decisao_16561720180201357

14
S1C4T2 Fl. 1.378 1 1.377 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16561.720180/201357 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1402002.123 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 1 de março de 2016 Matéria IRPJ SUBVENÇÕES DE CUSTEIO/INVESTIMENTO Recorrentes HYPERMARCAS S/A FAZENDA NACIONAL ASSUNTO:IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. PROGRAMA FOMENTAR. LEI ESTADUAL DE GOIÁS N. 13.436/98. ACUSAÇÃO FISCAL DEFICIENTE. No presente caso, ao invés de aprofundar a investigação sobre a ação do subvencionado, a fiscalização preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configuração legal. Contudo, a lei estadual promotora do incentivo sob análise foi textual na sua intenção de ampliação e/ou modernização de parque industrial incentivado numa etapa anterior do necessário o casamento entre o momento da aplicação do recurso e o gozo do benefício, ou seja, o "dinheiro não precisa ser carimbado". A "segunda etapa" do programa FOMENTAR tem na verdade natureza jurídica diversa do programa, e se enquadra na chamada subvenção para investimento. Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado à consecução do objetivo final do programa, ficará caracterizada a natureza de subvenção para custeio do excesso não utilizado e, neste momento, ficará consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributação. Destarte, é possível que a empresa autuada não esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso não foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusação fiscal TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS. Aplicase à tributação reflexa idêntica solução dada ao lançamento principal em face da estreita relação de causa e efeito. Ademais, considerada a subvenção como de investimento, o valor não integrará a receita do contribuinte para fins de incidência das referidas contribuições sobre tal grandeza. ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO 16561.720180/2013-57 Fl. 1378 DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓPIA Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2 016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

Upload: caio-vinicius-araujo-de-souza

Post on 07-Jul-2016

4 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

subvenção para investimento 40

TRANSCRIPT

  • S1C4T2Fl.1.378

    1

    1.377S1C4T2 MINISTRIODAFAZENDA

    CONSELHOADMINISTRATIVODERECURSOSFISCAISPRIMEIRASEODEJULGAMENTO

    Processon 16561.720180/201357

    Recurson DeOfcioeVoluntrio

    Acrdon 1402002.1234Cmara/2TurmaOrdinriaSessode 1demarode2016

    Matria IRPJSUBVENESDECUSTEIO/INVESTIMENTO

    Recorrentes HYPERMARCASS/A

    FAZENDANACIONAL

    ASSUNTO:IMPOSTOSOBREARENDADEPESSOAJURDICAIRPJAnocalendrio:2007,2008,2009SUBVENOPARAINVESTIMENTO.PROGRAMAFOMENTAR.LEIESTADUAL DE GOIS N. 13.436/98. ACUSAO FISCALDEFICIENTE.No presente caso, ao invs de aprofundar a investigao sobre a ao dosubvencionado,a fiscalizaopreferiudesqualificar anaturezado incentivofiscal apenas com base na sua configurao legal. Contudo, a lei estadualpromotoradoincentivosobanlisefoitextualnasuaintenodeampliaoe/oumodernizaodeparque industrial incentivadonumaetapaanteriordonecessrioocasamentoentreomomentodaaplicaodorecursoeogozodobenefcio,ouseja,o"dinheironoprecisasercarimbado".A "segunda etapa" do programa FOMENTAR tem na verdade naturezajurdica diversa do programa, e se enquadra na chamada subveno parainvestimento.Entretanto,algumcontroleprecisaserfeitoporqueseaofinaldoprazoconcedidoficarcomprovadoquenemtodoomontanterecebidofoiaplicado em investimento destinado consecuo do objetivo final doprograma, ficar caracterizada a natureza de subveno para custeio doexcesso no utilizado e, neste momento, ficar consubstanciada adisponibilidadedarendaparaefeitosdasuatributao.Destarte, possvel que a empresa autuada no esteja mesmo fazendo odevido controle dos recursos obtidos. Mas, isso no foi devidamenteinvestigadonemseconfiguroucomooobjetodaacusaofiscalTRIBUTAOREFLEXA.CSLL.PIS.COFINS.Aplicasetributaoreflexaidnticasoluodadaaolanamentoprincipalem face da estreita relao de causa e efeito. Ademais, considerada asubveno como de investimento, o valor no integrar a receita docontribuinte para fins de incidncia das referidas contribuies sobre talgrandeza.

    ACRD

    O GER

    ADO NO

    PGD-C

    ARF PR

    OCESSO

    16561.7

    20180/2

    013-57

    Fl. 1378DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

    16561.720180/2013-57 1402-002.123 PRIMEIRA SEO DE JULGAMENTO De Ofcio e Voluntrio Acrdo 4 Cmara / 2 Turma Ordinria 01/03/2016 IRPJ - SUBVENES DE CUSTEIO/INVESTIMENTO HYPERMARCAS S/A FAZENDA NACIONAL RO Negado e RV Provido Crdito Tributrio Exonerado CARF Demetrius Nichele Macei 2.0.4 14020021232016CARF1402ACC Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurdica - IRPJ Ano-calendrio: 2007, 2008, 2009 SUBVENO PARA INVESTIMENTO. PROGRAMA FOMENTAR. LEI ESTADUAL DE GOIS N. 13.436/98. ACUSAO FISCAL DEFICIENTE. No presente caso, ao invs de aprofundar a investigao sobre a ao do subvencionado, a fiscalizao preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configurao legal. Contudo, a lei estadual promotora do incentivo sob anlise foi textual na sua inteno de ampliao e/ou modernizao de parque industrial incentivado numa etapa anterior do necessrio o casamento entre o momento da aplicao do recurso e o gozo do benefcio, ou seja, o "dinheiro no precisa ser carimbado". A "segunda etapa" do programa FOMENTAR tem na verdade natureza jurdica diversa do programa, e se enquadra na chamada subveno para investimento. Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado consecuo do objetivo final do programa, ficar caracterizada a natureza de subveno para custeio do excesso no utilizado e, neste momento, ficar consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributao. Destarte, possvel que a empresa autuada no esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso no foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusao fiscal TRIBUTAO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS. Aplica-se tributao reflexa idntica soluo dada ao lanamento principal em face da estreita relao de causa e efeito. Ademais, considerada a subveno como de investimento, o valor no integrar a receita do contribuinte para fins de incidncia das referidas contribuies sobre tal grandeza. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofcio e dar provimento ao recurso voluntrio, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Declarou impedimento o conselheiro Paulo Mateus Ciccone. LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. DEMETRIUS NICHELE MACEI - Relator. Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Leonardo Luis Pagano Gonalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei, e Leonardo de Andrade Couto. Trata o presente processo de auto de infrao pelo qual foram lanados crditos tributrios do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurdica (IRPJ) e da Contribuio Social sobre o Lucro Lquido (CSLL), bem como das Contribuies da Cofins e do Pis, referentes aos anos-calendrio de 2007 a 2009, acrescido de multa de ofcio qualificada e juros de mora.

    As infraes em questo foram apuradas na empresa LABORATRIO NEO QUMICA Comrcio e Indstria S/A, incorporada pela fiscalizada em 31 de dezembro de 2009. De acordo com a autoridade fiscal, a empresa fiscalizada foi autuada em decorrncia do exame das operaes referentes aos benefcios fiscais de crdito outorgado de ICMS, cujos valores no foram oferecidos tributao do IRPJ, CSLL e PIS/COFINS.

