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PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAUSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO PARÁVARA ÚNICA FEDERAL DA SUBSEÇÃO DE TUCURUÍ
Autos de n. 506-02.2015.4.01.3907
Classe:
Autor:
Réu:
7300 - Ação Civil Pública por Ato de Improbidade
Ministério Público Federal
Sancler Antonio Wanderlei Ferreira e outros
DECISÃO
Trata-se de Ação Civil Pública por Atos de Improbidade Administrativa,
promovida pelo Ministério Público Federal em face de SANCLER ANTÔNIO WANDERLEY
FERREIRA, prefeito de Tucuruí, MARIVANI FERREIRA PEREIRA, ex-secretária municipal de
Educação, SIDCLEY ALBUQUERQUE DE FREITAS, sócio-administrador da empresa S.A. de
Freitas- EPP, todos do Município de Tucuruí/PA.
Segundo a inicial, o ente municipal firmou o contrato n. 012/2009-PJ com a
empresa S.A. de Freitas para prestação de serviços de locação de barcos visando ao transporte de, no
mínimo, 30 (trinta) alunos da rede pública municipal de ensino, residentes nas ilhas do lago da usina
hidrelétrica de Tucuruí, e 02 (dois) tripulantes, sendo no total 21 barcos, necessariamente em madeira
de lei, com motor de centro adequado para o barco, o qual deveria conter escada, banheiro, estrado,
reservatório de água potável, bóia salva-vidas, material de primeiros socorros e extintor de incêndio. O
início da contratação ocorreu em 03/07/2009, conforme tabela que segue:
N° contrato Vigência DestinaçãoContraprestação
Total R$mensal R$
012/2009-PJ2009 a 2012,
Prestação de serviços de locação3.115.350,00
(fis.139/144por um
de barcos para transporte de90.300,00 (três milhões
período de (noventa mil e cento e quinzedo anexo 1- alunos da rede pública
34 meses e trezentos reais) mil, trezentos eVolume I)
15 diasmunicipal de ensino
cinquenta reais
Aduz o Parquet Federal que houve o descumprimento do pactuado no contrato,
tendo em vista que os barcos são inadequados ao transporte de crianças, sendo apropriados para a
pesca, além de o limiar auditivo estar além da capacidade humana, conforme fi.56. Em todos os barcos
faltam kits de primeiros socorros e os condutores não são habilitados, não havendo identificação de
transporte escolar. Ademais, foi verificada a ocorrência de vários termos aditivos irregulares,
superando, inclusive, o teto legal. Não obstante não constar expressamente o valor do termo aditivo, tal
valor era obtido pelo simples cálculo aritmético de multiplicação dos meses de prorrogação (27) pelo
valor mensal pago pela locação dos barcos (R$ 90.300,00).
O Parquet Federal afirma ainda que, embora o início da contratação tenha ocorrido
em 03/07/2009, o terceiro termo aditivo prorrogou o prazo do contrato por mais 27 meses, ou seja, até
31/0312015, acrescentando um valor de R$ 2.438.100,00 (R$ 90.300,00 vezes 27), o que exc:.Y'
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Autos de n. 506-02.2015.4.01.3907
de 25% previsto na lei 8.666/93. Cumpre ressaltar que os requeridos dispensaram indevidamente o
procedimento licita tório e efetuaram sucessivos pagamentos, sem que o contratado demonstrasse o fiel
cumprimento dos contratos.
Considerando a obscuridade, falta de informações dos aditivos e ausência do
procedimento licitatório, foram registrados danos ao erário em um montante de R$ 1.659.262,50 (um
milhão, seiscentos e cinquenta e nove mil, duzentos e sessenta e dois reais e cinquenta centavos).
Além disso, em inquérito civil público, observaram-se irregularidades nas reformas
e construções de diversas escolas municipais de Tucuruí, nos anos de 2011 e 2012.
Requereu ao final:
"a) bloqueiode bens dos requeridos no importe de R$ 1.659.262,50 (um milhão seiscentose
cinquenta e nove mil, duzentos e sessenta e dois reais e cinquenta centavos) para garantir
futura reparação dos danos ao erário;
b) autuação da petição inicial juntamente com os documentos que a acompanham,
notificando-se os demandados para apresentação da manifestação prevista no art. 17,§ 7°, da
Lei 8429/92;
c) após oferecimento de tal manifestação ou transcorrido o prazo legal sem ela, seja recebida
a inicial. citando-se os demandados nos endereços indicados, para contestar os termos da
ação;
d) notificação do FNDE para, querendo, integrar a presente relação jurídica processual na
qualidadede litisconsorte ativo, com base no art, 5°, §2°, da Lei 7347/85;
e) condenação dos requeridos nas penalidades do art, 12, incisos II e III, da lei 8429/92;
f) condenação dos demandados ao pagamento de custas processuais e demais verbas de
sucumbência;"
É o relatório. Decido.
