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Universidade Federal de Pernambuco Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação ‐ 1 ‐ Ação de linguagem escrita no hipertexto: interações contemporâneas Deirbe Susan Gomes de Oliveira Fabrícia Ferreira Novaes Resumo: Este trabalho tem por objetivo colocar em evidencia o desenvolvimento e a evolução da escrita e da leitura hipertextuais realizadas por estudantes da escola estadual Antonio Carlos Magalhães, em Ibibpeba‐Ba, a partir de práticas sociais e trocas de saberes por meio das redes sociais da web. É uma pesquisa de conclusão de curso de graduação em Pedagogia – DCHT – campus XVI – Irecê‐Ba, com o propósito de investigar como a leitura e a escrita nas redes sociais se fazem presentes no cotidiano virtual dos sujeitos contemporâneos, blogueiros e orkuteiros envolvidos na pesquisa. Elegeu‐se como procedimento metodológico a participação no ambiente escolar – laboratório de informática e sala de aula – bem como a interação através das redes sociais. Pretendeu‐se analisar como os avanços que o mundo digital tem contribuído na e para a vida destes jovens; fazer analise de como era e, está sendo a sua escrita; procurar ver quais as mudanças tem acontecido com a leitura e escrita dos alunos. Em questão, fazer um estudo mais aprofundado deste novo modo de ler e escreve que tem ganhado grande espaço entre a juventude. Palavras‐chave: Hipertexto; Contemporaneidade; Virtual; Ciberespaço; Tecnologia; Digital. Introdução Com a prática da escrita nas redes sociais, o escrever toma novas formas e isto de certo modo reflete na escrita de toda uma sociedade; daí a importância de levar em consideração as novas maneiras de escrever que tem surgido a partir do mundo virtual, sabendo que esta vem contribuir significativamente para a construção de novos conhecimentos que vai além dos muros e entrelinhas da escola.

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Universidade Federal de Pernambuco ­ Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação ‐ 1 ‐

Ação de linguagem escrita no hipertexto: interações contemporâneas

Deirbe Susan Gomes de Oliveira Fabrícia Ferreira Novaes

Resumo: Este trabalho tem por objetivo colocar em evidencia o desenvolvimento e a evolução da escrita e da leitura hipertextuais realizadas por estudantes da escola estadual Antonio Carlos Magalhães, em Ibibpeba‐Ba, a partir de práticas sociais e trocas de saberes por meio das redes sociais da web. É uma pesquisa de conclusão de curso de graduação em Pedagogia – DCHT – campus XVI – Irecê‐Ba, com o propósito de investigar como a leitura e a escrita nas redes sociais se fazem presentes no cotidiano virtual dos sujeitos contemporâneos, blogueiros e orkuteiros envolvidos na pesquisa. Elegeu‐se como procedimento metodológico a participação no ambiente escolar – laboratório de informática e sala de aula – bem como a interação através das redes sociais. Pretendeu‐se analisar como os avanços que o mundo digital tem contribuído na e para a vida destes jovens; fazer analise de como era e, está sendo a sua escrita; procurar ver quais as mudanças tem acontecido com a leitura e escrita dos alunos. Em questão, fazer um estudo mais aprofundado deste novo modo de ler e escreve que tem ganhado grande espaço entre a juventude. Palavras‐chave: Hipertexto; Contemporaneidade; Virtual; Ciberespaço; Tecnologia; Digital.

Introdução

Com a prática da escrita nas redes sociais, o escrever toma novas formas e

isto de certo modo reflete na escrita de toda uma sociedade; daí a importância de

levar em consideração as novas maneiras de escrever que tem surgido a partir do

mundo virtual, sabendo que esta vem contribuir significativamente para a

construção de novos conhecimentos que vai além dos muros e entrelinhas da

escola.

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1 O lugar da escrita na sociedade contemporânea

Neste capítulo apresenta e discute as concepções históricas e sociais da

escrita como tecnologia intelectual que promove a relação de poder entre os

indivíduos da sociedade contemporânea.

A infra‐estrutura de comunicação e as tecnologias intelectuais sempre

estabelecem estreitas relações com as formas de organização econômicas e

políticas, por exemplo, “o nascimento da escrita está ligado aos primeiros Estados

burocráticos de uma hierarquia piramidal e as primeiras formas de administração

econômica centralizada em impostos e gestão de grandes domínios”. (LÉVY, 1996,

p.87).

A escrita surgiu quando o homem passou de nômade para sedentário e

começou a cultivar seu alimento e criar animais, pois, precisava de um recurso

para registrar o número de animais que possuía e o quanto de alimento havia

estocado.

Mais tarde, Segundo Lévy (1996), a escrita foi utilizada para registrar os dias

do ano através do calendário, posteriormente começou‐se a usar a escrita para

registrar grandes feitos, batalhas, tratados, proclamações de governantes,

casamentos, empréstimos, orações, e assim por diante. Pode‐se dizer que a escrita

foi uma das grandes “invenções” da humanidade, e que surgiu a partir da

necessidade do homem de criar registros, armazenar dados, enfim, de preservar

sua história.

Desde as primeiras marcas produzidas com instrumentos rudimentares – fosse

no chão, nas paredes das cavernas ou pinturas no próprio corpo ‐ até a atual era da

informática muito se conquistou nos mais variados ramos do conhecimento

humano; sim, muitas foram as conquistas culturais, artísticas, sociais, políticas e

econômicas.

Percebe‐se, assim, que os primeiros grupos a fazerem uso da linguagem já a

utilizavam com um objetivo pré‐determinado, a linguagem, desde antes era

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utilizada como forma de manifestação social; associar a uma determinada

variedade linguística o poder da escrita foi nos últimos séculos da Idade Média uma

operação que respondeu a exigências políticas e culturais; embora seja impossível

distingui estilos da escrita, uma para cada domínio, existe indícios de variação de

estilo à medida que se passa de um “uso” para o outro.

É importante notar que, enquanto nas sociedades primitivas o ambiente de

aprendizagem abrangia praticamente todo o espaço vivencial conhecido, não

havendo quase ou nenhum momento considerado específico para finalidades

educativas, com o passar do tempo, com a amplitude do espaço vivencial, foram

pouco a pouco sendo definidos cada vez mais explicitamente momentos e lugares

reconhecidos legitimamente como ambientes de aprendizagem, tendo a escola

como lugar privilegiado e central para que isso se desse.

