decreto-lei n.º 7_2004 - regulação do comércio electronico

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MINISTÉRIO DA JUSTIÇA Resolução da Assembleia da República n. o 2/2004 Decreto-Lei n. o 7/2004 70 Aprovada em 11 de Dezembro de 2003. Constituição de uma Comissão Eventual para a Revisão Constitucional de 7 de Janeiro 71 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A Artigo 1. o N. o 5 — 7 de Janeiro de 2004 Objecto Âmbito

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70 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 5 — 7 de Janeiro de 2004

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Resolução da Assembleia da República n.o 2/2004

Constituição de uma Comissão Eventualpara a Revisão Constitucional

A Assembleia da República resolve, nos termos don.o 5 do artigo 166.o da Constituição da República Por-tuguesa, o seguinte:

1 — Constituir uma Comissão Eventual para a RevisãoConstitucional, com o mandato de apreciar os projectosde revisão da Constituição atempadamente apresentados,com plena competência para as fases da generalidadee da especialidade, nos termos regimentais.

2 — Fixar em 100 dias a contar da data da respectivainstalação, prorrogáveis por decisão do Plenário daAssembleia da República e a solicitação da própriaComissão, o prazo de funcionamento da mesma.

3 — Determinar que a Comissão tenha a composiçãoseguinte:

14 deputados designados pelo Grupo Parlamentardo PSD;

12 deputados designados pelo Grupo Parlamentardo PS;

3 deputados designados pelo Grupo Parlamentardo CDS-PP;

2 deputados designados pelo Grupo Parlamentardo PCP;

1 deputado designado pelo Grupo Parlamentar doBE;

1 deputado designado pelo Grupo Parlamentar doPEV.

Aprovada em 11 de Dezembro de 2003.

O Presidente da Assembleia da República, JoãoBosco Mota Amaral.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

Decreto-Lei n.o 7/2004de 7 de Janeiro

1 — O presente diploma destina-se fundamental-mente a realizar a transposição da Directivan.o 2000/31/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho,de 8 de Junho de 2000.

A directiva sobre comércio electrónico, não obstantea designação, não regula todo o comércio electrónico:deixa amplas zonas em aberto ou porque fazem partedo conteúdo de outras directivas ou porque não foramconsideradas suficientemente consolidadas para umaharmonização comunitária ou, ainda, porque não care-cem desta. Por outro lado, versa sobre matérias comoa contratação electrónica, que só tem sentido regularcomo matéria de direito comum e não apenas comercial.

Na tarefa de transposição, optou-se por afastar solu-ções mais amplas e ambiciosas para a regulação do sectorem causa, tendo-se adoptado um diploma cujo âmbitoé fundamentalmente o da directiva. Mesmo assim, apro-veitou-se a oportunidade para, lateralmente, versaralguns pontos carecidos de regulação na ordem jurídicaportuguesa que não estão contemplados na directiva.

A transposição apresenta a dificuldade de conciliarcategorias neutras próprias de uma directiva, que é umconcentrado de sistemas jurídicos diferenciados, comos quadros vigentes na nossa ordem jurídica. Levou-setão longe quanto possível a conciliação da fidelidadeà directiva com a integração nas categorias portuguesaspara tornar a disciplina introduzida compreensível paraos seus destinatários. Assim, a própria sistemática dadirectiva é alterada e os conceitos são vertidos, sempreque possível, nos quadros correspondentes do direitoportuguês.

2 — A directiva pressupõe o que é já conteúdo dedirectivas anteriores. Particularmente importante é adirectiva sobre contratos à distância, já transposta paraa lei portuguesa pelo Decreto-Lei n.o 143/2001, de 26de Abril. Parece elucidativo declarar expressamente ocarácter subsidiário do diploma de transposição respec-tivo. O mesmo haverá que dizer da directiva sobre acomercialização à distância de serviços financeiros, queestá em trabalhos de transposição.

Uma das finalidades principais da directiva é asse-gurar a liberdade de estabelecimento e de exercício daprestação de serviços da sociedade da informação naUnião Europeia, embora com as limitações que se assi-nalam. O esquema adoptado consiste na subordinaçãodos prestadores de serviços à ordenação do Estado mem-bro em que se encontram estabelecidos. Assim se fez,procurando esclarecer quanto possível conceitos expres-sos em linguagem generalizada mas pouco precisa como«serviço da sociedade da informação». Este é entendidocomo um serviço prestado a distância por via electrónica,no âmbito de uma actividade económica, na sequênciade pedido individual do destinatário — o que exclui aradiodifusão sonora ou televisiva.

O considerando 57) da Directiva n.o 2000/31/CErecorda que «o Tribunal de Justiça tem sustentado demodo constante que um Estado membro mantém odireito de tomar medidas contra um prestador de ser-viços estabelecido noutro Estado membro, mas quedirige toda ou a maior parte das suas actividades parao território do primeiro Estado membro, se a escolhado estabelecimento foi feita no intuito de iludir a legis-lação que se aplicaria ao prestador caso este se tivesseestabelecido no território desse primeiro Estado mem-bro».

3 — Outro grande objectivo da directiva consiste emdeterminar o regime de responsabilidade dos presta-dores intermediários de serviços. Mais precisamente,visa-se estabelecer as condições de irresponsabilidadedestes prestadores face à eventual ilicitude das men-sagens que disponibilizam.

Há que partir da declaração da ausência de um devergeral de vigilância do prestador intermediário de ser-viços sobre as informações que transmite ou armazenaou a que faculte o acesso. Procede-se também ao enun-ciado dos deveres comuns a todos os prestadores inter-mediários de serviços.

Segue-se o traçado do regime de responsabilidadeespecífico das actividades que a própria directiva enun-cia: simples transporte, armazenagem intermediária earmazenagem principal. Aproveitou-se a oportunidadepara prever já a situação dos prestadores intermediáriosde serviços de associação de conteúdos (como os ins-trumentos de busca e as hiperconexões), que é assi-milada à dos prestadores de serviços de armazenagemprincipal.

