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  • de taludes

    Denise M. S. Gerscovich

    estabilidade_taludes.indb 3 4/4/2012 14:44:23

  • Copyright 2012 Oficina de Textos

    Grafia atualizada conforme o Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa de 1990, em

    vigor no Brasil a partir de 2009.

    Conselho editorial Cylon Gonalves da Silva; Jos Galizia Tundisi; Luis Enrique Snchez; Paulo Helene; Rozely Ferreira dos Santos;

    Teresa Gallotti Florenzano

    Capa, projeto grfico e diagramao Malu VallimPreparao de figuras Eduardo RossettoPreparao de texto Rena SignerReviso de texto Gerson SilvaImpresso e acabamento Grfica e editora Vida & Conscincia

    Todos os direitos reservados Editora Oficina de TextosRua Cubato, 959CEP 04013-043 So Paulo SPtel. (11) 3085 7933 fax (11) 3083 [email protected]

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Gerscovich, Denise Estabilidade de taludes / Denise Gerscovich. -- So Paulo : Oficina de Textos, 2012.

    Bibliografia.ISBN 978-85-7975-043-4

    1. Engenharia de estruturas 2. Geotcnica 3. Geotxteis 4. Mecnica do solo I. Ttulo.

    12-03568 CDD-624

    ndices para catlogo sistemtico:

    1. Estabilidade de taludes : Engenharia civil 624

    estabilidade_taludes.indb 4 4/4/2012 14:44:23

  • Agradeo aos meus mestres, que me ensinaram como enfrentar o

    desafio de prever o comportamento de um material to complexo,

    produto da natureza.

    Agradeo aos meus alunos, que motivaram a organizao deste

    volume.

    Agradeo minha famlia, que me apoiou em todos os momentos

    da minha vida.

    Agradeo Faperj pelo apoio ao ensino e pesquisa no Rio de

    Janeiro.

    Agradecimentos

    estabilidade_taludes.indb 5 4/4/2012 14:44:23

  • AApresentao

    A questo da segurana envolvendo taludes em materiais geome-

    canicos (solos, alterao de rocha, fraturas e descontinuida-

    des, rochas) um problema recorrente nas Engenharias Civil e

    Geotcnica, seja envolvendo encostas naturais, seja envolvendo

    taludes de aterros e pilhas. Em muitas situaes nos mais diver-

    sos tipos de obras e outras intervenes humanas, a avaliao da

    segurana de taludes o fator controlador de projetos, normal-

    mente expresso sob a forma de um coeficiente de segurana

    mnimo a ser estabelecido como critrio de projeto/implantao ou

    sob outras formas de expressar a segurana (p.ex., probabilidade

    de ruptura). Destacam-se ainda as frequentes ocorrncias recentes

    de fenmenos macios de movimentao de massa em encostas

    naturais, com maior ou menor influncia humana.

    Apesar do assunto estabilidade de taludes ser tratado como captulo

    em grande nmero de livros-texto particularmente estrangeiros, mas

    tambm em algumas referncias brasileiras , havia uma carncia de

    um texto mais especfico envolvendo as anlises de estabilidade com

    uma abordagem tanto qualitativa como quantitativa.

    O livro da Profa. Denise Gerscovitch vem suprir essa lacuna na

    literatura tcnica bsica brasileira. Pela sua estruturao, este livro

    fornece uma viso abrangente do problema de avaliao da segurana

    de taludes naturais, aterros e pilhas, cobrindo os diversos aspectos do

    problema envolvendo:

    1. identificao do tipo de movimento de massa, essencial para

    seleo do mtodo de avaliao qualitativa ou de anlise quantita-

    tiva do fenmeno;

    2. conceituao das causas possveis dos escorregamentos e conse-

    quente seleo do tipo de anlise a ser aplicada em cada caso;

    3. definio do tipo de solicitao envolvida (drenada ou no drenada,

    curto ou longo prazo) e consequente definio do tipo de anlise

    a ser aplicada (tenses efetivas ou totais, materiais saturados ou

    parcialmente saturados);

    estabilidade_taludes.indb 7 4/4/2012 14:44:24

  • 4. identificao e determinao dos parmetros geomecnicos dos

    materiais (solos, rochas, planos de fraqueza, descontinuidade)

    requeridos nos tipos de movimento e de anlise identificados; e

    5. descrio detalhada dos mtodos de clculo usados em anlises de

    estabilidade, aplicveis em cada situao.

