decreto 5300 de 2004 na íntegra

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  • 8/3/2019 Decreto 5300 de 2004 na ntegra

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    Presidncia da RepblicaCasa Civil

    Subchefia para Assuntos Jurdicos

    DECRETO N 5.300 DE 7 DE DEZEMBRO DE 2004.

    Lei no 7.661, de 1988

    Regulamenta a Lei no 7.661, de 16 de maio de1988, que institui o Plano Nacional deGerenciamento Costeiro - PNGC, dispe sobreregras de uso e ocupao da zona costeira eestabelece critrios de gesto da orla martima,e d outras providncias.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA, no uso da atribuio que lhe confere o art. 84, incisoIV, da Constituio, e tendo em vista o disposto no art. 30 e no 4o do art. 225 da Constituio,no art. 11 da Lei no 7.661, de 16 de maio de 1988, no art. 5o da Lei no 6.938, de 31 de agosto

    de 1981, nos arts. 1o

    e 2o

    da Lei no

    8.617, de 4 de janeiro de 1993, no Decreto Legislativo no

    2,de 1994, no inciso VI do art. 3o da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, nos arts. 4o e 33 da Leino 9.636, de 15 de maio de 1998, e no art. 1o do Decreto no 3.725, de 10 de janeiro de 2001,

    DECRETA:

    CAPTULO I

    DAS DISPOSIES GERAIS

    Art. 1o Este Decreto define normas gerais visando a gesto ambiental da zona costeira doPas, estabelecendo as bases para a formulao de polticas, planos e programas federais,

    estaduais e municipais.

    Art. 2o Para os efeitos deste Decreto so estabelecidas as seguintes definies:

    I - colegiado estadual: frum consultivo ou deliberativo, estabelecido por instrumento legal,que busca reunir os segmentos representativos do governo e sociedade, que atuam em mbitoestadual, podendo abranger tambm representantes do governo federal e dos Municpios, paraa discusso e o encaminhamento de polticas, planos, programas e aes destinadas gestoda zona costeira;

    II - colegiado municipal: frum equivalente ao colegiado estadual, no mbito municipal;

    III - conurbao: conjunto urbano formado por uma cidade grande e suas tributriaslimtrofes ou agrupamento de cidades vizinhas de igual importncia;

    IV - degradao do ecossistema: alterao na sua diversidade e constituio fsica, de talforma que afete a sua funcionalidade ecolgica, impea a sua auto-regenerao, deixe deservir ao desenvolvimento de atividades e usos das comunidades humanas ou de fornecer osprodutos que as sustentam;

    V - dunas mveis: corpos de areia acumulados naturalmente pelo vento e que, devido inexistncia ou escassez de vegetao, migram continuamente; tambm conhecidas por dunaslivres, dunas ativas ou dunas transgressivas;

    VI - linhas de base: so aquelas estabelecidas de acordo com a Conveno das NaesUnidas sobre o Direito do Mar, a partir das quais se mede a largura do mar territorial;

    http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%205.300-2004?OpenDocumenthttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7661.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7661.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7661.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7661.htmhttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%205.300-2004?OpenDocument
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    VII - marisma: terrenos baixos, costeiros, pantanosos, de pouca drenagem,essencialmente alagados por guas salobras e ocupados por plantas halfitas anuais eperenes, bem como por plantas de terras alagadas por gua doce;

    VIII - milha nutica: unidade de distncia usada em navegao e que corresponde a ummil, oitocentos e cinqenta e dois metros;

    IX - regio estuarina-lagunar: rea formada em funo da inter-relao dos cursos fluviaise lagunares, em seu desge no ambiente marinho;

    X - ondas de tempestade: ondas do mar de grande amplitude geradas por fenmenometeorolgico;

    XI - rgo ambiental: rgo do poder executivo federal, estadual ou municipal, integrantedo Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, responsvel pelo licenciamento ambiental,fiscalizao, controle e proteo do meio ambiente, no mbito de suas competncias;

    XII - preamar: altura mxima do nvel do mar ao longo de um ciclo de mar, tambm

    chamada de mar cheia;

    XIII - trecho da orla martima: seo da orla martima abrangida por parte ou todo daunidade paisagstica e geomorfolgica da orla, delimitado como espao de interveno egesto;

    XIV - trecho da orla martima de interesse especial: parte ou todo da unidade paisagsticae geomorfolgica da orla, com existncia de reas militares, tombadas, de trfego aquavirio,instalaes porturias, instalaes geradoras e transmissoras de energia, unidades deconservao, reservas indgenas, comunidades tradicionais e remanescentes de quilombos;

    XV - unidade geoambiental: poro do territrio com elevado grau de similaridade entre as

    caractersticas fsicas e biticas, podendo abranger diversos tipos de ecossistemas cominteraes funcionais e forte interdependncia.

    CAPTULO II

    DOS LIMITES, PRINCPIOS, OBJETIVOS, INSTRUMENTOS E

    COMPETNCIAS DA GESTO DA ZONA COSTEIRA

    Seo I

    Dos Limites

    Art. 3o A zona costeira brasileira, considerada patrimnio nacional pela Constituio de1988, corresponde ao espao geogrfico de interao do ar, do mar e da terra, incluindo seusrecursos renovveis ou no, abrangendo uma faixa martima e uma faixa terrestre, com osseguintes limites:

    I - faixa martima: espao que se estende por doze milhas nuticas, medido a partir daslinhas de base, compreendendo, dessa forma, a totalidade do mar territorial;

    II - faixa terrestre: espao compreendido pelos limites dos Municpios que sofreminfluncia direta dos fenmenos ocorrentes na zona costeira.