    Consignou a fiscalizao que a Recorrente excluiu da base de clculo os crditos decorrentes do programa FOMENTAR (Fundo de Participao e Fomento industrializao) do Estado do Gois, sob o argumento de que se trataria de subveno para investimento, e no subveno para custeio consoante preconizado pela autoridade tributria.

    Narra ainda que as receitas de subveno foram contabilizadas como receitas de subveno para investimento.

    A Delegacia de Julgamento em Ribeiro Preto/SP julgou parcialmente procedente a impugnao apresentada pela Recorrente, restando assim ementada a referida deciso, verbis:"Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurdica - IRPJ Ano-calendrio: 2007, 2008, 2009 NULIDADE. INOCORRNCIA.So considerados nulos somente atos e termos lavrados por pessoa incompetente e despachos e decises proferidos por autoridade incompetente ou com preterio do direito de defesa, nos termos do art. 59, incisos I e II, do Decreto n 70.235, de 1972, hipteses cuja ocorrncia no restou comprovada, sobretudo tendo em conta que os autos de infrao e seus anexos foram formalizados com observncia dos requisitos do art. 142 do CTN, bem como do disciplinamento do Processo Administrativo Fiscal, permitindo ao contribuinte a perfeita compreenso das infraes que lhe foram imputadas, tanto que delas se defendeu de forma detalhada.CRDITO TRIBUTRIO. LIQUIDEZ E CERTEZA. certo e lquido o crdito tributrio cujos fatos geradores foram precisamente identificados pela Fiscalizao com base na escriturao contbil da contribuinte e na realidade ftica apurada.SUBVENO PARA INVESTIMENTOS. PROGRAMA FOMENTAR. INEXISTNCIA DE VINCULAO. DESCARACTERIZAO. Os valores contabilizados a ttulo de descontos na quitao de dvidas contradas no mbito do Programa FOMENTAR que no possuam vinculao com a aplicao especfica dos recursos em bens ou direitos referentes implantao ou expanso de empreendimento econmico no se caracterizam como subveno para investimentos, devendo ser computados na determinao do lucro real. Os recursos fornecidos s pessoas jurdicas pela Administrao Pblica, quando no atrelados ao investimento na implantao ou expanso do empreendimento projetado, constituem estmulo fiscal que se reveste das caractersticas prprias das subvenes para custeio, no se confundindo com as subvenes para investimento, e devem ser computados no lucro operacional das pessoas jurdicas, sujeitando-se, portanto, incidncia do imposto sobre a renda.

    DOAO E SUBVENO.Em Direito Pblico, doao e subveno no so conceitos que se confundem. Os dois institutos so regidos por normas diferentes e so institudos por procedimentos que lhes so prprios.SUBVENO PARA CUSTEIO OU PARA OPERAO. As subvenes para custeio ou para operao constituem receitas tributadas pelo Pis e pela Cofins e que integram a apurao do lucro real e da base de clculo da CSLL.MULTA DE OFCIO. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. A incorporadora responde pelo pagamento da multa de ofcio exigida em autos de infrao de versam sobre tributos originalmente devidos pela incorporada, mesmo que a constituio do crdito tributrio tenha ocorrido aps o evento sucessrio.

    JUROS SOBRE MULTA DE OFCIO.Sobre a multa de ofcio no paga no vencimento incidem juros de mora.

    TRIBUTAO REFLEXA. PIS. COFINS. CSLL.Em se tratando de exigncias reflexas de tributos e contribuies que tm por base os mesmos fatos que ensejaram o lanamento do imposto de renda, a deciso de mrito prolatada no principal constitui prejulgado na deciso dos decorrentes.Assunto: Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social - CofinsData do fato gerador: 31/12/2007, 30/06/2008, 31/12/2008, 31/07/2009, 31/12/2009

    PROGRAMA FOMENTAR. QUITAO ANTECIPADA.O desconto obtido pela empresa quando da quitao antecipada do financiamento concedido no mbito do programa Fomentar, benefcio fiscal concedido pelo Estado de Gois, no receita financeira, mas subveno para custeio. Com isso, a receita auferida tributada pelo PIS e pela Cofins.

    Assunto: Contribuio para o PIS/PasepData do fato gerador: 31/12/2007, 30/06/2008, 31/12/2008, 31/07/2009, 31/12/2009

    PROGRAMA FOMENTAR. QUITAO ANTECIPADA.O desconto obtido pela empresa quando da quitao antecipada do financiamento concedido no mbito do programa Fomentar, benefcio fiscal concedido pelo Estado de Gois, no receita financeira, mas subveno para custeio. Com isso, a receita auferida tributada pelo PIS e pela Cofins.

    Acrdo:

    Acordam os membros da 13a Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a impugnao oferecida contra os autos de infrao objeto do processo administrativo em epgrafe e manter em parte o crdito tributrio exigido, afastando a multa de ofcio de 150%, mantendo-a no patamar de 75%, e excluindo os seguintes tributos, por decurso do prazo decadencial:IRPJ e CSLL - PA 31/12/2007;Pis e Cofins - PA 12/2007 e 06/2008."

    Insatisfeito com a deciso prolatada, o contribuinte interps recurso voluntrio ao CARF, aduzindo os mesmos argumentos apresentados em sua impugnao, ou seja:

    motivao equivocada constante do TVF;

    diferenas entre os benefcios institudos pelo "fomentar" e o "leilo";

    inexigibilidade de estrita correspondncia entre o benefcio e o investimento;

    possibilidade de utilizao do capital de giro para investimento;

    distines entre subveno de custeio e subveno de investimento e tratamento tributrio;

    no incidncia tributria sobre subvenes e doaes de entes pblicos;

    impossibilidade de tributao de receitas financeiras pelo Pis/Cofins no regime da no-cumulatividade;

    impossibilidade de sucesso das multas em razo da incorporao da Neo Qumica;

    ilegalidade da cobrana de juros sobre a multa.

    10) por fim, requer o cancelamento integral dos autos deinfrao do presente processo administrativo fiscal.

    Da parcela em que a Fazenda Nacional restou vencida, ou seja, a reduo da multa qualificada de 150 para 75% e o reconhecimento da decadncia dos fatos geradores compreendidos entre 2007 e junho/2008, a DRJ recorreu de ofcio a este Conselho.

    o relatrio.

    Conselheiro Demetrius Nichele Macei O recurso voluntrio tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento.

    - O CERNE DA QUESTO

    Toda a controvrsia gira em torno de um ponto fundamental: o entendimento a respeito de ser o programa FOMENTAR enquadrvel ou no como subveno de custeio (que compe a base de clculo dos tributos em questo) ou subveno de investimento, que no compe.

    O entendimento da Receita Federal do Brasil sobre as subvenes para investimento foi externado por meio do Parecer Normativo Cosit n 112/78, nos seguintes termos:

    II - SUBVENES PARA INVESTIMENTO so as que apresentam as seguintes caractersticas:

    a) a inteno do subvencionador de destin-las para investimento;

    b) efetiva e especfica aplicao da subveno, pelo beneficirio, nos investimentos previstos na implantao ou expanso do empreendimento econmico projetado; e

    c) o beneficirio da subveno ser a pessoa jurdica titular do empreendimento econmico.

    Especificamente sobre o programa FOMENTAR, a Cosit, na Deciso n 4, de 21/06/1999, em resposta a consulta formulada pela Confederao Nacional das Indstrias (CNI), da qual a contribuinte parte, posicionou-se pela tributao das subvenes:

    Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurdica - IRPJ

    Ementa: LUCRO REAL. SUBVENES PARA INVESTIMENTO.

