dentina e polpa

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DENTINA E POLPA 1 - GENERALIDADES: A dentina é um tecido conjuntivo avascular, mineralizado, especializado que forma o corpo do dente, suportando e compensando a fragilidade do esmalte. A dentina (figuras 1 e 2) é recoberta pelo esmalte na sua porção coronária e pelo cemento na porção radicular. Sua superfície interna delimita a cavidade pulpar onde se aloja a polpa dentária (figuras 6 e 7). Por ser um tecido vivo, contém prolongamentos de células especializadas e substância intercelular. Dentina e polpa formam um complexo em íntima relação topográfica, embriológica e funcional, por isso têm características biológicas comuns. 2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA A dentina é constituída por: 1 Matéria inorgânica 70% 1 Matéria orgânica 20% 1 Água 10% Esta composição varia com a idade do dente, devido a sua mineralização progressiva, mesmo já estando totalmente formado. A PORÇÃO INORGÂNICA consiste de sais minerais sob a forma de cristais de hidroxiapatita. Cada cristal é composto por vários milhares de unidades e cada ?unidade básica fundamental? tem como fórmula 3 Ca3(PO4)2.Ca(OH)2. Contem também pequenas quantidades de fosfatos, carbonatos e sulfatos, além de elementos como F, Cu, Zn, Fe e outros. Os grupos OH da hidroxiapatita podem se combinar com o flúor e formar a fluorapatita. Esta troca particular na composição da apatita tem importância clínica, pois a fluorapatita é menos solúvel que a hidroxiapatita, com maior resistência ao ataque ácido produzido por microorganismos cariogênicos. A PORÇÃO ORGÂNICA consta de fibras colágenas (17%), dispostas em pequenos feixes ao redor e entre os prolongamentos odontoblásticos. Estas fibras são unidas e cimentadas pela substância amorfa de natureza glicoproteica (lipídios, glicosaminoglicanas e compostos protéicos). 3 PROPRIEDADES FÍSICAS COR É uma estrutura branca amarelada. O tom do amarelo varia com a idade e de um indivíduo para outro.

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Page 1: DENTINA E POLPA

DENTINA E POLPA

1 - GENERALIDADES:

A dentina é um tecido conjuntivo avascular, mineralizado, especializado que forma o

corpo do dente, suportando e compensando a fragilidade do esmalte. A dentina (figuras

1 e 2) é recoberta pelo esmalte na sua porção coronária e pelo cemento na porção

radicular. Sua superfície interna delimita a cavidade pulpar onde se aloja a polpa

dentária (figuras 6 e 7). Por ser um tecido vivo, contém prolongamentos de células

especializadas e substância intercelular.

Dentina e polpa formam um complexo em íntima relação topográfica, embriológica e

funcional, por isso têm características biológicas comuns.

2 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA

A dentina é constituída por:

1 Matéria inorgânica – 70%

1 Matéria orgânica – 20%

1 Água – 10%

Esta composição varia com a idade do dente, devido a sua mineralização progressiva,

mesmo já estando totalmente formado.

A PORÇÃO INORGÂNICA consiste de sais minerais sob a forma de cristais de

hidroxiapatita. Cada cristal é composto por vários milhares de unidades e cada ?unidade

básica fundamental? tem como fórmula 3 Ca3(PO4)2.Ca(OH)2. Contem também

pequenas

quantidades de fosfatos, carbonatos e sulfatos, além de elementos como F, Cu, Zn, Fe e

outros.

Os grupos OH da hidroxiapatita podem se combinar com o flúor e formar a fluorapatita.

Esta troca particular na composição da apatita tem importância clínica, pois a

fluorapatita é menos solúvel que a hidroxiapatita, com maior resistência ao ataque ácido

produzido por microorganismos cariogênicos.

A PORÇÃO ORGÂNICA consta de fibras colágenas (17%), dispostas em pequenos

feixes ao redor e entre os prolongamentos odontoblásticos. Estas fibras são unidas e

cimentadas pela substância amorfa de natureza glicoproteica (lipídios,

glicosaminoglicanas e compostos protéicos).

3 – PROPRIEDADES FÍSICAS

COR – É uma estrutura branca amarelada. O tom do amarelo varia com a idade e de um

indivíduo para outro.

