declaração universal dos direitos humanos

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Declaração Universal dos Direitos Humanos NÚCLEO ACPC “... Olha, não só a fotografia , como todos os instrumentos de comunicação e como as pessoas podem trabalhar em prol dos Direitos Humanos. .. Fotografia, eu acho que você tem uma vantagem ... você tem uma característica, da fotografia ser , talvez, a única linguagem realmente universal , que as pessoas podem olhar e ter um entendimento daquilo que acontece...” (João Roberto Ripper, fotógrafo) Artigo XIX Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

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Declaração Universal dos Direitos Humanos. Artigo XIX Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Declaração Universal dos Direitos Humanos

NÚCLEO ACPC

“... Olha, não só a fotografia , como todos os instrumentos de comunicação e como as pessoas podem trabalhar em prol dos Direitos Humanos. .. Fotografia, eu acho que você tem uma vantagem ... você tem uma característica, da fotografia ser , talvez, a única linguagem realmente universal , que as pessoas podem olhar e ter um entendimento daquilo que acontece...” (João Roberto Ripper, fotógrafo)

Artigo XIX Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

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Page 2: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Psicologia e fotografia: funções e versões

JOÃO CARLOS MUNIZ MARTINELLI

Page 3: Declaração Universal dos Direitos Humanos

VERSÕES

O comportamento fotográfico: a serviço do saber científico: o caso da clínica a serviço do saber social

NÚCLEO ACPC

Definição de fotografiaO comportamento fotográfico

Psicologia e fotografia

FUNÇÕES

Page 4: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Fotografia: http://dic.busca.uol.com.br/result.html?t=10&ref=homeuol&ad=on&q=fotografia&group=0&x=12&y=5

Comportamento:

• Dicionário Português • Definições encontradas para fotografia• Houaiss fotografia • substantivo feminino arte ou processo

de reproduzir imagens sobre uma superfície fotossensível (como um filme), pela ação de energia radiante, esp. a luz

• Derivação: por metonímia. a imagem obtida por esse processo; retrato Obs.: tb. se diz apenas 1foto

• Derivação: sentido figurado. reprodução ou cópia fiel de algo

• Michaelis fotografia • sf (foto1+grafo1+ia1) Arte ou processo de produzir, pela ação da luz, ou qualquer espécie de energia radiante, sobre uma superfície sensibilizada, imagens obtidas mediante uma câmara escura.

• Reprodução dessas imagens. • Retrato. F. de ação, Fot: foto que mostra uma ação

acontecendo, como um atleta saltando, um cachorro correndo etc. F. de cena, Cin: aquela em que se fotografam cenas ao mesmo tempo em que são filmadas, para registrar a posição dos objetos ou dos atores no cenário, de modo que seja possível recompor, em outro dia de filmagem, uma imagem semelhante; fotofixa. F. digital, Fot: técnica de manipulação de fotografias, utilizando o computador.

NÚCLEO ACPC

Page 5: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Fotografia é a arte de escrever com a luz – conforme a origem grega das palavras foto = luz, grafia = escrita – e, ao mesmo tempo, forma de expressão visual – segundo a origem

oriental japonesa: sha-shin = reflexo da realidade. (LIMA, I. 1988, p.17). Assim, na visão das autoras Lima e Silva (2007, p. 7), é

• Uma combinação de luzes, penumbras e sombras que, em frações de segundos, se transforma num elemento visível e interpretável. Protagonista de incontáveis feitos científicos, artísticos, religiosos, psicológicos e afetivos do homem, é utilizada para captar, emocional, documental e plasticamente, a rotina de sociedades de origens e histórias diversas.

• Aliada à tecnologia, vem permitindo aos fotógrafos registrarem o modo de viver (costumes, rituais, estímulos culturais e simbólicos), de pensar (filosofia), de sentir e de agir do homem, e de tudo o que está ao seu redor. Os fatos, a natureza em geral, e os personagens que servem como objeto de inspiração são captados pelo fotógrafo que expõe sua interpretação visual do mundo.

fotografia

Rodrigues, Ricardo Crisafulli Análise e tematização da imagem fotográfica Ci. Inf., Brasília, v. 36, n. 3, p. 67-76, set./dez. 2007 [revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/.../1006 ]NÚCLEO ACPC

Page 6: Declaração Universal dos Direitos Humanos

• “Capaz de capturar o acaso, eternizar determinado instante, a fotografia representa uma visão

simbólica da imagem original, a partir do olhar de quem produziu aquela imagem.

(COUTINHO, 2006, p. 339). »

fotografia• “Por meio dela cria-se um “arquivo de vida”, com o registro de

todos os momentos considerados importantes, sejam de caráter estritamente pessoal ou de caráter coletivo, com enfoque particular ou profissional.”

(idem) NÚCLEO ACPC

Page 7: Declaração Universal dos Direitos Humanos

NÚCLEO ACPC

o

comportamento

foto

gráfico

Page 8: Declaração Universal dos Direitos Humanos

ComportamentoGeralmente identificamos um comportamento ao utilizar verbos para expressar uma ação ocorrida, em andamento ou futura: assim,

sentir, andar, ver, ouvir, cheirar, tatear, cantar, falar, pensar,

lembrar, sonhar, sofrer, escrever, criar, relatar, reclamar, sorrir,

chorar, fantasiar, raciocinar, ler, cozinhar, acalmar, chamar,

responder, vislumbrar, conhecer, esquecer, amar, fotografar... são

termos que descrevem comportamento.

Comportamento = interação entre o organismo e o ambiente

Todo comportamento é por natureza funcional: consciente ou nãoNÚCLEO ACPC

Page 9: Declaração Universal dos Direitos Humanos

O que é comportamento?