    Art. 4o

    Os Municpios abrangidos pela faixa terrestre da zona costeira sero:

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    I - defrontantes com o mar, assim definidos em listagem estabelecida pela FundaoInstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE;

    II - no defrontantes com o mar, localizados nas regies metropolitanas litorneas;

    III - no defrontantes com o mar, contguos s capitais e s grandes cidades litorneas,

    que apresentem conurbao;

    IV - no defrontantes com o mar, distantes at cinqenta quilmetros da linha da costa,que contemplem, em seu territrio, atividades ou infra-estruturas de grande impacto ambientalna zona costeira ou ecossistemas costeiros de alta relevncia;

    V - estuarino-lagunares, mesmo que no diretamente defrontantes com o mar;

    VI - no defrontantes com o mar, mas que tenham todos os seus limites com Municpiosreferidos nos incisos I a V;

    VII - desmembrados daqueles j inseridos na zona costeira.

    1o O Ministrio do Meio Ambiente manter listagem atualizada dos Municpiosabrangidos pela faixa terrestre da zona costeira, a ser publicada anualmente no Dirio Oficialda Unio.

    2o Os Estados podero encaminhar ao Ministrio do Meio Ambiente propostas dealterao da relao dos Municpios abrangidos pela faixa terrestre da zona costeira, desdeque apresentada a devida justificativa para a sua incluso ou retirada da relao.

    3o Os Municpios podero pleitear, junto aos Estados, a sua inteno de integrar arelao dos Municpios abrangidos pela faixa terrestre da zona costeira, justificando a razo desua pretenso.

    Seo II

    Dos Princpios

    Art. 5o So princpios fundamentais da gesto da zona costeira, alm daquelesestabelecidos na Poltica Nacional de Meio Ambiente, na Poltica Nacional para os Recursos doMar e na Poltica Nacional de Recursos Hdricos:

    I - a observncia dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na matria;

    II - a observncia dos direitos de liberdade de navegao, na forma da legislao vigente;

    III - a utilizao sustentvel dos recursos costeiros em observncia aos critrios previstosem lei e neste Decreto;

    IV - a integrao da gesto dos ambientes terrestres e marinhos da zona costeira, com aconstruo e manuteno de mecanismos participativos e na compatibilidade das polticaspblicas, em todas as esferas de atuao;

    V - a considerao, na faixa martima, da rea de ocorrncia de processos de transportesedimentar e modificao topogrfica do fundo marinho e daquela onde o efeito dos aportesterrestres sobre os ecossistemas marinhos mais significativo;

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    VI - a no-fragmentao, na faixa terrestre, da unidade natural dos ecossistemascosteiros, de forma a permitir a regulamentao do uso de seus recursos, respeitando suaintegridade;

    VII - a considerao, na faixa terrestre, das reas marcadas por atividadesocioeconmico-cultural de caractersticas costeiras e sua rea de influncia imediata, em

    funo dos efeitos dessas atividades sobre a conformao do territrio costeiro;

    VIII - a considerao dos limites municipais, dada a operacionalidade das articulaesnecessrias ao processo de gesto;

    IX - a preservao, conservao e controle de reas que sejam representativas dosecossistemas da zona costeira, com recuperao e reabilitao das reas degradadas oudescaracterizadas;

    X - a aplicao do princpio da precauo tal como definido na Agenda 21, adotando-semedidas eficazes para impedir ou minimizar a degradao do meio ambiente, sempre quehouver perigo de dano grave ou irreversvel, mesmo na falta de dados cientficos completos e

    atualizados;

    XI - o comprometimento e a cooperao entre as esferas de governo, e dessas com asociedade, no estabelecimento de polticas, planos e programas federais, estaduais emunicipais.

    Seo III

    Dos Objetivos

    Art. 6o So objetivos da gesto da zona costeira:

    I - a promoo do ordenamento do uso dos recursos naturais e da ocupao dos espaoscosteiros, subsidiando e otimizando a aplicao dos instrumentos de controle e de gesto dazona costeira;

    II - o estabelecimento do processo de gesto, de forma integrada, descentralizada eparticipativa, das atividades socioeconmicas na zona costeira, de modo a contribuir paraelevar a qualidade de vida de sua populao e a proteo de seu patrimnio natural, histrico,tnico e cultural;

    III - a incorporao da dimenso ambiental nas polticas setoriais voltadas gestointegrada dos ambientes costeiros e marinhos, compatibilizando-as com o Plano Nacional deGerenciamento Costeiro - PNGC;

    IV - o controle sobre os agentes causadores de poluio ou degradao ambiental queameacem a qualidade de vida na zona costeira;

    V - a produo e difuso do conhecimento para o desenvolvimento e aprimoramento dasaes de gesto da zona costeira.

    Seo IV

    Dos Instrumentos

    Art. 7o Aplicam-se para a gesto da zona costeira os seguintes instrumentos, de forma

    articulada e integrada:

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    I - Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC: conjunto de diretrizes geraisaplicveis nas diferentes esferas de governo e escalas de atuao, orientando aimplementao de polticas, planos e programas voltados ao desenvolvimento sustentvel dazona costeira;

    II - Plano de Ao Federal da Zona Costeira - PAF: planejamento de aes estratgicas

    para a integrao de polticas pblicas incidentes na zona costeira, buscandoresponsabilidades compartilhadas de atuao;

    III - Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro - PEGC: implementa a Poltica Estadualde Gerenciamento Costeiro, define responsabilidades e procedimentos institucionais para a suaexecuo, tendo como base o PNGC;

    IV - Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro - PMGC: implementa a Poltica Municipalde Gerenciamento Costeiro, define responsabilidades e procedimentos institucionais para a suaexecuo, tendo como base o PNGC e o PEGC, devendo observar, ainda, os demais planosde uso e ocupao territorial ou outros instrumentos de planejamento municipal;

    V - Sistema de Informaes do Gerenciamento Costeiro - SIGERCO: componente doSistema Nacional de Informaes sobre Meio Ambiente - SINIMA, que integra informaesgeorreferenciadas sobre a zona costeira;

