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Rua da Zâmbia, 453. Chimoio, Manica, Moçambique Telefone: +25823832 Web: www.itc.co.mz Cooperativa para Terras Comunitárias Julho 2016 GUIÃO de DELIMITAÇÃO DE TERRAS COMUNITÁRIAS

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Rua da Zâmbia, 453. Chimoio, Manica, Moçambique

Telefone: +25823832 Web: www.itc.co.mz

Cooperativa para Terras Comunitárias

Julho  2016  

GUIÃO de DELIMITAÇÃO DE TERRAS COMUNITÁRIAS

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A   legislação   de   Moçambique   sobre   terras   prevê   que   as   comunidades   podem   assegurar   seis   direitos  

costumeiros   sobre   a   terra,   a   partir   de   processos   de   delimitação,   que   basicamente   consistem   em  

georeferenciamento  dos   limites  da  área  da  comunidade.  Estes  procedimentos  que  vêm  descritos  no  anexo  

técnico   do   regulamento   da   Lei   de   Terras,   que   tem   sido   a   base   de   trabalho   da   iniciativa   para   Terras  

Comunitárias1  (iTC)  desde  o  ano  2006.  

 

Com  a  evolução  de  procedimentos  da  iTC,  e  com  a  introdução  da  abordagem  de  Preparação  Social  em  2008  e  

de   Clusters   em   2009,   a   delimitação   de   terras   comunitárias   implementada   pela   iTC   tornou-­‐se   numa  

abordagem  mais  participativa,  adicionando  valor  as  componentes  apresentadas  no  anexo  técnico.  

 

Depois  de  vários  anos  a  experimentar  a  abordagem  participativa  de  delimitação  de  terras  comunitárias,  a  iTC  

apresenta   neste   guião   metodológico,   as   linhas   básicas   para   se   implementar   as   delimitação   de   terras  

comunitárias,   respeitando   o   anexo   técnico   do   regulamento   da   lei   de   terras,   mas   também,   tornando   o  

processo   participativo,   como   forma   de   aumentar   maior   apropriações   pelo   processo,   pelas   comunidades  

beneficiárias.  

 

As   experiências   de   outras   instituições   que   também   implementaram   delimitação   de   terras   comunitárias  

também  estão  integradas  neste  guião,  pois  foram  captadas  durantes  os  cerca  de  9  anos  de  implementação  

da   iTC.   Como   instrumento   de   consulta,   este   guião   metodológico   é   destinado   a   todos   interessados   em  

implementar   a   delimitação   de   terras   comunitárias   na   abordagem   participativa   da   iTC,   como   forma   de  

adicionar  valor  ao  procedimento  a  nível  das  comunidades,   transformando  o  processo  de  delimitação  como  

um  mecanismo  base  para  um  processo  de  gestão  sustentável  de  terras  e  recursos  naturais  nas  comunidades,  

com  fins  orientados  para  o  próprio  desenvolvimento  da  comunidade.

Introdução  

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O  principal  objectivo  deste  guião  metodológico  é  de  orientar  a  todos  implementadores  de  actividades  de  delimitações  

sobre  os  passos,  abordagens  e  regras  a  seguir  deste  a  fase  de  planificação  até  a  entrega  de  produtos,  num  processo  de  

delimitação  de  terras  comunitárias  de  forma  participativa.  

 

Este  manual   descreve  de   forma  resumida   as   etapas  do  processo  exclusivo  de  delimitação  de   terras   comunitárias.   A  

figura   representa  de   forma  esquemática,  as  principais  etapas  do  processo  de  delimitação  de   terras  comunitárias,  na  

abordagem  da  iTC  

Objectivo  

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A   implementação   das   etapas   de   processo   de   delimitação   requerem   uma   capacidade   de   facilitação   que   permite   a  

motivação  comunitária  e   seu  engajamento  na  participação  de  cada  uma  das  fases.  Adicionalmente,  o   respeito  pelos  

seguintes  princípios  é  fundamental  para  garantir  o  sucesso  de  implementação  do  processo  de  delimitação:  

• Custo-­‐eficiência.  Em  todas  as  etapas  do  processo,  é   importante  optar  sempre  pela  eficiência  na  aplicação  de  

fundos   destinados   ao   processo   de   delimitação.   Em   algumas   etapas,   agrupar   beneficiários   (comunidades)   é  

uma  opção,  e  também  aumentar  a  eficiência  e  uniformizar  conhecimento.  O  manual  de  orçamentação  da  iTC  

apresenta  igualmente  outras  opções  de  abordagens  custo  eficientes  no  processo  de  delimitação;  

• Abordagem  de  Cluster.  É  importante  considerar  a  abordagem  de  Cluster  até  mesmo  ao  nível  de  comunidade,  

principalmente  em  actividades  de  capacitações,  sensibilizações,  diagnóstico  e  divulgação;  

• Captação   e   transferência   de   conhecimento.   A   delimitação   é   um   processo   interactivo,   daí   que   é   uma  

oportunidade   para   maximizar   a   captação   de   conhecimento   das   comunidades   beneficiárias   e   oportunidade  

para  transmitir  experiências  de  boas  práticas  e  acções  que  promovam  a  gestão  sustentável  de  terras  e  recursos  

naturais.  Este  processo,  deve  ser  continuo  ao  longo  de  todo  processo  de  delimitação,  principalmente  durante  

as  actividades  de  sensibilização;  

• Envolvimento   integral   das   comunidades.   Todas   actividades   previstas   nesta   abordagem   devem   ser  

participativas,  e  validadas  com  participação  máxima  de  comunidades.  Assim,  é  preciso  garantir  pelo  menos  o  

mínimo  de  ¼  da  população  em  todas  etapas  que  envolvem  as  comunidades;  

• Envolvimento   do   CGRN.   Os   CGRN   são   um   órgão   de   aconselhamento   as   comunidades,   e   devem   ter  

conhecimento   da   realidade   da   comunidade,   e   suas   dinâmicas   de   uso   de   terra   e   recursos   naturais,   daí   que  

devem  participar  em  todas  as  etapas  do  processo  de  delimitação  de  terras  comunitárias.  