Page 2: DENTINA E POLPA

Quanto mais translúcido o esmalte, mais deixa transparecer a cor da dentina.

DUREZA – A dentina é um tecido muito duro, mais que o osso e o cemento, embora

seja mais mole e portanto mais radiolúcida do que o esmalte.

RESILIÊNCIA – Apresenta considerável elasticidade, devido ao arranjo em rede das

suas fibras colágenas, cedendo mediante pressões, e com isso, amortece as forças

mastigatórias impostas sobre o esmalte, impedindo que o mesmo se frature.

PERMEABILIDADE – A dentina é canalicular, e portanto permeável; substâncias

podem penetrar através dos canalículos e atingir a polpa.

4- ESTRUTURA DA DENTINA

Os componentes estruturais básicos são:

a – O prolongamento do odontoblasto (fibrila de Tomes)

b – Canalículo da dentina (zona canalicular)

c – O espaço periodontoblástico (líquido tissular)

d – A dentina pericanalicular (parede)

e – A dentina intercanalicular

a – PROLONGAMENTOS ODONTOBLÁSTICOS

Os odontoblastos estão situados na periferia da polpa, e as suas projeções

citoplasmáticas (prolongamentos) ocupam um espaço na matriz da dentina, que são os

túbulos dentinários. A sua espessura é maior quanto mais próxima do corpo do

odontoblasto. Os prolongamentos odontoblásticos ramificam-se próximo ao limite

amelodentinário por toda a sua extensão. Essas ramificações se anastomosam com as

vizinhas

B – CANALÍCULOS OU TÚBULOS DENTINÁRIOS

São delicados cilindros ocos dentro da dentina, que alojam os prolongamentos

odontoblásticos. Seu trajeto é curvo, assemelhando-se a um ?S?, sendo na raiz, na área

dos bordos incisais e cúspides, praticamente retos. Emitem colaterais durante seu

trajeto.

O diâmetro e o volume desses canalículos variam, dependendo:

a – da idade do dente

b – da localização do canalículo na dentina

Além disso, eles são mais largos junto a polpa (2,5 um)e se tornam mais estreitos em

suas extremidades externas (1um).

O número de canalículos por unidade de superfície varia segundo a região da dentina

considerada:

1 próximo da polpa – 65.000 túbulos/mm2

1 parte central – 35.000 túbulos/mm2

1 na periferia – 15.000 túbulos/mm2

A superfície pulpar da dentina (figuras 1 e 2) corresponde de 1/3 a 1/5 da superfície

externa da dentina. A relação entre o número de canalículos por unidade de superfície

Page 3: DENTINA E POLPA

peripulpar e nas superfícies externas da dentina é ao redor de 4:1, o que eqüivale a dizer

que os canalículos estão mais separados entre si nas camadas externas da dentina do que

próximo à polpa.

Há mais canalículos por unidade de superfície na coroa do que na raiz.

C – ESPAÇO PERIODONTOBLÁSTICO

É o espaço compreendido entre a parede do canalículo e o prolongamento do

odontoblasto. É preenchido pelo líquido, tissular, e, onde ocorrem as trocas metabólicas

com os prolongamentos odontoblásticos.

D – DENTINA PERICANALICULAR OU PERITUBULAR

É a dentina que constitui a parede do canalículo, e caracteriza-se pelo seu elevado

conteúdo mineral (90%). Nos dentes recém irrompidos, está ausente na porção da

dentina mais imediata à polpa, e também pode, dependendo da idade do dente, chegar a

obliterar os túbulos dentinários. Quando a dentina peritubular é desmineralizada

(descalcificada) resta da mesma uma pequena porção de matéria orgânica, que

juntamente com a água, constitui 10% desta dentina.

E – DENTINA INTERCANALICULAR OU INTERTUBULAR

É a dentina situada entre os canalículos da dentina.

A dentina intertubular é a massa principal da dentina. É altamente mineralizada, porém

mais da metade do seu volume está formado por matriz orgânica com grande quantidade

de colágeno.