Introduz-se um esquema de resolução provisória delitígios que surjam quanto à licitude de conteúdos dis-

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poníveis em rede, dada a extrema urgência que podehaver numa composição prima facie. Confia-se essa fun-ção à entidade de supervisão respectiva, sem prejuízoda solução definitiva do litígio, que só poderá ser judicial.

4 — A directiva regula também o que se designa comocomunicações comerciais. Parece preferível falar de«comunicações publicitárias em rede», uma vez que ésempre e só a publicidade que está em causa.

Aqui surge a problemática das comunicações não soli-citadas, que a directiva deixa em grande medida emaberto. Teve-se em conta a circunstância de entretantoter sido aprovada a Directiva n.o 2002/58/CE, do Par-lamento Europeu e do Conselho, de 12 de Julho de2002, relativa ao tratamento de dados pessoais e à pro-tecção da privacidade no sector das comunicações elec-trónicas (directiva relativa à privacidade e às comuni-cações electrónicas), que aguarda transposição. Oartigo 13.o desta respeita a comunicações não solicitadas,estabelecendo que as comunicações para fins de mar-keting directo apenas podem ser autorizadas em relaçãoa destinatários que tenham dado o seu consentimentoprévio. O sistema que se consagra inspira-se no aí esta-belecido. Nessa medida este diploma também representaa transposição parcial dessa directiva no que respeitaao artigo 13.o (comunicações não solicitadas).

5 — A contratação electrónica representa o tema demaior delicadeza desta directiva. Esclarece-se expres-samente que o preceituado abrange todo o tipo de con-tratos, sejam ou não qualificáveis como comerciais.

O princípio instaurado é o da liberdade de recursoà via electrónica, para que a lei não levante obstáculos,com as excepções que se apontam. Para isso haveráque afastar o que se oponha a essa celebração. Par-ticularmente importante se apresentava a exigência deforma escrita. Retoma-se a fórmula já acolhida noartigo 4.o do Código dos Valores Mobiliários que éampla e independente de considerações técnicas: asdeclarações emitidas por via electrónica satisfazem asexigências legais de forma escrita quando oferecem asmesmas garantias de fidedignidade, inteligibilidade econservação.

Outro ponto muito sensível é o do momento da con-clusão do contrato. A directiva não o versa, porque nãose propõe harmonizar o direito civil. Os Estados mem-bros têm tomado as posições mais diversas. Particular-mente, está em causa o significado do aviso de recepçãoda encomenda, que pode tomar-se como aceitação ounão.

Adopta-se esta última posição, que é maioritária, poiso aviso de recepção destina-se a assegurar a efectividadeda comunicação electrónica, apenas, e não a exprimiruma posição negocial. Mas esclarece-se também quea oferta de produtos ou serviços em linha representaproposta contratual ou convite a contratar, consoantecontiver ou não todos os elementos necessários paraque o contrato fique concluído com a aceitação.

Procura também regular-se a chamada contrataçãoentre computadores, portanto a contratação inteira-mente automatizada, sem intervenção humana. Esta-belece-se que se regula pelas regras comuns enquantoestas não pressupuserem justamente a actuação(humana). Esclarece-se também em que moldes são apli-cáveis nesse caso as disposições sobre erro.

6 — Perante a previsão na directiva do funcionamentode mecanismos de resolução extrajudicial de litígios,inclusive através dos meios electrónicos adequados,houve que encontrar uma forma apropriada de trans-posição deste princípio.

As muitas funções atribuídas a entidades públicasaconselham a previsão de entidades de supervisão.Quando a competência não couber a entidades especiais,funciona uma entidade de supervisão central: essa fun-ção é desempenhada pela ICP-ANACOM. As entidadesde supervisão têm funções no domínio da instrução dosprocessos contra-ordenacionais, que se prevêem, e daaplicação das coimas respectivas.

O montante das coimas é fixado entre molduras muitoamplas, de modo a serem dissuasoras, mas, simultanea-mente, se adequarem à grande variedade de situaçõesque se podem configurar.

Às contra-ordenações podem estar associadas sançõesacessórias; mas as sanções acessórias mais graves terãonecessariamente de ser confirmadas em juízo, por ini-ciativa oficiosa da própria entidade de supervisão.

Prevêem-se providências provisórias, a aplicar pelaentidade de supervisão competente, e que esta podeinstaurar, modificar e levantar a todo o momento.

Enfim, é ainda objectivo deste diploma permitir orecurso a meios de solução extrajudicial de litígios paraos conflitos surgidos neste domínio, sem que a legislaçãogeral traga impedimentos, nomeadamente à solução des-tes litígios por via electrónica.

Foi ouvida a Comissão Nacional de Protecção deDados, o ICP — Autoridade Nacional de Comunica-ções, o Banco de Portugal, a Comissão de Mercadode Valores Mobiliários, o Instituto de Seguros de Por-tugal, a Unidade de Missão Inovação e Conhecimento,o Instituto do Consumidor, a Associação Portuguesapara a Defesa dos Consumidores, a Associação Fono-gráfica Portuguesa e a Sociedade Portuguesa de Auto-res.

Assim:No uso da autorização legislativa concedida pelo

artigo 1.o da Lei n.o 7/2003, de 9 de Maio, e nos termosdas alíneas a) e b) do n.o 1 do artigo 198.o da Cons-tituição, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO I

Objecto e âmbito

Artigo 1.o

Objecto

O presente diploma transpõe para a ordem jurídicainterna a Directiva n.o 2000/31/CE, do Parlamento Euro-peu e do Conselho, de 8 de Junho de 2000, relativaa certos aspectos legais dos serviços da sociedade deinformação, em especial do comércio electrónico, nomercado interno (Directiva sobre Comércio Electró-nico) bem como o art igo 13.o da Direct ivan.o 2002/58/CE, de 12 de Julho de 2002, relativa aotratamento de dados pessoais e a protecção da priva-cidade no sector das comunicações electrónicas (Direc-tiva relativa à Privacidade e às Comunicações Elec-trónicas).

