza-se a necessidade imediata de

recursos da ordem de 128 milhões de reais, não somente para a recuperação da

base econômica, como também para a reconstrução da infra-estrutura duramente

atingida e destruída nos Municípios que sofreram aquela calamidade.

Sr. Presidente, o segundo ponto a que gostaria de me referir diz respeito à

reforma tributária. Tenho em mãos o pronunciamento que fiz dia 26 de novembro de

1999, que continha muita esperança, até a convicção de que esta Casa seria capaz

de levar a cabo a votação da reforma judiciária, portanto, de dar condições ao

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Presidente de promulgar uma nova estrutura jurídica para balizar as questões

tributárias em nosso País.

Infelizmente, os acontecimentos frustraram a todos nós. Frustraram a

Comissão, que nesta Casa desempenhou seu papel, chegando a produzir um

documento final, um substitutivo que foi enviado ao Executivo, mas que não teve, Sr.

Presidente — essa a razão da reforma tributária, todos sabemos, e gostaria de

registrar neste momento —, dentro de suas próprias forças, daqueles que compõem a

base de sustentação do Governo, o consenso interno para poder fazer valer a

responsabilidade que todo Governo que tem maioria numa Casa como esta tem que

ter para que essa maioria assuma a posição de responsável pelas coisas públicas e

faça com que a reforma tributária, algo tão importante para o nosso País, chegue,

finalmente, a ser aprovada nesta Casa.

O Governo, na realidade, apostou que esta Casa não teria condições de

chegar a uma proposta; apostou no dissenso, frustrou-se e foi surpreendido. E quando

foi surpreendido, não teve condições objetivas de dar à Nação uma proposta

consistente de reforma tributária.

Por isso, Sr. Presidente, o nosso partido, o PPS, vai apresentar a esta Casa

uma proposta para ser discutida, que contemple aquilo que a Nação almeja, que

considere, por exemplo, novos critérios de recolhimento das arrecadações aos

Estados e Municípios, mais claros, objetivos, mais democráticos; que se acabe com

as famigeradas diferenças de alíquotas, porque é uma porta aberta para a

sonegação; que se estabeleçam impostos seletivos sobre determinados produtos

que, a exemplo dos combustíveis, são porta aberta para a sonegação; que se acabe

com as famigeradas contribuições, que são tributos em cascata que oneram

sobremaneira os preços finais dos produtos; que se tribute fortemente as grandes

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fortunas e faça valer o princípio da progressividade, fazendo com que as grandes

fortunas sejam também contributos às receitas públicas. Finalmente, tributar o

consumo gerando incentivo ao investimento e à poupança em nosso País.

Esperamos que seja o novo marco para retomarmos nesta Casa a discussão

sobre a reforma tributária. Basta de remendarmos algo que precisa ser

profundamente reformulado. Pretendemos reabrir essa discussão para que esta Casa

possa valer sua prerrogativa de guardiã dos interesses públicos.

Era o que tinha a dizer.

Durante o discurso do Sr. Pedro Eugênio, o Sr.

Clementino Coelho, § 2º do artigo 18 do Regimento Interno,

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Michel

Temer, Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Chico Sardelli.

O SR. CHICO SARDELLI (PFL-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desejamos registrar neste momento nossa

singela porém sincera homenagem a todos os pais, a esses homens que dedicam

grande parte do seu tempo, de sua vida a seus filhos.

Portanto, na oportunidade, expressamos a todos os pais os nossos

agradecimentos e que seja reconhecido o seu valor.

Felicidades a todos os pais!

Sr. Presidente, requeiro a divulgação deste meu pronunciamento no programa

A Voz do Brasil e no Jornal da Câmara.

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Nordeste assistiu com renovada esperança à

adoção, pelo Governo Federal, do plano de apoio aos Estados com fraco

desenvolvimento humano, ou seja, Plano IDH-14, que visa atingir com maior

brevidade as metas preconizadas nos programas de assistência social voltados para

as regiões brasileiras mais carentes.

Coordenada pela Secretaria de Estado de Assistência Social do Ministério da

Previdência, a iniciativa, na área da educação, pretende atender um universo de 651

mil crianças, que se acham submetidas a condições penosas de trabalho até o final

de 2001. A expectativa inicial era de que esse objetivo, no Norte e no Nordeste,

apenas se concretizasse em 2002. Portanto, haverá um ganho de um ano em

decorrência da implantação das novas medidas.

O mérito do projeto reside na integração de todas as ações governamentais

em curso na área social, ampliando sobremaneira sua capilaridade e alcance, e

propiciando um crescimento exponencial da parcela da população a ser beneficiada.

De acordo com a Secretaria de Estado de Assistência Social, percentual

expressivo do Produto Interno Bruto do País, algo em torno de 21%, é despendido

anualmente nas programações de cunho eminentemente social. No entanto, em virtude

da inexistência de uma coordenação eficiente e eficaz, os resultados obtidos ficavam

a desejar, a despeito dos esforços de todos os agentes envolvidos.

Segundo se divulgou, o enfrentamento do problema se dará prioritariamente

pela aplicação de um conjunto de medidas direcionadas para a assistência neonatal.

Subsidiariamente, serão implantadas também ações nas áreas educacional e da

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formação profissional. Assim, o IDH 14, ao todo, compreenderá seis programas na

área de educação, cinco na de meio ambiente e saneamento e três na área de saúde.

Mas ele não se esgota aí. Projeta-se muito além, com repercussão inclusive na

geração de renda, a exemplo do Programa de Desenvolvimento do Turismo —

PRODETUR e do Programa de Combate à Pobreza Rural — PRORURAL.

No tocante à educação, as providências contemplam preliminarmente a

alfabetização e a manutenção da criança na escola — haja vista o Programa

Bolsa-Escola —, para, em seguida, estenderem-se ao ensino médio, supletivo e à

formação profissional, objetivando-se, ao término, um atendimento que, ao se originar

no ensino fundamental, incorpore de forma adequada o médio.

Atualmente, prevalece o entendimento que a melhoria do nível de escolaridade

é condição sine qua non para se obter uma elevação consistente do Índice de

Desenvolvimento Humano. Os primeiros passos já foram dados. O Ministério da

Previdência registra que, em 1993, 4 milhões de crianças encontravam-se fora da

escola. Em 1998, esse número sofreu uma queda, fixando-se em 2,9 milhões, dos

quais 60% encontram-se nas regiões Norte e Nordeste.

Por oportuno, Sr. Presidente, Srs. Deputados, não poderia deixar de me referir

também à reunião ocorrida nesta terça-feira, na sede da SUDENE, no Recife, quando

representantes daquela autarquia, dos Governos do Estado e Federal e do Banco do

Nordeste discutiram estratégias para encetar ações conjuntas e complementares

entre o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil — PETI, e o Programa Nacional

de Geração de Emprego e Renda — PRONAGER.

Busca-se com isso oferecer às famílias mais pobres uma alternativa válida que

lhes faculte meios de sobrevivência independentemente da renda auferida pelo

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trabalho dos filhos menores, realizado muitas vezes em condições bastante adversas,

garantindo-lhes o direito de freqüentar a escola. Vai-se, no entanto, além. A junção

entre os programas propiciará às crianças continuidade em sua capacitação, e, ao

final do processo, lhes concederá um pequeno financiamento do Banco do Nordeste.

O PETI destina-se a retirar meninos na faixa etária de 5 a 14 anos do trabalho

pesado para matriculá-los na escola, mediante uma bolsa mensal no valor de 50 reais

na zona rural e de 25 reais nas regiões metropolitanas. O PRONAGER, por sua vez,

dedica-se a incrementar os recursos e as vocações econômicas da comunidade,

atuando junto a pessoas desempregadas ou subempregadas, no sentido de

prepará-las para novas atividades.

Pernambuco, neste ano, estará recebendo 54 milhões de reais do PETI para

bolsa-escola e ampliação de jornada. Desde o início do Governo Jarbas

Vasconcellos, já foram aplicados 56 milhões de reais. Até hoje, são 65 cidades

atendidas pelo PETI, perfazendo um total de 73 mil crianças. Espera-se, como

conseqüência das medidas adotadas, a ampliação desse contingente para 94 mil

assistidos.