    VI - Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira - SMA: estrutura operacionalde coleta contnua de dados e informaes, para o acompanhamento da dinmica de uso eocupao da zona costeira e avaliao das metas de qualidade socioambiental;

    VII - Relatrio de Qualidade Ambiental da Zona Costeira - RQA-ZC: consolida,periodicamente, os resultados produzidos pelo monitoramento ambiental e avalia a eficincia eeficcia das aes da gesto;

    VIII - Zoneamento Ecolgico-Econmico Costeiro - ZEEC: orienta o processo deordenamento territorial, necessrio para a obteno das condies de sustentabilidade dodesenvolvimento da zona costeira, em consonncia com as diretrizes do ZoneamentoEcolgico-Econmico do territrio nacional, como mecanismo de apoio s aes demonitoramento, licenciamento, fiscalizao e gesto;

    IX - macrodiagnstico da zona costeira: rene informaes, em escala nacional, sobre ascaractersticas fsico-naturais e socioeconmicas da zona costeira, com a finalidade de orientaraes de preservao, conservao, regulamentao e fiscalizao dos patrimnios naturais eculturais.

    Art. 8o Os Planos Estaduais e Municipais de Gerenciamento Costeiro sero institudos porlei, estabelecendo:

    I - os princpios, objetivos e diretrizes da poltica de gesto da zona costeira da sua reade atuao;

    II - o Sistema de Gesto Costeira na sua rea de atuao;

    III - os instrumentos de gesto;

    IV - as infraes e penalidades previstas em lei;

    V - os mecanismos econmicos que garantam a sua aplicao.

    Art. 9o O ZEEC ser elaborado de forma participativa, estabelecendo diretrizes quantoaos usos permitidos, proibidos ou estimulados, abrangendo as interaes entre as faixas

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    terrestre e martima da zona costeira, considerando as orientaes contidas no Anexo I desteDecreto.

    Pargrafo nico. Os ZEEC j existentes sero gradualmente compatibilizados com asorientaes contidas neste Decreto.

    Art. 10. Para efeito de monitoramento e acompanhamento da dinmica de usos eocupao do territrio na zona costeira, os rgos ambientais promovero, respeitando asescalas de atuao, a identificao de reas estratgicas e prioritrias.

    1o Os resultados obtidos no monitoramento dessas reas pelos Estados e Municpiossero encaminhados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenovveis-IBAMA, que os consolidar e divulgar na forma do RQA-ZC, com periodicidadebianual.

    2o O monitoramento dever considerar indicadores de qualidade que permitam avaliar adinmica e os impactos das atividades socioeconmicas, considerando, entre outros, ossetores industrial, turstico, porturio, de transporte, de desenvolvimento urbano, pesqueiro,

    aqicultura e indstria do petrleo.

    Seo V

    Das Competncias

    Art. 11. Ao Ministrio do Meio Ambiente compete:

    I - acompanhar e avaliar permanentemente a implementao do PNGC, observando acompatibilizao dos PEGC e PMGC com o PNGC e demais normas federais, sem prejuzo dacompetncia de outros rgos;

    II - promover a articulao intersetorial e interinstitucional com os rgos e colegiadosexistentes em mbito federal, estadual e municipal, cujas competncias tenham vinculaocom as atividades do PNGC;

    III - promover o fortalecimento institucional dos rgos executores da gesto da zonacosteira, mediante o apoio tcnico, financeiro e metodolgico;

    IV - propor normas gerais, referentes ao controle e manuteno de qualidade do ambientecosteiro;

    V - promover a consolidao do SIGERCO;

    VI - estabelecer procedimentos para ampla divulgao do PNGC;

    VII - estruturar, implementar e acompanhar os programas de monitoramento, controle eordenamento nas reas de sua competncia.

    Art. 12. Ao IBAMA compete:

    I - executar, em mbito federal, o controle e a manuteno da qualidade do ambientecosteiro, em estrita consonncia com as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional do MeioAmbiente - CONAMA;

    II - apoiar o Ministrio do Meio Ambiente na consolidao do SIGERCO;

    III - executar e acompanhar os programas de monitoramento, controle e ordenamento;

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    IV - propor aes e projetos para incluso no PAF;

    V - executar aes visando a manuteno e a valorizao de atividades econmicassustentveis nas comunidades tradicionais da zona costeira;

    VI - executar as aes do PNGC segundo as diretrizes definidas pelo Ministrio do Meio

    Ambiente;

    VII - subsidiar a elaborao do RQA-ZC a partir de informaes e resultados obtidos naexecuo do PNGC;

    VIII - colaborar na compatibilizao das aes do PNGC com as polticas pblicas queincidem na zona costeira;

    IX - conceder o licenciamento ambiental dos empreendimentos ou atividades de impactoambiental de mbito regional ou nacional incidentes na zona costeira, em observncia asnormas vigentes;

    X - promover, em articulao com Estados e Municpios, a implantao de unidades deconservao federais e apoiar a implantao das unidades de conservao estaduais emunicipais na zona costeira.

    Art. 13. O Poder Pblico Estadual, na esfera de suas competncias e nas reas de suajurisdio, planejar e executar as atividades de gesto da zona costeira em articulao comos Municpios e com a sociedade, cabendo-lhe:

    I - designar o Coordenador para execuo do PEGC;

    II - elaborar, implementar, executar e acompanhar o PEGC, obedecidas a legislaofederal e o PNGC;

    III - estruturar e manter o subsistema estadual de informao do gerenciamento costeiro;

    IV - estruturar, implementar, executar e acompanhar os instrumentos previstos no art. 7o,bem como os programas de monitoramento cujas informaes devem ser consolidadasperiodicamente em RQA-ZC, tendo como referncias o macrodiagnstico da zona costeira, naescala da Unio e o PAF;

    V - promover a articulao intersetorial e interinstitucional em nvel estadual, na sua reade competncia;

    VI - promover o fortalecimento das entidades diretamente envolvidas no gerenciamento

    costeiro, mediante apoio tcnico, financeiro e metodolgico;

    VII - elaborar e promover a ampla divulgao do PEGC e do PNGC;

    VIII - promover a estruturao de um colegiado estadual.