    A Profa. Denise tem slida formao bsica e acadmica e larga

    experincia em estudos e avaliaes envolvendo estabilidade de encos-

    tas naturais e taludes de aterros, sob diferentes condies. Tambm

    professora de cursos de graduao e ps-graduao relacionados com

    esse assunto e supervisionou diversas teses de mestrado e trabalhos

    de final de curso, alm de diversas palestras tcnicas e relatos gerais

    em conferncias. Ressalte-se tambm sua participao na equipe que

    elaborou o Manual de Estabilidade de Encostas da Geo-Rio, referncia brasi-

    leira obrigatria sobre o assunto. Seu trabalho de pesquisa de douto-

    ramento, relacionado com estabilidade de encostas, destacou-se pelo

    tratamento simultneo do problema de infiltrao de gua de chuva em

    encostas naturais, parcialmente saturadas, com a avaliao de efeitos

    tridimensionais nos estudos de fluxo e estabilidade. O trabalho ainda

    abrangeu o estudo de um caso real de escorregamento de grande porte e

    importncia em encosta natural no Rio de Janeiro, tornando-se um dos

    mais completos e inovadores nessa rea.

    Tendo acompanhado ao longo de vrios anos as atividades acad-

    micas e profissionais da Profa. Denise, tenho a certeza de que a presente

    publicao se tornar uma referncia obrigatria em cursos de gradua-

    o em Engenharia Civil e Engenharia Geotcnica, assim como impor-

    tante referncia para cursos de ps-graduao e para profissionais de

    Engenharia Geotcnica.

    Vamos esperar que, em breve, a autora d continuidade a esta

    primeira publicao, envolvendo exemplos e casos de aplicaes e um

    novo texto envolvendo mtodos de clculo das tcnicas de estabilizao

    de encostas.

    Leandro de Moura Costa Filho

    Scio-Diretor da LPS Consultoria e Engenharia

    estabilidade_taludes.indb 8 4/4/2012 14:44:24

  • SSumrio

    1 Tipos de talude e movimento de massa ...............................................131.1 Tipos de talude ........................................................................................................... 131.2 Tipos de movimento de massa ........................................................................... 17

    2 Conceitos bsicos aplicados a estudos de estabilidade ................372.1 Conceito de tenso ................................................................................................... 372.2 Conceito de deformaes .................................................................................... 442.3 Comportamento tenso x deformao ............................................................. 442.4 Tenses em solos ...................................................................................................... 482.5 gua no solo ................................................................................................................ 592.6 Resistncia ao cisalhamento ................................................................................. 77

    3 Concepo de projeto de estabilidade ...............................................853.1 Quanto geometria da ruptura ........................................................................... 873.2 Quanto ao mtodo de anlise .............................................................................. 873.3 Quanto escolha da condio crtica: final de construo x longo prazo ........................................................................................ 933.4 Quanto ao tipo de anlise .................................................................................... 953.5 Quanto aos parmetros dos materiais .............................................................. 96

    4 Mtodos de estabilidade ........................................................................1014.1 Talude vertical solos coesivos ........................................................................... 1014.2 Blocos rgidos .............................................................................................................. 1034.3 Talude Infinito .............................................................................................................. 1054.4 Superfcies planares ................................................................................................ 1094.5 Superfcie circular ....................................................................................................... 1134.6 Superfcies no circulares ....................................................................................... 1354.7 Comentrios sobre os mtodos de Equilbrio limite ................................... 146

    Anexo A ............................................................................................................151Anexo B ............................................................................................................157

    Referncias bibliogrficas citadas e recomendadas ..........................161

    estabilidade_taludes.indb 11 4/4/2012 14:44:24

  • 1tipos de talude e movimento de massa1.1 Tipos de talude

    Talude a denominao que se d a qualquer superfcie inclinada de

    um macio de solo ou rocha. Ele pode ser natural, tambm denomi-

    nado encosta, ou construdo pelo homem, como, por exemplo, os

    aterros e cortes.