    Os aportes financeiros obtidos mediante o financiamento do valor devido a ttulo de ICMS, ainda que incentivados por juros subsidiados e dispensa total ou parcial da correo monetria, no caracterizam a Subveno para Investimento e, portanto, sero computados na determinao do Lucro Real.

    Dispositivos Legais: art. 391, inciso I do RIR/1994, atual art. 443, inciso I do RIR/1999, PN CST 02/1978 e PN CST 112/1978.(...)

    43. De todo o exposto, conclui-se pela descaracterizao dos benefcios concedidos no mbito do projeto FOMENTAR como subveno para investimentos, relativamente aos valores financiados.

    Ainda segundo os Auditores-Fiscais, a Primeira Clusula do Instrumento Particular de financiamento mediante Abertura de Crdito e Outras Avenas, fornecido pela interessada, dispe que o benefcio destina-se ao reforo do capital de giro, no realizao de investimentos, ainda que o reforo tenha sido necessrio em funo de investimento realizado em projetos de ampliao da capacidade produtiva

    O benefcio utilizado pelo contribuinte totalizou R$ 39.112.701,73, conforme tabela abaixo:

    - AS PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO

    O primeiro detalhe que passa a distanciar o caso concreto do entendimento da RFB que o programa de incentivos, historicamente, desenvolveu-se em duas etapas: a primeira, mediante financiamento de 70% do valor do ICMS devido em suas operaes, em at vinte anos, com condies vantajosas de juros e correo monetria; a segunda, mediante descontos de at 89% na quitao antecipada, em operaes de oferta pblica feitas por meio de leiles, dos impostos anteriormente financiados. justamente nesta segunda etapa que se foca a discusso sobre a natureza da subveno, se para investimento ou custeio, porque foi sobre os valores dos descontos obtidos com operaes de quitao antecipada que se basearam as autuaes efetuadas pela fiscalizao.

    Para melhor compreenso dos contornos do incentivo fiscal concedido nesta segunda etapa, convm reproduzir o contedo de sua base legal, o artigo 1, e seus 1 e 2, da Lei n 13.436/98 do Estado de Gois, j com suas alteraes em vigor poca dos fatos.

    Art. 1 Os contratos de financiamento com recursos do Fundo de Participao e Fomento Industrializao do Estado de Gois FOMENTAR - podero ser, mensalmente, objeto de oferta pblica com vistas sua liquidao antecipada, observando-se as disposies regulamentares e; ainda, as seguintes condies:(...) 1 A pessoa jurdica titular de estabelecimento beneficirio do incentivo do Fundo de Participao e Fomento Industrializao do Estado de Gois - FOMENTAR, aplicar o montante equivalente ao desconto obtido com a quitao antecipada do contrato de financiamento firmado com o mesmo Fundo, representado por seu agente financeiro, nos termos deste artigo, na ampliao e/ou na modernizao do seu parque industrial incentivado dentro do prazo mximo de 20 (vinte) anos, a contar da data da realizao do leilo respectivo.

    2 O montante a que se refere o 1 considerado subveno para investimento, podendo ser incorporado ao capital social da pessoa jurdica titular do estabelecimento beneficirio do incentivo ali mencionado ou mantido em conta de reserva para futuros aumentos de capital, vedada sua destinao para distribuio de dividendos ou qualquer outra parcela a ttulo de lucro. (grifei)

    Portanto, a lei estadual imps a obrigatoriedade de a empresa aplicar o montante equivalente aos descontos obtidos com a quitao antecipada do financiamento na ampliao e/ou modernizao de seu parque industrial incentivado (na 1a etapa) dentro de vinte anos a contar da data da realizao dos leiles respectivos (2a etapa).

    Alm disso, a mesma lei tratou de enquadrar o incentivo (da 2a etapa) no conceito de subveno para investimento e determinar a incorporao da contrapartida do montante beneficiado ao capital social ou sua contabilizao como reserva de lucro, bem como vedar sua destinao para distribuio de dividendos ou qualquer outra parcela a ttulo de lucro.

    Como se v, a lei estadual pretendeu sinalizar que o incentivo atenderia as condies impostas na lei do imposto de renda para que o mesmo fosse considerado no tributvel.

    O problema que, como corretamente atestado pela autoridade julgadora da instncia a quo, cabe Unio Federal, por meio de seus rgos competentes, examinar os efeitos de lei estadual na determinao e exigncia de tributos federais. O fato de a lei estadual enquadrar seu incentivo fiscal como subveno para investimento no vincula os rgos federais na subsuno dos fatos ao contexto normativo da legislao tributria federal.

    E este o efeito atribudo pela fiscalizao ao citado Parecer Cosit 112/78 e Deciso Cosit nr. 4/99, mencionados anteriormente.

    Portanto, a concluso do atos normativos no sentido de que as subvenes para investimento, para os fins de enquadramento na hiptese de no incidncia veiculada no 2 do artigo 38 do Decreto-Lei n 1.598/77, sejam caracterizadas por trs aspectos bastante claros: (i) a inteno do subvencionador de destin-las para investimento; (ii) a efetiva e especfica aplicao da subveno, pelo beneficirio, nos investimentos previstos na implantao ou expanso do empreendimento econmico projetado; e (iii) o beneficirio da subveno ser a pessoa jurdica titular do empreendimento econmico. Alm disso, o Parecer esclarece que exige-se perfeita sincronia da (i) inteno do subvencionador com a (ii) ao do subvencionado. Ademais, no basta o (i) "animus" de subvencionar, mas, tambm, (ii) a efetiva e especfica aplicao da subveno.

    Ora, como bem interpretado pelo Parecer acima transcrito, a verificao do estmulo implantao ou expanso de empreendimentos econmicos exige no s a inteno do subvencionador, mas, tambm, a ao do subvencionado no sentido de promover a efetiva e especfica aplicao do recurso na consecuo do objetivo traado. No se exige, todavia, que o objetivo final seja alcanado, qual seja, que os empreendimentos econmicos tenham sido implantados ou expandidos. Mas, que a completude do estmulo seja garantida. Em outras palavras, s se verificar a efetividade do estmulo se o dinheiro for aplicado na consecuo do objetivo final.

    Neste sentido, o contribuinte procurou demonstrar, desde sua impugnao, que efetivamente investiu em seu ativo imobilizado, antes mesmo do prazo estipulado pelo fisco estadual, de 20 anos. Tal comprovao se deu por meio das demonstraes financeiras da empresa, onde aponta a adio de 102 milhoes de reais no ano de 2012 (fls. 13 da deciso DRJ).

    Nada obstante, no presente caso, a fiscalizao agiu de forma diferente. Ao invs de aprofundar a investigao sobre a ao do subvencionado, preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configurao legal.

    Neste sentido, analisou os termos do contrato e aditivos celebrados no mbito da primeira etapa do programa de incentivos (o financiamento de 70% do valor do ICMS devido) para concluir que o citado contrato e aditivos declaram explicitamente a destinao do benefcio como reforo do capital de giro do contribuinte e no realizao de investimento, ainda que o reforo tenha sido necessrio em funo de investimento realizado em projetos em decorrncia da implantao de unidade industrial.