Segundo estudiosos da escrita enganam‐se, quando se diz que a educação se

torna praticamente equivalente à escolarização, sendo considerado educado

somente o indivíduo submetido a um ensino escolar, valorizando‐se o aspecto

utilitário dos conhecimentos, o que de certa forma contribuiu para que o processo

educativo tendesse a uma progressiva fragmentação reduzindo o espaço à

criatividade e à inovação, condicionando o professor à obediência de objetivos de

longo prazo, instruções codificadas, programas e livros didáticos.

As contradições da modernidade e o crescimento acelerado da complexa

cultura urbana e de um sistema de "racionalização eletrônica" iriam logo abalar as

pretensões de homogeneidade e de controle social, sobretudo no período seguinte

à Segunda Guerra Mundial. A orientação utilitária promove o distanciamento cada

vez maior entre o saber escolar e o saber social, revelando equívocos que se

arrastam até os nossos dias na educação.

Quem inventou a escrita foi à leitura: um dia numa caverna, o homem começou a desenhar e encheu as paredes com figuras, representando animais, pessoas, objetos e cenas do cotidiano... A humanidade descobria assim que quando uma forma gráfica representa o mundo, é apenas um desenho, quando representa uma palavra, passa a ser uma forma de escrita. (CAGLIARI, 1988, p.13).

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Assim sendo, a escrita traduz para ordem dos signos o espaço‐tempo

instaurado pelas primeiras civilizações históricas, a partir do momento em que

sentiram a necessidade de se comunicarem através desta para desenvolver todo um

sistema vigente da época, sobretudo a invenção da democracia.

Ao alfabeto e a impressão, aperfeiçoamentos da escrita, desempenham um

papel essencial no estabelecimento da ciência como modo de conhecimento

dominante.

O passo em que a sociedade vai evoluindo novas formas de comunicação

surge e a escrita acompanha todo este avanço permitindo uma situação prática de

comunicação nova.

Pela primeira vez, os discursos podem ser separados das circunstâncias

particulares em que foram produzidos. Os hipertextos do autor e do leitor podem,

portanto, ser tão diferentes quanto possíveis. A comunicação puramente escrita

elimina a mediação humana no contexto que adaptava ou traduzia as mensagens

vindas de outro tempo ou lugar.

Sabe‐se que a escrita tem sofrido grandes transformações ao logo da

história, e vivendo numa época em que os avanços tecnológicos são significantes,

tem‐se os hipertextos uma nova maneira de escrita que esta influenciando

diretamente no desenvolvimento da aprendizagem dos jovens da sociedade

moderna. O hipertexto é usado coletivamente por todos que acessam a internet,

está escrita virtualmente aparece como um viés para estabelecimento de relações

entre os sujeitos.

É importante levar em consideração que a escrita dos textos virtuais é

coletiva colocada a disposição de todos ser modificada. Tendo vários tipos de

interpretação, os hipertextos possuem um lugar privilegiado na vida dos jovens,

pois fogem dos termos patrões da escrita da instituição escolar e fascina mais os

alunos, levando‐os a uma produção coletiva que os encanta.

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O hipertexto é definido como uma coleção de informações multimodais dispostas em rede para navegação rápida e intuitiva... O navegador pode se fazer autor de maneira mais profunda do que percorrendo uma rede preestabelecida: participando da estrutura do hipertexto, criando novas ligações. (LÉVY, 1996, p. 35).

Desta forma, a escrita acontece de maneira coletiva, envolvendo os jovens e

levando estes a criarem maneiras diversas de escrever, ou seja, uma escrita própria

entre eles. Esta ai a importância de educadores considerarem este novo conceito

de escrita dos discentes, pois ao passo que eles escrevem algo que os fascina mais

do que a escrita encontrada em livros é a hora dos professores usarem os

ciberespaços como mais um recurso na aprendizagem do sujeito (Barreto, 2009,

p.87).

A escrita no mundo virtual não tem fronteiras, são textos que ultrapassam as

barreiras em espaços temporais, levando os sujeitos para uma aprendizagem

coletiva, as manutenções dos hipertextos dependem de múltiplas interações.

Não se pode reduzir a escrita a um registro da fala, mas ela é um registro

que nos leva a conhecer todo um emaranhado de informações que contribui no

ensino dos jovens, e é partir dos textos que se pode ter uma visão critica e

apropriar‐se de saberes.

Com a escrita, e mais ainda com o alfabeto e a imprensa, os modos de conhecimento teórico e hermenêuticos passaram, portanto a prevalecer sobre os saberes narrativos e rituais das sociedades orais. A exigência de uma verdade universal, objetiva e critica só pode se impor numa ecologia cognitiva largamente estruturada pela escrita, ou, mais exatamente, pela escrita sobre suporte estático... Pois o texto contemporâneo alimenta correspondência online e conferências eletrônicas, correndo em redes, fluido, desterritorializado, mergulhado no meio oceânico do ciberespaço... (LÉVY, 1993, p. 30).

A construção dos hipertextos possui series de informações, e este se

apresenta como uma pequena janela a partir da qual o leitor se apropria de

informações significativas, a memória digital é uma potencialização. Segundo

(LÉVY, 1996), um hipertexto é uma matriz de textos potenciais, sendo que alguns

deles vão se realizar sob o efeito da interação com os usuários. A escrita é

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considerada como provendo indicações que permitem construir um enunciado de

acordo com as regras da própria gramática interna, porém que não o reproduz em

todos os detalhes.

É, através da linguagem escrita, produzida e desenvolvida socialmente, que

o homem passa, do registro meramente espacial, para o registro de fatos e

acontecimentos: é por intermédio dela que melhor consegue dar aos seus

sentimentos, as suas idéias um caráter duradouro. Assim fatos, quantidades, locais,

impressões passam a poder ser relembrados sem que se precise recorrer tão‐

somente a memória humana.

O desejo de mudança e de transformação caminha paralelamente com a

evolução humana, isso reflete também no desejo do homem na utilização das

frases, seu significado e importância da mensagem que ele quer passar, que

influências ela pode despertar no outro, causando na maioria das vezes reflexões e,

até mesmo, transformações.

1.1 O papel da escrita na formação do sujeito como domínio de

uma competência discursiva

A palavra escrita torna‐se poder para quem a domina: saber escrever e

entender o que lê é chave para uma constante evolução. Com a escrita o ser

humano expande e preserva a sua memória, pois quando lemos revivemos fatos

passado, ou entramos em contato com as experiências de outrem, de modo que

sobre todos eles podemos refletir e aprender, concordar ou discordar.