Da Competência para processo e julgamento do processo
Primeiramente, verifico a legitimidade ativa do Ministério Público para defender o
património público e a moralidade administrativa, conforme previsto no arl. 129, III, da Constituição
Federal. Contudo, destaco ponto controverso em ações desta natureza.
As transferências de recursos federais aos municípios podem ser classificadas nas
seguintes categorias: constitucionais, legais, do Sistema Único de Saúde (SUS) e voluntárias.
Aos recursos que a União transfere aos estados e municípios por determinação da
Constituição dá-se o nome Transferências Constitucionais. Já as transferências legais são aquelas
previstas em leis específicas que determinam a forma de habilitação, a transferência, a aplicação dos
recursos e como deverá ocorrer a respectiva prestação de contas. Transferências voluntárias são os
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repasses de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio
ou assistência financeira, que não decorram de determinação constitucional ou legal. A
operacionalização dessas transferências é, em regra, viabilizada por meio de convênios ou contrato de
repasses.
O que vai determinar a forma como as transferências ocorrerão são os atas
normativos que regem cada tipo de transferência. As principais características de cada forma de
transferência são: Transferências Automáticas, Transferências Fundo a Fundo, Convênio e Contrato de
Repasse.
Transferências Automáticas são aquelas realizadas sem a utilização de convênio,
ajuste, acordo ou contrato. São realizadas mediante o depósito em conta corrente específica, para a
descentralização de recursos em determinados programas, como os da área de educação (disciplinadas
pela Medida Provisória n" 2.178-36, de 24/8/2001).
Já as transferências fundo a fundo caracterizam-se pelo repasse, por meio da
descentralização, de recursos diretamente de fundos da esfera federal para fundos da esfera estadual,
municipal e do Distrito Federal, dispensando a celebração de convênios. As transferências fundo a
fundo são utilizadas, por exemplo, nas áreas de assistência social e de saúde.
Por outro lado, o convênio tem como partícipe, de um lado, órgão federal da
administração pública direta, autárquica ou fundacional, empresa pública ou sociedade de economia
mista que esteja gerindo recursos dos orçamentos da União e, do outro lado, estados, municípios e DF,
os quais se unem visando à execução de programas de trabalho, projeto, atividade ou evento de
interesse recíproco com duração certa, em regime de mútua cooperação. Em contrapartida
financeira e de gestão, os municípios, estados e DF tornam-se corresponsáveis pela aplicação e
fiscalização dos recursos recebidos a titulo de transferência voluntária.
Por fim, o contrato de repasse é instrumento utilizado para o envio de recursos da
União para estados, Distrito Federal e municípios, por intermédio de instituições ou agências
financeiras oficiais federais, destinado à execução de programas governamentais.
A importância de tal questão reside no fato de se saber quando, realmente, será da
competência da Justiça Federal apreciar a ação de improbidade, a qual é estabelecida de forma
restritiva na CF. Hugo Nigro Mazzili preleciona que "não é, porém, qualquer interesse da União, de
entidade autárquica ou de empresa pública federal que desloca a competência para a justiça federal: é
preciso o interesse que as coloque como autoras, rés, assistentes ou opoentes1" ,
Assim, quanto às verbas constitucionais, deve-se perceber
1 ~tAZ:ZILU. Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos emjuizo. São Paulo: RT, 1999, p. 146
3
•. . ."•POD ER J UDICIÁRIOJ USTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAUSEÇÃO J UDICIÁRIA DO ESTADO DO PARÁVARA ÚNICA FEDERAL DA SUBSEÇÃO DE TUCURUí
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incorporadas ao património do município, estado ou DF. Tais verbas independem de prestação de
contas a órgão federal ou de preenchimento de requisitos. Nesse sentido, os artigos 157 a 159 da Carta
Magna detalham as verbas que a União repassará aos demais entes da federação, não se impondo
nenhuma condição a ser atendida. Resta evidente, então, à União, o papel de mera tecnicista, a qual
simplesmente viabiliza o repasse em sua forma, não adentrando quanto a seu mérito. Por esse motivo,
sendo tais verbas, em seu cerne, desde o princípio, pertencentes aos municípios e estados, e não
havendo vinculação substancial à União, a competência é claramente da Justiça Estadual.