1 Composição: sais minerais – 70%

material orgânico e água – 30%

5 – PRÉ-DENTINA Camada de matriz não mineralizada de 25 a 30um de espessura, que está

situada entre a camada de odontoblastos e a dentina mineralizada. Está

presente durante a dentinogênese e permanece ao longo da vida do dente,

depositando-se de forma lenta e contínua.

6 – LINHAS INCREMENTAIS

Refletem variações na estrutura e mineralização estabelecidas durante a formação de

dentina. O curso das linhas corresponde aos períodos rítmicos de aposição de dentina.

Na coroa varia de 4 a 8um a aposição diária de dentina. Na raiz, a aposição dentinária é

mais lenta. Ocasionalmente algumas destas linhas estão acentuadas devido a distúrbios

no processo de mineralização e são conhecidas como linhas de contorno de Owen (ver

roteiro de dentinogênese).

7 – LINHA NÉO-NATAL

Durante o nascimento, o feto sofre alterações abruptas tanto no meio ambiente como na

forma de nutrição, ocasionando nesta fase da vida, uma linha de contorno acentuado na

dentina, resultado de uma calcificação incompleta (hipocalcificação), é a chamada linha

néo-natal. Isto ocorre nos dentes decíduos e nos primeiros molares permanentes, onde

uma parte da dentina é feita antes do nascimento.

TIPOS DE DENTINA

Page 4: DENTINA E POLPA

DENTINA DO MANTO

É a primeira camada de dentina (figuras 1 e 2) produzida pelo odontoblasto, ela é

constituída por fibras pré-colágenas imaturas que se enrolam em espiral ao redor do

prolongamento.

DENTINA PRIMÁRIA

É aquela que se forma quando o dente ainda não está totalmente formado, apresenta

muitos canalículos dentinários e a sua dentinogênese processa-se com grande

velocidade (4 a 8um diários), ela é depositada até o término da formação da raiz.

9.9 – DENTINA PRÉ-NATAL

É aquela formada antes do nascimento.

9.10 – DENTINA PÓS-NATAL

Forma-se depois que o indivíduo nasce.

DENTINOGÊNESE:

1 – GENERALIDADES A formação da dentina (figuras 1 e 2) precede e é essencial para a formação

do esmalte.

2 – ETAPAS DA DENTINOGÊNESE

A formação da dentina realiza-se em duas etapas:

- Matriz orgânica da dentina (pré-dentina) – 30%

- Dentina (mineralização) – 70%

A formação e calcificação da dentina começa na ponta das cúspides ou bordas incisais,

e avança para dentro por uma aposição rítmica de camadas cônicas uma dentro da outra.

Com a conclusão da dentina radicular, a formação da dentina primária chega ao seu

final.

MATRIZ ORGÂNICA

No início do desenvolvimento da matriz aparecem feixes de fibrilas entre os

odontoblastos, que divergem num arranjo em forma de leque. São as fibras de Korff e

sua origem e função na dentinogênese tem sido objeto de discussão. São constituintes

importantes na matriz formada inicialmente, devido ao arranjo em leque de suas fibras,

mas que mais tarde tornam-se compactos feixes de fibrilas paralelas. Os odontoblastos

formam fibras colágenas e substância amorfa, e estas fibras se dispõem em espirais ao

redor das fibrilas de Tomes e entre as mesmas, que foram deixadas pelos odontoblastos

que se afastaram para o interior da papila. As fibras são unidas entre si pela matriz

amorfa.

MINERALIZAÇÃO DA MATRIZ

Depois que várias camadas de pré-dentina foram depositadas, começa a mineralização

das camadas mais próximas a junção dentina-esmalte. Forma-se então uma faixa de

Page 5: DENTINA E POLPA

matriz dentinária e os odontoblastos elaboram fosfatase alcalina, dando ao meio

condições ótimas de pH para que se processe a mineralização da matriz.

Nesse ínterim, íons minerais transportados pelos capilares sangüíneos da papila

depositam-se na matriz orgânica como sais, sob a forma de cristais de hidroxiapatita,

sobre as superfícies das fibrilas colágenas e na substância fundamental. Posteriormente

os cristais são depositados dentro das próprias fibrilas.