Sr. Presidente, Srs.Deputados, ao tempo em que ressalto dados tão positivos,

referentes às ações no campo social, encareço o apoio das autoridades

governamentais e, em particular, do povo pernambucano, para que o trabalho

realizado continue prosperando e Pernambuco, cada vez mais, se torne um Estado

justo e igualitário.

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O SR. LUÍS EDUARDO (Bloco/PST-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, está mais do que comprovado que a

solidariedade humana é a mais nobre das virtudes que se pode conhecer na face da

terra. Principalmente quando se trata de resgatar da pobreza, da miséria e do

infortúnio populações inteiras que vivem à margem do progresso, como é o caso dos

excluídos.

Neste contexto, Sr. Presidente, o problema da criança carente cresce de

intensidade quando se sabe que a mortalidade infantil no Brasil continua a exigir do

Governo medidas objetivas e imediatas. Não só do Governo como de quem se

proponha a minimizar o sofrimento dos menos favorecidos.

Não foi sem razão que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB

iniciou e vem dando consistência a uma iniciativa tendente a combater a miséria e a

mortalidade infantil através da Pastoral da Criança.

Atuando em mais de três mil Municípios em todo o País, com um contingente de

cerca de 150 mil voluntários, 90% deles moradores dos próprios bolsões de miséria,

a Pastoral da Criança mantém programas de geração de renda que beneficiam 30 mil

famílias através da alfabetização e da saúde da mulher.

Iniciada em 1983 em Florestópolis, no norte do Paraná, onde morriam 127

crianças por mil nascidos, antes de completar um ano, o seu modelo é hoje copiado

no Paraguai, Chile, Peru, Equador, Venezuela, Bolívia, Guiné Bissau, Angola e

Moçambique. Inúmeros técnicos desses países vieram a Curitiba conhecer de perto o

extraordinário trabalho da Pastoral da Criança, que tem à frente a figura exemplar da

pediatra e sanitarista Zilda Arns Neumann. Neste trabalho, Sr.Presidente, a Pastoral

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de Criança conseguiu reduzir para até doze mortes por mil bebês nascidos,o que não

deixa de ser um dado bastante expressivo.

E foi por isso mesmo que surgiu no país nos últimos dias a idéia de se

inscrever a Pastoral da Criança entre as Entidades Filantrópicas plenamente

capacitadas a receber prêmio Nobel, o que não deixa de ser um dado bastante

expressivo.

O exemplo da sanitarista Zilda Arns engrandece todos os esforços que se tem

feito para melhorar as condições de vida dos menos afortunados. Na década de

setenta, aqui mesmo nesta Casa foi amplamente debatida, através de Comissão

Parlamentar de Inquérito,a problemática da infância e da adolescência. Após

exaustivos estudos, concluiu-se pela execução de programas governamentais com a

efetiva participação da sociedade. Mas, ao que parece, tudo não passou de

propósito.

Foi preciso que a Dra. Zilda Arns se entregasse de corpo e alma às obras da

Pastoral da Criança, que poderia muito bem servir de exemplo para o mundo, caso os

nossos governantes assim o entendessem. Registro o fato e me congratulo com os

dirigentes da CNBB por tão meritória iniciativa que tem como significado maior a

prática do bem e do amor ao próximo.

Outro assunto, Sr. Presidente. Por mais que o Governo do Sr. Fernando

Henrique Cardoso insista em demonstrar que está no rumo certo, não consegue

explicar a rejeição de 73% da população brasileira, conforme constatação de

economista da Fundação Getúlio Vargas calcada em pesquisa feita junto a classe

média, que é exatamente aquela que mais contribui e pouco recebe em contra partida.

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A inflação, esse monstro invisível que os tecnocratas dizem está adormecido,

vez por outra rosna e exibe suas garras como um sinal de alerta, escudado,

principalmente, no reajuste dos preços da gasolina, do telefone, do gás e de tantos

outros segmentos considerados essenciais ao dia-a-dia da população

economicamente ativa.

Em trabalho sério publicado na edição de 24 de julho último, no Jornal do

Brasil, sob o título “A inflação que engana o bolso “, o economista Felipe Ohana, da

Fundação Getúlio Vargas, salienta que a classe média tem sido fortemente atingida

com aumentos de tarifas de telefones, combustíveis e passagens aéreas, além de

serviços que não podem ser substituídos por outros equivalentes. E é aí que o

consumidor acaba pagando compulsoriamente.

Vai mais longe o economista Felipe Ohana quando constata que o Governo é

pródigo em gastos desnecessários e comedido em ações que estão a exigir maior

objetividade para alcançar resultados práticos.

São os chamados impostos indiretos, Sr. Presidente, que levam o brasileiro,

com salários congelados, a cortar despesas, a comer menos e com qualidade

desejável.

O consumidor paga sem poder reagir aos reajustes dos serviços sob os quais

recaem os chamados preços administrados. É verdade que há alternativa de reduzir o

consumo. Mas esta é uma saída que não dura muito tempo. A gasolina, mais cara

este mês, em média, 17%, é incorporada às despesas de cada um de nós. Para

acomodá-la na renda mensal, que por sua vez não teve qualquer aumento, o

consumidor terá que cortar outra despesa qualquer.

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Para que se tenha uma idéia da realidade, basta lembrar que uma família que

gasta 20% da renda mensal com tarifas públicas, toda vez que a gasolina ou a tarifa

telefônica aumentar 10%, ficará 2% mais pobre.

Mas o Governo sabe perfeitamente que todo aumento de preços administrado

causa mal estar e tem efeito tributário. É como se vivêssemos no País do faz de conta,

onde os técnicos do Governo exibem estatísticas fantasiosas e o povo convive com a

crueldade de quem parece não ter maiores compromissos com o futuro da nação

brasileira. Estamos diante de fenômenos climáticos incluindo geadas e outros

contratempos que vão certamente influir na próxima safra agrícola, de onde sai o

sustento da população. E a inflação, tenho certeza marcará presença.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

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O SR. JOAQUIM FRANCISCO (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em 3 de agosto de 2000, o Presidente Michel

Temer autorizou a criação de Comissão Externa, nos termos do Regimento Interno

desta Casa, para acompanhar os trabalhos de atendimento emergencial às vítimas da

última tromba d'água que se abateu sobre a Região Metropolitana do Recife e região

da Mata Sul do Estado de Pernambuco. Designado como Relator, iniciei ao lado dos

companheiros da Comissão os trabalhos da relatoria, agora concluídos e que são

transcritos abaixo, demonstrando o cumprimento da missão em prazo rápido e de

forma eficiente e objetiva.

Relatório da Comissão Externa da Câmara dos

Deputados, instituída no dia 3 de agosto de 2000, com a

finalidade de acompanhar o atendimento às vítimas das

recentes enchentes em Pernambuco.

1. INTRODUÇÃO

Em cumprimento aos objetivos para que foi instituída, a

Comissão manteve contatos diretos com as seguintes

autoridades e instituições do Estado de Pernambuco:

Governo do Estado; Prefeitura do Recife; CODECIPE —

Coordenadoria da Defesa Civil do Estado de Pernambuco;

CODECIR — Coordenadoria da Defesa Civil do Recife;

Assembléia Legislativa do Estado; Prefeituras da Região

Metropolitana e da Mata Sul.