Por outro lado, quando a transferência for legal , a competência será determinada
de acordo com o que estiver previsto na legislação específica. Assim, se houver texto normativo
determinando a prestação de contas, deverá ser observada a quem ela será destinada. Caso apresentada
(prestação de contas) a órgão federal, a fim de que se comprove a regular aplicação dos recursos,
entende-se pelo interesse direto e específico da União. De outra banda, se as contas devem ser
prestadas perante Conselho ou Tribunal de Contas Estadual, é indiscutível a competência da justiça
estadual para processar e julgar o feito.
Nesse sentido, destacam-se as súmulas 208 e 209 do STJ:
S úmutu 108, S TJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito
municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas p erante órgão
fe deral.
S úmula 109, STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefe ito por
desvio de verba transferida e incorporada ao património municipal.
Como se vê, somente haverá competência da Justiça Federal quando o gestor do
município desviar verbas sujeitas à prestação de contas perante órgão federal.
Seguindo o raciocínio, quando há transferência voluntária de recursos, cabe ao
convenente, ao final, prestar contas para comprovar a regularidade da aplicação das verbas. Caso não o
faça, cabe ao órgão federal proceder à tomada de contas. Assim, nesse caso, é manifesta a competência
da Justiça Federal quando o repasse for mediante transferência voluntária.
Contudo, deve-se ter em mente que o simples fato de existir verba federal não pode,
por si s ó, resultar na competência da Justiça Federal. A existência de recursos federais decorre do
princípio do pacto federativo consubstanciado na repartição de receitas. Como efeito, a maior parte dos
recursos municipais advém de verbas da União. Nesse sentido, é temerário defender que é de
competência da Justiça Federal as causas que envolvam qualquer tipo de verba da União, posto que
isso inviabilizaria a atividade de tal juízo.
É certo que a ação de improbidade administrativa é espécie do gênero das ações
civis públicas, e, nesse sentido, o artigo 17 da Lei de Improbidade Administrativa - LIA carac teriza sua p~
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natureza cível e impõe o rito ord inário e, ainda, elenca as partes legítimas. Quanto à legitimidade ati';a :
ad causam, prevê duas possibilidades: a de ser manejada tanto pelo Ministério Público quan to pela
pessoa ju rídica interessada (aquel a que foi prejudicada pelo ato ímprobo e expressa no artigo 1°).
Ocorre que, a depender do tipo da verba repassada ao município (voluntária ou
constitucional, por exemplo), bem como do fato de O Ministério Público Federal haver tomado ciência
do possível ato de improbidade, tramitam ações equivalentes tanto na Justiça Federal quanto na
Estadual. O motivo é que há na jurisprudência precedentes no sentido de que, em casos se melhantes
(causa de pedir e pedido), a competência seria , surpreendentemente, da Justiça Federal se a União
manifestasse, por intermédio do MPF, simples inter esse na causa. Assim, há ações equivalentes (causa
de pedir e pedido) que trami tam tanto na Justiça Federal quanto na Estadual, o que , obviamen te, aca ba
por criar uma competência concorrente entre as Just iças Estadual e Federal.
A simpl es manifestação de interesse da União ou de seus órgãos elencados no art .
109, inciso I, da CF ou do MPF não é condição suficiente para deslocar a competência da causa à
Justiça Federal, nem na teoria, porque o mero e abstrato interesse não importa necessariamente
hipótese de incidê ncias das regras do artigo 109 da Constituição Federal, nem na prática, uma vez
que é inconcebível dar-se vista de todas as a ções que tramitam na Justiça Estadual ao Min istério
Público Federal ou aos entes federai s a fim de se criar uma homogen eidade .
Um juízo obje tivo é necessário. No presente caso, percebe-se que os recursos
envolvidos advêm do Fundo de Manutençã o e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profi ssionais da Educação (FUNDEB), mediante celebração de contrato , estando tais recursos
suj eitos a prestação de contas perante aquele Órgão Federal.
Apesar de entender que tal diferenciação - a especte de transferência e a
necessidade ou não de prestação de contas a órgão federal - é necessária para fim de fixação de
competência, o TRFl tem decidido no sentido de que a simples composição da lide com o Mini stério
Público Federal figurando no polo ativo determina, per si, a competênci a da Justiça Federal ,
independ entemente de comprovação do interesse direto e especifico da União.