O processo geral de calcificação e gradual, mas a região peritubular torna-se muito

mineralizada em pouco tempo. Embora haja crescimento dos cristais enquanto a dentina

amadurece, o tamanho final dos cristais permanece muito pequeno (até 0,1).

LINHAS INCREMENTÁRIAS

O crescimento aposicional da dentina é uma deposição de matriz em forma de camadas.

O crescimento aposicional é caracterizado pela deposição regular e rítmica de material

extracelular, incapaz de crescer mais por si próprio. Períodos de atividade e repouso se

alternam em intervalos definidos. A matriz é depositada pelas células ao longo do local

delineado pelas células formadoras.

As junções dentina-esmalte e dentina-cemento são diferentes entre si e em cada tipo de

dente.

As linhas incrementares do Owen são linhas de implicação que refletem variações na

estrutura e mineralização durante a formação de dentina. Correspondem as linhas

incrementais de Von Ebner que estão acentuadas devido a distúrbios no processo de

mineralização. As linhas de contorno de Owen representam, radiograficamente, faixas

hipocalcificadas.

DENTINA RADICULAR

Tem a mesma estrutura da dentina coronária. As linhas incrementares acham-se

dispostas no sentido longitudinal em relação ao eixo do dente, demonstrando a

deposição rítmica da dentina.

Seus canalículos se apresentam menores, com ramificações e trajeto sinuoso discretos.

Isto se deve ao fato de que os odontoblastos desta região, que são praticamente

cubóides, apresentam menor atividade metabólica, elaborando dentina muito

lentamente.

Toda dentina radicular é envolvida externamente pelo cemento, que é uma estrutura

pertencente ao periodonto de sustentação.

LIMITE DA DENTINA COM O CEMENTO

A dentina se relaciona com o cemento por meio da zona granular de Tomes.

Percorrendo os canalículos da porção radicular em direção ao cemento, se comprova

que a imensa maioria deles desaparece ao chegar nesta. Por este motivo se acredita que

a zona granular de Tomes é a terminação natural da maior parte dos canalículos

radiculares.

ESTRUTURA DA BAINHA RADICULAR EPITELIAL DE HERTWIG

É formado pela fusão dos epitélios interno e externo do órgão do esmalte. É constituído

por duas fileiras de células cúbicas ou poliédricas.

As células do epitélio interno induzem a diferenciação das células do tecido conjuntivo

(papila dentária) em odontoblastos, e assim que a primeira camada de dentina for

depositada, a bainha de Hertwig perde a sua continuidade e a sua relação íntima com a

Page 6: DENTINA E POLPA

superfície do dente.

Alguns de seus resíduos podem persistir no ligamento peridontal, são os chamados

restos epiteliais de Malassez, que não apresentam nenhuma função, mas, numa possível

inflamação do ligamento peridontal podem desenvolver como reação os cistos dentais.

É importante citar que a bainha de Hertwig é responsável pelos casos de rizogênese

imperfeita que são encontrados em clínica.

MODELADO DA RAIZ

A forma da raiz é modelada pela Bainha de Hertwig.

1 –Dentes unirradiculares

A bainha de Hertwig contorna todo o colo do dente assumindo a forma de um tubo

cônico simples que apresenta consequentemente, um único orifício.

2 – Dentes bi e multirradiculares

A bainha de Hertwig forma lingüetas epiteliais que se dirigem para o longo eixo do

dente fusionando-se entre si. Assim, estabelece a formação do soalho da câmara pulpar

e agora aquele orifício único fica dividido em dois ou três orifícios que correspondem a

base das futuras raízes.

FORMAÇÃO DA DENTINA RADICULAR

1 – A bainha de Hertwig migra em direção apical.

2 – As células do epitélio interno da bainha de Hertwig induzem a diferenciação dos

odontoblastos, a partir das células periféricas da papila dentária.

3 – Os odontoblastos recuam o seu corpo em direção centrípeta deixando seu

prolongamento, e simultaneamente, depositam matriz de dentina.

4 – Mineralização da matriz – Com a secreção da fosfatase alcalina elaborada pelos

odontoblastos e células da camada sub-odontoblástica, ocorre a deposição de sais,

principalmente de fosfato de cálcio, na forma de cristais de hidroxiapatita, cujos íons

vieram dos capilares fenestrados da papila dentária.