Aquilo que o organismo faz

Produto de história filogenética, ontogenética e cultural

Produto da Interação organismo-ambiente

Produto de variação e seleção

NÚCLEO ACPC

Operante

Cultura

Organismo

Page 10: Declaração Universal dos Direitos Humanos

NÚCLEO ACPC

“Todas as culturas, através dos tempos, sempre se permearam por usos distintos da imagem, sejam mentalmente abstratas, baseadas em relatos orais ou em outras experiências perceptivas, sejam visualmente concretas, baseadas em um suporte definido materialmente. Independente de sua gênese, a imagem passa necessariamente por duas experiências inseparáveis: a primeira, da ordem da natureza, ligada ao funcionamento do organismo humano e a segunda, da ordem da cultura, ligada ao contexto sociocultural (TACCA, 2005)”

http://umtipoassim.files.wordpress.com/2009/10/narciso.jpg

Page 11: Declaração Universal dos Direitos Humanos

“A imagem mental é construída por todos nossos mecanismos perceptivos, assim como as outras percepções são também interfaces

de um processo de conhecimento. Não podemos isolar uma determinada função e tentar compreendê-la somente dentro do

campo fisiológico. As variantes culturais que vão determinar padrões perceptivos são

mecanismos sociais de controle da percepção e vias de informação sensorial (...) A imagem como representação cultural, seja ela na sua carga simbólica, epistêmica ou estética, é de

qualquer forma uma construção de conhecimento da realidade” (TACCA, 2005).

NÚCLEO ACPCsol.sapo.pt/.../images/376785/original.aspx

Page 12: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Sobre o comportamento

“... O homem que se comporta... é um ser em processo, em constante transformação. Nenhuma noção de

imutabilidade pode orientar sua compreensão. Sua ação se origina a partir da relação com o ambiente em que

ele vive e com o outro. E é fundamental que, desta relação, sejam gestadas novas formas variadas de ação. Devem ser destacadas a multiplicidade, a diversidade e a emergência de variações. A variabilidade é condição

fundamental para a existência do homem - um ser suscetível a produzir múltiplas e variáveis formas de

ação, um ser criativo, e suscetível a mudanças” (MICHELETTO, 1997, p.38)

NÚCLEO ACPC

Page 13: Declaração Universal dos Direitos Humanos

“... o comportamento é evanescente. Aquilo que os homens fazem e dizem são coisas momentâneas.

Nada resta depois de uma resposta realizada, exceto o organismo respondente. O próprio

comportamento transformou-se em história” (SKINNER, 1966/1969, p.86).

NÚCLEO ACPC

Page 14: Declaração Universal dos Direitos Humanos

NUM INSTANTE....• clique para a eternidade

CO

MPO

RTAM

ENTO

FO

TOG

RÁFI

CO

PRIN

CÍPI

O

NÚCLEO ACPC

Page 15: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Pela fotografia sentimos o mundo sentido, mas também apreciamos a imagem fotográfica pela sua própria beleza... Um simples momento, uma doce lembrança, uma singela imagem, e aí nos

deparamos com uma obra que é arte, nos tornamos artistas na obra, A OBRA DE ARTE.

NÚCLEO ACPC

Page 16: Declaração Universal dos Direitos Humanos

... e as imagens variam ... Variam as pessoas e as formas, o pano e o fundo, os formatos e os abstratos, as faces e os

enlaces, os bicos e os sorrisos, e a arte se produz, re-produz, cria, re-cria, nas diversas idéias do momento, no momento ideal... as imagens se transformam em eternas graças...

NÚCLEO ACPC

E as fotos se transformam em diversas vidas, em muitas grafias, mesmo em mesmas vidas ...

Page 17: Declaração Universal dos Direitos Humanos

POEDISA

TEM ALGUÉM Aí?

TEM NÃO?

Page 18: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Comportamento fotográfico

NÚCLEO ACPC

“... O fotografar, assim, é uma prática que modula formas de existência, onde a vida se mostra através de sucessivos instantes, pela capacidade de registrar, descartar, armazenar, manipular e, enfim, produzir a vida cotidiana na forma de registros instantâneos e descontínuos” (TITTONI, 2009)

Page 19: Declaração Universal dos Direitos Humanos

FOTOGRAFIA X REALIDADE

NÚCLEO ACPC

Tittoni (2009)

• “A idéia por trás da fotografia (...) é que ela nos forneceria cópias exatas da realidade. Contudo, ela não é capaz de reproduzir (...) uma coisa existente no mundo, alheia a qualquer motivação humana. Aquilo que a fotografia é capaz de produzir é uma imagem. Uma imagem que sugere o mundo” (p.25-26).

• “A defesa de que a fotografia copia o real, ou a definição de que a fotografia é a imitação do real, dão a entender que ela cria, gera, reproduz as coisas. Ou melhor, essas crenças nos transmitem a idéia errônea de que a fotografia tem a mágica capacidade de clonar o mundo ou de emulá-lo. Isso não é verdade, pois o que a fotografia produz é uma imagem e essa imagem pode ser ancorada por um suporte... A fotografia sempre está vinculada à idéia de autoria, ela sempre manifestará a idéia de alguém que utiliza a câmara e fotografa o mundo à sua escolha...” (p.40)

• “... O seu uso revela que ela consegue preservar e prolongar algumas experiências e sensações que não estão mais presentes...” (p.41)• “... se delineia a tese da fotografia enquanto memória...” (p.41)

Page 20: Declaração Universal dos Direitos Humanos

(Santos, 2008)

• “Para Kossoy [?2002], a fotografia é uma forma de expressão cultural, na qual foram registrados do tempo, aspectos como religião, costumes, habitação, enfim acontecimentos sociais de diversas naturezas, foram objetos documentados através da imagem. Dessa maneira, mostra que o fotógrafo, enquanto autor da imagem também, participa do processo de representação, já que domina as técnicas de fotografar e direciona essa forma de interação. O autor vai além, determina que no contexto de produção, o fotógrafo age como filtro cultural”.

