democracia ou demagogia? · ramente atacada pela ofensiva neoliberal, na década de 90, no brasil....

8
Jornal do Sindicato dos Trabalhadores em Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais Ano 29 | Edição nº 01 | Janeiro - Março de 2018 www.sinter-mg.org.br DEMOCRACIA OU DEMAGOGIA? Assembleia Geral da categoria 07 Dúvidas sobre FGTS E mais: Uso exclusivo dos Correios Reintegrado ao Servio Postal em Responsável - visto: Mudou-se Desconhecido End. Insuficiente Falecido Não existe o número Outros 02 O desmonte da representatividade dos trabalhadores NESTA EDIÇÃO

Upload: others

Post on 05-Aug-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DEMOCRACIA OU DEMAGOGIA? · ramente atacada pela ofensiva neoliberal, na década de 90, no Brasil. O avanço do neoliberalismo persiste como resposta à crise econômica internacional,

Jornal do Sindicato dos Trabalhadoresem Assistência Técnica e Extensão Ruraldo Estado de Minas Gerais

Ano 29 | Edição nº 01 | Janeiro - Março de 2018

www.sinter-mg.org.br

DEMOCRACIA OU DEMAGOGIA?

Assembleia Geral da categoria

07 Dúvidas sobre FGTS

E mais:

Uso exclusivo dos Correios

Reintegrado ao Servio Postal em

Responsável - visto:

Mudou-se Desconhecido

End. Insuficiente Falecido

Não existe o número Outros

02O desmonte da representatividade dos trabalhadores

NESTA EDIÇÃO

Page 2: DEMOCRACIA OU DEMAGOGIA? · ramente atacada pela ofensiva neoliberal, na década de 90, no Brasil. O avanço do neoliberalismo persiste como resposta à crise econômica internacional,

DIRETORIA COLEGIADA DO SINTER-MGDiretor Geral: Carlos Augusto de Carvalho | Diretor Secretário: Elizabete Soares de Andrade | Diretor de Administração e Finanças: Noé de Oliveira F. Filho | Diretor de Comunicação e Cultura: Janya Aparecida de Paula Costa | Diretor De Assuntos Jurídicos: Pascoal Pereira de Almeida | Diretor de Formação Política e Sindical: Ronaldo Vieira de Aquino | Diretor de Assuntos de Agricultura Familiar e Reforma Agrária: Leni Alves de Souza | Diretor De Assuntos dos Aposentados: Darci Maria do Rosário Julião

DIRETORES DE BASE Norte: Dinamar Dias Barbosa | Centro: Lúcio Passos Ferreira | Triângulo: Carlos Miguel Rodrigues Couto | Alto Paranaíba e Noroeste: Paulo C. Thompson | Leste: Luiz Mario Leite Junior | Zona da Mata: Célio Alexandre de O. Barros | Sul: Sirlene Passos

REPRESENTANTES DAS SEÇÕES SINDICAISJanaúba: Raimundo M. de Souza Júnior | Januária: Fernanda Maria Lima Maia | Montes Claros: Cleide Neves da Silva | Salinas: Rubem de Almeida | Barbacena: José Luis C. Guimarães | Belo Horizonte: Silmara A. C. Campos | Curvelo: Marilson Dalla Bernardina | Divinópolis: Fábio Alves de Morais | Uberaba: Claúdia A. Sabino El Armali | Uberlândia: Suzana Kanadani Campos | Patos de Minas: Guiomar Mota | Unaí: Dalila Moreira da Cunha | Almenara: Francisco Carlos F. Gruppi | Capelinha: Guilherme da Cunha Sales | Governador Valadares: Wildes Vilarino Ferreira | Teófilo Otoni: Paulo Ernesto Palmieri | Cataguases: Cristiane Aparecida E. Castro | Manhuaçu: Ricardo

Tadeu G. Pereira | Juiz de Fora: Abmael Saraiva | Viçosa: Flavio Geraldo da Cunha | Alfenas: Eduardo Costa Barros | Lavras: Patrícia Regina Domingos | Pouso Alegre: Edson Aparecido Gazeta

CONSELHO FISCAL Afrânio Otávio Nogueira | Estelha Maria da Silva Lima | Hélio Antônio Fernandes | Ione de Quadros Maia Carvalho | Margareth do Carmo C. Guimarães

CONEXÃO SINTERCoordenação: Janya Costa | Participação: Diretoria/Jurídico SINTER-MG | Fotos: Liliane Mendes/Arquivo SINTER | Diagramação: Dante Cançado | Projeto Gráfico: Somanyideas | Jornalista Responsável: Liliane Mendes – 0019118/MG | Tiragem: 1.600 exemplares

