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Rua da Zâmbia, 453. Chimoio, Manica, Moçambique
Telefone: +25823832 Web: www.itc.co.mz
Cooperativa para Terras Comunitárias
Julho 2016
GUIÃO de DELIMITAÇÃO DE TERRAS COMUNITÁRIAS
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A legislação de Moçambique sobre terras prevê que as comunidades podem assegurar seis direitos
costumeiros sobre a terra, a partir de processos de delimitação, que basicamente consistem em
georeferenciamento dos limites da área da comunidade. Estes procedimentos que vêm descritos no anexo
técnico do regulamento da Lei de Terras, que tem sido a base de trabalho da iniciativa para Terras
Comunitárias1 (iTC) desde o ano 2006.
Com a evolução de procedimentos da iTC, e com a introdução da abordagem de Preparação Social em 2008 e
de Clusters em 2009, a delimitação de terras comunitárias implementada pela iTC tornou-‐se numa
abordagem mais participativa, adicionando valor as componentes apresentadas no anexo técnico.
Depois de vários anos a experimentar a abordagem participativa de delimitação de terras comunitárias, a iTC
apresenta neste guião metodológico, as linhas básicas para se implementar as delimitação de terras
comunitárias, respeitando o anexo técnico do regulamento da lei de terras, mas também, tornando o
processo participativo, como forma de aumentar maior apropriações pelo processo, pelas comunidades
beneficiárias.
As experiências de outras instituições que também implementaram delimitação de terras comunitárias
também estão integradas neste guião, pois foram captadas durantes os cerca de 9 anos de implementação
da iTC. Como instrumento de consulta, este guião metodológico é destinado a todos interessados em
implementar a delimitação de terras comunitárias na abordagem participativa da iTC, como forma de
adicionar valor ao procedimento a nível das comunidades, transformando o processo de delimitação como
um mecanismo base para um processo de gestão sustentável de terras e recursos naturais nas comunidades,
com fins orientados para o próprio desenvolvimento da comunidade.
Introdução
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O principal objectivo deste guião metodológico é de orientar a todos implementadores de actividades de delimitações
sobre os passos, abordagens e regras a seguir deste a fase de planificação até a entrega de produtos, num processo de
delimitação de terras comunitárias de forma participativa.
Este manual descreve de forma resumida as etapas do processo exclusivo de delimitação de terras comunitárias. A
figura representa de forma esquemática, as principais etapas do processo de delimitação de terras comunitárias, na
abordagem da iTC
Objectivo
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A implementação das etapas de processo de delimitação requerem uma capacidade de facilitação que permite a
motivação comunitária e seu engajamento na participação de cada uma das fases. Adicionalmente, o respeito pelos
seguintes princípios é fundamental para garantir o sucesso de implementação do processo de delimitação:
• Custo-‐eficiência. Em todas as etapas do processo, é importante optar sempre pela eficiência na aplicação de
fundos destinados ao processo de delimitação. Em algumas etapas, agrupar beneficiários (comunidades) é
uma opção, e também aumentar a eficiência e uniformizar conhecimento. O manual de orçamentação da iTC
apresenta igualmente outras opções de abordagens custo eficientes no processo de delimitação;
• Abordagem de Cluster. É importante considerar a abordagem de Cluster até mesmo ao nível de comunidade,
principalmente em actividades de capacitações, sensibilizações, diagnóstico e divulgação;
• Captação e transferência de conhecimento. A delimitação é um processo interactivo, daí que é uma
oportunidade para maximizar a captação de conhecimento das comunidades beneficiárias e oportunidade
para transmitir experiências de boas práticas e acções que promovam a gestão sustentável de terras e recursos
naturais. Este processo, deve ser continuo ao longo de todo processo de delimitação, principalmente durante
as actividades de sensibilização;
• Envolvimento integral das comunidades. Todas actividades previstas nesta abordagem devem ser
participativas, e validadas com participação máxima de comunidades. Assim, é preciso garantir pelo menos o
mínimo de ¼ da população em todas etapas que envolvem as comunidades;
• Envolvimento do CGRN. Os CGRN são um órgão de aconselhamento as comunidades, e devem ter
conhecimento da realidade da comunidade, e suas dinâmicas de uso de terra e recursos naturais, daí que
devem participar em todas as etapas do processo de delimitação de terras comunitárias.