NÚCLEO ACPC

Page 21: Declaração Universal dos Direitos Humanos

NÚCLEO ACPC

MAUREEN BISILLIAT

CLAUDIA ANDUJAR

Page 22: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Na fotografia, o que se vê?

Flusser (2002)•“Decifrar uma fotografia seria uma tarefa infinita, mas torna-se possível através do processo codificador que se passa durante o gesto fotográfico, no movimento complexo ‘fotógrafo-aparelho’... Ao gesto fotográfico como o jogo que se estabelece entre o fotógrafo e sua intencionalidade, aparelho e suas potencialidades técnicas e a cultura, que indica sobre os acoplamentos técnicos que produzem os aparelhos e a própria condição do fotógrafo...”

NÚCLEO ACPC

Page 23: Declaração Universal dos Direitos Humanos

o Menino, ajeita essa cara que nós vamos tirar foto...

Num quero...o Quer sim! Vem no meu colo...o Fica quieto... dá um sorriso!

NÚCLEO ACPC

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1. C. L. em 2008-02-21 Expressões fotográficas ! desconfiança!? receio!? sentimentos são de certeza e o fotógrafo ficou com eles na imagem!

2. F. em 2008-02-19 [*****]

3. R. em 2008-02-19 Belo retrato.

Olhares.com

Mãe & Filho

Page 24: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Berger (2000, apud TITTONI, 2009)

• “... a câmara fotográfica trouxe a possibilidade de isolar as aparências e inscrevê-la na temporalidade, ou seja, ‘a câmara mostrava que o conceito de tempo que passa era inseparável da experiência visual’ e, da mesma forma, inseparável do lugar de onde se vê e, assim, ‘o que víamos era algo relativo que dependia de nossa posição no tempo e no espaço”

Fontcuberta (1998, apud TITTONI, 2009)

• “O surgimento da fotografia coloca ‘uma nova posição do homem com respeito ao mundo: a relatividade da representação em função dos diversos pontos de vista’...

NÚCLEO ACPC

Page 25: Declaração Universal dos Direitos Humanos

O ANTES E O DEPOIS

NÚCLEO ACPC

http://pymentamalagueta.wordpress.com/

Page 26: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Tittoni (2009)

• “As transformações trazidas pelas ‘tecnologias do olhar’, indicam... a possibilidade de ampliar a visibilidade, de registrar, recriando espacialidades e de fixar, de modo a jogar com as impossibilidades do tempo, já indicam alguns elementos que produzem esta capacidade de resistir e, ela mesma, durar, apesar das transformações da sociedade.”

NÚCLEO ACPC

Page 27: Declaração Universal dos Direitos Humanos

O ANTES E O DEPOIS

NÚCLEO ACPC

http://www.iftk.com.br/wordpress/rio-de-janeiro-antes-e-depois-belas-fotos.html

Page 28: Declaração Universal dos Direitos Humanos

FOTOGRAFIA SENTIDO (E)TERNO

VIDA EFEMERA

NÚCLEO ACPC

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Page 29: Declaração Universal dos Direitos Humanos

A fotografia na (a)temporalidade da (con)vivência

• “... no momento em que você não fotografa, você esquece...”

• “...essas fotos me ajudam a lembrar. Eu jamais fotografo aquilo que eu não desejo lembrar”.

NÚCLEO ACPC

Page 30: Declaração Universal dos Direitos Humanos

A fotografia na (a)temporalidade da (con)vivência

NAN GOLDIN (apud TITTONI, 2009, p.34)

• “... fotografia como potência de não-esquecer ou como memória...”• “... A fotografia nunca me permitiu perder alguém... ”• “... Contudo, conforme a fotógrafa avança seu pensamento entendemos que esse não perder é

completamente ilusório, porque puramente imagético, puramente simbólico. Nan nos diz: “eu não me dava conta da função da fotografia, eu só me importava com o que ela aparentava ser”. Essa epifania surge na morte de sua melhor amiga: “eu realmente a perdi, não importa quantas fotografias dela eu detivesse”...”

• “... A fotografia me falhou..”

NÚCLEO ACPC

Nan Goldin

Page 31: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Novos tempos......câmera na mão, todos, registrando tudo

(ou quase tudo)

NÚCLEO ACPC

Tittoni (2009)

• “... Os equipamentos fotográficos associam-se a outros equipamentos, como telefones celulares, canetas e outros tantos quase inimagináveis artefatos que parecem ganhar vida das telas de cinema, pressionando para a própria redefinição do que pode ser considerado como uma fotografia...”

Guatari (1993, apud TITTONI, 2009)

• “...a diversidade de imagens não significa por si só riqueza de sentidos, já que num mundo globalizado, as imagens, embora sendo muitas, podem tornar-se iguais, repetitivas e previsíveis. Portanto, a sua repetição pode levar ao seu esvaziamento e amortecimento da consciência crítica do receptor. “

Page 32: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Novos tempos......câmera na mão, todos, registrando tudo

(ou quase tudo)

NÚCLEO ACPC

Clício Barroso ( 2010)

• “... Acho que para a fotografia foi maravilhoso esse movimento [em] que todo mundo é fotógrafo, porque na verdade todo mundo é fotógrafo, todo mundo é escritor, todo mundo é o que quiser. Só facilitou o acesso de quem não tinha a técnica fotográfica, nem o dinheiro para comprar equipamentos caros, a um mercado que é global. Hoje qualquer celular fotografa. Eu não chamo isso de prostituição da fotografia porque não é. É massificação... pode ser popularização, certamente; globalização, com certeza (...) Quanto mais gente fotografar, mais [sic] possibilidade de bons fotógrafos surgirão no mercado. O que acontece é que para o fotógrafo profissional que não se preparou para essa mudança, essa quebra do paradigma do analógico para o digital, esse cara ficou perdido...”