Para sugestões, comentários e críticas sobre o Conexão [email protected]

Rua Olinda, 460 | Nova Suíça | Belo Horizonte/MG | CEP 30421-185Telefax: 31 3334 3080www.sinter-mg.org.br | [email protected]

Expediente

Editorial Notas Curtas02

Você sabe como atuam os membros do Con-selho Fiscal da Ceres? Pensando em facili-tar o acesso dos associados às informações práticas e análises dos planos, o Conselho Fiscal lançou um informativo que trará a atuação dos membros e o desenvolvimento dos trabalhos desenvolvidos por Sebastião

Cardoso (Amaer), titular, e o suplente Lúcio Passos (SINTER-MG), que representam os participantes ativos e assistidos dos Planos de Benefícios da Patrocinadora EMATER--MG, no Conselho Fiscal da Ceres.

Atuando desde março de 2017, eles tra-balham na fiscalização da saúde financeira dos planos, garantindo tranquilidade aos participantes, e com o objetivo de simplifi-car o acesso à informação, irão disponibili-zar bimestralmente, através de boletim ele-trônico, informações sobre os resultados e análises dos planos de benefícios. Assim, os participantes irão compreender melhor o desempenho de cada modalidade. Fique ligado e acompanhe a publicação dos infor-mativos, que também estarão disponíveis no site do SINTER-MG.

O desmonte da representatividade dos trabalhadores.

Novo boletim Conselho Fiscal CERES

Reunião Plano de Saúde JF

Ao longo da história, a classe trabalhado-ra sofreu perseguições e retaliações na busca por melhores condições de trabalho. Foi preciso muita luta para se conquistar os direitos trabalhistas e sociais. No en-tanto, parte dos direitos garantidos pelas lutas sindicais e expressos na CLT foi du-ramente atacada pela ofensiva neoliberal, na década de 90, no Brasil. O avanço do neoliberalismo persiste como resposta à crise econômica internacional, e com isso, observa-se o enfraquecimento da luta da classe trabalhadora por avanços de direitos e bem-estar. Como resultado deste proces-so, acompanhamos a retirada de direitos e a precarização do trabalho, visando o au-mento das fartas taxas de lucro.

Os Sindicatos vêm sofrendo duros ataques e tentativas de enfraquecimento e, por esta razão é necessário o fortalecimen-to e revitalização sindical. O Sindicato é a principal arma de luta para defender os in-teresses individuais e coletivos dos traba-lhadores face à ofensiva patronal. Mesmo numa conjuntura extremamente adversa, o SINTER-MG tem atuado para garantir que nenhum direito previsto em acordo coletivo seja retrocedido. Para que possamos barrar a retirada de direitos e avançar em novas conquistas, é importante que cada traba-lhador da EMATER saiba da importância da organização sindical e atue na luta coletiva pelo Plano de Cargos, Salários e Carreiras, Concurso Público e melhorias nas condi-ções de trabalho. Nosso desafio é nos reor-ganizarmos, planejar e debater amplamente novas formas de enfrentamento, contando com a participação efetiva de todos os tra-balhadores e trabalhadoras.

DIRETORIA COLEGIADA SINTER-MG

Foi realizada em Juiz de Fora, reunião entre os membros da comissão eleita em assem-bleia da Cabefe, no ano de 2017, para se discutir formas de resolver ou amenizar os problemas oriundos da decisão da Unimed e Cabefe, no ano de 2016, pela suspensão do atendimento aos associados fora do Estado de Minas Gerais, com alegação do Plano de Saúde dos trabalhadores da EMATER-MG,

associados à Cabefe, ser a nível estadual.

A comissão busca uma alternativa para es-tes associados, visto que até esta proibição, tais trabalhadores e dependentes sempre foram atendidos fora do Estado. Com a proibição, pessoas que moram em locais vi-zinhos aos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Espírito Santo ficaram pre-judicadas, com alegação do plano de saúde dos trabalhadores da Cabefe ser estadual.

Após analisar algumas possibilidades em relação a mudanças no tipo de convênio, a comissão pediu agendamento de reunião com a nova diretoria da Cabefe de forma a apresentar sugestões. Aguardamos o agen-damento e em breve traremos mais notícias.