• Validação e Devolução. Os principais beneficiários da delimitação de terras são as comunidades. Assim, é
importante que todos os produtos resultantes do processo de delimitação de terra comunitárias sejam no final
validados pelas próprias comunidade e devolvidas para as mesmas, como instrumentos que devem utilizados
em processo de planificação e gestão de terras e recursos naturais.
Princípios
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As actividades de delimitação de terras comunitárias são integradas em projectos comunitárias,
que algumas vezes são igualmente associados a actividades de demarcação. A identificação de
comunidades a serem delimitadas acontecem durantes vários processos que incluem a consulta as
estruturas locais, incluindo o uso de abordagem de chamada de ideias. Este processo de
identificação cukmina com a elaboração de uma nota conceptual do projecto, que é depois usada
para elaboração de uma proposta de projecto pelos Provedores de Serviço. Detalhes sobre
procedimentos relacionados com a identificação, elaboração e avaliação de projectos pode ser
encontrado no manual de Operações e outros documentos de suporte, através do endereço
www.itc.co.mz
Para o propósito específico deste guião, são consideradas etapas de processo de delimitação de
terras comunitárias, após a identificação de comunidades a serem delimitadas.
As Etapas da Delimitação
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Objectivos da etapa Garantir o acesso a informação sobre todo processo de delimitação, incluindo a divulgação da legislações pertinente e relevante, á todos actores beneficiários de processos de delimitação de terras comunitárias Resultado esperados No final desta etapa espera-‐se que se alcancem os seguintes resultados:
• Comunidades beneficiárias, autoridades locais e detentores de DUATs (dentro das áreas a delimitar) informadas sobre os principais passos da delimitação de terra comunitária, incluindo os seus objectivos, custos, actores envolvidos, duração e principais produtos;
• Comunidades beneficiárias, autoridades locais e detentores de DUATs (dentro das áreas a delimitar) com conhecimentos básicos sobre a legislação relevante ligada a gestão de terras e recursos naturais;
• Comunidades beneficiárias, com conhecimentos sobre as vantagens de delimitação, e sua contribuição para uma gestão sustentável de recursos naturais
Actividades previstas Durante esta fase, algumas actividades incluem:
• Encontros de apresentação de projecto de delimitação aos membros do Governo, autoridades locais, e comunidade beneficiárias, incluindo divulgação de enquadramento legal da actividade de delimitação de terras comunitárias;
• Divulgação da legislação sobre terras e outras que a complementam, principalmente a de Florestas, de turismo, de minas; • Sensibilização sobre boas práticas de gestão de terra, e de outros recursos naturais (água, florestas, minas, etc.) ás
comunidades beneficiárias e actores chaves. Duração A duração desta fase é variável, dependendo do número de comunidades num determinado Cluster, e a capacidade de facilitação do provedor de serviço:
• A apresentação de projecto geralmente acontece num dia, onde são agrupadas pessoas chaves, representativas de cada uma das comunidades beneficiárias, membros do governo, representantes do SPGC e detentores de DUATs. A planificação e acordo de datas e locais, deve ser feita de forma participativa, envolvendo os actores, no final, um convite formal é feito a todos actores que devem estar presente na apresentação;
• A divulgação da legislação começa no dia de apresentação do projecto, e acontece durante o decurso do projecto, onde a cada uma das fases é feita a integração com relação ao anexo técnico do regulamento da lei de terras;
• A sensibilização é um processo quotidiano, que começa no dia de apresentação do projecto e continua durante a vida do projecto. A partilha de exemplos positivos, boas práticas e abordagens práticas de gestão sustentável da terra e outros recursos naturais, devem ser transmitidos todos dias aos membros das comunidades.