Page 33: Declaração Universal dos Direitos Humanos

NÚCLEO ACPC

Raízes da relação entre psicologia e fotografia

Page 34: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Fotografia e psicologia

• “Na psicologia, o uso da fotografia é bastante antigo. Tanto antiga quanto variada, a discussão sobre a fotografia no âmbito da psicologia engedra-se no campo teórico em que se coloca como uma ferramenta, estratégia ou instrumento de trabalho e de produção de conhecimento. Assim, não se pode falar de uma forma unívoca e direcionada de utilização da fotografia no campo de produção da psicologia...” (TITTONI, 2009, p.16). NÚCLEO ACPC

Page 35: Declaração Universal dos Direitos Humanos

NÚCLEO ACPC

As origens da fotografia e da psicologia moderna estão

enraizadas na proximidade temporal. Elas se

desenvolveram paralelamente durante seus primeiros anos, mas apenas no final do século 19 psiquiatras começaram a

explorar formas de empregar o novo meio para a avaliação clínica e outras finalidades

(MORGOVSKY, 2007).

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Page 36: Declaração Universal dos Direitos Humanos

• Hugh W. Diamond (psiquiatra) em 1856 – apresentou um artigo à Royal Society intitulado “On the Application of Photography to the Physiognomic and Mental Phenomena of Insanity”.

• Robert U. Akeret (1973) – publicou o livro: Photoanalysis: How to interpret the Hidden Psychological Meaning of Personal Photos = Photoanalysis era um sistema para o estudo de fotografias de família a fim de aprender mais sobre as dinâmicas interpessoais.

• Judy Weiser (Arteterapeuta e psicóloga canadense) = PhotoTherapy Center - utiliza os instantâneos e fotos de família como catalisadores para conversações terapêuticas.

• Joel Walker (Médico clínico canadense) – mudou o paradigma e utiliza fotos modificadas, ambíguas, de sua autoria, como estímulos projetivos para eliciar protocolos usados para a avaliação profunda da personalidade, na mesma tradição do Rorschach e do TAT. Quatro de suas fotografias foram padronizadas fazendo parte de um kit denominado The Walker Visuals.

NÚCLEO ACPC

MORGOVSKY (2007)

Page 37: Declaração Universal dos Direitos Humanos

• ... Walker desenvolveu um kit incorporando quatro imagens que evocam as mais poderosas respostas. Conhecido como The Visual Walker, esse kit continua a ser utilizado em psicoterapia no mundo inteiro e Walker é considerado um pioneiro no que é conhecido como a fototerapia. Em geral, Walker considera que as imagens são mais eficazes para as pessoas que têm dificuldade em verbalizar ou lidar com dificuldades como temas como estresse pós-traumático ou incesto. “ (JACOBS, n.d., apud MORGOVSKY, 2007).

NÚCLEO ACPC

Page 38: Declaração Universal dos Direitos Humanos

•Outros trabalhos, incluem:Lidar com problemas de auto-imagem em pacientes desfigurados - Jo SpenceLidar com transtornos alimentares - Ellen Fisher Turk

•No meio artístico, desde meados do séc. XX fotógrafos vêm se interessados em despertar emoções nas pessoas com seus trabalhos, destacando-se John Szarkowski, em “Mirrors and Widows: American Photography since 1960”.

NÚCLEO ACPC

MORGOVSKY (2007)

Page 39: Declaração Universal dos Direitos Humanos

•Morgovsky (1983) começou a discutir sobre a potencial utilidade da análise fotográfica para descrever características pessoais diretamente de quem tira a fotografia, denominando sua abordagem de “Reading Pictures.” •Em 2003, no American Psychological Convention, em Toronto, Morgovsky, Franklin, Formanek e Blum apresentaram o trabalho intitulado: “Lens and Psyche: Psychological Meanings of Photography”, tendo entre os objetivos discutir sobre pontos de contato entre fotografia e psicologia, ainda não considerados totalmente pela área.•A partir do reconhecimento de que muito permanece a ser feito sobre a relação entre o uso da fotografia e seu entendimento, a APA, Division I, estabeleceu o Committee on Photography and Psychology.•Mais recentemente, uma exibição fotográfica intitulada “Psychologists in Focus: Seeing Global Diversity” foi organizada e montada no Callahan Center at St. Francis College durante a 18th Greater New York Conference on Behavioral Research, em novembro de 2006.

NÚCLEO ACPCMORGOVSKY (2007)

Page 40: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Psicologia

pesq

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foto

grafi

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NÚCLEO ACPC

Page 41: Declaração Universal dos Direitos Humanos

NEIVA-SILVA, Lucas and KOLLER, Sílvia Helena. O uso da fotografia na pesquisa em Psicologia. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2002, vol.7, n.2, pp. 237-238.

• O principal objetivo, ao se trabalhar com a fotografia junto à Psicologia, atualmente, é a atribuição de significado à imagem ... Assim, adotando-se o pressuposto de que parte das pessoas teria dificuldade em expressar verbalmente determinados temas, o uso da fotografia poderia auxiliar na comunicação destes significados, permitindo uma melhor compreensão destes conteúdos por parte do pesquisador.

NÚCLEO ACPC

Page 42: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Funções principais no uso do recurso fotográfico na psicologia

NÚCLEO ACPC

NEIVA-SILVA & KOLLER (2002)

Page 43: Declaração Universal dos Direitos Humanos

REGISTRO

• a fotografia tem o papel de documentar determinada ocorrência, ou seja, a mesma função que as filmagens possuem nos dias de hoje... Neste caso, o que importa é apenas o conteúdo presente em cada uma das fotos ou no conjunto delas. Por esta razão, não são levados em consideração o autor das fotografias, nem o posterior observador das mesmas, que, em ambos os casos, tende a ser o próprio pesquisador ou alguém da sua equipe de trabalho.

NÚCLEO ACPC

www.amigosdedelmirogouveia2.blogger.com.br/Ba...