Nesse sentido:
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. APLI CAÇÃO DA LEI DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AOS AGENTES pOLíTICOS.
PRESENÇA DO MPF NA RELAÇÃO PROCESSUAL. COMPETÊNCIA DA
JUSTiÇA FEDERAL. LEI 8.429/92. INDISPONIBILIDADE DO RITO.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. 1. A lei de improbidade
administrativa aplica-se aos agentes políticos, tendo em vista que a Reclamação
2.138-6/DF - STF foi decidida em controle abstrato de constitucionalidade, não
possuindo efe ito vinculante ou eficácia erga omnes. Precedentes do STF, do STJ e ~
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do TRF da l' Região . 2. As verbas repassadas por ente federal a município não
perdem (em princípi o) seu caráter federal. Figurando o Ministério Público
Federal na relação processual, no cumprimento das suas funções
institucionais, a competência para a causa é da Justiça Federal. 3. O rito
sequenciado da Lei 8.429/92 é de observância obrigatória (não disponível), tendo
cada etapa uma finalid ade específica, sob pena de violação ao devido processo
legal. A defesa prelimin ar escrita , antes de formali zada a relação processual (art.
17, § 7"), destina-se mais a aspectos formais de admissibilidade, voltados para os
elemen tos extrínsecos necessários ao recebimento da inicial, podendo ser
indicados elementos que afastam de plano a exis tência da improbidade, a
improcedência da ação ou a inadequação da lei eleita. 4. A cont estação, ao ataque
frontal ao mérito da demanda, dent ro das linhas de defesa, com o projeto das
provas a ser produzidas (orais, periciais e/ou documentais), dentro dos princíp ios
do contraditório e da ampla defesa, à vista dos fatos articulados na inicial. 5.
Hipótese em que, apesar das alegações de cerceamento de defesa - citação no
curso da defesa prelimin ar, com a sua conversão em contestação -, aptas à
aceitação, decisão posterior do magistrado , aceita pela parte (recebimento da
contestação, com autorização para a produção de provas) , retira das alegações o
suposto prejuízo processual. 6. Desprovimento do agravo de instrumento. (AG
0049701-81.2008.4.01.0000 / BA, ReI. DESEMBARGADOR FEDERAL
OLINDO MENEZES, QUARTA TURMA, e-DJFl p.28 de 06/02/2013)
Sendo assim, nos termos do entendimento jurisprudencial dominante, compete à
Justiça Federal apreciar a presente ação de improbid ade administrativa por figurar no polo ativo o
Ministério Público Federal.
Da inexist ência de prerrogativa de foro 110 presente caso
Não obstante um dos réus des ta ação detenha prerrogativa de foro em ação de
natureza penal, por se tratar de prefeito de município, no caso, não há que se falar em qualquer foro
privilegiado, tendo e vista se tratar de aç ão de natureza civil, mormente haver sido declarada pelo
Supremo Tribunal Federal a inconstitucionalidade da Lei 10.628/2002, que acrescentou os §§ 10 e 2"
ao art . 84 do Cl' P, não há falar em foro privilegiado por prerrogativa de função nas Ações de
Improbidade Administrativa ajuizadas contra prefeitos.
Nesse sentido, cabível a transcrição de recente precedente do TRF da Ia região.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO . AÇÃO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DA LEI 8.429/92 AOS AGENTES POLÍTICOS.
PRERROGATIVA DE FORO DE PREFEITO. 1. A Lei de Improbidade Administrativa
aplica-se aos agentes ",',"00, ",00 em v sta que a Reclamação ""~
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decidida pelo Supremo Tribunal Federal em controle abstrato de constitucionalidade, não
possuindo, assim, efeito vinculante ou eficácia erga omnes. Precedentes do STF, do STJ e do
TRF da l ' Região. 2. A partir do julgamento do STF, nas ADIs 2797IDF e 2860/DF, em
15/09/2005, no qual foi declarada a inconstitucionalidade dos §§ 1° e 2° do art. 84 do CPP,
inseridospela Lei 10.628/2002, estabeleceu-se que inexiste foro por prerrogativade função a
agentes políticos processados por ato de improbidade administrativa, salvo em relação
àquelas autoridades elencadas no art. 102, I, c, da CF/88. 3. Agravo de instrumento
desprovido.