Page 3: DEMOCRACIA OU DEMAGOGIA? · ramente atacada pela ofensiva neoliberal, na década de 90, no Brasil. O avanço do neoliberalismo persiste como resposta à crise econômica internacional,

Coluna do Jurídico 03

Correção das contas do FGTS – Realidade Notícia equivocada sobre a substituição da TR Pelo INPC

Tem veiculado nas mídias eletrônicas, víde-os que tratam sobre a substituição da TR - Taxa Referencial, pelo INPC - Índice Nacio-nal de Preços ao Consumidor, na correção dos saldos das contas vinculadas do FGTS. Entretanto, existem informações equivoca-das. Dentre elas, a de que o Supremo Tri-bunal Federal – STF já julgou tal matéria e foi favorável à mudança da TR para o INPC. Isso não é verdade. Existem algumas ações no Supremo Tribunal Federal, mas nenhu-ma delas foi julgada ainda, sequer tem de-cisão liminar – provisória.

O que o Supremo Tribunal Federal – STF julgou, em março/2013, foi quanto à cor-reção dos precatórios judiciais, com a subs-tituição da TR pelo IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, uma vez que a Taxa Referencial não recompunha a inflação. Inclusive, tal decisão e seus fun-damentos foram importantíssimos para as nossas argumentações. Ora, se a TR, com-provadamente, não servia para corrigir tais títulos, muito menos para as contas vincula-da do FGTS. Sob pena de precarização ain-da maior do trabalhador, quando em situa-ção de fragilidade, tais como: desemprego, doenças graves, dentre outras.

BREVE RESGATE DA SITUAÇÃO

O FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, criado em 1966, estabeleceu o depósito mensal, pelo empregador, de 8% (oito por cento) da remuneração mensal do empregado, excluída apenas parcelas que

possuam caráter indenizatório. Determinou a norma a correção monetária através do mesmo índice aplicável aos salários e de juros de 3% (três) ao ano. Com isso, havia equivalência de aproximadamente uma re-muneração mensal, por ano trabalhado.

Em 1991, com a edição do denominado “Plano Collor”, Lei 8.177/91, os saldos da conta do FGTS passaram a ser “corrigidos” pelo índice conhecido como TR - Taxa Re-ferencial. A TR tem como um dos principais componentes a taxa SELIC - Sistema Espe-cial de Liquidação e de Custódia, que o go-verno utiliza de “mecanismos”, para manter sempre em queda. Com a redução da taxa SELIC, consequentemente há redução da TR. Tal redução tem sido tão drástica, desde 1999, inclusive em setembro/2012 e em 2013, chegou a zero (0). Com números ne-gativos, a TR não recompôs a inflação nos saldos das contas vinculadas do FGTS, com as perdas acumuladas de 1999 a 2013 em 88,3% (oitenta e oito vírgulas três por cen-to), comparando-se com o INPC.

SINTER-MG DEFENDE DIREITO DE SÓCIOS

Em 2014, na defesa do direito dos seus sócios, o SINTER-MG ajuizou duas ações coletivas na Seção Judiciária de Belo Ho-rizonte, visando recompor o saldo das suas respectivas contas vinculadas, sendo:

1) Processo n.º 2609-46.2014.4.01.3800, em trâmite na 14ª Vara da Justiça Federal; 2) Processo n.º 0085595-

57.2014.4.01.3800, em trâmite na 30ª Vara do Juizado Especial Federal.

SITUAÇÃO

A primeira ação foi julgada improcedente e interpusemos Recurso de Apelação. Quan-to à segunda, ainda não foi julgada.

Ambas tiveram seus trâmites suspensos, pois os Juízos acataram a decisão do Mi-nistro do STJ - Superior Tribunal de Jus-tiça, Herman Benjamin, que, no Recurso Especial nº 1.381.683 – PE, determinou a suspensão, em todo o país, dos processos relativos à correção do FGTS, segundo o Ministro, com o objetivo de unificar as de-cisões. Entretanto, desde o final de 2014, até abril de 2018 não foi julgado o mérito do referido Recurso Especial pela Primeira Seção do STJ. Acredita-se que isso pos-sa ocorrer ainda neste semestre. Caso você queira saber em que processo está, consulte a pá-gina jurídico, no site do SINTER-MG, lá informamos todos os trâmites dos processos.

Assessoria jurídica do SINTER-MG fortalecendo a luta contra o desmonte de direitos

A assessora jurídica do SINTER-MG, participou no mês de março, de reunião da Coordenação Colegiada Executiva Nacional da Federação Nacional dos Trabalhadores da Assistência Técnica e Extensão Rural e do Setor Público Agrícola do Brasil (Faser),

falando sobre os impactos das reformas trabalhista e previdenciária e as estratégias

do movimento sindical para lutar contra tais retrocessos. Confira o vídeo no site do SINTER-MG e em nossas redes sociais.

