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DEDICATÓRIA A você, ......................................................................., pessoa tão maravilhosa, dedico esta obra. Que ela lhe estimule, cada vez mais, a buscar o bem, a verdade e, além de tudo, que lhe inspire grandes realizações. Com carinho e amor, ...................................................

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DEDICATÓRIA

A você,

.......................................................................,

pessoa tão maravilhosa, dedico esta

obra. Que ela lhe estimule, cada vez

mais, a buscar o bem, a verdade e, além

de tudo, que lhe inspire grandes

realizações.

Com carinho e amor,

...................................................

2 // A Bondade

3 // A Bondade

A BONDADE Provocações Para o Crescimento

Moral e Espiritual

4 // A Bondade

5 // A Bondade

Prof. Ronaldo de Oliveira

A BONDADE Provocações Para o Crescimento

Moral e Espiritual

Primeira Edição

Editora Vivens O conhecimento a serviço da Vida!

Maringá - PR

2014

6 // A Bondade

Copyright 2014 by Ronaldo de Oliveira

EDITORA: Daniela Valentini

CONSELHO EDITORIAL:

Prof. Leomar Antônio Montagna Prof. Márcio Pedro Cabral

Prof. Mariane Helena Lopes REVISÃO GRAMATICAL E DE ESTILO:

Marta Cristina Bergamasco CAPA, DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Eduardo Augusto Coleta de Souza

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi Bibliotecária CRB/9-1610

Todos os direitos reservados com exclusividade para o território na-cional. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios ou

arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.

Editora Vivens, O conhecimento a serviço da Vida! Rua Sebastião Alves, nº 232-B – Jardim Paris III

Maringá – PR – CEP: 87083-450; Fone: (44) 3046-4667 http://www.vivens.com.br; e-mail: [email protected]

Oliveira, Ronaldo de

O48b A bondade: provocações para o crescimento

moral e espiritual. / Prof. Ronaldo de

Oliveira. - 1. ed. e-book - Maringá,Pr :

Vivens, 2014.

64 p.

Modo de Acesso: World Wide Web:

<http://www.vivens.com.br>

ISBN: 978-85-8401-006-6

1. Bondade. 2. Virtudes. I. Título.

CDD 22.ed. 179.9

SUMÁRIO DEPOIMENTOS............................................ APRESENTAÇÃO.............................................. INTRODUÇÃO................................................... O SER HUMANO BOM, SERES HUMANOS BONS................................. SER BOM OU BONACHÃO?............................. BONACHÃO E EGOÍSMO......................... BONDADE GERA AMOR.................................. EXEMPLO DO SER HUMANO BOM................ BONDADE E AMOR......................................... O DEFEITOS ALHEIOS DESPERTAM OS MEUS............................................................

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8 // A Bondade

DESCULPAR, ORIENTAR E ESPERAR..................................................... DE QUE MODO AMAR?.................................... CONCLUSÃO..................................................... REFERÊNCIAS..................................................

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DEPOIMENTOS 1. Áurea Corrazza de Oliveira1

Fantástico. Este livro oferece uma leitura simples, clara e profunda. As ideias contidas neste livro são provocantes. A partir delas somos convidados (as) a elaborar as próprias reflexões de maneira profunda sobre a virtude BONDADE.

Somos instigados a compreender a natureza intima da bondade. E, acima de tudo, este livro nos sensibiliza para a urgência da vivência da Bondade no dia a dia em busca de um mundo melhor para a gente e para todos.

1 Professora de Língua Portuguesa; Jardim Olinda – Paraná.

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2. Marciel Ferreira Lage2 “Sim, ó Senhor! De todos os modos

engrandeceste e tornaste glorioso o teu povo. Nunca, em nenhum lugar, deixaste de olhar por ele e de o socorrer.” (Sb 19, 22)

Caro amigo Ronaldo! Li seu livro várias vezes e aproveito para lhe dizer: “a cada leitura ele provoca novas reflexões”.

Fiquei simplesmente encantado com suas provocações. E tenho o prazer imenso em Parabenizá-lo pelo enfoque de caráter filosófico e humano que conseguiu transmitir através de seus escritos.