• Provedor: como • Comunidades: como principais beneficiários do processo • Governo local: como reguladores locais de todo
processo de desenvolvimento • Detentores de DUAT (investidores, etc.): como actores
de desenvolvimento da comunidade
• A proposta técnica e financeira da actividade de delimitação de terras;
• Legislação de terras e legislação relativa a gestão de recursos naturais;
Etapa 1: Informação, divulgação e Sensibilização
Actores Documentos/Informação necessária
O acesso a informação sobre todo processo de delimitação por parte dos actores envolvidos, especialmente pelos beneficiários, autoridades locais, é de crucial importância para o sucesso do projecto. É durante esta fase que deve ser partilhado toda informação referente aos objectivos da Delimitaçào de terras e sua importância para o desenvolvimento das comunidades rurais. Durante este processo, são igualmente identificados actores chaves dentro da comunidade, que devem acompanhar e estar directamente envolvidos no processo de delimitação
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1
Objectivo da etapa
• Constituir legalmente, um órgão (Comité) representativo da comunidade, de apoio na gestão de terras e recursos naturais;
• Capacitar os membros dos CGRN sobre princípios básicos de gestão da terra e recursos naturais, incluindo a legislação ambiental;
Resultados esperados
• Comité legalmente constituído, com estatutos publicados no Boletim da República, para apoiar o líder comunitário na gestão de terras e
recursos naturais, com base nos instrumentos produzidos durante o processo de delimitação;
• Comité capacitado, e com conhecimentos básicos para participar e conduzir “Consultas comunitárias” em caso de investimentos privados e
projectos de desenvolvimento;
• Comités organizados, capazes de solicitar serviços necessários de apoios ao desenvolvimento da comunidade;
Actividades
As principais actividades que deve ser realizada nesta fase são:
• Selecção (de forma participativa) dos membros a fazerem parte do CGRN. Os membros a fazerem parte do Comité devem representar os
diferentes grupos de povoados da comunidade, e devem ser selecionados por membros da comunidade, durante encontros com as
comunidades;
• Eleição de membros constituintes dos órgão directivos do CGRN, selecionadas;
• Elaboração e apresentação dos estatutos que vão guiar o funcionamento dos CGRN. A discussão participativa dos estatutos é importante
para que os membros percebam os seus deveres e responsabilidade;
• Tramitação do processo de legalização a nível da Administração, para obter a certidão de legalidade do CGRN, e a respectiva publicação no
BR;
• Capacitação (com base no Manual aprovado) dos membros dos CGRN sobre seu funcionamento e noções básicas de gestão de terra e
recursos naturais;
• Abertura de conta para os membros do CGRN, com base em procedimentos aprovados
Duração
A duração desta fase pode ser repartida em função das diferentes actividades previstas:
Etapa 2: Estabelecimento e capacitação de CGRN
O estabelecimento de Comité de Gestão de Recursos Naturais (CGRN) durante o processo de delimitação de terras comunitárias é importante
criar, pois é uma forma de garantir continuidade do processo de delimitação e gestão de recursos em especial, através de uma instituição local,
cujo membros são igualmente membros da comunidade. Os Comités de Gestão de Recursos Naturais (CGRN) possuem um perfil apropriado para
esta função como órgão conselheiro do líder e da comunidade no geral. Este órgão deve ter responsabilidades de apoiar o líder comunitário na
planificação, gestão da terra e recursos naturais, respeitando os interesses da comunidade. O órgão deve representar a comunidades em vários
eventos, como as consultas comunitárias e encontros de estabelecimento de parceiras com entidades privadas e públicas.
O CGRN, que deve ser constituído por membros da comunidade, selecionados de forma representativa e participativa, devem estar dotados de
conhecimento e ferramentas adequadas, que lhes garantam exercer funções de órgão de apoio na gestão da terra e recursos naturais. A
importância de iniciar o processo de estabelecimento deste órgão logo após a fase de apresentação do projecto, permite o seu envolvimento em
todos os processos subsequentes da delimitação de terras comunitárias.
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• Provedor: como • Comunidades: como principais beneficiários do processo • Governo local: como reguladores locais de todo processo de
desenvolvimento • Detentores de DUAT (investidores, etc.): como actores de
desenvolvimento da comunidade
• A proposta técnica e financeira da actividade de delimitação de terras;
• Legislação de terras e legislação relativa a gestão de recursos naturais;
Actores Documentos/Informação necessária
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• Selecção dos membros do CGRN. A selecção deve acontecer em encontros com membros da comunidade, e para efeito, 1 dia é
suficiente para realizar esta actividade, e pode ser facilmente integrada nos primeiros encontros com a comunidade;
• Eleição dos membros do corpo directivo e apresentação dos estatutos: Considerando que existem já modelos de estatutos
elaborados, esta actividade está dependente do número de comunidade. Porém, 2 dias são necessários para realizar esta actividade
por comunidade. Abordagens que reduzem o tempo, como a junção de comunidades num determinado local, são recomendadas.