    Art. 14. O Poder Pblico Municipal, observadas as normas e os padres federais eestaduais, planejar e executar suas atividades de gesto da zona costeira em articulaocom os rgos estaduais, federais e com a sociedade, cabendo-lhe:

    I - elaborar, implementar, executar e acompanhar o PMGC, observadas as diretrizes doPNGC e do PEGC, bem como o seu detalhamento constante dos Planos de Interveno da

    orla martima, conforme previsto no art. 25 deste Decreto;

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    II - estruturar o sistema municipal de informaes da gesto da zona costeira;

    III - estruturar, implementar e executar os programas de monitoramento;

    IV - promover o fortalecimento das entidades diretamente envolvidas no gerenciamentocosteiro, mediante apoio tcnico, financeiro e metodolgico;

    V - promover a compatibilizao de seus instrumentos de ordenamento territorial com ozoneamento estadual;

    VI - promover a estruturao de um colegiado municipal.

    CAPTULO III

    DAS REGRAS DE USO E OCUPAO DA ZONA COSTEIRA

    Art. 15. A aprovao de financiamentos com recursos da Unio, de fontes externas porela avalizadas ou de entidades de crdito oficiais, bem como a concesso de benefcios fiscaise de outras formas de incentivos pblicos para projetos novos ou ampliao deempreendimentos na zona costeira, que envolvam a instalao, ampliao e realocao deobras, atividades e empreendimentos, ficar condicionada sua compatibilidade com asnormas e diretrizes de planejamento territorial e ambiental do Estado e do Municpio,principalmente aquelas constantes dos PEGC, PMGC e do ZEEC.

    Pargrafo nico. Os Estados que no dispuserem de ZEEC se orientaro por meio deoutros instrumentos de ordenamento territorial, como zoneamentos regionais ou agrcolas,zoneamento de unidades de conservao e diagnsticos socioambientais, que permitamavaliar as condies naturais e socioeconmicas relacionadas implantao de novosempreendimentos.

    Art. 16. Qualquer empreendimento na zona costeira dever ser compatvel com a infra-estrutura de saneamento e sistema virio existentes, devendo a soluo tcnica adotadapreservar as caractersticas ambientais e a qualidade paisagstica.

    Pargrafo nico. Na hiptese de inexistncia ou inacessibilidade rede pblica de coletade lixo e de esgoto sanitrio na rea do empreendimento, o empreendedor apresentar soluoautnoma para anlise do rgo ambiental, compatvel com as caractersticas fsicas eambientais da rea.

    Art. 17. A rea a ser desmatada para instalao, ampliao ou realocao deempreendimentos ou atividades na zona costeira que implicar a supresso de vegetaonativa, quando permitido em lei, ser compensada por averbao de, no mnimo, uma reaequivalente, na mesma zona afetada.

    1o A rea escolhida para efeito de compensao poder se situar em zona diferente daafetada, desde que na mesma unidade geoambiental, mediante aprovao do rgo ambiental.

    2o A rea averbada como compensao poder ser submetida a plano de manejo,desde que no altere a sua caracterstica ecolgica e sua qualidade paisagstica.

    Art. 18. A instalao de equipamentos e o uso de veculos automotores, em dunasmveis, ficaro sujeitos ao prvio licenciamento ambiental, que dever considerar os efeitosdessas obras ou atividades sobre a dinmica do sistema dunar, bem como autorizao daSecretaria do Patrimnio da Unio do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto quanto utilizao da rea de bem de uso comum do povo.

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    Art. 19. A implantao de recifes artificiais na zona costeira observar a legislaoambiental e ser objeto de norma especfica.

    Art. 20. Os bancos de moluscos e formaes coralneas e rochosas na zona costeirasero identificados e delimitados, para efeito de proteo, pelo rgo ambiental.

    Pargrafo nico. Os critrios de delimitao das reas de que trata o caput deste artigosero objeto de norma especfica.

    Art. 21. As praias so bens pblicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre,livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direo e sentido, ressalvados os trechosconsiderados de interesse da segurana nacional ou includos em reas protegidas porlegislao especfica.

    1o O Poder Pblico Municipal, em conjunto com o rgo ambiental, assegurar nombito do planejamento urbano, o acesso s praias e ao mar, ressalvadas as reas desegurana nacional ou reas protegidas por legislao especfica, considerando os seguintescritrios:

    I - nas reas a serem loteadas, o projeto do loteamento identificar os locais de acesso praia, conforme competncias dispostas nos instrumentos normativos estaduais ou municipais;

    II - nas reas j ocupadas por loteamentos beira mar, sem acesso praia, o PoderPblico Municipal, em conjunto com o rgo ambiental, definir as reas de servido depassagem, responsabilizando-se por sua implantao, no prazo mximo de dois anos,contados a partir da publicao deste Decreto; e

    III - nos imveis rurais, condomnios e quaisquer outros empreendimentos beira mar, oproprietrio ser notificado pelo Poder Pblico Municipal, para prover os acessos praia, comprazo determinado, segundo condies estabelecidas em conjunto com o rgo ambiental.

    2o A Secretaria do Patrimnio da Unio, o rgo ambiental e o Poder Pblico Municipaldecidiro os casos omissos neste Decreto, com base na legislao vigente.

    3o As reas de domnio da Unio abrangidas por servido de passagem ou vias deacesso s praias e ao mar sero objeto de cesso de uso em favor do Municpiocorrespondente.

    4o As providncias descritas no 1o no impedem a aplicao das sanes civis,administrativas e penais previstas em lei.