Page 4: DEMOCRACIA OU DEMAGOGIA? · ramente atacada pela ofensiva neoliberal, na década de 90, no Brasil. O avanço do neoliberalismo persiste como resposta à crise econômica internacional,

No dia 15 de janeiro de 1985 iniciava o processo de transi-ção ditadura civil-militar para a democracia, no Brasil. Através do colégio eleitoral, um civil voltava ao poder e a democracia esboçava seus primeiros passos, principalmente, com a eleição de uma nova Assembleia Constituinte, em 1986. Mesmo com a promulgação da Constituição em 1988, garantindo liberdades civis, políticas e bem-estar, a criminalização das lutas sociais e a violência institucional contra os mais pobres ameaçavam o exercício pleno da democracia.

Remontando as páginas sombrias de nossa história, o Brasil so-freu uma nova ruptura democrática em 2016, dessa vez não pelas armas, mas pelo próprio parlamento. O novo ataque à democracia vem desde então, nos deixando sob ameaça de uma nova ditadura. As instituições democráticas lutam para sobreviver sob um fio de fragilidade das relações políticas, sociais e jurídicas.

Recentemente, o governo ilegítimo de Michel Temer decretou in-tervenção federal no Rio de Janeiro, uma cidade marcada por pro-fundas desigualdades sociais. No entanto, ainda com todas as ma-zelas econômicas que afetam o Estado, não há justificativas para a intervenção federal na sua segurança pública, se olharmos pela ótica da violência. O território fluminense não tem cidade alguma entre as 30 mais violentas do Brasil, conforme ranking formulado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e pelo Fó-rum Brasileiro de Segurança Pública com dados de 2015 e divul-gado em junho do ano passado. O ranking mostra o Pará liderando a lista, com o município de Altamira, ocupando a primeira posição dos municípios mais violentos. Entre as capitais, o primeiro lugar é de Fortaleza, em 13º na lista.

Não obstante a todo o retrocesso, o Comandante do Exército na ação de intervenção federal no Rio, general Villas Bôas, disse em reunião do Conselho da República, ser necessário dar aos milita-res “garantia para agir sem o risco de surgir uma nova Comissão da Verdade no futuro”, ou seja, intervenção militar sem investiga-ções sobre suas ações e consequentes mortos e desaparecidos.

MARIELLE FRANCO – UM ATENTADO DE ATAQUE À DEMOCRACIA

No mês de fevereiro, a vereadora Marielle Franco (PSOL), atuan-te na defesa de mulheres, negros e homossexuais, foi assassinada em um crime que representa o agravamento da crise que vivem as instituições que garantem a segurança no País. Nascida e criada na favela da Maré, a vereadora também denunciava a violência policial, principalmente na comunidade de Acari, onde o 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro aterrorizava e violentava morado-res. A vereadora estava atuando ainda como relatora da Comissão da Câmara de Vereadores, criada para acompanhar a atuação das tropas na intervenção federal na área de segurança do Rio e denun-ciava mortos pela polícia que eram jogados em valas. De acordo com a vereadora, a situação ficou ainda pior após a intervenção federal.

Ameaças aos direitos sociais 04

A democracia no Brasil: mesmo com o fim da ditadura, o ataque aos direitos das minorias ainda permanece.

Page 5: DEMOCRACIA OU DEMAGOGIA? · ramente atacada pela ofensiva neoliberal, na década de 90, no Brasil. O avanço do neoliberalismo persiste como resposta à crise econômica internacional,

05

A democracia no Brasil: mesmo com o fim da ditadura, o ataque aos direitos das minorias ainda permanece.

O assassinato de Marielle pode ser comparado ao da missionária americana Dorothy Stang em 2005 no Pará, uma clara evidência da falta de avanços nos direitos humanos no Brasil. De acordo com relatório da ONG Front Line Defenders, pelo menos 212 defenso-res dos direitos humanos foram assassinados em 2017 na Amé-rica Latina. A maior parte dos crimes ocorreu na Colômbia e no Brasil, que juntos registraram 156 vítimas (73,5%).

Outro dado levantado pelo relatório é que dos 342 beneficiados pelo Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos no Brasil, a maioria está ligada à militância pelo direito à terra (54), seguido de defensores de povos indígenas (43) e apenas três atu-am no combate à violência policial. Nestes casos se enquadram a missionária Dorothy Stang e Paulo Sérgio Nascimento, ativista ameaçado por policiais e morto em Barcarena, em fevereiro, após denúncias de crimes ambientais. Marielle, apesar de não se ter re-gistros de ameaças, era uma das ativistas contra a violência policial e possível vítima de ataques que se estenderam à área urbana, contra defensores dos direitos humanos que atuam em favelas ou em defesa de grupos LGBT’s, por exemplo.