• Tramitação do processo de legalização dos CGRN. Este processo tem dois estágios: (i) o primeiro a nível do distrito, que pode levar
um período máximo de 15 dias, se considerarmos que os membros do CGRN estão todos devidamente identificados, e (ii) a nível da
Imprensa Nacional, que pode levar até 30 dias. O período de tramitação não está dependente da iTC, porém, o provedor, deve
garantir que reúne e submete todos documentos necessários para o processo de legalização. Em alguns casos, é necessário o
envolvimento do de uma equipa do Registo e Notariado, para a emissão dos Bilhetes de Identidade dos membros.
• Capacitação dos membros do CGRN. A capacitação é uma etapa fundamente do processo de estabelecimento do CGRN. É durante
esta etapa, que são transferidos informação sobre responsabilidades e deveres do CGRN perante a comunidade. Adicionalmente são
administrados, num período máximo de 5 dias, conhecimentos básicos sobre gestão de terra e recursos naturais na comunidade,
incluído o papel dos CGRN nas consultas comunitárias e estabelecimentos de parcerias.
• Abertura de conta do CGRN. Este processo pode levar até 30 dias, estando dependente de procedimentos específicos do Banco.
Porém, o provedor de serviço deve garantir a submissão de toda documentação necessária para efeito.
O envolvimento e acompanhamento, pelos membros do CGRN em outras fases do processo de delimitação de terras comunitárias, não é dependente do
processo de legalização e abertura de conta.
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Etapa 3: Preparação Social
A Preparação Social é uma fase importante no processo de delimitação de terras comunitárias. É na Preparação Social que inicia todo processo
de empoderamento da comunidade beneficiária da delimitação, passando pela identificação dos recursos naturais existentes e finalizando com a
elaboração de uma agenda comunitária de desenvolvimento, que espelha as aspirações de desenvolvimento socioeconómico da comunidade,
com base no uso e gestão dos recursos disponíveis na comunidade. Nesta fase, os facilitadores do processo, devem ter capacidade não só para
partilhar conhecimento, mas também para maximizar o conhecimento (sobre a gestão de recursos naturais) existente nas comunidades rurais, e
combina-‐los com os desafios actuais e futuros, sobre a dinâmica de uso de uso de terras e desenvolvimento.
Porque a Preparação Social é fundamental para iTC e para o processo de delimitação, recomenda-‐se a leitura integral do manual de preparação
Social da iTC para conhecimento das etapas envolvidas e procedimentos. O manual pode ser solicitado aos Gestores Provinciais da iTC, ou podem
ser obtidos na página da iTC www.itc.co.mz.
A Preparação Social é sujeita a uma validação pela equipa da iTC, de forma a garantir controle de qualidade e harmonização de procedimentos,
em cada uma das suas etapas.
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Objectivos da etapa
• Identificar comunidades vizinhas da comunidade beneficiária de delimitação;
• Identificar os limites, incluindo os pontos de referências entre a comunidade beneficiária e cada uma das comunidades vizinhas;
Resultados esperados
• Conhecidos as comunidades vizinhas, que partilham fronteiras com as comunidades beneficiárias;
• Conhecidos os limites e pontos de referência dos limites entre a comunidade beneficiárias e comunidade vizinhas;
• Acta de confrontação elaborada e assinadas pelos membros representantes das comunidades beneficiárias e vizinhas;
Actividades
As seguintes actividades devem ser implementadas durante esta fase:
• Encontros de identificação de comunidades vizinhas que fazem limites com as comunidades a beneficiarem de delimitação;
• Identificação de limites naturais (rios, caminhos, etc.) e pontos de referência que constituem limites entre as comunidades beneficiárias e
comunidade. Exige deslocação para validar os pontos de referência identificados e concordados;
• Elaborar cartogramas participativos, identificando os pontos de referência nos limites em causa, entre a comunidade beneficiária e as
comunidades vizinhas
• Encontros de confrontação de limites, com a elaboração de acta de confrontação;
Duração
• A duração de implementação desta fase, depende do número de comunidades envolvidas vizinhas e do grau de concordância de limites.
Porém, uma confrontação pode levar um período de 2 á 5 dias, para casos de haver necessidade de se visitar os limites naturais e/ou pontos
de referência.