2 Mestre em Educação Física e Professor Estadual no

Paraná; Jardim Olinda – Paraná

Apresentação // 11

Boníssimo amigo, obrigado por ter me permitido analisar seu trabalho...

Entendo que ele seja uma grande colaboração para melhores dias; espero que seja apenas o primeiro de vários outros. Muito sucesso e um grande abraço de seu amigo!

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APRESENTAÇÃO

Este livro quer ser convite. Ao

leitor que já ouviu falar sobre a bondade, mas pouco refletiu sobre essa virtude essencial na vida do ser humano. Em tudo o que fizermos na nossa vida é preciso reflexão, pensar sobre, ou até mesmo ver por outros olhares, conceitos, situações e virtudes da vida humana.

Não se tem nas páginas deste livro apenas considerações de prudência ditadas pela sabedoria popular, nem oferece conselhos de autoajuda, nem se trata de deixar alguém apto a ser bom. Mas, sim, se trata de compreender melhor a nossa relação com a bondade em nossas vidas.

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Por isso acredito que este livro mostrará o quanto “ser bom” não é apenas um sentimento, mas um caminho que se faz para alcançar tal virtude. Assim posso afirmar que as palavras que o Ronaldo de Oliveira, autor desse livro, escreveu nestas páginas serão fundamentais na vida dos leitores que querem dar passos na vida espiritual.

Pe. Rodolfo Rodrigo Benedetti Filósofo e Teólogo Inajá - PR

INTRODUÇÃO

Ser bom” todos nós queremos ser

e muitas vezes nos consideramos. Por mais que procedamos com atitudes crespas, intolerantes e irônicas, o que queremos é, de antemão, praticar a benevolência mesmo desconhecendo a natureza da bondade, isto é, mesmo não sabendo o que significa a bondade.

Nem sempre conseguimos praticar o “bem”. Por essa razão é importante conhecer a bondade com fina intimidade para poder exalá-la ao longo da existência humana.

Podemos afirmar que para fazer o “bem” é preciso nos policiar e deixá-lo invadir o nosso ser. Assim contribuímos para o bem dos outros e para o nosso próprio bem.

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Para sermos “bons” é preciso adquirirmos virtudes que vençam, superem os defeitos e limites que possuímos.

Ao longo deste livro muitas ideias serão pr0postas para estimular cada pessoa a desejar ser portadora da bondade verdadeira. A bondade é o caminho para a real e duradoura felicidade. Além disso, provoca em cada pessoa a vontade de superar os próprios defeitos e limites. Já nos exortava Santo Agostinho “procurai adquirir as virtudes que julgueis faltarem aos vossos irmãos, e já não vereis os seus defeitos, porque vós mesmos não os tereis”.

O SER HUMANO BOM

SERES HUMANOS BONS

É profundamente prazeroso ter

encontrado algum ser humano bom. É tão agradável que constantemente a nossa mente nos leva à admiração da virtude exibida e vivida pela pessoa que tivemos o privilégio de conhecer. O nosso ser, no mais íntimo, exclama com admiração e agradecimento: “esse ser humano, de fato, é bom”.

Ao reconhecer a bondade personificada na pessoa bondosa temos o sinal de que em nosso ser tem o impulso que leva acima de tudo o que nos arrasta para a mediocridade moral e espiritual.

É difícil descrever um ser humano bom. A razão disso é que

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precisamos de muitas palavras para descrever gestos e atitudes simples. Ao arriscarmos uma descrição diríamos que uma pessoa boa é alguém que trata bem todas as pessoas, tem um coração grandioso para amar, é compreensivo, prestativo, solícito... seus sentimentos são puros e generosos.