Page 44: Declaração Universal dos Direitos Humanos

MODELO

• São apresentadas aos participantes, fotos que enfocam determinado tema, normalmente relacionado com o objeto de estudo, mas que não retratam os próprios participantes. São então analisadas as percepções, falas ou reações das pessoas em relação às imagens. O foco principal de análise passa a ser o observador da fotografia, juntamente com as suas respostas direcionadas às diferentes fotos apresentadas. O conteúdo da imagem, com freqüência, ocupa o lugar de variável independente, sendo modificado no intuito de se observar alguma possível variação nos comportamentos ou percepções dos participantes. Nestas pesquisas, não é importante considerar quem é o autor das fotos, pois, na maioria dos casos, isto pouco mudaria a opinião da pessoa em relação à imagem em si.

NÚCLEO ACPC

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Page 45: Declaração Universal dos Direitos Humanos

AUTOFOTOGRÁFICA

• Nestes estudos, cada participante recebe uma câmera fotográfica e é instruído sobre como manuseá-la adequadamente. Posteriormente, é solicitado a tirar determinado número de fotos na tentativa de responder a uma questão específica. Após a revelação do filme, é analisado o conteúdo das fotos. Em parte das pesquisas, são também desenvolvidas entrevistas com os participantes com o intuito de se levantar as percepções a respeito das suas próprias fotografias. Observam-se diferenças significativas em relação às duas funções anteriores, pois, neste caso, são considerados importantes tanto o conteúdo, quanto o autor das fotos, assim como a sua percepção em relação às próprias imagens produzidas.

NÚCLEO ACPC

Page 46: Declaração Universal dos Direitos Humanos

FEEDBACK

• Na maioria destes casos, as pessoas são anteriormente avaliadas em determinado aspecto, como por exemplo, em algum traço de personalidade. Elas são, então, fotografadas por terceiros em diferentes circunstâncias e o resultado – as fotos – é apresentado às mesmas. Posteriormente é realizada nova avaliação com o intuito de verificar se o contato com as fotografias gerou alguma diferença no critério avaliado.

NÚCLEO ACPC

Page 47: Declaração Universal dos Direitos Humanos

MAURENTE, Vanessa ; TITTONI, Jaqueline Imagens como estratégia metodológica em pesquisa: a fotocomposição e outros caminhos

possíveis. Psicologia & Sociedade; 19 (3): 33-38, 2007 [http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822007000300006]

“A prática de entregar uma câmera de vídeo ou fotográfica a sujeitos que experienciam uma situação a ser estudada tem se tornado freqüente e atingido diferentes áreas de especialização.”

“...Além da Antropologia Visual, que sempre trabalhou com tecnologias de produção fotográfica e de vídeo – podemos citar a Comunicação Social, a Psicologia, a Educação e a Sociologia como áreas que vêm investindo na questão da imagem como recurso metodológico (Kirst, 2000; Maurente, 2005; Neiva-Silva, 2003; Tittoni, 2004)...”

“...Em contraponto à noção cientificista sobre o estatuto da imagem, Joly (1999) aponta que a operação fotográfica, por exemplo, corresponde a uma série de escolhas e manipulações feitas além da tomada: escolha do tema, do filme, do foco, do tempo de exposição, da abertura do diafragma, etc. Todas estas escolhas, segundo a autora, são a prova de que se constrói uma fotografia e, portanto, sua significação...”“... como coloca Dubois (1990), que, se uma foto pode ser considerada uma prova de existência, nem por isso pode ser considerada uma prova de sentido.”

NÚCLEO ACPC

Page 48: Declaração Universal dos Direitos Humanos

VersõesNÚCLEO ACPC

Page 49: Declaração Universal dos Direitos Humanos

MAURENTE, Vanessa & TITTONI, Jaqueline - Imagens como estratégia metodológica em pesquisa: a fotocomposição e outros caminhos possíveis.

Psicologia & Sociedade; 19 (3): 33-38, 2007

Nossa proposta de utilização da fotografia como metodológico surgiu da pesquisa sobre subjetividade e trabalho, a partir da necessidade de aprimorar tecnologias de intervenção que pudessem mostrar modos de trabalhar invisibilizados pelas normas e padronizações características dos espaços de trabalho...

NÚCLEO ACPC

...A fotografia poderia, então,

mostrar o que nem sempre pode ser

descrito...

... dois grupos de mulheres foram convidados a fotografar seu trabalho, discutir sobre as fotografias produzidas e elaborar o que chamamos, na época, um “relatório fotográfico”...

... grupo de mulheres ligadas a economia solidária, que produziam roupas e acessórios através da reciclagem de retalhos de tecidos e da técnica de patchwork...

Page 50: Declaração Universal dos Direitos Humanos

NÚCLEO ACPC

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Page 51: Declaração Universal dos Direitos Humanos

SATO, Leny - Olhar, ser olhado e olhar-se: notas sobre o uso da fotografia na pesquisa em psicologia social do trabalho. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 2009, vol. 12, n. 2, pp.

217-225

NÚCLEO ACPC

Tematizo a pesquisa como processo de construção de visibilidades. Considerando-se os diferentes sentidos histórico-sociais do “olhar”, discuto a relação entre pesquisador e pesquisados a partir da evocação de vivências de “cuidado”, de “interesse” e de “vigilância”.

A feira livre aguça os cinco sentidos sensoriais ao emanar muitos cheiros, oferecer muitas cores, produzir muitos sons e oferecer uma multiplicidade de sabores e texturas sempre estimulantes; entretanto, foi pelo motivo do olhar que muitas inquietações vivi.

Foi na tensão entre conhecer, controlar e cuidar, corporificados no olhar, que me movi pela feira livre. Algumas frases soltas que ouvia dos feirantes mostraram-me que todos esses sentidos se apresentavam. “Não vai escrever isso aí no seu relatório, hein?”, alerta Rafael; e Gomide, ao contrário: “Até que enfim alguém tá preocupado com a gente!”. E foi também nessa tensão entre conhecer, controlar e cuidar que me apresentei como alguém que podia ser olhada, ouvida e inquirida.