Artigo 2.o

Âmbito

1 — Estão fora do âmbito do presente diploma:

a) A matéria fiscal;b) A disciplina da concorrência;c) O regime do tratamento de dados pessoais e

da protecção da privacidade;

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d) O patrocínio judiciário;e) Os jogos de fortuna, incluindo lotarias e apostas,

em que é feita uma aposta em dinheiro;f) A actividade notarial ou equiparadas, enquanto

caracterizadas pela fé pública ou por outrasmanifestações de poderes públicos.

2 — O presente diploma não afecta as medidas toma-das a nível comunitário ou nacional na observância dodireito comunitário para fomentar a diversidade culturale linguística e para assegurar o pluralismo.

CAPÍTULO II

Prestadores de serviços da sociedade da informação

Artigo 3.o

Princípio da liberdade de exercício

1 — Entende-se por «serviço da sociedade da infor-mação» qualquer serviço prestado a distância por viaelectrónica, mediante remuneração ou pelo menos noâmbito de uma actividade económica na sequência depedido individual do destinatário.

2 — Não são serviços da sociedade da informação osenumerados no anexo ao Decreto-Lei n.o 58/2000, de18 de Abril, salvo no que respeita aos serviços con-templados nas alíneas c), d) e e) do n.o 1 daquele anexo.

3 — A actividade de prestador de serviços da socie-dade da informação não depende de autorização prévia.

4 — Exceptua-se o disposto no domínio das teleco-municações, bem como todo o regime de autorizaçãoque não vise especial e exclusivamente os serviços dasociedade da informação.

5 — O disposto no presente diploma não exclui a apli-cação da legislação vigente que com ele seja compatível,nomeadamente no que respeita ao regime dos contratoscelebrados a distância e não prejudica o nível de pro-tecção dos consumidores, incluindo investidores, resul-tante da restante legislação nacional.

Artigo 4.o

Prestadores de serviços estabelecidos em Portugal

1 — Os prestadores de serviços da sociedade da infor-mação estabelecidos em Portugal ficam integralmentesujeitos à lei portuguesa relativa à actividade que exer-cem, mesmo no que concerne a serviços da sociedadeda informação prestados noutro país comunitário.

2 — Um prestador de serviços que exerça uma acti-vidade económica no país mediante um estabelecimentoefectivo considera-se estabelecido em Portugal seja qualfor a localização da sua sede, não configurando a meradisponibilidade de meios técnicos adequados à prestaçãodo serviço, só por si, um estabelecimento efectivo.

3 — O prestador estabelecido em vários locais con-sidera-se estabelecido, para efeitos do n.o 1, no localem que tenha o centro das suas actividades relacionadascom o serviço da sociedade da informação.

4 — Os prestadores intermediários de serviços emrede que pretendam exercer estavelmente a actividadeem Portugal devem previamente proceder à inscriçãojunto da entidade de supervisão central.

5 — «Prestadores intermediários de serviços emrede» são os que prestam serviços técnicos para o acesso,disponibilização e utilização de informações ou serviços

em linha independentes da geração da própria infor-mação ou serviço.

Artigo 5.o

Livre prestação de serviços

1 — Aos prestadores de serviços da sociedade dainformação não estabelecidos em Portugal mas estabe-lecidos noutro Estado membro da União Europeia éaplicável, exclusivamente no que respeita a actividadesem linha, a lei do lugar do estabelecimento:

a) Aos próprios prestadores, nomeadamente noque respeita a habilitações, autorizações e noti-ficações, à identificação e à responsabilidade;

b) Ao exercício, nomeadamente no que respeitaà qualidade e conteúdo dos serviços, à publi-cidade e aos contratos.

2 — É livre a prestação dos serviços referidos nonúmero anterior, com as limitações constantes dos arti-gos seguintes.

3 — Os serviços de origem extra-comunitária estãosujeitos à aplicação geral da lei portuguesa, ficando tam-bém sujeitos a este diploma em tudo o que não forjustificado pela especificidade das relações intra-co-munitárias.

Artigo 6.o

Exclusões

Estão fora do âmbito de aplicação dos artigos 4.o,n.o 1, e 5.o, n.o 1:

a) A propriedade intelectual, incluindo a protecçãodas bases de dados e das topografias dos pro-dutos semicondutores;

b) A emissão de moeda electrónica, por efeito dederrogação prevista no n.o 1 do artigo 8.o daDirectiva n.o 2000/46/CE;

c) A publicidade realizada por um organismo deinvestimento colectivo em valores mobiliários,nos termos do n.o 2 do artigo 44.o da Directivan.o 85/611/CEE;

d) A actividade seguradora, quanto a seguros obri-gatórios, alcance e condições da autorização daentidade seguradora e empresas em dificuldadesou em situação irregular;

e) A matéria disciplinada por legislação escolhidapelas partes no uso da autonomia privada;

f) Os contratos celebrados com consumidores, noque respeita às obrigações deles emergentes;

g) A validade dos contratos em função da obser-vância de requisitos legais de forma, em con-tratos relativos a direitos reais sobre imóveis;

h) A permissibilidade do envio de mensagenspublicitárias não solicitadas por correio elec-trónico.

Artigo 7.o

Providências restritivas

1 — Os tribunais e outras entidades competentes,nomeadamente as entidades de supervisão, podem res-tringir a circulação de um determinado serviço da socie-dade da informação proveniente de outro Estado mem-bro da União Europeia se lesar ou ameaçar gravemente:

a) A dignidade humana ou a ordem pública,incluindo a protecção de menores e a repressãodo incitamento ao ódio fundado na raça, no

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sexo, na religião ou na nacionalidade, nomea-damente por razões de prevenção ou repressãode crimes ou de ilícitos de mera ordenaçãosocial;

b) A saúde pública;c) A segurança pública, nomeadamente na ver-

tente da segurança e defesa nacionais;d) Os consumidores, incluindo os investidores.