• Validação   e   Devolução.   Os   principais   beneficiários   da   delimitação   de   terras   são   as   comunidades.   Assim,   é  

importante  que  todos  os  produtos  resultantes  do  processo  de  delimitação  de  terra  comunitárias  sejam  no  final  

validados  pelas  próprias  comunidade  e  devolvidas  para  as  mesmas,  como  instrumentos  que  devem  utilizados  

em  processo  de  planificação  e  gestão  de  terras  e  recursos  naturais.  

Princípios  

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As   actividades   de  delimitação  de   terras   comunitárias   são   integradas  em  projectos   comunitárias,  

que   algumas   vezes   são   igualmente   associados   a   actividades   de   demarcação.   A   identificação   de  

comunidades  a  serem  delimitadas  acontecem  durantes  vários  processos  que  incluem  a  consulta  as  

estruturas   locais,   incluindo   o   uso   de   abordagem   de   chamada   de   ideias.   Este   processo   de  

identificação  cukmina  com  a  elaboração  de  uma  nota  conceptual  do  projecto,  que  é  depois  usada  

para   elaboração   de   uma   proposta   de   projecto   pelos   Provedores   de   Serviço.   Detalhes   sobre  

procedimentos   relacionados   com   a   identificação,   elaboração   e   avaliação   de   projectos   pode   ser  

encontrado   no   manual   de   Operações   e   outros   documentos   de   suporte,   através   do   endereço  

www.itc.co.mz  

 

Para  o  propósito  específico  deste  guião,  são  consideradas  etapas  de  processo  de  delimitação  de  

terras  comunitárias,  após  a  identificação  de  comunidades  a  serem  delimitadas.  

As  Etapas  da  Delimitação  

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Objectivos  da  etapa      Garantir  o  acesso  a  informação  sobre  todo  processo  de  delimitação,  incluindo  a  divulgação  da  legislações  pertinente  e  relevante,  á  todos  actores  beneficiários  de  processos  de  delimitação  de  terras  comunitárias    Resultado  esperados    No  final  desta  etapa  espera-­‐se  que  se  alcancem  os  seguintes  resultados:  

• Comunidades  beneficiárias,  autoridades  locais  e  detentores  de  DUATs  (dentro  das  áreas  a  delimitar)  informadas  sobre  os  principais  passos  da  delimitação  de  terra  comunitária,  incluindo  os  seus  objectivos,  custos,  actores  envolvidos,  duração  e  principais  produtos;  

• Comunidades  beneficiárias,  autoridades  locais  e  detentores  de  DUATs  (dentro  das  áreas  a  delimitar)  com  conhecimentos  básicos  sobre  a  legislação  relevante  ligada  a  gestão  de  terras  e  recursos  naturais;  

• Comunidades  beneficiárias,  com  conhecimentos  sobre  as  vantagens  de  delimitação,  e  sua  contribuição  para  uma  gestão  sustentável  de  recursos  naturais  

 Actividades  previstas    Durante  esta  fase,  algumas  actividades  incluem:  

• Encontros   de   apresentação   de   projecto   de   delimitação   aos  membros   do   Governo,     autoridades   locais,   e   comunidade  beneficiárias,  incluindo  divulgação  de  enquadramento  legal  da  actividade  de  delimitação  de  terras  comunitárias;  

• Divulgação  da  legislação  sobre  terras  e  outras  que  a  complementam,  principalmente  a  de  Florestas,  de  turismo,  de  minas;  • Sensibilização   sobre   boas   práticas   de   gestão   de   terra,   e   de   outros   recursos   naturais   (água,   florestas,   minas,   etc.)   ás  

comunidades  beneficiárias  e  actores  chaves.    Duração    A  duração  desta  fase  é  variável,  dependendo  do  número  de  comunidades  num  determinado  Cluster,  e  a  capacidade  de  facilitação  do  provedor  de  serviço:  

• A  apresentação  de  projecto  geralmente  acontece  num  dia,  onde  são  agrupadas  pessoas  chaves,  representativas  de  cada  uma   das   comunidades   beneficiárias,   membros   do   governo,   representantes   do   SPGC   e   detentores   de   DUATs.   A  planificação  e  acordo  de  datas  e  locais,  deve  ser  feita  de  forma  participativa,  envolvendo  os  actores,  no  final,  um  convite  formal  é  feito  a  todos  actores  que  devem  estar  presente  na  apresentação;  

• A  divulgação  da  legislação  começa  no  dia  de  apresentação  do  projecto,  e  acontece  durante  o  decurso  do  projecto,  onde  a  cada  uma  das  fases  é  feita  a  integração  com  relação  ao  anexo  técnico  do  regulamento  da  lei  de  terras;  

• A  sensibilização  é  um  processo  quotidiano,  que  começa  no  dia  de  apresentação  do  projecto  e  continua  durante  a  vida  do  projecto.  A  partilha  de  exemplos  positivos,  boas  práticas  e  abordagens  práticas  de  gestão  sustentável  da  terra  e  outros  recursos  naturais,  devem  ser  transmitidos  todos  dias  aos  membros  das  comunidades.  