Dominar uma competência discursiva na presente conjuntura social constitui‐se como uma necessidade gritante, pelo fato de que ela pode instrumentar o sujeito para a própria vida e possibilitar que este sobreviva. Do contrário, significa a sua rejeição e alheamento a qualquer hipótese de crescimento e melhora da qualidade de vida. (ZILBERMAN, 1982, p. 54).

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Na linguística contemporânea, o termo “palavra” cedeu seu lugar a outros

termos técnico como “morfema”, “monema” ou “lexema”. Se bem que temos a

impressão de que a nossa maneira de escrever é bem natural, e é útil recordar que

nem sempre se escreveu assim. Mas, somente em época recente se adotou essa

convenção.

Viver no mundo contemporâneo é ser confrontado a uma multidão de textos tão efêmeros quanto invasores: panfletos, guias, jornais... São enunciados aos quais geralmente lançamos um olhar distraído, que apenas folheamos, consultamos, sem lhes conceder a atenção de uma leitura, no sentido pleno da palavra (MAINGUENEAU, 2005, p.11).

A escrita é uma invenção decisiva para a história do ser humano. Ela

possibilitou a representação do pensamento e da linguagem humana por meio de

símbolos. É um meio durável e privilegiado de comunicação entre o homem.

Através de registros escritos há milhares de anos, ficamos conhecendo como era a

vida e a organização social de povos que viveram muito antes de nós, histórias de

outras civilizações. A invenção não surgiu por acaso, mas como necessidade, devido

às mudanças profundas nas sociedades durante o período do surgimento das

primeiras cidades.

A escrita, assim como as línguas, está em processo permanente de evolução.

Ela reflete e acompanha a maneira como as sociedades vivem seus costumes,

tecnologia e hábitos. Por isso, textos de apenas cem anos atrás, muitas vezes, já

possuem palavras que caíram em desuso. Outro exemplo da evolução da forma de

escrever é que na atualidade, “já não damos tanta importância a ter uma letra

bonita no caderno, porque o acesso a computadores torna mais fácil a produção da

escrita em letra de forma, “digitad”“ (SILVA, 1993, p.86).

Nos e‐mails e nas trocas de mensagens escritas simultâneas pela Internet –

os chats –, uma variação da linguagem, produzida pela pressa em digitar. Por

exemplo, quando escrevemos vc e tb, no lugar das palavras você e também. O uso

de símbolos gráficos – os emoticons, como: um rostinho sorrindo e piscando um

olho – tenta imitar as expressões faciais que acompanham a linguagem oral. Tudo

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isso mostra como a escrita é um processo vivo e ativo, inventado e reinventado

pela humanidade todos os dias.

A escrita serve também para registrar a história, a literatura, as crenças

religiosas, as novas descobertas na medicina, o conhecimento de um povo. Ela é,

além disso, uma tecnologia que permite um espaço importante de discussão e de

debate de assuntos polêmicos.

A sociedade atual pode ser caracterizada por uma prática consumista cada

vez mais saliente por parte dos homens. Não se consomem apenas bens materiais,

mas idéias, valores e comportamentos. O mercado de trabalho exige cada vez mais

profissionais competentes, e para que isso aconteça é necessária uma escola

pública de qualidade.

Na contemporaneidade o mercado de trabalho está mais exigente, aparecem

todos os dias novas tecnologias, é preciso ter o domínio da internet, esta exige que

tomemos decisões rápidas e, no entanto, as escolas de países periféricos ainda não

alfabetizaram seus educando para jornais, revistas bibliotecas etc., agora

enfrentam mais um desafio, a internet no âmbito escolar. Na concepção de Emilia

Ferreiro “as novas tecnologias serão de grande ajuda para a educação como um

todo se contribuírem para enterrar debates, intermináveis sobre temas obsoletos”

(FERREIRO, 2002, p.19).

Segundo Burke e Porter (1997, p.15‐16), “na metade do século XX, muitas

nações iniciaram uma campanha maciça com relação à alfabetização, enfocando

mais seriamente a leitura e a escrita”. Os sociólogos, historiadores e antropólogos

avaliavam a medida da difusão da alfabetização entre o pensamento “lógico” e o

“pré‐lógico”, tendo a alfabetização como resultado e base da junção e

interpretação dos termos citados acima.

A menos de uma geração depois, estudiosos criticaram a abordagem acima

indagando que, a mesma era exagerada, pois se tratava de alfabetização como uma

tecnologia neutra e uniforme isolada do contexto social, como se o uso da

alfabetização não variasse de uma sociedade para outra.

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Os etnógrafos da escrita têm enfatizado a necessidade de: quem, em uma

determinada cultura, escreve para quem, sob quais condições sociais e quais

assuntos – visto que nem todas as informações são consideradas adequadas para

transmissão por meio de canais escritos.

1.2 Escrever é preciso: uma competência discursiva necessária na

sociedade contemporânea

Acredita‐se que a escola tem um compromisso de possibilitar ao sujeito o

desenvolvimento da sua capacidade de escrita no mundo. Assim, uma educação que

se queira libertadora, consciente e transformadora passa necessariamente pelo

caminho da escrita. Da mesma forma, na organização de uma sociedade mais justa

e mais democrática, que vise ampliar as oportunidades de acesso ao saber, não se

pode desconhecer a importante contribuição política da escrita.

Em meio à realidade, faz‐se necessário através da educação proporcionar

uma aproximação dos sujeitos com o mundo letrado, onde o mesmo se cumpre

refazendo‐se, transformando a escrita em prática curricular infinita. Como fonte

de prazer e sabedoria, pois a mesma não se esgota nos estreitos muros e

entrelinhas do dia‐a‐dia da escola, Lévy (1999), defende que o professor da

cibercultura tem que ser um arquiteto cognitivo e engenheiro do conhecimento;

deve ser um profissional que estimule a troca de conhecimentos entre os alunos,

que desenvolva estratégias metodológicas que os levem a construir um aprendizado

contínuo, de forma autônoma e integrada e os habilitem, ainda, para a utilização

crítica das tecnologias.

[...] o homem contemporâneo se enriquece com os processos cognitivos experimentados nas memórias [...] de computadores embute na vida das pessoas leis matemáticas e físicas, mistura suas possibilidades às das ciências da vida com sofisticadas tecnologias ligadas à biologia modifica as comunicações e a educação (DOMINGUES, 2003, p.14).