2 — As providências restritivas devem ser precedidas:

a) Da solicitação ao Estado membro de origemdo prestador do serviço que ponha cobro àsituação;

b) Caso este o não tenha feito, ou as providênciasque tome se revelem inadequadas, da notifica-ção à Comissão e ao Estado membro de origemda intenção de tomar providências restritivas.

3 — O disposto no número anterior não prejudicaa realização de diligências judiciais, incluindo a instruçãoe demais actos praticados no âmbito de uma investigaçãocriminal ou de um ilícito de mera ordenação social.

4 — As providências tomadas devem ser proporcio-nais aos objectivos a tutelar.

Artigo 8.o

Actuação em caso de urgência

Em caso de urgência, as entidades competentespodem tomar providências restritivas não precedidas dasnotificações à Comissão e aos outros Estados membrosde origem previstas no artigo anterior.

Artigo 9.o

Comunicação à entidade de supervisão central

1 — As entidades competentes que desejem promo-ver a solicitação ao Estado membro de origem queponha cobro a uma situação violadora devem comu-nicá-lo à entidade de supervisão central, a fim de sernotificada ao Estado membro de origem.

2 — As entidades competentes que tenham a intençãode tomar providências restritivas, ou as tomem efec-tivamente, devem comunicá-lo imediatamente à auto-ridade de supervisão central, a fim de serem logo noti-ficadas à Comissão e aos Estados membros de origem.

3 — Tratando-se de providências restritivas de urgên-cia devem ser também indicadas as razões da urgênciana sua adopção.

Artigo 10.o

Disponibilização permanente de informações

1 — Os prestadores de serviços devem disponibilizarpermanentemente em linha, em condições que permi-tam um acesso fácil e directo, elementos completos deidentificação que incluam, nomeadamente:

a) Nome ou denominação social;b) Endereço geográfico em que se encontra esta-

belecido e endereço electrónico, em termos depermitir uma comunicação directa;

c) Inscrições do prestador em registos públicos erespectivos números de registo;

d) Número de identificação fiscal.

2 — Se o prestador exercer uma actividade sujeitaa um regime de autorização prévia, deve disponibilizara informação relativa à entidade que a concedeu.

3 — Se o prestador exercer uma profissão regulamen-tada deve também indicar o título profissional e o Estadomembro em que foi concedido, a entidade profissionalem que se encontra inscrito, bem como referenciar asregras profissionais que disciplinam o acesso e o exer-cício dessa profissão.

4 — Se os serviços prestados implicarem custos paraos destinatários além dos custos dos serviços de tele-comunicações, incluindo ónus fiscais ou despesas deentrega, estes devem ser objecto de informação claraanterior à utilização dos serviços.

CAPÍTULO III

Responsabilidade dos prestadores de serviços em rede

Artigo 11.o

Princípio da equiparação

A responsabilidade dos prestadores de serviços emrede está sujeita ao regime comum, nomeadamente emcaso de associação de conteúdos, com as especificaçõesconstantes dos artigos seguintes.

Artigo 12.o

Ausência de um dever geral de vigilância dos prestadoresintermediários de serviços

Os prestadores intermediários de serviços em redenão estão sujeitos a uma obrigação geral de vigilânciasobre as informações que transmitem ou armazenamou de investigação de eventuais ilícitos praticados noseu âmbito.

Artigo 13.o

Deveres comuns dos prestadores intermediários dos serviços

Cabe aos prestadores intermediários de serviços aobrigação para com as entidades competentes:

a) De informar de imediato quando tiverem conhe-cimento de actividades ilícitas que se desenvol-vam por via dos serviços que prestam;

b) De satisfazer os pedidos de identificar os des-tinatários dos serviços com quem tenham acor-dos de armazenagem;

c) De cumprir prontamente as determinações des-tinadas a prevenir ou pôr termo a uma infracção,nomeadamente no sentido de remover ouimpossibilitar o acesso a uma informação;

d) De fornecer listas de titulares de sítios que alber-guem, quando lhes for pedido.

Artigo 14.o

Simples transporte

1 — O prestador intermediário de serviços que pros-siga apenas a actividade de transmissão de informaçõesem rede, ou de facultar o acesso a uma rede de comu-nicações, sem estar na origem da transmissão nem terintervenção no conteúdo das mensagens transmitidasnem na selecção destas ou dos destinatários, é isentode toda a responsabilidade pelas informações trans-mitidas.

2 — A irresponsabilidade mantém-se ainda que oprestador realize a armazenagem meramente tecnoló-gica das informações no decurso do processo de trans-

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missão, exclusivamente para as finalidades de transmis-são e durante o tempo necessário para esta.

Artigo 15.o

Armazenagem intermediária

1 — O prestador intermediário de serviços de trans-missão de comunicações em rede que não tenha inter-venção no conteúdo das mensagens transmitidas nemna selecção destas ou dos destinatários e respeite ascondições de acesso à informação é isento de toda aresponsabilidade pela armazenagem temporária e auto-mática, exclusivamente para tornar mais eficaz e eco-nómica a transmissão posterior a nova solicitação dedestinatários do serviço.

2 — Passa, porém, a aplicar-se o regime comum deresponsabilidade se o prestador não proceder segundoas regras usuais do sector:

a) Na actualização da informação;b) No uso da tecnologia, aproveitando-a para obter

dados sobre a utilização da informação.