• Provedor:  como  • Comunidades:  como  principais  beneficiários  do  processo  • Governo   local:   como   reguladores   locais   de   todo  

processo  de  desenvolvimento  • Detentores   de   DUAT   (investidores,   etc.):   como   actores  

de  desenvolvimento  da  comunidade  

• A   proposta   técnica   e   financeira   da   actividade   de  delimitação  de  terras;  

• Legislação   de   terras   e   legislação   relativa   a   gestão   de  recursos  naturais;  

Etapa  1:  Informação,  divulgação  e  Sensibilização    

Actores   Documentos/Informação  necessária  

O  acesso  a   informação   sobre   todo  processo  de  delimitação  por  parte  dos  actores  envolvidos,  especialmente  pelos  beneficiários,  autoridades   locais,   é   de   crucial   importância   para   o   sucesso   do   projecto.   É   durante   esta   fase   que   deve   ser   partilhado   toda  informação  referente  aos  objectivos  da  Delimitaçào  de  terras  e  sua   importância  para  o  desenvolvimento  das  comunidades  rurais.  Durante   este   processo,   são   igualmente   identificados   actores   chaves   dentro   da   comunidade,   que   devem   acompanhar   e   estar  directamente  envolvidos  no  processo  de  delimitação  

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Objectivo  da  etapa  

• Constituir  legalmente,  um  órgão  (Comité)  representativo  da  comunidade,  de  apoio  na  gestão  de  terras  e  recursos  naturais;  

• Capacitar  os  membros  dos  CGRN  sobre  princípios  básicos  de  gestão  da  terra  e  recursos  naturais,  incluindo  a  legislação  ambiental;  

 

Resultados  esperados  

• Comité   legalmente  constituído,   com  estatutos  publicados  no  Boletim  da  República,   para   apoiar   o   líder   comunitário  na  gestão  de   terras   e  

recursos  naturais,  com  base  nos  instrumentos  produzidos  durante  o  processo  de  delimitação;  

• Comité  capacitado,  e  com  conhecimentos  básicos  para  participar  e  conduzir  “Consultas  comunitárias”  em  caso  de  investimentos  privados  e  

projectos  de  desenvolvimento;  

• Comités  organizados,  capazes  de  solicitar  serviços  necessários  de  apoios  ao  desenvolvimento  da  comunidade;  

 

Actividades  

As  principais  actividades  que  deve  ser  realizada  nesta  fase  são:  

• Selecção  (de   forma  participativa)  dos  membros   a   fazerem  parte  do  CGRN.  Os  membros  a   fazerem  parte  do  Comité  devem  representar  os  

diferentes   grupos   de   povoados   da   comunidade,   e   devem   ser   selecionados   por   membros   da   comunidade,   durante   encontros   com   as  

comunidades;  

• Eleição  de  membros  constituintes  dos  órgão  directivos  do  CGRN,  selecionadas;  

• Elaboração  e   apresentação  dos   estatutos  que   vão   guiar   o   funcionamento  dos  CGRN.  A  discussão  participativa  dos   estatutos   é   importante  

para  que  os  membros  percebam  os  seus  deveres  e  responsabilidade;  

• Tramitação  do  processo  de  legalização  a  nível  da  Administração,  para  obter  a  certidão  de  legalidade  do  CGRN,  e  a  respectiva  publicação  no  

BR;  

• Capacitação   (com   base   no  Manual   aprovado)   dos   membros   dos   CGRN   sobre   seu   funcionamento   e   noções   básicas   de   gestão   de   terra   e  

recursos  naturais;  

• Abertura  de  conta  para  os  membros  do  CGRN,  com  base  em  procedimentos  aprovados    

 

Duração  

A  duração  desta  fase  pode  ser  repartida  em  função  das  diferentes  actividades  previstas:  

Etapa  2:  Estabelecimento  e  capacitação  de  CGRN    

O  estabelecimento  de  Comité  de  Gestão  de  Recursos  Naturais   (CGRN)  durante  o  processo  de  delimitação  de  terras  comunitárias  é  importante  

criar,  pois  é  uma  forma  de  garantir  continuidade  do  processo  de  delimitação  e  gestão  de  recursos  em  especial,  através  de  uma  instituição  local,  

cujo  membros  são  igualmente  membros  da  comunidade.  Os  Comités  de  Gestão  de  Recursos  Naturais  (CGRN)  possuem  um  perfil  apropriado  para  

esta  função  como  órgão  conselheiro  do  líder  e  da  comunidade  no  geral.  Este  órgão  deve  ter  responsabilidades  de  apoiar  o  líder  comunitário  na  

planificação,  gestão  da  terra  e  recursos  naturais,  respeitando  os  interesses  da  comunidade.  O  órgão  deve  representar  a  comunidades  em  vários  

eventos,  como  as  consultas  comunitárias  e  encontros  de  estabelecimento  de  parceiras  com  entidades  privadas  e  públicas.  

 

O  CGRN,  que  deve  ser  constituído  por  membros  da  comunidade,  selecionados  de  forma  representativa  e  participativa,  devem  estar  dotados  de  

conhecimento   e   ferramentas   adequadas,   que   lhes   garantam   exercer   funções   de   órgão   de   apoio   na   gestão   da   terra   e   recursos   naturais.   A  

importância  de  iniciar  o  processo  de  estabelecimento  deste  órgão  logo  após  a  fase  de  apresentação  do  projecto,  permite  o  seu  envolvimento  em  

todos  os  processos  subsequentes  da  delimitação  de  terras  comunitárias.  

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• Provedor:  como  • Comunidades:  como  principais  beneficiários  do  processo  • Governo   local:   como   reguladores   locais   de   todo   processo   de  

desenvolvimento  • Detentores   de   DUAT   (investidores,   etc.):   como   actores   de  

desenvolvimento  da  comunidade  

• A  proposta  técnica  e  financeira  da  actividade  de  delimitação  de  terras;  

• Legislação  de   terras   e   legislação   relativa   a   gestão  de   recursos  naturais;  

Actores   Documentos/Informação  necessária  

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• Selecção   dos  membros   do   CGRN.   A   selecção  deve   acontecer   em  encontros   com  membros  da   comunidade,   e  para   efeito,  1   dia   é  

suficiente  para  realizar  esta  actividade,  e  pode  ser  facilmente  integrada  nos  primeiros  encontros  com  a  comunidade;  

• Eleição   dos   membros   do   corpo   directivo   e   apresentação   dos   estatutos:   Considerando   que   existem   já   modelos   de   estatutos  

elaborados,  esta  actividade  está  dependente  do  número  de  comunidade.  Porém,  2  dias  são  necessários  para  realizar  esta  actividade  

por  comunidade.  Abordagens  que  reduzem  o  tempo,  como  a  junção  de  comunidades  num  determinado  local,  são  recomendadas.  