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Essa modificação na postura do professor contribuirá para a reformulação do

próprio conceito de educar. Para Ramal (2002), o educar, na cibercultura,

envolverá critérios como consistência, motivação, capacidade de articular

conhecimentos, de comunicar‐se e de estabelecer relações; contribuindo, então,

para a preparação do cidadão desta era: um ser consciente e crítico, apto a

aprender sempre, que dialogue com as diferentes culturas e os diversos saberes,

sabendo, ainda, trabalhar de forma cooperativa, sendo flexível, empreendedor e

criativo.

Faz‐se necessário, que os professores, além do necessário conhecimento

destas tecnologias, utilizem essas ferramentas como uma forma de desenvolver no

educando uma postura crítica frente ao ato de ler e escrever.

Porém, para a sociedade atual não basta que o indivíduo reconheça e

reproduza os signos que formam a palavra, pois isoladas e fora de contexto não

basta. É necessário que os jovens sejam capazes de compreender e interpretar

textos, bem como, produzi‐los.

Nos dias de hoje, o não conhecimento da leitura e da escrita (analfabetismo)

é sinônimo de fracasso escolar e, conseqüentemente, do fracasso do indivíduo

como ser social, uma vez que, nos padrões da sociedade atual, é somente através

da escolaridade que a pessoa poderá vir a “ser alguém”, ou seja, ter acesso à

cultura.

A escola funciona baseada no código escrito e sendo a instrução escolar o

pré‐requisito necessário para o sucesso do indivíduo, a primeira coisa que o sujeito

aprenderá ao ingressar na escola será a ler e a escrever, e este será o enfoque

durante os primeiros anos da vida escolar, uma vez que para desenvolver‐se no

ambiente de ensino necessita dominar o código escrito ‐ alfabetização.

Se a princípio a escrita era utilizada somente para o registro de informações

importantes e era reservada a uma elite seleta, nos dias de hoje seu papel é

completamente diferente, em oposição, a escrita virtual faz emergir diferentes

opiniões, são sujeitos que, decorrem de interlocutores pertencentes a uma

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determinada esfera da atividade humana, aonde, o “leitor‐navegador não é um

mero consumidor passivo, mas um produtor do texto que está lendo, um co‐autor

ativo, capaz de ligar os diferentes materiais disponíveis, escolhendo seu próprio

itinerário de navegação” (COSTA, 2000, p. 04).

O papel da escrita na formação do sujeito é muito mais profundo do que se

pensa. É a porta de entrada para a cultura, saber tecnológico, científico, erudito.

Saber ler e escrever torna as pessoas mais aptas e preparadas, uma vez que, estas duas competências estão ligadas a um processo de produção de sentidos, permanentes e criadores de mecanismos de inclusão e exclusão, um jogo que, histórico e ideologicamente regrado, condiciona “os mais fracos e impotentes” a nunca levar vantagem (TFOUNI, 1995, p. 89).

A escrita é um fator eliminatório na hora da busca por qualquer emprego.

Saber decodificar o código escrito, ou seja, ler é muito mais que atribuir

significados a palavras isoladas, resumindo‐se a um processo mecânico. Saber ler

como patamar para atingir o sucesso implica em construir conhecimento, gerar

reflexões e desenvolver uma consciência crítica sobre o que é lido.

A linguagem escrita permite que um autor possa continuar influenciando os

pensamentos dos que o lerem muitos anos, muitos séculos, até milênios após o seu

desaparecimento. Através da escrita o homem eterniza‐se, tem a possibilidade de

desenvolver e evoluir a sua cultura e pode aprender com as lições do passado ‐

senhor de sua própria história.

É através do acesso a textos que se compreendem os direitos e os deveres

reservados às pessoas dentro da sociedade, que é possível apropriar‐se de bens

culturais, que se preserva e dissemina‐se a história e os hábitos de um povo ou

povos e como conseqüência, é também através da escrita e da leitura que são

transmitidos valores, sociais, morais e culturais de uma geração a outra.

Então, é de fundamental importância que a escola ensine aos alunos, não

somente o aspecto formal da escrita, mas também como fazer bom uso dela e o

porquê da sua importância.“Uma vez atribuído um nome, ele passa a ter um valor

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na língua. Por isso, quando ouvidas, as palavras são logo associadas o seu objeto”

(PULCINELE, 2005, p. 31). É próprio funcionamento da língua.

A escrita é uma invenção decisiva para a história do ser humano. Assim, o

humano é chamado a responder diante da sociedade, pessoal e profissionalmente,

é aquele que domina as competências discursivas, que consegue captar

informações transformando‐as em conhecimento e, de posse de seu próprio saber,

tem consciência de sua empregabilidade nas mais variadas situações que se

defrontar.

A escrita possibilitou a representação do pensamento e da linguagem

humana por meio de símbolos. Mas para a plena leitura, exige se mais do que a

simples decifração dos símbolos. Hoje se distingue entre analfabetismo total e

analfabetismo funcional: faz‐se referência a este, quando uma pessoa, apesar de

ler e escrever possui um horizonte cultural, limitado que carece de motivação para

aproximar‐se da informação disponível em forma de texto escrito, seja de caráter

prático, seja de tipo cultural ou recreativo. Em suma nem sempre a pessoa que é

alfabetizada pela a escola esta alfabetizada para a vida, sendo capaz de intervir na

sociedade.

Compreende‐se que a língua oral e a língua escrita se constituem dentro de

um contexto de práticas sociais e não possível concebê‐las de forma dicotômica ou

estanque, pois vários são os caminhos percorridos por estas.

Embora haja diferenças quanto à estrutura e ao funcionamento da escrita em relação à fala, o que não se pode negar é que, tanto a aquisição de uma quanto a de outra, tem consistência social. Ou seja, tanto a escrita quanto a oralidade constitui uma aprendizagem cultural, que inicia bem antes do sujeito começar a frequentar o ensino formal, porque mesmo antes de aprenderem a leitura e a escrita, esses sujeitos vivenciaram situações e interiorizaram alguns conceitos que envolvem esses processos (CARDOSO, 2000, p. 65).

Registra‐se, dessa forma, a importância do incentivo à prática da escrita

percorrendo a escolarização básica, alcançando‐se a educação superior e, quem

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sabe, almejando‐se que perdure para o resto da vida, na mente e no espírito de

cada ser humano, empreendedor de seu sentido e significado.