3 — As regras comuns passam também a ser apli-cáveis se chegar ao conhecimento do prestador que ainformação foi retirada da fonte originária ou o acessotornado impossível ou ainda que um tribunal ou enti-dade administrativa com competência sobre o prestadorque está na origem da informação ordenou essa remoçãoou impossibilidade de acesso com exequibilidade ime-diata e o prestador não a retirar ou impossibilitar ime-diatamente o acesso.

Artigo 16.o

Armazenagem principal

1 — O prestador intermediário do serviço de arma-zenagem em servidor só é responsável, nos termoscomuns, pela informação que armazena se tiver conhe-cimento de actividade ou informação cuja ilicitude formanifesta e não retirar ou impossibilitar logo o acessoa essa informação.

2 — Há responsabilidade civil sempre que, peranteas circunstâncias que conhece, o prestador do serviçotenha ou deva ter consciência do carácter ilícito dainformação.

3 — Aplicam-se as regras comuns de responsabilidadesempre que o destinatário do serviço actuar subordinadoao prestador ou for por ele controlado.

Artigo 17.o

Responsabilidade dos prestadores intermediários de serviçosde associação de conteúdos

Os prestadores intermediários de serviços de asso-ciação de conteúdos em rede, por meio de instrumentosde busca, hiperconexões ou processos análogos que per-mitam o acesso a conteúdos ilícitos estão sujeitos aregime de responsabilidade correspondente ao estabe-lecido no artigo anterior.

Artigo 18.o

Solução provisória de litígios

1 — Nos casos contemplados nos artigos 16.o e 17.o,o prestador intermediário de serviços, se a ilicitude nãofor manifesta, não é obrigado a remover o conteúdo

contestado ou a impossibilitar o acesso à informaçãosó pelo facto de um interessado arguir uma violação.

2 — Nos casos previstos no número anterior, qualquerinteressado pode recorrer à entidade de supervisão res-pectiva, que deve dar uma solução provisória em qua-renta e oito horas e logo a comunica electronicamenteaos intervenientes.

3 — Quem tiver interesse jurídico na manutençãodaquele conteúdo em linha pode nos mesmos termosrecorrer à entidade de supervisão contra uma decisãodo prestador de remover ou impossibilitar o acesso aesse conteúdo, para obter a solução provisória do litígio.

4 — O procedimento perante a entidade de super-visão será especialmente regulamentado.

5 — A entidade de supervisão pode a qualquer tempoalterar a composição provisória do litígio estabelecida.

6 — Qualquer que venha a ser a decisão, nenhumaresponsabilidade recai sobre a entidade de supervisãoe tão-pouco recai sobre o prestador intermediário deserviços por ter ou não retirado o conteúdo ou impos-sibilitado o acesso a mera solicitação, quando não formanifesto se há ou não ilicitude.

7 — A solução definitiva do litígio é realizada nostermos e pelas vias comuns.

8 — O recurso a estes meios não prejudica a utilizaçãopelos interessados, mesmo simultânea, dos meios judi-ciais comuns.

Artigo 19.o

Relação com o direito à informação

1 — A associação de conteúdos não é consideradairregular unicamente por haver conteúdos ilícitos nosítio de destino, ainda que o prestador tenha consciênciado facto.

2 — A remissão é lícita se for realizada com objec-tividade e distanciamento, representando o exercício dodireito à informação, sendo, pelo contrário, ilícita serepresentar uma maneira de tomar como próprio o con-teúdo ilícito para que se remete.

3 — A avaliação é realizada perante as circunstânciasdo caso, nomeadamente:

a) A confusão eventual dos conteúdos do sítio deorigem com os de destino;

b) O carácter automatizado ou intencional daremissão;

c) A área do sítio de destino para onde a remissãoé efectuada.

CAPÍTULO IV

Comunicações publicitárias em rede e marketing directo

Artigo 20.o

Âmbito

1 — Não constituem comunicação publicitária emrede:

a) Mensagens que se limitem a identificar ou per-mitir o acesso a um operador económico ouidentifiquem objectivamente bens, serviços oua imagem de um operador, em colectâneas oulistas, particularmente quando não tiveremimplicações financeiras, embora se integrem emserviços da sociedade da informação;

b) Mensagens destinadas a promover ideias, prin-cípios, iniciativas ou instituições.

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2 — A comunicação publicitária pode ter somente porfim promover a imagem de um operador comercial,industrial, artesanal ou integrante de uma profissãoregulamentada.

Artigo 21.o

Identificação e informação

Nas comunicações publicitárias prestadas à distância,por via electrónica, devem ser claramente identificadosde modo a serem apreendidos com facilidade por umdestinatário comum:

a) A natureza publicitária, logo que a mensagemseja apresentada no terminal e de forma osten-siva;

b) O anunciante;c) As ofertas promocionais, como descontos, pré-

mios ou brindes, e os concursos ou jogos pro-mocionais, bem como os condicionalismos a queficam submetidos.

Artigo 22.o

Comunicações não solicitadas

1 — O envio de mensagens para fins de marketingdirecto, cuja recepção seja independente de intervençãodo destinatário, nomeadamente por via de aparelhosde chamada automática, aparelhos de telecópia ou porcorreio electrónico, carece de consentimento prévio dodestinatário.

2 — Exceptuam-se as mensagens enviadas a pessoascolectivas, ficando, no entanto, aberto aos destinatárioso recurso ao sistema de opção negativa.

3 — É também permitido ao fornecedor de um pro-duto ou serviço, no que respeita aos mesmos ou a pro-dutos ou serviços análogos, enviar publicidade não soli-citada aos clientes com quem celebrou anteriormentetransacções, se ao cliente tiver sido explicitamente ofe-recida a possibilidade de o recusar por ocasião da tran-sacção realizada e se não implicar para o destinatáriodispêndio adicional ao custo do serviço de telecomu-nicações.

4 — Nos casos previstos nos números anteriores, odestinatário deve ter acesso a meios que lhe permitama qualquer momento recusar, sem ónus e independen-temente de justa causa, o envio dessa publicidade parafuturo.