    A Fig. 1.1 exemplifica vrias situaes prticas em que as anli-

    ses de estabilidade so necessrias. No caso de aterros construdos ou

    cortes, a anlise deve ser realizada considerando as alteraes geradas

    ao longo da execuo e aps o trmino da obra, de forma a identificar a

    condio mais crtica em termos de segurana. No caso de barragens de

    terra, deve-se analisar a estabilidade nas diversas etapas de construo

    e operao, isto , no final da construo, durante a operao e em situa-

    es em que a barragem poder estar sujeita a um rebaixamento rpido

    do reservatrio. As barragens de rejeitos so estruturas semelhantes s

    barragens de terra, entretanto, tm a funo de estocagem de resduo

    e, em muitos casos, o prprio rejeito usado como material de constru-

    o. Esse tipo de obra tem como condio crtica a baixa capacidade de

    suporte do resduo.

    A ruptura em si caracteriza-se pela formao de uma superfcie de

    cisalhamento contnua na massa de solo. Portanto, existe uma camada

    de solo em torno da superfcie de cisalhamento que perde suas caracte-

    rsticas durante o processo de ruptura, formando assim a zona cisalhada,

    conforme mostrado na Fig. 1.2. Inicialmente, forma-se a zona cisalhada

    e, em seguida, desenvolve-se a superfcie de cisalhamento.

    1.1.1 Taludes construdosOs taludes construdos pela ao humana resultam de cortes em

    encostas, de escavaes ou de lanamento de aterros.

    Os cortes devem ser executados com altura e inclinao adequa-

    das, para garantir a estabilidade da obra. O projeto depende das proprie-

    dades geomecnicas dos materiais e das condies de fluxo.

    estabilidade_taludes.indb 13 4/4/2012 14:44:24

  • Estabilidade de taludes22

    Corridas

    Corridas so movimentos de alta velocidade ( 10 km/h) gerados pela perda completa das caractersticas de resistncia do solo. A

    massa de solo passa a se comportar como um fluido e os desloca-

    mentos atingem extenses significativas.

    O processo de fluidificao pode originar-se por: i) adio de gua

    em solos predominantemente arenosos; ii) esforos dinmicos (terre-

    moto, cravao de estacas etc.); iii) amolgamento em argilas muito sensi-

    tivas. Dentre esses fatores, a presena de gua em excesso em perodos

    de precipitao intensa mais usual.

    A forma da corrida assemelha-se a uma lngua, na qual se distin-

    guem trs elementos (Fig. 1.8): a regio de montante, denominada raiz,

    Fig. 1.7 Distribuio de velocidade em funo do tipo de movimento (modificado de Lacerda, 1966)

    Fig. 1.6 Exemplo de rastejo (Sharpe, 1938 apud Guidicini e Nieble, 1983)

    estabilidade_taludes.indb 22 4/4/2012 14:44:26

  • 1 | Tipos de Talude e Movimento de Massa31

    resistncia ao cisalhamento. Assim, os

    mecanismos deflagradores da ruptura

    podem ser divididos em dois grupos

    (Quadro 1.6).

    No caso de encostas naturais, o

    movimento de massa induzido pela infil-

    trao de guas de chuva um fenmeno

    comum em regies montanhosas tropicais.

    Entretanto, retroanlises de casos hist-

    ricos demonstram que, em alguns deles,

    a infiltrao da gua atravs da super-Fig. 1.21 Condio de ruptura por escorregamento

    Quadro 1.6 Classificao dos fatores deflagradores dos movimentos de massa

    ao faToreS fenmenoS geolgicoS / anTrpicoS

    Aum

    ento

    da

    solic

    ita

    o

    Remoo de massa (lateral ou da base) (Fig. 1.22)

    ErosoEscorregamentosCortes

    Sobrecarga Peso da gua de chuva, neve, granizo etc.Acmulo natural de material (depsitos)Peso da vegetaoConstruo de estruturas, aterros etc.

    Solicitaes dinmicas Terremotos, ondas, vulces etc.Exploses, trfego, sismos induzidos

    Presses laterais gua em trincas (Fig. 1.23 )CongelamentoMaterial expansivo

    Redu

    o

    da re

    sist

    ncia

    ao

    cisa

    lham

    ento

    Caractersticas inerentes ao material (geometria, estruturas etc.)