    CAPTULO IV

    DOS LIMITES, OBJETIVOS, INSTRUMENTOS E COMPETNCIAS PARA

    GESTO DA ORLA MARTIMA

    Seo I

    Dos Limites

    Art. 22. Orla martima a faixa contida na zona costeira, de largura varivel,compreendendo uma poro martima e outra terrestre, caracterizada pela interface entre aterra e o mar.

    Art. 23. Os limites da orla martima ficam estabelecidos de acordo com os seguintescritrios:

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    I - martimo: isbata de dez metros, profundidade na qual a ao das ondas passa a sofrerinfluncia da variabilidade topogrfica do fundo marinho, promovendo o transporte desedimentos;

    II - terrestre: cinqenta metros em reas urbanizadas ou duzentos metros em reas nourbanizadas, demarcados na direo do continente a partir da linha de preamar ou do limite

    final de ecossistemas, tais como as caracterizadas por feies de praias, dunas, reas deescarpas, falsias, costes rochosos, restingas, manguezais, marismas, lagunas, esturios,canais ou braos de mar, quando existentes, onde esto situados os terrenos de marinha eseus acrescidos.

    1o Na faixa terrestre ser observada, complementarmente, a ocorrncia de aspectosgeomorfolgicos, os quais implicam o seguinte detalhamento dos critrios de delimitao:

    I - falsias sedimentares: cinqenta metros a partir da sua borda, em direo aocontinente;

    II - lagunas e lagoas costeiras: limite de cinqenta metros contados a partir do limite da

    praia, da linha de preamar ou do limite superior da margem, em direo ao continente;

    III - esturios: cinqenta metros contados na direo do continente, a partir do limite dapraia ou da borda superior da duna frontal, em ambas as margens e ao longo delas, at onde apenetrao da gua do mar seja identificada pela presena de salinidade, no valor mnimo de0,5 partes por mil;

    IV - falsias ou costes rochosos: limite a ser definido pelo plano diretor do Municpio,estabelecendo uma faixa de segurana at pelo menos um metro de altura acima do limitemximo da ao de ondas de tempestade;

    V - reas inundveis: limite definido pela cota mnima de um metro de altura acima dolimite da rea alcanada pela preamar;

    VI - reas sujeitas eroso: substratos sedimentares como falsias, cordes litorneos,cabos ou pontais, com larguras inferiores a cento e cinqenta metros, bem como reasprximas a desembocaduras fluviais, que correspondam a estruturas de alta instabilidade,podendo requerer estudos especficos para definio da extenso da faixa terrestre da orlamartima.

    2o Os limites estabelecidos para a orla martima, definidos nos incisos I e II do caputdeste artigo, podero ser alterados, sempre que justificado, a partir de pelo menos uma dasseguintes situaes:

    I - dados que indiquem tendncia erosiva, com base em taxas anuais, expressas em

    perodos de dez anos, capazes de ultrapassar a largura da faixa proposta;

    II - concentrao de usos e de conflitos de usos relacionados aos recursos ambientaisexistentes na orla martima;

    III - tendncia de avano da linha de costa em direo ao mar, expressa em taxas anuais;e

    IV - trecho de orla abrigada cujo gradiente de profundidade seja inferior profundidade dedez metros.

    Seo II

    Dos Objetivos

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    Art. 24. A gesto da orla martima ter como objetivo planejar e implementar aes nasreas que apresentem maior demanda por intervenes na zona costeira, a fim de disciplinar ouso e ocupao do territrio.

    Seo III

    Dos Instrumentos

    Art. 25. Para a gesto da orla martima ser elaborado o Plano de Interveno, com baseno reconhecimento das caractersticas naturais, nos tipos de uso e ocupao existentes eprojetados, contemplando:

    I - caracterizao socioambiental: diagnstico dos atributos naturais e paisagsticos,formas de uso e ocupao existentes, com avaliao das principais atividades epotencialidades socioeconmicas;

    II - classificao: anlise integrada dos atributos naturais com as tendncias de uso, deocupao ou preservao, conduzindo ao enquadramento em classes genricas e

    construo de cenrios compatveis com o padro de qualidade da classe a ser alcanada oumantida;

    III - estabelecimento de diretrizes para interveno: definio do conjunto de aesarticuladas, elaboradas de forma participativa, a partir da construo de cenrios prospectivosde uso e ocupao, podendo ter carter normativo, gerencial ou executivo.

    Pargrafo nico. O Plano de Interveno de que trata o caput ser elaborado emconformidade com o planejamento federal, estadual e municipal da zona costeira.

    Art. 26. Para a caracterizao socioambiental, classificao e planejamento da gesto, aorla martima ser enquadrada segundo aspectos fsicos e processos de uso e ocupao

    predominantes, de acordo com as seguintes tipologias:

    I - abrigada no urbanizada: ambiente protegido da ao direta das ondas, ventos ecorrentes, com baixssima ocupao, paisagens com alto grau de originalidade natural e baixopotencial de poluio;

    II - semi-abrigada no urbanizada: ambiente parcialmente protegido da ao direta dasondas, ventos e correntes, com baixssima ocupao, paisagens com alto grau de originalidadenatural e baixo potencial de poluio;

    III - exposta no urbanizada: ambiente sujeito alta energia de ondas, ventos e correntescom baixssima ocupao, paisagens com alto grau de originalidade natural e baixo potencialde poluio;

    IV - de interesse especial em reas no urbanizadas: ambientes com ocorrncia de reasmilitares, de trfego aquavirio, com instalaes porturias, com instalaes geradoras deenergia, de unidades de conservao, tombados, de reservas indgenas, de comunidadestradicionais ou remanescentes de quilombos, cercados por reas de baixa ocupao, comcaractersticas de orla exposta, semi-abrigada ou abrigada;