• Comunidades beneficiárias e comunidades vizinhas
• Liderança local, incluindo a tradicional: conhecedores dos
limites
• Administração local: para evidenciar e testemunhar o
processo
• Serviços de Cadastro: para garantir cumprimento dos
procedimentos previstos no anexo técnico
• Paralegal (de preferência da comunidade)
• Mapas participativos das comunidades;
• Imagens satélites de alta resolução;
• Formulários de acta de confrontação de limites;
• Perfil histórico da comunidade
Etapa 4: Confrontação de limites
Actores Documentos/Informação necessária
A pesquisa e análise da estrutura social da comunidades, ajuda a identificar as relações hierárquicas entre vários níveis de chefia na comunidade, e ajuda a definir claramente a que nível deve ser feita a delimitação de terra. Definido o nível em que vai acontecer a delimitação, inicia o processo de identificação de comunidades vizinhas e posteriormente a confrontação de limites, que é o exercício participativo, onde a comunidade beneficiária confronta os seus limites com as comunidades vizinhas. A confrontação é uma actividade participativa, que deve envolver comunidades beneficiárias e comunidades vizinhas. Os membros da comunidade presentes nestas actividades devem ser anunciadas e indicadas durante encontros públicos, de forma que sejam pessoas reconhecidas como tendo informação suficientes para acompanhar esta actividade.
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Objectivos da etapa
O principal objectivo desta fase é de elaborar um instrumento de planificação de uso de terra a nível comunitário, baseado na identificação dos
actuais e potenciais tipos de uso de terra na comunidade.
Resultados esperados
• Identificados os actuais e potenciais usos de terra na comunidade;
• Elaborados mapas de zoneamento com informação de potenciais usos de terra na comunidade;
• Estimada a área para cada uma das zonas/áreas identificadas;
• Partilhadas os princípios de utilização de cada uma dessas áreas identificadas;
Actividades
• Elaboração de forma participativa, mapas diferentes tipos de uso de terra actuais da comunidade. Esta actividade pode ser feita durante a
Preparação Social;
• Elaboração, de forma participativa, mapas de potenciais usos de terra, com base no uso actual de uso de terra. Esta actividade deve ser
participativa, e com envolvimento integral dos membros do CGRN. A definição de mecanismos de uso e fiscalização deve igualmente ser
elaborado durante esta estes encontros;
• Estimar a área referente a cada uma das zonas identificadas
Duração
Uma porte do processo de Zoneamento (elaboração de mapas participativos) pode ser integrado no processo de Preparação Social, ficando
somente a parte de elaboração de mapas detalhados e impressos, que pode levar um máximo de 2 dias para sua realização.
• Comunidades beneficiárias: • Serviços Distritais de Planificação e Infraestrutura (SDPI): para
enquadramento nos planos de uso de terra distritais e acompanhamento;
• Serviços Distritais de Actividades Económicas -‐ Cadastro: acompanhamento e enquadramento
• Administração local: validação e acompanhamento, principalmente pelos Conselhos Técnicos Distritais
• Detentores de DUATs: acompanhamento
• Mapas participativos da comunidade, indicando os diferentes usos de terra;
• Imagens satélites actuais da comunidade; • Planos de uso de terra dos distritos; • Planos de Desenvolvimento do Distrito; • Prioridades de Desenvolvimento da comunidade
Etapa 5: Zoneamento
Actores Documentos/Informação necessária
Neste contexto, o zoneamento é um instrumento de planificação a nível comunitário que permite identificar actuais e potenciais usos de terra,
como forma de contribuir para uma melhor gestão de terra e desenvolvimento sustentável. O conhecimento e a identificação de uso actual de
terras a nível das comunidades é crucial para a elaboração de um zoneamento realístico e que reflecte a dinâmica de uso de terra e de
desenvolvimento de uma determina comunidade.
A informação sobre o nível de urbanização da comunidade (desenvolvimento de infraestruturas económicas e sociais), a ameaça sobre recursos
naturais, investimentos sobre a terra (agricultura, minas, turismo e florestas), são exemplo de informação necessária para desenhar um
zoneamento. A informação obtida durante o processo de Preparação Social (mapas participativos, planos e agendas comunitárias) são
extremamente cruciais para ajudar no processo de elaboração de um zoneamento realístico da comunidade.