• Tramitação  do  processo  de  legalização  dos  CGRN.  Este  processo  tem  dois  estágios:  (i)  o  primeiro  a  nível  do  distrito,  que  pode  levar  

um  período  máximo  de  15  dias,  se  considerarmos  que  os  membros  do  CGRN  estão  todos  devidamente  identificados,  e  (ii)  a  nível  da  

Imprensa   Nacional,   que   pode   levar   até   30   dias.   O   período   de   tramitação   não   está   dependente   da   iTC,   porém,   o   provedor,   deve  

garantir   que   reúne   e   submete   todos   documentos   necessários   para   o   processo   de   legalização.   Em   alguns   casos,   é   necessário   o  

envolvimento  do  de  uma  equipa  do  Registo  e  Notariado,  para  a  emissão  dos  Bilhetes  de  Identidade  dos  membros.  

• Capacitação  dos  membros  do  CGRN.  A  capacitação  é  uma  etapa  fundamente  do  processo  de  estabelecimento  do  CGRN.  É  durante  

esta  etapa,  que  são  transferidos  informação  sobre  responsabilidades  e  deveres  do  CGRN  perante  a  comunidade.  Adicionalmente  são  

administrados,   num  período  máximo  de  5   dias,   conhecimentos  básicos   sobre   gestão  de   terra   e  recursos  naturais   na   comunidade,  

incluído  o  papel  dos  CGRN  nas  consultas  comunitárias  e  estabelecimentos  de  parcerias.  

• Abertura   de   conta   do   CGRN.   Este  processo  pode   levar   até  30   dias,   estando  dependente  de  procedimentos   específicos   do  Banco.  

Porém,  o  provedor  de  serviço  deve  garantir  a  submissão  de  toda  documentação  necessária  para  efeito.  

O  envolvimento  e  acompanhamento,  pelos  membros  do  CGRN  em  outras  fases  do  processo  de  delimitação  de  terras  comunitárias,  não  é  dependente  do  

processo  de  legalização  e  abertura  de  conta.

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Etapa  3:  Preparação  Social    

A  Preparação  Social  é  uma  fase  importante  no  processo  de  delimitação  de  terras  comunitárias.  É  na  Preparação  Social  que  inicia  todo  processo  

de  empoderamento  da  comunidade  beneficiária  da  delimitação,  passando  pela  identificação  dos  recursos  naturais  existentes  e  finalizando  com  a  

elaboração  de  uma  agenda  comunitária  de  desenvolvimento,  que  espelha  as  aspirações  de  desenvolvimento  socioeconómico  da  comunidade,  

com  base  no  uso  e  gestão  dos  recursos  disponíveis  na  comunidade.  Nesta  fase,  os  facilitadores  do  processo,  devem  ter  capacidade  não  só  para  

partilhar  conhecimento,  mas  também  para  maximizar  o  conhecimento  (sobre  a  gestão  de  recursos  naturais)  existente  nas  comunidades  rurais,  e  

combina-­‐los  com  os  desafios  actuais  e  futuros,  sobre  a  dinâmica  de  uso  de  uso  de  terras  e  desenvolvimento.    

 

Porque  a  Preparação  Social  é  fundamental  para  iTC  e  para  o  processo  de  delimitação,  recomenda-­‐se  a  leitura  integral  do  manual  de  preparação  

Social  da  iTC  para  conhecimento  das  etapas  envolvidas  e  procedimentos.  O  manual  pode  ser  solicitado  aos  Gestores  Provinciais  da  iTC,  ou  podem  

ser  obtidos  na  página  da  iTC  www.itc.co.mz.    

 

A  Preparação  Social  é  sujeita  a  uma  validação  pela  equipa  da  iTC,  de  forma  a  garantir  controle  de  qualidade  e  harmonização  de  procedimentos,  

em  cada  uma  das  suas  etapas.  

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Objectivos  da  etapa  

• Identificar  comunidades  vizinhas  da  comunidade  beneficiária  de  delimitação;  

• Identificar  os  limites,  incluindo  os  pontos  de  referências  entre  a  comunidade  beneficiária  e  cada  uma  das  comunidades  vizinhas;  

 

Resultados  esperados  

• Conhecidos  as  comunidades  vizinhas,  que  partilham  fronteiras  com  as  comunidades  beneficiárias;  

• Conhecidos  os  limites  e  pontos  de  referência  dos  limites  entre  a  comunidade  beneficiárias  e  comunidade  vizinhas;  

• Acta  de  confrontação  elaborada  e  assinadas  pelos  membros  representantes  das  comunidades  beneficiárias  e  vizinhas;  

 

Actividades  

As  seguintes  actividades  devem  ser  implementadas  durante  esta  fase:  

• Encontros  de  identificação  de  comunidades  vizinhas  que  fazem  limites  com  as  comunidades  a  beneficiarem  de  delimitação;  

• Identificação  de   limites  naturais   (rios,  caminhos,  etc.)  e  pontos  de  referência  que  constituem  limites   entre  as  comunidades  beneficiárias  e  

comunidade.  Exige  deslocação  para  validar  os  pontos  de  referência  identificados  e  concordados;  

• Elaborar   cartogramas   participativos,   identificando   os   pontos   de   referência   nos   limites   em   causa,   entre   a   comunidade   beneficiária   e   as  

comunidades  vizinhas  

• Encontros  de  confrontação  de  limites,  com  a  elaboração  de  acta  de  confrontação;  

 

Duração  

• A  duração  de   implementação  desta   fase,   depende  do  número  de   comunidades   envolvidas  vizinhas   e  do   grau  de   concordância  de   limites.  

Porém,  uma  confrontação  pode  levar  um  período  de  2  á  5  dias,  para  casos  de  haver  necessidade  de  se  visitar  os  limites  naturais  e/ou  pontos  

de  referência.  