(TRF-1 AG: 187676720134010000 PA 0018767-67.2013.4.01.0()()(), Relator:
DESEMBARGADOR FEDERAL OLINDO MENEZES, Data de Julgamento: 16/1212013,
QUARTATURMA, Data de Publicação: e-DJF1 p.136 de 13/02/2014)
Atos de Improbidade e Cautelar de Indisponibilidade
Passo à analise, então, de possível prática de ato de improbidade admini strativa.
Embora não exista uniformidade quanto a sua definição, é muito comum na jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça a invoca ção do conceito elaborado por José Afonso da Silva, para quem "a
improbidade administrativa é uma imoralidade qualificada pelo dano ao erário e correspondente
vantagem ao ímprobo ou a outrem (...)" . Todavia, O conceito trazido pelo ilustre jurista não abrange
lodos os aspectos da LIA.
Assim, em termos gerais, com base na lição de José Afonso da Silva, pode-se
definir improbidade admini strativa como ato de imoralidade qualifi cada pela lei que importa em
enriquecimento ilícito do agente, prejuízo ao erário e/ou violação dos princípios da administração
públi ca, e que enseja , em processo judicial prom ovido pela pessoa jurídica lesada ou pelo Ministério
Publico, a aplicação das seguin tes sanções: susp ensão dos direitos polí ticos, perda da funç ão pública,
indisponibilidade dos bens, ressarcimento ao erário; perda de bens e valores acrescidos ilicit amente,
multa civil e proibição de contratar com a administração publica ou dela receber beneffciosi.
Nesta análise inicial, entendo que os indícios são suficientes para o Ministério
Público, na busca da defesa do patrim ónio público, ingressar com a presente Ação de Improbidade
Administrativa.
As irregul aridades apontadas pelo MPF são baseadas em documentos idôneos, em
fiscali zações realizadas pelo Conselho Gestor do FUNDEB (fls. 53/57), pela Secretaria de Educação
(fls. 921123), bem como por inspeçâo realizada pela Promotoria de Justiça de Tucuruí (fls. 67/73) .
Cumpre ressaltar que a empresa responsável pelo transporte escolar foi contratada
diretamente, sem qualquer respaldo legal. Essas irregul aridades indicam a prática de desvio de recursos
públicos que importam em enriquecimento ilícito, prejuízo ao erário e atentado contra os princípi os ~a,~W
2 PAVION E, Lucas dos Santos; ANDRADE, F1áv;a Cristina Moura de. Improbidade Admimstrauvo. São Paulo: Ed. RT. 2010 , p. 2S~7
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que se~
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administração pública.
O Requerente menciona também que houve omissão dolosa do Secretá rio de Saúde,
o que acarretou a violação ao dever de lealdade institucional e aos princípios da legalidade e
moralidade.
Analisando a petição do MPF e os documentos que a instruem, nesse juízo inicial
de análise, concluo que a maioria dos fatos aqui tratados não se resume a meras irregularidades
formais. Diferentemente, há fortes indícios de se tratar de atos de improbidade administrativa
consubstanciados em enriquecimento ilícito, lesão ao Erário e violação aos princípios da
Administração Pública na aplicação dos recursos oriundos do contrato celebrado com a empresa S.A.
de Freitas-EPP.
Das condutas individunlizadas de cada um dos requeridos
1) Sancler Ant ônio Wanderlei Ferreira
SANCLER é o prefeito do Município de Tucuruí e, como tal, é ordenador de
despesa e responsável pela condução de toda aquela municipalidade, pelo que não há falar em
desconhecimento das irregularidades apontadas na inicial em relação ao contrato em alusão, pelo que,
se caracterizado o caráter ímprobo dessas ocorrências, sua responsabiliza ção se impõe.
Em caso de confirmação de que o contrato mencionado nos autos foi realizado em
desacordo com a legislação correlata, com intuito de conferir aos desvios de verbas públicas a
aparência de legalidade, também, será inafastável sua responsabilização por atas ímprobos que, além
de contrariarem os princípios que regem a Administração Publica, causam prejuízo ao erário e
potencial enriquecimento ilícito.
Plausível e até necessário o decreto de indisponibilidade de bens que figurem em
seu nome, para garantir a reparação do dano e o pagamento de multa civil, em caso de condenação.
2) Murivani Ferreira Pereira
A requerida é ex-secretária municipal de Educação, nessa qualidade, é a
administradora dos contratos celebrados com essa finalidade, inclusive o que se refere ao contrato n.
012/2009-PJ, conforme se vê do Extrato de contrato de Os. 139/144 (apenso).