5 — É proibido o envio de correio electrónico parafins de marketing directo, ocultando ou dissimulandoa identidade da pessoa em nome de quem é efectuadaa comunicação.

6 — Cada comunicação não solicitada deve indicarum endereço e um meio técnico electrónico, de fácilidentificação e utilização, que permita ao destinatáriodo serviço recusar futuras comunicações.

7 — Às entidades que promovam o envio de comu-nicações publicitárias não solicitadas cuja recepção sejaindependente da intervenção do destinatário cabe man-ter, por si ou por organismos que as representem, umalista actualizada de pessoas que manifestaram o desejode não receber aquele tipo de comunicações.

8 — É proibido o envio de comunicações publicitáriaspor via electrónica às pessoas constantes das listas pres-critas no número anterior.

Artigo 23.o

Profissões regulamentadas

1 — As comunicações publicitárias à distância por viaelectrónica em profissões regulamentadas são permiti-das mediante o estrito cumprimento das regras deon-tológicas de cada profissão, nomeadamente as relativasà independência e honra e ao sigilo profissionais, bemcomo à lealdade para com o público e dos membrosda profissão entre si.

2 — «Profissão regulamentada» é entendido no sen-tido constante dos diplomas relativos ao reconheci-mento, na União Europeia, de formações profissionais.

CAPÍTULO V

Contratação electrónica

Artigo 24.o

Âmbito

As disposições deste capítulo são aplicáveis a todoo tipo de contratos celebrados por via electrónica ouinformática, sejam ou não qualificáveis como comerciais.

Artigo 25.o

Liberdade de celebração

1 — É livre a celebração de contratos por via elec-trónica, sem que a validade ou eficácia destes seja pre-judicada pela utilização deste meio.

2 — São excluídos do princípio da admissibilidade osnegócios jurídicos:

a) Familiares e sucessórios;b) Que exijam a intervenção de tribunais, entes

públicos ou outros entes que exerçam poderespúblicos, nomeadamente quando aquela inter-venção condicione a produção de efeitos emrelação a terceiros e ainda os negócios legal-mente sujeitos a reconhecimento ou autentica-ção notariais;

c) Reais imobiliários, com excepção do arrenda-mento;

d) De caução e de garantia, quando não se inte-grarem na actividade profissional de quem aspresta.

3 — Só tem de aceitar a via electrónica para a cele-bração de um contrato quem se tiver vinculado a pro-ceder dessa forma.

4 — São proibidas cláusulas contratuais gerais queimponham a celebração por via electrónica dos contratoscom consumidores.

Artigo 26.o

Forma

1 — As declarações emitidas por via electrónica satis-fazem a exigência legal de forma escrita quando contidasem suporte que ofereça as mesmas garantias de fide-dignidade, inteligibilidade e conservação.

2 — O documento electrónico vale como documentoassinado quando satisfizer os requisitos da legislaçãosobre assinatura electrónica e certificação.

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76 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 5 — 7 de Janeiro de 2004

Artigo 27.o

Dispositivos de identificação e correcção de erros

O prestador de serviços em rede que celebre contratospor via electrónica deve disponibilizar aos destinatáriosdos serviços, salvo acordo em contrário das partes quenão sejam consumidores, meios técnicos eficazes quelhes permitam identificar e corrigir erros de introdução,antes de formular uma ordem de encomenda.

Artigo 28.o

Informações prévias

1 — O prestador de serviços em rede que celebre con-tratos em linha deve facultar aos destinatários, antesde ser dada a ordem de encomenda, informação mínimainequívoca que inclua:

a) O processo de celebração do contrato;b) O arquivamento ou não do contrato pelo pres-

tador de serviço e a acessibilidade àquele pelodestinatário;

c) A língua ou línguas em que o contrato podeser celebrado;

d) Os meios técnicos que o prestador disponibilizapara poderem ser identificados e corrigidoserros de introdução que possam estar contidosna ordem de encomenda;

e) Os termos contratuais e as cláusulas gerais docontrato a celebrar;

f) Os códigos de conduta de que seja subscritore a forma de os consultar electronicamente.

2 — O disposto no número anterior é derrogável poracordo em contrário das partes que não sejam con-sumidores.

Artigo 29.o

Ordem de encomenda e aviso de recepção

1 — Logo que receba uma ordem de encomenda porvia exclusivamente electrónica, o prestador de serviçosdeve acusar a recepção igualmente por meios electró-nicos, salvo acordo em contrário com a parte que nãoseja consumidora.

2 — É dispensado o aviso de recepção da encomendanos casos em que há a imediata prestação em linhado produto ou serviço.

3 — O aviso de recepção deve conter a identificaçãofundamental do contrato a que se refere.

4 — O prestador satisfaz o dever de acusar a recepçãose enviar a comunicação para o endereço electrónicoque foi indicado ou utilizado pelo destinatário doserviço.

5 — A encomenda torna-se definitiva com a confir-mação do destinatário, dada na sequência do aviso derecepção, reiterando a ordem emitida.

Artigo 30.o

Contratos celebrados por meio de comunicação individual

Os artigos 27.o a 29.o não são aplicáveis aos contratoscelebrados exclusivamente por correio electrónico ououtro meio de comunicação individual equivalente.

Artigo 31.o

Apresentação dos termos contratuais e cláusulas gerais

1 — Os termos contratuais e as cláusulas gerais, bemcomo o aviso de recepção, devem ser sempre comu-nicados de maneira que permita ao destinatário arma-zená-los e reproduzi-los.

2 — A ordem de encomenda, o aviso de recepçãoe a confirmação da encomenda consideram-se recebidoslogo que os destinatários têm a possibilidade de acedera eles.

Artigo 32.o

Proposta contratual e convite a contratar

1 — A oferta de produtos ou serviços em linha repre-senta uma proposta contratual quando contiver todosos elementos necessários para que o contrato fique con-cluído com a simples aceitação do destinatário, repre-sentando, caso contrário, um convite a contratar.