Mas o que a morte de pessoas como Marielle, Dorothy e Paulo tem a ver com a democracia? Independentemente da motivação dos auto-res das mortes, o que se vê são assassinatos políticos, que demons-tram o fracasso do Estado, da instituição Brasil em garantir a demo-cracia, em garantir os direitos humanos. Se pessoas estão sendo mortas por manifestar opiniões ou denunciar problemas sociais de cidadãos que comumente não têm voz neste País, a mensagem que recebemos é que corremos risco e a morte destas pessoas repre-senta uma ameaça aos defensores de direitos, aos líderes comunitá-rios. A pergunta que fica é: democracia ou uma demagogia?

Nada do que está sendo feito hoje pela maioria dos governos está colaborando para mudar a situação. A mudança é responsabilidade de todos, e só com debate, com construção conjunta, podemos pro-mover uma mudança no tratamento à crise de segurança, na defesa dos direitos e daqueles que lutam por eles, com medidas de médio e longo prazo, com melhoria da educação e polícias e com redução da desigualdade social. Só assim vamos reverter o número alarmante do genocídio negro, da violência urbana, do massacre aos indígenas...

VOCÊ SABIA QUE DIREITOS HUMANOS SÃO PARA DEFENDER TODOS OS SERES HUMANOS?

Direitos humanos são os direitos básicos de todos os seres huma-nos. Ou seja, o direito à vida, à liberdade, à liberdade de opinião, ao trabalho, à educação, à crença religiosa e muitos outros. A criação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1940 foi um marco his-tórico e dita as condutas que deveriam ser comuns a todos os povos do mundo. O documento inspirou as constituições de vários países.

Algumas das condutas mais relevantes são o direito à vida, à liber-dade e à segurança pessoal, o direito a não ser submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante, o di-reito à igualdade perante a lei, sem distinção e com igual proteção. Todos têm direito à proteção contra qualquer tipo de discriminação. Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e impar-cial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele e tem direito de ser presu-mido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. Estes são só alguns exemplos dos direitos que TODOS os seres huma-nos têm e quem luta em defesa desses direitos, atua em defesa de todo e qualquer um que esteja sendo violado em seu direito.

DISCURSOS DE ÓDIO E FAKE NEWS

A Declaração Univer-sal dos Direitos Huma-nos, adotada pela ONU em 1946, visa garantir a base do respeito à dignidade humana, po-rém, o advento da in-ternet e o crescimento e facilidade de acesso

aos meios de comunicação digitais vem se mostrando um desafio à garantia desses direitos, especialmente as redes sociais, que por um lado deram voz a grupos minoritários e à sociedade, que não tem esse poder nos veículos de massa, por outro, facilitaram a propaga-ção de ideologias que pregam a intolerância e a ausência do debate. Os frequentes discursos de pensamentos preconceituosos com ide-ais racistas, misóginos, homofóbicos (...), além da utilização de Fake News (notícias falsas) representam um entrave para a concretização do respeito à dignidade no Brasil.

A possibilidade de anonimato causa um agravamento ainda maior, encorajando pessoas que usam o discurso do ódio, de forma tota-litária e disfarçado como justiça. O “cidadão de bem” que prega o radicalismo e o extremismo possui identidade e valores muito bem definidos e atua contra tudo e todos que não sigam seus ideais, encorajados pela sensação de impunidade que os incentiva a cada vez mais disseminar conteúdos que prejudicam o equilíbrio social.

Vale lembrar que a sensação de impunidade é falsa e cresce o número de delegacias especializadas em crimes cibernéticos. Tal comportamento é inadmissível em um regime democrático, que defende os Direitos Humanos. É preciso enfrentar e combater os inimigos da democracia.

Page 6: DEMOCRACIA OU DEMAGOGIA? · ramente atacada pela ofensiva neoliberal, na década de 90, no Brasil. O avanço do neoliberalismo persiste como resposta à crise econômica internacional,

Reunião de formação sindical 06

Conselho deliberativo – Estratégias de luta e formação sindical

Nos dias 5 e 6/4, o Conselho Deliberativo do Sindicato participou do segundo módulo do curso de vivência e prática sindical, na Escola Sin-dical 7 de Outubro, em Belo Horizonte. Iniciado em dezembro de 2017, agora com o tema: democratização das relações de trabalho.