Nessa condição, é indubitável que, em caso de confirmação das irregularidades
apontadas na inicial, incluindo os procedimentos de licitação, MARIVANl há
responsabilizada.
8
e.
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. VARA ÚNICA FEDERAL DA SUBSEÇÃO DE TUCURUÍ
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Necessário é quc se garanta, por meio da indisponibilização de seus bens, a
reparação do dano e o pagamento de multa civil, em caso de condenação.
3) Sidcley Albuquerque De Frei/as
Conforme consta da inicial, SIDCLEY é sócio-administrador de fato da empresa
S.A. de Freitas-EPP, também integrante do polo passivo desta ação, e quc está sendo utilizada para a
realização dos supostos desvios de verba e de finalidade.
A atuaçâo do mencionado requerido estaria ocorrendo em conjunto com o prefeito,
o que o legitima a figurar no polo passivo deste processo, haja vista tratar-se de atas de improbidade
administrativa que importam em enriquecimento ilícito, danos ao erário e atentado contra os princípios
da administração pública, não havendo dúvidas sobre sua responsabilização, em caso de confirmação
dessas irregularidades.
Necessária , portanto, a decretação da indisponibil idade de seus bens para garantir a
reparação do dano e o pagamento de multa civil, em caso de condenação.
Da Indisponibilldade Dos Bens
Como já explanado supra, está suficientemente demonstrado o fumus bani iuris,
necessário ao deferimento da medida, para que fique assegurado eventual ressarcimento do dano e
pagamento de multa civil, em caso de eventual condenação, até mesmo porque, neste momento
processual, não se trata de medida punitiva, mas apenas instrumento para garantir futura e eventual
reparação do dano patrimonial e pagamento de multa civil.
A própria Lei nO8.429/92 prevê em seu artigo 7° que quando o ato de improbidade
causar lesão ao património público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade
admin istrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade
dos bens do indiciado. E ainda, seu parágrafo único, prevê: "A indisponibilidade a que se refere o
cap ut destc artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o
acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito".
o desiderato de "integral reparação do dano" somente será alcançado, por
intermédio da decretação de indisponibilidade de tantos bens de expressão económica quantos bastem
ao restabelecimento do status quo ante, devendo recair apenas sobre O montante necessário à plena
reparação, e não sobre todo o património dota) requerido(a).
Imperioso salientar, também, que a medida cautelar de indisp onibilidade pode
recair, segundo o STJ, sobre bem adquirido antes ou depois do ato de improbidade, inclusive quanto ao
bem de família, senão~~ 9
A. ·•. ·•..•PODER JUDICIÁRIOJ USTiÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRA USEÇÃO J UDICI ÁRIA DO ESTADO DO PARÁVARA ÚNICA FEDERAL DA SUBSEÇÃO DE TUCURUí
Autos de n. 506-02.2015.4.01.3907
(...)7. A ju risprudência é pacífica pela possibilidade de a medida constritiva em
questão recair sobre bens adquiridos antes ou depois dos fatos descritos na
inicial. 8. O caráter de bem de família de imóvel não tem a força de obstar a
determinação de sua indisponibilidade nos autos de ação civil pública, pois
tal medida não implica em expropriação do bem.(...) (REsp 1204794/SP, ReI.
Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
16/05/2013, DJe 24/05/2013)
o periculum in mora está implícito na propna finalidade da cautelar de
indisponibilidade. Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça: "(..) 4. O requisito
cautelar do periculum in mora está implicito no próprio comando legal. que prevê a medida de
bloqueio de bens, uma vez que visa a 'assegurar o integral ressarcimento tio llano '.(. .) (REsp
II 67776/SP, Rei. Ministra ELIANA CALMON, SEG UNDA TURMA, j ulgado em 16/05/2013, DJe
24/05/2013).
Ante os argumentos já esposados, tenho como suficientemente demonstrada a
presença dos requisitos necessários e suficiente para o deferimento da medida.
Refletindo acerca do tema da indisponibilidade, cheguei à conclusão de que mesmo
o MPF tendo requerido a cautelar com base no eventual prejuízo da UniãoIFUNDEB, pode o
magistrado , não identificando a comprovação, total ou parcial, do prejuízo apontado, atender ao pedido
do requerente com fundamento diverso, em virtude do poder geral de cautela. Portanto, a
indisponibilidade pode ser baseada, exclusivamente, para garantir a eventual condenação em multa
civil por enriquecimento ilícito e/ou violação aos princípios da Administração Públíca (Lei nO.