2 — O mero aviso de recepção da ordem de enco-menda não tem significado para a determinação domomento da conclusão do contrato.

Artigo 33.o

Contratação sem intervenção humana

1 — À contratação celebrada exclusivamente pormeio de computadores, sem intervenção humana, é apli-cável o regime comum, salvo quando este pressupuseruma actuação.

2 — São aplicáveis as disposições sobre erro:

a) Na formação da vontade, se houver erro deprogramação;

b) Na declaração, se houver defeito de funciona-mento da máquina;

c) Na transmissão, se a mensagem chegar defor-mada ao seu destino.

3 — A outra parte não pode opor-se à impugnaçãopor erro sempre que lhe fosse exigível que dele se aper-cebesse, nomeadamente pelo uso de dispositivos dedetecção de erros de introdução.

Artigo 34.o

Solução de litígios por via electrónica

É permitido o funcionamento em rede de formas desolução extrajudicial de litígios entre prestadores e des-tinatários de serviços da sociedade da informação, comobservância das disposições concernentes à validade eeficácia dos documentos referidas no presente capítulo.

CAPÍTULO VI

Entidades de supervisão e regime sancionatório

Artigo 35.o

Entidade de supervisão central

1 — É instituída uma entidade de supervisão centralcom atribuições em todos os domínios regulados pelopresente diploma, salvo nas matérias em que lei especialatribua competência sectorial a outra entidade.

2 — As funções de entidade de supervisão centralserão exercidas pela ICP — Autoridade Nacional deComunicações (ICP-ANACOM).

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N.o 5 — 7 de Janeiro de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 77

Artigo 36.o

Atribuições e competência

1 — As entidades de supervisão funcionam comoorganismos de referência para os contactos que se esta-beleçam no seu domínio, fornecendo, quando reque-ridas, informações aos destinatários, aos prestadores deserviços e ao público em geral.

2 — Cabe às entidades de supervisão, além das atri-buições gerais já assinaladas e das que lhes forem espe-cificamente atribuídas:

a) Adoptar as providências restritivas previstas nosartigos 7.o e 8.o;

b) Elaborar regulamentos e dar instruções sobrepráticas a ser seguidas para cumprimento dodisposto no presente diploma;

c) Fiscalizar o cumprimento do preceituado sobreo comércio electrónico;

d) Instaurar e instruir processos contra-ordenacio-nais e, bem assim, aplicar as sanções previstas;

e) Determinar a suspensão da actividade dos pres-tadores de serviços em face de graves irregu-laridades e por razões de urgência.

3 — A entidade de supervisão central tem compe-tência em todas as matérias que a lei atribua a um órgãoadministrativo sem mais especificação e nas que lheforem particularmente cometidas.

4 — Cabe designadamente à entidade de supervisãocentral, além das atribuições gerais já assinaladas,quando não couberem a outro órgão:

a) Publicitar em rede os códigos de conduta maissignificativos de que tenha conhecimento;

b) Publicitar outras informações, nomeadamentedecisões judiciais neste domínio;

c) Promover as comunicações à Comissão Euro-peia e ao Estado membro de origem previstasno artigo 9.o;

d) Em geral, desempenhar a função de entidadepermanente de contacto com os outros Estadosmembros e com a Comissão Europeia, sem pre-juízo das competências que forem atribuídas aentidades sectoriais de supervisão.

Artigo 37.o

Contra-ordenação

1 — Constitui contra-ordenação sancionável comcoima de E 2500 a E 50 000 a prática dos seguintes actospelos prestadores de serviços:

a) A não disponibilização ou a prestação de infor-mação aos destinatários regulada nos artigos10.o, 13.o, 21.o, 22.o, n.o 6, e 28.o, n.o 1, do pre-sente diploma;

b) O envio de comunicações não solicitadas, cominobservância dos requisitos legais previstos noartigo 22.o;

c) A não disponibilização aos destinatários, quandodevido, de dispositivos de identificação e cor-recção de erros de introdução, tal como previstono artigo 27.o;

d) A omissão de pronto envio do aviso de recepçãoda ordem de encomenda previsto no artigo 29.o;

e) A não comunicação dos termos contratuais,cláusulas gerais e avisos de recepção previstos

no artigo 31.o, de modo que permita aos des-tinatários armazená-los e reproduzi-los;

f) A não prestação de informações solicitadas pelaentidade de supervisão.

2 — Constitui contra-ordenação sancionável comcoima de E 5000 a E 100 000 a prática dos seguintesactos pelos prestadores de serviços:

a) A desobediência a determinação da entidadede supervisão ou de outra entidade competentede identificar os destinatários dos serviços comquem tenham acordos de transmissão ou dearmazenagem, tal como previsto na alínea b)do artigo 13.o;

b) O não cumprimento de determinação do tri-bunal ou da autoridade competente de prevenirou pôr termo a uma infracção nos termos daalínea c) do artigo 13.o;

c) A omissão de informação à autoridade com-petente sobre actividades ilícitas de que tenhamconhecimento, praticadas por via dos serviçosque prestam, tal como previsto na alínea a) doartigo 13.o;

d) A não remoção ou impedimento do acesso ainformação que armazenem e cuja ilicitudemanifesta seja do seu conhecimento, tal comoprevisto nos artigos 16.o e 17.o;

e) A não remoção ou impedimento do acesso ainformação que armazenem, se, nos termos doartigo 15.o, n.o 3, tiverem conhecimento que foiretirada da fonte, ou o acesso tornado impos-sível, ou ainda que um tribunal ou autoridadeadministrativa da origem ordenou essa remoçãoou impossibilidade de acesso para ter exequi-bilidade imediata;

f) A prática com reincidência das infracções pre-vistas no n.o 1.