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Desses contatos, alguns pontos consensuais foram

estabelecidos pela Comissão, entre os quais:

a) recolhimento de dados oficiais sobre medidas

emergências e de médio prazo para enfrentamento das

dificuldades pelo Governo de Pernambuco, Prefeituras e

Governo Federal;

b) ação política da Comissão e da bancada junto à

Presidência da República, para a liberação de recursos

necessários ao atendimento das populações atingidas;

c) inclusão no PLOA do subtítulo "Contenção de Encostas

na Região Metropolitana do Recife". Esse subtítulo pode

constar da ação 1845 — "Construção de Obras de Contenção

de Enchentes," constante do PPA 2000/2003;

d) diagnóstico de curto e médio prazos do ocorrido, com

base no trabalho que já está sendo realizado pelo Governo do

Estado (Secretaria de Planejamento) e Governo Federal

(Secretaria Nacional de Defesa Civil).

e)recomendação de medidas ao Governo do Estado e às

Prefeituras;

f)solicitação, ao BNDES, à Caixa Econômica Federal, ao

Banco do Nordeste e ao Banco do Brasil, da abertura, em

caráter emergencial, de linhas de crédito para médias,

pequenas e microempresas atingidas pela catástrofe. Ainda,

reivindicação junto ao BNDES de liberação de recursos de R$

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10 milhões para a Prefeitura da Cidade de Recife, já por ela

solicitados, com vistas à pavimentação de vias danificadas;

g) instituir através do Governo Federal Programa de

Bolsa Emergência, possibilitando aos atingidos pela

calamidade receber durante 90 dias 1 salário mínimo mensal.

Esta medida ajudaria a evacuação dos abrigos propiciando

maior liberdade aos desabrigados;

h) recomendar ao sistema de defesa civil a criação de

abrigos permanentes em área de risco, evitando-se ocupação

de Escolas;

i) recomendar ao Governo Federal e Estadual a

elaboração urgente de Programa de Regularização de Rios da

Mata Sul do Estado de Pernambuco.

Também foi consensual a percepção de que o trabalho

da Comissão é essencialmente político, atuando como

articuladora dos vários níveis de governo, não devendo

interferir nas competências dos Executivos.

Por outro lado, ficou estabelecido que, até pela sua

composição pluripartidária, a Comissão atuará de forma

desvinculada de interesses partidários e distante das questões

eleitorais.

2. O QUADRO DA SITUAÇÃO

Com base nas informações colhidas e na verificação in

loco das ocorrências, a Comissão pôde apurar haver chovido,

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no período de 72 horas, entre os dias 30/7 e 1/8, na Região

Metropolitana do Recife, cerca de 440mm, o que corresponde

ao dobro da média histórica do mês de julho.

Entre os 14 Municípios que compõem essa Região, os

mais atingidos, além da capital, foram os de Jaboatão dos

Guararapes e Olinda, justamente os de maior densidade

populacional, além de outros como Barreiros, Palmares, Rio

Formoso, conforme se pode observar das informações em

anexo, págs. 9 a 12.

De outra parte, pelo menos 27 outros Municípios,

situados na Zona da Mata Sul do Estado, também sofreram

conseqüências altamente danosas, no mesmo período,

gerando um quadro de milhares de desabrigados, ameaças de

surtos de epidemias, carências alimentares, interrupção das

atividades econômicas e, ainda mais grave, vários óbitos,

acidentes graves, em cenários dramáticos de fome e miséria.

Estima-se em, pelo menos, 50 mortes, 5 centenas de

acidentados e 50 mil desabrigados o conjunto geral da

tragédia, até o momento, como se pode constatar dos dados

constantes do material anexo, págs. 1 a 7.

3. PROVIDÊNCIAS IMPLEMENTADAS

Desde que se instalou o quadro de calamidade no

Estado, vêm sendo implementadas, tanto pelo Governo do

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Estado quanto pelas Prefeituras dos Municípios atingidos,

várias ações emergenciais.

É de se enfatizar que muitas dessas medidas já vinham

sendo adotadas, tanto em caráter de urgência como em caráter

de prevenção, por conta da perspectiva do rigoroso inverno

que se prenunciava, à luz de informações dos serviços de

meteorologia.

Mercê dessas providências, pode-se se afirmar que a

tragédia assumiu proporções bem inferiores às registradas em

ocorrências iguais observadas no passado. Isso,

evidentemente, não significa tenham elas sido suficientes para

impedir ou amenizar, de forma mais efetiva, os trágicos efeitos

da enxurrada, o que se deve, em grande parte, à carência de

meios materiais, técnicos e financeiros por parte do Governo

do Estado e das Prefeituras.

Entre tais ações, destacam-se as seguintes:

- obras de contenção de morros e encostas;

- intensificação dos estudos sobre o ecossistema

estadual;

- pavimentação de ruas, galerias, bem como a construção

de obras de escoamento e de acesso às áreas mais elevadas,

particularmente as que formam o cinturão de morros da cidade

do Recife e de outros espaços urbanos próximos à capital;

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- construção de novos canais e comportas nas áreas

tradicionalmente atingidas pelas inundações, em particular nos

períodos de marés altas.;

- simultaneamente, outras atividades, tais como

assistência médica, fornecimento de cestas básicas e de

vestuário, também já vinham sendo postas em prática, mesmo

assim, dada a insuficiência de recursos antes mencionada,

desproporcionais à dimensão das necessidades sociais, cada

vez mais agravadas pelo processo migratório em direção aos

centros urbanos e, especialmente, à Região Metropolitana.

4. AÇÕES AINDA NECESSÁRIAS

Além da aceleração e aprofundamento das atividades

que já vinham sendo desenvolvidas, tanto as de caráter

emergencial quanto preventivo, fazem-se imprescindíveis e

urgentes muitas outras providências, algumas já mencionadas

no item 1 deste relatório, abrangendo os vários níveis de

Governo:

- prorrogação do pagamento de tributos, com base na

decretação do estado de calamidade;

- concessão, pelo Governo da União, de empréstimos

especiais a médias, pequenas e microempresas;

- fornecimento de material de construção civil, para a

recuperação das edificações danificadas e/ou destruídas;

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- ampliação do fornecimento de medicamentos e

vestuário;

- melhoria tecnológica e dos recursos humanos para os

serviços de meteorologia, no sentido de aumentar-lhes a

eficiência;

- atualização e aprofundamento dos estudos já efetuados

sobre a questão climática no Estado;

- construção de moradia para os habitantes das áreas de

risco;

- agilização e ampliação das obras de escoamento de

águas pluviais, especialmente canais e galerias;

- arborização dos morros e encostas do cinturão que

contorna a cidade do Recife e áreas urbanas de sua

vizinhança;

- aceleração e ampliação das obras de pavimentação de

vias urbanas e estradas vicinais;

- deslocamento de populações das áreas que,

historicamente, apresentam maior vulnerabilidade aos efeitos

das chuvas, para espaços que ofereçam menores riscos,

independentemente das fronteiras municipais;

- maior divulgação dos meios de planejamento familiar,

em especial junto às populações mais carentes e, como tal,

menos informadas sobre essa questão.

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Evidentemente, as medidas aqui apresentadas abrangem

curto, médio e longo prazos, bem como todas as instâncias de

governo.

5. A REIVINDICAÇÃO JUNTO AO GOVERNO

FEDERAL

Ao longo deste relatório, já foram listadas várias

iniciativas, da alçada do Governo Federal, as quais, no juízo

desta Comissão Externa, são indispensáveis diante da

situação vivida, neste momento, pelo povo pernambucano.

Mesmo assim, para efeito de maior objetividade e concretude,

a Comissão avaliza a reivindicação do Governo do Estado, no

sentido da liberação imediata, inclusive por via de medida

provisória, da verba de R$ 128.500.000,00 (cento e vinte e oito

milhões e quinhentos mil reais).

Evidentemente, esse montante se vincula ao quadro

como ele se apresenta até o momento, podendo haver

necessidade de ampliação desse volume de recursos, caso a

situação venha a sofrer maior agravamento.

Este, o nosso parecer.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

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V - ORDEM DO DIA

PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - A lista de presença registra o

comparecimento de 298 Srs. Deputados.

Passa-se à Ordem do Dia.

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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, há sobre a mesa matéria cuja votação poderíamos antecipar.