    Caractersticas geomecnicas do material

    Mudanas ou fatores variveis

    Ao do intemperismo provocando alteraes fsico--qumicas nos minerais originais, causando quebra das ligaes e gerando novos minerais com menor resistncia.Processos de deformao em decorrncia de variaes cclicas de umedecimento e secagem, reduzindo a resistncia.Variao das poropresses (Fig. 1.24 ):Elevao do lenol fretico por mudanas no padro natural de fluxo (construo de reservatrios, processos de urbanizao etc.). Infiltrao da gua em meios no saturados, causando reduo das presses de gua negativas (suco).Gerao de excesso de poropresso, como resultado de implantao de obras.Fluxo preferencial atravs de trincas ou juntas, aceleran-do os processos de infiltrao.

    Fonte: adaptada de Varnes (1978).

    estabilidade_taludes.indb 31 4/4/2012 14:44:29

  • 2conceitos bsicos aplicados a estudos de estabilidadeEm geral, os estudos de estabilidade de taludes seguem a seguinte

    metodologia:

    definio da topografia do talude; definio das sobrecargas a serem aplicadas sobre o talude, caso

    existam;

    execuo das investigaes de campo para definir a estratigrafia e identificar os elementos estruturais eventualmente enterrados na

    massa e os nveis freticos;

    definio das condies crticas do talude, considerando diversos momentos da vida til da obra;

    definio dos locais de extrao de amostra indeformada; realizao de ensaios de caracterizao, resistncia ao cisalhamento

    e deformabilidade (para estudos de anlise de tenses);

    anlise dos resultados dos ensaios para definir os parmetros de projeto;

    adoo de mtodos de dimensionamento para a obteno do fator de segurana ou das tenses e deformaes.

    A qualidade do projeto depende da confiabilidade das investigaes

    de campo e laboratrio e da capacidade do projetista em interpretar os

    resultados experimentais, definir os parmetros de projeto e, principal-

    mente, analisar os diferentes cenrios possveis que possam alterar as

    condies de resistncia ao cisalhamento e reduzir o fator de segurana.

    A seguir, apresentam-se os conceitos bsicos necessrios para a

    realizao de um estudo de estabilidade.

    2.1 Conceito de tensoQualquer ponto no interior da massa de solo est sujeito a esforos,

    em razo do peso prprio, alm daqueles gerados pela ao de foras

    externas. Esses esforos podem ser representados por suas resultantes,

    atuantes nas direes normal (Ra) e tangencial (Ta), a partir das quais,

    estabilidade_taludes.indb 37 4/4/2012 14:44:30

  • Estabilidade de taludes38

    Fig. 2.1 Tenses no ponto P (plano a)

    definem-se os estados de tenso normal (sa) e cisalhante (ta), como mostra a Fig. 2.1.

    (2.1)

    (2.2)

    Ao se ampliar esse conceito

    para a condio tridimensional,

    quando um sistema de eixos ortogo-

    nais passa por um determinado

    ponto, as componentes de tenso so

    definidas por nove parcelas, repre-

    sentadas graficamente na Fig. 2.2.

    Conhecidas as componentes

    das tenses em trs planos ortogo-

    nais em torno de um ponto, as

    componentes da tenso em qualquer

    outro plano podem ser obtidas pelas

    equaes de equilbrio de foras (Fig. 2.3).

    Existem alguns planos e condies com caractersticas especiais,

    descritos a seguir.

    Planos principais as tenses cisalhantes so nulas e as tenses normais so designadas por s1 > s2 > s3.

    Invariantes de tenso (I1, I2, I3) as direes e magnitudes das tenses principais so independentes das orientaes dos eixos X,

    y e z. Assim,

    Fig 2.2 Componentes de tenso tridimensional

    estabilidade_taludes.indb 38 4/4/2012 14:44:31

  • Estabilidade de taludes52

    2.4.3 Tenses in situ Superfcie horizontalAs tenses in situ so originadas pelo peso prprio do macio e sua

    determinao pode ser bastante complexa em situaes de grande

    heterogeneidade e topografia irregular. No entanto, quando a

    superfcie do terreno, assim como as subcamadas, so horizontais

    e h pouca variao das propriedades do solo na direo horizon-

    tal, a determinao das tenses in situ relativamente simples.

    A esta situao d-se o nome de geosttica.