Page 52: Declaração Universal dos Direitos Humanos

Após cerca de seis meses, comecei a levar uma máquina fotográfica. Não o fiz

com clareza sobre sua utilização como instrumento de pesquisa a priori.

Movida, decerto, pelo senso de que a feira livre merece ser fotografada, dei

início a uma série de registros fotográficos.

NÚCLEO ACPC

Imagens de pessoas, de interações sociais, de espaços e de coisas foram registradas.Como fotógrafa, fui dirigida e dirigi. Presenciei acontecimentos que mereciam ser fotografados e algumas situações que resolvi fotografar configuraram uma outra: as pessoas fotografadas e eu éramos enquadrados em cenas observadas por outros...

... a partir de Seu AntonioO combinado era voltar para fotografar Seu Antonio. Antes, passara na banca de Alberto, de Juca,de Carlinhos, de Dona Dirce e de Renato. Paro na banca de flores e, indecisa entre lírios eangélicas, o florista vem em meu auxílio:– “É, o lírio tem cheiro forte... Mas elas duram quase a mesma coisa: uma semana mais oumenos”.Nesse momento, ouço:– “Oi, Lê!!! Eu tava falando de você agorinha mesmo! Você não trouxe a máquina fotográfica, né?”,era Cléo, alegremente surpresa por me ver.–“Trouxe sim, você quer que eu tire?”.– “Eu queria que você tirasse de duas pessoas...”.– “Eu tiro!!”.Por fim, escolho as angélicas. E Cléo, rapidamente, conclui a compra por mim:– “Deixa que depois eu acerto as flores dela!”.Surpresa com a oferta, olho para o florista, que sorri e, brincando, afirma:– “Ih, vou tomar na cabeça!”.

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Olhares (com)prometidos: uma análise sociossemiótica de imagens

produzidas porcrianças do MST.Rodrigo Rossoni

Hiran Pinel

“Em função desses aspectos, a leitura que propomos é uma dentre as diversas possíveis. Ela não se fecha no que trilhamos. O que a diferencia neste momento é que os meses de nossa interação tornam a interpretação do conteúdo das imagens mais coerente do que se tivéssemos analisando de fora.”

Um grupo de 34 crianças do MST participou, durante oito meses, de uma oficina de fotografia oferecida na escola do Assentamento Piranema, em Fundão. Como resultado dessa prática educativa, produziram cerca de 1300 imagens fotográficas do seu mundo vivido.Na etapa final, receberam câmeras fotográficas automáticas. Ficaram com o equipamento durante uma semana e nenhum tema foi direcionado.O referencial teórico de análise foi a semiótica discursiva.

Para Kossoy, o registro visual

“documenta a própria atitude do fotógrafo diante da realidade, seu estado de espírito e sua ideologia acabam transparecendo em suas imagens, particularmente naquelas que faz para si como forma de expressão pessoal (KOSSOY, 2001: 43)”

Fonte: http://www.novomilenio.br/comunicacoes/1/artigo/15_rodrigo.pdf NÚCLEO ACPC

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Resultados

• fotografia 4. Observamos a intencionalidade do sujeito enunciador ao apresentar pai e irmã abraçados em frente a sua casa de alvenaria e ao lado de um pequeno coqueiro. A casa é apresentada sem cortes, em toda sua dimensão. O ambiente harmônico para o enunciador é a afetividade da família, figurativizada pelo abraço da irmã e do pai, e o fruto da terra, figurativizado pelo coqueiro.

A imagem 15 apresenta as figuras de duas crianças abraçadas. Ao lado, umalinha em diagonal leva o enunciatário em direção às crianças. É a parede de uma antigacasa da fazenda, que hoje não é mais utilizada. As crianças abraçadas sorriem para o enunciatário num gesto que figurativiza a construção interna do companheirismo e deuma identidade pautada na coletividade e na esperança. É a imagem que fica do lugar.

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MAHEIRIE, Kátia; BOEING, Patrícia ; PINTO, Gissele Cristina Pesquisa e intervenção por meio da imagem:

O recurso fotográfico no cotidiano de varredores de rua. PSICO. v. 36, n. 2, pp. 213-219, maio/ago. 2005 [caioba.pucrs.br/fo/ojs/index.php/revistapsico/article/view/1392/1092]

O objetivo foi investigar o sentido do trabalho, a situação psicossocial de varredores de rua, intervindo na promoção de seu bem-estar, na valorização de sua singularidade, de sua história e de seus desejos, destacando a importância de sua profissão para o contexto social.

A fotografia, como recurso, permitiu nos aproximarmos dos sujeitos por intermédio das imagens, facilitando nossa participação no compartilhar os sentidos que eles produziam sobre si e sobre seu espaço.

Os encontros aconteceram semanalmente ao longo de um semestre, onde mantivemos nosso convívio por meio de conversas informais, observações participantes, entrevistas, resgate de histórias de vida e sessões fotográficas, objetivando conhecer e nos aproximarmos da realidade dos varredores de rua.

“As idades variavam entre 25 e 54 anos e alguns procediam de diferentes localidades do estado, escolhendo a Ilha de Santa Catarina...”

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RESULTADOS• Dora afirmou ter sido muito difícil encarar a própria

discriminação referente ao trabalho de varrer ruas logo que se tornou uma varredora, disse que nas primeiras semanas só varria de cabeça baixa, com o chapéu escondendo o rosto e, quando via algum amigo ou conhecido aproximar-se, procurava desviar o caminho. Conta que sua adaptação ao trabalho foi progressiva: “depois de uma semana, quinze dias, que eu fui me adaptar ao trabalho...(...) Depois eu, né, vi que era um serviço como outro qualquer, serviço bem melhor dos que eu já tinha passado, né, e comecei a encarar o meu trabalho com outra realidade”.