2 Leitura contemporânea: o sujeito e o hipertexto

Esse capítulo busca refletir questões que cercam a leitura na formação do

sujeito enquanto ser pensante que vive e contribui para evolução humana. Viu‐se

no primeiro capítulo que a escrita se desenvolveu a partir da necessidade e

desenvolvimentos das comunidades antigas em registrar suas experiências, também

a leitura acompanhou este desenvolvimento a partir da evolução humana e dos

avanços tecnológicos. Contudo, se deve estar atento para o fato de que a escrita e

a leitura mesmo uma prescindindo da outra são diferentes entre se.

A leitura sempre foi diferente da escrita. A escrita prioriza o som, uma vez que a palavra falada deve ser transformada ou desmembrada em sinais representativos. A leitura, no entanto, prioriza o significado. A aptidão para ler, na verdade pouco tem a ver com a habilidade de escrever” (FISCHIR, 2006, p. 09).

Sabe‐se que era muito restrita a leitura segundo Fischer “pouquíssimas

pessoas tinham motivo para aprender a ler, apenas os que desejavam conferir uma

conta, verificar um rotulo ou identificar uma chancela de propriedade” (FISCHER,

2006, p.13).

A leitura em sua forma plena surgiu quando se pôde ler um texto que tivesse

um significado sobre o contexto social existente e não apenas palavras soltas e sem

sentido. “Ao longo da história, a religião foi um dos principais motores da

alfabetização. Os escribas‐padres figurariam entre os primeiros leitores da

sociedade”. (FISCHER, 2006, p. 37). Contudo, ao passo que a evolução humana vai

acontecendo à leitura ganha espaço, a escrita surge de maneira significante e com

ela vem à leitura com sentido concreto.

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A sede de conhecimento da humanidade e o amor pela aprendizagem eram a centelha da leitura principiante. Talvez esta necessidade, não só de saber, mas de saber mais, tenha estimulado desde muito cedo a paixão e o respeito pela leitura que viria, com o tempo, a ocupar todos os cantos do mundo” (FISCHER, 2006, p. 39).

Com o desenvolvimento do sujeito temos também novas formas de leitura,

as tecnologias ganham espaço e, assim o ato de ler ganhas novas maneiras de

realização. A exemplo disso, afirma Barreto (2005), os ciberdiscursos produzidos

nos chats da Internet, nos quais os usuários codificam os signos e os adaptam a suas

necessidades lingüísticas as do meio eletrônico. Para tanto eles internautas

precisam adequar ou transformar esses sinais em signos que realizem a

comunicação efetiva dos fatos.

Neste contexto compreende‐se que o uso da língua no chat da‐se de maneira

individualizada, isto é, individual de seleção e atualização, passando assim a

relatar suas experiências a partir do estilo lingüístico convencionalizado, pois, a

língua, de modo geral, deixa a disposição articular o discurso. “Ao assumir o

discurso, o individuo busca a escolher os meios de expressão que melhor

configurem suas idéias, pensamentos e desejos. Essa escolha é que caracteriza o

estilo. Em outros termos, vê‐se em tal procedimento, quando estendido a

linguagem praticada pelos internautas, uma individualização via transgressão de

lingüística mostrada por meio da escolha criativa dos internautas, os quais ganham

aspectos fonológicos” (BARRETO, 2005, p. 76).

Destaca‐se neste contexto a idéia de que o universo tecnológico está criando

um código lingüístico que restringe, ou melhor, incita os usuários desse meio de

comunicação. A exemplo disso, tem‐se apresentações de símbolos e ícones

correspondente aos seus estados emocionais; :) = alegre e :( triste, propensão para

determinar figuras de linguagens.

Esses acontecimentos são conseqüências de uma ação inovadoras dos meios

de produção e reprodução da linguagem, ou seja, nasce um novo modelo de se

realizar comunicação na era digital. Pode‐se entender que os sentidos e a

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linguagem que a Internet modela e recria na comunicação virtual, atendem a

ideologia do sistema dominante, isto é, aos princípios do capitalismo moderno.

Segundo estudiosos, a tecnologia da mídia eletrônica transforma o mundo e as

relações sociais pretendidas pelos usuários através da escrita virtual.

No mundo digital as identidades são reconstruídas todo momento, visto que

seus agentes sociais dispõem de condições que asseguram o “deslocamento” tanto

do discurso quanto de personalidade. Com isso, o homem cibernético constrói

novos significados para sua linguagem a qual torna‐se um código que, por sinal, é

restrito a agentes que compartilham dos mesmos sonhos, desejos e as vezes

angustias e frustrações pessoais e familiares.

Segundo Barreto (2005), a subjetividade dos discursos é garantida em

virtudes dos participantes dos chat estarem em locais diferentes e distantes

geograficamente, mas que encontram no espaço virtual sua aproximação com

alguém que está disposto a ouvi‐lo com a tentativa de cada vez mais individualizar

a conversa e, assim restringir a participação de pessoas no grupo.

As relações mencionadas acima, certamente, conduzem ao entendimento de

que as informações trocadas no âmbito da tecnologia digital são tão rápidas que se

tornam efêmeras. Tal processo se dá devido à velocidade com que as mensagens

chegam e saem do cognitivo do leitor.

Nesse universo tecnológico, as linguagens se imbricam de tal maneira que

torna cada vez mais evidente a questão do hipertexto, visto que na Internet estão

dispostos em microoestrutura‐links, informações, dados, imagens e sons que podem

ser socializados por todos que tenham acesso a um computador conectado a rede

digital.

O leitor tem formas diferentes de buscar o conhecimento a partir da leitura

tem, por exemplo, o hipertexto que é uma leitura que acontece de maneira

coletiva podendo o leitor também colocar seu ponto de vista a respeito deste.

Na contemporaneidade, em especial, o pensamento de Pierre Lévy, auxilia‐

nos a refletir sobre as dimensões da leitura contemporânea e nas suas relações

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entre o impresso e o virtual, linearidade e hipertextualidade, autor e leitor dentre

os muitos desafios que a leitura na internet trouxe para o ser leitor nos dias de

hoje.

Hoje, os jornais on‐line mutiplicam‐se exponencialmente, tornado disponível a um público global a um simples clique no mouse. A multiplicação, diversificação, proliferação e aceleração do material escrito caracterizam a atual pandemia de informações. E como se trata de um fenômeno fundamentado na leitura são as estratégias nela baseada que compõem a reação atual” (FISCHER, 2006, p. 280).