    Em condio geosttica, no existem tenses cisalhantes atuando

    nos planos verticais e horizontais, razo pela qual esses planos

    correspondem aos planos principais de tenso. Esse cenrio pode ser

    idealizado a partir da anlise do processo de formao de um solo

    sedimentar, no qual a deposio de sucessivas camadas impe aos

    elementos de solo acrscimos de tenso que tendem a gerar deformaes

    verticais e horizontais (Fig.2.21). Na direo horizontal, as deformaes

    se anulam, uma vez que h uma compensao de tendncia de desloca-

    mentos entre elementos adjacentes. Com a inexistncia de tendncia de

    deslocamento horizontal, no so mobilizadas tenses cisalhantes nos

    planos horizontais durante o processo de

    formao do depsito. Como consequncia,

    os planos horizontais e verticais so planos

    principais.

    No atender qualquer um dos requi-

    sitos da Fig. 2.21 pode acarretar o apareci-

    mento de tenses cisalhantes nos planos

    horizontais e verticais. No caso de super-

    fcies inclinadas, por exemplo, a tendncia

    de movimentao da massa de solo

    gera tenses cisalhantes nos planos

    horizontais e, consequentemente,

    verticais (Fig.2.22).

    Em casos de superfcie incli-

    nada, a prtica tem mostrado que

    o clculo da tenso vertical pode

    ser feito com a mesma metodologia

    adotada para a condio geost-

    tica; entretanto, a determinao dos

    demais estados iniciais de tenses

    mais complexa.Fig. 2.22 Superfcie inclinada

    Fig. 2.21 Condio geosttica solo sedimentar

    estabilidade_taludes.indb 52 4/4/2012 14:44:35

  • 2 | Conceitos bsicos aplicados a estudos de estabilidade69

    denominados aquferos. A permeabilidade do material no deter-

    mina se este se torna um aqufero. O que importa o contraste

    de permeabilidades com os materiais circundantes, isto , uma

    camada de solo siltoso pode se tornar um aqufero se estiver

    contida entre camadas argilosas.

    Os aquferos podem estar confinados entre duas camadas imper-

    meveis ou no confinados. Em geral, os aquferos confinados so

    saturados, enquanto os no confinados podem estar parcialmente

    saturados ou no apresentar nvel dgua.

    Aquferos em que a carga piezomtrica superior cota de sua

    extremidade superior so denominados aquferos artesianos. Em alguns

    casos, a elevada carga piezomtrica associada a determinadas estrati-

    grafias acarreta surgncias dgua na superfcie do terreno. Esse padro

    de fluxo particularmente importante para os estudos de estabilidade,

    pois geram tenses efetivas muito baixas no p do talude e ainda podem

    promover eroso interna.

    As camadas consideradas no aquferos representam barreiras

    para a movimentao da gua. Assim, possvel encontrar situaes em

    que um determinado perfil apresenta mais de um nvel dgua, denomi-

    nado nvel dgua suspenso (Fig. 2.41).

    Como a velocidade de fluxo no aqufero lenta e laminar, consi-

    dera-se vlida a adoo da lei de Darcy, a qual estabelece que o fluxo (q)

    ocorre pela ao de gradientes hidrulicos (i = Dh/L), isto ,

    Fig. 2.40 Regime regional de fluxo

    estabilidade_taludes.indb 69 4/4/2012 14:44:38

  • 3concepo de projetode estabilidadeO objetivo da anlise de estabilidade avaliar a possibilidade

    de ocorrncia de escorregamento de massa de solo presente em

    talude natural ou construdo. Em geral, as anlises so realizadas

    pela comparao das tenses cisalhantes mobilizadas com a resis-

    tncia ao cisalhamento. Com isso, define-se um fator de segurana

    dado por:

    (3.1)

    Esse tipo de abordagem denominado determinstico, pois estabe-

    lece um determinado valor para o FS. O FSadm de um projeto corresponde

    a um valor mnimo a ser atingido e varia em funo do tipo de obra

    e vida til. A definio do valor admissvel para o fator de segurana

    (FSadm) depende, entre outros fatores, das consequncias de uma eventual

    ruptura em termos de perdas humanas e/ou econmicas.

    A norma NBR 11682 (ABNT, 2008) estabelece que, dependendo dos

    riscos envolvidos, deve-se inicialmente enquadrar o projeto em uma

    das classificaes de Nvel de Segurana, definidas a partir dos riscos de

    perdas humanas (Quadro 3.1) e perdas materiais (Quadro 3.2). A qualifica-

    o de risco deve considerar no somente as condies atuais do talude,

    como tambm o uso futuro da rea, preservando-se o talude contra

    cortes na base, desmatamento, sobrecargas e infiltrao excessiva.