    Nesse ponto, bom lembrar que a discusso neste processo focada na segunda etapa do programa porque foi sobre os valores dos descontos obtidos com operaes de quitao antecipada que se basearam as autuaes efetuadas pela fiscalizao. Ento, de nada adianta argumentar que os recursos da primeira etapa poderiam ser utilizados como reforo do capital de giro. O que importa saber como foram utilizados os recursos da segunda etapa, ou seja, os valores equivalentes aos descontos obtidos nas operaes de oferta pblica feitas por meio de leiles. Sobre isso, no h qualquer meno, nem nos termos de intimao, nem na descrio dos fatos que acompanharam os autos de infrao.

    Nunca por demais lembrar que a lei estadual imps a obrigatoriedade de a empresa aplicar o montante equivalente aos descontos obtidos com a quitao antecipada do financiamento (1a etapa) na ampliao e/ou modernizao de seu parque industrial incentivado (na 1a etapa) dentro de vinte anos a contar da data da realizao dos leiles respectivos (2a etapa).

    Mais adiante segue quadro ilustrativo que demonstra melhor o tema. So fundamentos legais diferentes, regimes juridicos diferentes, e portanto, devem ser tratados separadamente. Vejamos:

    Portanto, o requisito da inteno do subvencionador foi cumprido. Faltou verificar o requisito da ao do subordinado. certo que com um prazo de vinte anos para a consecuo do objetivo final do programa, a empresa dispe de um bom tempo para iniciar os investimentos necessrios. Neste sentido, sensata a observao da autoridade fiscal sobre a necessidade de existir algum tipo de prestao de contas. Mas, se a legislao estadual no a criou, isso no significa que a empresa, para fins de usufruir o benefcio institudo na lei federal, no possa faz-lo. No necessrio o casamento entre o momento da aplicao do recurso e o gozo do benefcio, ou seja, o "dinheiro no precisa ser carimbado". Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado consecuo do objetivo final do programa, ficar caracterizada a natureza de subveno para custeio.Aqui ento surge a principal peculiaridade do caso concreto. Este controle, ou os valores investidos, no foram sequer verificados ou investigados. Por essa razo o lanamento fiscal est defeituoso.

    Neste sentido, j decidiu recentemente a 2a Turma ordinria, da 1a turma ordinria deste Colegiado. Vejamos:

    "Recurso nVoluntrioAcrdo n1102-001.203Sesso de24 de setembro de 2014MatriaIRPJ. Glosa de excluso de subveno. Insuficincia de PIS e COFINS.RecorrenteGOIS MINAS INDSTRIA DE LATICNIOS LTDARecorridaFAZENDA NACIONAL

    Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurdica - IRPJAno-calendrio: 2008, 2009, 2010

    SUBVENES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS.As subvenes para investimento, para os fins de enquadramento na hiptese de no incidncia veiculada no 2 do artigo 38 do Decreto-Lei n 1.598/77, so caracterizadas por trs aspectos bastante claros: (i) a inteno do subvencionador de destin-las para investimento; (ii) a efetiva e especfica aplicao da subveno, pelo beneficirio, nos investimentos previstos na implantao ou expanso do empreendimento econmico projetado; e (iii) o beneficirio da subveno ser a pessoa jurdica titular do empreendimento econmico. Exige-se perfeita sincronia da inteno do subvencionador com a ao do subvencionado. No basta o "animus" de subvencionar, mas, tambm, a efetiva e especfica aplicao da subveno. Os recursos transferidos podem at, num primeiro momento, oxigenar o capital de giro da empresa. Contudo, em algum momento futuro, o investimento para a implantao ou expanso dos empreendimentos econmicos ter que ser efetuado. No se exige, todavia, que o objetivo final seja alcanado, qual seja, que os empreendimentos econmicos tenham sido implantados ou expandidos. Mas, que a completude do estmulo seja garantida. Em outras palavras, s se verificar a efetividade do estmulo se o dinheiro for aplicado na consecuo do objetivo final.

    SUBVENO PARA INVESTIMENTO. ACUSAO FISCALDEFICIENTE.No presente caso, ao invs de aprofundar a investigao sobre a ao do subvencionado, a fiscalizao preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configurao legal. Contudo, a lei estadual promotora do incentivo sob anlise foi textual na sua inteno de ampliao e/ou modernizao de parque industrial incentivado numa etapa anterior do necessrio o casamento entre o momento da aplicao do recurso e o gozo do benefcio, ou seja, o "dinheiro no precisa ser carimbado". Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado consecuo do objetivo final do programa, ficar caracterizada a natureza de subveno para custeio do excesso no utilizado e, neste momento, ficar consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributao. Destarte, possvel que a empresa autuada no esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso no foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusao fiscal.

    PIS. COFINS. SUBVENES PARA INVESTIMENTO. RTT.Uma vez afastada a premissa de que os descontos recebidos tratar-se-iam de subvenes para custeio, de se notar que a norma veiculada pelo artigo 21, I, c/c o artigo 18, da Lei n 11.941/09, categrica ao afastar, no mbito do RTT, as subvenes para investimento do escopo da tributao do PIS e da COFINS.

    Recurso Voluntrio Provido

    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Acompanhou o relator pelas concluses o conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho".

    Me parece perfeitamente aplicvel ao caso concreto o precedente acima, mormente pelo fato de que o contribuinte alegou e comprovou que efetuou investimentos mais do que suficientes para desqualificar a subveno como sendo simplesmente de custeio. Mesmo assim, tal fato no foi investigado, muito menos negado, pela fiscalizao.

    Se o contribuinte no tivesse apresentado nada neste sentido, ou nao tivesse realizado qualquer investimento - que no me parece ser o caso - ainda assim entendo que haveria falha na apurao dos fatos, pois em tese, o contribuinte teria, de acordo com a legislao estadual, 20 anos para realizar o investimento, e estaria amparada pelo artigo 116 do CTN:

    Art. 116. Salvo disposio de lei em contrrio, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:(...)II - tratando-se de situao jurdica, desde o momento em que esteja definitivamente constituda, nos termos de direito aplicvel.

    Destarte, possvel que a empresa autuada no esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso no foi devidamente investigado e nem configurou como o objeto da acusao fiscal.

    - QUANTO AO RECURSO DE OFCIO

    Neste item, verifica-se que houve extino do crdito tributrio relativo ao ano-calendrio 2007 em razo do decurso do prazo decadencial previsto no 4 do artigo 150 do CTN.

    Isto porque a cincia das autuaes se deu em 13/12/2013 e h tributos exigidos, sujeitos ao lanamento por homologao, que se referem ao perodo de 2007.

    Portanto trata-se de questo de ordem pblica e corretamente aplicada a legislao pela Delegacia de Julgamento.

    O mesmo ocorre em relao a no ocorrncia de fraude, dolo ou simulao o que torna descabida, tambm, a multa qualificada de 150%. Isto porque o contribuinte valeu-se da legislao estadual vigente, bem como registrou todas as operaes e valores nos seus documentos contbeis e fiscais, e tais valores em momento algum foram questionados pela fiscalizao.

    Tratou-se portanto to somente de divergncia de interpretao da legislao em vigor.

    - CONCLUSES

    1) A "segunda etapa" do programa FOMENTAR tem na verdade natureza jurdica diversa do programa, e se enquadra na chamada subveno para investimento, nos termos da legislao federal o que, portanto, possibilita a excluso dos valores subvencionados da base de clculo do IRPJ e CSLL, bem como no integram a receita tributvel para fins de recolhimento de PIS e COFINS.