Segundo Lévy (1996) “desde suas origens o texto é um objeto virtual,

abstrato, independente de um suporte específico (livro, jornal, revista, ou

internet). É virtual porque tem a capacidade de ser atualizado de múltiplas formas

em diferentes versões, traduções e edições”. Sabe‐se que o virtual é uma potencia,

saindo do plano das ideias para atuar sobre o conhecimento dos sujeitos

possibilitando escolhas e assim, interpretar um texto é levar adiante esse marco de

atualizações.

Ao falar sobre a atualização, Lévy (1996), mostra que a sua concepção de

leitura e de texto relaciona‐se à idéia de hipertexto. A noção de hipertexto seria a

exteriorização da atividade mental que nós fazemos ao ler.

O sujeito conectado virtualmente fica envolvido em um emaranhado de

informações que contribui significativamente no seu modo de vida. Navegar no

mundo virtual é apropria‐se de saberes ali existentes, assim as informações saem

do campo das idéias e se transformam em algo possível ou real.

Percebe‐se que fronteiras de tempo e lugar são rompidas, o trabalho é mais

prático e a velocidade com que as informações acontecem, tem seu privilégio, elas

vão de um lugar há outro muito rapidamente.

Segundo Lévy( 1996) existem ai novas conquistas no que se refere a espaço e

temporalidade para aqueles que se apropriam de tal tecnologia, mas, deixa a

margem aquelas pessoas que não estão virtualmente conectadas, pois:

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Quando se constrói uma rede ferroviária, é como se aproximasse fisicamente as cidades ou regiões conectadas pelos trilhos e afastássemos destes grupos a cidades que não estão conectadas. Mas para os que não andam de trem, as antigas distancias ainda são validas. O mesmo se poderia dizer do automóvel, do transporte aéreo, do telefone etc. Cria‐se, portanto, uma situação em que vários sistemas de proximidade e vários espaços práticos coexistem... A multiplicação contemporânea dos espaços faz de nós nômades de um novo estilo: em vez de seguirmos linhas de migração dentro de uma extensão dada, saltamos de uma rede a outra, de um sistema de proximidade ao seguinte... (LÉVY, 1996, p. 22‐23).

O virtual deixa de existir no campo das idéias a partir do momento que o

sujeito utiliza‐se das suas facilidades pra estar conectado com o mundo, agindo

assim sobre os nossos modos de vida.

Observa‐se a leitura (hipertextos) tem seu lugar no mundo virtual, são signos

que tem todo um significado, este necessita da interação dos usuários para que

passe a existir virtualmente, que uns possam se interar das idéias de outros e

colocar também o seu ponto de vista.

LÉVY(1996) procura levar o leitor a pensar sobre o fato de estar lendo

virtualmente, pois segundo ele textos virtuais são lidos, copiados, e que, quando

contribui e influência no saber dos sujeitos pode possibilitar que este possa agir

significativamente sobre o seu contexto social, deixando de existir no imaginário e

passando a contribuir dialeticamente sobre suas relações enquanto sujeito

pensante.

A operação dialética funda o virtual porque abre, sempre de uma forma diferente, um segundo mundo. O mundo público ou religioso surge do próprio seio da interação dos sujeitos privados que o social por sua vez produz... O mundo das idéias, enfim, imagem das imagens, lugar dos arquétipos modelo a experiência numa face e reflete a realidade na outra (LÉVY, 1996, p. 71).

Os homens aprendem coletivamente, jamais se pensa sozinho ou sem

ferramentas. Sendo assim o virtual surge como uma ponte para que o conhecimento

aconteça.

No mundo dos cibernautas há um modo próprio, seja na escrita e gestos, a

gramática padrão é substituída por signos e imagens, e estes abre espaço para

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saberes distintos. Nota‐se que ao navegar na internet o compartilhamento de idéias

entre as pessoas ganha espaço, fazendo existir um conhecimento coletivo.

É importante estar atento para o fato de não apenas copiar o que tem no

mundo virtual, mas de buscar ler, interpretar e construir um saber com base em

informações ali encontradas, pois tais informações podem somar ao que sabem os

sujeitos, mas podem também levá‐los a apenas a apropriar de idéias de outros.

Percebe‐se que comunicações e relações existem na nossa sociedade

moderna a partir da utilização do virtual. Tem‐se o ciberespaço que é algo

construindo da interação entre os sujeitos, ou seja, todos aqueles que de alguma

forma utiliza‐se do espaço virtual para comunicar, pesquisar, trabalhar entre

outras funções estar conectado virtualmente.

No ciberespaço, em troco, cada um é pontecialmente emissor e receptor num espaço qualitativamente diferenciado, não fico disposto pelos participantes, explorável. Aqui não é principalmente por seu nome, sua posição geográfica ou social que as pessoas se encontram, mas segundo centros de interesses, numa paisagem comum do sentido ou do saber” (LÉVY, 1996, p. 86).

A interação se faz presente neste mundo virtual, o autor coloca que é neste

espaço que a virtualização está mais presente e de forma coletiva, sendo a

linguagem o ponto fundamental para esta relação.

É notável a importância da virtualização para o desenvolvimento da leitura.

Contudo a virtualização não é uma desrealização, mas consiste em uma potência

que vai contribuir para a evolução da sociedade contemporânea, e quem está à

margem desta evolução é o mesmo que estar parado diante dos avanços alcançados

pela humanidade.

Uma atualização pode ser individual ou pública, partilhada. A mesma é

sempre provisória e sempre renovada a cada nova leitura trazendo novos sentidos.

Em nossa sociedade multimídia qualquer produção ou criação pode ser atualizada

de diferentes formas. Uma experiência torna‐se um filme, transforma‐se em livro,

vira um jogo que depois dá origem a uma história em quadrinhos e a outros textos

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e filmes “adaptados”, “inspirados” uns nos outros. Para ele, ler é começar a

negligenciar, ou seja, a desler o texto. O “desler” é a seleção que fazemos de

acordo com o nosso repertório. Desler é ler o que pode ser lido por nós de acordo

com a nossa bagagem. É tirar do texto só o que faz sentido para nós e desligar todo

o resto.

Cada nova leitura pode, porém, contemplar diferentes seleções e fazer

diferentes atualizações. Essa “desleitura” ocorre quando o autor diz que ao lermos

um texto relacionamos as passagens que para nós se correspondem. Quando lemos,

atualizamos o texto de algum modo, seguindo ou não o caminho traçado pelo

autor. O espaço do sentido não existe antes que a leitura se realize, ele é

fabricado por nós, leitores, que o atualizamos constantemente relacionando‐o a

outros textos, outros discursos, imagens e afetos que nos constituem.

