a declaraÇÃo universal dos direitos humanos e a importÂncia da educaÇÃo

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A DECLARAO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E A IMPORTNCIA DA EDUCAO PARA OS DIREITOS HUMANOS

A comemorao, em 10 de Dezembro, dos 63 anos da publicao da Declarao Universal dos Direitos Humanos, faz-nos recuar a 1948, data em que este documento foi adotado, como forma de protesto contra as atrocidades causadas pela xenofobia, o racismo, o antissemitismo e a intolerncia que alastrou na Europa durante a II guerra mundial.

A comemorao, em 10 de Dezembro, dos 63 anos da publicao da Declarao Universal dos Direitos Humanos, faz-nos recuar a 1948, data em que este documento foi adotado, como forma de protesto contra as atrocidades causadas pela xenofobia, o racismo, o antissemitismo e a intolerncia que alastrou na Europa durante a II guerra mundial. A Declarao Universal foi proclamada pelas Naes Unidas como um ideal a atingir por todos os povos e todas as naes. Com os pressupostos declarados em 1948, instituiu-se que jamais um povo, ainda que minoritrio, poderia ser destrudo por outro; a qualquer homem, independentemente da raa, cor, religio, origem social, no poderia ser negada a sua dignidade. A guerra no seria mais o processo para a resoluo dos conflitos. Por esta via, foram institudos os alicerces da atitude universalista a adotar, em que os indivduos e os grupos teriam direito diferena e, enquanto diferentes, deveriam ser tratados como iguais.

A diferena entre os direitos proclamados na DUDH e os factos foi, e continua a s-lo, enorme, razo pela qual ao longo do tempo so adotadas declaraes complementares e convenes internacionais. Ao fim de 63 anos, constatamos a atualidade da DUDH. A guerra continua a ser o processo para a resoluo de conflitos de interesse; a dignidade humana continua ameaada seno mesmo de todo negada. Perante a indiferena sobre os fenmenos de violao dos direitos humanos, importante a divulgao da declarao da ONU. essencial

fortalecer os fatores de preveno, proteo e promoo dos direitos humanos.

As recomendaes do Conselho da Europa so claras no apelo ao papel das escolas: ...

no mbito da sua preparao para a vida numa democracia pluralista todos os jovens deviam familiarizar-se, no decurso do seu percurso escolar, com os direitos humanos (...).A importncia dada educao em matria de direitos humanos inspira-se tambm no compromisso assumido no incio da Declarao Universal dos Direitos do Homem, que consiste em: (...) zelar para que esta seja divulgada,

afixada, lida e aplicada, principalmente nos estabelecimentos escolares (...).

A educao em matria de direitos humanos pode contribuir para prevenir as violaes dos direitos humanos, dando aos jovens a possibilidade de conhecer e de defender os seus direitos, desenvolvendo simultaneamente as responsabilidades que a eles esto associadas. Lana os alicerces do respeito pela liberdade, pela paz e pela justia, ao favorecer a criao de uma atmosfera de tolerncia e a compreenso das numerosas facetas da verdadeira igualdade.

A educao em matria de direitos humanos tem igualmente por misso preparar os jovens para o seu futuro papel de cidados e dar-lhes os meios com vista sua participao ativa na democracia. Podem aprender a reforar e a proteger esta democracia e a desenvolver uma conscincia da noo de direitos, impedindo a to negativa cultura do silncio. Os direitos humanos devem ser mais que um contedo (terico) para saber. Devem permitir um melhor conhecimento do mundo e do Outro(s), estar integrados num quadro positivo de valores, favorecer assuno de atitudes, combater as injustias e desenvolver a solidariedade. A escola um lugar privilegiado para isto.