8.429/92, arts, 90, 11 e 12, incisos I e III), ainda que o MPF tenha requerido a indisponibil idade com
fundamento na lesão ao Erário.
Assim, parece-me ser o entendimento do STJ:
( ..) "(. .) 4. Esta Corte Superior tem entendimento pacifico no sentido de que
a indisponibilidade de bens deve recair sobre o património dos réus em ação
de improbidade administrativa, de modo suficie nte a garantir o integral
ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, levando-se em consideração,
ainda, o valor de passivei multa civil como sanção autõnoma. 5. Portanto,
em que pese o silêncio do art. 7" da Lei /I. 8.429/92, uma interpretação
sistem ática que leva em consideração o poder geral de cautela do
magistrado induz a concluir que a medida cautelar de tnâtsponibtítdade dos
bens também pode ser aplicada aos atas de improbidade administrativa que
impliquem violação tios princípios tia administração pública, mormente
para assegurar o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, se
houver, e ainda a multa civil prevista no art, 12, III, da Lei n. 8.429/92.(. ..)~
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Autos de n. 506-02.2015.4.01.3907
(AgRg no REsp 131l013IRO, Rei. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 0411212012, DJe 1311212012)
o ato de improbidade administrativa que cause prejuízo ao Erário somente é
passível de responsabilização, com fundamento nos arts. 10 e 12, inciso II, da Lei de Improbidade
Administrativa, quando o prejuízo esteja devida mente comprovado. Desse modo, a indispo nibilidade,
com fund amento nesse ato de improbidade, só será cabíve l acaso haja indício de efetivo dano ao
Erário.
Nesse sentido o STJ vem decidindo:
(..) 4. Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, "a
tipificação da lesão ao património público (art. 10, cap ut, da Lei 8.429/92)
exige a prova de sua ocorrência, mercê da tmpossibilidade de condenação
ao ressarcimento ao erário de dano hi.patético 011 presumido" (REsp
939.118ISP, Rei. Min. LUlZ FUX, Primeira Turma, DJe 1'13111) . (. .) (AgRg
no AREsp 107.7581GO, Rei. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,
PRIMEIRA TURMA,julgado em 0411212012, DJe 1011212012)
Contudo, O próprio STJ excepciona seu entendimento quando se trata de ato de
improbidade por dispensa indevida do procedimento Iicitatório, cuja conduta gera responsabilidade
nos termos do art. 10, inciso VIII, da Lei nO. 8.429/92, independentemente da efetiva comprovação da
lesão ao Erário, pejo fato de o dano ser presumido, senão vejamos:
(..) 4. A Ação Civil Pública para apurar a fraude à lieltação f oi proposta
também com amparo no art. 11 da LIA, e tal dispositivo dispensa o dano
(lesão ao Erário) como pressuposto da caracterização do ato improbo. Não
fosse isso, mesmo se considerado o art. 10, VIlI, da LIA , evidencia-se o
dano in re ipsa, consoante o teor de julgados que bem se amoldam à espécie
(REsp 1.280.3211MG, Rei. Ministro Mauro Campbefl Marques, Segunda
Turma DJe 9.3.2012; REsp 1.190.189, Relator Min. Mauro Campb ell
Marques, Segunda Turma, DJe 10.9.2010; STF, RE 160.3811SP, Rei. Min.
Marco Aurélio, Segunda Turma, DJ 12.8.1994) . (REsp 11717211SP, ReI.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEG UNDA TURMA, j ulgado em
0710512013, DJe 2310512013)
Nesse ju ízo perfunctório próprio da análise desse pedido cautelar, hei por bem fixar
o valor informado pelo Ministério Público Federal no importe de RS 1.659.262.50 (um milhão,
seiscentos e cinquenta e nove mil, duzentos e sessenta e dois reais e cinquenta centavos) para o fim de
dec retar a indisponibilid ade, sem prejuízo de nova apreciação da matéria em data futura.
A indisponibilidade poderá ser aplicada, provisoriamente, no valor total, em relação ~.
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Autos de n. S06.{)2.201S.4.01.3907
a cada um dos requeridos, sendo que, após a manifestação preliminar deles e a efetivação das
restrições, será novamente analisada a situação, notadamente se o valor total bloqueado for
efetivamente superior ao necessário para a garantia pretendida.
Finalmente, por ocasião da prolação de sentença nos autos, se confirmada a prática
dos atas ímprobos, será determinada a proporção em que as sanções definitivas irão atingir cada um
dos condenados.