    2) Mesmo que no seja exigido pelo fisco estadual, o contribuinte deve controlar os valores recebidos versus investimentos realizados para fins de demonstrao no mbito federal, mas isto sequer foi objeto da fiscalizao federal e todas as afirmaes reiteradamente apontadas pelo contribuinte no foram em nenhum momento questionadas pelo fisco, seja para dizer que eram ou que no eram suficientes para tanto;

    3) Em tese, os investimentos declarados e escriturados pelo contribuinte no seu ativo, na ordem de 102 milhes de reais, podem no ser diretamente relacionados s subvenes recebidas, mas o fisco em nenhum momento negou que o fossem. Por outro lado, como o dinheiro no "carimbado" tambm seria igualmente incorreto dizer o contrrio. Quer dizer, se o contribuinte demonstrou que aplicou valores muito superiores ao capital recebido, justo e razovel admitir que nestes valores esto efetivamente includos a.

    4) Se por hiptese admitirmos que no houve o devido investimento, o contribuinte tambm em tese teria mais de 10 anos para realiz-lo, e assim aplicvel o inciso II do artigo 116 do CTN, afastando a pretenso fiscal;

    Diante do exposto, dou provimento ao recurso voluntrio e nego provimento ao recurso de ofcio, cancelando portanto a totalidade da exigncia fiscal.

    o meu voto.

    Demetrius Nichele Macei - Relator

  • 2

    Vistos,relatadosediscutidosospresentesautos.

    Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negarprovimento ao recurso de ofcio e dar provimento ao recurso voluntrio, nos termos dorelatorioevotosqueintegramopresentejulgado.DeclarouimpedimentooconselheiroPauloMateusCiccone.

    LEONARDODEANDRADECOUTOPresidente.

    DEMETRIUSNICHELEMACEIRelator.

    Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Frederico AugustoGomes de Alencar, Leonardo Luis Pagano Gonalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto,DemetriusNicheleMacei,eLeonardodeAndradeCouto.

    Relatrio

    TrataopresenteprocessodeautodeinfraopeloqualforamlanadoscrditostributriosdoImpostosobreaRendadaPessoaJurdica(IRPJ)edaContribuioSocialsobreoLucroLquido(CSLL),bemcomodasContribuiesdaCofinsedoPis,referentesaosanoscalendriode2007a2009,acrescidodemultadeofcioqualificadaejurosdemora. As infraes em questo foram apuradas na empresa LABORATRIO NEOQUMICA Comrcio e Indstria S/A, incorporada pela fiscalizada em 31 de dezembro de2009.Deacordocomaautoridadefiscal,aempresafiscalizadafoiautuadaemdecorrnciadoexame das operaes referentes aos benefcios fiscais de crdito outorgado de ICMS, cujosvaloresnoforamoferecidostributaodoIRPJ,CSLLePIS/COFINS. ConsignouafiscalizaoqueaRecorrenteexcluiudabasedeclculooscrditosdecorrentesdoprogramaFOMENTAR(FundodeParticipaoeFomento industrializao)doEstadodoGois,soboargumentodequesetratariadesubvenoparainvestimento,enosubvenoparacusteioconsoantepreconizadopelaautoridadetributria. Narraaindaqueasreceitasdesubvenoforamcontabilizadascomoreceitasdesubvenoparainvestimento. A Delegacia de Julgamento em Ribeiro Preto/SP julgou parcialmenteprocedente a impugnao apresentada pela Recorrente, restando assim ementada a referidadeciso,verbis:

    Fl. 1379DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • Processon16561.720180/201357Acrdon.1402002.123

    S1C4T2Fl.1.379

    3

    "ASSUNTO: IMPOSTO SOBREARENDADEPESSOAJURDICA IRPJAnocalendrio:2007,2008,2009NULIDADE.INOCORRNCIA.So considerados nulos somente atos e termos lavrados por pessoaincompetente e despachos e decises proferidos por autoridadeincompetenteoucompreteriododireitodedefesa,nos termosdoart.59, incisos I e II, do Decreto n 70.235, de 1972, hipteses cujaocorrncia no restou comprovada, sobretudo tendo em conta que osautosdeinfraoeseusanexosforamformalizadoscomobservnciadosrequisitosdoart.142doCTN,bemcomododisciplinamentodoProcessoAdministrativoFiscal,permitindoaocontribuinteaperfeitacompreensodas infraes que lhe foram imputadas, tanto que delas se defendeu deformadetalhada.CRDITO TRIBUTRIO. LIQUIDEZ E CERTEZA. certo e lquido ocrditotributriocujosfatosgeradoresforamprecisamenteidentificadospelaFiscalizaocombasenaescrituraocontbildacontribuinteenarealidadefticaapurada.SUBVENO PARA INVESTIMENTOS. PROGRAMA FOMENTAR.INEXISTNCIA DE VINCULAO. DESCARACTERIZAO. Osvalores contabilizados a ttulo de descontos na quitao de dvidascontradas no mbito do Programa FOMENTAR que no possuamvinculaocomaaplicaoespecficados recursos embensoudireitosreferentesimplantaoouexpansodeempreendimentoeconmiconose caracterizam como subveno para investimentos, devendo sercomputados na determinao do lucro real. Os recursos fornecidos spessoas jurdicas pelaAdministraoPblica, quando no atrelados aoinvestimentonaimplantaoouexpansodoempreendimentoprojetado,constituemestmulofiscalqueserevestedascaractersticasprpriasdassubvenes para custeio, no se confundindo com as subvenes parainvestimento,edevemsercomputadosno lucrooperacionaldaspessoasjurdicas,sujeitandose,portanto,incidnciadoimpostosobrearenda.DOAOESUBVENO.Em Direito Pblico, doao e subveno no so conceitos que seconfundem. Os dois institutos so regidos por normas diferentes e soinstitudosporprocedimentosquelhessoprprios.SUBVENOPARACUSTEIOOU PARAOPERAO. As subvenesparacusteioouparaoperaoconstituemreceitas tributadaspeloPisepelaCofinsequeintegramaapuraodolucrorealedabasedeclculodaCSLL.MULTA DE OFCIO. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. Aincorporadora responde pelo pagamento damulta de ofcio exigida emautos de infrao de versam sobre tributos originalmente devidos pelaincorporada, mesmo que a constituio do crdito tributrio tenhaocorridoapsoeventosucessrio.JUROSSOBREMULTADEOFCIO.Sobreamultadeofcionopaganovencimentoincidemjurosdemora.