Ficamos perplexos por não ter sabido explicar com perspicácia o que sentimos diante da ação de uma pessoa de fato bondosa. O filósofo Jesus Cristo enfatizou em muitas ocasiões que se conhece uma árvore pelos seus frutos. Em relação à bondade é assim também. A bondade é captada de maneira especial pelos seus efeitos, seus frutos. Talvez não saibamos explicar com exatidão o que é a bondade, mas com certeza sabemos

O Ser Humano Bom... // 19

que uma pessoa boa nos faz bem. E muito bem. (FAUS, 1990, p. 3). Sabemos que o sol é percebido por seu efeito de radiação. Sua energia luminosa aquece e gera vida por todo canto onde incide. Um ponto essencial para captarmos o que significa bondade é o seu efeito, irradiação. “Sempre que há alguma irradiação – tanto nos seres físicos como espirituais –, é porque há ‘algo’ que projeta o seu influxo. O próprio Cristo fala-nos da bondade como de um tesouro interior do qual podem ser extraídas riquezas que beneficiam os outros” (FAUS, 1990, p. 3). “O homem tira boas coisas do seu bom tesouro; o mau homem tira más coisas do seu mau tesouro” (Mt 12, 35)3.

3 Bíblia. Português. Bíblia Sagrada: Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 1990.

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O bom e mau tesouro são a intimidade de cada pessoa; é o que cada ser humano tem dentro de si, na alma, no coração. Se medita sobre realidades que edificam o gênero humano, contribuirá para o bem da humanidade; se medita sobre realidades perversas, perturbadoras, causará malefícios para a humanidade.

O ser humano bom tem um adjetivo perceptivo: sua ação gera vida nos seres que o cercam. A vida é fruto da bondade interior que se expande em busca da plenitude. Muitas vezes a bondade não é percebida porque ela é silenciosa, porém eficaz. Ela não é percebida assim como o crescimento diário das plantas pela natureza como um todo.

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A bondade é fonte inesgotável de vida. Quem se aproxima dela gera frutos magníficos para própria vida e para vida de todos que estão à sua volta.

Para não cairmos em ciladas, vale a pena percebermos as características da bondade aparente – falsa bondade – para distinguirmos das da bondade real. Uma vez que descobrimos termos, em nosso comportamento, característica da bondade aparente podemos energicamente iniciar uma mudança em busca da efetiva bondade real.

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SER BOM OU BONACHÃO?

A atitude fundamentada na falta de segurança nas decisões pode estar na raiz da bondade aparente. Pois a bondade aparente está unida à falta de firmeza de espírito e de força de caráter. Uma bondade mole e superficial (FAUS, 1990, p. 4). Na ausência de valores nobres a pessoa que porta a bondade aparente pode cair no relativismo exacerbado. Tudo está certo para ela, mesmo quando ofende seus próprios valores.

Sobre a bondade aparente Francisco Faus nos orienta que

não se trata, no caso, de uma pessoa que finge sentir o que não sente. Trata-se de pessoas que

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têm bom coração e uma natural inclinação para facilitar a alegria e o bem-estar dos outros. Sua bondade, portanto, é frágil e inconsistente. É bondade aparente devido apoiar-se sobre dois pilares falsos: um temperamento complacente e sentimentalismo brando” (1990, p. 4).

As pessoas, com bondade

aparente, são chamadas de “bonachonas” – nada além de “bonachonas”, não “boas” – partem em disparada fugindo de qualquer conflito ou estridência. Quando toma decisão que evolve o menor conflito possível prefere passar por errada ou equivocada que enfrentá-lo por meio do diálogo para expor seu ponto de vista.

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A razão desse comportamento é que querem agradar a todos para gozar do apreço e, porém, cedem em tudo, não sabem dizer NÃO quando é NÃO. Dessa maneira não colabora para o crescimento de si mesmo e dos demais. (FAUS, 1990, p. 4).

O “bondoso superficial” tem a aparência de compreensivo, mas é apenas tolerante. Finge que tudo está bem. Aceita tudo conforme lhe é pedido para ganhar, com sua condescendência, a estima e benignidade do outro. Tem necessidade de reconhecimento, mas suas ações assemelham-se a uma casa construída na areia: a qualquer momento pode ruir e despedaçar-se. No relacionamento com pessoas “bonachonas” se sabe, por meio da intuição e da convivência cotidiana,