• Comunidades  beneficiárias  e  comunidades  vizinhas  

• Liderança  local,  incluindo  a  tradicional:  conhecedores  dos  

limites  

• Administração   local:   para   evidenciar   e   testemunhar   o  

processo  

• Serviços   de   Cadastro:   para   garantir   cumprimento   dos  

procedimentos  previstos  no  anexo  técnico  

• Paralegal  (de  preferência  da  comunidade)  

• Mapas  participativos  das  comunidades;  

• Imagens  satélites  de  alta  resolução;  

• Formulários  de  acta  de  confrontação  de  limites;  

• Perfil  histórico  da  comunidade  

Etapa  4:  Confrontação  de  limites    

Actores   Documentos/Informação  necessária  

A  pesquisa  e  análise  da  estrutura  social  da  comunidades,  ajuda  a  identificar  as  relações  hierárquicas  entre  vários  níveis  de  chefia  na  comunidade,  e   ajuda   a  definir   claramente   a   que  nível   deve   ser   feita   a   delimitação  de   terra.  Definido   o   nível   em  que   vai   acontecer   a  delimitação,   inicia   o  processo   de   identificação   de   comunidades   vizinhas   e   posteriormente   a   confrontação   de   limites,   que   é   o   exercício   participativo,   onde   a  comunidade  beneficiária  confronta  os  seus  limites  com  as  comunidades  vizinhas.    A   confrontação   é   uma   actividade   participativa,   que   deve   envolver   comunidades   beneficiárias   e   comunidades   vizinhas.   Os   membros   da  comunidade   presentes   nestas   actividades   devem   ser   anunciadas   e   indicadas   durante   encontros   públicos,   de   forma   que   sejam   pessoas  reconhecidas  como  tendo  informação  suficientes  para  acompanhar  esta  actividade.  

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Objectivos  da  etapa  

O  principal  objectivo  desta  fase  é  de  elaborar  um  instrumento  de  planificação  de  uso  de  terra  a  nível  comunitário,  baseado  na  identificação  dos  

actuais  e  potenciais  tipos  de  uso  de  terra  na  comunidade.  

 

Resultados  esperados  

• Identificados  os  actuais  e  potenciais  usos  de  terra  na  comunidade;  

• Elaborados  mapas  de  zoneamento  com  informação  de  potenciais  usos  de  terra  na  comunidade;  

• Estimada  a  área  para  cada  uma  das  zonas/áreas  identificadas;  

• Partilhadas  os  princípios  de  utilização  de  cada  uma  dessas  áreas  identificadas;  

 

Actividades  

• Elaboração  de  forma  participativa,  mapas  diferentes  tipos  de  uso  de  terra  actuais  da  comunidade.  Esta  actividade  pode  ser   feita  durante  a  

Preparação  Social;  

• Elaboração,   de   forma  participativa,  mapas  de  potenciais   usos  de   terra,   com  base  no  uso   actual   de  uso  de   terra.   Esta   actividade  deve   ser  

participativa,   e   com  envolvimento   integral   dos  membros  do   CGRN.  A  definição  de  mecanismos  de  uso  e   fiscalização  deve   igualmente   ser  

elaborado  durante  esta  estes  encontros;  

• Estimar  a  área  referente  a  cada  uma  das  zonas  identificadas  

 

Duração  

Uma   porte  do   processo   de   Zoneamento   (elaboração   de  mapas  participativos)   pode   ser   integrado   no   processo   de   Preparação   Social,   ficando  

somente  a  parte  de  elaboração  de  mapas  detalhados  e  impressos,  que  pode  levar  um  máximo  de  2  dias  para  sua  realização.  

• Comunidades  beneficiárias:    • Serviços  Distritais  de  Planificação  e   Infraestrutura   (SDPI):  para  

enquadramento   nos   planos   de   uso   de   terra   distritais   e  acompanhamento;  

• Serviços   Distritais   de   Actividades   Económicas   -­‐   Cadastro:  acompanhamento  e  enquadramento  

• Administração   local:   validação   e   acompanhamento,  principalmente  pelos  Conselhos  Técnicos  Distritais  

• Detentores  de  DUATs:  acompanhamento  

• Mapas  participativos   da   comunidade,   indicando   os   diferentes  usos  de  terra;  

• Imagens  satélites  actuais  da  comunidade;  • Planos  de  uso  de  terra  dos  distritos;  • Planos  de  Desenvolvimento  do  Distrito;  • Prioridades  de  Desenvolvimento  da  comunidade  

Etapa  5:  Zoneamento    

Actores   Documentos/Informação  necessária  

Neste  contexto,  o  zoneamento  é  um  instrumento  de  planificação  a  nível  comunitário  que  permite  identificar  actuais  e  potenciais  usos  de  terra,  

como  forma  de  contribuir  para  uma  melhor  gestão  de  terra  e  desenvolvimento  sustentável.  O  conhecimento  e  a  identificação  de  uso  actual  de  

terras   a   nível   das   comunidades   é   crucial   para   a   elaboração   de   um   zoneamento   realístico   e   que   reflecte   a   dinâmica   de   uso   de   terra   e   de  

desenvolvimento  de  uma  determina  comunidade.  

 

A  informação  sobre  o  nível  de  urbanização  da  comunidade  (desenvolvimento  de  infraestruturas  económicas  e  sociais),  a  ameaça  sobre  recursos  

naturais,   investimentos   sobre   a   terra   (agricultura,   minas,   turismo   e   florestas),   são   exemplo   de   informação   necessária   para   desenhar   um  

zoneamento.   A   informação   obtida   durante   o   processo   de   Preparação   Social   (mapas   participativos,   planos   e   agendas   comunitárias)   são  

extremamente  cruciais  para  ajudar  no  processo  de  elaboração  de  um  zoneamento  realístico  da  comunidade.  