    V - abrigada em processo de urbanizao: ambiente protegido da ao direta das ondas,ventos e correntes, com baixo a mdio adensamento de construes e populao residente,com indcios de ocupao recente, paisagens parcialmente modificadas pela atividade humanae mdio potencial de poluio;

    VI - semi-abrigada em processo de urbanizao: ambiente parcialmente protegido da aodireta das ondas, ventos e correntes, com baixo a mdio adensamento de construes e

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    populao residente, com indcios de ocupao recente, paisagens parcialmente modificadaspela atividade humana e mdio potencial de poluio;

    VII - exposta em processo de urbanizao: ambiente sujeito alta energia de ondas,ventos e correntes com baixo a mdio adensamento de construes e populao residente,com indcios de ocupao recente, paisagens parcialmente modificadas pela atividade humana

    e mdio potencial de poluio;

    VIII - de interesse especial em reas em processo de urbanizao: ambientes comocorrncia de reas militares, de trfego aquavirio, com instalaes porturias, cominstalaes geradoras de energia, de unidades de conservao, tombados, de reservasindgenas, de comunidades tradicionais ou remanescentes de quilombos, cercados por reasde baixo a mdio adensamento de construes e populao residente, com caractersticas deorla exposta, semi-abrigada ou abrigada;

    IX - abrigada com urbanizao consolidada: ambiente protegido da ao direta das ondas,ventos e correntes, com mdio a alto adensamento de construes e populao residente,paisagens modificadas pela atividade humana, multiplicidade de usos e alto potencial depoluio sanitria, esttica e visual;

    X - semi-abrigada com urbanizao consolidada: ambiente parcialmente protegido daao direta das ondas, ventos e correntes, com mdio a alto adensamento de construes epopulao residente, paisagens modificadas pela atividade humana, multiplicidade de usos ealto potencial de poluio sanitria, esttica e visual;

    XI - exposta com urbanizao consolidada: ambiente sujeito a alta energia de ondas,ventos e correntes, com mdio a alto adensamento de construes e populao residente,paisagens modificadas pela atividade humana, multiplicidade de usos e alto potencial depoluio sanitria, esttica e visual;

    XII - de interesse especial em reas com urbanizao consolidada: ambientes com

    ocorrncia de reas militares, de trfego aquavirio, com instalaes porturias, cominstalaes geradoras e transmissoras de energia, de unidades de conservao, tombados, dereservas indgenas, de comunidades tradicionais ou remanescentes de quilombos, cercadospor reas de mdio a alto adensamento de construes e populao residente, comcaractersticas de orla exposta, semi-abrigada ou abrigada.

    Art. 27. Para efeito da classificao mencionada no inciso II do art. 25, os trechos da orlamartima sero enquadrados nas seguintes classes genricas:

    I - classe A: trecho da orla martima com atividades compatveis com a preservao econservao das caractersticas e funes naturais, possuindo correlao com os tipos queapresentam baixssima ocupao, com paisagens com alto grau de conservao e baixo

    potencial de poluio;

    II - classe B: trecho da orla martima com atividades compatveis com a conservao daqualidade ambiental ou baixo potencial de impacto, possuindo correlao com os tipos queapresentam baixo a mdio adensamento de construes e populao residente, com indciosde ocupao recente, paisagens parcialmente modificadas pela atividade humana e mdiopotencial de poluio;

    III - classe C: trecho da orla martima com atividades pouco exigentes quanto aos padresde qualidade ou compatveis com um maior potencial impactante, possuindo correlao com ostipos que apresentam mdio a alto adensamento de construes e populao residente, compaisagens modificadas pela atividade humana, multiplicidade de usos e alto potencial depoluio sanitria, esttica e visual.

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    Art. 28. Para as classes mencionadas no art. 27 sero consideradas as estratgias deao e as formas de uso e ocupao do territrio, a seguir indicadas:

    I - classe A: estratgia de ao preventiva, relativa s seguintes formas de uso eocupao:

    a) unidades de conservao, em conformidade com o Sistema Nacional de Unidades deConservao da Natureza - SNUC, predominando as categorias de proteo integral;

    b) pesquisa cientfica;

    c) residencial e comercial local em pequenas vilas ou localidades isoladas;

    d) turismo e lazer sustentveis, representados por complexos ecotursticos isolados emmeio a reas predominantemente nativas;

    e) residencial e lazer em chcaras ou em parcelamentos ambientalmente planejados,acima de cinco mil metros quadrados;

    f) rural, representado por stios, fazendas e demais propriedades agrcolas ouextrativistas;

    g) militar, com instalaes isoladas;

    h) manejo sustentvel de recursos naturais;

    II - classe B: estratgia de ao de controle relativa s formas de uso e ocupaoconstantes da classe A, e tambm s seguintes:

    a) unidades de conservao, em conformidade com o SNUC, predominando as categoriasde uso sustentvel;

    b) aqicultura;

    c) residencial e comercial, inclusive por populaes tradicionais, que contenham menos decinqenta por cento do seu total com vegetao nativa conservada;

    d) residencial e comercial, na forma de loteamentos ou balnerios horizontais ou mistos;

    e) industrial, relacionada ao beneficiamento de recursos pesqueiros, construo ereparo naval de apoio ao turismo nutico e construo civil;

    f) militar;

    g) porturio pesqueiro, com atracadouros ou terminais isolados, estruturas nuticas deapoio atividade turstica e lazer nutico; e

    h) turismo e lazer;

    III - classe C: estratgia de ao corretiva, relativa s formas de uso e ocupaoconstantes da classe B, e tambm s seguintes:

    a) todos os usos urbanos, habitacionais, comerciais, servios e industriais de apoio aodesenvolvimento urbano;

    b) exclusivamente industrial, representado por distritos ou complexos industriais;

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    c) industrial e diversificado, representado por distritos ou complexos industriais;

    d) militar, representado por complexos militares;

    e) exclusivamente porturio, com terminais e marinas;

    f) porturio, com terminais e atividades industriais;

    g) porturio, com terminais isolados, marinas e atividades diversas (comrcio, indstria,habitao e servios); e

    h) turismo e lazer, representado por complexos tursticos.