3 — Constitui contra-ordenação sancionável comcoima de E 2500 a E 100 000 a prestação de serviçosde associação de conteúdos, nas condições da alínea e)do n.o 2, quando os prestadores de serviços não impos-sibilitem a localização ou o acesso a informação ilícita.

4 — A negligência é sancionável nos limites da coimaaplicável às infracções previstas no n.o 1.

5 — A prática da infracção por pessoa colectivaagrava em um terço os limites máximo e mínimo dacoima.

Artigo 38.o

Sanções acessórias

1 — Às contra-ordenações acima previstas pode seraplicada a sanção acessória de perda a favor do Estadodos bens usados para a prática das infracções.

2 — Em função da gravidade da infracção, da culpado agente ou da prática reincidente das infracções, podeser aplicada, simultaneamente com as coimas previstasno n.o 2 do artigo anterior, a sanção acessória de inter-dição do exercício da actividade pelo período máximode seis anos e, tratando-se de pessoas singulares, dainibição do exercício de cargos sociais em empresas pres-tadoras de serviços da sociedade da informação duranteo mesmo período.

3 — A aplicação de medidas acessórias de interdiçãodo exercício da actividade e, tratando-se de pessoas sin-gulares, da inibição do exercício de cargos sociais em

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78 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 5 — 7 de Janeiro de 2004

empresas prestadoras de serviços da sociedade da infor-mação por prazo superior a dois anos será obrigato-riamente decidida judicialmente por iniciativa oficiosada própria entidade de supervisão.

4 — Pode dar-se adequada publicidade à punição porcontra-ordenação, bem como às sanções acessórias apli-cadas nos termos do presente diploma.

Artigo 39.o

Providências provisórias

1 — A entidade de supervisão a quem caiba a apli-cação da coima pode determinar, desde que se revelemimediatamente necessárias, as seguintes providênciasprovisórias:

a) A suspensão da actividade e o encerramentodo estabelecimento que é suporte daqueles ser-viços da sociedade da informação, enquantodecorre o procedimento e até à decisão defi-nitiva;

b) A apreensão de bens que sejam veículo da prá-tica da infracção.

2 — Estas providências podem ser determinadas,modificadas ou levantadas em qualquer momento pelaprópria entidade de supervisão, por sua iniciativa oua requerimento dos interessados e a sua legalidade podeser impugnada em juízo.

Artigo 40.o

Destino das coimas

O montante das coimas cobradas reverte para oEstado e para a entidade que as aplicou na proporçãode 60 % e 40 %, respectivamente.

Artigo 41.o

Regras aplicáveis

1 — O regime sancionatório estabelecido não preju-dica os regimes sancionatórios especiais vigentes.

2 — A entidade competente para a instauração, ins-trução e aplicação das sanções é a entidade de supervisãocentral ou as sectoriais, consoante a natureza dasmatérias.

3 — É aplicável subsidiariamente o regime geral dascontra-ordenações.

CAPÍTULO VII

Disposições finais

Artigo 42.o

Códigos de conduta

1 — As entidades de supervisão estimularão a criaçãode códigos de conduta pelos interessados e sua difusãopor estes por via electrónica.

2 — Será incentivada a participação das associaçõese organismos que têm a seu cargo os interesses dosconsumidores na formulação e aplicação de códigos deconduta, sempre que estiverem em causa os interessesdestes. Quando houver que considerar necessidadesespecíficas de associações representativas de deficientesvisuais ou outros, estas deverão ser consultadas.

3 — Os códigos de conduta devem ser publicitadosem rede pelas próprias entidades de supervisão.

Artigo 43.o

Impugnação

As entidades de supervisão e o Ministério Públicotêm legitimidade para impugnar em juízo os códigosde conduta aprovados em domínio abrangido por estediploma que extravasem das finalidades da entidade queos emitiu ou tenham conteúdo contrário a princípiosgerais ou regras vigentes.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 31 deOutubro de 2003. — José Manuel Durão Bar-roso — Maria Manuela Dias Ferreira Leite — MariaTeresa Pinto Basto Gouveia — Maria Celeste FerreiraLopes Cardona — José Luís Fazenda Arnaut Duar-te — Carlos Manuel Tavares da Silva — Maria da GraçaMartins da Silva Carvalho.

Promulgado em 19 de Dezembro de 2003.

Publique-se.

O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.

Referendado em 23 de Dezembro de 2003.

O Primeiro-Ministro, José Manuel Durão Barroso.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA

Decreto-Lei n.o 8/2004de 7 de Janeiro

No quadro geral da reforma da organização de ser-viços da Administração Pública, enquanto objectivoconstante do Programa do XV Governo Constitucional,e no enquadramento específico da recentemente publi-cada Lei Orgânica do Ministério da Economia, publi-ca-se agora a Lei Orgânica da Direcção-Geral doTurismo (DGT).

Este novo modo de funcionamento permite que, semprejuízo do adequado tratamento pelos diferentes ser-viços da DGT, haja apenas um interlocutor relativamentea cada processo, competindo-lhe assegurar a evoluçãoda sua tramitação dos prazos processuais e a tempestivaapresentação do assunto para decisão.

Deste modo, será agilizado o funcionamento da DGTe passará a verificar-se não apenas o cumprimento dosprazos legais como também a ser viável a diminuiçãodo tempo de resposta, abaixo do limite dos mesmos.

De acordo com o recentemente publicado Plano deDesenvolvimento do Sector do Turismo, no qual oturismo é tido como um dos eixos centrais do modelode desenvolvimento do País, torna-se necessária umacrescente atenção à formulação de estratégias e à defi-nição e execução de políticas que possam contribuir parauma melhor e mais sustentada utilização dos recursosnaturais e do património histórico e arquitectónico, bemcomo da riqueza e diversidade culturais, com vista aoaumento sustentado da competitividade da oferta turís-tica.

Entre os objectivos prioritários destacam-se oaumento da capacidade competitiva nacional, a criação