Percebemos que eles criavam estratégias para driblar o descaso e, por vezes, o desrespeito que recebiam de alguns transeuntes, e buscavam saídas para encarar tais situações desfavoráveis, e o “fazer de conta que nada é nada” foi uma delas. Apareceram também outras falas que denunciavam as dificuldades no trabalho, segundo Dora, “a discriminação é geral, é geral, por isso eu acho que eu ignorei essa parte, entendesse? Pra... Assim, justamente, pra gente não sofrer. Então, era mais preferível cuidar do meu trabalho, fazer o meu serviço, do que tá, assim... ouvindo (...)”.

A relação de prazer com o trabalho que foi registrada no decorrer das sessões fotográficas e das entrevistas, ficou ainda mais evidenciada quando do confronto desses sujeitos com suas imagens organizadas em uma exposição fotográfica pública.

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Luiz Carlos Bulla Júnior Fotografia e loucura: um olhar sobre a condição humana na experiência do transtorno

mental [http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos/article/viewArticle/1473]

“projeto que consistiu na realização de um ensaio fotográfico numa instituição psiquiátrica, a fim de construir um discurso imagético sobre a experiência do transtorno mental...”

“Partiu-se do pressuposto de que a fotografia possibilita a aproximação do observador a esta realidade, por meio de uma mensagem visual...”

“Portanto, as fotografias que analiso neste artigo resultaram deste projeto, iniciado em janeiro de 2001, que consistiu na realização de um ensaio fotográfico em uma instituição psiquiátrica. Neste ensaio, os objetivos foram: lançar um olhar sobre a condição humana de experimentar o transtorno mental, para me aproximar desta realidade e tentar entendê-la; construir um discurso imagético sobre a loucura, levando ao espectador uma mensagem visível que também possa conduzi-lo para mais perto dela; e estimular uma reflexão sobre quão próximos nos encontramos desta condição, que não está restrita somente àqueles que se encontram por detrás dos muros de uma instituição psiquiátrica.”

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RESULTADOSFo

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or“Na foto (... ) (foto 1), o centro de interesse está no rosto das pessoas, no seu olhar e na proximidade entre elas. Para esta tomada foi necessário que eu me aproximasse ... Há interação de um tema uma vez que as pessoas olham diretamente para a câmera. Existe um diálogo de olhares entre fotógrafo e fotografado, o qual se estende para além desta relação no momento do ato fotográfico, o que permite a extensão deste diálogo para o fruidor, aquele que observa a imagem. “ Foto 2 – Fragm

entos Foto: Luiz Carlos Bulla Júnior

O mesmo conceito estético é empregado na fotografia (...) (foto 2): o corte, a fragmentação, o dentro e o fora de campo. Porém, o referencial tomado leva em conta o nível corporal do paciente, uma vez que foi explicitada na parte introdutória deste texto a importância do corpo na linguagem da loucura. (...) A curvatura do corpo para dentro, em forma de concha, inspira a leitura de uma personalidade embotada, a catatonia característica dos casos de esquizofrenia.

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KOHATSU, Lineu Norio O USO DO VÍDEO NA PESQUISA DE PSICOLOGIA: REFLEXÕES SOBRE A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DO OUTRO [http://www.abrapso.org.br/siteprincipal/images/Anais_XVENABRAPSO/337.%20o

%20uso%20do%20v%CDdeo%20na%20pesquisa%20de%20psicologia.pdf]

“Este trabalho tem como proposta discutir o uso do vídeo a partir da minha pesquisa realizada junto à população ribeirinha do médio Rio São Francisco.

Em dezembro de 2008 realizei uma viagem de duas semanas pela região do Médio São Francisco, passando por oito cidades, de Pirapora (MG) a Bom Jesus da Lapa (BA), com a intenção de realizar uma pesquisa e um vídeo documentário a partir das histórias de vida de velhos ribeirinhos.”

“Ao rever os depoimentos após serem organizados segundo os temas propostos, sou levado a pensar dois grupos de questões:- O que pude apreender a partir das narrativas dos ribeirinhos?- Como se deu o meu olhar sobre o outro? Qual foi a minha intenção e o que memotivou? Que imagens do outro e de sua realidade foram construídas por meiodo vídeo?”

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Visão crítica“Kossoy {2007} observa que nesse período {séc. XIX} a exploração das imagens do outro (índios, negros, colonizados) reforçava a idéia da superioridade racial do branco e a inferioridade dos selvagens e primitivos, sempre representados de modo exótico ou como domesticados.

• “Sontag (2004) mostra que a pobreza e a miséria também foram temas de interesse de fotógrafos de classe média que viam essa realidade como estranha e exótica. Um

exemplo muito interessante citado pela autora é o trabalho do fotógrafo Jacob Riis que organizou as fotos dos pobres de Nova York no livro intitulado “How the

other half lives”, publicado em 1890... “

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“O que está presente em meu trabalho, portanto, é uma discussão sobre nossarelação com o "outro", diferente de nós, de mim. Em minha pesquisa, o que proponho

indagar é a possibilidade do encontro com o "outro", sobre a possibilidade decompreender sua experiência a partir da minha. Nesse sentido, a proposta metodológica

é de interlocução, sem deixar de considerar nenhuma das mediações (teóricas,ideológicas, lingüísticas e midiáticas), interferências e ruídos possíveis.”