CANAIS ACESSÓRIOS

A raiz tem habitualmente um conduto amplo e central. Entretanto, pode ocorrer a

presença de 2, 3 ou mais condutos menores que recebem o nome de canais acessórios. A

definição desses canais ocorre provavelmente pela deposição de dentina ao redor do

vaso sangüíneo da polpa, já preexistente.

POLPA

1 - CONCEITO: A polpa dentária é um tecido conjuntivo frouxo, envolvido pela dentina, exceto no

forame apical, onde a mesma se comunica com o periodonto. Sua porção periférica é

caracterizada pela sua participação na formação dentinária durante a vida do dente, além

Page 7: DENTINA E POLPA

de manter a integridade da dentina. Em certos aspectos a polpa difere, estrutural e

fisiologicamente, de outros tecidos conjuntivos. Desta maneira, ela dever ser

considerada um tipo especial de tecido conjuntivo frouxo (figuras 6 e 7).

Caracteriza-se por apresentar uma população variada de células, unidas por substância

intercelular amorfa, constituídas principalmente de glicosaminoglicanas, ácido

hialurônico, sulfato de condroitina, glicoproteínas e água. A substância intercelular

fibrosa é principalmente de natureza colágena do tipo I e III. Apresenta também um

amplo suprimento vascular e nervoso.

2 - DESENVOLVIMENTO: A proliferação das células da papila dentária de origem ectomesenquimal ocorre durante

a odontogênese, e essa proliferação é responsável pelo molde da futura junção

amelodentinária. As diferenciações citológicas associadas à histogênese da polpa

ocorrem em primeiro lugar na periferia da papila dentária com o epitélio dental interno

no início da dentinogênese. A papila dentária passa a ser denominada polpa dentária

quando fica delimitada por dentina. Todavia a diferenciação celular continua a ocorrer

lentamente por vários anos. É uma estrutura rica de células indiferenciadas e apresenta

uma rica vascularização durante o desenvolvimento. Algumas dessas células se

diferenciam em fibroblastos, elementos importantes na manutenção da substância

intercelular

3 - ARRANJO ESTRUTURAL: No tecido conjuntivo pulpar (região coronária), do ponto de vista histológico, podemos

distinguir quatro zonas nítidas:

3.1 - zona odontoblástica, na periferia da polpa estão localizados os odontoblastos,

células formadoras de dentina (figuras 6 e 7).

3.2 - zona acelular, logo abaixo da camada de odontoblastos, também chamada de

camada basal de Weil ou zona de Weil, é bem evidente na polpa coronária (figura 12).

3.3 - zona rica em células, abaixo da zona acelular, bem visível na polpa coronária, rica

em fibroblastos, células mesenquimais e macrófagos.

3.4 - zona central, onde estão situados os vasos sangüíneos maiores e os nervos

pulpares.

4 - COMPONENTES:

4.1 - CÉLULAS: Odontoblastos, fibroblastos, células mesenquimais indiferenciadas,

macrófagos e linfócitos.

ODONTOBLASTOS: residem na periferia pulpar com os corpos celulares adjacentes à

pré-dentina e os prolongamentos no interior dos túbulos dentinários. Na porção

coronária estima-se que hajam cerca de 45.000 odontoblastos por mm2, e reduzindo na

porção radicular. Na coroa são maiores, cilíndricos, com cerca de 35 um de altura,

cubóides na polpa radicular e francamente achatados junto a porção apical. Podem

Page 8: DENTINA E POLPA

também apresentar-se em franca atividade de síntese ou em estado de repouso.

Quando ativos em fase secretora apresentam-se distendidos com citoplasma basófilo e

quando em repouso são mais achatados e com citoplasma escasso.

Os prolongamentos dos odontoblastos cruzam a prédentina e alcançam a dentina

mineralizada.

Ainda surgem dúvidas com relação ao comprimento do prolongamento odontoblástico e

há necessidade de comprovação com técnicas especiais para se afirmar se o

prolongamento odontoblástico atinge ou não o limite amelodentinário.