    Fl. 1380DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • 4

    TRIBUTAOREFLEXA.PIS.COFINS.CSLL.Emsetratandodeexignciasreflexasdetributosecontribuiesquetmpor base os mesmos fatos que ensejaram o lanamento do imposto derenda,adecisodemritoprolatadanoprincipalconstituiprejulgadonadecisodosdecorrentes.ASSUNTO: CONTRIBUIO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADESOCIALCOFINSData do fato gerador: 31/12/2007, 30/06/2008, 31/12/2008, 31/07/2009,31/12/2009PROGRAMAFOMENTAR.QUITAOANTECIPADA.O desconto obtido pela empresa quando da quitao antecipada dofinanciamento concedido no mbito do programa Fomentar, benefciofiscal concedido pelo Estado de Gois, no receita financeira, massubvenoparacusteio.Comisso,areceitaauferidatributadapeloPISepelaCofins.ASSUNTO:CONTRIBUIOPARAOPIS/PASEPData do fato gerador: 31/12/2007, 30/06/2008, 31/12/2008, 31/07/2009,31/12/2009PROGRAMAFOMENTAR.QUITAOANTECIPADA.O desconto obtido pela empresa quando da quitao antecipada dofinanciamento concedido no mbito do programa Fomentar, benefciofiscal concedido pelo Estado de Gois, no receita financeira, massubvenoparacusteio.Comisso,areceitaauferidatributadapeloPISepelaCofins.Acrdo:Acordamosmembrosda13aTurmadeJulgamento,porunanimidadedevotos,julgarprocedenteemparteaimpugnaooferecidacontraosautosde infrao objeto do processo administrativo em epgrafe emanter emparteocrditotributrioexigido,afastandoamultadeofciode150%,mantendoanopatamarde75%,eexcluindoos seguintes tributos, pordecursodoprazodecadencial:

    a) IRPJeCSLLPA31/12/2007

    b) PiseCofinsPA12/2007e06/2008."

    Insatisfeito com a deciso prolatada, o contribuinte interps recursovoluntrioaoCARF,aduzindoosmesmosargumentosapresentadosemsuaimpugnao,ouseja:

    1)motivaoequivocadaconstantedoTVF2)diferenasentreosbenefciosinstitudospelo"fomentar"eo"leilo"

    Fl. 1381DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • Processon16561.720180/201357Acrdon.1402002.123

    S1C4T2Fl.1.380

    5

    3)inexigibilidade de estrita correspondncia entre o benefcio e oinvestimento

    4)possibilidadedeutilizaodocapitaldegiroparainvestimento5)distines entre subveno de custeio e subveno de investimento e

    tratamentotributrio6)noincidnciatributriasobresubvenesedoaesdeentespblicos7)impossibilidade de tributao de receitas financeiras pelo Pis/Cofins no

    regimedanocumulatividade8)impossibilidadedesucessodasmultasemrazodaincorporaodaNeo

    Qumica9)ilegalidadedacobranadejurossobreamulta.10) por fim, requer o cancelamento integral dos autos de

    infraodopresenteprocessoadministrativofiscal.DaparcelaemqueaFazendaNacionalrestouvencida,ouseja,areduo

    damultaqualificadade150para75%eoreconhecimentodadecadnciadosfatosgeradorescompreendidosentre2007ejunho/2008,aDRJrecorreudeofcioaesteConselho.

    orelatrio.

    Voto

    ConselheiroDemetriusNicheleMacei

    O recurso voluntrio tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade,portanto,deletomoconhecimento.

    OCERNEDAQUESTO

    Todaacontrovrsiagiraemtornodeumpontofundamental:oentendimentoarespeitodeseroprogramaFOMENTARenquadrvelounocomosubvenodecusteio(quecompe a base de clculo dos tributos em questo) ou subveno de investimento, que nocompe.

    Fl. 1382DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • 6

    O entendimento da Receita Federal do Brasil sobre as subvenes parainvestimento foi externado por meio do Parecer Normativo Cosit n 112/78, nos seguintestermos:

    II SUBVENESPARA INVESTIMENTOsoasqueapresentamasseguintescaractersticas:a)aintenodosubvencionadordedestinlasparainvestimentob) efetiva e especfica aplicao da subveno, pelo beneficirio, nosinvestimentosprevistosnaimplantaoouexpansodoempreendimentoeconmicoprojetadoec) o beneficirio da subveno ser a pessoa jurdica titular doempreendimentoeconmico.

    Especificamente sobreoprogramaFOMENTAR, aCosit, naDecison4, de21/06/1999, em resposta a consulta formulada pela Confederao Nacional das Indstrias(CNI),daqualacontribuinteparte,posicionousepelatributaodassubvenes:

    Assunto:ImpostosobreaRendadePessoaJurdicaIRPJEmenta:LUCROREAL.SUBVENESPARAINVESTIMENTO.Os aportes financeiros obtidos mediante o financiamento do valordevidoattulodeICMS,aindaqueincentivadosporjurossubsidiadosedispensa total ou parcial da correo monetria, no caracterizam aSubveno para Investimento e, portanto, sero computados nadeterminaodoLucroReal.Dispositivos Legais: art. 391, inciso I do RIR/1994, atual art. 443,incisoIdoRIR/1999,PNCST02/1978ePNCST112/1978.(...)43.Detodooexposto,concluisepeladescaracterizaodosbenefciosconcedidos no mbito do projeto FOMENTAR como subveno parainvestimentos,relativamenteaosvaloresfinanciados.

    Ainda segundo os AuditoresFiscais, a Primeira Clusula do Instrumento

    Particular de financiamentomedianteAbertura deCrdito eOutrasAvenas, fornecido pelainteressada,dispequeobenefciodestinaseaoreforodocapitaldegiro,norealizaode investimentos, ainda que o reforo tenha sido necessrio em funo de investimentorealizadoemprojetosdeampliaodacapacidadeprodutiva

    O benefcio utilizado pelo contribuinte totalizou R$ 39.112.701,73,

    conformetabelaabaixo:

    Fl. 1383DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • Processon16561.720180/201357Acrdon.1402002.123

    S1C4T2Fl.1.381

    7

    ASPECULIARIDADESDOCASOCONCRETO

    OprimeirodetalhequepassaadistanciarocasoconcretodoentendimentodaRFB que o programa de incentivos, historicamente, desenvolveuse em duas etapas: aprimeira,mediantefinanciamentode70%dovalordoICMSdevidoemsuasoperaes,ematvinte anos, com condies vantajosas de juros e correo monetria a segunda, mediantedescontosdeat89%naquitaoantecipada,emoperaesdeofertapblicafeitaspormeiodeleiles,dosimpostosanteriormentefinanciados.

    justamentenestasegundaetapaquesefocaadiscussosobreanaturezadasubveno,separainvestimentooucusteio,porquefoisobreosvaloresdosdescontosobtidoscom operaes de quitao antecipada que se basearam as autuaes efetuadas pelafiscalizao.

    Paramelhorcompreensodoscontornosdoincentivofiscalconcedidonesta

    segundaetapa,convmreproduzirocontedodesuabaselegal,oartigo1,eseus1e2,daLein13.436/98doEstadodeGois,jcomsuasalteraesemvigorpocadosfatos.

    Art. 1 Os contratos de financiamento com recursos do Fundo deParticipao e Fomento Industrializao do Estado de GoisFOMENTAR podero ser, mensalmente, objeto de oferta pblica

    Fl. 1384DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • 8

    comvistassualiquidaoantecipada,observandoseasdisposiesregulamentareseainda,asseguintescondies:

    (...)

    1 A pessoa jurdica titular de estabelecimento beneficirio doincentivodoFundodeParticipaoeFomentoIndustrializaodoEstadodeGois FOMENTAR,aplicaromontante equivalenteaodesconto obtido com a quitao antecipada do contrato definanciamento firmado com o mesmo Fundo, representado por seuagente financeiro, nos termos deste artigo, na ampliao e/ou namodernizao do seu parque industrial incentivado dentro do prazomximode20 (vinte)anos,acontardadatadarealizaodo leilorespectivo.