Durante a capacitação, realizada pelo educador da Escola Sindical, Emanoel Sobrinho, os membros do Conselho Deliberativo foram esti-mulados à reflexão sobre a história da estrutura sindical brasileira des-de sua criação, sua configuração atual e capacidade para responder às mudanças pelas quais estão passando as relações de trabalho na presente conjuntura. Dentro desta perspectiva, o dirigentes sindicais foram levados a analisar as relações de trabalho na EMATER-MG e como o SINTER-MG atua para a resolução de conflitos. Os trabalha-dores puderam então debater sobre as dificuldades enfrentadas, prin-cipalmente devido à forma de organização e gestão realizadas pela Empresa, que acabam por sobrecarregar seus funcionários. Relataram também as inseguranças e incertezas geradas pela forma de convê-nios adotada pela Empresa, que acabam priorizando uma perspectiva rentista em detrimento da ATER pública de qualidade.

O grupo debateu ainda a necessidade de seu reconhecimento en-quanto classe trabalhadora e de seu papel na formação de estraté-gias de combate aos retrocessos vivenciados a partir das políticas neoliberais implantadas no país no último ano, através de uma ação sindical mais efetiva e, na continuação dos trabalhos, foi apresentado aos trabalhadores algumas convenções da OIT relacionadas ao tema e, a partir disso, puderam discutir a democratização das relações de trabalho, com foco em um trabalho decente, com possibilidade do desenvolvimento individual, mas sempre objetivando o coletivo.

Por fim, o grupo foi chamado a pensar em estratégias de enfren-tamento dos abusos de poder contra o funcionário, que o SINTER pode adotar como ação de organização social nas bases, pensando os conflitos e incentivando a reação dos trabalhadores.

Outro tema debatido na formação foi o assédio sexual nas relações do trabalho, que ocorre na maioria das vezes, contra mulheres. Se-gundo a Diretora de Comunicação e Cultura do SINTER-MG, Janya Costa, a inserção desse tema na formação dos dirigentes se faz oportuna devido à importância que ele tem para a busca de um ambiente de trabalho seguro e saudável, baseado na dignidade e igualdade dos trabalhadores.

Na discussão do tema foi possível reconhecer que o assédio sexual traz consigo a necessidade de se discutir a questão de gênero em nossa

sociedade, que ainda concebe a mulher em uma posição inferior a dos homens. Foram destacados os principais motivos que levam a vítima a não denunciar os assediadores, os quais sejam: medo do desemprego e de julgamentos, vergonha, sentimento de culpa e dificuldade de se tipificar o crime. Durante o encontro, os participantes reforçaram a ne-cessidade de se ampliar o debate em torno do tema, inclusive na base, levando tal discussão aos associados, denunciando e fazendo enfren-tamento de forma a mostrar às vítimas que elas não estão sozinhas e que a prática de assédio sexual deve ser combatida.

Dentro das discussões, emergiu ainda outra questão que merece grande atenção para a atuação do Sindicato, que foi o assédio mo-ral. Por meio de depoimentos e análise dos membros do Conselho Deliberativo, ficou evidente que o assédio moral no trabalho tem se tornado prática comum na Empresa, com abusos contra os traba-lhadores em todos os setores, necessitando, portanto, da adoção de estratégias de combate, urgentes.

Dando seguimento à discussão a respeito do assédio sexual no tra-balho, a partir da adoção deste tema como meta de atuação do SIN-TER, no dia 11 de abril, o assunto foi debatido em reunião com ad-ministrativos locais, do Regional de Juiz de Fora, durante reunião de capacitação realizada para os mesmos. A maior parte do público era de administrativos cedidos de prefeituras, entre homens e mulheres. O grupo teve a oportunidade de discutir a respeito da questão de gênero nas relações de assédio, diferenças entre paquera e assédio, dificuldades que levam as vítimas a não denunciarem, as leis de com-bate a essa prática, necessidade de revisão de conceitos e estereó-tipos baseados em uma educação de base machista, a qual coloca a mulher na posição de objeto com grande carga de sensualidade.

A participação dos trabalhadores durante as discussões foi muito pro-dutiva e a questão de se combater a prática de assédio como forma de respeito à dignidade humana, principalmente em relação às mulheres, foi colocada como prioridade. Segundo depoimento do secretário do Escritório Local de Arantina, José Valdeci da Silva, as principais vítimas são as mulheres, e para ele “a questão do assédio sexual, é culpa do assediador, embora muitas pessoas julguem o comportamento e vesti-menta das mulheres, o assédio não é culpa delas. Não é o tipo de roupa que incentiva esta ação, mas a educação machista do assediador.”