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O SR. TILDEN SANTIAGO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. TILDEN SANTIAGO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, tenho dois registros a fazer. O primeiro é uma congratulação que quero

prestar aos Srs. Deputados pelo que se passou ontem neste Plenário. Aquilo que

deveria ser o essencial na vida de um Parlamento, o debate político, quando acontece

deixa todos surpresos. Quando o debate político é travado neste cenário, a surpresa é

geral. Não entendo o porquê da surpresa. Houve um tempo em que os partidos

políticos atuavam num debate intensivo nesta Casa. Vejo, pois, o que ocorreu ontem

como exemplo a ser seguido.

Uma segunda comunicação, Sr. Presidente: ontem, a Subcomissão do Senado

que analisa as negociatas realizadas em torno do TRT de São Paulo resolveu

convidar o Sr. Governador de Minas Gerais, Dr. Itamar Franco, para vir depor em

Brasília. Ontem à noite S.Exa. comunicou que aceita o convite e virá a esta Capital.

Esperamos apenas que o Sr. Presidente da República aceite o repto e também

compareça, para travar um debate democrático em torno dos acontecimentos do TRT.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. SEVERINO CAVALCANTI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SEVERINO CAVALCANTI (PPB-PE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o mundo inteiro está investindo na

produção do álcool como a grande fonte energética deste novo milênio. Lideranças

responsáveis de todo o Nordeste empenham-se agora em dar ênfase à retomada da

produção desse combustível no Nordeste, notadamente no Estado de Pernambuco.

Todos reconhecemos os erros cometidos no passado pela política

governamental de proteção ao setor sucroalcooleiro, que desestimulou a

produtividade. O Governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcellos, recentemente

falou-nos de alguns equívocos dessa política que desestimulou a produtividade: os

subsídios foram alocados de forma errônea e encobriram ou retardaram mudanças

que permitissem ao açúcar e ao álcool nordestinos se tornarem competitivos nos

mercados nacional e internacional.

"Enquanto os subsídios à agricultura pagos pela comunidade econômica

européia mais recentemente, ou pelos países europeus isoladamente, ao longo do

tempo, são norteados por critérios sociais e não de mercado, como forma

absolutamente necessária de manter um razoável nível de emprego e renda no campo,

no Brasil, no que se refere à cana-de-açúcar, o subsídio só levou em conta o mercado,

deixando ao longo de centenas de anos que o problema social se agravasse",

ponderou-nos o Governador do meu Estado. Com isso, não havendo nenhuma

exigência quanto à melhora das relações sociais no campo via subsídios, também não

cuidou o Governo Federal de garantir pelo menos que os recursos despendidos para

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esse fim fossem convertidos para a melhora do componente econômico que envolve a

questão.

Hoje, o que se observa é que a baixa produtividade das áreas plantadas e,

quanto a parcela ponderável dos produtores, a falta de uma gestão empresarial

moderna e eficiente, bem como a carência de investimentos na modernização de

algumas unidades e de desenvolvimento de novas variedades de cana

ecologicamente adaptadas e produtivas, impediram o dinamismo do setor no

Nordeste, perdendo a região em competitividade para a produção geometricamente

crescente no Sul do País.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil e o Nordeste exigem uma

política séria para o álcool combustível. Animou-nos a criação, pelo Governo Federal,

do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool, mas nossa alegria durou pouco:

esse Conselho, tendo como membros oito Ministros, tem dificuldades para se reunir e,

com isso, as decisões estão sendo postergadas.

A situação piorou com a criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que

excluiu o álcool como combustível.

Precisamos urgentemente investir numa política de estímulo ao consumo e à

produção do álcool combustível, criar uma Agência Nacional de Combustíveis

Renováveis e regulamentar o Conselho Nacional de Política Energética, que

determinará a participação do álcool na matriz energética do País.

Sr. Presidente, não é possível que o Governo continue ignorando a

necessidade premente do Nordeste de proteger a produção do álcool. O álcool é

fundamental para nossa economia. Não podemos silenciar diante de ações do

Governo que venham a prejudicar o Nordeste e o Centro-Sul. No momento em que se

estimular a produção do álcool, estaremos fortalecendo a economia do País.

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O Sr. Michel Temer, Presidente, deixa a cadeira da

presidência, que é ocupada pelo Sr. Ubiratan Aguiar, 1º

Secretário.

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O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Há sobre a mesa requerimento do Sr.

Deputado Gilmar Machado de instituição de Comissão Externa destinada a

acompanhar a realização das oito audiências preparatórias da I Conferência Mundial

de Combate ao Racismo, Xenofobia e Intolerâncias correlatas, a realizar-se em

agosto de 2001, na África do Sul.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

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O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Em votação o requerimento.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Os Srs. Deputados que estiverem de

acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADO.

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O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Item 1 da Pauta.

Projeto de Lei nº 4.434-B, de 1998 (do Sr. Luiz Carlos

Hauly).

Discussão, em turno único, do Projeto de Lei nº 4.434-A,

de 1998, que altera dispositivos da Lei nº 9.317, de 1996, que

institui o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e

Contribuições das Microempresas e das Empresas de

Pequeno Porte — SIMPLES; tendo pareceres das Comissões:

de Economia, Indústria e Comércio, pela aprovação, deste e

dos de nºs 4.846/98, 12/99, 381/99, 580/99, 1.425/99,

apensados, com substitutivo, e contrário aos Projetos de Lei

nºs: 1.668/99 e 1.732/99, apensados (Relator: Sr. Emerson

Kapaz); de Finanças e Tributação, pela compatibilidade e pela

adequação financeira e orçamentária deste e dos de nºs

4.846/98, 12/99, 381/99, 580/99, 661/99, 1.425/99, 1.668/99 e

1.732/99, apensados, e do Substitutivo da Comissão de

Economia, Indústria e Comércio, no mérito, pela rejeição dos

Projetos de Lei nºs 1.668/99 e 1.732/99, apensados, e pela

aprovação deste, do Substitutivo da Comissão de Economia e

Indústria e Comércio e dos Projetos de Lei nº 4.846/98, 12/99,

381/99, 580/99, 661/99 e 1.425/99, apensados, com

Substitutivo. O Deputado Manoel Castro apresentou

declaração de voto (Relator: Sr. Sílvio Torres). Pendente de

Parecer da Comissão de Constituição e Justiça e de Redação.

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O SR. SILVIO TORRES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SILVIO TORRES (Bloco/PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, quero pedir a V.Exa. mais algum tempo. Nós estamos

tentando um acordo com os demais partidos em torno do projeto de lei.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Vou ouvir o parecer ao projeto e logo

em seguida abrirei a discussão da matéria. Enquanto ocorre a discussão, tentaremos

viabilizar esses acordos.

O SR. SILVIO TORRES - Não sei se há Parlamentar inscrito para discutir.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Há vários Parlamentares inscritos

para discutir a matéria.

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O SR. PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAUDERNEY AVELINO (PFL-AM. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, entendemos que está havendo uma controvérsia em torno

dessa matéria. Somos favoráveis a que se reduza o número de tributos em nosso

País, pois é muito elevado. Queremos efetivamente uma reforma tributária em nosso

País; queremos melhorar a qualidade dos nossos tributos. Somos favoráveis à

instituição do SIMPLES. Proponho aos ilustres companheiros e Líderes partidários

que discutamos essa matéria, a fim de trazê-la madura na semana do dia 23, quando

todos estaremos presentes para votá-la.

Entendo que há controvérsia por parte do Governo e inclusive dos partidos da

Oposição. Seria melhor se esclarecêssemos a matéria antes. Teríamos uma semana

para isso.

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O SR. SÉRGIO MIRANDA - Sr. Presidente, peço a palavra ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SÉRGIO MIRANDA (Bloco/PCdoB-MG. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, o Bloco PSB/PCdoB apóia a sugestão do Deputado

Pauderney Avelino.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Não há requerimento nesse sentido

sobre a mesa.

O SR. SÉRGIO MIRANDA - S.Exa. vai apresentar o requerimento.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Se apresentar, vou colocá-lo em

votação.