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Objectivos  da  etapa  O  principal   objectivo  desta   fase   é   obter   coordenadas   geográficas   dos   limites   da   comunidade,   com   recursos   a   instrumentos   e  procedimentos  devidamente  aprovados  e  credenciados.    Resultados  esperados  • Elaborado  o  mapa  com  limites  da  comunidade  claramente  identificados;    Actividades  A  fase  de  georeferenciamento  envolve  duas  etapas,  a  mencionar:  • Obter   as   coordenadas   dos   limites   da   comunidade.   Esta   actividade   deve   ser   realizada   na   companhia   dos  membros   da   comunidade   e   das  

comunidades  vizinhas.  Aqui:  o São  obtidos   todas   coordenadas  de  pontos/linhas  de   referência  que   definem  os   limites  da   comunidade.   Para   evitar   desenho  de   linhas  

rectas  durante  o  processo  de  elaboração  do  Mapa,  recomenda-­‐se  que  em  caso  de  linhas  de  referência,  sejam  obtidas  várias  coordenadas  perfazendo  o  contorno;  

o São  listados  todos  nomes  de  referência  identificados  e  georreferenciados;  • Elaborar   o   esboço   do   mapas   da   comunidade,   que   geralmente   é   feito   pelos   técnicos   da   geografia   e   cadastro,   e   envolve   as   seguintes  

actividades:  o Lançamento  das  coordenadas  no  aplicativo  GIS  e  num  mapa  topográfico  ou  imagem  satélite,  com  sistema  de  coordenadas  adequado;  o união   de   pontos   que   fazem   os   limites   da   comunidade   usando   ferramentas   do   GIS.   Neste   mapa,   devem   estar   representadas   as  

comunidades  vizinhas,  as  concessões  de  terras  existentes  dentro  da  comunidade,  principalmente  dos  investidores,  as  servidões  (estradas,  pontes,  etc.)  e  principais  infraestruturas.  O  uso  de  imagens  satélites  pode  facilitar  a  elaboração  destes  mapas;  

o Elaboração   da   memória   descritiva   do   esboço   do   mapa   da   comunidade,   indicando   as   principais   referências   de   limites,   principais  concessões,  infraestruturas,  etc.    

o Impressão  do  mapa  de  da  comunidade  delimitada    Duração  A   actividade   de   obter   coordenadas   geográficas   dos   limites   da   comunidade   é   a   que   requer  mais   tempo,   estando   dependente   do   tamanho   e  condições  de  relevo  da  comunidade.  O  processo  de  lançamento  de  coordenadas  no  GIS  e  elaboração  do  esboço,  leva  no  máximo  1  dia.  

• Comunidades   (beneficiárias   e   vizinhas):   para   indicação   dos  limites,  evidências  e  acompanhamento;  

• Autoridades  locais:  para  evidências  e  acompanhamento;  • SPGC/técnico   capacitado:   registar   coordenadas   e   garantir  

qualidade  • Detentores  de  DUAT:  acompanhamento  • Paralegal:  mitigação  e  resolução  de  conflitos  

• Acta  de  confrontação  de  limites;  • Mapa   participativo   com   a   indicação   de   pontos/linhas   de  

referencia  dos  limites  da  comunidade;  • GPS  ou  Tablets  com  precisão  inferior  a  10  m;  • Imagens  satélites  para  referencias;  • GIS  ou  aplicativo  similar,  para  processamento  das  coordenadas  

e  elaboração  de  mapas  

Etapa  6:  Georeferenciamento    

Actores   Documentos/Informação  necessária  

Georeferenciamento   é  o  processo   de   obter   coordenadas   geográficas  de   pontos   que   fazem  os   limites  da   comunidade.  O  georeferenciamento  precisa   ser   executado   por   pessoas   devidamente   capacitadas,   usando   instrumentos   que   garantem   precisão   adequada,   e   respeitando  procedimentos  descritos  no   anexo  técnico.  O   final   do  processo  de   georeferenciamento  é   a   elaboração  do  mapa  que  representa  os   limites  da  comunidade.  Várias  abordagens  podem  ser  combinadas  para  acelerar  o  processo,  como  o  uso  combinado  de  aplicativos,  imagens  satélites  e  GPS  ou  Tablets  com  devida  precisão.    O   desenho   e   a   listagem   prévia   de   pontos/linhas   de   referência   dos   limites   da   comunidade   são   cruciais   para   conduzir   um   processo   de  georeferenciamento   participativo   e   realístico.  Neste   fase,   é   obrigatório   seguir   os   limites  das   comunidade,   passando   por   cada  ponto/linha  de  referência  definidos  e  concordados  pelas  comunidades  durante  o  processo  de  confrontação  de  limites.  Este  é  um  processo  que  deve  ser  realizado  na   companhia   de  membros   da   comunidade   beneficiária   e   comunidade   vizinha,   que   detêm   o   conhecimento   exacto   dos   limites.   É   função   do  responsável  por  tirar  coordenadas,  respeitar  as  referências  e  garantir  a  qualidade  do  processo  de  georeferenciamento.    Com   recurso   a   um   GPS,   os   provedores   de   serviço   podem   igualmente   obter   coordenadas   geográficas   (pontos   ou   polígonos)   de   principais  infraestruturas   existentes   na   comunidade.   Essa   informação   vai   ser   útil   durante   a   elaboração   das   agendas   comunitárias,   onde   podem   ser  apresentadas  mapas  georreferenciados  com  as  coordenadas  indicando  as  referidas  infraestruturas  dentro  da  comunidade.    

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Objectivos  da  etapa  

O  principal  objectivo  desta  fase  é  de  apresentar  e  validar  os  vários  produtos  resultantes  do  processo  de  delimitação  de  terras,  pela  comunidade.  