Ao final, o grupo foi chamado a se colocar em posição de solidariedade, incentivando as formas de denúncia como estratégia de combate, e o Sindicato se colocou à disposição até mesmo destes trabalhadores, que não pertencem ao quadro de funcionários da Empresa, por serem terceirizados. Quem tiver algo a falar, de si ou de terceiros, pode ligar para o SINTER-MG, através do telefone 0800 283 3080, que busca-remos dar tratamento à questão.

DISCUTINDO OS INTERESSES DA CATEGORIA

Na oportunidade, o grupo discutiu ainda estratégias para se cobrar do governo a retomada das negociações do Plano de Cargos, Salários e Carreiras da categoria,

propostas de realização de encontros dos trabalhadores e caminhos para fortalecimento das lutas.

Page 7: DEMOCRACIA OU DEMAGOGIA? · ramente atacada pela ofensiva neoliberal, na década de 90, no Brasil. O avanço do neoliberalismo persiste como resposta à crise econômica internacional,

07SINTER-MG em defesa dos trabalhadores

Mobilização dos trabalhadores na Assembleia Geral

Retomada do Concurso ou aumento de recrutamento amplo?

Marcando o início da campanha do Acordo Coletivo 2018/2019, aconteceu dos dias 17/2 a 23/3, a Assembleia Geral da categoria, que contou com 34 encontros em todo o Estado. A AGE foi con-vocada para que os trabalhadores votassem a pauta de reivindica-ções e contou com expressiva participação. Após a Assembleia, a pauta de reivindicações foi entregue à Empresa no dia 6/4 e os trabalhadores solicitam celeridade nas negociações para cumpri-mento da data-base da categoria.

O Sindicato aproveitou a realização dos encontros para organizar também atividades formativas em alguns locais e foram abordados temas como a história do Movimento Sindical Brasileiro, história de lutas e conquistas do SINTER-MG e impactos da Legislação Trabalhista em nossas vidas.

Ronaldo Aquino, diretor de formação Política e Sindical do SINTER--MG, avalia a importância da atividade: “Percebemos que alguns tra-

balhadores já reconhecem que a luta por melhores condições de tra-balho e vida não se resume à negociação coletiva. Assim, momentos como estes, bem como a participação da categoria em atos públicos com outros sindicatos e movimentos sociais nos municípios da mi-crorregião e na capital, a partir da orientação do SINTER-MG, podem contribuir para o sucesso nas negociações. Vale destacar a impor-tância da organização de outros encontros de formação sindical para que o Sindicato possa contribuir com o desafio atual de promover a consciência da classe trabalhadora para o cenário que aponta para sérios problemas de perda de direitos dos trabalhadores.”

O SINTER-MG conclama aqueles que ainda não participam, a so-mar forças com o Sindicato para enfrentar os desafios que se co-locam, defender nossos direitos e alcançar novas conquistas. Vive-mos tempos de desmontes de direitos e somente pela união dos trabalhadores e movimentos sociais será possível combater essa agenda negativa que se coloca para as relações trabalhistas.

AGE Itaobim. AGE Taiobeiras. AGE Unaí.

O concurso público da EMATER-MG, suspenso desde 2016, era para ser retomado após a aprovação do Projeto de Lei nº 4.851/2017, que criou o quadro de pessoal e vagas para a EMA-TER-MG, atendendo exigência do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE). Vale ressaltar que o quadro apresentado, com um grande aumento no número de secretárias executivas e recrutamento amplo, nunca foi debatido com o Sindicato. Inclusive, o SINTER-MG tentou mudar essa situação, apresentando, por meio de ajuda parlamentar, proposta de emenda que retirasse estes car-gos da tabela apresentada na ALMG, o que foi recebido de forma intransigente e autoritária pela Empresa, mesmo o assunto estando em discussão na Casa Legislativa.

A Empresa se posicionou contra a emenda, defendendo tais car-gos como indispensáveis e o Sindicato, para evitar o risco de não se aprovar o quadro de cargos, impedindo assim a realização do Concurso, recuou, em favor da menor perda. Já se vão mais de 3 meses da autorização da retomada do Concurso pelo TCE e não há nenhum indicativo da realização do mesmo. Em contrapartida, crescem as contratações de recrutamento amplo.

O SINTER-MG reconhece que a reabertura do Concurso é uma gran-de conquista que resolverá pontualmente a sobrecarga de trabalho vivenciada, principalmente pelos técnicos no campo, mas o Sindicato reforça sua histórica e longa luta pela aprovação do Plano de Cargos Salários e Carreiras – PCSC, que é um instrumento para assegurar um desenvolvimento igualitário nas carreiras, garantindo um cresci-mento justo e equânime para os trabalhadores concursados.