“Primeiramente eu tive a impressão de que os participantes estavam me contando somente o que eu gostaria de ouvir. Contudo, percebi que ao pensar desse modo não estava considerando o outro como sujeito com seus próprios sentimentos, pensamentos e desejos. Por outro lado, reconheço que estaria cometendo um erro se eu não considerasse que foi a minha presença que provocou as narrativas (...) E é ainda importante considerar a edição do material como uma construção e interpretação da realidade. “

“Nessa perspectiva, a realidade representada não é somente determinada pelo olhar do pesquisador-documentarista, nem pelo olhar do sujeito (que também já supõe um espectador de fora da cultura), mas uma construção mediada pelo aparelho que interfere e modifica a realidade que dá origem à representação que, por sua vez, sintetiza e explicita a dimensão ficcional e documental da obra.”

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Sr. Antônio(...) Eu?Andei, andei no vapor. O senhor conhece ele?

• Sr. GilsonO rio mudou demais. Lá na minha fazenda, lá o rio

era noventa metros de fundura. Hoje está raso.(…) Teve um ano aqui que nego atravessou de pé,

de um lado para o outro.(...)Mas o rio acabou, acabou, está raso demais. O

vapor não anda mais, não pode mais andar.

• Dona CiçaAí depois, com o tempo, foram desmatando, a água foi descendo, o rio São Francisco não suportou mais os vapores andarem, porque ele secou, ficou muito seco.

“É possível notar um certo tom nostálgico em suas narrativas, pois no presente já não se encontra mais o que havia no passado. A nostalgia vem por conta da perda que se constata quando se olha para o presente. Com o passado desaparece aos poucos o lugar que ocupavam na comunidade, não só porque deixaram de exercer a atividade antes exercida, mas porque essas mesmas foram diminuindo ou estão em vias de desaparecimento: o vendedor de lenha para o vapor, o artesão de rabeca, a lavradora, o pescador, a zeladora da igreja, o comandante do navio... As novas gerações não vêem mais sentido em seguir as ocupações dos mais velhos e partem para buscar trabalho fora das localidades, migrando para os grandes centros. Assim, não só as atividades se extinguem como também se perde o sentido da transmissão da experiência...”

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Vida no rio São Francisco...

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“Os homens agem sobre o mundo, modificando-no e, por sua vez,

são modificados pelas conseqüências de sua ação”

(Skinner, 1957/1978)

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Referências bibliográficas e eletrônicas• (imagem máquina na mão) www.imagensteste.blogger.com.br/fotografia.jpg • (imagem indivíduos em diferentes posições com câmera na mão)

http://www.jornalpequeno.com.br/blog/CurtasCulturais/wp-content/uploads/2009/11/blog-fotografia.jpg• (imagem foto de criança)

http://www.trekearth.com/gallery/South_America/Brazil/Center-West/Mato_Grosso_do_Sul/photo268023.htm • (imagem ponte sobre o rio São Francisco) http://ipt.olhares.com/data/big/161/1614582.jpg • (imagem lavadeiras e banhistas no rio São Francisco) www.ipt.olhares.com/data/big/129/1294751.jpg • (imagem Nan Goldin) http://www.kunsthandelmeijer.nl/local/pag/foto/nan.html • (imagem Nobuyoshi Araki) www.japanfocus.org/data/ArakiPortrait.jpg • (imagem face estilizada) http://images.google.com.br/imgres?imgurl

=http://1.bp.blogspot.com/_g9nFwNZcb6U/SbLID59ROWI/AAAAAAAAAxw/Qwg25Yb2unE/s320/tempestade%2Bhomem%2Bs%C3%B3.jpg&imgrefurl=http://wanderleyelian.blogspot.com/2009_03_01_archive.html&usg=__UNLIQNaTHXWZ0iEa0gY0MPFsZzM=&h=238&w=320&sz=15&hl=pt-BR&start=106&sig2=CZmsPycyWX3JGKnyMC22AQ&um=1&itbs=1&tbnid=5Crm_SK1Bv0nnM:&tbnh=88&tbnw=118&prev=/images%3Fq%3Dhomem%2Bevanescente%26start%3D105%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26rlz%3D1T4ADBR_pt-BRBR316BR317%26ndsp%3D21%26tbs%3Disch:1&ei=ojHHS8SbIcH88AaI3rTpCg

• (imagens João Roberto Ripper) http://www.bancariosrjes.org.br/B%20O%20L%20E%20T%20I%20M/IMAGENS/ripper_editada_1.JPG, http://www.imagenshumanas.com.br/imghumanas/; http://folhaderascunho.files.wordpress.com/2009/06/103.jpg

• (imagem rapaz com celular na orelha) http://redejovemquadrangular.files.wordpress.com/2009/05/brinco-celular.jpg • (imagem multidão segurando celulares) http://raquealmeida.files.wordpress.com/2008/08/multidao_celular.jpg

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Referências bibliográficas e eletrônicas• (imagens Gari – i2.r7.com/.../2F06/AE76/1414/eliana-gari-g.jpg ; www.psolsp.org.br/.../uploads

/2009/09/gari.jpg ; charutomentol.files.wordpress.com/.../gari1.jpg )• (imagem feira com flores) lh3.ggpht.com/.../f3xYmTzRDiQ/paris2007+064.jpg • GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. • MICHELETTO, N. Bases filosóficas do behaviorismo radical. In: Roberto A. Banaco, Sobre comportamento e

cognição. Santo André: ARBytes, 1997, vol.1, cap. 5, pp.29-44.• SKINNER, B. F. Comportamento Verbal. São Paulo: Cultrix, 1957/1978.• SANTOS, Francieli Lunelli - KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. Edição

revista. R evista de História Regional 13(1): 141-143, Verão, 2008• KOSSOY, B. Realidades e ficções na trama fotográfica. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.• Programa No Olhar com CLÍCIO BARROSO, Universidade Tuití do Paraná – 9 de março de 2010, disponível

em You Tube - URL: http://www.youtube.com/watch?v=WdTepUuAEko • MORGOVSKY ,Joel Photography on the Couch: The Psychological Uses of Photography The General

Psychologist, Volume 42, No. 1 - Winter/Spring 2007

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BOA NOITE!

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