    Art. 29. Para execuo das aes de gesto na orla martima em reas de domnio daUnio, podero ser celebrados convnios ou contratos entre a Secretaria do Patrimnio daUnio e os Municpios, nos termos da legislao vigente, considerando como requisito o Planode Interveno da orla martima e suas diretrizes para o trecho considerado.

    Seo IV

    Das Competncias

    Art. 30. Compete ao Ministrio do Meio Ambiente, em articulao com o IBAMA e osrgos estaduais de meio ambiente, por intermdio da Coordenao do PEGC, preparar emanter atualizados os fundamentos tcnicos e normativos para a gesto da orla martima,provendo meios para capacitao e assistncia aos Municpios.

    Art. 31. Compete aos rgos estaduais de meio ambiente, em articulao com asGerncias Regionais de Patrimnio da Unio, disponibilizar informaes e acompanhar asaes de capacitao e assistncia tcnica s prefeituras e gestores locais, para estruturao e

    implementao do Plano de Interveno.

    Art. 32. Compete ao Poder Pblico Municipal elaborar e executar o Plano de Intervenoda Orla Martima de modo participativo com o colegiado municipal, rgos, instituies eorganizaes da sociedade interessados.

    CAPTULO V

    DAS REGRAS DE USO E OCUPAO DA ORLA MARTIMA

    Art. 33. As obras e servios de interesse pblico somente podero ser realizados ouimplantados em rea da orla martima, quando compatveis com o ZEEC ou outros

    instrumentos similares de ordenamento do uso do territrio.

    Art. 34. Em reas no contempladas por Plano de Interveno, o rgo ambientalrequisitar estudos que permitam a caracterizao e classificao da orla martima para olicenciamento ambiental de empreendimentos ou atividades.

    CAPTULO VI

    DAS DISPOSIES FINAIS E COMPLEMENTARES

    Art. 35. Para efeito de integrao da gesto da zona costeira e da orla martima, osestudos e diretrizes concernentes ao ZEEC sero compatibilizados com o enquadramento e

    respectivas estratgias de gesto da orla, conforme disposto nos Anexos I e II e nas seguintescorrelaes:

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    I - as zonas 1 e 2 do ZEEC tm equivalncia de caractersticas com a classe A de orlamartima;

    II - as zonas 3 e 4 do ZEEC tm equivalncia de caractersticas com a classe B de orlamartima;

    III - a zona 5 do ZEEC tem equivalncia de caractersticas com a classe C de orlamartima.

    Pargrafo nico. Os Estados que no utilizaram a mesma orientao para oestabelecimento de zonas, devero compatibiliz-la com as caractersticas apresentadas nosreferidos anexos.

    Art. 36. As normas e disposies estabelecidas neste Decreto para a gesto da orlamartima aplicam-se s ilhas costeiras e ocenicas.

    Pargrafo nico. No caso de ilhas sob jurisdio estadual ou federal, as disposiesdeste Decreto sero aplicadas pelos respectivos rgos competentes.

    CAPTULO VII

    DAS DISPOSIES TRANSITRIAS

    Art. 37. Compete ao Ministrio do Meio Ambiente, em articulao com o Ministrio doTurismo, o Instituto Brasileiro de Turismo - EMBRATUR e a Secretaria do Patrimnio da Unio,desenvolver, atualizar e divulgar o roteiro para elaborao do Plano de Interveno da orlamartima.

    Art. 38. Compete ao Ministrio do Meio Ambiente, em articulao com o IBAMA, definir ametodologia e propor ao CONAMA normas para padronizao dos procedimentos de

    monitoramento, tratamento, anlise e sistematizao dos dados para elaborao do RQA-ZC,no prazo de trezentos e sessenta dias a partir da data de publicao deste Decreto.

    Art. 39. Compete ao Ministrio do Meio Ambiente, em articulao com o IBAMA, elaborare encaminhar ao CONAMA proposta de resoluo para regulamentao da implantao derecifes artificiais na zona costeira, no prazo de trezentos e sessenta dias a partir da data depublicao deste Decreto.

    Art. 40. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicao.

    Braslia, 7 de dezembro de 2004; 183o da Independncia e 116o da Repblica.

    LUIZ INCIO LULA DA SILVAJos Alencar Gomes da Silva

    Nelson Machado

    Marina Silva

    Walfrido Silvino dos Mares Guia

    Este texto no substitui o publicado no D.O.U. de 8.12.2004.

    ANEXO I

    QUADRO ORIENTADOR PARA OBTENO DO ZONEAMENTO

    ZONAS CRITRIOS DE ENQUADRAMENTO METAS AMBIENTAIS

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    DE REAS

    1 Zona que mantm os ecossistemasprimitivos em pleno equilbrioambiental, ocorrendo umadiversificada composio funcionalcapazes de manter, de forma

    sustentada, uma comunidade deorganismos balanceada, integrada eadaptada, podendo ocorrer atividadeshumanas de baixos efeitosimpactantes.

    ecossistema primitivo comfuncionamento ntegro

    cobertura vegetal ntegra commenos de 5% de alterao

    ausncia de redes decomunicao local, acessoprecrio com predominncia detrilhas, habitaes isoladas ecaptao de gua individual

    ausncia de cultura com mais de1 ha (total menor que 2%)

    elevadas declividades, (mdiaacima de 47%, com riscos deescorregamento

    baixadas com drenagemcomplexa com alagamentospermanentes/freqentes.

    manuteno da integridade eda biodiversidade dosecossistemas

    manejo ambiental da fauna e

    flora

    atividades educativas.