A decretação de indisponibilidade, neste momento, além de garantir eventual
condenação, assegura o bom andamento e a celeridade processual, posto que não é raro OCOrrer de os
requeridos em ações de improbidade administrativa se ocultarem da Justiça, inviabilizando não só a
sua citação, mas até mesmo a notificação prévia, fazendo com que os processos perdurem por anos
sem efetiva resolução. Por outro lado, essa manobra procrastinatória não ocorre quando há a
indisponibilidade.
Por fim, há que se destacar que é possível se tornar indisponíveis recursos
financeiros via BANCENJUD. Ora, se é admitida na execução fiscal, com fundamento em certidão de
dívida ativa da União, que ostenta presunção relativa de legitimidade, a penhora via BACENJUD, com
mais razão deve ser admitida em casos de prática de atas de improbidade administrativa.
Desse modo, tendo em vista os fundamentos acima formulados, fixo a competência
deste Juízo para processo e julgamento do processo em epígrafe e defiro o pedido liminar de
decretação de indi sponibilidade dos bens dos requ eridos SANCLER ANTONIO WANDERLEI
FERREIRA, CPF ; MARIVANI F ERREIRA PEREIRA, CPF e
SIDCLEY ALBUQUERQUE DE FREITAS, CPF , até o limite de 1.659.262,50
(um milhão, seiscentos e cinquenta e nove mil, duzentos e sessenta e dois reais e cinquenta centavos).
Conforme dito supra, referido limite poderá ser alcançado em relação a cada um deles.
Expeça-se requisição eletrônica ao Banco Central do Brasil -BACENJUD3 para
rastrcamento e bloqueio de valores em contas bancárias em nome dos requeridos. Em caso de bloqueio
válido, transfira-se o respectivo valor para uma conta judicial mantida na Caixa Econômica Federal;9u~
3 É possível a aplicação de indisponibilid ade de bens através do BACENJUD nas ações civis p~esentido: AÇÃO CiVIL PÚBLICA. MEIO AMBIENTE. DANO, BLOQUEIO DE BENS MÓVEIS E IMÓVE IS.BACENJUD.1 - Afasta- se a preliminar dejulgamento extra petita. arg üido pelo agravante, ao argumento de que "em nenhummomento o Agravado requereu ao Juizo a quo, o envio de oficio ao Banco Central para o bloqueio das contascorrentes do Agravante" (fIs. 04). vez que contido no pedido do autor da ação civil pública. 2 - Não se vislumbranenhuma ilegalidade, uma vez que, como muito consignou o ilustre Desembargador Federal Luciano TolentinoAmaral "a recente possibilidade de "bloqueio " de dinheiro suficiente via BACENJUD reflete o aprimoramentodo sistema oficial na integração de suas atividades básicas em nome do bem comum e da realização da suafinalidade" (AG n"2005.01.00.061450-2/MG, DJ de 10.10.2005). (...) (AG 2005.0/.00.074260-3/PA, ReI. JuizFederal Grigório Carlos dos Santos, 4° Turma Suplementar.e-Ddlil p. 151 de 30/ 11/20/ /)
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Autos de n. 506-02.2015.4.01.3907
Não se encontrando recursos suficientes no item acima, expeçam-se ofícios ao(s)
Serviço(s) de Registro de Imóveis de TucuruílPA e BelémlPA, para a averbação da
indisponibilidade nas matrículas de imóveis porventura encontrados em nome dos requeridos, e
registre-se, no RENAJUD, restrição jud icial nos registros de veículos em nome dos mesmos
requeridos, no sentido de impedir qualquer transferência, venda e alienação.
Determino, ainda, após o cumprimento das determinações acima, a notificação
dos requeridos, para manifestação, em 15 (quinze) dias, nos termos do § 7°, art. 17, da Lei nO
8.429/92; e a intimação do FNDE para que, no prazo de 15 (quinze) dias, manifeste seu interesse em
aderir à lide e, em caso positivo, diga a que título pretende integrá-la (Lei nO8.429, §3°, art. 17).
Deverá informar tambêm se foi realizada auditoria, ou providência equivalente, em relação aos
recursos aludidos na inicial e nesta decisão, bem como o respectivo resultado, apresentando os
documentos pertinentes.
Após a manifestação preliminar dos requeridos e a efetivação das restrições,
retornem os autos concluso s pára verificação da indisponibilidade de bens, notadamente se os valores
forem super iores aos acima indicados.
Cumpra-se.
Oportunamente, notifique-se, intimem-se.
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