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O SR. WALFRIDO MARES GUIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALFRIDO MARES GUIA (Bloco/PTB-MG. Pela ordem. Sem revisão

do orador.) - Sr. Presidente, a respeito das palavras do ilustre Deputado Pauderney

Avelino, estamos negociando há meses essa questão e chegamos praticamente a um

acordo, mas há uma firula jurídica. Praticamente todas as pequenas pré-escolas do

Brasil, aquelas que funcionam em casas, e são milhares, têm também as primeiras

séries do ensino fundamental. Não estão, no seu contrato social, organizadas como

pré-escola, mas como escola. O fator limitativo do SIMPLES 2 é o faturamento, não é

o nome, e o faturamento máximo é 100 mil reais por mês. Elas vão pagar quase 13%

sobre o faturamento, na conjugação de todos os impostos — que seriam a COFINS, o

PIS e o INSS.

Estamos aumentando em 50% a alíquota do SIMPLES 1, mas, quando saímos

daqui e vemos a realidade das milhares de pequenininhas pré-escolas e escolas do

Brasil, que têm menos de 250, 200 alunos, com oito, nove, dez turmas, funcionando

quase como uma empresa familiar, verificamos que não se distingue a pré-escola da

escola. Então, não há razão para esse óbice à votação; não procede que seja adiada

para o dia 23. Estamos prontos para votar hoje, porque todos os partidos, não apenas

alguns, estão discutindo o assunto há meses. Portanto, temos toda a maturidade para

votar, toda a consciência de que estamos fazendo o que é correto,

independentemente de a Receita Federal e o INSS ainda não terem levado a matéria

para o Governo — e não somos nós que vamos fazê-lo por eles.

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Esperamos que o bom senso impere, porque vamos garantir a formalização de

milhões de empregos, quando temos 39 milhões de trabalhadores sem carteira

assinada, 6 milhões sem emprego e apenas 25 milhões com carteira assinada.

Estaremos estendendo a mão ao pequeno. Temos pré-escolas e creches que pagam

todos os impostos e ao lado delas botequins que nada pagam. Com isso, há uma

inversão do objetivo social. Deveríamos estar apoiando quem mais precisa.

Já temos toda a consciência para votarmos. Portanto, peço ao Deputado

Pauderney Avelino que reveja seu ponto de vista, porque já discutimos isso. Seu

partido está representado, no grupo, pelo ilustre Deputado Manoel Castro, que está

acompanhando o assunto passo a passo, assim como o Deputado José Pimentel,

pelo PT, e tantos outros. Então, é o momento de encararmos a realidade e ajudarmos

essas pequenas organizações sociais, sejam creches, sejam pré-escolas, sejam as

pequenas casas de saúde, para que não fiquem na informalidade.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. AUGUSTO NARDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. AUGUSTO NARDES (PPB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, para complementar, gostaria de dizer que o País tem hoje 2 milhões e

800 mil empresas enquadradas no SIMPLES 1, aprovado por esta Casa. Foi uma

grande injustiça deixar fora os prestadores de serviços. Temos participado desta

negociação já há quatro anos. Esta Casa criou o SIMPLES numa negociação com o

Governo. Portanto, debatemos por muito tempo.

Sr. Presidente, temos hoje 39 milhões de trabalhadores informalizados, isto é,

sem carteira de trabalho assinada. Quem vai — esta é a questão que quero dirigir às

Lideranças do Governo e de todos os partidos presentes — assumir o custo desses

39 milhões de brasileiros, hoje sem carteira assinada porque o empregador não

consegue pagar esses tributos extremamente pesados?

Entendemos que poderíamos votar o texto do Relator hoje, já acordado entre

vários partidos e apresentado de forma brilhante pelo Deputado Silvio Torres, de

forma enxuta, incluindo os segmentos mais importantes. Já tivemos várias reuniões

com o Ministro da Previdência. No ano retrasado, negociamos a ampliação até 1

milhão e 200 mil, ou seja, 100 mil por mês, para que mais empresas pudessem adotar

o SIMPLES. Estamos trabalhando nisso há muito tempo. Seria uma grande injustiça o

adiamento da votação, até mesmo para com as pessoas que vieram de todos os

pontos do Brasil para assisti-la.

O Líder do Governo, o Deputado Arnaldo Madeira, aqui presente, assumiu o

compromisso de não obstruir a votação. Assumiu inclusive o compromisso de que o

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projeto seria votado nesta semana. Poderia haver posição contrária, mas a matéria

seria votada hoje. Portanto, não vamos criar uma frustração, até porque essa matéria

vai para o Senado Federal e ainda poderão ser negociadas alterações.

Faço um apelo no sentido de que haja a votação hoje, até diante do

compromisso, assumido pelo Líder Arnaldo Madeira, de que não haveria obstrução.

Também o PT acordou que facilitaria a discussão e a votação dessa matéria. O Líder

Inocêncio Oliveira igualmente manifestou-se nesse sentido. Ontem o Presidente da

Casa, Deputado Michel Temer, perante todo o Plenário, disse que a matéria seria

votada hoje. Estamos tentando costurar um acordo final.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - O apelo de V.Exa. será atendido.

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O SR. MANOEL CASTRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MANOEL CASTRO (PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero dar um testemunho aqui. Esse projeto foi discutido amplamente na

Comissão de Finanças e Tributação e na Comissão de Educação. Tivemos duas

audiências públicas, uma isoladamente, nessas Comissões, e outra conjunta. Quero

alertar o Líder do Governo, o Vice-Líder do meu partido, Deputado Pauderney Avelino,

representando o Líder, e também a bancada do PT, o Líder Aloizio Mercadante e o

Vice-Líder Walter Pinheiro, para o fato de que a proposta que hoje o PT traz, de

exclusividade, de se restringir o SIMPLES 2 à área de educação, foi objeto da minha

declaração de voto. V.Exa. leu o relatório, explicando que o projeto foi aprovado na

Comissão de Finanças e Tributação. Está lá a declaração de voto formal.

Então, chegamos à proposição que havíamos defendido, e que defendemos

porque conhecemos bastante a situação da Previdência — sou um Parlamentar

familiarizado com ela. E concordo com a política do Governo, a política do Ministério,

mas acho que temos de abrir uma exceção, no caso da educação, pelas razões aqui

expostas.

O texto aprovado pelo Relator, o nobre Deputado Silvio Torres, possui algumas

imperfeições jurídicas e de técnica legislativa. Por exemplo, quando se refere às

casas de saúde, S.Exa. utiliza uma terminologia inadequada. Falamos em pré-escola,

na linguagem rotineira, mas, juridicamente, essa figura não existe formalmente. E

S.Exa. — um homem da área da educação — sabe disso perfeitamente.

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Evidentemente, o termo "escola" está limitado pelos valores da receita de cada uma

dessas unidades.

Do meu ponto de vista, esse projeto está em condições de ser votado com

algumas alterações, restringindo-se à área de educação e contemplando a creche e a

escola, limitadas pelos valores da receita.

Eram estas as minhas considerações.

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O SR. ARNALDO MADEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO MADEIRA (Bloco/PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, foi mencionado anteriormente o

compromisso assumido no mês de junho. Ao conversar com os Deputados que estão

tratando diretamente desse projeto de lei, solicitei a retirada de pauta desse projeto

naquele mês, dizendo que não criaria obstáculos a que esse projeto entrasse na pauta

de agosto. Entretanto, não assumi compromisso algum quanto à votação nem quanto

ao mérito do projeto. Essa é a primeira observação que faço. O compromisso foi

simplesmente o de não criar obstáculos para que a matéria entrasse na pauta do mês

de agosto.

Dito isso, Sr. Presidente, quero, inclusive, diante do pronunciamento do

Deputado Walfrido Mares Guia, deixar muito claro o seguinte: há uma posição da

Receita Federal claramente favorável ao projeto, que propicia um aumento de receita,

como já se verificou quando da criação do SIMPLES 1. Agora estamos falando aqui

sobre Previdência e, portanto, quero apresentar aqui alguns argumentos. Fizemos

uma reforma da Previdência em que estabelecemos alguns princípios básicos a

serem observados universalmente em relação ao sistema de Previdência. E quais são

esses princípios? Vou referir-me aos dois principais: primeiro, o de que o futuro

benefício social seja coberto por contribuições durante a vida laboral; segundo, o de

que o sistema preserve o equilíbrio financeiro e atuarial.