Há transformações na prática da leitura, ”Correios eletrônicos, salas de

patê‐papo e mensagens de textos nos celulares reforçam a constatação da

comunicação pela leitura sobrepujando a comunicação oral” (FISCHER, 2006, p.

293).

Todas as pessoas que estão conectadas se utilizam de uma forma de leitura

universal entre os usuários da internet, é como ter uma biblioteca virtual a sua

disposição. Ler virtualmente é ir além da nossa interpretação, é compartilhar

idéias ver o parecer dos demais usuários, sendo mais ativo, e considerar o olhar do

outro sobre sua leitura e construção textual. “A tela informática é uma nova

“maquina de ler” o lugar onde uma reserva de informação possível vem se realizar

por seleção aqui e agora para um leitor particular “(LÉVY, 1996, p. 32).

Textos virtuais são lidos, copiados, e quando contribui e influência no saber

dos sujeitos pode possibilitar que este possa agir significativamente sobre o seu

contexto social, deixando de existir no imaginário e passando a contribuir

dialeticamente sobre suas relações enquanto sujeito pensante.

Para Lévy é no hipertexto que o leitor/usuário pode realmente se fazer autor

porque ele não percorre uma rede pré‐estabelecida, mas cria sempre novas

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ligações criando a sua própria rede. No hipertexto toda leitura torna‐se também

um ato de escrita. O usuário/leitor na internet muitas vezes age como o zappeador

com a TV, ele conecta e lê várias referências ao mesmo tempo, construindo uma

leitura que pode estar articulada ou não.

Qualquer nova virtualização implica um aprendizado e uma seleção. Numa

leitura não se atualiza tudo, mas aspectos, fragmentos do todo. Aprender a

selecionar é aprender a lidar com o que nos parece tão novo que nos soa

inalcançável, maior do que nós. A ampliação dos suportes cria uma maior

amplitude de veiculação do conhecimento e amplia o acesso.

Acredita‐se que num futuro próximo a diversidade e a pluralidade de fontes

de leitura possam ser acessíveis e servir ao enriquecimento de uma maioria, e não

algo somente disponível a uma pequena parcela de leitores privilegiados.

A leitura, assim como as demais expressões artísticas, pressupõe liberdade,

por isso deve‐se sempre e mais extrapolar a sala de aula, os muros da escola, os

balcões e estantes das bibliotecas. O querer lúcido é o combustível para a

realização, para a permanente transformação dos seres mais sensíveis, mais

questionadores e mais inquietantes.

O ser humano não está tão a mercê de tais suportes como o senso comum

nos faz crer. Ele é ativo, constrói e produz significados nos usos que faz destes.

Novas virtualizações em diferentes suportes estarão sempre surgindo. Não são elas,

nem os suportes que são melhores ou piores, mas o que fazemos com elas que pode

ser melhor ou pior. A responsabilidade pelo seu uso é subjetiva.

A internet é, então, uma tecnologia intelectual que virtualiza a função

cognitiva da leitura. Para mostrar que essa virtualização de uma função cognitiva

não é algo tão novo e, relativo apenas à internet, o autor nos mostra como a

escrita foi uma tecnologia que exteriorizou virtualizou a função cognitiva da

memória. No entanto, ao exteriorizar uma atividade intelectual tal “tecnologia”

transformou a própria função cognitiva da memória.

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A leitura é a capacidade de extrair sentidos de símbolos escritos ou

impressões... “A definição de leitura continuará a se expandir no fundo porque,

assim como qualquer outra aptidão, ele também é um indicador do avanço da

própria humanidade” (FISCHER, 2006, p.11).

Assim, por a leitura ser realizada através da tela do computador, surge não

só novas formas de acesso à informação, novos processos cognitivos, como também

um novo letramento, isto é, um novo estado ou condição para aqueles que exercem

tal prática. Neste caso, estas mais críticas frente ao universo informacional da

rede.

A conquista da leitura como prática social deve ser acompanhada por

professores e alunos, sabendo que a aprendizagem é feita de maneira recíproca, os

sujeitos envolvidos na construção do saber deve estar sempre atento a leituras que

devem ser levadas para sala de aula ao passo que os jovens buscam sempre ler algo

que contribua para sua identidade.

Com o texto digital, escrita e leitura se estruturam hipertextualmente, através dos nós e links, em um novo suporte: a tela do computador. A partir de agora o leitor pode escolher o melhor caminho da leitura e o conteúdo a ser lido, explorando o espaço virtual de acordo com seus interesses e necessidades, e construindo seu conhecimento com base nas escolhas que vai realizando. Agora, a partir do hipertexto, toda leitura é uma escrita potencial (LEVY, 1999, p. 264).

“No passado, a comunicação era lenta, imperfeita e cara. Agora é

instantânea, confiável na maioria das vezes, irrestrita e barata” (FISCHER, 2006,

p. 279).

Acredita‐se que a leitura é uma ação indispensável na aprendizagem do

sujeito, deve‐se estar‐se atendo para acompanhar as mudanças tecnológicas

como também se buscar meios para o desenvolvimento de uma leitura

plenamente contextualizada que possa contribuir na construção do

conhecimento do ser humano.

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2.1 A cultura contemporânea posta na era digital

A sociedade atual se divide em grupos, que se revelam verdadeiras “tribos”.

Esses grupos se formam, tendo um elo forte, uma espécie de identidade entre os

indivíduos que os compõem, seja pela idade, sexo, ou preferências materiais,

morais e sociais. Isto acaba criando, nos lugares, ambientes diferenciados e

identificados por grupos. Segundo BARRETO (2005), tem‐se conceituado a

linguagem a partir das relações sociais que o homem estabelece com o meio sócio –

cultural, em que vive.

Assim, tal procedimento só se fundamenta quando as informações são

significadas pelos atores culturais e sociais da linguagem, transformando‐as em

signo convencionalmente aceito pelos grupos. A exemplo disso estão os

ciberdiscursos produzidos no chat da Internet, nos quais os usuários codificam os

signos e os adaptam as suas necessidades lingüísticas as do meio eletrônico. Para

tanto, “os internautas precisam transformar ou adequar esses sinais em signos que

realizem a comunicação efetiva dos fatos”. (BARRETO, 2005, p. 26).