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que elas não são amigas no sentido forte da palavra, ou seja, elas não são “amigas de verdade”. O “bonachão” não é um amigo, nem um pai ou uma mãe que ama na plena acepção da palavra; ela é no máximo e somente um cúmplice muito conveniente (FAUS, 1990, p. 4). O ser humano bonachão é visto com desconfiança. Ao afirmar uma postura moral a mantém até que alguém insinue diferente. O “bonachão” não faz o bem porque não ama. O amor exige cuidado, limites. As atitudes de cuidar e impor limites exigem coragem e firme decisão. Infelizmente a pessoa bonachona não está apta a oferecer o amor no sentido forte do termo. Deve causar constrangimento em nós quando alguém nos qualificar como “bonzinho” ou “boazinha”. Essa

Ser Bom ou Bonachão? // 27

expressão, em muitas ocasiões, é usada para indicar que poderíamos ter sido melhores do que fomos e negligenciamos. Vale o exemplo do professor bonzinho. Este sempre tolerou os erros dos discentes sem nunca apontar no que eles poderiam melhorar. Com os anos os estudantes, após terminarem o ciclo de estudo com o professor bonzinho, caçoam dele, tratam-no com desprezo ou pena. Superar a bondade aparente deve fazer parte do nosso projeto de vida em todas as dimensões. Buscar a bondade real é gratificante para aqueles que descobriram quantos frutos a prática bondosa gera na própria vida e na vida dos outros seres afetados por ela.

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Ser bom ou bonachão? Seremos aquilo que a gente mais alimentar. Vale lembrar a história do líder de uma comunidade que estava ensinando as crianças informando-lhes que dentro de cada pessoa há duas feras em constante luta. De repente uma criança pergunta-lhe: quem vence a luta? Calmamente, responde que vence aquela fera que for mais alimentada.

BONACHÃO E EGOÍSMO

Os falsos bons alimentam nosso

egoísmo querendo deixar-nos felizes com sua brandura, e sem querer, nos fazem deslizar para o abismo da nossa infelicidade. É sabido que quando nos sentimos amados e envoltos por atitudes verdadeiras percebemo-nos acolhidos e realizados. Já o egoísmo nos destrói (FAUS, 1990, p. 4).

Para o falso bom, sua máxima aspiração é “ficar bem”, “ser agradável”, “ser simpático”, mas é ele próprio um egoísta. Para ganhar nosso afeto, não titubeia em abençoar a mentira e acobertar o mal (FAUS, 1990, p. 5). Vive de aparências.

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Aparenta ser o que efetivamente não o é.

O “bonachão” não tem voz ativa para dar conselhos úteis. Quando podem revelar a verdade a alguém, finge estar bem e deixa o mal tomando conta da vida desse alguém. Quando acontece o pior, sacode a cabeça e diz: Deus quis assim!

Esse “bom”, que tudo vê e nada faz para melhorar a situação e evitar consequências desastrosas para inocentes ou pessoas próximas, não passa de um fraco, de um derrotado por sua própria má índole. Por isso que a falsa bondade é uma armadilha sentimental. Alimenta o ego e destrói a possibilidade de uma autêntica existência.

O bonachão é egoísta porque ele quer estar de bem com todos,

Bonachão e Egoísmo // 31

mas não se importa se todos estão bem. Eis a armadilha que provoca dores e sofrimento para todos.

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BONDADE GERA AMOR

Muitos podem perguntar sobre

como identificar uma pessoa boa ou um ato bom. Por isso é bom saber que “bom de verdade, é somente aquele que nos faz bem, e o bem é acima de tudo o valor moral e espiritual de uma pessoa” (FAUS, 1990, p. 6). Diante disso, boa mesmo é somente aquela pessoa que nos ajuda no processo de melhoramento pessoal, em outras palavras, nos ajuda a ser melhores.

Se pararmos e voltarmos nossos pensamentos recordando nossas experiências passadas, poderíamos pensar em pessoas que nos ajudaram a vencer más situações, e diríamos: “tal” pessoa ajudou-me muito, pois no momento de minhas fraquezas me

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auxiliou a ser forte. Até mesmo pessoas que não soubemos compreendê-las no passado reconhecemos o significativo valor que teve para nosso aprimoramento humano.