O odontoblasto é uma célula altamente diferenciada que não se divide mais, e assim

sendo, quando o tecido pulpar é exposto pode ocorrer um reparo à custa da formação de

uma ponte dentinária, porém deve-se lembrar que o odontoblasto, durante a

odontogênese necessita da presença das células do epitélio interno ou das células da

bainha radicular de Hertwig para se diferenciar. Sendo assim, não se conhece a

procedência do estímulo responsável pela diferenciação odontoblástica numa polpa

adulta que não possui células epiteliais (figuras 6 e 7).

FIBROBLASTOS: São as mais numerosas principalmente na coroa. Têm a função

formadora e de manutenção da substância intercelular amorfa e fibrosa. Possuem

citoplasma dilatado com muitas organelas associadas à síntese e secreção de proteínas.

Com a idade a capacidade de síntese diminui e a célula fica achatada, núcleo fusiforme,

cromatina nuclear densa e quando devidamente estimulado possui a capacidade de

degradar o colágeno.

Acredita-se também que os fibroblastos possam dar origem a novos odontoblastos.

CÉLULA MESENQUIMAL INDIFERENCIADA: Células poliédricas, núcleo claro,

centralmente colocado, citoplasma abundante, com inúmeros prolongamentos e são as

células que dão origem às demais células da polpa. Assim sendo, dão origem aos

fibroblastos, macrófagos ou odontoblastos. Muitas vezes as células indiferenciadas

estão relacionadas com os vasos sangüíneos.

MACRÓFAGOS: Célula grande, oval ou fusiforme, núcleo com cromatina densa e

citoplasma fortemente corado, possui muitos lisossomos que aparecem como áreas

claras no citoplasma. O macrófago ativo elimina células mortas e material particulado,

quando surge inflamação o macrófago remove bactérias e interage com as outras células

do processo inflamatório.

LINFÓCITOS: Célula de defesa que ocasionalmente pode ser observada no conjuntivo

pulpar.

4.2 - SUBSTÂNCIA INTERCELULAR AMORFA: É constituída por:

glicosaminoglicanas (GAGS), ácido hialurônico, sulfato de condroitina, glicoproteínas e

água. Envolve as células, as fibras, vasos e nervos da polpa, é incolor, de consistência

viscosa e oferece resistência à penetração de partículas estranhas para o interior da

polpa.

4.3 - SUBSTÂNCIA INTERCELULAR FIBROSA: As fibras são principalmente as

colágenas, na polpa jovem ocorrem fibrilas colágenas e com o decorrer da idade essas

Page 9: DENTINA E POLPA

fibras aumentam em número formando feixes de colágeno. Na porção apical a

concentração de fibras é maior e ao redor dos nervos pulpares também são abundantes.

4.4 - VASOS SANGUÍNEOS, LINFÁTICOS E INERVAÇÃO: Esses elementos

penetram e deixam a polpa através do forame apical e forames acessórios. Geralmente,

entram pelo forame, um vaso do tamanho de uma arteríola, ao lado de feixes nervosos

simpáticos. Os vasos linfáticos, recentemente identificados na polpa iniciam-se como

pequenos vasos de fundo cego na região coronária e terminam desembocando em um ou

dois vasos de maior diâmetro que abandonam a polpa pelo mesmo forame apical.

Os nervos pulpares são representados por axônios mielínicos e amielínicos recobertos

por uma bainha de tecido conjuntivo, o epineuro. Os axônios que inervam a polpa são

na maioria, fibras sensitivas aferentes pertencentes ao nervo trigêmeo e ramos

simpáticos do gânglio cervical superior (fibras amielínicas intimamente associadas aos

vasos sangüíneos). As fibras sensitivas são amielínicas e a medida que os nervos vão se

arborizando na região coronária aumenta o número de axônios amielínicos.

A intimidade das fibras nervosas com o prolongamento odontoblástico é muito

importante e a sensação predominante no complexo polpa dentina é a dor que na

maioria das vezes é difusa, o que torna difícil sua localização clínica.

5 - FUNÇÕES DA POLPA:

5.1 - Formadora: devido a presença dos odontoblastos produtores da matriz orgânica da

dentina e envolvidos também na mineralização da mesma. Essa função formadora

ocorre durante toda a vida do dente.