O SINTER-MG, com a consciência de que a EMATER-MG é uma empresa pública, defende que as funções sejam preenchidas por concursados, diminuindo-se discrepâncias salariais e influências po-líticas. O PCSC ERA uma das promessas do atual governo para os trabalhadores da EMATER, tendo sua implantação inclusive anun-ciada em discurso do Governador Fernando Pimentel, no ano de 2016, mas em nada avançou e não se percebe nenhuma iniciativa por parte da gestão atual da Empresa para que o assunto caminhe de fato. Com a ausência de notícias concretas sobre a realização do concurso, fica a pergunta: Qual a verdadeira razão para a aprovação da tabela de cargos da empresa, a realização do concurso público ou a regularização de número abusivo de recrutamentos amplos?

Page 8: DEMOCRACIA OU DEMAGOGIA? · ramente atacada pela ofensiva neoliberal, na década de 90, no Brasil. O avanço do neoliberalismo persiste como resposta à crise econômica internacional,

Giro Sindical08

O SINTER-MG publicou moção de apoio à greve dos profissionais da educação no mês de março. O Sindicato declarou apoio à greve das educadoras e educadores do Estado, por entender que a greve é um instrumento legítimo de luta dos trabalhadores, garantido pela Constituição da República, representando a busca por condições dignas de trabalho e cumprimento das obrigações mínimas do Es-tado com uma educação de qualidade, a começar pela valoriza-ção dos profissionais que nela atuam. O Sindicato repudiou ainda a política de desvalorização e negligência adotada pelo governo de Minas, com iniciativas que ignoram as necessidades dos servidores concursados, inclusive, os próprios trabalhadores da extensão rural e diversas outras categorias.

A categoria luta pelo cumprimento da Lei Estadual 21.710/15, que garantiu o pagamento de vencimento básico e não mais o subsídio, os reajustes anuais do Piso e estabeleceu uma política de pagamen-to e incorporações de abonos para que, em julho de 2018, finalmen-te, o Governo de Minas pague o Piso Salarial. A categoria luta ain-da contra as recentes decisões sobre parcelamento do 13º salário, adiamento do ano escolar, escalas de pagamento, suspensão das nomeações de concurso, além do não cumprimento dos reajustes do Piso Salarial e outras questões dos Acordos assinados.

Fonte: Sind-UTE

Após décadas de exploração das regiões central e sul do país, o agronegócio agora mira nas áreas inexploradas de Cerrado do Norte e Nordeste. Mercado e governo veem a região como estratégica para aumentar a produtividade nesta década. Terras baratas, relevo e clima adequados e legislação ambiental fraca a tornam atraentes. E a expansão da fronteira agrícola ocorre na mesma velocidade que a devastação do bioma, até então ofusca-do pela Amazônia.

O desmatamento ilegal da Amazônia persiste. Mas, no caso do Cer-rado, ele é permitido. O Código Florestal preserva 80% da floresta amazônica, mas apenas entre 20% e 35% do Cerrado. Soja, algo-dão e milho se contrapõem à vegetação nativa. A monocultura se expande. O Cerrado não está sendo protegido nem por unidades de conservação, nem pelo Código Florestal. O Cerrado é a savana mais rica do mundo: 5% da bio-diversidade do planeta vive ali, além de ser essencial para a distribuição de água do país, porque alimenta oito das 12 bacias hidrográficas brasileiras, incluindo os rios Ama-zonas e São Francisco, além de três grandes aquíferos: Guarani, Bambuí e Urucuia. O Cerrado já ocupou dois milhões de quilômetros quadrados, abrangendo 20% do território brasileiro por dez estados e o Distrito Federal. Hoje, menos da metade está de pé.

Fonte: The Intercept Brasil

A vida deixada para trás

Greve da Educação - o SINTER apoia essa luta Agronegócio avança pelas fronteiras do Cerrado

Conflitos globais, perseguição e violações de direitos humanos obri-garam uma em cada 113 pessoas a deixar sua casa. O deslocamento

forçado atinge recorde no mundo, mas o Brasil acolhe apenas 0,043% dos refugiados. Segundo dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), o mundo possui 65,6 milhões de refugiados, o maior número já registrado na história e se deve, em grande medida, ao agravamento do conflito e da crise humanitária na Síria. O levantamento do ACNUR evidencia uma face especialmente cruel dos deslocamentos forçados, mais de 75 mil solicitações de refúgio foram feitas por crianças desacompanhadas e 84% dos refugiados estão em países de renda média ou baixa, porém, a participação do Brasil nesse cenário foi baixa. O país possui hoje apenas 9.689 mil refugiados reconhecidos, o que representa 0,043% do total.

Fonte: Conectas Direitos Humanos