Muito bem, quando criamos o SIMPLES 1, de certa forma já violentamos esse

princípio. E os dados que estão sendo preparados para o Orçamento do ano que vem

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já mostram que o atual SIMPLES trará como conseqüência, para o ano que vem, uma

renúncia de arrecadação previdenciária da ordem de 2,5 bilhões de reais, enquanto a

renúncia global da Previdência para o ano que vem é de 8,2 bilhões de reais.

Portanto, estamos falando sobre uma renúncia de arrecadação da Previdência, em

razão da criação do SIMPLES 1, da ordem de um quarto do total.

A previsão, com esse projeto, na forma em que foi apresentado — esse foi

inclusive um número mencionado pelo Deputado Walfrido Mares Guia —, é de uma

renúncia da ordem de 150 milhões de reais. Ora, qual é o impasse que temos aqui?

Estabelecemos, com a Emenda nº 20, princípios de sistema previdenciário, repito, em

que o benefício seria correspondente à contribuição na vida laboral. Depois, votamos

uma lei de responsabilidade fiscal que trabalha no sentido da separação das contas,

ou seja, no sentido de serem as contas da Previdência claramente separadas das

contas das receitas gerais do Orçamento Geral da União. E, terceiro, votamos uma lei

estabelecendo um fator previdenciário, caminhando para a conta individualizada,

estipulando claramente que quem contribuiu tem direito ao benefício e que há uma

relação entre o tempo de sobrevida e a contribuição dada. Portanto, o valor do

benefício está diretamente relacionado à contribuição e à expectativa de vida da

pessoa quando se aposenta.

Ora, à medida que estamos aqui acrescendo um segmento com isenção

previdenciária ou com renúncia previdenciária, estamos aumentando o déficit futuro da

Previdência. Portanto, deixamos muito claro que quem vai pagar essa conta depois é

a sociedade, ou seja, precisaremos de transferências de recursos orçamentários para

cobrir mais um buraco na Previdência, cujo déficit para o ano que vem está previsto

em 11 bilhões de reais, sendo que quase 20%, cerca de 2 bilhões de reais, são

decorrentes do SIMPLES, na forma atual.

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Sr. Presidente, essas são as minhas considerações, mostrando claramente

que o Governo, na área previdenciária, não tem compromisso algum com esse

projeto, pelo fato de que ele agrava o déficit da Previdência.

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, eu tenho participado, juntamente com muitos membros desta Casa, de

reuniões onde buscamos viabilizar o que chamamos de SIMPLES 2. Acredito que a

primeira experiência do SIMPLES foi uma grande e vitoriosa iniciativa para o País em

termos de geração de emprego e renda. Há sobretudo o sentimento mundial — desde

que o desemprego hoje não é problema exclusivamente do País, pois acomete todos

os países do mundo — de que a grande empresa, pela sua tecnologia, pela

robotização, pelos avanços tecnológicos, gera poucos empregos. Quem gera

emprego mesmo são a pequena e a microempresa, e a informalização da economia é

uma realidade.

Portanto, a formalização da economia, que se dá através de determinados

instrumentos, é condição fundamental para que o País possa retomar seu surto de

crescimento, sobretudo em setores importantes, como o das pequenas e

microempresas e o do auto-emprego — porque se trata aí também do auto-emprego,

que vai ser considerado, e ainda de determinados assuntos que são específicos e

relevantes.

Se o Brasil quer — e isso todos nós desejamos — que até 2005 todas as

nossas crianças estejam na escola, devemos fornecer estímulos para esse setor.

Quero louvar aqui, pela posição que tem tomado, o Deputado Pauderney

Avelino, meu 1º Vice-Líder, que é muito ligado a mim, mas não sabia dos

entendimentos que eu havia mantido anteriormente com aqueles que fazem parte da

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Comissão, como os Deputados Augusto Nardes, Walfrido Mares Guia e Manoel

Castro, a quem cumprimento pela brilhante exposição. Quero dizer que o Partido da

Frente Liberal concorda com a inclusão das creches e escolas, mas devemos excluir o

restante.

Sr. Presidente, V.Exa., que é um educador e portanto se interessa pelos

assuntos da educação, e tem-se destacado nesse campo, na atuação parlamentar

nesta Casa, sabe que somente no seu Estado, o Ceará, 1.600 pequenas escolas

foram fechadas. Não vamos dar estímulo a grandes escolas, que até desejam

transformar-se em grandes empresas. Não! Queremos estimular aquela pequena

escola de cunho social, pois o limite é dado pela própria lei: o SIMPLES é para

empresas que faturam até 100 mil reais. E a quantidade de empregos que geram, Sr.

Presidente?

O Partido da Frente Liberal concorda plenamente com o projeto. Esse assunto

não pode mais ser adiado. Temos de votar em favor das creches e escolas, por isso

estamos defendendo o SIMPLES 2. Acreditamos que esse é um dos caminhos que o

Brasil deve buscar para a geração de renda e emprego.

O PFL encaminha o voto "sim".

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O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Concedo a palavra, pela ordem, ao

nobre Deputado Silvio Torres.

O SR. SILVIO TORRES (Bloco/PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, não teria muitos argumentos a acrescentar àqueles que

foram aqui explicitados pelos Deputados Augusto Nardes, Manoel Castro e Walfrido

Mares Guia, que acompanharam muito de perto o andamento dos projetos de lei que

dizem respeito à alternativa de adesão ao SIMPLES para categorias de empresas

atualmente sem essa possibilidade. Quero também agradecer ao Deputado Inocêncio

Oliveira o apoio, pois desde ontem S.Exa. se havia comprometido conosco. Mas, Sr.

Presidente, o primeiro objetivo desse projeto e de tantos outros que têm circulado

nesta Casa desde 1997 é cumprir a determinação constitucional de que todas as

pequenas e microempresas, independentemente de suas categorias, devem receber

tratamento privilegiado na área administrativa, jurídica e tributária.

O SIMPLES foi um grande avanço — aliás, o único avanço em termos de

reforma tributária nos últimos anos —, mas, de modo injusto, deixou de fora várias

categorias de empresas. São empresas que vêm contribuindo para o

desenvolvimento deste País em todos os setores de serviços, e podemos citar as

áreas de educação e de saúde, entre outras. Pois o primeiro objetivo desse projeto é

exatamente esse.

Sr. Presidente, independentemente do que estejamos votando hoje, existem

milhares de empresas que já recolhem com o SIMPLES porque conseguiram liminar

nesse sentido junto à Justiça, à qual recorreram com base exatamente no dispositivo

constitucional. Assim, em primeiro lugar, ao votar esse projeto, estaríamos fazendo

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justiça às empresas que estão fora do SIMPLES e trazendo para uma contribuição

maior as empresas que estão recolhendo com o SIMPLES 1 e passariam a recolher

com o SIMPLES 2.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, tenho em mãos informe da Previdência

Social, datado de 20 de outubro de 1999, que diz o seguinte:

Passados quase três anos de sua instituição, o SIMPLES

está fazendo o seu papel: facilitar o cumprimento tributário das

pequenas e microempresas e retirá-las da ilegalidade. O

imposto foi instituído em janeiro de 1997 para reduzir a carga

tributária daquelas empresas e tornar o seu cumprimento mais

simples. A medida não significaria perda de receita para a

Previdência Social, como de fato não aconteceu.

Os dados levantados pelos técnicos do Ministério da

Previdência e Assistência Social mostram que os valores totais

arrecadados nos anos de 1997 e 1998 são rigorosamente

idênticos aqueles arrecadados em 1996 por 1 milhão, 228 mil

empresas, classificadas como pequenas e microempresas. O

secretário-executivo da Previdência Social, José Cechin,

afirma que "não houve perdas no agregado" e aponta o

equívoco de quem sustenta que houve queda na arrecadação

previdenciária.