Alguns falam que não há nada na testa das pessoas afirmando a todos os cantos de que elas são boas, porém

inconscientemente, temos a convicção de que foram bons, para nós, aqueles que nos despertaram para ideais mais nobres, que nos deram a mão para levar-nos a encontrar um sentido mais alto da vida, que iluminaram as nossas escuridões interiores fazendo-nos compre-ender aquilo porque vale a pena viver (FAUS, 1990, p. 6).

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As pessoas genuinamente boas são aquelas que nos ensinam com suas palavras, gestos e atitudes o valor do amor para a vida. Conta-se a história de um jovem que ao final da faculdade, na cerimônia de formatura, fora considerado o aluno nota dez. Uma jornalista o entrevistava e tudo o que lhe era perguntado respondia prontamente. Inesperadamente a jornalista perguntou-lhe: de tudo que vivenciou o que mais você amou? Atônito e decepcionado respondeu que ninguém o ensinara isso.

Essa pequena história ilustra que os indivíduos com bondade irradiante são capazes de nos ensinar, além de tudo o mais, que o amor é a grande motivação da busca de uma vida estupendamente feliz e autêntica.

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As pessoas boas nos ajudam mesmo que em algum momento seja necessário nos fazer sofrer. Elas sabem que precisamos descobrir e abraçar o bem, e não se contentam em apenas deixar que nos “sentíssemos bem”. Faz a semelhança de um jardineiro: poda-nos para sermos mais viçosos e vigorosos.

As pessoas boas se arriscam para o nosso bem. “Se, para tanto, foi necessário que nos aplicassem uma enérgica e paciente ‘cirurgia’, não duvidaram em fazê-lo, mesmo sabendo que, de início, não os compreenderíamos” (FAUS, 1990, p. 6). As bondosas pessoas sabem que com o passar do tempo iremos compreender e agradecer a atitude magnânima que tiveram, pois não fosse assim jamais descobriríamos o significado da ação

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amorosa e enérgica exercida em nós e para o nosso bem.

A virtude da bondade impulsiona a pessoa a arriscar de bom grado à incompreensão não se importando de ser apelidado de moralista e de intrometido quando precisa nos falar com clareza, cheio de amor, mas sem rodeios e ambiguidades, pois pratica com zelo a obra de misericórdia que é de corrigir “aquele que erra” com a finalidade de nos fazer encontrar o bom caminho, o da verdade e retidão. Isso é bondade verdadeira.

Onde há bondade, há amor. Onde há amor, há cuidado. Onde há cuidado, há crescimento moral e espiritual. Onde há estas qualidades, há felicidade.

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EXEMPLO DO SER HUMANO BOM

É importante para o ser humano

ter uma referência do ideal de homem bom, de pessoa boa. É interessante saber que o ser humano bom tem “o dom de despertar-nos do sono espiritual, da letargia moral, da mediocridade e da acomodação” (FAUS, 1990, p. 7). Coloca-nos em condições de ver acima de qualquer paradigma mental que a bondade é um empreendimento valioso que nos encaminhará para a prosperidade em todos os níveis (SILVA, 1983, pp. 76-77).

Num mundo em que a maioria das pessoas vive na mediocridade moral e espiritual o homem bom causa espanto e estranheza porque ele pensa

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e vive de maneira diferente dos demais mortais. Aspira aos valores mais nobres e tem a convicção de que seu estilo de vida converge para a felicidade própria e de outros seres humanos. Os valores nobres são a honestidade, a lealdade, o respeito, a fidelidade, o amor, a verdade, a dedicação desinteressada, o perdão, a paciência, a contemplação do belo, entre outros; com firmeza de caráter os incorpora ao modo de ser, de agir e de viver.

Diante da sonolência moral e espiritual na qual a maioria das pessoas se encontra “o homem bom não se limita a despertar-nos para a bondade. Faz-nos acreditar nela” com audácia corajosa e espírito decidido (FAUS, 1990, p. 8). Decidimos buscar e seguir a bondade porque descobrimos o

Exemplo do Ser Humano Bom // 41

valor magnânimo que ela tem para nós e para o mundo.