5.2 - Nutritiva: a polpa é responsável pela nutrição da dentina através dos odontoblastos

e seus prolongamentos e pelos elementos nutrientes contidos na substância intercelular

amorfa.

5.3 - Sensorial: responsável pela sensibilidade dentinária, onde a maioria dos feixes

nervosos termina no plexo subodontoblástico (plexo de Raschkow) na zona acelular,

como pequenas terminações nervosas e fibras amielínicas mais espessas. Alguns túbulos

dentinários possuem uma fibra nervosa no seu interior junto ao prolongamento

odontoblástico, entretanto, o mecanismo da sensibilidade ainda não está perfeitamente

explicado e possivelmente há vários fatores relacionados entre si.

6 - MODIFICAÇÕES COM A IDADE: A distribuição e a quantidade dos componentes da polpa variam segundo o período de

desenvolvimento e do estado funcional da polpa.

a) Polpa recém-formada: há equilíbrio entre as células e a substância intercelular. Nesta

última a quantidade de fibras é menor. O tecido conjuntivo é do tipo mucoso.

b) Polpas de dentes jovens: embora predomine a substância intercelular sobre as células,

há um equilíbrio entre a quantidade de fibras colágenas e a substância amorfa

caracterizando o tecido conjuntivo frouxo.

c) Polpa senil: há um predomínio das fibras colágenas sobre os outros elementos -

tecido conjuntivo denso.

Isto tem implicações clínicas - uma polpa mais fibrosa é menos capaz de se defender

contra as irritações quando comparada a uma polpa jovem, rica em células.

Page 10: DENTINA E POLPA

7 - ALTERAÇÕES REGRESSIVAS: 1. Alterações celulares: numa polpa envelhecida além da presença de menos células,

estas tem seu tamanho e número de várias organelas citoplasmáticas diminuídos. Seus

fibroblastos exibem menor citoplasma perinuclear e possuem processos citoplasmáticos

longos e finos. As organelas intracelulares são pequenas e reduzidas em número. As

fibras intercelulares estão em abundância entre as células.

2. Fibrosas: as polpas mais senis mostram acúmulos de colágeno. O aumento das fibras

no órgão pulpar é generalizado. Qualquer trauma externo, como a cárie dentária ou

restaurações profundas, geralmente causam uma fibrose localizada.

3. Cálculos pulpares ou dentículos: são massas calcificadas nodulares, que aparecem nas

porções coronárias ou radiculares da polpa, ou em ambas. Muitas vezes se desenvolvem

em dentes que parecem normais em outros aspectos. Também podem ser encontrados

em dentes inclusos.

Quanto à estrutura, os cálculos pulpares classificam-se em:

dentículos verdadeiros, falsos dentículos e calcificações difusas.

- Dentículos verdadeiros: são formados por dentina, mostrando traços de canalículos

dentinários e odontoblastos. Ocorrem raramente e forma-se a partir de restos de bainha

epitelial de Hertwig que teriam ficado incluídos na polpa dentária. Geralmente estão

localizados junto ao forame apical.

- Falsos dentículos: são formações calcificadas na polpa que não apresentam a estrutura

da verdadeira dentina. Apresentam-se como camadas concêntricas de tecido

mineralizado. O tecido pulpar circundante pode aparecer absolutamente normal. Estes

cálculos pulpares podem eventualmente ocupar porções consideráveis da câmara pulpar.

- Calcificações difusas: são depósitos irregulares de cálcio no tecido pulpar. São

amorfos, não possuindo estrutura específica e geralmente ocorrem como conseqüência

final de uma degeneração hialina do tecido pulpar. São geralmente encontrados no canal

radicular.

Quanto a localização: os cálculos pulpares são classificados de acordo com a sua

localização em relação a parede dentinária circundante em:

- Cálculos livres: são aqueles totalmente cercados por tecido conjuntivo pulpar.

- Cálculos aderentes ou inseridos: parcialmente fusionados com a dentina.

- Cálculos inclusos ou incluídos: totalmente cercados por dentina. Todos se originam

livres na polpa e vão se tornando aderentes ou inclusos, conforme avança a formação de

dentina.