    2 Zona que apresenta alteraes naorganizao funcional dosecossistemas primitivos, mascapacitada para manter em equilbriouma comunidade de organismos emgraus variados de diversidade, mesmocom a ocorrncia de atividadeshumanas intermitentes ou de baixoimpacto, em reas terrestres, a zonapode apresentar assentamentoshumanos dispersos e poucopopulosos, com pouca integraoentre si.

    ecossistema funcionalmentepouco modificado

    cobertura vegetal alterada entre 5e 20% da rea total

    assentamentos nucleados comacessos precrios e baixos nveisde eletrificao e de carter local

    captao de gua paraabastecimento semi-coletivas oupara reas urbanas

    reas ocupadas com culturas,entre 2 e 10% da rea total (roase pastos)

    declividade entre 30 e 47%

    baixadas com inundao.

    manuteno funcional dosecossistemas e proteo aosrecursos hdricos para oabastecimento e para aprodutividade primria, pormeio de planejamento do uso,de conservao do solo esaneamento simplificado

    recuperao natural

    preservao do patrimniopaisagstico

    reciclagem de resduos

    educao ambiental.

    3 Zona que apresenta os ecossistemasprimitivos parcialmente modificados,com dificuldades de regeneraonatural pela explorao ou supresso,ou substituio de alguns de seuscomponentes pela ocorrncia emreas de assentamentos humanoscom maior integrao entre si.

    ecossistema primitivoparcialmente modificado

    cobertura vegetal alterada oudesmatada entre 20 e 40%

    assentamento com alguma infra-estrutura, interligados localmente(bairros rurais)

    culturas ocupando entre 10 e 20%da rea

    declividade menor que 30%

    alagadios eventuais

    valor do solo baixo.

    manuteno das principaisfunes do ecossistema

    saneamento e drenagemsimplificados

    reciclagem de resduos

    educao ambiental

    recuperao induzida paracontrole da eroso manejointegrado de baciashidrogrficas

    zoneamento urbano, turstico

    e pesqueiro.

    4 Zona que apresenta os ecossistemasprimitivos significativamentemodificados pela supresso decomponentes, descaracterizao dossubstratos terrestres e marinhos,alterao das drenagens ou dahidrodinmica, bem como pelaocorrncia em reas terrestres deassentamentos rurais ou periurbanosdescontnuos interligados,necessitando de intervenes parasua regenerao parcial.

    ecossistema primitivo muitomodificado

    cobertura vegetal desmatada oualterada entre 40 e 50% da rea

    assentamentos humanos emexpanso relativamenteestruturados

    infra-estrutura integrada com asreas urbanas

    glebas relativamente bemdefinidas

    obras de drenagem e vias

    pavimentadas

    recuperao das principaisfunes do ecossistema/monitoramento da qualidadedas guas

    conservao ou recuperaodo patrimnio paisagstico

    zoneamento urbano,industrial, turstico e pesqueiro

    saneamento ambientallocalizado.

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    valor do solo baixo a mdio.

    5 Zona que apresenta a maior parte doscomponentes dos ecossistemasprimitivos, degradada ou suprimida eorganizao funcional eliminadadevido ao desenvolvimento de reasurbanas e de expanso urbanacontnua, bem como atividadesindustriais, de apoio, terminais degrande porte, consolidados earticulados.

    ecossistema primitivo totalmentemodificado

    cobertura vegetal remanescente,mesmo que alterada, presente emmenos de 40% da rea,descontinuamente

    assentamentos urbanizados comrede de rea consolidada

    infra-estrutura de corte

    servios bem desenvolvidos

    plos industriais

    alto valor do solo.

    saneamento ambiental erecuperao da qualidade devida urbana, com reintroduode componentes ambientais

    compatveis controle de efluentes

    educao ambiental

    regulamentao deinterveno (reciclagem deresduos) na linha costeira(diques, molhes, piers, etc)

    zoneamento urbano/industrial

    proteo de mananciais.

    ANEXO II

    QUADRO ORIENTADOR PARA CLASSIFICAO DA ORLA MARTIMA

    TIPOLOGIA CLASSESESTRATGIAS DE INTERVENO

    PREDOMINANTES

    - abrigada no urbanizada

    - exposta no urbanizada

    - semi-abrigada no urbanizada

    - especial no urbanizada

    CLASSE A

    Trecho da orla martima com atividadescompatveis com a preservao econservao das caractersticas e funesnaturais; possui correlao com os tiposque apresentam baixssima ocupao, compaisagens com alto grau de conservao ebaixo potencial de poluio.

    PREVENTIVA

    Pressupondo a adoo de aes paraconservao das caractersticas naturaisexistentes.

    - abrigada em processo de urbanizaao

    - exposta em processo de urbanizao

    - semi-abrigada em processo deurbanizao

    - especial em processo de urbanizao

    CLASSE B

    Trecho da orla martima com atividadescompatveis com a conservao daqualidade ambiental ou baixo potencial deimpacto; possui correlao com os tiposque apresentam baixo a mdioadensamento de construes e populaoresidente, com indcios de ocupaorecente, paisagens parcialmentemodificadas pela atividade humana emdio potencial de poluio.

    CONTROLE

    Pressupondo a adoo de aes para usossustentveis e manuteno da qualidadeambiental.

    - abrigada com urbanizao consolidada

    - exposta com urbanizao consolidada

    - semi-abrigada com urbanizaoconsolidada

    - especial com urbanizao consolidada

    CLASSE C

    Trecho da orla martima com atividadespouco exigentes quanto aos padres de

    qualidade ou compatveis com um maiorpotencial impactante; possui correlaocom os tipos que apresentam mdio a altoadensamento de construes e populaoresidente, com paisagens modificadas pelaatividade humana, multiplicidade de usos ealto potencial de poluio sanitria,esttica e visual.

    CORRETIVA

    Pressupondo a adoo de aes paracontrole e monitoramento dos usos e da

    qualidade ambiental.