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Objectivos da etapa O principal objectivo desta fase é obter coordenadas geográficas dos limites da comunidade, com recursos a instrumentos e procedimentos devidamente aprovados e credenciados. Resultados esperados • Elaborado o mapa com limites da comunidade claramente identificados; Actividades A fase de georeferenciamento envolve duas etapas, a mencionar: • Obter as coordenadas dos limites da comunidade. Esta actividade deve ser realizada na companhia dos membros da comunidade e das
comunidades vizinhas. Aqui: o São obtidos todas coordenadas de pontos/linhas de referência que definem os limites da comunidade. Para evitar desenho de linhas
rectas durante o processo de elaboração do Mapa, recomenda-‐se que em caso de linhas de referência, sejam obtidas várias coordenadas perfazendo o contorno;
o São listados todos nomes de referência identificados e georreferenciados; • Elaborar o esboço do mapas da comunidade, que geralmente é feito pelos técnicos da geografia e cadastro, e envolve as seguintes
actividades: o Lançamento das coordenadas no aplicativo GIS e num mapa topográfico ou imagem satélite, com sistema de coordenadas adequado; o união de pontos que fazem os limites da comunidade usando ferramentas do GIS. Neste mapa, devem estar representadas as
comunidades vizinhas, as concessões de terras existentes dentro da comunidade, principalmente dos investidores, as servidões (estradas, pontes, etc.) e principais infraestruturas. O uso de imagens satélites pode facilitar a elaboração destes mapas;
o Elaboração da memória descritiva do esboço do mapa da comunidade, indicando as principais referências de limites, principais concessões, infraestruturas, etc.
o Impressão do mapa de da comunidade delimitada Duração A actividade de obter coordenadas geográficas dos limites da comunidade é a que requer mais tempo, estando dependente do tamanho e condições de relevo da comunidade. O processo de lançamento de coordenadas no GIS e elaboração do esboço, leva no máximo 1 dia.
• Comunidades (beneficiárias e vizinhas): para indicação dos limites, evidências e acompanhamento;
• Autoridades locais: para evidências e acompanhamento; • SPGC/técnico capacitado: registar coordenadas e garantir
qualidade • Detentores de DUAT: acompanhamento • Paralegal: mitigação e resolução de conflitos
• Acta de confrontação de limites; • Mapa participativo com a indicação de pontos/linhas de
referencia dos limites da comunidade; • GPS ou Tablets com precisão inferior a 10 m; • Imagens satélites para referencias; • GIS ou aplicativo similar, para processamento das coordenadas
e elaboração de mapas
Etapa 6: Georeferenciamento
Actores Documentos/Informação necessária
Georeferenciamento é o processo de obter coordenadas geográficas de pontos que fazem os limites da comunidade. O georeferenciamento precisa ser executado por pessoas devidamente capacitadas, usando instrumentos que garantem precisão adequada, e respeitando procedimentos descritos no anexo técnico. O final do processo de georeferenciamento é a elaboração do mapa que representa os limites da comunidade. Várias abordagens podem ser combinadas para acelerar o processo, como o uso combinado de aplicativos, imagens satélites e GPS ou Tablets com devida precisão. O desenho e a listagem prévia de pontos/linhas de referência dos limites da comunidade são cruciais para conduzir um processo de georeferenciamento participativo e realístico. Neste fase, é obrigatório seguir os limites das comunidade, passando por cada ponto/linha de referência definidos e concordados pelas comunidades durante o processo de confrontação de limites. Este é um processo que deve ser realizado na companhia de membros da comunidade beneficiária e comunidade vizinha, que detêm o conhecimento exacto dos limites. É função do responsável por tirar coordenadas, respeitar as referências e garantir a qualidade do processo de georeferenciamento. Com recurso a um GPS, os provedores de serviço podem igualmente obter coordenadas geográficas (pontos ou polígonos) de principais infraestruturas existentes na comunidade. Essa informação vai ser útil durante a elaboração das agendas comunitárias, onde podem ser apresentadas mapas georreferenciados com as coordenadas indicando as referidas infraestruturas dentro da comunidade.
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Objectivos da etapa
O principal objectivo desta fase é de apresentar e validar os vários produtos resultantes do processo de delimitação de terras, pela comunidade.