    2Omontanteaqueserefereo1consideradosubvenoparainvestimento, podendo ser incorporado ao capital social da pessoajurdica titular do estabelecimento beneficirio do incentivo alimencionadooumantidoemcontadereservaparafuturosaumentosdecapital, vedada sua destinao para distribuio de dividendos ouqualqueroutraparcelaattulodelucro.(grifei)

    Portanto, a lei estadual imps a obrigatoriedade de a empresa aplicar omontante equivalente aos descontos obtidos coma quitao antecipada do financiamento naampliao e/ou modernizao de seu parque industrial incentivado (na 1a etapa) dentro devinteanosacontardadatadarealizaodosleilesrespectivos(2aetapa).

    Alm disso, amesma lei tratou de enquadrar o incentivo (da 2a etapa) noconceito de subveno para investimento e determinar a incorporao da contrapartida domontantebeneficiadoaocapitalsocialousuacontabilizaocomoreservadelucro,bemcomovedar sua destinao para distribuio de dividendos ou qualquer outra parcela a ttulo delucro.

    Comosev,aleiestadualpretendeusinalizarqueoincentivoatenderiaas

    condies impostas na lei do imposto de renda para que o mesmo fosse considerado notributvel.

    Oproblemaque,comocorretamenteatestadopelaautoridadejulgadoradainstncia a quo, cabe Unio Federal, por meio de seus rgos competentes, examinar osefeitosdeleiestadualnadeterminaoeexignciadetributosfederais.Ofatodealeiestadualenquadrar seu incentivo fiscal como subveno para investimento no vincula os rgosfederaisnasubsunodosfatosaocontextonormativodalegislaotributriafederal.

    EesteoefeitoatribudopelafiscalizaoaocitadoParecerCosit112/78e

    DecisoCositnr.4/99,mencionadosanteriormente.

    Fl. 1385DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • Processon16561.720180/201357Acrdon.1402002.123

    S1C4T2Fl.1.382

    9

    Portanto,aconclusodoatosnormativosnosentidodequeassubvenesparainvestimento,paraosfinsdeenquadramentonahiptesedenoincidnciaveiculadano2 do artigo 38 doDecretoLei n 1.598/77, sejam caracterizadas por trs aspectos bastanteclaros: (i) a inteno do subvencionador de destinlas para investimento (ii) a efetiva eespecfica aplicao da subveno, pelo beneficirio, nos investimentos previstos naimplantao ou expanso do empreendimento econmico projetado e (iii) o beneficirio dasubvenoserapessoajurdicatitulardoempreendimentoeconmico.Almdisso,oPareceresclarecequeexigeseperfeitasincroniada(i)intenodosubvencionadorcoma(ii)aodosubvencionado.Ademais,nobastao(i)"animus"desubvencionar,mas,tambm,(ii)aefetivaeespecficaaplicaodasubveno.

    Ora, comobem interpretadopeloParecer acima transcrito, averificaodoestmuloimplantaoouexpansodeempreendimentoseconmicosexigenosaintenodosubvencionador,mas,tambm,aaodosubvencionadonosentidodepromoveraefetivaeespecficaaplicaodorecursonaconsecuodoobjetivotraado.Noseexige,todavia,queo objetivo final seja alcanado, qual seja, queos empreendimentos econmicos tenham sidoimplantados ou expandidos. Mas, que a completude do estmulo seja garantida. Em outraspalavras,sseverificaraefetividadedoestmuloseodinheiroforaplicadonaconsecuodoobjetivofinal.

    Neste sentido, o contribuinte procurou demonstrar, desde sua impugnao,que efetivamente investiu em seu ativo imobilizado, antesmesmo do prazo estipulado pelofiscoestadual,de20anos.Talcomprovaosedeupormeiodasdemonstraesfinanceirasdaempresa, onde aponta a adio de 102milhoes de reais no ano de 2012 (fls. 13 da decisoDRJ).

    Nadaobstante,nopresentecaso,a fiscalizaoagiude formadiferente.Aoinvs de aprofundar a investigao sobre a ao do subvencionado, preferiu desqualificar anaturezadoincentivofiscalapenascombasenasuaconfiguraolegal.

    Nestesentido,analisouostermosdocontratoeaditivoscelebradosnombitoda primeira etapa do programa de incentivos (o financiamento de 70% do valor do ICMSdevido)paraconcluirqueocitadocontratoeaditivosdeclaramexplicitamenteadestinaodobenefciocomoreforodocapitaldegirodocontribuinteenorealizaodeinvestimento,aindaqueoreforotenhasidonecessrioemfunodeinvestimentorealizadoemprojetosemdecorrnciadaimplantaodeunidadeindustrial.

    Nesse ponto, bom lembrar que a discusso neste processo focada nasegundaetapadoprogramaporquefoisobreosvaloresdosdescontosobtidoscomoperaesde quitao antecipada que se basearam as autuaes efetuadas pela fiscalizao. Ento, denada adianta argumentar que os recursos da primeira etapa poderiam ser utilizados comoreforodocapitaldegiro.Oqueimportasabercomoforamutilizadososrecursosdasegunda

    Fl. 1386DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • 10

    etapa,ouseja,osvaloresequivalentesaosdescontosobtidosnasoperaesdeofertapblicafeitaspormeiodeleiles.Sobreisso,nohqualquermeno,nemnostermosdeintimao,nemnadescriodosfatosqueacompanharamosautosdeinfrao.

    Nuncapordemais lembrarquealeiestadual impsaobrigatoriedadedeaempresa aplicaromontanteequivalenteaosdescontosobtidoscomaquitaoantecipadadofinanciamento(1aetapa)naampliaoe/oumodernizaodeseuparqueindustrialincentivado(na1a etapa)dentrodevinteanos a contardadatada realizaodos leiles respectivos (2aetapa).

    Mais adiante segue quadro ilustrativo que demonstra melhor o tema. Sofundamentos legais diferentes, regimes juridicos diferentes, e portanto, devem ser tratadosseparadamente.Vejamos:

    Portanto, o requisito da inteno do subvencionador foi cumprido. Faltouverificarorequisitodaaodosubordinado.certoquecomumprazodevinteanosparaaconsecuodoobjetivofinaldoprograma,aempresadispedeumbomtempoparainiciarosinvestimentosnecessrios.Neste sentido, sensataaobservaodaautoridadefiscal sobreanecessidadedeexistiralgumtipodeprestaodecontas.Mas,sea legislaoestadualnoacriou, isso no significa que a empresa, para fins de usufruir o benefcio institudo na lei

    Fl. 1387DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • Processon16561.720180/201357Acrdon.1402002.123

    S1C4T2Fl.1.383

    11

    federal, no possa fazlo.No necessrio o casamento entre omomento da aplicao dorecurso e o gozo do benefcio, ou seja, o "dinheiro no precisa ser carimbado". Entretanto,algumcontroleprecisaserfeitoporqueseaofinaldoprazoconcedidoficarcomprovadoquenem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado consecuo doobjetivofinaldoprograma,ficarcaracterizadaanaturezadesubvenoparacusteio.

    Aqui ento surge aprincipalpeculiaridadedo caso concreto.Este controle,ou os valores investidos, no foram sequer verificados ou investigados. Por essa razo olanamentofiscalestdefeituoso.