Portanto, é o Ministério da Previdência e Assistência Social que está dizendo,

por intermédio de seu Secretário-Executivo, que não há perda para a Previdência

Social.

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Foi lembrado aqui que existem milhões de brasileiros na informalidade. São

pessoas que não têm sequer uma carteira de trabalho para apresentarem-se como

cidadãos, ou seja, que não têm acesso a quase nenhum dos benefícios de que a

sociedade de um modo geral desfruta. São essas pessoas que lutam por uma

alternativa, uma possibilidade de inserção por meio das pequenas e microempresas,

que são responsáveis por 65% dos empregos neste País.

Teria ainda milhares de argumentos para continuar durante toda tarde falando

da importância da votação desse projeto. No momento, faço questão de deixar um

argumento final. Acabamos de adiar, senão sepultar — espero que seja só um

adiamento —, uma reforma tributária que é o anseio de toda a área produtiva deste

País, desta Casa e de V.Exa.

O último projeto de lei que veio do Governo Federal para esta Casa prevê,

entre outras coisas, que continuarão os incentivos às empresas beneficiadas pela

guerra fiscal por 15 anos, que a Zona Franca de Manaus continuará a dar incentivos e

benefícios para as empresas lá instaladas até 2023, e que dentro de dois anos a

cumulatividade das contribuições, que sobrecarrega as empresas, será extinta,

fazendo-se assim, portanto, uma renúncia fiscal. Apenas isso, Sr. Presidente, o projeto

de lei do Governo prevê.

Nós estamos aqui discutindo a aplicação de 150 milhões de reais, que

beneficiariam milhões de pessoas neste País, e no entanto as pessoas esquecem que

do outro lado há esse tipo de proposta.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Deputado Silvio Torres, por favor,

conclua, para verificarmos se há acordo.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

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O SR. SILVIO TORRES - Quero, então, lembrar ao nobre Líder, Deputado

Pauderney Avelino, que nós precisamos ter referências sobre o que acontece no

nosso País e sobre o que votamos aqui.

Sr. Presidente, por fim, apelo para todos os Líderes no sentido de que votemos

os termos de um acordo que, eu acho, atende a todos nós, e diz respeito às creches e

escolas, a fim de podermos, de uma vez por todas, resolver esse problema aqui na

Câmara dos Deputados.

O Sr. Ubiratan Aguiar, 1º Secretário, deixa a cadeira, que

é ocupada pelo Sr. Michel Temer, Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Quero ouvir dos Srs. Líderes se há

acordo ou não.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, acho que a discussão sobre estender-se o SIMPLES a outros setores

deve ser feita com critério, aprofundamento e inclusive definição de procedimentos. O

projeto apresentado elenca setores sem qualquer tipo de critério, e, nesta

oportunidade, isso é absolutamente inaceitável. Podemos discutir em outro momento.

Hoje, não há possibilidade.

O Partido dos Trabalhadores reconhece que na Constituição é estabelecido o

atendimento de creche e pré-escola às crianças de até 6 anos de idade. Mas o

Municípios, que têm essa responsabilidade — e sabemos que são 6 mil Municípios no

Brasil —, não têm recursos hoje para assegurar esse direito constitucional.

O que o Congresso deve fazer? Para o ensino fundamental, aquele que não

pode pagar uma escola particular tem direito à escola pública. É um direito universal.

Todo cidadão tem direito a uma vaga. Esta é uma luta pelo ensino público de

qualidade, por mudanças na estrutura pedagógica, no sentido de avançar nessa

direção. Inclusive queremos estender esse direito à creche e à pré-escola. Essa

deveria ser a prioridade número um deste País. Temos um projeto do FUNDEF para

viabilizar essa proposta, que discutiremos em outra oportunidade.

Hoje, a única possibilidade de votarmos o projeto é limitar-se ele à creche e à

pré-escola, porque os Municípios não têm recursos, e estaríamos simplificando o

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procedimento fiscal dessas pequenas empresas que atuam nesse segmento

específico provendo um serviço que o Estado deveria prover.

Se for para a creche e a pré-escola, o texto deveria ser este:

O disposto no inciso XIII não se aplica às creches e

pré-escolas quando constituídas legalmente e autorizadas a

funcionar pelo órgão público ou entidade competente,

conforme o caso.

Quer dizer, nessa configuração, podemos votar por consenso e aprovar a

matéria. Fora disso, Sr. Presidente, será preciso que os Deputados sustentem suas

posições aqui no voto nominal, porque vamos abrir o debate. Há uma divergência, o

que é inerente à democracia. Hoje, se pedirmos verificação de quorum, a sessão vai

cair. Como não queremos prejudicar as escolas e as pré-escolas, vamos votar a

matéria hoje. Assumimos com o Relator o compromisso de voltar a discutir o projeto

no dia 23, ou em outra oportunidade, para os outros setores, porque tem de haver um

estudo prévio da Previdência Social.

Às vezes, não entendo algumas intervenções de partidos do Governo. Na hora

de votar o salário mínimo, não há dinheiro na Previdência além de 50 centavos. Dizem

que não há recursos para pagar aos 19 milhões de aposentados que não têm outra

fonte de renda, mas na hora de dar incentivo a empresas podemos ser generosos.

O Congresso não pode ter duas medidas. Se há uma crise previdenciária,

vamos equacioná-la, para poder recuperar os benefícios e estendê-los à base. Vamos

repensar todo o sistema previdenciário e contemplar a todos. Mas, se não há uma

crise previdenciária, podemos aumentar o salário mínimo. O que não é possível é usar

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

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um discurso para os que nada têm e outro para os que têm um pouco. Sr. Presidente,

gostaria que mantivéssemos uma certa coerência. Isso é fundamental nesta Casa.

Neste momento, esse é o único segmento para o qual a medida se justifica,

porque o povo não tem acesso a esse serviço, que é fundamental. As mulheres não

podem trabalhar porque não conseguem pôr os filhos na creche ou na pré-escola.

Essas instituições são fundamentais para a formação da criança e do jovem. Por isso,

que se dê incentivo a essas pequenas empresas, que estão provendo

temporariamente aquilo que o Estado deveria assegurar.

Portanto, se se restringir à creche e à pré-escola, o PT vota agora o projeto.

Senão, não o votaremos hoje.

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600

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Há acordo em torno disso? Quero que

os Srs. Líderes se manifestem sobre o assunto. O Relator está de acordo?

O SR. SILVIO TORRES (Bloco/PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Não, Sr.

Presidente, não estou de acordo.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Então, a matéria está retirada da pauta,

de ofício.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

601

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Item 2 da pauta:

Projeto de Lei nº 3.468-D, de 1997, do Deputado Ubiratan

Aguiar.

Discussão, em turno único, das emendas do Senado

Federal ao Projeto de Lei nº 3.468-D, de 1997, que "altera o

inciso VIII do art. 5º e acrescenta parágrafo ao art. 6º da Lei nº

8.313, de 23 de dezembro de 1991, que institui o Programa

Nacional de Apoio à Cultura — PRONAC". Pendente de

pareceres da Comissões de Educação, Cultura e Desporto; de

Finanças e Tributação; de Constituição e Justiça e de

Redação.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

602

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Há acordo em torno desse projeto,

Deputado Ubiratan? (Pausa.)

Há acordo? Pois não, vamos aos pareceres, então.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 142.2.51.O Tipo Sessão: Extraordinária - CDData: 10/08/2000 Montagem: Miranda

603

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Deputado Walter

Pinheiro, para oferecer parecer às emendas apresentadas ao projeto, em substituição

à Comissão de Educação, Cultura e Desporto.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Para emitir parecer. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, o Projeto de Lei nº 3.468, de 1997, ora em debate, matéria

da lavra do Deputado Ubiratan Aguiar, trata do incentivo à cultura e é de suma

importância.