    Quadro 3.1 Nvel de segurana desejado contra perdas humanas

    Nvel de segurana Critrios

    Alto reas com intensa movimentao e permanncia de pessoas, como edificaes pblicas, residen-ciais ou industriais, estdios, praas e demais locais urbanos, ou no, com possibilidade de elevada concentrao de pessoasFerrovias e rodovias de trfego intenso

    Mdio reas e edificaes com movimentao e permanncia restrita de pessoasFerrovias e rodovias de trfego moderado

    Baixo reas e edificaes com movimentao e permanncia eventual de pessoasFerrovias e rodovias de trfego reduzido

    estabilidade_taludes.indb 85 4/4/2012 14:44:42

  • Estabilidade de taludes98

    qualidade dos ensaios ou mesmo da representatividade das amostras,

    isto , se elas efetivamente traduzem o comportamento de todo talude.

    Nesses casos, recomenda-se reduzir os parmetros de resistncia por

    fatores de segurana, que podem variar entre 1 e 1,5, dependendo da

    importncia da obra e do grau de confiana nos ensaios. Por exemplo:

    (3.9)

    (3.10)

    em que fd e cd so, respectivamente, o ngulo de atrito e o intercepto de coeso para projeto; fp e cp so, respectivamente, o ngulo de atrito e o intercepto de coeso de pico; e FSf e FSc so os fatores de reduo para

    atrito e coeso, respectivamente.

    A Tab. 3.2 apresenta uma

    indicao de valores tpicos dos

    parmetros geotcnicos de solos

    da regio do Rio de Janeiro.

    Ruptura progressivaNa abordagem por equilbrio

    limite, o FS admitido constante

    em toda a superfcie; entretanto,

    raro um talude romper de

    modo abrupto. Adicionalmente,

    Tab. 3.2 Valores tpicos de parmetros geotcnicos

    Tipo de solo g (kN/m3) f (graus) c (kPa)

    Aterro compactado (silte arenoargiloso)

    19 - 21 32 -42 0 - 20

    Solo residual maduro Colvio in situ

    17 - 21 15 - 20

    30 - 38 27 - 3 5

    5 - 20 0 - 15

    Areia densa Areia fofa

    18 - 21 17 - 19

    35 - 40 30 - 35

    0 0

    Pedregulho uniforme Pedregulho arenoso

    18 - 21 19 - 21

    40 - 47 35 - 42

    0 0

    Quadro 3.5 Parmetros e ensaios em solo no saturadoSituao crtica

    Tipo de anlise Parmetros/envoltria de resistncia Ensaios de laboratrio

    Final de construo (no drenado em solos compacta-dos)

    Tenses efetivas

    Triaxial CD, Cisalhamento direto, Triaxial CU com medida de poropresso, para determinao de c, fTriaxial PN (ensaio mantendo-se k = sh/sv = constante), para a obteno do parmetro de poropresso ru

    Tenses totais Triaxial CU em amostras no saturadas

    Longo prazo (drenado)

    Tenses efetivas Ensaio com suco controlada

    estabilidade_taludes.indb 98 4/4/2012 14:44:44

  • 4mtodos de estabilidade

    Os mtodos apresentados a seguir baseiam-se na abordagem por

    Equilbrio Limite e foram desenvolvidos para anlises em 2D.

    Todos os mtodos pressupem estado plano de deformao e sua

    validade est associada forma da da superfcie de ruptura.

    Independentemente do mecanismo de ruptura, em solos coesivos

    comum uma formao de trincas de trao na superfcie do terreno

    antes do escorregamento. Quando isso ocorre, a superfcie potencial

    de ruptura na regio da trinca deixa de contribuir para a estabilidade

    global, como mostra a Fig. 4.1. Adicionalmente, eventuais sobrecargas

    contidas no trecho no afetam mais os momentos instabilizantes. A

    trinca pode ser preenchida por gua

    e, com isso, gerar esforos adicio-

    nais (h projetistas que consideram

    a fatia limitada pela trinca para fins

    de clculo dos momentos instabili-

    zantes, como forma de compensar a

    possibilidade de esta ser preenchida

    por gua). Portanto, aconselhvel

    estimar a profundidade da trinca.