 

Resultados  

• Validado  os  produtos  da  delimitação;  mapas  participativos,   esboços  de  mapas  de  delimitação  (incluindo  a  memória  descritiva),  mapas  de  

zoneamentos,  agendas  comunitárias,  e  planos  de  uso  de  terra  

 

Actividades:  

• Encontros   de   apresentação   de   produtos   do   processo   de   delimitação.   Nestes   encontros   devem   estar   presentes  membros  da   comunidade  

beneficiária,  e  representante  da  comunidade  vizinhas;  

• Registo  das  principais  preocupações  ou  constatações  levantadas  pela  comunidade  sobre  os  produtos  apresentados;  

• Correção  dos  produtos  caso  sejam  identificados  erros;  

• Elaboração   de   acta   de   devolução   parcial,   que   deve   ser   assinada   pela   pelos   representantes   dos   membros   da   comunidade   beneficiária   e  

representantes  das  comunidades  vizinhas;  

• Marcação  de  data  de  entrega  de  produtos  

 

Duração  

A   devolução  é   um   encontro   que  pode   ser   realizado   em   1   dia.   Porém,   é   importante   realçar   que   a   duração   do   processo   está   dependente   da  

capacidade  de  facilitação  e  do  tratamento  das  constatações  e  preocupações  registadas  pelas  comunidades  presentes.    A  devolução  parcial  pode  

ser  eficiente,  se  haver  envolvimento  integral  das  comunidades  desde  o  inicio  e  em  todas  as  fases  do  processo  de  delimitação.  

• Comunidades   beneficiárias   e   vizinhas:   para   validarem   o  

processo  

• Autoridades  locais:  para  acompanhamento  

• Detentores  de  DUATs:  para  acompanhamento;  

• SPGC:  para  acompanhamento  e  procedimentos  

• Mapas  participativos,  elaborados  durante  a  preparação  social;  

• Esboços   de  mapas   de   delimitação   e   as   respectivas   memórias  

descritivas;  

• Esboços  de  mapas  de  zoneamento  

• Agendas  Comunitárias  de  Desenvolvimento;  

• Formulário  de  acta  de  devolução  parcial  

Etapa  6:  Devolução  Parcial    

Actores   Documentos/Informação  necessária  

A   delimitação   de   terras   comunitárias,   seguindo   a   abordagem   da   iTC,   é   um   processo   participativo.   Assim,   todos   produtos   resultantes   deste  processo  precisam  de  ser  validados  pela  comunidade,  os  beneficiários  primários  deste  processo.  A  devolução  parcial  é  a  validação  do  processo  de  delimitação,  onde  a  comunidade  tem  a  oportunidade  de  ver,  comentar  e  discutir  sobre  os  principais  produtos:  mapas  de  delimitação,  mapas  de  zoneamento,  mapas  das  áreas  demarcadas,  planos  de  uso  de  terra,  agendas  comunitárias,  etc.  A  participação  massiva  neste  processo  é  vital,  para  evitar  que  essa  validação  seja  feita  somente  por  alguns  membros  da  comunidade,  não  sendo  representativa  da  comunidade.    A  habilidade  de  facilitação  do  provedor  de  serviço  é  extremamente  importante  neste  processo  de  devolução,  pois,  a  ideia  não  é  somente  divulgar  os  resultados/produtos,  mas  sim  ouvir,  perceber  o  sentimento  das  comunidade  sobre  os  mesmos.  É  um  momento  da  comunidade,  e  é  preciso  facilitar   para   que   eles   entendam   cada   um   dos   produtos   apresentados.   Se   foram   constatados   inconsistências,   ou   falhas   nos   produtos  apresentados,   é   importante   que   o   provedor   faça   a   devida   rectificação   e   volte   a   fazer   uma   outra   devolução   com   os   produtos   devidamente  rectificados.  A  presença  dos  vizinhos  no  processo  de  devolução  é  crucial,  principalmente  para  a  validação  do  esboço  do  mapa  da  comunidade  e  o  respectiva  memória   descritiva.   No   final   do  exercício,   uma   acta   de   devolução   é   elaborada   e   assinada,   pelos   representantes   das   comunidades  beneficiárias  e  comunidades  vizinhas.      É   importar  notar  que  há  dois  momentos  de  devolução,  o  primeiro  que  é  a  devolução  do  exercício  de  preparação  social,  que  deve  constar  nas  etapas  do  processo  de  preparação  social,  e  o  segundo  que  é  esta  fase  de  devolução  de  todo  processo  de  delimitação  de  terras  comunitárias.  

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Objectivos  da  etapa  

O  objectivo  desta  fase  é  de  garantir  a  emissão  pelos  SPGC  da  certidão  oficiosa,  referente  ao  processo  de  delimitação  de  terras  comunitárias.  

 

Resultados  esperados:  

• Certidão  oficiosa  emitida.  A  certidão  oficiosa  deve  apresentar  no  verso  o  mapa  ilustrativo  da  comunidade  delimitada  e  a  respectiva  memória  

descritiva.  

 

Actividades  

• Preparação   do   “dossier”   da   comunidade,   que   inclui   todos   documentos   necessários   (esboços   de   mapas,   actas   de   confrontação,   actas   de  

devolução,  esboços  de  mapas  de  zoneamento,  etc.);  

• Submissão  do  dossier  aos  SPGC;  

 

Duração  

A  preparação  do  dossier  da  comunidade,  começa  logo  com  o  inicio  do  processo  de  preparação  social.  Assim,  1  dia  é  necessário  para  submeter  o  

dossier  ao  SPGC.  

Etapa  6:  Tramitação  Processual  

A  fase  de  tramitação  é  reservada  a  submissão  de  todos  documentos  necessários  aos  SPGC,  para  a  emissão  da  certidão  oficiosa  da  comunidade  delimitada.  O   conhecimento  prévio  dos  requisitos  necessários  para   a  emissão  da  certidão  é   fundamental,  para   evitar   demora  no  processo  de  tramitação.  

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Objectivos  da  etapa  

O  objectivo  desta  fase  é  fazer  a  entrega  a  comunidade,  de  todas  os  produtos  resultantes  do  processo  de  delimitação  de  terras  comunitárias,  para  

servir  de  instrumentos  de  planificação  e  gestão  da  terra  e  recursos  naturais  na  comunidade.  