UMA CRONOLOGIA DOS DIREITOS HUMANOSEsta cronologia passa rapidamente em revista os principais documentos, acontecimentos, movimentos e personalidades que contriburam, ao longo da Histria, para a expanso dos direitos humanos, centrada essencialmente na Europa. Os Gregos foram os fundadores da democracia. Ao contrrio da democracia representativa moderna, exclua os escravos e as mulheres. Contudo, na poca de Pricles os direitos civis e polticos do indivduo foram tomados em considerao, lanando as bases do crescimento e da evoluo dos direitos. O pensamento dos Romanos em matria de direitos originrio essencialmente dos filsofos estoicos para os quais o mundo formava uma comunidade nica em que todos os seres humanos eram irmos. Esta crena na igualdade dos seres humanos a despeito das diferenas de raa, de classe ou de posio social est na origem do direito natural. A codificao do direito constitua uma noo nova

e importante. O direito romano desempenhou tambm uma importante funo pelos seus ideais: a proteo dos direitos dos cidados pela lei e a igualdade de todos perante a lei. Personalidade Lucius Annaeus Sneca (cerca de 4 C. 65 d. C. 9). Foi um dos mais importantes e influentes filsofos Estoicos em Roma, junto com Epicteto e Marco Aurlio. Sobreviveu a vrios imperadores, estando a sua obra filosfica organizada em 12 ensaios, nos quais trata magistralmente de temas como a Tranquilidade da Alma, a Brevidade da Vida e os benefcios de uma vida justa, segundo os princpios de uma Lei eterna e imortal. Esta vida justa seria a nica forma possvel de adquirir a verdadeira liberdade, a liberdade interior. No sc. XIII, em 1215, a assinatura da Magna Carta, entre os bares ingleses e o rei Joo, foi empregue como meio constitucional para

restringir o seu exerccio tirnico do poder. Permitiu unicamente aos cidados de honra gozar livremente os seus bens e a sua liberdade. No sc. XVII, em 1679, a Lei sobre o Habeas Corpus em Inglaterra, determina que qualquer pessoa detida seja apresentada perante um tribunal, de modo a que seja conduzido um inqurito exaustivo, sobre os motivos da sua deteno. Este direito j estava previsto na Magna Carta, mas os monarcas despticos tinham-no ignorado. Em 1689, a Declarao dos Direitos foi o resultado constitucional da gloriosa revoluo em Inglaterra, que conduziu separao dos poderes do Parlamento e do monarca e concedeu ao Parlamento a liberdade de expresso e o direito de organizar livremente eleies.

Personalidade John Locke (1632-1704).

John Locke foi um filsofo ingls e idelogo do liberalismo, sendo considerado o principal representante do empirismo britnico e um dos principais tericos do contrato social. Escreveu o Ensaio acerca do Entendimento Humano, onde desenvolve sua teoria sobre a origem e a natureza de nossos conhecimentos. Suas ideias ajudaram a derrubar o absolutismo na Inglaterra. Locke dizia que todos os homens, ao nascer, tinham direitos naturais: direito vida, liberdade e propriedade. Para garantir esses direitos naturais, os homens

haviam criado governos. Se esses governos, contudo, no respeitassem a vida, a liberdade e a propriedade, o povo tinha o direito de se revoltar contra eles. As pessoas podiam contestar um governo injusto e no eram obrigadas a aceitar suas decises. No sc. XVIII, o sculo das Luzes ou Sculo da Razo foi marcado por um movimento filosfico europeu, liberal, progressista e anticlerical, assente no progresso cientfico e na crena na razo humana. Em 1776 a americana: Declarao da Independncia

Temos por evidentes por si s as seguintes verdades: que todos os homens nasceram iguais, que foram dotados pelo criador de direitos inalienveis; entre estes direitos encontra-se a vida, as liberdade e a busca da felicidade.

Em 1791, ratificao do Bill of Rights americano, que est na base da Constituio dos Estados Unidos.

Personalidade: Voltaire (1694-1778) Conhecido pela sua perspiccia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comrcio. uma dentre muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes tanto da Revoluo Francesa quanto da Americana. Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rgidas leis de censura e severas punies para quem as quebrasse. Um polemista satrico, ele frequentemente usou as suas obras para criticar a Igreja Catlica e as instituies francesas do seu tempo. Ficou conhecido por dirigir duras crticas aos reis absolutistas e aos privilgios do clero e da nobreza. Por dizer o que pensava, foi preso duas vezes e, para escapar a uma nova priso, refugiouse na Inglaterra. Durante os trs anos em que permaneceu naquele pas, conheceu e passou a admirar as ideias polticas de John Locke.

Em 1789 a Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, em Frana Artigo 1: Os homens nascem livres e iguais em Direitos. Em 1840 a Conveno Mundial contra a Escravatura, em Londres. A escravatura foi abolida em todas as colnias britnicas em 1838, nos Estados Unidos em 1865. Personalidade: Harriet Tubman (1820?-1913) Tambm conhecida por Black Moses, foi uma afro-americana natural dos EUA, abolicionista, humanitria e espi da Unio durante a Guerra Civil dos Estados Unidos da Amrica, que lutou pela liberdade, contra a escravido e o racismo. Em 1896 foi criada a Liga Francesa dos Direitos do Homem, durante o caso Dreyfus.

Em 1848 teve incio nos EUA o Movimento das sufragistas; A Nova Zelndia foi o primeiro pas a conceder o direito de voto s mulheres, em 1893. No Sc. XX, em 1920 Constituio da sociedade das Naes, a seguir I Guerra Mundial, tendo em vista a resoluo pacfica dos litgios internacionais.

Personalidades: Mahatma Gandhi (1869-1948) Mais conhecido popularmente por Mahatma Gandhi (do snscrito "Mahatma", "A Grande Alma") foi o idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do Satyagraha (princpio da no-agresso, forma no-violenta de protesto) como um meio de revoluo.

Em 1941 foi assinada a Carta do Atlntico, que compreendia os Quatro direitos e Liberdades direito a um nvel de vida suficiente e segurana, liberdades de expresso e de religio. Em 1945 criao da Organizao das Naes Unidas pela carta com o mesmo nome, que se comprometia a prevenir a guerra pelo exerccio da cooperao internacional. Em 1948 a Declarao Universal dos Direitos do Homem foi o primeiro instrumento jurdico internacional a fixar normas para a promoo dos direitos civis, polticos, econmicos, sociais e culturais. Em 1949 foram assinadas as Convenes de Genebra, um conjunto de quatro acordos internacionais para a proteo das vtimas da Guerra. Ainda em 1949 a constituio do Conselho da Europa com vista a agir a favor da liberdade e da cooperao atravs da defesa da democracia e dos direitos humanos.

Em 1950 a assinatura da Conveno Europeia dos Direitos do Homem em Roma, visando garantir os direitos fundamentais em todos os Estados membros. Estes direitos so protegidos pela Comisso e pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem em Estrasburgo. Nos anos 50 so adotadas as primeiras leis sobre os direitos cvicos dos Negros nos EUA: leis contra a segregao na escola e nos autocarros.

Personalidade: Rosa Parks (1913 - 2005) Rosa Parks, a costureira negra que, em 1955, se recusou a obedecer a lei de apartheid racial no Alabama, marcando o incio da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Rosa recusou-se a ceder seu banco num autocarro a um homem branco, o que levou a um boicote em massa dos

negros ao transporte pblico do estado. O protesto levou ao fim da segregao nos transportes pblicos e culminou em 1964, com a Lei dos Direitos Civis, que transformou a segregao racial num ato fora de lei nos Estados Unidos.

Martin Luther King (1929-1968) Lder da populao negra norte-americana, nasceu em 1929, em Atlanta, e morreu assassinado em 1968, em Memphis. O seu protagonismo foi decisivo para a declarao de inconstitucionalidade da segregao racial dos

negros. Eloquente ministro batista, liderou o movimento a favor dos direitos civis da Amrica Negra nos anos 50 at ao seu assassinato em 1968.

Vaclav Havel (1936- ).

Vaclav Havel (Praga, 5 de outubro de 1936) um escritor, intelectual e dramaturgo checo. Foi o ltimo presidente da Checoslovquia e o primeiro presidente da Repblica Checa. Firme defensor da resistncia no-violenta (tendo passado cinco anos preso pelas suas convices), tornou-se um cone da Revoluo de Veludo em seu pas, em 1989. Em 29 de dezembro de 1989, na qualidade de chefe do Frum Cvico, foi eleito presidente da Checoslovquia pelo voto unnime da Assembleia Federal.

Entre 1959 apartheid.

e

1994

o

movimento

anti-

Personalidade: Nelson Mandela (1918 -) Advogado, exlder rebelde e ex-presidente da frica do Sul de 1994 a 1999. Principal representante do movimento antiapartheid, como ativista e transformador da histria africana. Considerado pela maioria das pessoas um guerreiro em luta pela liberdade, era considerado pelo governo sul-africano um terrorista. Recebeu o Prmio Nobel da Paz em 1993.