    4.1 Talude vertical solos coesivos

    4.1.1 Trinca de traoCom base na teoria de equil-

    brio limite, Rankine verificou

    que, em macios com superfcie

    plana, a menor tenso horizon-

    tal suportada pelo solo poderia

    ser definida pelo crculo de

    ruptura e envoltria de Mohr-

    Coulomb (Fig. 4.2).

    Fig. 4.1 Trinca de trao

    Fig. 4.2 Circulo de Mohr para solo coesivo

    estabilidade_taludes.indb 101 4/4/2012 14:44:45

  • 4 | Mtodos de estabilidade 119

    Fig. 4.22 baco de estabilidade: linha fretica com linha fretica profunda

    estabilidade_taludes.indb 119 4/4/2012 14:44:51

  • BAnexo

    Resumo dos mtodos de anlise deestabilidade de taludes em solo (GeoRio, 1999)

    Mt

    odo

    Supe

    rfc

    ieCo

    nsid

    era

    es

    Vant

    agen

    sLi

    mita

    es

    Fato

    r de

    segu

    ran

    aAp

    lica

    o

    Tayl

    or

    (194

    8)

    Circ

    ular

    Mt

    odo

    do

    crc

    ulo

    de

    atrit

    o. A

    nlis

    e de

    tens

    es

    tota

    is. T

    alud

    es

    hom

    ogn

    eos.

    Mt

    odo

    simpl

    es,

    com

    cl

    culo

    s m

    anua

    is.

    Aplic

    ado

    som

    en-

    te p

    ara

    algu

    mas

    co

    ndi

    es

    geom

    tric

    as

    indi

    cada

    s nos

    b

    acos

    .

    Dete

    rmin

    ao

    do

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    r da

    altu

    ra c

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    a H c

    Estu

    dos

    prel

    imin

    ares

    . Po

    uco

    usad

    o na

    pr

    tica.

    Talu

    de

    infin

    ito

    Plan

    aEs

    tabi

    lidad

    e gl

    obal

    repr

    e-se

    ntad

    a pe

    la

    esta

    bilid

    ade

    de u

    ma

    fatia

    ve

    rtic

    al.

    Mt

    odo

    simpl

    es,

    com

    cl

    culo

    s m

    anua

    is.

    Aplic

    ado

    som

    en-

    te p

    ara

    talu

    des

    com

    altu

    ra in

    fini-

    ta e

    m re

    la

    o

    prof

    undi

    dade

    da

    supe

    rfc

    ie d

    e ru

    ptur

    a.

    Esco

    rreg

    amen

    -to

    s lon

    gos,

    com

    peq

    uena

    es

    pess

    ura

    da m

    assa

    in

    stv

    el;

    por

    exem

    plo,

    um

    a ca

    mad

    a fin

    a de

    sol

    o so

    bre

    o em

    basa

    men

    to

    roch

    oso.

    Mt

    odo

    das

    cunh

    asPo

    ligon

    alEq

    uilb

    rio

    isola

    do d

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    da c

    unha

    , co

    mpa

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    zan-

    do a

    s for

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    e co

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    cunh

    as.

    Reso

    lu

    o an

    alti

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    rfic

    a,

    com

    cl

    culo

    s m

    anua

    is.

    Cons

    ider

    a cu

    nhas

    rgi

    das.

    O re

    sulta

    do

    se

    nsv

    el a

    o n

    gulo

    (d) d

    e in

    clin

    ao

    das

    fo

    ras

    de

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    ato

    entre

    as c

    unha

    s.

    Dete

    rmin

    ao

    gr

    fica

    dos e

    rros

    em

    po

    lgon

    os d

    e fo

    ra

    para

    fato

    res F

    ar

    bitra

    dos.

    Cl

    culo

    de

    FS p

    or in

    terp

    o-la

    o

    para

    err

    o nu

    lo.

    Mat

    eria

    is es

    tratif

    icad

    os,

    com

    falh

    as o

    u ju

    ntas

    .

    estabilidade_taludes.indb 157 4/4/2012 14:45:03

    deg_Est.pdfcapona_internet_EstabilidadeTaludedeg1deg2deg3deg4deg5deg6deg7deg8deg9deg10deg11deg12deg13

    deg14