 

Resultados  esperados  

• Comunidades  na  posse  de  todos  produtos  resultantes  da  delimitação  de  terras  comunitárias;  

• Divulgado  as  oportunidades  de  serviços  da  iTC  aos  diferentes  actores  presentes,  incluindo  comunidades  vizinhas  não  delimitadas;  

 

Actividades  

• Preparação  do  evento:  aceto  das  datas  e  convites  a  aos  diferentes  actores;  

• Encontros  de  entrega  dos  produtos  da  delimitação  as  comunidades  beneficiárias;  

 

Duração  

A  entrega  de  produtos  da  delimitação  é   feita  durante  um  dia.   Para   casos  em  que  várias   comunidades   se   juntam  para   receber  os  produtos,  é  

importante  garantir  a  presença  delas  um  dias  antes  do  evento.  

• Comunidades  (incluindo  as  vizinhas);  

• Administração  do  Distrito;  

• SPGC;  

• Detentores  de  DUATs;  

• Órgãos  de  Comunicação  Social  

• Todos   produtos   resultantes   do   processo   de   Delimitação   que  

devem   ser   entregues   a   comunidade:   Certidões   de   registo   de  

CGRN,  Mapas   da   comunidade   delimitada   (em   A0),   Mapas   de  

Zoneamento,   incluindo   a   indicação   das   principais  

infraestruturas  (em  A0),  Certidão  oficiosa,  Agenda  Comunitária  

de  Desenvolvimento  

Etapa  7:  Entrega  pública  de  produtos  

Actores   Documentos/Informação  necessária  

A  entrega  pública  dos  produtos  da  delimitação  é  a  última  fase  do  processo  de  delimitação  de  terras  comunitárias,  na  abordagem  da  iTC.  Esta  é  a  

fase  em  que  de  uma  forma  simbólica,  são  apresentados  os  resultados  do  processo  de  delimitação  para  toda  a  comunidade,  incluindo  autoridades  

locais,  administração  local,  instituições  parceiras,  investidores,  e  comunidades  vizinhas.    

 

Os  produtos  da  delimitação  são  de  propriedade  da  comunidade,  para  serem  utilizados  nos  seus  processos  de  planificação  e  gestão  de  terra  e  

recursos  naturais,  daí  que  é  responsabilidade  do  provedor  de  serviço  garantir  a  multiplicação  e  entrega  destes  produtos  á  comunidade.  Durante  a  

entrega  pública,  devem  ser  entregues  a  comunidade:  (i)  Mapa  da  comunidade  delimitada  e  respectivo  memória  descritiva.  Este  mapa  deve  ser  

impresso   em   tamanho   A0,   e   se   possível   sobre   uma   imagem   satélite,   onde  é   possível   ver   detalhes  de   vegetação   e  uso  de   terra;   (ii)   Certidão  

oficiosa  da  comunidade,  com  o  mapa  de  localização  da  comunidade,  impresso  no  verso;  (iii)  Agenda  Comunitária  de  Desenvolvimento;  (iv)  Mapa  

do  Zoneamento  da  comunidade,  também  impresso  em  tamanho  A0;  (v)  Certidões  de  legalização  dos  CGRN  e  respectivas  publicações  no  BR;  (vi)  

Qualquer  DUAT  resultante  de  demarcação  realizada  durante  o  processo  da  delimitação.  

 

A  entrega  pública  de  produtos  é  igualmente  uma  oportunidade  para  advocar  e  divulgar  sobre  as  oportunidades  e  serviços  que  a  iTC  oferece,  uma  vez   que  diferentes   actores   estão  envolvidos.  Nestas  ocasiões,   diferentes   órgãos  de   comunicação   social   e  medias   podem   ser   convidados   para  reportar  sobre  o  evento.  

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Considerações  Finais  

A   delimitação   de   terras   comunitárias   não   é   o   fim   do   processo,   é   sim   o   inicio   e   base   para   todos   processo   de  

desenvolvimento  da   comunidade.  A   participação   comunitária   em   cada  uma  das   fases   do  processo  de  delimitação   é  

essencial  para  garantir  a  apropriação  do  processo,  e  encorajar  as  comunidades  a  liderarem  a  gestão  da  terra  e  recursos  

naturais  como  um  meio  para  desenvolvimento.  

 

A   integração   de   abordagens   metodológicas   modernas   (uso   de   imagens   satélites,   georeferenciamento   de  

infraestruturas,  etc.)  para  melhorar  o  processo  de  delimitação,  e  aumentar  o  conhecimento  da  comunidade,  devem  

ser   capitalizados,   sem   ferir   os   procedimentos   metodológicos   previstos   no   anexo   técnico   do   regulamento   da   lei   de  

terras.  

 

O   estabelecimento   do   CGRN   é   vital   para   garantir   a   continuidade   da   capacidade   deixada   durante   o   processo   de  

delimitação,  e  para  desenvolvimento  de  acções  sustentáveis  na  comunidade.  As  responsabilidades  e  deveres  do  CGRN  

devem  ficar  claros  nos  seio  das  comunidades,  e  suas  acções  devem  ser  baseadas  nos   instrumentos  de  planificação  e  

gestão  produzidas  durante  o  processo  de  delimitação.  A  capacitação  dos  membros  do  CGRN  sobre  matéria  de  gestão  

de   terra   e   recursos   naturais   é   fundamental,   pois   este   órgão   deve   assessorar   as   lideranças   nos   seus   processos   de  

tomada  de  decisão,   principalmente   o   que   concerne   a   gestão  de   terra   e   recursos   naturais   na   comunidade.  Algumas  

acções   incluem,  o  aconselhamento  na  atribuição  de  áreas  para  diferentes  actividades,   fiscalização  de  uso  de   terra  e  

recursos  naturais,  participação  em  encontros  de  gestão,  incluindo  em  consultas  comunitárias,  etc.    

 

A  dinâmica  e  evolução  do  processo  de  delimitação,  guiar  a  evolução  deste  guião  de  delimitação,  integrando  aspetos  de  

realce   tanto  para  o  processo  de  metodológico  de  delimitação  de  terras  comunitárias,   como  para  acções  que  visão  a  

melhor  apropriação  das  comunidades.