Evidente é a coerência entre vida e discurso de uma pessoa boa. Possui a sabedoria de que há três perfis de pessoa muito distintos e procura superá-los. Um no qual a pessoa não conhece a verdade e não a procura; o outro se refere àquelas pessoas que sabem e não ensinam; e há ainda aquelas pessoas que sabem e ensinam, porém não vivem aquilo que apregoa. O que há de comum nos três perfis descritos acima é que mantém os indivíduos na mediocridade em todos os aspectos, no entanto a bondade coloca a pessoa acima de todas essas armadilhas. A ser humano dotado de bondade conhece a verdade, comunica-a e a vive assumindo as consequências da atitude coerente.

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Muitos podem indagar: o que se ganha com a ação boa, com o caráter bom e integro? Em curto prazo parece haver prejuízos, porém o indivíduo humano descobre através da persistência que

a verdadeira bondade infunde confiança precisamente porque está marcada de modo simples, sem ostentações, pelo selo da verdade. Um homem realmente bom possui uma harmonia habitual entre palavra e vida, entre interior e exterior, entre vida privada e vida profissional ou social (FAUS, p. 8).

A pessoa bondosa é autêntica,

não possui dupla personalidade, não

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tem duas caras, é constante, inspira confiança e autenticidade.

Muitos pais dão belas lições aos filhos dizendo o que é certo ou errado, justo ou injusto. Os filhos os ouvem com atenção nas primeiras lições até que as incoerências surgem. Muitos pais afirmam o que é o certo, mas na primeira oportunidade agem contrariando aquilo que instantes antes afirmaram ser o certo. Ainda gritam aos filhos: “façam o que eu mando, mas não façam o que eu faço”.

A palavra “desses pais” perde o valor moral, a força inspiradora. Porém, ainda é tempo de concertarmos os desvios de personalidade. Não tardemos e ajamos em busca da coerência e da verdadeira bondade. Napoleon Hill, no livro As Regras de Ouro de Napoleon Hill afirma,

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explicando a lei da retaliação, que “recebemos somente aquilo que damos” e completa “não é o que desejamos que volte a nós, mas aquilo que damos” (2009, p. 72). Desejamos que as pessoas sejam benevolentes conosco? Então, temos de praticar o bem, viver a bondade de forma harmoniosa e profunda.

O indivíduo bom possui uma especial qualidade estampada no rosto: sempre vence os dissabores da vida com entusiasmo e alegria e não se permite ser dominados pelas fraquezas mesquinhas ou baixas. Está sempre entusiasmado, mesmo diante dos desafios. Tem as limitações do ser humano como todos, no entanto, seu coração está isento da pobre teia de aranha que amesquinha a alma humana: “o egoísmo e seu irmão gêmeo,

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o amor próprio, doentio. Tem um coração maior que essas misérias”. (FAUS, 1990, p. 10).

Às vezes afirmamos que as pessoas boas já assim o são naturalmente. Triste engano. Ninguém nasce bom ou mau. O homem se faz bom; a mulher se faz dotada de bondade. A fonte dessa estupenda bondade é, em primeiro lugar, a graça divina, e, em segundo lugar, o esforço do ser humano. Nesses dois aspectos devemos procurar a fonte da benignidade. Isso porque “só Deus é bom” (Mc 10, 18), e nós homens somos bons à medida que vivemos com Deus e de Deus. Podemos exclamar com Santo Agostinho: Deus, “nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso”.

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Importante se faz para nosso crescimento moral e espiritual identificarmos pessoas bondosas. Procurarmos seguir o exemplo dado e pouco a pouco avançaremos em direção à excelência humana.

BONDADE E AMOR

A bondade é sempre abertura

para o outro, porque ninguém é bom, ninguém é bondoso pra si mesmo. É para alguém que somos e devemos ser bons. Ser bom exclusivamente para si é egoísmo em vez de bondade e amor. A pessoa boa está sempre voltada para a prática do bem, evidentemente, porque quer fazer o bem. “A bondade é sempre calor do coração, que envolve os seres humanos com uma doçura cheia de força” (FAUS, 1990, p. 12). A pessoa boa quer não só estar perto das outras pessoas, mas desejam ardentemente morar no coração de cada uma delas. Contudo, para isso pede licença.

Nos dias atuais podemos assistir aos medos que as pessoas têm de outras

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pessoas. Esta prática é contrária a da pessoa boa, pois para o homem bom ninguém lhe é estranho. Reconhece os riscos da violência generalizada, no entanto, se abre àqueles que tanto precisam dum coração cheio de amor e paz. O coração do homem bom vive a criar vida e frutos em todos que 0 cercam. Dentro de seu coração, está convencido de que não há nenhuma criatura que não tenha valor. Não despreza. Valoriza e confia.

A bondade é a ação benfazeja e o amor é abertura incondicional para o outro. Aquilo que é bom deve ser incansavelmente irradiado. A pessoa boa é essencialmente abrangente, não morre com aquilo que é bom só para si e consigo. Doa-se integralmente.

OS DEFEITOS ALHEIOS DESPERTAM OS MEUS

A ausência de bondade se

manifesta, em muitas ocasiões, pela reação que os defeitos alheios provocam em nós. Ficamos ora impacientes, ora desprezamos ou fingimos que estamos acometidos pelo cansaço. Contudo tais reações não são propriamente provocadas pelos defeitos dos outros, mas são “ativadas” pelo egoísmo e orgulho que estão instalados em nosso ser. Portanto, “os defeitos alheios incomodam-nos precisamente porque ferem um defeito nosso” (FAUS, 1990, p. 16).

Diante da percepção dos defeitos alheios deveríamos ser humildes e esquecidos de nós mesmos para

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tentarmos limpar nossos próprios defeitos. Desativar o orgulho e egoísmo permite-nos vermos os impedimentos a uma vida saudável abundantemente feliz.

Quando nosso coração está sujo de sentimentos perversos como comodismo, vaidade, rancor, ódio, assim vemos todas as coisas, fatos e pessoas. Vale muito lembrar o que Padre Vieira, jesuíta português, disse no sermão da quinta quarta-feira de 1669, “os olhos veem pelo coração; e assim como quem vê por vidros de diversas cores, todas as coisas lhe parecem daquela cor, assim as vistas se tingem dos mesmos humores de que estão bem ou mal afetos os corações” (In: FAUS, 1990, p. 16).

Santo Agostinho sugere um critério formidável para quem quer

Os Defeitos Alheios Despertam os Meus // 51

avançar em direção da excelência moral e espiritual: “Procurai adquirir as virtudes que julgais faltarem aos vossos irmãos, e já não vereis os seus defeitos, porque vós mesmos não os tereis”. Atentemo-nos para o critério sugerido por Santo Agostinho. Cada vez que alguém nos irritar lembremos que são nossos defeitos refletidos na outra pessoa que estão gritando e pedindo reação brutal.

Fica evidente que “somente nos irritam os nossos defeitos”. Dessa maneira as agulhadas e irreverências dos outros são sinais sobre os nossos defeitos. Isso é permitido para que melhor os vejamos e decidamos corajosamente vencê-los com serenidade e sabedoria dadas por Deus.

52 // A Bondade

DESCULPAR,

ORIENTAR E ESPERAR

Francisco Faus afirma que “é

impossível existir bondade sem compreensão. E é impossível existir verdadeira compreensão sem disposição de desculpar” (1990, p. 17). A grandeza da pessoa humana se revela, em grau máximo, na atitude de surpreender com a compreensão selada com o perdão. Para nossa felicidade é importante sabermos que as pessoas, por mais que nós as amamos, um dia poderão nos magoar, e nós devemos perdoá-las.

Devemos e podemos nos esforçar para não perdermos as esperanças nas pessoas. Todas as pessoas, por mais difíceis que pareçam, são capazes de

54 // A Bondade

atos bons, são suscetíveis à mudança para melhor. Afirmar que certas pessoas não têm jeito, não merecem atenção e outros juízos negativos que podem ser feitos, equivale a perder a esperança de que venham mudar. Diligentemente devemos despertar nas pessoas o desejo de mudança, e mais, fazê-las acreditar.

Em vez de condenar, devemos desculpar. Em vez de caluniar, optarmos por orientar em busca da verdade. O ser humano bom tem um coração cheio de amor para dar, por isso perdoa e orienta o errante. Estende a mão incansavelmente àquela pessoa que fora enxotada pelos próprios equívocos. O coração da pessoa boa busca a sintonia com a Verdade Suprema e sente que todos os indivíduos, por mais vil que pareçam,

Desculpar, Orientar e Esperar // 55

merecem paulatinamente encontrar a fonte da Suprema Verdade que é Deus. “Perder a confiança em alguém é matá-lo [...] Confiar em alguém é dar-lhe a vida” (FAUS, 1990, p. 18).

Alguns podem chamar o ser humano bom de insensível aos valores ou de acusá-lo de cego por não ver os erros alheios. A pessoa boa vê os erros alheios em suas manifestações mais vastas. Chama erro ao erro, desvio de caráter como tal. Contudo acredita que a “semente da bondade” plantada pelo Criador no coração de cada pessoa irá a qualquer momento germinar e produzir bons frutos. Apostar na vida é vencer a morte, por isso desculpa e espera confiante de que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena” (Fernando Pessoa).

56 // A Bondade

DE QUE MODO AMAR?

O coração benevolente é

transparente e busca fazer o bem aos outros. A alegria dos outros é sua satisfação. Uma ação sua que reverta em benefícios para os seus semelhantes é considerada um troféu de vencedor.

Qual é o modo que escolhemos para amar? Costumeiramente amamos as pessoas do nosso jeito. Aquelas que não se enquadram em nosso modo de amar são minimizadas ou até mesmo banidas do raio de ação de nosso afeto. Muitas vezes fazemos isso com a melhor das intenções. Após avaliar um pouco percebemos que todos merecem ser amados “ao modo deles”, pois “o nosso modo”, em variadas situações,

58 // A Bondade

traz a morte em vez da vida em abundância.

Amar não é uma tarefa fácil, por isso devemos recorrer à graça divina. Com esta teremos condições de praticar ações que produzem efeitos benéficos para os outros e para nós. “Com efeito, sem a graça divina, uma alma está morta e, então, as melhores qualidades e ‘bens’ de que possa dispor não passam de flores enfeitando um cadáver” (FAUS, 1990, p. 22).

CONCLUSÃO

O maior bem do ser humano é ser

bom. A bondade ilumina os passos e o

caminho da pessoa boa. E aonde passar contagiará com sua paz, ternura, mansidão e amor, os que em sua volta estiverem.

Portanto, a bondade é o adjetivo que contribui para um mundo justo, de paz, fraternidade e amor. Consequentemente, a felicidade reinará.

REFERÊNCIAS

FAUS, Francisco. Temas Cristãos: O

Homem bom. São Paulo: Editora Quadrante, 1990.

HILL, Napoleon. As regras de ouro de

Napoleon Hill. Osasco: Novo Século Editora, 2009.

SILVA, José. O método Silva de

controle mental para executivos. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 1983.

O AUTOR:

Ronaldo de Oliveira, 32 anos, formado em Filosofia pela PUC-PR e especializado em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro.

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Desde 2010 é docente de Filosofia na Rede Pública Estadual do Paraná. Atuou também na Rede Pública Estadual de São Paulo.

Casado, reside em Jardim Olinda, Estado do Paraná. Tem interesse por vários temas, em especial pela Ética Filosófica. Acredita que a formação ética e moral do indivíduo é fundamental para a construção de uma sociedade justa, equilibrada, sadia, pois, como afirma Heráclito (567-450 a. C.) – filósofo pré-socrático, “o caráter de um homem é o seu destino”.

É autor da obra: “Felicidade: O Sentido Último da Vida Humana em Epicuro (341-270 a.C.)”, publicada pela Editora Vivens no ano de 1999.

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Printed in Brazil Gráfica Viena

- Julho de 2014 – Capa: papel Triplex 250g Miolo: Papel Off Set 75g

Fontes: Lucida Bright, Corpo: 8, 11

Lucida Calligraphy. Corpo: 11