As mídias funcionam como interfase entre linguagem, corpo e mundo. Elas posicionam a linguagem e o pensamento dentro e fora do corpo [...] cada vez mais a inteligência esta fora da cabeça, cada vez mais ela é compartilhada entre o usuário e o mundo externo (BARRETO, 2005, p. 40).

Na cultura contemporânea, as instituições culturais, para manterem seus

graus de representação, mais do que nunca necessitam das interfaces criadas pelas

tecnologias intelectuais. “As representações circulam e se transformam em um

campo unificado, atravessando fronteiras entre objeto e sujeitos, entre a

interioridade dos indivíduos e o céu aberto da comunicação”. BARRETO (2005).

Ainda nos ciberdiscursos, a cultura pretendida pelos atores sociais nasce da

idéia da interface em que mecanismos lingüísticos e culturais se juntam para

construírem uma serie de novos significados.

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Na cultura então, seria definida menos por uma certa distribuição de idéias, de enunciados e de imagens em um população humana do que pela forma de gestão social do conhecimento que gerou esta distribuição (...) A cultura forense um enorme equipamento cognitivo aos indivíduos. A cada etapa da nossa trajetória social, a coletividade nos forense língua, sistemas de classificação, conceitos, analogias, metáforas, imagens, evitando que tenhamos que inventá‐las por conta própria (BARRETO, 2005, p. 30).

O que se verifica na rede digital é a manifestação de culturas inventadas,

dentre as quais se destacam os elementos lingüísticos, identitários e psicológicos.

Tudo isso é formado por imagens e textos que formam o hipertexto da internet.

No espaço cibernético as culturas se tornam mais próximas e, com isso, a

socialização do homem se tornou mais ativa na divulgação da sua criatividade.

Considera‐se que a mídia digital possibilita ao cidadão cosmopolita interagir com

mundos nunca ates navegado, criando assim sua independência comunicativa, pois

depende da rede como instrumento de mediação e socialização.

Nesse conceito, surge uma interface, homem maquina e maquina‐homem,

que modifica o ambiente e a si mesmo para atender aos protocolos da mídia.

Dessa maneira, as trocas de caráter simbólico feitas pelos usuários da

Internet estão baseadas na idéia de que existe uma nova sociedade de

comunicadores, a qual se transforma a partir da instalação de comunidades

virtuais, cujos sentidos empregados nas produções comunicativas [falas e conversas

através do teclado do computador], automaticamente criam uma cultura. Onde a

tarefa de ligação de um objeto ao seu símbolo é uma tarefa direcionada aos

internautas.

2.2 Relações sociais promovidas pelas mudanças tecnológicas

digitais

No tempo contemporâneo, as mudanças vieram à tônica. Observa‐se tais

mudanças desde as roupas, comidas, educação, economia, moradia, tecnologia e,

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neste em particular, o uso do computador como instrumento corriqueiro, utilizado

para entreter e comunicar.

Devido às imposições das necessidades do mercado o ritmo do uso do

computador tem se acelerado cada vez mais e, assim dando características

especiais para sociedade contemporânea, para poder atender as necessidades do

mundo objetivo e social aonde o velho vem sendo a cada minuto substituído pelo

novo e atualizado tecnologicamente. Assim somos tentados a classificar essas

mudanças das linguagens à formação de um povo, ou seja, de todo um grupo social

como fruto desses fatores.

O ritmo das mudanças depende da maior ou menor número de contatos sociais com outros povos, do desenvolvimento dos meios de comunicação e também de certas atitudes políticas e sociais, que aceleram ou dificultam os processos de transformação social (BARRETO, 2005, p. 65).

As mudanças sociais poder ser provocadas por questões internas ou externas

a sua cultura, por exemplo, a mudança acontece a partir do momento em que se

denota a ineficiência institucional para atender as necessidades dos indivíduos,

levando‐se a promover canais alternativos, em busca da satisfação.

Todas as vezes que ocorre mudança nas relações sociais se deve ao fato de

alterações na forma com que a sociedade se organiza para satisfazer suas

necessidades. Para que as relações sociais existam, é necessário que as pessoas se

comuniquem e que isso seja feito segundo as premissas presentes naquele

determinado momento.

Momentaneamente, a sociedade esta passando por conflitos provocados pela

nova forma de organização da cultura capitalista que se tornou hegemônica; junto

a esse fato, desenvolve‐se o processo de identidade, porque construímos nossa

identidade para vivermos.

A modificação da cultura capitalista desdobra‐se na necessidade de

novamente nos encontrarmos e nos reconhecermos como membros de um

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determinado grupo. Passando a desenvolver uma nova identidade em substituição a

anterior.

Nosso mundo e nossa vida vem sendo moldados pelas tendências conflitantes de globalização e da identidade. A revolução da tecnologia da informação e a reestruturação do capitalismo introduziram uma nova forma a sociedade, a sociedade em rede (BARRETO, 2005, p. 73).

Deve‐se observar que a sociedade humana passa por estágios, os quais são

modificados segundo as suas vontades proveniente da necessidade objetiva da vida.

A modificação da cultura capitalista desdobra‐se na necessidade de novamente nos

encontrarmos e nos reconhecermos como membros de um determinado grupo.

3 Análise dos dados

Ao analisar a questão da influencia virtual no aprendizado do alunado,

constatou que o mundo virtual contribui para uma nova forma de leitura e escrita e

a escola da atualidade, deve levar em consideração os hipertextos, não

abandonado a escrita padrão, mas conciliando ambas: levando o sujeito a criar sua

escrita virtual na medida em que pratica as normas escrita escolástica.

Nota‐se que a virtualização contribui significativamente na aprendizagem

dos discentes, considerando que, este mundo em rede que cada vez estar mais

interferindo em nossas relações pessoais e também na nossa formação cognitiva.

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“Abreviações” usadas nas conversas (MSN).

Mça / moss

tmp

C estas? msm

vc

rssrssrssrsrsrsr

pra

tdo smcntg

niver

moça

tempo

Como está? mesmo

você

risos

para

tudo sim

contigo

aniversário

=/ Chateado

^^ Risadinha (sobrancelha levantada, saliente)

:P Mostrando a língua

;) Picando o olho

:S Confuso

<3 Coração

=D Muito feliz

*­* Feliz com olho brilhando (o sorriso vai ficando cada vez mais largo com o

acréscimo do símbolo “ ­“ )

=] Feliz

:* Mandando beijo

¬¬' Entediado (aff...)

Emoticons utilizados nas conversas

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