    Neste sentido, j decidiu recentemente a 2a Turma ordinria, da 1a turmaordinriadesteColegiado.Vejamos:

    "Recurson VoluntrioAcrdon 1102001.203Sessode 24desetembrode2014Matria IRPJ. Glosa de excluso de subveno. Insuficincia dePISeCOFINS.Recorrente GOISMINASINDSTRIADELATICNIOS LTDARecorrida FAZENDANACIONALAssunto:ImpostosobreaRendadePessoaJurdicaIRPJAnocalendrio:2008,2009,2010SUBVENESPARAINVESTIMENTO.REQUISITOS.As subvenes para investimento, para os fins de enquadramento nahiptesedenoincidnciaveiculadano2doartigo38doDecretoLein 1.598/77, so caracterizadas por trs aspectos bastante claros: (i) ainteno do subvencionador de destinlas para investimento (ii) aefetiva e especfica aplicao da subveno, pelo beneficirio, nosinvestimentosprevistosna implantaoouexpansodoempreendimentoeconmico projetado e (iii) o beneficirio da subveno ser a pessoajurdicatitulardoempreendimentoeconmico.Exigeseperfeitasincroniadaintenodosubvencionadorcomaaodosubvencionado.Nobastao "animus" de subvencionar, mas, tambm, a efetiva e especficaaplicao da subveno. Os recursos transferidos podem at, numprimeiromomento, oxigenaro capital degiroda empresa.Contudo, emalgummomento futuro, o investimento para a implantaoou expansodos empreendimentos econmicos ter que ser efetuado. No se exige,todavia, que o objetivo final seja alcanado, qual seja, que osempreendimentos econmicos tenham sido implantados ou expandidos.Mas,queacompletudedoestmulosejagarantida.Emoutraspalavras,sse verificar a efetividade do estmulo se o dinheiro for aplicado naconsecuodoobjetivofinal.SUBVENOPARAINVESTIMENTO.ACUSAOFISCALDEFICIENTE.

    Fl. 1388DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • 12

    Nopresentecaso,aoinvsdeaprofundarainvestigaosobreaaodosubvencionado, a fiscalizao preferiu desqualificar a natureza doincentivo fiscal apenas combasena suaconfigurao legal.Contudo,aleiestadualpromotoradoincentivosobanlisefoitextualnasuaintenodeampliaoe/oumodernizaodeparque industrial incentivadonumaetapaanteriordonecessrioocasamentoentreomomentodaaplicaodo recurso e o gozo do benefcio, ou seja, o "dinheiro no precisa sercarimbado". Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se aofinal do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montanterecebidofoiaplicadoeminvestimentodestinadoconsecuodoobjetivofinal do programa, ficar caracterizada a natureza de subveno paracusteiodoexcessonoutilizadoe,nestemomento,ficarconsubstanciadaa disponibilidade da renda para efeitos da sua tributao. Destarte, possvel que a empresa autuada no esteja mesmo fazendo o devidocontroledosrecursosobtidos.Mas,issonofoidevidamenteinvestigadonemseconfiguroucomooobjetodaacusaofiscal.PIS.COFINS.SUBVENESPARAINVESTIMENTO.RTT.Umavezafastadaapremissadequeosdescontosrecebidostratarseiamde subvenes para custeio, de se notar que a norma veiculada peloartigo21,I,c/coartigo18,daLein11.941/09,categricaaoafastar,no mbito do RTT, as subvenes para investimento do escopo datributaodoPISedaCOFINS.RecursoVoluntrioProvidoVistos,relatadosediscutidosospresentesautos.Acordamosmembrosdocolegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.Acompanhou o relator pelas concluses o conselheiro Antonio CarlosGuidoniFilho".

    Me parece perfeitamente aplicvel ao caso concreto o precedente acima,mormentepelofatodequeocontribuintealegouecomprovouqueefetuouinvestimentosmaisdo que suficientes para desqualificar a subveno como sendo simplesmente de custeio.Mesmoassim,talfatonofoiinvestigado,muitomenosnegado,pelafiscalizao. Se o contribuinte no tivesse apresentado nada neste sentido, ou nao tivesserealizado qualquer investimento que nome parece ser o caso ainda assim entendo quehaveria falha na apurao dos fatos, pois em tese, o contribuinte teria, de acordo com alegislaoestadual,20anospararealizaroinvestimento,eestariaamparadapeloartigo116doCTN:

    Art.116.Salvodisposiodeleiemcontrrio,consideraseocorridoofatogeradoreexistentesosseusefeitos:

    (...)

    II tratandosedesituaojurdica,desdeomomentoemqueestejadefinitivamenteconstituda,nostermosdedireitoaplicvel.

    Fl. 1389DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • Processon16561.720180/201357Acrdon.1402002.123

    S1C4T2Fl.1.384

    13

    Destarte, possvel que a empresa autuada no esteja mesmo fazendo o

    devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso no foi devidamente investigado e nemconfiguroucomooobjetodaacusaofiscal.

    QUANTOAORECURSODEOFCIO

    Neste item, verificase que houve extino do crdito tributrio relativo aoanocalendrio2007emrazododecursodoprazodecadencialprevistono4doartigo150doCTN.

    Isto porque a cincia das autuaes se deu em 13/12/2013 e h tributos

    exigidos,sujeitosaolanamentoporhomologao,quesereferemaoperodode2007.Portanto tratase de questo de ordem pblica e corretamente aplicada a

    legislaopelaDelegaciadeJulgamento.Omesmoocorreemrelaoanoocorrnciadefraude,doloousimulaoo

    quetornadescabida,tambm,amultaqualificadade150%.Istoporqueocontribuintevaleuseda legislao estadual vigente, bem como registrou todas as operaes e valores nos seusdocumentos contbeis e fiscais, e tais valores emmomento algum foram questionados pelafiscalizao.

    Tratouseportantotosomentededivergnciadeinterpretaodalegislao

    emvigor.

    CONCLUSES1)A"segundaetapa"doprogramaFOMENTARtemnaverdadenaturezajurdicadiversadoprograma, eseenquadranachamadasubvenopara investimento,nos termosda legislaofederaloque,portanto,possibilitaaexclusodosvaloressubvencionadosdabasedeclculodoIRPJeCSLL,bemcomonointegramareceitatributvelparafinsderecolhimentodePISeCOFINS.2)Mesmoqueno seja exigidopelo fisco estadual, o contribuintedeve controlarosvaloresrecebidos versus investimentos realizados para fins dedemonstrao no mbito federal,masisto sequer foi objetoda fiscalizao federal e todas as afirmaes reiteradamente apontadaspelocontribuintenoforamemnenhummomentoquestionadaspelofisco,sejaparadizerqueeramouquenoeramsuficientesparatanto3)Emtese,osinvestimentosdeclaradoseescrituradospelocontribuintenoseuativo,naordemde102milhesdereais,podemnoserdiretamenterelacionadosssubvenesrecebidas,maso fisco em nenhummomento negou que o fossem. Por outro lado, como o dinheiro no "carimbado"tambmseriaigualmenteincorretodizerocontrrio.Querdizer,seocontribuintedemonstrouqueaplicouvaloresmuitosuperioresaocapitalrecebido,justoerazoveladmitirquenestesvaloresestoefetivamenteincludosa.

    Fl. 1390DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO

  • 14

    4)Seporhipteseadmitirmosquenohouveodevido investimento,ocontribuinte tambmem tese teriamaisde10 anospara realizlo, e assim aplicvelo inciso II do artigo116doCTN,afastandoapretensofiscal Diantedoexposto,douprovimentoaorecursovoluntrioenegoprovimentoaorecursodeofcio,cancelandoportantoatotalidadedaexignciafiscal. omeuvoto.

    DemetriusNicheleMaceiRelator

    Fl. 1391DF CARF MF

    Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO