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DECISÕES SOBRE A POLÍTICA DE ESTOQUES Larissa Barroso Fernandes (IBMEC ) [email protected] Marcela Dornas Gomes Pereira (IBMEC ) [email protected] Laura nonato Souza sacramento (IBMEC ) [email protected] Isadora de Almeida Gurgel (IBMEC ) [email protected] O presente artigo refere-se ao estudo sobre a política de gestões de estoques adotada por uma empresa de auto-peças. Foi realizado um estudo aprofundado sobre a gestão de compras, decisões de estoque e relação com os fornecedores e então fooi possível quantificar, através das ferramentas de gestão de estoques, as estratégias da empresa. A partir da análise dos dados, obteve-se um perfil a respeito do regime de compras utilizado. Palavras-chave: gestão de estoques, política de compras, lote econômico de compras XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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DECISÕES SOBRE A POLÍTICA DE

ESTOQUES

Larissa Barroso Fernandes (IBMEC )

[email protected]

Marcela Dornas Gomes Pereira (IBMEC )

[email protected]

Laura nonato Souza sacramento (IBMEC )

[email protected]

Isadora de Almeida Gurgel (IBMEC )

[email protected]

O presente artigo refere-se ao estudo sobre a política de gestões de

estoques adotada por uma empresa de auto-peças. Foi realizado um

estudo aprofundado sobre a gestão de compras, decisões de estoque e

relação com os fornecedores e então fooi possível quantificar, através

das ferramentas de gestão de estoques, as estratégias da empresa. A

partir da análise dos dados, obteve-se um perfil a respeito do regime

de compras utilizado.

Palavras-chave: gestão de estoques, política de compras, lote

econômico de compras

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João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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1. Introdução

Um dos grandes desafios enfrentados pelas empresas de qualquer natureza se refere ao

equilíbrio dos estoques em termos de produção, comercialização ou prestação de serviços com

a demanda de mercado. Os estoques incorrem em custos, oneram o capital, ocupam espaço e

necessitam de gerenciamento tanto na entrada como na saída.

Segundo Pozo (2004, p.38),

O termo “controle de estoques”, dentro da logística, é em função da necessidade de

estipular os diversos níveis de materiais e produtos que a organização deve manter,

dentro de parâmetros econômicos. E diz ainda que, a função principal da

administração de estoques é maximizar o uso dos recursos envolvidos na área da

logística da empresa, e com grande efeito dentro dos estoques.

A administração dos estoques passa a ser um enfoque alvo, a partir do momento que

representa a estratégia de maior investimento para as organizações. Para Pozo (2004), o

principal motivo que estabelece os níveis de estoque que devem ser mantidos está relacionado

aos custos associados ao processo. A partir desse fato, as empresas devem implementar

estrategicamente políticas de estoques de forma integrada, levando em consideração toda a

cadeia de valor. Para executar as políticas planejadas , e necessário criar procedimentos de

controle que estabeleçam com que frequência e em que níveis os estoques devam ser

examinados e repostos. Se por um lado justifica-se o controle de estoques orientado para

minimizar custos, por outro lado deve-se garantir o suprimento adequado, em termos de

respostas rápidas, para atender necessidades de demandas dos clientes (PRIDE; FERREL,

2001).

O profissional responsável pelo gerenciamento das compras, dentre outras responsabilidades,

tem a difícil tarefa de determinar o lote ideal de cada aquisição. Compras em grandes

quantidades podem proporcionar a obtenção de descontos, redução dos custos de transporte e

do frete, mas em contrapartida, manter o estoque elevado representa uma grande barreira na

minimização de custos.

Percebe-se diante a esse cenário, a importância da função de compras na melhoria dos

resultados financeiros, visto que suas atribuições estão diretamente ligadas à possibilidade de

redução dos custos.

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2. Referencial Teórico

2.1. Gestão de Compras

A aquisição de matérias primas e suprimentos, representa um fator decisivo nas atividades de

uma organização. De acordo com Ballou (2001), as atividades relacionadas a compras

envolvem uma série de fatores como seleção de fornecedores, qualificação dos serviços,

determinação de prazos de vendas, previsão de preços, serviços e mudanças na demanda,

entre outros. Dessa forma, pode-se dizer que a gestão de compras é de vital importância para

o sucesso da empresa. Conforme Gaither & Frazier (2001), o departamento de compras

desempenha um papel fundamental na realização dos objetivos da empresa. Sua missão é

perceber as necessidades competitivas dos produtos e serviços, tornando-se responsável pela

entrega no tempo certo, custos, qualidade e outros elementos na estratégia de operações. É

necessário o envolvimento dos gerentes de compras em várias atividades como manter um

banco de dados e seleção de fornecedores, negociar contratos e agir como intermediário entre

os fornecedores e a empresa. De maneira geral, a gestão de compras é uma ferramenta

fundamental para o desempenho da empresa como um todo, devendo ser analisada, estudada

estrategicamente e modificada, conforme a necessidade mercadológica.

Dias (2009) conclui, portanto, que os objetivos básicos de um departamento de compras são:

Obter um fluxo contínuo de suprimentos, a fim de atender aos programas de

produção;

Coordenar esse fluxo de maneira que seja aplicado um mínimo de investimento

que não afete a operacionalidade da empresa;

Comprar materiais e insumos aos menores preços, obedecendo a padrões de

quantidade e qualidade definidas e adequadas;

Procurar, sempre dentro de uma negociação justa e honrada, os melhores interesses

da empresa.

Sabe-se ainda que a construção e manutenção do relacionamento com os fornecedores é de

suma importância para minimizar a possibilidade de interrupção no fluxo de materiais dento

das organizações. Para que todos esses objetivos sejam alcançados, o mesmo autor ainda

afirma que, é necessário um controle eficaz das principais atividades que se relacionam e

fazem a interface com os objetivos citados. A função compras está diretamente ligada a

diversas áreas da logística e contribui de forma eficiente ou responsiva para que estas áreas

não sofram com a falta de suprimentos básicos ao seu andamento normal.

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Fonte: Escola Técnica do SENAI

Quadro 1 - Conflitos Interdepartamentais

2.2. Comakership

O comakership consiste em uma forma evoluída de relacionamento entre clientes e

fornecedores, baseado em uma visão integrada da cadeia de suprimentos, abordando

estratégias, políticas e aspectos operacionais relacionados à questão da qualidade, escolha e

avaliação de fornecedores e logística que promovem a competitividade global da cadeia

(GONTIJO et al., 2010).

Uma aliança estratégica, quando evolui para o status comakership, tende a valorizar acordos

comerciais de colaboração e de preço aberto, regulados por meio de índices referentes à

evolução geral dos preços de mercado, ao invés de buscar fornecedores pelo menor preço ou

para reposições “pedido por pedido” (MERLI, 1994). Essas relações requerem certo tempo de

amadurecimento, de conhecimento prévio da capacidade do fornecedor e confiabilidade do

cliente, para que ambos possam atuar nos aspectos que tragam vantagens competitivas e,

posteriormente, possam chegar à fase de negociação de uma parceria (MARTINS; ALT,

2006). Por fim, Gontijo et al. (2010) salienta que o conceito de Comakership está diretamente

relacionado ao de SCM (Supply Chain Management - Gestão da Cadeia de Suprimentos),

dado que sua aplicação do SCM requer um modelo de cooperação entre todos os envolvidos

na gestão da cadeia de suprimentos.

2.3. Ferramentas de Gestão de Estoque

Viana (2009, p. 117) defende que “a gestão e um conjunto de atividades que visa, por meio

das respectivas políticas de estoque, o pleno atendimento das necessidades da empresa, com

máxima eficiência e ao menor custo, através do maior giro possível para o capital investido

em materiais”.

2.3.1. Curva ABC

O método da análise de classificação ABC é uma ferramenta que auxilia no gerenciamento de

estoques, proporcionando informações relevantes sobre aqueles produtos que tem maior ou

menor giro, relacionados com o custo de obtenção. É utilizada, também, para definição de

política de vendas, planejamento da distribuição, programação da produção e resolução de

uma série de problemas usuais de empresas industriais, comerciais ou de prestação de

serviços. A curva ABC é uma ferramenta gerencial que permite identificar quais itens

requerem atenção e tratamento adequados quanto à sua importância.

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Segundo Santos (2012), a utilização de ferramentas da gestão de estoques dentro de uma

organização traz benefícios a todos departamentos da empresa. A curva ABC teve influência

na qualificação dos fornecedores, após a aplicação da curva o padrão e a qualidade dos

fornecedores melhoraram cerca de 30%, no qual comprova a aplicabilidade da curva e das

ferramentas de gestão.

2.3.2. Previsão de Demanda

Segundo Kotler (1991), a demanda de um produto corresponde ao “volume total que seria

comprado por um grupo definido de consumidores em uma área geográfica definida, em um

período de tempo definido, em um ambiente de mercado definido e mediante um programa

definido de marketing”. Previsão de demanda é uma estimativa do que pode ser a demanda

futura sobre certas condições conjecturais (MOON et al, 1998).

As previsões de demanda guias para a política de decisões de médio e longo prazo; também

são uteis no monitoramento do desempenho de sistemas através de previsões frequentes de

curto prazo. A combinação de previsões de curto prazo ajuda a identificar pontos de decisão

críticos onde intervenções são necessárias, pois permite identificar se o sistema está indo na

direção que foi prevista (LINDBERG; ZACKRISSON, 1991)

2.3.3. Estoque de Segurança

Segundo Ballou (2006), estoque de segurança trata-se de certa quantidade de estoque

necessária para suprir a demanda dada a incerteza na própria demanda e no lead time. É

importante que as empresas determinem com exatidão a quantidade de mercadoria em

estoque. Para compreender melhor esse número, é necessário ter em mente dois fatores: O

primeiro é que quanto maior for o estoque, mais alto é o capital imobilizado; o segundo é que

nunca deve faltar um produto. Alguns produtos irão apresentar demandas diferentes, uns

maiores e outros menores, mas o mais importante é que o estoque jamais fique zerado. Com a

adoção dos estoques de segurança, a reposição dos estoques é feita ainda com mercadorias no

almoxarifado, e quando o pedido é entregue pelo fornecedor, os níveis de estoque não estão

zerados. Dessa maneira, a empresa não interrompe o seu processo produtivo por faltar

mercadorias.

2.3.4. Lote Econômico de Compras

Para Gonçalves (2004), lote econômico é a quantidade ideal de material a ser adquirida em

cada operação de reposição de estoque, onde o custo total de aquisição, bem como os

respectivos custos de estocagem é mínimo para o período considerado.

O LEC é a quantidade de material a ser encomendada a cada compra a fim de se obter o

menor custo total possível, levando-se em conta as despesas de armazenagem, juros do capital

empatado e as despesas gerais de compras.

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Fonte: Assaf Neto, 2005, p.555

Gráfico 1 - Lote econômico de compras

2.3.5. Ponto de Pedido

Para Pozo (2009) o ponto de pedido é a quantidade de peças que tem-se em estoque e que

garante a continuidade do processo produtivo, durante o tempo de reposição. Isso quer dizer

que quando um determinado item de estoque atinge seu ponto de pedido deve-se fazer o

ressuprimento de seu estoque, colocando-se um pedido de compra.

2.3.6. Níveis de Estoque

A mais importante função do controle de estoque e de materiais esta relacionada com a

administração de níveis de estoques. Os principais métodos analíticos, os quais exercem

impacto direto nas decisões de estoque, são:

Custo de capital de giro

De acordo com Chiavenato (2005), “o capital de giro e constituído de ativos circulantes

(ativos correntes), são investimentos efetuados no curto prazo em função do ciclo de

operações da empresa”.

Esse fator sofre influência da quantidade mantida em estoque, pois a medida que o

investimento realizado em produtos armazenados não é convertido em vendas, tem-se um alto

valor imobilizado que poderia ser realocado em outras áreas.

Custo de pedido

Segundo Pozo (2002), a cada pedido ou requisição emitida, incorrem custos fixos (salário do

pessoal envolvido no processo) e variáveis (recursos necessários para concluir o pedido)

referentes a esse processo. Esse custo está diretamente determinado com base no volume

destes pedidos e requisições.

Os valores de custo de pedido são determinantes para o estabelecimento do volume e

quantidade dos lotes de compras.

Custo de manutenção de estoque

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O custo de manutenção engloba todos os custos ligados a manter os produtos armazenados

dentro da empresa, dentre eles: custo dos juros que se paga por parte do dinheiro estar

imobilizado sobre a forma de estoques; custo de aluguel de depósitos ou espaços físicos

sobressalentes para a guarda de material e produtos; custo de pessoal e equipamentos; custos

de seguros para proteção e segurança de estoques contra roubo e perda e custo de inventario

físico e financeiramente o estoque.

Custo por falta de estoque

Segundo Garcia, os custos de falta são custos derivados de quando não existe estoque

suficiente para satisfazer a procura dos clientes em um dado período de tempo.A falta de

estoque, pode acarretar na insatisfação dos cliente, consequência, dentre vários fatores, do não

cumprimento de prazos de entrega, indisponibilidade de atendimento das necessidades dos

clientes e paralisação do processo produtivo, em caso de matérias primas.

Custo de obsolescência do estoque

Em um mundo que está em constante mudança, os custos gerados pela obsolência de

materiais estocados afetam de forma cada vez mais significativa as empresas. Com a evolução

tecnológica, os produtos ficam obsoletos em um curto período de tempo, acarretando na

impossibilidade de recuperar o investimento realizado em estoque.

2.3.7. Cobertura de Estoque

Segundo Lustosa et al (2008) cobertura de estoque é o tempo médio de duração do estoque,

sem novas reposições. Por exemplo, o número de dias que o estoque médio pode suprir a

demanda média.

CO = ES

D

Onde:

CO = Cobertura

ES = Estoque médio do período

D = Demanda média do período

2.4. Nível de Serviço

O Nível de Serviço, na visão de Ballou (1993), é o resultado da qualidade, desempenho e

planejamento de uma empresa na oferta de produtos e serviços aos seus consumidores. Dentro

deste contexto, trata da eficiência, ou seja, da gestão estratégica de recursos com vistas à

satisfação dos clientes e sua consequente fidelização.

Gallmann e Belvedere (2010) explicam que o conceito de Nível de Serviço Logístico reúne

características associadas à agilidade, confiança e flexibilidade de entrega, bem como à

disponibilidade imediata de produtos e serviços, quando e onde o cliente desejar. Para estes

autores, garantir a disponibilidade de produtos aos clientes representa um desafio para as

organizações, o que demanda o pleno conhecimento das variáveis que possam influenciar

positivamente o nível de serviço sem a ocorrência de custos extras.

Conclui-se que o objetivo do Nível de Serviço Logístico, seja possibilitar ao cliente a

obtenção do produto/serviço certo, no local certo, no momento certo, nas condições certas e

ao custo certo, de modo a satisfazer às suas necessidades, exceder as suas expectativas e

conquistar a sua fidelidade (Shapiro; HESKETT, 1985).

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3. Metodologia

3.1. Descrição da Unidade de Análise

Este trabalho utiliza como abordagem metodológica o estudo de caso, que compreende um

histórico de investigação de um fenômeno, extraído de múltiplas fontes de evidência, de

natureza qualitativa ou quantitativa, tais como: observação, entrevistas, análise estrutural,

dentre outras (Barton, 1990).

O estudo do estoque foi realizado na BHz Peças, uma empresa comercial de médio porte, 50

funcionários, atuante no ramo de auto peças. Fundada em 1990 em Belo Horizonte-MG, a

empresa adota o modelo de negócio Business To Business e Business To Commerce.

A Bhz Peças faz uso um software próprio, no qual é realizado todos os procedimentos

logísticos entre os setores de estoque e vendas.

O foco do presente artigo foi analisar o comportamento de compras da BHz, o qual se

caracteriza por grandes lotes, comprados em períodos de promoção.

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Compras de alto volume, implicam em maior poder de barganha com o fornecedor, e

consequentemente são concedidos descontos na aquisição dos produtos. O valor desse

desconto varia de 5% a 10%, dependendo da quantidade comprada e do fornecedor do outro

lado da negociação.

O estudo foi realizado com o objetivo principal de apurar por meio de interpretações e

análises da gestão de estoques empregada, se a estratégia de compras em alto volume como

garantia de um nível de serviço elevado é de fato viável para a empresa.

4. Análise de dados

Diante de uma população de mais de 16.000 produtos, a linha escolhida para análise do

estoque foi a de Amortecedores Dianteiros, totalizando 221 itens.

A escolha da amostra deu-se por indicação do gestor que, com toda a experiência e

conhecimento do histórico de vendas, indicou o amortecedor como um bom parâmetro de

análise por ser o produto com maior giro de estoque.

4.1. Curva ABC

A gestão de compras da BHz Peças não direciona suas estratégias baseadas em uma

classificação de curva ABC. A tomada de decisões, no entanto, acontece de acordo com a

experiência de anos no mercado.

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A fim de estabelecer critérios para a análise, foi elaborada uma Curva ABC para os produtos

da linha de Amortecedores dianteiros.

Não há uma regra pré-determinada para classificar os itens em A, B, ou C, utiliza-se, no

entanto, a tabela a seguir como maior referência:

Tabela 1 – Classificação Referência ABC

Através da Classificação estabelecida pela curva ABC, tabulou-se os dados encontrando os

seguintes percentuais:

Tabela 2 – Classificação ABC

Grupo A: Representa 22,62% dos itens em estoque e 64,08% da arrecadação monetária;

Grupo B: Representa 28,05% dos itens e 24,35% da arrecadação monetária;

Grupo C: Representa 49,32% dos itens e 11,57% da arrecadação monetária.

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Fonte: Gráfico gerado por Excel

Gráfico 2 – Curva ABC

4.2. Análise de Produtos em Estoque

Do ponto de vista comercial, seria melhor ter todos os itens como maior estoque possível para

assegurar o atendimento da demanda do cliente. Entretanto esse desejo se contrapõe aos

aspectos financeiro de custeio do estoque.

Para verificar a situação atual da empresa, foram analisados os estoques anuais dos três

principais itens de cada classe (A, B, C) a fim de verificar a relação da quantidade de produtos

vendidos com a quantidade em estoque.

Tabela 3 - Análise do estoque

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Confirmando a estratégia de compras utilizada, observa-se que a quantidade de itens que

ficam em estoque após contabilizar todas as vendas anuais, corresponde a altas parcelas do

total do estoque adquirido.

Dados obtidos: “Os itens em estoque representam:”

62,36% do total das compras anuais da classe A;

51,23% do total de compras anuais da classe B;

15,02% do total de compras anuais da classe C;

4.3. Cobertura de Estoque

A partir da análise, observa-se que o tempo gasto para que a demanda consuma todos os

produtos mantidos em estoque é muito elevado, podendo ser um fator de risco, caso não haja

um planejamento de ressuprimento de forma adequada, pois a tendência é que o estoque se

acumule a medida que novas compras são feitas.

Tabela 4 - Cobertura de estoque

Os resultados obtidos mostram-se contrários do esperado que seriam índices baixos,

indicando um melhor desempenho empresarial, e consequentemente, uma recuperação do

capital de forma mais rápida.

4.4. Estoque de Segurança

Ainda sobre os três principais itens de cada classe (A, B, C), foi realizado o cálculo do

estoque de segurança ideal para cada amortecedor.

O fator K de segurança utilizado, foi estabelecido consensualmente com o gestor, em um

valor de 0,2 para itens A, 0,15 para itens B e 0,10 para itens C. A ideia é manter em estoque

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uma margem de 20%, 15% e 10% acima da quantidade prevista para cobrir possíveis

oscilações inesperadas na demanda.

Tabela 5 – Estoque de Segurança

4.5. Ponto de Pedido

Com o lead time médio dos fornecedores girando em torno de 3 dias, demanda anual e

estoque de segurança previamente calculados, obtêm-se o os pontos de pedido ideais para

cada amortecedor. Tomando como base os seguintes valores calculados, a disponibilidade de

estoque mantem-se sempre alinhada as necessidades dos clientes.

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Tabela 6 – Ponto de Pedido

4.6. Lote Econômico de Compras

Para obter informações a respeito do lote de compras e giro de estoque, calculou-se o LEC.

O custo de armazenagem utilizado, fornecido pelo gestor, foi no valor de R$1,00 anual,

enquanto o custo do pedido usado, foi de R$95,62, baseado nas horas-homem necessárias pala

efetuar cada pedido. Assim, calculou-se o LEC para os diferentes tipos de amortecedores

dianteiros.

A tabela abaixo foi elaborada para facilitar a comparação do cenário atual com o calculado.

Nota-se que para os itens A e B, o LEC indica a necessidade de redução na quantidade

comprada, enquanto para os itens C, solicita aumento no lote.

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Tabela 7 - LEC

Comparando o LEC calculado com as compras realizadas pela empresa, pode-se perceber a

disparidade de valores, que é justificada pela estratégia inicial adotada pelo gestor, de comprar

grandes volumes com vantagens no custo.

5. Considerações finais

A gestão de estoques é um indicador que exige uma visão global de todo o processo, e para

tal, é necessária a utilização e monitoramento constante das ferramentas de estoque utilizadas

no presente estudo.

A análise da reposição de estoque da BHZ Peças, evidencia a estratégia de compras adotada

pelo gestor, que se baseia em grandes lotes de pedido, realizados com baixa frequência no

decorrer do ano. A consequência disso, como pode-se observar, é o acumulo de uma

quantidade desnecessária de estoque.

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Verifica-se portanto, que a estratégia utilizada resume-se em dois pontos. O primeiro consiste

em comprar grandes volumes e, graças ao desconto concedido, reduzir os custos relacionados

com a aquisição de mercadorias. O segundo, tem um viés mais comercial, que pode ser

observado a partir da análise de cobertura do estoque, na qual observa-se que a empresa

mantém armazenada uma quantidade de produtos que exigiria um período muito longo de

tempo para ser totalmente consumido pela demanda. Isso ocorre devido a grande preocupação

do empresário com um atendimento imediato dos clientes, mesmo que essa decisão possa

ocasionar na elevação dos custos relacionados a manutenção de estoque, como a

obsolescência dos produtos armazenados.

Vale ressaltar que a decisão sobre a reposição do estoque pode acarretar em importantes

ganhos ou em perdas inesperadas para a organização. Manter o foco no melhor atendimento

ao cliente e na consequente maximização dos lucros é essencial para a manutenção da

empresa no mercado frente a seus concorrentes.

Conclui-se de maneira geral, que a redução do lote atual para o valor proposto pelos cálculos,

implicaria na diminuição significativa dos custos com estoque, sem prejudicar o nível de

serviço oferecido aos clientes.

6. Referências

BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento, organização e logística

empresarial. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/ Logística Empresarial. 5 ed. Porto Alegre:

Bookman, 2006.

CHIAVENATO, I. Administração financeira: uma abordagem introdutoria. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

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