Resultados
• Validado os produtos da delimitação; mapas participativos, esboços de mapas de delimitação (incluindo a memória descritiva), mapas de
zoneamentos, agendas comunitárias, e planos de uso de terra
Actividades:
• Encontros de apresentação de produtos do processo de delimitação. Nestes encontros devem estar presentes membros da comunidade
beneficiária, e representante da comunidade vizinhas;
• Registo das principais preocupações ou constatações levantadas pela comunidade sobre os produtos apresentados;
• Correção dos produtos caso sejam identificados erros;
• Elaboração de acta de devolução parcial, que deve ser assinada pela pelos representantes dos membros da comunidade beneficiária e
representantes das comunidades vizinhas;
• Marcação de data de entrega de produtos
Duração
A devolução é um encontro que pode ser realizado em 1 dia. Porém, é importante realçar que a duração do processo está dependente da
capacidade de facilitação e do tratamento das constatações e preocupações registadas pelas comunidades presentes. A devolução parcial pode
ser eficiente, se haver envolvimento integral das comunidades desde o inicio e em todas as fases do processo de delimitação.
• Comunidades beneficiárias e vizinhas: para validarem o
processo
• Autoridades locais: para acompanhamento
• Detentores de DUATs: para acompanhamento;
• SPGC: para acompanhamento e procedimentos
• Mapas participativos, elaborados durante a preparação social;
• Esboços de mapas de delimitação e as respectivas memórias
descritivas;
• Esboços de mapas de zoneamento
• Agendas Comunitárias de Desenvolvimento;
• Formulário de acta de devolução parcial
Etapa 6: Devolução Parcial
Actores Documentos/Informação necessária
A delimitação de terras comunitárias, seguindo a abordagem da iTC, é um processo participativo. Assim, todos produtos resultantes deste processo precisam de ser validados pela comunidade, os beneficiários primários deste processo. A devolução parcial é a validação do processo de delimitação, onde a comunidade tem a oportunidade de ver, comentar e discutir sobre os principais produtos: mapas de delimitação, mapas de zoneamento, mapas das áreas demarcadas, planos de uso de terra, agendas comunitárias, etc. A participação massiva neste processo é vital, para evitar que essa validação seja feita somente por alguns membros da comunidade, não sendo representativa da comunidade. A habilidade de facilitação do provedor de serviço é extremamente importante neste processo de devolução, pois, a ideia não é somente divulgar os resultados/produtos, mas sim ouvir, perceber o sentimento das comunidade sobre os mesmos. É um momento da comunidade, e é preciso facilitar para que eles entendam cada um dos produtos apresentados. Se foram constatados inconsistências, ou falhas nos produtos apresentados, é importante que o provedor faça a devida rectificação e volte a fazer uma outra devolução com os produtos devidamente rectificados. A presença dos vizinhos no processo de devolução é crucial, principalmente para a validação do esboço do mapa da comunidade e o respectiva memória descritiva. No final do exercício, uma acta de devolução é elaborada e assinada, pelos representantes das comunidades beneficiárias e comunidades vizinhas. É importar notar que há dois momentos de devolução, o primeiro que é a devolução do exercício de preparação social, que deve constar nas etapas do processo de preparação social, e o segundo que é esta fase de devolução de todo processo de delimitação de terras comunitárias.
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Objectivos da etapa
O objectivo desta fase é de garantir a emissão pelos SPGC da certidão oficiosa, referente ao processo de delimitação de terras comunitárias.
Resultados esperados:
• Certidão oficiosa emitida. A certidão oficiosa deve apresentar no verso o mapa ilustrativo da comunidade delimitada e a respectiva memória
descritiva.
Actividades
• Preparação do “dossier” da comunidade, que inclui todos documentos necessários (esboços de mapas, actas de confrontação, actas de
devolução, esboços de mapas de zoneamento, etc.);
• Submissão do dossier aos SPGC;
Duração
A preparação do dossier da comunidade, começa logo com o inicio do processo de preparação social. Assim, 1 dia é necessário para submeter o
dossier ao SPGC.
Etapa 6: Tramitação Processual
A fase de tramitação é reservada a submissão de todos documentos necessários aos SPGC, para a emissão da certidão oficiosa da comunidade delimitada. O conhecimento prévio dos requisitos necessários para a emissão da certidão é fundamental, para evitar demora no processo de tramitação.
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Objectivos da etapa
O objectivo desta fase é fazer a entrega a comunidade, de todas os produtos resultantes do processo de delimitação de terras comunitárias, para
servir de instrumentos de planificação e gestão da terra e recursos naturais na comunidade.
Resultados esperados
• Comunidades na posse de todos produtos resultantes da delimitação de terras comunitárias;
• Divulgado as oportunidades de serviços da iTC aos diferentes actores presentes, incluindo comunidades vizinhas não delimitadas;
Actividades
• Preparação do evento: aceto das datas e convites a aos diferentes actores;
• Encontros de entrega dos produtos da delimitação as comunidades beneficiárias;
Duração
A entrega de produtos da delimitação é feita durante um dia. Para casos em que várias comunidades se juntam para receber os produtos, é
importante garantir a presença delas um dias antes do evento.
• Comunidades (incluindo as vizinhas);
• Administração do Distrito;
• SPGC;
• Detentores de DUATs;
• Órgãos de Comunicação Social
• Todos produtos resultantes do processo de Delimitação que
devem ser entregues a comunidade: Certidões de registo de
CGRN, Mapas da comunidade delimitada (em A0), Mapas de
Zoneamento, incluindo a indicação das principais
infraestruturas (em A0), Certidão oficiosa, Agenda Comunitária
de Desenvolvimento
Etapa 7: Entrega pública de produtos
Actores Documentos/Informação necessária
A entrega pública dos produtos da delimitação é a última fase do processo de delimitação de terras comunitárias, na abordagem da iTC. Esta é a
fase em que de uma forma simbólica, são apresentados os resultados do processo de delimitação para toda a comunidade, incluindo autoridades
locais, administração local, instituições parceiras, investidores, e comunidades vizinhas.
Os produtos da delimitação são de propriedade da comunidade, para serem utilizados nos seus processos de planificação e gestão de terra e
recursos naturais, daí que é responsabilidade do provedor de serviço garantir a multiplicação e entrega destes produtos á comunidade. Durante a
entrega pública, devem ser entregues a comunidade: (i) Mapa da comunidade delimitada e respectivo memória descritiva. Este mapa deve ser
impresso em tamanho A0, e se possível sobre uma imagem satélite, onde é possível ver detalhes de vegetação e uso de terra; (ii) Certidão
oficiosa da comunidade, com o mapa de localização da comunidade, impresso no verso; (iii) Agenda Comunitária de Desenvolvimento; (iv) Mapa
do Zoneamento da comunidade, também impresso em tamanho A0; (v) Certidões de legalização dos CGRN e respectivas publicações no BR; (vi)
Qualquer DUAT resultante de demarcação realizada durante o processo da delimitação.
A entrega pública de produtos é igualmente uma oportunidade para advocar e divulgar sobre as oportunidades e serviços que a iTC oferece, uma vez que diferentes actores estão envolvidos. Nestas ocasiões, diferentes órgãos de comunicação social e medias podem ser convidados para reportar sobre o evento.
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Considerações Finais
A delimitação de terras comunitárias não é o fim do processo, é sim o inicio e base para todos processo de
desenvolvimento da comunidade. A participação comunitária em cada uma das fases do processo de delimitação é
essencial para garantir a apropriação do processo, e encorajar as comunidades a liderarem a gestão da terra e recursos
naturais como um meio para desenvolvimento.
A integração de abordagens metodológicas modernas (uso de imagens satélites, georeferenciamento de
infraestruturas, etc.) para melhorar o processo de delimitação, e aumentar o conhecimento da comunidade, devem
ser capitalizados, sem ferir os procedimentos metodológicos previstos no anexo técnico do regulamento da lei de
terras.
O estabelecimento do CGRN é vital para garantir a continuidade da capacidade deixada durante o processo de
delimitação, e para desenvolvimento de acções sustentáveis na comunidade. As responsabilidades e deveres do CGRN
devem ficar claros nos seio das comunidades, e suas acções devem ser baseadas nos instrumentos de planificação e
gestão produzidas durante o processo de delimitação. A capacitação dos membros do CGRN sobre matéria de gestão
de terra e recursos naturais é fundamental, pois este órgão deve assessorar as lideranças nos seus processos de
tomada de decisão, principalmente o que concerne a gestão de terra e recursos naturais na comunidade. Algumas
acções incluem, o aconselhamento na atribuição de áreas para diferentes actividades, fiscalização de uso de terra e
recursos naturais, participação em encontros de gestão, incluindo em consultas comunitárias, etc.
A dinâmica e evolução do processo de delimitação, guiar a evolução deste guião de delimitação, integrando aspetos de
realce tanto para o processo de metodológico de delimitação de terras comunitárias, como para acções que visão a
melhor apropriação das comunidades.