O Deputado Ubiratan Aguiar tem pautado sua atuação nesta Casa na árdua

defesa da educação. Esse apoio à cultura por diversas vezes tem sido utilizado mais

com intenção eleitoreira, ou com foco nas relações com os Governos de Estados. O

que pretende o autor é instituir um programa nacional que trate dessa matéria com a

devida responsabilidade e ajuste essa questão do cenário da cultura do País, visando

principalmente à preservação da cultura regional, que, ao longo dos anos, vem sendo

cada vez mais jogada para escanteio, invadida por produtos considerados

"enlatados" ou coisa do gênero. Isso termina prejudicando a cultura e os artistas

regionais.

Mas não estamos tratando disso. Não é, creio eu, intenção do Deputado

Ubiratan Aguiar o fechamento das regiões, não permitindo que elas se relacionem

com culturas que poderíamos chamar de nacionalizadas ou globalizadas, até porque

as regiões também necessitam interagir com novas culturas ou conhecê-las, na

perspectiva de se aprimorarem, no sentido de valorizar a cultura regional. Nosso País,

pela dimensão continental, guarda exatamente essa relação. A riqueza da produção

cultural deste País é muito grande. Mas a cegueira de alguns e a pobreza dos

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incentivos culturais, que podem propiciar a permanência e a expansão da cultura pelo

Brasil, têm inibido tudo isso. Portanto, no nosso modo de entender, o projeto é de

suma importância e vem no momento ideal, quando se comemoram os quinhentos

anos do Descobrimento do Brasil e se debate a preservação da nossa história e da

nossa memória. A cultura regional nada mais é do que uma possibilidade de

perpetuar a história deste País e tudo que ele construiu.

Eu poderia citar alguns acervos culturais baianos, por exemplo, Deputado

Ubiratan Aguiar, que o Brasil nem conhece, como Pau de Colher, Revolta dos Malês

etc. O processo cultural, as expressões artísticas que esses movimentos introduziram

vão das danças às vestes e outras manifestações culturais que, de certa forma, foram

inibidas. Portanto, acho que o projeto de V.Exa. vem em muito boa hora para o

fortalecimento da cultura do Brasil.

Nesse sentido, somos pelo acolhimento das emendas que foram agregadas ao

projeto quando tramitou no Senado. Portanto, votamos pela aprovação dessas

emendas.

Deixamos desde já registrada nossa posição favorável ao projeto apresentado

pelo Deputado Ubiratan Aguiar.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O parecer é pela aprovação das

emendas.

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605

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra, para oferecer

parecer às emendas apresentadas ao projeto, em substituição à Comissão de

Finanças e Tributação, ao Sr. Deputado José Pimentel.

O SR. JOSÉ PIMENTEL (PT-CE. Para emitir parecer. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, incumbido de dar parecer sobre as emendas apresentadas ao

Projeto de Lei nº 3.468-D, de 1997, do Deputado Ubiratan Aguiar, em nome da

Comissão de Finanças e Tributação, manifesto-me pelo acolhimento dessas

emendas, por concordar com os procedimentos aqui apresentados.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O parecer é pela aprovação das

emendas.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra, para oferecer

parecer às emendas apresentadas ao projeto, em substituição à Comissão de

Constituição e Justiça e de Redação, ao Sr. Luiz Antonio Fleury.

O SR. LUIZ ANTONIO FLEURY (Bloco/PTB-SP. Para emitir parecer. Sem

revisão do orador.) - Sr. Presidente, as emendas apresentadas ao Projeto de Lei nº

3.468-D, de 1997, do Sr. Ubiratan Aguiar, obedecem aos princípios de

constitucionalidade, juridicidade e boa técnica legislativa.

Nosso parecer, portanto, é pela aprovação dessas emendas.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O parecer é pela constitucionalidade,

juridicidade e boa técnica legislativa.

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607

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Em votação as emendas do Senado

Federal ao Projeto de Lei nº 3.468, de 1997, ressalvados os destaques.

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608

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Os Srs. Deputados que as aprovam

permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADAS.

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609

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Há sobre a mesa e vou submeter a

votos a seguinte

REDAÇÃO FINAL:

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610

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Os Srs. Deputados que a aprovam

permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADA.

A matéria vai à sanção.

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611

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Apresentação de proposições.

Os Srs. Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo.

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SENHORES:

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612

ANTONIO PALOCCI E OUTROS

Proposta de emenda à Constituição que dá nova redação ao art. 144.

MARÇAL FILHO

Projeto de lei que revoga os §§ 1º e 3º do art. 636 da Consolidação das Leis do

Trabalho, a fim de possibilitar o seguimento do recurso do empregador,

notificado pelo Auditor-Fiscal do Trabalho, à autoridade de instância superior,

sem a exigência do depósito do valor da multa.

RICARDO BERZOINI

Requerimento ao Presidente da Câmara dos Deputados de tramitação em

separado do Projeto de Lei nº 3.231, de 2000.

FERNANDO CORUJA

Projeto de lei que proíbe a associação de substâncias psicoativas e outras usadas

em medicamentos para emagrecer.

DR. ROSINHA

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Fazenda sobre o repasse dos

recursos arrecadados nos concursos de loteria esportiva federal às entidades

de prática desportiva.

ROGÉRIO SILVA E OUTROS

Projeto de decreto legislativo que dispõe sobre a realização de plebiscito para a

criação do Estado do Mato Grosso do Norte.

MÁRCIO BITTAR

Projeto de lei que acrescenta parágrafo único ao art. 2º da Lei nº 9.965, de 2000,

que "restringe a venda de esteróides ou peptídeos anabolizantes e dá outras

providências", tornando crime o comércio, o transporte, a guarda, a

propaganda, o induzimento ao uso ou a prescrição dessas substâncias sem a

observância da referida lei.

JORGE WILSON

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Saúde referente aos gastos com

Agentes Comunitários de Saúde e Equipe.

ROBERTO PESSOA

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613

Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de registro nos Anais

da Casa de voto de louvor pela posse de Dom José Doth de Oliveira como

Bispo da Diocese de Iguatu, no Estado do Ceará.

Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de registro nos Anais

da Casa de matéria publicada no jornal Diário do Nordeste, intitulada "Dom

José Doth assume Diocese de Iguatu".

VANESSA GRAZZIOTIN

Requerimento de informações à Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano

sobre as medidas adotadas para sanar as dificuldades do abastecimento de

água na cidade de Manaus.

Requerimento de informações ao Sr. Ministro do Meio Ambiente sobre a relação

dos servidores disponibilizados pelo Poder Público ou contratados, bem como

a relação de pessoas, empresas ou entidades que prestaram qualquer tipo de

consultoria ou assessoramento à Associação Brasileira para o Uso Sustentável

da Biodiversidade da Amazônia — BIOAMAZÔNIA.

Requerimento de informações ao Sr. Ministro do Meio Ambiente sobre os

montantes e datas dos recursos públicos liberados para a Associação

Brasileira para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia —

BIOAMAZÔNIA.

Requerimento de informações ao Sr. Ministro do Meio Ambiente sobre o Programa

Brasileiro de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade da

Amazônia — PROBEM e a Associação Brasileira para o Uso Sustentável da

Biodiversidade da Amazônia — BIOAMAZÔNIA, e a respeito da data, local e

tema de todos os workshops realizados.

Requerimento de informações ao Sr. Ministro do Meio Ambiente sobre o Programa

Brasileiro de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade da

Amazônia — PROBEM e a Associação Brasileira para o Uso Sustentável da

Biodiversidade da Amazônia — BIOAMAZÔNIA, e também de cópia dos

estudos e/ou projetos, com seus relatórios finais.

MARISA SERRANO

Projeto de lei que institui o ano de 2002 como "Ano do Educador" e dá outras

providências.

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614

VI - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Nada mais havendo a tratar, vou

encerrar a presente sessão, antes convocando para amanhã, às 9h, sessão ordinária

da Câmara dos Deputados.

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615

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Está encerrada a sessão.

(Levanta-se a sessão às 12h40min.)

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